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a revista do engenheiro civil techne téchne 133 abril 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 133 ano 16 abril de 2008 R$ 23,00 Especial Sustentabilidade Projetos sustentáveis Reúso de águas Luminotecnia Fachadas Instalações elétricas Conexpo 2008 ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 3 3 Sustentabilidade O que torna um projeto sustentável? Confira as soluções que estão mudando a construção civil Como aproveitar água de chuva Fachada cortina com paredes duplas Sistema de reúso de águas cinzas e negras Luminotecnia e uso de luz solar capa tech 133_ilustra_d.qxd 7/4/2008 16:13 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

techne

téchne133 abril

2008

www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 133 ano 16 abril de 2008 R$ 23,00

Especial Sustentabilidade■

Projetos sustentáveis■

Reúso de águas■

Luminotecnia

■Fachadas

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■Conexpo 2008

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SustentabilidadeO que torna um projeto sustentável? Confira assoluções que estão mudando a construção civil■ Como aproveitar água de chuva■ Fachada cortina com paredes duplas■ Sistema de reúso de águas cinzas e negras■ Luminotecnia e uso de luz solar

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2 TÉCHNE 133 | ABRIL DE 2008

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver

SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 4Web 8Área Construída 10Índices 14IPT Responde 16Carreira 18Melhores Práticas 20Técnica e Ambiente 30P&T 78Obra Aberta 94Agenda 96

CapaIlustração e layout: Sergio Colotto

ENTREVISTACultura sustentávelArquiteto critica processos da

construção e exageros do marketing sustentável

32 LUMINOTECNIAMenos luz, mais eficiênciaLâmpadas mais eficientes e uso

da luz natural iluminam sem tirar o conforto

44

22

CAPAProjeto sustentávelVeja algumas das obras mais

emblemáticas em soluções de sustentabilidade

38 FACHADASAlto desempenho, baixo

impactoEspecialistas avaliam desempenho

de fachadas cortina, ventiladase outros sistemas

54 REÚSO DE ÁGUASoluções não potáveisQuais os requisitos para

reaproveitamento de águascinzas e negras nas edificações

60 INSTALAÇÕESELÉTRICAS –ESPECIAL 60 ANOS

Segurança em evoluçãoNa linha do tempo, materiais

elétricos ganham emeconomia e segurança

66 CONEXPO 2008Máquinas a caminhoConfira os destaques da indústria

mundial de máquinas que podemdesembarcar no País

72 ARTIGOAvaliação ambiental de edifíciosVeja as diferenças entre as principais

metodologias de avaliação de sustentabilidade

99 COMO CONSTRUIRSistema de aproveitamento de águas

pluviais para usos não potáveisPesquisadores do IPT propõem

instalação simples de captação e usode água de chuva

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EDITORIAL

4 TÉCHNE 133 | ABRIL DE 2008

Asustentabilidade ganha posição de destaque em um raromomento de prosperidade do setor. A coincidência histórica

é interessante, pois a discussão a ser travada pela sociedade éexatamente essa: como aliar crescimento econômico e avançostecnológicos com responsabilidade ambiental. O arquiteto eprofessor Geraldo Gomes Serra, pesquisador do Nutau (Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo daUniversidade de São Paulo), possui uma bela definição desustentabilidade. Para ele, processos relacionados à construção só podem ser sustentáveis "quando podem ser mantidosindefinidamente, quando nada determine o seu fim". A ilustraçãode capa desta edição, que traz o símbolo internacional associado à reciclagem, segue tal linha. Trata-se, no entanto, de um assuntocom muitos aspectos. Um material cujo processo de fabricaçãogera baixa emissão de gases causadores do efeito estufa énecessariamente sustentável? E se a vida útil dele for curta? Todocuidado é pouco, ainda mais em uma seara que tem sido alvoconstante de ações irresponsáveis de marketing. Ualfrido del Carlo,entrevistado desta edição, teve passagem pelo instituto depesquisas francês CSTB (Centre Scientifique et Technique duBâtiment) em 1961 e, desde então, pesquisa o assunto. Para ele, asustentabilidade deve ser vista também a partir de aspectos sociaise não apenas tecnológicos. Critica a construção baseada em baixossalários, a chamada "insustentabilidade humana" e o pouco ouquase nenhum esforço em prol da industrialização das obras.Nesta edição você poderá conferir alguns projetos premiados,principalmente internacionais, compreender as dificuldades queenvolvem o projeto de fachadas, e conhecer o funcionamento desistemas de reúso de águas cinzas e negras.Vale a pena tambémconferir o artigo dos pesquisadores do IPT para desatar a miríadede certificações ambientais para edificações. No próximo dia 19 deagosto, levaremos a discussão das páginas da revista para umevento em São Paulo intitulado "Empreendimentos ImobiliáriosSustentáveis – Viabilidade, Projeto e Execução".

Paulo Kiss

A insustentabilidade humana

VEJA EM CONSTRUÇÃO MERCADO

VEJA EM AU

� Entrevista:Sergio Tepperman

� Cobertura da Revestir� Pini 60 anos: revestimentos

cerâmicos

� Retrofit para moradia� Incorporadoras de

capital aberto� Entrevista com o

presidente do PDG Realty

� Laje nervurada� Escoramento metálico� Tipos de cimento� Como calcular tinta

VEJA EM EQUIPE DE OBRA

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6 TÉCHNE 133 | ABRIL DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa; Leonardo Kaneshiro (trainee)

IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina Ferreira

ÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Andréia Cristina da Silva Barros CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira Ferreira

SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio PiniPPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade, Jane Elias e José Luiz Machado

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: Eduardo Yamashita, Bárbara Salomoni Monteiro, Danilo Alegre e Ricardo CoelhoMMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Vitor Rodrigues VVEENNDDAASS:: José Carlos Perez

RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra

CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

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ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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8 TÉCHNE 133 | ABRIL DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaço dedicado ao debate técnico e qualificado dos principais temas da engenharia. Confira os temas em andamento.

O desabamento do metrô foi uma fatalidade?Uma pedra desse tamanhodificilmente não seria detectada,mesmo que os furos de sondagemestivessem bem espaçados. O querealmente houve foi umapressamento das escavações. O motivo principal, a meu ver, foi um erro crasso de execução, faltou "bate-choco". A má execução, ou não-execução dessa atividade, pode ocasionar o que é chamado de "chaminé". Vai se criando um vazio por sobre a falha, até que ocorre o rompimento. Paulo Adriano Niel Freire [29/03/2008]

Essa enquete em nada contribui coma Engenharia Nacional. O assuntoestá sendo estudado por institutos e profissionais competentes, nãocabem opiniões que não estejamfundamentadas em dados técnicos. Milton Gattaz [29/03/2008]

Você acha correto assediarprofissionais empregados emoutras empresas?Toda empresa tem o direito debuscar melhores profissionais paraseus quadros. Cabe a cada empresa a valorização dos seus empregados, por meio de salário adequado,benefícios, reconhecimento,autonomia, boas condições detrabalho, desafios profissionais e possibilidade de crescimento. Fábio Santos e Silva [21/03/2008]

Veja mais imagens de obras que se destacaram por seus diferenciais desustentabilidade. Tais edificações empregaram todas as tecnologias disponíveis para diminuir os impactos ao meio ambiente e à saúde humana.

Arquitetura verde

Conheça os 14 requisitos para acertificação do novo selo desustentabilidade Aqua (Alta QualidadeAmbiental), desenvolvido pela FundaçãoVanzolini, Poli-USP (Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo) e CSTB(Centre Scientifique et Technique du Bâtiment).

Selo brasileiro

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Confira mais fotos dos equipamentosapresentados na Conexpo-CON/AGG 2008,realizada em Las Vegas. Visitantes sesurpreenderam com as soluçõesmultifuncionais das máquinas, sobretudo asamericanas que se adequariam mais àconstrução civil brasileira.

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ÁREA CONSTRUÍDA

Para baixar o custo das sondagensgeotécnicas e orientar a escolha dafundação de casas populares,pesquisadores desenvolveramensaios alternativos de avaliação dosolo. Foram desenvolvidos no ProjetoMoradia, financiado pelo ProgramaHabitare, três métodos de ensaio: otrado, que permite identificar deforma tátil-visual a amostra de solocoletada; o cone dinâmico leve(DPL), que pesa pouco e pode serexecutado por apenas dois operários;e o teste expedito de expansão e decolapso, uma versão simplificada dostestes convencionais. Mais baratosque os ensaios convencionais, osnovos métodos prometem reduzirainda mais os custos de produçãodas casas populares. Estimando umamoradia de interesse social entre R$ 10 e R$ 24 mil, por exemplo, oemprego da técnica SPT (StandardPenetration Test) pode alcançar até20% do custo da obra.

Ensaio alternativo de solo reduz custo de casas populares

O viaduto Santa Ifigênia, inauguradohá quase um século no Centro de SãoPaulo, vai receber um novo sistema deiluminação com tecnologia LED (emportuguês, luz de emissão de diodo).Serão iluminados, em estilo Art Nou-veau, o entorno dos arcos e a bordainferior do gradil. O processo decompra de material e contratação demão-de-obra já foi iniciado, a obratem previsão de entrega para o fim dejunho. O investimento será de R$ 400

Viaduto será iluminado com LEDs em São Paulo

mil.Além do viaduto Santa Ifigênia, oIlume (Departamento de IluminaçãoPública) pretende iluminar comLEDs outros monumentos e edifíciosna região central da Cidade. A inten-ção é dar destaque aos prédios histó-ricos. O consumo de energia é 85%menor em relação a projetores con-vencionais e o sistema tem duraçãode 15 anos. A expectativa do Ilume éque o retorno do investimento ocorraem um ano e meio.

Abece lança serviço de verificação de projetossivamente por seus membros. A en-tidade também poderá funcionarcomo mediadora de conflitos emcasos polêmicos nos quais os proje-tos já tenham sido desenvolvidos. Aprimeira fase será limitada para queos primeiros trabalhos possam ser-

vir de base para o aperfeiçoamentodo processo. A Abece justifica aprudência afirmando que, apesarde o produto ser uma fonte de re-cursos para a entidade, pode tam-bém lhe gerar passivos, caso nãoseja bem desenvolvido.

A entidade, que congrega escritó-rios de engenharia estrutural, lan-çou o serviço chamado PVA (Proje-to Verificado Abece) no início desteano em caráter experimental. A as-sociação objetiva ser solicitada aemitir os certificados única e exclu-

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Arquiteto formado pela FAU-USP(Faculdade de Arquitetura e Urbanis-mo da Universidade de São Paulo),desde 1961 é professor titular da Uni-versidade e pesquisador do Nutau(Núcleo de Pesquisa em Tecnologia daArquitetura e Urbanismo da Universi-dade de São Paulo). Seu foco é a tecno-logia da arquitetura e urbanismo,principalmente a partir do desenvolvi-mento urbano, urbanização, cidade,habitação e metodologia de pesquisa.Para o meio da construção civil, o temasustentabilidade ainda é permeado porconceitos pouco nítidos.Não são clarasas responsabilidades dos construtores edos profissionais de projeto, pois osimpactos de uma obra sobre o meioambiente envolvem desde a forma deprodução dos insumos até a eficiênciaenergética do edifício. Para esclareceralguns dos conceitos mais básicos dasustentabilidade aplicada à construção,o pesquisador do Nutau, professor Ge-raldo Gomes Serra, foi entrevistadopela Téchne. Confira o que pensa o ar-quiteto e quais os principais dilemas domercado sobre o tema.

O mercado sabe o que ésustentabilidade em edificações?A julgar por reações que tenho vistoem reuniões que o Nutau promove,existe bastante confusão. Com fre-qüência aparece alguém dizendo quenão se sabe o que é sustentabilidade,que há definições diferentes. Trata-sede um ambiente acadêmico, e quemfaz essas colocações não é do mercado,mas acadêmicos que deveriam estarbem informados. Por isso, acreditoque o conceito é um pouco difuso.

Sustentabilidade, por Geraldo Gomes Serra

Quais as definições correntes?A primeira, presente na maior partedos manuais, afirma que um processoé sustentável quando emprega apenasrecursos renováveis. Ou, ao empregarrecursos não-renováveis, o faz emritmo tal que permite o desenvolvi-mento de sucedâneos.A segunda defi-nição, da comissão Brundtland, dizque processos são sustentáveis quan-do as futuras gerações podem conti-nuar a desfrutar deles da mesma ma-neira como desfrutamos hoje.As duasdizem que um processo é sustentávelquando pode ser mantido indefinida-mente, quando não há nada que de-termine o seu fim.

A sustentabilidade está ligada àindustrialização?A construção com métodos sustentá-veis é uma questão de racionalidade.Mais eficiência, menor custo, raciona-lidade no uso de recursos e bom de-sempenho do ponto de vista térmico eacústico,por exemplo,contribui para asustentabilidade. Quanto mais sofisti-cada for a construção do ponto de vistatecnológico, será mais sustentável porlevar em consideração esses aspectos.

É necessário desenvolver novosmateriais?A pesquisa nessa área é prioritária. Háum componente que é a nossa even-tual contribuição para as mudançasclimáticas. Sabemos que a quantidadede gases de efeito estufa está aumen-tando e que nossa contribuição é mui-to grande.A construção civil gera mui-tos gases, pois é uma grande consumi-dora de petróleo.

Sempre em busca de materiaisplenamente renováveis?Enfatizo outro aspecto da questão, queenvolve a durabilidade e a reciclagem.O edifício que pode ser reciclado é feitopara durar séculos, incluindo a organi-zação do espaço pelo arquiteto.Quantomais flexível,mais contribui para a reci-clagem. Aí aparece a tríade: reciclagem,durabilidade e flexibilidade. Ao olhar-mos para a construção civil, cujo pro-duto é supostamente durável, conside-ramos a questão da durabilidade paranão ficarmos fanaticamente presos àdefinição original da sustentabilidade.

Por ser a maior geradora de resíduos,qual o papel da construção?Temos alguns caminhos a escolher.Umé reciclar. No entanto, quase todas aspesquisas que tentaram transformarentulho em material de construção denovo concluíram que o processo émuito caro. E, se é caro, não é sustentá-vel. Ainda assim, é possível usar blocos,do concreto de demolição para base devias públicas, principalmente urbanas,com resultados muito bons. Mas, aoanalisar os entulhos atuais, verificamosuma grande quantidade de embala-gens, materiais que não posso utilizarna base da rua. Então há o problema daseparação. E se lixo é confusão, desor-dem, a coleta seletiva propõe parar deproduzir lixo.A sustentabilidade consi-dera cada um desses aspectos da aglo-meração, da construção, do edifício, daoperação, da produção de materiais.

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Segundo o arquiteto, mercado não tem a percepção correta desse conceito

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Á R E A C O N S T R U Í D A

O Grêmio de Porto Alegre escolheu nofinal de março o projeto de construçãode seu novo estádio. O consórcio TBZ-OAS, que venceu a concorrência contraa proposta da Construtora NorbertoOdebrecht, terá até junho para apresen-tar o contrato de construção do novoestádio ao Conselho Deliberativo doclube.A arena será construída no bairrode Humaitá, na zona Norte da capitalgaúcha, e terá 50 mil lugares, distribuí-dos em três anéis. O custo de constru-ção estimado é de R$ 270 milhões, a

Grêmio apresenta projeto de seu novo estádio

A UnB (Universidade de Brasília)economizou mais de R$ 4 milhõesem sua conta de água nos últimosdois anos. O valor médio das faturasmensais caiu de R$ 345,6 mil, em2005, para cerca de R$ 242 mil em2007. O investimento da UnB noperíodo foi de pouco menos de R$ 100 mil. Desse total, R$ 27,2 milforam usados na instalação dehidrômetros individualizados; R$ 21,3 mil em bolsas para alunosde graduação que participaram de pesquisas; e R$ 50 mil emmateriais para reparos econstrução de novos ramais deabastecimento. Antes daintervenção, apenas hidrômetrosmediam o consumo de água nocampus. Com a hidrometraçãoindividualizada, foi possívelverificar que o consumo principal é feito pelos prédios acadêmicos,seguidos pelos administrativos. A descentralização e o aumento do número de ramais de água queabastecem o campus resolveram o problema de pressão do sistema:a variação nos níveis era muitogrande e isso ocasionava problemascomo desperdício de água em algunspontos e falta de água em outros.A construção dos novos ramais foirealizada com o uso de furadoressubterrâneos, dispensando ainterrupção do fluxo de carros nasvias dentro da universidade. Depoisda realização do trabalho, a rede foidevolvida à Caesb (Companhia deSaneamento Ambiental do DistritoFederal), que agora é a responsávelpor sua manutenção.

Com intervenções,UnB economiza 30%em conta de água

Brasil adapta selo francês para edifícios sustentáveisfases: programação dos empreendi-mentos, elaboração dos projetos e exe-cução da obra. Com a experiência, oBrasil integrará um grupo de trabalhointernacional que busca desenvolverum sistema comum de certificaçãopara construções sustentáveis. O acor-do que cria a GEA (Global Environ-mental Alliance for Construction) deveser assinado dia 28 de abril, em Paris, ereunirá também França, Inglaterra,Alemanha, Itália, Holanda, Líbano, Ar-gentina e Chile. A idéia é que cada paísparta dessa base de conhecimentos eadapte os selos às realidades locais.

O Brasil tem um novo selo para a certi-ficação de edifícios "verdes". Desenvol-vido pela Fundação Vanzolini, pela Es-cola Politécnica da USP (Universidadede São Paulo) e pelo CSTB (CentreScientifique et Technique du Bâti-ment),o Aqua – sigla de Alta QualidadeAmbiental – baseou-se no selo francêsHQE (Haute Qualité Environnemen-tale). Em sua primeira fase, será aplica-do a edifícios comerciais e escolares.Estão sendo elaboradas, entretanto,novas certificações Aqua para constru-ções hoteleiras e residenciais. O em-preendimento será certificado em três

serem bancados pelo próprio consór-cio, sem a participação do Grêmio. Oprazo de construção será de dois anosno regime turn key. O complexo conta-rá ainda com um shopping center com295 mil m²,uma área de escritórios com214 mil m², um hotel, um centro deconvenções, alojamento e um estacio-namento com 66 mil m². O consórcioterá direito a 35% do lucro gerado peloempreendimento por um prazo de 20anos.A receita anual estimada da Arenaé de R$ 56 milhões anuais.

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O escritório de arquitetura DanteDella Manna passa a contar com umprofissional acreditado pelo GreenBuilding Council dos Estados unidospara elaborar e certificar empreendi-mentos sustentáveis com o selo Leed(Leadership in Energy and Environ-mental Design). O novo Leed-AP (Ac-credited Professional) é o arquitetoAntonio Mantovani Neto, que falou àTéchne sobre sua certificação.

Numa linguagem simples e objetiva,o que significa ter, em um escritóriode projetos de arquitetura, umProfissional Acreditado Leed (Leed AP)?Significa que o escritório tem em suaequipe alguém que sabe elaborar umprojeto sustentável, conhece o roteirode desenvolvimento com base nasexigências do Leed. Atualmente, exis-tem cerca de 20 Leed-APs no Brasil,

Escritório de arquitetura tem certificador Leeddistribuídos entre empresas de certi-ficação e algumas construtoras. Masem um escritório de arquitetura, nóssomos pioneiros.

O que mudará nos serviços prestados?Mesmo que o cliente não exija, todosos projetos sairão com conceitos desustentabilidade incorporados, e sema necessidade de acompanhamentode um terceiro profissional, consul-tor. Dessa forma, a certificação Leedpoderá ser aplicada não apenas emgrandes empreendimentos, mas tam-bém em pequenas obras, de 400 m²,por exemplo. Nós sempre procurare-mos especificar carpetes, mobiliário,materiais que atendam às exigênciasdo Leed. Isso passará a ser uma carac-terística inata do projeto. Além disso,estou apto a certificar empreendi-mentos externos ao escritório com oselo Leed.

Como é o processo? Quecompetências são avaliadas?Estudei durante três meses para reali-zar a prova elaborada pelo GreenBuilding Council norte-americano.Além dos detalhes dos requisitos doLeed, a prova exige, também, conheci-mento de conceitos básicos de susten-tabilidade, construído ao longo dosanos na carreira.

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Antonio Mantovani Neto, arquiteto

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ÍNDICESCPII se mantémestávelMas barra de aço CA-50 puxa índice pelosegundo mês consecutivo

Oíndice global do IPCE (ÍndicePINI de Custos de Edificações) re-

gistrou alta de 0,07% em março, per-centual inferior à inflação de 0,74%apresentada pelo IGP-M (Índice Geralde Preços do Mercado) da FundaçãoGetúlio Vargas.

Pelo segundo mês consecutivo oaço influencia o valor do índice. Abarra de aço CA-50, que em fevereirojá apresentava alta de 1,74%, apresen-tou inflação de 2,09% em março. Oproduto, que custava R$ 3,11/kg emfevereiro, subiu para R$ 3,17/kg nomês passado.

Insumos como tubo soldável decobre classe E (Ø = 22 mm) e lavató-rio de louça de embutir inflaciona-ram o índice cerca de 1,63% e 1,82%respectivamente.

O preço do Cimento Portland CPIIsaco 50 kg se manteve estável emmarço, não influenciando no valor dobloco de concreto de vedação.

A chapa compensada resinada(largura 1,10/comprimento 2,20/es-pessura = 12 mm) e a manta butílica(espessura = 0,80 mm) mantiveramseus preços estáveis.

Segundo o índice global, cons-truir em São Paulo está em média5,29% mais caro nos últimos 12meses. No entanto, o valor é inferiorao índice de 9,10% do IGP-M sobre omesmo período.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaMMaarr//0077 111100..228899,,8877 5533..009999,,1111 5577..119900,,7766abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71MMaarr//0088 111166..112211,,8800 5555..660044,,0099 6600..551177,,7711Variações % referente ao último mêsmês 0,07 0,15 0,00acumulado no ano 0,34 0,70 0,00acumulado em 12 meses 5,29 4,72 5,82Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para o email [email protected] RESPONDE

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recursos são corriqueiramente adota-das em sociedades mais evoluídas, co-mo a norte-americana,japonesa,nórdi-ca e outras. A madeira poderá ainda serutilizada como estrutura interna de pa-redes ou tetos (wood frame), sendoprotegida no caso por materiais commaior resistência ao fogo (placas ci-mentícias, painéis de gesso etc.). Não sepode afirmar que existam lobbies, masé flagrante em nosso meio a disputa econtrapropaganda entre os materiaissucedâneos como o cimento, o gesso, acerâmica e outros.Ercio Thomaz

Cetac/IPT (Centro Tecnológico do Ambiente Construído)

Casa de madeira

Construção metálica

de projeto, compreendendo casas tér-reas e sobrados, edifícios de médioporte e edificações altas (acima de 20pavimentos, por exemplo). Há necessi-dade de se considerar, ainda, os custosdiferenciados dos materiais, de mão-de-obra, dos tributos, do "custo Brasil"e outros. Há, ainda, fatores culturaisque influem decisivamente na escolha

pelo melhor material da construção.Ospreços dos materiais, como de resto,são ainda muito influenciados pela de-manda. O preço do aço, por exemplo,depende muito da demanda chinesa.Odo cimento pode variar de R$ 12/sacoantes do PAC (Programa de Aceleraçãodo Crescimento) para R$ 20/saco de-pois do PAC. Em geral, costumo dizerque "se o construtor está utilizando, éporque o sistema é economicamenteviável". A velocidade de construçãopode,sem dúvida,antecipar a operaçãodo edifício e as receitas dela resultantes,justificando a escolha por um sistemacom investimento/preço de construçãomelhor que outros.Ercio Thomaz

Cetac/IPT (Centro Tecnológico do Ambiente Construído)

Comparando-se uma mesma área útil,construções metálicas residenciaisseriam muito mais caras do queconstruções de concreto e alvenaria?Estruturas reticuladas simples, metálicas,e divisórias com painéis cimentícios elajes steel deck não compensariam, emtempo, o custo proporcional maior comtrabalhadores, materiais que precisamser preparados etc.? Uma casa metálicapode ser competitiva? Paulo Kerr

Porto Alegre

Quando se fala em custo de construção,há que se diferenciar, em princípio, in-vestimentos iniciais, custos de opera-ção e de manutenção. Há que se consi-derar também as diferentes tipologias

Por que a legislação de São Paulo, porexemplo, não permite a construção decasas pré-moldadas de madeira emáreas urbanas? Essa lei poderá serrevista? Existiria um lobby contra aaprovação desse tipo de construção?João Liure Naves

São Paulo

A restrição deve-se ao risco de incêndioe foi introduzida na lei há mais de meioséculo, numa época em que não haviarecursos como aditivos antichama,ma-teriais retardantes de incêndio, pintu-ras intumescentes e outros. Constru-ções em madeira utilizando-se desses

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CARREIRA

Trabalho é o que não tem faltadopara o engenheiro hidráulico Kokei

Uehara nos últimos meses.Além das en-trevistas de seleção de alunos intercam-bistas da USP (Universidade de SãoPaulo), Uehara precisa reservar espaçona agenda para suas funções de presi-dente da Sociedade Brasileira de CulturaJaponesa e da Associação dos 100 Anosda Imigração Japonesa. Sem contar asdiversas homenagens que vem receben-do por sua contribuição à Engenhariabrasileira. O engenheiro nasceu noJapão em 1927, mas partiu para o Brasilaos oito anos de idade.Apesar de não terchegado em 1908 no Kasato-Maru, pri-meiro navio de imigrantes japoneses aaportar no País, ele é hoje um dos sím-bolos do Centenário da Imigração.

Ainda jovem Uehara teve de reveros planos que fazia para o futuro quan-do expôs a seu irmão, Kozo, seu desejode ir à capital para estudar Medicina.Ele tinha acabado de completar o cole-gial em Olímpia,interior de São Paulo,eainda trabalhava com a família na la-voura. Kozo, que se opunha à idéia doirmão,justificou sua posição afirmandoque o Brasil já havia passado por umaprimeira etapa de desenvolvimento, emque precisava de advogados para cons-truir seu alicerce jurídico, e por uma se-gunda, em que necessitava de médicospara cuidar da saúde da população. Naépoca, o País entrava em uma terceirafase, de desenvolvimento de sua indús-tria e de sua infra-estrutura, e precisavade engenheiros para realizá-la. Kokeimantinha-se irredutível, queria ser mé-

Kokei UeharaSímbolo do centenário da imigração japonesa, o engenheiroparticipou das obras das principais barragens brasileiras

PERFIL

Nome: Kokei UeharaIdade: 80 anosGraduação: Engenharia Civil pelaEscola Politécnica da USP, em 1953Especialização: Doutorado emHidrologia pela USP, em 1964Onde trabalhou: professor da EscolaPolitécnica da USP, engenheiro naComissão Interestadual da BaciaParaná-Uruguai, representantebrasileiro na Unesco (Organização dasNações Unidas para a Educação, aCiência e a Cultura), engenheiro econselheiro no DAEE (Departamentode Águas e Energia Elétrica), fundadorda Fatec (Faculdade de Tecnologia doEstado de São Paulo), entre outros.

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dico.Só foi demovido de suas intençõescom um vigoroso ultimato do irmão:"ou faz engenharia, ou continua na la-voura". Em 1949 ele começou o cursode Engenharia na Escola Politécnica.Apenas anos mais tarde descobriu averdadeira preocupação do irmão, quetemia pelo futuro profissional de Kokei."Eles acreditavam que, na Engenharia,seria mais fácil ganhar a vida", explica.

No terceiro ano do curso, surgiramdiversas oportunidades de estágio, nasquais o engenheiro vislumbrava opor-tunidades de conseguir uma remunera-ção que aliviasse as remessas mensais dedinheiro enviadas pela família.Escreveuaos irmãos para contar a novidade. Atéhoje se lembra da primeira linha dacarta enviada por Kozo.Dizia algo como"se sua faculdade permite que você façaestágio, ela não presta. Se for fazer está-gio, é melhor voltar para Olímpia".Kokei obedeceu. No ano seguinte, foium dos dois escolhidos, dentre 40 can-didatos, para se tornar aluno-assistentedo laboratório de hidráulica recém-criado na Escola Politécnica. Apesar dointeresse em se especializar em mecâni-ca dos solos, aproveitou a oportunidadee deu ali os primeiros passos na carreirade sucesso que construiria na área de hi-dráulica. Foi um dos pioneiros a traba-lhar com modelos reduzidos para estu-dos de barragem.

Depois que se graduou, continuoutrabalhando no laboratório e, um anoe meio mais, ganhou uma bolsa de es-tudos para complementar sua forma-ção em Paris. "Foi o primeiro 'para-

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Obras marcantes das quaisparticipou: Usina Hidrelétrica deItaipu, Viaduto sobre rio em PuertoPailas, na Bolívia e barragem emOlímpia (SP), que foi batizada comseu nome 41 anos depois de construída

Obra significativa da engenhariabrasileira: Usina Hidrelétrica de Itaipu

Realização profissional: comoprofessor, formar discípulos que sedestacaram na política, na engenhariae nas artes; como engenheiro,participar de obras marcantes edesafiadoras, como Itaipu

Mestres: Ciro Alves, Paulo deMenezes Mendes da Rocha, LucasNogueira Garcez

Por que escolheu ser engenheiro:por conselho de meu irmão, Kozo, queme convenceu a desistir da Medicina

Perspectivas para seu campo deatuação: com a perspectiva cada vez

Dez questões para Kokei Ueharamaior de escassez de água no futuro,o papel da engenharia hidráulica serámuito importante

Conselho ao jovemprofissional: não ser apenasengenheiro, mas adquirir culturageral, interessar-se por Filosofia,Artes, História e ser um cidadão domundo, dotado de valores éticos e morais corretos

Principal avanço tecnológicorecente: o desenvolvimento dosmeios de comunicação que, além de permitir conhecer melhor asdemandas de pessoas de regiõescada vez mais distantes, possibilitatambém a divulgação dasconseqüências – boas ou ruins – de uma obra

Indicação de livro: são muitos, não consigo eleger apenas um

Um mal da engenharia: uso datécnica apenas para fins materiais,acúmulo de capital, e valorizar poucosua função ética e moral

A partir de 1965, até o final da dé-cada de 1970, representou o Brasil noDecênio Hidrológico Internacional,programa da Unesco que procuravafazer um levantamento detalhado daquantidade de água disponível do pla-neta. "Em rios, lagos, oceanos, lençóisfreáticos e em forma de vapor", assina-la. Sua experiência lhe confere legiti-midade para opinar, por exemplo,sobre a relação entre barragens e meioambiente. Ele sabe que será criticado,mas defende a construção de barra-gens, sobretudo próximas a regiõessecas e densamente povoadas. "É umaforma de acumular água para abaste-cer grandes áreas", justifica. Para ele, ocusto–benefício de se alagar umagrande área em benefício da popula-ção do entorno é inquestionável. "Oscríticos se baseiam muito no achis-mo", afirma. Da mesma forma, defen-de o atual projeto de transposição dorio São Francisco que, segundo ele, al-cança as pequenas propriedades no in-terior dos Estados da Paraíba, RioGrande do Norte e Ceará.

Apesar de ser professor da EscolaPolitécnica da USP oficialmentedesde 1958, Kokei mostra-se feliz emser reconhecido como funcionáriopela universidade desde 1954, quan-do ainda trabalhava no laboratóriosem ser remunerado. Aposentado hádez anos, Kokei continua dando aulasgratuitamente na pós-graduação daPoli e colabora com a Comissão deCooperação Internacional da USP.Em sua carreira acadêmica, tambémajudou a fundar a Fatec. Sobre a bio-grafia do engenheiro, estão disponí-veis dois livros: “Domador de Rios”,de Aldo Pereira, e “Kokei Uehara: Re-flexões sobre a Engenharia e a Educa-ção”, organizado pelo historiadorShozo Motoyama.

Renato Faria

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béns' que recebi de minha família.Meu irmão admirava a capital france-sa", revela. Fez um curso de Mecânicados Fluidos na Sorbonne e de Hidráu-lica Geral na École Nationale de Pontset Chaussées, além de estagiar em umlaboratório de Hidráulica. As expe-riências culturais, que o engenheirovalorizava desde a adolescência, foramvividas com mais intensidade emParis.Voltou depois de um ano e meiopara continuar trabalhando no labo-ratório. Para complementar o salário,

trabalhava à tarde na Comissão Inte-restadual da Bacia do Paraná-Uruguai. Sob orientação de Paulo deMenezes Mendes da Rocha, fez os pri-meiros cálculos do estudo preliminarda barragem de Itaipu. Seu orgulho deter participado do projeto é tanto queo engenheiro guarda, até hoje, a réguade cálculo usada em seu trabalho. Aolongo da carreira, participou ainda daconstrução de outras grandes barra-gens, como as de Barra Bonita, IlhaSolteira e Três Irmãos.

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MELHORES PRÁTICAS

TerraplenagemCom muitas etapas de laboratório, serviços de terraplenagem demandamatenção ao solo. Ensaios durante o processo evitam distorções com o projeto

Cada tipo de solo e deequipamento conta com umafaixa de umidade apropriada. Seestiver seco demais, deve serumedecido. Caso contrário,exposto ao sol para secagem.

Seleção do solo EquipamentosSão escolhidos em função do serviço aexecutar e do solo selecionado.O tamanho da área também éfundamental para definir se oequipamento será manual ou de grandeporte. O tipo de compactação dependedo tipo de solo. Em geral, para solosarenosos utiliza-se vibração e, para solosargilosos, o sistema de amassamento porpeso do rolo compressor é o maisindicado.É importante atentar para as faixasgranulométricas e as porcentagens deareia, silte e argila.

O material local deve ser analisado para adefinição de suas propriedades físicas egeológicas, tais como dureza,granulometria, umidade, plasticidade, alémde classificação quanto ao tipo: argilas,siltes, areias ou combinações. Para tanto,deve ser adotada a classificação MCT* quefoi desenvolvida no Brasil e considera ascaracterísticas dos solos tropicais.

Preparação do solo

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Após esse processo, é importantehomogeneizar o material a seraplicado para terraplenagem. Emlocais com variações climáticasacentuadas, essa etapa podeapresentar complicações.

* A classificação MCT (Mini-Compacto-Tropical)

determina as características do solo a partir de ensaios

com corpos-de-prova compactadores e com

dimensões reduzidas

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Colaboração: engenheiros Leônidas Alvarez Neto, diretor presidente da JBA Engenharia e Consultoria, e Jesus Abad Tolosana,da Terram Engenharia de Infra-estrutura

Memória técnica

Compactação ControletecnológicoUma equipe de controle tecnológico devecoletar amostras para garantir que o soloapresente as características mínimas desuporte exigidas pelo projetista. O controledeve ser de caráter preventivo, buscandocalibrar em laboratório os parâmetros decompactação. Essas diretrizes definem odesvio de umidade e o grau decompactação. É importante observar queos serviços devem ser controlados numamesma jornada de trabalho, pois o ensaiode um dia não vale para o outro.

Ao atingir a chamada umidade ótima,inicia-se a compactação da camadaespalhada. A energia a ser aplicada édefinida pelo peso do compressor,quantidade de passadas, velocidade deoperação, espessura da camada de solosolta, se vibratória ou estática e pelasuperfície do equipamento. Deve-serespeitar o grau de compactação

especificado em projeto e a inclinaçãodos taludes deve ser definidaconforme as características domaterial. Quando não há informaçõessuficientes sobre o solo, geralmenteadota-se o convencional 1:1 em cortee 1:1,5 em aterro, sendo,respectivamente, referentes aos eixosvertical e horizontal.

Para seguir o exemplo europeu, em que acompactação de determinados tipos desolo baseia-se em tabelas de referência, éimportante criar registros do processo decompactação. Deve-se atentar para oregistro da classificação do solo, seleção,

coleta, transporte, lançamento,homogeneização e tipo decompactação. Os resultados obtidospodem ser aplicados em obras futuras,contribuindo para um permanenteaperfeiçoamento tecnológico.

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ENTREVISTA

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UALFRIDO DEL CARLO

Graduado em 1963 pela Universidadede São Paulo, passou dois anos noCSTB (Centre Scientifique etTechnique du Bâtiment), na França,como técnico de nível superior. Atuouna implantação de laboratórios deanálise de conforto ambiental no IPT(Instituto de Pesquisas Tecnológicasdo Estado de São Paulo), onde foiChefe de Agrupamento. Desde 1994pesquisa e atua na área desustentabilidade das edificações esustentabilidade na arquitetura eurbanismo, sob enfoque dodesempenho. Hoje, testa em suaprópria casa algumas das soluçõesque defende. Ao receber a reportagem de Téch-

ne em sua casa, um laboratórioprático de soluções sustentáveis, o en-genheiro Ualfrido Del Carlo iniciou aconversa pontuando que a engenha-ria moderna é obrigada a trabalharcom três variáveis que foram histori-camente ignoradas: responsabilidadeambiental, responsabilidade social esustentabilidade. Conseqüentemente,a evolução do raciocínio leva a extra-polar o tripé, formado por matéria,processo e forma, que sustenta a ativi-dade da Engenharia. É fundamental ànova engenharia, segundo explica,considerar a quarta variável, o signifi-cado. Para tanto, deve questionar pro-cessos, padrões e imposições culturaisem busca da função e da simplificaçãodas soluções. Trata-se, afinal, de apro-ximar a engenharia das reais necessi-dades humanas, principalmente por-

que a construção civil é protagonistano cenário de poluição ambiental. "Asorganizações humanas precisam pas-sar por uma mudança fundamentalpara se adaptarem ao novo ambienteempresarial e tornarem-se sustentá-veis", resume. Logo, a noção de sus-tentabilidade envolve conceitos maisamplos, que integram homem, meioambiente e edificações. Assim, alémde contar com projetos concebidos apartir de novos conceitos, a engenha-ria sustentável tem alternativas aosprocessos convencionais tambémpara preservar o homem, mecanizan-do processos. Apesar de haver um pa-norama mundial favorável, Ualfridoacredita que a construção civil será oúltimo setor a adotar uma nova pos-tura, pois nem mesmo o meio acadê-mico compreende alguns dos concei-tos fundamentais à engenharia.

Cultura sustentável

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Evolução da engenharia construtiva e dos projetos demandaquestionamento de processos e padrões estabelecidos

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Quais questões devem serrespondidas para que um produto ouprocesso possa ser classificadocomo sustentável?A engenharia sustentável procura res-ponder se as matérias-primas vêm demineração e processos que respeitam omeio ambiente e as relações sociais; seos processos industriais são de baixoimpacto ambiental e social; se os pro-dutos garantirão ao usuário facilidadede uso com baixo impacto ambiental esocial durante toda a vida útil; e se, aofim da vida útil, será possível reciclarcom lixo zero.

Com base nisso, a engenharia temque se recriar?Com o preço de energia e água aumen-tando, tem que pensar em economizar.Por exemplo, a cada 5 kg de cobre sãogerados, na mina, 955 kg de sucata con-taminada com metal pesado,que afeta olençol freático. É preciso também aten-tar para lesões nos operários e popula-ções vizinhas à mina. Para ser sustentá-vel,tem que saber se não há crianças tra-

balhando na mina de onde vem o car-vão para sua churrasqueira.Há projetosde arquitetura que têm conceitos desustentabilidade muito interessantes,mas que não respondem a tudo isso.

É responsabilidade da empresaconstrutora responder a essas perguntas?

Deveria ser, mas a própria socieda-de, por desconhecimento, se sujeitaa comprar coisas totalmente foradas regras de produção. O consumi-dor pode ser alertado para mudarde postura ao sentir a necessidadeda sobrevivência.

Sustentabilidade e custo demanutenção e operação serelacionam de alguma forma?Tem uma palavra antes, que é durabi-lidade. Depois, a qualidade tem queser alta e a manutenção barata e fácilde fazer, com linguagem universalpara adaptar novos produtos. Temque considerar durabilidade, opera-ção e manutenção.

É possível avaliar a sustentabilidadede um edifício a partir dos custos deoperação e manutenção?Nenhum edifício atingiu ainda a sus-tentabilidade, mas podem ser avalia-dos pela economia de água, uso deágua de chuva, uso de materiais demenor impacto, facilidade de recicla-

“O salário de quemtrabalhou paraconstruir o edifício não condiz com a mão-de-obra e há esforçosinúteis decorrentes danão-mecanização dosistema.Não atendem ao primeiro ponto, que é a sustentabilidadehumana”

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É preciso cuidado, porque a sustenta-bilidade passa por variáveis das quaisos engenheiros não gostam.

Como, por exemplo,desenvolvimento humano.A reciclagem de 90% das latinhas dealumínio é anti-sustentável porqueconta com uma mão-de-obra que secontenta em ganhar R$ 100 por mêsgarimpando latinha. Temos de ques-tionar à custa de quê avançamos emcertos aspectos de sustentabilidade.Isso é engenharia humana. Se o saláriomínimo fosse de R$ 25 por meio-diade trabalho, queria ver se os construto-res usariam mão-de-obra pra carregarsaco de cimento.

Seria imperativo sistematizarprocessos?Teriam de usar equipamentos paraproduzir em dois dias o que se produzem cinco. Atualmente as instalaçõessão feitas quebrando parede para pas-sar cano, depois o fio e os componen-tes para, ainda, errar os fios na caixa.Alguém prova para mim que não éassim? Tem que ser com chicote parainstalar rápido e pagar R$ 4 mil pormês ao operário, que vai fazer 20apartamentos por dia. Não existe edi-fício sustentável porque tem explora-ção humana no sistema, que é basea-do num custo baixo de construção.

Para pagar mais ao operário énecessário aumentar a produtividade?Se o operário ganhar bem, tem que sis-tematizar ou não dá para pagar. É in-justo pagar R$ 500 por mês para umoperário empilhar tijolinho o dia intei-ro. É porque tem escravo, ou então sómilionário poderia fazer casa assim.Europa e Japão, que estão em outrafase de industrialização, trabalhamcom painéis parafusados.

Então a construção industrializada émais sustentável?Não necessariamente, mas tende a serpor restringir os problemas à indús-tria, onde são minimizadas perdas demateriais.No entanto,se o processo foro mesmo, com fôrmas mal-feitas eoperários malpagos, dá na mesma.

creto ou rotatória e plantar grama paraajudar a segurar água. É mais barato doque asfalto e resolve o problema, pois énecessário diminuir em apenas 10% acarga sobre o sistema de drenagem.

Se não há compreensão sobre osconceitos de sustentabilidade, entãoos edifícios intitulados sustentáveisnão seriam aprovados numaavaliação rígida?Nenhum passa nem pelo primeirocrivo. Primeiro porque não temos tec-nologia.Depois porque,apesar de algu-mas restrições, esquece-se de outras.Por exemplo, o salário de quem traba-lhou para construir o edifício é aviltantee escravatício, não condiz com a mão-de-obra e há esforços inúteis decorren-tes da não-mecanização do processo.Mesmo com bombas de concreto e ou-tros equipamentos, ainda vemos muitooperário carregando fôrma de umandar para o outro pela fachada. Nãoatendem ao primeiro ponto,que é a sus-tentabilidade humana.

A noção de sustentabilidade temque ser ampliada.Um edifício tem sistema para coleta deágua de chuva, mas não trata. O outrotrata, mas não se preocupa com ener-gia. A segurança contra incêndio é umdesastre no Brasil. Os prédios são maismodernos, mais econômicos, têm ele-vadores inteligentes e tudo, mas faltauma porção de coisas. E começa namina. Se algum trabalhador foi explo-rado em algum lugar, já não funciona.Uma coisa depende da outra. Mesmoque se preocupe com água, pagou umsalário ridículo. Isso quando registrou.

gem, em como ajuda o usuário a fazerreciclagem e manutenção.

Então a sustentabilidade tambémdepende da capacidade de se adaptar?De ser flexível, de usar materiais fáceisde reciclar e reutilizar, de fácil manu-tenção e que utilizam todas as fontesdisponíveis e renováveis. Ainda étênue, mas é o caminho.

Podemos dizer que a flexibilidade de ambientes aumenta a vida útil dos edifícios?A flexibilidade de ambientes é um mito.O Centro Pompidou, na França, tododesmontável, é modificado raramenteporque dá um trabalho danado mexernas paredes.É difícil alguém mudar pravaler, e fazer tudo móvel para um diacolocar uma porta é antieconômico.Flexibilidade é importante para edifí-cios de laboratório, hospitais, indús-trias, onde as técnicas mudam muito.Em apartamento ninguém mexe de-pois que está pronto. Não vale a penaser flexível,pois é mais barato o homemmudar do que mudar a parede.

É uma necessidade criada pelas construtoras?É mais barato e fácil fazer coisas que pa-recem flexíveis. Mas essa flexibilidadetoda não vai ser usada. O homem é tra-dicional e não quer mudar muito.

A engenharia sabe o que é sustentabilidade?Tem projetos um pouco melhores,bus-cando certificação Leed [Leadership inEnergy Environmental Design], mas aengenharia brasileira não consegue en-tender alguns conceitos. Em uma con-ferência sobre a construção de pisci-nões em São Paulo eu disse que nãoprecisavam ser construídos desde quealgumas ruas fossem despavimentadas.

Como assim?Ao despavimentar as ruas de um bairroresidencial,colocando manta drenante,cascalho e areia, tudo passa a drenar enão precisa construir piscinão ne-nhum.Claro que isso não pode ser feitoem grandes avenidas, mas poderia setirar o pavimento de toda ilha de con-

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“Não existe edifíciosustentável porquetem exploraçãohumana no sistema,que é baseado num custo baixo de construção”

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Como não é o normal, a industrializa-ção leva à sustentabilidade e à diminui-ção do esforço humano.

Pensar no processo produtivo dosmateriais é parte do projeto?Tem que criar um repertório dos ma-teriais e seus impactos, além de consi-derar o tipo de usuário e suas necessi-dades. Os melhores materiais, quedevem ser preferidos do ponto devista ambiental, são aqueles vivos,como é o caso da madeira, e os à basede óleos naturais ou água.A madeira éum grande material, mas só usamospara telhado, com dimensões exage-radas. Pisos de linóleo, que vêm da li-nhaça, são espetaculares, durammuito e são totalmente recicláveis.

E com relação a materiais que nãosão naturais?Há os que exigem muita energia, masque são fáceis de reciclar, como alumí-nio, aço e vidro. Também há materiaisque, embora fáceis de reciclar, têmproblemas ambientais, como o plásti-

co. Os complexos, como o concreto,são complicados de se reutilizar.

Qual o problema com o concreto?É espetacular, mas é um problema.Em uma caixa de madeira ou açocoloca-se areia, retirada de um rio,pedras, que acabaram com umamontanha, além de uma estrutura deaço e água. Isso tudo nunca vai voltara ser o que era. É importante enten-der que não é sustentável, embora di-minua o impacto ambiental, usar oentulho de concreto para fazer pisode estrada ou qualquer coisa.

Tem que voltar a ser o que era antes?Como o caos é mais barato que a orga-nização, é seis vezes mais caro reciclardo que jogar no lixo comum. A enge-nharia do futuro tem que se propor acrescer sem aumentar o consumo dematerial nem jogar nada fora. Nãoadianta picar pneu para usar em con-creto. Tem que picar para fazer pneu.Senão não é sustentável, embora am-bientalmente mais correto.

E é possível minimizar os efeitosdesse ciclo?Claro, usando materiais naturais emvez de sintéticos, materiais inorgâni-cos e de fácil reciclagem, como vidro,que dura muito, alumínio, ferro. Mastem que tratar direito, proteger. E, aoreciclar, tomar cuidado pra aproveitarcompletamente. Sustentabilidade éum processo contínuo de aprendiza-do das novas tecnologias, sempre coma quarta variável, o significado.

Qual a importância do significado?Não se pode impor uma norma porque

“Não é sustentável,embora diminua oimpacto ambiental,usar o entulho deconcreto para fazerpiso de estrada”

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“A construção é omais retrógrado dossetores. Existe tantasimbologia embutida,que será o últimosetor a padronizar as operações”

não será obedecida. É como usar EPI[equipamento de proteção individual].É questão de ensino, de significado,simbologia e cultura.

Que materiais a construção deveriacondenar?Não condenar, mas usar de forma dife-rente, na quantidade certa para obter ainércia necessária.Tem alguns materiais,como o PVC, que liberam fosgênio du-rante a queima.É o gás usado na primei-ra guerra para matar pessoas. Produtosquímicos voláteis e alguns preservantestambém devem ser evitados, como os àbase de arsênico.Tintas à base de chum-bo podem estar causando morte lá naorigem. Têm cimenteiras sem os filtrosnecessários matando operários e a po-pulação do entorno com silicose.Algunsamiantos exigem mais cuidados.

Nesse contexto, qual a importânciados selos de certificação ambientalpara produtos?Selos são importantes, mas tem quese tomar cuidado e ter controle daqualidade. Não pode ser um certifica-do que vale para a amostra, mas simpara o sistema de produção. No en-tanto, o baixo volume de produçãono Brasil não justifica fazer ensaiotoda hora, o que dificulta a manuten-ção do controle da qualidade.

De que maneira um selo podeauxiliar na manutenção docontrole da qualidade?No Brasil, um selo de 1970 vale atéhoje. A França introduziu um selo queavalia o edifício a partir do processoevolutivo, em que as exigências au-mentam com o passar dos anos. En-tão, não é garantido que vai manter acertificação daqui cinco anos. Impõe anecessidade da inovação e do aprendi-zado no tempo, preparando para a ge-ração futura de edifícios, que eu nãosei se nossas construtoras vão fazer. Oselo tem que evoluir com a tecnologiaou o fabricante não quer que as nor-mas mudem para não perder o selo.

E qual a importância do volume deprodução?Para manter fiscais que entendem do

processo e ganham bem. Não estamospreparados e não temos cursos dessascoisas. Não existe esse profissional,assim como não há engenheiro am-biental. Tem cursos de pós-graduação,mas muito rudimentares. Sem escala,não há cursos para formar engenheirosque avaliem projetos, alguém que sabeanalisar,a partir da norma,do certifica-do e que seja aberto a inovações. Umengenheiro da prefeitura aprende ládentro a avaliar,o que é um desastre doponto de vista da sustentabilidade.

Os fabricantes têm materiaiseficientes?Alguns produzem até sem saber que sãoeficientes. Não há engenheiro de ma-deira no Brasil, alguém capaz de dizercomo uma tora deve ser desdobradapara obter o máximo de rendimento. Oproduto é nobre, de baixo impacto am-biental, mas foi tirado da floresta semmuito critério. Aqui, talvez porque omercado seja pequeno,ainda falta algo.

Os fabricantes deveriam terum sistema de coleta dos sacos de cimento entregues à obra,por exemplo?Deveriam cobrar uma taxa por saconão devolvido. Com pilha é igual. Aodevolver, recebe de volta. Se não de-volver, arca com o prejuízo. O sistematem que ser mais agressivo.

E jogar a responsabilidade para oconsumidor?Não, no bolso dele.

Os projetistas brasileiros têmcapacidade de desenvolverprojetos sustentáveis?

Estamos mais atrasados que os ou-tros, mas acho que ninguém noMundo tem. Há escritórios fazendoesforços para se atualizar, mas as esco-las não ensinam. Na Escola Politécni-ca da Universidade de São Paulo háuma disciplina optativa de sustenta-bilidade, por onde passam 30 alunosde 600. E todas as engenharias têmproblemas de sustentabilidade.

O senhor afirmou, anteriormente ementrevista à Téchne, que osprofissionais fogem de análises devariáveis conflitantes. De quêdecorre essa fuga?Primeiro porque vêm de uma socieda-de perdulária. Ao entrar na faculdadeo aluno ganhou um carro sem nuncater discutido a necessidade do carro.Na faculdade, ninguém ensina pra eleque um sistema sustentável faz emmeia-hora o que os outros fazem emcinco. Tem aula de desenho, matemá-tica, física, conforto, mas jamais sus-tentabilidade. Essa palavra não existe.

E quanto às imposições de mercadobaseadas em padrões culturais?O primeiro grande problema é fazercom que as pessoas pensem em vivermais simples, destruindo menos omeio ambiente. É difícil porque é umasociedade de consumo exigindo mu-danças violentas de comportamento.

Quando essa consciência chegará àconstrução civil?A construção é o mais retrógrado dossetores e foi o último a buscar o TotalQuality Control, a ISO 9000. Existetanta simbologia embutida na casa, nolugar de trabalho, na altura do prédio,que será o último a padronizar as ope-rações, seja no Brasil ou no Japão. Émuito mais fácil criar um sistema dereciclagem de automóveis, como fez aMercedes,que recicla 90% do carro,doque de edifícios.

Isso devido à cultura?É uma mistura de cultura com padrõesmuito estabelecidos. O Japão precisoude uma grande crise, também imobiliá-ria,para mudar.A nossa crise vai chegar,resta saber quando, pois estamos ven-

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dendo apartamento a torto e direito semescolher muito bem os credores. E eco-nomia é o próprio sistema insustentável.

As coberturas das nossasconstruções ainda são um desastre?Existe tecnologia, mas os telhadosvazam no Brasil. Um dos grandesproblemas é a falta de manutenção. Ofuturo está nas coberturas verdes, comjardins, menos agressivas ao ambientepor aumentar a inércia e melhorar aisolação térmica. Com menos sol, osmateriais duram mais. Mesmo assim,tem que ser fácil de renovar a imper-meabilização a cada dez anos.

Nossos projetos de cobertura sãomalconcebidos?As vigas geralmente têm um tamanhoabsurdo, com duas vezes mais madeirado que o necessário. E as tesouras noBrasil têm caibro no meio, o que não sefaz. Tem que ser um "W" para descar-regar fora do meio e dar menor mo-mento, diminuindo o vão e exigindomenos madeira.

Quais os principais problemas dasnossas fachadas?Não existe face ruim, existe projetoruim. Temos que usá-las ativamente,para aproveitamento de energia, e nãoapenas como proteção passiva. Pode-mos colocar painéis solares na faceoeste, que tem muita radiação e sofrecom problemas de aquecimento.

Deveríamos explorar melhor aincidência do sol?Sem dúvida. Meu filho está refor-mando seu apartamento e o projeto,de 20 anos, diz que a laje do terraçotem que ter cor de cimento. Ele pin-tou de branco para diminuir a quan-tidade de lâmpadas e tomou umabronca do condomínio. No entanto,se fechar com vidro pode pintar, oque só pode ser brincadeira, já que éface oeste e, ao fechar, vai criar umefeito estufa. Não há modernizaçãoda mentalidade coletiva. Existem re-gras sociais que fazem todos andaremjuntos, como gado, e serem incapazesde pensar.

Qual deve ser a relação da cobertura eda fachada com o meio? Aumentar ainércia térmica, com paredes verdes,por exemplo, é o mais adequado?Certamente, mas que seja efetiva-mente verde, plantada, para sombrearo prédio. Há dois mil anos os árabesfazem paredes externas espessas para,com o frio da noite, a parede esfriar enão dar tempo de o calor do dia passar.E no meio havia um chafariz pra au-mentar a umidade interna. O homemjá fez todas as experiências, é só copiare aplicar a tecnologia que temos hoje.Podemos usar inércia do solo.

Algum projeto atual adota soluçãosemelhante?A sede da prefeitura de Fukuoka, noJapão, projetada pelo arquiteto EmilioAmbasz, é um exemplo que ganhouum concurso internacional. Uma dasfachadas é uma praça, verde, com vá-rios patamares, janelas e queda d'água.Do outro, é um prédio semelhante aosdemais. Outra coisa, adotada em paí-ses muito secos e que seria interessante

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para o Nordeste, por exemplo, são eva-poradores para refrigerar casas.

É possível equacionar incidênciasolar sem gerar calor no ambiente?Ao fechar um ambiente, a tendência éaumentar a temperatura. Com venti-lação e evitando a entrada de muitocalor e aglomerações, pode deixar atemperatura muito próxima à exter-na. É possível administrar, por exem-plo, fazendo com que o prédio tenhamassas significativas e necessárias àinércia. Ao usar divisórias leves, a ten-dência é que a temperatura oscile deacordo com a externa.

O conforto ambiental pode seralcançado em qualquer projeto ou é exclusividade de obra cara e complexa?Pode ser alcançado sempre. É possívelfazer paredes de terra socada com 40cm de espessura, garantida por 500anos desde que protegida da água.Depende 90% de projeto, 10% deequipamento. Efeito estufa é o que

mais acontece em edificações, princi-palmente nesses prédios com facha-das de vidro, o famoso pano de vidro.É um negócio perigoso.

Essa alternativa deveria ser banida?Pode ser melhorada, porque ou medefendo ou aproveito a energia do sol.Percebe a diferença? No exterior, pai-néis solares nas fachadas geram ener-gia ou aquecem água ao mesmotempo em que são janelas. Existem vi-dros modernos,que mudam de cor ousão espelhados para diminuir o con-sumo de energia, embora exista o pro-blema do reflexo.

No meio acadêmico é mais fácildifundir soluções alternativas emfavor da sustentabilidade?Já mandei projetos para a Fapesp(Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado de São Paulo) que foram rejei-tados por não terem utilidade. Quisfazer avaliação ambiental de toda aUSP (Universidade de São Paulo) epropus fazer coberturas verdes em

todos os prédios. Com um milhão demetros quadrados, iria gerar 70% daenergia e 100% da água que a Univer-sidade precisa. Alegaram que a pes-quisa é prematura. Mas se a idéia nãofor prematura, não é pesquisa. Apro-veitamento é outro departamento,outra fase.

Por ter trabalhado no CSTB francês,diria que no exterior é diferente?Morei dois anos na Europa e todas asidéias de pesquisa que tive viraramrealidade. Aqui, nem o laboratório dedesempenho que quis montar no IPTchegou ao fim.No mundo desenvolvi-do, manter as coisas iguais é a morte.No Brasil, mexer é perigoso.

Então falta muito investimento empesquisa?Vêem as propostas como estranhasporque não têm gente para avaliar.Quem avalia não sabe da quarta variá-vel,o significado.Ser sustentável é ques-tionar o significado em todas as ações.

Bruno Loturco

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TÉCNICA E AMBIENTE

Osegundo edifício bioclimático daPlataforma Solar de Almería,

inaugurado na Espanha, deve econo-mizar até 90% da energia necessáriapara o funcionamento de um edifícioconvencional de mesmo porte. Aconstrução, de cerca de 1.000 m² úteis,abriga escritórios e laboratórios e é umdos nove protótipos a serem produzi-dos em um projeto de desenvolvimen-to de arquitetura bioclimática lideradopelo Ciemat (Centro de PesquisasEnergéticas, Ambientais e Tecnológi-cas), órgão ligado à Universidade deAlmería, e pelo Ministério da Educa-ção espanhol.

A estrutura foi erguida em uma re-gião de clima mediterrâneo seco, quasedesértico, com o desafio de prover aosocupantes o máximo conforto térmicoutilizando o mínimo de energia elétri-ca convencional – não mais do que20% do total consumido pela edifica-ção. Para atingir seus objetivos, a equi-pe multidisciplinar de pesquisadores –composta por arquitetos, engenheirose físicos – lançou mão de estratégiastécnicas passivas e ativas no desenvol-vimento do projeto do edifício.

Esteticamente, a construção nãoapresenta ousadias: seu desenho écomposto basicamente por linhasretas, horizontais e verticais, e todosos ambientes que a compõem sãocontíguos, ao nível do solo. Pilares,vigas e lajes foram confeccionados emconcreto armado simples, moldado“in loco”, e o fechamento, em alvena-ria de tijolos. Externamente, foram

Frio solarEdifício construído em região quase desértica conta com arrefrigerado produzido a partir de radiação solar. Protótipo pretendeoferecer conforto térmico com pouca energia elétrica

aplicados revestimento monocapabranco e mármore de Macael. Deacordo com os pesquisadores do Cie-mat, esses sistemas atribuem grandeinércia térmica ao edifício, propor-cionando maior isolamento aos am-bientes internos.

As soluções arquitetônicas visa-ram à eficiência energética da cons-trução. O edifício tem sua maior ex-tensão na direção leste-oeste paraaproveitar melhor a iluminação natu-ral. Na fachada sul, uma marquise ga-rante o sombreamento (e resfriamen-to) nos meses de verão; no inverno,permite a incidência direta dos raiossolares através das janelas para aque-cer o interior das salas. Placas fotovol-

taicas instaladas na marquise garan-tem a geração de parte da energia queserá consumida pelo edifício.

Na cobertura, uma estrutura deduplo pergolado sustenta os painéisde captação solar. As sombras proje-tadas pelas placas na laje contribuempara a redução da temperatura super-ficial e, conseqüentemente, nos am-bientes. Caixilhos na cobertura tor-nam possível a iluminação zenital docorredor central do edifício. Nas tem-poradas de calor, podem ser abertospara promover a ventilação interna;no frio, permanecem fechados paraevitar a dissipação do calor.

Além das placas fotovoltaicas, aconstrução também possui painéis so-

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Repleto de painéis fotovoltaicos e coletores de água, edifício deve produzir quasetoda a energia necessária para seu pleno funcionamento

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lares para aquecimento de água. Aosair dos coletores, a água quente temdupla função. Na mais "convencio-nal", abastece as instalações sanitáriase de calefação por pisos radiantes. Suaoutra função, por mais improvável

que pareça, é manter em funciona-mento os equipamentos de ar-condi-cionado. Conhecida como refrigera-ção solar,a tecnologia consiste no usoda energia térmica da água quentepara a ativação da bomba de absor-

ção que irá refrigerar o ar do sistema.Com esse tipo de refrigeração, há acoincidência dos picos de demanda eprodução de ar frio no ambiente.As tu-bulações que conduzem o ar até as uni-dades de tratamento são enterradas eisoladas, dificultando trocas de calorcom o ambiente. Assim, o ar chegamais frio aos equipamentos, possibili-tando maior economia de energia.

Todos os sistemas estão conecta-dos a uma central de automação. Até2010, ano previsto para a conclusãodo projeto, serão feitas as medições deconsumo energético e de índices deconforto ambiental em condiçõesreais de uso do edifício. Somente apósa obtenção desses dados a hipóteseinicial de sensível economia de ener-gia por meio da arquitetura bioclimá-tica poderá ser confirmada.

Renato Faria

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LUMINOTECNIA

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Dentre os quesitos básicos de certifi-cação em sustentabilidade de edi-

ficações,a luminotecnia é fator relevan-te ao prever economia de eletricidade,seja por uso consciente do menor nú-mero de pontos de iluminação artifi-cial, ou mesmo pela redução da potên-cia nos sistemas de ar-condicionado.

O conceito de conservação de ener-gia deve ser compreendido antes da con-cepção de um projeto luminotécnico."Conservar energia significa melhorar amaneira de utilizá-la sem abrir mão doconforto;é diminuir consumo,reduzin-do custos e impactos ambientais, semperder eficiência e qualidade dos produ-tos," define o projetista luminotécnicoDavis Paro,da Scene Iluminação.

Segundo arquitetos, a viabilizaçãodo projeto sustentável em luminotec-nia pode reduzir os custos de opera-ção e manutenção de edifícios em até60%. Se a sustentabilidade fizer partedo negócio desde sua idealização, oscustos totais da obra terão um acrésci-mo médio de 10%. No caso de adap-tações aos projetos em obras que jáestão em andamento, os custospodem chegar a 20% do orçamentoinicial para o empreendimento.

A eficiência da luminotecnia tam-bém está relacionada à melhor viabili-dade técnica de operação e manuten-ção. "Sistemas eficientes geram menorcarga térmica com número menor depontos de luz instalados, o que resultaem conta energética mais barata; poroutro lado, podem-se adiar os custosde manutenção e troca de equipamen-tos com o aumento do seu ciclo de vida

Menos luz, mais eficiênciaMaior aproveitamento de luz natural reduz consumo energético e aumenta o conforto ambiental

útil, pelo uso controlado," afirma aconsultora luminotécnica Neide Senzi.

Para que tudo isso seja possível épreciso, contudo, que o projetista deiluminação acompanhe o projetodesde o início. "Ele deve estar presentejá no ato da aprovação dos projetosexecutivos, e não só participar da in-serção de luz artificial, como geral-mente ocorre", defende Davis Paro."Instalações elétricas, infra-automa-ção para iluminação, ar-condiciona-do, forros; são diversas as etapas aserem pensadas em conjunto com a

luminotecnia e que vão limitar oupossibilitar uma maior eficiência sus-tentável do edifício," completa.

Luz do solGuinter Parschalk, do Grupo de

Trabalho "Sustentabilidade", da AsBEA(Associação Brasileira dos Escritóriosde Arquitetura), relembra que a arqui-tetura tem que ser concebida para apro-veitar a luz natural levando também emconsideração seus malefícios, como osraios infravermelhos, que geram calordentro do ambiente. A idéia é, assim,

No escritório da Citroën do Brasil, projetado pela Hochheimer Imperatori Arquitetura,aberturas na cobertura somam-se à reformulação dos "sheeds" e possibilitam, além dautilização de luz natural, a criação de uma paisagem interna

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aproveitar o máximo possível de luz na-tural,dentro da função que o espaço vaiassumir, para que se possa, em segundoplano,equacioná-la ao uso do ar-condi-cionado e da iluminação artificial."Tudo depende do clima da região e daprópria implantação do edifício; se vaiser possível abrir janelas e deixar que aventilação cumpra, pelos menos par-cialmente, a função do ar-condiciona-do", afirma Parschalk.

O arquiteto George Frug Hoch-heimer concorda com o fato de que aluz natural deve ser a primeira a entrarnos espaços: "Criamos um conjuntode ações que visam reter raios solaresou direcioná-los da forma mais inte-ressante, para que somente a luz entre,e não o calor,com o uso de brises, tiposespeciais de caixilhos e vidros compersianas externas brancas, refletivas".

A opinião do arquiteto RobertoAflalo é de que o tratamento das fa-chadas deve acontecer antes do proje-to luminotécnico. "Para aproveita-mento máximo da luz natural, a fa-chada pode ser até dinâmica, adap-tando-se aos diferentes horários dodia, em cada situação", diz.

Resolvida a questão de como osol vai bater na janela, é precisomedir a quantidade de luz necessárianos ambientes, de acordo com suasrespectivas funções, para a aplicaçãoda luz artificial.

Na ponta do lápisO projeto luminotécnico leva em

consideração fatores que realizamequilíbrio entre luz e consumo de

energia. E nesse quesito, a climatiza-ção do ambiente tem tanta importân-cia quanto a luminotecnia. "A cada3,5 W de luz reduzidos no consumoelétrico, fica economizado 1 W no usodo ar-condicionado, o que totalizauma economia operacional de 4,5 W,"calcula Yoon Kim, vice-presidente deiluminação da Phillips/Brasil.

Para isso, podem ser adaptadas di-ferentes lâmpadas de acordo com olugar, com a função específica do am-biente e com a hora de uso certa dodia. A eficiência "se atinge com o usode lâmpadas de menor wattagem emaior fluxo luminoso, ou seja, maiorluminosidade,com menor emissão decalor", afirma a consultora Neide

Senzi. Assim, uma lâmpada com efi-ciência de 15 lúmen/W é de baixa efi-ciência e gera mais calor do que outra,de eficiência de 85 lúmen/W.

Uma série de fontes de luz, hoje,é mais vantajosa que as tradicionaisincandescentes e halógenas: pode-seusar as fluorescentes, de vapores me-tálicos e os LEDs (diodos emissoresde luz). Para Davis Paro, os LEDs sãoos primeiros parceiros na implanta-ção de um projeto luminotécnicosustentável. As microlâmpadas de al-tíssima eficiência energética são ca-pazes de gerar luz com pouquíssimadissipação de calor e podem ser fa-cilmente dimerizadas. "O aumentoda potência dos LEDs e a melhoria

Iluminação naturalQuinhentos lux é a iluminância paraplanos de trabalho sugerida pelanorma NBR 5413 (iluminância deinteriores), necessária a tarefas demédia precisão. Neide oferece aindaalguns exemplos: "Para oficinas demontagem, 300 lux/m², enquanto namontagem de instrumentos sãonecessários 500 lux/m²; emmontagens precisas chegam a serexigidos 1.500 lux/m², e nosescritórios o necessário é 500 lux/m²".

Existem regiões em que a luz naturalchega a níveis de 150.000 lux. Já emambientes internos, para que não sejadesconfortável, a iluminância nuncadeve ser superior a 1.000 lux."Percebemos, por esses números, quenecessitamos de uma pequena fraçãoda luz natural em ambientes internospara nossa percepção visual narealização de tarefas, que exige, emmédia, 500 lux", explica a consultoraluminotécnica Neide Senzi.

O projeto dessa residência mescla iluminação natural com vários circuitoselétricos que permitem a criação de usos diversos e consumo de eletricidadeem cada situação. Alternando-se a utilização das fontes de luz, formam-setambém novos cenários

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da sua qualidade de emissão lumi-nosa os coloca como substitutos daslâmpadas fluorescentes compactas,que já aposentaram as incandescen-tes," afirma.

Davis Paro ressalta o desenvolvi-mento do LED com luz polarizada nosEstados Unidos. "Há ainda gente queacha que LED não ilumina; o polariza-do, em vez de espalhar luz em todas asdireções,é altamente focalizado,abrin-do caminho para sua utilização inclu-sive em telas LCD para TVs de alta de-finição, monitores, câmeras digitais etelefones celulares," exemplifica.

Normas No mercado existem divergências

quanto à normalização. A opinião dealguns especialistas é de que a normaimpede a liberdade de criação ao esta-belecer parâmetros fixos. Para Guin-ter Parschalk, "o ato de 'ver' dependemuito mais da qualidade do que daquantidade da luz", opina.

O pesquisador do IPT (Institutode Pesquisas Tecnológicas do Estadode São Paulo) Fulvio Vittorino, contu-do, relembra que a NBR 5413 (ilumi-

nância de interiores) não impede queo projeto seja mais ou menos sustentá-vel. "A norma permite que se faça umaescolha coerente", diz. "Você podecombinar iluminação geral mais bai-xa, para que se circule com conforto esegurança, somada a uma luz pontual,complementar, para a execução dedada tarefa. A norma técnica não ex-clui idéias inteligentes", completa.

Fulvio explica que o conceito danorma, trazida do exterior para aABNT, é o de nível de iluminaçãopara cada atividade: "Num corredor,por exemplo, pode ser bem baixa, oque gera economia; mesas de reuniãode 10 m de comprimento necessitamde uma boa iluminação; em uma salaonde trabalham projetistas, umponto adicional pode ser ligado e des-

LÂMPADAS E VIDA ÚTILTipos Durabilidade CaracterísticasIncandescentes 10 mil horas Luz a partir de um filamento incandescente de tungstênio; baixo custo,

baixa eficiência (12 lúmen/W) e alto consumo.Fluorescentes 7,5 mil horas Gás ionizado emite radiação ultravioleta que incide sobre a camada fluorescente da superfície

interna dos tubos de vidro; luz fria, porém mais eficiente (70 lúmen/W). Mais caras. Halógenas 2 mil horas Ótima reprodução de cores. Consomem até 40% menos que as incandescentes e são

compactas, muito usadas em decoração e vitrines. Funcionam em tensão de rede oubaixa tensão, em processo similar às incandescentes, com adição de gás halógeno.

Dicróicas 3 mil horas Evolução das halógenas, têm um refletor que concentra o facho luminoso. Vapor 24 mil horas Como as fluorescentes, é uma lâmpada de reação (luz branca, fria). Emite de mercúrio cerca de 55 lúmen/W e é utilizada tradicionalmente na iluminação pública.De sódio, 24 mil horas É de reação e atinge cerca de 130 lúmen/W. É a mais econômica. Por ser baixa pressão robusta e barata, vem sendo muito empregada na iluminação pública.Mista 6 mil horas Combina incandescente com um tubo de descarga de alta pressão. Emite 25 lúmen/W. Fluorescentes 10 mil horas Fluorescentes com tubo em "U", simples, duplo ou triplo, ou ainda na forma compactas circular; têm reator incorporado à rosca. Mais caras, consomem cinco vezes

menos que as incandescentes.Multivapores Entre 8,5 Têm grande fluxo luminoso e alta eficiência – muita luz (cores relativamente frias)metálicos e 15 mil horas e pouco calor (90 lúmen/W). LED (Light 100 mil horas Diodo semicondutor que, energizado (eletroluminescência), emite luz monocromática,Emitting Diode) dependendo do material do componente – vermelho, amarelo, verde, outros. Alto

rendimento, durabilidade e potência de 10 MW a 150 MW; podem substituir lâmpadas, se o custo compensar.

Fontes: Copel e Osram

Projeto prioriza o aproveitamento máximo da iluminação natural

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ligado quando necessário, sendo a luzambiente, mais baixa, suficiente parauso comum".

Guinter prefere levar em conside-ração não só o tipo de atividade a serexecutada: "Tudo influencia, até a cordas paredes: se forem pretas, em umambiente de escritório, a luz será deuma intensidade; se forem brancas,refletivas, a luz artificial deverá seroutra, menos intensa; até o branco dafolha de papel, em um ambiente escu-ro, aumenta o contraste entre o am-biente e o foco do olho, o que podegerar desconforto", pondera. O desig-ner aponta, assim, um estudo minu-cioso do uso da luz, sua composiçãocom o ambiente decorado e as especi-ficações da norma técnica.

"Por sistema de somatória de pon-tos, a norma dá uma faixa entre umvalor mínimo e outro máximo, emfunção da precisão com que se há deexecutar a tarefa", interpreta Fulvio.

Mesmo a norma norte-americanade eficiência energética, que até há

pouco mais de dez anos impunha quese instalassem sistemas de controle au-tomatizado para iluminação artificial,precisou ser alterada, porque se perce-beu que ainda era inviável, devido aosaltos custos; hoje, seu uso é só uma su-gestão. "Não tem por que modificar-mos a norma brasileira agora",avalia opesquisador. "Não há atualmente umapesquisa que oriente essas mudanças."

ComportamentoSegundo Guinter, vários países

estão pleiteando a proibição de lâm-padas incandescentes e halógenas,pelo uso das fluorescentes compactas."A luz amarela, entretanto, é a consi-derada mais aconchegante, historica-mente, pois está relacionada à luz damanhã, ou do pôr-do-sol, períodosdo dia de menor produtividade", des-taca. Por outro lado, a luz branca émenos confortável, principalmente sefor alta sua parcela de cor azul. "Re-mete às horas de alta produção, gran-de incidência de luz, e por isso não

combina muito com ambientes dedescanso, como o residencial."

A luz branca de baixa intensidadeproduz efeitos duvidosos, pois "suabaixa luminosidade cria climas caver-nosos, de dias nublados, cinzas e depri-mentes, o que afeta o bem-estar físico epsíquico", diz Guinter. Para ele, nãobasta proibir o uso de determinadostipos de lâmpada, mas sim saber uti-lizá-las da forma mais econômica e sus-tentável, em combinação com outrostipos, como as fluorescentes. "Alémdisso, lâmpadas fluorescentes têm oproblema do impacto ambiental, já quenão podem ser descartadas em qual-quer lugar – elas contêm, em seu inte-rior, pó à base de mercúrio e fósforo,que podem contaminar o solo."

A questão da sustentabilidade eeconomia de energia elétrica tambémestá muito relacionada ao comporta-mento humano. Assim, apagar as luzesna hora certa vai fazer muita diferença.

"A iluminação de exteriores costumaser um ponto crítico", relembra FulvioVittorino. "Vale gastar o mínimo deenergia, iluminando caminhos [do carroà porta de entrada], a segurança, placasindicativas, hidrantes; um imenso holo-fote para destacar a fachada,à noite,é umgasto desnecessário, sob o ponto de vistada sustentabilidade. É sempre bom dis-cutir quanto de luz será empregado entrequais horários do dia e onde, para que odesperdício não pese, em última instân-cia,no bolso do condômino."

Giovanny Gerolla

�Distribuição e quantidade de luz emdeterminado ambiente, por cálculoluminotécnico segundo níveisrecomendados pela NBR 5413 (iluminância de interiores)

� Especificação de sistemas luminososadequados às atividades humanas

desenvolvidas em dada situação e seu controle de ofuscamentos

� Preocupação com a qualidade de vida útil dos produtos especificados,além de automação, feita comcontroladores de luz, dimmers e sensores

Itens de avaliação do projeto luminotécnico

LEDs são fortes candidatos a substitutosdas lâmpadas fluorescentescompactas devido à sua qualidade deemissão luminosa e alta potência

Projeto do Banco Pactual, em São Paulo, de Neide Sanzi. Integração de luz natural eartificial, com sensores de luminosidade ligados às luminárias que medem a incidênciade luz natural no ambiente e regulam a iluminância, mantida sempre em 500 lux

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FACHADAS

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Aeficiência de uma fachada estáatrelada à sua capacidade de re-

duzir impactos ambientais no funcio-namento do edifício como um todo, eem sua própria construção. Paraserem consideradas de baixo impactoambiental as fachadas desse tipodevem fazer parte de um macrossiste-ma edificado de alta eficiência energé-tica. A aferição dos níveis de eficiênciade uma envoltória só pode ser feita em

Alto desempenho, baixo impactoA correta escolha da fachada garante maiores conforto e eficiênciaenergética nas edificações. A polêmica que não cala é: fachadas cortinapodem gerar pequeno impacto ambiental?

conjunto com o nível do desempenhoambiental de todos os subsistemas quecompõem o edifício.

De acordo com a especialista emfachadas de baixo impacto, a pesqui-sadora Mônica Marcondes, do Labaut(Laboratório de Conforto Ambientale Eficiência Energética da Faculdadede Arquitetura e Urbanismo da USP –Universidade de São Paulo) não existepadronização nem solução ideal para

uma fachada ser considerada de altaeficiência energética. "O primeiropasso é saber que tipo de respostas seespera de uma fachada", explica. Emprimeiro lugar, a envoltória deve ter afunção básica de proteger o interiordo edifício. Para tanto deve apresentaralta estanqueidade à água, poeira eruídos, aliada à rigidez, durabilidade ebaixo custo de manutenção. Em umsegundo momento pode ser exigido

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da envoltória o fornecimento de luz,calor ou ventilação. Todos esses as-pectos devem ser levados em contaquando o projetista desenvolve o edi-fício. Se à função da fachada foremadicionados conceitos de baixo im-pacto ambiental, o universo amplia-se e o objetivo da envoltória passatambém a abranger a busca pelos con-fortos térmico, acústico, luminoso epela eficiência energética.

Para Mônica Marcondes,o projetode fachadas de baixo impacto develevar em conta cinco pontos básicos,que partem de um projeto integradono qual se relacionam variáveis climá-ticas, o entorno, o usuário e o edifício.As características físicas da constru-ção, como tipo de estrutura, forma, ti-pologia, orientação, pé-direito, mobi-liário, revestimentos etc., devem se ali-nhar com o uso do espaço, medidopelo período de ocupação ao longo dodia, tempo de permanência, atividade

desenvolvida, tipo e idade dos usuá-rios e demanda de equipamentos (vejatabela 1).A aferição desses pontos per-mite dimensionar a carga térmica doambiente em questão e leva direta-mente ao uso de dispositivos de con-forto ambiental. Nesse campo, devemser avaliadas as diferentes percepçõesdo usuário, os aspectos fisiológicos

aliados aos psicológicos, as exigênciasambientais humanas mínimas e asnormas brasileiras e internacionais."Todas essas premissas levam a umamudança de paradigmas que ainda es-barra em muitas barreiras culturais noBrasil", explica. Os set points dos equi-pamentos de ar-condicionado estãosempre regulados para manter os am-bientes em uma temperatura de apro-ximadamente 21oC, muito frio para ospadrões brasileiros. "As mulheres sãoas que mais sofrem", explica.

Além dos aspectos de confortoambiental, para garantir maior sus-tentabilidade na própria execução dasfachadas devem ser empregados ma-teriais que não resultem em resíduosexcessivos e entulhos não-recicláveis,que não liberem no ar produtos con-siderados danosos à natureza, comocompostos de cloro e carbono, e quenão exijam para sua produção consu-mo excessivo de energia.

O Centro Empresarial Nações Unidastem índice WWR (que mede a relaçãoentre a área opaca e a transparente dasfachadas) de 50%, consideradosatisfatório para a capital paulista

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Esquema de fachada dupla de vidro

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O arquiteto Paulo Duarte, con-sultor de fachadas da PCD Consulto-res, acredita que, nos trópicos, exis-tem duas funções críticas e comuns àgrande parte das fachadas: uma é per-mitir a passagem de luz suficientepara garantir conforto visual, de ma-neira a otimizar o consumo de ener-gia para a iluminação artificial; outraé diminuir a quantidade de calor quepassa de fora para dentro e reduzir oconsumo de energia para a climatiza-ção. Podem também ser adotadas so-luções passivas de ventilação, que di-minuem o uso do ar-condicionado."A ventilação natural deve ser apoia-da em condições favoráveis de som-breamento", explica. Soluções basea-das nesse conceito podem ser larga-mente utilizadas para edifícios depoucos pavimentos como hospitais,laboratórios ou escritórios. No en-tanto, o arquiteto alerta que a abertu-ra de vãos nas fachadas de edifícioscomerciais altos, em cidades comoSão Paulo, é limitada pelo ruído ex-cessivo e a má qualidade do ar. "Exis-tem soluções sustentáveis mais ade-quadas para essas fachadas, mas elasestão atreladas ao grande cuidado noprojeto e na execução", explica.

Para o arquiteto, obras de uso "co-letivo", como edifícios de apartamen-tos ou de escritórios, dificilmente con-seguem vender a idéia de sustentabili-dade devido ao quase total desconhe-cimento e desinteresse do mercadoconsumidor a esse respeito. "Junte-se a

isso o interesse relativo dos investido-res, visando apenas ofertar algo dife-rente, que está em moda", critica.

Soluções adequadasNo Brasil, a partir da década de 80

começaram a ser projetados prédioscom fachadas inteiramente transpa-rentes, as chamadas cortinas de vidroseladas, importadas de modelos norte-americanos.Essa solução já foi exausti-vamente discutida por especialistasque a consideram de pouca eficiênciaenergética para o clima brasileiro,mesmo incluindo-se os avanços de al-

guns tipos de vidro frente às solici-tações térmicas. De acordo com Môni-ca Marcondes, alguns produtos ofere-cidos no mercado são balizados pornormas estrangeiras de países de climatemperado a frio, portanto, ao contrá-rio do que se propõem, permitem apassagem de luz e calor."Mesmo a con-dição de reflexão proposta por algunstipos de vidro só aumenta o problemado vizinho", acredita.

Já o consultor Paulo Duarte acre-dita ser possível montar uma envol-tória satisfatória com o uso de es-quadrias bem apropriadas e a corre-ta escolha de vidros. "Hoje os vidrosdisponíveis apresentam desempe-nho excepcional, ajudando muito,mesmo num país tropical", acredita."O primeiro critério é haver preocu-pação real e verdadeira com a ques-tão da sustentabilidade", conclui.

Toda essa discussão, no entanto,não pode deixar de lado índices bemaceitos no mundo todo, inclusive noBrasil, como o WWR (Window toWall Ratio), que mede a relaçãoentre a transparência e a opacidadeda envoltória. Idealmente para SãoPaulo, um índice de 50% seria satis-fatório, em oposição à grande massade edifícios altos de escritórios emque essa relação sobe para quase100%. A Torre Norte do Cenu (Cen-tro Nações Unidas), projeto do es-critório de arquitetura Botti Rubin,tem um índice de 50% e portanto éconsiderado um dos edifícios de

O projeto de Norman Foster é um dosprimeiros modelos de edifíciosecológicos de Londres. As fachadas sãoformadas de vidro duplo com metalizaçãoe cavidade de 15 cm ventilada

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Tabela 1 – REQUISITOS AMBIENTAIS E DE PROJETO PARA SÃO PAULO X EDIFÍCIOS ALTOS DE ESCRITÓRIOS Requisitos ambientais Recomendações para edifícios genéricos Implicações para edifícios altos de escritóriosResfriamento Controle solar (controle de ganhos de calor Ocupantes: geralmente ganhos internos elevados

em todas as orientações o ano todo)Promover o movimento do ar (dissipar o Andares elevados: alta velocidade e excesso de umidade e cargas internas) pressão do ventoInércia térmica + ventilação noturna Depende do layout interno(reduzir flutuações durante ocupação, dissipar cargas internas, absorver calor)

Iluminação natural Distribuição homogênea e uniformidade Plantas estreitas x profundasmínima para promover níveis aceitáveis Normas: níveis mínimos de iluminânciade conforto visualControle de ofuscamento e contrastes

Controle do ruído e Reduz com alturada qualidade do arFonte: Mônica Marcondes

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melhor eficiência energética em SãoPaulo. Mas a solução mais adequadaveio de um projeto de 1960 do ar-quiteto Rino Levi, hoje o edifício doBanco Itaú, na avenida Paulista,zona Sul da capital. Todas as facha-das foram tratadas de maneira dife-renciada com cálculos e estudos deinsolação. O resultado é típico da ar-quitetura moderna: a incorporaçãode sistemas de proteção solar passi-vos, como os brises, e fachadas cegas,com massa exposta, com alta inérciatérmica e sombreamento garantido."Um prédio de quase 50 anos ainda éo melhor de São Paulo em termos deconforto térmico e eficiência energé-tica", explica Mônica. Ou seja, os bri-ses tão difundidos na arquiteturamoderna, se empregados nas facha-das certas e exteriormente à envoltó-ria, suplantam a eficiência de torrestotalmente de vidro, sem nenhumaproteção solar passiva, e suas altasdemandas energéticas.

Fachadas ventiladasAlém da tradicional solução de

proteção solar passiva, tem-se discuti-do no Brasil o projeto de edifícioscom fachadas duplas ventiladas. Pri-meiramente, o termo foi conferido àssoluções com painéis opacos fixadosafastados do paramento. A função dasegunda pele nas fachadas ventiladasopacas é de promover um sombrea-mento na fachada, além da ventilaçãoretirar carga térmica. Nesse tipo, jáutilizada no Brasil há mais de 13 anos,

são usados como revestimentos da se-gunda camada produtos panelizados,como pedras, cerâmica e alumíniocompósito, na maioria das vezes comjuntas seladas, com distância entre ca-madas de no mínimo 10 cm.

O uso desse tipo de fachadas deveobedecer aos requisitos técnicos deestanqueidade (veja tabela 2). Deve-seimpermeabilizar muito bem o para-mento por trás dos elementos da se-gunda camada, independentementedo envelope externo. "Não há o co-nhecimento pelo usuário final, e mui-tas vezes nem pela construtora, da ne-cessidade de se tornar estanque esseparamento", explica Duarte. "A faltada impermeabilização é tratada ape-nas como uma simples redução decustos", conclui.

Já o uso de duas peles de vidrocom uma cavidade entre elas, venti-lada ou não, são largamente empre-gadas fora do Brasil e estão associa-das a edifícios altos. "Por sua nature-

Com quase 50 anos, o prédio do arquiteto Rino Levi, hoje do Banco Itaú, na avenida Paulista, em São Paulo, é um dos maiseficientes em conforto ambiental e consumo de energia (acima). Sistemas de proteção solar passivos como os brises (detalhe),aliados às fachadas cegas, com massa exposta e alta inércia térmica, garantem controle da incidência de carga térmica esombreamento estratégico

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Esquema de fachada ventilada comrevestimento pétreo ou cerâmico

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Tabela 2 – DESEMPENHO DE UMA FACHADA DUPLA VENTILADA EM RELAÇÃO ADIFERENTES CRITÉRIOS AMBIENTAIS EM SÃO PAULO E EM CIDADES EUROPÉIASRequisitos ambientais Cidades Européias São PauloAquecimento ++ +Resfriamento + ++ //////Controle solar + +Iluminação natural + +Controle de ruído + +Controle da qualidade do ar + +Ventilação natural ++ Não averiguado+ Bom ++ Muito bom ///// Requer investigação complementarFonte: Mônica Marcondes

za intrínseca, as fachadas duplastransparentes ventiladas resultamem sistemas tecnologicamente com-plexos, com custos iniciais elevados",explica Mônica. Dentre os argumen-tos mais defendidos pelos projetistaspara o emprego desse tipo de fachadaestá o aumento na eficiência energé-

tica e no conforto dos usuários, a di-minuição da transmissão sonora,pois barra ruídos externos, e a redu-ção dos ganhos solares, aliada a umamaximização da transparência. Alémdessas características, esse sistemapermite a ventilação natural em an-dares mais altos.

Em climas mais frios a grandepreocupação é manter o calor no edifí-cio, necessidade exatamente oposta àbrasileira. As fachadas duplas garan-tem que a luz incidente sobre a primei-ra camada gere um calor que fica esto-cado na cavidade. Nas primeiras tipo-logias, em dias mais amenos esse calorpodia ser retirado por meio da convec-ção do ar provocada por vãos existen-tes nos limites superior e inferior da ca-vidade. Esse modelo foi abandonadodevido à ventilação que percorria todaa extensão vertical da fachada não sersuficiente para retirar toda a carga tér-mica dos andares mais elevados, ondeo acúmulo é maior. Hoje, a tipologiabásica conta com aberturas de vãos su-periores e inferiores em cada pavimen-to, separados por chapas opacas ougrelhas.Além da separação entre anda-res o sistema conta com proteção solarinterna à cavidade,que auxilia na refle-xão da luz e calor. Esse tipo de soluçãopode ser visto no novo edifício do NewYork Times, na cidade de Nova Iorquee no edifício de escritórios AuroraPlace, em Sidney, Austrália, ambos osprojetos do arquiteto Renzo Piano. Osavanços tecnológicos nessa área nãoparam, e já existem projetos em que asegunda camada conta com uma su-cessão de aletas em toda a sua extensão,com abertura automatizada, mesmoem situações de altas velocidades devento, de maneira a prolongar o perío-do no qual o edifício pode ser natural-mente ventilado. É o caso do DebisBuilding, outro projeto de Piano, emBerlim, com solução de fachadas total-mente automatizada, mas a um custoaltíssimo mesmo para os padrões in-ternacionais. Em dias quentes combaixas velocidades de vento, e em diasde chuva as aletas se fecham e o ar-condicionado é automaticamente liga-do. Quando se abrem todas as aletas, osistema funciona como uma pele devidro simples. O sistema alia a ventila-ção natural e a artificial, que deve sercorretamente dimensionada para essefim, sem excessos de carga instalada."Projetos onde trabalhem juntos todosos projetistas envolvidos, inclusive o doar-condicionado, garantem os melho-res resultados de eficiência energética

O edifício Debis, em Berlim, Alemanha, apresenta fachada dupla ventilada comcamada exterior com aletas de vidro passíveis de abertura automatizada. É a últimageração em fachadas duplas ventiladas. O projeto é de Renzo Piano

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SERVIÇO

www.cobracon.org.brwww.labeee.ufsc.br/eletrobras/reg.etiquetagem.voluntaria.htmlwww.usgbc.orgwww.cbcs.org.br

no futuro", recomenda. Em São Paulo,onde o aquecimento é uma das maio-res preocupações em edifícios de escri-tórios altos, as fachadas duplas ventila-das (tipologia básica) podem ser em-pregadas para expandir o período emque o edifício pode ser naturalmenteventilado, em épocas de mais frio.Quando há muito calor e pressão devento insuficiente aciona-se o condi-cionamento artificial. "O modo mistode condicionamento de ar é ideal parao clima brasileiro", acredita Mônica.

Normatização a caminhoNo Brasil ainda não existem nor-

mas que regulem o conforto ambien-tal nos edifícios de escritórios. Nomáximo, existem requisitos mínimosde desempenho para fachadas de ha-bitações em um projeto de norma da

ABNT (Associação Brasileira deNormas Técnicas) que deve ser pu-blicado ainda neste ano. As normati-zações principais são relativas aofuncionamento do ar-condicionadoe à fabricação de vidros e esquadrias.No entanto, o Laboratório de Efi-ciência Energética em Edificações doDepartamento de Engenharia Civilda Universidade Federal de SantaCatarina, por meio de um convêniofirmado com a Eletrobrás no âmbitodo programa Procel Edifica (Progra-ma Nacional de Conservação deEnergia Elétrica para Edificações),desenvolveu um documento em queapresenta os requisitos técnicos ne-cessários para a classificação do nívelde eficiência energética de edifícioscomerciais, de serviços e públicos,com o objetivo de promover a eti-

quetagem voluntária. A regulamen-tação trata da eficiência e potênciainstalada do sistema de iluminação,da eficiência do sistema de condicio-namento do ar e do desempenho tér-mico da envoltória do edifício. Elapermite uma classificação do nível deeficiência A (mais eficiente) a E(menos eficiente), e inclui incentivosadicionais para aumento da eficiên-cia ao implementar sistemas comoenergia fotovoltaica ou co-geração.

O professor Roberto Lamberts,pesquisador do laboratório e mem-bro do CBCS (Conselho Brasileiro deConstrução Sustentável) explica quea etiquetagem já está em implemen-tação junto ao Inmetro (InstitutoNacional de Metrologia, Normaliza-ção e Qualidade Industrial). Os cál-culos e simulações recomendadospodem ser efetuados com softwaresespeciais voltados à simulação deconsumo de energia de edificações,que estudam o impacto de alternati-vas de fachada. "Esses programas si-mulam o consumo de energia hora ahora durante um ano inteiro e per-mitem análises detalhadas", explicaLamberts. Nesse meio tempo, arqui-tetos e projetistas que já desenvolvemprojetos mais sustentáveis buscam seadequar a certificações internacio-nais como o Leed (Leadership inEnergy and Environmental Design),que faz parte do USGBC (US GreenBuilding Council), conselho norte-americano de construção sustentá-vel. Para receber esse selo, o em-preendimento deve se enquadrar emcritérios que envolvem tipo de terre-no, economia de água, eficiênciaenergética, qualidade do ar interno,reciclagem e inovação do projeto.

Simone Sayegh

Colaboraram Mônica Marcondes,

Paulo Celso Duarte e Roberto Lamberts

O edifício do Commerzbank, projetado por Norman Foster, é um ícone deconforto ambiental e eficiência energética na Europa. Possui modo misto decondicionamento de ar, que alia a ventilação natural de estratégicasaberturas e a ventilação mecânica do sistema radiante de forros gelados

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Projeto sustentávelArquitetura com foco na sustentabilidade requer integração de equipes ecoordenação de um profissional especializado

Odesenvolvimento sustentável deveatender às necessidades do pre-

sente, sem comprometer o atendi-mento das necessidades de geraçõesfuturas." A definição de um conceitotão debatido atualmente foi publica-da, em 1987, no Brundtland Report,relatório emitido pela ComissãoMundial das Nações Unidas para oMeio Ambiente e Desenvolvimento(World Commission on Environ-ment and Development) ou Brund-

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tland Commission, criada em 1983,pelas Nações Unidas. O objetivo eradefinir políticas e estratégias de de-senvolvimento sustentável nos âmbi-tos social, econômico e, sobretudo,ambiental. E no que concerne à arqui-tetura? Existe algum consenso sobre oque é um projeto de arquitetura sus-tentável e quais diretrizes deve seguir?

Segundo Valério Gomes Neto,con-selheiro do CBCS (Conselho Brasileirode Construção Sustentável), uma edi-

ficação sustentável é aquela que quan-tifica os impactos que causa ao meioambiente e à saúde humana, empre-gando todas as tecnologias disponíveispara mitigá-los. "É um edifício queconsome menos energia, água e outrosrecursos naturais, considera o ciclo devida dos materiais utilizados e o da edi-ficação desde o seu projeto, passandopela construção, operação e manuten-ção, até o esgotamento da sua destina-ção original", afirma o conselheiro.

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O que caracteriza um projetosustentável?A principal característica de um projetosustentável é a eficiência no uso deenergia, água e recursos ao mesmotempo em que propicia um excelentenível de conforto (higrotérmico, lumínico,acústico, visual e de mobilidade) aousuário. Como conseqüência, redução naemissão de carbono. A edificação deve sermonitorada em sua fase de uso emanutenção para verificação deconsumos (benchmarking) e possíveiscorreções a serem feitas.

Que critérios balizam a elaboração deum projeto que visa ser sustentável?Defende a idéia de que, no futuro,esses critérios sejam requisitosobrigatórios para os projetos de arquitetura?Acredito que não seja possível tornarobrigatório um processo de produção.Porém, o próprio mercado vai induzir a isso,porque atualmente os melhores resultadosforam atingidos com o uso desse modelo.

Como se dividem e como devemtrabalhar as equipes nesse contexto? Deve sempre existir um gerenciador oucoordenador do projeto, que vai convocara presença dos diversos profissionaisenvolvidos. Mas a maioria deles vai estarpresente desde a fase inicial. As fases deplanejamento e projeto nesse modelodemoram e custam mais, mas vão trazereconomias de recursos, tempo e dinheironas fases de construção, uso emanutenção da edificação.

A flexibilidade de uso caracteriza aconstrução sustentável? Queaspectos um edifício deve reunir paraatender, de forma eficiente, asnecessidades de proprietáriosdistintos?Sem dúvida. Uma edificação deve durarno mínimo 50 anos, e durante esseperíodo é muito provável que asnecessidades de seus usuários sejamvariáveis, mesmo que dentro do mesmotipo de uso. E atualmente vemos váriasedificações mudando de uso, por

Alexandra Lichtenbergarquiteta da Ecohouse e mestre emconforto ambiental e eficiência energéticapela FAU (Faculdade de Arquitetura eUrbanismo) da UFRJ (UniversidadeFederal do Rio de Janeiro).

O que é sustentabilidadeexemplo, de edifício de escritórios paraedifício residencial, de armazém paraedifício de escritórios ou residencial etc.Os aspectos principais são: a estrutura daedificação deve ser bem detalhada eflexível. A alvenaria estrutural, porexemplo, apesar de ser mais barata para aconstrução, não permite essaflexibilidade. As instalações elétricas ehidrossanitárias devem ser bemdetalhadas e instaladas em shafts comboa acessibilidade, para permitirmodificações futuras de projeto.

Quais novos conhecimentos devempossuir arquitetos, projetistas,empreiteiros e incorporadores diantedesse novo quadro mundial? Comodeve ser a formação dessesprofissionais?Os profissionais devem sempre se manteratualizados a respeito de novastecnologias, principalmente sobreenergias renováveis e novos materiais.Precisam entender os benefícios e sabercomo projetar de acordo com o clima e a topografia local, e saber especificar os melhores materiais para cada situação.As escolas de engenharia, arquitetura e negócios devem incluir o temasustentabilidade integrada em seus currículos.

No Brasil, quais as reais implicaçõesda adoção das estratégias daarquitetura ecológica para a indústriada construção civil e para o mercadoimobiliário?Veja, a fachada ventilada, recursobastante usado lá fora, ainda não édifundida no Brasil, por onerar o custo dosimóveis, sobretudo os residenciais. Isso émito. Alguns relatórios oficiais já foramproduzidos nos Estados Unidos paraprovar isso. Estratégias de arquitetura deacordo com o clima do local não sãoutilizadas por falta de conhecimento dosprofissionais envolvidos.

O que as incorporadoras exigem hojenos projetos? O que o edifício deveter de sustentabilidade mínima paraatrair locadores e compradores?

Os incorporadores e investidores noBrasil atualmente exigem lucro máximoem detrimento do conforto do usuário e da sustentabilidade da edificação – e levam os legisladores a reboque nesse esforço.A grande maioria dos edifíciosresidenciais está sendo construída compé-direito útil entre 2,40 m e 2,55 m. No clima tropical úmido é impossívelconseguir conforto higrotérmico comessa altura de pé-direito sem uso de ar-condicionado (equipamento intensivoem uso de energia). Não há preocupaçãocom a proteção das fachadas e aberturascontra insolação direta – mais uso de ar-condicionado. As construções de antesdo advento do ar-condicionado tinhamum pé-direito alto (mínimo 3 m) paraque o ar quente que se acumulasse noteto e não interferisse no conforto dousuário, e ventilação cruzada, para queesse ar quente pudesse ser levado parafora. O que ainda se vê muito no nossomercado é o "green washing", expressãoutilizada para indicar apenas o usocosmético da sustentabilidade. Com asrecentes publicações do IPCC (emportuguês, Painel Intergovernamental deMudanças Climáticas), a sustentabilidademínima de edificação passou a ser maisabrangente – os quesitos de eficiênciaenergética, uso da água e tratamento deesgotos, uso de recursos naturais emobilidade precisam todos serconsiderados no projeto.

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O projeto sustentável deve ser de-senvolvido por uma equipe multidis-ciplinar integrada que trabalhe emconjunto desde a concepção – sob a fi-gura de gerenciador ou coordenador,especialista em sustentabilidade (vejaorganograma do ciclo de produção doprojeto sustentável). O arquiteto CélioDiniz, um dos sócios do escritórioDDG Arquitetura, rejeita o modelo li-near de trabalho em que o projeto ar-quitetônico é entregue aos projetistascomplementares que, a partir daí, de-senvolvem trabalhos para compatibi-lização. "Hoje, o processo projetualpassou a ser circular e todos contri-buem desde o início", afirma Diniz.

O projeto sustentável, assim comoqualquer projeto de arquitetura, deveter início após a identificação das ca-racterísticas dos usuários do edifício,do entorno e, sobretudo, do clima.Neste sentido, as simulações compu-tacionais poderão ser úteis para defi-nir materiais e critérios de desenhoque aproveitem melhor as condiçõesclimáticas do local onde o edifícioserá implantado.

Um dos elementos fundamentaisno desempenho térmico das constru-ções é a fachada. "Quando bem proje-tada, a fachada ventilada é eficiente nadiminuição da transmissão do calor,reduz o consumo de energia com ar-condicionado, diminui a pressão dovento na vedação interna e, além disso,controla melhor a infiltração de água,reduzindo os custos com manuten-ção", diz o engenheiro Jonas SilvestreMedeiros, da Inovatech.

Apesar dos benefícios que trazem,recursos como a fachada ventilada dei-xam de ser adotados no Brasil por one-rarem demasiadamente os custos deum empreendimento. O mesmoacontece com o processo de projetos."As fases de planejamento e projeto nomodelo sustentável são mais demora-das e custosas, mas vão trazer econo-mias de recursos, tempo e dinheiro nasfases de construção, uso e manutençãoda edificação (ciclo de vida da edifi-cação)", explica Alexandra Lichten-berg, arquiteta da Ecohouse e mestreem conforto ambiental e eficiênciaenergética pela FAU (Faculdade de Ar-

quitetura e Urbanismo) da UFRJ (Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro).

Segundo Gomes Neto, o Brasil ca-rece de critérios mensuráveis paraprojetar e medir a eficiência dos pré-dios no que se refere à sustentabilida-de. "Suprimos essa lacuna aplicandoas normas norte-americanas do siste-ma LEED (Leadership in Energy andEnvironmental Design), que é o maisdifundido no mundo", diz o conse-lheiro. Desenvolvido pela organizaçãoUSGBC (United States Green Buil-ding Council), o LEED é um sistemade classificação de edificações a partirde critérios de sustentabilidade am-biental em diferentes categorias.

A agência do Banco Real, emCotia, na Grande São Paulo, foi o pri-meiro edifício da América Latina a sercertificado pelo LEED. Ao desenvolverprogramas como o "Real Obra Susten-tável", o banco cria parâmetros paraprojeto e construção sustentável, além

de promover a responsabilidade nasquestões social e ambiental nos em-preendimentos imobiliários que fi-nancia. "Avaliamos o projeto arquite-tônico,a política interna da construto-ra e os cuidados no canteiro de obras",explica Carolina Piccin Silberberg,sócia da Sistema Ambiental, empresacriadora do programa e que tem ava-liado o grau de sustentabilidade dosempreendimentos financiados pelobanco desde 2007. "Criamos uma fer-ramenta de avaliação de sustentabili-dade e desenvolvemos índices de de-sempenho para cada requisito", acres-centa Carolina.

A flexibilidade é outro item im-portante num projeto de arquiteturasustentável. "Deve-se evitar a excessi-va customização da edificação, poisisso gera, em caso de um novo uso,uma grande quantidade de entulhosde demolição com altos custos finan-ceiros e ambientais", afirma GomesNeto. Ele explica que, para ser flexível,o projeto deve contemplar itens comograndes vãos, lajes amplas com pou-cos apoios, pé-direito pouco maiorque os tradicionais e divisórias inter-nas leves, como as de gesso acartona-do. Veja a seguir sete obras escolhidaspela Téchne pelos seus diferenciais deprojeto sustentável.

Valentina Figuerola

FFoonnttee:: The Collaborative for High Performance School Buildings

FFoonnttee:: Alexandra Lichtenberg, Ecohouse Urca, 2006

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Selecionado por meio de uma licitaçãointernacional, o projeto do arquitetoítalo-britânico Richard Rogers para anova sede do parlamento de Gales,inaugurada em 2006, tem como destaqueuma imensa cobertura de chapasmetálicas e forro de madeira certificadapelo FSC (Forest Stewardship Council).

Assembléia Nacional do País de Gales, em Cardiff, no Reino UnidoSua extensa superfície propicia a coletade água de chuva que é armazenada numtanque subterrâneo de 100 m³. A água édestinada para os lavatórios, bacias ejardinagem. O edifício conta ainda comestratégias passivas de climatização,como o sistema de esfriamento queextrai água a 100 m debaixo da terra, a

uma temperatura de 16ºC. A coberturadispõe de um cone envidraçado com umjogo de espelhos que promove a entradade luz natural até a câmara dosdeputados, localizada no centro daedificação. Cerca de 36% do valor daconstrução foi investido em materiais emão-de-obra locais.

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Rogers Stirk Harbour + Partners

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O projeto de Bill Dunster e Jimena Ugarteimplanta-se num terreno de 1,4 ha, nobairro de Sutton, sul de Londres. Essaecovila, inaugurada em 2002, reúne 82unidades habitacionais, escritórios, clubedesportivo, campo de futebol e centro desaúde e de alimentação. As construções detrês pavimentos, erguidas com materiais emão-de-obra locais, madeira certificadapelo FSC e aço reciclado, foram

desenhadas para não emitir qualquerpercentual de dióxido de carbono. Ossistemas elétrico e de calefação dasresidências exploram fontes renováveis deenergia. Todas as unidades têm o terraçovoltado para o Sul, otimizando oaproveitamento da luz do sol. Ascoberturas verdes dos edifícios estãoassociadas a extensas superfícies depainéis fotovoltaicos que, além de

sombrear as construções, geram energiacapaz de abastecer 40 automóveiselétricos, reduzindo mais ainda o uso decombustíveis fósseis. Além de armazenar eutilizar água de chuva para a descarga devasos sanitários, a vila possui uma estaçãode tratamento de esgoto negro. BedZEDfoi desenvolvida pela Peabody Trust, emparceria com a Arup, Ellis and Moore, eGardiner and Theobald.

The Beddington Zero Energy Development (BedZED), Reino Unido

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Cobertura verde

Passarela que conduz ao terraço-jardim

Terraço-jardim do flat do 1o pavimento

Terraço-jardim do escritório

Escritório

Terraço-jardim da maisonette

Chaminé para ventilação

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Área de trabalho sombreada

Cisterna (água de chuva)

Maisonettes

Rua Mews

Unidade mista (trabalho e habitação)

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Do escritório Foster & Partners e Gensler,inaugurada em 2006, depois de três anosde obras, a Torre Hearst, de 182 m dealtura, é o primeiro arranha-céu nova-iorquino a obter o Gold LEED (Leadershipin Energy and Environmental Design).A estrutura em aço inoxidável – formadapor diagonais que configuram volumestriangulares nas fachadas – maximizou aentrada de luz nos escritórios e, além

disso, permitiu a economia de cerca de 2 mil t de aço estrutural. Aliás, cerca de85% do material utilizado na estrutura éreciclado. A torre foi erguida sobre umantigo edifício de seis andares (construídoem 1928) que, após a reforma, foiconvertido num imenso átrio, uma zona deuso comum conhecida como "PraçaUrbana". A água da chuva, coletada nacobertura do prédio, é usada para irrigar

jardins, abastecer fontes e o sistema derefrigeração. A refrigeração e calefação dosespaços são feitas através de um sistemade circulação de água localizado nos pisos.O arranha-céu consome cerca de 25% amenos de energia se comparado aossimilares. Além de sensores de presença,os escritórios dispõem de recursos quecontrolam a quantidade de luz artificial emfunção da natural.

Torre Hearst

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Edifício residencial ecológico projetadopor Pelli Clarke Pelli Architects, localizadona zona de Battery Park, em Nova York, o"The Solaire" consome 35% a menos deenergia e 50% a menos de água potável,se comparado a outros de mesmatipologia. Inaugurada em 2003, aconstrução, de 27 pavimentos, reúnesistemas de controle inteligentes epainéis fotovoltaicos que geram 5% detoda a energia gasta nos apartamentosnos horários de pico. Sensores depresença e de luz natural reduzem oconsumo de energia e o projeto dearquitetura privilegia o aproveitamento daluz natural ao máximo nas unidadeshabitacionais. O edifício possui umsistema de captação de água de chuva,utilizada na irrigação do jardim dacobertura, e uma estação de tratamentodo esgoto negro, cuja água é aproveitadana descarga das bacias sanitárias e natorre de resfriamento.

The Solaire

O complexo de escritório de alto padrãoprojetado por Aflalo & Gaperini, formadopor quatro torres de escritório, ainda estáem processo de obtenção do certificadoLEED (Leadership in Energy andEnvironmental Design), emitido pela ONGnorte-americana USGBC (United StatesGreen Building Council) somente paraempreendimentos já concluídos. Além deprever áreas verdes e praças para convívio ebem-estar dos usuários e transeuntes, oprojeto de arquitetura privilegia aflexibilidade dos escritórios, que dispõe deárea livre (vão variável de 11, 5 m a 20 mnas torres A e B, onde a fachada éinclinada) entre as janelas e o núcleo daconstrução, sem colunas. Dispositivoseconomizadores como válvulas de descargacom acionamentos independentes paralíquidos e sólidos, torneiras temporizadas esensor de presença nos mictóriospermitirão uma redução de 30% noconsumo de água. A fachada é composta

Rochaverá Corporate Towers, São Paulo

por vidros laminados refletivos especiais, de10 mm, com alta transmitância luminosa ebaixa transmissão térmica. Além de servircomo isolamento térmico, a cobertura verdeevita a impermeabilização de uma superfíciegrande. A distribuição de ar será feita comsistema de volume de ar variável (VAV)automatizado, que garante máxima eficiênciae menor consumo de energia elétrica.

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Pelli Clarke

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Ao privilegiar o conforto ambientale incorporar conceitos daarquitetura bioclimática – comoiluminação e ventilação naturais –o projeto de ampliação do Campusdo Colégio Cruzeiro, de MichaelLaar e DDG Arquitetura, conseguiureduzir de forma extrema oconsumo de energia da edificação.A idéia é que, no futuro, ostelhados verdes do conjuntoabriguem coletores solares eoutras tecnologias que tornem aescola auto-suficienteenergeticamente. O grande jardimcentral, situado entre os doisblocos de salas de aula, exerce umpapel relevante na composição doconjunto, reunindo os alunos nashoras livres e atuando como umregulador térmico do clima local.Além desses conceitos, o projetoadota outros, como iluminaçãoartificial eficiente, automaçãopredial, materiais de baixacondutibilidade e capacidadetérmica, brises, pilotis e terraços-jardins. O projeto rendeu aos seus autores o prêmioDestaque na Bienal de Arquiteturade São Paulo, a segunda colocaçãono prêmio Holcim para ArquiteturaSustentável 2005, na categoria"América Latina", o Prêmio IAB/RJe Prêmio de Eficiência Energéticado Procel/Eletrobrás 2004.

Colégio Cruzeiro, Rio de Janeiro

No Colégio Cruzeiro, a implantação, a vedação e a presença do jardimentre os blocos de salas de aula favorecem a ventilação cruzada

Simulações computacionais feitas por programas como o Energy Plus (distribuídogratuitamente pelo departamento de energia dos Estados Unidos) ajudam a avaliar como oprojeto de arquitetura interfere no consumo energético de uma construção

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Localizado no Eawag (InstitutoFederal de Ciências Aquáticas eTechnologia), o Fórum Chriesbach,de Bob Gysin + Partner, BGP, foiinaugurado em junho de 2006.Possui seis pavimentos quefuncionam sem calefação ou ar-condicionado e consome quatrovezes menos energia do que umprédio convencional. As fachadassão cobertas por brises de vidroazul de posição ajustável, deacordo com a estação do ano. Noinverno, o ar frio é pré-aquecidoem canalizações subterrâneas (80 tubos com 20 m) para,posteriormente, ter suatemperatura elevada por meio detrocadores de calor que é aquecidocom o ar proveniente da sala doservidor. A água é aquecida peloscoletores solares da cobertura epelo calor proveniente dasunidades de refrigeração dacozinha. Uma superfície de 460 m²de painéis fotovoltaicos fornece1/3 da eletricidade utilizada noedifício. A água da chuva, coletadana cobertura, é utilizada para adescarga dos vasos sanitários.O edifício dispõe ainda de umsistema que coleta e armazena aurina para a realização depesquisas. A idéia é utilizar olíquido excrementício para opreparo de fertilizantes.

Fórum Chriesbach Eawag–Empa, em Dübendorf, Suíça

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O ar externo é sugado por ondulação e percorre três estações:registro térmico, sala do servidor e monobloco

A altura do átrio permite a saída de ar quente por efeito chaminé e as janelassuperiores que, por sua vez, favorecem a ventilação cruzada

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REÚSO DE ÁGUA

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Comumente difundida em indús-trias, a adoção de sistemas para apro-veitamento de águas pluviais e dereúso de águas cinzas e negras vem sedisseminando em empreendimentosresidenciais e comerciais que enfati-zam, sobretudo, o caráter sustentávelde seus projetos. Graças às tecnolo-gias disponíveis para atender a essemercado, tais águas, quando adequa-damente tratadas, podem ser total-mente reaproveitadas de modo não-potável ou até mesmo potável para osmais diversos usos.

A implantação desses sistemas, noentanto, não é simples e implica acrés-cimos de custo significativos à obra. Aespecificação de componentes comoreservatórios, sistemas de tratamento eredes de distribuição exclusivas exigeprojetos criteriosos que devem seracompanhados por engenheiros espe-cializados, além de mão-de-obra capa-citada para fazer a correta manutençãodos equipamentos. Ainda que as pers-pectivas de retorno do investimentosejam animadoras – em processos in-dustriais, por exemplo, tais sistemas re-duzem em até 80% o consumo de água– esses fatores associados têm contri-buído para limitar seu uso. "O potencialé enorme, mas é preciso ter uma visãomacro, vontade política e investimento

Soluções não potáveis Eficiência dos sistemas de reaproveitamento deáguas cinzas e pluviais depende de projetodetalhado na etapa de estudo preliminar da obrae de engenheiros especializados

em tecnologias para que os sistemas sedesenvolvam e se tornem acessíveis",acredita o professor titular da Escola Po-litécnica da USP (Universidade de SãoPaulo),Ivanildo Hespanhol, fundador ediretor do Cirra (Centro Internacionalde Referência em Reúso de Água).

Vale lembrar que os custos dos sis-temas variarão de acordo com a finali-dade e, conseqüentemente, com o graude potabilidade da água a ser usada. Arelação é direta: quanto maior a quali-

dade exigida, maior o investimento. Seviabilizado técnica e economicamente,o uso de fontes alternativas de água –sejam pluviais, de drenagem, cinzas ounegras – deverá ser detalhado ainda naetapa de estudo preliminar já que umdos pontos principais para o sucessoda execução é a instalação de sistemasde reserva e distribuição independen-tes da rede de água potável.

Entre as variáveis a serem analisa-das em projeto estão o uso da água,

Principal fator complicador dos projetos de reúso de água, tanto pluviais como de águascinzas e negras, a separação dos ramais e cisternas obedece a critérios rigorosos, a fimde se reduzir riscos de contaminação. Os custos operacionais também pesam bastante

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tecnologia envolvida, parâmetros decustos operacionais atrelados à ener-gia consumida e aos produtos aplica-dos no tratamento da água, entre ou-tros quesitos. "O ideal é contar comprojetos sob medida já que cada obrapossui suas particularidades", observaAndré Negrão de Moura, gerente téc-nico da Haztec/Geoplan.

Parâmetros de projetoOutro ponto que requer cuidado

especial é a qualidade necessária aoconsumo destinado. "Fazer tratamen-to para aproveitamento ou reúso deágua implica assumir a responsabili-dade pela sua qualidade, fator desaúde e que envolve enormes riscos",afirma o engenheiro Luiz Olimpio

Costi, presidente da Abrasip (Associa-ção Brasileira de Engenharia de Siste-mas Prediais) e sócio-diretor da Pro-cion Engenharia. De acordo com oengenheiro, a falta de projetos queconsiderem a instalação do sistemadesde a concepção arquitetônica daedificação, de projetistas hidráulicoshabilitados e número limitado de pro-dutos oferecidos são fatores que difi-cultam a boa execução dos sistemas.

Outro agravante é a falta de norma-lização. Com exceção da NBR 15527(Água de Chuva – Aproveitamento deCoberturas em Áreas Urbanas paraFins Não-Potáveis), válida desde outu-bro de 2007,ainda não existem normasbrasileiras que atendam aos sistemas decoleta e reúso de águas cinzas e negras.

Por enquanto, além do Manual deConservação e Reúso de Águas em Edi-ficações do SindusCon-SP (Sindicatoda Indústria da Construção Civil doEstado de São Paulo), uma das princi-pais referências adotadas nesse setor é oGuidelines For Water Reuse da EPA(Environmental Protection Ageny)

De acordo com Carla Araujo Saut-chuk, gerente da Tesis e mestre em En-genharia Civil pela Escola Politécnicada USP no tema Implantação de Pro-gramas de Conservação de Água, essedocumento preconiza que as tubula-ções destinadas para esse fim possuamcor diferenciada das que transportamágua potável. A água de reúso tambémdeve ser pigmentada na cor roxa e ospontos de consumo e ambientes abas-

Atualmente em curso no Laboratório deInstalações Prediais e Saneamento doIPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicasdo Estado de São Paulo), a pesquisasobre aproveitamento de água de chuvapara fins não potáveis em área urbanatem avaliado os componentes utilizadosem sistemas de aproveitamento e osimpactos da utilização da água de chuvaem instalações reais de aproveitamento,tais como consumo de água x consumode energia; variabilidade da qualidadeda água segundo o uso; adaptabilidadeàs tipologias arquitetônicas econstrutivas; aceitação do usuário,entre outros quesitos (veja o artigo daseção Como Construir).O sistema – que conta com equipamentos

para descarte de água de primeira chuva,remoção de material grosseiro, remoçãode material particulado fino e desinfecção– vem sendo usado para captar água parauso em um dos prédios de maiorcirculação diária de pessoas do instituto,o refeitório, com finalidade de utilizaçãopara a limpeza do piso. De acordo com opesquisador Wolney Castilho Alves, osistema de aproveitamento instalado nocampus servirá ainda como laboratóriopara auxiliar no desenvolvimento deequipamentos. Para o equipamento deremoção de material particulado fino, porexemplo, já está em testes um filtro deareia baseado nos filtros simplificadosusados para o tratamento de águas para abastecimento.

Laboratório de pesquisa

Com o objetivo de avaliar tecnicamente asinovações tecnológicas disponíveis nessemercado, o ProAcqua, programadesenvolvido pelo Cediplac (Centro deDesenvolvimento e Documentação daHabitação e Infra-estrutura Urbana) emparceria com a Sabesp (Companhia deSaneamento Básico do Estado de SãoPaulo), criou o ProAcqua InovaçõesTecnológicas. Os laudos técnicos emitidospelo programa permitirão identificar quais

as aplicações apropriadas para essastecnologias que devem ser avaliadas esubmetidas a testes de laboratório e decampo. Ao final do processo, serãoaprovadas ou passarão por adaptaçõesnecessárias para melhorar o desempenho."Esta é uma maneira de resguardar ousuário final contra o mau desempenhodos produtos ofertados", lembra CarlaAraujo Sautchuk, gerente da TesisTecnologia de Sistemas em Engenharia.

Desempenho

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tecidos por tal fonte devem ser correta-mente sinalizados. Outro ponto im-portante a ser previsto em projeto é evi-tar conexões cruzadas, eliminandoqualquer contato entre tubulações deágua potável e de efluentes tratados."Os sistemas de reservas têm de ser to-

talmente independentes, minimizan-do as possibilidades de contaminaçãodos líquidos", observa a gerente.

As tecnologias para tratamento va-riam bastante, mas os processos maiscomuns são de sedimentação (trata-mento primário) e filtração visando a

separação dos sólidos seguidos por tra-tamentos aeróbio-biológicos para a re-moção de matéria orgânica, desinfec-ção e controle e eliminação de agentespatogênicos. "A desinfecção pode serfeita com uso de cloro, aplicação deraios ultravioleta e ozônio,entre outraspossibilidades", explica Costi. O mer-cado ainda oferece outros tratamentosmais avançados tais como coagulação,floculação química, filtração de mem-brana e até osmose reversa, que se des-tinam a controlar o pH e remover mi-crorganismos, sais, minerais e outraspartículas da água.

Captação e usosDe acordo com o projetista Fábio

Pimenta, diretor da Projetar Enge-nharia de Projetos, o maior desafiopara o reaproveitamento de águaspluviais é projetar sistemas que sejameconômicos e seguros em qualquerépoca do ano. "Dificilmente é viávelconstruir reservatórios com capaci-dade suficiente para que o sistema

Água cinza: efluente que não possuicontribuição da bacia sanitária, ou seja, oesgoto gerado pelo uso de banheiras,chuveiros, lavatórios, máquinas de lavarroupas e pias de cozinha em residências,escritórios comerciais, escolas etc. Água de reúso: água residuária que seencontra dentro dos padrões exigidospara sua utilização.Água pluvial na edificação: água queprovém diretamente da chuva, captadaapós o escoamento por áreas decobertura, telhados ou grandessuperfícies impermeáveis.

Água potável: água que atende aopadrão de potabilidade determinadopela Portaria do Ministério da Saúde MS 518/04.Água recuperada: esgoto ou água de qualidade inferior que apóstratamento é adequada para certos usos.Aproveitamento de água pluvial: uso da água de chuva para finalidades específicas, comolavagem de áreas externas, alimentaçãode bacias sanitárias, lavagem de veículos,entre outros.

CLASSIFICAÇÃO E DESTINAÇÃO DAS ÁGUASTipo de água Aplicação Exigências mínimas da água não potávelde reúsoClasse 1 Descarga de bacias � Não deve deteriorar � Não deve ser � Não deve apresentar

os metais sanitários abrasiva, mau cheiro Lavagem de veículos � Não deve conter sais � Não deve � Não deve propiciar

ou substâncias manchar superfícies infecções ou remanescentes contaminações por vírusapós secagem ou bactérias prejudiciais

Lavagem de pisos à saúde humana

Fins ornamentais � Deve ser incolor� Não deve ser turva nem deteriorar os metais sanitários e equipamentos

Lavagem de roupas � Deve ser livre de algas, de partículas sólidas e de metais

Classe 2 Lavagem de agregados, � Não deve alterar as características de resistênciapreparação de concreto, dos materiais nem favorecer o aparecimentocompactação de solo, de eflorescências de saiscontrole de poeira

Classe 3 Irrigação de áreas � Não deve conter componentes agressores às plantas verdes e rega de jardins ou que estimulem o crescimento de pragas

Classe 4 Resfriamento de � Não deve: apresentar mau cheiro, ser abrasiva, manchar superfícies, deteriorar equipamentos de máquinas, formar incrustraçõesar-condicionado

Fonte: Manual de Conservação de Água do SindusCon-SP

Glossário

Fonte: Conservação e Reúso da Água em Edificações – SindusCon-SP

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SAIBA MAIS

www.fiesp.com.br/publicacoes/pdf/ambiente/conservacao_reuso_edificacoes.pdf

continue operacional na época daseca e essa descontinuidade propiciemanutenção inadequada", observa.

Segundo a norma, a água de chuvadeve ser captada apenas de coberturasou de áreas sem circulação de veículos,pessoas ou animais e nunca de pavi-mentos térreos ou piso de estaciona-mentos, devido aos agentes contami-nantes presentes nesses locais. O pro-cesso de armazenagem requer cuida-dos especiais como a presença de luzsolar e o descarte da água de escoa-mento inicial. Entre outros parâme-tros adotados na execução dos reser-vatórios,é necessário minimizar o tur-bilhonamento a fim de dificultar a res-suspensão dos sólidos e o arraste demateriais flutuantes. Depois de rece-berem tratamento, as águas pluviaispoderão ser aproveitadas para irriga-ção de solos, lavagem de veículos, fon-tes de água, reabastecimento de baciassanitárias e para limpeza de pisos.

Provenientes dos efluentes geradospelos lavatórios, chuveiros, tanques,máquinas de lavar roupa e louça e ba-nheiras, as águas cinzas podem ser reu-sadas para os mesmos fins que as águasde chuva. Entretanto, vale ressaltar quepodem apresentar alta carga de mate-rial orgânico. Segundo especialistas, aságuas derivadas das pias de cozinha,por exemplo,não devem ser destinadasàs estações de tratamento. Em funçãoda possibilidade da presença de com-ponentes biológicos – como sangue eurina presentes na captação de chuvei-ros e banheiras –, é fundamental que oreúso desse tipo de água seja muito cri-terioso, levando em conta, entre outrosfatores,a saúde dos usuários. "Seja qualfor o destino das águas negras de baciassanitárias ou cinzas reaproveitadas, éindispensável um controle contínuo epermanente da qualidade dessesefluentes", ressalta Pimenta.

Gisele Cichinelli

A configuração básica de um projeto para a utilização de água cinza prevê um sistemade coleta de água servida, subsistema de condução da água (ramais, tubos de queda econdutores), unidade de tratamento da água (gradeamento, decantação, filtro edesinfecção), reservatório de acumulação, sistema de recalque, reservatório superior erede de distribuição.

Os sistemas de reaproveitamento de água da chuvadevem contar com a área de captação (telhado, laje oupiso), condução de água (calhas, condutores verticais ehorizontais), a unidade de tratamento e o reservatóriode acumulação e reservatório de descarte.

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VILA NAIÁ Projetado para atender a todos oscritérios de sustentabilidade, o complexoturístico Vila Naiá, localizado na praia deCorumbá, no litoral sul da Bahia, contacom sistemas individualizados de fossa-filtro para o tratamento dos esgotosprovenientes dos quartos, bangalôs,cozinha e demais instalações. Os detritospassam por um sistema de filtragemcomposto por britas, areia grossa, carvãovegetal, lã de vidro e outra camada deareia fina. Tal solução permite que 70%da água aproveitada para irrigar o soloseja purificada.

ECOLIFEOs empreendimentos da Ecoesferaprevêem o reúso das águas cinzasprovenientes dos lavatórios e doschuveiros para uso exclusivo nos vasossanitários. Já a captação de águas dechuva é feita por caixas de coleta, a águacaptada passa por um sistema defiltragem antes de ser novamentearmazenada e depois é usada parairrigação de áreas verdes. Os prédiosverdes da incorporadora ainda possuemtorneiras temporizadas, vaso sanitárioequipado com dois acionadores nadescarga (2 l e 6 l) e medidoresindividuais de água permitindo que cadamorador arque com seu consumo.

CURITIBA OFFICE PARK O projeto do parque coorporativolocalizado na capital paranaense contarácom sistemas para reúso das águas

Projetos

MUNDO APTONo residencial Mundo Apto, da Setin, o sistema dereúso coleta águas cinzas que, depois de tratadaspelo processo físico-químico, voltam às descargasdas bacias sanitárias. A solução, juntamente comos dispositivos economizadores especificadospara as torneiras e chuveiros, foi implantada apartir do projeto e prevê uma economia de R$ 12mil por mês considerando 30 l/ habitante.

provenientes dos chuveiros elavatórios que serão coletadas etratadas a partir de uma redeinstalada no subsolo da edificação.Já as águas de chuva serão coletadasda cobertura, também tratadas nosubsolo e armazenadas em umacisterna e em uma caixa d'águasuperior para posterior uso nasbacias sanitárias dos escritórios. Taissoluções adotadas em conjunto comuma série de equipamentoseconomizadores permitirão nomínimo 20% de economia noconsumo de água da edificação.

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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – ESPECIAL 60 ANOS

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Em 1996, apenas 9% dos edifíciosnovos contavam com fio terra.

Hoje, esse recurso está presente em98% dos prédios entregues pelasconstrutoras. Os dados são do Proco-bre (Instituto Brasileiro do Cobre),que verifica a aplicação da NBR 5410– Instalações Elétricas de Baixa Tensãoem 30% dos edifícios lançados em SãoPaulo, e refletem uma crescente preo-cupação do setor da construção civilno que se refere à qualidade das insta-lações elétricas. No mesmo período,todos os novos prédios passaram a tero DR (dispositivo residual). Em 1996,nenhum edifício contava com esseequipamento.

Não se trata apenas do surgimen-to de novas tecnologias, mas de umanova forma de entender e encarar asinstalações elétricas. "As mudançasna concepção dos projetos foramenormes, principalmente quanto àsegurança, proteção do patrimônio ecapacidade de atender à demanda",ressalta o engenheiro eletricista Hil-ton Moreno, presidente da Associa-ção Nacional de Fabricantes de Pro-dutos Elétricos Nema Brasil.

Como exemplo dessas significati-vas mudanças, ele cita, além do uso desistemas de aterramento e de DRs, to-madas com contato de aterramento,DPSs (Dispositivos Protetores deSurtos), cabos elétricos retardantes dechama e baixa emissão de fumaça,gases tóxicos e corrosivos, além deeletrodutos normalizados. "A grandevantagem desses recursos é a proteçãotanto do circuito quanto das pessoas",

Segurança em evoluçãoDemandas por instalações seguras e capazes de suportar cargas maioresforçaram o desenvolvimento de projetos e equipamentos mais eficientes

A evolução das instalações elétricas foi impulsionada pelo crescimento da demandapor energia e pela necessidade de proteger pessoas e patrimônio. Grandes incêndiosem edifícios motivaram busca por projetos mais seguros

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salienta Hélio Eiji Sueta, diretor da di-visão de potência do IEE (Instituto deEletrotécnica e Energia).

Outro motivo para a moderniza-ção na forma de conceber projetos erealizar instalações elétricas é o contí-nuo crescimento da demanda pelouso de energia elétrica. "As instalaçõeseram projetadas para cargas limitadase ficavam sujeitas a sobrecargas sem-pre que o usuário comprasse novosequipamentos", conta Moreno. Orisco vem sendo minimizado pormeio da adequação do projeto às ne-cessidades do usuário, visando obteruma capacidade de carga pertinente eproporcionando conforto e flexibili-dade aos consumidores.

Busca por padronizaçãoDe acordo com o Procobre, esses

resultados decorrem do amadureci-mento do setor. "As construtoras têmse conscientizado, mas ainda há gran-de discrepância entre edifícios e casas",alerta Milena Guirão, coordenadorade marketing do Instituto. Ela contaque no ano passado o Programa CasaSegura passou a pesquisar, além deapartamentos, casas. Enquanto quasetodos os apartamentos contavam comaterramento, apenas 22% das casas –de um total de 180 – tinham fio terra."Percebemos que era o momento dereforçar o Programa para modernizaras antigas instalações e adequar novosprojetos à lei", conta.

Ela se refere à Lei 11.337, de26/07/2006, que determina a obriga-toriedade do uso do fio terra em todasas instalações. Dessa lei também de-corre a adoção da nova tomada comtrês pinos redondos. "Vai gerar ummercado paralelo de adaptadores, oque não dá para evitar", pondera JoséAquiles Baesso Grimoni, diretor doIEE.Segundo Moreno há,de fato,umamaior obediência aos requisitos de

normas técnicas e ao crescimento dograu de automação das instalações.

Também há polêmica em tornodos debates para adoção de padrões dedisjuntores. De acordo com Sueta, osprazos estão vencendo e os fabricantesnão conseguem informar precisamen-te quais as curvas de potência de seusequipamentos. Dessa maneira, expli-ca, "é necessário que o projetista consi-dere alguns parâmetros a mais". O In-metro (Instituto Nacional de Metrolo-gia, Normalização e Qualidade Indus-trial) exige que tanto disjuntores dopadrão americano quanto do europeuobedeçam às mesmas curvas.

A questão da segurança foi abor-dada na Téchne 92, publicada em no-vembro de 2004. Naquela ocasião, areportagem alertava para a intençãode se aplicar a certificação compulsó-ria das instalações como forma de ava-liação da conformidade. O tema é de-batido há bastante tempo, conformeconta Grimoni, mas existe muita difi-culdade para sua implantação. Dentreos principais entraves estão os custos ea burocratização decorrentes. "A

Com três pinos de seção redonda,adoção de padrão brasileiro estávinculada à obrigatoriedade doaterramento de instalações residenciais.Medida busca aumentar a segurança

Estudos setoriais indicam que quase atotalidade dos novos edifícios conta comaterramento para as instalações.Situação é bastante diferente para casas

França prevê a revisão das instalaçõesde tempos em tempos", compara."Provamos que um projeto atualizadode acordo com as normas tem menosperdas", complementa. Em escala, issopoderia diminuir a pressão sobre o sis-tema e, conseqüentemente, a necessi-dade de construir mais usinas.

Novas exigênciasA evolução das normas e regula-

mentos técnicos, além dos avanços

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I N S T A L A Ç Õ E S E L É T R I C A S – E S P E C I A L 6 0 A N O S

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tecnológicos em materiais e proces-sos, as descobertas nas áreas de fisio-logia – choques elétricos – e o conhe-cimento do fogo e suas propriedades,levaram à adoção de medidas de pro-teção em instalações elétricas. Pro-gramas federais de certificação com-pulsória de produtos elétricos tam-bém contribuíram significativamen-te para o avanço da qualidade dosprodutos. "Os grandes incêndios [emedifícios] também trouxeram conhe-cimentos sobre causas de acidentes",conta Moreno. As responsabilidadesdas concessionárias fornecedorastambém aumentaram. Agora, são

Por que se pensa mais emsegurança do que em economia naconcepção dos projetos?Os grandes incêndios ocorridos no Brasil(Edifícios Andraus, Joelma, GrandeAvenida), todos de origem elétrica e commuitas vítimas fatais, lamentavelmenteserviram de alerta para que aspectos desegurança fossem levados a sério.Campanhas educativas tambémcontribuíram. No caso da economia,exceto pela crise do apagão energético de2001, o tema ainda é pouco conhecido eexigido pelos usuários. Não é fácilconvencer empreendedores a gastar maisinicialmente e recuperar o investimentomais tarde. Além disso, ainda não há nada que obrigue a execução de umprojeto com base em conceitos deeficiência energética.

O que se tornou indispensável àsinstalações modernas?Produtos para proteção contra choques,como fios terra, tomadas comaterramento, dispositivos DR e eletrodosde aterramento; produtos para proteçãocontra incêndio, como cabos elétricosretardantes de chama e com baixaemissão de fumaça, gases tóxicos ecorrosivos, eletrodutos e canaletas nãopropagantes de chama e materiais paraobturação de paredes e pisos; produtospara proteção contra sobrecorrentes, que

são os disjuntores e fusíveis; além deprodutos utilizados na proteção contra osefeitos das sobretensões, comodispositivos DPS e sistemas de proteçãocontra descargas atmosféricas.

A que se deve a popularizaçãodesses dispositivos?Às campanhas de educação deprofissionais e usuários, maiorobservância de normas técnicas, redução dos preços dos produtos, maior respeito aos direitos doconsumidor, maior comprometimentodos fabricantes, construtores,instaladores, projetistas e lojistas com suas responsabilidades sociais.

Hilton Morenopresidente da Associação Nacionalde Fabricantes de ProdutosElétricos Nema Brasil

Instalações eficientes

obrigadas a relatar a qualidade daenergia entregue.

Atualmente, os disjuntores e inter-ruptores diferenciais começam a seradotados para aumentar a segurançade instalações e usuários. Tambémestão se desenvolvendo os DPSs, quevisam sanar aquele que está dentre osmaiores problemas de instalações: asdescargas elétricas. Estas geram cam-pos eletromagnéticos que induzem asurtos na rede e podem levar à queimade equipamentos. "Estão evoluindo naforma como desviam o surto para oterra", comenta Sueta.

No que tange à economia, as mu-danças ainda são incipientes.As insta-lações começam a sofrer mudanças nadistribuição da energia dentro dosprédios, o que pode proporcionar ga-nhos de área e na quantidade decabos. Com a possibilidade da medi-ção remota, faz-se desnecessária a salapara concentrar os medidores. Pornão ser mais imperativo realizar a me-dição no térreo, é possível alterar asprumadas e distribuir a energia dire-tamente no andar.

No consumo, a economia está nodesenvolvimento de novos produtospara iluminação, como as lâmpadasfluorescentes. "Ainda há problemascom o descarte e com a geração deharmônicos na linha, mas as incan-descentes estão com os dias contados",comenta Sueta. Outras possibilidadesno campo da economia são os painéisfotovoltaicos e os LEDs (diodos emis-sores de luz) para iluminação.

Bruno Loturco

Depois do fio terra, o dispositivo residual(DR) vem sendo adotado nasinstalações. Sua função é prevenirchoques elétricos ao perceber fuga decorrente no circuito

LEIA MAIS

Instalações elétricas residenciais.Téchne 124.

Cabines primárias. Téchne 108.

Padrão internacional. Téchne 92.

Projetista de instalações. Téchne 71.

Linha de força. Téchne 65.

Instalações elétricas prediais combarramento blindado. Téchne 47.

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FICHAS TÉCNICAS

Feira: Conexpo-Con/AggLocal: Las Vegas, Estados UnidosPeríodo: de 11 a 15 de março de 2008Expositores: 2.182Visitantes: 144.600, sendo cerca de 28 mil estrangeirosÁrea de exposição: 211.966 m

Feira: IFPE (International PowerTransmission Exposition)Expositores: 469Área de exposição: 11.994 m2

CONEXPO 2008

66 TÉCHNE 133 | ABRIL DE 2008

Éum bom momento para os brasilei-ros comprarem equipamentos

americanos.A afirmação é do vice-pres-idente da Sobratema (Associação Brasi-leira de Tecnologia para Equipamentosde Manutenção), Jonny Altstadt, quecomparou a moeda nacional em relaçãoao euro e ao dólar para concluir que"está barato comprar equipamento nosEstados Unidos".Ele visitou a Conexpo-CON/AGG (Concrete and AggregatesShow) 2008 acompanhado de umgrupo de quase 200 membros da Asso-ciação e conta que as soluções america-nas são criativas e práticas, menos sofis-ticadas que as tecnologias européias emais adequadas à realidade brasileira deconstrução civil.

Os construtores brasileiros estãoanimados com o aquecimento do setore com as promessas de investimento eminfra-estrutura. "Existe uma demandapara geração de energia e construção deindústrias",observou o diretor de supri-mentos e equipamentos da ConstrutoraAndrade Gutierrez, Mário HumbertoMarques. A própria Sobratema apre-sentou dados durante a feira que indi-cam um crescimento anual de 7,5% até2012 no setor brasileiro de equipamen-tos, chegando a US$ 14,84 bilhões.

Para Marques, foi surpreendente aquantidade de equipamentos multi-

Máquinas a caminhoDólar barato e mercado dando sinais deaquecimento fizeram da Conexpo 2008 uma verdadeira vitrine de produtos adaptáveis à construção brasileira

funcionais apresentados durante oevento. São máquinas capazes de reali-zar trabalhos de escavação e perfura-ção,aumentando a versatilidade da fer-ramenta. "É interessante porque o em-presário reduz o investimento mobili-zado", explica. Também chamaram aatenção de Marques e de outros cons-trutores consultados nos pavilhões asmáquinas recicladoras de asfalto, con-creto e outros materiais. O diretor daAndrade Gutierrez, inclusive, contaque tem informações de que algumasmáquinas desse tipo foram negociadascom empresas brasileiras. O objetivo éa reciclagem de pavimentos antigos.

Questionado sobre a possibilida-de de uma ampla utilização dos equi-pamentos apresentados no Brasil,Altstadt afirmou que são produtosmundiais, feitos por empresas globa-lizadas, e que a adaptação à realidadebrasileira depende da filosofia de cadaempresa. As demandas estão sujeitas,ainda, à sazonalidade dos investimen-tos. "A Conexpo permite conhecer oestado-da-arte em novos equipamen-tos", comenta. Essa atualização semostra importante devido à falta decontinuidade nos investimentos eminfra-estrutura, que dificulta a reno-vação do maquinário, especialmentepara construção pesada.

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Crescimento em númerosTal qual a edição anterior, um dos

destaques da Conexpo ficou por contada forte presença asiática,com pavilhõesdedicados apenas aos produtos chinesese coreanos. Os construtores, embora in-teressados na capacidade de baratea-mento de produtos dos chineses, aindaduvidam da confiabilidade dos produ-tos. "Acredito que os coreanos têm umaqualidade boa e estão preparados paraum embate comercial",aposta Marques,da Andrade Gutierrez. Além de preço equalidade, faz diferença para os fornece-dores contar com rede de atendimento

instalada no Brasil."Vi muitas empresasfechando acordos de representação",re-vela Altstadt, da Sobratema.

Não apenas de asiáticos fez-se aparticipação internacional na feira.Foram 14 pavilhões dedicados a ou-tros países, sendo dez no âmbito daConexpo e outros quatro pertencentesà IFPE 2008 (International Expositionfor Power Transmission). Esse eventoacontece sempre junto à Conexpo e sededica à transmissão de energia e con-trole de movimento por meio de tec-nologias hidráulicas, pneumáticas,mecânicas e elétricas.

Em comparação à edição ante-rior, 61% mais pessoas visitaram aIFPE, resultando na presença de maisde 29.400 profissionais. Abrigou aapresentação de 111 trabalhos de es-pecialistas da indústria mundial,além de simpósios sobre controle ele-trônico. Contou com o inédito Cen-tro para Inovações e Soluções, comsessões de palestras e conferênciaspara mais de 1.700 pessoas.

Pelos corredores do Centro deConvenções de Las Vegas, que abrigoua Conexpo CON/AGG 2008, circula-ram 144.600 pessoas.Em 2005,124 milprofissionais estiveram presentes. Onúmero de visitantes internacionaistambém aumentou significativamen-te, saltando de aproximadamente 15mil para 28 mil em 2008. "A participa-ção internacional superou em muito anossa expectativa", revelou ArnoldHuerta, diretor de desenvolvimento denegócios globais da AEM (Associationof Equipment Manufacturers), umadas associações envolvidas com a orga-nização do evento.Entre 750 e 800 bra-sileiros compareceram a Las Vegas. Osmexicanos eram 1.500.

Alguns dados, como o volume denegócios, ainda não estão disponí-veis, mas a expectativa é por resulta-dos muito positivos para os cerca de2.500 expositores, visitados por 60delegações mundiais. "É uma boaoportunidade para os fabricantesapresentarem suas novidades", atestaHuerta. Aproximadamente oito mi-lhões de toneladas em equipamentosforam dispostos ao público.

Para o vice-presidente da Sobrate-ma, os objetivos da visita por parte dosbrasileiros foram plenamente alcança-dos. "Queríamos ampliar a gama de fa-bricantes de equipamentos presentesno Brasil, cada um oferecendo vanta-gens competitivas", resume.

Bruno Loturco

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C O N E X P O 2 0 0 8

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Carregadeira887777llllllLLiiuuGGoonngg

Dotada de cesto multiuso comcapacidade para 4 m3, essacarregadeira chinesa é operada porjoystick. O peso de operação é de23.500 kg, com tolerância de 500 kgpara mais ou para menos. Tem 9.113 mm de comprimento e o cestoatinge 5.905 mm de altura.http://en.liugong.com

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A velocidade de viagem varia entre 2,8 km/h e 4,5 km/h e a carregadeiraconta com lâmina acoplada ao chassi. O cesto tem capacidade para 0,35 m3

e o equipamento pesa 8 t. Tem 6.215 mm de comprimento,considerando o braço flexionado,atingindo 1.780 mm de altura.www.jonyang.com

Tudo recicladoRReecciiccllaaddoorraaMMccCClloosskkeeyy

A McCloskey 621 é adequada paraaplicações de muita solicitação, taiscomo processamento de material dedemolição e reciclagem de resíduos.Também pode ser utilizada paraprocessamento de camadas de solo.Conta com ventilador reversível pararemoção do material triturado dointerior do equipamento.www.mccloskey.com

Recicladora de soloMMccCClloosskkeeyy

Indicada para composição de camadasde solo, limpeza de terrenos,manutenção de rodovias e fabricação deagregados, a McCloskey Kompaq &Minisizer pesa apenas 5.000 kg e tem 4 m de comprimento. Devido aotamanho compacto, é ideal para realizar os primeiros trabalhos em terrenos acidentados.www.mccloskey.com

EstabilizadoraWWiirrttggeenn

Fora-de-estradaVVoollvvoo EE--SSeerriieessVVoollvvoo

A nova linha da Volvo conta com setecaminhões articulados. Uma dasnovidades é o sistema de suspensãototal, que propicia nivelamentoautomático e controle de estabilidadeem todas as rodas. O modelo A40Ealcança 57 km/h e é capaz decarregar até 39 t. A caixa de câmbiotem nove marchas para proporcionarsuavidade e potência em todas as situações.www.volvo.com

Compactos e portáteisNNíívveell aa llaasseerrWWaacckkeerr

Com operação simplificada, visaproporcionar eficiência e produtividadecom precisão. Os modelos VAL 300 eHAL 300 abrangem diâmetros de 300 me o PAL 450 atinge 450 m. Funcionamcom baterias recarregáveis e sãoindicados para incrementar a precisãona montagem de fôrmas, revestimentosem argamassa e nivelamento de pisos.www.wackergroup.com

Vibrador de concretoWWaacckkeerr

Painel de produtos

Mais compacto dos modelos dessafabricante, o WR 2000 realizareciclagem e estabilização de solo.Suas dimensões lhe garantemflexibilidade de uso e agilidade demovimentação pelo terreno. A boavisibilidade da cabine proporcionasegurança e conforto ao operador. www.wirtgen.com

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Portátil, é movido a gasolina e ideal paraconcretos com densidade média ou baixa.Tem formato anatômico e alcança mais de10 mil vibrações por minuto. O modeloPV 35A pesa 7,7 kg. O motor Honda égarantido contra problemas operacionais.www.wackergroup.com

Acabadora de concretoWWaacckkeerr

Elimina o trabalho braçal de acabamentoem piso nas regiões próximas a paredes ea obstáculos. Foi desenvolvida paraproporcionar facilidade e conforto deoperação. Tem quatro lâminas e pesa 72,6 kg. O motor é refrigerado a ar eatinge 3.800 rpm. O tanque tem capacidadepara 2,5 l e o consumo é de 1,3 l/hora.www.wackergroup.com

Cortadora de barrasWWaacckkeerr

Equipamento elétrico-hidráulico,desenhado para cargas elevadas,proporciona cortes rápidos em barras deaço. Compacta, é indicada para casosem que são necessárias a portabilidadee a flexibilidade. É adaptável a barrascom diâmetros diversos. A válvula dealívio de pressão é liberada sem oauxílio de ferramentas.www.wackergroup.com

Rolo vibratórioBBoommaagg

O modelo BW65S-2 de rolo vibratóriocom duas rodas pesa 626 kg, tem 650mm de largura, vibra a uma freqüênciade 58 Hz e tem força centrífuga de 24 kNpor roda. Adequado para pavimentação edisponível em duas outras versões, commaior e menor capacidade.www.bomag-americas.com

Acabamento mecânicoMMuullttiiqquuiipp

A tradução literal de "trowel",nome dado a esse equipamento, é "colher de pedreiro". Isso porqueconta com lâminas automatizadas que realizam o acabamento desuperfícies de concreto. Com o operador a bordo, aumenta aprodutividade desse tipo de serviçosem desgaste humano.www.multiquip.com

Carregadeira compactaGGeehhll

Eletrônica construtivaXX6633TTooppccoonn

Esse sistema de controle para escavadorasbaseado em tecnologia GPS 3D permite aooperador saber a posição exata da máquinaem relação ao terreno, incluindo o braço e ocesto. Com um corte mais preciso, evita-sea escavação além do definido em projeto.www.topconpositioning.com

Centro de controleRRCC33RReexxCCoonn

Um centro de controle e comunicaçãopara centrais de concreto baseado numsistema amigável para Windows. Permitecontrolar desde o traço dos concretosprocessados até o tempo de uso dosequipamentos. Controla até cinco baiasde agregados e automatiza ocarregamento dos caminhões na usina.www.rexcon.com

Gerenciador de trabalhoTThhee PPaarraaddyymmee GGrroouupp

O DigiSuite é um gerenciador de fluxo detrabalho que auxilia na redução de custose no aumento da eficiência dosprocessos. O sistema aposta naflexibilidade de uso para possibilitarcomunicação por voz, rastreamento deequipamentos e etiquetamentoeletrônico de elementos em concreto.www.paradymegroup.com

O modelo RS8-42 de carregadeira com braço telescópico da Gehlpode esterçar duas ou quatro rodas ou andar de lado, a depender danecessidade. É capaz de elevar até3.600 kg a 12 m de altura. Tem teto de vidro na cabine para melhorar a visibilidade do operador.Conta com três opções de velocidade à frente.www.gehl.com

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

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Atualmente, os conceitos relativos àsustentabilidade, decorrentes do

aumento da conscientização globalsobre o assunto, estão influenciandocada vez mais as sociedades do planeta.Questões como os impactos negativosgerados ao meio ambiente e as crescen-tes desigualdades socioeconômicaspassaram a ser abordadas em todas asescalas governamentais e privadas.

No setor da construção civil, espe-cificamente, destacam-se as preocupa-ções voltadas aos impactos ambientaisgerados pelas edificações, principal-mente durante as fases de construção euso. Resultados de pesquisas mostramque, em algumas cidades do Estado deSão Paulo, mais da metade do volumediário de resíduos coletados são oriun-dos da construção civil. Nos países dohemisfério Norte, a maior parte doconsumo de energia é decorrente daclimatização das edificações.

Nesse contexto, a partir da décadade 1990, muitos países desenvolverammecanismos para a avaliação do de-sempenho ambiental de edifícios pormeio de processos de certificação vo-luntária, com grande abrangência te-mática, enfatizando, porém, os aspec-tos que representam os maiores desa-fios ambientais locais.

Um edifício com alto desempenhoambiental deve impactar pouco omeio ambiente, propiciando boas con-dições de conforto e salubridade paraos usuários. Dessa forma, deve-se con-siderar, entre outros: baixo consumode energia para ar-condicionado e ilu-minação; racionalização do consumo

Avaliação ambiental de edifícios

de água potável (foto 1); uso de siste-mas construtivos e execução da obrade modo a minorar a geração de resí-duos; localização do empreendimentode forma a facilitar o seu acesso pelosusuários; não-perturbação da vizi-nhança, principalmente durante aobra, como cuidados no espalhamen-to de poeira e outros (foto 2) .

Sistemas de avaliação ambiental deedifícios

A maioria dos sistemas de avalia-ção ambiental de edifícios baseia-seem indicadores de desempenho queatribuem uma pontuação técnica emfunção do grau de atendimento a re-quisitos relativos aos aspectos cons-trutivos, climáticos e ambientais, en-focando o interior da edificação, o seuentorno próximo e a sua relação coma cidade e o meio ambiente global.

Esses indicadores possuem pon-derações, explícitas ou não, que retra-tam os principais problemas ambien-tais locais. Por exemplo, se em deter-minada região há altas taxas de gera-ção de resíduos na execução de edifí-cios, os critérios adotados em um me-canismo dessa natureza incentivam adiminuição dessa geração,cabendo aoconstrutor escolher a melhor formade atender a essa exigência, seja pelamelhor gestão do empreendimentoou pelo emprego de sistema constru-tivo mais racionalizado.

Os métodos de avaliação pos-suem aspectos conceituais emcomum na busca pela melhoria dodesempenho ambiental dos edifícios,que podem ser refletidos, de maneirasimplificada, pelos seguintes aspec-tos principais:� Impactos do Empreendimento noMeio Urbano, onde há itens sobre osincômodos gerados pela execução,acessibilidade, inserção urbana; ero-são do solo, espalhamento de poeira,entre outros (foto 5);� Materiais e Resíduos, compreen-

Adriana Camargo de Brito, arquitetaCentro Tecnológico do Ambiente

Construído, IPTe-mail: [email protected]

Fulvio Vittorino, engenheiromecânico

Centro Tecnológico do AmbienteConstruído, IPT

e-mail: [email protected]

Maria Akutsu, físicaCentro Tecnológico do Ambiente

Construído, IPTe-mail: [email protected]

Foto 1 –Torneira eficiente – economiade água

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dendo gestão de resíduos no canteiroe uso do edifício, emprego de madeirae agregados com origem legalizada,geração e correta destinação de resí-duos, emprego de materiais de baixoimpacto ambiental, reúso de mate-riais (fotos 3 e 4);� Uso Racional da Água, visando àeconomia de água potável, como usode equipamentos economizadores,acessibilidade do sistema hidráulico,captação de água de chuva, tratamentode esgoto etc.;� Energia e Emissões Atmosféricas,que analisam a eficiência da envoltó-ria, do sistema de ar-condicionado eiluminação artificial, entre outros as-suntos e;�Conforto e Salubridade do Ambien-te Interno, considerando a qualidadedo ar e o conforto ambiental.

No gráfico 1 são apresentadas asimportâncias relativas dos diversos as-pectos avaliados em processos de dife-rentes instituições, onde se evidencia adiferença entre as ponderações estabe-lecidas em cada mecanismo de avalia-ção. Destacam-se: BREEAM, do ReinoUnido, LEED, dos Estados Unidos,HQE, da França, CASBEE do Japão,GBTOOL (veja siglas no final) desen-volvido por pesquisadores de váriospaíses, além de um método propostopelo IPT (Instituto de Pesquisas Tec-nológicas do Estado de São Paulo).

Os dois primeiros (BREEAM eLEED) são muito semelhantes entre sicom relação à estrutura de avaliação,pelo atendimento a pré-requisitos epela concessão de pontuação técnicaacerca de itens de avaliação indepen-dentes e classificação do desempenhodo edifício em vários níveis. Já o HQEdá ênfase em questões de desempenhoglobal do edifício e de gestão do pro-cesso de projeto e de construção dosedifícios, além de correlacionar muitosdos itens avaliados. A avaliação se dápor um perfil ambiental previamenteestabelecido,que se atendido resulta nacertificação do edifício.

O CASBEE possui estrutura depontuação técnica baseada na relaçãobenefício para o usuário/custo am-biental para obter esse benefício queresulta em um índice de desempenho

do edifício, enquanto o GBTOOL, porseu caráter internacional, necessitaque cada aplicador utilize fatores deponderação definidos de acordo comas suas características locais.

A metodologia do IPT tem estru-tura similar à do LEED e do BREEAM,porém com aspectos específicos ade-quados para a realidade urbana dasgrandes cidades brasileiras.

Conteúdo das sistematizaçõesBREEAM

O BREEAM é o primeiro métodode avaliação de desempenho ambien-tal de edifícios, desenvolvido peloBuilding Research Establishment(BRE), no Reino Unido, já no início

da década de 1990, contendo emi-nentemente exigências de caráterprescritivo. Tais exigências enfoca-vam o interior da edificação, o seu en-torno próximo e o meio ambiente. Jánesse momento ficava claro o concei-to de se buscar boas condições deconforto e salubridade para o ser hu-mano com o menor impacto am-biental tanto em termos de consumode recursos como de emissões.

A avaliação contém itens com ca-ráter de atendimento obrigatório eoutros classificatórios, abordandoquestões sobre os impactos do edifíciono meio ambiente, saúde e confortodo usuário e gestão de recursos. Oatendimento dos itens obrigatórios e

Foto 2 – Lava-rodas durante a obra para evitar espalhamento de particulas nas ruasda cidade

Foto 3 – Separação de resíduos para reciclagem

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A R T I G O

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A R T I G O

um número mínimo de itens classifi-catórios irá corresponder à classifica-ção do edifício em um dos níveis dedesempenho possíveis. Destaca-se quea pontuação mínima exigida varia deacordo com a versão do método, bemcomo os níveis de classificação. Atual-mente, dispõem-se de critérios paravários tipos de edifícios, como de es-critórios, shopping centers, habitaçõestérreas e edifícios multipavimentos,fábricas, e até para prisões.

LEEDO LEED é um sistema de certifica-

ção aplicado pelo USGBC (United Sta-tes Green Building Council) que foi visi-velmente influenciado pelo BREEAM,tendo estrutura e conceitos muito se-melhantes, mesclando aspectos pres-critivos e de desempenho, onde tam-bém há versões para usos específicosde edifícios. Os aspectos avaliadospelo LEED referem-se ao impacto ge-rado ao meio ambiente em conse-qüência dos processos relacionadosao edifício (projeto, construção e ope-ração); contemplando aspectos relati-vos ao local do empreendimento, oconsumo de água e de energia, o apro-veitamento de materiais locais, a ges-tão de resíduos e o conforto e qualida-de do ambiente interno da edificação.

O método de avaliação consiste naanálise da eficiência ambiental poten-cial do edifício,por meio de documen-tos que indiquem sua adequação aositens obrigatórios e classificatórios(como o BREEAM) presentes na certi-ficação. Há possibilidade de se atingiros níveis de certificado prata, ouro ouplatina, sendo este último o nível má-ximo a ser alcançado.As faixas de pon-tuação e os intervalos consideradospara a classificação dos edifícios va-riam de acordo com o uso e fase dociclo de vida do edifício.

HQEO HQE é uma base de avaliação

francesa que consiste em dois sistemasrelacionados entre si, que aferem o de-sempenho ambiental de edifícios. Suaestrutura subdivide-se em gestão doempreendimento – SMO (Système deManagement de l'Opération) – e qua-

Foto 4 – Baias para separação de resíduos

20,3%

7,3%

21,7%

18,8%

10,1%

18,8%

3,0%

LEED

20,0%

20,0%

20,0%

20,0%

10,0%6,0%4,0%

IPT

24,7%

4,5%8,3%

9,8%

24,5%

14,1%

12,4%1,7%

BREEAM3,0%9,1%9,6%

21,1%

1,2%

22,4%

33,6%

CASBEE

4,0%4,0%12,0%

10,0%

23,0%

12,0%

10,0%

8,8%

16,2%

GBTOOL

Qualidade dos serviços (ao usuário)Gestão de energiaPrevenção da poluição (qualidade do ar/ruídos)Qualidade do ambiente interno (controlabilidade)Desempenho econômico

Gestão de águaGestão de materiais e resíduosGestão ambiental (do processo)Sustentabilidade do sítio(qualidade da implantação)

Foto 5 – Cobertura de solo exposto para evitar espalhamento de partículas e erosão

Gráfico 1 – Comparação de sistemáticas

Foto

s: A

dria

na B

rito

Fonte: adaptado de Silva, 2003

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lidade ambiental – QEB (Qualité En-vironnementale du Bâtiment) –, queavaliam as fases de projeto, execução euso, cada qual com uma certificaçãoem separado.

O método Francês é diferenciadodo BREEAM e LEED,apresentados an-teriormente.A avaliação não possui es-cala de pontuação mas sim uma estru-tura baseada em um perfil ambientaldeterminado pelo empreendedor, den-tre os quatro blocos de avaliação, quepossuem juntos 14 itens.Os blocos são:impactos do empreendimento no meioambiente, gestão de recursos, confortoambiental e saúde do usuário.

Na composição do perfil ambien-tal são escolhidos itens que deverãoatender aos níveis de desempenho de-finidos. Há três níveis de desempenho,o máximo (Très Performant), que re-presenta os melhores níveis de desem-penho que podem ser obtidos, omédio (Performant) e o mínimo

(Base), que já corresponde às boaspráticas correntes. Para se obter a cer-tificação, dos 14 itens quatro devematender pelo menos ao nível médio, epelo menos três, ao nível máximo. Asoutras categorias devem se enquadrarno nível base. Não há classificação dodesempenho do edifício em níveis,ob-tendo-se ou não a certificação. O siste-ma está todo baseado em exigênciasnormativas e legais de cada localidade.

CASBEEO CASBEE possui quatro instru-

mentos de avaliação: voltados ao pro-jeto (em desenvolvimento), constru-ções novas, edifícios existentes e re-formas. Os critérios de avaliaçãoabordam a qualidade ambiental e de-sempenho do edifício (Q – Buildingenvironmental quality and perfor-mance) e diminuição de cargas am-bientais (LR – Reduction of buildingenvironmental loadings).

O "Q" considera questões relativas àqualidade do ambiente interno (con-forto e saúde do usuário), qualidade doserviço (funcionalidade, durabilidade)e meio ambiente local (preservação ve-getal e animal, e características paisagís-ticas, culturais locais, etc.). Já o "LR"aborda eficiência energética (desempe-nho da envoltória, uso de energia reno-vável, eficiência dos sistemas e sua ope-ração), gestão de recursos (economia ereúso de água, reúso e reciclagem demateriais etc.) e impactos na vizinhança(poluição do ar, sonora, vibrações etc.)

A pontuação dos dois sistemas éponderada e resulta em uma notafinal (BEE – Building EnvironmentalEfficency) que corresponde à classifi-cação do edifício em um dos cinco ní-veis possíveis.

GBTOOL O GBTOOL é uma ferramenta

internacional de avaliação ambiental

Tabela 1 – COMPARATIVO DAS SISTEMÁTICASAspectos Escopo da Método de aplicação Categorias avaliadas Resultados

avaliaçãoBREEAM Ambiental Atendimento de Saúde, poluição, conforto, Classificação

itens obrigatórios uso de energia, uso de água, em vários e classificatórios. uso de materiais, uso do solo, níveis, pontuaçãoClassificação do edifício ecologia local, transporte total obtida

LEED Ambiental Atendimento de Sítios sustentáveis, energia e Quatro níveis, pontuação itens obrigatórios atmosfera, uso eficiente da água, total obtidae classificatórios. materiais e recursos, Classificação do edifício qualidade do ambiente interno,

inovação e processo de projetoHQE Ambiental Atendimento de Impactos no meio ambiente, Não há classificação.

perfil ambiental. gestão de recursos, conforto e A certificação é obtida aCertificação ou saúde do usuário partir do atendimento aonão do edifício perfil de desempenho

ambiental escolhidoGBTOOL Ambiental Verificação do Uso de recursos, cargas ambientais, Pontuação global

e econômica atendimento dos itens qualidade do ambiente interno do desempenho e dos serviços, aspectos por categoriaeconômicos, gestão de transporte

CASBE Ambiental Verificação do Ambiente interno, qualidade dos Cinco níveis de atendimento dos itens. serviços, ambiente externo classificação,Classificação do edifício (dentro do terreno), energia, indicador global

recursos e materiais, ambiente de eficiênciaexterno (fora do terreno)

IPT Ambiental e Atendimento de itens Impactos no meio ambiente, Cinco níveis de desempenho obrigatórios e materiais e resíduos, energia e classificação,técnico classificatórios. atmosfera, uso racional de pontuação total obtida

Classificação do edifício água, conforto e salubridade

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A R T I G O

TÉCHNE 133 | ABRIL DE 200876

de edifícios, resultante de um consór-cio que envolve vários países da Eu-ropa, Ásia e América (Green BuildingChallenge) na busca do desenvolvi-mento de incentivos à execução deedifícios mais adequados do pontode vista ambiental. Desse modo, nãopossui um órgão certificador especí-fico, sendo uma ferramenta de dis-cussão e aprimoramento de projetospodendo ser adotada por qualquerentidade de avaliação que defina fa-tores de ponderação para os elemen-tos considerados.

Os assuntos abordados referem-seao consumo de recursos, cargas am-bientais, qualidade do ambiente inter-no, qualidade do serviço, aspectoseconômicos e gestão antes da ocupa-ção do edifício.

Método IPT O método desenvolvido pelo IPT

visa oferecer uma avaliação ambien-tal de edifícios adequada às condi-ções brasileiras e, caso o resultadoseja satisfatório, conceder uma Refe-rencia Ambiental-IPT, nos mesmosmoldes da Referência Técnica-RT/IPT que vigora para produtos.Sua estrutura é semelhante à doLEED e BREEAM, com itens com ca-ráter de atendimento obrigatório eoutros classificatórios.

A sistemática do IPT enfatiza osaspectos ambientais tradicionaiscomo características do terreno, deágua, energia, materiais, resíduos econforto ambiental. Considera tam-bém aspectos mais abrangentes comode acessibilidade e relação do edifíciocom o meio urbano. Sua grande dife-rença está na importância dada a cadaaspecto e na inserção de preocupaçõesrelativas à realidade brasileira.

Para uma rápida comparação dasestruturas de avaliação citadas, apre-sentamos um breve resumo na tabela 1.

Tendências nacionais Dentro dos grandes blocos te-

máticos apresentados, cada sistemá-tica de avaliação possui suas pecu-liaridades e exigências específicas.Quando se aplica uma delas em umempreendimento, que já foi cons-

truído incorporando aspectos am-bientais desde seu projeto, espera-seque seu desempenho seja superioraos edifícios tradicionais. Porém,isso depende do foco da metodolo-gia aplicada e da base de compara-ção do desempenho obtido.

Para que os resultados ambientaissejam representativos, é de suma im-portância que a sistemática possuacritérios adequados ao contexto ondese encontra o edifício.

No contexto brasileiro, ainda háuma grande carência em normas elegislações sobre o assunto. Embo-ra existam várias iniciativas, esta-mos praticamente no início debusca por um melhor desempenhoambiental de nossos edifícios.Nesse sentido, temos muito traba-lho a fazer, ainda mais se conside-rarmos nossos problemas quanto àqualidade de nossas edificações,fator que interfere decisivamenteno desempenho ambiental.

No entanto, a busca por edifí-cios mais eficientes do ponto devista ambiental é crescente no Bra-sil. Atualmente há grande heteroge-neidade no foco das empresas daconstrução civil. Algumas estão selimitando à incorporação de con-ceitos por meio de soluções de pro-jeto que possuem grande visibilida-de, porém sem representar grandesmelhorias ambientais, enquantooutras estão buscando certificaçãode acordo com critérios do exterior,que nem sempre são adequados àscondições nacionais.

Diante desse cenário, o IPT pro-pôs uma metodologia de avaliaçãonacional voltada a grandes cidades. Ométodo visa à valorização da adoçãode soluções de projeto, gestão ou exe-cução que possam resultar em umganho ambiental real.

No entanto, os conceitos de de-sempenho ambiental de edifíciosainda estão longe de estarem dissemi-nados por toda a sociedade brasileira,embora alguns setores específicos es-tejam mobilizados nesse sentido. Aprocura por imóveis com certificaçãoambiental, neste momento, rela-ciona-se a perfis específicos de consu-

midores, com destaque aos imóveis dealto padrão. Contudo, mesmo na ha-bitação de interesse social, as preocu-pações ambientais começam a se fazerpresentes. A própria Secretaria de Es-tado da Habitação/CDHU já tem assi-nado protocolo com a Secretaria doMeio Ambiente para melhorar o de-sempenho ambiental de seus conjun-tos habitacionais.

REFERÊNCIAS

Avaliação da sustentabilidade deedifícios de escritórios brasileiros:diretrizes e base metodológica. V.G. Silva. 2003. 210f. Tese (Doutoradoem Engenharia Civil) – EscolaPolitécnica, Universidade de SãoPaulo, São Paulo.

Green Building Challenge'98http://greenbuilding.ca/gbc98cnf/

CASBEE (ComprehensiveAssessment System for BuildingEnvironmental Efficiency)www.ibec.or.jp/CASBEE/english/overviewE.htm

Institute for Building EnviromentEnergy Conservationwww.ibec.or.jp

LEED (Leadership in Energy andEnvironmental Design GreenBuilding Rating System) – U.S.Green Building Councilwww.usgbc.org

HQE (Association por la HauteQualité Environnementale)www.assohqe.org/

BREEAM (Building ResearchEstablishment EnvironmentalAssessment Metthod)www.breeam.org

IISBE (International Initiative for aSustainable Built Environment)

GBATool (Green BuildingAssessment Tool)http://greenbuilding.ca

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ACABAMENTOS

COLA SEM CHEIRO Com o mesmo desempenho dacola de contato Formicatradicional, a nova versãoapresenta como diferenciais asecagem mais rápida e aausência do Toluol em suacomposição, substânciaresponsável pelo forte cheiro dascolas convencionais. 0800-0193230www.formica.com.br

COLA PARA PISO O alto rendimento é um dosgrandes diferenciais doBrascoflex Piso 800 PU daBrascola. Adesivo formuladoespecialmente para colagem ecolocação de pisos de madeirasobre contrapiso de concreto, oproduto rende até 20% mais queos existentes no mercado. Temexcelentes propriedadesmecânicas e apresenta secagem rápida.(11) 4176-2069www.brascola.com.br

FACHADAANTIPICHAÇÃO A Pertech apresenta sua linha delaminados para exteriores, queentre outras características contacom superfície antipichação.Exibido no padrão madeirado, oproduto laminado não sofrecorrosão nem retém sujeira,mantendo a rigidez euniformidade de cor ao longo dos anos. 0800-7739600www.pertech.com.br

FITA CREPE A Carborundum lança a sua FitaCrepe para Uso Geral, produtoindicado principalmente paraproteger superfícies durante oprocesso de pintura. Aderência,facilidade no corte, elasticidade efácil moldagem às superfícies sãoalgumas característicasencontradas na fita. A únicarestrição é a sua utilização paraisolamento elétrico e locais ondeficam expostas a altastemperaturas.0800-7273322www.carbo-abrasivos.com.br

PRODUTOS & TÉCNICAS

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ACABAMENTOS

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ACABAMENTOS

PASTILHASIdeais para revestimento depiscinas, halls, banheiros,fachadas, pisos ou qualquersuperfície que necessite de umacabamento criativo, as pastilhasKolorines imitam pedraspreciosas e metais, com umagrande variedade de tons.Disponíveis no tamanho 2 cm x 2 cm.(11) 3215-6700www.kolorines.com.br

PAINEL PARA FACHADA O painel Wall PUR é do tiposanduíche, composto com núcleode poliuretano classe R1, de altadensidade (40 kg/m2) e revestidocom chapas de aço pré-pintado.Permite a composição de coresvariadas na mesma obra e tempropriedades térmicas, podendoser instalado tanto em estruturasde aço, quanto de concreto.(62) [email protected]

PERFIS DEACABAMENTOA Tecnoperfil disponibiliza 12tipos de perfis com cores edimensões diferentes paraacabamentos que harmonizemcom revestimentos cerâmicos de paredes, balcões, bordas dejanelas e vidros, banheiras, pisos etc. [email protected]

PISO TÁTILA Daud desenvolveu o Piso Tátil,para aplicação em espaçospúblicos e orientação de alerta edireção, seguindo o padrão defabricação determinado pelaNBR 9050. Podem ser fixadoscom cola ou argamassa epossuem 250 mm x 250 mm. (11) [email protected]

ACABAMENTOS

TINTA ACRÍLICA A linha Brasimur de tintasacrílicas para exterior e interior éo lançamento da Brasilux naFeicon. Disponíveis nas variaçõesNobre Fosca ou SemibrilhoSuperlavável, os produtos dalinha proporcionam, segundo aempresa, finíssimo acabamentoàs paredes, com durabilidade,retenção de cor e resistência aosol, chuva e mofo. (16) 3383-7000www.brasilux.com.br

PULVERIZADOR A empresa NicBrasil marca suapresença na Feicon 2008 comum equipamento inédito noBrasil: o pulverizador WagnerW550. Com função multiuso,pode ser utilizado para pequenose médios serviços depulverização. Seu sistemacontempla a tecnologia Click & Paint, que permiteenvernizar ou [email protected]

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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ANDAIME ELÉTRICOO andaime motorizado émontado com plataformas emaço compostas por módulos de 2 m ou 3 m, que podem serinterligadas formando áreas de 2 m até 8 m de comprimento.A movimentação do andaime éfeita por dois guinchosmotorizados Baram modelo 700.A plataforma pode subir até 9 m/min, agilizando os serviçosde fachada. (51) [email protected]

MANTA TÉRMICA A Atco Plásticos apresenta naFeicon o Homefoil, uma mantasubcobertura para isolamentotérmico. O produto é compostopor uma lâmina de alumínio com99,85% de pureza, camadas defilmes de polietileno e base comfibras de polipropileno. Oferececonforto térmico,impermeabilidade do teto emelhora a estética em áreas sem forro.(19) [email protected]

CANTEIRO DE OBRA COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

TELHA CERÂMICAO Sistema Taguá de Coberturareúne telhas cerâmicas e calhasmetálicas, possibilitando executartelhados com apenas 3% deinclinação. A inclinação minímagarante bom isolamento térmicoe acústico, além de totalimpermeabilização, assegura aempresa. O produto já está nomercado há 40 anos. [email protected](19) 3461-5652

TELHA ONDULADA A Claudio Vogel fará olançamento de mais um modelode telha. Trata-se de um produtocom tamanho diferenciado e queoferece economia considerávelno custo geral do telhado, poisseu rendimento é de 8,5%/m2.Disponível com revestimento em poliéster, esmaltada ou envelhecida.(51) 3634-8000www.claudiovogel.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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TELHA DE CONCRETO As telhas de concreto Pirineos,da Eurotop, destacam-se pelodesign, aspecto rústico e, aomesmo tempo, sofisticado,trabalhando com cores que dãomovimento ao telhado,lembrando os tons da regiãomontanhosa dos Pireneus.Disponível em várias tonalidades. 0800-7070075www.eurotop.com.br

EMULSÃO ASFÁLTICA A Denver Impermeabilizanteslança a emulsão asfálticaimpermeabilizante DenverlajePreto. Totalmente pronta parauso, é aplicada a frio e atende àsnecessidades de proteção emlajes de pequenas proporções,como terraços, sacadas,marquises, coberturas e áreas frias. (11) 4741-6000www.denverimper.com.br

MEMBRANA FLEXÍVELO MSET é o lançamento daBautech na Feicon. É uma mantalíquida impermeabilizante queforma uma membrana elásticamonocomponente e contínua,substituindo a manta asfáltica. As vantagens do produto,segundo o fabricante, são a altaresistência a fungos e bactérias,maior rapidez na aplicação epossibilidade de ser aplicado pormão-de-obra não especializada. (11) 5572-1155www.bautechbrasil.com.br

MASSA ACRÍLICAA Vedacit/Otto Baumgart lança onovo impermeabilizanteVedapren, disponível em trêsversões: terracota, concreto everde. O produto protege contraos raios de sol, o que reduz partedo calor absorvido pela estrutura.Disponível em galões de 4,5 kg,balde de 18 l e ainda em tamborde 200 kg.(11) 2902-5555www.vedacit.com.br

COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

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PROTETOR TÉRMICOO Termosplit é um protetortérmico tubular desenvolvidoprincipalmente para isolamentoem sistemas de refrigeração eclimatização. Fabricado pelaWdB, o produto é fornecido emrolos de 8 m e está disponívelnos diâmetros 17,5 mm, 22 mme 29,5 mm.(11) [email protected]

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

ADESIVOS E SELANTESA nova linha Unfix da Mercotradereúne adesivos e selantesvariados. Entre eles, a empresadestaca a massa reparadora Lite,recomendada para pequenosconsertos em áreas internas eexternas, e o Tapa Trincas, idealpara corrigir fissuras emconcreto, madeira, tijolo ou pedras.(48) [email protected]

COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

ADITIVOS ENDURECEDORA Viapol criou dois novos aditivospara estruturas de concreto: oViamiz Rápido CL e o ViamixExpansivo. O primeiro é idealpara acelerar o endurecimentode cimento, possibilitando altasresistências mecânicas. Já osegundo é utilizado emargamassas destinadas aopreenchimento de espaços entrebatente, parede e teto.(11) 2107-3400www.viapol.com.br

ESTRUTURA DE AÇO A Jorsil lança na Feicon aestrutura pronta de açogalvanizado para telhados, parasubstituir a madeira. Formadapor perfis estruturais levesparafusados entre si, a estruturaapresenta ao mesmo temporigidez e leveza. (11) [email protected]

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

FIBRA O FiberLock, da Etruria, é umproduto usado em concretos eargamassas para inibir oaparecimento e a propagação defissuras causadas por retraçõesplásticas ou hidráulicas.Adicionado ao concreto ouargamassa, incorpora-se à pastade forma homogênea e fácil. (11) [email protected]

CP II O cimento Cimpor CP II E 32 éindicado para estruturas queestejam expostas a ataquesquímicos provenientes do meioambiente e para aplicações quenecessitem de moderadasresistências à compressão nasprimeiras idades, como:artefatos de cimento, blocos deconcreto, concreto protendido,estruturas de concreto em geral,argamassas de assentamento e [email protected]

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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MICROINJETO sistema Microinjet é um novoserviço da Holcim paratratamento de superfícies deconcreto e estruturas, corrigindoimperfeições e dandoacabamento de forma rápida eeficiente. A novidade é ideal parareformas, segundo a Holcim, poiso tempo de aplicação e secagemé rápido e gera menos impactono dia-a-dia da reforma.www.holcim.com/br

ASPIRAÇÃO CENTRAL Ecoblu é um Sistema deAspiração Central fabricado pelaEmmeti, na Itália. O Ecoblupossui uma central, que deve serinstalada em uma área de serviçoou garagem, com pontos deconexão em cada cômodo dacasa. Os pontos são ligados àcentral através de uma tubulaçãode PVC.(19) [email protected]

INSTALAÇÕESCOMPLEMENTARES E EXTERIORES

CONCRETO ECOMPONENTES PARA A ESTRUTURA

AUTOMAÇÃORESIDENCIALA SMS Tecnologia Eletrônicacriou um sistema de automaçãoresidencial totalmente sem fio.Com ele é possível abrir e fecharcortinas ou portões por controleremoto, ativar lumináriasautomaticamente, acionarpreviamente o aquecedor ou airrigação da piscina. O sistemapode ser controlado via internetpelo pacote Alerta 24 horas.(11) 4075-7069www.sms.com.br

CUBA PARA COZINHAA novidade da Stake é a cubatripla para cozinha. Além dasduas cubas para uso geral, a peçaainda vem com uma cubapequena no meio, onde pode serinstalado tanto um escorredorquanto um triturador dealimentos.(11) 6014-3333www.strake.com.br

INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES

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EXAUSTORESA Sictell lança o Arkit, conjuntoexaustor com tubo flexível e umagrade externa, para a renovaçãode ar. O produto é indicado paraambientes de até 6 m2.(11) [email protected]

PISCINAAs piscinas de polietileno são anovidade da Fortlev. Com tampaopcional, possuem tamanhopequeno, são de fácil manuseio emovimentação e estãodisponíveis em três capacidades:500 l, 1.000 l e 2.000 l.(27) 2121-6700www.fortlev.ind.br

INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E TELECOMUNICAÇÕES

TOMADAS EINTERRUPTORESA Linha Simon19 é o novolançamento da Simon Brasil ereúne 29 itens, comercializadosjuntos ou individualmente. Sãointerruptores, pulsadores,tomadas e etc., que buscam, deacordo com a marca, qualidade,segurança, economia e bom gosto. (11) 3437-8100www.simonbrasil.com.br

TRILHO ELÉTRICO O trilho VR 8003 comtransformador eletrônicoembutido, da Adimar Iluminação,é um modelo arrojado e modernocom spots, canopla e trilhos emlatão cromado e cristais noformato de pirâmide. Adequadopara três lâmpadas bipino commáximo de 50 W.(11) 6673-3757www.adimariluminacao.com.br

MINIDISJUNTORO minidisjuntor termomagnéticoda Steck foi criadoprincipalmente para sistemascomuns de distribuição deenergia como tomadas eiluminação. Mesmo travado, emcaso de sobrecarga o produtodesarma automaticamente.(11) 6245-7000 [email protected]

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E TELECOMUNICAÇÕES

LUSTRE DE CRISTAISO lustre pendente Bola da Looz,com diâmetro de 82 cm, possuiaproximadamente sete milcristais sustentados por umacorrente de aço inox. A estruturaé de alumínio pintado. Estádisponível também comdiâmetro de 52 cm. (16) 3976-7131www.looziluminacao.com.brlooziluminacao@looziluminacao.com.br

INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

TUBOS O Acqua System é o sistema paracondução de água quente e friacom união por termofusão doGrupo Dema. A tecnologia portermofusão permite que tubos econexões sejam aquecidos a260ºC, fundindo-semolecularmente em uma peçaúnica e contínua, sem roscas,colas e soldas. Elimina, segundoo fabricante, todo o risco de vazamentos. (11) 3619-8883www.grupodema.com.br

RESERVATÓRIO SOLAR A Cumulus lança os reservatóriossolares em aço carbonovitrificado. Os modelos, além decontar com a mesmadurabilidade e garantia domodelo em aço inox 304L(superior ao inox 304 e 444),possui um custo até 50% menorse comparado com os modelos inox.(11) 3156-8500www.cumulus.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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AQUECEDOR A GÁS O destaque da Bosch na Feicon éo lançamento da LinhaEletrônica Digital, composta portrês modelos de aquecedores deágua a gás: GWH 500 CTDE,GWH 650 CTDE e GWH 800CTDE, que possuem comocaracterísticas principais aregulagem eletrônica datemperatura, exaustão forçadados gases da combustão,modulação eletrônica da chama,além de diversos sistemas de segurança. (11) 2126-1950 / 0800-7045446www.bosch.com.br

AQUECEDORESSOLARESA Unasol disponibiliza umagrande variedade deaquecedores solares, paradiversos usos e demandas. Osrepresentantes em todo Brasilajudam o cliente na escolha dosprodutos em projetos deedificações especiais e compreocupações desustentabilidade.(48) [email protected]

INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

AR-CONDICIONADO O condicionador de ar Vertu é olançamento da Midea do Brasilpara 2007/2008. É um produtoque leva em conta apreocupação ambiental, poispossui selo "A" do Procel. O Vertupossui funções de autolimpezapara eliminação de bactérias efiltros que melhoram a qualidadedo ar no ambiente. Possui tons preto-espelhado e cinza-prateado.0800-6481005www.mideadobrasil.com.brsac@mideadobrasil.com.br

FOSSA SÉPTICA O Sumidouro da Bakof possui umdesign cônico com nervuras,aumentando assim suaresistência à pressão externa.Foi projetado para que a pressãointerna seja distribuídauniformemente, sem causardeformações nas paredes. A abertura é feita na partesuperior, guiada por doisparafusos plásticos.(11) [email protected]

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FECHADURASA nova linha 1.600 da Stampermite que o consumidortroque de fechadura sem deixarnenhum vestígio. O sistema écomposto por espelhos finos ou [email protected]

PORTAS PIVOTANTESAs novas portas pivotantes daZeloart são, segundo a empresa,ideais para a fachada deresidências e áreas comerciais. A estrutura das peças é dealumínio, e os clientes podemescolher o tipo de vidro da peça, tipo de revestimento, cor e modelo, entre outras características. (11) 5562-8666www.zeloart.com.br

JANELAS, PORTAS E VIDROS

BATENTE DEPOLIURETANO Por uma nova tecnologiapatenteada de fusão de um blocode poliuretano na base debatentes e guarnições, a Pormadesoluciona o problema da umidadeem ambientes com pisos frios,como banheiros e áreas deserviço. A base de poliuretano,segundo o fabricante, evita ainfiltração da umidade e diminuio risco de apodrecimento deportas e janelas.(42) [email protected]

DOBRADIÇAREFORÇADAA União Mundial lança adobradiça 4 x 3 para portaspesadas. As peças podem serencontradas em aço ou latão,todas reforçadas parasuportarem grandes cargas.(22) 2533-9350www.uniaomundial.com.br

ESQUADRIA ACÚSTICA O último lançamento da AtenuaSom é a linha de esquadriasFutura. Com dois modelos, umde abrir e outro de correr, sãojanelas acústicas que promovemo conforto térmico gerado pelosvidros duplos. É feita sob medidae pode ter vidros duplos, triplos,quádruplos ou até cinco camadascom diferentes espessuras.(11) [email protected]

FECHADURAA nova Linha Alumínio defechaduras da AliançaMetalúrgica possui três modelosvisando atender aos maisvariados gostos. São opções emrosetas sem parafusos e umnovo par de espelhos. As opçõesde acabamento são o alumínionatural, cromado, fosco, bronzee latonado fosco. Todos osmodelos são equipados commecanismos de 40 mm.(11) 6951-1500www.aliancametalurgica.com.br

JANELAS, PORTAS E VIDROS

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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VIDROSA Vetro System trouxe direto daEuropa uma nova tecnologia deenvidraçamento de ambientes.Os novos painéis se adaptam emvários formatos geométricos,sem o uso de esquadrias, e sãoinstalados em trilhos horizontaisque giram em um ângulo de 90º.(11) 4063-2130www.vetrosystem.com.br

JANELAS, PORTAS E VIDROS

CORTEOs discos diamantados Irwin de180 mm são os mais resistentesao desgaste, sendo indicadosprincipalmente para materiaisabrasivos e para cortes maisprofundos. Os discos podem serutilizados a seco ou com aadição de água.0800-9709044www.irwin.com.br

MÁQUINAS,EQUIPAMENTOS EFERRAMENTAS

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MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

SERRA DE PISO A Clipper C13E da Norton écompacta e se caracteriza peloseu alto desempenho no cortede pisos de concreto e asfálticos.O posicionamento do tanque deágua removível, que é de 20 l,adiciona peso ao disco e garanteao operador uma boa visão do corte.0800-7273322www.norton-abrasivos.com.br

ESTILETECom o intuito de facilitar otrabalho de profissionais daconstrução civil, a Starret lançauma linha de ferramentasmanuais composta de estiletes,lâminas de serra tico-tico, novastrenas e um dos principaisprodutos da empresa, omicroóleo anticorrosivo M1.www.starrett.com.br

FIXAÇÃOA pistola DX 36M, da Hilti, é umsistema de fixação à pólvora paraconcreto e aço. A ferramentasemi-automática possui pente de dez cartuchos e regulagem de potências. A pistola temsilenciador integrado.0800-144448www.hilti.com.br

VIBRADOR DECONCRETO A Bosch apresenta ao setor daconstrução seu novo vibrador deconcreto, com motor de 1.400W de potência e alta capacidadede adensamento do concreto.Com tamanhos diferenciados demangotes (1,5 m e 3,5 m decomprimento) e um sistema detroca rápida dessescomponentes, é possíveladequar o produto a diversasutilizações.0800-7045446www.bosch.com.br

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

MISTURADORO misturador Horizontal Vibronpossui moto-redutor deengrenagens paralelas que,além de prolongar a vida útil doequipamento, proporciona umfuncionamento com menosruídos. Sua cuba de mistura temcapacidade de 100 l e suaprodução média é de 2 m3/h.(11) 6703-3111

FERRAMENTAA Máquina Serra de Fita 1101,da Starrett, é uma máquinahorizontal, de operação manual,para corte de diversos tipos demateriais. O produto possui trêsregulagens de pressão de corte,arco de alumínio injetado e baseprojetada para permitir maior precisão. 0800-7021411www.starrett.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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MÁQUINAS,EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

NIVELAMENTOO nível a laser L3 Millenium, da Laser Center do Brasil, possuinivelamento completamenteautomático na horizontal e navertical, possível por meio demotores niveladores. O produtoainda pode ser manuseado a distância, por meio de controle remoto.(11) 3284-4260www.anvi.com.br

PROJETOS E SERVIÇOS TÉCNICOS

CAD O programa QiCAD foidesenvolvido com o objetivo desuprir a etapa decomplementação das pranchasfinais dos projetos, eliminando anecessidade de adotar outroprograma CAD para finalizar oprojeto. Inclui comandos eferramentas de CAD 2-D nãodisponíveis nos demaisprogramas da linha. (48) [email protected]

SOFTWAREO Cypecad, da Multiplus, é umsoftware para elaboração deprojetos de estruturas emconcreto. O produto abrange,segundo o fabricante, todas asetapas do projeto: modelo 3D daestrutura, carregamentos ecombinações, análise estrutural,dimensionamento do concreto edas armaduras, pranchascompletas, quantitativos ememorial de cálculo.(11) 3222-1755www.multiplus.com

PLACA CIMENTÍCIAO Superboard é uma placaautoclavada produzida comcimento Portland, quartzo efibras de celulose. Disponívelnas espessuras de 6 mm, 8 mm,10 mm e 15 mm, o produto tem1,2 m de largura e 2,4 m decomprimento. Segundo ofabricante, possui resistência àflexão de 16 MPa.(11) 5662-2142www.superboard.com.br

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

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VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

DRYWALL ACÚSTICO O Gypsom, chapa para drywallde alta performance acústica daLafarge Gypsum, ganhou umanova versão: o GypSOM Q10,com perfurações quadradas de10 mm x 10 mm. Segundo afabricante, o produto é idealpara execução de forros emlocais projetados para oferecerboa performance e confortoacústico como auditórios,restaurantes e bibliotecas.0800-2829255www.gypsum.com.br

DRYWALL A Placo fabrica sistemas dedrywall para paredes internasretas ou curvas, não estruturaise não expostas a intempéries.São constituídas por placas degesso, pré-fabricadas a partir dagipsita natural, parafusadas emuma estrutura metálica [email protected]

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OBRA ABERTA

Espaço e Cidade –Conceitos e LeiturasOrganizadores: EvelynFurquim Werneck Lima e MiriaRoseira Maleque184 páginas7 letrasFone: (21) 2540-0076www.7letras.com.brA coletânea de ensaios eartigos, voltada a acadêmicose estudiosos, procuraincentivar discussões sobrequalidade da vida urbana noséculo XXI. Focado na cidadedo Rio de Janeiro, analisa, emseis artigos, a evoluçãohistórica de bairros e regiõesda metrópole carioca, quetiveram suas funções sociaismodificadas ao longo dotempo. A primeira parte dolivro concentra textos quedebatem acerca dopatrimônio, preservação eespaço público. Há ensaiossobre planos de preservaçãode áreas com valorpatrimonial, sobre anecessidade de novassoluções na área detransportes, mesmo que alongo prazo, considerando a integração de diferentes modais.

Livros

Fundações – Guia Práticode Projeto, Execução eDimensionamentoYopanan C. Rebello240 páginasZigurate EditoraVendas pelo portalwww.piniweb.com.brEscrito por um engenheiro deestruturas com interesse pelamecânica dos solos e dasfundações, o livro tem oobjetivo de transmitir asexperiências vivenciadas peloautor durante a interação, aolongo dos últimos 36 anos,com especialistas emfundações. Pretende ser umcanal de informações úteis aosque se iniciam na engenharia e,principalmente, na arquitetura.Procura, portanto, introduzir oassunto a partir da óptica doengenheiro não-especialista.Dessa maneira, levantaquestões gerais, mas deimportância para compreensãoglobal do tema. Apósapresentar um breve históricoe especular sobre a interaçãoda disciplina com a arquitetura,ganha teor técnico e traznoções de mecânica dos solose critérios para escolha defundação profunda.

DimensionamentoSimplificado de Fôrmas de Madeira para Concreto ArmadoZacarias Martin ChamberlainPravia72 páginasUPF EditoraFone: (54) 3316-8373www.upf.br/editoraNesse livro o professor daUniversidade de Passo Fundo,no Rio Grande do Sul, propõeum método simplificado paracalcular pontaletes, fôrmaspara lajes, vigas e pilares combase na NBR 7190/1997 e nométodo dos Estados Limitesúltimos e de utilização. Osdados apresentados sãooriundos das pesquisasrealizadas no Laboratório deEnsaios em SistemasEstruturais. Dessa formaprocura minimizar aimportância da experiência doconstrutor nodimensionamento dosescoramentos edesenvolvimento dos projetosde fôrmas. Rico em ilustraçõespretende ser de utilizaçãoprática e de aplicação portécnicos e engenheiros.

Falhas, Responsabilidadese Garantias na Construção Civil *Carlos Pinto Del Mar368 páginasPINI e Editora MétodoVendas pelo portalwww.piniweb.com.brAborda as responsabilidadesdos construtores, dosprojetistas e de todos osdemais profissionais envolvidosna concepção e execução deuma obra. Associa asdemandas técnicas daengenharia aos conceitos eexigências do Direito paraesclarecer os conceitos,dispositivos e prazos referentesàs falhas e garantiasconstrutivas. O autor, bacharelem Direito pela PUC-SP(Pontifícia UniversidadeCatólica) e mestre em finançaspela Escola de EngenhariaMauá, apresenta um capítulointeiro dedicado à prevenção esolução amigável de conflitos.Por se tratar de uma obradestinada tanto a engenheirosquanto a profissionais doDireito, buscou-se umalinguagem didática e acessível.

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Manual Prático de Direitodas ConstruçõesJosé Fiker136 páginasLivraria e Editora Universitáriade DireitoFone: (11) 3105-6374www.editoraleud.com.brAdvogado formado pela USP(Universidade de São Paulo) eengenheiro civil pela Escola deEngenharia do Mackenzie, oautor é associado colaboradorda Empresa Brasileira deAvaliações e trabalhou noDepartamento de PatrimônioImobiliário da Companhia doMetrô. Trabalhou, dentreoutros locais, na Emurb(Empresa Municipal deUrbanização de São Paulo) eno Ibape (Instituto Brasileirode Avaliações e Perícias deEngenharia). Concebeu o livrode forma a ser compreensívelmesmo aos leigos em Direito.Para tanto, lançou mão deinúmeras ilustrações paratratar de questões jurídicasessenciais à construção,envolvendo perícias, direito devizinhança, desapropriação,mediação e arbitragem.

Manual de Escopo deProjetos e Serviços deAutomação e SegurançaAbrasip (Associação Brasileirade Engenharia de SistemasPrediais)58 páginasManuais de Escopo deProjetos e Serviçoswww.manuaisdeescopo.com.brIntegrante dos Manuais deEscopo, a publicação segue asdiretrizes básicas. Ou seja,divide a atuação dacoordenação de projetos emseis fases, subdivididas entreserviços essenciais e opcionais.Dentre os opcionais, aborda atémesmo a preparação demanual de operação emanutenção de automação esegurança. Esse inclui o projetoexecutivo do sistema,documentação técnica, relaçãode fornecedores e garantias.Dentre os serviços essenciaisdo detalhamento de projetosconsta a lista de pontos desupervisão e controle,considerando sistemas deelétrica, hidráulica e arcondicionado. Disponível emwww.manuaisdeescopo.com.br.

Orbis 1.1UqbarFone: (21) [email protected] de um sistema deinformações com dadosconsolidados e específicos domercado de securitização,com acesso exclusivo aobanco de dados da empresa.A concepção da plataformaalmejou a integração entre acarteira de créditos, aengenharia de estruturaçãofinanceira e o gerenciamentodas operações. Essa novaversão permite ao usuáriocriar consultas próprias apartir do estabelecimento deum conjunto de critérios, taiscomo classificação de riscos erentabilidade estimada. Asinformações sãoapresentadas a partir de trêsperspectivas: dados deoperações, dados agregadose atividades recentes.

Nambei Fios e CabosFone: (11) 5056-8900www.nambei.com.brDesde 1971 fabricando fios ecabos elétricos, a Nambeiacaba de reformular suapágina na internet. De acordocom a empresa, de capitalnacional, o objetivo dasalterações é facilitar anavegação dos consumidores,clientes e profissionais dosetor que busqueminformações sobre osprodutos Nambei. O desenvolvimento do novovisual do site buscou atenderàs tendências atuais por umlayout limpo e moderno. Napágina inicial há um link diretopara os produtos, incluindotoda a especificação técnicados mesmos, e um espaçopara download de catálogos,folhetos e tabelas. Também épossível consultar cópias doscertificados obtidos.

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (nas principais cidades)ou 0800-5966400 (nas demais cidades)www.LojaPINI.com.br

Software Sites

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Seminários econferênciasLegislação na Construção – ComoVencer Entraves Contratuais,Fiscais,Trabalhistas, Previdenciáriose Ambientais13/5/2008O seminário pretende oferecerferramentas no tratamento das questõeslegais relativas à atividade produtiva naconstrução civil. A PINI organizará oevento e reunirá advogados e profissionaisespecializados para discutir soluçõesrelacionadas a pontos como tributos,contratos, normas técnicas, código dedefesa do consumidor, legislaçãotrabalhista, previdenciária e ambiental.(11) [email protected]/legislacao

Sinco 2008 – IV Simpósio Internacionalsobre Concretos Especiais22 a 24/5/2008Sobral (CE)O evento discutirá os componentes dosconcretos especiais, características,propriedades e possibilidades deaplicações. O Sinco é realizado peloIbracon (Instituto Brasileiro doConcreto), Iemac (Instituto de Estudodos Materiais de Construção) e a UVA(Universidade Estadual Vale do Acaraú).Fone: (88) 3611-6796www.sobral.org/sinco2008/

Eco Building – Fórum Internacionalde Arquitetura e Tecnologias para aConstrução Sustentável23 a 25/5/2008São Paulo O fórum fomentará a discussão sobre aconstrução sustentável por meio deconceitos de arquitetura fundamentais ecomplexos, a aplicação de materiais,tecnologias e soluções construtivas.Haverá análises de casos,

regulamentações e tendências demercado nacionais e internacionais paraa sustentabilidade na construção.E-mail: [email protected]/ecobuilding2008

Desafios e Oportunidades noMercado de Baixa Renda – 2a edição29/5/2008O Seminário "Desafios e Oportunidadesdo Mercado de Baixa Renda" promoveráintercâmbio de experiências einformações entre os profissionais daindústria da construção civil. O eventoabordará desde as fases de concepção,viabilização, projeto, planejamento eexecução de empreendimentos para osegmento econômico. (11) [email protected]/DesafiosBaixaRenda

2o Congresso e Feira de Infra-estrutura de Transportes25 a 28/6/2008 São Paulo Realizada pela Andit (AssociaçãoNacional de Infra-estrutura deTransportes), o congresso traz o temaInfra-estrutura de Transportes –Integração e Desenvolvimento. Serãodiscutidos assuntos relacionados arodovias, vias urbanas, ciclovias,aeroportos e tráfego aéreo, metrô eferrovias, portos e hidrovias, dutovias e ITS, logística e intermodalidade.Fone: (11) 5087-3465E-mail: [email protected]/coninfra2008/index.html

XIV Congresso Brasileiro deMecânica dos Solos e EngenhariaGeotécnica23 a 27/8/08Armação dos Búzios (RJ)O evento de caráter técnico-científico,que engloba o XIV Congresso Brasileirode Mecânica dos Solos e Engenharia

Geotécnica, além de simpósios eworkshop, tem a finalidade de promovero intercâmbio de conhecimentos eexperiências entre profissionais deengenharia, pesquisadores e estudantes.A dinâmica do Congresso envolverápalestras proferidas por convidados derenome nacional e internacional, aapresentação de trabalhos técnico-científicos mediante submissão aoComitê Técnico do evento e arealização de uma exposição deserviços e produtos.Fones: (21) 2524-2455/5254E-mail: [email protected]

Feiras e exposiçõesCoverings29/4 a 2/5/2008Orlando (EUA)A Coverings reúne os setores derevestimentos cerâmicos, rochasornamentais, utensílios e acessóriospara cozinhas e banheiros, vidros,madeira, artesanato para revestimento,equipamentos, produtos da cadeia derevestimentos (argamassa, rejunte,películas anti-ruptura, produtosantiderrapantes, de limpeza eseladores). A feira é a maior do setor emterras americanas e uma das principaisdo calendário internacional da área.E-mail: [email protected]

8a Glass South América8 a 10/5/2008A feira reúne fabricantes do setor vidreiroenglobando construção civil, arquitetura,móveis e automóveis. Haverá doispavilhões: o Glass South America Designe Glass South America Tecnologia.(11) 4613-2003www.glassexpo.com.br

Fenarc 2008 – Feira da Engenharia,Arquitetura e Construção

AGENDA

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13 a 18/5/2008Cascavel (PR)A feira bienal, que está em sua quintaedição, mobiliza a cadeia da construçãocivil da região Sul. A Fenarc proporcionaespaço para empresas apresentaremseus produtos e serviços ao público eextensa programação técnica.Fone: (45) 3326-4073E-mail: [email protected]

Nordeste Invest28 a 30/5/2008A ADIT Nordeste (Associação para oDesenvolvimento Imobiliário e Turístico do Nordeste Brasileiro)promove a terceira edição do Nordeste Invest. São esperados cerca de 900 empresários, sendo 200 internacionais, que discutirão sobre investimentos na regiãonordestina. A expectativa é que a feira gere uma movimentaçãofinanceira aproximada de mais de R$ 2 bilhões.(82) 3327-3465www.aditnordeste.org.br

Cursos e treinamentosMBA em Crédito Imobiliárioabril/2008São Paulo A Abecip (Associação Brasileira deCrédito Imobiliário e Poupança) abreinscrições para o MBA Economia daConstrução e Financiamento Imobiliário.O curso destina-se aos profissionais daárea financeira e do setor imobiliáriointeressados em obter uma visãodetalhada das alternativas definanciamento e da construção paraaplicação do conhecimento diretamenteem seus negócios. Fone: (11) 3286-4859E-mail: [email protected]

Lajes TreliçadasSão PauloA marcarO curso oferecido pela Sistrel tem comoobjetivo atualizar e capacitarprofissionais da construção civil, dando-lhes uma visão integrada do processo deimensionamento, fabricação e uso de

laje. Entre os temas abordados:Introdução à laje treliçada; introdução à ferramenta de cálculo de lajestreliçadas; patologias; e roteiro de como comprar a sua laje treliçada corretamente.

Execução de Alvenaria Estrutural de Blocos Cerâmicos Selecta26/6, 28/8, 30/10 e 4/12/2008Itu (SP)Focado em investidores e profissionaisque executam obras de alvenariaestrutural, o treinamento pretendeexpor os produtos para alvenariaestrutural Selecta, com visita à fábrica, noções gerais de projetos,detalhes construtivos, execução de alvenaria e ferramentaladequado.Confirmar presençacom Márcia Melo.Fone: (11) 2118-2001 E-mail:[email protected]

Auto-implementação para IS09000/2000, atendendo aosRequisitos do PBQP-H14/5/2008Porto AlegreO curso tratará da sistemática denormalização dos processos, osrequisitos da Norma ISO 9001 versão2000, e o SIQ-Construtoras. Outro pontoé a capacitação para atuar comoauditores internos do sistema daqualidade da empresa.Fone: (51) 3021-3440www.sinduscon-rs.com.br

Projeto Estrutural de Edifícios de Alvenaria16 e 17/5/2008Rio de JaneiroO objetivo do curso é transmitirinformações e técnicas que permitamanalisar a estrutura de um edifício de alvenaria, considerando as açõesverticais e horizontais, além deapresentar as bases dodimensionamento de elementosestruturais de alvenaria, com ailustração de um exemplo de aplicação em edifício. Fones: (11) 2626-0101/3739-0901E-mail: [email protected]

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COMO CONSTRUIR

Um crescente número de grandescidades e regiões metropolitanas

brasileiras vive situação de escassez edegradação dos recursos hídricos im-pondo a adoção de programas deconservação de água.

Entre os componentes de progra-mas de conservação de água, figura ode substituição de fontes. Consiste ba-sicamente em utilizar novas fontes derecursos hídricos em substituição àsexistentes, especialmente sob condi-ções em que a nova fonte sirva a usosmenos exigentes (menos "nobres"). Oaproveitamento de água da chuvaprecipitada nas edificações do meiourbano se enquadra nessa categoria.

Três grandes virtudes são fre-qüentemente associadas ao aproveita-mento da água de chuva em edifícios:a) diminui a demanda de água potá-vel; b) diminui o pico de inundaçõesquando aplicada em larga escala, deforma planejada, em uma bacia hi-drográfica; c) pode reduzir as despe-sas com água potável.

Embora a prática do aproveita-mento de água de chuva no Brasil re-monte aos primeiros assentamentos naépoca do Descobrimento, a atual con-juntura renova a oportunidade dessamedida sob a égide da sustentabilidade.

Usos domésticos não potáveisUsos domésticos são aqueles pró-

prios ao ambiente da habitação ou

Sistema de aproveitamentode águas pluviais para usosnão potáveis

moradia, embora possam estar pre-sentes também em edifícios indus-triais, comerciais, públicos e de servi-ços. Entre eles citam-se o uso da águapara simples ingestão, a lavagem epreparo de alimentos crus e cozidos, alavagem de utensílios de cozinha, obanho pessoal, a higiene corporal, alavagem de roupas, a descarga de ba-cias sanitárias, a limpeza de pisos, pa-redes, veículos, a rega de jardins, a hi-giene de animais domésticos. Podemser incluídos usos como a descarga

em mictórios, a água de reserva paracombate a incêndio e a água paraaquecimento e acumulação destinadaao banho e outros usos.

Entre os usos domésticos mencio-nados alguns exigem água cuja quali-dade atenda aos padrões de potabili-dade, ou seja, à Portaria 518/2004 doMinistério da Saúde. Entretanto ou-tros usos domésticos não requeremcaracterísticas de qualidade tão exi-gentes quanto a potabilidade. Essesusos, para os quais não é exigida a po-

Wolney Castilho Alvese-mail: [email protected]

Luciano Zanellae-mail: [email protected]

Maria Fernanda Lopes dos Santose-mail: [email protected]

Figura 1 – Calha coletora situada em posição intermediária permitindo alimentaçãodo reservatório superior de água pluvial por gravidade

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C O M O C O N S T R U I R

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tabilidade da água, são definidoscomo não potáveis.

Entre os usos domésticos citadospode-se dizer que a descarga de baciassanitárias e mictórios, a limpeza depisos e paredes, a lavagem de veículos,a rega de jardins e a água de reservapara combate a incêndio, enquadram-se como não potáveis.

Campo de aplicação O presente artigo aplica-se ao

aproveitamento de águas pluviais emusos domésticos não potáveis emedifícios diversos onde tais usossejam praticados.

Considera-se neste artigo somen-te a precipitação pluvial sobre cober-turas de edifícios, ou seja, lajes e telha-dos. Os pátios, garagens, jardins e ou-tras áreas similares não são objetos decaptação visando ao aproveitamento.

Componentes do sistema predial deaproveitamento de água pluvial

O sistema predial de aproveitamen-to de água pluvial para usos domésticosnão potáveis é formado pelos seguintessubsistemas ou componentes:a) captação;b) condução;c) tratamento;d) armazenamento;e) tubulações sob pressão;f) sistema automático ou manual decomando;g) utilização.

Concepções básicasO fundamento básico do projeto

de aproveitamento de águas pluviaisassenta-se sobre o grau de atendimen-to das demandas de água não potávelfrente à oferta de precipitação pluvialno local.A quantidade de água pluviala ser aproveitada é diretamente pro-porcional à área de captação.

Exemplos de cálculos sobre deman-da e oferta de águas pluviais são encon-trados na publicação "Uso Racional daÁgua em Edificações" do Prosab (Pro-grama de Pesquisa em Saneamento Bá-sico), da Finep (Gonçalves, 2006).

A aplicação de sistemas de apro-veitamento de água pluvial deve pas-sar por avaliação econômico-finan-

ceira. Não raramente sistemas deaproveitamento levam a longos perío-dos de retorno financeiro, pois têmgrande peso as despesas com energia.

Soluções de captação e conduçãode águas pluviais

A condução das águas precipita-das sobre as coberturas usualmente éfeita por meio de calhas, condutores,grelhas, caixas de amortecimento eoutros componentes, projetadas damesma forma que nas instalaçõesprediais de águas pluviais, segundo anorma brasileira NBR 10844/1989.

Três situações básicas podem serconsideradas quanto à relação entre aárea de captação e o reservatório:a) reservação somente com reservató-rio elevado;b) reservação somente com reservató-rio inferior;c) reservação dotada de reservatórioinferior e superior.

No primeiro caso a cobertura, ou aparcela de cobertura destinada à cap-tação deverá levar em conta a possibi-lidade do escoamento da precipitação,por gravidade, para o reservatório su-perior. A figura 1 ilustra essa solução.

Variantes dessa solução são apre-sentadas na figura 2.

No segundo e terceiro caso a cap-tação corresponderá à área integral dacobertura, dotada de calhas ou cana-letas e condutores verticais.

Uma configuração de simples im-plantação no caso de casas térreasexistentes é ilustrada na figura 3.Trata-se de solução promissora paraimplantação massiva visando à ate-nuação do pico de cheias.

Soluções alternativas de calhas econdutores verticais incluem filtrosde materiais grosseiros, conformeilustram as figuras 4 e 5.

Soluções de tratamento de águaspluviais

Estudos mostram que o trata-mento da água pluvial captada éobrigatório devido aos riscos asso-ciados ao material carreado pelaágua de chuva quando do escoamen-to sobre a cobertura. Observa-se a

Figura 2 – Esquema de soluções decaptação e alimentação do reservatóriode água pluvial por gravidade

Figura 3 – Aproveitamento simplificadode água pluvial

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colhidas no mesmo local, houver, nomáximo mil coliformes fecais (termo-tolerantes)... por 100 ml". Dessa for-ma, pode-se adotar como referênciainicial de qualidade microbiológica omáximo de mil coliformes termotole-rantes por cada 100 ml de água pluvial.Amostras para verificação desse indi-cador devem ser colhidas nos pontosde uso.

Com respeito aos parâmetros físi-co-químicos, podem ser adotadoscomo referência inicial os valoresapresentados na norma brasileira(NBR 15527/2007, item 4.5) para ocaso de usos mais restritivos.

De maneira genérica o tratamentode águas pluviais escoada de telhados écomposto pelas seguintes partes:� filtração de materiais grosseiros;� descarte das águas de escoamentoinicial;� filtração de materiais particuladosfinos;� desinfecção.

Filtração de materiais grosseirosÉ obtida por meio de grades de

barras ou telas metálicas com abertu-ras da ordem de 2 mm a 6 mm que sãointerpostas no fluxo das águas pluviaiscaptadas na cobertura e conduzidaspelos coletores.

Encontram-se no mercado diver-sas soluções desse tipo de filtração,usualmente importadas.A escolha dosmodelos existentes é função da área decobertura a que vão servir. A figura 6mostra um filtro de material grosseiroimportado instalado em trecho hori-zontal de tubulação.

A função de tais filtros é reter o mate-rial grosseiro (folhas,gravetos e particula-dos de maior dimensão) deixando passara água e sólidos grosseiros mais finos.En-saios realizados no IPT mostram que, emgeral, os sólidos grosseiros são retidos nasua totalidade na maioria dos filtros,e quea eficiência no aproveitamento de águatende a cair com o aumento da vazão.

Os filtros de material grosseiropodem funcionar de forma a lançar omaterial grosseiro para fora da tubula-ção ou podem requerer limpeza ma-nual periódica.

DescarteEstudos do IPT mostram que o des-

carte das primeiras águas escoadas decoberturas é altamente recomendado,particularmente após vários dias semchuva como ocorre na estiagem de in-verno, dada à concentração de poluen-tes e microrganismos.

Segundo pesquisas realizadas noâmbito do Prosab, o volume de descartecorresponde ao escoamento do primei-ro milímetro de precipitação, ou seja,100 l para cada 100 m2 de cobertura.Umdispositivo de descarte bastante práticoé ilustrado na figura 7.

Os dispositivos de descarte podemcontar com esvaziamento automáticoou manual.

Filtro de finosA operação de sistemas de aprovei-

tamento de águas pluviais tem mostra-do que mesmo as instalações dotadasde filtro de grosseiros e aparelho de des-carte podem requerer a filtração de ma-terial particulado mais fino.

presença de material grosseiro, comofolhas, gravetos, sementes e sólidossuspensos e dissolvidos originadosde fezes de pássaros, gatos e roedores,além de material particulado fino se-dimentado sobre as coberturas a par-tir de suspensão aérea, além de mi-crorganismos patogênicos presentesem águas de coberturas, conformemostram pesquisas em cursos noIPT (Instituto de Pesquisas Tecnoló-gicas do Estado de São Paulo) reali-zadas também em outras instituições(May, 2004; Rebello, 2004; Gonçal-ves, 2006).

O tratamento para usos domésti-cos não potáveis é realizado visandoalcançar características de qualidadecompatíveis com os usos desejados. Anorma brasileira relativa ao aprovei-tamento de águas pluviais, NBR15527/2007, estabelece que os pa-drões de qualidade "devem ser fixadospelo projetista de acordo com a utili-zação prevista".

No caso dos usos não potáveisprevistos neste artigo é possível esta-belecer características de qualidadecomuns a todos eles.

No que se refere à qualidade mi-crobiológica da água, uma referênciarazoavelmente adequada é a Resolu-ção Conama 274/2000 que estabelecea qualidade da água para contato detoda superfície do corpo humanocom a água por tempo prolongado.Essa Resolução estabelece que sãoconsideradas satisfatórias as águas nasquais "em 80% ou mais de um con-junto de amostras obtidas em cadauma das cinco semanas anteriores,

Figura 4 – Calha dotada de filtro deretenção de materiais grosseiros

Figura 5 – Filtro vertical de materialgrosseiro instalado em coletor

Figura 6 – Filtro horizontal de materialgrosseiro com grade de barras horizontais

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Existem diversos fabricantes defiltros de areia ou de resina no mer-cado. Grande parte dos filtros deareia opera com a água sob pressão epermite retrolavagem para remoçãodo material retido. Deve ser previstoreservatório de água para retrolava-gem, segundo a freqüência estabele-cida pelo fabricante, ou ditada pelaprática operacional.

Em pesquisa em curso no IPT foidesenvolvido um filtro de fabricaçãosimples e que não requer pressuriza-ção da água para filtração. O filtro foiconstruído de modo a incorporar afiltração de material grosseiro naparte superior e de material particu-lado fino na parte inferior utilizandoareia como meio filtrante. A figura 8ilustra o esquema básico do filtro. Omeio filtrante é de areia média lavadacom 10 cm de espessura e taxa deaplicação de 336 m3/m2/dia.

DesinfecçãoA ocorrência de microrganis-

mos em águas de chuva escoadas decoberturas recomenda fortementea desinfecção.

Os sistemas de desinfecção maisutilizados são os baseados na aplica-ção de cloro, ozônio ou raios ultra-violeta. A desinfecção com cloro per-mite manter ação mais prolongadapor meio de concentração residual decloro livre que permanece efetiva poralgum tempo.

Em instalações prediais prevê-se aaplicação de cloro através de dosado-res de cloro líquido injetados na tu-bulação que conduz a água pluvial aoreservatório, através de pastilhas oude uma solução simplificada desen-volvida no âmbito do Prosab, em quea desinfecção é obtida por difusão docloro contido em uma garrafa plásti-ca perfurada colocada no fundo doreservatório (Daniel, 2001).

O ozônio é um agente desinfe-tante bastante eficiente, mas sua apli-cação deve ser cuidadosamente pro-jetada para que ocorra a misturacompleta da quantidade correta degás no fluxo de água escoando. O em-prego do ozônio permite realizar adesinfecção na tubulação que con-

duz a água ao ponto de uso, ou pormeio de sistema cíclico conformeilustra a figura 9.

Armazenamento de águas pluviais O armazenamento de águas plu-

viais tem destacada importânciadados os impactos arquitetônicos, es-truturais, financeiros e operacionaisque envolve.

As soluções de armazenamentopodem ser agrupadas nas três formasbásicas já citadas anteriormente (so-mente reservatório elevado, somentereservatório inferior e reservatóriosinferior e superior).

O primeiro caso supõe que a ali-mentação do reservatório será feitaa partir de cobertura, calhas e con-dutores, situados em nível superiorao do reservatório. A figura 10 ilus-tra duas possibilidades de assenta-mento do sistema de tratamento nocaso de reservatório de águas plu-viais elevado.

Experimentos realizados pelaUniversidade Federal da Bahia, emconjunto habitacional de baixa renda,levaram à solução ilustrada na figura11. Observa-se que o reservatório éalimentado diretamente a partir dacobertura e situado em cota tal quepermite o uso de água de chuva notanque e em torneira de jardim.

O segundo caso corresponde à si-tuação na qual os usos previstos pos-sam ser atendidos com o posiciona-mento do reservatório em cota relati-vamente baixa, como no atendimen-to de pontos situados em garagens.

O terceiro caso é, de certa forma,análogo ao sistema de água potávelde um edifício de diversos andares. Oreservatório inferior de água pluvialconta com bomba de recalque quealimenta o reservatório superior.Deste último deriva-se o barriletepara distribuição de água pluvial pormeio de colunas de alimentação ser-vindo aos diversos pontos de uso(descarga de bacias sanitárias, lava-gem de pisos e rega, por exemplo).

Em todos os casos de reservaçãode águas pluviais deve ser levado emconta que em períodos de estiagempode não haver água de chuva sufi-

Tela metálicaperfurada (filtrode grosseiros)

Areia (filtrode finos)

Tela contramosquitosobre telametálica

Suportespara a tela

Figura 7 – Esquema básico dedispositivo automático de descarte dasprimeiras águas escoadas da cobertura

Figura 8 – Esquema básico de filtro dematerial grosseiro e de finosdesenvolvido no IPT

Figura 9 – Esquema básico dedesinfecção por ozônio com recirculaçãoda água contida em reservatório

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ciente para a demanda. Nesse caso osreservatórios de água pluvial deverãoreceber complementação do sistemade água potável, evitando-se o fenô-meno da conexão cruzada. Para tantodeve ser observada a norma brasileirade água fria NBR 5626 que exige umaseparação atmosférica (gap) de nomínimo 5 cm entre o tubo de alimen-tação de água potável e o reservatóriode águas pluviais.

Inversamente, no período decheias, o sistema deverá contar comextravasão compatível.

A complementação da alimenta-ção por água potável pode ser feita noreservatório superior de água pluvial.Nesse caso a água potável pode serconduzida por gravidade do reservató-rio superior de água potável para o re-servatório superior de água pluvial ou,ainda, através de pequena bomba derecalque, conforme ilustra a figura 12.

O projeto dos reservatórios deáguas pluviais deve ser elaborado to-mando como diretrizes as normas bra-sileiras: NBR 12217/1994 relativa aosreservatórios de distribuição de águapara abastecimento público, NBR5626/1998 aplicável à instalação pre-dial de água fria e NBR 15527/2007.

Os reservatórios devem ser dota-dos de extravasor, dispositivo de esgo-tamento total, cobertura para evitarentrada de pó, insetos e minimizar aradiação luminosa, dispositivos ouconfigurações que permitam inspe-ção, manutenção e ventilação.

No caso dos reservatórios seremalimentados com água pluvial con-tendo sólidos em suspensão sedimen-táveis ou que flutuam, há necessidadede dispositivos e configurações espe-cíficas para minimizar o acesso de só-lidos às tubulações que servem ospontos de uso.

Para atenuar o risco de extração damistura de água com esses sólidosfinos presentes no reservatório nomomento do uso ou sucção, recomen-da-se situar a extremidade da tubula-ção de tomada d'água a meia-alturaentre o fundo e a lâmina livre no reser-vatório. A alimentação deverá ser pro-jetada para evitar turbulência no inte-rior do reservatório para que nãoocorra ressuspensão de sólidos.

O dimensionamento do volumede reservação de água pluvial deve serelaborado por método que leve emconta a oferta e a demanda de águapluvial. A oferta é descrita pelas sérieshistóricas de precipitação pluvial dalocalidade ao longo do tempo. A de-manda deve ser calculada a partir dosvolumes aplicáveis aos usos não potá-veis previstos.

A norma brasileira NBR 15527/2007 e Gonçalves (2006) apresentamuma série de métodos de dimensiona-mento do volume de reservação ne-cessário. Alguns métodos levam a vo-lumes excessivos e onerosos. Re-comenda-se o dimensionamento pelafórmula que utiliza o maior númerode dias consecutivos sem chuva e ovolume diário demandado, apresen-tado por Gonçalves (2006), o métododa simulação de reservatórios ou ométodo prático australiano, sugeridosna norma brasileira.

O método de simulação de reser-vatórios e o método prático australia-no são particularmente interessantesporque permitem aquilatar em quegrau será atendida a demanda de água

pluvial, considerada a série históricade precipitações.

A expressão para o cálculo do vo-lume de reservação baseado no nú-mero máximo de dias consecutivossem chuva para um dado período deretorno é dada por:

VRES = QNP x DS

Figura 11 – Solução de reservaçãoelevada desenvolvida em conjuntohabitacional de baixa renda por equipeda Universidade Federal da Bahia

Figura 12 – Esquema do posicionamentodos reservatórios elevados de água potável ede água pluvial prevendo complementaçãopor água potável na falta de chuvas

Figura 10 – Esquema com oposicionamento relativo da cobertura,sistema de tratamento e reservatóriosuperior de água pluvial

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rios, considerando as três situaçõesjá mencionadas.

Para um edifício de diversos pavi-mentos, são ilustradas na figura 13configurações das tubulações sob pres-são resultante do posicionamento dereservatórios de água pluvial e de águapotável nas três posições consideradas.

O dimensionamento das tubula-ções de água pluvial sob pressão éfeito de maneira análoga ao das tubu-lações de água potável, com base nanorma brasileira NBR 5626/1998.

Prevê-se a utilização de sistemasde comando automatizados razoavel-mente complexos no caso ilustrado.

Soluções relativas à utilizaçãoA utilização da água pluvial tra-

tada em usos domésticos não potá-veis deve levar em conta as possibili-dades de uso indevido, como inges-tão ou banho, e de acidentes quecomprometam a segurança sanitá-ria e operacional dos sistemas pre-diais de água, especialmente tendoem conta a potencialidade de ocor-rência da conexão cruzada com osistema de água potável.

No que tange ao uso indevido é ne-cessário prever barreiras físicas e cons-cientização e treinamento do usuário.Barreiras físicas incluem torneiras deengate rápido,torneiras sem volante oucom volante lacrado. A pintura das tu-bulações e demais partes da instalaçãoem cor convencionada serve de alertapara uma população usuária previa-mente conscientizada e treinada.

Wolney Castilho AlvesEngenheiro civil e sanitarista Dr. pesquisador e professor do IPT e doCentro Universitário Senace-mail: [email protected]

Luciano ZanellaEngenheiro civilDr. pesquisador e professor do IPTe-mail: [email protected]

Maria Fernanda Lopes dos SantosBiólogaDra. pesquisadora do IPT e professora doCentro Universitário Senace-mail: [email protected]

LEIA MAIS

Uso Racional da Água emEdificações. R. F. Gonçalves(coord.). Prosab (Programa dePesquisa em Saneamento Básico).Abes (Associação Brasileira deEngenharia Sanitária e Ambiental),Rio de Janeiro, 2006.

Processos de Desinfecção eDesinfetantes Alternativos naProdução de Água Potável. L. A.Daniel (coord.). Prosab (Programade Pesquisa em SaneamentoBásico). Abes (Associação Brasileirade Engenharia Sanitária eAmbiental), Rio de Janeiro, 2001.

Conservação de Água emEdificações: Estudo dasCaracterísticas de Qualidadeda Água Pluvial Aproveitadaem Instalações PrediaisResidenciais. Rebello, G. A. O.Dissertação de Mestradoapresentada ao Mestrado emTecnologias Ambientais do IPT, 2004.

Estudo da Viabilidade doAproveitamento de Água deChuva para Consumo NãoPotável em Edificações. May, S.Dissertação de Mestradoapresentada à Escola Politécnica daUSP, 2004.

NBR 15527 – Água de Chuva –Aproveitamento de Coberturasem Áreas Urbanas para Fins NãoPotáveis – Requisitos.ABNT(Associação Brasileira de NormasTécnicas), 2007.

NBR 10844 – Instalações Prediaisde Águas Pluviais.ABNT, 1989.

NBR 5626 – Instalação Predialde Água Fria.ABNT, 1998.

NBR 12217 – Projeto deReservatório de Distribuição deÁgua para AbastecimentoPúblico.ABNT.

Figura 13 – Esquema básico dossistemas de distribuição de água potávele pluvial, segundo diversas posições doreservatório de água pluvial

Onde:VRES é o volume do reservatório (l);QNP é a somatória das demandas deusos não potáveis (l/dias);DS é o maior número consecutivo dedias sem chuva na localidade para umdado período de retorno (dias).

Para uma residência térrea de clas-se média com cinco habitantes situadaem Florianópolis, cuja soma das de-mandas de água para uso não potáveltotalizou 178,33 l/dia, a aplicação daúltima fórmula levou a um volume dereservação de água pluvial de 1.783,3 lque foi arredondado para 2 mil l. Oserviço de metrologia informou que ovalor de DS para a cidade,em série his-tórica de dez anos, é de dez dias. Con-siderando edifício de quatro pavimen-tos com quatro apartamentos porandar na mesma cidade,a demanda deusos não potáveis foi calculada em2.218,676 l/dia. Resultou um volumede reservação de 22.186,7 l arredonda-do para 22 mil l (Gonçalves, 2006).Observe-se que a eficiência de atendi-mento global de usos não potáveis dareservação calculada por esse métodorequer verificação do índice de atendi-mento da demanda considerado o po-tencial de oferta, ou seja, alturas preci-pitadas segundo série histórica.

Condução de águas pluviais emtubulações sob pressão

A condução de águas pluviaissob pressão em tubulações dependedo posicionamento dos reservató-

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