tcc - logÍstica reversa de pÓs-consumo

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ESCOLA DE ENGENHARIA DE PIRACICABA ENGENHARIA MECÂNICA MARCELLO H. S. PARRA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO PIRACICABA 2010

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Page 1: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE PIRACICABA ENGENHARIA MECÂNICA

MARCELLO H. S. PARRA

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

PIRACICABA

2010

Page 2: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

2

MARCELLO H. S. PARRA

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

Trabalho de Conclusão de curso de engenharia para obtenção de grau como engenheiro mecânico pleno da Escola de Engenharia de Piracicaba. Professor Orientador: Jurandir Jones Nardini

PIRACICABA

2010

Page 3: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

3

MARCELLO H. S. PARRA

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

Trabalho de Conclusão de curso de engenharia para obtenção de grau como engenheiro mecânico pleno da Escola de Engenharia de Piracicaba.

Professor Orientador: Jurandir Jones Nardini

Banca examinadora: ____________________________

____________________________

____________________________

Page 4: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

4

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma doaram um pouco de si para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível: A Deus, por acreditar que nossa existência pressupõe uma outra infinitamente superior. Ao meu professor orientador, pelo auxílio, disponibilidade de tempo e material, sempre com uma simpatia contagiante. A minha esposa, por acrescentar razão e beleza aos meus dias. Aos meus pais, pelo exemplo, amizade e o carinho.

Page 5: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

5

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo principal discutir a logística reversa e sua

influência nas decisões estratégicas das empresas. A logística empresarial passou por

mudanças nas últimas décadas, ganhando agora uma visão competitiva. São abordados três

grandes tópicos: A logística tradicional ou logística direta, a logística reversa e por fim um

estudo de caso demonstrando as vantagens dos fluxos reversos. Em relação à logística direta

temos como principais itens a sua história, sua posição e atuação dentro da indústria, a

distribuição física, o produto logístico e o gerenciamento de estoques. No tocante a fluxos

reversos são abrangidos temas como conceitos, custo, competitividade, canais reversos, índice

de reciclagem, níveis de integração, fatores de influência, reciclabilidade, objetivo econômico

e formação de preço. Por fim, o estudo de caso mostra na prática como são analisadas as

oportunidades de implantação de fluxos reversos, suas vantagens e resultados reais através de

valores numéricos.

Palavras-chave: logística reversa, competitividade, distribuição física, custo, canais reversos.

Page 6: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

6

Lista de figuras

Figura 1- Fluxos típicos no canal de distribuição. 15

Figura 2- Compensação de custos para determinação

do total de depósitos em um sistema de distribuição. 16

Figura 3- Compensação de custos na seleção do modal de transporte. 17

Figura 4- Etapas de comercialização e formação de preço do produto

Reciclado. 33

Figura 5- Embalagens tipo Big Bag. 35

Figura 6- Embalagem em papel de 25 kg 35

Figura 7- Fluxo logístico antes do projeto de Logística reversa. 36

Figura 8- Fluxo logístico após a implantação do projeto de

Logística reversa. 36

Figura 9- Quantidade utilizada e comprada no ano de 2004. 38

Page 7: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

7

Lista de tabelas

Tabela 1- Custos anuais para três alternativas de transporte

para um fabricante de instrumentos eletrônicos. 18

Tabela 2- Valores médios de taxas de reciclagem de materiais

no Brasil. 27

Tabela 3- Comparativo saco 25kg x Big Bag novo e reciclado 37

Tabela 4- Economia total no ano de 2004. 38

Page 8: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

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Sumário

1.Introdução 10

2.Logística: Conceitos e História 11

2.1.Atividades logísticas nas empresas 12

2.2.Distribuição física 13

2.3.A compensação de custos 16

2.4.O produto logístico 19

2.5.Controle de estoques 20

2.6.Custos de estoques 20

2.7.Previsão da demanda 21

2.8.Estoque mínimo 21

3.Sistemas logísticos reversos 21

3.1.Custos na logística reversa 23

3.2.Competitividade na logística reversa 23

3.3.Ganhos de competitividade do fabricante no retorno 24

4.Logística reversa dos bens de pós-consumo 25

4.1.Conceitos 25

4.2.Canais reversos de distribuição 26

4.3.Fluxos diretos e reversos 26

4.4.Índice de reciclagem 27

4.5.Entrada dos bens duráveis no ciclo reverso 28

4.6.Canais reversos de bens descartáveis 29

5.Níveis de integração nas cadeias reversas 30

5.1.Fatores de influência na implantação de cadeias reversas 30

5.2.Etapas seguintes à coleta 31

5.3.Reciclabilidade 32

5.4.Objetivo econômico nos canais reversos 32

5.5.Formação de preço 33

6.Estudo de caso 34

6.1.A empresa 34

Page 9: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

9

6.2.O produto – amido de milho 34

6.3.Implantação da logística reversa 35

6.4.Comparações 36

7.Economias obtidas 37

8.Conclusão 39

9.Bibliografia 40

Page 10: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

10

1.INTRODUÇÃO

Ao longo do século passado, o mundo industrial sofreu mudanças estruturais e

estratégicas devido à necessidade de atender um consumidor cada vez mais exigente. Com o

tempo aparecem as novas tecnologias que requerem processos mais sofisticados, caros e

flexíveis.

O consumismo é hoje uma realidade diária, milhões de unidades de diversos produtos

são consumidas todos os dias, desde gêneros de primeira necessidade até produtos de alta

tecnologia agregada. Por muito tempo as empresas focaram suas atenções nos setores de

marketing e produção, o que é natural, já que o objetivo é produzir e vender cada vez mais.

Porém, os conceitos sobre gestão empresarial estão se modificando e as atenções estratégicas

de negócio estão se voltando para setores que outrora não eram considerados importantes na

gestão industrial.

Um exemplo clássico desta mudança de mentalidade é a visão em relação à logística

industrial. Considerado um setor de apoio, por muito tempo a logística foi concebida como

setor não produtivo, sem importância estratégica sendo responsável apenas pela locação de

frota para entrega de produtos.

Felizmente, o empresário começou a perceber o setor logístico como estratégia

competitiva, dando a devida importância à gestão dos processos logísticos e valorizando o

profissional capacitado em sistemas logísticos. A idéia de que somente a transformação da

matéria-prima agrega valor ao produto se soma à visão da entrega do produto(no lugar certo e

na hora certa)como agregador de valores.

A logística se torna então um setor importante, desde sua participação na estratégia

competitiva da empresa bem como na redução de custos associados. O sistemas logísticos

ganham maiores dimensões contendo cadeias de suprimento complexas, grandes armazéns

localizados em pontos estratégicos facilitando as operações.

A existência de grandes distribuidores logísticos reflete a necessidade imediata do

consumidor, devendo as empresas atendê-lo o mais rápido possível, agregando assim os

valores de entrega e tempo ao seu produto.

As empresas querem vender, os consumidores querem consumir, mas outros conceitos

modernos aparecem para dar sentido a este ciclo. A preocupação ambiental é hoje um

Page 11: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

11

problema discutido mundialmente, a sociedade tem procurado racionalizar o uso de recursos

naturais e as empresas, por sua vez, minimizar a produção de resíduos.

Atualmente, a administração do processo chamado de pós-consumo pode reduzir

custos industriais, possibilitando o retorno de matéria-prima para ser transformada novamente

agregando mais valor ao processo. Chamamos este retorno de produto já consumido,

danificado, sem uso, de logística reversa. É possível assim fazer com que estes

produtos(sucateados) retornem ao processo ou agreguem outros valores reduzindo custos.

O objetivo deste trabalho é retratar de forma geral o setor logístico clássico, introduzir

uma visão competitiva da administração logística do pós-consumo e apresentar um estudo de

caso sobre a aplicação destes conceitos.

2.LOGÍSTICA: CONCEITOS E HISTÓRIA

O dicionário Aurélio define a logística como “parte da arte da guerra que trata do

planejamento e da realização de: projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento,

transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos

ou administrativos”.

Os povos mais antigos da terra utilizavam conceitos logísticos para expandir seus

impérios. Na antiguidade, a ferramenta mais utilizada para a conquista foi a guerra. Nem

sempre a zona de combate estava próxima das bases dos exércitos, por isso era necessário um

planejamento que garantisse um fornecimento constante de suprimentos, armas, veículos, etc.

As antigas civilizações já dispunham de sistemas logísticos eficientes que traziam

vantagens nos momentos críticos das guerras. Com certeza, quem possuísse eficiência no

momento de alocar tropas, materiais, alimentos, água, etc, teria considerável superioridade

para chegar a vitória. Os conceitos logísticos eram utilizados sem uma total consciência por

parte dos líderes daquela época, estes não tinham uma visão clara da importância de se

administrar materiais.

Este quadro perdurou até o ano de 1950. Segundo BALLOU(2007), a logística

empresarial se desenvolveu em três eras: antes de 1950, 1950-1970, e após 1970. Até 1950, o

setor logístico estava adormecido nas empresas que não o viam como setor independente com

atividades próprias. Nestas empresas, o transporte era administrado pela produção, estoques

eram responsabilidade da área de marketing e o processo de pedidos era controlado pelo setor

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de finanças ou vendas. Essa situação gera conflitos, pois na gestão empresarial moderna, o

setor de produção tem como foco produzir, não entregar produtos. De 1950 à 1970 temos um

período de desenvolvimento para a prática da logística. Estudiosos de outras áreas da indústria

começam a perceber que as empresas prestam muito mais atenção a compra e venda do que na

distribuição física. BALLOU(2007) aponta quatro condições-chave para o desenvolvimento

logístico neste período:

1) Alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores;

2) Pressão por custos nas indústrias;

3) Avanço na tecnologia de computação;

4) Influências do trato com a logística militar.

Após 1970, começa a crescer um interesse na administração logística por parte dos

gestores industriais. O embargo petrolífero de 1973 fez com que o preço do petróleo

aumentasse e nos sete anos seguintes este preço quadruplicou, gerando inflação e diminuição

no crescimento de mercado. A preocupação neste momento não é a busca de demanda e sim a

melhor administração de suprimentos. Controle de qualidade, custos e produtividade passaram

a ser áreas de maior interesse, o aumento do preço do petróleo influi fortemente nos custos de

transporte, obrigando o empresário a se atentar para o os custos e conceitos administrativos do

setor logístico.

Atualmente, o foco do setor logístico são as operações de manufatura ou militar. Não

existe ainda uma presença significativa dos conceitos logísticos nos setores de prestação de

serviços. A economia caminha para um crescimento acentuado dos setores de serviços,

possibilitando assim futuramente a implantação de um setor logístico em hospitais, bancos,

escolas; pois assim como a indústria, o setor de serviços também perceberá a importância da

administração de materiais e distribuição física.

2.1.ATIVIDADES LOGÍSTICAS NAS EMPRESAS

BALLOU(2007) afirma que estrategicamente a logística está em posição intermediária

entre a produção e marketing. O foco da operação logística é a movimentação e armazenagem

de materiais englobando transporte, manutenção de estoques, armazenagem e manuseio de

materiais.

Page 13: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

13

É impossível dividir as atividades industriais de forma que cada área tenha

responsabilidades exclusivas não havendo sobreposição. Devido a esta situação aparecerão

inevitavelmente interfaces onde mais de um setor terá responsabilidade.

Como exemplo podemos citar a formação de preços ou criação de embalagens. Estas

atividades são administradas conjuntamente por logística e marketing. A formação de preços

sofre influências geográficas e possui fatores competitivos, daí a necessidade de uma

administração conjunta.

2.2.DISTRIBUIÇÃO FÍSICA

Segundo BALLOU(2007), distribuição física é o ramo da logística que trata da

movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos finais. Estas atividades

absorvem cerca de dois terços dos custos logísticos, sendo então a distribuição física assunto

importante em relação a custos.

A distribuição física preocupa-se com produtos acabados. Quando o produto é

finalizado na área de produção, é responsabilidade da logística a armazenagem e a entrega ao

cliente. A armazenagem pode se dar em depósitos locais ou depósitos remotos em locais

estratégicos. Há também os casos em que não ocorre à formação de depósitos sendo o produto

final entregue diretamente ao cliente.

A atenção do profissional em logística deve estar voltada em atender o cliente

garantindo a disponibilidade dos produtos à medida da necessidade deste cliente, fazendo isto,

é claro, ao menor custo possível.

Existem dois tipos de mercados alvo para o planejamento da distribuição física. Os

consumidores finais e os intermediários. Dentro do grupo de consumidores finais estão

aqueles que usam o produto para satisfazer suas necessidades, aqueles que fabricam outros

produtos e aqueles que vendem seus produtos aos seus clientes.

Podemos entender como consumidor intermediário àquele que não consome o produto,

mas sim revende para intermediários ou consumidores finais.

Estes dois grupos de consumidores diferem entre si no volume e perfil de suas

compras. Os consumidores finais compram poucas quantidades e são numerosos, comprando

com mais frequência. Consumidores intermediários compram com menos frequência, porém

os lotes são maiores.

Page 14: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

14

Normalmente, as empresas possuem os dois tipos de clientes, exigindo dos sistemas de

distribuição física muita flexibilidade para atender a todos os clientes com o menor custo

possível. BALLOU(2007) cita três formas básicas de distribuição que podem ser utilizadas:

- entrega direta a partir de estoques de fábrica

- entrega direta a partir de vendedores ou da linha de produção

- entrega feita utilizando um sistema de depósitos

Quando um cliente compra produtos em quantidades para lotar um veículo, a entrega

pode ser feita direto da fábrica. O valor de frete é menor para cargas “cheias” com um único

destino no cliente. Isto gera um custo total de transporte menor. A prática de carga “cheia” é

muito utilizada por fornecedores de matéria-prima, que vendem grandes quantidades. Porém,

nem sempre é possível o uso desta prática, consumidores finais compram em pequenas

quantidades, encarecendo o custo logístico, se o produto for entregue direto da fábrica para o

cliente em localidades distantes.

Estes casos são supridos por um sistema de depósitos. Ocorre daí uma redução de

custos e uma melhoria no nível de serviço.

Com a existência de depósitos em pontos estratégicos próximos aos clientes, é possível

transportar mercadorias em grandes quantidades(cargas “cheias”) até estes depósitos

diminuindo o custo total do transporte. Daí transportar os produtos em cargas parciais, que

encarecem o custo, até o cliente, percorrendo menores distâncias. Com isso, o custo adicional

de estoques é compensado pelo custo de transporte global menor, tendo ainda uma melhoria

no nível de serviço. A figura seguinte mostra os fluxos típicos de uma distribuição física.

Page 15: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

15

Figura 1. Fluxos típicos no canal de distribuição.(fonte:Adaptado de Ballou(2007))

De maneira geral, a administração da distribuição física é feita em três níveis:

1) Operacional

2) Tático

3) Estratégico

A administração estratégica define as características do sistema de distribuição de uma

forma geral, como a localização dos depósitos, sistemas informatizados a serem implantados e

escolha dos modos de transporte a serem utilizados.

O planejamento tático está relacionado com o uso eficiente dos recursos disponíveis,

investimentos como armazéns, caminhões e dispositivos de manuseio devem ser utilizados

com a maior eficiência possível. Caminhões precisam estar sempre transportando cargas

completas, armazéns utilizados em suas capacidades máximas disponíveis e equipamentos de

Page 16: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

16

transmissão de pedidos com pouca ociosidade. É claro que estas condições nem sempre são

possíveis, necessitando esta situação de uma análise completa da parte dos administradores.

O nível operacional contempla os processos de transporte, manuseio, armazenagem e

distribuição nos seus mínimos detalhes. BALLOU(2007) resume este nível em “vamos fazer a

mercadoria sair!”. A dinâmica, a movimentação e a falta de ociosidade são termos que

realmente simplificam as preocupações operacionais.

2.3.A COMPENSAÇÃO DE CUSTOS

A administração da distribuição física considera três principais custos no planejamento:

- o custo de estoque;

- o custo de transporte;

- o custo de processamento de pedido.

BALLOU(2007) mostra na figura abaixo o comportamento destes custos em relação ao

número de armazéns no sistema de distribuição.

Figura 2. Compensação de custos para determinação do total de depósitos em um

sistema de distribuição.(fonte:Ballou(2007))

A figura 2 mostra um conflito existente entre os tipos de custo nos sistemas de

distribuição. À medida que se aumenta o número de armazéns o custo de estoque também

aumenta, já o custo de transporte diminui. O custo de processamento de pedidos varia de

forma desprezível não influenciando na tomada de decisões. O custo total representa a soma

Page 17: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

17

dos outros três custos. O aumento do número de armazéns implica no aumento do custo de

estoque, aumento este que é compensado pela redução do custo de transporte.

Percebe-se através das figuras 2 e 3 que existe um ponto de equilíbrio entre os custos

da distribuição física. Neste ponto está o menor custo total possível. Para operar atividades

logísticas com o menor custo total, é preciso analisar as questões particulares de cada caso,

que varia de empresa para empresa, avaliando as necessidades e buscando pontos

compensatórios entre a quantidade de armazéns existentes e o custo gerado por eles.

BALLOU(2007) ilustra o conceito de custo total através de um exemplo de seleção de

modo de transporte:

“Um fabricante de instrumentos eletrônicos, localizado na Costa Oeste

estava interessado em providenciar bom serviço de distribuição para

mercados da Costa Leste. Foram consideradas três formas básicas de

transporte - aéreo, rodoviário e ferroviário. Tanto os custos como os

desempenhos associados a cada um destes serviços variavam

substancialmente. Na entrega porta a porta, o transporte aéreo

poderia levar um tempo médio de cerca de quatro dias, enquanto o

transporte por trem ou caminhão exigiria em média oito dias”.

Figura 3. Compensação de custos na seleção do modal de transporte.(fonte:Ballou(2007))

Page 18: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

18

Tabela 1. Custos anuais para três alternativas de transporte para um fabricante de instrumentos eletrônicos.(fonte: BALLOU(2007))

Na figura 3 temos o comportamento geral de custo associado à escolha do modo de

transporte. Considerando o transporte ferroviário, aéreo e rodoviário, custos de processamento

de pedidos não se alteram em relação ao modal escolhido, já o custo de transporte e estoques

varia de acordo com o tipo de transporte.

Transportar produtos por avião implica em redução de custos de estoque, porém

acarreta custo alto de transporte. Geralmente, quanto mais eficiente é o meio de transporte,

menor nível de estoque é necessário nas pontas de movimentação de materiais. Apesar do trem

ser uma opção barata de transporte, sua utilização gera necessidade de maiores estoques

aumentando assim o custo total.

Nota-se que, para modal de transporte em relação a custos, também existe um ponto

que seria teoricamente o mais equilibrado para se compor uma estratégia de operação. Este

ponto contempla o menor custo total com a utilização de um transporte rodoviário. Mas isto

não é regra geral, devendo-se analisar cada caso e procurar a melhor solução. Transportar com

caminhões pode não ser a melhor solução para alguns casos. Isto fica claro na Tabela 1,

exemplo do fabricante de produtos eletrônicos citado anteriormente. Apesar do transporte

ferroviário ser o mais barato, o transporte aéreo se mostrou mais adequado, resultando em

custo total menor.

Page 19: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

19

O fator decisivo neste caso é a distância a ser vencida. O fabricante precisa distribuir

seus produtos da Costa Oeste dos Estados Unidos para a Costa Leste. Sua intenção é

atravessar o país. Fazer esta distribuição de trem levaria o dobro de tempo em relação ao uso

do avião. Este é um exemplo de compensação de custos, o valor alto de se transportar por via

aérea é compensado pela baixa necessidade de estoques.

2.4.O PRODUTO LOGÍSTICO

Produto, na concepção logística, pode ser definido como um bem físico. Este bem

possui características físicas como forma, peso e volume, fatores que influenciam os custos

logísticos.

Relação peso-volume: A densidade de um produto está diretamente ligada aos custos

de armazenagem e transporte. Produtos com densidade alta, como o aço, garantem uma boa

utilização dos espaços de armazenagem e dos equipamentos de transporte. Produtos pouco

densos, como isopor ou lâmpadas, ocupam muito espaço em relação ao seu próprio peso,

encarecendo os custos de manuseio e armazenagem.

Relação valor-peso: A razão valor/peso de um produto deve ser analisada com cuidado

no planejamento logístico. Produtos com baixo valor específico, como areia, carvão e minério

de ferro geram baixos custos de estoque, porém os custos de transporte são elevados. Por sua

vez, produtos com alto valor específico, como jóias e eletrônicos, encarecem os custos de

estoque e geram custos de transporte mais baixos.

Substitutibilidade: Produto substituível é aquele cujo consumidor não nota diferença

em relação ao produto do concorrente. O consumidor pode comprar outra marca do mesmo

produto de imediato, caso o produto habitual não esteja disponível. Então, substitutibilidade se

traduz em vendas perdidas pelo fornecedor. A logística não tem controle sobre esta

característica dos produtos, devendo o administrador logístico viabilizar alternativas

mesclando transporte e estocagem para manter o produto altamente disponível no mercado.

Risco do produto: São os atributos de valor, flamabilidade, tendência à explosão,

perecibilidade e facilidade de roubo. Produtos com alto risco de roubo necessitam de cuidados

especiais na armazenagem e transporte. Produtos altamente perecíveis, precisam ser

transportados em caminhões refrigerados. A mistura de produtos contaminantes no mesmo

Page 20: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

20

armazém pode encarecer os custos de distribuição pela necessidade de embalagens

apropriadas.

Embalagem do produto: A embalagem do produto possui vários objetivos,

BALLOU(2007) destaca dentre eles:

• Facilitar manuseio e armazenagem

• Promover melhor utilização do equipamento de transporte

• Proteger o produto

• Promover a venda do produto

• Alterar a densidade do produto

• Prover valor de reutilização para o consumidor

2.5.CONTROLE DE ESTOQUES

Segundo BALLOU(2007), estoques podem absorver de 25 a 40% dos custos totais da

empresa, devendo então ser o estoque gerenciado de forma correta.

Manter estoques melhora o nível de serviço, incentiva economias na produção, protege

contra aumentos de preço e incertezas quanto à demanda. Porém, manter ativos imobilizados

resulta em altos custos para empresa. O capital absorvido pelos estoques poderia estar sendo

investido em outras áreas, internas ou externas à empresa.

2.6.CUSTOS DE ESTOQUES

O custo relacionado a estoques apresenta três categorias:

• Custos de manutenção: Associados aos custos para se manter uma quantidade de

mercadorias por um certo período de tempo.

• Custos de requisição: Associados à compra de itens necessários para reposição do

estoque.

• Custos de falta de estoques: Custo associado à falta de um item demandado por um

cliente no estoque.

Page 21: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

21

2.7.PREVISÃO DA DEMANDA

Prever o nível de vendas é assunto muito importante para qualquer empresa. A técnica

mais comum utilizada em controle de estoques é a previsão de vendas passadas. Segundo

BALLOU(2007), 85% das empresas americanas utilizam este método de previsão.

A técnica baseada em vendas passadas mais utilizada é a suavização exponencial. É

uma técnica fácil de usar e necessita de poucos dados acumulados. Ela se autocorrige caso

aconteça alteração de demanda. Sua fórmula básica é:

))(1()(Pr AR PaDaevisão −+=

onde

=a 0,1 a 0,3(constante de suavização exponencial)

=RD Demanda real

=AP Previsão anterior

2.8.ESTOQUE MÍNIMO (PONTO DE REPOSIÇÃO OU LOTE ECON ÔMICO DE

COMPRA)

O ponto de reposição tem como objetivo iniciar o processo de ressuprimento

antecipadamente para que não aconteça a falta do material. O lote econômico de compra pode

ser calculado através da seguinte equação:

EC

DAQ

2=

onde

Q=quantidade a ser reposta

D =demanda anual(unidades)

A=custo de aquisição por pedido

E =custo de manutenção anual do item(%)

C =custo do item

3.SISTEMAS LOGÍSTICOS REVERSOS

Até o momento, foram apresentadas as características gerais do que se pode chamar de

“espinha dorsal” da logística clássica: A distribuição física, o produto logístico e o controle de

estoques. A partir de agora, a proposta é desenvolver um tema ainda restrito, de pouca

Page 22: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

22

divulgação no setor industrial, que somente há poucos anos vem ganhando à atenção do

empresário.

A produção crescente, a criação acelerada de novos produtos que tendem a ter tempo

de vida cada vez menor, e a necessidade de estratégias mais competitivas visando o lucro,

fizeram com que os fluxos reversos de materiais ganhassem importância na indústria. Grandes

quantidades de produtos já consumidos devem de alguma forma retornar a cadeia produtiva,

com o objetivo de recuperar valores.

As empresas, atualmente, prezam por uma imagem corporativa e ecologicamente

correta e a manutenção desta imagem se torna difícil quando toneladas de produtos já

utilizados causam poluição ambiental. O governo lança mão de leis rígidas que

responsabilizam as empresas e seus processos pelo controle de detritos lançados no ambiente.

A tendência da população ao consumismo e descartabilidade é realidade, exigindo do

empresário um estudo mais aprofundado sobre a administração dos retornos. Este crescente

interesse em fluxos reversos otimizou estudos de fluxo reverso do passado, atribuindo várias

definições para o termo “logística reversa”.

LEITE(2009) apresenta uma definição dada por ROGERS e TIBBEM-

LEMBKE(1999,P.2):

É o processo de planejamento, implementação e controle da

eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em

processo, produtos acabados e informações correspondentes de ponto

de consumo ao ponto de origem com o propósito de recapturar o

valor ou destinar à apropriada disposição.

Em conseqüência, LEITE(2009) define logística reversa como a utilização de sistemas

operacionais diferentes em cada categoria de fluxos reversos, com o objetivo de tornar

possível o retorno de bens, ou dos materiais dos quais são compostos, aos ciclos produtivos,

agregando valores econômico, ecológico e legal.

O conceito de logística reversa ainda está em evolução, podendo sofrer transformações

em relação à sua abrangência, dependendo das novas possibilidades de negócio e do valor

estratégico da sua aplicação.

Do ponto de vista operacional, a logística reversa utiliza as mesmas ferramentas da

logística clássica:

• Localização de origens e destinos

Page 23: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

23

• Sistemas de informação

• Definições de rede operacional

• Modos de transporte

• Armazenagem

• Gestão de estoques

3.1.CUSTOS NA LOGÍSTICA REVERSA

Os custos na logística reversa estão, em geral, associados às operações da logística

clássica. Porém existem algumas distinções que devem ser feitas.

Custos contabilizados: Soma dos custos de armazenagem, transporte e sistemas de

informação, relacionados ao tipo de canal reverso. Somam-se os custos de seleção de produtos

retornados e distribuição destes produtos.

Custos de gestão: São os mesmos indicadores utilizados na logística clássica como os

custos controláveis, metas, melhorias, etc.

Custos pouco visíveis: Estão relacionados com imagem da empresa. Falhas de

atendimento, desperdícios de tempo e outros recursos podem denegrir a imagem corporativa

da empresa em relação à comunidade. Estes custos são intangíveis e envolvem a imagem da

marca, sendo também denominados de custos de risco.

Segundo LEITE(2009), em 85% dos casos o cliente abandona a marca do produto

devido a uma falha ou experiência negativa. Conquistar um cliente custa cinco vezes mais que

mantê-lo. Quanto maior é a regularidade de um cliente maior é o lucro gerado por ele. Se gasta

muito mais para recuperar uma imagem do que mantê-la.

3.2.COMPETITIVIDADE NA LOGÍSTICA REVERSA

A logística de retorno produz um número de transações que é de cinco a dez vezes

maior do que o número de transações da logística direta(logística clássica de envio). O custo

gerado pelo fluxo reverso pode ser de três a cinco vezes maior que o custo de envio.

O fator de compensação de custos pode e deve ser utilizado também na administração

de fluxos reversos. LEITE(2009) cita PORTER(1985) que sugere atitudes que podem criar

relacionamentos duradouros entre clientes e empresas:

• Redução de desperdícios de matéria-prima: fornecimento de produtos customizados.

Page 24: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

24

• Redução de custo de mão-de-obra: facilitação de operações.

• Redução de tempo de espera: oferecer confiabilidade e pronta disposição.

• Redução de custos de manutenção de estoques: proporcionar flexibilidade e entrega

rápida.

• Redução dos custos de poluição: coleta de destino adequado dos materiais.

• Redução dos custos de reparo: melhor confiabilidade do produto.

Do ponto de vista do fabricante, a logística reversa pode oferecer ganhos competitivos

desde que seja possível a reintegração dos retornos ao ciclo produtivo ou de negócio.

3.3.*GANHOS DE COMPETITIVIDADE DO FABRICANTE NO RET ORNO

Estratégia de competitividade:

• Reaproveitamento de componentes.

Atividades da logística de retorno:

• Montagem da rede logística reversa.

• Coletas e suprimento de produtos de retorno à linha de desmanche.

• Distribuição dos produtos ou componentes remanufaturados nos mercados

secundários.

• Apoio ao processo industrial.

Ganhos de competitividade:

• Competitividade de custos operacionais pelas economias na confecção do produto.

• Competitividade de imagem corporativa.

Estratégia de competitividade:

• Reaproveitamento de materiais constituintes.

Atividades da logística de retorno:

• Montagem da rede logística reversa.

• Coletas e suprimento de produtos de retorno à linha de desmanche.

• Distribuição das matérias-primas secundárias nos mercados secundários.

Ganhos de competitividade:

• Competitividade de custos operacionais pelas economias na confecção do produto.

Page 25: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

25

• Competitividade de imagem corporativa.

Estratégia de competitividade:

• Adequação fiscal.

Atividades da logística de retorno:

• Adequação da cadeia reversa às condições.

Ganhos de competitividade:

• Competitividade de custos.

Estratégia de competitividade:

• Demonstração de responsabilidade empresarial.

Atividades da logística de retorno:

• Montagem e operação da rede logística reversa.

Ganhos de competitividade:

• Competitividade de imagem corporativa.

*Adaptação de LEITE(2009, pág.34)

4.LOGÍSTICA REVERSA DOS BENS DE PÓS-CONSUMO

4.1.CONCEITOS

Para compreender os fluxos logísticos reversos, algumas definições relacionadas à

produção de bens materiais devem ser trabalhadas.

Vida útil de um bem: Tempo decorrido desde sua produção original até o momento

em que o primeiro possuidor de desfaça deste bem.

Bens descartáveis: Bens com duração média de vida útil de algumas semanas. Ex:

Materiais de escritório, embalagens, brinquedos, fraldas, jornais, etc.

Bens duráveis: Apresentam vida útil média que varia de alguns anos a décadas. Ex:

Máquinas e equipamentos industriais, automóveis, eletrodomésticos, edifícios, aviões, navios,

etc.

Bens semiduráveis: Apresentam vida útil de alguns meses, não ultrapassando dois

anos. Esta é uma categoria intermediária, apresentando características de bens duráveis e

Page 26: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

26

descartáveis. Ex: Baterias de celular, óleos lubrificantes, computadores, baterias de veículos,

etc.

A preocupação da logística reversa de bens de pós-consumo é justamente o caminho

que estes bens percorrem após o fim de sua vida útil. Estes bens, ou suas partes constituintes

devem retornar ao processo de negócio agregando valores econômicos, sociais e ambientais.

LEITE(2009) define logística reversa de pós-consumo como “área da logística reversa que

equaciona e operacionaliza o fluxo físico e as informações de bens de pós-consumo

descartados pela sociedade, que retornam ao ciclo produtivo por meio de canais reversos

específicos”.

Então, bens produzidos em algum momento se tornam o produto da logística reversa de

pós-consumo, com o fim de sua vida útil. O destino destes materiais pode acontecer de forma

segura ou não.

Disposição final segura: Usa-se meio controlado para desembaraço dos bens para que

não haja poluição ambiental ou prejuízo para a sociedade.

Disposição final não segura: O destino dos bens acontece de maneira não controlada,

sendo feito em lixões, terrenos baldios, mares, rios, etc.

4.2.CANAIS REVERSOS DE DISTRIBUIÇÃO

Segundo LEITE(2009), canais reversos de distribuição são “as etapas de

comercialização e industrialização pelas quais fluem os resíduos industriais e os diferentes

tipos de bens de utilidade ou seus materiais constituintes, até sua reintegração ao processo

produtivo, por meio de reúso, remanufatura ou reciclagem”.

4.3.FLUXOS DIRETOS E REVERSOS

Fluxos diretos são os produtos e materiais constituintes que fluem de forma

direta(logística clássica) são chamados de fluxos diretos, enquanto que os produtos e materiais

constituintes que fluem no sentido inverso são chamados de fluxos reversos. Tem-se então

uma relação entre estes fluxos:

PoluiçãoFDFR

EquilíbrioFDFR

⇒<⇒=

onde

Page 27: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

27

=FR Fluxo reverso

=FD Fluxo direto

4.4.ÍNDICE DE RECICLAGEM

LEITE(2009) define índice de reciclagem de um bem durável “... como a relação

percentual entre as quantidades recicladas(fluxo reverso) de um determinado bem durável de

pós-consumo, em um período de tempo e em determinada região, e a quantidade total

produzida do mesmo bem, no mesmo período e na mesma região”.

O índice de reciclagem do material constituinte de um bem durável pode ser definido

como a relação entre quantidades recicladas do material constituinte em um certo espaço de

tempo e as quantidades produzidas deste material originadas de produtos de pós-consumo.

Tabela 2.Valores médios de taxas de reciclagem de materiais no Brasil(fonte:

Cempre(2000;2006) adaptado de LEITE(2009))

Material 2000 2006

Papel de escritório 37% 47%

Papel ondulado 60% 77%

Plástico-filme 15% 20%

Latas de alumínio 61% 94%

Vidro 27,6% 46%

Latas de aço 18% 47%

Plástico rígido 15% 20%

Plástico PET 21% 51%

Canal reverso de ciclo aberto

O foco deste tipo de canal reverso é o material constituinte do produto de pós-

consumo. Consiste nas etapas de retorno dos materiais constituintes visando sua reintegração

ao processo produtivo possibilitando a substituição de matérias-primas novas.

Page 28: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

28

Uma tendência no projeto de produtos é criá-los de forma que a sua desmontagem seja

facilitada, utilizando poucos tipos de materiais, evitando produtos com partes coladas ou

soldadas. Exemplos de cadeias reversas de ciclo aberto são os ciclos dos automóveis, navios,

máquinas, eletrodomésticos, etc.

Canal reverso de ciclo fechado

Constitui etapas de retorno do produto de pós-consumo nas quais os materiais

constituintes são extraídos de forma seletiva para a fabricação de um produto similar ao de

origem. Todas as etapas reversas são especializadas na revalorização do produto.

Óleos lubrificantes usados, baterias de veículos descartadas e latas de alumínio são

exemplos deste tipo de ciclo reverso.

4.5.ENTRADA DOS BENS DURÁVEIS NO CICLO REVERSO

Quando um bem durável chega ao fim de sua vida útil, parando de funcionar, sofrendo

algum tipo de avaria ou simplesmente é trocado por um modelo mais novo, este bem está apto

a entrar em uma cadeia de fluxo reverso. Pessoas físicas descartam estes bens por meio de

coletas informais como catadores de lixo, mas a saturação de aterros e lixões nas grandes

cidades faz com que esta coleta seja dificultada.

É justamente esta dificuldade em coletar produtos com vida útil encerrada que estimula

o aparecimento de redes reversas bem estruturadas para aproveitamento econômico do

descarte.

Canais reversos de reúso

Os bens são coletados nas fontes de coleta e enviados para o mercado de segunda mão

sendo compradores destes bens geralmente comerciantes estabelecidos ou empresários de

remanufatura. Automóveis, computadores e máquinas operatrizes são exemplos de produtos

para reúso, assim como leilões destes mesmos bens.

Canais reversos de remanufatura

São as etapas de coleta, classificação e transporte aos diferentes locais de

processamento do bem durável de pós-consumo. O produto é limpo, desmanchado e

submetido a testes nos seus componentes para verificação de possibilidade de

reaproveitamento. Um novo produto é confeccionado e disponibilizado para venda.

Page 29: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

29

A remanufatura traz grande economia para as empresas já que as principais partes

constituintes dos produtos são reaproveitadas. Apesar de representar oportunidades de ganho

econômico, a remanufatura ainda é pouco utilizada pelas empresas, que muitas vezes tem

pouca informação sobre seu potencial benéfico ou receio em relação aos desafios envolvidos.

O setor de remanufatura representa altos valores econômicos que podem ser

comparados com áreas de produção direta. Nos Estados Unidos, por exemplo, o setor pode ser

comparado, em quantidades de vendas, aos setores da indústria de bens duráveis domésticos e

a indústria siderúrgica. Fabricantes originais podem desenvolver atividades de remanufatura,

assim como empresas especializadas e empresas de remanufatura independentes. Elas

participam desde a captação dos produtos de pós-consumo(carcaças) até a redistribuição

destes produtos no mercado.

4.6.CANAIS REVERSOS DE BENS DESCARTÁVEIS

A fontes geradoras deste tipo de bem são as residências e as empresas comerciais e

industriais. São as embalagens descartáveis de materiais constituintes(vidro, plástico, papel),

objetos de pequeno volume e nas indústrias são alguns componentes de embalagens e resíduos

industriais. O canal reverso, neste tipo de bem, se configura com os sistemas de coleta.

Coleta domiciliar de lixo

Não havendo seleção, o lixo urbano domiciliar é uma mistura de material reciclável

com resíduos orgânicos. Este lixo é coletado nos domicílios e depositado em aterros que

geralmente estão sobrecarregados. LEITE(2009) exemplifica este tipo de coleta citando o caso

da cidade de São Paulo. Eram coletadas diariamente aproximadamente 16 mil toneladas/dia

em 2006 e isto é preocupante considerando-se que em 1985 a quantidade diária de lixo

coletado era de 4450 toneladas.

Um caminhão de coleta domiciliar tem capacidade de 10 toneladas, dependendo da

compactação do material. Seriam necessários 1600 caminhões para transportar o lixo diário da

cidade de São Paulo, isto não considerando o tempo de trajeto entre os pontos de coleta e o

destino no aterro. Percebe-se então a seriedade do problema da coleta de lixo urbano.

Coleta seletiva

Qualquer coleta que tenha uma seleção prévia do material pode ser chamada de coleta

seletiva. É feita a separação do material reciclável do resíduo orgânico, procedimento este que

Page 30: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

30

desafoga os aterros e torna o material reciclável mais atraente do ponto de vista operacional e

econômico. Os materiais são separados em grandes classes(vidro, plástico, papel,etc) e

embalados visando à diminuição de volume para obterem-se menores custos de transporte. A

coleta seletiva mostra-se uma das melhores opções para captação de lixo nos grandes centros,

possibilitando que o material reciclável não se misture com o resíduo orgânico, a coleta

seletiva desvia quantidades de materiais dos aterros, aumentando a qualidade e quantidade do

material reciclável.

5.NÍVEIS DE INTEGRAÇÃO NAS CADEIAS REVERSAS

Nível de integração é maneira como as empresas se apoderam dos materiais de pós-

consumo e fazem a recolocação deste material no processo. Nas cadeias reversas de

remanufatura podemos ter:

Empresas não integradas: Compram as carcaças de distribuidores que são

encarregados da coleta direta no mercado. Não é realizado nenhum processamento por parte

destes distribuidores no material.

Empresas integradas: Implantam um sistema de coleta próprio na sua região,

realizando transporte do material diretamente para aproveitamento em seus processos.

Para os ciclos reversos de reciclagem as empresas podem executar algumas das fases

reversas ou adquirir material reciclado diretamente do mercado.

Empresas não integradas em reciclagem: É feita a compra de materiais da indústria

de reciclagem ou de agentes distribuidores de materiais reciclados. Os materiais podem

substituir matérias-primas no processo pois apresentam condições técnicas para tal.

Empresas integradas em reciclagem: A coleta dos produtos de pós-consumo é feita

diretamente da fonte primária pela própria empresa ou por meio de parcerias. É realizado um

beneficiamento no material para reaproveitamento.

5.1.FATORES DE INFLUÊNCIA NA IMPLANTAÇÃO DE CADEIAS REVERSAS

Podem-se destacar algumas condições essenciais para que uma cadeia reversa seja

iniciada:

Remuneração em todas as etapas: Os participantes do ciclo devem ter interesse

econômico, devendo os materiais possuir condições de mercado satisfatórias.

Page 31: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

31

Qualidade dos materiais reciclados: Os materiais não devem estar contaminados,

tendo alta viabilidade técnica de reintegração ao processo.

Escala econômica de atividade: As quantidades devem ser constantes no tempo, para

que as atividades aconteçam em escala empresarial e econômica.

Mercado para os produtos reciclados(remanufaturados): É necessário que exista

um mercado consumidor destes produtos reaproveitados em quantidade e qualidade

suficientes.

Para que um sistema reverso funcione a nível empresarial, é necessário que se satisfaça

a algumas condições de existência. Existem fatores de influência e fatores modificadores.

Como fatores de influência temos os Fatores Econômicos que são as condições que

possibilitem a reintegração do material ao processo de forma econômica garantindo

remuneração adequada aos agentes da cadeia.

Fatores Tecnológicos são as tecnologias necessárias para a realização das etapas

reversas de separação ou desmontagem dos produtos de pós-consumo. Estas tecnologias

devem permitir um tratamento dos materiais tornando o processo viável tecnicamente e

economicamente.

Às condições de organização, sistema de transporte e localização entre os elos da

cadeia reversa, chamamos de Fatores Logísticos.

Como fatores modificadores externos temos os Fatores ecológicos e Fatores

legislativos. Estes fatores estão relacionados a interesses de sustentabilidade ambiental de um

dos agentes da cadeia, como o governo ou as empresas. Também incluem a regulamentação de

processos exigidos pelos governos na forma de leis que devem ser cumpridas.

5.2.ETAPAS SEGUINTES À COLETA

Seleção, separação e adensamento

Os materiais são separados, é feita uma seleção pelo tipo de natureza do material e

posteriormente o material é adensado para facilitar o transporte. São geralmente “sucateiros”

ou alguma empresa especializada que realiza este processo. Esta especialização se dá por tipo

de material(ferro, vidro, plástico, etc.).

Page 32: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

32

Processo industrial de reciclagem

É a extração ou separação de materiais componentes do produto retornado, eliminando-

se qualquer contaminação existente. Prepara-se os componentes dentro das especificações

exigidas e reintegra-se os mesmos ao processo. O projeto do produto pode contribuir para a

viabilidade técnica e financeira deste processo, pois os tipos de ligas e formas de união nos

produtos definem a dificuldade na desmontagem.

O uso de colas ou solda deve ser evitado porque dificulta a desmontagem. As ligas ou

mesclas de materiais ocasionam imensa dificuldade nos processos de reaproveitamento porque

sua separação exige processos mais complexos e caros.

Produtos com diferentes cores devem, no processo de reciclagem, ter estas eliminadas.

Isto causa um aumento de custo no processo de reaproveitamento.

Reintegração ao ciclo produtivo

É a última etapa do canal reverso onde os materiais são utilizados em substituição a

matérias-primas novas por terem alguma vantagem competitiva.

5.3.RECICLABILIDADE

É o nível de capacidade de um produto em adequar-se tecnicamente às fases de retorno

do ciclo produtivo. LEITE(2009) aponta as principais características:

• Facilidade de transporte

• Facilidade de desmontagem

• Aptidão para a remanufatura

• Facilidade de separação

• Facilidade de extração do material constituinte

• Conservação das propriedades originais

• Número de reutilizações possíveis

• Nível percentual de substituição das matérias-primas novas

5.4.OBJETIVO ECONÔMICO NOS CANAIS REVERSOS

Nos canais de remanufatura, o objetivo econômico é o reaproveitamento de parte de

um produto, fazendo-se a coleta de conjuntos chamados no mercado de “carcaças”,

substituindo-se peças e tornando o produto capaz de realizar as suas funções originais. O uso

Page 33: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

33

de “carcaças” permite economia na energia de execução do produto e, segundo LEITE(2009),

podem ser esperados ganhos de 40 a 60% nos custos com uma utilização de esforço de

fabricação de somente 20% na produção de um produto novo. Um Produto remanufaturado

tem preço final de 30 a 50% menor em relação ao produto original.

Os canais de reciclagem têm como objetivo econômico reintegrar materiais oriundos

dos bens de pós-consumo ao processo como matérias-primas para fabricação de outras

matérias-primas ou como matérias-primas para fabricação de outros produtos.

5.5.FORMAÇÃO DE PREÇO

De maneira geral, o preço do produto reciclado(remanufaturado) se forma pelo

encadeamento das diversas etapas do ciclo reverso:

Figura 4.Etapas de comercialização e formação de preço do produto reciclado(adaptado de

LEITE(2009), Pág.104)

O preço é, portanto, formado pela soma dos custos e os lucros dos agentes da cadeia

reversa. Estudos citados por Penman e Stock(1995) indicam que a diferença entre os preços de

matérias-primas recicladas e o preço das matérias-primas que substituem são em média de

25%, afirma LEITE(2009).

LEITE(2009) também cita um acompanhamento demonstrado por MORRIS(1998),

num prazo de dez anos, que a diferença de preços entre lingotes de alumínio e latas de

alumínio de pós-consumo ficou em torno de US$ 500/t, equivalendo de 25 a 30% do valor do

alumínio virgem. Como regra geral, o valor do material reciclado deve ficar abaixo do valor

da matéria-prima correspondente, mas variando de forma equivalente no tempo.

Etapa da coleta Custo da coleta(Cc)= custo da posse(Cp) + custo de beneficiamento inicial(Cb) Preço de venda ao sucateiro= Cc + lucro do coletor(Lc) Etapa do sucateiro Custo para o sucateiro= Cc + Lc + custo próprio(Cs) Preço de venda do sucateiro= Cc + Lc + Cs + lucro do sucateiro(Ls) Etapa de reciclagem Custo do reciclador= Cc + Lc + Cs + Ls + custo próprio(Cr) Preço de venda do reciclador= Cc + Lc + Cs + Ls + Cr + lucro do reciclador(Lr)

Page 34: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

34

6.ESTUDO DE CASO

O objetivo a partir de agora é mostrar uma visão prática do ciclo reverso e suas

vantagens no processo industrial. As empresas podem realmente obter vantagens competitivas

elaborando o reaproveitamento de produtos de pós-consumo, conseguindo também uma

imagem corporativa de compromisso social, imagem esta muito valorizada nos dias atuais, em

função das preocupações sócio-ambientais que envolvem os setores industriais.

6.1.A EMPRESA

Atuando no Brasil desde 1965, a Cargill é uma das maiores indústrias de alimentos do

país, é a maior exportadora de soja e uma das maiores processadoras de cacau da América

Latina. Sediada em São Paulo(SP), possui unidades industriais e administrativas em cerca de

120 municípios, onde trabalham aproximadamente 6 mil funcionários.

A responsabilidade corporativa é um dos lemas de atuação da empresa, motivando

assim a constante busca de alternativas que viabilizem crescimento aliado às responsabilidades

sociais e ambientais.

6.2.PRODUTO – AMIDO DE MILHO

A empresa fornece amido para indústrias dos setores de celulose, chocolates,

cervejaria, sorvetes, balas entre outros. O produto é originário do milho e possui sabor e odor

característico na forma de um pó fino e branco.

O amido de milho é vendido a granel e embalado em sacos de papel de 25 kg e também

em Big Bags com capacidade variando entre 500 kg e 1250 kg.

O Big Bag é uma embalagem para produtos a granel fabricado em Polipropileno de alta

resistência e tenacidade, podendo ser tratado contra raios ultravioleta. O Big Bag facilita muito

a carga, descarga e manuseio dos produtos sendo de larga utilização na indústria.

Geralmente o Big Bag é composto por duas válvulas, uma superior por onde o produto

é colocado e uma inferior por onde o produto é descarregado, ambas fechadas por cordas de

amarração.

Page 35: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

35

Figura 5.Embalagens tipo Big Bag.

A embalagem de 25 kg é fabricada em papel multifolhado, com duas camadas de

papel, uma interna em contato com o produto e outra externa onde são impressas as

informações sobre o produto e a empresa.

A embalagem de 25 kg não possui detalhes visuais porque não se destina ao

consumidor final e sim às indústrias. Seu objetivo é oferecer qualidade e fácil utilização na

linha de produção.

Figura 6.Embalagem em papel de 25 kg (Fonte:software de qualidade da empresa)

6.3.IMPLANTAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA

A maior vantagem do Big Bag é a possibilidade de reaproveitamento no processo

produtivo após limpeza e sanitização do mesmo. O projeto de logística reversa prevê a retirada

das embalagens dos clientes, a reciclagem e a recolocação em condições de uso no centro

produtivo.

Page 36: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

36

O Big Bag de 1000 kg é o mais utilizado pela empresa. Alguns clientes exigem que o

amido de milho seja comercializado em Big Bags, mas a empresa nunca havia pensado na

possibilidade de retorno destas embalagens para reutilização. A reciclagem do Big Bag

proporciona uma economia considerável e diminui os resíduos na produção dos clientes

porque a embalagem não será mais descartada. O projeto incentiva também o abandono da

embalagem de 25 kg porque além desta ter um custo maior para a empresa, a própria

embalagem e seus acessórios de transporte não serão mais descartados.

Figura 7.Fluxo logístico antes do projeto de Logística reversa.

Figura 8.Fluxo logístico após a implantação do projeto de Logística reversa.

6.4.COMPARAÇÕES(SACO 25KG X BIG BAG NOVO E RECICLAD O)

A introdução da Logística reversa permite uma maior competitividade na cadeia como

um todo. Consumidores podem comprar maiores quantidades ou começar a ter acesso a

produtos que antes não eram acessíveis devido ao custo alto.

Page 37: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

37

Tabela 3.Comparativo saco 25kg x Big Bag novo e reciclado(*para uma tonelada de amido)

O custo total do saco de 25 kg é R$ 41,60 contra R$ 36,10 do Big Bag novo e R$ 20,10

do custo do Big Bag reciclado. Com certeza, o Big Bag reciclado é viável em relação à

embalagem de 25 kg e ao Big Bag novo. A necessidade de embarque paletizado do saco de 25

kg gera custos adicionais com os acessórios utilizados, fato que não ocorre com os Big Bags.

Podemos identificar o papel sustentável da Logística reversa porque os acessórios

como plásticos e papéis, necessários ao embarque das embalagens de 25 kg não são mais

descartados pelo cliente devido à substituição destas pelos Big Bags.

7.ECONOMIAS OBTIDAS

A empresa aproveitou a estrutura interna disponível como equipamentos de

movimentação ociosos, espaços para armazenagem e profissionais de diversos departamentos

para suprir a nova demanda devido à implantação do sistema logístico reverso.

A reciclagem das embalagens é terceirizada, para tanto foi desenvolvido um fornecedor

especialista neste tipo de serviço que coleta as embalagens nos clientes, recicla e entrega as

mesmas prontas para serem utilizadas no processo produtivo. A reciclagem tem um custo por

unidade de R$ 18,00 sendo este valor fixo, independente do tamanho do Big Bag. Isto

Page 38: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

38

acontece porque os principais custos do fornecedor não sofrem alteração em função do

tamanho da embalagem.

Tabela 4. Economia total no ano de 2004.

Feita uma análise da tabela 4 podemos constatar que se todas as embalagens que foram

recicladas fossem compradas novas o custo total seria de R$ 292.285,00 enquanto que o custo

de reciclagem totalizou R$ 159.696,00. A diferença representa 45% de economia, o que é

considerável.

Figura 9.Quantidade utilizada e comprada no ano de 2004.

Page 39: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

39

A figura 9 traz informações sobre quantidades utilizadas e compradas em 2004. As

embalagens tipo Big Bag de 1000 kg e 1250 kg foram as mais utilizadas e percebemos que a

embalagem de 1000 kg tipo reciclada consumiu 6300 unidades contra 1325 unidades

compradas novas. Portanto, 79% das embalagens de 1000 kg utilizadas são recicladas,

demonstrando a maior utilização de reciclados no processo e sua boa aceitação.

Fica claro que acontece então uma diminuição nos custos totais de produção da

empresa e conseqüentemente um aumento na competitividade. O dados analisados permitem

que se conclua que o reaproveitamento destas embalagens traz vantagens econômicas

consideráveis, tornando totalmente viável o ciclo reverso e trazendo para empresa uma

melhora de sua imagem corporativa no que diz respeito a seus clientes e a sociedade onde está

inserida.

8.CONCLUSÃO

A visão de sustentabilidade com processos mais conscientes não é somente

responsabilidade do governo ou de certas classes sociais. Todos nós temos um papel

importante a cumprir dentro de um cenário onde as preocupações ambientais estão se tornando

prerrogativas básicas para se realizar qualquer projeto. A natureza pede socorro!

Como iremos manter o alto nível de produção e consumismo atual, sem se pensar em

fontes renováveis de recursos, métodos de produção ecologicamente corretos e respeito ao

planeta. Se práticas não forem realizadas o quanto antes, vamos literalmente cobrir nosso

planeta de lixo e não haverá mais espaço para a produção e o consumo.

Um dos papéis dos ciclos reversos é justamente possibilitar a continuidade dos

processos industriais com ações visando à produção e consumo sustentáveis, trazendo para a

empresa uma imagem corporativa ecologicamente correta somada a redução dos custos de

produção.

A visão do retorno deve estar presente inclusive no projeto de novos produtos. O

engenheiro de produto precisa considerar hipóteses como composição dos materiais,

componentes soldados ou colados, estratégias para captação do produto pós-consumo, etc. A

tendência é que produtos tenham apenas um tipo de material, seus componentes não sejam

soldados ou colados, já que cuidados como estes facilitam o fluxo reverso.

Page 40: TCC - LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

40

A boa notícia é que o empresário mudou, através dos anos, seu conceito sobre a

logística, que ganhou uma visão mais estratégica dentro do negócio e participa mais

diretamente das decisões importantes porque é reconhecido o papel logístico de agregação de

valores ao produto.

O olhar empresarial se volta também aos fluxos reversos, como mostra o estudo de

caso apresentado, a implantação da logística reversa é economicamente viável, trazendo

redução de custos e melhorando a imagem da empresa.

Meios sustentáveis de produção serão cada vez mais necessários e profissionais das

diversas áreas industriais devem estar atentos às mudanças e buscar o aperfeiçoamento

contínuo. A logística reversa atua em todo este contexto de forma relevante como instrumento

de apoio às decisões estratégicas, abrangendo produção, sociedade e meio-ambiente.

9.Bibliografia

BALLOU, Ronald H; Logística Empresarial; 1ª edição; São Paulo; Ed. Atlas; 2007.

LEITE, Paulo Roberto; Logística Reversa: Meio ambiente e competitividade; 2ª edição; São

Paulo; Ed. Pearson; 2009.

ENEGEP.XXVI,2006,Fortaleza.O estudo de caso do projeto de logística reversa: reutilização

de embalagens do tipo big bag. 8 págs.