técnicas de reprodução assexuada de frutíferas

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1.0 Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas A reprodução assexuada ocorre quando existe a multiplicação vegetativa de um indivíduo, de maneira a produzir uma planta geneticamente idêntica àquela que lhe deu origem, sem ocorrer a união de gametas. A geração de um novo ser por via assexual ocorre em plantas superiores devido à divisão celular mitótica que ocorre nos meristemas, como brotos terminais, ápices radiculares, câmbio vascular e nos calos originados em tecidos feridos de raízes e caules. Neste tópico, serão abordadas as principais formas de reprodução assexuada de fruteiras, todas baseadas na clonagem, mas diferentes entre si. A reprodução assexuada pode ocorrer por meio de estruturas como caules, folhas e raízes, de maneira espontânea no ambiente ou provocada pelo homem a fim de obter mudas mais sadias, produtivas, adaptadas e de maneira mais rápida. Entre as formas de clonagem abordadas, estão a estaquia; a enxertia por garfia e por borbulhia; e, por fim, a alporquia ou mergulhia aérea, feitos a partir de estruturas especializadas. As estruturas especializadas são aquelas partes da planta que apresentam características de totipotencia e desdiferenciação celular, o que propicia uma alta taxa de regeneração e geração de novos tecidos, propiciando assim, alta taxa de sucesso em reprodução assexuada. Essas estruturas são podem ser caules modificados para acumular substancias de reserva, geralmente subterrâneos, como bulbos, que são caule

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Page 1: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

1.0 Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

A reprodução assexuada ocorre quando existe a multiplicação vegetativa de um

indivíduo, de maneira a produzir uma planta geneticamente idêntica àquela que lhe

deu origem, sem ocorrer a união de gametas.

A geração de um novo ser por via assexual ocorre em plantas superiores devido

à divisão celular mitótica que ocorre nos meristemas, como brotos terminais, ápices

radiculares, câmbio vascular e nos calos originados em tecidos feridos de raízes e

caules.

Neste tópico, serão abordadas as principais formas de reprodução assexuada de

fruteiras, todas baseadas na clonagem, mas diferentes entre si. A reprodução

assexuada pode ocorrer por meio de estruturas como caules, folhas e raízes, de

maneira espontânea no ambiente ou provocada pelo homem a fim de obter mudas

mais sadias, produtivas, adaptadas e de maneira mais rápida. Entre as formas de

clonagem abordadas, estão a estaquia; a enxertia por garfia e por borbulhia; e, por

fim, a alporquia ou mergulhia aérea, feitos a partir de estruturas especializadas.

As estruturas especializadas são aquelas partes da planta que apresentam

características de totipotencia e desdiferenciação celular, o que propicia uma alta

taxa de regeneração e geração de novos tecidos, propiciando assim, alta taxa de

sucesso em reprodução assexuada. Essas estruturas são podem ser caules

modificados para acumular substancias de reserva, geralmente subterrâneos, como

bulbos, que são caule subterrâneo de reservas, encurtados, constituídos por folhas

escamosas, grossas, polpudas, e modificadas de base carnosas, com gemas nas

axilas das escamas foliares. Como exemplo de plantas que possuem bulbos, temos

a cebola, alho, narciso, jacinto, entre outras. Também existem os caules de reserva

do tipo estolões, que são caules aéreos que se desenvolvem a partir das axilas das

folhas na base ou coroa da planta. Comum em plantas forrageiras, morangueiro,

gerânio, entre outras. Existem ainda, os rizomas, que são caules subterrâneos que

contém nós e entre-nós, apresentando raízes

adventícias. Como exemplo, íris, inhame, etc. Os tubérculos são as partes carnudas

de rizomas subterrâneos, que podem ser utilizada para propagação e para

alimentação em algusn casos, como a batata. Pode haver ainda, em alguns casos,

Page 2: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

como as bananeiras, a reproduç´~ao assexuada por divisão de touceiras, em que a

planta é separada das filhas.

1.1 Clonagem por Enxertia

Historicamente, existem diversos relatos demonstrando a importancia da

enxertia ao longo do desenvolvimento das civilizações, sendo que, segundo

ASSUMPÇÃO NETO, et al,2005; houve a primeira enxertia provavelmente, por volta

de 1.500 a.C., e, entre 1.400 a 1.600 d.C. na época da Idade Média, encontraram-se

diversos registros de plantas enxertadas e, a partir do século XIX, já haviam

centenas de técnicas descritas; e CAÑIZARES, et al., 2003 dizem que a utilização

da enxertia em plantas lenhosas é conhecida pelos chineses há três mil anos, e

Aristóteles (384-322 a.C.) em sua obra já faz referência à utilização dessa prática na

época do Império Romano .

Hoje, a enxertia é altamente utilizada nas principais espécies frutíferas, tanto

as de regiões de clima temperado quanto as de clima tropical, e sua realização

permite a reprodução integral do genótipo que apresenta características desejáveis,

normalmente alta produção e adaptabilidade, além de características especificas;

tendo como vantagem adicional a propagação por enxertia a de que possibilita que

as plantas entrem em fase de produção mais cedo (CARVALHO et al., 2000).

Para Hartmann et al., (1997), a enxertia é uma forma de propagação

assexuada de vegetais superiores, na qual se colocam em contato duas porções de

tecido vegetal, de tal forma que se unam e, posteriormente, se desenvolvam,

originando uma nova planta, ou seja, a enxertia é a união dos tecidos de plantas

colocados em contato, sendo que os tecidos podem ser de diferentes cultivares da

mesma espécie ou de espécies diferentes, como por exemplo porta enxertos de

pessegueiro com cavaleiros de ameixeira, que passam a formar uma planta com

duas partes: o enxerto (cavaleiro) e o porta-enxerto (cavalo). O cavaleiro é a parte

de cima, que vai produzir os frutos da cultivar desejada. E o cavalo ou porta-enxerto

é a parte de baixo, que tem como função principal formar o sistema radicular, o qual

tem como funções básicas o suporte da planta, fornecimento de água e nutrientes e

a adaptação da planta às condições do solo, clima e doenças. Essa técnica só é

possível porque as células vegetais são totipotentes, ou seja, contêm toda a

Page 3: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

informação genética em seu núcleo necessária para reproduzir uma planta inteira.

Portanto, as células são autônomas e possuem a potencialidade de regenerar

plantas, desde que submetidas a tratamentos adequados; em outras palavras, as

células conferem a propriedade de regeneração de tecidos as plantas.

Quando o cavalo e o cavaleiro do enxerto são ligados, os meristemas

secundários iniciam um grande numero de mitoses sucessivas, originando assim,

muitas novas celulas, que posteriormente irão sofrer diferenciação celular para a

formação de novos tecidos, ocasionando, assim, a soldadura dos tecidos das partes

enxertadas. A enxertia pode ser realizada por vários métodos, sendo os mais

comuns a borbulhia e a garfagem com suas variações.

Dentre as muitas vantagens que a enxertia apresenta como método de propagação

assexuada de plantas, podemos citar, com o auxilio de César, 1982, as seguintes:

redução do porte das plantas, vantajoso porque facilita a colheita e o manejo do

pomar; as plantas tornam-se mais produtivas, os produtos melhoram em qualidade

gustativas, em aspecto, etc. existe ainda, a possibilidade de se transformar plantas

estéreis em produtivas, inoculando-lhes ramos ou gemas frutíferas e de conseguir

cultivar certas plantas em solos que lhe são completamente impróprios, como o caso

da cultura da pereira enxertada sobre marmeleiro- em terras úmidas, assim como a

do marmeleiro sobre o pilriteiro em solos pedregueiros, a certeza de que as

características da planta matriz estarão presentes na nova planta, precocidade na

frutificação, uma vez que normalmente a parte enxertada é de uma planta em fase

produtiva.

O sucesso do processo de enxertia depende de vários motivos, entre eles o

mesmo ser realizado em época adequada, o que é influenciado também pela técnica

a ser utilizada, se a borbulhia ou a garfagem, e que podem ser visualizadas para

diversas plantas abaixo, na tabela adaptada de Murayama (1980):

Page 4: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

Tabela 01 – Melhores épocas do ano para efetuar enxertia em diferentes espécies frutíferas.

As condições ambientais que mais afetam o sucesso da enxertia são

temperatura, umidade, vento, oxigenio e luminosidade, com variações dos padrões

ótimos de cada uma dessas variaveis para cada especie de planta.

Mesmo sendo feita em época adequada e com ótimas condições de

ambiente, ainda assim pode haver dificuldades no pegamento do porta enxerto,

causadas principalmente por incompatibilidade, que segundo Fachinello et al, 2005,

pode ser de dois tipos: a incompatibilidade localizada, que é aquela que surge em

decorrência do contato entre enxerto e porta-enxerto, geralmente apresentando uma

união frágil e com interrupções nos tecidos vasculares e no câmbio, com diminuição

na passagem de seiva do porta-enxerto para o enxerto, e vice-versa. Essa

incompatibilidade pode ser superada pelo uso de um enxerto intermediário, que seja

compatível com ambas as partes. Exemplos: Pera ‘Bartlett’ enxertada sobre

marmeleiro; Laranja ‘Pera’ enxertada sobre P. trifoliata, limão rugoro e limão

Volkameriano; Vitis vinifera enxertada sobre Vitis rotundifolia. Podemos visualizar

melhor esse tipo de incompatibilidade e seu tratamento na figura abaixo, adaptada

de Biasi, 2009:

Page 5: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

Figura 01 – Incompatibilidade localizada.

Ainda segundo Fachinello et al, 2005, O outro tipo de incompatibilidade

presente na enxertia é a translocada, em que existe a degeneração do floema,

caracterizada pela formação de uma linha escura ou de uma zona necrotica na

região do córtex, dificultando o transporte de carboidratos, que se acumulam acima

da região degenerada, com conseqüente redução do teor abaixo dessa região. Esse

tipo de incompatibilidade não pode ser superado com o uso de um enxerto

intermediário. Exemplos: Ex: - Pêssego enxertado sobre ameixeira “Mariana”.

Figura 02 – Incompatibilidade translocada.

Em 2009, Biasi em seu estudo fez gravuras de plantas com sintomas de

incompatibilidade, que são reproduzidas abaixo:

Page 6: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

Figura 03 – Sintomas de plantas enxertadas apresentando incompatbilidade.

1.1.1 – Enxertia por Borbulhia

Segundo Simão, 1998, a borbulhia é o processo que consiste na justaposição

de uma única gema sobre um porta- enxerto enraizado, e cuja época ótima é a de

primavera- verão, quando os vegetais se encontram em plena atividade vegetativa.

Os principais tipos de enxerto em bobulhia podem ser: T normal; T invertido;

Janela aberta; Janela fechada, e em anel.

1.1.1.1 – Enxertia por Borbulhia em T normal

Nesta técnica, com o auxilio de um canivete, o cavalo é fendido no sentido

transversal e depois no perpendicular, formando um T; após isto, o escudo ou

gema é retirado, enquanto o ramo é segurado em posição invertida;

posteriormente, o escudo é preso lateralmente ou pelo pecíolo, tem a casca

levantada com o dorso da lamina e a borbulha é introduzida. Corta-se o excesso

e amarra-se de cima para baixo. A gravura explicativa adaptada de Jacomino,

2008, ajuda a compreender melhor o processo:

Page 7: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

Figura 04 – Enxertia por Borbulhia em T Normal.

1.1.1.2 – Enxertia por Borbulhia em T Invertido

Para efetuar esse tipo de enxertia, deve – se proceder de modo semelhante

ao anterior, diferindo apenas na posição normal do ramo para a retirada da borbulha

e do modo de introduzir e amarrar. A colocação da borbulha, bem como a

amarração é feita de baixo para cima. Esse tipo apresenta a vantagem sobre o

anterior, por evitar a penetração da água e também por ser mais fácil de manejar.

Novamente, Jacomino, em 2008, ajuda a compreender melhor essa técnica:

Figura 05 – Enxertia por Borbulhia em T Invertido.

Page 8: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

1.1.1.3 – Enxertia por Borbulhia em Janela aberta

Nesta técnica, são realizadas no porta- enxerto duas incisões transversais e

duas longitudinais, de maneira que a região a ser ocupada pela borbulhia seja

liberada. A borbulha é retirada do cavaleiro praticando-se duas incisões transversais

e duas longitudinais no ramo, de modo a obter um escudo idêntica à parte retirada

do cavalo. A borbulha é a seguir embutida no retângulo vazio e deve ficar

inteiramente em contato com os tecidos do cavalo. A seguir o enxerto é amarrado.

1.1.1.4 – Enxertia por Borbulhia em Janela fechada

O porta- enxerto recebe duas incisões transversais e uma vertical no centro. A

borbulha é obtida e maneira semelhante ao tipo anterior. Para assentá-la, levanta-se

a casca com canivete, introduz-se o escudo e a seguir recobre-se com a casca do

cavalo. O enxerto é completado fixando-se com amarrilho. Jacomino, 2008,

novamente apresenta uma figura elucidativa sobre a técnica:

Figura 06 – Enxertia por Borbulhia em Janela Fechada

1.1.1.5 – Enxertia por Borbulhia em Anel

Para esse tipo de enxertia faz-se uma incisão circular quando o enxerto é no

topo, ou duas incisões circulares e uma vertical quando é no meio da haste, com o

objetivo de retirar um anel do cavalo, procedendo – se do mesmo modo no

cavaleiro, para que haja contato entre as camadas cambiais. A seguir amarra-se.

Novamente, é apresentada uma figura explicativa de Jacomino, 2008:

Page 9: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

Figura 07 – Enxertia por Borbulhia em anel.

1.1.2 – Enxertia por Garfagem

A enxertia por garfagem é o processo que consiste em soldar um pedaço de

ramo destacado (garfo) sobre outro vegetal (cavalo), de maneira a permitir seu

desenvolvimento. A garfagem difere da borbulhia, por possuir normalmente mais de

uma gema, ( SIMÃO, 1998).

Nesta técnica, o porta- enxerto tem a sua parte superior decapitada. O enxerto de

garfagem é feito a aproximadamente 20 cm, acima do nível do solo ou abaixo

dele, na raiz, na região do coleto. A região do ramo podada com a tesoura é a seguir

alisada com o canivete. Para o sucesso da enxertia, é essencial que a região

cambial do garfo seja colocada em contato íntimo com a do cavalo.

1.1.2.1 – Enxertia por Garfagem em Meia-fenda Cheia

Para executar esta técnica, é feito no cavalo um corte numa fenda, no sentido

do raio, até atingir a medula. A fenda deve se estender por 2 a 3 cm, no sentido do

comprimento do cavalo. O garfo é preparado na forma de bisel e introduzido na

incisão. O bisel deve ter aproximadamente o mesmo comprimento da incisão lateral.

1.1.2.2 – Enxertia por Garfagem em Meia-fenda Esvaziada

Page 10: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

Nesta, a incisão do cavalo é semelhante ao anterior, a única diferença é que

são feitas duas incisões convergentes, de modo a retirar uma cunha de madeira,

esvaziando a incisão. Ainda, não há diferenças no preparo do garfo, sendo que esta

espécie de garfagem é mais aconselhada para plantas de lenho duro.

1.1.2.3 – Enxertia por Garfagem em Fenda Inscrustada

Nesta, a fenda feita no cavalo não atinge a medula, portanto, é mais utilizada

quando os garfos são de pequeno diâmetro. O cavalo e o garfo são preparados à

semelhança da meia-fenda esvaziada.

1.1.2.4 – Enxertia por Garfagem em Fenda Completa

Após ser podado o cavalo, o corte deve ser alisado com o auxilio de um

canivete, também usado para fazer uma fenda perpendicular, no sentido do

diâmetro, de profundidade de 2 a 3 cm. A fenda completa pode ser cheia ou

esvaziada. O garfo, que deve ter o mesmo diâmetro do cavalo, é preparado na

forma de cunha e introduzido na fenda.

1.1.2.5 – Enxertia por Garfagem em Dupla Garfagem

Esta é uma tecnica especial, usada quando o garfo é de diâmetro inferior ao

raio do cavalo. Usam-se dois garfos, cada um introduzido em uma das

extremidades, para aproveitar bem o cavalo e ter bom resultado no pegamento da

enxertia. No restante, o método é igual ao da fenda completa.

1.1.2.6 – Enxertia por Garfagem em Inglês Simples

Para a prática desse tipo de enxerto, é preciso que ambos, o cavalo e o

cavaleiro apresentem o mesmo diâmetro. A operação é bastante fácil e consiste tão-

somente no corte em bisel do cavalo e no cavaleiro. As partes devem ser unidas e

em seguida amarradas.

Page 11: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

1.1.2.7 – Enxertia por Garfagem em Inglês Complicado

Esta operação é semelhante ao inglês simples, mas, neste tipo, faz-se uma

incisão

longitudinal em ambas as partes a unir. A incisão deve ser realizada na parte

inferior do garfo, e a do cavalo deve ser feita na parte superior, para que haja

perfeito encaixe entre as fendas. O inglês complicado dá ao enxerto maior

penetração de uma parte sobre a outra, e, portanto, maior fixação.

1.2 – Clonagem por Alporquia

A alporquia é um processo de propagação vegetativa pelo qual um ramo da

planta é posto para enraizar quando ainda faz parte dela, não sendo apartado antes

de se completar o seu enraizamento (Mattos, 1976,  citado por Paiva e Gomes,

2001). Segundo Pimentel 1972, este método consiste em envolver o ramo a ser

enraizado em solo, por meio de um vaso ou um recipiente contendo solo ou

substrato. Após o ramo enraizar, é realizado o corte do mesmo, originando uma

nova muda.

Esse método é um dos mais simples, possuindo grande eficiência no

enraizamento, porém é pouco utilizado na propagação de intuito comercial, pois

possui baixo rendimento. Seu uso restringe-se a amadores ou aos casos em que a

estaquia de algumas espécies falha (Simão, 1998). É um processo geralmente

usado na obtenção de plantas que dificilmente se enraízam por meio de estaquia

(Pádua, 1983).

Danner et al. 2006, em estudos de alporquia em jabuticabeira, obteve

resultados satisfatórios no enraizamento utilizando este método com concentrações

de AIB (4000 e 6000 g/L), em diferentes épocas, concluindo ser possível a

utilização, com sucesso, da alporquia nesta espécie. Também utilizando o método

de alporquia, Ameida et al. 2004, utilizando a espécie exótica Dovyalis spp.,obteve

bons resultados testando o alporque em diferentes concentrações de AIB e duas

épocas, outono e primavera. Concluiu ainda sobre seu estudo, que para esta

Page 12: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

espécie, os melhores resultados se deram no outono, não havendo diferença

significativa entre a dose 0 e a dose de 7000 mg/kg de AIB.

Na produção de mudas, por este método, com o pessegueiro, Castro &

Silveira 2003, também obtiveram resultados positivos, tendo 100% de enraizamento

com uso de 3000 mg/l de AIB, concluindo que a alporquia se torna uma alternativa

para a produção de mudas de qualidade de pessegueiro para agricultores com

menor infra-estrutura.

1.3 – Clonagem por Estaquia

A estaquia é um processo de reprodução vegetativa, realizada pela coleta de

ramos verdes de plantas pré-selecionadas, os quais passam por um processo de

desinfecção, aplicação de hormônio e nebulização para o seu enraizamento e

brotação (Medrado & Sturion 2005), que em ambiente favorável formara raízes e

crescerá, transformando-se em uma nova planta, réplica daquela que lhe deu origem

(Hill, 1996).

Dentre os métodos de propagação vegetativa, a estaquia é, ainda, a técnica

de maior viabilidade econômica para o estabelecimento e plantio clonais, pois

permite, a um custo menor, a multiplicação de genótipos selecionados, em curto

período de tempo. Além disso, a estaquia tem a vantagem de não apresentar o

problema de incompatibilidade que ocorre na enxertia (Paiva e Gomes, 2001).

Quanto aos problemas deste método, Medrado & Sturion 2005 citam que os

principais são a variação muito grande no sucesso do enraizamento entre estacas

de plantas diferentes e a falta de estudos sobre o sistema radicular das plantas

oriundas de estacas e a sua longevidade em campo.

Machado et al. 2005, em estudas realizados com videiras, testando doses de

AIB em estacas semi-lenhosas concluiu que não há a necessidade de utilização AIB

para a promoção de raízes nesta espécie.

Roberto et al. 2004, testando diferentes substratos na produção de mudas de

videira por estaquia concluiu que nos substratos vermiculita fina, vermiculita média e

casca de arroz carbonizada houve ótimo enraizamento, não diferindo-se entre os

três estatisticamente.

Page 13: Técnicas de Reprodução Assexuada de Frutíferas

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