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Page 1: TÉCNICA TRADICIONAL GRIP SEGUNDO A DIDÁTICA DO … · a leitura musical de partituras, teoria musical e técnicas de execução de caixa, tenor drum e bumbo. Dentre as técnicas

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 1229

TÉCNICA TRADICIONAL GRIP SEGUNDO A DIDÁTICA DO TCHÁ DEGGA DA   José Ricardo Bassani  Graduando do curso de Licenciatura em música da Universidade do Oeste Paulista. E‐mail: [email protected] 

  

RESUMO O presente trabalho aborda o tema Técnica Tradicional GRIP”, segundo John Grant, professor da Seleção Brasileira de Percussionistas – Tchá Degga Da”, e  tem por objetivo demonstrar a maior conveniência dessa técnica em relação à técnica convencional nas caixas de marcha. É um tema que ganha   espaço  considerável em  função da aplicabilidade e  funcionalidade no meio marcial; dessa forma, a pesquisa pretende  indicar   a facilitação na prática, no momento da performance, identificando  a  procedência  e  visão  que  a  caracterizam,  procurando  evidenciar  os  possíveis problemas da técnica convencional, e por fim, analisando e sugerindo procedimentos que melhor oriente ao músico percussionista. Palavras‐chave: Técnica Tradicional Grip, Pegada Tradicional, Caixa.  

 

INTRODUÇÃO  

O Tchá Degga Da – Seleção Brasileira de Percussionista, é um projeto social  fundado em 

julho  de  2005,  pelo músico  e  professor  norteamericano,  John Grant,  naturalizado  brasileiro. O 

projeto tem o intuito de ensinar percussão para os músicos de todo o território brasileiro; aborda 

a  leitura musical  de  partituras,  teoria musical  e  técnicas  de  execução  de  caixa,  tenor  drum  e 

bumbo. 

Dentre as técnicas e ensinamentos do grupo Tcha Degga Da, a técnica Tradicional Grip é a 

utilizada pelos  integrantes do naipe de caixa, uma vez que essa  técnica  tem sua modificação na 

postura para  facilitar o músico a tocar o  instrumento com maior controle das baquetas em suas 

mãos. 

 A  técnica utilizada hoje  tem uma árvore genealógica que procede as bandas de gaita de 

fole e tambor da Europa antiga. Na era militar norte americana, o exército começou a  incluir os 

instrumentos de percussão em seu arsenal, com o intuito do músico dar a cadência da marcha dos 

soldados  e  toques  de  comando. Os  percussionistas  simplesmente  amarravam  os  instrumentos 

com um cordão e pendurava‐os ao corpo. Tempos mais tarde, surgiu o talabarte (cinturão), que 

era mais cômodo e proporcionava ao instrumento um pouco mais de estabilidade, como resultado 

o  instrumento  foi padronizado ao  lado esquerdo do músico em um ângulo de quarenta e cinco 

graus e, a técnica Tradicional Grip começava a surgir (MOELLER, 1956). 

Ao  contrário  da  técnica  convencional,  em  que  as  mãos  são  semelhantes,  a  técnica 

tradicional utiliza‐se de duas posturas, a palma da mão direita para baixo, enquanto a esquerda 

Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012

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virada para o corpo.  A Tradicional Grip é quase exclusivamente para se tocar caixa, especialmente 

caixa de marcha, embora também se encontre essa técnica sendo aplicada por bateristas de Jazz 

(BROWN, 1976). 

O  fato  de  o  instrumento  ser  posicionado  tradicionalmente  ao  lado  esquerdo  do  corpo 

implica que o início dos toques musicais seja com a mão contralateral, a mão direita. Além disso, 

para a uniformidade de marcha, geralmente utiliza‐se o pé esquerdo para rompimento da marcha, 

e naturalmente a mão direita vai à  frente, dessa  forma chega‐se uma  igualdade entre os passos 

dos soldados, o que acaba por facilitar a execução da prática musical. 

Nesse aspecto, é relevante frisar que a técnica Tradicional Grip ganha espaço considerável 

em função da aplicabilidade e funcionalidade no âmbito marcial, de forma a acertar a postura do 

percussionista diante do instrumento. 

Dessa  forma,  o  presente  artigo  tem  o  objetivo  de  demonstrar  a maior  conveniência  da 

técnica Tradicional Grip em relação à Técnica Convencional no  instrumento caixa de marcha em 

momento de performance, especificando os adornos de procedência e visão dessa técnica, bem 

como suas características, buscando evidenciar os problemas da Técnica Convencional, e por fim, 

analisando e sugerindo procedimentos que melhor oriente ao percussionista. 

 

DA TÉCNICA 

Grip ou pegada é  o  modo  como  o baterista ou percussionista segura  a baqueta em  sua 

mão.  Segundo  Rich  (1942)  a  pegada  tradicional  é  oriunda  dos  tempos  de  guerras,  quando  o 

percussionista  tinha  que  tocar  de  pé  com  as  baquetas.  Muitos  bateristas  e  percussionistas, 

principalmente os que tocam o estilo jazz, continuam a usar este modo, mas apenas para a mão 

esquerda. Esse tipo de grip ainda é muito utilizado em bandas marciais e fanfarras.  

Nesta  pegada,  a  baqueta  é  passada  entre  o  dedão  e  o  indicador  (estes  dois  dedos 

desempenhando a  função de eixo da alavanca formado pelo conjunto dedos+baqueta) e entre o 

dedo  médio  e  o  anelar  (cuja  função  é  controlar  a  descida  e  subida  da  baqueta,  através  da 

alavanca).       

Para  Arndt  (1983)  existem  três  figuras  na  pintura,  todos  eles  tocando  instrumentos 

musicais. Um homem de  cabelos brancos  tocando um  tambor, um homem de meia‐idade  com 

uma bandagem na  cabeça  tocando  seu pífano, e um menino baterista olhando  com admiração 

para  o  senhor  de mais  idade  que  está  tocando  seu  tambor.  Atrás  deles,  uma  companhia  de 

soldados revolucionários está a marchar. Um dos soldados levanta a primeira bandeira americana 

Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012

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A imagem a seguir, Spirit of '76 de Archibald MacNeal Willard (1910), mostra execução da 

técnica. 

 

Figura I. The Spirit of ’76. 

 

A  baqueta  então  descansa  no  espaço  entre  o  polegar  e  o  dedo indicador,  e  os  dois  dedos  fechar  em  torno  da  baqueta,  com  o polegar  encostado  na  primeira  articulação  do  indicador. O  dedo médio em seguida, descansa um pouco na parte de cima da baqueta (normalmente a ponta do dedo   é o único contato feito). A baqueta então  repousa  na  cutícula  do  dedo  anelar  com  o  dedo mindinho apoiar o dedo anelar abaixo.(WIKIPEDIA EUA, 2012) 

 

 

Segundo Moeller  (1956) a  sensação deve  ser a de que os dedos da mão esquerda estão 

sacudindo as gotas de água, ou seja, de forma harmônica e relaxada. 

A  técnica experimentada,  técnica Tradicional Grip, consiste em  segurar a baqueta com o 

polegar e o  indicador da mão direita, a  cerca de dois  terços de distância da  cabeça  (ponta) da 

baqueta. O  dedo médio,  anelar  e mínimo  controla  e  auxilia  os  vários movimentos  da  baqueta 

(pinça). A palma da mão deve ficar virada para baixo ao tocar o  instrumento. A baqueta da mão 

esquerda é mantida em cerca de dois terços da distância a partir da cabeça (ponta) da baqueta no 

centro de equilíbrio, na  forquilha,  formada pelo polegar e o  indicador. O dedo médio  funciona 

como um guia, e é posicionado sobre a baqueta, o dedo anelar e mínimo ficam inferior à baqueta, 

auxiliando o controle do "swing" (molas). A palma da mão terá que estar voltada para o corpo na 

hora do toque no Instrumento (RICH, 1942; PODEMSKI, 1968). 

Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012

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A técnica Convencional consiste em segurar as baquetas com ambas as mãos, esquerda e 

direita, na mesma posição da mão direita da técnica Tradicional Grip (FIRTH, 1967).  

Segundo Wikipedia EUA (2012), alguns percussionistas rejeitam a Tradicional Grip, uma vez 

que  se  acredita  ser  inferior  a  técnica Convencional  que  contempla    termos  de  conveniência,  a 

eficiência  e  a  qualidade  do  som. Ao  contrário  da  Técnica  Convencional,  a  Tradicional  Grip 

raramente é usado na maioria dos outros instrumentos de percussão, como teclados e tímpanos. 

Apesar dessas críticas , a Técnica Tradicional Grip tem sido utilizada  em alguns casos, por diversas 

categorias e melhores percussionistas dos tempos modernos.  

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 

Foi escolhida como objeto de pesquisa a organização sem  fins  lucrativos Tchá Degga Da, 

pelo fato de que o pesquisador é membro desde maio de 2005, e entender que lá esse tema seria 

de relevante importância. 

O  método  de  pesquisa  obedeceu  aos  seguintes  níveis:  estudos  bibliográficos  e 

observacional.  

A pesquisa exploratória requer um estudo posterior e, normalmente, esse tipo de estudo tem um planejamento mais flexível, que envolve levantamento bibliográfico, análise de documentos, observação de fenômenos e estudo de casos (OLIVEIRA, 2005, p. 36). 

 

Quanto  aos  procedimentos  técnicos  e  metodológicos  optou‐se  por  uma  Pesquisa 

bibliográfica e observacional.  

O  instrumento de pesquisa para o  levantamento dos dados  foi por meio de  livros, e por 

meio de observação de 36 horas de ensaio do grupo. 

O estudo foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica e observacional no ensaio do grupo 

Tcha Degga Da, na  cidade de  São Paulo –  SP, nos dias 7, 8 e 9 de  setembro de 2012, em que 

participavam no naipe de caixa 10 integrantes do grupo. 

Foi  observado  durante  o  período  de  3  dias,  14  horas  diárias,  o  ensaio  do  grupo.  Os 

integrantes  são  estudantes  de música  selecionados  em  5  estados  do  Brasil  (São  Paulo,  Rio  de 

Janeiro, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás). 

Inicialmente, no primeiro dia  às  9:00 horas, observou‐se o  aquecimento  e  alongamento 

muscular dos músicos, que teve a duração de quarenta minutos, segundo Grant, o aquecimento 

antes do ensaio é de  suma  importância para o bom desempenho dos músicos e  também para 

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evitar  lesões,  essa  pratica  foi  repetida  no mesmo  horário  e  no mesmo  tempo  pelos  3  dias  de 

ensaio. 

Durante o ensaio, Grant tinha uma ordem de trabalho, primeiro ele trabalhava exercícios 

para fortalecer as técnicas do grupo, para ganho de agilidade força e precisão, posteriormente, na 

segunda parte do ensaio, Grant trabalhou as músicas de repertório do grupo, esse planejamento 

de aula foi imposto pelos três dias de ensaio. 

Durante  todo  o  período  de  ensaio,  os músicos  do  naipe  de  caixa  utilizaram  a  técnica 

Tradicional Grip, tendo conhecimento que 42 horas de estudo, os alunos não obtiveram nenhuma 

lesão muscular,  

Dessa forma, a seguir apresentamos a análise e discussão dos resultados obtidos. 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

O  resultado obtido a partir da observação dos  três dias de ensaio mostra que a Técnica 

Tradicional Grip é mais conveniente e foi a mais utilizada pelos  integrantes do naipe de caixa do 

grupo  de  percussão  Tchá  Degga  Da,  até  pelas  questões  estéticas  que  essa  técnica  oferece  e 

funcional para esse tipo de formação. 

Segundo Grant, a baqueta deve repousar sobre a unha da segunda mola da mão esquerda, 

pois  é  a  parte  da  mão  em  que  temos  maior  sensibilidade  e  agilidade,  conseguindo  maior 

velocidade e controle. Além disso, a prática ocasiona, frequentemente, bolhas e cortes nas mãos, 

o  que  seria  evitado  com  a  baqueta  posicionada  dessa  forma,  uma  vez  que  a  unha  tem  sua 

superfície mais resistente em relação à pele.  

O movimento mais  indicado para a execução da  técnica consiste em prono‐supinação da 

mão  esquerda,  enquanto  que  a mão  direita  segue  com movimentos  de  flexo‐extensão.  Para  o 

melhor  funcionamento da  técnica, antebraço, punho e mão devem  trabalhar em  sincronia para 

diminuir os esforços musculares, além de possíveis lesões.  

Com  o  fortalecimento  e  o  treinamento  do movimento  de  prono‐supinação,  ocasionado 

pela mão esquerda, a técnica proporciona paralelamente, um treino muscular para outras técnicas 

aplicadas em outros  instrumentos, como pandeiro popular brasileiro, pandeiro orquestral e rulos 

com duas baquetas por mãos para  teclados. Nesses  três exemplos, o músico utiliza a  forma de 

prono‐supinação da mão esquerda para mexer o instrumento ou para movimentar as baquetas.  

Como naturalmente essa  técnica proporciona um  som diferente entre as baquetas, uma 

vez que a técnica oferece menor superfície de contato da mão esquerda em relação à direita, o 

percussionista que  toca  caixa de marcha encontra  certa dificuldade para  igualar o  som emitido 

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pelas baquetas ao toque do  instrumento, o que vantajosamente os bateristas de música popular 

utilizam para proporcionar outros sons em seus ritmos e convenções, tornando assim mais rico em 

timbres.  

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Conclui‐se com base no estudo que a técnica Tradicional Grip oferece mais comodidade e 

menores  prejuízos  ao  músico  percussionista  que  toca  caixa  de  marcha,  além  de  um  efeito 

performático visual, a técnica oferece ao baterista um recurso de timbres variados. Levando em 

consideração o contexto histórico, no qual  já se utilizava essa técnica, nos dias de hoje há de se 

considerar as escritas e composições musicais que tem por objetivo a exposição e aproveitamento 

otimizado dessa técnica. 

Apesar  da  difusão  ser mais  comum  na  América  do Norte  e  Europa,  principalmente  nas 

categorias e divisão das chamadas Bandas Marciais e Fanfarras, oriundas das Bandas Militares, o 

Brasil tem se aproximado, nas últimas décadas, desses padrões e buscando implementá‐lo dentro 

da cultura preexistente. 

A bibliografia sobre o assunto é limitada, há poucos relatos de autores que contribuem na 

defesa  e  crítica  da  técnica  em  questão,  o  que  não  nos  permite  um  estudo  comparativo 

considerável. 

A proposta do Grupo  Tchá Degga Da é oferecer os  alunos  a proximidade dessa  técnica, 

possibilitando  que  esses  possam  aprimorar  e  difundi‐la  em  seus  grupos  de  origem,  além  de 

ampliar a visão do percussionista no conhecimento de uma  técnica a mais que contemple uma 

variação de sons e modos de se executar determinada peça musical. 

 

REFERÊNCIAS 

ARNDT, Ursula; Giblin, James. Fireworks, Picnics, and Flags: The Story of the 4th of July Symbols. 

Clarion Books, New York NY, p.41, 1983. 

BROWN, T.D. A History and Analysis of Jazz Drumming to 1942. University Microfilms, Ann Arbor 

MI, 1976. 

FIRTH, V. Snare Drum Method. Book 1‐ Elementary. Carl Fischer, New York NY, p.5‐6, 1967. 

MOELLER, S. The Moeller Book. Ludwig Masters Publications, Grafton OH, p.5,6,15, 1956. 

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OLIVEIRA,  Maria  Marli.  Como  fazer  projetos,  relatórios,  monografias,  dissertações  e  teses. 

Elsevier, Rio de Janeiro RJ, p. 36, 2005. 

PODEMSKI, B. Podemski’s Standard Snare Drum Method. Mills Music Inc., Miami  FL, p.5, 1940. 

RICH,  B.   Modern interpretation  of Snare Drum Rudiments.  Embassy  music  corporation,  New 

York‐NY, v.1, p.5,6,7, 1942. 

WIKIPEDIA  EUA.  Traditional  Grip.  Disponível  em:<http://en.wikipedia.org/wiki/Traditional_grip> 

Acesso em 20 de setembro de 2012.