tcc- reaproveitamento do resíduo da madeira- estudo de caso

70
 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL RENATO MUZZOLON JUNIOR REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO DA MADEIRA ESTUDO DE CASO: CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS (CETEC) CURITIBA JUNHO/2007

Upload: jeferson-nogueira

Post on 05-Oct-2015

55 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

tcc que descreve o reaproveitamento de resíduos serve como guia passo a passso.

TRANSCRIPT

  • PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

    CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

    RENATO MUZZOLON JUNIOR

    REAPROVEITAMENTO DO RESDUO DA MADEIRA ESTUDO DE CASO:

    CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESDUOS INDUSTRIAIS (CETEC)

    CURITIBA

    JUNHO/2007

  • RENATO MUZZOLON JUNIOR

    REAPROVEITAMENTO DO RESDUO DA MADEIRA ESTUDO DE CASO:

    CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESDUOS INDUSTRIAIS (CETEC)

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental do Centro de Cincias Exatas e de Tecnologia da Pontifcia Universidade Catlica do Paran.

    Orientador: Prof. Dr. Patrcia Raquel da Silva Sottoriva

    CURITIBA

    JUNHO/2007

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo Deus primeiramente por me conceder a honra de concluir um curso Superior, minha orientadora Prof.. Dr. Patricia Raquel da Silva Sottoriva,pelo estimulo cooperao e apoio que me foram dispensados,sem os quais a concluso deste trabalho seria inviabilizada.

    Aos professores e amigos,Caio Oliveira Farinazzo,Ricardo Pedroni e Luiz Alberto Andreatta, Fbio Mathias Fabbris,Adalberto Egg Passos que acompanharam e colaboraram com todo o processo de realizao do trabalho.

    Ao Prof. MSc. Nicolau Leopoldo Obladen que colaborou para iniciao deste trabalho. Ao Superintendente da ABIMCI-Associao Brasileira da Indstria da Madeira Processada Mecanicamente Jeziel Adam de Oliveira e a Engenheira Luciane Torquato, pelo incentivo, por acreditar em mim, passando informaes e dando oportunidades para aumentar meus conhecimentos.

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ LISTA DE TABELAS ............................................................................................. LISTA DE SIGLAS ................................................................................................ RESUMO ................................................................................................................

    1 INTRODUO .....................................................................................................

    2 OBJETIVOS .........................................................................................................

    3 RESDUOS SLIDOS ......................................................................................... 3.1 RESDUOS URBANOS ................................................................................. 3.2 RESDUOS INDUSTRIAIS ............................................................................ 3.3 CLASSIFICAO DOS RESDUOS SLIDOS ............................................

    3.3.1 Resduos Classe I Perigosos ......................................................... 3.3.2 Resduos Classe II No Perigosos ................................................

    3.3.2.1 Resduos Classe II A - No Inertes ......................................... 3.3.2.2 Resduos Classe II B Inertes ................................................

    4 INDSTRIA .......................................................................................................... 4.1 INDSTRIA MADEIREIRA ............................................................................ 4.2 INDSTRIA MOVELEIRA .............................................................................. 4.3 QUALIDADE E PRODUTIVIDADE ................................................................ 4.4 IMPACTO AMBIENTAL ................................................................................. 4.5 O RESDUO DA MADEIRA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ....

    4.5.1 Caracterizao dos Resduos de Madeira ........................................ 4.5.1.1 Resduo da Industrializao da Madeira ..................................

    4.5.2 Formas de Aproveitamento do Resduo Madeireiro ....................... 4.5.2.1 Compostagem .......................................................................... 4.5.2.2 Produo de Celulose .............................................................. 4.5.2.3 Produo de Painis ................................................................ 4.5.2.4 Pequenos Objetos de Madeira (POM) ..................................... 4.5.2.5 Produo de Briquetes ............................................................. 4.5.2.6 Outras Formas de Reaproveitamento ......................................

    4.5.3 Importncia Econmica do Resduo Madeireiro ............................. 4.5.4 Qualificao do Resduo Madeireiro ................................................ 4.5.5 Quantificao dos Resduos Madeireiros Gerados ........................ 4.5.6 Utilizao do Resduo Madeireiro para Fins Energticos ..............

    4.5.6.1 Aplicao da Co-gerao na Indstria Madeireira ...................

    5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 5.1 HISTRICO DA EMPRESA ........................................................................... 5.2 LOCALIZAO DA EMPRESA ...................................................................... 5.3 CARACTERIZAO DO EMPREENDIMENTO ............................................ 5.4 SISTEMA DE PRODUO DE BRIQUETES DE RESDUOS

    MOVELEIROS ...............................................................................................

    4 5 6 7

    08

    10

    11 11 12 13 14 14 14 15

    16 16 18 19 21 23 24 25 27 28 30 31 35 37 39 40 41 43 45 46

    50 51 52 52

    55

  • 5.41 Segregao de Resduos nas Indstrias ......................................... 5.4.2 Depsitos Provisrios em Silos Apropriados ................................ 5.4.3 Transporte Central de Processamento ......................................... 5.4.4 Preparo das Matrias Primas ........................................................... 5.4.5 Processamento do Material .............................................................. 5.4.6 Depsito Temporrio do Produto Final ...........................................

    6 CONCLUSES E RECOMENDAES ..............................................................

    REFERNCIAS .......................................................................................................

    ANEXOS .................................................................................................................

    55 56 57 58 59 60

    61

    63

    67

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Tipos de resduos gerados no processo produtivo de uma serraria ...... Figura 2 Utilizao Intensiva de mo de obra na indstria madeireira ................ Figura 3 Processo tradicional de destinao do resduo madeireiro ................... Figura 4 Processo ambientalmente correto de destinao do resduo

    madeireiro .............................................................................................. Figura 5 Gerao do cavaco de madeira na indstria de madeira serrada ......... Figura 6 Resduos madeireiros: Casca (A), P de madeira(B), maravalha(C),

    destopos(D) ........................................................................................... Figura 7 Formas de reaproveitamento do resduo madeireiro ............................. Figura 8 Leira do resduo madeireiro para a produo de adubo orgnico ......... Figura 9 Processo de compostagem a partir do resduo madeireiro ................... Figura 10 Aglomerado produzido a partir de partculas de madeira .................... Figura 11 MDF produzida a partir de fibras de madeira ....................................... Figura 12 OSB produzido a partir de cepilhos de madeira orientados

    perpendicularmente em diversas camadas ......................................... Figura 13 Exemplos de Pequenos Objetos de Madeira (POM)-caixa, porta-jias Figura 14 Cadeira confeccionada com galhos da rvore ..................................... Figura 15 Fluxograma do Processo de Briquetagem ........................................... Figura 16 Briquete produzido a partir de serragem e outros tipos de resduos

    resultantes do processo de beneficiamento de qualquer tipo de madeira ................................................................................................

    Figura 17 Grande quantidade de cavaco sendo descartado ............................... Figura 18 Quantificao de resduos na indstria madeireira .............................. Figura 19 Potencial de gerao de energia eltrica a partir de resduos

    florestais .............................................................................................. Figura 20 Processo simplificado para co-gerao de energia na indstria

    madeireira ............................................................................................ Figura 21 Potencial de uso de resduo madeireiro para fins energticos ............ Figura 22 Localizao da CETEC ........................................................................ Figura 23 Foto area da CETEC .......................................................................... Figura 24 Fluxograma do Processo de entrada e sada da CETEC.................. Figura 25 Processo de produo de briquete da CETEC .................................... Figura 26 Silo de acondicionamento do resduo madeireiro ................................ Figura 27 Local coberto onde o resduo moveleiro (p da madeira) fica

    armazenado ........................................................................................ Figura 28 Caminhes no ptio de recepo de resduos coberto com lona

    plstica para evitar a disperso do p da madeira .............................. Figura 29 Ptio de recepo dos resduos moveleiros ........................................ Figura 30 Bloco Uniforme de briquete .................................................................. Figura 31 Briquetadeira em funcionamento enviando os briquetes pelos

    cilindros para serem ensacados ou armazenados em silos.................

    17 19 22

    22 23

    25 28 29 29 32 33

    33 34 35 36

    37 42 43

    44

    46 47 51 53 54 54 55

    56

    57 58 59

    60

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 MOSTRA AS CARACTERSTICAS E VANTAGENS DO BRIQUETE TABELA 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS RESDUOS

    MADEIREIROS PARA FINS ENERGTICOS ................................... 38

    49

  • LISTA DE SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABIMCI Associao Brasileira da Indstria da Madeira Processada Mecanicamente

    ABIMOVEL Associao Brasileira das Indstrias do Mobilirio

    CETEC Central de Tratamento de Resduos Industriais

    ETE Estao de tratamento de Efluente

    FSC (Forest Stewardship Council) - Conselho de Manejo Florestal MDF (Mdium Density Fibreboard) - chapa plana de mdia densidade

    produzida a partirde fibras de madeira

    OSB (Oriented Strand Board) - painel de madeira com uma liga de resina sinttica, feita de trs camadas prensadas com tiras de madeira ou "strands", alinhados em escamas

    SIMA Sindicato das Indstrias de Mveis de Arapongas

  • RESUMO

    As atividades que envolvem todo o processo de fabricao da indstria madeireira, envolvendo a explorao florestal, beneficiamento da madeira bruta, indstria moveleira e uso domstico implicam na gerao de grandes quantidades de resduos de madeira. Desta forma este trabalho teve como objetivo estudar a situao atual das fontes emissoras de resduos madeireiros quanto classificao, destino e aproveitamento dos resduos slidos da madeira. O estudo de caso caracterizou os resduos da indstria moveleira, indicando como alternativa a briquetagem. Para tal, foi realizado um levantamento de campo para qualificar e quantificar os resduos, com dados coletados em um centro de tratamento de resduos madeireiros, localizado na cidade de Arapongas PR. Verificou-se que das diversas formas de aproveitamento do resduo madeireiro que foram pesquisadas neste trabalho, a briquetagem uma das alternativas tecnolgicas mais viveis. Esse processo de compactao (densificao) utiliza elevadas presses para transformar o resduo madeireiro em cilindros compactados, denominados briquetes, facilitando o transporte e o manuseio. Os briquetes possuem alto poder calorfico e agregam maior valor aos resduos, pois substitui diretamente o carvo vegetal e lenha nos equipamentos onde estes so queimados.

    Palavras-chave: Resduos de madeira, Classificao Resduos, Resduos Slidos Urbanos RSU, Briquetagem, Briquetes.

  • 8

    1 INTRODUO

    Segundo Figueiredo (1994), resduos ou sobra so sinnimos da agregao aleatria de elementos bem definidos que, quando agrupados, se transformam em uma massa sem valor comercial e com potencial de agresso ao meio ambiente.

    A gerao de resduos de madeira inicia na floresta, onde se aproveita apenas 58% da madeira bruta, sendo que 42% so desperdiados em sobras que ficam no local de extrao. Aps passar por todos os processos de industrializao, em alguns casos, cerca de 90% da matria prima desperdiada em resduos (ABIMCI, 2004).

    Nos pases mais desenvolvidos, o uso dos resduos de madeira depende da disponibilidade desta matria prima, ocorrendo escassez devido ao grande consumo, produzindo um mercado competitivo destes resduos. Com isto, os resduos so usados racionalmente, recebendo destinao de acordo com suas caractersticas (BRASIL, ABIMCI, 2005).

    No Brasil, devido a grande extenso territorial, os recursos madeireiros ainda so fartos e em funo da caracterstica de muitas regies, a pouca agregao de valor matria-prima contribui para a gerao de grandes volumes de resduos que muitas vezes ficam na indstria sem nenhuma utilizao, causando problemas ambientais, alm da ocupao do espao fsico que poderia ser melhor utilizado no processo produtivo(BRASIL,CENBIO,2007).

    Estes resduos podem ter origens florestais, industriais e urbanas. A intensidade e tipo de uso depende da origem do material, disponibilidade de outras matrias-prima mais fceis de serem manufaturadas e de qualidades prprias de cada resduo.

    No aspecto social o uso dos resduos passa a ser importante porque este material normalmente requer maior mo-de-obra e cuidados com a logstica, transporte e preparao do material, refletindo na gerao de empregos.

    Dentro deste contexto, o processo de gerao de resduos madeireiros deve considerar todos os aspectos produtivos, incluindo aqui desde a retirada das toras at o destino final do produto industrializado.

    Este trabalho composto por seis captulos, sendo 1 captulo Introduo, o 2 captulo referente ao Objetivo do trabalho, o 3 captulo aborda a questo dos

  • 9

    Resduos Slidos Urbanos e sua classificao de acordo com a NBR 10004/04, o 4 captulo sobre o perfil da indstria madeireira moveleira, abordando qualidade e produtividade nas indstrias, impacto ambiental ocasionado pela destinao inadequada dos resduos madeireiros, caracterizao dos resduos madeireiros e as formas de aproveitamento. O 5 captulo aborda o estudo de caso, mostrando caso real da empresa CETEC-Centro de Tecnologia em Ao e Desenvolvimento Sustentvel que reaproveita os resduos madeireiros oriundos das empresas moveleiras para produo de briquetes. O 6 e ltimo captulo referente concluso do trabalho.

  • 10

    2 OBJETIVOS

    Reaproveitamento dos resduos madeireiros da indstria moveleira para a produo de Briquete.

    Para atingir o objetivo do trabalho foram realizadas as seguintes etapas: Levantamento das atividades geradoras e classificao dos resduos

    madeireiros provenientes da atividade antrpica; Caracterizao do resduo madeireiro nas indstrias moveleira e

    madeireira, construo civil, resduo domstico e comercial; Avaliao dos resduos gerados no processo produtivo das indstrias

    madeireiras e propor alternativas de minimizao e controle dos resduos madeireiros;

    Descrever o processo da briquetagem; Avaliar a vantagem da utilizao do briquete vegetal nas caldeiras e/ou

    fornalhas e fornos; Identificao dos processos de reaproveitamento do resduo madeireiro

    nas indstrias moveleira, madeireira, construo civil, resduos domsticos e comerciais.

  • 11

    3 RESDUOS SLIDOS- 11

    Segundo a ABNT NBR 10004/04 resduos slidos so definidos como:

    Qualquer material, substncia ou objeto descartado, resultante de atividades humanas e animais ou decorrente de fenmenos naturais, que se apresentam no estado slido e semi-slido, incluindo-se os particulados. Equiparam-se aos resduos slidos: os lodos provenientes de sistema de tratamento de gua e esgoto, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como os efluentes lquidos cujas particularidades tornem invivel seu lanamento final em rede pblica de esgotos ou corpos de gua ou que exijam, para isto, solues tcnicas ou economicamente inviveis e os resduos gasosos contidos em recipientes.

    Os resduos slidos se enquadram nas categorias de urbanos e industriais:

    3.1 RESDUOS URBANOS

    De acordo com a NBR 10004/04 os resduos urbanos so classificados em domsticos, comerciais, varrio, resduos de servio de sade, resduos de construo civil.

    - Domsticos: Aquele originado da vida diria das residncias, constitudo por setores de alimentos (tais como, cascas de frutas, verduras etc.), produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higinico e uma grande diversidade de outros itens. Contm, ainda, alguns resduos que podem ser txicos. Os responsveis pela destinao dos resduos a Prefeitura. Os resduos reciclados vo para uma Usina de Valorizao do resduo ou depsitos particulares. Enquanto o no reciclado vo para o aterro sanitrio.

    - Comerciais e decorrentes da prestao de servios: Aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de servios, tais como, supermercados, estabelecimentos bancrios, lojas, bares, restaurantes etc. O lixo destes estabelecimentos e servios tem um forte componente de papel, plsticos. Os responsveis pela destinao dos resduos a Prefeitura. Os responsveis pela destinao dos resduos a Prefeitura. Os resduos reciclados vo para uma Usina de Valorizao do resduo ou depsitos particulares. Enquanto o no reciclado vo para o aterro sanitrio.

  • 12

    - Varrio: provenientes dos servios de limpeza pblica, ou seja, poda, capinao, do sistema de drenagem, da limpeza de vias, logradouros pblicos, feiras, mercados, monumentos, praias. Os responsveis pela destinao dos resduos a Prefeitura. Os resduos vo para o aterre sanitrio.

    - Resduos dos servios de sade: provenientes de qualquer unidade que execute atividades de natureza mdico-assistencial, humana ou animal, centros de pesquisa e de desenvolvimento ou experimentao na rea farmacolgica e sade, bem como os medicamentos vencidos e deteriorados. Os geradores de RSS so responsveis pela destinao final, uma das alternativas a vala sptica.

    - Resduos de construo civil e demolio: aqueles provenientes de construes, reformas, reparos e demolies de obras de construo civil, e os resultantes da preparao e escavao de terrenos, comumente chamados de entulhos de obras ou calias. Os geradores de RCC so responsveis pela destinao final, as formas de reciclagem dos resduos so: fazer agregado de cimento para uso no estrutural, uso de base e sub-base para pavimentao.

    3.2 RESDUOS INDUSTRIAIS

    Resduos slidos industriais so todos os resduos que resultem de atividades industriais e que se encontrem nos estados slido, semi-slido, gasoso - quando contido, e lquido - cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgoto ou corpos d`gua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia disponvel. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua e aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio (NBR 10004, 2004).

    O resduo gerado pelas atividades industriais de responsabilidade dos geradores que devem cuidar do gerenciamento, transporte, tratamento e destinao final de seus resduos, e essa responsabilidade para sempre. A indstria responsvel por grande quantidade de resduo sobras de carvo mineral, refugos da indstria metalrgica, resduo qumico e gs e fumaa lanados pelas chamins das fbricas.

  • 13

    3.3 CLASSIFICAO DOS RESDUOS SLIDOS

    Segundo a NBR 10004/04 os resduos slidos so classificados quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e sade pblica, para que possam ser gerenciados adequadamente.

    A classificao de resduos slidos envolve a identificao do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e caractersticas, e a comparao destes constituintes com listagens de resduos de substncias cujo impacto sade e ao meio ambiente conhecido.

    A segregao dos resduos na fonte geradora e a identificao da sua origem so partes integrantes dos laudos de classificao, onde a descrio de matrias-primas, de insumos e do processo no qual o resduo foi gerado, devem ser explicitados.

    Para os efeitos da NBR 10004/04, os resduos so classificados em: - Resduos Classe I Perigosos ; - Resduos Classe II No Perigosos II A No Inertes II B Inertes.

    3.3.1 Resduos Classe I Perigosos

    A NBR 10005/04 fixa os requisitos exigveis para a obteno do extrato lixiviado de resduos slidos, visando diferenciar os resduos classificados pela NBR 10005/04 como Classe I Perigosos e Classe II No perigosos.

    Os resduos Classe I apresentam risco sade pblica ou ao meio ambiente, pois podem apresentar as seguintes caractersticas: inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Exemplos: resduos hospitalares, industriais, pilhas, baterias, tintas e solventes.

  • 14

    A ABNT NBR 10005/04 define: Lixiviao-Processo para a determinao da capacidade de transferncia de substncia orgnicas e inorgnicas presentes no resduo slido, por meio de dissoluo no meio extrator.

    3.3.2 Resduos Classe II No Perigosos

    Os resduos no perigosos so classificados em:

    3.3.2.1 Resduos Classe II A - No Inertes

    A NBR 10006/04 fixa os requisitos exigveis para a obteno do extrato solubilizado de resduos slidos, visando diferenciar os resduos classificados pela NBR 10005/04 como Classe I Perigosos e Classe II No perigosos.

    No se enquadram nas classificaes de resduos de classe I - perigosos ou de resduos classe II B - inertes, nos temos da norma 1004/2004. Os resduos classe II A no inertes podem ter propriedades, tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade. No apresentam perigo ao homem ou ao meio ambiente, porm no so inertes. Exemplos: a maioria dos resduos domsticos, sucatas de materiais ferrosos e no ferrosos.

    3.3.2.2 Resduos Classe II B Inertes

    A NBR 10007/04 fixa os requisitos exigveis para amostragem de resduos slidos.

    Os resduos Classe II B , quando amostrados de uma forma representativa, segundo a NBR 10007/04, e submetidos a um contato dinmico e esttico com gua destilada ou desionizada, temperatura ambiente, conforme a NBR 10006/04, no tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres de potabilidade de gua, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

  • 15

    No contm nenhum constituinte solubilizvel em concentrao superior ao padro de potabilidade das guas. Exemplos: entulhos de demolies como pedras, areias, concretas e outros resduos como o vidro.

  • 16

    4 INDSTRIA

    4.1 INDSTRIA MADEIREIRA

    As atividades relacionadas ao Setor Florestal Brasileiro representam aproximadamente 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O setor de base florestal, assegura 700 mil empregos diretos e 2 milhes de indiretos. Apesar das dificuldades econmicas dos ltimos anos, decorrentes da globalizao, fuses e incorporaes, o setor florestal manteve taxas expressivas de crescimento (BRASIL, ABIMCI, 2006).

    As exportaes de produtos florestais geraram entre US$ 2,7 a 3,7 bilhes de dlares anuais entre 1994-2001. Correspondendo a aproximadamente 5% do total das exportaes brasileiras. Dentre os produtos agropecurios, esse valor superado apenas pela receita obtida pela soja e seus derivados (BRASIL, ABIMCI, 2006).

    Os principais produtos da pauta de exportaes so os painis, chapas e madeira serrada ou beneficiada, a celulose e o papel. A exportao de mveis tem apresentado expressivo crescimento nos ltimos anos, alcanando aproximadamente meio bilho de dlares atualmente, com atividades concentradas nos estados das regies Sul e Sudeste (BRASIL, ABIMCI, 2007).

    A produo baseada em madeira oriunda de reflorestamentos. Apenas este segmento compreende 13.500 empresas, proporciona 300 mil empregos diretos e 1,2 milhes indiretos e movimenta US$ 6,0 bilhes de dlares anualmente (BRASIL, ABIMCI 2007).

    Existe possibilidade de manuteno e ou aumento da participao brasileira no mercado externo, que de aproximadamente 4% do mercado mundial, portanto ainda insignificativa se considerada em relao a outros pases e ao potencial florestal do Brasil. Esta expanso passa pela necessidade de superar as barreiras no tarifrias impostas aos produtos brasileiros. H exigncia de certificao da matria prima e dos processos industriais, sendo os critrios de certificao severos com relao produo, tratamento e disposio de resduos e efluentes (REVISTA DA MADEIRA, n. 91, 2005).

  • 17

    O uso de tcnicas e tecnologias inadequadas e defasadas reflete diretamente nos ndices de converso da matria-prima. Considerando uma produo anual de madeira serrada de cerca de 20 milhes de m e um rendimento mdio no processamento primrio da ordem de 40%, estima-se que sejam geradas 18 milhes de toneladas de resduos (REVISTA REFERNCIA, 2003). A Figura 1 mostra uma forma de tecnologia defasada que gera grande quantidade de resduo, (A) P da madeira, (B) Destopos.

    Fonte: Anurio de sivilcultura (2006, p. 04) Figura 1 Tipos de resduos gerados no processo produtivo de uma serraria;

    (A) P de madeira (B) Destopos

    O crescimento populacional que permitir alcanar a cifra de 10 bilhes de pessoas em 2040-50 demandar, no mnimo, 2 bilhes de m de madeira/ano. A utilizao das sobras uma alternativa para viabilizar o crescimento da demanda. Como soluo em melhorar o aproveitamento de uso do recurso florestal, reduzindo o desperdcio e as presses sobre as florestas nativas e plantadas diminuindo a produo de sobras e aumentando o rendimento da matria-prima (ABIMCI 2004).

    O desenvolvimento e a inovao tecnolgica voltada para o aproveitamento integral dos resduos gerados na cadeia produtiva florestal tambm pode melhorar o atual quadro do setor madeireiro.

    A

    B

  • 18

    4.2 INDSTRIA MOVELEIRA

    O setor moveleiro segundo dados da Associao Brasileira das Indstrias do Mobilirio (ABIMVEL), constitudo por cerca de 13.500 micros, pequenas e mdias empresas. Entretanto, estima a Associao, que entre empresas formais e informais, existam atualmente no pas um nmero que supere a casa de 50 mil empresas (BRASIL, ABIMOVEL, 2006).

    As pequenas empresas, principalmente por serem familiares e utilizarem equipamentos com poucos recursos em seus processos, caracterizam-se pela pequena escala de produo. As grandes e mdias empresas de mveis, contudo, possuem equipamentos automatizados, centro de usinagem, plataformas de projetos em tecnologia e algumas empresas contrataram designers, apresentando capacidade de produzir um mix muito amplo de linhas de produto (IBQP Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Paran, p. 83, 2002, p. 157).

    Rangel (1993, p. 1) define o setor moveleiro como uma indstria tradicional, com padro de desenvolvimento tecnolgico determinado pela indstria de bens de capital com mudanas incrementais no processo de produo. Na dcada de 90, a indstria moveleira investiu fortemente na renovao de equipamentos, porm isso ocorreu com empresas ligadas ao comrcio exterior, e que so minoria diante do nmero de empresas deste setor. Segundo Santos (1999, p. 63), ao analisar fabricantes de mveis residenciais, com predomnio de pequenas e micro empresas (em geral, marcenarias que se concentram na produo de mveis de madeira sob encomendas), definiu-as como sendo desatualizadas tecnologicamente e com baixa produtividade.

  • 19

    4.3 QUALIDADE E PRODUTIVIDADE

    Processos ineficientes produzem produtos caros e de baixa qualidade. Com a melhoria da qualidade haver uma maior produo vendvel e uma reduo nos custos gerados pelo desperdcio. A qualidade depende das necessidades e convenincias do consumidor e da estratgia da empresa e a m qualidade causada em grande parte por falta ou ineficcia do sistema de gerenciamento utilizado no processo de produo. Um sistema eficaz deve possuir instrumentos para determinao e anlise das perdas de produo, geradoras dos custos.

    A indstria madeireira tradicionalmente possui caractersticas comuns a nvel internacional, tais como, a utilizao intensiva de mo-de-obra (Figura 2), predomnio de pequenas e medias empresas, pequena participao no valor adicionado pela indstria de transformao, as modificaes no seu processo produtivo podem ser feitas de maneira incremental e por etapas, devido ao variado numero de operaes realizadas e produtos elaborados. Seu processo produtivo e caracterizado por grande verticalizao, ou seja, vrios processos de produo que elaboram vrios produtos em uma mesma unidade fabril. Renem em sua planta industrial, etapas de secagem, usinagem, acabamento, embalagem e montagem (IBQP, 2002).

    Fonte: Anurio de sivilcultura (2006, p. 03) Figura 2 Utilizao Intensiva de mo de obra na indstria madeireira

  • 20

    Devido inexistncia de normas tcnicas que regulamentem os requisitos bsicos e as atividades para o setor moveleiro, cada empresa adota o seu prprio procedimento para o controle da qualidade de seus produtos. Existem empresas que tem introduzido o conceito de qualidade total, examinando seus produtos aps cada etapa da produo, reduzindo estoques intermedirios, dentre outras iniciativas, ao invs do sistema tradicional de controle ao final do processo produtivo, contudo, a qualidade e um fator de extrema ateno na maioria das empresas do setor. Algumas empresas adotam a meta de estoques nulos, a no formao de estoques intermedirios, alterando a sua forma de venda e buscando a efetivao de alguns pontos de tcnicas modernas de produo como o just-in-time, sistema de administrao da produo que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora exata, para reduzir estoques e os custos decorrentes. Outras porm, devido diversidade de produtos, dificuldade de fornecimento de matria-prima, verticalizao excessiva, no conseguem reduzir os seus estoques, como no segmento de moveis torneados, porem tem adotado melhores tcnicas de gerenciamento e controle (BRASIL, TECHNOLINE, 2006).

    Atualmente, h uma busca pelos ganhos de produtividade via qualidade de produtos e processos, visto que j esto quase exauridas as possibilidades de manter a competitividade apenas com a vantagem da grande produtividade da matria-prima, no caso a madeira. O cenrio se torna mais sombrio quando se verifica o nvel de qualificao e eficincia dos produtos fabricados pela concorrncia, uma vez que esta buscava obter maior produtividade melhorando seus processos e desenvolvendo melhores produtos. O resultado foi a criao por parte do mercado, de uma cultura da qualidade em todos os nveis, tanto na demanda por produtos, quanto pela matria-prima, o que torna maior a necessidade de mudana de mentalidade em termos de gesto da produo por parte dos atores da cadeia produtiva. O ciclo de vida do produto viabilizar ou no a competitividade perante seus concorrentes e potenciais substitutos. Desta forma, a gesto da empresa florestal dever se empenhar em implementar uma estratgia para melhorar mtodos e processos no sentido de agregar valor aos produtos e paralelamente implementar iniciativas de controle da qualidade ambiental (REVISTA REFERNCIA, n. 25, 2003).

  • 21

    4.4 IMPACTO AMBIENTAL

    Dados preliminares indicam que a explorao florestal de baixo impacto apresenta ndice mdio de converso da rvore para a tora comercial de cerca de 58%. Significa uma oferta de at 30 m de resduos por hectares, em florestas manejadas na intensidade de 18 m/ha. O uso de tcnicas e tecnologias inadequadas e defasadas acentua a gerao de resduos (REVISTA DA MADEIRA, n. 91, 2002).

    Impacto ambiental qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e/ou biolgicas do meio ambiente, provocada direta ou indiretamente por atividades antrpicas podendo afetar a sade e qualidade dos recursos naturais (PIOVESAN, 2004).

    Os resduos slidos orgnicos de origem vegetal, particularmente aps os tratamentos qumicos que recebem para utilizao na indstria madeireira, constituem uma fonte de elevados impactos ambientais sobre o meio fsico, particularmente sobre os mananciais hdricos superficiais e subterrneos e sobre os meios biolgico e scio-econmico (ABIMCI, 2005).

    Em virtude da falta de conhecimento ou simplesmente de condies financeiras favorveis, algumas empresas optam por queimar seus resduos ao ar livre. Esta ao infelizmente uma prtica comum pelo pas que pode gerar uma fonte de poluio principalmente quando a queima no completa, tornando-se um problema ambiental, devido legislao vigente que impe restries a queima de resduos. Alguns empresrios do setor optam por depositar seus resduos em uma rea de descarte da empresa que seguramente acarreta em custos e contribui no aumento de passivos ambientais da organizao (ABIMCI, 2005)

    O descarte dos resduos florestais um outro que atinge no somente as empresas do setor madeireiro, mas as indstrias de extrao florestal, limpeza urbana (podas de rvores). Saber o que fazer com os resduos, e ainda conseguir lucros com sua comercializao torna-se um excelente negcio.

    A Figura 3 mostra processo tradicional de destinao de resduo das empresas que trabalham com produtos oriundos da base florestal. A Figura 4 o processo ambientalmente correto de destinao do madeireiro.

  • 22

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de ABIMCI (2006) Figura 3 Processo tradicional de destinao do resduo madeireiro

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de ABIMCI (2006) Figura 4 Processo ambientalmente correto de destinao do resduo madeireiro

  • 23

    4.5 O RESDUO DA MADEIRA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

    O desenvolvimento sustentvel a preservao da qualidade dos sistemas ecolgicos, a necessidade de um crescimento econmico para satisfazer as necessidades sociais e a equidade - todos possam compartilhar - entre gerao presentes e futuras. As preocupaes do desenvolvimento sustentvel so: a racionalizao do uso da energia, ou o desenvolvimento de tcnicas substitutivas do uso de bens no-renovveis ou, ainda, o adequado manejo de resduos (BRASIL, AGENDA 21, 2007).

    A cadeia produtiva da indstria da madeira apresenta importantes impactos ambientais desde a extrao florestal at o beneficiamento do recurso, e qualquer sociedade seriamente preocupada com a busca do desenvolvimento econmico e o meio ambiente deve-se preocupar com esta atividade industrial devido a grande gerao de resduos.

    A Figura 5 mostra a gerao de resduos slidos na indstria de madeira serrada.

    Fonte: Anurio de sivilcultura (2006, p. 03) Figura 5 Gerao do cavaco de madeira na indstria de madeira serrada

  • 24

    A evidncia da crise sem dvida o fato de vivermos numa era de escassez de recursos, de dificuldades expanso da base econmica das sociedades nacionais, de saturao dos aterros para armazenar ou eliminar resduos da sociedade industrial e, sobretudo, de fragilidade de instituies locais, regionais e mundiais para enfrentar os desafios colocados por essa crise. Uma crise que , na verdade, ecolgica (esgotamento progressivo da base de recurso natural) e ambiental (reduo da capacidade de recuperao dos ecossistemas). Mas uma crise que tambm poltica, diretamente relacionada com os sistemas de poder para a distribuio e o uso de recursos da sociedade, o qual, em ltima instncia, determina a situao de escassez absoluta (esgotamento do estoque de recurso) ou relativa (padres insustentveis de consumo ou iniqidades de acesso a eles) (BRASIL, 1991).

    As metas para se atingir desenvolvimento sustentvel empregando resduos na indstria da madeira devem contemplar as formas de reaproveitamento, alternativas para minimizao dos impactos ambientais. Ao se analisar as formas de reaproveitamento de resduos na Indstria da madeira brasileira percebem-se falhas no processo de pesquisa e desenvolvimento. O reaproveitamento dos resduos da indstria da madeira tenta consolidar seus processos de produo e garantia de qualidade na busca de um mercado mais diversificado e efetivo (REVISTA REFERNCIA, n. 47, 2003).

    4.5.1 Caracterizao dos Resduos de Madeira

    O destino adequado desse passivo ambiental uma das formas da empresa ser reconhecida no mercado por sua postura ecologicamente correta como tambm cria oportunidades de gerar rendas a partir dos resduos, conseqentemente melhorando a rentabilidade do seu produto principal (ABIMCI, 2004).

    Ao analisar a cadeia produtiva da madeira e o aproveitamento de resduos, Brito (2002) conclui que somente a regio sul gerou no ano de 1990 cerca de 2,1 milhes de m de resduo, enquanto a produo de produtos slidos de madeira foi de 4,6 milhes de m. As perdas e a gerao de resduos, de quase 50% do total da cadeia produtiva da madeira, so causadas tanto pela baixa qualidade da matria-

  • 25

    prima quanto pela falta de conhecimento bsico das propriedades fsicas e mecnicas e tambm pela aplicao de tecnologias inadequadas para seu processamento.

    4.5.1.1 Resduo da Industrializao da Madeira

    O resduo obtido atravs do beneficiamento da madeira classificado observando-se diversos aspectos. Tipo do material que d origem ao resduo como espcie de rvore, madeira slida, transformao industrial para modificar o resduo, como tratamento qumico. Tipo dos resduos: casca (Figura 6A), p de lixa (Figura 6B), maravalha (Figura 6C), destopos e refilos (Figura 6D).

    Fonte: ABIMCI (2002, p. 02) Figura 6 Resduos madeireiros: Casca (A), P de madeira(B), maravalha(C), destopos(D)

    A B

    C D

  • 26

    tido como resduo aquilo que sobra de um processo de produo industrial ou explorao florestal.

    Os resduos madeireiros classificam-se em 5 tipos distintos, ou seja: Serragem resduo originado da operao de serrarias, encontrado em todos

    os tipos de indstria, exceo das laminadoras. Destopos resduo originado da operao de mquinas nas empresas de

    compensados de beneficiamento da madeira. P de serra resduos originados do beneficiamento da madeira. Cepilho conhecido tambm por maravalha, resduo gerado pelas plainas

    nas instalaes de serraria/beneficiamento e beneficiadora (indstrias que adquirem a madeira j transformada e a processam em componentes para mveis, esquadrias, pisos, forros).

    Lenha resduo de maiores dimenses, gerado em todos os tipos de indstria composto por costaneiras, aparas, refilos, resduos de topo de tora, resto de lminas.

    Esses resduos so classificados como classe II A (no inertes): Classe II A (no inertes) no apresentam periculosidade, podem ter

    propriedades de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em gua (NBR 10004/04).

    Podem-se citar alguns aspectos relacionados aos usos de resduos oriundos das empresas das fontes geradoras e seus impactos no meio ambiente que podem ser classificado quanto:

    - ao tipo de matria-prima utilizada, no caso da madeira macia o resduo no e txico, podendo ser aproveitado em granjas como forrao para a criao de animais, e tambm na agricultura para auxiliar na reteno de umidade do solo. J no caso dos painis de madeira processada, o aproveitamento de resduo est mais limitado queima para gerao de energia. Nos dois casos, o descarte indevido pode causar poluio nos recursos hdricos, inutilizaro de reas que poderiam ser mais bem aproveitadas e poluio de maneira geral;

    - ao tipo de processo empregado-o maquinrio mais moderno dispe de recursos que reduzem perdas e coleta resduos com maior eficcia;

  • 27

    - ao tamanho da empresa - em pequenas empresas existe menor controle na gerao de resduos, na sua coleta e reaproveitamento;

    - localizao da empresa - o aproveitamento dos resduos pode ser facilitado pela proximidade de setores que os utilizem no seu processo.

    4.5.2 Formas de Aproveitamento do Resduo Madeireiro

    O baixo rendimento da indstria tem como conseqncia o elevado nmero de resduos gerados, prejudicando a lucratividade da atividade. Resduos no s representam um problema econmico, atravs do desperdcio, como tambm um srio problema ambiental. Estima-se que seja gerado nada menos que 23 milhes de toneladas de resduos florestais no Brasil somente em serrarias (BRITO, 2002).

    Os resduos da madeira podem ter origem: domstico/comercial, construo civil, extrao florestal, indstria madeireira, moveleira e vegetao urbana.

    A falta de tratamento ou de reaproveitamento destes resduos da madeira acaba transformando-se em um grande potencial de passivo para o meio ambiente.

    A Figura 7 caracteriza os tipos de resduos madeireiros das diversas fontes geradoras e mostra as alternativas de reaproveitamento do resduo madeireiro. Das diversas formas de reaproveitamento, a briquetagem colocada na figura como a alternativa que agrega mais valor ao resduo madeireiro. O briquete pode ser utilizado na produo de energia, na forma de calor, em caldeiras, fornos, churrasqueiras, lareiras. Cerca de 30 kg de briquetes geram energia equivalente a 100 kWh/ms de energia eltrica convencional (REVISTA DA MADEIRA, 2003)

  • 28

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de Google (2006) Figura 7 Formas de reaproveitamento do resduo madeireiro

    As alternativas possveis de destinao dos resduos da madeira e tratamento adequado podem colaborar com a sustentabilidade do meio ambiente. Sero apresentadas 6 formas de reaproveitamento do resduo da madeira com intuito de encontrar solues criativas que beneficiem a sociedade a partir do que foi descartado.

    4.5.2.1 Compostagem

    O vocbulo compost da lngua inglesa originou a palavra composta para indicar o fertilizante orgnico, preparado a partir de restos vegetais e animais atravs de um processo denominado compostagem (STERNADT, 2002)

    A tcnica de compostagem foi desenvolvida com a finalidade de se obter mais rapidamente e em melhores condies a estabilizao da matria orgnica. No processo de compostagem, os resduos so amontoados formando leiras (Figura 8), irrigados e envolvidos, acelerando o tempo de decomposio. A compostagem

  • 29

    uma alternativa s serrarias para resolver o problema do acmulo dos seus resduos; esse processo pode ser induzido por um biocatalizador.

    Fonte: Comunicado tcnico, 102 (2004, p. 03). Figura 8 Leira do resduo madeireiro para a produo de adubo orgnico

    A compostagem (Figura 9) definida como um processo controlado de decomposio microbiana de oxidao de uma massa heterognea de matria orgnica no estado slido e mido, passando pelas fases de fitotoxicidade, bioestabilizao e maturao. Durante o processo ocorre produo de calor e depreendimento de gs carbnico e vapor de gua. Neste processo importante o controle da relao Carbono/Nitrognio, que na madeira elevada (STERNADT, 2002).

    Fonte: Comunicado tcnico, 102 (2003, p. 03) Figura 9 Processo de compostagem a partir do resduo madeireiro

  • 30

    4.5.2.2 Produo de Celulose

    A matria-prima tradicionalmente utilizada para a fabricao de polpa e papel formada por partculas oriundas de madeira ou resduos da indstria madeireira, devendo ser limpa e sem tratamento com contaminantes como colas e adesivos, tintas, plsticos e preservantes, pois estes podem afetar o processo de polpao e o rendimento (DONOVAN ASSOCIATES, 1994). Sendo que o tamanho da fibra do resduo tambm influi na resistncia do papel a ser produzido

    A produo de celulose consiste basicamente em cozimento dos cavacos de madeira e licor branco (soluo de soda custica e sulfeto de sdio) em dadas condies de temperatura e presso durante um perodo.

    A operao de cozimento pode ser realizada em sistemas contnuos ou de bateladas denominados digestores descontnuos.

    Nos digestores contnuos a alimentao dos materiais e a produo de celulose so contnuas; j nos descontnuos, a alimentao dos materiais realizada por bateladas, assim como a sua produo de celulose.

    Outra caracterstica que afeta a utilizao de resduos no processo de polpao a origem da madeira. Algumas indstrias apenas aceitam resduos de folhosas, outras apenas de conferas e outras aceitam misturas. Os resduos oriundos de atividades silviculturais so preferidos pelas indstrias papeleiras, enquanto resduos de outras origens como pallets, entulhos de construo e demolies no usados (DONOVAN ASSOCIATES, 1994).

    4.5.2.3 Produo de Painis

    Com os avanos tecnolgicos havidos na indstria de madeiras, encontra-se nos dias atuais uma vasta variedade de painis de madeira para os mais diversos usos e praticamente todo tipo de mercado.

    Desde o incio da produo de compensados no final do sculo XIX, inmeros tipos de painis de madeira foram surgindo at o momento, sempre com a

  • 31

    preocupao em busca de novos produtos com melhor relao custo/benefcio, para aplicaes especficas a que se destinam (SETSUO, 2003).

    Segundo Setsuo (2003), os painis de madeira podem ser classificados em dois grupos:

    - Compostos Laminados: caracterizam-se pela estrutura contnua da linha de cola atravs do processo de colagem de lminas, para fabricao de produtos como compensado multilaminado, compensado sarrafeado, painis de lminas paralelas (LVL), compensado de lminas paralelas (lammyboard), compensado de painis de madeira macia (tree-ply);

    - Compostos Particulados: constitudos de pequenos elementos de madeira (partculas e fibras) e se caracterizam pela estrutura descontnua da linha de cola, tais como chapas de madeira aglomerada, chapas OSB, chapas de fibras isolantes, duras e de mdia densidade (MDF) e chapas madeira-cimento.

    Originalmente os painis aglomerados foram desenvolvidos para o uso de resduos. Mas historicamente a participao da indstria de celulose e papel e de aglomerados no uso de resduos foi muito pequena. No Brasil, a indstria de painis se baseou no uso de madeira reflorestada para este fim. Porm aps o inicio da crise de suprimento de pinus (apago florestal) as indstrias de painis, celulose e papel comearam a ver o uso de resduos de uma forma mais positiva. Para a indstria de celulose e papel a qualidade dos cavacos mais elevada, ou seja a dimenso dos cavacos precisa ter maior controle, isto faz com que a industria de aglomerados tenha maior participao no uso dos resduos para o processo produtivo.

    A empresa de painis Masisa Brasil foi pioneira na regio paranaense de influncia na converso de resduos do processo de transformao da madeira em matria prima de alto valor. Esta prtica se encontra disseminada atualmente no Paran na cidade e Ponta Grossa e demais estados do Sul. A produo de MDF permite a utilizao de resduos resultantes do processamento mecnico de toras em serrarias e laminadoras, que no so passiveis de aproveitamento na fabricao de OSB (painel de fibra de madeira de alta resistncia). Uma otimizao maior do uso do recurso florestal alcanada graas ao aproveitamento do preparo da madeira para a fabricao de MDF, OSB e Aglomerado.

  • 32

    A linha de produo MDF consome 400 mil toneladas por ano de resduos (subproduto de madeira), o que traduz a demanda pela existncia de 16 mil hectares de florestas com crescimento de 25 metros cbicos por hectare/ano. Como no consome madeira rolia, a atividade no fim agrega valor cadeia produtiva florestal como um todo.

    Tipos de painis formados a partir de partculas ou fibras de madeira:

    Aglomerados - painel de partculas de madeira de eucalipto ou pinus impregnados com resinas sintticas submetidas ao calor e presso (Figura10). Disponvel nos revestimentos em Baixa Presso (BP) e em lmina celulsica Finish Foil (FF), os painis de aglomerados oferecem versatilidade de cores, diversos padres decorativos e excelente desempenho fsico - mecnica.

    Fonte: ABIMCI (2005, p. 03) Figura 10 Aglomerado produzido a partir de partculas de madeira

    Medium Density Fibreboard (MDF) - chapa plana de mdia densidade produzida a partir de fibras de madeira (Figura 11). As fibras aglutinadas com resina sinttica so submetidas a alta temperatura e presso.

  • 33

    Fonte: ABIMCI (2005, p. 03) Figura 11 MDF produzida a partir de fibras de madeira

    Oriented Strand Board (OSB) - O OSB um painel estrutural composto de cepilhos de madeira, orientados perpendicularmente, em diversas camadas, o que aumenta sua resistncia mecnica e rigidez (Figura 12). Os cepilhos so unidos com resinas aplicadas sob altas temperaturas e presso. Atravs de processo automatizado, os painis so permanentemente controlados e testados para verificar seus nveis de acordo com rgidos padres de qualidade. Estes painis, fabricados normalmente em madeira de Pinus, so utilizados na construo civil e tambm na produo de embalagens.

    Fonte: ABIMCI (2005, p. 03) Figura 12 OSB produzido a partir de cepilhos de madeira orientados perpendicularmente em

    diversas camadas

  • 34

    4.5.2.4 Pequenos Objetos de Madeira (POM)

    Definem-se como pequenos objetos de madeira, pequenas peas confeccionadas de modo industrial ou artesanal que podem ser manuseadas ou conduzidas facilmente com as mos (STERNADT, 2002).

    A manufatura de POMs (Figura 13) uma forma eficaz de utilizao dos resduos de madeira. Para este processamento no h a necessidade de instalao de maquinrio especfico, pois as mquinas e mo-de-obra j existentes nas indstrias so suficientes para a confeco desses pequenos objetos.

    Considerando os vrios produtos feitos com madeira, destaca-se o artesanato e os pequenos objetos de madeira, por apresentarem uma maior flexibilidade em relao s dimenses das peas utilizadas na sua confeco.

    Esses dois produtos podem ser produzidos, a partir de pequenos pedaos, provenientes de resduos, sejam eles, de serrarias, laminadoras, marcenarias ou fabricas de mveis.

    Fonte: Laboratrio de Produtos Florestais (LPF), STERNADT (2003) Figura 13 Exemplos de Pequenos Objetos de Madeira (POM)-caixa, porta-jias

    A Alternativa que vem sendo proposta aliar o desenho singular que os galhos das copas das rvores apresentam com a confeco de mveis rsticos, utilizando-se as diferentes formas e bifurcaes em diversos ngulos, ns, cavidades e figuras decorativas etc., como detalhes que podem fazer de cada mvel

  • 35

    uma pea nica e exclusiva. A Figura 14 mostra uma cadeira construda a partir de galhos da rvore (STERNADT, 2000).

    Fonte: STERNADT (2003) Figura 14 Cadeira confeccionada com galhos da rvore

    Essa alternativa mostra-se bastante vivel, considerando que a copa das rvores composta de uma grande quantidade de galhos que no so aproveitados, perdendo-se a oportunidade de desenvolver novos processos e produtos madeireiros.

    No entanto, o aproveitamento desse recurso pode trazer vantagens na esfera social. Essas vantagens podem ser refletidas na gerao de novas atividades, gerando renda e inserindo as comunidades do entorno dos plantios (BRASIL, FSC. 2007).

    Uma atividade como a de confeco de pequenos objetos de madeira utilizando resduo desses plantios, pode ser uma alternativa para diversificar o uso da floresta mesmo no sendo o objeto de madeira o produto principal (BRASIL, FSC, 2007).

  • 36

    4.5.2.5 Produo de Briquetes

    A briquetagem um processo de compactao do resduo madeireiro, no qual destruda a elasticidade natural das fibras. Este processo diminui o consumo de energia para a queima, resultando em um material com pequeno volume, alta densidade e com alto poder calorfico (REVISTA DA MADEIRA, 2001).

    A Figura 15 mostra o fluxograma do processo de briquetagem. O 1 processo a descarga e estocagem, a matria-prima (resduo madeireiro serragem, cavaco e p da madeira) chega a fabrica e pesada e descarregada no depsito aguardando o prximo processo. Em seguida os resduos da madeira passam por uma peneira onde so separadas as partculas maiores para dar uniformidade matria-prima e facilitar a alimentao do secador. Na seqncia passam pelo processo de secagem onde retirada a umidade do material (de 55% para 6 a 8 %). Logo aps segue o processo de compactao, a matria-prima submetida a um impacto mecnico de 90 toneladas, neste ato, produz-se um centmetro de briquete, so desferidos 240 impactos por minuto, obtendo assim uma produo de 880 a 1000 Kg/hora. Aps a compactao o briquete embalado conforme a solicitao do comprador, em embalagens: papel contendo 25 Kg, rfia contendo 30 Kg ou a granel, seguindo para o deposito onde aguarda o carregamento e posterior envio ao destino final.

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de CETECI (2006) Figura 15 Fluxograma do Processo de Briquetagem

    O briquete (Figura 16) produzido a partir de serragem e demais resduos resultantes do processo de beneficiamento de qualquer tipo de madeira ou resduos de agroindstria. Sua produo requer um controle de umidade, cujo teor mximo ideal de 15% o que torna necessria a introduo de processo de secagem.

  • 37

    Este processo utiliza presses elevadas para compactar os resduos em cilindros chamados briquetes. A extruso em altas presses e temperaturas, por mquina rotativa oferece um produto homogneo, sem aglomerantes, a temperatura de 150 a 200 C, obtida pelo atrito dentro das cmaras de compresso antes da extruso, liquefazendo a lignina da biomassa. Ao sofrer esfriamento, a lignina se transforma em aglomerante natural, e cria a camada externa contra a umidade do ar (REVISTA DA MADEIRA, n. 56 2001).

    A tcnica da briquetagem, alm de eliminar resduos incmodos e onerosos, produz um material de tamanho constante, facilitando o armazenamento, a embalagem, e o transporte, facilitando a operao de equipamentos de queima para a produo de energia.

    Com o uso de briquetes, as caldeiras trabalham em temperaturas uniformes, alcanando maior temperatura de queima, tornando o produto vivel sob o ponto de vista tecnolgico, econmico e mercadolgico.

    Fonte: BBC Brasil.com (19 de agosto de 2002) Figura 16 Briquete produzido a partir de serragem e outros tipos de resduos resultantes do

    processo de beneficiamento de qualquer tipo de madeira

    Um ponto fundamental a presena de contaminantes fsicos ou qumicos na madeira, pois estes produtos podem ser queimados em estufas residenciais e comerciais se equipamentos para controle de emisses. Portanto para serem vendidos nestes mercados, devem ser livres de contaminantes, como tintas e cola de madeiras (DONOVAN ASSOCIATES, 1994).

  • 38

    Com briquetes podem ser abastecidas panificadoras, restaurantes, pizzarias, cermicas e olarias, para alimentar fornos, caldeiras e lareiras.

    Na cidade de So Paulo que considerada a capital brasileira da pizza, por exemplo, aproximadamente 70% das pizzarias e padarias utilizam fornos lenha, e muitas delas esto abastecendo os fornos com briquetes. Uma pizzaria ou padaria utiliza em mdia o equivalente a quatro toneladas de briquetes (uma tonelada de briquetes, que custa em mdia R$ 80, 00, equivalente a sete metros cbicos de lenha, cada metro cbico de lenha encontrado por R$175,00) (REVISTA REFERNCIA, n. 25, 2005).

    TABELA 1 MOSTRA AS CARACTERSTICAS E VANTAGENS DO BRIQUETE

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de google (2006)

    4.5.2.6 Outras Formas de Reaproveitamento

    Os resduos de madeira podem ser utilizados ainda de vrias outras formas, como para propiciar matria orgnica para correo ou aumento de qualidade do solo; para cobertura morta; como cama para animais; para cobertura de aterros; para estabilizar estradas de acesso a aterros, estradas temporrias e outras superfcies de rodagem no pavimentadas; obteno de matria prima para a indstria de tintas, vernizes, corantes, adesivos, alimentcia e solvente atravs da

    Caractersticas do Briquete Vantagens do Briquete Pouca gerao de fumaa, cinza e fuligem em virtude do baixo percentual de umidade.

    Menor custo direto e indireto

    necessrio a derrubada de 10 arvores para produzir 01 tonelada de carvo

    Menor mo-de-obra

    01 tonelada de briquete corresponde a 07 m3 de lenha aproximadamente

    Maior estabilidade e rapidez na resposta da temperatura

    O briquete produto fabricado utilizando-se de resduos de serrarias de reflorestamentos e de espcies exticas como o pinu

    Gera menor poluio ao meio ambiente em relao aos seus concorrentes (carvo vegetal e mineral, lenha, leo diesel)

    Alto poder calorfico Maior higiene e melhor aparncia Maior temperatura de chama Alto poder calorfico Regularidade trmica Produto ecologicamente correto. Menor ndice de poluio em relao a carvo vegetal e mineral, lenha, leo.

    Flexibilidade de utilizao: uso domstico e industrial

    Facilidade no manuseio Produto fabricado atravs do aproveitamento de resduos florestais

    Ecologicamente correto reduz sensivelmente o desmatamento

    Produto industrializado, disponvel o ano todo.

  • 39

    extrao de volteis; produo de enchimento para embalagens; e outros usos no mencionados (BRASIL MADEIRA, 1980).

    A casca pode ter usos medicinais, como a da rvore aroeira, que pode ser usada como medicamento no tratamento de gengivites. Alm dos medicinais, algumas substncias qumicas das cascas podem ser usadas para dar sabor e cheiro a comidas e bebidas. Como exemplo tem-se o cinamomo e a canela.

    A casca residual tambm tem sido usada em manufatura de sarrafos, papel de forrao, forro de carpet e feltros, sendo cada vez mais usada como condicionador de solo, como cobertura, e para trilha de jardins. Como condicionador de solo, ela aumenta e porosidade do solo pela captura do ar e gua na sua matriz. Devido sua estrutura porosa, a casca tambm drena bem, como turfa ou musgo. Tambm previne a eroso do solo e protege as plantas, moderando a temperatura do solo, reduzindo o resfriamento e super aquecimento (REVISTA REFERNCIA, n. 25, 2003).

    A cortia o produto da casca mais familiar em uso hoje. Pode ser usada para a fabricao de rolhas para garrafas, bom isolante acstico e eltrico, alm de servir para confeco de vrios produtos, como caixas para comida (REVISTA REFERNCIA,2005).

    4.5.3 Importncia Econmica do Resduo Madeireiro

    A gerao de resduos florestais da indstria madeireira no Brasil tem mostrado valores expressivos, o que nos leva a considerar seriamente a sua utilizao na cadeia produtiva.

    Nas questes econmicas, o que pesa o aumento do preo de matrias-primas tradicionais, e o ingresso de novas alternativas de uso de resduos que impulsiona o mercado e agrega valor a materiais antes desvalorizados. No aspecto social o uso dos resduos passa a ser importante porque este material normalmente requer maior mo-de-obra e cuidados com a logstica, transporte e preparao do material, refletindo na gerao de empregos.

    Os resduos no s representam um problema econmico, atravs do desperdcio, com tambm um srio problema ambiental. Geramos atualmente nada

  • 40

    menos que 23 milhes de toneladas de resduos florestais somente das serrarias (BRITO, 2002).

    Os preos pagos pelo resduo, os oriundos de indstrias de produtos de madeira so mais variveis do que a madeira para combustvel oriunda da floresta. O primeiro tipo de resduo, apesar de ter preo mais alto que a madeira originria de atividades silviculturais, tem a vantagem de ter menor contedo de umidade. A variao de preo existente depende do tipo ou espcie de madeira, de outros mercados para o resduo, se o resduo vendido diretamente pela indstria ou por atravessadores, se o resduo colocado na indstria ou transportado para o local de uso, se o resduo esta em forma de partculas, serragem, destopos ou casca (DONOVAN ASSOCIATES, 1994).

    O preo do resduo madeireiro pode ser determinado pela demanda existente para um deles, enquanto o custo do transporte depende de fatores ligados a classe do resduo, quantidade, destino final e estado das vias de transporte.

    4.5.4 Qualificao do Resduo Madeireiro

    Os resduos florestais ou madeirveis, alm de serem utilizados para a gerao de energia de diversas formas como queima direta, briquetes de madeira, carves, produo de painis, podem tambm ser utilizados de vrias outras maneiras como na fabricao de pequenos objetos de madeira e utenslios como brinquedo, artigos de copa ou cozinha, cabos de ferramentas, artigos desportivos, decorativos e de recreao, cama para avirios, currais e estbulos, compostagem para adubao e complementos orgnicos para o solo (BRITO, 2002) ou ainda no paisagismo de jardins.

    Quanto qualidade do resduo, as variveis mais importantes so: teor de umidade, tamanho do material (granulometria), nvel de contaminao com outros materiais (pedras, terra e pregos), tipo de material que da origem ao resduo (existncia de extrativos que podem prejudicar alguns usos como utenslios domsticos de cozinha, camas para animais), nvel de degradao do material, densidade e poder calorfico quando o uso gerao de energia e briquetagem (SANTOS,1998).

  • 41

    Teor de umidade que pode ser alto ou baixo e que influencia diretamente em qualquer tipo de uso pretendido, e principalmente para o uso na gerao de energia, pois quanto maior o teor de umidade menor o poder calorfico.

    A granulometria que se refere ao tamanho das partculas que compe o resduo e que indicam o tipo de uso e densidade, que a relao entre peso e o volume ocupado pelo material, importante nas questes de transporte e armazenamento do resduo.

    Alm disso, observado o nvel de biodegradao, pois se o material estiver atacado por agentes biodegradadores alguns usos so significativamente comprometidos.

    Estima-se que uma serraria de porte mdio destinada a produzir dois mil metros cbicos de madeira serrada por ms, poderia gerar 78 toneladas de serragem. Ao todo, as serrarias do pas gerariam em torno de 620 mil toneladas de serragem por ano (ROCHA, 1998).

    As partculas de madeira ou resduos que so utilizados para os usos anteriormente citados podem ser originrias de muitas fontes, e entre elas as florestas nativas, plantaes e resduos de serrarias, moveleiras, construo civil, madeireira e domiciliar.

    O resduo madeireiro gerado uma importante fonte de energia em forma de partculas para a produo de polpa e produtos como chapa de partculas. efetivamente usado como matria-prima em plantas de produo de combustveis de madeira.

    Um dos maiores cuidados no processo mecnico da transformao de resduo de madeira em cavaco est na retirada de materiais metlicos, para que o produto final contenha o mnimo de impurezas possvel.

    O cavaco (Figura 17) que possui muito material impuro em sua constituio completamente descartado pela indstria de papel celulose. E tambm no aceito pelas indstrias que o utilizam para a gerao de energia e alem de ser menos combustvel pode entupir as tubulaes das caldeiras (REVISTA REFERENCIA n. 47, 2005).

  • 42

    Fonte: ABIMCI (2002, p. 03) Figura 17 Grande quantidade de cavaco sendo descartado

    4.5.5 Quantificao dos Resduos Madeireiros Gerados

    A converso de toras em tbuas, pranchas, vigas ou outras peas de madeira implicam, necessariamente, na produo de uma quantidade maior ou menor de desperdcio, segundo os fatores que influem no seu volume, com a natureza da matria-prima, a eficincia das mquinas empregadas pela indstria e as exigncias do mercado (ANURIO BRASILEIRO DE ECONOMIA FLORESTAL, 1957).

    Este ltimo aspecto exerce influncia atravs das quantidades relativas de madeira serrada de diversas espessuras e comprimentos solicitados, j que, por exemplo, a obteno de tabuas mais finas requer maior quantidade de cortes, o que aumenta o desperdcio em forma de serragem (ANURIO BRASILEIRO DE ECONOMIA FLORESTAL, 1957).

    De uma forma geral, a maioria das indstrias de serrados no Brasil ainda apresentam um baixo grau de mecanizao e automao. Tal constatao provm do fato de que poucas indstrias dispem de maquinrio como classificadores automticos e descascadores de toras, adequadas instalaes para classificao de madeira serrada, capacidade suficiente de secagem e alto nvel de utilizao de resduos (ABIMCI, 2003). A falta de investimentos tecnolgicos mais avanados faz

  • 43

    com que a indstria brasileira de serrado tenha um baixo rendimento na transformao (Figura 18) tora-serrada.

    A gerao de resduos no processo produtivo de compensados a partir de lminas verdes est na base de 27%, sendo cerca de 10% na etapa de secagem das lminas, por volta de 13% so de refilos, 3% de lminas de refugo e tambm aproximadamente 1% de p de lixa. Tais resduos podem ser utilizados para a gerao de energia na alimentao das caldeiras (ABIMCI, 2003).

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de ABIMCI (2005) Figura 18 Quantificao de resduos na indstria madeireira

    Tora com casca (10 m)

    Casca (1,4 m)

    Rolete (1,2 m)

    Lmina verde (5,0 m)

    Lmina refugo (2,4 m)

    Tora sem casca (8,6 m)

    Lmina seca (4,5 m) Lmina acabada (3,8 m)

    Compensado lixado (3,76 m)

    Refilo (0,6 m)

    Lmina refugo (0,1 m)

    P de lixa (0,04 m)

    RESDUOS

    RESDUOS

  • 44

    4.5.6 Utilizao do Resduo Madeireiro para Fins Energticos

    A evoluo do consumo energtico no panorama mundial foi referenciada segundo polticas globais e tendncias dos pases mais desenvolvidos, o que resultou na insuficincia energtica dos pases dependentes de importao em uma matriz energtica insegura e cara e, ainda, na problemtica ambiental decorrente do uso dos combustveis fsseis.

    Diante desse panorama, a matriz energtica mundial, baseada nos recursos energticos no renovveis, vem sofrendo as conseqncias de profundas mudanas. Com a crise do petrleo em 1973/74 e em 1979/80, cresceu o interesse por um grande nmero de pases no sentido de intensificar o aproveitamento de outras fontes energticas (BRASIL, CENBIO, 2007)

    Podemos dizer ainda que a expanso ano a ano da gerao de energia eltrica no segmento madeireiro est relacionada ao crescimento da conscincia ecolgica dos empresrios e governantes .

    A Figura 19 mostra o potencial de gerao de energia a partir de resduos florestais, explicando como a funcionalidade do Sistema Nacional Interligado para as indstrias, comrcio, residncia e uso pblico

    Fonte: CENBIO (2003) Figura 19 Potencial de gerao de energia eltrica a partir de resduos florestais

    O setor caracterizado por diversos tipos de atividades, cada qual responsvel por uma etapa no beneficiamento da madeira, podendo, de maneira

  • 45

    bastante simplificada, ter suas atividades enquadradas em trs grandes reas principais. A primeira delas soa as serrarias, responsveis pela retirada da tora da floresta e pela transformao em tbuas. Em seguida, temos as beneficiadoras de tbuas, normalmente chamadas de fbricas ou madeireiras, que tm funo de adequar e transformar a tbua em vrios tipos de produtos, cercas, moldura e tapetes. Por ltimo esto s empresas moveleiras, que fazem a transformao da madeira em moveis. Usualmente, as empresas concentram as atividades de serraria e madeireira, primeira e segunda parte do beneficiamento, em uma nica unidade fabril (REVISTA DA MADEIRA, n. 912005).

    A trs reas apontadas acima possuem um potencial para a implantao de gerao de energia eltrica a partir do resduo gerado em seu processo industrial. Entretanto, tradicionalmente so as serrarias e madeireiras que mais implantam sistemas de gerao de energia, em funo do seu porte, e tambm por ser nelas onde se concentra a maior parte do resduo gerado durante o beneficiamento da madeira (REVISTA DA MADEIRA, n. 912005)..

    Dentro das possibilidades de gerao de energia, aproveitando o resduo da madeira, existem dois sistemas. Um deles a Gerao simples de energia, que acontece quando a unidade fabril no apresenta consumo de vapor. O ciclo de gerao nessa opo contempla entre os principais os principais equipamentos um sistema de alimentao de combustvel, uma caldeira, painis e controle, torres de resfriamento e um tubo gerador em condensao (geralmente a vcuo) destinado exclusivamente para a gerao de energia eltrica (ANEEL, 2007).

    4.5.6.1 Aplicao da Co-gerao na Indstria Madeireira

    A co-gerao aplicada quando a unidade fabril apresenta consumo de vapor em seu processo. Utiliza-se um sistema de alimentao de combustvel, uma caldeira, painis de controle, torres de resfriamento e um tubo-gerador de condensao (mais comum vcuo) com extrao ou ainda, simplesmente, em contra-presso, destinado tanto para a gerao de energia eltrica, quanto ao fornecimento de vapor para o processo. Vale lembrar que o consumo de vapor no

  • 46

    processo de beneficiamento da madeira pode apresentar-se durante a secagem, em prensas, ou ainda no cozimento de toras (REVISTA REFERNCIA, 2005).

    Na indstria de processamento da madeira, a co-gerao ocorre da seguinte maneira: em uma caldeira, a partir da biomassa florestal, gera-se calor que esquenta a gua, transformando-a em vapor. Este vapor com alta presso enviado a uma turbina, que gera energia mecnica. Esta energia transmitida a um gerador e transformada em energia eltrica (ABIMCI 2005).

    Depois da turbina, o vapor (ainda quente) aproveitado em radiadores, transmitindo energia trmica a algum sistema de secagem (ex: aquecimento de equipamentos como prensas na indstria de chapas de compensado) (Figura 20).

    O grande benefcio da co-gerao que o consumidor tende a economizar o combustvel que necessitaria para produzir o calor do processo. A eficincia energtica desta forma, mais elevada.

    Em termos de comparao, uma usina produzindo apenas eletricidade possui eficincia de cerca de 32%, por outro lado, uma usina de co-gerao, usando a mesma quantidade de combustvel (biomassa) pode aproximar-se dos 80% de eficincia (ANEEL2007).

    Fonte: ABIMCI (Junho 2005, p. 2) Figura 20 Processo simplificado para co-gerao de energia na indstria madeireira

    Alm do uso do resduo dentro das madeireiras atravs da co-gerao de energia e na secagem de madeira, o mercado de energia eltrica tambm uma

  • 47

    forma de diversificar a destinao de resduos. A estimativa de resduo de madeira gerada anualmente no pas de 60 milhes de toneladas (BIODISELBR, 2007).

    Porm, em funo da caracterstica de muitas regies, a pouca agregao de valor matria prima contribui para a gerao de grandes volumes de resduos que muitas vezes ficam na indstria sem nenhuma utilizao, causando problemas ambientais e ocupando espao fsico que poderia ser mais bem utilizado no processo produtivo.

    A Figura 21 mostra o potencial de uso de resduos para fins energticos onde So Paulo e Paran possuem uma estimativa de potencial de 27,53 a 62,9 MW.

    Fonte: CENBIO (2003) Figura 21 Potencial de uso de resduo madeireiro para fins energticos

  • 48

    O Brasil possui atualmente 160 MW de capacidade instalada distribuda por 18 usinas termeltricas cujo combustvel resduo de madeira. Dessas, 15 esto ligadas diretamente a indstrias madeireiras. Dentre essas usinas, a Tractebel Energia iniciou a operao comercial da maior delas, a Unidade de Co-gerao Lages, em Santa Catarina. So 28 MW de capacidade instalada e possibilidade de fornecimento de at 25 toneladas por hora de vapor para duas das principais indstrias madeireiras da regio. Uma das empresas que utiliza o vapor produzido pela unidade de Lages, a Battistella Indstria e Comrcio Ltda, que vende biomassa para a Tractebel e compra o vapor que produzido. Estudos mostram que o Brasil tem um potencial de gerao de energia atravs de resduos de madeira da ordem de 250 MW somente na regio Sul (TRACTEBEL,2007).

    s vezes, estes resduos so destinados caldeira da empresa, gerando energia para o processo, j que a indstria madeireira necessita de energia eltrica para fazer funcionar as mquinas, e energia trmica para a secagem, preparo da cola e prensagem a quente em indstrias de beneficiamento de aglomerados e laminados. A tabela 2 mostra o uso da madeira para gerao de energia apresentando algumas vantagens e desvantagens, tomando como base a relao com combustveis base de petrleo.

  • 49

    TABELA 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS RESDUOS MADEIREIROS PARA FINS ENERGTICOS

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de google (2006)

    VANTAGENS DESVANTAGENS -Baixo custo de aquisio Volume de resduos nem sempre suficiente

    para atender demanda energtica. -No emite dixido de enxofre -Utilizao de recurso natural renovvel

    Maior possibilidade de gerao de material particulado para a atmosfera (maiores investimentos na caldeira e nos equipamentos de controle de remoo de particulados);

    -Menor agresso das cinzas ao meio ambiente. -Menor risco ambiental.

    Dificuldades no estoque e armazenamento, pois a eficincia de converso da madeira e subprodutos florestais em energia passa tambm pela reduo dos seus contedos de umidade.

    Reduo no volume de resduo do processo industrial (serragem, maravalhas,cavacos)

    Corroses dos tubos das caldeiras so maiores.

    Emisses no contribuem para o efeito estufa (a cada MWh de energia consumida, oriunda de biomassa de madeira, evita-se a emisso de 43 Kg de dixido de carbono para a atmosfera)

    Falta de tecnologia eficiente, econmica e unidades geradoras para transformar resduos em energia eltrica.

  • 50

    5 ESTUDO DE CASO

    5.1 HISTRICO DA EMPRESA

    Arapongas possui o maior plo moveleiro do Paran e 2 maior plo moveleiro do Brasil. So 145 empresas as quais geram 600 empregos diretos e 8000 indiretos, que proporcionam o desenvolvimento da cidade, porm geram 200 ton/dia de resduos slidos (SIMA, 2006).

    Dentre essas empresas, constam as microempresas, de pequeno, mdio e grande porte, todas geradoras de resduos industriais moveleiros (SIMA, 2006)

    Em 1999 algumas empresas tiveram problemas com a destinao dos resduos moveleiros e o SIMA Sindicato das Indstrias de Mveis de Arapongas, para soluo desse problema criou o CETEC - Centro de Tecnologia em Ao e Desenvolvimento Sustentvel para apoiar e realizar programas na rea de meio ambiente. um rgo no governamental dirigido por cidado da prpria comunidade, que tem como misso apoiar e executar programas, projetos e servios na rea ambiental. Para isso, gerencia o Programa de Reciclagem dos Resduos Industriais do Plo Moveleiro do Norte do Paran, instrumento fundamental para a melhoria de qualidade de vida da sociedade local. Atualmente so 104 empresas participam do programa.

    O CETEC uma pessoa jurdica de direito privado, sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, regida por Estatutos Sociais e legislaes pertinentes a Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico OSCIP. Sua gesto realizada por um conselho, composto por trs pessoas fsicas, as quais tambm foram s fundadoras, e por trs pessoas jurdicas: Sindicato das Indstrias de Mveis de Arapongas, Associao Comercial de Arapongas e Fundao Araponguense de Educao.

    O objetivo do CETEC, atravs da Usina de Resduos, recolher todos os resduos das indstrias a ele vinculadas, sendo este vnculo optativo. Os resduos recolhidos so encaminhados para a usina e l recebem a destinao adequada. A manuteno da usina feita com a venda dos resduos aps serem separados e tratados, portanto ela auto-suficiente.

    Aps a criao dessa Central de Tratamento de Resduos, muitas empresas passaram a tratar e destinar corretamente seus efluentes.

  • 51

    5.2 LOCALIZAO DA EMPRESA

    A Central de Tratamento de Resduos Industriais (CETEC), localizada na Estrada Gleba Trs Bocas na zona rural da cidade de Arapongas, iniciou a operao em 2000, trabalhando com o gerenciamento de resduos provenientes das indstrias moveleiras, dispondo-os em locais ambientalmente corretos.

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de google (2006) Figura 22 Localizao da CETEC

  • 52

    5.3 CARACTERIZAO DO EMPREENDIMENTO

    Os caminhes do CETEC recolhem os resduos diariamente nas fbricas, mediante solicitao, sendo que so emitidas notas fiscais mensais dos resduos coletados especificando a quantidade. As indstrias se comprometem a no desviar resduos para venda a terceiros. As quantidades de resduos so definidas por medidas em quilo para resduos slidos e litro para resduos lquidos. Todos os resduos so pesados ao chegar usina, e ao final do ms so emitidos relatrios com as quantidades de resduos gerados por empresa.

    A operao de coleta do resduo moveleiro realizada por caminhes basculantes, com caambas de capacidade volumtrica superior a 30 metros cbicos.

    A Figura 23 uma foto area da empresa CETEC, onde se identificam as seguintes unidades.

    1-Barraco de segregao do resduo moveleiro: Os resduos derivados de madeira, como pedaos, p e cepilhos, so destinados para confeco de briquetes. Estes briquetes so vendidos para uma indstria que produz rao animal, onde so queimados em caldeira para gerao de energia. Os pedaos maiores como cepilhos e destopos, passam por um picador atravs de uma esteira trepidante, sendo misturados ao p de madeira que vem direto dos silos das indstrias, e ento transformados em briquetes por um sistema de prensas. Nesta mistura no vai nenhuma espcie de aglomerante, por isso estes briquetes quebram aleatoriamente.

    2-Barraco de tintas e solventes: As tintas e solventes geradas na pintura, caracterizados como solventes sujos dos mveis e limpeza de peas so separadas por mtodos de destilao. O solvente retorna s empresas para ser reutilizado no mesmo processo e as tintas so recicladas, podendo ser usadas como produtos de 2 linha.

  • 53

    3-ETE-Estao de tratamento de Efluentes: Efluentes lquidos gerados na pintura dos mveis so destinados a tanques de tratamento o qual realizado atravs da neutralizao/coagulao, floculao, sedimentao/decantao e filtrao e sua retornando natureza sem degrad-la.

    A borra do leito de secagem da estao utilizada para a produo de tijolos. A mistura feita atravs de uma prensa aonde vai, pedritos, cimento, areia e a borra do leito de secagem. Esse processo ainda esta em fase de experimento.

    4-Barraco de resduos de cho de fbrica: Local onde todos os resduos, oriundo das empresas moveleiras so segregados e classificados: papel, plstico, papelo, metal, borracha, varredura, lixas. Sendo reaproveitados por recicladoras.

    Algumas empresas promovem a coleta seletiva, facilitando o trabalho de segregao no barraco de cho de fbriaca

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de CETEC (2006) Figura 23 Foto area da CETEC

    A Figura 24 mostra o fluxograma do processo de entrada e sada da CETEC, a tinta e solvente sujo que vm das empresas moveleiras passam pelo processo de destilao e retornam para as empresas moveleiras como tinta de 2 linha e solvente. O efluente de pintura passa por um processo fsico-qumico e retorna para o meio ambiente tratado e a borra do leito de secagem utilizada para produo de

  • 54

    blocos de concreto. Os resduos de cho de fbrica so segregados no barraco e saem como fardos reciclados. Os resduos moveleiros passam pelo processo de briquetagem, e os briquetes so vendidos para empresas que utilizam caldeira.

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de CETEC (2006) Figura 24 Fluxograma do processo de entrada e sada

    A Figura 25 mostra o processo de produo de briquetes, na CETEC, englobando as seguintes etapas: recepo, secagem, picagem, prensagem e empacotamento.

    Fonte: Muzzolon Junior (2006) Modificado de CETEC (2006) Figura 25 Processo de produo de briquetes na CETEC

  • 55

    4 SISTEMA DE PRODUO DE BRIQUETES DE RESDUOS MOVELEIROS

    5.4.1 Segregao de Resduos nas Indstrias

    O processo inicia-se na gerao do resduo, nas mquinas seccionadoras, lixadeiras ou coladoras de bordas. Tambm gerado em outras partes do processo industrial, pois p fica agregado aos componentes, sendo retirado atravs da manipulao ou de limpeza dos mesmos. O resduo aps sua gerao pode ser acondicionado, em silos (Figura 26) equipados com multiciclones, em depsitos rsticos, ou at mesmo em tambores de 20 litros. A segregao efetuada por suco ou varreo, sendo prefervel a suco, para se evitar misturas entre os componentes.

    Fonte: CENBIO (2003) Figura 26 Silo de acondicionamento do resduo madeireiro

  • 56

    5.4.2 Depsitos Provisrios em Silos Apropriados

    Por se tratar de resduos com alta capacidade de disperso pelo ar, deve ser acondicionado em local livre da circulao de ar, sem a presena de umidade e coberto (Figura 27), evitando-se a contaminao por gua. So preferveis instalaes que permitam a descarga em caminhes, que apresentem uma altura de 4,5 metros.

    A contaminao do produto por gua, ou seja, o aumento de teor de umidade no material, determina perda do poder calorfico, se o mesmo no for utilizado em um perodo de trinta dias, o material ser danificado para a elaborao do briquete.

    Fonte: CETEC (2003) Figura 27 Local coberto onde o resduo moveleiro (p da madeira) fica armazenado

  • 57

    5.4.3 Transporte Central de Processamento

    A retirada da matria prima executada atravs de descarga por gravidade nos silos e por transporte manual, nos depsitos rsticos. Portanto, a inexistncia de locais apropriados para armazenar os resduos, pode inviabilizar sua utilizao posterior, determinando um dano ambiental.

    Aps a coleta do material, o caminho coberto por uma estrutura plstica (lona), permitindo o transporte sem disperso do p (Figura 28). A logstica de coleta obedece a ordem de produo de matria prima, a localizao do ponto de coleta e distncia do ponto de coleta da central de processamento.

    Fonte: CETEC (2007) Figura 28 Caminhes no ptio de recepo de resduos coberto com lona plstica para evitar a

    disperso do p da madeira

  • 58

    5.4.4 Preparo das Matrias Primas

    A matria prima basculada na rea de mistura do Centro de Tratamento de Resduos Moveleiros (CETEC), onde distribuda conforme sua granulometria (Figura 29). Com auxilio de p carregadeira, preparado a liga de materiais, que determinara a compactao, peso e densidade.

    Para complementar a mistura para a liga, utiliza-se, alm do material em p com diversas granulometrias, o aglomerado modo, em moinho de martelo, com granulometria mdia de 10 milmetros.

    A mistura executada determinando a porcentagem de cada matria prima, buscando um produto final com maior densidade possvel, o que resultar em um melhor rendimento final na queima, portando a maior produo de tonelada de vapor. A mistura obedece as seguintes propores:

    - 40 a 50% de material fino; - 30 a 40% de material com alta granulometria; - 10 a 15% de maravalha; - 15 a 30% de material em p com alta granulometria.

    Fonte: CETEC (2007) Figura 29 Ptio de recepo dos resduos moveleiros

  • 59

    5.4.5 Processamento do Material

    A mistura, depois de elaborada, conduzida por um trator com p frontal, at a moega de entrada, que por meio de rosca extratora, conduz o material at uma segunda rosca, com controle de velocidade. A matria-prima balanceada lanada na cabea da briquetadeira, para a maior qualidade dos briquetes. No interior da mquina, o material lanado na cabea do pisto por uma rosca condutora, que preenche a cabea do pisto, em intervalo de tempo ajustado ao ciclo do mesmo, permitindo que sempre a batida do pisto seja cheia, produzindo um bloco uniforme (Figura 30), interligado e compactado, determinando a solidez do produto final.

    Fonte: CETEC (2007) Figura 30 Bloco Uniforme de briquete

  • 60

    5.4.6 Depsito Temporrio do Produto Final

    Os briquetes so armazenados em silo graneleiro com abertura no fundo com uma altura de 4,5 metros, permitindo o acesso de caminhes basculantes. O briquete deve ser armazenado evitando-se a queda livre do produto no silo para diminuir a quebra do mesmo. O produto chega at o silo atravs de tubos cilndricos (Figura 31) que acessam o silo pela lateral, permitindo uma rolagem do briquete pelas paredes do mesmo, diminuindo o impacto.

    A retirada efetuada pelo acesso de caminhes em baixo do silo e a abertura mecnica das portas, controlando a sada do material por meios visuais.

    Fonte: CETEC (2007) Figura 31 Briquetadeira em funcionamento enviando os briquetes pelos cilindros para serem

    ensacados ou armazenados em cilindros

  • 61

    6 CONCLUSES E RECOMENDAES

    Com base nos resultados obtidos, podem-se inferir as seguintes concluses: Aumentar e melhorar o aproveitamento de resduo da madeira com a

    otimizao da produo, contribuindo para minimizar efeitos da escassez potencial. Nesse sentido torna-se relevante disseminar idias para as empresas geradoras de resduo madeireiro, visando empregar novas tcnicas de classificao, estimar a quantidade de resduos gerados, planejar formas de armazenamento, transporte e transformao de subprodutos e produtos com maior valor agredado.

    Para as empresas madeireiras e moveleiras conveniente e necessrio o reaproveitamento dos resduos dos processos de produo, pois contribuem para a reduo de reas de estocagem, reduo de potencial de passivos, diminuio nos custos de produo e maior aproveitamento da matria-prima.

    Na cadeia produtiva da madeira verificaram-se, os incentivos da co-gerao de energia. Pelo fato de sempre existir gerao de resduos no processo produtivo e eles so teis na gerao de energia, especialmente na forma de calor. Mas associadas utilizao do resduo madeireiro existem vrias formas de reproveitamento como, por exemplo: compostagem, produo de celulose, produo de painis, pequenos objetos de madeira e produo de briquetes. Desta forma conclui-se das diversas formas de aproveitamento do resduo madeireiro que foram pesquisadas neste trabalho, a briquetagem uma das alternativas tecnolgicas mais viveis. Este processo facilita o transporte e o manuseio, alm de eliminar resduos onerosos da fonte geradora, e o briquete possui alto poder calorfico e agrega maior valor ao resduo madeireiro, substituindo diretamente o carvo vegetal e lenha nos equipamentos onde estes so queimados.

    Esta questo de Reaproveitamento do Resduo da Madeira muito importante e devem ser cada vez mais desenvolvidos os estudos neste tema bastante amplo, e recomenda-se que sejam feitos estudos de casos em indstrias de compensado, empresas moveleiras, empresas de extrao florestal, limpeza urbana (podas de rvores) e nas demais atividades geradoras de resduo da madeira, para verificar se esto trabalhando com a destinao adequada do mesmo.

    Este tema muito interessante para a Engenharia Ambiental, pois, envolve a parte de coleta, tratamento e destinao final do resduo madeireiro, propiciando aos

  • 62

    Engenheiros Ambientais, j inclusos no mercado de trabalho, e aos acadmicos de Engenharia Ambiental desenvolver e utilizarem formas de reaproveitamento do resduo madeireiro.

  • 63

    REFERNCIAS

    ABIMCI - Associao Brasileira da Indstria da Madeira Processada Mecanicamente. Produtividade e Perdas. Artigo tcnico n. 6, 2003.

    ABIMCI - Associao Brasileira da Indstria da Madeira Processada Mecanicamente. Resduos de Madeira Geradores de Receita. Artigo tcnico n. 4, 2004.

    ABIMCI - Associao Brasileira da Indstria da Madeira Processada Mecanicamente. Co-gerao de Energia na Indstria Madeireira. Artigo tcnico n. 31, 2005.

    ABIMCI - Associao Brasileira da Indstria da Madeira Processada Mecanicamente. Importncia Econmica da Indstria da Madeira. Estudo Setorial n. 3, 2004, p 15-22.

    ANURIO BRASILEIRO DE ECONOMIA FLORESTAL. Aproveitamento dos Resduos de Serraria, v. 9, 1957, p. 97-98.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 10.004: Resduos slido-Classificao. Rio de Janeiro, 2004.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 10.005: Procedimentos para obteno de extrato lixiviados de resduos slidos Rio de Janeiro, 2004.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 10.006: Procedimento para obteno de extrato solubilizados de resduos slidos. Rio de Janeiro, 2004