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Técnicas de Logística Enxuta [7 de 11]
IntroduçãoNo artigo anterior, vimos o relacionamento da
seqüência de implementação de um sistema lean(estabilizar-nivelar-fluxo-puxar) com as principais técnicasenxutas. Evidentemente, para que o sistema lean sejasustentável ele precisa ser gerenciado. Por isso, agorapassamos a descrever a relação entre as técnicasenxutas, os níveis de gerenciamento e as funçõesorganizacionais.
Técnicas enxutas: quando utilizá-las(níveis de gerenciamento)
A Figura 1 mostra o gerenciamento dividido emníveis (estratégico, planejamento, programação, controle e
execução) a fim de posicionar as técnicas enxutas em relação à gestão daorganização. As técnicas colocadas na figura foram selecionadas com base navisão da Logística Enxuta e a classificação quanto ao nível de gerenciamento émais ou menos arbitrária, pois as ferramentas e métodos lean podem serutilizados em níveis diferentes dependendo do caso. Por exemplo, o custo-meta,foi classificado como estratégico, em vez de planejamento, pois se pressupõeque será aplicado no desenvolvimento de produtos, no desenvolvimento defornecedores e no projeto da rede de suprimentos/distribuição.
Será explorado a seguir o papel que as principais técnicas desempenhamna gestão.
Rogério BañolasProLean Logística Enxuta
Estabilidade o o o o o oNivelamento o oFluxo contínuo o o o o o o o oPuxar o oPerfeição o o o o o o o o o o o o o o
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Planejamento
Programação
Controle
Execução
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Gerenciamento EstratégicoA gestão de uma organização normalmente tem uma estrutura
hierárquica em que o nível mais alto fornece informações para o nívelimediatamente abaixo. A estratégia, que tem impacto ao longo de vários anos,ocupa a posição mais alta e é utilizada no planejamento da organização. Oplanejamento, cujas decisões têm um alcance de normalmente um ano, fornecesubsídios para a programação. E assim por diante. São poucas as empresasque fazem um planejamento estratégico logístico. Haverá menos empresas,ainda, utilizando técnicas lean no planejamento estratégico logístico:
Jishuken – Normalmente após conseguir consolidar seu sistema lean, aempresa habilita os fornecedores a tornarem suas operações enxutas. OJishuken é a técnica de suporte a vários fornecedores (ao mesmo tempo), dadopela empresa-cliente, para estender a abordagem enxuta aos fornecedores.Tipicamente, a empresa-cliente envia uma equipe de consultores internos a umgrupo de fornecedores-chave, por uma semana, para estabelecer planos demelhorias que serão executados nos três meses seguintes. Cada grupo de cincoconsultores é orientado por um mestre (sensei) na abordagem enxuta.
Matriz de custos de entrega – Grupos de clientes diferentes possuemrentabilidades diferentes. Pode haver clientes que resultam em prejuízo para aempresa. Para enxergar quais grupos de clientes são lucrativos e quais dãoprejuízo é preciso uma nova visão de custos: transformar os custos logísticoslocais (armazém, CDs, fábrica) em custos de entrega utilizando-se dedirecionadores de custo. No nível estratégico, a matriz de custos de entregaserve para avaliar melhores alternativas de rede de distribuição e estabelecerpolíticas de serviço ao cliente. No nível operacional, a análise destes custosservirá para avaliar as falhas no nível de serviço logístico, os modais utilizados,as alternativas de provedores de serviço logístico, o uso de transporte premium,etc.
Just-in-time – é estratégico quando é escolhido como meio de vantagemcompetitiva pela empresa. A programação da operação é projetada parafornecer somente a quantidade necessária, no momento necessário. A funçãode controle do JIT é exercida pela comparação com padrões estabelecidos pelokaizen, pela gestão visual e, principalmente, pela facilidade de detectar falhasquando os níveis de estoque são baixos.
Estratégia de valor – a especificação de valor para o cliente determina,em primeiro lugar, quantos clientes a empresa servirá e qual é o preço que osclientes estão dispostos a pagar em troca do valor obtido com a compra dosprodutos e serviços. Em segundo lugar, define qual o mix de produtos eserviços, a estrutura necessária para provê-los e os custos resultantes.Conseqüentemente, a abordagem de definição de valor influi diretamente narentabilidade da empresa no longo prazo.
PlanejamentoDentre as técnicas lean de planejamento, três delas são mais
representativas do planejamento: mapeamento do fluxo de valor, matriz de
resposta e o desdobramento das políticas. Outras, tais como, right-sizing e 3P(Processo de preparação da produção) representam um nível mais avançado doplanejamento lean e não serão descritas neste texto.
Matriz de resposta – faz o cruzamento da cobertura de estoque (em dias,por exemplo) da cadeia de suprimentos com o lead time da mesma. Os grandesaumentos de lead times ou estoques, de um elo da cadeia para outro,normalmente sinalizam oportunidades de melhorias.
Mapeamento do fluxo de valor – se os processos logísticos foremmapeados especificando os fluxos de produtos e o fluxo de informações, à luzdas 7 perdas da Logística Enxuta, as oportunidades de melhorias serãoidentificadas. A partir daí um novo mapa de fluxo pode ser planejado de modo aaumentar o valor agregado. Via de regra, as soluções passam pelo aumento dafreqüência de entregas, pela redução das quantidades de embarque e pelareposição puxada. Como resultado os lead times e os estoques diminuem.
Desdobramento das políticas – para que a empresa seja bem-sucedida, aestratégia tem de ser detalhada para cada nível hierárquico abaixo e para todasas funções organizacionais (desdobramento vertical da estratégia). Também, aestratégia tem de ser alinhada com os processos da empresa (horizontalmentepara cada linha de produto, desde o desenvolvimento do produto até a entregaaos clientes). O foco está na execução do planejamento, visto que esta é amaior barreira para que os planos se tornem realidade.
ProgramaçãoAs técnicas enxutas de programação ajudam a empresa a entregar os
produtos na quantidade certa e no momento certo, com menor esforço e custos.Takt – o tempo takt é a técnica que alinha o tempo de ciclo da logística
com a demanda do cliente. Quem tem de dar o ritmo da operação é o mercado,então a operação tem de andar no mesmo ritmo.
Heijunka (nivelamento) – as cargas de trabalho sobre a operaçãonormalmente são variáveis causando custos ou por ociosidade, ou porsobrecargas momentâneas. Entretanto, os diferentes tempos de ciclo dasatividades podem ser combinados para prover um fluxo mais suave dosprodutos.
Reposição puxada – numa cadeia de atividades, a demanda final é quedeve determinar o momento de reposição. Se os estoques são pequenos e asreposições são freqüentes (digamos, diariamente) é possível repor amanhãexatamente a quantidade que for consumida hoje. Os efeitos sobre a qualidadede serviço, a rapidez de resposta e a redução de estoques são positivos.
Milk run – para aumentar a freqüência de reposições (por exemplo, desemanal para diária) é possível combinar entregas menores de cada produto,feitos com maior freqüência, preservando a utilização dos ativos. O milk runtambém é válido para a logística interna.
ControlePlanos e programas tem de ser verificados periodicamente, para ver se
foram cumpridos. O papel do controle é detectar uma anomalia e corrigi-la.
Gestão visual – uma das premissas do sistema enxuto é a fácilidentificação de problemas. Então, indicadores visuais são utilizados paraidentificar rapidamente a ocorrência de problemas. Exemplos: locais designadose dimensionados para um determinado limite de estoque podem mostrar umasituação de risco de faltas de produtos ou excesso de estoques. Luzes deadvertência para sinalizar imediatamente quebras de equipamento. Painéisabertos para guardar ferramentas de uso comum.
7 perdas da Logística Enxuta – a maioria das técnicas têm o objetivo dereduzir as perdas (superoferta por antecipação e por quantidade, espera,processamento, danos, movimentação, perdas P). Para efetivar o controle épreciso, primeiro, identificar as anomalias (perdas) do processo e, depois,corrigi-las.
Kaizen – é a lógica que está sempre presente em todo o sistema lean. OPDCA, que é parte do kaizen, é um ciclo de controle, pois verifica (C – check) osresultados obtidos e corrige as anomalias (A – act), se houver.
ExecuçãoÉ a colocação em prática de tudo que foi planejado, programado e das
ações para melhoria e correção dos processos. A abordagem enxuta tem umaforte ênfase na execução.
5S’s – é uma técnica que tem como objetivo de curto prazo de fazer asmelhorias mais fáceis e o objetivo de médio prazo de disciplinar as pessoas daempresa na redução de perdas. No curto prazo ajuda a iniciar a mudançacultural (lean) na empresa.
Trabalho padronizado – determina exatamente como as tarefas têm deser executadas. É precedido de um estudo do conteúdo das tarefas e dostempos de execução associados. O trabalho padronizado é imprescindível paradistribuir a carga de trabalho entre os recursos utilizados (inclusive entre aspessoas) auxiliando no nivelamento de carga e no fluxo dos produtos.
Técnicas enxutas versus funções organizacionais eprojeto da rede logística
Desenvolvimento do produto Desenvolvimento do processo Recursos Humanos Qualidade Total Financeiro Planejamento e controle da operação Suprimentos Vendas Produção Distribuição
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Desenvolvimento da rede de suprimentos
Desenvolvimento da rede de distribuição
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Figura 2 – Técnicas enxutas versus funções organizacionais eprojeto de rede logística
A gestão de uma empresa é composta por um conjunto de funções:vender, gerenciar os recursos humanos, comprar, programar, fabricar, distribuir,cuidar das finanças, etc. Antes de implementar um sistema enxuto éinteressante avaliar algumas das funções da organização e quais técnicas leanutilizam. É comum achar que as ferramentas enxutas se aplicam somente aáreas específicas como à produção e à distribuição. Também, pode-sesuperestimar algumas técnicas, considerando-as solução para “todos” osproblemas. Ambas as formas de aplicação são inadequadas.
A Figura 2 mostra o relacionamento de algumas técnicas e funçõesorganizacionais. O primeiro aspecto a considerar é que o kaizen está presenteem todas as funções, pois todas devem estar imbuídas do espírito de melhoriacontínua. Como já é sabido, as técnicas enxutas estão direcionadas mais para osuprimento, para a distribuição e para a produção. As aplicações aodesenvolvimento de produtos e de processos são menos conhecidas. Também,não é comum que os profissionais do setor Financeiro entendam emprofundidade a extensão e o impacto das técnicas nos indicadores financeiros(ver Artigo 4). Esse último aspecto é mais grave, pois muitos indicadoresfinanceiros (tais como o custo) induzem a decisões que vão de encontro ao leane prejudicam a empresa. O que se vê na prática é que a função de RecursosHumanos interpreta o kaizen de forma incompleta e conseqüentemente poucoutiliza os benefícios do lean. Não há uma compreensão ampla do kaizen (verartigo 9) e muitos profissionais não enxergam que ele se aplica e deve seraplicado a toda a empresa. Finalmente, o Desdobramento das Políticas (HoshinKanri) faz a ligação de todas as funções da empresa através do planejamento,atravessando todos os níveis (do estratégico ao tático ao operacional).
No projeto da rede logística, destacam-se a Matriz de Resposta, o Just-in-time e a Análise do Custo Total. Estas técnicas, conjuntamente, estabelecem osníveis de serviço aos clientes e os custos totais da cadeia de suprimentos. Aquantidade e a localização das instalações de fabricação, armazenagem edistribuição estão diretamente relacionadas ao serviço e aos custos. Enxergarsomente uma parte cadeia de suprimentos normalmente conduz asubotimização dos custos e serviços (melhora para aquela parte e piora o todo!).
As técnicas lean (quando são) corretamente utilizadas facilitam aimplementação da Logística Enxuta. A utilização adequada dessas técnicaspode ser balizada pelo conhecimento da seqüência adequada deimplementação, pelo nível de gerenciamento (p. ex., estratégico, planejamento,controle, etc.), pelas funções que as utilizam e pelo modo como servem aoprojeto de rede logística.
Referências BibliográficasWOMACK, James T. JONES, Daniel T. A máquina que mudou o mundo. 12ª ed. Rio de Janeiro,Editora Campus, 1999.ZYLSTRA, Kirk. Distribuição Lean. Porto Alegre: Bookman, 2008.
ProLean Logística Enxuta (51) [email protected]
www.prolean.com.br