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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Elaborado por: Lúcio Flávio Mattos de Oliveira Davidson Bruno Gonçalves de Souza Castro A INCLUSÃO DAS LUTAS NAS AULAS DO ENSINO FUNDAMENTAL: A OPINIÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Junho, 2009.

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Este artigo buscou ter uma visão de como as lutas são vista pelos profissionais que já atuam na educação.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Elaborado por:

Lúcio Flávio Mattos de Oliveira Davidson Bruno Gonçalves de Souza Castro

A INCLUSÃO DAS LUTAS NAS AULAS DO ENSINO FUNDAMENTA L: A OPINIÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Junho, 2009.

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Lúcio Flávio Mattos de Oliveira Davidson Bruno Gonçalves de Souza Castro

A INCLUSÃO DAS LUTAS NAS AULAS DO ENSINO FUNDAMENTA L: A OPINIÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Educação Física do Centro Universitário Celso Lisboa como requisito à obtenção de aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão Curso.

Orientadora: Profª Drª Yara Lacerda

Junho, 2009.

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DEDICATÓRIA

A Deus, por nos ter permitido a vida e por colocar em nossos caminhos

pessoas fundamentais para nosso crescimento..

Aos nossos pais e família pelo incentivo e por acreditarem em nossa

capacidade e sempre estarem em oração pelo nosso sucesso.

Aos nossos amigos por terem participado desta conquista,

incentivando, torcendo e ajudando em nossos passos.

A todos os professores que participaram da nossa formação desde

a pré-escola até a nossa orientadora de TCC, pelos seus conselhos,

dedicação e ensinamentos.

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AGRADECIMENTO

A Jesus Cristo , o salvador, que, pelas suas bênçãos sem fim, me permitiu concluir a graduação e fez acreditar que poderia desenvolver este trabalho. A minha família, por estar sempre presente, participante e incentivando a cada momento. Aos professores (as) que contribuíram com minha formação desde a sala de aula até os corredores da faculdade. À professora Yara Lacerda por todos os ensinamentos, pela disponibilidade em ajudar e total paciência. Aos (Às) Professores (as) entrevistados que dispuseram do seu tempo para contribuir com o desenvolvimento da pesquisa.

Davidson Bruno Castro

A Deus , caminho, verdade e a vida, por minha existência. A minha esposa e meu filho, pela compreensão de dividir meu tempo e minha atenção . Aos meus pais , por todo incentivo e por, apesar de todas as dificuldades, sempre acreditaram em mim. Aos professores que participaram da minha formação, em especial aos professores Ricardo Ruffoni , Marcelo Crespo e Anderson Ribeiro . Os dois primeiros por, além do conhecimento passado, terem me ajudado, através do esporte, a conseguir cursar a faculdade. O último por todo conhecimento passado, pela amizade e por seus exemplos de humildade e sabedoria, os quais eu tenho como referência para minha vida e carreira. À professora Yara Lacerda, por todos os ensinamentos, pela disponibilidade em construir conhecimento. Aos (Às) Professores(as) entrevistados que dispuseram do seu tempo para contribuir com o desenvolvimento da pesquisa.

Lúcio Flávio de Oliveira

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A INCLUSÃO DAS LUTAS NAS AULAS DO ENSINO FUNDAMENTA L: A OPINIÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Lúcio Flávio Mattos de Oliveira1 Davidson Bruno Gonçalves de Souza Castro

RESUMO Atualmente, podemos observar que o conteúdo de Educação Física Escolar ainda é voltado para o esporte e isto parece ser um resquício da Educação Física competitivista, voltada para o desempenho físico e técnico desportivo do aluno. O objetivo deste estudo é identificar a visão do profissional de Educação Física do Ensino Fundamental em relação à inserção das lutas no conteúdo trabalhado na aula. A pesquisa foi de natureza aplicada, de campo, qualitativa, descritiva e exploratória. A população envolvida foi composta por professores de Educação Física atuantes no segmento escolar, perfazendo uma amostra de 17 sujeitos. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário validado. Concluiu-se que os professores entrevistados em sua maioria, ainda não sabem como inserir as lutas no contexto escolar e não tem plena ciência das possibilidades representadas pelos PCN. Levando em consideração o fato de que muitos se formaram antes da criação do documento, tal fato nos remete a sugerir a leitura minuciosa e tê-lo como ferramenta para consulta. Também fica evidente o fato de não haver na fala dos entrevistados diferença entre os conceitos de luta e arte marcial, sendo com freqüência utilizado um no lugar do outro.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, podemos observar que o conteúdo de Educação Física escolar

ainda é voltado para o esporte, e isto se faz crer que seja um resquício da Educação

Física Competitivista, a qual era voltada para o desempenho físico e técnico

desportivo do aluno (GHIRALDELLI, 2004). Mesmo assim, apenas alguns esportes

são ensinados, como o futsal, handebol, basquetebol e voleibol. Assim podíamos

dizer que o professor era um treinador e o aluno um atleta. Todavia, é sabido que

materiais e estudos mostram as variedades de possibilidades que a Educação Física

pode contribuir para a formação do aluno, de maneira a transcender o espaço

escolar.

O entendimento contemporâneo pode começar pelo estabelecido na Lei de

Diretrizes e Bases (LDB) em seu artigo 2º:

1 Graduandos do Curso de Educação Física do Centro Universitário Celso Lisboa.

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A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).

Em concomitância os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) propõem

diferentes atividades corporais, com ênfase em uma atitude cooperativa e solidária,

sem discriminações sociais, físicas, sexuais ou culturais por parte das escolas e dos

educadores (BRASIL, 1998 ). Um dos temas transversais proposto pelo documento

supracitado é a Pluralidade Cultural, que valoriza as diferentes práticas corporais

advindas das mais diversas manifestações culturais. Este documento destaca que

“no Brasil, as danças, os esportes, as lutas, os jogos e as ginásticas, das mais

variadas origens étnicas, sociais e regionais, compõem um vasto patrimônio cultural

que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado” (BRASIL, 1998, p.39).

O documento coloca ainda que um dos três blocos de conteúdos, que

deverão ser desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental, abarca as lutas

como uma das possibilidades para enriquecer o planejamento do professor de

Educação Física. Sabendo disto, é interessante abordarmos um pouco da história

das lutas para entendermos suas contribuições em nossa cultura e suas

possibilidades para nossa profissão.

As lutas remontam toda a historicidade do Homem. “O advento da luta

tradicional é um processo histórico universal e lógico. A luta apareceu paralelamente

com a criação das primeiras sociedades” (OLIVEIRA; SANTOS, 2006, s/p). Precisar

a origem das lutas não é possível, pois muitos povos têm vestígios de artes

primitivas para as guerras. Dos gregos podemos destacar o “pancrácio”, dos

romanos as técnicas dos gladiadores, mas acredita-se que na Índia e na China,

surgiram os primeiros indícios de formas organizadas de combate (FERREIRA,

2006).

Algumas Artes Marciais, do termo japonês buguei – guei: artes; bu: marcial,

bélico (ZOUGHARI, 2005) ganharam bastante força em nossa cultura, como é o

caso das orientais (Judô, Karatê-dô, Tae Kwon do), e também a Capoeira, que é

nosso patrimônio cultural imaterial. O judô Kodokan, mais conhecido como seu

primeiro nome Judô, foi fundado por Jigoro Kano em 1882. Em 1911, foi introduzido

no currículo das escolas do Japão e começou a ser difundido pelo país (KANO,

2008, p. 7). O Karatê-do foi introduzido no Japão em 1922 por Gichin Funakoshi, e

propagou-se por todo o mundo (LAGE; GONÇALVES JUNIOR; NAGAMINE, 2007).

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Ambas as Artes foram desenvolvidas com caráter educacional e com princípios e

filosofias que despertaram o interesse dos sistemas de ensino do Japão. Assim, na

pratica do karatê-do, Sasaki (1978) nos diz que a pratica do karatê nas escolas visa

formar o caráter do homem. Ademais benefícios, segundo Funakoshi (1975, p.14) o

karatê-dô não é apenas um esporte que ensina a bater e dar ponta pés; é também

uma defesa contra a doença e as moléstias.

Estas também foram introduzidas no Brasil com a chegada da migração

japonesa na primeira metade do século XX, sendo o judô a primeira, por volta de

1915. O Tae Kwon Do é uma Arte coreana que foi criada em 1955 pelo segundo-

tenente Choi Hong Hi. Chegou ao Brasil em 1970. É característica também desta

Arte a filosofia voltada para a formação de um Homem mais controlado, crítico e

pacífico. (MARTA, 2000).

A Capoeira pode ter sua origem em diversos movimentos de dança oriunda

da África. A partir de 1930 mostram-se duas manifestações: Angola e Regional. A

Capoeira de Angola era praticada pelos escravos e tem como características o jogo

lento e baixo, os praticantes brincam, dançam e não utilizam a violência. Teve como

principal personagem o mestre Pastinha. A Capoeira Regional foi criada em 1930

pelo mestre Bimba e tem como características a incorporação de golpes de outras

lutas, movimentos rápidos tornando-a mais violenta (J. NETO; CRUZ; FISCINA;

MORAES, 2008).

Os PCN definem lutas como “disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser

subjugado(s), com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou

exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa”

(BRASIL, 1998, p. 70). Com esta definição podemos transcender as modalidades

tradicionais e buscar outras formas de atividades que se encaixam nas

características segundo os PCN, como: luta de braço; o cabo de guerra com corda e

humano; minisumô (dentro do círculo na posição de canguru, o aluno deve tirar o

outro e/ou fazê-lo tocar uma das partes do corpo no chão); luta de cócoras (os

alunos de cócoras devem tentar fazer com que o outro coloque uma das partes do

corpo no chão); a garrafa é minha (uma faixa de judô, ou outra modalidade, é

amarrada nos tornozelos de dois alunos e estes devem tentar pegar a garrafa que

se encontra em lados opostos); a bola é minha (dois alunos abraçam a mesma bola

e tentam tirar do outro); pé com pé (dois alunos sentados no chão com os pés

encostados, tentam fazer com que o outro toque com as costas ou as mãos no

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chão); e muitas outras que tenham as técnicas recreativas de empurrar, de puxar, de

deslocar o parceiro do local.

Há uma diferença entre lutas e Arte Marcial, “as lutas são práticas que

possuem embates corporais. As Artes Marciais por sua vez, têm como significado

método de guerra ou conjuntos de preceitos que um guerreiro deve ter e fazer uso”

(LOURENÇO; SILVA; TEIXEIRA, 2006 s/p). Temos a impressão que esta filosofia

incorporada nas Artes Marciais seja o grande motivo de sucesso em seus países de

origem e, posteriormente, em outros países onde foram incorporadas. Vale destacar

alguns pontos das filosofias das Artes Marciais orientais, como por exemplo, as

atitudes de respeito; autocontrole; disciplina; formação do caráter do praticante;

entre outros.

Neste sentido, as lutas fazem parte da cultura corporal e representam um

meio eficaz de educação e um conjunto de conteúdos altamente valiosos para

serem trabalhados na Educação Física escolar, além de proporcionarem o trabalho

corporal, a aquisição de valores e princípios essenciais para a formação do ser

humano em um aspecto mais ampliado (OLIVEIRA; SANTOS, 2006), incluindo sua

dimensão subjetiva.

Entendemos como competência da Educação Física assumir a tarefa de

apresentar e/ou re-construir as relações dos alunos com os temas da cultura

corporal de movimento, dando a oportunidade para que eles possam descobrir e

questionar os diversos sentidos que possam orientar as vivências destas práticas

(KUNZ, 1994). Assim, a intervenção das relações professor-aluno deve exercer ao

“ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se

comunica e a quem comunica produzir sua compreensão do que vem sendo

comunicado” (FREIRE, 1996, p.38) respeitando os saberes de experiência feitos do

educando.

Saberes de experiência feito entendido como conhecimento que os

educandos trazem consigo, saberes socialmente construídos na prática comunitária.

É necessário que os educadores não só respeitem esses saberes, mas que discuta

com os educandos a razão de ser desses saberes em relação com o ensino dos

conteúdos (FREIRE, 1996).

Neste sentido, Ferreira (2006) indica as lutas como instrumento de auxílio

pedagógico ao profissional de educação física, ressaltando o valor histórico-sócio-

cultural para homem. Segundo o autor, o ser humano luta, desde a pré-história, pela

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sua sobrevivência. O mesmo autor também mostra a importância da Educação

Física resgatar a Capoeira como parte da manifestação da cultura dos negros no

período escravocrata, pois esta modalidade de luta envolve a dança, a música e um

gestual carregado de historicidade (FERREIRA, 2006).

De modo geral, percebemos nos profissionais um desconhecimento dos PCN,

falta de atualização ou reciclagem, uma vez que não utilizam as possibilidades

variadas desse documento, conforme verificado por Ferreira (2006). A visão

deturpada do que seja a luta, reforçando o mito de que a prática das lutas

relacionada à violência e agressividade ainda é presente entre os profissionais de

Educação Física (op. cit). Se a falta de conhecimento específico for um dos

obstáculos para o trabalho com lutas, Lourenço, Silva e Teixeira (2006) afirmam ser

possíveis trabalhar vários elementos das lutas com o mínimo do conhecimento

específico. Podemos acrescentar como já citamos anteriormente, que as lutas

consistem em várias possibilidades, sobre tudo na Educação Física, podendo ser

trabalhadas por qualquer profissional, sem que se tenha uma especialização em

uma luta tradicional (judô, karatê, capoeira, etc.).

Considerando as opiniões dos autores supracitados, as propostas dos PCN

acerca das diferentes atividades corporais, a pluralidade cultural e, entendendo que

as lutas fazem parte dos blocos de conteúdos propostos por este documento, o

presente estudo volta-se para a opinião do profissional de Educação Física quanto á

inclusão das lutas nas aulas do ensino fundamental.

A ênfase deste trabalho recai sobre as lutas e/ ou artes marciais como um

possível conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação física escolar,

oferecendo mais possibilidades de debates, neste sentido, esperamos propor novas

reflexões para a área acerca de princípios que possam ser incorporados ao projeto

pedagógico da escola e ampliar as possibilidades de experiências para os

educandos. Além de contribuir para uma nova visão das lutas nas escolas, no que

diz respeito à quebra de paradigma de que as lutas contribuem para o aumento da

violência entre os educandos e/ou que apenas profissionais especializados podem

estar trabalhando com as lutas em âmbito escolar.

Ruffoni e Motta (2005) indicam que um dos pontos relevantes na abordagem

das reflexões pedagógicas seria “uma proposta de mudança de paradigma, de uma

disciplina de lutas tradicional, ortodoxa, para uma atividade voltada para a cultura

corporal do movimento”, reforçando nosso pensamento, pretensões com este

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estudo. Sendo assim, corroborando com o principio da diversidade, que busca

legitimar diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem com a

consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos

alunos (BRASIL, 1998, p. 19).

2 METODOLOGIA

A pesquisa foi de natureza aplicada, abordagem qualitativa, o objetivo é de

caráter descritivo, do tipo de pesquisa de levantamento de campo, na medida em

que se pretendeu a interrogação direta dos professores, cujo comportamento e

opinião pretendemos conhecer. Assim, buscamos entender e descrever as

características da população e do fenômeno em questão (utilização das lutas), e

gerar conhecimentos de aplicações práticas direcionados à solução deste problema

específico, visando compreender a lógica sem, entretanto, desvalorizar a cultura e

os processos históricos da população e instituições envolvidos no presente trabalho.

Para tal, os sujeitos do estudo foram 17 professores de Educação Física que

atuam no Ensino Fundamental. Interrogamos os professores participantes do estudo

através de questionários composto por questões fechadas e abertas, validado. Os

questionários foram respondidos mediante a assinatura do termo de consentimento,

caracterizando a participação voluntária.

As questões abertas possuem maior subjetividade e aprofundamento do

fenômeno, permitindo, assim, uma conclusão mais ampla sem que se direcione as

respostas com opções pré-determinadas. Os dados coletados foram analisados e

interpretados com análise do conteúdo (BARDIN, 1977).

3 ANÁLISE DOS DADOS

A partir do objetivo que deu origem a este estudo, identificar a visão do

profissional de Educação Física do Ensino Fundamental em relação à inserção das

lutas no conteúdo trabalhado na aula, inúmeras observações foram feitas. Em

relação ao perfil do grupo entrevistado registrou-se média de idade de 36,47 anos,

referente ao tempo de formado 13,39 anos e de docência no ensino fundamental

11,61 anos. Houve um predomínio de sujeitos com formação no nível da graduação,

todavia nos surpreendeu a percentagem de professores com mestrado (FIGURA 1).

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Figura 1 - Percentual do nível de escolaridade

17,647; 18%

5,882; 6%

41,176%; 41%

35,294; 35%

Licenciatura

Mestrado

Especialização

Doutorado

Acerca da instituição a maioria leciona em públicas e privadas havendo

equilíbrio entre os professores atuantes em apenas uma destas (FIGURA 2).

Figura 2 - Instituição em que os profissionais trabalham

41,176; 42%

29,411; 29%

29,411; 29%

Privada

Pública e Privada

Pública

A maioria dos professores ainda estuda ou mantém alguma relação com o

estudo, o que fortalece o fato do número de professores com as pós-graduações

(FIGURA 3).

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Figura 3 – Quanto ao estudo

64,705; 65%

35,294; 35%

Estudam

Não estudam

Como era esperada a maior parte dos professores não pratica artes marciais

(FIGURA 4).

Figura 4 – Praticantes de Artes Marciais

64,705; 65%

35,294; 35%

Praticam

Não praticam

Apesar da pequena vantagem dos professores que atuam em outras áreas da

Educação Física, há um equilíbrio com os professores que não atuam (FIGURA 5).

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Figura 5 – Atuação em outras áreas da Educação Física

52,941; 53%

47,058; 47%Atuam

Não Atuam

Também não houve diferença significativa em relação aos professores que já

incluíram e os que não incluíram lutas em seus planos de aula para o ensino

fundamental (FIGURA 6).

Figura 6 – Inclusão das lutas no Ensino Fundamental

52,941; 53%

47,058; 47%

IncluiramNão Incluiram

Em relação às dificuldades houve equilíbrio dos que tiveram e os que não

tiveram (FIGURA 7).

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Figura 7 – Dificuldades para ministrar aulas de Lutas

52,941; 53%

47,058; 47% Tem dificuldadesNão tem dificuldades

O que nos chama a atenção é que suas justificativas apontam à falta de

espaço e falta de formação adequada ou especializada como os principais

empecilhos. Acreditamos que deva ser pelo tempo de formação dos professores,

pois ainda acreditam ou entendem que lutas e artes marciais sejam a mesma coisa,

o que vai de encontro às definições de Lourenço et al (2006), que faz distinção entre

ambas, já citada neste artigo. Acreditamos que falte atualizações através de cursos

de extensão que abordem as lutas de forma prática para aplicação na escola.

Sabemos por documentos recentes ou atualizados que não mais existe esta

abrangência do termo lutas. As lutas são caracterizadas como “disputas em que o(s)

oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com técnicas e estratégias de desequilíbrio,

contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de

ações de ataque e defesa” (BRASIL, 1998, p. 70). Baseados nesta definição

percebemos que não se precisa de espaço adequado ou formação especializada,

uma vez que qualquer espaço e apenas com a graduação já se pode ter pelo

menos noção de atividades básicas, como por exemplo cabo-de-guerra e luta de

braço entre outras possibilidades já citadas neste artigo que se enquadram nas

definições supracitadas pelo documento em questão.

Os resultados mostram que a maior parte dos professores percebe nos

alunos receptividade ao conteúdo das lutas (FIGURA 8).

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Figura 8 – Receptividade dos alunos para a aula de lutas

76,47; 76%

11,764; 12%

11,764; 12%

São receptivos

Não são receptivos

Não responderam

Mais um reforço para que se pense efetivamente em incluir as lutas nos

planos de aula, pois além das qualidades físicas e das potencialidades trabalhadas,

pode-se ter satisfação por parte dos alunos em executarem os exercícios propostos,

o que leva uma maior qualidade do trabalho.

Quase todos os professores entendem que devem trabalhar os preceitos

éticos, o que foi mais apontado é a questão de se trabalhar os valores como respeito

e formação do caráter, assim como Oliveira e Santos (2006) trazem em seus

estudos. Temos opiniões de professores, por exemplo: professor 1 “... reforçar e

valorizar os atributos morais...” e professor 5 “...formação do caráter e respeito ao

próximo...” Alguns professores em que percebemos o menor conhecimento, talvez

devido ao pouco ou nenhum contato com as lutas no curso da vida, apresentaram a

mesma opinião, no entanto de uma forma mais voltada para educação, sem

apresentar termos supracitados que são característicos dos praticantes de lutas e

artes marciais (FIGURA 9).

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Figura 9 – Importância de se trabalhar os preceitos éticos nas aulas de lutas

5,8882; 6%

94,117; 94%

É impotante

Não responderam

Busca-se uma formação moral, mas o que se percebe em conjunto com as

outras respostas, e dando uma visão ampla, é que estão entendendo como uma arte

marcial e que vai gerar violência.

Quando se trata dos conteúdos dos PCN, apenas 30 % dos professores

responderam de forma adequada relacionando a resposta à concepção do PCN,

indicando algum conhecimento sobre o tema. Apenas um professor não trabalha

com o documento em questão. Dos que responderam dentro do questionado, os

esportes ficaram em evidência. Percebemos que apesar de 65% dos professores

participantes estarem estudando, não estão se atualizando conforme os PCN, o que

reforça os achados de Ferreira (2006) quando diz que os profissionais desconhecem

os PCN.

É importante salientar que não há obrigação de se trabalhar com base neste

documento, mas dada à importância do mesmo e visto que é um dos elementos

para estudo nos concursos públicos do município e Estado, deve-se dar mais

importância ao mesmo. A concepção dos profissionais em relação às lutas ainda é

deturpada, palavras como: respeito, disciplina, limites, regras, controle da violência,

reflexão da violência, opressão, vitória e derrota surgiram nas respostas. Estas

palavras também apareceram em outras perguntas sobre como o professor percebe

a inclusão das lutas no contexto escolar, como a contribuição das lutas para a

formação do educando, se há mudanças no comportamento do educando e a

possibilidade das lutas desenvolverem valores positivos. Como já foi dito ainda há

vínculo à concepção das Artes Marciais. As lutas como conteúdos escolares podem

estar sofrendo uma discriminação, pois professores qualificados por formação na

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Educação Física se julgam desqualificados a ministrarem aulas de lutas por não

terem formações específicas em uma determinada Arte Marcial.

Professor 1 “...A luta tem muitas possibilidades, mas vai depender do

professor Trabalhá-las para o bem ou não ...” professor 2 “...Excelente,

dependendo dos profissionais. Não se prender aos conteúdos técnicos...” professor

4 “... Depende da orientação do professor. As lutas desenvolve positivamente ...”

Professores disseram ter preocupação com a segurança dos alunos em

relação às práticas de alguns movimentos e com a violência que se pode gerar, fato

que Ferreira (2006) já havia encontrado e qualificado como visão deturpada. Foi

também respondido que dependia de qualificação específica e da atuação do

profissional para que não haja uma promoção da violência.

4 CONCLUSÃO

De acordo com os dados analisados, consideramos que os professores

entrevistados em sua maioria, ainda não sabem como inserir as lutas no contexto

escolar e não tem plena ciência dos PCN. Levando em consideração o fato de que

muitos professores se formaram antes da criação do documento, tal fato nos remete

a sugerir a leitura minuciosa e tê-lo como ferramenta para consulta. Pois

entendemos ser este documento importante para justificar a importância das aulas

educação física, desmistificando a existência hierárquica entre as disciplinas e a

gama de manifestações culturais que contribuem para formação biopsicosocial de

nossos educandos.

Lutas e artes marciais ou apenas uma destas, podem ser incluídas no

conteúdo de educação física escolar, conforme experiência que o professor tenha a

oferecer. O que foi marcante e relevante é a confirmação de que não se precisa de

muito espaço, materiais ou conhecimento específico para que haja inclusão das

lutas no Ensino Fundamental. Fato que pode encorajar muitos profissionais que

estão atuando em escolas públicas, sem recursos, podendo, assim, enriquecer seus

conteúdos, dando mais opções de vivências corporais aos seus alunos. Também

fica evidente o fato de não haver na fala dos entrevistados diferença entre os

conceitos de luta e arte marcial, sendo com freqüência utilizado um no lugar do

outro.

Foi identificado que os alunos são bem receptivos ao conteúdo, fato que

fortalece a idéia de que se podem tirar muitos benefícios para o educando, uma vez

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que ele está disposto a realizar a atividade. Ressaltamos mais uma vez que o

professor precisa aproveitar as experiências culturais de expressão corporal de cada

aluno e de cada comunidade adjacente ao local da escola. A vivência proposta por

eles traz autonomia e assim o aluno é percebido como ser cultural que vai se

beneficiar através da transversalidade, da sua motricidade.

Compreendendo o tamanho da importância do tema e sabendo que a nossa

amostra ainda é pequena para uma conclusão mais abrangente, sugerimos novos

estudos nesta perspectiva, além de cursos de atualização, para que os profissionais

de Educação Física possam ter mais conhecimento e empoderamento no conteúdo

de lutas.

ABSTRACT

Nowadays, we can observe that the content of Physical Education in Schools is still dedicated to sports and it seems to be the remnants of the Competitive Physical Education, oriented to the physical and technical performance of the student in sports. The goal of this study is to identify the professional vision of the Physical Education on Elementary School towards the insertion of the wrestles in the contents worked in class. The research was of a studious, field, qualitative, descriptive and explanatory nature. The people involved were made of Physical Education teachers working in the school segment, with an average of 17 subjects. The data collection instrument used was a validated questionnaire. It was concluded that the interviewed teachers, for the most part, still do not know how to insert the wrestles in the school context and are not aware of the possibilities presented by the NCP. Taking into consideration the fact that many have graduated before the creation of the document, such fact suggests a thorough reading and to have it as a tool for query. It is also evident the fact that, in the speech of the interviewees, there are not difference between the concepts of wrestle and martial art, those being often used in place of the other.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo . 70ª ed. Lisboa, 1977. BRASIL. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), Brasília, 1996. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fun damental . Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1997, 1998. FERREIRA, H. S. As lutas na educação física escolar . Fortaleza – CE: 2006 FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa. 30ª ed. São Paulo: Paz e terra, 1996.

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FUNAKOSHI, G. Karatê-do: o meu modo de vida. São Paulo: cultrix, 1975. GHIRALDELLI Jr, P. Educação Física Progressista: a pedagogia crítico social dos conteúdos e a educação física brasileira. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1991. KANO, J. Energia Mental e Física : Escritos do fundador do judô. São Paulo: Pensamento, 2008. KUNZ, Eleonor. Transformação didático-pedagógica do esporte. 6ª ed. Ijuí: Unijuí, 2004. LAGE, V.; GONÇALVES Jr., Luiz; NAGAMINE, K. K. O Karatê-Do enquanto conteúdo da educação física escolar In: III Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana: o lazer em uma perspectiva latino-americana, 2007, São Carlos. LOURENÇO, E.; SILVA, F. ;TEIXEIRA, S. O ensino de lutas na Educação Física: construindo estruturantes e mudando sentidos.Minas Gerais, 2006. MARTA, F. E. F. TAEKWON "DO”: OS CAMINHOS DE SUA HISTÓRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO. São Paulo, 2000. NETO, J.; CRUZ, M.; FISCINA, R.; MORAES, W. A Realidade da Capoeira nas Escolas Públicas Estaduais do Município de Guanambi - BA. Bahia, 2008 OLIVEIRA, S. R. de L.; SANTOS, S. L. C. dos. Lutas aplicadas a educação física escolar . Curitiba, 2006. RUFFONI, R.; MOTTA, A. Lutas na infância: uma reflexão pedagógica. Rio de Janeiro, 2005 SASAKI, Y. Manual de Educação Física: karatê-do e Tênis. São Paulo: E.P.U., 1978. ZOUGHARI, Kacem. A Arte do Ninja: Entre ilusão e Realidade. São Paulo: JBC, 2005.

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ANEXO A

CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser

esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine no

final deste documento, que está em duas vias. Uma dela é sua e outra é do pesquisador.

TTííttuulloo ddoo pprroojjeettoo:: a inclusão das lutas nas aulas do ensino fundamenta l: a opinião dos profissionais de educação física

Pesquisador responsável: Davidson Castro e Lúcio de Oliveira Telefone para contato: (21) 86497506 Orientador: Profª. Drª. Yara Lacerda.

O Objetivo desta pesquisa é identificar a visão do profissional de Educação Física do Ensino

Fundamental em relação à inserção das lutas no conteúdo trabalhado na aula. A sua participação na

pesquisa consiste em responder um questionário e uma entrevista que serão realizados pelo próprio

pesquisador, sem qualquer prejuízo ou constrangimento para o pesquisado. As informações obtidas

através da coleta de dados serão utilizadas para alcançar o objetivo acima proposto, e para a

composição do relatório de pesquisa, resguardando sempre sua identidade. Caso não queira mais

fazer parte da pesquisa, favor entrar em contato pelos telefones acima citados.

Este termo de consentimento livre e esclarecido é feito em duas vias, sendo que uma delas

ficará em poder do pesquisador e outra com o sujeito participante da pesquisa.

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu, ________________________________________________________________________, RG

____________________ (órgão) CPF_________________________________, abaixo assinado,

concordo em participar do estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pelo (a)

pesquisador (a) _________________________________________________ sobre a pesquisa e, os

procedimentos nela envolvidos, bem como os benefícios decorrentes da minha participação. Foi me

garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento.

Local:_________________________________________ Data ____/______/_______.

Assinatura do participante

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ANEXO B

CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA

Este questionário faz parte do estudo realizado no centro universitário Celso Lisboa como parte de pesquisas realizadas no curso de Educação Física. Agradeço sua atenção e disponibilidade para responder as perguntas. Desde já agradeço.

1. Idade_______ 2. formação ( ) licenciatura ( ) bacharelado ( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado 3. Tempo de formação: _________________________________ 4. Tempo de docência em escola do Ensino Fundamental: ____________________ 5. Leciona em instituição: ( ) pública ( )privada 6. Ainda estuda ? ( ) sim ( ) não 7. É praticante de alguma arte marcial? Qual?

____________________________________________________________ 8. Também ministra aulas em outras áreas da Educação Física como clubes e academias? Qual

ou quais? ____________________________________________________________

9. Quais os conteúdos propostos pelos PCN’s mais trabalhados em suas aulas? ____________________________________________________________ 10. Você já incluiu as lutas em seu plano de aula, aqui ou em outro colégio? Por quê? ____________________________________________________________ 11. Qual a sua concepção acerca do conteúdo de lutas para as aulas de Educação Física? _____________________________________________________________ 12. Como percebe a inclusão das lutas no contexto escolar?

_____________________________________________________________ 13. Você tem dificuldades em aplicar este conteúdo (lutas) nas aulas? Por quê?

____________________________________________________________ 14. Como as lutas contribuem para a formação do educando?

____________________________________________________________ 15. Os alunos são bem receptivos ao conteúdo? ( ) sim ( ) não 16. Há mudanças comportamentais ao final do curso? Quais? _____________________________________________________________ 17. É importante a discussão dos preceitos éticos nas lutas? ( ) sim ( ) não Por quê? _____________________________________________________________ 18. Qual sua avaliação das lutas como possibilidade de desenvolvimento de valores positivos? _____________________________________________________________