tcc pós graduação celso 2014

61
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU ANTONIO CELSO CHIANESIO CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO UMA APLICAÇÃO FMEA NO CONTROLE DA QUALIDADE E DA PRODUTIVIDADE Araraquara SP 2014

Upload: antonio-celso-chianesio

Post on 18-Jan-2016

17 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TCC Pós Graduação Celso 2014

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA

PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU

ANTONIO CELSO CHIANESIO

CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO

UMA APLICAÇÃO FMEA NO CONTROLE DA QUALIDADE E DA

PRODUTIVIDADE

Araraquara – SP

2014

Page 2: TCC Pós Graduação Celso 2014

ANTONIO CELSO CHIANESIO

CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO

UMA APLICAÇÃO FMEA NO CONTROLE DA QUALIDADE E DA

PRODUTIVIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a finalização do

Curso de Especialização em Gestão da Produção no Sistema de Produção Metal Mecânico

pelo Centro Universitário de Araraquara – Uniara.

Orientador (a): Prof.Dr. Carlos Magno de Oliveira Valente

Araraquara-SP 2014

Page 3: TCC Pós Graduação Celso 2014

RESUMO

A sobrevivência das empresas, no mercado competitivo atual, está diretamente

ligada à produção de itens de qualidade a um baixo custo.

Nessa linha de raciocínio, uma série de estratégias foi concebida nas últimas

décadas com o objetivo de assegurar a qualidade de processos e produtos industriais, propor-

cionando seu controle efetivo.

Uma dessas estratégias, o Controle Estatístico do Processo (CEP), tornou-se

uma das mais poderosas metodologias desenvolvidas, visando auxiliar no controle eficaz da

qualidade.

Com o CEP e através das cartas ou gráficos de controle, é possível aproveitar

melhor os equipamentos e máquinas, a mão-de-obra e os demais recursos o que permite detec-

tar desvios de parâmetros representativos do processo, permitindo desenvolver competências

de ações gerenciais, reduzindo a quantidade de produtos fora de especificações e com isso os

custos da produção.

Palavras-chave: Qualidade, Controle Estatístico do Processo, Cartas de Controle.

Page 4: TCC Pós Graduação Celso 2014

ABSTRACT

The survival of businesses in today's competitive market is directly linked to

the production of quality items at a low cost.

This line of reasoning, a number of strategies in the last decades has been de-

signed with the aim of ensuring the quality of industrial processes and products, providing

effective control.

One of these strategies, the statistical control of the process (CEP), has become

one of the most powerful methodologies developed in order to assist effective quality control.

With the CEP and through letters or control charts , it is possible better use of

equipment and machinery , hand labor and other resources that allows to detect deviations of

representative process parameters ,develop skills enabling managerial actions , reducing the

amount of products outside of specifications and thus production costs .

Keywords: Quality, Statistical Process Control, Control Charts

Page 5: TCC Pós Graduação Celso 2014

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEP- Controle Estatístico do Processo.

ISO - International Organization for Standardization (Organização Internacional para Padro-

nização)

IQA- Certificate of Competence in Quality Assurance (Certificado de Competência em Ga-

rantia da Qualidade)

LSC- Limite Superior de Controle

LIC - Limite Inferior de Controle

R - Amplitude

- Média das amplitudes das amostras

n - Amostragem

N - Tamanho da amostra

X - Observação mensurável

- Média das observações numa amostra

- Média da amostragem

- Mediana (valor central)

P - Fração defeituosa na amostra

- Média das frações de defeituosos

Pn - Número de defeituosos numa amostra

n - Média de defeituosos numa amostra

C - Número de defeitos numa unidade

- Média de defeitos por amostragem

μ - Média de defeitos por amostra

- Média das médias de defeitos por amostra

u - Média da população

U - Média de deméritos por unidade

- Média das médias de deméritos por unidade

D - Demérito

DT - Total de deméritos por unidade

- Média de deméritos por amostragem

σ- Desvio padrão

Page 6: TCC Pós Graduação Celso 2014

σx- Desvio padrão amostral

σ - Desvio padrão das médias de amostras, que corresponde a: σ =

σ R - Desvio padrão das amplitudes

- Limite inferior de controle do gráfico das médias

- Limite superior de controle do gráfico das médias

- Limite inferior de controle do gráfico das amplitudes

- Limite superior de controle do gráfico das amplitudes

-Limite inferior natural da distribuição dos elementos = μ - 3σ

-Limite superior natural da distribuição dos elementos = μ + 3σ

- Estimativa do limite inferior da distribuição dos elementos = - 3σx

- Estimativa do limite superior da distribuição dos elementos = + 3σx

LIE - Limite inferior de especificação

LSE - Limite superior de especificação

- Limite inferior de pré-controle

- Limite superior de pré-controle

Page 7: TCC Pós Graduação Celso 2014

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Diagrama de causa-efeito (Ishikawa)

Figura 2 - Índices Cp e desvio padrão

Figura 3 - Índices da Capacidade do processo

Figura 4 - Índices CPI e CPS

Figura 5- Curva de Gauss

Figura 6 - Gráfico de controle p

Figura 7 - Gráfico de controle Np

Figura 8 - Gráfico de controle C

Figura 9 - Gráfico de controle μ

Figura 10 - Gráfico de controle D

Figura 11 - Gráfico de controle U

Figura 12 - Gráfico de controle X-R

Figura 13- Gráfico de controle (Médias)

Figura 14- Gráfico – R (Média e Amplitude)

Page 8: TCC Pós Graduação Celso 2014

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Índices Cp e Cpk

Tabela 2-Fatores para gráficos de controle

Page 9: TCC Pós Graduação Celso 2014

Sumário

1- INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

1.1- Contextualização ............................................................................................................... 14

1.2- Objetivo ............................................................................................................................. 16

1.3 - Justificativa ...................................................................................................................... 17

1.4 - Metodologia ..................................................................................................................... 18

1.5 - Organização do Trabalho ................................................................................................. 19

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 20

2.1- Introdução ao CEP. ........................................................................................................... 20

2.1.1- Definições do Controle Estatístico do Processo ............................................................. 22

2.1.2- Conceito de Qualidade ................................................................................................... 22

2.1.3- Conceito de Controle de Qualidade ............................................................................... 24

2.1.4- Processo .......................................................................................................................... 24

2.1.5- Informação do processo ................................................................................................. 24

2.1.6- Capacidade de um Processo ........................................................................................... 25

2.1.7- Índices e Taxas de Capabilidade de Processo ................................................................ 27

2.1.8- Medição de Capabilidade de Processo ........................................................................... 28

2.1.9- Avaliação dos meios de medição ................................................................................... 37

2.1.10- Controle do Processo .................................................................................................... 37

2.1.11- Gráficos de Controle .................................................................................................... 39

2.2-Terminologia ...................................................................................................................... 51

2.2.1- Utilização de Estimadores de Parâmetros ...................................................................... 54

2.2.2- A Visão Moderna de CEP .............................................................................................. 55

2.2.3- Princípios para Implantação e gerenciamento do CEP .................................................. 57

2.2.4- Impacto do CEP na Qualidade e Produtividade ............................................................. 58

3-CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 61

4-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ............................................................................. 64

Page 10: TCC Pós Graduação Celso 2014

14

1- INTRODUÇÃO

1.1- Contextualização

Campos (1999), diz que qualidade se refere às características específicas de

bens, serviços (finais ou Intermediários) de uma empresa as quais definem a capacidade des-

tes bens em promoverem a satisfação do cliente e o cumprimento dos requisitos.

Para Montgomery (2004), observa-se que entender e aprimorar a “qualidade”

nas organizações caracteriza-se como “fatores-chave” que as conduzem ao sucesso, desenvol-

vimento e melhoria da competitividade, sendo que o emprego de “ferramentas da qualidade”

caracteriza-se como parte complementar desses fatores.

O Controle Estatístico de Processo é uma técnica utilizada nos processos de

produção que auxiliam na detecção de problemas na fabricação de um produto, visando dimi-

nuir desperdícios e 1retrabalhos, bem como aumentar a produtividade.

Esse aumento da produtividade é obtido, em geral, por meio da padronização

da produção, isto é, por meio da minimização das variações nas especificações dos produtos,

operando-se de modo estável.

Nesse sentido, a Estatística fornece subsídios de como coletar dados e formali-

zar um padrão a ser utilizado no acompanhamento do processo em questão, permitindo que o

processo seja capaz de ser repetido e de operar com pouca variabilidade ao redor do parâme-

tro desejado.

Outro parâmetro foi o programa de certificação nas Normas ISO, que levou os

empresários a pensarem mais na qualidade, mesmo que, no início, a procura por estas certifi-

cações eram meramente mais uma exigência de um mercado externo extremamente competi-

tivo do que pela real necessidade sentida por aqueles em reestruturar as empresas.

Sendo assim, o número de certificações com base nas normas ISO vem aumen-

tando numa escala exponencial, demonstrando a preocupação das empresas de não só atende-

rem às exigências de alguns clientes, como também buscarem a implantação de programas de

Qualidade. As normas ISO até o ano 2000 não faziam alusão propriamente ao Controle Esta-

tístico de Processo (CEP), tinham apenas o item 4.20 dedicado às técnicas estatísticas neces-

1 Repetições de atividades ocasionadas por problemas ligados a falhas de mão-de-obra, matéria, produto.

Page 11: TCC Pós Graduação Celso 2014

15

sárias para avaliar as características da qualidade dos produtos/serviços e a capacidade dos

processos.

Farias (2001), ressalta que pela nova norma ISO 9000:2000, as empresas certi-

ficadas tinham até o ano 2003 para se ajustarem à nova norma, implantando o CEP em suas

plantas industriais.

Page 12: TCC Pós Graduação Celso 2014

16

1.2- Objetivo

O objetivo deste trabalho é enfatizar que uma ação planejada de implantação

do CEP na melhoria do controle da qualidade nos mais diversos processos fabris irá promover

uma redução nos índices de reclamação do consumidor final causado pelas variações no pro-

cesso e reduzir o número excessivo de inspeções, garantindo a qualidade do produto final.

Os objetivos específicos são:

Determinar os requisitos necessários para o desenvolvimento e implantação do

CEP.

Definir parâmetros necessários para a implantação e desenvolvimento do CEP

no controle de qualidade

Implantar e validar o Processo.

Page 13: TCC Pós Graduação Celso 2014

17

1.3 - Justificativa

A escolha desse tema para o trabalho se deu principalmente pela observação

que algumas Empresas, no passado, fizeram inúmeras tentativas de utilizar ferramentas esta-

tísticas de diagnósticos, sem sucesso, devido a problemas estruturais, falta de capacitação,

falta de planejamento e de metodologia sistemática, assim como algumas nem têm conheci-

mento dessa ferramenta de aperfeiçoamento da qualidade e da produtividade.

Mediante estes fatos, torna-se viável e economicamente possível implantar o

Controle Estatístico do Processo em qualquer segmento Industrial e assim se manter dentro

dos padrões estabelecidos pelas Normas Técnicas. (ISO)

Page 14: TCC Pós Graduação Celso 2014

18

1.4 - Metodologia

Será realizada pesquisa bibliográfica baseada em livros, artigos, dissertações e

trabalhos acadêmicos, onde será apresentado o sistema de controle de qualidade e seus fun-

damentos teóricos necessários para o pleno desenvolvimento do trabalho. A seguir, serão dis-

ponibilizadas informações acerca das Cartas de Controle, bem como demais assuntos de rele-

vância que compõem a base deste trabalho.

Page 15: TCC Pós Graduação Celso 2014

19

1.5 - Organização do Trabalho

O presente trabalho será dividido em capítulos, sendo que o capítulo inicial

contextua, objetiva, justifica e explica a metodologia adotada.

O Capítulo 2 fornecerá as bases teóricas consultadas para a elaboração do pro-

jeto, abordando os dois principais tópicos: (I) qualidade, (II) controle estatístico do processo.

O Capítulo 3 fornecerá a Conclusão e, finalmente, no capítulo 4, serão apresen-

tadas as Referências Bibliográficas.

Page 16: TCC Pós Graduação Celso 2014

20

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1- Introdução ao CEP.

O controle estatístico do processo (CEP) é uma técnica de avaliação da quali-

dade de produção que auxilia na detecção de problemas na fabricação de um produto, visando

diminuir desperdícios e retrabalhos, bem como aumentar a produtividade. Esse aumento da

produtividade é alcançado, em geral, por meio da padronização da produção, isto é, por meio

da minimização das variações nas especificações dos produtos, operando-se de modo estável.

Segundo Kume (1993), este sistema foi proposto, inicialmente, por Walter

Shewhart como uma ferramenta para auxiliar na eliminação de variações anormais em proces-

sos pela diferenciação de causas comuns e das devidos às causas aleatórias (especiais).

Os problemas decorrentes das causas especiais são inevitáveis em qualquer

processo, porém, é possível que exista uma causa assinalável dos problemas decorrentes de

causas comuns e que existam fatores relevantes a serem investigados.

De acordo com Ribeiro (1998), o Controle Estatístico do Processo (CEP) é

uma coleção de ferramentas, que auxiliando na diminuição da variabilidade do processo, per-

mite o alcance de um processo estável cuja capabilidade pode ser melhorada, pois o estudo da

2capabilidade permite:

Determinar os novos padrões de tolerância;

Otimizar a produtividade e qualidade;

Determinar se um novo equipamento é capaz de atender às especificações dos

clientes;

Comparar o desempenho de diferentes equipamentos;

Predizer como o processo se mostrará perante aos seus limites;

Ajudar ao setor de desenvolvimento a selecionar ou modificar o processo;

Ajudar a estabelecer intervalos de amostragem para o monitoramento do pro-

cesso;

Especificar requisitos de desempenho para novos equipamentos;

Selecionar fornecedores e Reduzir a variabilidade na manufatura.

2 Habilidade intrínseca de um processo de desempenhar suas funções nas condições de trabalho, satisfazendo certas especificações e tolerâncias.

Page 17: TCC Pós Graduação Celso 2014

21

O Controle Estatístico do Processo (CEP) pode ser descrito como uma ferra-

menta de monitoramento on-line da qualidade. Através da inspeção por amostragem de carac-

terísticas predeterminado do produto em estudo, o CEP possibilita a detecção de causas espe-

ciais, anômalas ao processo, que possam prejudicar a qualidade final do produto.

Nesse sentido, a Estatística fornece subsídios de como coletar dados e formali-

zar um padrão a ser utilizado no acompanhamento do processo em questão, permitindo que o

processo seja capaz de ser repetido e capaz de operar com pouca variabilidade ao redor do

alvo (parâmetro, medida padrão a ser perseguida, objetivada, alcançada).

Alguns autores preferem classificar o Controle Estatístico de Processo como

parte do Controle Estatístico de Qualidade (C.E.Q.), e outros classificam o CEP como uma

das ferramentas da Qualidade, sendo que o Controle Estatístico do Processo é uma expressão

mais aplicada a processos industriais, enquanto que Controle Estatístico de Qualidade aplica-

se mais a setores de serviços.

É preciso salientar ainda que o CEP, sendo um sistema de decisão, cujos méto-

dos são puramente estatísticos, ajuda a detectar e isolar o desarranjo de um processo e indi-

cam as causas.

Segundo (Werkema), 1995 ao se utilizarem as ferramentas estatísticas no con-

trole de processos, deparam-se, com expressões do tipo “Processo sob controle estatístico” e

“Processo fora de controle estatístico”, que resultam da interpretação obtida com os dados

coletados quanto à sua variabilidade.

Assim, Processo sob Controle Estatístico é o processo onde se tem presente a-

penas a variabilidade natural do processo, ou seja, aquela que é inerente ao processo e é resul-

tante, apenas, da ação das chamadas causas comuns. Neste caso, a variabilidade se mantém

numa faixa estável, denominada de faixa característica do processo

Já o Processo fora de Controle Estatístico é o processo que está sob a influência

de causas especiais de variação. Causas estas que ocorrem de forma imprevisível, criando

instabilidade no processo, já que passa a se comportar de forma diferente do padrão.

A variabilidade neste panorama é bem maior que a do item anterior, fazendo-se

necessário descobrir os fatores que originam essa variação.

Portanto com a crescente globalização, surge como novo diferencial o CEP on-

line, que se utilizado de forma eficiente pode alavancar a empresa e tornar-se um diferencial

competitivo no mercado.

Page 18: TCC Pós Graduação Celso 2014

22

O controle estatístico do processo on-line é uma ferramenta estatística capaz de

possibilitar a todos os envolvidos com a produção, incluindo operadores, engenheiros, gerên-

cia de qualidade e de produção, o alcance da melhoria contínua do desempenho do processo

produtivo e a diminuição de sua variabilidade. A utilização desta ferramenta em tempo real de

produção vem auxiliando diversas organizações a alcançar índices nunca antes obtidos na

redução de variabilidade do processo e redução do percentual de refugos.

Em qualquer processo produtivo, independente de quão bom tenha sido proje-

tado e quão bom seja sua manutenção haverá a presença de variabilidade. Embora as causas

de variação sejam muitas e fiquem entre a matéria prima utilizada e seu aspecto dimensional,

há um agregado de causas de variação.

A variação presente no processo produtivo deverá ser reduzida continuamente

num ambiente onde a busca pela excelência é uma atitude entremeada entre todos os agentes

do processo produtivo.

Se esta variabilidade se mantém, ou mesmo aumenta, é certo o aumento de re-

fugos e a conseqüência é a perda competitiva num mercado globalizado. Isto é um fator ex-

tremamente importante, porque mais do que maximizar seus lucros, as organizações visam

minimizar suas perdas.

O controle estatístico do processo se bem utilizado ajudará de forma efetiva

nesta minimização de perdas e contribuirá sistematicamente para a empresa. Hoje a qualidade

deixou de ser um diferencial competitivo, passando a ser uma exigência contínua do cliente.

2.1.1- Definições do Controle Estatístico do Processo

2.1.2- Conceito de Qualidade

O termo qualidade pode ser compreendido sob diferentes perspectivas e é fun-

damental para que se defina o controle da qualidade total a ser praticado. Segundo Campos

(2004), só pode ter-se um bem ou serviço de qualidade quando há atendimento total, confiá-

vel, seguro e no tempo correto às necessidades do consumidor.

Embora qualidade seja um termo subjetivo e que adquira conotações diferentes

Page 19: TCC Pós Graduação Celso 2014

23

conforme o paradigma dos processos de produção, atualmente, predomina o entendimento que

as ferramentas da Qualidade são:

Brainstorming (reuniões)

Quadro 4Q1POC (4Q = O que, Quem, Quando, Quanto; 1POC = Porque, On-

de, Como)

Diagrama de Causa e Efeito (diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe)

Fluxograma

Gráficos (histogramas, diagrama de dispersão, diagrama de Pareto e gráficos de

controle)

Lista ou Folha de Verificação Simples

Lista ou Folha de Verificação de Frequência

Matriz de Preferência (tabelas para organização de idéias)

Quadro PDCA (P=Plan (planejamento); D = do (fazer); C = Check (avaliar); A

= Action (ação corretiva)

Relatório de Auditoria (Formulário de verificação de cumprimento de padrões

ou normas) Atualmente, os sistemas de gestão da qualidade são:

5S (organização, ordenação, limpeza, asseio, disciplina),

Normas ISO (International Standard Organization)

Qualidade Total

Prêmio Deming

6σ-(6 sigmas)

Figura 1-Diagrama de causa-efeito (Ishikawa)

Fonte: lugli.com. br (2014)

Page 20: TCC Pós Graduação Celso 2014

24

2.1.3- Conceito de Controle de Qualidade

Ishikawa (1990), diz que o controle de qualidade consiste no desenvolvimento,

planejamento, produção e marketing de produtos e serviços a um menor custo, que devem ser

adquiridos pelos consumidores com satisfação. Para alcançar esses objetivos, todos os setores

de uma organização devem trabalhar em conjunto

A qualidade do produto manufaturado depende, além das matérias primas, da

sistemática de monitoramento de parâmetros relevantes em seu processamento e de caracterís-

ticas do produto acabado.

A satisfação do cliente deve ser encarada, por parte das organizações, como

uma meta de longo prazo, que possibilite garantir sua sobrevivência no mercado.

Com a intenção de garantir a satisfação de clientes, seus requisitos de qualida-

de devem, num primeiro momento, ser identificados, definidos e esclarecidos quanto ao seu

conteúdo.

Na seqüência, devem-se estabelecer procedimentos e sistemas para monitora-

mento e controle das variáveis relacionadas aos requisitos de qualidade inicialmente identifi-

cados pelos clientes.

É nesse contexto que o CEP destaca-se como agente habilitador da garantia da

qualidade demandada pelos clientes.

2.1.4 - Processo

De acordo com Harrington (1993), processo é um conjunto de causas que pro-

voca um ou mais efeitos ou qualquer atividade que receba uma entrada, agrega-lhe valor e

gera uma saída para um cliente interno ou externo, fazendo uso dos recursos da organização

para gerar resultados concretos.

2.1.5- Informação do processo

Uma informação do processo pode ser obtida agrupando-se os dados conveni-

entemente, sendo que os mesmos aparecem em grandes quantidades nas situações industriais,

sendo assim deve-se considerar o propósito dessa coleta, já que formarão a base para futuras

Page 21: TCC Pós Graduação Celso 2014

25

ações e decisões sobre um determinado processo. Os dados devem refletir a realidade dos

fatos, pois se forem falsos ou tendenciosos as informações serão falhas ou erradas, levando a

decisões que podem prejudicar a todos.

Os propósitos da coleta de dados em um processo são:

(a) auxiliar o entendimento de um processo atual;

(b) verificar se o processo está produzindo de acordo com o esperado dentro do

especificado;

(c) verificar se o ajuste ou a regulagem da máquina alterou o processo;

(d) baseado na situação atual, prever o que poderá acontecer no futuro.

2.1.6- Capacidade de um Processo

A avaliação da capacidade de processos inclui a necessidade do estabelecimen-

to de limites de especificação, os quais nos permitem avaliar se o processo produz ou não i-

tens defeituosos.

Somente processos estáveis podem ter a sua capacidade avaliada. Um processo

pode não ser capaz por apresentar:

· Elevada variabilidade.

· Média deslocada em relação ao ponto médio dos limites de especificação (va-

lor nominal).

Portanto, medir a capacidade de um processo é medir o seu desempenho deste

quando o mesmo está operando sob controle, ou seja: A capacidade de um processo é a faixa

da população na qual se situam 99,73% dos produtos produzidos pelo processo

Conforme Ramos (2003), o estudo da capacidade visa verificar se o processo

consegue atender às especificações ou não.

Já Montgomery (2004), cita as principais utilizações da análise de capacidade,

isto é, predizer até que ponto o processo manterá as tolerâncias, auxiliará os elaborado-

res/planejadores do produto na seleção ou modificação de um processo, irá especificar exi-

gências de desempenho para um equipamento novo, planejar a sequência de processos de

produção quando há um efeito interativo de processo sobre as tolerâncias e reduzir a variabi-

lidade em um processo de fabricação.

Page 22: TCC Pós Graduação Celso 2014

26

As principais medidas da capacidade de um processo são:

º Razão da capacidade de processo (RCP ou índice Cp.): É uma medida poten-

cial, pois pressupõe um processo centrado, isto é, que o valor médio da variável está exata-

mente sobre o valor nominal.

º Coeficiente de capacidade atual (RCPk ou índice Cpk): É uma medida de ca-

pacidade real para processos que não estejam centrados. Os índices que medem a capabili-

dade, ou seja, a capacidade de um dado processo fabricar produtos dentro da faixa de especi-

ficação, surgiram dos estudos sobre Controle Estatístico de Processo (CEP) realizados pelo

Dr. Walter Shewhart do Bell Laboratories na década de 20, sendo que este trabalho realizado

no Bell Laboratories foi a base das principais técnicas e ferramentas que fariam nascer nas

empresas americanas os departamentos de qualidade durante a segunda guerra.

Outro subproduto destas técnicas foi também o surgimento da American Soci-

ety for Quality Control - ASQC (hoje ASQ). Assim, o Controle Estatístico de Processo é uma

das ferramentas mais clássicas na área de qualidade e com certeza uma das mais comprovadas

e empregadas no meio prático, sendo que o objetivo do controle estatístico do processo é a-

primorar e controlar o processo produtivo por meio da identificação das diferentes fontes de

variabilidade do processo e a partir da utilização de conceitos estatísticos procura separar os

efeitos da variabilidade causada pelas chamadas Causas Comuns, ou seja, àquelas inerentes à

natureza do processo produtivo, das Causas Especiais, ou àquelas derivadas da atuação de

variáveis específicas e controláveis sobre o processo. A técnica é composta de uma ferramen-

ta principal, denominada Gráficos de Controle que permite identificar se o processo está sob

controle estatístico, situação em que atuariam somente causas comuns.

O controle estatístico é implantado por meio de um ciclo em que se coletam

dados do processo, monitora-se sua situação (verificando se o mesmo permanece sob controle

estatístico) e posteriormente realizam-se análises e propostas de melhorias para atingir pata-

mares melhores de desempenho. Os índices de capabilidade podem ser obtidos diretamente

dos dados registrados nas cartas de controle e medem, para um processo sob controle estatísti-

co, a relação entre a faixa de tolerância especificada para uma dada característica de projeto

do produto e a variabilidade natural do processo produtivo destinado a obtenção daquela ca-

racterística (a variabilidade devida às causas comuns). Se a variabilidade do processo é muito

maior, ultrapassando os limites de especificação é possível estimar a probabilidade de produ-

Page 23: TCC Pós Graduação Celso 2014

27

ção de peças fora da especificação. Se esta probabilidade é muito alta pode-se inferir que o

processo não é capaz de produzir àquela característica mesmo que peças conformes possam

estar sendo obtidas. Mudanças significativas neste processo ou mesmo a adoção de processos

alternativos podem então ser necessárias para tornar este processo capaz estatisticamente.

Estes índices são de extrema importância para o profissional que trabalha no

desenvolvimento de produto por duas grandes razões:

Nas fases iniciais de projeto, a avaliação de séries históricas dos índices de ca-

pabilidade obtidos de peças similares pode permitir que o processo e os projetistas escolham

processos e especificações dos produtos coerentemente adequadas, garantindo a obtenção de

características do produto por meio de processos altamente capazes estatisticamente.

Outra importante aplicação destes índices no desenvolvimento de produto é du-

rante a homologação do processo. Nesta etapa os índices podem ser utilizados para avaliar a

capabilidade do processo, identificando processos problemáticos à tempo de correções antes

da entrada em linha de produção.

2.1.7- Índices e Taxas de Capabilidade de Processo

Índices de Capacidade são números adimensionais que permitem a quantifica-

ção do desempenho dos processos. Os índices de capacidade processam as informações de

forma que seja possível avaliar se um processo é capaz de gerar produtos que atendam as es-

pecificações provenientes dos clientes internos e externos.

Para utilizar os índices de capacidade é necessário que:

· O processo esteja sob controle estatístico.

· A variável de interesse tenha distribuição próxima da normal

Seguem os índices de capabilidade apresentados pelo IQA (Certificate of Com-

petence in Quality Assurance, 1997).

Capabilidade (Cp) (Capabilidade de Máquina): Definido como o intervalo de

tolerância dividido pela capabilidade do processo, ou seja, 6 vezes o desvio padrão estimado

considerando a ausência de causas especiais. Ele é independente da centralização do processo

o desvio padrão é estimado considerando processos estáveis;

Page 24: TCC Pós Graduação Celso 2014

28

= (equação 1)

Desempenho (Pp): Intervalo de tolerância dividida pelo desempenho do pro-

cesso, ou seja, pelo desvio padrão estimado pelas leituras individuais. Também independen-

temente da centralização.

= (equação 2)

Superior de Capabilidade (CPU): variação superior da tolerância dividida por

3 vezes o desvio padrão estimado pela capabilidade do processo.

= (equação 3)

Inferior de Capabilidade (CPL): variação inferior da tolerância dividida pela

dispersão superior real do processo.

= (equação 4)

Capabilidade (Cpk): é o índice que leva em conta a centralização do processo e

é definido como o mínimo entre CPU e CPL.

Taxa de Capabilidade (CR): é inverso de Cp. É igual a 1/Cp;

Taxa de Desempenho (Pp): é o inverso de Pp. É igual a 1/Pp;

2.1.8- Medição de Capabilidade de Processo

1-Verificação do Controle Estatístico do Processo: nesta etapa são preparados

os gráficos de controle para a coleta de dados (sem os limites) e estes são entregues para a

produção. Estes dados são então levantados e a partir de uma análise gráfica, verificando-se a

Page 25: TCC Pós Graduação Celso 2014

29

existência de causas especiais atuando no processo. Se existirem causas especiais atuando

deve-se identificá-las e eliminá-las até que o processo esteja sobre controle estatístico.

2. Avaliação dos Índices: uma vez garantido o controle estatístico do processo

identifica-se todos os dados que compõem o período sobre controle do processo. Estes dados

são então utilizados para a geração dos índices.

Índices de capacidade do processo: Cp e Cpk

Para cumprir mais adequadamente com a função de predizer quanto dos produ-

tos do processo vão satisfazer às especificações foi criado o índice chamado Índice de

Capacidade Potencial do Processo, que consegue relacionar a variabilidade inerente ao pro-

cesso com suas especificações.

Capabilidade de Processo (CP)

Índice mais simples, considerado como a taxa de tolerância à variação do pro-

cesso.

Desconsidera a centralização do processo.

Não é sensível aos deslocamentos (causas especiais) dos dados.

Quanto maior o índice, menos provável que o processo esteja fora das especifi-

cações.

Um processo com uma curva estreita (um CP elevado) pode não estar de acor-

do com as necessidades do cliente se não for centrado dentro das especificações.

O índice é definido, quando os dados seguem uma distribuição normal, por:

= (equação 5)

ou seja,

= (equação 6)

Page 26: TCC Pós Graduação Celso 2014

30

em que LSE é o Limite Superior de Engenharia e LIE o Limite Inferior de En-

genharia.

Figura 2- Índice Cp e desvio padrão

Fonte: Fonte: Juran e Gryna (1980)

Um processo centrado, isto é, μ = (1/2) (LIE + LSE) com uma distribuição (es-

tável) normal e com um Cp = 1 produzirá 0,27% dos itens fora de especificação. Também,

para um processo centrado e capaz (Cp = 1), os limites de controle de e de especificação

estão relacionados da seguinte forma:

LSC = (equação 7)

e

LIC = (equação 8)

em que n é o tamanho dos subgrupos racionais no gráfico de controle. Temos assim que, a

menos da constante ·, os dois limites coincidem para processos com O índice Cp é

uma medida da capacidade do processo e pode ser estimado por:

= (equação 9)

Page 27: TCC Pós Graduação Celso 2014

31

Na aplicação do índice Cp deve-se também levar em conta que muitas vezes os

processos são avaliados em experimentos de curta duração (PPAP) e realizados sob condi-

ções especiais: máquinas novas, matéria-prima especialmente preparada, etc. Estas condições

fazem com que as operações de qualificação do processo e as de produção corrente sejam bem

diferentes.

Com isso, a maioria das empresas adota o valor Cp = 1,67 (ou Cp = 1,33) para

análises de curto prazo segundo recomendação de Juran e Gryna (1980). Este valor dá certa

garantia de que, quando as causas adicionais de variabilidade atuarem, o Cp real do processo

seja maior ou igual a 1,00.

Para Cp = 1,33 temos um valor correspondente de Rc = 75%. Quanto menor o

Rc de um processo melhor o seu comportamento.

Figura3- Índices da capacidade do Processo

Fonte: Juran e Gryna (1980)

Para especificação unilateral superior é definido:

CPS = = (equação 10)

Page 28: TCC Pós Graduação Celso 2014

32

Analogamente, para especificação unilateral inferior tem-se:

CPI = (equação 11)

em que μ é a média do processo.

A relação entre Cp e a dupla (CPI, CPS) é dada por:

(equação 12)

Podemos definir também uma generalização para o caso de especificações bila-

terais por:

= mínimo entre CPI e CPS

= mínimo

No caso de especificações bilaterais, o índice Cpk permite a avaliação da capa-

cidade do processo na "pior situação possível". Neste sentido, a utilização do Cpk determina a

estratégia "mais conservadora". Assim, um processo com Cpk alto oferece garantias de um

comportamento satisfatório, enquanto a estabilidade seja mantida.

A relação entre Cp e Cpk é definida por:

= (equação 13)

em que k é o fator que representa o quanto o processo está centrado;

= (equação 14)

sendo m = (LSE - LIE) /2 o ponto central da especificação.

Page 29: TCC Pós Graduação Celso 2014

33

Figura 4- Índices CPI e CPS

Fonte: Juran e Gryna (1980)

CPK

Cpk é um índice (um número simples), que mede o quão perto um processo es-

tá em execução a seus limites de especificação, em relação à variabilidade natural do proces-

so. Quanto maior o índice, menos provável é que qualquer item estará fora das especificações

Considerando a centralização de um processo, os índices para o cálculo da ca-

pabilidade do processo será em função do desvio padrão estimado.

Considerando os seguintes dados para um determinado processo:

LSE (Limite Superior de Especificação) = 2.5

LIE (Limite Inferior de Especificação) = 0.05

(média do processo) = 1.025

(desvio-padrão estimado) = 0.5385

A fórmula do índice Cpk é dada por:

Min (equação 15)

Utilizando os dados acima na equação (15), tem-se:

= = 0, 9130

Page 30: TCC Pós Graduação Celso 2014

34

= = 0, 6035

= 0, 6035

A partir desses resultados, pode-se avaliar o índice CPK do processo

o Processo incapaz: CPK < 1

o Processo aceitável: 1 ≤ CPK ≤ 1,33

o Processo capaz: CPK ≥ 1,33

Observado o calculo dos índices, faz se necessário ver em gráficos quais os

seus significados.

Sabe-se que quanto mais estreita a curva da distribuição, menor a variação e

maiores os valores dos índices CP e CPK. Sabe-se, ainda, que quanto maior o valor de CP e

CPK, melhor é o status do processo.

Considerando essa afirmação, analisa-se em quais ocasiões têm-se valores altos

e valores baixos para esses dois índices.

Caso 1

CP baixo

Causa: variação maior que a faixa dos limites de especificação

CPK baixo

Causa: a distribuição está centrada, mas há uma variação maior que a faixa dos

limites de especificação.

Processo: incapaz

Page 31: TCC Pós Graduação Celso 2014

35

Caso 2

CP bom

Causa: variação menor que a faixa dos limites de especificação

CPK bom

Causa: a distribuição está centrada e há uma variação menor que a faixa dos

limites de especificação.

Processo: satisfatório

Caso 3

CP alto

Causa: baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação

CPK alto

Causa: a distribuição está centrada e há uma baixa variação em relação à faixa

dos limites de especificação.

Processo: capaz

Nos três exemplos anteriores, os índices CP e CPK receberam os mesmos con-

ceitos, mas nem sempre isso ocorre.

Nota-se no próximo exemplo, que há um processo com uma variação bem pe-

quena, gerando um CP ótimo. Também poderia gerar um CPK com valor alto, porém a distri-

buição não está centrada entre os limites da especificação.

Page 32: TCC Pós Graduação Celso 2014

36

CP alto

Causa: baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação

CPK baixo

Causa: há uma baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação,

mas a distribuição não está centrada.

Processo: incapaz

Tabela 1- Índices Cp Cpk

Índice Uso Definição

CP

O processo es-

tá centrado entre os limites

de especificação

Taxa de tole-

rância (a largura dos limites

de especificação) à variação

atual (tolerância do processo)

CPK

O processo

não está centrado entre os

limites de especificação, mas

cai sobre ou entre eles.

Taxa de tole-

rância (a largura dos limites

de especificação) à variação

atual, considerando a média

do processo relativa ao ponto

médio das especificações.

Fonte: o autor

Page 33: TCC Pós Graduação Celso 2014

37

2.1.9- Avaliação dos meios de medição

Toda medição, através de equipamento, está sujeita a variações, sendo assim há

necessidade de coletarmos dados do instrumento usado para sabermos se é preciso e repetiti-

vo.

Uma periódica variação na leitura pode ser causada por desgaste, deterioração,

ou condições ambientais, sendo que estas causas afetam a estabilidade da medição pelo ins-

trumento, sendo que os principais fatores que afetam o desempenho do instrumento de medi-

ção são:

Precisão: é a diferença entre a média observada nas medições e a verdadeira

média, que deve ser definida através de uma média de medições com o mais preciso instru-

mento disponível;

Repetibilidade: é a variação obtida quando um mesmo operador usa o mesmo

instrumento para medir a mesma característica da mesma peça;

Reprodutibilidade: é a variação da média da medição feita por diferentes ope-

radores, usando o mesmo instrumento para medir a mesma característica da mesma peça;

Estabilidade: é a diferença da média das últimas duas medições obtidas com o

mesmo instrumento, na mesma peça controlada em épocas diferentes;

Linearidade: é a diferença dos valores dentro da tolerância, na operação.

Então para que as leituras feitas no equipamento de medição sejam verdadeiras

e significativas, é necessário que os valores encontrados sejam reais e tenham a precisão ade-

quada.

O equipamento de medição deve ser capaz de medir frações iguais ou menores

que um décimo de tolerância, sendo preciso, também, certificar-se de que o equipamento de

medição esteja perfeitamente calibrado e aferido conforme normas vigentes.

2.1.10- Controle do Processo

Pode-se definir Controle Estatístico através da junção dos significados de cada

uma das palavras:

1- Controle - Manter algo dentro dos limites (padrões), ou fazer algo se com-

portar de forma adequada.

Page 34: TCC Pós Graduação Celso 2014

38

2- Estatística – Obter conclusões com base em dados e números

3- Controle estatístico- Fazer com que os resultados se mantenham, conforme

previsto pelos padrões com a ajuda de dados e números

4- Processo – combinação necessária entre homem, materiais, máquinas, equi-

pamentos e meio ambiente, para fabricar um produto qualquer.

Portanto, Controle Estatístico do Processo é um método preventivo de se com-

parar, continuamente, os resultados de um processo com os padrões, identificando, a partir de

dados estatísticos, as tendências para as variações significativas, a fim de eliminar/controlar

essas variações, com o objetivo de reduzi-las cada vez mais.

É importante, antes de se começar a definir “Controle de Processo”, que se de-

fina o que é processo.

Seguem-se algumas definições para melhor compreensão do conceito.

Davis (2001) define um processo como qualquer passo ou conjunto de passos

que estão envolvidos na conversão ou na transformação de insumos em resultados.

Para Harrington (1993), processo é qualquer atividade que recebe uma entrada

(input), agrega-lhe valor e gera uma saída (output) para um cliente interno ou externo, fazen-

do uso dos recursos da organização para gerar resultados concretos, enquanto que Hradesky

(1989) é mais especifico ao afirmar que processo é qualquer combinação de material, máqui-

nas, ferramentas, métodos e pessoas que criam por meio de especificações produtos ou servi-

ços desejados.

Assim, parece ser unanimidade que processo é um conjunto de causas (input)

que tem como objetivo produzir um determinado efeito, o qual é denominado de produto de

processo.

É importante ressaltar que, processo, não se refere apenas ao processo de fabri-

cação. Segundo Harrington (1993), existem dois tipos de processo: o empresarial e o produti-

vo. O primeiro identifica todos os processos que não só geram serviço como também os que

dão apoio aos processos produtivos, ou seja:

Um processo empresarial consiste num grupo de tarefas interligadas logica-

mente, que fazem uso de recursos da organização, para gerar resultados definidos, em apoio

aos objetivos da organização.

Page 35: TCC Pós Graduação Celso 2014

39

Já o segundo, é o que melhor se identifica nas indústrias, porque envolve a ma-

nufatura, ou seja, o que entra em contato físico com o produto ou serviço que será fornecido a

um cliente externo.

2.1.11 - Gráficos de Controle

Uma carta de controle permite perceber quando os resultados analíticos passam

a ser afetados por uma causa especial de erro.

Nesse momento, é necessário, procurar, identificar e eliminar a causa especial,

para que não se torne uma fonte de erro sistemático permanente, o que faz que diretrizes para

a implementação de gráficos de controle sejam estabelecidas:

Determinar qual a característica do processo será controlado (o gráfico pode

ser aplicado a qualquer característica do processo ou em qualquer operação)

Determinar em qual etapa do processo o gráfico pode ser implementado

Escolher o tipo de gráfico de controle (Variável - X, R, x e Atributo - pn, p, c,)

Tomar ações para melhorar o processo a partir do resultado da análise do gráfi-

co de controle

Lachman et al.(2001), diz que as cartas de controle são úteis para realçar os va-

lores dos parâmetros analisados que permitem verificar a variação no lote ou entre lotes, por

acompanhamento da variação da média de uma dada especificação.

Ramos (1997), diz que os gráficos de controle possuem três objetivos básicos:

(a) Verificar se o processo estudado é estatisticamente estável, ou seja, se não

há presença de causas especiais de variação.

(b) Verificar se o processo estudado permanece estável, indicando quando é

necessário atuar sobre ele.

c) Permitir o aprimoramento contínuo do processo, mediante a redução de sua

variabilidade.

No controle estatístico de processo clássico, cada variável ou característica de

qualidade é marcada em gráficos de controle separados, não levando em consideração a rela-

ção entre cada uma das variáveis, isto é, assume-se que tais variáveis do processo são inde-

pendentes e normalmente distribuídas.

Page 36: TCC Pós Graduação Celso 2014

40

Segundo Montgomery (2004), quando existem múltiplos parâmetros do pro-

cesso e que são monitorados simultaneamente, os gráficos de controle também conhecidos

como uni variados não mais devem ser utilizados, pois as várias características de qualidade

podem apresentar correlações entre si, o que prejudica o desempenho destes para sinalizar

uma falta de controle do processo.

Ramos (2000), diz que a análise dos gráficos de controle permite que se deter-

mine se um dado processo é estável, ou seja, se não há presença de causas especiais de varia-

ção atuando sobre o mesmo. Para um processo ser considerado estatisticamente estável, os

pontos nos gráficos de controle deve distribuir-se aleatoriamente em torno da linha média sem

que haja padrões estranhos do tipo, tendências crescentes ou decrescentes, ciclos, estratifica-

ções ou misturas, pontos fora dos limites de controle.

Tabela 2 - fatores para gráficos de controle

N A2 D3 D4

(repetições

(por subgrupo)

2 1, 880 0, 000 3, 267

3 1, 023 0, 000 2, 574

4 0, 729 0, 000 2, 282

5 0, 577 0, 000 2, 114

6 0, 483 0, 000 2, 004

7 0, 419 0, 076 1, 924

8 0, 373 0, 136 1, 864

9 0, 337 0, 184 1, 816

10 0, 308 0, 223 1, 777

11 0, 285 0, 256 1, 744

12 0, 266 0, 283 1, 717

13 0, 249 0, 307 1, 693

14 0, 235 0, 328 1, 672

15 0, 223 0, 347 1, 653

Fonte: ISO 8258: 1991/Technical Corrigendum 1: 1993.

Page 37: TCC Pós Graduação Celso 2014

41

Conforme Juran (1992); Ogunnaike & Ray (1994) e Montgomery (2004), na

utilização estratégia do CEP, os processos são controlados efetuando-se medições de variáveis

de interesse em pontos espaçados no tempo e registrando os resultados em cartas de controle.

As cartas de controle são as ferramentas principais utilizadas no controle esta-

tístico do processo e têm como objetivo detectar desvios de parâmetros representativos do

processo, reduzindo a quantidade de produtos fora de especificações e os custos de produção.

Sua utilização pressupõe que o processo seja estatisticamente estável, ou seja,

não haja presença de causas especiais de variação ou, ainda e de outra forma, que as sucessi-

vas amostragens representem um conjunto de valores independentes ou não correlacionados.

Este pressuposto quase sempre não é atendido o que, muitas vezes, leva à utili-

zação das cartas de controle com limites inadequados e com a freqüente ocorrência de pontos

fora ou próximos aos limites da carta sem que, necessariamente, representem a presença de

uma causa especial

Figura 5- Curva de Gauss

Fonte: WWW.universitário.com. br

Os gráficos de controle representam uma das técnicas estatísticas que servem

de apoio ao controle da qualidade de um processo, fornecendo evidências de suas variações

tanto de caráter aleatório quanto de caráter determinável.

Toledo (1987) ressalta que eles permitem que se possa atuar no processo de

forma preventiva, corrigindo possíveis desvios de qualidade, em tempo real, no momento em

que eles estão ocorrendo, não deixando que a situação de possibilidade de ocorrência de não

conformidade perdure e acabe com uma possível reprovação do lote final.

68,27%

95,45%

99,73%

99,9937%

99,999943%

99,9999998%

Page 38: TCC Pós Graduação Celso 2014

42

É importante destacar que um gráfico de controle não permite a identificação

de quais são as causas especiais de variação que estão atuando em um processo fora de con-

trole estatístico, mas processa e dispõe informações que podem ser utilizadas na identificação

destas causas, de acordo com Werkema (1995).

As cartas ou gráficos de controle consistem em uma linha central, um par de

limites de controle, um dos quais se localiza abaixo e outro acima da linha central, e valores

característicos marcados no gráfico representando o estado de um processo.

Se todos esses valores marcados estiverem dentro dos limites de controle, sem

qualquer tendência particular e a disposição dos pontos dentro dos limites for aleatório, o pro-

cesso é considerado sob controle, entretanto, se os pontos incidirem fora dos limites de con-

trole ou apresentarem uma disposição atípica, o processo é julgado fora de controle, conforme

Kume (1993), e Vieira (1999).

O.B.S.

Causas especiais ou aleatórias - as causas especiais, esporádicas ou aleatórias

são fatores geradores de variações que afetam o comportamento do processo de maneira im-

previsível, não sendo possível obter-se um padrão. A causa esporádica diferencia-se da causa

comum pelo fato de produzir resultados totalmente discrepantes em relação aos demais valo-

res. Exemplos de causas especiais são: desregulagem ocasional da máquina, um lote de maté-

ria-prima com problema, quebra de uma ferramenta e outras.

Causas comuns – uma causa comum é definida como uma fonte de variação

que afeta a todos os valores individuais do processo. É resultante de diversas origens, sem que

nenhuma tenha predominância sobre a outra. Um processo é dito sob controle, ou estatistica-

mente estável, quando somente causas comuns estiverem presentes.

Existem dois tipos básicos de cartas de controle de qualidade: as cartas basea-

das em variáveis e as cartas baseadas em atributos

Conforme Lachman et al.(2001), as cartas de controle de qualidade, quer por

variáveis quer por atributos, desenvolvidas com base em algumas características de qualidade

ajudam a manter o produto sob controle

As cartas por atributos referem-se às situações que podem ser traduzidas por

um sistema binário do tipo <<0>> ou <<1>>, em que cada amostra inspecionada é testada

para determinar se está ou não conforme com os requisitos.

Page 39: TCC Pós Graduação Celso 2014

43

Os controles de atributos são aqueles que se baseiam na verificação da presen-

ça ou ausência de um atributo e podem ser de seis tipos principais:

1-Gráfico p - controlar a proporção de unidades defeituosas ou não conformes

Figura 6-Gráfico de controle p

Fonte: profmgodoy. wordpress.com

2-Gráfico pn - controlar o número de elementos defeituosos

Figura 7- Gráfico de controle Np

Fonte: matematicasypoesia.com. es

Gráfico pn

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 5 10 15 20 25 30

amostras LSC LC

Page 40: TCC Pós Graduação Celso 2014

44

3-Gráfico c- controlar o nº de defeitos ou de não-conformidades.

Figura 8- Gráfico de controle C

Fonte: matematicasypoesia.com. es

4-Gráfico μ- controlar o nº de defeitos ou de não-conformidades por unidade

Figura 9- Gráfico de controle μ

Fonte: matematicasypoesia.com. es

5-Gráfico D- controlar o número de deméritos numa unidade

Figura10- Gráfico de controle D

Fonte: matematicasypoesia.com. es

Page 41: TCC Pós Graduação Celso 2014

45

6-Gráfico U- controlar a quantidade média de demérito por elemento.

Figura 11- Gráfico de controle U

Fonte: matematicasypoesia.com. es

As cartas por variáveis baseiam-se na distribuição contínua das medições que

podem de certa forma medir o grau de aceitabilidade ou a não aceitabilidade.

De acordo com Alves (2003), variáveis são características cujo resultado está

associado a algum tipo de medição, como, por exemplo, velocidade, tempo, comprimento,

resistência, etc..

Carneiro Neto (2003), diz que os controles de variáveis são aqueles que se ba-

seiam em medidas das características de qualidade, ou seja, quando a característica da qual

dade é expressa por um número em uma escala contínua de medidas.

As cartas por variáveis baseiam-se nas medidas das características de qualidade

e podem ser de três tipos:

Gráfico X – R (Médias e Amplitudes- Individuais)

Figura 12- Gráfico de controle X-R

Fonte: esalq. usp. br

Page 42: TCC Pós Graduação Celso 2014

46

Gráfico (Médias)

Figura13- Gráfico de controle (Médias)

Fonte: esalq. usp. br

Gráfico – R (Média e Amplitude)

Figura 14- Gráfico de controle X-R

Fonte: esalq. usp. br

Quando lidamos com uma característica da qualidade que é uma variável, ne-

cessitamos monitorar tanto a média da característica da qualidade quanto a sua variabilidade.

Page 43: TCC Pós Graduação Celso 2014

47

Para isto, supomos que a característica da qualidade tem distribuição de proba-

bilidade com média μ e desvio padrão σ. Assim, para uma amostra aleatória X1, X2, ... , Xn de

tamanho n, temos que a média amostral é dada

por: = (equação 16)

Com isso, aplicando o Teorema Central do Limite para esta amostra aleatória,

quando o tamanho da amostra aumenta, a distribuição amostral da média se aproxima de uma

distribuição Normal com média μ e desvio padrão σ = ou seja, se o tamanho amostral

é suficientemente grande, podemos assumir que a média amostral tem uma distribuição Nor-

mal.

Consequentemente, o intervalo de confiança da média é dado por:

IC (μ, 1 – α) = ( – + (equação 17)

Na prática, geralmente não conhecemos μ e σ, contudo, estes parâmetros são

estimados a partir de amostras preliminares tomadas em subgrupos de pelo menos 20 a 25

amostras.

Nas aplicações, o número de observações n é pequeno e geralmente resultam a

partir da construção de subgrupos racionais, em que os custos de amostragem e de inspeção

associadas com as medições das variáveis são altas.

Para o gráfico da média , tomamos LC = = + + .... as médias de

cada amostra têm que o melhor estimador de μ para o processo da média é dada por:

LC = = (equação 18)

que é a linha central do gráfico

Agora, necessitamos da estimativa do desvio padrão, o qual será estimado pela

amplitude R. Assim, para uma amostra aleatória X1, X2, ... , Xn de tamanho n, temos que a

amplitude R é dada por:

R =

Page 44: TCC Pós Graduação Celso 2014

48

Agora, seja as amplitudes das m amostras, então a linha central

(LC) ou a média das amplitudes é dada por:

= (equação 19)

A seguir, seguem os principais parâmetros para a construção do gráfico e R.

Os gráficos e R (média e amplitude) devem ser implementados simultanea-

mente, pois as funções se complementam.

Objetivo: controlar a variabilidade do processo e detectar qualquer mudança

que aconteça.

Um processo pode sair de controle por alterações no seu nível ou na sua disper-

são.

As mudanças no nível (média) e dispersão (variabilidade) do processo podem

ser originárias de causas especiais, gerando defeitos.

Para o desenvolvimento dos limites de controle, primeiramente vamos definir a

variável aleatória W = chamada Amplitude Relativa. A principal propriedade de W é que

sua média é a constante que depende do tamanho da amostra. Com isso, o estimador não

viciado do desvio padrão σ da distribuição Normal é dado por = , consequentemente

para temos que o estimador para o desvio padrão é dado por:

= (equação 20)

Agora, temos as ferramentas necessárias para a construção dos limites de con-

trole para o gráfico e R. Logo, usando a equação (17) e usando = 3 obtemos os limites

de controle para o gráfico da seguinte forma:

LSC = + 3 = + 3 = + → LSC = + (equação 21)

e

LIC = − 3 = − 3 = − → LIC = − (equação 22)

Page 45: TCC Pós Graduação Celso 2014

49

Assumindo que a característica de qualidade é normalmente distribuída, é

calculada a partir da distribuição Amplitude Relativa = . Assim, o desvio padrão de W é

dado por 3

·, é uma constante que depende do tamanho da amostra. Logo, para R = W σ o

desvio padrão de R é dada por:

= σ = (equação 23)

Portanto, os limites de controle para o gráfico são dados por:

LSC = + 3 = + 3 = ( → LSC = (equação 24)

LSC = − 3 = − 3 = ( → LSC = (equação 25)

Resumindo temos que,

Para as médias:

Limite Superior de Controle:

LSC = + *

Linha Central:

LC =

Limite Inferior de Controle:

LSC = − *

Para as amplitudes:

Limite Superior de controle:

LSC = *

3 para mais detalhes consulte o livro de Montgomery,D.C.(2001))

Page 46: TCC Pós Graduação Celso 2014

50

Linha Central:

LC =

Limite Inferior de Controle:

LIC = *

Tendo calculado as Linhas Centrais e os Limites Inferiores e Superiores de

Controle para os gráficos e R, estamos em condições de dispor os pontos que representam

as médias amostrais (no gráfico ) e as amplitudes amostrais (no gráfico R), respectivamen-

te. Para facilitar a análise dos resultados é também recomendável colocar os gráficos um abai-

xo do outro e marcar os pontos correspondentes a uma mesma amostra na mesma reta verti-

cal.

Quando amostras preliminares são usadas para construir os gráficos e R é de

costume tratar os limites de controle obtidos como limites de controle teste, pois eles permi-

tem determinar se o processo estava sob controle quando as m amostras preliminares foram

selecionadas.

Para determinar se o processo estava sob controle quando amostras prelimina-

res foram coletadas, marcam-se os valores de e R de cada amostra nos gráficos e analisa o

resultado obtido.

Se todos os pontos plotados estão dentro dos limites e nenhum comportamento

sistemático é evidenciado, então pode se concluir se o processo estava sob controle no passa-

do e que os limites de controle teste são adequados para controlar a produção atual ou futura.

É altamente desejável ter de 20 a 25 amostras ou subgrupos de tamanho

n (tipicamente n está entre 3 e 5) para calcular os limites de controle teste.

Supondo que um ou mais valores de ou de R estejam fora de controle quando

comparados com os limites de controle teste, nota-se claramente, que se os limites de controle

para a produção atual ou futura são significativos eles devem ser baseados em dados de um

processo que está sob controle.

Entretanto, quando a hipótese de controle passada é rejeitada é necessário revi-

sar os limites de controle teste. Isso é feito examinando cada um dos pontos fora de controle,

procurando por uma causa assinalável. Se uma causa assinalável é encontrada, o ponto é des-

cartado e os limites de controle teste são recalculados usando somente os pontos remanescen-

tes. Então, esses pontos remanescentes são reexaminados para controle. (Neste caso pode se

Page 47: TCC Pós Graduação Celso 2014

51

observar que os pontos que estavam sob controle inicialmente podem agora estar fora de con-

trole, pois os limites de controle teste são geralmente mais severos do que os antigos.)

Esse processo continua até que todos os pontos estejam sob controle, pontos

estes para os quais os limites de controle teste são adotados para uso atual.

Em alguns casos, pode não ser possível encontrar uma causa assinalável para

um ponto que caia fora de controle, e quando isso acontece, elimina-se o ponto fora de contro-

le.

Não há nenhuma justificativa analítica para escolher essa ação, a não ser a de

que os pontos que estejam fora dos limites de controle foram extraídos da distribuição de pro-

babilidade de uma característica de um estado fora de controle.

Crê-se que quando muitas amostras iniciais caem fora de controle contra os li-

mites teste, é melhor concentrar-se sobre um padrão formado por esses pontos, pois tais pa-

drões quase sempre existirão.

Geralmente, a causa assinalável associada com o padrão de pontos fora de con-

trole é fácil de identificar. A remoção desse problema geralmente resulta em uma melhoria no

processo.

Ao examinarmos os dados de um gráfico de controle é algumas vezes útil cons-

truir um gráfico de corridas (run chart) das observações individuais de cada amostra, pois

esse tipo de gráfico pode revelar algum padrão nos dados, ou mesmo, mostrar se um valor

particular de ou R foi produzido por uma ou duas observações incomuns na amostra.

Uma vez que limites de controle confiáveis são estabelecidos, usamos o gráfico

de controle para monitorar a produção futura.

2.2-Terminologia

Gráficos de controle - Diagramas estatísticos que permitem acompanhar o tem-

po do desempenho de um processo –

Os principais gráficos de controle são:

Gráficos de controle para variável

Gráficos de controle para atributos

Page 48: TCC Pós Graduação Celso 2014

52

Confiabilidade - É a capacidade que um produto tem de ser usado sem a neces-

sidade de reparos.

Retrabalho - É quando há necessidade de se refazer o produto ou o serviço.

Variável - termo utilizado para uma variável quantitativa contínua (ex.: massa,

diâmetro, temperatura, comprimento) em geral com distribuição probabilística Normal.

Atributo - termo utilizado para uma variável qualitativa (tipo de defeito) ou

uma variável quantitativa discreta (nº de defeitos).

Valor nominal - Medida que garante as características de qualidade do produto

em questão (geralmente, para uma variável, o valor nominal é a média).

Variação - É a ação de afastar-se do alvo (valor nominal). Pode ser classificada

em variação aleatória ou variação causal.

As variações aleatórias, isto é, provocadas por fatores desconhecidos, são ine-

rentes ao processo e não podem ser eliminadas.

As variações causais podem ser eliminadas e esse é o principal objetivo do

Controle Estatístico do Processo.

Desvio - É a diferença entre o valor obtido e o valor nominal.

Parâmetro - Medida estabelecida como padrão, referência.

Tolerância - É a diferença máxima admitida entre um padrão estabelecido e um

padrão alcançado.

Elemento (X) - É a unidade considerada para o estudo

População - É o conjunto de todos os elementos existente ou que serão obtidos

em um processo qualquer.

Amostra - É o conjunto de todos os elementos ou itens extraídos de uma popu-

lação aleatoriamente

Tamanho da amostra (n) - É o número de ou itens existentes na amostra

Amostragem (N) - É o número de amostras consideradas para o estudo.

Distribuição normal - É a distribuição de valores que apresenta uma maior con-

centração em torno de certo valor médio, que é representada por uma curva contínua, conhe-

cida como curva do sino ou curva de Gauss.

Desvio padrão (σ) - É a medida de dispersão em relação à média.

Dados mensuráveis - São os que podem ser expressos em unidades básicas me-

dida.

Page 49: TCC Pós Graduação Celso 2014

53

Dados atributivos - São os dados enumeráveis ou contáveis que estabelecem

presença ou ausência de atributo.

Amplitude (R) - É a diferença entre o maior e o menor valor de uma amostra. É

uma mediada de dispersão.

Média ) - A média aritmética simples é uma medida de posição.

Mediana ( ) - É o valor central de uma seqüência crescente ou decrescente. É

uma medida de projeção.

Discrepância - É o ponto de discordância de um emento com relação a uma da-

da característica de qualidade.

Demérito - É o valor numérico associado a uma discrepância qualitativa para

fins de ponderação, de acordo com a severidade do evento.

Defeito - É uma discrepância de tal grau que torna uma unidade inaceitável.

Defeituoso - É uma unidade que contém defeitos, ou seja, não atende aos pa-

drões requeridos, tornando toda a unidade inaceitável.

Gráfico de controle - É uma projeção gráfica, no tempo do comportamento do

processo.

Tolerância: é o campo de variação permitida numa característica de qualidade.

Capacidade do processo - É a condição de produzir continuamente dentro das

exigências.

Índice da capacidade do processo - É um número obtido a partir da comparação

da tolerância do produto com a variação aleatória do processo.

Limites de especificação - São os extremos de um intervalo de medida, estabe-

lecido em projeto.

L.I.C. - limite inferior de controle

L.S.C. - limite superior de controle

L.I. E - limite inferior de especificação

L.S.E. - limite superior de especificação

Conformidade - Quando uma medida está dentro dos limites de especificação,

diz-se que o produto é conforme, caso contrário, o produto é dito não - conforme.

Controle - Conjunto de técnicas adotadas num processo produtivo para garantir

que se alcancem os padrões previamente estabelecidos.

Page 50: TCC Pós Graduação Celso 2014

54

Limites de controle - São os extremos de um intervalo de medida, para um pro-

cesso que está operando dentro dos padrões estabelecidos (isto é, que está sob controle).

Aleatoriedade- uma condição na qual os valores individuais não são previsíveis

apesar de eles poderem vir de uma distribuição definível;

capabilidade de processo- faixa total de variação inerente de um processo es-

tável;

Causa Comum- fonte de variação que afeta todos os valores individuais do re-

sultado do processo sendo estudado; na análise da carta de controle ele representa parte da

variação aleatória do processo;

Causa Especial- fonte de variação que é intermitente, freqüentemente imprevi-

sível e instável às vezes chamado de causa assinalável. É sinalizado a partir de um ponto além

dos limites de controle ou uma seqüência ou outro padrão não aleatório de pontos dentro dos

Controle Estatístico- condição descrevendo um processo do qual todas as cau-

sas especiais de variação tenham sido eliminadas, restando apenas às causas comuns, i.e., a

variação observada pode ser atribuída a um sistema constante de causas ocasionais; evidenci-

ada numa carta de controle pela ausência de pontos além dos limites de controle e pela ausên-

cia de padrões não-aleatórios ou tendências dentro dos limites de controle;

Desempenho de processo- faixa total da variação global do processo (6σs).

2.2.1- Utilização de Estimadores de Parâmetros

Para medidas de posição ou tendência central

Média da amostra = =

Média de amostragem = = =

Média das amplitudes = = =

Média de defeituosos = = =

Page 51: TCC Pós Graduação Celso 2014

55

Mediana = valor central quando uma sequência está ordenada de forma crescente ou de-

crescente.

Para medidas de dispersão ou variabilidade

Desvio padrão da amostra σx = ou σx =

Desvio padrão da amostragem σ = ou σx =

Amplitude da amostra R = X Max – X mín

Desvio padrão das amplitudes = ou σx =

2.2.2- A Visão Moderna de CEP

A certificação de ISO 9001-2000 proporciona a garantia de que a organização

está sempre e constantemente correndo atrás de melhorias, nos insumos que entram na linha

de produção pelas melhorias nos processos produtivos e administrativos da organização, e

pela satisfação do cliente e empregado. No entanto, não é o intuito da ISO 9001-2000 nem

propor nem exigir a utilização de procedimentos específicos para alcançar as tão desejadas

melhorias.

O ponto chave da ISO 9001-2000 é a documentação dos fazeres e deveres da

organização, continuamente levantada e organizada, que serve de base primária e essencial

para a evolução aperfeiçoamento da organização.

A ISO tem como prioridade o fluxo de informação otimizado e, nem menos

importante, as informações armazenadas em depósitos de fácil utilização.

A ISO 9001-2000 é caracterizada por um viés na direção de quantificação do

conhecimento, refletindo a filosofia de que os fatos numéricos alem de exigir detalhamento e

definição mais apurados, abre o caminho para estudos e análises mais objetivos e científicos

Page 52: TCC Pós Graduação Celso 2014

56

O modelo de gerenciamento favorecido pelas normas é descrito logo no inicio

de ISO 9001-2000 é o famoso PDCA do Deming e antecedentes (Shewhart, etc.), baseado na

metodologia cientifica. P (planning = planejamento) é para levantar e definir o problema e as

metas, D (do = fazer) é testar em situações reais da empresa procedimentos que corrigem a

situação, C (check = analisar) é estudar se os procedimentos realmente funcionam, e A (act =

implementar) é colocar em prática ações específicas e contínuas para prevenir falhas e melho-

rar a qualidade.

O controle estatístico do processo é um conceito intrínseco ao próprio processo

de produção, se relacionando com todas as fases da ação gerencial.

Deve, portanto, servir de base para as decisões em todos os níveis da empresa,

desde o operário até o presidente.

Consequentemente, todos devem entender seus princípios e se comprometer na

utilização coerente de seus resultados.

Resumidamente, o controle estatístico do processo é uma metodologia que po-

tencialmente permite conhecer o processo, manter o mesmo em estado de controle estatístico

e melhorar a capacidade de produção. Tudo isto se resume á redução de variabilidade do pro-

cesso (Schissatti, 1998).

Hoje, mais do que uma ferramenta estatística, o CEP é entendido como uma fi-

losofia de gerenciamento e um conjunto de técnicas e habilidades, originárias da Estatística e

da Engenharia de produção, que visam garantir a estabilidade e a melhoria contínua de um

processo de produção.

Na corrida pela competitividade no mercado e almejando sempre atingir um al-

to nível de qualidade, as organizações procuram desenvolver processos mais robustos e que

tenha respostas rápidas e precisas no que se refere à qualidade. Nos dias atuais, o controle

estatístico do processo é uma ferramenta que tem uma importância muito grande dentro de

uma empresa, pois através do CEP há um monitoramento preciso e eficaz do processo produ-

tivo.

Desta forma, as instituições que não investem ou não se atentam a esta impor-

tante ferramenta de qualidade, acaba tendo reflexos em sua produção, porque o uso adequado

do CEP permite previsibilidade no processo produtivo e conseqüentemente menor variação.

Analisando de uma forma macro, esta diminuição na variabilidade dos produ-

tos é fundamental, já que diminui perdas e retrabalhos, fazendo com que a empresa possa ob-

Page 53: TCC Pós Graduação Celso 2014

57

ter os resultados esperados de uma forma mais eficiente, trazendo várias as vantagens de apli-

cação do CEP nas operações de uma empresa, sendo provavelmente as mais importantes:

Determinar o tipo de ação requerida e, consequentemente, estabelecer a

responsabilidade pela sua adoção.

ºReduzir a variabilidade das características críticas dos produtos de forma a

obter-se uma maior uniformidade e segurança dos itens produzidos.

ºPermitir a determinação da real viabilidade de atender às especificações do

produto ou às necessidades dos clientes em condições normais de operação.

ºImplantar soluções técnicas e administrativas que permitam a melhoria da

qualidade e o aumento da produtividade.

ºPossibilitar o combate às causas dos problemas ao invés de seus efeitos, de

modo a retirá-los definitivamente da sua atividade.

Pode-se dizer então que o CEP faz com que todos trabalhem de forma mais in-

teligente e não mais árdua. Os ganhos com as economias obtidas são permanentes e os benefí-

cios advindos geram um melhor ambiente de trabalho, onde as pessoas ficam motivadas a

conseguirem melhores resultados todos os dias.

2.2.3- Princípios para Implantação e gerenciamento do CEP

Paladini (1995) apresenta alguns princípios fundamentais para uma perfeita

implantação e gerenciamento do CEP.

A melhoria verdadeira de um processo é conseguida através de equilíbrio da

repetição e consistência com capacidade de atender as exigências dos clientes.

Segundo o autor é importante:

pensar e decidir baseado em fatos;

reconhecer a existência da variabilidade na produção e administrá-la;

usar raciocínio e prioridade (Pareto);

pensar separando a causa do efeito;

buscar sempre conhecer a causa fundamental dos problemas;

girar permamentemente e metodicamente o ciclo de controle, visando à melho-

ria contínua do desempenho;

Page 54: TCC Pós Graduação Celso 2014

58

identificar instantaneamente focos e locais de disfunção e corrigir os problemas

a tempo;

educar, treinar e organizar a mão-de-obra visando uma administração participa-

tiva e o autocontrole.

Atualmente, a inovação fundamental em relação ao CEP é que esses princípios

e técnicas devem ser compreendidos e aplicados por todas as pessoas da organização e não

SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia apenas pelos técnicos e engenhei-

ros da área de qualidade.

A grande verdade é que tudo funciona como um ciclo de melhoria continua

onde todos os envolvidos devem estar focados no mesmo objetivo.

É natural que, no principio, possa haver resistência quanto à implementação do

CEP on-line, pois o ser humano é resistente a mudança, entretanto, se houver participação

efetiva da alta cúpula esta resistência tende a ser amenizada.

É preciso que este envolvimento da alta cúpula seja realmente sinérgico, pois

isto trará resultados altamente positivos para a empresa. Por isso a importância da visão sis-

têmica, avaliando o CEP como oportunidade de melhoria e geração de ganhos para a empresa.

2.2.4- Impacto do CEP na Qualidade e Produtividade

A definição de produtividade estabelece a relação entre os resultados obtidos

do sistema organizacional e os recursos consumidos para sua obtenção. A produtividade num

intervalo de tempo geralmente é medida com a seguinte fórmula:

Produtividade = Quantidade de produtos ou serviços produzidos Quantidade

dos recursos utilizados

A gestão da produtividade incorpora basicamente três procedimentos que são

essenciais: a medição da produtividade, a identificação e a análise dos fatores determinantes

dos gargalos de produtividade e a definição de aplicação de separação desses gargalos.

O CEP tem papel decisivo na produtividade, pois um processo sob controle es-

tatístico gerará peças conformes e eliminará ou diminuirá efetivamente retrabalhos e perdas,

além de garantir de forma mais eficiente à qualidade das mesmas.

Page 55: TCC Pós Graduação Celso 2014

59

A utilização de métodos estatísticos não é uma fórmula mágica para a solução

de todos os problemas, porém é uma maneira racional, lógica e organizada de onde existem

problemas, sua extensão e a forma de solucioná-los.

Esses métodos auxiliam na obtenção de sistemas que asseguram uma melhoria

contínua da qualidade e produtividade ao mesmo tempo.

De acordo com Irwin (1965), a engenharia da qualidade é o conjunto das técni-

cas e procedimentos para estabelecer critérios e medidas da qualidade de um produto, identi-

ficar produtos que não estejam conformes a tais critérios, evitando que cheguem ao mercado,

e acompanhar o processo de produção, identificando e eliminando causas que levaram as não

conformidades.

Vários exemplos de desenvolvimento de novas aplicações do CEP, no setor in-

dustrial, na agricultura, na pecuária e também em vários setores de serviços, podem ser cita-

dos para o monitoramento da qualidade.

Sendo assim o controle do processo é fundamental, porque a falta de um con-

trole eficaz pode resultar produtos não-conformes ou a porcentagem de defeituosos pode vari-

ar ao longo do tempo, conseqüentemente gerando perdas para a organização.

O que causa a produção de defeituosos é a existência de variação de matérias,

nas condições do equipamento, nos métodos de trabalho, nas condições da mão-de-obra, en-

fim os já conhecidos 6 sigmas.

O CEP auxilia na identificação e priorização das causas de variação da quali-

dade e tem o objetivo de controlar ou eliminar as causas fundamentais dos defeitos.

Outro fator importante, e que merece ser mencionado, é que o conceito moder-

no de controle se aproxima de idéias como administração, gerenciamento e aperfeiçoamento.

O controle do processo deve ser realizada de forma sistemática e padronizada.

Para tanto, todas as pessoas, de todos os escalões da empresa, podem utilizar o

mesmo método gerencial denominado ciclo PDCA, SEGeT – Simpósio de Excelência em

Gestão e Tecnologia composto de quatro fases básicas do controle: planejar, executar, verifi-

car e atuar corretivamente.

Individualmente nenhuma dessas fases constitui o controle. O controle efetivo

é obtido pela seqüência e pelo giro metódico dessas quatro fases.

É, portanto, um ciclo contínuo que se inicia e termina com o planejamento, ou

seja, sem planejamento as coisas definitivamente não acontecem, sendo fundamental retroa-

Page 56: TCC Pós Graduação Celso 2014

60

limentar o sistema sempre, porque em uma organização tudo está interligado e uma ação e-

quivocada reflete de maneira evidente no sistema.

Page 57: TCC Pós Graduação Celso 2014

61

3-CONCLUSÃO

Mediante os exemplos publicados sobre CEP, nos mais diversos segmentos in-

dustriais e com base nos estudos realizados na realização desse trabalho, pode-se concluir de

maneira efetiva a vital importância do CEP para as empresas, pois se trata de uma ferramenta

necessária, tanto na melhoria, como na validação dos processos fabris, aplicada ao processo

como um todo e ou em suas etapas.

O Controle Estatístico de Processo abrange a coleta, a análise e a interpretação

de dados com a finalidade de resolver um problema particular, sendo a idéia principal do CEP

a de melhorar os processos de produção com menos variabilidade, proporcionando níveis me-

lhores de qualidade nos resultados da produção.

A eficácia da utilização do CEP baseia-se no seguinte conceito: se um processo

ocorre sob condições conhecidas e estas são cuidadosamente mantidas, este processo estará

sujeito apenas aos efeitos de Causas Comuns - que definem a posição e a dispersão do proces-

so, configurando-se por uma Distribuição Normal.

Este é o princípio do Controle Estatístico de Processos que, além de atuar sobre

o processo produtivo, sem se fixar, portanto, no produto em si, utiliza-se da Estatística como

instrumento básico para a organização, tratamento e análise das informações do processo.

O Controle Estatístico de Processo opera preventivamente; utiliza-se de uma

base objetiva de análise; tem atuação abrangente: não se limita a alguns casos específicos,

mas à produção como um todo, e, enfim, permite adequada avaliação da qualidade.

O CEP possibilita, assim, monitorar as características de interesse, assegurando

sua manutenção dentro de limites pré-estabelecidos e indicando quando adotar ações de cor-

reção e melhoria permitindo ainda a redução sistemática da variabilidade nas características

da qualidade do produto, num esforço de melhorar a qualidade intrínseca, a produtividade, a

confiabilidade e o custo do que está sendo produzido.

Nesse sentido, pode-se afirmar que o principal objetivo do CEP é possibilitar o

controle em tempo real, feito pelo próprio operador, e desta forma aumentar o seu comprome-

timento com a qualidade do que está sendo produzido.

Vale salientar que o CEP por si só não determina a validação de um processo e

que o estudo isolado de um único parâmetro demonstrado no controle estatístico do processo,

Page 58: TCC Pós Graduação Celso 2014

62

dentre tantos que podem ser estudados como: diâmetro, dureza, alongamento, como é o caso

de estudos na(s) Indústria(s) Metal-Mecânica, não pode ser considerado validado.

Dessa forma, pode-se afirmar que no âmbito dos vários segmentos industriais,

o CEP é uma ferramenta simples em sua aplicação, capaz de permitir uma maior compreensão

do processo, possibilitando muitas vezes rápidas ações de controle pelo pessoal de operação.

O CEP não pode tornar-se um mero indicador de não conformidades em um processo, pois

esta ferramenta oferece um vasto número de informações que quando compreendidas, podem

indicar precisamente quais os pontos críticos e onde as melhorias devem ser feitas.

É evidente que o profundo conhecimento do processo é um fator determinante

nessa investigação, mas a completa utilização desta ferramenta deve ser feita de forma inves-

tigativa, com o adjetivo de correção tornando a produção um procedimento seguro.

Apesar de todo o potencial que o CEP apresenta para gerenciamento dos pro-

cessos o seu uso por si só poderá não surtir efeito algum, tendo em vista que este passa pela

consolidação da cultura do pensamento estatístico em todos os níveis hierárquicos das empre-

sas.

Aquelas que têm visão de futuro estão implementando de maneira eficiente o

CEP online, e conseguem resultados rápidos e com menos custos. Hoje, entende-se que a qua-

lidade não pode ser obtida somente por meio da inspeção e do controle, mas que é necessário

construí-la através do desenvolvimento integrado de produto e processo, com aplicação de

métodos da garantia da qualidade preventiva.

Os conceitos e as técnicas estatísticas são importantes para o CEP, mas devem

ser vistos apenas como auxiliares.

O mais importante é desenvolver uma nova cultura na empresa que permita a

motivação e a cooperação de todos na busca da melhoria contínua de todo processo.

Desta forma o efeito do CEP vai gerar um grande impacto nos indicadores de

qualidade e produtividade, agregando muitos ganhos para a organização, refletindo de forma

eficaz nos objetivos da empresa.

O controle estatístico do processo tem papel decisivo dentro da qualidade e

produtividade, pois quanto menor for à variabilidade no processo produtivo maior serão os

ganhos para a empresa.

Page 59: TCC Pós Graduação Celso 2014

63

Esta inserida, então, a extrema importância do controle estatístico do processo,

pois através do uso efetivo e correto desta ferramenta de qualidade a empresa poderá de forma

efetiva alavancar ganhos e minimizar perdas.

Finalizando, para que tudo isto aconteça é preciso que haja sinergia de todas as

partes envolvidas, porque assim como na vida são as pessoas que fazem as coisas acontece-

rem.

Page 60: TCC Pós Graduação Celso 2014

64

4-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

Alencar, J.R.B., Pinto, P.M.D.V., Rolim Neto P.J. Indicadores de produção + limpa (P + L)

numa indústria farmacêutica. Pharm Technol 2005a: 56-66.

Alencar, J.R.B., Souza Jr. M.B, Lopes C.E. Controle estatístico de processo multivariável.

Alves, E.P. - Como lidar com a característica de baixo volume de produção e alto mix de pro-

dutos no controle estatístico de processos [Dissertação] Belo Horizonte: Universidade Federal

de Minas Gerais; 2003.

Amaral, Daniel C. & Rozenfeld, Henrique. Índices de capabilidade do processo (Cp, CpK).

Disponível em: <http://www.numa.org.br/conhecimentos/capabilidadev4.html>. Acesso em:

20 jun. 2014

ASQC. American Society For Quality Control. Statistical process control manual. Milwauke-

e, ASQC, 1986-Books do Brasil, 1993. 343p.

Betersfield, D.H- Qualidade e seus processos produtivos.

Bravo, Paulo C.- Elementos de controle estatístico de qualidade.

Box, George & Luceno, Alberto. Statistical control by monitoring and feedback adjustment.

Wiley Series in Probability and Statistics Wiley Interscience, John Wiley & Sons, Inc. (NY),

1997.

Campos, V.F.- TQC- Controle da qualidade total (no estilo japonês). 6. ed. Belo Horizonte.

Controle Estatístico do Processo (2005) – Manual de Referência. Fundação Christiano Ottoni;

1992.

Carvalho, M.M, Paladini, E.P.- Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Editora

Campus, 2005. 355p.

Carneiro, Neto, W. Controle estatístico de processo-CEP.

Chambers, D.S, Wheeler, D.J. -Understanding statistical process control. 2. ed. Knoxville:

SPC Press, 1992. p.12-20.

Cortivo, Z.D. - Aplicação do Controle Estatístico de Processo em seqüências curtas de produ-

ção e análise estatística de processo através do planejamento econômico. [Dissertação] Curiti-

ba: Universidade Federal do Paraná; 2005.

Diniz, M.G. - Desmistificando o controle estatístico de processo. São Paulo: Artliber; 2001.

Graça, J.C. - O CEP acaba com as variações? Revista Controle da Qualidade. Editora Banas.

São Paulo, pg. 84-85.

Harrington, J. - Aperfeiçoando processos empresariais. São Paulo: McGraw-Hill e Makron

Page 61: TCC Pós Graduação Celso 2014

65

Hradesky, Jonh L.- Aperfeiçoamento da Qualidade e da Produtividade.

Irwin, R.D. - Quality Control and Industrial Statistics.

Kume, Hitoshi. Métodos estatísticos para melhoria da qualidade. Editora Gente, 11ª ed, 1993.

Montgomery,D.C.- Introduction to statistical quality control. Canadá: John Wiley & Sons, 3rd

Edition, 1997.

Paladini, E.P. - Gestão da Qualidade no Processo. Editora Atlas. São Paulo.

Ribeiro, J.L. & Caten, C.T. (1998) – Controle Estatístico do Processo.Editora da UFRGS.

Ramos, Alberto W. Controle estatístico de processo para pequenos lotes. São Paulo: Funda-

ção Vanzolini, Edgard Blücher Editora, 1995.

Slack- (1997) – Administração da Produção. Editora Atlas. São Paulo.

SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia.

Schissatti, Márcio.-Dissertação de Mestrado pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 1998.

Siqueirq, Luiz G. P. Controle estatístico do processo. São Paulo.

Crowder, Stephen V. A simple method for studying run-length distributions of exponentially

weighted moving average charts. In: TECHNOMETRICS, v. 29, nº. 4, November 1987.

Werkema, Maria C. C. Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento de proces-

sos.Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia, v. 2, 1995.