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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL RODRIGO DOS SANTOS IBARR IMPLANTAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA NA EMPRESA FELESA AUTOMAÇÃO DOMÉSTICA BENTO GONÇALVES 2012

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Page 1: TCC 1 Ibarr - Finalizado

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

RODRIGO DOS SANTOS IBARR

IMPLANTAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA

NA EMPRESA FELESA AUTOMAÇÃO DOMÉSTICA

BENTO GONÇALVES

2012

Page 2: TCC 1 Ibarr - Finalizado

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

RODRIGO DOS SANTOS IBARR

IMPLANTAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA

NA EMPRESA FELESA AUTOMAÇÃO DOMÉSTICA

Trabalho de conclusão do curso de Engenharia de Produção, apresentado ao Centro de Ciências Exatas da Natureza e de Tecnologia da Universidade de Caxias do Sul. Orientador Prof.(a). Ms. Samanta Bianchi Vearik

BENTO GONÇALVES

2012

Page 3: TCC 1 Ibarr - Finalizado

RESUMO

É cada vez maior a exigência do mercado por produtos que atendem a necessidade

individual dos clientes. Para algumas empresas deixou de ser vantagem à produção

de produtos em grandes quantidades a fim de atender a grupo grande e homogêneo

de consumidores e atender necessidades especificas de cada cliente para não

entrar em uma competição por preço. Porém o processo de customização dos

produtos exige eficiência e rapidez na troca de informação entre clientes e empresa,

conhecimento da real necessidade de customização demandada pelo mercado

atuante e vantagem financeira na produção dos produtos customizados. É levando

em consideração esses aspectos que o presente estudo buscou analisar o modo de

customização dos produtos da empresa Felesa Automação Doméstica a fim de

propor a implantação dos fatores que habilitam a introdução da estratégia de

customização em massa. Com a proposta de instalação do configurador de produto

na página da empresa na internet pretende-se a redução do tempo no processo de

customização e redução dos custos referentes a esta etapa.

Page 4: TCC 1 Ibarr - Finalizado

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 4

2 HISTÓRICO E SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA............................................ 6

2.1 HISTÓRICO DA EMPRESA......................................................................... 6

2.1.1 Características da empresa e seus produtos.......................................... 7

2.2 CENÁRIO ATUAL DA EMPRESA EM ESTUDO.............................................. 9

3 PROJETO DE PESQUISA............................................................................... 12

3.1 TEMA DO TRABALHO.................................................................................. 12

3.2 JUSTIFICATIVA DO TEMA........................................................................... 12

3.3 OBJETIVO GERAL....................................................................................... 13

3.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................ 13

3.5 METODOLOGIA............................................................................................ 13

4 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................ 15

4.1 CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE CUSTOMIZAÇÃO....................................... 17

4.2 ESTÁGIOS DA CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA............................................... 18

4.3 HABILITADORES DA CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA..................................... 21

4.4 IMPORTANTES FATORES A SEREM CONSIDERADOS

ANTERIORMENTE A ADOÇÃO DA CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA.....................

23

4.4.1 Integração do cliente ao processo de customização............................... 24

4.4.1.1 Configurador de produto............................................................................ 25

4.4.2 Seleção dos componentes dos produtos a serem customizados.......... 27

4.4.3 Projeto do produto a ser customizado.................................................... 33

4.4.3.1 Modularização........................................................................................ 33

4.4.3.1.1 Classificação da modularização............................................................ 34

4.4.3.1.2 Tipos de modularização......................................................................... 34

4.5 CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA EM UMA EMPRESA DO SETOR

AUTOMOBILÍSTICO..........................................................................................

36

4.6 CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA EM UMA FABRICANTE DE

COMPUTADORES.............................................................................................

37

Page 5: TCC 1 Ibarr - Finalizado

4.7 CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA EM UMA EMPRESA QUE PRODUZ

MOTORES ELÉTRICOS......................................................................................

37

5 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO..................................................................... 40

5.1 FORMULAÇÃO DO DIAGNÓSTICO.............................................................. 40

5.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................... 42

5.3 FORMULAÇÃO DA PROPOSTA DE MELHORIA .......................................... 42

6 CONCLUSÃO................................................................................................. 44

7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 45

Page 6: TCC 1 Ibarr - Finalizado

4

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, observam-se profundas transformações nos ambientes

produtivos das empresas para satisfazer as vontades de seus clientes. Os clientes

procuram produtos diferenciados que atendam seus anseios, sem a necessidade de

espera e custo adicional. Por este motivo as empresas são forçadas a reavaliar suas

estratégias básicas para obter vantagem competitiva no mercado onde atuam (PINE,

1994; PEPPERS E ROGERS, 1997; DAVIS, 1990; PORTER, 1989).

O processo de produção em massa tem sido para muitas empresas, uma

estratégia eficiente de geração de lucros devido à redução dos custos de produção,

e eficiente na expansão de mercado devido à redução dos preços dos produtos.

Porém, são oferecidos aos consumidores produtos padronizados em cores,

tamanhos, formas geométricas, entre outros (PINE, 1994; PEPPERS E ROGERS,

1997).

O conceito de customização em massa surgiu com o objetivo de habilitar as

empresas a criar variedade e personalização para seus produtos através da

flexibilidade e rapidez de resposta por meio da cadeia de valor a um custo acessível

aos consumidores. Esta estratégia tem se destacado nos dias atuais, devido à

aceitação ou exigência do mercado por produtos customizados e diferenciados

(PINE, 1994; PEPPERS E ROGERS, 1997).

Outro fator que tem impulsionado às empresas a adoção desta estratégia se

refere ao ambiente competitivo no mercado onde atuam, sendo que para se

diferenciarem de seus concorrentes elas buscam a personalização de seus produtos

gerando com isso uma vantagem competitiva (PINE, 1994; PEPPERS E ROGERS,

1997).

Vários produtos customizados para atender a necessidades individuais dos

clientes já se encontram disponíveis no mercado: tênis Nike, cujas cores e dizeres

do par o consumidor pode escolher; computadores pessoais Dell, o cliente realiza a

configuração do produto e envia o pedido pela internet já sabendo qual o valor total

da compra e ainda conta com o serviço de pós-venda realizada por promotores de

venda; calças levi´s, cujas medidas o consumidor pode tirar na loja; óculos Paris-

Miki, o cliente, ao chegar na loja, tem sua imagem digitalizada e assim poderá

escolher, dentre uma grande variedade de opções, o modelo ideal de sua escolha;

Page 7: TCC 1 Ibarr - Finalizado

5

móveis sob medidas Todeschini, cujo o projeto é realizado nas lojas representantes

por projetista em conjunto com o cliente; implementos rodoviários Randon (PAIVA,

CARVALHO JR. E FENSTERSEIFER, 2004).

Produtos como churrasqueiras rotativas cada venda torna-se necessário o

contato direto entre cliente e empresa gerando uma troca de informações que

caracterizam o projeto do produto. Estas informações dizem respeito ao ambiente

disponibilizado pelo cliente, as medidas necessárias para a instalação do

equipamento, o tipo de utilização que o cliente fará com o produto entre outros. Por

estas características de venda este produto é considerado customizado.

Com isso, este trabalho tem por objetivo fazer um estudo referente à

implantação da estratégia de customização em massa em diversas empresas de

manufatura e propor a implantação dos fatores que habilitam a introdução da

estratégia na empresa Felesa Automação Doméstica. A implantação desta

estratégia tem por fatores a redução de custo dos produtos personalizados e a

rápida resposta aos desejos dos clientes, reduzindo o tempo de desenvolvimento,

produção, processamento de pedidos e entrega dos produtos.

Page 8: TCC 1 Ibarr - Finalizado

6

2 HISTÓRICO E SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA

Neste capítulo será apresentado o histórico da empresa, suas características,

seus produtos e o cenário atual de customização.

2.1 HISTÓRICO DA EMPRESA

A Felesa foi fundada em 20/09/1989, por dois irmãos e um amigo que

tomaram a iniciativa de formar uma empresa que comercializasse churrasqueiras

rotativas, um produto que já estava no mercado desde a década de 50, mas que

necessitava de aperfeiçoamento em diversos aspectos, como no design, na

estrutura, no acabamento e na qualidade da matéria-prima. Além disso, queriam ser

independentes financeiramente, e viram neste mercado uma ótima oportunidade,

pois havia pouca concorrência. A designação Felesa é formada das iniciais do nome

de cada sócio.

Tudo começou no início da década de 90, quando perceberam que o público

em geral procurava mais conforto e eficiência para assar a carne, e havia uma

considerável demanda por churrasqueiras rotativas. Mesmo com um começo de

dificuldades, como a falta de recursos, de um local para as instalações, de

maquinário específico e conhecimentos técnico e gerencial, a Felesa se estruturou

para atender estes consumidores mais exigentes, pesquisando, desenvolvendo

projetos e fabricando churrasqueiras rotativas, como também grill e acessórios para

churrasco.

Desde então, a empresa passou a se destacar por oferecer produtos de

qualidade, versáteis, fáceis de instalar, desenvolvidos a partir de projetos largamente

testados, fabricados com os materiais mais nobres e resistentes. Muitas vezes

inovando no mercado, a Felesa também iniciou o desenvolvimento de projetos e

fabricação de caixas de redução utilizadas em equipamentos de automação

industrial e residencial. Com know how próprio, adquirido em anos de pesquisa e

desenvolvimento de churrasqueiras e seus acessórios, hoje ela comercializa no

Brasil e na América Latina, oferecendo qualidade inigualável.

A Felesa Indústria Metalúrgica Ltda. tem sede nesta cidade, sendo

administrada por dois sócios.

Page 9: TCC 1 Ibarr - Finalizado

7

2.1.1 Características da empresa e seus produtos

Praticidade nas atividades domésticas, este é o negócio da Felesa. E para

isto, ela oferece uma grande linha de acessórios para churrasco como

churrasqueiras a carvão, churrasqueiras à gás, churrasqueiras elétricas, coifas,

grelhas e kit de levante, grill e acessórios, motorredutores, espeto rolete menarosto,

suporte para espetos, além de realizar projetos especiais e únicos para

determinados clientes.

Dentro da sua linha de produtos oferece grande diversidade de soluções aos

seus clientes:

a) acessórios para churrasco: espetão, espeto cabo de alumínio com lâmina

canaleta, espeto cabo de osso com lâmina chata, espeto cabo de madeira com

lâmina canaleta, espeto costelão, faca com bainha, faca e garfo com cabo alongado,

faca e garfos pequenos, faca sem bainha, garfo rotativo simples, garfo rotativo

duplo, rolete para espetos e suporte para espetos;

b) acessórios para grill: chapa de alumínio, chapa de ferro fundido, chapa de

alumínio com revestimento em teflon, disco de arado simples, disco de arado com

abas e prensa sanduicheira;

c) churrasqueiras a carvão: rotativa duas galerias, rotativa duas galerias com

grill, rotativa grande churrasco, rotativa uma galeria e rotativa uma galeria com grill;

d) churrasqueira a gás: de bancada e de embutir;

e) churrasqueira elétrica: de bancada e de embutir;

f) grelhas e kit de levante: grelha aramada, grelha canaleta – parilha, grelha

de levante com manivela frontal, grelha parilha com manivela lateral, grelha parilha

móvel, grelha rotativa e grelha tela perfurada;

g) motorredutores: equipamentos que tem como função reduzir a velocidade

e aumentar a força do conjunto, utilizado no sistema de churrasqueiras rotativas,

entre outros.

Na figura 1 estão mostrados alguns dos produtos Felesa disponíveis na

página da internet.

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2.2 CENÁRIO ATUAL DA EMPRESA EM ESTUDO

Os produtos Felesa são comercializados por lojas representantes ou pela

área de venda interna da empresa com loja própria local. A troca de informações

entre empresa e clientes se faz por meio de telefone, fax ou email. A empresa

também disponibiliza uma página na internet onde é possível a interação direta com

o cliente ou com o vendedor representante sendo possível a visualização dos

produtos padronizados e a realização de pedidos on-line, porém este ambiente não

realiza a configuração dos produtos conforme a necessidade do cliente e também

não disponibiliza o valor total do pedido.

A venda dos produtos exige um alto nível de detalhamento devido ao local

de instalação disponibilizado pelo cliente, os acessórios que irão compor o pedido e

as características de uso do produto, por motivo este existem poucas opções de

produto padrão pronto para o atendimento da necessidade do cliente no ato de sua

solicitação. O tipo de venda pode ocorrer de três modos: venda de produtos padrão,

venda de produtos padrão com adaptações e venda de produtos fora de série.

O vendedor/representante possui pouca informação com referencia aos

detalhes que caracterizam os produtos personalizados, ele possui em mãos apenas

os produtos padronizados e os tipos de acessórios disponíveis, porisso quando

ocorre da necessidade do cliente não esteja conforme o produto padronizado, o

vendedor/representante passa para a área de engenharia da empresa, a qual fica de

responsável pela elaboração e orçamento do projeto.

A engenharia tem por responsabilidade a realização do projeto de produtos

especiais e levantamento de custo com base nas especificações enviadas pelo

vendedor. Para a elaboração do projeto se utiliza software de projeto auxiliado por

computador (CAD) e para o levantamento de custo é criado uma planilha de Excel

contendo matérias-primas e itens de linha com valores obtidos do módulo de custo

do sistema de gestão da empresa. Após a conclusão, o projeto é enviado contendo

uma pré-montagem renderizada e juntamente com o orçamento ao

vendedor/representante, o qual irá fazer um novo contato com cliente a fim de

fechamento do pedido. Nesta etapa utiliza-se mão-de-obra técnica e especializada

para a elaboração dos projetos e grande utilização do recurso tempo.

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Para a venda de produtos padronizados ou com adaptações o

vendedor/representante possui uma tabela de preços, prazo de entrega e formas de

pagamento, sendo possível o fechamento do pedido no ato da visita do cliente. Para

o atendimento destes tipos de pedidos é utilizado estoque de produtos prontos e de

itens padronizados, para as possíveis adaptações, baseado em um planejamento de

venda. O pedido é enviado pelo vendedor ao responsável pelo recebimento, o qual

realiza o cadastro do pedido no sistema de gestão da empresa e posteriormente o

envia a área da engenharia para ser configurado, ou seja, a engenharia anexa ao

pedido às adaptações a serem acoplados no produto padrão através do

detalhamento em desenho para os itens que não possuem estoque e o

detalhamento em desenho para a montagem do produto. Assim, o pedido segue

para a área produtiva onde será montado conforme as especificações da

engenharia.

Os itens componentes dos produtos Felesa são divididos em itens padrão e

itens especiais, o primeiro é produzido para estoque conforme um planejamento de

venda e o segundo só é fabricado conforme especificação do cliente e detalhado em

desenho pela engenharia após o recebimento do pedido.

A estratégia atual da empresa é processar e entregar os itens padrão em no

máximo 10 dias e para os itens especiais em no máximo 20 dias, tendo incluso

nestes períodos o tempo de logística. Por lógica, os pedidos realizados em locais

aproximados da região tende a receber a mercadoria em menos tempo. Para

atender a esta estratégia a produção da referida empresa produz para estoque de

produtos padrão e em paralelo para atender aos itens especiais, sendo que 2 (dois)

colaboradores são encarregados de processar os itens especiais devido aos

conhecimentos e habilidades.

A figura 2 mostra o diagrama de processo de customização dos produtos

Felesa nas etapas de venda e projeto.

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Figura 2 – Processo de customização dos produtos Felesa nas etapas de venda e projeto.

Fonte: Elaborado pelo autor.

setor de engenharia recebe pedido, realiza últimos ajustes no projeto

Inicio

1º contato do cliente: o setor de vendas analisa a necessidade do cliente

setor de engenharia analisa o pedido e configura o produto

setor de engenharia elabora o projeto com base nas especificações feitas pelo vendedor

Setor financeiro avalia o custo do projeto

setor de vendas envia o pedido ao responsável pelo recebimento

total

produto customizado

parcial setor de vendas negocia o valor e o

prazo de entrega

cadastro do pedido no sistema de gestão

setor de engenharia envia o pedido juntamente com o detalhamento para fabricação e montagem

setor de engenharia envia o projeto juntamente com o orçamento para o vendedor responsável pelo contato

Vendedor entra em contato com o cliente e negocia o valor e o prazo de entrega

venda realizada

Vendedor envia o pedido ao responsável pelo recebimento

não

sim

Fim

Cadastro do pedido no sistema de gestão

Setor de engenharia envia o pedido com o projeto detalhado em anexo para fabricação e montagem

Inicio/Fim

Atividade

Decisão

Documento

LEGENDA

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12

3 PROJETO DE PESQUISA

Este projeto de pesquisa tem por finalidade avaliar o modo como é realizado a

comercialização e o processo de customização dos produtos da empresa Felesa

Automação Doméstica e com base no referencial teórico propor à implantação dos

fatores que habilitam a introdução da estratégia de customização em massa a fim de

proporcionar rápida resposta as necessidades dos clientes e a redução de custos

dos produtos customizáveis.

3.1 TEMA DO TRABALHO

Estudar o processo de customização dos produtos da empresa Felesa

Automação Doméstica e propor à implantação dos fatores que habilitam a

introdução da estratégia de customização em massa.

3.2 JUSTIFICATIVA DO TEMA

A área de engenharia da empresa é encarregada de elaborar a

customização dos produtos a fim de atender as necessidades dos clientes seja

devido ao ambiente disponibilizado, supressão das dúvidas para a instalação e

também para enviar o detalhamento em desenho dos itens especiais ao processo

produtivo, demandando grande utilização dos recursos tempo e custo para a

realização dessa etapa.

A área de vendas ou vendedor/representante não possui em mãos as

informações referentes aos tipos de configuração para cada produto e o preço para

cada configuração deixando o cliente a espera dessas informações que deveriam

ser passadas no ato da compra do cliente.

A troca de informação entre vendedor/representante e empresa não é

eficiente, por vezes as informações de projeto passados a área de engenharia são

incompletas, necessitando de um novo contato entre as partes e até um novo

contato com o cliente.

A falta de dispositivos, ferramentas ou gabaritos flexíveis que possam ser

utilizados no processo produtivo para a fabricação de uma grande variedade de

Page 15: TCC 1 Ibarr - Finalizado

13

componentes juntamente com a necessidade da utilização da experiência dos

colaboradores para a fabricação dos produtos customizados faz com que o processo

de fabricação demande grande utilização dos recursos tempo e custo.

Por esses fatores o referido trabalho vai propor a implantação dos fatores

que habilitam a introdução da estratégia de customização em massa, que são:

integração do cliente ao processo de customização representado pelo configurador

de produto, seleção dos componentes dos produtos a serem customizados e o

projeto do produto a ser customizado incorporando o conceito de modularização.

3.3 OBJETIVO GERAL

Propor a implantação de um configurador na página da internet da empresa

Felesa Automação Doméstica, selecionar os componentes dos produtos que

demandam customização e elaborar uma biblioteca de componentes e produtos

customizados para ser agregado ao configurador buscando como objetivo a

implantação dos fatores que habilitam a introdução da estratégia de customização

em massa.

3.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos que serão considerados para o alcance do objetivo

proposto, são:

a) redução dos custos de produção para os produtos customizáveis;

b) rapidez nos processos de customização, processamento do pedido,

ordem de fabricação, montagem e entrega dos produtos;

c) concentrar a área de engenharia em tarefas como desenvolvimento de

novos produtos, melhoria dos produtos e processo.

3.5 METODOLOGIA

Para a elaboração deste projeto de pesquisa foi realizada primeiramente

uma análise do modo atual de customização dos produtos pela empresa Felesa

Automação Doméstica, posteriormente foi realizada uma pesquisa bibliográfica com

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a finalidade de obtenção de um embasamento teórico relacionado ao assunto do

tema e para finalizar uma proposta de implantação dos fatores que habilitam a

introdução da estratégia de customização em massa.

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15

4 REFERENCIAL TEÓRICO

Uma projeção para o mercado futuro de produtos manufaturados mostra a

crescente tendência por produtos customizados que satisfaça as especificações

únicas e exclusivas de um determinado cliente. A customização conflita com a

produção a baixo custo que tem por característica a fabricação de grandes volumes

e padronização dos produtos. Sendo assim as empresas necessitam de estratégia

que atenda as necessidades desses clientes e em paralelo maximize as margens de

lucro para se tornarem competitivas no mercado (PINE, 1994; PEPPERS E

ROGERS, 1997).

O termo estratégia está relacionado “aos planos da alta administração para

alcançar os resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da

organização” (MACHADO; MORAES, 2009a, p.234).

Para Peppers e Rogers (1997, p.117) customizar no sentido de personalizar

significa “fabricar um produto segundo o pedido individual de um cliente”.

Para atender a demanda por produtos customizados e de baixo custo, uma

nova estratégia de produção denominada “Customização em massa”, foi concebida

por Davis (1990), sendo caracterizada pela capacidade de produzir itens que

atendam às preferencias individuais dos clientes, a preços similares aos produtos

produzidos em grandes volumes e padronizados.

Segundo Pine (1994), a Customização em massa é a produção em massa

de bens e serviços que atendam aos anseios específicos de cada cliente

individualmente, a custos comparáveis aos dos produtos não customizados.

Notável a citação de Machado e Moraes (2009a) descrevendo a estratégia

de customização em massa como o conjunto de planos e ações que servirá de base

para a tomada de decisão no objetivo de satisfazer as necessidades individuais dos

seus clientes. Citam os autores duas características que classificam a Customização

em Massa: o ponto no qual há o envolvimento do cliente e o tipo de modularidade

empregada para prover produtos customizados.

Para Fettermann, Echeveste, Martins (2012, p.35) a adoção da

Customização em Massa (CM) está relacionada “à habilidade em disponibilizar

produtos ou serviços customizados por meio de processos produtivos flexíveis com

grande volume de produção e a um custo baixo”, sendo que os princípios que

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16

sustentam as vantagens propostas por essa estratégia são: utilização de manufatura

flexível (FMS), utilização de técnicas e práticas aplicadas durante o processo de

desenvolvimento de produto, principalmente a modularidade, e a utilização de

mecanismos de integração do cliente ao processo de customização. Destaca ainda

que algumas variáveis devem ser analisadas para a possível implantação da

estratégia de CM, entre elas custo de manufatura, custos indiretos, altos níveis de

estoque e maiores tempos de produção devido a maior quantidade de diferenciação

nos produtos.

Para Vigna e Miyake (2009) pode ser entendido estratégia de CM com uma

evolução dos padrões tradicionais de organização, principalmente ao sistema de

produção em massa (PM), a um aumento significativo da flexibilidade e agilidade da

empresa, mantendo-se competitiva em custo e qualidade.

No contexto do envolvimento do cliente, Peppers e Rogers (1997)

apresentam dois princípios para a transformação da customização em uma

ferramenta competitiva eficaz: local de troca de informações, oferecer ao cliente um

local organizado e otimizado para que especifique suas necessidades com clareza;

e memória de especificações de clientes, a empresa deverá se lembrar o que cada

cliente especificou individualmente.

No contexto de manufatura, Gerhardt, Fogliatto, Cortimiglia (2007) destaca o

objetivo da customização como obtenção de um diferencial competitivo através da

produção de itens que atendam às preferências individuais dos clientes a preços

similares aos de produtos padronizados, sendo que para o alcance deste diferencial

são necessários sistemas de produção flexíveis, capazes de produzir diversas

versões de um mesmo produto e uma opção apropriada para esta necessidade é a

configuração de linha de produção multi-modelo. Para o autor (p.268) a flexibilidade

“é um habilitador para o baixo custo de produtos customizados, maior oferta de

produtos diferenciados e fabricação de produtos de tecnologia superior, direcionados

a nichos de mercado”.

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17

4.1 CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE CUSTOMIZAÇÃO

Para Royer (2001) o nível de customização é alcançado pelo número de

opções e a forma que elas serão oferecidas aos clientes, cita ainda, quanto maior o

número de opções oferecido aos clientes maior será o grau de dificuldade para

implantação da estratégia de CM. A classificação da customização citada pelo autor

compreende duas formas:

a) através da forma tradicional: o cliente especifica todas as características

necessárias para o projeto do produto;

b) através de módulos: o cliente escolhe dentro de uma série de opções as

características do produto que melhor atende suas necessidades.

Uma segunda classificação, sugerida por Gilmore e Pine (1997), é a

possibilidade de combinação de duas ou mais das características apresentadas

abaixo, para se obter o melhor resultado de customização:

a) colaborativa: elaboração do projeto pela empresa com a participação do

cliente resultando na customização total do produto;

b) transparente: oferecido uma série de opções (módulos) para que o cliente

faça a escolha das características que irá possuir o produto;

c) cosmética: o cliente participa apenas na forma de apresentação do

produto, sendo que este já possui sua configuração final;

d) adaptativa: a customização ocorre na forma como o cliente irá utilizar o

produto manufaturado.

Em uma terceira classificação, sendo um dos conceitos de destaque foram

às cinco categorias apresentadas por Machado e Moares (2008, apud LAMPEL E

MINTZBERG, 1996), que seguem abaixo:

a) customização pura: as características do produto são definidas pelo

cliente, resultando em um produto totalmente customizado. Sendo que toda a cadeia

de valor é planejada para atender a customização completa dos produtos;

b) customização adaptada: a empresa oferece produtos padronizados com

possibilidade de adaptações na montagem final. Neste tipo de customização o

desenvolvimento de produto dentro da cadeia de valor é padronizado e as demais

etapas são customizáveis;

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18

c) customização padronizada: a empresa oferece produtos padronizados

com possibilidade de alterações nas características superficiais do produto. Neste

tipo de customização o desenvolvimento e a produção são padronizados e o

marketing e a distribuição são customizáveis;

d) padronização segmentada: a empresa disponibiliza uma variedade de

produtos padronizados. Neste tipo de customização apenas a distribuição na cadeia

de valor é customizável;

e) padronização pura: consiste em apenas um projeto dominante que

atinge as necessidades de um grupo de compradores, com produção em grande

escala e distribuição de forma comum a todos. Um exemplo clássico desta

característica é a fabricação do “model T” produzido pela Ford Motor Company.

4.2 ESTÁGIOS DA CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA

Os estágios da CM estão definidos conforme o local das mudanças

ocorridas durante as etapas que compõem a cadeia de valor da organização (PINE

1994).

Cadeia de valor foi definido por Porter (1989) como os agentes e processos

que agregam valor ao produto à medida que o fluxo de material vai sofrendo

transformações dentro de uma empresa.

Pine (1994) elaborou cinco estágios onde as empresas podem customizar

seus produtos ou serviços dentro da cadeia de valor:

a) personalização de serviços em torno de produtos e serviços

padronizados: produtos e serviços padronizados podem ser personalizados para o

cliente final nas etapas da cadeia de valor marketing e distribuição, conforme figura

3. Logo, as etapas de desenvolvimento do produto e produção são padronizadas;

Page 21: TCC 1 Ibarr - Finalizado

19

Figura 3 – Etapas da cadeia de valor onde as modificações serão realizadas para customizar serviços em torno de produtos e serviços padronizados.

Fonte: Pine, 1994.

b) criar produtos e serviços customizáveis: neste estágio a customização

está na etapa de desenvolvimento do produto e na comercialização, conforme figura

4. Para que isso ocorra a empresa deve se atentar para desenvolvimento de

produtos que possuem processos de fabricação padronizados;

Figura 4 – Etapas da cadeia de valor onde as modificações serão realizadas para criar produtos e serviços customizáveis.

Fonte: Pine, 1994.

c) prover pontos de entrega de customização: produtos e serviços podem

ser personalizados para o cliente final no ponto de venda do produto, para isso

deverá ser acrescentado uma última etapa na cadeia de valor, conforme figura 5. O

restante das etapas será padronizado;

Figura 5 – Etapa da cadeia de valor onde as modificações serão realizadas para fornecer a customização no ponto de entrega.

Fonte: Pine, 1994.

Page 22: TCC 1 Ibarr - Finalizado

20

d) fornecer resposta rápida por toda a cadeia de valor: todas as etapas da

cadeia de valor sofrem modificações na implantação da estratégia de CM. As etapas

são organizadas e preparadas para o processo produtivo trabalhar com grande

variedade de produtos e opções. Para isso, os tempos de ciclos devem ser

reduzidos, os tempos de espera devem ser eliminados e o conceito troca rápida de

ferramenta deve ser implantado. Um exemplo de tecnologia que possibilita as

empresas alcançar este estágio de customização é o projeto e manufatura

auxiliados por computador (CAD/CAM), o qual proporciona mudanças rápidas em

especificações e customiza ajustes em projetos, sem que se tenha perda de tempo

com ajustes de máquinas, conforme figura 6;

Figura 6 – Etapas da cadeia de valor onde as modificações serão realizadas para fornecer a customização completa dos produtos e serviços

.

Fonte: Pine, 1994.

e) modularizar componentes para customizar produtos finais e serviços:

produtos e serviços podem ser personalizados através de componentes modulares

pré-definidos pelo desenvolvimento, possibilitando assim a configuração de uma

variedade de produtos e serviços finais. Para trabalhar neste estágio de

customização a empresa deve preparar toda a cadeia de valor, conforme figura 7.

Figura 7 – Etapas da cadeia de valor onde as modificações serão realizadas para fornecer componentes modularizados.

Fonte: Pine, 1994.

Page 23: TCC 1 Ibarr - Finalizado

21

Outra abordagem apresentada por Machado e Moraes (2010a) se refere ao

conceito de postergação (postponement) na qual representa o retardamento das

atividades de diferenciação do produto ou do serviço dentro da cadeia de valor. Cita

dois tipos de postergação, que seguem:

a) postergação da manufatura: o objetivo é manter o produto no menor

estado padrão até o último momento possível no processo de adição de valor. Isto

permite que sejam feitas personalizações nas etapas de fabricação, montagem,

embalagem e etiquetagem;

b) postergação da logística ou distribuição: consiste em manter produtos

semi-acabados estocados em apenas um ou mais de um local estratégico, onde só

irá seguir no processo de adição de valor a partir do pedido do cliente.

4.3 HABILITADORES DA CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA

Conforme destaca Royer (2001), vários fatores tornam necessários para a

sustentação da estratégia de CM a fim de preparar o sistema produtivo a trabalhar

com uma variedade maior de produtos e assim obter resultados positivos através de

uma economia de escopo. Para ele, economia de escopo é o nome que representa

a produção de vários modelos de um mesmo produto em uma produção flexível, e

para o alcance desta economia, deve apresentar para a empresa uma vantagem

econômica pela produção de dois ou mais produtos juntamente em uma produção

conjunta do que produzi-los separadamente. Fatores que explicam esta economia

são a presença de matérias-primas comuns e os complementos na fabricação dos

produtos.

No trabalho de Machado e Moraes (2010a) as empresas brasileiras

pesquisadas que executam a estratégia de customização em massa apresentaram a

utilização de um conjunto de práticas associadas a sete habilitadores:

a) manufatura baseada no tempo: entre as práticas associadas a este

habilitador, se destacam: redução de setups, células de produção, participação dos

empregados, confiabilidade dos fornecedores, gestão da qualidade, utilização de

estoques de matérias-primas e estoques de material em processo;

b) produção enxuta: neste habilitador se destacam as práticas: padronização

das operações, atribuição de autonomia para os empregados, esforços em prol da

melhoria contínua e o uso da produção puxada;

Page 24: TCC 1 Ibarr - Finalizado

22

c) cadeia de suprimentos: se destacam as práticas: realização de parcerias

com fornecedores, proximidade física entre as instalações do fabricante e seus

principais fornecedores e qualificação dos profissionais de venda;

d) flexibilidade do sistema produtivo: constatado pelos autores como

habilitador fundamental para o andamento da estratégia pelas empresas

pesquisadas, sendo os tipos que se destacam: flexibilidade de mix, flexibilidade de

modificação de produto e flexibilidade de mão-de-obra;

e) projeto do produto: este habilitador foi citado pelos autores como o

responsável para o alcance das vantagens competitivas associadas à estratégia de

CM, sendo que os aspectos em destaque adotados pelas empresas foram:

modularidade, intercambialidade, padronização e simplificação;

f) aspectos organizacionais: se destacam as práticas: qualificação de

pessoal, compartilhamento de informações, integração entre as áreas, orientação

para o cliente e a existência de uma cultura organizacional que estimule a inovação;

g) Tecnologia da Informação (TI): para os autores é o habilitador de maior

importância para o sucesso da estratégia de CM. Conforme a análise realizada nas

empresas, observou-se a utilização de: sistemas de projeto auxiliado por

computador (CAD), sistemas de manufatura auxiliada por computador (CAM),

sistemas de engenharia auxiliada por computador (CAE), máquinas com controle

numérico computadorizado (CNC), robôs, banco de dados, internet, MRP, ERP e

configurador de produto.

Royer (2001) divide os habilitadores da estratégia de CM em dois grupos: os

processos e metodologias de trabalho e as tecnologias habilitadoras. Apresenta

quatro itens na formação dos processos e metodologias de trabalho, que seguem:

a) agilidade da manufatura: preparar a empresa para ter rapidez de resposta

às mudanças e necessidades de mercado. Exemplos citados são: agilidade na

reprogramação da produção e habilidade no rearranjo do sistema produtivo;

b) gerenciamento da cadeia de valor: prepara a empresa para ser eficiente

na coordenação dos recursos e na otimização das atividades que compõem a

cadeia de valor. Exemplos citados foram: desenvolvimento de um sistema de

informação que coordene o grupo de fornecedores, treinamento de fornecedores e

criação de novos produtos com a participação dos fornecedores;

Page 25: TCC 1 Ibarr - Finalizado

23

c) direcionamento da customização no projeto e na manufatura: preparar a

produção para que os clientes participem do projeto do produto solicitado por eles e

direcionar o desenvolvimento de produtos para os requisitos do mercado;

d) elementos de apoio à produção: eficiência em quatro elementos de apoio

a produção: desenvolvimento de produtos, cadeia de suprimentos, gerenciamento

da mão-de-obra e serviços de pós-vendas.

Na formação das tecnologias que habilitam a estratégia de CM, Royer

(2001) apresenta dois itens:

a) tecnologias avançadas de manufatura (TAM´s) e tecnologias de

informação (TI´s): estas tecnologias devem ser unidas aos processos produtivos a

fim de que a empresa ofereça uma resposta rápida às demandas de um mercado

consumidor que exige produtos personalizados e de alta qualidade. Elas cumprem

necessidades existentes como:

(i) Mantem os custos de produção similares aos de produção em massa, proporcionando uma produção em lotes pequenos; (ii) Preserva os níveis de qualidade apresentados por produtos similares fabricados em grandes lotes e não customizados; (iii) Proporciona uma grande variedade de produtos, a fim de satisfazer as necessidades do cliente; e (iv) Aumenta a rapidez de resposta ao cliente e, consequentemente, a flexibilidade na manufatura (ROYER, 2001, p. 22).

b) transferência de informações: para a customização de projetos, produtos

ou serviços, deve-se ter um eficiente mecanismo de transferência de informações

geradas pelo cliente.

4.4 IMPORTANTES FATORES A SEREM CONSIDERADOS ANTERIORMENTE A

ADOÇÃO DA CM

Alguns fatores tornam-se importantes a fim de preparar a empresa para

trabalhar com uma estratégia de CM, que são: o meio de integração entre cliente e

empresa, a seleção dos componentes dos produtos e o projeto dos produtos a

serem customizados (PINE, 1994; ROYER, 2001; VIGNA E MIYAKE, 2009).

4.4.1 INTEGRAÇÃO DO CLIENTE AO PROCESSO DE CUSTOMIZAÇÃO

Para Vigna e Miyake (2009, p.31) um fator indispensável e sendo também o

passo inicial para adoção da CM é a “existência de um meio de interação entre a

Page 26: TCC 1 Ibarr - Finalizado

24

organização e o cliente que possibilite produzir e entregar um produto tal como cada

cliente deseja receber”.

Royer (2001) elaborou uma sequência de passos a fim de estabelecer uma

eficiente transferência de informação entre clientes e empresa:

a) definição de um catálogo de opções a serem oferecidos aos clientes:

disponibilizar com clareza todas as opções disponíveis para cada tipo de produto,

sendo que a primeira opção a ser mostrada ao cliente é aquela requisitada com mais

frequência;

b) coletar e formar um banco de dados com informações sobre as

preferências e escolhas dos clientes: a empresa deve obter por meio de uma

interface computacional, ou por vendedores de lojas, ou ainda por representantes de

vendas, relatórios com itens preferenciais a serem customizados;

c) transferência de dados da loja para a manufatura: os meios mais

utilizados para a transferência de dados são o FAX, redes de computador e internet;

d) transferência das escolhas do cliente para as características do projeto e

para as instruções de manufatura: ferramentas como projeto auxiliado por

computador (CAD) e manufatura auxiliada por computador (CAM) habilitam a

alimentação das características de projeto, convertendo-as em instruções de

manufatura do produto.

Fettermann, Echeveste, Martins (2012) apresentaram uma abordagem mais

aprofundada, para eles a participação do cliente durante o processo de

desenvolvimento do produto é a parte inicial e de grande importância para a

implantação da estratégia de CM, sendo que o mecanismo de comunicação entre

cliente e empresa durante a especificação e projeto do produto é o principal

determinante para o resultado eficaz. Conforme o autor os clientes agregam valor ao

produto através da definição, configuração, escolha, projeto ou mesmo modificando

as soluções anteriores.

Para eles o mecanismo de comunicação entre cliente e empresa tem por

finalidade a captação e processamento das necessidades específicas de cada

cliente e por análise lógica definir os parâmetros para a representação ou

demonstração do produto customizado, conforme citaram (p.36), “a maior parte

desta interação com o cliente acontece durante a configuração do produto”. Uma

das alternativas para a interação com o cliente no processo de configuração do

Page 27: TCC 1 Ibarr - Finalizado

25

produto é utilizar um mecanismo denominado configurador de produto, que tem por

objetivo auxiliar o cliente no ato da configuração e permitir que este combine as

características do produto de acordo com suas necessidades.

4.4.1.1 Configurador de Produto

Para Fettermann, Echeveste, Martins (2012), o configurador de produto

consiste em um conjunto de sistemas de computador interligados para a troca de

informações entre cliente e empresa que por tem por finalidade a configuração do

produto customizado seja por opções pré-determinadas ou por opções mais

complexas que permitem projetar, comparar projetos e atualizar custos. Além da

interação com o cliente, o software disponibilizará para a empresa informações

referente às preferências dos consumidores, as tendências de mercado, dados

pessoais dos clientes dentro de uma política de privacidade, entre outras. O autor

cita a utilização da internet como uma eficiente alternativa para estabelecer esta

rede de interfaces entre cliente e empresa. Referente ao configurador online de

produto, como é o caso da internet, diversos estudos procuram comprovar o valor

agregado ao produto pela utilização desta ferramenta. Conforme descrito pelo autor,

foi realizado experimento simulado, onde 164 alunos de graduação em

administração teriam a opção de compra de um relógio escolhido através do

configurador online ou escolhido no balcão de loja, o resultado mostrou que existe a

disposição dos alunos pelos relógios montados no configurador. Realizado outro

estudo com 380 alunos de ensino médio e graduação simulando a compra de

diferentes produtos pela internet, entre os produtos com capacidade de

customização foi realizada uma parte do experimento para a realização da compra

contendo produtos padronizados e a outra parte simulou a compra contendo

produtos customizáveis, sendo verificada a intenção dos alunos pela compra dos

itens customizáveis, além de uma maior satisfação dos mesmos. Por consequência,

o configurador de produto torna-se uma ferramenta eficiente de apoio para a

estratégia de CM.

Ainda, referente ao trabalho acima citado o autor apresenta quarenta

recursos disponíveis nos configuradores online das empresas do setor

automobilístico, conforme descrito no quadro 1, considerados variáveis importantes

Page 28: TCC 1 Ibarr - Finalizado

26

para se determinar a forma como o usuário interage com o produto a ser

customizado:

Quadro 1 – Recursos dos configuradores online de produtos das empresas analisadas.

Nr Recurso Variável

1 Botão de ajuda no configurador qualitativa

2 Política de privacidade qualitativa

3 Distância desde a página inicial até iniciar o configurador quantitativa

4 O acesso ao configurador está presente no mapa navegação qualitativa

5 Menu de perguntas frequentes qualitativa

6 Contato para informações adicionais qualitativa

7 Demonstrativo do processo de customização qualitativa

8 Produtos pré-customizados (bibliotecas) qualitativa

9 Recomendações qualitativa

10 Esquema de preço qualitativa

11 Botão de “voltar” qualitativa

12 Modelo básico para a customização qualitativa

13 Status do processo de customização qualitativa

14 Mapa das alternativas de customização qualitativa

15 Guia para customização qualitativa

16 Estrutura das decisões de customização no configurador qualitativa

17 Preenchimento automático do sistema qualitativa

18 Quantidade de etapas para configuração quantitativa

19 Resumo final do produto customizado qualitativa

20 Salvar configuração qualitativa

21 Login qualitativa

22 Pop-up qualitativa

23 Plug-in qualitativa

24 Visualização qualitativa

25 Imagem final do produto customizado qualitativa

26 Quantidade de perspectivas finais para o produto customizado quantitativa

27 Visualização final rotacionada (360 graus) qualitativa

28 Interatividade com o modelo final qualitativa

29 Animação qualitativa

30 Visualização do produto final ambientada qualitativa

31 Custos dos itens individualizados qualitativa

32 Botão “comprar” qualitativa

33 Pedido online qualitativa

34 Formas de pagamento qualitativa

35 Previsão de entrega do produto quantitativa

36 Simulação de financiamento qualitativa

37 Encaminhamento para um vendedor mais próximo qualitativa

38 Encaminhamento da proposta online para avaliação qualitativa

39 Informação de estoque qualitativa

40 Fórum de opiniões e ideias qualitativa Fonte: Fettermann, Echeveste, Martins (2012).

Page 29: TCC 1 Ibarr - Finalizado

27

4.4.2 SELEÇÃO DOS COMPONENTES DOS PRODUTOS A SEREM CUSTOMIZADOS

No trabalho de Machado e Mores (2010b) as empresas estudadas que

oferecem algum tipo de customização para seus produtos apresentaram como

critérios para seleção dos componentes as características apresentadas abaixo:

a) atender às principais exigências dos clientes: identificar quais

especificidades dos produtos agrega mais valor para eles; o que o mercado mais

solicita na configuração dos produtos; e quais componentes do produto apresentam

potencial para gerar um volume de vendas (e ganhos correspondentes) que viabilize

os custos incorridos no desenvolvimento e fabricação;

b) estudo da viabilidade técnica e econômica: analisar a complexidade

operacional para fabricação de produtos customizados, juntamente com seus custos

associados e utilizar sempre que possível componente e estrutura de produtos que

já se encontram previamente configurados;

c) desenvolver e produzir componentes que possam ser combinados de

formas diferentes: ideia do conceito de modularidade;

d) obedecer a normas e regulamentações editadas pelo poder público no

momento da seleção dos componentes dos produtos a serem customizados:

cuidados a serem observados principalmente por produtos oferecidos para compra

em outros países.

No trabalho de Royer (2001) um método foi proposto para determinação de

um índice de viabilidade da customização demandada em produtos industrializados.

Este índice considera para um determinado produto a ser customizado o grau de

importância de customização atribuída pelos clientes para os componentes do

produto, o grau de flexibilidade das operações de manufatura e o grau de

flexibilidade dos fornecedores para os itens comprados. Ele tem por objetivo

classificar os itens de customização de um determinado produto quanto a sua

viabilidade técnica e econômica, gerando com isso uma base para a tomada de

decisão em relação aos investimentos e melhorias para viabilizar a customização.

Para a implantação da metodologia proposta pelo autor, foram definidas

nove etapas, porém para atender ao objetivo proposto no presente trabalho foi

Page 30: TCC 1 Ibarr - Finalizado

28

abordado apenas o grau de importância de customização atribuída pelos clientes

para os componentes do produto, apresentados em cinco etapas:

a) etapa I - identificação do produto a ser customizado: definir o produto a

ser customizado baseado primeiramente na relevância em termos de faturamento

para a empresa, em segundo: na potencial viabilidade de customização e em

terceiro: na demanda do mercado por customização;

b) etapa II – escolha da ferramenta a ser utilizada na coleta de informações

acerca dos elementos de customização demandada: selecionar uma ferramenta

para identificar as preferências e necessidades de customização do produto em

estudo. Essas informações foram designadas pelo autor como elementos de

customização demandada. Recomenda-se a utilização de ferramentas como

pesquisa de mercado, dados históricos existentes na empresa ou informações de

pessoas especializadas em vendas, marketing, engenharia, assistência técnica ou

serviço de atendimento ao cliente (SAC), podendo ser utilizado para esta os

métodos de geração de ideias como brainstorming ou checklist. Conforme o autor, a

ferramenta mais indicada é a pesquisa de mercado, a qual possibilita a

transformação dos dados coletados em informações que contribua na solução de

problemas específicos;

c) etapa III – identificação, classificação e quantificação dos elementos a

serem customizados: esta etapa trata-se de um complemento à etapa anterior. Após

escolhido a ferramenta que irá identificar os elementos de customização demandada

de um determinado produto, estabelecer um plano de coleta de dados necessários

para compor a árvore de customização demandada. Esses dados se referem aos

elementos a serem customizados, a classificação dos elementos em grupos que

representam aspectos do produto e os pesos de importância atribuídos para cada

elemento e para cada grupo;

d) etapa IV – elaboração da árvore de customização demandada: consiste

na organização dos dados obtidos na etapa III em uma estrutura hierárquica,

desdobrando os elementos de customização demandada em nível primário,

secundário e terciário. Sendo relacionados no grupo primário os grupos que dividem

o produto em aspectos gerais, como exemplo os aspectos operacionais e

estruturais, para compor o grupo secundário serão relacionados os grupos que

dividem o produto em aspectos funcionais, estéticos, de desempenho e de

Page 31: TCC 1 Ibarr - Finalizado

29

conservação e por fim para compor o nível terciário serão relacionados os elementos

desejados pelos clientes a serem customizados. Para cada elemento representado

no nível terciário e para cada grupo representado no nível secundário deverá constar

o peso de importância atribuído pelo cliente conforme descrito anteriormente. Para

finalizar a árvore é necessário trabalhar as informações obtidas a fim de encontrar o

índice de customização demandada para cada um dos itens, o qual definirá a ordem

de prioridade para a customização do produto. A elaboração deste índice é

fundamentada nas técnicas do Desdobramento da Função Qualidade (QFD) e

encontra-se descritos em três passos, que seguem:

1º passo – calcular o percentual nos níveis secundário e terciário: percentual que

indica a importância do item se comparado com os demais itens dentro de um

mesmo nível. Este percentual é obtido através das equações (1) e (2):

nível secundário: %Ns = Pns/SPns (1)

nível terciário: %Nt = Pnt/SPnt (2)

onde:

%Ns é o percentual expresso no nível secundário;

%Nt é o percentual expresso no nível terciário;

Pns é o peso do item no nível secundário;

Pnt é o peso do item no nível terciário;

SPns é o somatório dos pesos dos itens no nível secundário;

SPnt é o somatório dos pesos dos itens no nível terciário;

2º passo – calcular o índice de customização demandada (ICD): índice que indica a

importância dos elementos relacionados no nível terciário, ou seja, a importância

que o cliente percebe para cada elemento do produto proposto para a customização.

Ele é obtido através da equação (3):

ICD = %Ns . (%Nt / 100) (3)

3º passo – calcular o índice de customização demandada corrigido (ICDC): índice

que indica a importância dos elementos relacionados no nível terciário, assim como

Page 32: TCC 1 Ibarr - Finalizado

30

o ICD, porém ele considera as diferenças existentes entre os subgrupos do nível

terciário, ou seja, a diferença do número de elementos em cada subgrupo. Este

índice representa o resultado final da árvore de customização demandada e é

gerado pela equação (4):

ICDC = Pns . (ICD / ICDmax/sub) (4)

onde:

ICDmax/sub é o valor máximo entre os ICD dos elementos do

subgrupo.

Um exemplo de estrutura para a árvore de customização demandada é

mostrada na tabela 1:

Tabela 1 – Exemplo de estrutura da árvore da customização demandada.

NÍVEL

PRIMÁRIO

NÍVEL SECUNDÁRIO NÍVEL TERCIÁRIO ICD ICDC

DESCRIÇÃO PESO %Ns DESCRIÇÃO PESO %Nt

GRUPO 1

Aspectos “A”

do produtos Peso A A%

Elemento 1

Elemento 2

Elemento 3

Total 100 A%

Aspectos “B”

do produtos Peso B B%

Elemento 4

Elemento 5

Elemento 6

Total 100 B%

GRUPO 2

Aspectos “C”

do produtos Peso C C%

Elemento 1

Elemento 2

Elemento 3

Total 100 C%

Aspectos “D”

do produtos Peso D D%

Elemento 4

Elemento 5

Elemento 6

Total 100 D%

TOTAL 100 100

Fonte: (ROYER, 2001, p.69)

d) etapa V – elaboração da matriz da customização demandada:

organização dos elementos de customização demandada e dos itens de projeto em

Page 33: TCC 1 Ibarr - Finalizado

31

uma matriz. Os itens de projeto são peças, componentes, conjuntos e subconjuntos

que formam o produto. Esta matriz tem por objetivo a priorização dos itens do

produto com relação a importância que estes apresentam devido ao relacionamento

com os elementos de customização demandados pelos clientes. Na elaboração da

matriz as linhas são formadas pelos elementos da customização demandada e seus

respectivos ICDC, calculados na etapa IV. As colunas são formadas pelos itens de

projeto e no corpo são expressas as correlações existentes entre linhas e colunas.

Para encontrar as causas de semelhança existentes entre linhas e colunas são

realizados os cálculos que estão descritos a seguir em cinco passos:

1º passo – cálculo do índice percentual de priorização dos elementos de

customização demandados (ICDi%): basicamente este cálculo é transformar o valor

do ICDC para uma base percentual. Os elementos de customização demandados

nas linhas da matriz são designados por i=1,2,...,I;

2º passo – preenchimento dos relacionamentos entre os elementos de

customização demandados e os itens de projeto: preencher no corpo da matriz o

cruzamento entre os elementos de customização demandados e os itens de projeto

com os valores referente à intensidade do referido cruzamento identificado por

(RCDij) e expresso pela tabela 2. Os itens de projeto nas colunas da matriz são

designados por j=1,2,...,J.

Tabela 2 – Valores utilizados para expressar a intensidade dos relacionamentos na matriz da

customização demandada.

NÍVEL TERCIÁRIO FORTE MÉDIO FRACA INEXISTENTE

Matriz da customização

demandada RCDij 5,0 3,0 1,0 0,0

Fonte: (ROYER, 2001, p.73)

3º passo – cálculo da importância dos itens de projeto para a customização (IIPCj):

valor determinado considerando o ICDi% e a relação entre cada elemento a ser

customizado e os itens de projeto (RCDij). Este valor é obtido através da equação

(5):

I

IIPCj = ∑ ICDi% . RCDij

i=1

; j = 1,2,.....,J.

(5)

Page 34: TCC 1 Ibarr - Finalizado

32

4º passo – cálculo do índice de flexibilidade dos itens comprados (IFICj): este índice

refere-se ao grau que determinado item comprado apresenta para a empresa a fim

de obter facilidade de fornecimento e entrega. Inicialmente, deve ser realizada uma

avaliação para cada item comprado de projeto do produto em estudo e identificado o

grau de flexibilidade. Sendo que esta medida varia em uma escala de 0 a 1, para os

itens com flexibilidade máxima o valor atribuído é 1 e para os itens com baixa

flexibilidade o valor tenderá a 0. Um exemplo de ponderação para a medida de

flexibilidade escolhido está apresentado na tabela 3.

Tabela 3 – Exemplo de ponderação para as medidas de flexibilidade escolhidas.

MEDIDAS DE FLEXIBILIDADE ESCOLHIDAS PONDERAÇÃO ATRIBUIDA

Medida de flexibilidade 1 0,2

Medida de flexibilidade 2 0,3

Medida de flexibilidade 3 0,5

Total (100%) 1,0

Fonte: (ROYER, 2001, p.74)

5º passo – cálculo da importância corrigida dos itens de projeto para a customização

(IIPCj*): cálculo que indicará a viabilidade quanto a capacidade de customização do

item de projeto. Em uma escala de 0 a 1, o primeiro indicará a inviabilidade e o

segundo a máxima viabilidade. Este cálculo é apresentado na equação (6):

IIPCj* = IIPCj . IFICi ; j = 1,2,.....,J. (6)

4.4.3 PROJETO DO PRODUTO A SER CUSTOMIZADO

Para Machado e Moraes (2010b), as decisões relacionadas ao projeto do

produto são essenciais para o alcance das vantagens competitivas associadas à

estratégia de customização em massa. Nesse sentido, modularidade,

intercambialidade, padronização e simplificação são os quatro principais aspectos

referentes ao projeto do produto.

Para Fettermann, Echeveste, Martins (2012) o desenvolvimento de

configuração dos produtos deve especificar de modo fácil e rápido os módulos e

Page 35: TCC 1 Ibarr - Finalizado

33

componentes que satisfaçam as necessidades do cliente, sendo que a técnica

comumente empregada para atender ao objetivo proposto é a modularização.

4.4.3.1 Modularização

Para Royer (2001) a modularização é a forma mais adequada para se

implantar a customização. Cita três benefícios para a minimização dos custos por

motivo da modularização habilitar a empresa:

a) a trabalhar em uma economia de escala devido a fabricação de

componentes e não de um produto específico;

b) a trabalhar em uma economia de escopo devido a combinação dos

componentes modulares em diversos produtos;

c) a disponibilizar uma grande variedade de opções para seus produtos,

podendo assim atender as necessidades dos clientes.

Para Miguel, Netto, Marioka (2009, p.8) “a modularidade é baseada na

divisão de um produto em subsistemas que são projetados de modo independente

mas que são interdependentes na sua operação”. Cita ainda três objetivos do

sistema modular:

a) a divisão em módulos simplifica o gerenciamento de produto e processos;

b) este sistema torna a manufatura flexível devido à possibilidade dos

módulos serem fabricados em paralelo simultaneamente;

c) a divisão em módulos reduz o custo de estocagem e o risco de

obsolescência do produto, fortalecendo o capital de giro da empresa.

Conforme eles a estrutura do produto é composto por elementos físicos e

elementos funcionais, sendo que o primeiro está relacionado às operações e o

segundo aos subsistemas e seus componentes. A estrutura é dividida em arquitetura

integral ou arquitetura modular. Na arquitetura integral os elementos funcionais

estão entrelaçados, não sendo possível a interação dos componentes. Já na

arquitetura modular o conjunto de elementos físicos está associado a poucos

elementos funcionais, o qual permite a interação entre diferentes componentes.

Para viabilizar a modularidade deverão ser detalhadas as características

funcionais dos produtos, delimitado e padronizado a interface e o elemento de troca

dos módulos. Assim, cada módulo poderá ser projetado e fabricado

independentemente, considerando a interação através da interface e do elemento de

Page 36: TCC 1 Ibarr - Finalizado

34

troca, afim de que o produto final atenda as necessidades dos clientes e ofereça o

menor custo possível. Por consequência a vantagem na utilização de arquitetura

modular consiste na flexibilidade de alteração de projetos, ou seja, um módulo que

sofrera alterações não afetará os outros módulos ou a estrutura do produto final.

Esta flexibilidade facilita a atualização, manutenção, reparação e obsolescência de

determinado produto (MIGUEL, NETTO, MARIOKA, 2009).

4.4.3.1.1 Classificação da modularização

Conforme Miguel, Netto, Marioka (2009) a modularidade pode ser

classificada em três categorias:

a) modularidade de projeto: definição dos módulos e componentes para

cada produto e dos elementos de interface;

b) modularidade de processo: definição das etapas de fabricação, montagem

e estoque dos módulos. E para componentes terceirizados, definição dos

fornecedores, lote econômico, normas e garantias da qualidade;

c) modularidade de uso: definição dos rearranjos dos módulos explicados

através de manual ou gravação em vídeo, a fim de que o cliente tenha as

informações como base para a realização das adaptações.

4.4.3.1.2 Tipos de modularização

Pine (1994) apresenta os tipos de modularização que podem ser utilizados

para a personalização dos produtos:

a) modularidade por compartilhamento de componentes: utilização de um

mesmo componente para diversos produtos que tem por objetivo a criação de uma

economia de escopo devido ao compartilhamento, que por fim reduz custos e

aumenta a variedade dos produtos;

b) modularidade por permuta de componentes: utilização de um produto

base e componentes auxiliares permutáveis que tem por objetivo a criação de uma

economia de escala devido ao compartilhamento;

c) modularidade por ajuste de componentes: utilização de componentes

variáveis para a montagem final do produto, sendo para o incremento de um produto

Page 37: TCC 1 Ibarr - Finalizado

35

básico ou para opções de um grupo de produtos. Este tipo de modularidade auxilia

na criação de uma economia de escala e escopo;

d) modularidade por mix: utilização de uma combinação de componentes

para ser disponibilizada uma variedade de produtos. O fator mais importante para se

trabalhar com está modularidade está na formulação dos produtos finais. Este tipo

de modularidade possui o mesmo objetivo do item (c) referente à minimização dos

custos;

e) modularidade por bus: utilização de uma estrutura básica para

recebimento de diferentes componentes, podendo variar em quantidade, tipo e local

do módulo. Devendo ser padronizado os encaixes do grupo de componentes. Idem

ao item (c) e (d) na minimização dos custos;

f) modularidade seccional: possibilitar a configuração de diferentes

componentes em meios rígidos, desde que estes componentes possam ser

encaixados uns aos outros através da utilização de interfaces padrões. Um exemplo

simples deste tipo de modularização é os brinquedos lego.

4.5 A CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA EM UMA EMPRESA DO SETOR

AUTOMOBILÍSTICO

Machado e Moraes (2007, p.2) citam em seu trabalho que certas estratégias

de customização em massa já estão sendo implementadas no âmbito da indústria

automobilística, sendo que o maior desafio encontrado por este setor “é encontrar o

melhor meio de satisfazer às necessidades individuais dos consumidores, sem

comprometer os custos de produção e comercialização, qualidade e prazo de

entrega”. Conforme os autores, atualmente, um número limitado de opcionais pode

ser personalizado sem afetar o desempenho do sistema produtivo, necessitando

com isso maiores esforços por parte do setor para atender a crescente tendência por

produtos customizados.

Neste trabalho duas empresas brasileiras foram analisadas com referência

as ações tomadas e as dificuldades encontradas em prol da customização em

massa dos seus produtos. No caso da Randon S.A. Divisão de Implementos, uma

das empresas pesquisadas, o contato com o cliente ocorre através dos profissionais

de venda nos postos de distribuição, o qual tem por objetivo identificar as

necessidades específicas em termo de tipo de produto e características de

Page 38: TCC 1 Ibarr - Finalizado

36

utilização. O profissional de venda monta o produto final com auxílio do software

configurador de produto através de uma série de perguntas e respostas. Esta

configuração inicial é enviada para o setor de vendas localizado na fábrica, o qual

tem por finalidade analisar se o pedido pode ser atendido com itens padronizados e

se isso for possível, encaminhar para o setor de PCP ou caso contrário encaminhar

para o setor de desenvolvimento de produto, sendo assim necessário um novo

projeto com as adequações exigidas pelo cliente e por consequência disso, sendo

encaminhado posteriormente para o setor de custo para fins de levantamento

financeiro e finalizando o cliente é contatado afim que decida sobre a aquisição do

produto. Com esta estratégia a empresa trabalha dois tipos de customização, ou

seja, customização planejada e adequação ao projeto, respectivamente.

Ainda com referência ao trabalho dos autores, na Randon a customização

ocorre em três estágios distintos: no projeto (novos desenvolvimento de produtos),

fabricação (adequação do projeto) e montagem (customização planejada). No

desenvolvimento de produtos se trabalha o conceito de componentes modulares e

intercambiáveis a fim de permitir grande variedade de opções para adequação as

necessidades dos clientes.

Para ir de encontro às ideias e opiniões dos clientes a fim de identificar quais

as características que um produto deveria oferecer para satisfazer suas

necessidades, a empresa realiza workshops, seminários e clínicas administradas

pelas áreas de planejamento de vendas e inteligência de mercado. Como

habilitadores da customização em massa a tecnologia da informação representa um

dos principais elementos de viabilização, sendo utilizados sistema ERP, MRP,

software configurador de produto, CAD, CAE e robôs. São utilizados kanbans por

toda a fábrica tendo como finalidade a ordem de fabricação, ordem de montagem e

a movimentação de peças de prateleira, sendo fundamental para a redução do lead-

time e viabilização da customização planejada. Para dar velocidade no processo de

montagem são utilizados gabaritos, o qual ajusta e fixa as peças, facilitando a

soldagem e contribuindo para a diminuição do lead-time.

Para a redução dos tempos envolvidos no setup de máquinas e

equipamentos são utilizadas linhas dedicadas para família de produtos, dando a

entender que o tipo de layout utilizado é o de produto. Também contribuem para

otimização dos tempos e custos nos processos os grupos de melhorias, programa

Page 39: TCC 1 Ibarr - Finalizado

37

de sugestões, cultura kaizen e análises sistemáticas de falhas. Os fornecedores

também possuem um papel importante para a estratégia de customização da

empresa, principalmente aos limites que eles possuem para a customização dos

seus produtos, sendo assim repassadas para a área de vendas as definições

prévias de limites para a customização de componentes terceirizados. A

proximidade física dos fornecedores contribui para a flexibilidade de fornecimento e

entrega.

4.6 A CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA EM UMA FABRICANTE DE COMPUTADORES

Peppers e Rogers (1997) citam a empresa Dell Computer como uma

fabricante de computadores que realiza a venda diretamente aos consumidores e

para outras empresas. Ela oferece mais de 14.000 diferentes combinações e trocas

de configurações, recomendando a configuração adequada à necessidade do cliente

com base na entrevista realizada pelo vendedor no ato da compra. O sistema da

Dell apresenta uma interface simples e útil na qual se concentram as necessidades

dos clientes. Os pedidos recebidos são do tipo encomenda, a empresa recebe o

pedido, monta a configuração especificada por meio de componentes pré-fabricados

e o despacha.

4.7 CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA EM UMA EMPRESA QUE PRODUZ MOTORES

ELÉTRICOS

Um trabalho de destaque no contexto de implantação da estratégia de CM

foi o de Machado e Moraes (2009b), os quais analisaram as ações e dificuldades

apresentadas por uma empresa que fabrica motores elétricos para atender a

demanda por produtos customizados. O nome da empresa não foi citado no referido

trabalho. Para a empresa analisada as vendas de produtos que possuem algum tipo

de configuração ou produtos considerados especiais representam 80% do total das

vendas.

Os fatores que levaram a empresa a oferecer no mercado produtos

customizados foram devido a exigência dos clientes e devido a necessidade de se

criar barreiras para a entrada de concorrentes, pois conforme sua estratégia macro

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em nível mundial é não competir em nível de preço. Conforme explicações do

Diretor de Engenharia da empresa citada pelos autores, o simples fato de atender os

clientes produzindo produtos com as suas especificações deixando de lado os

ganhos acumulados pela economia de escala, levou a empresa ao colapso, sendo

que a partir de então começaram o desenvolvimento e comercialização de produtos

modulares, com isso foi disponibilizado para a área de vendas um software que

continha todas as configurações possíveis e já realizadas pela empresa a fim de

auxiliar o vendedor na configuração do produto junto ao cliente.

No processo de configuração dos produtos, o vendedor analisa os requisitos

exigidos pelos clientes e verifica a possibilidade de configuração do produto a partir

das opções que constam na biblioteca virtual de componentes do configurador,

sendo que essas alternativas já foram desenvolvidas e testadas e também já

existem dispositivos, ferramental e processos de fabricação pré-definidos. Uma vez

atendido as especificações do cliente, o configurador de produto se comunica com o

software de gestão, ou seja, sistema ERP, o qual irá gerar o pedido do produto,

ordem de produção e ordem de montagem, portanto, sem a necessidade de

interferência da área de engenharia neste processo. Caso as especificações do

cliente não forem atendidas, a área de vendas passa as informações para a área da

engenharia, a qual irá trabalhar na criação do produto em conjunto com o cliente.

Ainda referente ao trabalho, conforme as explicações do Gerente de

Engenharia de motores da empresa abordados pelos autores, a evolução

tecnológica dos produtos muito tem haver com as experiências adquiridas através

de necessidades individuais dos clientes, pois algumas especificidades de alguns

produtos especiais tornaram especificações padrões o que acabou agregando mais

valor aos produtos e promovendo tendências de mercado, cita como exemplo o

sistema de isolamento do motor que antigamente era classe “B”, hoje é utilizado

classe “F” de forma padronizada, classe esta que anteriormente só era opcional para

ambientes agressivos a vida útil dos produtos. De acordo com os autores, antes de

serem iniciadas a modularização dos produtos e a implantação do configurador a

empresa procurou identificar as especificidades mais solicitadas pelo mercado.

Por conclusão dos autores, os estágios da cadeia de valor onde se

concentram os processos de customização dos motores são na fabricação e na

montagem. Os habilitadores que estão sendo utilizados para dar suporte a estratégia

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são: manufatura baseada no tempo, cadeia de suprimentos, flexibilidade do sistema

produtivo, projeto do produto, aspectos organizacionais e tecnologia da informação.

Referente as práticas adotadas com relação aos habilitadores, se destacam:

comissões e círculos de controle de qualidade (CCQs), utilização de layout celular e

layout funcional, participação dos empregados na definição de objetivos e metas,

utilização de estoques de componentes acabados, conceito de modularidade para o

projeto do produto, sistema configurador de produtos, sistema CAD, sistema ERP,

troca rápida de ferramentas, balanceamento de linhas de montagem baseado na

demanda, investimento em automação de processos, roteiros de produção

alternativos para um mesmo item, proximidade física dos fornecedores, sistema de

parcerias firmado com fornecedores, cultura de melhoria voltado para a simplicidade,

estimulo a inovação e aperfeiçoamento da mão-de-obra.

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5 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO

Na proposta de implantação, buscou-se, com base no conhecimento

adquirido com o referencial teórico e o modo atual de customização e

comercialização dos produtos Felesa, propor à implantação dos fatores que

habilitam a introdução da estratégia de customização em massa.

5.1 FORMULAÇÃO DO DIAGNÓSTICO

Na formulação do diagnóstico foram realizadas as seguintes constatações

com base no cruzamento das informações geradas pelo modo atual de

customização e comercialização dos produtos Felesa e pelos fundamentos teóricos

apresentados no capítulo anterior.

Segundo Peppers e Rogers (1997) a customização dos produtos consiste no

atendimento das especificações individuais dos clientes para a comercialização dos

produtos. A empresa Felesa trabalha a customização dos seus produtos devido às

exigências do mercado e também da necessidade de se diferenciar da concorrência.

Pine (1994) apresenta o conceito de customização em massa como uma

estratégia de comercializar produtos customizáveis a um custo comparado aos

produtos fabricados pela produção em massa. Na empresa Felesa os produtos

customizados não possuem o mesmo custo que os produtos padrão. O custo com

matéria-prima não se altera entre os tipos de produtos, porém alguns fatores

observados tendem a elevar os custos dos produtos customizados, que são:

utilização de mão-de-obra técnica e especializada para a elaboração dos projetos,

tempo alto entre primeiro contato do cliente e recebimento do produto, utilização da

experiência dos colaboradores para a fabricação devido à falta de padronização no

processo produtivo para os itens especiais.

Machado e Moares (2008, apud LAMPEL E MINTZBERG, 1996) apresentam

cinco categorias que definem o nível de customização para os produtos, que são:

customização pura, customização adaptada, customização padronizada,

padronização segmentada e padronização pura. Sendo que o nível decresce do

primeiro para o último, quanto maior for esse nível maior a necessidade de

implantação da estratégia de customização em massa. A empresa trabalha nas

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categorias customização pura, customização adaptada e padronização segmentada,

por isso possui um nível alto de customização para seus produtos.

Pine (1994) elaborou cinco estágios onde as empresas podem trabalhar a

customização e a padronização dos produtos nas etapas da cadeia de valor, que

são: personalização de serviços em torno de produtos e serviços padronizados, criar

produtos e serviços customizáveis, prover pontos de entrega de customização,

fornecer resposta rápida por toda a cadeia de valor e modularizar componentes para

modularizar produtos finais e serviços. Pode ser observado que para algumas

opções de customização dos produtos Felesa as etapas da cadeia de valor onde é

realizado as alterações são desenvolvimento e marketing, sendo que as outras

etapas não sofrem alteração o que caracteriza o estágio definido pelo autor como

criar produtos e serviços customizáveis, já para outras opções por toda a cadeia de

valor é realizado alterações, ou seja, desenvolvimento, fabricação, marketing e

distribuição, o qual caracteriza o estágio definido pelo autor como fornecer resposta

rápida por toda a cadeia de valor.

Royer (2001) divide os habilitadores da estratégia de CM em dois grupos: os

processos e metodologias de trabalho e as tecnologias habilitadoras, sendo que

para cada grupo existem vários itens de formação e para cada item estão

associadas várias práticas. A empresa Felesa customiza seus produtos, porém não

possui implantada uma estratégia de CM, por motivo este os habilitadores não estão

relacionados.

Os autores Pine (1994), Royer (2001), Vigna e Miyake (2009) citam os

importantes fatores a serem considerados para a implantação da estratégia de CM,

que são: o meio de integração entre cliente e empresa, a seleção dos componentes

dos produtos e o projeto dos produtos a serem customizados. Como citado

anteriormente à empresa não possui implantado uma estratégia de CM, por este

motivo será proposto à implantação sendo considerados os importantes fatores

apresentados pelos autores.

Para Fettermann, Echeveste, Martins (2012) uma das alternativas para a

interação com o cliente no processo de configuração do produto é a utilização de um

mecanismo denominado configurador de produto. Os autores também citam a

internet como um eficiente configurador de produto. A empresa Felesa possui uma

página na internet para a interação do cliente, porém ele não possui um ambiente

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reservado para a configuração online de produtos e também não está habilitado a se

comunicar com o sistema de gestão da empresa.

5.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Pode-se observar que os produtos Felesa possuem um nível alto de

customização e também em algumas opções de produtos personalizados toda a

cadeia de valor sofre alterações a fim de atender as necessidades dos clientes,

justificando assim a implantação da estratégia de customização em massa.

A empresa possui a necessidade de customização dos seus produtos devido

a exigência do mercado e a necessidade de se diferenciar da concorrência.

A estratégia de customização em massa habilitaria a empresa a trabalhar

com os custos de produção dos produtos customizados comparado aos custos de

produção dos produtos padronizados, contribuindo para obtenção de uma vantagem

competitiva no mercado.

5.3 FORMULAÇÃO DA PROPOSTA DE MELHORIA

Através do embasamento obtido através do referencial teórico a estratégia

de customização em massa é estruturada por fatores que habilitam a implantação da

estratégia, o qual foi apresentado no item 4.4 e os fatores que dão sustentação a

estratégia, os quais seriam os habilitadores apresentados no item 4.3.

Neste trabalho de pesquisa é proposta a implantação dos fatores que

habilitam a introdução da estratégia, que são: integração do cliente ao processo de

customização representado pelo configurador de produto, seleção dos componentes

dos produtos a serem customizados e o projeto do produto a ser customizado

incorporando o conceito de modularização.

Para possibilitar a implantação destes fatores são definidas as seguintes

etapas:

a) selecionar os componentes dos produtos a serem customizados através

do índice de viabilidade da customização demandada em produtos industrializados

elaborado por Royer (2001) e apresentado no item 4.4.2, a cargo do autor;

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43

b) habilitar a página da empresa na internet a trabalhar com configurador

online de produtos, sendo que para isso definidas algumas sub-etapas:

I) pesquisar as opções de software configurador de produto

disponível no mercado e posteriormente a aquisição do escolhido

com base no custo x benefício, a cargo da direção da empresa;

II) desenvolver uma nova página com a inclusão do configurador de

produto, a cargo da empresa de webdesign escolhido pela direção

da empresa;

III) dispor na página o máximo possível de recursos em comparação

ao trabalho de Fettermann, Echeveste, Martins (2012) e apresentado

no item 4.4.1.1, a cargo da empresa de webdesign escolhido pela

direção da empresa e com a supervisão do autor;

c) habilitar o configurador de produto a se comunicar com o sistema de

gestão da empresa a fim de serem gerados automaticamente o pedido, a ordem de

fabricação e a ordem de montagem, a cargo da empresa responsável pelo sistema;

d) projetar e criar códigos para os módulos dos produtos a serem

customizados, conforme os resultados obtidos através do item a) deste capítulo, a

cargo do autor;

e) criar a biblioteca de componentes no configurador de produtos, a cargo do

autor;

f) realizar o treinamento dos vendedores e representantes, a cargo do autor

e direção.

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6 CONCLUSÃO

Com base no projeto de pesquisa realizado e de acordo com as ideias de

diferentes autores em relação ao assunto estudado, foi possível identificar a

necessidade de implantação de uma estratégia de customização em massa na

empresa Felesa Automação Doméstica e a partir da análise do processo de

customização dos produtos utilizado no momento foi proposto a implantação dos

fatores que habilitam a introdução da estratégia.

Com relação aos estudos observados no referencial teórico o modo mais

eficiente de interação do cliente ao processo de customização é a utilização de um

dispositivo denominado configurador de produto e ainda este dispositivo deverá ser

implantado em um ambiente de fácil acesso e simplicidade de utilização justificando

a internet como meio eficiente de troca de informação por apresentar essas

características. Sendo que este dispositivo deverá ser alimentado pela área de

engenharia contendo a biblioteca de componentes que demandam customização

pelo mercado e os projetos especiais já realizados, testados e padronizados no

modo de fabricação. Com a proposta de instalação do configurador de produto na

página da empresa na internet pretende-se a redução do tempo no processo de

customização e redução dos custos referentes a esta etapa.

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7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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