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a revista do engenheiro civil techne téchne 135 junho 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 135 ano 16 junho de 2008 R$ 23,00 Coordenação de projetos Mão-de-obra Piso industrial Fundações Concreto auto-adensável Steel frame ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 3 5 Como integrar projetos? Apesar dos avanços, muitas construtoras ainda não conseguem conciliar especialidades. Afinal, quem deve se responsabilizar pela coordenação? COMO CONSTRUIR Steel frame parte 1 PISOS Limpeza pós-obra MÃO-DE-OBRA Própria ou terceirizada? ARTIGO Concreto auto-adensável capa tech 135_ilustra quebra-cabeca.qxd 4/6/2008 14:25 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

techne

téchne135 junho

2008

www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 135 ano 16 junho de 2008 R$ 23,00

Coordenação de projetos■

Mão-de-obra ■

Piso industrial■

Fundações■

Concreto auto-adensável■

Steel frame

ISSN

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Como integrarprojetos?Apesar dos avanços, muitas construtoras ainda não conseguem conciliar especialidades. Afinal, quem deve seresponsabilizar pela coordenação?

COMO CONSTRUIR

Steel frame parte 1

PISOS

Limpeza pós-obra

MÃO-DE-OBRA

Própria outerceirizada?

ARTIGO

Concreto auto-adensável

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SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 2Web 6Cartas 8Área Construída 10Índices 14IPT Responde 16Carreira 18Melhores Práticas 20Técnica e Ambiente 30P&T 64Obra Aberta 70Agenda 72

CapaIlustração e layout: Sergio Colotto

ENTREVISTAResponsabilidades na construçãoAdvogado explica responsabilidades

e garantias na construção civil

40

22

CAPAProjetos coordenados Especialistas discutem atribuições e

vantagens da coordenação

32 MÃO-DE-OBRAProdução internaEmpresas voltam a investir em

equipes próprias contra a falta de operários

36 OBRA INDUSTRIALResistente ao frioPiso executado para a Perdigão

tem que resistir à temperatura de até -25ºC

46 PISO Limpeza profundaProdutos e técnicas mais indicados

para limpeza e manutenção de pisos

52 FUNDAÇÕES – PINI 60 ANOS

Tecnologia de base Seis décadas de inovações na execução

de subestruturas

56 ARTIGOConcreto auto-adensável –

características e aplicaçãoPesquisador aponta vantagens dos

concretos superfluidos

77 COMO CONSTRUIRSteel frame – fundações – Parte 1Série mostrará como executar uma casa

completa em perfis leves de açoLaw

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EDITORIAL

2 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008

Uma lei do deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA), em tramitação

no Senado, pretende obrigar todas as prefeituras a contratar

arquitetos ou engenheiros para prestar "assistência técnica pública

e gratuita para projeto e construção de habitação de interesse

social". A idéia tem o apoio da FNA (Federação Nacional dos

Arquitetos), do IAB-DN (Instituto dos Arquitetos do Brasil –

Direção Nacional) e do sistema Confea/Crea (Conselho Federal de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia) mas não da totalidade do

setor. Enquanto uns vêem nisso um instrumento de

desenvolvimento urbano ordenado e "direito social à moradia",

outros enxergam no projeto um incentivo à autoconstrução com

reserva de emprego e inchaço na máquina pública. Embora

assistida tecnicamente, a iniciativa não resolve o déficit estimado de

mais de sete milhões de moradias. Os críticos declaram que apenas

as construtoras podem assumir tamanha tarefa. Apesar de o

argumento ser consistente, o que se vê até o momento é a pouca

viabilidade para atender as famílias com renda inferior a cinco

salários mínimos. Empreendimentos para esse público saem do

papel somente com subsídios e sistemas construtivos de baixo custo.

Já há propostas consistentes nesse sentido, como o Fundo

Garantidor Habitacional de São Paulo. É preciso lembrar, entretanto,

que a imensa maioria dos pequenos municípios brasileiros não

possui orçamento para programas habitacionais. Sendo assim, cabe

a pergunta: uma autoconstrução assistida tecnicamente é melhor do

que a ausência plena da Engenharia? A pergunta está no fórum do

site da revista Téchne, e algumas respostas você pode conferir na

página 6 desta edição. E você, o que acha?

Paulo Kiss

Engenharia pública ou estímulo à autoconstrução?

VEJA EM CONSTRUÇÃO MERCADO

VEJA EM AU

� Fundação Iberê Camargo –Álvaro Siza

� Ópera de Oslo – Snøhetta� Entrevista: engenheiro José

Luiz Canal

� Risco de desabastecimento de materiais

� Pressões de custos no orçamento

� Entrevista: Equity International

� Muro de concreto� Cálculo de tinta� Impermeabilização rígida� Casa rápida

VEJA EM EQUIPE DE OBRA

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4 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto

PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina FerreiraÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Maria Carolina Matos Silva

CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira FerreiraSSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio Pini

PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Oliveira, Adriano Andrade, Jane Elias,Eduardo Yamashita, Silvio Carbone e Flávio Rodriguez

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: A C Perreto, Bárbara Monteiro, Daniele Joanoni, Danilo Alegre e Ricardo CoelhoMMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Margareth Alves

LLIIVVRROOSS EE AASSSSIINNAATTUURRAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini

SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

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EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

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ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

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PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaçodedicado ao debate técnico e qualificadodos principais temas da engenharia.Confira os temas em andamento.

Prefeituras devem fornecergratuitamente serviços deengenheiros e arquitetos parafamílias de baixa renda? Isso éengenharia pública ou estímulo àautoconstrução?Melhor seria a prefeitura cobrar, em cadafinanciamento, 3% para essa assistência.A título de exemplo, num financiamentode R$ 10 mil, seria pago durante o prazodo empréstimo o valor de R$ 300. Naconstrução de 250 habitações o valorarrecadado para essa assistência seria deR$ 75 mil. Estimando um prazo deconstrução de cinco meses, daria parapagar dois engenheiros ou arquitetos etrês mestres-de-obras. Receberiam ossuperiores R$ 3.750 mensais e osmestres-de-obras, R$ 2.500. Bemmelhor que qualquer prefeitura pagaria. Fernando Vidal [28/05/2008]

Não acho um estímulo a autoconstrução.A grande maioria da população jáconstrói sem os critérios da prefeitura.Esse serviço, além de possibilitar melhorqualidade de moradia, permitiria aosprofissionais trabalhar diretamente coma sociedade, auxiliando na configuraçãode sua cidade.Tamires Aguiar [24/05/2008]

Acho que arquitetos e engenheiros, sefossem contratados pelas prefeituras,teriam que comprovar experiência emcanteiros de obras de no mínimo trêsanos, e essa assistência seria limitada aonúmero de metros quadrados máximopor profissional, já previsto pelo Crea.Luis Henrique de Alcântara Feder [24/05/2008]

Leia os artigos "Coordenação de Projetos – Um Assunto que Necessita Maior Prioridadede Desenvolvimento", de Luiz Henrique Ceotto, e "A Gestão de Projetos de Edificações eo Escopo de Serviços para Coordenação de Projetos", escrito por uma equipe deengenheiros e arquitetos. O primeiro texto traz sugestão de instrumentos de controle eavaliação para o trabalho do coordenador de projetos. Já o segundo apresenta oescopo de contratação dos serviços de coordenação para o mercado imobiliário.

Coordenação de projetos

Leia artigo do engenheiro ReinaldoLopes, diretor técnico da ABCFundações, com instruções de comofazer a prova de carga estática deestacas, os equipamentos e máquinas necessários.

Fundações

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Confira tabela fornecida pelaconstrutora Tarjab com acomposição dos encargossociais de um operáriocontratado pela construtora.

Mão-de-obra própria

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CARTASEngenheiros ambientaisParabéns à Editora PINI por seusperiódicos, livros e demais materiais, osquais, de forma íntegra, proporcionamaos engenheiros de todas as áreas acessoa informação técnica de qualidade. Noentanto, ao ler a edição de abril de 2008da revista Téchne, a qual considero demuita qualidade, me deparei com umaafirmação do engenheiro Ualfrido DelCarlo, em entrevista intitulada "Culturasustentável", que não corresponde com arealidade. Ao ser questionado, na pág. 26,sobre a importância da fiscalizaçãoambiental de projetos, o arquiteto diz que"não estamos preparados e não temoscursos dessas coisas". E continua: "Não

existe esse profissional [engenheiro deavaliação ambiental de projetos], assimcomo não há engenheiro ambiental".Fiquei bastante chocado, pois trata-se deuma pessoa que participa de diversasentidades relacionadas à questãoambiental e pertence a uma universidadealtamente qualificada. Não sei se isso foiestratégia para reserva de mercado,afinal ainda estamos "engatinhando" comnosso curso aqui na Unesc (Universidadedo Extremo Sul Catarinense). Noentanto, não é justo que as pessoasignorem e menosprezem a existência deoutros cursos superiores, os quais já sãoreconhecidos e credenciados pelo MEC(Ministério da Educação e Cultura) eCrea (Conselho Regional de Engenharia e

Arquitetura) há mais de dez anos. Talvezo colega de profissão desconheça aResolução Crea 1010, de 22 de agosto de2005, que regulamenta todas asprofissões inseridas e regularizadas pelosistema Confea/Crea, e os engenheirosambientais participam da mesmaCâmara que os engenheiros civis.Aproveito para deixar o convite a todospara conhecer nossa universidade, seucurso de engenharia ambiental e demais cursos.Mariano José Monsani, engenheiro ambiental

Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense)

Jacinto Machado (SC)

Resposta: Caro Mariano, realmente,quando dei entrevista à Téchne, não

Envie sua crítica ou sugestã[email protected]

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tinha conhecimento de nenhumcurso do tipo. Entretanto, soube daexistência de um grupo de engenha-ria ambiental em Santa Catarina.Soube também que a engenheira am-biental Danielle Maia de Souza, mi-neira e aluna do curso de pós-gradua-ção da Universidade Federal de SantaCatarina, recebeu no ano passado oprêmio do PNUMA (Programa dasNações Unidas para o Meio Ambien-te) pelo trabalho de adaptar para oBrasil a avaliação do impacto am-biental dos materiais durante seuciclo de vida. Gostaria de parabenizara Universidade por oferecer um pro-grama dessa importância.Ualfrido Del Carlo, engenheiro civil

ERRATAS

As tabelas 1 e 2 da reportagem "Altodesempenho, baixo impacto", Téchne133, págs. 40 e 42 são da tese de mes-trado "Double-Skin Façades in High-Rise Office Buildings in São Paulo",apresentada à Architectural Associa-tion School of Architecture, Londres,Inglaterra, em 2004, pela arquitetaMônica Marcondes. Na revista, o cré-dito menciona o nome da arquitetamas não de sua tese.

Diferentemente do que foi informadona seção Técnica & Ambiente da edi-ção 134 da Téchne, os arquitetos res-ponsáveis pelo projeto da fábrica da

Mahle Brasil (foto) são Roberto Loebe Luis Capote. O desenvolvimentodos projetos de gestão e sustentabili-dade envolveu também a Loeb Arqui-tetura e a Mahle Brasil e o empreendi-mento fica na Serra do Japi, não naSerra dos Cristais.

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TÉCHNE 135 | JUNHO DE 200810

ÁREA CONSTRUÍDASistemas prediais em discussão

prediais. Na opinião da engenheiraCarla Araújo Sautchúk, da Tesis En-genharia, os sistemas de reúso deágua não podem ser projetadoscomo o de uma indústria, que geral-mente tem uma equipe de engenha-ria", afirma. O projeto deve preverferramentas de gestão que diminuama complexidade de manutenção dosistema. Além dessa questão, a enge-nheira traçou o diagnóstico do atualmomento por que passa o mercado:redução dos terrenos, aumento dotempo de aprovação de projetos, di-minuição no tempo de desenvolvi-mento de projetos, produção de pro-jetos para outras regiões e necessida-de de se trabalhar com uma diversi-dade maior dos sistemas construti-vos, principalmente no segmento dehabitação popular. O seminário des-tacou ainda as novas necessidades deinfra-estrutura predial para os siste-mas de TI (Tecnologia da Informa-ção). Ricardo Daizen, gerente daCommScope Systimax Solutions,apresentou soluções de integraçãodos cabeamentos de sistemas de au-tomação predial e lembrou o aumen-to da procura das empresas por siste-mas de TI – maiores bandas de inter-net, telefonia sobre IP, redes internas.Álvaro Yamada, diretor da DMI Net-work House, apresentou as deman-das específicas das prestadoras de

serviço desse segmento. Segundo Ya-mada, além da facilidade de acessoaos cabeamentos por meio de shaftse painéis, as empresas necessitam decondições favoráveis para a instala-ção de seus Centros de Processamen-to de Dados. Os ambientes que abri-garão os servidores precisam ter lo-calização o mais centralizado possí-vel – para que se tenha economiacom cabos –; controle de temperatu-ra e umidade ambientais; prevençãocontra vazamentos de água, que da-nificam cabos e equipamentos. Dolado de fora, os edifícios devem apre-sentar espaços adequados para ospontos de recepção de telecomunica-ção, de fácil acesso para concessioná-rias e operadoras.

Voltado para estudantes de graduaçãoem engenharia, o Prêmio Odebrecht –Contribuições da Engenharia para oDesenvolvimento Sustentável premiarátrabalhos que dissertem sobre o temaUtilização de Recursos e Materiais naConstrução. Os projetos devem ser iné-ditos, viáveis e desenvolvidos sob a ótica

Odebrecht premia trabalhos de estudantes sobre sustentabilidadedos três pilares da sustentabilidade: via-bilidade econômica, responsabilidadeambiental e inclusão social. Serão pre-miadas as cinco melhores dissertações.O autor – ou grupo de autores – e orien-tadores ganham R$ 20 mil cada. Asinstituições de ensino receberão amesma quantia em prêmios. Outras

cinco dissertações receberão mençõeshonrosas.Os dez projetos serão publica-dos em livro comemorativo. As inscri-ções devem ser feitas no site da Ode-brecht (www.odebrecht.com/premioo-debrecht) até o dia 31 de julho. O resul-tado será divulgado, também no site, apartir da primeira semana de outubro.

As novas legislações estaduais e mu-nicipais, como as que obrigam a ins-talação de sistemas de aquecimentosolar, de reúso de águas pluviais e demedição de consumo de água, im-põem novas dificuldades e novos de-safios a projetistas e construtores.Parte desses novos "problemas" de-corre da falta de uma discussão maisexaustiva sobre os entraves técnicosrelacionados à implantação dessastecnologias. Essa é a opinião de al-guns participantes do 5o SeminárioTecnologias de Sistemas Prediais:Qualidade e Inovação, realizado emSão Paulo pelo SindusCon-SP. Se-gundo o vice-presidente do sindica-to, Francisco Vasconcellos, durante asdiscussões do projeto da Lei Munici-pal 14.459, que dispõe sobre a insta-lação de sistema de aquecimentosolar de água nas novas edificaçõesda cidade de São Paulo, os construto-res apresentaram diversos problemastécnicos que a lei traria aos projetos.Mesmo assim, a lei foi promulgada etrouxe novas preocupações às cons-trutoras: como integrar sistemas deaquecimento solar a outros sistemasde aquecimento – como o elétrico e agás –, as dificuldades para realizaçãode medição individualizada do con-sumo de água quente, a necessidadede informar e treinar o usuário final eas equipes de operação de sistemas

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Vai até o dia 31/07 o prazo de inscriçõespara o Prêmio Talento Engenharia Es-trutural 2008, que reconhece o traba-lho de profissionais que contribuírampara a valorização da engenharia.Nesteano o prêmio conta com quatro cate-gorias: obras especiais, infra-estrutura,obras de pequeno porte e edificações.Durante a avaliação, a comissão de ju-rados – formada por membros daAbece e do Grupo Gerdau – verificaráse cada obra corresponde a alguns itensestabelecidos no regulamento doprêmio, entre eles uso adequado de

Prêmio Talento EngenhariaEstrutural 2008

materiais, economia de produtos du-rante a construção, originalidade ecriatividade de layout e implantaçãoharmônica no ambiente. Em 2007foram premiados os engenheirosGilberto Mascarenhas Barbosa do Vale,pelo projeto do Centro CulturalNiemeyer, em Goiânia (acima); Lu-ciano Afonso Borges, com a EstaçãoAlto do Ipiranga do Metrô, em São

Paulo; e Flávio Correia D'Alambert,com a cobertura do estádio olímpicoJoão Havelange, no Rio de Janeiro. Osvencedores serão contemplados comuma viagem para participação na feiraWorld of Concrete, maior eventomundial do segmento de concreto,a serrealizada em Las Vegas (EUA). Infor-mações sobre inscrições estão disponí-veis no site www.premiotalento.com.br.

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normas baseadas emexperiências laboratoriais. Apartir daí, os quesitos são osmesmos: o tubo terá desuportar a pressão interna –o que não é difícil de obter –,resistindo também aosimpactos mecânicos e até ao contato comagentes químicos variados. Vale lembrarque as tubulações, mesmo em plástico, têmdurabilidade limitada e exigemmanutenções. Assim como o cobre,também sofrem corrosão ou rompimentos,o que gera vazamentos e, em mistura como ar, explosões. O melhor que se tem a fazeré estudar o desempenho de cada material.

Há como pensar em um padrãoespecífico de projeto de sistemasprediais para segurança contraexplosões? Trygve Skjold – Desconheço regrasgerais para projetos, mas acredito que umbom estudo de ventilação – natural ouartificial – para ambientes confinados, porexemplo, venha a ser a melhor soluçãopara futuros problemas. É preciso saberquais gases estariam expostos nosambientes em caso de vazamento; comoesses vazamentos seriam possíveis e emquais intensidades, para depois avaliarpossíveis explosões (mecanismos físico-químicos causadores) e definir anecessidade de ventilação em cada caso.

O que acontece em aterrossanitários? A acumulação de gásmetano é mesmo perigosa? O quefazer para evitar explosões?Rudolf Klemmens – É certo que o metanopode gerar explosões, mas, como em todasas outras hipóteses, só se estiver misturadocom o ar em uma concentração menor que15%. Partindo desse princípio, dentro dascamadas de solo onde o metano éproduzido a partir da decomposição do lixo,não deve, preferencialmente, ocorrer ocontato com outros gases, como ooxigênio. Outra saída é controlar aconcentração dos gases, para que não seatinja a concentração mínima que gerariscos. Como no Brasil o gás não éconfinado em tanques (para reutilização

como biocombustível, por exemplo), e osaterros são abertos, o problema é menor.Os tubos que vêm das camadas maisprofundas do solo liberam o gásdiretamente na atmosfera.

E como testar essas concentraçõesmínimas, considerando temperaturae pressão? Como se prevenir?Eckhoff – A resposta dessas perguntasestá na importância de se ter umlaboratório específico para pesquisas emexplosões. Um País das dimensões doBrasil, e com tantos incidentes, deve terum. Ao mesmo tempo, para dominar oassunto, é preciso experimentar. Nãoadianta só conhecer a teoria. É precisoestudar caso a caso, na aplicação econtato com cada um dos materiais.Comprar equipamentos do exterior nãobasta, é necessário desenvolver atecnologia própria para experimentação.

Qual o investimento necessário paraque se tenha tal laboratório?Skjold – Se já há um espaço para olaboratório, como o IPT, basta adquiririnfra-estrutura, que se encontra nomercado. Os pós-graduandos interessadospodem ir à Europa para se familiarizaremcom as informações que já existem e,dessa forma, dar continuidade aostrabalhos aqui mesmo.

Mas não é difícil para países como oBrasil dar continuidade à tecnologiadesenvolvida há anos na Europa?Eckhoff – A China conseguiu. Ajudamosos chineses com os primeiroslaboratórios. Eles são ávidos poraprendizagem. Hoje produzem tudo o queprecisam, e têm tecnologia tão boaquanto, talvez até melhor que a Suíça.Bastar investir, ter vontade e mão-de-obrainteressada. Tenho certeza que, se eles semodernizaram, o Brasil não ficará atrás.

Á R E A C O N S T R U Í D A

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Especialistas de universidades euro-péias ministraram aulas no IPT (Insti-tuto de Pesquisas Tecnológicas do Es-tado de São Paulo),entre os dias 12 e 15de maio,no curso internacional "Segu-rança Contra Incêndio e Riscos de Ex-plosão no Ambiente Construído". Mé-todos experimentais e técnicas de su-pressão de explosão, além de ensaiosem câmaras de explosões foram pales-trados pelos professores Rolf Eckhoff,da Universidade de Bergen, Noruega, eRudolf Klemens, da Universidade deVarsóvia, Polônia. Eles estavam assisti-dos pelo pesquisador Trygve Skjold, danorueguesa GexCon.Segundo Anthony Brown, professor daPoli-USP e coordenador do curso, oIPT pretende conduzir o interesse deseus pós-graduandos à questão de segu-rança contra explosões."Para isso preci-samos, contudo, de um laboratório, eagora começamos a fazer os primeiroscontatos com os provedores de infra-es-trutura para esse objetivo", explica."É possível que, no futuro, tenhamosinclusive uma graduação nessa áreaespecífica de estudos", anuncia o coor-denador do curso Douglas Barreto."Estaremos criando, assim, mais umrequisito de projeto para a construçãocivil, principalmente nos casos de ar-mazenamento ou produção de mate-riais explosivos, diz". Confira entrevis-ta com os especialistas.

Temos ouvido falar em explosõesdevido a reparos malfeitos nasinstalações de gás de uso domésticoou tubulações de materiais comresistência questionável. Aqui noBrasil vemos a constante substituiçãode tubos de cobre por plástico PVC,com soldas prontas. Esses novosmateriais podem proporcionar maiorsegurança contra acidentes?Rolf Eckhoff – O que define o nível desegurança contra explosões de umdeterminado material é como suaaplicação, em dada situação, foipreviamente estudada. Nada impede aaplicação do PVC aos condutores de gás,desde que especificação e instalação sigam

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Na ordem: Rudolf Klemmens, Rolf Eckhoff e Trygve Skjold

Engenheiros europeus debatem segurançae riscos de explosões

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ÍNDICESAlta em maioReajustes de salários elevam custos de construção em São Paulo

Oíndice global do IPCE (ÍndicePINI de Edificações) encerrou o

mês de maio com alta de 6,50%, contra1,61% do IGP-M. Essa alta foi impul-sionada pelo reajuste salarial ocorridoem maio no setor da construção civil.

Segundo pesquisa realizada pelaEditora PINI junto às construtoras, ocusto/hora do pedreiro subiu de R$ 3,57para R$ 3,87,o equivalente a 8,40%.Já ocusto/hora de servente subiu 8%, pas-sando de R$ 3,00 para R$ 3,24.

Além desses reajustes salariais, ospreços de alguns materiais tambémsubiram. A barra de aço CA-50 3/8''(Ø = 10 mm/m=0,617 kg/m), queantes era vendida por R$ 3,17/kg, emmaio pulou para R$ 3,52/kg. O au-mento de 11,23% é justificado peloaumento da demanda de matéria-prima no mercado internacional.

Outros dois materiais a sofrer rea-juste foram a areia média lavada e apedra britada no 2. O aumento nopreço da areia foi de 5,46%, e da pedrabritada, de 3,68%. Os reajustes sãojustificados em razão da alta dos pre-ços dos combustíveis e consequente-mente dos fretes.

O Índice Global PINI de Custos deEdificações aponta uma alta acumu-lada nos últimos 12 meses de 8,81%.Porém, o índice é inferior à variaçãodo IGP-M, que no mesmo período éde 11,53%.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

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Data-base: mar/86 dez/92=100MÊS E ANO IPCE – SÃO PAULO

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaMMaaii//0077 111133..772222,,3377 5533..449933,,2244 6600..222299,,1133jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71MMaaii//0088 112233..773366,,8899 5588..225577,,9900 6655..447788,,9999Variações % referente ao último mêsmês 6,50 4,65 8,20acumulado no ano 7,28 6,28 8,20acumulado em 12 meses 8,81 8,91 8,72Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Cupins de solo

Envie sua pergunta para o email [email protected]

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IPT RESPONDE

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Existem ressalvas para aplicação depesticidas contra cupins de solo emambientes construídos sobre áreas in-fectadas? A que profundidade as agu-lhas devem chegar? Os furos são feitosapenas em volta da casa ou, quandonecessário, também na área interna?Marco Antonio Felix

Campinas (SP)

Inicialmente, é preciso ressaltar queos produtos normalmente utilizadospara a execução de uma barreiraquímica em edificações não podemser adquiridos por pessoas físicas – sópodem adquirir os produtos as em-presas especializadas. Além disso, en-tendemos que o consumidor deveevitar o manuseio de produtos quími-cos sem o pleno conhecimento sobreas restrições de uso, forma de mani-pulação e de aplicação, bem comosobre o objetivo da realização de qual-quer tratamento para controlar umainfestação de cupins. Sugerimos, aodetectar problemas de infestação decupins, ou mesmo de outros organis-mos xilófagos em seu imóvel (resi-dencial ou comercial), como fungos ebrocas-de-madeira, chamar duas outrês empresas especializadas para arealização de uma vistoria e posteriorapresentação de uma proposta co-mercial baseada nas informações co-letadas nessa vistoria. O primeiropasso para controlar a infestação decupins é diagnosticar corretamente oproblema por meio de uma inspeçãodo imóvel. Com a identificação da(s)

espécie(es) de cupins, será possíveldefinir os tratamentos a serem reali-zados para controlar o ataque dessesinsetos. Os cupins subterrâneos, porexemplo, têm grande capacidade dedispersão pelo imóvel. Assim, a ins-peção deve avaliar, além da intensi-dade do ataque, a dispersão dos cu-pins, preferencialmente com a utiliza-ção de plantas do imóvel. No casodesses insetos, a investigação éabrangente, incluindo o madeira-mento em contato com a alvenaria,como batentes, guarnições, rodapés earmários embutidos, os espaçosvazios, como caixões perdidos, colu-nas de distribuição, juntas de di-latação e, ainda, o entorno da edifi-cação, como jardins e anexos even-tualmente existentes. Entendemosque somente a partir desse diagnósti-co pode-se definir e indicar os trata-mentos a serem realizados na edifi-cação. Esses tratamentos envolvemmedidas tanto de caráter curativoquanto preventivo. Os principais são:� tratamento de solo: visa criaruma barreira química no períme-tro externo da construção impe-dindo o acesso dos cupins subter-râneos à edificação; na dependên-cia da abrangência da infestaçãopode ser executada, também, noseu perímetro interno;� tratamento de espaços vazios:consiste na aplicação de inseticidasnos espaços pelos quais os cupinsestão se dispersando ou mesmoconstituindo colônias;

� tratamento de madeira: restringe-se àquelas peças ou partes delas emcontato com a alvenaria.Deve-se destacar, também, a possi-bilidade de se utilizar outras tecnolo-gias para o controle da infestação decupins, como, por exemplo, o uso deiscas para o controle de algumas es-pécies de cupins subterrâneos. Final-mente, a extensão dos tratamentos, aescolha dos produtos químicos e ametodologia a ser empregada emcada edificação são diretamente de-pendentes dos resultados do diag-nóstico detalhado.Gonzalo Lopez, biólogo

Centro de Tecnologia de Recursos Florestais

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CARREIRA

Com 14 anos de idade no final dosanos 1950, influenciado pela revo-

lução cultural promovida pelo rock epela bossa nova, além de leituras sobreo tema, Chan queria ser psicólogo. Al-guns anos depois, à época da escolhapara o vestibular, no entanto, precisouadequar a curiosidade pela mente hu-mana às necessidades mundanas.Como psicologia não era uma profis-são regulamentada, buscou uma car-reira em que pudesse aplicar seus talen-tos. Foi daí que surgiu o interesse pelaarquitetura, que para ele abrangeu epermitiu explorar, inclusive, conceitosda própria psicologia.

Ao passar em primeiro lugar novestibular de arquitetura da UFRJ(Universidade Federal do Rio de Janei-ro) e vivenciando todo o fervor provo-cado pela construção da cidade de Bra-sília, a vocação se confirmou. Chan fezparte da primeira turma do primeiroprédio da Cidade Universitária da Ilhado Fundão. Ao se formar, em 1965,dedicou-se a explorar o interior doPaís. Em 1966, ia e vinha de Ilhéus, naBahia, onde não ouvia falar dos assun-tos que dominavam o mundo naquelemomento, como a Guerra do Vietnã,por exemplo.Embora não tenha conse-guido expandir o interesse dos habitan-tes locais para tais questões, assimcomo para o desenvolvimento da re-gião em que viviam, conseguiu intro-duzir o plástico com backlight na orna-mentação do Carnaval de 1967 da cida-de. "Enquanto o mundo pegava fogo,essa era a minha revolução", conta.

Alexandre ChanDefensor de uma visão ampla, que abrace os mais diversos campos doconhecimento, arquiteto foi premiado pelo projeto da Ponte JK, em Brasília

PERFIL

Nome:Alexandre ChanIdade: 66 anosNascimento: Rio de JaneiroGraduação:Arquitetura e Urbanismo,em 1965, pela Faculdade deArquitetura e Urbanismo daUniversidade Federal do Rio de JaneiroEmpresas em que trabalhou: atuousempre como consultor autônomo outitular da CJ Projetos

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Em 1969 passou no concurso para oBNH (Banco Nacional da Habitação).No entanto, não assumiu o cargo por-que queria era escrever uma monogra-fia defendendo a regionalização e apro-veitamento dos recursos locais nos sis-temas construtivos, o que ia contra avertente técnica do Banco. Foi tambémindicado para assumir a cadeira de pro-fessor da Escola de Engenharia, em1971, e da Faculdade de Arquitetura eUrbanismo, em 1972, ambas na UFRJ.Como julgava não ter tempo para se de-dicar adequadamente ao magistério,não assumiu os cargos. Na mesmaépoca fundou a Associação dos Arqui-tetos, semente do futuro Sindicato dosArquitetos do Rio de Janeiro, do qualtambém participou da fundação, alémde ter atuado em várias diretorias.

A associação com um ex-professor,entre 1972 e 1982, deu origem a 1,2milhão de metros quadrados projeta-dos, com pico de 15 mil m2 num únicomês. Dentre os maiores projetos emvolume está o Complexo Rio Sul, comquase 280 mil m2 e que marcou a reto-mada dos shoppings centers na capitalfluminense. Em 1986, interessado emmeio ambiente e recreação, passou apesquisar locais, nas zonas Norte eOeste da cidade do Rio de Janeiro, paraa viabilização de empreendimentos delazer aquático popular. O intuito eraassociar objetivos de educação so-cioambiental às demandas por lazer.

A fundação da CJ Projetos aconte-ceu em 1988. Essa firma de projetos dearquitetura nasceu com o objetivo, que

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Obras marcantes das quaisparticipou: Ponte JK, em Brasília,Complexo Rio Sul e Piscinão deRamos, no Rio de Janeiro, Auditórioda Academia Militar das AgulhasNegras, em Resende (RJ), ParqueEcológico do Mini-Pantanal, emPaulínia (SP), Parque Tamanduateí-Ipiranga, em São Paulo

Obras significativas da engenhariabrasileira: as de Niemeyer, emBrasília e Pampulha, as de PauloMendes da Rocha e de Affonso Reidy,o antigo MEC no Rio de Janeiro e aobra de Severiano Mario Porto

Realização profissional: realizadosignifica acabado ou pronto, e aindaestamos aprendendo. As maioresalegrias foram com o Piscinão deRamos e a Ponte JK, ambos pela grandee entusiástica acolhida de seus usuários

Mestres: Oscar Niemeyer, LeCorbusier, Frank Lloyd Wright, AndréiaPalladio e muitos outros

Por que escolheu a arquitetura:juntei desenho à matemática e física,história, arte em geral, português e

Dez questões para Alexandre Chanpsicologia para compor ambientes eexteriores beneficamente influentessobre as pessoas e escolhi a arquitetura

Que tipo de formação falta aosprofissionais recém-saídos dauniversidade: exercício do desenholivre manual como mais eficaz,descompromissado, rápido ecompleto meio de expressão dosprocessamentos de cérebro e coração

Conselho ao jovem profissional:atreva-se, com base no estudo e naintuição desenvolvida

Principal avanço tecnológicorecente: todos aqueles baseados nainformática

Indicação de livro: Saber Ver aArquitetura, de Bruno Zevi

Um mal da arquitetura: aarquitetura é uma das marcas dapresença física e intelectual doshumanos, não havendo umaarquitetura integrada de fato ao meioambiente. Nossos projetos apenasminimizam a agressividade, buscandorecursos sustentáveis

forte motivação ambiental e socioeco-nômica, associando-se a fundações,empresas, empreendedores ambien-tais, construtoras, órgãos governa-mentais e empresas de terceiro setor.

Apesar de ser também autor doPiscinão de Ramos, no Rio de Janeiro,seu projeto mais conhecido é, sem dú-vida, a Ponte Juscelino Kubitschek, lo-calizada na capital federal, sobre olago Paranoá, e que faz a ligação viáriaentre o Setor de Clubes e o Setor Habi-tacional Individual Sul de Brasília."Circulam pela internet citações comosendo projeto de Oscar Niemeyer, oque me honra muito", comenta. Chancredita a visibilidade desse projeto àssuas formas diferenciadas, integraçãoà paisagem local e a citação a várioselementos arquitetônicos da cidade.Fato é que essa ponte lhe rendeu umprêmio internacional, em 2003. Ficousatisfeito, embora curioso, com o inte-resse suscitado. "Pudemos observar avariação evolutiva e contínua do inte-resse de várias camadas da população,provando a motivação de um tal equi-pamento urbano", comemora.

Apesar do reconhecimento poresse projeto, acredita que a arquiteturapara pontes ainda é pouco exploradano Brasil. Considera que a beleza e aemoção passada por meio da forma"constituem apenas mais um item al-tamente funcional a ser devidamenteponderado para determinação dograu de representatividade da obra". Éotimista com relação ao futuro dessaarquitetura, pois percebe um interessegovernamental pelo papel dos equipa-mentos urbanos no incremento doturismo e das atividades socioeconô-micas do entorno. "Chegamos ao mo-mento em que belas pontes surgirãono Brasil e me agrada ter participadodessa abertura."

Bruno Loturco

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mantém até hoje,de expor a experiênciaadquirida na viabilidade, otimização deuso, concepção e condução de projetosde empreendimentos de grande com-plexidade urbana e mercadológica.

O caráter empreendedor refletiutambém na experiência acadêmica deChan, que entre 1982 e 1984 foigestor-fundador do NEPPA/FAU(Núcleo de Exercício Profissional ePesquisa de Arquitetura da Faculdade

de Arquitetura e Urbanismo), daUFRJ. Lá buscava, dentre outras ativi-dades, colocar os estagiários em situa-ções reais de produção. "Seu melhorfruto foi a biblioteca do Museu Nacio-nal na Quinta da Boa Vista", conta. Oarquiteto fugiu às especializações de-vido à percepção desenvolvida paraprogramas que envolvam diversoscampos do conhecimento. Atualmen-te tem trabalhado com projetos de

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MELHORES PRÁTICAS

Paredes de drywallPara evitar retrabalho, confira as dicas de execução de paredes de gesso acartonado

Locação da parede Utilizar trena, prumo ou equipamentoa laser para a correta localização dasguias e dos pontos de referência dosvãos de portas, que devem serdevidamente pré-definidos no projeto.

Corte das guias Utilizar a tesoura para corte de perfis metálicos. Sempre usar luvas de proteção.

Colocação dos montantes nas guias O comprimento do montante deveter aproximadamente a altura dopé-direito com 10 mm a menos. O espaçamento entre os eixos dosmontantes deve ser de 400 mm ou

600 mm. Caso haja necessidade deemendar os montantes, deve-sesobrepô-los pelo menos 300 mmou utilizar um pedaço de guia deno mínimo 600 mm.

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Colaborou: Knauff

Corte da chapa

Colocação de fitapara tratamento de juntas A fita de papel microperfurado deve sercolocada sobre o eixo da junta epressionada firmemente contra aprimeira camada de massa. Aguardar asecagem completa da massa para evitarimperfeições nas juntas como bolhas dear, vazios e enrugamentos. Nas juntas detopo, após o recobrimento da fita commassa, aplicar mais uma demão comcerca de 300 mm de largura de cadalado da fita.

Virar a chapa e, com o auxíliodo estilete, cortar o cartão doverso da chapa.

Fixação na estrutura As chapas devem ser instaladasverticalmente, com altura do pé-direitomenos 10 mm, que deve ser deixadocomo folga no piso. A fixação na

estrutura é realizada por meio de parafusos, que devem estardistanciados 250 mm entre si e a 10 mm da borda.

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ENTREVISTA

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CARLOS PINTO DEL MAR

Bacharel em Direito pela PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo,especializou-se em Finanças pelaEscola de Engenharia Mauá e emDireito de Empresa, também pelaPUC. Fez, ainda, um curso deextensão universitária emArbitragem, pela Escola de Direitoda FGV (Fundação Getúlio Vargas).É membro da OAB (Ordem dosAdvogados do Brasil), seção SãoPaulo, do Iasp (Instituto dosAdvogados de São Paulo), do DRBF (Dispute Resolution BoardFoundation), de Seattle, eassociado-fundador da MDDI(Mesa de Debates de DireitoImobiliário). Del Mar, além de atuarnos conselhos jurídicos do Secovi(Sindicato da Habitação),SindusCon-SP (Sindicato daIndústria da Construção Civil doEstado de São Paulo) e da CBIC(Câmara Brasileira da Indústria daConstrução), é autor dos livros"Aspectos Jurídicos da Tabela Price" e "Falhas, Responsabilidadese Garantias na Construção Civil",este, editado pela PINI, motivou a realização desta entrevista.

No meio da construção civil há umaenorme confusão no que diz res-

peito a conceitos e termos jurídicos.Em parte, a culpa dessa confusão é dodesconhecimento dos profissionais deengenharia acerca das leis e normasque regulamentam seu próprio traba-lho. No entanto, um quinhão conside-rável da falta de entendimento se deveao peso que engenheiros e advogadosdão a algumas palavras, como "defei-to", que pode ter um significado maisamplo e incutir a responsabilidade aoconstrutor. Enquanto as pessoas, emgeral,usam termos de forma equivoca-da, sem atentar para os significados ju-rídicos, advogados, juízes e peritos emgeral ainda têm dificuldade para com-preender os problemas da engenharia.Além disso, ainda não há uma com-

preensão conjunta e comum do queestipulam o Código de Defesa do Con-sumidor e o Novo Código Civil, assimcomo se discute o peso jurídico dasnormas técnicas. O que é certo, contaDel Mar, é que esses documentos defi-nem responsabilidades e os prazos acumprir pelas partes envolvidas, le-vando a conclusões mais precisas e ob-jetivas no caso de litígio. Outra impor-tante ferramenta citada na entrevista éa mediação de conflitos, que identificaproblemas e propõe soluções, quepodem ser aceitas por todos os envol-vidos, de forma muito mais rápida doque a convencional. O entrevistadofala, ainda, sobre formas de solução deeventuais conflitos previstas anterior-mente, em contrato, que já são adota-das em outros países.

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Atendimento às normas técnicas e conhecimento dos códigos Civil e de Defesado Consumidor são essenciais para evitar problemas jurídicos na construção

Responsabilidadesna construção

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E N T R E V I S T A

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Qual o objetivo do seu livro "Falhas,Responsabilidades e Garantias naConstrução Civil"? O senhor acreditaque os construtores, projetistas edemais profissionais de engenhariasão mal-informados sobre legislação?Percebo que há necessidade de infor-mar e esclarecer alguns conceitos jurí-dicos para os profissionais da constru-ção civil, assim como é necessário es-clarecer questões referentes à constru-ção e seus sistemas para os profissio-nais do Direito – juízes, promotores,advogados. Isso para que as relaçõessejam mais harmônicas e a aplicaçãoda lei seja mais razoável e correta. OCódigo de Defesa do Consumidortrouxe novos direitos e prazos que sesobrepuseram aos direitos e prazosanteriormente previstos pelo CódigoCivil, que por sua vez mudou em 2002.As pessoas envolvidas com a constru-ção e seus problemas necessitam com-preender todo esse emaranhado legis-lativo de prazos e conceitos.

Há muita confusão com relação aostermos jurídicos? São incompatíveiscom os termos da engenharia, comoanomalia, problema construtivo,vício, defeito, falha?É comum tratar qualquer problema ve-rificado na construção por vício ou de-feito, palavras que no mundo jurídicotrazem a idéia de responsabilidade doconstrutor. Acontece que o problemaem questão pode ser apenas uma falhanatural, que surgiu pela deterioraçãonormal do elemento ou pela falta demanutenção, sem que haja qualquerresponsabilidade do construtor. Nessassituações, não se trata de um vício oudefeito com os significados que lhes sãodados pelo Direito,mas de uma falha.Énecessário buscar o significado corretodas palavras porque muitas discussõessobre a matéria se perdem no entendi-mento equivocado das colocações.

Em seu livro, o senhor se refere aosestados limites adotados pelaengenharia. Qual a razão?A questão dos estados limites demonstraque, para a engenharia, existem situa-ções que afetam apenas a utilização daedificação e outras, mais graves, que

apresentam risco de ruína da estrutura.Tais situações são tratadas diferente-mente porque têm importâncias dife-rentes. Ora, se a própria engenharia fazdistinção entre essas situações,os opera-dores do Direito também devem aplicaros prazos previstos na lei de acordo coma importância dos vícios ou defeitos,considerando prazos maiores de res-ponsabilidade e de reclamação para pro-blemas mais importantes, e prazos me-nores para vícios de menor gravidade.

Quais conhecimentos deveriam serinerentes à formação dessesprofissionais? Ou seja, o que deveriamsaber ao projetar ou construir? Emdecorrência desse desconhecimento,quais os riscos que correm?Os profissionais da engenharia preci-sam conhecer as normas legais que serelacionam ao seu trabalho para saber oque a sociedade e o mundo jurídico es-peram deles. Conhecendo as suas res-ponsabilidades, o trabalho será realiza-do com mais consciência e isso evitarámuitos litígios que atualmente existem.A verdade é que recentemente aconte-ceram duas mudanças legislativas ex-tremamente importantes: a entrada emvigor do Código de Defesa do Consu-midor, em 1990, e o novo Código Civil,em 2002. Ambas demandam com-preensão conjunta de prazos, direitos eobrigações, não apenas por parte dosengenheiros e arquitetos, mas tambémdos profissionais do Direito.

As implicações jurídicas têm origemapenas no descumprimento deobrigações? Nesse caso, o projetistaou construtor que cumpre com asexigências previstas em norma nãoestá sujeito aos litígios judiciais?No mundo do Direito, parte-se dopressuposto de que quem cumpriu asnormas técnicas, em princípio, não éresponsável pelos problemas surgi-dos. Essa idéia é reforçada pelo racio-cínio inverso, ou seja, quem não cum-pre as normas técnicas, em princípio,é responsável pela falha verificada.Trata-se de uma presunção que admi-te prova em contrário, mas a idéia éessa e daí a importância da obediênciaàs normas técnicas.

Mesmo que uma edificação atendaàs normas técnicas pode estarsujeita a questionamentos deordem jurídica?Sim, por falhas de projeto. Há certasnormas técnicas que devem ser obede-cidas nos projetos, mas há tambémuma margem de liberdade onde osprofissionais desenvolvem a sua arte ecriatividade. O MIT (Instituto de Tec-nologia de Massachusetts), por exem-plo, está processando o renomado ar-quiteto Frank Gehry, alegando sériasfalhas de concepção e design no StateCenter, um prédio conhecido por suasparedes não-convencionais e ângulosradicais. O Instituto afirma que o edi-fício tem goteiras, problemas de dre-nagem e ferrugem brotando no muroexterno, que neve e gelo caem perigo-samente de janelas e telhados, o quebloquearia saídas de emergência e po-deria causar danos. Enfim, diversas fa-lhas de concepção, de projeto.

Quais as principais dificuldades eentraves do direito aplicados àconstrução? Há problemasrelevantes relacionados à definiçãode responsabilidades?Há um conceito equivocado sobre oprazo de cinco anos, conhecido por serum prazo de responsabilidade do cons-trutor,que muitas vezes é adotado erro-neamente para responsabilizá-lo portodo e qualquer item da construção,mesmo aqueles sistemas e elementos

“O MIT (Instituto deTecnologia deMassachusetts), porexemplo, estáprocessando orenomado arquitetoFrank Gehry, alegandosérias falhas deconcepção e designno State Center”

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que não têm esse prazo de duração.Poroutro lado, esse prazo muitas vezes éconsiderado como um período em queo construtor se libera de qualquer res-ponsabilidade,o que também é equivo-cado. Tome-se, por exemplo, sistemasconstrutivos que devem durar umprazo superior a cinco anos, como fun-dações e sua impermeabilização. Nes-ses casos, a responsabilidade do cons-trutor não se esgota depois desse prazo.

Mesmo que a edificação cumpra comos requisitos exigidos, a construtorae os projetistas têm obrigações paracom o uso, incluindo manutenções?Quais são essas obrigações? Envolveo desenvolvimento de manuais deoperação e manutenção?O construtor tem obrigação de forne-cer instruções sobre o uso e a manu-tenção da edificação, o que, na prática,é feito por meio de manuais. A manu-tenção é uma obrigação dos usuários,sem a qual não se poderá exigir o per-feito funcionamento da edificação.

Um condomínio também pode perdera garantia dada pela construtora casorealize serviços sem a autorização ouparticipação da mesma?Se a manutenção não é feita, ou é feitade forma incorreta, o usuário podeperder a garantia e passa a ser respon-sável pelas conseqüências. O mesmoocorre com modificações e acréscimosfeitos nas edificações. Há um caso in-teressante de um edifício antigo noRio de Janeiro que desabou devido aacréscimos feitos pelo proprietário dacobertura. Há também casos conheci-dos de ruptura de laje devido à instala-ção de equipamentos acima do pesoadmitido. Esses são casos de perda degarantia e de exclusão da responsabili-dade do construtor.

A norma de desempenho, aoestipular sobre vida útil deestruturas, influencia de quemaneira as responsabilidades deconstrutores e projetistas?A norma de desempenho prevê prazosem que os diversos sistemas da edifica-ção devem atender aos respectivos re-quisitos desde que realizada a manuten-

ção necessária nesse período, natural-mente. Esses prazos passarão a referen-ciar os períodos de responsabilidade doconstrutor. Antes da norma de desem-penho não havia clareza sobre os prazosde funcionamento de determinados sis-temas ou subsistemas da edificação.Issofazia com que houvesse um entendi-mento muitas vezes subjetivo por partedos peritos,que são as pessoas nas quaisos juízes se apóiam para decidir as dis-putas judiciais. Esses prazos estão pre-vistos na norma de desempenho, demodo que os laudos periciais e as deci-sões judiciais poderão ser mais corretose objetivos, o que é bom para todos.

O direito está preparado paracompreender questões de ordem técnica?Estão havendo avanços nesse sentido,em que os profissionais da engenhariaestão compreendendo melhor o direi-to das pessoas que compram ou enco-mendam a construção de um imóvel.No entanto, os operadores do Direitoprecisam conhecer melhor os proble-mas da engenharia. Trata-se de umazona de fronteira que demanda escla-recimentos recíprocos e essa é a pro-posta do meu livro. Nesse processo deesclarecimento todos ganham, porqueas relações se tornam mais tranqüilasquando as partes têm clareza de seusdireitos e obrigações.

Como lidar com questões subjetivas,como vida útil – que depende demanutenção – ou desempenho – quepode ser afetado por fatores

externos, como no caso dodesempenho acústico, por exemplo?Não se pode pretender que todo o sis-tema hidráulico de uma edificação,por exemplo, dure o tanto que devedurar uma gaxeta ou vedação, que temvida mais curta. Um sistema é com-posto de elementos e componentesque devem ser trocados e mantidosconforme as recomendações técnicas,sob pena de comprometer o funciona-mento do todo. Se o usuário deixa defazer a manutenção corretamente e osistema deixa de funcionar, isso se de-verá à sua omissão e não à ação doconstrutor, que nessas situações deixade ser responsável.

De acordo com sua experiência,afirmaria que as construçõesbrasileiras apresentam muitosproblemas suscetíveis a processosjudiciais? Ou, pelo contrário, osconstrutores e projetistas atendemàs demandas judiciais?Houve um grande avanço nesse senti-do, sobretudo depois do Código de De-fesa do Consumidor. A maioria dasgrandes empresas mantém serviços deatendimento ao consumidor justamen-te para evitar as demandas judiciais, oque é uma política correta porque trazbons resultados. Há, naturalmente, asexceções, que existem em todos osramos da atividade econômica.

O que é mediação? A que casos seaplica e qual sua importância?A mediação é uma forma de solução deconflitos em que uma terceira pessoa,de confiança das partes, as aproxima,identifica os problemas e as soluçõespossíveis, e as partes só realizam o acor-do se concordarem com a solução.Nada é imposto, ao contrário da arbi-tragem,em que uma terceira pessoa de-cide e a sua decisão é imposta. Isso fun-ciona, pois deixa qualquer um confor-tável para aceitar esse processo, saben-do que nada lhe será imposto. Duranteo processo de mediação, há o esclareci-mento de parte a parte sobre o proble-ma e, o que é melhor, o relacionamentoentre as partes é poupado, preservado,pois o mediador funciona como pára-choque das tensões.

“Antes da norma dedesempenho não haviaclareza sobre osprazos defuncionamento dedeterminados sistemasou subsistemas daedificação”

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Por que se trata de uma tendênciapara a solução de conflitos? É justae efetiva para as partes?Há outros meios de prevenção e solu-ção amigáveis de conflitos, que são tãoeficazes que a maioria dos contratosde grandes obras civis, nos EstadosUnidos, já prevêm a sua adoção nocontrato inicial.Ou seja,as partes cele-bram o contrato de construção saben-do que, se houver uma divergência,será resolvida dessa ou daquela forma,ou, ainda, seguindo esse ou aqueleprocedimento.

Ganha-se agilidade nessaseventualidades?Isso é muito positivo, sobretudo noBrasil, onde a demora do Judiciário écrônica e as partes não têm tempo enem recursos para envolver-se emlongos processos. Você já imaginouos prejuízos se a obra de uma usinahidrelétrica ou de um aeroporto fi-casse parada por conta de desenten-dimentos entre as firmas? Atualmen-te, a agilidade é um fator de econo-

mia e as margens dos negócios estãocada vez menores, tornando impera-tivo que se reduzam os riscos de au-mento de custos, como as demandasjudiciais e suas conseqüências du-rante o período de seu processamen-to. Daí a importância e a tendênciamundial de adoção desses mecanis-mos de prevenção e solução amigávelde conflitos.

É possível projetar e construir semenfrentar nenhum problema deordem jurídica?É possível e há cada vez mais empre-sas que deixam um legado de boasedificações e de boas relações comer-ciais com os seus clientes. A experiên-cia mostra que muitos problemas ju-rídicos são evitados quando existe in-formação clara sobre as obrigaçõesdas partes durante todo o processo deprodução, venda e utilização.

Quais são as demandas judiciaispara as construtoras de acordo comas fases do empreendimento?

Durante a fase da obra, não há prati-camente interferência dos compra-dores ou de quem encomenda a obra,mas as empresas construtoras têm es-tado cada vez mais preocupadas ematender as normas técnicas, contri-buindo para a qualidade da obra e aausência de reclamações. Durante afase de utilização, é importante for-necer informações sobre funciona-mento e manutenção, inclusive comacompanhamento durante um deter-minado período. Essa política contri-bui não apenas para elevar o conceitoda construtora como também evitademandas judiciais que, embora refe-rentes a pequenos problemas, podemrepresentar custos elevados caso ve-nham a se tornar questões judiciais.

Bruno Loturco

LEIA MAIS

Falhas, Responsabilidades eGarantias na Construção civil,Editora PINI, 2008

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TÉCNICA E AMBIENTE

Os resíduos sólidos e líquidos gera-dos por centrais dosadoras de con-

creto são classificados como perigosospelas agências ambientais e, portanto,devem receber tratamento adequado.De acordo com a Abesc (AssociaçãoBrasileira das Empresas de Serviços deConcretagem),anualmente cerca de 45mil t de concreto são dispensadas co-mo rejeito, o que acarreta prejuízosambientais e custos adicionais de pro-dução. Tais resíduos são gerados peladevolução de concreto fresco,não usadonas obras, lavagem dos caminhões-be-toneira para evitar o endurecimentodos resíduos no interior do balão e a la-vagem do pátio das centrais.

A água de lavagem dos caminhõesfica com pH fortemente alcalino, emtorno de 12,5, e com elevado teor desólidos em suspensão. O problema éampliado pelo volume de água de-mandado para a lavagem diária decada caminhão: em média 700 l. Essaágua, na grande maioria das centrais,vai para tanques de sedimentação erecebe agentes químicos para corrigiro pH. O tratamento, contudo, "nãoevita a formação de resíduos sólidos –lama – e o elevado consumo de águana operação", explica o professorWellington Repette, do Departamen-to de Engenharia Civil da UFSC (Uni-versidade Federal de Santa Catarina).

Já existe, no entanto, uma alterna-tiva a esse processo agressivo, que pro-voca alto consumo de água, contami-nação do meio ambiente por águas eresíduos alcalinos e desperdício deconcreto rejeitado. Uma pesquisa, de-senvolvida no âmbito da UFSC e coor-

Desperdício estabilizadoAdição de estabilizador ao concreto rejeitado em obra evita descarte deágua e de material prejudicial ao meio ambiente

denada por Repette, comprovou a via-bilidade e a eficiência do emprego deAEH (aditivo estabilizador de hidrata-ção do cimento, ou hydration controladmixture, em inglês) ao término daoperação de descarga do concreto. Porevitar o endurecimento dos resíduos, oaditivo permite que a água de lavagempermaneça por muitas horas no inte-rior do balão.A vantagem é a possibili-dade de incorporar essa água à compo-sição da próxima carga de concreto,eliminando qualquer descarte ou des-perdício de água.

Embora o aditivo e o métodosejam conhecidos,havia dúvidas,que apesquisa visou sanar, sobre os efeitosno concreto produzido com a água

aditivada, além da viabilidade econô-mica da operação. O foco da pesquisa,financiada pelo CNPq (Conselho Na-cional de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico) e Funcitec-SC (Funda-ção de Ciência e Tecnologia de SantaCatarina), foi investigar os efeitos dasolução na pega do concreto, na taxade ganho de resistência e na resistênciafinal do concreto.As avaliações técnicae econômica da solução foram feitas apartir da observação da quantidade deaditivo incorporado e do tempo de es-tabilização até a mistura do concreto.Para tanto, os pesquisadores caracteri-zaram as propriedades dos concretosproduzidos com a água aditivada nosestados fresco e endurecido.

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A pesquisa ainda visava estabele-cer um processo racional de dosagemdo AEH,analisar as quantidades de ma-teriais remanescentes em caminhões jádescarregados, compreender o com-portamento e os efeitos do aditivo naságuas de lavagem, verificar a viabilida-de técnica e econômica do método emconcretos com resistências de 25 MPaa 45 MPa e definir procedimentos prá-ticos para sua implementação em cen-trais de dosagem. Concluiu-se que oconcreto não sofre alterações nos esta-dos fresco ou endurecido. O custo écompetitivo, sobretudo por reduzir oconsumo de água e os gastos com de-posição dos resíduos resultantes doprocesso convencional.

Para chegar ao resultado esperado,os pesquisadores realizaram os estudos

numa central dosadora, onde estabele-ceram que seria necessário, no retornodo caminhão, adicionar uma quanti-dade conhecida de água ao balão – nocaso,200 l para balões de 8 m3 –,e o teordeterminado de AEH. Em seguida, ro-tacionar o balão. A maior parte dos re-síduos se depositará no fundo, juntocom a água e o aditivo. "É importanteque a quantidade de água seja medida epadronizada, pois afetará o traço doconcreto que complementará a cargana retomada da produção", salientaRepette. O volume de água tambémafetará o teor de aditivo necessário paraestabilizar completamente a misturapelo período necessário. Este pode serde aproximadamente 12 horas – quan-do a produção encerra num dia e é re-tomada no outro – ou, até mesmo, 64

horas – com parada na sexta-feira àtarde e retomada na segunda-feira pelamanhã. Durante esse tempo, a tampado balão deve permanecer fechadapara que não haja evaporação excessi-va ou entrada de água de chuva.

Na retomada da produção, des-conta-se o volume de água já adicio-nado para realizar a nova carga demateriais. "O aditivo, desde que adi-cionado em quantidades adequadas,perde seu efeito estabilizador com aadição do material da carga", explicao pesquisador. A quantidade de AEHé definida de acordo com o tipo de ci-mento e as condições de produção doconcreto. Observados esses detalhes,não há efeitos colaterais indesejáveis,seja no estado fresco ou endurecido.

Bruno Loturco

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MÃO-DE-OBRA

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Vale a pena contratar mão-de-obra de produção própria? Há

muito tempo a maioria dos cons-trutores responde, sem hesitar, quenão compensa assumir os ônus dacontratação direta dos executoresdos serviços prediais. Mas essa cer-

Produção internaInflação dos serviços cobrados por empreiteiras não vem cabendo noorçamento de empreendimentos populares. Para algumas construtoras,contratar mão-de-obra própria pode ser a solução

teza vem sendo posta em xeque poralgumas empresas. O bom mo-mento por que passa a construçãoestimulou a demanda por mate-riais e mão-de-obra, pressionandoa inflação no setor. Alguns cons-trutores, principalmente os que

atuam no segmento de baixarenda, identificaram um aumentosensível no valor dos serviços co-brados pelas empreiteiras e já sepreparam para contratar direta-mente os operários que trabalha-rão em seus canteiros.

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Pesam contra a decisão os custosdecorrentes da gestão de recursos hu-manos,do pagamento de salários,gra-tificações, férias, 13o salário, horas ex-tras, vale-transporte, treinamento ecapacitação. Desde a década de 1970,quando o processo de terceirizaçãocomeçou no Brasil, as construtorastêm preferido repassar essas responsa-bilidades às fornecedoras de mão-de-obra especializada. Com a prolifera-ção das empreiteiras, cresceu a com-petição no mercado e o custo caiu."Foi quando essas empresas começa-ram a ser apertadas. Elas precisavam

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Construtoras apostam na contratação decarpinteiros para execução das fôrmasdas estruturas. Com mais obras nohorizonte, essas empresas devemplanejar remanejamento das equipesentre canteiros, reduzindo ociosidade

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InMax contrata diretamente operários para produzir e montar sistemaconstrutivo próprio. Mão-de-obra especializada nessa tecnologia não éencontrada no mercado

� Salário� INSS� Seconci� FGTS� FGTS – depósito por dispensa injusta� Repouso semanal remunerado� Feriados� Férias + 1/3�Auxílio-enfermidade e acidentes de trabalho

Custo da mão-de-obra própria

� 13o salário� Licença-paternidade� Faltas justificadas�Aviso prévio� Indenização adicional�Vale-refeição� Café-da-manhã�Vale-transporte� Uniforme� EPIs

O que considerar ao optar pela contratação de um novo funcionáriopara as equipes de produção:

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M Ã O - D E - O B R A

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concorrer com preços competitivos eser,portanto,mais eficientes",explica oprofessor da Escola Politécnica da Uni-versidade de São Paulo, Ubiraci Espi-nelli Lemes de Souza. O problema éque muitas não conseguiram atingirníveis de produtividade satisfatóriosque viabilizassem o preço apresentadoe decretaram falência. Por isso, é preci-so estar atento às empresas que apre-sentam valores muito abaixo da médiapraticada pelo mercado.

Um canteiro bem planejadopode facilitar o trabalho do emprei-teiro e ser usado como moeda detroca na negociação com ele. "A res-ponsabilidade pelo aumento da pro-dutividade é também do construtor,com o correto planejamento do pro-cesso construtivo", afirma Souza. Seapresentar argumentos convincen-tes, a construtora consegue a redu-ção do preço do serviço. "Se eubanco uma grua, meu fornecedorpode dispensar 20 homens e me co-brar um valor mais baixo", afirmaAlcides Gonçalves, diretor de enge-nharia da Rossi Residencial.

Consideradas exceções, algumasempresas já trabalham há muitotempo com equipes de produçãopróprias. É o caso da Tarjab, quemantém uma equipe de carpinteirose armadores para produção das es-truturas de seus edifícios, e da InMax,que trabalha com um sistema cons-trutivo próprio e necessita de mão-de-obra especializada, indisponívelno mercado (confira estes e outroscases no quadro ao lado).

Se a margem de lucro dos em-preendimentos de alto padrão supor-ta, até certo ponto, as variações depreço das empreiteiras, no mercadode baixa renda o orçamento é aperta-do demais para absorver as pressõesinflacionárias. Segundo construtoresconsultados pela Téchne, empreitei-ras paulistas que há um ano co-bravam entre R$ 13/m2 e R$ 14/m2 dealvenaria estrutural cobram hoje atéR$ 19/m2 pelo serviço – um aumentode mais de 40%. Na visão de algumasconstrutoras, a melhor alternativa foimigrar da terceirização para a contra-tação direta.

Aumento no preço cobrado por empreiteiras tem inviabilizado terceirização da mão-de-obra em empreendimentos de baixa renda. Construtoras já contratam pedreiros earmadores para execução de alvenaria estrutural, principal tecnologia construtivausada neste segmento

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� Década de 60: processo de produçãoera ainda artesanal e as construtorasapresentavam alto índice de mão-de-obra própria.

� Décadas de 70 e 80: empresas deconstrução despertam para terceirizaçãodos serviços especializados da obra.

� Década de 90: construtoras procuramse tornar "montadoras" de edifícios,racionalizando processos produtivos,utilizando novas tecnologias de materiaise mecanizando mais os canteiros. Nesseperíodo, terceirização da mão-de-obraatinge seu nível máximo.

Linha do tempo� Década de 2000: início da produçãocustomizada (personalizada) deprodutos imobiliários, aplicação deconceito de sustentabilidade a projetose execução de edifícios e surgimentode novos materiais para atender a essa demanda.

�2008: o bom momento por que passa aconstrução gerou aumento na demandapor materiais, equipamentos e mão-de-obra. Algumas construtoras identificaramaumento exagerado nos preços cobradospelas empreiteiras e passaram a analisar aviabilidade de contratação de mão-de-obraprópria para execução de alguns serviços.

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Com uma margem de lucro es-treita, esses empreendimentos sãorentáveis apenas quando produzidosem grande volume. A alta demandapor esse tipo de habitação dá a essasempresas a segurança de que execu-tarão novas obras a longo prazo. A

MRVSegundo Evandro Carvalho,superintendente de Planejamento daConstrutora MRV, a empresa sempretrabalhou com mão-de-obraempreitada. Nos últimos meses,porém, pressionada pelos valorespraticados pelas fornecedoras, passoua contratar diretamente trabalhadorespara execução de alvenaria, fôrmas,instalações elétricas, hidráulicas epintura. Atualmente, suas obrascontam com mão-de-obra própria eterceirizada. A MRV firmou convênioscom as universidades PUC (PontifíciaUniversidade Católica) e Fumec(Fundação Mineira de Educação eCultura) para treinamento de seusoperários em Belo Horizonte. Os cursosacontecem aos sábados, o dia todo, eduram de dez a 12 semanas. O investimento inicial é alto, tanto emrazão da necessidade de capacitaçãodos novos funcionários quanto damenor produtividade apresentada emsuas primeiras semanas de trabalho,reconhece Carvalho. Mas, com opassar do tempo, o superintendentegarante que são obtidos índicessemelhantes aos das empreiteiras, o que garante a viabilidade da alternativa.

Cytec+Os primeiros estudos da Cytec+,construtora do segmento de baixarenda, focam a viabilidade decontratação de mão-de-obra própriapara a execução do sistemaconstrutivo mais utilizado nos edifíciospopulares: a alvenaria estrutural. O coordenador de produção, CarlusFabrício Librais, conta que pesquisouos valores cobrados pelas empreiteiras

Elas usam mão-de-obra própriaque executam esse tipo de serviço eencontrou uma cujo preço viabilizava aterceirização. O contrato foi firmadopara a execução de uma obra. Caso asituação não se repita emempreendimentos futuros, a Cytec+ játem estruturas física e administrativaprontas para contratar pedreiros eserventes próprios. No momento,Librais conduz estudos semelhantespara os serviços de instalaçõeshidráulicas, elétricas e derevestimentos de fachadas.

TarjabA construtora trabalha com mão-de-obra própria desde sua fundação, nadécada de 1980. Segundo CarlosAlberto Borges, diretor técnico daTarjab, a empresa mantém hojeoperários para a produção deestruturas e para alvenaria. "São etapasque exigem muito controle daqualidade, e só asseguramos isso commão-de-obra própria", afirma oengenheiro. A equipe composta por 50carpinteiros e pedreiros é suficientepara atender até cinco obrassimultâneas na Grande São Paulo. Emalguns empreendimentos, a Tarjabmescla operários próprios comterceirizados de empresas parceiras."São empresas criadas por ex-funcionários da construtora. Nósconhecemos a qualidade de seutrabalho", explica Borges.

Fit ResidencialA empresa do grupo Gafisa voltada parao segmento de baixa renda tambémestá migrando para a contratação demão-de-obra própria para a execuçãode estruturas e alvenaria estrutural.Segundo Marcelo Souza, diretor de

operações da Fit, até o final do ano aempresa deverá admitir, também,instaladores das áreas de elétrica ehidráulica. O desafio, segundo oengenheiro, será capacitar os novostrabalhadores. "Os melhores operáriosjá estão trabalhando nos canteiros e,mesmo assim, há demanda por mão-de-obra. Por isso, teremos que recrutarprofissionais menos qualificados",afirma Souza. Os treinamentosocorrem no próprio canteiro econsistem de aulas teóricas,ministradas por engenheiros da Gafisa,e execução prática na obra,supervisionada pelos mestres-de-obras. "Um tempo razoável para essacapacitação é de quatro meses",acredita o engenheiro.

InMaxA construtora InMax mantém equipesde produção permanentes em razão dosistema construtivo que utiliza em suasobras. Desenvolvido pela própriaempresa, o sistema é composto porpainéis portantes de concreto pré-moldados no canteiro. Os cerca de 100 operários contratados daconstrutora contam com treinamentoespecializado para a confecção e para a montagem das peças. "É umamão-de-obra que não está disponívelno mercado", afirma o diretor daInMax, André Aranha Campos. Segundo o engenheiro, a própriaconstrutora é responsável pelodesenvolvimento do material paratreinamento dos operários, compostopor apostilas e filmes. Para a execuçãodos demais sistemas que compõem a edificação, Campos afirma que ainda tem valido a pena utilizar mão-de-obra terceirizada.

inexistência de intervalos favorece acontratação de mão-de-obra pró-pria, pois elimina períodos de ocio-sidade das equipes de produção. "Oplanejamento de nossos empreendi-mentos leva em consideração a rea-locação de nossas equipes de produ-

ção para evitar que fiquem paradas"explica Marcelo Souza, diretor deoperações da Fit Residencial (em-presa do grupo Gafisa que desenvol-ve produtos imobiliários para o seg-mento popular).

Renato Faria

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OBRA INDUSTRIAL

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Um armazém da companhia de ali-mentos Perdigão, em obras no

município de Embu, na Grande SãoPaulo, demandou características espe-ciais do piso sobre o qual ficará susten-tado. A superfície teve de atender aosrígidos requisitos de planicidade exigi-dos pelo maquinário de transelevado-res que irá operar no local.Além disso,o piso ficará permanentemente sub-metido a temperaturas oscilantes en-tre -5ºC e -25ºC, já que o armazémabrigará setores de resfriamento e con-gelamento da empresa. Por último, aslargas dimensões da área, 4.350 m² aotodo, excediam o padrão de empreen-dimentos dessa natureza.

Para viabilizar os índices de plani-cidade requeridos, o projeto eliminou

Resistente ao frioPiso rígido de 4.350 m² foi executado sem juntas de dilatação para atender requisitosde planicidade. Operação foi realizada em duas etapas ininterruptas de 10 e 11 horas

o emprego de juntas de dilatação, adespeito dos comprimentos de 104 me 114 m das duas porções do piso."Normalmente, um piso desse tipoexigiria juntas a cada 40 m", observaLuiz Nobre de Lima, gerente de proje-tos da Unidade Indústria, da MétodoEngenharia, responsável pela coorde-nação do serviço.

A supressão das juntas, além deatender à linearidade da superfície,também foi adotada por força das re-duzidas temperaturas a que o local fi-cará exposto. "As temperaturas nega-tivas poderiam causar retração de até2 cm no piso de concreto. A existênciade juntas nessa condição poderia tra-zer problemas ao sistema de automa-ção dos transelevadores", pondera

Mauricio Vizeu de Castro, diretor daUnidade Indústria, da Método.

Com o intuito de fortalecer o de-sempenho do piso no ambiente hos-til, o projeto determinou também autilização de fibra de polipropilenono traço do concreto,de fck 30. "O ma-terial foi responsável por conter retra-ções plásticas", explica Lima, quetambém destacou o emprego de taxasde armaduras compatíveis com as di-mensões das placas, de maneira a coi-bir retrações hidráulicas.

Outra medida para preservar aqualidade do piso foi a especificaçãode uma área vazia, um "caixão perdi-do", com cerca de 80 cm de altura, se-parando a superfície do solo. "O obje-tivo é proporcionar um equilíbrio detemperatura entre o meio externo e omeio interno, evitando riscos de fis-suras e congelamento do piso", justi-fica Carlos Eduardo Olivares, chefedo canteiro.

Planejamento e execuçãoDois meses antes da execução,

todos os profissionais envolvidos pas-saram a se reunir semanalmente paradiscutir itens como a logística de for-necimento do concreto, além de pro-mover verificações em campo acercado traçado do plano de concretagem."Estabelecemos um plano de contin-gência de equipamentos para even-tuais reboques de caminhões-be-toneira", conta Luiz Lima.

A Método também comunicou oDER (Departamento de Estradas deRodagem do Estado de São Paulo)

Piso demandou especificações arrojadas para manter o bom desempenho sobtemperaturas extremas de até -25ºC

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sobre a necessidade de liberação defluxo de caminhões, considerando-seque as estradas envolvidas passam porum período de obras do Rodoanel – oterreno fica na encosta da rodoviaRégis Bittencourt, sentido PR–SP.

A concretagem ocorreu separa-damente em cada uma das duas cé-lulas do piso – uma menor, com1.501 m², que abrigará o setor deprodutos resfriados da Perdigão, eoutra célula maior, com 2.845 m²,onde funcionará o setor de congela-dos. Dividindo as duas câmaras, ha-verá somente um painel térmicocom 12 cm de espessura.

A primeira operação, no pisomenor, aconteceu no último dia 20 deabril. Foram dez horas ininterruptasde trabalho. Ao todo, o volume deconcreto aplicado chegou a 624 m³(perda de 1,3%), oriundos de 78 ca-minhões com 8 m³ cada. As injeçõesdo material foram realizadas a partirde uma bomba estacionária e duasbombas móveis, com lanças de 40 mde alcance. O teor de água utilizadoficou em 175 l/m³, e o volume de aço(telas eletrossoldadas CA-60, mais re-forços CA-50) superou 46 t.

Uma semana depois, a operação serepetiu no piso ao lado – dessa vez emmaiores proporções. Durante 11horas, 150 caminhões se revezaram noabastecimento de três bombas móveis,

Início da concretagem da primeiracélula do piso, com 104 m decomprimento por 14 m de largura,na manhã do dia 20 de abril.Superfície abrigará setor deprodutos resfriados da Perdigão, eestará sujeita a temperaturasconstantes de até -5ºC

Trabalhos da fase 1 se aproximam dofim. Ao todo, foram dez horas deoperação sem pausas. Nessa etapainicial, o volume de concreto aplicadochegou a 624 m³, com consumo deágua na faixa de 175 l/m³

Uma semana depois, começa aconcretagem da maior porção dopiso, com comprimento de 114,9 m e área total de 2.845 m². Local seráutilizado como câmara de produtoscongelados, sob temperaturasextremas de até -25ºC

Três bombas móveis, dotadas delanças com 40 m de extensão,preenchem 99 t de armaduras deaço. Operação dura 11 horasseguidas, requer 150 caminhões etermina com consumo de 1.195 m³de concreto

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Detalhe da composição dos pisos no ponto em que se separam por uma pequena junta, à qual será fixado um painel térmico comespessura de 12 cm. Abaixo da superfície de concreto de 41 cm, há uma laje pré-moldada de 24 cm com placas de poliuretano emantas impermeabilizantes

Concretagem

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O B R A I N D U S T R I A L

OPERAÇÃO DUPLA Fase 1 – Piso para produtos resfriados Fase 2 – Piso para produtos congelados

Data da concretagem 20/4/2008 27/4/2008Dimensão da área 104,67 m x 14,345 m 114,98 m x 24,745 mEspessura do piso 41 cm 41 cmConcreto em projeto 616 m³ 1.167 m³Concreto aplicado 624 m³ 1.195 m³Índice de perda 1,3% 2,3%Especificação fck 30 com fibra de polipropileno fck 30 com fibra de polipropilenoTempo de aplicação 10 horas 11 horasCaminhões com 8 m³ de concreto 78 150Bombas de concreto Duas operáveis e uma de reserva, sendo Três operáveis, sendo três bombas-lança

duas bombas-lança e uma estacionáriaVolume de aço 46,062 t 99,18 t Teor de água 175 l/m³ 175 l/m³Temperatura quando em operação Até -5ºC Até -25ºCFonte: Método Engenharia

que despejaram concreto continua-mente sobre quase 100 t de estruturade aço armado. O volume aplicadoatingiu 1.195 m³, com perda de 2,3%.

Nas duas superfícies, a espessurade concreto ficou em 41 cm. Abaixodessa medida, antes do vácuo para

ventilação, encontra-se uma laje pré-moldada, com 24 cm de espessura,constituída por placas de poliuretanoe mantas impermeabilizantes.

Para a etapa final de regularizaçãodos pisos foram empregados réguasvibratórias e niveladores laser screed.

Um dia depois do acabamento super-ficial, medições em campo aprovarama planicidade das duas áreas segundoos índices exigidos em projeto para aboa operacionalização do maquiná-rio de transelevadores.

Thiago Oliveira

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Projetos coordenadosCom visão global sobre o empreendimento, coordenador deve exigir soluçõesde compatibilização e alternativas tecnológicas aos projetistas

Se o aquecimento do mercado daconstrução está causando preo-

cupação quanto à oferta de materiais,o mesmo vale para a disponibilidadede mão-de-obra, principalmente in-telectual. Com o vertiginoso aumentoda demanda, alguns escritórios deprojeto têm delegado a profissionaisinexperientes a responsabilidade pelodesenvolvimento de projetos. Assim,há uma difusão acentuada de errosnas soluções técnicas e problemas decompatibilização. Em paralelo, faltamgestores qualificados, o que leva acoordenação a ser realizada, muitasvezes, por profissionais com experiên-cia aquém da requerida. "Não existeboa gestão com projeto ruim, e opapel do gerente de projetos é mais re-levante hoje do que no passado recen-te, afirma o engenheiro Luiz HenriqueCeotto, diretor de Design & Constru-ction da Tishman Speyer, em seu arti-go "Coordenação de Projetos – Um as-sunto que Necessita Maior Prioridadede Desenvolvimento".

CAPA

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Formação falha e falta de experiênciados profissionais responsáveis pelagerência de obras acarretamproblemas com subsistemas, como aarmação das estruturas, que exigematenção para compatibilização comoutros sistemas La

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Concepção do produto: apoiar oempreendedor no levantamento edefinição de dados e informações paraconceituar e caracterizar o partido doproduto imobiliário e suas restrições.Definir as características demandadaspara os projetistas a contratar.Definição do produto: coordenar asatividades de consolidação do partido doproduto, definindo as informaçõesnecessárias à verificação da viabilidadefísica e econômico-financeira, assimcomo à elaboração dos projetos legais.Identificação e solução deinterfaces de projeto: coordenar aconceituação e caracterização doselementos do projeto, com as definiçõesnecessárias aos agentes envolvidos,resultando em soluções para asinterferências entre sistemas e interfaces.

Detalhamento de projetos:definir o detalhamento dos elementos de projeto, gerando umconjunto de documentos paracaracterização das obras e serviços aserem executados, possibilitando aavaliação dos custos, métodosconstrutivos e prazos.Pós-entrega de projetos: garantir aplena compreensão e utilização dasinformações de projeto e a sua corretaaplicação e avaliar o desempenho doprojeto em execução.Pós-entrega da obra:coordenar a avaliação eretroalimentação do processo deprojeto, envolvendo os agentes doempreendimento e gerando ações para melhoria em todos os níveis e atividades envolvidos.

Fases da obra e funções do coordenador

Fonte: artigo "A Gestão de Projetos de Edificações e o Escopo de Serviços paraCoordenação de Projetos". Pode ser visualizado na íntegra em www.revistatechne.com.br

Instalações em geral apresentam a maior incidência deproblemas de compatibilização com outros subsistemasconstrutivos. A responsabilidade de evitar problemas é dosprojetistas, mas a visão do coordenador é essencial paraquestionar soluções, alertar para problemas e exigir alternativas

Apesar de a responsabilidade pela compatibilização de projetosnão ser do coordenador, esse profissional deve contar comexperiência de obra para perceber conflitos entre especialidades.Uma coordenação atenta evita retrabalhos e pode influenciarpositivamente no desempenho global da edificação

A coordenação de projeto nasceuda carência no encaminhamento dedemandas de obra à fase de concepção,e da necessidade de apoiar a racionali-zação construtiva e o melhor uso datecnologia e dos recursos. É importan-te entender essa gênese para que a fun-ção da coordenação não se perca com

dissociação entre incorporação e cons-trução. Esse profissional tem que do-minar a cultura construtiva da empre-sa, participando desde a concepção atéa obra.

A função do coordenador é,então, orientar os projetistas na verifi-cação de projetos, questionando solu-

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DebateNo último dia 15 de abril a revista Téchne promoveu, na sede da EditoraPINI, um debate sobre coordenação de projetos. Foram convidadoscoordenadores e gerentes de projetos de construtoras, de escritóriosde arquitetura e de consultorias especializadas, além de pes-quisadores acadêmicos. Na ocasião foram apresentados conflitos eproblemas recorrentes da atividade de coordenação. Os profissionaispresentes tiveram a oportunidade de expor pontos de vista e formasencontradas para minimizar o impacto dessas questões.

Ercio Thomaz, pesquisador do IPT(Instituto de Pesquisas Tecnológicas doEstado de São Paulo) e conselheiroadministrativo da revista Téchne. O engenheiro mediou o debate

Projeto envolve desde os levantamentosiniciais, a pré-concepção,até oacompanhamento de obra.Sendoassim,a coordenação de projetos temsido contemplada na plenitude porconstrutores e incorporadores? Daniele – Iniciei quatro trabalhos,todos com o projeto já em desenvolvi-mento e que vão entregar o projeto exe-cutivo sem acompanhamento de obra.Cecília – Nenhum contrato meu prevêacompanhamento até o final da obra,mas eu sempre vou. O retorno da obraé importante.Liris – Na Tishman, a necessidade deestender o escopo da coordenação sur-giu quando entregamos o primeiroempreendimento residencial. Muitasvezes temos que verificar a viabilidadede um projeto concebido e desenvolvi-do dois anos antes. É uma compatibi-lização de questões técnicas e constru-tivas, não apenas comerciais.

Sempre de modo informal e semremuneração?Cecília – Exatamente, mas o retorno daobra move o que precisamos no projeto.Ito – O atendimento é informal, mas oretorno é para problemas que ocorremem função da coordenação.

Melhado – Embora haja um potencialenorme de ganhos com a coordenaçãoem todas as fases, isso ainda está naponta do mercado como uma tendên-cia, como melhores práticas.Cunha – O normal é o coordenadorentrar no projeto executivo, como or-ganizador da execução, mas deveriaentrar no processo de criação. É o quetemos feito na Rossi,para que o produ-to tenha as interfaces resolvidas e o tra-balho organizado desde o início. Existea visita do coordenador ao protótipo,mas não é suficiente.

A coordenação de projetos tem sidorealizada apenas para compatibilizaçãogeométrica ou também sob osaspectos de racionalização doprocesso construtivo?Miriam – O coordenador precisa deexperiência de obra ou vai parar nacompatibilização geométrica, quepode ser resolvida até por softwares.Cecília – Tentamos extrapolar o geo-métrico, mas há dificuldade em fazercom que o resto da equipe tenha essavisão. Com o volume atual, recebemosalguns projetos, feitos por terceiros,que passam pelo escritório sem sequerterem sido revisados.

Cunha – O coordenador é um genera-lista, conhece todos os sistemas, masnão é especialista em nenhum. Porisso, não podemos delegar a ele a res-ponsabilidade dessa compatibilização.Liris – Nada exime a responsabilidadede cada projetista, que contribui quan-do falamos de construtibilidade e in-compatibilidades. E não é papel só docoordenador fazer intervenções. Pormais que estimule,não vai implementaro método construtivo se a construtoranão estiver de acordo.Melhado – A coordenação não substi-tui o papel dos projetistas, do em-preendedor ou da construtora. Orien-ta os projetistas a verificarem os pro-jetos e questiona o enquadramentoàs normas e às demandas de reu-niões. Tem que criticar as soluçõesque recebe para estabelecer o diálogoe exigir alternativas.Fabrício – Para o coordenador cum-prir esse papel sem ser especialista, ofeedback da obra é fundamental. Umcoordenador que não tem esse retornodificilmente vai conseguir ter a visãocrítica que é cobrada dele.

A coordenação de projetos é inerenteao projeto de arquitetura, devendo

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Kazutoshi Ito, engenheiro,coordenador de projeto daAndriolo Ito Engenharia

Walmir Rodrigues Cunha,engenheiro, gerente de projetos daRossi Residencial

Miriam Addor, arquiteta, sócia-diretora da Addor & AssociadosConsultoria em Projetos e Qualidade

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Cecília Levy, arquiteta,coordenadora de projetos epresidente da Agesc (AssociaçãoBrasileira dos Gestores eCoordenadores de Projeto)

Silvio Burratino Melhado,engenheiro, professor dodepartamento de Engenharia deConstrução Civil da Escola Politécnicada Universidade de São Paulo

Daniele Triboni, arquiteta,coordenadora de projetos daC.a.P. e. arquitetura

Liris Fujimori, arquiteta, coordenadorade projetos do departamento de design econstrução da Tishman Speyer

Marcio Fabrício, engenheiro,professor do curso de Arquitetura eUrbanismo da USP-São Carlos

ser exercida pelo arquiteto ou podeser exercida por outros profissionais?Liris – É preferível que seja o arquiteto.No entanto, nem todos os escritóriosdetêm o conhecimento ou oferecemesse serviço.Alguns não desejam coor-denar devido à demanda, ao foco,priorizando a concepção do produto.Cunha – O arquiteto é qualificado.Porém, percebo que quando o arqui-teto projeta e coordena, ele perde ofoco do trabalho porque os escritóriosnão têm estrutura independente.Cecília – Fui coordenadora num es-critório de arquitetura que na épocaera o único que oferecia esse serviço.Eu coordenava, mas não era respon-sável pelo desenvolvimento do proje-to. Era o diferencial dele, mas com omesmo preço dos outros, o que nãofazia sentido.Fabrício – É interessante ter a coorde-nação independente do trabalho au-toral de arquitetura, mas depende doempreendimento. Num empreendi-mento de menor porte, não faz senti-do ter coordenação independente.

A norma de desempenho traz comoprincipal novidade a especificação,peloprojetista,da vida útil dos elementos.

Quais implicações isso trará para ageração e a coordenação de projetos? Fabrício – É uma nova cultura, queexige pensar o desempenho das so-luções projetadas. A norma traz aoportunidade de um grande avançoe de levar essa discussão para edifi-cações de baixa renda, a grande de-manda brasileira, que deveria sepreocupar mais com custos, desem-penho e vida útil.Daniele – A norma vai nos auxiliar ater um recurso de conhecimento, alevar para outros projetos algo quetenha dado certo. Para realimentaçãode experiências bem-sucedidas.Cunha – Contribuirá muito para a me-lhoria da qualidade, pois traz ao proje-tista a responsabilidade pela pós-en-trega. Contribui até para orientar tec-nicamente como se faz a manutenção.Cecília – Num primeiro momento,vai ser como qualquer outra norma evai enroscar todo mundo. O aprendi-zado vai ser em conjunto.Melhado – É mais fácil ter concor-rência desleal quando não há nor-ma. Mas como o mercado está ajus-tado para trabalhar sem norma, po-derá rejeitá-la se os requisitos foremmuito elevados.

Miriam – A cadeia produtiva estácompletamente despreparada paraatender a qualquer tipo de desempe-nho. É bem grave. As pessoas não têmnoção do que significa desempenho.

O que precisa ser feito paraotimizar a atividade decoordenação de projetos?Cunha – Precisamos de padronização.Em reuniões de projeto, que levam atécinco horas, discutimos sempre asmesmas coisas. Poderiam ser reduzi-das à metade do tempo se houvesse pa-dronização.Liris – Faltam diretrizes claras, o quegera um processo de ida e vinda e tirao foco e a eficiência do trabalho docoordenador.Fabrício – O primeiro passo é capaci-tar os profissionais de projeto. De-pois, introduzir modelos de gestãonos escritórios de projeto. Para quediscutir aonde vai um ralo? Não dápara chegar num consenso e sempreusar essa solução?

Essas diretrizes devem partir docoordenador?Fabrício – São setoriais. Se sair decada coordenador, imagine o traba-lho do projetista. De acordo com asolução da construtora ou do coor-denador, a cada empreendimentocomeça-se do zero.Miriam – Temos que pensar na vanta-gem competitiva das empresas comrelação à padronização, que começano processo de projeto.A identificaçãodos projetos pode ser feita por cores.Se computarmos quanto custam ashoras gastas numa reunião de projeto,veremos que temos que padronizar.

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Decisões centralizadasO projeto do Centro de Distribuição daPerdigão, na cidade de Embu, interior deSão Paulo, tinha como pontos críticos acompatibilização e controle deinterferências entre projetos civis,mecânicos, de refrigeração e disposição deestanterias, porta-paletes e a passagem detranselevadores. A coordenação focou aanálise de projetos quanto à qualidade ecustos, o controle e o gerenciamento dasinformações, a coordenação de reuniõesperiódicas com os projetistas, reuniõescom o cliente para controle do escopo e deeventuais alterações, bem como oandamento dos trabalhos. O projeto básicodesenvolvido pelo cliente foi remodelado apartir da cultura construtiva da Método,empresa que executa a obra. "O projeto foireestudado e passou por nova concepção",explica a coordenadora dos projetos, aengenheira Cíntia da Silva Vedovello.Ela tem autonomia para apresentar eargumentar sobre soluções tecnológicas,

todas submetidas ao gerente doempreendimento da construtora e à equipede engenharia do cliente. O coordenadorfaz o meio de campo entre odesenvolvimento dos projetos e a execução,levando as explicações necessárias à equipede obra e coletando dúvidas acerca dosprojetos. "Eu as equaciono com osprojetistas e alimento a obra com asrespostas e informações adicionais."Nas reuniões que orienta, gerencia prazosde desenvolvimento dos projetos, discuteas soluções adotadas, as interferências,

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registra a ata e identifica responsabilidades.Cíntia afirma que "as informações sãodisponibilizadas por meio de projetos eplanilhas, facilitando o trabalho deaquisições e execução", e propiciandoaumento de produtividade. O acesso a taisinformações se dá por ferramenta decolaboração online. Outros benefíciosalcançados foram a minimização deinterferências e incompatibilidades, melhorcontrole das informações e custos,gerenciamento do escopo e dos prazos deacordo com o cronograma de obra.

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lhorem sua gestão interna, é essencialinvestir no planejamento integradodo processo de projeto. "Não estamosfazendo isso, mas desenho de crono-grama", pontua.

Com a inserção de novas tecnolo-gias no processo, como o BIM (Buil-ding Information Modeling), algu-mas tarefas podem ser automatiza-das, como a compatibilização de in-terferências, liberando o coordena-dor para realizar serviços mais com-plexos, como controle de cronogra-ma. Isso valoriza e exige mais do pro-fissional, que precisa de melhor qua-lificação para interagir com os resul-tados de softwares. "Para os projetis-tas de estruturas, fazer cálculos não émais importante, mas o conhecimen-to do comportamento estrutural",compara Melhado.

Bruno Loturco

Atuação globalNa Rossi Residencial, a participação docoordenador ocorre em diversas etapas. Por exemplo, esse profissional trabalhadesde a implantação do estande de vendas e das unidades-modelo decoradas. É ocoordenador quem pauta as discussões comos departamentos comercial, de marketing,de incorporação, de projetos e deengenharia de produção e planejamento. O objetivo é estimular a busca de umasolução que prolongue a permanência do estande. "Isso otimiza o investimentonessas instalações e elimina os custos comsua relocação", explica Walmir Cunha,gerente de projetos da empresa.

Mesmo que os projetos de estruturas ede aquecimento estejam tecnicamenteperfeitos, não funcionam para a obra emquestão, pois não consideram os pontosde conflito que têm em comum

Projetistas de portas e de estruturas nãoconheciam os projetos alheios. Logo,houve problemas com acompatibilização dos projetos

ções propostas e exigindo alternativasde acordo com as demandas. No en-tanto, não lhe cabe compensar a defi-ciência técnica dos projetos contrata-dos. "A coordenação visa levar à obraum projeto coeso, com problemas re-solvidos na mesa de reunião", ilustraWalmir Cunha, gerente de projetos daRossi Residencial.

Perfil profissionalAlém da experiência técnica para

perceber detalhes de projetos de diver-sas áreas,o coordenador deve ter capa-cidade de liderar e gerenciar pessoas eser planejador. Não interessa se suaformação é em engenharia ou em ar-quitetura. Mesmo porque, quem atuana coordenação normalmente tropeçaem coisas para fazer que não foramconvenientemente estudadas na facul-dade, como planejamento de projeto.

Na construção civil atual, a figurado coordenador não pode mais se atre-lar exclusivamente à compatibilização."Se considerarmos que é a função prin-cipal, o resto dos projetistas não serámais responsável por nada", ilustra aarquiteta Cecília Levy,coordenadora deprojetos e presidente da Agesc (Asso-ciação Brasileira dos Gestores e Coor-denadores de Projeto). Para que essaresponsabilidade seja dividida com osprojetistas, o coordenador deve alinhara inserção de novas tecnologias.

Essa argumentação leva questio-nar a participação desse profissional

nas decisões tecnológicas da empresa.Muitas vezes, ele acaba subordinado auma estratégia de realização de inves-timentos com grande volume deobras, o que leva a soluções conven-cionais. Segundo Miriam Addor, ar-quiteta, sócia-diretora da Addor & As-sociados Consultoria em Projetos eQualidade, "abandonamos o que jáestava incorporado, em decorrênciada demanda por prazo e custo, e vol-tamos às estruturas reticuladas, comalvenaria complicada".

Com a dificuldade em influen-ciar as escolhas tecnológicas, não ha-veria grandes diferenças entre acoordenação interna e aquela reali-zada por terceiros. Esses apresenta-riam, ainda, a vantagem de conhece-rem melhor o mercado. Esses dadostornam-se importantes quandoconstatamos que a principal recla-mação dos coordenadores com rela-ção aos projetistas incorre, justa-mente, no que diz respeito aos pra-zos. "Não há uma disciplina quemais dê trabalho. Com a demandaem alta, o principal problema é cro-nograma", afirma Daniele Triboni,arquiteta, coordenadora de projetosda C.a.P.e. Arquitetura.

Alia-se a essa questão a da quali-dade dos projetos e a falta de forma-ção dos profissionais envolvidos, queafeta o desenvolvimento da produ-ção. Para Melhado, além da urgênciapara que os escritórios de projeto me-

Ao levar em conta as interfaces com a obra, o planejamento viabiliza que o estande permaneça por seis a novemeses após o início das obras. Emborafaça parte da pauta de desenvolvimentoque fica sob a tutela do coordenador, assugestões podem ser apresentadas porqualquer membro. No caso da Rossi, que adota a coordenação externa, esseprofissional não tem autonomia para a tomada de decisões. Ele levanta asnecessidades e, por intermédio dogerente ou supervisor dedesenvolvimento de projetos, as submete à empresa.

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PISOS

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Amelhor solução para a limpezade pisos, logo após o término

da obra, ou na manutenção do dia-a-dia, não é a tradicional mistura deágua e sabão, como se imagina.Tanto faz o piso ser de concreto,pedra, madeira ou até cerâmica.Para ter beleza durável e não perderseu bom desempenho o materialdeve ser conhecido por quem o es-pecifica e aplica, além de muitobem protegido durante as obras,com plástico-bolha ou mesmo pa-pelão ondulado.

Mas há sempre quem tropeçano plástico de proteção, deixandoum pedaço do mármore exposto

Limpeza profundaDepois de aplicados, os pisos devem ser imediatamente limpos, mas cadamaterial requer um produto diferente. Mármores e madeiras são maissensíveis a manchas, enquanto os cerâmicos requerem cuidados nos rejuntes

aos respingos de cimento, ouquem deixa pingar óleo sobre amadeira crua, ainda sem resina.Na correria do prejuízo, o queresta é verificar bem todos os pro-dutos que são vendidos no merca-do, e evitar alguns muito ácidos,outros muito básicos, a dependerda situação. Caso sejam usados,devem ser sempre diluídos até aconcentração indicada pelo res-pectivo fabricante.

No caso das pedras,"deve-se co-locar e limpar, repetindo essa ope-ração toda vez que uma nova peça éassentada", recomenda a geólogado IPT (Instituto de Pesquisas Tec-

nológicas do Estado de São Paulo)Maria Heloisa Barros de OliveiraFrasca. Tendo já visto muitos de-sastres com pedras em obras deconstrução civil, ela relembra que"rocha é fácil de limpar, desde que asujeira não fique por muito tempoem contato com a superfície".

O engenheiro Massashiro Yana-guihara, da Mundial Company, dizque a madeira também precisa serlimpa depois de aplicada. "Em con-tato com cimento em seu estadocru, não há o que remova as man-chas escuras", alerta Massashiro. Sea madeira tiver sido resinada antesdo incidente, pode haver ainda umasolução, com um novo tratamentopara toda a área. Nesse caso, é feitanovamente a raspagem, calafetaçãoe aplicação da resina.

Apesar de serem mais fáceis delimpar, concreto e cerâmica tam-bém sofrem risco de ficar com man-chas permanentes. "Quando seacaba um piso de concreto, é bomretirar a proteção, como sacos de es-topa, raspar com espátula os resí-duos existentes, varrer e aplicar jatod'água", recomenda a pesquisadorado IPT, Luciana Oliveira.

Nos pisos cerâmicos, o maiorrisco é a aderência da argamassa derejunte, que depois de endurecida émuito difícil de retirar. A limpezafinal desses pisos, entretanto, só de-verá ser efetuada duas semanas apóso rejuntamento. Só então o piso de-

Mármore Travertino em área externa exposto às intempéries e chuva ácida. Sujeira biológicadeixa a pedra escura e exige limpeza pesada, com o uso de detergentes ou novo polimento

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Manchas de cimento sobre madeira crua.Na foto, o piso já foi raspado novamente,mas as manchas persistem

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verá ser escovado com escova ouvassoura de piaçaba, água e deter-gente neutro. Em seguida, deve serenxaguado abundantemente e enxu-gado com um pano, removendo-se aágua acumulada nas juntas.

PedrasAlgumas pedras são menos duras,

por isso requerem mais cuidados. É ocaso do mármore, que é bastante sen-sível a intempéries e até poeira. Quan-do os poros do revestimento sãopreenchidos por sujeiras, a superfíciepode ficar permanentemente man-chada. Em cidades onde as chuvas sãomuito ácidas por causa do pH elevadoda água, não é recomendável a aplica-ção do mármore em áreas externas."Mesmo os granitos, mais duros,podem também oxidar por ação dosraios ultravioleta do sol e perder a co-loração", alerta Massashiro.

Manchas em pisos de pedras, emgeral, podem ser removidas com umdisco abrasivo adaptado a uma encera-deira e com detergente específico paraesse fim. O disco deve ser branco, se apedra já for polida, ou verde, se a su-perfície já estiver preta de tanto mofo.

"Nos ensaios que fizemos comácido clorídrico, conseguimos cla-rear o granito por reação", contaMaria Heloisa, do IPT. "O ácido mu-riático também é vendido em váriasconcentrações no mercado, paralimpeza em geral, mas é precisotomar cuidado", alerta.

Se depois desse procedimento asujeira não sair, vai ser preciso polirnovamente a área para apagar os ris-cos. "De preferência várias vezes,com processos que alternam lixas,das mais grossas (30, 50) para as maisfinas (800, 1.500, 3.000 e até 10.000),a fim de dar o melhor acabamento",

Aplique o detergente neutro sobre a pedra suja

Utilize uma esponja ou disco abrasivo branco ou amarelo. Façamovimentos circulares

Se necessário, use a enceradeira comdisco abrasivo acoplado. Os discospodem ser brancos ou beges (áreas já polidas) ou verdes (sujeira mais grossa)

Os rejuntes também podem ser limposcom escovinha e produtos à base delimoneno (um agente cítrico) ouremovedores a seco

O "gloss meter", um medidor de brilho,diz se a limpeza deu à pedra o grau dereflexão ideal

No final do processo, aplica-sehidrorrepelente para aumentar aproteção do revestimento

Limpeza comum de pedra

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Retire o papel ondulado de proteção

Passe a vassoura para tirar a sujeira grossa

Passe um pano úmido bem torcido

Aplique o detergente ou limpador, dopróprio fabricante da resina

Use a enceradeira com disco abrasivobranco para espalhar o detergente

Use um pano seco ou mop para secar eretirar resíduos

Limpeza de piso de madeira já resinado

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conclui o engenheiro da Mundial. Eleexplica que o brilho natural dos ma-teriais é obtido com a diminuição darugosidade da superfície.

MadeiraMadeiras, em geral, são mais fáceis

de lidar, mas podem ser tão sujeitas amanchas quanto o mármore. Existemalguns produtos à base de ácido etono-dióico que podem ser aplicados purospara clarear tanto pedras como con-creto e até madeira,devolvendo sua cornatural. Para limpar fungos e algas,Julio Schilling, gerente de laboratórioda Montana, recomenda produtoscom hipocloritos de sódio e de cálcio.

Engenheiros afirmam, contudo,que manchas de cimento em madei-ras não são removíveis. "Nem comuma nova raspagem a mancha sairá,pois o cimento reage com a madeiraprofundamente", explica Massashiro,da Mundial.

Para a limpeza pós-obra da ma-deira já resinada não são usados mé-todos abrasivos. Alguns produtos,como os à base de limoneno (extraídode frutas) ou os removedores a seco(butanol propano) são bons para re-mover sujeiras endurecidas.

Os limpadores de pisos de madei-ra são, em sua maioria, detergentes es-pecíficos para esse tipo de assoalho,oferecidos pelos próprios fabricantesdas resinas, e podem ser utilizadostanto pós-obra quanto na manuten-ção diária.O importante é que o mate-rial de manutenção seja compatívelcom o revestimento.

Concreto e cerâmicaA limpeza seca do piso de concreto

pode ser feita com a utilização de umavassoura hidrostática, que contémpanos absorventes em sua extremida-de (mop), tanto para retirar a sujeiracomo para aplicação de produtos.

"Já a limpeza úmida pode ser me-canizada, com lavadoras automáticasque também sugam a sujeira como umaspirador, deixando a superfície seca",diz Luciana Oliveira,do IPT.Detergen-tes neutros são usados em pisos em-poeirados, e os alcalinos para remoçãode manchas de graxa e gordura.

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Os pisos de concreto, lisos ou de-sempenados, são porosos e podemmanchar na limpeza diária. Assim, omais indicado é aplicar jato d'águacom sabão neutro. Nas garagens,onde há óleos e graxas, recomenda-seespalhar areia fina e, somente depois,varrer a superfície, eventualmenteaplicando também os jatos d'águacom sabão neutro.

As placas cerâmicas não supor-tam limpeza com produtos ácidos,como se faz no pós-obra. Esses pro-dutos podem prejudicar tanto a su-perfície da peça cerâmica quanto orejunte e as armaduras do concretoque estão na base. Entretanto, quan-do necessária, a limpeza pode serfeita com ácido muriático, diluídoem dez partes de água. "Mas antes épreciso saturar bem o piso com águalimpa (para que não absorva oácido) e proteger os componentesmais suscetíveis com vaselina, e de-pois enxaguar com água em abun-dância", alerta Luciana Oliveira.

Giovanny Gerolla

LIMPEZA DE PISOSPós-obra Dia-a-dia

Pedra Polimento com discos abrasivos Água; detergente neutro;e detergentes de limpeza pesada; removedores a seco e soluçõessoluções à base de limoneno*; à base de limoneno*; produtos àremovedores a seco base de ácido etonodióico ou

hipocloritos de sódio e cálcioMadeira Resinada: detergentes ou Resinada: detergentes ou

limpadores do fabricante limpadores do fabricante da resina,da resina; soluções à base de soluções à base de limoneno* limoneno* e removedores a seco e removedores a seco Crua: produtos à base Crua: produtos à base de ácidode ácido etonodióico ou etonodióico ou hipocloritoshipocloritos de sódio e cálcio; de sódio e cálcionovas raspagens com lixa

Concreto Raspagem com espátula, Jato d'água com sabão neutrovassoura e jato d'água; limpeza seca com mop**, ou úmida, com máquina lavadora

Cerâmico Remoção do rejunte que fica sobre Vassoura, pano úmido as peças durante o rejuntamento; e detergente neutrodepois de duas semanas, o piso é escovado com água e detergente neutro; se necessário, usar mistura de uma parte de ácido muriático para dez de água

* limoneno: solvente natural extraído da casca de frutas cítricas e utilizado em alguns produtos de limpeza

** mop: rodo próprio para retirar pó (veja figura 6 no quadro ao lado)

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FUNDAÇÕES – ESPECIAL 60 ANOS

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Houve um tempo em que uma dascondições determinantes para a

construção de um novo edifício era apresença ou ausência de solos molesno terreno. Era o final do século 19 ecomeçavam a proliferar as grandesconstruções nos centros urbanos bra-sileiros. Mais pesadas, essas constru-ções em alvenaria de tijolos ou em es-truturas metálicas implicavam, tam-bém, maiores carregamentos sobre osolo. Apesar de já utilizarem, nessaépoca, estacas de madeira em funda-ções profundas, o desconhecimentosobre o comportamento do terreno ea inexistência de métodos de mediçãode recalques levavam os construtoresda época a simplesmente evitar er-

Tecnologia de baseEngenharia de Fundações brasileira ganhou impulso com a criação deinstitutos tecnológicos e com estudos sobre recalques de edifícios de Santos

Mar

celo

Sca

ndar

oli

guer novos edifícios em regiões desolos fracos.

A situação começou a mudar nadécada de 1920, quando o conheci-mento sobre o assunto começou a serproduzido. Em 1925, o austríaco Karlvon Terzaghi publicava o Erdbaume-chanik, tratado fundador da fase con-temporânea da geotecnia. O "pai" daMecânica dos Solos introduzia o estu-do do fenômeno da compressibilidadede argilas, de sua resistência ao cisalha-mento,atrito interno e coesão.No Bra-sil, surgiram na segunda metade da dé-cada de 1930 os laboratórios de ensaiosespecializados em fundações. Telêma-co van Langendonk organiza a seçãode Estruturas e Fundações do IPT (Ins-

tituto de Pesquisas Tecnológicas do Es-tado de São Paulo) em 1938. Dois anosdepois, no Rio de Janeiro, o InstitutoNacional de Tecnologia criava suaseção de Solos e Fundações.

O IPT então padronizou um novométodo de sondagem, realizado pormeio de percussão com circulação deágua.Para quantificar a consistência oucompacidade do solo, avaliava-se o nú-mero de golpes de um peso de 60 kg,caindo de 75 cm, necessários para cra-var o mostrador 30 cm no solo. Era oNIPT.Outra padronização,adotada poruma empresa de estudos e projetos desolos e fundações também foi adotadano País, e o número ficou conhecidocomo NMG.Em 1948 apareceu o méto-do SPT (Standard Penetration Test) e oNSPT. O método foi conquistando es-paço no País até que, em 1979, a normaNBR 6484 define que o processo desondagem, o amostrador e o peso debater são padronizados para a obten-ção da resistência à penetração SPT.

Episódio importante na históriada engenharia de fundações brasileiraocorreu na década de 1950, quando aempresa de fundações Geotécnica e oIPT identificaram recalques de edifí-cios altos ao longo da orla de Santos.As fundações – diretas, com estacas ouem caixões pneumáticos – apoiavam-se sobre uma camada superficial deareia, abaixo da qual encontrava-seuma espessa camada de argila mole.Os engenheiros adquiriam maior co-nhecimento do comportamento dossolos, além de expertise na execuçãode reforços de fundações. Trabalhossobre as características do solo de San-Estaca Hélice Contínua é alternativa para locais com restrições a ruídos e vibração

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Fundação de destaqueNão é à toa que o projeto da ponte deRion-Antirion, na Grécia, foi declarado em2005 o vencedor do Prêmio de Destaqueem Engenharia Civil da Asce (AmericanSociety of Civil Engineers). Mesmo sobcondições completamente adversas, aobra-de-arte foi erguida e funcionaperfeitamente há quatro anos. A ponte temum trecho estaiado de 2.250 m e cruza oGolfo de Corinto, localizado a 250 km deAtenas – região de intensa atividadesísmica. Os cabos estão fixos em quatromastros, cujos topos chegam a 164 macima do nível do mar. O leito do golfoencontra-se a 65 m de profundidade e écomposto por um solo fraco, comdepósitos aluviais em camadasheterogêneas. Para viabilizar a execuçãoda estrutura, optou-se por uma soluçãopouco convencional. A base alargada decada pilar tem 90 m de diâmetro e foidimensionada para suportar a intensaaceleração lateral em caso de sismo. Sobessas bases, o solo instável sob trêsmastros recebeu reforço de tubosmetálicos de 2 m de diâmetro e de 25 m a 30 m de comprimento cada um. Os espaçamentos entre os tubos eram de 7 m x 7 m (8 m x 8 m para um dosmastros), o que implicava a cravação de110 a 200 estacas por mastro. Com isso, a carga era uniformemente transmitida ao solo. Acima da superfície reforçada,executou-se um tapete de cascalho de 2,8 m de espessura, sobre o qual seriaapoiada a base do pilar. A função dessacamada intermediária é a de atuar comoum amortecedor sob sismos, reduzindo a força de cisalhamento na interface. O pédo mastro era concretado em uma baseseca na superfície e depois transportadopor carregadores até o meio do golfo, ondeera depositado em sua posição definitiva.

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tos foram apresentados em congressosno México e na França.

Atualmente, a norma que traz asprescrições para execução de projeto eexecução de fundações é a NBR 6122.No entanto, a versão que vale é a publi-cada em 1996. "Ela foi publicada em1996, mas os estudos feitos para aquela

revisão haviam sido feitos na década de1980", explica o professor da EscolaPolitécnica da Universidade de SãoPaulo, Jaime Domingos Marzziona.Como a norma estava sendo revisadano momento da introdução de novosmétodos de execução de fundações noPaís, como as estacas Hélice Contínua,

o texto já nasceu com defasagem tec-nológica. De acordo com Marzziona, oprocesso de revisão da norma está emandamento e o texto-base está sendoproduzido. "Em breve deverá ir à con-sulta pública", informa, sem poder, en-tretanto, divulgar datas precisas.

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Tubulão a arcomprimidoEvoluçãotecnológica dotubulão a céuaberto, os tubulõesa ar comprimidocomeçaram a serutilizados em SãoPaulo em meadosda década de 1940,como alternativatecnológica ao usode estacas emterrenos moles einstáveis. Esse tipode fundação éadequado parasolos compresença de lençolfreático e queapresentam riscosde desabamento. Demandaequipamentos grandes epesados, como entubadeiras e perfuratrizes, o que não fazdela uma das alternativasmais desejáveis para execuçãode fundações em locaisconfinados. Entretanto, é hoje um dos métodos mais utilizados no País parafundações de pontes eviadutos. Consiste noencamisamento da estruturado fuste com anéis deconcreto ou tubos de aço eescavação do solo até acamada apropriada para abrira base do tubulão. Emdescidas manuais, a camisagarante a segurança dooperário, mas deve atentar-seà pressão do ar aplicado natubulação e à velocidade de pressurização e despressurização.

F U N D A Ç Õ E S – E S P E C I A L 6 0 A N O S

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Estacas

Bucha deconcreto

PilãoFranki

Estacas FrankiDe origem belga, as estacasFranki foram introduzidas noBrasil em novembro de 1935,na construção da CasaPublicadora Batista, no Rio deJaneiro. Foram executadas 72 estacas de 8 m decomprimento e diâmetros de300 mm e 400 mm. Suaexecução se dá com acravação, no solo, de um tubode aço cuja ponta é obturadapor uma bucha de concretoseco, areia e brita, estanque efortemente comprimidacontra a parede do tubo. Aobater com o pilão na bucha,arrasta-se o tubo, impedindoa entrada de solo ou água.Atingida a profundidadedesejada, o tubo é preso e abucha é expulsa por golpes depilão e fortemente socadacontra o terreno, formandouma base alargada. Coloca-sea armadura, inicia-se aconcretagem, extraindo-se otubo simultaneamente.

Última geração: HéliceContínua e ÔmegaAs estacas Hélice contínua eÔmega foram utilizadas pelaprimeira vez no Brasil no finaldas décadas de 1980 e 1990,respectivamente. Os métodosexecutivos de ambas sãoparecidos e constituem-se de três etapas principais:perfuração, concretagem earmação. Ao chegar à cotaprevista em projeto, oequipamento de perfuração érecolhido ao mesmo tempo emque realiza a concretagem daestaca. Por fim, a armação éposicionada após opreenchimento do furo comconcreto. A diferença entre aestaca Hélice Contínua e aÔmega está, basicamente, naconfiguração da haste deperfuração. Na primeira, as pásperfazem toda a haste, demodo que, com a rotação, aterra deslocada na perfuração étransportada pelos sulcosmetálicos até a superfície doterreno. Nas estacas Ômega, aspás se concentram apenas naregião da ponta da haste. Coma rotação do eixo, o volume deterra é transportado até umnível da haste projetado paracompactá-lo contra a parededo furo. Por não gerar ruídosnem vibrações, tem sido opção para obras em bairrossujeitos a programas derestrição de ruídos.

Estacas pré-fabricadasO uso das estacas metálicasem fundações no Brasilcomeçou a se popularizar nadécada de 1950, com ofornecimento dos perfis pelaCSN (Companhia SiderúrgicaNacional), criada pelopresidente Getúlio Vargas nadécada anterior. Apesar docusto maior em relação àspré-moldadas de concreto,podem atingir grandecapacidade de carga etrabalham bem à flexão.Demandam, no entanto,cuidados no que se refere à corrosão do metal. A primeira grande obra com o emprego de estacas pré-moldadas de concretodata da década de 1920, naconstrução do Jóquei Clubedo Rio de Janeiro. Na décadade 1950 eram produzidas asprimeiras estacas deconcreto protendido e, maisrecentemente, vêmganhando maior capacidadede carga com a aplicação deconcretos de altodesempenho. Ambasapresentam a desvantagemda necessidade de bate-estacas para acravação, que gera ruído e propaga vibração paraimóveis vizinhos. Noentanto, ainda é umasolução mais barata do queas estacas escavadas.

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

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Pergunte-se: não seria interessanteum concreto que, uma vez lança-

do, se movesse por conta própria epreenchesse, sem necessitar de nenhu-ma intervenção, os espaços da fôrma?Pois o concreto auto-adensável temessa capacidade. Além de não necessi-tar ser adensado com vibrador, não se-grega e não aprisiona ar em excesso.Como resultado, sua aplicação é rápi-da, requer menos mão-de-obra, e nãodeixa ninhos de concretagem. Poressas e outras razões, o CAA é cada vezmais empregado como material deconstrução, tanto nos setores de pré-moldados e pré-fabricados,como paraas aplicações de concreto no local.

Neste artigo, descrevem-se as carac-terísticas do concreto auto-adensável,com ênfase nas propriedades no estadofresco e em sua composição. Um exem-plo de aplicação em obra de edifícioconvencional é apresentado e analisado.

O que é CAA?As características do concreto fres-

co é que diferenciam o CAA do con-creto convencional. O CAA tem queapresentar elevada fluidez e deforma-bilidade, além de elevada estabilidade

Concreto auto-adensável –características e aplicação

da mistura, que lhe confere três carac-terísticas básicas e essenciais:� habilidade de preencher espaçosnas fôrmas;�habilidade de passar por restrições;� capacidade de resistir à segregação.

Muitos insucessos na aplicação doCAA relacionam-se à elevada segrega-ção, que resulta no afundamento dosagregados e na separação da água damistura: a exsudação (figura 1). As-sim, o CAA tem que ser fluido, defor-mável e, ao mesmo tempo, coeso.

Ensaios e requisitos no estado frescoOs métodos de ensaio do CAA di-

ferem dos empregados na avaliaçãodo concreto convencional somentepara as determinações das proprieda-des no estado fresco.As característicasessenciais do CAA são satisfatoria-mente avaliadas com o espalhamento

do tronco de cone, tempo de escoa-mento no funil-V e do desempenhoao escoamento e passagem por restri-ções na caixa-L. Tanto no laboratórioquanto no recebimento em obra, ostrês ensaios devem ser realizados.

Para que seja considerado auto-adensável, o concreto precisa satisfa-zer a todos os requisitos apresentadosna tabela 1.

Materiais e proporcionamento(dosagem)

No proporcionamento do CAA,alguns princípios básicos devem serconsiderados:

a) para se conseguir elevada flui-dez, a pasta do concreto deve lubrifi-car e espaçar adequadamente os agre-gados, de forma que o atrito internoentre os mesmos não comprometa acapacidade do concreto de escoar;

b) para que o CAA apresente resis-tência à segregação e seja capaz de pas-sar por restrições sem que haja blo-queio, a pasta deve ter viscosidade su-ficientemente elevada a fim de manteros agregados em suspensão, evitandoque segreguem pela ação da gravida-de. Outros fatores que controlam a se-

Wellington L. RepetteEngenheiro civil, professor-doutor

Departamento de Engenharia Civil da UFSC(Universidade Federal de Santa Catarina)

[email protected]

Figura 1 – Observação de instabilidade da mistura (segregação) pelo ensaio deespalhamento no tronco de cone

Tabela 1 – REQUISITOS PARA O CAA NOESTADO FRESCOEnsaio ValoresEspalhamento ≥ a 600 mmFunil-V De 3 a 10 sCaixa-L 0,8 ≤ H/h ≤ 1,0Segregação – verificada noensaio de espalhamento Ausente

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gregação são a quantidade e a distri-buição granulométrica dos agregados,sendo que as distribuições contínuassão as mais adequadas para esse fim;

c) a capacidade de passar pelos es-paços entre as armaduras, e dessascom as paredes das fôrmas, limita oteor e a dimensão dos agregados graú-dos na mistura.

Materiais e composições típicasEm princípio, todos os tipos de ci-

mento empregados na produção doconcreto convencional podem ser uti-lizados na produção do CAA. Não hárestrições para os teores dos materiaiscomponentes do CAA, desde que sa-tisfeitos os requisitos do concreto nosestados fresco e endurecido.No entan-to, algumas particularidades cabemser mencionadas:� frequentemente,mas não exclusiva-mente, um superplastificante à basede ácido policarboxílico (carboxilato)é utilizado;� o teor de finos (partículas com diâ-metro ≤ 0,075 mm) tipicamente ficaentre 400 kg/m3 e 600 kg/m3.A relação

de água – finos totais fica entre 0,80 e1,10, em volume;� o uso de aditivo promotor (ou mo-dificador) de viscosidade não é essen-cial a todas as misturas,mas é especial-mente importante quando as partícu-las finas não estão presentes em volu-me suficiente;� em muito casos os CAA podem re-sultar mais baratos e com melhor qua-lidade com o uso de agregados graú-dos de até 10 mm de diâmetro;� o volume de agregado miúdo está,em geral, entre 35% e 50%, e o volumede agregado graúdo entre 25% e 35%.

Aspectos que merecem particularatenção

Grande parte dos métodos usadoscom sucesso para a dosagem de concre-tos convencionais não são adequadospara o proporcionamento racionaliza-do do CAA. Além disso, os aditivos nãodevem ser usados como forma de corri-gir proporcionamentos (traços) inade-quados. O teor de cimento pode ser re-duzido pela adição de finos ativos ouinertes,de forma a garantir o teor neces-

sário de finos para assegurar adequadascoesão e estabilidade no estado fresco.

Concretos auto-adensáveis nãonecessitam ser autonivelantes. Deve-se lembrar que quanto mais fluido foro concreto, maior será seu custo. Alémdisso, é difícil o controle de aplicação eo rastreamento do CAA de elevadafluidez na concretagem de vigas e lajes,pois o concreto literalmente "foge" dolugar de aplicação.

A obtenção de CAA a partir de tra-ços de concretos convencionais pelasimples incorporação de finos, do usode superplastificante de base ácidocarboxílico e do aumento do seu teor,geralmente resulta em CAA de baixaqualidade e com custo elevado. O usode métodos de dosagem apropriadospara CAA, como, por exemplo, o deOkamura e o de Repette-Melo, é o pri-meiro passo para se alcançar, na pleni-tude, os benefícios do uso do CAA.

Aplicação do CAA como substituto doconcreto convencional

A avaliação do uso do CAA nasobras convencionais de estruturas de

Tabela 2 – CARACTERÍSTICAS DA LAJE E DO CAATipo de laje Mista, com vigotas de

concreto e tijolos cerâmicos (tavelas)

Área do pavimento 504 m2

Fôrmas Painéis de compensado resinado e estruturação em madeira

Concreto auto-adensável fck médio (28 dias) 38 MPaMódulo de elasticidade (28 dias) – médio 28.2 GPaCimento (CP IV) 406 kg/m3

Areia 820 kg/m3

Brita 1 714 kg/m3

Superplastificante – sal de ácido policarboxílico 4 l (33% de teor de sólidos)Aditivo promotor de viscosidade 0,4 l

Figura 2 – Vista geral do pavimento(lajes e vigas) sendo concretado com CAA

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concreto armado é um passo impor-tante para a disseminação e aperfeiçoa-mento desse material e dessa tecnolo-gia. A avaliação, descrita a seguir, atestaas vantagens e a facilidade do uso dessematerial. O estudo deu-se no âmbitodos trabalhos da Comunidade daConstrução Florianópolis e foi realiza-do entre setembro e dezembro de 2004.

DescriçãoAs aplicações de CAA e de concre-

to convencional foram monitoradasdurante a construção de duas lajes deum edifício residencial, uma feita comCAA e outra com concreto convencio-nal (abatimento de 10 cm). As fôrmase cimbramentos foram os mesmospara ambas as lajes. As característicasestão apresentadas na tabela 2.

Os concretos foram produzidos emcentral e transportados em caminhõescom capacidade de 8 m3. As betonadasdo CAA tinham 5 m3, e as de concretoconvencional, 8 m3. Todos os materiaisconstituintes foram adicionados nacentral. O tempo médio de transportefoi de 40 minutos e a temperaturamédia ambiente era de 26oC.Uma vistageral do pavimento sendo concretadocom CAA é apresentada na figura 2.

Preparação para aplicação do CAAPara prevenir que o concreto fluís-

se dos trechos de lajes com maior cotapara o de menor, foram construídosdiques, como ilustra a figura 3. Vigasinvertidas e escadas foram concreta-das com concreto convencional (figu-ra 4). Nos locais onde era possível aentrada de concreto nas peças cerâmi-cas da laje mista,os orifícios dos tijolos

foram tampados com argamassa oumembrana plástica. Os furos dos tijo-los, nas faces entre dois tijolos, não ne-cessitaram ser tampados. Os espaçosentre vigotas pré-fabricadas justapos-tas foram preenchidos com argamassa(figura 5).

Aplicação do CAA e do concretoconvencional

Na obra, amostras do concreto detodos os caminhões foram avaliadaspelos ensaios de espalhamento (figura6), funil-V e caixa-L (figura 7). Tanto oconcreto convencional quanto o CAA

foram transportados/aplicados pelomesmo conjunto bomba-lança, e aexecução de cada pavimento deu-sesegundo o mesmo plano de concreta-gem. No total, foram aplicados 57 m3

de CAA (vigas invertidas e escadaforam concretados com concreto con-vencional) e 64 m3 de concreto con-vencional. Aproximadamente metadedo volume de CAA foi produzido comespalhamento maior que 750 mm e aoutra metade com espalhamento emtorno de 650 mm, objetivando a análi-se da influência da aplicação de CAAcom "classes" diferentes. Todo o pro-

Figura 3 – Dique de concreto separandolajes em desnível

Figura 4 – Concretagem de vigasinvertidas

Figura 5 – Preenchimento dos vaziosentre vigotas justapostas

Figura 6 – Ensaio de espalhamento do tronco de cone. (a) Retirada do cone; (b) Medição do espalhamento

Figura 7 – Ensaio na caixa-L. (a) Escoamento e passagem pelas barras de restrição;(b) Estado final ao término do escoamento

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Figura 8 – Uso da lança naconcretagem. Somente dois operáriosencarregam-se do serviço

Figura 9 – Detalhe das operaçõesde lançamento, espalhamento e acabamento

Figura 10 – Lançamento do CAA na lajemista, onde se verifica a característicaautonivelante do concreto

Figura 11 – Preenchimento de umaviga com CAA

Figura 12 – Lançamento, espalhamentoe acabamento do concreto aplicado sobretrecho de laje mista (vigota-tijolo) Figura 13 – Lançamento do CAA

cesso de aplicação foi filmado ininter-ruptamente, para permitir a análisedetalhada das operações de aplicaçãodo CAA (figuras 8 a 19).

Considerações sobre a produtividadeda mão-de-obra e o uso do CAA

O resumo dos resultados sobre aprodutividade da mão-de-obra naaplicação dos concretos é apresentadona tabela 3. Os resultados foram obti-dos considerando-se, exclusivamente,os operários diretamente envolvidosna aplicação do concreto e as horasefetivamente trabalhadas, não sendo

computados os tempos de espera dedescarga do concreto.

Conclui-se que o consumo demão-de-obra é consideravelmentemenor para a aplicação do CAA, en-quanto que a aplicação de concretoconvencional requer intensa mão-de-obra. A taxa de aplicação do CAA deelevada fluidez (espalhamento maiorque 750 mm) foi praticamente amesma do concreto de menor fluidez(espalhamento em torno de 650 mm).O CAA de menor fluidez foi mais fácilde aplicar e de controlar (ex.: rastrea-bilidade) na concretagem realizada.

Pelo fato dos salários pagos noBrasil não serem expressivos, a redu-ção no consumo de mão-de-obra, porsi só, não justificaria a adoção do CAAcomo substituto do concreto conven-cional em todas as aplicações. Nessecaso, a disseminação do uso do CAAserá maior quando outros aspectosforem considerados, técnica e econo-micamente, como por exemplo:� os custos com aquisição, manuten-ção e uso de vibradores podem sercompletamente eliminados;� a reutilização do conjunto de fôr-mas é maior, uma vez que não ocor-

Figura 14 – Detalhe do lançamento doCAA para preenchimento de uma viga

Figura 15 – Detalhe da movimentação doCAA no interior de uma viga. O concretonão segrega e preenche completamenteos espaços entre as armaduras e dessascom as fôrmas

Figura 16 – Aplicação do CAA em umtrecho de laje maciça, mostrando a vigainvertida previamente concretada

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dor e que representa um avanço signifi-cativo para o setor da Construção Civil.O CAA apresenta muitas vantagens secomparado ao concreto convencional epode ser aplicado na construção de es-truturas de concreto armado sem quesejam necessárias alterações significati-vas nas fôrmas, nos equipamentos detransporte, no lançamento ou nos mé-todos de cura. Em muitos aspectos, oCAA é um "concreto tradicional".

Para o emprego mais difundidodo CAA é necessária a redução de seucusto. Isso pode ser conseguido, emparte, pela redução dos preços dosaditivos superplastificantes de basepolicaboxilato, devido à maior de-manda e à diminuição nos custos deprodução. O impacto do CAA nãodeve ser avaliado somente com baseno custo de produção, mas con-siderando-se também outras vanta-gens que se obtêm do seu emprego. Odestino do CAA é tornar-se o "concre-to convencional" do futuro.

Tabela 3 – RESUMO DOS RESULTADOS SOBRE PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRAParâmetro CAA Concreto convencionalTempo efetivo de concretagem 2:32 h 2:28 hTaxa efetiva de concretagem 22,5 m3/h 25,9 m3/hNúmero médio de trabalhadores 2,5 11Produtividade 9,00 m3/h/trabalhador 2,35 m3/h/trabalhador

Figure 17 – Detalhe do CAA,homogêneo e sem segregação

Figura 18 – Vista da face inferior dalaje. O CAA não libera água e nãopenetra nos espaços entre tijoloscerâmicos contíguos

Figura 19 – Vista geral do pavimento concretado com CAA

rem danos causados pelos vibradoresde imersão;� como não há ninhos de concreta-gem (bicheiras), e como tem-se redu-zida a presença de bolhas na superfí-cie do concreto, os custos com reparose "maquiagens" são significativamen-te diminuídos;� a remoção das fôrmas ocorre maisfacilmente, causando menos danos eresultando em maior possibilidadede reúso;� elementos de concreto com elevada

taxa de armadura não precisam ter suaseção aumentada para permitir a con-cretagem, o que reduz o volume deconcreto;�há redução significativa dos ruídos naaplicação do CAA, representando apossibilidade de aumentar o tempos detrabalho em áreas urbanas onde hajarestrições dos níveis de poluição sonora.

Considerações finaisA investigação suportou a afirma-

ção de que o CAA é um material inova-

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Concreto de Última Geração:Presente e Futuro, Capítulo 49, Vol. 2,pp.1509-1550. W.L. Repette, In:Concreto: Ensino, Pesquisa eRealizações, Editor: Geraldo C. Isaia,Ibracon, 2005.

Relatório Comunidade daConstrução Florianópolis. Ação 6 –Concreto auto-adensável. W.L.Repette, Universidade Federal deSanta Catarina, Associação Brasileirade Cimento Portland. 2005. 50 p.

European Federation for SpecialistConstruction Chemicals andConcrete Systems – The EuropeanGuidelines for Self-CompactingConcrete Specification, Productionand Use. EFNARC. (2005). UnitedKingdom, 2005. 63 p.

Proposição de método de dosagemde concreto auto-adensável comadição de fíler calcário, Dissertação –Pós-graduação em Engenharia Civil,Universidade Federal de Santa Catarina,K. A. Melo. Florianópolis, 2005.

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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ACABAMENTOS

ISOLAMENTO TÉRMICOA Isar oferece ao mercadobrasileiro uma solução paraisolamento térmico de sistemasde ar-condicionado: orevestimento Delta T Industrial.O produto é um sistema isolantede composição cerâmica comagente acrílico de altaperformance que, disponível emforma de tinta, provê umabarreira isoladora que protegepessoas e bloqueia a corrosão.Isar Isolamentos Térmicos eAcústicos(11) 2107-0488www.isar.com.br

CERÂMICAA Porto Ferreira apresenta aomercado a cerâmica comdesenhos étnicos. A ColeçãoAfricana é produzida emmonoporosa, processo queoferece mais brilho à cerâmica, ecom esmalte aplicado em altacamada com detalhes em ouro.Porto Ferreirawww.ceramicaportoferreira.com.br(19) 3589-4000

COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

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CONCRETO ECOMPONENTES PARA A ESTRUTURA

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MANTA DEISOLAMENTOA AGS Soluções Ambientaischega a São Paulo oferecendotecnologia de isolamentotermoacústico. As mantasIsoten à base de fibras depolipropileno possuem, segundoo fabricante, maior coeficientede isolamento térmico e sãoatóxicas e antialérgicas.AGS(11) 2296-7425www.agsambiental.com.br

FIBRA DE VIDRO A Fibra de Vidro Cem-Fil ÁlcaliResistente Anti-Crak HD W70 foiespecialmente desenvolvidapara ser usada como reforçopara concreto, argamassas, pré-fabricados, entre outros. O produto proporciona aoconcreto controle de retração nafase plástica e endurecida eaumento de sua resistência àcompressão e à tração na flexão.Construquímica(11) 4231-5522www.construquimica.com.br

COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS

CATRACASOs gabinetes Fancy Line, daDimep, possuem comunicaçãocom a central de dados e leiturade código de barras, magnéticoou por proximidade. Montadosem aço carbono pintado ou inox,adequam-se, segundo aempresa, a diversos ambientes.Dimep(11) 3646-4000www.dimep.com.br

FILTROSA linha de filtros Darka atende apiscinas de todos os tamanhos.Produzidos em diversosmateriais, podem ter válvulasfeitas em ABS ou ferro fundido.Seus distribuidores em bronzeproporcionam, segundo ofabricante, maior durabilidadeao sistema.Darka(11) 4056-3677www.darka.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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GRADILNilofor 3D, da Belgo, são painéise postes galvanizados erevestidos em poliéster porpintura eletrostática que,segundo o fabricante, garantemexcelente acabamento e elevadadurabilidade. Disponíveis nascores verde, branca e preta.Belgo0800-7272000www.belgobekaert.com.br

TRATAMENTO DEESGOTOO sistema de tratamento deesgoto Mizumo Plus, da Mizumo,possui capacidade detratamento para atender até2.100 usuários. O tanque possui2,5 m de diâmetro e o processode tratamento é contínuo ecomposto por reatoresanaeróbios, filtros aeróbios edecantador com sistema deretorno automático do lodo. A desinfecção é feita por meiode pastilhas de cloro.Mizumo(14) 3405-3000www.mizumo.com.br

ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS FUNDAÇÕES E INFRA-ESTRUTURA

FUNDAÇÕESA Balbino Fundações trabalhacom solo grampeado,perfuração e instalação dechumbadores e concretoprojetado via úmida ou seca. A empresa possui 29 anos deexperiência prestando serviçoespecializado.Balbino Fundaçõeswww.balbino.com.br

INSTALAÇÕESELÉTRICAS ETELECOMUNICAÇÕES

CABOA Nambei Fios e Cabosapresenta o novo CaboNambeinax Flex HEPR 90°C 1 kV.Condutor formado por fios decobre nu, têmpera mole,encordoamento com formaçãoclasses 4 e 5, o condutor contacom isolação termofixa que lhepermite operar com maiorcapacidade de corrente. Nambei0800-161819www.nambei.com.br

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MÁQUINAS,EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

GUINDASTESA Orientador Alfandegáriodisponibiliza ao mercadobrasileiro guindastes de variadascapacidades de carga. Osprodutos contam com certificado de garantia e sãooferecidos em regime de pronta entrega.Orientador Alfandegário(47) 3433-1720www.orientadoralfandegário.com.br

MADEIRAS, PLÁSTICOSE MELAMÍNICOS

LAMINADOO natural Wood é uma linhaespecial de laminadosdecorativos produzidos pelaFormiline Indústria deLaminados. Substitui comvantagens, segundo ofabricante, a lâmina de madeiranatural, pois conta comresistência muito maior com amesma aparência. Fórmica0800-0193230www.formica.com.br

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Manual de Escopo deProjetos e Serviços dePaisagismoAbap (Associação Brasileira deArquitetos Paisagistas) e ANP(Associação Nacional dePaisagismo)65 páginasManuais de Escopo deProjetos e Serviçoswww.manuaisdeescopo.com.brPara auxiliar na contratação deserviços e projetos depaisagismo esse manualrecomenda, ainda durante aconcepção do produto,analisar o potencialpaisagístico além de consultaras restrições de legislação nasesferas Municipal, Estadual eFederal. Apresenta os dados aserem solicitados de todas aspartes – empreendedor,coordenador, arquiteto, dentreoutros –, além da descriçãodas atividades, para que sejamgeradas as peças gráficas, otratamento paisagístico e omemorial de materiais para asolução preliminar deimplantação do paisagismo noterreno. Disponível no sitewww.manuaisdeescopo.com.br

Manual de Tubulações dePolietileno e Polipropileno –Características,Dimensionamento eInstalação *José Roberto B. Danieletto526 páginasEditora Linha AbertaVendas pelo portalwww.lojapini.com.brO objetivo do autor é, demaneira prática e objetiva,transpor seus 20 anos deexperiência para esclarecer eajudar a técnicos e usuários naaplicação dos tubos compostosdesses materiais. Aborda oplástico como um todo, opolietileno e o polipropileno,suas propriedades ecaracterísticas. Concluída aabordagem do material, partepara dimensionamentos,conexões soldáveis, manuseio eestocagem, instalação e reparo.Na última parte, o autor falasobre fabricação e controle daqualidade e outros materiais,além de trazer um resumocomparativo entre insumos.

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OBRA ABERTA

Concreto Armado naPrática Ronaldo Sérgio de AraújoCoêlho340 páginasEditora UemaVendas pelo portalwww.lojapini.com.brO autor não teve a intenção deinovar as teorias oumetodologias aplicadas nodimensionamento das peças.Focou a concepção do livro naapresentação prática esimples do projeto e daexecução de estruturas emconcreto armado. O objetivo éaproximar os conceitos daprática construtiva. Assim,conta com uma infinidade deexemplos, incluindo cálculos,tabelas e desenhos. Tudoaliado às exigências da NBR6118. A parte inicial aborda oscomponentes do concreto,bem como a mistura e aprópria concretagem. Asdemais abordam,separadamente, os elementosdas estruturas, sendo lajes,vigas, pilares, marquises,escadas, reservatórios efundações. Na última partetrata do controle daresistência do concreto.

Livros

Manual Técnico deImpermeabilização deEstruturas98 páginasVedacit/Otto BaumgartFone: (11) 2902-5555, em SãoPaulo, e (71) 3432-8900, emSalvadorwww.vedacit.com.brEm sua quarta edição, apublicação mostra aimportância de seimpermeabilizar asconstruções. O Manual traz osprodutos comercializados pelaVedacit/Otto Baumgart, assimcomo os equipamentos deproteção e ferramentasnecessárias para a execução.Os sistemas rígidos e flexíveisde impermeabilização vêmacompanhados de imagensreferentes à aplicação, comexplicações detalhadas. Todosos produtos contam comdados completos, comocaracterísticas, campos deaplicação, modo de preparo eutilização, forma dearmazenamento, embalagensdisponíveis, dentre outros.Conta também com umglossário com os termos maisutilizados na construção civil.Está disponível para downloadno site www.vedacit.com.br

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Fundações paraConstrução de Habitaçãode Interesse Social noEstado de Mato GrossoWilson Conciani78 páginasEditora do Centro Federal deEducação Tecnológica de Mato GrossoFone: (65) 3314-3558www.cefetmt.brA intenção desse manualprático é incentivar a aplicaçãodos conhecimentos científicosresultantes de pesquisasacadêmicas no tipo deconstrução referido. Aborda osprocedimentos a seremadotados, considerando ostipos de fundações e aaplicação de novas tecnologiaspara eliminar o surgimento depatologias. A publicação aindafala sobre dados essenciais aoinício do projeto, como o tipode solo, a resistência de suascamadas e o nível do lençolfreático. O download dessemanual pode ser feito a partirdo site do autor, no endereçowww.conciani.com.br.

[email protected]: (11) 2173-2423 (GrandeSão Paulo) e 0800-707-6055(demais localidades)www.lojapini.com.brO software para orçamento,planejamento, controle efiscalização de obras da PINIganha um novo módulo paraorçamento de obras demanutenção, reforma,ampliação, recuperação erestauro. O desenvolvimentoconsiderou as peculiaridadesdesse tipo de obra que, porrestrições de canteiro ouexecução, tem asprodutividades reduzidas.Opera com quatro novosbancos de dados: o deprodutividades racionalizadas,o de contingências deexecução e os decontingências de canteiromáxima e mínima. Dentre osrelatórios que gera, osprincipais são: orçamentosintético, analítico, MDO eMAT, curva ABC insumos eserviços, programação deinsumos por etapa e atividade.

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (regiões metropolitanas) ou 0800-596 6400(demais regiões). Portal www.lojapini.com.br

Software

Como Elaborar Projetosde PesquisaRoberto S. Kahlmeyer-Mertens, Mario Fumanga,Claudia Benevento Toffano eFabio Siqueira140 páginasFGV EditoraFone: (21) 2559-4430www.editora.fgv.brMostra como aplicar ametodologia científica àelaboração crítica dedocumentos que dão início àpesquisa acadêmica. Por isso,as noções de metodologia quetraz são voltadas à elaboraçãode projetos tanto para alunosquanto para professores degraduação e pós-graduação.Sua primeira parte é teórica e contém noções deconhecimento científico e asaplica no sentido dosinteresses da universidade. A parte prática traz noçõesinstrumentais, notas sobre alinguagem do texto científico,indicações de vícios delinguagem mais comumenteencontrados eesclarecimentos sobre asnormas para a formatação do trabalho.

Ética para ExecutivosHermano Roberto Thiry-Cherques268 páginasFGV EditoraFone: (21) 2559-4430www.editora.fgv.brO livro nasceu a partir dasdiscussões promovidas noâmbito da Escola deAdministração Pública e deEmpresas da Fundação GetúlioVargas, com baseespecialmente nas disciplinas"Métodos de pensamento", doprofessor Luciano Zajdsznajder,e "Ética nas organizações", doautor dessa publicação. A temática confronta questõesestratégicas, operacionais enegociais de cunho ético.Dentre esses questionamentosestá a responsabilidade daorganização corporativa emrelação à comunidade em quese encontra, a violação dosigilo e o blefe emnegociações. Por considerarinviável responderefetivamente às questões, o autor traz as possibilidadesde respostas pregadas por diversas correntes de pensamento.

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Seminários e conferências

25 a 28/6/2008Cimpar 2008AveiroA Universidade de Aveiro, em Portugal,realizará o 4o Cimpar (CongressoInternacional sobre Patologia eReabilitação de Estruturas) paraapresentar novos conhecimentos,técnicas e tecnologias para osprofissionais do setor. [email protected]

9 a 11/9/2008Construmetal 2008São PauloA terceira edição do Construmetal terá

conferencistas brasileiros e internacionaisque discutirão os principais avançostecnológicos e inovações da construçãometálica. O evento é organizado pelaABCM (Associação Brasileira daConstrução Metálica) com o apoio daAARS (Associação do Aço do Rio Grandedo Sul), do CBCA (Centro Brasileiro daConstrução do Aço), do Ilafa (InstitutoLatinoamericano del Fierro y el Acero) edo Aisc (American Institute of SteelConstruction).Fone: (11) 3816-6597www.construmetal.com.br

22 a 24/10/200880o EnicSão Luís

O Enic (Encontro Nacional daIndústria da Construção) debaterá asperspectivas e os desafios docrescimento do setor nos próximosanos graças às obras do PAC(Programa de Aceleração doCrescimento) e da Copa do Mundo de2014 sediada no Brasil. O eventoatrairá diversos profissionais daconstrução e as inscrições já podemser feitas no site do evento.Fone: (62) 3214-1005www.qeeventos.com.br

2 a 6/12/2008WEC 2008 - World Engineers'ConventionBrasília

AGENDA

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A terceira edição do Congresso Mundialde Engenheiros será realizada pelaprimeira vez no continente americano,com o objetivo de reunir engenheiros eestudantes do mundo todo paradebates, fóruns, palestras, visitastécnicas e atividades culturais. O evento é organizado pelo Confea(Conselho Federal de Engenharia,Arquitetura e Agronomia), pela Febrae(Federação Brasileira de Associação deEngenheiros) e pela WFEO/FMOI(Fédération Internationale desOrganisations d'Ingénieurs).www.wec2008.org.br

Feiras e Exposições19 a 21/8/2008Fenasan 2008São PauloA Feira Nacional de Materiais eEquipamentos para Saneamento chegaà sua 19a edição e reunirá mais umavez profissionais, técnicos,empresários, gestores, pesquisadores,

fabricantes e fornecedores demateriais e serviços para saneamento.O encontro proporcionará a troca deinformações, a demonstração de novosprodutos e tecnologias para o setor. O evento é realizado pela Aesabesp(Associação dos Engenheiros da Sabesp).Fone: (11) [email protected]

19 a 23/8/2008Expo Construção Bahia 2008SalvadorA feira, organizada pela Fagga Eventos epelo Sinduscon-Ba (Sindicato daIndústria da Construção Civil do Estadoda Bahia) apresentará o que há de maismoderno no setor da construção dasregiões Norte e Nordeste e promoveráparalelamente o IV Fórum Nacional deArquitetura e Construção (Fonarc), oFórum Nordeste PAC, Dry Wall & SteelFrame Show, Loja Modelo, VI SeminárioTecnológico da Construção Civil e

Concurso A Ponte.Fone: (71) 3797-0525www.expoconstrucao.com.br

27 a 28/8/2008Concrete Show South América 2008São PauloO evento é dirigido para a indústria deconcreto tanto nacional quantointernacional e possuirá exposições,demonstrações, seminários, workshops epalestras para apresentar novastecnologias, aplicações e forma de uso domaterial na América do Sul. O objetivo éestimular negócios e parcerias entrediversos construtores e distribuidores.Fone: (11) 4689-1935www.concreteshow.com.br

15 a 18/10/2008Expocon 2008CuritibaA exposição reunirá fornecedores daConstrução Civil dos Estados do Paraná eSanta Catarina para apresentar as últimasnovidades de produtos e tecnologias para

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o setor. Já na sua 11a edição, o eventotem como público-alvo lojistas,atacadistas, empreiteiras, construtoras,engenheiros, arquitetos e decoradores.Fone: (41) 3075-1100www.diretriz.com.br

15 a 18/10/2008Saie 2008 – Salão Internacional daIndústria da ConstruçãoBologna, ItáliaHá mais de 40 anos a feira reúneprofissionais da construção para discutirprojetos, materiais, tecnologias esistemas para o setor. Neste ano, a Saieterá espaços dedicados exclusivamentepara os fabricantes de argila, para atecnologia pré-fabricada, para ossistemas da Tecnologia da Informação,para energia e para estruturas e aoscomponentes de [email protected]

25 a 28/11/2008Bauma China 2008ShangaiA maior e mais importante plataformada indústria do mundo vai ser abertapela quarta vez para a visitação deespecialistas em materiais,equipamentos, veículos e máquinas deconstrução. A idéia é que os fabricantespossam mostrar seus produtos,adquirir novos lançamentos eprincipalmente aproveitar aoportunidade de novos negócios.www.bauma-china.com

Cursos e Treinamentos23 e 24/6/2008Alvenaria Estrutural com Blocos de ConcretoPorto AlegreO curso é dividido em dois módulos. Noprimeiro, o engenheiro civil Marcos DanielFriederich dos Santos apresentará aestrutura do sistema, os materiaisnecessários e como gerenciar o projeto. Jáno segundo módulo, será feita uma visitatécnica e uma exposição sobre as últimasmudanças da Construção Civil. O público-alvo são engenheiros, tecnólogos, técnicosem edificações e outros profissionaisligados à prática da construção civil.

Fone: (51) 3021-3440www.sinduscon-rs.com.br

8 e 9/8/2008Especificação de ImpermeabilizaçãoSão PauloO palestrante Ricardo Pirondi Gonçalvezfornecerá uma visão geral da atividadede impermeabilização na ConstruçãoCivil. As aulas serão divididas em trêspartes: importância daimpermeabilização e os danos causadosna construção pela sua ausência oudeficiência, como fazer um projeto idealde impermeabilização e apresentaçãodos sistemas impermeabilizantes.Fone: (11) [email protected]

Por agendamentoIdentificação de Madeiras Usadas naConstrução CivilSão PauloMinistrado pelo pesquisador do IPTGeraldo José Zenid o curso tem comoobjetivo principal ensinar comoescolher o tipo de madeira ideal paraser utilizada na construção civil. Serãoexpostos desde conhecimentos básicossobre madeira até técnicas paraidentificação científica das árvores.Além da teoria, ainda haverá aulaspráticas para reconhecimento dos 15principais tipos de madeiras utilizadasna construção civil.Fone: (11) 3767-4419www.ipt.br

ConcursosInscrições até 29/8/2008Prêmio CBIC de ResponsabilidadeSocialA CBIC (Câmara Brasileira da Indústria daConstrução) e o Fasc (Fórum de AçãoSocial e Cidadania) promovem o prêmioCBIC de Responsabilidade Social com aintenção de reconhecer e estimular odesenvolvimento de ações sociais nosetor da Indústria da Construção Civil edo Mercado Imobiliário. Qualquerempresa ligada ao setor pode participardesde que inscreva projetos sociais doano de 2007 ou anteriores.www.cbic.org.br

A G E N D A

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Steel frame - fundações

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COMO CONSTRUIR

Apartir desta edição, mostraremos,em seis etapas, como construir

uma casa em steel frame. Os artigos,publicados um mês sim outro não,obedecerão à seguinte programação:nesta edição (junho), fundações; agos-to, estruturas; outubro, fechamentos;dezembro, instalações; fevereiro, co-bertura; abril, acabamentos.

O steel frame é um sistema constru-tivo racional constituído de perfis levesde aço galvanizado, que formam pare-des estruturais e não-estruturais depoisde receber os painéis de fechamento.Por ser um processo industrializado deconstrução, permite executar a obracom grande rapidez, a seco e sem des-perdícios. Como se observa na figura 1,esse sistema é formado por painéis quepossuem perfis metálicos (montantes,guias, cantoneiras, chapas e fitas metáli-cas), formando uma espécie de esquele-to que se torna a estrutura da edificação.

Como se vê, uma grande vantagemdo sistema é gerar uma estrutura leve e,conseqüentemente, as fundações po-dem ser, de maneira geral, simples. Porser constituído de painéis, admite-seque a transmissão da ação da estruturaà fundação se dá uniformemente, aolongo de toda sua extensão.

Fundações mais utilizadasAs soluções mais empregadas para

fundações de construções em steelframe são o radier, sapatas corridas evigas baldrame.

Como qualquer fundação, requer

uma boa impermeabilização a fim dese evitarem infiltrações e umidade.

Por ser um sistema autoportante, afundação deve estar perfeitamente nive-lada e em esquadro,permitindo a corre-ta transmissão das ações da estrutura. Osistema steel frame possui pouca malea-bilidade para ajustes na obra e,portanto,não deve sofrer nenhuma interferênciadecorrente de desvios da fundação.Eventuais paredes fora de esquadro de-verão ter as devidas soluções previstas naetapa de concepção do projeto.

RadierO radier é um tipo de fundação

rasa, constituída de uma laje em con-creto armado com cota bem próximada superfície do terreno, na qual todaestrutura se apóia. Geralmente, é di-mensionado com base no modelo deplaca sobre base elástica, seguindo a

hipótese de Winckler. Neste caso, osolo é visto como um meio elásticoformando infinitas molas que agemsob o inferior da placa, gerando umareação proporcional ao deslocamento.

Estruturalmente, o radier pode serliso (como uma laje com espessuraconstante e sem nenhuma viga enrijece-dora) ou formado por lajes com vigas debordas e internas,para aumentar sua ri-

Antonio Wanderley [email protected]

Alexandre Kokke Santiago [email protected]

José [email protected]

Figura 1 – Estrutura em steel frame

parte 1

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C O M O C O N S T R U I R

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Figura 7 – Ponto no local incorreto

gidez. A escolha de um ou outro esque-ma depende da resistência do solo, dascargas atuantes sobre o radier e da inten-sidade e aplicação das ações da estrutu-ra.Na figura 3,temos um exemplo de ra-dier sem vigas enrijecedoras e na figura4, com vigas enrijecedoras.

A experiência e a literatura reco-mendam radier apenas quando asoma das áreas das sapatas é grandeem relação à projeção da edificação.Porém, no caso de edificações resi-denciais, cujas cargas são relativa-mente baixas, a opção pelo radier

para a fundação passa a ser interes-sante, principalmente se houver re-petição, como é o caso de conjuntoshabitacionais com edificações-tipo.Quando bem-executado e nivelado,prescinde de contrapiso, podendo re-ceber diretamente o revestimento.

O radier deve possuir certo desnívelem seu contorno para que o painel fiqueprotegido da umidade. A calçada deveser executada de forma que permita o es-coamento das águas pluviais, recomen-dando-se uma inclinação em torno de5%. A distância do contrapiso ao solo,

conforme recomenda a boa norma,deveser de pelo menos 15 cm, para evitar apenetração de umidade (figura 5).

A execução do radier permitelocar as furações para instalações hi-dráulicas, sanitárias, elétricas e de te-lefonia. Essas locações devem serprecisas em relação às posições e diâ-metro dos furos, para que não ocor-ram transtornos na montagem dospainéis, nas colocações das tubula-ções e dos acessórios e nos serviçossubseqüentes. Os ajustes tornam-semuito difíceis se houver grande desa-linhamento.

Observa-se, na figura 6, que as ins-talações executadas no radier encon-tram-se embutidas no painel.A figura 7mostra a tubulação em local diferentedo previsto, necessitando ajustá-la paraa posição correta dentro do painel.

O radier mostra-se mais competiti-vo quando a edificação possui um sónível e todos os painéis referentes ao pri-meiro pavimento são assentados namesma cota. Considerando-o comouma estrutura de concreto armado,o ra-dier é interessante, pois demanda pou-cas fôrmas, principalmente de madeira,cuja participação no custo da estruturaconvencional pode chegar a 20%.

Se a altura para dimensionamentodo radier demandar que parte delefique enterrado, pode-se utilizar o solocomo fôrma em suas faces, desde quepossua resistência necessária.

Para a execução do radier é neces-sária a limpeza da superfície do terre-no ou até mesmo a retirada de umacamada superficial que pode prejudi-car a transmissão da carga para o ter-reno. Em seguida, deve-se proceder acorreta compactação do solo, para seobter uma boa camada de suporte.

Sapata corrida A sapata corrida é um tipo de fun-

dação rasa contínua que recebe asações dos painéis e as transmite aosolo. Pode-se dizer que é uma viga deconcreto armado de base alargada(aba), para melhor distribuir a açãooriunda do painel (ou parede) aosolo. É construída numa vala sobreum solo cuja resistência é condizentecom a intensidade de carregamento a

Fechamento internoMontante deperfil Ue (enrijecido)

Acabamento do piso

Laje radier

Armadura

agem do painelà fundaçãoAncor

Fechamento externo

Nível do terreno

Isolamento termoacústico

15 c

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Figura 4 – Radier com enrijecimento

Figura 6 – Ponto no local correto

Figura 5 – Detalhe de radier

Figura 3 – Radier sem enrijecimento

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Fonte: Pienge Engenharia

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ela transmitida pela largura da aba dasapata. O solo do fundo da vala deveser apiloado e um lastro de concretomagro geralmente é colocado.

A sapata corrida pode ser classifica-da em rígida ou flexível, dependendodas dimensões das abas. O dimensio-namento da armadura leva em consi-deração essa diferença, devido à varia-ção distinta da tensão normal no solo.Na prática,adota-se geralmente a sapa-ta rígida. A sapata corrida é interessan-te em solos com boa resistência a apro-ximadamente 60 cm da superfície.

O contrapiso pode ser constituídode concreto ou de uma estrutura comperfis galvanizados apoiados na sapata.A configuração da sapata corrida, con-tudo,determina a necessidade de execu-tar o contrapiso de maneira indepen-dente. Nesse caso, pode-se fazer econo-mia caso não haja necessidade de arma-dura, o que já ocorre na adoção do ra-dier. As figuras 8 e 9 mostram a execu-ção do contrapiso junto às fundações.

Viga baldrameA viga baldrame é uma estrutura

que se apóia em blocos de fundaçãogeralmente sobre estacas. Em residên-cias, as estacas são geralmente brocasexecutadas de maneira tradicional. Aopção por viga baldrame, em conjun-to com os blocos de fundação, se dáquando a resistência do solo só é en-contrada em profundidades maiores.

A viga baldrame permanece com acondição de possuir continuidade parao apoio dos painéis (paredes) como noscasos citados anteriormente. Estrutu-ralmente, a viga baldrame pode serconsiderada uma viga, por vezes contí-nua,que se apóia nos blocos com a açãode seu peso próprio e das cargas dospainéis. Pode-se dimensioná-la tam-bém como viga sobre base elástica, ob-tendo-se certa economia na armadura.

Qualquer que seja a opção especi-ficada para a fundação de construçõesem steel frame, deve-se verificar o des-locamento de translação e rotação daestrutura pela ação do vento.

Para que esses efeitos sejam impe-didos, a fixação da estrutura deve serexecutada de maneira que fique coe-rentemente ancorada à fundação.

A translação é uma ação decorren-te de um deslocamento lateral da es-trutura que, supostamente fixa à base,desloca sua parte superior de maneiraexcessiva, além dos limites exigidostécnica e construtivamente.

O tombamento é um deslocamen-to semelhante a uma rotação da estru-tura que, pela ancoragem imperfeita,sob a ação do vento, pode criar a ten-dência de rotacionar a estrutura e des-prendê-la da base.

Para que o conjunto estrutura–fundação interaja de maneira a nãocausar esses deslocamentos, a ancora-gem da estrutura deve ser bem dimen-sionada e executada.

A ancoragem é a maneira constru-tiva que a estrutura deve se prender àfundação e permitir que a transmissãodos esforços impeça qualquer deslo-camento indesejável.

Pode-se fazer a ancoragem quí-mica com uma barra roscada coladaà fundação em orifício executadoapós o concreto da fundação adquirira resistência especificada. A colagemé feita geralmente com resina epoxí-dica, que permite uma ponte de ade-rência entre a barra e a fundação. Aestrutura da edificação, então, é fixa-da à fundação com uma barra ros-queada através de uma peça de açoque se ajusta à guia do montante (umdos perfis verticais do "esqueleto" daestrutura) e aparafusada. O montan-te geralmente é de perfil duplo, con-forme mostra a figura 10.

Outra forma de fixar a estrutura éutilizar uma fita metálica chumbada àfundação, para desenvolver a ancora-gem. Nesse caso, a fita metálica – quenada mais é que uma fita de aço galvani-zada,com dobras para aumentar a capa-

Figura 8 – Sapata corrida em execução Figura 9 – Sapata corrida com contrapiso

Montante perfil Ue

Montante duplo dois perfis Ue

Parafuso parafixação doconector aosmontantesduplos

Conectorde ancoragem

Barra roscada comancoragem química

Guia inferior do painelLaje radier

Figura 10 – Detalhe de ancoragem

Fonte: Manual Steel Framing Arquitetura – CBCA

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cidade aderente – é chumbada à funda-ção para a fixação em conjunto com omontante.O montante geralmente tam-bém é de perfil duplo,como na figura 11.

A ancoragem tipo "J" é executadacom um chumbador (fixado à funda-ção), que se prende por parafuso a umpedaço de perfil e se fixa à guia. Essa,por sua vez, fixa os montantes, confor-me mostra a figura 12.

Outra forma de ancorar a estrutu-ra é utilizar "parabolts". Trata-se deum chumbador de expansão com tor-que radial e uniforme. Perfura-se afundação e fixa-se a guia com "para-bolts" aparafusados.

Todos os tipos de ancoragem re-querem uma guia. Trata-se de um per-fil estrutural na posição horizontal enele são presos os montantes ou cha-mados perfis verticais.

LEIA MAIS

NBR 6122 – Projeto e Execuçãode Fundações.ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas).

NBR 6489 – Prova de CargaDireta Sobre Terreno deFundação. ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas).

NBR 6118 – Projeto de Estruturasde Concreto – Procedimento.ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

NBR 6123 – Forças Devidas aoVento em Edificações.ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas).

NBR 8036 – Programação deSondagens de SimplesReconhecimento dos Solos paraFundações de Edifícios.ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Steel framing: Arquitetura.Arlene Maria Sarmanho Freitas.CBCA (Centro Brasileiro daConstrução em Aço).

Montante perfil Ue

Montante duplo

Guia inferiordo painel

Laje radier

Fita metálica para ancoragem

Extremidade da fitaengastada na fundação

Laje radier

Montante perfil Ue

Guia inferiordo painel

Perfil Ue

Barra roscada tipo “J”

Figuras 11 e 12 – Detalhes de ancoragem

Figura 13 – Pino de fixação provisória

A ancoragem também pode serprovisória, um processo utilizado namontagem da estrutura, onde os pai-néis são fixados com pistola a pólvora,como mostra a figura 13.

Considerações finaisTodos esses sistemas de ancora-

gem são projetados de forma a racio-nalizar a execução e montagem da es-trutura, dentro de critérios rígidos dequalidade. A fundação deve, portanto,adequar-se a esse nível de sofisticação,caso contrário o processo poderá tergargalos. A concepção construtiva deuma edificação em steel frame, talcomo um produto acabado, deve se-guir padrões que, se bem observados,levarão a um nível ótimo a relaçãocusto–benefício, justificando-se comosistema industrializado.

Antonio Wanderley TerniProfessor-doutor do Departamento deEngenharia Civil da Unesp do Campus deGuaratingüetá-SP

Alexandre Kokke Santiago Arquiteto, Mestre em Engenharia Civil,Construção Metálica (UFOP)

José PianheriEngenheiro Civil, consultor, sócio diretorda Pienge Engenharia e Construção Ltda.

Fonte: Manual Steel Framing Arquitetura – CBCA

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