tcc educação a distância
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Material didático para Educação a Distância da Disciplina de TCC.TRANSCRIPT
CIÊNCIAS SOCIAIS1 período
CADERNODIDÁTICO I
Ministro da EducaçãoFernando Haddad
Secretário de Educação a DistânciaCarlos Eduardo Bielschowsky
Coordenador Geral da Universidade Aberta do BrasilCelso José da Costa
Governador do Estado de Minas GeraisAécio Neves da Cunha
Vice-Governador do Estado de Minas GeraisAntônio Augusto Junho Anastasia
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino SuperiorAlberto Duque Portugal
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - UnimontesPaulo César Gonçalves de Almeida
Vice-Reitor da UnimontesJoão dos Reis Canela
Pró-Reitora de EnsinoMaria Ivete Soares de Almeida
Coordenadora da UAB/UnimontesFábia Magali Santos Vieira
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Ramony Maria da Silva Reis Oliveira
UAB
UNIVERSIDADEABERTA DO BRASIL
CADERNO DIDÁTICO I UAB/UNIMONTES
Projeto Gráfico e EditoraçãoAndréia Santos Dias
Alcino Franco de Moura JúniorWendell Brito Mineiro
Impressão, Montagem e AcabamentoGráfica e Editora Sigma Ltda.
Revisão
Fábia Magali Santos VieiraIvanise Melo de Sousa
Karen Tôrres Corrêa Lafetá de AlmeidaWane Elayne Eulálio dos Anjos
Wanessa Pereira Fróes QuadrosRamony Maria da Silva Reis Oliveira
Alcino Franco de Moura JúniorDanielle F. Souza
José França Neto
SUMÁRIO
Apresentação do Caderno Didático..................................................
Introdução à Educação a Distância
Iniciação Científica
Unidade 1
Unidade 2.
...................................................
Referências.....................................................................................
.........................................................................
.....................................................................................
....................................................................................
Referências..................................................................................
Atividades de Aprendizagem - AA...................................................
Filosofia da Educação....................................................................
Apresentação............................................................................
Unidade 1: A Filosofia e suas Origens...........................................
Unidade 2: Ontologia.................................................................
Unidade 3: O Racionalismo Moderno..........................................
Unidade 4: A Ação na Filosofia Contemporânea...........................
Unidade 5: A Contribuição do Projeto Filosófico para a Teoria e
Prática da Educação na Atualidade..............................................
Atividades de Aprendizagem - AA................................................
Referências Básica, Complementar e Suplementar........................
Agenda do Acadêmico....................................................................
05
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192
194
APRESENTAÇÃODO CADERNO
DIDÁTICO
05
Caro Acadêmico,
Inicialmente, cumpre-nos registrar nossos cumprimentos pelo seu
êxito no Processo Seletivo da Universidade Aberta do Brasil. Que este
triunfo, que coloca você entre os privilegiados da sociedade, possa
efetivamente contribuir para seu crescimento pessoal, sua auto-realização
e, conseqüentemente, para desenvolvimento da sociedade, através de sua
resposta, em ações, aos que contribuíram para sua formação.
Você está ingressando em um curso de Licenciatura. Este fato
amplia, em muito, a sua responsabilidade social. A formação adequada de
professores se coloca, hoje, como a mais significativa esperança para o
desenvolvimento humano. E é nesta perspectiva que apresentamos o seu
primeiro Caderno Didático de Disciplinas.
Cada Caderno Didático tem o objetivo de orientar as atividades
que você realizará nas disciplinas nele contidas. Na forma como foi
organizado, dialogando com o acadêmico, este material permite a
construção gradativa e processual dos conhecimentos relevantes,
deixando à responsabilidade do acadêmico o seu aprofundamento através
das indicações de referência, sugeridas para estudo. Aí, também, foram
colocadas Atividades de Aprendizagem – AA, através das quais você
poderá acompanhar seu desempenho e promover o seu próprio
desenvolvimento. Esta atividade terá um valor de 20 pontos. O objetivo
deste trabalho é que o conhecimento adquirido ultrapasse o âmbito da
teoria e permita o estabelecimento de relações em todas as atividades de
sua vida, extrapolando as relações sociais em que você se insere.
Os Cadernos Didáticos do primeiro período terão as seguintes
disciplinas:
?Iniciação Científica, com uma carga horária de 40 horas;
?Sociologia I , com uma carga horária de 90 horas;
?Filosofia da Educação, com uma carga horária de 75 horas;
?Antropologia I, com uma carga horária de 75 horas;
?Política I, com uma carga horária de 75 horas; e
?História da Educação, com uma carga horária de 45 horas.
Na disciplina Iniciação Científica, você terá oportunidade de
construir e/ou aprofundar conhecimentos acerca da relação entre ciência e
conhecimento, desvelando o processo de produção e de transmissão,
reconhecendo e empregando as mais diversas técnicas de estudo e de
06
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
pesquisa, de sistematização e de registro dos conhecimentos produzidos.
Colocadas estrategicamente, no início do curso, o trabalho com esta
disciplina prepara você para todas as demais e para a realização das
tarefas de estudo a que se propuser.
Na disciplina Sociologia I, você, como acadêmico, terá
oportunidade de conhecer e analisar a contextualização histórica do
surgimento da Sociologia e a postura dos clássicos quanto aos
pressupostos teóricos e metodológicos que envolvem esse campo de
estudos.
Com a disciplina Filosofia da Educação, você conhecerá as
origens e a evolução da Filosofia, em uma perspectiva educacional. A
problemática do ser, o realismo e o idealismo na concepção dos principais
teóricos clássicos que os fundamentaram, as concepções históricas do
homem e do conhecimento, a ética, a estética e a política. Com esta
disciplina, você perceberá um claro convite à reflexão radical, rigorosa e
profunda sobre temas de absoluta relevância ao desenvolvimento do
homem, enquanto ser racional, co-responsável pela edificação da
humanidade no caminho de sua evolução.
Antropologia I contempla o estudo da Antropologia como uma
Ciência do “outro” ou ainda das diferenças sociais e culturais, explicitando
a especificidade da antropologia em relação às demais Ciências Sociais. A
especificidade do discurso antropológico sobre o “outro” e comparação
com outros discursos elaborados em contextos de relações de alteridade,
priorizando aqueles construídos a partir do encontro do “europeu” com os
povos do chamado “Novo Mundo”, como os missionários e viajantes. O
discurso antropológico evolucionista do século XIX. Os diferentes
discursos sobre o “outro”: a oposição entre etnocentrismo e relativismo
cultural e as noções de cultura e diversidade cultural.
Na disciplina Política I, você conhecerá o objeto e conceitos
básicos da Ciência Política; o problema do poder, da legitimidade e da
autoridade como dimensões fundacionais do objeto da ciência política em
suas interações humanas. A formação e a trajetória do pensamento
político moderno relativas à propriedade, à liberdade, à igualdade e aos
direitos, nas concepções clássicas de Maquiavel, Hobbes, Locke, Rosseau
e Montesquieu.
História da Educação possibilita o estudo da contextualização
sócio-histórica da educação, enfatizando os diversos paradigmas
educacionais na realidade tempo/espaço, com atenção especial para a
História da Educação no Brasil, suas tendências e concepções da
educação ideal, conforme a realidade educacional no contexto sócio-
político específico de cada época.
Este primeiro Caderno Didático refere-se às disciplinas Iniciação
Científica e Filosofia da Educação.
Além das atividades a distância, que incluem, entre outras, o
estudo do Caderno Didático, você, acadêmico, deverá, obrigatoriamente,
Apresentação Unimontes/UAB
07
participar de atividades presenciais intensivas no pólo de apoio presencial,
onde serão ministradas as aulas propriamente ditas, com o Professor
Formador de cada disciplina. Nessa oportunidade, o professor
desencadeará o processo de reflexão, apresentando o conteúdo básico da
disciplina. É, nesse momento, que o acadêmico, juntamente com o
restante da turma, terá oportunidade de manifestar-se, de expor suas
expectativas em relação ao trabalho com a disciplina. Estas atividades
acontecerão no pólo de apoio presencial em finais de semana, conforme
cronograma apresentado.
Assim como as Atividades Presenciais, acontecerão, também, os
Seminários Temáticos – três por período, em finais de semana, ocasião em
que devem ocorrer as discussões conclusivas sobre os trabalhos realizados
nas disciplinas, incluindo nestes momentos, as Avaliações On-line – AO,
que serão avaliadas com valor de 30 pontos.
Ao final do último Seminário Temático, no pólo de apoio
presencial, serão aplicadas as Avaliações Semestrais – AS. Estas avaliações
terão o valor de 50 pontos.
Iniciando a primeira Fase Presencial Intensiva, como abertura
oficial do curso, serão realizadas, no pólo de apoio presencial, as seguintes
atividades de freqüência obrigatória:
?Palestra identificada como Introdução a Educação a
Distância;
?Apresentação das disciplinas Iniciação Científica e Filosofia da
Educação; e
?Capacitação Tecnológica para uso do Ambiente Virtual para
os acadêmicos.
Após a realização da primeira fase presencial intensiva, haverá um
período de Atividades de Inserção do Acadêmico no Curso. Nesta fase, o
acadêmico poderá usar de todos os meios disponibilizados para colher
informações sobre o curso e sobre o Sistema UAB/Unimontes. Todas as
instâncias abaixo descritas estarão disponibilizadas para responder aos
seus questionamentos e manifestações.
Esgotado o período determinado para inserção do acadêmico,
será dado início às atividades de estudo das disciplinas e os seminários de
acordo com o cronograma abaixo.
CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DA EAD NO 1ºPERÍODO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
08
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
INSTÂNCIAS DE APOIO AO ACADÊMICO
Virtualmontes
O Sistema UAB foi idealizado para permitir a inclusão de todos
aqueles que, tendo concluído o Ensino Médio, demonstrarem capacidade
de realizar um curso superior, mesmo que não disponham de
computadores com acesso à Internet em suas residências ou na localidade
onde residem. Por esse motivo, as atividades a serem realizadas no
ambiente virtual a distância não são obrigatórias. Entretanto, é de grande
importância a participação do acadêmico no ambiente Virtualmontes. Esta
atividade ampliará, em muito, as possibilidades de discussão interativa
com todos os demais integrantes do curso, acadêmicos, tutores,
professores, coordenadores, o que, por si só, já caracteriza uma enorme
possibilidade de aprendizagem.
Tabela 1: Cronograma das atividades
Período Disciplina/Atividade Curso CH
31/10, 1º 02/11//08Inicio do 1º período (Fase Presencial Intensiva)
Todos os Cursos - Todos os pólos
20
03 a 15/11/08Atividades de inserção
do acadêmico no curso
Todos os Cursos - Todos os pólos
17 a 29/11/08 Iniciação Científica
Todos os Cursos - Todos os pólos
40/45
1º a 19/12/08 Filosofia da Educação
Todos os Cursos - Todos os pólos
75/90/60
20/12/081º Seminário Temático/AO (Iniciação Científica e Filosofia)
Todos os Cursos - Todos os pólos
8
21/12/08 a 08/01/09
Recesso
Todos os Cursos - Todos os pólos
09, 10 e 11/01/09 (Fase Presencial Intensiva)
Todos os Cursos - Todos os pólos
24
12 a 31/01/09 – 18 dias
História da Educação
Ciências Sociais
45
02/02 a 27/02/09– 21 dias
Antropologia I
Ciências Sociais
75
28/02/092º seminário Temático/AO (duas disciplinas conforme cada curso)
Todos os Cursos - Todos os pólos
8
02 a 31/03/09– 24 dias
Sociologia
Ciências Sociais
90
30/03 a 17/04/09– 17 dias
Política I
Ciências Sociais
75
18/04/09 3º Seminário Temático/AO (duas disciplinas conforme cada curso)
Todos os Cursos - Todos os pólos
8
19/04/09Avaliação Semestral AS -
Conclusão do 1º Período Letivo
Todos os Cursos - Todos os pólos
8
25/04/09 Prova Final
Todos os Cursos - Todos os pólos
-
20 a 30/04/09 Recesso
Todos os Cursos - Todos os pólos
-
01, 02 e 03/05/09Início do 2º Período Letivo (Fase Presencial Intensiva)
Todos os Cursos - Todos os pólos
20
09
Apresentação Unimontes/UAB
Pólo de Apoio Presencial
Para facilitar as atividades a serem realizadas no Virtualmontes, o
Pólo de Apoio Presencial estará aberto todos os dias, durante um período
de quatro horas, onde os tutores presencias estarão realizando plantões de
atendimento aos acadêmicos. Neste espaço, no qual o acadêmico poderá
permanecer durante todo o tempo em que estiverem sendo realizados os
plantões, os computadores estarão disponibilizados para seu uso.
Coordenador de Pólo
É, também, no pólo de apoio presencial, que o acadêmico
encontrará o Coordenador de Pólo, que é o responsável,
administrativamente, pelo bom andamento das atividades realizadas. Sem
dúvidas, este é mais um apoio que o acadêmico contará em suas
atividades no curso.
Tutor Presencial
Responsável pelo acompanhamento direto ao acadêmico, este
profissional tem a função de acompanhar e orientar os acadêmicos do
curso, no pólo de apoio presencial; planejar as atividades para
recuperação das atividades; realizar, juntamente com os professores
formadores, os seminários introdutórios e seminários temáticos; colaborar
com a realização das atividades da Fase Presencial Intensiva; aplicar as
Avaliações On-line (AO) e as avaliações semestrais (AS); orientar e
acompanhar as atividades de estágio, o Trabalho de Conclusão do Curso –
TCC e as Atividades Acadêmico-Científico Culturais - AACC.
Tutor a Distância
Tem a função de prestar assistência aos
professores/formadores, de acordo com as disciplinas ministradas no
período; orientar os tutores presenciais e os acadêmicos e corrigir as
Avaliações On-line (AO), realizadas pelos acadêmicos.
Estes profissionais permanecerão na Unimontes e darão suporte
remoto (ou seja: por telefone, fax, e-mail) aos tutores presenciais e aos
acadêmicos.
Professor Formador
Responsável pelo planejamento, pela realização e pela avaliação
da disciplina, sob sua responsabilidade, este profissional que deverá ser
mestre ou doutor, terá as seguintes atribuições: planejar, ministrar e avaliar
O Virtualmontes encontra-
se hospedado na Internet –
Portal da Unimontes:
www.unimontes.br. Ao
acessar este site, dê um
clique no link: ambiente de
aprendizagem, localizado
no canto esquerdo da
página na web (ou da tela
do computador). Logo, em
seguida, clique no link
acesse, no canto superior
direito da tela, entrando,
posteriormente, com seu
login e sua senha pessoal.
DICAS
10
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
a disciplina; planejar as atividades da fase presencial intensiva; planejar,
coordenar e avaliar os seminários introdutórios e seminários temáticos;
planejar e acompanhar as atividades a distância; orientar os tutores a
distância e presencial; planejar e orientar as atividades de nova
oportunidade da aprendizagem; colaborar na organização para aplicação
das Avaliações Presenciais Semestrais (AS); corrigir as Avaliações
Presenciais Semestrais (AS); registrar o conteúdo, a freqüência e o
aproveitamento dos alunos nas avaliações, no Diário Eletrônico;
Coordenador de Curso
Responsável pela organização didática do curso e pelo
cumprimento das atividades constantes do Projeto Político-Pedagógico,
este profissional estará na retaguarda dando todo o suporte institucional
para o curso e acompanhando a adequada execução o Projeto.
Todas estas instâncias de apoio estarão à disposição dos
acadêmicos, através do ambiente Virtualmontes, na Internet, e de
seus respectivos e-mails disponibilizados no Guia do Acadêmico.
O Caderno Didático pretende estimular e ajudar você em todas as
etapas do processo. O Nosso maior interesse é o seu pleno sucesso no
curso.
Estamos à sua disposição.
Observe as orientações, extrapole-as, mas responda a todas as
questões propostas. Isto é imprescindível para o pleno êxito do Sistema
UAB/Unimontes.
Vá em frente!
Agora é com você.
Professora Maria Elvira Curty Romero Christoff
1º PERÍODO
INTRODUÇÃO ÀEDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA
AUTORAS
Fábia Magali Santos Vieira
Doutoranda em Educação (Universidade de Brasília - UnB), mestre em Educação (UnB),
especialista em Alfabetização (Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC-MG),
especialista em Informática Educativa (Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG),
especialista em Educação a Distância (UnB) e graduada em Pedagogia (Universidade
Estadual de Montes Claros - Unimontes). Professora de Tecnologias Educacionais e,
atualmente, coordenadora de Ensino Superior e da UAB na Unimontes.
Karen Tôrres C. Lafetá de Almeida
Mestre em Desenvolvimento Social (Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes),
especialista em Metodologia Científica e Epistemologia das Ciências Humanas e Sociais
(Unimontes), cursando especialização em Educação Continuada e a Distância (Universidade
de Brasília - UnB) e graduada em Turismo e Hotelaria (Faculdades Integradas Pitágoras de
Montes Claros - FIP-MOC). Professora do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
da Unimontes, professora das Faculdades Santo Agostinho, professora conteudista da
UAB/Unimontes, professora orientadora e tutora do Programa de Formação Continuada
Mídias na Educação.
Liliane Campos Machado
Doutoranda em Educação (Universidade Federal de Uberlândia - UFU), mestre em Educação
Tecnológica (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - Cefet-MG), e
graduada em Pedagogia (Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes). Professora
adjunta da Unimontes e supervisora eduacional da Secretaria de Estado da Educação de
Minas Gerais.
Mônica Prates Queiroz
Especialista em Saúde Mental (Faculdade de Saúde Ibituruna - Fasi), graduada em
Fonoaudiologia (Universidade Católica de Petrópolis - UCP). Atualmente, é responsável pelo
setor de Pós-Graduação e pela Educação a Distância da Fasi/Santa Casa.
Ramony Maria da Silva Reis Oliveira
Mestranda em Educação (Faculdade de Itaúna), especialista em Supervisão Escolar
(Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes) e graduada em Pedagogia,
Letras/Português e Letras/Inglês (Unimontes). Professora de Fundamentos da Alfabetização e
Metodologia das Ciências na Educação Infantil e, atualmente, coordenadora adjunta da
UAB.
Francely Aparecida dos Santos
Doutoranda em Educação (Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep), mestre em
Educação (Universidade de Uberaba - Uniube), especialista em Psicopedagogia e em Teoria e
Prática em Supervisão Educacional (ambas pela Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes) e graduada em Pedagogia (Unimontes) e Matemática (Pontíficia Universidade
Católica de Minas Gerais - PUC-MG). Professora da Unimontes.
SUMÁRIODA DISCIPLINA
15
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20
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26
28
32
35
1 Carta de Apresentação.................................................................
2. EAD na Unimontes .....................................................................
3. Conceito e Histórico da Educação a Distância...............................
3.1. O Perfil do Acadêmico e do Professor na Educação a
Distância...................................................................................
3.2. Profissionais de Suporte ao Estudo na EAD............................
4. Comparação: Cursos Presenciais e Cursos a Distância ..................
4.1. Tabela Comparativa entre uma aula Presencial e sua
Dinâmica e a Educação a Distância.............................................
5. Importância da Educação a Distância...........................................
5.1. Vantagens da Educação a Distância....................................
6 Hábitos de Estudos em Cursos Superiores, Principalmente em
Cursos a Distância .....................................................................
7. Avaliação...................................................................................
7.1. Atividades De Aprendizagem (AA)........................................
7.2. Avaliações On-line (AO).......................................................
7.3. Avaliações Presenciais Semestrais (AS).................................
7.4. Síntese da Avaliação de cada Período....................................
8. Virtualmontes - Ambiente Virtual de Aprendizagem da
Unimontes................................................................................
8.1. Utilizando o Virtualmontes - Ambiente Virtual de
Aprendizagem da Unimontes......................................................
8.2 Conhecendo as Ferramentas.................................................
8.3 Como Enviar ou Receber as Mensagens .................................
9 Referências..................................................................................
1 CARTA DE APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico,
A Unimontes tem a satisfação de recebê-lo como acadêmico em
um de seus cursos oferecidos pela Universidade Aberta do Brasil - UAB, em
nível de graduação. Este Caderno tem o objetivo de orientá-lo quanto às
suas atividades no Virtualmontes, dar-lhe noções de informática, além de
esclarecer alguns pontos importantes sobre a Educação a Distância.
Ele o orientará em situações em que será necessário o seu acesso
à Internet para fazer suas atividades on-line, participar de conversas
(chats), dar sua opinião em Fóruns,bem como a possibilidade de navegar
no nosso Ambiente de Aprendizagem, para enviar e receber mensagens,
conversar com os colegas e com os professores e toda a equipe da EAD do
curso que está fazendo. Queremos que ele possa ter uma utilização
verdadeira, para você, nos momentos de auto-estudo e também quando
estiver com o grupo de estudo.
A graduação é um grande passo em sua vida e se você conseguiu
chegar até esse espaço, então é merecedor dele. Queremos, nessa
oportunidade, apresentar-lhe a organização da vida acadêmica que
passará a ter a partir deste momento, e nela não poderemos dizer que tudo
será “fácil”, ou que tudo cairá do céu em suas mãos, mas poderemos
afirmar, com certeza, que é um grande prazer tê-lo em nosso grupo de
acadêmicos da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, que
na parceria construída e firmada com a Universidade Aberta do Brasil e o
Ministério da Educação foi possível tornar real a sua entrada.
Serão quatro anos de muito estudo, mas você não estará sozinho
nessa caminhada, pois junto com você estarão os professores formadores,
os tutores presenciais e a distância e, também os coordenadores. A
caminhada que será trilhada terá, ainda, amparo dos profissionais que
fazem parte do curso, mas, é importante afirmar que a pessoa mais
importante, nesse processo é você, pois de nada adianta todos desejarem
que tudo dê certo, se o acadêmico, também, não pensar dessa forma.
Por isso, queremos dar-lhe as boas vindas e dizer-lhe que deve se
sentir à vontade para iniciar o curso. Você receberá o material que fará
parte da trajetória estudantil na Unimontes. São eles: este caderno, o
caderno do acadêmico, o caderno do módulo e os cadernos Didáticos de
cada disciplina deste módulo.
As autoras
15
INTRODUÇÃOÀ EAD
2 EAD NA UNIMONTES
A primeira experiência da Unimontes com a Educação a Distância
foi o Programa de Capacitação de Professores - Procap, realizado no
período de julho de 1997 a janeiro de 2005. O Programa de Capacitação
de Professores (PROCAP) teve a finalidade de contribuir para a melhoria
da qualidade do ensino, nas séries iniciais do ensino fundamental, em todo
o Estado de Minas Gerais. O PROCAP foi o resultado de uma ação
conjunta, efetivada pelos poderes Público Estadual e Municipal, através
das Secretarias de Educação e pelas Instituições de Ensino Superior do
Estado de Minas Gerais. Foram atendidos 14.391 professores da rede
pública das regiões, dos municípios-sede de Curvelo, Januária, Pirapora,
Sete Lagoas e Montes Claros.
A segunda experiência foi realizada no período de 2000 a 2006,
com o Projeto Unimontes Virtual, que teve como objetivo criar na
comunidade acadêmica da Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes, uma cultura dinâmica de aprendizado e colaboração em rede,
permitindo a interação entre todos os envolvidos. O Unimontes virtual
ministrou os cursos de extensão em Uso Pedagógico da Internet,
Metodologia Científica, Iniciação a leitura em Inglês, Iniciação a Língua
Espanhola. Para atingir o objetivo proposto, a equipe de professores
responsáveis pela coordenação deste projeto desenvolveu um ambiente de
aprendizagem, denominado Virtualmontes, para disponibilizar os cursos
de extensão virtuais.
Outra experiência relevante aconteceu no período de 2002- 2005,
quando a Unimontes participou, com outras Universidades, do Projeto
Veredas, promovido pela Secretaria de Estado da Educação de Minas
Gerais – SEE/MG, com objetivo de capacitar os 1.299 professores das
séries iniciais do ensino fundamental, da rede pública de Minas Gerais, que
estavam em efetivo exercício e ainda não possuíam habilitação em curso
superior.
3 CONCEITO E HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O que é a Educação a Distância?
Segundo Vieira (2003, p. 21),
(...) a Educação Aberta e a Distância é um processo pelo
qual professores e estudantes, buscam a informação,
visando a construção do conhecimento, a partir das
experiências e dos interesses de ambos, em espaços e
tempos síncronos e assíncronos, através de um sistema de
aprendizagem mediado por diferentes meios e formas de
comunicação. Assim, na EAD a interatividade entre os
atores envolvidos é indireta e mediatizada por uma
combinação de meios tecnológicos e linguagens de
comunicação.
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
16
Nesta modalidade, o acadêmico é co-responsável pelo seu
processo de aprendizagem, construindo conhecimentos e desenvolvendo
competências, habilidades, atitudes e hábitos relativos ao estudo, à
profissão e à sua própria vida, no tempo e no local que lhe são adequados,
sem a participação, em tempo integral, de um professor.
Você perceberá que existem muitas diferenças entre a educação a
Distância e o Ensino Presencial. Vamos apresentar, aqui, algumas dessas
peculiaridades. Na aprendizagem a distância, você terá que substituir a
oralidade das aulas presenciais pela aprendizagem via leitura e escrita. Em
outras palavras,
(...) a possibilidade de diálogo simultâneo e dinâmico em
ambientes de comunicação coletiva, potencializando a
participação, a exposição e a autoria de cada aluno no
processo de construção do grupo; a acessibilidade, por
meio de computador pessoal, potencializando o auto-
estudo, a autonomia do saber e, principalmente, a
flexibilidade para a participação do acadêmico ( LIMA,
2008, s. p.).
3.1 O Perfil do Acadêmico e do Professor na Educação a Distância
Nem acadêmico, nem professor na Educação a Distância tem as
mesmas características do ensino presencial. As diferenças de aplicação
das modalidades implicam diferenças nos perfis desejados de cada
participante do processo. Você, agora, vai conhecer qual é o seu papel na
educação a Distância, bem como o dos profissionais que o orientarão.
Você deve estar pronto para planejar e organizar sua aprendizagem de
forma independente dos professores. De acordo com Peters (2004), os
estudantes dessa modalidade de ensino devem ter cinco habilidades para
serem capazes de estudar em um ambiente informatizado de
aprendizagem, quais sejam: autodeterminação e orientação, seleção e
capacidade de tomar decisões e habilidade de aprender e organizar-se.
Essas habilidades também são necessárias no ensino presencial, mas na
EAD, elas são fundamentais.
Assim, para concluir o seu curso com sucesso, você terá que:
conhecer as ferramentas básicas de Internet;?
dispor de um tempo para estudo e disciplinar-se para que este ?
tempo seja proveitoso;
organizar-se para integrar trabalho, vida pessoal e estudo;?
acessar com freqüência o Ambiente de Aprendizagem ?
Virtualmontes;
participar das atividades solicitadas – fóruns e chats e outras; e?
conscientizar-se da necessidade de atuar de modo ?
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
17
colaborativo, objetivando a formação de uma comunidade acadêmica em
rede.
3.2 Profissionais de Suporte ao Estudo na EAD
Professor Formador
Responsável pelo planejamento, realização e avaliação da
disciplina sob sua responsabilidade, com as seguintes atribuições:
?ministrar e avaliar a disciplina;
?planejar as Atividades da Fase Presencial Intensiva;
?planejar os seminários introdutórios e seminários temáticos;
?orientar os tutores a distância e presenciais;
?planejar e orientar as atividades para recuperação da
aprendizagem; e
?coordenar diretamente as Avaliações Presenciais Semestrais
(AS) e reponsabilizar-se pelo registro dos resultados, na Secretaria Geral, e
também, as Avaliações On-line (AO) e Atividades de Aprendizagem (AA).
Atribuições do Tutor Presencial
Os encontros presenciais representarão momentos para todo tipo
de acompanhamento dos cursistas e, ainda, para:
?discussões sobre os conteúdos de cada área do conhecimento;
?elaboração de planejamentos;
?orientações e sugestões quanto às leituras que deverão ser
feitas, auxiliando-os em suas dúvidas (resolvendo ou encaminhando-os
para resoluções);
?acompanhamento e avaliação da aprendizagem dos cursistas,
bem como:
?elaboração do TCC, de Relatórios, e outros procedimentos;
?indicação de recursos, bibliografias e materiais adicionais para
o estudo;
?proposição de formas auxiliares de estudo;
?orientação aos cursistas sobre a importância da pesquisa
científica;
?alimentação de um esforço positivo na superação de
dificuldades;
?favorecimento de troca de experiências e conhecimentos em
atividades de grupos;
?incentivo de debates e produções individuais e coletivas; e
?promoção de conferências, colóquios, palestras, seminários,
mesas redondas, painéis, aulas inovadoras.
18
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
Vá até o fórum: Introdução
a Educação a Distância e
clique no tópico:
Concepção de EAD.
Responda a seguinte
questão: Como acadêmico
que acabou de se
matricular em um curso de
Educação a Distância
como você compreende a
educação a distância?
Vá até o fórum: Introdução
a Educação a Distância e
clique no tópico:
Experiência em EAD.
Responda a seguinte
questão: Você já fez ou
conhece alguém que já fez
um curso a distância? O
que esta pessoa achou? A
partir de quando você ouviu
falar em EAD?
Vá até o fórum: Introdução
a Educação a Distância e
clique no tópico: Dados
estatísticos da EAD e
compartilhe sua opinião
sobre o crescimento da
educação a distância.
Para tanto, o tutor presencial contará com uma carga horária de
20 horas semanais e permanecerá no Pólo de Apoio Presencial por, no
mínimo, 5 dias na semana ou 15 horas semanais para atendimento
individual, em pequenos grupos, ou coletivo. As demais horas serão usadas
para acompanhamento das atividades de estágio. Esta última atividade
deverá ser combinada com os cursistas, para agendamento de datas e
horários de afastamento do Pólo de Apoio Presencial.
Atribuições do Tutor a Distância
O trabalho do tutor é determinar o diálogo permanente e
fundamental entre o curso e seus cursistas, desfazendo a idéia cultural da
impessoalidade dos cursos a distância.
É ao tutor que você deverá encaminhar as suas dúvidas. Ele é
quem poderá responder com exatidão sobre as características, as
dificuldades, desafios e progressos de cada um dos seus acadêmicos.
Os tutores a distância farão o acompanhamento das suas
atividades, utilizando o laboratório de informática, a biblioteca virtual,
através da criação de grupos virtuais de comunicação para tirar dúvidas e
dar outras informações. Além disso, as salas virtuais serão, também, um
espaço onde você terá acesso a programas de TV, vídeos educativos e DVD
relacionados a cada área de atuação.
O tutor a distância escolherá e disponibilizará o Instrumento mais
adequado, simples e de melhor acesso, para tratar dos pontos de interesse
que originaram a sua solicitação e este tutor o responderá assim que tiver
conhecimento da sua demanda.
4 COMPARAÇÃO: CURSOS PRESENCIAIS E CURSOS A DISTÂNCIA
A modalidade de estudos a distância é ainda uma modalidade de
estudo que está tomando forma no Brasil e nas suas várias regiões, no
sentido de alcançar o respeito e aprovação da sociedade.
Sabemos que esse tipo de estudo requer do acadêmico uma
disciplina muito grande, assim como a modalidade presencial. No entanto,
podemos afirmar que a EAD exige do acadêmico maior
comprometimento, organização e autonomia, porque ele mesmo estará
gerenciando seus estudos.
Por um lado tem-se as vantagens de não ter que sair de casa todos
os dias, enfrentar estradas, ônibus e outras situações, você terá, por outro
lado, que assumir o compromisso de realizar as atividades e assim, cumprir
o cronograma do curso. Em EAD você não poderá contar com o professor,
todos os dias dizendo o que você tem que fazer ou não.
19
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
4.1 Tabela Comparativa entre uma Aula Presencial e sua Dinâmica e aEducação a Distância
Numa aula presencial, você... Numa aula a distância, você...
1. Recebe a ementa, bibliografia e o Plano de Ensino da disciplina.
1. Receberá a ementa, a bibliografia e o Plano de Ensino da disciplina na sala
do Ambiente de Aprendizagem, e isso tudo ficará
sua disposição para que você consulte quando quiser.
2. Dialoga com o professor e colegas,
utilizando quadro de giz, slides e
materiais escritos de apoio. Interage com suas perguntas e
comentários imediatamente.
2.
Responsabiliza-se por estudar o material previamente, e depois interage
com o professor, tutor e colegas.
3. Recebe atividades para que
copie e resolva em sala, entregando
os resultados ao professor, no mesmo dia.
3. As suas respostas serão postadas no ambiente de aprendizagem,
sem montes de papéis. As correções podem ser feitas
e inseridas numa pasta no portfólio do
professor ou enviadas aos acadêmicos pelo
Ambiente de Aprendizagem.
4. Tem o tempo de aula limitado para o contato com o professor e colegas e tem oportunidade de
realizar
possíveis
correções no que foi dito ou pedido que
fizesse.
4. Tem a possibilidade de comunicar-se com o professor, tutor e colegas a qualquer momento pelo Ambiente, pelo fórum de discussões ou pela sala de bate-papo, em momentos agendados, ou não.
5. Tem tarefas complementares a serem
feitas fora de sala e entregues
posteriormente. Essas
tarefas podem ser
individuais ou em grupo.
5. Encontra as tarefas solicitadas no Ambiente de Aprendizagem, com todos os dados e
documentos
necessários para sua
resolução. Quando solicitado
você pode formar
livremente grupos para trabalho. A entrega será feita pelos portfólios individuais, ou dos grupos, ou pelo Ambiente de Aprendizagem.
6. Participa imediatamente, realiza
pesquisas e busca a melhor integração com o grupo.
6. Participa remota, mas ativamente,por meio do Ambiente, dos fóruns de discussão e dos momentos de encontro presenciais.
20
5 IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Enfocar a questão da Educação a Distância, significa vê-la de
frente e apontar sua importância em uma sociedade moderna, como a
nossa. Isto significa reconhecer que o conhecimento tecnológico e
científico produziu, ao longo dos anos, várias mudanças em nossos hábitos
sociais e nos hábitos educacionais também.
Podemos, por exemplo, apontar algumas dessas mudanças, para
que você perceba como estamos inseridos nelas, de forma consciente ou
inconsciente.
O trabalhador atual lida com dados computacionais, sendo ele,
por exemplo, operário de uma fábrica, que não trabalha mais diretamente
com as mãos no produto, pois ele se transformou em um trabalhador que
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Tabela 1: Comparação aula presencial
opera com a informação, ou seja, ele recebe os dados via “máquinas”.
Nessas “máquinas”, ele insere os dados daquilo que precisa, podendo ser
uma peça ou uma engrenagem e, o resto, a referida máquina faz. Esse
trabalhador se transformou em um operador de um computador, pois seu
trabalho não é mais físico, ao contrário, é uma seqüência de padrões de
informações que são manuseadas, e assim poderemos dizer que esse
trabalhador é o antigo torneiro mecânico. Hoje, pode-se afirmar que a
grande maioria deles não se “sujam de graxa”, pois operam outra
máquina: o computador.
Nas lojas podemos apontar as mesmas questões, quando vemos
os vendedores, ao realizarem seu trabalho, operarem as máquinas para
organizar, verificar estoques de mercadorias e finalizar uma compra. Além
disso, usam delas para verificar se o nosso nome está “limpo” no cadastro
de pessoas físicas. Caso contrário, não poderemos realizar as compras se
elas forem a prazo, e só aceitam pagamentos à vista, se for em moeda
corrente, nada de cheques ou de cartões.
Em cada passo desses exemplos podemos observar como as
informações andam em velocidades altíssimas, e quando não
acompanhamos essas mudanças somos facilmente chamados de
“analfabetos tecnológicos”. Em alguns casos ficamos com receio, de não
encontrarmos emprego, pelo motivo dessa mais nova necessidade:
dominar os aparelhos tecnológicos.
E então, um dia descobrimos que essas mudanças tecnológicas
não estão presentes somente na sociedade do trabalho, também estão
presentes na sociedade educacional, e por isso estamos aqui hoje falando
para você sobre um curso superior que será feito a distância, e que tem
amparo legal, inclusive pela Lei de Diretrizes e Bases Educacionais
Brasileira, nº 9.394/96 de 20 de Dezembro de 1996, e também pelo Plano
Nacional de Educação Brasileiro.
Sabemos que o desenvolvimento dos meios de comunicação
lançou às escolas “o grande desafio de ter que mudar para continuar
existindo, não só pelo poder de sedução que a mídia oferece, mas também
pelos perigos que ela traz consigo” (TEVES, 2000).
A comunicação oral, desde o seu inicio, quando somente era
realizada pessoa-a-pessoa, passando pelo rádio e pela televisão e
chegando até a Internet, “acabou fazendo do homem comum, um
habitante do mundo” (TEVES, 2000). Esse homem está conectado não
somente em sua casa, seu bairro ou sua cidade, mas sim com o mundo
todo. Do quarto, ou da sala de casa ele vê e sabe tudo que acontece ao
redor do mundo, em questão de segundos. É o que podemos chamar de
avanço planetário.
Neste sentido, não poderemos pensar que a escola, a educação
brasileira poderia ficar de fora desses avanços tecnológicos, inclusive no
aspecto relativo à formação de professores e de outros profissionais da
sociedade. Por isso, esse material tem também a pretensão de
21
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
22
conscientizá-lo do papel, que nesse momento, você está começando a
ocupar. É um papel que aponta para uma formação intelectual muito
ampla e aprofundada, contemplando os problemas e complexidades
presentes em nosso cotidiano, sendo necessário que, nós, professores e os
futuros professores apropriem-se dos recursos tecnológicos disponíveis nos
dias atuais, e que consigamos transformá-los em nossos instrumentos de
trabalho, utilizando-os de forma inteligente, discutindo, completando os
assuntos que foram discutidos e estudados nas salas de aula.
A Educação a Distância poderá nos ajudar a ser
mais íntimos desses materiais e equipamentos tecnológicos produzidos
pela ciência e disponibilizados para o homem, para a busca de nossa
autonomia e busca da construção de uma sociedade mais humana, sem
perder de vista que a Educação a Distância não é de forma alguma, um
vislumbre para ficarmos trancados em quatro paredes, “ligados” vinte e
quatro horas em um computador, ou em frente à televisão.
Podemos, então, perceber que ela veio para melhorar as
relações humanas e que nesse caso, dentro da escola, para
melhorar o processo ensino-aprendizagem, e que por isso
“é um dever da escola mostrar a seu acadêmico que ele, por
si mesmo é um ser de carências e necessidades. Que sua
existência depende dos outros e que é por causa dos outros
que a sua ação é sempre transação com as coisas e
pessoas...” ( TEVES, 2000).
5.1 Vantagens da Educação a Distância
?Flexibilidade de tempo e espaço: você estuda no tempo e local
adequados à sua disponibilidade. É um fator de democratização do ensino,
porque insere todas as pessoas que têm dificuldades para ingressarem
numa universidade.
?Flexibilidade de ritmo: você produz o conhecimento de acordo
com o seu ritmo e velocidade de aprendizagem.
?Acompanhamento individual: você terá um tutor a distância e o
tutor presencial para orientá-lo.
?Minimização de custos: você não terá despesas, tais como:
deslocamentos todos os dias, material impresso, etc.
?Desempenho pessoal: você terá oportunidade de desenvolver-
se autonomamente, além de estimular sua iniciativa na resolução de
problemas e desenvolver atitudes e hábitos educativos.
?Respeito à individualidade: você verá respeitado seu ritmo de
estudo.
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Vá até o fórum: Introdução a Educação a Distância e clique no tópico: Educação presencial X EAD. Responda qual a diferença entre EAD e a educação presencial.
Vá até o fórum: Introdução a Educação a Distância e clique no tópico: Limites e possibilidades da EAD e compartilhe sua impressão essas questões.
ATIVIDADES
ATIVIDADES
23
6 HÁBITOS DE ESTUDOS EM CURSOS SUPERIORES,
PRINCIPALMENTE EM CURSOS A DISTÂNCIA
Todo estudo requer uma organização e cuidados de ordem
individual e social, pois ninguém nasce sabendo estudar; nós aprendemos
na medida em que vamos nos conscientizando dessa necessidade.
Para isso, é preciso entender que, ao entrar em um curso superior,
a nossa vida muda em vários pontos, como por exemplo, se assistíamos
novelas todos os dias, ou qualquer outro programa de televisão (ou mesmo
ouvir programas de rádio), já teremos que reorganizar e fazer algumas
mudanças, escolhendo algumas programações para o lazer, e tenha
certeza de que serão bem menos do que o costume.
É necessário romper com o pensamento de que o fato de não
sabermos estudar é um grande problema, ele será grande se não
mudarmos nossos hábitos.
Aquela velha ida ao “boteco” nos finais de tarde, todos os dias,
serão passadas para os finais de semana. O hábito de dormir tarde e
levantar tarde, também poderá ser mudado, e, assim você reorganizará os
horários de deitar e levantar.
Outra questão importante e que necessita de readaptação é a que
se refere aos familiares que são pessoas importantes em nossa vida. Por
isso, precisamos torná-los nossos parceiros, tanto os pequenininhos (filhos
pequenos) quanto os maiores (filhos adolescentes ou jovens,
maridos/esposas, namorados/namoradas) para que eles possam nos
ajudar nos momentos de estudo, contribuindo com sugestões na
organização do seu estudo, que é a distância, ou seja, cada um estudará
muito em casa, com a utilização de seu próprio material de apoio. Por isso,
explique a eles o que está acontecendo, mostre o material e diga-lhes que
eles podem ajudá-lo nesse processo.
Tudo deverá ser feito com equilíbrio e moderação, não será
necessário ser muito radical, mas será necessário tomar cuidado com os
estudos. Observar o cronograma de tarefas, ficar atento às atividades
enviadas pelo computador, à troca de informações entre os colegas e
demais profissionais que darão suporte ao curso a todos os acadêmicos,
às orientações de cada professor formadores. É preciso ler com atenção o
material a as instruções nele contidas, além de utilizar os meios de
comunicação para tirar as dúvidas.
Listaremos, abaixo, alguns itens que podem favorecer a sua
leitura, reflexões e aumentar o nível de argumentação:
utilize meia hora por dia para estudar, no mínimo, mas todos os ?
dias, impreterivelmente;
estabeleça uma meta pensando que o curso que está fazendo é ?
a distância e que você será um auto-didata. Pense que está investindo em
seu futuro;
valorize seu tempo e o tempo de sua família. Além de tudo, ?
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
Vá até o fórum: Introdução a Educação a Distância e
clique no tópico:Tutor na EAD.
Explane o que você entende por tutor.
ATIVIDADES
24
valorize o investimento que está fazendo em sua vida;
fazer um cronograma semanal de estudos, indicando as ?
disciplinas que serão estudadas e os horários, por dia, que serão
estipulados;
separar o material diário que deverá ser estudado e deixar ?
próximo de você;
selecionar as disciplinas que serão estudadas naquele dia;?
procurar um ambiente tranqüilo e arejado, sem computador, ?
rádio ou televisão ligados, e se tiver som ligado que seja em altura
considerada “ambiente”, pois som muito alto não ajuda nos estudos;
sentar-se de forma confortável e não deitar-se, pois você pode ?
dormir;
ler um texto por vez e duas vezes cada texto;?
marcar em cada texto, na segunda leitura, os itens que são ?
importantes;
anotar, resumir, elaborar esquemas e fazer fichamentos;?
anotar as dúvidas e perguntar ao seu tutor. Lembre-se de que ?
nenhuma dúvida é “boba”;
se você tiver colegas que morem próximo a você, procure-os ?
para organizarem um grupo de estudos e, juntos, leiam, discutam,
elaborem documentação de estudo pessoal (resumos, resenhas,
esquemas, fichamentos), problematizem e anotem as dúvidas; e
enviem as dúvidas ao ambiente de aprendizagem e solicite ?
discussão.
7 AVALIAÇÃO
No Sistema UAB, as avaliações realizadas, em cada disciplina,
serão ministradas conforme abaixo descrito.
7.1 Atividades de Aprendizagem (AA)
Conjunto de Atividades de Aprendizagem constantes nos
Cadernos Didáticos trabalhados no período ao término do conteúdo de
cada disciplina. As AAs terão o valor de 20 pontos.
7.2 Avaliações On-Line (AO)
Após o seminário temático, cada acadêmico receberá uma senha
para que possa ter acesso à prova que será visualizada e respondida, em
sua integralidade no Virtualmontes. As Avaliações On-line terão o valor de
30 pontos. O acadêmico que não alcançar 21 pontos na avaliação On-Line
- AO, terá oportunidade de reavaliação em que serão usados estudos
individuais orientados pelo professor formador e pelo tutor a distância,
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
25
tendo direito a uma nova AO, em data a ser agendada pelo tutor
presencial. Esta nova avaliação terá o valor de 30 pontos. Neste caso, o
resultado a ser registrado será o maior, observada a 1ª e a 2ª AO.
7.3 Avaliações Presenciais Semestrais (AS)
Realizadas nos Pólos de Apoio Presencial, ocorrerão no final de
cada período, em dias e horários preestabelecidos, incluídos no
cronograma do período.
As Avaliações Presenciais terão o valor de 50 pontos.
7.4 Síntese da Avaliação de cada Período
O acadêmico que, no final do período, obtiver pontuação igual ou
superior a 50 (cinqüenta) pontos e inferior a 70 (setenta), deverá
submeter-se a uma avaliação final, cujo valor será 100 (cem) pontos.
Será considerado aprovado na avaliação final, o aluno que
alcançar a média ponderada – igual ou superior a 70 (setenta) pontos –
entre a nota semestral e a nota da avaliação final.
A base de cálculo da média ponderada levará em conta o PESO
1 para a nota semestral e o PESO 2 para a nota da avaliação final,
sendo utilizada a seguinte fórmula matemática:
NF = (TPSL x 1) + (TPPF x 2)
3
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
Rendimento previsto em cada período
Rendimento Mínimo aceitável
Pontos
%
Pontos %
Forma de organização
das atividades avaliativas
Período de realização
Características gerais de cada modalidade de avaliação
Em cada disciplina
Total Em cada disciplina
Atividade de Aprendizagem (AA)
Final de cada disciplina (Caderno Didático das disciplinas doperíodo)
- Atividades pertinentes àsunidades didáticas trabalhadas no período. No caderno didático, ao término do conteúdo de cada disciplina, há um conjunto de Atividades de Aprendizagem que serão corrigidas pelo tutores a distancia.
20 100%
70%
Avaliação On-line (AO)
No 1º Seminário realizado no Pólo presencial, após o término de cada disciplina.
- Avaliações essencialmente de caráter formativo, realizadas no ambiente de aprendizagem. A equipe de tutoria presencial
organizará um cronograma durante o 1º seminário, após o término de cada disciplina, e os tutores presenciais conduzirão a turma em grupo para o laboratório de informática onde serão realizadas as atividades on-line.
30
100%
70%
Avaliação Presencial Semestral (AS)
Final de cada semestre no Pólo-Presencial
-Avaliações realizadas nos Pólos Presenciais ocorrerão no final de cada período , em dias e horários preestabelecidos, dentro dos períodos de avaliações presenciais planejadas e incluídos no calendário escolar.
50 100% 70%
70Prova Final
A partir do 5º Período 100%
100
70%
Trabalho de Conclusão do Curso
A partir do 6º Período 100% 70%
Avaliação do Estágio Supervisionado
Tabela 1: Síntese da avaliação
26
Sendo que: NF=Nota Final
TPSL=Total de Pontos obtidos no Semestre Letivo
TPPF=Total de Pontos obtidos na Prova Final
Para diplomação, o acadêmico deve ter obtido desempenho
satisfatório em todas as disciplinas de todos os períodos, de acordo com os
critérios estabelecidos pela Unimontes e ter sido aprovado em seu relatório
final do Estágio Curricular Supervisionado, na apresentação do TCC, bem
como no cumprimento da carga horária de Atividades Acadêmico-
Científico Culturais - AACC (ver página 27).
Ao final do período letivo, o acadêmico que obtiver pontuação
inferior a 50 pontos deverá cursar, novamente, a disciplina, em regime de
Dependência.
8 VIRTUALMONTES - AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM DA
UNIMONTES
O Virtualmontes - Ambiente Virtual de Aprendizagem da
UNIMONTES utiliza a plataforma MOODLE (Modular Object-Oriented
Dynamic Learning Environment) que é um software livre de apoio à
aprendizagem, permitindo que a sala de aula seja (re)significada em um
espaço virtual, a Internet. Este programa possibilita ao estudante e ao
professor uma integração, estudando ou ministrando num curso on-line à
sua escolha, facilitando a interação entre todos. Usando o MOODLE o
acadêmico tem acesso a anúncios e notícias, envia e recebe mensagens,
conversa em tempo real com os participantes, realiza trabalhos e tarefas,
vê as matérias disponibilizadas pelo professor e muito mais. Esta
explicação objetiva descrever e explicar o funcionamento das ferramentas
desse programa.
8.1 Utilizando o Virtualmontes - Ambiente Virtual de Aprendizagem da
UNIMONTES
Para começar o seu aprendizado no Virtualmontes, você deverá,
primeiramente, acessar o site www.unimontes.br.
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 1: Portal da Unimontes na Internet
27
DICAS
Verifique se o seu nome aparece no canto direito
superior da tela.
E clicar do lado esquerdo da tela em Ambiente de Aprendizagem.
Você sempre deve lembrar do seu Nome de usuário e da sua senha, pois
são com essas informações que terá acesso ao Virtualmontes – Ambiente
Virtual de Aprendizagem da UNIMONTES.
O seu Nome de usuário é o número da sua matrícula e sua Senha
é a data do seu nascimento. Exemplo, se você nasceu no dia 3 de fevereiro
de 1979 você irá digitar na senha: 321979 (despreze o zero à esquerda e
coloque o ano com os 4 dígitos).
O que iremos fazer agora será uma capacitação!
Vamos utilizar as ferramentas do Virtualmontes, e para isso –
clique na disciplina: Introdução à EAD.
Esta página é semelhante às que aparecerão para todas as demais
disciplinas, semelhante porque o professor tem autonomia de melhor
adequá-la para o seu usufruto. Ela é composta de informações pertinentes
à matéria disponibilizada e as configurações dos usuários inscritos. Mas
você aprendendo a utilizá-la, agora, não terá dificuldades em outras salas.
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
Figura 2: Virtualmontes - Ambiente Virtual de aprendizagem da Unimontes
28
8.2 Conhecendo as Ferramentas
Lado esquerdo
Participantes
Aqui você encontra todos os
colegas cadastrados na disciplina
Introdução à EAD, o tutor e o professor.
Através deste recurso, você tem a
possibilidade de observar o perfil do
colega, as mensagens que a pessoa postou em fóruns e pode enviar
mensagem mesmo a pessoa estando off-line.
Atividades
É um BOX que serve para
facilitar a localização das funções que
estão na parte central da página. Todas
as atribuições desses ícones serão
discutidas mais adiante.
Buscar nos Fóruns
É uma fer ramenta auto-
explicativa que possibilita localizar, com
rapidez e precisão, mensagens enviadas
aos fóruns.
ATIVIDADES
Na sala Introdução à EAD, clique em cada um dos itens em ATIVIDADES e verifique o que está disponível para você!
No módulo Introdução à
EAD, vá até o link
PARTICIPANTES e veja
todos os inscritos, escolha
um colega e clique em seu
nome.
Conheça o seu perfil e
envie uma mensagem.
foto
perfil
para enviar mensagens
ATIVIDADES
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 3: Link participantes
Figura 4: Identificação do perfil de participantes e como enviar mensagem
Figura 5: Link Atividades
Figura 6: Link Buscar nos Fóruns
29
Administração
Para facilitar o seu manuseio
com o Virtualmontes, acompanhe cada
ícone descrito abaixo e faça as alterações
necessárias:
Notas
Todos os trabalhos enviados ao
professor, fóruns ou qualquer outra atividade
avaliativa é aqui, neste lugar, que você vai
consultar a nota que tirou.
Modificar Perfil
A qualquer hora você poderá mudar seu
perfil. Essa ferramenta permite aos acadêmicos e
aos docentes se apresentarem e incluírem uma
foto pessoal.
Clique em Modificar perfil e faça as modificações citadas abaixo:
Na sala Introdução à EAD, vá até o BOX
ADMINISTRAÇÃO e clique em NOTAS.
Observe se há alguma atividade corrigida e nota
lançada.
Insira seu nome
E aqui seu sobrenome
Deixe o seu e-mail
Escreva a sua cidade
ATIVIDADES
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
Figura 6: Link Administração
Figura 7: Link Notas
Figura 8: Link Perfil
Figura 9: Campos para inserção e alteração do perfil
Queremos conhecer você!No módulo Introdução à EAD, clique no Fórum de Apresentação e no tópico: Faça sua apresentação pessoal aqui.Fale de você, suas experiências, expectativas e sonhos...
30
Para inserir sua imagem é preciso que você tenha uma foto salva para que ela possa ser anexada. Clique em procurar, localize a foto desejada, anexe e pronto! Sua imagem atual está modificada. Formato do arquivo: JPG ou PNG.
Agora é só clicar em Atualizar perfil e as alterações ficam salvas
Vá até descrição e escreva um pouquinho sobre você. Faça uma mensagem de apresentação
Categorias de Curso
São listadas todas as disciplinas nas
quais você está inscrito até agora,
facilitando o seu acesso aos mesmos.
Parte Central
Programação
Fóruns
O Fórum permite acesso a uma página que contém tópicos que estão em
discussão naquele momento do curso. O acompanhamento da discussão
se dá por meio da visualização de forma estruturada das mensagens já
enviadas e a participação também por envio de mensagens.
ATIVIDADES
DICAS
DICAS
ATIVIDADES
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 10: editor de textos
Figura 11: Campos para inserção e alterações de imagem
Figura 12: Link para atualizar perfil
Figura 13: Link para Menu Cursos
Fiquem sempre atentos quanto a data de entrega
das tarefas, pois não poderão ser enviadas após
a data marcada.
Na sala Introdução à EAD, clique em CHAT e comece
um bate papo com os colegas on-line. É muito
divertido, você vai gostar!
31
Chat
A seguir você encontrará a sala de bate-papo – CHAT da
disciplina.
O Bate-papo é uma atividade em que, acadêmicos, tutores e
professores estabelecem uma comunicação por escrito, on-line, com dia e
hora previamente determinados.
É recomendável que, antes
de iniciar um bate-papo real
observe à direita, no box Usuários
on-line se há algum colega on-line.
Se houver, vocês poderão realizar
um bate-papo em tempo real sobre
as atividades que estiverem
executando.
A configuração de um Bate-papo é auto-explicativa.
Link
Sempre que estiver disponível para você o ícone LINK, significa que
o professor já especificou a página que você irá pesquisar.
Material Arquivado
Para você conhecer as funcionalidades no ícone ARQUIVOS,
entre no ícone – Plano de Ensino e Dicas do acadêmico on-line e observe
todas as sugestões que deixamos disponíveis para você.
Tarefa
A tarefa consiste na descrição ou elaboração de uma atividade a
ser desenvolvida pelo participante, que pode ser enviada ao servidor do
curso, utilizando a plataforma.
Alguns exemplos de tarefas que podem ser solicitados pelo
professor: redações, questionários, projetos, relatórios entre outros.
Lado direito
Últimas Notícias
Aqui somente os professores,
tutores ou coordenador do curso
poderão postar mensagens para a
ATIVIDADES
DICAS
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
Figura 14: Link para informarusuário on-line
Figura 15: Link para Últimas Notícias
32
turma, tais como avisos, lembretes e novidades.
Próximos Eventos
As atividades relevantes com datas
a serem entregues aparecem neste
BOX, deixando você sempre a par
de tudo que o professor está
cobrando.
Calendário
Disponível para você se organizar
com a vantagem de terem os dias
com atividades marcadas em
destaque.
8.3 Como Enviar e Receber Mensagens?
Através do Virtualmontes – Ambiente Virtual de Aprendizagem da
Unimontes você tem a possibilidade de enviar mensagens para os seus
colegas, tutores e professores, mesmo esses estando on-line ou off-line.
Enviando mensagem para os colegas on-line
Utilize o BOX Usuários on-line, à direita no canto inferior da tela. Observe que na frente do nome do seu colega tem o ícone (envelope), clique neste envelope e perceba que abrirá uma nova tela com uma caixa de texto para você redigir.
Enviando mensagem para os colegas off-line
No módulo Introdução à EAD, vá até a Unidade I e clique em Tarefa. Leia o texto e responda as questões seguindo os passos para confecção da atividade e envie para serem corrigidas.
Quer ficar por dentro de todas as novidades que o professor compartilha com você? Então sempre que acessar o Virtualmontes, observe esses links importantes à direita:?Últimas notícias,?Próximos Eventos e; ?Mensagens.
E se mantenha atualizado!
ATIVIDADES
PARA REFLETIR
Verifique se há algum colega on-line. Se houver escolha um e escreva uma mensagem para ele, clicando no envelope em frente ao seu nome.
ATIVIDADES
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 16: Link para Próximos Eventos
Figura 17: Calendário e AtividadesUAB/Unimontes
33
Vá até o Fórum Virtualmontes e clique no
tópico: Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Compartilhe sua opinião sobre o Virtualmontes, as
suas dificuldades, suas dúvidas...
ATIVIDADESEsta é uma possibilidade que a plataforma nos permite que é o
envio de mensagem para os participantes que não estão on-line na sala, ou
seja, mesmo a pessoa não estando presente naquele momento, logo que
ele acessar o Virtualmontes estará depositado em sua caixa de mensagens
o material enviado pelo remetente. Neste caso, deveremos ir ao BOX
PARTICIPANTES, no lado esquerdo da página e escolher o colega para o
envio da mensagem, assim como foi solicitado na Atividade da página11.
E como ler as mensagens recebidas?
É no BOX Mensagens que aparecerá as mensagens recebidas. Para visualizar, basta clicar no envelope, na frente do nome da pessoa que enviou a você e depois ler o conteúdo. Você tem a possibilidade de responder, digitando na caixa de texto abaixo da mensagem recebida. Esta é uma ótima maneira de interação entre você e seus colegas, entre os tutores, professores e coordenadores de curso.
E para finalizar essa capacitação, a nossa sugestão é que você
experimente e não tenha medo de
clicar!!!
Bom trabalho!
9 CARTA DE DESPEDIDA
Prezados acadêmicos,
Depois desta nossa conversa “introdutória”, desejamos enfatizar
que um pais como o nosso, que é regido por um regime político
democrático, o fato de freqüentar um curso superior faz parte de uma
conquista de muitos brasileiros, alguns, inclusive, morreram nessa luta.
Portanto, queremos aqui discutir o que significa democracia. Para Souza
(1996) falar em democracia é falar primeiramente em cinco princípios
básicos que a compõem, e que segundo ele, cada princípio já é por si só a
formulação de uma grande teoria: liberdade, participação, diversidade,
solidariedade e igualdade.
Vejam, então, como realmente, cada um desses princípios poderia
ser discutido por toda uma vida; mas eles estão diretamente ligados à
democracia. E nesse caso, a democracia está ligada ao direito que cada
um tem de usufruir desse estudo. Por isso, não perca a oportunidade de
participar ativamente de seus estudos, e faça desse momento uma grande
oportunidade de aprimorar, a cada dia, mais e mais os seus conhecimentos
acadêmicos, para que possam, através dele, tornar-se pessoas melhores e
futuros profissionais responsáveis pela parte que lhes couber nessa grande
diversidade que é o nosso mundo e nosso estudo, ainda mais no que se
refere à Educação a Distância, conforme o nome já diz, no que possamos
tornar solidários uns com os outros, estejam eles próximos ou distantes,
sabendo, como já falamos no início deste caderno, que com a Internet e
Vá até o Fórum Introdução à EAD e clique no tópico –
Opinião sobre Introdução a EAD. Compartilhe com os
colegas suas impressões sobre este módulo.
ATIVIDADES
Introdução à Educação a Distância Unimontes/UAB
Figura 18: Link parainformar sobre mensagens
34
todos os meios de comunicação tornamo-nos cidadãos do mundo e por fim
em uma busca contínua de igualdade e oportunidades, que nem todos têm
a chance de vivenciar.
Observem caros acadêmicos, ao mesmo tempo que é tão simples
discutir democracia, torna-se tão complexo, pois esse não é somente um
conceito político, mas uma atitude de cada um de nós, no espaço que é de
cada um.
Portanto, usufruam com total direito e total dever a oportunidade
que lhes é oferecida e boa sorte nesse momento e em todos os quatro anos
que terão pela frente.
Abraços carinhosos!
As autoras.
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
BRASIL. Ministério da Educação: Secretaria de Educação a Distância.
Referenciais de Qualidade para Cursos a Distância. Brasília, 02 de abril
de 2003.
LIMA, Valéria Sperduti. As Raízes e singularidades da Educação a
Distancia. Disponível em: <http://www.educacaoadistancia.org.br>
2008. Acesso em 07 de setembro de 2008.
MORAN, J.M. O que é educação a distância. Disponível em:
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm> Acesso em 18 de janeiro
de 2007.
PETERS, Otto. Didática do ensino a distância: experiências e estágio da
discussão numa visão internacional. Tradução Ilson Kayser, RS: Editora
UNISINOS, 2003.
SOUZA, Herbert. Democracia e Cidadania. In: RODRIGUES, Carla (org.)
Democracia: cinco princípios e um fim. São Paulo: Moderna, 1996.
TEVES, Nilda. Palestra proferida na Associação Brasileira de Educação.
Rio de Janeiro, 2000.
Universidade Estadual de Montes Claros. Pró-reitoria de ensino -
Coordenadoria de ensino Superior da Unimontes. Projetos político-
pedagógicos dos cursos da licenciatura UAB/Unimontes. Montes Claros,
2008.
VIEIRA, Fábia Magali Santos. Ciberespaço e educação: possibilidades e
limites da interação dialógica nos cursos a distancia, 2003. 129 f.
Dissertação de Mestrado em Educação Faculdade de Educação da
Universidade de Brasília – UnB. Brasília, 2003.
35
3 REFERÊNCIAS
1º PERÍODO
INICIAÇÃOCIENTÍFICA
Alex Fabiano Correia Jardim
Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, mestre em
Fundamentos da Educação pela UFSCar e graduado em Filosofia pela Universidade Estadual
de Montes Claros – Unimontes. Professor do Departamento de Filosofia da Universidade
Estadual de Montes Claros - Unimontes e do Programa de Pós-graduação em Letras/Estudos
literários desta mesma Universidade.
Cláudia de Jesus Maia
Doutora em História pela Universidade de Brasília – UnB, com período sanduíche na École des
Hautes Études en Sciences Sociales – EHES, em Paris. É líder do Grupo de Pesquisa Gênero e
Violência, professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes
Claros - Unimontes e do Programa de Pós-graduação em Letras/Estudos literários desta
mesma Universidade.
Emília Murta Moraes
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, pós-graduada em
Alfabetização pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/Minas e graduada
em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. É professora e
coordenadora de Projetos Especiais da Pró-Reitoria de Extensão da Unimontes.
Jussara Maria de Carvalho Guimarães
Doutora em Geografia - Percepção Ambiental Infantil pela Universidade Federal de
Uberlândia - UFU, mestre em Geografia - Educação Ambiental pela UFU e graduada em
Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Professora do curso de
Pedagogia da Unimontes. Coordenadora Pedagógica do Curso de Capacitação de Gerentes
Sociais do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); Coordenadora de
Projetos Especiais da Pró-Reitoria de Extensão.
Apresentação...................................................................................
Unidade I: Conhecimento e Ciência ...................................................
1.1 Introdução.............................................................................
1.2 Introdução à Ciência e ao Conhecimento..................................
1.2.1 O Problema da Verdade e o Conceito de Ciência..................
1.2.2 Conhecimento Científico e Senso Comum...........................
1.3 O Nascimento da Ciência Moderna..........................................
1.4 A Emergência das Ciências Humanas.......................................
1.4.1 A Neutralidade Científica...................................................
Unidade II: Técnicas de Estudo ..........................................................
2.1 Introdução..................................................................................
2.2. O Método de Estudo...............................................................
2.2.1 O Ato de Estudar...............................................................
2.2.2 Como Estudar...................................................................
2.2.3 Etapas do Estudo..............................................................
2.3 Leitura, Análise e Interpretação de Texto...................................
2.3.1 A Leitura..........................................................................
2.3.2 Sublinhar um Texto...........................................................
2.3.3 Como Elaborar um Esquema.............................................
2.3.4 Resumo...........................................................................
2.3.4.1 Tipos de Resumos.......................................................
2.4 A Prática de Documentação Pessoal.........................................
2.4.1 Formas de Documentação................................................
2.4.2 Conteúdo das Fichas.........................................................
2.4.3 Confecção das Fichas e Materiais Diversos..........................
2.5 O Seminário como Técnica de Estudo.......................................
2.5.1 Definição.........................................................................
2.5.2 Objetivos..........................................................................
2.5.3 Estrutura e Organização....................................................
2.5.4 O Texto-roteiro..................................................................
2.5.5 O Texto-base....................................................................
2.5.6 Apresentação e Duração...................................................
2.5.7 Avaliação.........................................................................
2.6. A Internet como Fonte de Estudo e Pesquisa.............................
2.6.1 Acesso à Internet..............................................................
41
43
43
43
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79
SUMÁRIO DADISCIPLINA
2.6.2 A Pesquisa Científica na Internet.............................................
2.6.3 Atividades.............................................................................
2.6.4 Relação de Sites Importantes para sua Pesquisa Científica por
Área..............................................................................................
2.7 Formatação de Texto e Capa de Trabalho Acadêmico.....................
2.7.1 Formatação de Texto..............................................................
2.7.2 Formatação de Capa de Trabalhos..........................................
3 Referências.........................................................................................
4 Atividades de Aprendizagem - AA.........................................................
81
87
89
93
93
94
96
98
APRESENTAÇÃO
Você começa agora o seu curso universitário! Isto significa uma
grande mudança na sua postura de estudante, pois o curso superior exigirá
de você um conjunto de atividades intelectuais e acadêmicas. Por isso, é
preciso instrumentos e técnicas operacionais de estudo a fim de torná-lo
cientificamente organizado para assegurar maior eficiência e desenvolver
seus trabalhos científicos. De maneira geral, podemos entender o trabalho
científico como “o conjunto de processos de estudo, de pesquisa e de
reflexão que caracterizam a vida intelectual do universitário”, conforme
definição de Severino (2000, p.19).
Na disciplina de Iniciação Científica tem por objetivo iniciar você
na vida científica universitária, oferecendo alguns subsídios para as várias
tarefas que você terá de desenvolver durante o seu trabalho acadêmico e
intelectual.
A universidade contemporânea tem perseguido, dentre seus
objetivos, a indissociabilidade do ensino-pesquisa e extensão, visando
formar profissionais de qualidade, não somente capazes de executar
tarefas, aprender e transmitir conhecimento, mas, sobretudo, capazes de
produzir novos conhecimentos. Isso significa, que ser aluno/a
universitário/a não é apenas se matricular em um curso superior para
aprender o que lhe é transmitido, mas ser sujeito ativo do seu processo de
ensino-aprendizagem para conhecer e dominar conceitos, procedimentos
de pesquisa e de realização de trabalhos acadêmicos e, finalmente, ser
atuante na produção e divulgação de conhecimentos científicos.
Pensando nestes objetivos da formação do profissional de nível
superior, tendo em vista as dimensões prática e conceitual, é que
organizamos a disciplina em duas unidades:
Unidade I: conhecimento e ciência
1Introdução à ciência e ao conhecimento: conceituações
1.1 O problema da verdade e o conceito de ciência
1.2 O conhecimento científico e o senso comum
2 O nascimento da ciência moderna
3 A emergência das ciências humanas
3.1 A neutralidade científica
Unidade II: técnicas de estudo
1 O método de estudo
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
Iniciação científica: é também a denominação de
um programa que visa iniciar o/a estudante da
graduação à pesquisa por um professor/a
orientador/a, preferencialmente com uma bolsa de pesquisa
fornecida por agências de fomento. No âmbito da Unimontes a iniciação
científica com bolsas se desenvolve através de dois
programas: o PROBIC – Programa de Bolsas de
Iniciação Científica – da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), e
o PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – do
Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnolóico - CNPq. Além
desses dois programas, a Unimontes também
desenvolve o programa de Iniciação Científica
41
2 Leitura, análise e interpretação de texto
3 A prática de documentação pessoal
4 Seminário como técnica de estudo
5 A Internet como fonte de estudo e pesquisa
Após cada capítulo, preparamos uma atividade para você realizar.
As atividades são muito importantes, porque fazem parte do processo de
aprendizagem, sobretudo as atividades práticas da segunda unidade, pois
você aprenderá como fazer, fazendo. Além das atividades, indicamos ao
longo dos textos, dicas de estudos com sugestões de bibliografia para
consultar e aprofundar determinados temas, questões para reflexão e
significados de termos e palavras desconhecidas, que você identificará
através dos ícones seguintes:
DICAS
PARA REFLETIR
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
Agora que você já conhece os objetivos da disciplina “Iniciação
Científica”, os conteúdos que vai estudar e a forma como está organizado
este caderno, vamos começar!
ATIVIDADES
42
Iniciação Científica Unimontes/UAB
1UNIDADE 1CONHECIMENTO E CIÊNCIA
43
1.1 INTRODUÇÃO
Esta primeira unidade visa introduzir você ao universo da ciência.
Para tanto, apresentaremos o conceito de ciência, a noção de verdade e a
concepção de atitude científica. Assinalamos a diferença entre o
conhecimento científico e o conhecimento oriundo senso comum que, não
obstante, não se apresentam de forma hierárquica. Apresentaremos o
surgimento da ciência moderna no século XVII com os filósofos Bacon e
Descartes, que lançaram fundamentos ainda aceitos no modelo de ciência
que praticamos hoje, e a emergência das ciências humanas no século XIX.
O desenvolvimento desta última, ao longo do século XX, trouxe
questionamentos aos principais pressupostos científicos da modernidade,
como a noção de neutralidade científica.
Ao longo do texto, apresentaremos dicas e estudos, bem como
sugestões de alguns filmes para você, juntamente com seus colegas,
aprofunde os temas apresentados e reflita sobre as questões suscitadas.
Não deixe de esclarecer todas as suas dúvidas com seu/sua professor/a
formador/a e com os tutores.
Boa aula!
Os autores.
1.2 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA E AO CONHECIMENTO:
CONCEITUAÇÒES
1.2.1 O Problema da Verdade e o Conceito de Ciência
Para tratarmos de ciência, precisamos antes de qualquer coisa,
entender o problema da verdade e de como a ciência trata essa questão.
Para isso, nos deparamos, antes da verdade, com um tipo de “estado”,
chamado pela filosofia, de ignorância. E muitas vezes nem percebemos a
profundidade de nossa ignorância. A ignorância é causada pela crença em
opiniões que nos foram passadas, sem nenhum questionamento de nossa
parte. A “ignorância” permeia a nossa vida, sendo que todo nosso
conhecimento é aceito como útil e correto. Achamos que possuímos
conhecimento e que não há razão para colocá-lo em dúvida. A ignorância
nos deixa cegos.
O que move a ciência é a dúvida. A busca pela verdade. E um dos
passos para a ciência chegar à verdade é afirmar a incerteza sobre as
coisas. É a incerteza que nos faz enxergar o quanto somos ignorantes
O filme “O Nome da Rosa”,baseado no romance de Umberto Eco, ilustra bem as questões apresentadas aqui. O filme “mostra vários assassinatos em que os mortos apresentam um sinal: a língua escura, juntamente com dois dedos da mão esquerda – o polegar e o indicador . O monge Guilherme de Baskerville descobre que todos os assassinatos eram frades encarregados de copiar e ilustrar os manuscritos de uma biblioteca”; tinham ainda em comum o fato de terem manuseado uma obra perdida do filósofo grego Aristóteles. (CHAUI, M., 1995, p. 98).
44
diante da realidade, pois não a conhecemos de fato e que as nossas
crenças e opiniões são falhas e não podem servir mais como fundamento
para o nosso pensamento. A incerteza como passo essencial para a busca
da verdade, nos faz caminhar, mesmo sem saber direito o que pensar, o que
fazer diante dos acontecimentos, de certas situações.
A incerteza traz a insegurança, mas junto dela, alcançamos a
possibilidade de criarmos problemas e interrogações sobre o mundo e
sobre o homem. Sendo assim, tanto a incerteza quanto a insegurança
fazem nascer em nós o espírito do pesquisador e a disposição para a busca
do conhecimento verdadeiro. Claro que, de alguma forma, a ciência
quebra um pouco o encanto do mundo, isso porque, até então, todas as
“minhas verdades” não estavam condicionadas a um questionamento,
mas a uma simples aceitação.
Mas, afinal de contas, o que significa buscar a verdade como
critério para o estabelecimento da ciência?
Em primeiro lugar, significa romper com o dogmatismo, isto é, a
crença indiscriminada em algo. Acreditar sem perguntar. Todas as vezes
que eu desconfio de algo, de opiniões, eu estou tendo uma atitude anti-
dogmática. Eu estou me afastando do dogmatismo. O dogmatismo é toda
atitude espontânea, que inclusive adquirimos ainda criança, como se o
mundo fosse tal como ele nos é apresentado. Como eu o percebo
imediatamente. Na atitude dogmática, acreditamos no mundo como algo
dado, pronto e pensado. Nós fazemos parte da realidade desse mundo
onde tudo acontece naturalmente, por isso não merece ser questionado:
por exemplo, a realidade política, social e cultural. O dogmatismo tem por
princípio, ser conservador e foge de tudo que é novo, porque qualquer
procedimento que não seja o da plena aceitação espontânea, pode
colocar em risco tudo o que já está constituído, sua organização, opiniões,
etc.
Em segundo lugar, como se chegar ao conhecimento verdadeiro?
Teremos na resposta a esta questão algumas posições:
? Alethéia: do grego, significa a verdade revelada nas próprias
coisas ou quando se percebe intelectualmente e racionalmente essa
verdade nas coisas a partir da evidência. Se se tem uma idéia de alguma
coisa, deve haver necessariamente uma correspondência entre essa idéia e
a própria coisa (conteúdo da idéia); e
? Veritas: do latim, é a coerência lógica da coisa que aparece à
idéia. É o conjunto de idéias que organizam a razão, levando-se em
consideração as regras, as leis, a validade lógica e os argumentos para
organização dessas idéias.
O conhecimento científico e a busca pela verdade avança um
pouco mais as duas fases anteriores, da alethéia e da Veritas, para
alcançar o conhecimento pragmático. Nesse caso, todo conhecimento só
é considerado verdadeiro se tiver resultados práticos e for possível aplicá-
los a partir da experiência. Na perspectiva da pragmática, só pode ser
DICAS
Iniciação Científica Unimontes/UAB
45
considerado, verdadeiro o conhecimento que for verificado e constituir
resultados. É diferente de um conhecimento assistemático, que pode ser
adquirido ao acaso, indiferente dos caminhos ou métodos e se seus
respectivos planejamentos. Esse conhecimento assistemático se aproxima
de um conhecimento sem crítica ou dogmático, pois nesse caso, não
importa um exame, uma atenção à validade ou à verdade do
conhecimento.
Porque a ciência precisa do conhecimento pragmático e
abandonar o conhecimento assistematico?
Etimologicamente, ciência vem do verbo “Scire” que significa
conhecer. Isso quer dizer que tudo o que existe no universo, pode ser um
objeto de preocupação da ciência e dos cientistas, desde os processos da
mente, até a origem e extinção das galáxias, passando pela migração dos
pássaros ou pelo aumento da temperatura na terra. Isso nos indica que o
universo pode ser observado sistematicamente e objetivamente.
A ciência quando observa, sistematiza e elabora leis, pois ela
precisa buscar a verdade de forma pragmática, ou seja, que tenha um
valor prático e útil,como já foi falado anteriormente. Sendo assim, ciência
pode ser considerada um meio ou maneira de pensar o mundo dos fatos, e
dos aspectos que podem ser conhecidos pela humanidade.
A ciência constata, por isso ela é uma atividade de pesquisa, e é
somente com a pesquisa e suas técnicas que o cientista entra em contato
com a realidade de maneira específica: ações determinadas pelo método
científico e que se transformarão futuramente em teoria porque ela
constata e explica o objeto estudado. A ciência teria como finalidade:
? fazer com que a maioria dos aspectos do universo possam ser
conhecidos de maneira rigorosa e precisa; e
? dar ao homem uma capacidade de agir sobre a natureza.
Se a ciência abandonar a necessidade da teoria (e do
conhecimento, pragmático), não poderia existir absolutamente nenhuma
prática cientiíica. Não se pode construir conhecimento distante da teoria.
Sabemos que os conceitos científicos são abstrações, mas eles têm como
referência o mundo concreto-empírico (proveniente da experiência). Isso
significa dizer que toda abstração nos leva à realidade e à existência. Daí, o
conhecimento científico ser diferente do “senso comum”, pois este tem
uma relação direta com o conhecimento dogmático.
1.2.2 Conhecimento Científico e Senso comum
O conhecimento oriundo do senso comum é meramente
subjetivo, depende dos sentimentos e opiniões, sem se importar com a
regularidade, e a repetição própria do mundo e das coisas, além de se
surpreender assustarem quando se depara com o imponderável, o
desconhecido, que segundo a filósofa Marilena Chauí, “por serem
subjetivos, generalizadores, expressões de sentimentos de medo e angústia
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Copérnico (1473-1543, Polônia), dedicou-se à Astronomia, escrevendo em 1530 sua grande obra, De revolutionibus orbium coelestium (sobre as revoluções das esferas celestes), que afirma que a Terra gira em torno de seu próprio eixo uma vez por dia e viaja ao redor do Sol uma vez por ano. Esta ficou conhecida como a teoria de Copérnico. Galileu Galilei (1564-1642, Itália) fez a descoberta da lei dos corpos e enunciou o princípio da Inércia. Foi um dos principais representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII. Devido à sua visão heliocêntrica, foi julgado pelo Tribunal da Inquisição e condenado a assinar um termo onde declarava que o sistema heliocêntrico era apenas uma hipótese. Morreu cego e condenado pela Igreja Católica por suas convicções científicas
46
quanto ao trabalho científico, o senso comum de nossa sociedade
cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a
realidade que nos cerca e todos os acontecimentos.” (CHAUI, 1995, p.
248).
Diferentemente, a atitude científica exige desconfiança. Por isso,
vamos aprofundar mais um pouco nos conceitos já apontados acima, em
relação à idéia de incerteza e insegurança.
Ao contrário do senso comum, o conhecimento científico elabora
problemas e não aceita as aparências como explicação da realidade. Se o
senso comum é subjetivo, o conhecimento científico seria objetivo, isto é,
com a ajuda do método científico (caminho para se chegar ao verdadeiro
conhecimento), procura-se a universalidade do conhecimento. E essa
universalidade do conhecimento só é possível em razão dos padrões,
critérios e avaliação das coisas, para uniformizá-las, torná-las
homogêneas. Tudo passa a ser explicado segundo um critério na medida,
que se consiste em: Teremos então: rigorosa observação, identificação de
um problema, planejamento, método, hipóteses, verificação de resultados
e elaboração de teoria.
1.3 O NASCIMENTO DA CIÊNCIA MODERNA
Esse processo em que esta nova concepção de ciência avança no
mundo, iniciou-se no século XVII e é conhecido como o século do
nascimento da ciência moderna (a elaboração de um método, a
organização e levantamento de hipóteses e edificação de uma teoria). Essa
mudança significou uma nova maneira de ver o mundo, uma nova
concepção de saber. Surgem várias teorias científicas que modificaram
completamente a maneira do homem viver.
Uma delas foi o heliocentrismo, ou seja, a idéia de que a terra gira
em torno do sol e o sol está no centro do sistema. Esta idéia foi elaborada
por Copérnico, astrônomo. A matemática e a física, pensadas por Galileu,
passam a representar um novo modelo de entendimento das coisas.
Mas como já ressaltamos acima, a grande descoberta do século
XVII foi mesmo o método científico, que significa um caminho para o
saber. Temos dois nomes (filósofos/pensadores) em especial, que
contribuíram muito para a discussão a respeito da ciência e do método
científico: Francis Bacon (1561-1626) e René Descartes (1596-1658).
Francis Bacon enfatizou a importância de uma observação
criteriosa do mundo dos fatos, afirmando a importância em organizá-los a
partir da lógica. Descartes, tratou da necessidade dos critérios de
evidência, da análise das coisas até elas se tornarem claras e distintas.
René Descartes a partir de sua obra “Discurso do Método”,
elabora a teoria segundo a qual o cogito (o pensamento) é autoconsciente,
evidente por si mesmo e estruturado segundo a evidência da razão. Neste
caso, Descartes faz duas distinções: de um lado, teremos o que ele
PARA REFLETIR
Iniciação Científica Unimontes/UAB
47
chamava de rés cogito (aquilo
que pensa) e do outro, o
mundo material, rés extensa,
que pode ser medido,
calculado e será objeto da
ciência.
Para Descartes, ao
fazer ciência, o homem tem
q u e s e a f a s t a r d o
conhecimento sensível, das
paixões e das emoções, pois
elas perturbam o caminho,
p a r a s e c h e g a r a o
conhecimento. E o cogito (o
pensamento) para Descartes
não é influenciado pelas
paixões. A mente então ou o rés cogito é o fundamento para todas as
ciências, pois ela estabelece os critérios analíticos para o conhecimento,
sem se deixar contaminar pelo mundo sensível. Descartes criticava todo o
conhecimento determinado pelas sensações, por isso o termo
conhecimento sensível.
Para Descartes, não podemos fazer ciência através das idéias
adventícias e nem pelas idéias fictícias. As idéias adventícias são aquelas
vindas do exterior, originadas nas sensações. São todas as idéias que nos
vêm pela experiência sensível. Por exemplo, se eu olho para o sol, vejo que
ele é menor do que a terra, mas todos nós sabemos que o Sol é muito maior
do que a Terra. Sendo assim, os sentidos nos enganam. Já as idéias
fictícias, são todas as idéias provenientes da fantasia, da imaginação. Por
exemplo, um cavalo alado, fadas, bruxas, duendes. Não podem ser
consideradas verdadeiras porque não correspondem à realidade.
Mas Descartes destaca a importância das idéias inatas. Essas sim,
são legítimas. Elas não dependem da experiência. As idéias inatas são
aquelas da própria razão e existem porque já nascemos com elas. A idéia
de infinito por exemplo ou as idéias matemáticas. É por causa dessa razão
inata, como luz natural, que podemos conhecer a verdade. Para Descartes,
essas idéias são colocadas pelo Criador, por Deus, logo, são verdadeiras ou
corresponderão com a verdade. Nós só podemos conhecer a verdade,
porque possuímos as idéias inatas, porque temos em nosso espírito a razão
que nos garante separar o conhecimento verdadeiro do falso. Ela é o único
critério seguro.
Descartes contribuiu decisivamente para a ciência , em especial
ao levantar o problema da dúvida. A pretensão de Descartes é elevar o
nosso espírito à mais alta perfeição. A idéia parte da seguinte perspectiva:
não acolher jamais alguma coisa como verdadeiro de forma mediata
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
Razão: na concepção de Descartes, é a faculdade de
bem julgar, de distinguir o bem do mal e o verdadeiro
do falso; considerada absoluta e imutável. Em nossos dias a razão está
relativizada; “designa agora um centro ativo que
trava um diálogo com as coisas sem que, por isso, as
possa reger” (Russ,1994, p.244)
O racionalismo na perspectiva cartesiana, é
doutrina “segundo a qual o espírito humano possuiria
os princípios ou conhecimentos a priori,
independentes da experiência, que comandariam o
conhecimento”. Já o racionalismo
contemporâneo, abandonou “a idéia de um
conteúdo permanente e absoluto da razão, para ver nesta última, uma atividade
de construção e um dinamismo em obra nos
fenômenos. (Russ, op.cit. p.243)
Figura 1: René Descartes (1596-1658)em pintura de Frans Hals (1649),
Museu do Louvre
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.art-prints-on-demand.com
Para saber mais sobre o nascimento da ciência moderna, consulte o volume II da obra Historia da Filosofia, de Giovanni Reale. Editora Paulus:1991.Consulte também o livro da filosófa Marilena Chauí, Convite à Filosofia. Altas, 1995. Este livro completo esta disponível para fazer download em http://geocities.yahoo.com.br/mcrost02
Para uma leitura mais aprofundada sobre o assunto, indicamos a leitura da obra “Meditações Metafísicas”, de René Descartes, da Coleção Os pensadores. Abril Cultural: São Paulo. São seis meditações, onde ele apresenta todo o percurso de descoberta da consciência, do pensamento e sua validade.
48
(atitude dogmática). Forma mediata significa aquele conhecimento que
antecede ao uso da razão, como por exemplo, quando conheço algo
primeiramente pelos sentidos. Essa prática evita qualquer atitude
precipitada em direção ao conhecimento. Assim, nos prevenimos contra
qualquer engano ou erro. Deve-se colocar em dúvida tudo que
percebemos, até que “as coisas” se apresentem com clareza e distinção.
Posteriormente, Descartes afirma a necessidade em dividir todas
as partes de um problema, identificar cada uma das dificuldades
encontradas para examiná-las e posteriormente resolvê-las. E por fim,
organizar o pensamento. Inicialmente, pelos objetos mais simples e mais
fáceis de ser conhecidos, para, degrau por degrau, alcançar o
conhecimento mais totalizante possível, sabendo-se que o conhecimento
acontece de maneira gradual e organizada, passo a passo. Segundo
Descartes, precisamos de uma ordem para atingirmos o conhecimento
preciso e claro das coisas. Então teremos: primeiro a dúvida; segundo a
divisão do problema em partes simples e; terceiro enumerar, organizar e
revisar, nada omitindo. Na
oportunidade, uma abordagem
um pouco mais sistemática do
pensamento de René Descartes
será abordado na disciplina
Filosofia da Educação.
A dúvida corrige os
preconceitos e a falsidade do
conhecimento. Ela nos livra do
erro e do engano. A dúvida é o
passo inicial e fundamental para
a conquista da verdade final e
da certeza incondicionada. É a
dúvida que fará com que
cheguemos à primeira certeza
em Descartes: o cogito ou o
pensamento/consciência de si.
S e e u d u v i d o , e x i s t e
necessariamente alguém que
coloca as coisas em dúvida,
logo, eu penso. E se penso, eu existo.
Esse método da dúvida em Descartes no século XVII (abertura
para o que chamamos de modernidade), é o passo essencial para que o
homem domine e controle a natureza, pois ele passa a estudá-la, conhecê-
la. Definitivamente, o homem se coloca “um pouco mais distante” da
natureza, para explorá-la e entender o seu funcionamento. O mundo passa
a ser pensado como uma máquina e precisa ser conhecido. Assim, a busca
pela verdade se transforma também na busca por um método seguro que
leve ao conhecimento das coisas. Descartes então, contribui muito para a
DICAS
DICAS
Iniciação Científica Unimontes/UAB
Figura 2: Escultura “O Pensador” de A. Rodin, exposta no Museu Rodin – Paris
Fonte: fotografia do Arquivo pessoal profa. Cláudia Maia
49
conquista de um fundamento seguro a partir da afirmação da capacidade
humana em desvendar os segredos da natureza, do mundo e tudo aquilo
que, até então, se apresenta como desconhecido. O homem, a partir do
século XVII, conquista a sua autonomia na modernidade. Se “navegar é
preciso” ou seguir adiante é necessário, então, que seja com segurança,
com método, ordem e organização. Assim é a ciência de Descartes.
Afastando-se de todo e qualquer subjetivismo ou evitando acreditar em
crenças e opiniões.
Diferentemente das preocupações de René Descartes, mas
contribuindo fortemente para o avanço da ciência moderna temos o
empirismo de Francis Bacon (1561-
1626). Diferente do racionalismo de
Descartes, o empirismo pretende
explicar a realidade a partir da
experiência, abandonando e criticando a
noção de idéia inata, considerada
inadequada para se chegar ao
conhecimento. Para os empiristas, toda a
verdade e todo conhecimento é
proveniente da percepção que temos das
coisas, do mundo que esta fora de nós, o
mundo externo.
O empirismo inicia-se na
Inglaterra e tem em Francis Bacon um
dos mais fortes influentes. Ele defende a
tese de que a ciência deve basear-se no
método experimental, levando-se em consideração a observação e a
aplicação da ciência. O método empírico pretende que as leis científicas
sejam o resultado da observação pela repetição dos fenômenos. A isso,
denominamos de indução, ou seja, todo conhecimento de fenômenos
particulares para se chegar aos fenômenos generalizados.
Para os empiristas, diferente dos racionalistas (representados por
Descartes), as idéias surgem a partir de um processo de abstração, que tem
no seu principio, a percepção das coisas através dos sentidos ou sensações.
Nada, absolutamente nada, se apresenta na mente sem antes ser
percebido pelos sentidos. Só podemos ter qualquer compreensão ou
entendimento do mundo através dos sentidos. As idéias simples, que vêm
das impressões sensíveis, originam as idéias mais complexas. A idéia é
mais nítida quando se aproxima das impressões sensíveis, que é
responsável pela idéia. Daí, a importância da verificação empírica para dar
validade ao conhecimento.
O conhecimento (ou a ciência) será o resultado da certeza do que
foi verificado. É o mesmo que afirmarmos que somos uma folha em
branco, nossa mente é aberta e vazia e que vamos preenchendo essa
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.art-prints-on-demand.com
O pensador inglês Francis Bacon (1561-1626), em pintura de William Larkin pertencente a
coleção particular
50
forma em branco com as nossas experiências. Esse preenchimento é feito
quando os nossos órgãos dos sentidos são excitados e estimulados;
quando vemos cores, provamos sabores, ouvimos sons ou diferenciamos o
quente e o frio, o listo e o áspero. A medida que experimentamos, se forma
a percepção.
A nossa percepção se dá por associação e esta se apresenta de
três maneiras: semelhança, proximidade e sucessão temporal. Primeiro
associo minha percepção por repetição ou por semelhança, isto é, as
coisas vão se repetindo de tal forma, próximas umas das outras. E de tanto
repetirem e se sucederem, se forma em nós o hábito. Nós constituímos o
hábito por associação da repetição e sucessão. De tanto repetir e formar o
hábito, a memória vai se formando e, posteriormente, a razão forma e
organiza o pensamento.
É importante que fique claro que, também para a ciência
empírica, conhecer é ter idéias. Mas é preciso estabelecer uma diferença
entre a realidade (o mundo das coisas, dos fatos) e a sua representação (o
ato de apresentar um objeto em minha mente, na consciência).
Francis Bacon consolida a significação da ciência no mundo
moderno e o papel que ela tem para a humanidade. Seu lema maior é
“saber é poder”, por isso todo conhecimento não deve ser desinteressado
ou meramente proveniente da contemplação. Diferentemente, a ciência
pretende ser um saber que sirva de instrumento que possibilite ao homem
dominar a natureza. Em sua obra chamada “Novo Organum” (Novo
Instrumento/Órgão como instrumento do pensamento), Bacon critica
todas as formas de preconceito que impedem o conhecimento. Nessa
obra, Bacon fala que a ciência deve ser livre e aberta para receber as novas
idéias. Para ele, a ciência deve ter como preocupação a melhoraria da
humanidade e o avanço do comércio através da avaliação dos fatos, na
experiência. Segundo Bacon, toda a educação deveria ser investida na
busca por novos conhecimentos, deixando-se de lado o antigo. Bacon foi
um ardoroso defensor da melhoria das condições de toda a humanidade,
pelo progresso da ciência do século XVII.
A partir de Descartes e Bacon, a ciência se transforma no grande
modelo que inspirará todo o movimento da sociedade moderna, por ser
sistemático e visar o progresso. A verdade passa a ser àquela determinada
pela ciência e torna-se imprescindível abandonar qualquer tipo de dogma
ou crença supersticiosa. Só com a razão e a experiência, respectivamente
representados por René Descartes e Francis Bacon, a verdade poderá ser
bem conduzida e direcionar todo o mundo para um destino melhor.
1.4 A EMERGÊNCIA DAS CIÊNCIAS HUMANAS
Dando um salto na história do pensamento, trataremos um pouco
do problema do conhecimento no século XIX e XX. O século XIX tem
dentre suas características a herança de importantes acontecimentos do
Na obra Novo Organum Bacon afirma: “Aqueles que trataram das ciências foram ou empíricos ou dogmáticos. Os empíricos, à maneira das formigas, contestam-se em amontoar e suar; os racionais, à maneira das aranhas, tecem teias a partir de sua própria substância”.
PARA REFLETIR
Iniciação Científica Unimontes/UAB
51
final do século XVIII: a Revolução Industrial, que começou na Inglaterra, e
a Revolução Francesa, com ambições especialmente políticas. Estas duas
grandes mudanças refletiram no século XIX de maneira bastante forte.
Observamos as mudanças no processo de produção de mercadorias com a
industrialização do mundo; o Estado se fortalece, desde a sua economia,
até a força dos exércitos; o consumo dos produtos é crescente e o
capitalismo se consolida enquanto sistema econômico hegemônico.
Diante de todos esses acontecimentos, surgem as Ciências Humanas,
como uma maneira de pensar esse “novo mundo” do século XIX e XX.
As Ciências Humanas têm como objeto o homem. Sendo assim, é
importante ressaltarmos que o homem como objeto do conhecimento
científico, só aparece no século XIX. A filosofia não tem objeto definido,
por isso, não é uma ciência; passa a conviver com as ciências humanas,
que tem o homem como objeto específico e que se organiza na tarefa de
pensar o homem em suas mais variáveis relações.
Inicialmente, para se pensar o homem, as ciências humanas
utilizaram os mesmos critérios que as outras ciências: as ciências
matemáticas e naturais, para com isso, serem respeitadas. Elas então
utilizaram métodos e técnicas das ciências naturais para serem
compreendidas como ciência. Mas, esse procedimento foi perdendo força,
devido à dado a complexidade do objeto, o próprio homem e suas relações.
Então, não bastava apenas utilizar os mesmos recursos metodológicos das
outras ciências naturais, mas era preciso buscar outras formas para
entender esse novo objeto: o homem. Por exemplo, se a ciência trabalha
com observação, colocando um determinado objeto numa certa situação,
para experimentá-lo e elaborar teorias sobre eles, como fazer isso com o ser
humano? Como criar critérios de observação em relação à consciência?
(no caso da Psicologia), ou das relações do homem no tecido social (a
sociologia)? Se a partir da observação, as demais ciências buscam
universalizar o conhecimento sobre um determinado objeto, como fazer
isso em relação ao objeto humano? Como criar leis objetivas para pensar o
ser humano? Como universalizar essas leis ou teorias sobre o humano,
sabendo-se que se trata de um objeto complexo, isto é, variável, que muda
de acordo com a história, as relações sociais e a cultura?
Se as demais ciências querem construir uma ordem sistemática
das coisas, como isso é possível em se tratando da mente humana, da sua
consciência ou da subjetividade? O homem possui elementos importantes
que o diferenciam, como a razão, a vontade, a liberdade. O ser humano
inventa práticas, noções, valores. O ser humano é constituído de opções,
de escolhas. As ciências humanas inicialmente lutam por dar objetividade
à subjetividade, principal característica do humano.
O período de transformação do humano como objeto e
preocupação da ciência (psicologia, antropologia, sociologia, história,
etnografia, lingüística) recebeu uma série de contribuições, sendo o
positivismo uma delas. Corrente filosófica do início do século XIX, cujo
DICAS
Um bom filme para refletir e discutir a distância entre
as duas áreas do conhecimento abordadas
aqui (ciências da natureza e a ciências humanas) é o filme “Ponto de Mutação”,
baseado no livro de mesmo nome, de Fritjof Capra. O
filme é um diálogo, aparentemente impossível,
mas bem sucedido, entre uma física, um político mal sucedido e um poeta. “Os três se encontram em um castelo Medieval de Mont Saint Michel, no litoral da França, onde começam a
dialogar, a respeito dos objetos antigos do castelo e a fazer relações da ciência com a política, economia,
ecologia e doses de poesia. Na conversa tratam de temas que, nos dias de
hoje, fazem parte dos encontros ambientalistas e
dos movimentos anti-nuclear e ecológico”.
(Lucena, 2007)
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
52
fundador foi Augusto Comte, defendia a idéia de que a humanidade tem
necessariamente que passar por três estágios: a superstição religiosa, a
metafísica ou teológia e por fim, a ciência positiva. Assim se concretiza o
ideal da humanidade, do progresso e avanço do homem. Augusto Comte é
considerado o fundador da Sociologia (uma das ciências humanas).
Segundo ele, a sociedade pode ser pensada como física social, ou seja, é
possível investigar as ações humanas e os fatos utilizando-se dos mesmos
procedimentos das ciências da natureza (como a física, a biologia).
Temos também a psicologia, que propôs o estudo do
desenvolvimento da mente humana, da consciência, da linguagem, da
imaginação e das emoções. Propôs estudar também, as relações
intersubjetivas (entre os homens e suas subjetividades), juntamente com
todos os problemas que perturbam o humano, as doenças mentais e os
comportamentos das pessoas. O nome que aparece nesse período inicial
da psicologia é Wilhem Wundt (1852-1920), fundador do primeiro
laboratório de psicologia. Em seu livro “Elementos de Psicologia
Fisiológica”, ele desenvolve um método que aproxima a psicologia com a
fisiologia (estudo do funcionamento do corpo humano). Posteriormente,
teremos Ivan Pavlov (1849-1936). Pavlov tratou de explicar o reflexo
condicionado a partir do estímulo e da resposta, como por exemplo,
estímulos não-condicionados, no caso, do alimento e do som, que geram
um reflexo simples. Isto significa que diante do alimento salivamos
automaticamente. Ou toda vez que um cão escuta uma determinada
campainha, ele se coloca em estado de atenção. Segundo Pavlov, se
associarmos esses dois eventos, ou seja, juntarmos alimento e som, todas
as vezes que se aparecer o alimento e tocar um determinado som, a saliva
será produzida como resposta de um estímulo determinado. Num
determinado momento, por repetição, bastará tocar a campainha, sem a
presença do alimento, que haverá salivação. A isso, denominamos, reflexo
condicionado.
Não aprofundaremos essas questões, pois elas serão tratadas
pelas disciplinas específicas no decorrer do curso. A proposta deste
capítulo é apenas apresentar os princípios das duas principais áreas das
ciências humanas no início do século XIX: a sociologia e a psicologia. Mas
é importante lembrar que se consolida também neste período a
antropologia, estudando as manifestações culturais, a religião, a
comunicação, a organização da vida econômica, as artes, costumes e
crenças de uma comunidade ou povo. A História, com o estudo da origem
da formação da sociedade em seus aspectos mais variáveis, levando-se em
consideração seus conflitos, as relações de poder própria das relações
humanas e da organização da sociedade, assim como as revoluções,
conquistas, descobertas, exploração, as mudanças e rupturas,
movimentos sociais e culturais do ser humano. Neste caso, cada ciência se
encaminha para diversos campos do saber, definindo sua especificidade,
objeto e método. Teremos, então, psicologia social, psicologia do
Iniciação Científica Unimontes/UAB
desenvolvimento, sociologia política, do trabalho rural e econômica;
história social, econômica e política. A antropologia, etnologia, sem contar
a lingüística, com a fonologia, fonética, semântica, etc. As ciências
humanas têm também a interdisciplinaridade (o dialogo dos vários
campos que têm como objeto o fenômeno humano e sua complexidade).
1.4.1 A neutralidade científica
Finalizando a apresentação do conceito de ciência e um breve
esboço do que vem a ser as Ciências Humanas, é importante discutir um
pouco a respeito do que habitualmente chamamos de “neutralidade
científica”.
Acreditamos que um cientista, quando faz uma pesquisa, quando
alcança uma descoberta ou afirma uma tese, ele estaria isento de qualquer
relação parcial com o seu trabalho. Ou seja, ele se coloca neutro diante da
sua pesquisa. Isso é um grande engano. A simples escolha de um método
e s p e c í f i c o e m
relação a outro, no
intuito de obter os
melhores resultados
possíveis, já indica
uma posição que o
pesquisador toma
em r e l ação ao
o b j e t o . S e e l e
escolhe, ele não
pode ser neutro, isso
é impossível.
Todo saber
c i e n t í f i c o é
i n t e r e s sado , s e
pretende algo com
ele e o pesquisador
o u c i e n t i s t a é
movido por uma vontade e desejo. Nós temos hoje, pesquisas financiadas
por grandes grupos industriais, por empresas farmacêuticas, pela indústria
de armas, pelo Estado, em especial, no interior das Universidades Públicas.
Essas pesquisas precisam de recursos financeiros, e quem investe, espera
resultados. Por isso não podemos falar de neutralidade, como se uma
pesquisa, uma descoberta científica fosse irrelevante para a humanidade.
Um exemplo disso é que vários produtos que hoje utilizamos é o resultado
de pesquisas, de uma disputa pela qualificação de produtos, pois os
mesmos precisam alcançar o mercado, serem consumidos.
A imagem que temos do cientista solitário, envolvido num mundo
53
Nesta unidade,
discutimos sobre a
diferença entre um
conhecimento dogmático e
o conhecimento científico,
tendo como referência a
busca pela verdade. O que
significa a saída do senso
comum para uma atitude
crítica propiciada pela
atitude científica na
universidade e em nosso
cotidiano ou dia-a-dia?
Discuta esta questão com
seu/sua professor(a)
formador(a) e seus colegas
no Fórum.
Bom trabalho!
ATIVIDADES
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 4: Imagem do filme alemão de ficção científica “Metropolis” filmado em 1927
pelo cineasta austríaco Fritz Lang
Fonte: www.imdb.com
bastante particular, isento das influências do meio, da história, da
sociedade deve ser esquecida. O cientista é alguém que age em seu tempo,
que se interessa pelos problemas do ser humano e, por outro lado, também
está envolvido positivamente ou negativamente na criação de invenções,
que podem ajudar o homem ou prejudicá-lo. Para isso, a ciência nunca
poderá abandonar enquanto fundamento de sua prática, a ética ou os
valores que devem nortear a pesquisa científica, isto é, o respeito à
natureza e jamais colocar em risco a dignidade da vida humana ou
qualquer forma de vida.
54
Iniciação Científica Unimontes/UAB
2UNIDADE 2TÉCNICAS DE ESTUDO
2.1 INTRODUÇÃO
Esta segunda unidade é menos histórico-conceitual e mais
prática, ou seja, nos voltaremos agora para os procedimentos científicos.
Ela está dividida em cinco capítulos, nos quais procuramos oferecer alguns
instrumentos e orientações para você organizar os seus estudos e realizar
atividades que fazem parte do cotidiano acadêmico, como a leitura
analítica, a prática de documentação pessoal e a realização de seminários.
Para facilitar os estudos e a realização de pesquisas, oferecemos, ainda
algumas dicas de utilização da rede mundial de computadores - a Internet,
como fonte de pesquisa e listamos vários endereços de sites de revistas
científicas, arquivos, bibliotecas virtuais, dentre outros.
Ao final, também apresentamos a estrutura de formatação de
textos e de capa de trabalhos acadêmicos, pois a partir de agora você os
utilizará muito, como exigência de avaliação das disciplinas que você
cursará.
Boa aula!
Os autores
2.2 O MÉTODO DE ESTUDO
Na graduação serão cursadas diversas disciplinas, que compõem
o quadro curricular do seu curso. Você precisará de algumas orientações
básicas para a compreensão das leituras, elaboração de atividades dentre
outras tantas tarefas a serem realizadas. Esperamos, pois, que esta
unidade possa lhe oferecer subsídios para o sucesso dos seus estudos.
Para algumas pessoas, estudar consiste em estar matriculado em
algum curso e assistir às aulas, sejam elas presenciais ou a distância.
Porém, estudar é muito mais que isso: é aprender exercitando a
inteligência, a memória, a vontade, a capacidade de análise, de síntese, de
relacionar, etc.
Neste capítulo, orientaremos você, para maior eficiência na
organização dos seus estudos no curso de graduação, sugerindo caminhos
que propiciarão um estudo mais eficiente, por meio de diferentes técnicas e
métodos.
Não se esqueça: não aprendemos sozinhos; a aprendizagem
acontece através de mediações constantes. Como disse o grande educador
brasileiro, Paulo Freire (1985), “estudar não é um ato de consumir idéias,
mas criá-las e recriá-las”.
55
Vamos começar?
2.2.1 O ato de estudar
Estudar requer compreender quatro fatores: poder estudar, querer
estudar, saber estudar, ter disciplina para estudar. Estes são fatores
importantes para a aquisição e produção do conhecimento.
Encontraremos acadêmicos que dedicam um tempo razoável para os
estudos, utilizam os instrumentos adequados, e ainda assim, têm um
resultado não satisfatório. Possivelmente, isto se deve ao fato de utilizar
técnicas inadequadas de estudo.
Além destes fatores, há também outros que são significativos,
como o horário dedicado aos estudos. É preciso que este seja estabelecido
e cumprido rigorosamente, para a execução das atividades, das revisões de
conteúdo, para as leituras prévias e complementares, etc. Assim,
elencamos algumas dicas para que você possa otimizar melhor o seu
tempo:
?preparar um local que seja apropriado à concentração dos
estudos. Esse deve ser agradável, com pouco ou nenhum ruído;
?evitar passar de um conteúdo para outro sem a compreensão
do que foi revisto anteriormente;
?evitar estudar os conteúdos de última hora, somente próximo
às avaliações e exercícios;
?definir um horário fixo para começar os estudos;
?elaborar uma lista de dificuldades que poderão ser esclarecidas
pelo professor ou tutor e solicitar ajuda;
?fazer um descanso de cinco minutos a cada uma hora de
estudo concentrado. Isso evita o cansaço mental;
? a cada dia terminar as atividades programadas. Não acumular
conteúdos;
?evite decorar os conteúdos. Decorar sem compreensão não
produz retenção; e
?procure dormir adequadamente. Não invada a madrugada
estudando, pois assim você estará prejudicando várias funções
importantes do seu organismo.
Vamos agora partir do seguinte pressuposto: são comuns
observações de que um grande número de acadêmicos que chega às
universidades não sabe avaliar a dimensão e a importância do que é o ato
de estudar. Muitas vezes até se diz que alguns nem sabem estudar. Muitos,
ainda, fixaram a sua prática estudantil em hábitos tradicionais,
desenvolvendo um estudo meramente mecânico, memorizador e
reprodutivo.
Organizar a sua própria vida estudantil de maneira a ser mais
“Ato de estudar significa aquilo que se faz para estudar. Estudar é um ato que deve ser assumido e direcionado por você”(JOHANN, 2002)
56
PARA REFLETIR
Iniciação Científica Unimontes/UAB
eficiente e eficaz é condição para o sucesso da sua vida acadêmica.
Estudar é uma atividade que se aprende, da mesma forma como
aprendemos a andar, nadar, jogar bola, brincadeiras, andar de bicicleta,
etc.
O ato de estudar é uma ação transformadora e construtora de
uma nova realidade. Você não deve fixar-se apenas no aprender a repetir e
reproduzir o que os outros já disseram sobre o mundo, mas ir além, pois
estudar é ação, é criação e recriação. Um texto escrito é apenas um
instrumento mediador entre dois mundos – o mundo do leitor e o mundo do
autor.
É preciso, pois, ao ler, estabelecer um diálogo e este deverá ser
direcionado pelos interesses e intenções do leitor. É você, que deverá
estabelecer questionamentos e buscar respostas; problematizar o texto e
formular juízos próprios.
Em outras palavras, ao ler um texto, você precisa produzir o seu
próprio texto. Assim, você será um sujeito e não objeto da leitura. É
necessário ainda, ao iniciar uma leitura:
? estudar os componentes desconhecidos do texto – utilizar
sempre o dicionário; e
? verificar a referência bibliográfica do texto - quem é o autor do
texto ou do livro; o título do texto ou da obra; ano da publicação e outras
questões percebidas por você identificar o tipo do texto – se é científico, ou
filosófico ou literário, ou teológico, etc. Isto facilita o entendimento das
idéias que o autor quer transmitir.
2.2.2 Como estudar
Um dos fatores que afeta a atenção e concentração no estudo é o
ambiente. O ideal seria você reservar um local apropriado para os estudos
e que este tenha uma boa iluminação, ventilação, todo o material
necessário aos estudos, além de desligar tudo aquilo que possa desviar a
sua atenção como televisão, rádio, som, jogos de computador, etc. Evitar
ainda, ser interrompido por outras pessoas.
Uma outra questão a ser observada refere-se à postura, quando
for estudar. Escolha uma cadeira confortável e uma mesa com uma altura
adequada, para que você não fique encurvado(a). Nunca estude deitado,
pois o sono logo virá.
A alimentação também é fator relevante para os estudos.
Logicamente que, após uma feijoada ou outra comida pesada, você não
terá tanta disposição para os estudos. Evite, portanto, estudar após certas
refeições, pois o seu rendimento será menor. Não deixe que as sessões de
estudo perturbem a sua alimentação. Respeite os horários destinados às
refeições, pois a fome poderá atrapalhar o seu rendimento.
E a música? Será uma boa idéia estudar ouvindo música? Bem,
57
O que é estudar?Qual a importância da
leitura no ato de estudar?Você estuda só para fazer
avaliações?Você estuda só no dia
anterior às avaliações?Onde você estuda?Como você estuda?
Como é que você costuma ler?
Qual a relação entre Ler e Estudar?
PARA REFLETIR
Antes de prosseguir...Pesquise sobre o que é um
texto científico – o que é um texto filosófico – o que é um texto literário – o que
é um texto teológico
DICAS
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
existem músicas mais suaves e músicas com letras e sons bem agitados. A
instrumental é suave, não rouba muito a atenção do estudante. O silêncio
ajuda, mas não é todo barulho que atrapalha. A concentração nos estudos
é importante, pois mais vale uma hora de estudo concentrado do que várias
horas de estudo dispersivo. Nada atrapalha mais os estudos do que
começar e parar, começar e parar...
Mesmo que você possua uma memória fantástica, ela pode falhar
com o passar do tempo. Por isso, não podemos atribuir absoluta confiança
a ela, imaginando que ela manterá arquivados eternamente os
conhecimentos adquiridos. Um texto, um livro lido hoje poderá ser muito
útil em outros tempos. Para isso você deverá criar hábitos, aprender
técnicas e métodos de estudo, fazer anotações, fichamentos, resumos,
resenhas das leituras que você realiza.
2.2.3 Etapas do estudo
O estudo sintetiza quatro passos: Ler, Sublinhar, Esquematizar e
Revisar. A seguir, uma síntese destes passos e na unidade seguinte alguns
serão melhor explicitados:
? A leitura é o primeiro passo a ser seguido para uma boa
compreensão dos conteúdos. Antes você poderá fazer uma leitura rápida
do assunto, verificar que questões poderão ser levantadas acerca do tema,
explorar os desenhos, imagens ou gráficos existentes. Depois faça algumas
perguntas para si mesmo, a fim de levantar o que você já sabe sobre o
tema a ser tratado. Com isso, você estará relacionando os conhecimentos
anteriores com os novos e aumentado a motivação, ao dar-se conta dos
conteúdos que ainda faltam para serem apreendidos. Na seqüência, ler
todo o texto para ter uma visão geral ou síntese inicial da lição;
? Sublinhar é o segundo passo. Sublinhe as idéias principais, as
idéias secundárias, os exemplos dados, etc. Você poderá, se preferir, utilizar
diferentes cores para tal procedimento;
? Esquematizar é o terceiro passo. Depois de sublinhar é preciso
ordenar as idéias principais e classificá-las segundo algum critério.
Esquema não é resumo, é a parte menor do resumo;
? Revisar consiste em repetir mentalmente todas as idéias
sublinhadas e/ou esquematizadas. Faça isto quantas vezes for necessário,
até ter a certeza que está dominando satisfatoriamente os conteúdos;
Agora você está preparado para começar seus estudos!
Bom estudo!
58
Iniciação Científica Unimontes/UAB
59
O grande educador brasileiro Paulo Freire
(1979, p. 9) ressalta que:
“estudar seriamente um texto é estudar o estudo de
quem, estudando, o escreveu. É perceber o
condicionamento histórico-sociológico do
conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo
em estudo e outras dimensões afins do
conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de
objeto. Desta maneira não é possível a quem estuda,
numa tal perspectiva, alienar-se ao texto,
renunciando assim à sua atitude crítica em face
dele”.
Você concorda com o educador? Vá ao Fórum de
Discussão e comente com seus colegas.
ATIVIDADES
2.3 LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
2.3.1 A Leitura
A leitura é de importância fundamental para a compreensão dos
conteúdos das diversas disciplinas. Quem não sabe ler adequadamente
não saberá resumir, esquematizar, fazer os apontamentos, e finalmente,
não saberá estudar.
Já fizemos uma reflexão sobre o ato de estudar; agora nosso
desafio é pensar um pouco sobre a importância da leitura no ato de
estudar.
Para criar o hábito de leitura, reserve um tempo do seu dia para
praticar. Para que isto dê certo, é preciso ser rigoroso, nada de dizer “ah, eu
leio amanhã”. Lendo todos os dias, o ato passará a ser corriqueiro e com o
tempo se tornará um hábito inadiável.
Preocupe-se em manter um dicionário por perto, para poder
consultar todas as palavras que não fazem sentido para você.
Escreve bem quem lê muito e escreve melhor quem lê e escreve
muito. Por isso é importante ao fazer qualquer tipo de leitura, você se
pergunta: O que é ? Quem? Quando? Onde? Quais?
Almeida (2002, p. 34) nos apresenta algumas vantagens do
processo de leitura:
?enriquece o vocabulário;
?clareia as idéias;
?amplia o conhecimento da língua;
?facilita a aquisição de experiências;
?melhora a nossa redação; e
?fornece-nos soluções de problemas já resolvidos por outras
pessoas.
?desperta a inteligência;
?ativa a imaginação; e
?aperfeiçoa a cultura.
A leitura é um processo que se constitui da:
? identificação das palavras;
? interpretação do pensamento do autor;
? compreensão do texto;
? fixação das idéias;
? reprodução das idéias; e
? construção de novas idéias.
O Almeida identifica ainda algumas características dos bons e
maus leitores.
? Mau leitor - concentra-se nas palavras.
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
60
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
Ler: pMarconi (2001, p. 19) significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os elementos mais importantes dos secundários e, optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los como fonte de novas idéias e do saber, através dos processos de busca, crítica, assimilação, retenção, verificação e integração do conhecimento.
ara Lakatos e
? Bom leitor- concentra-se nas idéias.
? Mau leitor- acompanha a leitura com o movimento dos lábios.
? Bom leitor - não move os lábios.
? Mau leitor - move a cabeça à medida que lê.
? Bom leitor- só move os olhos.
? Mau leitor- lê com o corpo em posição desconfortável;
? Bom leitor - lê com o corpo na posição correta.
? Mau leitor - não tem expectativa quanto à leitura.
? Bom leitor - pensa no que espera do livro.
? Mau leitor - volta com freqüência ao início do livro, da leitura.
? Bom leitor - lê sempre para frente.
? Mau leitor - não faz leitura de reconhecimento.
? Bom leitor- folheia o livro para decidir se vale a pena lê-lo.
? Mau leitor- não se importa com as palavras cujo significado
desconhece.
? Bom leitor - procura no dicionário o significado das palavras
que desconhece.
? Mau leitor - o objetivo é chegar ao final do livro rapidamente.
? Bom leitor - o objetivo é tirar proveito da leitura.
? Mau leitor- lê apressadamente.
? Bom leitor - lê com calma.
? Mau leitor - não examina o livro.
? Bom leitor – examina o prefácio do livro, o índice e a orelha do
livro. Lê com calma.
2.3.2 Sublinhar um texto
Ao ler um texto, você deverá fazer
apontamentos e grifos das idéias principais e
das palavras-chave de cada parágrafo. Isto
pode ser feito sublinhando o texto ou fazendo
anotações nas margens. Esta prática se torna
produt iva, porque se separam as
argumentações principais das secundárias e,
com isto, você registrará suas próprias
observações.
Sublinhar é uma técnica muito utilizada pelos leitores. No entanto
recomenda-se nunca sublinhar um texto na primeira leitura, pois a
primeira leitura servirá para tomar conhecimento geral sobre o texto. A
segunda leitura deverá ser mais apurada em busca de sinalizar as idéias
principais e secundárias.
Quanto às anotações de margem, é importante que você crie um
código de sinais, que indique a sua maneira pessoal de realizar o
Iniciação Científica Unimontes/UAB
61
entendimento e questionamento do texto. Indicamos no quadro abaixo
algumas sugestões de sinais que você poderá utilizar.
SINAL SIGNIFICADO
? quando a argumentação do autor não ficouclara para você.
= Quando a argumentação do autor coincidir com a sua
+
Quando você perceber que poderá acrescentarobservações de outras leituras sobre o mesmotema por autores diferentes
*
Quando se tratar de uma citação importante quevocê deseja transcrever em algum trabalho.
Sinais para Anotações de Margem
É importante sublinhar as idéias principais, as idéias secundárias,
os exemplos dados, etc. Você poderá, se preferir, utilizar diferentes cores
para tal procedimento.
Sabemos que sublinhar um texto requer algumas habilidades,
algumas técnicas que nem sempre são bem compreendidas. Temos
percebido a existência de acadêmicos que sublinham seus livros e textos na
íntegra e se orgulham disso. Existe o sublinhar correto e o sublinhar
incorreto.
Antes de sublinhar qualquer texto é necessário ter um primeiro
contato com a leitura e questioná-la, procurando decifrar as principais
idéias. Utilize sinais e códigos pessoais para “conversar com a leitura”,
sempre à margem do texto, correspondendo a um apontamento
provisório. Só depois de bem entendido o texto, é que você deverá
sublinhá-lo, evitando assim, o preenchimento de traçados em todo o texto
ou mesmo parágrafo. Isto porque, ao sublinhar uma frase inteira ou um
parágrafo inteiro, além de sobrecarregar a memória e o aspecto visual,
corre-se o risco de, ao resumir, reproduzir as frases do autor, sem evidenciar
as idéias principais, visto que o resumo deve ser a condensação de idéias,
não de frases ou palavras.
? segundo Andrade (2001, p. 26), a técnica de sublinhar pode
ser desenvolvida a partir dos seguintes procedimentos:
? leitura integral do texto, para tomada de contato;
? esclarecimento de dúvidas de vocabulário, termos técnicos e
outras;
? releitura do texto, para identificar as idéias principais;
? grifo, em cada parágrafo, as palavras que contêm a idéia-
núcleo e os detalhes mais importantes;
? sinalização com uma linha vertical, à margem do texto, os
tópicos mais importantes;
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Tabela 1: Sinais para anotações de margem
62
? colocação, à margem do texto, de um ponto de interrogação,
para os casos de discordância, as passagens obscuras, os argumentos
discutíveis;
? leitura do que foi sublinhado, para verificar se há sentido; e
? reconstrução do texto, em forma de esquema ou de resumo,
tomando as palavras sublinhadas como base.
2.3.3 Como elaborar um esquema
Um esquema bem elaborado requer algumas orientações, para
que este corresponda realmente a um “esqueleto” do texto, ou seja,
contenha palavras-chave, sem a necessidade de apresentar frases prontas
retiradas do texto. Corresponde a parte inicial de um resumo, onde estarão
contempladas determinadas idéias, com o objetivo de melhor
memorização do conteúdo integral do texto. Para isto, deve-se utilizar:
setas, chaves, linhas retas ou curvas colchetes, símbolos diversos,
dependendo da sua própria escolha. As setas, por exemplo, são utilizadas
quando há uma relação entre a palavra (idéia) do ponto de partida e as
palavras (idéias) que são apontadas. As chaves são utilizadas para ordenar
diversos itens.
Salomon (1991, p. 85) ressalta que um esquema é considerado
realmente útil, quando apresenta as seguintes características:
a) Fidelidade ao texto original – deve conter as idéias do autor,
sem alterações, mesmo quando se usar as próprias palavras para
reproduzir as do autor. Por isso, em alguns momentos, é preciso transcrever
e citar a página;
b) estrutura lógica do assunto – após levantamento da idéia
principal, e dos detalhes importantes, é possível elaborar uma organização
dessas idéias a partir das mais importantes para as conseqüentes. No
esquema, haverá lugar para os devidos destaques.
c) adequação ao assunto estudado e funcionalidade – o esquema
útil é flexível. Adapta-se ao tipo de conteúdo que se estuda. Um assunto
mais profundo, mais rico de informações e detalhes importantes
possibilitará uma forma de esquema com maiores indicações. Assunto
menos profundo, mais simples, terá no esquema apenas indicações-chave.
É diferente um esquema em função de revisão para exame e outro em
função de uma aula a ser dada.
d) utilidade de seu emprego – conseqüência da característica
anterior: o esquema deve ajudar e não atrapalhar. Tratando-se de
esquema em função de revisão, para o estudo para as avaliações, é
diferente daquele que elaboramos a partir de uma aula assistida.
e) cunho pessoal – cada um faz o esquema de acordo com suas
tendências, hábitos, recursos e experiências pessoais. Por isso, é que um
esquema de uma pessoa raramente é útil para outra. Uns preferem o
Iniciação Científica Unimontes/UAB
63
esquema rigidamente lógico, outros o cronológico ou na disposição das
idéias. Alguns usam recursos gráficos, de visualização da imagem mental
(tinta de cor, desenhos, símbolos, etc.), outros já preferem empregar só
palavras.
Veja o modelo abaixo:
Na psicanálise freudiana muito comportamento criador,
especialmente nas artes, é substituto e continuação do
folguedo da infância. Como a criança se exprime em jogos
e fantasias, o adulto criativo o faz escrevendo ou, conforme
o caso, pintando. Além disso, muito do material de que ele
se vale para resolver seu conflito inconsciente, material que
se torna substância de sua produção criadora, tende a ser
obtido das experiências da infância. Assim, um evento
comum pode impressioná-lo de tal modo que desperte a
lembrança de alguma experiência anterior. Essa lembrança
por sua vez promove um desejo, que se realiza no escrever e
no pintar. A relação da criatividade com o folguedo infantil
atinge máxima clareza, talvez, no prazer que a pessoa
criativa manifesta em jogar com idéias, livremente, em seu
hábito de explorar idéias e situações pela simples alegria de
ver aonde elas podem levar” (Kneller, 1976 apud Andrade,
2001, p. 32).
Observe um possível esquema do texto apresentado:
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
64
Psicanálise Freudiana
Comportamento Criador do adulto
Continuação do folguedo da infância
A criança exprime em jogos e fantasias
O adulto na escrita, no desenho e/ou na pintura
O adulto utiliza, para solucionar seus conflitos, experiências da infância
As lembranças da infância promovem desejos de escrever ou pintar
O adulto, então, brinca com as idéias, cria livremente
Observe outras possibilidades de elaboração de esquemas.
Escolha uma destas possibilidades e faça o seu esquema a partir do texto
apresentado.
Iniciação Científica Unimontes/UAB
65
2.3.4 O Resumo
Assim como o esquema, o resumo também possui algumas
especificidades. Você deverá ter o cuidado para não copiar simplesmente
partes do texto e considerá-lo como um resumo. A técnica de resumir
difere, no modo de redigir, por exemplo, de um livro, de um texto, de um
parágrafo ou de um capítulo. Um resumo bem elaborado deve conter
apresentação clara do assunto da obra; não apresentar juízos críticos ou
comentários pessoais; respeitar a ordem das idéias e fatos apresentados;
empregar linguagem clara e objetiva; evitar a transcrição de frases do
original; apontar as conclusões do autor; dispensar a consulta ao original
para a compreensão do assunto.
2.3.4.1 Tipos de Resumo
Segundo Andrade (2001, p. 29-30), os resumos podem ser
classificados da seguinte maneira:
? resumo descritivo ou indicativo: nesse tipo de resumo,
descrevem-se os principais tópicos do texto original, e indicam-se
sucintamente seus conteúdos. Portanto, não dispensa a leitura do texto
original para a compreensão do assunto. Quanto a extensão, não deve
ultrapassar quinze ou vinte linhas; utilizam-se frases curtas que,
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
66
Um bom resumo deve ter:a) Brevidade – um bom resumo não deve ultrapassar um quarto do original.b) Clareza – idéias apresentadas sem confusão ou ambigüidade.c) Rigor – reprodução das idéias sem erros ou deformações.d) Originalidade – utilização de linguagem original, própria de cada leitor, mas transmitindo o ponto de vista do autor – resumir não é comentar.e) Aprender a resumir é fundamental para comunicar o que sabemos, com rapidez e eficiência.
DICAS
geralmente, correspondem a cada elemento fundamental do texto;
porém, o resumo descritivo não deve limitar-se à enumeração pura e
simples das partes do trabalho;
?resumo informativo ou analítico: é o tipo de resumo que reduz o
texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo-se gráficos, citações,
exemplificações abundantes, mantendo-se, porém, as idéias principais.
Não são permitidas as opiniões pessoais do autor do resumo. O resumo
informativo, que é o mais solicitado nos cursos de graduação, deve
dispensar a leitura do texto original para o conhecimento do assunto;
? resumo crítico: consiste na condensação do texto original a 1/3
ou 1/4 de sua extensão, mantendo as idéias fundamentais, mas permite
opiniões e comentários do autor do resumo. Tal como o resumo
informativo, dispensa a leitura do original para a compreensão do assunto;
e
? sinopse: (em inglês, synopsis ou summary); em francês,
resume d'auteur) neste tipo de resumo indica-se o tema ou assunto da obra
e suas partes principais. Trata-se de um resumo bem curto, elaborado
apenas pelo autor da obra ou por seus editores.
Evidentemente, que você irá deparar com diferentes tipos de
resumos na universidade e em conseqüência necessitará de
conhecimentos específicos de como fazê-los. A técnica de resumir difere,
no modo de redigir, quando se trata de um texto menor ou de um capítulo
ou mesmo de um livro inteiro.
Para cada um destes tipos existem regras específicas que
facilitarão o seu trabalho.
Resumos de Parágrafos e Capítulos
Para estes dois tipos você poderá utilizar a técnica de sublinhar e
redigir o seu resumo pela organização das frases, baseando-se nas
palavras sublinhadas e mantendo sempre a ordem dos fatos e idéias
apresentadas pelo autor. Quando o parágrafo ou capítulo do livro for mais
complexo e você sentir dificuldade em resumí-los, sugerimos que faça
primeiro um esquema com as palavras sublinhadas. É importante salientar
que se você exercitar bastante a técnica de resumir parágrafos,
desenvolverá habilidades para resumir capítulos e obras inteiras.
Veja um exemplo de como sublinhar um parágrafo:
Na psicanálise freudiana muito comportamento criador,
especialmente nas artes, é substituto e continuação do
folguedo da infância. Como a criança se exprime em jogos
e fantasias, o adulto criativo o faz escrevendo ou,
conforme o caso, pintando. Além disso, muito do material
de que ele se vale para resolver seu conflito inconsciente,
material que se torna substância de sua produção
criadora, tende a ser obtido das experiências da infância.
Iniciação Científica Unimontes/UAB
67
Agora você irá
praticar o que aprendeu.
Utilizando as orientações
apresentadas nesse texto,
leia, sublinhe e analise o
artigo “Michel Foucault e a
educação: o investimento
político do corpo”. Este
artigo de autoria de Alex
Fabiano Correia Jardim, foi
publicado na revista
Unimontes Científica, v.8,
n.2 e está disponível no site
www.ruc.unimontes.br. A
revista também se encontra
em todas as bibliotecas da
Unimontes. Após a
compreensão do artigo,
elabore um esquema do
mesmo e envie para o
professor formador.
ATIVIDADES
2.4 A PRÁTICA DE DOCUMENTAÇÃO PESSOAL
Temos presenciado a crescente expansão da era da informação,
que atinge uma velocidade surpreendente, principalmente a partir da
informática e da Internet. Cresce também, a necessidade da informação
precisa no lugar e no momento adequados. Daí a importância cada vez
maior das práticas de documentação pessoal, que além de armazenar
informações que estarão disponíveis sempre que precisar, constituem
também uma forma de estudar, apreender e fixar conteúdos. Tais práticas
são essenciais, sobretudo para vocês, acadêmicos de graduação, em
especial para os que irão desenvolver monografias, trabalhos de conclusão
de curso ou relatórios de iniciação científica. São muitos os livros e textos
lidos, idéias e autores estudados, que necessitam serem revistos para
utilização em trabalhos ou em atividades posteriores. Portanto, a
documentação deve ser uma prática constante em sua vida acadêmica.
Segundo Salomon, “a documentação pessoal é uma conseqüência das
atividades intelectuais de quem determinou sua especialização e de todo
aquele que, mesmo sem a intenção de ser enciclopédico, procura estar em
dia com as produções do pensamento humano” (SALOMON,1999, p.
123).
Constitui material para documentação, tudo o que você julgar
importante em função dos seus estudos ou da sua futura vida profissional.
Assim, aconselhamos documentar as leituras (de livros, artigos, apostilas,
dentre outras), as aulas, os trabalhos de grupos de estudos, seminários,
conferências etc. É fundamental que você se convença da necessidade e
da utilidade da prática de documentação pessoal, tornando-a uma rotina
em sua vida de estudos. Para tanto, é preciso criar um conjunto de técnicas
para organizá-la. Por se tratar de um método pessoal de estudos e de
arquivar informações, leve em consideração a forma mais funcional e
conveniente para você. Neste sentido, apresentamos a seguir algumas
orientações gerais de procedimentos para organização da documentação.
Assim, um evento comum pode impressioná-lo de tal modo
que desperte a lembrança de alguma experiência anterior.
Essa lembrança por sua vez promove um desejo, que se
realiza no escrever e no pintar. A relação da criatividade
com o folguedo infantil atinge máxima clareza, talvez, no
prazer que a pessoa criativa manifesta em jogar com
idéias, livremente, em seu hábito de explorar idéias e
situações pela simples alegria de ver aonde elas podem
levar (Kneller, 1976 apud Andrade,2001, p. 32).
Agora, de posse deste parágrafo já sublinhado você pode fazer o
resumo do mesmo.
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
68
2.4.1 Formas de documentação
Uma das técnicas mais eficazes de documentação pessoal é o
fichamento. Ele permite não apenas fixar conteúdos, armazenar
informações e localizar fontes, como também dispensar a releitura de um
texto ou livro anteriormente estudado. Os fichamentos podem ser por
temática de interesse do aluno, por disciplinas, por autor, dentre outros
tipos.
O fichamento temático objetiva coletar e arquivar informações
importantes para o estudo em geral ou para o desenvolvimento, dentro de
uma determinada área, de um trabalho específico como a monografia, o
trabalho de conclusão de curso e a realização de um seminário (sobre este
assunto conferir o texto seguinte deste caderno). As informações a serem
transcritas não se restringem àquelas retiradas de leituras de textos e livros,
mas também de palestras, conferências, aulas, seminários, filmes, fontes
primárias, etc., ou seja, toda informação pertinente ao desenvolvimento do
trabalho ou de projetos futuros, inclusive suas idéias pessoais, para que
essas não se percam com o passar do tempo.
Esse tipo de fichamento é feito seguindo um plano sistemático que
deve conter o tema e os subtemas do trabalho. As fichas devem ter um
cabeçalho contendo o título geral (que corresponde ao tema), o subtítulo
(que corresponde ao subtema), a referência bibliográfica, e, se forem mais
de uma do mesmo tema, devem ser numeradas (ex. 1, 2, 3 ou A, B, C).
Aconselhamos separar o cabeçalho com um traço, conforme o exemplo da
tabela 2.
O fichamento bibliográfico também deve ser organizado dentro
de uma área temática, a diferença é que a ficha se restringirá à uma obra
específica, seja um livro, um texto, um artigo, capítulo de livro, etc. Ele se
constitui, dessa forma, em um acervo bibliográfico e de informações sobre
um determinado assunto dentro de uma área do conhecimento.
Aconselhamos que você crie o hábito de fazer esse tipo de ficha
cotidianamente, à medida que você tenha contato com as leituras relativas
ao seu curso. O conteúdo desta ficha pode ser um resumo geral do texto,
uma síntese dos principais argumentos do autor – indicando
I- TÉCNICAS DE ESTUDO
1- A prática de documentação pessoal A
MARCONI, A M. e LAKATOS, E.M. Fichas. In: ___ Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2001, p. 51-67.
Tabela 2: Modelo de cabeçalho para fichamento temático
Iniciação Científica Unimontes/UAB
69
Tabela 3: Modelo de Fichas por autor
I- MICHEL FOUCAULT
1- História da Sexualidade A
FOUCAULT, M. História da sexualidade, v.1 . Rio de Janeiro: Graal, 1998.
Outra forma de organização da sua documentação é seguindo a
estrutura curricular do seu curso. Neste caso, você deve organizar suas
fichas conforme as disciplinas. Por exemplo, todos os textos da disciplina
“Iniciação Científica” constituirão um subtema da ficha, que terá como
tema geral o título desta disciplina, conforme a figura 6.
preferencialmente o número das páginas onde se encontram – ou ainda
pode ser por tópicos e citações. Este mesmo procedimento você pode
utilizar no fichamento por autor, no entanto, neste último, a organização
não seguirá uma temática, mas as obras do autor. Veja o exemplo na
tabela 3.
I- INICIAÇÃO CIENTÍFICA
1- Tipos de conhecimentos
A
CADERNO DIDÁTICO da disciplina Iniciação Científica. Montes Claros: UAB/Unimontes, 2008.
Tabela 4: Modelo de fichas por disciplina
2.4.2 Conteúdo das Fichas
Conforme já sugerimos, o conteúdo das fichas pode ser: um
resumo geral do texto, palestra, aula, etc.; uma transcrição dos principais
argumentos desenvolvidos pelo autor; um comentário ou interpretação
crítica pessoal sobre as idéias do texto; ou de citações. Este último, consiste
na reprodução literal de frases ou sentenças que você considere relevante
para seu estudo. Neste caso, utilize os procedimentos para citação como a
utilização de aspas e reticências quando suprimido alguma palavra ou
frase.
Délcio Salomon (1999) sugere um modelo de conteúdo de fichas,
que consideramos o mais adequado, uma vez que permite utilizar-se de
resumo, transcrições, anotações e pontos de vista do leitor, que não são do
autor. Para isso, ele sugere a utilização de códigos a fim de identificar a
natureza desse material todo. Ex.:
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
(“...”) para citação
( * ) para designar resumo
( // ) para indicar que se trata de idéias pessoais e não do livro, etc.
Apresentamos na figura 4, um modelo de ficha, utilizando as
indicações de Salomon. Neste modelo, sugerimos utilizar somente os
códigos para idéias pessoais (//) e para citação (“...”), pois consideramos
não ser necessário a utilização de código para resumo uma vez que o
fichamento já indica isso. Sugerimos que você adote este modelo para a
sua documentação pessoal.
I – TÉCNICAS DE ESTUDOS
1- A Prática de documentação pessoal 1.1- Conteúdo das fichas
A
MARCONI, A M. e LAKATOS, E.M. Fichas. In: ___ Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2001, p. 51-67.
FICHA BIBLIOGRÁFICA: Refere-se: campo do saber que é abordado, problemas, conclusões alcançadas, contribuições em relação ao assunto, as fontes dos dados, métodos de abordagem, procedimentos utilizados modalidade empregada , recursos ilustrativos. FICHA DE CITAÇÕES: Reprodução fiel de frases ou sentenças consideradas relevantes ao estudo em pauta. FICHA DE RESUMO OU DE CONTEÚDO: “Apresenta uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou um resumo dos aspectos essenciais da obra” (p.60).
I – TÉCNICAS DE ESTUDOS
1-
A Prática de documentação pessoal
1.1-
Conteúdo das fichas
B
FICHA DE ESBOÇO: Refere-se a apresentação de forma mais detalhada da principais idéias expressas pelo autor é a mais extensa e detalhada das fichas, a síntese das idéias é realizada quase que de página a página exige indicação das páginas à esquerda da ficha.
FICHA DE COMENTÁRIO OU ANALÍTICA: “Consiste na explicação ou interpretação crítica pessoal das idéias expressas pelo autor” (p.61). Pode apresentar: Comentário sobre aspectos metodológicos, análise crítica do conteúdo, interpretação de um texto, comparação da obra com outros trabalhos sobre o mesmo tema, explicação da importância da obra para o estudo em pauta.// estes modelos de fichas são mais indicados para acadêmicos em fase de elaboração de monografia//
Tabela 5: Modelo de conteúdo de fichas lado A e lado B
Se você deseja ver outros exemplos e formas de elaboração de fichamento consulte as seguintes obras: SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 21 ed. São Paulo: Cortez, 2000.MARCONI, A M. e LAKATOS, E.M. Fichas. In: ___ Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2001, p. 51-67.
DICAS
70
Iniciação Científica Unimontes/UAB
Ao fazer um fichamento você deve ainda:
? ser breve;
? evitar expressões tais como: “segundo o autor”, “o autor
disse”, “a seguir”, “este livro”, etc;
? transcrever com fidelidade nome do autor, título da obra,
página, o texto, et;.
? utilizar verbos ativos (critica, define, etc.);
? evitar repetições desnecessárias; e
? padronizar o tamanho das fichas.
2.4.3 Confecção das fichas e materiais diversos
O tamanho do papel para o fichamento fica a critério de cada um.
Pode-se utilizar fichas, encontradas nas papelarias ou confeccionadas, nos
tamanhos 20 X 12,5 cm, 20 X 25 cm ou 25 X 15 cm, podendo utilizar seus
dois lados (ver figura 5). Neste caso as fichas podem ser guardadas em
fichários organizados por assuntos, áreas de interesse, por autores ou por
ordem alfabética também fica a critério de cada um. Podem também
serem feitas em papel de diversos tamanhos como o A4, mais comum,
utilizando-se somente um lado do papel. Neste caso, as fichas podem ser
guardadas em pastas-arquivos, classificadores ou caixas de arquivos. Se
você possui um computador de uso pessoal, principalmente um leptop,
você tem a opção também de fazer o seu fichamento diretamente em um
editor de textos e arquivá-los conforme o sistema de pastas e diretórios.
Neste caso, basta você fazer um arquivo para cada fichamento e salva-lo
em uma pasta que pode ser uma temática, uma disciplina ou um autor,
veja o exemplo da figura 8.
Figura 5: Modelo de ficha encontrada em papelarias
Seminário: vem do latim, seminariu, que significa
“viveiro de plantas onde se fazem sementeiras. Nesse
sentido o seminário constitui na ocasião de
semear e germinar idéias. Seminário significa também
um congresso científico e cultural mais amplo que
reúne um grande número de especialista de uma
determinada área (Dicionário Aurélio – Século
XXI)
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
71
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
2.5 O SEMINÁRIO COMO TÉCNICA DE ESTUDO
2.5.1 Definição
Outra técnica de estudo que fará parte do seu cotidiano
acadêmico é o seminário. Em sentido geral, o seminário é definido como
um grupo de estudos em que se expõe e debate um ou mais temas
apresentados por um aluno ou grupo de acadêmicos sob a orientação e
coordenação do professor responsável pela disciplina. Essa é uma técnica
de estudos que envolve a pesquisa, a análise e exposição sistemática dos
conteúdos estudados e o debate aprofundado sobre um tema. Neste
sentido, o seminário objetiva muito mais a formação do aluno do que a
mera informação.
Ilma Passos Alencastro Veiga também entende o seminário como
uma técnica de ensino socializado, já que
“o conhecimento a ser assimilado, reelaborado e até
mesmo produzido, não é 'transmitido pelo professor', mas é
estudado e investigado pelo próprio aluno, pois este é visto
como sujeito de seu processo de aprender” (Veiga, 1991, p.
110).
Não se trata, portanto, de uma aula expositiva dada pelos
acadêmicos. O professor deve ser parte ativa do processo, cabendo a ele
sugerir o tema, indicar bibliografias, aprofundar o assunto, estabelecer
relações, provocar o debate, encaminhar as conclusões e fazer a síntese
final.
O seminário, como uma técnica de estudo, foi criado
originalmente para ser desenvolvido em sala de aula presencial,
estimulando o ambiente crítico e participativo. Acreditamos, no entanto,
ser possível adaptar tal técnica para ambientes de aprendizagem virtual,
assim como, para vídeo-conferência. Nos ambientes virtuais, a exposição –
texto verbalizado – pode ser substituída pelo texto escrito. Nesse sentido, o
sucesso do seminário dependerá do envolvimento e comprometimento de
todos os participantes na leitura do texto – construído de forma coletiva por
cada grupo – e no debate, que pode ser feito no chat ou fórum de
discussão.
2.5.2 Objetivos
Dentre os objetivos do seminário, podemos destacar:
?aprofundamento da discussão de um tema ou problema dentro
de uma área do conhecimento;
?estudo e debate em profundidade de um texto específico da
disciplina;
ATIVIDADES
No capítulo anterior você
aprendeu técnicas para
leitura, análise e
interpretação de texto.
Utilizando as orientações
sobre a prática de
documentação pessoal,
faça um fichamento do
texto “Michel Foucault e a
educação: o investimento
político do corpo” que você
já leu, analisou e
interpretou. Este texto de
autoria de Alex Fabiano
Correia Jardim, foi
publicado na revista
Unimontes Científica, v.8.
n.2, e está disponível no
site www.ruc.unimontes.br
ou em todas as bibliotecas
da Unimontes. Você poderá
fazer seu fichamento em
papel A4, ou na ficha que
você adquire em qualquer
papelaria. Se preferir, você
pode também confeccionar
sua própria ficha,
utilizando-se de uma
cartolina.
Bom trabalho!
72
Iniciação Científica Unimontes/UAB
?trabalho cooperativo em sala de aula ou no ambiente virtual;
?diálogo crítico sobre um ou mais temas;
?incentivo a ter participação no processo de ensino-
aprendizagem; trabalho em grupo e com autonomia; e
?estimulo a pesquisa.
A apresentação do seminário, constitui-se também um excelente
momento para você aprender a sistematizar informações e a expor idéias.
No caso de ser realizado em ambiente virtual de aprendizagem, podemos
utilizar a mesma estrutura de organização do seminário presencial. No
entanto, os resultados da pesquisa e discussão do grupo não será exposto
verbalmente, mas através de um texto construído coletivamente pelo
grupo, a partir da pesquisa realizada, análise e interpretação das leituras
feitas. O fórum de discussão permite que, após a leitura, todos possam
interagir dialogicamente e participar do debate, apresentando as questões
e problemas suscitados pelo texto-base.
2.5.3 Estrutura e organização
O seminário é composto por um coordenador, geralmente o
professor da disciplina e o/os expositor/es, que pode ser um ou todos os
membros do seu grupo. No caso de um seminário em ambiente virtual, os
expositores são todos os membros do grupo, responsáveis pela elaboração
do texto-base, a partir do qual, se desenvolverá o debate. Um secretário,
que é o/a estudante responsável pela anotação ou relatório das conclusões
parciais e finais do seminário; um comentador, escolhido pelo professor
entre os colegas da turma para comentar criticamente a discussão e
resultados apresentados pelos expositores, antes do debate dos demais
participantes. O comentador poderá ser também, preferencialmente, um
especialista do tema, externo à turma, especialmente convidado para esta
função. Se o seminário for realizado através de vídeo-conferência,
podemos utilizar os mesmos procedimentos de uma sala de aula
presencial.
O professor coordenador tem como função:
?explicitar os objetivos e finalidades do seminário;
?auxiliar na formação dos grupos;
?indicar o texto ou tema objeto do estudo, pesquisa e
apresentação de cada grupo;
?recomendar, no caso de um seminário temático, a bibliografia
básica e complementar a ser estudada pelo grupo;
?orientar o grupo na busca das fontes de consulta, na
elaboração do texto-roteiro ou do texto-base – a ser disponibilizado nos
casos em que o seminário for realizado em ambiente virtual;
?elaborar o calendário de apresentação dos trabalhos e o
cronograma das atividades que precedem a apresentação;
73
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
? escolher ou convidar o comentador/a; e
? coordenar e estimular o debate.
A vocês acadêmicos, divididos em grupo, cabe:
? selecionar os subtemas dentro do tema indicado pelo professor
e pesquisá-los. No caso de um seminário sobre um texto específico, vocês
deverão fazer o levantamento de dados que facilitem a compreensão do
texto, como informações sobre o autor, as circunstâncias de escrita do
texto, as filiações em correntes de pensamento do autor, dentre outros
dados;
?ler, fichar e estudar em profundidade a bibliografia ou texto
indicado pelo professor;
?elaborar o texto-roteiro da exposição do trabalho ou o texto-
base a ser apresentado e que deverá ser lido pelos demais colegas da
turma;
?escolher, entre vocês, os membros, o/os expositor/es e o/a
secretário/a; e
?providenciar os recursos didáticos que desejam utilizar na
apresentação, tais como retroprojetor, data-show, etc.
2.5.4 O texto-roteiro
O texto-roteiro é utilizado nos seminários presenciais. Ele é seu
instrumento de trabalho e conforme ressaltam Lakatos e Marconi (2001,
p. 34), “deve expressar o apreendido, isto é, aquilo que se presta à
aprendizagem ou se apresenta como um apontamento didático para a
consulta” e auxílio na exposição. O texto-roteiro não é um resumo ou
síntese da pesquisa e estudo realizado, nem a transposição do sumário do
texto ou livro estudado, mas tópicos que indiquem, numa seqüência, os
assuntos que serão abordados na apresentação. O texto-roteiro deve
conter:
?título do trabalho;
?introdução: apresentação da temática e objetivo do trabalho, a
metodologia utilizada na sua preparação; apresentação dos/as
expositores/as e do/a secretário/a, por ordem de fala, estrutura geral da
apresentação;
?desenvolvimento: através de tópicos ou pequenas citações que
indiquem os assuntos a serem abordados na apresentação e o
planejamento do grupo. Os tópicos auxiliam o expositor e permite que os
demais participantes acompanhem o caminho percorrido pela exposição;
?conclusão: síntese, fechamento das exposições, estabelecendo
as relações entre uma fala e outra – pode ser apenas indicada no roteiro e
feita verbalmente;
?Bibliografia: relação completa das obras utilizadas na pesquisa
e elaboração do trabalho apresentado;
74
Iniciação Científica Unimontes/UAB
Antônio Joaquim Severino (2001), por sua vez, sugere
um texto-roteiro mais detalhado e que deve ser
disponibilizado previamente aos participantes para que
estes possam estudá-lo mais profundamente a fim de participar da discussão.
Sobre esta discussão consulte:
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho
Científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000, p. 63-
72.
DICAS
Fonte: Arquivo pessoal Luana Balieiro
75
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 6: Seminário Patrimônio Histórico de MontesClaros realizado pelos acadêmicos do 1º período de
História/ 2006, como atividade da prática dearticulação das disciplinas História da Arte e
Metodologia Científica.
?Nome dos integrantes do grupo; e
?Data de realização do seminário.
Cada participante do seminário deverá receber uma cópia
impressa do roteiro.
Fonte: Arquivo pessoal Cláudia Maia
2.5.5 O texto-base
O texto-base pode ser utilizado em seminários realizados nos
ambientes virtuais. Sugerimos a utilização da ferramenta constante na
Plataforma Moodle – o WIKI, que é a produção coletiva de textos, atividade
muito interessante e que conduzirá você e seu grupo a participar de forma
ativa. O texto-base é o principal material do seminário, pois será a partir
dele, que se desenvolverá a discussão e o debate. Ele se constitui no
resultado escrito da pesquisa sistemática, estudo e preparação prolongada
76
Iniciação Científica Unimontes/UAB
Figura 7: Modelo de roteiro de seminário
realizado pelo seu grupo, por isto, deverá ser construído coletivamente.
Sua estrutura poderá seguir a mesma seqüência do texto-roteiro, a
diferença está no desenvolvimento. Vocês não apenas indicarão tópicos,
mas deverão dissertar sobre eles. Ou seja, o que seria falado no seminário
presencial, será escrito no seminário virtual:
? título;
?introdução: apresentação do objetivo e da temática do
seminário; breve visão de conjunto dos resultados da pesquisa e estudo
realizado; esquema geral do texto, ora apresentado, ou seja, sua estrutura
redacional;
?desenvolvimento: subdivide-se em tópicos ou títulos, seguido
da apresentação/dissertação aprofundada sobre o assunto escolhido,
indicando com quais autores estão dialogando, ou seja, os autores
consultados para elaboração do trabalho, e apontando para
problematizações que podem levantar questões importantes no debate
que seguirá;
?conclusão: síntese, fechamento das exposições, estabelecendo
as relações entre uma fala e outra;
?bibliografia: relação completa das obras utilizadas na pesquisa
e na elaboração do trabalho apresentado;
? Nome dos integrantes do grupo; e
? Data de realização do seminário.
O texto-base deverá ser disponibilizado previamente aos demais
participantes, conforme o cronograma estabelecido pelo professor
coordenador, para que todos possam lê-lo, estudá-lo e formular suas
questões, dúvidas e apontamentos. No cronograma, o coordenador
também deverá estipular o prazo para a leitura de todos os participantes,
para a postagem das observações do comentador e questões, dúvidas e
comentários dos demais participantes. O debate também, poderá ser feito
por chat. Nesse caso, o coordenador deverá estabelecer no cronograma o
dia e o horário. O papel do coordenador será fundamental, pois ele deverá
instalar o diálogo crítico, procurando coletivizar as questões suscitadas,
estimular a participação de todos na leitura e no debate. É importante que
você se coloque em uma postura ativa e não de mero ouvinte, pois você
juntamente com seus colegas terão uma parcela de contribuição no
decorrer das atividades.
2.5.6 Apresentação e duração
No dia da apresentação do seminário, o coordenador convida os
expositores para compor a mesa dos trabalhos, situada à frente da sala ou
auditório, informa a dinâmica das apresentações e o tempo de cada
exposição.
O tempo de duração do seminário presencial em geral é o mesmo
77
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
tempo das aulas, cerca de 2 horários ou 4 horários, dependendo do tema a
ser abordado e da quantidade de grupos. O coordenador deverá estipular e
controlar o tempo de cada expositor, o tempo do comentador, o tempo total
para o debate, que em geral, é feito após todas as exposições. Ao final, o
coordenador fará a síntese das discussões e encaminhará a avaliação.
No seminário realizado em ambiente virtual, sugerimos que o
tempo total para a disponibilização e leitura do texto, os comentários e
realização do debate não dure mais do que uma semana.
2.5.7 Avaliação
Ao final do seminário é fundamental uma avaliação de todo o
processo. Nessa avaliação, deverão ser observados aspectos como:
envolvimento e participação de todos; planejamento e cronograma das
atividades, qualidade da pesquisa realizada pelos grupos e a exposição,
participação no debate e os resultados dos estudos realizados. A avaliação
é sempre importante para verificar os avanços do grupo, assim como para
melhorar os aspectos deficitários e levantar sugestões para o próximo
seminário.
2.6 A INTERNET COMO FONTE PARA ESTUDO E PESQUISA
ACADÊMICA
Os avanços tecnológicos têm promovido uma verdadeira
democratização da informação ao facilitar seu acesso com rapidez a um
número cada vez maior de pessoas, particularmente, a pessoas como nós,
que vivemos distantes dos grandes centros produtores de conhecimento,
dos locais de realização de importantes eventos científicos, de bibliotecas e
grandes livrarias, e em alguns casos, até mesmo dos centros universitários.
A rede mundial de computadores, a Internet, representa em nossos dias,
um extraordinário acervo de dados à disposição de qualquer um, que pode
acessá-los com certa facilidade, dado a sofisticação e expansão dos atuais
recursos informacionais e do barateamento no custeio dos computadores
e das formas de conexão à rede. A Internet tornou-se assim, uma valiosa e
indispensável fonte de pesquisa para as diversas áreas de conhecimento.
Tendo isso em vista, elaboramos algumas dicas e orientações para
você usar e abusar desta tecnologia, que não será apenas um dos meios de
comunicação com seus professores, tutores e colegas, de realizar
atividades do seu curso e participar de debates, mas sobretudo, lhe
fornecerá muitas e variadas opções de pesquisa na sua área de formação.
Apresentamos aqui, somente indicações operacionais para um usuário
comum, não entrando em questões técnicas, nem mesmo em formas de
utilização do ambiente de aprendizagem virtual do curso. Nosso objetivo é
oferecer algumas indicações gerais e ferramentas, que servirão de
subsídios para você realizar pesquisas e aprofundar seus estudos.
Agora, vamos ver se você entendeu as orientações e a dinâmica do seminário. Reúna com mais quatro colegas de curso e a partir do texto que você já fichou no capítulo anterior (Michel Foucault e a educação: o investimento político do corpo”; disponível no site www.ruc.unimontes.br ou em todas as bibliotecas da Unimontes), faça um texto-roteiro do mesmo. Imagine que você e seus colegas irão apresentá-lo em um seminário do curso. Envie para seu/sua professor/a formador/a.
Bom trabalho!
ATIVIDADES
78
Iniciação Científica Unimontes/UAB
Hoje, muitos acadêmicos e pesquisadores são capazes de realizar
seus trabalhos de monografia, dissertações, teses e outras pesquisas sem
sair de casa ou do laboratório de informática, dada a possibilidade de
acesso aos bancos de dados, arquivos, bibliotecas virtuais, sites de revistas
científicas, além da facilidade de fazer download ou comprar livros, tudo
pela Internet.
2.6.1 O acesso à Internet
A Internet é um conjunto de redes de computadores interligados
em todo mundo, permitindo que cada vez mais outros computadores se
conectem e o acesso dos usuários a milhares de informações que estão
armazenados em seus web sites. A analogia mais comumente utilizada
para definir esta rede é a de uma malha viária por onde trafegam bytes sob
a forma de pacotes TCP/IP. As informações contidas em textos, som e
imagens trafegam em velocidade surpreendente entre qualquer
computador conectado a essa rede, permitindo ao usuário navegar por
essa malha de computadores para consultar e recolher elementos
informativos de todo tipo, aí disponibilizado. Permite também eliminar as
barreiras do tempo e do espaço, possibilitando a comunicação, a troca de
mensagens e de informação entre acadêmicos e pesquisados de todos os
lugares do mundo.
Conforme Ferreira (2002), a Internet evoluiu da ARPANET, rede
desenvolvida nos Estados Unidos no final dos anos de 1960, no contexto da
guerra fria, com objetivo de sobrevivência do sistema de comunicação em
eventuais ataques nucleares em 1986. Em 1987, a rede foi liberada para
uso comercial e sua vasta expansão ocorreu a partir da criação da web em
1993. No Brasil, as primeiras conexões ocorreram através da FAPESP
(Fundação de Amaparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e do
Laboratório Nacional de Computação Científica no Rio de Janeiro em
1988. O acesso comercial se deu a partir de 1995 através de provedores.
Web é o diminutivo de World Wide Web (rede mundial de
computadores) ou apenas www, que designa o conjunto de servidores na
Internet que transferem informações através do protocolo http (protocolo
de transporte de hipertexto). Os usuários interligam-se à rede mediante
Web site, que estão alocadas em provedores. Os provedores (a exemplo do
UAI, UOL, Terra, etc.) são empresas ou instituições responsáveis por
articular as redes de computadores, os servidores, os computadores
pessoais dos usuários. Os servidores são responsáveis por fornecer o
suporte de conexão que pode ser via telefônica, tv, rádio, celular, algumas
de alta velocidade, denominadas banda larga.
Assim, para você navegar na Internet em busca de informações ou
serviços, é necessário que seu computador esteja conectado através de um
servidor, que tenha disponível o serviço de um provedor, e que tenha
instalado em seu micro um programa de navegação (browsers). Os
Download: é o ato de transferir o arquivo de um
computador remoto (na Internet) para o seu próprio
computador, usando qualquer protocolo de
comunicações.
TCP/IP: é a “sigla proveniente de Transmission
Control Protocol / Internet Protocol. Apesar de TCP e
IP serem dois protocolos distintos, os protocolos
mais importantes da Internet, o termo TCP/IP
designa geralmente aquilo que se conhece como o conjunto de protocolos
TCP/IP que pode englobar outros protocolos menos
utilizados e/ou importantes”.
(Ferreira, 2002)
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
79
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
p r o g r a m a s d e
n a v e g a ç ã o m a i s
utilizados no Brasil são o
Internet Explorer da
Microsoft e o Mozilla
firefox que podem ser
acessados através de
atalho na área de
trabalho ou no menu
iniciar.
O sites são
acessados através de
endereços, que são
também os nomes das
páginas . E les são
c o n s t i t u í d o s p o r
números ou protocolos
de Internet (IP) que
codificam as páginas. Em geral, os endereços possuem a seguinte
estrutura:
www.nome.tipodeogranização.br.
Os endereços dos sites são atribuídos por um sistema específico de
nome de Domínio que permite também identificar o tipo de site. No Brasil,
o domínio global de primeiro nível é representado por “br”; dentro dele há
os subdomínios de uso coletivo, definidos de acordo com a natureza
organizacional do site, conforme o quadro de exemplos abaixo. Em
terceiro nível, os nomes específicos que identificam instituições, entidades
ou pessoas do mundo real.
Figura 8: Acesso ao programa de navegação pelo menu Iniciar
Figura 9: Navegador Internet Explorer
Para conhecer o significado de termos e palavras usadas na linguagem da Internet, consulte o Dicionário de Internetês de Antônio M. Ferreira, disponível em http://dicio.net/
DICAS
80
Iniciação Científica Unimontes/UAB
2.6.2 A pesquisa científica na Internet
A rede mundial de computadores coloca à disposição dos
internautas um volume excessivo de informações, sobre os mais variados
assuntos e temas. Alguns, no entanto, são pouco confiáveis. É preciso
garimpar e selecionar as informações a serem utilizadas, e uma das formas
é dirigir-se diretamente aos endereços certos, principalmente se forem de
instituições e órgãos de reconhecida credibilidade. Não dispondo destes
endereços, ou no caso de uma pesquisa mais ampla, tendo apenas um
tema, você pode começar seu trabalho utilizando um site de busca. Estes
sites se ocupam de localizar os endereços em toda a rede, a partir da
indicação de palavras-chave, nomes, temas, etc. Entre os mais utilizados
estão:
www.google.com
www.yahoo.com
www.cade.com.br/
www.altavista.com/
busca.uol.com.br/
busca.igbusca.com.br/app/
Após indicar as palavras-chave e clicar em buscar/pesquisar, serão
Figura 10: Navegador Mozilla Firefox
GEOGRÁFICOS ORGANIZACIONAIS
br Brasil com comercial
ar Argentina edu Organizações educacionais
us Estados Unidos gov Organizações governamentais
fr França Net redes
pt Portugal mil Organizações militares
es Espanha Org. Organizações que não se enquadra nas anteriores
Tabela 2: Exemplos de domínios
81
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
exibidas várias páginas nas quais você poderá encontrar a informação
procurada. Ao fazer uma busca, sugerimos restringir as palavras-chave e,
quando possível, utilizar aspas, pois evitará um número enorme de sites
que não interessam à sua pesquisa. Veja abaixo o exemplo:
Ao localizar um arquivo de seu interesse, é aconselhável que você
salve em seu computador; caso não possua um, você pode salvar o arquivo
ou página em um disco flexível – CD, disquete ou pendrive, ou ainda,
enviar para e-mail e HD virtuais – para que a informação esteja disponível
quando você precisar, sem necessariamente ter que realizar uma nova
busca.
Se você já conhece alguns sites de entidades, instituições de
pesquisa, bibliotecas virtuais, revistas científicas, portais de periódicos,
arquivos, dentre outros, isso facilita sua busca além de você ter acesso às
informações que são resultados de reflexões teóricas, pesquisas científicas
empreendidas, bancos de dados construídos, dentre outros, voltados
especificamente para o público acadêmico. Atualmente, muitas revistas
científicas têm disponibilizado os artigos completos na rede, além de
impressos, como é o caso da revista Unimontes Científica
(www.ruc.unimontes.br), ou têm substituído totalmente as edições
impressas pelo meio digital. As revistas digitais, disponíveis na rede, além
de serem mais econômicas e de maior rapidez na editoração, atingem um
público muito maior, ampliando consideravelmente sua divulgação. Além
desses sites, importantes fontes de pesquisa são, sem dúvida, os portais de
periódicos, que reúnem revistas de grande credibilidade na academia e
com melhores avaliações, como é o caso do Scielo – Scientific Electronic
Library Online. O portal do Scielo (www.scielo.br) disponibiliza revistas
nacionais e internacionais de todas as áreas do conhecimento. Você pode
Figura 11: Pesquisa no Google
82
Iniciação Científica Unimontes/UAB
acessá-las por área, por assuntos, por lista alfabética, dentre outras
formas. Veja o exemplo nas figuras abaixo:
No site da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – você encontrará duas fontes valiosíssimas para sua
pesquisa científica: o Portal de Periódicos, que reúne inúmeras revistas com
artigos completos disponíveis, e o Portal Domínio Público, uma biblioteca
digital com um imenso acervo de texto (em forma de livros, revistas,
dicionários, etc.) imagens, som e vídeo. Além destes dois portais, você
encontrará também no site da Capes um banco de teses, com resumos e
informaçõ
es de teses
Figura 12: Resultado de pesquisa no Google
Figura 13: Pesquisa no Portal do Scielo
83
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 14: Site da Capes com o Portal de Periódicos e o Portal Domínio Público
Figura 15: Pesquisa no Portal de Periódicos da Capes
84
Iniciação Científica Unimontes/UAB
Figura 16: Pesquisa no Portal Domínio Público
Figura 17: Banco de Teses de Capes
85
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
e dissertações defendidas em todo país a partir de 1987
Para auxiliar você nos seus trabalhos e pesquisas, listamos ao final
deste capítulo, endereços de sites importantes por área de conhecimento,
onde você encontrar artigos, textos, dados, etc.
Você pode, ainda, utilizar a Internet para acessar o acervo
bibliográfico de várias bibliotecas do país, a fim de identificar alguma obra
para consulta. Atualmente, a Unimontes está testando um sistema
integrado de bibliotecas que permitirá aos acadêmicos encontrar o livro
desejado em qualquer uma de suas bibliotecas e saber se ele está
disponível para consulta. Da mesma forma, dado a ausência de livrarias
especializadas em nossa região, você poderá utilizar a rede para consultar
catálogos de editoras e adquirir livros, importantes para seus estudos e que
lhe permitirá aprofundar determinados assuntos, que não se encontram
nas bibliotecas dos pólos da UAB/Unimontes. Ao procurar um site para
comprar livros, verifique se são confiáveis e de credibilidade; prefira os sites
das grandes livrarias já reconhecidas no Brasil. Vale a pena consultar
também, os sites de sebos virtuais que oferecem livros usados com baixos
preços e que são entregues em sua casa pelos correios.
Por fim, ao utilizar dados, comentários, idéias, imagens, etc.
retirados de um arquivo ou página da Internet, você deve fazer o registro
bibliográfico de acordo com as normas específicas de referenciação da
ABNT, que você estudará em maiores detalhes na disciplina de
Metodologia Científica. De maneira geral, você deve indicar:
a) o autor: começando pelo último sobrenome em letras
maiúsculas;
b) o título do artigo, texto ou obra;
c) o título da revista, livro, ou site em itálico;
d) o endereço onde está disponível; e
e) data de acesso ao documento.
EXEMPLO
MAIA, Cláudia de J. As Desigualdades de Gênero no Contexto
d o D e s e n v o l v i m e n t o H u m a n o . U n i m o n t e s C i e n t í f i c a ,
v. 1, n.1, jan. jun/2001. Disponível em <www.ruc.unimontes.br>
acesso em: 28/set./2008.
Agora, você já tem dicas e sugestões de onde e como utilizar a
rede mundial de computadores, a serviço de seus estudos e pesquisas. É só
começar, bom trabalho!
86
Iniciação Científica Unimontes/UAB
2.6.3 Atividades
Orientações:
a) Abra um novo documento no Word;
b) Registre o título “Atividade- Internet”, o seu nome e a data;
c) Complete o máximo dos itens abaixo que você puder. Em cada
caso, comece digitando o URL (endereço do site) designada. Assim que
você tiver conseguido acessar um “site”, pesquise as informações
solicitadas. Se um “site” que você esteja tentando alcançar, tiver levando
tempo demais, cancele a conexão e retorne a ele mais tarde;
d) Registre todas as respostas no documento “Atividade- Internet”;
e) Salve todas as alterações realizadas;
f) Ao terminar sua atividade, envie um e-mail para o/a professor/a
formador/a, anexando.
1. Utilizando um site de busca de sua preferência, procure o site da
FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e
identifique:
?endereço do site;
?objetivo da FAPEMIG;
?modalidades de bolsas de pesquisa para acadêmicos de
graduação;
?critérios para solicitação bolsas de iniciação científica;
?entre na revista Minas Faz Ciência e identifique seu endereço; e
?escolha uma reportagem de qualquer um dos números da
revista Minas Faz Ciência cole e copie.
2. Utilizando o site de busca, procure uma revista científica da sua
área, disponível no Portal do Scielo ou no Portal de periódicos da CAPES e
identifique:
?endereço do site;
?nome da revista;
?título, autor e resumo de 2 (dois) artigos de seu interesse; e
?informações importantes para seu curso.
3. Na Internet existem sites das diferentes Sociedades ou
Associações Brasileiras das várias áreas de atuação, como a Associação
Nacional dos Professores de História (ANPUH); Associação Brasileira de
Antropologia (ABA); etc. Utilizando o site de busca, procure o portal ou site
de uma sociedade ou associação da área de formação do seu curso e
identifique:
?endereço dos sites;
87
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
?objetivo desta sociedade ou associação;
?como torna-se sócio;
?eventos realizados; e
?links importantes.
4. Visite o site da Catho Online - Empregos, vagas, cursos,
currículo... e verifique como anda o mercado para o profissional da sua
área e estagiários (Título da vaga, descrição, ramo de atuação, Estado)
5. Visite o site de uma Universidade, que possui o também seu
curso de graduação e analise a estrutura do mesmo e compare-a com a
do curso de vocês. Identifique as semelhanças e diferenças, e identifique,
também:
?nome da instituição;
?duração;
?o perfil do egresso; e
?área de atuação
6 . No s i t e da Un i ve r s i a B ra s i l , d i spon í ve l em
<www.universia.com.br> são publicadas diversas matérias sobre
universidades e os diversos cursos universitários. Acesse esse site, escolha
uma matéria relacionada ao seu curso, leia a matéria e registre as
informações interessantes
7. Procure na Internet o símbolo do seu Curso, copie e cole aqui.
88
Iniciação Científica Unimontes/UAB
2.6.4 Relação de Sites Importantes para sua Pesquisa Científica por
Área
A- ARTES
B- BIOLOGIA
ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.cultura.gov.br/site/categoria/o-dia-a-dia-da-cultura/artigos/
Ministério da Cultura – Artigos do Governo
http://www.cultura.gov.br/brasil_arte_contemporanea/?page_id=433
ARCO - Revista Brasil Arte Contemporânea
http://www.artcultura.inhis.ufu.br/atual.php
ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte é uma publicação semestral da Universidade Federal de Uberlândia
http://www.revista.art.br/site -numero-09/apresentacao.htm
Revista Digital Art &
http://www.revistamuseu.com.br/default.asp
Revista Museu - O portal definitivo que mostra os bastidores dos museus, a criatividade dos profissionais
da área e seus projetos inovadores, divulgando a cultura no Brasil e no mundo.
ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.bireme.br/php/index.php
Biblioteca Virtual em Saúde
http://www.ipas.org.br/biblioteca.html
Biblioteca Virtual do Ipas (ONG do Brasil que lida a saúde reprodutiva da mulher)
http://www.fesbe.org.br/v3/index.php
Federação de Sociedades de Biologia Experimental
http://www.editora.ufla.br/Periodicos.htm
Periódicos da UFLA sobre Biologia, foco em Agronomia.
http://www.bvsalutz.coc.fiocruz.br/php/index.php
Biblioteca Virtual em Saúde Adolpho Lutz
89
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
C- CIÊNCIAS SOCIAIS
D- HISTÓRIA
ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.cchla.ufpb.br/caos/ CAOS – Revista Eletrônica de
Ciências Sociais - UFPB http://www.enfoques.ifcs.ufrj.br/ ENFOQUES – Revista Eletrônica
dos Acadêmicos do Programa de Pós Graduação da UFRJ
http://www.ifcs.ufrj.br/ IFCS – Instituto de Filosofia e Ciências Socais
http://revistaseletronicas.pucrs.br/civitas/ojs/index.php/civitas
Civitas - Revista de Ciências Sociais PUCRS
http://www.ceu.org.br/novo/ Instituto Internacional de Ciências Sociais
www.unb.br/ics/dan
Departamento de Antropologia da UNB, estão disponíveis aí a Série Antropologia, publicação dos professores do departamento, textos completos e o Anuário Antropológico, revista da Associação Brasileira de Antropologia.
90
ENDEREÇO DESCRIÇÃO
http://www.revista.iphan.gov.br/
Patrimônio - Revista Eletrônica do IPHAN
http://www.orbis.ufba.br/index1.htm
Revista Orbis – Ciência, Cultura e Humanidades - UFBA
http://www.locus.ufjf.br/
LOCUS - Revista de História, é uma publicação do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora
http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/
FVG/CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea
http://www.ifcs.ufrj.br/~gaia/
Gaîa
- Revista ligada a UFRJ -Artigos e resenhas
www.bn.br/portal
Biblioteca Nacional – estão disponível documentos históricos para consulta
www.revistadehistoria.com.br
Revista de História da Biblioteca Nacional, encontra-se disponível todos os artigos completos publicados. É uma revista mensal e comercializada em bancas de jornal, excelente para trabalhar nas aulas de história com acadêmicos
do ensino médio e fundamental.
http://www.unb.br/ih/novo_portal/portal_his/periodicos_revistas_tempo_historias.html
Revista “Em Tempo de História ”, dos acadêmicos do programa de pós-graduação em História da UnB, artigos completos disponíveis.
www.anpuh.org Site da Associação Nacional dos Professores de História, contem anais dos Encontros e links para revista, arquivos e outros.
http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/
Sistema Integrado de Acesso do Arquivo Público Mineiro, estão disponíveis, documentos da administração colonial e imperial do Brasil, jornais, acervos de fotografia, dentre outros documentos digitalizados.
Iniciação Científica Unimontes/UAB
Tabela 4
Tabela 5
E- GEOGRAFIA
F- LETRAS
ENDEREÇO DESCRIÇÃO
http://www.ibge.gov.br/ INTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
http://www.inpe.br/ INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS
http://www2.petrobras.com.br/portal/frame.asp?pagina=/AtuacaoInternacional/PetrobrasMagazine/index_port.html&lang=pt&area=magazine
Petrobras Magazine – Empresa – Meio Ambiente - Geopolítica
http://viajeaqui.abril.com.br/ng/index.shtml
Revista National Geographic Brasil
http://www.geocities.com/geografiaonline/
Geog@fiaonline - Este foi um projeto de extensão do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina
ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.biblio.com.br/ Biblioteca virtual de clássicos da
Literatura http://www.bibvirt.futuro.usp.br/ BibVirt (desde 1997 disponibiliza
gratuitamente vasta quantidade de informação)
http://proxy.furb.br/ojs/index.php/linguagens
Linguagens - Revista de Letras, Artes e Comunicação
http://www.ceart.udesc.br/Revistas_do_Ceart/index.php?dir1=Revista%20Arte-Online&index=Revista%20Arte-Online
Portal sobre Artes da UDESCO
http://www.academia.org.br/
Academia Brasileira de Letras
http://www.letras.ufrj.br/litcult/revista_mulheres/revistamulheres_vol9.php?id=13
Revista on-line Mulher e Literatura
91
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Tabela 6
Tabela 7
G- PEDAGOGIA
H-INTERDISCIPLINAR
ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.revistaconecta.com/ Conect@ - Revista on-line de
Educação a Distância www.pedagogia.pro.br Pedagogia On-line
www.educacaoonline.pro.br Educação On-line
www.pedagogia.com Pedagogia.com
www.escolanet.com.br Escolanet
www.correioescola.com.br
Correio Escola
www.futura.org.br
Futura
http://www.revista.inf.br/pedagogia/
Revista Científica Eletrônica de Pedagogia
http://www.fe.unb.br/revistadepeda
gogia/
Revista de Pedagogia da Unb
http://www.futuro.usp.br/
Escola do Futuro da Universidade de São Paulo – Projeto sobre novas tecnologias para aprendizado
http://revistaescola.abril.com.br/home/
Revista Escola
http://portal.mec.gov.br/
Ministério da Educação – Regulamentos e Informações
sobre Educação
ENDEREÇO DESCRIÇÃO http://www.usp.br/sibi/ Banco de Teses da USP http://scholar.google.com.br/ Google Acadêmico http://www.pucrs.br/biblioteca/recursos.htm
Acervo online da PUCRS
http://br.monografias.com/ Portal que disponibiliza várias monografias
http://books.google.com.br/bkshp?hl=pt-BR&tab=wp
Google Livros
http://biblioteca.uol.com.br/ Acervo do portal UOL http://www.unb.br/ih/his/gefem Revista Labrys, publica artigos da
área de gênero e estudos feministas www.ruc.unimontes.br
Revista Unimontes científica, publica artigos de todas as áreas do conhecimento.
www.bn.br/portal
Site da Biblioteca Nacional
http://br.geocities.com/mcrost02/
Neste site pode-se fazer download de vários livros.
92
Iniciação Científica Unimontes/UAB
Tabela 8
Tabela 9
2.7 FORMATAÇÃO DE TEXTO E CAPA DE TRABALHOS ACADÊMICOS
Durante todo o desenvolvimento do seu curso, provavelmente,
todos os/as professores/as exigirão trabalhos como parte do processo de
avaliação da aprendizagem da disciplina. Indicamos aqui, normas para
formatação e apresentação de textos e de capas dos trabalhos que você
entregará aos seus/suas professores/as.
2.7.1 Formatação do texto
a) Papel: deve ser em formato A-4 (210 X 297 mm), branco.
b) Margem:
Superior: 3 cm
Inferior: 2 cm
Esquerda: 3 cm
Direita: 2 cm
Para formar o texto no computador siga os passos seguintes,
conforme o exemplo:
Menu> Arquivo> Configurar Página
Figura 20: Formatação de margens de um texto
93
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
c) Tipo de letra: utilize sempre fontes arredondadas, é obrigatório
a Times News Romam ou a Arial, que são as mais utilizadas, tamanho 12.
Veja no exemplo abaixo, como selecionar a fonte ou tipo de letra:
Menu> Formatar> Estilos e Formatação
d) É recomendável utilizar o espaço 1,5 ou duplo entrelinhas para
o texto, e simples para citações recuadas, títulos e capa. Veja como
formatar o espaço entre linhas em seu computador:
Menu> Formatar> Parágrafo
2.7.2 Formatação de capa de trabalhos
A capa de um trabalho científico deve conter, acima e centralizado
o nome da instituição onde o trabalho foi realizado, neste caso, o nome da
sua universidade, seguido dos outros órgãos ou centros ao qual seu curso
pertence. No centro da folha, o título do trabalho centralizado. À direita, o
objetivo do trabalho e a quem ou a qual disciplina ele está direcionada(o).
Abaixo, o nome do autor ou da equipe que realizou trabalho e na última
Figura 21: Formatação de fonte
Figura 22: Formatação de espaçamento
94
Iniciação Científica Unimontes/UAB
linha, também centralizado, o local e a data. As margens da folha segue as
indicações anteriores. Veja abaixo um modelo de capa.
Figura 23: Modelo de capa de trabalhos acadêmicos
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
95
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
– UAB
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
–
Unimontes
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CCH
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
(fonte Times New Roman, tamanho
14, centralizado, digitado após a margem superior)
[dois espaços simples]
Andréa Batista Azevedo
(nome completo do acadêmico, só as primeiras letras maiúsculas, negrito, centralizado, fonte 14)
RESUMO DE TEXTO
(título, fonte 16, Caixa Alta/maiúsculo, centralizado)
Montes Claros -
MG
novembro/ 2008
(fonte 14, maiúsculo e minúsculo, centralizado)
96
ALMEIDA, Marcos Antônio Chaves de . Projeto de Pesquisa. Guia Prático para Monografia. Rio de Janeiro:Wak, 2002
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico: elaboração de trabalhos na graduação. 5.ed..São Paulo: Atlas, 2001
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.1 CD-ROM
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Altas, 1995.
FREIRE, Paulo. Importância do ato de ler. 11 ed. São Paulo: Cortez, 1979 e 1985.
GALLIANO, A.G.(ed) O Método Científico: teoria e prática. São Paulo:Harbra, 1986.
LAKATOS; Eva Marina; MARCONI, M. A. Metodologia do Trabalho Científico. 5 ed. São Paulo: Altas, 2001.
JOHANN, Jorge Renato (coord) Introdução ao Método Científico.2.ed. Canoas: Ed.da ULBRA, 2002, p 43.
LUCENA, R. Pontos de Mutação. In: Orion. 2007. Disponível em: <http://www.orion.med.br/filme12.htm>. Acesso em: 29/set./2008.
MARCONI, A M. e LAKATOS, E.M. Fichas. In: ___ Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2001, p. 51-67.
RUSS, J. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Scipione, 1994.
SALOMON, D. V. A prática da documentação pessoal. In: ___ Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 124-143.
SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2000.VEIGA, I. P. A. O seminário como técnica de ensino socializado. In:___. Técnicas de ensino: por que não? Campinas: Papirus, 1991.
Sites
<http://www.art-prints-on-demand.com/a/larkin-william/portrait-of-francis-bacon-1.html> acesso em 29/ set./2008.
3 REFERÊNCIAS
,<http://www.art-prints-on-demand.com/a/hals-frans/portrait-of-rene-descarte-1.html> acesso em 29/set./2008.
<http://www.imdb.com/title/tt0017136/mediaindex?page=2> acesso em 29/set./2008.
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
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QUESTÃO 1: Diferencie senso comum e ciência.
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QUESTÃO 2: Qual a importância do método científico?
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QUESTÃO 3 : Todas as afirmações estão corretas, exceto:
a- ( ) Francis Bacon desenvolveu seu pensamento na direção contrária
a de René Descartes.
b- ( ) Todas as vezes que buscamos a verdade pela ciência, temos que
contar com a sorte e o acaso.
c- ( ) As ciências humanas têm na psicologia uma de sua áreas.
d- ( ) As ciências humanas têm preocupação em estabelecer uma
verdade acerca do homem.
QUESTÃO 4: Sobre a emergência das ciências humanas, marque F para
Falso ou V para Verdadeiro:
a- ( ) As ciências humanas surgiram no século XIX
b- ( ) A psicologia é uma das ciências humanas que procura estudar os
fenômenos econômicos da sociedade.
c- ( ) A sociologia busca compreender as transformações ocorridas
independente da história.
d- ( ) Para que haja verdade científica, não precisa uma relação entre
sujeito e objeto. Posso somente imaginar a verdade, sem nenhum
recurso metodológico.
QUESTÃO 5- Qual a diferença entre atitude dogmática e atitude crítica?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
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______________________________________________________________
4 ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM - AA
98
Iniciação Científica Unimontes/UAB
QUESTÃO 6: Elabore um esquema destacando as principais idéias sobre
“Como Estudar”.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
QUESTÃO 7: Escolha um dos textos apresentados no material da
disciplina Iniciação Científica, faça um resumo, seguindo as orientações
propostas cientificamente.
QUESTÃO 8: Um esquema para ser considerado útil, apresenta as
seguintes características, exceto duas alternativas. Marque-as.
a- ( ) Estruturação lógica do assunto
b- ( ) Inexistência da característica pessoal.
c- ( ) Utilidade de seu emprego.
d- ( ) Fidelidade ao texto original
e- ( ) Utilização de idéias pessoais.
QUESTÃO 9- Todos os elementos abaixo são necessários num fichamento,
exceto:
a- ( ) O conteúdo deve ser composto por um texto detalhado da obra,
texto ou aula fichada.
b- ( ) Cabeçalho contendo o título geral que pode ser uma disciplina,
um tema de estudo, ou um autor
c- ( ) Um sub-título no cabeçalho que indica o plano sistemático dos
fichamentos
d- ( ) A referência completa da obra, aula ou texto que será fichado
e- ( ) Uma numeração se forem mais de uma do mesmo tema para
facilitar a organização do fichário ou pasta-arquivo.
QUESTÃO 10: Sobre os objetivos de um Seminário marque V para as
alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas.
a- ( ) Substituir a aula expositiva uma vez que estas são monótonas e
não envolve a participação do aluno;
b- ( ) Aprofundar a discussão de um tema ou problema dentro de uma
área do conhecimento;
c- ( ) Estudar e debater em profundidade um texto específico da
disciplina;
d- ( ) Trabalhar de forma cooperativa em sala de aula ou no ambiente
virtual;
e- ( ) Instaurar o diálogo crítico sobre um ou mais temas;
f- ( ) Informar e transmitir conhecimentos pelos acadêmicos;
g- ( ) Estimular a pesquisa;
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
99
1º PERÍODO
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
AUTORES
Alex Fabiano Correa Jardim
Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, mestre em
Fundamentos da Educação pela UFSCar, graduado em Filosofia pela Universidade Estadual
de Montes Claros – Unimontes. Professor do Departamento de Filosofia e do Programa de
Pós-Graduação em Letras/Estudos Literários da Unimontes.
Ângela Christina Borges
Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
e graduada em Filosofia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Coordenadora do curso de Ciências da Religião da Unimontes.
Antônio Wagner Veloso Rocha
Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ e
graduado em Filosofia e em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
É professor e coordenador didático do curso de graduação em Filosofia da Unimontes, onde
também leciona no curso de pós-graduação lato sensu em Tópicos Especiais de História da
Filosofia Moderna e Contemporânea. Desenvolve pesquisas sobre as relações entre filosofia e
literatura. É também autor do livro Heidegger: a caminho da poesia (Editora Unimontes,
2008).
Ildenilson Meireles Barbosa
Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, mestre em
Filosofia pela Universidade Federal do Paraná - UFPR e graduado em Filosofia pela
Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Professor do Departamento de
Filosofia da Unimontes.
Márcio Antônio Silva
Doutor em Fundamentos da Educação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar,
mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e graduado em
Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Formiga. Atualmente, é professor
efetivo da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Tem experiência na área de
Educação, com ênfase em Fundamentos da Educação. É também líder do Grupo de Pesquisa
em Educaçao da Unimontes.
Péricles Pereira de Sousa
Doutor e mestre em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar e graduado
em História pela Universidade Estadual Paulista - Unesp/Assis. Professor do Departamento de
Filosofia da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes. Possui experiência na área
de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia.
Gildete dos Santos Freitas
Mestre em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu - USJT, especialista em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, especialista em Filosofia pela Unimontes e graduada em Filosofia pela Unimontes. Professora do Departamento de Filosofia da Unimontes.
José dos Santos Filho
Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás - UFG, especialista em Sociologia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes e graduado em Filosofia pela Unimontes. Professor do Departamento de Filosofia da Unimontes.
Apresentação.................................................................................
Unidade 1: A Filosofia e suas Origens Gregas....................................
1.1 Introdução...........................................................................
1.2 A Natureza da Filosofia........................................................
1.3 A Experiência Mítica............................................................
1.4 Logos e Realidade...............................................................
1.5 A Influência dos Gregos no Pensamento Medieval..................
1.6 Referências..........................................................................
Unidade 2: Ontologia......................................................................
2.1 Introdução..........................................................................
2.2 Platão e o Conhecimento.....................................................
2.3 Aristóteles: Conhecimento, Educação e Ontologia.................
2.4 Considerações Finais...........................................................
2.5 Referências..........................................................................
Unidade 3: O Racionalismo Moderno...............................................
3.1 Introdução...........................................................................
3.2 A Problemática do Conhecimento e o Projeto Filosófico da
Modernidade. Empirismo e Racionalismo na Epistemologia
Moderna. A Construção do Iluminismo criticista...........................
3.2.1 A Problemática do Conhecimento e o Projeto Filosófico da
Modernidade............................................................................
3.2.2 O Racionalismo: René Descartes e o Problema da
Subjetividade ............................................................................
3.2.3 O empirismo: o Conhecimento pela Experiência ..................
3.2.4 Kant e o Iluminismo Criticista.............................................
3.3 Referências..........................................................................
Unidade 4: A Ação na Filosofia Contemporânea................................
4.1 Introdução...........................................................................
4.2 As Origens do Pragmatismo: Peirce e James...........................
4.3 O Pragmatismo de John Dewey: Principais Caraterísticas e
Contribuições ...........................................................................
4.4 Os Desafios da Filosofia Contemporânea: Jürgen Habermas e
Richard Rorty ............................................................................
4.4.1 Habermas e a Modernidade...............................................
4.4.2 Habermas e a Ação Comunicativa......................................
SUMÁRIO DADISCIPLINA
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4.4.3 A Teoria da Ação Comunicativa e a Educação....................
4.4.4 O Neo-pragmatismo de Richard Rorty...............................
4.5 Referências........................................................................
4.6 Vídeos Sugeridos para Debate.............................................
Unidade 5: A Contribuição do Projeto Filosófico para a Teoria e
Prática da Educação na Atualidade.................................................
5.1 Introdução.........................................................................
5.2 A Educação no Século XXI..................................................
5.3 Estética..............................................................................
5.4 Educação Estética...............................................................
5.5 Política...............................................................................
5.6 Referências........................................................................
5.7 Resumo.............................................................................
6 Atividades de Aprendizagem........................................................
7 Referências................................................................................
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Olá pessoal! Vamos iniciar alguns debates sobre muitas coisas
desconhecidas, mas muito interessantes. É justamente pelo fato de
problemas difíceis e interessantes fazerem parte do nosso cotidiano, que a
filosofia se dispõe a dialogar. Em primeiro lugar, vamos começar
complicando um pouco, falando de algumas coisas que parecem muito
estranhas, mas que podem ser entendidas se tivermos um pouco de
paciência e dedicação. Depois, faremos uma série de atividades para
avaliar o nosso conhecimento e o nosso desempenho na disciplina. Não
vamos estudar uma filosofia pura, que trata de conceitos abstratos, mas a
filosofia da educação. O que nos interessa é estabelecer algumas ligações
entre o pensamento e a ação; a reflexão e a práxis; a teoria e o cotidiano
das diversas abordagens educacionais, desde os pensadores mais antigos,
como Platão e Aristóteles, até pensadores de nossa época que ainda estão
vivos, nos ajudando a pensar a educação numa dimensão crítica e
construtiva.
Se você observar a ementa da disciplina, verá que ela pretende
mostrar várias correntes filosóficas iniciadas com os filósofos gregos,
passando pelos padres da igreja na Idade Média, por filósofos como
Descartes, Hume, Kant e tantos outros da época moderna, até chegar aos
filósofos mais próximos do nosso tempo, como Habermas, Rorty, Paulo
Freire, Dermeval Saviani e outros. Como é uma ementa muito longa, com
muito assunto para tratar, selecionamos alguns que nos ajudarão a pensar
criticamente os processos educacionais.
O objetivo geral da disciplina de filosofia da educação, cuja carga
horária é de 75 h/a, é desenvolver a capacidade crítica do aluno em relação
aos vários processos educacionais ocorridos na história da cultura
ocidental, levando em consideração todo o contexto em que esses
processos se deram. Mesmo com algumas dificuldades que são próprias da
disciplina, não podemos deixar de considerar a importância que tem a
filosofia para pensarmos a educação de modo mais crítico, mais radical,
mais engajado e mais livre de preconceitos. Nesse sentido, a filosofia nos
oferece os elementos necessários para compreendermos a nossa
educação e a nossa realidade. Para isso, estabelecemos os seguintes
objetivos:
?apresentar as idéias fundamentais de Platão e Aristóteles para
uma compreensão do mundo grego, principalmente a relação entre
educação e política;
APRESENTAÇÃO
104
?discutir a relação entre conhecimento e ontologia;
?compreender o contexto da modernidade a partir de duas
correntes filosóficas: o racionalismo e o empirismo e sua relação com a
pedagogia moderna; e
?discutir as várias correntes filosóficas que investigam a
educação sob um ponto de vista crítico, social, libertário e político.
A partir desses tópicos, você verá que estudar filosofia e relacioná-
la à educação é muito interessante e não tão complicada como pode
parecer. Só é preciso um pouco de paciência e dedicação no estudo dos
textos e nas atividades.
Dividimos a disciplina em cinco unidades. Cada uma está dividida
em tópicos ou subunidades.
Unidade 1: A Filosofia e suas Origens Gregas
1.1. A Natureza da Filosofia;
1.2. A Experiência Mítica;
1.3. Logos e Realidade; e
1.4. A Influência dos Gregos no Pensamento Medieval.
Unidade 2: Ontologia
2.1. Introdução;
2.2. Platão e o Conhecimento;
2.3. Aristóteles: Conhecimento, Educação e Ontologia; e
2.4. Considerações Finais.
Unidade 3: O Racionalismo Moderno
3.1. A problemática do Conhecimento e o Projeto Filosófico da
Modernidade;
3.2. O Racionalismo: René Descartes e o Problema da Subjetividade;
3.3. O empirismo: o Conhecimento pela Experiência; e
3.4. Kant e o Iluminismo Criticista.
Unidade 4: A Ação na Filosofia Contemporânea
4.1. As origens do Pragmatismo: Peirce e James;
4.2. O Pragmatismo de John Dewey: principais caraterísticas e
contribuições;
4.3. Os desafios da filosofia contemporânea: Jürgen Habermas e Richard
Rorty;
4.3.1. Habermas e a modernidade;
4.3.2. Habermas e a Ação Comunicativa; e
4.3.3. O neo-pragmatismo de Richard Rorty.
105
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Unidade 5: A Contribuição do Projeto Filosófico para a Teoria e Prática da
Educação na Atualidade
5.1. A Educação no Século XXI;
5.2. Estética;
5.3. Educação Estética; e
5.4. Política.
Os autores.
106
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
1.1 INTRODUÇÃO
Para compreendermos melhor o que é a filosofia faz-se necessário
distingui-la daquilo que se encontra na concepção popular quando esta
entende possuir uma “filosofia de vida”. A chamada “filosofia de vida” está
relacionada à mera opinião, cujo termo grego é doxa, ou seja, a uma
especulação rasa e simplista sobre as coisas, sem nenhum conteúdo
rigorosamente reflexivo. O que temos na “filosofia de vida” é uma
concepção de mundo que o homem acaba desenvolvendo para uso
pessoal. Trata-se, portanto, da “filosofia de cada indivíduo”, da maneira
como cada um procede diante dos fatos vivenciados no cotidiano, e nada
além disso. Neste sentido, todos nós temos uma “filosofia de vida”, um
jeito de viver e um comportamento próprio, um modo de ser. Na nossa
primeira unidade, trataremos de um tipo de filosofia que nos coloca
questões cotidianas, mas que exige de nós uma capacidade mais reflexiva
e mais crítica sobre as coisas. Por isso, vamos estudar as origens do
pensamento filosófico na Grécia e sua influência sobre o modo de pensar
da idade média.
1.2 A NATUREZA DA FILOSOFIA
A pergunta é o
ponto de partida do ato de
f i losofar. Todos nós
sentimos instigados a
perguntar sobre as coisas,
o mundo, a vida, a
realidade. Todos nós
fa zemos pe r gun tas .
Somos constantemente
provocados a questionar,
a nos inquietarmos, a nos
movermos sempre guiados
por nossas curiosidades, nossas dúvidas, nossas incertezas. Portanto, o
surgimento da filosofia é algo tipicamente antropológico. Só o homem
pergunta, só o homem responde. Um cachorro, um gato, uma pedra, não
fazem perguntas e nem respondem sobre as coisas. A filosofia é uma
invenção do homem. Somente o homem se angustia diante dos mistérios
da vida, diante da busca de profundidade para os problemas que envolvem
a sua existência.
Os primeiros filósofos aparecem justamente quando estavam
diante de perguntas complexas sobre a origem do mundo, do universo, ou
Figura1: Escola de Atenas - Afresco de Rafael de Sânzio
1UNIDADE 1A FILOSOFIA E AS SUAS ORIGENS GREGAS
108
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
seja, de onde tudo teria começado a existir. E assim eles foram em busca de
respostas precisas. Ao se deparar com o desconhecido, esses filósofos
colocam o pensamento em exercício a fim de abstrair significativas
reflexões atinentes a ordem do cosmos, esmiuçando, assim, toda a
realidade que os cerca. Tal tarefa só se torna possível graças às suas
faculdades racionais. Isto mesmo: o homem faz perguntas e anseia por
respostas porque é dotado de razão, de capacidade cognitiva, de intelecto.
Um animal qualquer não pergunta e nem responde nada porque não é
racional.
A filosofia é, portanto, uma atitude reflexiva. Em um dos seus
escritos, o filósofo grego Platão diz que Sócrates teria afirmado certa vez
que “uma vida sem reflexão não merece ser vivida”. Mas o que quer dizer
mesmo a palavra “reflexão”? Reflexão, conforme nos ensina Chauí, em
seu livro Convite à filosofia, é “o movimento pelo qual o pensamento volta-
se para si mesmo, interrogando a si mesmo”. Quando falamos em
pensamento estamos mencionando aquilo que é produzido pela própria
razão, entendida pelos gregos como logos, aquilo que nos faz colocar em
xeque a ordem das coisas. Daí usamos o termo “reflexão filosófica” para
designar de forma específica o campo de domínio da filosofia: a
“radicalidade”, ou seja, a compreensão dos problemas relacionados ao
homem e ao mundo. A reflexão filosófica coloca questões para o homem a
partir da sua raiz, da sua origem, quando o pensamento busca conhecer-se
como pensamento.
Foi com Pitágoras de Samos, um filósofo grego do século V antes
de Cristo, que surgiu o termo filosofia, cujo significado quer dizer “amizade
pela sabedoria”. [Philos vem de philia, ou seja, amizade; e sophia
corresponde à sabedoria]. Daí podemos perceber que o filósofo é aquele
que ama o saber, que deseja o conhecimento. É aquele que se entrega à
difícil tarefa de formular conceitos sobre os dados da realidade,
procurando compreendê-la.
Consta que o surgimento dessa forma de compreensão da
realidade, ou seja, da filosofia, dá-se no final do século VII e início do século
VI antes de Cristo numa cidade grega chamada Mileto, tendo sido Tales -
um dos seus habitantes - o primeiro dos filósofos, ou seja, o primeiro a
buscar uma explicação racional sobre o mundo e o seu ordenamento
(cosmos), a sua Natureza. É Tales o primeiro a se perguntar: “o que é isto?”
ao se deparar com o cosmos, o que nos leva a constatar que a filosofia,
inicialmente, é marcada pela cosmologia. Trata-se de um conteúdo
filosófico que indica formulação racional, portanto, reflexão,
conhecimento sistemático, sobre a ordem do mundo.
Assim, podemos concluir que a filosofia nasce da pergunta: “o que
é isto?”, cabendo ao filósofo a missão de questionar o que são as coisas e
de procurar problematizar tal pergunta. É importante lembrar que essa
forma de questionamento surge a partir do instante em que alguns gregos
– como é o caso de Tales – sentem-se admirados diante da realidade e
O pensamento produzido pela filosofia se difere de uma opinião qualquer. A filosofia não é um mero “achismo”, não é um casuísmo, não é uma especulação ingênua e sem fundamentos. Ao contrário, ela possui uma estrutura lógica capaz de produzir conceitos e idéias, ultrapassando as nossas experiências cotidianas, as nossas crenças, atingindo assim um grau significativo de profundidade com relação aos problemas do mundo. Através deste caráter rigoroso e marcadamente racional, a filosofia nos possibilita tratar de maneira crítica aquilo que se encontra no cotidiano, ou até mesmo aquilo que aceitamos espontaneamente como verdadeiro.
109
PARA REFLETIR
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Movido por um tom inquiridor, o poema abaixo apresenta uma seqüência
de interrogações expressando a busca de
sentido para a vida humana em sua relação
com a realidade das coisas, sendo que tudo se volta
para o campo das hipóteses e conjecturas acerca do existir. Leia,
reflita e elabore um pequeno texto apontando
quais os elementos do poema que nos permitem
pensar a realidade do homem e a sua condição
no mundo.
ATIVIDADES
110
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
inconformados com o fato de que, segundo a tradição, somente os deuses
e alguns eleitos eram capazes de desvendá-la. Os gregos perceberam que
por meio do uso da razão – atributo inerente a todos os homens – era
possível atingir um conhecimento pleno sobre a verdade do mundo.
É, sem dúvida, a descoberta da razão, que vai impulsionar o
nascimento do saber filosófico na Grécia antiga, gerando assim um novo
procedimento de assimilação e de compreensão do mundo real, um novo
caminho para se buscar explicações plausíveis sobre o mundo e as coisas.
Desta forma, torna-se necessário afirmar que a atividade filosófica exige
argumentos racionais e lógicos, sendo, portanto, o ato de filosofar
caracterizado pelo rigor e pela sistematização. O filósofo não aceita
qualquer constatação imediata como verdade instituída. Ele busca
analisar, problematizar, para depois chegar a determinadas conclusões. O
exercício do pensamento é algo muito valioso para o filósofo, pois significa
esforço intelectual para interpretar e compreender os mais diversos
fenômenos da vida. Uma das perguntas feita pelos primeiros filósofos
gregos era como podem todas as coisas se transformarem e até
desaparecerem e, mesmo assim, a Natureza continuar a mesma.
Para compreender melhor o que é a filosofia, faz-se necessário,
então, distingui-la daquilo que se encontra na concepção popular quando
esta entende possuir uma “filosofia de vida”. A chamada “filosofia de vida”
está relacionada à mera opinião, cujo termo grego é doxa, ou seja, a uma
especulação rasa sobre as coisas, sem nenhum conteúdo rigorosamente
reflexivo. O que temos na “filosofia de vida” é uma concepção de mundo
que o homem acaba desenvolvendo para uso pessoal. Trata-se, portanto,
da “filosofia de cada indivíduo”, da maneira como cada um procede diante
dos fatos vivenciados no cotidiano. E nada mais além disso. Neste sentido,
todos nós temos uma “filosofia de vida”, um jeito de viver e um
comportamento próprio, um modo de ser.
Concluímos, então, que não é preciso ser filósofo para adotar uma
“filosofia de vida”. Qualquer pessoa pode criar seu estilo de vida, sendo
que a “filosofia de vida” possibilita ao homem se orientar no meio em que
vive. Porém, por seu caráter espontâneo, assistemático, ela não tem nada a
ver com a filosofia enquanto sistema organizado de pensamento. Apesar
disso, a “filosofia de vida” também parte da realidade com o intuito de
operar sobre ela: a realidade da vida. Este fato curioso nos oferece a
oportunidade de perceber que ambas partem da realidade para se
constituírem como tais, mesmo sendo duas coisas totalmente distintas. O
que se constata, com isso, é que a realidade é um convite ao homem para
que este estabeleça possíveis diálogos com ela. Mas a “filosofia de vida”
jamais pode ser confundida com a filosofia da qual estamos tratando nesta
Unidade.
Por ter se originado no solo grego e se estendido a todo o mundo
ocidental, atravessando épocas e lugares diferentes, a filosofia tornou-se
para nós, ocidentais, a principal referência como fundadora de toda a
“A filosofia é uma maneira de reaprender a ver o mundo”. (Merleau-Ponty, filósofo francês)
PARA REFLETIR
111
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
nossa cultura. Aprendemos a pensar com os gregos. Aprendemos a olhar
as coisas e analisá-las com profundidade mediante as acepções filosóficas
que fomos adquirindo através do contato inicial com o pensamento grego.
Apesar de toda a sua contribuição para a vida humana, a filosofia
é vítima de muitos preconceitos. Nem todos valorizam a atividade
filosófica. Em todos os tempos, ela sempre fora marginalizada e criticada,
vista como algo inútil e sem nenhum vínculo com o mundo em que
vivemos. Em nossos dias, as preocupações do homem estão relacionadas
com poder e dinheiro, com os resultados imediatos, com a busca de bens
materiais, o que gera, de certa forma, a crise das relações humanas. Assim,
ele vai se distanciando daquilo que é fundamental em sua vida, vai se
desligando da possibilidade de refletir sobre a sua própria essência. O que
é útil para o homem é apenas o que se encontra no campo das
banalidades, pois ele perde a noção do que é bom para si mesmo.
Assim, o homem se engana ao deixar que outros pensem e tomem
decisões por ele. O homem se engana ao deixar que as propagandas
consumistas da televisão ganhem um espaço importantíssimo em sua vida,
às vezes muito mais do que os seus familiares e entes queridos. O homem
se robotiza cada vez mais e se recusa a ser solidário, fraterno e ser sujeito
pensante da sua história. Ele não mais se vê, não se encontra, não dá valor
às coisas essenciais da sua existência. Ele não mais pensa e nem se ocupa
com questões relacionadas à sua origem, à sua natureza e ao seu destino.
O homem torna-se um mistério para si mesmo, vivendo apenas em busca
de riquezas e prestígio.
Esse processo mercantilista e desumanizador gerado pela
sociedade considera útil aquilo que produz os bens de consumo, o poder, a
riqueza, as vantagens, desprezando, assim, o valor da reflexão filosófica,
concebendo-a como algo estéril e sem utilidade. A filosofia é útil à medida
em que nos faz distanciar das impressões ingênuas que temos das coisas
para nos dar condições de agir criticamente. Ela nos permite deixar de lado
os preconceitos para dar vazão a uma reflexão fértil e necessária sobre
tudo o que nos diz respeito.
Não há dúvida de que a filosofia dá sentido à vida humana, não
sendo, portanto, necessária apenas para o indivíduo, mas para toda a
sociedade. É dela que se depreende o conhecimento e os seus reflexos na
realidade social. Desde o princípio de tudo, o conhecimento sempre esteve
presente nas ações do homem. O desejo de conhecer faz parte da
condição humana como algo vital e extremamente imprescindível para o
homem sentir-se sujeito da sua história e da história de outras pessoas, ou
seja, da própria sociedade a que pertence.
Da Suposta Existência
Como é o lugar
quando ninguém passa por ele?
112
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Existem as coisas
sem ser vistas?
O interior do apartamento desabitado,
a pinça esquecida na gaveta,
os eucaliptos à noite no caminho
três vezes deserto,
a formiga sob a terra no domingo,
os mortos, um minuto
depois de sepultados,
nós, sozinhos
no quarto sem espelho?
Que fazem, que são
as coisas não testadas como coisas,
minerais não descobertos – e algum dia
o serão?
Estrela não pensada,
palavra rascunhada no papel
que nunca ninguém leu?
Existe, existe o mundo
apenas pelo olhar
que o cria e lhe confere
espacialidade?
Concretude das coisas: falácia
de olho enganador, ouvido falso,
mão que brinca de pegar o não
e pegando-o concede-lhe
a ilusão de forma
e, ilusão maior, a de sentido?
Ou tudo vige
planturosamente, à revelia
de nossa judicial inquirição
e esta apenas existe consentida
pelos elementos inquiridos?
Será tudo talvez hipermercado
de possíveis e impossíveis possibilíssimos
que geram minha fantasia de consciência
enquanto
Um aspecto importante a ser lembrado é o fato de que a experiência mítica, sobretudo do homem primitivo, só se desenvolve dentro de um espírito comunitário. Toda e qualquer experiência só é possível através da comunidade, das ações coletivas que se sobrepõem às individuais.
113
PARA REFLETIR
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
exercito a mentira de passear
mas passeado sou pelo passeio
que é o sumo real, a divertir-se
com esta bruma-sonho do sentir-me
e fruir peripécias de passagem?
Eis se delineia
espantosa batalha
entre o ser inventado
e o mundo inventor.
Sou ficção rebelada
contra a mente universa
e tento construir-me
de novo a cada instante, a cada cólica,
na faina de traçar
meu início só meu
e distender um arco de vontade
para cobrir todo o depósito
de circunstantes coisas soberanas.
A guerra sem mercê, indefinida
prossegue,
feita de negação, armas de dúvida,
táticas a se voltarem contra mim,
teima interrogante de saber
se existe o inimigo, se existimos
ou somos todos uma hipótese
de luta
ao sol do dia curto em que lutamos.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. A paixão medida. 8. ed. Rio
de Janeiro: Record, 2002.)
1.3 A EXPERIÊNCIA MÍTICA
Agora que já traçamos em linhas gerais de que se ocupa a filosofia
e quais as suas principais características, achamos por bem discorrer sobre
a questão do mito, o que ele significa e representa no âmbito da cultura
ocidental como algo que antecede o saber filosófico. Muitos estudiosos
afirmam que o mito é a primeira forma de explicação da realidade, seja ela
natural ou social. Trata-se de uma narrativa, concebida pela língua grega
como mythos. Mas, afinal, que espécie de narrativa é o mito? Na Grécia
antiga cultivava-se a tradição oral, ou
seja, a palavra falada. O mito nasce dessa
oralidade através da cultura popular,
configurando-se como um discurso
destinado a um público ouvinte, sendo
que este toma aquilo como verdade
absoluta por confiar plenamente em
quem está narrando.
Assim, observamos que a atitude
mítica é, antes de tudo, uma atitude de crença. Além de procurar uma
explicação para a realidade, o mito também propõe apaziguar os temores
do homem diante do mundo em que vive. As narrativas descrevem a
relação do homem com os deuses – pois se trata de uma cultura politeísta –
de forma poética e metafórica, utilizando-se de recursos figurativos.
O mito expressa, através do seu poder criativo, como as coisas
passaram a existir, a sua origem. Apesar de se constituir como uma criação,
ele não pode ser interpretado como uma simples invenção, uma ficção,
uma fábula ou algo parecido. A sua finalidade é representar, por meio de
uma linguagem simbólica, a realidade do mundo humano. Assim,
podemos observar que, diferentemente da filosofia - que se utiliza de
sistemas e conceitos -, o mito é marcado por um forte simbolismo, por uma
forma de expressão até mesmo literária. Desprovido de qualquer caráter
lógico e racional, o mito nem sempre possui sentido, ficando às vezes no
plano da sugestão. Por isso está sujeito às mais variadas interpretações.
São os poetas gregos os grandes responsáveis pela realização
dessas narrativas, uma vez que são considerados escolhidos pelos deuses,
eleitos pelas divindades. Os deuses apresentam-lhes os fatos do passado
e a origem de tudo, cabendo a eles transmitir às demais pessoas. Desta
forma, é possível perceber que o mito tem um caráter sagrado. Para Reale,
Antes do nascimento da filosofia, os educadores
incontrastados dos gregos foram os poetas, sobretudo
Homero, cujos poemas foram, como se disse com justiça,
quase a Bíblia dos gregos, no sentido de que a primitiva
grecidade buscou alimento espiritual essencial e
prioritariamente nos poemas homéricos, dos quais extraiu
modelos de vida, matéria de reflexão, estímulo à fantasia e,
portanto, todos os elementos essenciais à própria educação
e formação espiritual. (REALE, 1993, p.19).
Muitos mitos são transmitidos através das epopéias cuja poesia
expressa o mundo poético do povo grego. O poeta mais importante desse
período foi Homero – conforme mencionando na citação acima -, autor
das famosas obras Ilíada e Odisséia, que relatam o tema da luta entre
gregos e troianos e as façanhas de Ulisses, respectivamente.
114
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Figura 2: Chronos - o deus do tempo
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
115
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
1.4 LOGOS E REALIDADE
Os Pré-socráticos
Os filósofos pré-socráticos – assim
denominados porque viveram antes de Sócrates –
são os primeiros filosóficos surgidos no Ocidente.
Rompendo com a concepção mítica, a filosofia
pré-socrática coloca a razão (logos em grego)
acima de tudo, desprezando qualquer
possibilidade sobrenatural. A sua preocupação é
puramente cosmológica, desvendar a realidade
do cosmos. Os escritos filosóficos desses
pensadores foram elaborados em forma de
fragmentos, o que dificulta obter uma
compreensão clara do seu conteúdo. Os principais
filósofos pré-socráticos são: Tales de Mileto (624 a.C. – 545 a.C.),
Anaximandro (610 a.C. – 547 a. C.), Anaxímenes (585 a.C. – 525 a.C.),
Pitágoras (582 – 497 a.C.), Heráclito (540 a.C. – 480 a.C.), Demócrito
(460 – 370 a. C.).
Sócrates (470 – 399 a.C.)
Vamos conhecer agora o filósofo Sócrates. Certamente todos
vocês já ouviram falar dele. Trata-se do mais importante pensador grego,
responsável por mudar completamente os rumos da civilização ocidental.
Ele exerceu, também, uma considerável influência na política de Atenas.
Apesar de toda a sua sabedoria, Sócrates não deixou nenhum
texto escrito. Tudo o que sabemos sobre a sua vida e o seu pensamento foi
escrito por seus discípulos, dentre eles Platão e Xenofonte. Defensor da
Razão como única via de acesso ao conhecimento, Sócrates desenvolve
um método próprio de análise filosófica. Este método é denominado de
“maiêutica” (em grego “parto das idéias”), cujo
objetivo é possibilitar ao homem o conhecimento
de si mesmo.
Mas, afinal, em que consiste a
“maiêutica”? Consiste em “fazer perguntas e
analisar as respostas de maneira sucessiva até
chegar à verdade ou contradição do enunciado”
(TELES, 1995, p. 31).
Desta forma, este método faz com que as
pessoas comecem a pensar a partir daquilo que
não conhecem, ou seja, pela ignorância. Daí a sua
famosa frase: “eu só sei que nada sei”.
Figura 3: Sócrates
Fonte
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iloso
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com
.br
Fonte
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iloso
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com
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Figura 4: Platão
116
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
O mito da caverna
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância,
geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e
seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a
permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não
podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da
caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa,
na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali
entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os
prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao longo
do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um
palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam
estatuetas de todo tipo, com de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os
prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das
estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas,
nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os
prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou
seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são
imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais
fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a
fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é
que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os
prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia
toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a
fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
Figura 5: O mito da caverna
Filme: O show de Truman (The Truman Show, EUA, 1998). Diretor: Peter Weir. Duração: 103 min.Sinopse: Trata-se da história de um jovem que tem a sua vida filmada a todo tempo e mostrada para o mundo inteiro num programa de TV, porém ele não sabe disso, pois tudo lhe parece normal e verdadeiro. Alguns acontecimentos acabam lhe mostrando que tudo o que vive é uma grande ilusão, uma mentira.SUGESTÃO: Assista a este filme comparando-o com o Mito da Caverna, de Platão.
117
ATIVIDADES
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho
ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria
completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria
inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade,
veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no
caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua
vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas
projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando
a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à
caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e
tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais
prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não
conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo
espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os
convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas,
quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais,
também decidissem sair da caverna rumo à realidade.
O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as
sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos.
Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a
luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo
das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que
liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A
dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia.
(CHAUÍ,1996).
Aristóteles (384-322 a.C)
Aristóteles freqüentou a Academia de Platão,
tornando-se seu discípulo. Mais tarde contraria o
seu próprio mestre, sobretudo ao desprezar a
teoria do mundo das idéias, fazendo a síntese do
mundo sensível e do inteligível a partir do conceito
de “substância”, ou seja, “aquilo que é em si
mesmo”. Um dos seus grandes feitos filosóficos foi
sistematizar a Lógica através do seu tratado
intitulado Organon. Além disso, escreveu vários
trabalhos científicos, a saber, A física, História
natural, As partes dos animais, etc. Sobre estética
produziu duas grandes obras, intituladas Retórica
e Poética. É autor também de Ética a Nicômaco, Política e Metafísica, esta
última exerceu uma grande influência nas concepções filosóficas e
teológicas da Idade Média.
Fonte
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iloso
fos.
com
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Figura 6: Aristóteles
Patrística: Inicia-se durante a decadência do Império
Romano no século III. Teve como ponto fundamental a
apresentação racional da doutrina religiosa. Sua
principal preocupação era esclarecer a relação entre
fé e ciência.
Escolástica: Filosofia e teologia ensinadas nas
escolas medievais. Também pode ser compreendida
como um período de grande efervescência tanto de idéias filosóficas quanto
teológicas.
118
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GLOSSÁRIO
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
1.5 A INFLUÊNCIA DOS GREGOS NO PENSAMENTO MEDIEVAL
A divisão da história em períodos como método para seu estudo tem
colocado a Europa como centro de referência da história mundial. Tal
método colabora na indução, ainda presente na educação, em estabelecer
a cultura européia como modelo a ser seguido ignorando outras culturas,
histórias e pensamentos. Desta forma, quando nos referimos ao
pensamento desenvolvido na Idade Média, devemos nos lembrar que o
pensar filosófico não se restringe aos filósofos europeus, mas se estende a
pensadores judeus e árabes. No entanto, podemos apontar como ponto
fundamental nesse pensamento as influências de Platão e Aristóteles.
Apesar do quase desaparecimento da cultura greco-romana durante o
estabelecimento do modo de produção feudal, pensadores da Idade
Média como Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Avicena e Averróis
traduziram em suas filosofias – em contextos diferentes – o pensamento
grego.
A fim de entendermos melhor, vejamos um pouco do pensamento
de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, respectivamente, os
expoentes da Patrística e da Escolástica.
Santo Agostinho (Século IV)
Santo Agostinho foi o principal
representante da Patrística, tendência
filosófica que introduziu como preocupação
humana as idéias de criação, pecado, juízo
final, ressurreição, natureza trina de Deus, etc.
Para tanto, Santo Agostinho retoma a
dicotomia platônica (“mundo sensível e
mundo das idéias”), substituindo o mundo das
idéias pelas idéias divinas. Para ele, o
conhecimento não é uma reminiscência, um
conteúdo passado, mas a conseqüência da
irradiação divina que atua a todo o momento
possibilitando ao homem a capacidade de
pensar corretamente.
A teoria agostiniana defende o princípio de que Deus é, foi e será o
Ser. Deus é imutável, eterno, perfeito, o bem absoluto. O mundo, criado
por ele, é a manifestação da sua bondade e sabedoria. Ele, então, deve ser
o objetivo humano, pois a procura por ele é a procura pela verdade. Assim,
a razão humana torna-se serva da fé e, conseqüentemente, a filosofia
torna-se serva da teologia. Suas principais obras são: Confissões, Cidade
de Deus, De beata vita, De magistro.
São Tomás de Aquino (Século XIII)
São Tomás de Aquino é o mais importante filósofo da Escolástica.
Fonte
: w
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iloso
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com
.br
Figura 7: Santo Agostinho
A questão debatida pelos escolásticos, em
geral, teólogos e clérigos, era se a filosofia
tinha autonomia frente à teologia, isto é, se a
razão é autônoma em relação à fé. Assim,
Tomás de Aquino procurou realizar uma
síntese perfeita, elaborando um novo sistema
de pensamento que acolhe a verdade
existente nesses dois opostos: fé e razão. Para
ele, o homem é capaz de chegar ao
conhecimento da verdade, porém nos mostra
que há verdades reveladas e verdades racionais.
As primeiras alcançadas mediante a fé, e as segundas a partir da razão
humana. Desta forma, ele chega ao entendimento de que apesar da sua
dependência de Deus, o homem gozaria de uma relativa autonomia e esta
se manifesta através do uso da razão. O ente e a essência é uma das suas
principais obras. Seu pensamento recebeu uma profunda influência da
filosofia aristotélica.
Figura 8: de Aquino
São Tomás
119
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte
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iloso
fos.
com
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CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1996.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia.
Trad. João Azenha Jr.. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
OSBORNE, Richard. Filosofia para principiantes. Trad. Adalgisa Campos
da Silva. Rio de Janeiro: Objetiva, 1992.
REALE, Giovanni. História da filosofia antiga. vol. I e II. Trad. Marcelo
Perine. São Paulo: Edições Loyola, 1993.
RUSS, Jacqueline. Dicionário de filosofia. Trad. Alberto Alonso Muñoz.
São Paulo: Scipione, 1994.
TELES, Antônio Xavier. Introdução ao estudo da filosofia. São Paulo:
Ática, 1995.
Disponível na Internet:
www.mundodosfilosofos.com.br
Obs.: Todas as imagens exibidas nesta Unidade foram extraídas do site
www.mundodosfilosofos.com.br
REFERÊNCIAS
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Filosofia da Educação Unimontes/UAB
2UNIDADE 2ONTOLOGIA
2.1 INTRODUÇÃO
O pensamento grego é indiscutivelmente um marco fundamental
no modo como hoje concebemos o mundo, a vida e a nós mesmos. De
todos os pensadores gregos, Platão e Aristóteles são os que mais nos
influenciaram. A partir deles, temos as bases necessárias para a discussão
filosófica sobre a educação, ou seja, algumas questões pensadas por eles
há muito tempo ainda servem para pensarmos o papel da educação e sua
relação com a sociedade como um todo. Pensemos, por exemplo, que: a
educação visava à virtude e tinha uma relação direta com a política.
Por que? Porque a virtude era considerada um modo de o homem
mostrar sua superioridade em todos os sentidos, inclusive na vida pública,
nos negócios da cidade em prol da coletividade. A tentativa de qualificar o
homem pela virtude no universo grego tinha como meta a construção de
homens capazes de viver numa sociedade boa e justa. Sabemos também
que os gregos nos deixaram um modelo de ensino que ainda estimula as
nossas discussões sobre ensino-aprendizagem e, de muitas formas,
influencia o nosso cotidiano.
A importância de Platão e Aristóteles não reside somente no que
podemos entender
como pioneirismo e
e x c l u s i v i d a d e n a
abordagem do assunto,
pois na cultura grega
arcaica já havia indícios
d e u m a v i s ã o
educacional que nos
serviria como ponto de
p a r t i d a p a r a a
compreensão do problema do conhecimento e da ontologia. A proposta
dos filósofos gregos, que entendiam o saber como um cuidado da vida
interior, a disseminação do conceito de psyché e sua relação com o soma
(corpo), e o empreendimento pitagórico são alguns exemplos apenas. A
Paidéia grega não representava apenas uma mudança na forma de
conceber a educação e produzir o conhecimento, mas significou toda a
perspectiva da concepção ocidental do que podemos nominar como sendo
o objetivo maior do ensino e da aprendizagem.
As questões colocadas até aqui servem para nos situar diante da
percepção e compreensão da verdade como fruto da relação do homem
com os outros, com a realidade e com o transcendente, na busca de
sentido para sua existência, tudo isso como uma conquista do pensamento
Figura 9: Imagem da Acrópoles na Grécia
Paidéia: processo de formação do homem grego
equivalente ao que hoje chamamos de pedagogia.
Ou seja, para que ensinar e o que ensinar diante
daquilo que se pretende alcançar? Qual é o melhor caminho para chegarmos
ao conhecimento do mundo e ao conhecimento de nós mesmos, do nosso
ser. A primeira conquista da humanidade ou da
civilização ocidental, fundada na idéia de ensino
e aprendizagem de modo sistemático, vem da
Filosofia inaugurada pelos gregos. Esse novo modo de entender o conhecimento, como pressuposto para a
construção do ser, foi buscar na educação um
processo relacional de construção da verdade, e não apenas execução da
imposição da verdade que consiste nos códigos
religiosos ou culturais, como nas demais culturas
existentes na época, anterior à Grécia, e até
mesmo posterior à mesma.
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
O livro VII da República de Platão retrata muito bem a relação da educação com
a virtude e a política. Leia o livro VII e relacione os três
temas: educação, virtude e política.
DICAS
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
122
e da reflexão filosófica. O legado grego, portanto, é essa insistência que o
ser humano possui de construir-se como senhor de si, e não apenas dobrar-
se aos mecanismos de poder presentes no seu contexto.
Essa perspectiva de construção está vinculada ao dinamismo da
razão humana como uma projeção para fora de si, no sentido de
transcendência.
Que significa isso? Significa que um modo específico de
compreender a nós mesmos no mundo se dá pela compreensão do nosso
ser, da nossa
essência, daquilo
q u e s o m o s
verdadeiramente.
O conhecimento
que trata do nosso
s e r c h a m a - s e
ONTOLOGIA
O termo
o n t o l o g i a é
o r i g i n á r i o d a
filosofia grega.
Ontologia é um ramo da filosofia que lida com a nossa constituição mais
íntima, isto é, com o nosso ser. Esse termo foi introduzido por Aristóteles
para desenvolver um conhecimento, uma ciência do Ser, da Essência
humana. Por isso, o termo significa: Ontós = Ser, e Logos =
Conhecimento: Conhecimento sobre o Ser. Antes de passarmos para esse
ramo do conhecimento que se chama Ontologia, trilharemos um caminho
pelo problema do conhecimento desde Platão. Lembre-se: o
conhecimento não está desvinculado da ontologia.
2.2 PLATÃO E O CONHECIMENTO
Platão, seguindo as trilhas de seu mestre (Sócrates), propõe nos
Diálogos, especialmente na República, que a verdade pode estar no
enunciado, na linguagem, mais do que isso, é preciso muito diálogo para
encontrá-la. Faz parte da visão platônica de verdade que devemos
desconfiar daquilo que aparece, ou mais ainda, o mais importante pode e
quase sempre está para além do que estamos vendo ou percebendo. O
conceito de EIDOS (idéia), chamado mais convencionalmente de ‘mundo
das idéias’, ou como no Diálogo Parmênides: Teoria das Formas, tem um
propósito interessante. Afinal, a proposição na República de uma espécie
de teoria da iluminação, podendo ser entendida, inclusive, como inatismo,
vai alimentar todo o pensamento medieval e, de modo especial, Plotino,
Santo Agostinho e outros filósofos.
Ontologia: Estudo do Ser. Ramo da filosofia que procura elaborar um pensamento sobre o Ser, sobre o que as coisas são em sua essência e não segundo sua aparência.
Figura 10: A morte de Sócrates
Inatismo: De Inato, próprio ao homem, que já nasce com elePlotino:Santo Agostinho:
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GLOSSÁRIO
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
Psyché: Alma, Mente.
Pitagórico: Segundo o pitagorismo, a essência, o princípio essencial de que são compostas todas as coisas, é o número, ou seja, as relações matemáticas. Os pitagóricos, não distinguindo bem forma, lei e matéria, substância das coisas, consideraram o número como sendo a união de um e outro elemento. Da racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas, passa-se à visão fantástica de que o número seja a essência das coisas.
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A
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FEG
GLOSSÁRIO
123
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
O conhecimento como relação com o código indica a submissão
do indivíduo à tirania, monarquia, mitologia, oligarquia e outras formas
que consideravam o conhecimento
como determinação do status quo.
Ou seja, os papéis sociais e
religiosos estavam definidos,
conhecer significava submeter-se a
isso. No caso de Platão, um legado
do mundo das idéias; no caso dos
pensadores medievais, é uma
iluminação direta de Deus que dá a
garantia de que estamos intuindo a
verdade, ou mesmo dizendo-a.
A proposta educacional e
política de Platão não é absurda.
Aliás, ele apresenta de forma muito
evidente que há uma estreita e necessária relação entre Política,
Conhecimento e Educação. Quando sugere o sentido da Educação como
Paidéia (Educação integral – corpo e alma), como um meio de construção
de uma república ideal, sedimentada no Bem, no Justo e no Belo, ele dá
um caráter muito parecido com o que entendemos por educação hoje.
Não são apenas informações ou dados; os conteúdos propostos
no senso platônico de Educação são pressupostos para a formação
daquele cidadão que vai dar sentido e garantia para a cidade. Nela, a
justiça deve ser o princípio fundante. Embora legitimando a escravidão e
algumas injustiças de seu tempo, como a desvalorização das mulheres, dos
escravos e das crianças, Platão aponta uma perspectiva que ainda
alimenta a mística da educação como promoção e qualificação do ser. Ou
seja, uma coletividade justa e voltada para o bem nasce de um processo
em que os indivíduos são educados para a construção da justiça, embora
ela nem sempre seja fácil de ser conceituada, fundamentada ou mesmo
justificada pela argumentação. Platão vê, na Justiça, o fundamento pelo
qual o Bem pode se configurar. A verdade é que, como ele admite, se
alguém puder demonstrar que é mentira o que dissemos, e estiver seguro
de saber bem que a justiça é o maior dos bens, tem sempre uma larga
compreensão, e não se encoleriza com as pessoas injustas, mas sabe que,
a menos que alguém, por instinto divino, tenha aversão à injustiça ou dela
se abstenha devido ao saber que alcançou, ninguém mais é justo
voluntariamente, mas que devido à covardia, à velhice ou a qualquer outra
fraqueza, censurará a injustiça, por estar incapacitado de a cometer.
Nessa combinação entre Bem e Justiça, mas sobretudo de uma
subjetividade que consiga projetar-se para a relação com a coletividade
dentro e a partir daquilo que Platão chama de virtude, convém ressaltar
que a Justiça em Platão é um misto de utopia e realidade.
E a utopia ainda está presente na nossa ânsia educativa. O
Figura 11: Robbia, Luca (1400-1482)
Transcendente: Aquilo que vai além da experiência, que
ultrapassa os dados materiais, que diz respeito à essência das
coisas, ao fundamento e ao ser das coisas.
O filme O Nome da Rosa retrata muito bem a
relação entre o conhecimento herdado dos
gregos e o problema da verdade religiosa. Assista
ao filme e faça uma relação entre
conhecimento e verdade revelada na idade média.
Como se trata de temas muito atuais, tente definir o
que é a Justiça, o que é o Bem e o que é o Belo.
Lembre-se: não se trata de uma mera opinião, mas de
uma definição rigorosa!
124
DICAS
PARA REFLETIR
C
A
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GLOSSÁRIO
Vá ao ambiente de aprendizagem e deixe sua
opinião sobre a seguinte questão: como a educação
pode levar os homens a uma dimensão crítica em
relação a si mesmos?
PARA REFLETIR
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
processo educativo não tem sentido se não tiver um aspecto consciente ou
inconsciente de projeção de sujeitos que, embora envolvidos e fixados
numa realidade racional, conceitualmente almejem uma realidade melhor
no sentido ontológico e social. Podemos até não concordar com o
propósito platônico, mas educar sempre vai significar uma transição, uma
transcendência, uma auto-superação ou, pelo menos, a busca disso. A
utopia platônica entendida na Politéia como um conceito comum a todas
as formas de governo de seu tempo, pois examinando e avaliando os
regimes e modelos circunvizinhos, mostra a necessidade de projetar para
fora da realidade um lugar que ainda não existia (república ideal), para
servir de arché (estrutura modelo) para todas as repúblicas, mas não se
esqueceu de propor que essa finalidade só se efetivaria quando houvesse
um processo educativo que conduzisse para tal.
O curioso é que Platão não apresenta apenas o contentamento
quando acontece a conceituação sobre o propósito da Justiça, mas,
fundamentando-se na busca de um Bem maior, tende a propor algo que
vai além do enunciado lingüístico.
Certamente que as repúblicas que se fundariam a partir do
horizonte utópico da república modelo se construiriam em perspectivas
diferentes, em que a justiça, o bem e o belo seriam os fios condutores da
permanência desse estado perfeito de organização da Pólis, garantidos
pela educação integral do ser humano. É, nesse sentido, que o
pensamento educacional de Platão fixou-se nessa necessidade e
possibilidade de qualificação do ser para a vida coletiva. Definitivamente,
não há senso coletivo sem o empreendimento educacional.
2.3 ARISTÓTELES: CONHECIMENTO, EDUCAÇÃO E ONTOLOGIA
Já na Politéia, de Homero,
há uma proposta educacional
muito curiosa, pois os deuses têm
características humanas.
Não só formas, mas
atitudes humanas como ciúme,
raiva, amor etc. Isso já dá uma
perspectiva interessante, ou seja, se
investirmos na qualificação do
nosso ser, através da educação,
podemos alcançar um nível mais
elevado de nossa existência, muito
embora não tenhamos o dom da
imortal idade, podemos nos
Delfos: Oráculo grego onde os indivíduos iam consultar os deuses sobre seu destino e sobre as ações a serem praticadas em benefício da cidade.
Em que medida é possível haver justiça como um todo a partir da educação? Em que o pensamento educacional de Platão pode ser útil para os nossos dias? Apesar de serem contextos diferentes, reflita sobre a relação entre a educação platônica e a educação atual.
Veja os filmes ‘Posseidon’ e ‘Odisséia’ em que são retratados os aspectos humanos das divindades gregas.
PARA REFLETIR
DICAS
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GLOSSÁRIO
Politéia: Conjunto de todas as ações praticadas na polis pelos indivíduos.
Utopia: Topos significa lugar; U é negação. Utopia é a condição daquilo que ainda não está realizado. Tem o sentido de irrealizável, impossível de se concretizar.
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GLOSSÁRIO
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GLOSSÁRIO
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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte
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Figura 12: Aristóteles
assemelhar aos deuses na busca do conhecimento. Dito de outra forma,
podemos ser parecidos com os deuses pelo menos no aspecto do saber.
Nesse sentido, a grandeza humana consiste no duplo movimento: não
aceitar mais a determinação do destino, mas também renegar que
precisamos ser igual aos deuses. O velho preceito de Delfos “conhece-te a
ti mesmo” significa que devemos investir mais no nosso aperfeiçoamento
do que ficar invejando os deuses ou investindo em alguma coisa referente
aos deuses.
A proposta socrática de implantação da temática antropológica
supera a discussão do período arcaico em que o foco era a investigação
teológica e cosmológica. Embora na mitologia a função pedagógica do
próprio mito era chantagear e/ou seduzir as novas gerações para manter e
respeitar a tradição, ela carrega implicitamente uma proposta de reação
revolucionária às determinações impostas pela tradição cultural. Nesse
sentido é que nasce aquilo que chamamos de estética da existência. Cada
ser humano assume a sua autoconstrução como se fosse uma obra de arte.
Com isso, a educação vai perdendo herança divina para assumir um
caráter de finalidade humana. O conhecimento na ótica aristotélica
representa uma nova etapa. Nele encontramos um modo de pensar sobre
a prática. Uma teoria que nasce da contemplação, mas que é aplicação,
práxis. A proposta da virtude reiterada e que já vinha pautada nas
proposições platônicas e socráticas. Em Aristóteles, temos uma
compreensão dialética da educação e, ao mesmo tempo, uma espécie de
sistemática de tudo o que foi dito e entendido sobre o assunto na Grécia
Antiga e Clássica. Para ele, não há problema com a política (Platão) ou
com o discurso (Sócrates), desde que esses sejam acompanhados pela
ética.
Na Ética a Nicômaco fica bem evidente que o entendimento de
Aristóteles aponta para a necessidade de um investimento em sentimentos
e atitudes que sejam alternativos ao caráter tirânico. A inserção nas
discussões filosóficas de temas como a amizade, por exemplo, mostra a
efetiva preocupação com a questão política. Por que os tiranos e os
malfeitores não investem nesse tipo de virtude? Somente uma sociedade
livre e democrática é capaz de estimular a amizade e as relações que
tendem para a valorização da pessoa e o respeito por ela. Para o discípulo
de Platão, o conhecimento nasce da experiência dos sentidos. Ele funda,
com isso, o Realismo em contraposição ao Inatismo ou ao Idealismo de
Platão. Nele, a gestão do conhecimento é necessária porque incide na
questão do poder político. Há uma grande confiança no papel dos sentidos
captarem, através da Intuição, a essência das coisas. Essa compreensão
realista do conhecimento parece que resolve o problema da educação,
mas possivelmente aqui é que começam os empecilhos do ensinar e do
aprender. A busca da arte de interpretar nos remete ao sentido do educar,
como um exame mais suspensivo sobre a realidade, para podermos captar
a essência.
Ao remontar todo o edifício filosófico já apresentado por
126
Como você relaciona política, discurso e ética? A
partir do seu contexto, da sua realidade, faça uma relação entre esses três
temas.
PARA REFLETIR
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Parmênides, Heráclito, Platão e
Sócrates, Aristóteles lança mão do
argumento de que o problema
filosófico da Pólis não está ancorado
na Linguagem, no plano das Idéias,
ou mesmo na questão do discurso
e/ou da política, ou mesmo no
problema do movimento ou não. Ele
apresenta algo diferente, que é a
necessidade de cada integrante da
coletividade ter um esforço ético.
Cada um deve fazer sua parte a partir
do horizonte do exercício virtuoso da cidadania. E é nesse sentido que no
ocidente, pela primeira vez, falou-se em ética como Ciência. Dentro do
postulado aristotélico, para gerir uma instituição, família ou a si mesmo, é
preciso ter solidez de caráter e isso se consegue pelo conhecimento: o
orthós logos (bom uso da razão) e pela vivência da virtude do equilíbrio.
Esse caminho apontado por Aristóteles mostra que ele insistiu no fato de
que a educação, ou o processo do conhecimento leva o ser humano a
buscar o meio termo, a temperança, nem muita festa nem de menos.
Percorrido pelo bom uso do conhecimento, isso só acontece pela virtude
obtida pela educação das novas gerações, numa perspectiva de
construção interior da pessoa.
2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos dois grandes filósofos clássicos, a compreensão do papel
filosófico da educação reside nessa tentativa de nos remetermos para fora
de nós mesmos, sem deixar de ser o que somos, mas justamente fazendo
desse movimento uma construção perene dos conceitos que orientam e
direcionam o nosso agir. Isso vai balizando um novo jeito de ser do humano
no mundo e vai recriando um ambiente em que o coletivo se efetiva pela
qualificação das pessoas. Esse salto só pode ser alcançado pela educação.
Nesse caso, o ensino não é meramente uma transmissão de conceitos ou
conteúdos, mas um treinamento ontológico, uma forma de lapidar os seres
para que possam conviver de forma mais harmônica na sociedade. A
metafísica grega, principalmente a proposta em Aristóteles, orienta os
nossos conceitos educacionais, como referência ou como paradoxo, e é
ainda questionada pelos mais diferentes autores de nosso tempo. Ela está
ligada de alguma forma à própria investigação de Parmênides sobre o ser e
a busca que sempre fazemos de algo que fundamente não só a educação,
mas toda a realidade: a essência. A questão do ser como arché (origem)
desencadeou e acelerou todo o processo filosófico no ocidente. Não
precisamos aceitá-la, mas tampouco conseguiremos negar que o saber
127
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
Figura 13:
como ontologia, como construção do ser, tornou-se a marca registrada
daqueles que ainda se encontram nos diferentes níveis de ensino para
aprender e ensinar.
O conceito de ser como medida de todas as coisas, na
compreensão de Parmênides, suscitou todo o alavancar filosófico. Depois,
Heráclito, ao debruçar-se sobre isso, propondo o Devir como horizonte
primordial, suscita nos pensadores seguintes a tentativa de resolver os
problemas que ambos criaram. Essa necessidade de encontrar, definir a
verdade, dizê-la e comprová-la aos outros tornou-se o marco central da
filosofia grega, mas também é o ponto de partida de todas as ciências no
mundo. Ou seja, conhecer é um misto de contemplar, concluir e discorrer,
mas sempre num processo contínuo de construção, desconstrução e
reconstrução dos conceitos. Sócrates, quando remonta à maiêutica como
arte filosófica, não apenas cria um problema posterior, como encontra
sérias dificuldades em seu tempo para contrapor o propósito sofista da
verdade alcançada pela retórica, então sugere que a verdade está no
interior do homem. Quando lemos algo sobre Sócrates, ou mesmo nos
diálogos de Platão, sempre como o mais sábio dos sábios, podemos nos
encantar e nem perceber o problema maior que ele causou. Mas, sem
dúvida, o seu propósito é inovador. A verdade está no ser. A verdade está
em nós e não escondida nos deuses, no cosmos e no universo exterior. O
problema é muito simples: a verdade está dentro de nós? Nascemos com
ela? Se a resposta for positiva, então só cabe ao indivíduo buscar nele
mesmo a verdade.
Nesse caso, conhecer seria somente ensinar as novas gerações a
dar-se conta de que alguém a depositou lá dentro de nosso ser e nós só
precisamos buscá-la. Do contrário, se a adquirimos sozinhos, no contato
com a realidade, como se dá esse processo? Mesmo assim, alguém tem
que ensinar o caminho para chegarmos até lá, ou buscamos juntos na
realidade. Eis o grande paradoxo que ainda movimenta os eventos sobre
educação e que vai movimentar todo o pensamento ocidental por muito
tempo. Basta lembrarmos o que consta no artigo 35 da LDB, em seu inciso
III, quando alude sobre a necessidade da Filosofia hoje nas escolas: “o
aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico”, advém de certa forma do “domínio dos
conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da
Cidadania” (LDB, art. 36, inciso III). Respondendo a nossa pergunta
inicial: há o que ensinar em Filosofia? Sim. Ensinarmos o valor da
responsabilidade de cada um na construção do seu ser individual para que,
através disso, se alcance a capacidade de conviver em sociedade de forma
justa, pacífica e crítica.
128
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1996.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia.
Trad. João Azenha Jr.. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
REALE, Giovanni. História da filosofia antiga. Vol. I e II. Trad. Marcelo
Perine. São Paulo: Edições Loyola, 1993.
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REFERÊNCIAS
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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
3UNIDADE 3O RACIONALISMO MODERNO
3.1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, iremos discutir
uma temática interessante e pertinente
para entendermos alguns conceitos
importantes acerca da Filosofia da
Educação e do pensamento na
modernidade. Faremos uma viagem
através do pensamento de Descartes,
Hume e Kant. Dividimos o curso, para
um melhor entendimento, em três
tópicos, e esperamos que vocês possam
aproveitar a discussão não só fazendo
a s a t i v i d a d e s , m a s t a m b é m
participando do programa de discussão
disponibilizado para todos. Sempre
depois de cada aula, vamos deixar uma questão para suscitar o debate no
fórum e para reflexão dos assuntos tratados. É importante salientar que a
participação no fórum é fundamental para que todos possam compartilhar
as idéias, pensamentos, etc. Estaremos aguardando vocês.
3.2 A PROBLEMÁTICA DO CONHECIMENTO E O PROJETO
FILOSÓFICO DA MODERNIDADE. EMPIRISMO E RACIONALISMO
NA EPISTEMOLOGIA MODERNA. A CONSTRUÇÃO DO ILUMINISMO
CRITICISTA.
3.2.1 A Problemática do Conhecimento e o Projeto Filosófico da
Modernidade
Neste tópico, discutiremos algumas questões importantes acerca
da modernidade:
Caracterização da modernidade;?
A ruptura científica;?
O predomínio da razão.?
Os objetivos deste tópico são:
Discutir pressupostos epistemológicos da racionalidade;?
Proporcionar o entendimento da modernidade como período ?
de afirmação da razão.
Orientação: Faça a leitura do texto abaixo e em seguida resolva as
questões indicadas.
A modernidade é um momento que podemos conceituar, de
Figura 14: O Geográfo
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130
antemão, como o período da razão. Muito mais que uma simples
transformação, ela se instala como uma
g r a n d e r u p t u r a c i e n t í f i c a : a
concretização da racionalidade onde o
homem utilizará métodos científicos
para conhecer o mundo e as coisas. Esse
período é denominado secularização,
isto é, conhecimento caracterizado
principalmente, pelos valores da ciência,
substituindo os valores sagrados que
foram anteriormente dados pela
religião. E tais valores científicos passam
a ser centrados na idéia de progresso, de
sociedade racional e técnica. Isso
significa que o mundo não estará mais
submetido às verdades da fé. A ciência,
agora, diagnostica os problemas do mundo e passa a buscar no próprio
mundo, e não mais na religião, como era na Idade Média, os caminhos
para a solução dos problemas. O homem da modernidade anseia por
significados que estavam protegidos pelo saber religioso.
A sociedade moderna passa a ser administrada pela razão – leia-
se ciência – e a função da razão é de proteger a sociedade de qualquer
meio ou artifício que venha pôr em risco o saber científico. A racionalização
se estende em todas as situações, significando a destruição de tudo que
impeça o homem de ver com clareza e nitidez os movimentos da história.
Isso significa que o pensamento do homem deve voltar-se para dar fim a
todo olhar limitado e que não seja crítico, ou seja, toda a educação
baseada em crenças e superstições, vinculadas a antigas formas de
organizações sociais.
A razão moderna coloca o homem em um mundo agora aberto à
participação coletiva, rompendo definitivamente com as práticas sociais e
políticas que serviam simplesmente para deixá-lo no terreno da ignorância.
Traduz-se, então, a modernidade, como o acontecimento maior na
tentativa de se construir uma sociedade ideal, perfeita e alicerçada pela
ciência. Acreditar nessa positividade da razão é o mesmo que esperar
necessariamente por uma libertação do homem – da humanidade – livres
de todo perigo que possa servir de obstáculo e que venha escurecer o
caminho para o conhecimento.
A forma das pessoas viverem produzidas na modernidade tirou os
homens de todos os tipos tradicionais de ordem social, de uma maneira
que nunca houve: revolução geográfica, revolução econômica, revolução
política, revolução social. Um exemplo claro disso é a idéia de progresso da
humanidade. Libertado da força da religião que dominava o mundo, o
homem moderno é direcionado pelo surgimento de uma recente ordem
econômica – o capitalismo – e pela produção de novas e modificadas
Razão: Faculdade ou poder
de bem julgar e de discernir
o verdadeiro do falso. Para
Descartes, isso é possível
pela razão inata e natural a
todos os homens.
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GLOSSÁRIO
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
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Figura 15: Galileu
instituições sociais. Mostrando-se com um enorme dinamismo, a
modernidade se consolida como o momento da inter-relação coletiva entre
as pessoas, forçando a elaboração de sistemas políticos baseados na
reformulação da idéia de Estado, na urbanização crescente para a
facilitação e expansão de uma rede de comércio cada vez mais forte e
organizada. Logo, a modernidade é marcada pela implementação de uma
sociedade mercantil, baseada no acúmulo e no lucro de mercadorias, que
reivindica novas exigências como a melhoria das forças de trabalho para o
desenvolvimento das atividades produtoras. Além do mais, e talvez seja um
dos aspectos mais relevantes e importantes: a modernidade se constitui
enquanto período de criação de Estados-nações, que se estruturam e
espalham uma técnica de governar a vida das pessoas. A reflexão de
Cambi nesse sentido é importante:
O mundo moderno é atravessado por uma profunda
ambigüidade: deixa-se guiar pela idéia de liberdade, mas
efetua também uma exata e constante ação de governo;
pretende libertar o homem, a sociedade e a cultura de
vínculos, ordens e limites, fazendo viver de maneira
completa esta liberdade, mas, ao mesmo tempo, tende a
moldar profundamente o indivíduo segundo modelos
sociais de comportamento, tornando-o produtivo e
integrado. Trata-se de uma antinomia, de uma oposição
fundamental que marca a história da modernidade, faz
dela um processo dramático e inconcluso, dilacerado e
dinâmico em seu próprio interior, e portanto problemático e
aberto (CAMBI, 1999, pp. 199-200).
O pensamento desenvolvido na modernidade surge em suas
bases conceituais na Renascença: de certa forma, ocorreu uma vitória da
crítica à religião, (domínio especial da Igreja Católica Apostólica Romana),
dos valores do mundo, do individualismo. Mas ainda não podemos
considerar o Renascimento como uma contraposição radical à Idade
Média. Fica claro somente que tal período foi importante na realização de
grandes mudanças na civilização, de ordem política, social e cultural. E tais
transformações influenciaram decisivamente os séculos seguintes, ou o
período denominado propriamente de modernidade.
Epistemologicamente (o mesmo que conhecimento científico), a
Renascença é marcada pela ausência de um espírito totalmente crítico e
purificado pela razão.
O renascimento é uma renascença do homem neste
mesmo sentido de renovação; esta renovação, porém, não
consiste já numa transcendência dos limites da natureza
humana, numa existência pura e exclusiva ligação com
Deus, mas sim numa verdadeira renovação do homem nos
seus poderes humanos, nas suas relações com os outros
homens, com o mundo e com Deus”. (ABBAGNANO,
1984, pp.15-16).
132
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
O período denominado de Renascimento estava ainda cheio de
superstições e crenças. Principalmente porque depois da crítica ao domínio
exclusivo da religião, o que se mostra é a ausência da crença que antes
vigorava, ficando apenas um certo deslumbramento em relação à
presença do homem e sua relação com a natureza. Mas, temos uma
grande dívida para com o Renascimento e o espírito aventureiro do homem
renascentista. Os Renascentistas acreditavam na idéia de que tudo é
possível. A curiosidade é aguçada e ilimitada, então ele parte para
conhecer novos horizontes, o que ocasionou, como já sabemos, as grandes
navegações e expedições. Esse reconhecimento tem de ser expressado.
Segundo Abbagnano, o Renascimento se mostrou como um período em
que um novo tipo de homem e de sociedade se organizou, ressaltando que:
O renascer do homem, que é o anúncio e a esperança do
Renascimento, é o renascer do homem no mundo. A
relação com o mundo é reconhecida como parte
integrante, constitutiva do homem. A clareza que o homem
alcança no Renascimento no que respeita à própria
natureza, é também ao mesmo tempo, clareza no que
respeita à solidariedade que o liga ao mundo: homem
compreende-se como parte do mundo, distingue-se dele
por reivindicar a originalidade própria, mas ao mesmo
tempo por reivindicar-se nele e reconhece-o como o seu
próprio domínio (ABBAGNANO, 1984, p.163).
Apesar das limitações renascentistas, a ciência moderna fundava
suas bases cada vez mais sólidas. Uma das mudanças proporcionadas pela
ciência moderna foi uma crítica muito grande à todo pensamento que
acreditava num mundo bem ordenado e calmo e na terra como o centro do
universo. A ciência moderna encontra as possibilidades de se pensar
diferentemente do que se pensava anteriormente, e acredita realmente na
condição de organizar um mundo verdadeiro, lançando mão, para isso, de
uma grande ruptura na ciência: a introdução da geometria pelo filósofo e
matemático Galileu Galilei. Isso significava que, para Galileu, os corpos
estão em constante movimento, independentemente da vontade dos
homens.
Antes de Galileu, as inovações na concepção de mundo já tinham
sido iniciadas por Giordano Bruno, Nicolau de Cusa e Copérnico. Esses
pensadores desarticularam a imagem de um mundo tradicionalmente
aceito. Com a ajuda da astronomia, começaram a “cair por terra” os
antigos pensamentos a respeito do universo que foram sustentados até o
século XIV. Mas, podemos dizer claramente que foi com Galileu que pela
primeira vez se racionalizou o cosmos, articulando-o pela linguagem
matemática. Isso significa que o universo pode ser pensado e calculado
pela matemática. E quando falamos em racionalização do cosmos, é no
sentido de sua completa desmistificação: fim de qualquer crença mágica
Conhecimento: Na
concepção empirista, todo
conhecimento provém da
experiência, bem como é a
experiência que fornece o
critério de verificação que
confirma ou não a verdade
da ciência.
133
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GLOSSÁRIO
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
ou religiosa dominante na implementação das leis do universo – questão
que ainda era comum como característica do renascimento (período que
antecede a modernidade).
Galileu, pensador do final do século XVI e primeiras décadas do
século XVII, parte das bases mecanicistas para se pensar o mundo:
movimento, força, repouso. O mundo visto como uma grande máquina
que não necessitava de nenhuma lei ou determinação, tanto para mantê-
lo em movimento, quanto em repouso.
Não vamos aprofundar as questões da física de Galileu, não
sentimos necessidade disso. A referência é simplesmente para mostrar a
importância na História de seu pensamento e sua contribuição para a
modernidade a partir do século XVII. A tese de Galileu foi de extrema
importância, apesar das sanções da Igreja Católica. Em junho de 1633,
Galileu Galilei, com setenta anos, foi obrigado a ajoelhar-se ante o Tribunal
Inquisitorial, em Roma, e negar e abandonar as suas teses que
futuramente tornaram possíveis a física moderna. O homem da razão,
segundo Galileu, passou a ocupar um novo espaço no mundo: o daquele
que se torna responsável pela produção do conhecimento. Cabe ao
homem desvendar as leis que regem o cosmos, os mistérios que fazem
funcionar essa “grande máquina” que denominamos de universo. O
homem então, tem que decidir a cada instante o que vai fazer, o que vai ser
nos momentos seguintes. Partindo de suas convicções, Galileu mostra que
é possível conhecermos o mundo através da matemática. A experiência e a
interpretação são o caminho para essa tarefa. Não basta simplesmente ao
homem observar e admirar o movimento dos corpos, é preciso que ele
saiba colocar as questões certas para encontrar as verdades que tanto
procura.
Segundo o pensamento de Galileu, o universo não é mais um
espaço fechado, organizado hierarquicamente e nem cheio de poderes
mítico-religiosos. O universo agora é um espaço infinito, contínuo, físico e
matematicamente calculado. Sendo assim, o conhecimento científico só
pode ser proporcionado pelo saber racional. Dessa forma, o homem se
separa da natureza, e toda relação homem / mundo é estabelecida através
da razão. As certezas e coerências da fé religiosa não respondem mais às
interrogações, cabendo ao homem intervir sobre o mundo, explorando-o e
construindo um novo edifício científico.
Torna-se importante, não deixarmos escapar que a ruptura com a
idade média deixa ao homem a possibilidade de planejar seu próprio
destino, isto é, a sua historicidade. Desvinculando-se das verdades
religiosas, o homem passa a considerar a sua diferença, a sua localização
na sociedade e seu individualismo. Seguindo as pistas do humanismo
renascentista, a modernidade, a partir do século XVII, começa a trilhar
verdadeiramente os caminhos da liberdade, e isto significa uma nova
postura da figura-homem.
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Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Quando se diz que o humanismo renascentista descobriu
ou redescobriu o “valor do homem”, quer-se com isso dizer
que reconheceu o valor do homem como ser terreno ou
mundano, inserido no mundo da natureza e da história,
capaz de forjar o próprio destino. O homem a quem se
reconhece um tal valor é um ser racional e finito, cuja
integração na natureza e na sociedade não constitui exílio,
mas antes um instrumento de liberdade e que por essa
razão pode obter na natureza e entre os homens a sua
formação e a sua felicidade (ABBAGNANO, 1984 , p. 12).
C o m a i n s t a u r a ç ã o d a
racionalidade crítico-científica, o homem
olha para o mundo e enxerga nele as
condições para se chegar `a felicidade e à
verdade. A liberdade proporcionada pela
razão – espírito aberto a curiosidade
científica – faz da experiência humana,
enquanto mergulho na natureza e na
história, valores imprescindíveis que
ocasionarão em novas vivências no campo
da arte, da economia, da política, da
geografia e da filosofia. Desde Galileu e sua
idéia de ciência, o homem passa a ocupar um papel de destaque.
3.2.2 O Racionalismo: René Descartes e o Problema da Subjetividade
Neste texto discutiremos:
?A importância de Descartes na história do pensamento;
?A descoberta do “cogito” ou da idéia de “consciência” em
Descartes;
?Descartes e a edificação de uma subjetividade moderna.
A presença de Descartes no cenário moderno vai marcar
decididamente toda a história do pensamento filosófico. Ele vai servir de
marco para delimitar a modernidade: o surgimento do subjetivismo como
apelo ao homem criador, dominador e conquistador da natureza – o
homem pensante.
Diferentemente de Galileu que via a verdade como instalada no
mundo, Descartes afirma um certo “reposicionamento” do homem,
explicando melhor a constituição de uma racionalidade moderna. A
importância de Galileu é indiscutível, pois pensou um novo tipo de
homem, que se tornara livre para conhecer a realidade que o cercava. Mas
o pensamento de Galileu limitava o homem a mero espectador, não
determinante do conhecimento sobre a natureza, cabendo a ele
Figura 16: Descartes
Idéia: Para os empiristas,
as idéias originam sempre
da percepção. Idéias são
objetos mentais, resultado
de um processo de
abstração, que representa
objetos externos percebidos
pelos sentidos.
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GLOSSÁRIO
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
simplesmente a tarefa de reconhecimento das leis matemáticas e
mecânicas do universo.
Podemos dizer que Descartes, comumente chamado de principal
pensador da racionalidade moderna, iniciou seu projeto perguntando
sobre: como é possível conhecer a realidade? E a sua resposta é clara: só
podemos conhecer a realidade pela razão. A isso chamamos de
RACIONALISMO. E juntamente a esta questão, a problematização da
verdade não mais como dada pelo mundo externo, físico, natural (como
em Galileu), mas sim como uma qualidade própria do homem como ser
pensante, ou seja, a partir de Descartes, a verdade é representada
subjetivamente, isto é, na consciência do homem e não no mundo.
O pensamento moderno é caracterizado por uma discussão em
torno da subjetividade, isto é, tudo aquilo que se articula como
pensamento ou com a noção de consciência de si. E o pensar ou
consciência de si mesmo, segundo Descartes, é condição para que exista o
sujeito – res cogito (que significa consciência pensante). Em Descartes, a
idéia de sujeito é o mesmo que: substância pensante, descobrindo com isso
a posição do cogito (do pensamento), definindo-o como substância do
sujeito, (leia-se metafísica da subjetividade).
Para podermos pensar o sujeito em Descartes, é necessário antes
de tudo, que saibamos a metodologia usada por ele para se chegar à
iluminação do cogito (do pensamento). Descartes, em seu trabalho
filosófico, consolida de maneira diferenciada o que já vinha desenhando-
se desde o século XVI: a valorização positiva do indivíduo e de sua
subjetividade como espelho do governo da razão. Para Descartes, a
verdade está no interior do próprio sujeito: a certeza da consciência de si.
Eu penso, logo existo, ou seja, o pensamento como condição para a
existência. Não vamos fazer neste trabalho uma reprodução sistematizada
da trajetória cartesiana. O mais importante é deixarmos claro que foi com
Descartes que pela primeira vez se pensou o fundamento “do que é o
homem” a partir da presença do cogito.
Fica claro que, para Galileu, o conhecimento (enquanto leis que
fazem funcionar a natureza e/ou o cosmos ou universo) existe e independe
do homem. Mas, para Descartes, o primeiro passo para o conhecimento é
o surgimento de um sujeito pensante, de um sujeito que se separa do
mundo, se reconhecendo e se bastando a si mesmo. Na verdade, em
Descartes, o mundo torna-se dependente do sujeito que conhece.
A partir de Descartes, o conhecimento não está mais gravado no
mundo, mas seu lugar é na consciência do sujeito pensante enquanto
representação e/ou adequação entre a “coisa” (o mundo) e o pensamento
(o cogito). É a consciência que demarca e dá validade para o que é
conhecido. O cogito, segundo Descartes, cobre toda a realidade de uma
experiência, sendo resultado de um processo que coloca em cena uma
questão: a verdade como um projeto de fundação da consciência. A
proposição: Eu penso, logo existo põe o pensar como aspecto essencial do
Método: Modo de
conhecimento graças ao
qual o homem pode atingir
diretamente seu objeto. O
método pode ser racional
ou experimental.
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GLOSSÁRIO
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
sujeito. E isso em Descartes acaba por transformar a filosofia posterior a ele
em exercício obrigatório, de se concordar ou discordar de suas idéias. A
existência do mundo é devedora da realidade do pensamento.
O sujeito em Descartes alcança a posição daquele que vai produzir
uma verdade sobre o mundo, e que esta verdade atingirá o caráter de
evidência, clareza distinta do mundo das coisas porque é o resultado de um
rigor metodológico nunca visto. Isso significa que para chegar ao
conhecimento das coisas é preciso conhecer e avaliar as causas, a
falsidade e a verdade de cada saber para abandonar qualquer
possibilidade de engano ou de erro. Deve-se afastar de tudo que é duvidoso
no pensamento. É necessário oferecer ao método científico um conjunto
de regras que conduzirá a ciência em direção à verdade. Para isso,
segundo Descartes, precisamos nos afastar do conhecimento sensível, isto
é, todo conhecimento proporcionado pelas sensações não nos serve de
fundamento para o conhecimento. O único conhecimento possível deve
ser aquele dado pelo intelecto, pela razão, por meio de regras, método e
investigação.
A necessidade de estabelecer um método que tenha como
resultado final a clareza dos princípios absolutos, exige de Descartes uma
filosofia primeira, que ilumine as regras para a direção do espírito, isto é, de
princípios que signifiquem a constatação da presença eficiente do cogito
(do pensamento) no mundo e que só através do sujeito pensante é que o
mundo pode ser tratado como certeza científica.
Descartes, ao afirmar a necessidade e a importância primordial do
cogito – do puro pensamento – rejeita a condição dos sentidos como fontes
claras do conhecimento. O mundo, que em Galileu era portador de uma
verdade própria, passará a ser, em Descartes, nada mais que um imenso
campo ou espaço de onde provêm os enganos, as ilusões e as mentiras. Do
mundo sensível (tudo que é material, concreto, que eu posso conhecer
pelas sensações) nada se pode esperar e concluir, a não ser que ele é falso e
motivo de erros de percepção. Dessa forma, Descartes separa o sujeito
pensante ou como consciência de um mundo carregado de
particularidades e sombras, e que nunca tem em si mesmo, as condições
verdadeiras de se conhecer. Muito pelo contrário, estas condições estão,
verdadeiramente, na essência do sujeito, em sua consciência, possuidora
de uma verdade sobre o mundo. Sendo assim, Descartes surge na
modernidade como o filósofo criador do sujeito individual, totalmente
separado da res extensa (significa o mundo, as coisas). O sujeito em
Descartes é visto como consciência, mas não uma simples consciência de
vontades e imaginação, mas como força do cogito que encontra sua
verdade a partir do processo da dúvida: jamais admitir coisa alguma como
verdadeira se não tenho certeza sobre ela, ou seja, se não consigo torná-la
evidente. A evidência é o remédio contra a dúvida. Importante também
como método é ordenar meus pensamentos, dos objetos mais simples aos
mais complexos e, posteriormente, realizar as enumerações necessárias e
137
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
mais exatas possíveis. Só assim seria possível alcançar a verdade das
coisas, do mundo.
A substancialização do sujeito, em Descartes, alcança
proposições que vão percorrer toda a história do pensamento,
principalmente no que trata à redução do corpo como simplesmente uma
extensão física e que em nada vai contribuir positivamente na busca da
verdade. O Sujeito em Descartes se fecha num tipo de circularidade que
vai da consciência do existir a uma existência garantida por uma
consciência, cuja única natureza, verdade primeira e indubitável, é o
pensamento, e este é inato. Segundo Chauí:
Idéias inatas são aquelas que não poderiam vir de nossa
experiência sensorial porque não há objetos sensoriais ou
sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia,
pois não tivemos experiência sensorial para compô-las a
partir de nossa memória. As idéias inatas são inteiramente
racionais e só podem existir porque já nascemos com elas.
(CHAUI, 1995, p. 71).
A garantia da existência das coisas, do mundo, nos é dada pela
substância pensante que se reconhece através dos seus modos e de suas
ações como sendo a afirmação do próprio pensar, ou seja, os modos de
vida do indivíduo ou a sua ética, é a correspondência direta e imediata da
força de sua razão, expressando, com isso, o itinerário da construção da
subjetividade – se o sujeito existe, é porque ele se constitui enquanto res
cogito ou como alguém que pensa.
No caminho da construção da subjetividade, Descartes parte para
um tipo de radicalização do “eu”, através de um distanciamento do
mundo. Esse distanciamento é marcado principalmente pelo princípio da
dúvida metódica, que propicia a Descartes a oportunidade de vivenciar
uma experiência de crítica a todo e qualquer tipo de conhecimento
adquirido. Fundando o princípio da dúvida metódica, Descartes dá ao
homem a qualidade de “ser que duvida”, colocando-o numa posição
central: de negação à afirmação da existência, tanto sua, como do resto
das demais coisas. Em Descartes, o fato de duvidar é condição para o
pensamento e o pensamento é também, segundo uma mesma ordem,
condição para a existência, notoriamente inscrita na frase que afirma:
Penso, logo existo.
Segundo Descartes, a subjetividade é constituída justamente em
sua autonomia para com o mundo pelo processo de afirmação da
consciência, do pensamento. A ambição cartesiana que surge é a sua
pretensão em solidificar metodologicamente o caminho que conduzirá à
evidência da verdade por regras claras e distintas. Uma verdade sobre o
mundo das coisas e sobre o homem principalmente, livre dos enganos.
A questão mais imediata é visualizar que o sujeito em Descartes é
portador de uma verdade universal (penso, logo existo), já que ele possui
138
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
um método que lhe dá clareza, segurança e objetividade rumo ao
conhecimento (análise, síntese e enumeração). Pelas mãos de Descartes, a
modernidade se consolida, acentuando suas bases no poder da razão,
caracterizando o sujeito moderno cartesiano (referente a Descartes =
cartesiano), fundador do conhecimento, já que a verdade se encontra no
interior de si mesmo enquanto certeza da consciência de si (eu me conheço
enquanto alguém que pensa). É o ponto importante na modernidade,
onde o homem se separa radicalmente do mundo, se recolhendo e se
bastando.
Descartes abre na modernidade o instante pelo qual insurge uma
nova noção de sujeito. A dúvida, trazendo consigo a verdade do pensar,
acaba comprovando a idéia cartesiana de consciência como modo pelo
qual se chegará à verdade. Com isso, o pensamento cartesiano estabelece
a verdade do sujeito enquanto consciência pensante. Nesse momento,
Descartes deixa clara sua pretensão em apontar o sujeito, tratando-o a
partir da noção de subjetividade. Quando considera o sujeito enquanto
substância pensante, Descartes afirma que os sentidos se tornam um
obstáculo e um limite à certeza garantida pela ciência. A construção da
dúvida metódica vem justificar tal postura, já que não se deve confiar
naquilo que é dado de forma mediata pela sensação. A percepção não nos
dá segurança, e nos tornamos vítimas das ilusões provenientes do mundo
ou das nossas fantasias fruto da imaginação. Esse tipo de questão para a
modernidade, até então, nunca tinha sido feita. O homem cartesiano
coloca sob suspeita tudo aquilo que lhe foi dado como certo e indubitável.
Descartes afirma a superioridade do intelecto sobre o sensível,
partindo para um novo fazer científico, iniciando com um entendimento do
próprio homem, que ainda se encontrava desconhecido. Descartes
descobre o homem como portador de uma consciência, e essa forma de
ver o homem desvinculado da natureza torna-se essencial para que o
mesmo possa pensar sobre a natureza.
O sujeito pensante é, então, um sujeito individual. E o que isso
significa? Que o sujeito visto como essência universal, unitária e pensante,
descolada do mundo sensível, nada mais é que algo vago e confuso. É um
sujeito que se caracteriza simplesmente por ter de forma inata o puro
pensar. O pensamento cartesiano nos remete e nos faz admitir um
dualismo, um momento de divisão de dois mundos: de um lado, o mundo
dos corpos sensíveis e extensos, que possuem grandeza espacial e que
podem se tornar conhecido através da matemática pura (da ciência); do
outro lado, o mundo racional, cuja essência é o próprio pensar. O mundo
físico e extenso, visto pelo dualismo cartesiano, se transforma em uma
grande máquina entendida, unicamente, pelas leis matemáticas
atribuídas ao pensamento como possuidor de idéias claras e distintas.
Jamais a verdade sobre o mundo das coisas poderá ser dada pela
percepção como fonte de verdade, já que as impressões (a sensação)
recaem constantemente no erro e na falsidade.
Crítica: Atitude ou
capacidade de distinguir
entre o verdadeiro e o
falso.
Dúvida metódica:
Denominação dada ao
método filosófico de
Descartes. A dúvida
metódica tem por objetivo
fundar a certeza de modo
inquebrantável, rejeitando
sistematicamente tudo
aquilo que não é certo.
Assim, “duvido, logo existo”
é a mesma coisa que
“penso, logo existo”.
139
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GLOSSÁRIO
C
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GLOSSÁRIO
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Contrariamente a essa idéia, o conhecimento racional marcado
por possuir como instrumento metodológico as qualidades imutáveis da
geometria analítica se qualifica como possibilidade de aplicação dos
conceitos matemáticos no mundo material, isto é, no mundo físico.
Descartes avança seu pensamento obstinadamente, na tentativa de
distinguir os objetos materiais e se os mesmos podem ser compreendidos.
Realiza uma profunda reflexão sobre os atos do imaginar, cuja existência é
possível graças ao papel das impressões (das sensações, ou seja, eu só
imagino porque posso sentir o mundo), que não se mostram como meio
confiável para se chegar à verdade, já que ela se manifesta como diferente
da natureza do pensar, concordando com processos cuja elaboração volta-
se completamente para espelhar as sensações do mundo físico que são
apreendidas pelos sentidos. Não se pode ter no cogito (no pensamento)
algo que me aparece como falso e ilusório, como os processos que
consolidam os atos do imaginar, que acabam se transformando num tipo
de verdade apropriada particularmente – subjetivismo – e que se define
como efeito do mundo corporal, subordinando o homem ao mundo das
sensações.
Em nenhum momento, Descartes nega a ocorrência no homem
de sensações, mas essas são independentes de uma relação com a
consciência ou substância pensante. As operações corpóreas são
simplesmente disposições dos órgãos dos sentidos, e não se pode concluir
que elas não sejam reais. As operações sensitivas ocorrem para o bom
funcionamento da máquina corporal, o que não significa que elas sejam
respectivamente da ordem do poder da razão, do cogito. O mais
importante em Descartes é mostrar como se dá o distanciamento na
constituição da subjetividade (do pensamento, da consciência) entre o
pensar e a realidade corpórea. Nesse caso, o homem é então
compreendido como sujeito-essência.
Entender a noção de homem em Descartes é o primeiro passo
estratégico para se compreender o período inaugurado como
modernidade, correspondendo esse momento ou acontecimento que se
apresenta historicamente ao princípio de uma nova filosofia, entendida
como compreensão do homem-sujeito: possuidor de um cogito em si
mesmo, reafirmando uma nova abordagem antropológica que
possibilitará posteriormente novas problematizações e críticas. Descartes
funda o homem a partir do sujeito pensante, que duvida de tudo que lhe é
dado como certeza, para metodicamente construir um mundo de verdades
claras e indubitáveis. A subjetividade em Descartes alcança um status, um
grau de autonomia e liberdade para com a realidade exterior tornando-se,
então, o modo privilegiado para pensar o sujeito e também o mundo.
3.2.3 O Empirismo: o Conhecimento pela Experiência
Neste tópico, discutiremos algumas questões importantes acerca
140
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Após a leitura enumere os
pontos importantes e
relevantes.
ATIVIDADES
do pensamento de David Hume e o empirismo:
?O conceito de empirismo;
?A crítica ao racionalismo;
?Os objetivos deste tópico são:
?Discutir alguns pressupostos epistemológicos do empirismo;
?Proporcionar o entendimento da modernidade como período
de afirmação não só do racionalismo, mas também do empirismo.
Orientação: Faca a leitura do texto abaixo e em seguida resolva as
questões.
O ponto de partida da reflexão
humeana está em considerar que todo
conhecimento que se refere ao mundo
começaria com a experiência, fundando-
se na percepção. Contudo, o autor
considera a percepção de duas maneiras:
impressões e idéias. As impressões seriam
as percepções mais vivas sentidas pelo
sujeito, como as sensações que se tem das
cores, dos sons, de uma paisagem, de uma
dor, de estados de tristeza e de alegria. As
idéias, de modo diferente, seriam cópias
das impressões, imagens mais pálidas que
resultariam da forma como o sujeito refletiria sobre as impressões ao usar a
memória ou a imaginação. Uma criança, ao colocar o dedo numa tomada,
poderia ser vítima de uma descarga elétrica capaz de produzir-lhe uma
impressão, porém; todas as vezes que lembrar ou imaginar essa
experiência, ela tomará contato com uma idéia, com uma cópia
modificada dessa mesma vivência. Assim, se as idéias seriam aquilo que
expressaria um pensamento, então seria impossível existir pensamento ou
idéia que não tivesse por origem uma ou mais impressões. Levando em
consideração esse tipo de raciocínio, os cegos ou surdos de nascença
jamais seriam capazes de desfrutar de uma idéia, pois alguém que tivesse o
seu aparelho perceptivo danificado seria incapaz de conhecer alguma
coisa.
A percepção dividi-se em impressões e idéias. As
impressões são nossas percepções mais vivas, [...] são as
nossas sensações quando experimentamos algo. As idéias
são os nossos pensamentos e, para Hume, não é, portanto,
possível supor pensamentos ou idéias cuja origem não
esteja numa ou num conjunto de impressões. (ANDERY, p.
312.)
Embora tais dados sejam fundamentais para se compreender
como Hume entende a estrutura mental de um sujeito, a situação que se
Figura 17: David Hume
141
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
coloca agora seria descobrir como o autor apresenta a produção do
conhecimento a partir das impressões e das idéias. O primeiro passo dado
pelo filósofo seria dividir o conhecimento em dois tipos de raciocínios: os
raciocínios demonstrativos, que se referem às relações de idéias; e os
raciocínios morais, que se referem às questões de fato e de existência. O
que seriam os raciocínios demonstrativos? Por que esse tipo de raciocínio se
referiria às relações de idéias? O exemplo que o pensador apresenta seria
bastante simples. Que três vezes cinco seria a metade de trinta expressaria
a relação existente entre as idéias desses números. Que um triângulo seja
uma figura de três lados expressaria a relação existente entre as idéias de
linhas. Em poucas palavras, esse tipo de conhecimento se limitaria às
operações lógicas do pensamento e não dependeriam, absolutamente, de
que tais objetos existissem em parte alguma do universo. Esse modelo de
conhecimento seria produzido pela geometria, aritmética e álgebra. Isso
significa que ainda que não existam na natureza triângulos, círculos,
quadrados, ou mesmo que a natureza não dependa de qualquer tipo de
cálculo para dar os seus passos, as verdades produzidas pela matemática
conservarão sempre a certeza obtida pelos seus raciocínios.
Há, para Hume, dois tipos possíveis de conhecimento. De
um lado, o conhecimento obtido pela aplicação do
raciocínio, pela construção de relações lógicas; o
conhecimento das matemáticas, geometria e da própria
lógica. [...] De outro lado, há o conhecimento que diz
respeito a questões de fato, que busca expressar conexões e
relações que descrevem ou explicam fenômenos concretos.
(ANDERY, pp. 315-316)
O que seriam os raciocínios morais? Por que esse tipo de raciocínio
se referiria às questões de fato e de existência? Aqui a resposta será um
pouco mais complexa que a apresentada acerca dos raciocínios
demonstrativos. Isso porque o conhecimento que se refere às questões de
fato lidariam com as conexões e relações capazes de descrever os
fenômenos naturais. Assim, a experiência passará a exercer uma função
especial, por se preocupar com os acontecimentos do mundo, o que faz
com que a verdade de uma afirmação não possa ser demonstrada, pois
todo o conhecimento conquistado dependerá da relação existente entre
aquilo que se passa na mente humana e aquilo que se coloca junto à
experiência. De qualquer forma, Hume considera esse modelo de
conhecimento muito mais importante, uma vez que seria o conhecimento
empírico que melhor poderia explicar ou traduzir as leis que fariam parte da
natureza. O problema seria saber como idéias individuais, produto de
experiências particulares, poderiam ser transformadas em leis gerais.
Embora possa parecer surpreendente, o autor acredita que as leis, as
regularidades descobertas junto à natureza, não passariam de regras
naturais da imaginação humana. O pensador chama tais regras de
142
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
associação de idéias, onde as idéias seriam associadas por contigüidade,
semelhança e causalidade, transformando a relação de causalidade como
o principal elemento de todo conhecimento que se refere às questões de
fato.
Para Hume, as afirmações gerais, as leis, as regularidades
que supomos descobrir com o conhecimento que
reproduzimos sobre o mundo derivam de regras naturais
que operam na imaginação dos homens. (ANDERY, p.
316)
Para o filósofo escocês, a relação de causa e efeito seria a única
maneira de se produzir conhecimento sobre as questões de fatos, não
existindo outra forma de se tomar contato com essa relação que não seja
tornando a experiência como critério de conhecimento. É que o
conhecimento sobre os acontecimentos abriria uma possibilidade para que
o homem pudesse confiar na previsão dos eventos no mundo, dependeria
da crença de que a experiência passada se tornasse o padrão de juízos
futuros. Isso quer dizer que para haver conhecimento sobre as coisas, a
natureza humana deverá criar uma expectativa de que aquilo que ocorrerá
no futuro repetirá aquilo que se deu no passado, de tal modo que a
natureza possa apresentar sempre um mesmo padrão para o surgimento
dos acontecimentos. Em poucas palavras, se todas as afirmações sobre a
existência devem se basear na relação de causa e efeito, se o
conhecimento dessa relação deriva da experiência, então toda conclusão
sobre a natureza deve supor que o futuro estará de acordo com o passado.
Percebe-se que os raciocínios demonstrativos diferem dos raciocínios
morais, indicando que o conhecimento sobre os fatos nunca conseguirá
demonstrar matematicamente seja o que for sobre o mundo. Porém, ainda
que o homem seja impedido de demonstrar a verdade de suas afirmações
sobre a experiência, seria o conhecimento empírico que possibilitaria a
confiança objetiva acerca das coisas, construindo uma abertura para que a
natureza humana possa explicar e transformar os fenômenos naturais. Se
não seria a razão, num modelo lógico-matemático, aquilo que permitiria
ao homem conquistar a confiança objetiva diante dos acontecimentos, o
que seria então? A resposta humeana é, novamente, surpreendente, pois
seria o hábito e não a razão que possibilitaria ao homem adquirir toda essa
confiança.
É essa relação, a de causalidade, que é o traço
fundamental, a primeira característica de todo
conhecimento sobre questões de fato. (...) Para Hume, não
há como estabelecer tais relações causais e, portanto, não
há como construir conhecimento sobre questões de fato, a
não ser a partir da experiência, que se torna, assim, a
segunda característica desse tipo de conhecimento. (...)
Para Hume, o conhecimento relativo a questões de fato
também está na dependência de se confiar na experiência
Fenômeno: Objeto do
conhecimento sensível. O
modo como a realidade
nos aparece e é conhecida.
143
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GLOSSÁRIO
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
passada e fazer dela o padrão de nossos juízos futuros.
(ANDERY, pp. 317-318)
Enganar-se-ia quem achasse que o problema encontraria seu final
com o conceito de hábito. Embora esse tema seja indispensável para se
entender como seria possível o conhecimento sobre as questões de fato,
Hume aponta ainda um outro conceito que complementa toda a sua
reflexão: a crença. A crença possui um papel especial dentro do edifício
apresentado pelo pensador escocês, pois é a crença que possibilita ao
sujeito fortalecer as conexões derivadas do hábito, permitindo-lhe
diferenciar as ficções produzidas pela imaginação do conhecimento, dos
fatos. Se as idéias não passam de cópias das impressões, tendo a
imaginação o poder de separar ou unir as idéias à vontade, então nada
impediria que a imaginação preenchesse a mente humana de seres
fictícios. Como reprodutora da percepção humana, a imaginação poderia
juntar de uma nova maneira imagens de coisas percebidas: um cavalo
alado, por exemplo, seria a junção da imagem de um cavalo percebido
com a imagem de asas percebidas; uma sereia, a junção de uma imagem
de mulher percebida com a imagem de um peixe percebido; uma
montanha de ouro, a junção de uma imagem de uma montanha percebida
com a imagem de uma pedra de ouro percebida. Entretanto, como a
crença estaria ligada ao hábito, à relação de causa e efeito e às
observações da experiência, sendo a crença uma maneira de conceber
objetos de modo mais firme, a mente humana seria forçada a não
acreditar em cavalos alados, sereias, montanhas de ouro, uma vez que
seria impossível encontrar na experiência a existência de tais objetos. Por
outro lado, seria a crença que ajudaria o homem a tentar antecipar a
ocorrência de um evento no futuro ligando-o ao número de ocorrência
mais freqüentes no passado. Assim, será o número de ocorrência no
passado que fortalecerá a crença de que esse evento poderá se repetir no
futuro. Um time de futebol que venceu oito partidas e perdeu duas
fortalece a crença humana de que será mais provável que venha vencer e
não perder a próxima partida.
A concepção de hábito como um princípio que leva ao
conhecimento de questões de fato conduz a um outro
conceito de Hume: o conceito de crença. A crença fortalece
as conexões que foram derivadas do hábito e permite ao
homem optar por determinadas conexões causais e por
determinadas expectativas quando, diante de um fato, lhe
permite diferenciar aquilo que é considerado uma ficção da
imaginação daquilo que é conhecimento de fato. [...] Para
Hume, a crença está associada à noção de probabilidade.
A ocorrência mais provável de um evento no futuro está
associada à sua ocorrência mais freqüente no passado.
Essa ocorrência passada fortalece a crença na ocorrência
futura do evento, dado que a ele se associa uma maior
probabilidade de que venha a acontecer. (ANDERY, pp.
319 e 320)
Experiência: O termo
“empirismo” se traduz por
experiência e significa,
literalmente, contato com
algo. A experiência seria
assim, uma apreensão da
realidade externa através
dos sentidos que forma a
base necessária de todo
conhecimento.
144
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GLOSSÁRIO
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Como se pode notar, Hume acredita que o problema do
conhecimento teria por fundamento princípios que fariam parte da mente:
impressões, idéias, imaginação, hábito e crença. Ao se perguntar como
seria possível ao homem conhecer algo, o filósofo mostra que o sujeito
associaria impressões, idéias, recebidas pelos órgãos dos sentidos e retidas
na memória. Ao indicar que a relação causal é o que possibilitaria o
conhecimento sobre a existência de fatos no mundo, o autor afirma que a
relação causal não passa de um simples hábito que a mente do homem
conquistaria ao estabelecer relações de causa e efeito entre percepções e
impressões sucessivas. Seria a repetição constante e regular de impressões
sucessivas que leva a natureza humana à crença de que existe uma
causalidade real que faria parte das próprias coisas, quando na verdade
tudo isso estaria presente na mente do sujeito. Assim, a produção de
conhecimento dependeria não apenas da experiência, mas de princípios
psicológicos da natureza humana. Embora tais idéias tenham trazido
muita polêmica para a história do pensamento, não deixaram de se colocar
como uma marca capaz de reconhecer o pensador escocês como um dos
mais importantes da era moderna.
3.2.4 Kant e o Iluminismo Criticista
Neste tópico, discutiremos
algumas questões importantes acerca do
pensamento de Immanuel Kant:
?O problema da intuição;
?O problema da faculdade da
sensibilidade, do entendimento e da
razão.
?Os objetivos deste tópico são:
?Discutir alguns conceitos
tratados por Immanuel Kant e sua
contribuição para a filosofia moderna.
Orientação: Faça uma leitura do texto abaixo e em seguida
resolva as questões após a unidade.
O contexto da reflexão kantiana seria o século
XVIII, marcado por duas ciências que apresentavam resultados
indiscutíveis para a humanidade: matemática e física. Ao lado dessas duas
ciências existia ainda a metafísica que, ao contrário das duas ciências, não
só procurava tratar da realidade última das coisas como não conseguia
convencer ninguém sobre os seus resultados. O grande interesse do autor
alemão seria desenvolver uma reflexão sobre essas três disciplinas,
tentando descobrir o motivo do descompasso existente entre a
matemática, a física e a metafísica. Esse problema poderia ser formulado
145
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 18: Kant
Causalidade: Para Hume,
causalidade reflete nossa
forma habitual de perceber
as relações entre
fenômenos. Causalidade
não expressa assim uma lei
natural, de caráter
necessário, mas uma
projeção sobre a natureza
de nossa forma de
perceber o real.
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GLOSSÁRIO
A partir do texto,
qual é o papel da
imaginação em David
Hume?
PARA REFLETIR
Como o autor
descreve a mente
humana?
ATIVIDADES
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
da seguinte maneira: Como foi possível à matemática e à física
conquistarem um caminho seguro de ciência? Por que a metafísica não
trilhou o mesmo caminho? O problema da matemática será resolvido na
Estética transcendental; o da física, na Analítica transcendental; e o da
metafísica, na Dialética transcendental. Estética, Analítica e Dialética são
as três partes que constituem a Crítica da Razão Pura. Assim, o que filósofo
define como crítica da razão consistirá numa reflexão feita pela razão
procurando saber quais os limites daquilo que o homem poderia conhecer.
Na Estética, o autor mostra como seria composta a estrutura sensível do
sujeito do conhecimento. A intuição, faculdade da sensibilidade, seria
responsável pelo modo como os objetos lhe seriam dados: fenômenos.
Porém, a sensibilidade seria dividida de duas maneiras: matéria e forma.
Se a matéria seria as impressões que o sujeito recebe dos objetos, a forma
exprime a ordem na qual as impressões são colocadas. Na verdade, a
matéria seria a posteriori, derivando da experiência, a forma seria a priori,
anterior e independente da experiência. Ao analisar a estrutura sensível,
Kant descobre duas formas da sensibilidade responsáveis por ordenar as
sensações ou impressões no sujeito: espaço e tempo.
A nossa capacidade de sermos afetados pelo
objeto está a priori no ser humano, ou seja,
precede qualquer experiência, sendo, portanto,
necessária e igual em todos os seres humanos.
Ela é denominada intuição pura. Ela permite
que as impressões fornecidas pelas sensações,
que são diversas, múltiplas e dispersas, sejam
ordenadas a partir de uma capacidade da
mente. (...) Se retiramos da sensibilidade tudo o
que provém da sensação (cor, dureza, etc.),
portanto tudo o que a matéria lhe fornece,
restarão somente as formas da sensibilidade,
ou seja, a intuição pura, a única coisa que a
sensibilidade nos fornece a priori como
condição de captação – o espaço e o tempo.
(Para Compreender a Ciência, pp. 347 e 348).
Para o filósofo, o espaço e o tempo não são extraídos da
experiência, mas se constituem como intuições a priori, por existir na mente
do sujeito como as condições pelas quais os fenômenos seriam percebidos:
o espaço teria a função de apreender os objetos fora do sujeito; o tempo
seria responsável pelo modo como o sujeito tem acesso às suas mudanças
no tempo. Se a matemática obteve sucesso nos seus resultados, isso se deu
em função dela tomar como base uma intuição pura, dotada de espaço e
tempo, enquanto formas a priori. Assim, espaço e tempo seriam as duas
condições necessárias para que o conhecimento matemático tivesse
146
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
A posteriori: Tudo aquilo
que é proveniente da
experiência.
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GLOSSÁRIO
A priori: Representação
necessária e universal,
independente da
experiência, logo, condição
da experiência.
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GLOSSÁRIO
resultados de caráter universal e necessário. Por necessário e universal
deve-se entender aquilo que seria inquestionável, que seria aceito sem
qualquer discussão: por exemplo, ninguém duvida que os ângulos internos
de um triângulo correspondam a dois ângulos retos. No entanto, resta
ainda saber como a física teria conquistado essa condição. Tal idéia supõe
acompanhar como Kant apresenta, na Analítica, os elementos a priori da
faculdade do entendimento. Isso, porque o entendimento seria a sede
onde se encontram as categorias, também chamadas conceitos, que
organizariam os conteúdos enviados pela sensibilidade. Assim como
através da sensibilidade os objetos são dados, através do entendimento
eles seriam conhecidos. Para que o sujeito conheça alguma coisa, será
necessário estabelecer uma relação entre as faculdades da sensibilidade e
do entendimento, senão a produção de conhecimento seria
impossibilitada.
Assim, entendimento e sensibilidade não têm, cada qual,
seu objeto próprio; conceitos e intuições são necessários
para a elaboração do conhecimento, não tendo, nenhum
desses elementos, preponderância sobre o outro.
(ANDERY, p. 347).
Para alcançar os conceitos que se referem a priori aos objetos, o
filósofo alemão partiu dos diferentes tipos de juízos classificados pela
lógica aristotélica (384-322). Essa classificação seria a seguinte:
quantidade (universais, particulares, singulares); qualidade (afirmativos,
negativos, indefinidos); relação (categóricos, hipotéticos, disjuntivos);
modalidade (problemáticos, assertórios, apodíticos). Ao tomar como base
a classificação desses juízos, Kant conseguiu estabelecer a seguinte tábua
das categorias: categoria de quantidade (unidade, pluralidade,
totalidade); categoria de qualidade (realidade, negação e limitação);
categoria de relação (substância e acidente, causa e efeito, ação
recíproca); categoria de modalidade (possibilidade, existência e
necessidade). Como se pode notar, nenhum desses elementos foram
retirados da experiência. O autor denomina dedução transcendental o
modo pelo qual os conceitos a priori se referem aos objetos da experiência,
embora não tenham sido extraídos da experiência.
Para determinar quais seriam os conceitos que se referem a
priori aos objetos, Kant partiu dos juízos que os lógicos
propunham até então. Estabeleceu, assim, uma tábua de
categorias. (ANDERY, p. 351).
Se a física conseguiu obter sucesso nos seus resultados, isso se deu
em função dela tomar como base a existência de conceitos ou categoria,
que teriam por referência a faculdade do entendimento.
Conseqüentemente, na medida em que o entendimento dispõe da
capacidade de aplicar os seus conceitos junto à sensibilidade, o
147
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
conhecimento produzido pela física não só terá um caráter necessário e
universal como atingirá total êxito nas descobertas das leis que envolvem os
fenômenos naturais: por exemplo, ninguém duvida que toda mudança no
mundo tem uma causa. Na verdade, todo esse sucesso obtido pelas
ciências seria fruto de uma revolução. O filósofo alemão a chamou de
revolução copernicana. O que seria isso? Sabe-se que a tradição antiga e
medieval concebia o universo como Geocêntrico, acreditando que a terra
era imóvel, se encontrava no centro do universo, tendo os demais planetas
girando ao seu redor. Porém, as descobertas elaboradas por Copérnico
mostraram que essa concepção seria falsa. Para o astrônomo, a terra não
seria imóvel, não representava o centro do universo, girando em torno do
sol. Essa nova forma de conceber o universo é chamada de
Heliocentrismo. Isso significa que, a partir de Copérnico, ocorre uma
completa inversão na forma como o universo é compreendido. Que
importância isso teria nas reflexões apresentadas por Kant? O que o autor
alemão critica na tradição da filosofia é a iniciativa dos filósofos em colocar
a realidade objetiva como prioridade sem se perguntarem pela natureza da
própria razão. Para o filósofo, não é a razão que deveria se curvar a uma
realidade objetiva qualquer, mas toda e qualquer realidade objetiva é que
deveria se submeter às exigências da razão.
A razão, portanto, não estaria subordinada à
experiência, mas determinaria, segundo suas
exigências, o que deveria ser observado; a
razão projetaria a partir de conceitos a priori o
que buscar na natureza, objetivando descobrir
leis da própria natureza. Tal associação, da
razão com a experiência como forma de
produzir conhecimento, Kant considera uma
revolução pela matemática e pela ciência da
natureza (física), dois conhecimentos teóricos,
ou especulativos, da razão. (ANDERY, p. 344.)
Porque a metafísica não teria conquistado o mesmo sucesso da
matemática e da física? A solução do problema fora tratado pelo autor
alemão na Dialética, onde seriam apresentados os elementos a priori da
faculdade da razão: idéias. Ao contrário da matemática e da física, que
buscavam conhecer os seus objetos junto à experiência, a metafísica
tentaria conhecer algo que ultrapassa a experiência. A metafísica seria um
domínio que sempre se viu na tentativa de conhecer a alma, Deus e o
mundo. Na verdade, Deus, alma e mundo são idéias da razão. O problema
é que embora o homem busque o conhecimento de tais idéias, parece
pouco provável que isso aconteça. Por qual motivo? É que tais idéias não
podem ser conhecidas, por ultrapassar os limites daquilo que a natureza
148
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Categoria: representação
geral do entendimento,
destinada a dar unidade às
sínteses sensíveis.
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GLOSSÁRIO
humana poderia conhecer. O filósofo afirma que a alma, Deus e o mundo
são não só idéias, mas númenos, aquilo que pode ser pensado mas não
conhecido. Em poucas palavras, a razão humana seria limitada a conhecer
apenas o que se daria à sua sensibilidade, aquilo que se dá na experiência:
fenômenos. Conseqüentemente, fora da experiência, os númenos,
chamados coisas em si, não seriam conhecidos pelo homem.
A terceira parte da Crítica da Razão Pura – Dialética
transcendental – refere-se à ilusão da razão ao pretender
obter conhecimentos da existência de Deus, da alma e do
mundo. (...) Conclui pela impossibilidade de se resolver tais
questões, pois essas idéias da razão não são passíveis de ser
objetos da experiência. (...) Portanto, sobre tais idéias,
objeto da metafísica, não se pode produzir nenhum
conhecimento objetivo. (ANDERY, p. 355)
Observa-se que o sujeito, formulado por Kant, seria constituído de
uma estrutura racional dotada de formas a priori da sensibilidade, do
entendimento e da razão que indicaria aquilo que o homem poderia ou não
conhecer. O filósofo alemão chama essa estrutura de transcendental. Isso
em função dela corresponder às diversas maneiras pelas quais o sujeito
pode conhecer os objetos. Ainda que outros filósofos venham a discordar
da interpretação kantiana, não se pode falar de conhecimento sem que
tais questões sejam discutidas, o que faz de Kant um dos autores mais
importantes que já surgiu na história da civilização humana.
149
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Após a leitura,
quais os pontos
importantes e relevantes
acerca do texto?
A partir do texto, o
que você entendeu por
Revolução Copernicana?
Coisa-em-si (noumenon):
Corresponderia como
aquilo que pode ser
pensado, embora não
possa ser conhecido.
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GLOSSÁRIO
ATIVIDADES
PARA REFLETIR
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1995.
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dário. História da filosofia. 4.ed. v. III
Trad. Álvaro Cunha. São Paulo: Paulus, 1991.
REFERÊNCIAS
150
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
4.1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade estudaremos um movimento filosófico muito
importante. Ele surgiu nos Estados Unidos na primeria metade do séc.
XIX, mais precisamente na década de 1830, e até os dias de hoje
influencia o pensamento dos filósofos contemporâneos. Estamos falando
do Pragmatismo. O que é Pragmatismo? Você deve estar perguntando
agora. Antes de respondermos a esta questão falaremos brevemente de
alguns aspectos que foram relevantes para o desenvolvimento do
Pragmatismo.
A preocupação do homem em relação ao modo como ele deve
agir no mundo é tão antiga quanto a consciência humana de que não
existe possiblidade para viver fora de uma sociedade qualquer. Então,
desde que o homem tomou consciência de que ninguém poderia viver
completamente isolado da presença dos outros, o modo como se deve agir
também passou a fazer parte de suas reflexões.
Temos, já no séc. V a.C, o filósofo Aristóteles afirmando que o
homem é um “animal político” por natureza e, portanto, não pode
prescindir, ou seja, não pode abrir mão da presença de outros homens para
viver. Pensando assim, o mesmo Aristóteles dedica parte de sua obra à
reflexão sobre a Ética. Ele pensa e escreve exatamente sobre o modo como
os homens agem em comunidade, sobre os seus costumes e os seus
hábitos. Ele chamou esse tipo de ação como práxis. A práxis é
compreendida como o oposto da theoría. Apesar disso, um não pode ser
compreendido totalmente separado do outro e, portanto, há uma certa
relação de interdependência entre os conceitos. Pois era impensável para o
filósofo Aristóteles que a ação (práxis) não fosse precedida e, até certo
ponto, regulada pela teoria (theoría).
A partir daí, dezenas de filósofos passaram grande parte de suas
vidas comprometidos com o estudo e a investigação da ação humana e de
suas conseqüências para a sociedade. Entretanto, o que se seguiu foi uma
separação nítida entre o modo como os homens agem e a regra pela qual
deveriam agir. E, uma das conseqüências mais importantes dessa relação
homem - sociedade foi exatamente a separação radical entre a teoria e a
prática. Então, já podemos voltar a questão: O que é Pragmatismo?
Falando de uma maneira bem simplificada, o Pragmatismo é um
movimento filosófico que tem como característica principal a valorização
da 'prática' em oposição à “teoria”. Os principais filósofos que representam
o Pragmatismo são os norte-americanos Charles Sanders Peirce (1839-
19140), William James (1842-1910) e John Dewey (1859-1952). As
pesquisas dos filósofos pragmáticos estavam centradas basicamente em
dois campos de reflexão. Um deles é o campo da teoria do conhecimento e
o outro o campo da moral. Veremos a seguir como os filósofos pragmáticos
UNIDADE 5A AÇÃO NA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA4UNIDADE 4
A AÇÃO NA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
Práxis: ação na qual se
aplica conhecimenos
adquiridos teoricamente;
“prática”.
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GLOSSÁRIO
Pragmatismo: vem do
vocábulo inglês
pragmatism, que deriva do
termo grego pragma, que
significa ação. (ver
JAPIASSU e MARCONDES,
2005, p. 223) .
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GLOSSÁRIO
Teoria do conhecimento:
área da Filosofia que
estuda os diversos modos
do conhecimento humano,
tais como: conhecimento
científico, conhecimento
filosófico. (Ver CHAUÍ,
1995, p. 55).
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GLOSSÁRIO
152
se ocuparam desses problemas.
4.2 AS ORIGENS DO PRAGMATISMO: PEIRCE E JAMES
O primeiro pensador a usar o termo Pragmatismo foi o norte-
americano Charles Sanders Peirce que nasceu em Cambridge, nos Estados
Unidos, em 1839. Além de se formar em Física, Química e Matemática, ele
foi um estudioso da Filosofia. Segundo Peirce, o Pragmatismo é como um
método utilizado para compreender o verdadeiro significado das idéias.
Mas, para isso, é necessário refletir sobre os efeitos práticos causados pelas
idéias quando as mesmas são aplicadas na realidade concreta.
Nas palavras do próprio Peirce está o resumo do que ele
considerou como 'regra pragmática'. Vejamos: segundo Peirce, para
apurar o significado de um concepção intelectual deve-se considerar quais
as conseqüências práticas poderiam, concebivelmente, resultar por
necessecidade dessa verdade ou dessa concepção; e a soma dessas
conseqüências constituirá todo o significado da concepção. Para dar um
exemplo de como a teoria de Peirce pode ser analisada na realidade,
vamos observar o comentário do Professor Olavo de Carvalho em seu texto
Notas sobre Charles S. Peirce: por exemplo, do marxismo pode-se inferir
logicamente a revolução proletária e o estado sem classes, como
conseqüências pretendidas. Mas, na prática, suas conseqüências reais
foram um golpe militar e a instauração da
ditadura de uma nova classe.
Como vimos no exemplo dado pelo
professor Olavo de Carvalho, uma das teses
centrais da teoria comunista do filósofo Karl Marx
(1818-1883), ou o chamado marxismo, era
exatamente a que previa a revolução dos
trabalhadores e a extinção das classes. E quando
os socialistas tentaram colocar em prática tais
idéias, o resultado não foi de modo algum aquilo
que se esperava. A tomada do poder não se deu
através de uma verdadeira revolução do proletariado (como pretendiam os
socialistas), pois uma nova classe surgiu como dominadora desses
mesmos trabalhadores.
Willian James, também considerado um dos fundadores do
Pragmatismo, nasceu em 1842, na cidade de Nova York nos Estados
Unidos, onde estudou Medicina. Estudou Filosofia na Alemanha mas
dedicou-se principalmente à pesquisa no campo da Psicologia. Para James
a 'utilidade' é o critério pelo qual devemos julgar o valor das idéias. Por isso,
ele considera que a verdade só pode ser necessariamente aquilo que é útil.
Portanto o valor de qualquer idéia está na sua eficácia, ou seja, uma idéia
só tem valor se tiver êxito.
Figura 19: Charles S.Peirce
153
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte
: w
ww
.mundodosf
iloso
fos.
com
.br
Segundo Giovanni Reale e Dário Antiseri, foi James quem tornou o
Pragmatismo conhecido no mundo. James concebia o Pragmatismo como
uma Filosofia que estava mais presente na vida dos homens. Para James, a
filosofia é como um instrumento útil aos homens. É o próprio James quem
afirma que o Pragmatismo foge da abstração, das soluções verbais e se
volta para o concreto e o adequado, para os fatos, para a ação. (JAMES
apud REALE e ANTISERI, 1991, p. 493)
É interessante observar como o filósofo William James
compreende a idéia de Deus a partir de sua visão pragamática. O que a
prática dessa filosofia [poderíamos dizer a crença em Deus, por exemplo]
significa para nossas vidas e nossos ineresses? Portanto, a crença em Deus
pode ser uma idéia valida se, de fato, ela trouxer
algum benefício para quem crê. E isto parece
claro na seguinte tese de James. Observe: se
houver qualquer vida que seja realmente melhor
levarmos, e qualquer idéia que, aceita por nós,
nos ajude a vivê-la, será realmente melhor para
nós acreditar em tal idéia, a menos que isso se
choque incidentalmente com outros benefícios
vitais maiores.
Você já deve ter percebido que para James a validade e
importância de uma idéia está associada a sua utilidade prática na vida de
cada um. Leia abaixo o que o próprio James escreveu sobre o que é a
verdade:
O verdadeiro [...] é apenas o conveniente no
caminho do nosso pensamento [...] A verdade é
uma das espécies de bem, e não, como e, geral
se supõe, uma categoria distinta do bem e
coordenada com ele. Verdadeiro é o nome de
tudo aquilo que se mostrar bom no caminho da
crença. (JAMES apud DURANT, 1991, p. 464)
Agora, leia e observe abaixo no poema de Carlos Drumond de
Andrade que tem como título: Verdade.
Figura 21: William James
Figura 20: John Dewey dedicou parte de sua pesquisa ao campo da Educação
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GLOSSÁRIO
Incidentalmente:
conseqüentemente; de
modo acidental.
154
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
Fonte
: w
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.mundodosf
iloso
fos.
com
.br
Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixa passar meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia
verdade.
E sua segunda metade volta igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus
fogos.
Era divida em metades diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual metade era mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua
ilusão, sua miopia.
Agora é com você. Reflita e procure estabelecer uma relação entre
o texto de James e o poema de Drumond.
4.3 O PRAGMATISMO DE JOHN DEWEY: PRINCIPAIS
CARATERÍSTICAS E CONTRIBUIÇÕES
Apesar de ter sido Peirce quem primeiro desenvolveu a teoria
pragmática e de ter sido James o responsável pela sua divulgação, quem
mais se destacou entre os filósofos ligados ao
Pragmatismo foi Dewey. John Dewey nasceu
em 1859 em Burlington, cidade situada
também nos Estado Unidos. Ele é até hoje
muito conhecido por seus trabalhos na área da
Filosofia política e, sobretudo, na área da
Filosofia da Educação. Entretanto, a sua vasta
obra busca uma interação entre a filosofia e
todos os campos dos saberes humanos.
Se de um lado o pragmatismo de
Peirce está centrado na avaliação exclusiva
das idéias, a partir das suas conseqüências
práticas, em James, o que interessa é apenas a utilidade da verdade na
vida dos indivíduos; em Dewey, o que é mais importante é a aplicação
social das idéias. Daí ele próprio chamar a sua filosofia de
instrumentalismo. E é exatamente disso que vamos tratar agora de modo
Assistam o filme Julian Pó:
o contador de mentiras. O
filme mostra de um modo
interessante como a crença
ingênua pode levar os
homens ao absurdo. O site
www.portal.filosofia.pro.br
do professor da Paulo
Ghiraldelli Jr., contém
ótimos artigos sobre o
Pragmatismo.
Esplendia: resplandecia;
brilhava intensamente.
Será que os homens, de
fato, devem acreditar
somente naquilo que pode
ser útil em suas vidas,
conforme pensou o filósofo
William James?
PARA REFLETIR
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GLOSSÁRIO
DICAS
155
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Figura 22: John Dewey
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
mais detalhado.
Dewey acredita que a experiência e o pensamento só têm sentido
se entendidos a partir de uma interação entre o homem e o seu meio
ambiente. Sendo assim, pensamento e ação, necessariamente, não são
opostos, e qualquer separação entre o conheciemnto teórico e o
conhecimento prático significa negar a natureza integrada do verdadeiro
conhecimento. Isso porque nenhuma idéia pode ser verdadeira apenas
teoricamente, pois toda teoria que se queira verdadeira deve se apresentar
de tal modo que os homens sejam capazes de encontrar, a partir dessa
mesma teoria, algo correspondente na experiência, ou seja, é necessário
aplicá-la na prática.
Para Dewey, o papel da Filosofia pragmática
enquanto instrumentalismo é o de contribuir
para o desenvolvimento científico e moral dos
homens. E não há como pensar esses dois
campos de modo separado. A experiência, os
hábitos, o modo de vida são tão importante
para o desenvolvimento da ciência, quanto os
saberes científicos são importantes para o
aprimoramento moral do homem. Dewey
afirma que o homem vive em um mundo
aleatório e que a sua existência implica o acaso.
O mundo é o palco do risco: é incerto, instável,
terrivelmente instável. Para Dewey a
experiência do homem neste mundo revela tais
incertezas, na medida em que nela estão
presentes “os sonhos, a loucura, a doença, a
morte, a guerra, a confusão, a ambigüidade, a
mentira e o horror. A experiência humana inclui
os sistemas transcendentais como também os
sistemas empíricos, inclui tanto a magia e a
superstição como a ciência” (DEWEY apud
REALE e ANTISERI, 1991, pp. 505-506).
Se não fosse a capacidade humana de ordenar e tentar
compreender as suas experiências, a vida do homem não teria sentido. O
desafio da filosofia deweyana é tornar-se um instrumento de
desenvolvimento das possibilidades intelectuais do homem e, sobretudo,
das suas habilidades morais. Para ele:
A meta da vida não é a perfeição, mas o eterno
p r o c e s s o d e a p e r f e i ç o a m e n t o ,
amadurecimento, refinamento. O homem mau
é o homem que, não importa o quanto tenha
sido bom, está começando a deteriorar-se, a
156
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
ficar menos bom. O homem bom é o que não
importa o quanto tenha sido moralmente
indigno, está agindo para tornar-se melhor.
(DEWEY apud DURANT,1991, pp. 474-475)
Partindo de um caminho diferente daquele seguido por Peirce e
James, que foram seus precursores do Pragmatismo, Dewey encontra na
formação humana o ponto de referência para sua filosofia. Para ele, todas
as idéias desenvolvidas pela investigação científica, na tentativa de
solucionar os problemas reais, deveriam ser colocadas em prática para
testar os seus resultados na sociedade. Assim, as idéias funcionariam
como instrumentos auxiliares na vida prática dos homens.
A Educação constitui, então, o campo onde todas as
preocupações humanas estão presentes. Por essa razão, Dewey estava
convicto de que sua própria filosofia pode ser definida como uma teoria
geral da educação. A preocupação de Dewey em relação à educação
levou-o a romper com o modelo educacional tradicional, bem como
questionar as novas tendências educacionais. Isso porque a educação
tradicional estava preocupada com uma formação essencialmente
conteudista e negligenciava a experiência dos próprios educandos. As
novas tendências educacionais, por sua vez, apontavam para uma
alorização extrema da técnica em detrimento do conhecimento teórico.
Da crítica de Dewey a esses modelos, surge um novo projeto
pedagógico progressista que busca conciliar os extremos. A chamada
escola ativa deveria convergir para um mesmo instante de formação,
saberes que até então estavam totalmente dissociados. Dewey via nessa
separação entre teoria e prática, uma desastrosa conseqüência para a
formação humana. Por isso, ele propõe uma educação progressista que
resulta num processo dinâmico entre o pensamento e a experiência, entre
o planejamento e a execução dos projetos planejados; levando sempre em
conta as conseqüências de tal educação na sociedade.
Ora, se para Dewey a vida implica desenvolvimento, e se a
Educação era de fato necessária para que os seres humanos se
desenvovlvessem planamente, então a própria Educação não pode ser
considerada apenas como uma preparação para a vida. Ela deve ser
contínua. A Educação é um processo, e como tal, deve acompanhar o
homem enquanto dure sua vida, conforme as palavras do próprio Dewey,
que diz: “uma pessoa educada é aquela que tem a virtude de continuar a
adquirir mais educação”. ( DEWEY, apud STROH, 1968, p. 330)
Podemos destacar dois pontos muito importantes da concepção
deweyana de educação. Trata-se dos problemas ligados à moral e à
política. As questões morais ocupam um lugar muito importante na teoria
pragmática instrumentalista de Dewey. A pergunta central colocada por
ele é a de saber que tipo de pessoas queremos ser e, conseqüentemente,
que tipo de mundo se constrói. E a escolha diante dessas questões
Detrimento: perda, dano,
prejuízo; em prejuízo de.
Assistam ao filme Escola da
vida. Depois, discuta no
fórum uma possível relação
entre a proposta deweyana
de uma escola ativa e o
filme. Uma importante
fonte das idéias deweyanas
é o seu livro Vida e
Educação, uma obra prima
traduzida por Anísio
Teixeira.
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ATIVIDADES
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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
perpassa pelo velho conceito de deliberação (escolha) com novas
implicações. Então, para Dewey “todos os bens que têm verdadeiro valor
são sociais, e é por isso que as pessoas boas visam ao bem comum”.
(DEWEY apud PUTNAM, 2003, p. 377)
Há aqui, portanto, uma estreita ligação entre o indivíduo e a
sociedade. A questão da formação moral está, portanto, intimamente
relacionada à questão da formação política. Sendo assim, diz Anna
Putnam, a maior preocupação do filósofo John Dewey era exatamente a
formação das crianças. Todas as crianças deveriam ser educadas para se
tornarem “cidadãos inteligentes de uma democracia, seres humanos que
continuassem a crescer intelectual e moralmente durante a vida toda.”
(PUTNAM, 2003: p.
378)
Dewey chama
a atenção para uma
q u e s t ã o m u i t o
c o m p l e x a . C o m o
conciliar o ilimitado
poder humano de
p r o d u ç ã o d e
c o n h e c i m e n t o
c i en t í f i co com a
u t i l i zação des ses
saberes na vida cotidiana dos homens? De fato, o avanço do
conhecimento científico é um dos pilares não só para o crescimento
individual, mas também para o desenvolvimento da sociedade em geral.
Porém, não há um padrão moral para balizar a produção científica. Por isso
Dewey alerta para o uso das descobertas científicas. Para ele, “a ciência é
indiferente ao fato de suas descobertas serem utilizadas para curar as
doenças ou difundí-las, para acrescer os meios para a promoção da vida ou
para fabricar material bélico para aniquilá-la.” (DEWEY apud REALE e
ANTISERI, 1991, p. 512). Aqui nos deparamos com uma questão moral
que ganha claros contornos políticos.
A compreensão e possível solução dos problemas morais e
políticos exige um esforço filosófico capaz de conciliar os saberes científicos
Figura 23: Manolito defendendo o idealdemocrático deliberdade de expressão
158
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
Figura 24: Democracia
com a vida humana. Essa é a expectativa de Dewey, que se procupava
muito com seguinte fato: Nós conseguimos desenvolver ao máximo nossa
capacidade intelectual no conhecimento prático da Física, da Química.
Mas quando se trata dos valores políticos e morais, não conseguimos
avançar do mesmo modo e, consequentemente ficamos para trás.
A maior tarefa que se impõe à filosofia de Dewey é, portanto, a de
ser um instrumento capaz de reconstruir os meios e os fins científicos com a
intenção de aperfeiçoar a construção das ciências e sua utilização.
Associada à ética e à política, a ciência tem o dever de rever os seus fins
últimos, isto é, analisar de que modo os seus resultados influenciam a vida
humana. A partir daí, a conduta moral e a tomada de decisões, também
devem ser concebidas como assunto da ciência. Se tais juizos não podem
ser feitos pela ciência, ela não pode levar a cabo sua tarefa.
No entanto, essa tarefa pedagógica depende plenamente de uma
sociedade cuja principal bandeira é a liberdade. Mas nenhuma sociedade
é livre no sentido pleno da palavra. A liberdade exigida por Dewey não é
algo pronto e muito menos algo apenas institucional. A liberdade, assim
como a vida, só pode significar um processo.
Dewey afirma que não pode haver nenhuma liberdade
efetiva sem organização e planejamento social inteligente.
[...] A liberdade é inseparavel da cultura; envolve
essencialmente toda uma série contínua de transações
entre as pessoas e grupos, politicamente, moralmente [...].
(STROH, 1968, p. 337)
Uma sociedade que se quer livre, conforme Dewey, é aquela onde
todas as pessoas maduras participam da formação dos valores que servem
para vida de todas aqueles que nela habitam. Portanto, não resta dúvidas
para o filósofo Dewey, que tal modo de vida só é possível numa sociedade
democrática. Somente numa Democracia é possível desenvolver
plenamente o aspecto moral e intelectual dos homens.
Dewey associa a liberdade com o pleno desenvolvimento
humano. E essa liberdade defendida com tanta insistência não diz respeito
somente à vida individual de cada um. Contrariamente do que se poderia
imaginar, a liberdade implica necessariamente responsabilidade moral e
política. Por isso, mesmo sendo livre para agir como queira, o indivíduo não
pode deixar de examinar quais são as conseqüências de suas ações para a
sociedade. Por isso, ele afirma que:
“A pessoa autenticamente moral (...) faz seus planos, orienta seus
desejos e depois executa seus atos, pensando no efeito que eles terão sobre
os grupos sociais dos quais ele faz parte” (DEWEY apud PUTNAM, 2003,
p. 378). Por isso o seu interesse moral é a realização de bens que
conduzam a um bem comum.
Como vimos, a filosofia pragmática Instrumentalista do filósofo
norte-americano John Dewey possui uma importância significativa para a
Material bélico: materiais
relativos à guerra; armas e
munição.
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GLOSSÁRIO
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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
compreesão do homem e de sua atuação na sociedade. Não há como
dissociar, na filosofia deweyana, a teoria da prática. Assim, não é possível
conceber um tipo de conhecimento que não esteja a serviço da vida.
4.4 OS DESAFIOS DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA: JURGEN
HABERMAS E RICHARD RORTY
4.4.1. Habermas e a Modernidade
Jürgen Habermas é um filósofo
e sociólogo alemão representante da
segunda geração da Escola de
Frankfurt.
O objetivo central de seu
pensamento consiste na caracterização
das sociedades contemporâneas como
sociedades racionalizadas herdeiras da
razão instrumental oriunda do
Iluminismo. Ao tratar da razão instrumental, Habermas tem em mente a
razão técnico-científica que direciona as ciências e as técnicas para o
alcance de resultados, apresentados como espetaculares e miraculosos,
isto é, ao invés de fazer das ciências e das técnicas um meio para a
emancipação dos seres humanos, a razão instrumental as utiliza como
meio de dominação.
O sistema político que favoreceu o fortalecimento dessa forma de
racionalidade é o capitalista. Com o predomínio do capitalismo, o
crescimento da produtividade do trabalho exigiu o recurso a novas técnicas
e tecnologias, de modo que as sociedades contemporâneas se encontram
cada vez mais submetidas às regras da racionalidade instrumental.
Nesse contexto, a intenção de Habermas, seguindo a crítica de
seus antecessores da Escola de Frankfurt, é tentar denunciar as
contradições inerentes ao núcleo das sociedades modernas. Em particular,
Habermas queria explicar a contradição entre o que eles prometiam (como
vida, liberdade e felicidade) e o que, na realidade, ofereciam (o controle do
pensamento humano.)
Para Habermas, o mundo tecnicizado, dominado basicamente
pelas preocupações relativas ao desenvolvimento descontrolado da
economia, favorece para que a política deixe de ser entendida como o
conjunto das atividades relacionadas à vida prática para se constituir como
o lugar da mera administração de questões que envolvem a técnica. A
conseqüência disso, conforme a crítica de Habermas, é que o mundo
contemporâneo se encontra num processo crescente de despolitização.
Escola de Frankfurt: o
termo escola de Frankfurt
refere-se a um grupo de
intelectuais que
desenvolveram uma
concepção crítica das
sociedades modernas
guiadas pela ideologia
científica, mais conhecido
como cientificismo. O
cientificismo fundamenta-
se na crença de que a
ciência possui plenos
poderes de conhecer tudo,
e de fato conhece tudo, e é
a explicação causal das leis
da realidade tal como esta
é em si mesma. Esses
intelectuais estavam
associados ao Instituto de
Pesquisa Social vinculado à
Universidade de Frankfurt,
criado em 1923. Seus
representantes foram Max
Horkheim, Theodor
Adorno, Walter Benjamin,
Herbert Marcuse e Jürgem
Habermas que pode ser
considerado o herdeiro
intelectual da Escola de
Frankfurt na atualidade.
Figura 25: Habermas aos 75 anos
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GLOSSÁRIO
160
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
Na medida em que a atividade do Estado é
dirigida para a estabilidade e o crescimento do
sistema econômico, a política assume um
caráter negativo peculiar: ela visa eliminar as
disfunções e evitar os riscos que ameacem o
sistema, portanto não para a realização de
objetivos práticos, mas para a solução de
questões técnicas. (HABERMAS, 1980, p.325).
Do ponto de vista político, o contexto do capitalismo avançado é
caracterizado pela necessidade do Estado ser legitimado mediante um
sistema de democracia formal, no qual é difundida a lealdade das massas
que não percebe sua submissão a uma ideologia tecnocrata que comanda
ideologicamente os meios de comunicações para atender seus próprios
interesses, mascarados de pretensos interesses universais. Contudo, o
capitalismo, hoje, não necessita mais exclusivamente da força do trabalho;
a velha relação entre capitalista e proletário cede lugar a um Estado que
equilibra o jogo de interesses e privilégios adotando uma política de
distribuição compensatória. Assim,
...a ideologia também mudou: a ciência passou
a ter um uso ideológico praticamente imbatível,
pois em sua extensão a ideologia técnico-
científica não é só justificadora de interesses e
opressora, como também impede a própria
espécie de se emancipar. (ARAÚJO, 1998, p.
190.).
Um dos grandes empecilhos para a emancipação humana,
segundo Habermas, consiste no enfraquecimento da Ação Comunicativa,
uma das principais teorias desenvolvidas em seu pensamento. Introduzida
pela primeira vez na obra Teoria da ação comunicativa, publicada em
1981. A teoria da Ação Comunicativa compreende a comunicação livre,
racional e crítica entre os indivíduos. Para Habermas a linguagem serve
como garantia da democracia, uma vez que a própria democracia
pressupõe a compreensão de interesses mútuos e o alcance de um
consenso. A Ação Comunicativa é apontada por Habermas como uma
alternativa à razão instrumental e superação da razão iluminista que,
aprisionada na lógica instrumental, não conseguiu levar adiante o projeto
emancipatório da modernidade. Assim, para Habermas, o esgotamento
da racionalidade livre está relacionado à grande limitação dos espaços
comunicativos que as sociedades modernas desenvolveram, nos quais se
privilegiou o agir estratégico e instrumental em detrimento do espaço
dialógico, onde os planos de ação são discutidos por diversos atores,
visando chegar a um entendimento razoável após intensas argumentações
Para saber mais sobre a
razão instrumental e a
ideologia científica,
consultar Marilena Chauí,
Convite à filosofia, p. 278-
286.
Observem a política
brasileira , que mediante a
distribuição de bolsa
família e bolsa escola tenta
compensar os efeitos
gerados pelo sistema
capitalista, e como diz
Plínio de Arruda Sampaio
Jr, professor do Instituto de
economia da Universidade
de Campinas – UNICAMP
– SP, quando as causas dos
problemas sociais não são
atacadas temos apenas
uma política
compensatória. Nesse
sentido, os planos da
política compensatória ao
invés de ser temporária,
mantêm as pessoas
dependentes desse tipo de
política. (Cf. entrevista do
professor Plínio no site
www.pucrs/mj/entrevista-
09-2005.php)
DICAS
PARA REFLETIR
161
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
compreensíveis a todos.
Com o enfraquecimento do agir comunicativo, as relações
políticas tornam-se meras questões de cunho administrativo. As relações
sociais são legitimadas mediante a ideologia da civilização técnica que
controla a massa despolitizada.
No entanto, a massa despolitizada necessita de algo que legitime
de forma visível essa despolitização, aí entram a ciência e a técnica que
atuam como ideologia, utilizando o argumento do positivismo, que muito
contribuiu para a supervalorização da tecnologia, como ilustra a tirinha
abaixo:
A personagem Susanita é um exemplo de uma postura guiada
pela ideologia da ciência, pois não questiona a validade do progresso
científico e técnico. Ela faz parte de uma grande massa que acredita na
ação técnico-científica como um benefício, pois produz crescimento
econômico e o sistema social depende desse crescimento. O crescimento
econômico passa a ser encarado como um fator essencial no
direcionamento do sistema social e a política passa a focalizar as
necessidades funcionais provenientes de questões que se restringem ao
nível econômico.
Desse modo, o agir comunicativo fica cada vez mais reduzido ao
agir racional dos sistemas guiados pela máquina e pela tecnocracia. Ao
invés dos indivíduos exercerem a interatividade e a capacidade de discutir
criticamente o sistema de normas que vigora na sociedade, aparecem os
comportamentos condicionados cujo guia são as ideologias da civilização
técnica que “...subtrai a autocompreensão da sociedade tanto do sistema
de referências do agir comunicativo como dos conceitos de interação
simbolicamente mediatizadas, substituindo-as por um modelo científico”
(HABERMAS, 1980, p. 330) pautado na crença do progresso e na
evolução do conhecimento que, um dia, explicarão totalmente a realidade
e permitirão manipulá-la tecnicamente, sem limites para a ação humana.
O problema que Habermas percebe nesse modelo científico é que
grande parte dos cientistas modernos concebem o conhecimento como
crença verdadeira justificada e assim a transmite para a sociedade que a
recebe sem questioná-la.
Em relação ao tema da
massa despolitizada,
procure ler o texto de
Bertolt Brecht intitulado “O
analfabeto político”,
acessando o endereço
eletrônico
www.apgunspfranca.hpg.co
m.br/anafalbeto.htm.
Figura 26: Tirinha da Mafalda/ Ciência e TecnologiaPositivismo: o positivismo é
uma corrente filosófica que
teve como precursor o
filósofo francês Auguste
Comte. A principal
característica do positivismo
é a romantização da
ciência, sua devoção como
único guia da vida
individual e social do
homem, único
conhecimento, única moral,
capaz de assegurar o
progresso da humanidade.
DICAS
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GLOSSÁRIO
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Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
4.4.2 Habermas e a Ação Comunicativa
Refletindo um pouco mais acerca da crítica de Habermas a
respeito da razão instrumental, é importante salientar que ele não está
criticando a razão instrumental como tal, o que ele propõe é a
compreensão de como os indivíduos se apropriam dela. Nesse sentido, a
Teoria da Ação Comunicativa construída por Habermas pressupõe a
linguagem como meio dos sujeitos trocarem atos da fala entre si e
compreenderem o atual contexto em que vivem. A partir da Teoria da Ação
Comunicativa pode-se desenvolver uma nova possibilidade de
transformação social que, para o autor, deverá vir da construção de novos
discursos sobre os conceitos conservadores, como por exemplo, o de
cunho positivista – que via no progresso e na ciência uma evolução
permanente. Trata-se de uma nova racionalidade, entendida como
disposição dos sujeitos capazes de linguagem e de ação, de trocas
lingüísticas intersubjetivas que proporcionem a integração entre o mundo
visado objetivamente (o mundo social das normas) e o mundo das
vivências pessoais. Temos nessa proposta, a presença do paradigma da
intersubjetividade que possibilita a liberdade comunicativa guiada por
razões e argumentações justificadas, legitimadas e, acima de tudo,
criticáveis, que permitem aos participantes da comunicação entenderem
entre si acerca de algo sobre o mundo.
A Teoria da Ação comunicativa de Habermas pode ser entendida
como uma contribuição às sugestões do pragmatismo, que reivindica uma
discussão filosófica voltada para ações sociais concretas. No encalço da
virada pragmática, em que a linguagem passa a ser considerada atos da
fala, Habermas enfatiza a linguagem não só como o instrumento mais
apropriado para mediar as relações entre o mundo social das normas e as
vivências pessoais, mas também como ela própria sendo ação. Em outras
palavras, a comunicação lingüística, o diálogo sem coações externas
favorece, portanto, uma perspectiva de construção de novas relações a
partir de sujeitos autônomos e competentes, que são capazes de discutir e
avaliar as regras sociais e, com isso, revitalizar a própria sociedade.
Podemos dizer que a questão mais relevante na teoria da ação
comunicativa habermasiana é o pressuposto de que, todos os membros da
sociedade têm condições e direito de participar do diálogo necessário para
repensar e reconstruir as leis que regem a sociedade, através da busca
argumentativa, e isto implica processos de comunicação através dos quais
se questiona o mundo envolvido pelo sistema técnico-instrumental .
Na obra Teoria da ação comunicativa, Habermas enfatiza os
propósitos ideais da comunicação, argumentando suas expectativas
consensuais em relação à filosofia. De acordo com seus pressupostos, a
filosofia deve ser posicionada numa base democratizadora de
entendimentos per formativos, engendrados por deliberações
argumentativas, de forma a nivelar os conceitos racionais às ações
Intersubjetividade: entende-
se a comunicação das
consciências individuais,
umas com outras,
efetuando-se sob o fundo
da reciprocidade.
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GLOSSÁRIO
163
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
cotidianas.
Nessa perspectiva, Habermas não está propondo uma nova
elaboração de uma ciência e de uma técnica e, sim, de um agir
comunicativo resultante do próprio contexto do sistema técnico-
instrumental. Contudo, é preciso haver uma fundamentação guiada pela
racionalidade explicativa da filosofia, com o propósito de combater todas
as formas de dominação ilegítimas, completando, assim, a tarefa que a
razão iluminista começou e não deu conta de prosseguir. Tarefa de
proporcionar ao homem a emancipação que, no projeto inicial do
iluminismo, denominava-se a maioridade da razão, o esclarecimento. Para
Habermas, a filosofia deve ser a principal intérprete da tradição e da
cultura, permitindo, por meio da comunicação, o entendimento mútuo e
necessário voltado aos interesses da vida em sua totalidade e não para
apoiar um conjunto doutrinário de verdades intemporais, absolutas e
inquestionáveis.
Enfim, o que Habermas sinaliza é a urgência de libertar o
conhecimento de seu papel meramente reprodutor de decisões técnicas e
monitoradas. Nesse sentido, com
Habermas podemos aprender que o
sistema técnico-científico é o
paradigma de nossa época, mas é
preciso, antes de tudo, compreendê-
lo pela crítica histórica e filosófica que
analisa de que modo e por quais
meios esse paradigma se legitimou e
desenvolveu suas forças. Assim, a
ação comunicativa ou interação
social, além de contribuir para um diagnóstico de nosso tempo, pode ser
também um caminho interessante e produtivo. Mas para que isso
aconteça, como observa Rezende, a ação comunicativa “...precisaria ser
'descomprimida' para que pudesse instaurar-se uma situação de fala não-
deformada entre os homens” ( 1992, p. 218).
4.4.3 A Teoria da Ação Comunicativa e a Educação
Diante do que foi exposto, podemos perguntar: de que forma a
Teoria da Ação Comunicativa proposta por Habermas pode contribuir para
uma educação voltada para a emancipação dos sujeitos?
Antes de respondermos essa pergunta, é preciso enfatizar que o
modelo de conhecimento baseado na perspectiva da razão instrumental
promoveu uma educação com estilo “pedagogizador”, que se resume a
instruir, reproduzir um tipo de conhecimento que não é relevante para as
reais necessidades do aluno, como questiona a personagem Mafalda:
Essa postura de educação está a serviço de uma sociedade
Figura 27: Tempos Modernos
Cena dos Filme
Para refletir mais sobre as
críticas de Habermas à
modernidade, assista ao
filme Tempos Modernos, de
Charlie Chaplin.
DICAS
164
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
mercadológica e tecnocrática. Daí as propostas pedagógicas estarem
direcionadas a uma aplicação de técnicas a um sujeito, o aluno, tratado
meramente como um objeto a ser conhecido e treinado para atender as
exigências do mercado. Esse modelo de educação tem sido pensado
como um dos maiores desafios da contemporaneidade, que vem tentando
superar o estilo “pedagogizador” da educação.
Partindo daquele pressuposto de Habermas de que
potencialmente todos os membros de uma sociedade têm condições de
exercitar sua capacidade comunicativa, faz-se necessário perguntar se a
educação tem estimulado essa capacidade. Digamos que, lentamente, ela
vem se constituindo sob um novo discurso pautado pela transformação.
Mas ainda caminha sob a sombra do modelo “pedagogizador”, uma vez
que não basta somente mudar o discurso, é preciso efetivar os discursos
mediante a ação comunicativa. No Brasil, os desafios são ainda maiores,
porém contornáveis se forem adotados políticas educacionais adequadas.
Para inverter o modelo de educação pautado pelo estilo
“pedagogizador”, torna-se necessário fazermos propostas para uma
educação mais consistente e comprometida com uma efetiva
emancipação do sujeito. Dessa forma, acreditamos que uma prática
pedagógica associada à Teoria da Ação Comunicativa proposta por
Habermas pode contribuir para um pensar crítico em prol de uma
educação voltada para a formação do sujeito emancipado, sensível e ético.
Embora Habermas não tenha elaborado uma Filosofia da
Educação, podemos identificar em seu pensamento uma visão a respeito
da educação. As idéias habermasianas a respeito da linguagem, do
conhecimento e da ética podem abrir novas perspectivas para a educação
em termos de uma filosofia da educação que possa suscitar nos sujeitos
dotados de competência interativa a capacidade de questionar o sistema
de normas que vigora na sociedade.
A partir da Teoria da Ação Comunicativa, pode-se conceber o
espaço da escola, como o lugar de exercitar a intersubjetividade entre
aluno/professor/escola/família e comunidade, com o intuito de discutir os
rumos da sociedade, isto é, a partir do momento em que os indivíduos se
perceberem como sujeitos e atores sociais, poderão pensar que a
sociedade pode ser de outra maneira, e agir de outra maneira, refletindo
Figura 28: Tirinha da Mafalda / Professora
165
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.clubedamafalda.blogspot.com
sobre os problemas da sociedade, interpretando, participando,
dialogando, enfim, buscando o consenso em torno dos interesses comuns.
A prática da intersubjetividade segundo a proposta da Teoria da
Ação Comunicativa permite a conciliação de dois mundos: o mundo do
sistema e o mundo da vida, onde a teoria e a prática estão interligadas
através de ações concretas, numa dinâmica comunicativa entre os atores
envolvidos visando novas racionalidades. Nesse sentido, um modelo de
educação calcado na intersubjetividade é o mais apto para a construção
de pessoas realmente esclarecidas, criativas e autônomas. Entretanto,
como observa Araújo,
...não consideramos que diálogo, intersubjetividade,
modelo comunicativo, etc, bastem. Será preciso mostrar
seus pressupostos teóricos, as implicações decorrentes e,
principalmente, como ele pode ser aplicado , aliviando as
dificuldades pelas quais passa nossa sociedade,
sendo o papel da educação central para compreender
essas dificuldades e propor mudanças. Esse papel é
complexo, e, evidentemente, a própria e d u c a ç ã o ,
especialmente a educação formal, escolar, precisa ser
revista com urgência (ARAÚJO, 2002, p. 76) .
Ao falarmos de uma educação guiada pela intersubjetividade,
temos em vista a valorização social, política, econômica e ética de uma
reflexão sobre os rumos da educação na complexidade das sociedades
contemporâneas. Nesse sentido, a tarefa da educação é desafiar essas
complexidades mediante o agir comunicativo, A educação deve contribuir
significativamente com o processo de desenvolvimento do aluno a partir da
interpretação e análise crítica dos fenômenos culturais do seu cotidiano.
Levando-os ao exercício de uma prática de saber construtivo à sua vida.
Nesse processo interpretativo crítico, o educador e os educandos devem
discutir aquilo que é pré-estabelecido como certo, errado, bom, ruim,
melhor, pior. Nesse sentido, a filosofia passa a ser requisitada pelo seu
papel crítico e cultural de reconstrução permanente da realidade, uma vez
que não faz mais sentido a busca por certezas permanentes. A escola deve
levar em consideração as mudanças que ocorrem na sociedade, discutindo
inclusive, o modelo técnico-científico pautado pela razão instrumental, no
sentido de preparar o educando para lidar com os fenômenos que dele
surgem, como por exemplo, a globalização, a crise econômica e a política
de mercado.
Assim, a prática da intersubjetividade no campo da educação
supera o modelo “pedagogizador” ao produzir indivíduos mais livres,
autônomos, capazes de avaliar seus atos à luz dos acontecimentos, à luz
das normas sociais legítimas e legitimadas pelos processos jurídicos e
políticos, usando suas próprias cabeças, e tendo propósitos lúcidos e
sinceros, abertos à crítica.
166
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
4.4.4 O Neo-pragmatismo de Richard Rorty
Que nada nos defina.
Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja.
a nossa própria substância.
(Simone Beauvoir)
Richard Rorty, falecido recentemente em 08 de junho de 2007, foi
um filósofo norte-americano que se intitulou neo-pragmatista. A questão
da liberdade como critério essencial para o agir humano no mundo foi a
questão central de seu pensamento. Engajado na virada lingüística que
pressupõe uma linguagem pragmática, Rorty compreende a linguagem
inserida na contingência do mundo. A continência, segundo o filósofo
americano, é um elemento primordial para o conhecimento produtivo,
sujeito à transformação em detrimento de toda tentativa em controlar o
futuro a partir de certezas que a teoria busca em suas escavações do
passado.
É no pragmatismo de Jonh
Dewey e Willam James que Rorty buscou
inspiração para se opor à filosofia de
cunho sistemático, isto é, Rorty procura
sublinhar que a busca epistemológica
da essência da ciência é um trabalho
infrutífero. Toda investigação científica
ou moral, segundo ele, deve consistir em
uma deliberação a respeito das
vantagens relativas das múltiplas
alternativas disponíveis no momento. Para Rorty, a filosofia sistemática, à
medida que tenta encontrar uma verdade absoluta fora da história e fora
da linguagem, procurando constituir-se como uma disciplina fundacional
do saber, capaz de atingir a essência da realidade, não contribui para um
saber realmente construtivo que atenda às necessidades humanas.
No campo da epistemologia, Rorty considerou que o problema
mente/corpo é um falso problema que deve ser revisto e transformado
mediante a crítica do poderoso edifício do cogito de Descartes.
Desde Descartes, o que se almeja é obter certezas. Posso ter
certeza de meu conhecimento de 'azul' ou de 'substância', de
'pensamento'? O modelo prevalecente em filosofia passou a ser a busca de
certeza, um problema epistemológico, e não mais a busca de sabedoria
(ARAÚJO, 1998).
Nessa busca por certeza, Descartes recria o dualismo platônico.
Na versão cartesiana, o dualismo é o sistema filosófico ou doutrina que
admite como explicação primeira do mundo e da vida, a existência de dois
Richard Rorty é um dos maiores pensadores da atualidade. Seu compromisso com os ideais humanitários das democracias liberais é inequívoco e uma fonte de inspiração para a invenção de mundos futuros.
DICAS
167
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
Fgura 29: Richard Rorty
princípios, de duas substâncias ou duas realidades irredutíveis entre si,
irreconciliáveis, incapazes de uma síntese final. Como mostra a figura
abaixo:
Na contramão dessa tendência, Rorty (assim como já havia
defendido Dewey) entende que a
filosofia e a ciência devem estar
desobrigadas da busca da certeza, uma
vez que o pragmatismo nada deveria
dizer sobre a natureza da verdade.
Desse modo, Rorty compreende o
conhecimento não como uma relação
entre mentes e objetos e sim como
conhecimento pautado pela linguagem
que requer conversação entre os
interlocutores. Nessa conversação, ao
invés de uma certeza advinda de uma
relação ou acesso privilegiado da mente
com o objeto, tem-se uma vitória
argumentativa, isto é, o conhecimento se
dá entre interlocutores trocando atos lingüísticos, num exercício de prática
social.
A filosofia de cunho sistemático, argumenta Rorty, é incapaz de
atingir o conhecimento absoluto da realidade. Segundo suas reflexões, a
filosofia sistemática deve ser substituída por um novo paradigma de
filosofia. O pensamento filosófico deve levar as pessoas a questionar os
motivos de se filosofar, ao invés de levar à aceitação de um programa
filosófico pré-estabelecido nos moldes do pensamento sistemático.
Adotando o pragmatismo como instrumento teórico e
programático, Rorty, assim como Habermas, acredita que se não
soubermos o que fazer com as verdades que surgem de nossas
experiências, não estaremos preparados para a vida produtiva em
comunidade, não poderemos nem mesmo produzir atos de fala validáveis
que correspondam às nossas vivências.
Nesse sentido, pode-se dizer que o pragmatismo de Rorty propõe o
abandono de uma filosofia que já não cumpre os objetivos a que se propôs
em favor de uma pós-filosofia em que a preocupação pela objetividade dê
lugar à preocupação pela solidariedade. O tema da solidariedade em Rorty
está associado ao da esperança social, uma espécie de otimismo quanto
ao nosso destino comum. A filosofia desprendida da tendência sistemática
(herdeira da metafísica, defensora de uma verdade que habita um lugar
desconhecido, pronta para ser descoberta) permite ao filósofo abandonar
o improdutivo trabalho de fundamentar metafisicamente ou
epistemologicamente sua crença. Dessa maneira, o filósofo pode gastar
sua energia na busca de transformar seu comportamento com relação ao
Virada lingüística: A virada
lingüística foi um
movimento que ocorreu no
começo do séc. XX, a qual
se seguiu a virada
pragmática da linguagem
poucas décadas depois.
Nesse contexto, a
linguagem é entendida
como uma ferramenta e
não mais como imagem do
mundo ou representação
de uma realidade a priori
do mundo. Desse modo,
pela virada pragmática, a
certeza cedeu lugar a
asserções sujeitas à revisão
permanente.
Contingente: Continente
designa o que se pode
conceber como podendo
ser ou não ser. Essa
maneira de pensar o
conhecimento se afasta da
metafísica, cuja visão de
conhecimento é de cunho
essencialista em que se
pretende atingir o ser
imutável e eterno. Essa
forma de conhecimento
pretende elevar-se acima
da experiência humana no
mundo.
Figura 30: Dualismo, apresentadoem obra de Descartes
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GLOSSÁRIO
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Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
ARAÚJO, Inês Lacerda. Introdução à filosofia da ciência. 2. ed. Curitiba/PR: Editora da UFPR, 1998. ARAÚJO, Inês Lacerda. Da “pedagogização” à educação: acerca de algumas contribuições de Foucault e Habermas para a filosofia da educação. In. Revista Educacional, Curitiba, v. 3, n 7, p. 75-88/dez 2002.
BUZZI, Arcângelo R. Filosofia para principiantes: a existência humana no mundo. 9ª ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1998.
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PUTNAM, Ruth Anna. 'Pragmatismo'. In: CANTO-SPERBER (ORG.) Dicionário de ética e filosofia moral. São Leopoldo/RS: Ed. Unisinos, 2003.ed. Trad. Álvaro Cunha. São Paulo: Paulus, 1991.
REZENDE, Antônio. (org. ) Curso de Filsofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.
RORTY, Richard. Contingência, Ironia e Solidariedade. Trad. Nuno Ferreira da Fonseca. Lisboa: Presença, 1992.
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STROH, Guy W. A filosofia americana: uma introdução (de Edwards a Dewey). Trad. de Jamir Martins. São Paulo: Editora Cultrix, 1968.
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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
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SAMPAIO JR., Plínio de Arruda. Entrevista. Disponível em <www.pucrs/mj/entrevista-09-2005.php>
170
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
VÍDEOS SUGERIDOS PARA DEBATE
Filme: Escola da vida. O ator Ryan Reynolds interpreta o professor
D'Angelo. Conhecido entre os alunos pelo nome de Sr. D. , o jovem mestre,
nas aulas de História, sempre recria o cenário da experiência dos
acontecimentos históricos.
Filme: Julian Pó: o contador de mentiras. O filme mostra de um
modo interessante como a crença ingênua pode levar os homens ao
absurdo.
Filme: Tempos modernos Trata-se do último filme mudo de
Chaplin, que focaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30,
imediatamente após a crise de 1929, quando a depressão atingiu toda
sociedade norte-americana, levando grande parte da população ao
desemprego e à fome. A figura central do filme é Carlitos, o personagem
clássico de Chaplin, que ao conseguir emprego numa grande indústria,
transforma-se em líder grevista conhecendo uma jovem, por quem se
apaixona. O filme focaliza a vida do homem na sociedade industrial
caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e
especialização do trabalho. É uma crítica à "modernidade" e ao capitalismo
representado pelo modelo de industrialização, onde o operário é engolido
pelo poder do capital e perseguido por suas idéias "subversivas".
Filme: Sociedade dos poetas mortos o filme mostra as relações de
um professor e ex-aluno de Welton Academy, vivido pelo ator Robin
Willams, com uma turma de adolescentes cheios de sonhos e vontade de
viver intensamente. Entretanto, encontram-se inseridos em um sistema
acadêmico rígido e autoritário que não permite outras formas de expressão
como a poesia, o teatro e a música.
Sites pesquisados
Site do professor da Paulo Ghiraldelli Jr. que contém ótimos artigos sobre o
Pragmatismo.
http://www.olavodecarvalho.org/livros/peirce.htm
Site do Prof. Olavo de Carvalho que discute vários tópicos da Filosofia
associados à realidade brasileira.
171
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
5UNIDADE 5A CONTRIBUIÇÃO DO PROJETO FILOSÓFICO PARA A TEORIA E A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE
5.1 INTRODUÇÃO
Afinal, em que consiste o estudo da Filosofia da Educação? Antes
de tudo, vale lembrar que a Filosofia tem como objeto de estudo o homem.
Assim, em tudo o que diz respeito à existência humana, aí se encontra a
Filosofia. Há que se considerar, todavia, que a vida do homem submete-se
a múltiplos aspectos, que nela interferem e a influenciam: o cultural, o
social, o político, o econômico – somente para ficar com as evidências. É
nesses espaços ocupados pelo homem que a educação se realiza,
traduzida em práticas educativas. E o que é educação? Não existe “uma
educação”, mas “várias educações”, que ocorrem em diferentes
contextos: nas ruas, nas escolas, nos hospitais, nas favelas, enfim, em cada
ambiente do convívio humano. É a partir desses vários contextos
educacionais que vamos estudar, na quinta unidade, os problemas
impostos pela educação e o modo como o homem, através de um
pensamento crítico-filosófico, procura resolver as diversas situações e
melhorar o seu contexto social.
5.2 A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI
O século XXI,
que se iniciou em 2001,
trouxe, dentre muitas,
mudanças como as
inovações tecnológicas
e as novas formas de
c o m u n i c a ç ã o ,
encurtando o tempo,
espaço e lugares entre
os indivíduos inseridos
na aldeia global.
A mídia, representada por jornais, rádios, televisão, a todo
momento constrói um novo jeito de ser, pensar e agir. As ciências, em suas
várias tendências, a cada momento produz conhecimento novo, exigindo
de cada um de nós que adaptemos aos novos tempos na família, na escola,
na universidade, nas relações de trabalho. Nesse sentido, os valores que
alicerçam a vida na sociedade são modificados a todo instante, a toda
hora. Valores que antes eram transmitidos de geração a geração e que iam
sendo modificados de maneira lenta, progressiva, processual, já não têm
mais lugar na vida social, nestes novos tempos.
Tudo fica velho, obsoleto. Perdemos nosso eixo, nosso lugar, nosso
tempo, nosso espaço. Estamos sem rumo, sem direção e não sabemos
como e a quem recorrer. Pressionado pelas novas exigências e mudanças
Quais são os valores que você prega? Um valor pode ser mais importante do que
sua próprio vida! Muitos preferem morrer a perder a
própria honra. E você?
Figura 31: Tempos Modernos
PARA REFLETIR
Fonte:http://falalivre.files.wordpress.com
172
na sociedade e nas instituições que a sustentam, o homem não tem mais
tempo para seus filhos, amigos e para si próprio.
É nesse ambiente de perda de sentido nas instituições e nas
organizaçoes sociais que recorremos às contribuições da Filosofia da
Educação.
Mas, afinal, em que consiste o estudo da Filosofia da Educação?
Antes de mais nada, vale lembrar que a Filosofia tem como objeto
de estudo o homem. Assim, em tudo o que diz respeito a existência
humana, aí se encontra a Filosofia. Há que se considerar, todavia, que a
vida do homem submete-se a múltiplos aspectos, que nela interferem e a
influenciam: o cultural, o social, o político, o econômico – somente para
ficar com as evidências. É nesses
espaços ocupados pelo homem que
se realiza a Educação, traduzida em
práticas educativas.
E o que é educação? Para
Brandão (1980), não existe “uma
educação”, mas “várias educações”,
que ocorrem em diferentes contextos:
nas ruas, nas escolas, nos hospitais,
nas favelas, enfim, em cada ambiente
do convívio humano.
Eis, assim, um panorama
que remete à questão supra: em que
consiste, pois, o estudo da Filosofia da
Educação?
Na verdade, ela preocupa-se com a
problemática educacional que ocorre em todos
os segmentos da sociedade pois trata-se, com
efeito, de Filosofia da Educação e não
simplesmente de Filosofia [porque neste caso a
filosofia se esvaziaria]; não também da
Educação sem postura reflexiva [porque neste
caso a Educação não seria um processo
intencionalmente conduzido] (SAVIANI, 1984,
p. 35).
Sendo assim, ambas estão relacionadas. A Filosofia oferece a
reflexão para auxiliar nos problemas educacionais que desafiam
educadores, políticos, pais e a sociedade, como um todo. De outro lado, a
Educação é entendida num conceito amplo, oferece à Filosofia problemas
que se tornam cada vez mais complexos, inesperados e incertos como a
miséria, a fome, a violência, a corrupção, o individualismo, a concorrência,
a perda dos valores, a exclusão social e o analfabetismo. Conforme
Figura 32: Catapulta
173
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.geat.com.br
discussão anterior, apesar dos avanços da ciência, das novas tecnologias,
exigindo o novo “perfil” da sociedade de um modo geral, persistem os
velhos problemas acima citados, orientando e/desorientando a conduta e
a educação do cidadão. Para esses problemas, que na verdade são
históricos e desafiam a atualidade, a Filosofia da Educação contribui com
um projeto filosófico. A palavra “projeto” vem do termo latim “projectu”,
que significa lançar adiante, plano, intento, designo (FERREIRA, 1976,
p.144).
Nesse sentido, o projeto filosófico para a educação da atualidade
visa tentar recuperar a falta de rumo e direção que a sociedade vem
sofrendo, dadas as exigências dos
novos tempos, em que tudo se torna
mercadoria, ou seja, produto
descartável e com prazo de validade. A
título de ilustração, os produtos
eletrônicos, a TV, o celular, o vídeo,
tudo vira produto descartável. É contra
essa lógica que persiste e insiste em
fazer da própria vida do homem um
produto descartável que a Filosofia da
Educação procura problematizar e dar
outro sentido, outra finalidade.
Mas, antes, tendo em vista
que a idéia de Educação que vimos
discutindo até o momento é bastante
ampla e abrangente, torna-se necessário entender que ela se realiza em
três modalidades diferentes na sociedade:
a) Educação informal – é o tipo de educação assistemática
que não tem uma intenção, uma finalidade. Ela ocorre de forma
espontânea na família, nos bairros, na rua, através da mídia etc.
b) Educação formal – é o tipo de educação sistematizada
que tem uma intenção, uma finalidade. Ela ocorre nas
instituições: escola, universidade.
c) Educação não-formal – é aquela que tem uma intenção
de educar, porém em outros ambientes educativos.
No caso específico deste estudo, tratar-se-á de forma específica a
educação formal, pois ela tem uma intenção, um rumo e orienta uma ou
várias práticas educativas nas instituições educacionais. Contudo, não se
desconsideramos as influências e intercâmbios que exercem umas nas
outras.
Nessa perspectiva, a Filosofia da Educação contribui com alguns
questionamentos: considerando as exigências do século XXI, que tipo de
homem a sociedade está educando – o homem “overnigth”, que muda
seus valores, seus comportamentos da noite para o dia? Quem educa
OVERNIGHT:Indica as aplicações
financeiras feitas no open-market em um dia para ser resgatado no dia seguinte
(dia útil seguinte). São também conhecidas
simplesmente como Over
Figura 33: Revolução Francesa
C
A
B
FEG
GLOSSÁRIO
174
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte
: w
ww
.cole
gio
saofr
anci
sco.c
om
.br
quem e com qual finalidade? Quem pode / deve ser educado? A quem
interessa que a educação seja de tal tipo e não de outro?
Este último questionamento é, de certa forma, crucial para um
projeto filosófico. Na verdade, podem-se antecipar várias interpretações
que a seguinte afirmação nos reservaria: o quê, a quem e como ensinar
dependem do “perfil” de cada ser humano que se pretende formar, que
modelo de ser humano se tem em mente.
Entretanto, é preciso lembrar o que já foi afirmado e concebido
pelos pedagogos em diferentes épocas e contextos: todo processo, ou
fenômeno, ou modelo educacional é determinado e condicionado pelos
aspectos sociais, políticos, econômicos e históricos nos quais se
desenvolve.
Isso quer dizer que, em cada período histórico da humanidade,
alguns perfis foram estabelecidos e pensados, para serem alcançados por
meio da educação.
A título de ilustração, veja-se como a imagem ideal de homem foi
criada em diferentes momentos históricos.
?Na Revolução Francesa, a imagem ideal foi a formação do
homem livre, igual e
fraterno.
?Pa ra o educado r
Froebel, a imagem ideal
do homem consiste em
sua imagem criadora.
?Para Hebart, a imagem
ideal é a do homem moral.
?A é p o c a
c o n t e m p o r â n e a ,
prevalece a pluralidade de
imagem ideal.
Como se pode perceber, a cada momento histórico, de acordo
com as necessidades da época, pedagogos tentaram dar respostas aos
problemas educacionais para o contexto que viveram. Por isso, criaram
imagens ideais ou “perfis” que deveriam ser conquistados (pelo menos no
plano ideal) para aquele momento.
Reflita: Qual é a imagem ideal que a sociedade global quer
construir/desconstruir no século XXI? Qual é o papel e/ou função da
educação nesse contexto?
Retomando o que foi dito acima, são essas imagens ideais que a
Teoria da Educação procurou sustentar, representando diferentes épocas
em que surgiram, e, como se pode observar no dia-a-dia, ainda se sentem
os seus reflexos, com mais intensidade de umas, de outras menos. Advêm
daí, duas idéias relevantes para a presente discussão: a primeira é a de que
toda prática educativa tem uma dimensão social; a segunda é que, mesmo
Figura 34: Horizonte
175
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: http://i6.photobucket.com
sendo reflexo das imagens ideais de épocas anteriores, elas não deixam de
existir, ou seja, não perdem sua validade, não podem ser superadas
totalmente pelas teorias que chegam depois.
O fato que aqui interessa destacar é que o momento atual
alimenta a impressão de que tudo fica velho, obsoleto, descartável, daí a
necessidade de se amparar na Filosofia da Educação.
Diferentemente das descobertas científicas que vão tornando tudo
antigo, as teorias educacionais, de uma certa forma, no todo ou em parte,
continuam atuais – mesmo
que em determinados
momentos históricos se
tenha a sensação de
descont inu idade. E las
continuam presentes, mas
tentando responder: o que é
o ser humano? É dessa
pergunta que surgem as
i m a g e n s i d e a i s d a
educação, historicamente
situada.
Entretanto, a idéia
que perpassa todo ambiente
educativo na sociedade de
um modo geral é a de que
estamos atrasados e ou ultrapassados. Na universidade, na comunidade e
na comunidade escolar, a idéia comum é a de considerar tradicional o
profissional que não acompanha as “novidades” dos novos tempos. Mas,
afinal, se perdemos a referência/experiência de nossos pais, a
referência/teoria de pedagogos que deixaram experiências/vivências ainda
válidas nos tempos atuais, o que fazer, então? Temos saída? Qual é o
caminho e rumo a seguir?
Tentando responder as questões colocadas, vale lembrar que é
perigoso afirmar, a princípio, que toda organização educativa foi ou é
autoritária, artificial ou falsa.
E, com esse olhar para trás, na história, naquilo que foi dito e
pensado em diferentes contextos deve-se resgatar algumas concepções de
mundo e sociedade, ainda válidas para os dias atuais.
Acrescenta-se, ainda, que a educação também é sempre um
projeto, é um horizonte, algo sempre à frente, enquanto a “realidade” é
variável e cheia de contradições e interesses, os mais diversos. É por isso
que a realidade caminha devagar, de forma lenta, posto que a educação é
um conceito mais ou menos abstrato. O que se tem de concreto são as
pessoas (nossos avós, nossos pais, você, eu e nós) com seu jeito de ser, seus
sonhos, alegrias e tristezas. São os seres humanos que herdam do meio
176
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.cdcc.sc.usp.br
Figura 35: Platão
O esquema abaixo elucida as três concepções
Concepção Homem
Teoria do Conhecimento
Modelo de Escolas
Concepção essencialista
Empirismo Tradicional, tecnicista
Concepção Naturalista
Racionalismo
Humanismo, anti-autoritário,
nova, espontânea
Concepção Histórico-Social
Interacionismo
Escola progressista, sócio-política,
modelos dinâmicos de participação
Dialética:Método de conhecimento, arte de discutir, modo de conceber a realidade como processo dinâmico e evolutivo
Segue-se o que cada uma dessas concepções propõem.
Na concepção essencialista, que compreende o período da
Antiguidade até a Idade Média, o homem tem uma natureza fixa, imutável,
que orienta os valores e suas ações, e a busca da perfeição é um ideal a ser
atingido. A base de toda teoria educacional encontra-se em Platão,
Aristóteles e Santo Agostinho. A teoria e/ou corrente filosófica de
conhecimento é o empirismo. O
sujeito recebe as influências do
mundo externo. Para ilustrar como
esse processo ocorre, vale lembrar
que é muito comum ouvirmos de
nossos pais: É de pequeno que se
torce o pepino, ou seja, os adultos vão
moldando as crianças desde
pequenas através do processo
educativo. Pois bem, essa corrente
filosófica influencia diretamente a
Escola Tradicional. Na verdade, o
professor é o centro e o modelo a ser
seguido pelos alunos. É através da transmissão de valores, signos,
comportamentos que os alunos vão aprender um tipo de comportamento
para adaptar à vida adulta, na organização social. Daí, a imitação, a cópia,
a memorização e o modelo a ser seguido.
Com relação à concepção naturalista, ocorre uma revolução na
forma de compreender o conhecimento. Esse processo ocorre com as
grandes revoluções científicas, e o homem passa a ser o centro de toda
essa mudança; pode, doravante, interferir no mundo externo, já que faz
parte da natureza. A teoria do conhecimento deste período é o
racionalismo, ou seja, é a razão que orienta as ações do homem. A título de
Figura 36: Dermeval Saviani
177
C
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GLOSSÁRIO
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.unicamp.br
Tabela 1:
exemplo, também é muito comum ouvirmos de nossos pais: Pau que nasce
torto morre torto. Esse tipo de
conhecimento, calcado numa
visão naturalista de homem,
vai influenciar o modelo de
Escola Nova. Nesse caso, o
aluno é o centro do processo
ensino, e o professor é um
orientador. É através do
aprender-a-aprender, ou seja,
agindo no ambiente educativo,
que as crianças aprendem. É
também neste tipo de escola
que a ênfase recai nas
diferenças individuais das crianças. Os testes de inteligência também são
utilizados para descobrir quem são alunos mais inteligentes, e serviram,
durante muito tempo, para classificar os alunos na organização das turmas
nas escolas.
Você conhece alguma escola que utiliza esses testes ou outras
formas para organizar as turmas boas e as turmas fracas?
Continuando, tem-se a terceira concepção, denominada
Histórico-Social. Essa concepção avança em relação às duas anteriores.
Nela a concepção de homem não é fixa, imutável, nem se orienta na sua
natureza individual. Na concepção Histórico-Social, a visão de homem é a
de um ser integral em sua capacidade individual, espiritual e em suas
necessidades concretas de existência/sobrevivência. É o modo dialético de
viver e pensar num contexto político, social e econômico. O tipo de
conhecimento é o interacionista, ou seja, a vida do homem está
relacionada com suas condições materiais de existência e o processo
produtivo vigente. Essa teoria foi desenvolvida a partir do século XIX, com a
filosofia de Hegel (1770-1831) e Karl Marx (1818-1883). Ela vai
influenciar a escola progressista. Nesse modelo de escola, a relação aluno
e professor é de construção do conhecimento. Ambos podem aprender e
ensinar. A construção do conhecimento parte da realidade dos alunos da
escola, da sociedade, para voltar a ela modificada (SAVIANI, 1980). Esse
processo caracteriza-se pela participação coletiva dos sujeitos envolvidos.
Nessa direção, é importante destacar alguns teóricos da
educação brasileira que contribuíram e vêm contribuindo para a Filosofia
da Educação, na perspectiva Histórico-Crítica: Paulo Freire, Demerval
Saviani, Marilena Chauí, dentre outros.
Cabe, ainda, ressaltar que o momento atual é considerado, por
alguns autores, como pós-moderno. Nesse caso, estaríamos vivenciando
uma quarta revolução na área do conhecimento e das teorias
educacionais, na perspectiva dos filósofos americanos Richard Rorty e
Figura 37: Escola Tradicional
178
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
Fonte: www.planetaeducacao.com.br
Donald Davidson (GIRALDELLI JR., 2006, p.2).
Entretanto, não se propõe, aqui, aprofundar essa nova revolução
colocada pelo autor, devido a seu caráter polêmico e controverso no meio
acadêmico e intelectual. Alguns autores pós-modernos consideram que o
modelo de conhecimento da modernidade ainda não se esgotou, e outros
acreditam que sim. No entanto, já se percebe algo de “novo” exigindo
mudanças radicais no jeito de ser e de pensar das pessoas.
Entretanto, é preciso cautela. O discurso da mudança está
presente em todas as áreas onde ocorre o processo educativo: nas
empresas, nos hospitais, nas universidades, nas escolas, nos meios de
comunicação; mas, que tipo de mudança? A favor de quem ou contra
quem se deve mudar?
Como se registrou na introdução, nós, seres humanos, estamos
sem rumo, sem eixo, sem direção. Acreditamos que tudo o que foi
construído historicamente pela ação concreta dos homens deve ser jogado
no eixo da história. No entanto, o método dialético é um instrumento que
pode ajudar-nos a contrapor-nos ao pensamento único de concepção de
vida baseado no presentismo, onde o “antes” e o “depois” pouco
importam. Apenas o “agora” é provisoriamente “real” e logo se desfaz.
É nessa perspectiva de um projeto filosófico de emancipação do
homem que discutiremos a questão da política e da estética como um
processo de libertação criadora do homem na sociedade.
5.3 ESTÉTICA
Desde as sociedades primais , o homem tem buscado formas de se
fazer ver e sentir pelo espaço que habita. Independente do processo sócio-
histórico-cultural vivenciado, procurou formas de compreender e dar
sentido à sua existência. A arte foi e é um dos contornos desenvolvidos e
utilizadas pelo homem para se ver e se fazer visto, para sentir e externar
suas emoções e sentimentos. Em diferentes épocas, a arte foi um canal de
expressão humana, seja numa pintura no interior de uma caverna no
Paleolítico ou por meio de uma intervenção imagética urbana, a arte
expressa a busca humana em traçar relações consigo mesmo, com os
seus, com a natureza e com o que se apresenta como mistério. Desta
forma, ocupa um lugar privilegiado na experiência humana.
Quando a segregação racial e cultural ou mesmo a desigualdade
econômica separa povos e modos distintos de percepção, esta expressão
humana tem o poder de alcançar o homem em sua intimidade e unificá-lo
pelo sentimento ao aproximar os “diferentes” a exemplo da união entre
brancos e negros pelo samba brasileiro, pelo blues, ou o rock'roll
americano. Através da arte, o homem atribui sentido à realidade e
transforma o vivido em objeto de conhecimento, realizando uma
transformação simbólica do mundo.
O artista, através da sua obra, cria um mundo outro – mais
Os homens sempre fizeram arte preocupando-se com algo mais que seu valor pragmático; por exemplo, pelo prazer que proporciona, porque seduz ou comunica algo de nós.Nestor Garcia Canclini
179
PARA REFLETIR
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
intenso, mais significativo - por cima da realidade imediata. É claro que
esse mundo outro criado pelo artista nasce da sua cultura, da sua
experiência de vida, das suas idéias, da visão de mundo que possui e que
são expressos em objetos concretos. Pela arte, a visão de mundo é dita de
outro modo, através de símbolos e da criação - a partir de informações e
elementos retirados do mundo – de signos especiais. Por meio destes, a
realidade é vislumbrada de outra maneira, pois tais signos, compostos pelo
artista, fogem à convenção dos conceitos e operam uma transfiguração do
mundo ante nossa sensibilidade sendo, então, capazes de liberar nossas
emoções. É o que promove a poesia, a dança, a música, a pintura e outras
expressões artísticas que ao serem captadas pela intuição do homem
violam a obrigatoriedade racional de compreender o mundo.
A possibilidade de conhecer a realidade pela arte torna-a
atraente, encantadora e fascinante, disponível a novas des-cobertas e
possível de re-significações. Neste sentido, é eterna e estimulante, pois
instiga a dúvida, a curiosidade e a admiração, sensações essenciais para a
busca do conhecimento. Ao transformar experiências de vida em objetos
de conhecimento, o artista cria linguagens que fogem à lógica racional
desafiando a inteligência e provocando sensibilidades. O conhecimento
presente na obra de arte não se des-vela pela razão, mas pelo sentir
humano, pelas emoções que habitualmente encontram-se presas na vida
prática e imediata.
Considerando que o ser humano não é apenas razão, isto é, que
possui dimensões nem sempre viabilizadas pelo pragmatismo do
capitalismo, podemos afirmar que a arte, se valorizada e incentivada pode
colaborar na construção de um homem crítico e reflexivo. Um homem apto
a desenvolver ações éticas e a rejeitar atitudes contrárias à vida. Se uma
obra de arte é capaz de provocar sensações sublimes também é capaz de
gerar sentimentos de ódio e crueldade além, é claro, de também retratá-
los.
No entanto, neste texto, priorizaremos a função reveladora da
arte, a possibilidade de pela obra artística obter a apreensão do mundo e
adquirir conhecimentos. Mas, como conhecer através de uma obra de
arte? Como chegar ao conhecimento que ela domina? Esse exercício não é
fácil, exige disponibilidade e treino da sensibilidade, melhor, exige
educação: a educação estética.
5.4 EDUCAÇÃO ESTÉTICA
Tradução da palavra grega aesthesis, que significa conhecimento
sensorial, experiência, sensibilidade, Estética é toda busca filosófica que
tem como objeto a arte e o belo. Na filosofia moderna e contemporânea,
as investigações em torno desses objetos coincidem diferentemente da
filosofia grega onde eram considerados distintos e independentes.
180
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
A partir do século XVIII, as noções de arte e belo mostram-se
atreladas, como objetos de uma única investigação em função do conceito
de gosto, compreendido como capacidade de discernir o belo, tanto dentro
quanto fora da arte. A noção de estética nos séculos XVIII e XIX
pressupunha que a arte é produto da sensibilidade, da imaginação e
inspiração do artista e que sua finalidade é a contemplação, isto é, a busca
do belo pelo artista e, o julgamento do valor de beleza por aquele que a
contempla. Entretanto, o gosto deixa de ser critério de apreciação da arte.
Esta passa a ser vista como expressão de emoções e desejos, experiência
vivida e simbólica, atividade criadora, transformação simbólica do mundo,
interpretação e crítica da realidade social.
A educação estética se
a p r e s e n t a , n a
contemporaneidade, como uma
necessidade, sobretudo, em
sociedades onde a violência se
e n c e r r a n o p a d r ã o d e
normalidade. No entanto, deve-se
esclarecer que a educação estética
não significa educar para o belo,
pois este quase sempre está ligado
a gostos relativos aos padrões de
beleza vigentes e dominantes. A
palavra estética refere-se ao
sensível, ao perceptível, ao
sensual; falar em educação
estética, portanto, é falar em
educação da sensibilidade.
Na cultura ocidental,
o n d e o s p r o c e s s o s d e
conhecimentos estão cada vez mais racionalizados pela mecanização, a
sensibilidade é tratada como uma dimensão secundária e pouco relevante
não sendo reconhecida como uma dimensão humana natural que
caracteriza a espécie humana. No mundo globalizado, marcado pela
racionalidade tecnocientífica, a sensibilidade é tida como serva da razão,
como matéria prima para realizações cognitivas como: ir à lua, controlar e
dominar as máquinas, fazer guerra.
Por natureza, somos seres estéticos, portanto, a educação estética
não se limita a regular nosso comportamento segundo os padrões
estabelecidos e dominantes de gosto e, sim, ao desenvolvimento e
aperfeiçoamento de uma dimensão essencial à existência efetiva e afetiva.
Neste sentido, o estético não é desnecessário e fugaz, é o campo onde a
experiência humana alcança seu supremo grau de realização pois tudo o
que vemos e percebemos é naturalmente sensível e o nosso ser não
somente percebe, mas também sente.
Figura 38: Amaral, artista brasileira que pela sua imaginação procurava representar as
lendas e o folclore brasileiro.
O “Abaporu” de Tarsila de
181
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br
Para uma educação da sensibilidade que valorize a ética, deve-se
inicialmente reconhecer a multiplicidade da espécie humana, em todas as
suas dimensões e universos culturais. Assim, não há como afirmar um
modelo de beleza como universal. Cada ser humano é uma singularidade e
são infinitas as formas de dizer e sentir o mundo. Não é tolerável, para o
bem viver, o estabelecimento de hegemonias axiológicas. Qualquer que
seja a hegemonia, ela só retrata dominação, prepotência e arrogância de
uns sobre outros. Uma educação estética, portanto, deve ter como
elemento fundante a diversidade, pois toda forma de ser no mundo é um
modo de ser sensível.
Em consonância com a diversidade humana, a educação estética
se torna também educação ética e uma vez priorizada na escola pode
combater a violência cada vez mais forte neste espaço social. Existem
indivíduos que não aceitam a Cidadania, não conseguem perceber a
relação direta entre os deveres e os direitos. A ausência desta percepção
resulta no não-compromisso, no não-envolvimento com a família, com o
trabalho, com o outro levando a um estado de “inadaptação” social. A não
acomodação social produz reações violentas e situações de conflito, gera
um mal estar social imenso onde a inverdade reina soberana. São
situações que a escola tem dificuldades para lidar. Como, então, incitar o
desenvolvimento de um ser estético e, conseqüentemente, ético, num
espaço cada vez mais violento como o espaço escolar? Primeiramente é
preciso conscientizar o docente da sua importância como mediador no
processo ensino-aprendizagem no sentido de que ele ultrapasse as
limitações mercadológicas vigentes e desenvolva em si mesmo a
sensibilidade e a autonomia. Porque somos seres sensíveis e singulares,
precisamos aprender a ser além das imposições do mercado se queremos
cultivar em nossos alunos valores humanos que não dependem das
oscilações do mesmo, mas valores ligados à vontade de viver bem com os
outros.
Conscientizado, o docente terá condições psico-afetivas para
estimular vivências necessárias ao desenvolvimento da Cidadania bem
como poderá motivar os educandos e a comunidade a participar da
resolução de problemas. Tais ações, entre outras questões, requer
suscetibilidade, criatividade e uma consciência educada esteticamente.
5.5 POLÍTICA
A epígrafe acima indica a relevância da política como atividade
que diz respeito à vida pública e nos convida a refletir sobre ela. No dia-a-
dia empregamos a palavra política em formas que não dizem respeito ao
seu sentido fundamental. Uma delas é a sua identificação com a
politicagem, identificação esta que retrata o desalento social frente às
“ações políticas” dos homens públicos, aqueles escolhidos pelo voto direto.
182
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
A desconfiança gerada pelos atos dos políticos - em sua maioria
desprovidos de compromisso social – se transforma em repúdio e,
conseqüentemente, no não exercício da Cidadania, e as conseqüências de
tais atitudes são, para o povo, desastrosas e duradouras. É justamente o
desinteresse político que reforça e legitima as ações imorais praticadas por
homens públicos tão largamente anunciadas nos meios de comunicação.
Faz-se necessário estar atento à política desenvolvida pelos representantes
do povo, faz-se necessário participar das decisões que comprometem a
vida de todos. Para tanto, é imprescindível o despertar para a política a fim
de que a cobrança pelo exercício ético seja mais efetiva.
Mas o que é política? É uma atividade do governo? Uma
profissão? É ação coletiva? Na verdade, podemos tomar a política como a
arte de governar, de gerir os destinos da cidade. Etimologicamente,
política vem de pólis, (“cidade”, em grego). A teoria política grega está
voltada para a busca de elementos que tornem possível o bom governo. A
associação entre ética e política é evidente na teoria grega, pois para a
efetivação de um bom governo, isto é, de um governo é necessário um bom
governante.
Os gregos da época clássica se organizaram em comunidades
autônomas compostas de homens livres e iguais em poderes e
responsabilidades. O espaço da pólis era comum e público, incluía os
costumes, as leis, os templos, os deuses, a administração, o comércio e a
ágora, praça onde se debatia e se deliberava sobre todos os assuntos. Na
pólis grega existiu, talvez, a única democracia direta da história, seus
habitantes exerciam funções públicas em rodízio e em suas assembléias;
na ágora, decidiam livremente os destinos coletivos. A finalidade de tudo
era o cumprimento do Bem, entendido como princípio de harmonia do
Kósmos. Entretanto, a democracia grega teve suas lacunas. Os gregos
eram possuidores de escravos, geralmente não gregos vencidos em
guerras. E em relação a estes, não se comportavam do mesmo modo que
se comportavam com os homens livres. Com os escravos, o grego procedia
como despotés (senhor de escravos). Isso significa que, fora dos negócios
da pólis, as relações entre os gregos eram marcadas pela desigualdade
entre quem tem poder e quem está privado dele. Com a decadência da
civilização grega e a consolidação do Império Romano, a idéia de que o
homem se realiza como tal na pólis foi substituída pela idéia de que as
relações sociais são constituídas por relações de poder.
Organizar e gerir uma instituição, seja ela qual for, envolve
questões de poder, e discutir política quase sempre é referir-se ao poder.
Outra questão, então, se apresenta como imprescindível para uma melhor
compreensão sobre política. O que é poder? Qual é a sua legitimidade?
Qual o seu fundamento?
O poder não é um ser, mas uma relação, é a capacidade de agir,
de produzir efeitos sobre indivíduos ou grupos humanos. Envolve Potência
(possibilidade não atualizada de mandar e se fazer obedecer), Força
Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são: a liberdade, a prosperidade, a segurança e a resistência à opressão.Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789 – França)
183
PARA REFLETIR
Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
(meios adequados que garantem o exercício da Potência) e Dominação( o
exercício atualizado da ordem que impõe a obediência consentida ou não).
Nesse sentido, pode-se considerar o exemplo das relações de poder entre
um sindicato e o governo. Um sindicato tem poder em potência de obrigar
o governo a atender uma exigência, uma vez que pode movimentar seus
membros para uma greve. Mas, somente quando a greve está organizada
é que o sindicato irá contar com esse meio de força para obter o
acolhimento de sua reivindicação. O poder, então, se configura em ordem
– obediência. Se alguém manda, alguém deve obedecer. Se alguém é
instituído de poder, é porque alguém investiu poder, portanto, deixou de tê-
lo.
Neste sentido, são várias as formas de poder, e uma delas é o
poder do Estado que desde a modernidade se configurou como instância
do poder político, do administrativo e, como instância de monopólio
legítimo da força. Mas, a força física não é uma condição suficiente para a
manutenção da ordem, pois o poder precisa ser legítimo e, na nossa
história, encontramos várias formas de legitimação. No Estado teocrático,
o poder é convalidado pela vontade divina, nas monarquias, a legitimação
vem da tradição, na aristocracia vem dos melhores (ricos, nobres, elite do
saber) e na democracia, vem do consenso, da vontade do povo.
Historicamente, o ideal democrático se destacou como algo que
deve ser obrigatoriamente realizado. A democracia é uma das mais
importantes ideologias européias, estreitamente atrelada aos ideais
utópicos concebidos pela filosofia de Rousseau e proclamados pela
Revolução Francesa de 1789. Nessa utopia rousseauniana a liberdade é
concebida como ato da razão, é universal e moral não visando a satisfação
particular. A partir do século XVIII , a utopia democrática esteve presente
em todos os movimentos políticos, ou como ideal verdadeiro ou como um
discurso de sedução. Os que defendem um programa político liberal o
justificam como meio para alcançar a democracia, e os que defendem um
programa político socialista também o justificam como meio para alcançar
a democracia. Isso demonstra que o ideal democrático aparece na história
com roupas diferentes e como algo que deve ser efetivamente
concretizado. Assim, é colocado como um valor eterno e como patrimônio
da humanidade. O princípio de valor que toda sociedade democrática
deve ter é que todo poder emana do povo e em seu nome é exercido. Esse
princípio tem sido reconhecido em todas as constituições políticas dos
Estados modernos, a própria idéia de constituição política é
essencialmente democrática. Mas será que a idéia democrática é uma
realidade?
Segundo Chauí (1980, p.156), no conceito de democracia deve
estar implícito as idéias de conflito, abertura e rotatividade. Democracia
supõe heterogeneidade, divergências, dissensos e, a partir dos conflitos –
não no sentido pejorativo - uma sociedade democrática cresce, pois
aprender a conviver e coexistir com os diferentes é um grande exercício
184
Filosofia da Educação Unimontes/UAB
ético. Democracia indica abertura no sentido de que as informações
devem circular livremente para que todos tenham acesso à cultura e à sua
compreensão. Numa democracia é imprescindível a rotatividade, no
Estado democrático o lugar do poder é vazio, sem donos, e todos os setores
sociais devem ser legitimamente representados.
Ora, para que realmente uma democracia exista é relevante a
criação de mecanismos que a efetive, e um mecanismo essencial na
construção de seres democráticos certamente é a educação. A consciência
democrática é formada mediante um trabalho de politização contrário ao
vício da passividade. A passividade espelha o exagerado individualismo
cultivado pelo modo de produção capitalista que dissemina a idéia de
felicidade como um projeto somente alcançável pelo consumo excessivo.
Uma educação política, portanto, seria a des-construção de ideologias que
re-afirmam o consumismo como projeto de vida. É preciso vislumbrar a
educação como formação para a cidadania e da cidadania. A educação
em seu sentido mais profundo se realiza não apenas no acesso de
informações, mas, primordialmente, na produção do conhecimento:
pensar o que ainda não foi pensado, dizer o que ainda não foi dito. O
trabalho do pensamento des-constrói no imaginário social idéias de
violência social, econômica, política e cultural, uma vez que traduz
criatividade. Orientando-se nesta perspectiva, a atividade educacional se
realiza como negação da realidade dada, pois estimula o senso crítico,
estético e ético.
185
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BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1981.
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REFERÊNCIAS
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Filosofia da Educação Unimontes/UAB
RESUMO
1- A pergunta é o ponto de partida do ato de filosofar
2- O surgimento da filosofia é algo tipicamente antropológico. Só
o homem pergunta, só o homem responde.
3- Quando falamos em pensamento, estamos mencionando
aquilo que é produzido pela própria razão, entendida pelos gregos como
logos, aquilo que nos faz colocar em xeque a ordem das coisas.
4- A virtude era considerada um modo de o homem mostrar sua
superioridade em todos os sentidos, inclusive na vida pública, nos negócios
da cidade em prol da coletividade.
5- A importância de Platão e Aristóteles não reside somente no
que podemos entender como pioneirismo e exclusividade na abordagem
do assunto, pois na cultura grega arcaica já havia indícios de uma visão
educacional que nos servirá como ponto de partida para a compreensão
do problema do conhecimento e da ontologia.
6- O ponto de partida da reflexão humeana está em considerar
que todo conhecimento que se refere ao mundo começaria com a
experiência fundando-se na percepção
7- A subjetividade em Descartes alcança um status, um grau de
autonomia e liberdade para com a realidade exterior tornando-se, então, o
modo privilegiado para pensar o sujeito e também o mundo.
8- O contexto da reflexão kantiana seria o século XVIII, marcado
por duas ciências que apresentavam resultados indiscutíveis para a
humanidade: matemática e física.
9- Ao contrário da matemática e da física, que buscavam
conhecer os seus objetos junto à experiência, a metafísica tentaria
conhecer algo que ultrapassa a experiência.
10- Temos, já no séc. V a.C, o filósofo Aristóteles afirmando que o
homem é um “animal político” por natureza e, portanto, não pode
prescindir, ou seja, não pode abrir mão da presença de outros homens para
viver
11- o Pragmatismo é um movimento filosófico que tem como
característica principal a valorização da 'prática' em oposição à 'teoria'
12- Para Dewey o papel da Filosofia pragmática enquanto
instrumentalismo é o de contribuir para o desenvolvimento científico e
moral dos homens. E não há como pensar esses dois campos de modo
separado.
13- Do ponto de vista político, o contexto do capitalismo avançado
é caracterizado pela necessidade do Estado ser legitimado mediante um
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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
sistema de democracia formal, no qual é difundida a lealdade das massas
que não percebe sua submissão a uma ideologia tecnocrata que comanda
ideologicamente os meios de comunicações para atender seus próprios
interesses mascarados de pretensos interesses universais
14- Antes de tudo, vale lembrar que a Filosofia tem como objeto de
estudo o homem. Assim, em tudo o que diz respeito à existência humana,
aí se encontra a Filosofia.
15- Diferentemente das descobertas científicas que vão tornando
tudo antigo, as teorias educacionais, de certa forma, no todo ou em parte,
continuam atuais – mesmo que em determinados momentos históricos se
tenha a sensação de descontinuidade. Elas continuam presentes, mas
tentando responder: O que é o ser humano?
16- Na concepção essencialista, que compreende o período da
Antiguidade até a Idade Média, o homem tem uma natureza fixa, imutável,
que orienta os valores e suas ações, e a busca da perfeição é um ideal a ser
atingido.
17- A educação estética se apresenta, na contemporaneidade,
como uma necessidade, sobretudo, em sociedades onde a violência se
encerra no padrão de normalidade.
18- Na cultura ocidental, onde os processos de conhecimentos
estão cada vez mais racionalizados pela mecanização, a sensibilidade é
tratada como uma dimensão secundária e pouco relevante não sendo
reconhecida como uma dimensão humana natural que caracteriza a
espécie humana.
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Filosofia da Educação Unimontes/UAB
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
1– Faça uma interpretação do Mito da Caverna, de Platão, levando em
consideração sobretudo o dualismo “mundo sensível e mundo inteligível” e
a relação entre conhecimento e ignorância.
2– Aprendemos que a filosofia nasce do ato de perguntar, de questionar
sobre as coisas. Sendo assim, descreva sobre a ocupação dos primeiros
filósofos e suas preocupações.
3- A partir da visão grega de educação, explique a diferença entre as
concepções de Platão e Aristóteles sobre a Educação.
4- Explique a frase do texto: “um modo específico de compreender a nós
mesmos no mundo se dá pela compreensão do nosso ser, da nossa
essência, daquilo que somos verdadeiramente”.
5- Marque somente a alternativa correta. Para Descartes, o conhecimento
não está mais gravado no mundo. Isso significa que:
a) ( ) está dado na consciência do sujeito pensante.
b) ( ) está dado nas verdades determinadas pela Igreja.
c) ( ) está dado na experiência.
d) ( ) está dado nas verdades mitológicas.
6- O filósofo Charles Sanders Peirce foi o primeiro a utilizar o termo
Pragmatismo. Sua teoria está resumida na chamada “regra pragmática”.
Marque a alternativa que explica a “regra pragmática.
a) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias será preciso
refletir sobre os efeitos práticos causados pelas idéias quando as mesmas
são aplicadas na realidade concreta.
b) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias será
necessário comparar essas idéias com outras teorias de outros filósofos.
c) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias é necessário
comprová-la matematicamente, ou seja, através de cálculos matemáticos.
d) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias será preciso
analisar quais as intenções do autor de tais idéias.
e) ( ) Para compreender o verdadeiro significado das idéias é necessário
refletir sobre o período da história em que tais idéias se inseriam.
7- A respeito do pensamento de Habermas e Rorty marque V para as
questões verdadeiras e F para as questões falsas.
a) ( ) Habermas e Rorty entendem que a linguagem filosófica deve ser
eleita como a linguagem mais preferencial para os indivíduos exercitar
sua autonomia e sua criatividade.
b) ( ) A Teoria da Ação Comunicativa de Habermas está relacionada com
virada lingüística ao reivindicar uma linguagem pragmática constituída a
partir de ações sociais concretas.
c) ( ) Podemos dizer que Habermas, assim como Rorty concebe a
metáfora como imprescindível para a ampliação e multiplicação dos
conceitos
d) ( ) A intersubjetividade é indicada por Habermas como um possível
paradigma para constituir uma educação pedagogizadora , que
proporcione uma relação interativa entre professor/aluno/família/
comunidade.
e) ( ) Evidentemente, a Teoria da Ação comunicativa de Habermas visa
o ensino profissionalizante, o qual prepara o educando para argumentar ,
criticar e agir na sociedade .
8- Marque somente a alternativa correta: O filósofo William James afirma
que as idéias devem ser avaliadas a partir de sua:
a) ( ) UTILIDADE. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se forem
úteis na vida dos indivíduos.
b) ( ) BELEZA. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se tornarem a
vida mais bela.
c) ( ) CLAREZA. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se os
homens compreenderem totalmente o seu significado.
d) ( ) ETICIDADE. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se
apresentarem conteúdos éticos.
e) ( ) JUDICIDADE. Ele acredita que as idéias são válidas apenas se forem
idéias justas.
9-Com relação à filosofia de John Dewey, marque V para as questões
verdadeiras e F para as questões falsas.
a) ( ) A filosofia deweyana foi chamada de instrumentalista porque o
próprio Dewey acreditava que as idéias eram como instrumentos para
serem utilizados em auxílio dos homens em suas experiências de vida
b) ( ) Dewey não acredita que a educação possa contribuir para a
qualidade de vida dos homens. Isso porque os homens já nascem com um
destino traçado e nada pode ser mudado em suas vidas.
c) ( ) A filosofia de Dewey propõe que a Educação não leve em conta os
aspectos morais e éticos dos indivíduos e desenvolva apenas o
conhecimento científico que é mais importante.
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Filosofia da Educação Unimontes/UAB
d) ( ) Os indivíduos devem ser educados para buscar apenas os bens que
eles consideram úteis para si mesmos.
e) ( ) Dewey acredita que o desenvolvimento do conhecimento científico
deve promover o desenvolvimento dos valores morais e éticos de uma
sociedade.
10-“Um artista só pode exprimir a experiência daquilo que seu tempo e
suas condições sociais tem para oferecer” ( Fischer). Por essa razão...
a- ( ) o artista nem sempre trabalha em favor da sociedade.
b- ( ) a subjetividade de um artista consiste em que sua experiência não
seja igual a dos homens do seu tempo.
c- ( ) a arte capacita o homem a compreender a realidade, o ajuda a
suportá-la e a transformá-la.
d- ( ) a arte é apenas uma realidade subjetiva e nunca uma realidade
social.
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Ciências Sociais Caderno Didático I - 1º Período
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ABBAGNANO, N. História da Filosofia. 14v. Lisboa: Presença, 1978.
ANDERY, M. A. et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva
histórica. Rio de Janeiro/São Paulo: Espaço e Tempo/EDUC, 1988.
BOCHENSKI, I. M. A Filosofia contemporânea ocidental. São Paulo:
EPU/EDUSP, 1975.
BIBLIOGRARIA COMPLEMENTAR
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algumas contribuições de Foucault e Habermas para a filosofia da
educação. In. Revista Educacional, Curitiba, v. 3, n 7, p. 75-88/dez 2002.
BUZZI, Arcângelo R. Filosofia para principiantes: a existência humana no
mundo. 9. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1998.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1995.
DEWEY, John. Vida e Educação. Trad. Anísio Teixeira. São
Paulo:Companhia Editora Nacional, 1959.
HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro. Trad. George Sperber e Paulo
Astor Soethe. São Paulo: Loyola, 2002.
JAPIASSU, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia.
4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dário. História da filosofia. 4.ed. v. III Trad.
Álvaro Cunha. São Paulo: Paulus, 1991.
REZENDE, Antônio. (org.) Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.
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REFERÊNCIAS
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Ferreira da Fonseca. Lisboa: Presença, 1992.
STROH, Guy W. A filosofia americana: uma introdução (de Edwards a
Dewey). Trad. de Jamir Martins. São Paulo: Editora Cultrix, 1968.
BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia.
Trad. João Azenha Jr.. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
OSBORNE, Richard. Filosofia para principiantes. Trad. Adalgisa Campos
da Silva. Rio de Janeiro: Objetiva, 1992.
RUSS, Jacqueline. Dicionário de filosofia. Trad. Alberto Alonso Muñoz.
São Paulo: Scipione, 1994.
TELES, Antônio Xavier. Introdução ao estudo da filosofia. São Paulo:
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Sites
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<http://www.memoriaviva.com.br/drumond/index2.htm.>
BRECHT, Bertold. O analfabeto pol í t ico. Disponível em
<http://www.apgunspfranca.hpg.com.br >
CARVALHO, Olavo de. O imbecil coletivo: atualidades inculturais
b r a s i l e i r a s . D i s p o n í v e l e m
<http://www.olavodecarvalho.org/livros/peirce.htm>.
SAMPAIO JR., Plínio de Arruda. Entrevista. Disponível em
<www.pucrs/mj/entrevista-09-2005.php
www.mundodosfilosofos.com.br
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COORDENADOR
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1º PERÍODO
Introdução à Educação a Distância
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Iniciação Científica
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