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CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO RENATO BERGAMIN LODI ANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

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Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHACURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

RENATO BERGAMIN LODI

ANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

VILA VELHA2005

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RENATO BERGAMIN LODI

ANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção.Orientadora: Profa Teresa Cristina J. Carneiro, Dsc.

VILA VELHA2005

RENATO BERGAMIN LODI

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ANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção.

Aprovada em dia de mês de 2005.

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________Profa Teresa Cristina J. Carneiro, DScCentro Universitário Vila VelhaOrientador

______________________________________Profa Patrícia Alcântara Cardoso, DScCentro Universitário Vila Velha

______________________________________Prof. Luis Manoel Noronha, MScCentro Universitário Vila Velha

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Aos meus pais que não mediram esforços para que pudesse realizar o maior objetivo de minha vida.

Aos companheiros de turma e professores que foram parte primordial desta história.

Ao meu falecido avô Humberto Félix Lodi.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha orientadora prof.ª Teresa Cristina e ao co-orientador prof. Luis Manoel por me incentivarem durante a elaboração do TCC.

Agradeço aos senhores Célio de Andrade e Edson Fernando Sartório, por permitirem que suas formidáveis empresas fizessem parte deste trabalho.

Agradeço ao engenheiro César Dantas da Andrade S/A Mármores e Granitos, pela fundamental e imprescindível ajuda com o tema e dados da empresa.

Agradeço a Ricardo Vereza Lodi, pela ajuda imprescindível à realização do trabalho.

À Aladin C. pela ajuda primordial.

Agradeço à Betina Sartório, pela ajuda com a coleta de dados.

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“Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor. Mas lutamos para que o melhor fosse feito. Não somos o que deveríamos ser, não somos o que iremos ser, mas graças a Deus não somos o que éramos”.

Martin Luther King

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SUMÁRIO

1 O PROBLEMA...................................................................................................12

1.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................12

1.2 OBJETIVO.....................................................................................................19

2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................20

2.1 O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS.............................................................20

2.2 O SETOR DE SERRARIA DE ROCHAS..............................................................23

2.3 IMPACTO AMBIENTAL.....................................................................................24

2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS NO SETOR DE SERRARIA DE ROCHAS.........................26

2.5 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO.............................................32

2.5.1 O Processo de Decisão de Orçamento de Capital..................................32

2.5.2 Razões para o dispêndio de capital.........................................................33

2.5.3 Etapas do processo de orçamento de capital..........................................34

2.5.3.1 Geração de propostas....................................................................34

2.5.3.2 Avaliação e análise.........................................................................35

2.5.3.3 Tomada de decisão........................................................................35

2.5.3.4 Implementação................................................................................36

2.5.3.5 Acompanhamento..........................................................................36

2.5.4 Fluxos de Caixa Relevantes....................................................................36

2.5.4.1 Cálculo do Investimento Inicial.....................................................36

2.5.4.2 Cálculo dos Fluxos de Caixa Operacionais.................................37

2.5.4.3 Cálculo do Fluxo de Caixa Residual.............................................37

2.5.5 Técnicas de Análise de Investimentos de Capital....................................38

2.5.5.1 Valor Presente Líquido (VPL)........................................................38

2.5.5.2 Período de Payback........................................................................40

2.5.5.3 Período de Payback Descontado..................................................41

2.6 OUTROS ESTUDOS SOBRE O TEMA................................................................41

3 METODOLOGIA.................................................................................................44

3.1 TIPO DE PESQUISA.........................................................................................44

3.2 UNIVERSO DA PESQUISA E AMOSTRA..............................................................44

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3.3 PLANO DE COLETA DOS DADOS......................................................................45

3.4 PLANO DE ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................46

4 AS EMPRESAS..................................................................................................48

4.1 ANDRADE S/A MÁRMORES E GRANITOS........................................................48

4.2 CERÂMICA CIMACO LTDA............................................................................50

4.3 MARCEL – MÁRMORES COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO LTDA.............................52

5 O PROJETO DE CONTROLE AMBIENTAL A SER IMPLANTADO.................53

5.1 A ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES..................................................53

5.1.1 O processo de tratamento de efluentes...................................................54

5.2 O PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA FÁBRICA DE TIJOLOS...................................55

5.2.1 O processo de fabricação de tijolos.........................................................55

6 ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA A LONGO PRAZO.........................58

6.1 INVESTIMENTO INICIAL...................................................................................58

6.2 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL....................................................................58

6.3 RESULTADOS PARA O INVESTIMENTO INICIAL..................................................60

6.4 RESULTADOS PARA OS FLUXOS DE CAIXA OPERACIONAIS..............................61

6.5 RESULTADOS PARA O FLUXO DE CAIXA RESIDUAL.........................................63

6.6 RESULTADOS PARA TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL. . .63

6.6.1 Payback...................................................................................................64

6.6.2 Taxa Interna de Retorno..........................................................................64

6.6.3 Valor Presente Líquido............................................................................64

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS........................................................66

7.1 INVESTIMENTO INICIAL...................................................................................66

7.2 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL....................................................................66

7.3 FLUXO DE CAIXA RESIDUAL...........................................................................67

7.4 PERÍODO DE PAYBACK..................................................................................67

7.5 TIR...............................................................................................................68

7.6 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL).................................................................68

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................71

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LISTA DE TABELAS

QUADRO 1 – EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DA EMPRESA..................................................50

QUADRO 2 – DADOS ECONÔMICOS DA EMPRESA...........................................................50

QUADRO 3 – EQUIPAMENTOS PARA A FABRICAÇÃO DE TIJOLOS......................................57

TABELA 1 – DADOS COLETADOS DE INVESTIMENTO INICIAL DA MARCEL........................58

TABELA 2 - DADOS DE INVESTIMENTO INICIAL COLETADOS DA CIMACO.........................58

TABELA 3 – DADOS DE RECEITA E DESPESAS DE PRODUÇÃO DA EMPRESA CIMACO......59

TABELA 4 – DADOS DE DESPESAS COM RESÍDUOS DA EMPRESA ANDRADE S/A..............59

TABELA 5 – RESULTADOS DO INVESTIMENTO INICIAL......................................................60

TABELA 6 – RESULTADOS PARA O CÁLCULO DE FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL..............61

TABELA 7 – FLUXO DE CAIXA RESIDUAL........................................................................63

TABELA 8 – CÁLCULO DO PERÍODO DE PAYBACK...........................................................64

TABELA 9 – CÁLCULO DO VPL COM TAXA DE JUROS.....................................................64

Tabela 10 – Cálculo do VPL com taxa de juros FINAME/MODERMAQ....................65

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - PROCESSO DE SERRAGEM DE BLOCOS DE GRANITO.................23

FIGURA 2 – TANQUES DE DEPOSIÇÃO FINAL DE LAMA RESIDUAL ABRASIVA................................................................................................................31

FIGURA 3 – RAZÕES PARA DISPÊNDIO DE CAPITAL COM GESTÃO AMBIENTAL..............................................................................................................34

FIGURA 4 – ESTRUTURA FÍSICA DA EMPRESA ANDRADE S/A MÁRMORES E GRANITOS................................................................................................................48

FIGURA 5 – O PROCESSO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES E O FILTRO PRENSA....................................................................................................................54

Figura 6 – Fluxo do processo de produção de tijolos................................................57

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RESUMO

Este trabalho procura demonstrar de que maneira os investimentos realizados para a redução dos impactos ambientais da produção de uma empresa de beneficiamento de pedras ornamentais no setor de serraria afetam a sua lucratividade. Propõe um projeto de gestão de resíduos a ser implantado. Através de pesquisa descritiva e pesquisa de campo com visitas às empresas de beneficiamento de granito com e sem sistema de tratamento de efluentes e à empresa de produtos de cerâmica vermelha que utiliza o resíduo reciclado proveniente do tratamento de efluentes líquidos como matéria-prima, demonstra que há viabilidade econômica para o projeto proposto, com grande redução de impactos ambientais em água e solo. Entretanto, mostra-se um investimento inicial bastante alto para as empresas de pequeno porte brasileiras.

Palavras-chave: impacto ambiental, resíduos, viabilidade econômica.

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RESUMEN

Este trabajo busca demostrar como las inversiones realizadas para la reducción de los impactos ambientales de la producción de una empresa de piedras ornamentas en el sector serraría afectan su lucratividad. Propone un proyecto para gerencia de residuos a ser implantado en la empresa. Con búsqueda descriptiva y búsqueda de campo con visitas a las empresas del granito con y sin sistemas que trata fluidos residuales y a la empresa de productos cerámicos roja que utiliza el desecho reciclado proveniente del tratamiento de fluidos residuales como materia-prima, demuestra que hay viabilidad económica para el proyecto propuesto y que hay gran reducción de los impactos ambientales en agua y suelo. Sin embargo, se muestra una inversión inicial bastante alto para empresas de pequeño porte del Brasil.

Palabras-llave: impacto ambiental, desechos, viabilidad económica.  

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1 O PROBLEMA

1.1 Introdução

Devido aos avanços científicos e tecnológicos da humanidade, a capacidade de

exploração e utilização do meio ambiente cresceu. Ao mesmo tempo aumentou a

velocidade com que o homem degrada o meio em que vive e retira recursos para

atender as suas necessidades.

No início dos tempos, o homem desenvolvia apenas atividades que buscavam tão

somente sua sobrevivência e proteção, não sendo capazes de provocar maiores

danos à natureza.

Com os progressos da ciência e da tecnologia, suas necessidades transcenderam à

mera busca de alimentos e à criação de artefatos para proteção, incluindo a busca

de recursos naturais para a obtenção de energia, fator que marca radicalmente a

capacidade destrutiva do homem.

A exploração energética levou à criação das usinas de energia atômica ou nuclear

que, através do beneficiamento de elementos químicos como o urânio, geram

energia suficiente para suprir as exigências elétricas de certa região. Porém, esta

forma de produção energética é devastadora ao meio ambiente quando mal regida,

tendo como exemplos as explosões das bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki

na segunda Guerra Mundial e o acidente da usina nuclear de Chernobyl.

Referindo-se ainda à busca por energia, é válido lembrar que as atividades de

exploração, extração, transporte e utilização do petróleo vêm causando inúmeras

tragédias ao meio ambiente, sendo marcantes aquelas ligadas a vazamentos do

produto em mares, rios e baías, como o recente vazamento de óleo provocado pela

Petrobrás na Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro.

Contudo, não somente a alta tecnologia devasta o meio ambiente. A exploração de

minas e garimpos em busca de pedras preciosas, carvão, metais e ouro

desertificaram diversas regiões, como o garimpo de Serra Pelada, no Brasil.

Após séculos de devastação, enfatizando-se o século XX, onde a evolução

tecnológica deu-se em grande velocidade a partir da revolução industrial, o homem

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vem mostrando preocupação com a necessidade de preservação do meio ambiente,

elaborando leis e normas que permitam a sua utilização evitando a total degradação

e destruição.

Diversos encontros entre líderes de vários países foram realizados com o intuito de

se criar uma consciência global de proteção ambiental, porém com pouco ou

nenhum resultado prático.

Em 16 de fevereiro de 2005 entrou em vigor o Protocolo de Kyoto sobre mudanças

climáticas. Segundo MCT (2002), o documento impõe a redução das emissões de

seis gases causadores de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta:

CO2 (dióxido de carbono ou gás carbônico), CH4 (metano), protóxido de nitrogênio

(N20) e três gases flúor (HFC, PFC e SF6), sem a participação dos Estados Unidos,

que se negaram a ratificá-lo, sendo o mais estrito dos cerca de 250 acordos

mundiais sobre o meio ambiente.

O tratado determina a diminuição do uso de energias fósseis, como carvão, petróleo

e gás, que representam 80% destas emissões. O uso destes combustíveis aumenta

com o crescimento econômico principalmente dos países desenvolvidos.

Os Estados Unidos, que teriam que reduzir suas emissões em 7%, prevêem um

aumento de 35% em 2012, o que explica sua decisão, em 2001, de abandonar o

protocolo. Como este país emite 40% dos gases causadores de efeito estufa no

conjunto de países industrializados e 21% ao nível mundial, o alcance do protocolo

de Kyoto será limitado, no que também contribui a ausência da Austrália.

A redução global das emissões será de cerca de 2% em 2012 em relação a 1990,

em relação aos 5,2% inicialmente previstos (MCT, 2002).

É certo que os principais responsáveis por quase toda poluição global, como a

destruição parcial da camada atmosférica de gás ozônio, que está relacionada ao

aumento da temperatura global, foram os países desenvolvidos, descobridores e

dominadores da tecnologia moderna antes dos países pobres e subdesenvolvidos, e

as utilizaram sem mensurar as conseqüências no meio ambiente, talvez por

incapacidade de tal mensuração.

O subdesenvolvimento industrial e tecnológico dos supramencionados países

pobres se deve ao fato de tentarem seguir os mesmos passos dos países ricos rumo

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ao desenvolvimento, com a mesma ignorância que lidaram com seu lixo industrial e

químico, despejando-o em água, solo e ar, sem pensar nas conseqüências ao meio

em que vivem.

Apesar de toda a divergência, a consciência ecológica se desenvolveu nos Estados

do Brasil, criando uma regulamentação particular de proteção, defesa e utilização do

meio ambiente e seus recursos, com destaque para o Espírito Santo, que tem no

Instituto Estadual de Meio Ambiente e recursos hídricos (IEMA) e na Secretaria

Estadual de Meio Ambiente (SEAMA), seus principais órgãos fiscalizadores e

regulamentadores.

Evidentemente, a normatização referente ao meio ambiente afeta de maneira direta

a atividade empresarial, pois é no exercício de suas atividades industriais ou

prestação de serviços que as empresas se utilizam dos recursos naturais em larga

escala e despejam no ecossistema o resultado de sua produção, muitas vezes

nocivo.

A sociedade está em processo permanente de metabolismo com a natureza. Os

homens transformam a natureza por meio de suas atividades. Portanto, para que

não ocorram catástrofes, precisamos de uma organização racional da sociedade que

seja capaz de evitar a exploração dos recursos naturais até sua exaustão. Não basta

racionalizar o metabolismo entre os homens e a natureza. Concomitantemente, é

preciso estabelecer relações sociais que atendam às necessidades básicas e

eliminem as carências gritantes que afligem a maioria das sociedades

contemporâneas. Porque, em última análise, a dominação irracional sobre o

ambiente reflete atitudes e comportamentos irracionais dos homens sobre os

homens.

A irracionalidade dessas relações está refletida tanto no plano macro do sistema

econômico e social, quanto no plano micro da economia industrial das empresas. No

plano macro, a corrida incansável atrás da valorização do capital e da

competitividade leva a formas e conteúdos de produção e consumo insustentáveis,

ou seja, leva a um estilo de vida incompatível com as carências sociais e o requisito

de conservar os recursos naturais.

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Em nível micro das empresas, a concorrência e a corrida por mais lucros, mediante

a redução de custos e aumentos de produtividade – independentemente da

qualidade dos produtos ou da adequação de tecnologias – resultam invariavelmente

em efeitos destrutivos na natureza e na sociedade.

Os custos não são efetivamente reduzidos, mas transferidos para a sociedade sob

forma de desemprego, pobreza e marginalidade no ambiente social e sob forma de

poluição do ar, das águas e a erosão do solo no meio ambiente natural. Em última

análise, essas transformações destrutivas afetam também as condições climáticas e

põem em risco a sobrevivência da espécie humana e da própria vida no planeta.

O clamor por tecnologias mais apropriadas e formas de “produção mais limpas” não

tem induzido mudanças nos padrões de consumo da população, nem no

comportamento das empresas que contam com a conivência ou omissão dos

governos. Tanto os Estados quanto as empresas parecem ignorar a natureza

“perversa” do sistema de produção capitalista que, em sua corrida atrás de

competitividade e lucros, parece incapaz de internalizar em sua contabilidade os

custos da destruição do meio ambiente e, menos ainda, os custos incalculáveis da

desagregação social em conseqüência do alastramento da pobreza e da

marginalidade.

O tratamento econômico dos recursos naturais e do meio ambiente, não só pelo fato

de que recursos naturais são efetivamente recursos econômicos, foi o único meio

efetivo de se legislar acerca do tema de maneira eficaz e contundente, reprimindo e

punindo aqueles que destroem e degradam os recursos econômicos ambientais.

A indústria de pedras ornamentais no Brasil tem suscitado a atenção social face às

modificações de elementos componentes da estrutura física dos ecossistemas e das

paisagens como um todo.

Segundo ABIROCHAS (2004), o setor brasileiro de rochas ornamentais movimenta

cerca de US$ 2,1 bilhões/ano, incluindo-se a comercialização nos mercados interno

e externo e as transações com máquinas, equipamentos, insumos, materiais de

consumo e serviços, gerando cerca de 105 mil empregos diretos em

aproximadamente 10.000 empresas. O mercado interno é responsável por quase

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90% das transações comerciais e as marmorarias representam 65% do universo das

empresas do setor.

O desdobramento dos blocos de rochas ornamentais no Brasil se dá principalmente

através da utilização de teares. O parque de beneficiamento opera com quase 1.600

teares, e tem capacidade de serragem estimada em 40 milhões de m²/ano.

A extração brasileira de rochas totaliza 5,2 milhões de toneladas/ano. Os estados do

Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia respondem por 80% da produção nacional. O

estado do Espírito Santo é o principal produtor, com 47% do total brasileiro. O

estado de Minas Gerais é o segundo maior produtor e responde pela maior

diversidade de rochas extraídas.

No ano 2000, 508 empresas distribuídas em 22 estados da Federação, compuseram

a base exportadora de rochas. No ano de 1999, cerca de 71% das exportações de

rochas processadas, em valor, foram destinadas aos EUA, enquanto que para a

Itália foram remetidos 40% em peso das exportações de rochas brutas,

caracterizando uma concentração muito elevada de vendas para esses dois

mercados.

Destaca-se um aumento contínuo das exportações brasileiras durante toda a década

de 90. A barreira dos US$ 100 milhões foi ultrapassada em 1993 e a dos US$ 200

milhões atingida em 1997. A tendência registrada a partir de 1996, mostra recuo das

exportações de rochas silicáticas em bruto e pequena expressão das rochas

carbonáticas em bruto.

No ano de 1999, o Brasil teve participação de 0,3% nas exportações mundiais de

rochas carbonáticas brutas (blocos de mármore), de 9,9% nas de rochas silicáticas

brutas (blocos de granito), de 1,3% nas de rochas processadas simples (pedras de

calcetar), de 1,4% nas de rochas processadas especiais (produtos de mármore e

granito) e 5,6% nas de ardósias, compondo 4,9% do volume físico do intercâmbio

mundial.

Esse desempenho posicionou o Brasil como sexto maior exportador mundial de

rochas em volume físico, atrás da Itália, China, Índia, Espanha e Portugal e à frente

da África do Sul, Turquia, Coréia do Sul, Grécia, Finlândia e Alemanha. Quanto às

exportações de granitos brutos, o Brasil colocou-se em quarto lugar com 9,9%, atrás

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da Índia (18,2%), África do Sul (11,7%) e China (10,4%), situando-se em 12º lugar

das exportações mundiais de rochas processadas.

As exportações do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, que são os principais

estados produtores, totalizaram cerca de US$ 210 milhões em 2000. O Espírito

Santo consolidou sua posição de principal produtor e exportador, respondendo no

ano de 2000 por 44%, em peso e valor, do total das exportações brasileiras. O Rio

de Janeiro teve um dos mais expressivos crescimentos de exportação de rochas

processadas.

São declinantes desde 1998, em peso e valor, as exportações totais e, sobretudo de

rochas graníticas de Minas Gerais, que têm seus negócios centrados na venda de

blocos para grandes compradores italianos. Esta queda foi atenuada pelo expressivo

crescimento das ardósias e quartzitos foliados, que em 2000 já representaram

47,9% em valor das exportações mineiras de rochas.

Situação menos aguda, porém semelhante, é observada para a Bahia, cujas

exportações foram ultrapassadas pelo Rio de Janeiro em 2000. A questão da

agregação de valor dos produtos beneficiados pode ser aqui exemplificada, visto

que em peso o Rio de Janeiro exportou 32% do total da Bahia, enquanto em valor

as exportações cariocas foram 5% maiores que as baianas.

No ano de 1999 as rochas processadas representaram 19,5% em volume físico do

total exportado, enquanto em valor corresponderam a 49,6% do faturamento. No ano

2000 as rochas processadas representaram 25,4% em peso e 56,5% em valor das

exportações. Já em 1999 o valor das exportações das rochas processadas

equiparou-se ao dos blocos e no ano 2000 a exportação de produtos semi-

elaborados já ultrapassou a de matéria-prima, o que caracteriza a desejada

modificação do perfil da indústria exportadora.

O melhor desempenho do Espírito Santo e do Rio de Janeiro com exportação de

rochas graníticas processadas, bem como de Minas Gerais com ardósias e

quartzitos foliados, está lastreado na existência de parques industriais de

beneficiamento e em uma base de competitividade firmada para produtos

acabados/semi-acabados no mercado interno. Tais atributos acabaram por viabilizar

até o incremento das exportações de blocos de granito pelo Estado do Espírito

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Santo, exportações estas, agora não controladas por grandes contratos de

exclusividade.

A maioria das empresas de mármore e granito do Brasil costuma burlar as leis e não

fazer controle ambiental. Há uma grande utilização de recursos naturais tanto na

extração como no beneficiamento, consumindo vasta quantidade desses recursos e

gerando um enorme impacto ambiental.

Os impactos produzidos no meio ambiente ocorrem através do ruído, das vibrações,

da poeira, da lama abrasiva, dos cascalhos de pedras, do desmatamento e remoção

da cobertura vegetal, do impacto visual negativo provocado pela extração dos

blocos, da grande utilização de água, de energia etc., sendo importante realizar um

estudo que analise como investimentos feitos para reduzir esses impactos afetam a

lucratividade de uma empresa deste setor, que é o tema principal deste trabalho.

Para a redução ou mesmo extinção dos impactos foram estudadas maneiras de se

reutilizar estes resíduos, tais como: utilização do resíduo sólido como insumo para a

fabricação de cerâmica vermelha, agregado para a construção civil, argamassa e

como material de enchimento em concretos asfálticos usinados a quente (CBUQ),

para as lamas abrasivas, conforme PNPRI (2000) foram feitos estudos para sua

utilização em impermeabilização de lagoas e aterros, no enchimento e recuperação

paisagística das pedreiras.

O sistema de decantação e prensagem de lamas possibilita a minimização de

volume de resíduos. A lama do processo de serragem de blocos é enviada para um

decantador onde, com utilização de floculante, se efetua a remoção de sólidos por

sedimentação. A água clarificada é novamente introduzida no processo e as lamas

são enviadas para um filtro-prensa onde são concentradas e o seu volume é

reduzido (PNPRI, 2000).

Os resíduos sólidos prensados podem ser destinados à fabricação de cerâmicas

vermelhas em substituição à argila não-plástica. Este processo de reutilização da

água residuária e utilização da lama prensada como matéria-prima para fabricação

de tijolos resulta em redução de impactos ambientais em solo e água, pois se evita o

lançamento de efluentes líquidos do setor de maneira indevida no solo e diminui a

quantidade de água utilizada (PREZZOTI, 2003).

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O controle ambiental é essencial para o licenciamento e bom andamento de uma

empresa do setor de beneficiamento de pedras de mármore e granito como é o caso

da Andrade S/A Mármores e Granitos, objeto de estudo deste trabalho. A empresa

está em fase de expansão, sendo o controle ambiental primordial para seu sucesso.

Agindo dentro da lei, as empresas podem potencializar o comércio exterior,

satisfazendo as normas dos clientes internacionais.

Este trabalho inicia-se com a formulação da situação problema, em seguida

apresenta os objetivos final e intermediários, a delimitação e a relevância do estudo,

o referencial teórico e a descrição da metodologia utilizada. Há depois uma breve

descrição das empresas, a proposta de solução do problema proposto, com dados

obtidos e resultados esperados.

Para finalizar são apresentadas as considerações finais do trabalho, contendo

comentários sobre os resultados almejados e obtidos.

1.2 Objetivo

O objetivo deste estudo foi analisar como investimentos com a implantação de uma

estação de tratamento de efluentes líquidos e equipamentos para a produção de

tijolos visando à redução de impactos ambientais em água e solo afetam a

lucratividade de uma empresa de beneficiamento de pedras ornamentais em longo

prazo, no caso, a Andrade S/A Mármores e Granitos.

20

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesse capítulo será realizada uma revisão da literatura existente sobre o tema

desse trabalho. Primeiramente traz o setor de rochas ornamentais explicado e

especificado e o setor de serraria. Trata do impacto ambiental, na sua conceituação

e relação com as empresas de pedras ornamentais e na importância de se atentar

para a diminuição de seus efeitos, como forma de preservação da qualidade dos

ecossistemas. A análise de projetos a longo prazo, procurando demonstrar o

funcionamento daquele e a imprescindibilidade deste. Por fim, disponibiliza vários

artigos a respeito do tema deste trabalho.

2.1 O Setor de Rochas Ornamentais

No setor de rochas ornamentais tem-se uma cadeia produtiva que começa com a

atividade de mineração ou extração dos blocos das jazidas.

Depois de extraídas, as rochas graníticas em forma de matacões, são transportadas

para as serrarias para o desdobramento ou serragem (processo de transformação

dos blocos em chapas ou placas semi-acabadas), utilizando-se máquinas

denominadas de teares, configurando, o chamado beneficiamento primário. As mais

comuns utilizam lamas abrasivas, que tem como principais objetivos: lubrificar e

resfriar as lâminas, evitar a oxidação das chapas, servir de veículo ao abrasivo

(granalha) e limpar os canais entre as chapas. Composta por água, granalha, cal e

rocha moída, a lama abrasiva é distribuída por chuveiros sobre o bloco através de

bombeamento (SILVA, 1998).

A serragem é a transformação dos blocos, que são grandes paralelepípedos, em

chapas com espessuras padrão de 10, 20 ou 30 mm.

Os chamados teares, nos quais o processo é realizado, são equipamentos robustos

com peso total acima de 40 ton, compostos de quatro colunas metálicas que

sustentam dois leques pendulares onde fica suspenso um quadro porta lâminas,

acionado por um sistema biela-manivela ligado a um volante movimentado por motor

elétrico.

O corte do bloco é realizado pelo atrito e pelo impacto da lama abrasiva à base de

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Page 23: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

granalha de aço ou ferro fundido, cal e água, que banha o bloco e o conjunto de

lâminas, que com o constante movimento pendular do quadro de lâminas provoca o

impacto e o atrito, proporcionando a desagregação de partes da rocha, culminando

com seu corte. A descida do quadro porta lâminas é que assegura a existência da

área de atrito e de impacto em todo o processo (SILVA, 1998).

A circulação da lama para a execução do corte é assegurada pelo sistema de

bomba e chuveiro e o sistema de tensionamento mecânico ou hidráulico das

lâminas.

O outro passo é o de beneficiamento das chapas, cujo objetivo principal é

transformar as placas semi-elaboradas em placas polidas, e estas em produtos

finais.

Há também a parte do beneficiamento dos blocos em ladrilhos. Por meio de um

sistema de talha-blocos, o bloco de granito é serrado em chapas menores e estas

chapas são novamente serradas em ladrilhos, passando por um processo de

polimento e aplicação de verniz.

Segundo pesquisa do SEBRAE-ES (2004) sobre o setor de rochas de mármores e

granitos do ES, a produção capixaba com aproximadamente 1.000 teares tem

capacidade de serragem de 25 milhões de m2/ano, criando cerca de 20.000

empregos diretos. 66% das empresas não declararam o faturamento bruto anual

médio. Dentre as que declararam, 17,5% faturam entre R$ 1 a 5 milhões/ano. Nos

dois extremos, 14,5% faturam entre R$ 100 mil e 1 milhão e 4% acima de 5 milhões.

Efluentes líquidos, com 90% de indicação, foi o aspecto ambiental mais importante

apontado pelas empresas como resultante de suas atividades.

A redução do consumo de água e energia com 59% e 52% respectivamente foram

as duas ações mais implementadas pelas indústrias. Em terceiro lugar vem a

preocupação com a disposição adequada de resíduos sólidos, com 48%, seguida

pela reciclagem, com 44%.

Outra linha de ação ambiental foi indicada, tais como: construção de estações de

tratamentos de efluentes (ETEs), com 36%, e os investimentos para introdução de

equipamentos de proteção ocupacional, com 26% das respostas.

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Uma ação que merece destaque é a iniciativa de 24% das respostas para mudança

dos processos para redução de desperdícios e resíduos. São empresas com enorme

potencial de implantação de programas de ecoeficiência.

Ainda conforme a pesquisa, os maiores obstáculos para melhoria ambiental da

empresa são o custo muito elevado para aquisição dos equipamentos ambientais

(56%), a falta de orientação/informações dos órgãos ambientais (46%), a falta de

informações técnicas (35%), a mudança frequente da regulamentação ambiental

(33%) e os altos custos trabalhistas da mão-de-obra (32%). A inexistência ou custo

excessivo dos financiamentos também é apontado no questionário (29%).

A compra de equipamentos de controle ambiental é pretendida por 20% das

empresas consultadas.

Dos 95% das empresas que responderam sobre financiamento de equipamentos de

prevenção e/ou controle ambiental, 79% nunca tentaram obter financiamento e 11%

não foram bem sucedidos no processo de solicitação para a compra desses

equipamentos. Com isso, somente 5% conseguiram financiamento no Banco do

Brasil.

Das principais razões que têm levado as companhias a se preocuparem com as

questões ambientais, a busca pela melhoria da imagem da empresa junto à

sociedade foi a mais votada, com 63% dos entrevistados, definindo, dessa forma, o

futuro inexorável da ativadade desses empreendimentos com a necessidade do

comprometimento ambiental para abrir novos mercados no exterior (24%).

Comparando as demandas legais com as perspectivas de redução de custos, o

atendimento às demandas legais (50%) segue junto com a redução de custos de

produção e desperdícios (47%).

Mantendo a dualidade da demanda legal versus a demanda operacional, o segundo

grupo manteve próximos os indicadores entre o atendimento àsdemandas dos

órgãos ambientais após visitas e/ou fiscalizações (33%) com o aumento da receita

com o aproveitamento de resíduos em novos produtos ou reciclagem, com 32%.

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2.2 O Setor de Serraria de Rochas

1. Preparação da carga - seleção dos blocos, fixação no carro porta blocos e

colocação no tear através do carro autotransportador.

2. Preparação do tear - atividades realizadas para que os equipamentos fiquem em

condições de serem operados com a colocação ou troca das lâminas,

espaçamento ou tensionamento das mesmas, adequação da lama abrasiva,

regulagem do braço ou biela do tear e procedimentos de manutenção e

preparação das máquinas.

3. Serragem - o processo de serragem propriamente dito, onde o tear é acionado,

deve funcionar sem interrupção até o término do processo. Isto não exclui as

eventuais paradas necessárias para ajustes de lâminas, fixação e separação da

carga de chapas, regulagem da biela e correções na composição da lama

abrasiva (Figura 1).

Figura 1 - Processo de serragem de blocos de granito.

4. Descarregamento do tear - processo de retirada da carga de chapas do interior do

tear, sua lavagem, amarração, desprendimento do carro porta-blocos e sua retirada

do interior do tear, aproveitamento da lama, levantamento do quadro, lavagem e

limpeza do tear.

O processo de circulação da lama é feito em circuito fechado. Com o decorrer da

operação de serragem, a viscosidade desta lama abrasiva eleva-se, dificultando a

serragem, o que pode resultar em defeitos nas chapas e aumento do desgaste das

lâminas. Para controlar os componentes da lama, em intervalos fixados, é efetuada

uma descarga para o controle dos compostos, mantendo-os assim em uma faixa

ideal capaz de proporcionar melhor rendimento ao processo e uma superfície mais

lisa e uniforme nas chapas resultantes do corte.

A descarga é feita através dos hidrociclones, (quando inexistentes, essa descarga é

normalmente feita de forma manual) instalados em cada máquina onde é feita a

separação da granalha ainda em condições de corte, da granalha e pó-de-pedra

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nocivos ao processo. A granalha boa retorna para o circuito fechado da lama e o

restante é conduzido por gravidade para a bomba de recalque situada ao final da

galeria, que o envia aos poços de decantação, onde é depositada passando por um

processo de auto-secagem através da evaporação de parte da água pela ação do

sol (calor) e dos ventos. O excesso é ribombado para a reutilização na serraria.

2.3 Impacto Ambiental

Conforme CONAMA (86), impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de

seus componentes por determinada ação ou atividade, que direta ou indiretamente

afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e

econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, a

qualidade dos recursos ambientais. Estas alterações precisam ser quantificadas,

pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou

pequenas.

Antes de se colocar em prática um projeto, seja ele público ou privado, é preciso

saber mais a respeito do local onde o projeto será implementado, conhecer melhor o

que cada área possui de ambiente natural (atmosfera, hidrosfera, litosfera e

biosfera) e ambiente social (infra-estrutura material constituída pelo homem e

sistemas sociais criados).

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), fundamentalmente, trata-se do estudo

detalhado sobre os impactos ambientais associados a um dado tipo de

empreendimento que tem por objetivo avaliar as prováveis mudanças nas diversas

características sócio-econômicas e biofísicas do ambiente, as quais podem resultar

de uma determinada ação. Propõe que quatro medidas básicas sejam

primeiramente entendidas, para que depois se faça um estudo e uma avaliação mais

específica. São eles:

1 - Desenvolver uma compreensão daquilo que está sendo proposto, do que será

feito e do tipo de material usado.

2 – Compreender o ambiente afetado: que ambiente (biogeofísicos e/ou sócio-

econômico) será modificado pela ação.

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Page 27: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

3 - Prever possíveis impactos no ambiente e quantificar as mudanças, projetando a

proposta para o futuro.

4 - Divulgar os resultados do estudo para que possam ser utilizados no processo de

tomada de decisão.

O EIA também deve atender à legislação expressa na lei de Política Nacional do

Meio Ambiente. São elas:

1 - Observar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, levando

em conta a hipótese da não execução do projeto.

2 - Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e

operação das atividades.

3 - Definir os limites da área geográfica a ser afetada pelos impactos (área de

influência do projeto), considerando principalmente a "bacia hidrográfica" na qual se

localiza;

4 - Levar em conta, planos e programas do governo, propostos ou em implantação

na área de influência do projeto e se há a possibilidade de serem compatíveis.

O RIMA - Relatório de Impacto Ambiental - é o relatório que reflete todas as

conclusões apresentadas no EIA. Deve ser elaborado de forma objetiva e possível

de se compreender, ilustrado por mapas, quadros, gráficos, enfim, por todos os

recursos de comunicação visual.

Deve também respeitar o sigilo industrial (se este for solicitado) e pode ser acessível

ao público. Para isso, deve constar no relatório:

1 - Objetivos e justificativas do projeto e sua relação com políticas setoriais e planos

governamentais.

2 - Descrição e alternativas tecnológicas do projeto (matéria-prima, fontes de

energia, resíduos etc.).

3 - Síntese dos diagnósticos ambientais da área de influência do projeto.

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Page 28: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

4 - Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação da atividade e dos

métodos, técnicas e critérios usados para sua identificação.

5 - Caracterização da futura qualidade ambiental da área, comparando as diferentes

situações da implementação do projeto, bem como a possibilidade da não realização

do mesmo.

6 - Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras em relação aos impactos

negativos e o grau de alteração esperado.

7 - Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos.

8 - Conclusão e comentários gerais.

Deve-se lembrar que a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) fornece o roteiro

básico para a elaboração do EIA/RIMA, a partir dos quais, poderá se desenvolver

um plano de trabalho que deverá ser aprovado pela secretaria.

2.4 Impactos Ambientais no Setor de Serraria de Rochas

As perspectivas da evolução do setor de rochas ornamentais apontam para a

intensificação do beneficiamento das rochas no ES, agregando valor ao produto

exportado, aumentando-se a geração de divisas e o nível de emprego no setor.

Porém, o setor necessita evoluir para atenuar os impactos negativos ao meio

ambiente (CERQUEIRA, 2004).

Visando caracterizar o problema ambiental gerado por essas indústrias e o que

definem as leis quanto ao controle ambiental, faz-se necessário o estabelecimento

de alguns termos:

I. Efluente líquido industrial: despejos líquidos provenientes do estabelecimento

industrial, compreendendo efluentes de processo industrial, águas residuárias e

esgoto doméstico;

II. Efluente de processo industrial: despejos líquidos provenientes do processo de

beneficiamento, denominados de lama de descarga ou polpa, as águas provenientes

de lavagem de blocos e chapas e as descargas de politrizes;

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Page 29: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

III. Águas residuárias: águas provenientes do tratamento dos efluentes líquidos

industriais e aquela que percola dos resíduos sólidos e semi-sólidos;

IV. Resíduos sólidos: São os resíduos sólidos ou semi-sólidos provenientes de

sistema de tratamento do efluente de processo industrial, bem como os rejeitos de

matéria-prima (casqueiros e cascos), insumos e os administrativos;

V. Sistema de gerenciamento de efluentes e resíduos: conjunto de técnicas,

equipamentos e controle de segregação, armazenamento, tratamento, coleta,

transporte, reutilização, reciclagem e destinação final dos efluentes líquidos

industriais e resíduos sólidos;

VI. Aterro industrial: técnica deposição final de resíduos no solo, sem causar danos

ou riscos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais e

utilizando princípios específicos de engenharia para confinar esses resíduos.

As indústrias de rochas ornamentais impactam o meio ambiente porque consomem

grande quantidade de água, geram efluentes e resíduos em quantidades

significativas, a grande maioria não possui sistemas de tratamento de efluentes nem

gerenciamento adequado dos seus resíduos sólidos. Em números, o desdobramento

de blocos de granitos por meio de teares gera efluentes líquidos industriais da ordem

de 3 a 6 m³/ dia por tear. Destes efluentes, 70 a 75% constituem-se de água e 25 a

30% de sólidos. Como resultado do processamento nos teares, apenas 64% dos

blocos processados na indústria é aproveitado, sendo que 8% formam resíduo de

casqueiro e 28% formam pó de rocha que irá compor sólidos insolúveis nos

efluentes.

Os efluentes das atividades de polimento possuem volume muito mais significativo

de água. Neste caso, o tratamento dos efluentes em tanques de decantação permite

uma circulação da água, porém é muito pouco eficiente quanto ao nível de umidade

do resíduo gerado. No caso do polimento, a contaminação dos efluentes e do

resíduo pelas substâncias adicionadas no processo industrial, como resinas e

abrasivos, torna o poder poluente significativo, apesar do menor volume de resíduos.

Além dos resíduos provenientes dos efluentes industriais, as atividades de

beneficiamento de rochas geram cerca de 145 toneladas/dia de outros resíduos,

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como papel, papelão, polipropileno, cal, sacolas plásticas e de papel, lâminas de

aço, madeira, pregos e serras diamantadas de aço vanadium. Esses resíduos são

facilmente recicláveis.

Estudos e análises dos resíduos em várias indústrias e relatórios de análises

efetuadas pelo laboratório da SEAMA/IEMA, bem como outras análises já

apresentadas ao IEMA por empreendimentos concluíram que o resíduo proveniente

do processamento da rocha trata-se de resíduo classe II, não inertes. As normas

referentes a resíduos sólidos determinam que a destinação final deve ser criteriosa e

quando feita em aterros, deve seguir as recomendações da norma 13.896/97, que

dispõe de critérios para projeto, implantação e operação de aterros de resíduos não

perigosos.

Para que as indústrias sejam licenciadas é necessário que esteja nos seus planos o

desenvolvimento de sistemas de tratamento de efluentes e de gerenciamento de

resíduos, para controle dos impactos ambientais negativos. Para que os sistemas

propostos sejam adequados, há algumas premissas:

1. Tratamento do efluente do processo industrial com reutilização de água mais

eficiente possível e de modo a evitar a contaminação pelas águas residuárias no

transporte, na disposição temporária e final do resíduo;

2. Segregação dos resíduos sólidos na origem, visando seu reaproveitamento

otimizado;

3. Armazenamento de resíduos sólidos proveniente do tratamento do efluente de

processo industrial em solo com permeabilidade inferior a 10 –6 cm/s;

Algumas formas de tratamento hoje desenvolvidas são inadequadas, ferindo muitas

vezes a legislação ambiental como:

a) A descarga dos efluentes líquidos industriais nos corpos d’água quando

estiverem fora dos padrões previstos pela resolução CONAMA 020/86;

b) A descarga dos efluentes de processo industrial e a deposição dos resíduos

sólidos no solo sem os devidos controles de prevenção à degradação e a

poluição do solo, hídrica e atmosférica, por resíduos ou pelas águas residuárias;

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c) A disposição de resíduos sólidos provenientes de rejeitos de matéria-prima

(casqueiros e cascos), de forma indiscriminada, misturada, com outros resíduos

e em locais declivosos e sujeitos a deslizamentos;

d) A queima, a céu aberto, de resíduos sólidos de qualquer natureza ou a

reutilização dos recipientes utilizados para o condicionamento de produtos

perigosos para qualquer fim, que não o armazenamento dos próprios produtos.

Diante dos fatos que exige a adequação do setor de rochas, o IEMA estabeleceu

que as indústrias obterão o licenciamento ambiental quando atenderem às seguintes

diretrizes:

I. Diretrizes da licença prévia

i) A instalação das indústrias deve ser feita em terrenos com declividades não

muito elevadas, e desde que a área planificada para a sua instalação envolva o

galpão industrial, os sistemas de tratamento de efluentes, os locais de

estocagem de matéria-prima, produtos elaborados, os pátios de manobra e os

guindastes bem como a disposição temporária dos resíduos;

II. Diretrizes de licença de instalação

i) Os projetos deverão contemplar mecanismos de controle de poluição inclusive

atmosférica, sonora e visual;

ii) Os projetos deverão indicar as fontes de recursos hídricos do empreendimento e

dispor de sistemas de tratamento e uso racionalizado de água, proporcionando

ao máxi o sua reutilização;

iii) Os taludes expostos deverão ser compactados, com critérios técnicos e

geotécnicos, protegidos contra erosão e com harmonia paisagística;

iv) O tratamento do efluente de processo industrial deverá evitar a contaminação do

solo e prever a reutilização da água e agregação da granalha a níveis

compatíveis com sua destinação final

v) Os resíduos sólidos gerados deverão ser segregados de acordo com sua

característica e fonte;

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vi) as águas residuárias deverão ser tratadas de modo que o descarte atenda as

especificações da resolução Conama 20/86;

III. Diretrizes de licença de operação

i) A destinação final dos resíduos deverá ser feita de modo comprovado para

indústrias que a reutilizem como matéria-prima ou para aterro industrial de

resíduos licenciados de acordo com as normas de aterros de resíduos não

perigosos, especificamente a NBR13. 896;

ii) As águas residuárias deverão ser monitoradas, antes de qualquer descarte, pelos

parâmetros de volume, pH, alcalinidade, dureza, Fe solúvel, Cromo, Fenóis,

Cloretos, Na e Al e outros estabelecidos pela resolução CONAMA 20/86 quando

constituintes de insumos utilizados.

Uma questão que preocupa e que deverá ser cada vez mais crítica é quanto à fonte

de água para as indústrias nas regiões secas do estado, onde há escassez de

recursos hídricos. Algumas indústrias têm utilizado a captação da água precipitada

nos telhados das instalações industriais para caixa de armazenamento a fim de ser

utilizada nos processos industriais e economizar a água dos mananciais naturais.

Essa prática é uma boa solução que as empresas podem buscar. Quando associada

a um sistema eficiente de tratamento de efluentes e de recirculação de águas, ela

torna a empresa próxima da auto-suficiência em água, com pouca necessidade de

captação de águas em poços subterrâneos.

Em função dos investimentos que devem ser feitos para tratamento dos efluentes e

para adequar a destinação final dos resíduos gerados, sente-se a necessidade de

uma articulação entre as ações setoriais e a política estadual para que as indústrias

do setor se regularizem nos menores prazos possíveis. O poder de articulação e de

associação entre as indústrias tem sido fundamental para solucionar problemas. Um

apoio também importante que pode ser dado para solução das indústrias de

beneficiamento, está nas empresas prestadoras de serviço que recolhem,

transportam e dão destino aos resíduos coletados nas indústrias.

No entanto, a maior parte desses prestadores de serviços precisam se ajustar para

executar um trabalho adequado ao meio ambiente, uma vez que, não há um destino

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final adequado, gerando inúmeros aterros irregulares, e que lançam resíduos com

elevado volume de águas residuárias. Esses empreendimentos precisam também se

adequar e se licenciar.

Existem inúmeros rejeitos produzidos nas três etapas da cadeia produtiva do setor

de rochas ornamentais. Os impactos produzidos no meio ambiente ocorrem através

do ruído, das vibrações, da poeira, da lama abrasiva, dos cascalhos de pedras, do

desmatamento, do impacto visual negativo provocado pela extração etc.

Estima-se que o percentual médio de desperdício na etapa da extração seja de 40%,

sendo que essa perda é proveniente de blocos com dimensões não padronizadas,

cacos de pedra e pó. O defeito natural do bloco, o corte inadequado e a carga de

explosivos inadequada, são algumas das causas geradoras dos rejeitos. Pelo

exposto, faz-se notória a necessidade da realização de estudos de planejamento da

lavra, bem como o entendimento da melhor técnica a ser utilizada na exploração da

jazida, o que é de extrema importância para dar continuidade à exploração comercial

da pedra.

Já no beneficiamento primário dos blocos, gera-se uma quantidade significativa de

rejeitos na forma de lama abrasiva. A constituição dessa lama é de água, granalha,

cal e rocha moída. Se levarmos em conta que para produzir chapas de 2 cm de

espessura cerca de 20 a 25% do bloco é transformado em pó, o volume total de

rejeito gerado no processo de desdobramento da pedra é grande. O armazenamento

dessa lama nos tanques de deposição final do resíduo contamina o solo, alterando

as condições naturais do subsolo e do lençol de água subterrânea, como é

observado na Figura 2. Quando lançado diretamente nos rios, altera a cadeia

biológica dos seres vivos ali existentes, bem como gera um assoreamento da via

navegável.

Figura 2 – Tanques de deposição final de lama residual abrasiva.

Além da lama abrasiva, ocorrem perdas com as imperfeições dos casqueiros

(laterais dos blocos), as quebras de placas por falhas no empilhamento e a

serragem de placas defeituosas devido a uma má composição da lama abrasiva ou

devido ao inadequado tensionamento das lâminas nos teares que não têm o

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dispositivo automático.

Uma das reclamações dos empresários do setor de rochas ornamentais no estado

do ES é a necessidade de maior orientação sobre as práticas que devem ser

utilizadas em diversas áreas que influenciam o funcionamento das empresas. Os

empresários desconhecem os mecanismos necessários para se evitar a poluição

dos rios e do solo com os rejeitos produzidos pelas serrarias e marmorarias. Não há

orientação educacional e afirmam que as instituições responsáveis por essa rotina,

como a SEAMA, por exemplo, não estão suficientemente aparelhadas para realizar

esta função. Na visão deles, além da fiscalização e punição, há a necessidade da

informação.

Uma das maiores preocupações da SEAMA é com a deposição dos rejeitos. Há a

necessidade de acompanhamento técnico dos resíduos produzidos nas três etapas

produtivas. Devem-se monitorar as diversas situações dos rejeitos e,

prioritariamente, envolver as universidades no desenvolvimento de projetos

ambientais. Na extração, por exemplo, é necessário utilizar tecnologia adequada

para extrair a pedra (mapeamento, exploração e outros).

Conforme SEBRAE-ES (2004), dentro da concepção de implementação da

qualidade e de controle ambiental, as empresas têm aumentado a sua participação

em programas de gestão. Esses programas e certificações exigem padrões de

qualidade que estão sendo requisitados cada vez mais pelo mercado competitivo,

por consumidores, pelos investidores e pelos órgãos de fiscalização.

2.5 Análise de Investimentos de Longo Prazo

2.5.1 O Processo de Decisão de Orçamento de Capital

O processo de orçamento de capital envolve a geração de propostas de

investimento a longo prazo; a avaliação, análise e seleção delas; e a implementação

e acompanhamento das que foram selecionadas.

Orçamento de capital é o processo que consiste em avaliar e selecionar

investimentos a longo prazo, que sejam coerentes com o objetivo da empresa de

maximizar a riqueza de seus proprietários. Os investimentos mais comuns feitos a

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longo prazo pelas companhias são em ativos imobilizados, os quais incluem imóveis

(terrenos), instalações e equipamentos (GITMAN, 1997).

De acordo com Ross, Westerfeld e Jordan (2002), o processo de orçamento de

capital pode ser encarado como uma busca de investimentos com valores presentes

líquidos positivos.

2.5.2 Razões para o dispêndio de capital

Segundo Gitman (1997), dispêndio de capital é um desembolso de fundos feito pela

empresa, com a expectativa de gerar benefícios após um ano. Desembolsos

efetuados em ativos imobilizados são dispêndios de capital, mas nem todos os

dispêndios de capital são classificados como ativos imobilizados.

O motivo mais comum para fazer dispêndio de capital é expandir o nível de

operações, usualmente através da aquisição de ativos imobilizados. Um

empreendimento em crescimento acha muitas vezes necessário adquirir novos

ativos imobilizados rapidamente; às vezes, isso inclui a compra de infra-estrutura

adicional, como imóveis e instalações fabris.

À medida que o crescimento da companhia diminui e ela atinge a maturidade, a

maior parte de seus dispêndios de capital será para substituir ou renovar ativos

obsoletos ou gastos. Toda vez que uma máquina precisa ser consertada, é preciso

avaliar o desembolso exigido para seu reparo em relação ao desembolso que seria

necessário para substituir a máquina e aos benefícios de sua substituição ou

modernização. A modernização pode incluir a reconstrução, o recondicionamento ou

a adaptação de uma máquina ou das instalações existentes.

Alguns dispêndios de capital não resultam na aquisição ou transformação de ativos

imobilizados tangíveis constantes do balanço patrimonial da empresa; antes,

envolvem um comprometimento de recursos a longo prazo, na expectativa de um

retorno futuro. Tais dispêndios incluem gastos com propaganda, pesquisa e

desenvolvimento, serviços de consultoria à administração e novos produtos. Outras

propostas de dispêndio de capital, como a instalação de sistemas de controle de

poluição e ou de segurança determinados pelo governo, são difíceis de avaliar,

34

Page 36: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

porque produzem retornos intangíveis, ao invés de fluxos de caixa facilmente

mensuráveis.

Indagadas sobre as principais razões para a adoção de medidas gerenciais

associadas à gestão ambiental, por meio de um conjunto de 12 opções, as

companhias elegeram a necessidade de atender aos regulamentos ambientais, a

busca de conformidade perante a política social da companhia e as exigências

requeridas para o licenciamento ambiental como fatores mais importantes do que as

motivações associadas à redução de custos, conforme Figura 3. Destaca-se que a

segunda razão mais assinalada - conformidade à política social da empresa -

confere maior possibilidade de continuidade da ação ambiental (CNI, 2004).

Figura 3 – Razões para dispêndio de capital com gestão ambiental.

Fonte: Confederação Nacional das Indústrias (2004)

Pode-se sugerir, a partir da Sondagem, que as indústrias estão procurando

minimizar, por meio da gestão ambiental estratégica, os eventuais conflitos advindos

do processo de licenciamento ambiental e as dificuldades encontradas nas relações

administrativas com os órgãos ambientais.

2.5.3 Etapas do processo de orçamento de capital

O processo de orçamento de capital consiste de cinco etapas distintas, porém inter-

relacionadas. Começa com a geração de propostas. É seguido pela avaliação e

análise, tomada de decisão, implementação e acompanhamento.

2.5.3.1 Geração de propostas

As propostas para dispêndios de capital são feitas por pessoas em todos os níveis

da organização. Para estimular um fluxo de idéias que possa resultar em potenciais

reduções de custo, muitas companhias oferecem prêmios em dinheiro aos

empregados cujas propostas sejam adotadas. As propostas de dispêndio de capital

normalmente vão da pessoa que as elabora a um revisor que esta em um nível

superior na companhia. Logicamente, as propostas que exigem grande desembolso

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Page 37: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

são examinadas com muito mais cuidado que as menos dispendiosas (GITMAN,

1997).

2.5.3.2 Avaliação e análise

As propostas são formalmente avaliadas (1) para se assegurar de que elas são

apropriadas tendo em vista os objetivos e planos globais da empresa e, o mais

importante, (2) para verificação de sua validade econômica. Os custos e benefícios

propostos são estimados e então convertidos em uma série de fluxos de caixa

relevantes, aos quais várias técnicas de orçamento de capital são aplicadas para

aferir o mérito do investimento associado ao potencial desembolso. Além disso, os

vários aspectos de risco a proposta são incorporados à análise econômica ou

classificados e agregados às mensurações econômicas. Uma vez concluída a

análise econômica, um relatório sintético frequentemente com uma recomendação, é

submetido aos responsáveis por uma tomada de decisão (GITMAN, 1997).

2.5.3.3 Tomada de decisão

A magnitude do desembolso, em valores monetários, e a importância do dispêndio

de capital determinam em qual nível hierárquico da organização a decisão será

tomada. As companhias normalmente delegam autoridade, no que se refere a

dispêndios de capital, com base em certos limites monetários. Geralmente, o

conselho de administração reserva-se o direito de tornar as decisões finais sobre

dispêndios de capital que exigem comprometimento de recursos acima de certo

valor, delegando autoridade nos casos de dispêndios menores a outros níveis

organizacionais. Dispêndios de capitais insignificantes, tais como a compra de um

martelo por $15, são tratados como desembolsos operacionais que não requerem

uma análise formal.

Em geral, empresas que operam com restrições de tempo em relação à produção

muitas vezes acham necessário fazer exceções ao esquema de tomada de

decisões, baseado unicamente em limites monetários. Nesses casos, delega-se ao

gerente da fábrica, autoridade para tomar decisões necessárias à continuidade da

linha de produção, mesmo que isso resulte em gastos superiores ao que poderia

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Page 38: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

autorizar normalmente (GITMAN, 1997).

2.5.3.4 Implementação

Uma vez que uma proposta tenha sido aprovada e os fundos necessários estejam

disponíveis, inicia-se a fase de implementação. Nos casos de desembolso pequeno,

a implementação é questão de rotina; o dispêndio é feito e o pagamento é efetuado.

Quando se trata de dispêndios elevados, um controle maio ré exigido, com o objetivo

de se assegura que o que foi proposto e aprovado seja adquirido aos custos

orçados. Muitas vezes os dispêndios relativos à única proposta de investimento

podem ocorrer em etapas, com cada desembolso exigindo a aprovação da diretoria

da companhia (GITMAN, 1997).

2.5.3.5 Acompanhamento

Envolve a monitoração dos resultados durante a fase operacional do projeto. A

comparação dos resultados reais em termos de custos e benefícios, com os valores

estimados, bem como com projetos de investimentos de projetos interiores é vital.

Quando os resultados reais diferem dos resultados projetados, ações devem ser

tomadas, visando o corte de custos, à melhoria dos benefícios, ou até mesmo a

suspensão do projeto (GITMAN, 1997).

2.5.4 Fluxos de Caixa Relevantes

2.5.4.1 Cálculo do Investimento Inicial

Segundo Weston e Brigham (2000), o investimento inicial é calculado através das

seguintes variáveis: custo do novo ativo, custos de instalação e variação no capital

circulante líquido.

Se a companhia adquire um novo equipamento para expandir seu nível de

operações, tal expansão será acompanhada pelo crescimento dos níveis de caixa,

duplicatas a receber, estoques, duplicatas a pagar e outras contas a pagar. Esses

aumentos resultam da necessidade de mais caixa para sustentar a expansão nas

operações, mais duplicatas a receber e estoques para sustentar o aumento nas

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Page 39: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

vendas, e mais duplicatas a pagar e outras contas para sustentar o aumento nas

compras realizadas, em vista da maior demanda por seus produtos. Enquanto

perdurar a expansão das operações, espera-se que haja um aumento do

investimento em ativos circulantes (caixa, duplicatas a receber e estoques) e um

aumento do financiamento por passivos circulantes (duplicatas a pagar e outras

contas).

A diferença entre as variações nos ativos circulantes e as variações nos passivos

circulantes será a variação no capital circulante líquido.

2.5.4.2 Cálculo dos Fluxos de Caixa Operacionais

Os benefícios esperados de um dispêndio de capital são medidos através das

entradas de caixa operacionais, que são as entradas de caixa incrementais após o

imposto de renda. Entradas de caixa operacionais são as entradas de caixa

relevantes, resultantes de um investimento a longo prazo, ao longo de sua vida.

Os benefícios que devem resultar de dispêndios de capital propostos devem ser

medidos após o imposto de renda, visto que a empresa não fará uso de nenhum

benefício antes de ter satisfeito às exigências fiscais do governo. Já que tais

exigências dependem do lucro tributável da companhia, é preciso deduzir o imposto

de renda antes de se fazerem comparações consistentes entre as propostas de

investimento.

Todos os benefícios esperados de um projeto proposto devem ser medidos na forma

de fluxo de caixa. As entradas de caixa representam dinheiro que pode ser gasto,

não simplesmente “lucros contábeis”, que não estão necessariamente à disposição

da empresa para pagamento de suas contas. Uma técnica simples para converter o

lucro líquido após o imposto de renda em entradas de caixa operacionais consiste

em adicionar ao lucro líquido após o imposto de renda quaisquer encargos que não

representam saídas de caixa e apareçam como despesas na demonstração do

resultado. O encargo mais comum que não envolve desembolso, presente na

demonstração de resultado, é a depreciação dos equipamentos (GITMAN, 1997).

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2.5.4.3 Cálculo do Fluxo de Caixa Residual

Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), o fluxo de caixa resultante do

término e liquidação de um projeto no final de sua vida econômica é o fluxo de caixa

residual. Representa o fluxo de caixa após os impostos de renda, excluindo as

entradas de caixa operacionais, que ocorre no ano final do projeto.

Os resultados obtidos com a venda do ativo novo representam o valor líquido

deduzido de quaisquer custos de remoção ou de vendas esperadas por ocasião do

término do projeto.

Da mesma maneira que se calcula o imposto incidente na venda de ativos usados,

os impostos devem ser considerados na venda final do ativo novo. O cálculo dos

impostos aplica-se sempre que o ativo for vendido por um valor diferente de seu

valor contábil.

A receita da venda do ativo novo é calculada deduzindo-se a depreciação do

equipamento no final do quarto ano do investimento, do valor de aquisição dos

equipamentos do projeto de controle ambiental.

A recuperação do capital de giro, segundo Gitman (1997), reflete a reversão para

sua situação original, de qualquer investimento no capital circulante líquido, refletido

como parte do investimento inicial. Já que o investimento no capital circulante líquido

não é consumido, o montante recuperado no término do projeto será igual ao

montante apresentado no cálculo do investimento inicial.

2.5.5 Técnicas de Análise de Investimentos de Capital

As técnicas de análise de orçamento de capital são utilizadas pelas empresas para a

seleção de projetos que irão aumentar a riqueza de seus proprietários.

Os fluxos de caixa relevantes desenvolvidos nos tópicos anteriores devem ser

analisados para a determinação da aceitabilidade do projeto.

2.5.5.1 Valor Presente Líquido (VPL)

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Page 41: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

Por considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo, o valor presente líquido

é considerado uma técnica sofisticada de análise de orçamento de capital. O uso do

VPL supõe, implicitamente, que todas as entradas de caixa intermediárias geradas

pelo investimento sejam reinvestidas ao custo de capital do empreendimento. Esse

tipo de técnica, de uma forma ou de outra, desconta os fluxos de caixa da

companhia a uma taxa especificada. Essa taxa, frequentemente chamada de taxa

de desconto, custo de oportunidade ou custo de capital, refere-se ao retorno mínimo

que deve ser obtido por um projeto, de forma a manter inalterado o valor de mercado

da empresa (GITMAN, 1997).

De acordo com Ross, Westerfeld e Jordan (2002), a diferença entre o valor de

mercado de um investimento e seu custo é denominada valor presente líquido do

investimento.

O VPL é obtido subtraindo-se o investimento inicial do valor presente das entradas

de caixa, descontadas a uma taxa igual ao custo de capital do empreendimento.

Utilizando-se o VPL, tanto as entradas como as saídas de caixa são traduzidas para

valores monetários atuais. Já que se trata de investimentos convencionais, o

investimento inicial está automaticamente expresso em termos monetários atuais.

Quando o VPL é usado para tomar decisões do tipo “aceitar-rejeitar”, adota-se o

seguinte critério.

Segundo Ross, Westerfeld e Jordan (2002), se o VPL for maior que zero (VPL > 0),

aceita-se o projeto; se o VPL for menor que zero, rejeita-se o projeto. Se o VPL for

maior que zero, o empreendimento obterá um retorno maior do que seu custo de

capital. Com isto, estaria aumentando o valor de mercado da empresa e,

consequentemente, a riqueza dos seus proprietários.

Taxa Interna de Retorno (TIR)

A taxa interna de retorno (TIR), apesar de ser consideravelmente mais difícil de

calcular à mão do que o VPL, é possivelmente a técnica sofisticada mais usada para

a avaliação de alternativas de investimentos.

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A TIR é definida como a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas

de caixa ao investimento inicial referente a um projeto. Em outras palavras, é a taxa

de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade de investimento iguale-se

a zero, já que o valor presente das entradas de caixa é igual ao investimento inicial

(ROSS, WESTERFELD E JORDAN, 2002).

Segundo Weston e Brigham (2000), o critério de decisão, quando a TIR é usada

para tomar decisões do tipo “aceitar-rejeitar” é o seguinte: Se a TIR for maior que o

custo de capital, aceita-se o projeto; se for menor, rejeita-se o projeto. Esse critério

garante que a empresa esteja obtendo, pelo menos, sua taxa requerida de retorno.

Segundo Gitman (1997), de um ponto de vista teórico, o VPL é a melhor técnica

para a análise de orçamento de capital. Essa superioridade teórica pode ser

explicada pelo fato de que o VPL supõe, implicitamente, que todas as entradas de

caixa intermediárias geradas pelo investimento sejam reinvestidas ao custo de

capital da companhia. O uso do TIR supõe um reinvestimento a uma taxa

frequentemente elevada, dada pela TIR. Já que o custo de capital tende a ser uma

estimativa razoável da taxa à qual o empreendimento poderia reinvestir hoje suas

entradas de caixa intermediárias, o uso do VPL com sua taxa de reinvestimento

mais conservadora e realista é teoricamente preferível.

2.5.5.2 Período de Payback

Os períodos de payback são geralmente usados como critério para a avaliação de

investimentos propostos. É o período de tempo exato necessário para a empresa

recuperar seu investimento inicial em um projeto a partir das entradas de caixa. No

caso de uma anuidade, o período pode ser encontrado dividindo-se o investimento

inicial pela entrada de caixa anual. Para uma série mista, as entradas de caixa

anuais devem ser acumuladas até que o investimento inicial seja recuperado.

Embora seja muito usado, o período de payback é geralmente visto como uma

técnica não-sofisticada de orçamento de capital, uma vez que não considera

explicitamente o valor do dinheiro no tempo, através do desconto do fluxo de caixa

para se obter o valor presente (ROSS, WESTERFELD E JORDAN, 2002).

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Page 43: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

O critério de decisão de aceitar-rejeitar quando é usado o payback, é o seguinte: se

o período de payback for menor que o período de payback máximo aceitável, aceita-

se o projeto; caso contrário, rejeita-se o projeto.

Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), o uso acentuado de período de

payback, particularmente pelas empresas pequenas, deve-se a sua facilidade e ao

apelo intuitivo. Ele é atraente porque considera, implicitamente, a época de

ocorrência dos fluxos de caixa e, por conseguinte, o fator tempo no valor do dinheiro.

Por ser visto como uma medida de risco, muitas companhias usam o período de

payback como critério de decisão ou como complemento a técnicas de decisão

sofisticadas.

2.5.5.3 Período de Payback Descontado

Em função das deficiências do período de payback, foi criado o período de payback

descontado. Neste enfoque, primeiro se desconta o fluxo de caixa e em seguida se

determina qual o tempo necessário para que os fluxos de caixa descontados se

igualem ao investimento inicial.

Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), o período de payback descontado

mostra o tempo necessário para que as receitas líquidas de um investimento

descontadas ao cisto do capital, recuperem seus custos. Uma vantagem deste

método em relação aos outros é que considera os custos do capital, mostrando o

ano de equilíbrio depois de cobrir custos de capital de terceiros e próprio. Uma

relevante desvantagem é que ignora fluxos de caixa depois do período de

recuperação.

2.6 Outros Estudos Sobre o Tema

Apesar do longo período de exploração de rochas ornamentais no Espírito Santo e

no Brasil, muito pouco se obtém na literatura especializada sobre os impactos

ambientais causados pelos efluentes líquidos e resíduos sólidos provenientes do

beneficiamento das rochas.

Almeida e Pontes (2004) discorrem sobre o aproveitamento de finos gerados nos

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Page 44: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

teares de Cachoeiro de Itapemirim - ES e sobre a viabilidade da utilização do

resíduo na indústria da cerâmica. Concluindo, pois, que o mencionado resíduo

quando beneficiado pode ser utilizado até 30% nas formulações de massa para

cerâmica, visto que a granulometria do resíduo beneficiado permite substituir, com

vantagens, a argila grosseira usada com a fina para diminuir a plasticidade. Se

atendo, os autores, a dissertarem somente sobre o reaproveitamento dos resíduos

de serraria, ora gerados, nada mencionando sobre a diminuição do impacto

ambiental.

Segundo Soares (2003), o destaque vai para a transformação de resíduos de rochas

ornamentais em insumos para uma nova fábrica de argamassas. A solução

encontrada foi na serventia que os resíduos teriam na implantação da fábrica de

argamassa e a venda do excedente para as cerâmicas de Campos dos Goytacazes-

RJ, permitindo que o impacto ambiental causado pelos resíduos sólidos finos seja

praticamente eliminado. Diz ainda que, um estudo da viabilidade técnica e

econômica do projeto prevê a produção comercial a partir do ano de 2006. A

capacidade produtiva é de 1.900 tonelada/mês de argamassa, com faturamento

bruto estimado de mais de R$ 3 milhões/ano, sendo que, as instituições do MCT que

registraram a patente - INT e CETEM - terão direito a 1% desse faturamento em

royaltes pela utilização da tecnologia.

Souza, Rodrigues e Neto (2000) relatam um estudo sobre a utilização do rejeito

originado na serragem do granito e nos concretos asfálticos, como o filer, em

substituição aos produtos convencionais do tipo cimento portland, e cal, como

formas de aproveitamento deste tipo de rejeito industrial e a redução do custo final

dos concretos asfálticos, sem mencionar, porém, eventuais investimentos em

sistema de controles ambientais tampouco a restrição de impactos ambientais.

Este artigo conclui que a utilização do resíduo, proveniente da serragem de rochas

graníticas, como o filer nas misturas asfálticas em substituição aos produtos

convencionais na proporção de 6% de material, satisfaz os métodos de misturas

asfálticas, preconizados pelo DNER, para um teor de 5,5% de cimento asfáltico.

Prezotti (2003) relata resultados de monitoramentos realizados em estações de

tratamento de efluentes líquidos implantadas em indústrias de beneficiamento de

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Page 45: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

mármores e granitos no Município de Cachoeiro de Itapemirim, como a MARCEL

(Mármores Comércio e Exportação Ltda.), os quais possibilitam a adoção de

parâmetros para dimensionamento de novas estações, e para a destinação final

adequada dos resíduos sólidos gerados no processo de tratamento, não citando

porém, uma análise econômica do investimento a longo prazo. Cita a redução de

impactos ambientais e a reutilização de resíduos por empresas de cerâmica

vermelha, como a Cerâmica CIMACO Ltda. de Cachoeiro de Itapemirim.

Este artigo será utilizado como referência para a realização deste trabalho.

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de pesquisa

Para a realização deste trabalho, houve investigação realizada nas companhias

Andrade S/A Mármores e Granitos, MARCEL – Mármores Comércio e Exportação

Ltda. e Cerâmica CIMACO Ltda. no decorrer dos meses de janeiro a março de 2005.

Estas pesquisas tiveram o intuito de entender o processo de serrada de blocos,

angariar e selecionar informações relevantes para traçar o impacto ambiental a ser

estudado. Assim, discutiram-se critérios importantes para a seleção dessas

informações e sua adequação ao processo.

A partir do conhecimento gerado, começou-se a trabalhar em uma solução para os

problemas citados e tomou-se como ponto de partida estudos de dados históricos,

baseando-se em documentos e relatórios do empreendimento.

Quanto aos fins, a pesquisa é conceituada como descritiva e explicativa. Descritiva

porque não há o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora

sirva de base para tal explicação e expõe características do projeto proposto. E

explicativa porque esclarece quais fatores contribuem, de alguma forma, para a

ocorrência da viabilidade financeira do projeto proposto.

Quanto aos meios, é documental e pesquisa de campo. Documental porque se

baseia em dados secundários de relatórios das empresas supramencionadas e

entrevistas como fontes de dados e pesquisa de campo porque a pesquisa foi

realizada diretamente nas empresas estudadas.

3.2 Universo da pesquisa e amostra

Neste tópico define-se toda a população e a população amostral da pesquisa, ou

seja, o conjunto de elementos que possuem as características que são objeto de

estudo.

A população ou o universo da pesquisa de campo são as duas empresas de

beneficiamento de pedras ornamentais Andrade S/A Mármores e Granitos e

MARCEL e a companhia de fabricação de produtos em cerâmica vermelha

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CIMACO.

A população amostral ou amostra é do tipo não probabilística por tipicidade,

selecionando os elementos representativos da população-alvo, definida como o

setor de serraria da empresa Andrade S/A, constituído de quatro teares e três

tanques de armazenamento de resíduos, a estação de tratamento de efluentes

líquidos da empresa MARCEL, constituído de reservatório interno de água, estação

automática de floculação, decantador, filtro prensa, bomba dosadora e reservatórios

de água e por fim, a linha de produção de tijolos da empresa CIMACO.

As empresas foram selecionadas pelo fato de que o autor do trabalho fez estágio

extracurricular na Andrade S/A no ano de 2004. E pelo tema escolhido, houve

necessidade de localizar empresa de beneficiamento de rochas ornamentais que

enviasse os resíduos de blocos de granito de serraria para serem utilizados como

matéria-prima de produtos em cerâmica. Desta forma, foram recomendadas a

MARCEL e a CIMACO, que se localizam no Espírito Santo, estado onde reside o

autor.

3.3 Plano de coleta dos dados

Os dados coletados são apresentados a seguir.

1. Para o investimento inicial

- O valor monetário dos equipamentos utilizados pelas empresas MARCEL e

CIMACO para a reciclagem de resíduos e a produção de tijolos de cerâmica

vermelha, ou seja, o custo inicial para se projetar o reaproveitamento;

- O custo, em valor monetário nacional, da instalação destes equipamentos;

- A necessidade de capital de giro inicial destas duas empresas;

2. Para os fluxos operacionais

- A receita de vendas de tijolos da CIMACO nos quatro primeiros anos de

utilização do material reciclado como matéria-prima para a fabricação de tijolos;

- As despesas (custos) anuais de produção de tijolos desta mesma companhia no

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mesmo período de tempo;

- Os custos anuais com transporte e armazenamento de resíduos pela empresa

Andrade S/A nos mesmos quatro anos citados anteriormente;

- A depreciação anual dos equipamentos utilizados pelas empresas MARCEL e

CIMACO para o processo de reciclagem e utilização do produto reciclado como

insumo para a produção de tijolos de cerâmica vermelha;

- A taxa de imposto de renda paga anualmente pela Andrade S/A;

3. Para o fluxo residual

- O valor comercial (residual) em moeda nacional após quatro anos de aquisição e

utilização dos equipamentos usados pelas companhias MARCEL e CIMACO

para o processo de reciclagem de efluentes e utilização do produto reciclado

como insumo para a produção de tijolos de cerâmica vermelha;

- A taxa de juros vigente no mercado aplicada em financiamentos para médias

empresas no Estado do Espírito Santo pelo BNDES;

Os dados foram coletados de relatórios e documentos das empresas Andrade S/A

Mármores e Granitos, MARCEL – Mármores Comércio e Exportação Ltda. e

Cerâmica CIMACO Ltda., dados históricos, no banco citado, através de pesquisa

bibliográfica em livros, dos livros fiscais anuais da CIMACO e por entrevistas formais

com os gerentes de produção da Andrade S/A e da MARCEL e gerente

administrativa da CIMACO.

Na Andrade S/A, os dados foram coletados durante o período de estágio do autor do

trabalho entre junho e outubro de 2004.

Houve visitas à CIMACO e à MARCEL durante a primeira quinzena de abril de 2005

para entrevistas com o proprietário e com a gerente administrativa da primeira e com

o gerente de produção da segunda.

3.4 Plano de análise dos dados

Após coletados os dados foram analisados de forma quantitativa, através de técnica

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de análise de viabilidade financeira, sendo os dados tratados através de uma

planilha de viabilidade econômica em projetos de longo prazo montada no software

Microsoft Excel.

A partir do resultado desta planilha, os dados foram tratados de forma qualitativa

analisando-os para identificação dos possíveis impactos ambientais a serem

reduzidos.

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4 AS EMPRESAS

4.1 Andrade S/A Mármores e Granitos

Figura 4 – Estrutura física da empresa Andrade S/A Mármores e Granitos.

A razão social atualmente da empresa é Andrade S/A Mármores e Granitos.

Empresa de médio porte, localizada em Serra, Espírito Santo, situa-se entre as

maiores empresas de exportação de chapas e ladrilhos de granito e mármore do

estado (Figura 4).

As atividades empresariais do Grupo Andrade foram iniciadas em 1970, através da

fabricação de estruturas de ferro para cadeiras de vime quando o Sr. Antônio

Andrade montou uma pequena serralheria no bairro de São Torquato, constituída na

forma de firma individual.

Em 1975 o empreendimento passou a contar com a participação societária do Sr.

Célio Andrade, passando a se chamar Metalúrgica Andrade Ltda., que continuava

atuando na fabricação de estruturas de ferro para móveis e outros artefatos típicos

de uma serralheria. A partir de 1976 a empresa passou a trabalhar com alumínio,

fabricando esquadrias de características mais simples, voltadas para o mercado de

construção civil de obras para classes populares.

Em 1979 a empresa transferiu-se para o bairro Civit I, localizado no município da

Serra, onde construiu um galpão que possibilitou a ampliação de sua capacidade de

produção e, por decorrência, a ampliação da área de mercado da empresa. Isto

resultou na abertura de uma filial no Rio de Janeiro, em 1981.

Com a implantação da Companhia Siderúrgica de Tubarão a empresa teve um

grande impulso, sendo responsável pela fabricação e instalação de todas as

esquadrias daquela obra. Ao mesmo tempo, a companhia firmava-se no mercado

local participando de outras importantes obras na Grande Vitória, tais como hotéis e

shoppings.

Em 1985 ocorreu uma mudança na composição da sociedade, com a entrada do Sr.

Zelto Andrade, compondo o capital da empresa com os outros dois irmãos. Entre

1986 e 1987 o mercado de esquadrias de alumínio passou por importantes

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alterações com a entrada de grandes multinacionais (Alcoa e Alcan), concorrendo

diretamente com as pequenas e médias companhias nas grandes obras populares,

que era exatamente o maior mercado da Metalúrgica Andrade.

Com isto, a empresa passou a redirecionar seus esforços para outros segmentos do

mercado, trocando as grandes obras de conjuntos populares por obras no segmento

de luxo e alto luxo, principalmente no Rio de Janeiro.

Este direcionamento foi extremamente bem sucedido, imprimindo à companhia um

período de grande crescimento, consolidando-a como uma das maiores do país,

estando situada entre as três empresas do ramo com melhor tecnologia e maior

credibilidade e entre as 10 maiores em volume de produção. Atualmente, a

Metalúrgica Andrade Ltda. é uma empresa sólida, com forte penetração nos

mercados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.

No final da década de 80, a excelente posição econômico-financeira da companhia,

possibilitou a busca de uma oportunidade de diversificação das atividades do grupo.

A oportunidade de investir no setor de mármore e granito decorreu de algumas

premissas estabelecidas pelos sócios.

O novo setor onde o grupo iria investir deveria apresentar as seguintes

características: produzir algo com possibilidade de exportação; ser um setor com

afinidade ou relacionada à indústria da construção civil e que não exigisse a

prestação de serviços fora da instalação industrial. Desta forma o setor de mármore

e granito apresentou-se como uma boa oportunidade de investimento, onde os

conceitos de qualidade e produtividade adquiridos na fabricação de alumínio

poderiam ser agregados, constituindo-se em um diferencial competitivo para a nova

empresa, já que estes eram conceitos pouco difundidos na indústria de rochas

ornamentais até então.

A Andrade S/A Mármores e Granitos entrou em operação em março de 1990 apenas

no negócio de serrada de blocos para outras companhias de beneficiamento,

contando com quatro teares de fabricação nacional e um pórtico. Financeiramente

equilibrada e construindo uma boa posição de mercado, a empresa gradualmente

conseguiu investir no seu parque industrial e na melhoria de suas instalações,

diversificando seu mercado com os atuais equipamentos relacionados no Quadro 1.

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Quadro 1 – Equipamentos principais da empresa.

Fonte: (Andrade S/A Mármores e Granitos, 2004)

Com estes investimentos a empresa pode atualmente direcionar seus esforços para

o mercado externo, que representa 95% dos negócios. A Andrade S/A vem se

apresentando dentre as três maiores exportadoras de granitos manufaturados do

Brasil, atingindo hoje uma média de exportação de 60 containeres por mês, sendo

que 70% das vendas são para o exigente mercado Norte Americano e os outros

30% para a América Latina, Europa e Oriente Médio. Atualmente, o Grupo possui os

dados econômicos relacionados no Quadro 2.

Quadro 2 – Dados econômicos da empresa.

Fonte: (Andrade S/A Mármores e Granitos, 2004)

Destarte, pela experiência adquirida e pelo desempenho demonstrado nos últimos

anos, a ANDRADE S/A possui hoje uma linha de mais de cinqüenta granitos

nacionais. Comprovando a capacidade de mercado pela preferência dos

fornecedores em disponibilizar seus produtos através da qualidade e seriedade da

empresa, o que estabelece um ciclo no desenvolvimento, possibilitando-a atingir um

nível de competitividade adequado aos seus objetivos de atuação e crescimento

contínuo no mercado.

4.2 Cerâmica CIMACO Ltda.

A Cerâmica CIMACO, localizada no município de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do

Estado do Espírito Santo, produz telhas, lajotas e blocos estruturais de tijolos em

cerâmica vermelha de tamanhos personalizados para as construtoras capixabas

visando o menor desperdício no canteiro de obras e se adequando às necessidades

de produtividade e velocidade da construção civil.

Com tamanhos como 9X25X25 cm ou 9X28X19 cm, esses blocos geram economia

de argamassa na construção e são mais resistentes, pois são produzidos com

51

Page 53: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

resíduos sólidos de minério de ferro, mármore e granito originados de serrarias de

blocos da empresa MARCEL, de acordo com a responsável técnica da CIMACO.

Segundo a mesma, a empresa é a única cerâmica do Estado que fabrica esses

blocos e os produz sob medida para evitar perdas. Os blocos foram desenvolvidos

em uma pesquisa conjunta entre a CIMACO e o Serviço Nacional das Indústrias

(SENAI) de São Paulo. Nem todo o resíduo pode ser utilizado e há uma quantidade

certa de cada elemento para se ter um bom resultado.

Para garantir a perfeição dos blocos, a CIMACO também investiu em uma linha de

automação de carregamento, onde não há contato humano com o produto. A

máquina carrega as vagonetas para a secagem, quando a lajota ainda está crua.

Sem contato humano, elas não deformam.

De acordo com o proprietário do empreendimento e presidente do Sindicato das

Olarias do Sul do Estado do Espírito Santo, o tijolo passou a ser concebido junto

com o projeto de construção dos clientes oferecendo maior produtividade.

A fabricação passa a ser sob medida e o pedreiro não tem o trabalho de ter que

quebrar os tijolos antes de assentá-los em locais menores, pois peças com a metade

do tamanho também são produzidas para a composição perfeita da parede. Há

ainda a diferença entre a lajota estrutural, mais reforçada, e a que servirá apenas

para separar os ambientes.

A CIMACO também está investindo na fabricação de telhas cerâmicas em cores

naturais, nas tonalidades branca, mesclado, vermelho, mel e palha. A coloração é

possível graças ao uso de resíduo do pó de mármore e granito nas cores desejadas.

A empresa está no mercado desde 1947 e todos os produtos, de acordo com Edson

Sartório, obedecem às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT).

Os preços variam de acordo com o tamanho. O milheiro do tijolo de vedação, o

baianinho, custa em média R$ 140,00. Já os de tamanho especial estrutural saem

em média por R$ 350,00 o milheiro. A empresa tem frota própria para entrega em

todo o Estado e não possui representantes.

52

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4.3 MARCEL – Mármores Comércio e Exportação Ltda.

Situada no Bairro Aeroporto, Município de Cachoeiro de Itapemirim, ES. Os

equipamentos utilizados no processo industrial da empresa são: 16 teares

(equivalentes a 70 lâminas de corte cada), 01 politriz de 18 cabeçotes, 01 politriz de

14 cabeçotes, 01 talha bloco (36 lâminas), 01 multidisco de 05 cabeçotes, 02

cortadeiras manuais, 02 encabeçadeiras, e linha completa ladrilho.

A capacidade de produção estimada é de 28.000 m2 de chapa bruta/mês, sendo

beneficiados somente blocos de granito extraídos das jazidas da própria empresa. A

geração de efluentes líquidos, considerando-se turno de funcionamento para os

teares de 24 horas/dia e para o polimento e corte de 12 horas/dia, pode ser

estimada em cerca de 600 m3/dia, sendo totalmente direcionados à estação de

tratamento de efluentes.

A estação de tratamento em funcionamento consiste em processo físico-químico,

realizado através do uso de coagulação/floculação, sedimentação primária e

desidratação do material sedimentado por meio de filtro prensa, a qual vem sendo

operada de maneira eficiente.

A estrutura física da estação foi importada da Itália, país considerado referência em

tecnologia na extração e no beneficiamento de rochas ornamentais, e onde é muito

difundido o emprego de estações desse tipo para o tratamento de tais águas

residuárias.

53

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5 O PROJETO DE CONTROLE AMBIENTAL A SER IMPLANTADO

Conforme Prezotti (2003), o emprego de estações de tratamento com concepção de

projeto, similares àquela utilizada na empresa MARCEL, conduz a resultados

eficientes no que se refere à remoção de parâmetros contaminantes dos efluentes

tratados, e principalmente nos valores finais encontrados para o teor de umidade

dos resíduos sólidos prensados.

A utilização dos resíduos prensados provenientes do processamento de granitos

vem tendo sua viabilidade técnica e econômica comprovada empiricamente na

fabricação de cerâmicas vermelhas, conduzindo a materiais cerâmicos de melhor

qualidade, uma vez que, o material cerâmico apresenta menor retração de volume

ao sair do forno, resultando em menor consumo de matéria prima para igual número

de produção, maior uniformidade e maior resistência à compressão, e diminuindo os

impactos ambientais também causados pelo setor industrial de produção de

cerâmicas.

Por essa razão, o projeto de controle ambiental de resíduos se faria através do

cálculo de viabilidade econômica em longo prazo para implantação, em empresa de

beneficiamento de mármore e granito, no presente caso a empresa Andrade S/A, de

um sistema de tratamento de água residuária importado e uma fábrica de tijolos de

cerâmica vermelha que utiliza resíduos sólidos prensados provenientes do sistema

de tratamento, no próprio estabelecimento da empresa, a fim de evitar adição de

despesas com terreno, taxas de impostos e outros.

A área destinada à instalação do projeto seria a área de deposição de resíduos de

efluentes, com um total de 810 m2 (18 m x 45 m).

5.1 A estação de tratamento de efluentes

A estação de tratamento em funcionamento consiste em um processo físico-químico,

realizado através do uso de coagulação/floculação, sedimentação primária e

desidratação do material sedimentado por meio de filtro-prensa, conforme detalhado

na Figura 5 (PREZZOTI, 2003).

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Page 56: TCCII 1- 2005_sem FigurasANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

A estrutura física da estação é fabricada na Itália, país considerado referência em

tecnologia na extração, no beneficiamento de rochas ornamentais e gestão

ambiental de resíduos.

Figura 5 – O processo de tratamento de efluentes e o filtro prensa.

5.1.1 O processo de tratamento de efluentes

Segundo Prezzoti (2003), os efluentes gerados no processo de desdobramento de

blocos são separados daqueles provenientes do beneficiamento, e direcionados a

duas estações elevatórias distintas.

Das elevatórias os efluentes são recalcados separadamente para dois

sedimentadores primários, construídos de forma cilíndrica e em estrutura metálica

apoiada no terreno.

Na tubulação de recalque, somente para o sedimentador dos efluentes das

politrizes, é dosado um coagulante através de bomba dosadora, onde ocorre a

mistura rápida do produto com o líquido recalcado.

No interior dos sedimentadores, o líquido recalcado é introduzido no centro do

cilindro a certa profundidade, sendo distribuído de forma simétrica, quando, através

da velocidade ascensional em direção a canaleta de coleta situada no seu nível

máximo, ocorre o destacamento da fase sólida, mais pesada, direcionando-se para o

fundo cônico do cilindro.

O material sedimentado no fundo de cada cilindro é descarregado através de

aberturas periódicas programadas das válvulas de saída, sendo direcionados ao

poço de sucção da bomba de recalque para o filtro-prensa.

Não há a separação do material a ser prensado, descarregando-se dessa forma o

sedimentado de cada um dos cilindros em um mesmo poço de sucção para a bomba

do filtro-prensa.

As telas filtrantes do filtro-prensa são preenchidas com o material recalcado pela

bomba, até atingir uma pressão de trabalho tal que é interrompido o bombeamento,

e iniciado o processo de abertura das telas para descarga do material prensado.

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O líquido separado dos resíduos sólidos pelas telas filtrantes é coletado por

canaletas laterais ao filtro-prensa e direcionado às elevatórias de recalque dos

sedimentadores.

Os efluentes, uma vez tratados, são coletados, nas canaletas de superfície dos

sedimentadores, e direcionados, em função de suas origens, para diferentes

reservatórios enterrados.

Dos reservatórios específicos seguem as águas necessárias aos equipamentos de

cada etapa do processo industrial.

Na Andrade S/A são lançadas no solo cerca de 400 m3/dia de resíduos ou 800

ton/dia.

Os resultados obtidos com a utilização do tratamento de efluente se refletem na

redução de 100% da conta de água mensal e de 80% na emissão de resíduos no

solo.

A reposição de água devido a perdas no processo é realizada através da captação

de águas pluviais e de cerca de 10m3/dia do lençol freático.

5.2 O projeto de implantação da fábrica de tijolos

Conforme Prezzoti (2003), a utilização na fabricação de cerâmicas vermelhas, dos

resíduos prensados provenientes do processamento de granitos, vem sendo

comprovada na prática como viável econômica e tecnicamente, conduzindo a

materiais cerâmicos de melhor qualidade.

Pelo fato deste resíduo prensado ainda não ter valor monetário, far-se-á necessária

para a implantação de um projeto de investimento a longo prazo, a aquisição de

equipamentos para a fabricação de tijolos de cerâmica vermelha, visto que o produto

final, ao utilizar este resíduo do filtro-prensa como insumo, tem sua qualidade

aumentada.

5.2.1 O processo de fabricação de tijolos

56

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Conforme dados coletados na empresa CIMACO, o processo de fabricação de tijolos

consiste no transporte do rejeito de serraria prensado, que substitui a argila não-

plástica, responsável por dar estrutura aos blocos, e de argila plástica do pátio, onde

são estocados separadamente, para o caixão alimentador, uma espécie de

misturador automático dos insumos com água com capacidade média de 200 ton,

através de retro-escavadeira. A proporção de matéria-prima é de 1:3 (resíduo de

granito/argila plástica).

Depois de misturado e homogeneizado, o material é transportado por vagoneta até o

laminador, um equipamento composto por dois cilindros que tem o papel de refinar

as massas cerâmicas laminando-as, sendo responsável pela compactação e melhor

homogeneização da massa de argila ViLLAR (1988).

Em seguida, a massa plástica é colocada numa extrusora, também conhecida como

maromba, onde é compactada e forçada por um pistão ou eixo helicoidal, através de

bocal com determinado formato. Como resultado obtém-se uma coluna extrudada,

com seção transversal com o formato e dimensões desejados; em seguida, essa

coluna é cortada, obtendo-se desse modo tijolos vazados.

Na saída da extrusora, a massa moldada, expelida de forma contínua é seccionada

(cortada) no comprimento desejado. Em seguida, a massa é transportada, com

umidade entre 20% e 30%, com peso aproximado de 3 kg automaticamente para a

secagem.

A secagem é o processo para eliminação da água de conformação do produto

cerâmico através do ar aquecido. Após a secagem, esta umidade residual deve

estar abaixo de 5% VILLAR (1988).

Após o tempo de cura ou secagem natural, o tijolo é levado para o forno intermitente

(ciclo periódico de carga-queima e descarga) para o cozimento, que dura em torno

de 150h reduzindo o peso das peças para aproximadamente 2 kg. São consumidos

3,2 m3 de lenha por milheiro (mil tijolos). A madeira utilizada para a queima é

extraída pela própria empresa.

A inspeção do material é feita na saída do forno, rejeitando-se peças quebradas,

trincadas, lascadas e queimadas em excesso.

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O processo finaliza-se com a estocagem do produto final para a expedição. A

Figura 6 retrata o fluxo do processo de produção de tijolos.

Figura 6 – Fluxo do processo de produção de tijolos

Os equipamentos utilizados pela CIMACO em cada etapa do processo de fabricação

de tijolos de cerâmica desde a fase de captação de matéria-prima à fase de

expedição são especificados no Quadro 3.

Quadro 3 – Equipamentos para a fabricação de tijolos.

Fonte: CIMACO (2005).

Além destes equipamentos, é necessária a aquisição de um “barreiro”, um terreno

para o fornecimento de argila, que é matéria-prima como o resíduo de efluente.

Segundo dados da CIMACO, a produção mensal é de 1.000.000 peças com

dimensões de 9x19x19 cm, de 2 quilogramas para utilização em construção civil. A

utilização de resíduos de serraria prensados como matéria-prima está na ordem de

5.500 m3 mensais.

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6 ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA A LONGO PRAZO

Este capítulo tem a finalidade de demonstrar a alternativa de projeto de controle

ambiental a ser implantado com cálculo de viabilidade financeira a longo prazo, os

resultados apresentados e como as variáveis foram calculadas. Para tanto, utilizou-

se o software de computador Microsoft Excel para os cálculos.

6.1 Investimento Inicial

Segundo Weston e Brigham (2000), o investimento inicial é a soma do valor

monetário nacional de aquisição dos equipamentos do sistema de estação de

tratamento de efluentes e dos equipamentos utilizados para a produção de tijolos, o

valor de mão-de-obra de instalação destes equipamentos e a diferença entre as

variações nos ativos circulantes e as variações nos passivos circulantes, que é a

variação no capital circulante líquido ou necessidade de capital de giro proveniente

da aquisição destes equipamentos.

Os números para o cálculo do investimento inicial angariados na empresa MARCEL

são apresentados na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 – Dados coletados de investimento inicial da MARCEL.

FONTE: Empresa MARCEL (2005).

A Tabela 2 traz os dados coletados na empresa CIMACO para o cálculo do

investimento inicial.

Tabela 2 - Dados de investimento inicial coletados da CIMACO.

Fonte: empresa CIMACO (2005).

6.2 Fluxo de Caixa Operacional

Para os cálculos das entradas de caixa operacionais, foram coletados dados da

CIMACO conforme a Tabela 3, porquanto não há receita de vendas do resíduo de

efluente cedido pela MARCEL.

Os dados coletados são de 2000 a 2004, visto que, o sistema de filtro-prensa foi

adquirido no ano 2.000, mesmo ano em que a CIMACO começou a usar o resíduo

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reciclado como matéria-prima para a produção de tijolos. Deste modo, o período de

payback analisado é de 4 anos.

A depreciação dos equipamentos é de 10% ao ano. A vida útil para os equipamentos

da estação de tratamento de efluentes e os equipamentos para fabricação de tijolos

é de 10 anos, conforme dados das empresas MARCEL e CIMACO,

respectivamente.

Segundo dados da Andrade S/A, o sistema de tributação de imposto de renda é

calculado trimestralmente sobre o lucro presumido. Como a empresa tem uma

receita anual média de R$ 1.031.050,00, enquadra-se no pagamento de taxa de

25% de contribuição anual.

Tabela 3 – Dados de receita e despesas de produção da empresa CIMACO.

ITEM ANO 1 (R$) ANO 2 (R$) ANO 3 (R$) ANO 4 (R$)

Receitas 1.010.000,00 1.015.000,00 1.030.000,00 1.070.000,00

Despesas 355.000,00 356.000,00 380.000,00 350.000,00

Fonte: Empresa CIMACO.

Os valores de receita são os de venda de tijolos fabricados na CIMACO com o

resíduo de efluente líquido prensado na MARCEL, entre 2000 e 2004.

Os valores de despesa são os de custos para a produção de tijolos entre 2000 e

2004.

Para o cálculo de fluxo de caixa há um item a ser adicionado: o valor monetário da

redução de custos com transporte e armazenamento de resíduos, pela empresa de

beneficiamento de rochas ornamentais, que implantará o projeto de controle

ambiental. Para se obter os dados (Tabela 4), foi feita pesquisa na Andrade S/A.

Tabela 4 – Dados de despesas com resíduos da empresa Andrade S/A.

ITEM CUSTO ANUAL (R$)

Frete de resíduos gerados 81.000,00

Depósito de resíduos 189.000,00

Fonte: Empresa Andrade S/A Mármores e Granitos

O valor do frete de resíduos gerados foi calculado através da soma do custo mensal

da empresa para coletar e transportar o resíduo de serraria armazenado nos

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tanques a céu aberto do empreendimento durante os meses do ano de 2004.

O valor do depósito de resíduos é calculado com a soma do valor mensal de

depósito de resíduo na empresa contratada para coletar e armazenar este resíduo

mensalmente durante os meses do ano de 2004.

Vale ressaltar que a redução de custo e espaço com armazenagem de resíduos é de

80% para a utilização do sistema de tratamento de efluentes pelo fato de que o

equipamento recebe manutenção e pode ser susceptível a eventuais quebras,

paradas, resultando na parada total do equipamento e da circulação do efluente.

Como os teares não param de serrar os blocos, o efluente continua a circular

mesmo com o sistema de tratamento parado, fazendo com que certo volume de

efluente produzido seja enviado para fora do filtro-prensa e armazenado em um

pequeno tanque, conforme dados da empresa MARCEL.

6.3 Resultados para o Investimento Inicial

A tabela 5 retrata os resultados obtidos com o investimento inicial do projeto de

implantação dos equipamentos do sistema de tratamento de efluentes de serraria e

dos equipamentos para a fabricação de tijolos.

Tabela 5 – Resultados do investimento inicial

Investimento Inicial Ano 0

(-) Custo do projeto de reaproveitamento (1.430.000,00)

(-) Necessidade de Capital de Giro (80.000,00)

(=) Investimento Inicial (1.510.000,00)

Para o cálculo do valor do custo do projeto de reaproveitamento, foram somados os

valores dos equipamentos e valores de mão-de-obra coletados nas empresas

MARCEL e CIMACO, descritos respectivamente nas Tabela 1 e Tabela 2.

Para o cálculo do valor da necessidade de capital de giro, foram somados os valores

das necessidades de capital de giro coletados nas empresas MARCEL e CIMACO,

descritos respectivamente nas Tabela 1 e Tabela 2.

O investimento inicial de R$ 1.510.000,00 é calculado com a adição do custo do

projeto de reaproveitamento com a necessidade de capital de giro (R$ 1.430.000,00

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mais R$ 80.000,00), sendo negativo por ser um dispêndio de capital.

6.4 Resultados para os Fluxos de Caixa Operacionais

A tabela 6 retrata os resultados obtidos com os fluxos de caixa operacionais ou

relevantes do projeto de implantação dos equipamentos do sistema de tratamento

de efluentes de serraria e dos equipamentos para a fabricação de tijolos.

Tabela 6 – Resultados para o cálculo de fluxo de caixa operacional

Fluxos de Caixa Operacionais Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4

(+) Receitas (vendas) 1.010.000,00 1.015.000,00 1.030.000,00 1.070.000,00

(-) Despesas / custos 409.000,00 410.000,00 434.000,00 404.000,00

(=) Lucro Bruto 601.000,00 605.000,00 596.000,00 666.000,00

(+) Redução custos de transporte / armazenamento

216.000,00 216.000,00 216.000,00 216.000,00

(=) Lucro Líquido 817.000,00 821.000,00 812.000,00 882.000,00

(-) Depreciação (143.000,00) (143.000,00) (143.000,00) (143.000,00)

(=) Lucro Líquido antes IR 674.000,00 678.000,00 669.000,00 739.000,00

(-) Imposto de Renda (25%) 168.500,00 169.500,00 167.250,00 184.750,00

(=) Lucro Líquido após IR 505.500,00 508.500,00 501.750,00 554.250,00

(+) Depreciação 143.000,00 143.000,00 143.000,00 143.000,00

(=) Lucro Operacional 648.500,00 651.500,00 644.750,00 697.250,00

Para o cálculo dos valores de receitas, foram utilizados os dados da Tabela 3,

coletados na empresa CIMACO.

Para o cálculo dos valores de despesas e custos, foram utilizados os dados de

despesas de produção da Tabela 3, coletados na empresa CIMACO somados aos

20% restantes de custos anuais com transporte e armazenagem de resíduos pela

Andrade S/A. Assim, para o 4 anos após a implantação do projeto na companhia,

soma-se aos valores anuais de custos R$ 54.000,00 (R$81.000,00 + R$189.000,00

= R$270.000,00 vezes 20% = R$54.000,00). Ou seja, para o Ano 1 (R$355.000,00 +

R$54.000,00 = R$ 409.000,00), Ano 2 (R$356.000,00 + R$54.000,00 =

R$410.000,00), Ano 3 (R$380.000,00 + R$ 54.000,00 = R$454.000,00) e Ano 4

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(R$350.000,00 + R$54.000,00 = R$404.000,00).

Os valores de lucro bruto da linha 3 da tabela são calculados subtraindo-se o valor

de receita com o valor de despesa equivalente no mesmo ano base (1, 2, 3 ou 4).

Para os valores da redução do custo de transporte, foram utilizados os dados da

Tabela 4, somando-se os valores de frete de resíduos, R$81.000,00 e depósito de

resíduos 189.000,00, resultando em R$270.000,00. Porém, a redução com estes

custos é da ordem de 80%, conforme dados da MARCEL, resultando no valor final

de R$ 216.000,00 anuais.

Para o cálculo dos valores de lucro líquido da linha 5 da tabela, somam-se as

despesas e os custos por cada ano.

Os valores de depreciação são calculados pela soma da depreciação anual sobre o

valor monetário de aquisição dos equipamentos da CIMACO e da MARCEL. O valor

é de 10% ao ano, conforme legislação vigente para a depreciação sobre

equipamentos industriais do código civil, para cálculo do imposto de renda. Sendo

assim, percebe-se que a vida útil dos equipamentos das mesmas empresas é de 10

anos. Para a depreciação anual da Tabela 6, contabilizam-se 10% sobre o valor total

de equipamentos do projeto e mão-de-obra de instalação, ou seja, (10% de R$

1.430.000,00 (custo total dos equipamentos) = R$ 143.000,00), sendo estes valores

de depreciação anual negativos.

O lucro líquido antes do imposto de renda é a diferença do lucro da linha 5 e a

depreciação, para cada ano.

Os valores de imposto de renda anuais são calculados com soma da alíquota de

10% ao trimestre de contribuição social para companhias com lucro bruto até R$

24.000.000,00 no período de cálculo e 15% sobre este resultado, percentual

adotado para pessoa jurídica, totalizando 25%, conforme o sistema de tributação

adotado pela empresa Andrade S/A, sendo estes valores negativos.

Os valores do lucro líquido após o imposto de renda são calculados através da

diferença anual do lucro antes do imposto de renda e o imposto de renda de 25%.

O lucro operacional ou entrada de caixa operacional é calculado através da adição

63

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do lucro depois do imposto de renda e da depreciação em valor positivo para cada

ano.

6.5 Resultados para o Fluxo de Caixa Residual

A Tabela 7 reflete os resultados obtidos para o fluxo de caixa residual do projeto de

implantação dos equipamentos do sistema de tratamento de efluentes de serraria e

dos equipamentos para a fabricação de tijolos.

Tabela 7 – Fluxo de caixa residual.

Fluxo de Caixa Residual Ano 4

(+) Receita da venda dos ativos novos 197.250,00

(+) Recuperação do Capital de Giro 80.000,00

(=) Fluxo de Caixa Residual 277.250,00

Para o cálculo do valor da receita de venda do ativo novo, o valor calculado é

baseado na soma dos valores de mercado dos equipamentos constituintes do

projeto de gestão ambiental a ser implantado na Andrade S/A no 4º ano de

aquisição, isto é, com 4 anos de funcionamento após ser comprado novo.

Conforme dados coletados nas empresas MARCEL e CIMACO, o valor de mercado

dos equipamentos das duas companhias é o valor de 15% dos ativos novos, devido

ao uso constante, quase 24 h por dia durante toda a vida útil dos mesmos. Sendo

assim, o resultado da receita de venda dos ativos novos é o seguinte: R$ 197.250,00

(R$ 1.315.000,00 x 15%).

O cálculo do valor do imposto de renda sobre o lucro é nulo, visto que não há ganho

de capital na venda do ativo novo. Isto se deve ao fato de que o valor de venda do

ativo novo é menor que o valor do investimento inicial deduzido da depreciação de 4

anos (R$ 197.250,00 < R$ 858.000,00).

O valor para o fluxo de caixa residual é encontrado através da soma do valor da

receita com a venda dos ativos novos e a recuperação do capital de giro, resultando

em R$ 277.250,00 positivos.

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6.6 Resultados para Técnicas de Análise de Investimentos de Capital

Este procedimento visa facilitar o cálculo do período de payback, da taxa interna de

retorno (TIR) e do VPL a taxa de juros para investimentos de longo prazo de

pequenas e médias empresas.

6.6.1 Payback

Os dados da Tabela 8 são usados para demonstrar o cálculo do período de payback

do projeto proposto.

Tabela 8 – Cálculo do período de Payback

No primeiro ano, a empresa recuperará R$ 648.500,00 do seu investimento inicial de

R$ 1.510.000,00. Ao fim do segundo ano, terá recuperado um total de R$

1.300.000,00 (R$ 648.500,00 do 1º ano + R$ 651.500,00 do 2º). Ao fim do terceiro

ano, recuperará R$ 1.944.750,00 (R$ 1.300.000,00 do 1º e 2º anos + R$ 644.750,00

do 3º ano). Visto que o montante recebido ao fim do terceiro ano é maior que o

investimento inicial de R$ 1.510.000,00, o período de payback está entre dois e três

anos. Apenas R$ 210.000,00 (R$ 1.510.000,00 - 1.300.000,00) precisam ser

recuperados no terceiro ano. Na realidade, são recuperados R$ 644.750,00, porém,

apenas 33% dessa entrada de caixa (R$ 210.000,00 / R$ 644.750,00) são

necessários para completar a cobertura dos R$ 1.510.000,00 iniciais.

Logo, o período de payback para o projeto é de 2,3 anos ou 2 anos e 4 meses (2

anos mais 33% do 3º ano).

6.6.2 Taxa Interna de Retorno

Pelos cálculos do Excel utilizando a função TIR, a taxa interna de retorno do

investimento é de 30,34%.

6.6.3 Valor Presente Líquido

A tabela abaixo apresenta o cálculo do valor presente líquido do investimento para

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taxas de juros variando de 10%a.a. até 31% a.a.

Tabela 9 – Cálculo do VPL com taxa de juros

TAXA VPL (R$)10% 767.982,04 11% 716.375,23 12% 666.622,35 13% 618.637,06 14% 572.337,86 15% 527.647,77 16% 484.494,06 17% 442.807,97 18% 402.524,44 19% 363.581,91 20% 325.922,07 21% 289.489,69 22% 254.232,41 23% 220.100,58 24% 187.047,08 25% 155.027,20 26% 123.998,46 27% 93.920,50 28% 64.754,97 29% 36.465,37 30% 9.017,02 31% (17.623,14)

A Tabela 10 reflete os resultados obtidos para o cálculo do VPL a taxa de juros

do FINAME/MODERMAQ - Programa Modernização do Parque Industrial Nacional

(BANDES, 2005) no valor de 14,95% a.a. para a análise da viabilidade do

investimento de capital no projeto de implantação dos equipamentos do sistema de

tratamento de efluentes de serraria e dos equipamentos para a fabricação de tijolos.

Tabela 10 – Cálculo do VPL com taxa de juros FINAME/MODERMAQ.

Ano R$

0 (1.510.000,00)

1 648.500,00

2 651.500,00

3 644.750,00

4 974.500,00

VPL a 14,95% a.a. 529.845,20

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7 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

7.1 Investimento Inicial

Segundo resultados encontrados para o cálculo de investimento inicial do projeto de

controle de impactos ambientais no setor serraria, nota-se que R$ 1.510.000,00 é

um investimento inicial considerado alto para as pequenas e médias empresas

capixabas e brasileiras de beneficiamento de pedras ornamentais, já que o montante

a ser investido é superior à disponibilidade de capital para investimentos de grande

parte destas companhias e há inexistência ou custo excessivo de financiamentos.

Fica claro que a falta de financiamento diferenciado para os empreendedores

adequarem ou manterem os padrões ambientais de suas companhias é um dos

principais empecilhos atuais, no entanto, o mercado cada vez mais exige produtos

que sejam ambientalmente sustentáveis.

Recomenda-se a criação de mecanismos facilitadores de crédito para este tipo de

ação junto aos órgãos financeiros governamentais e privados.

7.2 Fluxo de Caixa Operacional

A respeito dos resultados encontrados para o cálculo do fluxo de caixa operacional,

é evidente o alto valor com receita de venda de tijolos e o lucro operacional anual

resultante, com pequenas variações no decorrer dos anos de análise, o que diminui

a probabilidade de o projeto ser rejeitado, mas uma expressiva taxa de imposto de

renda imposta pelo governo.

O faturamento anual médio de R$ 660.500,00 nos quatro anos de análise,

contabilizaria em torno de 5,5% (R$ 660.500,00 / R$ 12.000.000,00 de faturamento

anual da empresa) de aumento no faturamento anual da Andrade S/A, caso o

projeto seja implantado, com impacto positivo sobre a lucratividade.

Todavia, implicitamente nestes resultados, pode-se perceber a expressiva redução

de impactos ambientais, enumerados a seguir.

1. Redução de 80% na emissão de resíduos provenientes do setor de serraria de

blocos de granito no solo com a implantação da estação de tratamento de efluentes

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líquidos, conforme dados da empresa MARCEL.

2. Redução de utilização de água para o beneficiamento de blocos de granito na

ordem de 80%, conforme dados da empresa MARCEL. Este resultado não foi

medido em valores monetários porque a companhia utiliza água de lençol freático e

rio na serraria, não consumindo água paga.

Há redução com custo de transporte e armazenagem de resíduos como

conseqüência da adoção das medidas supracitadas e a reutilização dos resíduos ora

produzidos, na fabricação de tijolos, resultando em economia de R$ 219.000,00 nos

quatro anos após a implantação do projeto de reaproveitamento de resíduos, além

de refletir de forma direta em menores impactos ambientais no que tange à solo e

água. Isso sem falar na melhoria física do espaço de produção e redução da

poluição visual devido à extinção dos locais anteriormente utilizados para

armazenagem dos resíduos no solo, possibilitando o aproveitamento da espaço por

parte da empresa implementadora do projeto para a disposição dos equipamentos

adquiridos.

7.3 Fluxo de Caixa Residual

Conforme resultados obtidos para o fluxo de caixa residual, o valor de R$

277.250,00 equivale à recuperação de 18,36% do investimento inicial de R$

1.510.000,00, mostrando que o projeto deixaria a empresa em situação regular, se

optar por vender os ativos após o quarto ano da implantação do projeto. Não há

incidência de impostos sobre a venda, visto que o preço de venda dos ativos é

menor que o valor contábil, e a recuperação de capital circulante líquido é total, ou

seja, de R$ 80.000,00.

7.4 Período de Payback

O período de 2,3 anos encontrado para o payback é deficiente, visto que ignora as

entradas de caixa do terceiro e quarto anos para o projeto. Entretanto, por ser visto

como uma medida de risco, pode ser usado como complemento à técnica de

decisão do VPL, pois quanto mais tempo a empresa precisar esperar para recuperar

seus fundos investidos, maior a possibilidade de perda.

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Portanto, como o período máximo aceitável neste projeto é de 4 anos e o período de

payback calculado é menor, dois anos e quatro meses, aceita-se supostamente o

projeto proposto, pois é pequena a exposição do empreendimento aos riscos.

7.5 TIR

Pelo resultado apresentado de 30,34%, a taxa interna de retorno é maior que o

custo de capital de 14,95% do BNDES, demonstrando que o projeto é viável e

aceitável, com retorno do investimento no final do período de análise, com impacto

positivo na lucratividade após o período de 4 anos de análise do projeto.

7.6 Valor Presente Líquido (VPL)

Como o VPL calculado é maior que zero (VPL > 0) para taxas de juros de 10 a 30%,

a proposta de implantação do projeto de redução de impactos ambientais no setor

serraria é considerada viável e deveria, supostamente, ser aceita pela empresa

estudada, neste caso a Andrade S/A Mármores e Granitos.

Outro aspecto do resultado reflete em que o empreendimento obteria um retorno

maior do que seu custo de capital, aumentando o valor de mercado da empresa,

impactando positivamente na sua lucratividade após o período de 4 anos do

investimento.

Além disso, com o projeto de controle ambiental, a empresa estaria evitando multas

com descumprimento das leis ambientais impostas pelo IEMA e adequando-se aos

requisitos internacionais para exportação de chapas de granito, aumentando sua

receita.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Três foram as questões fundamentais instigadoras da investigação:

a) Como o investimento em projeto para reduzir os impactos ambientais no setor de

serraria afetou a lucratividade de uma empresa de beneficiamento de pedras

ornamentais, no caso, a Andrade S/A Mármores e Granitos?

b) Análise da viabilidade econômica do reaproveitamento dos resíduos gerados na

produção. O projeto é viável para implantação?

c) Quais impactos ambientais seriam reduzidos com a implantação deste projeto no

setor de serraria?

Este trabalho procurou discutir sobre os danos causados ao meio ambiente,

enfatizando-se o século XX, onde a evolução tecnológica deu-se em grande

velocidade a partir da revolução industrial, a demonstração de preocupação com a

necessidade de preservação do meio ambiente pelo homem, elaborando leis e

normas que permitam a sua utilização evitando a total degradação e destruição,

discutiu-se sobre o setor de rochas ornamentais, suas formas de poluição e

maneiras de redução destes impactos, com destaque para a produção de tijolos com

a utilização de resíduos de serraria como matéria-prima.

Discutiu-se que o controle ambiental é essencial para o licenciamento e bom

andamento de uma empresa do setor de beneficiamento de pedras de mármore e

granito, como é o caso da Andrade S/A Mármores e Granitos, objeto de estudo

deste trabalho, que está em fase de expansão, sendo o controle ambiental

primordial para seu sucesso e, agindo dentro da lei, o empreendimento pode

potencializar o comércio exterior, satisfazendo as normas dos clientes

internacionais.

Foi apresentada a metodologia de análise de investimentos de longo prazo em

empresas, seguida da exposição das empresas sugeridas como objeto de estudo

deste trabalho acadêmico, a Andrade S/A, a MARCEL e a CIMACO.

Abordaram-se vários artigos a respeito da possibilidade de reciclagem e utilização

de resíduos provenientes do setor serraria de empresas de beneficiamento de

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pedras ornamentais, com posterior redução de impactos ambientais, inclusive o

artigo que sugere a implantação de um sistema de tratamento de efluentes líquidos

importado da Itália, obtendo um resíduo propício na utilização como insumo para

produtos em cerâmica vermelha, sendo este artigo escolhido como referência para

este trabalho acadêmico.

Posteriormente, foi proposto o projeto de gestão de resíduos para solução dos

problemas ambientais enfatizados, com informações sobre o sistema de tratamento

de efluentes e seu processo, o método de produção de tijolos de cerâmica vermelha

e as técnicas de análise de viabilidade financeira para o projeto, com a utilização do

valor presente líquido, taxa interna de retorno e período de payback.

Posteriormente, foram apresentados os dados obtidos nas empresas e os cálculos

do investimento inicial, do fluxo de caixa operacional, do fluxo de caixa residual e o

cálculo do VPL para médias empresas e TIR, como a Andrade S/A, e o período de

payback com a finalidade de verificar a viabilidade financeira ou não do projeto

proposto para implantação, resultando num VPL >0 para taxas de juros anuais até

30%, viabilizando financeiramente o projeto, com período de payback de 2,3 anos

para o retorno do dispêndio de capital.

Pelo exposto no decorrer de toda a pesquisa apresentada neste trabalho, é de fácil

conclusão o quão vantajosa vem a ser, para o meio ambiente e para as empresas

de pedras ornamentais, a implantação do projeto para utilização dos resíduos de

serraria como matéria-prima de tijolos de cerâmica vermelha. Naquele como meio de

preservação do solo e água e nestas como forma de economia e lucro.

Embora seja inviável financeiramente para empresas de menor porte, devido à

necessidade de grande investimento inicial, a implantação deste projeto não é tão

somente uma eficiente forma de transformar um dejeto em riqueza, mas é antes de

tudo isso uma excelente maneira de atingir entre tantas outras uma importante

finalidade social pautada numa redução de ordem de 80% dos impactos sobre água

e solo.

É o progresso caminhando junto com a preservação. Natureza e homem convivendo

harmonicamente, sócios num negócio no qual todos saem ganhando onde cada um

garante sua sobrevivência e dá uma grande força, não só para a melhoria, mas para

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a existência de um futuro.

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