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FACULDADE DE BELÉM- FABEL CURSO DE TURISMO
LAISSE LIMA PALHETA
O GUIA DE TRILHAS ECOLÓGICAS DO PARQUE ESTADUAL DO
UTINGA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA VALORIZAR A EXPERIÊNCIA
DA VISITAÇÃO.
Belém-Pará 2011
1
FACULDADE DE BELÉM – FABEL
CURSO DE TURISMO
LAISSE LIMA PALHETA
O GUIA DE TRILHAS ECOLÓGICAS DO PARQUE ESTADUAL DO
UTINGA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA VALORIZAR A EXPERIÊNCIA
DA VISITAÇÃO.
Monografia apresentada à Faculdade de Belém
– FABEL, como requisito para a obtenção do
Título de Bacharel em Turismo.
Orientadora: Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues de Almeida
Belém – PA
2011
2
BANCA EXAMINADORA
Conceito: Excelente
____________________________________
Profa. Especialista Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues de Almeida
SEMA/PA - Orientadora
____________________________________
Profa. Dra. Mirleide Chaar Bahia
UFPA – Examinadora 1
____________________________________
Profo. MSc. Cleber Beleza Soares
Instituição: FABEL – Examinadora 2
3
AGRADECIMENTOS
Á Deus, por ter me sustentado em suas mãos para que eu não tropeçasse em
meio ás adversidades da vida.
Aos meus pais Daniel Ferreira da Silva e Roseane do Socorro Silva Lima, que
me ensinaram que, “Para ser grande é preciso ser persistente e principalmente
forte”. E com inteira dedicação, muitas vezes deixaram de lado os seus sonhos para
acreditar nos meus. Vocês são os responsáveis por essa conquista, e pela pessoa
que eu me tornei, devo muito a vocês. Obrigada pela confiança e pelo amor em mim
depositados. Aos minhas queridas irmãs Larissa e Ludi que são uma das razões
para que eu não desistisse deste sonho. Eu os amo muito.
Aos meus amigos por compartilharem ao meu lado os momentos de alegria e
momentos difíceis. Entre choros e risos apoiaram e incentivara-me acreditando em
meu potencial. Obrigada por vocês existirem na minha vida. Amo todos!
À minha querida orientadora e amiga Prof. Esp. Maria do P. Socorro R. de
Almeida, por ser um exemplo de pessoa e profissional, que mesmo longe se propôs
a me orientar com todo carinho e incentivo, tornando possível a conclusão desta
graduação.
Á todos os professores do curso de turismo da FABEL, que foram tão
importantes na minha vida acadêmica. Em especial à paciente Prof. MSc. Clara
Mont‟Alverne, pelo apoio, pela compreensão com os seus co-orientandos.
Á Professora Profª. Dra. Mirleide Chaa Bahia da UFPA, que mesmo com seus
compromissos, me orientou com todo carinho e atenção. Ao meu querido ProfºMsc.
Ivaldo Silva pelo incentivo e carinho durante a graduação.
Áos Técnicos e Colaboradores da DIAP/PEUt que se dispuseram a ajudar
antes e durante a pesquisa, em especial ao senhor Vica e ao senhor Chico por
compartilharem comigo suas vastas experiências sobre nossa maravilhosa Floresta.
Aos Policias Ambientais que colaboraram com essa pesquisa, em especial
Subtenente Rocha, por partilhar suas vivências durante esses longos anos de
trabalho no BPA e também pelo apoio, carinho e a amizade construídas durante o
estágio na SEMA/PEUt. Á vocês fica o meu respeito e a minha admiração. Enfim á
todas as pessoas que me apoiaram, não poderia deixar de expressar à minha
imensa gratidão. Muito obrigada!
4
“A trilha pode ser curta ou longa, leve ou pesada, Mas sempre com curvas e sobe e desces...É uma aventura de prazeres e pesares. Não se pode parar...” (Elisaguelfi)
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RESUMO
Com a intensidade das atividades humanas e as amplas questões relacionadas ao meio ambiente, nota-se uma crescente procura por áreas naturais, as quais disponibilizam diversas atividades que proporcionam a interação do ser humano com a natureza. Dentre estas, destacam-se as trilhas ecológicas, uma das opções recreativas mais procuradas nessas áreas. Esta pesquisa tem por objetivo propor o levantamento e a sistematização das trilhas ecológicas do Parque Estadual do Utinga - PEUt, com fins de confeccionar um guia de trilhas, a partir de todo o sistema de trilhas ecológicas disponibilizado para visitação no PEUt. O Parque é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral e se localiza na Área de Proteção Ambiental da Região Metropolitana de Belém (APA de RMB), no Estado Pará, com aproximadamente 1.340 hectares. Foi criado para conservar e proteger seus recursos naturais e, principalmente, os dois mananciais denominados de Bolonha e Água Preta, os quais abastecem a cidade de Belém. A metodologia deste estudo tem cunho qualitativo, sendo utilizada a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo onde, por meio de um diagnóstico, se verificou necessidades e dificuldades da estrutura de trilhas do PEUt, considerando o uso atual. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados de campo foi o GPS, a trena analógica e a máquina fotográfica, com a realização do mapeamento e do levantamento de informações significativas sobre as trilhas, classificando-as quanto à função, à forma, o nível técnico, a orientação, à distância percorrida, a duração e o público-alvo. Como resultado, se propõem adequar e melhorar o percurso das trilhas, a fim de proporcionar uma maior diversidade de atrativos para os diferentes públicos que frequentam o Parque, para que os mesmos disponham de uma visitação de qualidade, levando em consideração principalmente o seu caráter turístico, sem desprezar as considerações multidisciplinares e, por meio deste estudo, contribuir para o ordenamento da visitação nesta Unidade de Conservação.
Palavras-chave: Trilhas Ecológicas; Unidades de Conservação; Visitação; Parque Estadual do Utinga.
6
ABSTRACT
With the intensity of human activities and the broad issues related to the environment, there is an increasing demand for natural areas, which provide various activities that offer a human interaction with nature. Among these, there are the ecological tracks, one of the most popular recreational options in these areas. This research aims to propose a survey and systematization of the ecological tracks of Utinga State Park - Peut, for purposes of making a guide track, from the whole system of the ecological tracks available to visitors in Peut. The Park is a Conservation Unit of Integral Protection and is located in the Environmental Protection Area of the Metropolitan Region of Belém (APA RMB) in State of Pará, with approximately 1,340 hectares. It was created to conserve and protect natural resources and especially the two springs called Bolonha and Água Preta, which supplies the city of Belém. The methodology of this study is qualitative character, using bibliographical research and field work that through a diagnosis it was realized the needs and difficulties of the structure of tracks in Peut, considering the current use. The instruments used to collect field data were GPS, analog tape and camera, with the completion of the survey and mapping of significant information about the tracks, classifying them in terms of function, form, the technical level, orientation, distance traveled, duration and target public. As a result, they propose to adapt and improve the route of the tracks in order to provide greater diversity of attractions for different publics who visit the Park, so that they have a visitation of quality, especially taking in account its tourist character as well as the multidisciplinary consideration through this study, contributing to the visitation order in this conservation area.
Key words: Ecological Tracks, Conservation Units; Visitation; Utinga State Park.
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Categoria de Manejo nas Áreas Protegidas estabelecidas pela IUCN
(1992)......................................................................................................... 33
Tabela 2- Conceitos e suas Definições das Unidades de Conservação.................... 35
Tabela 3 - Categorias de Unidades de Conservação de Proteção Integral................ 38
Tabela 4- Categorias das Unidades de Uso Sustentável........................................... 40
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Apreensão da policia federal, em uma operação contra á caça
predatória ......................................................................................................................... 29
Figura 2- Gaiola com aves apreendidas pelo IBAMA ..................................................... 29
Figura 3- Transporte de madeira ilegal no Municipio de Novo Repartimento
no Pará .............................................................................................................................. 31
Figura 4- Desmatamento e extração de Castanheiras no Municipio de Novo
Repartimento .................................................................................................................. 31
Figura 5- Tabela das Unidades de Conservação do Estado do Pará ..................... 42
Figura 6- Demarcação da área da APA Belém e do PEUt ........................................... 47
Figura 7- Policiais do Batalhão de Polícia Ambiental em apreensão de
materiais de pesca proibida no lago Água Preta .......................................... 52
Figura 8- Visitação no ETA (Estação de Tratamento de Água) ................................. 58
Figura 9- Teatro de fantoches da COSANPA ..................................................................... 58
Figura 10- Atividades nas Trilhas ................................................................................................ 59
Figura 11 - Trilha Circular ................................................................................................................. 61
Figura 12 - Trilha em Oito ................................................................................................................. 61
Figura 13 - Trilha Linear .................................................................................................................... 62
Figura 14- Trilha em Atalho ............................................................................................................ 62
Figura 15- Visão geral do Sistema de trilhas ......................................................................... 65
Figura 16 - Macaco-de-cheiro (Saimiri Scireus) .................................................................... 66
Figura 17- Mapa da Trilha do Macaco ...................................................................................... 67
Figura 18- Entrada da Trilha do Macaco .................................................................................. 68
Figura 19- Diálogo com escolas na entrada da trilha......................................................... 68
Figura 20- Trilha de cadeirantes - Parque do Mindu – Manaus – AM ....................... 70
Figura 21- Amapazeiro (Parahancornia Amapá).................................................................. 70
Figura 22- Mapa da Trilha do Amapá ........................................................................................ 71
Figura 23- Primeira Clareira ........................................................................................................... 73
Figura24- Trilha do Amapá em processo de recuperação ............................................. 74
Figura 25 - Castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) ........................................................... 74
Figura 26 - Nova entrada da Trilha da Castanheira ............................................................. 75
Figura 27 - Canal de interligação entre os lagos Água Preta e Bolonha ................... 76
Figura 28- Mapa da Trilha da Castanheira - Trajeto original de caminhada
9
sobre o canal .................................................................................................................. 77
Figura 29- Mapa da Trilha da Castanheira - Segundo trajeto com desvio .............. 78
Figura 30- Escada de acesso ao centro de Revegetação ............................................... 80
Figura 31 - Igarapé da Mariana no PEUt .................................................................................. 81
Figura 32 - Mapa da Trilha da Mariana ...................................................................................... 82
Figura 33- Predominância da vegetação na trilha ............................................................... 83
Figura 34- Resíduos encontrados no percurso na Trilha ................................................. 83
Figura 35- Aclive na Trilha da Mariana ..................................................................................... 87
Figura 36 - Bacurizeiro ou (Platonia insignis) ......................................................................... 87
Figura 37- Mapa da Trilha do Bacuri .......................................................................................... 88
Figura 38 - Poço de concreto encontrado no percurso da Trilha .................................. 90
Figura 39 - Acapú (Vouacapoua americana) .......................................................................... 91
Figura 40- Mapa da Trilha do Acapú .......................................................................................... 92
Figura 41- Entrada da trilha do Acapú ...................................................................................... 95
Figura 42 - Lago Bolonha ................................................................................................................. 95
Figura 43 - Trilha do Bolonha - Primeira trajetória ................................................................ 96
Figura 44 - Mapa da Trilha do Bolonha - Percurso atual ................................................... 97
Figura 45- Lago Água Preta ........................................................................................................... 100
Figura 46 - Mapa Trilha Água Preta ............................................................................................ 101
Figuras 47 - Espécies florísticas do PEUt ................................................................................... 102
Figura 48- Área desmatada em recuperação ........................................................................ 103
Figura 49- Conservação do solo .................................................................................................. 104
Figura 50- Ponto para a contemplação do Lago Água Preta ......................................... 105
Figura 51 - Área alagada no percurso da trilha ...................................................................... 103
Figura 52- Paxiúba (Socrateaexorrhiza) .................................................................................. 106
Figura 53 - Mapa da Trilha da Paxiúba ...................................................................................... 107
Figura 54 - Canal de drenagem do Bolonha ............................................................................ 108
Figura 55 - Mapa Trilha na Água/canal ...................................................................................... 109
Figura 56- Descida no paredão .................................................................................................... 110
Figura 57- Trilha na Água com acompanhamento do BPA ............................................. 111
Figura 58- Tauarí (Couratari guianensis) ................................................................................. 111
Figura 59 - Mapa da Trilha do Tauarí ......................................................................................... 112
Figura 60 - Faveira (Parkiamultijuga) .......................................................................................... 113
10
Figura 61 - Mapa da Trilha da Faveira............................................................... 114
11
LISTAS DE SIGLAS
APA- Área de Proteção Ambiental.
ARIE- Área de Relevante Interesse Ecológico.
BPA- Batalhão de Policia Ambiental. CIPOMA- Companhia Independente de Polícia de Meio
Ambiente. CMBH- Conjunto de Moto Bombas Horizontais.
COSANPA- Companhia de Saneamento do Pará.
CUC- Coordenadoria de Unidades de Conservação.
DIAP- Diretoria de Áreas Protegidas.
ETA- Estação de Tratamento
Água. ESEC- Estação Ecológica.
FLONA- Floresta Nacional. GPS- Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System).
IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
IDEP- Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social E Ambiental do Pará. IUCN ou UICN- União Internacional para a Conservação da Natureza e dos
Recursos Naturais. MMA- Ministério de Meio Ambiente.
MN- Monumento Natural.
Mtur- Ministério do Turismo.
OMT- Organização Mundial de Turismo.
PARNA- Parque Nacional.
PAB- Parque Ambiental de Belém.
PEUt- Parque Estadual do Utinga. .
PIB – Produto Interno Bruto.
REBIO-Reserva Biológica.
RDS- Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
RESEX- Reserva Extrativista. REFAU- Reserva de Fauna.
RVS- Refúgio de Vida Silvestre.
RPPN- Reserva Particular do Patrimônio Natural
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 15
I CAPITULO .................................................................................................................................. 18
1- TURISMO NO MUNDO E NO BRASIL...................................................................... 18
1.1- Conceituações de Turismo ........................................................................................... 19
II CAPITULO................................................................................................................................. 23
2 - TURISMO NA NATUREZA ............................................................................................ 23
2.1 - Turismo Verde ................................................................................................................... 24
2.2- Legislação Ambiental ...................................................................................................... 26
2.2.1 -Crimes Contra a Natureza ........................................................................................ 27
2.2.2- - Unidades de Conservação da Natureza ......................................................... 32
2.2.2.1-UC‟s de Proteção Integral ...................................................................................... 37
2.2.2.2- UC‟s de Uso Sustentável ...................................................................................... 39
2.2.3 - Unidades de Conservação do Estado do Pará ............................................. 41
III CAPITULO ............................................................................................................................... 46
3– TRAJETORIA METODOLOGICA ............................................................................... 46
3.1 - Descrição da área de estudo: O Parque Estadual do Utinga .................... 46
3.2 - Constituição Histórico-social da Área de Estudo ............................................. 48
3.3- Tipo de Estudo ................................................................................................................... 49
3.4 - Procedimentos e Instrumentos para coleta de dados .................................... 50
CAPITULO IV ............................................................................................................................... 51
4 - O USO PÚBLICO DO PEUt E A CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA
DE TRILHAS ................................................................................................................................ 51
4.1 - O Sistema de Proteção do PEUt .............................................................................. 51
4.1.1- Batalhão de Polícia Ambiental ................................................................................ 51
4.2 - Normas do PEUt .............................................................................................................. 53
4.3- Visitação ................................................................................................................................ 56
4.4 - O Sistema de Trilhas...................................................................................................... 59
4.4.1 - Trilha do Macaco ......................................................................................................... 66
4.4.2- Trilha do Amapá ............................................................................................................ 70
4.4.3- Trilha da Castanheira .................................................................................................. 74
4.4.4 - Trilha da Mariana ......................................................................................................... 81
13
4.4.5 - Trilha do Bacuri ........................................................................................................... 87
4.4.6 - Trilha do Acapú ............................................................................................................. 91
4.4.7 - Trilha do Bolonha ......................................................................................................... 95
4.4.8- Trilha Água Preta .......................................................................................................... 100
4.4.9 - Trilha da Paxiúba ......................................................................................................... 106
4.4.10- Trilha na Água/Canal ................................................................................................ 108
4.4.11- Trilha do Taurí (para PNEs) .................................................................................. 111
4.4.12- Trilha da Favera .......................................................................................................... 113
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 116
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 118
ANEXOS ......................................................................................................................................... 121
INTRODUÇÃO
14
O Turismo é uma atividade econômica que tem contribuído com o
desenvolvimento de muitos países e vem se ampliando nos mais diferentes
ambientes devido ao grande deslocamento de pessoas pelo mundo.
No Brasil existe uma grande diversidade de paisagens e espaços que o
território pode oferecer para os turistas. Porém mesmo em virtude de seu potencial
para a dinamização do turismo, a atividade ainda caminha em passos lentos.
Por outro lado, há uma crescente procura por ambientes naturais, por parte dos
turistas, surgindo uma nova tendência, o Turismo de Natureza, o qual tem sido
buscado pela aproximação do ser humano com a natureza, pois com o crescimento
ostensivo das cidades, a intensificação da urbanização e os problemas resultantes
da degradação ambiental, estes de alguma forma, acabam interferindo na qualidade
de vida da sociedade. Nesse sentido, muitos estudos estão sendo feitos, de forma
geral, para transformar esta situação.
A partir desse panorama, considera-se importante um estudo sobre essas
áreas naturais, dando atenção especial à região Amazônica especificamente, ao
Estado do Pará, onde está situado o Parque Estadual do Utinga, uma área ambiental
com um valor significativo para o desenvolvimento da cidade de Belém.
Esta pesquisa implica em confeccionar um guia de trilhas, tendo como seu
objeto de estudo todo o sistema de trilhas ecológicas disponibilizado para a visitação
do Parque Estadual do Utinga – PEUt, apresentando por objetivo principal propor o
levantamento e a sistematização das trilhas ecológicas do PEUt, em forma de um
guia de trilhas onde, por meio de um diagnóstico, se propõe a verificar as
necessidades e dificuldades que o local enfrenta, considerando-se o seu uso atual.
Com um mapeamento inicial, é realizada a classificação das trilhas quanto à
função, a forma, o nível técnico, a duração, a distância percorrida e o público alvo.
Mediante o que se propõe, surgiu a ideia de adequar e melhorar o percurso das
mesmas, para proporcionar uma maior diversidade de atrativos aos diferentes
públicos que frequentam o Parque, entre escolas e turistas, para que os mesmos
possam dispor de uma visitação de qualidade, levando em consideração,
principalmente, o seu caráter turístico, sem desprezar as considerações
multidisciplinares.
A metodologia aplicada foi realizada em duas etapas, por meio de buscas
bibliográficas e de pesquisa de campo, constituindo-se as referências bibliográficas,
15
a partir de autores que discutem os assuntos abordados, através de pesquisa em
web sites, monografias, etc. Na pesquisa de campo foi inventariado o sistema de
trilhas do PEUt, com o uso de recursos como o GPS (Global Position Sistem), a
trena e a bússola. Desta forma, foi realizado o mapeamento, a coleta de dados e as
análises de possíveis pontos para o uso da interpretação ambiental.
Este estudo vem ao encontro de anseios da pesquisadora, no decorrer da
experiência vivenciada dentro do Parque e nas atividades em trilhas ecológicas,
onde tal experiência contribuiu para o aprendizado e a reflexão acerca das questões
sociais e ambientais que envolvem as Unidades de Conservação e, principalmente,
o Uso Público das trilhas ecológicas do Parque do Utinga, surgindo assim a ideia de
se confeccionar o guia.
A relevância social do estudo é de que seja possível melhorar a qualidade da
visitação para que, por meio deste guia, se possa utilizar as trilhas do PEUt como
um instrumento de sensibilização e reflexão ambiental e turística, para estimular a
preservação e conservação da área, tendo em vista a importância dessa área verde
para a cidade de Belém e para toda a Região Metropolitana.
Com isso, esta pesquisa pretende servir de subsídio para outros estudos
relacionados ao Turismo de Natureza, e também a fim de contribuir para o
planejamento e o desenvolvimento deste segmento do Turismo na cidade de Belém.
No primeiro capítulo deste estudo será ressaltado o quanto essa atividade
turística vem contribuindo para a economia mundial e nacional, sendo uma
ferramenta necessária e de importante influência para a difusão do Turismo,
destacando-se conceituações, por meio dos contextos evolutivos da sociedade,
desde sua origem nas antigas civilizações, até após a Segunda Guerra mundial,
onde a atividade turística teve sua expansão pelo mundo, por intermédio do inglês
Thomas Cook, com a organização da primeira viagem intermunicipal. Com isso
surgiram então disparidades de definições de diversos autores para explicar o termo
“turismo” e quais os tipos de turismo que existem na atualidade, assim como seus
segmentos.
Posteriormente, será descrito no segundo capítulo, sobre um dos segmentos
do Turismo que mais cresce no mundo inteiro, o Turismo de Natureza, uma
modalidade que surgiu por conta de uma crise ocasionada pela escassez dos
recursos naturais, com a finalidade de buscar a formação da conscientização
16
ambiental da sociedade, por meio das atividades turísticas que se utilizam dos
patrimônios naturais de maneira sustentável, incentivando a conservação de áreas
verdes, proporcionando atividades de lazer e recreação para as comunidades
envolvidas, onde estas assumem um papel de suma importância para amenizar a
ação antrópica junto aos ecossistemas. Com isso surgiram as legislações
ambientais, onde se expõe suas disposições e ações para controlar a ação do ser
humano e os crimes contra a natureza.
Também serão apontadas as áreas aonde podem acontecer as atividades de
Turismo de Natureza, geralmente realizadas em Unidades de Conservação (UC‟s),
que são áreas protegidas criadas a partir da lei do SNUC (Sistema Nacional de
Unidades de Conservação), sistema este que visa a conservação e a proteção das
áreas naturais, classificando-as por meio de categorias de manejo. Ressaltando-se
ainda, neste capítulo, as UC‟s existentes no Estado do Pará, onde está inserido o
Parque Estadual do Utinga - PEUt, lócus desta pesquisa.
No terceiro capítulo, será realizado o detalhamento da metodologia que foi
empregada na pesquisa, desta maneira transcorrerá a descrição e apresentação do
lugar de estudo, no caso, o PEUt, as características da pesquisa, as técnicas e os
instrumentos utilizados na coleta de dados.
No quarto capítulo, por fim, serão abordadas as questões referentes ao PEUt,
foco principal deste estudo, destacando o seu Uso Público onde será abordado o
sistema de proteção realizado no Parque, por meio de parcerias entre os órgãos
competentes, que são a SEMA (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) e o BPA
(Batalhão de Polícia Ambiental). Enfatizando as restrições de uso desta área
protegida através da legislação Estadual de criação do PEUt para o desenvolvimento
de atividades, principalmente da visitação. Além disso, com base nas referencias
nas atividades que ocorrem no Parque será descrito o Sistema de Trilhas
Ecológicas, no qual as mesmas foram analisadas por meio de um levantamento de
dados, propondo uma melhor utilização destas nas atividades realizadas no Parque,
de forma que o sistema de trilhas, em forma de guia, seja um instrumento de
referência para o desenvolvimento do Turismo de Natureza no Estado do Pará e,
principalmente, no Município de Belém.
17
CAPITULO I
1 - TURISMO NO MUNDO E NO BRASIL
Com o advento das tecnologias de informação e as dinâmicas ocorridas na
atividade econômica, o turismo vem contribuindo de forma significativa na economia
mundial, passando de uma simples atividade de prestação de serviços a um grande
negócio. Neste sentindo o que se tem percebido nos últimos anos, é um grande
crescimento das atividades que envolvem o setor do turismo, qual vem destacando
com importância em âmbito internacional e nacional, sendo um dos vetores que mais
movimentam a economia no mundo.
E devido o deslocamento enérgico de pessoas pelo mundo, está atividade tem
sido responsável por capturar grande parte do PIB (Produto Interno Bruto) em
diversos países, e por isso é considerado um dos fenômenos econômicos na
sociedade contemporânea, sendo um considerável gerador de empregos (diretos e
indiretos) e renda para diversas populações. No entanto é relevante enfatizar que o
mesmo não se resume somente como “fenômeno” da economia, estende-se também
para outras áreas como sociais, políticas, ambientais e culturais.
No Brasil, existem diversidades e pluralidades de ambientes e culturas que
despertam o interesse dos turistas em todo mundo, com isso verifica-se que há um
potencial bastante considerável para o desenvolvimento da atividade turística no
país, pois o mesmo oferecer em seu território umas variedades de opções de
lugares para serem visitados, para diferentes grupos de turistas.
Deste modo, referente à chegada de turistas no pais nos últimos anos,
mesmo depois de uma crise, onde houve uma queda nas movimentações de
pessoas pelo mundo, dados atuais revelam que, no ano de 2010, a atividade do
turismo teve um aumento de 6,7%, com um total de 935 milhões de viajantes, no
território brasileiro, um número bastante representativo e também compensatório
(em partes), para a expansão da atividade turística (Brasil, 2011).
Segundo o Ministério do Turismo - Mtur (2011), dados estimados em milhões
revelam que nos anos 2009 e 2010, a chegada de turistas internacionais foi de 877,0
e 935,0, gerando uma Receita Cambial de (US$) 852.400 e 919.00, ou seja, estes
dados demonstram um crescente e significativo quadro de entrada de divisas, que
fortalecem ainda mais a ampliação do Turismo no território nacional, reforçando a
relevância que o setor tem a frente da economia mundial e nacional, vindo a ser uma
18
ferramenta necessária e de importante influência para a difusão da atividade turística
no território brasileiro (Brasil, 2011).
Portanto, o turismo movimenta pessoas do mundo inteiro, pelos mais diversos
motivos, para os mais variados lugares e alguns países o compreenderam como
importante vetor econômico devido ao seu efeito multiplicador, por realizar a
integração entre diversas nações. Há tendências que projetam este setor como
sendo uma das principais atividades humanas deste século, principalmente em
decorrência do aumento do tempo livre da população, da diminuição do valor do
transporte aéreo, da melhoria do mercado turístico focalizada na preferência das
pessoas, do progresso nas tecnologias de comunicação, da renovação dos
mercados e de outros tantos fatores que vêm impulsionando essa atividade.
1.1 - Conceituações de Turismo
Ainda tem-se discutindo muito sobre a origem do Turismo, aonde de fato
principiou seus primeiros indícios. Muitos dizem que a atividade é datada há
milênios, porém o que existe são pressupostos marcados por vários acontecimentos
históricos da humanidade, o qual de fato foram de fundamental importância para o
entendimento da evolução da atividade.
E com base em um panorama históricos sobre os deslocamentos de pessoas
na antiguidade, e para que se possa entender como se configurou a evolução do
turismo, será citados alguns momentos históricos do processo evolutivo da
civilização humana, que podem ser de fundamental importância para entender a
origem da atividade turística.
Alguns autores situam que o primeiros vestígios do turismo, iniciaram na
história das antigas civilizações, Idade Antiga, a parti do século VIII a.c. na Grécia,
onde dava-se grande valor ao tempo livre, os quais eram dedicados à diversão,
cultura, religião e desporto, o qual havia a locomoção de pessoas de diversas
regiões para assistirem aos jogos olímpicos. Outro momento importante, aconteceu
com a chegada da Idade Média, Passando, entre o século I e IV d. c, com
oficialização do cristianismo, que deram o início aos movimentos das cruzadas,
viagens meramente religiosas, e mercantilistas. E também dar-se o início das
grandes navegações para américa do sul, com as viagens transoceânicas, onde
principalmente portugueses e espanhóis buscavam a desvendar um novo mundo.
19
Nos séculos XVII a XIX, foi marcado pela Revolução Industrial e as inovações
da engenharia da época. Onde segundo TRIGO (2009),
“A tecnologia do final do século XIX, possibilitou novas construções, em ferro fundido, como as torres (Torre Eiffel, em Paris), estação de ferroviárias, grandes salões com estruturas livres de ferro para exposições ou realizar bailes e grandes edifícios arranha-céus, com estruturas em aço” (TRIGO, 2009, p.18).
Desta forma, surgi um turismo mais organizado, pois com o desenvolvimento
das tecnologias, fez com que tivesse um aumento nas viagens particulares pela
burguesia, caracterizada como Turismo residencial, viagens estas de longas
temporadas, realizadas pela elite europeia em busca de conhecimento, cultura e
aventuras.
Porém, foi a partir do século XX, precisamente após a Segunda Guerra
Mundial, que a atividade evoluiu e começou a sua expansão no mundo, surgindo
então o “Turismo de massa”, definindo-se como uma aglomeração de pessoas em
um determinado destino turístico, ou seja, um volume significativo de pessoas
viajava para diversos lugares, em um mesmo período.
No entanto, o termo Turismo1 foi utilizado pela primeira vez na década de
1840, pelo inglês Thomas Cook, que organizou uma viagem ferroviária entre duas
cidades inglesas de Leicester e Loughborough, para participar de um congresso
antialcoólico.
Na atualidade, o termo turismo é compreendido, normalmente, como um
sinônimo de viagem, já que no ano de 1911, existiram alguns estudiosos que o
definiam de maneira mais abrangente, fazendo análises segundo o critério de
motivação, onde há uma diversidade de possibilidades, que podem ser incorporadas
em duas grandes divisões: o Turismo motivado pela busca de atrativos naturais e o
Turismo motivado pela busca de atrativos culturais (ANSAHAR, 2000; BARRETTO,
2003).
Sob esse contexto evolutivo da sociedade surgiram algumas definições do
termo Turismo e diversos autores tentaram descrever a atividade conforme seus
estudos, ao longo do tempo. A primeira definição do termo surgiu em 1911, pelo
australiano Hermann Von Schullern, onde o autor delineou que:
1 A palavra Turismo provém do latim tornare que quer dizer “dar uma volta”, voltar ao ponto
inicial. Foi absorvida pelo termo Grand-tour na língua francesa, que significava as viagens realizadas, nos séculos XV, XVI e XVIII, pelos filhos dos aristocratas e novos burgueses, para complementar os estudos. A partir daí, a língua inglesa utilizou o termo para designar as viagens de lazer, para conhecer outros lugares (RODRIGUES, 2004, p.17).
20
“Turismo é o conceito que compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência, e na saída do turista de um determinado município, país ou estado” (VON SCHULLERN apud, BARRETTO, 2003, p.9).
É válido ressaltar que, embora atualmente não haja um conceito específico
para definir a atividade do Turismo, a Organização Mundial de Turismo - OMT,
padronizou o conceito, a fim de facilitar o entendimento.
“O Turismo compreende, as atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras “(OMT, 2001, p. 12).
Com estudos mais aprofundados sobre a atividade do Turismo, dois autores de
referência para os estudos na academia o enfatizam como:
“Turismo é um elaborado e complexo processo de decisão sobre o que visitar, onde, como e a que preço. Nesse processo intervêm inúmeros fatores de realização pessoal e social, de natureza motivacional, econômica, cultural, ecológica e científica que ditam a escolha dos destinos, a permanência, os meios de transporte e o alojamento, bem como o objetivo da viagem em si, para fruição tanto material como subjetiva de conteúdos de sonhos, desejos, de imaginação projetiva, de enriquecimento existencial histórico-humanístico, profissional, e de expansão de negócios” (BENI, 2004, p.24).
Para a autora Margarita Barretto, brasileira estudiosa no assunto, o Turismo é
descrito como, [...] um fenômeno social complexo e diversificado. Há diversos tipos
de Turismo, que podem ser classificados por diferentes critérios. (BARRETTO, 2003,
p. 17).
Observa-se então que os dois autores, em suas literaturas definem o turismo
como um fenômeno complexo e criterioso, ou seja, a atividade turística acontece
pelo fato de existir uma diversidade de motivos, para que haja o movimento destas
pessoas, onde as mesmas procuram satisfazer suas necessidades e desejos
pessoais. No entanto, não é apenas, por causa das movimentações de pessoas que
ele ocorre, também envolve uma série de atividades que o complementam, por
exemplo, transportes, hotelaria, comércio, lazer, gastronomia, entre outros. Em
síntese o Turismo define-se pelas atividades que as pessoas realizam em suas
viagens, as quais envolvem aspectos motivacionais, culturais, socioeconômicos,
ambientais, profissionais, dentre outros.
21
O Turismo surge a priori como uma atividade econômica, mas se consolida
como uma prática social relativamente atual, mas com uma grande complexidade,
tornando-o assim um objeto de estudo em constante progresso de transformação.
Tais pesquisas relacionadas ao Turismo, estão centralizadas inicialmente, na
análise da oferta turística e na demanda turística, e também no que o mercado
turístico oferece, porém, com o avanço dos estudos, novas modalidades vêm
surgindo no mercado turístico. Isto torna o turismo mais competitivo, sendo natural
essa concorrência devido à dinâmica desta atividade, analisando-se que algumas
características estão começaram a aparecer e muitos destinos estão se formando.
Com isso surgem alguns tipos de Turismo os quais, segundo a OMT-
Organização Mundial do Turismo (2001), são determinados da seguinte forma:
Turismo de Lazer; Turismo de Negócios; Turismo de Convenções; Turismo
Desportivo; Turismo Cultural; Turismo Religioso; Turismo Gastronômico; Turismo
Social; Turismo de Saúde; Turismo Científico; Turismo Rural; Turismo de Compras;
Turismo de Pesca; Turismo de Aventura; Turismo Político; Turismo
Ecológico/Natureza.
Nos dias atuais, há uma crescente tendência do mercado turístico em ofertas
de viagem e atividades que possibilitem aos clientes vivenciar experiências novas e
diferentes, nas quais o que menos importa é o destino. “A preocupação com o social
e o ambiental é a tônica dessa tendência” (NEIMAN, 2010, p. 9). Com este contexto
avaliativo das tendências de mercado destacam-se as atividades relacionadas ao
Turismo e ao Meio Ambiente.
Observa-se que no âmbito das atividades turísticas surgem mais Tipos de
Turismo. Dentre alguns desses citados anteriormente, o Turismo de Natureza tem-se
destacado nos últimos tempos, por ser praticado por pessoas que apreciam a
natureza. Onde segundo, Ruschmann (2008), afirma que “uma das maiores
motivações das viagens dos turistas se manifesta pela fuga dos ambientes urbanos
e poluídos e pela busca do contato com a natureza (ou biodiversidade) preservada”.
(RUSCHMANN, 2008 p,75) ou seja, o objetivo realizar a interação da sociedade e
dos elementos naturais, os quais têm desaparecido das grandes cidades. Desta
forma, estimulam as mesmas irem busca de vivenciar algo novo, para uma melhor
qualidade de vida.
22
CAPITULO II
2 – O TURISMO DE NATUREZA
O Turismo contemporâneo é um grande consumidor da natureza e sua
evolução nas últimas décadas ocorreu por consequência da “busca do verde” e das
“fugas” dos tumultos dos grandes aglomerados urbanos (RUCHSMANN, 2003, p. 9),
ou seja, devido à intensidade das atividades humanas, a busca por contato com
áreas naturais foi à forma que a sociedade compreendeu para buscar recuperar o
equilíbrio psicofísico desgastado, por consequência das dinâmicas dos grandes
centros urbanos.
E com as influencias geradas pelos debates ecológicos e o surgimento da
conscientização ambiental a parti das décadas 1970 e 1980, tomou força um novo
mercado turístico que entendia a natureza como pretexto para a descoberta da
educação, aventura, esporte, lazer entre outros (MELO; SILVA, 2003). Surgindo
novos segmentos da atividade turística, que visa a natureza, como seu atrativo
principal para o desenvolvimento de práticas de lazer no meio natural.
O turismo de natureza engloba o ecoturismo, o turismo de aventura, o turismo
educacional e uma profusão de outros tipos de experiências proporcionadas pelo
turismo ao ar livre e alternativo (MCKERHR, 2002, p. 13). É um dos segmentos de
rápido crescimento em diversos países. Este tem como característica proporcionar a
oportunidade de se ter vivências fora das atividades cotidianas da sociedade,
buscando novas experiências e apreciação de paisagens singulares desses
ambientes naturais. Porém muitas vezes o mesmo, é visto como um segmento
mercado, se apropriando desses espaços naturais não tendo a preocupação sobre
os impactos a natureza (TAKAHASHI, 2004).
E a parti, de um panorama em que os recursos naturais, históricos e
socioculturais, têm sido utilizados de maneira intensa pela atividade turística, o
ecoturismo nasce com um novo modelo onde se estabelece responsabilidade no uso
desses recursos, de forma que venha a garantir a sua essência para as gerações
futuras.
A definição mais utilizada para o ecoturismo é a do Ministério do Turismo-
Mtur, que diz:
23
“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de
forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações” (BRASIL, 2010, p.17).
É um segmento do turismo relativamente novo, e para alguns autores o tema é
como, uma filosofia diferente ao que se diz respeito ao turismo. Pois ele abrange a
interpretação educacional da natureza, de forma que contribua para a formação da
consciência ambiental, valorizando as culturas tradicionais locais, a conservação das
áreas verdes e sua biodiversidade.
No entanto, Dias (2007), define de forma bem explicativa que o ecoturismo,
“[...] não somente é uma viagem orientada para a natureza, mas também constitui nova concepção da atividade, tanto pratica social como econômica, tem como objetivo melhorar as condições de vida das populações receptoras, ao mesmo tempo que preserva os recursos e o meio ambiente, compatibilizando a capacidade de carga e a sensibilização de um meio ambiente natural e cultural com a prática turística” (DIAS e AGUIAR, 2002, apud, DIAS, 2007, p.103).
Desta forma, o contexto acima remete a relação entre o turismo e a natureza
deve promover a utilização de instrumentos multidisciplinares por razão de vários
fatores envolvidos, como por exemplo, sociais, administrativos, biológicos,
econômicos, educativos entre outros (DIAS, 2007). A fim de possibilitar a geração de
recursos para proteger os ecossistemas, assim surgindo uma nova forma de ser
fazer turismo.
2.1 - Turismo Verde
A preocupação com as questões ambientais surge a partir da crise
ocasionada pela escassez dos recursos naturais, decorrente do uso desenfreado,
incessante e irracional destes, que por sua vez, é motivado pelo ritmo desenfreado e
frenético do crescimento global (POLES; RABINOVICI, 2010).
Desta forma entende-se que, após muito tempo de uso indisciplinado dos
recursos naturais, a sociedade tem despertado, aos poucos, no que se diz respeito à
conservação, à sustentabilidade e à qualidade de vida, visto que a natureza não é
um meio inesgotável de recursos e possui um significado de suma importância para
a humanidade.
De acordo com os contextos de discussões sobre os impactos do turismo no
meio ambiente, vale ressaltar que,
24
“A partir da década de 1970, as preocupações econômicas, a
degradação do ambiente e as questões sociais alcançaram a atividade turística. Com a Conferência de Estocolmo, 1972 e a Rio-92, ampliaram-se os debates que se transformaram nos pressupostos da Agenda 21, que abordam os processos de desenvolvimento enfocando temas como ecotecnologias, requalificação do trabalho humano, desenvolvimento técnico científico e sustentabilidade. Neste contexto, a Agenda aponta o Ecoturismo como uma prática conservacionista, comprometida com a natureza, com a responsabilidade social e o desenvolvimento local” (BRASIL apud NEIMAN, 2010, p. 50).
Esses questionamentos sobre a sustentabilidade e o meio ambiente, o Turismo
torna-se um parceiro imprescindível, tendo um papel de suma importância para
amenizar os impactos causados pela atividade turística de massa, principalmente ao
meio ambiente, fazendo com que a sociedade reflita sobre suas ações, entendendo
que pode suprir suas necessidades de maneia sustentável, sem degradar o meio
ambiente.
Com o crescimento ostensivo das cidades, a intensificação da urbanização e
os problemas resultantes da degradação ambiental, de alguma forma, estes fatos
acabam interferindo na qualidade de vida da sociedade. Deste modo, observa-se
que há uma crescente procura por ambientes naturais por parte dos turistas e a
necessidade das pessoas por conviverem em áreas com belezas naturais, não
apenas para o lazer, mas também para sair de suas atividades rotineiras, em busca
de uma melhor qualidade de vida. O contato com o verde tornou-se uma das
atividades mais procuradas da atualidade.
Portanto, com a modificação do comportamento da sociedade, ocorrida pelas
mudanças decorrentes das questões ambientais, surge uma nova tendência no
turismo, um novo segmento, que é o Turismo Verde. Onde abrange uma diversidade
de segmentos que visam uma prática de turismo de baixo impacto, principalmente
em áreas de proteção ambiental, promovendo a iniciativa de conservação e de
preservação da biodiversidade, em busca de se ter uma relação harmoniosa entre a
sociedade e os recursos naturais.
A partir do contexto sobre o comportamento do ser humano sobre o meio
ambiente, foram necessárias algumas ações no sentido de serem criadas
legislações, a fim de amenizar a ação antrópica nas áreas verdes, criando as áreas
de proteção ambiental, as quais são implantados alguns limites ao uso. Com isso
torna-se importante entender como a legislação tem se comportado com relação a
25
esse uso das áreas ambientais. Desta forma, será exposto como funcionam essas
leis atualmente. 2.2 – Legislação Ambiental
A legislação ambiental nada mais é do que um conjunto de normas que tratam,
especificamente, de matéria relativa aos meios de preservar e proteger o meio
ambiente. Uma das formas mais eficazes de controle das ações humanas, no que se
diz respeito aos impactos sobre o ambiente natural. (CAVALCANTI, 2004).
Esta foi uma das maneiras que o poder legislativo encontrou para impedir a
ação indiscriminada do ser humano junto a natureza, a fim de se precaver dos
prejuízos imensuráveis e irreversíveis da ação humana em áreas naturais. Por meio
de acordos coletivos, representantes dos Estados desenvolveram legislações com a
finalidade de diminuir essas ações.
Desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, os países participantes
perceberam que a sobrevivência do planeta seria a partir da preservação do meio
ambiente. Em nosso país, seguindo esta mesma tendência, a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 225, idealiza e concretiza a tutela do meio ambiente.
“Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a toda coletividade o dever de defendê-lo e protegê-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988, s.p).
Neste artigo é percebido um caráter preventivo, por parte do legislador, onde é
fundamentada a idéia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. O Direito
Constitucional positiva a obrigação do Poder Público na preservação do Meio
Ambiente. Procurou-se então fazer com que o cidadão passasse da posição de
passividade do direito ao meio ambiente equilibrado, ao pólo ativo na defesa e
preservação do mesmo. Tendo em vista que, as primeiras iniciativas de preservação
e conservação, aconteceram em 1934, com a criação do Primeiro Código Florestal
do Brasil. Instituído pela Lei nº. 4771/34, este foi modificado e oficializado no ano de
1965. Este código classifica as áreas de preservação, onde são permitidas a
exploração dos recursos naturais e as áreas onde existem os fins de conservá-las
contra a ação humana. Através deste surgiram outras iniciativas que tendem, para a
assegurar a sobrevivência dos recursos naturais.
A iniciativa de compensação ambiental por danos causados aos recursos
naturais, na década de 1990, foi uma das ações de preservação, deram um grande
26
e significativo passo com a criação da Lei nº. 9605, de 12 de fevereiro de 1998 – a
Lei de Crimes Ambientais, que "Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências" (BRASIL, 1998, s. p). Está que é uma das relevantes Leis criadas para
a preservação da biodiversidade, assim como também subsidiou as diversas
Instruções Normativas elaboradas pelos órgãos ambientais responsáveis pelas
fiscalizações do meio ambiente de todas as esferas. Estas leis foram criadas para
combater os crimes contra a natureza, onde serão expostos posteriormente.
2.2.1 - Crimes contra a Natureza
Os graves problemas dos crimes ambientais em voga estão ultrapassando os
muros criados pelo ser humano, tais como limites territoriais, políticos e culturais,
que se caracterizam pela socialização das problemáticas em meio a corrida por
novas fontes de energia, as técnicas de plantio em larga escala por curto período de
tempo e outros fatores. Diante desta perspectiva, a sociedade civil vem buscando
exigir a criação, por meio do poder público, de vários mecanismos, a fim de se frear
as ações poluentes2 / degradantes
3 em todo o mundo. O bem juridicamente
protegido, que é a vida humana, deveria ser preservado. O crescimento populacional
e o consumismo desordenado acabam sendo uma das maiores problemáticas para o
meio ambiente.
Segundo o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis.
“[...] a exploração desordenada do território brasileiro é uma das principais causas de extinção de espécies. O desmatamento e degradação dos ambientes naturais, o avanço da fronteira agrícola, a caça de subsistência e a caça predatória, a venda de produtos e animais procedentes da caça, apanha ou captura ilegais (tráfico) na natureza e a introdução de espécies exóticas em território nacional são fatores que participam de forma efetiva do processo de extinção” (BRASIL, 2009, s.p).
Este processo vem crescendo nas últimas duas décadas à medida que a
população cresce e os índices de pobreza aumentam. Com isso surge a lei de
Crimes Ambientais nº. 9605/98, publicada oficialmente no diário oficial da União, em
13 de fevereiro de 1998, onde visa disciplinar a proteção jurídica do meio ambiente,
2 Tornam um meio inapropriado para se viver.
3 Ato de danificar os meios naturais disponíveis.
27
uma vez que outrora eram constituídos por leis e decretos vagos. Esta lei procurou
unir a legislação penal em matéria ambiental, para amenizar os danos ao meio
ambiente.
O Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, “Dispõe sobre a especificação
das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências” (IBAMA, 2011, s.p). Entre os principais crimes contra a natureza
se destaca a seção I, que trata sobre crimes contra a fauna.
Os abusos cometidos contra animais selvagens, nativos ou em rota migratória,
como a caça predatória, a pesca ilegal em períodos de reprodução, a matança, a
perseguição, a apropriação, a utilização, a venda, a exportação, o impedimento da
procriação, o maltrato, a transportação, o manter em cativeiro ou depósito
espécimes, ovos ou larvas sem autorização ambiental, a introdução de espécies no
país. Ou ainda a modificação, danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou
viveiro natural. Entre outros são considerados crimes que requerem punição como
detenção e multa. Enfim, dentre esses crimes citados, existe uma grande
preocupação com a caça predatória e a exportação de animais silvestres (SEMA,
2010).
O comércio ilegal desses animais silvestres é uma atividade clandestina que
mais movimenta dinheiro sujo no país. O Brasil é um grande alvo para esses
traficantes, por existir em seu território uma grande diversidades de animais
exóticos, principalmente na região amazônica. As autoridades ambientais travam
uma luta, constantemente, contra esses crimes, obedecendo as prescrições legais,
para evitar o desaparecimento e a extinção das espécimes silvestres existentes.
28
Figura 1 - Apreensão da policia federal, em uma operação contra á caça predatória.
Fonte: Policia Federal ( 2011)
Figuras 2 - Gaiolas com aves apreendidas pelo IBAMA
Fonte: André Tebaldi, (2011)
29
Das disposições da Seção II de crimes contra a Flora:
A destruição ou danificação das florestas de preservação permanente, mesmo
que em formação, ou utilizá-las em discordância com as normas de proteção, assim
como as vegetações primárias e secundárias, as matas ciliares, as dunas ou
protetoras de mangues; causar danos diretos ou indiretos às unidades de
conservação; provocar incêndio em mata ou floresta, a fabricação, a venda, a
transportação ou a soltura de balões em área que existe uma vegetação
predominante; o corte, a extração, a venda, a exposição para fins comerciais de
madeira de lei e madeiras brancas para lenha, carvão e outros produtos de origem
vegetal sem a licença para a retirada ou em desacordo com a lei; a extração de
florestas de preservação permanente, pedra, quaisquer gêneros de origem mineral;
dificultar a regeneração natural de qualquer forma de vegetação; a destruição, a
danificação, lesão, e a retirada de plantas de ornamentação de domínio público ou
em qualquer propriedade privada; a comercialização e a utilização inadequada de
motosserras, sem a devida autorização, provocando mudanças climáticas devido a
degradação da flora de forma que altere os corpos hídricos e erosão, a penalidade é
aumentada (SEMA, 2010).
Mediante os incisos desta lei, é importante ressaltar, que os crimes cometidos
contra a flora na Amazônia são muito intensos, mesmo existindo fiscalizações, as
ações inapropriadas contra a flora continuam acontecendo, um dos mais comuns é a
extração de minerais de forma clandestina, esta ainda é a causadora de ampla parte
da degradação de áreas verdes e também autora de erosão de solos, fazendo com
que os mesmo fiquem debilitados e inapropriados para o reflorestamento. Também a
extração e o transporte ilegal de madeiras de lei e a expansão das atividades
agrícolas acabam devastando e desmatando ainda mais nossas florestas.
30
Figura 3 - Transporte de madeira ilegal no Município de Novo Repartimento no Pará
Fonte: Christina Whitman, divulgação IBAMA
Figura 4 - Desmatamento e extração de Castanheiras no Município de Novo Repartimento no Pará
Fonte: Christina Whitman, divulgação IBAMA
A seção III enfatiza outros crimes contra a natureza, os quais são: causar
poluição qualquer de modo que prejudique e causem danos à saúde humana,
provocando a mortandade de animais e espécimes significativas da flora; Também é
crime a poluição que torne locais impróprios para uso ou ocupação humana; a
poluição hídrica, causando a interrupção do abastecimento público de água;
lançamentos de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, substâncias tóxicas, tendo que
ver ações preventivas em caso de risco e de grave dano ambiental; as pesquisas,
lavras e extração de recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a
31
obtida lei vigente, e a não-recuperação da área explorada; a produção, o
processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização,
fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias
tóxicas, perigosas ou nocivas a saúde humana ou em desacordo com as leis; a
construção, reforma, ampliação, instalação ou o funcionamento de empreendimentos
de potencial poluidor sem licença ambiental; nesta categoria de crime ambiental
também se encaixa a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam
causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas (SEMA,
2010).
Dessa forma, observa-se que estes crimes contra a natureza estão interligados
entre si, pois todos têm a interferência do ser humano, a poluição, o desmatamento,
a caça predatória, a extração dos recursos naturais de todas as maneiras, que
acarretam o desaparecimento de vários biomas e biodiversidades prejudicando não
somente a natureza, mas também os organismos que nela vivem.
O homem, sempre necessitou da natureza para sua sobrevivência. Mas com a
evolução da sua espécie, o uso dos recursos naturais, que antes eram para
beneficio do seu sustento, tornou-se uma ameaça para o meio ambiente e suas
biodiversidades. Devido a essas circunstâncias e com base nas Normativas e
Legislações, foram criadas as áreas naturais de proteção ambiental, as quais foram
denominadas Unidades de Conservação da Natureza.
2.2.2 - Unidades de Conservação da Natureza
A criação das Áreas Naturais Protegidas foi uma das formas encontradas para
amenizar os problemas causados pela ação predatória do ser humano e do uso
desenfreado da natureza. A primeira definição de Áreas Protegidas foi criada pela
IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais, que as conceituou como Parques Nacionais, como meio de influenciar e
encorajar a sociedade a conservar a integridade da biodiversidade da natureza,
buscando assegurar os recursos naturais de todo ou qualquer uso. Com o decorrer
do tempo, essa conceituação foi se transformando para Unidades de Conservação.
Assim, a IUCN reconhece seis Categorias de Manejo nas Áreas Protegidas,
segundo a tabela 1 a seguir:
32
Tabela 1- Categoria de Manejo nas Áreas Protegidas estabelecidas pela
IUCN (1992)
CATEGORIAS DE MANEJO DEFINIÇOES
Reserva Natural Estrita / Área Gerida, para fins científicos ou proteção da vida
Silvestre I - Protecção integral silvestre.
Parque Nacional II - Área protegida criada especialmente para a
Conservação de Ecossistemas proteção de ecossistemas e recreação.
e Turismo
Monumento Natural / Formação Protegido e especialmente para a conservação
Natural III - Conservação das de uma característica natural específica.
características naturais
Área de Gestão de Espécies e Protegida especialmente para a conservação
Habitats IV - Conservação através de intervenção e manejo.
através de gestão activa
Paisagem terrestre o Marinha Protegida especialmente para a proteção de
protegida V - Conservação de paisagens e recreação.
paisagens terrestres e
marítimas e de recreio
Área Protegida de Manejo de Protegida para o uso sustentável dos recursos
Recursos VI - Utilização naturais.
sustentável dos ecossistemas UCs Públicas
naturais
Fonte: Portal são Francisco adaptada pela autora (2011).
O primeiro Parque Nacional a ser criado no mundo foi o Yellowstone National
Park, em Montana nos EUA, em 1872. E a partir de então a criação, dessas áreas foi
se estendendo por vários continentes, com a finalidade de conservação da beleza
natural do local. Mas a ideia de parques nacionais, nesse tempo, era de se proteger
os seus recursos e assegurar o desfrute ao visitante (MOORE apud MELO; SILVA,
2003, p. 26). Ou seja, eram vistos com caracteres turísticos, considerando que o
meio ambiente não precisaria da intervenção do homem, de um manejo dos seus
recursos naturais, para evitar a degradação do seu patrimônio natural, frente à
atividade turística.
33
No Brasil, o primeiro Parque Nacional surgiu no ano de 1937, em Itatiaia, com a
denominação de Parque Nacional de Itatiaia, tendo como objetivo incentivar
pesquisas científicas e de lazer. Portanto, o mesmo pode vir a ser considerada a
primeira unidade de conservação (UC) do país, instituído a partir do código florestal
de 1934.
Dentro do contexto de preservação, é inevitável não associar tais áreas à ideia
de reserva de espaços, uma vez que, limitando áreas de interesse, torna-se bem
mais fácil sua administração. Pensando nisso, a fim de diminuir o ritmo da
degradação do meio ambiente, no ano de 2000, surgiu por meio de uma Lei Federal
de nº 9.985 – O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, lei criada
no dia 18 de julho de 2000, regulamentada pelo Art.225, § 1º, incisos I, II, III e VII da
Constituição Federal, que se descreve pelo Art.1, onde diz: “Esta Lei institui o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC estabelece
critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de
conservação” (BRASIL, 2000, s.p).
“O SNUC possui diversos objetivos, todos ligados à preservação, manutenção
e restauração da biodiversidade que se localiza no interior e no entorno das UC‟s”
(NEIMAN; PATRICIO, 2010, p. 110). Desta maneira, visa-se a proteção dos recursos
naturais de todas as formas, compreendendo as adversidades que o meio ambiente
vivencia nos momentos atuais. Por isso, que o sistema propõe os objetivos,
conforme o Art, 4º desta Lei:
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
34
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente (BRASIL; SNUC, 2000).
Com intenção de padronizar as áreas naturais, a estratégia mais efetiva para
evitar o desaparecimento de espécies em ambientes muitos fragmentados é a
criação de extensões de corredores ecológicos (SILVA; JUNQUEIRA apud,
NEIMAN; PATRICIO, 2010, p. 114). Conforme o Sistema expõe, foi-se instituindo
alguns critérios e conceitos, que são de extrema importância, acerca da questão
ambiental no Brasil. Das disposições gerais da Lei, evidencia-se os conceitos
fundamentais do Art 2º previstos nesta Lei, conforme a tabela 2.
Tabela 2 - Conceitos e suas Definições das Unidades de Conservação
CONCEITOS DEFINIÇÃO
Unidade de Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
Conservação – I jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção;
Conservação da O manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a
Natureza - II manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do
ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases
sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer
as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a
sobrevivência dos seres vivos em geral;
Diversidade A variabilidade de organismos vivos de todas as origens,
Biológica - III compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e
outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem
parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre
espécies e de ecossistemas;
Recurso A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
Ambiental - IV estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a
fauna e a flora;
Preservação – V Conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção, a
longo prazo, das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção
dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas
naturais;
Proteção Manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por
Integral – VI interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos
naturais;
35
Conservação in Conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e
situ – VII recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais
e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde
tenham desenvolvido suas propriedades características;
Manejo - VIII Todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da
diversidade biológica e dos ecossistemas;
Uso Indireto – IX Aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos
recursos naturais;
Uso direto - X Aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos
naturais;
Uso Sustentável Exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos
– XI ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a
biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente
justa e economicamente viável;
Extrativismo – sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo
XII sustentável, de recursos naturais renováveis;
Recuperação – Restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada
XIII a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição
original;
Restauração – Restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada
XIV o mais próximo possível da sua condição original;
VETADO - XV
Zoneamento – Definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com
XVI objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de
proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da
unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz;
Plano de Manejo documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais
– XVII de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos
naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à
gestão da unidade;
Zona de o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas
amortecimento - estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de
XVIII minimizar os impactos negativos sobre a unidade;
Corredores Porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de
Ecológicos – XIX conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento
da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas
degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam
para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das
unidades individuais. Fonte: BRASIL (2000, Art. 2º). Adaptado pela autora (2011).
O SNUC pode ser acondicionado pelo poder público, por meio de Lei Federal,
Estadual ou Municipal. Em nível Federal são administradas pelo IBAMA e nos
Estados e Municípios são criadas pelas suas respectivas Secretarias de Meio
Ambiente. A criação de uma UC é feita pelo ato público, “devendo ser precedida de
36
estudos técnicos que permitem identificar sua localização, limites e dimensões”
(NEIMAN; PATRICIO, 2010, p. 110). Portanto, ao se criar uma UC é necessário
dispor de um plano de manejo da Unidade de Conservação. Documento que contêm
informações técnicas como: o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da
área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias à gestão da Unidade (SEMA, 2010, p. 8). Este deve ser elaborado em
um tempo de cinco anos, após a criação da mesma.
As UC‟s têm a finalidade de amenizar as problemáticas ambientais,
demarcando limites territoriais para conservar a biodiversidade, frear o
desmatamento, proteger espécies ameaçadas de extinção e preservar e restaurar a
diversidade dos ecossistemas naturais, garantindo a sobrevivência dos mesmos. No
entanto, para que estes objetivos sejam colocados em prática, torna-se necessário
verificar qual a categoria de manejo que envolve essa UC. É necessário demonstrar
suas particularidades e as características específicas de cada uma, as quais estão
divididas em dois grupos, e são diferenciadas quanto à sua forma de proteção e os
usos permitidos: cinco de uso indireto e sete de uso direto. Ambas têm objetivos
distintos, mas que são imprescindíveis para proteger e conservar os ecossistemas.
2.2.2.1 - UC’s de Proteção Integral
As Unidades de Proteção Integral têm como finalidade preservar a natureza,
admitindo somente o uso indireto, ou seja, sem que haja a interferência humana,
causando dano, coleta, consumo, ou destruição dos recursos naturais existentes.
Este grupo subdivide-se em cinco categorias, que são descritas na tabela 3.
37
Tabela 3 - Categorias de Unidades de Conservação de Proteção Integral.
Estação Tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas
Ecológica – científicas. De posse e domínio públicos, é proibida a visitação pública, exceto
quando com desígnio educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de ESCE
Manejo da unidade ou regulamento específico. Nesta categoria só podem ser
permitidas alterações dos ecossistemas no caso de restauração de
ecossistemas modificados, manejo de espécies, com o fim de preservar a
diversidade biológica, coleta de componentes dos ecossistemas com
finalidades científicas e pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente
seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta
controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a
no máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil
e quinhentos hectares.
Reserva São mais restritas, com objetivo a preservação integral da biota e demais
Biológica- atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta
ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de REBIO
seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar
e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos
ecológicos naturais. É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo
educacional, a pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão
responsável pela administração da unidade.
Parque Tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande
Nacional– relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação PARNA
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. A
visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de
Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração. É permitida a pesquisa cientifica, mas com autorização do órgão
responsável. As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou
Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque
Natural Municipal.
Monumento Seu objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande
Natural- MN beleza cênica. E pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos
recursos naturais do local pelos proprietários. Havendo incompatibilidade entre
os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do
proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração
da unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso da
propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.
A visitação desta categoria, está sujeita às condições e restrições
estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo
órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento.
38
Refúgio de O objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a
Vida existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna
Silvestre- residente ou migratória. Pode ser constituído por áreas particulares, desde que
RVS seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e
dos recursos naturais do local pelos proprietários. Havendo incompatibilidade
entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo
aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável
pela administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre
com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o
que dispõe a lei. A visitação pública está sujeita às normas e restrições
estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo
órgão responsável por sua administração.
Fonte: BRASIL (2000, Capítulo III). Adaptado pela autora (2011).
É possível se observar na tabela acima, que as Unidades de Conservação de
Uso Indireto, visam a proteção e conservação total da biodiversidade, por
precisarem de cuidados e por possuírem uma fragilidade e particularidades
ambientais onde, segundo Diegues apud Vilhena (2010, p. 29), “as UC‟s de proteção
integral foram criadas sob a visão preservacionista, mantendo, a natureza livre da
interferência do homem”.
2.2.2.2 - UC’s de Uso Sustentável
As UC‟s de Uso Sustentável estão inseridas no segundo grupo e têm como
objetivo o uso direto dos recursos, ou seja, compatibilizar e utilizar os recursos
naturais de forma sustentável, sem destruir o meio ambiente, visando harmonizar a
natureza com a comunidade. Fazem parte deste grupo as categorias descritas na
tabela 4.
39
Tabela 4 - Categorias das Unidades de Uso Sustentável
Área de Área, em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de
Proteção atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais, especialmente importantes Ambiental – para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como APA
objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. São
estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade
privada localizada na APA é constituída por terras públicas ou privadas,
permitindo a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas e
sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para
pesquisa e visitação pelo público. E disporá de um Conselho presidido pelo
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente.
Área de É uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma
Relevante ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga Interesse
exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os Ecológico-
ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso ARIE
admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de
conservação da natureza. Constituída por terras públicas ou privadas. Podem
ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade
privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico.
Floresta Posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
Nacional- limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei. Uma área FLONA com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como
objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa
científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas
nativas, admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam
quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e
no Plano de Manejo da unidade. É permitida a visitação pública e a pesquisa,
sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração
da unidade. Reserva É uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
Extrativista- subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura RESEX de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como
objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e
assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. A visitação
pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de
acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. A pesquisa científica é
permitida. É proibida a exploração de recursos minerais e a caça amadorística
ou profissional. A exploração comercial de recursos madeireiros só será
admitida em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares
às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista. Gerida por um
Conselho Deliberativo com o domínio público
Reserva de Área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou
Fauna- aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico- REFAU científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. São
de posse e domínio públicos, A visitação pública pode ser permitida, desde
40
que compatível com o manejo da unidade. É proibido o exercício da caça
amadorística ou profissional. A comercialização dos produtos e subprodutos
resultantes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e
regulamentos. É uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-
se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais,
desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas
locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e
na manutenção da diversidade biológica. O objetivo básico e preservar a
natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários
para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e
exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como
valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do
ambiente, desenvolvido por estas populações. De domínio público, a visitação
e pesquisa científica é incentivada, desde que compatível com os interesses
locais, e para a conservação da natureza, à melhor relação das populações
residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia
autorização do órgão responsável pela administração da unidade, deve ser
sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a
conservação; é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas
naturais em regime de manejo sustentável e a substituição da cobertura
vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às
limitações legais e ao Plano de Manejo da área. É uma área privada, guardada com perpetuidade, com o objetivo de conservar
a diversidade biológica. O Termo de compromisso assinado perante o órgão
ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à
margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. E permitido pesquisa
científica, a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. Os
órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão
orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do
Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção
e de Gestão da unidade. Fonte: BRASIL (2000, Capítulo III). Adaptado pela autora (2011).
Conforme, a tabela 4 descreve as Unidades de Uso Sustentável, têm uma
visão conservacionista, a fim de assegurar a conservação do meio ambiente sem
degradar, tendo a interação do ser humano e a natureza, para que as comunidades
envolvidas desenvolvam uma atividade econômica sustentável.
2.2.2.3 – Unidades de Conservação do Estado do Pará A região amazônica é considerada o maior bioma do Brasil, que consiste numa
pluralidade de áreas protegidas, especificamente no Estado do Pará, que abrange
em seu território, uma enorme área natural que é de grande relevância para o
território Nacional.
41
Reserva Particular do Patrimônio Natural-
RPPN
Reserva de Desenvolvim ento Sustentável-
RDS
Mais de 50% do território paraense é composto por áreas protegidas
compondo, aproximadamente, mais de setenta milhões de hectares, que são
somados entre as Unidades de Conservação Federais, Estaduais e Municipais,
Terras Indígenas e Quilombolas.
O Pará possui 85 Unidades de Conservação, sendo que 21 dessas áreas são
Estaduais, que estão sendo evidenciadas na Figura 5, divididas em áreas de
proteção integral e áreas de uso sustentável.
Figura 5 - Tabela das Unidades de Conservação do Estado do Pará.
Nº
CATEGORIA DE
ENTIDADE ÁREA NO
% DO
ATO LEGAL
MANEJO E
ESTADO
DE
LOCALIZAÇÃO RESPONSÁVEL ESTADO
DENOMINAÇÃO
(Ha)
CRIAÇÃO
Grupo: Proteção Integral - PI (5.435.849ha - 4,35%)
Decreto nº 1.552, de
03/05/93 -
DOE Nordeste; 01º23„13" à
Parque Estadual do 04/05/93 01º26„02" Lat. Sul e
1 SEMA 1.340 0,001 48º23„50" à 48º26„47" Utinga
Decreto nº
Long. W.Gr.; município
1.330, de de Belém e Ananideua 02/10/08 -
DOE
03/10/08
Lei nº 5.982,
Sudeste; coord. geog.
06º04„36" à 06º22„39" Parque Estadual da
de 25/07/96 -
DOE Lat. Sul e 48º23„06" à
2 Serra dos
SEMA 24.897 0,020
48º35„20" Long. W.Gr.; 26.07.96,
Martírios/Andorinhas
rio Araguaia; município
republicado
de São Geraldo do
em 12/11/96
Araguaia
Lei nº 6.412, Oeste, margem
3 Parque Estadual
SEMA 5.800 0,005 de 09/11/01 - esquerda do rio
Monte Alegre DOE Amazonas, município
13/11/01 de Monte Alegre
Decreto Nº 2.592, de
4 Parque Estadual
SEMA 65.181,94 0,052 09/11/2010
Município de Afuá
Charapucu
DOE Nº.
31.788, de
10/11/2010
Decreto 2.610, de
5 Reserva Biológica
SEMA 1.151.760 0,923 04/12/06. Municípios de Almerim
Maicuru DOE e Monte Alegre.
07/12/06
42
Decreto Municípios de 2.609, de
Estação Ecológica do
Alenquer, Monte 6 SEMA 4.245.819 3,403 04/12/06.
Grão-Pará Alegre, Óbidos e DOE
Oriximiná. 07/12/06
Decreto Municípios de
Refúgio de Vida
nº2.211, de
Ananindeua, 7 Silvestre Metrópole da SEMA 6.367 0,005 30.03.10 -
Benevides, Marituba e Amazônia
DOE Santa Isabel do Pará 01,04,10
Grupo: Uso Sustentável - US (15.705.949ha - 12,59%)
Art. 13, § 2 o
Norte/Nordeste; 00º40„00" Lat. Norte da
Área de Proteção
01º50„00" Lat. Sul e Constituição
Ambiental do
48º10„00" à 51º13„00" 8 SEMA 5.500.000 4,408 do Estado do Arquipélago do
Pará, Long. W.Gr.; oceano
Marajó - APA Marajó
Atlântico, rio
promulgada Amazonas, baía do
em 05/10/89 Marajó
Área de Proteção Lei nº 5.621, Nordeste; 00º34„45" à
Ambiental de
de 27/11/90 - 00º37„30" Lat. Sul e
9 SEMA 2.378 0,002 47º32„ 05" à 47º34„12" Algodoal-Maiandeua - DOE
Long. W.Gr.; município APA Algodoal
06/12/90
de Maracanã
Decreto nº 1.551, de
03/05/93 - Nordeste; 01º22„00" à
DOE Área de Proteção
6.020 01º28„30" Lat. Sul e 04/05/93
Ambiental da Região
48º20„ 30" à 48º27„30" 10 SEMA
0,005
Metropolitana de
Long. W.Gr.; Total: 7.226
Decreto Belém municípios de Belém e
nº 1.329, de Ananindeua
02/10/08 -
DOE
03/10/08
Sudeste; coord. geog.
Área de Proteção
Lei nº 5.983, 06º03„30" à 06º22„44"
Lat. Sul e 48º23„27" à
Ambiental de São
de 25/07/96 - 11 SEMA 29.655 0,024 48º36„13" Long. W.Gr.; Geraldo do Araguaia- DOE
rio Araguaia; município APA Araguaia
26/07/96
de São Geraldo do
Araguaia
Lei nº 6.083,
Nordeste; 01º29„20" à
Área de Proteção 01º31„11"Lat. Sul e
de 13/11/97 - 12 Ambiental da Ilha do SEMA 1.500 0,001 48º25„ 54" à 48º29„34" Combu DOE Long. W.Gr.; município
17/11/97 de Belém
Oeste; 01 0 58„07" Lat. Lei nº 6.426, Norte à 02 0 13„04"
13 Área de Proteção
SEMA 56.129 0,045 de 17/12/01 - Lat. Sul, 54 0 05„25" à
Ambiental Paytuna DOE 54 0 21„46" Long W ,
19/12/01 município de Monte Alegre
43
;03 0 41„58" à 04 0 59„10" Lat. Sul e 49 0 59„48" à 49 0 09„48"
503.490
Lei nº 6.451, Long. W Gr.;
Área de Proteção
municípios de Breu
de 08/04/02 - 14 Ambiental do Lago de SEMA
0.403
Branco, Goianésia do
Total:
DOE Tucuruí Pará, Itupiranga,
568.667
11/04/02 Jacundá, Nova
Ipixuna, Novo Repartimento e Tucuruí
Área de Proteção Decreto Municípios de São 15 Ambiental Triunfo do SEMA 1.679.280 1,346 2.612 de Félix do Xingu e
Xingu 04/12/06 Altamira.
Reserva de
Lei nº 6.451, Municípios de Novo
de 08/04/02 - 16 Desenvolvimento SEMA 36.128
0,029
Repartimento e
DOE Sustentável Alcobaça
Tucuruí
11/04/02
Reserva de Lei nº 6.451, Municípios de Novo
Desenvolvimento
de 08/04/02 - 17 SEMA 29.049
0,023
Repartimento e
Sustentável Pucuruí-
DOE Tucuruí
Ararão 11/04/02
Decreto
Floresta Estadual de 2.605 de
Municípios de Faro e 18 SEMA 635.935
0,510
04/12/06 -
Faro
Oriximiná. DOE
07/12/2006
Decreto
Floresta Estadual do 2.606 de
19 SEMA 440.493 0,353 04/12/06 - Município de Altamira. Iriri
DOE
07/12/06
Decreto 2.607 de
20 Floresta Estaduas do
SEMA 3.172.978
2,543 04/12/06 - Municípios de
Trombetas
DOE Oriximiná e Óbidos.
07/12/06
Decreto Municípios de
2.608 de Floresta Estadual do
Almerim, Monte
21 SEMA 3.612.914 2,896 04/11/06- Paru
Alegre, Alenquer,
DOE Prainha e Óbidos.
07/12/06
TOTAL (UCs
21.141.798
16,94
ESTADUAIS)
Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente - SEMA 2010.
44
Conforme a descrição da figura 5 acima, pode ser observada que em esfera
estadual, na atualidade, existem cerca de 21 unidades de conservação no Estado do
Pará, sendo 07 de proteção integral e 14 de uso sustentável.
Podemos verificar que estas Unidades de Conservação estão divididas
segundo as suas categorias de manejo, sua localização, sua área em hectares,
referindo a sua porcentagem no território paraense, sua lei de criação e o órgão de
sua responsabilidade. Vale ressaltar que, dessas UC‟s existentes no Estado do
Pará, o objeto de estudo desta pesquisa encontra-se inserido como uma Unidade de
Conservação integral, na categoria de manejo intitulada “Parque Nacional”, que
quando é criada pelo Estado ou pelo Município, passa a se chamar Parque Estadual
ou Parque Natural Municipal, respectivamente. Este é o caso do PEUt, que é uma
área criada pelo Estado e é denominado de Parque Estadual.
45
CAPITULO III
3 – TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA
3.1- Descrição da Área de Estudo: O Parque Estadual do Utinga
O Parque Estadual do Utinga está situado a Nordeste do Estado do Pará, com
latitude de 01º23‟13” a 01º26„02" e sua longitude 48º23„50" a 48º26„47", nas áreas
que abrangem os municípios de Belém e de Ananindeua.
É uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, com aproximadamente
1.340 hectares em sua extensão geográfica, criada pelo Decreto Lei nº 1.552, de 03
de maio de 1993 no qual, inicialmente, era denominada de Parque Ambiental de
Belém (PAB). Sendo alterada a sua nomenclatura para Parque Estadual do Utinga -
PEUt, no ano de 2008, pelo Decreto Lei nº 1.330/08, cuja motivação foi adequá-la á
nova legislação do SNUC, na categoria de Parque.
O PEUt está inserido na Área de Proteção Ambiental da Região Metropolitana
de Belém (APA da RMB), sendo esta uma unidade de conservação de uso
sustentável, com 7500 hectares, criada simultaneamente com o parque.
Compreendendo os bairros do Curió-Utinga, do Souza, da Guanabara, do
Castanheira e de Águas Lindas.
A implantação dessa área protegida foi para garantir a vida útil dos dois
mananciais artificiais denominados “Bolonha” e “Água Preta”, assegurando a sua
potabilidade, sendo estes os responsáveis pelo abastecimento de água da cidade de
Belém e da Região Metropolitana.
Além disso, O PEUt tem por objetivo incentivar a preservação da paisagem e
das espécies da flora e dos animais silvestres existentes em sua área, recuperando
as áreas degradadas, garantindo também o convívio da população do entorno com
as formas de vida vegetal e animal existentes no referido Parque. Possibilitando
assim, que a comunidade possa ter uma melhoria na qualidade de vida, por meio da
prática de atividades envoltas ao meio ambiente, tais como atividades de recreação
e atividades educativas, envolvendo trilhas ecológicas, caminhadas, pesquisas
científicas, contemplação da natureza, dentre outras atividades de lazer ao ar livre.
Valorizando assim os municípios de Belém e de Ananindeua, permitindo o
crescimento do turismo alternativo no Estado do Pará.
O clima da região de Belém classifica-se como equatorial úmido, proveniente
46
das áreas verdes ao redor da cidade. Desta forma, o Parque é uma grande
referência de preservação e conservação da natureza, em pleno centro urbano,
localizado no bioma Floresta Amazônica, que corresponde a cerca de 60% da área
total do país.
A cobertura vegetal que predomina na área do PEUt, se constitui pela floresta
tropical perenifólia, ocasionada pela perda de uma área que é proveniente da
criação de reservatórios e do desmatamento devido à ocupação urbana e agrícola,
causando mudanças na floresta (IDESP apud SEMA, 1994, s.p). O seu solo é
onduloso e de terra firme, mas apresenta uma baixa fertilidade natural, com isso
podemos observar, em meio à floresta, árvores com as suas raízes expostas.
Contudo, mesmo com as interferências, o Parque ainda é um significativo fragmento
amazônico conservado, sendo sua vegetação formada por floresta de terra firme,
matas de várzea, capoeiras ou secundarias e igapós. Por isso é possível observar
nitidamente em suas áreas espécies da flora, e da fauna provenientes da região
amazônica. O mapa a seguir mostra a demarcação da área da APA e do PEUt.
Figura 6: Demarcação da área da APA Belém e do PEUt
Fonte: Batalhão de Policia Ambiental, 2010
47
3.2 – Constituição Histórico-social da Área de Estudo
As primeiras iniciativas de preservação do Parque, se deram por volta do
século XVIII, com a criação da Companhia de Águas do Grão-Pará, onde o
abastecimento da cidade de Belém era feito por meio de uma canalização de ferro
fundida, para extrair a água dos pequenos mananciais Aureliano, Buiussuquara e
Antão, todos situados na mata do Utinga. A água que era extraída dos mananciais
era conduzida a filtradores, antes de ser acumulada em tanques subterrâneos, que
as recebiam. Duas máquinas movidas a vapor aspiravam destes depósitos e
alternativamente as comprimiam para encher o tanque numero 1, denominado de
“Reservatório do Largo de São Braz” (VILHENA, apud BORDALO, 2010,p. 65). Este
reservatório foi inaugurado pelo Governo de Lauro Sodré, em 1884, sendo alterado,
posteriormente, através de um decreto estadual, para inspetoria das Águas de
Belém.
No governo de Augusto Montenegro foi erguida uma barragem para represar
as nascentes dos igarapés do Utinga, do Buiussuquara e do rio Catu, onde os três
juntos estruturavam o primeiro manancial do Utinga, chamado de Lago Bolonha, o
qual possui uma área de 666.000 m², com 2.600.000 m³ de água acumulada, que
vem contribuindo desde da época dos Ingleses.
O segundo lago também foi criado a partir da construção de uma barragem
para represar a água do rio Água Preta, dando assim o nome do segundo
manancial, o Lago Água Preta. Neste período quem estava no governo do Estado do
Pará era Magalhães Barata, que autorizou serem realizados estudos geológicos e
topográficos, e ser elaborada a construção do canal do Una, que interliga os dois
mananciais artificiais, o Água Preta e o Bolonha, de onde a água era conduzida até a
estação de tratamento de São Braz, para ser distribuída na cidade de Belém.
Na década de 50, foram realizados estudos sobre a contaminação das águas
do Utinga e também sobre o abastecimento de água, que estava sendo insuficiente
por conta do crescimento populacional. Em função desses estudos, em 1955 foi
construída, nas margens do Rio Guamá, a primeira Captação de Água Bruta do
Guamá, uma casa de bombas com um Conjunto Moto-bombas horizontais (CMBH) e
uma Adutora em concreto armado de 800 mm, a qual bombeava a água do Rio
Guamá para o lago Água Preta, com uma vazão de 3.600m³/h, tendo assim um
aumento significativo do volume de água para o abastecimento dos lagos.
48
Porém, foi no governo de Alacid Nunes, nas décadas de 70 e 80, que foi criada
a Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA), responsável pela construção do
ETA Bolonha – Estação de Tratamento de Água Bruta do Bolonha, que possibilitou a
ampliação da rede de distribuição de água tratada para a população belenense. Desta forma, observa-se que a conservação da área do Parque está, portanto,
diretamente ligada ao desenvolvimento da cidade de Belém. Assim, percebe-se que
a política estratégica de criação de novas áreas protegidas, como as Unidades de
Conservação nos espaços urbanos, consiste também num instrumento para tentar
suprir necessidades vitais da população urbana, como o fornecimento de água.
(VILHENA, 2010).
3.3 - Tipo de Estudo
Este estudo tem como base a pesquisa descritiva, pois “os fatos são
observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem que o
pesquisador interfira neles. Isto significa que os fenômenos do mundo físico e
humano são estudos, mas não manipulados pelo pesquisador” (ANDRADE, 2009, p.
114).
Assim como, possui uma abordagem qualitativa, realizada em duas etapas,
com uma combinação de pesquisa bibliográfica e de pesquisa de campo
(SEVERINO, 2000).
Segundo Ludke e André (1986, p. 12), a pesquisa qualitativa deve considerar
alguns fatores:
1- A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento.
2- Os dados coletados são predominantemente descritivos. 3- A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. 4- O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida soa focos de
atenção especial pelo pesquisador. 5- A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os
pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do início dos estudos.
A primeira etapa se constituiu de uma pesquisa bibliográfica, onde segundo
Oliveira (2008, p. 96) “[...] baseia-a na necessidade de se fazer revisões bibliográfica
periódicas, que visam apresentar, de modo organizado, o estágio atual do
conhecimento de um determinado assunto”.
49
Para o aprofundamento do estudo, foram referenciados, portanto diversos
estudos sobre esta temática, com buscas tendo sido realizadas em livros, artigos
científicos, monografias, dissertações e sites acadêmicos e institucionais.
Na segunda etapa, se estabeleceu a pesquisa de campo, onde se buscou
realizar o mapeamento do sistema de trilhas ecológicas existentes no Parque
Estadual do Utinga – PEUt, por meio de diversos instrumentos metodológicos.
3.4 - Procedimentos e Instrumentos para coleta de dados
O mapeamento foi realizado por meio da análise de cada uma das trilhas
disponibilizadas para a visitação no PEUt e de algumas trilhas que ainda estão
sendo estruturadas para tal fim, buscou-se coletar o máximo de informações
possíveis, de forma detalhada, levando-se em consideração o seu uso atual e
possibilidades de novos usos. Para o mapeamento do sistema de trilhas ecológicas
foram utilizados diversos instrumentos como:
GPS: para coletar as coordenadas geográficas e pontos significativos para
interpretação ambiental, realizando o levantamento florístico e faunístico
verificando as espécies arbóreas e vestígios de animais;
Trena Analógica: para a medição da trajetória de cada trilha;
Máquina Fotográfica: para registrar as imagens das distintas trilhas.
50
CAPITULO IV
4 - O USO PÚBLICO DO PEUt E A CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE
TRILHAS.
4.1 - O Sistema de Proteção do PEUt
O sistema de proteção do PEUt, foi difundido conforme o seu Uso Público, bem
como os órgãos que monitoram a UC. O Batalhão de Polícia Ambiental, em parceria
com a Gerência e equipe do Parque Estadual Utinga e das outras UCs da área,
como APA da Ilha do Combu, APA da Região Metropolitana de Belém, Refúgio de
Vida Silvestre Metrópole da Amazônia (antiga Fazenda Pirelli), traçaram, em maio de
2011 um Plano de Proteção às UCs. O Plano foi baseado no Manual de
Policiamento Ostensivo da Policia Militar do Pará e adaptado ao policiamento
ambiental, o BPA desenvolve diariamente policiamento em toda a área do PEUt.
4.1.1- O Batalhão de Polícia Ambiental - BPA
Originário da 2ª Companhia Independente de Polícia de Meio Ambiente - 2ª
CIPOMA (04/04/94), o BPA, que tinha como objetivo à proteção do PEUt, além da
área ambiental do Estado do Pará. É responsável pelo patrulhamento desta área,
que possui aproximadamente 7500 há, que incluem o PEUt e a APA Belém.
Diante de uma diversidade biológica tão rica, faz-se necessário um sistema de
fiscalização que seja efetivo em seu interior e entorno, uma vez que o abastecimento
hidrográfico potável da Região Metropolitana de Belém - RMB, em quase sua
totalidade, está concentrado nos dois mananciais, existentes no interior do Parque.
51
Figura 7 - Policiais do Batalhão de Policia Ambiental em apreensão
de materiais de pesca proibida no lago Água Preta
Fonte: BPA (2011)
Assim também são realizadas fiscalizações para a diminuição das ações de
degradação das matas ciliares, caça a animais silvestres, furtos a equipamentos,
entrada de pessoas mal intencionadas, entre outras ocorrências. Por sua vastidão, o
PEUt tem sido, ultimamente, foco de um grande número de crimes, desde o refúgio
de pessoas que cometeram pequenos furtos, até a destinação de corpos, fruto de
homicídios praticados em outras localidades. Isto se deve a vários fatores, como a
existência de 62 entradas clandestinas, muitas delas dando acesso aos bairros de
Águas Lindas, do Curió-Utinga, da Ceasa e da Guanabara, localidades consideradas
de altos índices de periculosidade. A descontinuidade dos muros é proveniente das
quedas de árvores antigas, ação das chuvas, erosão do solo, passagem de veículos
próximos ao muro e ação de vândalos.
O difícil acesso às matas constitui-se como um verdadeiro “biombo” do crime,
por oferece atrativos naturais, o que ocasiona a caça e a pesca predatórias. Além
disso, os criminosos se sentem encorajados a cometerem ilícitos oportunos,
principalmente quando se deparam com outras pessoas no Parque, como
praticantes de atividades físicas, estudantes, pesquisadores, funcionários dos
órgãos internos sob a gerência do PEUt ou mesmo pessoas desavisadas acerca dos
perigos de transitarem sem o acompanhamento de uma equipe de segurança.
52
Devido a essas circunstâncias o Batalhão de Polícia Ambiental é um dos
órgãos de suma importância para a proteção da Unidade de conservação.
“O durante os últimos anos, vem desenvolvendo atividades na prevenção e repressão dos crimes contra a natureza, atuando em todo o Estado nas áreas de florestas, rios, mananciais, unidades de conservação, feiras livres, portos, terminais rodoviários e outros locais de ocorrência de crimes ambientais, bem como desenvolvendo atividades de educação ambiental atendendo escolas da rede pública e particular, assim como as comunidades nas mais diversas localidades do Estado do Pará” (BPA, 2011, s.p).
Assim como existe a necessidade desse policiamento, existem algumas
normas criadas pela Gerência do Parque, que são necessárias a uma Unidade de
Conservação, sendo estas caracterizadas como normas de Uso Público do PEUt, a
serem descritas a seguir.
4.2 - Normas de Uso Público do PEUt
Em algumas das categorias de manejo de Unidades de Conservação da
natureza, com exceção das Estações Ecológicas e das Reservas Biológicas, podem
ser realizadas visitações públicas. Através de informações contidas no plano de
manejo, são analisadas as áreas de zoneamento e suas regras de utilização onde, a
partir desta analise, é feito um documento onde são estipuladas as normas para o
Uso Público da área protegida.
O Parque Estadual do Utinga é aberto ao público, porém, por ser uma Unidade
de Conservação, requer alguns critérios para o uso do público, respaldados no seu
Decreto de criação e pelo Decreto Federal nº 84.017, de 21 de setembro de 1979,
que aprova o Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros.
Segundo o Art 1º - no parágrafo 2º deste Regulamento, estabelece as normas
que definem e caracterizam os Parques Nacionais.
“§ 2º - Os Parques Nacionais destinam-se a fins científicos, culturais: educativos e recreativos e, criados e administrados pelo Governo Federal, constituem bens da União destinados ao uso comum do povo, cabendo às autoridades, motivadas pelas razões de sua criação, preservá-los e mantê-los intocáveis” (BRASIL, 1979, s.p).
Portanto, durante a permanência no interior do PEUt, não é permitido:
53
Trafego de veículos, com velocidade acima de 30 km/h, o que
pode colocar em risco a vida dos animais e dos pedestres que
estejam caminhando na estrada;
Estacionamento de veículos sobre os canteiros, as margens de
floresta, em cima de vegetação, em curvas da estrada ou em
qualquer lugar que não tenha a finalidade de estacionamento;
Trafegar em lugares que não sejam destinados a esta
finalidade;
Desenvolver atividades fora das áreas previstas, autorizadas
na solicitação expedida;
Fazer a retirada, sem autorização, de qualquer produto de
origem mineral ou vegetal;
Fazer atividades que venham causar danos ao meio ambiente
ou proporcionar perigo para as pessoas que transitam no Parque;
Realizar qualquer atividade potencialmente capaz de causar
poluição, sem a precedente autorização da gerência da Unidade;
Utilizar, possuir ou transportar motosserra, sem a devida
autorização por escrito, da Gerência;
Causar qualquer tipo de dano à vegetação, que impeça ou
dificulte a regeneração natural da floresta, comprometendo o
desenvolvimento das espécies existentes; Provocar desmatamento ou incêndio;
Possuir quaisquer instrumentos que leve a estes fins;
Fazer marcações ou pichações em árvores, pedras ou
qualquer outra estrutura do Parque, exceto quando necessário para
a realização de pesquisas e com autorização precedida da
administração do PEUt;
Alimentar, pescar, caçar, perseguir, matar, ferir, praticar abuso
ou maus tratos, tocar na fauna silvestre e aquática existente no
parque, impedindo sua procriação;
Destruir ou danificar ninhos, criadouros naturais ou abrigos,
transportando, retirando da mata ovos, larvas, filhotes, alevinos ou
qualquer fase de desenvolvimento de qualquer ser vivo;
Destruir ou retirar vestígios corporais de animais existentes no
parque;
54
Adentrar nas matas do Parque sem a companhia de, pelo
menos, um policial do BPA ou de um representante da Gerência, ou
sem o conhecimento de um dos dois responsáveis citados;
Andar fora das trilhas, abrir e utilizar atalhos sem a prévia
autorização da Gerência do PEUt. Sendo que os mesmo são
responsáveis pela fiscalização das atividades para o cumprimento
das normas de uso;
Poluir, com o derramando de materiais sólidos ou líquidos de
qualquer natureza nos mananciais, que causem o esgotamento das
águas;
Possuir substância de qualquer produto tóxico que seja nociva
à saúde humana e ao meio ambiente; Jogar lixo em qualquer área do parque ou nos lagos;
Quaisquer resíduos que são gerados pelo visitante devem ser
retirados pelo mesmo e depositados nos locais adequados e
indicados para essa finalidade;
Não é permitido usar aparelhos, instrumentos e equipamentos
sonoros que emitiam qualquer tipo de ruído que interfira e perturbe a
vida silvestre e que não seja de referência natural;
Utilizar objetos que possam danificar ou causar danos à flora e
à fauna;
Levar para as dependências do parque animais domésticos,
pois os mesmo podem transmitir doenças e ameaças ao ambiente
natural e, principalmente, aos animais silvestres; Introduzir qualquer tipo de animal ou vegetal no parque;
Destruir, deteriorar, pinchar árvores, calçadas, placas, ou seja,
alterar qualquer estrutura ou edificação administrativa do parque
usando alguma forma de vandalismo;
Filmar ou fotografar áreas do PEUt para fins publicitários ou
comerciais, sem autorização da administração;
Destratar funcionários do parque, de qualquer nível hierárquico,
seja da gerência ou dos serviços gerais;
Permitir ou ajudar terceiros em desacordo com estas Normas
de Uso, causando danos e prejuízos ao espaço físico do PEUt;
Adentrar as extremidades do parque portando, possuindo,
transportando ou utilizando armas de fogo, explosivos, bombinhas,
55
fósforo, isqueiros, facas, canivetes, anzóis, linhas de pesca, redes,
armadilhas, gaiolas, tinta spray, aparelho de som ou outros objetos
incompatíveis com a conduta adequada em Unidades de
Conservação;
Fazer churrascos na área do parque;
Consumir bebida alcoólica e de quaisquer outras substâncias
consideradas entorpecentes no interior do Parque (SEMA; DIAP;
PEUT, 2009, s.p).
As Normas de Uso do Parque Estadual do Utinga, as quais têm como
objetivo principal ordenar a área e monitorar as entradas de visitantes e do público
em geral, possuem como finalidade valorizar o patrimônio natural, incentivando sua
conservação, e formar uma consciência ambiental aos usuários.
4.3 - Visitação
Desde a criação do Parque umas das estratégias para sua preservação, foi a
visitação, na qual era realizada pelos Policias Ambientais, na condução de grupos de
visitantes nas trilhas existentes no PEUt. Atualmente há um aumento significativo
nas demandas de visitação em Unidades de Conservação. Com isso é necessário
se estabelecer normas e diretrizes regulamentadas para que sejam desenvolvidas
atividades adequadas, conforme os objetivos estabelecidos pelo SNUC, que é de
proteger e conservar a biodiversidade. O funcionamento da visitação em Unidades
de Conservação se define como” o aproveitamento é a utilização das UC‟s com fins
recreacionais, educativos, entre outras formas de utilização indireta dos recursos
naturais e culturais” (MMA, 2006, p. 9).
Conforme as Normas de Uso Público do PEUt, a visitação acontece com um
pré agendamento, primeiramente com uma solicitação, por meio de um oficio
destinada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), Diretoria de Áreas
Protegidas (DIAP), Coordenadoria de Unidades de Conservação (CUC), Gerência do
Parque Estadual do Utinga – PEUt, onde deve ter exposto qual a finalidade de
utilização da área, ou seja, se esta tem intenção educativa, recreativa, cultural,
esportiva, de pesquisa, etc. O oficio deve ser destinado com, pelo menos, quinze
dias de antecedência para que haja um pré planejamento. Com isso será feito um
levantamento do quantitativo, verificando se são escolas ou instituições privadas ou
públicas, academias, faculdades, universidades, etc. É avaliado o quantitativo de
56
pessoas que existe no grupo e quais as atividades que podem ser desenvolvidas,
sendo esta uma parte do planejamento das atividades.
A partir, desta avaliação, o Parque retorna a solicitação, se pronunciando se é
possível a realização da atividade. Só depois disso então, o responsável pelo grupo
deverá assinar o documento, dando ciência sobre as permissões e restrições do
PEUt.
Desta forma a visitação se desenvolve com as atividades nas trilhas
ecológicas, caminhadas, esportes ecológicos, passeios ciclísticos, oficinas
ambientais educativas, palestras, teatros de fantoches e atividades lúdicas entre
outras. É realizado um roteiro prévio, conforme a necessidade de cada grupo de
visitantes. Um exemplo de um dos roteiros desenvolvidos com escolas nas
dependências do Parque será descrito a seguir:
Visitação no ETA - Estação de Tratamento de Água do Bolonha, onde os
alunos assistem a um vídeo de como acontece o processo de tratamento de Água
para a cidade de Belém. Além de observarem como funcionam as instalações da COSANPA;
Trilhas ecológicas, as quais são definidas conforme cada grupo, aonde são
feitas atividades de educação ambiental, tendo a interpretação da flora e da fauna,
como elemento educativo de grande importância;
Centro de visitação, onde acontecem apresentações de teatro de fantoches
da COSANPA, exposição do vídeo do Parque e as conversações nos trapiches, em
frente para o Lago Bolonha.
57
Figura 8 - Visitação no ETA (Estação de Tratamento de Água)
Fonte: Laisse Palheta (2011)
Figura 9- Teatro de fantoche
Fonte: Socorro Almeida 2010
No ano de 2010, foi estimado um número de mais de 17 mil visitantes no
Parque de Estadual do Utinga. Na atualidade, o Parque recebe aproximadamente
400 pessoas, diariamente, sendo que 70% desses visitantes são provenientes de
escolas. Estas buscam fazer com que os alunos vivenciem experiências junto à
natureza, a fim de criar uma conscientização ambientalista.
58
A visitação se desenvolve conforme a necessidade de cada grupo de
visitantes. Entretanto, as trilhas ecológicas são um dos atrativos mais procurados do
Parque e será o aspecto a ser aprofundado nesta pesquisa é a caracterização do
sistema de trilhas ecológicas do PEUt, que será abordado no próximo item.
Figura 10- Atividades nas Trilhas.
Fonte: PEUt (2010)
4. 4 - O Sistema de Trilhas
As trilhas são tão antigas quanto a existência da humanidade. Estas passaram
a existir em decorrência direta dos movimentos migratórios de animais,
principalmente dos herbívoros, para escapar do inverno. Para o ser humano, estas
surgiram com a função de suprir as suas necessidades e de se deslocar de um
ponto a outro, num determinado lugar, utilizando-as para vários fins, principalmente
para a busca de alimentos. Mas com o passar do tempo, pôde-se verificar que houve
uma alteração de valores em relação a esses caminhos, surgindo então trilhas com
finalidades socioambientais, fazendo a conexão do meio natural com o meio social
(Andrade, s/a)
Ao longo dos anos, com a urbanização desordenada, a sociedade vem
despertando um interesse para ambientes naturais. Dessa maneira, a implantação
de Unidades de Conservação se tornou, de suma importância, para frear a
intervenção do homem contra a natureza.
59
Em áreas naturais, as trilhas desempenham importantes funções sendo também consideradas instrumentos de manejo. Entre as funções destacam-se a de conectar os visitantes com o lugar, criando maior compreensão e apreciação dos recursos naturais e culturais; provocar mudanças de comportamento, atraindo e envolvendo as pessoas nas tarefas de conservação; aumentar a satisfação dos usuários, criando uma impressão positiva sobre a área; influenciar a distribuição dos visitantes, tornando-a planejada e menos impactante (VASCONCELOS apud ANDRADE, 2008, p. 15).
As trilhas são um dos caminhos viáveis para que se possa desfrutar das áreas
naturais de maneira organizada, segura e consciente, possibilitando a preservação
do ambiente natural (DIAS; QUEIROZ, apud ANDRADE; ROCHA, 2008). “Podem
ser usadas para se chegar a um destino específico, como uma caverna ou
cachoeira, ou podem ser elas mesmas um destino ecoturístico” (JANÉR & MOURÃO
apud ANDRADE; ROCHA, 2008, p. 12). Analisa-se que as trilhas ecológicas podem
ser usadas como uma importante ferramenta pedagógica de interpretação do meio
ambiente, possibilitando a obtenção e implantação de conhecimentos sobre a
conservação e preservação de áreas protegidas.
Desta forma, as trilhas têm uma utilidade de grande relevância para as
Unidades de Conservação. Além de serem utilizadas para a realização de manejo, o
qual é uma ferramenta para diminuir os impactos causados pelas atividades, esses
espaços também podem proporcionar à população a oportunidade de realizar
atividades de educação ambiental, de turismo e de lazer, por meio de um sistema de
trilhas ecológicas, desempenhado um papel importantíssimo para as áreas de
conservação ambiental. Estas trilhas podem ser classificadas quanto à sua função,
quanto à sua forma e quanto ao seu grau de dificuldade.
Quanto à sua função, as trilhas são utilizadas de diferentes maneiras, uma
delas em serviços administrativos, “[...] normalmente realizados por guardas ou
vigias, em atividades prioritárias de fiscalização e patrulhamento” (ANDRADE, 2008,
p. 15) e também para fins de recreação e de educação ambiental.
Quanto à sua forma, as trilhas são divididas em três formas, conforme Andrade
(2008), as quais são:
Trilha Circular: oferece a possibilidade se voltar ao mesmo ponto de origem,
evitando assim se deparar com outros grupos.
60
Figura 11 - Trilha Circular
Fonte: Manual de trilhas (2009).
Trilha em Oito: são muito eficientes em áreas limitadas, pois aumentam a
possibilidade de uso destes espaços.
Figura 12 - Trilha em Oito
Fonte: Manual de trilhas (2009)
Trilha Linear: é o formato de trilha mais comum. Geralmente seu objetivo
é conectar o caminho principal a algum destino, como lagos, cachoeiras, mirantes,
cavernas, picos, etc. As desvantagens são de que o caminho de volta é igual ao de
ida, e há a possibilidade de se cruzar com outros visitantes.
61
Figura 13 - Trilha Linear
Fonte: Manual de trilhas (2009)
Trilha em Atalho: seu início e fim se encontram em diferentes pontos de
uma trilha ou de caminhos principais.
Figura 14- Trilha em Atalho
Fonte: Manual de trilhas (2009)
Quanto ao grau de dificuldade, vale ressaltar que existem várias
classificações de diversos autores e que esse tipo de classificação é bastante
subjetivo, pois o grau de dificuldade varia de pessoa para pessoa, dependendo
basicamente do condicionamento físico. Geralmente a classificação é elaborada
utilizando-se combinações de letras (variando de A a E) e números de (1 a 3), sendo
62
que o uso das letras se refere ao nível técnico e o uso dos números se refere à
intensidade, não necessariamente nesta ordem.
O manual Free Way - Trilhas e Natureza (1987) adota a seguinte classificação:
I) Quanto à intensidade
A - Leve;
B - Regular;
C - Semi-pesada.
II) Quanto ao nível técnico
1 - Fácil;
2 - Com obstáculos naturais;
3 - Exige habilidade específica.
E o The Adventure Company (s.d), adota a seguinte classificação:
I) Graduação nas trilhas:
1 - Fácil
2 - Moderada
3 - Extenuante
II) Classificação das atividades:
Grau A: Passeios que podem ser apreciados sem obrigatoriedade de ter que
caminhar ou desenvolver alguma atividade física. Não requer experiência anterior.
Grau B: Requer alguma atividade física. Se for necessário pernoitar na trilha é
recomendado (mas não exigido) experiência de camping. Em geral não será
necessário carregar uma mochila pesada, mas se este for o caso, adotar-se-á
graduação B-3;
Grau C: Requer condicionamento físico, pois as trilhas podem ser longas,
acidentadas e/ou cansativas. Em geral envolve pernoite na trilha.
Grau D: Requer bom condicionamento físico e experiência básica em montanhismo:
camping, caminhadas em climas adversos, manuseio de equipamentos. Pode exigir
o fator altitude (acima de 4.000 metros). Grau E: Expedição: A pessoa deve ser capaz de desenvolver intensa atividade física
durante muitos dias em lugares de difícil acesso. É necessária experiência
63
comprovada em montanhismo. Deve-se estar preparado para executar as mesmas
tarefas dos guias: cozinhar, montar barracas, etc.
Obs: Nas excursões de Grau C, D, e E, sempre que possível serão utilizados
animais ou carregadores para o transporte dos mantimentos.
Nos Estados Unidos, a MOUNTAIN TRAVEL (1985), considera o seguinte:
I) Quanto à intensidade:
1- Fácil
2 – Moderada
3 – Difícil
II) Quanto ao nível técnico:
A - Fácil; é necessária apenas boa saúde;
B - Requer atividade física como caminhada de 3 a 7 horas ao dia;
C - Caminhadas equivalentes a B só que acima de 4.500m, o que requer melhor
condicionamento físico; D - Grande condicionamento físico com experiência básica de montanhismo;
E - É necessário ao menos três anos de comprovada experiência no tipo de
expedição (ANDARADE, 2008).
O sistema de trilhas do Parque Estadual do Utinga tem uma diversidade de
usos, quais podemos citar: a educação de alunos das escolas, passeios
ecoturisticos de lazer entre instituições privadas e públicas, pesquisas cientificas,
treinamentos militares, como também o monitoramento do Parque realizado pelo
BPA, por causa das ocorrências ilícitas, um dos exemplos a serem citados é o caso
da pesca e da caça predatória, provenientes as entradas clandestinas que existem
no muro que a cerca o Parque.
Foram escolhidas (12 doze) trilhas para este estudo, a maioria utilizadas
especificamente para as visitações que ocorrem no PEUt. Desta forma a partir do
embasamento teórico sobre classificação de trilhas descritas anteriormente. Será
realizada a análise descritiva de acordo com a necessidade de cada uma, levando
em consideração seu uso atual e realizando as observações para melhoria da
trajetória para a valorização da vivencia da visitação.
As trilhas selecionadas foram: Trilha do Macaco; Trilha do Amapá; Trilha da
Castanheira; Trilha da Mariana; Trilha do Bacuri; Trilha do Acapú; Trilha do Bolonha;
64
Trilha do Água Preta; Trilha da Paxiúba; Trilha na Água; Trilha do Tauarí e Trilha da
Faveira. Que serão descritas a seguir.
65
Figura 15- Visão geral do sistema de trilhas
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Paulo Ricardo (2011)
65
4.4.1 - Trilha do Macaco
Figura 16 - Macaco-de-cheiro (Saimiri Scireus)
Fonte: Felipe Furtado (2010)
A espécie Saimiri Sciureus conhecida vulgarmente como Macaco-de-Cheiro.
Apesar de parecer que o nome indica que é cheiroso, na realidade esse nome lhe foi
dado por causa do mau cheiro, já que o mesmo urina na própria cauda e a encharca
utilizando as mãos. O nome da trilha se originou do fato de existir, na extensão de
sua área, uma grande incidência da espécie. No percurso da trilha, geralmente
podemos observar as movimentação dessa espécie.
A trilha do Macaco é considerada a primeira trilha mapeada no PEUt, para fins
de visitação, sua localização encontra-se entre o lago Bolonha e o centro de
visitantes com a dimensão de 1.800 metros de extensão, considerada uma trilha
interpretativa de média distância segundo a classificação de trilhas. Sua função é de
utilização para fins de recreação, lazer com práticas de educação ambiental. Sendo
esta a mais utilizada para trabalhos com escolas que visitam a área. Como Também
é utilizada para patrulhas realizadas pelos policiais do BPA.
De acordo com a classificação de trilhas, a mesma é considerada como uma
trilha de forma linear, com intensidade leve, com orientação fácil e a duração na sua
trajetória é de 45 minutos a 1 hora, variado de acordo com grupos de visitantes. Esta
pode ser indicada para público-alvo de adolescentes acima de 12 anos até adultos,
porém em algumas situações, e com acompanhamento do BPA, crianças acima de 5
anos podem fazer caminhadas pela trilha.
66
Figura 17 - Mapa da Trilha do Macaco Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
Com o uso excessivo da trilha, ocorreram alguns impactos devido à intensa
demanda de visitantes e a utilização inadequada, e por isso foi necessário fazer o
fechamento da trilha por alguns meses, para tenta recuperá-la.
Nos dias 11 e 12 de outubro, com o apoio dos policiais do Batalhão de
Polícia Ambiental - BPA, o Cabo Marcos e o Soldado Kiki Patrick, foi realizado um
novo mapeamento desta trilha e, com isso, foram diagnosticados vários impactos
ocorridos, em função da intensidade de seu uso para as atividades.
O acesso à trilha do macaco está situado às margens da Rua do Utinga,
passando um pouco do lago Bolonha. Na entrada pode ser observada uma placa de
orientação da trilha, contendo o traçado e algumas informações sobre a mesma.
Também foi confeccionado um banco de madeira improvisado, que é utilizado para a
realização de conversas com os grupos de visitantes, antes de estes entrarem na
floresta e também, principalmente, para evitar o estacionamento de veículos às
margens da trilha.
67
Figura 18- Entrada da Trilha do Macaco.
Fonte: Socorro Almeida (2011)
Figura 19- Diálogo com escolas na entrada da trilha
Fonte: Laisse Palheta (2011)
Iniciando a caminhada são encontradas peças circulares de madeira
(chamadas de bolachões), afixadas ao chão, a fim de facilitar a passagem de
visitantes sobre estas, pois devido à intensidade de circulação de pessoas e de
bicicletas (esta última atividade é proibida na trilha), resultou no empobrecimento do
solo e na exposição de raízes, dificultando a caminhada na área.
Em seguida, caminha-se para a Clareira do Macaco, ponto utilizado para
conversações, dinâmicas e atividades envolvendo a educação ambiental. Além de
68
se ter a possibilidade de contemplar o lago Bolonha. Verificou-se que a clareira está
mais aberta e ampla, em função das atividades de manejo ocorridas no local.
O solo encontra-se em estado bastante avançado de deterioração, assim
como todo o percurso da trilha, com a exposição excessiva do mesmo. Há
necessidade urgente de manejo na área, com reposição de serrapilheira, a fim de
amenizar os danos. Apesar da indicação de necessidade de fechamento da trilha,
esta continua sendo utilizada para visitação.
Foram verificadas também muitas áreas abertas e a formação de clareiras,
ocasionadas pela queda de árvores, no final da trilha, impedindo a passagem de
pessoas. Em função disso foi criado um desvio para a saída, na qual se dará
próximo ao centro de visitantes, onde termina o percurso.
A trilha do macaco é a única trilha onde foram feitos estudos para a realização
de sua sinalização. Nesta, foram identificados pontos de orientação da trajetória e de
espécies arbóreas, por meio de um levantamento realizado por um técnico
parataxonomista, da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, onde foram
identificadas as espécies relevantes para fins de interpretação ambiental, as quais
são: Abiurana (Crysophillum guianensis); Acariquara (Minquartia guianensis); Açaí
(Euterpe oleracea); Anani (Symphonia globulifera); Apuí Cipó Mata-pau (Ficus Sp);
Caferana (Dendrobanger boliviana); Caju (Anacardium occidentale); Cajuí / Cajuaçu
(Anacardium giganteum); Cipó Cebola Braba (Clusia glandiflora); Cupiúba (Goupia
glabra); Embaúba (Cecropia pachystachya); Embaubão (Pouruma guianensis); Cipó
Escada-de-jabuti (Bauhinia guianensis); Guarumã (Ischnosiphon arouma);
Mandioqueira (Qualea brevipedicellata); Mata-matá (Eschweilera odorata); Pau
Jacaré (Laetia procera); Paxiúba (Socratea exorrihza); Piquiarana (Caryocar
glabrum); Quaruba (Vochysia guianensis); Sucupira amarela (Bowdichia virgiloides);
Tachi Vermelho (Sclerolobium melancer); Tento (Ormosia paraensis) (SEMA, 2010).
A partir deste levantamento, foram confeccionadas placas de madeira com a
identificação das espécies mapeadas, porém, algumas dessas placas não existem
mais, em função do vandalismo. As que ainda existem estão em péssimo estado de
conservação. Sugere-se fazer uma nova sinalização.
A trilha do macaco está em “recuperação”, porém ainda ocorrem casualmente
algumas visitações, desta forma acaba interferindo no processo. Com isso, é
necessário o fechamento integral desta trilha, para que possa ser realizado o manejo
69
e a manutenção adequada para que a mesma possa proporcionar para o visitante
um melhor contato com a natureza. Existem projetos para o uso da Trilha do Amapá
(trilha anexo a do macaco), com a proposta de fazê-la uma trilha adaptada para
pessoas com necessidades especiais, percorrendo aproximadamente 330 metros
até a clareira do macaco finalizando a trilha para cadeirantes.
Figura 20-Trilha de cadeirantes, Parque do Mindu – Manaus - AM
Fonte: Socorro Almeida (2011)
4.4.2 - Trilha do Amapá
Figura 21 - Amapazeiro (Parahancornia Amapá)
Fonte: Laisse Palheta (2011)
70
O Parahancornia Amapá, conhecido vulgarmente por Amapazeiro/Amapá é
uma das espécies de árvore de grande porte encontrada na Amazônia e seu tronco
chega a ter, aproximadamente, 35 metros de altura. É dele que é retirado o leite do
Amapá, que é muito utilizado por tribos indígenas e também por ribeirinhos de certas
regiões do Pará, como forma de remédio para vários tipos de doenças,
principalmente como cicatrizantes.
O nome da trilha do Amapá foi originado devido existir, em seu percurso, um
Amapazeiro, de fácil visualização por quem caminha nesta trilha, espécie esta
encontrada nas matas do PEUt. Esta é a segunda trilha mais antiga do Parque, antes utilizada apenas como saída
de emergência, por estar interligada à trilha do macaco. Porém, com o aumento da
demanda de visitação de escolas, antes o que era somente uma saída de
emergência tornou-se uma trilha alternativa a ser utilizada na condução de crianças.
A trilha do Amapá é uma trilha de curta distância, com aproximadamente 420
metros em seu trajeto. Sua entrada fica localizada nas margens da estrada do
Utinga, aproximadamente a 100 metros da entrada da Trilha do Macaco.
Possui um caráter recreativo e educativo para a realização de interpretação
ambiental. Podemos classificá-la como uma trilha em atalho, com a intensidade leve
e seu nível técnico tem uma orientação considerada fácil, com duração, em média,
de 30 minutos com interpretação, indicada para grupos de crianças com faixa etária
de 4 a 10 anos.
71
Figura 22 - Mapa da Trilha do Amapá
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
O mapeamento desta trilha foi realizado nos dias 17 e 18 de Outubro de 2011
no Parque Estadual do Utinga, com o acompanhamento técnico do soldado do
Batalhão de Polícia Ambiental – BPA, Kiki Patrick.
Ao iniciarmos a caminhada podemos observar a presença de várias espécies
predominantes da região amazônica, que são de suma importância para a
interpretação e a contemplação nesta trilha, tais como: Amapá (Parahancornia
amapá); Anani (Symphonia globulifera); Breu Branco (Protium pallidum Cuatr); Cipó
de Fogo (Davilla sp); Cipó Apuí ou Mata Pau (Ficus sp); Embaúba (Cecropia
palmata); Fava Benguê (Parkia oppositifolia Benth); Guarumã (Ischnosiphon
arouma); Mumbaca (Astrocaryum mumbaca, Mart.); Paxiúba (Socratea exorrhiza);
Piquiarana (Caryocar glabrum); Tachi Preto (Tachigalia paniculata Aubl); Quaruba
Bacuri (Vochysia sp).
No caminho da trilha existem vários pontos de interpretação e também pontos
para a realização de atividades, dinâmicas e conversas com os grupos. Um destes
pontos seria a primeira clareira, onde existem vestígios de treinamentos militares
feitos pelo BPA e forças armadas que frequentam a área para treinamentos. Pode-
se encontrar armadilhas, utensílios feitos de matérias resgatadas da floresta, abrigos
72
entre outros. Logo mais à frente podemos observar a segunda clareira, denominada
clareira do macaco, onde são feitas as atividades de recreação e a contemplação do
lago Bolonha, onde podermos escutar, sentir e visualizar espécies de aves e
pássaros, com possíveis aparições de Macacos-de-Cheiro (Saimiri sciureus),
Capivaras (Hydrochoerus hydrochoeris) e Quati (Nasua nasua). Seguindo,
aproximadamente mais uns 90 metros à esquerda, encontra-se o final da trilha.
Figura 23- Primeira clareira
Fonte: Socorro Almeida (2010)
A situação atual desta trilha não é das melhores, pois são visíveis os
impactos causados pela visitação, onde há necessidade de realizar um estudo sobre
a capacidade de carga e implantar uma sinalização informativa adequada sobre os
aspectos referentes a esta trilha, a qual será de suma importância para prevenir
maiores danos causados pela ação antrópica.
Aproximadamente há um ano esta trilha está com o acesso vetado para
visitações, pois a mesma se encontra em processo de recuperação.
73
Figura 24- Trilha do Amapá em processo de recuperação.
Fonte: Laisse Palheta (2011)
4.4.3 - Trilha da Castanheira
Figura 25 - Castanha-do-pará (Bertholletia excelsa)
Fonte: Laisse Palheta (2011)
A Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa) é considerada uma das maiores
espécies de árvores da flora amazônica, podendo chegar até 50 m de altura e 1 ou
até 5 metros em sua largura, e também, pode viver até aproximadamente 500 anos.
A árvore possui o tronco reto, com seus galhos permanecendo por mais da metade
do comprimento, fazendo uma grande coroa emergindo sobre a folhagem das
árvores vizinhas. Sua casca é acinzentada e suave, sua floração acontece na
passagem do tempo seco para chuvoso, que na região amazônica ocorre nos meses
74
de setembro a fevereiro, seus frutos demoram de 12 a 15 meses para amadurecer, e
caem principalmente em janeiro e fevereiro. A Castanha-do-Pará tem uma variedade
de utilidades, como por exemplo, na alimentação, na forma medicinal, na produção
de lubrificantes, tintas, cosméticos, entre outros. Sua madeira é considerada de boa
qualidade. A espécie está protegida por Lei, por ser considerada em risco de
extinção.
A origem do nome desta trilha dá-se por existir, próximo ao seu percurso,
precisamente a 70 metros, uma árvore centenária desta espécie. Esta trilha é
diferenciada por ter duas trajetórias.
A primeira é considerada uma trilha de média distância e tem sua extensão de
aproximadamente 2.163 metros. Sua entrada fica localizada às margens da estrada
do Utinga entre o lago Bolonha e a entrada da trilha do macaco, onde se percorre
cerca de 584 metros sobre o canal de interligação dos lagos Bolonha e Água Preta.
O término de seu percurso se dá no Centro de Revegetação, que dá acesso à
estrada de chão conhecida como Moça Bonita.
Figura 26 – Nova entrada da Trilha da Castanheira
Fonte: Laisse Palheta (2011)
75
Figura 27 - Canal de interligação entre os lagos Água Preta e Bolonha
Fonte: Socorro Almeida (2010)
Este trajeto é utilizado para a realização de fiscalizações da Polícia Ambiental,
por ser uma trilha localizada entre os dois lagos, onde há muita incidência de delitos,
como a caça e a pesca predatórias, devido existir no interior dos lagos uma
variedades de espécies aquáticas, além de servir para evitar a coleta de madeiras
de leis existentes na área e até crimes contra homem.
Esta trajetória da trilha também é utilizada para afins de interpretação
ambiental, por abrigar espécies de madeiras oriundas de florestas primárias e
secundárias, pouco vistas em uma área urbana. Também pode ser utilizada para
atividades de turismo e de recreação.
Sua forma é considerada linear, com uma intensidade classificada como semi-
pesada, com orientação fácil, mas com a existência de alguns obstáculos naturais,
requerendo um pouco de esforço físico. A duração deste trajeto está estimada em,
aproximadamente, 1 hora e 45 minutos. O público-alvo indicado para utilizar esse
trajeto é de adolescente acima de 15 anos e adultos. Porém, isto depende do
condicionamento e das condições físicas de cada visitante.
76
Figura 28 – Mapa da Trilha da Castanheira - Trajeto original de
caminhada sobre o canal
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
O segundo trajeto da trilha, é de, aproximadamente, 2145 metros, tendo sua
entrada às margens da Rua Principal do PEUt, com sua forma sendo linear, com o
grau de dificuldade moderado, considerando-a uma trilha de orientação fácil, tendo
seu término na estrada Moça Bonita, próximo ao centro de revegetação. O tempo
estimado de sua trajetória é de, aproximadamente, 1 hora e 30 minutos, dependendo
do grupo de visitantes.
Nesse trajeto foi realizado um desvio, a fim de melhorar o percurso da trilha e
receber públicos de jovens e adolescentes a partir de 15 anos e adultos.
77
Figura 29.– Mapa da Trilha da Castanheira - Segundo trajeto com desvio
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
O início do estudo nesta trilha deu-se no primeiro semestre do ano de 2010,
com a participação da turismóloga, Socorro Almeida, técnica da SEMA, do primeiro
grupo de estagiários do PEUt e do subtenente Rocha do BPA, onde se buscou fazer
o manejo e o mapeamento, analisando pontos para a identificação e a interpretação
de espécies arbóreas, com fins de se implantar uma sinalização, futuramente.
Neste primeiro momento a trajetória desta trilha se iniciava pela entrada da
trilha do macaco e terminava no centro de revegetação, passando pelo canal de
interligação entre os dois mananciais.
O mapeamento da trilha da castanheira foi realizado nos dias 07 e 08 de
outubro com o apoio técnico do subtenente Rocha e da equipe de campo do PEUt, o
senhor Vica e o senhor Chico.
Foi realizado um levantamento florístico, onde foram observadas e
selecionadas possíveis espécies arbóreas para interpretação. Entre elas
encontremos na trilha: Pau-de-remo (Chimarrhis turbinata;, Mumbaca (Astrocaryum
mumbaca Mart.); Tento (Ormosia paraensis Ducke); Tachi (Tachigalia
myrmecophylla Ducke); Quaruba Bacuri (Vochysia sp.); Quaruba sedra Cajuí
(Anacardium giganteum); Andiroba (Carapa guianensis); Ubim (Geonoma sp.);
Parapará (Jacaranda copaia); Faveira Arara Tucupi (Parkia multijuga Benth);
Piquiarana (Caryocar glabrum); Castanha Sapucaia (Lecythis paraensis); Tauari
78
(Couratari guianensis); Tatajuba (Bagassa guianensis); Quaruba papel (Vochysia
sp.); Apuí (Ficus sp.); Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsia); Caraoba ( Ficus sp.);
Cupui (Theobroma Subincanum); Viana (fícus sp.),; Cipó Cebola Braba (Clusia
glandiflora); Angelim (Hymenolobium petraeum); Cariperana (Licania octandra);
Entre outras. Estas espécies são de grande porte, em sua maioria, despertando a
curiosidade dos visitantes. Além das espécies arbóreas provenientes da região
amazônica, também podemos encontrar vestígios de animais silvestres, como
Capivaras ( Hydrochoerus hydrochoeris), ofídios, Jacarés (Melanosuchus niger.),
Quatis ( Nasua nasua), Macaco–de-cheiro (Saimiri sciureus), pássaros e aves
existentes no PEUt.
Descrevendo esta trajetória podemos citar que, ao entrar na floresta,
passamos pela Clareira do Macaco, um ponto de considerável relevância, pois é
neste local que são realizadas as atividades de recreação, as dinâmicas de grupos e
a educação ambiental para os visitantes. O interessante é que neste local é possível
se observar a interligação das trilhas da Castanheira, do Macaco e do Amapá, que é
de fácil visualização, e também se observa que este ponto é bastante significativo,
pelo fato de ser possível contemplar o lago Bolonha.
O solo e a floresta estão em ótimo estado de conservação, sendo possível
nos depararmos com alguns obstáculos naturais, decorrentes de quedas de árvores
na floresta.
Em algumas áreas da trilha, é possível se observar alguns aclives e declives,
em função do solo ser onduloso e das seguidas chuvas, que acabam por ocasionar
certa erosão na área. Além disso, há o aumento do volume de água dos dois lagos
artificiais, que ficam às margens da trilha, o que também contribui para interferir
neste processo, formando áreas alagadas, principalmente no inverno, e que podem
ser observadas no decorrer da trilha. Estes obstáculos podem oferecer perigo para
as pessoas que transitam na trilha, no entanto, apenas participam desta trilha grupos
de pessoas mais experientes e que gostam de trilhas “com mais emoção”. Sempre
há o acompanhamento do BPA.
Neste trajeto, considerado o original, os visitantes têm a oportunidade de
conhecer o canal onde estão interligados os dois lagos artificiais, local onde poucos
têm a oportunidade de ter acesso.
79
No entanto, os técnicos do PEUt, analisaram a possibilidade de se criar uma
outra rota para levar diferentes grupos, daqueles que já estavam acostumados a
trabalhar. Por este motivo foi aberto um desvio no meio da floresta, que dá acesso à
estrada da Moça Bonita próximo ao espaço de revegetação, onde podem ser
observadas diversas espécies arbóreas. Assim torna-se uma opção para evitar o
canal e as áreas de risco, onde existem os aclives e declives. Portanto, neste
momento, a Trilha da Castanheira possui dois traçados.
Levando-se em consideração a situação atual da Trilha da Castanheira,
primeiramente foi detectada a modificação da entrada de acesso da trilha em sua
localização. Verifica-se também que na entrada foram colocados bloquetes de
concreto que são de fácil visualização.
Nesta pesquisa foram mapeadas as duas trajetórias, sendo catalogados pontos
para sinalização, orientação e interpretação da trilha da castanheira, pois a mesma
ainda não possui uma sinalização adequada para a orientação. Atualmente é
possível se observar marcações provisórias com TNT da cor verde, estas feitas
pelos técnicos durante o manejo, identificando assim o desvio feito na floresta.
Com isso há uma necessidade de se fazer um estudo para a sinalização desta
trilha e também uma possível estruturação na saída da floresta. Onde há uma
descida, indica-se uma adaptação, como uma escada construída de forma
semelhante a que existe no acesso ao centro de revegetação. O canal também
necessita de algumas intervenções, como a roçagem, para facilitar a passagem de
pessoas pelo local.
Figura 30- Escada de acesso ao centro de Revegetação.
Fonte: Laisse Palheta (2011)
80
4.4.4 - Trilha da Mariana
Figura 31 – Igarapé da Mariana no PEUt
Fonte: Socorro Almeida (2010)
A origem do nome da Trilha da Mariana foi devido a existência do igarapé da
Mariana, localizado na passagem da trilha. Porém, o nome do igarapé foi dado pelos
moradores do entorno do Parque, por existir uma passagem, que hoje é uma rua
com o nome de Mariana, localizada entre a Avenida Almirante Barroso e a Avenida
João Paulo II.
A trilha é de média distância e tem sua extensão de aproximadamente 812
metros até a cerca do ETA. Caminhando-se mais uns 134 metros, é possível chegar
à pista que dá acesso à estação de tratamento da COSANPA. Somando os trajetos,
se chegará a um total de 946 metros percorridos.
Essa trilha possui, como função primordial, a realização das patrulhas de
fiscalização do PEUt e também, principalmente, para as atividades de lazer e
recreação voltadas para a preservação do meio ambiente. É mais utilizada na
visitação realizada pelos policiais do BPA, que trabalham no P3 Núcleo de Educação
Ambiental do Batalhão.
De acordo com a análise e a interpretação realizada do percurso da trilha, a
mesma tem a função de fiscalização, de atividades recreativas e de lazer. É uma
ótima trilha para a realização de turismo de aventura.
Sua forma é linear, com um grau de intensidade regular, com alguns
obstáculos feitos pela natureza, sendo acessível aos mais inexperientes.
81
Recomendada para pessoas com idade acima de 12 anos. O tempo estimado de
duração da trilha é de, aproximadamente, 35 a 45 minutos.
Figura 32 - Mapa da Trilha da Mariana.
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
O inicio do mapeamento desta trilha, ocorreu nos dias 30 de setembro e 01 e
03 de outubro de 2011, juntamente com o Tenente Macedo e o Subtenente Rocha,
policiais do BPA e a equipe de campo do PEUt.
A Trilha da Mariana se inicia pelo BPA percorrendo um caminho que segue
paralelamente ao muro. Nesta área percebe-se que o solo não está em bom estado
de conservação, pois e um caminho que foi habitado, onde se podem ver ainda
alguns vestígios de construções de casas que foram desapropriadas de dentro do
Parque. Neste caminho foi verificada uma quantidade exacerbada de lixo disperso
pelos moradores próximos ao Parque e de outros bairros das proximidades, além
das vegetações que se sobrepõem para meio do trajeto da trilha havendo então a
necessidade de se fazer uma limpeza constante neste local, ponto em que se pode
observar a ação predatória do homem junto á natureza.
82
Figura 33- Predominância da vegetação na trilha
Fonte: Laisse Palheta (2011)
Figura 34- Resíduos encontrados no percurso trilha
Fonte: Laisse Palheta(2011)
Por ser um Parque urbano, é inevitável nos depararmos com situações como
essas, principalmente em relação ao lixo, que é um dos problemas evidenciados
nesta Trilha.
Verificou-se que existem várias entradas clandestinas abertas nos muros do
parque, as quais se presume que foram feitas pelos moradores do entorno, para
83
terem acesso a uma das fontes de água mineral que fica localizada às proximidades
desta trilha. É comum, nesta caminhada, encontrarmos moradores entrando para
buscar água nas fontes do PEUt.
Observou-se que o solo desta área não está tão conservado e, por isso, há
áreas de erosão. Esta área é denominada de Bananal, sendo uma área alagada
devido a nascente do igarapé da Mariana e outros olhos d‟águas espalhados pelo
Parque, além de ser um habitat de animais peçonhentos. Desta forma os visitantes
não têm e não podem ter acesso a esta área, por ser de grande periculosidade.
Neste ponto da trilha requer bastante atenção para evitar acidentes.
Seguindo o caminho da trilha, adentramos numa parte da floresta, passando
por um obstáculo e logo sendo visualizada uma espécie arbórea chamada Quaruba
(Vochysia sp), sendo um ponto de orientação e de interpretação, que ser tornou uma
referência no caminho, pois a mesma encontra-se no centro de uma bifurcação, que
ao seguir para a direita chega-se até a bica, onde é coletada a água pela
comunidade do entorno, e ao se seguir para a esquerda se chega muro do PEUt.
Ao chegar ao ponto onde se adentra efetivamente na floresta, do lado
esquerdo é observada uma das entradas clandestinas feitas pela população do
entorno. Entrada esta que foi feita de modo estratégico para ter acesso ao igarapé
da Mariana, onde sempre são encontradas pessoas tomando banho. Contudo, já
existem ações para o fechamento desta entrada clandestina, para evitar o acesso de
pessoas, de forma desordenada dentro do Parque, principalmente ao igarapé da
Mariana.
Além do banho, um dos problemas causados por essas entradas clandestinas
é o acesso de pessoas para cometerem ilícitos, como a ingestão de bebidas
alcoólicas e outras drogas, além de furtos e violência sexual. Em função desses
fatos são realizadas rondas 24 horas pelos policiais do Batalhão de Policia
Ambiental, a fim de evitar esse tipo de situação nesta área do Parque.
No entanto, as ações ainda são insuficientes, sendo que o ideal seria o
fechamento definitivo destas entradas, com a sinalização de punição, identificando
que esta é uma área de proteção ambiental.
O igarapé da Mariana é um lugar paradisíaco de água cristalina, porém é
extremamente proibido o uso para banho, segundo as Normas de Uso Público do
PEUt, sendo este um ponto para a interpretação e contemplação da natureza .
84
A partir do igarapé da Mariana, inicia-se a caminhada na trilha em mata mais
fechada, aonde existe uma pequena subida de, aproximadamente, 2 metros, onde
há uma ramificação para a trilha do Bacuri, trilha esta que será descrita em seguida.
O solo desta trilha se encontra em estado regular de conservação e existem
alguns pontos onde há a exposição do solo. Neste trecho, por não ter muita
movimentação no uso da trilha, nos dias de semana a floresta se encontra um pouco
mais densa, necessitando de manejo para a retirada de raízes expostas no meio do
caminho.
Em alguns pontos desta trilha há clareiras, em consequência da queda de
árvores, sendo verificado que o traçado da trilha teve que ser alterado, com a
realização de alguns desvios que modificaram a trajetória original da trilha.
É possível se observar também algumas aberturas de “picadas” na mata, as
quais podem ser confundidas com caminhos, locais onde é necessário ser colocada
uma sinalização para identificar o caminho correto da trilha a ser percorrida, já que
não há nenhum tipo de sinalização nesta trilha. Com isso, sugere-se que deva ser
realizado um estudo para o mapeamento e colocação de sinalização, para
orientação e interpretação na trilha.
No decorrer deste estudo foi realizado um levantamento florístico e faunístico
sobre as espécies a serem interpretadas na trilha. Nela encontramos uma
diversidade de espécies da flora amazônica, com incidências de matas primárias e
secundárias, além de áreas de várzea. Entre as espécies encontradas pode-se citar:
Faveira (Parkia multijuga Benth); Ingá (Inga sp.); Embaúba (Cecropia pachystachya);
Guarumã (Ischnosiphon arouma (Aubl.) Koern); Samaumeira (Ceiba pentandra (L.)
Gaertn); Pariri (fícus sp.); Burití (Mauritia flexuosa), Viana (fícus sp.); Paxiúba (Socratea exorrhiza); Inajá (Maximiliana Maripa Aublet Drude); Taperebá (Spondias
mombin); quaruba vermelha (Vochysia máxima); Parapará (Jacaranda copaia);
Virola (Virola sp.); Mumbaca (Astrocaryum mumbaca Mart.); Breu Branco (Protium
pallidum); Matamatá (Lecythis idatimon); Tachí preto (Tachigalia sp.); Cipó escada
de jabuti (Bauhinia Splendens); Angelim Pedra (Hymenolobium petraeum.); Bambú
(Bambusa vulgaris.). Essas espécies são encontradas na região amazônica e têm
um valor significativo para a interpretação ambiental, oportunidade em que os
condutores podem convencer o público visitante.
85
Além das espécies arbóreas é possível encontrar neste caminho vários
vestígios da Fauna existente no PEUt como: Cutia (Dasyprocta azarae.), macaco-de-
cheiro (Saimiri sciureus), Quati (Nasua nasua), papagaio do mangue (amazônia
amazônica), pica-pau amarelo (Celeus flavescens), japim (Cacicus cela), dentre
outros animais silvestres. No entanto, para que se perceba a presença desses
animais e para que seja possível realizar observações, os visitantes precisam
caminhar em silêncio na floresta.
A Trilha da Mariana é um dos atrativos que têm um grande potencial para a
difusão do turismo de natureza no PEUt e deveria existir uma atenção maior em seu
manejo, devido as problemáticas que a cercam, já que pode ser um local onde os
visitantes possam usufruir de seus atrativos naturais, com consciência.
A trilha da Mariana situa-se em uma área de terra firme, com alguns
obstáculos e é passagem de um córrego, por onde o visitante precisa atravessar.
Neste ponto foi improvisado um tronco de uma árvore caída, para facilitar a travessia
de visitantes. Sugere-se ser construída uma ponte para a passagem dos mesmos.
Ao se passar pelo córrego de água, do lado direito, existem umas carcaças de
carros da COSANPA, ressaltando-se a ação antrópica junto a esta área protegida.
Do lado esquerdo, às margens da trilha nota-se a presença de formigueiros, da
espécie formigas saúvas da família dos Formicídeos, onde o visitante tem que ter
atenção para neste local. A caminhada nesta trilha termina na cerca do ETA
(Estação de Tratamento de Água do Bolonha), seguindo um caminho até a pista.
Analisa-se que esta trilha precisa receber uma atenção especial do órgão
responsável pela administração do PEUt, pois possui um potencial de bastante
relevância para a pratica de Turismo de Aventura e também para ser utilizado com
atividades de educação ambiental, especialmente com temáticas que envolvem
recursos hídricos, devido a presença do igarapé da Mariana, além dos diversos
atrativos que a mesma oferecer ao visitante.
86
Figura 35- Aclive na Trilha da Mariana
Fonte: Laisse Palheta (2001)
4.4.5 - Trilha do Bacuri
Figura 36 - Bacurizeiro ou Platonia insignis
Fonte: Laisse Palheta (2011)
O bacurizeiro (Platonia insignis) é uma grande árvore que pode medir mais de
40 metros de altura, da família das Clusiaceae (ant. gutíferas). Nativa da região
amazônica, seu fruto recebe o nome de bacuri, com bagos grandes, globosos e
87
amarelos, com polpa branqueada ou amarelada. O bacuri é utilizado na culinária
paraense, além de seu óleo ser utilizado como remédio para doenças de pele.
O nome desta trilha originou-se por existir, no seu percurso, uma árvore
centenária de Bacuri, com mais de 40 metros de altura.
A trilha do Bacuri tem uma extensão de 1315 metros e sua entrada situa-se
na pista de acesso à estação de tratamento da COSANPA, entre a Rua do Utinga e
a ETA.
Esta trilha é uma ramificação da Trilha da Mariana, a qual é utilizada para o
patrulhamento ostensivo realizado no PEUt pelo BPA, e também tem função
recreativa e educativa, utilizada na condução de visitantes, principalmente nos finais
de semana. Sua forma é linear, com fácil orientação, mesmo não tendo nenhum tipo
de sinalização. Possui grau de dificuldade regular, com poucos obstáculos naturais.
A duração do percurso é de 45 minutos a 1 hora, indicada para público de
adolescentes acima de 13 anos e adultos. A trilha do Bacuri é uma das trilhas mais
bonitas do PEUt, pois contorna o igarapé da Mariana.
Figura 37- Mapa da Trilha do Bacuri
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
88
Os estudos realizados nesta trilha aconteceram no mesmo período dos
estudos realizados na trilha da Mariana, no ano de 2010. Porém foi realizado o
reconhecimento da área neste período, para se dar continuidade à pesquisa em
outro momento.
Nos dias 30 de setembro e 01 a 03 de outubro a pesquisadora, juntamente
com o Tenente Macedo (BPA) e os senhores Vica e Chico (SEMA), analisaram e
realizaram o mapeamento da trilha, coletando as suas coordenadas geográficas,
catalogando e coletando o máximo de informações relevantes desta trilha.
Ao realizar este levantamento de coleta de informações, foi possível ser
verificado vestígios de animais silvestres na área tais como: Cutia, Macaco-de-cheiro
(Saimiri scireus); Sagui (Saguinus niger); Preguiça-de-bentinho (Bradypus
tridactylus); Quati (Nasua nasua) e Tatu bola (Tolypeutes sp) e também animais
peçonhentos como a cobra Jararaca, além de aves e pássaros como: Pica-pau-
amarelo (Celeus flavus), tucano-de-bico-preto (Ramphatus vitellinus), dentre outros
que pudemos visualizar e escutar.
Na Trilha do Bacuri também pudemos observar uma variedade de espécies
arbóreas da Amazônia, como: Abiurana (Crysophillum guianensis), Breu branco
(Protium pallidum), Bacurizeiro (Platonia insignis ant.), Cajui (Anacardium
giganteum), Cipó escada de jaboti (Bauhinia guianensis), Mata-Matá (Lecythis
idatimon), Virola (Virola sp), Quaruba Bacuri (Vochysia sp.), Ubim (Geonoma
Acreana), Piquiarana (Caryocar glabrum), Bacaba (Oenocarpus bacaba), Embaúba
Branca (Cecropia palmata), Embaubão (Pouruma guianensis), Morototó (Schefflera
morototoni (Aubl.), Maçaranduba (Manilkara amazônica), Guarumã (Ischnosiphon
arouma (Aubl.), Pau de remo (Chimarrhis turbinata), Cipó japuocá (ficus sp), Favera
bengué (Parkia oppositifolia Benth), Quarupa papel (Vochysia sp.), Timborana
(Piptadenia suaveolens), Paxiúba (Socratea exorrhiza), Samauma (Ceiba pentandra
(L.) Gaertn). Espécies estas que foram catalogadas para a realização de
interpretação ambiental.
Levando-se em consideração o uso da trilha no presente momento, foi
possível se chegar ao trevo, andando alguns metros e ver que, do lado esquerdo,
pode ser observada a entrada da trilha. A percepção de sua entrada é pequena, por
conta da vegetação densa, o que indica a falta de manejo e a falta de sinalização.
89
Ao adentrar na floresta, do lado esquerdo percebemos uma trilha alternativa
que, possivelmente, dará na pista da Estrada do Utinga, mas esta se encontra
fechada, devido a predominância da vegetação.
O solo e a floresta estão conservados, porém em alguns pontos existe erosão
devido ao declínio do terreno, com a exposição do solo devido à frequentes chuvas.
No percurso existem alguns trechos que precisam, urgentemente, da intervenção
para melhoria do percurso.
Chegando ao ponto onde existe uma bifurcação, na esquerda podemos
observar parte do igarapé da Mariana e também uma espécie de poço de concreto e
do lado direito, segue-se a trilha. O interessante desta trajetória é de se encontrar
essas estruturas. Relatos de antigos, revelam um pouco da história da Cabanagem,
no qual utilizava-se a mata do Utinga como esconderijo para os Cabanos e esses
poços foram construídos para servirem como ponto de fuga.
Figura 38 - Poço de concreto encontrado no percurso da Trilha.
Fonte: Laisse Palheta (2011)
Desta forma, a mesma poder vir a ser um instrumento significativo de
educação ambiental, podendo ser aproveitada para contar um pouco da história
paraense. No entanto é preciso que se realize um estudo mais aprofundado desta
trilha, para que dessa maneira possam ser aproveitadas estas estruturas no
desenvolvimento desta trilha, levando-se em consideração também as atividades de
interpretação ambiental.
90
No decorrer deste percurso verificamos declives e aclives, lugares onde no
inverno se tornam alagados, devido serem às proximidades de olhos d‟água,
obstáculos feitos pela natureza e como já foi dito áreas de erosão, que podem ser
perigosos para o visitante.
Sugere-se a realização de uma sinalização emergencial nesta trilha, para o
melhor aproveitamento da mesma. Existe um momento que esta trajetória se liga à
trilha da Mariana, chegando até o igarapé da Mariana, um ponto para uma
conversação e contemplação da natureza. Seguindo na trilha paralela ao muro do
PEUt e terminando a trilha no BPA. Até o prezado momento não foi feito nenhum
estudo técnico desta trilha.
4.4.6 - Trilha do Acapu
Figura 39 – Acapú ou Vouacapoua americana
Fonte: Paulo Andrei
Vouacapoua americana, conhecida popularmente como Acapú é da Família
Leguminosae Caesalpinoideae, uma espécie de árvore de médio porte, de belo
aspecto, bastante ramificada com folhagem escura e belas inflorescências. Sua
floração acontece no início da estação chuvosa, de janeiro a março, conforme os
lugares e os anos predominantes na região Amazônia, principalmente no estado do
Pará. No período da floração esta se destaca por suas flores amarelas pequenas,
que tornam o visual da árvore muito bonito.
O nome desta trilha é devido a quantidade encontrada desta espécie na área
de localização da trilha. A trilha do Acapú tem em sua extensão, aproximadamente,
91
1100 metros, com sua localização entre a estrada de acesso ao ETA e o lago
Bolonha, passando pelo antigo depósito químico da COSANPA, às margens da Rua
principal do PEUt. Um diferencial desta trilha é que ela inicia e termina em um único
ponto.
Esta trilha tem um caráter recreativo e educativo, e é utilizada para o
patrulhamento do parque. É também voltada para pesquisas cientificas, por estar
localizada nas proximidades do lago Bolonha. Quanto à sua forma, é considerada
circular irregular, proporcionando a possibilidade de se voltar ao mesmo ponto de
partida. Tem um grau de dificuldade médio com alguns obstáculos feitos pela própria
natureza e sua orientação é fácil, com algumas sinalizações de indicação do
caminho. O percurso tem a duração de 45 minutos a 1 hora de caminhada na mata e
é indicada para um público de adolescentes e adultos.
Figura 40- Mapa da Trilha do Acapu
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
Os primeiros estudos realizados na trilha do Acapú ocorreram no final do ano
de 2010, com a primeira equipe de estudos, coordenada pela técnica Socorro
Almeida (Coordenadora de Uso Público -SEMA) e o Subtenente Rocha (BPA).
92
A trilha estava tomada pela vegetação, onde foi realizado o reconhecimento, a
análise e o clareamento da trilha, marcando pontos de orientação e de possíveis
observações das espécies florísticas e faunísticas existentes, para se utilizar na
interpretação. O objetivo foi de se realizar o manejo para, colocar em funcionamento
mais uma trilha para visitação.
No dia 04, 05 e 06 de outubro 2011 a pesquisadora, juntamente com o
Tenente Macedo e o Subtenente Rocha (BPA), realizou estudos de campo, onde
foram coletadas as coordenadas geográficas e realizada a medição, para a
verificação da trajetória da trilha. Também foram realizados, juntamente com a
equipe de campo do PEUt, os levantamentos das espécies arbóreas encontradas na
mesma. Foram observadas e analisadas possíveis espécies para interpretação
como: Açai (Euterpe oleracea), Acapu (Vouacapoua americana Aubl); Anani
(Symphonia globulifera); Cariperana (Licania membranaceae Sagot. ex Lane);
Castanha de Sapucaia (Lecythis paraenses); Embauba (Cecropia palmata); Faveira
(Parkia multijuga Benth); Fava timborana (Parkia multijuga Benth); Piquiarana
(Caryocar glabrum); Paxiúba (Socratea exorrhiza); Pau de Remo (Chimarris
turbinata DC.); Quaruba (Vochysia guianensis); Quarubatinga (Vochysia guianensis);
Quaruba sedra; Tauari (Couratari guianensis); Tachi Preto (Tachigalia sp.); Virola de
Terra Firme (Virola surinamensis (Rol.) Warb); Guarumã (Ischnosiphon arouma
(Aubl.) Koern). Nesta trilha verificamos alguns pontos para se realizar uma
conversação e interpretação da trilha com os visitantes, pois existe uma diversidade
de espécies da flora amazônica, principalmente árvores de porte grande, que
aguçam a curiosidade das pessoas. Além da espécie de vegetação predominante
em área de várzea ou alagada.
Existem pontos de possíveis aparições de animais existentes no PEUt, pois
nas áreas onde são realizadas pesquisas, podemos observar vestígios de animais.
Também é possível essa visualização embaixo das árvores frutíferas, aonde os
animais vão se alimentar e nas áreas alagadas, por ser um possível habitat de
quelônios. Entre as espécies animais silvestres de possíveis incidências, existem;
Macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus), Pica-pau amarelo (Celeus flavus); além de
Papagaio (amazônia amazônica); Preguiça (Bradypus tridatylus.); Capivara
(Hydrochoerus hydrochoeris.); Cágado (Podocnemis expansa); Jabuti (Chelonoidis
carbonária), na beira do lago.
93
Esta trilha é uma das ramificações de uma trilha nomeada por ”Jararaca”, a
qual é utilizada para fins de pesquisas científicas e treinamentos militares, por estar
situada às proximidades do lago Bolonha. Com os estudos realizados na área foram
criadas novas trajetórias, fazendo-se a subdivisão da trilha.
É possível descrever sua trajetória, onde se percebe que logo na entrada da
trilha existe um declive com pedras e lama, o que dificultava a entrada pessoas na
trilha, por esta razão se observa que foi confeccionada uma ponte de madeira, a fim
de facilitar a passagem de visitantes e evitar possíveis quedas no local.
Durante o percurso se constata que no caminho da trilha existem alguns
obstáculos naturais feitos por árvores caídas, além de buracos, devido a queda de
árvores, onde foram colocados galhos, para se evitar acidentes com os visitantes.
A floresta é de mata secundária e várzeas e se encontra bastante
conservada. O solo está em ótimo estado de conservação, porém observa-se que
durante sua trajetória existem algumas entradas ou possíveis caminhos que foram
utilizados clandestinamente, mas que já estão sendo fechados e restaurados pela
própria natureza.
Em um desses caminhos foi realizado o clareamento, sendo aproveitado o
seu trajeto como trilha alternativa. Este fica localizado do lado direito da trilha, onde
foi afixada uma placa de madeira, sinalizando a trilha alternativa, a qual interliga a
Trilha do Acapu com a Trilha do Bolonha.
Também existem bifurcações, aonde à direita segue-se para a Trilha do
Bolonha e à esquerda segue-se para a Trilha do Acapu. Neste local há uma
sinalização indicativa do caminho. Ao se dobrar à esquerda para continuar a
trajetória do Acapu, observou-se que a floresta encontra-se mais fechada e densa.
Em certo ponto dessa trajetória há outra bifurcação, onde se segue sempre
para esquerda, chegando a uma área onde o solo é onduloso. Nesse trecho existem
marcações de várias cores nas árvores, indicando vários caminhos. Este fato
dificulta e confunde o percurso, mesmo existindo uma sinalização de
direcionamento.
Sugere-se que se tenha uma atenção no manejo desta trilha, pois existe o
risco de pessoas se perderem por entrar em caminhos errados, ou seja, essas
bifurcações podem confundir o trajeto. Sugere-se ainda que sejam afixadas
94
sinalizações indicando áreas de pesquisa e de recreação, entre outros usos e que
também seja feito o fechamento desses caminhos clandestinos na floresta.
A Trilha do Acapu, atualmente, se tornou uma das atrações naturais do
parque, sendo a principal trilha a ser utilizada pelos condutores do PEUt para as
atividades de educação ambiental, substituindo a Trilha do Macaco, a qual está
sobrecarregada pela intensa visitação. Com isso, a mesma deve ser monitorada
para que não seja impactada pela visitação.
Figura 41- Entrada da trilha do Acapú
Fonte: Laisse Palheta (2011)
4.4.7 - Trilha do Bolonha
Figura 42 - Lago Bolonha
Fonte: Parque Estadual do Utinga
95
O Lago Bolonha é o primeiro lago artificial do PEUt, estruturado na década de
30, o mesmo faz parte do sistema de abastecimento, responsável por abastecer a
cidade de Belém e a Região Metropolitana. Possui uma área de 666.000 m², com
2.600.000 m³ de água acumulada.
O nome de origem desta trilha deu-se pelo fato do seu percurso estar situado
às margens do lago Bolonha.
A trilha do Bolonha começou a ser utilizada para a visitação junto com BPA.
Tendo seu primeiro traçado situado entre o sanear e a estação de captação de água
do Bolonha. O início desta trilha começa de forma paralela à cerca da casa de
captação de água, percorrendo-se aproximadamente 661 metros.
É uma trilha linear, onde se caminha paralelo ao Bolonha, com duração de 40
minutos com interpretação, terminando na Rua do Utinga. Esta trajetória não é mais
utilizada na visitação e, eventualmente, é utilizada pelos policiais do BPA na
condução de visitantes nos finais de semana.
Figura 43 - Trilha do Bolonha - Primeira trajetória
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
Atualmente a trilha possui um novo trajeto com, aproximadamente, 900
metros em seu percurso. Considerada uma trilha de média distância, possui seu
96
início às margens da Estrada do Utinga, entre o antigo deposito químico da
COSANPA e o lago Bolonha, no mesmo ponto de entrada da trilha do Acapu. Foi
construída uma ponte de madeira para facilitar o acesso da trilha.
Esta é utilizada para o policiamento, pois está localizada nas proximidades do
manancial e tem caráter recreativo, educacional e para pesquisas científicas.
A trilha do Bolonha é considerada uma trilha em atalho, com orientação fácil,
de intensidade leve, mas com alguns obstáculos naturais. Tem a duração estimada
de 35 a 50 minutos de caminhada com interpretação. Porém a duração varia de
grupo para grupo. Os públicos indicados para se utilizarem dessa trilha são adultos e
adolescentes, a partir de 12 anos de idade.
Figura 44 - Mapa da Trilha do Bolonha - Percurso atual
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
No segundo semestre do ano de 2010, iniciaram-se as primeiras atividades de
mapeamento e manejo da trilha do Bolonha, junto com a técnica especialista da
SEMA, Socorro Almeida, o subtenente Rocha e o primeiro grupo de estagiários,
onde foi realizado o clareamento deste caminho, o qual já existia em meio a floresta
do Parque. Foram analisados possíveis pontos de interpretação das espécies
97
existentes na trilha, dos seus desvios e de uma futura sinalização, para melhorar o
percurso da trilha para receber os visitantes.
Os estudos realizados nesta trilha iniciaram-se nos dias 04, 05, e 06 de
outubro de 2011, onde a pesquisadora juntamente com o Tenente Macedo e o
Subtenente Rocha, analisou o traçado desta trilha, para verificar a sua situação
atual, marcando possíveis pontos para a orientação e a interpretação de espécies.
O levantamento florístico e faunístico foi realizado, com o apoio da equipe de
campo do PEUt. Foram identificadas algumas espécies arbóreas, tais como: Açaí
(Euterpe oleracea Mart.); Acapu (Voucapoua americana Aubl.), Amapá
(Parahancornia amapá); Anani (Symphonia globulifera,); Andiroba (Carapa
guianensis); Breu Branco (Protium pallidum), Bacaba (Oenocarpus bacaba Mart.),
Cipó de Fogo (Davilla sp), Embaúba (Cecropia palmata), Faveira (Parkia multijuga Benth), Inajá (Maximilliana maripa Mart., Ingá (Inga sp.), Morototó (Didymopanax
morototoni), Pau de Remo (Chimarris turbinata),Paxiúba (Socratea exorrhiza),
Piquiarana (Caryocar glabrum), Quaruba (Vochysia sp.), Tatajuba (Bagassa
guianensis), Tauarí (Couratari guianensis), Timborana (Enterolobium schomburgkii
Benth), Tento (Ormosia nobilis) e Virola (Virola sp).
A trilha apresenta áreas de várzea e igapós com vários tipos de espécies
arbóreas da região amazônica, que podem ser pontos significativos de interpretação
ambiental. Também por ser uma trilha que se caminha paralelamente ao lago,
existem muitos indícios de animais como: Capivara, Cutia, Quatis, Macaco de
Cheiro, répteis como sucuris (Eunectes notaeus), jararaca (Bothrops jararaca),
Iguanas (Iguana iguana), entre outros. Devido esta área possuir vestígios de animais
é bastante utilizada para pesquisas científicas.
Esta trilha encontra-se conservada, a floresta está em bom estado, mas
existem pequenas clareiras abertas em meio à floresta, devido a queda de árvores.
Nessa trilha existem alguns pontos onde eram feitos treinamentos militares e onde
ainda existem indícios dessas atividades, como marcações feitas de madeira e
pintadas de cor amarela para orientação e também circuitos de obstáculos de cordas
precisamente uma escada feita com madeira e cordas próxima ao lago.
Devido à dinâmica, estas atividades acabaram deixando alguns impactos no
ambiente, como alguns pontos onde há a exposição do solo, demonstrando os
impactos causados pela atividade. Estas clareiras, atualmente, têm outra função,
98
que pode ser de conversação com os visitantes e também de contemplação do
manancial, onde se observa que este se encontra tomado por macrofitas (Typha
domingensis), um tipo de vegetação aquática, que devido a poluição do lago por
esgotos despejados em seu interior, advindos do entorno do parque, causa o
processo de assoreamento. Este pode ser apontado como um grande problema para
a vida útil do mesmo.
A primeira impressão na observação desta trilha foi a modificação do seu
ponto de entrada e saída. Com um estudo feito pelos técnicos do PEUT na trilha do
Bolonha, houve a necessidade de mudar o seu percurso, pois anteriormente como
se caminhava paralelo a cerca da casa de bombas de captação, onde existe uma
área alagada por conta do manancial, que pode a se ter um grande risco de
acidentes com animais junto aos visitantes.
Com essa percepção, foi feita uma nova trajetória nesta trilha. Atualmente a
mesma possui um novo formato, de um “U”, não mais sendo utilizando o antigo
trajeto.Em seu trajeto se observa alguns obstáculos naturais feitos pela própria
natureza.
Existe uma trilha alternativa, que se interliga às duas trilhas. Portanto, é valido
ressaltar que durante esta caminhada deve-se seguir sempre para a direita, pois
existem algumas aberturas que podem ser confundidas com caminhos. Há
sinalização de orientação, porém estas são insuficientes. Com isso há necessidade
de se inserir mais placas de sinalização, além do fechamento desses caminhos
clandestinos.
Ao se chegar a uma bifurcação, existe uma sinalização indicando que para
esquerda segue-se para a Trilha do Acapu e para a direita segue-se para a
continuação do percurso da Trilha do Bolonha. Percebe-se, portanto, que há
necessidade de se colocar o nome das trilhas, as identificando com seus respectivos
nomes.
Nota-se que existem áreas alagadas na trilha devido ao lago, o que impede a
passagem de visitantes na época de constantes chuvas, onde aumenta o volume de
água do lago. Sugere-se que se faça um desvio, a fim de que a trilha continue em
funcionamento, mesmo no inverno.
99
4.4.8 - Trilha Água Preta
Figura 45 Lago Água Preta
Fonte: Socorro Almeida (2010)
O lago Água Preta é o segundo manancial existente na área do PEUt.
Construído na década de 1930, no governo de Magalhães Barata, este faz parte do
sistema de abastecimento de água da cidade de Belém.
É neste lago que a água bruta é armazenada, após ser captada do Rio
Guamá, onde se acumula e, em seguida, é transferida para o lago Bolonha, por meio
de um canal de interligação.
O lago Água Preta possui uma área de 3.116.000 m², com 9.905.000 m³, e abriga
várias nascentes, sendo o principal lago que serve como fonte de abastecimento de
água para Belém e Região Metropolitana (COSANPA, 2010).
A nomenclatura desta trilha é em função da mesma estar situada às margens
do lago.
Para se ter acesso à entrada da trilha, percorre-se um trajeto na estrada, com
ônibus disponibilizado pelo parque, ou caminha-se pela estrada Moça Bonita até
próximo a comporta do canal de interligação dos Lagos Água Preta e Bolonha,
percorrendo-se um caminho de, aproximadamente, 2 quilômetros.
A entrada da trilha está localizada à direita da comporta, onde se percebe
uma área descampada. Passando desta área, pode-se perceber uma discreta
entrada, onde inicia a trilha. Esta tem uma extensão de 1781 metros, considerada
100
como uma trilha de percurso de média distância, e está situada entre o canal de
interligação dos mananciais e o centro de visitantes.
A trilha Água Preta tem a utilidade de se realizar o patrulhamento pelos
policiais ambientais do BPA, devido ser às proximidades do lago, onde existem
muitas incidências de caça e de pesca predatória e também outros tipos de crimes
contra a integridade humana. Além disto, a mesma também é utilizada para fins
científicos, educativos e recreativos.
Seu formato é linear, com intensidade regular, tendo alguns obstáculos feitos
pela natureza. Tem duração de, aproximadamente, 1 hora ou até 1 hora e 20
minutos, dependendo da cada grupo, e é indicada para um público-alvo de jovens
acima de 16 anos e adultos.
Figura 46 - Mapa Trilha Água Preta
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
O mapeamento desta trilha ocorreu no dia 14 de outubro de 2011, com o
acompanhamento da equipe de campo do PEUt, os mateiros conhecidos como
Senhor Vica e Senhor Chico que, com os seu conhecimentos sobre as espécies
florísticas existentes nas matas do Utinga, contribuíram para se poder observar e
analisar possíveis espécies para a interpretação e contemplação como: Angelim (Dinizia excelsa); Anani (Symphonia globulifera); Andiroba (Carapa guianensis);
Buriti (Mauritia flexuosa); Breu Branco (Protium heptaphyllum); Cariperana (Licania
101
membranácea); Cipó de fogo / Cipó d´água (Davilla sp); Cipó escada de jabuti
(Bauhinia rutilans Spruce ex Benth.); Faveira (Parkia multijuga); Mangue de terra-
firme (Tovomita choysiana Pl. et Tr.); Mumbaca (Astrocaryum gynacanthum);
Marupá (Simarouba amara); Pau-de-remo (Chimarrhis turbinata DC.); Paxiúba
(Socratea exorrhiza); Piquiarana (Caryocar glabrum); Quaruba Cedro (Vochysia sp);
Quaruba (Vochysia maxima Ducke); Tachi Preto (Tachigalia sp); Taurí (Couratari
guianensis). Essas espécies citadas são encontradas nas matas primárias e
secundárias da região amazônica, a maioria de grande porte, as quais são
protegidas por lei, por possuírem um valor significativo no mercado e serem pouco
encontradas em áreas urbanas.
Além disso foram encontradas nesse percurso espécimes da flora e também
vestígios faunísticos como: Capivaras ( Hydrochoerus hydrochoeris); Iguanas(Iguana
iguana); Raposas (Vulpes vulpes); Macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus); Quati(Nasua
nasua); E aves e pássaros Garças (Casmerodius albus.); Pica-pau-amarelo ( Celeus
lugubris); Jaçanã(Jacana jacana); Acauã (Herpetotheres cachinanns) entre outros.
Figuras 47 - Espécies florísticas do PEUt
Fonte: Laisse Palheta (2011)
O percurso desta trilha acontece às margens do Lago Água Preta, onde se
observou que o caminho para a entrada da trilha foi desmatado e há visíveis
aberturas, provavelmente causadas pela remoção de solo. No entanto, atualmente
102
esta área encontra-se em processo de recuperação, onde foi realizado o plantio de
algumas mudas de espécies oriundas da região.
A Trilha Água Preta é uma trajetória bastante interessante e expressiva, por
ter uma paisagem indescritível. A área apresenta-se em um ótimo estado de
conservação, a floresta está densa e, em alguns pontos, necessita de manejo,
principalmente para sinalizar pontos onde existem caminhos feitos por pessoas que
adentram a trilha para se utilizar do lago de maneira ilegal, o que pode confundir e
desviar o visitante do caminho real.
Também há necessidade de clareamento e limpeza da trilha, pois como a
mesma não está tendo visitação, observou-se que a vegetação está cobrindo partes
do caminho e também foram verificados alguns resíduos jogados por essas pessoas
que adentram no parque.
O solo está conservado, porém existem algumas raízes expostas, cipós, e
buracos feitos pela natureza, devido a queda de árvores, os quais podem vir a ser
perigosos para o visitante. Sugere-se a intervenção, com o fechamento desses
buracos.
Figura 48 Área desmatada em recuperação
Fonte: Laisse Palheta (2011)
103
Figura 49- Conservação do solo
Fonte: Laisse Palheta 2011
Nesta trajetória existem alguns trechos alagados onde deverá ser feito um
estudo para que se desvie desse ponto e que se possa utilizar a mesma em todos os
dias do ano, pois para se caminhar nesta trilha, atualmente, só é possível quando o
tempo encontra-se seco, sem incidência de chuvas, as quais ocasionam o aumento
do volume de água do lago, o que acaba interferindo na passagem de pessoas pelo
local.
O ponto final desta trilha foi modificado, pois anteriormente se chegava atrás do
centro de vegetação. Mas atualmente ela termina no viveiro natural do PEUt,
localizado ao lado do Centro de Visitantes.
A trilha Água Preta é uma das trilhas mais bonitas do Parque e tem um
potencial bastante considerável para a prática de turismo de aventura e safári
fotográfico, pois existem pontos significativos para a interpretação e, principalmente,
para a contemplação do lago.
104
Figura 50 - Ponto para a contemplação do Lago Água Preta
Fonte: Laisse Palheta (2011)
Figura 51 - Área alagada no percurso da trilha
Fonte: Laisse Palheta (2011)
105
4.4.9 - Trilha da Paxiúba
Figura 52 - Paxiúba (Socratea exorrhiza)
Fonte: Socorro Almeida (2009)
É uma palmeira simples, que chega a medir aproximadamente 20 metros de
altura, com tronco entre 10 e 18 centímetros de diâmetro. Suas raízes são aéreas e
amplamente espaçadas, que chegam a atingir 2 metros de comprimento. Adaptam-
se tanto em áreas inundadas como em terra firme. A Paxiúba é conhecida na região
amazônica como a árvore que anda, pois em uma área de mata fechada e mesma
sai em busca dos raios de sol se locomovendo em meio a floresta. Por conta da
resistência de sua madeira, e usada como ripa em construções rústicas, na
confecção de caravelas e bengalas. É também é utilizada pelos índios para fazer
construções e limpar peixes. O nome desta trilha ocorre por obter em sua trajetória
paxiúbas de vários tamanhos as proximidades do lago Água Preta. É uma trilha nova
criada pelos técnicos do PEUt.
Esta trilha tem encontra-se próxima ao centro de visitação, tem uma extensão
de 254 metros, com sua entrada esta localizada as margens da estrada de terra
denominada moça bonita.
É uma trilha interpretativa, de curta distância tendo função recreativa e
educativa. Pela classificação de trilhas é considerada pela sua forma uma trilha
106
atalho. Sua orientação é fácil com um grau de dificuldade leve pois existem poucos
obstáculos, um atrativo natural recomendada para publico alvo de crianças, com
duração estimada 20 a 30 minutos.
Figura 53 - Mapa da Trilha da Paxiúba
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
O mapeamento ocorreu no dia 13 de outubro de 2011, junto com a equipe de
campo de campo do parque, o Senhor Chico e o Senhor Vica. Verificou-se a
existências de uma variedade de espécies tais como: Buiuçu (Ormosia coutinhoi
Ducke); Breu Branco (Protium pallidum Cuatr); Jarana (Holopyxidium jarana Hub. et
Ducke); Mumbaca (Astrocaryum mumbaca Mart.); Manguirana (Tovomita choysiana
Pl. et Tr.); Maracujá do mato (Passiflora nitida); Morototó (Didymopanax morototoni
Aubl.); Paxiúba (Socratea exorrhiza); Pente de Macaco (Apeiba echinata Gaertn.);
Quaruba (Vochysia guianensis); Embaúba (Cecropia palmata); Quaruba Cedro
(Vochysia guianensis); Tapiririca (Tapirira guianensis Aubl.) entre outras. Também
analisou vestígios faunísticos e foi verificados rastros de Capivara (Hydrochoeris
hydrochoeris); Iguanas (Iguana iguana); Quati (Nasua nasua) e pássaros e aves
como Bacurau (Hydropsalis albicollis); Sanhaço da Amazônia (Thraupis episcopus.),
entre outros.
107
Este percurso apresenta esta em bom estado de conservação tanto do solo,
quanto da floresta, que apresenta vegetação de áreas de várzeas e terra firme. A
trilha foi sinalizada de forma improvisada com TNT, no entanto a necessidade de
sinalizar com placas de orientação e de identificação de espécies. Para melhor ser
aproveitada na visitação de crianças. Observou-se que esta trilha se interliga com a
trilha Água Preta, na qual verificou que passa-se por uma área de várzea, seguindo
até o final da trilha no viveiro natural do PEUt. Esta trilha tem uma beleza cênica que
pode ser um atrativo para incentivar a curiosidade dos visitantes.
4.4.10 - Trilha na Água
Figura 54 - Canal de drenagem do Bolonha.
Fonte: Laisse Palheta (2011)
Este canal tem por sua extensão aproximadamente 1000 metros, é um canal
artificial a céu aberto, que faz parte do sistema de abastecimento de água do Utinga,
porém não entra no sistema propriamente dito, pois é formado pelas águas que
sobram do lago Bolonha. No qual através de um sistema de canalização faz-se a
drenagem da água proveniente do lago Bolonha, pois o mesmo tem uma estrutura
no formato de sifão, quando se chega a um nível que ultrapassa o seu limite de água
faz-se a vazão para este canal que segue até o rio Guamá. Assim continua o ciclo.
Além disso essa água também serve para abastecer os carros de bombeiros e os
caminhões pipas para regar os canteiros da cidade.
A trilha na água/canal tem a dimensão de 420 metros de caminhada por
dentro d‟água, com o inicio da descida no paredão, atividade conhecido como no 108
rapel, tem sua localização entre pista de acesso a Estação de tratamento de água e
o lago Bolonha, na saída da água percorrendo-se mais 160 metros até rua principal
do PEUt, onde encontra-se o final desta trajetória. Tem a função de lazer e
recreação, tendo sua forma linear, sua intensidade regular por se andar contra a
correnteza do canal, espécie de vala no meio do canal, necessitando de muita
atenção. Sua duração é estimada entre 35 a 45 minutos. Recomendada para jovens
acima de 17 anos e adultos.
Figura 55 - Mapa Trilha na Água/canal
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
O mapeamento desta trilha acorreu no dia 17 de outubro de 2011, com apoio
do tenente Macedo oficial do BPA. Na qual foi observado a cerca do canal uma
variedade de espécies arbóreas Açaí (Euterpe oleracea Mart.); Sororoca (Fícus sp.);
Guarumã (Ischnosiphon arouma); Embaúba (Cecropia pachystachya); Buriti
(Mauritia flexuosa); Cipó cebola braba (Clusia glandiflora) entre outros no qual
algumas dessas espécies foram implantadas de forma proposital para de evitar o
processo de erosão do terreno que faz limite do canal, servindo para segurar o
terreno.
A trilha do canal é uma das trilhas mais procuradas do PEUt nos finais de
semana. A trajetória acontece pela água, na qual é conduzida pelos policias do BPA.
109
Primeiro inicia-se pelo “rapel”, um descida com cordas no paredão, com
aproximadamente 7 metros. Percebe-se foi jogada sobre o solo uma camada de
cimento para firmar o terreno e evitar a erosão. Porém em algumas partes está
ocorrendo este processo, ocasionado principalmente pela frequente visitação e a
falta de manejo.
Esta trilha é um dos atrativos do Parque, considerada uma trilha de aventura.
Todo o percurso caminha-se dentro d‟agua às margens do canal, e encontra-se
algumas dificuldades como a caminhada contra a correnteza, muitas pedras e
pedaços de trocos de arvores, canos entre outras estruturas provenientes do canal e
que também foram despejadas no mesmo. A caminhada, na qual requer um pouco
de esforço físico. Além de ter bastante atenção para evitar acidentes, devido a água
ser turva e não poder visualizar o aonde se pisa.
Em certo ponto existe um afunilamento, local de mais dificuldade da trilha pois
a correnteza se torna mais forte e as pessoas são obrigadas a passarem por cima
da vala que existe no meio do canal que é bastante profunda, tornando-se perigoso
para o visitante.
Esta trilha é realizada contra a correnteza. Com isso sugere-se que esta seja
feita com coletes, cordas, e aonde se tem o afunilamento, a instalação de um
corrimão de bambu no muro para que os visitantes possam se apoiar para facilitar a
passagem. Porém outra sugestão seria a modificação da trajetória fazendo-a de
modo ao contrário do seu percurso assim evitando a correnteza.
Figura 56- Descida no paredão.
Fonte: Laisse Palheta (2011)
110
Figura 57- Trilha na Água com acompanhamento do BPA
Fonte: BPA (2010)
4.4.11- Trilha do Tauari
Figura 58: Tauarí (Couratari guianensis)
Fonte: Laisse Palheta(2011)
O Tauarí ou Couratari guianensis é uma espécie arbórea encontrada na
Amazônia. A origem do nome desta trilha deu-se por existir, no inicio da sua
trajetória, um imenso Tauarí, com mais de 40 metros de altura.
A trilha está situada às margens da Rua do Utinga, entre a Estação de
Tratamento de Água – ETA e o lago Bolonha, precisamente ao lado do antigo
depósito químico da Companhia de Saneamento do Pará – COSANPA com,
111
aproximadamente, 200 metros de extensão. É considerada uma trilha de curta
distância, com seu término às margens do lago Bolonha.
Esta trilha tem a função educativa e recreativa, sua forma é linear, com um
grau de dificuldade leve, com orientação fácil e sua duração está entre 20 a 30
minutos, dependendo do grupo. Em estudo anteriores está trilha tem uma proposta
para inclusão, a ser adaptada para pessoas com necessidades especiais (PNEs).
Figura 59 - Mapa da Trilha do Tauari
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
O mapeamento desta trilha deu-se no dia 15 de outubro de 2011, juntamente
com a orientadora do TCC Socorro Almeida, o Subtenente Rocha e o Tenente
Macedo, do BPA. A trilha se encontra localizada em uma área bastante conservada,
com o solo onduloso e a floresta densa, tendo-se necessidade de clareamento da
trilha.
Já no dia 17 de outubro de 2011 foi realizado o levantamento florístico, onde
foram identificadas algumas espécies para a interpretação ambiental como: Tauarí
(Couratari guianensis), Jarana ( Lecythis lurida (Miers) ; Quaruba (Vochysia
guianensis); Anani (Symphonia globulifera); Cipó apuí (Ficus sp.); Cipó escada de
jabuti (Bauhinia guianensis), Breu branco (Protium pallidum); Acapu (Vouacapoua
americana Aubl), Mata-matá (Eschweilera odorata); Mumbaca (Astrocaryum
112
mumbaca Mart.); Faveira (Parkia multijuga Benth); entre outras espécies arbóreas.
Assim como também algumas aparições de animais como o Macaco-de-cheiro
(Saimiri sciureus), Quati (Nasua nasua), Cutia (Dasyprocta leporina); entres outros.
A Trilha do Tauarí tem o objetivo socioeducativo, para a inclusão de pessoas
com necessidades especiais, a fim de que estas possam ter um contato com a
natureza. 4.4.12 - Trilha da Faveira
Figura 60 - Faveira (Parkia multijuga)
Fonte: Laisse Palheta (2011)
A espécie conhecida como Faveira ou Parkia multijuga, são árvores grandes,
com altura até 40 metros, sua casca é cinza ou avermelhada e é uma espécie pouco
ramificada. Ocorre em mata primária ou secundária de toda a região amazônica,
incluindo alguns países de fronteira.
A trilha da Faveira tem como o seu nome de origem devido a predominância
destas espécies no caminho percorrido.
Têm sua extensão de, aproximadamente, 1.190 metros, sendo considerada
uma trilha de média distância.
Está situada entre a estrada de acesso para a Estação de Tratamento de
Água - ETA e o lago Bolonha. A trilha se inicia às margens da Rua do Utinga. Sua
entrada está localizada na mesma entrada de acesso para trilha do Acapú e trilha do
Bolonha. Possui seu término ao lado do antigo depósito químico da COSANPA.
113
A trilha da Faveira tem a função de fiscalização e de recreação. Sua forma é
considerada como de uma trilha em atalho, onde o inicio e o final está situado em
diferentes pontos. A sua intensidade é regular, com alguns obstáculos naturais, e
com sua orientação média. Recomendada para públicos limitados de pessoas, por
ser uma trilha não convencional. Sua duração é de, aproximadamente, 1 hora de
percurso, dependendo do grupo.
Figura 61 - Mapa da Trilha da Faveira
Fonte: Mapa construído a partir do Google Maps: Tenente Macedo - BPA (2011)
No segundo semestre do ano de 2010 foram realizados os primeiros estudos
para a utilização desta trilha, onde foi executado o seu clareamento e uma marcação
improvisada, com uma fita de cor laranja, para se identificar o caminho, devido a
densidade da floresta. A área está em bom estado de conservação e o solo está
bastante conservado.
O mapeamento realizado nesta trilha ocorreu no dia 15 de outubro de 2011,
juntamente com a orientadora do TCC Socorro Almeida, Tenente Macedo e o
Subtenente Rocha, do Batalhão de Polícia Ambiental - BPA, a fim de se realizar o
reconhecimento desta área.
114
No dia 17 de outubro de 2011, foi realizado juntamente com a equipe de
campo do PEUt, o levantamento de dados das possíveis espécies a serem
encontradas nesta trilha e foi possível catalogar espécies como: Acapu (Vouacapoua
americana); Andiroba (Carapa guianensis); Sapupema (Hymenolobium sp)., Tauari
(Couratari guianensis), Tatajuba (Bagassa guianensis), Castanha Sapucaia (Lecythis
paraensis), Cipó de fogo (Davilla sp.), Cariperana (Licania octandra), Abiurana
(Crysophillum guianensis); Guarumã (Ischnosiphon arouma (Aubl.), Breu Branco
(Protium pallidum) Faveira (Parkia multijuga Benth), Favera Bengué (Parkia
oppositifolia Benth), Quaruba (Vochysia sp.). A maioria de porte grande. E no
levantamento faunístico foi detectada a incidência de animais silvestres como: Tatu
bola ( Tolypentis tricinctus), jibóia vermelha (Epicrates cenchria), Quati (Nasua
nasua), Sagui (Saguinus niger), entre outros.
Esta trilha é uma das trajetórias mais belas e é uma das trilhas mais
conservadas na área do parque, pois a mesma não está sendo utilizada para
visitação e não está tendo nenhum tipo de acesso, apenas ocasionalmente é
visitada para a realização de pesquisas cientificas.
No início da trilha toma-se o mesmo caminho de entrada da Trilha do Acapú,
onde segue-se sempre para a esquerda. No entanto, existe um ponto onde se
percebe uma bifurcação, tendo-se para a esquerda a Trilha do Acapú e seguindo
para a direita continua-se na Trilha da Faveira.
Após andar por 3 metros, aproximadamente, segue-se para a esquerda, onde
se encontra uma área alagada, provável habitat de quelônios e répteis. Neste
momento a floresta encontra-se mais densa, fato que pode causar o risco de
pessoas se perderem, já que não existe uma sinalização de orientação. O solo é
onduloso e está em um bom estado de conservação, com alguns obstáculos naturais
no decorrer do percurso.
É uma das áreas mais conservadas do Parque e de difícil acesso, tornando-a
uma belíssima trilha para a interpretação ambiental e contemplação da natureza.
Por esta razão, percebe-se que a mesma necessita de uma atenção especial.
Com isso sugere-se que se faça um planejamento para a utilização desta trilha e a
realização do manejo, com o clareamento do caminho, a sinalização de orientação e
a identificação das espécies. Está trilha pode ser um ótimo atrativo para a prática de
safári fotográfico.
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CONSIDERAÇOES FINAIS
Durante ao longo de séculos o ser humano sempre teve uma boa relação com
a natureza, utilizava-se dos seus recursos somente para manter a sua
sobrevivência. Mas com a chegada das tecnologias, o crescimento populacional, a
expansão imobiliária e uso inadequado dos recursos naturais, houve uma ruptura
nessa relação, ocasionando assim uma série de problemas ambientais. E diante as
questões relacionadas às problemáticas ambientais, as preocupações e discursões
envolvendo o meio ambiente, principalmente a cerca, da conservação da
biodiversidade, que se faz presente na sociedade moderna é de fundamental
importância envolver essas discussões na atividade do turismo e seus segmentos
que envolvem as atividades na natureza.
A partir deste panorama, nota-se uma crescente procura por áreas verdes
através de deslocamentos de pessoas. Essa busca por um contato maior com
natureza, muitas vezes ocorre pela necessidade de ter vivencias de lazer junto a
essas áreas naturais, ou mesmo, pela busca de uma qualidade de vida entre outras.
Mediante a isto, as Unidades de Conservação (UC), surgem como uma
ferramenta significativa para amenizar a ação predatória do ser humano com junto
aos ambientes naturais. Além disso, as mesmas possibilitar, ter uma nova relação
com a natureza, através de atividades do turismo e do lazer que instigam a
sensibilização para a conscientização ambiental.
O Parque Estadual do Utinga- PEUt, é uma dessas Unidades de Conservação,
e tem seu diferencial por esta localizado na região metropolitana da cidade de
Belém, e mesmo desconhecido por boa parte da população belenense, proporciona
aos moradores do seu entorno e visitantes paisagens singulares, além de atividades
de lazer e de turismo, que visam estimular sensibilização ambiental da sociedade.
Esta pesquisa visou, a realização de um mapeamento e um levantamento de
dados do sistema de trilhas ecológicas pertencentes ao PEUt, e a parti descrições
das mesma foi realizado a análise sobre a sua situação atual, verificando suas
necessidades e potencialidades, e a parti de um referencial teóricos, foi realizado a
116
classificação dessas trilhas, quanto a sua função, forma e grau de dificuldade, assim
para a confecção do Guia de trilhas.
O objetivo deste estudo foi atingindo e apontam que o guia do sistema de
trilhas será importante para o desenvolvimento das atividades no Parque, podendo
ser utilizado futuramente como um instrumento base para o ordenamento da
atividade de visitação nas trilhas do PEUt. Pois, durante a pesquisa, verificou-se que
os espaços não são devidamente utilizados, porém o zoneamento deve ser
respeitado, mas, sem saber da delimitação dos espaços e os tipos de uso de cada
uma das zonas, os visitantes hoje trilham por (dês) caminhos trazendo danos para a
unidade.
Este levantamento em forma de um guia de trilhas esclarece sobre cada uma
das trilhas em uso, bem como, outros caminhos desconhecidos pelos visitantes que
podem ser uma nova atração no Parque. Assim como facilitar a gestão e o manejo
dos recursos naturais, podendo contribuir para a implementação do Plano de Uso
Público da UC, pois além de ajudar no ordenamento da visitação, também auxiliará
nas fiscalizações que ocorrem no PEUt, para maior segurança para turistas e
visitantes, e por meio do mesmo fazer assim a relação entre a atividade turística e o
uso racional de áreas naturais protegidas.
A criação do guia de trilhas estabelece positivamente para um melhor
planejamento do Turismo e das visitações que ocorrem na área, para melhor
proporcionar o melhoramento de atividades culturais, educativas, recreativas e de
lazer para que não haja tantos prejuízos ao meio ambiente, assim como estimular o
desenvolvimento e o reconhecimento das atividades ecoturisticas no Estado do
Pará.
Portanto, com a apropriação do conhecimento sobre o sistema de trilhas do
PEUt, por parte da sociedade, moradores do entorno da UC, turistas e visitantes
entenderam claramente a relação que a natureza tem com o ser humano e vice
versa, e certamente começarão um processo de mudança de comportamento, assim
despertando uma conscientização ambiental. Além disso, contribuirá de forma
positiva para a valorização, preservação e conservação desta unidade de
conservação (UC), qual é de suma importância para cidade de Belém e Região
metropolitana.
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ANEXOS
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