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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAO DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA INFORMAO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

FABRCIO SCHIRMANN LEO

GESTO DO CONHECIMENTO NAS EMPRESAS GACHAS LDERES EM INOVAO

PORTO ALEGRE 2011

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FABRCIO SCHIRMANN LEO

GESTO DO CONHECIMENTO NAS EMPRESAS GACHAS LDERES EM INOVAO

Monografia apresentada como requisito parcial para concluso do curso de Biblioteconomia da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realizado durante o 2 semestre de 2011. Orientadora: Profa. Dr. Helen Beatriz Frota Rozados

PORTO ALEGRE 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Reitor: Prof. Dr. Carlos Alexandre Netto Vice-reitor: Prof. Dr. Rui Vicente Oppermann FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAO Direitor: Prof. Ricardo Schneiders da Silva Vice-diretora: Prof. Dra. Regina Helena Van der Laan DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA INFORMAO Chefe: Prof. Dra. Ana Maria Mielnicznk de Moura Chefe substituta: Prof. Dra. Snia Elisa Caregnato COMISSO DE GRADUAO DO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA Coordenadora: Prof. Ms. Glria Isabel Sattamini Ferreira Coordenadora substituta: Prof. Dra. Samile Andra de Souza Vanz

FICHA CATALOGRFICA L437g Leo, Fabrcio Schirmann Gesto do conhecimento nas empresas gachas lderes em inovao / Fabrcio Schirmann.Leo 2011. 67 f. : il. Monografia de Concluso de Curso Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Biblioteconomia e Comunicao, Curso de Biblioteconomia, 2011. Orientadora: Prof. Helen Beatriz Frota Rozados . 1. Gesto do Conhecimento. 2. Construo do Conhecimento. 3. Inovao. 4.Liderana. 5. Rio Grande do Sul. I. Ttulo. CDU 658

Faculdade de Biblioteconomia e Comunicao - FABICO Rua Ramiro Barcelos, 2705 - Bairro Santana - Porto Alegre RS CEP 90035-007 - Tel: (51) 3308-5146 E-mail: [email protected]

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Biblioteconomia e Comunicao Departamento de Cincia da Informao

A banca examinadora, abaixo assinada, aprova o trabalho de concluso de curso intitulado Gesto do conhecimento nas empresas gachas lderes em inovao, elaborada como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Prof. Dra. Helen Beatriz Frota Rozados Universidade Federal do Rio Grande do Sul Orientadora

Prof. Me. Rodrigo Silva Caxias de Sousa Universidade Federal do Rio Grande do Sul Examinador

Prof. Ma. Maria do Rocio Fontoura Teixeira Universidade Federal do Rio Grande do Sul Examinadora

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AGRADECIMENTOS

Agradeo aos meus Pais, Irms, Avs, Tios e Amigos que, neste caminho percorrido, estiveram ou esto presentes para me incentivar, amar, compartilhar alegrias e tristezas e na pluralidade de ideias construir meu carter, perfil e jeito de viver a vida. Sou muito grato a todos os Bibliotecrios, Professores, Colegas de trabalho e da Fabico que contriburam para me tornar um futuro profissional da informao amante do que faz. Vou lembrar-me de toda essa infinitagem e rir dos momentos engraados e dos momentos ruins onde o jargo estava presente Que chatice isso. Muito obrigado.

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"A

grande conquista

o resultado de pequenas vitorias que passam despercebidas." Paulo Coelho

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RESUMO

Trata de um estudo que objetiva pesquisar de que forma as empresas gachas, lderes em inovao, fazem a Gesto do Conhecimento (GC). A proposta desse trabalho apresenta-se pelo fato de que a Gesto do Conhecimento um processo utilizado para a inovao empresarial e ela se baseia no uso de ferramentas especficas e entende-se que a presena do bibliotecrio se faz importante para o sucesso do processo de coleta, organizao e disseminao deste conhecimento. Trata de um estudo exploratrio de cunho qualitativo que permitiu descobrir quais ferramentas, profissionais e formas de estmulos esto envolvidos no processo de criao do conhecimento. Os dados foram coletados atravs de entrevistas estruturadas e gravadas presencialmente. Conclui-se que aplicao da Gesto do

Conhecimento e as ferramentas utilizadas variam conforme o perfil da empresa e que nem todas obedecem um padro preestabelecido encontrado na literatura. No que se refere s ferramentas, apontam diversas ferramentas colaborativas de Tecnologias da Informao (TI) e os agentes atuantes na GC so de diversas reas do conhecimento, excluindo o profissional Bibliotecrio nesta atividade. Recomenda algumas aes para incentivar a pesquisa nesta rea e a fortalecer o papel do Bibliotecrio neste processo.

Palavras-chave: Gesto do Conhecimento. Construo do Conhecimento. Inovao. Liderana. Rio Grande do Sul.

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ABSTRACT

Is a study that aims to research how the gaucho companies, leaders in innovation, make the Knowledge Management (KM). The purpose of this work is presented by the fact that knowledge management is a process used for business innovation and it is based on the use of specific tools and means that the presence of the librarian is important for the success of the process collection, organization and dissemination of knowledge. This is an exploratory qualitative and quantitative nature of which allowed to discover which tools, and professional forms of stimuli are involved in the process of knowledge creation. Data were collected through structured interviews in person and recorded. It is concluded that application of knowledge management and the tools used vary according to the company profile and that not all follow a predetermined pattern found in the literature. With regard to tools, collaborative tools link various Information Technology (IT) and the agents in the GC are several areas of knowledge, excluding the professional librarian in this activity. Recommended some actions to encourage research in this area and strengthen the role of the librarian in this process.

Keywords: Knowledge Management. Construction of Knowledge. Innovation. Leadership. Rio Grande do Sul.

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LISTA DE ILUSTRAES

Quadro 1 - Dados, informao e conhecimento ........................................... 17 Quadro 2 O continnum dado-informao-conhecimento e ao ............... 18 Figura 1 Modelo SECI ............................................................................... 23 Figura 2 Etapas do processo de inteligncia competitiva .......................... 29 Quadro 3 Fontes de tecnologia mais utilizadas pelas empresas............... 33 Quadro 4 Competncias e habilidades do bibliotecrio ............................ 38 Figura 3 Criao do conhecimento vantagem competitiva ..................... 41 Quadro 5 Empresas gachas lderes em inovao da regio metropolitana............................................................................. 44 Grfico 1 Gesto do conhecimento ........................................................... 47 Quadro 6 Formao profissional e quantidade por empresa..................... 49 Quadro 7 Ferramentas utilizadas pelas empresas .................................... 52 Quadro 8 Incentivos para a criao do conhecimento .............................. 56

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SUMRIO

1 INTRODUO .......................................................................................... 11 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................. 12 1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 12 1.3 OBJETIVOS ........................................................................................... 14 1.3.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 14 1.3.2 Objetivos Especficos .......................................................................... 14 2 CONTEXTUALIZAO TERICA ........................................................... 15 2.1 DADO, INFORMAO E CONHECIMENTO ......................................... 15 2.2 CONHECIMENTO TCITO E EXPLCITO ............................................. 19 2.3 GESTO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAES...................... 21 2.3.1 Criao do Conhecimento ................................................................... 22 2.3.2 Ferramentas de Gesto do Conhecimento.......................................... 25 2.3.3 Inteligncia Competitiva ...................................................................... 27 2.3.4 Capital Intelectual ................................................................................ 30 2.4 INOVAO ............................................................................................ 31 2.5 PROFISSIONAL DA INFORMAO ...................................................... 35 2.6 GESTO DO CONHECIMENTO, INOVAO E O PROFISSIONAL DA INFORMAO ............................................................................................. 40 3 METODOLOGIA ....................................................................................... 43 3.1 METODO DE PESQUISA ..................................................................... 43 3.2 SUJEITOS DO ESTUDO........................................................................ 43 3.3 TIPO DE ESTUDO ................................................................................. 44 3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................ 45 3.5 COLETAS DOS DADOS ........................................................................ 45 3.6 ANLISE DOS DADOS .......................................................................... 46 3.7 LIMITAES DA PESQUISA ................................................................ 46 4 RESULTADOS DA PESQUISA ................................................................ 47 4.1 AS EMPRESAS...................................................................................... 47 4.2 GESTO DO CONHECIMENTO NAS EMPRESAS .............................. 47 4.2.1 Agentes Atuantes na GC ..................................................................... 49 4.2.2 Profissional Bibliotecrio ..................................................................... 50

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4.2.4 Ferramentas Utilizadas pelas Empresas ............................................. 52 4.2.5 Criao do Conhecimento ................................................................... 54 4.2.5 Inovao .............................................................................................. 58 5 CONSIDERAES FINAIS E RECOMENDAES ................................ 59 REFERNCIAS ............................................................................................ 61 APNDICE A - ENTREVISTA ESTRUTURADA ......................................... 66 APNDICE B - CARTA DE APRESENTAO ........................................... 67

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1 INTRODUO

Vive-se um momento de mudanas, no qual a sociedade industrial passa a ser chamada de sociedade do conhecimento. Peter Drucker1 foi um dos precursores, ao prever nos anos 50 a era do conhecimento e, em 1993, a chegada de uma nova economia chamada de Sociedade do Conhecimento em seu livro Sociedade Ps-Capitalista. Para prosperar nesse novo cenrio, as empresas precisam adotar novos modelos de gesto, apoiados no

conhecimento e no capital intelectual. Apesar de muitos reconhecerem o conhecimento como um recurso importante para criar vantagens competitivas, a implantao da gesto do conhecimento continua a ser um desafio para as organizaes. A experincia nas organizaes mostra que o conhecimento, em diversas ocasies, fica concentrado em indivduos chaves que acabam tornando-se funcionrios insubstituveis. Dessa forma, o conhecimento intelectual individual nocodificado gera perdas incalculveis, se no administrados de forma correta (SVEIBY, 1998). Atravs desta afirmao, o autor mostra a importncia da Gesto do Conhecimento (GC) nas organizaes. Turban et al. (2010, p. 408) contribuem, ao afirmar que a gesto do conhecimento dedica-se a [...] ajudar as organizaes a identificar, selecionar, organizar e disseminar e transferir qualificaes e informaes importantes que so parte da memria da organizao. Assim, a GC deve ter o papel de selecionar, incentivar a criao e distribuir o conhecimento, a fim de contribuir para que a organizao atinja os seus objetivos, facilitando a comunicao entre todos os envolvidos, e proporciona aprendizado. Neste cenrio, a busca pela inovao surge por uma questo de sobrevivncia no mercado econmico, no qual, torna-se fundamental o uso do conhecimento em benefcio da empresa para gerar inovaes de produtos, servios e processos. A inovao, estudada por Joseph Schumpeter2 na metade do sculo XX, adota a idia de que a inovao aparece associada a tudo que diferencia e cria1 2

Filsofo e economista, considerado o pai da administrao moderna. Um dos mais importantes economistas da primeira metade do sculo XX.

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valor a um negcio. De acordo com Tigre (2006), a inovao nasce atravs de uma inveno construda por um indivduo que possu determinado conhecimento. Para as organizaes, esse conhecimento individual seu capital intelectual. Para gerir esse conhecimento, a organizao deve utilizar diferentes recursos que permitam seu compartilhamento entre funcionrios e empresa no uso de ferramentas de GC, como intranet, gerenciamento eletrnico de documentos (GED), groupware, workflow, business intelligence, entre outras. Esse gerenciamento conta com diferentes agentes que fazem essa mediao, incluindo-se aqui o Profissional da Informao, neste caso, o Bibliotecrio. Atravs deste trabalho pretende-se desenvolver uma pesquisa, que envolva a questo da Gesto do Conhecimento nas organizaes gachas.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

De que forma as empresas gachas, lderes em inovao, fazem a Gesto do Conhecimento?

1.2 JUSTIFICATIVA

A sociedade vive uma transformao em escala global, ligada diretamente disseminao de informao e de conhecimento. Essas mudanas atingem, tambm, o mercado econmico e empresarial do mundo todo, aumentando o nmero de competidores e exigindo uma maior competncia entre as organizaes, fazendo com que as empresas busquem a inovao, para enfrentar a nova realidade. Neste contexto, uma forma de garantir uma maior competncia atravs da Gesto do Conhecimento (GC) que tem a funo de identificar e analisar o conhecimento desenvolvido no ambiente de trabalho para a gerao, o armazenamento, a distribuio e o uso do conhecimento na organizao. Entendida como uma disciplina, a GC ajuda os gestores a direcionar todos os aspectos da organizao para as questes do conhecimento, respondendo a perguntas ou dvidas surgidas, no ambiente de trabalho, como forma de apoiar os trabalhadores e transformar o conhecimento em produtos de sucesso e de

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servios. A GC tem como caracterstica a abordagem colaborativa e integrada para o acesso criao, organizao, captao e utilizao dos conhecimentos desenvolvidos dentro de uma empresa e, desta forma, transformar o conhecimento em valor para a organizao. A utilizao de recursos para o compartilhamento, entre funcionrios e empresa, como o uso de ferramentas de GC, intranet, gerenciamento eletrnico de documentos, groupware, workflow, business intelligence, uma pratica corrente. Sua principal finalidade incentivar a inovao. Essas ferramentas ajudam a modificar a maneira com que as pessoas pensam e interagem, com velocidade em tempo real, buscando captar as novas informaes e os novos conhecimentos que surgem dentro da organizao. O sucesso das organizaes, hoje, devido crescente busca pela inovao. Muitas empresas so obrigadas a renovar seus produtos e servios para se manter no mercado. S com novos produtos e servios as organizaes podem sustentar sua posio competitiva, aumentando a receita e o lucro e, dessa forma, elevando o valor da empresa. Essa busca pela inovao exige das empresas profissionais qualificados que trabalhem com o intuito de, criar, transformar e desenvolver o conhecimento de forma colaborativa. Neste contexto, surge o questionamento se seria o Bibliotecrio o profissional mais adequado para fazer a mediao e o uso das ferramentas supracitadas. Coloca-se esta questo, uma vez que ele o profissional capacitado para coletar, organizar, disponibilizar e disseminar a informao e o conhecimento que as organizaes necessitam para buscar a constante inovao. A proposta desse trabalho apresenta-se pelo fato de que a Gesto do Conhecimento um processo utilizado para a inovao empresarial e ela se baseia no uso de ferramentas especficas e entende-se que a presena do Bibliotecrio se faz importante para o sucesso do processo de coleta, organizao e disseminao deste conhecimento. Esse trabalho representa uma oportunidade para uma futura pesquisa, mais ampla e preparatria para ser apresentada como proposta de dissertao de mestrado, tendo como objetivo aprofundar conhecimentos que embasaro o prximo nvel de pesquisa.

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1.3 OBJETIVOS

Os objetivos esto divididos em geral e especficos.

1.3.1 Objetivo Geral

Identificar como as empresas gachas, lderes em inovao, esto trabalhando a Gesto do Conhecimento.

1.3.2 Objetivos Especficos

So objetivos especficos desta pesquisa:

a) levantar bibliografia sobre os aspectos que envolvem Gesto do Conhecimento (GC), em especial no que diz respeito a ferramentas disponveis para gerenciar o conhecimento, capital intelectual, habilidades e competncias do profissional

Bibliotecrio que trabalha nesta rea; b) mapear quais empresas gachas so lderes em inovao; c) verificar como as empresas relacionadas aplicam a Gesto do Conhecimento (GC) e que ferramentas so empregadas; d) verificar quais agentes atuam na GC, buscando identificar a presena do Bibliotecrio na empresa e sua atuao na GC.

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2 CONTEXTUALIZAO TERICA

A contextualizao terica est composta, inicialmente, por conceitos relacionados a dado, informao e conhecimento; conhecimento tcito e explcito; segue com a apresentao das teorias sobre Gesto do Conhecimento e inovao. Aborda, tambm, a atuao do profissional Bibliotecrio, neste contexto.

2.1 DADO, INFORMAO E CONHECIMENTO

importante, primeiramente, entender o que dado, informao e conhecimento, suas diferenas, e perceber como eles se complementam. Tais conceitos so fatores fundamentais para a competitividade organizacional e o marco terico para a Gesto da Informao e do Conhecimento. Segundo Davenport (1998, p. 19), dados so "[...] observaes sobre o estado do mundo". So smbolos e imagens que no dissipam nossas incertezas. Eles constituem a matria-prima da informao. Dados sem qualidade levam a informaes e decises da mesma natureza. So elementos no dotados de sentido. Santos e SantAna (2002, p. 2) entendem que dado [...] um elemento bsico, formado por signo ou conjunto finito de signos que no contm, intrinsecamente, sintticos. Miranda (1999, p. 285) tambm define dado como um "[...] conjunto de registros qualitativos ou quantitativos conhecidos que organizado, agrupado, categorizado e padronizado adequadamente transforma-se em informao". O autor segue afirmando que os dados podem ser armazenados mediante o uso de tecnologia, porm, isoladamente, os dados tm pouca ou nenhuma relevncia porque no tm significado em si mesmos. No servem, por exemplo, para uma tomada de deciso. Portanto, um dado pode ser considerado um fato bruto que pode, e deve, ser interpretado, moldado, adaptado pela pessoa para que se torne em informao para si. Os dados seriam os antecessores e a matria prima da informao, que podem no fazer sentido separadamente. um componente semntico, mas somente elementos

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O conceito de informao definido por Drucker (1998 apud DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 19)3 como sendo [...] dados dotados de relevncia e propsitos. O autor ainda afirma que a informao precisa de anlise e os dados no e que a informao caracteriza-se por ser difcil de ser fiel na sua transmisso. Para Le Coadic (2004), a informao comporta um elemento de sentido. Assim, determinados dados podem ser informao para uma pessoa e apenas dados para outra. Essa afirmao contribui para o entendimento de que nem sempre os dados que so disponibilizados a algum, sero uma informao pertinente, devido ao significado que dado para aquela informao. Conforme Setzer (1999), a informao d-se atravs da construo de uma abstrao informal que representa algo significativo para algum, sob forma escrita, oral ou audiovisual. Sua produo ocorre atravs de uma sequncia de dados e smbolos quantificados, como o alfabeto, por exemplo, que quando apresentado de forma compreensvel, assimilado por algum como informao. Dessa forma, a informao significa criar, representar, dar forma e construir uma idia. Embora o autor afirme que no se trata de uma definio, e sim de uma caracterizao de informao, pode-se perceber que um ato singular, pois a mesma pessoa, em outro momento e com outras experincias, pode obter outras informaes ao fazer novas relaes com os mesmos dados. O autor tambm salienta que o ser humano sempre procura por significado e entendimento em qualquer situao. Portanto, a qualidade da informao depende da qualidade dos dados, mas tambm depende da experincia e do conhecimento de quem os interpreta. Davenport e Prusak (1998, p. 6) propem que o conhecimento uma vantagem competitiva e definem conhecimento como[.. .] uma mistura fluida de experincia condensada, valor, informao contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliao e incorporao de novas experincias e informaes. Ele tem origem e aplicado na mente dos conhecedores.

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DRUCKER, Peter F. The coming of the new organization. Harvard Business Review, Massachussets, n. 66, p. 45-53, jan./fev. 1998 Apud DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence, 1998.

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Os autores seguem afirmando que o conhecimento mais subjetivo, pois o conhecimento, ao contrrio do dado e da informao, algo nico. O mesmo dado e a mesma informao podem gerar as mais variadas interpretaes, sendo assim usadas de maneiras diferentes. Diversas pessoas podem ter experincias semelhantes, ou inclusive a mesma, porm a percepo de cada uma e a importncia dada situao ou aprendizado construdo ser diferente. Takeuchi e Nonaka (2008, p. 19) vo mais a fundo ao descrever o conhecimento, afirmando que [...] o conhecimento em si formado por dois componentes dicotmicos e aparentemente opostos - isto , o conhecimento explcito e o conhecimento tcito. Com isto, os autores contextualizam que os dados e a informao so elementos registrados e constitudos de pesquisas, constataes e, mesmo, de conhecimentos de outrem (tornando-se

conhecimento explcito). O conhecimento em si (tcido), quer dizer, aquele que determinada pessoa possui, nico por ser subjetivo. Davenport (1998, p. 18), de forma simples e clara, utiliza-se de um quadro explicativo para mostrar as diferenas entre dado, informao e conhecimento, o qual se pode observar no Quadro 1:Quadro 1 Dados, informao e conhecimentoDados Simples observaes sobre o estado do mundo: facilmente estruturados; facilmente obtidos por mquinas; frequentemente quantificados; facilmente transferveis. Informao Dados dotados de relevncia e propsito: requer unidade de anlise; exige consenso em relao ao significado; exige necessariamente a mediao humana. Conhecimento Informao valiosa da mente humana. Inclui reflexo, sntese, contexto: de difcil estruturao; de difcil captura em mquinas; frequentemente tcito; de difcil transferncia.

Fonte: DAVENPORT, T. H., 1998, p. 18.

Ao estabelecer a distino entre dado, informao e conhecimento, comparando suas diferenas, Choo (2006 apud ALVARENGA NETO, 2008, p. 20)4 acrescenta que ao compreender os trs elementos e suas distines, deve-se entender e examinar de uma forma continuada (continuum), pois eles contribuem para o processamento, a gesto, a ao, o resultado, a aprendizagem e a retroalimentao do conhecimento humano. O autor4

CHOO, Chun Wei. A organizao do conhecimeto. 2. ed. So Paulo: SENAC So Paulo, 2006 Apud ALVARENGA NETO, Rivadvia Correa Drummond de, 2008.

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complementa que havendo um gerenciamento desse continuum por parte de uma organizao, sero propiciados benefcios ao longo do tempo para a inovao empresarial. O Quadro 2 demonstra facilmente este continuum:Quadro 2 O continnum dado-informao-conhecimento e aoProcessamento de dados captura de dados; definies de dados; armazenamento de dados; modelagem de dados. Gesto da Gesto do Informao Conhecimento necessidades criao do de informao; conhecimento; aquisio da compartilhamento informao; do conhecimento; organizao da uso do informao; conhecimento. distribuio da informao. possibilita a ao; gerao de valores. Se somente soubssemos aquilo que sabemos. Aes/ Resultados estratgias, alianas e iniciativas; produtos e servios; processos, sistemas, estruturas. inovao; aprendizagem. A capacidade de aprender a nica vantagem sustentvel.

Atividades

Valores

preciso; eficincia. Uma vez que temos os dados, podemos analis-los.

acesso; relevncia. Levando a informao certa para a pessoa certa.

Fonte: CHOO, C. W. 2002, p. 286

Portanto, dado, informao e conhecimento so trs elementos diferentes e importantes, pois eles se complementam num ciclo que resulta em uma ao/resultado, no qual, o dado a matria prima da informao e a informao a matria prima do conhecimento. Como tambm, ao contrrio, pois o conhecimento adquirido gera informao e a informao pode ser transformada em dados. A ao resulta na inovao organizacional, que se apresenta na forma de produtos e servios. Para entender como a gesto do conhecimento atua nas organizaes com a finalidade de inovar, deve-se segmentar o conhecimento.

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2.2 CONHECIMENTO TCITO E EXPLCITO

Ao descrever o que conhecimento, e melhor entender como ele gerado, deve-se subdividi-lo em tcito e explcito. Michael Polanyi (1966) foi o precursor dos estudos de Nonaka e Takeuchi e Choo. Ele apresenta o conhecimento tcito como aquele que "simplesmente sabemos" e por isso difcil de explic-lo e que o conhecimento tcito formado por dois tipos de informaes, que podem ser a combinao de aspectos funcionais e fenomenais, com relao a um determinado acontecimento.[...] o conhecimento que pode ser expresso em palavras e nmeros representa apenas a ponta do iceberg do conjunto de conhecimentos como um todo. Como diz Polanyi (1966), Podemos saber mais do que podemos dizer [...] o conhecimento deriva-se da separao do sujeito e do objeto da percepo; os seres humanos como sujeitos da percepo adquirem conhecimento mediante a anlise dos objetos externos. Por outro lado, Polanyi argumenta que os seres humanos criam conhecimento envolvendo-se em objetos, ou seja, atravs do envolvimento e compromisso pessoal [...]. (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 65)

Conforme Takeuchi e Nonaka (2008), o conhecimento que se encontra no intelecto humano, define-se pelo conhecimento do mundo, pelas experincias vividas e pelo know-how adquirido. A esse tipo de conhecimento os autores chamam de conhecimento tcito, constitudo de elementos cognitivos, pertencentes ao sujeito que o constri. Choo (2006, p. 37) acrescenta:Conhecimento tcito o conhecimento pessoal, que difcil formalizar ou comunicar a outros. constitudo do know-how subjetivo, dos insights e intuies que uma pessoa tem depois de estar imersa numa atividade por um longo perodo de tempo.

Considerando que o conhecimento tcito e individual, conforme supracitado, o autor acrescenta que o conhecimento pode ser comunicvel, interpretvel e verificvel. E que os seres humanos adquirem conhecimento criando e organizando ativamente suas prprias experincias, atravs de ponto de vista, paradigmas, perspectivas e crenas.

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A situao econmica atual estabelece s organizaes a necessidade de ter vantagem competitiva em relao s outras empresas. Desta forma, o conhecimento tcito representa um triunfo e um grande recurso e diferencial entre as organizaes. O conhecimento explcito, definido por vrios autores como codificado, representa-se pelo conhecimento que se transmite formalmente. Takeuchi e Nonaka (2008, p. 19) definem conhecimento explcito como o que[.. .] pode ser expresso em palavras, nmeros ou sons e compartilhando de forma de dados, frmulas cientficas, [.. .] ser rapidamente transmitido aos indivduos, formal e sistematicamente.

Desse modo, acredita-se que o conhecimento esteja no indivduo, mas que sua construo acontece quando h insero deste em uma determinada coletividade. Choo (2006) complementa afirmando que os conhecimentos tcitos e explcitos se complementam, pois todo o know-how pessoal que guardado no tem valor para a organizao e o conhecimento explcito s surge a partir daquilo que guardado. Neste caso, o explcito depende do tcito e vice-versa. Nesse sentido, o autor contribui descrevendo que o conhecimento pessoal de um indivduo transformado em conhecimento organizacional que, desta forma, expande-se atravs da organizao e se torna muito valioso. Tornar o conhecimento individual disponvel para os outros deve ser a principal atividade da GC, na busca a inovao. Para que o processo do conhecimento acontea, deve haver interaes dentro da organizao para que haja a converso do conhecimento tcito em explcito. Uma abordagem mais aprofundada se faz no item 2.3.1 Criao do Conhecimento. Conclui-se que o conhecimento criado atravs deste processo em espiral pode contribuir para criao e divulgao do conhecimento dentro das organizaes, da mesma forma que o gestor do conhecimento deve incentivar ininterruptamente esse processo com a finalidade da inovao de novos produtos e servios.

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2.3 GESTO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAES

O conhecimento sempre esteve presente dentro das organizaes para o desenvolvimento de novos produtos e servios, porm sua importncia aumentou com o desenvolvimento da Cincia e Tecnologia (C&T) nas ltimas dcadas do sculo XX. Castells (1999) descreve que o atual momento de uma revoluo tecnolgica, na qual a forma de utilizar o conhecimento e a informao para a construo de novos saberes o foco central. Neste contexto, o mais importante dentro de uma organizao o gerenciamento das informaes e do conhecimento, para o desempenho das empresas no mercado econmico. Neste mesmo vis, Davenport e Prusak (1998, p. 14) entendem que:O conhecimento no algo novo. Novo reconhecer o conhecimento como um ativo corporativo e entender a necessidade de geri-lo [. .. ] de extrair o mximo de valor do conhecimento organizacional maior agora do que no passado.

Ao reconhecer que o gerenciamento se faz importante para qualquer organizao que visa inovar, Terra (2001) contribui com a idia de que as empresas que focam sua gesto na criao, aquisio e compartilhamento do conhecimento tm maiores possibilidades de alcanar bons resultados e que a Gesto do Conhecimento (GC) no somente um catlogo de projetos, mas uma nova forma de entender os desafios empresariais das organizaes. Este mesmo autor descreve que a criao do conhecimento est ligada ao capital humano e ao conhecimento tcito dos funcionrios de uma empresa, sendo essa a principal vantagem competitiva, pois o conhecimento difcil de ser imitado e copiado. Alvarenga Neto (2008, p. 2) define GC como[.. .] o conjunto de atividades voltadas para a promoo do conhecimento organizacional, possibilitando que as organizaes e seus colaboradores sempre utilizem as melhores informaes e os melhores conhecimentos disponveis, a fim de alcanar os objetivos organizacionais e maximizar a competitividade.

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O autor segue, ainda, afirmando que a gesto feita com este objetivo, contribui para o uso da informao e do conhecimento e para a promoo, aquisio, criao e transferncia do conhecimento tcito e explcito. E, assim, promove a criatividade, a aprendizagem e a inovao continuada dentro das organizaes. Para Drucker (1995) o recurso mais significativo atualmente o conhecimento e o gestor do conhecimento o maior ativo das organizaes, nas quais, o capital intelectual de seus funcionrios, est diretamente ligado ao valor da empresa no mercado econmico e se ter sucesso ou no com seus produtos e servios. Os objetivos da GC, segundo vila e Freitas Junior (2008), so: a) formular uma estratgia de alcance organizacional para o desenvolvimento, visando criao, aquisio, compartilhamento e uso do conhecimento; b) implantar estratgias orientadas ao conhecimento; c) promover uma melhoria contnua dos processos de trabalho; d) monitorar e avaliar os lucros obtidos mediante a aplicao do conhecimento; e) reduzir o tempo de ciclo de desenvolvimento de novos produtos e melhorias dos j existentes; f) reduzir o tempo de durao dos processos decisrios. Conclui-se, atravs das definies sobre Gesto do Conhecimento, que ela importante para as organizaes e que deve ser incorporada e aceita por todos os envolvidos para se ter sucesso. Para fins de compreenso da GC, a criao do conhecimento e suas ferramentas devem ser entendidas.

2.3.1 Criao do Conhecimento

A criao do conhecimento a gerao de novos insight, ideias ou rotinas, tambm chamada de aquisio do conhecimento, segundo Turban et al. (2010). Os autores ainda descrevem que a criao do conhecimento faz-se pela interao do conhecimento tcito e explicito e como uma espiral crescente medida que o conhecimento se desloca entre os nveis individual, grupal e organizacional. Takeuchi e Nonaka (2008) indicam os quatro modos de converso do conhecimento: 1) socializao (converso do conhecimento tcito em

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conhecimento tcito), 2) externalizao (converso do conhecimento tcito em conhecimento explcito), 3) combinao (de conhecimento explcito em conhecimento explcito); e 4) internalizao (converso do conhecimento explcito em conhecimento tcito). Estes quatro modos de converso do conhecimento formam um espiral, o processo SECI (ver Figura 1).Figura 1: Modelo SECI

Fonte: NONAKA; TAKEUCHI; 1997.

Os autores afirmam que a chave para criao do conhecimento se d pela mobilizao individual ou organizacional e na converso do conhecimento tcito. A espiral, supracitada pelos autores e mostrado na Figura 1, demonstra os quatro modos de converso do conhecimento que so criados quando o conhecimento tcito e o explcito interagem um com o outro. Estes quatros modos de processo so denominados da seguinte maneira: a) socializao: de tcito para tcito um processo de compartilhamento de experincias e, com isso, de criao do conhecimento tcito, tais como os modelos mentais e as habilidades tcnicas compartilhadas. O indivduo pode adquirir conhecimento tcito diretamente dos outros sem usar a linguagem e sim, da observao, imitao e da prtica. Nas empresas, o princpio o mesmo, basicamente das experincias dos seus funcionrios. b) externalizao: de tcito para explcito processo de articulao do conhecimento tcito em conceitos explcitos, tomando a forma de modelos, hipteses e analogias, que desencadeado pelo

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dilogo ou pela reflexo coletiva. Em organizaes, os modelos so apenas descries ou ilustraes, longe de serem totalmente especficos. Estes modelos costuma ser gerados a partir de metforas quando novos conceitos so criados. c) combinao: de explcito para explcito a sistematizao de conceitos em um sistema de conhecimento. Envolve a

combinao de diferentes corpos do conhecimento explcito. Os indivduos trocam e combinam o conhecimento atravs de meios como documentos, reunies, conversas telefnicas ou redes de comunicao computadorizadas. No contexto das organizaes, o modo de combinao da converso do conhecimento visto quando os administradores intermedirios decompem e

operacionalizam as vises corporativas, os conceitos de negcios ou os conceitos de produto. Dessa forma, h um papel fundamenta para a criao de novos conceitos atravs de rede de informaes codificadas e de conhecimentos. O uso criativo de redes de comunicao facilita a criao do conhecimento. d) internalizao: de explcito para tcito incorpora o conhecimento explcito em conhecimento tcito, na forma do aprender fazendo. Quando as experincias passam pela socializao, externalizao e combinao so internalizadas nas bases de conhecimento tcito do indivduo, na forma de modelos mentais compartilhados ou know-how tcnico, tornam-se valor tanto para o indivduo como para as organizaes.

Portanto, a criao do conhecimento fundamental para a Gesto do conhecimento e os quatro modos de converso do conhecimento so importantes para quem o est gerindo. Visualiza-se que na criao do conhecimento a atuao do gestor maior na combinao, no qual se faz uso de ferramentas para a captura, criao e armazenamento de novos conhecimentos, a fim de inovar dentro das organizaes.

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2.3.2 Ferramentas de Gesto do Conhecimento

As ferramentas de GC so denominadas, naturalmente, como Sistemas de Gesto do Conhecimento (SGCs). Segundo Turban et al. (2010), as SGCs referem-se ao uso de diversas tecnologias da informao, por exemplo: internet, intranets, extranets, lotusnotes, data warehouse, entre outras. Elas so utilizadas para sistematizar, aprimorar e agilizar a gesto do conhecimento dentro ou fora de uma organizao, como, tambm, para facilitar que as experincias e o capital intelectual dos funcionrios estejam amplamente acessveis e armazenados. Dessa forma, permitem funcionalidade avanada para formar a base para inovaes futuras no campo da GC. Davenport e Prusak (1998, p. 151) afirmam que a principal funo das tecnologias na GC [...] aumentar a velocidade da transferncia do conhecimento [...] possibilitando que o conhecimento de uma pessoa ou de um grupo seja extrado, estruturado e utilizado por outros membros da organizao [...]. Os autores seguem descrevendo que as tecnologias da informao so as ferramentas mais adequadas, porque transformam dados e informaes em conhecimento. Algumas das ferramentas de GC so: a) internet: um conjunto de diversas redes de computadores, sejam elas LANs (redes de computadores locais e/ou de pequenas distncias) ou WANs (grandes redes de computadores e/ou de longa distncia) interligadas pelo mundo inteiro, que tm em comum um conjunto de protocolos e servios. Os usurios conectados a ela usufruem de servios de informao e comunicao de alcance mundial (CARVALHO, 1998); b) intranet: uma rede projetada para atender as necessidades informacionais internas de uma empresa utilizando conceitos e ferramentas da internet. Suporta comunicao e colaborao, e pode ser utilizadas para facilitar o trabalho em grupo. Tambm, possvel publicar, disponibilizar newsletters para seus usurios (TURBAN et al., 2010);

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c) gerenciamento eletrnico de documentos (GED): o controle automatizado de documentos por todo um ciclo de vida dentro de uma organizao, da criao inicial ao arquivamento final. Permite que as organizaes exeram maior controle sobre a produo, armazenagem e distribuio de documentos, resultando em melhor eficincia na reutilizao das informaes, no controle de um documento por meio de um processo de fluxo de trabalho e na reduo dos tempos de processamento de um produto (TURBAN et al., 2010); d) groupware: conjunto de ferramentas que tem por finalidade aumentar a produtividade do trabalho cooperativo. E todo e qualquer sistema computadorizado que permite grupos de pessoas em diferentes locais trabalharem de forma colaborativa, a fim de atingir um objetivo comum, aumentando a produtividade (TERRA; GORDON, 2002); e) workflow: ou fluxo de trabalho, faz a informao necessria para cada atividade percorrer um processo previamente mapeado. So ferramentas que tm por finalidade automatizar processos, racionalizando-os produtividade por e, conseqentemente, de dois aumentando a

meio

componentes

implcitos:

organizao e tecnologia. , por natureza, dinmico (TERRA e GORDON, 2002); f) business intelligence: ou inteligncia empresarial, fornece uma viso sistmica do negcio e ajuda na distribuio uniforme dos dados entre os usurios, sendo seu objetivo principal transformar grandes quantidades de dados em informaes de qualidade para a tomada de decises. Atravs delas, possvel cruzar dados, visualizar informaes em vrias dimenses e analisar os principais indicadores de desempenho empresarial (PROBST; RAUB; ROMHARDT, 2002); g) lotus notes: um software que fornece uma ferramenta easy-touse, ponto nico de acesso, incluindo aplicativos de negcios, email, calendrios, feeds, entre outros. Permite adequar o seu ambiente de trabalho com widgets que trazem comunidades

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sociais que so importantes para seu trabalho, tanto dentro da empresa como em toda a Internet. Ajuda voc a localizar rapidamente as pessoas, incluindo perfis, atividades, lugares de equipe, e bibliotecas de contedo. Oferece tecnologia de replicao avanada para permitir que voc trabalhe com e-mail e aplicativos, mesmo quando desconectado da rede. (IBM, traduo nossa)5; h) data warehouse: um software que tem como funo principal o armazenamento de informaes num banco de dados referente a uma ou mais atividades de uma empresa de forma consolidada, voltada tomada de decises. Funciona como um agrupamento inteligente de dados de uma mesma fonte, como: origem, formato, nomes, tipos de negcios, regras, conexes entre outros (KIMBALL, 1998, traduo nossa).

2.3.3 Inteligncia Competitiva

A Inteligncia Competitiva (IC) definida pela Associao Brasileira dos Analistas de Inteligncia Competitiva (ABRAIC) como [...] uma atividade especializada exercida por pessoas e/ou organizaes, de modo contnuo, com o objetivo de produzir informao estratgica a servir como subsdio a processos decisrios. As prticas de IC, segundo a ABRAIC (2010), facilitam o posicionamento estratgico das organizaes no mercado econmico, como tambm, auxilia na antecipao de mudanas, propiciando a identificao de oportunidades e ameaas. Valentim et al. (2003) afirmam que a IC um processo que busca investigar o ambiente em que se encontra a empresa, com o propsito de descobrir oportunidades e minimizar riscos, diagnosticar o ambiente interno organizacional e auxiliar na tomada de deciso. E que o processo de IC gerencia diversos fluxos informacionais atravs de aes que objetivam criar uma cultura organizacional voltada para IC, como por exemplo, monitoramento,5

IBM. Lotus notes: definio. Disponvel em: . Acesso em: 31 out. 2011.

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seleo, tratamento e agregao de valor, disseminao e transferncia, gerao e uso de dados, informaes e conhecimento, ou seja, os ativos informacionais e intelectuais da organizao. Este processo, segundo Rodriguez y Rodriguez e Fontana (2005, p. 4),[...] aponta na direo da criao de informaes e conhecimentos disponveis pelo uso de um sistematizado processo que envolva planejamento, coleta, anlise, comunicao (disseminao) e gerenciamento o qual resulta em ao para os tomadores de deciso.

Lesca, Freitas e Cunha Jr. (1996) contribuem que a IC baseia-se na captao de informaes difusas e sua conseqente interpretao como sinais de alerta, que devem ser transformadas em aes ou tomadas de decises importantes para a organizao. O exerccio deste processo contribui para o desenvolvimento do conhecimento sobre os concorrentes, sua competitividade, seus produtos, fatias de mercado e subsdios para agir nos seguintes campos: desenvolvimento/readequao de produtos e procedimentos, competitividade geral e estratgica da organizao. Tarapanoff (2001, p. 45) descreve como sendo[...] uma nova sntese terica no tratamento da informao para a tomada de deciso, uma metodologia que permite o monitoramento informacional da ambincia e, quando sistematizado e analisado, a tomada de deciso. [...] um processo sistemtico que transforma pedaos esparsos de dados em conhecimento estratgico. informao sobre produtos especficos e tecnologia. [...] monitoramento de informao externa que afeta o mercado da organizao.

Seguem com este mesmo pensamento Lastres e Ferraz (1999), quando entendem que IC procura promover a gerao do conhecimento atravs de informaes estratgicas que possibilitem agilidade nas tomadas de decises e na incorporao de mudanas que visam adaptar as organizaes as mudanas externas. Quando organizados os dados, estes se tornam informaes e as informaes quando analisadas, transformam-se em inteligncia (MILLER, 2002). A partir deste modelo, citado pelo autor, os profissionais da inteligncia executam o processo de inteligncia, ou um ciclo, de quatro fases: 1) identificam as necessidades de inteligncia dos principais responsveis pelas

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decises em toda a empresa; 2) colhem informaes sobre fatos relativos ao ambiente externo de uma empresa em fontes impressas, eletrnicas e orais; 3) analisam e sintetizam as informaes; 4) disseminam a inteligncia resultante entre os responsveis pelas decises. O autor segue afirmando que atravs deste ciclo A inteligncia competitiva concentra-se nas perspectivas atuais e potenciais quanto a pontos fortes, fracos e nas atividades de organizaes que tenham produtos ou servios similares dentro de um setor da economia. (MILLER, 2002, p. 35) As atividades desenvolvidas em cada etapa do processo de Inteligncia Competitiva so apresentadas na figura a seguir.

Figura 2: Etapas do processo de inteligncia competitiva

Fonte: Pereira, Debiasi e Abreu, 2001, p. 11.

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Portanto, a rea de IC e os sistemas que ela estimula, podem contribuir para a empresa agregar valor s suas atividades e ao seu desempenho no mercado econmico. Observa-se em suas atividades que o profissional da informao, no nominado, encontra como em diversas etapas do processo de inteligncia competitiva, basta o profissional saber se colocar nesta funo.

2.3.4 Capital Intelectual

O capital intelectual constitui-se, segundo Stewart (1998), como sendo o talento dos trabalhadores do conhecimento, a eficcia dos sistemas gerenciais e o relacionamento com os clientes. Ou seja, a soma dos conhecimentos de todos em uma organizao. Este mesmo autor declara que o capital intelectual torna-se o bem mais valioso no ambiente competitivo das empresas. Edvinsson e Malone (1997 apud STEWART, 1998)6 afirmam que o capital intelectual d suporte empresa para seus resultados financeiros e aponta trs partes nas quais se pode encontrar o capital intelectual: a) capital humano: fonte de inovao e renovao; pode ou no tender para um pensar coletivo ou empresarial; envolve compartilhar e transmitir o conhecimento; b) capital estrutural: pode ser reproduzido e dividido entre as pessoas da organizao; concentra, organiza e distribui os frutos do capital humano via sistemas de informao, laboratrios, redes, entre outros; c) capital do cliente: o valor dos relacionamentos de uma empresa com as pessoas com as quais faz negcios; a probabilidade de que seus clientes continuem fazendo negcios e no relacionamento com o cliente que o capital intelectual se transforma em dinheiro. Complementando, Stewart (1998) entende que o capital intelectual s ter importncia e funo dentro de uma organizao se houver interao, contribuio e compartilhamento do conhecimento entre todos os elementos da

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EDVINSSON, Leif; MALONE, Michel S. Capital intelectual. So Paulo: Makron Books, 1997. Apud STEWART, 1998, p. 52.

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organizao, com vistas ao crescimento de uma empresa. Caso contrrio, poder acarretar prejuzos. Dessa forma, conclui-se que o capital intelectual individual, mas tambm coletivo dentro de uma organizao. Como tambm, importante o compartilhamento dos conhecimentos e experincias de cada pessoa para a inovao empresarial.

2.4 INOVAO

Para compreender melhor o que se prope neste trabalho, precisa-se entender sobre o que inovao e distinguir inveno de inovao. O interesse crescente na inovao e na sua relao com o crescimento econmico, fez com que Joseph Schumpeter se tornasse o economista mais influente sobre esse assunto no sculo XX. O autor apresenta trs fases bsicas para o processo de inovao: a) inveno: resultado de um processo de descoberta, de novas tcnicas, vivel para o consumo, mas no obrigatoriamente comercivel; b) inovao: processo de criao de uma inveno de forma comercial; c) difuso: expanso de uma inovao para o uso comercial, novos produtos e processos. Christopher Freeman tambm contribuiu para o conceito de inovao no campo da C&T, influenciado por Joseph Schumpeter. O autor exemplifica o significado do conceito inovao e o distingue do conceito de inveno, no seguinte trecho:Devemos a Schumpeter a distino extremamente importante entre invenes e inovaes, que foi desde ento em geral incorporada teoria econmica. Uma inveno uma ideia, um esboo ou um modelo para um novo ou aperfeioado dispositivo, produto, processo ou sistema. Tais invenes podem frequentemente (no sempre) ser patenteadas, porm no conduzem necessariamente a inovaes tcnicas. Na verdade a maioria no faz isso. Uma inovao no sentido econmico conseguida apenas com a primeira transao comercial envolvendo o novo produto, processo, sistema ou dispositivo, embora a palavra seja usada tambm para descrever o processo todo. (FREEMAN, 2008, p. 22).

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Outro autor que define inovao e inveno Tigre (2006), para quem inveno a criao de um processo, tcnica ou produto novo, que no existe no mercado econmico. Pode ser registrada em forma de patente, simulada atravs de prottipos, porm no necessariamente vivel comercialmente. Inovao a aplicao prtica de uma inveno. Dosi (1988) define atividade inovadora como um conjunto de processos de busca, descoberta, experimentao, desenvolvimento, imitao e adoo de novos produtos, processo e novas tcnicas organizacionais, que envolvem um alto grau de incerteza, j que no dependem somente das atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), mas tambm da experincia adquirida pelas pessoas e para as organizaes. Dessa forma, o processo inovativo supracitado no obedece a um padro linear, contnuo e regular. As empresas podem melhorar ou criar novos produtos e servios por meio de atividades informais, como conversas com clientes, solues geis e reduo da burocracia na produo. A inovao deve ser vista como um acontecimento que surge da experincia adquirida pelas organizaes e no como reaes oriundas de mudanas no mercado econmico, conforme afirma Dosi (1988). De forma genrica, existem dois tipos de inovao: a radical e a incremental. Inovao radical, segundo Leifer, OConnor e Rice (2002, p. 18),[...] um produto, processo ou servio que apresenta caractersticas de desempenho sem precedentes ou caractersticas j conhecidas que promovam melhoras significativas de desempenho ou custo e transformem os mercados existentes ou criem novos mercados.

Este tipo de inovao pode ser representado por mudanas na economia e na sociedade mundial, como, por exemplo, a introduo da mquina de vapor, no final do sculo XVIII. Estas e algumas outras inovaes radicais impulsionaram a formao de padres de crescimento, com a conformao de paradigmas tecno-econmicos (FREEMAN, 1988) Lemos (1999, p. 124) define inovao incremental como sendo [...] qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou organizao da produo dentro de uma empresa, sem alterao na estrutura industrial. As inovaes incrementais, so por diversas vezes imperceptveis para o

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consumidor, reduzem os custos, aumentam a qualidade e produtividade dos produtos ou servios oferecidos por uma organizao que inova neste sentido. Tigre (2006) afirma que empresas inovadoras utilizam diversas fontes de tecnologia, informao e conhecimento e que elas se dividem em: internas e externas. a) internas: so as atividades realizadas em prol do desenvolvimento de produtos e processos com a finalidade de melhorias no que se refere qualidade, treinamento de recursos humanos e aprendizado organizacional; b) externas: voltadas para a aquisio de informaes codificadas (livros, revistas tcnicas, manuais, software, vdeos, entre outros; consultorias especializadas; obteno de licenas de fabricao de produtos; e tecnologias embutidas em maquinas e

equipamentos). O autor ainda sumariza, de forma clara, as principais fontes de tecnologia utilizadas pelas empresas, mostrado no Quadro 3.Quadro 3 Fontes de tecnologia mais utilizadas pelas empresasFontes de tecnologia Desenvolvimento tecnolgico prprio Contratos de transferncia de tecnologia Tecnologia incorporada Conhecimento codificado Exemplos P&D, engenharia reversa e experimentao. Licenas e patentes, contratos com universidades e centros de pesquisa. Mquinas, equipamentos e software embutido. Livros, manuais, revistas tcnicas, internet, feiras e exposies, software aplicativo, cursos e programas educacionais. Consultoria, contratao de RH experiente, informaes de clientes, estgios e treinamento prtico. Processo de aprender fazendo, usando, interagindo, etc. devidamente documentado e difundido na empresa.

Conhecimento tcito

Aprendizado cumulativo

Fonte: TIGRE, 2006, p. 94.

As fontes de inovao organizacional, supracitadas, demonstram necessidade da gesto do conhecimento para melhoria dos processos, e para aumentar a competitividade das organizaes.

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Considerado referncia internacional para pesquisa sobre atividades de inovao, o Manual de Oslo, patrocinado e publicado pela Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), utiliza o modelo de inovaes desenvolvidas por Joseph Schumpeter, com o objetivo de atingir as organizaes. A OCDE (2005) classifica e exemplifica as principais formas de inovao: a) de Produto: so as modificaes nos atributos do produto, com mudana na forma como ele percebido pelos consumidores; b) de Processo: envolve mudanas no processo de produo do produto ou servio. Nem sempre percebido pelos consumidores, mas sim na fabricao, como aumento de produtividade e reduo de custos; c) de Marketing: implica mudanas no marketing do produto, com significativas transformaes na concepo do produto, sua embalagem, promoo, preo e posicionamento no mercado, com objetivo de aumentar as vendas; d) organizacional: execuo de um novo mtodo organizacional nas prticas de negcios da empresa, na organizao do local de trabalho ou em suas relaes externas. Visa melhor desempenho com reduo de custos administrativos, de transao e de suprimentos.

Quanto ao foco desse trabalho, que enfatiza a gesto conhecimento como propulsora para o desenvolvimento e criao de novos conhecimentos, importante destacar a inovao organizacional como sendo a principal forma de inovao de produtos e servios em diversas empresas, como tambm, as fontes de inovao internas e externas. Portanto, o conceito de inovao engloba a inveno de novas tecnologias e o desenvolvimento e a disponibilizao de novos produtos e servios no mercado econmico, atravs do conhecimento e das experincias adquiridas dentro das organizaes.

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2.5 PROFISSIONAL DA INFORMAO

O papel do Profissional da Informao, no contexto da globalizao, o de lidar com a informao de forma precisa e com fontes atuais, sendo que [...] o moderno profissional da informao deve ser capaz de fornecer a informao certa, fonte certa, ao cliente certo, da forma certa e a um custo que justifique seu uso [...], ressalta Guimares (1998 apud SANTOS; SERZEDELLO, 2006)7. Davenport (1998, p. 32), numa viso inovadora, cita que existem atores no mercado do conhecimento como compradores do conhecimento, que so[...] geralmente pessoas que esto tentando resolver um problema cuja complexidade e incerteza no permitem uma resposta fcil.; vendedores do conhecimento, como [...] pessoas da organizao que tm reputao no mercado interno por possuir substancial conhecimento de um determinado processo ou assunto.; e corretores do conhecimento, pessoas [...] (conhecidas como guardis e demarcadores de rea) colocam em contato compradores e vendedores: aqueles que precisam do conhecimento e aqueles que o possuem.

O autor destaca a importncia do bibliotecrio, neste contexto, com a seguinte descrio,[...] os bibliotecrios freqentemente agem como corretores do conhecimento, disfarados e apropriados por seu temperamento e seu papel de guia de informaes, para a tarefa de criar contatos pessoapessoa e pessoa-texto. Davenport (1998, p. 34)

Continua, ainda, afirmando que as empresas no costumam perceber a importncia do papel desempenhado pelos bibliotecrios. Dessa forma, a necessidade do Profissional da Informao aperfeioar-se e conhecer essas novas tarefas, para saber onde o conhecimento encontra-se, onde ele criado e os meios como ele pode ser compartilhado. Segundo Ferreira (2003), o Profissional da Informao essencial para o funcionamento das organizaes do conhecimento e que, ao atender s

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GUIMARES, J. A. C. Moderno profissional da informao: a formao, mercado de trabalho e o exerccio profissional. CFB Informa, Braslia, v. 3, n. 2, p. 6-7, 1998 Apud SANTOS; SERZEDELLO, 2006, p. 198.

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necessidades informacionais, automaticamente, o profissional possibilita que as informaes atuem como vantagem competitiva para essas organizaes. Santos e Serzedello (2006, p. 197) reforam quando afirmam:A atuao do profissional da informao fundamental para o processo de gesto do conhecimento, uma vez que seu trabalho envolve a prospeco e o monitoramento informacional, a gesto da informao e a gesto do conhecimento, alm de outras atividades. O profissional da informao deve ter competncias e habilidades essenciais para atuar com eficincia [. .. ] para compor a equipe que implementar o processo de inteligncia competitiva.

Rozados (2004, p. 117) define Profissional da informao como: [...] aquele profissional, com curso superior, que desenvolve suas atividades em sistemas ou unidades de informao. A autora contribui ainda com a seguinte concluso:Informao, per si, a fonte primordial da gerao e apropriao do conhecimento. A informao tecnolgica potencializa esses aspectos, na medida em que leva inovao que, por sua vez, gera competitividade, mola mestra do mundo globalizado. Neste contexto, servios de informao devem preocupar-se em possuir competncia para proporcionar a gerao e apropriao do conhecimento, focando suas aes na satisfao do usurio-cliente, seja ele uma pessoa ou organizao. (ROZADOS, 2004, p. 163).

Valentim (2002) explica que os profissionais da informao necessitam de uma formao que atenda realidade atual e que defina um perfil profissional para atender o mercado de trabalho. Para que isso acontea, a formao deve ser voltada para este mercado e aes de marketing profissional devem ser feitas. A autora segue afirmando que a formao deste profissional baseia-se nas competncias, nas habilidades, nos procedimentos e nos paradigmas que a atual sociedade impe e que, atualmente, o profissional est sendo solicitado para o setor industrial. O bibliotecrio, sendo um profissional da informao, tem como base, as Diretrizes Curriculares do curso de Biblioteconomia aprovadas em 20018, pelo Conselho Nacional de Educao (CNE) que d as linhas de sua formao e papel profissional, estabelece como princpio:8

Resoluo CNE/CES n 19, de 13 de maro de 2002. Estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Biblioteconomia. Disponvel em: . Acesso em: 28 out. 2011.

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A formao do bibliotecrio supe o desenvolvimento de determinadas competncias e habilidades e o domnio dos contedos da Biblioteconomia. Alm de preparados para enfrentar com proficincia e criatividade os problemas de sua prtica profissional, produzir e difundir conhecimentos, refletir criticamente sobre a realidade que os envolve, buscar aprimoramento contnuo e observar padres ticos de conduta, os egressos dos referidos cursos devero ser capazes de atuar junto a instituies e servios que demandem intervenes de natureza e alcance variados: bibliotecas, centros de documentao ou informao, centros culturais, servios ou redes de informao, rgos de gesto do patrimnio cultural etc. (DIRETRIZES..., 2001).

Baseado nessas diretrizes, Almeida Jnior (2002) relata que o bibliotecrio deve ser um profissional inovador, apto a atender as necessidades do mercado, o que requer uma formao continuada. O autor afirma que o currculo profissional no deve estar somente baseado nas reas tcnicas de uma profisso, deve tambm absorver a demanda atual do mercado, porm no fundamentado somente nelas. Entender a formao do profissional da informao, mais

especificamente do bibliotecrio, no basta para o foco do estudo. Precisam-se compreender as competncias e as habilidades do profissional, para que se visualize a importncia do bibliotecrio na gesto do conhecimento. As competncias e as habilidades, segundo as Diretrizes Curriculares do curso de Biblioteconomia (2001) so as a seguir relacionadas e que constam do Quadro 4.

38 Quadro 4 Competncias e habilidades do bibliotecrio

Gerais gerar produtos a partir dos conhecimentos adquiridos e divulg-los; formular e executar polticas institucionais; elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos; utilizar racionalmente os recursos disponveis; desenvolver e utilizar novas tecnologias; traduzir as necessidades de indivduos, grupos e comunidades nas respectivas reas de atuao; desenvolver atividades profissionais autnomas, de modo a orientar, dirigir, assessorar, prestar consultoria, realizar percias e emitir laudos tcnicos e pareceres; responder a demandas sociais de informao produzidas pelas transformaes tecnolgicas que caracterizam o mundo contemporneo.

Especficasinteragir e agregar valor nos processos de gerao, transferncia e uso da informao, em todo e qualquer ambiente; criticar, investigar, propor, planejar, executar e avaliar recursos e produtos de informao; trabalhar com fontes de informao de qualquer natureza; processar a informao registrada em diferentes tipos de suporte, mediante a aplicao de conhecimentos tericos e prticos de coleta, processamento, armazenamento e difuso da informao; realizar pesquisas relativas a produtos, processamento, transferncia e uso da informao.

Fonte: MEC/CNE, 20019

Pela anlise das Diretrizes Curriculares pode se inferir que o bibliotecrio o profissional mais adequado para o processo de gesto do conhecimento, por diversas atividades, competncias e habilidades que so desenvolvidas durante a sua formao profissional, supracitadas, que confirmam a sua importncia na gesto do conhecimento para a inovao. O profissional da informao, segundo Valentim (2003, p. 21),[.. .] fundamental para o xito do processo de inteligncia competitiva em organizaes. Esse profissional desenvolve um trabalho voltado ao trinmio dados, informao e conhecimento, visando apoiar as atividades desenvolvidas pela organizao, gerando desse modo, apoio e suporte as diversas atividades desenvolvidas pelos indivduos que nela atuam.

Alm disto, a autora descreve que o profissional necessita conhecer o setor produtivo, observar as tendncias econmicas e mercadolgicas de seu pas, de sua regio e de outras regies do mundo que atuam no mesmo mercado econmico, como tambm, avaliar constantemente a sua

competncia, potencialidade e conhecimentos sobre a cadeia produtiva em que atua.9

Resoluo CNE/CES n 19, de 13 de maro de 2002. Estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Biblioteconomia. Disponvel em: . Acesso em: 28 out. 2011.

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Vargas e Souza (2001) defendem ser necessrio que os profissionais da inteligncia possuam competncias e habilidades que atendam as demandas informacionais. Estas necessidades so essenciais ao profissional da informao que atuar com informao e conhecimento, que so: a) pessoais: comunicao escrita e oral, capacidade de anlise, liderana, ser proativo, flexvel, trabalhar interativamente com mltiplas organizaes, maturidade profissional e experincia, habilidades pessoais bsicas requeridas para atuao num cenrio dinmico; b) tcnicas: conhecimento na rea de IC, de aplicativos especficos, de pesquisa, de planejamento estratgico, conhecimentos de tcnicas e mtodos de IC e de ferramentas gerenciais, tais como anlises de cenrios, benchmarking, prospeco tecnolgica, data mining, data warehouse, bancos de dados on-line, programas estatsticos, gesto de projetos e domnio da tecnologia Internet; c) experincia profissional: em marketing, em Internet, em vendas, em informtica, em anlise de mercado em gesto de produtos, em gesto de projetos, em finanas, em instrumentos de anlise da informao e de comunicao, conhecimento do campo de atuao empresarial (VARGAS; SOUZA, 2001, p. 15). Expe Miller (2002, p. 82):Os profissionais necessitam valer-se de conjuntos especficos de habilidades e competncias: 1) saber comunicar-se com os administradores do primeiro escalo; 2) coletar informaes [...] o conhecimento de fontes de informao escrita, eletrnica e oral, bem como a capacidade de us-las de maneira criativa, so fundamentais [...] conhecimento de metodologia cientfica e de pensamento estratgico; 3) analisar a informao e transform-la, aperfeioada, em inteligncia [...] no se apresenta informao bruta aos responsveis pelas decises; 4) transmisso e apresentao da inteligncia aos responsveis pelas decises [...] uso de pesquisa, criatividade e intuio [...] sugestes e recomendaes capazes de facilitar a tarefa dos administradores.

Desta forma, observa-se que o profissional da informao que atua no processo de inteligncia competitiva est presente em diversas etapas deste

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processo e contribui para maior velocidade, qualidade e valor das informaes para a organizao analisar e posteriormente tomar as suas decises.

2.5 GESTO DO CONHECIMENTO, INOVAO E O PROFISSIONAL DA INFORMAO

A gesto do conhecimento e a inovao mostram-se diretamente relacionadas atravs da afirmao de Davila, Epstein e Shelton (2007, p. 232) os quais relatam que administrar a inovao exige gesto do conhecimento em uma organizao, para que ela tenha melhores resultados.Sistemas de gesto do conhecimento so elementos importantes para codificar dados e dar a eles uma estrutura que os torne teis ao longo de toda empresa. [.. .] arquivam determinadas execues de processos organizacionais que podem contribuir para que processos em andamento tenham maior eficincia. Seu valor depende do seu desenho [ .. .] e da disciplina da organizao em codificar histricos de aprendizado dos projetos.

Turban et al. (2010, p. 410) definem sistemas de gesto do conhecimento como sendo as ferramentas de GC que tem o intuito de [...] sistematizar, aprimorar e agilizar a gesto do conhecimento intra e entre empresas. Desta forma, ajuda as organizaes na tomada de decises no que se refere produo e ao desenvolvimento de novos produtos e servios. Nonaka e Takeuchi (1997) descrevem que as empresas japonesas so experts em fomentar a inovao de forma contnua e em espiral e que a chave disso a criao do conhecimento organizacional, que entendido como a capacidade de uma empresa de criar novo conhecimento, difundi-lo na organizao como um todo e incorpor-lo a produtos, servios e sistemas. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), tal criao gera a inovao contnua que, por sua vez, proporciona a vantagem competitiva, como mostra a Figura 3.

41 Figura 3 - Criao do conhecimento vantagem competitiva.Criao do conhecimento Inovao continuada

Vantagem competitiva

Fonte: NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p.87

Davenport e Prusak (1998) afirmam que administrar o conhecimento proporciona absoro e disseminao de bens intelectuais e visa obter timos resultados em termos de produtividade e capacidade de inovao das organizaes. um processo que abrange: gerar, coletar, assimilar e aproveitar o conhecimento, gerando uma empresa mais inteligente e competitiva. Neste contexto, Ferreira (2003) entende que o profissional da informao deve ser aquele elemento capaz de mobilizar suas qualificaes para gerao de conhecimento na empresa, capacidade esta que constitui termmetro de sua competncia e de sua eficincia, na organizao e/ou no mundo do trabalho. O mesmo autor afirma que o papel do profissional da informao de assistir, intermediar e apoiar as pessoas na busca de informaes, por meio da gesto do conhecimento. O profissional da informao deve interagir com a organizao e buscar solues e inovaes na empresa, fornecendo informao pontual e personalizada (VALENTIM, 2006). Para a autora,[...] o papel do profissional nas organizaes de contribuir nos projetos de inovao, subsidiando informaes de interesse geral para o projeto, informaes como: patentes, materiais, detalhes tcnicos, mercado a ser atingido, concorrentes. (VALENTIM, 2006, p. 199).

Estes profissionais so definidos por Davenport e Prusak (1998, p.34) como sendo os bibliotecrios que [...] agem como corretores do

conhecimento, disfarados, apropriados, por seu temperamento e seu papel de guia de informaes, para a tarefa de criar contatos pessoa-pessoa e pessoa-

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texto. E, muitas vezes, no so percebidos pelas organizaes a sua importncia como gestores do conhecimento. Para entender o papel deste profissional na inteligncia competitiva, Marcial (2003, p. 2) vincula o profissional da informao s atividades desenvolvidas na primeira e segunda etapa do processo de produo de inteligncia competitiva, conforme Figura 2. A autora descreve que a primeira grande contribuio est associada s etapas de pesquisa e coleta. No qual, o Bibliotecrio aquele profissional treinado para coletar informaes em arquivos, bibliotecas e grandes bases de dados nacionais e internacionais. Tal habilidade contribui para maior velocidade na obteno dos dados necessrios que a organizao busca para suas tomadas de decises. Tarapanoff, Suaiden e Oliveira (2002) apresentam em seu trabalho algumas habilidades e competncias que so importantes para definir o perfil do profissional da informao que atua no processo de inteligncia competitiva. O bibliotecrio deve possuir: interatividade, criatividade, flexibilidade,

dinamismo, liderana, motivao, tica, comunicao, responsabilidade, respeito, domnio da escrita e da leitura entre outras. Dessa forma, cabe ao profissional ter viso holstica, conhecimentos gerais como psicologia, comunicao, administrao para atuar com clientes e fornecedores, capazes de alocar conhecimentos e organizacional. Atravs desta contextualizao terica, o bibliotecrio tem um longo caminho a percorrer para conseguir desenvolver todas as habilidades e competncias que a literatura demonstra. Como tambm, a importncia de se estudar a gesto do conhecimento, a inovao organizacional e a atuao do profissional da informao, por sua atualidade, bem claro, a necessidade de se fazer o elo entre estes trs assuntos. incrementar a produtividade e inovao

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3 METODOLOGIA

Demonstra-se, neste captulo, a metodologia que ser empregada na pesquisa, o mtodo aplicado, o tipo de estudo e a escolha do sujeito, bem como suas caractersticas, o procedimento de coleta de dados, o tratamento e a anlise dos dados e a apresentao e anlise dos resultados.

3.1 METODO DE PESQUISA

A presente pesquisa tratar de um estudo exploratrio que visa verificar de que forma trabalhada a Gesto do Conhecimento (GC) nas empresas gachas lderes em inovao. As empresas inovadoras gachas que formaro a amostra a ser analisada, foram selecionadas atravs da divulgao realizada pela Revista Amanh, do ranking das empresas premiadas Campes da Inovao. A Revista pesquisa e divulga anualmente, desde 2004, as empresas da Regio Sul do Pas que apresentam algum tipo de desenvolvimento inovador, tendo como base terica a metodologia proposta por De Bono e realizada em conjunto com a consultoria Edusys, representante oficial no Brasil da metodologia do autor. A Revista Amanh elege, anualmente, as 50 companhias mais inovadoras da Regio Sul do Pas e as lderes em 31 setores da economia. Para chegar ao resultado, as empresas responderam a um questionrio com 45 perguntas, divididas em seis dimenses bsicas de inovao. Dessas 50 empresas, 30 esto localizadas no estado do Rio Grande do Sul, em diversas localidades.

3.2 SUJEITOS DO ESTUDO

Os sujeitos de estudo so as empresas gachas lderes em inovao. A partir das 30 empresas premiadas e localizadas no Estado, esta pesquisa considerar, para fins de amostra, 10 empresas, de diferentes setores da economia, que esto localizadas na regio metropolitana de Porto Alegre, por questes de custo, tempo e logstica. Dessa forma, a amostra composta pelas seguintes empresas apresentadas no Quadro 5.

44 Quadro 5 Empresas gachas lderes em inovao da regio metropolitana. Empresas 1) Altero 2) Springer Carrier 3) Aspeur Feevale 4) Banrisul 5) Concepa 6) Artecola 7) Killing 8) Lojas Renner 9) Medabil 10) Puras Setor Metalrgica Refrigerao Ensino Superior Bancrio Rodovirio Qumico Tintas e Adesivos Varejo Construo Civil Alimentao Fonte: Revista Amanh, 2011. Localizao Sapiranga Canoas So Leopoldo Porto Alegre Porto Alegre Campo Bom Novo Hamburgo Porto Alegre Porto Alegre Porto Alegre

A partir dos resultados da amostra, pretende-se conhecer a forma como as empresas gachas lderes em inovao trabalham a gesto do conhecimento. Pois possvel conhecer o comportamento do todo a partir do conhecimento de uma amostra, segundo Creswell (2007). Dessa forma se utilizar o mtodo indutivo, onde, a partir de dados particulares possvel desenvolver concluses gerais.

3.3 TIPO DE ESTUDO

Este estudo, quanto aos objetivos, configura-se numa pesquisa exploratria. Para Marconi e Lakatos (2010, p. 171) pesquisas exploratrias[...] so investigaes de pesquisa cujo objetivo a formulao de questes ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenmeno, para a realizao de uma pesquisa futura mais precisa, ou modificar e clarificar conceitos.

Quanto aos procedimentos, em primeiro momento, uma pesquisa bibliogrfica para formao da contextualizao terica; posteriormente, foi feita uma pesquisa de campo com levantamento de dados atravs de entrevistas.

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natureza da pesquisa foi de cunho qualitativo. A abordagem qualitativa permitiu analisar de que forma as empresas aplicam a gesto do conhecimento para promover a inovao e descobrir quais ferramentas, profissionais e formas de estmulos esto envolvidos no processo de criao do conhecimento, atravs da anlise que foi feita dos dados coletados nas entrevistas.

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados atravs de entrevistas estruturadas, gravadas presencialmente, e posteriormente descritas no prprio trabalho. As perguntas foram elaboradas de acordo com os objetivos gerais e especficos do projeto, de maneira clara e objetiva, para que o entrevistado no necessitasse de muito tempo para responder. Michel Thiollet, (2005) afirma que os questionamentos da coleta de dados devem estar intimamente relacionados com os problemas propostos anteriormente no estudo, sendo isto de extrema importncia para a pesquisa no perder o foco. A entrevista foi embasada no questionrio que se encontra no Apndice A, com questes abertas para que facilitasse o desenvolvimento das respostas dos entrevistados proporcionando liberdade de comunicao.

3.5 COLETA DOS DADOS

A coleta de dados partiu da solicitao, via e-mail, atravs de uma carta de apresentao e, em anexo, a entrevista estruturada aos gestores responsveis pela gesto do conhecimento e/ou setor de inovao nas empresas selecionadas para que respondessem a entrevista estruturada. Dos 10 e-mails enviados, 6 responderam de forma positiva, porem 4 foram entrevistados, o que perfaz um total de 40% da amostra. O tempo estimado para a coleta dos dados foi de 30 dias.

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3.6 ANLISE DOS DADOS

A anlise dos dados foi desenvolvida em cima de cada uma das respostas dadas na entrevista presencial, com uso secundrio do programa Excel 2007 e a luz da contextualizao terica. Em todas as empresas questionadas da amostra, buscou-se

caractersticas para entender como feita a gesto do conhecimento no ambiente de lderes em inovao. Os resultados so apresentados na forma descritiva, com tabelas e/ou grficos, que sirvam para ilustrar as concluses.

3.7 LIMITAES DA PESQUISA

A maior dificuldade encontrada na pesquisa foi a indisponibilidade da colaborao dos gestores em participar da entrevista, pois, das 10 empresas selecionadas, apenas 6 predispuseram-se a responder e somente 4 marcaram entrevista. Deduz-se que esta dificuldade pode ter ocorrido pelo fato desta ser uma pesquisa acadmica e poderia no interessar empresa dispender o tempo de seus funcionrios para atender o pesquisador.

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4 RESULTADOS DA PESQUISA

Seguem neste captulo, os dados das entrevistas realizadas nas empresas, j mencionadas na metodologia, que colaboraram com a pesquisa.

4.1 AS EMPRESAS

Foram entrevistas as seguintes empresas, aqui apresentadas em ordem alfabtica: Artecola, Aspeur Feevale, Banrisul, Medabil. Com o objetivo de no identificar as empresas entrevistadas, no sendo parte dos objetivos deste estudo, as empresas foram alfabetadas em ordem aleatria. Assim sendo, quando considerado necessrio, sero referidas as empresas como Empresa A, Empresa B, Empresa C, Empresa D10.

4.2 GESTO DO CONHECIMENTO NAS EMPRESAS A primeira pergunta da entrevista: A sua empresa, premiada como lder em inovao, faz gesto do conhecimento?, as empresas A, B, C responderam que sim. Somente a empresa D afirmou que no faz gesto do conhecimento.Grfico 1 Gesto do Conhecimento

NO 25%

SIM 75%

Fonte: Dados da pesquisa.

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No identificar os respondentes foi o compromisso assumido nas entrevistas.

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Dentre as respostas para primeira pergunta destaca-se a Empresa C que respondeu da seguinte forma: Sim, a essncia dela fazer gesto do conhecimento. produo de conhecimento, socializao do conhecimento de maneira que ele impacta em algum espao socioeconmico [...] tendo duas perspectivas, como negcio e como tcnico administrativo. Atravs desta descrio, percebe-se que a empresa no s pensa no negcio e no fazer gesto do conhecimento para fins lucrativos, Ela vai alm. Atua com vista aos resultados socioeconmicos que poder proporcionar sociedade ou, at mesmo, realidade a sua volta, podendo ou no trazer diversos benefcios para a empresa.[...] acredita-se que as organizaes no sejam apenas instrumentos de produo de bens e servios, mas o ambiente no qual os homens contemporneos esto inseridos para passar toda a sua vida, representando o cenrio no qual se desvenda o seu destino, e que permite ou nega a possibilidade de realizarem plenamente as suas ambies. Por conseguinte, as organizaes caracterizam-se como elementos relevantes para o desenvolvimento socioeconmico de uma nao, ao proporcionarem a realizao dos objetivos da coletividade. (COLAUTO; BEUREN, 2003, p. 164)

Ashley, Coutinho e Tomei (2000) classificam empresas que atuam de forma social como sendo empresa-cidad. Ela passa a agir na transformao do ambiente social, sem se preocupar apenas aos resultados financeiros, mas sim a sua contribuio sociedade e se posicionando de forma pr-ativa para os problemas sociais.[...] sua atuao agregaria uma nova faceta ao seu papel de agente econmico: a de agente social. Ela passaria a disponibilizar, com as devidas adaptaes, os mesmos recursos aplicados em seu negcio, em prol da transformao da sociedade e do desenvolvimento do bem comum. (ASHLEY; COUTINHO; TOMEI, 2000, p. 9)

Dessa

forma,

mudanas

socioeconmicas

esto

diretamente

relacionadas inovao, segundo Fontanini e Carvalho (2005). Os autores descrevem que inovao de produtos tem uma relao muito prxima dos consumidos e que est relacionado a aspectos de marketing, gerenciamento, mudanas socioeconmicas e design. Este relacionamento cria oportunidades e restries a novos produtos em que as empresas buscam para inovar.

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A Empresa D afirmou que no faz gesto do conhecimento dentro da organizao. Sua resposta foi seguinte: Diretamente tendo um setor especfico para a gesto do conhecimento no [...] para poder fazer entrevistas, coletar de cada colaborador e de pessoas com maior experincia no. No tem uma sistemtica para isso, j foi tentado ano passado, mas hoje no tem. No entanto, no decorrer das anlises das respostas da Empresa D, que foram coletados pela entrevista, concluiu-se que ela faz gesto do conhecimento, mesmo no tendo um setor definido, nem utilizando o nome para tal atividade. Ela declara que desenvolve gesto de inovao. Porm, como j se viu na literatura, a gesto do conhecimento est diretamente ligada inovao e criao de novos conhecimentos dentro das empresas, o que levou a essa concluso.

4.2.1 Agentes atuantes na GC

Ao serem questionados sobre a existncia de uma equipe atuante na gesto do conhecimento e qual seria o perfil desta equipe, somente a empresa D respondeu que no teria uma equipe deste tipo. Por outro lado, o perfil da equipe seria constitudo pelos tipos de profissionais mais citados, que foram: Administradores (Recursos Humanos, Negcios), Profissionais de Informtica/Tecnologia da Informao TI, Engenheiros, Estatsticos e Aturios, conforme mostrado no Quadro 6.Quadro 6 Formao profissional e quantidade por empresa Formao Administrao Cincia da Computao11 Engenharia Estatstica Cincias Atuariais Empresa A 7 15 B 2 1 9 C 4 2 D 5 3 6

4 3 Fonte: Dados da pesquisa.

Neste contexto, seguem algumas exposies das respostas dadas pelas empresas. Empresa A: Os gerentes e coordenadores fazem esta funo.11

Todos possuem especializao em TI.

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Todos possuem formao superior e ps-graduao em rea de TI ou Cincias Exatas. Todos so especializados na rea de TI. Empresa B: A equipe de desenvolvimento organizacional passou por uma reestruturao no incio deste ano e uma das frentes de trabalho ser focar na gesto do conhecimento, visto que a empresa participa do Programa Gacho de Qualidade e Produtividade PGQP. Encontra-se nesta equipe, hoje, Administradores, Engenheiros e Profissionais de TI que esto colaborando para as novas polticas desta frente de trabalho. Empresa D: Para gesto do conhecimento no existe uma equipe, mas para inovao sim, que formada por um Doutor de Engenharia Mecnica, dois Mestres em Engenharia Civil e mais dois formandos em Engenharia Civil com Especializao em Gesto de Projetos Isso j foi constatado em Damasio e Longo (2002, p. 19) que apontaram que os profissionais das reas de Administrao, Cincias Contbeis e Cincias da Computao compem a maior parte dos gerentes de informao nas empresas pesquisadas. O que, confirma que o perfil dos profissionais envolvidos na Gesto do Conhecimento o mesmo encontrado na atual pesquisa, mesmo sendo em diferentes empresas.

4.2.2 Profissional Bibliotecrio

Quando questionados se no quadro dos funcionrios da empresa encontra-se o profissional bibliotecrio, e se este atua na gesto do conhecimento, somente a Empresa C afirmou que sim: O bibliotecrio est presente na instituio, porm voltado para outra rea que serve de apoio, para catalogao do conhecimento, atuao forte nas questes autorais, mas no atua na equipe de gesto do conhecimento. Biancardi et al. (2002) realizaram um estudo que teve como objetivo principal conhecer o cenrio do mercado de trabalho em biblioteconomia, na percepo dos empresrios capixabas. O estudo concluiu que esse mercado inexistente, a partir da constatao de que os empresrios confiam na sua capacidade e autonomia para buscar e obter as informaes necessrias ao cotidiano empresarial, e no consideram necessria a atuao desses profissionais importantes para sua empresa, o que vem caracterizar uma

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possvel indefinio e desconhecimento das funes e habilidades do profissional bibliotecrio nesta atividade, mesmo sendo empresas de grande porte, que visam encontrar profissionais diferenciados e multidisciplinares no mercado de trabalho. Foi perguntado para todos os entrevistados qual papel o bibliotecrio poderia ter na gesto do conhecimento, dentro da empresa. As respostas dos entrevistados evidenciam que todos conhecem as funes e as habilidades do Profissional Bibliotecrio, conforme relatado a seguir. Isso contraria o dado coletado na pergunta anterior, quando o profissional no fazia parte na equipe atuante em gesto do conhecimento, com vistas a inovao. Colocam-se os respondentes: a) empresa A: Este profissional importante. Ele poderia auxiliar na insero de tcnicas para melhorar a organizao dos registros dos conhecimentos e projetos j concludos na empresa.b)

empresa B: O bibliotecrio poderia colaborar na disseminao do conhecimento na empresa com o intuito de facilitar o processo de localizao de artigos e reportagens voltados a assuntos especficos, ou seja, para assuntos relacionados ao mercado. Um exemplo que esta pessoa poderia buscar matrias para repassar ao grupo de colaboradores interessados neste assunto. Num segundo estgio, este profissional poderia tambm estimular os colaboradores a escrever artigos sobre assuntos especficos para reter o conhecimento na empresa.

c) empresa C: essencial. Comecei a entender a sua funo, depois que eu fiz uma disciplina de gesto do conhecimento e a professora era bibliotecria. Me fez despertar a importncia do bibliotecrio. um espao sem dvida, importante. Hoje se eu pudesse colocar mais algum na equipe, gostaria que fosse algum que tivesse experincia com gesto do conhecimento, provavelmente da rea de Biblioteconomia. d) empresa D: Em gesto do conhecimento, sim; na inovao, no saberia afirmar, at por meu desconhecimento sobre a atuao deste profissional. Mas na gesto do conhecimento, acho que

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seria fundamental e futuramente como estratgica da empresa pode vir a ter. Portanto, a funo a ser ocupada pelo Bibliotecrio representa um espao potencial a ser completado e expandido, devido necessidade crescente do mercado em inovar. Tambm, por se saber que os gestores entendem a importncia do profissional na atividade, confirmado nas descries das respostas dos entrevistados.

4.2.4 Ferramentas Utilizadas pelas Empresas

Dentre diversas perguntas uma delas foca o uso de ferramentas como suporte s atividades de gesto do conhecimento. O Quadro 7 aponta as ferramentas citadas, segundo cada empresa:Quadro 7 Ferramentas utilizadas pelas empresas

Empresa A

B C

D

Ferramentas CVS (guarda de projetos e artefatos dos sistemas), Portal Intranet (normativos) Fruns, Chat (MSN) internos e na internet (para troca de experincias), Pesquisas na Internet (para coleta de conhecimentos), Biblioteca (usado para leitura tcnica mais acadmica) e SharePoint. Programa de ideias, SGQ Docs, Biblioteca, Tecnews. Argos (sistema de gesto de projetos, avaliao, execuo, existncia de fomentos, resultados decorrentes do projeto, potencial para gerao de novas tecnologias) Intranet, Portal de Inovao, Caixas de Coletas.Fonte: Dados da pesquisa.

As

respostas

apontam

diversas

ferramentas

colaborativas

de

Tecnologias da Informao (TI) utilizadas pelas empresas e necessrias para a criao de uma cultura de disseminao do conhecimento. Alm destas ferramentas descritas pelos respondentes, outras, bastante tradicionais, continuam sendo adotadas, pois grande parte do desenvolvimento de projetos,

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dentro dos setores de uma empresa, utiliza reunies e formas no tecnolgicas como o principal meio de colaborao. O uso desses facilitadores est diretamente ligado criao do conhecimento e podem ter apoio de algumas ferramentas de TI, aplicadas direta ou indiretamente na GC. Elas aperfeioam a externizao, internalizao e combinao do conhecimento explcito, citadas por Takeuchi e Nonaka na sua teoria do espiral do conhecimento. Silva (2004, p. 148) complementa que:TI fundamental para a combinao (agrupamento) dos conhecimentos explcitos, mas no contribui significativamente com o formato tcito do conhecimento. Basicamente, o mximo que pode fazer para a troca de conhecimento tcitotcito facilitar que pessoas sejam encontradas (contactadas) (e a partir da podendo ocorrer a socializao). No entanto, a TI pode facilitar as outras duas converses do conhecimento, quando o formato tcito est em equilbrio com o formato explcito. Assim sendo, pode facilitar a externalizao (auxilia no registro do conhecimento) e a internalizao (agiliza o acesso ao conhecimento explcito).

A maioria das empresas estudadas utilizam TI para facilitar a integrao com outros sistemas internos ou externos empresa, resultando em uma tendncia recente que a formao de portais com o objetivo de centralizar o acesso intranet da empresa e a sites relacionados ou de interesse da organizao na internet. Na sequncia, perguntou-se aos entrevistados se os conhecimentos criados e as ferramentas utilizadas eram conhecidos de todos dentro da organizao. Todos responderam que sim, tendo como acesso prioritrio a equipe envolvida, devido ao grau de importncia de algumas informaes, que podem ou no ser sigilosas e futuramente agregar valor ao projeto da empresa, podendo vir a inovar no mercado em que ela atua. Isso pode ser percebido atravs das colocaes a seguir relacionadas. Conforme a Empresa A: Sim, nossas informaes, metodologias, tecnologias e meios de comunicao esto disponveis para a equipe que atua e est envolvida com a gesto do conhecimento para inovar dentro da empresa. Sempre que necessrio, as informaes que envolvam mudanas significativas para o negcio da empresa tornam-se sigilosas e so avaliadas pelos gerentes da organizao.

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Empresa B: O programa de ideias e os procedimentos documentados esto disponveis a todos os colaboradores, seja pela intranet ou gesto a vista. Os mesmos so divulgados internamente atravs das ferramentas de comunicao de endomarketing. Empresa D: Tem um comit de inovao que formado por pessoas de todas as reas da empresa e essas pessoas que so responsveis por estar informando as suas equipes o que est acontecendo com os projetos de inovao e a gente deixa a disposio de todos as ideias geradas que no deram os prximos passos ou que fo