tecendo novas redes de conhecimento atravÉs … ii coninter/artigos/852.pdf · ii coninter –...

14
II CONINTER Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013 TECENDO NOVAS REDES DE CONHECIMENTO ATRAVÉS DA ESCRITA COLABORATIVA EM LINGUA ESTRANGEIRA NA SALA DE AULA VIRTUAL GARTNER, S. (1) 1. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Programa de Estudos Pós-graduados em Linguistica Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) [email protected] RESUMO Através da metáfora de ir à praia, pela primeira vez, para nadar no mar como uma vivência única, este trabalho visa refletir sobre o uso dos blogs educacionais como recurso educativo de aprendizagem de língua inglesa, enquanto língua estrangeira. O estudo do projeto piloto foi realizado em aulas semipresenciais, no Ensino Médio de uma escola privada de Belo Horizonte, e teve como objetivo analisar todo o potencial que a interface blog apresenta, concomitantemente, fazendo-se uma breve reflexão da sua aplicação no processo de ensino e aprendizagem. Pretendeu-se verificar o nível de interatividade e interação que os alunos vivenciaram durante a execução da tarefa e suas percepções a respeito do projeto de escrita colaborativa. Em um nível mais específico e teórico, buscou-se fazer uma leitura do blog, dialogando com os princípios do paradigma da complexidade estabelecidos por Morin (1999, 2003, 2004, e 2007) e Moraes (2008). Percebeu-se que tal interface em contextos de ensino-aprendizagem de línguas vai ao encontro dos princípios que compõem esse paradigma emergente, ou seja, o princípio dialógico, o hologramático e o da recursividade. Palavras-chave: tecnologia educacional. web 2.0. blog. pensamento complexo

Upload: nguyenque

Post on 23-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

TECENDO NOVAS REDES DE CONHECIMENTO ATRAVÉS DA ESCRITA COLABORATIVA EM LINGUA ESTRANGEIRA NA SALA DE

AULA VIRTUAL

GARTNER, S. (1)

1. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Programa de Estudos Pós-graduados em

Linguistica Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) [email protected]

RESUMO Através da metáfora de ir à praia, pela primeira vez, para nadar no mar como uma vivência única, este trabalho visa refletir sobre o uso dos blogs educacionais como recurso educativo de aprendizagem de língua inglesa, enquanto língua estrangeira. O estudo do projeto piloto foi realizado em aulas semipresenciais, no Ensino Médio de uma escola privada de Belo Horizonte, e teve como objetivo analisar todo o potencial que a interface blog apresenta, concomitantemente, fazendo-se uma breve reflexão da sua aplicação no processo de ensino e aprendizagem. Pretendeu-se verificar o nível de interatividade e interação que os alunos vivenciaram durante a execução da tarefa e suas percepções a respeito do projeto de escrita colaborativa. Em um nível mais específico e teórico, buscou-se fazer uma leitura do blog, dialogando com os princípios do paradigma da complexidade estabelecidos por Morin (1999, 2003, 2004, e 2007) e Moraes (2008). Percebeu-se que tal interface em contextos de ensino-aprendizagem de línguas vai ao encontro dos princípios que compõem esse paradigma emergente, ou seja, o princípio dialógico, o hologramático e o da recursividade. Palavras-chave: tecnologia educacional. web 2.0. blog. pensamento complexo

2

“Fui um menino pequeno que, jogando na praia, encontrava de vez em quando um calhau mais fino ou uma concha mais bonita que o normal. O oceano da verdade se estendia, inexplorado, diante do meu." (Isaac Newton)

A INTERFACE DO BLOG

No meio digital, vários gêneros foram criados ou “expandidos” a partir de gêneros já

existentes. O e-mail, o bate-papo virtual, as homepages, as listas de discussão, as aulas

virtuais, dentre outros, são exemplos de textos escritos e orais dos quais fazemos uso no

ciberespaço.

Nosso foco, neste trabalho, é no gênero blog, que é um tipo de página da internet que permite

aos seus usuários publicarem diversos tipos de textos de forma rápida, podendo essa página

também ser atualizada constantemente por pessoas sem conhecimentos técnicos. As

publicações dos textos são organizadas cronologicamente, sempre com o texto mais recente

exibido no topo da página. Esses documentos chamados de posts, tratam de assuntos e

temas variados de acordo com o tipo de blog e os objetivos de cada usuário.

Alguns dos objetivos dos blogs são: discutir livros lidos; expor ideias sobre determinados

assuntos; escrever e discutir sobre notícias diárias; promover a expressão individual e

interações colaborativas no formato de narrativas ou diários; estabelecer o compartilhamento

de ideias e a revisão por parte dos leitores e dos escritores; incentivar a maior participação

dos alunos na tomada de decisões; desenvolver a habilidade da escrita em L21 através de

diferentes gêneros discursivos; estimular o senso crítico sobre os temas abordados e

estudados em sala de aula; criar um senso de autonomia e responsabilidade por parte do

aprendiz.

Blogs são considerados ferramentas de destaque para a educação a distância pela facilidade

na criação e publicação, a possibilidade de construção coletiva e o potencial de interação,

inclusive com leitores desconhecidos (Valente & Mattar, 2007). Isso, segundo esses autores,

faz com que a pesquisa com uso e criação de blogs seja cada vez mais difundida no Ensino

Fundamental e Médio, além, é claro, do Ensino Superior.

Alguns motivos para usar blogs como atividade de ensino-aprendizagem

1. a web é uma ferramenta facilitadora para compartilhar conhecimentos;

2. o ato da escrita exige reflexão e crítica, o que é essencial no processo de

ensino-aprendizagem;

3. a web facilita a escrita individual ou em grupo,

1 L2- língua estrangeira ou segunda língua.

4. a interface possibilita a inserção de outros códigos semióticos como fotos, videos e

animações

5. a interface proporciona a transformação da informação em conhecimento por meio da

construção em colaboração;

6. professor e aluno podem construir colaborativamente um mesmo texto, promovendo o

espírito de colaboração;

7. a interface pode ser atualizada e alterada com muita rapidez;

8. não se exigem conhecimentos técnicos e/ou específicos para se criar um blog;

9. a interface possibilita o gerenciamento da informação de várias fontes;

10. o acesso pode ser feito pelo indivíduo de qualquer lugar onde haja conexão com a

internet;

11. possibilita o feedback não só do professor, mas também de outros colaboradores e

leitores;

12. um texto pode ter um link para outro texto, proporcionando a religação dos saberes;

13. pode promover a autonomia do aprendiz;

14. promove a interação e a colaboração dentro e fora da sala de aula. facilita o

desenvolvimento de trabalhos escolares de cunho multidisciplinar;

15. pode ser usado como um portfolio digital no ensino e na aprendizagem.

A INTERFACE BLOG NUM PARADIGMA COMPLEXO

O ensino de língua é um processo demorado e complexo, que demanda tempo, dedicação,

técnica, tecnologia e didática específica. Os eventos em sala de aula não são estáticos e

sofrem mudanças devido a vários fatores tais como: relação entre professor-aluno,

aluno-aluno, escola-aluno, tarefas instrucionais e atividades em sala de aula. Segundo Paiva

(2005), não se pode prever com certeza o que acontecerá durante o processo de

aprendizagem, uma vez que cada aprendiz responde diferentemente a determinados

estímulos. O que pode funcionar positivamente para um aprendiz pode não funcionar da

mesma forma para outro. Dessa forma, em um projeto colaborativo pela Internet talvez

possamos prever o resultado de uma tarefa, mas não podemos, contudo, garantir que ele

ocorra, uma vez que aprendizes podem responder diferentemente aos mesmos estímulos,

desencadeando consequências imprevisíveis.

De acordo com Morin (1990, 2009, 2010), Mariotti (2007) e Martinazzo (2004), complexidade

pode ser entendida como um sistema de pensamento aberto, abrangente e flexível que

configura um novo olhar sobre o mundo, procurando entender as mudanças constantes do

mundo real. O novo paradigma dialoga com os opostos, com a multiplicidade, a aleatoriedade

e as incertezas das coisas. Assim, a complexidade é a reforma do pensamento que não isola,

4

não separa, não reduz, ou seja, “a complexidade é, efectivamente, o tecido de

acontecimentos, acções, interacções, retroacções, determinações, acasos, que constituem o

nosso mundo fenomenal” (MORIN,1990,p.20).

A visão de complexidade, segundo Morin, se baseia em novos conceitos e instrumentos

teóricos que substituem o paradigma da disjunção/redução/ unidimensionalização por um

paradigma que privilegie a distinção/conjunção/multidimensionalização que permite “distinguir

sem separar, associar sem identificar ou reduzir” (Morin, 1999, p. 22). Ainda, segundo o autor,

a complexidade pode ser entendida através de três princípios ou macroconceitos que estão

interligados, são complementares e interdependentes: o princípio dialógico, a recursão

organizacional e o princípio hologramático.

Princípio dialógico – interação entre as partes. O usuário pode tecer conhecimentos

com os outros e melhorar seus textos através do feedback. “O princípio dialógico

permite-nos manter a dualidade no seio da unidade. Associa dois termos ao mesmo

tempo complementares e antagônicos” (Morin. p.107)

Princípio recursivo ou recursão organizacional – “um processo recursivo é um

processo em que os produtos e os efeitos são ao mesmo tempo causas e produtores

daquilo que os produziu. A ideia recursiva é, portanto, uma ideia em ruptura com a

ideia linear de causa/efeito, de produto/produtor, de estrutura/superestrutura, uma vez

que tudo o que é produzido volta sobre o que produziu num ciclo ele mesmo

autoconstitutivo, auto-organizador e autoprodutor” (Morin, 1990 p. 108). Entende-se

que o blog configura-se como uma interface inacabada, em constante movimento,

uma vez que novas ações geram novos recomeços que levam a novas interações.

Princípio hologramático - “num holograma físico, o ponto mais pequeno da imagem

do holograma contém a quase-totalidade da informação do objecto representado. Não

apenas a parte está no todo, mas o todo está na parte” (Morin, 1990 p. 108). A ideia do

holograma ultrapassa a concepção de entender algo pela via do reducionismo (só vê

as partes) ou do holismo (só vê o todo). É um pouco como a ideia de Pascal que diz

que “não posso conceber o todo sem conceber as partes e não posso conceber as

partes sem conceber o todo.” (Morin, 2009, pg.109)

O PROJETO PILOTO

O projeto de escrita colaborativa aconteceu dentro da sala de aula tradicional e também na no

laboratório de informática onde o autor e pesquisador trabalha. Os trabalhos realizados

aconteceram durante 6 meses de 2012 com alunos, entre 15-16 anos, do Ensino Médio de

uma instituição particular de Belo Horizonte. As tarefas das postagens não estavam

necessariamente seguindo o conteúdo programático da disciplina. Foi pedido que os alunos

se apresentassem e colocassem um perfil que os identificaria como grupo. Alguns fizeram

apresentações dos perfis individualmente e outros grupos de forma coletiva. As postagens

foram escritas da seguinte forma, como mostra o QUADRO 1,

QUADRO 1- Programação do projeto do blog

Mês Programação

Maio introdução do projeto (1ª postagem)

um artigo de notícias de livre escolha do grupo (2ª postagem)

Junho um artigo de opinião de livre escolha do grupo (3ª postagem)

Julho pesquisa e resenha sobre um projeto solidário (4ª postagem).

Pesquisa e listagem de sites que os alunos achassem mais interessantes (5ª postagem).

Agosto escrita de um artigo de opinião sobre relacionamentos (6ª postagem).

Setembro escrita de uma resenha sobre um filme (7ª postagem).

Novembro escrita individual de reflexão: “moments worth living” (8ªpostagem).

Ao todo, foram reunidos 38 blogs com cerca de 85 participantes de 15 e 16 anos. O trabalho

foi avaliado dentro da somatória dos pontos da etapa. Foram distribuídos 5 pontos na 2ª etapa

para esse trabalho e mais 5 para a 3ª etapa. Devido a problemas de agrupamento e saída de

alunos da instituição, alguns grupos foram mudados para melhor gerenciamento do projeto.

Dois questionários (anexo 1 e 2) foram aplicados ao longo do projeto. O primeiro, no mês de

junho, um mês após o início do projeto e outro no final do mesmo, em novembro. As respostas

aos questionários eram escritas em português ou inglês e eram encaminhadas por e-mail

para o professor responsável.

PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS

Vamos à praia

Quando vamos à praia, pela primeira vez na vida, é algo meio assustador. Não sabemos

como é entrar no mar, o que pode acontecer. É uma experiência que, para muitos, é

assustadora e ao mesmo tempo excitante. Para outros, a primeira vez é como um sonho que

se realiza. Uns voltarão à praia diversas vezes e outros, talvez, nunca voltem. Assim também

é uma atividade em sala de aula virtual, principalmente quando não se sabe como os

indivíduos podem reagir perante os novos desafios, as novas tecnologias e suas

potencialidades, e o formato das atividades que se diferenciam daquelas que os sujeitos

estão acostumados a realizar na sala de aula tradicional. É importante ressaltar que o projeto

piloto desenvolvido na aula de inglês nunca havia sido realizado pelos alunos participantes, e,

6

portanto, era como se fôssemos pela primeira vez à praia. Assim, nossa reflexão debruçará

sobre os questionários aos quais os responderam no início e no final do projeto.

A primeira percepção dos participantes sobre a escrita colaborativa, usando o blog, evidencia

características da complexidade como o princípio dialógico. Explicitaremos, neste trabalho,

apenas as ocorrências mais frequentes por uma questão meramente estratégica, por se tratar

de um projeto piloto.

Percebemos sentimentos ao mesmo tempo complementares e antagônicos:

dificuldade/facilidade, moderno/tradicional, agradável/desagradável, divertido/não divertido,

conhecido/desconhecido, entre outros. Por exemplo, os excertos abaixo com algumas

palavras negritadas demonstram a dialogicidade.

“eu achei meio estranho ter q fazer um blog em ingles mas aceitei e achei divertido poder escrever sobre temas interessantes e atuais”

2

“Minha primeira impressão foi que a criação de um blog seria apenas uma tarefa difícil e pouco agradável, porém minha opinião mudou quando começamos a escrever artigos com meu ponto de vista sobre o mundo atual”. “A minha primeira impressão ao começar o blog foi que eu não sabia muito bem como lidar com ele. ...Então foi uma nova experiência pra mim”. “Primeiramente , pensei que estariamos saindo do espaço comum da sala de aula , e assim seria um meio inovador de aprendizagem em que estariamos usufruindo da tecnologia dos meios de comunicação”. “Minha primeira impressão foi de um trabalho muito moderno que rompe com as tradicionais maneiras de ensinar o inglês, que ao mesmo tempo que estamos escrevendo e, consequentemente praticando, o inglês estamos simultaneamene entrando em contato com a internet”.

A dialogicidade está presente também nas interações entre os participantes. Percebe-se que

a colaboração entre os pares e o diálogo entre eles é fundamental para a realização da

escrita. A ordem e a desordem parecem ser inimigos, mas simultaneamente, uma completa a

outra, e, em muitos casos, colaboram e produzem organização e complexidade. As

dificuldades em escrever em inglês podem ser resolvidas com a ajuda do outro ou outros, e

das ferramentas disponíveis como os tradutores e dicionários on-line. Algumas vezes, uma

situação que parecia estar em desordem modifica-se para um estado de ordem e equilíbrio.

As relações conflituosas entre os pares podem ser sanadas de forma amigável, através do

respeito às diferenças dos indivíduos, com diálogo e reflexão crítica. Segundo Palloff e Pratt

(2004), a capacidade de refletir é uma qualidade fundamental para o aluno virtual de sucesso.

Assim, os alunos virtuais engajados num projeto de escrita colaborativa são, ou podem

passar a ser, pessoas que pensam criticamente sobre os problemas da vida.

2 Todos os excertos foram tirados dos questionários aos quais os alunos responderam online. Evitou-se alterar os

depoimentos.

“Realizar o projeto do blog foi, sem dúvidas, uma experiência única e inesquecível. Pude aprender muito sobre os variados tipos de textos que se podem fazer, tais quais artigos, crônicas, textos argumentativos, narrativas, críticas, resenhas, etc. Além do mais, escrever é uma das minhas paixões e hobbies favoritos. Pude aprimorar e desenvolver bastante a minha escrita, além de passar pela difícil, porém beneficente, experiência de trabalhar em dupla, tendo de aceitar as diferenças e saber lidar com elas”.

“O projeto de escrita no blog foi interessante para o estudo de inglês e para interação com os colegas”. “Foi ótimo poder realizar o projeto pois desta forma eu e meu parceiro de blog conseguimos debater diversos assuntos e ainda treinar nosso inglês”. “A minha primeira impressão ao começar a fazer o blog, foi que eu estava prestes a compartilhar as minhas ideias e opiniões com outros internautas, desenvolvendo assim a capacidade de argumentar e respeitar as ideias da minha dupla”.

As ondas

As ondas do mar, para alguns, parecem ser difíceis no primeiro momento. Ora pela força, ora

pelo tamanho e pela grandiosidade com que o mar se apresenta. Uma sensação conflituosa e

antagônica pode surgir ao se tentar quebrar uma onda: medo, euforia, alegria, conforto,

desconforto, calma, nervosismo, entre outras. Quebrar uma onda pode ser um desafio para

uns, especialmente se não sabem nadar, e um momento lúdico para outros. Percebe-se que

alguns alunos sentem o mesmo quando realizam uma tarefa desafiadora e inovadora na aula

de inglês. Da mesma forma, como entrar no mar requer o uso de estratégias, tais como,

acostumar-se com a temperatura da água e olhar como os outros fazem, assim também é no

meio virtual de aprendizagem. Uns aprendem com os outros e usam de estratégias para

ultrapassar os desafios. Esses momentos de aprendizagem em sala de aula podem fazer com

que aprendizes levem suas experiências para o âmbito da vida profissional, acadêmica e

pessoal.

Como o assunto era definido, senti dificuldade no processo criativo. Não sabia o que

escrever, nem como escrever. Como nunca tive facilidade em escrever textos, principalmente artigos, achei muito complicada a tarefa de começar a escrever sobre diversos assuntos, mesmo os tendo

pesquisado antes. A maior dificuldade foi ter de traduzir do português para o inglês tudo que lemos e saber

realmente como fazer um artigo.

Encontramos também, nos relatos dos alunos, dificuldades linguísticas de como escrever,

como utilizar um estilo mais adequado, a falta de um vocabulário e expressões. Nota-se que à

medida que o aluno vai interagindo com a interface e praticando a escrita, o processo vai

ficando menos difícil e mais prazeroso para a grande maioria. Porém, essas dificuldades são

superadas por interações e negociações entre indivíduos. Os exemplos acima e a seguir

ilustram como as estratégias de aprendizagem são usadas diante das dificuldades.

8

“Contei com a ajuda de um dos meus parceiros do blog, que já sabia como usar e me ensinou. O que nenhum de nos autores do blog sabia era pesquisado na internet, ou então iamos mexendo e procurando nas ferramentas do blog mesmo ate achar o que

queríamos”. “eu resolvi escrever sobre temas que eu leria normalmente, assim comecei a ter mais facilidade em escrever. para o problema do ingles conto com as minhas colegas de grupo como ajuda e suporte”.

“Para tirar minhas duvidas perguntei aos meus colegas e, tambem ao meu professor. E, óbvio fui praticando”.

Nadar e mergulhar entre as ondas

Após passar pela primeira experiência de entrar no mar e furar uma onda, uma nova

experiência começa. O vaivém das ondas é contínuo e o banhista começa a “brincar” de furar

as ondas ou de “pegar” uma onda na tentativa de adaptar-se ao sistema. Outros ficarão

apenas na beirada à espera de que a onda chegue aos seus joelhos. Aqui o mar é visto como

um sistema adaptativo complexo, em que a hora, o tipo de lua, as estações e outros fatores

externos influenciarão no tipo de onda que chega à praia. Na interface do blog, notamos que,

após certas postagens, os alunos vão se familiarizando e quebrando barreiras linguísticas.

Eles vão se adaptando ao sistema que está sendo construído e alimentado. As interações

passam a ser frequentes e a prática da escrita começa a ser vista como alimento do próprio

sistema.

“Foi interessante escrevermos sobre temas diferentes e acabamos aprendendo sobre esses temas nas nossas aulas de inglês através de pesquisas e acabamos exercitando nossa escrita no idioma, pois praticamos ao longo das postagens”.

“Com o projeto eu pude aperfeiçoar minha escrita (redação, dissertação) em inglês, que é

um aspecto pouco trabalhado em sala normalmente”. “O blog ajudou a expandir o nosso vocabulário na matéria e com ele, eu pude mostrar

minha opinião sobre vários assuntos”. “... a ampliação do vocabulário em inglês, a ampliação dos conhecimentos a respeito dos temas abordados nos posts, além da interação entre os alunos durante as apresentações e o aprendizado proporcionado a respeito da realização de trabalhos em grupo”.

Alguns banhistas, quando vão à praia, não passam por boas experiências. Muitos acabam

tomando tropeções, tomando caldos e engolindo água. Tais experiências podem causar

diversos sentimentos negativos e levar até a traumas. Assim também, na interface do

blog, notamos que há pontos negativos que podem prejudicar o andamento de um projeto

e desmotivar os alunos. Em qualquer ambiente educacional, nunca teremos indivíduos

100% satisfeitos, pois as demandas, preferências, estilos de aprendizagem,

personalidades, interações e motivações serão sempre diversos. Percebemos que os

pontos negativos do projeto piloto podem ter desequilibrado o sistema algumas vezes,

mas isso não foi motivo para desestruturação ou para gerar um clima de caos.

“Os pontos negativos foram ter que obedecer as regras do blog,como postar em um tempo

determinado,passado desse tempo,o post não é considerado,ter que seguir os passos da apostila dada pelo professor,apresentar o que escrevemos em frente de toda a turma e a pontuação em que ele se enquadrou,pois foi um projeto muito trabalhoso,então deveria ter

sido mais valorizado”. “Os pontos negativos do trabalho é que em, algumas vezes os alunos ficavam sem internet, ou entao nao conseguiam entrar no blog por terem esquecido a senha, e isso nos prejudicou

um pouco”. “Os pontos negativos do projeto foram que, mesmo adorando postar no blog, em certos momentos, não tinha criatividade suficiente elaborar um texto sobre o assunto escolhido pelo professor e nem sempre podia utilizar a internet para olhar os trabalhos dos colegas”.

Chegando à areia para descansar

Após um banho no mar, podemos chegar a conclusões positivas ou negativas sobre a

experiência vivenciada na praia. Uns sentiriam um alívio ao sairem do mar, outros repetiriam a

vivência com prazer. Também no projeto em foco podemos refletir sobre a experiência da

escrita ao longo do processo. Nota-se que a motivação não permanece a mesma durante o

projeto devido a vários fatores externos e internos vivenciados por seus participantes. Dörnyei

(2001) acredita que a motivação não pode ser vista como um atributo estável de

aprendizagem que permanece constante por muitos meses ou anos. Ao contrário, o que a

maioria dos professores constata é que a motivação de seus alunos flutua, entre altos e

baixos. Tal variação poderia ser causada por uma gama de fatores, tais como o período do

ano escolar (ex.: a motivação poderia diminuir com o passar do tempo) ou o tipo de atividade

que é apresentada aos alunos.

“Antes da atividade, eu estava desanimada. Durante, eu estava com raiva pois nao conseguia fazer nada. Depois que fui aprendendo , fui começando a gostar, e quando acabei meus textos me senti orgulhosa”.

“Eu me senti empolgada no início, mas depois desanimei um pouco porque os temas não eram livres, mas depois, quando vi que deu certo e que as redações ficaram boas eu me senti orgulhosa”.

“No início me senti empolgada com a ideia de ter um blog. Durante a atividade, apesar dos problemas, pude ver o blog tomando forma e me senti muito bem. Ao fim, minhas expectativas se comprovaram; gostei muito de ter opinado sobre diferentes assuntos”.

Olhando as ondas

Ao olharmos as ondas do mar indo e vindo, podemos refletir sobre nossas experiências. Na

sala de aula também fazemos essa reflexão, após realizarmos alguma tarefa. Segundo

Palloff e Pratt (2004), a aprendizagem virtual é uma experiência transformadora. A

capacidade de ler, refletir e responder abre as portas para a aprendizagem transformadora.

Assim, o compartilhamento das reflexões não só transforma o aluno individualmente, mas

também o grupo e o professor. Durante o transcorrer do projeto, pudemos levantar alguns

indícios de transformação tanto no âmbito linguístico, aprendendo o inglês, quanto no de

conhecimento de mundo.

10

“Aprimorei meu vocabulário3 em inglês, indo buscar novas palavras na Internet”.

“Com esse trabalho conheci sites diferentes,compreendi o sofrimento dos judeus durante o

holocausto,através do filme "Voices from the list",pelo qual postamos no blog um artigo de opinião sobre o filme visto,conheci diferentes projetos sociais e sobre relacionamentos

pela internet,seus pontos positivos e suas conseqüências”. “Desenvolvemos nossa capacidade de escrever em outro idioma”.

“Aprendi novas maneiras de escrever em ingles e o blog foi uma forma de treinar a escrita e a gramatica também”.

“Acho que a possibilidade de interação, postando textos que todo o mundo poderá ler, é uma ótima proposta. A escrita de textos sobre os mais variados temas foi ótima, divertida e

com bom conteúdo de aprendizagem”. “Os pontos positivos do projeto encontram-se na possiblidade de alunos de ensino médio realizarem textos e trabalhos empenhados que serão lidos não apenas pelo professor como, também, por milhares de outras pessoas que muitos de nós nem conhecemos. Pessoas do mundo todo, uma vez que a internet é um canal aberto de comunicação. Isto tornou o trabalho ainda mais interessante”.

“As aulas tem discussões bem abertas, o ambiente da sala é bom”.

Os efeitos do mar

Através das experiências vividas, podemos refletir sobre os efeitos do mar para um indivíduo.

Alguns vão se lembrar como momentos de grande prazer, calma e relaxamento associados às

imagens presenciadas. Muitas destas imagens estarão gravadas na memória para sempre.

Mas, para outros, a mesma experiência não terá o mesmo efeito e poderá se tornar apenas

uma lembrança de pouco prazer ou quase nenhum. Assim também acontece com as

atividades em sala de aula, em que muitas são marcadas por momentos de prazer e alegria e

outras não. Muitas dessas tarefas podem transformar o aprendiz em um indivíduo mais

consciente, crítico e sensível às adversidades. No projeto piloto, percebe-se que esses

elementos estão presentes claramente nas respostas dos participantes. Em suma, as

experiências vividas foram mais positivas que negativas, pois percebe-se que houve uma

mudança que poderá refletir positivamente não só na aprendizagem e desenvolvimento da

língua-alvo, como também nas relações interpessoais.

“Aprendi a usar uma ferramenta da internet que pode me ser util no futuro, já que,

infelizmente, a maioria dos programas que aprendemos a usar sozinhos não são uteis quando se quer escrever um texto argumentativo ou quando se quer divulgar algo. Aprendi que a internet, mais do que diversão, pode ser agente transformador e conscientizador.”

“Aprendi a escrever de forma mais objetiva, pois antes eu não tinha costume de escrever artigos, e com essa atividade pude superar minha antiga dificuldade.”

“Aprendi a escrever de forma mais objetiva, de uma forma que o texto não fique cansativo

para os leitores.”

3 Por questões metodológicas não será feita nenhuma reflexão sobre o uso do vocabulário, gramática e estruturas

morfos sintáticas e semânticas.

“Eu aprendi, além de melhorar minha pratica ao escrever, que é muito importante saber respeitar a opinião dos outros, e saber como expressar a nossa de forma não agressiva.” “Os maiores obstáculos desse projeto foram, sem dúvida, o trabalho em equipe, saber lidar com diferentes opiniões porém sem deixar as suas de lado.”

O grão de areia, a praia e o mar

Pensar de maneira complexa implica em considerar o princípio hologramático (Morin, 1995),

nos sistemas vivos e sociais, em que a parte está no todo e o todo está na parte. Olhar

apenas o grão de areia sem considerar a praia ou olhar a praia sem considerar os grãos de

areia torna-se impossível no paradigma complexo. O grão de areia faz parte daquilo que

denominamos praia e essa praia faz parte do todo, mar, e assim, o conjunto de mares faz

parte de um outro todo que conhecemos como oceano. Na interface blog percebemos as

individualidades de cada participante e suas características. Cada indivíduo representa um

grão de areia que está num todo representado pelo blog. Cada blog tem uma identidade, quer

através de seus participantes, quer através dos nomes e conteúdos que apresentam. A

coletividade desses blogs leva a uma outra dimensão social e escolar que se apresenta no

resultado do projeto-piloto. Através das postagens, notam-se as características dos

indivíduos, personalidades, gostos, anseios e modos de ver a vida. Nas imagens, por

exemplo, também podemos ler como os aprendizes se relacionam com o mundo social e

escolar. Uma breve leitura semiótica leva-nos a compreender a dinamicidade da blogosfera, e

esta permite um trabalho que contribui para o processo identitário do aluno-escritor, que se

coloca no texto e se constrói a cada interação realizada pelas respostas aos seus posts e

comentários.

“Anyway, we love near each other, and love to hang out, go to the mall, to the cinema... But what we love the most is to ride a bike togheter! We try to do it always we can. What we also like to do is to listen to music. Our favorite singers are Miley Cyrus, Demi Lovato, Jonas Brothers, John Mayer, Ke$ha, 3OH!3, between others. We also like to watch TV, and our favorite serie is Grey's Anatomy! We also lije to watch Private Practice, Desperate Housewives, Hannah Montana, JONAS,…”

“There are too, moments worth living that may be connected to yourself, are moments that happen where you are, cause they are connected to our feelings. A good example of one of those "permanents moments worth living" is be Atleticano. The Galo is part of every moments of your life and be Atleticano is really a reason worth living, because it causes an inexplicable good felling”.

12

É importante considerarmos tais reflexões para adequarmos os conteúdos às nossas práticas

e para conhecermos melhor os aprendizes virtuais. Cada blog apresenta postagens que se

diferem pelo conteúdo, tempo cronológico e outros artefatos. É interessante ressaltar que esta

interface proporciona a adição de outros códigos semióticos como vídeos do Youtube e

também fotos. Os vídeos podem indicar possíveis tendências, gostos e modismos desses

participantes. Assim, podemos refletir sobre o tipo e os textos que poderiam ser mais

motivadores na dinâmica de ensino e aprendizagem de uma L2.

5. Olhando a praia através da lente complexa

Quando se vai à praia, alguns cuidados são indispensáveis para evitar possíveis problemas.

O uso de óculos escuros, filtro solar, boné ou chapéu é um deles para se evitar queimação,

insolação, doenças de pele, entre outros. Olhando a praia sem óculos escuros pode, às

vezes, causar dor nos olhos e provocar certo incômodo advindo dos raios do sol, excesso de

luminosidade e da areia branca. Ao colocarmos óculos escuros, podemos aliviar essa

sensação e conseguimos ver o que antes não se podia. Assim também, através da lente da

complexidade, podemos refletir sobre a interface do blog no contexto escolar de L2. Nota-se

que, sendo uma interface aberta e adaptativa, pois está sempre em constante movimento,

pode ser vista como uma ferramenta que trabalhe saberes de várias fontes, almejando o

trabalho interdisciplinar e/ou transdisciplinar que Moraes (2008) e Morin (2003, 2007)

defendem para a educação do século XXI.

Ainda há muito para se pesquisar sobre o uso das interfaces digitais no ensino e

aprendizagem de línguas. Porém, é essencial que tenhamos contato com a tecnologia e que

professores possam experimentar e vivenciar novas práticas sem medo de errar, pois através

dos erros é que conseguimos aprimorar um projeto para as futuras turmas. Considera-se,

assim, o blog como uma interface dinâmica, que está sujeita ao imprevisto, à não linearidade

e à não uniformidade. Isso significa que as experiências são singulares, pois o tempo não

retroage sobre a matéria nem o presente sobre o passado.

Por fim, citamos Moraes (2008, p. 155), que afirma ser cada momento de aprendizagem vivido

de extrema importância para o indivíduo.

Essa compreensão nos alerta sobre a importância de se ter consciência dos momentos importantes da vida, no sentido pessoal em relação ao conhecimento e à aprendizagem, pois as circunstâncias criadas, como sendo um campo energético e vibracional que possibilitou a emergência do ocorrido, não se repetem. Daí a importância de se prestar atenção às emergências que surgem nos ambientes de ensino e aprendizagem e se ter consciência de que cada momento é único e especial.

A interface do blog nos fez refletir e corroborar o pensamento de Moraes (2008), que destaca

a importância de se compreender os fenômenos da multidimensionalidade escolar, de se

fazer uma leitura das inúmeras causalidades e efeitos que uma metodologia pode conter.

”Pensar de maneira complexa é compreender relações, conexões e vínculos. É reconhecer

as múltiplas dimensões dos fenômenos, a multidimensionalidade do ser humano que se

apresenta em todos os processos de sua vida” (Moraes, 2008:156).

Portanto, muito há de se pesquisar sobre o desenvolvimento linguístico que os blogs podem

trazer para os aprendizes. Como e de que forma esse desenvolvimento é construído ainda

não se tem uma resposta clara, mas com um olhar atento e complexo, talvez consigamos

obter mais evidências.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEHRENS, M. A. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contatos didáticos e

portfólios. Ed. Vozes, Petrópolis, RJ. 2006.

BENSON, P. Teaching and researching autonomy in language learning. London: Logman,

2001. p. 47-58

COUTINHO, C. P. & BOTTENTUIT Júnior, J. B. Blog e Wiki: os futuros professores e as

ferramentas da Web 2.0. Actas do IX Simpósio Internacional de Informática Educativa (SIIE

2007), pp. 199-204. Porto: ESE-IPP. 2007. Disponível em: <

http://repositorium.sdum.uminho.pt/dspace/bitstream/1822/7358/1/Com%20SIIE.pdf>.

Acesso em: 28 jul. 2008.

DORNYEI, Zoltan. Teaching and researching motivation. Applied Linguistics in Action

Series. Pearson Education Limited, 2001.

FIGUEIREDO, F. J. Q. A aprendizagem colaborativa de línguas: algumas considerações

conceituais e terminológicas. In: FIGUEIREDO, F.J. Q (Org.). A aprendizagem colaborativa de

línguas. Goiana: Ed. da UFG, 2006.

MARIOTTI. H. Pensamento complexo: suas aplicações à liderança, à aprendizagem e ao

desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atlas, 2007.

MARTINAZZO, C. J. A Utopia de Edgar Morin - Da Complexidade À Concidadania Planetária

– 2.ed.Col. Educação ed.Unijuí, 2004.

MORAES, Maria Cândida. Ecologia dos Saberes: Transdisciplinaridade, Complexidade e

Educação. São Paulo: ProLíbera Editora: Antakarana/WHH -Willis Harman House, 2008.

____________. Pensamento Eco-sistêmico: educação, aprendizagem e cidadania no século

XXI, São Paulo: Vozes, 2004.

MORIN, E. Introdução ao Pensamento Complexo. Lisboa, Instituto Piaget,1990.

____________. A Cabeça Bem-Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 16ªed. Rio

de Janeiro, Bertrand Brasil, 2009.

14

____________. Ciência com consciência. 13ªed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

____________. A Cabeça Bem-Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 16ªed. Rio

de Janeiro, Bertrand Brasil, 2009.

____________. Ciência com consciência. 13ªed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

PAIVA, V. L. M. O. Autonomia e complexidade: uma análise de narrativas de aprendizagem.

In: FREIRE, M.M; ABRAHÃO, M.H.V; BARCELOS, A.M.F (Orgs.). Lingüística Aplicada e

Contemporaneidade. Campinas e São Paulo: Pontes e ALAB, 2005. p.135-153

RIBEIRO, O. J. Educação e novas tecnologias: um olhar para além da técnica. IN:

COSCARELLI, C.; RIBEIRO, A. E. (Orgs.) Letramento Digital: Aspectos Sociais e Práticas

Pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2005.

PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes

on-line Porto Alegre: Artmed, 2004. 216p

SOLOMON, G. & SCHRUM, L. Web 2.0 new tools, new schools. International Society for

Technology in Education (ISTE).Washington,1° Ed., 2007.