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  • Marina Peruzzo de Sousa

    DIAGNSTICO QUANTO SEGURANA DO TRABALHO NA EXECUO DE FUNDAES

    Trabalho de Concluso de Curso submetido Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos necessrios para a obteno do Grau de Graduao em Engenharia Civil. Sob a orientao da Prof.. Dr. Fernanda Fernandes Marchiori

    Florianpolis 2013

  • Ficha de identificao da obra elaborada pelo autor, atravs do Programa de Gerao Automtica da Biblioteca Universitria da UFSC.

    Sousa, Marina Peruzzo de Diagnstico quanto segurana do trabalho na execuo defundaes / Marina Peruzzo de Sousa ; orientadora,Fernanda Fernandes Marchiori - Florianpolis, SC, 2013. 145 p.

    Trabalho de Concluso de Curso (graduao) -Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnolgico.Graduao em Engenharia Civil.

    Inclui referncias

    1. Engenharia Civil. 2. Segurana do trabalho. 3.Execuo de fundaes. 4. Check list. 5. Entrevistas. I.Marchiori, Fernanda Fernandes. II. Universidade Federal deSanta Catarina. Graduao em Engenharia Civil. III. Ttulo.

  • Marina Peruzzo de Sousa

    DIAGNSTICO QUANTO SEGURANA DO TRABALHO NA EXECUO DE FUNDAES

    Este Trabalho de Concluso de Curso foi julgado adequado para obteno do Ttulo de Graduao, e aprovado em sua forma final pela Universidade Federal de Santa Catarina.

    Florianpolis, 27 de Novembro de 2013.

    ________________________

    Prof. Luis Alberto Gmez, Dr. Coordenador do Curso

    Banca Examinadora:

    ________________________

    Prof. Fernanda Fernandes Marchiori, Dr. Orientadora

    Universidade Federal de Santa Catarina

    ________________________

    Prof. Cristine do Nascimento Mutti, Ph.D. Universidade Federal de Santa Catarina

    ________________________

    Eng Civil Rodrigo Schappo SCGs Engenheiro Fiscal de Obra

  • Este trabalho dedicado aos meus familiares e amigos, que sempre me apoiaram em todos os momentos, para que fosse possvel atingir meus objetivos.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus pelas oportunidades que tenho. Aos meus pais Giovani e Iria e minha irm Mariana, pelo apoio

    e esforo que fizeram para que eu pudesse concluir mais essa etapa da minha vida.

    Aos amigos que me incentivaram em momentos de desnimo e ajudaram a superar obstculos difceis.

    Aos meus familiares que sempre carinhosamente estiveram ao meu lado.

    Ao Rodolpho pela compreenso e ateno dada em momentos de grande tenso, e por me devolver a f quando j no acreditava mais ser possvel.

    professora orientadora Fernanda, pela ateno e ajuda prestada. Por fim, aos participantes da banca examinadora, Rodrigo

    Schappo e Cristine do Nascimento Mutti, pela ateno, colaborao e aceite ao convite.

  • Os ventos que s vezes tiram algo que amamos, so os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar... Por isso no devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que realmente nosso, nunca se vai para sempre.

    (Bob Marley)

  • RESUMO

    O objetivo do presente trabalho de concluso de curso verificar a condio de segurana dos trabalhadores, bem como gerar diretrizes para o aprimoramento dos aspectos ligados segurana do trabalho em obras na fase de fundao. Para tanto, foi feito o estudo de doze casos, nos quais foram aplicadas entrevistas e check lists a fim de aferir a segurana dos trabalhadores, o canteiro de obra e as condies de trabalho. Foram ento apresentados resultados pertinentes aos aspectos de segurana do trabalho nos servios de atirantamento e fundao. Em seguida buscou-se apontar melhorias que podem ser implantadas para a minimizao dos riscos, com enfoque para os pontos crticos na execuo de tirantes e fundao quanto segurana do trabalho. Pode-se mencionar como mais frequentes: a falta de estrutura fsica acordada com a NR18, algumas falhas por parte dos prprios trabalhadores e ainda problemas com relao aos parmetros tcnicos no que se refere a equipamentos e treinamento dos profissionais. So indicadas algumas medidas preventivas e corretivas para soluo dos mesmos, observando que so medidas de fcil aplicao, em sua grande maioria. Para tanto necessrio que haja maior interesse pelo tema, por parte dos responsveis legais. O presente trabalho contribui com as iniciativas de investigaes quanto segurana do trabalho por parte de empresas de fundaes, j que identifica os principais problemas encontrados na execuo de tirantes, estacas de concreto pr-moldadas, estacas raiz e estacas do tipo hlice contnua.

    Palavras-chave: Segurana do trabalho, Fundaes, Estacas, Tirante, Check List, Entrevistas.

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................. 9 LISTA DE TABELAS ................................................................................. 11 LISTA DE QUADROS ............................................................................... 12 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................. 13 1. INTRODUO ............................................................................... 14 1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ................................. 14 1.2 OBJETIVOS ....................................................................... 17 1.2.2 Objetivos Especficos ........................................................... 17 1.3 DELIMITAO DO TRABALHO .................................. 17 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................... 18 2. REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................ 19 2.1 SEGURANA DO TRABALHO ...................................... 19 2.1.1 Normas Regulamentadoras ................................................... 21 2.2 FUNDAES ..................................................................... 27 2.2.2 Estacas Pr-Moldadas de Concreto ....................................... 28 2.1.3 Estacas Hlice Contnua ....................................................... 33 2.1.4 Estacas Raiz .......................................................................... 35 2.3 OBRAS DE CONTENO ............................................... 37 2.3.1 Tirantes ................................................................................. 38 3. MTODO DE PESQUISA .............................................................. 43 3.1 REVISO BILBIOGRFICA........................................... 45 3.2 ELABORAO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 45 3.3 APLICAO DO CHECK LIST ...................................... 45 3.4 ENTREVISTA COM OS OPERRIOS ........................... 50 3.5 CARACTERIZAO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DA PESQUISA .......................................................................................... 51 Empresa A ................................................................................................... 51 Empresa B ................................................................................................... 52 Empresa C ................................................................................................... 52 3.6 CARACTERIZAO DAS OBRAS VISITADAS PARA REALIZAO DA PESQUISA ............................................................... 53

  • 4. APRESENTAO DOS RESULTADOS E INDICAES QUANTO SEGURANA NA EXECUO DE FUNDAES ............................ 55 4.1 ESTRUTURA FSICA ....................................................... 60 4.2 ESTRUTURA PESSOAL .................................................. 60 4.3 ESTRUTURA TCNICA .................................................. 61 5.3.1 Cravao de Estacas Pr-Moldadas de Concreto .................. 62 5.3.2 Estacas Raiz .......................................................................... 63 5.3.3 Estacas Hlice Contnua ....................................................... 64 5.3.4 Tirantes ................................................................................. 64 5. CONCLUSO ................................................................................. 66 APNDICE A Check List Completo ....................................................... 73 APNDICE B Entrevistas e Caractersticas Bsicas do Check List ...... 80

  • 9

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1- Pirmide de Henrich ...........................................................................25 Figura 2 - Pirmide de Fletcher .........................................................................25 Figura 3 - Pirmide de Bird ...............................................................................26 Figura 4 - Preparo da cabea das estacas ...........................................................32 Figura 5 - Partes componentes do tirante ...........................................................39 Figura 6 - Sequncia executiva de tirantes .........................................................41 Figura 7 - Fluxograma das etapas da pesquisa ...................................................44 Figura 8 equipamento estaca raiz obra 1 .........................................................82 Figura 9 Aterramento do quadro de distribuio obra 1 .................................82 Figura 10 Quadro de distribuio e misturador de argamassa - obra 1 ............83 Figura 11 Placas de incentivo segurana - obra 2 .........................................85 Figura 12 Placa informativa EPI- obra 2 .........................................................85 Figura 13 Placa informativa Segurana do Trabalho- obra 2 ...........................86 Figura 14 Operador realizando furo no concreto - obra 2 ...............................86 Figura 15 Local de trabalho Parede atirantada- obra 2 ................................87 Figura 16 Local de trabalho obra de conteno- obra 2 ...............................87 Figura 17 Refeitrio- obra 2 ...........................................................................88 Figura 18 Vestirio- obra 2 ..............................................................................88 Figura 19 Chuveiros- obra 2 ...........................................................................89 Figura 20 Chuveiros- obra 2 ...........................................................................89 Figura 21 Banheiro- obra 2 .............................................................................90 Figura 22 Lavatrio- obra 2 ............................................................................90 Figura 23 Chuveiros - obra 2 ..........................................................................91 Figura 24 Local de trabalho - obra 3 ...............................................................93 Figura 25 Refeitrio e rea de lazer- obra 3 ....................................................94 Figura 26 Continer com armazenagem de materiais, fogareiro e leo num nico compartimento- obra 3 .............................................................................94 Figura 27 Banheiro- obra 3 .............................................................................95 Figura 28 Projeto de banheiro- obra 3 ............................................................95 Figura 29 Transporte vertical sem isolamento da rea- obra 4 .......................97 Figura 30 Local de trabalho- obra 4 ................................................................97 Figura 31 Escadas- obra 4 ................................................................................98 Figura 32 Local de trabalho- obra 4 ................................................................98 Figura 33 Colocao da armadura- obra 5 ....................................................100 Figura 34 Local de trabalho- obra 5 ..............................................................100 Figura 35 Projeto de banheiro - obra 5 .........................................................101 Figura 36 Local de trabalho - obra 6 .............................................................103 Figura 37 Aterramento do equipamento - obra 6 ..........................................103 Figura 38 Estocagem do material em uso - obra 6 ........................................104 Figura 39 Reservatrio de gua utilizada no trabalho - obra 6 .....................104 Figura 40 Ferragens desprotegidas - obra .....................................................105 Figura 41 Refeitrio e rea de lazer - obra 7 .................................................107 Figura 42 Local para aquecer a comida, pia e geladeira - obra 7 ..................107

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    Figura 43 Local para armazenagem de comida no refrigerada - obra 7 ...... 108 Figura 44 Vestirio - obra 7 .......................................................................... 108 Figura 45 Equipamento bate-estacas sobre rolo - obra 7 .............................. 109 Figura 46 Equipamento de perto - obra 7 ..................................................... 109 Figura 47 Local com restos de estaca quebrada - obra 7 .............................. 110 Figura 48 Buraco no sinalizado - obra 7 ..................................................... 110 Figura 49 Quadro de distribuio aterrado - obra 8 ...................................... 113 Figura 50 Retirada dos tubos - obra 8 ........................................................... 113 Figura 51 Local de trabalho - obra 8............................................................. 114 Figura 52 Equipamento em operao - obra 8 .............................................. 114 Figura 53 Equipamento de hlice contnua - obra 9 ..................................... 117 Figura 54 Banheiros e almoxarifado - obra 9 ............................................... 117 Figura 55 Central de carpintaria - obra 9 ...................................................... 118 Figura 56 Local de dobragem de armadura - obra 9 ..................................... 118 Figura 57 Vestirio - obra 10 ........................................................................ 121 Figura 58 Refeitrio - obra 10 ...................................................................... 121 Figura 59 Escritrio - obra 10 ....................................................................... 122 Figura 60 Local de trabalho - obra 10........................................................... 122 Figura 61 Trabalhador avaliando o prumo - obra 10 .................................... 123 Figura 62 Escavao do solo - obra 10 .......................................................... 123 Figura 63 Caminho betoneira na frente da obra - obra 10 ........................... 124 Figura 64 Estrutura fsica sendo construda - obra 11 .................................. 125 Figura 65 Equipamentos bate-estacas sobre esteira - obra 11 ....................... 126 Figura 66 Equipamentos em operao - obra 11 .......................................... 126 Figura 67 Cabine do equipamento - obra 11 ................................................. 127 Figura 68 Local de trabalho - obra 11 .......................................................... 127 Figura 69 Hlice com solo aderido - obra 12 ................................................ 129 Figura 70 Local de trabalho - obra 12........................................................... 129 Figura 71 Limpeza da hlice - obra 12 ......................................................... 130 Figura 72 Almoxarifado e refeitrio - obra 12 .............................................. 130 Figura 73 Obstruo e ordem no canteiro - obra 12 ..................................... 131 Figura 74 Central de armadura - obra 12 ...................................................... 131

  • 11

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Resultados do check list ...................................................................59

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Check list quanto estrutura fsica .................................................. 49 Quadro 2 - Check list quanto estrutura pessoal ............................................... 49 Quadro 3 - Check list quanto estrutura tcnica ............................................... 49 Quadro 4 Caracterizao das obras ................................................................. 53 Quadro 5 Entrevistas aos trabalhadores das estacas pr-moldadas de concreto nas obras 07 e 11 ............................................................................................... 55 Quadro 6 Entrevistas aos trabalhadores das estacas hlice contnua obras 09, 10 e 12 ............................................................................................................... 56 Quadro 7 Entrevistas aos trabalhadores das estacas raiz das obras 01, 03, 05, 06 e 08 (CONTINUA) .................................................................... 57 Quadro 7 Entrevistas aos trabalhadores das estacas raiz das obras 01, 03, 05, 06 e 08 (CONCLUSO) .................................................................... 58 Quadro 8 Entrevistas aos trabalhadores de tirantes das obras 02 e 04 ............ 59 Quadro 9 Check List completo ....................................................................... 73

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas; ABEF Associao Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundaes e Geotecnia; PPRA Programa de preveno de riscos ambientais; PCMSO Programa de controle mdico de sade ocupacional; LTCAT Laudo tcnico de condies ambientais; EPI Equipamento de proteo individual; EPC Equipamento de proteo coletiva; SST Segurana e sade no trabalho; RDO Relatrio diario de obra; DDS Dilogo dirio de segurana; DSS Dilogo semanal de segurana.

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    1. INTRODUO

    A construo civil um ramo que tem crescido constantemente, ampliando o campo de trabalho nesse setor, gerando empregos e proporcionando grande movimentao na economia nacional. responsvel por boa parte da composio do PIB brasileiro. Em 2012 o setor contribuiu para 5,7% do ndice, dados estes retirados do sitio da Cmara Brasileira da Indstria da Construo (CBIC, 2013).

    Na busca por outros ndices do setor, foi encontrado na base de dados, histricos de acidente de trabalho, o qual em 2011 apresentou 711.164 acidentes no setor da construo civil e em territrio nacional (DATAPREV, 2013). Por esses nmeros, que podem ser melhorados e crescem a cada ano, necessrio a preocupao e a elaborao de novos trabalhos para acompanhar essa demanda.

    De acordo com Souza (2010), a construo civil um ramo que atua em larga escala com trabalho demasiadamente artesanal, onde mesmo com a presena de mquina necessrio um oficial para oper-la, bem como ajudantes para assisti-la, tudo manualmente. Equitativamente sucede na fundao. Contudo, ainda se encontra dificuldade para assegurar a sade dos trabalhadores. Ainda mais se tratando da fase de fundao, a qual por ser uma das primeiras etapas de uma obra, muitas vezes encontra-se em situao de desconforto ao trabalhador, devido falta de estrutura de apoio inicial no canteiro de obra.

    Atualmente em Florianpolis so encontradas vrias empresas que atuam na execuo do servio de fundao. Trs delas participaram de uma pesquisa qualitativa que envolveu a investigao quanto segurana dos trabalhadores nessa rea, para identificar os pontos preocupantes nos servios de fundao e atirantamento.

    1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

    A construo civil um dos ramos que mais movimenta a economia nacional atualmente. Fato que justifica o crescente interesse por esse setor, fazendo com que esse ramo esteja em evoluo constante, conforme o ocorrido nos ltimos tempos (FIEP, 2011).

    De acordo com tabela do CBIC (2013), que tem como base informaes do IBGE, a contribuio para o PIB brasileiro da indstria da construo juntamente com o do principal servio gerado por ela, que so a atividade imobiliria e aluguis, representam, nos ltimos cinco

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    anos (de 2008 2012), variaes entre 4,9% a 5,8% e 7,8% a 8,2% respectivamente.

    Porm, por conta de toda essa demanda, na construo civil, h muitas deficincias se tratando de segurana do trabalho. Segundo SESI (2008), o setor da construo civil brasileira lidera a estatstica de acidentes no trabalho em grande parte das regies, sendo representada principalmente pelas micro ou pequenas empresas, aquelas que empregam at 99 trabalhadores. Estas so as principais afetadas pelo problema.

    Outra vertente da justificativa deste tipo de trabalho, voltado a rea de construo, defendido por Saurin et al (2003) e Benite (2004), os quais apresentam em seus trabalhos fatores financeiros peculiares ao controle da segurana do trabalho.

    A abrangncia dos custos da no segurana deve ser amplamente conhecida pelos empresrios, de modo que esses visualizem o volume de recursos que desperdiado cada vez que ocorre um acidente, servindo como um forte argumento para estimular investimentos que reduzam ou eliminem a sua ocorrncia. (BENITE, 2004, p. 21)

    Ainda sobre o autor supracitado, possvel observar que os custos so grandes no s para a empresa, como para com todas as partes interessadas (empresa, trabalhador, famlia, governo, dentre outros).

    Benite (2004, p 22) cita que:

    O Health and Safety Executive (HSE), rgo do governo Britnico responsvel pela SST (segurana e sade no trabalho) no pas, indica que o custo global de acidentes de trabalho estimado entre , aproximadamente 5% e 10% do lucro bruto sobre as vendas de todas as empresas britnicas, desconsiderando os acidentes que resultam apenas em danos materiais.

    J Benite (1998 apud ARAUJO, 2004), afirma que os valores referentes ao custo da segurana esto na ordem de 1,5% a 3% do custo total da obra (para edifcios residenciais).

    Muitos trabalhos tm sido desenvolvidos pela academia. Dentre os principais autores encontram-se Saurin, Menezes, Costella, Oliveira,

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    dentre outros, todos disponveis para consulta em stios como o da Infohab.

    Menezes e Jungles (1998) afirmam que h uma grande necessidade de qualificao da mo-de-obra na construo civil. A falta de qualificao resulta em desperdcio, o que por sua vez gera uma baixa produtividade, contribuindo dessa forma para uma m qualidade. A segurana tambm est relacionada falta de formao profissional e tcnica. O objetivo do trabalho dos referidos autores verificar a conscientizao, nvel de conhecimento, postura e atitudes em relao NR-18. Para tanto foram utilizados dois mtodos de coleta de dados: observaes livres e entrevistas semi estruturadas. O resultado obtido foi de grande valia para os estudos relacionados segurana, pois pode-se perceber que os conhecimentos que os mestres-de-obra tinham eram, em sua grande maioria, decorrentes de conversas com engenheiros, anos de ofcio e principalmente devido s as fiscalizaes que suas obras foram submetidas. Da a grande necessidade de treinamento especfico para este cargo, a fim de sanar as deficincias encontradas e aumentar a capacidade de liderana.

    Costella, Alcyone e Bau (2012) elaboraram uma lista de verificao de segurana do trabalho na execuo de obras rodovirias, ao observar que muitos acidentes poderiam ser evitados se as empresas desenvolvessem e aplicassem listas de verificaes, alm de proporcionar mais ateno educao e treinamentos de seus funcionrios. Para a realizao do trabalho, os autores elaboraram uma lista de verificao das condies e meio ambiente de trabalho abrangendo trs etapas bsicas da execuo de obras rodovirias: terraplenagem, pavimentao e drenagem. Como resultados obtiveram que o foco da empresa no deve ser somente no custo, pois muitas vezes um investimento numa lista de verificao pode gerar benefcios diversos. Deve-se buscar melhores condies para os trabalhadores e o resultados ser aumento da produtividade e da qualidade final dos produtos e servios.

    Pode-se citar aqui tambm o trabalho de Saurin; Formoso (2006), onde tambm h aplicao de uma lista de verificao, porm essa com relao ao canteiro de obras, seu planejamento e gesto de processos. Os canteiros de obras no so padro. Cada um possui sua particularidade, seja ela a respeito da pequena rea disponvel, das condies do ambiente local, ou outro fator qualquer, contudo no se pode ter um canteiro de obras padro. Porm alguns quesitos devem ser obedecidos, independente de sua particularidade, como alguns itens da NR-18 por exemplo, como a prpria norma regulamenta. nesse

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    contexto que entra a aplicao de um check list, onde sero verificadas as condies bsicas de segurana necessrias ao trabalhador para que este se sinta seguro e confortvel dentro do seu ambiente de trabalho. Para tanto, foi observado como resultado que de suma importncia que haja um planejamento e adequada gesto de processos para a execuo do canteiro. Os autores chegam a comparar o planejamento do layout de um canteiro de obras com a montagem de um quebra cabeas, onde exigido que o planejador possua criatividade e disposio para encontrar solues inovadoras.

    Contudo existe uma lacuna com respeito segurana do trabalho especificamente no caso dos servios feitos na etapa de fundao.

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 Objetivo Especfico

    Fazer um diagnstico quanto segurana do trabalho em obras na fase de fundao.

    1.2.2 Objetivos Especficos

    a) Conhecer a bibliografia disponvel sobre os assuntos segurana e fundaes;

    b) Levantar na prtica como so executadas as fundaes; c) Elaborar uma ferramenta para diagnstico quanto segurana

    nos servios de fundaes; d) Aplicar a ferramenta para diagnstico em obras que estejam

    na fase de fundaes; e) Avaliar os resultados; f) Propor melhorias para a execuo de fundaes sob o aspecto

    da segurana.

    1.3 DELIMITAO DO TRABALHO

    O trabalho se restringiu etapa de fundao, logo no ser feita avaliao relacionada segurana aps essa etapa.

    As obras avaliadas foram escolhidas por serem estas executadas por empresas de fundaes que permitiram o acesso aos canteiros.

    Cada uma das doze obras foi visitada apenas uma vez, no sendo possvel determinar se todos os dias elas procediam da mesma forma.

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    Para melhores resultados seria necessrio um acompanhamento constante.

    Poucas bibliografias sobre segurana aplicadas em fundaes so encontradas, mesmo em normas regulamentadoras, o que impediu a realizao de comparao dos resultados encontrados.

    1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

    No captulo 2 so apresentados conceitos de fundao e segurana do trabalho. Bem como mtodos construtivos de cada tipo de fundao profunda e conteno a ser abordada, as quais sero estacas de concreto pr-moldadas, estacas metlicas, estacas raiz, hlice contnua e tirantes.

    No captulo 3 apresentado o mtodo de pesquisa, os critrios e normas utilizadas para a elaborao de um check lis para os servios de fundaes e conteno, que servir para diagnosticar a segurana na execuo dos servios.

    No captulo 4 sero apresentados os resultados obtidos com a aplicao deste check list em obras que foram acompanhadas ao longo do semestre, com intuito de mostrar a real condio de trabalho dos operrios em etapas iniciais de obras, como as fundaes, em relao segurana.

    No captulo 5 sero identificados os pontos crticos quanto segurana na execuo dos servios citados anteriormente, assim como apresentadas alternativas e recomendaes para amenizar ou at mesmo resolver tais problemas.

    No capitulo 6 so apresentadas as concluses do trabalho

  • 19

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    Neste captulo ser representada a reviso bibliogrfica sobre os assuntos envolvidos no presente trabalho de concluso de curso, organizados de forma a introduzir os conceitos utilizados nos estudos de caso e aumentar a compreenso acerca dos mesmos antes de discuti-los. Desta forma, os assuntos levantados, foram os considerados de maior importncia e sero basicamente trs: Segurana do trabalho, fundaes e obras de conteno.

    No primeiro item sero apresentadas algumas definies importantes quanto segurana, bem como as normas regulamentadoras e alguns parmetros relacionados a custos e deveres para com a segurana.

    Sobre o tpico segundo, importante salientar que existem diversas formas de se executar uma fundao, porm, no presente trabalho, sero tratados apenas trs tipos que foram aqueles encontrados nos estudos de caso: estacas pr-moldadas de concreto, estacas hlice contnua e estacas raiz, onde sero exibidas as caractersticas principais, bem como o processo executivo de cada tipo de estaca.

    J no terceiro item sero discorridos alguns conceitos e caractersticas principais sobre obras de conteno. Aqui, assim como nas obras de fundao, pode-se encontrar diversos tipos de conteno, porm ser abordada apenas a conteno realizada atravs de tirante.

    2.1 SEGURANA DO TRABALHO

    Alguns conceitos bsicos so necessrios para melhor entendimento e embasamento sobre a segurana do trabalho. A seguir so apresentados os mais importantes:

    Benite (2004, p. 19) define segurana e sade no trabalho como: O estado de estar livre de riscos inaceitveis de danos nos

    ambientes de trabalho, garantindo o bem estar fsico, mental e social dos trabalhadores.

    Quanto a acidente de trabalho, pode-se citar o art. 19 da Lei n 8.213/91, onde definido:

    Acidente de trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a

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    perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho.

    De acordo com Benite (2004, p. 14), incidente pode ser definido como uma ocorrncia insegura que surge do trabalho ou ao longo deste, em que no so gerados danos pessoais, ou seja so eventos indesejados que poderiam vir a causar um acidente.

    Essa definio objetiva abranger todas as ocorrncias das quais no so resultados problemas de sade, ferimentos, danos, morte ou qualquer prejuzo.

    Os acidentes e incidentes ocorrem por consequncia de dois fatores principais, os quais so chamados de ato inseguro e condio insegura.

    Atos inseguros so os fatores pessoais dependentes das aes dos homens que so fonte causadoras de acidentes. Podem ser citados como exemplos operar mquinas sem a habilitao necessria, no usar os equipamentos de proteo sejam eles individuais ou coletivos, retirar as devidas protees de mquinas, entrar em rea no permitida sua funo, dentre outros. J as condies inseguras esto ligadas as condies do ambiente de trabalho que so fontes causadoras de acidentes. Como exemplo pode-se citar uma mquina sem a devida proteo, Piso muito liso, ventilao e iluminao no adequadas, ferramentas e mquinas em mau estado de conservao, dentre outros. (BENITE, 1996 apud ZOCCHIO, 2004, p. 17).

    Dois fatores ainda so bastante interessante para entender-se os conceitos, so estes risco e perigo. importante compreender a diferena entre estes.

    De acordo com Magnanelli (2012), perigo uma situao que apresenta potencial de causar algum dano (podendo ser doena, leso, ou qualquer outro) a pessoas, propriedades, meio ambiente, ou combinao destes. J o risco a probabilidade de perigo, ou seja, a possibilidade de ser resultado dano devido ao perigo.

    Contudo, pode-se ento concluir de acordo com Mulatinho (2001), que a segurana do trabalho objetiva promover, assim como manter o bem-estar fsico, mental e social dos trabalhadores, bem como controlar os riscos profissionais e promover melhores condies do ambiente de trabalho.

    Outro aspecto interessante a ser observado, segundo Saurin (2006), o fato de que a mo-de-obra na construo civil taxada como displicente ou incapaz, devido ao baixo desempenho. Porm os operrios nem sempre sabem o que vo executar e muitas vezes no tm

  • 21

    materiais e instrumentos de trabalho. Este fato justifica a importncia de treinamentos para os operrios de acordo com sua funo, diminuindo o risco de acidentes.

    2.1.1 Normas Regulamentadoras

    A fim de alcanar os objetivos citados anteriormente, foram criadas Normas Regulamentadoras relativas segurana e medicina do trabalho, que foram aprovadas em 08/06/1978 pela portaria n 3.214, do Ministrio do Trabalho. Foram criadas 29 Normas Regulamentadoras mostradas a seguir:

    NR-1 Disposies gerais; NR-2-Inspeo prvia; NR-3 Embargo ou interdio; NR-4 Servios especializados em engenharia de segurana e

    medicina do trabalho; NR-5 Comisso interna de preveno de acidentes CIPA; NR-6 Equipamento de proteo individual EPI; NR-7 Programa de controle mdico de sade ocupacional; NR-8 Edificaes; NR-9 Programa de preveno e riscos ambientais; NR-10 Instalaes e servios em eletricidade; NR-11 Transporte, movimentao, armazenagem e manuseio de

    materiais; NR-12 Mquinas e equipamentos; NR-13 Caldeiras e vasos de presso; NR-14 Fornos; NR-15 Atividade e operao insalubre; NR-16 Atividades e operaes perigosas; NR-17 Ergonomia; NR-18 Condies e meio ambiente de trabalho na indstria da

    construo; NR-19 Explosivos; NR-20 Lquidos combustveis inflamveis; NR-21 Trabalho a cu aberto; NR-22 Trabalho subterrneo; NR-23 Proteo contra incndio; NR-24 Condies sanitrias e de conforto nos locais de

    trabalho; NR-25 Resduos industriais; NR-26 Sinalizao de segurana;

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    NR-27 Registro profissional do tcnico de segurana do trabalho no Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social;

    NR-28 Fiscalizao e penalidades; NR-29 Segurana e sade no trabalho porturio.

    As NR relativas segurana e medicina do trabalho so de observncia obrigatria pelas empresas privadas e publicas pelos rgos pblicos de administrao direta e indireta, bem como pelos rgos dos poderes legislativos e judicirio, que possuem empregados regidos pela Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) (ARAJO; MEIRA, 2002, p. 1702).

    De acordo com Arajo e Meira (2002), quase todas as NR so relacionadas com a construo civil, vinculadas ao tipo de obra (edificaes, barragens, estradas, dentre outras). Contudo, a NR-18 contempla em seu contedo diversas NRs, sendo especfica para o ramo da construo.

    Saurin et al (2003) afirmam que entre as NRs, deve-se dar ateno principalmente NR-18 (condies e meio ambiente de trabalho na indstria da construo), j que essa a nica norma direcionada especificamente indstria da construo, se tornando hoje a legislao brasileira que regulamenta a segurana e as condies de trabalho no canteiro de obra. A atual verso da NR-18 est em vigor desde 07/07/95.

    A NR-18 uma norma regulamentadora que tem como objetivo gerar diretrizes quanto ordem administrativa, de planejamento e de organizao. Busca implementar medidas de controle e sistema de preveno de segurana nas condies, nos processos e no meio ambiente de trabalho na indstria da construo (BRASIL, 2013).

    Fundamentada em estudos realizados por vrios pesquisadores da rea da segurana do trabalho, pode-se notar que a NR-18 ainda encontra dificuldades para sua adequada implantao nos canteiros de obra no Brasil (ARAJO; MEIRA, 2002). O autor explica que essas dificuldades se devem principalmente falta de conhecimento do seu contedo e a falta de priorizao por segurana por parte das empresas. Porm as condies de trabalho nos canteiros de obras tm sofrido uma considervel melhora desde 1996. Todavia ainda h muito a melhorar, pois ainda h empresrios que acreditam, de forma equivocada, que segurana do trabalho se resume simplesmente ao uso de EPI.

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    Saurin et all (2003, p. 199) critica a preciso dos termos empregados, afirmando que palavras que podem levar a entendimentos dbios ou subjetivas so utilizadas, como por exemplo:

    a) Adequado nos itens 18.4.2.3.g e 18.4.2.11.1 e inadequado no item 18.29.5; b) construo slida no item 18.12.2; c) maneira resistente no item 18.13.11 e materiais resistentes no item 18.14.21.19.b; d) similar no item 18.4.2.10.10 e equivalente no item 28.4.2.11.4; e e) sempre que for necessrio no item 18.28.3.a.

    Ainda sob a luz do autor, a NR-18 e os RTP (Regulamentos Tcnicos de Procedimentos) no so suficientes para atender legislao em sua totalidade de necessidades, sendo defendida a elaborao de mais normas tcnicas complementarem a NR-18 pela ABNT, as quais detalhem alguns requisitos de segurana, como guarda-corpos, escadas ou telas por exemplo.

    Contudo, ainda que a NR-18 seja um avano na normalizao atual, se compar-la com normas e recomendaes de bibliografia internacional, fica evidente que ainda h muito a se fazer at que exista uma legislao completa e adequada realidade da indstria da construo no Brasil.

    2.1.2 Custos e deveres para com a segurana

    De acordo com Mucambe (1994 Apud CHIAVENATO, 2013, p.5):

    A empresa constitui o ambiente dentro do qual as pessoas trabalham e vivem a maior parte de suas vidas. Nesse contexto as pessoas do algo de si mesmas e esperam algo em troca, seja em curto seja em longo prazo. A maneira pela qual esse ambiente moldado e estruturado influencia poderosamente na qualidade de vida das pessoas. Mais do que isso, influencia o prprio comportamento e os objetivos pessoais de cada ser humano. E isso, consequentemente, afeta o funcionamento da empresa.

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    Segundo Benite (2004), a gesto das empresas no devem objetivar apenas cumprir as exigncias legais, mas com base nelas, inserir uma cultura de preveno de acidentes de trabalho, garantindo a segurana e integridade dos funcionrios, o que pode resultar no aumento de produtividade e melhoria da qualidade dos servios.

    Para entender as necessidades dos clientes internos e externos, deve-se ter no s um bom produto, antes, este deve ser produzido num bom ambiente de trabalho, possibilitar o crescimento do ser humano (trabalhadores), respeitar a legislao e o meio ambiente, possibilitando dessa forma o progresso social (vizinhos e sociedade de maneira geral). Tal afirmao demanda a reavaliao dos modelos de gesto, ou seja, as empresas que avaliam o seu desempenho, exclusivamente, com base nos seus resultados financeiros encontram-se fora do atual paradigma. (BENITE, 1993 apud PICCHI, 2004, p. 6).

    Porm, isso no significa que a gesto da empresa que est orientada para a responsabilidade social deixe de lado seus objetivos econmicos nem aos interesses de seus proprietrios e acionistas. Pelo contrrio, quando a empresa responsvel de forma social, contribui para a economia na sociedade, produzindo bens e servios e gerando empregos, apresenta retorno para os acionistas dentro das normas tica e legais da sociedade. Contudo, o grande ndice de acidentes na indstria da construo faz com que as empresas acreditem que competitividade e lucro no so tudo. Desta forma, devem demonstrar tambm responsabilidades tica e quanto segurana e sade em seus ambientes de trabalho, alm de atentar para questes ambientais (BENITE, 2004).

    As organizaes temem a hiptese de publicidade adversa, comprometendo a imagem corporativa, a perda de confiana das pessoas no processo produtivo e ainda as perdas materiais resultantes dos acidentes. (BENITE, 1998 apud WRIGHT, 2004, p.26).

    A seguir sero apresentados estudos que relacionam os quase-acidentes e os acidentes, de acordo com Benite (2004), atravs das figuras 1, 2 e 3:

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    Fonte: Henrich (1959).

    Conforme a pirmide de Henrich (1959), pode-se perceber que acidentes graves acontecem em menor frequncia que acidentes leves, os quais por sua vez ocorrem com menor frequncia que os quase acidentes.

    Figura 2 - Pirmide de Fletcher

    Fonte: Fletcher (1972).

    A pirmide Fletcher (1972), mostra o mesmo conceito que na figura anterior, porm em propores diferentes, em que acidentes graves, acidentes leves e quase acidentes ocorrem respectivamente na proporo 1:19:175.

    Figura 1- Pirmide de Henrich

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    Figura 3 - Pirmide de Bird

    Fonte: Bird (1969).

    J na pirmide de Bird (1969), h uma diviso a mais que nas demais pirmides, a chamada danos propriedade, a qual ocorre em proporo maior que leses leves no incapacitantes e leso sria ou incapacitante e menor que os quase acidentes.

    De acordo com Benite (2004), o importante no a proporo entre os eventos, e sim a identificao de que as leses srias ocorrem consideravelmente em menor frequncia do que as leses menores. Contudo, isso indica que as empresas no devem somente controlar os casos raros de eventos que resultam em danos pessoais, ou seja, no deve manter o foco somente na reduo e eliminao dos acidentes; deve tambm prestar ateno nos quase acidentes, criando um dispositivo para identificar, analisar e implementar medidas de controle.

    Ainda segundo autor supracitado, quanto preveno de acidentes, os atos inseguros e condies inseguras so de mesmo valor, devendo-se dar a mesma importncia para a remoo de ambos os tipos de causas de acidentes nas empresas.

    Tratando-se dos elevados custos devido segurana, os empresrios deviam alertar do volume de recursos que desperdiado sempre que ocorre um acidente, sendo assim um timo argumento para incentivar investimentos na rea. Segundo Hinze (1997), a justificativa de muitos construtores se d devido a alta rotatividade dos trabalhadores e o ambiente de trabalho varivel, fazendo com que haja mais probabilidade de se ter altos ndices de acidente no trabalho. (SAURIN et al, 2003).

    De acordo com Benite, (2004), os custos que englobam acidentes de trabalho esto estimados entre 5 e 10% do lucro bruto sobre as vendas de todas as empresas. J os custos referentes implantao de

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    uma medida de segurana, esto na ordem de 1,5 a 3% do custo total da obra (considerando edifcios residenciais). Portanto evidente que mais vivel para a empresa obter um custo inicial mais alto e evitar acidentes, do que arriscar a ocorrncia de um acidente, onde o custo ser bem mais elevado.

    Por fim, de acordo com Costella et al (2012), muitos acidentes poderiam ser evitados caso fosse implementadas listas de verificaes nas variadas etapas de construo (como um mecanismo de segurana), alm de aumentar o treinamento e a ateno educao de seus trabalhadores. Contudo ainda necessrio que empresrio e funcionrios estejam cientes dos problemas que podem ser causados pelo descumprimento dos processos e etapas apresentadas.

    2.2 FUNDAES

    Fundao toda estrutura designada a transmitir os esforos solicitantes da superestrutura e o peso prprio ao solo. A sua funo fazer essa transmisso de cargas sem que haja o rompimento do solo ou exageradas deformaes (recalques) do mesmo. As fundaes so classificadas, quanto sua profundidade, em rasas ou profundas. (ABEF, 1998)

    Segundo Rebello (2008), as fundaes superficiais so aquelas nas quais os esforos da construo so transmitidos ao solo diretamente pela base da fundao. Nesse grupo a profundidade mxima de dois metros. So exemplos de fundaes rasas as sapatas isoladas, sapatas corridas, radiers e os alicerces.

    Ainda segundo Rebello (2008), para profundidades superiores a dois metros, so consideradas fundaes profundas, onde so utilizadas peas chamadas estacas para a realizao da fundao. As cargas desse tipo de fundao so transmitidas ao solo principalmente por atrito lateral estaca e deve ter profundidade maior que trs metros. Tambm so caracterizadas por terem grande comprimento em relao seo transversal. As estacas podem ser classificadas quanto ao seu mtodo de execuo, podendo ser cravadas ou escavadas. So exemplos de fundaes profundas as estacas Strauss, Franki, hlice contnua, mega (prensada), mega, raiz, pr-moldada (concreto, ao e madeira), escavada com trado e tubules.

    No presente trabalho sero abordadas apenas as fundaes profundas pr-moldadas de concreto, raiz e hlice contnua. Mais frente sero expostos os mtodos executivos de cada estaca, assim como

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    suas vantagens e desvantagens e tambm uma breve considerao quanto escolha da estaca mais adequada para a obra em questo.

    2.2.2 Estacas Pr-Moldadas de Concreto

    Como uma breve apresentao das caractersticas gerais das estacas pr-moldadas, segundo a Norma Brasileira ABNT NBR 6122 (2010, p. 45), anexo D:

    As estacas pr-moldadas podem ser de concreto armado ou protendido, vibrado ou centrifugado, com qualquer forma geomtrica da seo transversal, devendo apresentar resistncia compatvel com os esforos de projeto decorrentes do transporte, manuseio, cravao e eventuais solos agressivos.

    2.2.1.1 Confeco de Estacas Pr-Moldadas de Concreto

    De acordo com Abef (1998), o concreto um dos melhores materiais de construo para a execuo de estacas, principalmente tratando-se das pr-moldadas, devido ao controle de qualidade que pode ser obtido na confeco e tambm na cravao das estacas.

    Embora seja armada, apenas para resistir seu peso prprio durante o transporte. As estacas protendidas apresentam comportamento durante a cravao melhor, alm de resistir mais aos esforos de transporte, sendo menos provvel a ocorrncia de trincas.

    Segundo Rebello (2008) e em conformidade com Abef (1998), a confeco das estacas industrial e executada atravs de moldes em frmas de metal. H duas formas de adensamento do concreto, que podem ser por centrifugao ou por vibrao, sendo a segunda a mais usada. Na centrifugao, a fora centrfuga gerada pela velocidade aproximada de 500 rpm, a qual a frma posta a girar, faz com que o concreto adense regularmente, se posicionando na face interna da frma e gerando uma seo vazada. Porm deve-se tomar cuidado com o tempo de rotao, que deve ser controlado para que os agregados do concreto no separem pura e simplesmente. Embora menos usada, esta estaca executada com melhor qualidade do que as vibradas.

    As estacas vibradas so geralmente confeccionadas com seo transversal macia quadrada (sendo bem comum tambm circular macia), enquanto as centrifugadas tem seo circular vazada. As estacas so executadas com peas de at doze metros de comprimento

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    devido limitao para transport-las. Caso seja necessrio maior comprimento de cravao de estaca, as estacas devem ser corretamente emendadas no canteiro.

    2.2.1.2 Emendas de Estacas

    H dois tipos de emendas mais comuns. So elas as emendas por luvas de encaixe e anel metlico soldado. Para cada caso especfico deve ser determinado, pelo engenheiro projetista, o encaixe mais adequado. A norma da ABNT, NBR 6122 (2010) recomenda que haja somente uma emenda do tipo luva de encaixe por estaca, desde que no haja flexo ou trao na cravao nem na utilizao da mesma. Caso algum desses requisitos no esteja em conformidade, as emendas devem ser atravs de anis soldados. (H mais restries que devem ser obedecidas para o uso de luvas de encaixe; Para maiores informaes deve-se consultar a norma referenciada)

    Tambm h a possibilidade de aproveitamento de estacas cortadas, desde que respeite as condies impostas pela norma da ABNT, NBR 6122 (2010, anexo D, p 47), que so:

    a) Corte do elemento aproveitado seja feito de modo a manter a ortogonalidade da seo em relao ao seu eixo longitudinal;

    b) Se tenha um comprimento mnimo de 2,0 m; c) Seja utilizado apenas um segmento de sobra

    por estaca; d) A sobra seja sempre o primeiro elemento a ser

    cravado.

    No caso de emenda soldada, adiciona-se a pea a ser soldada sobre a estaca j cravada. Alm dos cuidados citados anteriormente (para emenda do tipo luva) deve-se tambm garantir o assentamento no permetro dos anis de chapa das estacas. A seguir os anis (ou luvas) so limpos com escova metlica apropriada para retirar qualquer sujeira que eventualmente possa existir, como terra, leos ou graxas. Finalmente inicia-se o processo de solda, atravs de eletrodos com dimetro mximo igual a espessura da chapa, no permetro dos anis de emenda. Podem ser utilizados eletrodos da classe E 6010 ou E 7018 ou ainda conforme o especificado pelo fabricante ou no projeto. O processo de emenda ser repetido at que se atinja a nega e repique previstos no boletim.

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    Caso a emenda seja do tipo luva, basta encaixar a luva na estaca cravada e posicionar a nova pea acima, encaixando-a na outra extremidade da luva e tomando o cuidado para que fique na mesma inclinao da pea inferior e garantindo bom assentamento no eixo dos elementos.

    2.2.1.3 Execuo do Servio de Cravao

    A cravao de estacas pode ser realizada de trs formas: percusso, vibrao ou prensagem.

    Ao iniciar a execuo do servio de estaqueamento deve-se ter disposio na obra o relatrio de sondagens e o(s) projeto(s) de fundao contendo locao, caractersticas, capacidade de carga e previso de comprimento das estacas. (ABEF, 2012) Considerando que todos esses documentos esto disponveis inicia-se ento o processo de cravao das estacas.

    a) Cravao por Percusso: O primeiro passo montar o bate-estaca. Inicia-se essa etapa pela

    escolha do equipamento, que dever ser mobilizado para o local do servio de cravao. Deve-se ento montar a torre na base do bate-estaca. Em seguida o equipamento posicionado prximo ao piquete de locao do centro da estaca, de frente, deslocado sobre esteira ou rolos metlicos apoiados em madeira (dependendo do equipamento). A mquina ento nivelada (VOLPE E SANA, 2013)

    A etapa seguinte trazer a estaca para perto da torre, esse processo pode ser feito mais facilmente atravs de um guincho instalado no bate-estaca. Coloca-se a caixa de proteo da cabea da estaca. Inicia-se o iamento da estaca atravs de um cabo de ao amarrado aproximadamente a um tero da cabea da estaca, o levantamento cuidadosamente lento e gradual, deixando a estaca na posio vertical. O cabo de ao solto aps o encaixe da extremidade superior da estaca no capacete (o capacete serve para amortecer os golpes do pilo e transmitir as tenses de forma uniforme para a estaca). Coloca-se o p da estaca em cima do piquete verificando seu prumo (VOLPE E SANA, 2013).

    Inicia-se finalmente o processo de cravao da estaca pela queda de um martelo (pilo) sobre a cabea da estaca (com o peso mnimo de 1,5 tf e relao entre o peso do martelo e o peso da estaca maior ou igual a 0,7) (ABEF, 1998) A NBR 6122 (2010) alerta que o uso de martelo mais pesado, com menos altura de queda mais eficiente do que martelo leve com maior altura de queda, considerando o mesmo amortecimento.

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    Esse processo deve ser repetido quantas vezes forem necessrias at que se atinja a profundidade estimada no projeto, sem danificar a estaca. Caso a nega ocorra antes da cota prevista, deve-se consultar o engenheiro projetista para ver se a resistncia naquela profundidade ir suportar os esforos solicitantes (REBELLO, 2008).

    importante lembrar que h tambm a possibilidade de cravar as estacas com um pequeno ngulo de inclinao (de at 14) melhorando a sua capacidade de absoro de cargas horizontais. Para isso o mesmo procedimento executado, porm com a torre e a estaca inclinadas (REBELLO, 2008).

    Segundo Rebello (2008), caso seja necessria emenda na estaca, devem-se respeitar as especificaes do projeto quanto ao tipo de emenda luva ou solda. incumbido ao chefe de equipe fazer a verificao do topo da estaca j cravada. Se estiver danificado necessrio que seja recomposto e esperado o tempo de cura para que seja retomado o servio de emenda.

    Aps o trmino da cravao feito o preparo da cabea das estacas para a ancoragem no bloco. Nessa tarefa demolido o restante da estaca, acima da cota de arrasamento, assim como o topo da estaca danificada durante a cravao. Sob a Luz de Volpe e Sana (2013), esse processo deve ser efetuado com auxilio de ponteiros ou martelos leves, executando o servio com uma pequena inclinao em relao direo horizontal, como ilustrado na Figura 4. Quando o topo da estaca resultar abaixo da cota de arrasamento prevista, deve-se realizar a recomposio da estaca com concreto de resistncia igual ou superior do concreto original da estaca e, se necessrio, prolongar a armadura, para que atinja um comprimento suficiente para penetrar no bloco, com a finalidade de transmitir os esforos.

    Para finalizar o processo, so preenchidos os boletins de previso de negas e repiques e de controle da cravao de cada estaca.

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    Figura 4 - Preparo da cabea das estacas

    Fonte: Associao Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundaes e Geotecnia (2012)

    b) Cravao por Vibrao: Segundo Abef (1998), o processo de vibrao consiste em um

    martelo que possui garras com a funo de fixar a estaca, com massas excntricas. Vibraes de alta frequncia so produzidas atravs de rpidos movimentos rotacionais e transmitidos estaca. Este martelo pode ser utilizado tanto para cravao, quanto para remoo de estacas.(quando estas so de natureza provisria, por exemplo).

    Porm, devido s elevadas vibraes que este mtodo de cravao produz no solo e em obras vizinhas, torna-se invivel seu uso, tornando-o muito restrito, razo pela qual no se obtm muitos detalhes sobre o processo de cravao.

    c) Cravao por Prensagem: Segundo Abef (1998), esse processo de cravao foi .criado

    inicialmente com a ideia de atender servios de reforo de fundaes. Porm tem se tornado uma boa alternativa de fundaes normais em locais onde devem ser evitados alguns inconvenientes dos demais tipos de cravao de estacas, como barulho e vibraes principalmente.

    De acordo com Rebello (2008), a cravao por prensagem realizada com auxilio de macacos hidrulicos. Nesse processo h a necessidade de um elemento que sirva como carga de reao carga aplicada na estaca. Esse elemento pode ser uma plataforma com sobrecarga ou a prpria estrutura.

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    Uma vantagem diferencial desse mtodo de cravao a possibilidade de efetuar em toda estaca uma prova de carga de at uma vez e meia a sua capacidade, simultaneamente com a cravao. O que resulta num estaqueamento com controle de qualidade superior a outros tipos de fundaes.

    2.1.3 Estacas Hlice Contnua

    A utilizao das estacas tipo hlice contnua razoavelmente recente no Brasil, sendo usada pela primeira vez em torno de 1987. uma tcnica que tem crescido constantemente desde ento (REBELLO, 2008).

    Como caractersticas gerais podem ser apresentadas segundo a NBR 6122 (2010, p. 77):

    uma estaca de deslocamento, de concreto moldado in loco, mediante a introduo no terreno, por rotao, de um trado com caractersticas tais que ocasionem um deslocamento do solo junto ao fuste e ponta, no havendo retirada de solo. A injeo de concreto feita pelo interior do tubo central.

    2.2.1.4 Execuo de Estacas Hlice Contnua

    Ao iniciar os servios devem estar disponveis na obra alguns documentos citados pela Abef (1012, p. 228):

    a) Relatrio de sondagens; b) Desenho de locao das estacas; c) Tabela das profundidades por estaca (projeto x

    Como Construdo); d) Projeto da armadura das estacas; e) Boletins de controle de execuo; e f) Caderneta ou RDO emitido pelo projetista das

    fundaes ou consultor, e entregue ao Cliente segundo acordo entre as partes.

    O processo executivo resume-se em trs etapas: perfurao, concretagem simultaneamente com a retirada da hlice do terreno e colocao da armadura.

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    a) Perfurao: de acordo com Rebello (2008) e Abef (1998), a execuo da estaca hlice contnua se d atravs da rotao de um tubo metlico, o qual revestido por uma chama em forma de hlice espiral. dotada de dentes na sua extremidade inferior com o intuito de facilitar a escavao e penetrao no terreno.

    Segundo Abef (1998) a execuo se faz possvel devido a uma mesa rotativa instalada no topo da hlice que aplica um torque suficiente para vencer a resistncia do solo. A hlice deve ser cravada at que atinja a profundidade prevista no projeto, de forma contnua, sem a retirada da hlice do terreno, com o intuito de evitar o alivio do solo, sendo possvel por esse motivo a cravao tanto em terrenos arenosos, como em solos coesivos, podendo ser executado abaixo do nvel da gua.

    Ainda segundo Abef (1998), o tubo central protegido por um revestimento de proteo, o que evita a penetrao do solo no equipamento. Este revestimento expulso posteriormente pelo concreto quando inicia o processo de concretagem da estaca.

    b) Concretagem e Extrao da Hlice: de acordo com Velloso e Lopes (2010), ao ser atingida a profundidade desejada na cravao da estaca, dado inicio ao processo de concretagem. Este passa em sua forma fluda pela cavidade central do trado, ao mesmo tempo em que o conjunto hlice retirado vagarosamente do furo. So duas as possibilidades para o conjunto hlice ser retirado, com ou sem movimento rotacional. Outro quesito importante observado pelos autores quanto a presso sob a vazo do concreto nesta hora, para que possa preencher todos os vazios.

    O concreto levado at um pouco acima da cota de arrasamento da estaca. necessrio tomar cuidado com a estabilidade do furo caso a referida cota seja a baixo do terreno (VELLOSO e LOPES, 2010).

    c) Armadura: segundo Rebello (2008), com a concluso da concretagem, iniciada a introduo da armadura no furo, o qual est preenchido inteiramente pela massa de concreto. Esse processo pode ser feito por gravidade ou com auxilio de um pilo de pequena carga. Ainda sob o tema, segundo Abef (1998), os aos so geralmente soldados ou amarrados, compondo-se de barras grossas e estribos helicoidais. Tambm cita que a barras so afuniladas na parte inferior da armadura.

    Para estacas submetidas somente a compresso o comprimento da armao pode ter at cinco metros (REBELLO, 2008). Quando forem solicitados esforos transversais ou de trao, deve-se ter comprimento

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    maior de armao, podendo chegar at 19 m. Neste caso deve-se obter auxilio de um pilo ou vibrador (ABEF, 1998).

    Ainda sob o tema, necessrio deslizar a armadura sob espaadores do tipo pastilha ou roletes, para que a mesma fique centralizada no furo, tudo isto sob a luz de Abef (1998).

    2.1.4 Estacas Raiz

    Como caractersticas gerais, segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010, p.74):

    A estaca raiz uma estaca moldada in loco, em que a perfurao revestida integralmente, em solo, por meio de segmentos de tubos metlicos (revestimento) que vo sendo rosqueados medida que a perfurao executada. O revestimento recuperado. A estaca raiz armada em todo seu comprimento e a perfurao preenchida por uma argamassa de cimento e areia.

    De acordo com Velloso e Lopes (2010) essas estacas possuem algumas particularidades que as diferenciam das demais, sendo possvel sua utilizao em casos onde as demais no podem ser realizadas. Algumas dessas particularidades so:

    a) No produzem vibraes nem choques; b) Podem ser executadas atravs de obstculos, como peas de

    concreto e blocos de rocha; c) H possibilidade de trabalho em ambientes restritos, devido

    aos equipamentos que so, geralmente, de pequeno porte; d) Pode ser executadas tanto na vertical como em qualquer

    inclinao. e) Suportam solicitao de esforos de compresso bem como

    de trao. (Brasecol, 2013)

  • 36

    2.2.1.5 Execuo de Estacas Raiz

    Ao iniciar a obra, alguns documentos devem ser encontrados na mesma. De acordo com Abef (2012, p. 174), so estes:

    a) Relatrio de sondagens do local; b) Planta de locao com cotas de arrasamento, detalhes da armao e carga prevista para a estaca; c) Tabela das estacas com numerao, bloco, dimetro, comprimentos previsto, cota de apoio da ponta e cota de arrasamento; d) Relao dos encargos de responsabilidade do cliente (exemplo: locao, licena, seguro, etc); e) Relao dos fornecimentos de responsabilidade do cliente (exemplo: materiais, tais como cimento, areia, armao montada, etc.); e f) Boletim executivo de cada estaca, conforme modelo do anexo D; g) Caderneta ou RDO emitido pelo projetista das fundaes ou consultor e entregue ao Cliente segundo acordo entre as partes.

    O processo executivo das estacas raiz se d basicamente por quatro etapas: perfurao rotativa ou roto-percussiva com auxilio de circulao de gua, colocao da armadura, injeo de argamassa preenchendo integralmente o furo e remoo do revestimento (www.tecgeo.com.br).

    a) Perfurao: A perfurao executada, na vertical ou inclinada, por equipamento perfuratriz. utilizado normalmente o mtodo rotativo com circulao de gua, onde peas so rosqueadas (acrescentadas) medida que avanada a perfurao. introduzido um tubo de revestimento provisrio at a extremidade inferior da estaca. No caso de ser encontrado material resistente, a perfurao prosseguida atravs de uma coroa diamantada ou um martelo de fundo, por processo percussivo. O segundo caso mais comumente empregado (VELLOSO E LOPES, 2010; TEC GEO, 2013).

    b) Armadura: Aps o trmino da perfurao introduzida a armadura com guincho auxiliar da perfuratriz. A armadura pode ser

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    composta por uma nica barra ou um grupo delas, estribadas corretamente, em forma de gaiola (VELLOSO E LOPES, 2010; www.tecgeo.com.br)

    c) Injeo de argamassa: Depois de colocada a armadura, introduzido um tubo at o final do furo para injetar a argamassa. A injeo se d de baixo para cima, at que seja expulsa toda a gua de circulao do interior do tubo. A argamassa deve emergir at a superfcie do terreno de forma limpa, sem lama ou detritos, s ento interrompida a injeo (ABEF, 2012);

    d) Remoo do revestimento: Quando finalizado o processo de injeo de argamassa, inicia-se a retirada do revestimento. rosqueado um tampo metlico na extremidade de cima do revestimento, o qual ligado a um compressor que vai dando golpes de ar comprimido sob presso controlada (de 0,3Mpa a 0,5 Mpa), conforme vai efetuando a extrao do revestimento. Ao retirar cada tubo de revestimento, o nvel de argamassa deve ser observado e preenchido antes da aplicao de novo golpe de ar comprimido (ABEF, 2012; www.tecgeo.com.br). A remoo das peas ocorre rosqueando e retirando-as conforme vo sendo extradas do solo.

    2.3 OBRAS DE CONTENO

    comum em obras de fundaes haver a necessidade do uso de artifcios de conteno do macio em cortes e aterros. Segundo Abef (1998), conteno toda estrutura designada a contrapor-se a empuxos ou quaisquer tenses geradas no solo, onde houve alterao da condio de equilbrio, geralmente decorrente de escavaes, cortes ou aterros. Conforme o site da empresa Sete Engenharia (visitada em 2013), a finalidade das obras de conteno conceder estabilidade contra a ruptura do macio e evitar possveis escorregamentos causados pelo seu peso prprio ou por cargas externas.

    Em edificaes, comumente ocorre a execuo de garagens em subsolo, por exemplo, onde pode ser necessrio a execuo de conteno do macio. Essa conteno pode ser temporria ou permanente. No caso de garagens no subsolo como foi citado anteriormente, o mais comum conteno de carter provisrio, onde a prpria superestrutura, aps ser construda, vai suportar os esforos do macio.

  • 38

    As obras de conteno podem ser de variados tipos, dentre os quais podem ser citados:

    a) Muros de gravidade; b) Muros atirantados; c) Muros de flexo; d) Mistos; e) Muros de contrafortes f) Muros de gabies; e g) Crib Wall.

    No presente trabalho abordar-se- apenas a execuo dos trabalhos de tirantes.

    2.3.1 Tirantes

    Como uma breve definio de cortina atirantada, bem como de tirante, segundo (infraestruturaurbana.pini.com.br), l-se:

    Cortinas atirantadas so estruturas feitas de concreto armado que recebem a trao de tirantes para conteno de terrenos. Normalmente, os tirantes so elementos de ao compostos por cabos ou por uma monobarra. "O tirante, basicamente, um elemento metlico que introduzido no solo para transferir carga de dentro de um macio para uma parede ou outra estrutura de conteno", descreve Carlos Peo, engenheiro civil e superintendente comercial da Geosonda, empresa de servios de engenharia. A poro do tirante imersa no solo tem a sua extremidade ancorada, enquanto a extremidade externa transfere a carga do sistema para a estrutura de concreto armado.

    Sinteticamente falando, os tirantes so classificados em permanentes e provisrios. Os tirantes permanentes se incorporam a uma estrutura definitiva e devero ter ampla vida til, de acordo com o fim a que se destinam. J os tirantes provisrios so utilizados temporariamente, onde aps a construo da estrutura, esta absorve os esforos e os tirantes so desativados (www.consban.com.br, 2012 apud REVISTA TECHNE).

  • 39

    2.3.1.1 Partes componentes

    O tirante composto por trs partes principais: a cabea, o comprimento livre e o bulbo (tambm denominado comprimento ancorado). (ABEF, 1989)

    Na figura 5 a seguir so apresentadas as partes componentes de um tirante:

    Figura 5 - Partes componentes do tirante

    Fonte: Abef (2012, p. 349)

    a) Cabea: o dispositivo que suporta a estrutura, transferindo a carga do tirante para a estrutura ancorada. Existem diversas configuraes para a cabea do tirante, mas a grosso modo, composta principalmente por: placa de apoio, cunha de inclinao e bloco de ancoragem. (ABEF, 1989; ABEF, 2012)

    b) Comprimento livre: de acordo com Abef (1989), o ao deve ser protegido da calda de injeo no comprimento livre. Esse processo pode ser feito atravs de mangueira ou tubo, onde, no interior injetado calda de cimento ou outro material inerte, com objetivo de garantir a aprovao nos ensaios e tambm proteger tambm contra a corroso. importante salientar que esse processo independente do processo de

  • 40

    execuo do bulbo e da bainha. Caso o tirante seja de barra, utilizado tambm eventuais luvas de ligao do ao ao longo do trecho livre, a fim de protege-lo.

    c) Comprimento ancorado ou bulbo do projeto: o dispositivo que transmite os esforos do tirante para o macio, onde o ao envolvido por um aglutinante, geralmente o cimento Portland como calda (com a simples mistura na proporo gua/cimento = 0,5, em peso). H dois tipo de bulbo: os que resistem a compresso e os que trabalham a trao. No Brasil s o segundo caso utilizado. Neste caso, os esforos so transferidos pela calda de cimento que forma o bulbo, do trecho livre em direo a ponta mais profunda.

    Segundo Abef(1977 Apud NBR 5629, 1998, p. 606), o ao no comprimento de ancoragem deve apresentar um proteo anticorrosiva adequada. Por fim, comum empregar espaadores plsticos no ao, garantindo o envolvimento do ao por completo pela calda. Pelo furo central passada a barra de ao no caso de tirante de barra ou um tubo de injeo no caso de tirante de fios ou cordoalhas.

    2.3.1.2 Execuo de Tirantes

    Conforme Abef (2012), a sequncia executiva dos tirantes possui basicamente quatro etapas: perfurao, injeo da bainha e instalao da armao, injeo do comprimento de ancoragem e ensaio, incorporao de carga e execuo da cabea, como pode ser observado na figura 6:

  • 41

    Figura 6 - Sequncia executiva de tirantes

    Fonte: Abef (2012, p. 355).

    Para melhor entendimento ser apresentado passo a passo como deve-se proceder para a execuo de tirantes, de forma mais clara:

    a) Montagem: o incio se d com a montagem do tirante, cujo responsvel o montador, seguindo da armazenagem em local coberto e isolado do solo, protegido contra danos. A montagem inicia com o ensaio do ao realizado pelo fabricante, em seguida desenrolado os elementos de trao esticando-os ou receber as barras retilneas. Ento so cortados os materiais conforme solicitado no projeto. Deve-se realizar a proteo contra corroso. Logo a seguir so montadas as vlvulas no trecho ancorado e no trecho livre.

    b) Locao e perfurao: o primeiro passo locar os furos conforme solicitao do projeto. Deve-se ento localizar interferncias como tubulaes, estacas, galerias, etc. Inicia-se a instalao da perfuratriz em frente ao ponto a ser perfurado, com a inclinao

  • 42

    indicada. Sucede ento a perfurao do furo, no esquecendo de observar as camadas perfuradas.

    c) Injeo e instalao: nesse processo feita a instalao do tirante no furo e realizada a injeo da bainha imediatamente, controlando presso e volume de injeo. importante lembrar que a composio e o tubo de injeo devem ser lavados a cada fase.

    d) Protenso: aps a escolha do ensaio pelo consultor, inicia-se a montagem do conjunto de ancoragem em cada tirante. executado ento o ensaio referente a trao e incorporao. necessrio haver a aprovao da protenso e anlise pelo consultor. Com tudo feito, comea a injeo e posterior proteo da cabea.

    No captulo segundo foi introduzida reviso bibliogrfica sobre os assuntos segurana, fundaes e obras de conteno, pertinentes ao trabalho. A seguir, no captulo terceiro, ser apresentado o mtodo como foi feita a pesquisa do presente trabalho de concluso de curso.

  • 43

    3. MTODO DE PESQUISA

    O mtodo utilizado na presente pesquisa foi o de estudos de casos mltiplos

    Segundo Yin (2003), um estudo de caso nico deve ser conduzido quando o caso representa:

    a) Uma tese crucial da teoria existente; b) Uma circunstncia rara ou exclusiva; c) Um caso tpico ou representativo, ou quando o caso serve a um propsito; d) Revelador; e) Longitudinal.

    De acordo com Yin (2003), o estudo de caso mltiplo deve ser utilizado quando se deseja chegar a generalizaes amplas, baseadas em evidncias obtidas em estudos de caso.

    (...)Embora todos os projetos possam levar a estudos de caso bem-sucedidos, quando voc tiver escolha (e recursos), melhor preferir projetos de casos mltiplos a projetos de caso nico (YIN, 2003).

    Yin (2003) afirma que a vulnerabilidade do estudo de caso nico est na hiptese de o caso acabar no sendo o que se pensava que fosse no incio. Portanto mesmo que voc s possa realizar um estudo de caso de dois casos, as chances de se obter um bom estudo de caso so melhores se comparadas a um projeto de estudo de caso nico.

    Para o desenvolvimento da pesquisa foram percorridas as etapas apresentadas na Figura 7.

    A figura mostra um fluxograma com as etapas que foram efetuadas na pesquisa.

  • 44

    Figura 7 - Fluxograma das etapas da pesquisa

    Fonte: Elaborada pela autora (2013).

    Nos itens que seguem esto descritas como foram feitas cada etapa constante no fluxograma.

  • 45

    3.1 REVISO BILBIOGRFICA

    Os principais assuntos pesquisados para a reviso bibliogrfica foram segurana do trabalho, fundaes e obras de conteno. A segurana do trabalho, propriamente dita, que em sua maior parte foi embasada na Norma Regulamentadora, que como o nome diz, visa criar parmetros dentro do mbito nacional para com a segurana do trabalho. J a parte de fundaes e obras de conteno foram embasada principalmente no material de Velloso e Lopes (2010), Rebello (2008); Abef (1998; 2012), em sites de empresas que trabalham com esses servios e em Normas.

    3.2 ELABORAO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

    Para cumprir o objetivo geral proposto, dentro dos especficos foram utilizados check list e entrevista. A necessidade de implementao desses instrumentos de coleta fora apurada sob a luz de Saurin; Formoso (2006). Outra referncia utilizada para a elaborao dos instrumentos de coleta de dados, onde possvel encontrar diversos pontos importantes a considerar na elaborao de lista de verificao, foi Costella; Oliveira; Bau (2012).

    Na aplicao propriamente dita do check list foi utilizado uma estratgia de levantamento proposta por Saurin; Formoso, 2006, a qual permite verificar a condio de segurana apenas analisando visualmente a existncia ou no dos requisitos, sem solicitar informaes ou medies a outras pessoas, tornado assim a pesquisa um mtodo bastante objetivo. Porm considerando alguns fatores importantes, os quais necessitavam de informaes concedidas pela empresa responsvel pela execuo do servio de fundao, as mesmas foram solicitadas e os dados anotados no check list. Contudo, deve ser lembrado que as informaes obtidas no foram investigadas quanto sua veracidade, apenas aceitas como afirmativas corretas.

    3.3 CAPTAO DAS OBRAS

    O processo de captao das obras se deu de forma a obter obras que estivessem sendo executadas no perodo de coleta de dados, ou seja, aps o trmino da elaborao dos instrumentos supracitados. Como obras de fundaes so, em geral, obras de curta durao, a captao das obras no teve um parmetro a ser seguido. Apenas foram buscadas

  • 46

    obras que se encontravam na fase de execuo dos servios de fundaes profundas do tipo pr-moldada de concreto, raiz, hlice contnua e tirante.

    3.4 APLICAO DO CHECK LIST

    Nenhuma referncia bibliogrfica supracitada trata especificamente sobre o servio aqui abordado, fundaes. Portanto foram feitas adaptaes, segundo orientaes dos prprios autores, para que o check list encaixasse de forma mais adequada aos servios propostos.

    As ferramentas foram elaboradas, a princpio, a partir de Normas Regulamentadoras, conversas com profissionais da rea que atuam h bastante tempo, manual de execuo de fundaes e geotecnia da Abef (2012), e programas elaborados pelo SESI para os servios de fundao, alm claro da bibliografia j citada anteriormente. Contudo, essas ferramentas foram aprimoradas aps as primeiras visitas aos canteiros de obras, observando atentamente os processos executivos de cada tipo de estaca estudada e analisando onde poderia haver condio de insegurana ao trabalhador.

    As Normas consultadas foram:

    a) NR 6 Equipamento de Proteo Individual EPI; b) NR 7 Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional; c) NR 9 Programa de Preveno de Riscos Ambientais; d) NR 10 Segurana em Instalaes e Servios em

    Eletricidade; e) NR 18 Condies e Meio Ambiente de Trabalho na

    Indstria da Construo; f) NR 21 Trabalho a Cu Aberto; g) NR 35 Trabalho em Altura.

    As conversas com profissionais experientes na rea foram de forma informal, como uma troca de ideias. Porm contriburam bastante para a elaborao das ferramentas utilizadas na presente pesquisa, no deixando de fora alguns pontos importantes a serem observados. Contudo os resultados obtiveram uma concepo mais realista e as concluses mais especficas no servio de fundao.

    Atravs do Manual de Execuo de Fundaes e Geotecnia da Abef (2012) pode-se ter um maior conhecimento a respeito dos processos executivos dos servios de fundaes, j que na primeira

  • 47

    etapa da elaborao dos instrumentos ainda no haviam sido realizadas visitas s obras. Com este pde-se ter tambm informaes adicionais s demais bibliografias, como por exemplo os EPIs necessrios para cada servio.

    Em relao aos programas elaborados pelo SESI, citados anteriormente, foram programas criados para os servios de fundaes executados por uma empresa participadora da pesquisa. Foram consultados trs:

    a) PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais, onde l-se:

    Os resultados esperados com este trabalho a melhoria das condies ambientais e de sade dos trabalhadores, levando a empresa no apenas ao atendimento dos requisitos legais, mas tambm, a melhoria da qualidade de vida dos seus colaboradores, atravs da antecipao, reconhecimento, caracterizao e monitoramento dos perigos e fatores de riscos relacionados atividade laboral (...). (SESI, 2012, p. 03)

    b) PCMSO Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional, cujos objetivos so:

    - Atender aos interesses da Sade dos Trabalhadores vinculados Empresa, a partir da aplicao de Mtodos de Estudo Epidemiolgicos e Prevencionistas; - Indicar medidas e aes para proteger a sade dos trabalhadores, diante dos riscos ambientais aos quais se submetem, devido atividade laborativa; (...) - Dever ter carter de preveno, rastreamento e diagnstico precoce dos agravos sade relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclnica, alm de constatao da existncia de casos de doenas profissionais ou danos irreversveis sade dos trabalhadores.

  • 48

    c) LTCAT Laudo Tcnico de Condies Ambientais. Nestes continham, onde se encontra como objetivos:

    Classificar as atividades com relao insalubridade, periculosidade e aposentadoria especial, atendendo os parmetros das Normas Vigentes, atravs da quantificao e qualificao dos riscos fsicos, qumicos e biolgicos existentes na empresa e que possam causar danos sade do trabalhador. Sempre que houver modificaes nas condies de trabalho, o levantamento dever ser refeito (...)

    Para cada questo do check list haviam trs opes de respostas: sim, no e no se aplica. Observando que para itens de uso individual e de responsabilidade do operrio (no descartando a corresponsabilidade da empresa) foi atribudo o fator cinquenta por cento mais um para resposta positiva.

    As questes que fizeram parte do check list foram classificadas em trs parmetros: estrutura fsica, pessoal e tcnica.

    A primeira trata-se da estrutura fsica do canteiro de obra destinada ao trabalhador. Se havia reas de instalaes hidro-sanitrias, local para refeies, rea de lazer, vestirios, dentre outros.

    No item pessoal so verificados os equipamentos de proteo individual e coletiva, treinamentos para as tarefas que sero executadas, limpeza e ordem do canteiro, transporte, etc.

    J a rea tcnica referencia a parte de equipamentos, acessrios e as responsabilidades do corpo tcnico, como verificao e substituio do cabo de ao do bate estacas quando necessrio, manuteno das mquinas sempre entre o fim de uma obra e o incio de outra, aterramento do equipamento e/ou acessrio utilizado, anlise quanto existncia de cabos subterrneos de energia eltrica ou tubos de gua, dentre outros.

    Cada classe recebeu uma pontuao diferenciada, de acordo com o que foi considerado mais perigoso/insalubre para a segurana do trabalhador. Questes que poderiam por em risco a vida do trabalhador tinham pontuao mais alta. Aquela cuja ausncia causariam um impacto um pouco menor, receberam uma pontuao mais baixa. Lembrando que ainda assim so importantes e constam nas recomendaes das Normas Regulamentadoras e demais bibliografias sobre segurana do trabalho.

  • 49

    Para melhor entendimento, os Quadros 1, 2 e 3 a seguir apresentam a primeira e ltima questo de cada classe descrita acima, j que o check list completo ficou bastante extenso, englobando 137 itens de verificaes. O check list completo pode ser encontrado no Apndice A.

    Quadro 1 - Check list quanto estrutura fsica Estrutura Fsica

    Item Lista de verificao SIM NO N.S.A. 1 O item 1 dever ser preenchido caso as

    instalaes sejam mveis (como contineres). Caso contrrio pule para o item 2.

    ...

    10 Possui tapume com identificao da(s) empresa(s)?

    Fonte: Elaborado pela autora, 2013.

    Quadro 2 - Check list quanto estrutura pessoal Estrutura Pessoal

    Item Lista de verificao SIM NO N.S.A. 11 O canteiro de obra se apresenta organizado,

    limpo e desimpedido?

    ...

    17 Se os trabalhos realizados so em regies pantanosas ou alagadias, h medidas de profilaxia e endemias?

    Fonte: Elaborado pela autora, 2013.

    Quadro 3 - Check list quanto estrutura tcnica Estrutura Tcnica

    Item Lista de verificao SIM NO N.S.A. 18.1 O responsvel tcnico legalmente

    habilitado?

    ...

    33 A hlice estava devidamente limpa? (sem acmulo de solo)

    Fonte: Elaborado pela autora, 2013.

  • 50

    importante salientar que as perguntas foram elaboradas de forma que a resposta favorvel deveria ser sim, onde pontuaria positivamente para nota final da obra.

    A nota final foi feita a partir da mdia obtida com os dados do check list. Como dito anteriormente, cada classe recebeu uma pontuao diferente, onde foi determinada, pela autora, para a Estrutura Fsica 30% da nota total, para a Estrutura Pessoal 30% tambm e para a Estrutura Tcnica 40%. Considerando que o risco que a ltima pode causar ao trabalhador superior s duas primeiras.

    Com o check list pronto foram efetuadas visitas obras e consequentemente aperfeioados alguns itens da lista. queles que no se aplicavam de nenhuma forma nos servios de fundaes foram retirados e substitudos por itens que no estavam inclusos e que foram considerados importantes para uma verificao mais real e especfica.

    Aps essa etapa ento, foram realizadas as demais visitas s obras, totalizando 12 obras e preenchido o check list para cada uma de forma uniforme, ou seja, de forma igual para todas as obras.

    O procedimento era geralmente realizado na mesma sequncia: preenchimento do check list e em seguida aplicao da entrevista com um ou mais trabalhador(es).

    3.5 ENTREVISTA COM OS OPERRIOS

    Para a realizao da entrevista, a princpio, a ideia era utilizar um gravador para absorver melhor todas as informaes obtidas durante a conversa com o trabalhador. Porm foi identificado um certo desconforto por parte dos operrios para responder s questes. Por tal motivo, optou-se pelo no uso do gravador, considerando que ele ficaria ainda mais desconfortvel com a presena do mesmo, podendo atrapalhar a pesquisa. Logo, a entrevista era feita apenas com papel e caneta, anotando rapidamente tudo que era relatado e cuidando para no deixar nenhuma informao se perder. Ao incio, era deixado claro que a pesquisa no continha vnculo com a empresa empregadora e que serviam de pesquisa para um trabalho de faculdade, garantindo que as respostas no causariam dano algum em seus empregos e salrios.

    Nem sempre as questes eram interpretadas de forma correta e alguns operrios respondiam de forma concisa e sem dar muita importncia. Tambm foram ouvidas inmeras vezes a resposta: ah, no sei.... Havia a tentativa de arrancar uma resposta, mas muitas vezes o operrio realmente no queria responder, ento, devido tica,

  • 51

    no eram forados. Logo nem todas as questes foram respondidas por todos os entrevistados.

    A entrevista inicialmente era pr-estruturada com algumas perguntas que foram reduzidas a partir de parmetros de observao quanto importncia das perguntas, considerando que o trabalhador em geral no se sentia a vontade com um questionrio extenso, levando em considerao o ponto de vista do mesmo.

    Por fim, observando os parmetros acima mencionados, a estruturao da entrevista resultou na descrita a seguir, observando que utilizava-se uma linguagem bastante simplificada:

    a) Voc j presenciou algum acidente de trabalho durante a etapa de fundao?

    b) Porque/como ocorreu o mesmo? c) Qual parte do servio voc considera mais perigosa? d) Se voc fosse treinar algum para realizar sua funo, quais

    seriam as suas recomendaes quanto segurana? e) Voc sente algum tipo de dor ao final do expediente de

    trabalho? f) O que poderia ser melhorado na forma de executar suas tarefas?

    Para toda obra visitada foi aplicado o questionrio. Com o intuito de se abranger um maior nmero de tarefas especficas dos trabalhos em fundao, foram entrevistados operrios de variadas funes; desde operadores de mquina at serventes e auxiliares em geral.

    3.6 CARACTERIZAO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DA PESQUISA

    Para a realizao da pesquisa foram selecionadas trs empresas de fundaes com sede localizada na cidade de Florianpolis, estado de Santa Catarina. Sero aqui denominadas de Empresa A, Empresa B e Empresa C a fim de manter o sigilo quanto identidade das mesmas.

    Empresa A

    A empresa foi fundada em 1972. pioneira em estaca raiz no estado de Santa Catarina (atua nesse setor desde 2001).

    A Empresa A trabalha com a execuo dos servios dispostos a seguir:

  • 52

    a) Estaca raiz; b) Cravao de estacas pr-moldadas de concreto, perfis

    metlicos e trilhos; c) Tirantes; d) Grampos; e) Sondagem a percusso tipo SPT; f) Sondagem rotativa.

    Atualmente a Empresa A trabalha com obras, localizadas em sua grande maioria na regio Sul do Brasil, porm havendo obras tambm em demais estados do Pas.

    Empresa B

    A Empresa B atua h 25 anos no mercado de fundaes. Os servios executados por essa empresa pode ser encontrado na

    relao a seguir:

    a) Hlice Contnua; b) Estacas pr-moldadas de concreto; c) Estacas metlicas; d) Reforo de fundao; e) Projetos de estaqueamento.

    Atualmente a Empresa B executa obras localizadas em sua grande maioria nas regies Sul e Sudeste do Brasil, porm presta servios tambm para demais regies do Pas.

    Empresa C

    A empresa C pioneira em Florianpolis em execuo de fundaes do tipo Hlice Contnua Monitorada. A empresa estende sua atuao para toda a regio Sul e territrio nacional. Esta empresa executa apenas um tipo de fundao:

    a) Estaca hlice contnua.

    Atualmente a Empresa C trabalha com obras estendendo sua atuao para toda a regio Sul e territrio nacional.

  • 53

    3.7

    CA

    RAC

    TERIZA

    O D

    AS

    OBRA

    S V

    ISITAD

    AS

    PARA

    REA

    LIZAO

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    PESQU

    ISA

    Os servio

    s d

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    a

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    As p

    rincip

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    uad

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    seguir

    .

    Qu

    adro

    4

    Caracterizao

    das

    obras

    Fo

    nte: Elab

    orad

    o p

    ela auto

    ra (2013)

    Obra

    01

    02

    03

    04

    05

    06

    07

    08

    09

    10

    11

    12

    Local

    Itaja

    Itaja Baln.

    Cambori

    Baln. Cambori

    Camboriu

    Biguau

    So Jos

    Florianpolis

    Palhoa

    So Jos

    Florianpolis

    Florianpolis

    Tipo Obra

    Residencial

    Residencial

    Residencial

    Residencial

    Residencial

    Pavilho

    Residencial

    Multiuso

    Residencial

    Residencial

    Residencial

    Comercial

    Tipo Estaca

    Raiz

    Tirante

    Raiz

    Tirante

    Raiz

    Raiz

    Pr-moldada

    Raiz

    Hlice Contnua

    Hlice Contnua

    Pr-moldada

    Hlice Contnua

    Prof. (m)

    3,6 a 8,5

    14 a 21

    9,0

    11,5

    6 a 7

    4 a 9

    10 a 22

    30

    14

    22

    10

    12

    Dim. (cm)

    40 / 31

    -

    40 / 45

    -

    31 / 40

    20 / 31

    16 a 26

    31 / 40

    31

    80

    18 a 26

    50

  • 54

    Um item que no entrou na caracterizao e por fim foi notvel sua influncia na organizao do canteiro se este era de carter geminado com outras obras ou de uma obra nica, pois obras com essa particularidade geralmente apresentam os servios de fundaes e movimentao de terra ocorrendo em paralelo ao desenvolvimento e execuo das instalaes provisrias.

  • 55

    4. APRESENTAO DOS RESULTADOS E INDICAES QUANTO SEGURANA NA EXECUO DE FUNDAES

    Neste captulo sero apresentados os resultados obtidos com a pesquisa. A apresentao dos mesmos se dar nos quadros de 5 a 8 e tabela 1, de forma sinttica, onde constam as principais informaes obtidas atravs de entrevistas aos operrios e uma tabela com a nota final do checklist por estrutura e por obra.

    As entrevistas completas podem ser encontradas no Apndice B. O primeiro quadro resumo sobre estacas pr-moldadas de

    concreto, realizada nas obras 7 (empresa A) e 11 (empresa B), onde os entrevistados foram:

    a) Um operador da mquina da obra 07 (respostas a), isoladamente, ou seja, a entrevista foi realizada somente com ele;

    b) Um operador e dois ajudantes da obra 11 (respostas b).

    Quadro 5 Entrevistas aos trabalhadores das estacas pr-moldadas de concreto nas obras 07 e 11

    Pr-moldada de concreto Voc j presenciou algum acidente de trabalho durante a etapa de fundao?

    a) No vi nada de grave. Acidente acontece s quando o pessoal descuidado. Quando o cabo esta velho j aviso l e mando trocar. Os meninos tm que cuidar pra no ficar passando to perto do bate-estaca quando eu to operando.

    Qual parte do servio voc considera mais perigoso?

    a) O cabo pode arrebentar e mesmo que tenha capacete, pode bater no ombro ou em outra parte do corpo e pode machucar. E tambm durante a cravao que se a estaca estiver falhada pode quebrar e voar pedaos, machucando algum; b) Durante a cravao mesmo. A estaca pode quebrar e voar pedao. Pod