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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA
PLANO DE FORMAÇÃO NACIONAL DE PROFESSORES - PARFOR
LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA MAELSON LIMA DA SILVA
FRACASSO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE CON TRIBUEM PARA ESSE FENÔMENO E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO
GURUPÁ 2015
ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA MAELSON LIMA DA SILVA
FRACASSO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE CON TRIBUEM PARA ESSE FENÔMENO E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal Rural da Amazônia no PARFOR. Orientadora: Professora Maria Flaviana do Couto da Silva.
GURUPÁ 2015
ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA MAELSON LIMA DA SILVA
FRACASSO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE CON TRIBUEM PARA ESSE FENÔMENO E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal Rural da Amazônia no PARFOR. Orientadora: Professora Maria Flaviana do Couto da Silva.
BANCA EXAMINADORA:
1. Maria Flaviana do Couto da Silva Orientador Prof./UFRA
2. Silvana da Rocha Mourão Membro Prof./UFRA
3. Messias Souza Pantoja Membro Prof./UFRA
Julgado em: 29/10/2015.
Conceito: Muito Bom.
GURUPÁ
2015
Dedicamos aos nossos familiares, principalmente aos nossos pais e genitoras que sempre nos orientaram para importância do saber escolar; Aos nossos parceiros e amigos de turma pelo incentivo e socialização; A todos os professores que plantaram suas sementinhas de conhecimento e que nos impulsionaram a continuar buscando conhecer coisas novas.
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor nosso Deus por todas as oportunidades concedidas por ele e bênçãos que ele nos deu, por todas as experiências vividas por sua vontade; Aos nossos avós que foram os primeiros responsáveis pela nossa Educação, e que sempre me fizeram acreditar que o conhecimento muda o ser humano, a todos; Aos professores da educação básica que nos estimularam nessa caminhada; A todos os professores do curso de pedagogia da UFRA, os quais me mostraram novas metodologias que possamos seguir; Aos amigos que conquistamos durante esse processo, pelas experiências trocadas e pelos estímulos.
"A criança não tem um problema de aprendizagem, mas eu, como docente, tenho um problema de ensinagem com ele".
(FERNÁNDEZ, 1994).
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Gráfico 1 – Seus filhos trabalham? ......................................................................47
Gráfico 2 – Trabalhos que dificultam a frequência escolar...................................48
RESUMO
Objetivou-se com este estudo refletir a luz de referenciais teóricos acerca das causas do fracasso escolar em uma escola de Gurupá, e as propostas de solução, amenizando com isso, tal problemática e contribuindo para um ensino com mais qualidade. Para explicar essa temática tivemos o diálogo com alguns autores dentre eles Alves, Luckesi, Godoy, Patto, Santos e outros os quais foram fundamentais para subsidiar esta pesquisa para tal foi realizada uma pesquisa adotando os métodos descritivos e interpretativos a partir de aplicações de questionários com questões objetivas e subjetivas aplicados a gestora da escola professores e pais de alunos foram obtidos consideráveis informações que permitiram a análise e compreensão da temática em questão. Verificou-se que umas das causas em nossa realidade que hoje percebemos que atrapalham o bom desenvolvimento dos alunos são faltas de capacitação e qualificação dos professores o desinteresse das famílias que não acompanha a vida escolar de seus filhos e também percebemos muito hoje a falta de interesse dos alunos que não dão a atenção nas aulas dos professores. Assim mesmo frequentando diariamente não se almeja o resultado esperado. Renda familiar baixa, fazendo com que os alunos deixem a escola para ajuda na família. Concluiu-se que só é possível o aprendizado de qualidade desde que o professor faça investimento na sua formação pessoal. Palavras-Chave: Fracasso Escolar. Qualificação dos Professores.
ABSTRACT
The objective of this study reflect the light of theoretical references about the causes of school failure in a school Gurupá, and the proposed solutions, softening it with such problems and contributing to a higher quality education. To explain this theme had a dialogue with some authors among them Alves, Luckesi, Godoy, Patto, Santos and others which were crucial to support this search for such a survey was conducted by adopting the descriptive and interpretative methods from questionnaires applications objective and subjective questions applied to managing school teachers and parents were obtained considerable information that allowed the analysis and understanding of the subject in question. It was found that one of the causes in our scenario that today realize that hinder the proper development of the students are training shortages and teacher qualifications disinterest of families that does not follow the school life of their children and also realize a lot today the lack of interest students who do not give attention in class teachers. Likewise attending daily did not crave the expected result. Low family income, making students leave school to help the family. It was concluded that the quality of learning is only possible as long as the teacher make investment in your personal development. Keywords: School Failure. Teacher qualification.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.5
2.1 FRACASSO ESCOLAR: ASPECTOS HISTÓRICOSERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.5
2.2 A ESCOLA E O FRACASSO ESCOLAR .. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 8
2.3 O FRACASSO ESCOLAR E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO ......................... 20
2.4 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EVASÃO ESCOLAR .......................... 23
2.5 AS EXPLICAÇÕES SOBRE O FRACASSO ESCOLAR NO BRASIL ................ 28
2.6 O FRACASSO ESCOLAR A PARTIR DOS ANOS 90 ........................................ 33
2.7 O FRACASSO ESCOLAR NO CONTEXTO EDUCACIONAL ............................ 35
3 METODOLOGIA ..................................... ......ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.8
3.1 TIPOS DE PESQUISA .......................................... Erro! Indicador não definido. 8
3.2 SUJEITOS ............................................................ Erro! Indicador não definido. 8
3.3 CONTEXTO DA PESQUISA ................................. Erro! Indicador não definido. 8
3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE E DOS DADOSErro! Indicador não
definido. 9
3.4.1 Coleta de dados/materiais ................................. Erro! Indicador não definido. 9
3.4.2 Análise dos dados ............................................. Erro! Indicador não definido. 9
3.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 40
4 REFLEXÕES FINAIS ................................ ............................................................. 49
4.1 RETOMANDO AS QUESTÕES DE PESUISA .................................................... 49
4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ............................................................................... 49
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52
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1 - INTRODUÇÃO
Godoy (2008) em seu artigo “Fracasso Escolar: Fragilidades e
possibilidades de enfrentamento1” afirma que o Brasil vive um contexto em que o
fracasso escolar configura-se como um grande problema a ser enfrentado pelo
sistema educacional. Tal fracasso deve-se em grande parte a diversas
fragilidades encontradas no ambiente escolar, tais como: o número excessivo de
alunos por turma, a pouca qualificação profissional, as práticas pedagógicas
inadequadas, a falta de recursos humanos suficientes, são apenas algumas das
dificuldades encontradas comumente. Para a pesquisadora, tanto os teóricos e
estudiosos do assunto, quanto o professorado que está diretamente envolvido
com o tema em questão, apontam vários fatores responsáveis por esse processo:
A família, o aluno, a sociedade, o sistema de ensino, a escola e o professor, todos
– de alguma forma – estão relacionados ao problema.
Por isso, faz-se necessário, então, considerar todas as variáveis que
influenciam neste processo, ressaltando-se que a escola e, consequentemente, o
professor, são partes determinantes na escolarização dos indivíduos e que direta
ou indiretamente também podem promover situações de fracasso.
Zanella (2007) esclarece que existem algumas condições físicas,
psicológicas, ambientais e sociais que favorecem ou inibem o processo de
aprendizagem, como condições que inibem, menciona doenças, estresse, uso de
substâncias químicas, funcionamento inadequado do sistema nervoso,
desequilíbrio emocional, ambiente desestimulador e trabalho individual.
PROBLEMÁTICA
As crianças e jovens que não leem e escrevem com a fluência esperada para a etapa de escolarização em que se encontram costumam exemplificar o chamado fracasso escolar. Nessa condição, também figuram aqueles que, persistentemente, se matem com baixo rendimento e tem um histórico com múltiplas repetências, ou abandonam a escola antes de completar sua formação, ou ainda, não se ajustam às regras institucionais e, por isso, têm conduta considerada indesejável, o que
1 Artigo produzido como trabalho final do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE
(2008) - [email protected]
11
acaba por inviabilizá-los para educação escolar. Não podemos esquecer também aquela situação em que as crianças tem abaladas sua autoestima, em função de vivencias escolares que as levam a acreditar em sua suposta incompetência e contra a qual julgam que pouco há de fazer. Essa situação, geralmente, acompanha todas as outras. (GUALTIERI E LUGLI, 2012, p.11).
Nossa vivencia dentro da escola no município de Gurupá/Pa., nos fez ver
que a maioria das crianças do 5º ano, embora frequentem regularmente a escola,
não aprendem a ler e a escreverem ou fazer uso social da leitura e da escrita, e
muitas delas já foram reprovadas por não desenvolverem a competência de ler e
escrever.
Diante desse contexto é que propomos a refletir a luz de referenciais
teóricos acerca das causas do fracasso escolar em uma escola de Gurupá e
possíveis solução, para com isso contribuir para um ensino com mais qualidade
diminuindo assim tal problemática, um fenômeno tão comum em muitas escolas
publicas do município.
Portanto a relevância do trabalho está em buscar compreender a origem
desse problema, que muitas vezes é entendido ora como resultado das
características individuais das crianças, baixa, ora como decorrência de fatores
sociais e culturais externos à escola, ora como um mero problema técnico-
pedagógico. Qual desses fatores vem contribuindo para o insucesso escolar dos
alunos do 5º ano na Escola Quintino Tomás de Souza do município de Gurupá?
Diante dessa problemática, resolvemos investigar as causas do fracasso
escolar em uma escola de Gurupá, de buscar propostas para amenizar essa
problemática. Assim, as questões que nortearão este estudo são:
• Por que existem alunos (as) que, embora frequentem regularmente a
escola, não aprende a ler e a escrever ou fazer uso social da leitura e da escrita?
• Qual a justificativa da escola de muitos alunos ainda vivenciarem o
fracasso escolar?
• Qual o papel da família na trajetória escolar de seus filhos?
• Que praticas contribuem para promover situações de fracasso no ensino
fundamental?
• Que propostas podem ser apontadas como possíveis soluções para o
fracasso escolar?
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JUSTIFICATIVA
Segundo Faria (2208) a leitura e a escrita são habilidades exigidas para a
inserção de qualquer individuo na sociedade, e cada vez a exigência é mais
rígida, devido à modernização dos meios de comunicação, bens e serviços que a
mesma oferece. É nítida a necessidade do domínio dessa habilidade, no entanto
hoje, exigem-se mais do que o domínio da leitura e escrita simplesmente, pois é
necessário que o indivíduo saiba interpretar inúmeras informações que são
produzidas cotidianamente.
Para a autora, a escola tem encontrado grandes dificuldades em trabalhar
essas habilidades nos educando para desenvolvê-las de forma eficaz na pessoa
de nossos educadores.
Nossa experiência nos faz sentir que a escola muitas vezes, não está
correspondendo às necessidades exigidas pela sociedade, quando diz respeito à
capacidade de seus alunos lerem, interpretar, relacionar, contextualizar aquilo que
lê. É o que é chamado pelos autores de alfabetização e letramento, que nada
mais é que a capacidade do sujeito ler e interpretar o sentido da leitura e ser
capaz de interagir com a mesma.
Conforme Soares (2004) a alfabetização letrada é muito importante no
meio social, porque ela possibilita desde a socialização do sujeito até a aquisição
de seus diretos.
Para Kirsch & Jungeblut:
Alfabetização se refere à apropriação do sistema de escrita alfabética e ortográfica, que demanda uma série de conhecimentos e reflexões do sujeito sobre a língua, e letramento o uso de habilidades de leitura e escrita para o funcionamento e a participação adequados na sociedade, e para o sucesso pessoal, o letramento é considerado Como um responsável por produzir resultados importantes: desenvolvimento Cognitivo e econômico, mobilidade social, progresso profissional, cidadania (2004, p. 74).
É nesse contexto que pretendemos investigar quais os principais fatores
que tem contribuído para o insucesso escolar dos alunos do 5º ano na Escola
Quintino Tomás de Souza do município de Gurupá. Isto é, por que os alunos (as)
que, embora venha frequentando regularmente a escola e não aprende a ler e
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nem a escrever ou fazer uso social da leitura e da escrita, uma vez que o domínio
da leitura e da escrita como processo contínuo da aprendizagem é a porta para a
inserção no meio social.
OBJETIVO GERAL
Refletir a luz de referenciais teóricos acerca das causas do fracasso
escolar em uma escola de Gurupá, e as propostas de solução, amenizando com
isso, tal problemática e contribuindo para um ensino com mais qualidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Investigar por que existem alunos (as) que, embora frequentem
regularmente a escola, não aprende a ler e a escrever ou fazer uso social da
leitura e da escrita;
• Levantar a justificativa da escola para o fracasso escolar;
• Saber qual o papel da família na trajetória escolar de seus filhos;
• Identificar as causas que mais levam os alunos do ensino fundamental
ao fracasso escolar;
• Apresentar propostas podem ser apontadas como possíveis soluções
para o fracasso escolar.
RELEVANCIA DA PESQUISA
A pesquisa é um grande instrumento na construção do conhecimento, a fim
de contribuir na construção da aprendizagem. Por meio da pesquisa temos
possibilidade de descobrir um mundo diferente, coisas novas, curiosidades.
Dessa forma, temos a incumbência de gerenciar a busca de informações, sua
função é disponibilizar referências bibliográficas, oferecendo melhores condições
de desenvolvimento da pesquisa. Além de atuar na orientação da construção de
textos a partir do material da pesquisa, devemos ensinar como retirar as partes
mais importantes do conteúdo pesquisado. Outro ponto de grande relevância que
14
o educador deve abordar é a conscientização de que uma pesquisa não é uma
mera cópia e sim uma síntese de um conjunto de informações.
Esperamos que depois das pesquisas e dos trabalhos feitos com as
soluções apresentadas diante das situações, oferecer melhoras para que tenham
um melhor avanço em nossas escolas e na vida dos educandos.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Metodologicamente, a presente pesquisa adotou diferentes momentos e
buscamos organizar os resultados para termos uma melhor visão do que esta
pesquisa representa e oferece. Assim sendo, esta pesquisa está organizada em
xxxx capítulos e as considerações finais conforme descrita a seguir.
No momento apresentamos a introdução do nosso trabalho onde
descrevemos a justificativa e a importância deste estudo, as questões que
nortearam a pesquisa, objetivo geral e objetivo específico e a relevância do
estudo e a organização do trabalho.
No capitulo 1 apresentamos a fundamentação teórica através de diferentes
fontes e diversos autores, entre eles: Patto(1996), (Rosenberg;1984, p.18),
(Vasconcellos, 2006, p. 66,78), Zuccolotto (1985), Gualtieri( ) Hargreaves (2004),
Thin (2006), e outros. Autores esses que abordam as principais causas do
fracasso escolar e sugestões para que minimize o mesmo.
No capitulo 2 tratamos dos aspectos metodológicos, descrevendo: a
constituição do corpus, o sujeito da pesquisa, materiais e procedimentos para
obtenção de análises na escola Quintino Tomás de Souza onde foi acompanhado
alguns fatores que contribuem bastante para o fracasso escolar, fato que esse
que é realidades em muitas escolas de nosso município.
No capitulo 3 tem-se a reflexões finais. Paras isso, retomamos as questões
de pesquisa e finalizamos o trabalho apresentando algumas considerações sobre
o tema, às implicações da pesquisa e sugestões para futuros estudos. Este
trabalho ainda contém Referencias e anexos.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 FRACASSO ESCOLAR: ASPECTOS HISTÓRICOS
O Brasil vive um contexto em que o fracasso escolar configura-se como um
grande problema a ser enfrentado pelo sistema educacional. Tal fracasso deve-se
em grande parte a diversas fragilidades encontradas no ambiente escolar: número
excessivo de alunos por turma, pouca qualificação profissional, práticas
pedagógicas inadequadas, faltas de recursos humanos em número suficiente, são
apenas algumas das dificuldades encontradas hodiernamente. Decorrem disso,
altos índices de repetência e evasão escolar, além da quantidade de pessoas
analfabetas – funcionais ou não – que ilustram negativamente essa situação.
Segundo dados obtidos junto ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), o Brasil possuía no ano de 2003 cerca
de 16 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e um número aproximado de
30 milhões de pessoas com menos de 4 anos de escolarização, os chamados
analfabetos funcionais. Percebe-se através desses dados que o fracasso escolar
ainda está longe de ser superado, embora a legislação brasileira (LDBN 9394/96)
em seu artigo art. 2º assegure a todos, independentemente de raça, cor, credo, ou
classe social, o direito (ou a obrigatoriedade) aos primeiros anos de escolarização
e determine a responsabilidade da família e do Estado no dever de orientar a
criança ou adolescente em seu percurso sócio- educacional, garantindo assim o
acesso universal à escolarização fundamental, esta não tem sido plena no que se
refere à qualidade do ensino, haja vista os altos índices de evasão e repetência
escolar dos alunos, fato que também se reflete na ação docente.
A problemática posta pelo fracasso dos alunos é complexa e pode ser
tomada sob diferentes enfoques de acordo com o ponto de vista teórico de vários
autores. Entre esses enfoques podemos citar o desenvolvido pela pesquisadora
Patto(1996), que aponta para a necessidade de entendimento onde este conceito
foi produzido através da história.
A autora atribui à consolidação do capitalismo industrial do século XIX e à
dominação do poder econômico e político pela burguesia com a ruptura dos ideais
burgueses do final do século XVII e início do século XVIII de igualdade,
16
fraternidade e liberdade como fatores históricos responsáveis pela gênese dessa
problemática. Os ideais de um mundo igualitário eram incompatíveis com o
sistema capitalista. A visão da classe dominante emergente da burguesia era
marcada pela crença no progresso do conhecimento humano, no qual o sucesso
depende fundamentalmente do indivíduo. Estabelece-se assim, uma nova ordem
que acredita na liberdade individual, num mundo racional como valor máximo, de
onde advêm todos os resultados positivos em termos de progresso econômico,
técnico e científico.
Os instrumentos de avaliação intelectuais mais difundidos estão embebidos de valores culturais, de modo que os resultados neles obtidos refletem o quanto da cultura dominante foi absorvido pelo sujeito, e não seu potencial de aprendizagem (ROSENBERG;1984, p.18).
No Brasil, a escola torna-se palco cada vez mais de fracassos e de
formação precária, impedindo os jovens de se apossarem da herança cultural,
dos conhecimentos acumulados pela humanidade e, consequentemente, de
compreenderem melhor o mundo que o rodeia. A escola, que deveria formar
jovens capazes de analisar criticamente a realidade a fim de ao mesmo tempo,
preservar as conquistas sociais, contribui para perpetuar as injustiças sociais que
sempre fizeram parte da história do povo brasileiro.
O sistema educacional brasileiro vem passando por um processo de
desmonte em termos de referenciais acerca daquilo a que a escola se propõe, ou
seja, o desenvolvimento humano, o que significa fornecer ao homem as
ferramentas necessárias para que ele possa assumir um papel de sujeito de sua
própria história. Dessa forma, convém realizar uma reflexão acerca das
fragilidades que a escola precisa dar conta para minimizar os problemas
referentes ao fracasso, não só dos que aprendem, mas também dos que
ensinam, pois o professor também sofre as consequências desse fracasso, seja
em termos profissionais, morais, físico ou social.
Os professores, no interior de uma situação de opacidade, de indefinições,
de discursos e de práticas sociais contraditórias, vivenciam essa realidade
cotidianamente em sala de aula. Homem de sua época, e também sem um saber
totalizante que de conta desse universo histórico, social e/ou psicológico, o
professor enfrenta, sozinho, as acusações de que seu ensino não corresponde às
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necessidades individuais dos seus alunos... Escuta as reclamações dos pais que,
independentemente do nível da escola a qual se dirigem, responsabilizam o corpo
docente e/ou técnico pelos “problemas dos filhos”. Problemas que, segundo a
ótica paterna, só existem ou se transformam em problemas, pela falta de
conhecimento, de compreensão, administração e/ou de atendimento às
peculiaridades de cada um de seus rebentos (...). É a pós-modernidade falando,
agora, objetivada na figura do pai que não se compromete, não estabelece
vínculos, não admite frustrações e tampouco se dispõe a refletir sobre a prática
social, da qual faz parte ativa e que transforma seu filho em eterno irresponsável
por seus próprios atos.
Diante do exposto, verifica-se que a questão referente ao fracasso escolar
requer ser analisada com profundidade na tentativa de angariar meios para o seu
enfrentamento, sempre em busca de elevar os índices de aprovação e melhorar o
desempenho dos alunos, através do esforço coletivo entre alunos, pais,
educadores e autoridades.
Celso Vasconcellos afirma que:
O professor que quer superar o problema da avaliação precisa, a partir de uma autocrítica: • Abrir mão do uso autoritário da avaliação que o sistema lhe faculta, lhe autoriza; • Rever a metodologia de trabalho em sala de aula; • Redimensionar o uso da avaliação (tanto do ponto de vista da forma como do conteúdo); • Alterar a postura diante dos resultados da avaliação; • Criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos colegas educadores e pais. (...) Deixar muito claro para os alunos e pais quais os critérios de avaliação que estão sendo adotados pelo professor. O educando deve saber o que vai ser exigido dele. Evitar sistematicamente o fator sorte, pois este leva à irresponsabilidade, à convicção mística. (VASCONCELLOS, 2006, p. 66,78)
Adotando-se esta prática, é possível observar um melhor rendimento dos
alunos, sendo que os enunciados das provas ou atividades são mais bem
elaborados proporcionando maior entendimento e evitando-se dúvidas quanto
àquilo que está sendo “cobrado” na prova, teste ou atividade. Também se evitam
as “pegadinhas” que nada contribuem para o avanço na aprendizagem dos
alunos, satisfazendo apenas o “espírito sarcástico” daquele que a utiliza, além de
proporcionar a avaliação também do próprio trabalho docente.
18
2.2 A ESCOLA E O FRACASSO ESCOLAR
Para criança ou jovem que não leem e escrevem com a fluência esperada
para a etapa de escolarização em que se encontram costumam exemplificar o
chamado fracasso escolar. Nessa condição, também figuram aqueles que,
persistentemente, se mantem com baixo rendimento e tem um histórico com
múltiplas repetências, ou abandonam a escola antes de completar sua formação.
Não podemos esquecer também aquela situação em que a criança e jovens tem
abaladas sua autoestima, em função de vivencias escolares que as levam a
acreditar em sua suposta incompetência e contra a qual julgam que pouco há pra
fazer.
Como entender essas diferentes situações? Que razões explicam, a
despeito da diversidade de recursos profissionais, tecnológicos e teóricos, essas
formas de insucesso de um número expressivo de criança?
Para Gualtieri (2012) primeiramente, é preciso não dissociá-lo do fato de
que, em nossa sociedade, há uma instituição encarregada de ensinar, em
determinado tempo e ritmo, um conjunto de conteúdos a crianças e jovens
agrupados por faixa etária. Há, portanto, uma expectativa de que eles tenham, em
intervalo de tempo preestabelecido, um aproveitamento imaginado como
alcançável. Assim, o fracasso é uma ocorrência que só pode ser considerada a
partir e no interior da prática escolar. Decorre, portanto, de inadequação ao
processo de escolarização.
O insucesso do aluno, por outro lado, põe em evidência a dificuldade da
escola em proporcionar a escolarização pretendida para a totalidade dos que a
procuram e, portanto, mostra a inadequação do processo de escolarização.
Entendido dessa forma, o fracasso na escola tem como contrapartida inevitável o
fracasso da escola. Para Hargreaves (2004), cada vez mais esse duplo
significado do termo “fracasso’’ vem sendo ligado”.
Então, o que leva a criança, jovem e escola ao fracasso? Para Gualtieri
(2012) reconhecidamente, interferem na educação escolar o interesse e a
disposição do auno em aprender, porém, também é sabido que se interesse e
disposição não independe das condições de ensino em sala de aula, do trabalho
19
do professor, da organização da escola e do sistema educativo, da situação
socioeconômica e cultural da família e da sociedade.
No Brasil, no debate travado nas décadas de 1970 e 1980 em que
programas voltados para a saúde do escolar estiverem entre as iniciativas
governamentais para enfrentar o fracasso, críticas, como as de Novaes e
Zuccolotto (1985), mostraram as limitações dessas iniciativas, ao destacarem a
“natureza econométrica” delas. A motivação primeira era favorecer a “maior
rentabilidade no uso dos recursos humanos, materiais e financeiros” e melhorar a
relação custo benefícios, sempre desvantajosa no sistema educacional,
persistentemente improdutivo com altas taxas de evasão e repetência.
Ao longo das ultimas três décadas, enfrentar a questão do fracasso, o mau
desempenho, as múltiplas repetências que acabam por levar crianças e jovens a
abandonar a escola, tornou-se uma ação prioritária do sistema educacional, no
Brasil, por mais de uma razão.
Thin (2006), estudando as relações entre as famílias populares e a escola,
verificou que as práticas de socialização das famílias podem não convergir com a
lógica que organiza o cotidiano escolar, uma vez que aquilo que a escola exige
como comportamento “natural”, expresso na tão repetida frase “a educação se
traz de casa”, frequentemente é feito de outra forma pelas famílias populares.
O processo de socialização primária das crianças acontece na convivência
familiar, circunstancia em que aprendem a dar as respostas básicas às
expectativas de seus familiares mais próximos e essas expectativas existem num
contexto cultural.
Outro aspecto importante diz respeito aos limites da ação da escola. Um
discurso recorrente entre professores procura delimitar sua ação: “nós ensinamos,
a família deve educar”, significando socializar. Estudos realizados em diferentes
momentos e regiões do nosso país exemplificam tal aspecto.
Desse modo, como garantir a aprendizagem parece ser a questão-chave
no que se refere ao fracasso na escola e corresponde a uma pergunta infinita,
que se recoloca a cada geração que passa pela instituição, porque a ideia do que
seja uma aprendizagem adequada muda conforme o momento, pois são
dinâmicas as condições sociais, as relações politicas e os desafios para o futuro.
20
Por tudo isso, enfrentar o fracasso escolar tornou-se, para o poder público,
ação prioritária em todos os níveis da educação básica. Mas as medidas que tem
sido tomada são capazes de cumprir o que delas se espera? As politicas públicas,
os programas e os projetos desenvolvidos, bem como as práticas pedagógicas,
vêm lidando de modo variado com a questão. Há avanços, mas há limites nessas
propostas. Apenas mudanças significativas no modelo de organização escolar
poderão reduzir os índices de insucesso.
2.3 O FRACASSO ESCOLAR E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO
Para Zuliani (1980) o fracasso escolar é uma questão social de interesse
para vários profissionais que atuam na área da educação e saúde. Sendo assim,
o objetivo desta monografia foi de realizar um levantamento da literatura sobre as
concepções de fracasso escolar e as propostas de soluções dessa questão,
apresentadas pelos diversos autores.
Conforme Sawaya (2001) por meio de uma análise global sobre as
concepções de fracasso escolar e as propostas de soluções dos autores
compilados, evidencia-se nos discursos apontamentos que envolvem a prática
das relações sociais e de poder construídas no cotidiano de crianças pobres.
Neste sentido, destaca-se como causas do fracasso escolar o descumpri- mento
da escola em seu papel de socializar o conhecimento, a falta de com- preensão
de como se desenvolvem as relações cotidianas entre as pessoas e os diferentes
grupos dentro e fora da escola e os mecanismos de rejeição que impedem a
realização dos objetivos escolares legitimados por grupos auto- rizados como
pedagogos, linguistas, psicólogos e outros profissionais que atuam na educação.
Meira (2003) e Canen (2001) colocam que o fracasso é compreendido
como resultado da influência de muitas variáveis que interferem no processo de
aprendizagem, destacando-se a escola em suas relações entre ensinar e
aprender, a família, a sociedade em geral, assim como, as percepções e
expectativas de professores em relação ao desempenho de alunos com padrões
culturais diferentes daqueles que serão transmitidos pela.
Diferentemente da análise do fracasso escolar em classes sociais
inferiores, um estudo com famílias de grandes e médios empresários (as) em que
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a trajetória escolar não é completamente determinada pela sua classe social,
encontrou-se o fracasso associado a outros fatores como as dinâmicas internas
das famílias e suas características pessoais, apresentando assim, certo grau de
autonomia em relação ao seu meio.
Para Nogueira (2003) o fracasso se mascara na justificativa dada pelos
pais que inserem precocemente os filhos no mundo dos negócios, desprezando o
destino de empregado e concebendo os conhecimentos escolares como
demasiadamente livrescos e abstratos. Para os jovens, o diploma tem um valor
simbólico que traduz prestígio, respeitabilidade, legitimidade cultural, círculo de
amizades, influências e alianças matrimoniais. Assim, pais e filhos vivem numa
contradição interna entre descrença e o reconhecimento do seu valor simbólico.
Gatti (1981) e Souza (1994) expressam que as soluções propostas para o
fracasso escolar caminham no sentido da reflexão sobre a responsabilidade da
escola em relação à manutenção do baixo rendimento das crianças pobres; da
necessidade de considerar o aluno como uma das personagens envolvidas no
conjunto de relações que se estabelecem no interior da escola e de verificar como
as relações cotidianas acontecem dentro e fora desta buscando cumprir sua
função de socializar o saber.
Nesta mesma linha de reflexão, outros autores propõem conhecer a
qualidade da relação professor-aluno em sala de aula, suas formas de
transmissão dos conteúdos, as situações de ensino-aprendizagem propostas em
classe e os vínculos existentes entre professores e família, dentre outros
De acordo com Patto, (1996), Sawya, (2000) algumas propostas vão além
das relações sociais e apontam para a necessidade de se buscar um espaço para
superar a ideologia dominante que marginaliza o aluno, e subsidiam educadores,
pais e alunos no sentido de conquistarem posição de sujeitos fazedores de sua
própria história. Sugerem que o fracasso escolar deve ser revisto a partir do
conhecimento dos mecanismos escolares produtores de dificuldades de
aprendizagem, observando o cotidiano alienado como um detalhe. E há, também,
de questionar as relações de poder e violência simbólica que constituem as
formas de aquisição e transmissão da leitura pela escola Outras soluções
apresentadas propõem valorizar a análise das representações expressas por
docentes em transformar a escola em espaço de cidadania para estudantes de
22
todas as raças, gêneros, classes sociais e padrões culturais, bem como ampliar
discussões para outras variáveis que também influenciam no processo da
aprendizagem como a instituição, o método de ensino, as relações ensinam-te
aprendem-te, os aspectos socioculturais e a história de vida.
Segundo Nogueira (2003) a proposta de solução para jovens de classe
social com melhor poder aquisitivo é de que os pais trabalhem com seus filhos na
criação de um gosto pela escola ou pelo interesse por aquilo que lá é ensinado,
favorecendo, as- sim, uma relação positiva entre escola e aluno. Reconhecendo
que os estudos também garantem a ascensão social além dos cargos em que
seus filhos serão chamados a ocupar. Assim, o diploma passará a ter um valor
concreto e não apenas simbólico.
Outros autores assim como Conceição (1994) e cruz (1997) acreditam que
o fracasso escolar decorra de vários fatores multifacetados, que se justifique pelo
ambiente físico, psicossocial, econômico e sociocultural da criança que se
apresenta suja, desleixada, indisciplinada, proveniente de famílias displicentes,
desorganizadas, inadequadas e de professores que atacam sua autoestima e
recriminam tanto os estudantes quanto suas famílias.
Nesta mesma linha de concepção, Ferriani, Iossi, (1998) afirma que o
fracasso é visto por profissionais da saúde como reflexo da situação social que
engloba aspectos da família, escola e ensino, ou seja, baixo poder aquisitivo,
condições inadequadas e precárias de vida, pais separados, inadaptação à
metodologia da escola, despreparo dos professores, classes numerosas e
desconhecimento da história de vida das crianças. Nesta mesma linha de
concepção, o fracasso é visto por educadores como inerente à criança e família
admitindo, também, a possibilidade de fatores educacionais e visto pelos
familiares, relacionado ao sistema de ensino.
Em outra concepção, vê-se que o fracasso é manipulado por estatísticas
do sistema escolar para rebaixar os índices de retenção no conjunto da rede
municipal ou como resultado de um sistema impessoal que desconsidera as
diferenças individuais ou culturais, voltando-se apenas para um grupo de alunos
já em sintonia com o universo escolar (CARVALHO, 2001; COLELLO, 2003,
p.57).
23
Outra concepção de fracasso escolar é justificada em decorrência de meios
familiares desestruturados por falta de diálogo interno entre os pais e demais
membros da família, pais com profissões sem carteira assinada, sem renda
mensal fixa e por falta de tempo para acompanharem o desenvolvi- mento dos
filhos (NOZAKI et al., 2003, p.31).
Uma solução segundo essas representações destaca a qualificação de
recursos humanos, conhecendo quem são os repetentes e analisando as
representações destas crianças, estimulando professores e pais a refletirem sobre
escola-padrão, merenda escolar e mantendo estratégias mais efetivas como
projeto político, integração entre secretaria de saúde e educação
(CONCEIÇÃO,1994; CRUZ,1997; FERRIANI, IOSSI,1998, p.76).
Conforme Nozaki (2003) outras propostas para o fracasso escolar apontam
a necessidade de a escola definir seu papel diante da sociedade e do mercado de
trabalho que explicitamente subestima e marginaliza aqueles considerados com
poucas habilidades intelectuais desenvolvidas.
Outras soluções indicam a urgência de mudar a suposta cultura da
repetência e implantar novas concepções de avaliação, oferecendo recursos para
as escolas com turmas pequenas, espaços adequados, materiais pedagógicos,
recuperação escolar e formação para professores (CARVALHO, 2001, p.55).
Algumas investigam o significado que as causas do fracasso escolar têm
para os alunos, mecanismos cognitivos e emocionais que atuam como
mediadores das atribuições causais ao desempenho escolar bem como
estabelecem a relação entre professor e o aluno por meio do diálogo e da com-
preensão (FERREIRA et al., 2002; COLELLO, 2003, p.31).
2.4 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DE EVASÃO ESCOLAR
Em um contexto mundial, as explicações para as diferenças de classes
sociais existentes na sociedade capitalista, condição para que a burguesia se
mantivesse hegemônicas no poder foram estendida para justificar as dificuldades
de aprendizagem dos seguimentos sociais explorados.
Coincidindo com a disseminação dos conhecimentos de psicologia e o
advento do escolanovismo, a partir da década de 30 a ênfase volta-se para a
24
atribuição deste fracasso às diferenças individuais, baseada na concepção de
genialidade hereditária, apoiando-se nos estudos de Darwin (princípio da
evolução das espécies), difundida por Galton, já em 1869, influenciando no
movimento dos testes mentais bastante marcantes na década de 1890. Os casos
de dificuldade de aprendizagem começam a ser diagnosticados e tratados por
psiquiatras, dando origem a medicalização do fracasso. Porém, essa explicação é
fortemente marcada pela teoria racista em que se considerava a superioridade da
raça branca em relação aos índios, negros e mestiços.
Percebe-se que a questão do fracasso escolar vem de muitos anos atrás,
mas só partir de certa década foi diagnosticado alguns problemas de
aprendizagem, problema esses que agora juntos com outros presentes até hoje
estão presente e prejudicando muito na vida escolar de muitos alunos.
Na década de 40, a tendência à psicologização das dificuldades da
aprendizagem é levada às últimas consequências. E, de acordo com Patto (1999,
p.67), “os destinatários deste diagnóstico foram, mais uma vez, as crianças
provenientes dos segmentos das classes trabalhadoras dos grandes centros
urbanos, que tradicionalmente integram em maior número o contingente de
fracassados na escola”. Nesse sentido, o movimento de higiene mental.
(...) colaborou para justificar o acesso desigual das classes sociais aos bens culturais, ao restringir a explicação de suas dificuldades de escolarização ao âmbito das disfunções psicológicas. [...]. Seu prestígio foi tão forte que suplantou, na explicação do fracasso escolar, uma das premissas do pensamento escola novista que não podia ser negligenciada: a de que a estrutura e funcionamento da escola e a qualidade do ensino seriam os principais responsáveis pelas dificuldades de aprendizagem (PATTO, 1999, p.69).
Nesse período, a explicação começa a deixar de ser racial – no sentido
biológico do termo – passando a ser cultural, abandonando-se, assim, a
afirmação da existência de raças inferiores para a afirmação da existência de
culturas inferiores, disseminando a ideia de que o meio cultural do qual as
crianças pobres fazem parte é deficitário de estímulos, valores, hábitos,
habilidades e normas, o que dificultaria a aprendizagem.
Essa versão atingiu seu ponto mais alto nos anos 70, quando se elaborou a
teoria da carência cultural “que surge como resposta política aos movimentos
25
reivindicatórios das minorias raciais norte-americanas e dos grupos sociais mais
atingidos pela exploração econômica e pela dominação cultural que não aceitam
a desigualdade e a denunciam” (idem, p.68-71). “Quando as teorias
ambientalistas se propõem a explicar o insucesso escolar e profissional desigual
entre os integrantes das classes sociais, fundamentam-se em preconceitos e
estereótipos que, com uma nova fachada científica, passam a orientar a política
educacional” (idem, p.72). Desenvolve-se, então, uma forte tendência social de
fazer do pobre o depositário de todos os defeitos e os adultos dessa classe era
tido como mais agressivos, relapsos, desinteressado pelos filhos, inconstantes,
viciados e imorais do que os das classes dominantes.
Segundo essa vertente, a deficiência é do oprimido e, portanto, lhe
prometem uma igualdade de oportunidades impossível através de programas de
educação compensatória que já nascem condenados ao fracasso, quando partem
do pressuposto de que seus destinatários são menos aptos à aprendizagem
escolar. A escola compensatória supostamente reverteria às diferenças ou
deficiências culturais e psicológicas de que as classes “menos favorecidas”
seriam portadoras. O resultado é a reafirmação das deficiências da clientela como
a principal causa do fracasso escolar.
Até a década de 1980, as tentativas de explicação do fracasso escolar
estavam voltadas para culpabilizar principalmente o sujeito que sofria o fracasso e
a sua família, como se fossem seres inertes, solta no tempo e no espaço. E raras
vezes o foco dos estudos voltou-se para a instituição escolar como um dos fatores
determinantes deste problema. Mas, quando o fizeram, também foi num sentido
de atribuir à culpa a esta e a quem nela trabalha, não a relacionando com o
contexto social e político.
Patto (1999), em “A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão
e rebeldia” rompe com os estereótipos do racismo, da medicalização e da
carência cultural, chamando a atenção para a necessidade de, se quiser avançar
na busca de possibilidades da superação do fracasso, analisá-lo como parte de
um contexto sócio-político que apresenta muitas contradições, uma vez que está
fundada nos ideais liberais que foi estruturada a sociedade capitalista que
vivemos. Ideais estes que atribuem o sucesso do indivíduo ao mérito próprio,
esforço de cada um e quem não o consegue é porque não se esforçou o
26
bastante, pois as oportunidades são iguais para todos. Eis um dos princípios do
liberalismo.
Nos anos que seguiram até o início da década de 1970, o fracasso escolar
era entendido predominantemente como resultado de um ensino que não
considerava as condições de aprendizagem da clientela pobre, que cada vez mais
estava presente na escola. Assim, inspirados na literatura especializada, os
psicólogos se preocupavam em elaborar e adaptar instrumentos de avaliação de
capacidades e habilidades cognitivas, de modo a correlacionar os níveis de
desenvolvimento psicológico ao rendimento escolar. Logo, as causas para o
fracasso escolar tinham como base esse recorte psicológico (Angelucci et al.,
2004), em que o problema centrava-se nos alunos que não tinham capacidades
para aprender (Asbahr & Lopez, 2006). As explicações medicalizantes ou
patologizantes ganharam força e o aluno com dificuldades devia ser
diagnosticado (Zucoloto & Patto, 2007).
A partir da década de 1970, os estudos dessa problemática passaram a
assumir uma dimensão mais ampla, investigando as dificuldades escolares sob
três perspectivas principais: 1) avaliação de currículos e programas, 2) construção
de instrumentos de avaliação e de pesquisas e, 3) características dos alunos ou
do ambiente em que eles vivem, bem como na influência dessas características
sobre a aprendizagem e o nível de escolaridade (Angelucci et al., 2004). Por outro
lado, também foram identificadas, a partir da segunda metade dessa década,
pesquisas voltadas ao interior da escola, com temáticas que investigavam a
burocratização e a sua influência sobre a qualidade do trabalho docente, a
distância entre as culturas escolar e popular, a inadequação do material
pedagógico e a discriminação das diferenças no contexto escolar. Contudo,
destaca-se que embora nos estudos permanecessem estas duas concepções
(individuais e institucionais), as maiorias das pesquisas levavam em conta a tese
norte-americana da carência cultural (Angelucci et al., 2004). De acordo, com
essa tese, a escola era tida como inadequada às características psíquicas e
culturais de crianças e adolescentes carentes (Asbahr & Lopes, 2006).
Nos anos que seguiram (década de 80), as pesquisas educacionais foram
marcadas pela repetição e ruptura: de um lado, continuaram os estudos e a
psicologização do fracasso escolar, na perspectiva da tese da carência cultural, e
27
de outro, começou a ser alvo de reflexão e pesquisas o lugar social da escola
numa sociedade de classes, Assim, a partir de 1990, as pesquisas na área da
educação e da psicologia que investigam o fracasso escolar assumiram duas
tendências principais (Angelucci et al. 2004). Na primeira, o fracasso era
entendido como um sintoma individual em que os alunos e suas famílias são
considerados culpados (Angelucci et al. 2004; Asbahr & Lopez, 2006; Zuculoto &
Patto, 2007), enquanto que na segunda, considerava-se o fracasso escolar como
decorrência de causas intraescolares (Angelucci et al. 2004).
O fracasso escolar, quando entendido como decorrente dos alunos e de
seus pais, parte do pressuposto de que a criança é portadora de uma organização
psíquica imatura, que por sua vez causa problemas psicomotores e inibição
intelectual, sendo que essas seriam responsáveis pelos prejuízos na
aprendizagem escolar. Essa inibição intelectual não estaria relacionada à tese da
carência cultural, mas sim às relações familiares patologizantes (Angelucci et al.,
2004).
De acordo com Zuculoto e Patto (2007), quando os professores se utilizam
da lógica do fracasso escolar como causado pelo aluno, retiram da sua alçada a
responsabilidade pelo processo de aprendizagem recorrendo ao saber médico,
isso é, à medicalização e à psicologização do ensino.
Asbahr e Lopes (2006) ainda destacam que é comum a atribuição do
fracasso escolar às famílias das crianças e adolescentes. As causas das
dificuldades decorreriam da estrutura familiar desfavorável ao desenvolvimento
psíquico e ao sucesso escolar. Além disso, também se aponta que os pais podem
não valorizar a escola, não darem atenção aos filhos, serem promíscuos e
violentos.
Outra vertente de concepções que busca entender o fracasso escolar tem
como pressuposto que o mesmo decorre dos fatores intraescolares, assumindo
três perspectivas de pesquisa: 1) a culpabilização do professor e da sua técnica,
2) a questão institucional e, 3) a questão política da escola. Nesses estudos, não
é mais o aluno o responsável pelo seu fracasso, mas os professores e o sistema
educacional que não conseguem dar conta dos alunos (Angelucci et al., 2004).
As pesquisas que culpabilizam o professor, regidas pela lógica tecnicista,
entendem que eles estão preparados, com as suas técnicas, para alfabetizar
28
crianças ideais, mas não aquelas advindas das classes populares, que compõem
a maioria dos alunos. O pressuposto é de que se o professor utilizar uma técnica
de ensino adequada poderá suprir as dificuldades de aprendizagem dos seus
alunos (Angelucci et al., 2004). Já nas pesquisas que discorrem sobre a lógica
excludente da escola enquanto promotora do fracasso escolar, o principal
argumento se refere à ela como uma instituição social inserida em uma sociedade
de classes, na qual não há uma distribuição igualitária de habilidades e
conhecimentos, por isso cabe à escola desenvolvê-los e transmiti-los. Porém, se
isto não acontece, instaura-se a lógica excludente da educação (Angelucci et al.,
2004).
2.5 AS EXPLICAÇÕES SOBRE O FRACASSO ESCOLAR NO BRASIL
As explicações dadas à questão do fracasso escolar da escola pública
brasileira, segundo estudos de Patto (1999), foram baseadas, num primeiro
momento, nas teorias racistas, por volta do ano de 1870, quando os
colonizadores tinham os colonizados como seres inferiores intelectualmente e,
como tais, incapazes de aprender. O auge destas ideias racistas foi o período de
1850 a 1930, em que os intelectuais brasileiros começaram a atentar para as
questões da escola e da aprendizagem escolar sob a influência da filosofia e da
ciência francesas.
Sob a influência do escolanovismo, as pesquisas iniciais sobre o fracasso
escolar apontavam as causas das dificuldades de aprendizagem não no indivíduo,
mas sim nos métodos, que deveriam ser determinados pela observação do
indivíduo (este representando a natureza humana e não a especificidade de cada
um) e de suas capacidades, o que denominaram de fatores intra-escolares. Vivia-
se a crítica à escola tradicional e formulou-se uma nova concepção de criança,
reconhecendo a sua especificidade psicológica (mérito dos proponentes da escola
nova). Os programas e métodos educacionais deveriam ser determinados pela
observação do indivíduo e de suas capacidades e não por critérios externos.
De acordo com Patto:
À medida que a psicologia se constitui como ciência experimental e diferencial, o movimento escolanovista passou de seu objetivo inicial de
29
construir uma pedagogia afinada com as potencialidades da espécie, à ênfase na importância de afiná-la com as potencialidades dos educandos (PATTO, 1999, p.87).
A autora postula, ainda, que a psicologia, a partir dos anos trinta, adotou a
prática de diagnóstico e tratamento dos desvios psíquicos, passando, assim, a
justificar o fracasso ou, no máximo, a tentar impedi-lo por meio de programas
psicológicos preventivos, baseados no diagnóstico precoce de distúrbios no
desenvolvimento psicológico infantil. Predominou, dessa forma, a explicação
psicologizante das dificuldades de aprendizagem. Essa forma de explicar o
fracasso produziu duas distorções na proposta escolanovista:
De um lado, enfraqueceu a idéia revolucionária e enriquecedora de levar em conta, no planejamento educacional, as especificidades do processo de desenvolvimento infantil enquanto procedimento fundamental ao aprimoramento do processo de ensino, substituindo pela ênfase em procedimentos psicométricos e deslocando novamente a explicação do fracasso para o aprendiz e suas supostas deficiências; de outro, o ideário escolanovista foi apropriado no que tinha de mais técnico, em detrimento da dimensão de luta pela ampliação e democratização da rede de ensino fundamental (PATTO, 1999, p.88).
As explicações psicologizantes desse período também conviviam com as
teorias racistas, marcadas, desde a colonização, pelo preconceito em relação aos
índios, aos mestiços e aos negros. Já no período imperial, uma Antropologia
filosófica evolucionista “provava” a inferioridade das raças não brancas,
justificando, assim, a sua sujeição ao branco.
Mesmo com a abolição da escravatura (1888) e com o advento da
República, continuou-se a proclamar esta inferioridade, só que, naquele
momento, para justificar o lugar subalterno, mas livre, que índios, negros e
mestiços passaram a ocupar na nova estrutura social, caracterizando a
denominada inferioridade racial do brasileiro.
Esse modo de pensar influenciou grande parte dos intelectuais da época,
que elaboravam uma literatura sobre o povo brasileiro, colaborando para que a
visão negativa do homem tropical e, especialmente do mestiço, passasse, então,
por científica e realista, permanecendo na abordagem do caráter brasileiro até a
entrada do século XX.
30
A Psicologia Educacional se configurou, no Brasil, sob a influência médica.
Os primeiros cursos de Psicologia foram ministrados nas faculdades de medicina,
tendo os médicos como professores, onde se pesquisava sob a influência da
eugenia e do branqueamento progressivo da raça negra, por meio da importação
de imigrantes e numa vertente voltada para a psicanálise. Tal realidade
influenciou na construção de discursos fraturados, muitas vezes contraditórios,
das causas do fracasso escolar.
Segundo Patto (1999), até os anos 70 houve um predomínio das
explicações das causas do fracasso escolar em função das características
biológicas, psicológicas e sociais dos alunos, em detrimento à explicação que
considerava os aspectos estruturais e funcionais do sistema de ensino como
determinante desse fracasso. O termo social era empregado no sentido de déficit
cultural dos usuários das escolas públicas, não contemplando a relação com a
estrutura na qual se organiza a sociedade. Os psicólogos educacionais, de
formação psicanalítica, psiconeurológica ou cognitivista, perderam de vista a
dimensão pedagógica do processo.
Durante os anos 70 tentou-se superar, ainda, o discurso fraturado sobre as
causas do fracasso escolar que passou a ser explicado pela teoria da Carência
Cultural, por meio do qual se afirmava que as deficiências (déficit) do ambiente
cultural das chamadas classes baixas produziam a deficiência no
desenvolvimento psicológico infantil, ocasionando as dificuldades de
aprendizagem e de adaptação escolar. Tal manifestação é considerada por Patto
(1999) como sutil, porém a mais poderosa de preconceito racial e social.
Exemplo disto é o Personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato, difundido
entre 1920 a 1973, favorecendo a formação de estereótipos negativos a respeito
do homem rural e acredita-se que este personagem tenha contribuído para a
cristalização do mito da indolência das populações rurais, por extensão, dos
contingentes populacionais mais pobres das grandes cidades, devido a
valorização de uma ideologia urbana, nos primeiros anos deste século, resultado
de um rápido crescimento das cidades e populações urbanas em detrimento do
rural.
E em uma versão do Jeca Tatu em que ele era vítima da doença e do descaso das autoridades com a saúde, vai ao médico e se transforma em um fazendeiro bem sucedido, disseminou-se a ideia de que a
31
redenção nacional viria através de uma política de saneamento. Por um longo período se acreditou que as causas do fracasso escolar das crianças das classes populares seriam a verminose. (CF. PATTO, A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e Rebeldia, 1999, p. 98-104).
A formação destes primeiros psicólogos, que foram bastante atuantes na década de trinta, se deu numa época na qual havia um grande prestígio das teorias racistas no Brasil, momento em que se formulavam os primeiros retratos “psicológicos” do brasileiro e consideravam a cultura europeia e da raça branca superior. O médico psicólogo Arthur Ramos, com bases nos instrumentos conceituais da psicanálise, introduziu no país um novo conceito de cultura que a antropologia inaugura na passagem do século – a psicologia da cultura brasileira, por meio da qual conclui que o brasileiro possui um “inconsciente primitivo” e, portanto, uma cultura “ainda eivada de defeitos, próprios das culturas ainda na infância”. Porém não conseguiu ultrapassar o preconceito racial entranhado na vida cotidiana brasileira. (CF. PATTO, A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e Rebeldia, 1999, p. 104-114).
No âmbito dessa teoria está à tese da diferença cultural como explicação
para o fracasso escolar. A tese afirmava que a escola era inadequada para as
crianças carentes, já que professores da classe média utilizava-se de métodos
destinados a crianças da classe favorecida.
Conviveu-se também, na década de 70, nos meios educacionais, com a
teoria do sistema de ensino de Bourdieu e Passeron (teoria crítico reprodutivista),
a qual introduziu a possibilidade de se pensar o papel da escola no âmbito de
uma concepção crítica de sociedade. Mais especificamente, forneceu as
ferramentas conceituais para o exame das instituições sociais enquanto lugares
nos quais se exercem a dominação cultural, a ideologização a serviço da
reprodução das relações de produção.
Na escola, o embasamento da visão de exploração seria produzido,
segundo esta teoria, principalmente pela veiculação de conteúdos
ideologicamente visados e do privilegiamento de estilos de pensamento e
linguagem característicos dos integrantes das classes dominantes. Tal verdade
faria do sistema de ensino um instrumento a serviço da manutenção dos
privilégios educacionais e profissionais dos que detém o poder econômico e o
capital cultural.
Influenciados pela teoria de carência cultural e por uma concepção positiva
de produção de conhecimento, os educadores e pesquisadores na área
educacional se apropriaram da concepção de escola como aparelho ideológico do
32
Estado, com distorções conceituais, levando a descaminhos teóricos. O objetivo
não era, portanto, garantir às classes subalternas a apropriação do saber escolar
enquanto instrumento de luta na transformação radical da sociedade, mas acenar
para o pobre com a possibilidade de melhoria de suas condições de vida, por
meio da ascensão social e econômica, estruturalmente possível para a maioria.
No decorrer dos anos setenta, contudo, uma das características que
diferenciou a pesquisa do fracasso escolar foi à investigação crescente da
participação do próprio sistema escolar na produção do fracasso, através da
atenção ao que se convencionou chamar de fatores intra-escolares e suas
relações com a seletividade social operada na escola, privilegiando a investigação
de aspectos estruturais, funcionais e da dinâmica interna da instituição escolar.
E o ano de 1977 foi o marco na mudança de enfoque, após tantos anos do
predomínio na busca das causas das dificuldades de aprendizagem escolar, nas
características psicossociais do aprendiz.
Passou-se a ter, nesse período, uma nova visão da escola, agora
determinada pelos condicionantes sociais e econômicos mais gerais, porém com
certa autonomia para determinar o sentido de sua ação na sociedade global. As
ideias de Snyders e Gramsci foram introduzidas na reflexão sobre o problema da
ineficiência e do papel social da escola para o povo. Os conhecimentos e
habilidades transmitidos pela escola passam a ser valorizados como instrumentos
poderosos na luta do povo por seus interesses de classe.
Na história da explicação do fracasso escolar, até os anos 90, é possível
perceber avanços e retrocessos, como diz Patto:
É importante notar que se nos anos de predomínio da teoria da deficiência cultural os aspectos intra-escolares receberam pouca atenção, se na vigência da teoria da diferença cultural a responsabilidade da escola pelo fracasso ficou limitada à sua inadequação à clientela, à medida que as pesquisas vão desvendando mais criticamente aspectos da estrutura e funcionamento do sistema escolar, ao invés de atribuir à clientela as causas do fracasso escolar ter sido superada, ela foi apenas acrescida de considerações sobre a má qualidade do ensino que se oferece a essas crianças. Neste sentido, a pesquisa no início dos anos 80 sobre o fracasso escolar repete, com algumas exceções, o discurso fraturado que predominou no período em que vigoraram as ideias escola novistas, quando não repetem a tentativa de colagem deste discurso afirmando que a escola que aí está é inadequada à clientela carente (PATTO, 1999, p.154).
33
Embora a pesquisa da situação da escola e do ensino tenha ganhado novo
fôlego, também as afirmações sobre as características da clientela continuaram a
serem as mesmas dos anos 70, imunes à crítica da teoria da carência e a
resultados de pesquisas que a puseram em xeque, caracterizando, assim,
rupturas e, ao mesmo tempo, repetição de conceitos já superados.
Em plena década de 1980, quando foi realizada a pesquisa da qual
originou o livro “A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e
rebeldia” (já mencionado), a autora observa que a reprovação e evasão na escola
pública de primeiro grau continuam a assumir proporções inaceitáveis. Este
problema, mesmo que tenha sido denunciado desde a década de trinta, ainda
persiste.
Muitos dos pesquisadores brasileiros, preocupados em estudar as
dificuldades de aprendizagem escolar manifestada predominantemente entre
crianças dos segmentos mais empobrecidos da população, o fizeram baseados
numa visão de mundo, num modo dominante de pensá-las, consolidado durante o
século XIX no leste europeu e na América do Norte. Tais ideais estão sustentados
nas concepções que surgiram com o advento das sociedades industriais
capitalistas e nas idéias produzidas no seu âmbito, dos sistemas nacionais de
ensino, e das ciências humanas, especialmente da psicologia.
Patto (1999) aponta para a necessidade de se quebrar o estigma de que o
fracasso é culpa do aluno ou de sua família e alerta para a proporção muito maior
dos determinantes institucionais e sociais na produção do fracasso escolar do que
problemas emocionais, orgânicos e neurológicos, rompendo, portanto, com as
visões psicologizantes, da carência cultural e das dificuldades de aprendizagem.
2.6 O FRACASSO ESCOLAR A PARTIR DOS ANOS 90
Durante os anos 90, as políticas educacionais, segundo Nagel (2001,
p.112) estiveram diretamente subjugadas aos interesses do capital estrangeiro,
sob as determinações do Banco Mundial e FMI, momento em que houve a
reorganização da ideologia liberal de acumulação do capital, denominada de
neoliberalismo. Para garantir esta soberania, utilizou-se, nas Diretrizes
Educacionais, de palavras chaves como: desregulamentação, descentralização e
34
flexibilização, as quais visavam estimular à autonomia, a liberdade, a
independência, a iniciativa e a criatividade, desencadeando o esvaziamento de
conteúdos da escola pública brasileira ou, como Nagel (idem) coloca o “caos da
educação” brasileira.
Nesse contexto, o fracasso escolar é tido como “produto de professores
mal qualificados” (NAGEL, 2001, p.05), não levando em consideração qualquer
outro tipo de comentário que estabeleça relação entre concentração de renda e
condições reais de aprendizagem.
Em estudo realizado por Angelucci et al (2004) sobre produções escritas,
no período de 1991 a 2002, em mestrados e doutorados, na cidade de São Paulo,
tanto nos cursos de Pedagogia e Psicologia das universidades, quanto nos da
Fundação Carlos Chagas, as autoras observaram, nas 71 obras selecionadas
para análise, que o fracasso escolar é compreendido como:
- problema psíquico: a culpabilização das crianças e de seus pais (foco no
aluno);
- problema técnico: culpabilização do professor (foco no professor);
- questão institucional: a lógica excludente da educação escolar (foco na
política pública como determinante do fracasso escolar);
- questão política: cultura escolar, cultura popular e relações de poder (foco
nas relações de poder estabelecidas no interior da instituição escolar, mais
especificamente na violência praticada pela escola ao estruturar-se com base na
cultura dominante e não reconhecer – e, portanto, desvalorizar – a cultura
popular).
Confirmando, assim, como já alertou Patto (1999) a retomada ou o
retrocesso, nos dias atuais, de explicações sobre o fracasso escolar que já
deveriam ter sido superadas.
Muitos afirmam que a solução dos problemas da educação brasileira só é
possível via Decreto. Quanto à questão de resolver os problemas educacionais
por decreto, Nagel (1989), assim afirma:
A escola não pode esperar por Reformas Legais para enfrentar a realidade que lhe afoga. Além do mais, a atitude de esperar “por decretos” [...] reflete o descompromisso de muitos e a responsabilização de poucos com aquilo que deveria ser transformado. A escola tem uma vida interior que, sem ser alterada por códigos legislativos, pode
35
trabalhar com o homem em nova dimensão, bastando para isso que seus membros se disponham a estabelecer um novo projeto de reflexão e ação. Para estabelecer este projeto de reflexão e ação se faz necessário, segundo a autora, estudos e aprofundamento de todos, e de cada um, nas questões relativas à humanidade, à sociedade. “Repensar a sociedade exige que no mínimo se tenha conhecimento sobre ela” (NAGEL, 1989, p.10).
A ação pedagógica que poderia contribuir com a qualidade mencionada,
seria aquela respaldada, de acordo com a concepção de Saviani, numa
pedagogia histórico-crítica que implica:
Na clareza dos determinantes sociais da educação, a compreensão do grau em que as contradições da sociedade marcam a educação e, consequentemente, como é preciso se posicionar diante dessas contradições e desenredar a educação das visões ambíguas, para perceber claramente qual a direção que cabe imprimir à questão educacional (SAVIANI, 1991, p.103).
Neste sentido, a garantia de um padrão de qualidade em educação vai
além da oferta de vagas, pois envolve a permanência e o sucesso dos que nela
ingressam. E este sucesso numa perspectiva de educação histórico-crítica,
fundamentada numa concepção Materialista Histórica Dialética, perpassa pela
garantia de uma educação que propicie a aquisição de conhecimento científico
historicamente acumulado de forma crítica. Além disso, é importante que
possibilite, ainda, a formação da cultura democrática e potencialize ações rumo à
transformação desta sociedade que é extremamente injusta e opressora, numa
perspectiva de que o aluno se perceba enquanto parte desta sociedade que é
contraditória; que se reconheça como homem sujeito.
2.7 FRACASSO ESCOLAR NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Conceitualmente, o fracasso escolar é entendido como um desajuste
produzido em algum ponto do sistema educativo, exemplos: na formação do
docente, na exigência dos conteúdos, na fragmentação curricular ou, ainda, nas
possibilidades oferecidas aos alunos para o aprendizado. Temos momentos em
que profissionais culpa a criança, ora a família, em outros uma determinada
classe social, ora todo um sistema econômico, político e social. Segundo Sales e
Silva (2008), em busca de respostas, os educadores voltam ao cenário brasileiro
36
da década de 60, cujos princípios estavam alicerçados em teorias da escola nova
desenvolvidas nos EUA e Europa. Em contraste ao ensino tradicional. Já na
década de 70 preocupou-se pela qualidade do ensino como forma de minimizar a
questão do fracasso escolar. Em, todavia na metade da década de 80, pesquisas
atribuíam aos professores a responsabilidade pelo insucesso dos educandos.
Mas será que existe mesmo um culpado para a não aprendizagem? “A culpa, o
considerar-se culpado, em geral, está no nível imaginário” (FERNANDEZ, 1994) e
coloca que o contrário da culpa é a responsabilidade Podemos dizer que ao redor
do contexto escolar, são varias forças que circulam ao redor de uma influência
sobre os alunos e professores. Forças estas que encontramos no convívio das
pessoas em meio a sociedade. O contato particular de cada um, com sua rede
social.
Para Meira (2002); Sales e Silva (2008); Costa (2009) os exemplos de
forças influenciadoras são: Pais que não ligam para o desenvolvimento do ensino
para com seus filhos; Crianças com má estruturação familiar; Crianças que
trabalham para auxiliar nas despesas de casa; Professores com má formação;
Escolas com estrutura precária, para o desenvolvimento do ensino; Dificuldade de
relacionamento com o corpo da direção de escolas (entre professor,
psicopedagogos e direção).
Costa ainda menciona que outro fator que contribui com o fracasso escolar,
é a iniciação sexual dos adolescentes / jovens. Que cada vez estão iniciando mais
cedo sua vida sexual e acabam se tornando pais e mães muito jovens, sem uma
boa orientação. O que acabam tendo que assumir responsabilidades de pessoas
adultas antes do tempo. Ainda existem aqueles que se prostituem para ganhar
dinheiro de forma fácil, iludidos com a promessa uma vida melhor que nunca
chega, e por estes motivos acabam abandonando a escola.
Envolvimentos positivos. A família, por sua vez, é responsável pela
aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e as
“atitudes destes frente às emergências de autoria do aprendente, se repetidas
constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos”
(FERNÁNDEZ, 2001 citado por MEIRA, 2008).
Entendemos que uma boa formação dos professores é indispensável na
educação, para melhorar o rendimento na aprendizagem; Para buscar uma
37
eficiência maior em relação a informação a ser passada; Possibilitando uma maior
compreensão dos jovens com determinados assuntos. Sendo que a
aprendizagem é um processo vincular, ou seja, que se dá no vínculo entre
ensinante e aprendente
Este processo se difere bastante do fracasso escolar que pode evidenciar
uma falha nesta relação vincular ensinante - aprendente. No fracasso escolar “a
criança não tem um problema de aprendizagem, mas eu, como docente, tenho
um problema de ensinagem com ele” (FERNANDEZ”, 1994 citado por Meira,
2008). Competência em psicologia os traços de personalidade que permitem ao
indivíduo atingir determinada realização ou desempenho. A habilidade não deve,
no entanto, ser confundida com o desempenho em si, que pode variar com a
motivação.
Entendemos que uma boa formação dos professores é indispensável na
educação, para melhorar o rendimento na aprendizagem... Pois, sabemos
também que não existem caminhos certos, mas, podemos melhorar nossa
postura como educador, nos adequando ao novo, mesmo nas situações mais
conflituosas e que devemos refletir sobre os erros, e juntos sem culpar ninguém,
deveram buscar no seio da escola e da sociedade, ações que tornem o ensino
acessível a todos” (COSTA,2009).
38
3 METODOLOGIA
A construção desse projeto se deu por meio de pesquisa de campo feita na
comunidade Nossa Senhora do Perpetuo do Socorro na E.M.E.F Quintino Tomás
de Souza do Rio Cojuba, neste município de Gurupá/PA. Com a participação de
professores que atuam há mais de dez anos na rede pública municipal de
educação de Gurupá que contribuíram de forma significativa para a realização e
concretização dessa pesquisa. Foram utilizados os seguintes procedimentos
metodológicos: Estudos feitos com embasamento teórico pautados nos autores
Patto(1996), (Rosenberg;1984, p.18), (Vasconcellos, 2006, p. 66,78), Zuccolotto
(1985), Gualtieri( ) Hargreaves (2004), Thin (2006), e outros que serviram como
subsídios de suma importância para a posterior realização dessa pesquisa, além
disso, foram aplicados questionários contendo três perguntas para os discentes
com perguntas abertas, numa abordagem quantitativa e qualitativa. Os dados
foram tabulados por categoria, sendo apresentados em tabelas ou gráficos.
3.1 TIPOS DE PESQUISA
Pesquisação: atividade pratica de leituras escritas e debates relatando
umas experiências com aluno do 5º ano do ensino fundamental.
3.2 SUJEITOS
Os sujeitos envolvidos da pesquisa foi o corpo técnico pedagógico da
escola.
3.3 CONTEXTOS DA PESQUISA
A Escola lócus de nossa pesquisa foi a escola Quintino Tomaz de Souza
conta com um corpo de professores, ainda em formação, mas que ainda não
supre todas as áreas de conhecimento, e alguns que tem apenas o ensino médio.
A referida escola funciona no período da manhã com 1º ciclo e 2ºciclo.
39
A Escola não tem Projeto Político Pedagógico. Os trabalhos pedagógicos
são orientados através da direção com o auxílio dos assessores da SEMED, mas
na maioria das vezes fica somente por conta do professor. Porém realiza alguns
projetos em nível de escola, o mais importante é o CAMAQUEIJO, que é um
festival, cujo objetivo é valorizar os potenciais econômicos da região que é o
camarão e o queijo. Esse projeto envolve tanto a escola como a comunidade local
e outras escolas são convidadas a participarem. Nele se trabalha a culinária dos
dois alimentos, além da realização de torneios e feira cultural. Por ser localizar na
várzea os alunos são trazidos por transportadores contratados pela Secretaria de
Educação, pois as distâncias das casas dos alunos para a escola é grande
podendo chegar a quatro horas.
3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA E A DOS DADOS
3.4.1 Coletas de dados/materiais
Como instrumentos de coleta de dados usamos as entrevistas
estruturadas, questionário que foram aplicados a escola, aos professores e aos
pais dos alunos. Fizemos também observação em sala, analisando as diversas
práticas de leitura e escrita observando também quais as atividades
desenvolvidas em sala e qual o método utilizado. Foi feito também uma pesquisa
bibliográfica, onde foram selecionados livros, artigos, revistas, sites que tratam do
tema.
.
3.4.2 Análise dos dados
A análise dos dados será feita com base nas informações coletadas acerca
das justificativas da escola de muitos alunos ainda vivenciarem o fracasso escolar
40
3.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
ANALISANDO A CATEGORIA PROFESSOR
1ª QUESTÃO: Quais os problemas que você encontra na sala de aula com
relação ao fracasso escolar?
Professor A : Problemas como falta de interesse por parte dos alunos em
sala de aula que não são padronizadas para cada etapa de ensino.
Professor B : Problemas encontrados na sala de aula não padronizadas
para cada etapa de ensino com materiais pedagógicos mais sofisticados
Professor C: O problema mais frequente é a falta de merenda escolar pois
os alunos perdem quase a metade das aulas levando a baixa aprendizagem
Professor D: A falta de merenda é um problema muito grande pois os
alunos não conseguem assimilar os conteúdos.
De acordo com as respostas dadas pelos professores ficou claro que: a
falta de interesse dos alunos, as salas de aula não padronizadas, falta de material
mais sofisticado e principalmente a falta da merenda escolar são fatores que
contribuem para o fracasso escolar dos alunos.
Neste sentido o autor Godoy 2008 p? Afirma que o Brasil vive um contexto
em que o fracasso escolar configura-se como um grande problema a ser
enfrentado pelo sistema educacional. Tal fracasso deve-se em grande parte a
diversas fragilidades encontradas no ambiente escolar, tais como: o número
excessivo de alunos por turma, a pouca qualificação profissional, as práticas
pedagógicas inadequadas, a falta de recursos humanos suficientes, são apenas
algumas das dificuldades encontradas comumente.
Com a falta desses materiais sofisticados e sala de aula não padronizada a
chance de aprendizado são poucas o aluno depende muito desses padrões para
melhor aprender, a falta de merenda escolar além de o aluno não conseguir se
concentrar melhor ainda perde hora aula, fazendo com que ele perca tempo de
estudo.
2ª QUESTÃO: Qual o perfil dos alunos que tem problemas de
aprendizagem?
Professor A: é aquele aluno inquieto na sala de aula, pois os pais têm se
interessar mais com os estudos dos filhos.
41
Professor B: são os alunos que trabalham para o sustento da família e
aqueles que não têm apoio da família.
Professor C: alunos com pouco incentivo de sua família, alunos elevados e
que faltam muito.
Professor D: alunos com falta de atenção, com pouco incentivo da família,
alunos traquinos.
Visto as respostas percebemos que os maiores problemas de
aprendizagens são: aluno inquieto, alunos que trabalham para sustentar a
familiar, e principalmente a falta de apoio da família.
Nesse sentido o autor Asbahr e Lopes (2006) ainda destaca que é comum
a atribuição do fracasso escolar às famílias das crianças e adolescentes. As
causas das dificuldades decorreriam da estrutura familiar desfavorável ao
desenvolvimento psíquico e ao sucesso escolar. Além disso, também se aponta
que os pais podem não valorizar a escola, não darem atenção aos filhos, serem
promíscuos e violentos.
O acompanhamento da família na vida dos alunos é muito importante isso
começando da educação desde de dentro de casa para que o aluno chegue a
escola já com uma educação diferenciada e obter sucesso nos estudos sempre
com a participação da família que é fundamental nesse processo.
3ª QUESTÃO: como é a participação das famílias na escola?
Professor A: as famílias não participam devidamente isso acaba levando ao
fracasso escolar.
Professor B: mais interesse das famílias a participar da vida escolar de
seus filhos, pois o educando se sente desmotivado com falta de interesse do
mesmo.
Professor C: as famílias só vão a escola quando tem reunião escolar ou se
o professor manda chamar os pais para conversar sobre o comportamento de
seus filhos.
Professor D: as famílias são ausentes da sala de aula, não acompanham
seus filhos no processo escolar, pouca participação nas reuniões.
De acordo com a resposta dada pelos professores observamos que as
famílias pouco frequenta a escola para acompanhar a vida escolar de seus filhos,
assim dando uma contribuição muito grande para o fracasso escolar.
42
Nesse sentido o autor Thin (2006), estudando as relações entre as famílias
populares e a escola, verificou que as práticas de socialização das famílias
podem não convergir com a lógica que organiza o cotidiano escolar, uma vez que
aquilo que a escola exige como comportamento “natural”, expresso na tão
repetida frase “a educação se traz de casa”, frequentemente é feito de outra
forma pelas famílias populares.
As famílias que pouco participam na vida escolar de seus filhos não
percebe a importância do estudo e não consegue acompanhar o desenvolvimento
dos filhos, assim fazendo com que os mesmos fique sem motivação para ter
sucesso no final de cada ano.
4ª QUESTÃO: você faz plano de aula? Como é?
Professor A: sim faço, leio o assunto em livro preparo o assunto, atividade
avaliativa trabalho individuais e coletivas para classe.
Professor B: sim eu analiso o grau de conhecimento dos alunos procuro
saber como é a vida familiar dos alunos para poder passar um conteúdo que
renda pra toda turma.
Professor C: sim, eu procuro resumir os conteúdos, após o assunto eu
repasso atividade leitura e texto.
Professor D: sim, meus planos têm como foco principal assunto atividade e
leitura.
Visto as resposta dada pelos professores, percebemos que os planos de
aula são aplicado, isso ajuda muito para o sucesso do aluno no final de cada
etapa.
Nesse sentido os autores Gatti (1981) e Souza (1994) expressam que as
soluções propostas para o fracasso escolar caminham no sentido da reflexão
sobre a responsabilidade da escola em relação à manutenção do baixo
rendimento das crianças pobres; da necessidade de considerar o aluno como
uma das personagens envolvidas no conjunto de relações que se estabelecem no
interior da escola e de verificar como as relações cotidianas acontecem dentro e
fora desta buscando cumprir sua função de socializar o saber.
Com o planejamento os professores desenvolve melhor sua aula por
motivo de conhecer melhor o assunto e saber o que vais fazer os materiais que
vão os métodos que vão trabalhar elaborando melhor as atividades.
43
5ª QUESTÃO: há uma ação pensada para superar o problema do fracasso
escolar? Qual?
Professor A: sim temos que lutar em pro da educação defendendo os
direitos dos alunos e dos profissionais que os cercam.
Professor B: eu creio se escolas seguissem o calendário diferenciado não
acabaria mais minimizava o fracasso, hoje nas escolas.
Professor C: sim a uma ação e solução mais participação dos pais e
governastes com escola e com sala de informática e etc.
Professor D: sim é preciso que o governo invista mais na educação
principalmente na merenda escolar, pois os alunos quando merendam aprendam
mais.
De acordo com a resposta dada pelos professores percebemos que as
ações pensadas para superar o fracasso escolar são: mais luta por uma boa
educação dando os direito dos alunos e dos professores, participação dos pais e
governantes, e merenda escolar diariamente.
Diante das respostas os autores (CONCEIÇÃO,1994; CRUZ,1997;
FERRIANI, IOSSI,1998, p. 78). Uma solução segundo essas representações
destaca a qualificação de recursos humanos, conhecendo quem são os
repetentes e analisando as representações destas crianças, estimulando
professores e pais a refletirem sobre escola-padrão, merenda escolar e mantendo
estratégias mais efetivas como projeto político, integração entre secretaria de
saúde e educação.
Os professores são desrespeitados não tendo seu salário bom, e os alunos
sem direitos a uma boa educação com direito a informáticas e outros materiais
pedagógicos fundamentais em seus estudos, e falta de merenda que faz com que
os mesmo percam hora aula.
6ª QUESTÃO: na sua escola em sua opinião enquanto professor e professora
quais os fatores que mais contribuem para o fracasso escolar?
Professor A: os fatores que mais contribuem para o fracasso escolar são: a falta
participação dos pais na escola, a falta da merenda escolar, e a necessidade da
sala de informática.
44
Professor B: a falta de padroniza mento nas escolas falta de participação
das famílias, melhor capacitação dos professores.
Professor C: mais interesse das escolas em organizar eventos nas datas
comemorativas, pois a referida não se encontra bem estruturada, com sala de
informática, sala de vídeo, pois o aluno se sente desmotivado com isso.
Professor D: falta de escola padronizada mais apoio de nosso governo com
cursos para capacitar melhor os educadores e melhor remuneração deles.
De acordo com as respostas dos professores os problemas mais
frequentes para que aconteça o fracasso escolar são: a falta de participação das
famílias, a falta de merenda escolar, escola não padronizada, falta de qualificação
dos professores e a falta de organização das escolas.
Diante das respostas dos professores o autores Meira (2002); Sales e Silva
(2008); Costa (2009) os exemplos de forças influenciadoras são: Pais que não
ligam para o desenvolvimento do ensino para com seus filhos; Crianças com má
estruturação familiar; Crianças que trabalham para auxiliar nas despesas de casa;
Professores com má formação; Escolas com estrutura precária, para o
desenvolvimento do ensino; Dificuldade de relacionamento com o corpo da
direção de escolas (entre professor, psicopedagogos e direção).
Nas escolas publicas hoje a falta de qualificação dos professores
contribuem no fracasso escolar, falando ainda das estruturas escolar pequenas
salas, números excessivos de alunos sem a participação da família deixando o
educando desconfortável, sabemos que para se ter uma boa educação
precisamos melhorar em vários fatores a assim almejar a educação que
queremos para os nossos filhos.
ANALISANDO CATEGORIA PAIS
1ª QUESTÃO: Em sua opinião qual a causa do fracasso escolar?
Pai A: em minha opinião a principal causa é a estrutura escolar, que não
está preparada para oferecer o lazer que o aluno merece.
Pai B: estrutura escolar não padronizada, a falta de merenda escolar, a
falta de apoio dos governantes com cursos de capacitação dos professores.
Pai C: a falta de motivação dos pais n avida escolar dos seus filhos, falta
de merenda se torna u fracasso muito grande na vida dos alunos.
45
Pai D: é a falta de atenção do governo que não busca recursos para que
tenhamos uma educação qualificada, a falta de merenda escolar é também hoje
uns dos grandes problemas que enfrentamos em nossa escola.
Pai E: a falta de merenda é um fracasso escolar por esse motivo os alunos
tem que sair mais cedo da escola.
De acordo com as respostas dadas pelos pais ficou claro que: a falta de
interesse dos alunos, as salas de aula não padronizadas, e principalmente a falta
da merenda escolar são fatores que contribuem para o fracasso escolar dos
alunos.
Neste sentido o autor Godoy 2008 p? Afirma que o Brasil vive um contexto
em que o fracasso escolar configura-se como um grande problema a ser
enfrentado pelo sistema educacional. Tal fracasso deve-se em grande parte a
diversas fragilidades encontradas no ambiente escolar, tais como: o número
excessivo de alunos por turma, a pouca qualificação profissional, as práticas
pedagógicas inadequadas, a falta de recursos humanos suficientes, são apenas
algumas das dificuldades encontradas comumente.
Com a falta desses materiais sofisticados e sala de aula não padronizada a
chance de aprendizado são poucas o aluno depende muito desses padrões para
melhor aprender, a falta de merenda escolar além de o aluno não conseguir se
concentrar melhor ainda perde hora aula, fazendo com que ele perca tempo de
estudo.
2ª QUESTÃO: Em que período do ano o fracasso escolar se torna mais
frequente?
Pai A: para mim o fracasso se torna mais frequente no inverno porque a
escola vai no fundo e os alunos tem que parar de estudar durante a enchente.
Pai B: no segundo bimestre porque o mês da safra do peixe, muitos dos
alunos precisam trabalhar para ajudar sua família.
Pai C: em minha opinião é no período da safra que os alunos abandonam
nessa época seus estudos.
Pai D: nos primeiros meses do ano, porque não se sabe quem vai
continuar trabalhando quem está na frente na direção escolar não sabemos quem
é, se tem ou não, nem se vai ter até o fim, pode até ter, mas é só no papel.
46
Pai E: é o período de verão, pois é o tempo de safra do camarão, um dos
principais meios de renda das famílias da região, com isso tira mais o tempo do
aluno estudar em casa.
De acordo com as respostas dos pais o período que o fracasso escolar se
torna mais frequente são: no período de enchente que os alunos não podem ir a
escola por motivos de a mesma ir ao fundo e principalmente nas safras do peixe e
do camarão que os alunos abandonam a escola para ajudar na renda da família.
Nesse sentido os autores Meira (2002); Sales e Silva (2008); Costa (2009)
os exemplos de forças influenciadoras são: Pais que não ligam para o
desenvolvimento do ensino para com seus filhos; Crianças com má estruturação
familiar; Crianças que trabalham para auxiliar nas despesas de casa; Professores
com má formação; Escolas com estrutura precária, para o desenvolvimento do
ensino; [...]
Diante de famílias carentes quando chegam as melhores épocas de suas
produções os alunos se retiram da escola para poder ajudar na renda de sua
família para quando falhar eles tenham conseguido juntar alguma renda para
sobreviverem nos momentos mais difícil de suas famílias.
3ª QUESTÃO: O senhor (a) como pais, responsável de que forma participa
da vida escolar do seu filho?
Pai A: eu participo indo em reuniões na escola, ajudando nos trabalhos de
escola dos meus filhos, dando orientações para os mesmo e comprando material
escolar.
Pai B: eu participo dando apoio e incentivando minha filha a ir a escola e
ajudando ela com a tarefa de casa, mostrando a ela que mesmo estudando num
país que a educação não te valor vale apena estudar.
Pai C: eu participo de forma presente no dia a dia, sempre incentivando os
meus filhos na escola.
Pai D: eu participo diariamente, apesar de tudo vejo mudança, observo o
antes e o depois cada dia, eu vejo uma conquista eu ajudo a fazer o dever de
casa.
Pai E: indo todo final de semana conversar com o professor (a) a respeito
da aprendizagem do meu filho.
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De acordo com as respostas dos pais eles participam na vida escolar de
seus filhos da seguinte maneira: indo as reuniões ajudando no trabalho escolar,
comprando material escolar.
Diante disso o autor Thin (2006), estudando as relações entre as famílias
populares e a escola, verificou que as práticas de socialização das famílias
podem não convergir com a lógica que organiza o cotidiano escolar, uma vez que
aquilo que a escola exige como comportamento “natural”, expresso na tão
repetida frase “a educação se traz de casa”, frequentemente é feito de outra
forma pelas famílias populares.
A participação da família é fundamental esse acompanhamento estimula
muito a participação e bom desenvolvimento dos alunos em sala de aula.
4ª QUESTÃO: Seus filhos trabalham?
Pai A: ( x ) sim ( ) não
Pai B: ( ) sim ( x ) não
Pai C: ( ) sim ( x ) não
Pai D: ( ) sim ( x ) não
Pai E: ( ) sim ( x ) não
De acordo com as respostas um percentual de 80% não trabalham e 20%
trabalham, como mostra o gráfico abaixo:
Gráfico 1 – Seus filhos trabalham?
Fonte: Arquivo Pessoal
20%
80%
Seus filhos trabalham?
sim
não
48
5ª QUESTÃO: o trabalho que seus filhos desenvolvem dificulta a frequência
escolar?
Pai A: ( ) sim ( x ) não
Pai B: ( ) sim ( x ) não
Pai C: ( ) sim ( x ) não
Pai D: ( ) sim ( x ) não
Pai E: ( ) sim ( x ) não
De acordo com as respostas dos pais os trabalhos que seus filhos
desenvolvem 100% não atrapalham na frequência escolar de seus filhos, como
mostra o gráfico abaixo.
Gráfico 2 – Trabalhos que dificultam a frequência escolar
Fonte: Arquivo Pessoal
Trabalhos que dificultam a frequencia escolar
sim
49
4 REFLEXÕES FINAIS
4.1 RETOMANDO AS QUESTÕES DE PESQUISA
Nesta pesquisa compreendemos que:
• Para Vygotsky e Piaget, a aprendizagem se processa em uma relação
interativa entre o sujeito e a cultura em que vive. Isso quer dizer que, ao lado dos
processos cognitivos de elaboração absolutamente pessoal (ninguém aprende
pelo outro), há um contexto que, não só fornece informações específicas ao
aprendiz, como também motiva, dá sentido e “concretude” ao aprendido, e ainda
condiciona suas possibilidades efetivas de aplicação e uso nas situações vividas.
Entre o homem e o saberes próprios de sua cultura, há que se valorizar os
inúmeros agentes mediadores da aprendizagem (não só o professor, nem só a
escola, embora estes sejam agentes privilegiados pela sistemática
pedagogicamente planejada, objetivos e intencionalidade assumida).
• Umas das causas em nossa realidade que hoje percebemos que
atrapalham o bom desenvolvimento dos alunos são faltas de capacitação e
qualificação dos professores o desinteresse das famílias que não acompanha a
vida escolar de seus filhos e também percebemos muito hoje a falta de interesse
dos alunos que não dão a atenção nas aulas dos professores. Assim mesmo
frequentando diariamente não se almeja o resultado esperado. Renda familiar
baixa, fazendo com que os alunos deixem a escola para ajuda na família.
4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das pesquisas vimos que as concepções de fracasso escolar são
analisadas pelos autores como consequências das relações sociais e de poder
que se estabelecem na escola, excluindo as crianças que não atendem ao padrão
cultural imposto pelos professores. Entendem o fracasso como um reflexo da
situação social, econômica e cultural que englobam aspectos familiares,
pedagógicos e individuais da criança vinculada à pobreza, em decorrência apenas
de meios familiares desestruturados sem reforçar o ciclo que envolve pobreza,
analfabetismo, desemprego e exclusão social.
50
Consideram-se também os materiais didáticas que também tem uma
influencia por serem assuntos muitos distante da realidade dos alunos, a falta de
professores com capacidade de inovar de fazer algo diferente onde desperte o
interesse dos alunos em sala de aula e crie para a escola fique um ambiente
aconchegante
A família, o poder público e a escola são corresponsáveis e formação da
criança e nesse contexto, o fracasso escolar constitui um elemento negativo no
processo de formação. É grande a dimensão da evasão escolar e/ou fracasso
escolar, mas existe a possibilidade de eliminar este problema ainda que
predomine na sociedade a desigualdade econômica. Este estudo buscou, através
de pesquisa bibliográfica, enfocar a questão do fracasso escolar apresentando
seu conceito, causas, concepções e possíveis formas teóricas de intervenção.
Combater o fracasso e desenvolver o sucesso escolar é um problema que
envolve a escola, família e órgãos públicos sem eximir nenhuma instituição da
responsabilidade de buscar alternativas para o problema.
O presente trabalho nos levou a compreender melhor as possibilidades de
aprendizagens e a importância, assim facilitando na formação reforçando as
propostas curriculares, a compreender.
O tema relacionado de acordo com os questionários aplicados para
professores e pais requer uma preocupação diretamente por parte não só dos
educadores, mas também das famílias, dos próprios alunos e dos governantes.
Diante das respostas foi possível verificar que o fracasso escolar é um
problema antigo e que são vários os responsáveis por esse processo que atinge
uma grande massa de educandos, que muitos já lutaram para uma superação
mais pouca coisa foi solucionada.
Para tanto é preciso a atenção de nossos governantes para promover e
viabilizar a melhoria da infraestrutura escolar para que diminua a quantidade de
alunos por sala de aula, demanda para pedagogos, processo de formação
continuada para educadores.
Nesta perspectiva Altenfelder (2008, p.1) salienta a “importância de es
considerar a formação continuada como parte integrante do trabalho docente e
para a necessidade de novos estudos que ultrapassem a dicotomia entre teoria e
prática”, assegurando assim ao professor o direito de estudar, de enriquecer e
51
atualizar seus conhecimentos em direção a um “fazer” pedagógico de qualidade,
que possa contar com a participação efetiva do pedagogo como um mediador das
relações pedagógicas entre professores, alunos, currículos, metodologia,
processo de avaliação, processo de ensino e aprendizagem, organização
curricular e organização do conselho de classe.
Além disso, é necessário reconhecer a importância de uma pratica
participativa e coletiva na ação democrática da gestão da escola, assim
envolvendo a comunidade escolar nas atividades fazendo um trabalho coletivo
para melhor enfrentar os desafios impostos pela realidade educacional brasileira.
52
REFERENCIAS
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CDEMO, Pedro. Mitologia da avaliação: De como ignorar, em vez de enfrentar problemas. Campinas. Autores Associados 1999. GODOY, Aparecida Scheibe Franco de. “Fracasso Escolar: Fragilidades e possibilidades de enfrentamento” Artigo produzido c omo trabalho final do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE (2008 ) - [email protected] Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1428-8.pdf Acesso dia 28/06/2015. GUALTIERI, Regina C. Ellero, LUGLI, Rosário Genta. A escola e o fracasso escolar. São Paulo: Cortez Editora, 2012. (Coleção educação & saúde; v.6). HOFFMANN. Jussara Avaliação: Mito e Desafio. Uma perspectiva construtivista. 27ª Ed. Porto Alegre: Mediação. 1999. KIRSCH & JUNGEBLUT, 1990 apud SOARES, 2004, p. 109. LUCKESI. Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições . 2ª edição. São Paulo: Cortez, 1995. PATTO Maria Elena de Sousa 1998 cad. Pesq. São Paulo (65): 72-77, maio 1988, O fracasso escolar como objeto de estudo: anotações sobre características de um discurso. ALVES Rubens- Educador e escritor. Texto original publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2014. SANTOS. Alessandra Cristiane. Avaliação . 2009. ZANELLA 2001. apud Zuliani e et all 2007 FRAGMENTOS DE CULTURA , Goiânia, v. 17, n. 7/8, p. 693-708, jul./ago. 2007. Disponível em http://seer.ucg.br/index.php/fragmentos/article/viewFile/352/290. Acesso em 28/06/2015.