tcc educação a distância

196
CIÊNCIAS SOCIAIS 1 período CADERNO DIDÁTICO I

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Material didático para Educação a Distância da Disciplina de TCC.

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Page 1: TCC Educação a distância

CIÊNCIAS SOCIAIS1 período

CADERNODIDÁTICO I

Page 2: TCC Educação a distância

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a DistânciaCarlos Eduardo Bielschowsky

Coordenador Geral da Universidade Aberta do BrasilCelso José da Costa

Governador do Estado de Minas GeraisAécio Neves da Cunha

Vice-Governador do Estado de Minas GeraisAntônio Augusto Junho Anastasia

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino SuperiorAlberto Duque Portugal

Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - UnimontesPaulo César Gonçalves de Almeida

Vice-Reitor da UnimontesJoão dos Reis Canela

Pró-Reitora de EnsinoMaria Ivete Soares de Almeida

Coordenadora da UAB/UnimontesFábia Magali Santos Vieira

Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Ramony Maria da Silva Reis Oliveira

UAB

UNIVERSIDADEABERTA DO BRASIL

Page 3: TCC Educação a distância

CADERNO DIDÁTICO I UAB/UNIMONTES

Projeto Gráfico e EditoraçãoAndréia Santos Dias

Alcino Franco de Moura JúniorWendell Brito Mineiro

Impressão, Montagem e AcabamentoGráfica e Editora Sigma Ltda.

Revisão

Fábia Magali Santos VieiraIvanise Melo de Sousa

Karen Tôrres Corrêa Lafetá de AlmeidaWane Elayne Eulálio dos Anjos

Wanessa Pereira Fróes QuadrosRamony Maria da Silva Reis Oliveira

Alcino Franco de Moura JúniorDanielle F. Souza

José França Neto

Page 4: TCC Educação a distância

SUMÁRIO

Apresentação do Caderno Didático..................................................

Introdução à Educação a Distância

Iniciação Científica

Unidade 1

Unidade 2.

...................................................

Referências.....................................................................................

.........................................................................

.....................................................................................

....................................................................................

Referências..................................................................................

Atividades de Aprendizagem - AA...................................................

Filosofia da Educação....................................................................

Apresentação............................................................................

Unidade 1: A Filosofia e suas Origens...........................................

Unidade 2: Ontologia.................................................................

Unidade 3: O Racionalismo Moderno..........................................

Unidade 4: A Ação na Filosofia Contemporânea...........................

Unidade 5: A Contribuição do Projeto Filosófico para a Teoria e

Prática da Educação na Atualidade..............................................

Atividades de Aprendizagem - AA................................................

Referências Básica, Complementar e Suplementar........................

Agenda do Acadêmico....................................................................

05

11

35

37

43

55

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100

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172

189

192

194

Page 5: TCC Educação a distância
Page 6: TCC Educação a distância

APRESENTAÇÃODO CADERNO

DIDÁTICO

05

Caro Acadêmico,

Inicialmente, cumpre-nos registrar nossos cumprimentos pelo seu

êxito no Processo Seletivo da Universidade Aberta do Brasil. Que este

triunfo, que coloca você entre os privilegiados da sociedade, possa

efetivamente contribuir para seu crescimento pessoal, sua auto-realização

e, conseqüentemente, para desenvolvimento da sociedade, através de sua

resposta, em ações, aos que contribuíram para sua formação.

Você está ingressando em um curso de Licenciatura. Este fato

amplia, em muito, a sua responsabilidade social. A formação adequada de

professores se coloca, hoje, como a mais significativa esperança para o

desenvolvimento humano. E é nesta perspectiva que apresentamos o seu

primeiro Caderno Didático de Disciplinas.

Cada Caderno Didático tem o objetivo de orientar as atividades

que você realizará nas disciplinas nele contidas. Na forma como foi

organizado, dialogando com o acadêmico, este material permite a

construção gradativa e processual dos conhecimentos relevantes,

deixando à responsabilidade do acadêmico o seu aprofundamento através

das indicações de referência, sugeridas para estudo. Aí, também, foram

colocadas Atividades de Aprendizagem – AA, através das quais você

poderá acompanhar seu desempenho e promover o seu próprio

desenvolvimento. Esta atividade terá um valor de 20 pontos. O objetivo

deste trabalho é que o conhecimento adquirido ultrapasse o âmbito da

teoria e permita o estabelecimento de relações em todas as atividades de

sua vida, extrapolando as relações sociais em que você se insere.

Os Cadernos Didáticos do primeiro período terão as seguintes

disciplinas:

?Iniciação Científica, com uma carga horária de 40 horas;

?Sociologia I , com uma carga horária de 90 horas;

?Filosofia da Educação, com uma carga horária de 75 horas;

?Antropologia I, com uma carga horária de 75 horas;

?Política I, com uma carga horária de 75 horas; e

?História da Educação, com uma carga horária de 45 horas.

Na disciplina Iniciação Científica, você terá oportunidade de

construir e/ou aprofundar conhecimentos acerca da relação entre ciência e

conhecimento, desvelando o processo de produção e de transmissão,

reconhecendo e empregando as mais diversas técnicas de estudo e de

Page 7: TCC Educação a distância

06

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

pesquisa, de sistematização e de registro dos conhecimentos produzidos.

Colocadas estrategicamente, no início do curso, o trabalho com esta

disciplina prepara você para todas as demais e para a realização das

tarefas de estudo a que se propuser.

Na disciplina Sociologia I, você, como acadêmico, terá

oportunidade de conhecer e analisar a contextualização histórica do

surgimento da Sociologia e a postura dos clássicos quanto aos

pressupostos teóricos e metodológicos que envolvem esse campo de

estudos.

Com a disciplina Filosofia da Educação, você conhecerá as

origens e a evolução da Filosofia, em uma perspectiva educacional. A

problemática do ser, o realismo e o idealismo na concepção dos principais

teóricos clássicos que os fundamentaram, as concepções históricas do

homem e do conhecimento, a ética, a estética e a política. Com esta

disciplina, você perceberá um claro convite à reflexão radical, rigorosa e

profunda sobre temas de absoluta relevância ao desenvolvimento do

homem, enquanto ser racional, co-responsável pela edificação da

humanidade no caminho de sua evolução.

Antropologia I contempla o estudo da Antropologia como uma

Ciência do “outro” ou ainda das diferenças sociais e culturais, explicitando

a especificidade da antropologia em relação às demais Ciências Sociais. A

especificidade do discurso antropológico sobre o “outro” e comparação

com outros discursos elaborados em contextos de relações de alteridade,

priorizando aqueles construídos a partir do encontro do “europeu” com os

povos do chamado “Novo Mundo”, como os missionários e viajantes. O

discurso antropológico evolucionista do século XIX. Os diferentes

discursos sobre o “outro”: a oposição entre etnocentrismo e relativismo

cultural e as noções de cultura e diversidade cultural.

Na disciplina Política I, você conhecerá o objeto e conceitos

básicos da Ciência Política; o problema do poder, da legitimidade e da

autoridade como dimensões fundacionais do objeto da ciência política em

suas interações humanas. A formação e a trajetória do pensamento

político moderno relativas à propriedade, à liberdade, à igualdade e aos

direitos, nas concepções clássicas de Maquiavel, Hobbes, Locke, Rosseau

e Montesquieu.

História da Educação possibilita o estudo da contextualização

sócio-histórica da educação, enfatizando os diversos paradigmas

educacionais na realidade tempo/espaço, com atenção especial para a

História da Educação no Brasil, suas tendências e concepções da

educação ideal, conforme a realidade educacional no contexto sócio-

político específico de cada época.

Este primeiro Caderno Didático refere-se às disciplinas Iniciação

Científica e Filosofia da Educação.

Além das atividades a distância, que incluem, entre outras, o

estudo do Caderno Didático, você, acadêmico, deverá, obrigatoriamente,

Page 8: TCC Educação a distância

Apresentação Unimontes/UAB

07

participar de atividades presenciais intensivas no pólo de apoio presencial,

onde serão ministradas as aulas propriamente ditas, com o Professor

Formador de cada disciplina. Nessa oportunidade, o professor

desencadeará o processo de reflexão, apresentando o conteúdo básico da

disciplina. É, nesse momento, que o acadêmico, juntamente com o

restante da turma, terá oportunidade de manifestar-se, de expor suas

expectativas em relação ao trabalho com a disciplina. Estas atividades

acontecerão no pólo de apoio presencial em finais de semana, conforme

cronograma apresentado.

Assim como as Atividades Presenciais, acontecerão, também, os

Seminários Temáticos – três por período, em finais de semana, ocasião em

que devem ocorrer as discussões conclusivas sobre os trabalhos realizados

nas disciplinas, incluindo nestes momentos, as Avaliações On-line – AO,

que serão avaliadas com valor de 30 pontos.

Ao final do último Seminário Temático, no pólo de apoio

presencial, serão aplicadas as Avaliações Semestrais – AS. Estas avaliações

terão o valor de 50 pontos.

Iniciando a primeira Fase Presencial Intensiva, como abertura

oficial do curso, serão realizadas, no pólo de apoio presencial, as seguintes

atividades de freqüência obrigatória:

?Palestra identificada como Introdução a Educação a

Distância;

?Apresentação das disciplinas Iniciação Científica e Filosofia da

Educação; e

?Capacitação Tecnológica para uso do Ambiente Virtual para

os acadêmicos.

Após a realização da primeira fase presencial intensiva, haverá um

período de Atividades de Inserção do Acadêmico no Curso. Nesta fase, o

acadêmico poderá usar de todos os meios disponibilizados para colher

informações sobre o curso e sobre o Sistema UAB/Unimontes. Todas as

instâncias abaixo descritas estarão disponibilizadas para responder aos

seus questionamentos e manifestações.

Esgotado o período determinado para inserção do acadêmico,

será dado início às atividades de estudo das disciplinas e os seminários de

acordo com o cronograma abaixo.

Page 9: TCC Educação a distância

CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DA EAD NO 1ºPERÍODO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

08

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

INSTÂNCIAS DE APOIO AO ACADÊMICO

Virtualmontes

O Sistema UAB foi idealizado para permitir a inclusão de todos

aqueles que, tendo concluído o Ensino Médio, demonstrarem capacidade

de realizar um curso superior, mesmo que não disponham de

computadores com acesso à Internet em suas residências ou na localidade

onde residem. Por esse motivo, as atividades a serem realizadas no

ambiente virtual a distância não são obrigatórias. Entretanto, é de grande

importância a participação do acadêmico no ambiente Virtualmontes. Esta

atividade ampliará, em muito, as possibilidades de discussão interativa

com todos os demais integrantes do curso, acadêmicos, tutores,

professores, coordenadores, o que, por si só, já caracteriza uma enorme

possibilidade de aprendizagem.

Tabela 1: Cronograma das atividades

Período Disciplina/Atividade Curso CH

31/10, 1º 02/11//08Inicio do 1º período (Fase Presencial Intensiva)

Todos os Cursos - Todos os pólos

20

03 a 15/11/08Atividades de inserção

do acadêmico no curso

Todos os Cursos - Todos os pólos

17 a 29/11/08 Iniciação Científica

Todos os Cursos - Todos os pólos

40/45

1º a 19/12/08 Filosofia da Educação

Todos os Cursos - Todos os pólos

75/90/60

20/12/081º Seminário Temático/AO (Iniciação Científica e Filosofia)

Todos os Cursos - Todos os pólos

8

21/12/08 a 08/01/09

Recesso

Todos os Cursos - Todos os pólos

09, 10 e 11/01/09 (Fase Presencial Intensiva)

Todos os Cursos - Todos os pólos

24

12 a 31/01/09 – 18 dias

História da Educação

Ciências Sociais

45

02/02 a 27/02/09– 21 dias

Antropologia I

Ciências Sociais

75

28/02/092º seminário Temático/AO (duas disciplinas conforme cada curso)

Todos os Cursos - Todos os pólos

8

02 a 31/03/09– 24 dias

Sociologia

Ciências Sociais

90

30/03 a 17/04/09– 17 dias

Política I

Ciências Sociais

75

18/04/09 3º Seminário Temático/AO (duas disciplinas conforme cada curso)

Todos os Cursos - Todos os pólos

8

19/04/09Avaliação Semestral AS -

Conclusão do 1º Período Letivo

Todos os Cursos - Todos os pólos

8

25/04/09 Prova Final

Todos os Cursos - Todos os pólos

-

20 a 30/04/09 Recesso

Todos os Cursos - Todos os pólos

-

01, 02 e 03/05/09Início do 2º Período Letivo (Fase Presencial Intensiva)

Todos os Cursos - Todos os pólos

20

Page 10: TCC Educação a distância

09

Apresentação Unimontes/UAB

Pólo de Apoio Presencial

Para facilitar as atividades a serem realizadas no Virtualmontes, o

Pólo de Apoio Presencial estará aberto todos os dias, durante um período

de quatro horas, onde os tutores presencias estarão realizando plantões de

atendimento aos acadêmicos. Neste espaço, no qual o acadêmico poderá

permanecer durante todo o tempo em que estiverem sendo realizados os

plantões, os computadores estarão disponibilizados para seu uso.

Coordenador de Pólo

É, também, no pólo de apoio presencial, que o acadêmico

encontrará o Coordenador de Pólo, que é o responsável,

administrativamente, pelo bom andamento das atividades realizadas. Sem

dúvidas, este é mais um apoio que o acadêmico contará em suas

atividades no curso.

Tutor Presencial

Responsável pelo acompanhamento direto ao acadêmico, este

profissional tem a função de acompanhar e orientar os acadêmicos do

curso, no pólo de apoio presencial; planejar as atividades para

recuperação das atividades; realizar, juntamente com os professores

formadores, os seminários introdutórios e seminários temáticos; colaborar

com a realização das atividades da Fase Presencial Intensiva; aplicar as

Avaliações On-line (AO) e as avaliações semestrais (AS); orientar e

acompanhar as atividades de estágio, o Trabalho de Conclusão do Curso –

TCC e as Atividades Acadêmico-Científico Culturais - AACC.

Tutor a Distância

Tem a função de prestar assistência aos

professores/formadores, de acordo com as disciplinas ministradas no

período; orientar os tutores presenciais e os acadêmicos e corrigir as

Avaliações On-line (AO), realizadas pelos acadêmicos.

Estes profissionais permanecerão na Unimontes e darão suporte

remoto (ou seja: por telefone, fax, e-mail) aos tutores presenciais e aos

acadêmicos.

Professor Formador

Responsável pelo planejamento, pela realização e pela avaliação

da disciplina, sob sua responsabilidade, este profissional que deverá ser

mestre ou doutor, terá as seguintes atribuições: planejar, ministrar e avaliar

O Virtualmontes encontra-

se hospedado na Internet –

Portal da Unimontes:

www.unimontes.br. Ao

acessar este site, dê um

clique no link: ambiente de

aprendizagem, localizado

no canto esquerdo da

página na web (ou da tela

do computador). Logo, em

seguida, clique no link

acesse, no canto superior

direito da tela, entrando,

posteriormente, com seu

login e sua senha pessoal.

DICAS

Page 11: TCC Educação a distância

10

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

a disciplina; planejar as atividades da fase presencial intensiva; planejar,

coordenar e avaliar os seminários introdutórios e seminários temáticos;

planejar e acompanhar as atividades a distância; orientar os tutores a

distância e presencial; planejar e orientar as atividades de nova

oportunidade da aprendizagem; colaborar na organização para aplicação

das Avaliações Presenciais Semestrais (AS); corrigir as Avaliações

Presenciais Semestrais (AS); registrar o conteúdo, a freqüência e o

aproveitamento dos alunos nas avaliações, no Diário Eletrônico;

Coordenador de Curso

Responsável pela organização didática do curso e pelo

cumprimento das atividades constantes do Projeto Político-Pedagógico,

este profissional estará na retaguarda dando todo o suporte institucional

para o curso e acompanhando a adequada execução o Projeto.

Todas estas instâncias de apoio estarão à disposição dos

acadêmicos, através do ambiente Virtualmontes, na Internet, e de

seus respectivos e-mails disponibilizados no Guia do Acadêmico.

O Caderno Didático pretende estimular e ajudar você em todas as

etapas do processo. O Nosso maior interesse é o seu pleno sucesso no

curso.

Estamos à sua disposição.

Observe as orientações, extrapole-as, mas responda a todas as

questões propostas. Isto é imprescindível para o pleno êxito do Sistema

UAB/Unimontes.

Vá em frente!

Agora é com você.

Professora Maria Elvira Curty Romero Christoff

Page 12: TCC Educação a distância

1º PERÍODO

INTRODUÇÃO ÀEDUCAÇÃO

A DISTÂNCIA

Page 13: TCC Educação a distância

AUTORAS

Fábia Magali Santos Vieira

Doutoranda em Educação (Universidade de Brasília - UnB), mestre em Educação (UnB),

especialista em Alfabetização (Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC-MG),

especialista em Informática Educativa (Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG),

especialista em Educação a Distância (UnB) e graduada em Pedagogia (Universidade

Estadual de Montes Claros - Unimontes). Professora de Tecnologias Educacionais e,

atualmente, coordenadora de Ensino Superior e da UAB na Unimontes.

Karen Tôrres C. Lafetá de Almeida

Mestre em Desenvolvimento Social (Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes),

especialista em Metodologia Científica e Epistemologia das Ciências Humanas e Sociais

(Unimontes), cursando especialização em Educação Continuada e a Distância (Universidade

de Brasília - UnB) e graduada em Turismo e Hotelaria (Faculdades Integradas Pitágoras de

Montes Claros - FIP-MOC). Professora do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais

da Unimontes, professora das Faculdades Santo Agostinho, professora conteudista da

UAB/Unimontes, professora orientadora e tutora do Programa de Formação Continuada

Mídias na Educação.

Liliane Campos Machado

Doutoranda em Educação (Universidade Federal de Uberlândia - UFU), mestre em Educação

Tecnológica (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - Cefet-MG), e

graduada em Pedagogia (Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes). Professora

adjunta da Unimontes e supervisora eduacional da Secretaria de Estado da Educação de

Minas Gerais.

Mônica Prates Queiroz

Especialista em Saúde Mental (Faculdade de Saúde Ibituruna - Fasi), graduada em

Fonoaudiologia (Universidade Católica de Petrópolis - UCP). Atualmente, é responsável pelo

setor de Pós-Graduação e pela Educação a Distância da Fasi/Santa Casa.

Ramony Maria da Silva Reis Oliveira

Mestranda em Educação (Faculdade de Itaúna), especialista em Supervisão Escolar

(Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes) e graduada em Pedagogia,

Letras/Português e Letras/Inglês (Unimontes). Professora de Fundamentos da Alfabetização e

Metodologia das Ciências na Educação Infantil e, atualmente, coordenadora adjunta da

UAB.

Francely Aparecida dos Santos

Doutoranda em Educação (Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep), mestre em

Educação (Universidade de Uberaba - Uniube), especialista em Psicopedagogia e em Teoria e

Prática em Supervisão Educacional (ambas pela Universidade Estadual de Montes Claros -

Unimontes) e graduada em Pedagogia (Unimontes) e Matemática (Pontíficia Universidade

Católica de Minas Gerais - PUC-MG). Professora da Unimontes.

Page 14: TCC Educação a distância

SUMÁRIODA DISCIPLINA

15

16

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17

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19

20

20

22

23

24

24

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25

26

26

28

32

35

1 Carta de Apresentação.................................................................

2. EAD na Unimontes .....................................................................

3. Conceito e Histórico da Educação a Distância...............................

3.1. O Perfil do Acadêmico e do Professor na Educação a

Distância...................................................................................

3.2. Profissionais de Suporte ao Estudo na EAD............................

4. Comparação: Cursos Presenciais e Cursos a Distância ..................

4.1. Tabela Comparativa entre uma aula Presencial e sua

Dinâmica e a Educação a Distância.............................................

5. Importância da Educação a Distância...........................................

5.1. Vantagens da Educação a Distância....................................

6 Hábitos de Estudos em Cursos Superiores, Principalmente em

Cursos a Distância .....................................................................

7. Avaliação...................................................................................

7.1. Atividades De Aprendizagem (AA)........................................

7.2. Avaliações On-line (AO).......................................................

7.3. Avaliações Presenciais Semestrais (AS).................................

7.4. Síntese da Avaliação de cada Período....................................

8. Virtualmontes - Ambiente Virtual de Aprendizagem da

Unimontes................................................................................

8.1. Utilizando o Virtualmontes - Ambiente Virtual de

Aprendizagem da Unimontes......................................................

8.2 Conhecendo as Ferramentas.................................................

8.3 Como Enviar ou Receber as Mensagens .................................

9 Referências..................................................................................

Page 15: TCC Educação a distância
Page 16: TCC Educação a distância

1 CARTA DE APRESENTAÇÃO

Caro acadêmico,

A Unimontes tem a satisfação de recebê-lo como acadêmico em

um de seus cursos oferecidos pela Universidade Aberta do Brasil - UAB, em

nível de graduação. Este Caderno tem o objetivo de orientá-lo quanto às

suas atividades no Virtualmontes, dar-lhe noções de informática, além de

esclarecer alguns pontos importantes sobre a Educação a Distância.

Ele o orientará em situações em que será necessário o seu acesso

à Internet para fazer suas atividades on-line, participar de conversas

(chats), dar sua opinião em Fóruns,bem como a possibilidade de navegar

no nosso Ambiente de Aprendizagem, para enviar e receber mensagens,

conversar com os colegas e com os professores e toda a equipe da EAD do

curso que está fazendo. Queremos que ele possa ter uma utilização

verdadeira, para você, nos momentos de auto-estudo e também quando

estiver com o grupo de estudo.

A graduação é um grande passo em sua vida e se você conseguiu

chegar até esse espaço, então é merecedor dele. Queremos, nessa

oportunidade, apresentar-lhe a organização da vida acadêmica que

passará a ter a partir deste momento, e nela não poderemos dizer que tudo

será “fácil”, ou que tudo cairá do céu em suas mãos, mas poderemos

afirmar, com certeza, que é um grande prazer tê-lo em nosso grupo de

acadêmicos da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, que

na parceria construída e firmada com a Universidade Aberta do Brasil e o

Ministério da Educação foi possível tornar real a sua entrada.

Serão quatro anos de muito estudo, mas você não estará sozinho

nessa caminhada, pois junto com você estarão os professores formadores,

os tutores presenciais e a distância e, também os coordenadores. A

caminhada que será trilhada terá, ainda, amparo dos profissionais que

fazem parte do curso, mas, é importante afirmar que a pessoa mais

importante, nesse processo é você, pois de nada adianta todos desejarem

que tudo dê certo, se o acadêmico, também, não pensar dessa forma.

Por isso, queremos dar-lhe as boas vindas e dizer-lhe que deve se

sentir à vontade para iniciar o curso. Você receberá o material que fará

parte da trajetória estudantil na Unimontes. São eles: este caderno, o

caderno do acadêmico, o caderno do módulo e os cadernos Didáticos de

cada disciplina deste módulo.

As autoras

15

INTRODUÇÃOÀ EAD

Page 17: TCC Educação a distância

2 EAD NA UNIMONTES

A primeira experiência da Unimontes com a Educação a Distância

foi o Programa de Capacitação de Professores - Procap, realizado no

período de julho de 1997 a janeiro de 2005. O Programa de Capacitação

de Professores (PROCAP) teve a finalidade de contribuir para a melhoria

da qualidade do ensino, nas séries iniciais do ensino fundamental, em todo

o Estado de Minas Gerais. O PROCAP foi o resultado de uma ação

conjunta, efetivada pelos poderes Público Estadual e Municipal, através

das Secretarias de Educação e pelas Instituições de Ensino Superior do

Estado de Minas Gerais. Foram atendidos 14.391 professores da rede

pública das regiões, dos municípios-sede de Curvelo, Januária, Pirapora,

Sete Lagoas e Montes Claros.

A segunda experiência foi realizada no período de 2000 a 2006,

com o Projeto Unimontes Virtual, que teve como objetivo criar na

comunidade acadêmica da Universidade Estadual de Montes Claros -

Unimontes, uma cultura dinâmica de aprendizado e colaboração em rede,

permitindo a interação entre todos os envolvidos. O Unimontes virtual

ministrou os cursos de extensão em Uso Pedagógico da Internet,

Metodologia Científica, Iniciação a leitura em Inglês, Iniciação a Língua

Espanhola. Para atingir o objetivo proposto, a equipe de professores

responsáveis pela coordenação deste projeto desenvolveu um ambiente de

aprendizagem, denominado Virtualmontes, para disponibilizar os cursos

de extensão virtuais.

Outra experiência relevante aconteceu no período de 2002- 2005,

quando a Unimontes participou, com outras Universidades, do Projeto

Veredas, promovido pela Secretaria de Estado da Educação de Minas

Gerais – SEE/MG, com objetivo de capacitar os 1.299 professores das

séries iniciais do ensino fundamental, da rede pública de Minas Gerais, que

estavam em efetivo exercício e ainda não possuíam habilitação em curso

superior.

3 CONCEITO E HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O que é a Educação a Distância?

Segundo Vieira (2003, p. 21),

(...) a Educação Aberta e a Distância é um processo pelo

qual professores e estudantes, buscam a informação,

visando a construção do conhecimento, a partir das

experiências e dos interesses de ambos, em espaços e

tempos síncronos e assíncronos, através de um sistema de

aprendizagem mediado por diferentes meios e formas de

comunicação. Assim, na EAD a interatividade entre os

atores envolvidos é indireta e mediatizada por uma

combinação de meios tecnológicos e linguagens de

comunicação.

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

16

Page 18: TCC Educação a distância

Nesta modalidade, o acadêmico é co-responsável pelo seu

processo de aprendizagem, construindo conhecimentos e desenvolvendo

competências, habilidades, atitudes e hábitos relativos ao estudo, à

profissão e à sua própria vida, no tempo e no local que lhe são adequados,

sem a participação, em tempo integral, de um professor.

Você perceberá que existem muitas diferenças entre a educação a

Distância e o Ensino Presencial. Vamos apresentar, aqui, algumas dessas

peculiaridades. Na aprendizagem a distância, você terá que substituir a

oralidade das aulas presenciais pela aprendizagem via leitura e escrita. Em

outras palavras,

(...) a possibilidade de diálogo simultâneo e dinâmico em

ambientes de comunicação coletiva, potencializando a

participação, a exposição e a autoria de cada aluno no

processo de construção do grupo; a acessibilidade, por

meio de computador pessoal, potencializando o auto-

estudo, a autonomia do saber e, principalmente, a

flexibilidade para a participação do acadêmico ( LIMA,

2008, s. p.).

3.1 O Perfil do Acadêmico e do Professor na Educação a Distância

Nem acadêmico, nem professor na Educação a Distância tem as

mesmas características do ensino presencial. As diferenças de aplicação

das modalidades implicam diferenças nos perfis desejados de cada

participante do processo. Você, agora, vai conhecer qual é o seu papel na

educação a Distância, bem como o dos profissionais que o orientarão.

Você deve estar pronto para planejar e organizar sua aprendizagem de

forma independente dos professores. De acordo com Peters (2004), os

estudantes dessa modalidade de ensino devem ter cinco habilidades para

serem capazes de estudar em um ambiente informatizado de

aprendizagem, quais sejam: autodeterminação e orientação, seleção e

capacidade de tomar decisões e habilidade de aprender e organizar-se.

Essas habilidades também são necessárias no ensino presencial, mas na

EAD, elas são fundamentais.

Assim, para concluir o seu curso com sucesso, você terá que:

conhecer as ferramentas básicas de Internet;?

dispor de um tempo para estudo e disciplinar-se para que este ?

tempo seja proveitoso;

organizar-se para integrar trabalho, vida pessoal e estudo;?

acessar com freqüência o Ambiente de Aprendizagem ?

Virtualmontes;

participar das atividades solicitadas – fóruns e chats e outras; e?

conscientizar-se da necessidade de atuar de modo ?

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

17

Page 19: TCC Educação a distância

colaborativo, objetivando a formação de uma comunidade acadêmica em

rede.

3.2 Profissionais de Suporte ao Estudo na EAD

Professor Formador

Responsável pelo planejamento, realização e avaliação da

disciplina sob sua responsabilidade, com as seguintes atribuições:

?ministrar e avaliar a disciplina;

?planejar as Atividades da Fase Presencial Intensiva;

?planejar os seminários introdutórios e seminários temáticos;

?orientar os tutores a distância e presenciais;

?planejar e orientar as atividades para recuperação da

aprendizagem; e

?coordenar diretamente as Avaliações Presenciais Semestrais

(AS) e reponsabilizar-se pelo registro dos resultados, na Secretaria Geral, e

também, as Avaliações On-line (AO) e Atividades de Aprendizagem (AA).

Atribuições do Tutor Presencial

Os encontros presenciais representarão momentos para todo tipo

de acompanhamento dos cursistas e, ainda, para:

?discussões sobre os conteúdos de cada área do conhecimento;

?elaboração de planejamentos;

?orientações e sugestões quanto às leituras que deverão ser

feitas, auxiliando-os em suas dúvidas (resolvendo ou encaminhando-os

para resoluções);

?acompanhamento e avaliação da aprendizagem dos cursistas,

bem como:

?elaboração do TCC, de Relatórios, e outros procedimentos;

?indicação de recursos, bibliografias e materiais adicionais para

o estudo;

?proposição de formas auxiliares de estudo;

?orientação aos cursistas sobre a importância da pesquisa

científica;

?alimentação de um esforço positivo na superação de

dificuldades;

?favorecimento de troca de experiências e conhecimentos em

atividades de grupos;

?incentivo de debates e produções individuais e coletivas; e

?promoção de conferências, colóquios, palestras, seminários,

mesas redondas, painéis, aulas inovadoras.

18

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

ATIVIDADES

ATIVIDADES

ATIVIDADES

Vá até o fórum: Introdução

a Educação a Distância e

clique no tópico:

Concepção de EAD.

Responda a seguinte

questão: Como acadêmico

que acabou de se

matricular em um curso de

Educação a Distância

como você compreende a

educação a distância?

Vá até o fórum: Introdução

a Educação a Distância e

clique no tópico:

Experiência em EAD.

Responda a seguinte

questão: Você já fez ou

conhece alguém que já fez

um curso a distância? O

que esta pessoa achou? A

partir de quando você ouviu

falar em EAD?

Vá até o fórum: Introdução

a Educação a Distância e

clique no tópico: Dados

estatísticos da EAD e

compartilhe sua opinião

sobre o crescimento da

educação a distância.

Page 20: TCC Educação a distância

Para tanto, o tutor presencial contará com uma carga horária de

20 horas semanais e permanecerá no Pólo de Apoio Presencial por, no

mínimo, 5 dias na semana ou 15 horas semanais para atendimento

individual, em pequenos grupos, ou coletivo. As demais horas serão usadas

para acompanhamento das atividades de estágio. Esta última atividade

deverá ser combinada com os cursistas, para agendamento de datas e

horários de afastamento do Pólo de Apoio Presencial.

Atribuições do Tutor a Distância

O trabalho do tutor é determinar o diálogo permanente e

fundamental entre o curso e seus cursistas, desfazendo a idéia cultural da

impessoalidade dos cursos a distância.

É ao tutor que você deverá encaminhar as suas dúvidas. Ele é

quem poderá responder com exatidão sobre as características, as

dificuldades, desafios e progressos de cada um dos seus acadêmicos.

Os tutores a distância farão o acompanhamento das suas

atividades, utilizando o laboratório de informática, a biblioteca virtual,

através da criação de grupos virtuais de comunicação para tirar dúvidas e

dar outras informações. Além disso, as salas virtuais serão, também, um

espaço onde você terá acesso a programas de TV, vídeos educativos e DVD

relacionados a cada área de atuação.

O tutor a distância escolherá e disponibilizará o Instrumento mais

adequado, simples e de melhor acesso, para tratar dos pontos de interesse

que originaram a sua solicitação e este tutor o responderá assim que tiver

conhecimento da sua demanda.

4 COMPARAÇÃO: CURSOS PRESENCIAIS E CURSOS A DISTÂNCIA

A modalidade de estudos a distância é ainda uma modalidade de

estudo que está tomando forma no Brasil e nas suas várias regiões, no

sentido de alcançar o respeito e aprovação da sociedade.

Sabemos que esse tipo de estudo requer do acadêmico uma

disciplina muito grande, assim como a modalidade presencial. No entanto,

podemos afirmar que a EAD exige do acadêmico maior

comprometimento, organização e autonomia, porque ele mesmo estará

gerenciando seus estudos.

Por um lado tem-se as vantagens de não ter que sair de casa todos

os dias, enfrentar estradas, ônibus e outras situações, você terá, por outro

lado, que assumir o compromisso de realizar as atividades e assim, cumprir

o cronograma do curso. Em EAD você não poderá contar com o professor,

todos os dias dizendo o que você tem que fazer ou não.

19

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

Page 21: TCC Educação a distância

4.1 Tabela Comparativa entre uma Aula Presencial e sua Dinâmica e aEducação a Distância

Numa aula presencial, você... Numa aula a distância, você...

1. Recebe a ementa, bibliografia e o Plano de Ensino da disciplina.

1. Receberá a ementa, a bibliografia e o Plano de Ensino da disciplina na sala

do Ambiente de Aprendizagem, e isso tudo ficará

sua disposição para que você consulte quando quiser.

2. Dialoga com o professor e colegas,

utilizando quadro de giz, slides e

materiais escritos de apoio. Interage com suas perguntas e

comentários imediatamente.

2.

Responsabiliza-se por estudar o material previamente, e depois interage

com o professor, tutor e colegas.

3. Recebe atividades para que

copie e resolva em sala, entregando

os resultados ao professor, no mesmo dia.

3. As suas respostas serão postadas no ambiente de aprendizagem,

sem montes de papéis. As correções podem ser feitas

e inseridas numa pasta no portfólio do

professor ou enviadas aos acadêmicos pelo

Ambiente de Aprendizagem.

4. Tem o tempo de aula limitado para o contato com o professor e colegas e tem oportunidade de

realizar

possíveis

correções no que foi dito ou pedido que

fizesse.

4. Tem a possibilidade de comunicar-se com o professor, tutor e colegas a qualquer momento pelo Ambiente, pelo fórum de discussões ou pela sala de bate-papo, em momentos agendados, ou não.

5. Tem tarefas complementares a serem

feitas fora de sala e entregues

posteriormente. Essas

tarefas podem ser

individuais ou em grupo.

5. Encontra as tarefas solicitadas no Ambiente de Aprendizagem, com todos os dados e

documentos

necessários para sua

resolução. Quando solicitado

você pode formar

livremente grupos para trabalho. A entrega será feita pelos portfólios individuais, ou dos grupos, ou pelo Ambiente de Aprendizagem.

6. Participa imediatamente, realiza

pesquisas e busca a melhor integração com o grupo.

6. Participa remota, mas ativamente,por meio do Ambiente, dos fóruns de discussão e dos momentos de encontro presenciais.

20

5 IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Enfocar a questão da Educação a Distância, significa vê-la de

frente e apontar sua importância em uma sociedade moderna, como a

nossa. Isto significa reconhecer que o conhecimento tecnológico e

científico produziu, ao longo dos anos, várias mudanças em nossos hábitos

sociais e nos hábitos educacionais também.

Podemos, por exemplo, apontar algumas dessas mudanças, para

que você perceba como estamos inseridos nelas, de forma consciente ou

inconsciente.

O trabalhador atual lida com dados computacionais, sendo ele,

por exemplo, operário de uma fábrica, que não trabalha mais diretamente

com as mãos no produto, pois ele se transformou em um trabalhador que

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Tabela 1: Comparação aula presencial

Page 22: TCC Educação a distância

opera com a informação, ou seja, ele recebe os dados via “máquinas”.

Nessas “máquinas”, ele insere os dados daquilo que precisa, podendo ser

uma peça ou uma engrenagem e, o resto, a referida máquina faz. Esse

trabalhador se transformou em um operador de um computador, pois seu

trabalho não é mais físico, ao contrário, é uma seqüência de padrões de

informações que são manuseadas, e assim poderemos dizer que esse

trabalhador é o antigo torneiro mecânico. Hoje, pode-se afirmar que a

grande maioria deles não se “sujam de graxa”, pois operam outra

máquina: o computador.

Nas lojas podemos apontar as mesmas questões, quando vemos

os vendedores, ao realizarem seu trabalho, operarem as máquinas para

organizar, verificar estoques de mercadorias e finalizar uma compra. Além

disso, usam delas para verificar se o nosso nome está “limpo” no cadastro

de pessoas físicas. Caso contrário, não poderemos realizar as compras se

elas forem a prazo, e só aceitam pagamentos à vista, se for em moeda

corrente, nada de cheques ou de cartões.

Em cada passo desses exemplos podemos observar como as

informações andam em velocidades altíssimas, e quando não

acompanhamos essas mudanças somos facilmente chamados de

“analfabetos tecnológicos”. Em alguns casos ficamos com receio, de não

encontrarmos emprego, pelo motivo dessa mais nova necessidade:

dominar os aparelhos tecnológicos.

E então, um dia descobrimos que essas mudanças tecnológicas

não estão presentes somente na sociedade do trabalho, também estão

presentes na sociedade educacional, e por isso estamos aqui hoje falando

para você sobre um curso superior que será feito a distância, e que tem

amparo legal, inclusive pela Lei de Diretrizes e Bases Educacionais

Brasileira, nº 9.394/96 de 20 de Dezembro de 1996, e também pelo Plano

Nacional de Educação Brasileiro.

Sabemos que o desenvolvimento dos meios de comunicação

lançou às escolas “o grande desafio de ter que mudar para continuar

existindo, não só pelo poder de sedução que a mídia oferece, mas também

pelos perigos que ela traz consigo” (TEVES, 2000).

A comunicação oral, desde o seu inicio, quando somente era

realizada pessoa-a-pessoa, passando pelo rádio e pela televisão e

chegando até a Internet, “acabou fazendo do homem comum, um

habitante do mundo” (TEVES, 2000). Esse homem está conectado não

somente em sua casa, seu bairro ou sua cidade, mas sim com o mundo

todo. Do quarto, ou da sala de casa ele vê e sabe tudo que acontece ao

redor do mundo, em questão de segundos. É o que podemos chamar de

avanço planetário.

Neste sentido, não poderemos pensar que a escola, a educação

brasileira poderia ficar de fora desses avanços tecnológicos, inclusive no

aspecto relativo à formação de professores e de outros profissionais da

sociedade. Por isso, esse material tem também a pretensão de

21

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

Page 23: TCC Educação a distância

22

conscientizá-lo do papel, que nesse momento, você está começando a

ocupar. É um papel que aponta para uma formação intelectual muito

ampla e aprofundada, contemplando os problemas e complexidades

presentes em nosso cotidiano, sendo necessário que, nós, professores e os

futuros professores apropriem-se dos recursos tecnológicos disponíveis nos

dias atuais, e que consigamos transformá-los em nossos instrumentos de

trabalho, utilizando-os de forma inteligente, discutindo, completando os

assuntos que foram discutidos e estudados nas salas de aula.

A Educação a Distância poderá nos ajudar a ser

mais íntimos desses materiais e equipamentos tecnológicos produzidos

pela ciência e disponibilizados para o homem, para a busca de nossa

autonomia e busca da construção de uma sociedade mais humana, sem

perder de vista que a Educação a Distância não é de forma alguma, um

vislumbre para ficarmos trancados em quatro paredes, “ligados” vinte e

quatro horas em um computador, ou em frente à televisão.

Podemos, então, perceber que ela veio para melhorar as

relações humanas e que nesse caso, dentro da escola, para

melhorar o processo ensino-aprendizagem, e que por isso

“é um dever da escola mostrar a seu acadêmico que ele, por

si mesmo é um ser de carências e necessidades. Que sua

existência depende dos outros e que é por causa dos outros

que a sua ação é sempre transação com as coisas e

pessoas...” ( TEVES, 2000).

5.1 Vantagens da Educação a Distância

?Flexibilidade de tempo e espaço: você estuda no tempo e local

adequados à sua disponibilidade. É um fator de democratização do ensino,

porque insere todas as pessoas que têm dificuldades para ingressarem

numa universidade.

?Flexibilidade de ritmo: você produz o conhecimento de acordo

com o seu ritmo e velocidade de aprendizagem.

?Acompanhamento individual: você terá um tutor a distância e o

tutor presencial para orientá-lo.

?Minimização de custos: você não terá despesas, tais como:

deslocamentos todos os dias, material impresso, etc.

?Desempenho pessoal: você terá oportunidade de desenvolver-

se autonomamente, além de estimular sua iniciativa na resolução de

problemas e desenvolver atitudes e hábitos educativos.

?Respeito à individualidade: você verá respeitado seu ritmo de

estudo.

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Vá até o fórum: Introdução a Educação a Distância e clique no tópico: Educação presencial X EAD. Responda qual a diferença entre EAD e a educação presencial.

Vá até o fórum: Introdução a Educação a Distância e clique no tópico: Limites e possibilidades da EAD e compartilhe sua impressão essas questões.

ATIVIDADES

ATIVIDADES

Page 24: TCC Educação a distância

23

6 HÁBITOS DE ESTUDOS EM CURSOS SUPERIORES,

PRINCIPALMENTE EM CURSOS A DISTÂNCIA

Todo estudo requer uma organização e cuidados de ordem

individual e social, pois ninguém nasce sabendo estudar; nós aprendemos

na medida em que vamos nos conscientizando dessa necessidade.

Para isso, é preciso entender que, ao entrar em um curso superior,

a nossa vida muda em vários pontos, como por exemplo, se assistíamos

novelas todos os dias, ou qualquer outro programa de televisão (ou mesmo

ouvir programas de rádio), já teremos que reorganizar e fazer algumas

mudanças, escolhendo algumas programações para o lazer, e tenha

certeza de que serão bem menos do que o costume.

É necessário romper com o pensamento de que o fato de não

sabermos estudar é um grande problema, ele será grande se não

mudarmos nossos hábitos.

Aquela velha ida ao “boteco” nos finais de tarde, todos os dias,

serão passadas para os finais de semana. O hábito de dormir tarde e

levantar tarde, também poderá ser mudado, e, assim você reorganizará os

horários de deitar e levantar.

Outra questão importante e que necessita de readaptação é a que

se refere aos familiares que são pessoas importantes em nossa vida. Por

isso, precisamos torná-los nossos parceiros, tanto os pequenininhos (filhos

pequenos) quanto os maiores (filhos adolescentes ou jovens,

maridos/esposas, namorados/namoradas) para que eles possam nos

ajudar nos momentos de estudo, contribuindo com sugestões na

organização do seu estudo, que é a distância, ou seja, cada um estudará

muito em casa, com a utilização de seu próprio material de apoio. Por isso,

explique a eles o que está acontecendo, mostre o material e diga-lhes que

eles podem ajudá-lo nesse processo.

Tudo deverá ser feito com equilíbrio e moderação, não será

necessário ser muito radical, mas será necessário tomar cuidado com os

estudos. Observar o cronograma de tarefas, ficar atento às atividades

enviadas pelo computador, à troca de informações entre os colegas e

demais profissionais que darão suporte ao curso a todos os acadêmicos,

às orientações de cada professor formadores. É preciso ler com atenção o

material a as instruções nele contidas, além de utilizar os meios de

comunicação para tirar as dúvidas.

Listaremos, abaixo, alguns itens que podem favorecer a sua

leitura, reflexões e aumentar o nível de argumentação:

utilize meia hora por dia para estudar, no mínimo, mas todos os ?

dias, impreterivelmente;

estabeleça uma meta pensando que o curso que está fazendo é ?

a distância e que você será um auto-didata. Pense que está investindo em

seu futuro;

valorize seu tempo e o tempo de sua família. Além de tudo, ?

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

Vá até o fórum: Introdução a Educação a Distância e

clique no tópico:Tutor na EAD.

Explane o que você entende por tutor.

ATIVIDADES

Page 25: TCC Educação a distância

24

valorize o investimento que está fazendo em sua vida;

fazer um cronograma semanal de estudos, indicando as ?

disciplinas que serão estudadas e os horários, por dia, que serão

estipulados;

separar o material diário que deverá ser estudado e deixar ?

próximo de você;

selecionar as disciplinas que serão estudadas naquele dia;?

procurar um ambiente tranqüilo e arejado, sem computador, ?

rádio ou televisão ligados, e se tiver som ligado que seja em altura

considerada “ambiente”, pois som muito alto não ajuda nos estudos;

sentar-se de forma confortável e não deitar-se, pois você pode ?

dormir;

ler um texto por vez e duas vezes cada texto;?

marcar em cada texto, na segunda leitura, os itens que são ?

importantes;

anotar, resumir, elaborar esquemas e fazer fichamentos;?

anotar as dúvidas e perguntar ao seu tutor. Lembre-se de que ?

nenhuma dúvida é “boba”;

se você tiver colegas que morem próximo a você, procure-os ?

para organizarem um grupo de estudos e, juntos, leiam, discutam,

elaborem documentação de estudo pessoal (resumos, resenhas,

esquemas, fichamentos), problematizem e anotem as dúvidas; e

enviem as dúvidas ao ambiente de aprendizagem e solicite ?

discussão.

7 AVALIAÇÃO

No Sistema UAB, as avaliações realizadas, em cada disciplina,

serão ministradas conforme abaixo descrito.

7.1 Atividades de Aprendizagem (AA)

Conjunto de Atividades de Aprendizagem constantes nos

Cadernos Didáticos trabalhados no período ao término do conteúdo de

cada disciplina. As AAs terão o valor de 20 pontos.

7.2 Avaliações On-Line (AO)

Após o seminário temático, cada acadêmico receberá uma senha

para que possa ter acesso à prova que será visualizada e respondida, em

sua integralidade no Virtualmontes. As Avaliações On-line terão o valor de

30 pontos. O acadêmico que não alcançar 21 pontos na avaliação On-Line

- AO, terá oportunidade de reavaliação em que serão usados estudos

individuais orientados pelo professor formador e pelo tutor a distância,

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 26: TCC Educação a distância

25

tendo direito a uma nova AO, em data a ser agendada pelo tutor

presencial. Esta nova avaliação terá o valor de 30 pontos. Neste caso, o

resultado a ser registrado será o maior, observada a 1ª e a 2ª AO.

7.3 Avaliações Presenciais Semestrais (AS)

Realizadas nos Pólos de Apoio Presencial, ocorrerão no final de

cada período, em dias e horários preestabelecidos, incluídos no

cronograma do período.

As Avaliações Presenciais terão o valor de 50 pontos.

7.4 Síntese da Avaliação de cada Período

O acadêmico que, no final do período, obtiver pontuação igual ou

superior a 50 (cinqüenta) pontos e inferior a 70 (setenta), deverá

submeter-se a uma avaliação final, cujo valor será 100 (cem) pontos.

Será considerado aprovado na avaliação final, o aluno que

alcançar a média ponderada – igual ou superior a 70 (setenta) pontos –

entre a nota semestral e a nota da avaliação final.

A base de cálculo da média ponderada levará em conta o PESO

1 para a nota semestral e o PESO 2 para a nota da avaliação final,

sendo utilizada a seguinte fórmula matemática:

NF = (TPSL x 1) + (TPPF x 2)

3

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

Rendimento previsto em cada período

Rendimento Mínimo aceitável

Pontos

%

Pontos %

Forma de organização

das atividades avaliativas

Período de realização

Características gerais de cada modalidade de avaliação

Em cada disciplina

Total Em cada disciplina

Atividade de Aprendizagem (AA)

Final de cada disciplina (Caderno Didático das disciplinas doperíodo)

- Atividades pertinentes àsunidades didáticas trabalhadas no período. No caderno didático, ao término do conteúdo de cada disciplina, há um conjunto de Atividades de Aprendizagem que serão corrigidas pelo tutores a distancia.

20 100%

70%

Avaliação On-line (AO)

No 1º Seminário realizado no Pólo presencial, após o término de cada disciplina.

- Avaliações essencialmente de caráter formativo, realizadas no ambiente de aprendizagem. A equipe de tutoria presencial

organizará um cronograma durante o 1º seminário, após o término de cada disciplina, e os tutores presenciais conduzirão a turma em grupo para o laboratório de informática onde serão realizadas as atividades on-line.

30

100%

70%

Avaliação Presencial Semestral (AS)

Final de cada semestre no Pólo-Presencial

-Avaliações realizadas nos Pólos Presenciais ocorrerão no final de cada período , em dias e horários preestabelecidos, dentro dos períodos de avaliações presenciais planejadas e incluídos no calendário escolar.

50 100% 70%

70Prova Final

A partir do 5º Período 100%

100

70%

Trabalho de Conclusão do Curso

A partir do 6º Período 100% 70%

Avaliação do Estágio Supervisionado

Tabela 1: Síntese da avaliação

Page 27: TCC Educação a distância

26

Sendo que: NF=Nota Final

TPSL=Total de Pontos obtidos no Semestre Letivo

TPPF=Total de Pontos obtidos na Prova Final

Para diplomação, o acadêmico deve ter obtido desempenho

satisfatório em todas as disciplinas de todos os períodos, de acordo com os

critérios estabelecidos pela Unimontes e ter sido aprovado em seu relatório

final do Estágio Curricular Supervisionado, na apresentação do TCC, bem

como no cumprimento da carga horária de Atividades Acadêmico-

Científico Culturais - AACC (ver página 27).

Ao final do período letivo, o acadêmico que obtiver pontuação

inferior a 50 pontos deverá cursar, novamente, a disciplina, em regime de

Dependência.

8 VIRTUALMONTES - AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM DA

UNIMONTES

O Virtualmontes - Ambiente Virtual de Aprendizagem da

UNIMONTES utiliza a plataforma MOODLE (Modular Object-Oriented

Dynamic Learning Environment) que é um software livre de apoio à

aprendizagem, permitindo que a sala de aula seja (re)significada em um

espaço virtual, a Internet. Este programa possibilita ao estudante e ao

professor uma integração, estudando ou ministrando num curso on-line à

sua escolha, facilitando a interação entre todos. Usando o MOODLE o

acadêmico tem acesso a anúncios e notícias, envia e recebe mensagens,

conversa em tempo real com os participantes, realiza trabalhos e tarefas,

vê as matérias disponibilizadas pelo professor e muito mais. Esta

explicação objetiva descrever e explicar o funcionamento das ferramentas

desse programa.

8.1 Utilizando o Virtualmontes - Ambiente Virtual de Aprendizagem da

UNIMONTES

Para começar o seu aprendizado no Virtualmontes, você deverá,

primeiramente, acessar o site www.unimontes.br.

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Figura 1: Portal da Unimontes na Internet

Page 28: TCC Educação a distância

27

DICAS

Verifique se o seu nome aparece no canto direito

superior da tela.

E clicar do lado esquerdo da tela em Ambiente de Aprendizagem.

Você sempre deve lembrar do seu Nome de usuário e da sua senha, pois

são com essas informações que terá acesso ao Virtualmontes – Ambiente

Virtual de Aprendizagem da UNIMONTES.

O seu Nome de usuário é o número da sua matrícula e sua Senha

é a data do seu nascimento. Exemplo, se você nasceu no dia 3 de fevereiro

de 1979 você irá digitar na senha: 321979 (despreze o zero à esquerda e

coloque o ano com os 4 dígitos).

O que iremos fazer agora será uma capacitação!

Vamos utilizar as ferramentas do Virtualmontes, e para isso –

clique na disciplina: Introdução à EAD.

Esta página é semelhante às que aparecerão para todas as demais

disciplinas, semelhante porque o professor tem autonomia de melhor

adequá-la para o seu usufruto. Ela é composta de informações pertinentes

à matéria disponibilizada e as configurações dos usuários inscritos. Mas

você aprendendo a utilizá-la, agora, não terá dificuldades em outras salas.

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

Figura 2: Virtualmontes - Ambiente Virtual de aprendizagem da Unimontes

Page 29: TCC Educação a distância

28

8.2 Conhecendo as Ferramentas

Lado esquerdo

Participantes

Aqui você encontra todos os

colegas cadastrados na disciplina

Introdução à EAD, o tutor e o professor.

Através deste recurso, você tem a

possibilidade de observar o perfil do

colega, as mensagens que a pessoa postou em fóruns e pode enviar

mensagem mesmo a pessoa estando off-line.

Atividades

É um BOX que serve para

facilitar a localização das funções que

estão na parte central da página. Todas

as atribuições desses ícones serão

discutidas mais adiante.

Buscar nos Fóruns

É uma fer ramenta auto-

explicativa que possibilita localizar, com

rapidez e precisão, mensagens enviadas

aos fóruns.

ATIVIDADES

Na sala Introdução à EAD, clique em cada um dos itens em ATIVIDADES e verifique o que está disponível para você!

No módulo Introdução à

EAD, vá até o link

PARTICIPANTES e veja

todos os inscritos, escolha

um colega e clique em seu

nome.

Conheça o seu perfil e

envie uma mensagem.

foto

perfil

e-mail

para enviar mensagens

ATIVIDADES

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Figura 3: Link participantes

Figura 4: Identificação do perfil de participantes e como enviar mensagem

Figura 5: Link Atividades

Figura 6: Link Buscar nos Fóruns

Page 30: TCC Educação a distância

29

Administração

Para facilitar o seu manuseio

com o Virtualmontes, acompanhe cada

ícone descrito abaixo e faça as alterações

necessárias:

Notas

Todos os trabalhos enviados ao

professor, fóruns ou qualquer outra atividade

avaliativa é aqui, neste lugar, que você vai

consultar a nota que tirou.

Modificar Perfil

A qualquer hora você poderá mudar seu

perfil. Essa ferramenta permite aos acadêmicos e

aos docentes se apresentarem e incluírem uma

foto pessoal.

Clique em Modificar perfil e faça as modificações citadas abaixo:

Na sala Introdução à EAD, vá até o BOX

ADMINISTRAÇÃO e clique em NOTAS.

Observe se há alguma atividade corrigida e nota

lançada.

Insira seu nome

E aqui seu sobrenome

Deixe o seu e-mail

Escreva a sua cidade

ATIVIDADES

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

Figura 6: Link Administração

Figura 7: Link Notas

Figura 8: Link Perfil

Figura 9: Campos para inserção e alteração do perfil

Page 31: TCC Educação a distância

Queremos conhecer você!No módulo Introdução à EAD, clique no Fórum de Apresentação e no tópico: Faça sua apresentação pessoal aqui.Fale de você, suas experiências, expectativas e sonhos...

30

Para inserir sua imagem é preciso que você tenha uma foto salva para que ela possa ser anexada. Clique em procurar, localize a foto desejada, anexe e pronto! Sua imagem atual está modificada. Formato do arquivo: JPG ou PNG.

Agora é só clicar em Atualizar perfil e as alterações ficam salvas

Vá até descrição e escreva um pouquinho sobre você. Faça uma mensagem de apresentação

Categorias de Curso

São listadas todas as disciplinas nas

quais você está inscrito até agora,

facilitando o seu acesso aos mesmos.

Parte Central

Programação

Fóruns

O Fórum permite acesso a uma página que contém tópicos que estão em

discussão naquele momento do curso. O acompanhamento da discussão

se dá por meio da visualização de forma estruturada das mensagens já

enviadas e a participação também por envio de mensagens.

ATIVIDADES

DICAS

DICAS

ATIVIDADES

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Figura 10: editor de textos

Figura 11: Campos para inserção e alterações de imagem

Figura 12: Link para atualizar perfil

Figura 13: Link para Menu Cursos

Page 32: TCC Educação a distância

Fiquem sempre atentos quanto a data de entrega

das tarefas, pois não poderão ser enviadas após

a data marcada.

Na sala Introdução à EAD, clique em CHAT e comece

um bate papo com os colegas on-line. É muito

divertido, você vai gostar!

31

Chat

A seguir você encontrará a sala de bate-papo – CHAT da

disciplina.

O Bate-papo é uma atividade em que, acadêmicos, tutores e

professores estabelecem uma comunicação por escrito, on-line, com dia e

hora previamente determinados.

É recomendável que, antes

de iniciar um bate-papo real

observe à direita, no box Usuários

on-line se há algum colega on-line.

Se houver, vocês poderão realizar

um bate-papo em tempo real sobre

as atividades que estiverem

executando.

A configuração de um Bate-papo é auto-explicativa.

Link

Sempre que estiver disponível para você o ícone LINK, significa que

o professor já especificou a página que você irá pesquisar.

Material Arquivado

Para você conhecer as funcionalidades no ícone ARQUIVOS,

entre no ícone – Plano de Ensino e Dicas do acadêmico on-line e observe

todas as sugestões que deixamos disponíveis para você.

Tarefa

A tarefa consiste na descrição ou elaboração de uma atividade a

ser desenvolvida pelo participante, que pode ser enviada ao servidor do

curso, utilizando a plataforma.

Alguns exemplos de tarefas que podem ser solicitados pelo

professor: redações, questionários, projetos, relatórios entre outros.

Lado direito

Últimas Notícias

Aqui somente os professores,

tutores ou coordenador do curso

poderão postar mensagens para a

ATIVIDADES

DICAS

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

Figura 14: Link para informarusuário on-line

Figura 15: Link para Últimas Notícias

Page 33: TCC Educação a distância

32

turma, tais como avisos, lembretes e novidades.

Próximos Eventos

As atividades relevantes com datas

a serem entregues aparecem neste

BOX, deixando você sempre a par

de tudo que o professor está

cobrando.

Calendário

Disponível para você se organizar

com a vantagem de terem os dias

com atividades marcadas em

destaque.

8.3 Como Enviar e Receber Mensagens?

Através do Virtualmontes – Ambiente Virtual de Aprendizagem da

Unimontes você tem a possibilidade de enviar mensagens para os seus

colegas, tutores e professores, mesmo esses estando on-line ou off-line.

Enviando mensagem para os colegas on-line

Utilize o BOX Usuários on-line, à direita no canto inferior da tela. Observe que na frente do nome do seu colega tem o ícone (envelope), clique neste envelope e perceba que abrirá uma nova tela com uma caixa de texto para você redigir.

Enviando mensagem para os colegas off-line

No módulo Introdução à EAD, vá até a Unidade I e clique em Tarefa. Leia o texto e responda as questões seguindo os passos para confecção da atividade e envie para serem corrigidas.

Quer ficar por dentro de todas as novidades que o professor compartilha com você? Então sempre que acessar o Virtualmontes, observe esses links importantes à direita:?Últimas notícias,?Próximos Eventos e; ?Mensagens.

E se mantenha atualizado!

ATIVIDADES

PARA REFLETIR

Verifique se há algum colega on-line. Se houver escolha um e escreva uma mensagem para ele, clicando no envelope em frente ao seu nome.

ATIVIDADES

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Figura 16: Link para Próximos Eventos

Figura 17: Calendário e AtividadesUAB/Unimontes

Page 34: TCC Educação a distância

33

Vá até o Fórum Virtualmontes e clique no

tópico: Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Compartilhe sua opinião sobre o Virtualmontes, as

suas dificuldades, suas dúvidas...

ATIVIDADESEsta é uma possibilidade que a plataforma nos permite que é o

envio de mensagem para os participantes que não estão on-line na sala, ou

seja, mesmo a pessoa não estando presente naquele momento, logo que

ele acessar o Virtualmontes estará depositado em sua caixa de mensagens

o material enviado pelo remetente. Neste caso, deveremos ir ao BOX

PARTICIPANTES, no lado esquerdo da página e escolher o colega para o

envio da mensagem, assim como foi solicitado na Atividade da página11.

E como ler as mensagens recebidas?

É no BOX Mensagens que aparecerá as mensagens recebidas. Para visualizar, basta clicar no envelope, na frente do nome da pessoa que enviou a você e depois ler o conteúdo. Você tem a possibilidade de responder, digitando na caixa de texto abaixo da mensagem recebida. Esta é uma ótima maneira de interação entre você e seus colegas, entre os tutores, professores e coordenadores de curso.

E para finalizar essa capacitação, a nossa sugestão é que você

experimente e não tenha medo de

clicar!!!

Bom trabalho!

9 CARTA DE DESPEDIDA

Prezados acadêmicos,

Depois desta nossa conversa “introdutória”, desejamos enfatizar

que um pais como o nosso, que é regido por um regime político

democrático, o fato de freqüentar um curso superior faz parte de uma

conquista de muitos brasileiros, alguns, inclusive, morreram nessa luta.

Portanto, queremos aqui discutir o que significa democracia. Para Souza

(1996) falar em democracia é falar primeiramente em cinco princípios

básicos que a compõem, e que segundo ele, cada princípio já é por si só a

formulação de uma grande teoria: liberdade, participação, diversidade,

solidariedade e igualdade.

Vejam, então, como realmente, cada um desses princípios poderia

ser discutido por toda uma vida; mas eles estão diretamente ligados à

democracia. E nesse caso, a democracia está ligada ao direito que cada

um tem de usufruir desse estudo. Por isso, não perca a oportunidade de

participar ativamente de seus estudos, e faça desse momento uma grande

oportunidade de aprimorar, a cada dia, mais e mais os seus conhecimentos

acadêmicos, para que possam, através dele, tornar-se pessoas melhores e

futuros profissionais responsáveis pela parte que lhes couber nessa grande

diversidade que é o nosso mundo e nosso estudo, ainda mais no que se

refere à Educação a Distância, conforme o nome já diz, no que possamos

tornar solidários uns com os outros, estejam eles próximos ou distantes,

sabendo, como já falamos no início deste caderno, que com a Internet e

Vá até o Fórum Introdução à EAD e clique no tópico –

Opinião sobre Introdução a EAD. Compartilhe com os

colegas suas impressões sobre este módulo.

ATIVIDADES

Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB

Figura 18: Link parainformar sobre mensagens

Page 35: TCC Educação a distância

34

todos os meios de comunicação tornamo-nos cidadãos do mundo e por fim

em uma busca contínua de igualdade e oportunidades, que nem todos têm

a chance de vivenciar.

Observem caros acadêmicos, ao mesmo tempo que é tão simples

discutir democracia, torna-se tão complexo, pois esse não é somente um

conceito político, mas uma atitude de cada um de nós, no espaço que é de

cada um.

Portanto, usufruam com total direito e total dever a oportunidade

que lhes é oferecida e boa sorte nesse momento e em todos os quatro anos

que terão pela frente.

Abraços carinhosos!

As autoras.

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 36: TCC Educação a distância

BRASIL. Ministério da Educação: Secretaria de Educação a Distância.

Referenciais de Qualidade para Cursos a Distância. Brasília, 02 de abril

de 2003.

LIMA, Valéria Sperduti. As Raízes e singularidades da Educação a

Distancia. Disponível em: <http://www.educacaoadistancia.org.br>

2008. Acesso em 07 de setembro de 2008.

MORAN, J.M. O que é educação a distância. Disponível em:

<http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm> Acesso em 18 de janeiro

de 2007.

PETERS, Otto. Didática do ensino a distância: experiências e estágio da

discussão numa visão internacional. Tradução Ilson Kayser, RS: Editora

UNISINOS, 2003.

SOUZA, Herbert. Democracia e Cidadania. In: RODRIGUES, Carla (org.)

Democracia: cinco princípios e um fim. São Paulo: Moderna, 1996.

TEVES, Nilda. Palestra proferida na Associação Brasileira de Educação.

Rio de Janeiro, 2000.

Universidade Estadual de Montes Claros. Pró-reitoria de ensino -

Coordenadoria de ensino Superior da Unimontes. Projetos político-

pedagógicos dos cursos da licenciatura UAB/Unimontes. Montes Claros,

2008.

VIEIRA, Fábia Magali Santos. Ciberespaço e educação: possibilidades e

limites da interação dialógica nos cursos a distancia, 2003. 129 f.

Dissertação de Mestrado em Educação Faculdade de Educação da

Universidade de Brasília – UnB. Brasília, 2003.

35

3 REFERÊNCIAS

Page 37: TCC Educação a distância
Page 38: TCC Educação a distância

1º PERÍODO

INICIAÇÃOCIENTÍFICA

Page 39: TCC Educação a distância

Alex Fabiano Correia Jardim

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, mestre em

Fundamentos da Educação pela UFSCar e graduado em Filosofia pela Universidade Estadual

de Montes Claros – Unimontes. Professor do Departamento de Filosofia da Universidade

Estadual de Montes Claros - Unimontes e do Programa de Pós-graduação em Letras/Estudos

literários desta mesma Universidade.

Cláudia de Jesus Maia

Doutora em História pela Universidade de Brasília – UnB, com período sanduíche na École des

Hautes Études en Sciences Sociales – EHES, em Paris. É líder do Grupo de Pesquisa Gênero e

Violência, professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes

Claros - Unimontes e do Programa de Pós-graduação em Letras/Estudos literários desta

mesma Universidade.

Emília Murta Moraes

Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, pós-graduada em

Alfabetização pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/Minas e graduada

em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. É professora e

coordenadora de Projetos Especiais da Pró-Reitoria de Extensão da Unimontes.

Jussara Maria de Carvalho Guimarães

Doutora em Geografia - Percepção Ambiental Infantil pela Universidade Federal de

Uberlândia - UFU, mestre em Geografia - Educação Ambiental pela UFU e graduada em

Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Professora do curso de

Pedagogia da Unimontes. Coordenadora Pedagógica do Curso de Capacitação de Gerentes

Sociais do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); Coordenadora de

Projetos Especiais da Pró-Reitoria de Extensão.

Page 40: TCC Educação a distância

Apresentação...................................................................................

Unidade I: Conhecimento e Ciência ...................................................

1.1 Introdução.............................................................................

1.2 Introdução à Ciência e ao Conhecimento..................................

1.2.1 O Problema da Verdade e o Conceito de Ciência..................

1.2.2 Conhecimento Científico e Senso Comum...........................

1.3 O Nascimento da Ciência Moderna..........................................

1.4 A Emergência das Ciências Humanas.......................................

1.4.1 A Neutralidade Científica...................................................

Unidade II: Técnicas de Estudo ..........................................................

2.1 Introdução..................................................................................

2.2. O Método de Estudo...............................................................

2.2.1 O Ato de Estudar...............................................................

2.2.2 Como Estudar...................................................................

2.2.3 Etapas do Estudo..............................................................

2.3 Leitura, Análise e Interpretação de Texto...................................

2.3.1 A Leitura..........................................................................

2.3.2 Sublinhar um Texto...........................................................

2.3.3 Como Elaborar um Esquema.............................................

2.3.4 Resumo...........................................................................

2.3.4.1 Tipos de Resumos.......................................................

2.4 A Prática de Documentação Pessoal.........................................

2.4.1 Formas de Documentação................................................

2.4.2 Conteúdo das Fichas.........................................................

2.4.3 Confecção das Fichas e Materiais Diversos..........................

2.5 O Seminário como Técnica de Estudo.......................................

2.5.1 Definição.........................................................................

2.5.2 Objetivos..........................................................................

2.5.3 Estrutura e Organização....................................................

2.5.4 O Texto-roteiro..................................................................

2.5.5 O Texto-base....................................................................

2.5.6 Apresentação e Duração...................................................

2.5.7 Avaliação.........................................................................

2.6. A Internet como Fonte de Estudo e Pesquisa.............................

2.6.1 Acesso à Internet..............................................................

41

43

43

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78

79

SUMÁRIO DADISCIPLINA

Page 41: TCC Educação a distância

2.6.2 A Pesquisa Científica na Internet.............................................

2.6.3 Atividades.............................................................................

2.6.4 Relação de Sites Importantes para sua Pesquisa Científica por

Área..............................................................................................

2.7 Formatação de Texto e Capa de Trabalho Acadêmico.....................

2.7.1 Formatação de Texto..............................................................

2.7.2 Formatação de Capa de Trabalhos..........................................

3 Referências.........................................................................................

4 Atividades de Aprendizagem - AA.........................................................

81

87

89

93

93

94

96

98

Page 42: TCC Educação a distância

APRESENTAÇÃO

Você começa agora o seu curso universitário! Isto significa uma

grande mudança na sua postura de estudante, pois o curso superior exigirá

de você um conjunto de atividades intelectuais e acadêmicas. Por isso, é

preciso instrumentos e técnicas operacionais de estudo a fim de torná-lo

cientificamente organizado para assegurar maior eficiência e desenvolver

seus trabalhos científicos. De maneira geral, podemos entender o trabalho

científico como “o conjunto de processos de estudo, de pesquisa e de

reflexão que caracterizam a vida intelectual do universitário”, conforme

definição de Severino (2000, p.19).

Na disciplina de Iniciação Científica tem por objetivo iniciar você

na vida científica universitária, oferecendo alguns subsídios para as várias

tarefas que você terá de desenvolver durante o seu trabalho acadêmico e

intelectual.

A universidade contemporânea tem perseguido, dentre seus

objetivos, a indissociabilidade do ensino-pesquisa e extensão, visando

formar profissionais de qualidade, não somente capazes de executar

tarefas, aprender e transmitir conhecimento, mas, sobretudo, capazes de

produzir novos conhecimentos. Isso significa, que ser aluno/a

universitário/a não é apenas se matricular em um curso superior para

aprender o que lhe é transmitido, mas ser sujeito ativo do seu processo de

ensino-aprendizagem para conhecer e dominar conceitos, procedimentos

de pesquisa e de realização de trabalhos acadêmicos e, finalmente, ser

atuante na produção e divulgação de conhecimentos científicos.

Pensando nestes objetivos da formação do profissional de nível

superior, tendo em vista as dimensões prática e conceitual, é que

organizamos a disciplina em duas unidades:

Unidade I: conhecimento e ciência

1Introdução à ciência e ao conhecimento: conceituações

1.1 O problema da verdade e o conceito de ciência

1.2 O conhecimento científico e o senso comum

2 O nascimento da ciência moderna

3 A emergência das ciências humanas

3.1 A neutralidade científica

Unidade II: técnicas de estudo

1 O método de estudo

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Iniciação científica: é também a denominação de

um programa que visa iniciar o/a estudante da

graduação à pesquisa por um professor/a

orientador/a, preferencialmente com uma bolsa de pesquisa

fornecida por agências de fomento. No âmbito da Unimontes a iniciação

científica com bolsas se desenvolve através de dois

programas: o PROBIC – Programa de Bolsas de

Iniciação Científica – da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), e

o PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – do

Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnolóico - CNPq. Além

desses dois programas, a Unimontes também

desenvolve o programa de Iniciação Científica

41

Page 43: TCC Educação a distância

2 Leitura, análise e interpretação de texto

3 A prática de documentação pessoal

4 Seminário como técnica de estudo

5 A Internet como fonte de estudo e pesquisa

Após cada capítulo, preparamos uma atividade para você realizar.

As atividades são muito importantes, porque fazem parte do processo de

aprendizagem, sobretudo as atividades práticas da segunda unidade, pois

você aprenderá como fazer, fazendo. Além das atividades, indicamos ao

longo dos textos, dicas de estudos com sugestões de bibliografia para

consultar e aprofundar determinados temas, questões para reflexão e

significados de termos e palavras desconhecidas, que você identificará

através dos ícones seguintes:

DICAS

PARA REFLETIR

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Agora que você já conhece os objetivos da disciplina “Iniciação

Científica”, os conteúdos que vai estudar e a forma como está organizado

este caderno, vamos começar!

ATIVIDADES

42

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 44: TCC Educação a distância

1UNIDADE 1CONHECIMENTO E CIÊNCIA

43

1.1 INTRODUÇÃO

Esta primeira unidade visa introduzir você ao universo da ciência.

Para tanto, apresentaremos o conceito de ciência, a noção de verdade e a

concepção de atitude científica. Assinalamos a diferença entre o

conhecimento científico e o conhecimento oriundo senso comum que, não

obstante, não se apresentam de forma hierárquica. Apresentaremos o

surgimento da ciência moderna no século XVII com os filósofos Bacon e

Descartes, que lançaram fundamentos ainda aceitos no modelo de ciência

que praticamos hoje, e a emergência das ciências humanas no século XIX.

O desenvolvimento desta última, ao longo do século XX, trouxe

questionamentos aos principais pressupostos científicos da modernidade,

como a noção de neutralidade científica.

Ao longo do texto, apresentaremos dicas e estudos, bem como

sugestões de alguns filmes para você, juntamente com seus colegas,

aprofunde os temas apresentados e reflita sobre as questões suscitadas.

Não deixe de esclarecer todas as suas dúvidas com seu/sua professor/a

formador/a e com os tutores.

Boa aula!

Os autores.

1.2 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA E AO CONHECIMENTO:

CONCEITUAÇÒES

1.2.1 O Problema da Verdade e o Conceito de Ciência

Para tratarmos de ciência, precisamos antes de qualquer coisa,

entender o problema da verdade e de como a ciência trata essa questão.

Para isso, nos deparamos, antes da verdade, com um tipo de “estado”,

chamado pela filosofia, de ignorância. E muitas vezes nem percebemos a

profundidade de nossa ignorância. A ignorância é causada pela crença em

opiniões que nos foram passadas, sem nenhum questionamento de nossa

parte. A “ignorância” permeia a nossa vida, sendo que todo nosso

conhecimento é aceito como útil e correto. Achamos que possuímos

conhecimento e que não há razão para colocá-lo em dúvida. A ignorância

nos deixa cegos.

O que move a ciência é a dúvida. A busca pela verdade. E um dos

passos para a ciência chegar à verdade é afirmar a incerteza sobre as

coisas. É a incerteza que nos faz enxergar o quanto somos ignorantes

Page 45: TCC Educação a distância

O filme “O Nome da Rosa”,baseado no romance de Umberto Eco, ilustra bem as questões apresentadas aqui. O filme “mostra vários assassinatos em que os mortos apresentam um sinal: a língua escura, juntamente com dois dedos da mão esquerda – o polegar e o indicador . O monge Guilherme de Baskerville descobre que todos os assassinatos eram frades encarregados de copiar e ilustrar os manuscritos de uma biblioteca”; tinham ainda em comum o fato de terem manuseado uma obra perdida do filósofo grego Aristóteles. (CHAUI, M., 1995, p. 98).

44

diante da realidade, pois não a conhecemos de fato e que as nossas

crenças e opiniões são falhas e não podem servir mais como fundamento

para o nosso pensamento. A incerteza como passo essencial para a busca

da verdade, nos faz caminhar, mesmo sem saber direito o que pensar, o que

fazer diante dos acontecimentos, de certas situações.

A incerteza traz a insegurança, mas junto dela, alcançamos a

possibilidade de criarmos problemas e interrogações sobre o mundo e

sobre o homem. Sendo assim, tanto a incerteza quanto a insegurança

fazem nascer em nós o espírito do pesquisador e a disposição para a busca

do conhecimento verdadeiro. Claro que, de alguma forma, a ciência

quebra um pouco o encanto do mundo, isso porque, até então, todas as

“minhas verdades” não estavam condicionadas a um questionamento,

mas a uma simples aceitação.

Mas, afinal de contas, o que significa buscar a verdade como

critério para o estabelecimento da ciência?

Em primeiro lugar, significa romper com o dogmatismo, isto é, a

crença indiscriminada em algo. Acreditar sem perguntar. Todas as vezes

que eu desconfio de algo, de opiniões, eu estou tendo uma atitude anti-

dogmática. Eu estou me afastando do dogmatismo. O dogmatismo é toda

atitude espontânea, que inclusive adquirimos ainda criança, como se o

mundo fosse tal como ele nos é apresentado. Como eu o percebo

imediatamente. Na atitude dogmática, acreditamos no mundo como algo

dado, pronto e pensado. Nós fazemos parte da realidade desse mundo

onde tudo acontece naturalmente, por isso não merece ser questionado:

por exemplo, a realidade política, social e cultural. O dogmatismo tem por

princípio, ser conservador e foge de tudo que é novo, porque qualquer

procedimento que não seja o da plena aceitação espontânea, pode

colocar em risco tudo o que já está constituído, sua organização, opiniões,

etc.

Em segundo lugar, como se chegar ao conhecimento verdadeiro?

Teremos na resposta a esta questão algumas posições:

? Alethéia: do grego, significa a verdade revelada nas próprias

coisas ou quando se percebe intelectualmente e racionalmente essa

verdade nas coisas a partir da evidência. Se se tem uma idéia de alguma

coisa, deve haver necessariamente uma correspondência entre essa idéia e

a própria coisa (conteúdo da idéia); e

? Veritas: do latim, é a coerência lógica da coisa que aparece à

idéia. É o conjunto de idéias que organizam a razão, levando-se em

consideração as regras, as leis, a validade lógica e os argumentos para

organização dessas idéias.

O conhecimento científico e a busca pela verdade avança um

pouco mais as duas fases anteriores, da alethéia e da Veritas, para

alcançar o conhecimento pragmático. Nesse caso, todo conhecimento só

é considerado verdadeiro se tiver resultados práticos e for possível aplicá-

los a partir da experiência. Na perspectiva da pragmática, só pode ser

DICAS

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 46: TCC Educação a distância

45

considerado, verdadeiro o conhecimento que for verificado e constituir

resultados. É diferente de um conhecimento assistemático, que pode ser

adquirido ao acaso, indiferente dos caminhos ou métodos e se seus

respectivos planejamentos. Esse conhecimento assistemático se aproxima

de um conhecimento sem crítica ou dogmático, pois nesse caso, não

importa um exame, uma atenção à validade ou à verdade do

conhecimento.

Porque a ciência precisa do conhecimento pragmático e

abandonar o conhecimento assistematico?

Etimologicamente, ciência vem do verbo “Scire” que significa

conhecer. Isso quer dizer que tudo o que existe no universo, pode ser um

objeto de preocupação da ciência e dos cientistas, desde os processos da

mente, até a origem e extinção das galáxias, passando pela migração dos

pássaros ou pelo aumento da temperatura na terra. Isso nos indica que o

universo pode ser observado sistematicamente e objetivamente.

A ciência quando observa, sistematiza e elabora leis, pois ela

precisa buscar a verdade de forma pragmática, ou seja, que tenha um

valor prático e útil,como já foi falado anteriormente. Sendo assim, ciência

pode ser considerada um meio ou maneira de pensar o mundo dos fatos, e

dos aspectos que podem ser conhecidos pela humanidade.

A ciência constata, por isso ela é uma atividade de pesquisa, e é

somente com a pesquisa e suas técnicas que o cientista entra em contato

com a realidade de maneira específica: ações determinadas pelo método

científico e que se transformarão futuramente em teoria porque ela

constata e explica o objeto estudado. A ciência teria como finalidade:

? fazer com que a maioria dos aspectos do universo possam ser

conhecidos de maneira rigorosa e precisa; e

? dar ao homem uma capacidade de agir sobre a natureza.

Se a ciência abandonar a necessidade da teoria (e do

conhecimento, pragmático), não poderia existir absolutamente nenhuma

prática cientiíica. Não se pode construir conhecimento distante da teoria.

Sabemos que os conceitos científicos são abstrações, mas eles têm como

referência o mundo concreto-empírico (proveniente da experiência). Isso

significa dizer que toda abstração nos leva à realidade e à existência. Daí, o

conhecimento científico ser diferente do “senso comum”, pois este tem

uma relação direta com o conhecimento dogmático.

1.2.2 Conhecimento Científico e Senso comum

O conhecimento oriundo do senso comum é meramente

subjetivo, depende dos sentimentos e opiniões, sem se importar com a

regularidade, e a repetição própria do mundo e das coisas, além de se

surpreender assustarem quando se depara com o imponderável, o

desconhecido, que segundo a filósofa Marilena Chauí, “por serem

subjetivos, generalizadores, expressões de sentimentos de medo e angústia

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 47: TCC Educação a distância

Copérnico (1473-1543, Polônia), dedicou-se à Astronomia, escrevendo em 1530 sua grande obra, De revolutionibus orbium coelestium (sobre as revoluções das esferas celestes), que afirma que a Terra gira em torno de seu próprio eixo uma vez por dia e viaja ao redor do Sol uma vez por ano. Esta ficou conhecida como a teoria de Copérnico. Galileu Galilei (1564-1642, Itália) fez a descoberta da lei dos corpos e enunciou o princípio da Inércia. Foi um dos principais representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII. Devido à sua visão heliocêntrica, foi julgado pelo Tribunal da Inquisição e condenado a assinar um termo onde declarava que o sistema heliocêntrico era apenas uma hipótese. Morreu cego e condenado pela Igreja Católica por suas convicções científicas

46

quanto ao trabalho científico, o senso comum de nossa sociedade

cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a

realidade que nos cerca e todos os acontecimentos.” (CHAUI, 1995, p.

248).

Diferentemente, a atitude científica exige desconfiança. Por isso,

vamos aprofundar mais um pouco nos conceitos já apontados acima, em

relação à idéia de incerteza e insegurança.

Ao contrário do senso comum, o conhecimento científico elabora

problemas e não aceita as aparências como explicação da realidade. Se o

senso comum é subjetivo, o conhecimento científico seria objetivo, isto é,

com a ajuda do método científico (caminho para se chegar ao verdadeiro

conhecimento), procura-se a universalidade do conhecimento. E essa

universalidade do conhecimento só é possível em razão dos padrões,

critérios e avaliação das coisas, para uniformizá-las, torná-las

homogêneas. Tudo passa a ser explicado segundo um critério na medida,

que se consiste em: Teremos então: rigorosa observação, identificação de

um problema, planejamento, método, hipóteses, verificação de resultados

e elaboração de teoria.

1.3 O NASCIMENTO DA CIÊNCIA MODERNA

Esse processo em que esta nova concepção de ciência avança no

mundo, iniciou-se no século XVII e é conhecido como o século do

nascimento da ciência moderna (a elaboração de um método, a

organização e levantamento de hipóteses e edificação de uma teoria). Essa

mudança significou uma nova maneira de ver o mundo, uma nova

concepção de saber. Surgem várias teorias científicas que modificaram

completamente a maneira do homem viver.

Uma delas foi o heliocentrismo, ou seja, a idéia de que a terra gira

em torno do sol e o sol está no centro do sistema. Esta idéia foi elaborada

por Copérnico, astrônomo. A matemática e a física, pensadas por Galileu,

passam a representar um novo modelo de entendimento das coisas.

Mas como já ressaltamos acima, a grande descoberta do século

XVII foi mesmo o método científico, que significa um caminho para o

saber. Temos dois nomes (filósofos/pensadores) em especial, que

contribuíram muito para a discussão a respeito da ciência e do método

científico: Francis Bacon (1561-1626) e René Descartes (1596-1658).

Francis Bacon enfatizou a importância de uma observação

criteriosa do mundo dos fatos, afirmando a importância em organizá-los a

partir da lógica. Descartes, tratou da necessidade dos critérios de

evidência, da análise das coisas até elas se tornarem claras e distintas.

René Descartes a partir de sua obra “Discurso do Método”,

elabora a teoria segundo a qual o cogito (o pensamento) é autoconsciente,

evidente por si mesmo e estruturado segundo a evidência da razão. Neste

caso, Descartes faz duas distinções: de um lado, teremos o que ele

PARA REFLETIR

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 48: TCC Educação a distância

47

chamava de rés cogito (aquilo

que pensa) e do outro, o

mundo material, rés extensa,

que pode ser medido,

calculado e será objeto da

ciência.

Para Descartes, ao

fazer ciência, o homem tem

q u e s e a f a s t a r d o

conhecimento sensível, das

paixões e das emoções, pois

elas perturbam o caminho,

p a r a s e c h e g a r a o

conhecimento. E o cogito (o

pensamento) para Descartes

não é influenciado pelas

paixões. A mente então ou o rés cogito é o fundamento para todas as

ciências, pois ela estabelece os critérios analíticos para o conhecimento,

sem se deixar contaminar pelo mundo sensível. Descartes criticava todo o

conhecimento determinado pelas sensações, por isso o termo

conhecimento sensível.

Para Descartes, não podemos fazer ciência através das idéias

adventícias e nem pelas idéias fictícias. As idéias adventícias são aquelas

vindas do exterior, originadas nas sensações. São todas as idéias que nos

vêm pela experiência sensível. Por exemplo, se eu olho para o sol, vejo que

ele é menor do que a terra, mas todos nós sabemos que o Sol é muito maior

do que a Terra. Sendo assim, os sentidos nos enganam. Já as idéias

fictícias, são todas as idéias provenientes da fantasia, da imaginação. Por

exemplo, um cavalo alado, fadas, bruxas, duendes. Não podem ser

consideradas verdadeiras porque não correspondem à realidade.

Mas Descartes destaca a importância das idéias inatas. Essas sim,

são legítimas. Elas não dependem da experiência. As idéias inatas são

aquelas da própria razão e existem porque já nascemos com elas. A idéia

de infinito por exemplo ou as idéias matemáticas. É por causa dessa razão

inata, como luz natural, que podemos conhecer a verdade. Para Descartes,

essas idéias são colocadas pelo Criador, por Deus, logo, são verdadeiras ou

corresponderão com a verdade. Nós só podemos conhecer a verdade,

porque possuímos as idéias inatas, porque temos em nosso espírito a razão

que nos garante separar o conhecimento verdadeiro do falso. Ela é o único

critério seguro.

Descartes contribuiu decisivamente para a ciência , em especial

ao levantar o problema da dúvida. A pretensão de Descartes é elevar o

nosso espírito à mais alta perfeição. A idéia parte da seguinte perspectiva:

não acolher jamais alguma coisa como verdadeiro de forma mediata

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Razão: na concepção de Descartes, é a faculdade de

bem julgar, de distinguir o bem do mal e o verdadeiro

do falso; considerada absoluta e imutável. Em nossos dias a razão está

relativizada; “designa agora um centro ativo que

trava um diálogo com as coisas sem que, por isso, as

possa reger” (Russ,1994, p.244)

O racionalismo na perspectiva cartesiana, é

doutrina “segundo a qual o espírito humano possuiria

os princípios ou conhecimentos a priori,

independentes da experiência, que comandariam o

conhecimento”. Já o racionalismo

contemporâneo, abandonou “a idéia de um

conteúdo permanente e absoluto da razão, para ver nesta última, uma atividade

de construção e um dinamismo em obra nos

fenômenos. (Russ, op.cit. p.243)

Figura 1: René Descartes (1596-1658)em pintura de Frans Hals (1649),

Museu do Louvre

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.art-prints-on-demand.com

Page 49: TCC Educação a distância

Para saber mais sobre o nascimento da ciência moderna, consulte o volume II da obra Historia da Filosofia, de Giovanni Reale. Editora Paulus:1991.Consulte também o livro da filosófa Marilena Chauí, Convite à Filosofia. Altas, 1995. Este livro completo esta disponível para fazer download em http://geocities.yahoo.com.br/mcrost02

Para uma leitura mais aprofundada sobre o assunto, indicamos a leitura da obra “Meditações Metafísicas”, de René Descartes, da Coleção Os pensadores. Abril Cultural: São Paulo. São seis meditações, onde ele apresenta todo o percurso de descoberta da consciência, do pensamento e sua validade.

48

(atitude dogmática). Forma mediata significa aquele conhecimento que

antecede ao uso da razão, como por exemplo, quando conheço algo

primeiramente pelos sentidos. Essa prática evita qualquer atitude

precipitada em direção ao conhecimento. Assim, nos prevenimos contra

qualquer engano ou erro. Deve-se colocar em dúvida tudo que

percebemos, até que “as coisas” se apresentem com clareza e distinção.

Posteriormente, Descartes afirma a necessidade em dividir todas

as partes de um problema, identificar cada uma das dificuldades

encontradas para examiná-las e posteriormente resolvê-las. E por fim,

organizar o pensamento. Inicialmente, pelos objetos mais simples e mais

fáceis de ser conhecidos, para, degrau por degrau, alcançar o

conhecimento mais totalizante possível, sabendo-se que o conhecimento

acontece de maneira gradual e organizada, passo a passo. Segundo

Descartes, precisamos de uma ordem para atingirmos o conhecimento

preciso e claro das coisas. Então teremos: primeiro a dúvida; segundo a

divisão do problema em partes simples e; terceiro enumerar, organizar e

revisar, nada omitindo. Na

oportunidade, uma abordagem

um pouco mais sistemática do

pensamento de René Descartes

será abordado na disciplina

Filosofia da Educação.

A dúvida corrige os

preconceitos e a falsidade do

conhecimento. Ela nos livra do

erro e do engano. A dúvida é o

passo inicial e fundamental para

a conquista da verdade final e

da certeza incondicionada. É a

dúvida que fará com que

cheguemos à primeira certeza

em Descartes: o cogito ou o

pensamento/consciência de si.

S e e u d u v i d o , e x i s t e

necessariamente alguém que

coloca as coisas em dúvida,

logo, eu penso. E se penso, eu existo.

Esse método da dúvida em Descartes no século XVII (abertura

para o que chamamos de modernidade), é o passo essencial para que o

homem domine e controle a natureza, pois ele passa a estudá-la, conhecê-

la. Definitivamente, o homem se coloca “um pouco mais distante” da

natureza, para explorá-la e entender o seu funcionamento. O mundo passa

a ser pensado como uma máquina e precisa ser conhecido. Assim, a busca

pela verdade se transforma também na busca por um método seguro que

leve ao conhecimento das coisas. Descartes então, contribui muito para a

DICAS

DICAS

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Figura 2: Escultura “O Pensador” de A. Rodin, exposta no Museu Rodin – Paris

Fonte: fotografia do Arquivo pessoal profa. Cláudia Maia

Page 50: TCC Educação a distância

49

conquista de um fundamento seguro a partir da afirmação da capacidade

humana em desvendar os segredos da natureza, do mundo e tudo aquilo

que, até então, se apresenta como desconhecido. O homem, a partir do

século XVII, conquista a sua autonomia na modernidade. Se “navegar é

preciso” ou seguir adiante é necessário, então, que seja com segurança,

com método, ordem e organização. Assim é a ciência de Descartes.

Afastando-se de todo e qualquer subjetivismo ou evitando acreditar em

crenças e opiniões.

Diferentemente das preocupações de René Descartes, mas

contribuindo fortemente para o avanço da ciência moderna temos o

empirismo de Francis Bacon (1561-

1626). Diferente do racionalismo de

Descartes, o empirismo pretende

explicar a realidade a partir da

experiência, abandonando e criticando a

noção de idéia inata, considerada

inadequada para se chegar ao

conhecimento. Para os empiristas, toda a

verdade e todo conhecimento é

proveniente da percepção que temos das

coisas, do mundo que esta fora de nós, o

mundo externo.

O empirismo inicia-se na

Inglaterra e tem em Francis Bacon um

dos mais fortes influentes. Ele defende a

tese de que a ciência deve basear-se no

método experimental, levando-se em consideração a observação e a

aplicação da ciência. O método empírico pretende que as leis científicas

sejam o resultado da observação pela repetição dos fenômenos. A isso,

denominamos de indução, ou seja, todo conhecimento de fenômenos

particulares para se chegar aos fenômenos generalizados.

Para os empiristas, diferente dos racionalistas (representados por

Descartes), as idéias surgem a partir de um processo de abstração, que tem

no seu principio, a percepção das coisas através dos sentidos ou sensações.

Nada, absolutamente nada, se apresenta na mente sem antes ser

percebido pelos sentidos. Só podemos ter qualquer compreensão ou

entendimento do mundo através dos sentidos. As idéias simples, que vêm

das impressões sensíveis, originam as idéias mais complexas. A idéia é

mais nítida quando se aproxima das impressões sensíveis, que é

responsável pela idéia. Daí, a importância da verificação empírica para dar

validade ao conhecimento.

O conhecimento (ou a ciência) será o resultado da certeza do que

foi verificado. É o mesmo que afirmarmos que somos uma folha em

branco, nossa mente é aberta e vazia e que vamos preenchendo essa

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.art-prints-on-demand.com

O pensador inglês Francis Bacon (1561-1626), em pintura de William Larkin pertencente a

coleção particular

Page 51: TCC Educação a distância

50

forma em branco com as nossas experiências. Esse preenchimento é feito

quando os nossos órgãos dos sentidos são excitados e estimulados;

quando vemos cores, provamos sabores, ouvimos sons ou diferenciamos o

quente e o frio, o listo e o áspero. A medida que experimentamos, se forma

a percepção.

A nossa percepção se dá por associação e esta se apresenta de

três maneiras: semelhança, proximidade e sucessão temporal. Primeiro

associo minha percepção por repetição ou por semelhança, isto é, as

coisas vão se repetindo de tal forma, próximas umas das outras. E de tanto

repetirem e se sucederem, se forma em nós o hábito. Nós constituímos o

hábito por associação da repetição e sucessão. De tanto repetir e formar o

hábito, a memória vai se formando e, posteriormente, a razão forma e

organiza o pensamento.

É importante que fique claro que, também para a ciência

empírica, conhecer é ter idéias. Mas é preciso estabelecer uma diferença

entre a realidade (o mundo das coisas, dos fatos) e a sua representação (o

ato de apresentar um objeto em minha mente, na consciência).

Francis Bacon consolida a significação da ciência no mundo

moderno e o papel que ela tem para a humanidade. Seu lema maior é

“saber é poder”, por isso todo conhecimento não deve ser desinteressado

ou meramente proveniente da contemplação. Diferentemente, a ciência

pretende ser um saber que sirva de instrumento que possibilite ao homem

dominar a natureza. Em sua obra chamada “Novo Organum” (Novo

Instrumento/Órgão como instrumento do pensamento), Bacon critica

todas as formas de preconceito que impedem o conhecimento. Nessa

obra, Bacon fala que a ciência deve ser livre e aberta para receber as novas

idéias. Para ele, a ciência deve ter como preocupação a melhoraria da

humanidade e o avanço do comércio através da avaliação dos fatos, na

experiência. Segundo Bacon, toda a educação deveria ser investida na

busca por novos conhecimentos, deixando-se de lado o antigo. Bacon foi

um ardoroso defensor da melhoria das condições de toda a humanidade,

pelo progresso da ciência do século XVII.

A partir de Descartes e Bacon, a ciência se transforma no grande

modelo que inspirará todo o movimento da sociedade moderna, por ser

sistemático e visar o progresso. A verdade passa a ser àquela determinada

pela ciência e torna-se imprescindível abandonar qualquer tipo de dogma

ou crença supersticiosa. Só com a razão e a experiência, respectivamente

representados por René Descartes e Francis Bacon, a verdade poderá ser

bem conduzida e direcionar todo o mundo para um destino melhor.

1.4 A EMERGÊNCIA DAS CIÊNCIAS HUMANAS

Dando um salto na história do pensamento, trataremos um pouco

do problema do conhecimento no século XIX e XX. O século XIX tem

dentre suas características a herança de importantes acontecimentos do

Na obra Novo Organum Bacon afirma: “Aqueles que trataram das ciências foram ou empíricos ou dogmáticos. Os empíricos, à maneira das formigas, contestam-se em amontoar e suar; os racionais, à maneira das aranhas, tecem teias a partir de sua própria substância”.

PARA REFLETIR

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 52: TCC Educação a distância

51

final do século XVIII: a Revolução Industrial, que começou na Inglaterra, e

a Revolução Francesa, com ambições especialmente políticas. Estas duas

grandes mudanças refletiram no século XIX de maneira bastante forte.

Observamos as mudanças no processo de produção de mercadorias com a

industrialização do mundo; o Estado se fortalece, desde a sua economia,

até a força dos exércitos; o consumo dos produtos é crescente e o

capitalismo se consolida enquanto sistema econômico hegemônico.

Diante de todos esses acontecimentos, surgem as Ciências Humanas,

como uma maneira de pensar esse “novo mundo” do século XIX e XX.

As Ciências Humanas têm como objeto o homem. Sendo assim, é

importante ressaltarmos que o homem como objeto do conhecimento

científico, só aparece no século XIX. A filosofia não tem objeto definido,

por isso, não é uma ciência; passa a conviver com as ciências humanas,

que tem o homem como objeto específico e que se organiza na tarefa de

pensar o homem em suas mais variáveis relações.

Inicialmente, para se pensar o homem, as ciências humanas

utilizaram os mesmos critérios que as outras ciências: as ciências

matemáticas e naturais, para com isso, serem respeitadas. Elas então

utilizaram métodos e técnicas das ciências naturais para serem

compreendidas como ciência. Mas, esse procedimento foi perdendo força,

devido à dado a complexidade do objeto, o próprio homem e suas relações.

Então, não bastava apenas utilizar os mesmos recursos metodológicos das

outras ciências naturais, mas era preciso buscar outras formas para

entender esse novo objeto: o homem. Por exemplo, se a ciência trabalha

com observação, colocando um determinado objeto numa certa situação,

para experimentá-lo e elaborar teorias sobre eles, como fazer isso com o ser

humano? Como criar critérios de observação em relação à consciência?

(no caso da Psicologia), ou das relações do homem no tecido social (a

sociologia)? Se a partir da observação, as demais ciências buscam

universalizar o conhecimento sobre um determinado objeto, como fazer

isso em relação ao objeto humano? Como criar leis objetivas para pensar o

ser humano? Como universalizar essas leis ou teorias sobre o humano,

sabendo-se que se trata de um objeto complexo, isto é, variável, que muda

de acordo com a história, as relações sociais e a cultura?

Se as demais ciências querem construir uma ordem sistemática

das coisas, como isso é possível em se tratando da mente humana, da sua

consciência ou da subjetividade? O homem possui elementos importantes

que o diferenciam, como a razão, a vontade, a liberdade. O ser humano

inventa práticas, noções, valores. O ser humano é constituído de opções,

de escolhas. As ciências humanas inicialmente lutam por dar objetividade

à subjetividade, principal característica do humano.

O período de transformação do humano como objeto e

preocupação da ciência (psicologia, antropologia, sociologia, história,

etnografia, lingüística) recebeu uma série de contribuições, sendo o

positivismo uma delas. Corrente filosófica do início do século XIX, cujo

DICAS

Um bom filme para refletir e discutir a distância entre

as duas áreas do conhecimento abordadas

aqui (ciências da natureza e a ciências humanas) é o filme “Ponto de Mutação”,

baseado no livro de mesmo nome, de Fritjof Capra. O

filme é um diálogo, aparentemente impossível,

mas bem sucedido, entre uma física, um político mal sucedido e um poeta. “Os três se encontram em um castelo Medieval de Mont Saint Michel, no litoral da França, onde começam a

dialogar, a respeito dos objetos antigos do castelo e a fazer relações da ciência com a política, economia,

ecologia e doses de poesia. Na conversa tratam de temas que, nos dias de

hoje, fazem parte dos encontros ambientalistas e

dos movimentos anti-nuclear e ecológico”.

(Lucena, 2007)

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 53: TCC Educação a distância

52

fundador foi Augusto Comte, defendia a idéia de que a humanidade tem

necessariamente que passar por três estágios: a superstição religiosa, a

metafísica ou teológia e por fim, a ciência positiva. Assim se concretiza o

ideal da humanidade, do progresso e avanço do homem. Augusto Comte é

considerado o fundador da Sociologia (uma das ciências humanas).

Segundo ele, a sociedade pode ser pensada como física social, ou seja, é

possível investigar as ações humanas e os fatos utilizando-se dos mesmos

procedimentos das ciências da natureza (como a física, a biologia).

Temos também a psicologia, que propôs o estudo do

desenvolvimento da mente humana, da consciência, da linguagem, da

imaginação e das emoções. Propôs estudar também, as relações

intersubjetivas (entre os homens e suas subjetividades), juntamente com

todos os problemas que perturbam o humano, as doenças mentais e os

comportamentos das pessoas. O nome que aparece nesse período inicial

da psicologia é Wilhem Wundt (1852-1920), fundador do primeiro

laboratório de psicologia. Em seu livro “Elementos de Psicologia

Fisiológica”, ele desenvolve um método que aproxima a psicologia com a

fisiologia (estudo do funcionamento do corpo humano). Posteriormente,

teremos Ivan Pavlov (1849-1936). Pavlov tratou de explicar o reflexo

condicionado a partir do estímulo e da resposta, como por exemplo,

estímulos não-condicionados, no caso, do alimento e do som, que geram

um reflexo simples. Isto significa que diante do alimento salivamos

automaticamente. Ou toda vez que um cão escuta uma determinada

campainha, ele se coloca em estado de atenção. Segundo Pavlov, se

associarmos esses dois eventos, ou seja, juntarmos alimento e som, todas

as vezes que se aparecer o alimento e tocar um determinado som, a saliva

será produzida como resposta de um estímulo determinado. Num

determinado momento, por repetição, bastará tocar a campainha, sem a

presença do alimento, que haverá salivação. A isso, denominamos, reflexo

condicionado.

Não aprofundaremos essas questões, pois elas serão tratadas

pelas disciplinas específicas no decorrer do curso. A proposta deste

capítulo é apenas apresentar os princípios das duas principais áreas das

ciências humanas no início do século XIX: a sociologia e a psicologia. Mas

é importante lembrar que se consolida também neste período a

antropologia, estudando as manifestações culturais, a religião, a

comunicação, a organização da vida econômica, as artes, costumes e

crenças de uma comunidade ou povo. A História, com o estudo da origem

da formação da sociedade em seus aspectos mais variáveis, levando-se em

consideração seus conflitos, as relações de poder própria das relações

humanas e da organização da sociedade, assim como as revoluções,

conquistas, descobertas, exploração, as mudanças e rupturas,

movimentos sociais e culturais do ser humano. Neste caso, cada ciência se

encaminha para diversos campos do saber, definindo sua especificidade,

objeto e método. Teremos, então, psicologia social, psicologia do

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 54: TCC Educação a distância

desenvolvimento, sociologia política, do trabalho rural e econômica;

história social, econômica e política. A antropologia, etnologia, sem contar

a lingüística, com a fonologia, fonética, semântica, etc. As ciências

humanas têm também a interdisciplinaridade (o dialogo dos vários

campos que têm como objeto o fenômeno humano e sua complexidade).

1.4.1 A neutralidade científica

Finalizando a apresentação do conceito de ciência e um breve

esboço do que vem a ser as Ciências Humanas, é importante discutir um

pouco a respeito do que habitualmente chamamos de “neutralidade

científica”.

Acreditamos que um cientista, quando faz uma pesquisa, quando

alcança uma descoberta ou afirma uma tese, ele estaria isento de qualquer

relação parcial com o seu trabalho. Ou seja, ele se coloca neutro diante da

sua pesquisa. Isso é um grande engano. A simples escolha de um método

e s p e c í f i c o e m

relação a outro, no

intuito de obter os

melhores resultados

possíveis, já indica

uma posição que o

pesquisador toma

em r e l ação ao

o b j e t o . S e e l e

escolhe, ele não

pode ser neutro, isso

é impossível.

Todo saber

c i e n t í f i c o é

i n t e r e s sado , s e

pretende algo com

ele e o pesquisador

o u c i e n t i s t a é

movido por uma vontade e desejo. Nós temos hoje, pesquisas financiadas

por grandes grupos industriais, por empresas farmacêuticas, pela indústria

de armas, pelo Estado, em especial, no interior das Universidades Públicas.

Essas pesquisas precisam de recursos financeiros, e quem investe, espera

resultados. Por isso não podemos falar de neutralidade, como se uma

pesquisa, uma descoberta científica fosse irrelevante para a humanidade.

Um exemplo disso é que vários produtos que hoje utilizamos é o resultado

de pesquisas, de uma disputa pela qualificação de produtos, pois os

mesmos precisam alcançar o mercado, serem consumidos.

A imagem que temos do cientista solitário, envolvido num mundo

53

Nesta unidade,

discutimos sobre a

diferença entre um

conhecimento dogmático e

o conhecimento científico,

tendo como referência a

busca pela verdade. O que

significa a saída do senso

comum para uma atitude

crítica propiciada pela

atitude científica na

universidade e em nosso

cotidiano ou dia-a-dia?

Discuta esta questão com

seu/sua professor(a)

formador(a) e seus colegas

no Fórum.

Bom trabalho!

ATIVIDADES

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Figura 4: Imagem do filme alemão de ficção científica “Metropolis” filmado em 1927

pelo cineasta austríaco Fritz Lang

Fonte: www.imdb.com

Page 55: TCC Educação a distância

bastante particular, isento das influências do meio, da história, da

sociedade deve ser esquecida. O cientista é alguém que age em seu tempo,

que se interessa pelos problemas do ser humano e, por outro lado, também

está envolvido positivamente ou negativamente na criação de invenções,

que podem ajudar o homem ou prejudicá-lo. Para isso, a ciência nunca

poderá abandonar enquanto fundamento de sua prática, a ética ou os

valores que devem nortear a pesquisa científica, isto é, o respeito à

natureza e jamais colocar em risco a dignidade da vida humana ou

qualquer forma de vida.

54

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 56: TCC Educação a distância

2UNIDADE 2TÉCNICAS DE ESTUDO

2.1 INTRODUÇÃO

Esta segunda unidade é menos histórico-conceitual e mais

prática, ou seja, nos voltaremos agora para os procedimentos científicos.

Ela está dividida em cinco capítulos, nos quais procuramos oferecer alguns

instrumentos e orientações para você organizar os seus estudos e realizar

atividades que fazem parte do cotidiano acadêmico, como a leitura

analítica, a prática de documentação pessoal e a realização de seminários.

Para facilitar os estudos e a realização de pesquisas, oferecemos, ainda

algumas dicas de utilização da rede mundial de computadores - a Internet,

como fonte de pesquisa e listamos vários endereços de sites de revistas

científicas, arquivos, bibliotecas virtuais, dentre outros.

Ao final, também apresentamos a estrutura de formatação de

textos e de capa de trabalhos acadêmicos, pois a partir de agora você os

utilizará muito, como exigência de avaliação das disciplinas que você

cursará.

Boa aula!

Os autores

2.2 O MÉTODO DE ESTUDO

Na graduação serão cursadas diversas disciplinas, que compõem

o quadro curricular do seu curso. Você precisará de algumas orientações

básicas para a compreensão das leituras, elaboração de atividades dentre

outras tantas tarefas a serem realizadas. Esperamos, pois, que esta

unidade possa lhe oferecer subsídios para o sucesso dos seus estudos.

Para algumas pessoas, estudar consiste em estar matriculado em

algum curso e assistir às aulas, sejam elas presenciais ou a distância.

Porém, estudar é muito mais que isso: é aprender exercitando a

inteligência, a memória, a vontade, a capacidade de análise, de síntese, de

relacionar, etc.

Neste capítulo, orientaremos você, para maior eficiência na

organização dos seus estudos no curso de graduação, sugerindo caminhos

que propiciarão um estudo mais eficiente, por meio de diferentes técnicas e

métodos.

Não se esqueça: não aprendemos sozinhos; a aprendizagem

acontece através de mediações constantes. Como disse o grande educador

brasileiro, Paulo Freire (1985), “estudar não é um ato de consumir idéias,

mas criá-las e recriá-las”.

55

Page 57: TCC Educação a distância

Vamos começar?

2.2.1 O ato de estudar

Estudar requer compreender quatro fatores: poder estudar, querer

estudar, saber estudar, ter disciplina para estudar. Estes são fatores

importantes para a aquisição e produção do conhecimento.

Encontraremos acadêmicos que dedicam um tempo razoável para os

estudos, utilizam os instrumentos adequados, e ainda assim, têm um

resultado não satisfatório. Possivelmente, isto se deve ao fato de utilizar

técnicas inadequadas de estudo.

Além destes fatores, há também outros que são significativos,

como o horário dedicado aos estudos. É preciso que este seja estabelecido

e cumprido rigorosamente, para a execução das atividades, das revisões de

conteúdo, para as leituras prévias e complementares, etc. Assim,

elencamos algumas dicas para que você possa otimizar melhor o seu

tempo:

?preparar um local que seja apropriado à concentração dos

estudos. Esse deve ser agradável, com pouco ou nenhum ruído;

?evitar passar de um conteúdo para outro sem a compreensão

do que foi revisto anteriormente;

?evitar estudar os conteúdos de última hora, somente próximo

às avaliações e exercícios;

?definir um horário fixo para começar os estudos;

?elaborar uma lista de dificuldades que poderão ser esclarecidas

pelo professor ou tutor e solicitar ajuda;

?fazer um descanso de cinco minutos a cada uma hora de

estudo concentrado. Isso evita o cansaço mental;

? a cada dia terminar as atividades programadas. Não acumular

conteúdos;

?evite decorar os conteúdos. Decorar sem compreensão não

produz retenção; e

?procure dormir adequadamente. Não invada a madrugada

estudando, pois assim você estará prejudicando várias funções

importantes do seu organismo.

Vamos agora partir do seguinte pressuposto: são comuns

observações de que um grande número de acadêmicos que chega às

universidades não sabe avaliar a dimensão e a importância do que é o ato

de estudar. Muitas vezes até se diz que alguns nem sabem estudar. Muitos,

ainda, fixaram a sua prática estudantil em hábitos tradicionais,

desenvolvendo um estudo meramente mecânico, memorizador e

reprodutivo.

Organizar a sua própria vida estudantil de maneira a ser mais

“Ato de estudar significa aquilo que se faz para estudar. Estudar é um ato que deve ser assumido e direcionado por você”(JOHANN, 2002)

56

PARA REFLETIR

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 58: TCC Educação a distância

eficiente e eficaz é condição para o sucesso da sua vida acadêmica.

Estudar é uma atividade que se aprende, da mesma forma como

aprendemos a andar, nadar, jogar bola, brincadeiras, andar de bicicleta,

etc.

O ato de estudar é uma ação transformadora e construtora de

uma nova realidade. Você não deve fixar-se apenas no aprender a repetir e

reproduzir o que os outros já disseram sobre o mundo, mas ir além, pois

estudar é ação, é criação e recriação. Um texto escrito é apenas um

instrumento mediador entre dois mundos – o mundo do leitor e o mundo do

autor.

É preciso, pois, ao ler, estabelecer um diálogo e este deverá ser

direcionado pelos interesses e intenções do leitor. É você, que deverá

estabelecer questionamentos e buscar respostas; problematizar o texto e

formular juízos próprios.

Em outras palavras, ao ler um texto, você precisa produzir o seu

próprio texto. Assim, você será um sujeito e não objeto da leitura. É

necessário ainda, ao iniciar uma leitura:

? estudar os componentes desconhecidos do texto – utilizar

sempre o dicionário; e

? verificar a referência bibliográfica do texto - quem é o autor do

texto ou do livro; o título do texto ou da obra; ano da publicação e outras

questões percebidas por você identificar o tipo do texto – se é científico, ou

filosófico ou literário, ou teológico, etc. Isto facilita o entendimento das

idéias que o autor quer transmitir.

2.2.2 Como estudar

Um dos fatores que afeta a atenção e concentração no estudo é o

ambiente. O ideal seria você reservar um local apropriado para os estudos

e que este tenha uma boa iluminação, ventilação, todo o material

necessário aos estudos, além de desligar tudo aquilo que possa desviar a

sua atenção como televisão, rádio, som, jogos de computador, etc. Evitar

ainda, ser interrompido por outras pessoas.

Uma outra questão a ser observada refere-se à postura, quando

for estudar. Escolha uma cadeira confortável e uma mesa com uma altura

adequada, para que você não fique encurvado(a). Nunca estude deitado,

pois o sono logo virá.

A alimentação também é fator relevante para os estudos.

Logicamente que, após uma feijoada ou outra comida pesada, você não

terá tanta disposição para os estudos. Evite, portanto, estudar após certas

refeições, pois o seu rendimento será menor. Não deixe que as sessões de

estudo perturbem a sua alimentação. Respeite os horários destinados às

refeições, pois a fome poderá atrapalhar o seu rendimento.

E a música? Será uma boa idéia estudar ouvindo música? Bem,

57

O que é estudar?Qual a importância da

leitura no ato de estudar?Você estuda só para fazer

avaliações?Você estuda só no dia

anterior às avaliações?Onde você estuda?Como você estuda?

Como é que você costuma ler?

Qual a relação entre Ler e Estudar?

PARA REFLETIR

Antes de prosseguir...Pesquise sobre o que é um

texto científico – o que é um texto filosófico – o que é um texto literário – o que

é um texto teológico

DICAS

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 59: TCC Educação a distância

existem músicas mais suaves e músicas com letras e sons bem agitados. A

instrumental é suave, não rouba muito a atenção do estudante. O silêncio

ajuda, mas não é todo barulho que atrapalha. A concentração nos estudos

é importante, pois mais vale uma hora de estudo concentrado do que várias

horas de estudo dispersivo. Nada atrapalha mais os estudos do que

começar e parar, começar e parar...

Mesmo que você possua uma memória fantástica, ela pode falhar

com o passar do tempo. Por isso, não podemos atribuir absoluta confiança

a ela, imaginando que ela manterá arquivados eternamente os

conhecimentos adquiridos. Um texto, um livro lido hoje poderá ser muito

útil em outros tempos. Para isso você deverá criar hábitos, aprender

técnicas e métodos de estudo, fazer anotações, fichamentos, resumos,

resenhas das leituras que você realiza.

2.2.3 Etapas do estudo

O estudo sintetiza quatro passos: Ler, Sublinhar, Esquematizar e

Revisar. A seguir, uma síntese destes passos e na unidade seguinte alguns

serão melhor explicitados:

? A leitura é o primeiro passo a ser seguido para uma boa

compreensão dos conteúdos. Antes você poderá fazer uma leitura rápida

do assunto, verificar que questões poderão ser levantadas acerca do tema,

explorar os desenhos, imagens ou gráficos existentes. Depois faça algumas

perguntas para si mesmo, a fim de levantar o que você já sabe sobre o

tema a ser tratado. Com isso, você estará relacionando os conhecimentos

anteriores com os novos e aumentado a motivação, ao dar-se conta dos

conteúdos que ainda faltam para serem apreendidos. Na seqüência, ler

todo o texto para ter uma visão geral ou síntese inicial da lição;

? Sublinhar é o segundo passo. Sublinhe as idéias principais, as

idéias secundárias, os exemplos dados, etc. Você poderá, se preferir, utilizar

diferentes cores para tal procedimento;

? Esquematizar é o terceiro passo. Depois de sublinhar é preciso

ordenar as idéias principais e classificá-las segundo algum critério.

Esquema não é resumo, é a parte menor do resumo;

? Revisar consiste em repetir mentalmente todas as idéias

sublinhadas e/ou esquematizadas. Faça isto quantas vezes for necessário,

até ter a certeza que está dominando satisfatoriamente os conteúdos;

Agora você está preparado para começar seus estudos!

Bom estudo!

58

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 60: TCC Educação a distância

59

O grande educador brasileiro Paulo Freire

(1979, p. 9) ressalta que:

“estudar seriamente um texto é estudar o estudo de

quem, estudando, o escreveu. É perceber o

condicionamento histórico-sociológico do

conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo

em estudo e outras dimensões afins do

conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de

objeto. Desta maneira não é possível a quem estuda,

numa tal perspectiva, alienar-se ao texto,

renunciando assim à sua atitude crítica em face

dele”.

Você concorda com o educador? Vá ao Fórum de

Discussão e comente com seus colegas.

ATIVIDADES

2.3 LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

2.3.1 A Leitura

A leitura é de importância fundamental para a compreensão dos

conteúdos das diversas disciplinas. Quem não sabe ler adequadamente

não saberá resumir, esquematizar, fazer os apontamentos, e finalmente,

não saberá estudar.

Já fizemos uma reflexão sobre o ato de estudar; agora nosso

desafio é pensar um pouco sobre a importância da leitura no ato de

estudar.

Para criar o hábito de leitura, reserve um tempo do seu dia para

praticar. Para que isto dê certo, é preciso ser rigoroso, nada de dizer “ah, eu

leio amanhã”. Lendo todos os dias, o ato passará a ser corriqueiro e com o

tempo se tornará um hábito inadiável.

Preocupe-se em manter um dicionário por perto, para poder

consultar todas as palavras que não fazem sentido para você.

Escreve bem quem lê muito e escreve melhor quem lê e escreve

muito. Por isso é importante ao fazer qualquer tipo de leitura, você se

pergunta: O que é ? Quem? Quando? Onde? Quais?

Almeida (2002, p. 34) nos apresenta algumas vantagens do

processo de leitura:

?enriquece o vocabulário;

?clareia as idéias;

?amplia o conhecimento da língua;

?facilita a aquisição de experiências;

?melhora a nossa redação; e

?fornece-nos soluções de problemas já resolvidos por outras

pessoas.

?desperta a inteligência;

?ativa a imaginação; e

?aperfeiçoa a cultura.

A leitura é um processo que se constitui da:

? identificação das palavras;

? interpretação do pensamento do autor;

? compreensão do texto;

? fixação das idéias;

? reprodução das idéias; e

? construção de novas idéias.

O Almeida identifica ainda algumas características dos bons e

maus leitores.

? Mau leitor - concentra-se nas palavras.

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 61: TCC Educação a distância

60

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Ler: pMarconi (2001, p. 19) significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os elementos mais importantes dos secundários e, optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los como fonte de novas idéias e do saber, através dos processos de busca, crítica, assimilação, retenção, verificação e integração do conhecimento.

ara Lakatos e

? Bom leitor- concentra-se nas idéias.

? Mau leitor- acompanha a leitura com o movimento dos lábios.

? Bom leitor - não move os lábios.

? Mau leitor - move a cabeça à medida que lê.

? Bom leitor- só move os olhos.

? Mau leitor- lê com o corpo em posição desconfortável;

? Bom leitor - lê com o corpo na posição correta.

? Mau leitor - não tem expectativa quanto à leitura.

? Bom leitor - pensa no que espera do livro.

? Mau leitor - volta com freqüência ao início do livro, da leitura.

? Bom leitor - lê sempre para frente.

? Mau leitor - não faz leitura de reconhecimento.

? Bom leitor- folheia o livro para decidir se vale a pena lê-lo.

? Mau leitor- não se importa com as palavras cujo significado

desconhece.

? Bom leitor - procura no dicionário o significado das palavras

que desconhece.

? Mau leitor - o objetivo é chegar ao final do livro rapidamente.

? Bom leitor - o objetivo é tirar proveito da leitura.

? Mau leitor- lê apressadamente.

? Bom leitor - lê com calma.

? Mau leitor - não examina o livro.

? Bom leitor – examina o prefácio do livro, o índice e a orelha do

livro. Lê com calma.

2.3.2 Sublinhar um texto

Ao ler um texto, você deverá fazer

apontamentos e grifos das idéias principais e

das palavras-chave de cada parágrafo. Isto

pode ser feito sublinhando o texto ou fazendo

anotações nas margens. Esta prática se torna

produt iva, porque se separam as

argumentações principais das secundárias e,

com isto, você registrará suas próprias

observações.

Sublinhar é uma técnica muito utilizada pelos leitores. No entanto

recomenda-se nunca sublinhar um texto na primeira leitura, pois a

primeira leitura servirá para tomar conhecimento geral sobre o texto. A

segunda leitura deverá ser mais apurada em busca de sinalizar as idéias

principais e secundárias.

Quanto às anotações de margem, é importante que você crie um

código de sinais, que indique a sua maneira pessoal de realizar o

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 62: TCC Educação a distância

61

entendimento e questionamento do texto. Indicamos no quadro abaixo

algumas sugestões de sinais que você poderá utilizar.

SINAL SIGNIFICADO

? quando a argumentação do autor não ficouclara para você.

= Quando a argumentação do autor coincidir com a sua

+

Quando você perceber que poderá acrescentarobservações de outras leituras sobre o mesmotema por autores diferentes

*

Quando se tratar de uma citação importante quevocê deseja transcrever em algum trabalho.

Sinais para Anotações de Margem

É importante sublinhar as idéias principais, as idéias secundárias,

os exemplos dados, etc. Você poderá, se preferir, utilizar diferentes cores

para tal procedimento.

Sabemos que sublinhar um texto requer algumas habilidades,

algumas técnicas que nem sempre são bem compreendidas. Temos

percebido a existência de acadêmicos que sublinham seus livros e textos na

íntegra e se orgulham disso. Existe o sublinhar correto e o sublinhar

incorreto.

Antes de sublinhar qualquer texto é necessário ter um primeiro

contato com a leitura e questioná-la, procurando decifrar as principais

idéias. Utilize sinais e códigos pessoais para “conversar com a leitura”,

sempre à margem do texto, correspondendo a um apontamento

provisório. Só depois de bem entendido o texto, é que você deverá

sublinhá-lo, evitando assim, o preenchimento de traçados em todo o texto

ou mesmo parágrafo. Isto porque, ao sublinhar uma frase inteira ou um

parágrafo inteiro, além de sobrecarregar a memória e o aspecto visual,

corre-se o risco de, ao resumir, reproduzir as frases do autor, sem evidenciar

as idéias principais, visto que o resumo deve ser a condensação de idéias,

não de frases ou palavras.

? segundo Andrade (2001, p. 26), a técnica de sublinhar pode

ser desenvolvida a partir dos seguintes procedimentos:

? leitura integral do texto, para tomada de contato;

? esclarecimento de dúvidas de vocabulário, termos técnicos e

outras;

? releitura do texto, para identificar as idéias principais;

? grifo, em cada parágrafo, as palavras que contêm a idéia-

núcleo e os detalhes mais importantes;

? sinalização com uma linha vertical, à margem do texto, os

tópicos mais importantes;

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Tabela 1: Sinais para anotações de margem

Page 63: TCC Educação a distância

62

? colocação, à margem do texto, de um ponto de interrogação,

para os casos de discordância, as passagens obscuras, os argumentos

discutíveis;

? leitura do que foi sublinhado, para verificar se há sentido; e

? reconstrução do texto, em forma de esquema ou de resumo,

tomando as palavras sublinhadas como base.

2.3.3 Como elaborar um esquema

Um esquema bem elaborado requer algumas orientações, para

que este corresponda realmente a um “esqueleto” do texto, ou seja,

contenha palavras-chave, sem a necessidade de apresentar frases prontas

retiradas do texto. Corresponde a parte inicial de um resumo, onde estarão

contempladas determinadas idéias, com o objetivo de melhor

memorização do conteúdo integral do texto. Para isto, deve-se utilizar:

setas, chaves, linhas retas ou curvas colchetes, símbolos diversos,

dependendo da sua própria escolha. As setas, por exemplo, são utilizadas

quando há uma relação entre a palavra (idéia) do ponto de partida e as

palavras (idéias) que são apontadas. As chaves são utilizadas para ordenar

diversos itens.

Salomon (1991, p. 85) ressalta que um esquema é considerado

realmente útil, quando apresenta as seguintes características:

a) Fidelidade ao texto original – deve conter as idéias do autor,

sem alterações, mesmo quando se usar as próprias palavras para

reproduzir as do autor. Por isso, em alguns momentos, é preciso transcrever

e citar a página;

b) estrutura lógica do assunto – após levantamento da idéia

principal, e dos detalhes importantes, é possível elaborar uma organização

dessas idéias a partir das mais importantes para as conseqüentes. No

esquema, haverá lugar para os devidos destaques.

c) adequação ao assunto estudado e funcionalidade – o esquema

útil é flexível. Adapta-se ao tipo de conteúdo que se estuda. Um assunto

mais profundo, mais rico de informações e detalhes importantes

possibilitará uma forma de esquema com maiores indicações. Assunto

menos profundo, mais simples, terá no esquema apenas indicações-chave.

É diferente um esquema em função de revisão para exame e outro em

função de uma aula a ser dada.

d) utilidade de seu emprego – conseqüência da característica

anterior: o esquema deve ajudar e não atrapalhar. Tratando-se de

esquema em função de revisão, para o estudo para as avaliações, é

diferente daquele que elaboramos a partir de uma aula assistida.

e) cunho pessoal – cada um faz o esquema de acordo com suas

tendências, hábitos, recursos e experiências pessoais. Por isso, é que um

esquema de uma pessoa raramente é útil para outra. Uns preferem o

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 64: TCC Educação a distância

63

esquema rigidamente lógico, outros o cronológico ou na disposição das

idéias. Alguns usam recursos gráficos, de visualização da imagem mental

(tinta de cor, desenhos, símbolos, etc.), outros já preferem empregar só

palavras.

Veja o modelo abaixo:

Na psicanálise freudiana muito comportamento criador,

especialmente nas artes, é substituto e continuação do

folguedo da infância. Como a criança se exprime em jogos

e fantasias, o adulto criativo o faz escrevendo ou, conforme

o caso, pintando. Além disso, muito do material de que ele

se vale para resolver seu conflito inconsciente, material que

se torna substância de sua produção criadora, tende a ser

obtido das experiências da infância. Assim, um evento

comum pode impressioná-lo de tal modo que desperte a

lembrança de alguma experiência anterior. Essa lembrança

por sua vez promove um desejo, que se realiza no escrever e

no pintar. A relação da criatividade com o folguedo infantil

atinge máxima clareza, talvez, no prazer que a pessoa

criativa manifesta em jogar com idéias, livremente, em seu

hábito de explorar idéias e situações pela simples alegria de

ver aonde elas podem levar” (Kneller, 1976 apud Andrade,

2001, p. 32).

Observe um possível esquema do texto apresentado:

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 65: TCC Educação a distância

64

Psicanálise Freudiana

Comportamento Criador do adulto

Continuação do folguedo da infância

A criança exprime em jogos e fantasias

O adulto na escrita, no desenho e/ou na pintura

O adulto utiliza, para solucionar seus conflitos, experiências da infância

As lembranças da infância promovem desejos de escrever ou pintar

O adulto, então, brinca com as idéias, cria livremente

Observe outras possibilidades de elaboração de esquemas.

Escolha uma destas possibilidades e faça o seu esquema a partir do texto

apresentado.

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 66: TCC Educação a distância

65

2.3.4 O Resumo

Assim como o esquema, o resumo também possui algumas

especificidades. Você deverá ter o cuidado para não copiar simplesmente

partes do texto e considerá-lo como um resumo. A técnica de resumir

difere, no modo de redigir, por exemplo, de um livro, de um texto, de um

parágrafo ou de um capítulo. Um resumo bem elaborado deve conter

apresentação clara do assunto da obra; não apresentar juízos críticos ou

comentários pessoais; respeitar a ordem das idéias e fatos apresentados;

empregar linguagem clara e objetiva; evitar a transcrição de frases do

original; apontar as conclusões do autor; dispensar a consulta ao original

para a compreensão do assunto.

2.3.4.1 Tipos de Resumo

Segundo Andrade (2001, p. 29-30), os resumos podem ser

classificados da seguinte maneira:

? resumo descritivo ou indicativo: nesse tipo de resumo,

descrevem-se os principais tópicos do texto original, e indicam-se

sucintamente seus conteúdos. Portanto, não dispensa a leitura do texto

original para a compreensão do assunto. Quanto a extensão, não deve

ultrapassar quinze ou vinte linhas; utilizam-se frases curtas que,

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 67: TCC Educação a distância

66

Um bom resumo deve ter:a) Brevidade – um bom resumo não deve ultrapassar um quarto do original.b) Clareza – idéias apresentadas sem confusão ou ambigüidade.c) Rigor – reprodução das idéias sem erros ou deformações.d) Originalidade – utilização de linguagem original, própria de cada leitor, mas transmitindo o ponto de vista do autor – resumir não é comentar.e) Aprender a resumir é fundamental para comunicar o que sabemos, com rapidez e eficiência.

DICAS

geralmente, correspondem a cada elemento fundamental do texto;

porém, o resumo descritivo não deve limitar-se à enumeração pura e

simples das partes do trabalho;

?resumo informativo ou analítico: é o tipo de resumo que reduz o

texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo-se gráficos, citações,

exemplificações abundantes, mantendo-se, porém, as idéias principais.

Não são permitidas as opiniões pessoais do autor do resumo. O resumo

informativo, que é o mais solicitado nos cursos de graduação, deve

dispensar a leitura do texto original para o conhecimento do assunto;

? resumo crítico: consiste na condensação do texto original a 1/3

ou 1/4 de sua extensão, mantendo as idéias fundamentais, mas permite

opiniões e comentários do autor do resumo. Tal como o resumo

informativo, dispensa a leitura do original para a compreensão do assunto;

e

? sinopse: (em inglês, synopsis ou summary); em francês,

resume d'auteur) neste tipo de resumo indica-se o tema ou assunto da obra

e suas partes principais. Trata-se de um resumo bem curto, elaborado

apenas pelo autor da obra ou por seus editores.

Evidentemente, que você irá deparar com diferentes tipos de

resumos na universidade e em conseqüência necessitará de

conhecimentos específicos de como fazê-los. A técnica de resumir difere,

no modo de redigir, quando se trata de um texto menor ou de um capítulo

ou mesmo de um livro inteiro.

Para cada um destes tipos existem regras específicas que

facilitarão o seu trabalho.

Resumos de Parágrafos e Capítulos

Para estes dois tipos você poderá utilizar a técnica de sublinhar e

redigir o seu resumo pela organização das frases, baseando-se nas

palavras sublinhadas e mantendo sempre a ordem dos fatos e idéias

apresentadas pelo autor. Quando o parágrafo ou capítulo do livro for mais

complexo e você sentir dificuldade em resumí-los, sugerimos que faça

primeiro um esquema com as palavras sublinhadas. É importante salientar

que se você exercitar bastante a técnica de resumir parágrafos,

desenvolverá habilidades para resumir capítulos e obras inteiras.

Veja um exemplo de como sublinhar um parágrafo:

Na psicanálise freudiana muito comportamento criador,

especialmente nas artes, é substituto e continuação do

folguedo da infância. Como a criança se exprime em jogos

e fantasias, o adulto criativo o faz escrevendo ou,

conforme o caso, pintando. Além disso, muito do material

de que ele se vale para resolver seu conflito inconsciente,

material que se torna substância de sua produção

criadora, tende a ser obtido das experiências da infância.

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 68: TCC Educação a distância

67

Agora você irá

praticar o que aprendeu.

Utilizando as orientações

apresentadas nesse texto,

leia, sublinhe e analise o

artigo “Michel Foucault e a

educação: o investimento

político do corpo”. Este

artigo de autoria de Alex

Fabiano Correia Jardim, foi

publicado na revista

Unimontes Científica, v.8,

n.2 e está disponível no site

www.ruc.unimontes.br. A

revista também se encontra

em todas as bibliotecas da

Unimontes. Após a

compreensão do artigo,

elabore um esquema do

mesmo e envie para o

professor formador.

ATIVIDADES

2.4 A PRÁTICA DE DOCUMENTAÇÃO PESSOAL

Temos presenciado a crescente expansão da era da informação,

que atinge uma velocidade surpreendente, principalmente a partir da

informática e da Internet. Cresce também, a necessidade da informação

precisa no lugar e no momento adequados. Daí a importância cada vez

maior das práticas de documentação pessoal, que além de armazenar

informações que estarão disponíveis sempre que precisar, constituem

também uma forma de estudar, apreender e fixar conteúdos. Tais práticas

são essenciais, sobretudo para vocês, acadêmicos de graduação, em

especial para os que irão desenvolver monografias, trabalhos de conclusão

de curso ou relatórios de iniciação científica. São muitos os livros e textos

lidos, idéias e autores estudados, que necessitam serem revistos para

utilização em trabalhos ou em atividades posteriores. Portanto, a

documentação deve ser uma prática constante em sua vida acadêmica.

Segundo Salomon, “a documentação pessoal é uma conseqüência das

atividades intelectuais de quem determinou sua especialização e de todo

aquele que, mesmo sem a intenção de ser enciclopédico, procura estar em

dia com as produções do pensamento humano” (SALOMON,1999, p.

123).

Constitui material para documentação, tudo o que você julgar

importante em função dos seus estudos ou da sua futura vida profissional.

Assim, aconselhamos documentar as leituras (de livros, artigos, apostilas,

dentre outras), as aulas, os trabalhos de grupos de estudos, seminários,

conferências etc. É fundamental que você se convença da necessidade e

da utilidade da prática de documentação pessoal, tornando-a uma rotina

em sua vida de estudos. Para tanto, é preciso criar um conjunto de técnicas

para organizá-la. Por se tratar de um método pessoal de estudos e de

arquivar informações, leve em consideração a forma mais funcional e

conveniente para você. Neste sentido, apresentamos a seguir algumas

orientações gerais de procedimentos para organização da documentação.

Assim, um evento comum pode impressioná-lo de tal modo

que desperte a lembrança de alguma experiência anterior.

Essa lembrança por sua vez promove um desejo, que se

realiza no escrever e no pintar. A relação da criatividade

com o folguedo infantil atinge máxima clareza, talvez, no

prazer que a pessoa criativa manifesta em jogar com

idéias, livremente, em seu hábito de explorar idéias e

situações pela simples alegria de ver aonde elas podem

levar (Kneller, 1976 apud Andrade,2001, p. 32).

Agora, de posse deste parágrafo já sublinhado você pode fazer o

resumo do mesmo.

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 69: TCC Educação a distância

68

2.4.1 Formas de documentação

Uma das técnicas mais eficazes de documentação pessoal é o

fichamento. Ele permite não apenas fixar conteúdos, armazenar

informações e localizar fontes, como também dispensar a releitura de um

texto ou livro anteriormente estudado. Os fichamentos podem ser por

temática de interesse do aluno, por disciplinas, por autor, dentre outros

tipos.

O fichamento temático objetiva coletar e arquivar informações

importantes para o estudo em geral ou para o desenvolvimento, dentro de

uma determinada área, de um trabalho específico como a monografia, o

trabalho de conclusão de curso e a realização de um seminário (sobre este

assunto conferir o texto seguinte deste caderno). As informações a serem

transcritas não se restringem àquelas retiradas de leituras de textos e livros,

mas também de palestras, conferências, aulas, seminários, filmes, fontes

primárias, etc., ou seja, toda informação pertinente ao desenvolvimento do

trabalho ou de projetos futuros, inclusive suas idéias pessoais, para que

essas não se percam com o passar do tempo.

Esse tipo de fichamento é feito seguindo um plano sistemático que

deve conter o tema e os subtemas do trabalho. As fichas devem ter um

cabeçalho contendo o título geral (que corresponde ao tema), o subtítulo

(que corresponde ao subtema), a referência bibliográfica, e, se forem mais

de uma do mesmo tema, devem ser numeradas (ex. 1, 2, 3 ou A, B, C).

Aconselhamos separar o cabeçalho com um traço, conforme o exemplo da

tabela 2.

O fichamento bibliográfico também deve ser organizado dentro

de uma área temática, a diferença é que a ficha se restringirá à uma obra

específica, seja um livro, um texto, um artigo, capítulo de livro, etc. Ele se

constitui, dessa forma, em um acervo bibliográfico e de informações sobre

um determinado assunto dentro de uma área do conhecimento.

Aconselhamos que você crie o hábito de fazer esse tipo de ficha

cotidianamente, à medida que você tenha contato com as leituras relativas

ao seu curso. O conteúdo desta ficha pode ser um resumo geral do texto,

uma síntese dos principais argumentos do autor – indicando

I- TÉCNICAS DE ESTUDO

1- A prática de documentação pessoal A

MARCONI, A M. e LAKATOS, E.M. Fichas. In: ___ Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2001, p. 51-67.

Tabela 2: Modelo de cabeçalho para fichamento temático

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 70: TCC Educação a distância

69

Tabela 3: Modelo de Fichas por autor

I- MICHEL FOUCAULT

1- História da Sexualidade A

FOUCAULT, M. História da sexualidade, v.1 . Rio de Janeiro: Graal, 1998.

Outra forma de organização da sua documentação é seguindo a

estrutura curricular do seu curso. Neste caso, você deve organizar suas

fichas conforme as disciplinas. Por exemplo, todos os textos da disciplina

“Iniciação Científica” constituirão um subtema da ficha, que terá como

tema geral o título desta disciplina, conforme a figura 6.

preferencialmente o número das páginas onde se encontram – ou ainda

pode ser por tópicos e citações. Este mesmo procedimento você pode

utilizar no fichamento por autor, no entanto, neste último, a organização

não seguirá uma temática, mas as obras do autor. Veja o exemplo na

tabela 3.

I- INICIAÇÃO CIENTÍFICA

1- Tipos de conhecimentos

A

CADERNO DIDÁTICO da disciplina Iniciação Científica. Montes Claros: UAB/Unimontes, 2008.

Tabela 4: Modelo de fichas por disciplina

2.4.2 Conteúdo das Fichas

Conforme já sugerimos, o conteúdo das fichas pode ser: um

resumo geral do texto, palestra, aula, etc.; uma transcrição dos principais

argumentos desenvolvidos pelo autor; um comentário ou interpretação

crítica pessoal sobre as idéias do texto; ou de citações. Este último, consiste

na reprodução literal de frases ou sentenças que você considere relevante

para seu estudo. Neste caso, utilize os procedimentos para citação como a

utilização de aspas e reticências quando suprimido alguma palavra ou

frase.

Délcio Salomon (1999) sugere um modelo de conteúdo de fichas,

que consideramos o mais adequado, uma vez que permite utilizar-se de

resumo, transcrições, anotações e pontos de vista do leitor, que não são do

autor. Para isso, ele sugere a utilização de códigos a fim de identificar a

natureza desse material todo. Ex.:

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 71: TCC Educação a distância

(“...”) para citação

( * ) para designar resumo

( // ) para indicar que se trata de idéias pessoais e não do livro, etc.

Apresentamos na figura 4, um modelo de ficha, utilizando as

indicações de Salomon. Neste modelo, sugerimos utilizar somente os

códigos para idéias pessoais (//) e para citação (“...”), pois consideramos

não ser necessário a utilização de código para resumo uma vez que o

fichamento já indica isso. Sugerimos que você adote este modelo para a

sua documentação pessoal.

I – TÉCNICAS DE ESTUDOS

1- A Prática de documentação pessoal 1.1- Conteúdo das fichas

A

MARCONI, A M. e LAKATOS, E.M. Fichas. In: ___ Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2001, p. 51-67.

FICHA BIBLIOGRÁFICA: Refere-se: campo do saber que é abordado, problemas, conclusões alcançadas, contribuições em relação ao assunto, as fontes dos dados, métodos de abordagem, procedimentos utilizados modalidade empregada , recursos ilustrativos. FICHA DE CITAÇÕES: Reprodução fiel de frases ou sentenças consideradas relevantes ao estudo em pauta. FICHA DE RESUMO OU DE CONTEÚDO: “Apresenta uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou um resumo dos aspectos essenciais da obra” (p.60).

I – TÉCNICAS DE ESTUDOS

1-

A Prática de documentação pessoal

1.1-

Conteúdo das fichas

B

FICHA DE ESBOÇO: Refere-se a apresentação de forma mais detalhada da principais idéias expressas pelo autor é a mais extensa e detalhada das fichas, a síntese das idéias é realizada quase que de página a página exige indicação das páginas à esquerda da ficha.

FICHA DE COMENTÁRIO OU ANALÍTICA: “Consiste na explicação ou interpretação crítica pessoal das idéias expressas pelo autor” (p.61). Pode apresentar: Comentário sobre aspectos metodológicos, análise crítica do conteúdo, interpretação de um texto, comparação da obra com outros trabalhos sobre o mesmo tema, explicação da importância da obra para o estudo em pauta.// estes modelos de fichas são mais indicados para acadêmicos em fase de elaboração de monografia//

Tabela 5: Modelo de conteúdo de fichas lado A e lado B

Se você deseja ver outros exemplos e formas de elaboração de fichamento consulte as seguintes obras: SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 21 ed. São Paulo: Cortez, 2000.MARCONI, A M. e LAKATOS, E.M. Fichas. In: ___ Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2001, p. 51-67.

DICAS

70

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 72: TCC Educação a distância

Ao fazer um fichamento você deve ainda:

? ser breve;

? evitar expressões tais como: “segundo o autor”, “o autor

disse”, “a seguir”, “este livro”, etc;

? transcrever com fidelidade nome do autor, título da obra,

página, o texto, et;.

? utilizar verbos ativos (critica, define, etc.);

? evitar repetições desnecessárias; e

? padronizar o tamanho das fichas.

2.4.3 Confecção das fichas e materiais diversos

O tamanho do papel para o fichamento fica a critério de cada um.

Pode-se utilizar fichas, encontradas nas papelarias ou confeccionadas, nos

tamanhos 20 X 12,5 cm, 20 X 25 cm ou 25 X 15 cm, podendo utilizar seus

dois lados (ver figura 5). Neste caso as fichas podem ser guardadas em

fichários organizados por assuntos, áreas de interesse, por autores ou por

ordem alfabética também fica a critério de cada um. Podem também

serem feitas em papel de diversos tamanhos como o A4, mais comum,

utilizando-se somente um lado do papel. Neste caso, as fichas podem ser

guardadas em pastas-arquivos, classificadores ou caixas de arquivos. Se

você possui um computador de uso pessoal, principalmente um leptop,

você tem a opção também de fazer o seu fichamento diretamente em um

editor de textos e arquivá-los conforme o sistema de pastas e diretórios.

Neste caso, basta você fazer um arquivo para cada fichamento e salva-lo

em uma pasta que pode ser uma temática, uma disciplina ou um autor,

veja o exemplo da figura 8.

Figura 5: Modelo de ficha encontrada em papelarias

Seminário: vem do latim, seminariu, que significa

“viveiro de plantas onde se fazem sementeiras. Nesse

sentido o seminário constitui na ocasião de

semear e germinar idéias. Seminário significa também

um congresso científico e cultural mais amplo que

reúne um grande número de especialista de uma

determinada área (Dicionário Aurélio – Século

XXI)

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

71

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 73: TCC Educação a distância

2.5 O SEMINÁRIO COMO TÉCNICA DE ESTUDO

2.5.1 Definição

Outra técnica de estudo que fará parte do seu cotidiano

acadêmico é o seminário. Em sentido geral, o seminário é definido como

um grupo de estudos em que se expõe e debate um ou mais temas

apresentados por um aluno ou grupo de acadêmicos sob a orientação e

coordenação do professor responsável pela disciplina. Essa é uma técnica

de estudos que envolve a pesquisa, a análise e exposição sistemática dos

conteúdos estudados e o debate aprofundado sobre um tema. Neste

sentido, o seminário objetiva muito mais a formação do aluno do que a

mera informação.

Ilma Passos Alencastro Veiga também entende o seminário como

uma técnica de ensino socializado, já que

“o conhecimento a ser assimilado, reelaborado e até

mesmo produzido, não é 'transmitido pelo professor', mas é

estudado e investigado pelo próprio aluno, pois este é visto

como sujeito de seu processo de aprender” (Veiga, 1991, p.

110).

Não se trata, portanto, de uma aula expositiva dada pelos

acadêmicos. O professor deve ser parte ativa do processo, cabendo a ele

sugerir o tema, indicar bibliografias, aprofundar o assunto, estabelecer

relações, provocar o debate, encaminhar as conclusões e fazer a síntese

final.

O seminário, como uma técnica de estudo, foi criado

originalmente para ser desenvolvido em sala de aula presencial,

estimulando o ambiente crítico e participativo. Acreditamos, no entanto,

ser possível adaptar tal técnica para ambientes de aprendizagem virtual,

assim como, para vídeo-conferência. Nos ambientes virtuais, a exposição –

texto verbalizado – pode ser substituída pelo texto escrito. Nesse sentido, o

sucesso do seminário dependerá do envolvimento e comprometimento de

todos os participantes na leitura do texto – construído de forma coletiva por

cada grupo – e no debate, que pode ser feito no chat ou fórum de

discussão.

2.5.2 Objetivos

Dentre os objetivos do seminário, podemos destacar:

?aprofundamento da discussão de um tema ou problema dentro

de uma área do conhecimento;

?estudo e debate em profundidade de um texto específico da

disciplina;

ATIVIDADES

No capítulo anterior você

aprendeu técnicas para

leitura, análise e

interpretação de texto.

Utilizando as orientações

sobre a prática de

documentação pessoal,

faça um fichamento do

texto “Michel Foucault e a

educação: o investimento

político do corpo” que você

já leu, analisou e

interpretou. Este texto de

autoria de Alex Fabiano

Correia Jardim, foi

publicado na revista

Unimontes Científica, v.8.

n.2, e está disponível no

site www.ruc.unimontes.br

ou em todas as bibliotecas

da Unimontes. Você poderá

fazer seu fichamento em

papel A4, ou na ficha que

você adquire em qualquer

papelaria. Se preferir, você

pode também confeccionar

sua própria ficha,

utilizando-se de uma

cartolina.

Bom trabalho!

72

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 74: TCC Educação a distância

?trabalho cooperativo em sala de aula ou no ambiente virtual;

?diálogo crítico sobre um ou mais temas;

?incentivo a ter participação no processo de ensino-

aprendizagem; trabalho em grupo e com autonomia; e

?estimulo a pesquisa.

A apresentação do seminário, constitui-se também um excelente

momento para você aprender a sistematizar informações e a expor idéias.

No caso de ser realizado em ambiente virtual de aprendizagem, podemos

utilizar a mesma estrutura de organização do seminário presencial. No

entanto, os resultados da pesquisa e discussão do grupo não será exposto

verbalmente, mas através de um texto construído coletivamente pelo

grupo, a partir da pesquisa realizada, análise e interpretação das leituras

feitas. O fórum de discussão permite que, após a leitura, todos possam

interagir dialogicamente e participar do debate, apresentando as questões

e problemas suscitados pelo texto-base.

2.5.3 Estrutura e organização

O seminário é composto por um coordenador, geralmente o

professor da disciplina e o/os expositor/es, que pode ser um ou todos os

membros do seu grupo. No caso de um seminário em ambiente virtual, os

expositores são todos os membros do grupo, responsáveis pela elaboração

do texto-base, a partir do qual, se desenvolverá o debate. Um secretário,

que é o/a estudante responsável pela anotação ou relatório das conclusões

parciais e finais do seminário; um comentador, escolhido pelo professor

entre os colegas da turma para comentar criticamente a discussão e

resultados apresentados pelos expositores, antes do debate dos demais

participantes. O comentador poderá ser também, preferencialmente, um

especialista do tema, externo à turma, especialmente convidado para esta

função. Se o seminário for realizado através de vídeo-conferência,

podemos utilizar os mesmos procedimentos de uma sala de aula

presencial.

O professor coordenador tem como função:

?explicitar os objetivos e finalidades do seminário;

?auxiliar na formação dos grupos;

?indicar o texto ou tema objeto do estudo, pesquisa e

apresentação de cada grupo;

?recomendar, no caso de um seminário temático, a bibliografia

básica e complementar a ser estudada pelo grupo;

?orientar o grupo na busca das fontes de consulta, na

elaboração do texto-roteiro ou do texto-base – a ser disponibilizado nos

casos em que o seminário for realizado em ambiente virtual;

?elaborar o calendário de apresentação dos trabalhos e o

cronograma das atividades que precedem a apresentação;

73

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 75: TCC Educação a distância

? escolher ou convidar o comentador/a; e

? coordenar e estimular o debate.

A vocês acadêmicos, divididos em grupo, cabe:

? selecionar os subtemas dentro do tema indicado pelo professor

e pesquisá-los. No caso de um seminário sobre um texto específico, vocês

deverão fazer o levantamento de dados que facilitem a compreensão do

texto, como informações sobre o autor, as circunstâncias de escrita do

texto, as filiações em correntes de pensamento do autor, dentre outros

dados;

?ler, fichar e estudar em profundidade a bibliografia ou texto

indicado pelo professor;

?elaborar o texto-roteiro da exposição do trabalho ou o texto-

base a ser apresentado e que deverá ser lido pelos demais colegas da

turma;

?escolher, entre vocês, os membros, o/os expositor/es e o/a

secretário/a; e

?providenciar os recursos didáticos que desejam utilizar na

apresentação, tais como retroprojetor, data-show, etc.

2.5.4 O texto-roteiro

O texto-roteiro é utilizado nos seminários presenciais. Ele é seu

instrumento de trabalho e conforme ressaltam Lakatos e Marconi (2001,

p. 34), “deve expressar o apreendido, isto é, aquilo que se presta à

aprendizagem ou se apresenta como um apontamento didático para a

consulta” e auxílio na exposição. O texto-roteiro não é um resumo ou

síntese da pesquisa e estudo realizado, nem a transposição do sumário do

texto ou livro estudado, mas tópicos que indiquem, numa seqüência, os

assuntos que serão abordados na apresentação. O texto-roteiro deve

conter:

?título do trabalho;

?introdução: apresentação da temática e objetivo do trabalho, a

metodologia utilizada na sua preparação; apresentação dos/as

expositores/as e do/a secretário/a, por ordem de fala, estrutura geral da

apresentação;

?desenvolvimento: através de tópicos ou pequenas citações que

indiquem os assuntos a serem abordados na apresentação e o

planejamento do grupo. Os tópicos auxiliam o expositor e permite que os

demais participantes acompanhem o caminho percorrido pela exposição;

?conclusão: síntese, fechamento das exposições, estabelecendo

as relações entre uma fala e outra – pode ser apenas indicada no roteiro e

feita verbalmente;

?Bibliografia: relação completa das obras utilizadas na pesquisa

e elaboração do trabalho apresentado;

74

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 76: TCC Educação a distância

Antônio Joaquim Severino (2001), por sua vez, sugere

um texto-roteiro mais detalhado e que deve ser

disponibilizado previamente aos participantes para que

estes possam estudá-lo mais profundamente a fim de participar da discussão.

Sobre esta discussão consulte:

SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho

Científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000, p. 63-

72.

DICAS

Fonte: Arquivo pessoal Luana Balieiro

75

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Figura 6: Seminário Patrimônio Histórico de MontesClaros realizado pelos acadêmicos do 1º período de

História/ 2006, como atividade da prática dearticulação das disciplinas História da Arte e

Metodologia Científica.

?Nome dos integrantes do grupo; e

?Data de realização do seminário.

Cada participante do seminário deverá receber uma cópia

impressa do roteiro.

Page 77: TCC Educação a distância

Fonte: Arquivo pessoal Cláudia Maia

2.5.5 O texto-base

O texto-base pode ser utilizado em seminários realizados nos

ambientes virtuais. Sugerimos a utilização da ferramenta constante na

Plataforma Moodle – o WIKI, que é a produção coletiva de textos, atividade

muito interessante e que conduzirá você e seu grupo a participar de forma

ativa. O texto-base é o principal material do seminário, pois será a partir

dele, que se desenvolverá a discussão e o debate. Ele se constitui no

resultado escrito da pesquisa sistemática, estudo e preparação prolongada

76

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Figura 7: Modelo de roteiro de seminário

Page 78: TCC Educação a distância

realizado pelo seu grupo, por isto, deverá ser construído coletivamente.

Sua estrutura poderá seguir a mesma seqüência do texto-roteiro, a

diferença está no desenvolvimento. Vocês não apenas indicarão tópicos,

mas deverão dissertar sobre eles. Ou seja, o que seria falado no seminário

presencial, será escrito no seminário virtual:

? título;

?introdução: apresentação do objetivo e da temática do

seminário; breve visão de conjunto dos resultados da pesquisa e estudo

realizado; esquema geral do texto, ora apresentado, ou seja, sua estrutura

redacional;

?desenvolvimento: subdivide-se em tópicos ou títulos, seguido

da apresentação/dissertação aprofundada sobre o assunto escolhido,

indicando com quais autores estão dialogando, ou seja, os autores

consultados para elaboração do trabalho, e apontando para

problematizações que podem levantar questões importantes no debate

que seguirá;

?conclusão: síntese, fechamento das exposições, estabelecendo

as relações entre uma fala e outra;

?bibliografia: relação completa das obras utilizadas na pesquisa

e na elaboração do trabalho apresentado;

? Nome dos integrantes do grupo; e

? Data de realização do seminário.

O texto-base deverá ser disponibilizado previamente aos demais

participantes, conforme o cronograma estabelecido pelo professor

coordenador, para que todos possam lê-lo, estudá-lo e formular suas

questões, dúvidas e apontamentos. No cronograma, o coordenador

também deverá estipular o prazo para a leitura de todos os participantes,

para a postagem das observações do comentador e questões, dúvidas e

comentários dos demais participantes. O debate também, poderá ser feito

por chat. Nesse caso, o coordenador deverá estabelecer no cronograma o

dia e o horário. O papel do coordenador será fundamental, pois ele deverá

instalar o diálogo crítico, procurando coletivizar as questões suscitadas,

estimular a participação de todos na leitura e no debate. É importante que

você se coloque em uma postura ativa e não de mero ouvinte, pois você

juntamente com seus colegas terão uma parcela de contribuição no

decorrer das atividades.

2.5.6 Apresentação e duração

No dia da apresentação do seminário, o coordenador convida os

expositores para compor a mesa dos trabalhos, situada à frente da sala ou

auditório, informa a dinâmica das apresentações e o tempo de cada

exposição.

O tempo de duração do seminário presencial em geral é o mesmo

77

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 79: TCC Educação a distância

tempo das aulas, cerca de 2 horários ou 4 horários, dependendo do tema a

ser abordado e da quantidade de grupos. O coordenador deverá estipular e

controlar o tempo de cada expositor, o tempo do comentador, o tempo total

para o debate, que em geral, é feito após todas as exposições. Ao final, o

coordenador fará a síntese das discussões e encaminhará a avaliação.

No seminário realizado em ambiente virtual, sugerimos que o

tempo total para a disponibilização e leitura do texto, os comentários e

realização do debate não dure mais do que uma semana.

2.5.7 Avaliação

Ao final do seminário é fundamental uma avaliação de todo o

processo. Nessa avaliação, deverão ser observados aspectos como:

envolvimento e participação de todos; planejamento e cronograma das

atividades, qualidade da pesquisa realizada pelos grupos e a exposição,

participação no debate e os resultados dos estudos realizados. A avaliação

é sempre importante para verificar os avanços do grupo, assim como para

melhorar os aspectos deficitários e levantar sugestões para o próximo

seminário.

2.6 A INTERNET COMO FONTE PARA ESTUDO E PESQUISA

ACADÊMICA

Os avanços tecnológicos têm promovido uma verdadeira

democratização da informação ao facilitar seu acesso com rapidez a um

número cada vez maior de pessoas, particularmente, a pessoas como nós,

que vivemos distantes dos grandes centros produtores de conhecimento,

dos locais de realização de importantes eventos científicos, de bibliotecas e

grandes livrarias, e em alguns casos, até mesmo dos centros universitários.

A rede mundial de computadores, a Internet, representa em nossos dias,

um extraordinário acervo de dados à disposição de qualquer um, que pode

acessá-los com certa facilidade, dado a sofisticação e expansão dos atuais

recursos informacionais e do barateamento no custeio dos computadores

e das formas de conexão à rede. A Internet tornou-se assim, uma valiosa e

indispensável fonte de pesquisa para as diversas áreas de conhecimento.

Tendo isso em vista, elaboramos algumas dicas e orientações para

você usar e abusar desta tecnologia, que não será apenas um dos meios de

comunicação com seus professores, tutores e colegas, de realizar

atividades do seu curso e participar de debates, mas sobretudo, lhe

fornecerá muitas e variadas opções de pesquisa na sua área de formação.

Apresentamos aqui, somente indicações operacionais para um usuário

comum, não entrando em questões técnicas, nem mesmo em formas de

utilização do ambiente de aprendizagem virtual do curso. Nosso objetivo é

oferecer algumas indicações gerais e ferramentas, que servirão de

subsídios para você realizar pesquisas e aprofundar seus estudos.

Agora, vamos ver se você entendeu as orientações e a dinâmica do seminário. Reúna com mais quatro colegas de curso e a partir do texto que você já fichou no capítulo anterior (Michel Foucault e a educação: o investimento político do corpo”; disponível no site www.ruc.unimontes.br ou em todas as bibliotecas da Unimontes), faça um texto-roteiro do mesmo. Imagine que você e seus colegas irão apresentá-lo em um seminário do curso. Envie para seu/sua professor/a formador/a.

Bom trabalho!

ATIVIDADES

78

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 80: TCC Educação a distância

Hoje, muitos acadêmicos e pesquisadores são capazes de realizar

seus trabalhos de monografia, dissertações, teses e outras pesquisas sem

sair de casa ou do laboratório de informática, dada a possibilidade de

acesso aos bancos de dados, arquivos, bibliotecas virtuais, sites de revistas

científicas, além da facilidade de fazer download ou comprar livros, tudo

pela Internet.

2.6.1 O acesso à Internet

A Internet é um conjunto de redes de computadores interligados

em todo mundo, permitindo que cada vez mais outros computadores se

conectem e o acesso dos usuários a milhares de informações que estão

armazenados em seus web sites. A analogia mais comumente utilizada

para definir esta rede é a de uma malha viária por onde trafegam bytes sob

a forma de pacotes TCP/IP. As informações contidas em textos, som e

imagens trafegam em velocidade surpreendente entre qualquer

computador conectado a essa rede, permitindo ao usuário navegar por

essa malha de computadores para consultar e recolher elementos

informativos de todo tipo, aí disponibilizado. Permite também eliminar as

barreiras do tempo e do espaço, possibilitando a comunicação, a troca de

mensagens e de informação entre acadêmicos e pesquisados de todos os

lugares do mundo.

Conforme Ferreira (2002), a Internet evoluiu da ARPANET, rede

desenvolvida nos Estados Unidos no final dos anos de 1960, no contexto da

guerra fria, com objetivo de sobrevivência do sistema de comunicação em

eventuais ataques nucleares em 1986. Em 1987, a rede foi liberada para

uso comercial e sua vasta expansão ocorreu a partir da criação da web em

1993. No Brasil, as primeiras conexões ocorreram através da FAPESP

(Fundação de Amaparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e do

Laboratório Nacional de Computação Científica no Rio de Janeiro em

1988. O acesso comercial se deu a partir de 1995 através de provedores.

Web é o diminutivo de World Wide Web (rede mundial de

computadores) ou apenas www, que designa o conjunto de servidores na

Internet que transferem informações através do protocolo http (protocolo

de transporte de hipertexto). Os usuários interligam-se à rede mediante

Web site, que estão alocadas em provedores. Os provedores (a exemplo do

UAI, UOL, Terra, etc.) são empresas ou instituições responsáveis por

articular as redes de computadores, os servidores, os computadores

pessoais dos usuários. Os servidores são responsáveis por fornecer o

suporte de conexão que pode ser via telefônica, tv, rádio, celular, algumas

de alta velocidade, denominadas banda larga.

Assim, para você navegar na Internet em busca de informações ou

serviços, é necessário que seu computador esteja conectado através de um

servidor, que tenha disponível o serviço de um provedor, e que tenha

instalado em seu micro um programa de navegação (browsers). Os

Download: é o ato de transferir o arquivo de um

computador remoto (na Internet) para o seu próprio

computador, usando qualquer protocolo de

comunicações.

TCP/IP: é a “sigla proveniente de Transmission

Control Protocol / Internet Protocol. Apesar de TCP e

IP serem dois protocolos distintos, os protocolos

mais importantes da Internet, o termo TCP/IP

designa geralmente aquilo que se conhece como o conjunto de protocolos

TCP/IP que pode englobar outros protocolos menos

utilizados e/ou importantes”.

(Ferreira, 2002)

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

79

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 81: TCC Educação a distância

p r o g r a m a s d e

n a v e g a ç ã o m a i s

utilizados no Brasil são o

Internet Explorer da

Microsoft e o Mozilla

firefox que podem ser

acessados através de

atalho na área de

trabalho ou no menu

iniciar.

O sites são

acessados através de

endereços, que são

também os nomes das

páginas . E les são

c o n s t i t u í d o s p o r

números ou protocolos

de Internet (IP) que

codificam as páginas. Em geral, os endereços possuem a seguinte

estrutura:

www.nome.tipodeogranização.br.

Os endereços dos sites são atribuídos por um sistema específico de

nome de Domínio que permite também identificar o tipo de site. No Brasil,

o domínio global de primeiro nível é representado por “br”; dentro dele há

os subdomínios de uso coletivo, definidos de acordo com a natureza

organizacional do site, conforme o quadro de exemplos abaixo. Em

terceiro nível, os nomes específicos que identificam instituições, entidades

ou pessoas do mundo real.

Figura 8: Acesso ao programa de navegação pelo menu Iniciar

Figura 9: Navegador Internet Explorer

Para conhecer o significado de termos e palavras usadas na linguagem da Internet, consulte o Dicionário de Internetês de Antônio M. Ferreira, disponível em http://dicio.net/

DICAS

80

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 82: TCC Educação a distância

2.6.2 A pesquisa científica na Internet

A rede mundial de computadores coloca à disposição dos

internautas um volume excessivo de informações, sobre os mais variados

assuntos e temas. Alguns, no entanto, são pouco confiáveis. É preciso

garimpar e selecionar as informações a serem utilizadas, e uma das formas

é dirigir-se diretamente aos endereços certos, principalmente se forem de

instituições e órgãos de reconhecida credibilidade. Não dispondo destes

endereços, ou no caso de uma pesquisa mais ampla, tendo apenas um

tema, você pode começar seu trabalho utilizando um site de busca. Estes

sites se ocupam de localizar os endereços em toda a rede, a partir da

indicação de palavras-chave, nomes, temas, etc. Entre os mais utilizados

estão:

www.google.com

www.yahoo.com

www.cade.com.br/

www.altavista.com/

busca.uol.com.br/

busca.igbusca.com.br/app/

Após indicar as palavras-chave e clicar em buscar/pesquisar, serão

Figura 10: Navegador Mozilla Firefox

GEOGRÁFICOS ORGANIZACIONAIS

br Brasil com comercial

ar Argentina edu Organizações educacionais

us Estados Unidos gov Organizações governamentais

fr França Net redes

pt Portugal mil Organizações militares

es Espanha Org. Organizações que não se enquadra nas anteriores

Tabela 2: Exemplos de domínios

81

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 83: TCC Educação a distância

exibidas várias páginas nas quais você poderá encontrar a informação

procurada. Ao fazer uma busca, sugerimos restringir as palavras-chave e,

quando possível, utilizar aspas, pois evitará um número enorme de sites

que não interessam à sua pesquisa. Veja abaixo o exemplo:

Ao localizar um arquivo de seu interesse, é aconselhável que você

salve em seu computador; caso não possua um, você pode salvar o arquivo

ou página em um disco flexível – CD, disquete ou pendrive, ou ainda,

enviar para e-mail e HD virtuais – para que a informação esteja disponível

quando você precisar, sem necessariamente ter que realizar uma nova

busca.

Se você já conhece alguns sites de entidades, instituições de

pesquisa, bibliotecas virtuais, revistas científicas, portais de periódicos,

arquivos, dentre outros, isso facilita sua busca além de você ter acesso às

informações que são resultados de reflexões teóricas, pesquisas científicas

empreendidas, bancos de dados construídos, dentre outros, voltados

especificamente para o público acadêmico. Atualmente, muitas revistas

científicas têm disponibilizado os artigos completos na rede, além de

impressos, como é o caso da revista Unimontes Científica

(www.ruc.unimontes.br), ou têm substituído totalmente as edições

impressas pelo meio digital. As revistas digitais, disponíveis na rede, além

de serem mais econômicas e de maior rapidez na editoração, atingem um

público muito maior, ampliando consideravelmente sua divulgação. Além

desses sites, importantes fontes de pesquisa são, sem dúvida, os portais de

periódicos, que reúnem revistas de grande credibilidade na academia e

com melhores avaliações, como é o caso do Scielo – Scientific Electronic

Library Online. O portal do Scielo (www.scielo.br) disponibiliza revistas

nacionais e internacionais de todas as áreas do conhecimento. Você pode

Figura 11: Pesquisa no Google

82

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 84: TCC Educação a distância

acessá-las por área, por assuntos, por lista alfabética, dentre outras

formas. Veja o exemplo nas figuras abaixo:

No site da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior – você encontrará duas fontes valiosíssimas para sua

pesquisa científica: o Portal de Periódicos, que reúne inúmeras revistas com

artigos completos disponíveis, e o Portal Domínio Público, uma biblioteca

digital com um imenso acervo de texto (em forma de livros, revistas,

dicionários, etc.) imagens, som e vídeo. Além destes dois portais, você

encontrará também no site da Capes um banco de teses, com resumos e

informaçõ

es de teses

Figura 12: Resultado de pesquisa no Google

Figura 13: Pesquisa no Portal do Scielo

83

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 85: TCC Educação a distância

Figura 14: Site da Capes com o Portal de Periódicos e o Portal Domínio Público

Figura 15: Pesquisa no Portal de Periódicos da Capes

84

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 86: TCC Educação a distância

Figura 16: Pesquisa no Portal Domínio Público

Figura 17: Banco de Teses de Capes

85

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 87: TCC Educação a distância

e dissertações defendidas em todo país a partir de 1987

Para auxiliar você nos seus trabalhos e pesquisas, listamos ao final

deste capítulo, endereços de sites importantes por área de conhecimento,

onde você encontrar artigos, textos, dados, etc.

Você pode, ainda, utilizar a Internet para acessar o acervo

bibliográfico de várias bibliotecas do país, a fim de identificar alguma obra

para consulta. Atualmente, a Unimontes está testando um sistema

integrado de bibliotecas que permitirá aos acadêmicos encontrar o livro

desejado em qualquer uma de suas bibliotecas e saber se ele está

disponível para consulta. Da mesma forma, dado a ausência de livrarias

especializadas em nossa região, você poderá utilizar a rede para consultar

catálogos de editoras e adquirir livros, importantes para seus estudos e que

lhe permitirá aprofundar determinados assuntos, que não se encontram

nas bibliotecas dos pólos da UAB/Unimontes. Ao procurar um site para

comprar livros, verifique se são confiáveis e de credibilidade; prefira os sites

das grandes livrarias já reconhecidas no Brasil. Vale a pena consultar

também, os sites de sebos virtuais que oferecem livros usados com baixos

preços e que são entregues em sua casa pelos correios.

Por fim, ao utilizar dados, comentários, idéias, imagens, etc.

retirados de um arquivo ou página da Internet, você deve fazer o registro

bibliográfico de acordo com as normas específicas de referenciação da

ABNT, que você estudará em maiores detalhes na disciplina de

Metodologia Científica. De maneira geral, você deve indicar:

a) o autor: começando pelo último sobrenome em letras

maiúsculas;

b) o título do artigo, texto ou obra;

c) o título da revista, livro, ou site em itálico;

d) o endereço onde está disponível; e

e) data de acesso ao documento.

EXEMPLO

MAIA, Cláudia de J. As Desigualdades de Gênero no Contexto

d o D e s e n v o l v i m e n t o H u m a n o . U n i m o n t e s C i e n t í f i c a ,

v. 1, n.1, jan. jun/2001. Disponível em <www.ruc.unimontes.br>

acesso em: 28/set./2008.

Agora, você já tem dicas e sugestões de onde e como utilizar a

rede mundial de computadores, a serviço de seus estudos e pesquisas. É só

começar, bom trabalho!

86

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 88: TCC Educação a distância

2.6.3 Atividades

Orientações:

a) Abra um novo documento no Word;

b) Registre o título “Atividade- Internet”, o seu nome e a data;

c) Complete o máximo dos itens abaixo que você puder. Em cada

caso, comece digitando o URL (endereço do site) designada. Assim que

você tiver conseguido acessar um “site”, pesquise as informações

solicitadas. Se um “site” que você esteja tentando alcançar, tiver levando

tempo demais, cancele a conexão e retorne a ele mais tarde;

d) Registre todas as respostas no documento “Atividade- Internet”;

e) Salve todas as alterações realizadas;

f) Ao terminar sua atividade, envie um e-mail para o/a professor/a

formador/a, anexando.

1. Utilizando um site de busca de sua preferência, procure o site da

FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e

identifique:

?endereço do site;

?objetivo da FAPEMIG;

?modalidades de bolsas de pesquisa para acadêmicos de

graduação;

?critérios para solicitação bolsas de iniciação científica;

?entre na revista Minas Faz Ciência e identifique seu endereço; e

?escolha uma reportagem de qualquer um dos números da

revista Minas Faz Ciência cole e copie.

2. Utilizando o site de busca, procure uma revista científica da sua

área, disponível no Portal do Scielo ou no Portal de periódicos da CAPES e

identifique:

?endereço do site;

?nome da revista;

?título, autor e resumo de 2 (dois) artigos de seu interesse; e

?informações importantes para seu curso.

3. Na Internet existem sites das diferentes Sociedades ou

Associações Brasileiras das várias áreas de atuação, como a Associação

Nacional dos Professores de História (ANPUH); Associação Brasileira de

Antropologia (ABA); etc. Utilizando o site de busca, procure o portal ou site

de uma sociedade ou associação da área de formação do seu curso e

identifique:

?endereço dos sites;

87

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 89: TCC Educação a distância

?objetivo desta sociedade ou associação;

?como torna-se sócio;

?eventos realizados; e

?links importantes.

4. Visite o site da Catho Online - Empregos, vagas, cursos,

currículo... e verifique como anda o mercado para o profissional da sua

área e estagiários (Título da vaga, descrição, ramo de atuação, Estado)

5. Visite o site de uma Universidade, que possui o também seu

curso de graduação e analise a estrutura do mesmo e compare-a com a

do curso de vocês. Identifique as semelhanças e diferenças, e identifique,

também:

?nome da instituição;

?duração;

?o perfil do egresso; e

?área de atuação

6 . No s i t e da Un i ve r s i a B ra s i l , d i spon í ve l em

<www.universia.com.br> são publicadas diversas matérias sobre

universidades e os diversos cursos universitários. Acesse esse site, escolha

uma matéria relacionada ao seu curso, leia a matéria e registre as

informações interessantes

7. Procure na Internet o símbolo do seu Curso, copie e cole aqui.

88

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 90: TCC Educação a distância

2.6.4 Relação de Sites Importantes para sua Pesquisa Científica por

Área

A- ARTES

B- BIOLOGIA

ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.cultura.gov.br/site/categoria/o-dia-a-dia-da-cultura/artigos/

Ministério da Cultura – Artigos do Governo

http://www.cultura.gov.br/brasil_arte_contemporanea/?page_id=433

ARCO - Revista Brasil Arte Contemporânea

http://www.artcultura.inhis.ufu.br/atual.php

ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte é uma publicação semestral da Universidade Federal de Uberlândia

http://www.revista.art.br/site -numero-09/apresentacao.htm

Revista Digital Art &

http://www.revistamuseu.com.br/default.asp

Revista Museu - O portal definitivo que mostra os bastidores dos museus, a criatividade dos profissionais

da área e seus projetos inovadores, divulgando a cultura no Brasil e no mundo.

ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.bireme.br/php/index.php

Biblioteca Virtual em Saúde

http://www.ipas.org.br/biblioteca.html

Biblioteca Virtual do Ipas (ONG do Brasil que lida a saúde reprodutiva da mulher)

http://www.fesbe.org.br/v3/index.php

Federação de Sociedades de Biologia Experimental

http://www.editora.ufla.br/Periodicos.htm

Periódicos da UFLA sobre Biologia, foco em Agronomia.

http://www.bvsalutz.coc.fiocruz.br/php/index.php

Biblioteca Virtual em Saúde Adolpho Lutz

89

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 91: TCC Educação a distância

C- CIÊNCIAS SOCIAIS

D- HISTÓRIA

ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.cchla.ufpb.br/caos/ CAOS – Revista Eletrônica de

Ciências Sociais - UFPB http://www.enfoques.ifcs.ufrj.br/ ENFOQUES – Revista Eletrônica

dos Acadêmicos do Programa de Pós Graduação da UFRJ

http://www.ifcs.ufrj.br/ IFCS – Instituto de Filosofia e Ciências Socais

http://revistaseletronicas.pucrs.br/civitas/ojs/index.php/civitas

Civitas - Revista de Ciências Sociais PUCRS

http://www.ceu.org.br/novo/ Instituto Internacional de Ciências Sociais

www.unb.br/ics/dan

Departamento de Antropologia da UNB, estão disponíveis aí a Série Antropologia, publicação dos professores do departamento, textos completos e o Anuário Antropológico, revista da Associação Brasileira de Antropologia.

90

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

http://www.revista.iphan.gov.br/

Patrimônio - Revista Eletrônica do IPHAN

http://www.orbis.ufba.br/index1.htm

Revista Orbis – Ciência, Cultura e Humanidades - UFBA

http://www.locus.ufjf.br/

LOCUS - Revista de História, é uma publicação do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora

http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/

FVG/CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea

http://www.ifcs.ufrj.br/~gaia/

Gaîa

- Revista ligada a UFRJ -Artigos e resenhas

www.bn.br/portal

Biblioteca Nacional – estão disponível documentos históricos para consulta

www.revistadehistoria.com.br

Revista de História da Biblioteca Nacional, encontra-se disponível todos os artigos completos publicados. É uma revista mensal e comercializada em bancas de jornal, excelente para trabalhar nas aulas de história com acadêmicos

do ensino médio e fundamental.

http://www.unb.br/ih/novo_portal/portal_his/periodicos_revistas_tempo_historias.html

Revista “Em Tempo de História ”, dos acadêmicos do programa de pós-graduação em História da UnB, artigos completos disponíveis.

www.anpuh.org Site da Associação Nacional dos Professores de História, contem anais dos Encontros e links para revista, arquivos e outros.

http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/

Sistema Integrado de Acesso do Arquivo Público Mineiro, estão disponíveis, documentos da administração colonial e imperial do Brasil, jornais, acervos de fotografia, dentre outros documentos digitalizados.

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Tabela 4

Tabela 5

Page 92: TCC Educação a distância

E- GEOGRAFIA

F- LETRAS

ENDEREÇO DESCRIÇÃO

http://www.ibge.gov.br/ INTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

http://www.inpe.br/ INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS

http://www2.petrobras.com.br/portal/frame.asp?pagina=/AtuacaoInternacional/PetrobrasMagazine/index_port.html&lang=pt&area=magazine

Petrobras Magazine – Empresa – Meio Ambiente - Geopolítica

http://viajeaqui.abril.com.br/ng/index.shtml

Revista National Geographic Brasil

http://www.geocities.com/geografiaonline/

Geog@fiaonline - Este foi um projeto de extensão do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina

ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.biblio.com.br/ Biblioteca virtual de clássicos da

Literatura http://www.bibvirt.futuro.usp.br/ BibVirt (desde 1997 disponibiliza

gratuitamente vasta quantidade de informação)

http://proxy.furb.br/ojs/index.php/linguagens

Linguagens - Revista de Letras, Artes e Comunicação

http://www.ceart.udesc.br/Revistas_do_Ceart/index.php?dir1=Revista%20Arte-Online&index=Revista%20Arte-Online

Portal sobre Artes da UDESCO

http://www.academia.org.br/

Academia Brasileira de Letras

http://www.letras.ufrj.br/litcult/revista_mulheres/revistamulheres_vol9.php?id=13

Revista on-line Mulher e Literatura

91

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Tabela 6

Tabela 7

Page 93: TCC Educação a distância

G- PEDAGOGIA

H-INTERDISCIPLINAR

ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.revistaconecta.com/ Conect@ - Revista on-line de

Educação a Distância www.pedagogia.pro.br Pedagogia On-line

www.educacaoonline.pro.br Educação On-line

www.pedagogia.com Pedagogia.com

www.escolanet.com.br Escolanet

www.correioescola.com.br

Correio Escola

www.futura.org.br

Futura

http://www.revista.inf.br/pedagogia/

Revista Científica Eletrônica de Pedagogia

http://www.fe.unb.br/revistadepeda

gogia/

Revista de Pedagogia da Unb

http://www.futuro.usp.br/

Escola do Futuro da Universidade de São Paulo – Projeto sobre novas tecnologias para aprendizado

http://revistaescola.abril.com.br/home/

Revista Escola

http://portal.mec.gov.br/

Ministério da Educação – Regulamentos e Informações

sobre Educação

ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.usp.br/sibi/ Banco de Teses da USP http://scholar.google.com.br/ Google Acadêmico http://www.pucrs.br/biblioteca/recursos.htm

Acervo online da PUCRS

http://br.monografias.com/ Portal que disponibiliza várias monografias

http://books.google.com.br/bkshp?hl=pt-BR&tab=wp

Google Livros

http://biblioteca.uol.com.br/ Acervo do portal UOL http://www.unb.br/ih/his/gefem Revista Labrys, publica artigos da

área de gênero e estudos feministas www.ruc.unimontes.br

Revista Unimontes científica, publica artigos de todas as áreas do conhecimento.

www.bn.br/portal

Site da Biblioteca Nacional

http://br.geocities.com/mcrost02/

Neste site pode-se fazer download de vários livros.

92

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Tabela 8

Tabela 9

Page 94: TCC Educação a distância

2.7 FORMATAÇÃO DE TEXTO E CAPA DE TRABALHOS ACADÊMICOS

Durante todo o desenvolvimento do seu curso, provavelmente,

todos os/as professores/as exigirão trabalhos como parte do processo de

avaliação da aprendizagem da disciplina. Indicamos aqui, normas para

formatação e apresentação de textos e de capas dos trabalhos que você

entregará aos seus/suas professores/as.

2.7.1 Formatação do texto

a) Papel: deve ser em formato A-4 (210 X 297 mm), branco.

b) Margem:

Superior: 3 cm

Inferior: 2 cm

Esquerda: 3 cm

Direita: 2 cm

Para formar o texto no computador siga os passos seguintes,

conforme o exemplo:

Menu> Arquivo> Configurar Página

Figura 20: Formatação de margens de um texto

93

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 95: TCC Educação a distância

c) Tipo de letra: utilize sempre fontes arredondadas, é obrigatório

a Times News Romam ou a Arial, que são as mais utilizadas, tamanho 12.

Veja no exemplo abaixo, como selecionar a fonte ou tipo de letra:

Menu> Formatar> Estilos e Formatação

d) É recomendável utilizar o espaço 1,5 ou duplo entrelinhas para

o texto, e simples para citações recuadas, títulos e capa. Veja como

formatar o espaço entre linhas em seu computador:

Menu> Formatar> Parágrafo

2.7.2 Formatação de capa de trabalhos

A capa de um trabalho científico deve conter, acima e centralizado

o nome da instituição onde o trabalho foi realizado, neste caso, o nome da

sua universidade, seguido dos outros órgãos ou centros ao qual seu curso

pertence. No centro da folha, o título do trabalho centralizado. À direita, o

objetivo do trabalho e a quem ou a qual disciplina ele está direcionada(o).

Abaixo, o nome do autor ou da equipe que realizou trabalho e na última

Figura 21: Formatação de fonte

Figura 22: Formatação de espaçamento

94

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 96: TCC Educação a distância

linha, também centralizado, o local e a data. As margens da folha segue as

indicações anteriores. Veja abaixo um modelo de capa.

Figura 23: Modelo de capa de trabalhos acadêmicos

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

95

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

– UAB

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

Unimontes

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CCH

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

(fonte Times New Roman, tamanho

14, centralizado, digitado após a margem superior)

[dois espaços simples]

Andréa Batista Azevedo

(nome completo do acadêmico, só as primeiras letras maiúsculas, negrito, centralizado, fonte 14)

RESUMO DE TEXTO

(título, fonte 16, Caixa Alta/maiúsculo, centralizado)

Montes Claros -

MG

novembro/ 2008

(fonte 14, maiúsculo e minúsculo, centralizado)

Page 97: TCC Educação a distância

96

ALMEIDA, Marcos Antônio Chaves de . Projeto de Pesquisa. Guia Prático para Monografia. Rio de Janeiro:Wak, 2002

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico: elaboração de trabalhos na graduação. 5.ed..São Paulo: Atlas, 2001

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.1 CD-ROM

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Altas, 1995.

FREIRE, Paulo. Importância do ato de ler. 11 ed. São Paulo: Cortez, 1979 e 1985.

GALLIANO, A.G.(ed) O Método Científico: teoria e prática. São Paulo:Harbra, 1986.

LAKATOS; Eva Marina; MARCONI, M. A. Metodologia do Trabalho Científico. 5 ed. São Paulo: Altas, 2001.

JOHANN, Jorge Renato (coord) Introdução ao Método Científico.2.ed. Canoas: Ed.da ULBRA, 2002, p 43.

LUCENA, R. Pontos de Mutação. In: Orion. 2007. Disponível em: <http://www.orion.med.br/filme12.htm>. Acesso em: 29/set./2008.

MARCONI, A M. e LAKATOS, E.M. Fichas. In: ___ Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2001, p. 51-67.

RUSS, J. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Scipione, 1994.

SALOMON, D. V. A prática da documentação pessoal. In: ___ Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 124-143.

SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2000.VEIGA, I. P. A. O seminário como técnica de ensino socializado. In:___. Técnicas de ensino: por que não? Campinas: Papirus, 1991.

Sites

<http://www.art-prints-on-demand.com/a/larkin-william/portrait-of-francis-bacon-1.html> acesso em 29/ set./2008.

3 REFERÊNCIAS

Page 98: TCC Educação a distância

,<http://www.art-prints-on-demand.com/a/hals-frans/portrait-of-rene-descarte-1.html> acesso em 29/set./2008.

<http://www.imdb.com/title/tt0017136/mediaindex?page=2> acesso em 29/set./2008.

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

97

Page 99: TCC Educação a distância

QUESTÃO 1: Diferencie senso comum e ciência.

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

QUESTÃO 2: Qual a importância do método científico?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

QUESTÃO 3 : Todas as afirmações estão corretas, exceto:

a- ( ) Francis Bacon desenvolveu seu pensamento na direção contrária

a de René Descartes.

b- ( ) Todas as vezes que buscamos a verdade pela ciência, temos que

contar com a sorte e o acaso.

c- ( ) As ciências humanas têm na psicologia uma de sua áreas.

d- ( ) As ciências humanas têm preocupação em estabelecer uma

verdade acerca do homem.

QUESTÃO 4: Sobre a emergência das ciências humanas, marque F para

Falso ou V para Verdadeiro:

a- ( ) As ciências humanas surgiram no século XIX

b- ( ) A psicologia é uma das ciências humanas que procura estudar os

fenômenos econômicos da sociedade.

c- ( ) A sociologia busca compreender as transformações ocorridas

independente da história.

d- ( ) Para que haja verdade científica, não precisa uma relação entre

sujeito e objeto. Posso somente imaginar a verdade, sem nenhum

recurso metodológico.

QUESTÃO 5- Qual a diferença entre atitude dogmática e atitude crítica?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

4 ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM - AA

98

Iniciação Científica Unimontes/UAB

Page 100: TCC Educação a distância

QUESTÃO 6: Elabore um esquema destacando as principais idéias sobre

“Como Estudar”.

______________________________________________________________

______________________________________________________________

QUESTÃO 7: Escolha um dos textos apresentados no material da

disciplina Iniciação Científica, faça um resumo, seguindo as orientações

propostas cientificamente.

QUESTÃO 8: Um esquema para ser considerado útil, apresenta as

seguintes características, exceto duas alternativas. Marque-as.

a- ( ) Estruturação lógica do assunto

b- ( ) Inexistência da característica pessoal.

c- ( ) Utilidade de seu emprego.

d- ( ) Fidelidade ao texto original

e- ( ) Utilização de idéias pessoais.

QUESTÃO 9- Todos os elementos abaixo são necessários num fichamento,

exceto:

a- ( ) O conteúdo deve ser composto por um texto detalhado da obra,

texto ou aula fichada.

b- ( ) Cabeçalho contendo o título geral que pode ser uma disciplina,

um tema de estudo, ou um autor

c- ( ) Um sub-título no cabeçalho que indica o plano sistemático dos

fichamentos

d- ( ) A referência completa da obra, aula ou texto que será fichado

e- ( ) Uma numeração se forem mais de uma do mesmo tema para

facilitar a organização do fichário ou pasta-arquivo.

QUESTÃO 10: Sobre os objetivos de um Seminário marque V para as

alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas.

a- ( ) Substituir a aula expositiva uma vez que estas são monótonas e

não envolve a participação do aluno;

b- ( ) Aprofundar a discussão de um tema ou problema dentro de uma

área do conhecimento;

c- ( ) Estudar e debater em profundidade um texto específico da

disciplina;

d- ( ) Trabalhar de forma cooperativa em sala de aula ou no ambiente

virtual;

e- ( ) Instaurar o diálogo crítico sobre um ou mais temas;

f- ( ) Informar e transmitir conhecimentos pelos acadêmicos;

g- ( ) Estimular a pesquisa;

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

99

Page 101: TCC Educação a distância

1º PERÍODO

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Page 102: TCC Educação a distância

AUTORES

Alex Fabiano Correa Jardim

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, mestre em

Fundamentos da Educação pela UFSCar, graduado em Filosofia pela Universidade Estadual

de Montes Claros – Unimontes. Professor do Departamento de Filosofia e do Programa de

Pós-Graduação em Letras/Estudos Literários da Unimontes.

Ângela Christina Borges

Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

e graduada em Filosofia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.

Coordenadora do curso de Ciências da Religião da Unimontes.

Antônio Wagner Veloso Rocha

Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ e

graduado em Filosofia e em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.

É professor e coordenador didático do curso de graduação em Filosofia da Unimontes, onde

também leciona no curso de pós-graduação lato sensu em Tópicos Especiais de História da

Filosofia Moderna e Contemporânea. Desenvolve pesquisas sobre as relações entre filosofia e

literatura. É também autor do livro Heidegger: a caminho da poesia (Editora Unimontes,

2008).

Ildenilson Meireles Barbosa

Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, mestre em

Filosofia pela Universidade Federal do Paraná - UFPR e graduado em Filosofia pela

Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Professor do Departamento de

Filosofia da Unimontes.

Márcio Antônio Silva

Doutor em Fundamentos da Educação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar,

mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e graduado em

Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Formiga. Atualmente, é professor

efetivo da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Tem experiência na área de

Educação, com ênfase em Fundamentos da Educação. É também líder do Grupo de Pesquisa

em Educaçao da Unimontes.

Péricles Pereira de Sousa

Doutor e mestre em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar e graduado

em História pela Universidade Estadual Paulista - Unesp/Assis. Professor do Departamento de

Filosofia da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes. Possui experiência na área

de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia.

Gildete dos Santos Freitas

Mestre em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu - USJT, especialista em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, especialista em Filosofia pela Unimontes e graduada em Filosofia pela Unimontes. Professora do Departamento de Filosofia da Unimontes.

José dos Santos Filho

Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás - UFG, especialista em Sociologia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes e graduado em Filosofia pela Unimontes. Professor do Departamento de Filosofia da Unimontes.

Page 103: TCC Educação a distância

Apresentação.................................................................................

Unidade 1: A Filosofia e suas Origens Gregas....................................

1.1 Introdução...........................................................................

1.2 A Natureza da Filosofia........................................................

1.3 A Experiência Mítica............................................................

1.4 Logos e Realidade...............................................................

1.5 A Influência dos Gregos no Pensamento Medieval..................

1.6 Referências..........................................................................

Unidade 2: Ontologia......................................................................

2.1 Introdução..........................................................................

2.2 Platão e o Conhecimento.....................................................

2.3 Aristóteles: Conhecimento, Educação e Ontologia.................

2.4 Considerações Finais...........................................................

2.5 Referências..........................................................................

Unidade 3: O Racionalismo Moderno...............................................

3.1 Introdução...........................................................................

3.2 A Problemática do Conhecimento e o Projeto Filosófico da

Modernidade. Empirismo e Racionalismo na Epistemologia

Moderna. A Construção do Iluminismo criticista...........................

3.2.1 A Problemática do Conhecimento e o Projeto Filosófico da

Modernidade............................................................................

3.2.2 O Racionalismo: René Descartes e o Problema da

Subjetividade ............................................................................

3.2.3 O empirismo: o Conhecimento pela Experiência ..................

3.2.4 Kant e o Iluminismo Criticista.............................................

3.3 Referências..........................................................................

Unidade 4: A Ação na Filosofia Contemporânea................................

4.1 Introdução...........................................................................

4.2 As Origens do Pragmatismo: Peirce e James...........................

4.3 O Pragmatismo de John Dewey: Principais Caraterísticas e

Contribuições ...........................................................................

4.4 Os Desafios da Filosofia Contemporânea: Jürgen Habermas e

Richard Rorty ............................................................................

4.4.1 Habermas e a Modernidade...............................................

4.4.2 Habermas e a Ação Comunicativa......................................

SUMÁRIO DADISCIPLINA

108

108

108

113

115

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122

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145

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152

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155

160

160

163

Page 104: TCC Educação a distância

4.4.3 A Teoria da Ação Comunicativa e a Educação....................

4.4.4 O Neo-pragmatismo de Richard Rorty...............................

4.5 Referências........................................................................

4.6 Vídeos Sugeridos para Debate.............................................

Unidade 5: A Contribuição do Projeto Filosófico para a Teoria e

Prática da Educação na Atualidade.................................................

5.1 Introdução.........................................................................

5.2 A Educação no Século XXI..................................................

5.3 Estética..............................................................................

5.4 Educação Estética...............................................................

5.5 Política...............................................................................

5.6 Referências........................................................................

5.7 Resumo.............................................................................

6 Atividades de Aprendizagem........................................................

7 Referências................................................................................

164

167

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171

172

172

172

179

180

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186

187

189

192

Page 105: TCC Educação a distância

Olá pessoal! Vamos iniciar alguns debates sobre muitas coisas

desconhecidas, mas muito interessantes. É justamente pelo fato de

problemas difíceis e interessantes fazerem parte do nosso cotidiano, que a

filosofia se dispõe a dialogar. Em primeiro lugar, vamos começar

complicando um pouco, falando de algumas coisas que parecem muito

estranhas, mas que podem ser entendidas se tivermos um pouco de

paciência e dedicação. Depois, faremos uma série de atividades para

avaliar o nosso conhecimento e o nosso desempenho na disciplina. Não

vamos estudar uma filosofia pura, que trata de conceitos abstratos, mas a

filosofia da educação. O que nos interessa é estabelecer algumas ligações

entre o pensamento e a ação; a reflexão e a práxis; a teoria e o cotidiano

das diversas abordagens educacionais, desde os pensadores mais antigos,

como Platão e Aristóteles, até pensadores de nossa época que ainda estão

vivos, nos ajudando a pensar a educação numa dimensão crítica e

construtiva.

Se você observar a ementa da disciplina, verá que ela pretende

mostrar várias correntes filosóficas iniciadas com os filósofos gregos,

passando pelos padres da igreja na Idade Média, por filósofos como

Descartes, Hume, Kant e tantos outros da época moderna, até chegar aos

filósofos mais próximos do nosso tempo, como Habermas, Rorty, Paulo

Freire, Dermeval Saviani e outros. Como é uma ementa muito longa, com

muito assunto para tratar, selecionamos alguns que nos ajudarão a pensar

criticamente os processos educacionais.

O objetivo geral da disciplina de filosofia da educação, cuja carga

horária é de 75 h/a, é desenvolver a capacidade crítica do aluno em relação

aos vários processos educacionais ocorridos na história da cultura

ocidental, levando em consideração todo o contexto em que esses

processos se deram. Mesmo com algumas dificuldades que são próprias da

disciplina, não podemos deixar de considerar a importância que tem a

filosofia para pensarmos a educação de modo mais crítico, mais radical,

mais engajado e mais livre de preconceitos. Nesse sentido, a filosofia nos

oferece os elementos necessários para compreendermos a nossa

educação e a nossa realidade. Para isso, estabelecemos os seguintes

objetivos:

?apresentar as idéias fundamentais de Platão e Aristóteles para

uma compreensão do mundo grego, principalmente a relação entre

educação e política;

APRESENTAÇÃO

104

Page 106: TCC Educação a distância

?discutir a relação entre conhecimento e ontologia;

?compreender o contexto da modernidade a partir de duas

correntes filosóficas: o racionalismo e o empirismo e sua relação com a

pedagogia moderna; e

?discutir as várias correntes filosóficas que investigam a

educação sob um ponto de vista crítico, social, libertário e político.

A partir desses tópicos, você verá que estudar filosofia e relacioná-

la à educação é muito interessante e não tão complicada como pode

parecer. Só é preciso um pouco de paciência e dedicação no estudo dos

textos e nas atividades.

Dividimos a disciplina em cinco unidades. Cada uma está dividida

em tópicos ou subunidades.

Unidade 1: A Filosofia e suas Origens Gregas

1.1. A Natureza da Filosofia;

1.2. A Experiência Mítica;

1.3. Logos e Realidade; e

1.4. A Influência dos Gregos no Pensamento Medieval.

Unidade 2: Ontologia

2.1. Introdução;

2.2. Platão e o Conhecimento;

2.3. Aristóteles: Conhecimento, Educação e Ontologia; e

2.4. Considerações Finais.

Unidade 3: O Racionalismo Moderno

3.1. A problemática do Conhecimento e o Projeto Filosófico da

Modernidade;

3.2. O Racionalismo: René Descartes e o Problema da Subjetividade;

3.3. O empirismo: o Conhecimento pela Experiência; e

3.4. Kant e o Iluminismo Criticista.

Unidade 4: A Ação na Filosofia Contemporânea

4.1. As origens do Pragmatismo: Peirce e James;

4.2. O Pragmatismo de John Dewey: principais caraterísticas e

contribuições;

4.3. Os desafios da filosofia contemporânea: Jürgen Habermas e Richard

Rorty;

4.3.1. Habermas e a modernidade;

4.3.2. Habermas e a Ação Comunicativa; e

4.3.3. O neo-pragmatismo de Richard Rorty.

105

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 107: TCC Educação a distância

Unidade 5: A Contribuição do Projeto Filosófico para a Teoria e Prática da

Educação na Atualidade

5.1. A Educação no Século XXI;

5.2. Estética;

5.3. Educação Estética; e

5.4. Política.

Os autores.

106

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 108: TCC Educação a distância
Page 109: TCC Educação a distância

1.1 INTRODUÇÃO

Para compreendermos melhor o que é a filosofia faz-se necessário

distingui-la daquilo que se encontra na concepção popular quando esta

entende possuir uma “filosofia de vida”. A chamada “filosofia de vida” está

relacionada à mera opinião, cujo termo grego é doxa, ou seja, a uma

especulação rasa e simplista sobre as coisas, sem nenhum conteúdo

rigorosamente reflexivo. O que temos na “filosofia de vida” é uma

concepção de mundo que o homem acaba desenvolvendo para uso

pessoal. Trata-se, portanto, da “filosofia de cada indivíduo”, da maneira

como cada um procede diante dos fatos vivenciados no cotidiano, e nada

além disso. Neste sentido, todos nós temos uma “filosofia de vida”, um

jeito de viver e um comportamento próprio, um modo de ser. Na nossa

primeira unidade, trataremos de um tipo de filosofia que nos coloca

questões cotidianas, mas que exige de nós uma capacidade mais reflexiva

e mais crítica sobre as coisas. Por isso, vamos estudar as origens do

pensamento filosófico na Grécia e sua influência sobre o modo de pensar

da idade média.

1.2 A NATUREZA DA FILOSOFIA

A pergunta é o

ponto de partida do ato de

f i losofar. Todos nós

sentimos instigados a

perguntar sobre as coisas,

o mundo, a vida, a

realidade. Todos nós

fa zemos pe r gun tas .

Somos constantemente

provocados a questionar,

a nos inquietarmos, a nos

movermos sempre guiados

por nossas curiosidades, nossas dúvidas, nossas incertezas. Portanto, o

surgimento da filosofia é algo tipicamente antropológico. Só o homem

pergunta, só o homem responde. Um cachorro, um gato, uma pedra, não

fazem perguntas e nem respondem sobre as coisas. A filosofia é uma

invenção do homem. Somente o homem se angustia diante dos mistérios

da vida, diante da busca de profundidade para os problemas que envolvem

a sua existência.

Os primeiros filósofos aparecem justamente quando estavam

diante de perguntas complexas sobre a origem do mundo, do universo, ou

Figura1: Escola de Atenas - Afresco de Rafael de Sânzio

1UNIDADE 1A FILOSOFIA E AS SUAS ORIGENS GREGAS

108

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 110: TCC Educação a distância

seja, de onde tudo teria começado a existir. E assim eles foram em busca de

respostas precisas. Ao se deparar com o desconhecido, esses filósofos

colocam o pensamento em exercício a fim de abstrair significativas

reflexões atinentes a ordem do cosmos, esmiuçando, assim, toda a

realidade que os cerca. Tal tarefa só se torna possível graças às suas

faculdades racionais. Isto mesmo: o homem faz perguntas e anseia por

respostas porque é dotado de razão, de capacidade cognitiva, de intelecto.

Um animal qualquer não pergunta e nem responde nada porque não é

racional.

A filosofia é, portanto, uma atitude reflexiva. Em um dos seus

escritos, o filósofo grego Platão diz que Sócrates teria afirmado certa vez

que “uma vida sem reflexão não merece ser vivida”. Mas o que quer dizer

mesmo a palavra “reflexão”? Reflexão, conforme nos ensina Chauí, em

seu livro Convite à filosofia, é “o movimento pelo qual o pensamento volta-

se para si mesmo, interrogando a si mesmo”. Quando falamos em

pensamento estamos mencionando aquilo que é produzido pela própria

razão, entendida pelos gregos como logos, aquilo que nos faz colocar em

xeque a ordem das coisas. Daí usamos o termo “reflexão filosófica” para

designar de forma específica o campo de domínio da filosofia: a

“radicalidade”, ou seja, a compreensão dos problemas relacionados ao

homem e ao mundo. A reflexão filosófica coloca questões para o homem a

partir da sua raiz, da sua origem, quando o pensamento busca conhecer-se

como pensamento.

Foi com Pitágoras de Samos, um filósofo grego do século V antes

de Cristo, que surgiu o termo filosofia, cujo significado quer dizer “amizade

pela sabedoria”. [Philos vem de philia, ou seja, amizade; e sophia

corresponde à sabedoria]. Daí podemos perceber que o filósofo é aquele

que ama o saber, que deseja o conhecimento. É aquele que se entrega à

difícil tarefa de formular conceitos sobre os dados da realidade,

procurando compreendê-la.

Consta que o surgimento dessa forma de compreensão da

realidade, ou seja, da filosofia, dá-se no final do século VII e início do século

VI antes de Cristo numa cidade grega chamada Mileto, tendo sido Tales -

um dos seus habitantes - o primeiro dos filósofos, ou seja, o primeiro a

buscar uma explicação racional sobre o mundo e o seu ordenamento

(cosmos), a sua Natureza. É Tales o primeiro a se perguntar: “o que é isto?”

ao se deparar com o cosmos, o que nos leva a constatar que a filosofia,

inicialmente, é marcada pela cosmologia. Trata-se de um conteúdo

filosófico que indica formulação racional, portanto, reflexão,

conhecimento sistemático, sobre a ordem do mundo.

Assim, podemos concluir que a filosofia nasce da pergunta: “o que

é isto?”, cabendo ao filósofo a missão de questionar o que são as coisas e

de procurar problematizar tal pergunta. É importante lembrar que essa

forma de questionamento surge a partir do instante em que alguns gregos

– como é o caso de Tales – sentem-se admirados diante da realidade e

O pensamento produzido pela filosofia se difere de uma opinião qualquer. A filosofia não é um mero “achismo”, não é um casuísmo, não é uma especulação ingênua e sem fundamentos. Ao contrário, ela possui uma estrutura lógica capaz de produzir conceitos e idéias, ultrapassando as nossas experiências cotidianas, as nossas crenças, atingindo assim um grau significativo de profundidade com relação aos problemas do mundo. Através deste caráter rigoroso e marcadamente racional, a filosofia nos possibilita tratar de maneira crítica aquilo que se encontra no cotidiano, ou até mesmo aquilo que aceitamos espontaneamente como verdadeiro.

109

PARA REFLETIR

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 111: TCC Educação a distância

Movido por um tom inquiridor, o poema abaixo apresenta uma seqüência

de interrogações expressando a busca de

sentido para a vida humana em sua relação

com a realidade das coisas, sendo que tudo se volta

para o campo das hipóteses e conjecturas acerca do existir. Leia,

reflita e elabore um pequeno texto apontando

quais os elementos do poema que nos permitem

pensar a realidade do homem e a sua condição

no mundo.

ATIVIDADES

110

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

inconformados com o fato de que, segundo a tradição, somente os deuses

e alguns eleitos eram capazes de desvendá-la. Os gregos perceberam que

por meio do uso da razão – atributo inerente a todos os homens – era

possível atingir um conhecimento pleno sobre a verdade do mundo.

É, sem dúvida, a descoberta da razão, que vai impulsionar o

nascimento do saber filosófico na Grécia antiga, gerando assim um novo

procedimento de assimilação e de compreensão do mundo real, um novo

caminho para se buscar explicações plausíveis sobre o mundo e as coisas.

Desta forma, torna-se necessário afirmar que a atividade filosófica exige

argumentos racionais e lógicos, sendo, portanto, o ato de filosofar

caracterizado pelo rigor e pela sistematização. O filósofo não aceita

qualquer constatação imediata como verdade instituída. Ele busca

analisar, problematizar, para depois chegar a determinadas conclusões. O

exercício do pensamento é algo muito valioso para o filósofo, pois significa

esforço intelectual para interpretar e compreender os mais diversos

fenômenos da vida. Uma das perguntas feita pelos primeiros filósofos

gregos era como podem todas as coisas se transformarem e até

desaparecerem e, mesmo assim, a Natureza continuar a mesma.

Para compreender melhor o que é a filosofia, faz-se necessário,

então, distingui-la daquilo que se encontra na concepção popular quando

esta entende possuir uma “filosofia de vida”. A chamada “filosofia de vida”

está relacionada à mera opinião, cujo termo grego é doxa, ou seja, a uma

especulação rasa sobre as coisas, sem nenhum conteúdo rigorosamente

reflexivo. O que temos na “filosofia de vida” é uma concepção de mundo

que o homem acaba desenvolvendo para uso pessoal. Trata-se, portanto,

da “filosofia de cada indivíduo”, da maneira como cada um procede diante

dos fatos vivenciados no cotidiano. E nada mais além disso. Neste sentido,

todos nós temos uma “filosofia de vida”, um jeito de viver e um

comportamento próprio, um modo de ser.

Concluímos, então, que não é preciso ser filósofo para adotar uma

“filosofia de vida”. Qualquer pessoa pode criar seu estilo de vida, sendo

que a “filosofia de vida” possibilita ao homem se orientar no meio em que

vive. Porém, por seu caráter espontâneo, assistemático, ela não tem nada a

ver com a filosofia enquanto sistema organizado de pensamento. Apesar

disso, a “filosofia de vida” também parte da realidade com o intuito de

operar sobre ela: a realidade da vida. Este fato curioso nos oferece a

oportunidade de perceber que ambas partem da realidade para se

constituírem como tais, mesmo sendo duas coisas totalmente distintas. O

que se constata, com isso, é que a realidade é um convite ao homem para

que este estabeleça possíveis diálogos com ela. Mas a “filosofia de vida”

jamais pode ser confundida com a filosofia da qual estamos tratando nesta

Unidade.

Por ter se originado no solo grego e se estendido a todo o mundo

ocidental, atravessando épocas e lugares diferentes, a filosofia tornou-se

para nós, ocidentais, a principal referência como fundadora de toda a

Page 112: TCC Educação a distância

“A filosofia é uma maneira de reaprender a ver o mundo”. (Merleau-Ponty, filósofo francês)

PARA REFLETIR

111

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

nossa cultura. Aprendemos a pensar com os gregos. Aprendemos a olhar

as coisas e analisá-las com profundidade mediante as acepções filosóficas

que fomos adquirindo através do contato inicial com o pensamento grego.

Apesar de toda a sua contribuição para a vida humana, a filosofia

é vítima de muitos preconceitos. Nem todos valorizam a atividade

filosófica. Em todos os tempos, ela sempre fora marginalizada e criticada,

vista como algo inútil e sem nenhum vínculo com o mundo em que

vivemos. Em nossos dias, as preocupações do homem estão relacionadas

com poder e dinheiro, com os resultados imediatos, com a busca de bens

materiais, o que gera, de certa forma, a crise das relações humanas. Assim,

ele vai se distanciando daquilo que é fundamental em sua vida, vai se

desligando da possibilidade de refletir sobre a sua própria essência. O que

é útil para o homem é apenas o que se encontra no campo das

banalidades, pois ele perde a noção do que é bom para si mesmo.

Assim, o homem se engana ao deixar que outros pensem e tomem

decisões por ele. O homem se engana ao deixar que as propagandas

consumistas da televisão ganhem um espaço importantíssimo em sua vida,

às vezes muito mais do que os seus familiares e entes queridos. O homem

se robotiza cada vez mais e se recusa a ser solidário, fraterno e ser sujeito

pensante da sua história. Ele não mais se vê, não se encontra, não dá valor

às coisas essenciais da sua existência. Ele não mais pensa e nem se ocupa

com questões relacionadas à sua origem, à sua natureza e ao seu destino.

O homem torna-se um mistério para si mesmo, vivendo apenas em busca

de riquezas e prestígio.

Esse processo mercantilista e desumanizador gerado pela

sociedade considera útil aquilo que produz os bens de consumo, o poder, a

riqueza, as vantagens, desprezando, assim, o valor da reflexão filosófica,

concebendo-a como algo estéril e sem utilidade. A filosofia é útil à medida

em que nos faz distanciar das impressões ingênuas que temos das coisas

para nos dar condições de agir criticamente. Ela nos permite deixar de lado

os preconceitos para dar vazão a uma reflexão fértil e necessária sobre

tudo o que nos diz respeito.

Não há dúvida de que a filosofia dá sentido à vida humana, não

sendo, portanto, necessária apenas para o indivíduo, mas para toda a

sociedade. É dela que se depreende o conhecimento e os seus reflexos na

realidade social. Desde o princípio de tudo, o conhecimento sempre esteve

presente nas ações do homem. O desejo de conhecer faz parte da

condição humana como algo vital e extremamente imprescindível para o

homem sentir-se sujeito da sua história e da história de outras pessoas, ou

seja, da própria sociedade a que pertence.

Da Suposta Existência

Como é o lugar

quando ninguém passa por ele?

Page 113: TCC Educação a distância

112

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Existem as coisas

sem ser vistas?

O interior do apartamento desabitado,

a pinça esquecida na gaveta,

os eucaliptos à noite no caminho

três vezes deserto,

a formiga sob a terra no domingo,

os mortos, um minuto

depois de sepultados,

nós, sozinhos

no quarto sem espelho?

Que fazem, que são

as coisas não testadas como coisas,

minerais não descobertos – e algum dia

o serão?

Estrela não pensada,

palavra rascunhada no papel

que nunca ninguém leu?

Existe, existe o mundo

apenas pelo olhar

que o cria e lhe confere

espacialidade?

Concretude das coisas: falácia

de olho enganador, ouvido falso,

mão que brinca de pegar o não

e pegando-o concede-lhe

a ilusão de forma

e, ilusão maior, a de sentido?

Ou tudo vige

planturosamente, à revelia

de nossa judicial inquirição

e esta apenas existe consentida

pelos elementos inquiridos?

Será tudo talvez hipermercado

de possíveis e impossíveis possibilíssimos

que geram minha fantasia de consciência

enquanto

Page 114: TCC Educação a distância

Um aspecto importante a ser lembrado é o fato de que a experiência mítica, sobretudo do homem primitivo, só se desenvolve dentro de um espírito comunitário. Toda e qualquer experiência só é possível através da comunidade, das ações coletivas que se sobrepõem às individuais.

113

PARA REFLETIR

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

exercito a mentira de passear

mas passeado sou pelo passeio

que é o sumo real, a divertir-se

com esta bruma-sonho do sentir-me

e fruir peripécias de passagem?

Eis se delineia

espantosa batalha

entre o ser inventado

e o mundo inventor.

Sou ficção rebelada

contra a mente universa

e tento construir-me

de novo a cada instante, a cada cólica,

na faina de traçar

meu início só meu

e distender um arco de vontade

para cobrir todo o depósito

de circunstantes coisas soberanas.

A guerra sem mercê, indefinida

prossegue,

feita de negação, armas de dúvida,

táticas a se voltarem contra mim,

teima interrogante de saber

se existe o inimigo, se existimos

ou somos todos uma hipótese

de luta

ao sol do dia curto em que lutamos.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. A paixão medida. 8. ed. Rio

de Janeiro: Record, 2002.)

1.3 A EXPERIÊNCIA MÍTICA

Agora que já traçamos em linhas gerais de que se ocupa a filosofia

e quais as suas principais características, achamos por bem discorrer sobre

a questão do mito, o que ele significa e representa no âmbito da cultura

ocidental como algo que antecede o saber filosófico. Muitos estudiosos

afirmam que o mito é a primeira forma de explicação da realidade, seja ela

natural ou social. Trata-se de uma narrativa, concebida pela língua grega

como mythos. Mas, afinal, que espécie de narrativa é o mito? Na Grécia

Page 115: TCC Educação a distância

antiga cultivava-se a tradição oral, ou

seja, a palavra falada. O mito nasce dessa

oralidade através da cultura popular,

configurando-se como um discurso

destinado a um público ouvinte, sendo

que este toma aquilo como verdade

absoluta por confiar plenamente em

quem está narrando.

Assim, observamos que a atitude

mítica é, antes de tudo, uma atitude de crença. Além de procurar uma

explicação para a realidade, o mito também propõe apaziguar os temores

do homem diante do mundo em que vive. As narrativas descrevem a

relação do homem com os deuses – pois se trata de uma cultura politeísta –

de forma poética e metafórica, utilizando-se de recursos figurativos.

O mito expressa, através do seu poder criativo, como as coisas

passaram a existir, a sua origem. Apesar de se constituir como uma criação,

ele não pode ser interpretado como uma simples invenção, uma ficção,

uma fábula ou algo parecido. A sua finalidade é representar, por meio de

uma linguagem simbólica, a realidade do mundo humano. Assim,

podemos observar que, diferentemente da filosofia - que se utiliza de

sistemas e conceitos -, o mito é marcado por um forte simbolismo, por uma

forma de expressão até mesmo literária. Desprovido de qualquer caráter

lógico e racional, o mito nem sempre possui sentido, ficando às vezes no

plano da sugestão. Por isso está sujeito às mais variadas interpretações.

São os poetas gregos os grandes responsáveis pela realização

dessas narrativas, uma vez que são considerados escolhidos pelos deuses,

eleitos pelas divindades. Os deuses apresentam-lhes os fatos do passado

e a origem de tudo, cabendo a eles transmitir às demais pessoas. Desta

forma, é possível perceber que o mito tem um caráter sagrado. Para Reale,

Antes do nascimento da filosofia, os educadores

incontrastados dos gregos foram os poetas, sobretudo

Homero, cujos poemas foram, como se disse com justiça,

quase a Bíblia dos gregos, no sentido de que a primitiva

grecidade buscou alimento espiritual essencial e

prioritariamente nos poemas homéricos, dos quais extraiu

modelos de vida, matéria de reflexão, estímulo à fantasia e,

portanto, todos os elementos essenciais à própria educação

e formação espiritual. (REALE, 1993, p.19).

Muitos mitos são transmitidos através das epopéias cuja poesia

expressa o mundo poético do povo grego. O poeta mais importante desse

período foi Homero – conforme mencionando na citação acima -, autor

das famosas obras Ilíada e Odisséia, que relatam o tema da luta entre

gregos e troianos e as façanhas de Ulisses, respectivamente.

114

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Figura 2: Chronos - o deus do tempo

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 116: TCC Educação a distância

115

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

1.4 LOGOS E REALIDADE

Os Pré-socráticos

Os filósofos pré-socráticos – assim

denominados porque viveram antes de Sócrates –

são os primeiros filosóficos surgidos no Ocidente.

Rompendo com a concepção mítica, a filosofia

pré-socrática coloca a razão (logos em grego)

acima de tudo, desprezando qualquer

possibilidade sobrenatural. A sua preocupação é

puramente cosmológica, desvendar a realidade

do cosmos. Os escritos filosóficos desses

pensadores foram elaborados em forma de

fragmentos, o que dificulta obter uma

compreensão clara do seu conteúdo. Os principais

filósofos pré-socráticos são: Tales de Mileto (624 a.C. – 545 a.C.),

Anaximandro (610 a.C. – 547 a. C.), Anaxímenes (585 a.C. – 525 a.C.),

Pitágoras (582 – 497 a.C.), Heráclito (540 a.C. – 480 a.C.), Demócrito

(460 – 370 a. C.).

Sócrates (470 – 399 a.C.)

Vamos conhecer agora o filósofo Sócrates. Certamente todos

vocês já ouviram falar dele. Trata-se do mais importante pensador grego,

responsável por mudar completamente os rumos da civilização ocidental.

Ele exerceu, também, uma considerável influência na política de Atenas.

Apesar de toda a sua sabedoria, Sócrates não deixou nenhum

texto escrito. Tudo o que sabemos sobre a sua vida e o seu pensamento foi

escrito por seus discípulos, dentre eles Platão e Xenofonte. Defensor da

Razão como única via de acesso ao conhecimento, Sócrates desenvolve

um método próprio de análise filosófica. Este método é denominado de

“maiêutica” (em grego “parto das idéias”), cujo

objetivo é possibilitar ao homem o conhecimento

de si mesmo.

Mas, afinal, em que consiste a

“maiêutica”? Consiste em “fazer perguntas e

analisar as respostas de maneira sucessiva até

chegar à verdade ou contradição do enunciado”

(TELES, 1995, p. 31).

Desta forma, este método faz com que as

pessoas comecem a pensar a partir daquilo que

não conhecem, ou seja, pela ignorância. Daí a sua

famosa frase: “eu só sei que nada sei”.

Figura 3: Sócrates

Fonte

: w

ww

.mundodosf

iloso

fos.

com

.br

Fonte

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com

.br

Figura 4: Platão

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116

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

O mito da caverna

Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância,

geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e

seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a

permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não

podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da

caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa,

na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali

entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os

prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao longo

do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um

palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam

estatuetas de todo tipo, com de seres humanos, animais e todas as coisas.

Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os

prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das

estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas,

nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os

prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou

seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são

imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais

fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a

fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é

que reina na caverna.

Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os

prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia

toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a

fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Figura 5: O mito da caverna

Page 118: TCC Educação a distância

Filme: O show de Truman (The Truman Show, EUA, 1998). Diretor: Peter Weir. Duração: 103 min.Sinopse: Trata-se da história de um jovem que tem a sua vida filmada a todo tempo e mostrada para o mundo inteiro num programa de TV, porém ele não sabe disso, pois tudo lhe parece normal e verdadeiro. Alguns acontecimentos acabam lhe mostrando que tudo o que vive é uma grande ilusão, uma mentira.SUGESTÃO: Assista a este filme comparando-o com o Mito da Caverna, de Platão.

117

ATIVIDADES

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho

ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria

completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria

inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade,

veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no

caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua

vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas

projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando

a própria realidade.

Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à

caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e

tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais

prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não

conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo

espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os

convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas,

quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais,

também decidissem sair da caverna rumo à realidade.

O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as

sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos.

Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a

luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo

das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que

liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A

dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia.

(CHAUÍ,1996).

Aristóteles (384-322 a.C)

Aristóteles freqüentou a Academia de Platão,

tornando-se seu discípulo. Mais tarde contraria o

seu próprio mestre, sobretudo ao desprezar a

teoria do mundo das idéias, fazendo a síntese do

mundo sensível e do inteligível a partir do conceito

de “substância”, ou seja, “aquilo que é em si

mesmo”. Um dos seus grandes feitos filosóficos foi

sistematizar a Lógica através do seu tratado

intitulado Organon. Além disso, escreveu vários

trabalhos científicos, a saber, A física, História

natural, As partes dos animais, etc. Sobre estética

produziu duas grandes obras, intituladas Retórica

e Poética. É autor também de Ética a Nicômaco, Política e Metafísica, esta

última exerceu uma grande influência nas concepções filosóficas e

teológicas da Idade Média.

Fonte

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iloso

fos.

com

.br

Figura 6: Aristóteles

Page 119: TCC Educação a distância

Patrística: Inicia-se durante a decadência do Império

Romano no século III. Teve como ponto fundamental a

apresentação racional da doutrina religiosa. Sua

principal preocupação era esclarecer a relação entre

fé e ciência.

Escolástica: Filosofia e teologia ensinadas nas

escolas medievais. Também pode ser compreendida

como um período de grande efervescência tanto de idéias filosóficas quanto

teológicas.

118

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GLOSSÁRIO

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

1.5 A INFLUÊNCIA DOS GREGOS NO PENSAMENTO MEDIEVAL

A divisão da história em períodos como método para seu estudo tem

colocado a Europa como centro de referência da história mundial. Tal

método colabora na indução, ainda presente na educação, em estabelecer

a cultura européia como modelo a ser seguido ignorando outras culturas,

histórias e pensamentos. Desta forma, quando nos referimos ao

pensamento desenvolvido na Idade Média, devemos nos lembrar que o

pensar filosófico não se restringe aos filósofos europeus, mas se estende a

pensadores judeus e árabes. No entanto, podemos apontar como ponto

fundamental nesse pensamento as influências de Platão e Aristóteles.

Apesar do quase desaparecimento da cultura greco-romana durante o

estabelecimento do modo de produção feudal, pensadores da Idade

Média como Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Avicena e Averróis

traduziram em suas filosofias – em contextos diferentes – o pensamento

grego.

A fim de entendermos melhor, vejamos um pouco do pensamento

de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, respectivamente, os

expoentes da Patrística e da Escolástica.

Santo Agostinho (Século IV)

Santo Agostinho foi o principal

representante da Patrística, tendência

filosófica que introduziu como preocupação

humana as idéias de criação, pecado, juízo

final, ressurreição, natureza trina de Deus, etc.

Para tanto, Santo Agostinho retoma a

dicotomia platônica (“mundo sensível e

mundo das idéias”), substituindo o mundo das

idéias pelas idéias divinas. Para ele, o

conhecimento não é uma reminiscência, um

conteúdo passado, mas a conseqüência da

irradiação divina que atua a todo o momento

possibilitando ao homem a capacidade de

pensar corretamente.

A teoria agostiniana defende o princípio de que Deus é, foi e será o

Ser. Deus é imutável, eterno, perfeito, o bem absoluto. O mundo, criado

por ele, é a manifestação da sua bondade e sabedoria. Ele, então, deve ser

o objetivo humano, pois a procura por ele é a procura pela verdade. Assim,

a razão humana torna-se serva da fé e, conseqüentemente, a filosofia

torna-se serva da teologia. Suas principais obras são: Confissões, Cidade

de Deus, De beata vita, De magistro.

São Tomás de Aquino (Século XIII)

São Tomás de Aquino é o mais importante filósofo da Escolástica.

Fonte

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com

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Figura 7: Santo Agostinho

Page 120: TCC Educação a distância

A questão debatida pelos escolásticos, em

geral, teólogos e clérigos, era se a filosofia

tinha autonomia frente à teologia, isto é, se a

razão é autônoma em relação à fé. Assim,

Tomás de Aquino procurou realizar uma

síntese perfeita, elaborando um novo sistema

de pensamento que acolhe a verdade

existente nesses dois opostos: fé e razão. Para

ele, o homem é capaz de chegar ao

conhecimento da verdade, porém nos mostra

que há verdades reveladas e verdades racionais.

As primeiras alcançadas mediante a fé, e as segundas a partir da razão

humana. Desta forma, ele chega ao entendimento de que apesar da sua

dependência de Deus, o homem gozaria de uma relativa autonomia e esta

se manifesta através do uso da razão. O ente e a essência é uma das suas

principais obras. Seu pensamento recebeu uma profunda influência da

filosofia aristotélica.

Figura 8: de Aquino

São Tomás

119

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte

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fos.

com

.br

Page 121: TCC Educação a distância

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1996.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia.

Trad. João Azenha Jr.. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

OSBORNE, Richard. Filosofia para principiantes. Trad. Adalgisa Campos

da Silva. Rio de Janeiro: Objetiva, 1992.

REALE, Giovanni. História da filosofia antiga. vol. I e II. Trad. Marcelo

Perine. São Paulo: Edições Loyola, 1993.

RUSS, Jacqueline. Dicionário de filosofia. Trad. Alberto Alonso Muñoz.

São Paulo: Scipione, 1994.

TELES, Antônio Xavier. Introdução ao estudo da filosofia. São Paulo:

Ática, 1995.

Disponível na Internet:

www.mundodosfilosofos.com.br

Obs.: Todas as imagens exibidas nesta Unidade foram extraídas do site

www.mundodosfilosofos.com.br

REFERÊNCIAS

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 122: TCC Educação a distância
Page 123: TCC Educação a distância

2UNIDADE 2ONTOLOGIA

2.1 INTRODUÇÃO

O pensamento grego é indiscutivelmente um marco fundamental

no modo como hoje concebemos o mundo, a vida e a nós mesmos. De

todos os pensadores gregos, Platão e Aristóteles são os que mais nos

influenciaram. A partir deles, temos as bases necessárias para a discussão

filosófica sobre a educação, ou seja, algumas questões pensadas por eles

há muito tempo ainda servem para pensarmos o papel da educação e sua

relação com a sociedade como um todo. Pensemos, por exemplo, que: a

educação visava à virtude e tinha uma relação direta com a política.

Por que? Porque a virtude era considerada um modo de o homem

mostrar sua superioridade em todos os sentidos, inclusive na vida pública,

nos negócios da cidade em prol da coletividade. A tentativa de qualificar o

homem pela virtude no universo grego tinha como meta a construção de

homens capazes de viver numa sociedade boa e justa. Sabemos também

que os gregos nos deixaram um modelo de ensino que ainda estimula as

nossas discussões sobre ensino-aprendizagem e, de muitas formas,

influencia o nosso cotidiano.

A importância de Platão e Aristóteles não reside somente no que

podemos entender

como pioneirismo e

e x c l u s i v i d a d e n a

abordagem do assunto,

pois na cultura grega

arcaica já havia indícios

d e u m a v i s ã o

educacional que nos

serviria como ponto de

p a r t i d a p a r a a

compreensão do problema do conhecimento e da ontologia. A proposta

dos filósofos gregos, que entendiam o saber como um cuidado da vida

interior, a disseminação do conceito de psyché e sua relação com o soma

(corpo), e o empreendimento pitagórico são alguns exemplos apenas. A

Paidéia grega não representava apenas uma mudança na forma de

conceber a educação e produzir o conhecimento, mas significou toda a

perspectiva da concepção ocidental do que podemos nominar como sendo

o objetivo maior do ensino e da aprendizagem.

As questões colocadas até aqui servem para nos situar diante da

percepção e compreensão da verdade como fruto da relação do homem

com os outros, com a realidade e com o transcendente, na busca de

sentido para sua existência, tudo isso como uma conquista do pensamento

Figura 9: Imagem da Acrópoles na Grécia

Paidéia: processo de formação do homem grego

equivalente ao que hoje chamamos de pedagogia.

Ou seja, para que ensinar e o que ensinar diante

daquilo que se pretende alcançar? Qual é o melhor caminho para chegarmos

ao conhecimento do mundo e ao conhecimento de nós mesmos, do nosso

ser. A primeira conquista da humanidade ou da

civilização ocidental, fundada na idéia de ensino

e aprendizagem de modo sistemático, vem da

Filosofia inaugurada pelos gregos. Esse novo modo de entender o conhecimento, como pressuposto para a

construção do ser, foi buscar na educação um

processo relacional de construção da verdade, e não apenas execução da

imposição da verdade que consiste nos códigos

religiosos ou culturais, como nas demais culturas

existentes na época, anterior à Grécia, e até

mesmo posterior à mesma.

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GLOSSÁRIO

O livro VII da República de Platão retrata muito bem a relação da educação com

a virtude e a política. Leia o livro VII e relacione os três

temas: educação, virtude e política.

DICAS

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

122

Page 124: TCC Educação a distância

e da reflexão filosófica. O legado grego, portanto, é essa insistência que o

ser humano possui de construir-se como senhor de si, e não apenas dobrar-

se aos mecanismos de poder presentes no seu contexto.

Essa perspectiva de construção está vinculada ao dinamismo da

razão humana como uma projeção para fora de si, no sentido de

transcendência.

Que significa isso? Significa que um modo específico de

compreender a nós mesmos no mundo se dá pela compreensão do nosso

ser, da nossa

essência, daquilo

q u e s o m o s

verdadeiramente.

O conhecimento

que trata do nosso

s e r c h a m a - s e

ONTOLOGIA

O termo

o n t o l o g i a é

o r i g i n á r i o d a

filosofia grega.

Ontologia é um ramo da filosofia que lida com a nossa constituição mais

íntima, isto é, com o nosso ser. Esse termo foi introduzido por Aristóteles

para desenvolver um conhecimento, uma ciência do Ser, da Essência

humana. Por isso, o termo significa: Ontós = Ser, e Logos =

Conhecimento: Conhecimento sobre o Ser. Antes de passarmos para esse

ramo do conhecimento que se chama Ontologia, trilharemos um caminho

pelo problema do conhecimento desde Platão. Lembre-se: o

conhecimento não está desvinculado da ontologia.

2.2 PLATÃO E O CONHECIMENTO

Platão, seguindo as trilhas de seu mestre (Sócrates), propõe nos

Diálogos, especialmente na República, que a verdade pode estar no

enunciado, na linguagem, mais do que isso, é preciso muito diálogo para

encontrá-la. Faz parte da visão platônica de verdade que devemos

desconfiar daquilo que aparece, ou mais ainda, o mais importante pode e

quase sempre está para além do que estamos vendo ou percebendo. O

conceito de EIDOS (idéia), chamado mais convencionalmente de ‘mundo

das idéias’, ou como no Diálogo Parmênides: Teoria das Formas, tem um

propósito interessante. Afinal, a proposição na República de uma espécie

de teoria da iluminação, podendo ser entendida, inclusive, como inatismo,

vai alimentar todo o pensamento medieval e, de modo especial, Plotino,

Santo Agostinho e outros filósofos.

Ontologia: Estudo do Ser. Ramo da filosofia que procura elaborar um pensamento sobre o Ser, sobre o que as coisas são em sua essência e não segundo sua aparência.

Figura 10: A morte de Sócrates

Inatismo: De Inato, próprio ao homem, que já nasce com elePlotino:Santo Agostinho:

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GLOSSÁRIO

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Psyché: Alma, Mente.

Pitagórico: Segundo o pitagorismo, a essência, o princípio essencial de que são compostas todas as coisas, é o número, ou seja, as relações matemáticas. Os pitagóricos, não distinguindo bem forma, lei e matéria, substância das coisas, consideraram o número como sendo a união de um e outro elemento. Da racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas, passa-se à visão fantástica de que o número seja a essência das coisas.

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123

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 125: TCC Educação a distância

O conhecimento como relação com o código indica a submissão

do indivíduo à tirania, monarquia, mitologia, oligarquia e outras formas

que consideravam o conhecimento

como determinação do status quo.

Ou seja, os papéis sociais e

religiosos estavam definidos,

conhecer significava submeter-se a

isso. No caso de Platão, um legado

do mundo das idéias; no caso dos

pensadores medievais, é uma

iluminação direta de Deus que dá a

garantia de que estamos intuindo a

verdade, ou mesmo dizendo-a.

A proposta educacional e

política de Platão não é absurda.

Aliás, ele apresenta de forma muito

evidente que há uma estreita e necessária relação entre Política,

Conhecimento e Educação. Quando sugere o sentido da Educação como

Paidéia (Educação integral – corpo e alma), como um meio de construção

de uma república ideal, sedimentada no Bem, no Justo e no Belo, ele dá

um caráter muito parecido com o que entendemos por educação hoje.

Não são apenas informações ou dados; os conteúdos propostos

no senso platônico de Educação são pressupostos para a formação

daquele cidadão que vai dar sentido e garantia para a cidade. Nela, a

justiça deve ser o princípio fundante. Embora legitimando a escravidão e

algumas injustiças de seu tempo, como a desvalorização das mulheres, dos

escravos e das crianças, Platão aponta uma perspectiva que ainda

alimenta a mística da educação como promoção e qualificação do ser. Ou

seja, uma coletividade justa e voltada para o bem nasce de um processo

em que os indivíduos são educados para a construção da justiça, embora

ela nem sempre seja fácil de ser conceituada, fundamentada ou mesmo

justificada pela argumentação. Platão vê, na Justiça, o fundamento pelo

qual o Bem pode se configurar. A verdade é que, como ele admite, se

alguém puder demonstrar que é mentira o que dissemos, e estiver seguro

de saber bem que a justiça é o maior dos bens, tem sempre uma larga

compreensão, e não se encoleriza com as pessoas injustas, mas sabe que,

a menos que alguém, por instinto divino, tenha aversão à injustiça ou dela

se abstenha devido ao saber que alcançou, ninguém mais é justo

voluntariamente, mas que devido à covardia, à velhice ou a qualquer outra

fraqueza, censurará a injustiça, por estar incapacitado de a cometer.

Nessa combinação entre Bem e Justiça, mas sobretudo de uma

subjetividade que consiga projetar-se para a relação com a coletividade

dentro e a partir daquilo que Platão chama de virtude, convém ressaltar

que a Justiça em Platão é um misto de utopia e realidade.

E a utopia ainda está presente na nossa ânsia educativa. O

Figura 11: Robbia, Luca (1400-1482)

Transcendente: Aquilo que vai além da experiência, que

ultrapassa os dados materiais, que diz respeito à essência das

coisas, ao fundamento e ao ser das coisas.

O filme O Nome da Rosa retrata muito bem a

relação entre o conhecimento herdado dos

gregos e o problema da verdade religiosa. Assista

ao filme e faça uma relação entre

conhecimento e verdade revelada na idade média.

Como se trata de temas muito atuais, tente definir o

que é a Justiça, o que é o Bem e o que é o Belo.

Lembre-se: não se trata de uma mera opinião, mas de

uma definição rigorosa!

124

DICAS

PARA REFLETIR

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Vá ao ambiente de aprendizagem e deixe sua

opinião sobre a seguinte questão: como a educação

pode levar os homens a uma dimensão crítica em

relação a si mesmos?

PARA REFLETIR

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 126: TCC Educação a distância

processo educativo não tem sentido se não tiver um aspecto consciente ou

inconsciente de projeção de sujeitos que, embora envolvidos e fixados

numa realidade racional, conceitualmente almejem uma realidade melhor

no sentido ontológico e social. Podemos até não concordar com o

propósito platônico, mas educar sempre vai significar uma transição, uma

transcendência, uma auto-superação ou, pelo menos, a busca disso. A

utopia platônica entendida na Politéia como um conceito comum a todas

as formas de governo de seu tempo, pois examinando e avaliando os

regimes e modelos circunvizinhos, mostra a necessidade de projetar para

fora da realidade um lugar que ainda não existia (república ideal), para

servir de arché (estrutura modelo) para todas as repúblicas, mas não se

esqueceu de propor que essa finalidade só se efetivaria quando houvesse

um processo educativo que conduzisse para tal.

O curioso é que Platão não apresenta apenas o contentamento

quando acontece a conceituação sobre o propósito da Justiça, mas,

fundamentando-se na busca de um Bem maior, tende a propor algo que

vai além do enunciado lingüístico.

Certamente que as repúblicas que se fundariam a partir do

horizonte utópico da república modelo se construiriam em perspectivas

diferentes, em que a justiça, o bem e o belo seriam os fios condutores da

permanência desse estado perfeito de organização da Pólis, garantidos

pela educação integral do ser humano. É, nesse sentido, que o

pensamento educacional de Platão fixou-se nessa necessidade e

possibilidade de qualificação do ser para a vida coletiva. Definitivamente,

não há senso coletivo sem o empreendimento educacional.

2.3 ARISTÓTELES: CONHECIMENTO, EDUCAÇÃO E ONTOLOGIA

Já na Politéia, de Homero,

há uma proposta educacional

muito curiosa, pois os deuses têm

características humanas.

Não só formas, mas

atitudes humanas como ciúme,

raiva, amor etc. Isso já dá uma

perspectiva interessante, ou seja, se

investirmos na qualificação do

nosso ser, através da educação,

podemos alcançar um nível mais

elevado de nossa existência, muito

embora não tenhamos o dom da

imortal idade, podemos nos

Delfos: Oráculo grego onde os indivíduos iam consultar os deuses sobre seu destino e sobre as ações a serem praticadas em benefício da cidade.

Em que medida é possível haver justiça como um todo a partir da educação? Em que o pensamento educacional de Platão pode ser útil para os nossos dias? Apesar de serem contextos diferentes, reflita sobre a relação entre a educação platônica e a educação atual.

Veja os filmes ‘Posseidon’ e ‘Odisséia’ em que são retratados os aspectos humanos das divindades gregas.

PARA REFLETIR

DICAS

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Politéia: Conjunto de todas as ações praticadas na polis pelos indivíduos.

Utopia: Topos significa lugar; U é negação. Utopia é a condição daquilo que ainda não está realizado. Tem o sentido de irrealizável, impossível de se concretizar.

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

125

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte

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ww

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fos.

com

.br

Figura 12: Aristóteles

Page 127: TCC Educação a distância

assemelhar aos deuses na busca do conhecimento. Dito de outra forma,

podemos ser parecidos com os deuses pelo menos no aspecto do saber.

Nesse sentido, a grandeza humana consiste no duplo movimento: não

aceitar mais a determinação do destino, mas também renegar que

precisamos ser igual aos deuses. O velho preceito de Delfos “conhece-te a

ti mesmo” significa que devemos investir mais no nosso aperfeiçoamento

do que ficar invejando os deuses ou investindo em alguma coisa referente

aos deuses.

A proposta socrática de implantação da temática antropológica

supera a discussão do período arcaico em que o foco era a investigação

teológica e cosmológica. Embora na mitologia a função pedagógica do

próprio mito era chantagear e/ou seduzir as novas gerações para manter e

respeitar a tradição, ela carrega implicitamente uma proposta de reação

revolucionária às determinações impostas pela tradição cultural. Nesse

sentido é que nasce aquilo que chamamos de estética da existência. Cada

ser humano assume a sua autoconstrução como se fosse uma obra de arte.

Com isso, a educação vai perdendo herança divina para assumir um

caráter de finalidade humana. O conhecimento na ótica aristotélica

representa uma nova etapa. Nele encontramos um modo de pensar sobre

a prática. Uma teoria que nasce da contemplação, mas que é aplicação,

práxis. A proposta da virtude reiterada e que já vinha pautada nas

proposições platônicas e socráticas. Em Aristóteles, temos uma

compreensão dialética da educação e, ao mesmo tempo, uma espécie de

sistemática de tudo o que foi dito e entendido sobre o assunto na Grécia

Antiga e Clássica. Para ele, não há problema com a política (Platão) ou

com o discurso (Sócrates), desde que esses sejam acompanhados pela

ética.

Na Ética a Nicômaco fica bem evidente que o entendimento de

Aristóteles aponta para a necessidade de um investimento em sentimentos

e atitudes que sejam alternativos ao caráter tirânico. A inserção nas

discussões filosóficas de temas como a amizade, por exemplo, mostra a

efetiva preocupação com a questão política. Por que os tiranos e os

malfeitores não investem nesse tipo de virtude? Somente uma sociedade

livre e democrática é capaz de estimular a amizade e as relações que

tendem para a valorização da pessoa e o respeito por ela. Para o discípulo

de Platão, o conhecimento nasce da experiência dos sentidos. Ele funda,

com isso, o Realismo em contraposição ao Inatismo ou ao Idealismo de

Platão. Nele, a gestão do conhecimento é necessária porque incide na

questão do poder político. Há uma grande confiança no papel dos sentidos

captarem, através da Intuição, a essência das coisas. Essa compreensão

realista do conhecimento parece que resolve o problema da educação,

mas possivelmente aqui é que começam os empecilhos do ensinar e do

aprender. A busca da arte de interpretar nos remete ao sentido do educar,

como um exame mais suspensivo sobre a realidade, para podermos captar

a essência.

Ao remontar todo o edifício filosófico já apresentado por

126

Como você relaciona política, discurso e ética? A

partir do seu contexto, da sua realidade, faça uma relação entre esses três

temas.

PARA REFLETIR

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 128: TCC Educação a distância

Parmênides, Heráclito, Platão e

Sócrates, Aristóteles lança mão do

argumento de que o problema

filosófico da Pólis não está ancorado

na Linguagem, no plano das Idéias,

ou mesmo na questão do discurso

e/ou da política, ou mesmo no

problema do movimento ou não. Ele

apresenta algo diferente, que é a

necessidade de cada integrante da

coletividade ter um esforço ético.

Cada um deve fazer sua parte a partir

do horizonte do exercício virtuoso da cidadania. E é nesse sentido que no

ocidente, pela primeira vez, falou-se em ética como Ciência. Dentro do

postulado aristotélico, para gerir uma instituição, família ou a si mesmo, é

preciso ter solidez de caráter e isso se consegue pelo conhecimento: o

orthós logos (bom uso da razão) e pela vivência da virtude do equilíbrio.

Esse caminho apontado por Aristóteles mostra que ele insistiu no fato de

que a educação, ou o processo do conhecimento leva o ser humano a

buscar o meio termo, a temperança, nem muita festa nem de menos.

Percorrido pelo bom uso do conhecimento, isso só acontece pela virtude

obtida pela educação das novas gerações, numa perspectiva de

construção interior da pessoa.

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos dois grandes filósofos clássicos, a compreensão do papel

filosófico da educação reside nessa tentativa de nos remetermos para fora

de nós mesmos, sem deixar de ser o que somos, mas justamente fazendo

desse movimento uma construção perene dos conceitos que orientam e

direcionam o nosso agir. Isso vai balizando um novo jeito de ser do humano

no mundo e vai recriando um ambiente em que o coletivo se efetiva pela

qualificação das pessoas. Esse salto só pode ser alcançado pela educação.

Nesse caso, o ensino não é meramente uma transmissão de conceitos ou

conteúdos, mas um treinamento ontológico, uma forma de lapidar os seres

para que possam conviver de forma mais harmônica na sociedade. A

metafísica grega, principalmente a proposta em Aristóteles, orienta os

nossos conceitos educacionais, como referência ou como paradoxo, e é

ainda questionada pelos mais diferentes autores de nosso tempo. Ela está

ligada de alguma forma à própria investigação de Parmênides sobre o ser e

a busca que sempre fazemos de algo que fundamente não só a educação,

mas toda a realidade: a essência. A questão do ser como arché (origem)

desencadeou e acelerou todo o processo filosófico no ocidente. Não

precisamos aceitá-la, mas tampouco conseguiremos negar que o saber

127

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Figura 13:

Page 129: TCC Educação a distância

como ontologia, como construção do ser, tornou-se a marca registrada

daqueles que ainda se encontram nos diferentes níveis de ensino para

aprender e ensinar.

O conceito de ser como medida de todas as coisas, na

compreensão de Parmênides, suscitou todo o alavancar filosófico. Depois,

Heráclito, ao debruçar-se sobre isso, propondo o Devir como horizonte

primordial, suscita nos pensadores seguintes a tentativa de resolver os

problemas que ambos criaram. Essa necessidade de encontrar, definir a

verdade, dizê-la e comprová-la aos outros tornou-se o marco central da

filosofia grega, mas também é o ponto de partida de todas as ciências no

mundo. Ou seja, conhecer é um misto de contemplar, concluir e discorrer,

mas sempre num processo contínuo de construção, desconstrução e

reconstrução dos conceitos. Sócrates, quando remonta à maiêutica como

arte filosófica, não apenas cria um problema posterior, como encontra

sérias dificuldades em seu tempo para contrapor o propósito sofista da

verdade alcançada pela retórica, então sugere que a verdade está no

interior do homem. Quando lemos algo sobre Sócrates, ou mesmo nos

diálogos de Platão, sempre como o mais sábio dos sábios, podemos nos

encantar e nem perceber o problema maior que ele causou. Mas, sem

dúvida, o seu propósito é inovador. A verdade está no ser. A verdade está

em nós e não escondida nos deuses, no cosmos e no universo exterior. O

problema é muito simples: a verdade está dentro de nós? Nascemos com

ela? Se a resposta for positiva, então só cabe ao indivíduo buscar nele

mesmo a verdade.

Nesse caso, conhecer seria somente ensinar as novas gerações a

dar-se conta de que alguém a depositou lá dentro de nosso ser e nós só

precisamos buscá-la. Do contrário, se a adquirimos sozinhos, no contato

com a realidade, como se dá esse processo? Mesmo assim, alguém tem

que ensinar o caminho para chegarmos até lá, ou buscamos juntos na

realidade. Eis o grande paradoxo que ainda movimenta os eventos sobre

educação e que vai movimentar todo o pensamento ocidental por muito

tempo. Basta lembrarmos o que consta no artigo 35 da LDB, em seu inciso

III, quando alude sobre a necessidade da Filosofia hoje nas escolas: “o

aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a

formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do

pensamento crítico”, advém de certa forma do “domínio dos

conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da

Cidadania” (LDB, art. 36, inciso III). Respondendo a nossa pergunta

inicial: há o que ensinar em Filosofia? Sim. Ensinarmos o valor da

responsabilidade de cada um na construção do seu ser individual para que,

através disso, se alcance a capacidade de conviver em sociedade de forma

justa, pacífica e crítica.

128

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 130: TCC Educação a distância

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1996.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia.

Trad. João Azenha Jr.. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

REALE, Giovanni. História da filosofia antiga. Vol. I e II. Trad. Marcelo

Perine. São Paulo: Edições Loyola, 1993.

www.mundodosfilosofos.com.br

REFERÊNCIAS

129

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 131: TCC Educação a distância

3UNIDADE 3O RACIONALISMO MODERNO

3.1 INTRODUÇÃO

Nesta unidade, iremos discutir

uma temática interessante e pertinente

para entendermos alguns conceitos

importantes acerca da Filosofia da

Educação e do pensamento na

modernidade. Faremos uma viagem

através do pensamento de Descartes,

Hume e Kant. Dividimos o curso, para

um melhor entendimento, em três

tópicos, e esperamos que vocês possam

aproveitar a discussão não só fazendo

a s a t i v i d a d e s , m a s t a m b é m

participando do programa de discussão

disponibilizado para todos. Sempre

depois de cada aula, vamos deixar uma questão para suscitar o debate no

fórum e para reflexão dos assuntos tratados. É importante salientar que a

participação no fórum é fundamental para que todos possam compartilhar

as idéias, pensamentos, etc. Estaremos aguardando vocês.

3.2 A PROBLEMÁTICA DO CONHECIMENTO E O PROJETO

FILOSÓFICO DA MODERNIDADE. EMPIRISMO E RACIONALISMO

NA EPISTEMOLOGIA MODERNA. A CONSTRUÇÃO DO ILUMINISMO

CRITICISTA.

3.2.1 A Problemática do Conhecimento e o Projeto Filosófico da

Modernidade

Neste tópico, discutiremos algumas questões importantes acerca

da modernidade:

Caracterização da modernidade;?

A ruptura científica;?

O predomínio da razão.?

Os objetivos deste tópico são:

Discutir pressupostos epistemológicos da racionalidade;?

Proporcionar o entendimento da modernidade como período ?

de afirmação da razão.

Orientação: Faça a leitura do texto abaixo e em seguida resolva as

questões indicadas.

A modernidade é um momento que podemos conceituar, de

Figura 14: O Geográfo

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

130

Page 132: TCC Educação a distância

antemão, como o período da razão. Muito mais que uma simples

transformação, ela se instala como uma

g r a n d e r u p t u r a c i e n t í f i c a : a

concretização da racionalidade onde o

homem utilizará métodos científicos

para conhecer o mundo e as coisas. Esse

período é denominado secularização,

isto é, conhecimento caracterizado

principalmente, pelos valores da ciência,

substituindo os valores sagrados que

foram anteriormente dados pela

religião. E tais valores científicos passam

a ser centrados na idéia de progresso, de

sociedade racional e técnica. Isso

significa que o mundo não estará mais

submetido às verdades da fé. A ciência,

agora, diagnostica os problemas do mundo e passa a buscar no próprio

mundo, e não mais na religião, como era na Idade Média, os caminhos

para a solução dos problemas. O homem da modernidade anseia por

significados que estavam protegidos pelo saber religioso.

A sociedade moderna passa a ser administrada pela razão – leia-

se ciência – e a função da razão é de proteger a sociedade de qualquer

meio ou artifício que venha pôr em risco o saber científico. A racionalização

se estende em todas as situações, significando a destruição de tudo que

impeça o homem de ver com clareza e nitidez os movimentos da história.

Isso significa que o pensamento do homem deve voltar-se para dar fim a

todo olhar limitado e que não seja crítico, ou seja, toda a educação

baseada em crenças e superstições, vinculadas a antigas formas de

organizações sociais.

A razão moderna coloca o homem em um mundo agora aberto à

participação coletiva, rompendo definitivamente com as práticas sociais e

políticas que serviam simplesmente para deixá-lo no terreno da ignorância.

Traduz-se, então, a modernidade, como o acontecimento maior na

tentativa de se construir uma sociedade ideal, perfeita e alicerçada pela

ciência. Acreditar nessa positividade da razão é o mesmo que esperar

necessariamente por uma libertação do homem – da humanidade – livres

de todo perigo que possa servir de obstáculo e que venha escurecer o

caminho para o conhecimento.

A forma das pessoas viverem produzidas na modernidade tirou os

homens de todos os tipos tradicionais de ordem social, de uma maneira

que nunca houve: revolução geográfica, revolução econômica, revolução

política, revolução social. Um exemplo claro disso é a idéia de progresso da

humanidade. Libertado da força da religião que dominava o mundo, o

homem moderno é direcionado pelo surgimento de uma recente ordem

econômica – o capitalismo – e pela produção de novas e modificadas

Razão: Faculdade ou poder

de bem julgar e de discernir

o verdadeiro do falso. Para

Descartes, isso é possível

pela razão inata e natural a

todos os homens.

131

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Figura 15: Galileu

Page 133: TCC Educação a distância

instituições sociais. Mostrando-se com um enorme dinamismo, a

modernidade se consolida como o momento da inter-relação coletiva entre

as pessoas, forçando a elaboração de sistemas políticos baseados na

reformulação da idéia de Estado, na urbanização crescente para a

facilitação e expansão de uma rede de comércio cada vez mais forte e

organizada. Logo, a modernidade é marcada pela implementação de uma

sociedade mercantil, baseada no acúmulo e no lucro de mercadorias, que

reivindica novas exigências como a melhoria das forças de trabalho para o

desenvolvimento das atividades produtoras. Além do mais, e talvez seja um

dos aspectos mais relevantes e importantes: a modernidade se constitui

enquanto período de criação de Estados-nações, que se estruturam e

espalham uma técnica de governar a vida das pessoas. A reflexão de

Cambi nesse sentido é importante:

O mundo moderno é atravessado por uma profunda

ambigüidade: deixa-se guiar pela idéia de liberdade, mas

efetua também uma exata e constante ação de governo;

pretende libertar o homem, a sociedade e a cultura de

vínculos, ordens e limites, fazendo viver de maneira

completa esta liberdade, mas, ao mesmo tempo, tende a

moldar profundamente o indivíduo segundo modelos

sociais de comportamento, tornando-o produtivo e

integrado. Trata-se de uma antinomia, de uma oposição

fundamental que marca a história da modernidade, faz

dela um processo dramático e inconcluso, dilacerado e

dinâmico em seu próprio interior, e portanto problemático e

aberto (CAMBI, 1999, pp. 199-200).

O pensamento desenvolvido na modernidade surge em suas

bases conceituais na Renascença: de certa forma, ocorreu uma vitória da

crítica à religião, (domínio especial da Igreja Católica Apostólica Romana),

dos valores do mundo, do individualismo. Mas ainda não podemos

considerar o Renascimento como uma contraposição radical à Idade

Média. Fica claro somente que tal período foi importante na realização de

grandes mudanças na civilização, de ordem política, social e cultural. E tais

transformações influenciaram decisivamente os séculos seguintes, ou o

período denominado propriamente de modernidade.

Epistemologicamente (o mesmo que conhecimento científico), a

Renascença é marcada pela ausência de um espírito totalmente crítico e

purificado pela razão.

O renascimento é uma renascença do homem neste

mesmo sentido de renovação; esta renovação, porém, não

consiste já numa transcendência dos limites da natureza

humana, numa existência pura e exclusiva ligação com

Deus, mas sim numa verdadeira renovação do homem nos

seus poderes humanos, nas suas relações com os outros

homens, com o mundo e com Deus”. (ABBAGNANO,

1984, pp.15-16).

132

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 134: TCC Educação a distância

O período denominado de Renascimento estava ainda cheio de

superstições e crenças. Principalmente porque depois da crítica ao domínio

exclusivo da religião, o que se mostra é a ausência da crença que antes

vigorava, ficando apenas um certo deslumbramento em relação à

presença do homem e sua relação com a natureza. Mas, temos uma

grande dívida para com o Renascimento e o espírito aventureiro do homem

renascentista. Os Renascentistas acreditavam na idéia de que tudo é

possível. A curiosidade é aguçada e ilimitada, então ele parte para

conhecer novos horizontes, o que ocasionou, como já sabemos, as grandes

navegações e expedições. Esse reconhecimento tem de ser expressado.

Segundo Abbagnano, o Renascimento se mostrou como um período em

que um novo tipo de homem e de sociedade se organizou, ressaltando que:

O renascer do homem, que é o anúncio e a esperança do

Renascimento, é o renascer do homem no mundo. A

relação com o mundo é reconhecida como parte

integrante, constitutiva do homem. A clareza que o homem

alcança no Renascimento no que respeita à própria

natureza, é também ao mesmo tempo, clareza no que

respeita à solidariedade que o liga ao mundo: homem

compreende-se como parte do mundo, distingue-se dele

por reivindicar a originalidade própria, mas ao mesmo

tempo por reivindicar-se nele e reconhece-o como o seu

próprio domínio (ABBAGNANO, 1984, p.163).

Apesar das limitações renascentistas, a ciência moderna fundava

suas bases cada vez mais sólidas. Uma das mudanças proporcionadas pela

ciência moderna foi uma crítica muito grande à todo pensamento que

acreditava num mundo bem ordenado e calmo e na terra como o centro do

universo. A ciência moderna encontra as possibilidades de se pensar

diferentemente do que se pensava anteriormente, e acredita realmente na

condição de organizar um mundo verdadeiro, lançando mão, para isso, de

uma grande ruptura na ciência: a introdução da geometria pelo filósofo e

matemático Galileu Galilei. Isso significava que, para Galileu, os corpos

estão em constante movimento, independentemente da vontade dos

homens.

Antes de Galileu, as inovações na concepção de mundo já tinham

sido iniciadas por Giordano Bruno, Nicolau de Cusa e Copérnico. Esses

pensadores desarticularam a imagem de um mundo tradicionalmente

aceito. Com a ajuda da astronomia, começaram a “cair por terra” os

antigos pensamentos a respeito do universo que foram sustentados até o

século XIV. Mas, podemos dizer claramente que foi com Galileu que pela

primeira vez se racionalizou o cosmos, articulando-o pela linguagem

matemática. Isso significa que o universo pode ser pensado e calculado

pela matemática. E quando falamos em racionalização do cosmos, é no

sentido de sua completa desmistificação: fim de qualquer crença mágica

Conhecimento: Na

concepção empirista, todo

conhecimento provém da

experiência, bem como é a

experiência que fornece o

critério de verificação que

confirma ou não a verdade

da ciência.

133

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 135: TCC Educação a distância

ou religiosa dominante na implementação das leis do universo – questão

que ainda era comum como característica do renascimento (período que

antecede a modernidade).

Galileu, pensador do final do século XVI e primeiras décadas do

século XVII, parte das bases mecanicistas para se pensar o mundo:

movimento, força, repouso. O mundo visto como uma grande máquina

que não necessitava de nenhuma lei ou determinação, tanto para mantê-

lo em movimento, quanto em repouso.

Não vamos aprofundar as questões da física de Galileu, não

sentimos necessidade disso. A referência é simplesmente para mostrar a

importância na História de seu pensamento e sua contribuição para a

modernidade a partir do século XVII. A tese de Galileu foi de extrema

importância, apesar das sanções da Igreja Católica. Em junho de 1633,

Galileu Galilei, com setenta anos, foi obrigado a ajoelhar-se ante o Tribunal

Inquisitorial, em Roma, e negar e abandonar as suas teses que

futuramente tornaram possíveis a física moderna. O homem da razão,

segundo Galileu, passou a ocupar um novo espaço no mundo: o daquele

que se torna responsável pela produção do conhecimento. Cabe ao

homem desvendar as leis que regem o cosmos, os mistérios que fazem

funcionar essa “grande máquina” que denominamos de universo. O

homem então, tem que decidir a cada instante o que vai fazer, o que vai ser

nos momentos seguintes. Partindo de suas convicções, Galileu mostra que

é possível conhecermos o mundo através da matemática. A experiência e a

interpretação são o caminho para essa tarefa. Não basta simplesmente ao

homem observar e admirar o movimento dos corpos, é preciso que ele

saiba colocar as questões certas para encontrar as verdades que tanto

procura.

Segundo o pensamento de Galileu, o universo não é mais um

espaço fechado, organizado hierarquicamente e nem cheio de poderes

mítico-religiosos. O universo agora é um espaço infinito, contínuo, físico e

matematicamente calculado. Sendo assim, o conhecimento científico só

pode ser proporcionado pelo saber racional. Dessa forma, o homem se

separa da natureza, e toda relação homem / mundo é estabelecida através

da razão. As certezas e coerências da fé religiosa não respondem mais às

interrogações, cabendo ao homem intervir sobre o mundo, explorando-o e

construindo um novo edifício científico.

Torna-se importante, não deixarmos escapar que a ruptura com a

idade média deixa ao homem a possibilidade de planejar seu próprio

destino, isto é, a sua historicidade. Desvinculando-se das verdades

religiosas, o homem passa a considerar a sua diferença, a sua localização

na sociedade e seu individualismo. Seguindo as pistas do humanismo

renascentista, a modernidade, a partir do século XVII, começa a trilhar

verdadeiramente os caminhos da liberdade, e isto significa uma nova

postura da figura-homem.

134

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 136: TCC Educação a distância

Quando se diz que o humanismo renascentista descobriu

ou redescobriu o “valor do homem”, quer-se com isso dizer

que reconheceu o valor do homem como ser terreno ou

mundano, inserido no mundo da natureza e da história,

capaz de forjar o próprio destino. O homem a quem se

reconhece um tal valor é um ser racional e finito, cuja

integração na natureza e na sociedade não constitui exílio,

mas antes um instrumento de liberdade e que por essa

razão pode obter na natureza e entre os homens a sua

formação e a sua felicidade (ABBAGNANO, 1984 , p. 12).

C o m a i n s t a u r a ç ã o d a

racionalidade crítico-científica, o homem

olha para o mundo e enxerga nele as

condições para se chegar `a felicidade e à

verdade. A liberdade proporcionada pela

razão – espírito aberto a curiosidade

científica – faz da experiência humana,

enquanto mergulho na natureza e na

história, valores imprescindíveis que

ocasionarão em novas vivências no campo

da arte, da economia, da política, da

geografia e da filosofia. Desde Galileu e sua

idéia de ciência, o homem passa a ocupar um papel de destaque.

3.2.2 O Racionalismo: René Descartes e o Problema da Subjetividade

Neste texto discutiremos:

?A importância de Descartes na história do pensamento;

?A descoberta do “cogito” ou da idéia de “consciência” em

Descartes;

?Descartes e a edificação de uma subjetividade moderna.

A presença de Descartes no cenário moderno vai marcar

decididamente toda a história do pensamento filosófico. Ele vai servir de

marco para delimitar a modernidade: o surgimento do subjetivismo como

apelo ao homem criador, dominador e conquistador da natureza – o

homem pensante.

Diferentemente de Galileu que via a verdade como instalada no

mundo, Descartes afirma um certo “reposicionamento” do homem,

explicando melhor a constituição de uma racionalidade moderna. A

importância de Galileu é indiscutível, pois pensou um novo tipo de

homem, que se tornara livre para conhecer a realidade que o cercava. Mas

o pensamento de Galileu limitava o homem a mero espectador, não

determinante do conhecimento sobre a natureza, cabendo a ele

Figura 16: Descartes

Idéia: Para os empiristas,

as idéias originam sempre

da percepção. Idéias são

objetos mentais, resultado

de um processo de

abstração, que representa

objetos externos percebidos

pelos sentidos.

135

C

A

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Page 137: TCC Educação a distância

simplesmente a tarefa de reconhecimento das leis matemáticas e

mecânicas do universo.

Podemos dizer que Descartes, comumente chamado de principal

pensador da racionalidade moderna, iniciou seu projeto perguntando

sobre: como é possível conhecer a realidade? E a sua resposta é clara: só

podemos conhecer a realidade pela razão. A isso chamamos de

RACIONALISMO. E juntamente a esta questão, a problematização da

verdade não mais como dada pelo mundo externo, físico, natural (como

em Galileu), mas sim como uma qualidade própria do homem como ser

pensante, ou seja, a partir de Descartes, a verdade é representada

subjetivamente, isto é, na consciência do homem e não no mundo.

O pensamento moderno é caracterizado por uma discussão em

torno da subjetividade, isto é, tudo aquilo que se articula como

pensamento ou com a noção de consciência de si. E o pensar ou

consciência de si mesmo, segundo Descartes, é condição para que exista o

sujeito – res cogito (que significa consciência pensante). Em Descartes, a

idéia de sujeito é o mesmo que: substância pensante, descobrindo com isso

a posição do cogito (do pensamento), definindo-o como substância do

sujeito, (leia-se metafísica da subjetividade).

Para podermos pensar o sujeito em Descartes, é necessário antes

de tudo, que saibamos a metodologia usada por ele para se chegar à

iluminação do cogito (do pensamento). Descartes, em seu trabalho

filosófico, consolida de maneira diferenciada o que já vinha desenhando-

se desde o século XVI: a valorização positiva do indivíduo e de sua

subjetividade como espelho do governo da razão. Para Descartes, a

verdade está no interior do próprio sujeito: a certeza da consciência de si.

Eu penso, logo existo, ou seja, o pensamento como condição para a

existência. Não vamos fazer neste trabalho uma reprodução sistematizada

da trajetória cartesiana. O mais importante é deixarmos claro que foi com

Descartes que pela primeira vez se pensou o fundamento “do que é o

homem” a partir da presença do cogito.

Fica claro que, para Galileu, o conhecimento (enquanto leis que

fazem funcionar a natureza e/ou o cosmos ou universo) existe e independe

do homem. Mas, para Descartes, o primeiro passo para o conhecimento é

o surgimento de um sujeito pensante, de um sujeito que se separa do

mundo, se reconhecendo e se bastando a si mesmo. Na verdade, em

Descartes, o mundo torna-se dependente do sujeito que conhece.

A partir de Descartes, o conhecimento não está mais gravado no

mundo, mas seu lugar é na consciência do sujeito pensante enquanto

representação e/ou adequação entre a “coisa” (o mundo) e o pensamento

(o cogito). É a consciência que demarca e dá validade para o que é

conhecido. O cogito, segundo Descartes, cobre toda a realidade de uma

experiência, sendo resultado de um processo que coloca em cena uma

questão: a verdade como um projeto de fundação da consciência. A

proposição: Eu penso, logo existo põe o pensar como aspecto essencial do

Método: Modo de

conhecimento graças ao

qual o homem pode atingir

diretamente seu objeto. O

método pode ser racional

ou experimental.

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 138: TCC Educação a distância

sujeito. E isso em Descartes acaba por transformar a filosofia posterior a ele

em exercício obrigatório, de se concordar ou discordar de suas idéias. A

existência do mundo é devedora da realidade do pensamento.

O sujeito em Descartes alcança a posição daquele que vai produzir

uma verdade sobre o mundo, e que esta verdade atingirá o caráter de

evidência, clareza distinta do mundo das coisas porque é o resultado de um

rigor metodológico nunca visto. Isso significa que para chegar ao

conhecimento das coisas é preciso conhecer e avaliar as causas, a

falsidade e a verdade de cada saber para abandonar qualquer

possibilidade de engano ou de erro. Deve-se afastar de tudo que é duvidoso

no pensamento. É necessário oferecer ao método científico um conjunto

de regras que conduzirá a ciência em direção à verdade. Para isso,

segundo Descartes, precisamos nos afastar do conhecimento sensível, isto

é, todo conhecimento proporcionado pelas sensações não nos serve de

fundamento para o conhecimento. O único conhecimento possível deve

ser aquele dado pelo intelecto, pela razão, por meio de regras, método e

investigação.

A necessidade de estabelecer um método que tenha como

resultado final a clareza dos princípios absolutos, exige de Descartes uma

filosofia primeira, que ilumine as regras para a direção do espírito, isto é, de

princípios que signifiquem a constatação da presença eficiente do cogito

(do pensamento) no mundo e que só através do sujeito pensante é que o

mundo pode ser tratado como certeza científica.

Descartes, ao afirmar a necessidade e a importância primordial do

cogito – do puro pensamento – rejeita a condição dos sentidos como fontes

claras do conhecimento. O mundo, que em Galileu era portador de uma

verdade própria, passará a ser, em Descartes, nada mais que um imenso

campo ou espaço de onde provêm os enganos, as ilusões e as mentiras. Do

mundo sensível (tudo que é material, concreto, que eu posso conhecer

pelas sensações) nada se pode esperar e concluir, a não ser que ele é falso e

motivo de erros de percepção. Dessa forma, Descartes separa o sujeito

pensante ou como consciência de um mundo carregado de

particularidades e sombras, e que nunca tem em si mesmo, as condições

verdadeiras de se conhecer. Muito pelo contrário, estas condições estão,

verdadeiramente, na essência do sujeito, em sua consciência, possuidora

de uma verdade sobre o mundo. Sendo assim, Descartes surge na

modernidade como o filósofo criador do sujeito individual, totalmente

separado da res extensa (significa o mundo, as coisas). O sujeito em

Descartes é visto como consciência, mas não uma simples consciência de

vontades e imaginação, mas como força do cogito que encontra sua

verdade a partir do processo da dúvida: jamais admitir coisa alguma como

verdadeira se não tenho certeza sobre ela, ou seja, se não consigo torná-la

evidente. A evidência é o remédio contra a dúvida. Importante também

como método é ordenar meus pensamentos, dos objetos mais simples aos

mais complexos e, posteriormente, realizar as enumerações necessárias e

137

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 139: TCC Educação a distância

mais exatas possíveis. Só assim seria possível alcançar a verdade das

coisas, do mundo.

A substancialização do sujeito, em Descartes, alcança

proposições que vão percorrer toda a história do pensamento,

principalmente no que trata à redução do corpo como simplesmente uma

extensão física e que em nada vai contribuir positivamente na busca da

verdade. O Sujeito em Descartes se fecha num tipo de circularidade que

vai da consciência do existir a uma existência garantida por uma

consciência, cuja única natureza, verdade primeira e indubitável, é o

pensamento, e este é inato. Segundo Chauí:

Idéias inatas são aquelas que não poderiam vir de nossa

experiência sensorial porque não há objetos sensoriais ou

sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia,

pois não tivemos experiência sensorial para compô-las a

partir de nossa memória. As idéias inatas são inteiramente

racionais e só podem existir porque já nascemos com elas.

(CHAUI, 1995, p. 71).

A garantia da existência das coisas, do mundo, nos é dada pela

substância pensante que se reconhece através dos seus modos e de suas

ações como sendo a afirmação do próprio pensar, ou seja, os modos de

vida do indivíduo ou a sua ética, é a correspondência direta e imediata da

força de sua razão, expressando, com isso, o itinerário da construção da

subjetividade – se o sujeito existe, é porque ele se constitui enquanto res

cogito ou como alguém que pensa.

No caminho da construção da subjetividade, Descartes parte para

um tipo de radicalização do “eu”, através de um distanciamento do

mundo. Esse distanciamento é marcado principalmente pelo princípio da

dúvida metódica, que propicia a Descartes a oportunidade de vivenciar

uma experiência de crítica a todo e qualquer tipo de conhecimento

adquirido. Fundando o princípio da dúvida metódica, Descartes dá ao

homem a qualidade de “ser que duvida”, colocando-o numa posição

central: de negação à afirmação da existência, tanto sua, como do resto

das demais coisas. Em Descartes, o fato de duvidar é condição para o

pensamento e o pensamento é também, segundo uma mesma ordem,

condição para a existência, notoriamente inscrita na frase que afirma:

Penso, logo existo.

Segundo Descartes, a subjetividade é constituída justamente em

sua autonomia para com o mundo pelo processo de afirmação da

consciência, do pensamento. A ambição cartesiana que surge é a sua

pretensão em solidificar metodologicamente o caminho que conduzirá à

evidência da verdade por regras claras e distintas. Uma verdade sobre o

mundo das coisas e sobre o homem principalmente, livre dos enganos.

A questão mais imediata é visualizar que o sujeito em Descartes é

portador de uma verdade universal (penso, logo existo), já que ele possui

138

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 140: TCC Educação a distância

um método que lhe dá clareza, segurança e objetividade rumo ao

conhecimento (análise, síntese e enumeração). Pelas mãos de Descartes, a

modernidade se consolida, acentuando suas bases no poder da razão,

caracterizando o sujeito moderno cartesiano (referente a Descartes =

cartesiano), fundador do conhecimento, já que a verdade se encontra no

interior de si mesmo enquanto certeza da consciência de si (eu me conheço

enquanto alguém que pensa). É o ponto importante na modernidade,

onde o homem se separa radicalmente do mundo, se recolhendo e se

bastando.

Descartes abre na modernidade o instante pelo qual insurge uma

nova noção de sujeito. A dúvida, trazendo consigo a verdade do pensar,

acaba comprovando a idéia cartesiana de consciência como modo pelo

qual se chegará à verdade. Com isso, o pensamento cartesiano estabelece

a verdade do sujeito enquanto consciência pensante. Nesse momento,

Descartes deixa clara sua pretensão em apontar o sujeito, tratando-o a

partir da noção de subjetividade. Quando considera o sujeito enquanto

substância pensante, Descartes afirma que os sentidos se tornam um

obstáculo e um limite à certeza garantida pela ciência. A construção da

dúvida metódica vem justificar tal postura, já que não se deve confiar

naquilo que é dado de forma mediata pela sensação. A percepção não nos

dá segurança, e nos tornamos vítimas das ilusões provenientes do mundo

ou das nossas fantasias fruto da imaginação. Esse tipo de questão para a

modernidade, até então, nunca tinha sido feita. O homem cartesiano

coloca sob suspeita tudo aquilo que lhe foi dado como certo e indubitável.

Descartes afirma a superioridade do intelecto sobre o sensível,

partindo para um novo fazer científico, iniciando com um entendimento do

próprio homem, que ainda se encontrava desconhecido. Descartes

descobre o homem como portador de uma consciência, e essa forma de

ver o homem desvinculado da natureza torna-se essencial para que o

mesmo possa pensar sobre a natureza.

O sujeito pensante é, então, um sujeito individual. E o que isso

significa? Que o sujeito visto como essência universal, unitária e pensante,

descolada do mundo sensível, nada mais é que algo vago e confuso. É um

sujeito que se caracteriza simplesmente por ter de forma inata o puro

pensar. O pensamento cartesiano nos remete e nos faz admitir um

dualismo, um momento de divisão de dois mundos: de um lado, o mundo

dos corpos sensíveis e extensos, que possuem grandeza espacial e que

podem se tornar conhecido através da matemática pura (da ciência); do

outro lado, o mundo racional, cuja essência é o próprio pensar. O mundo

físico e extenso, visto pelo dualismo cartesiano, se transforma em uma

grande máquina entendida, unicamente, pelas leis matemáticas

atribuídas ao pensamento como possuidor de idéias claras e distintas.

Jamais a verdade sobre o mundo das coisas poderá ser dada pela

percepção como fonte de verdade, já que as impressões (a sensação)

recaem constantemente no erro e na falsidade.

Crítica: Atitude ou

capacidade de distinguir

entre o verdadeiro e o

falso.

Dúvida metódica:

Denominação dada ao

método filosófico de

Descartes. A dúvida

metódica tem por objetivo

fundar a certeza de modo

inquebrantável, rejeitando

sistematicamente tudo

aquilo que não é certo.

Assim, “duvido, logo existo”

é a mesma coisa que

“penso, logo existo”.

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 141: TCC Educação a distância

Contrariamente a essa idéia, o conhecimento racional marcado

por possuir como instrumento metodológico as qualidades imutáveis da

geometria analítica se qualifica como possibilidade de aplicação dos

conceitos matemáticos no mundo material, isto é, no mundo físico.

Descartes avança seu pensamento obstinadamente, na tentativa de

distinguir os objetos materiais e se os mesmos podem ser compreendidos.

Realiza uma profunda reflexão sobre os atos do imaginar, cuja existência é

possível graças ao papel das impressões (das sensações, ou seja, eu só

imagino porque posso sentir o mundo), que não se mostram como meio

confiável para se chegar à verdade, já que ela se manifesta como diferente

da natureza do pensar, concordando com processos cuja elaboração volta-

se completamente para espelhar as sensações do mundo físico que são

apreendidas pelos sentidos. Não se pode ter no cogito (no pensamento)

algo que me aparece como falso e ilusório, como os processos que

consolidam os atos do imaginar, que acabam se transformando num tipo

de verdade apropriada particularmente – subjetivismo – e que se define

como efeito do mundo corporal, subordinando o homem ao mundo das

sensações.

Em nenhum momento, Descartes nega a ocorrência no homem

de sensações, mas essas são independentes de uma relação com a

consciência ou substância pensante. As operações corpóreas são

simplesmente disposições dos órgãos dos sentidos, e não se pode concluir

que elas não sejam reais. As operações sensitivas ocorrem para o bom

funcionamento da máquina corporal, o que não significa que elas sejam

respectivamente da ordem do poder da razão, do cogito. O mais

importante em Descartes é mostrar como se dá o distanciamento na

constituição da subjetividade (do pensamento, da consciência) entre o

pensar e a realidade corpórea. Nesse caso, o homem é então

compreendido como sujeito-essência.

Entender a noção de homem em Descartes é o primeiro passo

estratégico para se compreender o período inaugurado como

modernidade, correspondendo esse momento ou acontecimento que se

apresenta historicamente ao princípio de uma nova filosofia, entendida

como compreensão do homem-sujeito: possuidor de um cogito em si

mesmo, reafirmando uma nova abordagem antropológica que

possibilitará posteriormente novas problematizações e críticas. Descartes

funda o homem a partir do sujeito pensante, que duvida de tudo que lhe é

dado como certeza, para metodicamente construir um mundo de verdades

claras e indubitáveis. A subjetividade em Descartes alcança um status, um

grau de autonomia e liberdade para com a realidade exterior tornando-se,

então, o modo privilegiado para pensar o sujeito e também o mundo.

3.2.3 O Empirismo: o Conhecimento pela Experiência

Neste tópico, discutiremos algumas questões importantes acerca

140

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Após a leitura enumere os

pontos importantes e

relevantes.

ATIVIDADES

Page 142: TCC Educação a distância

do pensamento de David Hume e o empirismo:

?O conceito de empirismo;

?A crítica ao racionalismo;

?Os objetivos deste tópico são:

?Discutir alguns pressupostos epistemológicos do empirismo;

?Proporcionar o entendimento da modernidade como período

de afirmação não só do racionalismo, mas também do empirismo.

Orientação: Faca a leitura do texto abaixo e em seguida resolva as

questões.

O ponto de partida da reflexão

humeana está em considerar que todo

conhecimento que se refere ao mundo

começaria com a experiência, fundando-

se na percepção. Contudo, o autor

considera a percepção de duas maneiras:

impressões e idéias. As impressões seriam

as percepções mais vivas sentidas pelo

sujeito, como as sensações que se tem das

cores, dos sons, de uma paisagem, de uma

dor, de estados de tristeza e de alegria. As

idéias, de modo diferente, seriam cópias

das impressões, imagens mais pálidas que

resultariam da forma como o sujeito refletiria sobre as impressões ao usar a

memória ou a imaginação. Uma criança, ao colocar o dedo numa tomada,

poderia ser vítima de uma descarga elétrica capaz de produzir-lhe uma

impressão, porém; todas as vezes que lembrar ou imaginar essa

experiência, ela tomará contato com uma idéia, com uma cópia

modificada dessa mesma vivência. Assim, se as idéias seriam aquilo que

expressaria um pensamento, então seria impossível existir pensamento ou

idéia que não tivesse por origem uma ou mais impressões. Levando em

consideração esse tipo de raciocínio, os cegos ou surdos de nascença

jamais seriam capazes de desfrutar de uma idéia, pois alguém que tivesse o

seu aparelho perceptivo danificado seria incapaz de conhecer alguma

coisa.

A percepção dividi-se em impressões e idéias. As

impressões são nossas percepções mais vivas, [...] são as

nossas sensações quando experimentamos algo. As idéias

são os nossos pensamentos e, para Hume, não é, portanto,

possível supor pensamentos ou idéias cuja origem não

esteja numa ou num conjunto de impressões. (ANDERY, p.

312.)

Embora tais dados sejam fundamentais para se compreender

como Hume entende a estrutura mental de um sujeito, a situação que se

Figura 17: David Hume

141

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 143: TCC Educação a distância

coloca agora seria descobrir como o autor apresenta a produção do

conhecimento a partir das impressões e das idéias. O primeiro passo dado

pelo filósofo seria dividir o conhecimento em dois tipos de raciocínios: os

raciocínios demonstrativos, que se referem às relações de idéias; e os

raciocínios morais, que se referem às questões de fato e de existência. O

que seriam os raciocínios demonstrativos? Por que esse tipo de raciocínio se

referiria às relações de idéias? O exemplo que o pensador apresenta seria

bastante simples. Que três vezes cinco seria a metade de trinta expressaria

a relação existente entre as idéias desses números. Que um triângulo seja

uma figura de três lados expressaria a relação existente entre as idéias de

linhas. Em poucas palavras, esse tipo de conhecimento se limitaria às

operações lógicas do pensamento e não dependeriam, absolutamente, de

que tais objetos existissem em parte alguma do universo. Esse modelo de

conhecimento seria produzido pela geometria, aritmética e álgebra. Isso

significa que ainda que não existam na natureza triângulos, círculos,

quadrados, ou mesmo que a natureza não dependa de qualquer tipo de

cálculo para dar os seus passos, as verdades produzidas pela matemática

conservarão sempre a certeza obtida pelos seus raciocínios.

Há, para Hume, dois tipos possíveis de conhecimento. De

um lado, o conhecimento obtido pela aplicação do

raciocínio, pela construção de relações lógicas; o

conhecimento das matemáticas, geometria e da própria

lógica. [...] De outro lado, há o conhecimento que diz

respeito a questões de fato, que busca expressar conexões e

relações que descrevem ou explicam fenômenos concretos.

(ANDERY, pp. 315-316)

O que seriam os raciocínios morais? Por que esse tipo de raciocínio

se referiria às questões de fato e de existência? Aqui a resposta será um

pouco mais complexa que a apresentada acerca dos raciocínios

demonstrativos. Isso porque o conhecimento que se refere às questões de

fato lidariam com as conexões e relações capazes de descrever os

fenômenos naturais. Assim, a experiência passará a exercer uma função

especial, por se preocupar com os acontecimentos do mundo, o que faz

com que a verdade de uma afirmação não possa ser demonstrada, pois

todo o conhecimento conquistado dependerá da relação existente entre

aquilo que se passa na mente humana e aquilo que se coloca junto à

experiência. De qualquer forma, Hume considera esse modelo de

conhecimento muito mais importante, uma vez que seria o conhecimento

empírico que melhor poderia explicar ou traduzir as leis que fariam parte da

natureza. O problema seria saber como idéias individuais, produto de

experiências particulares, poderiam ser transformadas em leis gerais.

Embora possa parecer surpreendente, o autor acredita que as leis, as

regularidades descobertas junto à natureza, não passariam de regras

naturais da imaginação humana. O pensador chama tais regras de

142

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 144: TCC Educação a distância

associação de idéias, onde as idéias seriam associadas por contigüidade,

semelhança e causalidade, transformando a relação de causalidade como

o principal elemento de todo conhecimento que se refere às questões de

fato.

Para Hume, as afirmações gerais, as leis, as regularidades

que supomos descobrir com o conhecimento que

reproduzimos sobre o mundo derivam de regras naturais

que operam na imaginação dos homens. (ANDERY, p.

316)

Para o filósofo escocês, a relação de causa e efeito seria a única

maneira de se produzir conhecimento sobre as questões de fatos, não

existindo outra forma de se tomar contato com essa relação que não seja

tornando a experiência como critério de conhecimento. É que o

conhecimento sobre os acontecimentos abriria uma possibilidade para que

o homem pudesse confiar na previsão dos eventos no mundo, dependeria

da crença de que a experiência passada se tornasse o padrão de juízos

futuros. Isso quer dizer que para haver conhecimento sobre as coisas, a

natureza humana deverá criar uma expectativa de que aquilo que ocorrerá

no futuro repetirá aquilo que se deu no passado, de tal modo que a

natureza possa apresentar sempre um mesmo padrão para o surgimento

dos acontecimentos. Em poucas palavras, se todas as afirmações sobre a

existência devem se basear na relação de causa e efeito, se o

conhecimento dessa relação deriva da experiência, então toda conclusão

sobre a natureza deve supor que o futuro estará de acordo com o passado.

Percebe-se que os raciocínios demonstrativos diferem dos raciocínios

morais, indicando que o conhecimento sobre os fatos nunca conseguirá

demonstrar matematicamente seja o que for sobre o mundo. Porém, ainda

que o homem seja impedido de demonstrar a verdade de suas afirmações

sobre a experiência, seria o conhecimento empírico que possibilitaria a

confiança objetiva acerca das coisas, construindo uma abertura para que a

natureza humana possa explicar e transformar os fenômenos naturais. Se

não seria a razão, num modelo lógico-matemático, aquilo que permitiria

ao homem conquistar a confiança objetiva diante dos acontecimentos, o

que seria então? A resposta humeana é, novamente, surpreendente, pois

seria o hábito e não a razão que possibilitaria ao homem adquirir toda essa

confiança.

É essa relação, a de causalidade, que é o traço

fundamental, a primeira característica de todo

conhecimento sobre questões de fato. (...) Para Hume, não

há como estabelecer tais relações causais e, portanto, não

há como construir conhecimento sobre questões de fato, a

não ser a partir da experiência, que se torna, assim, a

segunda característica desse tipo de conhecimento. (...)

Para Hume, o conhecimento relativo a questões de fato

também está na dependência de se confiar na experiência

Fenômeno: Objeto do

conhecimento sensível. O

modo como a realidade

nos aparece e é conhecida.

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Page 145: TCC Educação a distância

passada e fazer dela o padrão de nossos juízos futuros.

(ANDERY, pp. 317-318)

Enganar-se-ia quem achasse que o problema encontraria seu final

com o conceito de hábito. Embora esse tema seja indispensável para se

entender como seria possível o conhecimento sobre as questões de fato,

Hume aponta ainda um outro conceito que complementa toda a sua

reflexão: a crença. A crença possui um papel especial dentro do edifício

apresentado pelo pensador escocês, pois é a crença que possibilita ao

sujeito fortalecer as conexões derivadas do hábito, permitindo-lhe

diferenciar as ficções produzidas pela imaginação do conhecimento, dos

fatos. Se as idéias não passam de cópias das impressões, tendo a

imaginação o poder de separar ou unir as idéias à vontade, então nada

impediria que a imaginação preenchesse a mente humana de seres

fictícios. Como reprodutora da percepção humana, a imaginação poderia

juntar de uma nova maneira imagens de coisas percebidas: um cavalo

alado, por exemplo, seria a junção da imagem de um cavalo percebido

com a imagem de asas percebidas; uma sereia, a junção de uma imagem

de mulher percebida com a imagem de um peixe percebido; uma

montanha de ouro, a junção de uma imagem de uma montanha percebida

com a imagem de uma pedra de ouro percebida. Entretanto, como a

crença estaria ligada ao hábito, à relação de causa e efeito e às

observações da experiência, sendo a crença uma maneira de conceber

objetos de modo mais firme, a mente humana seria forçada a não

acreditar em cavalos alados, sereias, montanhas de ouro, uma vez que

seria impossível encontrar na experiência a existência de tais objetos. Por

outro lado, seria a crença que ajudaria o homem a tentar antecipar a

ocorrência de um evento no futuro ligando-o ao número de ocorrência

mais freqüentes no passado. Assim, será o número de ocorrência no

passado que fortalecerá a crença de que esse evento poderá se repetir no

futuro. Um time de futebol que venceu oito partidas e perdeu duas

fortalece a crença humana de que será mais provável que venha vencer e

não perder a próxima partida.

A concepção de hábito como um princípio que leva ao

conhecimento de questões de fato conduz a um outro

conceito de Hume: o conceito de crença. A crença fortalece

as conexões que foram derivadas do hábito e permite ao

homem optar por determinadas conexões causais e por

determinadas expectativas quando, diante de um fato, lhe

permite diferenciar aquilo que é considerado uma ficção da

imaginação daquilo que é conhecimento de fato. [...] Para

Hume, a crença está associada à noção de probabilidade.

A ocorrência mais provável de um evento no futuro está

associada à sua ocorrência mais freqüente no passado.

Essa ocorrência passada fortalece a crença na ocorrência

futura do evento, dado que a ele se associa uma maior

probabilidade de que venha a acontecer. (ANDERY, pp.

319 e 320)

Experiência: O termo

“empirismo” se traduz por

experiência e significa,

literalmente, contato com

algo. A experiência seria

assim, uma apreensão da

realidade externa através

dos sentidos que forma a

base necessária de todo

conhecimento.

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GLOSSÁRIO

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 146: TCC Educação a distância

Como se pode notar, Hume acredita que o problema do

conhecimento teria por fundamento princípios que fariam parte da mente:

impressões, idéias, imaginação, hábito e crença. Ao se perguntar como

seria possível ao homem conhecer algo, o filósofo mostra que o sujeito

associaria impressões, idéias, recebidas pelos órgãos dos sentidos e retidas

na memória. Ao indicar que a relação causal é o que possibilitaria o

conhecimento sobre a existência de fatos no mundo, o autor afirma que a

relação causal não passa de um simples hábito que a mente do homem

conquistaria ao estabelecer relações de causa e efeito entre percepções e

impressões sucessivas. Seria a repetição constante e regular de impressões

sucessivas que leva a natureza humana à crença de que existe uma

causalidade real que faria parte das próprias coisas, quando na verdade

tudo isso estaria presente na mente do sujeito. Assim, a produção de

conhecimento dependeria não apenas da experiência, mas de princípios

psicológicos da natureza humana. Embora tais idéias tenham trazido

muita polêmica para a história do pensamento, não deixaram de se colocar

como uma marca capaz de reconhecer o pensador escocês como um dos

mais importantes da era moderna.

3.2.4 Kant e o Iluminismo Criticista

Neste tópico, discutiremos

algumas questões importantes acerca do

pensamento de Immanuel Kant:

?O problema da intuição;

?O problema da faculdade da

sensibilidade, do entendimento e da

razão.

?Os objetivos deste tópico são:

?Discutir alguns conceitos

tratados por Immanuel Kant e sua

contribuição para a filosofia moderna.

Orientação: Faça uma leitura do texto abaixo e em seguida

resolva as questões após a unidade.

O contexto da reflexão kantiana seria o século

XVIII, marcado por duas ciências que apresentavam resultados

indiscutíveis para a humanidade: matemática e física. Ao lado dessas duas

ciências existia ainda a metafísica que, ao contrário das duas ciências, não

só procurava tratar da realidade última das coisas como não conseguia

convencer ninguém sobre os seus resultados. O grande interesse do autor

alemão seria desenvolver uma reflexão sobre essas três disciplinas,

tentando descobrir o motivo do descompasso existente entre a

matemática, a física e a metafísica. Esse problema poderia ser formulado

145

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Figura 18: Kant

Causalidade: Para Hume,

causalidade reflete nossa

forma habitual de perceber

as relações entre

fenômenos. Causalidade

não expressa assim uma lei

natural, de caráter

necessário, mas uma

projeção sobre a natureza

de nossa forma de

perceber o real.

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GLOSSÁRIO

A partir do texto,

qual é o papel da

imaginação em David

Hume?

PARA REFLETIR

Como o autor

descreve a mente

humana?

ATIVIDADES

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 147: TCC Educação a distância

da seguinte maneira: Como foi possível à matemática e à física

conquistarem um caminho seguro de ciência? Por que a metafísica não

trilhou o mesmo caminho? O problema da matemática será resolvido na

Estética transcendental; o da física, na Analítica transcendental; e o da

metafísica, na Dialética transcendental. Estética, Analítica e Dialética são

as três partes que constituem a Crítica da Razão Pura. Assim, o que filósofo

define como crítica da razão consistirá numa reflexão feita pela razão

procurando saber quais os limites daquilo que o homem poderia conhecer.

Na Estética, o autor mostra como seria composta a estrutura sensível do

sujeito do conhecimento. A intuição, faculdade da sensibilidade, seria

responsável pelo modo como os objetos lhe seriam dados: fenômenos.

Porém, a sensibilidade seria dividida de duas maneiras: matéria e forma.

Se a matéria seria as impressões que o sujeito recebe dos objetos, a forma

exprime a ordem na qual as impressões são colocadas. Na verdade, a

matéria seria a posteriori, derivando da experiência, a forma seria a priori,

anterior e independente da experiência. Ao analisar a estrutura sensível,

Kant descobre duas formas da sensibilidade responsáveis por ordenar as

sensações ou impressões no sujeito: espaço e tempo.

A nossa capacidade de sermos afetados pelo

objeto está a priori no ser humano, ou seja,

precede qualquer experiência, sendo, portanto,

necessária e igual em todos os seres humanos.

Ela é denominada intuição pura. Ela permite

que as impressões fornecidas pelas sensações,

que são diversas, múltiplas e dispersas, sejam

ordenadas a partir de uma capacidade da

mente. (...) Se retiramos da sensibilidade tudo o

que provém da sensação (cor, dureza, etc.),

portanto tudo o que a matéria lhe fornece,

restarão somente as formas da sensibilidade,

ou seja, a intuição pura, a única coisa que a

sensibilidade nos fornece a priori como

condição de captação – o espaço e o tempo.

(Para Compreender a Ciência, pp. 347 e 348).

Para o filósofo, o espaço e o tempo não são extraídos da

experiência, mas se constituem como intuições a priori, por existir na mente

do sujeito como as condições pelas quais os fenômenos seriam percebidos:

o espaço teria a função de apreender os objetos fora do sujeito; o tempo

seria responsável pelo modo como o sujeito tem acesso às suas mudanças

no tempo. Se a matemática obteve sucesso nos seus resultados, isso se deu

em função dela tomar como base uma intuição pura, dotada de espaço e

tempo, enquanto formas a priori. Assim, espaço e tempo seriam as duas

condições necessárias para que o conhecimento matemático tivesse

146

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

A posteriori: Tudo aquilo

que é proveniente da

experiência.

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GLOSSÁRIO

A priori: Representação

necessária e universal,

independente da

experiência, logo, condição

da experiência.

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Page 148: TCC Educação a distância

resultados de caráter universal e necessário. Por necessário e universal

deve-se entender aquilo que seria inquestionável, que seria aceito sem

qualquer discussão: por exemplo, ninguém duvida que os ângulos internos

de um triângulo correspondam a dois ângulos retos. No entanto, resta

ainda saber como a física teria conquistado essa condição. Tal idéia supõe

acompanhar como Kant apresenta, na Analítica, os elementos a priori da

faculdade do entendimento. Isso, porque o entendimento seria a sede

onde se encontram as categorias, também chamadas conceitos, que

organizariam os conteúdos enviados pela sensibilidade. Assim como

através da sensibilidade os objetos são dados, através do entendimento

eles seriam conhecidos. Para que o sujeito conheça alguma coisa, será

necessário estabelecer uma relação entre as faculdades da sensibilidade e

do entendimento, senão a produção de conhecimento seria

impossibilitada.

Assim, entendimento e sensibilidade não têm, cada qual,

seu objeto próprio; conceitos e intuições são necessários

para a elaboração do conhecimento, não tendo, nenhum

desses elementos, preponderância sobre o outro.

(ANDERY, p. 347).

Para alcançar os conceitos que se referem a priori aos objetos, o

filósofo alemão partiu dos diferentes tipos de juízos classificados pela

lógica aristotélica (384-322). Essa classificação seria a seguinte:

quantidade (universais, particulares, singulares); qualidade (afirmativos,

negativos, indefinidos); relação (categóricos, hipotéticos, disjuntivos);

modalidade (problemáticos, assertórios, apodíticos). Ao tomar como base

a classificação desses juízos, Kant conseguiu estabelecer a seguinte tábua

das categorias: categoria de quantidade (unidade, pluralidade,

totalidade); categoria de qualidade (realidade, negação e limitação);

categoria de relação (substância e acidente, causa e efeito, ação

recíproca); categoria de modalidade (possibilidade, existência e

necessidade). Como se pode notar, nenhum desses elementos foram

retirados da experiência. O autor denomina dedução transcendental o

modo pelo qual os conceitos a priori se referem aos objetos da experiência,

embora não tenham sido extraídos da experiência.

Para determinar quais seriam os conceitos que se referem a

priori aos objetos, Kant partiu dos juízos que os lógicos

propunham até então. Estabeleceu, assim, uma tábua de

categorias. (ANDERY, p. 351).

Se a física conseguiu obter sucesso nos seus resultados, isso se deu

em função dela tomar como base a existência de conceitos ou categoria,

que teriam por referência a faculdade do entendimento.

Conseqüentemente, na medida em que o entendimento dispõe da

capacidade de aplicar os seus conceitos junto à sensibilidade, o

147

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 149: TCC Educação a distância

conhecimento produzido pela física não só terá um caráter necessário e

universal como atingirá total êxito nas descobertas das leis que envolvem os

fenômenos naturais: por exemplo, ninguém duvida que toda mudança no

mundo tem uma causa. Na verdade, todo esse sucesso obtido pelas

ciências seria fruto de uma revolução. O filósofo alemão a chamou de

revolução copernicana. O que seria isso? Sabe-se que a tradição antiga e

medieval concebia o universo como Geocêntrico, acreditando que a terra

era imóvel, se encontrava no centro do universo, tendo os demais planetas

girando ao seu redor. Porém, as descobertas elaboradas por Copérnico

mostraram que essa concepção seria falsa. Para o astrônomo, a terra não

seria imóvel, não representava o centro do universo, girando em torno do

sol. Essa nova forma de conceber o universo é chamada de

Heliocentrismo. Isso significa que, a partir de Copérnico, ocorre uma

completa inversão na forma como o universo é compreendido. Que

importância isso teria nas reflexões apresentadas por Kant? O que o autor

alemão critica na tradição da filosofia é a iniciativa dos filósofos em colocar

a realidade objetiva como prioridade sem se perguntarem pela natureza da

própria razão. Para o filósofo, não é a razão que deveria se curvar a uma

realidade objetiva qualquer, mas toda e qualquer realidade objetiva é que

deveria se submeter às exigências da razão.

A razão, portanto, não estaria subordinada à

experiência, mas determinaria, segundo suas

exigências, o que deveria ser observado; a

razão projetaria a partir de conceitos a priori o

que buscar na natureza, objetivando descobrir

leis da própria natureza. Tal associação, da

razão com a experiência como forma de

produzir conhecimento, Kant considera uma

revolução pela matemática e pela ciência da

natureza (física), dois conhecimentos teóricos,

ou especulativos, da razão. (ANDERY, p. 344.)

Porque a metafísica não teria conquistado o mesmo sucesso da

matemática e da física? A solução do problema fora tratado pelo autor

alemão na Dialética, onde seriam apresentados os elementos a priori da

faculdade da razão: idéias. Ao contrário da matemática e da física, que

buscavam conhecer os seus objetos junto à experiência, a metafísica

tentaria conhecer algo que ultrapassa a experiência. A metafísica seria um

domínio que sempre se viu na tentativa de conhecer a alma, Deus e o

mundo. Na verdade, Deus, alma e mundo são idéias da razão. O problema

é que embora o homem busque o conhecimento de tais idéias, parece

pouco provável que isso aconteça. Por qual motivo? É que tais idéias não

podem ser conhecidas, por ultrapassar os limites daquilo que a natureza

148

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Categoria: representação

geral do entendimento,

destinada a dar unidade às

sínteses sensíveis.

C

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GLOSSÁRIO

Page 150: TCC Educação a distância

humana poderia conhecer. O filósofo afirma que a alma, Deus e o mundo

são não só idéias, mas númenos, aquilo que pode ser pensado mas não

conhecido. Em poucas palavras, a razão humana seria limitada a conhecer

apenas o que se daria à sua sensibilidade, aquilo que se dá na experiência:

fenômenos. Conseqüentemente, fora da experiência, os númenos,

chamados coisas em si, não seriam conhecidos pelo homem.

A terceira parte da Crítica da Razão Pura – Dialética

transcendental – refere-se à ilusão da razão ao pretender

obter conhecimentos da existência de Deus, da alma e do

mundo. (...) Conclui pela impossibilidade de se resolver tais

questões, pois essas idéias da razão não são passíveis de ser

objetos da experiência. (...) Portanto, sobre tais idéias,

objeto da metafísica, não se pode produzir nenhum

conhecimento objetivo. (ANDERY, p. 355)

Observa-se que o sujeito, formulado por Kant, seria constituído de

uma estrutura racional dotada de formas a priori da sensibilidade, do

entendimento e da razão que indicaria aquilo que o homem poderia ou não

conhecer. O filósofo alemão chama essa estrutura de transcendental. Isso

em função dela corresponder às diversas maneiras pelas quais o sujeito

pode conhecer os objetos. Ainda que outros filósofos venham a discordar

da interpretação kantiana, não se pode falar de conhecimento sem que

tais questões sejam discutidas, o que faz de Kant um dos autores mais

importantes que já surgiu na história da civilização humana.

149

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Após a leitura,

quais os pontos

importantes e relevantes

acerca do texto?

A partir do texto, o

que você entendeu por

Revolução Copernicana?

Coisa-em-si (noumenon):

Corresponderia como

aquilo que pode ser

pensado, embora não

possa ser conhecido.

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GLOSSÁRIO

ATIVIDADES

PARA REFLETIR

Page 151: TCC Educação a distância

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1995.

REALE, Giovanni e ANTISERI, Dário. História da filosofia. 4.ed. v. III

Trad. Álvaro Cunha. São Paulo: Paulus, 1991.

REFERÊNCIAS

150

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 152: TCC Educação a distância
Page 153: TCC Educação a distância

4.1 INTRODUÇÃO

Nesta unidade estudaremos um movimento filosófico muito

importante. Ele surgiu nos Estados Unidos na primeria metade do séc.

XIX, mais precisamente na década de 1830, e até os dias de hoje

influencia o pensamento dos filósofos contemporâneos. Estamos falando

do Pragmatismo. O que é Pragmatismo? Você deve estar perguntando

agora. Antes de respondermos a esta questão falaremos brevemente de

alguns aspectos que foram relevantes para o desenvolvimento do

Pragmatismo.

A preocupação do homem em relação ao modo como ele deve

agir no mundo é tão antiga quanto a consciência humana de que não

existe possiblidade para viver fora de uma sociedade qualquer. Então,

desde que o homem tomou consciência de que ninguém poderia viver

completamente isolado da presença dos outros, o modo como se deve agir

também passou a fazer parte de suas reflexões.

Temos, já no séc. V a.C, o filósofo Aristóteles afirmando que o

homem é um “animal político” por natureza e, portanto, não pode

prescindir, ou seja, não pode abrir mão da presença de outros homens para

viver. Pensando assim, o mesmo Aristóteles dedica parte de sua obra à

reflexão sobre a Ética. Ele pensa e escreve exatamente sobre o modo como

os homens agem em comunidade, sobre os seus costumes e os seus

hábitos. Ele chamou esse tipo de ação como práxis. A práxis é

compreendida como o oposto da theoría. Apesar disso, um não pode ser

compreendido totalmente separado do outro e, portanto, há uma certa

relação de interdependência entre os conceitos. Pois era impensável para o

filósofo Aristóteles que a ação (práxis) não fosse precedida e, até certo

ponto, regulada pela teoria (theoría).

A partir daí, dezenas de filósofos passaram grande parte de suas

vidas comprometidos com o estudo e a investigação da ação humana e de

suas conseqüências para a sociedade. Entretanto, o que se seguiu foi uma

separação nítida entre o modo como os homens agem e a regra pela qual

deveriam agir. E, uma das conseqüências mais importantes dessa relação

homem - sociedade foi exatamente a separação radical entre a teoria e a

prática. Então, já podemos voltar a questão: O que é Pragmatismo?

Falando de uma maneira bem simplificada, o Pragmatismo é um

movimento filosófico que tem como característica principal a valorização

da 'prática' em oposição à “teoria”. Os principais filósofos que representam

o Pragmatismo são os norte-americanos Charles Sanders Peirce (1839-

19140), William James (1842-1910) e John Dewey (1859-1952). As

pesquisas dos filósofos pragmáticos estavam centradas basicamente em

dois campos de reflexão. Um deles é o campo da teoria do conhecimento e

o outro o campo da moral. Veremos a seguir como os filósofos pragmáticos

UNIDADE 5A AÇÃO NA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA4UNIDADE 4

A AÇÃO NA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

Práxis: ação na qual se

aplica conhecimenos

adquiridos teoricamente;

“prática”.

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GLOSSÁRIO

Pragmatismo: vem do

vocábulo inglês

pragmatism, que deriva do

termo grego pragma, que

significa ação. (ver

JAPIASSU e MARCONDES,

2005, p. 223) .

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GLOSSÁRIO

Teoria do conhecimento:

área da Filosofia que

estuda os diversos modos

do conhecimento humano,

tais como: conhecimento

científico, conhecimento

filosófico. (Ver CHAUÍ,

1995, p. 55).

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GLOSSÁRIO

152

Page 154: TCC Educação a distância

se ocuparam desses problemas.

4.2 AS ORIGENS DO PRAGMATISMO: PEIRCE E JAMES

O primeiro pensador a usar o termo Pragmatismo foi o norte-

americano Charles Sanders Peirce que nasceu em Cambridge, nos Estados

Unidos, em 1839. Além de se formar em Física, Química e Matemática, ele

foi um estudioso da Filosofia. Segundo Peirce, o Pragmatismo é como um

método utilizado para compreender o verdadeiro significado das idéias.

Mas, para isso, é necessário refletir sobre os efeitos práticos causados pelas

idéias quando as mesmas são aplicadas na realidade concreta.

Nas palavras do próprio Peirce está o resumo do que ele

considerou como 'regra pragmática'. Vejamos: segundo Peirce, para

apurar o significado de um concepção intelectual deve-se considerar quais

as conseqüências práticas poderiam, concebivelmente, resultar por

necessecidade dessa verdade ou dessa concepção; e a soma dessas

conseqüências constituirá todo o significado da concepção. Para dar um

exemplo de como a teoria de Peirce pode ser analisada na realidade,

vamos observar o comentário do Professor Olavo de Carvalho em seu texto

Notas sobre Charles S. Peirce: por exemplo, do marxismo pode-se inferir

logicamente a revolução proletária e o estado sem classes, como

conseqüências pretendidas. Mas, na prática, suas conseqüências reais

foram um golpe militar e a instauração da

ditadura de uma nova classe.

Como vimos no exemplo dado pelo

professor Olavo de Carvalho, uma das teses

centrais da teoria comunista do filósofo Karl Marx

(1818-1883), ou o chamado marxismo, era

exatamente a que previa a revolução dos

trabalhadores e a extinção das classes. E quando

os socialistas tentaram colocar em prática tais

idéias, o resultado não foi de modo algum aquilo

que se esperava. A tomada do poder não se deu

através de uma verdadeira revolução do proletariado (como pretendiam os

socialistas), pois uma nova classe surgiu como dominadora desses

mesmos trabalhadores.

Willian James, também considerado um dos fundadores do

Pragmatismo, nasceu em 1842, na cidade de Nova York nos Estados

Unidos, onde estudou Medicina. Estudou Filosofia na Alemanha mas

dedicou-se principalmente à pesquisa no campo da Psicologia. Para James

a 'utilidade' é o critério pelo qual devemos julgar o valor das idéias. Por isso,

ele considera que a verdade só pode ser necessariamente aquilo que é útil.

Portanto o valor de qualquer idéia está na sua eficácia, ou seja, uma idéia

só tem valor se tiver êxito.

Figura 19: Charles S.Peirce

153

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte

: w

ww

.mundodosf

iloso

fos.

com

.br

Page 155: TCC Educação a distância

Segundo Giovanni Reale e Dário Antiseri, foi James quem tornou o

Pragmatismo conhecido no mundo. James concebia o Pragmatismo como

uma Filosofia que estava mais presente na vida dos homens. Para James, a

filosofia é como um instrumento útil aos homens. É o próprio James quem

afirma que o Pragmatismo foge da abstração, das soluções verbais e se

volta para o concreto e o adequado, para os fatos, para a ação. (JAMES

apud REALE e ANTISERI, 1991, p. 493)

É interessante observar como o filósofo William James

compreende a idéia de Deus a partir de sua visão pragamática. O que a

prática dessa filosofia [poderíamos dizer a crença em Deus, por exemplo]

significa para nossas vidas e nossos ineresses? Portanto, a crença em Deus

pode ser uma idéia valida se, de fato, ela trouxer

algum benefício para quem crê. E isto parece

claro na seguinte tese de James. Observe: se

houver qualquer vida que seja realmente melhor

levarmos, e qualquer idéia que, aceita por nós,

nos ajude a vivê-la, será realmente melhor para

nós acreditar em tal idéia, a menos que isso se

choque incidentalmente com outros benefícios

vitais maiores.

Você já deve ter percebido que para James a validade e

importância de uma idéia está associada a sua utilidade prática na vida de

cada um. Leia abaixo o que o próprio James escreveu sobre o que é a

verdade:

O verdadeiro [...] é apenas o conveniente no

caminho do nosso pensamento [...] A verdade é

uma das espécies de bem, e não, como e, geral

se supõe, uma categoria distinta do bem e

coordenada com ele. Verdadeiro é o nome de

tudo aquilo que se mostrar bom no caminho da

crença. (JAMES apud DURANT, 1991, p. 464)

Agora, leia e observe abaixo no poema de Carlos Drumond de

Andrade que tem como título: Verdade.

Figura 21: William James

Figura 20: John Dewey dedicou parte de sua pesquisa ao campo da Educação

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GLOSSÁRIO

Incidentalmente:

conseqüentemente; de

modo acidental.

154

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Fonte

: w

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.mundodosf

iloso

fos.

com

.br

Page 156: TCC Educação a distância

Verdade

A porta da verdade estava aberta,

mas só deixa passar meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,

porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia

verdade.

E sua segunda metade volta igualmente com meio perfil.

E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.

Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus

fogos.

Era divida em metades diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual metade era mais bela.

Nenhuma das duas era totalmente bela.

E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua

ilusão, sua miopia.

Agora é com você. Reflita e procure estabelecer uma relação entre

o texto de James e o poema de Drumond.

4.3 O PRAGMATISMO DE JOHN DEWEY: PRINCIPAIS

CARATERÍSTICAS E CONTRIBUIÇÕES

Apesar de ter sido Peirce quem primeiro desenvolveu a teoria

pragmática e de ter sido James o responsável pela sua divulgação, quem

mais se destacou entre os filósofos ligados ao

Pragmatismo foi Dewey. John Dewey nasceu

em 1859 em Burlington, cidade situada

também nos Estado Unidos. Ele é até hoje

muito conhecido por seus trabalhos na área da

Filosofia política e, sobretudo, na área da

Filosofia da Educação. Entretanto, a sua vasta

obra busca uma interação entre a filosofia e

todos os campos dos saberes humanos.

Se de um lado o pragmatismo de

Peirce está centrado na avaliação exclusiva

das idéias, a partir das suas conseqüências

práticas, em James, o que interessa é apenas a utilidade da verdade na

vida dos indivíduos; em Dewey, o que é mais importante é a aplicação

social das idéias. Daí ele próprio chamar a sua filosofia de

instrumentalismo. E é exatamente disso que vamos tratar agora de modo

Assistam o filme Julian Pó:

o contador de mentiras. O

filme mostra de um modo

interessante como a crença

ingênua pode levar os

homens ao absurdo. O site

www.portal.filosofia.pro.br

do professor da Paulo

Ghiraldelli Jr., contém

ótimos artigos sobre o

Pragmatismo.

Esplendia: resplandecia;

brilhava intensamente.

Será que os homens, de

fato, devem acreditar

somente naquilo que pode

ser útil em suas vidas,

conforme pensou o filósofo

William James?

PARA REFLETIR

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GLOSSÁRIO

DICAS

155

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Figura 22: John Dewey

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 157: TCC Educação a distância

mais detalhado.

Dewey acredita que a experiência e o pensamento só têm sentido

se entendidos a partir de uma interação entre o homem e o seu meio

ambiente. Sendo assim, pensamento e ação, necessariamente, não são

opostos, e qualquer separação entre o conheciemnto teórico e o

conhecimento prático significa negar a natureza integrada do verdadeiro

conhecimento. Isso porque nenhuma idéia pode ser verdadeira apenas

teoricamente, pois toda teoria que se queira verdadeira deve se apresentar

de tal modo que os homens sejam capazes de encontrar, a partir dessa

mesma teoria, algo correspondente na experiência, ou seja, é necessário

aplicá-la na prática.

Para Dewey, o papel da Filosofia pragmática

enquanto instrumentalismo é o de contribuir

para o desenvolvimento científico e moral dos

homens. E não há como pensar esses dois

campos de modo separado. A experiência, os

hábitos, o modo de vida são tão importante

para o desenvolvimento da ciência, quanto os

saberes científicos são importantes para o

aprimoramento moral do homem. Dewey

afirma que o homem vive em um mundo

aleatório e que a sua existência implica o acaso.

O mundo é o palco do risco: é incerto, instável,

terrivelmente instável. Para Dewey a

experiência do homem neste mundo revela tais

incertezas, na medida em que nela estão

presentes “os sonhos, a loucura, a doença, a

morte, a guerra, a confusão, a ambigüidade, a

mentira e o horror. A experiência humana inclui

os sistemas transcendentais como também os

sistemas empíricos, inclui tanto a magia e a

superstição como a ciência” (DEWEY apud

REALE e ANTISERI, 1991, pp. 505-506).

Se não fosse a capacidade humana de ordenar e tentar

compreender as suas experiências, a vida do homem não teria sentido. O

desafio da filosofia deweyana é tornar-se um instrumento de

desenvolvimento das possibilidades intelectuais do homem e, sobretudo,

das suas habilidades morais. Para ele:

A meta da vida não é a perfeição, mas o eterno

p r o c e s s o d e a p e r f e i ç o a m e n t o ,

amadurecimento, refinamento. O homem mau

é o homem que, não importa o quanto tenha

sido bom, está começando a deteriorar-se, a

156

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 158: TCC Educação a distância

ficar menos bom. O homem bom é o que não

importa o quanto tenha sido moralmente

indigno, está agindo para tornar-se melhor.

(DEWEY apud DURANT,1991, pp. 474-475)

Partindo de um caminho diferente daquele seguido por Peirce e

James, que foram seus precursores do Pragmatismo, Dewey encontra na

formação humana o ponto de referência para sua filosofia. Para ele, todas

as idéias desenvolvidas pela investigação científica, na tentativa de

solucionar os problemas reais, deveriam ser colocadas em prática para

testar os seus resultados na sociedade. Assim, as idéias funcionariam

como instrumentos auxiliares na vida prática dos homens.

A Educação constitui, então, o campo onde todas as

preocupações humanas estão presentes. Por essa razão, Dewey estava

convicto de que sua própria filosofia pode ser definida como uma teoria

geral da educação. A preocupação de Dewey em relação à educação

levou-o a romper com o modelo educacional tradicional, bem como

questionar as novas tendências educacionais. Isso porque a educação

tradicional estava preocupada com uma formação essencialmente

conteudista e negligenciava a experiência dos próprios educandos. As

novas tendências educacionais, por sua vez, apontavam para uma

alorização extrema da técnica em detrimento do conhecimento teórico.

Da crítica de Dewey a esses modelos, surge um novo projeto

pedagógico progressista que busca conciliar os extremos. A chamada

escola ativa deveria convergir para um mesmo instante de formação,

saberes que até então estavam totalmente dissociados. Dewey via nessa

separação entre teoria e prática, uma desastrosa conseqüência para a

formação humana. Por isso, ele propõe uma educação progressista que

resulta num processo dinâmico entre o pensamento e a experiência, entre

o planejamento e a execução dos projetos planejados; levando sempre em

conta as conseqüências de tal educação na sociedade.

Ora, se para Dewey a vida implica desenvolvimento, e se a

Educação era de fato necessária para que os seres humanos se

desenvovlvessem planamente, então a própria Educação não pode ser

considerada apenas como uma preparação para a vida. Ela deve ser

contínua. A Educação é um processo, e como tal, deve acompanhar o

homem enquanto dure sua vida, conforme as palavras do próprio Dewey,

que diz: “uma pessoa educada é aquela que tem a virtude de continuar a

adquirir mais educação”. ( DEWEY, apud STROH, 1968, p. 330)

Podemos destacar dois pontos muito importantes da concepção

deweyana de educação. Trata-se dos problemas ligados à moral e à

política. As questões morais ocupam um lugar muito importante na teoria

pragmática instrumentalista de Dewey. A pergunta central colocada por

ele é a de saber que tipo de pessoas queremos ser e, conseqüentemente,

que tipo de mundo se constrói. E a escolha diante dessas questões

Detrimento: perda, dano,

prejuízo; em prejuízo de.

Assistam ao filme Escola da

vida. Depois, discuta no

fórum uma possível relação

entre a proposta deweyana

de uma escola ativa e o

filme. Uma importante

fonte das idéias deweyanas

é o seu livro Vida e

Educação, uma obra prima

traduzida por Anísio

Teixeira.

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GLOSSÁRIO

ATIVIDADES

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 159: TCC Educação a distância

perpassa pelo velho conceito de deliberação (escolha) com novas

implicações. Então, para Dewey “todos os bens que têm verdadeiro valor

são sociais, e é por isso que as pessoas boas visam ao bem comum”.

(DEWEY apud PUTNAM, 2003, p. 377)

Há aqui, portanto, uma estreita ligação entre o indivíduo e a

sociedade. A questão da formação moral está, portanto, intimamente

relacionada à questão da formação política. Sendo assim, diz Anna

Putnam, a maior preocupação do filósofo John Dewey era exatamente a

formação das crianças. Todas as crianças deveriam ser educadas para se

tornarem “cidadãos inteligentes de uma democracia, seres humanos que

continuassem a crescer intelectual e moralmente durante a vida toda.”

(PUTNAM, 2003: p.

378)

Dewey chama

a atenção para uma

q u e s t ã o m u i t o

c o m p l e x a . C o m o

conciliar o ilimitado

poder humano de

p r o d u ç ã o d e

c o n h e c i m e n t o

c i en t í f i co com a

u t i l i zação des ses

saberes na vida cotidiana dos homens? De fato, o avanço do

conhecimento científico é um dos pilares não só para o crescimento

individual, mas também para o desenvolvimento da sociedade em geral.

Porém, não há um padrão moral para balizar a produção científica. Por isso

Dewey alerta para o uso das descobertas científicas. Para ele, “a ciência é

indiferente ao fato de suas descobertas serem utilizadas para curar as

doenças ou difundí-las, para acrescer os meios para a promoção da vida ou

para fabricar material bélico para aniquilá-la.” (DEWEY apud REALE e

ANTISERI, 1991, p. 512). Aqui nos deparamos com uma questão moral

que ganha claros contornos políticos.

A compreensão e possível solução dos problemas morais e

políticos exige um esforço filosófico capaz de conciliar os saberes científicos

Figura 23: Manolito defendendo o idealdemocrático deliberdade de expressão

158

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Figura 24: Democracia

Page 160: TCC Educação a distância

com a vida humana. Essa é a expectativa de Dewey, que se procupava

muito com seguinte fato: Nós conseguimos desenvolver ao máximo nossa

capacidade intelectual no conhecimento prático da Física, da Química.

Mas quando se trata dos valores políticos e morais, não conseguimos

avançar do mesmo modo e, consequentemente ficamos para trás.

A maior tarefa que se impõe à filosofia de Dewey é, portanto, a de

ser um instrumento capaz de reconstruir os meios e os fins científicos com a

intenção de aperfeiçoar a construção das ciências e sua utilização.

Associada à ética e à política, a ciência tem o dever de rever os seus fins

últimos, isto é, analisar de que modo os seus resultados influenciam a vida

humana. A partir daí, a conduta moral e a tomada de decisões, também

devem ser concebidas como assunto da ciência. Se tais juizos não podem

ser feitos pela ciência, ela não pode levar a cabo sua tarefa.

No entanto, essa tarefa pedagógica depende plenamente de uma

sociedade cuja principal bandeira é a liberdade. Mas nenhuma sociedade

é livre no sentido pleno da palavra. A liberdade exigida por Dewey não é

algo pronto e muito menos algo apenas institucional. A liberdade, assim

como a vida, só pode significar um processo.

Dewey afirma que não pode haver nenhuma liberdade

efetiva sem organização e planejamento social inteligente.

[...] A liberdade é inseparavel da cultura; envolve

essencialmente toda uma série contínua de transações

entre as pessoas e grupos, politicamente, moralmente [...].

(STROH, 1968, p. 337)

Uma sociedade que se quer livre, conforme Dewey, é aquela onde

todas as pessoas maduras participam da formação dos valores que servem

para vida de todas aqueles que nela habitam. Portanto, não resta dúvidas

para o filósofo Dewey, que tal modo de vida só é possível numa sociedade

democrática. Somente numa Democracia é possível desenvolver

plenamente o aspecto moral e intelectual dos homens.

Dewey associa a liberdade com o pleno desenvolvimento

humano. E essa liberdade defendida com tanta insistência não diz respeito

somente à vida individual de cada um. Contrariamente do que se poderia

imaginar, a liberdade implica necessariamente responsabilidade moral e

política. Por isso, mesmo sendo livre para agir como queira, o indivíduo não

pode deixar de examinar quais são as conseqüências de suas ações para a

sociedade. Por isso, ele afirma que:

“A pessoa autenticamente moral (...) faz seus planos, orienta seus

desejos e depois executa seus atos, pensando no efeito que eles terão sobre

os grupos sociais dos quais ele faz parte” (DEWEY apud PUTNAM, 2003,

p. 378). Por isso o seu interesse moral é a realização de bens que

conduzam a um bem comum.

Como vimos, a filosofia pragmática Instrumentalista do filósofo

norte-americano John Dewey possui uma importância significativa para a

Material bélico: materiais

relativos à guerra; armas e

munição.

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GLOSSÁRIO

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

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compreesão do homem e de sua atuação na sociedade. Não há como

dissociar, na filosofia deweyana, a teoria da prática. Assim, não é possível

conceber um tipo de conhecimento que não esteja a serviço da vida.

4.4 OS DESAFIOS DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA: JURGEN

HABERMAS E RICHARD RORTY

4.4.1. Habermas e a Modernidade

Jürgen Habermas é um filósofo

e sociólogo alemão representante da

segunda geração da Escola de

Frankfurt.

O objetivo central de seu

pensamento consiste na caracterização

das sociedades contemporâneas como

sociedades racionalizadas herdeiras da

razão instrumental oriunda do

Iluminismo. Ao tratar da razão instrumental, Habermas tem em mente a

razão técnico-científica que direciona as ciências e as técnicas para o

alcance de resultados, apresentados como espetaculares e miraculosos,

isto é, ao invés de fazer das ciências e das técnicas um meio para a

emancipação dos seres humanos, a razão instrumental as utiliza como

meio de dominação.

O sistema político que favoreceu o fortalecimento dessa forma de

racionalidade é o capitalista. Com o predomínio do capitalismo, o

crescimento da produtividade do trabalho exigiu o recurso a novas técnicas

e tecnologias, de modo que as sociedades contemporâneas se encontram

cada vez mais submetidas às regras da racionalidade instrumental.

Nesse contexto, a intenção de Habermas, seguindo a crítica de

seus antecessores da Escola de Frankfurt, é tentar denunciar as

contradições inerentes ao núcleo das sociedades modernas. Em particular,

Habermas queria explicar a contradição entre o que eles prometiam (como

vida, liberdade e felicidade) e o que, na realidade, ofereciam (o controle do

pensamento humano.)

Para Habermas, o mundo tecnicizado, dominado basicamente

pelas preocupações relativas ao desenvolvimento descontrolado da

economia, favorece para que a política deixe de ser entendida como o

conjunto das atividades relacionadas à vida prática para se constituir como

o lugar da mera administração de questões que envolvem a técnica. A

conseqüência disso, conforme a crítica de Habermas, é que o mundo

contemporâneo se encontra num processo crescente de despolitização.

Escola de Frankfurt: o

termo escola de Frankfurt

refere-se a um grupo de

intelectuais que

desenvolveram uma

concepção crítica das

sociedades modernas

guiadas pela ideologia

científica, mais conhecido

como cientificismo. O

cientificismo fundamenta-

se na crença de que a

ciência possui plenos

poderes de conhecer tudo,

e de fato conhece tudo, e é

a explicação causal das leis

da realidade tal como esta

é em si mesma. Esses

intelectuais estavam

associados ao Instituto de

Pesquisa Social vinculado à

Universidade de Frankfurt,

criado em 1923. Seus

representantes foram Max

Horkheim, Theodor

Adorno, Walter Benjamin,

Herbert Marcuse e Jürgem

Habermas que pode ser

considerado o herdeiro

intelectual da Escola de

Frankfurt na atualidade.

Figura 25: Habermas aos 75 anos

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Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

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Na medida em que a atividade do Estado é

dirigida para a estabilidade e o crescimento do

sistema econômico, a política assume um

caráter negativo peculiar: ela visa eliminar as

disfunções e evitar os riscos que ameacem o

sistema, portanto não para a realização de

objetivos práticos, mas para a solução de

questões técnicas. (HABERMAS, 1980, p.325).

Do ponto de vista político, o contexto do capitalismo avançado é

caracterizado pela necessidade do Estado ser legitimado mediante um

sistema de democracia formal, no qual é difundida a lealdade das massas

que não percebe sua submissão a uma ideologia tecnocrata que comanda

ideologicamente os meios de comunicações para atender seus próprios

interesses, mascarados de pretensos interesses universais. Contudo, o

capitalismo, hoje, não necessita mais exclusivamente da força do trabalho;

a velha relação entre capitalista e proletário cede lugar a um Estado que

equilibra o jogo de interesses e privilégios adotando uma política de

distribuição compensatória. Assim,

...a ideologia também mudou: a ciência passou

a ter um uso ideológico praticamente imbatível,

pois em sua extensão a ideologia técnico-

científica não é só justificadora de interesses e

opressora, como também impede a própria

espécie de se emancipar. (ARAÚJO, 1998, p.

190.).

Um dos grandes empecilhos para a emancipação humana,

segundo Habermas, consiste no enfraquecimento da Ação Comunicativa,

uma das principais teorias desenvolvidas em seu pensamento. Introduzida

pela primeira vez na obra Teoria da ação comunicativa, publicada em

1981. A teoria da Ação Comunicativa compreende a comunicação livre,

racional e crítica entre os indivíduos. Para Habermas a linguagem serve

como garantia da democracia, uma vez que a própria democracia

pressupõe a compreensão de interesses mútuos e o alcance de um

consenso. A Ação Comunicativa é apontada por Habermas como uma

alternativa à razão instrumental e superação da razão iluminista que,

aprisionada na lógica instrumental, não conseguiu levar adiante o projeto

emancipatório da modernidade. Assim, para Habermas, o esgotamento

da racionalidade livre está relacionado à grande limitação dos espaços

comunicativos que as sociedades modernas desenvolveram, nos quais se

privilegiou o agir estratégico e instrumental em detrimento do espaço

dialógico, onde os planos de ação são discutidos por diversos atores,

visando chegar a um entendimento razoável após intensas argumentações

Para saber mais sobre a

razão instrumental e a

ideologia científica,

consultar Marilena Chauí,

Convite à filosofia, p. 278-

286.

Observem a política

brasileira , que mediante a

distribuição de bolsa

família e bolsa escola tenta

compensar os efeitos

gerados pelo sistema

capitalista, e como diz

Plínio de Arruda Sampaio

Jr, professor do Instituto de

economia da Universidade

de Campinas – UNICAMP

– SP, quando as causas dos

problemas sociais não são

atacadas temos apenas

uma política

compensatória. Nesse

sentido, os planos da

política compensatória ao

invés de ser temporária,

mantêm as pessoas

dependentes desse tipo de

política. (Cf. entrevista do

professor Plínio no site

www.pucrs/mj/entrevista-

09-2005.php)

DICAS

PARA REFLETIR

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 163: TCC Educação a distância

compreensíveis a todos.

Com o enfraquecimento do agir comunicativo, as relações

políticas tornam-se meras questões de cunho administrativo. As relações

sociais são legitimadas mediante a ideologia da civilização técnica que

controla a massa despolitizada.

No entanto, a massa despolitizada necessita de algo que legitime

de forma visível essa despolitização, aí entram a ciência e a técnica que

atuam como ideologia, utilizando o argumento do positivismo, que muito

contribuiu para a supervalorização da tecnologia, como ilustra a tirinha

abaixo:

A personagem Susanita é um exemplo de uma postura guiada

pela ideologia da ciência, pois não questiona a validade do progresso

científico e técnico. Ela faz parte de uma grande massa que acredita na

ação técnico-científica como um benefício, pois produz crescimento

econômico e o sistema social depende desse crescimento. O crescimento

econômico passa a ser encarado como um fator essencial no

direcionamento do sistema social e a política passa a focalizar as

necessidades funcionais provenientes de questões que se restringem ao

nível econômico.

Desse modo, o agir comunicativo fica cada vez mais reduzido ao

agir racional dos sistemas guiados pela máquina e pela tecnocracia. Ao

invés dos indivíduos exercerem a interatividade e a capacidade de discutir

criticamente o sistema de normas que vigora na sociedade, aparecem os

comportamentos condicionados cujo guia são as ideologias da civilização

técnica que “...subtrai a autocompreensão da sociedade tanto do sistema

de referências do agir comunicativo como dos conceitos de interação

simbolicamente mediatizadas, substituindo-as por um modelo científico”

(HABERMAS, 1980, p. 330) pautado na crença do progresso e na

evolução do conhecimento que, um dia, explicarão totalmente a realidade

e permitirão manipulá-la tecnicamente, sem limites para a ação humana.

O problema que Habermas percebe nesse modelo científico é que

grande parte dos cientistas modernos concebem o conhecimento como

crença verdadeira justificada e assim a transmite para a sociedade que a

recebe sem questioná-la.

Em relação ao tema da

massa despolitizada,

procure ler o texto de

Bertolt Brecht intitulado “O

analfabeto político”,

acessando o endereço

eletrônico

www.apgunspfranca.hpg.co

m.br/anafalbeto.htm.

Figura 26: Tirinha da Mafalda/ Ciência e TecnologiaPositivismo: o positivismo é

uma corrente filosófica que

teve como precursor o

filósofo francês Auguste

Comte. A principal

característica do positivismo

é a romantização da

ciência, sua devoção como

único guia da vida

individual e social do

homem, único

conhecimento, única moral,

capaz de assegurar o

progresso da humanidade.

DICAS

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4.4.2 Habermas e a Ação Comunicativa

Refletindo um pouco mais acerca da crítica de Habermas a

respeito da razão instrumental, é importante salientar que ele não está

criticando a razão instrumental como tal, o que ele propõe é a

compreensão de como os indivíduos se apropriam dela. Nesse sentido, a

Teoria da Ação Comunicativa construída por Habermas pressupõe a

linguagem como meio dos sujeitos trocarem atos da fala entre si e

compreenderem o atual contexto em que vivem. A partir da Teoria da Ação

Comunicativa pode-se desenvolver uma nova possibilidade de

transformação social que, para o autor, deverá vir da construção de novos

discursos sobre os conceitos conservadores, como por exemplo, o de

cunho positivista – que via no progresso e na ciência uma evolução

permanente. Trata-se de uma nova racionalidade, entendida como

disposição dos sujeitos capazes de linguagem e de ação, de trocas

lingüísticas intersubjetivas que proporcionem a integração entre o mundo

visado objetivamente (o mundo social das normas) e o mundo das

vivências pessoais. Temos nessa proposta, a presença do paradigma da

intersubjetividade que possibilita a liberdade comunicativa guiada por

razões e argumentações justificadas, legitimadas e, acima de tudo,

criticáveis, que permitem aos participantes da comunicação entenderem

entre si acerca de algo sobre o mundo.

A Teoria da Ação comunicativa de Habermas pode ser entendida

como uma contribuição às sugestões do pragmatismo, que reivindica uma

discussão filosófica voltada para ações sociais concretas. No encalço da

virada pragmática, em que a linguagem passa a ser considerada atos da

fala, Habermas enfatiza a linguagem não só como o instrumento mais

apropriado para mediar as relações entre o mundo social das normas e as

vivências pessoais, mas também como ela própria sendo ação. Em outras

palavras, a comunicação lingüística, o diálogo sem coações externas

favorece, portanto, uma perspectiva de construção de novas relações a

partir de sujeitos autônomos e competentes, que são capazes de discutir e

avaliar as regras sociais e, com isso, revitalizar a própria sociedade.

Podemos dizer que a questão mais relevante na teoria da ação

comunicativa habermasiana é o pressuposto de que, todos os membros da

sociedade têm condições e direito de participar do diálogo necessário para

repensar e reconstruir as leis que regem a sociedade, através da busca

argumentativa, e isto implica processos de comunicação através dos quais

se questiona o mundo envolvido pelo sistema técnico-instrumental .

Na obra Teoria da ação comunicativa, Habermas enfatiza os

propósitos ideais da comunicação, argumentando suas expectativas

consensuais em relação à filosofia. De acordo com seus pressupostos, a

filosofia deve ser posicionada numa base democratizadora de

entendimentos per formativos, engendrados por deliberações

argumentativas, de forma a nivelar os conceitos racionais às ações

Intersubjetividade: entende-

se a comunicação das

consciências individuais,

umas com outras,

efetuando-se sob o fundo

da reciprocidade.

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 165: TCC Educação a distância

cotidianas.

Nessa perspectiva, Habermas não está propondo uma nova

elaboração de uma ciência e de uma técnica e, sim, de um agir

comunicativo resultante do próprio contexto do sistema técnico-

instrumental. Contudo, é preciso haver uma fundamentação guiada pela

racionalidade explicativa da filosofia, com o propósito de combater todas

as formas de dominação ilegítimas, completando, assim, a tarefa que a

razão iluminista começou e não deu conta de prosseguir. Tarefa de

proporcionar ao homem a emancipação que, no projeto inicial do

iluminismo, denominava-se a maioridade da razão, o esclarecimento. Para

Habermas, a filosofia deve ser a principal intérprete da tradição e da

cultura, permitindo, por meio da comunicação, o entendimento mútuo e

necessário voltado aos interesses da vida em sua totalidade e não para

apoiar um conjunto doutrinário de verdades intemporais, absolutas e

inquestionáveis.

Enfim, o que Habermas sinaliza é a urgência de libertar o

conhecimento de seu papel meramente reprodutor de decisões técnicas e

monitoradas. Nesse sentido, com

Habermas podemos aprender que o

sistema técnico-científico é o

paradigma de nossa época, mas é

preciso, antes de tudo, compreendê-

lo pela crítica histórica e filosófica que

analisa de que modo e por quais

meios esse paradigma se legitimou e

desenvolveu suas forças. Assim, a

ação comunicativa ou interação

social, além de contribuir para um diagnóstico de nosso tempo, pode ser

também um caminho interessante e produtivo. Mas para que isso

aconteça, como observa Rezende, a ação comunicativa “...precisaria ser

'descomprimida' para que pudesse instaurar-se uma situação de fala não-

deformada entre os homens” ( 1992, p. 218).

4.4.3 A Teoria da Ação Comunicativa e a Educação

Diante do que foi exposto, podemos perguntar: de que forma a

Teoria da Ação Comunicativa proposta por Habermas pode contribuir para

uma educação voltada para a emancipação dos sujeitos?

Antes de respondermos essa pergunta, é preciso enfatizar que o

modelo de conhecimento baseado na perspectiva da razão instrumental

promoveu uma educação com estilo “pedagogizador”, que se resume a

instruir, reproduzir um tipo de conhecimento que não é relevante para as

reais necessidades do aluno, como questiona a personagem Mafalda:

Essa postura de educação está a serviço de uma sociedade

Figura 27: Tempos Modernos

Cena dos Filme

Para refletir mais sobre as

críticas de Habermas à

modernidade, assista ao

filme Tempos Modernos, de

Charlie Chaplin.

DICAS

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 166: TCC Educação a distância

mercadológica e tecnocrática. Daí as propostas pedagógicas estarem

direcionadas a uma aplicação de técnicas a um sujeito, o aluno, tratado

meramente como um objeto a ser conhecido e treinado para atender as

exigências do mercado. Esse modelo de educação tem sido pensado

como um dos maiores desafios da contemporaneidade, que vem tentando

superar o estilo “pedagogizador” da educação.

Partindo daquele pressuposto de Habermas de que

potencialmente todos os membros de uma sociedade têm condições de

exercitar sua capacidade comunicativa, faz-se necessário perguntar se a

educação tem estimulado essa capacidade. Digamos que, lentamente, ela

vem se constituindo sob um novo discurso pautado pela transformação.

Mas ainda caminha sob a sombra do modelo “pedagogizador”, uma vez

que não basta somente mudar o discurso, é preciso efetivar os discursos

mediante a ação comunicativa. No Brasil, os desafios são ainda maiores,

porém contornáveis se forem adotados políticas educacionais adequadas.

Para inverter o modelo de educação pautado pelo estilo

“pedagogizador”, torna-se necessário fazermos propostas para uma

educação mais consistente e comprometida com uma efetiva

emancipação do sujeito. Dessa forma, acreditamos que uma prática

pedagógica associada à Teoria da Ação Comunicativa proposta por

Habermas pode contribuir para um pensar crítico em prol de uma

educação voltada para a formação do sujeito emancipado, sensível e ético.

Embora Habermas não tenha elaborado uma Filosofia da

Educação, podemos identificar em seu pensamento uma visão a respeito

da educação. As idéias habermasianas a respeito da linguagem, do

conhecimento e da ética podem abrir novas perspectivas para a educação

em termos de uma filosofia da educação que possa suscitar nos sujeitos

dotados de competência interativa a capacidade de questionar o sistema

de normas que vigora na sociedade.

A partir da Teoria da Ação Comunicativa, pode-se conceber o

espaço da escola, como o lugar de exercitar a intersubjetividade entre

aluno/professor/escola/família e comunidade, com o intuito de discutir os

rumos da sociedade, isto é, a partir do momento em que os indivíduos se

perceberem como sujeitos e atores sociais, poderão pensar que a

sociedade pode ser de outra maneira, e agir de outra maneira, refletindo

Figura 28: Tirinha da Mafalda / Professora

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.clubedamafalda.blogspot.com

Page 167: TCC Educação a distância

sobre os problemas da sociedade, interpretando, participando,

dialogando, enfim, buscando o consenso em torno dos interesses comuns.

A prática da intersubjetividade segundo a proposta da Teoria da

Ação Comunicativa permite a conciliação de dois mundos: o mundo do

sistema e o mundo da vida, onde a teoria e a prática estão interligadas

através de ações concretas, numa dinâmica comunicativa entre os atores

envolvidos visando novas racionalidades. Nesse sentido, um modelo de

educação calcado na intersubjetividade é o mais apto para a construção

de pessoas realmente esclarecidas, criativas e autônomas. Entretanto,

como observa Araújo,

...não consideramos que diálogo, intersubjetividade,

modelo comunicativo, etc, bastem. Será preciso mostrar

seus pressupostos teóricos, as implicações decorrentes e,

principalmente, como ele pode ser aplicado , aliviando as

dificuldades pelas quais passa nossa sociedade,

sendo o papel da educação central para compreender

essas dificuldades e propor mudanças. Esse papel é

complexo, e, evidentemente, a própria e d u c a ç ã o ,

especialmente a educação formal, escolar, precisa ser

revista com urgência (ARAÚJO, 2002, p. 76) .

Ao falarmos de uma educação guiada pela intersubjetividade,

temos em vista a valorização social, política, econômica e ética de uma

reflexão sobre os rumos da educação na complexidade das sociedades

contemporâneas. Nesse sentido, a tarefa da educação é desafiar essas

complexidades mediante o agir comunicativo, A educação deve contribuir

significativamente com o processo de desenvolvimento do aluno a partir da

interpretação e análise crítica dos fenômenos culturais do seu cotidiano.

Levando-os ao exercício de uma prática de saber construtivo à sua vida.

Nesse processo interpretativo crítico, o educador e os educandos devem

discutir aquilo que é pré-estabelecido como certo, errado, bom, ruim,

melhor, pior. Nesse sentido, a filosofia passa a ser requisitada pelo seu

papel crítico e cultural de reconstrução permanente da realidade, uma vez

que não faz mais sentido a busca por certezas permanentes. A escola deve

levar em consideração as mudanças que ocorrem na sociedade, discutindo

inclusive, o modelo técnico-científico pautado pela razão instrumental, no

sentido de preparar o educando para lidar com os fenômenos que dele

surgem, como por exemplo, a globalização, a crise econômica e a política

de mercado.

Assim, a prática da intersubjetividade no campo da educação

supera o modelo “pedagogizador” ao produzir indivíduos mais livres,

autônomos, capazes de avaliar seus atos à luz dos acontecimentos, à luz

das normas sociais legítimas e legitimadas pelos processos jurídicos e

políticos, usando suas próprias cabeças, e tendo propósitos lúcidos e

sinceros, abertos à crítica.

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 168: TCC Educação a distância

4.4.4 O Neo-pragmatismo de Richard Rorty

Que nada nos defina.

Que nada nos sujeite.

Que a liberdade seja.

a nossa própria substância.

(Simone Beauvoir)

Richard Rorty, falecido recentemente em 08 de junho de 2007, foi

um filósofo norte-americano que se intitulou neo-pragmatista. A questão

da liberdade como critério essencial para o agir humano no mundo foi a

questão central de seu pensamento. Engajado na virada lingüística que

pressupõe uma linguagem pragmática, Rorty compreende a linguagem

inserida na contingência do mundo. A continência, segundo o filósofo

americano, é um elemento primordial para o conhecimento produtivo,

sujeito à transformação em detrimento de toda tentativa em controlar o

futuro a partir de certezas que a teoria busca em suas escavações do

passado.

É no pragmatismo de Jonh

Dewey e Willam James que Rorty buscou

inspiração para se opor à filosofia de

cunho sistemático, isto é, Rorty procura

sublinhar que a busca epistemológica

da essência da ciência é um trabalho

infrutífero. Toda investigação científica

ou moral, segundo ele, deve consistir em

uma deliberação a respeito das

vantagens relativas das múltiplas

alternativas disponíveis no momento. Para Rorty, a filosofia sistemática, à

medida que tenta encontrar uma verdade absoluta fora da história e fora

da linguagem, procurando constituir-se como uma disciplina fundacional

do saber, capaz de atingir a essência da realidade, não contribui para um

saber realmente construtivo que atenda às necessidades humanas.

No campo da epistemologia, Rorty considerou que o problema

mente/corpo é um falso problema que deve ser revisto e transformado

mediante a crítica do poderoso edifício do cogito de Descartes.

Desde Descartes, o que se almeja é obter certezas. Posso ter

certeza de meu conhecimento de 'azul' ou de 'substância', de

'pensamento'? O modelo prevalecente em filosofia passou a ser a busca de

certeza, um problema epistemológico, e não mais a busca de sabedoria

(ARAÚJO, 1998).

Nessa busca por certeza, Descartes recria o dualismo platônico.

Na versão cartesiana, o dualismo é o sistema filosófico ou doutrina que

admite como explicação primeira do mundo e da vida, a existência de dois

Richard Rorty é um dos maiores pensadores da atualidade. Seu compromisso com os ideais humanitários das democracias liberais é inequívoco e uma fonte de inspiração para a invenção de mundos futuros.

DICAS

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Fgura 29: Richard Rorty

Page 169: TCC Educação a distância

princípios, de duas substâncias ou duas realidades irredutíveis entre si,

irreconciliáveis, incapazes de uma síntese final. Como mostra a figura

abaixo:

Na contramão dessa tendência, Rorty (assim como já havia

defendido Dewey) entende que a

filosofia e a ciência devem estar

desobrigadas da busca da certeza, uma

vez que o pragmatismo nada deveria

dizer sobre a natureza da verdade.

Desse modo, Rorty compreende o

conhecimento não como uma relação

entre mentes e objetos e sim como

conhecimento pautado pela linguagem

que requer conversação entre os

interlocutores. Nessa conversação, ao

invés de uma certeza advinda de uma

relação ou acesso privilegiado da mente

com o objeto, tem-se uma vitória

argumentativa, isto é, o conhecimento se

dá entre interlocutores trocando atos lingüísticos, num exercício de prática

social.

A filosofia de cunho sistemático, argumenta Rorty, é incapaz de

atingir o conhecimento absoluto da realidade. Segundo suas reflexões, a

filosofia sistemática deve ser substituída por um novo paradigma de

filosofia. O pensamento filosófico deve levar as pessoas a questionar os

motivos de se filosofar, ao invés de levar à aceitação de um programa

filosófico pré-estabelecido nos moldes do pensamento sistemático.

Adotando o pragmatismo como instrumento teórico e

programático, Rorty, assim como Habermas, acredita que se não

soubermos o que fazer com as verdades que surgem de nossas

experiências, não estaremos preparados para a vida produtiva em

comunidade, não poderemos nem mesmo produzir atos de fala validáveis

que correspondam às nossas vivências.

Nesse sentido, pode-se dizer que o pragmatismo de Rorty propõe o

abandono de uma filosofia que já não cumpre os objetivos a que se propôs

em favor de uma pós-filosofia em que a preocupação pela objetividade dê

lugar à preocupação pela solidariedade. O tema da solidariedade em Rorty

está associado ao da esperança social, uma espécie de otimismo quanto

ao nosso destino comum. A filosofia desprendida da tendência sistemática

(herdeira da metafísica, defensora de uma verdade que habita um lugar

desconhecido, pronta para ser descoberta) permite ao filósofo abandonar

o improdutivo trabalho de fundamentar metafisicamente ou

epistemologicamente sua crença. Dessa maneira, o filósofo pode gastar

sua energia na busca de transformar seu comportamento com relação ao

Virada lingüística: A virada

lingüística foi um

movimento que ocorreu no

começo do séc. XX, a qual

se seguiu a virada

pragmática da linguagem

poucas décadas depois.

Nesse contexto, a

linguagem é entendida

como uma ferramenta e

não mais como imagem do

mundo ou representação

de uma realidade a priori

do mundo. Desse modo,

pela virada pragmática, a

certeza cedeu lugar a

asserções sujeitas à revisão

permanente.

Contingente: Continente

designa o que se pode

conceber como podendo

ser ou não ser. Essa

maneira de pensar o

conhecimento se afasta da

metafísica, cuja visão de

conhecimento é de cunho

essencialista em que se

pretende atingir o ser

imutável e eterno. Essa

forma de conhecimento

pretende elevar-se acima

da experiência humana no

mundo.

Figura 30: Dualismo, apresentadoem obra de Descartes

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 170: TCC Educação a distância

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HABERMAS, Jürgen. O futuro da natureza humana. Trad. Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro. Trad. George Sperber e Paulo Astor Soethe. São Paulo: Loyola, 2002.

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 172: TCC Educação a distância

VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE

Filme: Escola da vida. O ator Ryan Reynolds interpreta o professor

D'Angelo. Conhecido entre os alunos pelo nome de Sr. D. , o jovem mestre,

nas aulas de História, sempre recria o cenário da experiência dos

acontecimentos históricos.

Filme: Julian Pó: o contador de mentiras. O filme mostra de um

modo interessante como a crença ingênua pode levar os homens ao

absurdo.

Filme: Tempos modernos Trata-se do último filme mudo de

Chaplin, que focaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30,

imediatamente após a crise de 1929, quando a depressão atingiu toda

sociedade norte-americana, levando grande parte da população ao

desemprego e à fome. A figura central do filme é Carlitos, o personagem

clássico de Chaplin, que ao conseguir emprego numa grande indústria,

transforma-se em líder grevista conhecendo uma jovem, por quem se

apaixona. O filme focaliza a vida do homem na sociedade industrial

caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e

especialização do trabalho. É uma crítica à "modernidade" e ao capitalismo

representado pelo modelo de industrialização, onde o operário é engolido

pelo poder do capital e perseguido por suas idéias "subversivas".

Filme: Sociedade dos poetas mortos o filme mostra as relações de

um professor e ex-aluno de Welton Academy, vivido pelo ator Robin

Willams, com uma turma de adolescentes cheios de sonhos e vontade de

viver intensamente. Entretanto, encontram-se inseridos em um sistema

acadêmico rígido e autoritário que não permite outras formas de expressão

como a poesia, o teatro e a música.

Sites pesquisados

Site do professor da Paulo Ghiraldelli Jr. que contém ótimos artigos sobre o

Pragmatismo.

http://www.olavodecarvalho.org/livros/peirce.htm

Site do Prof. Olavo de Carvalho que discute vários tópicos da Filosofia

associados à realidade brasileira.

171

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 173: TCC Educação a distância

5UNIDADE 5A CONTRIBUIÇÃO DO PROJETO FILOSÓFICO PARA A TEORIA E A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE

5.1 INTRODUÇÃO

Afinal, em que consiste o estudo da Filosofia da Educação? Antes

de tudo, vale lembrar que a Filosofia tem como objeto de estudo o homem.

Assim, em tudo o que diz respeito à existência humana, aí se encontra a

Filosofia. Há que se considerar, todavia, que a vida do homem submete-se

a múltiplos aspectos, que nela interferem e a influenciam: o cultural, o

social, o político, o econômico – somente para ficar com as evidências. É

nesses espaços ocupados pelo homem que a educação se realiza,

traduzida em práticas educativas. E o que é educação? Não existe “uma

educação”, mas “várias educações”, que ocorrem em diferentes

contextos: nas ruas, nas escolas, nos hospitais, nas favelas, enfim, em cada

ambiente do convívio humano. É a partir desses vários contextos

educacionais que vamos estudar, na quinta unidade, os problemas

impostos pela educação e o modo como o homem, através de um

pensamento crítico-filosófico, procura resolver as diversas situações e

melhorar o seu contexto social.

5.2 A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

O século XXI,

que se iniciou em 2001,

trouxe, dentre muitas,

mudanças como as

inovações tecnológicas

e as novas formas de

c o m u n i c a ç ã o ,

encurtando o tempo,

espaço e lugares entre

os indivíduos inseridos

na aldeia global.

A mídia, representada por jornais, rádios, televisão, a todo

momento constrói um novo jeito de ser, pensar e agir. As ciências, em suas

várias tendências, a cada momento produz conhecimento novo, exigindo

de cada um de nós que adaptemos aos novos tempos na família, na escola,

na universidade, nas relações de trabalho. Nesse sentido, os valores que

alicerçam a vida na sociedade são modificados a todo instante, a toda

hora. Valores que antes eram transmitidos de geração a geração e que iam

sendo modificados de maneira lenta, progressiva, processual, já não têm

mais lugar na vida social, nestes novos tempos.

Tudo fica velho, obsoleto. Perdemos nosso eixo, nosso lugar, nosso

tempo, nosso espaço. Estamos sem rumo, sem direção e não sabemos

como e a quem recorrer. Pressionado pelas novas exigências e mudanças

Quais são os valores que você prega? Um valor pode ser mais importante do que

sua próprio vida! Muitos preferem morrer a perder a

própria honra. E você?

Figura 31: Tempos Modernos

PARA REFLETIR

Fonte:http://falalivre.files.wordpress.com

172

Page 174: TCC Educação a distância

na sociedade e nas instituições que a sustentam, o homem não tem mais

tempo para seus filhos, amigos e para si próprio.

É nesse ambiente de perda de sentido nas instituições e nas

organizaçoes sociais que recorremos às contribuições da Filosofia da

Educação.

Mas, afinal, em que consiste o estudo da Filosofia da Educação?

Antes de mais nada, vale lembrar que a Filosofia tem como objeto

de estudo o homem. Assim, em tudo o que diz respeito a existência

humana, aí se encontra a Filosofia. Há que se considerar, todavia, que a

vida do homem submete-se a múltiplos aspectos, que nela interferem e a

influenciam: o cultural, o social, o político, o econômico – somente para

ficar com as evidências. É nesses

espaços ocupados pelo homem que

se realiza a Educação, traduzida em

práticas educativas.

E o que é educação? Para

Brandão (1980), não existe “uma

educação”, mas “várias educações”,

que ocorrem em diferentes contextos:

nas ruas, nas escolas, nos hospitais,

nas favelas, enfim, em cada ambiente

do convívio humano.

Eis, assim, um panorama

que remete à questão supra: em que

consiste, pois, o estudo da Filosofia da

Educação?

Na verdade, ela preocupa-se com a

problemática educacional que ocorre em todos

os segmentos da sociedade pois trata-se, com

efeito, de Filosofia da Educação e não

simplesmente de Filosofia [porque neste caso a

filosofia se esvaziaria]; não também da

Educação sem postura reflexiva [porque neste

caso a Educação não seria um processo

intencionalmente conduzido] (SAVIANI, 1984,

p. 35).

Sendo assim, ambas estão relacionadas. A Filosofia oferece a

reflexão para auxiliar nos problemas educacionais que desafiam

educadores, políticos, pais e a sociedade, como um todo. De outro lado, a

Educação é entendida num conceito amplo, oferece à Filosofia problemas

que se tornam cada vez mais complexos, inesperados e incertos como a

miséria, a fome, a violência, a corrupção, o individualismo, a concorrência,

a perda dos valores, a exclusão social e o analfabetismo. Conforme

Figura 32: Catapulta

173

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.geat.com.br

Page 175: TCC Educação a distância

discussão anterior, apesar dos avanços da ciência, das novas tecnologias,

exigindo o novo “perfil” da sociedade de um modo geral, persistem os

velhos problemas acima citados, orientando e/desorientando a conduta e

a educação do cidadão. Para esses problemas, que na verdade são

históricos e desafiam a atualidade, a Filosofia da Educação contribui com

um projeto filosófico. A palavra “projeto” vem do termo latim “projectu”,

que significa lançar adiante, plano, intento, designo (FERREIRA, 1976,

p.144).

Nesse sentido, o projeto filosófico para a educação da atualidade

visa tentar recuperar a falta de rumo e direção que a sociedade vem

sofrendo, dadas as exigências dos

novos tempos, em que tudo se torna

mercadoria, ou seja, produto

descartável e com prazo de validade. A

título de ilustração, os produtos

eletrônicos, a TV, o celular, o vídeo,

tudo vira produto descartável. É contra

essa lógica que persiste e insiste em

fazer da própria vida do homem um

produto descartável que a Filosofia da

Educação procura problematizar e dar

outro sentido, outra finalidade.

Mas, antes, tendo em vista

que a idéia de Educação que vimos

discutindo até o momento é bastante

ampla e abrangente, torna-se necessário entender que ela se realiza em

três modalidades diferentes na sociedade:

a) Educação informal – é o tipo de educação assistemática

que não tem uma intenção, uma finalidade. Ela ocorre de forma

espontânea na família, nos bairros, na rua, através da mídia etc.

b) Educação formal – é o tipo de educação sistematizada

que tem uma intenção, uma finalidade. Ela ocorre nas

instituições: escola, universidade.

c) Educação não-formal – é aquela que tem uma intenção

de educar, porém em outros ambientes educativos.

No caso específico deste estudo, tratar-se-á de forma específica a

educação formal, pois ela tem uma intenção, um rumo e orienta uma ou

várias práticas educativas nas instituições educacionais. Contudo, não se

desconsideramos as influências e intercâmbios que exercem umas nas

outras.

Nessa perspectiva, a Filosofia da Educação contribui com alguns

questionamentos: considerando as exigências do século XXI, que tipo de

homem a sociedade está educando – o homem “overnigth”, que muda

seus valores, seus comportamentos da noite para o dia? Quem educa

OVERNIGHT:Indica as aplicações

financeiras feitas no open-market em um dia para ser resgatado no dia seguinte

(dia útil seguinte). São também conhecidas

simplesmente como Over

Figura 33: Revolução Francesa

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

174

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Fonte

: w

ww

.cole

gio

saofr

anci

sco.c

om

.br

Page 176: TCC Educação a distância

quem e com qual finalidade? Quem pode / deve ser educado? A quem

interessa que a educação seja de tal tipo e não de outro?

Este último questionamento é, de certa forma, crucial para um

projeto filosófico. Na verdade, podem-se antecipar várias interpretações

que a seguinte afirmação nos reservaria: o quê, a quem e como ensinar

dependem do “perfil” de cada ser humano que se pretende formar, que

modelo de ser humano se tem em mente.

Entretanto, é preciso lembrar o que já foi afirmado e concebido

pelos pedagogos em diferentes épocas e contextos: todo processo, ou

fenômeno, ou modelo educacional é determinado e condicionado pelos

aspectos sociais, políticos, econômicos e históricos nos quais se

desenvolve.

Isso quer dizer que, em cada período histórico da humanidade,

alguns perfis foram estabelecidos e pensados, para serem alcançados por

meio da educação.

A título de ilustração, veja-se como a imagem ideal de homem foi

criada em diferentes momentos históricos.

?Na Revolução Francesa, a imagem ideal foi a formação do

homem livre, igual e

fraterno.

?Pa ra o educado r

Froebel, a imagem ideal

do homem consiste em

sua imagem criadora.

?Para Hebart, a imagem

ideal é a do homem moral.

?A é p o c a

c o n t e m p o r â n e a ,

prevalece a pluralidade de

imagem ideal.

Como se pode perceber, a cada momento histórico, de acordo

com as necessidades da época, pedagogos tentaram dar respostas aos

problemas educacionais para o contexto que viveram. Por isso, criaram

imagens ideais ou “perfis” que deveriam ser conquistados (pelo menos no

plano ideal) para aquele momento.

Reflita: Qual é a imagem ideal que a sociedade global quer

construir/desconstruir no século XXI? Qual é o papel e/ou função da

educação nesse contexto?

Retomando o que foi dito acima, são essas imagens ideais que a

Teoria da Educação procurou sustentar, representando diferentes épocas

em que surgiram, e, como se pode observar no dia-a-dia, ainda se sentem

os seus reflexos, com mais intensidade de umas, de outras menos. Advêm

daí, duas idéias relevantes para a presente discussão: a primeira é a de que

toda prática educativa tem uma dimensão social; a segunda é que, mesmo

Figura 34: Horizonte

175

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: http://i6.photobucket.com

Page 177: TCC Educação a distância

sendo reflexo das imagens ideais de épocas anteriores, elas não deixam de

existir, ou seja, não perdem sua validade, não podem ser superadas

totalmente pelas teorias que chegam depois.

O fato que aqui interessa destacar é que o momento atual

alimenta a impressão de que tudo fica velho, obsoleto, descartável, daí a

necessidade de se amparar na Filosofia da Educação.

Diferentemente das descobertas científicas que vão tornando tudo

antigo, as teorias educacionais, de uma certa forma, no todo ou em parte,

continuam atuais – mesmo

que em determinados

momentos históricos se

tenha a sensação de

descont inu idade. E las

continuam presentes, mas

tentando responder: o que é

o ser humano? É dessa

pergunta que surgem as

i m a g e n s i d e a i s d a

educação, historicamente

situada.

Entretanto, a idéia

que perpassa todo ambiente

educativo na sociedade de

um modo geral é a de que

estamos atrasados e ou ultrapassados. Na universidade, na comunidade e

na comunidade escolar, a idéia comum é a de considerar tradicional o

profissional que não acompanha as “novidades” dos novos tempos. Mas,

afinal, se perdemos a referência/experiência de nossos pais, a

referência/teoria de pedagogos que deixaram experiências/vivências ainda

válidas nos tempos atuais, o que fazer, então? Temos saída? Qual é o

caminho e rumo a seguir?

Tentando responder as questões colocadas, vale lembrar que é

perigoso afirmar, a princípio, que toda organização educativa foi ou é

autoritária, artificial ou falsa.

E, com esse olhar para trás, na história, naquilo que foi dito e

pensado em diferentes contextos deve-se resgatar algumas concepções de

mundo e sociedade, ainda válidas para os dias atuais.

Acrescenta-se, ainda, que a educação também é sempre um

projeto, é um horizonte, algo sempre à frente, enquanto a “realidade” é

variável e cheia de contradições e interesses, os mais diversos. É por isso

que a realidade caminha devagar, de forma lenta, posto que a educação é

um conceito mais ou menos abstrato. O que se tem de concreto são as

pessoas (nossos avós, nossos pais, você, eu e nós) com seu jeito de ser, seus

sonhos, alegrias e tristezas. São os seres humanos que herdam do meio

176

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Fonte: www.cdcc.sc.usp.br

Figura 35: Platão

Page 178: TCC Educação a distância

O esquema abaixo elucida as três concepções

Concepção Homem

Teoria do Conhecimento

Modelo de Escolas

Concepção essencialista

Empirismo Tradicional, tecnicista

Concepção Naturalista

Racionalismo

Humanismo, anti-autoritário,

nova, espontânea

Concepção Histórico-Social

Interacionismo

Escola progressista, sócio-política,

modelos dinâmicos de participação

Dialética:Método de conhecimento, arte de discutir, modo de conceber a realidade como processo dinâmico e evolutivo

Segue-se o que cada uma dessas concepções propõem.

Na concepção essencialista, que compreende o período da

Antiguidade até a Idade Média, o homem tem uma natureza fixa, imutável,

que orienta os valores e suas ações, e a busca da perfeição é um ideal a ser

atingido. A base de toda teoria educacional encontra-se em Platão,

Aristóteles e Santo Agostinho. A teoria e/ou corrente filosófica de

conhecimento é o empirismo. O

sujeito recebe as influências do

mundo externo. Para ilustrar como

esse processo ocorre, vale lembrar

que é muito comum ouvirmos de

nossos pais: É de pequeno que se

torce o pepino, ou seja, os adultos vão

moldando as crianças desde

pequenas através do processo

educativo. Pois bem, essa corrente

filosófica influencia diretamente a

Escola Tradicional. Na verdade, o

professor é o centro e o modelo a ser

seguido pelos alunos. É através da transmissão de valores, signos,

comportamentos que os alunos vão aprender um tipo de comportamento

para adaptar à vida adulta, na organização social. Daí, a imitação, a cópia,

a memorização e o modelo a ser seguido.

Com relação à concepção naturalista, ocorre uma revolução na

forma de compreender o conhecimento. Esse processo ocorre com as

grandes revoluções científicas, e o homem passa a ser o centro de toda

essa mudança; pode, doravante, interferir no mundo externo, já que faz

parte da natureza. A teoria do conhecimento deste período é o

racionalismo, ou seja, é a razão que orienta as ações do homem. A título de

Figura 36: Dermeval Saviani

177

C

A

B

FEG

GLOSSÁRIO

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.unicamp.br

Tabela 1:

Page 179: TCC Educação a distância

exemplo, também é muito comum ouvirmos de nossos pais: Pau que nasce

torto morre torto. Esse tipo de

conhecimento, calcado numa

visão naturalista de homem,

vai influenciar o modelo de

Escola Nova. Nesse caso, o

aluno é o centro do processo

ensino, e o professor é um

orientador. É através do

aprender-a-aprender, ou seja,

agindo no ambiente educativo,

que as crianças aprendem. É

também neste tipo de escola

que a ênfase recai nas

diferenças individuais das crianças. Os testes de inteligência também são

utilizados para descobrir quem são alunos mais inteligentes, e serviram,

durante muito tempo, para classificar os alunos na organização das turmas

nas escolas.

Você conhece alguma escola que utiliza esses testes ou outras

formas para organizar as turmas boas e as turmas fracas?

Continuando, tem-se a terceira concepção, denominada

Histórico-Social. Essa concepção avança em relação às duas anteriores.

Nela a concepção de homem não é fixa, imutável, nem se orienta na sua

natureza individual. Na concepção Histórico-Social, a visão de homem é a

de um ser integral em sua capacidade individual, espiritual e em suas

necessidades concretas de existência/sobrevivência. É o modo dialético de

viver e pensar num contexto político, social e econômico. O tipo de

conhecimento é o interacionista, ou seja, a vida do homem está

relacionada com suas condições materiais de existência e o processo

produtivo vigente. Essa teoria foi desenvolvida a partir do século XIX, com a

filosofia de Hegel (1770-1831) e Karl Marx (1818-1883). Ela vai

influenciar a escola progressista. Nesse modelo de escola, a relação aluno

e professor é de construção do conhecimento. Ambos podem aprender e

ensinar. A construção do conhecimento parte da realidade dos alunos da

escola, da sociedade, para voltar a ela modificada (SAVIANI, 1980). Esse

processo caracteriza-se pela participação coletiva dos sujeitos envolvidos.

Nessa direção, é importante destacar alguns teóricos da

educação brasileira que contribuíram e vêm contribuindo para a Filosofia

da Educação, na perspectiva Histórico-Crítica: Paulo Freire, Demerval

Saviani, Marilena Chauí, dentre outros.

Cabe, ainda, ressaltar que o momento atual é considerado, por

alguns autores, como pós-moderno. Nesse caso, estaríamos vivenciando

uma quarta revolução na área do conhecimento e das teorias

educacionais, na perspectiva dos filósofos americanos Richard Rorty e

Figura 37: Escola Tradicional

178

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Fonte: www.planetaeducacao.com.br

Page 180: TCC Educação a distância

Donald Davidson (GIRALDELLI JR., 2006, p.2).

Entretanto, não se propõe, aqui, aprofundar essa nova revolução

colocada pelo autor, devido a seu caráter polêmico e controverso no meio

acadêmico e intelectual. Alguns autores pós-modernos consideram que o

modelo de conhecimento da modernidade ainda não se esgotou, e outros

acreditam que sim. No entanto, já se percebe algo de “novo” exigindo

mudanças radicais no jeito de ser e de pensar das pessoas.

Entretanto, é preciso cautela. O discurso da mudança está

presente em todas as áreas onde ocorre o processo educativo: nas

empresas, nos hospitais, nas universidades, nas escolas, nos meios de

comunicação; mas, que tipo de mudança? A favor de quem ou contra

quem se deve mudar?

Como se registrou na introdução, nós, seres humanos, estamos

sem rumo, sem eixo, sem direção. Acreditamos que tudo o que foi

construído historicamente pela ação concreta dos homens deve ser jogado

no eixo da história. No entanto, o método dialético é um instrumento que

pode ajudar-nos a contrapor-nos ao pensamento único de concepção de

vida baseado no presentismo, onde o “antes” e o “depois” pouco

importam. Apenas o “agora” é provisoriamente “real” e logo se desfaz.

É nessa perspectiva de um projeto filosófico de emancipação do

homem que discutiremos a questão da política e da estética como um

processo de libertação criadora do homem na sociedade.

5.3 ESTÉTICA

Desde as sociedades primais , o homem tem buscado formas de se

fazer ver e sentir pelo espaço que habita. Independente do processo sócio-

histórico-cultural vivenciado, procurou formas de compreender e dar

sentido à sua existência. A arte foi e é um dos contornos desenvolvidos e

utilizadas pelo homem para se ver e se fazer visto, para sentir e externar

suas emoções e sentimentos. Em diferentes épocas, a arte foi um canal de

expressão humana, seja numa pintura no interior de uma caverna no

Paleolítico ou por meio de uma intervenção imagética urbana, a arte

expressa a busca humana em traçar relações consigo mesmo, com os

seus, com a natureza e com o que se apresenta como mistério. Desta

forma, ocupa um lugar privilegiado na experiência humana.

Quando a segregação racial e cultural ou mesmo a desigualdade

econômica separa povos e modos distintos de percepção, esta expressão

humana tem o poder de alcançar o homem em sua intimidade e unificá-lo

pelo sentimento ao aproximar os “diferentes” a exemplo da união entre

brancos e negros pelo samba brasileiro, pelo blues, ou o rock'roll

americano. Através da arte, o homem atribui sentido à realidade e

transforma o vivido em objeto de conhecimento, realizando uma

transformação simbólica do mundo.

O artista, através da sua obra, cria um mundo outro – mais

Os homens sempre fizeram arte preocupando-se com algo mais que seu valor pragmático; por exemplo, pelo prazer que proporciona, porque seduz ou comunica algo de nós.Nestor Garcia Canclini

179

PARA REFLETIR

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 181: TCC Educação a distância

intenso, mais significativo - por cima da realidade imediata. É claro que

esse mundo outro criado pelo artista nasce da sua cultura, da sua

experiência de vida, das suas idéias, da visão de mundo que possui e que

são expressos em objetos concretos. Pela arte, a visão de mundo é dita de

outro modo, através de símbolos e da criação - a partir de informações e

elementos retirados do mundo – de signos especiais. Por meio destes, a

realidade é vislumbrada de outra maneira, pois tais signos, compostos pelo

artista, fogem à convenção dos conceitos e operam uma transfiguração do

mundo ante nossa sensibilidade sendo, então, capazes de liberar nossas

emoções. É o que promove a poesia, a dança, a música, a pintura e outras

expressões artísticas que ao serem captadas pela intuição do homem

violam a obrigatoriedade racional de compreender o mundo.

A possibilidade de conhecer a realidade pela arte torna-a

atraente, encantadora e fascinante, disponível a novas des-cobertas e

possível de re-significações. Neste sentido, é eterna e estimulante, pois

instiga a dúvida, a curiosidade e a admiração, sensações essenciais para a

busca do conhecimento. Ao transformar experiências de vida em objetos

de conhecimento, o artista cria linguagens que fogem à lógica racional

desafiando a inteligência e provocando sensibilidades. O conhecimento

presente na obra de arte não se des-vela pela razão, mas pelo sentir

humano, pelas emoções que habitualmente encontram-se presas na vida

prática e imediata.

Considerando que o ser humano não é apenas razão, isto é, que

possui dimensões nem sempre viabilizadas pelo pragmatismo do

capitalismo, podemos afirmar que a arte, se valorizada e incentivada pode

colaborar na construção de um homem crítico e reflexivo. Um homem apto

a desenvolver ações éticas e a rejeitar atitudes contrárias à vida. Se uma

obra de arte é capaz de provocar sensações sublimes também é capaz de

gerar sentimentos de ódio e crueldade além, é claro, de também retratá-

los.

No entanto, neste texto, priorizaremos a função reveladora da

arte, a possibilidade de pela obra artística obter a apreensão do mundo e

adquirir conhecimentos. Mas, como conhecer através de uma obra de

arte? Como chegar ao conhecimento que ela domina? Esse exercício não é

fácil, exige disponibilidade e treino da sensibilidade, melhor, exige

educação: a educação estética.

5.4 EDUCAÇÃO ESTÉTICA

Tradução da palavra grega aesthesis, que significa conhecimento

sensorial, experiência, sensibilidade, Estética é toda busca filosófica que

tem como objeto a arte e o belo. Na filosofia moderna e contemporânea,

as investigações em torno desses objetos coincidem diferentemente da

filosofia grega onde eram considerados distintos e independentes.

180

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 182: TCC Educação a distância

A partir do século XVIII, as noções de arte e belo mostram-se

atreladas, como objetos de uma única investigação em função do conceito

de gosto, compreendido como capacidade de discernir o belo, tanto dentro

quanto fora da arte. A noção de estética nos séculos XVIII e XIX

pressupunha que a arte é produto da sensibilidade, da imaginação e

inspiração do artista e que sua finalidade é a contemplação, isto é, a busca

do belo pelo artista e, o julgamento do valor de beleza por aquele que a

contempla. Entretanto, o gosto deixa de ser critério de apreciação da arte.

Esta passa a ser vista como expressão de emoções e desejos, experiência

vivida e simbólica, atividade criadora, transformação simbólica do mundo,

interpretação e crítica da realidade social.

A educação estética se

a p r e s e n t a , n a

contemporaneidade, como uma

necessidade, sobretudo, em

sociedades onde a violência se

e n c e r r a n o p a d r ã o d e

normalidade. No entanto, deve-se

esclarecer que a educação estética

não significa educar para o belo,

pois este quase sempre está ligado

a gostos relativos aos padrões de

beleza vigentes e dominantes. A

palavra estética refere-se ao

sensível, ao perceptível, ao

sensual; falar em educação

estética, portanto, é falar em

educação da sensibilidade.

Na cultura ocidental,

o n d e o s p r o c e s s o s d e

conhecimentos estão cada vez mais racionalizados pela mecanização, a

sensibilidade é tratada como uma dimensão secundária e pouco relevante

não sendo reconhecida como uma dimensão humana natural que

caracteriza a espécie humana. No mundo globalizado, marcado pela

racionalidade tecnocientífica, a sensibilidade é tida como serva da razão,

como matéria prima para realizações cognitivas como: ir à lua, controlar e

dominar as máquinas, fazer guerra.

Por natureza, somos seres estéticos, portanto, a educação estética

não se limita a regular nosso comportamento segundo os padrões

estabelecidos e dominantes de gosto e, sim, ao desenvolvimento e

aperfeiçoamento de uma dimensão essencial à existência efetiva e afetiva.

Neste sentido, o estético não é desnecessário e fugaz, é o campo onde a

experiência humana alcança seu supremo grau de realização pois tudo o

que vemos e percebemos é naturalmente sensível e o nosso ser não

somente percebe, mas também sente.

Figura 38: Amaral, artista brasileira que pela sua imaginação procurava representar as

lendas e o folclore brasileiro.

O “Abaporu” de Tarsila de

181

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br

Page 183: TCC Educação a distância

Para uma educação da sensibilidade que valorize a ética, deve-se

inicialmente reconhecer a multiplicidade da espécie humana, em todas as

suas dimensões e universos culturais. Assim, não há como afirmar um

modelo de beleza como universal. Cada ser humano é uma singularidade e

são infinitas as formas de dizer e sentir o mundo. Não é tolerável, para o

bem viver, o estabelecimento de hegemonias axiológicas. Qualquer que

seja a hegemonia, ela só retrata dominação, prepotência e arrogância de

uns sobre outros. Uma educação estética, portanto, deve ter como

elemento fundante a diversidade, pois toda forma de ser no mundo é um

modo de ser sensível.

Em consonância com a diversidade humana, a educação estética

se torna também educação ética e uma vez priorizada na escola pode

combater a violência cada vez mais forte neste espaço social. Existem

indivíduos que não aceitam a Cidadania, não conseguem perceber a

relação direta entre os deveres e os direitos. A ausência desta percepção

resulta no não-compromisso, no não-envolvimento com a família, com o

trabalho, com o outro levando a um estado de “inadaptação” social. A não

acomodação social produz reações violentas e situações de conflito, gera

um mal estar social imenso onde a inverdade reina soberana. São

situações que a escola tem dificuldades para lidar. Como, então, incitar o

desenvolvimento de um ser estético e, conseqüentemente, ético, num

espaço cada vez mais violento como o espaço escolar? Primeiramente é

preciso conscientizar o docente da sua importância como mediador no

processo ensino-aprendizagem no sentido de que ele ultrapasse as

limitações mercadológicas vigentes e desenvolva em si mesmo a

sensibilidade e a autonomia. Porque somos seres sensíveis e singulares,

precisamos aprender a ser além das imposições do mercado se queremos

cultivar em nossos alunos valores humanos que não dependem das

oscilações do mesmo, mas valores ligados à vontade de viver bem com os

outros.

Conscientizado, o docente terá condições psico-afetivas para

estimular vivências necessárias ao desenvolvimento da Cidadania bem

como poderá motivar os educandos e a comunidade a participar da

resolução de problemas. Tais ações, entre outras questões, requer

suscetibilidade, criatividade e uma consciência educada esteticamente.

5.5 POLÍTICA

A epígrafe acima indica a relevância da política como atividade

que diz respeito à vida pública e nos convida a refletir sobre ela. No dia-a-

dia empregamos a palavra política em formas que não dizem respeito ao

seu sentido fundamental. Uma delas é a sua identificação com a

politicagem, identificação esta que retrata o desalento social frente às

“ações políticas” dos homens públicos, aqueles escolhidos pelo voto direto.

182

Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 184: TCC Educação a distância

A desconfiança gerada pelos atos dos políticos - em sua maioria

desprovidos de compromisso social – se transforma em repúdio e,

conseqüentemente, no não exercício da Cidadania, e as conseqüências de

tais atitudes são, para o povo, desastrosas e duradouras. É justamente o

desinteresse político que reforça e legitima as ações imorais praticadas por

homens públicos tão largamente anunciadas nos meios de comunicação.

Faz-se necessário estar atento à política desenvolvida pelos representantes

do povo, faz-se necessário participar das decisões que comprometem a

vida de todos. Para tanto, é imprescindível o despertar para a política a fim

de que a cobrança pelo exercício ético seja mais efetiva.

Mas o que é política? É uma atividade do governo? Uma

profissão? É ação coletiva? Na verdade, podemos tomar a política como a

arte de governar, de gerir os destinos da cidade. Etimologicamente,

política vem de pólis, (“cidade”, em grego). A teoria política grega está

voltada para a busca de elementos que tornem possível o bom governo. A

associação entre ética e política é evidente na teoria grega, pois para a

efetivação de um bom governo, isto é, de um governo é necessário um bom

governante.

Os gregos da época clássica se organizaram em comunidades

autônomas compostas de homens livres e iguais em poderes e

responsabilidades. O espaço da pólis era comum e público, incluía os

costumes, as leis, os templos, os deuses, a administração, o comércio e a

ágora, praça onde se debatia e se deliberava sobre todos os assuntos. Na

pólis grega existiu, talvez, a única democracia direta da história, seus

habitantes exerciam funções públicas em rodízio e em suas assembléias;

na ágora, decidiam livremente os destinos coletivos. A finalidade de tudo

era o cumprimento do Bem, entendido como princípio de harmonia do

Kósmos. Entretanto, a democracia grega teve suas lacunas. Os gregos

eram possuidores de escravos, geralmente não gregos vencidos em

guerras. E em relação a estes, não se comportavam do mesmo modo que

se comportavam com os homens livres. Com os escravos, o grego procedia

como despotés (senhor de escravos). Isso significa que, fora dos negócios

da pólis, as relações entre os gregos eram marcadas pela desigualdade

entre quem tem poder e quem está privado dele. Com a decadência da

civilização grega e a consolidação do Império Romano, a idéia de que o

homem se realiza como tal na pólis foi substituída pela idéia de que as

relações sociais são constituídas por relações de poder.

Organizar e gerir uma instituição, seja ela qual for, envolve

questões de poder, e discutir política quase sempre é referir-se ao poder.

Outra questão, então, se apresenta como imprescindível para uma melhor

compreensão sobre política. O que é poder? Qual é a sua legitimidade?

Qual o seu fundamento?

O poder não é um ser, mas uma relação, é a capacidade de agir,

de produzir efeitos sobre indivíduos ou grupos humanos. Envolve Potência

(possibilidade não atualizada de mandar e se fazer obedecer), Força

Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são: a liberdade, a prosperidade, a segurança e a resistência à opressão.Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789 – França)

183

PARA REFLETIR

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 185: TCC Educação a distância

(meios adequados que garantem o exercício da Potência) e Dominação( o

exercício atualizado da ordem que impõe a obediência consentida ou não).

Nesse sentido, pode-se considerar o exemplo das relações de poder entre

um sindicato e o governo. Um sindicato tem poder em potência de obrigar

o governo a atender uma exigência, uma vez que pode movimentar seus

membros para uma greve. Mas, somente quando a greve está organizada

é que o sindicato irá contar com esse meio de força para obter o

acolhimento de sua reivindicação. O poder, então, se configura em ordem

– obediência. Se alguém manda, alguém deve obedecer. Se alguém é

instituído de poder, é porque alguém investiu poder, portanto, deixou de tê-

lo.

Neste sentido, são várias as formas de poder, e uma delas é o

poder do Estado que desde a modernidade se configurou como instância

do poder político, do administrativo e, como instância de monopólio

legítimo da força. Mas, a força física não é uma condição suficiente para a

manutenção da ordem, pois o poder precisa ser legítimo e, na nossa

história, encontramos várias formas de legitimação. No Estado teocrático,

o poder é convalidado pela vontade divina, nas monarquias, a legitimação

vem da tradição, na aristocracia vem dos melhores (ricos, nobres, elite do

saber) e na democracia, vem do consenso, da vontade do povo.

Historicamente, o ideal democrático se destacou como algo que

deve ser obrigatoriamente realizado. A democracia é uma das mais

importantes ideologias européias, estreitamente atrelada aos ideais

utópicos concebidos pela filosofia de Rousseau e proclamados pela

Revolução Francesa de 1789. Nessa utopia rousseauniana a liberdade é

concebida como ato da razão, é universal e moral não visando a satisfação

particular. A partir do século XVIII , a utopia democrática esteve presente

em todos os movimentos políticos, ou como ideal verdadeiro ou como um

discurso de sedução. Os que defendem um programa político liberal o

justificam como meio para alcançar a democracia, e os que defendem um

programa político socialista também o justificam como meio para alcançar

a democracia. Isso demonstra que o ideal democrático aparece na história

com roupas diferentes e como algo que deve ser efetivamente

concretizado. Assim, é colocado como um valor eterno e como patrimônio

da humanidade. O princípio de valor que toda sociedade democrática

deve ter é que todo poder emana do povo e em seu nome é exercido. Esse

princípio tem sido reconhecido em todas as constituições políticas dos

Estados modernos, a própria idéia de constituição política é

essencialmente democrática. Mas será que a idéia democrática é uma

realidade?

Segundo Chauí (1980, p.156), no conceito de democracia deve

estar implícito as idéias de conflito, abertura e rotatividade. Democracia

supõe heterogeneidade, divergências, dissensos e, a partir dos conflitos –

não no sentido pejorativo - uma sociedade democrática cresce, pois

aprender a conviver e coexistir com os diferentes é um grande exercício

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 186: TCC Educação a distância

ético. Democracia indica abertura no sentido de que as informações

devem circular livremente para que todos tenham acesso à cultura e à sua

compreensão. Numa democracia é imprescindível a rotatividade, no

Estado democrático o lugar do poder é vazio, sem donos, e todos os setores

sociais devem ser legitimamente representados.

Ora, para que realmente uma democracia exista é relevante a

criação de mecanismos que a efetive, e um mecanismo essencial na

construção de seres democráticos certamente é a educação. A consciência

democrática é formada mediante um trabalho de politização contrário ao

vício da passividade. A passividade espelha o exagerado individualismo

cultivado pelo modo de produção capitalista que dissemina a idéia de

felicidade como um projeto somente alcançável pelo consumo excessivo.

Uma educação política, portanto, seria a des-construção de ideologias que

re-afirmam o consumismo como projeto de vida. É preciso vislumbrar a

educação como formação para a cidadania e da cidadania. A educação

em seu sentido mais profundo se realiza não apenas no acesso de

informações, mas, primordialmente, na produção do conhecimento:

pensar o que ainda não foi pensado, dizer o que ainda não foi dito. O

trabalho do pensamento des-constrói no imaginário social idéias de

violência social, econômica, política e cultural, uma vez que traduz

criatividade. Orientando-se nesta perspectiva, a atividade educacional se

realiza como negação da realidade dada, pois estimula o senso crítico,

estético e ético.

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 187: TCC Educação a distância

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1981.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática,2001.______. Cultura e Democracia. O Discurso Competente e Outras Falas. São Paulo: Cortez,1980.

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REFERÊNCIAS

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 188: TCC Educação a distância

RESUMO

1- A pergunta é o ponto de partida do ato de filosofar

2- O surgimento da filosofia é algo tipicamente antropológico. Só

o homem pergunta, só o homem responde.

3- Quando falamos em pensamento, estamos mencionando

aquilo que é produzido pela própria razão, entendida pelos gregos como

logos, aquilo que nos faz colocar em xeque a ordem das coisas.

4- A virtude era considerada um modo de o homem mostrar sua

superioridade em todos os sentidos, inclusive na vida pública, nos negócios

da cidade em prol da coletividade.

5- A importância de Platão e Aristóteles não reside somente no

que podemos entender como pioneirismo e exclusividade na abordagem

do assunto, pois na cultura grega arcaica já havia indícios de uma visão

educacional que nos servirá como ponto de partida para a compreensão

do problema do conhecimento e da ontologia.

6- O ponto de partida da reflexão humeana está em considerar

que todo conhecimento que se refere ao mundo começaria com a

experiência fundando-se na percepção

7- A subjetividade em Descartes alcança um status, um grau de

autonomia e liberdade para com a realidade exterior tornando-se, então, o

modo privilegiado para pensar o sujeito e também o mundo.

8- O contexto da reflexão kantiana seria o século XVIII, marcado

por duas ciências que apresentavam resultados indiscutíveis para a

humanidade: matemática e física.

9- Ao contrário da matemática e da física, que buscavam

conhecer os seus objetos junto à experiência, a metafísica tentaria

conhecer algo que ultrapassa a experiência.

10- Temos, já no séc. V a.C, o filósofo Aristóteles afirmando que o

homem é um “animal político” por natureza e, portanto, não pode

prescindir, ou seja, não pode abrir mão da presença de outros homens para

viver

11- o Pragmatismo é um movimento filosófico que tem como

característica principal a valorização da 'prática' em oposição à 'teoria'

12- Para Dewey o papel da Filosofia pragmática enquanto

instrumentalismo é o de contribuir para o desenvolvimento científico e

moral dos homens. E não há como pensar esses dois campos de modo

separado.

13- Do ponto de vista político, o contexto do capitalismo avançado

é caracterizado pela necessidade do Estado ser legitimado mediante um

187

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 189: TCC Educação a distância

sistema de democracia formal, no qual é difundida a lealdade das massas

que não percebe sua submissão a uma ideologia tecnocrata que comanda

ideologicamente os meios de comunicações para atender seus próprios

interesses mascarados de pretensos interesses universais

14- Antes de tudo, vale lembrar que a Filosofia tem como objeto de

estudo o homem. Assim, em tudo o que diz respeito à existência humana,

aí se encontra a Filosofia.

15- Diferentemente das descobertas científicas que vão tornando

tudo antigo, as teorias educacionais, de certa forma, no todo ou em parte,

continuam atuais – mesmo que em determinados momentos históricos se

tenha a sensação de descontinuidade. Elas continuam presentes, mas

tentando responder: O que é o ser humano?

16- Na concepção essencialista, que compreende o período da

Antiguidade até a Idade Média, o homem tem uma natureza fixa, imutável,

que orienta os valores e suas ações, e a busca da perfeição é um ideal a ser

atingido.

17- A educação estética se apresenta, na contemporaneidade,

como uma necessidade, sobretudo, em sociedades onde a violência se

encerra no padrão de normalidade.

18- Na cultura ocidental, onde os processos de conhecimentos

estão cada vez mais racionalizados pela mecanização, a sensibilidade é

tratada como uma dimensão secundária e pouco relevante não sendo

reconhecida como uma dimensão humana natural que caracteriza a

espécie humana.

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 190: TCC Educação a distância

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

1– Faça uma interpretação do Mito da Caverna, de Platão, levando em

consideração sobretudo o dualismo “mundo sensível e mundo inteligível” e

a relação entre conhecimento e ignorância.

2– Aprendemos que a filosofia nasce do ato de perguntar, de questionar

sobre as coisas. Sendo assim, descreva sobre a ocupação dos primeiros

filósofos e suas preocupações.

3- A partir da visão grega de educação, explique a diferença entre as

concepções de Platão e Aristóteles sobre a Educação.

4- Explique a frase do texto: “um modo específico de compreender a nós

mesmos no mundo se dá pela compreensão do nosso ser, da nossa

essência, daquilo que somos verdadeiramente”.

5- Marque somente a alternativa correta. Para Descartes, o conhecimento

não está mais gravado no mundo. Isso significa que:

a) ( ) está dado na consciência do sujeito pensante.

b) ( ) está dado nas verdades determinadas pela Igreja.

c) ( ) está dado na experiência.

d) ( ) está dado nas verdades mitológicas.

6- O filósofo Charles Sanders Peirce foi o primeiro a utilizar o termo

Pragmatismo. Sua teoria está resumida na chamada “regra pragmática”.

Marque a alternativa que explica a “regra pragmática.

a) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias será preciso

refletir sobre os efeitos práticos causados pelas idéias quando as mesmas

são aplicadas na realidade concreta.

b) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias será

necessário comparar essas idéias com outras teorias de outros filósofos.

c) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias é necessário

comprová-la matematicamente, ou seja, através de cálculos matemáticos.

d) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias será preciso

analisar quais as intenções do autor de tais idéias.

e) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias é necessário

refletir sobre o período da história em que tais idéias se inseriam.

7- A respeito do pensamento de Habermas e Rorty marque V para as

Page 191: TCC Educação a distância

questões verdadeiras e F para as questões falsas.

a) ( ) Habermas e Rorty entendem que a linguagem filosófica deve ser

eleita como a linguagem mais preferencial para os indivíduos exercitar

sua autonomia e sua criatividade.

b) ( ) A Teoria da Ação Comunicativa de Habermas está relacionada com

virada lingüística ao reivindicar uma linguagem pragmática constituída a

partir de ações sociais concretas.

c) ( ) Podemos dizer que Habermas, assim como Rorty concebe a

metáfora como imprescindível para a ampliação e multiplicação dos

conceitos

d) ( ) A intersubjetividade é indicada por Habermas como um possível

paradigma para constituir uma educação pedagogizadora , que

proporcione uma relação interativa entre professor/aluno/família/

comunidade.

e) ( ) Evidentemente, a Teoria da Ação comunicativa de Habermas visa

o ensino profissionalizante, o qual prepara o educando para argumentar ,

criticar e agir na sociedade .

8- Marque somente a alternativa correta: O filósofo William James afirma

que as idéias devem ser avaliadas a partir de sua:

a) ( ) UTILIDADE. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se forem

úteis na vida dos indivíduos.

b) ( ) BELEZA. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se tornarem a

vida mais bela.

c) ( ) CLAREZA. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se os

homens compreenderem totalmente o seu significado.

d) ( ) ETICIDADE. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se

apresentarem conteúdos éticos.

e) ( ) JUDICIDADE. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se forem

idéias justas.

9-Com relação à filosofia de John Dewey, marque V para as questões

verdadeiras e F para as questões falsas.

a) ( ) A filosofia deweyana foi chamada de instrumentalista porque o

próprio Dewey acreditava que as idéias eram como instrumentos para

serem utilizados em auxílio dos homens em suas experiências de vida

b) ( ) Dewey não acredita que a educação possa contribuir para a

qualidade de vida dos homens. Isso porque os homens já nascem com um

destino traçado e nada pode ser mudado em suas vidas.

c) ( ) A filosofia de Dewey propõe que a Educação não leve em conta os

aspectos morais e éticos dos indivíduos e desenvolva apenas o

conhecimento científico que é mais importante.

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Filosofia da Educação Unimontes/UAB

Page 192: TCC Educação a distância

d) ( ) Os indivíduos devem ser educados para buscar apenas os bens que

eles consideram úteis para si mesmos.

e) ( ) Dewey acredita que o desenvolvimento do conhecimento científico

deve promover o desenvolvimento dos valores morais e éticos de uma

sociedade.

10-“Um artista só pode exprimir a experiência daquilo que seu tempo e

suas condições sociais tem para oferecer” ( Fischer). Por essa razão...

a- ( ) o artista nem sempre trabalha em favor da sociedade.

b- ( ) a subjetividade de um artista consiste em que sua experiência não

seja igual a dos homens do seu tempo.

c- ( ) a arte capacita o homem a compreender a realidade, o ajuda a

suportá-la e a transformá-la.

d- ( ) a arte é apenas uma realidade subjetiva e nunca uma realidade

social.

191

Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 193: TCC Educação a distância

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ABBAGNANO, N. História da Filosofia. 14v. Lisboa: Presença, 1978.

ANDERY, M. A. et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva

histórica. Rio de Janeiro/São Paulo: Espaço e Tempo/EDUC, 1988.

BOCHENSKI, I. M. A Filosofia contemporânea ocidental. São Paulo:

EPU/EDUSP, 1975.

BIBLIOGRARIA COMPLEMENTAR

ARAÚJO, Inês Lacerda. da “pedagogização” à educação: acerca de

algumas contribuições de Foucault e Habermas para a filosofia da

educação. In. Revista Educacional, Curitiba, v. 3, n 7, p. 75-88/dez 2002.

BUZZI, Arcângelo R. Filosofia para principiantes: a existência humana no

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CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1995.

DEWEY, John. Vida e Educação. Trad. Anísio Teixeira. São

Paulo:Companhia Editora Nacional, 1959.

HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro. Trad. George Sperber e Paulo

Astor Soethe. São Paulo: Loyola, 2002.

JAPIASSU, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia.

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REALE, Giovanni e ANTISERI, Dário. História da filosofia. 4.ed. v. III Trad.

Álvaro Cunha. São Paulo: Paulus, 1991.

REZENDE, Antônio. (org.) Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.

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Ferreira da Fonseca. Lisboa: Presença, 1992.

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BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia.

Trad. João Azenha Jr.. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

OSBORNE, Richard. Filosofia para principiantes. Trad. Adalgisa Campos

da Silva. Rio de Janeiro: Objetiva, 1992.

RUSS, Jacqueline. Dicionário de filosofia. Trad. Alberto Alonso Muñoz.

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TELES, Antônio Xavier. Introdução ao estudo da filosofia. São Paulo:

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SAMPAIO JR., Plínio de Arruda. Entrevista. Disponível em

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www.mundodosfilosofos.com.br

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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período

Page 195: TCC Educação a distância

COORDENADOR

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1º PERÍODO

Introdução à Educação a Distância

Professor:____________________________________________________________________

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Iniciação Científica

Professor:____________________________________________________________________

Telefone: ____________________ Correio eletrônico: _______________________________

Filosofia da Educação

Professor:____________________________________________________________________

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TUTOR A DISTÂNCIA.

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TUTOR PRESENCIAL

Nome:______________________________________________________________________

Telefone: ____________________ Correio eletrônico: _______________________________

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AGENDA DO ACADÊMICO

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