tecnica vocal - a fisiologia da voz - claiton lima

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CORAL CANTATORES JURIS – Claiton Lima APOSTILA DE TÉCNICA VOCAL Regente: Claiton Rodrigues de Lima Edição e distribuição: CÂNONE MUSICAL WWW.CANONE.COM.BR – CÂNONE MUSICAL 1

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CORAL CANTATORES JURIS – Claiton Lima

APOSTILA DE TÉCNICA VOCALRegente: Claiton Rodrigues de Lima

Edição e distribuição: CÂNONE MUSICAL

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FISIOLOGIA DA VOZ - PARTE 011. APARELHO FONADOR

O aparelho fonador é formado por 2 aparelhos e tem a função de produzir sons - voz cantada e voz falada. Nestes quadros, o aparelho fonador está esquematizado de forma bastante resumida.

APARELHO DIGESTIVO

Órgão Função Biológica Função Fonatória

Lábios Contém os alimentos na boca

Articulação de sons bilabiais (B,P,M) e labiodentais (F,V)

Dentes Tritura os alimentos Escoamento do som

Língua Joga o alimento para o esôfago

Participa de todos os sons produzidos

Palato duro (céu da boca) Suporte da língua Projeção da voz

FaringeDireciona o ar para os pulmões, e os alimentos para o esôfago

Caixa de ressonância

APARELHO RESPIRATÓRIO

Órgão Função Biológica Função Fonatória

Cavidades Nasais Filtrar, aquecer e umidificar o ar

Vibração e amortização do som - ressonância nasal

Faringe Via de passagem do ar Amplia os sons - caixa de ressonância

Laringe Via de passagem do ar Vibrador – contém as cordas vocais

Traquéia Via de passagem do ar – defesa a via aérea

Suporte para vibração das cordas vocais

Pulmões Trocas gasosas e respiração vital

Fole e reservatório de ar para vibrar as cordas vocais

Musculatura respiratória

Desencadeia o processo respiratório

Produção de pressão no ar que sai

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O APARELHO FONADOR É DIVIDIDO EM 5 PARTESParte Componentes Função

Produtores

Pulmões, músculos abdominais, diafragma, músculos intercostais, músculos extensores da coluna

Produzem a coluna de ar que pressiona a laringe, produzindo som nas cordas vocais

Vibrador Laringe Produz som fundamental

Ressonadores Cavidade nasal, faringe, boca Ampliam o som

ArticuladorLábios, língua, palato mole, palato duro, mandíbula

Articulam e dão sentido ao som, transformando sons em orais e nasais

Sensor/CoordenadorOuvido - capta, localiza e conduz o som; cérebro - analisa, registra e arquiva o som

Captam, selecionam e interpretam o som

2. COMO É PRODUZIDA A VOZ HUMANA

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A produção do som depende, basicamente, de ar e da laringe, onde estão as cordas vocais. A laringe é composta por três anéis de cartilagem. Dentro destes anéis, estão as cordas vocais, que são pequenos músculos com grande poder de contração/extensão. São classificadas em verdadeiras e falsas. As verdadeiras (com cerca de 1 cm nos homens e até 1,5 nas mulheres) estão na parte inferior da laringe e as falsas na parte superior. O som da voz normal é produzido pelas verdadeiras e o falsete pelas falsas.

Durante a respiração, as cordas vocais permanecem abertas, enquanto que para a produção de som elas se fecham, e o ar faz pressão, causando uma vibração que produz o som.

Laringe: Cordas Vocais em movimento (vista transversal)

3. ARTICULAÇÃO E CLAREZA DO SOMCantar é um elemento da articulação. As palavras da música devem

ser muito claras e objetivas, para causar um processo de ação e reação imediata. Para que isto aconteça, deve-se levar em conta dois processos:

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Articulação: processo pelo qual os órgãos da fala moldam o som vocal em sons reconhecíveis da fala.

Interpretação: processo pelo qual se carrega o espírito ou significado da música através do modo como se executa.

O primeiro passo para uma boa interpretação é o domínio de uma boa articulação. Tanto no canto, quanto na fala (a muitas pessoas), os movimentos articulares devem ser mais acentuados do que na conversação usual.

Os elementos na figura acima estão intimamente envolvidos no que se refere à articulação e clareza do som. Qualquer alteração no funcionamento deles irá interferir no som emitido.

Para aproveitar da melhor maneira possível as áreas de ressonância (principalmente da face), devemos trabalhar a articulação dos sons. A musculatura da face combinada com o movimento dos lábios e maxilar ajudará a projetar o som para fora, dando mais volume e precisão na dicção das palavras. Além dos exercícios musculares para a face, que vão melhorar a dicção, devemos dar atenção especial ao trato da articulação das vogais, pois este ponto é de vital importância para a boa colocação da voz, explorando as áreas de ressonância e não deixando o som destimbrado e opaco.

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A - É - Ó - Sons claros e abertos. Na posição da fala não se pode cantar. Para vencer a extensão das escalas com a emissão perfeita destas vogais, temos que ovalar a boca. Com esta posição o som recua para o fundo da garganta e vibra no palato mole, entrando para a ressonância alta, e projetando-se timbrado.

Ô - Ê - I - U - Sons escuros e fechados. O movimento labial faz com que eles se projetem para frente. Nas notas agudas o maxilar cai deixando a boca ovalada.

Ê - I - Estas duas vogais merecem atenção pois são horizontais, e para se projetarem usamos o sorriso, que os mantém vibrando no mordente até o centro da voz. Para atingir notas agudas, o sorriso permanece, porém a boca vai se ovalando em busca de um som arredondado e bem timbrado.

EXERCÍCIOS

1) Mastigar o m... com som nasal

2) Fazer TRRR... e BRRRR.... até acabar o ar.

3) TRRR... com modulação de som e movimento de lábio

4) Mastigar o m... e soltar as vogais abertas e fechadas - Ex. m... muá , m....muô

5) ECO : muámuámuámuá , muémuémuémué, etc.; com todas as vogais

6) Morder uma caneta ou rolha e contar até 100 articulando bem

7) Fazer com e sem rolha:

a) BDG b) PTK c) FSCH

d) GDB e) KTP f) CHSF

Lábios

Há pessoas que possuem um problema de excessiva tensão labial, o que impede a boa mobilidade e flexibilidade. Por outro lado, existem pessoas que possuem um tônus labial baixo, ou seja, flácido. A

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posição ideal para os lábios, é aquela que ajuda o rosto a Ter uma expressão agradável, feliz.

Deve-se evitar puxá-los exageradamente para os cantos ou para frente quando se estiver cantando ou falando, pois isto pode modificar a qualidade sonora.

Para aqueles com problema de tensão ou flacidez labial, existe um procedimento muito simples e bastante eficaz, sugerido pelo fisioterapeuta e fonoaudiólogo Noélio Duarte. Primeiramente, deve-se visualizar a boca e seus pontos-chave:

Quem tem excessiva tensão, deve relaxar os lábios, apertando com o indicador e o polegar nos pontos indicados acima, seguindo a ordem numérica referida. Deve apertar cada ponto com firmeza, no entanto, sem exageros, durante 5 a 10 segundos. Pode ser incômodo, mas, ao final, os resultados vão valer à pena.

Já quem tem lábios flácidos, precisa de tonificação. O procedimento é o mesmo, só que ao invés de apertar demoradamente, dá-se ligeiros apertões (apertando e soltando imediatamente) no mesmo sentido numérico do esquema. Estas pessoas também podem fazer exercícios do "i" ou do "u", torcendo a boca para um lado e para o outro.

De um modo em geral, neste exercício das vogais, pode-se utilizar o "p" e o "b" para treino labial, pois estas consoantes são totalmente dependentes dos lábios.

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Língua

A língua é o principal órgão da articulação, pois interfere na formação das vogais e consoantes. Em média, a língua trabalha numa velocidade de 370 movimentos por minuto.

Cerca de 90% dos problemas que envolvem a língua são de tensão. Isso causa o ressecamento da boca pela retração constante da língua. Este posicionamento não estimula muito a produção de saliva em termos fisiológicos, e também interfere consideravelmente na emissão do som, por razões explicadas mais adiante quando falarmos da faringe.

Existem, também, aqueles que precisam tonificar a língua, sendo caracterizados pelo acúmulo excessivo de saliva.

A língua deve permanecer numa determinada posição, chamada de "posição de repouso", ao longo do "assoalho" da boca tocando os dentes inferiores. Veja os seguintesexercícios de relaxamento.

- colocar a língua um pouco para fora da boca e morder levemente a pontinha da língua

- pressionar a língua fortemente contra os dentes fechados por 5 segundos;

Em seguida, deve-se associar os dois exercícios lentamente. Alguns problemas da pronúncia do "S" podem ser resolvidos com a colocação da língua na posição de repouso.

Maxilar

A tensão é um grande fator limitante da boa atuação dos maxilares. Pode-se perceber a tensão existente ao se fechar os dentes e engolir a saliva. Quando se canta de boca fechada ocorre isto. Por isso, aparecem dores após o ensaio ou apresentação, ou mesmo após a fala.

O maxilar interfere nos músculos da face, modificando o poder de contração. Portanto, deve-se relaxar esses músculos, facilitando a

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abertura e a flexibilidade da boca e liberando os músculos da garganta.

Nunca se deve usar posições forçadas, tais como empurrar o maxilar para frente, puxá-lo para trás ou trancá-lo numa posição. A sonoridade vai depender, em parte, da abertura que for dada ao maxilar. Em relação à tensão ao maxilar inferior, pode-se realizar alguns exercícios, lembrando que devem ter maior cuidado ao realizá-los aqueles com tendência à luxação do maxilar.

1. Lateralização: Abrindo a boca e movimentando o maxilar para a direita e para a esquerda.

2. Abertura total: Abrindo bem a boca por alguns segundos.

3. Projeção anterior: Com a língua na posição de repouso, projetando-se o maxilar para a frente, permanecendo assim por alguns segundos.

4. Projeção posterior: Com a ajuda de um dedo, fazendo-se um recuo do maxilar por alguns segundos.

Faringe

A faringe tem a função de ampliar o som, e embora não seja essencial para a articulação, está intimamente ligada à posição assumida pela língua. Seu melhor desempenho dependerá do comportamento da língua.

A ampliação do som será tanto melhor quanto melhor for o espaço que o som puder ocupar dentro da boca.

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Como se pode ver neste esquema, a voz terá uma melhor ampliação na posição 1, a qual tem o dobro do tamanho da posição 2. Deve-se notar como o hábito tão comum da posição 3 diminui consideravelmente o espaço para a ampliação da voz.

Existem exercícios que facilitam a aquisição do hábito da posição 1: Sabe-se que ao se fazer o movimento de engolir, a língua inicialmente sobe e em seguida, sua parte posterior desce. Então, com o dedo indicador e o polegar em cada extremo do maxilar inferior, faz-se o movimento de engolir. Quando a parte posterior da língua estiver descendo, mantém-se uma pressão para baixo, forçando os dedos, sem esquecer que a ponta da língua deve estar no padrão de repouso.

Pode-se escolher um tom médio, e com as vogais "a", "o", e "u" as pessoas podem cantar variando 0 padrão de língua na posição 2 (representado pela vogal em minúsculo) e posição 1 (representada pela vogal em maiúsculo).

Palato

O palato se divide em 2 partes: o palato duro (céu da boca) e o palato mole (úvula, conhecida como campainha).

O palato duro está envolvido com a projeção da voz, e o palato mole com a formação de sons orais e nasais.

O som, na verdade, é formado por ondas. As ondas só se propagam em linha reta, daí a importância do palato duro aliado a uma boa postura da cabeça:

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Sabe-se que as narinas são responsáveis pela ressonância nasal. Porém, o som nasal só será emitido com a "permissão" do palato mole (a úvula).

Sons nasais

Sons orais

Para emitir esses sons nasais, a úvula desce. Caso suba, os sons emitidos serão orais.

O excesso ou a falta de nasalidade podem representar sérios problemas de voz, afastando-se da normalidade e modificando o som original que deveria ser produzido.

A origem dos problemas pode estar no hábito de colocação errada da voz, até problemas mais sérios, como tumores, sinusite, adenóide e excesso de muco.

4. O MAU USO DA VOZ

Deve-se ter em mente que o mau uso da voz não começa ao se cantar de forma errada, mas sim ao se falar de forma errada. Os cantores estão duplamente expostos a ter problemas nas cordas vocais. Por isso, é necessário saber como preservar a voz tanto ao se falar quanto ao se cantar.

O início dos problemas nas cordas vocais pode ser sutil, uma rouquidão aqui, uma dorzinha ali. No entanto, este é um assunto extremamente importante para ser ignorado, pois, às vezes, o descaso pode levar à perda completa da voz.

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Ao menor sinal de que algo não vai bem com as cordas vocais, ou em qualquer outro órgão envolvido com a fonação, deve-se procurar um especialista, o fonoaudiólogo.

Um dos problemas comuns é sentir gosto de sangue na boca após uma apresentação musical, ou se falar muito. Apesar de o ferimento ser minúsculo, gotículas de sangue são jogadas pelo ar na boca, causando essa sensação. Outra sensação comum é o de areia. As dores, geralmente, são em pontadas. Com o tempo, uma simples lesão pode-se tornar em uma espécie de cicatriz chamada fibrose, apresentar vários cistos, calos e até mesmo se tornar em um tumor.

Timbre

Um erro comum, porém muito grave, é em relação ao timbre. O timbre é o fato determinante do tipo de voz: soprano, mezzo soprano, contralto, tenor, barítono e baixo. O timbre de uma pessoa não é escolhido aleatoriamente, ele existe por razões anatômicas: o tamanho da laringe. Por exemplo, os homens que têm o "gogó" pronunciado ou pontiagudo têm maior facilidade de ressonância, e conseqüentemente voz mais grave.

O desconhecimento disto é muito sério e pode destruir a voz de uma pessoa. Muitas pessoas com características de voz grave têm cantado por aí com uma voz aguda e vice-versa. Alguns deles até com uma voz "linda". Porém, esta voz "linda" foi apenas fabricada, e não vai durar muito.

Em quase 100% das pessoas existe um padrão anatômico determinante do timbre. Diz-se que as pessoas com pescoço comprido e "gogó" proeminente possuem timbre grave (baixo e contralto); pessoas com pescoço de tamanho médio com pouca proeminência possuem timbre médio (barítono e mezzo); e pessoas com pescoço mais curto, praticamente sem saliência possuem um timbre agudo (tenor e soprano).

Cantar e falar fora do próprio timbre natural pode provocar um "destimbramento" vocal, ou seja, uma descaracterização da voz com perda da qualidade.

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Tensão da Corda Vocal

Em relação à tensão da corda vocal, podem ocorrer 3 tipos de problemas:

1. Frouxidão completa 2. Excesso de compressão 3. Desequilíbrio no funcionamento

Na Frouxidão completa, as cordas não se fecham totalmente, resultando em um som soprado, pois uma dose excessiva de ar está fluindo, e devido a esta interferência na voz, a pessoa fará mais esforço para produzir sons.

Quando há excesso de compressão, as cordas vocais ficam muito apertadas. Isto pode ser devido a tensões, falta de orientação técnica, e resulta em um som difícil, tenso, irritante, estrangulado ("taquara rachada"), forçado, provocando tensão nos outros músculos associados na produção vocal.

Havendo Desequilíbrio no funcionamento das cordas vocais (ora tensas, ora relaxadas), ocorrerão mudanças sensíveis na produção do som vocal.

O ideal é que a corda fique num meio termo, suficientemente contraída para não deixar o ar escapar rapidamente.

Sustentação e Força

Os problemas de sustentação de nota e também a falta de força sonora (voz de pouco alcance, volume), tem sua origem nos produtores (elemento do aparelho fonador), ou mesmo em razões pessoais, como o medo de soltar a voz, talvez não por falta de capacidade, mas por não ter aprendido a usá-la. Então, é necessário um trabalho de conscientização de voz orientada por um professor de canto.

Por outro lado, a pessoa que tem o hábito de falar alto demais, não pronunciando bem as palavras, correm um alto risco de apresentar

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calos de corda vocal, além de outros problemas como dor de cabeça, sinusite, faringite, e até mesmo cáries pelo desgaste do esmalte.

Perda de Tons

A perda de tons, não é, necessariamente, um problema vocal. Esta é uma questão mais ligada a um fator hormonal. As crianças possuem timbres muito semelhantes, não sendo distintos os timbres de meninos ou meninas. Porém, por volta dos 10 -12 anos, o corpo começa a receber uma descarga de hormônios, e os rapazes passam por um processo de transição de voz mais significativo que as moças, pois podem chegar a perder até 7 tons, enquanto que as moças apenas cerca de 3 tons.

Outra situação que isto acontece é nas mulheres após os 45 anos, devido a perda de hormônios, com uma perda de cerca de 3 tons. Isto pode ser remediado com a reposição hormonal, sob prescrição médica, evidentemente. Nos homens, após 50-55 anos, ocorre o oposto, pois têm sua voz "agudizada", também por questões hormonais. Quando se cuida bem da voz, as mudanças são mais sutis, não provocando nenhum distúrbio vocal.

5. MITOLOGIA VOCAL

A maioria das pessoas acredita em certas formas de terapia para tratar a voz. Essas crendices são infundadas, portanto incorretas.

Voz Cansada

Alguns dizem que a voz cansada é uma coisa natural ou normal depois de uma fala prolongada, ou mesmo fala leve. Falando assim, fica parecendo que os músculos da laringe e faringe (músculos que produzem voz) se cansassem e aceitassem a rouquidão, a ardência ou mesmo a perda parcial da voz, faringite e até laringite como algo plenamente normal.

Outros acreditam que algumas pessoas nascem com garganta débil, ou com voz insuficiente, e que sempre tenderão a transtornos vocais.

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Isto tudo não é verdade, e sim coisa de gente mal informada, pois a voz bem empregada não se cansa, não produz sintomas negativos e nem esforços extras para falar. O uso constante em si não leva a problemas de voz; o que causa esses problemas é o uso indevido, mal administrado, abusivo e vocalização incorreta.

A voz bem definida (tom apropriado, entonação e ritmo corretos) pode ser usada durante jornadas de trabalho de até 8 horas diárias. No entanto, deve-se lembrar que o cansaço físico acarreta cansaço vocal, assim como a saúde geral do indivíduo deve ser levada em conta.

O que deve acontecer é identificar o problema e procurar o especialista, seja médico, fonoaudidlogo, professor de canto, e não sair por aí fazendo as receitinhas caseiras aleatoriamente, pois além de não trazer benefícios, podem, algumas vezes, constituir riscos em potencial.

É comum se confundir faringe e laringe ao se pensar nesses preparados e receitas. É importante se ter em mente que nenhum desses xaropes, chás e gargarejos chegam até as cordas vocais. Basta conhecer a anatomia para verificar este fato:

À menor gota ou farelo tocar as cordas vocais, desencadeia-se um processo muito desagradável de tosse, desespero, falta de ar.

Alguns especialistas acreditam que não se deve fazer o gargarejo com o objetivo de medicar as cordas vocais, uma vez que o líquido não chega efetivamente até elas.

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Alguns métodos caseiros podem ser até úteis, porém durante períodos limitados, apenas mascarando os sintomas verdadeiros sem eliminar a causa do problema, que pode ser uma vocalização incorreta ou uso abusivo da voz, ou até problemas como faringite.

Problema Central

Um erro freqüente é a não focalização no problema central causador da doença. Assim, muitas pessoas chegam a trocar de profissão para usar menos a voz, ou fazer um repouso vocal exagerado (que não é significativo nas terapias da voz), e até mesmo, alguns se utilizam de tranqüilizantes por tempo indefinido. Os relaxamentos (ioga, meditação transcendental, regressões psíquicas...) não devem ser tentados como resolução do problema vocal. A pessoa deve procurar um especialista.

Educação Vocal

Um grande mito é que só se educa a voz para o canto. A voz falada merece tanta atenção quanto a voz cantada, pois uma pode acabar interferindo na outra.

Há casos de pessoas que perdem completamente sua voz devido ao modo de falar errado, sendo às vezes necessário uma cirurgia para a retirada das cordas vocais.

Existem "dicas" para "melhorar" a voz que são tão fora da realidade que chegam a agredir a inteligência. Algumas destas são o uso de lápis ou bolinhas na boca durante a fala; fazer massagem com álcool canforado na garganta; fazer vocalizes com grande intensidade, de madrugada, para aumentar a extensão vocal...

Diante de tais afirmações, é preciso usar o bom senso e perceber que se deve trabalhar os órgãos envolvidos na produção do som com sensibilidade, conscientização, percepção. Algumas "receitas" podem ser perigosas, podendo causar até queimaduras. E alguns vocalises feitos com grande intensidade levam à Parafonia Hipercinética (distensão das cordas vocais).

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Aquecimento Vocal

A laringe é muito sensível, e é um dos primeiros órgãos a ser afetado diante do estresse, emoções, cansaço e outros. Isso faz com que haja modificação na voz, e muitas vezes, a situação obriga às pessoas a forçarem seu "instrumento ". E, algumas vezes, a situação se torna pior, pois "soltam" a voz de qualquer jeito , sem um aquecimento prévio.

O aquecimento vocal é tão importante para o cantor quanto o aquecimento físico é para um jogador de futebol, por exemplo; pois pode evitar lesões importantes. Por outro lado, não é correto gastar tempo demais "esquentando" a voz. Há pessoas que passam 30 minutos neste processo, e ao final, em vez de terem "aquecido", terão é mesmo "fervido" a voz. Isto resulta em pouca produtividade durante o período que se segue.

O ideal é que o vocalise não exceda 5 minutos. Existe uma técnica elaborada por um pesquisador fonoaudiólogo chamada "Manipulação da Laringe". Ainda há controvérsias quanto ao uso deste método, mas aparentemente não há nenhum efeito colateral maléfico. Ele consiste em o que seria uma "massagem" na laringe, em pontos específicos pré-determinados, diferenciados para voz grave e aguda. A necessidade e a forma de utilização deste método devem ser definidas por um profissional capacitado. Não tente fazê-lo por conta própria.

6. CARACTERÍSTICAS VOCAIS

Voz Rouca

A rouquidão pode ser causada por vários fatores, tais como o uso abusivo, processos patológicos (calos, tumores...), e também pela mb colocação da voz devido a algum processo emocional (traumático ou não).

Não é raro encontrar crianças que se expressam através de berros. Isso acontece por vários motivos: moram em lugares com alta poluição sonora, ou mesmo porque seus familiares falam muito alto. Neste caso,

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o referencial que acompanha a criança desde pequena é que o normal é falar com um volume de voz elevado. Outras vezes é comum que numa mesma família todos falem com voz rouca, sem necessariamente existir algum impedimento físico por tanto, sendo apenas uma questão de referencial adquirido com a convivência familiar.

Assim, as pessoas vão assimilando este comportamento, e, ao emitir a voz, forçam as cordas vocais sem saber, e o que antes era apenas um costume familiar, torna-se um problema orgânico sério: calor, inchaço, pólipos, etc.

O que deve acontecer é identificar o problema e procurar o especialista, seja médico, fonoaudiólogo, professor de canto, e não sair por aí fazendo as receitinhas caseiras aleatoriamente, pois além de não trazer benefícios, podem, algumas vezes, constituir riscos em potencial.

Outro fator causador de sérios problemas nas cordas vocais é o cigarro. Não só o fumante ativo está sujeito aos problemas vocais, mas também, os fumantes passivos, que absorvem a fumaça emitida pelo ativo. Portanto, é um crime familiares fumarem perto de crianças, principalmente em ambientes fechados, pois a poluição envenena o sistema respiratório e afeta as cordas vocais, causando rouquidão e outros problemas mais graves, como tumores malignos. Vale lembrar que de acordo com uma pesquisa de 1997, 73% dos tumores de corda vocal são malignos.

Não se deve ignorar o problema da voz rouca. É de extrema importância realizar o trabalho de correção dos problemas orgânicos com um otorrinolaringologista (medicações/cirurgias) e também dos problemas "mecânicos" com um fonoaudiólogo (timbre, colocação, exercícios, volume, etc.).

Voz Fina

Em 99% dos casos, segundo pesquisas, a voz fina é de origem emocional. O mais comum é, ao entrar na puberdade, o rapaz assustar-se com a mudança e procurar manter a voz da infância, apesar de sua laringe já estar pronta para a transformação.

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Um ponto perigoso é o excesso de mimo na infância em ambos os sexos, podendo alterar o ritmo da fala, além de manter a voz infantil. Isso é muito perigoso para os meninos, que podem ser taxados de homossexuais logo cedo, podendo gerar traumas muito profundos na criança.

Outro desencadeador da voz fina são os traumas, como os cirúrgicos. A retirada das amídalas é um bom exemplo, pois a criança pode ficar com medo de falar firme, mantendo a voz infantil.

As causas orgânicas são mais raras, e ocorrem, normalmente, diante de uma atrofia física de origem hormonal. Existem alguns métodos de tratamento, e a pessoa deve procurar um especialista.

Voz Trêmula

Embora seja um problema de difícil resolução, existem métodos, que bem aplicados e praticados podem surtir excelentes resultados.

Este é um problema difícil, pois advém de um trauma muito forte, onde a pessoa insiste em falar apesar de tudo. A voz falha, fica trêmula, o que causa uma forte tensão nas cordas vocais. Então, a pessoa sente dificuldade de se adaptar ao enfrentar situações semelhantes ao trauma. É interessante notar que durante o relaxamento da musculatura das cordas vocais, como no sorriso, a pessoa consegue emitir a voz corretamente.

7. POSTURA CORPORAL CORRETA

É impossível imaginar um piano que tenha um som perfeito se estiver com alguma parte faltando, ou quebrado, ou mesmo mal posicionado. Uma flauta amassada não terá o mesmo som de uma que está perfeita.

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Desta forma, acontece com o corpo humano. O som produzido será sempre influenciado pela postura que se adota, por diversas razões. Uma boa postura:

• É bem menos cansativa do que uma postura má ou relaxada, pois assim, os ossos e músculos fìcam posicionados de modo que haja o mínimo de esforço e tensão.

• Causa um melhor aproveitamento respiratório. • Dá um melhor aspecto à visualização, além de transmitir maior

segurança. • Coloca o mecanismo vocal na melhor posição para o seu

posicionamento, tornando mais fácil a produção de uma sonoridade com qualidade.

• Traz confiança, bem-estar psicológico e físico o todo o organismo.

• Faz o corpo funcionar melhor, conseqüentemente beneficia a saúde vocal.

A boa postura para cantar deve ser aprendida e praticada até que se torne um bom hábito.

1. Pés: uma boa base dá maior segurança e firmeza. Inicialmente, deverão estar um pouco afastados. Em apresentações mais demoradas, o ideal é variar a sustentação do peso entre os pés, porém não de forma demorada, para evitar fadiga e tensão. Não se deve colocar o peso apenas sobre os calcanhares.

2. Pernas: como ajudam a fixar e sustentar o corpo, elas nunca ficam totalmente relaxadas. No entanto, elas devem ficar flexíveis, nunca rígidas, prontas para o movimento. Não se deve apoiar todo 0 peso do corpo somente em uma perna, pois haverá uma forte tendência a tremer. Para ajudar a resolver a tensão nas pernas e pés, pode-se fazer algum alongamento nesta região.

3. Quadris: devem estar equilibrados, evitando um lado estar mais elevado que o outro. Porém, uma leve alternância, ou movimentação

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ajuda a relaxar esta região, pois não é bom que esteja muito rígida durante a apresentação.

4. Abdome: não deve estar exageradamente projetado para dentro ou para fora. Deve-se evitar tensões demasiadas neste local, pois a musculatura desta região é de extrema importância para a respiração controlada, como é a de um cantor ou orador.

5. Costas: manter a coluna ereta de forma não rígida favorece o bem estar do som, por melhorar as condições da expansão do tórax, melhorando a respiração. Deve permanecer de forma equilibrada, sem inclinações exageradas.

6. Tórax: deve estar numa posição relaxada, evitando-se qualquer contração muscular exagerada, para facilitar o mecanismo do ar. Deve-se sentir todo o tórax agindo em conjunto.

7. Ombros: devem estar descontraídos, sem nenhuma tensão nestas articulações. Qualquer rigidez nesta região pode comprometer a ação dos músculos do tórax e do pescoço. Eles não devem se mover muito para frente, nem para trás, nem para baixo, muito menos para cima. A rigidez local pode complicar a toda a postura.

8. Braços e mãos: devem estar caídos livremente ao longo do corpo, de forma natural, o mais livre de tensão possível. Os maneirismos devem ser evitados, como ficar apertando as mãos à frente ou atrás, ou torcendo-as, pois isso causa uma tremenda tensão nos braços e no tórax, além de interferir na ação dos outros músculos do corpo. Esse tipo de atitude também é bastante deselegante. E ao segurar o microfone, deve-se ter o cuidado de manter os ombros e braços relaxados, para evitar tensão no pescoço.

9. Cabeça: deve estar centralizada. O olhar deve estar na direção das pessoas, e o queixo não deve estar nem muito baixo nem muito alto.

10. Posição sentada: quando se está sentado, o principal apoio do corpo é o assento. O tronco e a cabeça devem estar alinhados, com a coluna ereta, e os quadris devem estar bem apoiados no encosto, sem, no entanto, fazer com que o abdome fique projetado para frente, ou o oposto, ficando com a coluna inclinada para frente. Em ambas as situações haverá comprometimento da respiração, e cansaço em pouco tempo. Se se está sentado em uma cadeira com

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braços, não se deve apoiar os próprios braços sobre os da cadeira, pois haverá maior sobrecarga

8. O SISTEMA RESPIRATÓRIO

O Sistema Respiratório possui várias funções, que vão além da respiração, como a de defesa e a de fonação. É importante, no entanto, saber que sua principal função é a realização da entrada e saída de ar (gás) nos pulmões, processo chamado de ventilação. Desta forma, o sistema respiratório é comparado a uma "bomba vital" que trabalha 24 horas por dia, realizando suas funções sem que se tenha consciência desse movimento.

A entrada do ar é extremamente importante para o organismo, pois ele é composto pelo Oxigênio (21%), Nitrogênio (75%), Gás Carbônico e outros gases. O metabolismo humano depende da contínua chegada de Oxigênio (O2), retirado do meio ambiente.

As necessidades básicas de um adulto sadio em repouso, são em torno de 250 ml de 02. Por outro lado, é necessário que o Gás Carbônico (C02), produto final de inúmeros processos metabólicos, seja continuamente retirado do organismo. Com a ventilação, o 02 é abundantemente oferecido ao corpo com a entrada de ar nos pulmões, enquanto que o CO2 é retirado com a saída do ar.

As Vias Respiratórias

O ar entra pelo nariz e pela boca; passa pela faringe; laringe; traquéia; brônquios e bronquíolos (no pulmão).

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Cada uma dessas estruturas possui uma significativa função na respiração. O nariz, além de servir de "porta de entrada e saída" do ar, o precondiciona de vários modos, aquecendo-o (37°), umidificando-o e limpando-o. A faringe, comumente chamada de garganta, divide-se em duas vias: na traquéia e no esôfago. É nessa região que o alimento é separado do ar. O ar vai para a traquéia, enquanto o alimento atinge o esôfago. Essa separação é controlada por reflexos nervosos. A laringe forma a transição das vias aéreas superiores e inferiores, e é nela que se localizam as cordas vocais.

Continuando-se com a traquéia, estão dois tubos de passagem de ar para cada pulmão, os brônquios. Estes tubos vão diminuindo de espessura e se dividindo cada vez mais à medida em que entram nos pulmões, num total de 23 divisões.

Ao final dessas divisões, estão os bronquíolos, que por sua vez dividem-se em bronquíolos respiratórios. Até esse ponto, a "árvore brônquica" já possui cerca de 1 milhão de tubos. No entanto, a troca gasosa ocorre apenas em estruturas que encerram estas divisões, os alvéolos (explicados posteriormente).

Os Pulmões

Os pulmões são órgãos essenciais da respiração, localizados dentro da caixa torácica, um de cada lado do coração e revestidos por uma membrana muito delicada, a pleura.

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O volume pulmonar varia entre 4 a 6 litros, aproximadamente a quantidade de ar contida numa bola de basquete.

O peso aproximado dos pulmões de uma pessoa com dimensões médias é 1 kg. A área de superfície pulmonar é considerável. Se o pulmão fosse estendido, o tecido cobriria cerca de 60 a 80 m2. Isto é aproximadamente 35 vezes maior que a superfície corporal da pessoa, e superfície para cobrir quase a metade de uma quadra de tênis.

Os Alvéolos e as Trocas Gasosas

Os alvéolos são sacos elásticos de parede muito fina, e em número de 300 milhões em cada pulmão. Na figura acima estão representados vários deles. Cada pequeno globo é um alvéolo diferente.

Nos alvéolos, ocorrem as trocas gasosas, porque ao lado estão pequenos vasos sangüíneos, os capilares. O O2 passa através da parede do alvéolo e da parede do capilar, indo parar na corrente sangüínea; e o CO2 passa pela parede do capilar e pela do alvéolo, sendo, então, possível eliminá-lo do organismo.

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Durante cada minuto em repouso, cerca de 250 ml de O2 deixam os alvéolos e penetram no sangue, e aproximadamente 200 ml de CO2 saem dos capilares e entram nos alvéolos.

9. OS GRUPOS MUSCULARES DA RESPIRAÇÃO

Existe uma diferença de pressão entre o ar dentro dos pulmões e a superfície de contato com a parede torácica, que faz com que os pulmões fiquem aderidos ao interior dessa parede. Por isso, os pulmões acompanham literalmente todos os movimentos, ou qualquer mudança no volume do tórax.

Sozinhos, os pulmões não conseguem alterar seu volume, pois, para isso, precisam dos músculos.

Os movimentos da caixa torácica, assim como qualquer outro movimento corporal (andar, chutar, comer...) dependem de uma contração muscular.

O ato de respirar pode ser dividido em 2 momentos: a inspiração (entrada de ar) e a expiração (saída de ar).

Existe um grupo de músculos responsável por cada uma das etapas. É importante saber que nem todos eles são usados ao mesmo tempo, a depender da situação, torna-se necessária a presença de apenas alguns deles.

No entanto, em cada grupo, existem aqueles que são os mais solicitados, e são tidos como os principais; e os demais, são tidos como acessórios.

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O grupo dos inspiratórios é bem grande, com mais de 15 músculos, que elevam as costelas ao se contraírem. Eles podem ser classificados como:

Músculos Inspiratórios Principais

• Diafragma (principal) Intercostais externos

Músculos Inspiratórios Acessórios

• Esternocleidoccíptomastoideo (ECOM) • Escalenos • outros

O grupo dos expiratórios é menor, com cerca de 8 músculos, que atuam no sentido de abaixar as costelas:

Músculos Expiratórios Principais

• Intercostais Internos

Músculos Expiratórios Acessórios

• Músculos abdominais Outros

A Respiração A diferença de pressão que existe entre o ar ambiente e o ar de

dentro do pulmão é que faz com que o ar entre. Algo parecido acontece com uma seringa ou um aspirador de pó.

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Dentro do pulmão, a pressão é negativa, e devido à gravidade, em uma pessoa sentada ou de pé, a pressão da parte de baixo é mais próxima do zero que a da parte de cima. Por isso o ar entra primeiro na parte de baixo, e em seguida na de cima, e ao final da inspiração, todo o pulmão deve estar cheio por igual. Daí a importância de uma boa postura durante a inspiração, caso contrário, não é possível usar toda a capacidade pulmonar, o que interfere diretamente no "fôlego" e nas trocas gasosas de uma pessoa.

Quando o processo dessas trocas termina, começa a expiração. A caixa torácica vai voltando à sua posição inicial, empurrando o ar para fora. É como um elástico esticado que tende a voltar ao normal.

A Inspiração

A contração dos músculos inspiratórios aumenta o volume da caixa torácica, conseqüentemente do pulmão. Um exemplo deste movimento é a elevação da alça do balde, representado a inspiração. Isto causa aquele efeito da seringa, porque mais espaço para o ar vai surgindo.

O principal responsável por este efeito é o diafragma, por ser o mais forte. Os intercostais também são muito importantes, principalmente para aqueles que precisam de muito ar, como os cantores.

Há dois tipos de inspiração:

• relaxada, a normalmente usada, e realizada pelos inspiradores principais;

• forçada, feita pelos inspiradores principais mais os acessórios.

Os músculos acessórios não devem ser usados na respiração normal, principalmente para quem canta. Como a maioria deles está localizada

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na região do pescoço, e sua contração (tensão) pode prejudicar o som produzido pelas cordas vocais.

O Diafragma

O diafragma é um músculo plano, amplo, em forma de guarda-chuva, que fica entre o tórax e o abdome, e está preso nas costelas e na coluna.

Ao se contrair o diafragma, suas bordas levantam as costelas, enquanto o seu centro se abaixa, empurrando os órgãos do abdome.

Intercostais Externos

Os intercostais externos são, junto com o diafragma, fazem parte dos músculos inspiratórios principais. Eles estão localizados entre cada uma das costelas. Quando eles se contraem, eles elevam a caixa torácica, aumentando o seu volume, e promovendo a entrada do ar. Na figura abaixo, os intercostais externos estão representados pela cor vermelha. Leve em consideração que a ilustração está indicando apenas um grupo de músculos, entre um par de costelas. Na verdade, eles estão presentes unindo todas as costelas.

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Na cor verde, vemos os intercostais internos, responsáveis pela expiração, explicada mais adiante. Observe na "visão superposta" como eles ficam posicionados atrás dos intercostais externos. O fato de eles serem inclinados em posições opostas causa os movimentos opostos de inspiração e expiração. Os intercostais internos abaixam as costelas, fazendo com que o ar saia na expiração forçada.

Esses músculos estão entre as costelas e atuam para que todas elas façam o mesmo movimento durante a inspiração ou expiração e atuam para que todas elas façam o mesmo movimento durante a inspiração ou expiração.

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Acessórios

Estes músculos atuam no sentido de elevar as costelas na inspiração forçada. Devem estar relaxados na hora de cantar. Na ilustração fica mais visível que existem dois ECOMs, um de cada lado; com os escalemos ocorre o mesmo, estão em pares.

ECOM Escalenos

Expiração

Existem dois tipos de expiração, a normal e a forçada. A expiração normal, relaxada é uma ação natural, assim como a volta de um elástico puxado. O diafragma e os intercostais externos simplesmente voltam ao normal. Os músculos da expiração apenas devem entrar em ação quando se precisar de uma expiração forçada, como soprar uma vela, numa tosse ou espirro, por exemplo.

A expiração dura cerca de 2 a 3 vezes mais que a inspiração. Mas, mesmo assim, um cantor deve ter total controle sobre o relaxamento do diafragma, para que sua volta à posição inicial seja o mais lenta possível, de acordo com a necessidade, e para não soltar o ar de vez.

10. EXERCÍCIOS

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Treino da Utilização Muscular

1.Respiração Diafragmática: Pessoa deitada com um livro no abdome. A intenção é elevar o livro.

2. Diafragma e Intercostais: Em pé, fazendo a respiração diafragmática, e expandindo as laterais do tórax.

Treino do Aumento da Capacidade Pulmonar

1. Soluço Inspiratório: Inspirar aos poucos pelo nariz até encher o pulmão: inspirar - pausa - inspirar pausa - inspirar o máximo - soltar o ar de vez pela boca.

2. Expiração Abreviada: Inspirar fundo normalmente (nariz) e soltar um pouquinho; inspirar fundo outra vez e soltar um pouquinho; inspirar mais uma vez, até sentir o pulmão o mais cheio possível, e soltar de vez pela boca.

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Treino do Controle Diafragmático

1. Inspiração Profunda: Inspirar profundamente pelo nariz, e soltar pela boca, em "SSS", demorando o maior tempo possível.

2. Exercício da vela: Soprar a vela a uma pequena distância (cerca de 1 palmo) sem apagar a chama, e mantendo-a em equilíbrio na posição oblíqua.

DICAS IMPORTANTES

Permitido Evitar Proibido

Beba bastante água em temperatura natural! (no mínimo 2 litros por dia) para manter as pregas vocais hidratadas e em boa condição de vibração.

Coma maçã! A maçã possui propriedades adstringentes que auxiliam na limpeza da boca e da faringe, favorecendo uma voz com melhor ressonância.

Beba suco de frutas! (Principalmente de frutas cítricas)

Evite usar roupas apertadas, principalmente nas regiões do abdômen, cintura, peito e pescoço, pois isso poderá dificultar a respiração.

Não use pastilhas, sprays, anestésicos sem orientação médica, pois para cada caso existe uma medicação específica, portanto não se automedique nunca!

Evite alimentos gordurosos e "pesados" antes das apresentações, pois dificultam a digestão.

Dê preferência aos alimentos leves e de fácil digestão (verduras, frutas, peixe, frango).

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Durma bem! Procure dormir, no mínimo, 8 horas por dia.

Não durma de estômago cheio, pois pode provocar refluxo gastresofágico que é altamente prejudicial às pregas vocais.

Não cante se estiver doente! Quando cantamos envolvemos todo o nosso corpo e gastamos muita energia, então se recupere antes de voltar a cantar.

Evite ficar exposto por muitas horas em ambiente que utiliza ar-condicionado, pois provoca o ressecamento das pregas vocais. Em casos onde isso não for possível, procure estar sempre lubrificando as pregas vocais com água ou suco sem gelo.

Evite ambiente com mofo, poeira ou cheiros muito fortes, principalmente se você for alérgico.

Evite a competição sonora, ou seja, falar ou cantar em lugares muito barulhentos.

Evite choques bruscos de temperatura

Evite bebidas geladas

Evite cochichar, pois, ao contrário do que pensamos, no ato de cochichar submetemos nossas pregas vocais a um grande esforço provocando um desgaste muitas vezes maior do que se conversarmos normalmente.

É proibido gritar, pigarrear, falar durante muito tempo sem lubrificar as pregas vocais, fumar, ingerir bebidas alcoólicas antes de cantar para "melhorar" a voz.

OBSERVAÇÃO: É NECESSÁRIO PRATICAR AS TÉCNIAS E, SEMPRE QUE TIVER DÚVIDAS, CONSULTE O REGENTE. VISITAS A FONOAUDIÓLOGOS SÃO RECOMENDFADAS.

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