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OSVALDO MARIA DE SOUZA JÚNIOR A FORMAÇÃO DE LÍDERES LEIGOS NA IGREJA BATISTA CENTRAL DE BELO HORIZONTE

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OSVALDO MARIA DE SOUZA JÚNIOR

A FORMAÇÃO DE LÍDERES LEIGOS NA IGREJA BATISTA CENTRAL DE BELO

HORIZONTE

Belo Horizonte

2011

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OSVALDO MARIA DE SOUZA JÚNIOR

A FORMAÇÃO DE LÍDERES LEIGOS NA IGREJA BATISTA CENTRAL DE BELO HORIZONTE

Monografia apresentada em cumprimento às exigências do curso de Especialização em Liderança Pastoral, Dmin (Doctor of Ministry) da Faculdade Teológica Sul Americana, sob a orientação do Prof. Luís Gonçalo Silvério.

Belo Horizonte

2011

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RESUMO

São várias as razões que levam ao crescimento e avanço numérico da igreja

contemporânea. Mas uma das mais marcantes passa pela formação e capacitação de líderes

leigos para a liderança de pequenos grupos e ministérios. O trabalho a seguir descreve a

experiência da Igreja Batista Central de Belo Horizonte e a formação de líderes leigos, como

isso tem sustentado seu próprio crescimento e abençoado outras igrejas.

A Igreja Batista Central de Belo Horizonte completará 50 anos em 2011. Em quase

40 deles, teve seu número de membros abaixo de 500. Em 2001, com o início do trabalho de

pequenos grupos e a criação da Escola de Líderes, a igreja passou a experimentar um

crescimento constante. Após 10 anos, toda a igreja se reúne em pequenos grupos e já

apresenta uma membresia 10 vezes maior que em 2011.

Foi fundamental para esse crescimento a criação e uma constante renovação da

Escola de Líderes, originada na tradicional EBD - Escola Bíblica Dominical. Hoje se

transformou no CCM – Centro de Capacitação Ministerial, uma escola com mais de 1.200

alunos matriculados em 2011.

A partir do conhecimento e da experiência acumulados na formação de centenas de

líderes pelo CCM e o desejo de outras igrejas em conhecer as razões do crescimento da Igreja

Batista Central, surge o Seminário Transmitindo o DNA. Centenas de pastores já foram

capacitados por este Seminário em 2010, recebendo gratuitamente todo o material para a

formação de líderes e lições para os pequenos grupos.

Nas páginas que se seguem está o resumo de toda a experiência da Igreja Batista

Central na formação de líderes leigos e como isso tem se desdobrado e colaborado para a

edificação e expansão do Reino de Deus.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................6

I DESCRIÇÃO DO CONTEXTO.........................................................................................................................9

II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................................................23

III INTERVENÇÃO.............................................................................................................................................28

1. GRUPO PEQUENO OU CÉLULA.........................................................................................................................292. O CENTRO DE CAPACITAÇÃO MINISTERIAL – CCM......................................................................................30

2.1 Vida Cristã...........................................................................................................................................312.2 Básico..................................................................................................................................................322.3 Treinamento.........................................................................................................................................33

3. GRUPOS DE DISCIPULADO – GD’S.................................................................................................................373.1 – Cuidar das ovelhas...............................................................................................................................373.2 – Conhecer e visitar as ovelhas...............................................................................................................373.3 – Procurar as ovelhas (Lucas 15:4)........................................................................................................383.4 – Alimentar as ovelhas ( Salmos 23:1-3)................................................................................................383.5 – Alimentar as ovelhas (João 10:10, Efésios 6:12)................................................................................383.6 – Estar disposto a multiplicar a liderança..............................................................................................38

CONCLUSÃO.......................................................................................................................................................51

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................................54

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ESTRUTURA DE GESTÃO DA IGREJA BATISTA CENTRAL DE 2001 A 2007....................11

FIGURA 2 – NOVA ESTRUTURA COLOCADA EM PRÁTICA A PARTIR DE 2008...................................12

FIGURA 3 - AS QUATRO DIMENSÕES DO CRESCIMENTO SEGUNDO R. MUZIO................................24

FIGURA 4 – PARTICIPAÇÕES NOS SEMINÁRIOS DNA EM 2010...............................................................44

FIGURA 5 – DENOMINAÇÕES DOS PARTICIPANTES DO DNA EM 2010.................................................45

Figura 6 – Estados brasileiros representados nos Seminários DNA em 2010.......................................................46

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INTRODUÇÃO

A igreja brasileira passa por um momento único em sua história. No Brasil, país

tradicionalmente católico em que a igreja romana tem disseminado uma influência mística e

cultural por muitos anos, Jesus Cristo foi esquecido. Em seu lugar, reinam os dogmas, a

idolatria e um sincretismo religioso de predominância africana. Esse é o DNA da nossa

população.

Aqui, a Igreja protestante tradicional vem perdendo adeptos. As pentecostais têm

crescido de tal maneira que representam mais de 80% das denominadas protestantes, não só

no Brasil, como também em toda a América Latina. Nesse contexto aparecem as igrejas

neopentecostais que apresentam fórmulas agressivas de captação de adeptos, muitas vezes

semelhantes às praticadas no “mercado”. Nelas os adeptos vão aos cultos como verdadeiros

clientes em busca de uma satisfação pessoal, contribuindo pecuniariamente, transformando

essas instituições em verdadeiros impérios financeiros.

Algumas denominações históricas também sofreram a influência dos novos tempos.

Surge uma igreja contemporânea; algumas, com alterações litúrgicas e de gestão

denominando-se renovadas. Há nelas maior liberdade de expressão dos dons espirituais, o que

vem gerando um desconforto na estagnação das igrejas tradicionais. Isso está trazendo novos

ventos. Novas estratégias e metodologias têm chegado às denominações históricas, sob os

ventos do Espírito Santo. Agora a Igreja sente a necessidade de ser relevante como a Igreja de

Atos dos Apóstolos, e destarte cumprir a Misio Dei.

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A Igreja Batista Central de Belo Horizonte se apresenta como uma denominação

histórica renovada, com liberdade de expressão dos dons espirituais, com profunda

preocupação em conhecer e transmitir a palavra de Deus. Busca incessantemente tornar-se

uma Igreja relevante e bíblica em seu contexto e ao seu tempo. Em 2001, a Igreja começou a

implantação de pequenos grupos. Com isso surgiu a necessidade de formação de líderes leigos

que pudessem dirigir esses grupos para alcançar os perdidos.

A Igreja Batista Central realizou uma profunda transformação da tradicional EBD,

Escola Bíblica Dominical, contratando, em tempo integral, uma líder com vasta experiência

no meio acadêmico secular. Ela passou a dirigir a implantação do CCM – Centro de

Capacitação Ministerial -, transformando-o em um centro de capacitação e preparação de

líderes exponenciais em seu contexto social e no ambiente eclesiástico. Após atingir um

determinado nível, os líderes estão prontos para liderar os grupos pequenos, bem como os

ministérios da Igreja.

O CCM revela a intensa busca da Igreja Batista Central de Belo Horizonte em formar

e capacitar seus líderes para a grande colheita. É seu desejo aprimorar os instrumentos de

gestão visando multiplicar líderes e disponibilizar essa metodologia para o Corpo de Cristo,

de maneira livre e gratuita a todos quantos sentem essa necessidade.

A Bíblia declara em João 4.35 – “Vocês não dizem: ‘Daqui a quatro meses haverá a

colheita?’ Eu lhes digo: abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a

colheita”. O Brasil vem apresentando um grande crescimento em todas as Igrejas

pentecostais, renovadas e neopentecostais. A Batista Central de Belo Horizonte se dedica a

preparar o Corpo de Cristo para que a colheita seja feita e possa contribuir na Misio Dei, por

meio da propagação de sua experiência e aprendizado para esse mesmo Corpo, não só no

Brasil, mas até nos confins da terra.

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A seguir mostraremos como a Igreja Batista Central de Belo Horizonte, por meio de

seu Centro de Capacitação Ministerial, pela prática diária do amor nas reuniões de pequenos

grupos e pela divulgação de sua metodologia e conteúdo programático de formação de líderes,

tem impactado, não somente esta cidade, como também contribuído para a capacitação e

formação de líderes em todo o Brasil.

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I DESCRIÇÃO DO CONTEXTO

Com o crescimento numérico da Igreja surge um grande problema. Muitas vezes ela

negligencia a colheita, e sendo ela tardia, os frutos se estragam. Em algumas, há um grande

esforço para atrair mais e mais pessoas. Mas tão rápido como vêm, elas saem pelas portas dos

fundos. Outras se dedicam a realizar grandes eventos e programações intermináveis,

cansativas e, por falta de consistência, as pessoas vão a outros destinos. Denominações

chamadas neopentecostais fazem um esforço hercúleo usando a mídia televisiva, muitas nem

conhecem seus frequentadores, mas agem em um esforço para que o número de participantes

seja cada vez mais elevado.

Sobre isso, afirma Joel Comiskey, pastor americano: “Grupos pequenos não são a

resposta. De fato, é perigoso pensar que grupos pequenos não são a resposta. Grupos

pequenos vêm e vão; eles surgem e desaparecem. A menos que os membros do grupos

pequenos se convertam em líderes de grupos pequenos, poucos frutos duradouros vão

permanecer”. Já Gwynn Lewis registra: “O crescimento do movimento de células está

baseado na formação de líderes de dentro para fora. A prioridade máxima do líder de célula

é identificar auxiliares em potencial e começar o processo de mentoreamento.” Jim Egli a

esse respeito complementa: “O modelo de célula não é uma estratégia de grupo pequeno; é

uma estratégia de liderança. O foco não é começar grupos nas casas, mas treinar um número

cada vez maior de líderes que se importam. Se você for bem-sucedido nisso, sua igreja vai

prosperar”.

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Joel Comiskey traz um novo consenso para definir líder: influência. Líder é o que

exerce sua capacidade de influenciar pessoas para alcançar o propósito de Deus.

A Central, de denominação batista, foi criada há quase 50 anos no bairro Santo

Antônio, zona sul. Nasceu de um grupo oriundo da Primeira Igreja Batista de Belo Horizonte,

situada na Praça Raul Soares, região central da Capital mineira. Igreja reconhecida como

tradicional, passou por um processo de renovação no início de 2000 e implantou a visão

celular em 2001. Tudo começou com 15 pequenos grupos denominados Células. Com a

adoção do modelo celular veio a necessidade de se formar e capacitar líderes para mentorear

os novos que a cada dia vinham sendo acrescentados, transformando-se assim em uma Igreja

em Células.

Enquanto os primeiros grupos começaram a se multiplicar, boa parte dos membros

ainda não aceitava a nova visão celular, recusando-se a fazer parte dela.

Foram vários os desafios enfrentados. No início, não se realizavam os grupos

de discipulado, pois não se havia estabelecido ainda reuniões regulares dos líderes que

geravam líderes, os então chamados supervisores. Ao se multiplicar mais e mais, deram

origem à figura do superintendente, que se reportava ao pastor titular da Igreja, gerando dois

grupos de comando (1):

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Figura 1 – Estrutura de Gestão da Igreja Batista Central de 2001 a 2007

A primeira estrutura modificada pela implantação das Células gerou dois grupos de

comando, duas estruturas paralelas, pois os vários ministérios estavam sob a direção de

pastores, muitos ainda não atuantes no sistema celular.

Com o grande crescimento da Igreja, alguns problemas começaram a ser detectados:

a) Apesar de a estrutura estar bem organizada, os líderes e seus supervisores não apresentavam

um trabalho de cuidado significativo;

b) Havia duas estruturas de poder: uma com os superintendentes e outra com os pastores;

c) O sistema paralelo apresentava gargalos, principalmente no tocante a ministérios, decisões e

envolvimento de líderes que atuavam concomitantemente em Células e em ministérios, sob

dois comandos;

d) Os pastores de tempo parcial não conseguiam mais atender à demanda das novas ovelhas que

vieram com o crescimento.

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e) Era necessário criar uma escola que capacitasse os novos líderes no conhecimento das

Escrituras e os alinhasse na visão de cada crente ser um ministro, e cada casa, uma igreja.

f) Ao constatar o rápido crescimento da IBC, várias igrejas recorrem a ela para pedir ajuda na

implementação de pequenos grupos em suas igrejas. Daí a necessidade de se criar algo que

correspondesse e atendesse a essa crescente demanda.

Diante dessa nova realidade, no final de 2007, foi proposta uma nova estrutura (2) de

comando que unificava a estrutura de gestão:

Figura 2 – Nova estrutura colocada em prática a partir de 2008.

Nessa nova estrutura, algumas mudanças foram realizadas:

a) Só poderiam ser pastores os obreiros com disponibilidade de tempo integral;

b) Todos os ministérios foram colocados sob o comando dos pastores de Rede;

c) Os ministérios existem para dar apoio às ovelhas que chegam diariamente às Células;

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Conforme o nível de envolvimento, comprometimento e volume das Células, o

obreiro deve realizar sua escolha: célula & ministério. Por exemplo, o obreiro não pode ser

um discipulador de líderes e líder de ministério ao mesmo tempo. Ele deve escolher entre ser

discipulador de líderes ou liderar qualquer ministério. O líder de Célula pode também liderar

um ministério. O objetivo é não sobrecarregar o obreiro. Dessa forma, ele pode ter seu tempo

com Deus, cuidar da família e desenvolver seu ministério na igreja local.

O Pr. Rubens Muzio declara em seu livro “O DNA da liderança cristã”: “Como

organismo vivo, a igreja está capacitada a crescer de maneira normal e consistente. O

crescimento faz parte de sua vida. Deixar de crescer seria deixar de existir. Contudo, ocorre

também o risco da deformação, do crescimento da erva daninha. Todo organismo vivo

cresce, mas nem todo crescimento é saudável. Na igreja, o crescimento quantitativo exige

crescimento qualitativo”. Observando as considerações do Pr. Rubens Muzio, missionário da

Sepal, é possível observar como durante o crescimento são necessários ajustes a fim de não

comprometer a qualidade na igreja. Muitos pastores desejam obter um crescimento

significativo de sua igreja e creem que ao “importar” um modelo pronto e aprovado a igreja

local vai experimentar um rápido crescimento quantitativo e também qualitativo, o que não é

verdade.

Na Igreja Batista Central foi necessário observar, respeitar e amar os irmãos que

durante o processo de transição:

a) Por razões teológicas não concordavam com a implantação de Células;

b) Por razões particulares, não dispunham de tempo para participar da Célula uma noite por

semana;

c) Não queriam mudança numa igreja com quase 40 anos de existência;

d) Simplesmente pensavam que o crescimento traria um decréscimo qualitativo;

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e) Queriam manter os tradicionais modelos clericais.

Realizadas as mudanças propostas, o grande desafio era realmente capacitar os líderes em

potencial que surgiam nas Células, entendendo que se buscava um ministério significativo

capaz de transformar cada crente em um ministro. Veremos mais adiante como atuar em todas

essas frentes e como inspirar a congregação a desejar uma liderança que prevalece.

Os grupos pequenos não são nem a resposta nem a solução para uma estrutura

eclesiástica contemporânea de uma igreja local. Sua implantação, no entanto, proporcionou

significantes avanços na geração de líderes e torna possível o crescimento do Corpo de Cristo,

em que vidas são cuidadas e discipuladas.

Uma igreja em Células bem estruturada cumpre os princípios do cuidado das ovelhas

que se encontram em João 10 e propicia um crescimento saudável, gerando líderes para essa

tarefa.

O objetivo é transferir o conhecimento e a experiência desse trabalho a outras igrejas

locais sem custo, cedendo toda a metodologia, material de capacitação, apostilas e

ministrações, apresentando os resultados alcançados, com a intervenção colocada em ação.

Uma pesquisa foi realizada com o grupo de dez pastores da Igreja Batista Central de

Belo Horizonte. O questionário composto de dez perguntas tinha o objetivo de averiguar o

tipo de formação acadêmica dos pastores e identificar o percentual de leigos que se tornaram

pastores. Deste grupo é que vieram os 15 primeiros líderes, em 2001. E no final de 2010, os

grupos pequenos chegaram a mais de 600.

Reproduzimos a seguir, a pesquisa citada acima:

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FACULDADE TEOLÓGICA SUL AMERICANA - FTSA

Questionário de Pesquisa

A FORMAÇÃO DE LÍDERES LEIGOS NA IGREJA BATISTA CENTRAL DE BELO

HORIZONTE

Nome: ________________________________________________________________

1. Qual é sua faixa etária?

( ) 20 a 30 anos

( ) 30 a 35 anos

( ) 35 a 40 anos

( ) 40 a 45 anos

( ) 45 a 50 anos

( ) Acima de 50 anos

2. Há quanto tempo você se converteu ao Senhor Jesus?

( ) 0 a 5 anos

( ) 5 a 10 anos

( ) 10 a 15 anos

( ) 15 a 20 anos

( ) 20 a 25 anos

( ) Acima de 25 anos

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3. Há quanto tempo você é membro da Igreja Batista Central?

( ) 0 a 5 anos

( ) 5 a 10 anos

( ) 10 a 15 anos

( ) 15 a 20 anos

( ) 20 a 25 anos

( ) acima de 25 anos

4. Há quanto tempo participa de um pequeno grupo?

( ) 0 a 2 anos

( ) 3 a 4 anos

( ) 5 a 6 anos

( ) 7 a 8 anos

( ) acima de 8 anos

5. Quantos líderes de pequenos grupos estão sob sua liderança?

( ) 0 a 5

( ) 6 a 20

( ) 21 a 50

( ) 51 a 100

( )100 a 200

( ) acima de 200

6. É formado pelo Centro de Capacitação Ministerial da Igreja Batista Central?

( ) Sim ( ) Não

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7. Tem formação superior em Teologia?

( ) Sim ( ) Não

8. Tem formação superior em curso não teológico?

( ) Sim ( ) Não

9. Exerce seu trabalho de liderança na igreja em que regime de tempo?

( ) Parcial ( ) Integral

10. Quantos anos você trabalhou secularmente?

( ) Nunca trabalhei secularmente

( ) até 5 anos

( ) de 6 a 15 anos

( ) de 16 a 25 anos

( ) acima de 25 anos

Nove pastores responderam à pesquisa. Destes, quatro se tornaram pastores de tempo

integral nos últimos quatro anos.

Em função do grande crescimento que veio com a multiplicação de suas células, eles

deixaram sua atividade profissional para se dedicar, originalmente, ao cuidado dos líderes de

Célula. Eles se empenharam no crescimento espiritual, buscando a Deus e consolidando os

novos convertidos. A cada dia foram sendo acrescentados a este rebanho do Corpo de Cristo,

na igreja local em Belo Horizonte. Este é o resultado da pesquisa:

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1) Faixa etária dos entrevistados: Dos nove pastores entrevistados, 22% estão com até 45 anos.

Metade, de 20 a 30 anos; a outra metade, de 35 a 40 anos. O restante, ou seja, quatro pastores,

estão na faixa de 45 a 50 anos; três deles têm acima de 50 anos.

Nesse quesito, há na igreja uma grande leva de novos líderes que estão sendo formados na

Igreja. São leigos que hoje ocupam a função de coordenadores de áreas dentro das redes de

Células, mas que estão sendo preparados para assumir o pastoreio da Igreja. Nesta estrutura, é

comum os coordenadores já serem responsáveis por centenas de participantes das Células.

Exercem, na realidade, a função de copastor, auxiliando o pastor da Rede.

Atualmente, somente são levantados para coordenadores os discipuladores que têm chamado

pastoral, ou seja, é condição imprescindível que o aspirante a coordenador de área tenha uma

vocação e um chamado pastoral.

2) Quanto ao tempo de conversão, 67% dos entrevistados têm mais de 25 anos, representando

seis dos nove pastores. Encontramos um pastor na faixa de 20 a 25 anos de convertido, outro,

de 15 a 20 anos e um, de 5 a 10 anos. Este se tornou assim o primeiro pastor gerado dentro da

estrutura celular. Ele tem nove anos de caminhada com o Senhor, começou a frequentar uma

Célula no início de 2002 e se converteu em março do mesmo ano. Ingressou na Escola de

Formação da Igreja, na época denominada Escola de Líderes. Foi ordenado e consagrado ao

pastorado em novembro de 2008 e hoje lidera uma Rede de 80 Células, com cerca de 800

frequentadores.

3) Quanto ao tempo de participação na membresia da igreja, a pesquisa mostrou que cinco

pastores, ou seja, 56% deles são membros há mais de 25 anos. Dois estão na faixa de 5 a 10

anos, outro, de 10 a 15 anos e outro, de 20 a 25 anos.

Alguns pastores de igrejas pequenas querem vir para a Igreja Batista de Belo Horizonte, ou

então ser “adotados”, oferecendo-se para ser parte da Igreja Batista Central como uma

Congregação ou algo parecido. Por isso, o Conselho Pastoral da Igreja Batista Central de Belo

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Horizonte decidiu apoiar as igrejas interessadas, fornecendo o material para a capacitação e

formação de líderes gratuitamente. Cedeu inclusive o direito de a igreja colocar o seu nome e

sua logomarca na capa desse material. Acreditamos que assim estamos contribuindo com a

expansão do Reino de Deus, dando de graça aquilo que de graça recebemos.

4) Quanto ao tempo de participação em um pequeno grupo, 100% participam dele, liderando ou

não. 89% participam há mais de oito anos. Assim, oito dos nove pastores estão envolvidos nos

grupos pequenos desde o início da implantação do sistema celular. Um pastor está na faixa de

três a quatro anos, tempo de sua transferência para a Igreja Batista Central de Belo Horizonte.

Ele assumiu o Ministério GAM – Grupo de Apoio Mútuo -, que desenvolve um trabalho de

acompanhamento e cuidado com os dependentes químicos e seus familiares, os

codependentes.

5) No que se refere à quantidade de líderes que cada pastor tem sob sua liderança direta, apenas

um pastor não está diretamente envolvido na liderança de pequenos grupos. Isso acontece

porque atua na parte administrativa e financeira da Igreja Batista Central de Belo Horizonte.

Todos os demais, porém, estão na liderança das Redes de Células. Dois pastores são

responsáveis por até cinco líderes de pequenos grupos, um pastor lidera de 6 a 20 pequenos

grupos. Dois pastores comandam de 51 a 100 líderes de pequenos grupos, um, de 100 a 200 e

um pastor se encontra na liderança de mais de 200 líderes de Células. Este último, com o

número mais expressivo, lidera a antiga Rede da Juventude. Criados originariamente nos

grupos de Células para jovens, com o passar do tempo, eles não quiseram sair da Rede e

passaram a criar áreas com jovens que vieram desses pequenos grupos. Atualmente fazem

parte delas não somente os jovens, mas participantes de 10 a 40 anos.

6) Sobre a formação dos pastores capacitados pelo CCM - Centro de Capacitação Ministerial da

Igreja Batista Central de Belo Horizonte: 89% dos pesquisados fizeram algum curso no CCM,

ou seja, oito dos nove pastores. Apenas um não fez nenhum curso no CCM.

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7) Quanto à formação superior em Teologia, em Faculdade ou Universidade reconhecida: 78%

dos pastores da Igreja Batista Central não se formou em um Seminário Teológico. Apenas

dois dos nove pastores foram graduados em Teologia de nível superior. Esse dado mostra que

a maioria dos pastores da Igreja Batista Central de Belo Horizonte não fizeram Seminário

Teológico de nível superior. Mas a maioria estudou no CCM – Centro de Capacitação

Ministerial. Dois já concluíram pós-graduação na FTSA - Faculdade Teológica Sul

Americana em Londrina, Paraná, buscando uma atualização e formação de qualidade.

8) Como este trabalho trata da formação de líderes leigos na Igreja Batista Central de Belo

Horizonte, foi incluído no questionário a pergunta de quantos concluíram curso superior em

outras áreas. A maioria dos pastores tem curso superior em outras áreas, apenas um não tem.

Com o aumento da escolaridade do brasileiro, cremos que a tendência é que a maioria dos

futuros pastores tenha formação superior, seja em Teologia ou não. Para dar sustentação a

essa afirmativa, recorremos ao estudo apresentado pelo Instituto Ernst & Young e pela

Fundação Getúlio Vargas. Eles preveem que dentro de pouco mais de 10 anos, a escolaridade

média do brasileiro aumentará de 7,4 para 9,3 anos. O estudo denominado “Brasil 2020: Os

Desafios da Economia Global” faz a estimativa do grau de instrução da população em idade

ativa, ou seja, entre 15 e 64 anos. Os desafios da competitividade no mercado de trabalho

levam as pessoas a buscar mais capacitação e mais qualificação. Agora desejam fazer um

curso superior e até mesmo uma pós-graduação. E o evangelho tem chegado a todas as

classes econômicas e sociais no Brasil.

9) Quanto ao tempo de dedicação à Igreja: 78%, ou seja, sete se dedicam integralmente ao

trabalho pastoral e de liderança; apenas dois o fazem parcialmente. Um deles, contudo,

passará a trabalhar em tempo integral a partir de 2011. Com a mudança de estrutura na Igreja

Batista Central em 2007/2008, novos pastores serão consagrados somente em regime de

tempo integral, ou seja, pelo menos oito horas de dedicação diária.

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10) Finalmente, sobre o tempo em que se dedicaram a trabalhar secularmente: apenas um pastor

nunca trabalhou secularmente, desde sua juventude se dedica a algum ministério da Igreja de

tempo parcial. Posteriormente, passou a compor a equipe de pastores da Igreja Batista Central

de Belo Horizonte, dedicando tempo integral ao pastoreio. Encontramos um pastor que atuou

secularmente na faixa de 6 a 15 anos; cinco pastores, na faixa de 16 a 25 anos, representando

56% dos pastores pesquisados. E 22%, ou seja, dois pastores trabalharam secularmente por

mais de 25 anos.

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II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em Efésios 4.11-13 o Apóstolo Paulo escreve – “E ele mesmo concedeu uns para

apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,

com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço, para a

edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno

conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude

de Cristo”. As Escrituras nos ensinam que o preparo e a capacitação dos santos têm relevante

importância na Igreja. O modelo da Igreja Batista Central é de uma Igreja em Células,

desenvolvido ao longo dos últimos dez anos, respeitando sua origem histórica de quase 40

anos na Capital mineira.

O Prof. Ruben Muzio no seu livro “DNA da Liderança” esclarece: “Igrejas em

células e outros modelos ministeriais têm demonstrado que, em vez da onipotência do pastor-

profissional que conduz os ministérios e supervisiona toda a congregação, existe uma

liderança múltipla no coração da igreja. Nessas comunidades, os líderes de células assumem

funções pastorais, ministrando aos membros suas necessidades durante reuniões similares a

grupos de terapia”. A Igreja Batista Central levou dez anos para se transformar em uma

Igreja em Células, com três níveis de atuação, como está no item Intervenção.

“Nesse processo vemos que o fator determinante para o máximo impacto de uma igreja não é

seu ministério pastoral ou um determinado modelo ministerial, mas o desenvolvimento da

liderança”. Pr. Paulo Mazoni, Pastor Titular da Igreja Batista Central de Belo Horizonte.

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Durante o curso na FTSA vimos a citação de George Barna: “A igreja americana

está morrendo por falta de uma liderança forte. Nada é mais importante que liderança”.

Joel Comiskey, escritor e pesquisador do movimento de igrejas em Células, foi ainda

mais incisivo ao afirmar: “Grupos pequenos não são a resposta. Grupos pequenos vêm e vão;

eles surgem e desaparecem. As igrejas não fazem a colheita pelo fato de terem grupos

pequenos. Eles fazem a colheita porque tem trabalhadores para fazer a colheita. Igrejas que

não têm nenhum plano para formar líderes, planejam, por omissão, perder a colheita”.

R. Muzio descreve as Quatro Dimensões do Crescimento (fig. 3):

FiF

Figura 3 - As quatro dimensões do crescimento segundo R. Muzio

O sistema celular permite que a Igreja local experimente as dimensões de

crescimento apresentados pelo missionário da SEPAL. Cada Célula se apresenta como uma

manjedoura para reprodução, incorporação de novos membros, permitindo sua inserção no

Corpo de Cristo. A Célula presta serviços comunitários e torna a igreja relevante na sociedade

em que atua. O ambiente celular é totalmente propício para a mediação de conflitos,

melhorando a qualidade de vida, aliviando a dor e gerando efetiva transformação.

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28

A criação do CCM – Centro de Capacitação Ministerial, dá o suporte para que as

ovelhas e os participantes das Células cheguem ao conhecimento e aprofundamento das

Escrituras de maneira contextualizada.

O que motiva a Igreja Batista Central a adotar a estrutura celular é não somente o

desejo de gerar novos líderes, mas também criar um sistema de discipulado eficaz que feche a

porta dos fundos, ou seja, que as pessoas possam ser alcançadas, cuidadas, discipuladas e

mentoreadas. É o que Paulo aconselha a Timóteo: “E o que de minha parte ouviste através de

muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a

outros”, 2Timóteo 2.2. João registra estas palavras de Jesus: “Não fostes vós que me

escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e

deis fruto, e o vosso fruto permaneça”. João 15.16a. A permanência dos alcançados pelo

evangelho no Corpo de Cristo, reunindo-se em uma igreja local, tem sido objeto de estudo

pelas igrejas e no meio acadêmico. A Igreja Batista Central de Belo Horizonte, por meio de

seu modelo de gestão de Células, aliado a uma escola que continuamente busca o incremento

da qualidade e melhoria de ensino, proporciona a cada ano uma reavaliação e revitalização

dos cursos oferecidos. Eles visam prioritariamente capacitar o leigo para o exercício

ministerial, na liderança celular e mentoreamento dos que são alcançados. Isso eleva o

contingente dos que permanecem na igreja e traz crescimento qualitativo e quantitativo à

igreja local.

O Professor e Pós-Doutor Ronaldo de Paula Cavalcante, em seu artigo “O Neo-

Fundamentalismo na Pós-Modernidade”, trata da estagnação numérica da igreja histórica no

Brasil: “Este segmento assume feições fundamentalistas e abandona seu passado de

vanguarda social após ser transplantado e estabelecido no novo mundo. Com o passar do

tempo os movimentos fundamentalistas protestantes, agora presentes na América Latina,

deixam pra trás o estigma da minoria herética e cismática que os marcou e vão ganhando

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fôlego e ocupando o espaço religioso na nova geografia. Inicialmente são mais facilmente

identificados entre os grupos pentecostais, em seguida, com a presença pífia e a estagnação

numérica do protestantismo histórico, este se vê vulnerável à mensagem fundamentalista,

uma vez que o diagnóstico está dado: o liberalismo teológico é a causa imediata da

derrocada protestante; as causas sociológicas, econômicas, a estratégia política, etc., são

descartadas a priori como explicação possível e o discurso persuasivo de fidelidade à

palavra de Deus e defesa da fé, tornam-se os instrumentos de purificação” . A Igreja Batista

Central nunca desejou nem pensou criar um modelo para o crescimento da igreja local.

Apenas passou a registrar que a constante busca do aprimoramento da qualidade na

capacitação dos líderes poderia proporcionar uma retenção de vidas que dia a dia passaram a

se juntar em Células espalhadas por toda Belo Horizonte.

A visão que move esta Igreja na constante busca do aprimoramento e capacitação do

líder está registrada em Apocalipse 7.9: “Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que

ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do

Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos”.

Joel Comiskey, em seu livro “Multiplicando a Liderança”, cita, de maneira clara, o

resultado que buscamos alcançar nas Células por meio dos líderes intencionalmente formados

e gerados: “Se a reprodução da célula é o principal objetivo de cada líder, o treinamento da

liderança deve cumprir esse propósito. Esse foco vai desfazer toda confusão desde o primeiro

dia de treinamento. Ele vai desenvolver o líder nas áreas que tornarão a multiplicação da

célula em uma realidade. Vai transformar os programas de treinamento geral e amplo em

treinamento especializado. Em vez de treinar um exército permanente, vai preparar uma

força-tarefa vibrante, que se concentrará na mais importante tarefa da liderança. Ter o foco

concentrado na reprodução da célula ajudará líderes em potencial a obter confiança e

clareza. Também vai ajudar o líder a pastorear os membros e treinar os novos membros.

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Para quê? Para que o grupo possa se reproduzir. A principal tarefa do líder é treinar o

próximo líder de célula – não encher a casa de visitantes. Capacitar e liberar pessoas para

liderar é o alvo. Os grupos pequenos não são a solução para o que a igreja mais

desesperadamente precisa. Ao contrário, igrejas crescem e diminuem na proporção em que

têm liderança treinada, com talento e com dons. E o melhor contexto possível já descoberto

para desenvolver líderes é o ambiente de grupos pequenos.”

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III INTERVENÇÃO

Neste quesito vamos delinear o programa de formação de líderes leigos, baseado na

metodologia de uma Igreja em Célula. O objetivo é disseminar a metodologia gratuitamente

às igrejas, não só para os que desejam capacitar líderes que se dediquem a cuidar das ovelhas

que a cada dia vão sendo acrescentadas ao rebanho, mas principalmente para que líderes

possam gerar novos líderes.

Devemos ter em mente que a visão de uma igreja em Células, a exemplo da Igreja

Batista Central de Belo Horizonte, é a de uma igreja que se reúne aos domingos nos cultos de

celebração e, durante a semana, nas casas, com o objetivo de evangelizar, confraternizar,

edificar, servir e multiplicar-se em novas Células, levando mais e mais pessoas a aceitar

Cristo como Salvador.

Pertencer a uma igreja em Células é vivenciar um novo estilo de vida. Célula é o lugar onde

nos sentimos amados, cuidados, encorajados, valorizados perdoados, ouvidos, entendidos.

A Célula é o lugar onde temos a oportunidade de compartilhar as Escrituras de forma

correta e reveladora e podemos aprender a desenvolver o potencial ao máximo. Tornamo-nos

bem-sucedidos e desafiados a causar impacto positivo e transformador nos ambientes

familiar, profissional, estudantil e social em que vivemos. Por meio da Célula, sempre haverá

um chamado para servir, contribuir, colaborar, em vez de somente receber, ganhar, ser servido

e obter. Assim, fazemos ao outro o que gostaríamos que nos fizessem.

Na visão celular, cremos que cada lar é uma igreja e cada cristão um ministro. E

nesse meio é que são gerados os líderes leigos. Com essa prática, a igreja se transforma em

uma manjedoura de líderes.

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Paulo escreve aos efésios em 4.11-12 que Deus concedeu dons à liderança da igreja

com o propósito de treinar os leigos para servir. O alvo da liderança, portanto, é “preparar o

povo de Deus para o serviço, a fim de construir o corpo de Cristo”. João ecoa essa verdade

em Apocalipse 1.6 ao afirmar que Cristo fez de nós um reino de sacerdotes.

Vemos que os três níveis de atuação da igreja preparam o cristão para se relacionar

com Deus, com o Corpo de Cristo e com o mundo: Grupo pequeno ou Célula, CCM e Grupos

de Discipulado – GDs. Vejamos cada um deles detalhadamente:

Grupo pequeno ou Célula

Na Célula, o líder encontra pessoas das mais variadas origens: igreja romana, afro-

brasileira, incrédulos de outras categorias religiosas e até mesmo ateus. Veremos a

estruturação dos pequenos grupos e a prática semanal, que se complementa com eventos

informais, com ponto forte em evangelismo, cuidado e discipulado.

Quando as Células foram se multiplicando, houve a necessidade de se cuidar e

discipular os novos líderes que foram sendo gerados. Assim, nasceu a figura do discipulador,

que é o líder que gerou várias Células na multiplicação. Continua a liderar sua Célula e se

reúne quinzenalmente com os novos líderes no GD – Grupo de Discipulado. Ali a Palavra de

Deus é ministrada, com momento de louvor, adoração, compartilhamento, oração e prestação

de contas.

Os GDs foram crescendo de tal forma que houve necessidade de se criar outro nível

de liderança, surgindo assim a figura do Coordenador de Área, que ministra sobre a vida de

seus liderados diretos – os discipuladores. Geralmente é levantado para Coordenador o líder

que sente um forte chamado pastoral. Futuramente, pode tornar-se pastor de área. O pastor

de área se reporta ao Pastor de Rede, que já foi líder de Célula, foi crescendo, multiplicando

sua Célula e gerando novos líderes, discipuladores e coordenadores. Assim nasceu a atual

estrutura da Igreja Batista Central de Belo Horizonte, que pode ser visualizada na figura 2.

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2. O Centro de Capacitação Ministerial – CCM

A antiga EBD – Escola Bíblica Dominical, passou por uma profunda reestruturação

nos dez últimos anos, quando sentimos a necessidade de ampliar o alcance do ensino bíblico.

O propósito era oferecer oportunidade de aprendizado que fosse além do costumeiro domingo

de manhã. Novas turmas foram sendo abertas com o passar do tempo. O alvo era capacitar o

leigo a dirigir uma reunião de pequeno grupo, discipular e cuidar dele para que gere novos

líderes. O modelo é Jesus Cristo, ensinar como ele ensinou. Surge então o CCM – Centro de

Capacitação Ministerial da Igreja Batista Central de Belo Horizonte. O Centro de Capacitação

fornece ao aluno não só apostilas de acordo com o curso escolhido, mas também uma ampla

relação de livros e leituras complementares. E o leigo tem a oportunidade de praticar tudo o

que aprendeu no Centro de Capacitação nas reuniões semanais da Célula.

A capacitação teórica em sala de aula se dá em três níveis:

2.1 Vida Cristã

Vida Cristã é a primeira etapa de preparação do futuro líder. Em seus primeiros

passos, após sua decisão de caminhar com Jesus, tornando-se discípulo do Mestre, o objetivo

é dar uma direção segura baseada na Palavra de Deus. É dar o alimento necessário para o

crescimento espiritual do recém-convertido, a pequena semente que o Pai, o autor da vida,

fará crescer, frutificar e permanecerá para sempre.

No curso Vida Cristã, com duração de um semestre, são abordados os seguintes

tópicos:

1 – Uma decisão importante;

2 – Como enfrentar o mundo;

3 – Como falar com Deus;

4 – Vida equilibrada: conhecendo a vontade de Deus;

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5 – A Palavra: Fonte da vida;

6 – Igreja: uma comunidade viva;

7 - Batismo: um passo de obediência;

8 – Compromisso do cristão;

9 – Disciplina na Igreja;

10-Termo de Compromisso.

2.2 Básico

No Curso Básico, também com duração de um semestre, o cristão desenvolve o

aprendizado das Escrituras Sagradas, além de temas complementares. Os temas do Curso

Básico são:

1 - Conhecendo as Escrituras;

2 – Panorama do Antigo Testamento;

3 – Panorama do Novo Testamento;

4 – Qual a importância da Bíblia;

5 – Que influência a Bíblia exerce em nossa vida espiritual;

6 – A Bíblia é a Palavra de Deus;

7 – Os manuscritos são confiáveis?

8 – As profecias cumpridas confirmam que a Bíblia é a Palavra de Deus;

9 – Como a Bíblia chegou até nós;

10 – Como Deus nos comunica a sua verdade?

11 – Como a Bíblia foi considerada ao longo da história;

12 – Como a Bíblia é vista por aqueles que acreditam que parte dela, mas não toda ela, é a

Palavra de Deus?

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13 – Como a Bíblia é vista por aqueles que aceitam o sofrimento do cristianismo e a Bíblia como

a Palavra de Deus;

14 – Qual a mensagem da Bíblia;

15 – Como podemos estudar com proveito;

16 – Como podemos interpretar a Bíblia com exatidão;

17 – Como podemos aplicar a Bíblia com fidelidade.

2.3 Treinamento

O módulo Treinamento tem a duração de um ano. Treinamento é um dos mais

importantes no currículo de formação e capacitação do líder e está dividido em três capítulos.

Temas do módulo Treinamento:

1) Chamados com um propósito;

2) Transmitindo a visão;

3) Células:

- O que são Células;

- Células, para quê?

- Quais os objetivos de uma Célula?

- A reunião da Célula;

- A estrutura da Célula;

- A disciplina da Célula;

- Os estágios da vida da Célula;

- A importância das metas para a liderança da Célula;

- Planejamento da Célula;

- Multiplicando a Célula;

- Elementos da boa liderança;

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- Erros que devemos evitar no sistema celular;

- Como proteger sua Célula;

- Como ser um líder bem-sucedido;

- Como gerar novos líderes;

- Célula de crianças.

O Curso de Treinamento, aliado ao discipulado e mentoreamento, capacita o líder a

exercer a liderança no pequeno grupo ou Célula. Neste curso, o líder é desafiado a aprofundar

ainda mais seus estudos, matriculando-se nos cursos avançados de Novo Testamento, Antigo

Testamento, Oração, Missões, Liderança e muitos outros.

A capacitação e a formação no conhecimento da Palavra de Deus são muito

importantes para o crescimento espiritual do líder. A espiritualidade de um líder, seja líder de

Célula, discipulador, coordenador ou pastor, no contexto da Igreja Batista Central, é um

aspecto determinante para o sucesso do seu ministério. Um líder não pode levar seus liderados

a lugares onde nunca esteve e desconhece. Sendo assim, o tamanho e alcance do ministério de

um líder são diretamente proporcionais à profundidade e intensidade de sua espiritualidade.

Nesse sentido, a Palavra de Deus ao líder Josué foi clara: “Não deixe de falar as palavras

deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo

o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido”

Josué 1.8.

Para ser próspero e bem-sucedido em seu empreendimento, Josué deveria cumprir

com fidelidade o que estava escrito na Lei de Moisés. Para cumprir essa lei, ele precisava ler e

meditar nela, ou seja, exercitar-se espiritualmente.

No livro do profeta Jeremias, há uma dura advertência contra os líderes sem

espiritualidade: “Os sacerdotes não perguntavam pelo Senhor; os intérpretes da lei não me

conheciam, e os líderes do povo se rebelaram contra mim. Os profetas profetizavam em nome

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de Baal, seguindo deuses inúteis”, Jeremias 2.8. Que grande absurdo pensar nas funções que

um sacerdote, intérprete da lei, líder do povo e profeta tinham que desempenhar. Na

Jerusalém da época, esses líderes estavam desempenhando suas funções sem buscar a Deus,

ou seja, de maneira religiosa, mecânica e vazia, o que tornou o ministério deles infrutíferos e

despertou a ira do Senhor.

Para que não seja assim conosco, a Igreja Batista Central de Belo Horizonte ensina

quatro exercícios espirituais quando forma seus liderados. Os exercícios espirituais devem ser

praticados para alongar e fortalecer a espiritualidade do líder que, por sua vez, ensina os que

estão sob seu comando a fazer o mesmo. Os quatro exercícios espirituais são: 1 – Leitura

bíblica; 2 – Oração; 3 – Jejum; 4 – Confissão.

No seu livro “Práticas Devocionais”, Elben Lenz César registra: “A prática da leitura

da Palavra de Deus é a arte de procurar o Senhor nas páginas das Sagradas Escrituras até

achar, a arte de enxergar a riqueza toda que está atrás da mera letra, de ouvir a voz de Deus,

de relacionar texto com texto e de sugar todo o leite contido na Palavra revelada e escrita,

tanto nas passagens mais claras como nas passagens aparentemente menos atraentes, através

de uma leitura responsável e do auxílio do Espírito Santo”.

Nesse mesmo livro, Elben Lenz César revela a importância da oração: “A prática da

oração é a arte de entrar no Santo dos santos e de se colocar na presença do próprio Deus

em espírito, por meio da fé, valendo-se do sacrifício de Cristo, e falar com Deus com toda

liberdade através da palavra audível ou silenciosa.”

Sobre confissão, Elben Lens César adverte: “A prática da confissão é a arte de se

apresentar constantemente diante de Deus para se declarar culpado pelos pecados pessoais e

específicos, depois de suficientemente alertado e repreendido pela boa consciência, pela

Palavra de Deus e pelo Espírito, com o propósito de obter perdão e purificação, mediante a

obra vicária de Jesus Cristo. A confissão verdadeira remove a crise provocada pelo pecado e

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restaura a comunhão perdida ou arranhada. A sua comprovação depende mais da fé do que

dos sentimentos. Por meio da contínua confissão de qualquer transgressão e de qualquer

omissão é perfeitamente possível manter a higiene da alma”.

A espiritualidade do líder é algo importante e relevante na Igreja Batista Central.

Outro ensino muito importante na vida do líder que está sendo gerado na Igreja diz respeito à

prestação de contas. Ela deve ser feita nos encontros individuais entre o discipulador e seu

liderado. Sobre prestação de contas, afirma Charles R. Swindoll: “O conselho que nos

admoesta a nos comportar só chega até certo ponto a nos ajudar a subjugar nossos corpos e

evitar que sejamos reprovados, 1 Coríntios 9.27. Para tornar o treinamento mais eficaz, a

prestação de contas pessoal é inestimável. Como já tratei deste assunto em livros anteriores,

não há razão para eu repetir as mesmas coisas em grandes detalhes aqui. Mas permita-me

sublinhar, mais uma vez, o quanto a prestação de contas é essencial para manter uma vida

pura diante dos outros e uma caminhada íntegra com Deus.

A auto-análise é salutar e boa. Tempo a sós diante do Senhor deve permanecer em alta

prioridade. Mas não podemos parar aí. Sendo criaturas com pontos cegos e tendências à

racionalização, devemos também manter contato com alguns indivíduos dignos de confiança,

com quem nos encontraremos com regularidade. Saber que esse encontro vai acontecer nos

ajuda a segurar as pontas moral e eticamente. Não conheço nada mais eficaz para a

manutenção de um coração puro e da vida equilibrada e firme no alvo do que fazer parte de

um grupo de prestação de contas. É incrível o que um grupo desses pode fornecer para nos

ajudar a restringir nossas paixões!”

É na formação e capacitação do líder que a Igreja Batista Central ensina a prestar

contas. O líder em treinamento presta contas ao seu líder de Célula, o líder de Célula, ao seu

discipulador, o discipulador, ao seu coordenador, o coordenador, ao seu Pastor de Rede e este,

ao Pastor Titular e presidente do Conselho Pastoral.

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3. Grupos de Discipulado – GD’s

A Igreja Batista Central de Belo Horizonte está estruturada para que todas as pessoas

sejam cuidadas, assistidas, orientadas por alguém, daí o estabelecimento dos Grupos de

Discipulado, ou simplesmente GDs. O discipulador tem a missão de ser o guardião da visão.

O discipulador tem como papel preponderante cuidar dos líderes que ele gerou na

multiplicação dos seus pequenos grupos, observando seis aspectos muito importantes:

3.1 – Cuidar das ovelhas

O livro de Atos 20.28-29 nos ensina: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o

qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele

comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós

penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho”.

3.2 – Conhecer e visitar as ovelhas

Os líderes de um GD eficaz procuram conhecer cada pessoa que entra no seu setor,

visitando as Células e criando oportunidades de convívio.

3.3 – Procurar as ovelhas

Em Lucas 15.4 Jesus conta a parábola de um pastor que deixa suas 99 ovelhas e vai

procurar aquela que se perdeu. Sabendo que este mundo dominado por Satanás está sempre

operando contra a santidade na vida dos membros e líderes de Células, um verdadeiro pastor

vai atrás de cada uma das suas ovelhas.

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3.4 – Alimentar as ovelhas - Salmo 23.1-3

No encontro do GD, a Palavra de Deus sempre tem um lugar central. Eles precisam

aplica ao seu dia a dia. Dessa forma, as ovelhas são alimentadas e se sentem satisfeitas na

reunião de GD.

3.5 – Alimentar as ovelhas - João 10.10; Efésios 6.12

O Adversário anda a nossa volta como um leão que ruge, procurando devorar o

rebanho de Deus, 1 Pedro 5.8-9. Na igreja em Células, cinco líderes, em média, estão sob os

cuidados e a orientação de um discipulador de GD, responsável pela proteção, orientação,

cuidado, correção e crescimento espiritual do seu rebanho.

3.6 – Estar disposto a multiplicar a liderança

Igrejas em Células equipam seus líderes de forma bem-sucedida, usando tanto o

trabalho prévio como o treinamento contínuo. A liderança pastoral na igreja em Células

precisa confiar que o Espírito Santo opera por meio daqueles que desejam servir a Jesus,

demonstram entusiasmo e têm um testemunho claro.

O discipulador representa, no contexto da estrutura, a pessoa que detém autoridade

espiritual. Identificamos quatro níveis de autoridade:

1 Autoridade de posição – Ser discipulador é servir, e a melhor forma de aumentar sua

autoridade é servindo os outros;

2 Autoridade de especialista – Para crescer em sua autoridade de especialista, o discipulador

deve ler muito sobre o ministério de Células, desenvolver suas habilidades, refletir sobre a

experiência própria e absorver conhecimento de outros discipuladores.

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3 Autoridade espiritual – A autoridade espiritual vem do relacionamento do discipulador com

Deus. Os melhores discipuladores são aqueles que gastam tempo na presença de Deus,

obtendo assim discernimento renovado para oferecer aos seus líderes.

4 Autoridade relacional – É um tipo de autoridade que pode melhorar continuamente ao investir

tempo nas pessoas, ao identificar as paixões e interesses comuns, incluindo áreas que não

estão ligadas ao ministério. Autoridade relacional é exercida quando se prioriza o interesse

dos liderados mais do que os próprios, buscando atender à agenda deles. Existe um princípio

divino de autoridade. Em Romanos 13.1, Paulo revela que toda autoridade procede de Deus.

O discipulador é responsável por gerar, dirigir e observar a realização dos GDs –

Grupos de Discipulado. Destacamos abaixo componentes-chave que tornam um GD atraente:

1 Transparência e autenticidade entre discipulador e discípulo;

2 Intimidade com Deus e com os discípulos;

3 Capacidade de influência do discipulador – imitadores de Cristo;

4 Disponibilidade para ouvir o discípulo;

5 Unidade: unidos em um só Espírito;

6 Dar liberdade para que o Espírito Santo de Deus lidere o GD e os participantes experimentem

os milagres e maravilhas;

7 Incentivar os membros do GD a buscar a Deus;

8 Demonstrar interesse e amor pelo discípulo;

9 Atrair a presença manifesta de Deus pela busca constante do Senhor em oração;

10 Certeza de um lugar de cura, cuidado, orientação, correção e crescimento espiritual;

11 Lugar de aplicação da palavra de Deus.

Joel Comiskey afirma que, sem uma supervisão sólida e cuidados, os líderes podem:

- Perder o ânimo;

- Ficar esgotados, lamentando não ter se envolvido em algo menos exigente;

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- Permitir que Células que eram saudáveis comecem a morrer lenta e dolorosamente.

Comiskey ensina como diagnosticar problemas: “Discipuladores eficazes vêem os

problemas antes deles se tornarem problemas. É função dos discipuladores ajudarem os

líderes de célula no processo de cura, sabendo que todas as pessoas já erraram alguma vez”.

Alguns problemas são comuns no relacionamento de discipuladores e discípulos:

desencorajamento, desânimo, falta de habilidade para conduzir a reunião de Célula,

problemas pessoais, pecado escondido, rebeldia, problemas nas Células e necessidades

ministeriais problemáticas de membros das Células.

Ao ser diagnosticado um problema, o discipulador deve buscar ajuda com o Pastor

de Rede, com outros discipuladores, em livros, artigos e na própria experiência pessoal. Não

deve tirar conclusões precipitadas, errar ao definir o problema, bem como não exagerar na

ação.

Ele pode ter maneiras variadas para cuidar dos seus líderes, mas a melhor

combinação já experimentada é unir o trabalho individual com o discipulado em grupo. Ao

praticar regularmente hábitos de receber, ouvir, encorajar, cuidar, treinar, desenvolver uma

estratégia e confrontar desafiando, os discipuladores terão as ferramentas certas para usar em

seus relacionamentos com seus liderados.

Relacionamos abaixo sugestões de uma agenda mínima de discipulado:

- Orar diariamente por seus líderes;

- Fazer contato semanal com seus líderes;

- Encontrar-se quinzenalmente com seus liderados, seja em reuniões individuais ou em

grupo;

- Mensalmente avaliar os relatórios das reuniões das Células, fazendo sugestões e dando

contribuições.

- Visitar trimestralmente as Células, avaliando, despertando potenciais, indicando

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alunos para o CCM, candidatos ao batismo e futuros líderes;

- Avaliar metas e resultados.

As considerações acima não visam ditar uma fórmula aos discipuladores, mas sim

possibilitar a revisão de valores em relação ao trabalho e à missão do discipulador. Assim se

concretizará não só a visão de discipulado da Igreja Batista Central, mas também haverá uma

reflexão sobre a vontade de Deus para a vida de cada um. Porque cremos que tudo se edifica

ou se derruba conforme a liderança. Em Gálatas 6.9, o apóstolo Paulo nos anima quando

afirma: “E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não

desanimarmos”. Assim, devemos prosseguir para o alvo, comprometidos com a obra do

Senhor. Como cita Joel Comiskey: “O nosso desejo é que você siga na direção para o qual

Deus o chamou, desenvolvendo líderes que irão superar as suas próprias habilidades e dons

de liderança”.

Esse contexto, em que os novos líderes gerados na igreja se empenham e geram

novos líderes que se multiplicam em pequenos grupos, reunindo-se semanalmente nos lares e

ambientes de trabalho, desperta o interesse de outras igrejas que desejam conhecer o que Deus

tem feito na Igreja Batista Central de Belo Horizonte.

Como uma igreja histórica, que em 40 anos manteve 300 membros, passa a

congregar 5.000 pessoas em 500 células? Esse crescimento espantoso atrai a atenção de

outros líderes que começam a buscar a Igreja para aprender a fazer o mesmo em sua igreja

local.

Para responder a essa demanda que com o passar do tempo muito se intensificou, foi

criado um plano de ação que atendesse os pastores dos mais variados pontos do Brasil e até

mesmo do exterior.

Esse plano é fruto de um projeto de liderança criado por um de nossos líderes durante

um seminário do Instituto Haggai. Seu alvo era equipar a liderança com lições de Células da

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Igreja Batista Central, com ministrações e sugestões específicas que capacitassem todos

aqueles que quisessem adotar a visão de igreja em Células. O projeto contemplava também

estratégias simples para que cada pastor pudesse planejar a transição de maneira tranquila e

suave, fazendo adaptações que melhor lhe conviesse, de acordo com as características

próprias de sua igreja.

Surge assim o Seminário Transmitindo o DNA. Mensalmente, pastores de todo o

Brasil se inscrevem via site, gratuitamente, para um programa de fim de semana nas

dependências da Igreja Batista Central. Ali, pastores e líderes ministram e compartilham a

vivência de igreja em Células, as experiências, as vitórias, dificuldades, derrotas e conquistas

experimentadas nas Células e nos grupos de discipulado.

No Seminário, os pastores se inscrevem gratuitamente e também de maneira gratuita

recebem todo o material para sua capacitação: as lições de Células ministradas durante 10

anos, desde a implantação do modelo celular, as apostilas dos cursos que formam os líderes -

Vida Cristã, Básico e Treinamento. Também recebem a permissão de personalizar este

material com o nome de sua igreja e usar todos os arquivos apresentados no DNA.

Os pastores podem reproduzir livremente todo o conteúdo recebido de maneira a

disseminar este conhecimento no maior número de igrejas possível. A liderança da Igreja

Batista Central acredita que desta forma está abençoando vários ministérios no Brasil e fora

dele. Isso porque no primeiro semestre de 2011 será enviado a Angola, após uma longa

capacitação, o primeiro casal missionário da Igreja Batista Central. Eles se converteram em

uma Célula, tornaram-se líderes e, posteriormente, discipuladores de outros líderes.

Receberam o chamado de Deus para iniciar um trabalho, uma igreja em Células em Angola,

aliado a um trabalho com crianças de rua.

Durante o ano de 2011, foram realizados nove eventos de DNA na Central, como

segue abaixo:

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Figura 4 – Participações nos Seminários DNA em 2010

O Seminário Transmitindo o DNA alcançou não somente igrejas históricas, como

também igrejas pentecostais e neopentecostais, como mostra esta figura:

Figura 5 – Denominações participantes do DNA em 2010

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O Seminário alcançou vários estados do Brasil, com predominância de Minas Gerais,

seguida do Espírito Santo e Rio de Janeiro e vários outros estados, conforme consta do

gráfico:

Figura 6 – Estados brasileiros representados nos Seminários DNA em 2010

A implantação do modelo de igreja em Células em todo o mundo tem possibilitado

às igrejas experimentar um crescimento quantitativo e qualitativo, ajudando-as a cumprir a

ordenança do Senhor Jesus Cristo na Grande Comissão: ir e fazer discípulos.

Se bem trabalhada, a metodologia transferida no Seminário DNA poderá, em curto

espaço de tempo, refletir aspectos altamente positivos na sua igreja, formando líderes e

atraindo cada vez mais pessoas para Jesus.

A ideia de Célula nasceu de forma muito simples e espontânea na igreja primitiva e

está registrada no livro de Atos 2. Os cristãos se reuniam nos lares e no templo,

compartilhavam o pão e a palavra, ajudavam-se mutuamente e tinham tudo em comum,

acrescentando-lhes o Senhor, dia a dia, aqueles que iam sendo salvos.

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Implantar a metodologia de Células é uma tarefa extremamente árdua, que exige uma

grande dedicação do pastor principal da igreja e de seus auxiliares. O objetivo principal é

atrair aqueles que não conhecem Jesus para lhes apresentar o evangelho, e pelo poder

transformador do Espírito Santo, receber graciosamente a salvação, por meio do

reconhecimento de Jesus como seu único e fiel salvador.

Por uma série de preconceitos, as pessoas, muitas vezes, se recusam a ir às igrejas.

Mas quando se trata de ir a uma casa onde se pode conversar, argumentar e sentir a comunhão

das pessoas com Jesus, tudo fica mais fácil.

A Célula é a porta de entrada da Igreja. Depois de frequentar a Célula durante algum

tempo, as pessoas são naturalmente convidadas a frequentar a igreja, a se batizar e iniciar a

sua trajetória de vida cristã.

A formação de líderes é um subproduto excepcional no desenvolvimento das

Células. O pastor, no modelo tradicional, fica sobrecarregado com muitas atribuições da

igreja, principalmente na área de atendimento às pessoas, no cuidado e no acompanhamento

da trajetória cristã de cada novo convertido.

Muitas igrejas têm procurado informações a respeito de como implantar as Células.

Para isso procuram igrejas que já tenham a metodologia funcionando, compram livros

específicos sobre o assunto, participam de seminários e cursos voltados para esse fim. Querem

aprender como se inserir no contexto de Células.

Sensível a essa demanda, a Igreja Batista Central de Belo Horizonte preparou para

oferecer graciosamente às igrejas de qualquer denominação, um kit contendo as ferramentas

principais para implantar o modelo celular. É uma espinha dorsal, que precisa ser avaliada e

complementada para que a igreja chegue ao seu modelo próprio e particular, que reflita sua

cultura, regionalismo e estratégias.

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O kit contempla seis módulos principais:

1o Módulo – Relatórios de Controle

- Cadastro de membros de Célula;

- Controle de presença - para o líder;

- Ficha de cadastro de Célula;

- Ficha de batismo;

- Ficha de transferência de igreja;

- Ficha de decisão para novos convertidos;

- Minha Célula - cadastro para o líder;

- Perfil da Célula;

- Planejamento do mês;

- Planejamento da multiplicação;

- Cadastro de visitantes da Célula;

- Relatório semanal.

2o. Módulo – Lições para as Células

- Estação de comunhão;

- Estação de crescimento;

- Estação do cuidado;

- Lições avulsas;

- Série A vida de Jesus;

- Série Conexões com Deus;

- Série Valores;

- Série Grandes Perguntas sobre a fé cristã;

- Série História de Atos;

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- Série Meu relacionamento com Deus;

- Série Quem é Jesus;

- Série Tiago: a fé que se revela;

- Série Transformando Vidas;

- Sugestões de quebra-gelo;

- Livros de referência que podem ser usados como textos para as reuniões.

3o. Módulo

- CCM: Apostilas e Apresentação;

- Células de crianças;

- Material para formação de discipuladores;

- Para pastores: Material informativo sobre a visão de Células.

4o Módulo

- Apresentação de PowerPoint e vídeos utilizados no seminário.

5o. Módulo

- Vídeo de apresentação das Quatro Estações da Central;

- Jornal “Notícias da Central”.

6o Módulo

- Apresentação do Encontro com Deus;

- Materiais para impressão;

- Organização do Encontro com Deus;

- Palestras;

- Teatros.

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CONCLUSÃO

Esperamos com este projeto fomentar a criação de um conjunto de instrumentos e

ferramentas que possibilitem a formação e a capacitação de leigos para liderar ministérios nas

igrejas, mas principalmente para que líderes gerem novos líderes para a Glória de Deus.

A geração de líderes leigos vem preencher uma lacuna para o crescimento qualitativo

da Igreja cristã, tornando-a relevante em seu contexto social, visando ao desenvolvimento da

missão integral.

Essa manjedoura de líderes em que se transformou a Igreja Batista Central com suas

Células ainda tem um resultado imprevisível não só no crescimento e multiplicação da Igreja

local, mas também em como isso poderá impactar o Reino de Deus no Brasil. O fato é que só

em 2010, quase 5.000 pessoas estavam se reunindo em Células semanalmente, o que se traduz

em milhares de vidas transformadas pelo poder de Deus. Casamentos e famílias restauradas,

vidas totalmente mudadas, jovens livres das drogas, em processo de santificação e buscando a

Deus. A Igreja Batista Central encerrou o ano de 2010 com os seguintes resultados:

- Cinco Redes de Células;

- Quase 5.000 pessoas frequentando as Células;

- Mais de 500 Células funcionando semanalmente em toda a grande Belo Horizonte;

- 25 missionários no Brasil e no exterior;

- Mais de 1.000 alunos estudando no CCM – Centro de Capacitação Ministerial da Igreja

Batista Central de Belo Horizonte.

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Quanto ao projeto DNA, gerado dentro da igreja por um líder leigo, líder de Célula

que mantém sua atividade profissional, está conduzindo o trabalho de multiplicação de líderes

repassando a visão que Deus deu à Igreja Batista Central, abraçado por toda a igreja. Após as

ações iniciadas durante o ano de 2010, os números foram bem significativos:

- 420 participantes nas nove edições realizadas;

- 212 Igrejas envolvidas;

- Diversas denominações unidas;

- 13 Estados em 80 municípios representados;

- 100 participantes no Retiro de Pastores em outubro;

- Mais de 100 voluntários mobilizados, entre pastores e líderes da Igreja.

A geração de líderes leigos pela igreja local tem sido uma resposta da igreja

contemporânea para sustentar o crescimento e o avanço da igreja, preparando seus líderes

para evangelizar, discipular e enviar. A igreja primitiva de Atos dos Apóstolos crescia e

avançava em número dia após dia. Com esse trabalho, visamos dar uma colaboração para todo

o Corpo de Cristo. O Senhor tem usado a Igreja Batista Central de Belo Horizonte na

expansão do Reino de Deus ao transmitir a todos os interessados o funcionamento da sua

estrutura interna, as metodologias do modelo celular, disponibilizando tudo o que tem sido

gerado por ela

Muitas igrejas têm diminuído cada vez mais sua influência na sociedade, têm

decrescido em número e encontrado muitas dificuldades para gerar e manter uma liderança

saudável que se torne relevante. Nunca imaginamos criar modelos ou doutrinas, mas apenas

colaborar com o Corpo de Cristo e com a expansão do Reino de Deus.

A grande maioria das igrejas em todas as nações se encontra na casa de poucas

dezenas, numericamente falando, mas aquelas que têm experimentado um crescimento

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exponencial têm o dever de abençoar as que desejam crescer e influenciar mais e mais a nossa

sociedade.

Nesse contexto a Igreja Batista Central dá a sua contribuição para que o nome do

Senhor seja louvado, glorificado e conhecido por toda a terra. A ele toda honra, toda glória,

toda exaltação e o domínio pelos séculos dos séculos.

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