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CAIO VICTOR LOURENÇO RODRIGUES
REMOÇÃO DE NITROGÊNIO PRESENTE EM LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO PELO STRIPPING DA AMÔNIA LIVRE
COM ALTERNATIVA DE RECUPERAÇÃO DA AMÔNIA
LONDRINA-PR 2010
CAIO VICTOR LOURENÇO RODRIGUES
REMOÇÃO DE NITROGÊNIO PRESENTE EM LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO PELO STRIPPING DA AMÔNIA LIVRE
COM ALTERNATIVA DE RECUPERAÇÃO DA AMÔNIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Londrina. Orientador: Prof. Dra Deize Dias Lopes
LONDRINA-PR 2010
REMOÇÃO DE NITROGÊNIO PRESENTE EM LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO PELO STRIPPING DA AMÔNIA LIVRE
COM ALTERNATIVA DE RECUPERAÇÃO DA AMÔNIA Trabalho apresentado para Conclusão de Curso, TCC, de Engenharia Civil em 2010. AUTOR: CAIO VICTOR LOURENÇO RODRIGUES Banca examinadora composta pelos docentes abaixo realizada em 26/11/2010
Prof. MSc André Luiz Hossaka – Departamento de Construção Civil
Profa. Dra. Deize Dias Lopes (Orientadora) – Departamento de Construção Civil
Prof. Dr. Aron Lopes Petrucii – Departamento de Construção Civil
Declaro que a versão impressa desse trabalho contém todas as correções e
adequações solicitadas pela banca examinadora efetivamente implementadas.
Declaro também que a versão eletrônica entregue corresponde com fidelidade ao
conteúdo da versão escrita.
Londrina, 07/12/2010
______________________________ Profa. Dra. Deize Dias Lopes
Dedido este Trabalho aos meus pais, Sebastião Donizetti Rodrigues e Solange Maria Lourenço Rodrigues, e também a todos aqueles que amo.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus pela saúde e pela força espiritual,
fatores sem os quais não consegueria ter finalizado esse trabalho;
Agradeço a minha orientadora, Professora Deize Dias Lopes não
apenas pela orientação, mas pela dedicação, desempenho e confiança na minha
pesquisa;
À Universidade Estadual de Londrina por ter cedido um espaço no
Laboratório de Saneamento para locação do protótipo, bem como o fornecimento de
reagentes, vidrarias e aparelhos;
Aos professores da graduação que ao longo desses cinco anos
forneceram conselhos e conceitos, os quais pude aplicá-los nessa monografia;
Aos técnicos de laboratório André e Carlos que auxiliaram no
desenvolvimento dos protótipos utilizados;
Aos colegas Yuri de Souza e Felipe Komarchesqui por colaborarem
nas análises de algumas amostras e outras tarefas no laboratório
A todos meus amigos e familiares que de uma maneira ou outra me
ajudaram no apescto emocional, ora me amparando, ora me dando o incentivo
necessário;
À minha namorada Juliana Imamura pela paciência, compreensão e
incentivo, em momento algum me deixou desamparado e sempre acreditou no meu
potencial;
E por fim agradeço aos meus pais que não mediram esforços para
que eu me tornasse uma pessoa de bem e com uma grande carreira profissional,
sempre buscando a melhor formação acadêmica e ensinando grandes valores.
Nesse últimos cinco anos se privaram de seus interesses para dar apoio financeiro e
emocional, para que longe de casa eu pudesse concluir minha graduação.
“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.” (Mahatma Gandhi)
RODRIGUES, Caio Victor Lourenço. Remoção de nitrogênio presente em lixiviado de aterro sanitário pelo stripping da amônia livre com alternativa de recuperação da amônia.2010. 80p. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil), Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.
RESUMO Os resíduos sólidos urbanos devem ser corretamente destinados de modo a não causar problemas ao meio ambiente e de saúde pública. No Brasil os resíduos sólidos são, geralmente dispostos no solo, sendo a forma ideal para tal os aterros sanitários, os quais mesmo quando bem operados e monitorados geram efluentes, que devem ser corretamente tratados, sendo um desses efluentes o lixiviado. Apesar da variabilidade das características qualitativas do lixiviado pode-se caracterizá-lo, de modo geral, pela elevada presença de nitrogênio e matéria orgânica. A remoção do nitrogênio pode ocorrer através de tratamentos biológicos ou físico-químicos, dependendo das características que esse apresenta e dos recursos disponíveis. Um tratamento físico-químico que pode ser utilizado é o stripping da amônia livre, ou seja, a volatilização da parte volátil do nitrogênio amoniacal, entretanto o gás amônia liberado é tóxico e pode causar problemas ao homem e ao meio ambiente. A recuperação desse gás pode ocorrer pela sua absorção em uma solução de ácido sulfúrico (H2SO4), formando o sulfato de amônio (NH4)2SO4, composto que pode ser usado na agricultura como fertilizante, sendo aspergido nas culturas. Este trabalho teve por objetivo avaliar a remoção do NH3 do lixiviado por stripping, em escala de bancada, e estudar a recuperação da amônia em H2SO4. O protótipo foi constituído basicamente por um tanque de arraste para a realização do stripping e sistemas de coleta do gás amônia, para em seguida recuperá-lo na solução ácida. Ao todo seis bateladas foram realizadas, sendo cinco com o sistema completo e uma para análise apenas do stripping. O sistema quanto ao recolhimento do gás amônia não foi eficaz, mas futuras pesquisas podem tomar esse estudo como base e propor solucionar os problemas encontrados. Quanto ao stripping da amônia livre, pôde-se estudá-lo sobre diferentes condições, com alterações geométricas do sistema e das características do lixiviado, como o aumento do pH, por exemplo. A batelada realizada com a correção do pH para 10,4 e TDH de 11 dias apresentou eficiência de remoção de 97% do nitrogênio amoniacal presente, eficiência semelhante a outros sistemas de tratamento por stripping em regime aberto, entretanto nessas condições o TDH foi um pouco menor do que o encontrado na presente pesquisa. Por último, foi possível verificar como se dá o decaimento do n-amoniacal e da alcalinidade no meio ao longo do tratamento, e pode-se constar que realmente são proporcionais, e que a eficiência da remoção do n-amoniacal é dependente da quantidade de amônia livre presente. Palavras-chave: Lixiviado. Nitrogênio Amoniacal. Gás amônia. Recuperação. Stripping.
RODRIGUES, Caio Victor Lourenço. Removal of nitrogen present in landfill leachate by stripping of free ammonia with an alternative recovery of ammonia.2010. 80p. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil), Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.
ABSTRACT
The solid waste should be properly destined for don’t cause problems to the environment and public health. Generally, in Brazil the option is for the accommodation of the soil, and its better form is the landfill, even when properly operated and monitored effluents should be properly treated, being one of the effluent is leachate.Still the variability of quality characteristics can be characterized, in general, the leachate for the presence of high nitrogen and organic matter. The removal of nitrogen can occur through biological treatment or physico-chemical, depending on the characteristics that this presents and the resources available. A physical-chemical treatment that can be used is the stripping of free ammonia, the volatilization of the volatile part of the ammonia nitrogen, but the released ammonia gas is toxic and can cause problems for humans and the environment. The recovery of this gas can occur by absorption in a solution of sulfuric acid (H2SO4) to form ammonium sulfate (NH4) 2SO4, that can be used in agriculture as fertilizer, and sprayed on crops.One target of this research was to develop a prototype in a bench scale, so that studies of this absorption could be developed. The prototype consisted basically of a tank to perform the stripping and collection systems of ammonia gas, so that in a next bottle that could be neutralized by an acid solution. Altogether six batches were made, five with complete system and one for analysis only of stripping. The system to the collection of ammonia gas was not effective, but future research may take this study as a basis to propose and solve the problems. As for the stripping of free ammonia, the research could study it under different conditions, with geometric changes of the system and characteristics of leachate, as pH increases, for example. The batch made with the correction of pH to 10.4, with TDH of 11 days and generated a 97% removal of ammonia nitrogen present, similar efficiency to other processing systems for stripping in the open, but under these conditions was a TDH slightly lower than that found in the search. Finally, it was possible to verify how the decay of the N-ammonia and alkalinity in the medium during treatment, and one can state that actually are proportional, and that the removal efficiency of ammonia-N is dependent on the amount of free ammonia present. Key words: Leachate. Ammonia Nitrogen. Ammonia gas. Recovery. Stripping.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 3.1 – Destinação nos municípios brasileiros. ............................................... 22
Figura 3.2 – Destinação nos municípios brasileiros em porcentagem de massa .... 23
Figura 3.3 – Proporção entre a amônia livre e o íon amônio em função do pH do
meio, para temperatura de 25ºC. Gráfico construído a partir das equações de
equilíbrio da amônia, considerando pKan = 9,25 ....................................................... 39
Figura 3.4 – Porcentagem correspondente à amônia livre no nitrogênio amoniacal,
em função do pH e da temperatura. ......................................................................... 40
Figura 3.5 – Equilíbrios químicos significativos da amônia nas concentrações
presentes no lixiviado. .............................................................................................. 41
Figura 4.1 – Esquema do protótipo do sistema 01 (medidas em cm). Sendo 1-
lixviado, 2 - soluçào de ácido sulfúrico, 3 – ácido bórico com indicador. .................. 53
Figura 4.2 – Frasco 01. Em detalhe orifício para a passagem da mangueira do do
aerador. .................................................................................................................... 54
Figura 4.3 – Frasco 02 com a mangueira que o ligava ao frasco 03 ....................... 54
Figura 4.4 – Mangueira utilizada na ligação entre o frasco 01 e frasco 02. ............. 54
Figura 4.5 – Frasco 03 com indicador de ácio bórico. Na primeira batelada sem
respiro e na segunda com respiro. ........................................................................... 54
Figura 4.6 – Esquema batelada B3, medidas em cm. Em planta, o diâmetro de cada
recipiente e em corte, as alturas dos recipientes e líquidos e o posicionamento dos
orifícios. Sendo 1-lixviado, 2 - soluçào de ácido sulfúrico, 3 – ácido bórico com
indicor. . .................................................................................................................... 55
Figura 4.7 – Frasco 01, recipiente de vidro dotado de tampa plástica com furos para
entrada das mangueiras de borracha. . .................................................................... 56
Figura 4.8 – Frasco 02, recipiente de plástico dotado de tampa de mesmo material.
................................................................................................................................. 56
Figura 4.9 – Esquema da batelada B5, com medidas em cm. Em planta, o diâmetro
de cada recipiente e em corte, as alturas dos recipientes e líquidos e o
posicionamento dos orifícios. A batelada B4 apresenta a mesma configuração, mas
com apenas um aerador. ......................................................................................... 57
Figura 4.10 – Frasco 01 batelada B4. A mangueira da esquerda alimenta o frasco 02
e a da direita é oriunda do aerador. ......................................................................... 58
Figura 4.11 – Frasco 02 batelada B4. Em detalhe o difusor de ar ou pedra porosa.
................................................................................................................................. 58
Figura 4.12 – Frasco 01 batelada B5, onde a mangueira central é a responsável
pela saída do gás amônia e as outras duas para a entrada de ar do aerador. ........ 58
Figura 4.13 – Detalhe da borracha utilizada para a vedação, parte interna da tampa.
................................................................................................................................. 58
Figura 4.14 – Detalhe da vedação do furo para a passagem da mangueira, feita com
cola de silicone aplicada sobre a borracha. ............................................................. 59
Figura 4.15 – Aspecto final do frasco 01 da quinta batelada, após ser embrulhado
com o filme de PVC. ................................................................................................. 59
Figura 5.1 – Evolução do N-amoniacal e alcalinidade ao longo do tempo. ............ 64
Figura 5.2 – Evolução da alcalinidade e pH ao longo do tempo. ............................ 64
Figura 5.3 – Relação entre o N-amoniacal e alcalinidade do meio ao longo do
tempo. ..................................................................................................................... 69
Figura 5.4 – Amônia livre presente no lixiviado ao longo do tempo na batelada BE.
................................................................................................................................. 69
Figura 5.5 – Amônia livre presente no lixiviado no início das bateladas em relação
ao pH inicial. ............................................................................................................ 70
Figura 5.6 – Relação entre amônia livre e eficiência das bateladas. ...................... 71
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Características típicas do lixiviado dos aterros brasileiros na fase ácida
................................................................................................................................. 26
Tabela 3.2 – Características típicas do lixiviado dos aterros brasileiros na fase
metanogênica ........................................................................................................... 27
Tabela 3.3 – Formas predominantes do nitrogênio .................................................. 34
Tabela 3.4 – Valores máximos permitidos em rios de acordo com a sua classe de
classificação ............................................................................................................. 36
Tabela 3.5 – Variação das constantes de dissociação do íon amônio e da amônia
não ionizada com a temperatura .............................................................................. 40
Tabela 4.1 – Resumo das características dos frascos 01 e 02 nas seis batealdas
realizadas. ............................................................................................................... 53
Tabela 4.2 – Tempo de detenção hidráulica de cada batelada. .............................. 61
Tabela 5.1 – Resultados do stripping da amônia livre obtidos nas cinco bateladas.
................................................................................................................................. 62
Tabela 5.2 – Eficiência do stripping da amônia livre do lixiviado obtidos nas cinco
bateladas. ................................................................................................................ 63
Tabela 5.3 – Relação entre nitrogênio removido e características físicas do lixiviado.
................................................................................................................................. 63
Tabela 5.4 – Resultados da solução de ácido sulfúrico obtidos nas cinco bateladas.
................................................................................................................................. 63
Tabela 5.5 – Resultados da do stripping da amônia livre na batelada BE. ............. 63
Tabela 5.6 – Eficiência do stripping da amônia livre do lixiviado ao longo do tempo
obtidos na batelada BE. .......................................................................................... 64
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ANBT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
APHA - American Public Health Association
ATSDR – Agency for Toxic Substances and Disease Registry (EUA)
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
COT - Carbono Orgânico Total
CT - Coliforme termotolerentes
DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio
DBO5/DQO – Razão de biodegradabilidade
DQO - Demanda Química de Oxigênio
EPA - Agênica de Proteção Ambiental Norte Americana
ETE - Estação de Tratamento de Esgotos
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MAP – Magnesium Amnonia phosphate
MM – Massa molar
MOD - Matéria Orgânica Dissolvida
NBR – Norma Brasileira
NAT – Nitrogênio amoniacal total
NKT – Nitrogênio Kjeldahl Total
NMP – Número máximo possível
N-NH3 Nitrogênio amoniacal medido em N
NH3 – Amônia livre (não ionizada)
NH4+ - Íon Amônio
N-NO2- - Nitrogênio na forma de nitrito
N-NO3- - Nitrogênio na forma de nitrato
N-org – Nitrogênio orgânico
NT – Nitrogênio total
OD – Oxigênio Dissolvido
PEAD – polietileno de alta densidade
PNSB – Plano Nacional de Saneamento Básico
PROSAB – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico
RSS – Resíduos de serviços de saúde
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
ST – Sólidos totais
STF – Sólidos totais fixos
STV – Sólidos totais voláteis
SPZ – Compósito Fosfato de Zircônio
TDH – Tempo de detenção hidráulica
UNT - Unidades Nefelométricas de Turbidez
USEPA – United States Environmental Protection Agency
UV - Radiação ultravioleta
LISTA DE SÍMBOLOS
% - Porcentagem
°C - Grau Celsius
µg - Micrograma
µS – Medida de condutividade
a - Área específica m²/m³;
cg - Concentração de contaminante no gás
cL - Concentração de contaminante no líquido
CL - Maior concentração na fase líquida
CL* - Concentração na fase líquida em equilíbrio com a concentração na fase
cm - Centímetro
g – Grama
h - Hora
H – Constante de Henry (atm)
KaN - Constante de dissociação do íon amônio
Kbn - Constante de ionização da amônia
KL = taxa de transferência de massa gasosa
KLa = constante de transferência
kg - Quilograma
km – Quilômetro
L - Litro
m3- Metros cúbicos
m - Massa do soluto kg
m - Metro
mg - Miligrama
min - Minuto
mL - Mililitro
R – Constante Universal dos gases
T – Temperatura em Kelvin
V - Volume do líquido m³.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 18
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................. 18 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................ 18
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 19
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ................................................................................................ 19 3.2 LIXIVIADO GERADO PELOS ATERROS SANITÁRIOS ......................................................................... 23
3.2.1 Características do Lixiviado ..................................................................................... 24 3.2.2 Formas de Tratamento do Lixiviado ........................................................................ 28 3.2.5 Considerações Finais ................................................................................................ 32
3.3 NITROGÊNIO ....................................................................................................................... 33 3.3.1 Nitrogênio no meio e seus efeitos ........................................................................... 33 3.3.2 Formas de Tratamento do Nitrogênio ..................................................................... 36
3.4 STRIPPING .......................................................................................................................... 38 3.4.1 Nitrogênio Amoniacal .............................................................................................. 38 3.4.2 A Dinâmica do Stripping .......................................................................................... 41 3.4.3 Variações do Stripping ............................................................................................. 43 3.4.4 Correção do pH ........................................................................................................ 45 3.4.5 Considerações Finais ................................................................................................ 46
3.5 REUTILIZAÇÃO DO GÁS AMÔNIA E NUTRIENTES ........................................................................... 47 3.5.1 Malefícios do Gás Amônia ....................................................................................... 47 3.5.2 Recuperação do nitrogênio e uso na agricultura .................................................... 48 3.5.3 Recuperação do gás amônia em solução de ácido sulfúrico .................................. 49 3.5.4 Considerações Finais ................................................................................................ 50
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 52
4.1 SISTEMA EXPERIMENTAL ........................................................................................................ 52 4.1.1 Sistema 01 ............................................................................................................... 53 4.1.2 Sistema 02 ............................................................................................................... 55 4.1.3 Sistema 03 ............................................................................................................... 56 4.1.4 Batelada Extra ......................................................................................................... 59
4.2 PREPARAÇÃO DO LIXIVIADO .................................................................................................... 59 4.3 OPERAÇÃO DO SISTEMA ........................................................................................................ 60
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 62
5.1 RESULTADOS ....................................................................................................................... 62 5.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................................. 65
5.2.1 Sistema 01 ............................................................................................................... 65 5.2.2 Sistema 02 ............................................................................................................... 66 5.2.3 Sistema 03 ............................................................................................................... 67 5.2.4 Batelada BE .............................................................................................................. 68 5.2.5 Eficiência do Stripping ............................................................................................. 70 5.2.6 eficiência do recolhimento do gás amônia .............................................................. 73
5.2.7 Comentário geral sobre pH e Alcalinidade .............................................................. 75
6 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 76
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 77
16
1 INTRODUÇÃO
A qualidade de vida da população do planeta tem melhorado muito
nas últimas décadas. Esse fato implica em maior geração de riqueza e maior
consumo de produtos, aumentando assim a geração de resíduos, os quais precisam
receber o correto gerenciamento a fim de se evitar a proliferação de doenças,
garantir a saúde pública, proteger o meio ambiente e ainda melhorar a estética
urbana. Segundo Ramos (2004 apud MORAIS, 2005), a média mundial de produção
de lixo é cerca de 700 gramas por habitante diariamente. Já os países latinos são
um dos que mais apresentam crescimento na produção de resíduos (ZEPEDA, 1991
apud HOSSSAKA 2008).
No Brasil a principal forma de destinação dos resíduos é
acomodação no solo, seguindo uma tendência mundial, onde países de economia
mais modesta adotam essa medida, por ser de investimento inicial menor e
assegurar de maneira adequada a minimização dos impactos ambientais. Entretanto
nem sempre os mesmo são projetados e executados de maneira correta, ou ainda
apresentam falhas em sua operação.
Mesmo quando corretamente operados os aterros sanitários geram
efluentes, como o lixiviado, e gases, como o metano, os quais devem receber a
correta destinação a fim de se evitar problemas ambientais. A utilização de aterros
sanitários é uma prática relativamente nova no país, pois somente a partir da década
de 70 surgiram as primeiras obras dessa categoria, fato que retardou o início dos
estudos nacionais a respeito do tratamento de seus efluentes, os quais ainda
merecem ser estudados e aprimorados.
O lixiviado é um líquido escuro, com forte odor e com grande
potencial poluidor, é formado basicamente pela matéria orgânica e nitrogênio,
apontado por vários pesquisadores como o responsável pela toxidade desse
efluente (SILVA, 2002).
Alguns tratamentos para a remoção do nitrogênio em lixiviados são
apontados na literatura, dentre eles o stripping da amônia livre. A remoção é
eficiente, principalmente se usada como pré-tratamento para posterior tratamento
biológico.
17
O nitrogênio removido do lixiviado por stripping vai para a atmosfera
em forma de gás amônia, entretanto esse pode apresentar alguns malefícios ao
homem e também ao meio ambiente, portanto é importante que haja a continuidade
no tratamento. Uma maneira promissora é tentar fazer com que esse gás seja
adsorvido por alguma matriz sólida ou absorvido por uma solução, promovendo
assim a recuperação e por seguinte a reciclagem do nitrogênio.
A partir da recuperação do nitrogênio além de se evitar danos ao
homem e ao meio ambiente, consegue-se promover a sua reutilização e reciclagem,
resultando assim na redução de sua produção artificial e por seguinte a economia de
fontes de energia. Outro benefício é poupar o meio ambiente, principalmente os
recursos hídricos, do acúmulo exagerado desse nutriente, que poderá prejudicar o
ecossistema em que foi inserido.
Esse contexto despertou no autor desse Trabalho de Conclusão de
Curso o interesse em iniciar o estudo sobre o assunto, pois ao mesmo tempo em
que há o tratamento do lixiviado, consegue-se pensar de maneira sustentável,
promovendo a reutilização, reciclagem e redução do nitrogênio.
18
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo desse trabalho é estudar o stripping da amônia livre como
alternativa para a redução do nitrogênio de lixiviado de aterro sanitário, bem como
analisar uma alternativa de recuperação do nitrogênio.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os objetivos específicos desse trabalho podem ser listados abaixo:
• Avaliar a eficiência do stripping;
• Criar um sistema para recuperação do gás amônia;
• Avaliar a eficiência do sistema de recuperação do gás amônia.
19
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
A característica dos resíduos produzidos por uma comunidade
depende dos fatores econômicos e culturais da mesma, bem como do número de
habitantes do município e o seu nível educacional. Essa variação não ocorre apenas
entre países, mas mesmo entre cidades vizinhas, pois, por exemplo, o poder público
de uma pode incentivar a reciclagem ao passo que o da outra cidade não. Os fatores
acima modificam também a quantidade de lixo produzida, pois a taxa de geração per
capita varia de localidade para localidade.
De acordo com a NBR 10004 (2004), são resíduos sólidos são
“resíduos nos estados sólidos ou semi-sólidos que são resultado das atividades
industriais, domésticas, hospitalares, comerciais e agrícolas, bem como lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água ou quaisquer outros líquidos que
possuam particularidades que inviabilizem seu lançamento na rede pública de
esgoto”. Além desses podem ser citados os resíduos originados da capina, poda e
limpeza de áreas públicas, classificados como públicos e também os entulhos, ou
seja, resíduos da construção civil.
Dentre os resíduos citados é de responsabilidade da prefeitura o
gerenciamento dos resíduos domiciliares, comerciais (de pequenos geradores,
geralmente até 50 kg) e públicos, os quais são, portanto classificados como resíduos
sólidos urbanos (JARDIM et al., 1995).
A norma classifica os resíduos em duas classes: resíduos classe I
(perigosos) e os resíduos classe II (não perigosos), a última classe ainda é subdivida
em não inertes (II A), os quais são biodegradáveis, combustíveis ou solúveis em
água e os inertes (II B). Os resíduos da classe I devem receber cuidados especiais e
sofrerem uma destinação exclusiva, ou seja, caso a destinação seja um aterro, esse
deve ser exclusivo para esse resíduo. Já os resíduos da classe II podem ser
destinados em conjunto, em um mesmo aterro sanitário (NBR 10004, 2004). Nesse
aterro haverá diferentes materiais, mas de maneira geral, no Brasil, de acordo com
Hossaka (2008), 40 a 70 % do peso desses resíduos correspondem à matéria
20
orgânica, enquanto que na Europa essa parcela cai para 25%, como indica Reichert
(1999).
Além da matéria orgânica putrescível, outros componentes podem
fazer parte da composição dos resíduos, como papel e papelão, plástico, vidro,
metais e outros. Essa ordem geralmente representa a porcentagem de cada
componente nos resíduos urbanos no Brasil.(FLECK, 2003).
Os resíduos sólidos urbanos, independentemente de sua
constituição necessitam ser corretamente dispostos. Existem basicamente quatro
maneiras de realizar esse destino: acomodação no solo, compostagem, reciclagem e
incineração.
A compostagem é o processo biológico de decomposição da matéria
orgânica através da bioxidação aeróbia, gerando um composto rico em macro e
micro nutriente, estável e livre de patógenos, o qual poderá ser utilizado na
agricultura como fertilizante para adubamento de culturas, além de proteger o solo
contra a erosão. Apresenta como resíduos o dióxido de carbono, água e substâncias
minerais. O processo pode ser natural ou acelerado, através da aeração para que a
produção do composto seja mais rápida. Para que o resíduo sólido urbano possa ser
usado na compostagem, é necessário que anterior ao processo o mesmo sofra uma
triagem para que haja a separação apenas da parte orgânica. Usar esse processo
nos RSU é interessante, uma vez que como visto, esse apresente em média 50% de
matéria orgânica, e os outros componentes como vidro, plástico e metais podem ser
reciclados, por fim reduzindo bastante o volume do “lixo” (BRAGA, 2002 apud
Morais, 2005; FERNANDES et. al., 1999; JARDIM et al.. 1995).
Outra maneira de se destinar os resíduos sólidos urbanos é a
incineração, que consiste na queima do “lixo” a altas temperaturas
(aproximadamente 900ºC), gerando basicamente dióxido de carbono gasoso, vapor
de água e sólidos inorgânicos, geralmente inertes. Além desses, outros compostos
podem ser eliminados na queima dos resíduos, como metais pesados, produtos de
combustão incompleta e novas substâncias químicas, esses compostos mais as
cinzas resultantes da combustão, são tóxicos e merecem atenção especial. Os
gases tóxicos devem ser retidos em filtros e as cinzas serem corretamente dispostas
em aterros sanitários especiais. Esse fato, somado ao alto custo são as principais
desvantagens do sistema.
21
As principais vantagens do processo são a grande redução do
volume a ser descartado e a destoxificação de parte do material “queimado” devido
às altas temperaturas as quais esse é submetido durante o processo. Esse método é
muito utilizado em países que sofrem com falta de espaço territorial, como o Japão,
o que justifica o alto investimento inicial (METCALF et EDDY, 1991).
A correta acomodação dos resíduos sólidos no solo se dá através
dos aterros sanitários. No Brasil essa deveria ser a alternativa mais utilizada, pois se
bem executado pode contemplar tanto os aspectos técnicos quanto os econômicos
(SOUTO, 2009). Essa forma de disposição final consiste no confinamento do lixo no
solo em camadas impermeabilizadas, dotadas de drenos para águas pluviais e para
os efluentes líquidos e gasosos; cobertos com material inerte, geralmente o próprio
solo (JARDIM et al.. 1995; MANAHAN, 1999). Segundo a NBR 8419 (1992) os
aterros sanitários devem assegurar a segurança e a saúde pública, minimizar os
impactos ambientais, ou seja, a contaminação do subsolo, do lençol freático e
problemas de erosão, através do uso de técnicas de engenharia.
As camadas impermeabilizadas dos aterros são chamadas de
células, onde essas são totalmente impermeabilizadas através de argilas
compactadas ou geomembranas sintéticas, onde se destaca o uso do polietileno de
alta densidade (PEAD). Os drenos horizontais são usados para captar os líquidos e
percolados, e os drenos verticais para a captação dos gases. Dentre os líquidos e
percolados pode-se citar a água pluvial, o chorume e água natural do solo, todos
precisam ser retirados escoados para garantir a estabilidade do aterro, o lixiviado
deve ser coletado e receber o tratamento adequado (JARDIM et al., 1995; MORAIS,
2005).
Além dos itens acima explanados fazem parte da estrutura do aterro
cercas, portaria, balanças, garagem, iluminação e sistemas de monitoramento, os
quais devem ser operados inclusive após o encerramento de atividade do aterro. O
aterro sanitário deve-se localizar pelo menos a 500 m de zonas residenciais e a 20
km de aeroportos, sua base deve estar ainda a 3 m do lençol freático e antes de sua
instalação devem ter sido realizados estudos de impacto ambiental, bem como
estudos da estabilidade dos maciços de terra e dos resíduos sólidos dispostos. Deve
ser previsto, também, o fechamento final do aterro, o reaproveitamento da área,
evitando construções de edificações. É possível reaproveitar a área para construção
de parques ou qualquer outro tipo de recreação, a cobertura final de terra deve
receber atenção especial, a fim de evitar o surgimento e
doenças, reduzir a geração de percolados e evitar a fuga dos gases, que devem ser
direcionados aos drenos com esse fim (JARDIM et al..
No Brasil ainda são praticadas mais duas formas de disposição final
no solo, os aterros controlados e os li
(1985), é mais satisfatório que o lixão, uma vez que esse ainda apresenta os
resíduos cobertos, entretanto não há total imperm
líquidos e gases. Já os lixões não recebem nenhum cuidado
são depositados sem receberem nenhum tratamento, algumas vezes apenas seu
espalhamento, mas não
ambiente, seja pelos gases liberados ou pelo lixiviado não coletado e tratado.
De acordo com o IBGE (2000), são produzidos cerca de 228.413
toneladas de resíduos sólidos diariamente, sendo desse montante 125.281
toneladas resíduos domiciliares.
Básico, 2000) realizado pelo IBGE mostra que a
brasileiros destinam seus resíduos em aterros sanitários, sendo que a maioria
(63,1%) utiliza os lixões como destino final, como mostra a Figura
for levado em conta à destinação em relação à massa total de resíduos
situação apresenta uma melhora, 36% de todos os resíduos sólidos domiciliares
produzidos no Brasil são destinados em aterros sanitários, sendo apenas 21%
destinados de maneira incorreta
referem-se aos resíduos coletados e não o gerado, portanto a geração é maior que
os valores acima explicitados.
Figura 3.1 - Destin
receber atenção especial, a fim de evitar o surgimento e a proliferação de vetores de
reduzir a geração de percolados e evitar a fuga dos gases, que devem ser
direcionados aos drenos com esse fim (JARDIM et al.., 1995; MORAIS, 2005).
No Brasil ainda são praticadas mais duas formas de disposição final
terros controlados e os lixões. O aterro controlado, citado na NBR 8849
é mais satisfatório que o lixão, uma vez que esse ainda apresenta os
resíduos cobertos, entretanto não há total impermeabilização e drenagem
Já os lixões não recebem nenhum cuidado especial, os resíduos
são depositados sem receberem nenhum tratamento, algumas vezes apenas seu
não seguem nenhuma técnica para evitar
ambiente, seja pelos gases liberados ou pelo lixiviado não coletado e tratado.
e acordo com o IBGE (2000), são produzidos cerca de 228.413
toneladas de resíduos sólidos diariamente, sendo desse montante 125.281
toneladas resíduos domiciliares. O PSNB (Pesquisa Nacional de Saneamento
ico, 2000) realizado pelo IBGE mostra que apenas 13,7 % dos municípios
brasileiros destinam seus resíduos em aterros sanitários, sendo que a maioria
(63,1%) utiliza os lixões como destino final, como mostra a Figura
for levado em conta à destinação em relação à massa total de resíduos
situação apresenta uma melhora, 36% de todos os resíduos sólidos domiciliares
produzidos no Brasil são destinados em aterros sanitários, sendo apenas 21%
destinados de maneira incorreta (Figura 3.2). É válido lembrar que os dados
resíduos coletados e não o gerado, portanto a geração é maior que
os valores acima explicitados.
Destinação nos municípios brasileiros. Fonte IBGE
22
proliferação de vetores de
reduzir a geração de percolados e evitar a fuga dos gases, que devem ser
1995; MORAIS, 2005).
No Brasil ainda são praticadas mais duas formas de disposição final
, citado na NBR 8849
é mais satisfatório que o lixão, uma vez que esse ainda apresenta os
eabilização e drenagem dos
especial, os resíduos
são depositados sem receberem nenhum tratamento, algumas vezes apenas seu
problemas ao meio
ambiente, seja pelos gases liberados ou pelo lixiviado não coletado e tratado.
e acordo com o IBGE (2000), são produzidos cerca de 228.413
toneladas de resíduos sólidos diariamente, sendo desse montante 125.281
PSNB (Pesquisa Nacional de Saneamento
13,7 % dos municípios
brasileiros destinam seus resíduos em aterros sanitários, sendo que a maioria
(63,1%) utiliza os lixões como destino final, como mostra a Figura 3.1. Entretanto se
for levado em conta à destinação em relação à massa total de resíduos no país, a
situação apresenta uma melhora, 36% de todos os resíduos sólidos domiciliares
produzidos no Brasil são destinados em aterros sanitários, sendo apenas 21%
. É válido lembrar que os dados
resíduos coletados e não o gerado, portanto a geração é maior que
onte IBGE, 2000.
Figura 3.2 - Destinação nos municípios bras
Jucá (2002
o Brasil apresentou uma evolução quanto ao destino final de seus resíduos,
crescendo o número de aterros sanitários e outras maneiras corretas
resíduos, como a incineração e a compostagem. Pôde
no Brasil é o uso dos aterros sanitários, fato observado também em países da União
Européia, Mediterrâneo e Estados Unidos (LEAHY
CASTILHO et al., 2001; TYRREL
3.2 LIXIVIADO GERADO PELO
A decomposição dos resíduos nos aterros ocorre mediante uma
combinação de processos físicos, químicos e biológicos. O conjunto desses
processos recebe o nome de din
atividades, a água pluvial ou qualquer outro líquido, como a própria umidade do
resíduo, podem percolar nas células do aterro e somar
decomposição dos resíd
apresenta cor escura e odor desagradável, sua composição é muito diversa,
apresentando altos teores de compostos orgânicos e inorgânicos, na
dissolvidas e colodais (MORAIS, 2005).
Destinação nos municípios brasileiros em porcentagem de massa. F
Jucá (2002, apud HOSSAKA, 2008) observou que na década de 90
o Brasil apresentou uma evolução quanto ao destino final de seus resíduos,
crescendo o número de aterros sanitários e outras maneiras corretas
, como a incineração e a compostagem. Pôde-se observar que a tendência
no Brasil é o uso dos aterros sanitários, fato observado também em países da União
Européia, Mediterrâneo e Estados Unidos (LEAHY et al., 2000; DING
TYRREL et al., 2002 apud MORAIS, 2005
IXIVIADO GERADO PELOS ATERROS SANITÁRIOS
A decomposição dos resíduos nos aterros ocorre mediante uma
combinação de processos físicos, químicos e biológicos. O conjunto desses
processos recebe o nome de dinâmica de aterros (SOARES, 2006). Além dessas
água pluvial ou qualquer outro líquido, como a própria umidade do
resíduo, podem percolar nas células do aterro e somar-se ao líquido gerado pela
decomposição dos resíduos, formando assim o lixiviado. O líquido resultante
apresenta cor escura e odor desagradável, sua composição é muito diversa,
apresentando altos teores de compostos orgânicos e inorgânicos, na
dissolvidas e colodais (MORAIS, 2005).
23
ileiros em porcentagem de massa. Fonte IBGE 2000.
) observou que na década de 90
o Brasil apresentou uma evolução quanto ao destino final de seus resíduos,
crescendo o número de aterros sanitários e outras maneiras corretas de destinar os
se observar que a tendência
no Brasil é o uso dos aterros sanitários, fato observado também em países da União
2000; DING et al., 2001;
MORAIS, 2005).
A decomposição dos resíduos nos aterros ocorre mediante uma
combinação de processos físicos, químicos e biológicos. O conjunto desses
âmica de aterros (SOARES, 2006). Além dessas
água pluvial ou qualquer outro líquido, como a própria umidade do
se ao líquido gerado pela
. O líquido resultante
apresenta cor escura e odor desagradável, sua composição é muito diversa,
apresentando altos teores de compostos orgânicos e inorgânicos, nas formas
24
3.2.1 Características do Lixiviado
A dinâmica dos aterros é caracterizada basicamente por duas fases,
a fase ácida (ou anaeróbia) e a fase metanogênica, que se refletem nas
características do lixiviado. O lixiviado gerado na fase ácida tem como
características elevada concentração de ácidos graxos e, portanto, alta carga
orgânica, sendo o pH menor que 7,0. Segundo Kjeldsen e colaboradores (2002),
Tatsi e colaboradores (2003 apud MORAIS, 2005), essas substâncias apresentam
baixa massa molar (MM <120 g mol-1
), sendo passíveis de degradação biológica.
Por outro lado o lixiviado produzido na fase de decomposição
metanogênica é caracterizado por menores concentrações de matéria orgânica
biodegradável, com a presença de substâncias formadas por compostos complexos
e resistentes à biodegradação, como as substâncias húmicas e fúlvicas, que são em
geral consideradas substâncias recalcitrantes ou de difícil biodegradação. O pH
geralmente está acima de 7,0, em torno de 8,0, e a alcalinidade também é elevada.
Além desses componentes, o nitrogênio também se encontra em elevada
concentração, principalmente na forma de nitrogênio amoniacal, concentração que
pode inibir a proliferação de microorganismos e, portanto os tratamentos biológicos
(LI et al., 1999; TATSI et al., 2003, ZOUBOULITS et al., 2004 apud MORAIS, 2005).
Por fim pode-se destacar ainda outra fase, a de maturação, onde as
emissões de gases diminuem bastante, tornado-se quase insignificantes, gerando
um aterro estável. Em suma, a fase ácida ocorre em aterros novos, ou em células
novas e a fase metanogênica em aterros ou células velhas. O tempo de cada fase
varia de aterro para aterro em função das características do resíduo aterrado e das
condições climáticas, como períodos chuvosos, e operacionais, como o grau de
compactação dos resíduos. Em geral a fase ácida nos aterros brasileiros dura cercar
de dois anos.
As variações de fases podem ocorrer num mesmo aterro, inclusive
numa mesma célula, sendo muito difícil precisar exatamente em qual fase cada
parte do aterro se encontra, ou seja, em um mesmo aterro pode-se ter lixiviado com
características distintas. As partes superiores geralmente estarão nas primeiras
etapas, por serem formadas pelo “lixo” novo, portanto de cima para baixo pode-se
25
verificar o avanço das fases no aterro ou em uma célula. Portanto os ácidos
orgânicos produzidos nas camadas superiores são consumidos nas inferiores, já o
metano é produzido na parte inferior. Entretanto tal situação não é uma regra, pois
dependo da forma de gerenciamento no aterro isso pode mudar.
Segundo Fleck (2003), aterros sanitários que recebam apenas
resíduos domiciliares e são operados de maneira correta, apresentam lixiviado
formado praticamente por matéria orgânica e nitrogênio. Outros compostos podem
ser citados, como metais, sulfetos, fósforo, cianeto, ácidos voláteis, carbono
inorgânico e substâncias húmicas, mas todos em concentrações bem reduzidas.
Kjeldsen et al. (2002) classificam os poluentes acima citados em
quatro grandes grupos:
• Matéria Orgânica Dissolvida (MOD): esta podendo ser expressa
pela Demanda química de Oxigênio (DQO) ou Carbono Orgânico Total (COT), fazem
parte desse grupo o gás metano, ácidos graxos voláteis e compostos recalcitrantes,
ou seja, aqueles de difícil biodegradação, sendo representados, principalmente,
pelos compostos húmicos e fúlvicos;
• Macrocomponentes Inorgânicos: grupo representado pelo cálcio
(Ca), magnésio (Mg), sódio (Na), potássio (K), amônio (NH4
+), ferro (Fe), manganês
(Mn), cloretos (Cl-), sulfato (SO
4
2-), sulfeto (S
2-) e carbonato (CO
3
2-);
• Metais pesados, como o cádmio (Cd), cromo (Cr), cobre (Cu),
chumbo (Pb), níquel (Ni) e zinco (Zn).
• Compostos Orgânicos Xenobióticos: são compostos formados
por hidrocarbonetos halogendos, compostos fenólicos, alcoóis, aldeídos, cetonas e
ácidos carboxílicos e outros compostos tóxicos, geralmente formados em indústrias
químicas.
Outros compostos podem ser encontrados em menores quantidade,
como o boro (B), arsênico (As), selênio (Se), bário (Ba), lítio (Li), mercúrio (Hg) e
cobalto (Co).
Nota-se que a quantidade de tipos de compostos presentes no
lixiviado, mesmo que muitas vezes em pequenas concentrações, é grande, sendo
muito difícil a identificação deste devido a sua variabilidade. Entretanto alguns
autores compilaram dados que tentam de alguma forma caracterizar os lixiviados,
levando em conta a idade do aterro e sua fase, bem como as alterações de
26
parâmetros físico-químicos, como pH, matéria orgânica, alcalinidade, sólidos, DQO e
DBO.
Souto (2009) propôs uma tabela (Tabela 3.1 e 3.2) para as
características do lixiviado dos aterros brasileiro, dividindo os em aterros jovens
(fase ácida) e aterros velhos (fase metanogênica). Os dados foram obtidos através
de revisão bibliográfica, sendo levados em conta apenas os lixiviados que não
passaram por nenhum tipo de tratamento, e também aqueles que se encontravam
na saída do sistema de drenagem. Foram abordados aterros sanitários de todas as
regiões do Brasil, não de maneira uniforme, sendo a maioria das regiões Sudeste e
Sul, as quais apresentam a maior quantidade de lixo gerado.
Tabela 3.1 – Características típicas do lixiviado dos aterros brasileiros na fase ácida Variável Mínimo 10% 20% 80% 90% Máximo Ref.
pH 4,4 4,8 5,1 8,3 8,3 8,4 13 Alcalinidade total (mg/L de CaCO3)
170 460 25000 32000 7
Turbidez (UNT) 100 540 1 Condutividade (µS/cm) 230 45000 4 DBO (mg/L de O2) 1 15 35 25400 29800 55000 12 DQO (mg/L de O2) 90 180 540 53700 74000 100000 13 NKT (mg/L de N) 1,7 3000 4 NAT (mg/L de N) 0,07 10 1800 2000 9 N-NO2
- (mg/L) - - - - - - 0 N-NO3
- (mg/L) Nd 45 3 P-total (mg/L) Nd nd 107 260 5 Cloreto (mg/L) 275 4700 2 ST (mg/L) 400 1000 39300 45000 7 STV (mg/L) 78 260 21800 26700 6 STF (mg/L) 40 28400 4 SST (mg/L) 10 7000 4 Fe total (mg/L) Nd 0,004 500 1400 8 Cd total (mg/L) Nd nd 0,009 0,1 7 Cu (mg/L) Nd nd 0,5 0,8 7 Cr (mg/L) Nd nd 0,6 1,2 5 Mn total (mg/L) Nd 115 4 Ni (mg/L) Nd 6,5 4 Zn (mg/L) Nd nd 7 27 7 Pb total (mg/L) Nd nd 1,3 1,5 6 CT (NMP/100 ml) 200 5x107 1 OBS: * Ref = nº de referências das quais se obteve dados para a variável; nd = abaixo do limite de detecção; CT=coliforme termotolerentes Fonte: SOUTO (2009)
27
Os valores 10 e 20% apresentados nas tabelas apontam que em 90
ou 80% dos aterros sanitários pesquisados os valores estão acima da variável
indicada, já 80 e 90% mostram que esse montante de aterros apresentam valores
abaixo dos tabelados, para a variável em questão.
Tabela 3.2 – Características típicas do lixiviado dos aterros brasileiros na fase metanogênica Variável Mínimo 10% 20% 80% 90% Máximo Ref.
pH 5,9 6,8 7,1 8,7 8,8 9,2 32 Alcalinidade total (mg/L de CaCO3)
125 200 425 11900 15800 20200 19
Turbidez (UNT) 0,02 4,5 6 540 550 620 11 Condutividade (µS/cm) 100 1850 2520 25600 29400 45000 23 DBO (mg/L de O2) 3 30 60 6000 9300 17200 30 DQO (mg/L de O2) 20 400 700 13500 18600 35000 34 NTK (mg/L de N) 0,6 20 90 3000 3200 5000 13 NAT (mg/L de N) 0,03 20 50 2400 2800 3000 29 N-NO2
- (mg/L) Nd nd nd 20 40 70 11 N-NO3
- (mg/L) Nd nd nd 60 100 270 15 P-total (mg/L) Nd 0,1 0,2 40 50 80 19 Cloreto (mg/L) 20 50 330 4100 4700 6900 17 ST (mg/L) 200 900 1450 19100 20000 29000 23 STV (mg/L) 75 400 600 8700 10600 20000 20 STF (mg/L) 100 650 900 12300 13800 17000 15 SST (mg/L) 7 10 15 2600 2900 12400 17 Fe total (mg/L) 0.001 0,25 0,40 80 100 720 19 Cd total (mg/L) Nd nd nd 0,1 0,2 0,6 19 Cu (mg/L) Nd nd nd 1,1 1,5 2,9 17 Cr (mg/L) Nd nd 0,006 0,8 0,9 1,0 19 Mn total (mg/L) Nd 0,01 0,025 10 20 30 14 Ni (mg/L) Nd nd nd 0,8 1,0 1,4 14 Zn (mg/L) Nd 0,01 0,01 2 5 35 21 Pb total (mg/L) Nd nd nd 1,1 2,1 6,7 18 CT (NMP/100 ml) Nd nd 1,6 2x107 6x107 2x108 10 OBS: * Ref = nº de referências das quais se obteve dados para a variável; nd = abaixo do limite de detecção; CT=coliforme termotolerentes Fonte: SOUTO (2009)
Como se observa, a faixa de variação entre os componentes é muito
grande, o que confirma mais uma vez a grande variabilidade desse efluente, assim
sendo, é difícil que haja uma comparação real entre lixiviados de aterros diferentes.
Entretanto Kjeldsen e colaboradores (2002) propõem que sejam feitas algumas
razões entre os dados obtidos, como por exemplo, a razão entre (DBO5/DQO) que
representa a fração de matéria orgânica biodegradável, além de outras razões que
28
criam parâmetros qualitativos, auxiliando assim na comparação entre lixiviados
diferentes.
O potencial poluidor do lixiviado é muito elevado, portanto o mesmo
deve ser corretamente coletado e tratado, evitando que haja a contaminação das
águas superficiais e subterrâneas, além do solo. O maior impacto ocorre em relação
à poluição das águas, onde a primeira alteração é notada na redução do teor de
oxigênio dissolvido, comprometendo assim a fauna e a flora (CHRISTENSEN et al.,
2001; FENT, 2003 apud MORAIS, 2005). A mancha de poluição devido ao lixiviado
pode ser observada no solo em distâncias superiores a 100 m do aterro (KJELDSEN
et al., 2002; BAUN et al., 2004, apud MORAIS, 2005).
É um consenso entre os autores brasileiros que o nitrogênio na sua
forma amoniacal é o principal causador da toxidade do lixiviado a longo prazo, uma
vez que a matéria orgânica tende a reduzir com o tempo e os metais precipitarem
quando o pH se eleva. O nitrogênio, suas formas, características e formas de
tratamento serão abordadas no capítulo seguinte.
O lixiviado além de causar problemas ambientais, pode também ser
prejudicial à saúde pública, uma vez que é grande a quantidade de patógenos na
sua composição, derivados principalmente de resíduos de higiene pessoal e
preservativos e, também, de resíduos sólidos de saúde.
3.2.2 Formas de Tratamento do Lixiviado
O tratamento do lixiviado pode ser realizado de diversas maneiras,
sendo a origem desses na maioria das vezes dos tratamentos de efluentes
industriais ou doméstico. Entretanto é um equívoco admitir que os mesmos
apresentem características semelhantes, como citado por Souto (2009) não se deve
comparar o lixiviado ao um esgoto sanitário mais concentrado, pois até mesmo entre
lixiviados de aterros diferentes há uma diferença considerável em sua composição.
No Brasil os estudos a respeito da correta destinação final dos
resíduos e por seguinte das formas de tratamento do lixiviado só começaram a partir
da década de 70, portanto pode-se considerar que é um assunto novo e ainda
requer muitos estudos e aperfeiçoamento dos sistemas de tratamento. Entretanto
29
algumas maneiras de se tratar esse efluente já são usadas ou estão nas fases de
estudo, mas com resultados satisfatórios.
Como o efluente é muito variável, não existe uma forma correta e
única para o tratamento. Em um dado momento um determinado tipo de tratamento
pode ser vantajoso, mas em outro não, sendo importante também serem levados em
conta os aspectos econômicos, que envolvem o local do tratamento, a eficiência
desejada e os custos de instalação, manutenção e operação. Em geral para o
efetivo tratamento de lixiviado há a necessidade da combinação de diferentes
sistemas de tratamentos para se alcançar resultados satisfatórios tanto no aspecto
da remoção de poluentes, quanto no aspecto econômico.
Os tratamentos de lixiviado de aterro sanitário podem ser divididos
em basicamente dois grandes grupos: os tratamentos biológicos e os tratamentos
físico-químicos, geralmente utilizados como pré-tratamento ou pós-tratamento.
De acordo com Metcalf e Eddy (1991) o tratamento biológico tem
como objetivo remover os sólidos coloidais e estabilizar a matéria orgânica e por
ventura podem ainda remover nutrientes, como o nitrogênio e o fósforo. Existe uma
variação na função metabólica nas atividades dos organismos, isso ocorre em
função de como o organismo realiza sua respiração, ou seja, o que ele utiliza como
aceptor final de elétron, portanto tem-se a respiração aeróbia quando é utilizado o
oxigênio como aceptor de elétrons e a respiração anaeróbio quando é utilizado outro
tipo de receptor de elétrons, como por exemplo nitrato, nitrito e sulfato entre outros.
No caso do uso do nitrato e do nitrito como receptor de elétrons o processo é
denominado de anóxico. Quando a oxidação da matéria orgânica ocorre na ausência
de receptor externo de elétrons tem-se a fermentação anaeróbia, neste caso ocorre
uma transferência interna de elétron, por isso resultam dois produtos um mais
reduzido e um mais oxidado.
Entre as formas de tratamento biológica do lixiviado pode-se citar:
recirculação deste no próprio aterro sanitário, co-tratamento com esgoto doméstico,
e sistemas de tratamento biológicos como lodos ativados, filtros biológicos e lagoas.
A recirculação do lixiviado é uma técnica simples baseada apenas
no recolhimento do lixiviado gerado e sua reintrodução na massa de resíduos
através de aspersão. É uma alternativa com baixo custo de operação, a qual
promove a aceleração da decomposição dos resíduos depositados devido à
distribuição da matéria orgânica e umidade ao longo das células do aterro
30
O co-tratamento do lixiviado com esgoto doméstico é uma alternativa
que se utiliza de um sistema de tratamento de esgoto já existente, ou seja, o tipo de
tratamento é o mesmo utilizado para o esgoto doméstico, portanto o principal gasto
refere-se ao transporte do lixiviado do aterro sanitário até a estação de tratamento
de esgoto (ETE), entretanto o lixiviado deve ser diluído para concentrações abaixo
de 10% para que não prejudique o sistema de tratamento existente. Respeitando
essa especificação o tratamento pode ser eficiente chegando a atingir 95% de
remoção de DBO (RENOU et. al., 2008 apud HOSSAKA, 2008).
O processo de lodos ativados baseia-se no crescimento de
organismos aeróbios com uso da matéria orgânica, através da inserção mecânica de
oxigênio no tanque, resultando na formação de flocos bacterianos ativos, os quais
são separados em um decantador e parte destes retorna posteriormente ao sistema.
A recirculação permite que a biomassa ativa permaneça mais tempo no sistema,
acelerando assim o processo de remoção da matéria orgânica. O sistema apresenta
uma ótima eficiência, mas seu custo de implantação e operação é elevado, sendo
necessário um estudo de viabilidade econômica para sua implantação (FLECK,
2003).
O filtro biológico é um sistema de leito fixo e crescimento fixo,
preenchidos por um material suporte (plástico, brita, pedra, cascalho) onde os
microorganismos permanecem aderidos, e por eles passa o efluente que precisa ser
tratado, no caso o lixiviado. Os microorganismos podem desempenhar atividades
aeróbias, anaeróbias ou facultativas, que degradarão a matéria orgânica
estabilizando o lixiviado (FLECK, 2003).
O tratamento por lagoas pode ser realizado de três maneiras
distintas: através de condições aeróbias (lagoa aerada de mistura completa),
anaeróbias ou facultativas. As lagoas aeradas apresentam boa eficiência na
remoção de carga orgânica e microorganismos patógenos, além de serem de baixo
custo e de fácil operação (HOSSAKA, 2008).
Além dos tratamentos acima apresentados existem outras maneiras
de se tratar o lixiviado biologicamente, bem como ainda, pode haver a combinação
dos métodos citados para que haja uma maior eficiência no tratamento, com o
menor custo possível, como por exemplo, a combinação dos sistemas aeróbios com
os anaeróbios, com o uso do tratamento anaeróbio primeiramente para reduzir a
carga orgânica, permitindo assim economia de energia e menor produção de lodo,
31
além de processos como a amonificação, onde o nitrogênio orgânico se transforma
em nitrogênio amoniacal, o qual poderá ser removido em processos subseqüentes.
Os tratamentos físico-químicos além de alterarem a característica do
lixiviado, proporcionando assim condições satisfatórias para um posterior tratamento
biológico, podem também em alguns casos, serem usados como a única forma de
tratamento ou ainda como um pós-tratamento. Como pós-tratamento pode-se fazer a
remoção complementar da carga orgânica, cor e sólidos em suspensão,
proporcionando assim uma clarificação do efluente final.
Esse tipo de tratamento pode agir de duas maneiras: primeiro
podem remover os poluente através de sistemas mecânicos para retenção de
sólidos e por segundo com a adição de produtos químicos alterarem as
características do lixiviado. Alguns representantes dessa classe de tratamento são a
coagulação, o processo de membrana, a adsorção e a oxidação química, os quais
serão brevemente retratados a seguir, bem como o stripping, que será abordado no
item 3.4.
Coagulação, floculação, precipitação e sedimentação podem ser
consideradas um tratamento só, sendo que cada um representa uma etapa
diferente. O princípio do tratamento é neutralizar as cargas elétricas da matéria em
suspensão, para que os mesmos possam se aglutinar e por seguinte decantarem,
permitindo assim a remoção de sólidos em suspensão, coloidais e dissolvidos, e
ainda havendo uma clarificação do efluente final. Para que possa atingir um grau de
eficiência satisfatório deve ser usado como pré-tratamento em lixiviados, ou ainda
em alguns casos como pós-tratamento, pois sozinho ele não consegue remover
quantidade suficiente de DQO/DBO e nutrientes, no caso nitrogênio.
Os processos de membrana nada mais são do que uma vertente dos
processos de filtração convencionais, cujo objetivo é reter os poluentes do lixiviado,
que se faz passar por uma matriz semipermeável (a membrana). Segundo Fleck
(2003) existem três tipos básicos de filtração por membranas: a filtração com suas
variações quanto ao tamanho das partículas, osmose direta e osmose reversa, que
variam em função do sentido da passagem do lixiviado pela membrana. Marttinen e
colaboradores (2002 apud MORAIS, 2005) obtiveram eficiência de remoção de 90%
de DQO e entre 25 a 50% para remoção de nitrogênio amoniacal quando utilizaram
a filtração em combinação com tratamentos biológicos.
32
A adsorção é um tratamento que se baseia no princípio que muitas
substâncias químicas presentes no lixiviado podem ser adsorvidas por matrizes
sólidas, sendo que o carvão ativado é o que apresenta melhores resultados.
Segundo Fleck (2003) essa retenção ocorre devido a enlaces físicos ou químicos,
que podem ser divididos em três etapas: macrotransporte, microtransporte e sorção.
Amokrane e colaboradores (1997) e Kargi e Pamukoglu (2004 apud Morais, 2005)
chegaram à conclusão que o carvão ativado conseguiu uma remoção na faixa de 50
a 70% de DQO e entre 25 e 35% de nitrogênio amoniacal, estudo realizado em
amostras de lixiviado estabilizado.
O tratamento por oxidação tem como objetivo oxidar a matéria
orgânica, inclusive a recalcitrante, ou outros compostos que aumentam a DQO, bem
como insolubilizar poluentes com a finalidade de torná-los inofensivos (FLECK,
2003). A oxidação é obtida através do uso peróxido de hidrogênio (H2O2), ozônio
(O3), irradiação ultravioleta, cloro gasoso ou hipoclorito de cálcio, sendo que os dois
últimos não apresentam bons resultados no uso em lixiviado. Entretanto é ainda um
tratamento muito caro para ser usado em grande escala, mas existem pesquisas
promissoras para viabilização do seu uso. (PERALTA-ZAMORA et al., 1997;
ANDREOZZI et al., 1999 apud MORAIS 2005).
3.2.5 Considerações Finais
Os tratamentos biológicos são geralmente utilizados em lixiviado
provenientes de aterros novos, ou seja, na fase ácida, onde a quantidade de matéria
orgânica biodegradável é bastante grande. Para que os tratamentos biológicos
apresentem bons resultados em lixiviados de aterros na fase metanogênica, o
mesmo precisa sofrer algumas modificações na sua composição, para que isso
ocorra um pré-tratamento pode ser realizado, os quais geralmente são feitos através
de processos físico-químicos. Esse tratamento prévio pode auxiliar na degradação
de matéria orgânica refratária ou ainda remover alguns nutrientes, como o
nitrogênio, sendo que esse na forma amoniacal em elevadas concentrações, como
as observadas em lixiviados de aterro na fase metanogênica, inibe a atividade
biológica de certas bactérias.
33
Os tratamentos físico-químicos, de uma maneira geral, não
apresentam bons resultados usados isoladamente, pois muitas vezes eles não
conseguem remover certas substâncias de maneira total, apenas alteram suas
características, fato positivo para os tratamentos biológicos. Silva, Dezotti e
Sant’anna Júnior (2004 apud SOUTO (2009), concluíram que a coagulação-
floculação e a ozonização reduziram pouco a toxidade do lixiviado, a ultrafiltração
diminui a toxidade para alguns organismos, entretanto aumentou para outros, já os
melhores resultados com relação ao nitrogênio foram obtidos com o stripping.
3.3 NITROGÊNIO
3.3.1 Nitrogênio no meio e seus efeitos
O nitrogênio é um dos principais elementos para a constituição das
células dos seres vivos, principalmente das proteínas, as quais são formadas
basicamente por esse elemento. Ele se encontra no planeta Terra em maior parte na
forma gasosa, e para que possa ser usado pelos microorganismos precisa ser fixado
por alguns seres vivos dotados da enzima nitrogenase ou ainda ser produzido
industrialmente, onde é transformado em NH3 (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006).
A fixação do nitrogênio, ou seja, sua transformação de gás para
molécula acontece geralmente através de bactérias autótrofas, geralmente do tipo
Rhizobium, as quais vivem simbioticamente em raízes de leguminosas, como o
feijão, soja e amendoim, elas transformam o nitrogênio molecular (N2) no íon amônio
(NH4+) (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006).
Uma vez fixado no ecossistema, o nitrogênio pode sofrer várias
alterações e passar por várias formas, sendo elas: nitrogênio molecular (N2),
nitrogênio orgânico (dissolvido ou em suspensão), nitrogênio amoniacal (formado
pela amônia livre: NH3 e íon amônio NH4+), nitrito (NO2
-) e nitrato (NO3-), onde cada
um apresenta um estado de oxidação, que pode ser observado na Tabela 3.3 (VON
SPERLING, 1996).
34
Ainda pode-se classificar o nitrogênio de outras duas formas: o
nitrogênio Kjeldahl total (NKT), formado pelo nitrogênio orgânico (N-org) mais o
amoniacal e o nitrogênio total (NT), formado pelo NKT mais nitrito e nitrato.
Tabela 3.3 – Formas predominantes do nitrogênio
Forma Fórmula Estado de Oxidação Nitrogênio molecular N2 0 Nitrogênio orgânico Variável Variável Amônia Livre NH3 -3 Íon amônio NH4 -3 Íon nitrito NO2
- +3 Íon nitrato NO3
- +5 Fonte: GOMES et al., 2009
Em torno de 80% da amônia utilizada pelo homem é destinada a
produção de fertilizantes para a agricultura e o restante pode ser dividido para a
fabricação de produtos químicos, produtos de limpeza, medicamentos e bebidas. O
aumento da síntese industrial da amônia pode comprometer o ciclo natural do
nitrogênio, pois segundo Howarth (2004 apud QUEIROZ, 2006) o homem contribui
com cerca de 20 a 45% de todo o nitrogênio fixado na Terra, principalmente através
de compostos nitrogenados presentes nas águas residuárias, como esgoto e
lixiviado, além dos fertilizantes utilizados na agricultura e nos dejetos da criação de
animais, poluição essa que será abordada no tópico seguinte.
Segundo ATSDR (2004 apud SOUTO, 2009), as concentrações de
amônia variam entre 0,0085 e 0,043 mg/L em corpos d’água sem impactos
ambientais e em rios e bacias normalmente ficam abaixo de 6 mg/L, entretanto
devido as ações do homem esses valores podem ser alterados, ocasionando assim
diversos impactos no ambiente, alterando consideravelmente o ecossistema da
região atingida.
O nitrogênio presente no lixiviado, em sua maior parte, é originado
da decomposição da matéria orgânica proteica. Outras fontes de nitrogênio em
lixiviados, porém em menor escala, são os fertilizantes, produtos de limpeza e
produtos para a preservação de madeira (FLECK, 2003). Ele é um dos responsáveis
pela toxidade do lixiviado, sendo que a amônia livre (gás amônia) apresenta grande
toxicidade por ser formada por uma molécula não ionizada, diferente do íon amônio.
35
O lançamento do lixiviado em corpos hídricos causa a depleção dos
níveis de oxigênio dissolvido e outros problemas devido a presença do nitrogênio, os
quais podem ser observados a seguir, como cita Querioz (2006) e Von Sperling
(1996).
A amônia livre impede as trocas gasosas nas guelras dos peixes,
ocasionando assim a mortandade desses; na oxidação da amônia (nitrificação)
ocorre consumo de oxigênio do corpo hídrico; o íon amônio pode reagir com o cloro
usado nas estações de tratamento de água (ETA) e assim diminuir seu potencial
desinfetante, além de promover um gasto adicional ao tratamento da água; o nitrato
presente no solo pode por lixiviação atingir o lençol freático, esse pode causar a
doença do bebê azul, também conhecida como metahemoglobinemia, pois ele no
corpo humano pode ser reduzido a nitrito, que dificulta a troca gasosa do oxigênio
pela hemoglobina, matando a pessoa por asfixia.
Pode-se citar ainda a dificuldade para o uso da água, principalmente
nas regiões atingidas pela eutrofização, pois há crescimento excessivo de algas, que
dificulta o tratamento da água nas ETA, uma vez que os filtros precisam ser lavados
com uma maior freqüência e ainda as algas liberam toxinas que não são removidas
no tratamento de água convencional. Problemas estéticos, de mau cheiro e a forte
coloração da água ainda podem ser verificados.
O crescimento excessivo das algas na superfície impedem que a luz
solar penetre nas camadas mais inferiores, ocasionando assim a morte dos seres
aeróbios e a promoção seres anaeróbios, fato que dependendo da quantidade de
nutrientes disponíveis pode atingir o corpo d’água como um todo (VON SPERLING,
1996).
Algumas medidas preventivas podem ser tomadas a fim de evitar
esse fenômeno, como o controle da emissão dos efluentes, sejam eles lixiviado,
esgoto ou de atividades ligadas à agropecuária, através do tratamento dos mesmos
com remoção de nutrientes. Outro fator importante no controle do carreamento de
nutrientes para os corpos hídricos é a manutenção da mata ciliar, principalmente
próxima a áreas agrícolas, pois essa pode reter grande quantidade de nutrientes,
evitando assim o acúmulo desses nos lagos e represas.
Segundo a resolução nº 357 de 17 de março de 2005 do CONAMA,
o efluente lançado no corpo hídrico deve apresentar concentração de nitrogênio
amoniacal inferior a 20,0 mg N/L. A resolução ainda considera que em alguns casos
36
deve ser feitos testes toxicológicos para confirmar se a concentração acima não
afeta as espécies no curso da água onde será feito o lançamento.
Além do padrão de emissão para o efluente, a classe dos rios
também deve ser levada em consideração, os dois devem ser atendidos juntos. As
águas podem ser doces e salobras e dentro dessas ser classificadas em 4 classes
distintas, como mostra a Tabela 3.4, onde são apresentados os valores máximos da
concentração das diversas formas de nitrogênio em função da Classe do rio.
Tabela 3.4 - Valores máximos permitidos em rios de acordo com a sua classe de classificação Parâmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
N-amoniacal total (mg N/L) pH ≤ 7,5 3,7 3,6 13,3 7,5 < pH ≤ 8,0 2,0 2,0 5,6 8,0 < pH ≤ 8,5 1,0 1,0 2,2 pH > 8,5 0,5 0,5 1,0 Nitrato (mg N/L) 10 10 10 Nitrito (mg N/L) 1 1 1
Fonte: CONAMA, 2005
3.3.2 Formas de Tratamento do Nitrogênio
Devido aos problemas, que o excesso de nitrogênio pode causar aos
recursos hídricos, é indispensável que o lixiviado, ou qualquer outro efluente que o
contenha, seja tratado para sua remoção. Com já citado nesse trabalho, o nitrogênio
é dos principais poluentes presente em lixiviados de aterros sanitários. Para sua
remoção podem ser utilizados-se de técnicas já citadas, as quais aqui serão focadas
para a remoção exclusiva do nitrogênio. Portanto podem-se dividir os tratamentos do
nitrogênio em processos de tratamento biológicos e/ou físico-químicos.
A nitrificação-desnitrificação é o processo mais utilizado para
remoção biológica do nitrogênio. Esse processo consiste basicamente em oxidar o
nitrogênio amoniacal até seu estágio mais oxidado (+5), formando o íon nitrato
(nitrificação) e em seguida reduzindo-o a N2 (desnitrificação).
A nitrificação pode ser dividida basicamente em duas etapas: a
primeira etapa corresponde à oxidação parcial do N-amoniacal, que ocorre sob
condições aeróbias, formando íons nitrito (NO2- ) realizadas pelas bactérias do gênero
nitrossomonas, entretanto os íons nitrito são rapidamente oxidados para nitrato
37
(NO3- ), através das bactérias do gênero nitrobacter, correspondendo assim a
segunda etapa. Em lixiviados com elevada concentração de N-amoniacal algumas
vezes é necessária adicionar alcalinidade ao sistema, pois essa acaba sendo
consumida pelo íon H+, liberado durante a oxidação do nitrogênio.
O resíduo da nitrificação é o nitrato, que como visto pode causar
sérios danos a saúde pública e ao meio ambiente, portanto o tratamento deve
continuar a fim de removê-lo. A remoção do nitrato se dá pela desnitrificação,
processo realizado por bactérias heterotróficas que utilizam o oxigênio presente no
nitrito e/ou nitrato como aceptor de elétrons para a respiração e não o oxigênio
dissolvido (VON SPERLING, 1997), entretanto para que isso ocorra deve haver
matéria orgânica carbonácea em quantidade suficiente para as bactérias, bem como
a ausência de oxigênio dissolvido.
A nitrificação-desnitrificação pode sofrer variações em seu processo
para que haja economia no tratamento, como por exemplo, fazendo-se uso da
desnitrificação via nitrito. Para isso deve-se favorecer o acúmulo de nitrito por meio
do controle de algumas condições ambientais. Nesse processo há menor consumo
de matéria orgânica na etapa de desnitrificação, e a fase anóxica ocorre com o nitrito
como aceptor de elétrons. Segundo Bae et al. (2002 apud HOSSAKA, 2008), as
condições ótimas para acúmulo de nitrito são: pH entorno de 8,0, OD em torno de
1,5 mg/L e temperatura de 30ºC, entretanto deve-se atentar ao valor da amônia livre,
pois concentrações elevadas dessa podem inibir a ação das bactéria oxidadoras de
N-amoniacal também, por isso reduzindo a quantidade de nitrito formado.
Os sistemas físico-químicos que merecem destaque na remoção de
nitrogênio são a precipitação química, a oxidação com cloro, a troca iônica e o
stripping da amônia livre.
A precipitação química do nitrogênio segue as mesmas etapas
citadas no tratamento do lixiviado no item 3.2.4, sendo que é o íon amônio NH4+ que
reage com o coagulante e forma os flocos de fosfato de magnésio amoniacal que
por seguinte irão sedimentar. Deve-se fazer o controle estequiométrico rigoroso,
para que haja a correta formação dos flocos. Em geral nesse tipo de tratamento o
efluente que resulta pode ter elevada salinidade.
Segundo Metcalf et Eddy (1991) a troca iônica é um processo
químico que promove a troca do íons amônio do lixiviado com um meio não solúvel,
38
permitindo assim que haja a eliminação da toxidade do nitrogênio. Por último pode
ser citado o stripping, que será abordado no item subseqüente.
3.4 STRIPPING
3.4.1 Nitrogênio Amoniacal
O nitrogênio presente no lixiviado encontra-se basicamente na forma
orgânica e amoniacal, variando conforme a idade desse efluente e de suas
características. Em longo prazo, como visto em 3.2.1, o nitrogênio orgânico vai
sendo convertido em nitrogênio amoniacal, o qual se torna o componente mais
significativo do lixiviado, esse ainda pode ser um dos responsáveis pelo forte odor do
lixiviado, devido à liberação da amônia livre, mais conhecida como gás amoníaco,
especialmente quando o pH do lixiviado estiver elevado (MARINGONDA, 2008).
O N-amoniacal é formado pelo íon amônio e a amônia livre. No meio
aquoso o íon amônio se encontra em equilíbrio com a amônia livre, em função do pH
e da temperatura do meio, conforme mostra a Reação 01. Segundo Souto (2009), a
amônia apresenta um caráter polar, por isso apresenta grande solubilidade e é
responsável pela condutividade do meio.
++↔+
43 NHHNH R. 01
Com o aumento da temperatura e/ou do pH o equilíbrio NH3/NH4,
mostrado na R. 01, desloca-se para a esquerda, no sentido de formação da amônia
livre. A fração de amônia livre pode ser determinada usando a Equação 01.
amônialivremgNH�. L��� =��
��
�����������.�� !
�� !"#
$%&&'(%)*
� Eq. 01
Esse mecanismo de formação de amônia livre, com o aumento do
pH pode ser observado na Figura 3.3, onde os valores foram obtidos através da
Equação 01, para temperatura de 25oC.
Figura 3.3 - Proporção entre a amônia livre e o íon amônio em função do pH do meio, para temperatura de 25ºC. Gráfico construído a partir das equações de equilíbrio da amônia, considerando pKan = 9,25. Fonte: (SOUTO, 2009)
De acordo com a Figura 1 e
seguinte conclusão:
• pH < 8 Praticamente toda a amônia encontra
[NH4
+];
• pH = 9,5 Praticamente existe um equilíbrio entre o gás amônia e
o íon amônio;
• pH > 11 Praticamente toda a amônia se encontra na forma d
NH3.
Através desses valores, conclui
não existe a amônia livre, apenas o íon amônio. Portanto a toxicidade do N
amoniacal depende da temperatura e, principalmente, do pH.
Ainda de acordo com a Equação 02, a temperatura t
apresenta papel considerável n
favorece a formação de amônia livre, c
construído a partir da Equação 0
Tabela 3.5 (USEPA, 1999 apud SOUTO, 2009).
pKan=0,09018+
2729,92
273,2+T
KaN= [H+].[OH
-]
[NH3].[H2O]
Kbn= [NH4
+].[OH
-]
[NH3]
Proporção entre a amônia livre e o íon amônio em função do pH do meio, para temperatura de 25ºC. Gráfico construído a partir das equações de equilíbrio da amônia, considerando
= 9,25. Fonte: (SOUTO, 2009)
De acordo com a Figura 1 e a Equação 02, pode
pH < 8 Praticamente toda a amônia encontra
pH = 9,5 Praticamente existe um equilíbrio entre o gás amônia e
pH > 11 Praticamente toda a amônia se encontra na forma d
Através desses valores, conclui-se que em pH neutro praticamente
não existe a amônia livre, apenas o íon amônio. Portanto a toxicidade do N
amoniacal depende da temperatura e, principalmente, do pH.
Ainda de acordo com a Equação 02, a temperatura t
apresenta papel considerável no equilíbrio NH4+/NH3, sendo que seu aumento
favorece a formação de amônia livre, como mostra o gráfico da Figura 3.
construído a partir da Equação 01, com auxílio das Equações 02,
(USEPA, 1999 apud SOUTO, 2009).
39
Proporção entre a amônia livre e o íon amônio em função do pH do meio, para
temperatura de 25ºC. Gráfico construído a partir das equações de equilíbrio da amônia, considerando
a Equação 02, pode-se chegar a
pH < 8 Praticamente toda a amônia encontra-se na forma de íon
pH = 9,5 Praticamente existe um equilíbrio entre o gás amônia e
pH > 11 Praticamente toda a amônia se encontra na forma de
se que em pH neutro praticamente
não existe a amônia livre, apenas o íon amônio. Portanto a toxicidade do N-
Ainda de acordo com a Equação 02, a temperatura também
, sendo que seu aumento
omo mostra o gráfico da Figura 3.4,
auxílio das Equações 02, 03 e 04, além da
Eq. 02
Eq. 03
Eq. 04
40
Nas Equações 03 e 04, KaN representa a constante de dissociação
do íon amônio , valor que varia de acordo com a temperatura do líquido e Kbn,
constante de ionização da amônia.
Figura 3.4 - Porcentagem correspondente à amônia livre no nitrogênio amoniacal, em função do pH e da temperatura. Fonte: (SOUTO, 2009) Tabela 3.5 – Variação das constantes de dissociação do íon amônio e da amônia não ionizada com a temperatura
T (ºC) KaN pKaN KbN pKbN 0 8,299 x 10-11 10,083 1,374 x 10-05 4,862 5 1,25 x 10-10 9,903 1,479 x 10-05 4,830
10 1,862 x 10-10 9,7330 1,570 x 10-05 4,804 15 2,729 x 10-10 9,562 1,652 x 10-05 4,782 20 3,972 x 10-10 9,401 1,710 x 10-05 4,767 25 5,675 x 10-10 9,245 1,774 x 10-05 4,751 30 8,056 x 10-10 9,094 1,820 x 10-05 4,740 35 1,128 x 10-09 8,948 1,849 x 10-05 4,733 40 1,562 x 10-09 8,806 1,862 x 10-05 4,730 45 2,141x 10-09 8,669 1,879 x 10-05 4,726 50 2,906 x 10-09 8,537 1,892 x 10-05 4,723
Fonte: SOUTO, 2009
A amônia livre é bastante volátil, portanto a remoção do nitrogênio
através dessa forma é bastante viável, desde que se consiga chegar às
características acima explicitadas. Portanto uma alternativa válida é promover sua
remoção através do stripping, também conhecido como arraste do gás.
3.4.2 A Dinâmica do Stripping
Além do equilíbrio entre o íon amônio e a amônia no meio aquoso,
representado na Reação
no caso o lixiviado, com a fase gasosa, a atmosfera, fenômeno ilustrado na Figura
3.5, o qual ocorre natura
processo do stripping, vocábulo de origem inglesa que significa arraste de ar e pode
ser traduzido ao português como dessorção (SOUTO, 2009).
Figura 3.5 – Equilíbrios químicos significativos da amôFonte: (SOUTO, 2009)
O stripping é um processo de transferência de massa que acelera a
volatilização de compostos de uma fase líquida (lixiviado), para uma fase gasosa
(atmosfera), fazendo-se um gás (ar) passa
gás não deve ser o composto a ser removido, no caso o gás amônia. À medida que
a amônia livre vai sendo volatilizada gera
solução, mas rapidamente restabelecido, de maneira que os
liberam íons H+ e formam novas moléculas de amônia livre. Em um primeiro
momento, segundo Von Sperling (1997), o íon H
ao sistema de tamponamento bicarbonato
A Reação
presente no meio, onde se pode observar que há consumo de alcalinidade pelo íon
hidrogênio, sendo que para cada mg de NH
dissocia em H+ e NH
consumidos (VON SPERLING, 1997). Em alguns casos,
muito elevada e mesmo havendo consumo de alcalinidade por parte do íon
hidrogênio, esse não é suficiente para diminuir o pH.
tripping
Além do equilíbrio entre o íon amônio e a amônia no meio aquoso,
Reação 01, existe ainda o equilíbrio do gás amônia da fase líquida,
no caso o lixiviado, com a fase gasosa, a atmosfera, fenômeno ilustrado na Figura
3.5, o qual ocorre naturalmente, mas de maneira lenta, podendo ser acelerado pelo
processo do stripping, vocábulo de origem inglesa que significa arraste de ar e pode
ser traduzido ao português como dessorção (SOUTO, 2009).
Equilíbrios químicos significativos da amônia nas concentrações presentes no lixiviado.
O stripping é um processo de transferência de massa que acelera a
volatilização de compostos de uma fase líquida (lixiviado), para uma fase gasosa
se um gás (ar) passar pelo líquido (lixiviado), sendo que esse
gás não deve ser o composto a ser removido, no caso o gás amônia. À medida que
a amônia livre vai sendo volatilizada gera-se um desequilíbrio momentâneo na
solução, mas rapidamente restabelecido, de maneira que os
e formam novas moléculas de amônia livre. Em um primeiro
momento, segundo Von Sperling (1997), o íon H+ não confere acidez ao meio devido
ao sistema de tamponamento bicarbonato-gás carbônico.
Reação 02 representa a reação entre o íon H
presente no meio, onde se pode observar que há consumo de alcalinidade pelo íon
hidrogênio, sendo que para cada mg de NH4+(medidos na forma de N
3, 3,63 mg de alcalinidade na forma de CaCO
consumidos (VON SPERLING, 1997). Em alguns casos, a alcalinidade do meio é
muito elevada e mesmo havendo consumo de alcalinidade por parte do íon
não é suficiente para diminuir o pH.
41
Além do equilíbrio entre o íon amônio e a amônia no meio aquoso,
01, existe ainda o equilíbrio do gás amônia da fase líquida,
no caso o lixiviado, com a fase gasosa, a atmosfera, fenômeno ilustrado na Figura
lmente, mas de maneira lenta, podendo ser acelerado pelo
processo do stripping, vocábulo de origem inglesa que significa arraste de ar e pode
nia nas concentrações presentes no lixiviado.
O stripping é um processo de transferência de massa que acelera a
volatilização de compostos de uma fase líquida (lixiviado), para uma fase gasosa
r pelo líquido (lixiviado), sendo que esse
gás não deve ser o composto a ser removido, no caso o gás amônia. À medida que
se um desequilíbrio momentâneo na
íons amônio (NH4+)
e formam novas moléculas de amônia livre. Em um primeiro
não confere acidez ao meio devido
ção entre o íon H+ e o bicarbonato
presente no meio, onde se pode observar que há consumo de alcalinidade pelo íon
(medidos na forma de N-NH3) que se
3,63 mg de alcalinidade na forma de CaCO3 serão
a alcalinidade do meio é
muito elevada e mesmo havendo consumo de alcalinidade por parte do íon
42
H+ + HCO3- ↔ H2O + CO2 R. 02
O stripping é muito utilizado na indústria química e petroquímica e
segundo Metcalf & Eddy (1991) é uma modificação do processo de aeração, que
também pode promover a saída dos gases mais voláteis, ou seja, pode-se promover
a saída dos gases tanto pela agitação mecânica, quanto pela aeração, essas duas
variações geram ainda muita discussão no meio científico. Por isso ainda não se
chegou a um consenso para afirmar qual procedimento tem a melhor eficiência, isso
pode ser explicado ainda por outras variáveis inerentes ao stripping, como a
variação do pH e da temperatura.
Segundo Souto (2009), a passagem do ar pelo líquido é acelerada
forçando-se o contato do líquido com um gás que não contenha o composto que se
deseja remover. Essa transferência de massa pode ser explicada pela lei de Henry,
que segundo Huang e Shang (2006) ocorre pelo fato da concentração de poluentes
no líquido ser maior que no ar.
A constante de Henry pode ser inicialmente descrita pela Equação
06. A temperatura é um fator de extrema importância, portanto de uma maneira mais
completa na Equação 05 a temperatura é adicionada, gerando a Equação 06. Essa
constante é importante, pois é um bom indicativo para o potencial da remoção da
substância por stripping.
H=CG
CL Eq. 05
cL: concentração de contaminante no líquido
cg: concentração de contaminante no gás
log H= - A
RT + B Eq. 06
H: constante de Henry
R: constante universal dos gases
A e B são coeficientes empíricos de ajuste
T: temperatura em Kelvin
A partir das Equações 05 e 06, pode-se chegar a Equação da
transferência de massa no stripping que pode ser descrita pela Equação 07.
(HUANG e SHUANG, 2006) 1
V
dm
dt= - KLa(CL
* -CL) Eq. 07
V = volume do líquido m³;
m = massa do soluto Kg;
43
KL = taxa de transferência de massa m/s
a = área específica m²/m³;
CL = maior concentração na fase líquida
CL* = concentração na fase líquida em equilíbrio com a concentração na fase gasosa
KLa = constante de transferência
O arraste de amônia pode remover entre 60 e 95% do nitrogênio
amoniacal, não tendo qualquer efeito sobre as outras formas de nitrogênio, a
eficiência varia em função da concentração de amônia livre presente (METCALF &
EDDY, 1991).
Qasim e Chiang (1994 apud SOUTO, 2009) afirmam que o arraste
de amônia é um processo confiável, sua operação e manutenção são relativamente
fáceis, não colocando os operadores em risco, entretanto depende de condições
climáticas e pode haver poluição da atmosfera com o lançamento de compostos
voláteis. Os mesmos autores ainda retratam o uso desse tratamento em escala real
no aterro de Tullytown, Pensilvânia, EUA, onde o stripping é usado como pré-
tratamento para um posterior tratamento biológico por lodos ativados. Há
primeiramente uma adição de cal para aumento do pH e para precipitação de metais
e outros poluentes. A eficiência do sistema como um todo é de 90,1% para a
remoção da amônia, mas não é reportada a eficiência apenas do stripping.
Além da importante influência do pH e da temperatura, Silva (2002)
considera que a área de contato entre o gás de arraste (amônia) e o líquido, a
solubilidade do gás amônia e sua difusividade no ar e na água são fatores que
também devem ser considerados para a implantação do sistema, e caso seja usado
sistema por aeração, a vazão de ar também contribui para tornar a remoção mais
rápida, ou mesmo melhorada, devido a quebra da tensão superficial do líquido,
ocasionado pelo turbilhonamento local (GOMES et al., 2009).
3.4.3 Variações do Stripping
Os sistemas de arraste com ar podem ser divididos em dois grandes
grupos: sistemas nos quais a fase líquida é contínua, havendo a dispersão da fase
gasosa, e sistema nos quais a fase gasosa é contínua, havendo dispersão da fase
líquida, também conhecido como torres de arraste. Podem ainda ser classificados
44
quanto ao sentido do escoamento, o qual pode ser contracorrente, co-corrente ou
cruzado.
Os sistemas em que a fase líquida é contínua recebem o nome de
tanque de arraste, que consistem em reservatórios dotados de aeradores. O
borbulhamento de ar difuso ou a ação de agitadores mecânicos aumentam a
superfície de contato gás/líquido e com isso aumentam a transferência de massa
através dessa interface.
As torres de arraste (ou recheio) são baseadas no principio do
balanço de matéria e apresentam a fase gasosa contínua, havendo dispersão da
fase líquida. As torres são formadas por cilindros preenchidos com um material
inerte, que ofereça uma elevada superfície específica, são dotadas também de
outros dispositivos, como a placa de apoio para o recheio, as quais devem ter
resistência suficiente para agüentarem o recheio; um sistema de distribuição do
afluente, que segue o sentido de cima para baixo em regime de gotejamento;
dispositivos a fim de evitar o escoamento preferencial pelas paredes da torre;
sistema de injeção de ar para o arraste, contrário ao sentido de escoamento do
líquido para fluxos contracorrente e pontos de saída do ar e efluente (GOMES et al.,
2009; SOUTO, 2009).
O material de recheio da torre além de possuírem elevada superfície
específica e serem inertes quimicamente deve apresentar ainda um elevado volume
de vazios, para permitir altas vazões do líquido; exercer baixa perda de carga para o
escoamento de ar; ser de baixo custo e também ao mesmo tempo devem ser leves e
mecanicamente resistentes. Podem ser utilizados como material de recheio os
plásticos e britas, pois geralmente atendem as características acima (GOMES et al.,
2009; SOUTO, 2009).
Os tanques de arraste podem apresentar algumas variações, como
os reatores de fluxo pistonado, reatores com chicanas e os reatores com aeração ou
agitação mecânica. Os reatores de fluxo pistonado são dotados de haletas que
promovem a agitação do sistema para promover a dessorção do nitrogênio
amoniacal, sendo que o último pode também ter uma parcela incorporada as algas,
em suma é um sistema de baixo custo e pode ser viável em escala real. Nos
reatores com chicanas, geralmente fabricadas com materiais plásticos, como o
polietileno, o lixiviado segue por um canal com alguns desses dispositivos, os quais
promovem ondulações durante o escoamento, permitindo assim a remoção do
45
nitrogênio amoniacal. Nesse tipo de reator a temperatura, o pH e a recirculação do
percolado são controlados com objetivo de garantir a maior eficiência possível do
sistema (GOMES et al., 2009; SOUTO, 2009).
Por fim os reatores com aeração ou agitação mecânica podem ser
realizados com alimentação contínua ou intermitente, dependendo do objetivo do
sistema. No processo contínuo pode haver uma zona de variação na concentração
do nitrogênio amoniacal, região essa que é localizada na entrada do reator, por onde
entra o lixiviado novo, mas que no decorrer do tanque vai sendo reduzida chegando
a uma remoção de 30 %, em alguns casos pode haver a formação de pequena
quantidade de nitrito e nitrato, pela incorporação de oxigênio promovida pela
agitação do sistema (GOMES et al., 2009). No sistema intermitente (batelada), o
reator é cheio e esvaziado de acordo com observações feitas em relação ao Tempo
de Detenção Hidráulica (TDH), e caso haja sistemas biológicos posteriores, regula-
se o TDH através do tempo necessário para ocorrer a nitrificação e desnitrificação
(SOUTO, 2009).
3.4.4 Correção do pH
O aumento do pH e da temperatura favorece a formação de amônia
livre e por seguinte a eficiência da remoção do nitrogênio por stripping do NH3.
Entretanto simplesmente promover o aumento desmedido do pH do lixiviado pode
trazer conseqüências posteriores ao tratamento como um todo, principalmente se
houver um tratamento biológico na seqüência, pois um meio muito alcalino inibe a
atividade de algumas bactéria.
O excesso de cal, utilizado para aumentar o pH, pode ainda
promover a remoção do pouco do fósforo existente, o que também prejudica os
processos biológicos subseqüentes, pois o fósforo é usado como nutriente pelas
bactérias. Para remover a cal do lodo excedente pode ser feito a recalcinação, onde
o lodo é submetido a altas temperatura e a cal é transformada em cal virgem,
liberando gás carbônico, que pode ser usado para recarbonatar o efluente e diminuir
novamente seu pH, mas só e viável em Estações de tratamento de esgoto de grande
porte (METCALF & EDDY, 1991).
46
Embora o aumento do pH traga alguns problemas, se feito de
maneira controlada, pode trazer benefícios ao sistema, pois além de permitir que o
stripping seja mais eficiente ele também permite que haja a remoção de metais e
outros compostos por precipitação. Portanto deve-se sempre realizar testes com
concentrações diferentes de alcalinizantes para encontrar aquela que otimiza o
sistema de arraste de ar, mas ao mesmo tempo não prejudique os processos de
tratamentos seguintes.
3.4.5 Considerações Finais
Com o objetivo de completar o estudo sobre o stripping da amônia
livre, pode-se tecer algumas vantagens e desvantagens do sistema, conforme
citadas por Silva (2002) e USEPA (2000).
As principais vantagens que merecem destaque é o controle
mecânico que o sistema apresenta, bem como sua facilidade de operação; ele pode
atingir níveis de remoção satisfatórios que enquadram o efluente em níveis de
concentração de nitrogênio amoniacal exigidos pela legislação e seu funcionamento
não é alterado devido a presença de substâncias tóxicas.
Algumas desvantagens aparecem em virtude do tipo de sistema de
stripping adotado, as torres de arraste, por exemplo, merecem cuidados mais
criteriosos, pois nelas pode haver incrustação de precipitados de ferro e carbonato
de cálcio em suas paredes e tubulações, além de em alguns casos exigirem a
constate recirculação do lodo. Em geral, em todas as formas de stripping deve ser
feito o controle do pH e da temperatura, fatores limitantes do processo.
Outra desvantagem que o stripping apresenta são os problemas que
o gás amônia pode vir a causar no ambiente, devido, por exemplo, a sua
corrosividade, fato que será explanado de maneira mais completa no item seguinte
do trabalho.
Por fim, chega-se a mesma conclusão que no item sobre tratamento
de lixiviado, onde a melhor opção se dá pelo uso do stripping para a remoção de
nitrogênio como um pré-tratamento físico-químico, para posterior tratamento
biológico, entretanto avanço nas pesquisas sobre a remoção de nitrogênio indica o
surgimento de procedimentos que ao mesmo tempo em que removem o poluente,
47
também o recuperam, como é o caso da precipitação do nitrogênio em forma de
estruvita (MAP), composto formado também por magnésio e fósforo, que pode ser
utilizado como fertilizante agrícola (IACONI, et al., 2009).
3.5 REUTILIZAÇÃO DO GÁS AMÔNIA E NUTRIENTES
3.5.1 Malefícios do Gás Amônia
No item anterior foram citados os malefícios que o nitrogênio causa
nas suas diferentes formas e locais, exceto na atmosfera. No tópico presente, será
ressaltado o efeito do gás amônia (NH3) na atmosfera e por seguinte algumas
medidas que podem recuperá-lo e assim minimizar maiores problemas.
A amônia em temperatura ambiente é um gás incolor, com um odor
muito forte e com uma baixa densidade, mais leve que o ar, sua densidade relativa
ao ar é de 0,5963. Esse gás devido as suas propriedades apresenta vasta aplicação,
como fonte para a fabricação de fertilizantes, agente neutralizador na indústria do
petróleo e gás de refrigeração em sistemas industriais, apresentando baixo potencial
destruidor do ozônio estratosférico, um dos motivos por ser muito utilizado (FELIX et
CARDOSO, 2004 apud SOUTO, 2009; GIROLA, 2009).
A atmosfera pode receber o gás amônia de diversas fontes distintas,
sendo a maior delas a decomposição de materiais orgânicos e dejetos de animais
(FRANCO et al., 2000 apud GIROLA, 2009), seguidos pela volatilização de
fertilizantes sintéticos, queima de biomassa, perda natural pela vegetação,
processos industriais e emissões (UGUCIONE et. al., 2002 apud GIROLA, 2009).
De acordo com a literatura, vários são os efeitos da amônia na
saúde humana, estes efeitos vão desde suaves irritações a severas lesões no corpo
devido à alcalinidade desta substância, acidentes que ocorrem geralmente em
ambientes fechados ou mal ventilados (FONTANA, 2006 apud GIROLA, 2009).
Oliveira et. al (2005, apud FERRAZ, 2010) avaliou a concentração
de gás amônia próximo as lagoas de lixiviado em aterros sanitários e detectou
concentração entre 60 a 105 mg/L, valores acima do limite de 20mg/L estabelecido
pelo Ministério do Trabalho (1978), ou seja, prejudiciais aos funcionários dessa área.
48
O gás amônia é quimicamente ativo e se combina facilmente com
ácidos fortes, como o nítrico, sulfúrico e clorídrico, formando aerossóis, os quais
podem alterar a visibilidade na atmosfera e ainda contribuir para a acidez da chuva
ácida. Dentre os compostos o sulfato de amônio é o mais estável, segundo Souto
(2009).
Além dos efeitos deletérios à atmosfera, o gás amônia ainda pode
prejudicar a flora do ecossistema que ele for inserido, causando efeitos mais
prejudiciais que no próprio ar. A deposição do (NH3) sobre a vegetação contribui
para a acidificação e posterior nitrificação do solo (SOUTO, 2009; GIROLA, 2009).
Essa informação também é confirmada por Environment Canada (2001, apud
FERRAZ, 2010).
3.5.2 Recuperação do nitrogênio e uso na agricultura
Os nutrientes, e seus respectivos íons, essenciais para o
desenvolvimento das plantas podem ser divididos em basicamente dois grupos: os
macronutrientes e os micronutrientes. Os macronutrientes são formados pelo
nitrogênio, fósforo, potássio, magnésio e o enxofre, os quais são usados em grande
quantidade pelas plantas, e os micronutrientes são aqueles utilizados em pequenas
quantidades, principalmente nas reações enzimáticas, e são representados pelo
ferro, cobre, zinco, manganês, níquel, cloro, boro e o molibdênio.
Nem sempre o solo apresenta todos os nutrientes acima citados, os
quais são necessários para o desenvolvimento das plantas. Portanto na agricultura
são utilizados métodos para que haja a complementação dos nutrientes em
escassez e permita o crescimento pleno das culturas, ou seja, a fertilização do solo
em questão.
Para promover a fertilização do solo são usados geralmente
nutrientes sintéticos, os quais geralmente não são comercializados na forma pura,
sendo vendidos em forma de compostos. O nitrogênio, por exemplo, é
comercializado na forma de uréia, nitrato de amônio, fosfato de amônio ou sulfato de
amônio, além de soluções fertilizantes que já sejam nitrogenadas (CCOHS, 2007;
USEPA, 1995; apud SOUTO, 2009).
49
Alguns sistemas de tratamento além de promoverem a remoção dos
nutrientes do lixiviado, esgoto doméstico ou de outros resíduos, podem também ao
mesmo tempo criarem compostos que poderão ser reutilizados depois,
principalmente na agricultura.
No item 3.4.5 foi citado o sistema estudado por Iaconi et al, (2009)
para a precipitação da estruvita, composto formado por magnésio, fósforo e
nitrogênio e também conhecida como MAP. Esse precipitado é um excelente adubo,
pois fornece quantidades interessantes de nitrogênio e fósforo. Mesmo que para
ocorrer o fenômeno acima haja a necessidade da adição de fósforo e magnésio no
lixiviado, o tratamento é interessante, uma vez que há a reciclagem do nitrogênio.
Segundo Silva (2002) uma concentração inicial de 5618 mg/L de amônia contida em
lixiviado bruto foi reduzida para 112 mg/L em período de 15 minutos, com pH
controlado entre 8,5 e 9,0 com a utilização do MAP.
Compósitos podem ser outra alternativa para recuperação de
nutrientes. São materiais formados de dois ou mais constituintes com distintas
composições, estruturas e propriedades que estão separados por uma interface
(CHAWLA 1987, apud GIROLA 2009). O compósito SiO2/ZrO2/Fosfato (SPZ) pode
ser utilizado para recuperação do gás amônia pois consegue adsorver quantidades
grandes desse gás em forma de NH4+ (ALAFAYA, 2000 apud GIROLA 2009). Girola
(2009) estudou o uso do SPZ para absorver o gás amônia liberado em granjas de
frango e obteve eficiência de 60%, com vazão de gás de arraste de 36 L/h.
Guo et al. (2009) desenvolveram em seu trabalho um sistema para
remoção do NH3 do biogás para aumento do potencial energético desse último. A
idéia é fazer com que o gás amônia seja adsorvido por uma matriz sólida, no caso
lascas de madeira, embebecida com ácido sulfúrico, através da pressurização.
Segundo os autores o sólido resultante pode ser utilizado como fertilizante agrícola.
3.5.3 Recuperação do gás amônia em solução de ácido sulfúrico
Como visto, um dos objetivos desse trabalho é encontrar uma
alternativa para recuperação do gás amônia liberado no stripping do lixiviado, a qual
pode ocorrer através da absorção desse gás em uma solução de ácido sulfúrico.
50
De acordo com Perry e Green (1997 apud FERRAZ, 2010) absorção
é um processo em que componentes de uma mistura gasosa são dissolvidos em um
líquido, e quando o processo ocorre mediante uma reação química na fase líquida,
esse denomina-se absorção química
A reação entre a amônia e o ácido sulfúrico é espontânea e
irreversível, ou seja, se dá apenas em uma direção; os produtos formados não têm
capacidade de reagirem entre eles e formarem novamente os reagentes, como
pode-se observar na Reação 0.3
2NH3(gás)+H2SO4(líquido) → (NH4)2SO4(líquido) + H2O(líquido) R. 03
Na literatura existem poucos trabalhos que mencionam a
recuperação do gás amônia liberado através do stripping, os autores salientam a
importância desse tratamento, mas geralmente não fazem um estudo aprofundado,
faltando maiores detalhes do sistema e portanto sendo difícil tecer comparações.
Bento et. al. (2009, apud FERRAZ, 2010) promoveu a recuperação
do gás amônia originado no stripping da amônia livre de lixiviado. O arraste de ar foi
realizado através de torres e o pH do efluente foi corrigido para 10 unidades, por fim
o sistema apresentou eficiência de 87% para a remoção de amônia e 88,6% para
seu recolhimento em solução de ácido clorídrico a 0,2 moles/L.
Ferraz (2010) desenvolveu um sistema similar ao do autor anterior,
utilizou a torre de arraste com diferentes vazões e lixiviado com diferentes valores de
pH, chegando em média a uma remoção de 99% do nitrogênio amoniacal presente
no lixiviado e recolhimento de 80% do gás amônia produzido em solução de ácido
sulfúrico a 0,4 moles/L.
3.5.4 Considerações Finais
A partir do contexto apresentado, conclui-se que é viável a
recuperação do nitrogênio liberado na forma de gás amônia pelo stripping, ou ainda
por outra forma de tratamento do lixiviado. Dois motivos principais podem levar a
essa conclusão, o primeiro é a possibilidade de o gás amônia causar problemas ao
meio ambiente, Qasim e Chiang (1994 apud SOUTO, 2009), Hossaka (2008), e
Souto (2009), são alguns dos autores que demonstram essa preocupação em seus
trabalhos. O segundo motivo é o fato do nitrogênio ser importante macronutriente
51
para os vegetais, ou seja, a recuperação desse nutriente pode diminuir a produção
sintética, poupando o ambiente dos malefícios que seu excesso pode vir a causar.
Um dos objetivos deste estudo é promover a recuperação do gás
amônia através de uma solução de ácido sulfúrico (H2SO4), formando assim o
sulfato de amônio ((NH4)2SO4), que pode ser usado na agricultura como fertilizante
(item 3.5.2).
Além de evitar danos ao homem e ao ambiente a recuperação do
gás pode diminuir a síntese artificial da amônia por parte das indústrias, reduzindo
assim a incorporação de nitrogênio no ambiente de maneira excessiva, além
daquela que o ecossistema está preparado para absorver.
52
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 SISTEMA EXPERIMENTAL
Para que os objetivos do trabalho pudessem ser alcançados, foi
desenvolvido um protótipo, em escala de bancada e operado em bateladas. Foram
realizadas cinco bateladas.
Considerando a necessidade de melhorar o sistema no sentido de
alcançar os objetivos propostos, principalmente no caso da recuperação do
nitrogênio, o mesmo teve suas características alteradas de uma batelada para outra.
Apesar das diversas alterações realizadas de uma batelada para
outra, a essência do modelo não foi alterada e, de uma maneira geral, todos os
protótipos apresentavam a seguinte configuração:
• Recipiente para acondicionamento e tratamento do lixiviado, ou
seja, um reator de stripping (frasco 01);
• Frasco com solução de ácido sulfúrico para neutralização do gás
amônia, (frasco 02);
• Nas três primeiras bateladas foi utilizado ainda um terceiro
frasco com objetivo de acusar a fuga do gás amônia (frasco 03);
• Aeradores ligados ao reator para promover o stripping da
amônia livre do lixiviado;
• Mangueira para o escoamento do gás amônia com diâmetro
interno de 1cm;
• Mangueira para conduzir o ar do aerador ao reator, com 0,5 cm
de diâmetro interno;
As bateladas foram divididas em três grupos distintos, levando em
conta a similaridade entre os protótipos. As principais características dos protótipos
são apresentadas na Tabela 4.1.
53
Tabela 4.1 – Resumo das características dos frascos 01 e 02 nas seis batealdas realizadas
Características Bateladas
01 02 03 04 05 06 Frasco 01
Volume Total (L) 1,2 1,2 3,3 9,0 9,0 9,0 Volume de Lixiviado (L) 0,8 0,8 2,5 5,0 5,0 5,0 Volume de ar (L) 0,4 0,4 0,8 4,0 4,0 4,0 Altura da coluna de ar (cm) 4,5 4,5 9,0 5,0 5,0 5,0 Formato cil. cil. cil. ret. ret. ret. Área supecial (cm²) 63,6 63,6 143,1 680,0 680,0 680,0
Frasco 02 Volume Total (L) 1,2 1,2 1,2 0,5 0,5 - Volume de Solução Ácida (L) 1,0 1,0 1,0 0,5 0,5 - Formato cil. cil. cil. erl. erl. Concentração do ácido (mol/L) 4,6 0,03 0,47 0,4 0,4 -
4.1.1 Sistema 01
No sistema 01 foram realizadas as bateladas B1 e B2. O esquema
do protótipo pode ser observado na Figura 4.1 e nas fotos das Figuras 4.4 a 4.7.
Figura 4.1- Esquema do protótipo do sistema 01 (medidas em cm). Sendo 1 - lixiviado, 2 -solução de ácido sulfúrico; 3 - ácido bórico com indicador
O reator de stripping (frasco 01) era dotado de sistema de aeração
para promover a agitação do lixiviado e, conseqüentemente, o stripping da amônia
livre. O reator com o lixiviado era conectado por mangueiras ao frasco 2, que
54
continha solução de ácido sulfúrico para reter o gás amônia e, portanto, formar de
sulfato de amônia.
Figura 4.2- Frasco 01. Em detalhe orifício para a passagem da mangueira do aerador.
Figura 4.3- Frasco 02 com a mangueira que o ligava ao frasco 03.
A mangueira oriunda do frasco 1 se prolongava dentro do frasco 2
até próximo ao fundo, aumentando assim o contato entre o gás amônia e a solução
ácida para favorecer sua neutralização. Na parede desse frasco, a aproximadamente
20 cm do seu fundo e a 3 cm da superfície da solução, um orifício permitia que uma
mangueira ligasse esse ao frasco 03 (Fig. 4.6). Esse frasco, que continha indicador
de ácido bórico, tinha como função acusar qualquer fuga do gás amônia, caso esse
não fosse neutralizado pela solução de ácido sulfúrico.
Figura 4.4 – Mangueira utilizada na ligação entre o frasco 01 e frasco 02.
Figura 4.5 – Frasco 03 com indicador de ácido bórico. Na primeira batelada sem respiro e na segunda com respiro.
1
2
55
Os aeradores utilizados são os mesmos utilizados em aquários,
ambos eram bivolt e funcionaram ininterruptamente durante todo o tempo da
batelada (Figura 4.1 e 4.2). A taxa de aeração de cada um era próxima a 90 L/h.
Para a batelada B1, a solução de ácido sulfúrico foi de 4,6 moles por litro.
Na batelada B2 a concentração do ácido foi alterada, a qual passou
a ser 0,03 moles por litro. Essa concentração foi estimada a partir da reação
estequiométrica e considerando a remoção por stripping de uma determinada massa
de amônia. Outra mudança realizada na B2 em relação à batelada anterior (B1) foi a
criação de um respiro no frasco 03.
4.1.2 Sistema 02
No sistema 02 foi realizada a batelada B3, sendo esse sistema
modificado em relação ao anterior. Adotou-se dessa vez um frasco com um volume
maior de lixiviado e de ar, entre a superfície do líquido e a tampa do recipiente, com
o objetivo de melhorar a eficiência do stripping. Além disso, para melhorar a
distribuição do ar e evitar borbulhamento do lixiviado na saída da mangueira
proveniente do aerador foi utilizada uma pedra porosa, similar as utilizadas em
aquário. Os detalhes são apresentados na Figura 4.6.
Figura 4.6 - Esquema batelada B3, medidas em cm. Em planta, o diâmetro de cada recipiente e em corte, as alturas dos recipientes e líquidos e o posicionamento dos orifícios. Sendo 1 - lixiviado, 2 -solução de ácido sulfúrico; 3 - ácido bórico com indicador
56
Outra mudança foi a troca do frasco 02 por um recipiente de mesmo
volume, mas com fechamento mais hermético que o anterior. Além disso, um
dispositivo foi acoplado a sua ponta para garantir o correto posicionamento da
mangueira no fundo do recipiente. Nesta batelada (B3) a solução de ácido sulfúrico
(H2SO4) foi de 0,47 moles por litro.
Figura 4.7- Frasco 01, recipiente de vidro dotado de tampa plástica com furos para entrada das mangueiras de borracha
Figura 4.8- Frasco 02, recipiente de plástico dotado de tampa de mesmo material.
4.1.3 Sistema 03
No sistema 03 foram realizadas as bateladas 04 e 05, as quais
apresentaram outras mudanças, visando a melhoria principalmente na eficiência do
stripping. O esquema desse grupo está representado na Figura 4.11.
Os protótipos dessas bateladas passaram a ter apenas os frascos
01 e 02, onde ambos foram modificados. O frasco 03 foi retirado, uma vez que em
nenhuma das três bateladas anteriores em que ele esteve presente foi detectado
nitrogênio amoniacal no indicador de ácido bórico.
O frasco 01 continuou sendo plástico e com tampa de fechamento
hermético, mas seu formato passou a ser retangular. Essa alteração no formato
visou aumentar a área de contato entre o lixiviado e o ar, a fim de melhorar a
eficiência do stripping. Sua tampa era provida de dois furos, um para a saída da
mangueira com o gás amônia e a outra para a entrada do ar do aerador.
Devido a maior área superficial do reator, apenas um ponto de
aeração não seria suficiente para uma boa eficiência do stripping da amônia livre,
57
por isso foi utilizado um divisor de vazão na mangueira do aerador, portanto dois
pontos do tanque passaram a ser aerados de maneira uniforme. Assim como na
terceira batelada, os dois pontos de aeração possuíam uma pedra porosa em sua
ponta, com o mesmo objetivo de não provocar borbulhamento no lixiviado.
Figura 4.9 - Esquema da batelada B5, com medidas em cm. Em planta, o diâmetro de cada recipiente e em corte, as alturas dos recipientes e líquidos e o posicionamento dos orifícios. A batelada B4 apresenta a mesma configuração, mas com apenas um aerador.
O erlenmeyer de 500 ml passou a ser o frasco 02, o qual foi
preenchido no seu máximo volume com a solução de ácido sulfúrico de 0,4 moles
por litro. A mesma utilizada por Ferraz (2010).
O respiro foi mantido no frasco de coleta do gás. Um cuidado maior
foi tomado nessas bateladas em relação à vedação entre o encaixe da rolha e a
boca do erlenmeyer, o qual foi reforçado com cola de silicone.
O dispositivo plástico usado na ponta da mangueira do frasco 02 da
batelada anterior foi substituído por um difusor de ar ou pedra porosa, igual ao
utilizado no reator, o qual teve a função de evitar que o gás amônia borbulhasse e
passasse rapidamente pela solução, sem que houvesse tempo para a sua
neutralização. Ainda foram adicionadas cinco gotas de fenolftaleína, com a
finalidade de acusar caso a solução de ácido fosse saturada pelo gás amônia.
58
Figura 4.10- Frasco 01 batelada B4. A mangueira da esquerda alimenta o frasco 02 e a da direita é oriunda do aerador.
Figura 4.11- Frasco 02 batelada B4. Em detalhe o difusor de ar ou pedra porosa.
Após a realização da batelada B4, algumas observações foram
feitas e por seguinte algumas alterações no sistema. O divisor utilizado na saída do
aerador durante a batelada B4 foi substituído por dois aeradores.
Figura 4.12- Frasco 01 batelada B5, onde a mangueira central é a responsável pela saída do gás amônia e as outras duas para a entrada de ar do aerador.
Figura 4.13- Detalhe da borracha utilizada para a vedação, parte interna da tampa.
Como foi observado que havia incompatibilidade entre o material
plástico da tampa e o a cola de silicone, uma vez que após secar esta era facilmente
descolada, optou-se por utilizar borracha esponjosa para complementar a vedação
do protótipo, e evitar uma possível perda de gás amônia. Tal procedimento foi feito
colocando-se uma camada de borracha na tampa, tanto no seu lado externo quanto
interno. Assim pôde-se melhor vedar os furos para a passagem das mangueiras,
uma vez que o furo ficou mais justo e o silicone aderiu melhor à borracha do que ao
59
plástico. O sistema ainda foi embrulhado com filme de PVC, com a finalidade de
evitar outras fugas de gás, principalmente pelo encaixe da tampa com o recipiente.
Figura 4.14- Detalhe da vedação do furo para a passagem da mangueira, feita com cola de silicone aplicada sobre a borracha.
Figura 4.15- Aspecto final do frasco 01 da quinta batelada, após ser embrulhado com o filme de PVC.
4.1.4 Batelada Extra
Após a realização de todas as bateladas com o sistema completo,
ou seja, com a realização do stripping e do recolhimento do gás amônia, resolveu-se
realizar uma batelada extra para avaliar a remoção do nitrogênio ao longo do tempo
do stripping.
Para a análise dessa batelada foram recolhidas várias amostras,
com a finalidade de mostrar a evolução do tratamento por stripping ao longo dos
dias. O stripping foi realizado no reator, da mesma maneira que na batelada B5,
sendo que a modificação foi apenas a ausência do frasco 02. O sistema foi mantido
fechado ao longo do tempo, sendo aberto apenas para a coleta de amostras.
4.2 PREPARAÇÃO DO LIXIVIADO
O lixiviado utilizado no experimento foi proveniente do aterro
controlado do município de Londrina-PR, que opera desde a década de 70. A coleta
foi realizada na entrada do sistema de tratamento do aterro, em seguida o lixiviado
foi transportado por um caminhão tanque até o laboratório de Saneamento da
Universidade Estadual de Londrina onde foi armazenado em tanque de 5.000 l.
60
Para a realização das três primeiras bateladas, sistema 01 e 02, o
lixiviado foi utilizado sem nenhuma alteração em suas características iniciais, sendo
o reator preenchido com o lixiviado bruto.
Já nas duas últimas bateladas e na batelada BE decidiu-se por
alterar as características do lixiviado bruto. Primeiramente foi acrescido ao efluente
nitrogênio na forma de cloreto de amônio (NH4Cl), com o objetivo de aumentar o
valor de nitrogênio amoniacal e portanto gerar uma maior quantidade de gás
amônia. Outra modificação foi em relação ao pH do lixiviado, pois como retratado no
item 3.4.1, quanto maior o pH, maior a eficiência do stripping.
Na B4 foram acrescidos 500 mg de nitrogênio na forma de 9,45g
NH4Cl. Assim, o valor do nitrogênio amoniacal inicial da B4 foi de 925 mg N-NH3/L
(Tabela 5.1)
Por fim, na B5 e na BE o lixiviado também teve sua concentração de
nitrogênio amoniacal acrescida. Na B5 foram acrescidos 855 mg de nitrogênio, com
a adição total de 16,184 g de NH4Cl resultando num valor de nitrogênio amoniacal
inicial de 1137,02 mg N-NH3/L (Tabela 5.1). Na BE foi adicionado um total de 22,5 g
de NH4Cl, resultando em 1578 mg N-NH3/L.
Além das alterações na concentração de nitrogênio amoniacal,
houve correção do pH do lixiviado após a adição do cloreto de amônio. Na B5 o pH
foi corrigido de 8,3 para 9,6, e na BE de 8,3 para 10,4. Essas alterações foram
realizadas com a adição de NaOH 6N.
4.3 OPERAÇÃO DO SISTEMA
O sistema foi operado em forma de batelada, ou seja, de maneira
intermitente, com período de duração, ou seja, o tempo de detenção hidráulica
(TDH), variando de batelada para batelada (Tabela 4.2).
No início de cada batelada foram realizadas análises de alguns
parâmetros do lixiviado bruto. Os parâmetros monitorados foram: alcalinidade, pH e
nitrogênio amoniacal, cujas determinações seguiram os métodos descritos no
STANDARD METHODS (2005).
61
Tabela 4.2 – Tempo de detenção hidráulica de cada batelada.
Batelada TDH (dias) 01 7 02 14 03 24 04 13 05 14 06
Ao fim de cada batelada foram novamente monitorados os
parâmetros alcalinidade, pH e nitrogênio amoniacal do lixiviado presente no reator
(frasco 01) e também foram realizados os mesmo parâmetros, exceto alcalinidade,
na solução de H2SO4.
Nas bateladas de 1 a 5 (B1; B2; B3; B4; B5) não foram coletadas
amostras durante o período de andamento do ensaio. No entanto na batelada extra
(BE) foram coletas amostras durante o ensaio, neste caso para avaliar o decréscimo
do N-amoniacal ao longo do tempo. Nesta as coletas foram realizadas com pipetas
de 10 ou 25 ml inseridas no frasco 01 pelo mesmo orifício utilizado para a saída da
mangueira com gás amônia das bateladas B4 e B5. As coletas das amostras foram
realizadas a cada dois dias e os parâmetros monitorados foram os mesmos das
bateladas anteriores.
Na batelada B3 foram realizados os testes de nitrato e nitrito na
amostra final de lixiviado, ou seja, após o fim da batelada. O objetivo foi verificar se
houve alguma atividade biológica e transformação do nitrogênio amoniacal em
outras formas, no caso nitrito e nitrato. O resultado (item 5.1) deu negativo, portanto
os mesmos não foram realizados novamente nas demais bateladas.
As caracterizações do lixiviado feitas ao longo de toda a pesquisa
foram realizadas de acordo com métodos padronizados por APHA (2005), exceto o
nitrato, que foi usado o método do ácido salicilico (CATALDO, 1975).
62
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste item serão apresentados os resultados obtidos nas diferentes
bateladas desenvolvidas durante o período de estudo.
Nas bateladas 1 a 5 foram analisados a eficiência tanto do stripping
na remoção de nitrogênio amoniacal quanto a recuperação do gás amônia utilizando
a solução de ácido sulfuríco.
A batelada extra (BE) teve por objetivo apenas avaliar as condições
dos stripping em um sistema fechado com monitoramento do nitrogênio amoniacal e
da alcalinidade ao longo do tempo.
5.1 RESULTADOS
Os principais resultados dos parâmetros físico-químicos de cada
batelada, bem como as eficiências de remoção e as relações com as principais
caracteristicas físicas de cada sistema são aprasentados nas Tabelas 5.1 a 5.3. A
Tabela 5.1 mostra os parâmetros monitorados no lixiviado, no início e final de cada
batelada. A Tabela 5.2 mostra a eficiência dos stripping, bem como outros valores
diretamente relacionados, como consumo de alcalinidade. Na Tabela 5.3 pode-se
observar variáveis que influenciam na eficiência do stripping. Nessa tabela são
apresentados também os resultados da batelada extra.
Tabela 5.1 – Resultados do stripping da amônia livre obtidos nas cinco bateladas
Parâmetros Bateladas
01 02 03 04 05 E TDH (dia) 7 14 24 13 14 11 pH inicial 8,57 8,57 8,30 8,6 9,6 10,42 pH final 9,22 8,89 9,00 8,98 9,2 9,44 Alcalinidade inicial (mg CaCO3/L) 3099 3275 3173 3023 5480 8900 Alcalinidade final (mg CaCO3/L) 1956 2320 2243 1589 1955 3459 N-amoniacal inicial (mg N-NH3/L) 473 370 448 925 1137 1578 N-amoniacal final (mg N-NH3/L) 162 138 241 566 34 42 Amônia Livre Inicial (mg N-NH3/L) 133 104 74 273 1053 1829
63
Tabela 5.2 – Eficiência do stripping da amônia livre do lixiviado obtidos nas cinco bateladas
Parâmetros Bateladas
01 02 03 04 05 E N-amoniacal removido (mg N-NH3/L) 311 232 207 359 1103 1536 Eficiência do Stripping (%) 66 63 46 39 97 97 Alacalinidade Consumida (mg CaCO3/L)
1143 955 931 1434 3525 5441
N-amoniacal removido teórico (mg N-NH3/L)
315 263 256 395 971 1499
Tabela 5.3 – Relação entre nitrogênio removido e características físicas do lixiviado.
Parâmetros Bateladas
01 02 03 04 05 E Espaço ocupado por ar (%) 33 33 24 44 44 44 N.A removido por dia (mg N-NH3/L.dia) 44 17 9 28 79 140 N.A removido por área supercial (mg N-NH3/L.cm²) 4,89 3,65 1,45 0,53 1,62 2,26
Área específica (m²/m³) 7,95 7,95 5,72 13,6 13,6 13,6
A Tabela 5.4 mostra os resultados dos parâmetros analisados na
solução ácida, realizadas apenas ao fim de cada batelada. Em B3, no sistema 02,
foram ainda realizados os testes de nitrato e nitrito. O resultado do nitrato foi
negativo, não foi detectado nenhuma concentração, já quanto ao nitrito foram
detectados 5,1 mg N-NO2-/L. A última análise foi realizada com diluições de 10 e 1%
APHA (2005).
Tabela 5.4 – Resultados da solução de ácido sulfúrico obtidos nas cinco bateladas
Parâmetros Bateladas
01 02 03 04 05 pH 1,5 1,5 1,5 1,05 0,6 Nitrogênio amoniacal (mg N-NH3/L) 0 0 0 6,0 0
Os resultados da batelada BE estão apresentados na Tabela 5.5, em
que foram monitorados os parâmetros ao longo do tempo e na Tabela 5.6, a qual
mostra a eficiência do stripping ao longo dos dias, bem como valores diretamente
relacionados.
Tabela 5.5 – Resultados do stripping da amônia livre na batelada BE
Parâmetros Dias
0 2 4 6 11 pH 10,42 9,60 9,46 9,40 9,44 Alcalinidade (mg CaCO3/L) 8900 5283 4134 3879 3459 N-amoniacal (mg N-NH3/L) 1578 608 273 141 42
64
Tabela 5.6 – Eficiência do stripping da amônia livre do lixiviado ao longo do tempo obtidos na batelada BE
Parâmetros Dias
0 2 4 6 11 N. Amoniacal removido (mg N-NH3/L) - 969 1304 1437 1536 Eficiência do Stripping (%) - 61 83 91 97 Alacalinidade Consumida (mg CaCO3/L) - 3616 4766 5030 5441 N. Amoniacal removido teórico (mg N-NH3/L)
- 996 1313 1386 1499
As Figuras 5.1 e 5.2 têm por objetivo mostrar a o decaimento do pH
e da alcalinidade ao longo do tempo, bem como a relação entre a variação da
alcalinidade e do pH.
Figura 5.1- Evolução do N-amoniacal e alcalinidade ao longo do tempo.
Figura 5.2- Evolução da alcalinidade e pH ao longo do tempo.
0
2000
4000
6000
8000
10000
0
300
600
900
1200
1500
1800
0 2 4 6 11 Alc
alin
idad
e (m
g C
aCO
3/L
)
N-a
mo
nia
cal (
mg
N-N
H3/
L)
Dias
N-amoniacal Alcalinidade
8,5
9
9,5
10
10,5
2000
4000
6000
8000
10000
0 2 4 6 11
pH
Ala
calin
idad
e (m
g
CaC
O3/
L)
Dias
Alcalinidade pH
65
5.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.2.1 Sistema 01
As bateladas representantes desse sistema são a primeira e
segunda batelada. Como visto no item 4.2, apenas duas alterações foram realizadas
de uma para outra, sendo elas: alteração na concentração da solução de ácido
sulfúrico e a adição de um dispositivo no sistema, o respiro.
Quanto ao stripping, pode-se observar que a eficiência das duas
bateladas foram muito próximas, 66% para a primeira e 63% para a segunda.
Nenhuma das mudanças feitas da primeira para a segunda batelada influenciaram
na dinâmica do stripping, nem mesmo a criação de um respiro na segunda batelada,
fato comprovado nos resultados obtidos (Tabela 5.2).
O tempo de detenção hidráulica das batelas foi diferente, entretanto
essa variável não influenciou na eficiência do stripping, como pode-se observar no
item 5.2.6. Outro parâmetro que merce destaque é o pH, que contrariamente ao
esperado aumentou, possivelmente isso ocorreu pelo stripping do gás carbônico
(CO2) juntamente com o NH3, fenômeno que será abordado em 5.2.7.
A partir Reação 02, pode-se estimar o nitrogênio amoniacal
teoricamente consumido. Esta estimativa é baseada no consumo de 3,63 mg de
alcalinidade por íon H+, o qual se dissocia conforme ocorre o stripping do NH3, como
apresentado no item 3.4.2.
Na primeira batelada a variável fixada foi a alacalinidade consumida,
portanto encontrou-se o valor teórico de nitrogênio amoniacal removido, o qual foi
muito próximo ao realmente removido, com isso conclui-se que a eficiência
alcançada no stripping foi a esperada de acordo com a bibliografia consultada.
Nas duas bateladas a variável fixada foi a alacalinidade consumida,
portanto econtrou-se o valor teórico de nitrogênio amoniacal removido, o qual foi
muito próximo ao realmente removido, com isso conclui-se que a eficiência
alcançada no stripping foi a esperada de acordo com a bibliografia consultada.
Ao fim de B1 e B2 conclui-se que não houve neutralização do gás
amônia por parte da solução ácida, pois como se pode observar na Tabela 5.1, não
66
foi detectada presença de nitrogênio amoniacal na solução ácida e o pH da solução
final continuou baixo. O esperado, caso houvesse a neutralização do gás amônia de
acordo com a Reação 03, era a concentração de íons H+ diminuir, aumentando
assim o pH.
É importante ressaltar que houve remoção do nitrogênio amoniacal
pelo stripping no reator, como se pode observar na Tabela 5.2, ou seja, o gás
amônia foi retirado do lixiviado, mas não foi adsorvido pela solução ácida. Uma
possibilidade para que isto não tenha ocorrido é a vedação inadequada do sistema,
por isso medidas no sentido de corrigir tal problema foram tomadas para as
bateladas subseqüentes. Por fim, outra hipótese seria a presença de pressão
contrária ao deslocamento do gás amônia, ou seja, que impedisse sua passagem do
frasco 01 para o frasco 02. Pensou-se dessa forma, pois o sistema estava
totalmente fechado, não havendo atuação da pressão atmosférica em nenhum
ponto.
Para solucionar essa questão foi adotado no frasco 03 de B2 um
respiro. Essa foi, portanto, uma alteração visando a melhoria física do sistema, não
envolvendo mecanismos que pudessem alterar diretamente a eficiência do stripping
da amônia livre ou do recolhimento do gás amônia.
Após a realização de B2, novamente observou-se a remoção de
nitrogênio amoniacal na forma de amônia livre (Tabela 5.1), entretanto o gás não foi
neutralizado pela solução de ácido sulfúrico.
5.2.2 Sistema 02
O segundo grupo, formado apenas por B3, como citado em 4.2,
apresentou alteração em seu reator, com aumento do volume de lixiviado e da
camada de ar entre a superfície do efluente e a tampa do recipiente, o head space.
Os resultados do stripping da Batelada 03 não foram muito
satisfatórios, haja vista que a eficiência foi abaixo daquela observada nas duas
bateladas anteriores. A explicação para a baixa eficiência pode estar na alteração do
volume e forma do reator. Com o intuito de favorecer o aumento da remoção de
nitrogênio e garantir a detecção deste na solução ácida, o tempo de duração (TDH)
desta batelada foi maior que o das demais.
67
Assim como nas bateladas do primeiro grupo, o pH do lixiviado
aumentou ao longo do ensaio, possívelmente pelo stripping do gás carbônico (CO2).
Após a realização batelada B3, como mostra a Tabela 5.3, não foi
encontrado nitrogênio amoniacal no ácido. Novamente, assim como nas bateladas
anteriores verificou-se a remoção do N-amoniacal no stripping, porém este não foi
detectado na solução ácida.
5.2.3 Sistema 03
Os representantes dessa etapa apresentaram alterações
substanciais em seus protótipos. Como visto em 4.3, o objetivo foi melhorar a
eficiência do stripping adotando-se um frasco retangular e promovendo alterações
no lixiviado (item 4.6).
O stripping da amônia livre realizado em B4 apresentou uma
eficiência muito baixa e aquém daquela imaginada após a alteração no formato do
reator. A eficiência de 39 % (Tabela 5.2) foi abaixo até mesmo da eficiência da
batelada B3.
Após esses resultados, chegou-se a conclusão que o divisor de
vazão de ar utilizado não funcionou corretamente e, portanto, apenas um lado do
reator foi aerado, o que explica a baixa eficiência do tratamento. Já em relação a B5,
onde foram utilizados dois aeradores, a eficiência foi bastante elevada chegando ao
valor de 97% (Tabela 5.2).
Essa eficiência superou a expectativa criada, entretanto, analisando-
se o valor de nitrogênio amoniacal removido no reator e aquele obtido teoricamente
pelo consumo de alcalinidade, pode-se dizer que são valores bastante próximos,
confirmando assim a eficiência do stripping.
Outro aspecto importante a ser observado, é que a eficiência de B5
não se deve apenas a adição de mais um aerador, mas também devido ao aumento
do pH, proporcionando uma maior quantidade de nitrogênio amoniacal na forma de
gás amônia, volátil, e portanto mais facilmente removido pela aeração.
Por fim, ainda pode-se observar a variação do pH, B4 seguiu a
tendência apresentada nas bateladas anteriores, onde houve aumento do pH. Já na
68
B5 ocorreu decréscimo do pH, uma vez que nessa batelada o valor do pH inicial
estava acima de 9,0.
Analisando-se o recolhimento do gás amônia, viu-se que em B4 6,5
mg N-NH3/L foram observados (Tabela 5.3), resultado novamente desprezível pelos
mesmos motivos já comentados: valor muito pequeno se comparado a quantidade
de nitrogênio amoniacal removida pelo stripping e baixo pH da solução ácida.
Com o objetivo de recolher o gás amônia, todas as modificações
anteriores se concentraram principalmente na concentração do ácido e em
dispositivos que facilitassem a passagem do gás amônia pela solução ácida,
havendo poucas alterações na vedação do sistema, por isso em B5 mudou-se
significativamente a vedação do protótipo e alterando-se o dispositivo responsável
por regular a vazão do gás amônia no ácido, como se observou em 4.4.
A alteração realizada não surtiu o efeito esperado; como mostra a
Tabela 5.3, não foi detectado nenhuma presença de nitrogênio amoniacal, e o pH da
solução final foi ainda mais baixo que das outras bateladas.
5.2.4 Batelada BE
A batelada extra teve como objetivo mostrar o decaimento do
nitrogênio amoniacal e da alcalinidade ao longo do tempo, no stripping em tanque de
arraste com o sistema fechado. Através das Tabelas 5.5 e 5.6 observa-se que houve
a remoção de nitrogênio amoniacal ao longo do tempo, e após 11 dias, a eficiência
atingida já era de aproximadamente 97%.
Como visto na Reação 02, a remoção de nitrogênio amoniacal
implica no consumo de alcalinidade, valores próximos a 3,63 mg de alcalinidade
para cada mg do íon amônio (NH4+) que se dissocia.
A partir da alcalinidade consumida, considerando a relação 3,63 mg
de alcalinidade/ mg de N removido, estimou-se a remoção teórica de nitrogênio pelo
stripping. O valor de N removido estimado a partir da alcalinidade foi muito próximo
ao verificado no sistema. Na Figura 5.3 é mostrado o comportamento linear do
consumo de alcalinidade em relação a remoção de nitrogênio amoniacal por
stripping. Observa-se, no gráfico da Figura 5.3, que o coeficiente angular da reta
(3,5424) que representa a relação linear entre consumo de alcalinidade/nitrogênio
69
oxidado é muito próximo da relação estequiométrica, que é de 3,63 mg de
alcalinidade/ mg de N removido.
Figura 5.3- Relação entre o N-amoniacal e alcalinidade do meio ao longo do tempo.
Na Figura 5.1 nota-se que entre o início de operação do sistema e o
segundo dia, a taxa de remoção de nitrogênio amoniacal é elevada e após esse
ponto outra tendência é verificada. Esse fato pode ser explicado pelo gráfico da
Figura 5.4, o qual representa a quantidade de amônia livre presente, calculado de
acordo com a Equação 01 para uma temperatura de 30oC. Portanto a maior
remoção de nitrogênio amoniacal ocorreu nos primeiros dias, pois nesses a
concentração da amônia livre era maior.
Figura 5.4- Amônia livre presente no lixiviado ao longo do tempo na batelada BE
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0 2 4 6 11
Am
ôn
ia li
vre
(mg
N-N
H3/
L)
Dias
70
5.2.5 Eficiência do Stripping
Após a realização de todas as bateladas pode-se verificar que
alguns fatores influenciam diretamente na eficiência do stripping. Na revisão
bibliográfica, no item 3.4.1, foi visto que com o aumento do pH e da temperatura,
conseqüentemente, a concentração de amônia livre também aumenta, como pode-
se observar no gráfico da Figura 5.5, onde a variação da amônia livre acompanha a
variação no pH nos valores iniciais de cada batelada.
Figura 5.5- Amônia livre presente lixiviado no início das bateladas em relação ao pH inicial.
Ainda de acordo com o item 3.4.1, a maior concentração de amônia
livre no lixiviado aumenta a eficiência do stripping, fato que pode ser verificado nas
Tabelas 5.1 e 5.2. As bateladas B5 e BE, foram as que apresentaram maior pH
inicial, e por seguinte maior quantidade de amônia livre inicial e portanto as maiores
eficiências alcançadas, com valores próximos a 97%. Essa eficiência também pode
ser comprovada pela razão de N-amoniacal removido por área superficial (Tabela
5.3), uma vez que ambas bateladas eram formadas pelo mesmo reator.
A relação entre amônia livre e a eficiência dos sistemas podem ser
verificadas no gráfico da Figura 5.6, só se atentando para a batelada B4 que foge à
regra, pois nessa foi detectada o problema no divisor da vazão de ar.
8
8,5
9
9,5
10
10,5
11
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
1 2 3 4 5 6
pH
Am
ôn
ia li
vre
inic
ial (
mg
N-N
H3/
L)
Bateladas
Amônia livre pH
71
Figura 5.6-Relação entre amônia livre e eficiência das bateladas.
Outra comparação que pode-se tecer entre as bateladas é em
relação ao tempo de detenção hidráulica. Se for levada em consideração apenas a
eficiência do stripping, ou seja, sem nenhum fator externo como tratamentos
subseqüentes, pode-se concluir que a eficiência máxima de cada batelada foi
conseguida em TDH não muito elevado.
Essa comparação pode ser feita entre as bateladas B1, B2 e através
de BE. As bateladas B1 e B2 apresentaram eficiências muito similares, mas se for
levado em consideração a relação N-amoniacal removido por TDH, percebe-se que
a batelada B1 apresenta uma eficiência superior (Tabela5.3). A batelada B1 durou
uma semana, ao passo que B2 durou duas semanas, portanto pode-se concluir que
a remoção de nitrogênio amoniacal na última semana de B2 foi muito baixa.
A mesma conclusão pode-se chegar através dos resultados obtidos
em BE, onde já no sexto dia o sistema operava com 91% de eficiência, alcançando
97% no décimo primeiro (Tabela 5.6). Portanto dependendo da concentração final
que se deseja de nitrogênio amoniacal no efluente, o sistema pode ser encerrado
antes, isto é em menores TDH.
Outra relação importante que influencia no processo de stripping é a
área específica, ou seja, a razão entre a área superficial e o volume de lixiviado.
Essa relação é uma variável da Equação 07, que fornece a transferência de massa
no stripping, portanto quanto maior esse valor, maior a eficiência do mesmo. A
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
1 2 3 4 5 6
%
Am
ôn
ia li
vre
inic
ial (
mg
N-N
H3/
L)
Bateladas
Amônia Livre Eficiência
72
relação entre área superficial e eficiência do tratamento também é citada por Silva
(2002).
De acordo com a Tabela 5.3, as bateladas que tiveram maior valor
para a relação área superficial/volume de lixiviado realmente apresentaram maior
eficiência, sendo elas B5 e BE, porém salienta-se também a influência do pH mais
elevado nestas bateladas. Provavelmente, a relação área superficial/volume de
lixiviado foi um dos fatores responsável pela baixa eficiência da batelada B3, pois
essa apresentava o menor valor para esse índice. Não é possível realizar
comparações mais aprofundadas, pois como visto várias modificações no lixiviado
foram realizadas de uma batelada para outra, alterando outros fatores como já
comentado.
Além das comparações entre as próprias bateladas, algumas
bibliografias foram consultadas e comparações com estas podem ser realizadas.
Procurou-se encontrar pesquisas que realizaram o stripping da amônia livre através
de tanques de arraste.
Hossaka (2008) realizou em seu trabalho o stripping em várias
escalas, desde escala de bancada até escala piloto. No sistema de bancada o autor
usou também aeradores para simular o stripping. Para um volume de 15 litros de
lixiviado a eficiência de remoção de 80% do nitrogênio amoniacal para um tempo de
detenção hidráulica de 20 dias.
O autor não descreveu o formato do recipiente, entretanto ele
utilizou apenas uma bomba para a aeração. Comparando os resultados do mesmo
com as batelada B1 e B2, que foram realizada sem correção do pH, portanto
semelhantes a do referido autor, observa-se que estas apresentaram menor
eficiência de remoção de nitrogênio. Uma possível explicação para a diferença nos
resultados pode estar relacionada a área superficial do “tanque” usada por Hossaka
(2008), provavelmente maior que a desta pesquisa.
No caso das bateladas B5 e BE, onde o volume de lixiviado foi
maior, a eficiência foi superior que a obtida por Hossaka (2008), entretanto nestas o
pH foi corrigido para 9,6 e 10,4, respectivamente, ao passo que o autor não
promoveu essas alterações, que como visto anteriormente influenciam a eficiência
do tratamento.
Campos et. al. (2007, apud SOUTO, 2009) obteve eficiência de 96 %
na remoção de nitrogênio amoniacal em recipiente com 2 L de lixiviado, aerado por
73
compressor de aquário e sem correção do pH, entretanto com temperatura elevada,
atingindo 65oC. Cheung et. al. (1997, apud FERRAZ, 2010) obteve eficiência similar
(93%) realizando stripping com 3 L de lixiviado, com pH corrigido para 12 e taxa de
aeração de 300 L/h.
Se comparado esses resultados com a batelada BE, cujo pH foi
próximo ao citado, demorou-se 6 dias para chegar ao um resultado parecido. Após
essas comparações pode-se concluir que os tanques de arraste em sistema fechado
podem fornecer eficiência próxima aos sistemas abertos citados, entretanto
observou-se que para isso o TDH foi mais elevado.
Com o objetivo de comparar a eficiência do tanque de arraste dessa
pesquisa com uma torre de arraste, verificou-se que Ferraz (2010) utilizando uma
torre de arraste, com pH elevado a 10,35, TDH de 12 dias, com uma taxa de
aeração de 1600 L ar/h, ou seja, uma vazão de ar 9 vezes maior que a utilizada
neste trabalho, obteve 99% de eficiência na remoção da amônia livre. A batelada BE
cujo pH e TDH foram próximos ao citado apresentou eficiência bastante semelhante,
a mudança significativa foi no volume de lixiviado tratado, na pesquisa atual 5 L e na
citada 12 L. Portanto considerando apenas a eficiência do stripping, pode-se dizer
que são bastante semelhantes.
5.2.6 eficiência do recolhimento do gás amônia
Após a realização de todas as bateladas, chegou-se a conclusão
que o sistema para lavagem do gás amônia liberado no processo do stripping do
lixiviado foi ineficiente. Através dos resultados obtidos pode-se verificar que houve a
remoção do nitrogênio do lixiviado na forma de gás amônia, entretanto esse não foi
neutralizado pela solução de ácido sulfúrico.
Não se sabe precisar exatamente onde ocorreu a falha no sistema,
mas algumas hipóteses podem ser criadas. A primeira hipótese pode ser encontrada
no fenômeno da efusão dos gases. Segundo Macedo (1978), esse fenômeno é
caracterizado pelo escoamento dos gases através de pequeninos orifícios, na ordem
de centésimos de milímetros, ou seja, dimensões que a vedação do sistema pode
não ter evitado, devido à simplicidade dos materiais utilizados.
74
Outro fato que reforça essa hipótese é que gases mais leves
efundem-se mais rapidamente (MACEDO, 1978). No sistema usado na pesquisa, os
gases presentes no head space do reator foram praticamente o ar, composto
basicamente por nitrogênio e oxigênio, o gás carbônico e o gás amônia. Analisando-
se as densidades relativas desses gases pode-se concluir que o gás mais leve é o
gás amônia, seguido pelo ar e por último o gás carbônico, sendo assim o gás
amônia seria o que apresentaria a efusão mais rápida, justo esse que se pretendia
neutralizar.
Ferraz (2010) realizou com sucesso uma experiência bastante
similar a essa pesquisa, entretanto com algumas alterações que podem explicar a
ineficiência do sistema nesta pesquisa. O autor utilizou para o tratamento do
nitrogênio do lixiviado uma torre de arraste, com altura de 2,24 m, com fluxo
contracorrente alimentado por um compressor, portanto apresentando a saída do
gás amônia na parte superior da torre. A vazão do compressor variou entre 1200 e
3600 L/h.
O gás amônia era coletado e conduzido por uma mangueira até o
frasco lavador, o qual era apoiado na cota zero, ou seja, e seu deslocamento era
feito pela gravidade. Já no sistema do presente trabalho o stripping foi realizado
utilizando tanque de arraste e a agitação foi realizada por meio de uma bomba de
aquário com vazão de ar aproximadamente igual a 90 L/h. Nas bateladas B5 e BE
se utilizou dois aeradores similares, mas mesmo assim caso a taxa tenha sido 180
L/h, essa ainda fica muito mais baixa do que a utilizada por Ferraz (2010).
Nas primeiras bateladas o reator (tanque de arraste) estava na
mesma cota que o frasco lavador utilizado, sem apresentar nenhum recolhimento do
gás. Nas últimas bateladas optou-se por aumentar a cota do reator e, portanto,
facilitar o deslocamento da massa gasosa, entretanto não surtiu o efeito esperado,
possivelmente pela pouco aumento de altura, aproximadamente 40 cm.
A partir desse contexto, pode-se concluir que as diferenças
apresentadas entre os sistemas podem ser a justificativa para que o gás amônia não
fosse recuperado como inicialmente esperado. Novas pesquisas devem ser feitas
com o intuito de verificar se há a possibilidade de se recolher o gás amônia removido
por stripping realizados em tanques de arraste.
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5.2.7 Comentário geral sobre pH e Alcalinidade
A volatilização do gás amônia faz com que haja um deslocamento no
equilíbrio da Equação 01, favorecendo a produção de íons H+, o qual consome a
alcalinidade do meio e, portanto, faz com que esse se torne mais ácido, diminuído
assim o pH da solução. Esse fato não gera uma acidez imediata na solução, devido
ao tamponamento pela alcalinidade presente, sistema carbonato na Equação 06.
Em alguns casos o pH do meio pode se manter constante durante a
volatilização da amônia livre ou ainda apresentar um aumento no fim da operação. O
primeiro fato ocorre quando a alcalinidade do meio é muito elevada, assim mesmo
que haja consumo dessa pelo íon hidrogênio, a alcalinidade residual ainda é
elevada, portanto não havendo alteração no pH do efluente final (HOSSAKA, 2008).
O aumento do pH se dá possivelmente pela volatilização do gás
carbônico (CO2), juntamente com o NH3. De acordo com Reação 04, caso isso
ocorra, o deslocamento químico será para a esquerda, ou seja, favorecendo assim o
consumo de íons H+ e, portanto aumentando o pH do meio.
CO2(aq) + H2O ↔ 2H+ + CO3-2 R. 04
CO2(aq) + H2O ↔ H2CO3 R. 05
H2CO3 ↔ H+ + HCO3- R. 06
HCO3- ↔ H+ + CO3
-2 R. 07
A volatilização do gás carbônico tende a deslocar as Reações 05 a
07 para a esquerda, uma vez que o equilíbrio do CO2 no gás/liq , no caso o sistema
é parcialmente fechado, tende a ser restabelecido, com isso a R. 05 desloca-se para
a esquerda e conseqüente o mesmo acontece com a R. 06, onde pode-se observar
o consumo de H+.
O aumento do pH pode ser observado na Tabelas 5.2 e 5.3. Já a
quinta e sexta batelada, as quais tiveram seu lixiviado pré-tratado com adição de
hidróxido de sódio para aumento do pH, apresentaram redução do pH até valor
próximo a 9,5, que está relacionado a alcalinidade a carbonato.
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6 CONCLUSÕES
As conclusões podem ser mostradas em relação aos objetivos
traçados no início da pesquisa. Primeiramente avaliou-se a eficiência do stripping e
chegou-se às seguintes conclusões:
• Constatou-se que o aumento do pH melhora a eficiência na remoção do
nitrogênio do lixiviado por stripping da amônia livre em tanques de arraste,
como era esperado. Em lixiviado com pH 10,4 observou-se a remoção de
97% do nitrogênio amoniacal em 11 dias.
• A relação entre a remoção do nitrogênio amoniacal pelo stripping do gás
amônia e da alcalinidade foram lineares e compativeis com a relação
estequiométrica;
• A área de contato entre o lixiviado, que se pretende tratar, e o ar é fator
importante para a eficiência do stripping;
• Stripping realizado em regime fechado apresentou eficiência similar aos
realizados em regime aberto, entretanto necessitou de TDH maior;
Em relação a recuperação do gás amônia, não foi detectada sua
presença na solução de ácido sulfúrico, sendo que as principais justicativas recaem
sobre a efusão do gás amônia, que não permitiu sua chegada ao frasco lavador, ou
ainda outro motivo que não relacionado a vedação do sistema. Portanto não foram
obtidos resultados conclusivos com relação a recuperação do gás amônia, porém
recomenda-se futuros estudos com relação a remoção do gás amônia de lixiviado,
por stripping em tanques de arraste, seguidos de recuperação, uma vez que
trabalhos que obtiveram êxito nesse aspecto utilizaram torres de arraste.
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REFERÊNCIAS
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