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Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção.TRANSCRIPT
CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHACURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
RENATO BERGAMIN LODI
ANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS
VILA VELHA2005
RENATO BERGAMIN LODI
ANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção.Orientadora: Profa Teresa Cristina J. Carneiro, Dsc.
VILA VELHA2005
RENATO BERGAMIN LODI
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ANÁLISE DE INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO EM PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção.
Aprovada em dia de mês de 2005.
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________Profa Teresa Cristina J. Carneiro, DScCentro Universitário Vila VelhaOrientador
______________________________________Profa Patrícia Alcântara Cardoso, DScCentro Universitário Vila Velha
______________________________________Prof. Luis Manoel Noronha, MScCentro Universitário Vila Velha
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Aos meus pais que não mediram esforços para que pudesse realizar o maior objetivo de minha vida.
Aos companheiros de turma e professores que foram parte primordial desta história.
Ao meu falecido avô Humberto Félix Lodi.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha orientadora prof.ª Teresa Cristina e ao co-orientador prof. Luis Manoel por me incentivarem durante a elaboração do TCC.
Agradeço aos senhores Célio de Andrade e Edson Fernando Sartório, por permitirem que suas formidáveis empresas fizessem parte deste trabalho.
Agradeço ao engenheiro César Dantas da Andrade S/A Mármores e Granitos, pela fundamental e imprescindível ajuda com o tema e dados da empresa.
Agradeço a Ricardo Vereza Lodi, pela ajuda imprescindível à realização do trabalho.
À Aladin C. pela ajuda primordial.
Agradeço à Betina Sartório, pela ajuda com a coleta de dados.
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“Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor. Mas lutamos para que o melhor fosse feito. Não somos o que deveríamos ser, não somos o que iremos ser, mas graças a Deus não somos o que éramos”.
Martin Luther King
5
SUMÁRIO
1 O PROBLEMA...................................................................................................12
1.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................12
1.2 OBJETIVO.....................................................................................................19
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................20
2.1 O SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS.............................................................20
2.2 O SETOR DE SERRARIA DE ROCHAS..............................................................23
2.3 IMPACTO AMBIENTAL.....................................................................................24
2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS NO SETOR DE SERRARIA DE ROCHAS.........................26
2.5 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO.............................................32
2.5.1 O Processo de Decisão de Orçamento de Capital..................................32
2.5.2 Razões para o dispêndio de capital.........................................................33
2.5.3 Etapas do processo de orçamento de capital..........................................34
2.5.3.1 Geração de propostas....................................................................34
2.5.3.2 Avaliação e análise.........................................................................35
2.5.3.3 Tomada de decisão........................................................................35
2.5.3.4 Implementação................................................................................36
2.5.3.5 Acompanhamento..........................................................................36
2.5.4 Fluxos de Caixa Relevantes....................................................................36
2.5.4.1 Cálculo do Investimento Inicial.....................................................36
2.5.4.2 Cálculo dos Fluxos de Caixa Operacionais.................................37
2.5.4.3 Cálculo do Fluxo de Caixa Residual.............................................37
2.5.5 Técnicas de Análise de Investimentos de Capital....................................38
2.5.5.1 Valor Presente Líquido (VPL)........................................................38
2.5.5.2 Período de Payback........................................................................40
2.5.5.3 Período de Payback Descontado..................................................41
2.6 OUTROS ESTUDOS SOBRE O TEMA................................................................41
3 METODOLOGIA.................................................................................................44
3.1 TIPO DE PESQUISA.........................................................................................44
3.2 UNIVERSO DA PESQUISA E AMOSTRA..............................................................44
6
3.3 PLANO DE COLETA DOS DADOS......................................................................45
3.4 PLANO DE ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................46
4 AS EMPRESAS..................................................................................................48
4.1 ANDRADE S/A MÁRMORES E GRANITOS........................................................48
4.2 CERÂMICA CIMACO LTDA............................................................................50
4.3 MARCEL – MÁRMORES COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO LTDA.............................52
5 O PROJETO DE CONTROLE AMBIENTAL A SER IMPLANTADO.................53
5.1 A ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES..................................................53
5.1.1 O processo de tratamento de efluentes...................................................54
5.2 O PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA FÁBRICA DE TIJOLOS...................................55
5.2.1 O processo de fabricação de tijolos.........................................................55
6 ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA A LONGO PRAZO.........................58
6.1 INVESTIMENTO INICIAL...................................................................................58
6.2 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL....................................................................58
6.3 RESULTADOS PARA O INVESTIMENTO INICIAL..................................................60
6.4 RESULTADOS PARA OS FLUXOS DE CAIXA OPERACIONAIS..............................61
6.5 RESULTADOS PARA O FLUXO DE CAIXA RESIDUAL.........................................63
6.6 RESULTADOS PARA TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL. . .63
6.6.1 Payback...................................................................................................64
6.6.2 Taxa Interna de Retorno..........................................................................64
6.6.3 Valor Presente Líquido............................................................................64
7 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS........................................................66
7.1 INVESTIMENTO INICIAL...................................................................................66
7.2 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL....................................................................66
7.3 FLUXO DE CAIXA RESIDUAL...........................................................................67
7.4 PERÍODO DE PAYBACK..................................................................................67
7.5 TIR...............................................................................................................68
7.6 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL).................................................................68
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................71
7
8
LISTA DE TABELAS
QUADRO 1 – EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DA EMPRESA..................................................50
QUADRO 2 – DADOS ECONÔMICOS DA EMPRESA...........................................................50
QUADRO 3 – EQUIPAMENTOS PARA A FABRICAÇÃO DE TIJOLOS......................................57
TABELA 1 – DADOS COLETADOS DE INVESTIMENTO INICIAL DA MARCEL........................58
TABELA 2 - DADOS DE INVESTIMENTO INICIAL COLETADOS DA CIMACO.........................58
TABELA 3 – DADOS DE RECEITA E DESPESAS DE PRODUÇÃO DA EMPRESA CIMACO......59
TABELA 4 – DADOS DE DESPESAS COM RESÍDUOS DA EMPRESA ANDRADE S/A..............59
TABELA 5 – RESULTADOS DO INVESTIMENTO INICIAL......................................................60
TABELA 6 – RESULTADOS PARA O CÁLCULO DE FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL..............61
TABELA 7 – FLUXO DE CAIXA RESIDUAL........................................................................63
TABELA 8 – CÁLCULO DO PERÍODO DE PAYBACK...........................................................64
TABELA 9 – CÁLCULO DO VPL COM TAXA DE JUROS.....................................................64
Tabela 10 – Cálculo do VPL com taxa de juros FINAME/MODERMAQ....................65
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - PROCESSO DE SERRAGEM DE BLOCOS DE GRANITO.................23
FIGURA 2 – TANQUES DE DEPOSIÇÃO FINAL DE LAMA RESIDUAL ABRASIVA................................................................................................................31
FIGURA 3 – RAZÕES PARA DISPÊNDIO DE CAPITAL COM GESTÃO AMBIENTAL..............................................................................................................34
FIGURA 4 – ESTRUTURA FÍSICA DA EMPRESA ANDRADE S/A MÁRMORES E GRANITOS................................................................................................................48
FIGURA 5 – O PROCESSO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES E O FILTRO PRENSA....................................................................................................................54
Figura 6 – Fluxo do processo de produção de tijolos................................................57
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RESUMO
Este trabalho procura demonstrar de que maneira os investimentos realizados para a redução dos impactos ambientais da produção de uma empresa de beneficiamento de pedras ornamentais no setor de serraria afetam a sua lucratividade. Propõe um projeto de gestão de resíduos a ser implantado. Através de pesquisa descritiva e pesquisa de campo com visitas às empresas de beneficiamento de granito com e sem sistema de tratamento de efluentes e à empresa de produtos de cerâmica vermelha que utiliza o resíduo reciclado proveniente do tratamento de efluentes líquidos como matéria-prima, demonstra que há viabilidade econômica para o projeto proposto, com grande redução de impactos ambientais em água e solo. Entretanto, mostra-se um investimento inicial bastante alto para as empresas de pequeno porte brasileiras.
Palavras-chave: impacto ambiental, resíduos, viabilidade econômica.
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RESUMEN
Este trabajo busca demostrar como las inversiones realizadas para la reducción de los impactos ambientales de la producción de una empresa de piedras ornamentas en el sector serraría afectan su lucratividad. Propone un proyecto para gerencia de residuos a ser implantado en la empresa. Con búsqueda descriptiva y búsqueda de campo con visitas a las empresas del granito con y sin sistemas que trata fluidos residuales y a la empresa de productos cerámicos roja que utiliza el desecho reciclado proveniente del tratamiento de fluidos residuales como materia-prima, demuestra que hay viabilidad económica para el proyecto propuesto y que hay gran reducción de los impactos ambientales en agua y suelo. Sin embargo, se muestra una inversión inicial bastante alto para empresas de pequeño porte del Brasil.
Palabras-llave: impacto ambiental, desechos, viabilidad económica.
1 O PROBLEMA
1.1 Introdução
Devido aos avanços científicos e tecnológicos da humanidade, a capacidade de
exploração e utilização do meio ambiente cresceu. Ao mesmo tempo aumentou a
velocidade com que o homem degrada o meio em que vive e retira recursos para
atender as suas necessidades.
No início dos tempos, o homem desenvolvia apenas atividades que buscavam tão
somente sua sobrevivência e proteção, não sendo capazes de provocar maiores
danos à natureza.
Com os progressos da ciência e da tecnologia, suas necessidades transcenderam à
mera busca de alimentos e à criação de artefatos para proteção, incluindo a busca
de recursos naturais para a obtenção de energia, fator que marca radicalmente a
capacidade destrutiva do homem.
A exploração energética levou à criação das usinas de energia atômica ou nuclear
que, através do beneficiamento de elementos químicos como o urânio, geram
energia suficiente para suprir as exigências elétricas de certa região. Porém, esta
forma de produção energética é devastadora ao meio ambiente quando mal regida,
tendo como exemplos as explosões das bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki
na segunda Guerra Mundial e o acidente da usina nuclear de Chernobyl.
Referindo-se ainda à busca por energia, é válido lembrar que as atividades de
exploração, extração, transporte e utilização do petróleo vêm causando inúmeras
tragédias ao meio ambiente, sendo marcantes aquelas ligadas a vazamentos do
produto em mares, rios e baías, como o recente vazamento de óleo provocado pela
Petrobrás na Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro.
Contudo, não somente a alta tecnologia devasta o meio ambiente. A exploração de
minas e garimpos em busca de pedras preciosas, carvão, metais e ouro
desertificaram diversas regiões, como o garimpo de Serra Pelada, no Brasil.
Após séculos de devastação, enfatizando-se o século XX, onde a evolução
tecnológica deu-se em grande velocidade a partir da revolução industrial, o homem
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vem mostrando preocupação com a necessidade de preservação do meio ambiente,
elaborando leis e normas que permitam a sua utilização evitando a total degradação
e destruição.
Diversos encontros entre líderes de vários países foram realizados com o intuito de
se criar uma consciência global de proteção ambiental, porém com pouco ou
nenhum resultado prático.
Em 16 de fevereiro de 2005 entrou em vigor o Protocolo de Kyoto sobre mudanças
climáticas. Segundo MCT (2002), o documento impõe a redução das emissões de
seis gases causadores de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta:
CO2 (dióxido de carbono ou gás carbônico), CH4 (metano), protóxido de nitrogênio
(N20) e três gases flúor (HFC, PFC e SF6), sem a participação dos Estados Unidos,
que se negaram a ratificá-lo, sendo o mais estrito dos cerca de 250 acordos
mundiais sobre o meio ambiente.
O tratado determina a diminuição do uso de energias fósseis, como carvão, petróleo
e gás, que representam 80% destas emissões. O uso destes combustíveis aumenta
com o crescimento econômico principalmente dos países desenvolvidos.
Os Estados Unidos, que teriam que reduzir suas emissões em 7%, prevêem um
aumento de 35% em 2012, o que explica sua decisão, em 2001, de abandonar o
protocolo. Como este país emite 40% dos gases causadores de efeito estufa no
conjunto de países industrializados e 21% ao nível mundial, o alcance do protocolo
de Kyoto será limitado, no que também contribui a ausência da Austrália.
A redução global das emissões será de cerca de 2% em 2012 em relação a 1990,
em relação aos 5,2% inicialmente previstos (MCT, 2002).
É certo que os principais responsáveis por quase toda poluição global, como a
destruição parcial da camada atmosférica de gás ozônio, que está relacionada ao
aumento da temperatura global, foram os países desenvolvidos, descobridores e
dominadores da tecnologia moderna antes dos países pobres e subdesenvolvidos, e
as utilizaram sem mensurar as conseqüências no meio ambiente, talvez por
incapacidade de tal mensuração.
O subdesenvolvimento industrial e tecnológico dos supramencionados países
pobres se deve ao fato de tentarem seguir os mesmos passos dos países ricos rumo
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ao desenvolvimento, com a mesma ignorância que lidaram com seu lixo industrial e
químico, despejando-o em água, solo e ar, sem pensar nas conseqüências ao meio
em que vivem.
Apesar de toda a divergência, a consciência ecológica se desenvolveu nos Estados
do Brasil, criando uma regulamentação particular de proteção, defesa e utilização do
meio ambiente e seus recursos, com destaque para o Espírito Santo, que tem no
Instituto Estadual de Meio Ambiente e recursos hídricos (IEMA) e na Secretaria
Estadual de Meio Ambiente (SEAMA), seus principais órgãos fiscalizadores e
regulamentadores.
Evidentemente, a normatização referente ao meio ambiente afeta de maneira direta
a atividade empresarial, pois é no exercício de suas atividades industriais ou
prestação de serviços que as empresas se utilizam dos recursos naturais em larga
escala e despejam no ecossistema o resultado de sua produção, muitas vezes
nocivo.
A sociedade está em processo permanente de metabolismo com a natureza. Os
homens transformam a natureza por meio de suas atividades. Portanto, para que
não ocorram catástrofes, precisamos de uma organização racional da sociedade que
seja capaz de evitar a exploração dos recursos naturais até sua exaustão. Não basta
racionalizar o metabolismo entre os homens e a natureza. Concomitantemente, é
preciso estabelecer relações sociais que atendam às necessidades básicas e
eliminem as carências gritantes que afligem a maioria das sociedades
contemporâneas. Porque, em última análise, a dominação irracional sobre o
ambiente reflete atitudes e comportamentos irracionais dos homens sobre os
homens.
A irracionalidade dessas relações está refletida tanto no plano macro do sistema
econômico e social, quanto no plano micro da economia industrial das empresas. No
plano macro, a corrida incansável atrás da valorização do capital e da
competitividade leva a formas e conteúdos de produção e consumo insustentáveis,
ou seja, leva a um estilo de vida incompatível com as carências sociais e o requisito
de conservar os recursos naturais.
15
Em nível micro das empresas, a concorrência e a corrida por mais lucros, mediante
a redução de custos e aumentos de produtividade – independentemente da
qualidade dos produtos ou da adequação de tecnologias – resultam invariavelmente
em efeitos destrutivos na natureza e na sociedade.
Os custos não são efetivamente reduzidos, mas transferidos para a sociedade sob
forma de desemprego, pobreza e marginalidade no ambiente social e sob forma de
poluição do ar, das águas e a erosão do solo no meio ambiente natural. Em última
análise, essas transformações destrutivas afetam também as condições climáticas e
põem em risco a sobrevivência da espécie humana e da própria vida no planeta.
O clamor por tecnologias mais apropriadas e formas de “produção mais limpas” não
tem induzido mudanças nos padrões de consumo da população, nem no
comportamento das empresas que contam com a conivência ou omissão dos
governos. Tanto os Estados quanto as empresas parecem ignorar a natureza
“perversa” do sistema de produção capitalista que, em sua corrida atrás de
competitividade e lucros, parece incapaz de internalizar em sua contabilidade os
custos da destruição do meio ambiente e, menos ainda, os custos incalculáveis da
desagregação social em conseqüência do alastramento da pobreza e da
marginalidade.
O tratamento econômico dos recursos naturais e do meio ambiente, não só pelo fato
de que recursos naturais são efetivamente recursos econômicos, foi o único meio
efetivo de se legislar acerca do tema de maneira eficaz e contundente, reprimindo e
punindo aqueles que destroem e degradam os recursos econômicos ambientais.
A indústria de pedras ornamentais no Brasil tem suscitado a atenção social face às
modificações de elementos componentes da estrutura física dos ecossistemas e das
paisagens como um todo.
Segundo ABIROCHAS (2004), o setor brasileiro de rochas ornamentais movimenta
cerca de US$ 2,1 bilhões/ano, incluindo-se a comercialização nos mercados interno
e externo e as transações com máquinas, equipamentos, insumos, materiais de
consumo e serviços, gerando cerca de 105 mil empregos diretos em
aproximadamente 10.000 empresas. O mercado interno é responsável por quase
16
90% das transações comerciais e as marmorarias representam 65% do universo das
empresas do setor.
O desdobramento dos blocos de rochas ornamentais no Brasil se dá principalmente
através da utilização de teares. O parque de beneficiamento opera com quase 1.600
teares, e tem capacidade de serragem estimada em 40 milhões de m²/ano.
A extração brasileira de rochas totaliza 5,2 milhões de toneladas/ano. Os estados do
Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia respondem por 80% da produção nacional. O
estado do Espírito Santo é o principal produtor, com 47% do total brasileiro. O
estado de Minas Gerais é o segundo maior produtor e responde pela maior
diversidade de rochas extraídas.
No ano 2000, 508 empresas distribuídas em 22 estados da Federação, compuseram
a base exportadora de rochas. No ano de 1999, cerca de 71% das exportações de
rochas processadas, em valor, foram destinadas aos EUA, enquanto que para a
Itália foram remetidos 40% em peso das exportações de rochas brutas,
caracterizando uma concentração muito elevada de vendas para esses dois
mercados.
Destaca-se um aumento contínuo das exportações brasileiras durante toda a década
de 90. A barreira dos US$ 100 milhões foi ultrapassada em 1993 e a dos US$ 200
milhões atingida em 1997. A tendência registrada a partir de 1996, mostra recuo das
exportações de rochas silicáticas em bruto e pequena expressão das rochas
carbonáticas em bruto.
No ano de 1999, o Brasil teve participação de 0,3% nas exportações mundiais de
rochas carbonáticas brutas (blocos de mármore), de 9,9% nas de rochas silicáticas
brutas (blocos de granito), de 1,3% nas de rochas processadas simples (pedras de
calcetar), de 1,4% nas de rochas processadas especiais (produtos de mármore e
granito) e 5,6% nas de ardósias, compondo 4,9% do volume físico do intercâmbio
mundial.
Esse desempenho posicionou o Brasil como sexto maior exportador mundial de
rochas em volume físico, atrás da Itália, China, Índia, Espanha e Portugal e à frente
da África do Sul, Turquia, Coréia do Sul, Grécia, Finlândia e Alemanha. Quanto às
exportações de granitos brutos, o Brasil colocou-se em quarto lugar com 9,9%, atrás
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da Índia (18,2%), África do Sul (11,7%) e China (10,4%), situando-se em 12º lugar
das exportações mundiais de rochas processadas.
As exportações do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, que são os principais
estados produtores, totalizaram cerca de US$ 210 milhões em 2000. O Espírito
Santo consolidou sua posição de principal produtor e exportador, respondendo no
ano de 2000 por 44%, em peso e valor, do total das exportações brasileiras. O Rio
de Janeiro teve um dos mais expressivos crescimentos de exportação de rochas
processadas.
São declinantes desde 1998, em peso e valor, as exportações totais e, sobretudo de
rochas graníticas de Minas Gerais, que têm seus negócios centrados na venda de
blocos para grandes compradores italianos. Esta queda foi atenuada pelo expressivo
crescimento das ardósias e quartzitos foliados, que em 2000 já representaram
47,9% em valor das exportações mineiras de rochas.
Situação menos aguda, porém semelhante, é observada para a Bahia, cujas
exportações foram ultrapassadas pelo Rio de Janeiro em 2000. A questão da
agregação de valor dos produtos beneficiados pode ser aqui exemplificada, visto
que em peso o Rio de Janeiro exportou 32% do total da Bahia, enquanto em valor
as exportações cariocas foram 5% maiores que as baianas.
No ano de 1999 as rochas processadas representaram 19,5% em volume físico do
total exportado, enquanto em valor corresponderam a 49,6% do faturamento. No ano
2000 as rochas processadas representaram 25,4% em peso e 56,5% em valor das
exportações. Já em 1999 o valor das exportações das rochas processadas
equiparou-se ao dos blocos e no ano 2000 a exportação de produtos semi-
elaborados já ultrapassou a de matéria-prima, o que caracteriza a desejada
modificação do perfil da indústria exportadora.
O melhor desempenho do Espírito Santo e do Rio de Janeiro com exportação de
rochas graníticas processadas, bem como de Minas Gerais com ardósias e
quartzitos foliados, está lastreado na existência de parques industriais de
beneficiamento e em uma base de competitividade firmada para produtos
acabados/semi-acabados no mercado interno. Tais atributos acabaram por viabilizar
até o incremento das exportações de blocos de granito pelo Estado do Espírito
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Santo, exportações estas, agora não controladas por grandes contratos de
exclusividade.
A maioria das empresas de mármore e granito do Brasil costuma burlar as leis e não
fazer controle ambiental. Há uma grande utilização de recursos naturais tanto na
extração como no beneficiamento, consumindo vasta quantidade desses recursos e
gerando um enorme impacto ambiental.
Os impactos produzidos no meio ambiente ocorrem através do ruído, das vibrações,
da poeira, da lama abrasiva, dos cascalhos de pedras, do desmatamento e remoção
da cobertura vegetal, do impacto visual negativo provocado pela extração dos
blocos, da grande utilização de água, de energia etc., sendo importante realizar um
estudo que analise como investimentos feitos para reduzir esses impactos afetam a
lucratividade de uma empresa deste setor, que é o tema principal deste trabalho.
Para a redução ou mesmo extinção dos impactos foram estudadas maneiras de se
reutilizar estes resíduos, tais como: utilização do resíduo sólido como insumo para a
fabricação de cerâmica vermelha, agregado para a construção civil, argamassa e
como material de enchimento em concretos asfálticos usinados a quente (CBUQ),
para as lamas abrasivas, conforme PNPRI (2000) foram feitos estudos para sua
utilização em impermeabilização de lagoas e aterros, no enchimento e recuperação
paisagística das pedreiras.
O sistema de decantação e prensagem de lamas possibilita a minimização de
volume de resíduos. A lama do processo de serragem de blocos é enviada para um
decantador onde, com utilização de floculante, se efetua a remoção de sólidos por
sedimentação. A água clarificada é novamente introduzida no processo e as lamas
são enviadas para um filtro-prensa onde são concentradas e o seu volume é
reduzido (PNPRI, 2000).
Os resíduos sólidos prensados podem ser destinados à fabricação de cerâmicas
vermelhas em substituição à argila não-plástica. Este processo de reutilização da
água residuária e utilização da lama prensada como matéria-prima para fabricação
de tijolos resulta em redução de impactos ambientais em solo e água, pois se evita o
lançamento de efluentes líquidos do setor de maneira indevida no solo e diminui a
quantidade de água utilizada (PREZZOTI, 2003).
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O controle ambiental é essencial para o licenciamento e bom andamento de uma
empresa do setor de beneficiamento de pedras de mármore e granito como é o caso
da Andrade S/A Mármores e Granitos, objeto de estudo deste trabalho. A empresa
está em fase de expansão, sendo o controle ambiental primordial para seu sucesso.
Agindo dentro da lei, as empresas podem potencializar o comércio exterior,
satisfazendo as normas dos clientes internacionais.
Este trabalho inicia-se com a formulação da situação problema, em seguida
apresenta os objetivos final e intermediários, a delimitação e a relevância do estudo,
o referencial teórico e a descrição da metodologia utilizada. Há depois uma breve
descrição das empresas, a proposta de solução do problema proposto, com dados
obtidos e resultados esperados.
Para finalizar são apresentadas as considerações finais do trabalho, contendo
comentários sobre os resultados almejados e obtidos.
1.2 Objetivo
O objetivo deste estudo foi analisar como investimentos com a implantação de uma
estação de tratamento de efluentes líquidos e equipamentos para a produção de
tijolos visando à redução de impactos ambientais em água e solo afetam a
lucratividade de uma empresa de beneficiamento de pedras ornamentais em longo
prazo, no caso, a Andrade S/A Mármores e Granitos.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesse capítulo será realizada uma revisão da literatura existente sobre o tema
desse trabalho. Primeiramente traz o setor de rochas ornamentais explicado e
especificado e o setor de serraria. Trata do impacto ambiental, na sua conceituação
e relação com as empresas de pedras ornamentais e na importância de se atentar
para a diminuição de seus efeitos, como forma de preservação da qualidade dos
ecossistemas. A análise de projetos a longo prazo, procurando demonstrar o
funcionamento daquele e a imprescindibilidade deste. Por fim, disponibiliza vários
artigos a respeito do tema deste trabalho.
2.1 O Setor de Rochas Ornamentais
No setor de rochas ornamentais tem-se uma cadeia produtiva que começa com a
atividade de mineração ou extração dos blocos das jazidas.
Depois de extraídas, as rochas graníticas em forma de matacões, são transportadas
para as serrarias para o desdobramento ou serragem (processo de transformação
dos blocos em chapas ou placas semi-acabadas), utilizando-se máquinas
denominadas de teares, configurando, o chamado beneficiamento primário. As mais
comuns utilizam lamas abrasivas, que tem como principais objetivos: lubrificar e
resfriar as lâminas, evitar a oxidação das chapas, servir de veículo ao abrasivo
(granalha) e limpar os canais entre as chapas. Composta por água, granalha, cal e
rocha moída, a lama abrasiva é distribuída por chuveiros sobre o bloco através de
bombeamento (SILVA, 1998).
A serragem é a transformação dos blocos, que são grandes paralelepípedos, em
chapas com espessuras padrão de 10, 20 ou 30 mm.
Os chamados teares, nos quais o processo é realizado, são equipamentos robustos
com peso total acima de 40 ton, compostos de quatro colunas metálicas que
sustentam dois leques pendulares onde fica suspenso um quadro porta lâminas,
acionado por um sistema biela-manivela ligado a um volante movimentado por motor
elétrico.
O corte do bloco é realizado pelo atrito e pelo impacto da lama abrasiva à base de
21
granalha de aço ou ferro fundido, cal e água, que banha o bloco e o conjunto de
lâminas, que com o constante movimento pendular do quadro de lâminas provoca o
impacto e o atrito, proporcionando a desagregação de partes da rocha, culminando
com seu corte. A descida do quadro porta lâminas é que assegura a existência da
área de atrito e de impacto em todo o processo (SILVA, 1998).
A circulação da lama para a execução do corte é assegurada pelo sistema de
bomba e chuveiro e o sistema de tensionamento mecânico ou hidráulico das
lâminas.
O outro passo é o de beneficiamento das chapas, cujo objetivo principal é
transformar as placas semi-elaboradas em placas polidas, e estas em produtos
finais.
Há também a parte do beneficiamento dos blocos em ladrilhos. Por meio de um
sistema de talha-blocos, o bloco de granito é serrado em chapas menores e estas
chapas são novamente serradas em ladrilhos, passando por um processo de
polimento e aplicação de verniz.
Segundo pesquisa do SEBRAE-ES (2004) sobre o setor de rochas de mármores e
granitos do ES, a produção capixaba com aproximadamente 1.000 teares tem
capacidade de serragem de 25 milhões de m2/ano, criando cerca de 20.000
empregos diretos. 66% das empresas não declararam o faturamento bruto anual
médio. Dentre as que declararam, 17,5% faturam entre R$ 1 a 5 milhões/ano. Nos
dois extremos, 14,5% faturam entre R$ 100 mil e 1 milhão e 4% acima de 5 milhões.
Efluentes líquidos, com 90% de indicação, foi o aspecto ambiental mais importante
apontado pelas empresas como resultante de suas atividades.
A redução do consumo de água e energia com 59% e 52% respectivamente foram
as duas ações mais implementadas pelas indústrias. Em terceiro lugar vem a
preocupação com a disposição adequada de resíduos sólidos, com 48%, seguida
pela reciclagem, com 44%.
Outra linha de ação ambiental foi indicada, tais como: construção de estações de
tratamentos de efluentes (ETEs), com 36%, e os investimentos para introdução de
equipamentos de proteção ocupacional, com 26% das respostas.
22
Uma ação que merece destaque é a iniciativa de 24% das respostas para mudança
dos processos para redução de desperdícios e resíduos. São empresas com enorme
potencial de implantação de programas de ecoeficiência.
Ainda conforme a pesquisa, os maiores obstáculos para melhoria ambiental da
empresa são o custo muito elevado para aquisição dos equipamentos ambientais
(56%), a falta de orientação/informações dos órgãos ambientais (46%), a falta de
informações técnicas (35%), a mudança frequente da regulamentação ambiental
(33%) e os altos custos trabalhistas da mão-de-obra (32%). A inexistência ou custo
excessivo dos financiamentos também é apontado no questionário (29%).
A compra de equipamentos de controle ambiental é pretendida por 20% das
empresas consultadas.
Dos 95% das empresas que responderam sobre financiamento de equipamentos de
prevenção e/ou controle ambiental, 79% nunca tentaram obter financiamento e 11%
não foram bem sucedidos no processo de solicitação para a compra desses
equipamentos. Com isso, somente 5% conseguiram financiamento no Banco do
Brasil.
Das principais razões que têm levado as companhias a se preocuparem com as
questões ambientais, a busca pela melhoria da imagem da empresa junto à
sociedade foi a mais votada, com 63% dos entrevistados, definindo, dessa forma, o
futuro inexorável da ativadade desses empreendimentos com a necessidade do
comprometimento ambiental para abrir novos mercados no exterior (24%).
Comparando as demandas legais com as perspectivas de redução de custos, o
atendimento às demandas legais (50%) segue junto com a redução de custos de
produção e desperdícios (47%).
Mantendo a dualidade da demanda legal versus a demanda operacional, o segundo
grupo manteve próximos os indicadores entre o atendimento àsdemandas dos
órgãos ambientais após visitas e/ou fiscalizações (33%) com o aumento da receita
com o aproveitamento de resíduos em novos produtos ou reciclagem, com 32%.
23
2.2 O Setor de Serraria de Rochas
1. Preparação da carga - seleção dos blocos, fixação no carro porta blocos e
colocação no tear através do carro autotransportador.
2. Preparação do tear - atividades realizadas para que os equipamentos fiquem em
condições de serem operados com a colocação ou troca das lâminas,
espaçamento ou tensionamento das mesmas, adequação da lama abrasiva,
regulagem do braço ou biela do tear e procedimentos de manutenção e
preparação das máquinas.
3. Serragem - o processo de serragem propriamente dito, onde o tear é acionado,
deve funcionar sem interrupção até o término do processo. Isto não exclui as
eventuais paradas necessárias para ajustes de lâminas, fixação e separação da
carga de chapas, regulagem da biela e correções na composição da lama
abrasiva (Figura 1).
Figura 1 - Processo de serragem de blocos de granito.
4. Descarregamento do tear - processo de retirada da carga de chapas do interior do
tear, sua lavagem, amarração, desprendimento do carro porta-blocos e sua retirada
do interior do tear, aproveitamento da lama, levantamento do quadro, lavagem e
limpeza do tear.
O processo de circulação da lama é feito em circuito fechado. Com o decorrer da
operação de serragem, a viscosidade desta lama abrasiva eleva-se, dificultando a
serragem, o que pode resultar em defeitos nas chapas e aumento do desgaste das
lâminas. Para controlar os componentes da lama, em intervalos fixados, é efetuada
uma descarga para o controle dos compostos, mantendo-os assim em uma faixa
ideal capaz de proporcionar melhor rendimento ao processo e uma superfície mais
lisa e uniforme nas chapas resultantes do corte.
A descarga é feita através dos hidrociclones, (quando inexistentes, essa descarga é
normalmente feita de forma manual) instalados em cada máquina onde é feita a
separação da granalha ainda em condições de corte, da granalha e pó-de-pedra
24
nocivos ao processo. A granalha boa retorna para o circuito fechado da lama e o
restante é conduzido por gravidade para a bomba de recalque situada ao final da
galeria, que o envia aos poços de decantação, onde é depositada passando por um
processo de auto-secagem através da evaporação de parte da água pela ação do
sol (calor) e dos ventos. O excesso é ribombado para a reutilização na serraria.
2.3 Impacto Ambiental
Conforme CONAMA (86), impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de
seus componentes por determinada ação ou atividade, que direta ou indiretamente
afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e
econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, a
qualidade dos recursos ambientais. Estas alterações precisam ser quantificadas,
pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou
pequenas.
Antes de se colocar em prática um projeto, seja ele público ou privado, é preciso
saber mais a respeito do local onde o projeto será implementado, conhecer melhor o
que cada área possui de ambiente natural (atmosfera, hidrosfera, litosfera e
biosfera) e ambiente social (infra-estrutura material constituída pelo homem e
sistemas sociais criados).
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), fundamentalmente, trata-se do estudo
detalhado sobre os impactos ambientais associados a um dado tipo de
empreendimento que tem por objetivo avaliar as prováveis mudanças nas diversas
características sócio-econômicas e biofísicas do ambiente, as quais podem resultar
de uma determinada ação. Propõe que quatro medidas básicas sejam
primeiramente entendidas, para que depois se faça um estudo e uma avaliação mais
específica. São eles:
1 - Desenvolver uma compreensão daquilo que está sendo proposto, do que será
feito e do tipo de material usado.
2 – Compreender o ambiente afetado: que ambiente (biogeofísicos e/ou sócio-
econômico) será modificado pela ação.
25
3 - Prever possíveis impactos no ambiente e quantificar as mudanças, projetando a
proposta para o futuro.
4 - Divulgar os resultados do estudo para que possam ser utilizados no processo de
tomada de decisão.
O EIA também deve atender à legislação expressa na lei de Política Nacional do
Meio Ambiente. São elas:
1 - Observar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, levando
em conta a hipótese da não execução do projeto.
2 - Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e
operação das atividades.
3 - Definir os limites da área geográfica a ser afetada pelos impactos (área de
influência do projeto), considerando principalmente a "bacia hidrográfica" na qual se
localiza;
4 - Levar em conta, planos e programas do governo, propostos ou em implantação
na área de influência do projeto e se há a possibilidade de serem compatíveis.
O RIMA - Relatório de Impacto Ambiental - é o relatório que reflete todas as
conclusões apresentadas no EIA. Deve ser elaborado de forma objetiva e possível
de se compreender, ilustrado por mapas, quadros, gráficos, enfim, por todos os
recursos de comunicação visual.
Deve também respeitar o sigilo industrial (se este for solicitado) e pode ser acessível
ao público. Para isso, deve constar no relatório:
1 - Objetivos e justificativas do projeto e sua relação com políticas setoriais e planos
governamentais.
2 - Descrição e alternativas tecnológicas do projeto (matéria-prima, fontes de
energia, resíduos etc.).
3 - Síntese dos diagnósticos ambientais da área de influência do projeto.
26
4 - Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação da atividade e dos
métodos, técnicas e critérios usados para sua identificação.
5 - Caracterização da futura qualidade ambiental da área, comparando as diferentes
situações da implementação do projeto, bem como a possibilidade da não realização
do mesmo.
6 - Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras em relação aos impactos
negativos e o grau de alteração esperado.
7 - Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos.
8 - Conclusão e comentários gerais.
Deve-se lembrar que a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) fornece o roteiro
básico para a elaboração do EIA/RIMA, a partir dos quais, poderá se desenvolver
um plano de trabalho que deverá ser aprovado pela secretaria.
2.4 Impactos Ambientais no Setor de Serraria de Rochas
As perspectivas da evolução do setor de rochas ornamentais apontam para a
intensificação do beneficiamento das rochas no ES, agregando valor ao produto
exportado, aumentando-se a geração de divisas e o nível de emprego no setor.
Porém, o setor necessita evoluir para atenuar os impactos negativos ao meio
ambiente (CERQUEIRA, 2004).
Visando caracterizar o problema ambiental gerado por essas indústrias e o que
definem as leis quanto ao controle ambiental, faz-se necessário o estabelecimento
de alguns termos:
I. Efluente líquido industrial: despejos líquidos provenientes do estabelecimento
industrial, compreendendo efluentes de processo industrial, águas residuárias e
esgoto doméstico;
II. Efluente de processo industrial: despejos líquidos provenientes do processo de
beneficiamento, denominados de lama de descarga ou polpa, as águas provenientes
de lavagem de blocos e chapas e as descargas de politrizes;
27
III. Águas residuárias: águas provenientes do tratamento dos efluentes líquidos
industriais e aquela que percola dos resíduos sólidos e semi-sólidos;
IV. Resíduos sólidos: São os resíduos sólidos ou semi-sólidos provenientes de
sistema de tratamento do efluente de processo industrial, bem como os rejeitos de
matéria-prima (casqueiros e cascos), insumos e os administrativos;
V. Sistema de gerenciamento de efluentes e resíduos: conjunto de técnicas,
equipamentos e controle de segregação, armazenamento, tratamento, coleta,
transporte, reutilização, reciclagem e destinação final dos efluentes líquidos
industriais e resíduos sólidos;
VI. Aterro industrial: técnica deposição final de resíduos no solo, sem causar danos
ou riscos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais e
utilizando princípios específicos de engenharia para confinar esses resíduos.
As indústrias de rochas ornamentais impactam o meio ambiente porque consomem
grande quantidade de água, geram efluentes e resíduos em quantidades
significativas, a grande maioria não possui sistemas de tratamento de efluentes nem
gerenciamento adequado dos seus resíduos sólidos. Em números, o desdobramento
de blocos de granitos por meio de teares gera efluentes líquidos industriais da ordem
de 3 a 6 m³/ dia por tear. Destes efluentes, 70 a 75% constituem-se de água e 25 a
30% de sólidos. Como resultado do processamento nos teares, apenas 64% dos
blocos processados na indústria é aproveitado, sendo que 8% formam resíduo de
casqueiro e 28% formam pó de rocha que irá compor sólidos insolúveis nos
efluentes.
Os efluentes das atividades de polimento possuem volume muito mais significativo
de água. Neste caso, o tratamento dos efluentes em tanques de decantação permite
uma circulação da água, porém é muito pouco eficiente quanto ao nível de umidade
do resíduo gerado. No caso do polimento, a contaminação dos efluentes e do
resíduo pelas substâncias adicionadas no processo industrial, como resinas e
abrasivos, torna o poder poluente significativo, apesar do menor volume de resíduos.
Além dos resíduos provenientes dos efluentes industriais, as atividades de
beneficiamento de rochas geram cerca de 145 toneladas/dia de outros resíduos,
28
como papel, papelão, polipropileno, cal, sacolas plásticas e de papel, lâminas de
aço, madeira, pregos e serras diamantadas de aço vanadium. Esses resíduos são
facilmente recicláveis.
Estudos e análises dos resíduos em várias indústrias e relatórios de análises
efetuadas pelo laboratório da SEAMA/IEMA, bem como outras análises já
apresentadas ao IEMA por empreendimentos concluíram que o resíduo proveniente
do processamento da rocha trata-se de resíduo classe II, não inertes. As normas
referentes a resíduos sólidos determinam que a destinação final deve ser criteriosa e
quando feita em aterros, deve seguir as recomendações da norma 13.896/97, que
dispõe de critérios para projeto, implantação e operação de aterros de resíduos não
perigosos.
Para que as indústrias sejam licenciadas é necessário que esteja nos seus planos o
desenvolvimento de sistemas de tratamento de efluentes e de gerenciamento de
resíduos, para controle dos impactos ambientais negativos. Para que os sistemas
propostos sejam adequados, há algumas premissas:
1. Tratamento do efluente do processo industrial com reutilização de água mais
eficiente possível e de modo a evitar a contaminação pelas águas residuárias no
transporte, na disposição temporária e final do resíduo;
2. Segregação dos resíduos sólidos na origem, visando seu reaproveitamento
otimizado;
3. Armazenamento de resíduos sólidos proveniente do tratamento do efluente de
processo industrial em solo com permeabilidade inferior a 10 –6 cm/s;
Algumas formas de tratamento hoje desenvolvidas são inadequadas, ferindo muitas
vezes a legislação ambiental como:
a) A descarga dos efluentes líquidos industriais nos corpos d’água quando
estiverem fora dos padrões previstos pela resolução CONAMA 020/86;
b) A descarga dos efluentes de processo industrial e a deposição dos resíduos
sólidos no solo sem os devidos controles de prevenção à degradação e a
poluição do solo, hídrica e atmosférica, por resíduos ou pelas águas residuárias;
29
c) A disposição de resíduos sólidos provenientes de rejeitos de matéria-prima
(casqueiros e cascos), de forma indiscriminada, misturada, com outros resíduos
e em locais declivosos e sujeitos a deslizamentos;
d) A queima, a céu aberto, de resíduos sólidos de qualquer natureza ou a
reutilização dos recipientes utilizados para o condicionamento de produtos
perigosos para qualquer fim, que não o armazenamento dos próprios produtos.
Diante dos fatos que exige a adequação do setor de rochas, o IEMA estabeleceu
que as indústrias obterão o licenciamento ambiental quando atenderem às seguintes
diretrizes:
I. Diretrizes da licença prévia
i) A instalação das indústrias deve ser feita em terrenos com declividades não
muito elevadas, e desde que a área planificada para a sua instalação envolva o
galpão industrial, os sistemas de tratamento de efluentes, os locais de
estocagem de matéria-prima, produtos elaborados, os pátios de manobra e os
guindastes bem como a disposição temporária dos resíduos;
II. Diretrizes de licença de instalação
i) Os projetos deverão contemplar mecanismos de controle de poluição inclusive
atmosférica, sonora e visual;
ii) Os projetos deverão indicar as fontes de recursos hídricos do empreendimento e
dispor de sistemas de tratamento e uso racionalizado de água, proporcionando
ao máxi o sua reutilização;
iii) Os taludes expostos deverão ser compactados, com critérios técnicos e
geotécnicos, protegidos contra erosão e com harmonia paisagística;
iv) O tratamento do efluente de processo industrial deverá evitar a contaminação do
solo e prever a reutilização da água e agregação da granalha a níveis
compatíveis com sua destinação final
v) Os resíduos sólidos gerados deverão ser segregados de acordo com sua
característica e fonte;
30
vi) as águas residuárias deverão ser tratadas de modo que o descarte atenda as
especificações da resolução Conama 20/86;
III. Diretrizes de licença de operação
i) A destinação final dos resíduos deverá ser feita de modo comprovado para
indústrias que a reutilizem como matéria-prima ou para aterro industrial de
resíduos licenciados de acordo com as normas de aterros de resíduos não
perigosos, especificamente a NBR13. 896;
ii) As águas residuárias deverão ser monitoradas, antes de qualquer descarte, pelos
parâmetros de volume, pH, alcalinidade, dureza, Fe solúvel, Cromo, Fenóis,
Cloretos, Na e Al e outros estabelecidos pela resolução CONAMA 20/86 quando
constituintes de insumos utilizados.
Uma questão que preocupa e que deverá ser cada vez mais crítica é quanto à fonte
de água para as indústrias nas regiões secas do estado, onde há escassez de
recursos hídricos. Algumas indústrias têm utilizado a captação da água precipitada
nos telhados das instalações industriais para caixa de armazenamento a fim de ser
utilizada nos processos industriais e economizar a água dos mananciais naturais.
Essa prática é uma boa solução que as empresas podem buscar. Quando associada
a um sistema eficiente de tratamento de efluentes e de recirculação de águas, ela
torna a empresa próxima da auto-suficiência em água, com pouca necessidade de
captação de águas em poços subterrâneos.
Em função dos investimentos que devem ser feitos para tratamento dos efluentes e
para adequar a destinação final dos resíduos gerados, sente-se a necessidade de
uma articulação entre as ações setoriais e a política estadual para que as indústrias
do setor se regularizem nos menores prazos possíveis. O poder de articulação e de
associação entre as indústrias tem sido fundamental para solucionar problemas. Um
apoio também importante que pode ser dado para solução das indústrias de
beneficiamento, está nas empresas prestadoras de serviço que recolhem,
transportam e dão destino aos resíduos coletados nas indústrias.
No entanto, a maior parte desses prestadores de serviços precisam se ajustar para
executar um trabalho adequado ao meio ambiente, uma vez que, não há um destino
31
final adequado, gerando inúmeros aterros irregulares, e que lançam resíduos com
elevado volume de águas residuárias. Esses empreendimentos precisam também se
adequar e se licenciar.
Existem inúmeros rejeitos produzidos nas três etapas da cadeia produtiva do setor
de rochas ornamentais. Os impactos produzidos no meio ambiente ocorrem através
do ruído, das vibrações, da poeira, da lama abrasiva, dos cascalhos de pedras, do
desmatamento, do impacto visual negativo provocado pela extração etc.
Estima-se que o percentual médio de desperdício na etapa da extração seja de 40%,
sendo que essa perda é proveniente de blocos com dimensões não padronizadas,
cacos de pedra e pó. O defeito natural do bloco, o corte inadequado e a carga de
explosivos inadequada, são algumas das causas geradoras dos rejeitos. Pelo
exposto, faz-se notória a necessidade da realização de estudos de planejamento da
lavra, bem como o entendimento da melhor técnica a ser utilizada na exploração da
jazida, o que é de extrema importância para dar continuidade à exploração comercial
da pedra.
Já no beneficiamento primário dos blocos, gera-se uma quantidade significativa de
rejeitos na forma de lama abrasiva. A constituição dessa lama é de água, granalha,
cal e rocha moída. Se levarmos em conta que para produzir chapas de 2 cm de
espessura cerca de 20 a 25% do bloco é transformado em pó, o volume total de
rejeito gerado no processo de desdobramento da pedra é grande. O armazenamento
dessa lama nos tanques de deposição final do resíduo contamina o solo, alterando
as condições naturais do subsolo e do lençol de água subterrânea, como é
observado na Figura 2. Quando lançado diretamente nos rios, altera a cadeia
biológica dos seres vivos ali existentes, bem como gera um assoreamento da via
navegável.
Figura 2 – Tanques de deposição final de lama residual abrasiva.
Além da lama abrasiva, ocorrem perdas com as imperfeições dos casqueiros
(laterais dos blocos), as quebras de placas por falhas no empilhamento e a
serragem de placas defeituosas devido a uma má composição da lama abrasiva ou
devido ao inadequado tensionamento das lâminas nos teares que não têm o
32
dispositivo automático.
Uma das reclamações dos empresários do setor de rochas ornamentais no estado
do ES é a necessidade de maior orientação sobre as práticas que devem ser
utilizadas em diversas áreas que influenciam o funcionamento das empresas. Os
empresários desconhecem os mecanismos necessários para se evitar a poluição
dos rios e do solo com os rejeitos produzidos pelas serrarias e marmorarias. Não há
orientação educacional e afirmam que as instituições responsáveis por essa rotina,
como a SEAMA, por exemplo, não estão suficientemente aparelhadas para realizar
esta função. Na visão deles, além da fiscalização e punição, há a necessidade da
informação.
Uma das maiores preocupações da SEAMA é com a deposição dos rejeitos. Há a
necessidade de acompanhamento técnico dos resíduos produzidos nas três etapas
produtivas. Devem-se monitorar as diversas situações dos rejeitos e,
prioritariamente, envolver as universidades no desenvolvimento de projetos
ambientais. Na extração, por exemplo, é necessário utilizar tecnologia adequada
para extrair a pedra (mapeamento, exploração e outros).
Conforme SEBRAE-ES (2004), dentro da concepção de implementação da
qualidade e de controle ambiental, as empresas têm aumentado a sua participação
em programas de gestão. Esses programas e certificações exigem padrões de
qualidade que estão sendo requisitados cada vez mais pelo mercado competitivo,
por consumidores, pelos investidores e pelos órgãos de fiscalização.
2.5 Análise de Investimentos de Longo Prazo
2.5.1 O Processo de Decisão de Orçamento de Capital
O processo de orçamento de capital envolve a geração de propostas de
investimento a longo prazo; a avaliação, análise e seleção delas; e a implementação
e acompanhamento das que foram selecionadas.
Orçamento de capital é o processo que consiste em avaliar e selecionar
investimentos a longo prazo, que sejam coerentes com o objetivo da empresa de
maximizar a riqueza de seus proprietários. Os investimentos mais comuns feitos a
33
longo prazo pelas companhias são em ativos imobilizados, os quais incluem imóveis
(terrenos), instalações e equipamentos (GITMAN, 1997).
De acordo com Ross, Westerfeld e Jordan (2002), o processo de orçamento de
capital pode ser encarado como uma busca de investimentos com valores presentes
líquidos positivos.
2.5.2 Razões para o dispêndio de capital
Segundo Gitman (1997), dispêndio de capital é um desembolso de fundos feito pela
empresa, com a expectativa de gerar benefícios após um ano. Desembolsos
efetuados em ativos imobilizados são dispêndios de capital, mas nem todos os
dispêndios de capital são classificados como ativos imobilizados.
O motivo mais comum para fazer dispêndio de capital é expandir o nível de
operações, usualmente através da aquisição de ativos imobilizados. Um
empreendimento em crescimento acha muitas vezes necessário adquirir novos
ativos imobilizados rapidamente; às vezes, isso inclui a compra de infra-estrutura
adicional, como imóveis e instalações fabris.
À medida que o crescimento da companhia diminui e ela atinge a maturidade, a
maior parte de seus dispêndios de capital será para substituir ou renovar ativos
obsoletos ou gastos. Toda vez que uma máquina precisa ser consertada, é preciso
avaliar o desembolso exigido para seu reparo em relação ao desembolso que seria
necessário para substituir a máquina e aos benefícios de sua substituição ou
modernização. A modernização pode incluir a reconstrução, o recondicionamento ou
a adaptação de uma máquina ou das instalações existentes.
Alguns dispêndios de capital não resultam na aquisição ou transformação de ativos
imobilizados tangíveis constantes do balanço patrimonial da empresa; antes,
envolvem um comprometimento de recursos a longo prazo, na expectativa de um
retorno futuro. Tais dispêndios incluem gastos com propaganda, pesquisa e
desenvolvimento, serviços de consultoria à administração e novos produtos. Outras
propostas de dispêndio de capital, como a instalação de sistemas de controle de
poluição e ou de segurança determinados pelo governo, são difíceis de avaliar,
34
porque produzem retornos intangíveis, ao invés de fluxos de caixa facilmente
mensuráveis.
Indagadas sobre as principais razões para a adoção de medidas gerenciais
associadas à gestão ambiental, por meio de um conjunto de 12 opções, as
companhias elegeram a necessidade de atender aos regulamentos ambientais, a
busca de conformidade perante a política social da companhia e as exigências
requeridas para o licenciamento ambiental como fatores mais importantes do que as
motivações associadas à redução de custos, conforme Figura 3. Destaca-se que a
segunda razão mais assinalada - conformidade à política social da empresa -
confere maior possibilidade de continuidade da ação ambiental (CNI, 2004).
Figura 3 – Razões para dispêndio de capital com gestão ambiental.
Fonte: Confederação Nacional das Indústrias (2004)
Pode-se sugerir, a partir da Sondagem, que as indústrias estão procurando
minimizar, por meio da gestão ambiental estratégica, os eventuais conflitos advindos
do processo de licenciamento ambiental e as dificuldades encontradas nas relações
administrativas com os órgãos ambientais.
2.5.3 Etapas do processo de orçamento de capital
O processo de orçamento de capital consiste de cinco etapas distintas, porém inter-
relacionadas. Começa com a geração de propostas. É seguido pela avaliação e
análise, tomada de decisão, implementação e acompanhamento.
2.5.3.1 Geração de propostas
As propostas para dispêndios de capital são feitas por pessoas em todos os níveis
da organização. Para estimular um fluxo de idéias que possa resultar em potenciais
reduções de custo, muitas companhias oferecem prêmios em dinheiro aos
empregados cujas propostas sejam adotadas. As propostas de dispêndio de capital
normalmente vão da pessoa que as elabora a um revisor que esta em um nível
superior na companhia. Logicamente, as propostas que exigem grande desembolso
35
são examinadas com muito mais cuidado que as menos dispendiosas (GITMAN,
1997).
2.5.3.2 Avaliação e análise
As propostas são formalmente avaliadas (1) para se assegurar de que elas são
apropriadas tendo em vista os objetivos e planos globais da empresa e, o mais
importante, (2) para verificação de sua validade econômica. Os custos e benefícios
propostos são estimados e então convertidos em uma série de fluxos de caixa
relevantes, aos quais várias técnicas de orçamento de capital são aplicadas para
aferir o mérito do investimento associado ao potencial desembolso. Além disso, os
vários aspectos de risco a proposta são incorporados à análise econômica ou
classificados e agregados às mensurações econômicas. Uma vez concluída a
análise econômica, um relatório sintético frequentemente com uma recomendação, é
submetido aos responsáveis por uma tomada de decisão (GITMAN, 1997).
2.5.3.3 Tomada de decisão
A magnitude do desembolso, em valores monetários, e a importância do dispêndio
de capital determinam em qual nível hierárquico da organização a decisão será
tomada. As companhias normalmente delegam autoridade, no que se refere a
dispêndios de capital, com base em certos limites monetários. Geralmente, o
conselho de administração reserva-se o direito de tornar as decisões finais sobre
dispêndios de capital que exigem comprometimento de recursos acima de certo
valor, delegando autoridade nos casos de dispêndios menores a outros níveis
organizacionais. Dispêndios de capitais insignificantes, tais como a compra de um
martelo por $15, são tratados como desembolsos operacionais que não requerem
uma análise formal.
Em geral, empresas que operam com restrições de tempo em relação à produção
muitas vezes acham necessário fazer exceções ao esquema de tomada de
decisões, baseado unicamente em limites monetários. Nesses casos, delega-se ao
gerente da fábrica, autoridade para tomar decisões necessárias à continuidade da
linha de produção, mesmo que isso resulte em gastos superiores ao que poderia
36
autorizar normalmente (GITMAN, 1997).
2.5.3.4 Implementação
Uma vez que uma proposta tenha sido aprovada e os fundos necessários estejam
disponíveis, inicia-se a fase de implementação. Nos casos de desembolso pequeno,
a implementação é questão de rotina; o dispêndio é feito e o pagamento é efetuado.
Quando se trata de dispêndios elevados, um controle maio ré exigido, com o objetivo
de se assegura que o que foi proposto e aprovado seja adquirido aos custos
orçados. Muitas vezes os dispêndios relativos à única proposta de investimento
podem ocorrer em etapas, com cada desembolso exigindo a aprovação da diretoria
da companhia (GITMAN, 1997).
2.5.3.5 Acompanhamento
Envolve a monitoração dos resultados durante a fase operacional do projeto. A
comparação dos resultados reais em termos de custos e benefícios, com os valores
estimados, bem como com projetos de investimentos de projetos interiores é vital.
Quando os resultados reais diferem dos resultados projetados, ações devem ser
tomadas, visando o corte de custos, à melhoria dos benefícios, ou até mesmo a
suspensão do projeto (GITMAN, 1997).
2.5.4 Fluxos de Caixa Relevantes
2.5.4.1 Cálculo do Investimento Inicial
Segundo Weston e Brigham (2000), o investimento inicial é calculado através das
seguintes variáveis: custo do novo ativo, custos de instalação e variação no capital
circulante líquido.
Se a companhia adquire um novo equipamento para expandir seu nível de
operações, tal expansão será acompanhada pelo crescimento dos níveis de caixa,
duplicatas a receber, estoques, duplicatas a pagar e outras contas a pagar. Esses
aumentos resultam da necessidade de mais caixa para sustentar a expansão nas
operações, mais duplicatas a receber e estoques para sustentar o aumento nas
37
vendas, e mais duplicatas a pagar e outras contas para sustentar o aumento nas
compras realizadas, em vista da maior demanda por seus produtos. Enquanto
perdurar a expansão das operações, espera-se que haja um aumento do
investimento em ativos circulantes (caixa, duplicatas a receber e estoques) e um
aumento do financiamento por passivos circulantes (duplicatas a pagar e outras
contas).
A diferença entre as variações nos ativos circulantes e as variações nos passivos
circulantes será a variação no capital circulante líquido.
2.5.4.2 Cálculo dos Fluxos de Caixa Operacionais
Os benefícios esperados de um dispêndio de capital são medidos através das
entradas de caixa operacionais, que são as entradas de caixa incrementais após o
imposto de renda. Entradas de caixa operacionais são as entradas de caixa
relevantes, resultantes de um investimento a longo prazo, ao longo de sua vida.
Os benefícios que devem resultar de dispêndios de capital propostos devem ser
medidos após o imposto de renda, visto que a empresa não fará uso de nenhum
benefício antes de ter satisfeito às exigências fiscais do governo. Já que tais
exigências dependem do lucro tributável da companhia, é preciso deduzir o imposto
de renda antes de se fazerem comparações consistentes entre as propostas de
investimento.
Todos os benefícios esperados de um projeto proposto devem ser medidos na forma
de fluxo de caixa. As entradas de caixa representam dinheiro que pode ser gasto,
não simplesmente “lucros contábeis”, que não estão necessariamente à disposição
da empresa para pagamento de suas contas. Uma técnica simples para converter o
lucro líquido após o imposto de renda em entradas de caixa operacionais consiste
em adicionar ao lucro líquido após o imposto de renda quaisquer encargos que não
representam saídas de caixa e apareçam como despesas na demonstração do
resultado. O encargo mais comum que não envolve desembolso, presente na
demonstração de resultado, é a depreciação dos equipamentos (GITMAN, 1997).
38
2.5.4.3 Cálculo do Fluxo de Caixa Residual
Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), o fluxo de caixa resultante do
término e liquidação de um projeto no final de sua vida econômica é o fluxo de caixa
residual. Representa o fluxo de caixa após os impostos de renda, excluindo as
entradas de caixa operacionais, que ocorre no ano final do projeto.
Os resultados obtidos com a venda do ativo novo representam o valor líquido
deduzido de quaisquer custos de remoção ou de vendas esperadas por ocasião do
término do projeto.
Da mesma maneira que se calcula o imposto incidente na venda de ativos usados,
os impostos devem ser considerados na venda final do ativo novo. O cálculo dos
impostos aplica-se sempre que o ativo for vendido por um valor diferente de seu
valor contábil.
A receita da venda do ativo novo é calculada deduzindo-se a depreciação do
equipamento no final do quarto ano do investimento, do valor de aquisição dos
equipamentos do projeto de controle ambiental.
A recuperação do capital de giro, segundo Gitman (1997), reflete a reversão para
sua situação original, de qualquer investimento no capital circulante líquido, refletido
como parte do investimento inicial. Já que o investimento no capital circulante líquido
não é consumido, o montante recuperado no término do projeto será igual ao
montante apresentado no cálculo do investimento inicial.
2.5.5 Técnicas de Análise de Investimentos de Capital
As técnicas de análise de orçamento de capital são utilizadas pelas empresas para a
seleção de projetos que irão aumentar a riqueza de seus proprietários.
Os fluxos de caixa relevantes desenvolvidos nos tópicos anteriores devem ser
analisados para a determinação da aceitabilidade do projeto.
2.5.5.1 Valor Presente Líquido (VPL)
39
Por considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo, o valor presente líquido
é considerado uma técnica sofisticada de análise de orçamento de capital. O uso do
VPL supõe, implicitamente, que todas as entradas de caixa intermediárias geradas
pelo investimento sejam reinvestidas ao custo de capital do empreendimento. Esse
tipo de técnica, de uma forma ou de outra, desconta os fluxos de caixa da
companhia a uma taxa especificada. Essa taxa, frequentemente chamada de taxa
de desconto, custo de oportunidade ou custo de capital, refere-se ao retorno mínimo
que deve ser obtido por um projeto, de forma a manter inalterado o valor de mercado
da empresa (GITMAN, 1997).
De acordo com Ross, Westerfeld e Jordan (2002), a diferença entre o valor de
mercado de um investimento e seu custo é denominada valor presente líquido do
investimento.
O VPL é obtido subtraindo-se o investimento inicial do valor presente das entradas
de caixa, descontadas a uma taxa igual ao custo de capital do empreendimento.
Utilizando-se o VPL, tanto as entradas como as saídas de caixa são traduzidas para
valores monetários atuais. Já que se trata de investimentos convencionais, o
investimento inicial está automaticamente expresso em termos monetários atuais.
Quando o VPL é usado para tomar decisões do tipo “aceitar-rejeitar”, adota-se o
seguinte critério.
Segundo Ross, Westerfeld e Jordan (2002), se o VPL for maior que zero (VPL > 0),
aceita-se o projeto; se o VPL for menor que zero, rejeita-se o projeto. Se o VPL for
maior que zero, o empreendimento obterá um retorno maior do que seu custo de
capital. Com isto, estaria aumentando o valor de mercado da empresa e,
consequentemente, a riqueza dos seus proprietários.
Taxa Interna de Retorno (TIR)
A taxa interna de retorno (TIR), apesar de ser consideravelmente mais difícil de
calcular à mão do que o VPL, é possivelmente a técnica sofisticada mais usada para
a avaliação de alternativas de investimentos.
40
A TIR é definida como a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas
de caixa ao investimento inicial referente a um projeto. Em outras palavras, é a taxa
de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade de investimento iguale-se
a zero, já que o valor presente das entradas de caixa é igual ao investimento inicial
(ROSS, WESTERFELD E JORDAN, 2002).
Segundo Weston e Brigham (2000), o critério de decisão, quando a TIR é usada
para tomar decisões do tipo “aceitar-rejeitar” é o seguinte: Se a TIR for maior que o
custo de capital, aceita-se o projeto; se for menor, rejeita-se o projeto. Esse critério
garante que a empresa esteja obtendo, pelo menos, sua taxa requerida de retorno.
Segundo Gitman (1997), de um ponto de vista teórico, o VPL é a melhor técnica
para a análise de orçamento de capital. Essa superioridade teórica pode ser
explicada pelo fato de que o VPL supõe, implicitamente, que todas as entradas de
caixa intermediárias geradas pelo investimento sejam reinvestidas ao custo de
capital da companhia. O uso do TIR supõe um reinvestimento a uma taxa
frequentemente elevada, dada pela TIR. Já que o custo de capital tende a ser uma
estimativa razoável da taxa à qual o empreendimento poderia reinvestir hoje suas
entradas de caixa intermediárias, o uso do VPL com sua taxa de reinvestimento
mais conservadora e realista é teoricamente preferível.
2.5.5.2 Período de Payback
Os períodos de payback são geralmente usados como critério para a avaliação de
investimentos propostos. É o período de tempo exato necessário para a empresa
recuperar seu investimento inicial em um projeto a partir das entradas de caixa. No
caso de uma anuidade, o período pode ser encontrado dividindo-se o investimento
inicial pela entrada de caixa anual. Para uma série mista, as entradas de caixa
anuais devem ser acumuladas até que o investimento inicial seja recuperado.
Embora seja muito usado, o período de payback é geralmente visto como uma
técnica não-sofisticada de orçamento de capital, uma vez que não considera
explicitamente o valor do dinheiro no tempo, através do desconto do fluxo de caixa
para se obter o valor presente (ROSS, WESTERFELD E JORDAN, 2002).
41
O critério de decisão de aceitar-rejeitar quando é usado o payback, é o seguinte: se
o período de payback for menor que o período de payback máximo aceitável, aceita-
se o projeto; caso contrário, rejeita-se o projeto.
Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), o uso acentuado de período de
payback, particularmente pelas empresas pequenas, deve-se a sua facilidade e ao
apelo intuitivo. Ele é atraente porque considera, implicitamente, a época de
ocorrência dos fluxos de caixa e, por conseguinte, o fator tempo no valor do dinheiro.
Por ser visto como uma medida de risco, muitas companhias usam o período de
payback como critério de decisão ou como complemento a técnicas de decisão
sofisticadas.
2.5.5.3 Período de Payback Descontado
Em função das deficiências do período de payback, foi criado o período de payback
descontado. Neste enfoque, primeiro se desconta o fluxo de caixa e em seguida se
determina qual o tempo necessário para que os fluxos de caixa descontados se
igualem ao investimento inicial.
Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), o período de payback descontado
mostra o tempo necessário para que as receitas líquidas de um investimento
descontadas ao cisto do capital, recuperem seus custos. Uma vantagem deste
método em relação aos outros é que considera os custos do capital, mostrando o
ano de equilíbrio depois de cobrir custos de capital de terceiros e próprio. Uma
relevante desvantagem é que ignora fluxos de caixa depois do período de
recuperação.
2.6 Outros Estudos Sobre o Tema
Apesar do longo período de exploração de rochas ornamentais no Espírito Santo e
no Brasil, muito pouco se obtém na literatura especializada sobre os impactos
ambientais causados pelos efluentes líquidos e resíduos sólidos provenientes do
beneficiamento das rochas.
Almeida e Pontes (2004) discorrem sobre o aproveitamento de finos gerados nos
42
teares de Cachoeiro de Itapemirim - ES e sobre a viabilidade da utilização do
resíduo na indústria da cerâmica. Concluindo, pois, que o mencionado resíduo
quando beneficiado pode ser utilizado até 30% nas formulações de massa para
cerâmica, visto que a granulometria do resíduo beneficiado permite substituir, com
vantagens, a argila grosseira usada com a fina para diminuir a plasticidade. Se
atendo, os autores, a dissertarem somente sobre o reaproveitamento dos resíduos
de serraria, ora gerados, nada mencionando sobre a diminuição do impacto
ambiental.
Segundo Soares (2003), o destaque vai para a transformação de resíduos de rochas
ornamentais em insumos para uma nova fábrica de argamassas. A solução
encontrada foi na serventia que os resíduos teriam na implantação da fábrica de
argamassa e a venda do excedente para as cerâmicas de Campos dos Goytacazes-
RJ, permitindo que o impacto ambiental causado pelos resíduos sólidos finos seja
praticamente eliminado. Diz ainda que, um estudo da viabilidade técnica e
econômica do projeto prevê a produção comercial a partir do ano de 2006. A
capacidade produtiva é de 1.900 tonelada/mês de argamassa, com faturamento
bruto estimado de mais de R$ 3 milhões/ano, sendo que, as instituições do MCT que
registraram a patente - INT e CETEM - terão direito a 1% desse faturamento em
royaltes pela utilização da tecnologia.
Souza, Rodrigues e Neto (2000) relatam um estudo sobre a utilização do rejeito
originado na serragem do granito e nos concretos asfálticos, como o filer, em
substituição aos produtos convencionais do tipo cimento portland, e cal, como
formas de aproveitamento deste tipo de rejeito industrial e a redução do custo final
dos concretos asfálticos, sem mencionar, porém, eventuais investimentos em
sistema de controles ambientais tampouco a restrição de impactos ambientais.
Este artigo conclui que a utilização do resíduo, proveniente da serragem de rochas
graníticas, como o filer nas misturas asfálticas em substituição aos produtos
convencionais na proporção de 6% de material, satisfaz os métodos de misturas
asfálticas, preconizados pelo DNER, para um teor de 5,5% de cimento asfáltico.
Prezotti (2003) relata resultados de monitoramentos realizados em estações de
tratamento de efluentes líquidos implantadas em indústrias de beneficiamento de
43
mármores e granitos no Município de Cachoeiro de Itapemirim, como a MARCEL
(Mármores Comércio e Exportação Ltda.), os quais possibilitam a adoção de
parâmetros para dimensionamento de novas estações, e para a destinação final
adequada dos resíduos sólidos gerados no processo de tratamento, não citando
porém, uma análise econômica do investimento a longo prazo. Cita a redução de
impactos ambientais e a reutilização de resíduos por empresas de cerâmica
vermelha, como a Cerâmica CIMACO Ltda. de Cachoeiro de Itapemirim.
Este artigo será utilizado como referência para a realização deste trabalho.
44
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de pesquisa
Para a realização deste trabalho, houve investigação realizada nas companhias
Andrade S/A Mármores e Granitos, MARCEL – Mármores Comércio e Exportação
Ltda. e Cerâmica CIMACO Ltda. no decorrer dos meses de janeiro a março de 2005.
Estas pesquisas tiveram o intuito de entender o processo de serrada de blocos,
angariar e selecionar informações relevantes para traçar o impacto ambiental a ser
estudado. Assim, discutiram-se critérios importantes para a seleção dessas
informações e sua adequação ao processo.
A partir do conhecimento gerado, começou-se a trabalhar em uma solução para os
problemas citados e tomou-se como ponto de partida estudos de dados históricos,
baseando-se em documentos e relatórios do empreendimento.
Quanto aos fins, a pesquisa é conceituada como descritiva e explicativa. Descritiva
porque não há o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora
sirva de base para tal explicação e expõe características do projeto proposto. E
explicativa porque esclarece quais fatores contribuem, de alguma forma, para a
ocorrência da viabilidade financeira do projeto proposto.
Quanto aos meios, é documental e pesquisa de campo. Documental porque se
baseia em dados secundários de relatórios das empresas supramencionadas e
entrevistas como fontes de dados e pesquisa de campo porque a pesquisa foi
realizada diretamente nas empresas estudadas.
3.2 Universo da pesquisa e amostra
Neste tópico define-se toda a população e a população amostral da pesquisa, ou
seja, o conjunto de elementos que possuem as características que são objeto de
estudo.
A população ou o universo da pesquisa de campo são as duas empresas de
beneficiamento de pedras ornamentais Andrade S/A Mármores e Granitos e
MARCEL e a companhia de fabricação de produtos em cerâmica vermelha
45
CIMACO.
A população amostral ou amostra é do tipo não probabilística por tipicidade,
selecionando os elementos representativos da população-alvo, definida como o
setor de serraria da empresa Andrade S/A, constituído de quatro teares e três
tanques de armazenamento de resíduos, a estação de tratamento de efluentes
líquidos da empresa MARCEL, constituído de reservatório interno de água, estação
automática de floculação, decantador, filtro prensa, bomba dosadora e reservatórios
de água e por fim, a linha de produção de tijolos da empresa CIMACO.
As empresas foram selecionadas pelo fato de que o autor do trabalho fez estágio
extracurricular na Andrade S/A no ano de 2004. E pelo tema escolhido, houve
necessidade de localizar empresa de beneficiamento de rochas ornamentais que
enviasse os resíduos de blocos de granito de serraria para serem utilizados como
matéria-prima de produtos em cerâmica. Desta forma, foram recomendadas a
MARCEL e a CIMACO, que se localizam no Espírito Santo, estado onde reside o
autor.
3.3 Plano de coleta dos dados
Os dados coletados são apresentados a seguir.
1. Para o investimento inicial
- O valor monetário dos equipamentos utilizados pelas empresas MARCEL e
CIMACO para a reciclagem de resíduos e a produção de tijolos de cerâmica
vermelha, ou seja, o custo inicial para se projetar o reaproveitamento;
- O custo, em valor monetário nacional, da instalação destes equipamentos;
- A necessidade de capital de giro inicial destas duas empresas;
2. Para os fluxos operacionais
- A receita de vendas de tijolos da CIMACO nos quatro primeiros anos de
utilização do material reciclado como matéria-prima para a fabricação de tijolos;
- As despesas (custos) anuais de produção de tijolos desta mesma companhia no
46
mesmo período de tempo;
- Os custos anuais com transporte e armazenamento de resíduos pela empresa
Andrade S/A nos mesmos quatro anos citados anteriormente;
- A depreciação anual dos equipamentos utilizados pelas empresas MARCEL e
CIMACO para o processo de reciclagem e utilização do produto reciclado como
insumo para a produção de tijolos de cerâmica vermelha;
- A taxa de imposto de renda paga anualmente pela Andrade S/A;
3. Para o fluxo residual
- O valor comercial (residual) em moeda nacional após quatro anos de aquisição e
utilização dos equipamentos usados pelas companhias MARCEL e CIMACO
para o processo de reciclagem de efluentes e utilização do produto reciclado
como insumo para a produção de tijolos de cerâmica vermelha;
- A taxa de juros vigente no mercado aplicada em financiamentos para médias
empresas no Estado do Espírito Santo pelo BNDES;
Os dados foram coletados de relatórios e documentos das empresas Andrade S/A
Mármores e Granitos, MARCEL – Mármores Comércio e Exportação Ltda. e
Cerâmica CIMACO Ltda., dados históricos, no banco citado, através de pesquisa
bibliográfica em livros, dos livros fiscais anuais da CIMACO e por entrevistas formais
com os gerentes de produção da Andrade S/A e da MARCEL e gerente
administrativa da CIMACO.
Na Andrade S/A, os dados foram coletados durante o período de estágio do autor do
trabalho entre junho e outubro de 2004.
Houve visitas à CIMACO e à MARCEL durante a primeira quinzena de abril de 2005
para entrevistas com o proprietário e com a gerente administrativa da primeira e com
o gerente de produção da segunda.
3.4 Plano de análise dos dados
Após coletados os dados foram analisados de forma quantitativa, através de técnica
47
de análise de viabilidade financeira, sendo os dados tratados através de uma
planilha de viabilidade econômica em projetos de longo prazo montada no software
Microsoft Excel.
A partir do resultado desta planilha, os dados foram tratados de forma qualitativa
analisando-os para identificação dos possíveis impactos ambientais a serem
reduzidos.
48
4 AS EMPRESAS
4.1 Andrade S/A Mármores e Granitos
Figura 4 – Estrutura física da empresa Andrade S/A Mármores e Granitos.
A razão social atualmente da empresa é Andrade S/A Mármores e Granitos.
Empresa de médio porte, localizada em Serra, Espírito Santo, situa-se entre as
maiores empresas de exportação de chapas e ladrilhos de granito e mármore do
estado (Figura 4).
As atividades empresariais do Grupo Andrade foram iniciadas em 1970, através da
fabricação de estruturas de ferro para cadeiras de vime quando o Sr. Antônio
Andrade montou uma pequena serralheria no bairro de São Torquato, constituída na
forma de firma individual.
Em 1975 o empreendimento passou a contar com a participação societária do Sr.
Célio Andrade, passando a se chamar Metalúrgica Andrade Ltda., que continuava
atuando na fabricação de estruturas de ferro para móveis e outros artefatos típicos
de uma serralheria. A partir de 1976 a empresa passou a trabalhar com alumínio,
fabricando esquadrias de características mais simples, voltadas para o mercado de
construção civil de obras para classes populares.
Em 1979 a empresa transferiu-se para o bairro Civit I, localizado no município da
Serra, onde construiu um galpão que possibilitou a ampliação de sua capacidade de
produção e, por decorrência, a ampliação da área de mercado da empresa. Isto
resultou na abertura de uma filial no Rio de Janeiro, em 1981.
Com a implantação da Companhia Siderúrgica de Tubarão a empresa teve um
grande impulso, sendo responsável pela fabricação e instalação de todas as
esquadrias daquela obra. Ao mesmo tempo, a companhia firmava-se no mercado
local participando de outras importantes obras na Grande Vitória, tais como hotéis e
shoppings.
Em 1985 ocorreu uma mudança na composição da sociedade, com a entrada do Sr.
Zelto Andrade, compondo o capital da empresa com os outros dois irmãos. Entre
1986 e 1987 o mercado de esquadrias de alumínio passou por importantes
49
alterações com a entrada de grandes multinacionais (Alcoa e Alcan), concorrendo
diretamente com as pequenas e médias companhias nas grandes obras populares,
que era exatamente o maior mercado da Metalúrgica Andrade.
Com isto, a empresa passou a redirecionar seus esforços para outros segmentos do
mercado, trocando as grandes obras de conjuntos populares por obras no segmento
de luxo e alto luxo, principalmente no Rio de Janeiro.
Este direcionamento foi extremamente bem sucedido, imprimindo à companhia um
período de grande crescimento, consolidando-a como uma das maiores do país,
estando situada entre as três empresas do ramo com melhor tecnologia e maior
credibilidade e entre as 10 maiores em volume de produção. Atualmente, a
Metalúrgica Andrade Ltda. é uma empresa sólida, com forte penetração nos
mercados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.
No final da década de 80, a excelente posição econômico-financeira da companhia,
possibilitou a busca de uma oportunidade de diversificação das atividades do grupo.
A oportunidade de investir no setor de mármore e granito decorreu de algumas
premissas estabelecidas pelos sócios.
O novo setor onde o grupo iria investir deveria apresentar as seguintes
características: produzir algo com possibilidade de exportação; ser um setor com
afinidade ou relacionada à indústria da construção civil e que não exigisse a
prestação de serviços fora da instalação industrial. Desta forma o setor de mármore
e granito apresentou-se como uma boa oportunidade de investimento, onde os
conceitos de qualidade e produtividade adquiridos na fabricação de alumínio
poderiam ser agregados, constituindo-se em um diferencial competitivo para a nova
empresa, já que estes eram conceitos pouco difundidos na indústria de rochas
ornamentais até então.
A Andrade S/A Mármores e Granitos entrou em operação em março de 1990 apenas
no negócio de serrada de blocos para outras companhias de beneficiamento,
contando com quatro teares de fabricação nacional e um pórtico. Financeiramente
equilibrada e construindo uma boa posição de mercado, a empresa gradualmente
conseguiu investir no seu parque industrial e na melhoria de suas instalações,
diversificando seu mercado com os atuais equipamentos relacionados no Quadro 1.
50
Quadro 1 – Equipamentos principais da empresa.
Fonte: (Andrade S/A Mármores e Granitos, 2004)
Com estes investimentos a empresa pode atualmente direcionar seus esforços para
o mercado externo, que representa 95% dos negócios. A Andrade S/A vem se
apresentando dentre as três maiores exportadoras de granitos manufaturados do
Brasil, atingindo hoje uma média de exportação de 60 containeres por mês, sendo
que 70% das vendas são para o exigente mercado Norte Americano e os outros
30% para a América Latina, Europa e Oriente Médio. Atualmente, o Grupo possui os
dados econômicos relacionados no Quadro 2.
Quadro 2 – Dados econômicos da empresa.
Fonte: (Andrade S/A Mármores e Granitos, 2004)
Destarte, pela experiência adquirida e pelo desempenho demonstrado nos últimos
anos, a ANDRADE S/A possui hoje uma linha de mais de cinqüenta granitos
nacionais. Comprovando a capacidade de mercado pela preferência dos
fornecedores em disponibilizar seus produtos através da qualidade e seriedade da
empresa, o que estabelece um ciclo no desenvolvimento, possibilitando-a atingir um
nível de competitividade adequado aos seus objetivos de atuação e crescimento
contínuo no mercado.
4.2 Cerâmica CIMACO Ltda.
A Cerâmica CIMACO, localizada no município de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do
Estado do Espírito Santo, produz telhas, lajotas e blocos estruturais de tijolos em
cerâmica vermelha de tamanhos personalizados para as construtoras capixabas
visando o menor desperdício no canteiro de obras e se adequando às necessidades
de produtividade e velocidade da construção civil.
Com tamanhos como 9X25X25 cm ou 9X28X19 cm, esses blocos geram economia
de argamassa na construção e são mais resistentes, pois são produzidos com
51
resíduos sólidos de minério de ferro, mármore e granito originados de serrarias de
blocos da empresa MARCEL, de acordo com a responsável técnica da CIMACO.
Segundo a mesma, a empresa é a única cerâmica do Estado que fabrica esses
blocos e os produz sob medida para evitar perdas. Os blocos foram desenvolvidos
em uma pesquisa conjunta entre a CIMACO e o Serviço Nacional das Indústrias
(SENAI) de São Paulo. Nem todo o resíduo pode ser utilizado e há uma quantidade
certa de cada elemento para se ter um bom resultado.
Para garantir a perfeição dos blocos, a CIMACO também investiu em uma linha de
automação de carregamento, onde não há contato humano com o produto. A
máquina carrega as vagonetas para a secagem, quando a lajota ainda está crua.
Sem contato humano, elas não deformam.
De acordo com o proprietário do empreendimento e presidente do Sindicato das
Olarias do Sul do Estado do Espírito Santo, o tijolo passou a ser concebido junto
com o projeto de construção dos clientes oferecendo maior produtividade.
A fabricação passa a ser sob medida e o pedreiro não tem o trabalho de ter que
quebrar os tijolos antes de assentá-los em locais menores, pois peças com a metade
do tamanho também são produzidas para a composição perfeita da parede. Há
ainda a diferença entre a lajota estrutural, mais reforçada, e a que servirá apenas
para separar os ambientes.
A CIMACO também está investindo na fabricação de telhas cerâmicas em cores
naturais, nas tonalidades branca, mesclado, vermelho, mel e palha. A coloração é
possível graças ao uso de resíduo do pó de mármore e granito nas cores desejadas.
A empresa está no mercado desde 1947 e todos os produtos, de acordo com Edson
Sartório, obedecem às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
Os preços variam de acordo com o tamanho. O milheiro do tijolo de vedação, o
baianinho, custa em média R$ 140,00. Já os de tamanho especial estrutural saem
em média por R$ 350,00 o milheiro. A empresa tem frota própria para entrega em
todo o Estado e não possui representantes.
52
4.3 MARCEL – Mármores Comércio e Exportação Ltda.
Situada no Bairro Aeroporto, Município de Cachoeiro de Itapemirim, ES. Os
equipamentos utilizados no processo industrial da empresa são: 16 teares
(equivalentes a 70 lâminas de corte cada), 01 politriz de 18 cabeçotes, 01 politriz de
14 cabeçotes, 01 talha bloco (36 lâminas), 01 multidisco de 05 cabeçotes, 02
cortadeiras manuais, 02 encabeçadeiras, e linha completa ladrilho.
A capacidade de produção estimada é de 28.000 m2 de chapa bruta/mês, sendo
beneficiados somente blocos de granito extraídos das jazidas da própria empresa. A
geração de efluentes líquidos, considerando-se turno de funcionamento para os
teares de 24 horas/dia e para o polimento e corte de 12 horas/dia, pode ser
estimada em cerca de 600 m3/dia, sendo totalmente direcionados à estação de
tratamento de efluentes.
A estação de tratamento em funcionamento consiste em processo físico-químico,
realizado através do uso de coagulação/floculação, sedimentação primária e
desidratação do material sedimentado por meio de filtro prensa, a qual vem sendo
operada de maneira eficiente.
A estrutura física da estação foi importada da Itália, país considerado referência em
tecnologia na extração e no beneficiamento de rochas ornamentais, e onde é muito
difundido o emprego de estações desse tipo para o tratamento de tais águas
residuárias.
53
5 O PROJETO DE CONTROLE AMBIENTAL A SER IMPLANTADO
Conforme Prezotti (2003), o emprego de estações de tratamento com concepção de
projeto, similares àquela utilizada na empresa MARCEL, conduz a resultados
eficientes no que se refere à remoção de parâmetros contaminantes dos efluentes
tratados, e principalmente nos valores finais encontrados para o teor de umidade
dos resíduos sólidos prensados.
A utilização dos resíduos prensados provenientes do processamento de granitos
vem tendo sua viabilidade técnica e econômica comprovada empiricamente na
fabricação de cerâmicas vermelhas, conduzindo a materiais cerâmicos de melhor
qualidade, uma vez que, o material cerâmico apresenta menor retração de volume
ao sair do forno, resultando em menor consumo de matéria prima para igual número
de produção, maior uniformidade e maior resistência à compressão, e diminuindo os
impactos ambientais também causados pelo setor industrial de produção de
cerâmicas.
Por essa razão, o projeto de controle ambiental de resíduos se faria através do
cálculo de viabilidade econômica em longo prazo para implantação, em empresa de
beneficiamento de mármore e granito, no presente caso a empresa Andrade S/A, de
um sistema de tratamento de água residuária importado e uma fábrica de tijolos de
cerâmica vermelha que utiliza resíduos sólidos prensados provenientes do sistema
de tratamento, no próprio estabelecimento da empresa, a fim de evitar adição de
despesas com terreno, taxas de impostos e outros.
A área destinada à instalação do projeto seria a área de deposição de resíduos de
efluentes, com um total de 810 m2 (18 m x 45 m).
5.1 A estação de tratamento de efluentes
A estação de tratamento em funcionamento consiste em um processo físico-químico,
realizado através do uso de coagulação/floculação, sedimentação primária e
desidratação do material sedimentado por meio de filtro-prensa, conforme detalhado
na Figura 5 (PREZZOTI, 2003).
54
A estrutura física da estação é fabricada na Itália, país considerado referência em
tecnologia na extração, no beneficiamento de rochas ornamentais e gestão
ambiental de resíduos.
Figura 5 – O processo de tratamento de efluentes e o filtro prensa.
5.1.1 O processo de tratamento de efluentes
Segundo Prezzoti (2003), os efluentes gerados no processo de desdobramento de
blocos são separados daqueles provenientes do beneficiamento, e direcionados a
duas estações elevatórias distintas.
Das elevatórias os efluentes são recalcados separadamente para dois
sedimentadores primários, construídos de forma cilíndrica e em estrutura metálica
apoiada no terreno.
Na tubulação de recalque, somente para o sedimentador dos efluentes das
politrizes, é dosado um coagulante através de bomba dosadora, onde ocorre a
mistura rápida do produto com o líquido recalcado.
No interior dos sedimentadores, o líquido recalcado é introduzido no centro do
cilindro a certa profundidade, sendo distribuído de forma simétrica, quando, através
da velocidade ascensional em direção a canaleta de coleta situada no seu nível
máximo, ocorre o destacamento da fase sólida, mais pesada, direcionando-se para o
fundo cônico do cilindro.
O material sedimentado no fundo de cada cilindro é descarregado através de
aberturas periódicas programadas das válvulas de saída, sendo direcionados ao
poço de sucção da bomba de recalque para o filtro-prensa.
Não há a separação do material a ser prensado, descarregando-se dessa forma o
sedimentado de cada um dos cilindros em um mesmo poço de sucção para a bomba
do filtro-prensa.
As telas filtrantes do filtro-prensa são preenchidas com o material recalcado pela
bomba, até atingir uma pressão de trabalho tal que é interrompido o bombeamento,
e iniciado o processo de abertura das telas para descarga do material prensado.
55
O líquido separado dos resíduos sólidos pelas telas filtrantes é coletado por
canaletas laterais ao filtro-prensa e direcionado às elevatórias de recalque dos
sedimentadores.
Os efluentes, uma vez tratados, são coletados, nas canaletas de superfície dos
sedimentadores, e direcionados, em função de suas origens, para diferentes
reservatórios enterrados.
Dos reservatórios específicos seguem as águas necessárias aos equipamentos de
cada etapa do processo industrial.
Na Andrade S/A são lançadas no solo cerca de 400 m3/dia de resíduos ou 800
ton/dia.
Os resultados obtidos com a utilização do tratamento de efluente se refletem na
redução de 100% da conta de água mensal e de 80% na emissão de resíduos no
solo.
A reposição de água devido a perdas no processo é realizada através da captação
de águas pluviais e de cerca de 10m3/dia do lençol freático.
5.2 O projeto de implantação da fábrica de tijolos
Conforme Prezzoti (2003), a utilização na fabricação de cerâmicas vermelhas, dos
resíduos prensados provenientes do processamento de granitos, vem sendo
comprovada na prática como viável econômica e tecnicamente, conduzindo a
materiais cerâmicos de melhor qualidade.
Pelo fato deste resíduo prensado ainda não ter valor monetário, far-se-á necessária
para a implantação de um projeto de investimento a longo prazo, a aquisição de
equipamentos para a fabricação de tijolos de cerâmica vermelha, visto que o produto
final, ao utilizar este resíduo do filtro-prensa como insumo, tem sua qualidade
aumentada.
5.2.1 O processo de fabricação de tijolos
56
Conforme dados coletados na empresa CIMACO, o processo de fabricação de tijolos
consiste no transporte do rejeito de serraria prensado, que substitui a argila não-
plástica, responsável por dar estrutura aos blocos, e de argila plástica do pátio, onde
são estocados separadamente, para o caixão alimentador, uma espécie de
misturador automático dos insumos com água com capacidade média de 200 ton,
através de retro-escavadeira. A proporção de matéria-prima é de 1:3 (resíduo de
granito/argila plástica).
Depois de misturado e homogeneizado, o material é transportado por vagoneta até o
laminador, um equipamento composto por dois cilindros que tem o papel de refinar
as massas cerâmicas laminando-as, sendo responsável pela compactação e melhor
homogeneização da massa de argila ViLLAR (1988).
Em seguida, a massa plástica é colocada numa extrusora, também conhecida como
maromba, onde é compactada e forçada por um pistão ou eixo helicoidal, através de
bocal com determinado formato. Como resultado obtém-se uma coluna extrudada,
com seção transversal com o formato e dimensões desejados; em seguida, essa
coluna é cortada, obtendo-se desse modo tijolos vazados.
Na saída da extrusora, a massa moldada, expelida de forma contínua é seccionada
(cortada) no comprimento desejado. Em seguida, a massa é transportada, com
umidade entre 20% e 30%, com peso aproximado de 3 kg automaticamente para a
secagem.
A secagem é o processo para eliminação da água de conformação do produto
cerâmico através do ar aquecido. Após a secagem, esta umidade residual deve
estar abaixo de 5% VILLAR (1988).
Após o tempo de cura ou secagem natural, o tijolo é levado para o forno intermitente
(ciclo periódico de carga-queima e descarga) para o cozimento, que dura em torno
de 150h reduzindo o peso das peças para aproximadamente 2 kg. São consumidos
3,2 m3 de lenha por milheiro (mil tijolos). A madeira utilizada para a queima é
extraída pela própria empresa.
A inspeção do material é feita na saída do forno, rejeitando-se peças quebradas,
trincadas, lascadas e queimadas em excesso.
57
O processo finaliza-se com a estocagem do produto final para a expedição. A
Figura 6 retrata o fluxo do processo de produção de tijolos.
Figura 6 – Fluxo do processo de produção de tijolos
Os equipamentos utilizados pela CIMACO em cada etapa do processo de fabricação
de tijolos de cerâmica desde a fase de captação de matéria-prima à fase de
expedição são especificados no Quadro 3.
Quadro 3 – Equipamentos para a fabricação de tijolos.
Fonte: CIMACO (2005).
Além destes equipamentos, é necessária a aquisição de um “barreiro”, um terreno
para o fornecimento de argila, que é matéria-prima como o resíduo de efluente.
Segundo dados da CIMACO, a produção mensal é de 1.000.000 peças com
dimensões de 9x19x19 cm, de 2 quilogramas para utilização em construção civil. A
utilização de resíduos de serraria prensados como matéria-prima está na ordem de
5.500 m3 mensais.
58
6 ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA A LONGO PRAZO
Este capítulo tem a finalidade de demonstrar a alternativa de projeto de controle
ambiental a ser implantado com cálculo de viabilidade financeira a longo prazo, os
resultados apresentados e como as variáveis foram calculadas. Para tanto, utilizou-
se o software de computador Microsoft Excel para os cálculos.
6.1 Investimento Inicial
Segundo Weston e Brigham (2000), o investimento inicial é a soma do valor
monetário nacional de aquisição dos equipamentos do sistema de estação de
tratamento de efluentes e dos equipamentos utilizados para a produção de tijolos, o
valor de mão-de-obra de instalação destes equipamentos e a diferença entre as
variações nos ativos circulantes e as variações nos passivos circulantes, que é a
variação no capital circulante líquido ou necessidade de capital de giro proveniente
da aquisição destes equipamentos.
Os números para o cálculo do investimento inicial angariados na empresa MARCEL
são apresentados na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 – Dados coletados de investimento inicial da MARCEL.
FONTE: Empresa MARCEL (2005).
A Tabela 2 traz os dados coletados na empresa CIMACO para o cálculo do
investimento inicial.
Tabela 2 - Dados de investimento inicial coletados da CIMACO.
Fonte: empresa CIMACO (2005).
6.2 Fluxo de Caixa Operacional
Para os cálculos das entradas de caixa operacionais, foram coletados dados da
CIMACO conforme a Tabela 3, porquanto não há receita de vendas do resíduo de
efluente cedido pela MARCEL.
Os dados coletados são de 2000 a 2004, visto que, o sistema de filtro-prensa foi
adquirido no ano 2.000, mesmo ano em que a CIMACO começou a usar o resíduo
59
reciclado como matéria-prima para a produção de tijolos. Deste modo, o período de
payback analisado é de 4 anos.
A depreciação dos equipamentos é de 10% ao ano. A vida útil para os equipamentos
da estação de tratamento de efluentes e os equipamentos para fabricação de tijolos
é de 10 anos, conforme dados das empresas MARCEL e CIMACO,
respectivamente.
Segundo dados da Andrade S/A, o sistema de tributação de imposto de renda é
calculado trimestralmente sobre o lucro presumido. Como a empresa tem uma
receita anual média de R$ 1.031.050,00, enquadra-se no pagamento de taxa de
25% de contribuição anual.
Tabela 3 – Dados de receita e despesas de produção da empresa CIMACO.
ITEM ANO 1 (R$) ANO 2 (R$) ANO 3 (R$) ANO 4 (R$)
Receitas 1.010.000,00 1.015.000,00 1.030.000,00 1.070.000,00
Despesas 355.000,00 356.000,00 380.000,00 350.000,00
Fonte: Empresa CIMACO.
Os valores de receita são os de venda de tijolos fabricados na CIMACO com o
resíduo de efluente líquido prensado na MARCEL, entre 2000 e 2004.
Os valores de despesa são os de custos para a produção de tijolos entre 2000 e
2004.
Para o cálculo de fluxo de caixa há um item a ser adicionado: o valor monetário da
redução de custos com transporte e armazenamento de resíduos, pela empresa de
beneficiamento de rochas ornamentais, que implantará o projeto de controle
ambiental. Para se obter os dados (Tabela 4), foi feita pesquisa na Andrade S/A.
Tabela 4 – Dados de despesas com resíduos da empresa Andrade S/A.
ITEM CUSTO ANUAL (R$)
Frete de resíduos gerados 81.000,00
Depósito de resíduos 189.000,00
Fonte: Empresa Andrade S/A Mármores e Granitos
O valor do frete de resíduos gerados foi calculado através da soma do custo mensal
da empresa para coletar e transportar o resíduo de serraria armazenado nos
60
tanques a céu aberto do empreendimento durante os meses do ano de 2004.
O valor do depósito de resíduos é calculado com a soma do valor mensal de
depósito de resíduo na empresa contratada para coletar e armazenar este resíduo
mensalmente durante os meses do ano de 2004.
Vale ressaltar que a redução de custo e espaço com armazenagem de resíduos é de
80% para a utilização do sistema de tratamento de efluentes pelo fato de que o
equipamento recebe manutenção e pode ser susceptível a eventuais quebras,
paradas, resultando na parada total do equipamento e da circulação do efluente.
Como os teares não param de serrar os blocos, o efluente continua a circular
mesmo com o sistema de tratamento parado, fazendo com que certo volume de
efluente produzido seja enviado para fora do filtro-prensa e armazenado em um
pequeno tanque, conforme dados da empresa MARCEL.
6.3 Resultados para o Investimento Inicial
A tabela 5 retrata os resultados obtidos com o investimento inicial do projeto de
implantação dos equipamentos do sistema de tratamento de efluentes de serraria e
dos equipamentos para a fabricação de tijolos.
Tabela 5 – Resultados do investimento inicial
Investimento Inicial Ano 0
(-) Custo do projeto de reaproveitamento (1.430.000,00)
(-) Necessidade de Capital de Giro (80.000,00)
(=) Investimento Inicial (1.510.000,00)
Para o cálculo do valor do custo do projeto de reaproveitamento, foram somados os
valores dos equipamentos e valores de mão-de-obra coletados nas empresas
MARCEL e CIMACO, descritos respectivamente nas Tabela 1 e Tabela 2.
Para o cálculo do valor da necessidade de capital de giro, foram somados os valores
das necessidades de capital de giro coletados nas empresas MARCEL e CIMACO,
descritos respectivamente nas Tabela 1 e Tabela 2.
O investimento inicial de R$ 1.510.000,00 é calculado com a adição do custo do
projeto de reaproveitamento com a necessidade de capital de giro (R$ 1.430.000,00
61
mais R$ 80.000,00), sendo negativo por ser um dispêndio de capital.
6.4 Resultados para os Fluxos de Caixa Operacionais
A tabela 6 retrata os resultados obtidos com os fluxos de caixa operacionais ou
relevantes do projeto de implantação dos equipamentos do sistema de tratamento
de efluentes de serraria e dos equipamentos para a fabricação de tijolos.
Tabela 6 – Resultados para o cálculo de fluxo de caixa operacional
Fluxos de Caixa Operacionais Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4
(+) Receitas (vendas) 1.010.000,00 1.015.000,00 1.030.000,00 1.070.000,00
(-) Despesas / custos 409.000,00 410.000,00 434.000,00 404.000,00
(=) Lucro Bruto 601.000,00 605.000,00 596.000,00 666.000,00
(+) Redução custos de transporte / armazenamento
216.000,00 216.000,00 216.000,00 216.000,00
(=) Lucro Líquido 817.000,00 821.000,00 812.000,00 882.000,00
(-) Depreciação (143.000,00) (143.000,00) (143.000,00) (143.000,00)
(=) Lucro Líquido antes IR 674.000,00 678.000,00 669.000,00 739.000,00
(-) Imposto de Renda (25%) 168.500,00 169.500,00 167.250,00 184.750,00
(=) Lucro Líquido após IR 505.500,00 508.500,00 501.750,00 554.250,00
(+) Depreciação 143.000,00 143.000,00 143.000,00 143.000,00
(=) Lucro Operacional 648.500,00 651.500,00 644.750,00 697.250,00
Para o cálculo dos valores de receitas, foram utilizados os dados da Tabela 3,
coletados na empresa CIMACO.
Para o cálculo dos valores de despesas e custos, foram utilizados os dados de
despesas de produção da Tabela 3, coletados na empresa CIMACO somados aos
20% restantes de custos anuais com transporte e armazenagem de resíduos pela
Andrade S/A. Assim, para o 4 anos após a implantação do projeto na companhia,
soma-se aos valores anuais de custos R$ 54.000,00 (R$81.000,00 + R$189.000,00
= R$270.000,00 vezes 20% = R$54.000,00). Ou seja, para o Ano 1 (R$355.000,00 +
R$54.000,00 = R$ 409.000,00), Ano 2 (R$356.000,00 + R$54.000,00 =
R$410.000,00), Ano 3 (R$380.000,00 + R$ 54.000,00 = R$454.000,00) e Ano 4
62
(R$350.000,00 + R$54.000,00 = R$404.000,00).
Os valores de lucro bruto da linha 3 da tabela são calculados subtraindo-se o valor
de receita com o valor de despesa equivalente no mesmo ano base (1, 2, 3 ou 4).
Para os valores da redução do custo de transporte, foram utilizados os dados da
Tabela 4, somando-se os valores de frete de resíduos, R$81.000,00 e depósito de
resíduos 189.000,00, resultando em R$270.000,00. Porém, a redução com estes
custos é da ordem de 80%, conforme dados da MARCEL, resultando no valor final
de R$ 216.000,00 anuais.
Para o cálculo dos valores de lucro líquido da linha 5 da tabela, somam-se as
despesas e os custos por cada ano.
Os valores de depreciação são calculados pela soma da depreciação anual sobre o
valor monetário de aquisição dos equipamentos da CIMACO e da MARCEL. O valor
é de 10% ao ano, conforme legislação vigente para a depreciação sobre
equipamentos industriais do código civil, para cálculo do imposto de renda. Sendo
assim, percebe-se que a vida útil dos equipamentos das mesmas empresas é de 10
anos. Para a depreciação anual da Tabela 6, contabilizam-se 10% sobre o valor total
de equipamentos do projeto e mão-de-obra de instalação, ou seja, (10% de R$
1.430.000,00 (custo total dos equipamentos) = R$ 143.000,00), sendo estes valores
de depreciação anual negativos.
O lucro líquido antes do imposto de renda é a diferença do lucro da linha 5 e a
depreciação, para cada ano.
Os valores de imposto de renda anuais são calculados com soma da alíquota de
10% ao trimestre de contribuição social para companhias com lucro bruto até R$
24.000.000,00 no período de cálculo e 15% sobre este resultado, percentual
adotado para pessoa jurídica, totalizando 25%, conforme o sistema de tributação
adotado pela empresa Andrade S/A, sendo estes valores negativos.
Os valores do lucro líquido após o imposto de renda são calculados através da
diferença anual do lucro antes do imposto de renda e o imposto de renda de 25%.
O lucro operacional ou entrada de caixa operacional é calculado através da adição
63
do lucro depois do imposto de renda e da depreciação em valor positivo para cada
ano.
6.5 Resultados para o Fluxo de Caixa Residual
A Tabela 7 reflete os resultados obtidos para o fluxo de caixa residual do projeto de
implantação dos equipamentos do sistema de tratamento de efluentes de serraria e
dos equipamentos para a fabricação de tijolos.
Tabela 7 – Fluxo de caixa residual.
Fluxo de Caixa Residual Ano 4
(+) Receita da venda dos ativos novos 197.250,00
(+) Recuperação do Capital de Giro 80.000,00
(=) Fluxo de Caixa Residual 277.250,00
Para o cálculo do valor da receita de venda do ativo novo, o valor calculado é
baseado na soma dos valores de mercado dos equipamentos constituintes do
projeto de gestão ambiental a ser implantado na Andrade S/A no 4º ano de
aquisição, isto é, com 4 anos de funcionamento após ser comprado novo.
Conforme dados coletados nas empresas MARCEL e CIMACO, o valor de mercado
dos equipamentos das duas companhias é o valor de 15% dos ativos novos, devido
ao uso constante, quase 24 h por dia durante toda a vida útil dos mesmos. Sendo
assim, o resultado da receita de venda dos ativos novos é o seguinte: R$ 197.250,00
(R$ 1.315.000,00 x 15%).
O cálculo do valor do imposto de renda sobre o lucro é nulo, visto que não há ganho
de capital na venda do ativo novo. Isto se deve ao fato de que o valor de venda do
ativo novo é menor que o valor do investimento inicial deduzido da depreciação de 4
anos (R$ 197.250,00 < R$ 858.000,00).
O valor para o fluxo de caixa residual é encontrado através da soma do valor da
receita com a venda dos ativos novos e a recuperação do capital de giro, resultando
em R$ 277.250,00 positivos.
64
6.6 Resultados para Técnicas de Análise de Investimentos de Capital
Este procedimento visa facilitar o cálculo do período de payback, da taxa interna de
retorno (TIR) e do VPL a taxa de juros para investimentos de longo prazo de
pequenas e médias empresas.
6.6.1 Payback
Os dados da Tabela 8 são usados para demonstrar o cálculo do período de payback
do projeto proposto.
Tabela 8 – Cálculo do período de Payback
No primeiro ano, a empresa recuperará R$ 648.500,00 do seu investimento inicial de
R$ 1.510.000,00. Ao fim do segundo ano, terá recuperado um total de R$
1.300.000,00 (R$ 648.500,00 do 1º ano + R$ 651.500,00 do 2º). Ao fim do terceiro
ano, recuperará R$ 1.944.750,00 (R$ 1.300.000,00 do 1º e 2º anos + R$ 644.750,00
do 3º ano). Visto que o montante recebido ao fim do terceiro ano é maior que o
investimento inicial de R$ 1.510.000,00, o período de payback está entre dois e três
anos. Apenas R$ 210.000,00 (R$ 1.510.000,00 - 1.300.000,00) precisam ser
recuperados no terceiro ano. Na realidade, são recuperados R$ 644.750,00, porém,
apenas 33% dessa entrada de caixa (R$ 210.000,00 / R$ 644.750,00) são
necessários para completar a cobertura dos R$ 1.510.000,00 iniciais.
Logo, o período de payback para o projeto é de 2,3 anos ou 2 anos e 4 meses (2
anos mais 33% do 3º ano).
6.6.2 Taxa Interna de Retorno
Pelos cálculos do Excel utilizando a função TIR, a taxa interna de retorno do
investimento é de 30,34%.
6.6.3 Valor Presente Líquido
A tabela abaixo apresenta o cálculo do valor presente líquido do investimento para
65
taxas de juros variando de 10%a.a. até 31% a.a.
Tabela 9 – Cálculo do VPL com taxa de juros
TAXA VPL (R$)10% 767.982,04 11% 716.375,23 12% 666.622,35 13% 618.637,06 14% 572.337,86 15% 527.647,77 16% 484.494,06 17% 442.807,97 18% 402.524,44 19% 363.581,91 20% 325.922,07 21% 289.489,69 22% 254.232,41 23% 220.100,58 24% 187.047,08 25% 155.027,20 26% 123.998,46 27% 93.920,50 28% 64.754,97 29% 36.465,37 30% 9.017,02 31% (17.623,14)
A Tabela 10 reflete os resultados obtidos para o cálculo do VPL a taxa de juros
do FINAME/MODERMAQ - Programa Modernização do Parque Industrial Nacional
(BANDES, 2005) no valor de 14,95% a.a. para a análise da viabilidade do
investimento de capital no projeto de implantação dos equipamentos do sistema de
tratamento de efluentes de serraria e dos equipamentos para a fabricação de tijolos.
Tabela 10 – Cálculo do VPL com taxa de juros FINAME/MODERMAQ.
Ano R$
0 (1.510.000,00)
1 648.500,00
2 651.500,00
3 644.750,00
4 974.500,00
VPL a 14,95% a.a. 529.845,20
66
7 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS
7.1 Investimento Inicial
Segundo resultados encontrados para o cálculo de investimento inicial do projeto de
controle de impactos ambientais no setor serraria, nota-se que R$ 1.510.000,00 é
um investimento inicial considerado alto para as pequenas e médias empresas
capixabas e brasileiras de beneficiamento de pedras ornamentais, já que o montante
a ser investido é superior à disponibilidade de capital para investimentos de grande
parte destas companhias e há inexistência ou custo excessivo de financiamentos.
Fica claro que a falta de financiamento diferenciado para os empreendedores
adequarem ou manterem os padrões ambientais de suas companhias é um dos
principais empecilhos atuais, no entanto, o mercado cada vez mais exige produtos
que sejam ambientalmente sustentáveis.
Recomenda-se a criação de mecanismos facilitadores de crédito para este tipo de
ação junto aos órgãos financeiros governamentais e privados.
7.2 Fluxo de Caixa Operacional
A respeito dos resultados encontrados para o cálculo do fluxo de caixa operacional,
é evidente o alto valor com receita de venda de tijolos e o lucro operacional anual
resultante, com pequenas variações no decorrer dos anos de análise, o que diminui
a probabilidade de o projeto ser rejeitado, mas uma expressiva taxa de imposto de
renda imposta pelo governo.
O faturamento anual médio de R$ 660.500,00 nos quatro anos de análise,
contabilizaria em torno de 5,5% (R$ 660.500,00 / R$ 12.000.000,00 de faturamento
anual da empresa) de aumento no faturamento anual da Andrade S/A, caso o
projeto seja implantado, com impacto positivo sobre a lucratividade.
Todavia, implicitamente nestes resultados, pode-se perceber a expressiva redução
de impactos ambientais, enumerados a seguir.
1. Redução de 80% na emissão de resíduos provenientes do setor de serraria de
blocos de granito no solo com a implantação da estação de tratamento de efluentes
67
líquidos, conforme dados da empresa MARCEL.
2. Redução de utilização de água para o beneficiamento de blocos de granito na
ordem de 80%, conforme dados da empresa MARCEL. Este resultado não foi
medido em valores monetários porque a companhia utiliza água de lençol freático e
rio na serraria, não consumindo água paga.
Há redução com custo de transporte e armazenagem de resíduos como
conseqüência da adoção das medidas supracitadas e a reutilização dos resíduos ora
produzidos, na fabricação de tijolos, resultando em economia de R$ 219.000,00 nos
quatro anos após a implantação do projeto de reaproveitamento de resíduos, além
de refletir de forma direta em menores impactos ambientais no que tange à solo e
água. Isso sem falar na melhoria física do espaço de produção e redução da
poluição visual devido à extinção dos locais anteriormente utilizados para
armazenagem dos resíduos no solo, possibilitando o aproveitamento da espaço por
parte da empresa implementadora do projeto para a disposição dos equipamentos
adquiridos.
7.3 Fluxo de Caixa Residual
Conforme resultados obtidos para o fluxo de caixa residual, o valor de R$
277.250,00 equivale à recuperação de 18,36% do investimento inicial de R$
1.510.000,00, mostrando que o projeto deixaria a empresa em situação regular, se
optar por vender os ativos após o quarto ano da implantação do projeto. Não há
incidência de impostos sobre a venda, visto que o preço de venda dos ativos é
menor que o valor contábil, e a recuperação de capital circulante líquido é total, ou
seja, de R$ 80.000,00.
7.4 Período de Payback
O período de 2,3 anos encontrado para o payback é deficiente, visto que ignora as
entradas de caixa do terceiro e quarto anos para o projeto. Entretanto, por ser visto
como uma medida de risco, pode ser usado como complemento à técnica de
decisão do VPL, pois quanto mais tempo a empresa precisar esperar para recuperar
seus fundos investidos, maior a possibilidade de perda.
68
Portanto, como o período máximo aceitável neste projeto é de 4 anos e o período de
payback calculado é menor, dois anos e quatro meses, aceita-se supostamente o
projeto proposto, pois é pequena a exposição do empreendimento aos riscos.
7.5 TIR
Pelo resultado apresentado de 30,34%, a taxa interna de retorno é maior que o
custo de capital de 14,95% do BNDES, demonstrando que o projeto é viável e
aceitável, com retorno do investimento no final do período de análise, com impacto
positivo na lucratividade após o período de 4 anos de análise do projeto.
7.6 Valor Presente Líquido (VPL)
Como o VPL calculado é maior que zero (VPL > 0) para taxas de juros de 10 a 30%,
a proposta de implantação do projeto de redução de impactos ambientais no setor
serraria é considerada viável e deveria, supostamente, ser aceita pela empresa
estudada, neste caso a Andrade S/A Mármores e Granitos.
Outro aspecto do resultado reflete em que o empreendimento obteria um retorno
maior do que seu custo de capital, aumentando o valor de mercado da empresa,
impactando positivamente na sua lucratividade após o período de 4 anos do
investimento.
Além disso, com o projeto de controle ambiental, a empresa estaria evitando multas
com descumprimento das leis ambientais impostas pelo IEMA e adequando-se aos
requisitos internacionais para exportação de chapas de granito, aumentando sua
receita.
69
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Três foram as questões fundamentais instigadoras da investigação:
a) Como o investimento em projeto para reduzir os impactos ambientais no setor de
serraria afetou a lucratividade de uma empresa de beneficiamento de pedras
ornamentais, no caso, a Andrade S/A Mármores e Granitos?
b) Análise da viabilidade econômica do reaproveitamento dos resíduos gerados na
produção. O projeto é viável para implantação?
c) Quais impactos ambientais seriam reduzidos com a implantação deste projeto no
setor de serraria?
Este trabalho procurou discutir sobre os danos causados ao meio ambiente,
enfatizando-se o século XX, onde a evolução tecnológica deu-se em grande
velocidade a partir da revolução industrial, a demonstração de preocupação com a
necessidade de preservação do meio ambiente pelo homem, elaborando leis e
normas que permitam a sua utilização evitando a total degradação e destruição,
discutiu-se sobre o setor de rochas ornamentais, suas formas de poluição e
maneiras de redução destes impactos, com destaque para a produção de tijolos com
a utilização de resíduos de serraria como matéria-prima.
Discutiu-se que o controle ambiental é essencial para o licenciamento e bom
andamento de uma empresa do setor de beneficiamento de pedras de mármore e
granito, como é o caso da Andrade S/A Mármores e Granitos, objeto de estudo
deste trabalho, que está em fase de expansão, sendo o controle ambiental
primordial para seu sucesso e, agindo dentro da lei, o empreendimento pode
potencializar o comércio exterior, satisfazendo as normas dos clientes
internacionais.
Foi apresentada a metodologia de análise de investimentos de longo prazo em
empresas, seguida da exposição das empresas sugeridas como objeto de estudo
deste trabalho acadêmico, a Andrade S/A, a MARCEL e a CIMACO.
Abordaram-se vários artigos a respeito da possibilidade de reciclagem e utilização
de resíduos provenientes do setor serraria de empresas de beneficiamento de
70
pedras ornamentais, com posterior redução de impactos ambientais, inclusive o
artigo que sugere a implantação de um sistema de tratamento de efluentes líquidos
importado da Itália, obtendo um resíduo propício na utilização como insumo para
produtos em cerâmica vermelha, sendo este artigo escolhido como referência para
este trabalho acadêmico.
Posteriormente, foi proposto o projeto de gestão de resíduos para solução dos
problemas ambientais enfatizados, com informações sobre o sistema de tratamento
de efluentes e seu processo, o método de produção de tijolos de cerâmica vermelha
e as técnicas de análise de viabilidade financeira para o projeto, com a utilização do
valor presente líquido, taxa interna de retorno e período de payback.
Posteriormente, foram apresentados os dados obtidos nas empresas e os cálculos
do investimento inicial, do fluxo de caixa operacional, do fluxo de caixa residual e o
cálculo do VPL para médias empresas e TIR, como a Andrade S/A, e o período de
payback com a finalidade de verificar a viabilidade financeira ou não do projeto
proposto para implantação, resultando num VPL >0 para taxas de juros anuais até
30%, viabilizando financeiramente o projeto, com período de payback de 2,3 anos
para o retorno do dispêndio de capital.
Pelo exposto no decorrer de toda a pesquisa apresentada neste trabalho, é de fácil
conclusão o quão vantajosa vem a ser, para o meio ambiente e para as empresas
de pedras ornamentais, a implantação do projeto para utilização dos resíduos de
serraria como matéria-prima de tijolos de cerâmica vermelha. Naquele como meio de
preservação do solo e água e nestas como forma de economia e lucro.
Embora seja inviável financeiramente para empresas de menor porte, devido à
necessidade de grande investimento inicial, a implantação deste projeto não é tão
somente uma eficiente forma de transformar um dejeto em riqueza, mas é antes de
tudo isso uma excelente maneira de atingir entre tantas outras uma importante
finalidade social pautada numa redução de ordem de 80% dos impactos sobre água
e solo.
É o progresso caminhando junto com a preservação. Natureza e homem convivendo
harmonicamente, sócios num negócio no qual todos saem ganhando onde cada um
garante sua sobrevivência e dá uma grande força, não só para a melhoria, mas para
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a existência de um futuro.
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