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RODOLFO DE OLIVEIRA PARANGABA CONTEMPORANEIDADES PANTANEIRAS Instalação com pintura fluorescente Campo Grande - MS 2014

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RODOLFO DE OLIVEIRA PARANGABA

CONTEMPORANEIDADES PANTANEIRAS

Instalação com pintura fluorescente

Campo Grande - MS

2014

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RODOLFO DE OLIVEIRA PARANGABA

CONTEMPORANEIDADES PANTANEIRAS

Instalação com pintura fluorescente

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Artes Visuais.

Orientadora: Profª Mª Priscilla Paula Pessoa

Campo Grande - MS 2014

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RESUMO

O presente trabalho trata do processo de criação da obra Contemporaneidades Pantaneiras, uma instalação autobiográfica que explora, principalmente, o uso de pigmentos fluorescentes em pintura e desenho, e como eles reagem sob o brilho da luz negra. O trabalho é constituído da mescla de vários elementos: fotografia, pintura, desenho, frases e trilha sonora, que combinados criam o ambiente planejado, simulando uma parte da mente do artista.

Palavras chave: Desenho; Autobiografia; Cor; Luz negra; Mente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 5

CAPÍTULO I - AUTOBIOGRAFIA E ARTE ........................................................................ 7

1.1. Pantanal Contemporâneo ............................................................................................... 7

1.2. Produção Autobiográfica em Artes Visuais ................................................................. 8

1.2.1. Leonilson ...................................................................................................................... 10

1.2.2. Frida Kahlo ................................................................................................................... 11

1.2.3. Sophie Calle ................................................................................................................ 13

1.3. Sobre Instalações .......................................................................................................... 14

1.4. Sobre Cores .................................................................................................................... 16

1.4.1. Cor, Luz e Fluorescência ........................................................................................... 17

CAPÍTULO II - COMTEMPORANEIDADES PANTANEIRAS ....................................... 19

2.1. Concepção ...................................................................................................................... 19

2.2. Pinturas ............................................................................................................................ 20

2.3.Desenhos ......................................................................................................................... 23

2.4. Estrutura .......................................................................................................................... 24

2.5.Trilha ................................................................................................................................. 26

2.6. Montagem ....................................................................................................................... 27

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 29

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 31

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INTRODUÇÃO

A obra Contemporaneidades Pantaneiras é uma instalação

autobiográfica que explora o uso da luz negra e os efeitos que ela gera sobre

pinturas realizadas com tintas que contêm pigmentos fluorescentes.

A ideia para este trabalho surgiu já há algum tempo, quando eu ainda

experimentava minhas poéticas pessoais na Oficina de Pintura e criei uma série de

pinturas feitas com tintas fluorescentes. O tema da série é autobiográfico e surgiu da

vontade de representar uma visão mais pessoal da cidade em que vivo - Campo

Grande, Mato Grosso do Sul.

Conforme a pesquisa foi se aprofundando, percebi que para obter o

resultado esperado precisaria produzir mais que uma série de pinturas, pois minha

intenção é fazer com que as pessoas percebam as imagens das minhas memórias a

partir do efeito óptico gerado pela pigmentação fluorescente utilizada. Além disso,

seria necessário um ambiente específico para que as pinturas pudessem ser

iluminadas por luz negra. A partir destes dois pontos, a instalação obteve uma nova

significação, funcionando como uma forma de representação da minha mente, onde

todos os elementos ali contidos são formas de expressar pensamentos, memórias e

sentimentos pessoais.

A instalação é constituída da mescla de vários elementos: fotografia,

pintura, desenho, frases e trilha sonora, que combinados criaram o ambiente

planejado, simulando uma parte da minha mente.

O trabalho está dividido em dois capítulos. No primeiro encontram-se

todos os referenciais teóricos que serviram de base para a concepção, produção e

fundamentação teórica da instalação. Pesquisei artistas que utilizam suas próprias

histórias como fonte de inspiração das suas poéticas autobiográficas, e citei aqui os

trabalhos de Leonilson, Frida Kahlo e Sophie Calle. Esses artistas criaram, cada um

a seu modo, poéticas consistentes que refletem seus mundos interiores, e isso me

ajudou muito a encontrar o rumo do meu trabalho, já que existem tantas formas de

trabalhar nosso íntimo por meio das artes.

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Ainda no primeiro capítulo, trato de um dos pontos mais importantes do

meu trabalho que é a presença da cor, um fenômeno que sempre me chamou a

atenção e me estimulou a querer pintar. Mas não é apenas a cor o ponto chave, e

sim o comportamento das cores em relação à iluminação do ambiente.

No segundo, estão as informações referentes ao desenvolvimento do

processo prático da mesma, com todos os detalhes dos procedimentos e técnicas

utilizados na produção das pinturas, dos desenhos, da montagem da estrutura e

todos os outros elementos pertencentes à instalação Contemporaneidades

Pantaneiras.

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CAPÍTULO I - AUTOBIOGRAFIA E ARTE

1.1. Pantanal Contemporâneo

A obra Contemporaneidades Pantaneiras é uma instalação

composta por desenhos e pinturas fluorescentes. Nasceu do meu desejo de realizar

um trabalho que explorasse novas possibilidades de se trabalhar com cor em

pintura. O segundo passo para a concepção do projeto foi a escolha da temática

autobiográfica e da poética a ser trabalhada. O resultado disso foi um trabalho em

que as cores utilizadas representam as sensações de minhas memórias e vivências.

O nome da obra - Contemporaneidades Pantaneiras - foi escolhido

para representar o grupo de pessoas que vive no estado do Mato Grosso do Sul em

que eu estou inserido. O termo "contemporâneo" abrange vários significados dentro

e fora das Artes Visuais. Na arte contemporânea,

[...]há uma diferença radical nos meios de expressão empregados pelos artistas que, desde o nascimento do movimento modernista, mostraram um fascínio pela nova tecnologia. Aos poucos, essa tecnologia passou a dominar as definições atuais de atividade de vanguarda, a ponto de muitos curadores chegarem a menosprezar formas tradicionais como a pintura e a escultura, julgando-as inerentemente não contemporâneas". Agora, quase toda a atenção se volta para a fotografia - fotografia direta, imagens digitalizadas, vídeo e filme, que, por sua vez, apresentam-se frequentemente vinculados a várias formas de arte ambiental e de instalação. Hoje, os teóricos falam sobre o que Rosalind Krauss denominou condição "pós meio de expressão" das artes visuais. O que isso quer dizer é que, além de não haver meios de expressão artística especialmente privilegiados, a escolha deste ou daquele meio específico não tem a menor importância (LUCIE-SMITH, 2006, p.3).

Nesse sentido, o trabalho Contemporaneidades Pantaneiras busca

fazer uma ponte entre as formas mais tradicionais de arte e as novas possibilidades

oferecidas pelo momento contemporâneo e as tecnologias. Vários elementos como

a fotografia, a pintura e a luz negra são utilizados para compor a instalação, que

busca levar o espectador a um ambiente lúdico e onírico, onde podem "esbarrar em

pensamentos"

O dicionário online Michaelis (2008) dá para o termo

contemporâneo, entre outros significados, "o que é do tempo atual". O termo foi

escolhido mais a partir dessa definição geral até do que pelo seu uso habitual no

universo da arte, para falar sobre o segmento da arte e das inspirações do Mato

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Grosso do Sul em que o projeto se encaixa – no qual alguns artistas (incluindo eu)

buscam trabalhar suas poéticas de forma a mostrar que o estado do Mato Grosso do

Sul é formado sim pelo Pantanal, mas não apenas disso. O nome

Contemporaneidades Pantaneiras é uma forma irônica de mostrar a existência do

lado mais urbano e boêmio do estado.

1.2. Produção Autobiográfica em Artes Visuais

A autobiografia é um assunto recorrente no campo das Artes

Visuais, inclusive no momento contemporâneo. Conforme Lucie-Smith (2006, p.159)

coloca,

[...]foi Beuys quem abriu as portas para uma nova percepção do funcionamento da arte, ou de como ela poderia funcionar, na sociedade contemporânea. No futuro, a arte seria definida de duas formas: por meio de sua relação com a personalidade do artista, da qual era simplesmente uma manifestação visível, e por meio do conteúdo. Ou seja, a arte passaria a proporcionar uma definição da relação do artista com o mundo, relação essa que mudaria continuamente com a evolução do próprio artista; mostraria as alterações ocorridas quando o subjetivo encontrasse o objetivo e vice-versa.

O dicionário online Michaelis (2008) define autobiografia como a

"narração da vida de uma pessoa, escrita por ela própria". Logo, quando a pesquisa

pessoal do artista rebusca a história do mesmo para basear sua produção, sua obra

se torna autobiográfica.

Naturalmente, nos dias de hoje os artistas - em meio a tantas

influências e referências - buscam suas poéticas próprias para terem seu trabalho

reconhecido. Neste contexto o "eu" começa a ganhar espaço, pois, segundo Rovina

(2008, p.11) o artista deseja uma unidade de si com seu objeto criado. Logo, o foco

está no sujeito e no desenvolvimento de seus processos de individuação.

Inúmeros artistas, em sua pesquisa pessoal e desenvolvimento de

seus trabalhos, buscam inspiração em si mesmos, em suas vidas e histórias, mas

isso não resulta necessariamente em uma obra autobiográfica. É importante deixar

clara a distinção entre obras autobiográficas e obras que trazem material da vida do

artista, mas não necessariamente narram suas histórias pessoais.

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Um exemplo que deixa clara essa distinção é o trabalho Polvos, da

artista brasileira Adriana Varejão. A obra consiste na criação de uma caixa de tintas

especiais e uma série de pinturas onde a artista pinta sua própria imagem em vários

retratos de si mesma, mas em cada um deles utiliza uma cor de pele diferente criada

por ela e contida na caixa de tintas, baseada nas respostas que as pessoas davam

ao serem questionadas sobre sua cor em um questionário do senso do IBGE de

1976. Polvo é uma obra que utiliza o autorretrato da artista e não faz menção a sua

vida pessoal, pois a poética busca abordar questões raciais.

Figura 1: Polvos (série de pinturas). Adriana Varejão. 2004. Exposição na Galeria Fortes Vilaça.

Fonte: http://www.fortesvilaca.com.br/exposicoes/2014/402-polvo

A autobiografia começa a crescentemente ganhar espaço na

produção artística nos anos 1970 e, para Rovina:

Essa expansão da narrativa em primeira pessoa segue paralelamente à crise que gerou modificações profundas no gênero autobiográfico literário. Para além de uma autobiografia tradicional que se documenta numa fechada e determinada classe social e política, a crítica literária dos anos cinqüenta do século XX amplia seu foco para os grupos minoritários cujos trabalhos apontavam necessidades de mudanças sociais onde o protagonista está inserido nas questões identitárias de seu tempo. (ROVINA, 2008, p.26).

A partir daí, o artista contemporâneo, que se permite ser o

"protagonista" e o seu próprio "juíz", se abre para muitos métodos diferentes de se

representar e, segundo Rovina (2008), "não há a reprodução de uma vida, mas um

constante estado de recriação desta, tornando o limite entre autobiografia e ficção

quase indistinto."

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Com o poder de se definir e de se narrar, o artista passa a dar

espaço para a sua própria vida e história. Toda a sua carga de vivência, experiência,

emoções e sentimentos agora se transformam na pauta da sua produção artística

com uma poética muito mais íntima.

Cada artista tem sua própria forma de contar sua história, tanto em

questões de linguagens e técnicas quanto no relato dos fatos em si. Destaquei três

artistas cujas obras refletem suas próprias histórias e que serviram de referência

para meu trabalho: Leonilson, com sua poética completamente voltada para sua

vida; Frida Kahlo, que utiliza muito a pintura para contar suas experiências e Sophie

Calle, que criou uma instalação a partir de uma situação que vivenciou.

1.2.1. Leonilson

José Leonilson Bezerra Dias, nascido em Fortaleza, no Ceará em

1957, era pintor, desenhista, escultor e fazia instalações. Mudou-se para São Paulo

e estudou Educação Artística na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).

De acordo com a crítica Lisette Lagnado (1995), "cada peça

realizada pelo artista é construída como uma carta para um diário íntimo", que vem

"da necessidade de registrar sua subjetividade". Leonilson elaborou seu trabalho de

forma a criar símbolos próprios que sempre rebuscou, até o fim da vida, como o livro

aberto, a torre, o radar, o átomo, o coração, a espiral, o relógio, a bússola e a

ampulheta, entre outros.

Segundo a biografia do artista na Enciclopédia Virtual Itaú Cultural

(2013), em 1989 introduz o bordado em suas obras, elemento este que remete ao

fato de ser filho de um comerciante de tecidos e do gosto de sua mãe por bordar. De

1984 em diante começa a produzir desenhos e pinturas com formas orgânicas que

remetem ao corpo. Através das palavras que começa a utilizar em suas obras,

manifesta sua intimidade: "alegre", "tímido", "solitário", "hipócrita", "deslocado",

"cheio e vazio", "cético", "ansioso" ou "confuso". Descobre-se portador do vírus HIV

em 1991, fato este que domina sua obra a partir de então. Produz uma série de

desenhos que ironizam sua condição, utilizando-se de elementos como o seu

próprio sangue contaminado e signos da simbologia cristã.

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A obra de Leonilson (como podemos verificar nas Figs. 2 e 3) é

impregnada de intimidade e vai relacionando cada vez mais os símbolos e objetos

que utiliza em suas pinturas, instalações, bordados, gravuras e esculturas com seu

mundo interior.

Figura 2: Os pensamentos do coração. Leonilson. Acrílica sobre lona. 48x58cm. 1988. Coleção Família Bezerra Dias (São Paulo, SP)

Fonte: http://www.itaucultural.org.br/bcodeimagens/imagens_publico/013302175289.jpg

Figura 3: São tantas as verdades. Leonilson. Acrílica. pedras semi preciosas bordadas e fio de cobre sobre lona. 213x106 cm. 1988. Coleção Particular.

Fonte: http://www.itaucultural.org.br/bcodeimagens/imagens_publico/013302175659.jpg

1.2.2. Frida Kahlo

Frida Kahlo é uma artista mexicana que utilizava assuntos de sua

vida pessoal como principais temas para suas pinturas. Nasceu em Coyoacán, no

México, e defendia o resgate cultural do passado pré-colombiano mexicano e das

tradições locais.

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Aos 18 anos sofreu um grave acidente rodoviário, que quase a

matou. Durante sua recuperação, como estava imobilizada por gesso, começou a

pintar como forma de passatempo. Conforme Farthing (2009, p.417), Frida Khalo

produziu quase 150 pinturas em vida, descrevendo através delas sua visão da vida

entre embates pessoais e políticos.

Foi casada com Diego Rivera, mas os dois viviam relações

extraconjugais. Rivera relacionou-se inclusive com a irmã de Frida. A obra As duas

Fridas (Fig.4) retrata duas versões da artista. Uma delas veste roupas tradicionais

mexicanas e tem o coração inteiro, representando a mulher que Rivera amava. A

outra veste roupas de casamento e possui o coração dilacerado e sangrando,

representando sua dor.

Figura 4: As duas Fridas. Frida Kahlo. Óleo sobre tela. 173,5 cm x173 cm. 1939. Museu de Arte Moderna da Cidade do México.

Fonte: http://surrealismodoacaso.files.wordpress.com/2009/05/frida-kahlo-as-duas-fridas.jpg

Segundo Farthing,

Entre 1926 e 1954, Frida buscou inspiração nas experiências de vida mais íntimas, muitas vezes dolorosas. Os inúmeros autorretratos desse período evidenciam seu fascínio pela identidade e pelas máscaras, e as paisagens mortas podem ser interpretadas como manifestações visuais do orgulho nacional.(FARTHING, 2009, p.417)

Frida abordou os temas que mais a afligiam em suas obras. Entre

eles, retratou a solidão e a dor que sentiu após seu acidente na obra O hospital

Henry Ford (1932 - Fig.5) o trauma de ter sofrido muitos abortos e não poder ter

filhos na obra O meu nascimento (1932); e a dor da descoberta do caso extra

conjugal que seu marido Diego Rivera mantinha com a irmã de Frida na obra O

coração (1937).

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Figura 5: O Hospital Henry Ford, ou Cama Voadora . Frida Kahlo. Óleo sobre metal. 77,5 x 96,5. 1932. Coleção Fundaçao Dolores Olmedo (México)

Fonte: http://0.tqn.com/d/arthistory/1/0/Q/1/1/Frida-Kahlo-Henry-Ford-Hospital-1932.jpg

1.2.3. Sophie Calle

Sophie Calle é uma artista francesa nascida em Paris em 1953. Calle

não tem formação artística e escolheu a arte para agradar ao pai. A própria artista

define seu trabalho como autobiográfico. Nas palavras de Calle: "O que diferencia

muitos de meus trabalhos é o fato de que eles são, também, minha vida. Eles

aconteceram."

De acordo com a biografia da artista,

Sophie Calle é conhecida no mundo da arte e para além dele por uma obra que despreza as fronteiras regulares entre ficção e realidade, público e privado, arte e vida. Literários na essência, ainda que usem meios diversos e tomem distintas formas, seus trabalhos nascem ora do exercício destemido de uma curiosidade sobre o outro que beira o voyeuristico (e, por vezes, o abusivo), ora da vontade de transformar dores reais em uma sofisticada modalidade de catarse. De forma recorrente, expõem a vulnerabilidade humana sob o signo do desejo. (SOPHIE CALLE. In: VIDEOBRASIL)

Cuide de você é uma instalação, montada pela primeira vez na

Bienal de Veneza, em 2007. Surgiu de uma situação pessoal da artista, que recebeu

um e-mail de término de relacionamento de seu até então namorado. O e-mail

terminava com as palavras "Cuide de você". Calle transformou essas palavras em

um trabalho único, que de acordo com Miranda (2009), "é um exemplo expandido e

grandioso de como se sobrepõem, no trabalho de Sophie Calle, a experiência

comum da vulnerabilidade humana [...]".

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Nas palavras da própria artista:

Recebi uma carta de rompimento. E não soube respondê-la. Era como se ela não me fosse destinada. Ela terminava com as seguintes palavras: "Cuide de você". Levei essa recomendação ao pé da letra. Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão, para interpretar a carta. Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la. Entendê-la em meu lugar. Responder por mim. Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper. Uma maneira de cuidar de mim.

A artista coletou as reações de 107 mulheres sobre a carta recebida

e montou então a instalação Cuide de Você.

Figura 6: Projeção da carta que deu origem a Cuide de Você sobre Sophie Calle

Fonte: http://www.dobrasvisuais.com.br/wp-content/uploads/2009/08/post09_sophie_calle01.jpg

Figura 7: Instalação Cuide de Você

Fonte: http://fergolina.files.wordpress.com/2010/02/sophie.jpg

1.3. Sobre Instalações

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Inicialmente meu trabalho se constituía de uma série de pinturas. Ao

decorrer do desenvolvimento do mesmo, percebi que para alcançar o resultado

esperado foi necessário pensar na construção de um ambiente específico que

garantisse que as obras fossem expostas de forma a revelar o efeito fluorescente

presente nas pinturas. O que era uma série de pinturas se transformou então em

uma instalação.

Conforme a Enciclopédia virtual do Itaú Cultural:

O termo instalação é incorporado ao vocabulário das Artes Visuais na década de 1960, designando assemblage ou ambiente construído em espaços de galerias e museus. As dificuldades de definir os contornos específicos de uma instalação datam de seu início e talvez permaneçam até hoje. [...] As ambigüidades que apresentam desde a origem não podem ser esquecidas, tampouco devem afastar o esforço de pensar as particularidades dessa modalidade de produção artística que lança a obra no espaço, com o auxílio de materiais muito variados, na tentativa de construir um certo ambiente ou cena, cujo movimento é dado pela relação entre objetos, construções, o ponto de vista e o corpo do observador. Para a apreensão da obra é preciso percorrê-la, passar entre suas dobras e aberturas, ou simplesmente caminhar pelas veredas e trilhas que ela constrói por meio da disposição das peças, cores e objetos. (INSTALAÇÃO. In ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL, 2010)

De acordo com Dempsey (2008, p.250), até a década de 1960 as

instalações eram feitas basicamente para dar tridimensionalidade às pinturas e

foram ganhando espaço até que, na virada do século, acabaram se tornando muito

populares entre os artistas.

Sobre as diversas possibilidades oferecidas pelas instalações:

A Instalação, enquanto poética artística permite uma grande possibilidade de suportes, a gama variada de possibilidades, em sua realização pode integrar recursos de multimeios, por exemplo, videoarte, caracterizando-se em uma videoinstalação Esta abertura de formatos e meios faz com que esta modalidade se situe de forma totalmente confortável na produção artística contemporânea, já que a Arte Contemporânea tem como característica o questionamento do próprio espaço e do tempo. (INSTALAÇÃO. In: MACVIRTUAL)

Todas essas possibilidades fazem com que a obra se torne muito

mais ampla e completa, explorando novos sentidos e sensações, transformando o

espectador em participador:

[...] Esta participação ativa em relação à obra faz com que a fruição da mesma se dê de forma plena e arrebatadora, o que em muitos casos pode

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até mesmo tornar esta experiência incômoda e perturbadora. A necessidade de mexer com os sentidos do público, de instigá-lo, quase obrigá-lo, a experimentar sensações, sejam agradáveis ou incômodas, faz da Instalação um espelho de nosso tempo. (INSTALAÇÃO. In: MACVIRTUAL)

A instalação - com sua possibilidade de mesclar vários suportes,

técnicas e materiais - se tornou a solução para o trabalho, que assim pode ser

vivenciado, e não apenas observado.

1.4. Sobre Cores

A cor é um ponto fundamental em meu trabalho, tanto pelo valor

estético quanto emocional. Segundo Dondis,

É possível pensar na cor como o glacê estético do bolo, saboroso e útil em muitos aspectos, mas não absolutamente necessário para a criação de mensagens visuais. Esta seria uma visão muito superficial da questão. A cor está, de fato, impregnada de informação, e é uma das mais penetrantes experiências visuais que temos todos em comum. Constitui, portanto, uma fonte de valor inestimável para os comunicadores visuais. (DONDIS, 2007, p.64).

Ainda de acordo com Dondis (2007, p.65), "a cor tem três dimensões

que podem ser definidas e medidas", sendo elas: Matiz, Saturação e o brilho

relativo. As pinturas presentes em meu trabalho foram trabalhadas através da

utilização de duas dessas dimensões: A matiz e a saturação.

A matiz é a própria cor em si. Dondis (2007, p.65) fala sobre a

existência das três matizes primarias (vermelho, azul e amarelo). De acordo com a

autora "o amarelo é a cor que se considera mais próxima da luz e do calor; o

vermelho é a mais ativa e emocional; o azul é passivo e suave. O amarelo e o

vermelho tendem a expandir-se; o azul, a contrair-se". Para a realização das

pinturas escolhi principalmente matizes variantes do azul e do vermelho, que foram

aplicadas de forma a criar um alto contraste entre os tons.

A segunda dimensão da cor é a saturação, que segundo Dondis

(2007, p.66):

[...] é a pureza relativa de uma cor, do matiz ao cinza. A cor saturada é simples, quase primitiva, e foi sempre a preferida pelos artistas populares e

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pelas crianças. Não apresenta complicações, e é explícita e inequívoca; compõe-se dos matizes primários e secundários. As cores menos saturadas levam a uma neutralidade cromática, e até mesmo à ausência de cor, sendo sutis e repousantes.

Escolhi trabalhar com as cores fortes e bem saturadas, pois "quanto

mais intensa ou saturada for a coloração de um objeto ou acontecimento visual,

mais carregado estará de expressão e emoção."(idem).

1.4.1. Cor, Luz e Fluorescência

As cores que vemos na verdade são reflexos da luz. Rocha (2010,

p.02) considera o modo como vemos as cores a partir da própria formação do olho

humano. Segundo Rocha, enxergamos todas as cores através da percepção de

apenas três delas: vermelho, azul e verde. Isso acontece porque temos a chamada

visão tricrômica e, no olho humano, os cones (orgãos sensoriais presentes na retina

que percebem as cores) captam da natureza apenas essas três cores e as

misturam.

Este fenômeno é de fundamental importância para a compreensão

do meu trabalho, que explora a potência da cor em dois modos diferentes, através

da luz branca e da luz negra. As pinturas foram realizadas com tintas fluorescentes.

Esse material tem uma característica específica muito importante,

pois reage de modos diferentes dependendo da iluminação. Na luz branca reflete a

cor real da tinta utilizada. Sob a incidência de luz negra, reage de forma diferente,

produzindo novos tons, que ficam brilhantes. Isso acontece por causa da

propriedade chamada fluorescência.

De acordo com Harris (2002, p.1), a luz negra convencional tem seu

formato parecido com o de uma lâmpada fluorescente com algumas modificações

importantes. Harris explica que a lâmpada fluorescente fornece luz passando

eletricidade por um tubo de gás inerte com uma pequena quantidade de mercúrio.

Os átomos de mercúrio, quando energizados, emitem fótons de luz ultravioleta (cujo

comprimento de onda não podemos enxergar).

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Para converter essa luz invisível em visível as lâmpadas

fluorescentes são revestidas de fósforo no exterior do tubo. De acordo com Harris

(2002, p.1), quando o fóton atinge um átomo de fósforo ocorre uma troca de energia

que gera a luz fluorescente, isso porque as substâncias fosforosas, quando expostas

à luz também emitem luz. São esses fosforosos os componentes presentes nas

tintas fluorescentes responsáveis pela variação da cor do material sob as diferentes

iluminações.

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CAPÍTULO II - COMTEMPORANEIDADES PANTANEIRAS

2.1. Concepção

A criação da instalação Contemporaneidades Pantaneiras se iniciou

no meio de uma prática pessoal. Durante o curso de Artes Visuais percebi que a

prática com que mais me identifico é a pintura. Participei da Oficina de Pintura e

pude experimentar várias propostas e técnicas, e foi na Oficina que pude iniciar

minhas experimentações com pintura utilizando pigmentos fluorescentes.

Desde antes de ingressar no curso de Artes Visuais já produzia

alguns trabalhos plásticos, sempre buscando uma forma de trabalhar, principalmente

com cores fortes e vibrantes, pois sempre percebi que o fator que mais me estimula

a querer produzir arte é poder trabalhar com cor.

Após ter tido contato com a pintura fluorescente, produzi uma série

de pinturas para o trabalho final da Oficina, e, gostando do resultado, decidi que

aquele resultado plástico era o ideal para o meu trabalho de conclusão de curso.

A partir daí comecei a pensar no projeto do trabalho e em formas de

explorar a utilização da fluorescência. A preocupação principal era a forma de expor

os trabalhos, que só revelam o efeito fluorescente quando expostos à luz negra e,

preferencialmente, em um ambiente escuro.

A ideia inicial era continuar a série de pinturas, pintando imagens de

fotografias pessoais que me relembrassem momentos especiais, e fechar a série

com essas memórias, expostas de forma a parecer uma parede cheia de fotografias

especiais e marcantes para mim.

Como já dito, havia a preocupação com a expografia da série, além

do ambiente específico para as pinturas. A partir daí, pensei na criação de um

espaço específico para abrigar os elementos, e então a instalação foi tomando

forma. Vários tipos de estruturas foram pensadas. A ideia era criar uma cabine

escura onde as pinturas poderiam receber a luz negra sem interferência de

nenhuma outra fonte de luz, revelando o efeito fluorescente.

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Durante o processo de criação da instalação percebi que poderia,

com essa cabine, criar um ambiente que fosse além de paredes expositivas, que

ultrapassasse isso e fosse mais que uma caixa com memórias. Como o trabalho é

autobiográfico, pensei em formas de me colocar cada vez mais dentro dele, expondo

"meu mundo" para o mundo, e comecei a pensar na cabine como uma parte do meu

próprio cérebro, onde as memórias estão todas ali, vivas, brilhando e pulsando como

pensamentos.

Quando cheguei neste ponto da produção, a instalação adquiriu uma

significação além de somente expositiva, o trabalho começou a crescer, pois o

ambiente poderia conter mais que somente pinturas.

Diferente de sua concepção inicial, a instalação

Contemporaneidades Pantaneiras será composta na sua primeira montagem por -

além de pinturas - desenhos, esboços, frases, trechos de músicas, palavras soltas e

uma trilha sonora própria; tudo brilhante, vivo e fluorescente no meio da "escuridão

da mente".

2.2. Pinturas

O processo criativo do trabalho vem se desenvolvendo desde as

primeiras experimentações com pigmentos fluorescentes na Oficina de Pintura. Após

pesquisar e experimentar várias técnicas com materiais fluorescentes, comecei a

pintar com tinta acrílica sobre tela e madeira, e o resultado ficou exatamente o

esperado. O grande problema da tinta acrílica fluorescente é a cobertura fraca, o

que demanda várias camadas até chegar no resultado ideal.

A seguir, descrevo os procedimentos adotados na confecção das

pinturas, exemplificando a partir de uma delas, já que é o mesmo para todas. O

processo de produção das pinturas se inicia com a escolha da fotografia (Fig. 10).

Escolhi fotografias que me remetessem a memórias de experiências e pessoas que

me marcaram de alguma forma durante os últimos anos. A partir da escolha da

fotografia, o processo continua como pode ser visto nas figuras de 8 a 13.

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Figura 8: fotografia escolhida

Fonte: Acervo pessoal do artista

Figura 9: Desenho da fotografia sobre o suporte (tela)

Fonte: Acervo pessoal do artista

Figura 10: Pintura com pigmento fluorescente

Fonte: Acervo pessoal do artista

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Figura 11: Pintura do fundo com a cor Azul Ultramar

Fonte: Acervo Pessoal do artista

Figura 12: Pintura dos detalhes com tinta acrílica na cor Violeta Permanente Escuro

Fonte: Acervo Pessoal do artista

As dimensões das telas são variadas, como pode ser visto na figura

13:

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Figura 13: Telas com dimensões variadas

Fonte: Acervo pessoal do artista

2.3.Desenhos

Os desenhos são painéis feitos sobre papel Paraná, que é um tipo

de papel mais grosso, semelhante ao papelão, porém com acabamento mais

refinado. Escolhi alguns símbolos que representassem gostos pessoais e que, na

minha opinião, podem expressar um lado mais lúdico e onírico da mente.

A confecção dos painéis é feita em três fases. A primeira é a

aplicação de um fundo preto com tinta PVA; a segunda é a criação do desenho com

caneta poska branca, criando o fundo branco necessário para a o pigmento

fluorescente; e a terceira é a cobertura das linhas brancas com caneta marcadora de

texto (que contém pigmentos fluorescentes). As dimensões são variadas, assim

como as pinturas

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2.4. Estrutura

A criação da estrutura da cabine foi a questão mais complicada de

se resolver no trabalho. O plano inicial era se montar uma caixa retangular com base

quadrada, em que as paredes e teto seriam de MDF e que fosse desmontável, como

pode ser visto na imagem abaixo (Fig. 14):

Figura 14: Primeira maquete digital da instalação

.

Fonte: Acervo pessoal do artista

A dimensão da cabine é de 1,80m x 1,80m na base e 2,20 de altura,

e com essas dimensões o MDF se tornou inviável por conta do preço, do peso e por

não poder ser desmontável.

Após extensa pesquisa por materiais que fossem viáveis, cheguei à

conclusão de que o melhor a se fazer seria construir uma cabine onde as arestas do

retângulo fossem feitas com vigas de madeira, e que estas sejam parafusáveis,

tornando a estrutura desmontável, como pode ser visto nas imagens abaixo:

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Figura 15: Projeto da Estrutura Desmontável

Fonte: Acervo pessoal do artista

Figura 16: Vigas de madeira montadas

Fonte: Acervo pessoal do artista

Quanto às "paredes" da cabine, o material escolhido foi uma trama

de alambrado (fig. 17), material leve que pode ser retirado e remontado. Para o

isolamento da luz, o lado de fora da cabine é revestido com tecido blackout preto

que cria o ambiente escuro necessário.

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Figura 17: Trama de Alambrado para o apoio das telas

Fonte: Acervo pessoal do artista

A construção da cabine foi terceirizada, mas acompanhei o processo

para entender a montagem da mesma.

2.5.Trilha

A instalação conta com uma trilha de áudio reproduzida em looping,

sendo seu fim uma volta ao começo do áudio. Foi montada por mim utilizando o

programa de edição Soundforge1, e contém uma mistura de conversas coletadas

com batidas e sons que foram trabalhados de forma a dificultar o reconhecimento do

que está sendo reproduzido.

A trilha será reproduzida por um pendrive inserido uma caixa de som

pequena presa à estrutura, e será necessário alguém para ligar e desligar

diariamente. Não é uma parte necessária para a realização da instalação, podendo

não estar presente em todas as montagens.

1 Software utilizado em edição de áudio da empresa Sony

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2.6. Montagem

A montagem da estrutura é dividida em 5 partes: Encaixe das Vigas

de madeira (Fig.18); colocação da trama de alambrado (Fig.19); posicionamento das

luzes; cobertura com tecido(Fig.20); e o posicionamento dos elementos(Fig.21).

Figura 18: Vigas Encaixe das Vigas de Madeira, que devem ser parafusadas.

Fonte: Acervo pessoal do artista

Figura 19: Colocação da trama de alambrado

Fonte: Acervo pessoal do artista

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Figura 20: Cobertura com tecido

Fonte: Acervo pessoal do artista

Figura 21: Posicionamento dos elementos

Fonte: Acervo Pessoal do artista

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção da instalação Contemporaneidades Pantaneiras foi um

processo que se iniciou em 2013. Minhas primeiras impressões ao trabalhar com

pintura fluorescente foram bem agradáveis ao meu gosto, e graças a isso, desde

então não parei de pintar utilizando esta técnica.

Desde o início do projeto, já em 2014, fui pesquisando e imaginando

meios de produzir um trabalho cujo resultado estético me satisfizesse, e durante a

produção da instalação percebi que a poética autobiográfica era um bom tema para

carregar essa estética, que vem do meu gosto pessoal pelo uso de cores fortes e

chamativas em meus trabalhos.

O processo foi longo e algumas vezes cansativo, pois além do

desenvolvimento teórico existiu a produção prática, que exigiu muito esforço, já que

a quantidade de pinturas a serem realizadas foi grande. Outras dificuldades também

surgiram durante o trabalho, como a estrutura, que foi o ponto mais difícil de se

resolver. A ideia inicial da estrutura se mostrou inviável e houve a necessidade de

uma grande pesquisa até se chegar a solução aplicada, que pode ser construída em

casa.

O fato de até a estrutura poder ter sido construída em casa é um ponto

importante a se levantar, pois durante toda a produção dos elementos da instalação,

eu sempre quis que tudo (ou o máximo de coisas possíveis) fosse realizado por mim,

pois queria estar o máximo possível dentro do trabalho. Mesmo não sendo eu o

construtor da estrutura, estava ali presente observando e auxiliando a construção.

A junção dessa experiência de produção de todas as partes, com a

pesquisa de artistas que trabalham com arte autobiográfica, fez com que eu

entendesse cada vez mais a instalação como uma parte de mim.

A instalação Contemporaneidades Pantaneiras, apesar de pronta, não

está concluída ainda. É um trabalho que pretendo continuar, e que deve crescer

cada vez mais. Minha intenção é continuar produzindo até poder ocupar uma sala

inteira, criando um grande universo particular com minhas pinturas fluorescentes,

pois essa era a intenção inicial, que acabou não se tornando possível ainda por

questões de tempo e financeiras.

Porém, quanto ao resultado final obtido, posso dizer que estou muito

satisfeito e que o trabalho acabou ficando bem próximo da proposta pensada para a

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exposição dos trabalhos de conclusão da minha turma. Observei as produções de

meus colegas - alguns acompanho desde o ano passado - e pude ver que, assim

como eles, apesar de todas as dificuldades, meu trabalho saiu do papel e é real.

Ao mostrar as obras para alguns amigos, que ainda não viram o

resultado da instalação, obtive reações bem receptivas, tanto com a ideia quanto

com as pinturas. E esse é um fator estimulante pra mim, pois meu trabalho é isso, eu

sou constituído das minhas lembranças, e cada um que faz parte da minha vida tem

um significado, sua presença construiu algo em mim e me tornou uma nova pessoa,

e a instalação Contemporaneidades Pantaneiras é um meio de mostrar isso ao

mundo.

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REFERÊNCIAS

AUTOBIOGRAFIA. In: MICHAELIS ONLINE. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=autobiografia>. Acesso em: 22/04/2014. DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos. São Paulo: COSAC NAIFY, 2008 INSTALAÇÃO. In MACVIRTUAL. Disponível em: <http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo5/instalacao.html>. Acesso em:23/05/2014 DONDIS, D. A. Sintaxe da Linguagem Visual.3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. FARTHING, Stephen. 501 GRANDES ARTISTAS. Tradução: Marcelo Mendes. Rio de Janeiro: Sextante, 2009. HARRIS, Tom. Como funciona a luz negra. Tradução: How Stuff Works Brasil. . 2002. Disponível em: <http://www.aridesa.com.br/servicos/click_professor/italo_reann/3serie_ext_int/como_funciona_a_luz_negra_aula1.pdf>. Acesso em: 18/set/2013. INSTALAÇÃO. In: ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3648&cd_item=8&cd_idioma=28555> Acesso em: 23/05/2014. LAGNADO, Lisette. Leonilson: são tantas as verdades. Apresentação Carlos Eduardo Moreira Ferreira; versão em inglês Adriano Pedrosa, Alberto Dwek, Ann Puntch e Kevin M. Benson Mundy. São Paulo: Galeria de Arte do Sesi, 1995. LEONILSON. In ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=2447&cd_item=1&cd_idioma=28555>. Acesso em: 15/05/2014. MIRANDA, Danilo Santos. Sophie Calle – Cuide de Você. 2009. Disponível em: <http://www.videobrasil.org.br/sophiecalle/>. Acesso em 15/06/2014.

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