tcc 08 eleandra do socorro souza barbosa e maelson lima...

53
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA PLANO DE FORMAÇÃO NACIONAL DE PROFESSORES - PARFOR LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA MAELSON LIMA DA SILVA FRACASSO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE CONTRIBUEM PARA ESSE FENÔMENO E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO GURUPÁ 2015

Upload: others

Post on 14-Mar-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA

PLANO DE FORMAÇÃO NACIONAL DE PROFESSORES - PARFOR

LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA MAELSON LIMA DA SILVA

FRACASSO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE CON TRIBUEM PARA ESSE FENÔMENO E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO

GURUPÁ 2015

Page 2: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA MAELSON LIMA DA SILVA

FRACASSO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE CON TRIBUEM PARA ESSE FENÔMENO E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal Rural da Amazônia no PARFOR. Orientadora: Professora Maria Flaviana do Couto da Silva.

GURUPÁ 2015

Page 3: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA MAELSON LIMA DA SILVA

FRACASSO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE CON TRIBUEM PARA ESSE FENÔMENO E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal Rural da Amazônia no PARFOR. Orientadora: Professora Maria Flaviana do Couto da Silva.

BANCA EXAMINADORA:

1. Maria Flaviana do Couto da Silva Orientador Prof./UFRA

2. Silvana da Rocha Mourão Membro Prof./UFRA

3. Messias Souza Pantoja Membro Prof./UFRA

Julgado em: 29/10/2015.

Conceito: Muito Bom.

GURUPÁ

2015

Page 4: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

Dedicamos aos nossos familiares, principalmente aos nossos pais e genitoras que sempre nos orientaram para importância do saber escolar; Aos nossos parceiros e amigos de turma pelo incentivo e socialização; A todos os professores que plantaram suas sementinhas de conhecimento e que nos impulsionaram a continuar buscando conhecer coisas novas.

Page 5: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

AGRADECIMENTOS

Ao Senhor nosso Deus por todas as oportunidades concedidas por ele e bênçãos que ele nos deu, por todas as experiências vividas por sua vontade; Aos nossos avós que foram os primeiros responsáveis pela nossa Educação, e que sempre me fizeram acreditar que o conhecimento muda o ser humano, a todos; Aos professores da educação básica que nos estimularam nessa caminhada; A todos os professores do curso de pedagogia da UFRA, os quais me mostraram novas metodologias que possamos seguir; Aos amigos que conquistamos durante esse processo, pelas experiências trocadas e pelos estímulos.

Page 6: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

"A criança não tem um problema de aprendizagem, mas eu, como docente, tenho um problema de ensinagem com ele".

(FERNÁNDEZ, 1994).

Page 7: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Gráfico 1 – Seus filhos trabalham? ......................................................................47

Gráfico 2 – Trabalhos que dificultam a frequência escolar...................................48

Page 8: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

RESUMO

Objetivou-se com este estudo refletir a luz de referenciais teóricos acerca das causas do fracasso escolar em uma escola de Gurupá, e as propostas de solução, amenizando com isso, tal problemática e contribuindo para um ensino com mais qualidade. Para explicar essa temática tivemos o diálogo com alguns autores dentre eles Alves, Luckesi, Godoy, Patto, Santos e outros os quais foram fundamentais para subsidiar esta pesquisa para tal foi realizada uma pesquisa adotando os métodos descritivos e interpretativos a partir de aplicações de questionários com questões objetivas e subjetivas aplicados a gestora da escola professores e pais de alunos foram obtidos consideráveis informações que permitiram a análise e compreensão da temática em questão. Verificou-se que umas das causas em nossa realidade que hoje percebemos que atrapalham o bom desenvolvimento dos alunos são faltas de capacitação e qualificação dos professores o desinteresse das famílias que não acompanha a vida escolar de seus filhos e também percebemos muito hoje a falta de interesse dos alunos que não dão a atenção nas aulas dos professores. Assim mesmo frequentando diariamente não se almeja o resultado esperado. Renda familiar baixa, fazendo com que os alunos deixem a escola para ajuda na família. Concluiu-se que só é possível o aprendizado de qualidade desde que o professor faça investimento na sua formação pessoal. Palavras-Chave: Fracasso Escolar. Qualificação dos Professores.

Page 9: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

ABSTRACT

The objective of this study reflect the light of theoretical references about the causes of school failure in a school Gurupá, and the proposed solutions, softening it with such problems and contributing to a higher quality education. To explain this theme had a dialogue with some authors among them Alves, Luckesi, Godoy, Patto, Santos and others which were crucial to support this search for such a survey was conducted by adopting the descriptive and interpretative methods from questionnaires applications objective and subjective questions applied to managing school teachers and parents were obtained considerable information that allowed the analysis and understanding of the subject in question. It was found that one of the causes in our scenario that today realize that hinder the proper development of the students are training shortages and teacher qualifications disinterest of families that does not follow the school life of their children and also realize a lot today the lack of interest students who do not give attention in class teachers. Likewise attending daily did not crave the expected result. Low family income, making students leave school to help the family. It was concluded that the quality of learning is only possible as long as the teacher make investment in your personal development. Keywords: School Failure. Teacher qualification.

Page 10: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.5

2.1 FRACASSO ESCOLAR: ASPECTOS HISTÓRICOSERRO! INDICADOR NÃO

DEFINIDO.5

2.2 A ESCOLA E O FRACASSO ESCOLAR .. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 8

2.3 O FRACASSO ESCOLAR E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO ......................... 20

2.4 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EVASÃO ESCOLAR .......................... 23

2.5 AS EXPLICAÇÕES SOBRE O FRACASSO ESCOLAR NO BRASIL ................ 28

2.6 O FRACASSO ESCOLAR A PARTIR DOS ANOS 90 ........................................ 33

2.7 O FRACASSO ESCOLAR NO CONTEXTO EDUCACIONAL ............................ 35

3 METODOLOGIA ..................................... ......ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.8

3.1 TIPOS DE PESQUISA .......................................... Erro! Indicador não definido. 8

3.2 SUJEITOS ............................................................ Erro! Indicador não definido. 8

3.3 CONTEXTO DA PESQUISA ................................. Erro! Indicador não definido. 8

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE E DOS DADOSErro! Indicador não

definido. 9

3.4.1 Coleta de dados/materiais ................................. Erro! Indicador não definido. 9

3.4.2 Análise dos dados ............................................. Erro! Indicador não definido. 9

3.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 40

4 REFLEXÕES FINAIS ................................ ............................................................. 49

4.1 RETOMANDO AS QUESTÕES DE PESUISA .................................................... 49

4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ............................................................................... 49

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52

Page 11: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

10

1 - INTRODUÇÃO

Godoy (2008) em seu artigo “Fracasso Escolar: Fragilidades e

possibilidades de enfrentamento1” afirma que o Brasil vive um contexto em que o

fracasso escolar configura-se como um grande problema a ser enfrentado pelo

sistema educacional. Tal fracasso deve-se em grande parte a diversas

fragilidades encontradas no ambiente escolar, tais como: o número excessivo de

alunos por turma, a pouca qualificação profissional, as práticas pedagógicas

inadequadas, a falta de recursos humanos suficientes, são apenas algumas das

dificuldades encontradas comumente. Para a pesquisadora, tanto os teóricos e

estudiosos do assunto, quanto o professorado que está diretamente envolvido

com o tema em questão, apontam vários fatores responsáveis por esse processo:

A família, o aluno, a sociedade, o sistema de ensino, a escola e o professor, todos

– de alguma forma – estão relacionados ao problema.

Por isso, faz-se necessário, então, considerar todas as variáveis que

influenciam neste processo, ressaltando-se que a escola e, consequentemente, o

professor, são partes determinantes na escolarização dos indivíduos e que direta

ou indiretamente também podem promover situações de fracasso.

Zanella (2007) esclarece que existem algumas condições físicas,

psicológicas, ambientais e sociais que favorecem ou inibem o processo de

aprendizagem, como condições que inibem, menciona doenças, estresse, uso de

substâncias químicas, funcionamento inadequado do sistema nervoso,

desequilíbrio emocional, ambiente desestimulador e trabalho individual.

PROBLEMÁTICA

As crianças e jovens que não leem e escrevem com a fluência esperada para a etapa de escolarização em que se encontram costumam exemplificar o chamado fracasso escolar. Nessa condição, também figuram aqueles que, persistentemente, se matem com baixo rendimento e tem um histórico com múltiplas repetências, ou abandonam a escola antes de completar sua formação, ou ainda, não se ajustam às regras institucionais e, por isso, têm conduta considerada indesejável, o que

1 Artigo produzido como trabalho final do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

(2008) - [email protected]

Page 12: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

11

acaba por inviabilizá-los para educação escolar. Não podemos esquecer também aquela situação em que as crianças tem abaladas sua autoestima, em função de vivencias escolares que as levam a acreditar em sua suposta incompetência e contra a qual julgam que pouco há de fazer. Essa situação, geralmente, acompanha todas as outras. (GUALTIERI E LUGLI, 2012, p.11).

Nossa vivencia dentro da escola no município de Gurupá/Pa., nos fez ver

que a maioria das crianças do 5º ano, embora frequentem regularmente a escola,

não aprendem a ler e a escreverem ou fazer uso social da leitura e da escrita, e

muitas delas já foram reprovadas por não desenvolverem a competência de ler e

escrever.

Diante desse contexto é que propomos a refletir a luz de referenciais

teóricos acerca das causas do fracasso escolar em uma escola de Gurupá e

possíveis solução, para com isso contribuir para um ensino com mais qualidade

diminuindo assim tal problemática, um fenômeno tão comum em muitas escolas

publicas do município.

Portanto a relevância do trabalho está em buscar compreender a origem

desse problema, que muitas vezes é entendido ora como resultado das

características individuais das crianças, baixa, ora como decorrência de fatores

sociais e culturais externos à escola, ora como um mero problema técnico-

pedagógico. Qual desses fatores vem contribuindo para o insucesso escolar dos

alunos do 5º ano na Escola Quintino Tomás de Souza do município de Gurupá?

Diante dessa problemática, resolvemos investigar as causas do fracasso

escolar em uma escola de Gurupá, de buscar propostas para amenizar essa

problemática. Assim, as questões que nortearão este estudo são:

• Por que existem alunos (as) que, embora frequentem regularmente a

escola, não aprende a ler e a escrever ou fazer uso social da leitura e da escrita?

• Qual a justificativa da escola de muitos alunos ainda vivenciarem o

fracasso escolar?

• Qual o papel da família na trajetória escolar de seus filhos?

• Que praticas contribuem para promover situações de fracasso no ensino

fundamental?

• Que propostas podem ser apontadas como possíveis soluções para o

fracasso escolar?

Page 13: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

12

JUSTIFICATIVA

Segundo Faria (2208) a leitura e a escrita são habilidades exigidas para a

inserção de qualquer individuo na sociedade, e cada vez a exigência é mais

rígida, devido à modernização dos meios de comunicação, bens e serviços que a

mesma oferece. É nítida a necessidade do domínio dessa habilidade, no entanto

hoje, exigem-se mais do que o domínio da leitura e escrita simplesmente, pois é

necessário que o indivíduo saiba interpretar inúmeras informações que são

produzidas cotidianamente.

Para a autora, a escola tem encontrado grandes dificuldades em trabalhar

essas habilidades nos educando para desenvolvê-las de forma eficaz na pessoa

de nossos educadores.

Nossa experiência nos faz sentir que a escola muitas vezes, não está

correspondendo às necessidades exigidas pela sociedade, quando diz respeito à

capacidade de seus alunos lerem, interpretar, relacionar, contextualizar aquilo que

lê. É o que é chamado pelos autores de alfabetização e letramento, que nada

mais é que a capacidade do sujeito ler e interpretar o sentido da leitura e ser

capaz de interagir com a mesma.

Conforme Soares (2004) a alfabetização letrada é muito importante no

meio social, porque ela possibilita desde a socialização do sujeito até a aquisição

de seus diretos.

Para Kirsch & Jungeblut:

Alfabetização se refere à apropriação do sistema de escrita alfabética e ortográfica, que demanda uma série de conhecimentos e reflexões do sujeito sobre a língua, e letramento o uso de habilidades de leitura e escrita para o funcionamento e a participação adequados na sociedade, e para o sucesso pessoal, o letramento é considerado Como um responsável por produzir resultados importantes: desenvolvimento Cognitivo e econômico, mobilidade social, progresso profissional, cidadania (2004, p. 74).

É nesse contexto que pretendemos investigar quais os principais fatores

que tem contribuído para o insucesso escolar dos alunos do 5º ano na Escola

Quintino Tomás de Souza do município de Gurupá. Isto é, por que os alunos (as)

que, embora venha frequentando regularmente a escola e não aprende a ler e

Page 14: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

13

nem a escrever ou fazer uso social da leitura e da escrita, uma vez que o domínio

da leitura e da escrita como processo contínuo da aprendizagem é a porta para a

inserção no meio social.

OBJETIVO GERAL

Refletir a luz de referenciais teóricos acerca das causas do fracasso

escolar em uma escola de Gurupá, e as propostas de solução, amenizando com

isso, tal problemática e contribuindo para um ensino com mais qualidade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Investigar por que existem alunos (as) que, embora frequentem

regularmente a escola, não aprende a ler e a escrever ou fazer uso social da

leitura e da escrita;

• Levantar a justificativa da escola para o fracasso escolar;

• Saber qual o papel da família na trajetória escolar de seus filhos;

• Identificar as causas que mais levam os alunos do ensino fundamental

ao fracasso escolar;

• Apresentar propostas podem ser apontadas como possíveis soluções

para o fracasso escolar.

RELEVANCIA DA PESQUISA

A pesquisa é um grande instrumento na construção do conhecimento, a fim

de contribuir na construção da aprendizagem. Por meio da pesquisa temos

possibilidade de descobrir um mundo diferente, coisas novas, curiosidades.

Dessa forma, temos a incumbência de gerenciar a busca de informações, sua

função é disponibilizar referências bibliográficas, oferecendo melhores condições

de desenvolvimento da pesquisa. Além de atuar na orientação da construção de

textos a partir do material da pesquisa, devemos ensinar como retirar as partes

mais importantes do conteúdo pesquisado. Outro ponto de grande relevância que

Page 15: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

14

o educador deve abordar é a conscientização de que uma pesquisa não é uma

mera cópia e sim uma síntese de um conjunto de informações.

Esperamos que depois das pesquisas e dos trabalhos feitos com as

soluções apresentadas diante das situações, oferecer melhoras para que tenham

um melhor avanço em nossas escolas e na vida dos educandos.

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Metodologicamente, a presente pesquisa adotou diferentes momentos e

buscamos organizar os resultados para termos uma melhor visão do que esta

pesquisa representa e oferece. Assim sendo, esta pesquisa está organizada em

xxxx capítulos e as considerações finais conforme descrita a seguir.

No momento apresentamos a introdução do nosso trabalho onde

descrevemos a justificativa e a importância deste estudo, as questões que

nortearam a pesquisa, objetivo geral e objetivo específico e a relevância do

estudo e a organização do trabalho.

No capitulo 1 apresentamos a fundamentação teórica através de diferentes

fontes e diversos autores, entre eles: Patto(1996), (Rosenberg;1984, p.18),

(Vasconcellos, 2006, p. 66,78), Zuccolotto (1985), Gualtieri( ) Hargreaves (2004),

Thin (2006), e outros. Autores esses que abordam as principais causas do

fracasso escolar e sugestões para que minimize o mesmo.

No capitulo 2 tratamos dos aspectos metodológicos, descrevendo: a

constituição do corpus, o sujeito da pesquisa, materiais e procedimentos para

obtenção de análises na escola Quintino Tomás de Souza onde foi acompanhado

alguns fatores que contribuem bastante para o fracasso escolar, fato que esse

que é realidades em muitas escolas de nosso município.

No capitulo 3 tem-se a reflexões finais. Paras isso, retomamos as questões

de pesquisa e finalizamos o trabalho apresentando algumas considerações sobre

o tema, às implicações da pesquisa e sugestões para futuros estudos. Este

trabalho ainda contém Referencias e anexos.

Page 16: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 FRACASSO ESCOLAR: ASPECTOS HISTÓRICOS

O Brasil vive um contexto em que o fracasso escolar configura-se como um

grande problema a ser enfrentado pelo sistema educacional. Tal fracasso deve-se

em grande parte a diversas fragilidades encontradas no ambiente escolar: número

excessivo de alunos por turma, pouca qualificação profissional, práticas

pedagógicas inadequadas, faltas de recursos humanos em número suficiente, são

apenas algumas das dificuldades encontradas hodiernamente. Decorrem disso,

altos índices de repetência e evasão escolar, além da quantidade de pessoas

analfabetas – funcionais ou não – que ilustram negativamente essa situação.

Segundo dados obtidos junto ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), o Brasil possuía no ano de 2003 cerca

de 16 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e um número aproximado de

30 milhões de pessoas com menos de 4 anos de escolarização, os chamados

analfabetos funcionais. Percebe-se através desses dados que o fracasso escolar

ainda está longe de ser superado, embora a legislação brasileira (LDBN 9394/96)

em seu artigo art. 2º assegure a todos, independentemente de raça, cor, credo, ou

classe social, o direito (ou a obrigatoriedade) aos primeiros anos de escolarização

e determine a responsabilidade da família e do Estado no dever de orientar a

criança ou adolescente em seu percurso sócio- educacional, garantindo assim o

acesso universal à escolarização fundamental, esta não tem sido plena no que se

refere à qualidade do ensino, haja vista os altos índices de evasão e repetência

escolar dos alunos, fato que também se reflete na ação docente.

A problemática posta pelo fracasso dos alunos é complexa e pode ser

tomada sob diferentes enfoques de acordo com o ponto de vista teórico de vários

autores. Entre esses enfoques podemos citar o desenvolvido pela pesquisadora

Patto(1996), que aponta para a necessidade de entendimento onde este conceito

foi produzido através da história.

A autora atribui à consolidação do capitalismo industrial do século XIX e à

dominação do poder econômico e político pela burguesia com a ruptura dos ideais

burgueses do final do século XVII e início do século XVIII de igualdade,

Page 17: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

16

fraternidade e liberdade como fatores históricos responsáveis pela gênese dessa

problemática. Os ideais de um mundo igualitário eram incompatíveis com o

sistema capitalista. A visão da classe dominante emergente da burguesia era

marcada pela crença no progresso do conhecimento humano, no qual o sucesso

depende fundamentalmente do indivíduo. Estabelece-se assim, uma nova ordem

que acredita na liberdade individual, num mundo racional como valor máximo, de

onde advêm todos os resultados positivos em termos de progresso econômico,

técnico e científico.

Os instrumentos de avaliação intelectuais mais difundidos estão embebidos de valores culturais, de modo que os resultados neles obtidos refletem o quanto da cultura dominante foi absorvido pelo sujeito, e não seu potencial de aprendizagem (ROSENBERG;1984, p.18).

No Brasil, a escola torna-se palco cada vez mais de fracassos e de

formação precária, impedindo os jovens de se apossarem da herança cultural,

dos conhecimentos acumulados pela humanidade e, consequentemente, de

compreenderem melhor o mundo que o rodeia. A escola, que deveria formar

jovens capazes de analisar criticamente a realidade a fim de ao mesmo tempo,

preservar as conquistas sociais, contribui para perpetuar as injustiças sociais que

sempre fizeram parte da história do povo brasileiro.

O sistema educacional brasileiro vem passando por um processo de

desmonte em termos de referenciais acerca daquilo a que a escola se propõe, ou

seja, o desenvolvimento humano, o que significa fornecer ao homem as

ferramentas necessárias para que ele possa assumir um papel de sujeito de sua

própria história. Dessa forma, convém realizar uma reflexão acerca das

fragilidades que a escola precisa dar conta para minimizar os problemas

referentes ao fracasso, não só dos que aprendem, mas também dos que

ensinam, pois o professor também sofre as consequências desse fracasso, seja

em termos profissionais, morais, físico ou social.

Os professores, no interior de uma situação de opacidade, de indefinições,

de discursos e de práticas sociais contraditórias, vivenciam essa realidade

cotidianamente em sala de aula. Homem de sua época, e também sem um saber

totalizante que de conta desse universo histórico, social e/ou psicológico, o

professor enfrenta, sozinho, as acusações de que seu ensino não corresponde às

Page 18: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

17

necessidades individuais dos seus alunos... Escuta as reclamações dos pais que,

independentemente do nível da escola a qual se dirigem, responsabilizam o corpo

docente e/ou técnico pelos “problemas dos filhos”. Problemas que, segundo a

ótica paterna, só existem ou se transformam em problemas, pela falta de

conhecimento, de compreensão, administração e/ou de atendimento às

peculiaridades de cada um de seus rebentos (...). É a pós-modernidade falando,

agora, objetivada na figura do pai que não se compromete, não estabelece

vínculos, não admite frustrações e tampouco se dispõe a refletir sobre a prática

social, da qual faz parte ativa e que transforma seu filho em eterno irresponsável

por seus próprios atos.

Diante do exposto, verifica-se que a questão referente ao fracasso escolar

requer ser analisada com profundidade na tentativa de angariar meios para o seu

enfrentamento, sempre em busca de elevar os índices de aprovação e melhorar o

desempenho dos alunos, através do esforço coletivo entre alunos, pais,

educadores e autoridades.

Celso Vasconcellos afirma que:

O professor que quer superar o problema da avaliação precisa, a partir de uma autocrítica: • Abrir mão do uso autoritário da avaliação que o sistema lhe faculta, lhe autoriza; • Rever a metodologia de trabalho em sala de aula; • Redimensionar o uso da avaliação (tanto do ponto de vista da forma como do conteúdo); • Alterar a postura diante dos resultados da avaliação; • Criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos colegas educadores e pais. (...) Deixar muito claro para os alunos e pais quais os critérios de avaliação que estão sendo adotados pelo professor. O educando deve saber o que vai ser exigido dele. Evitar sistematicamente o fator sorte, pois este leva à irresponsabilidade, à convicção mística. (VASCONCELLOS, 2006, p. 66,78)

Adotando-se esta prática, é possível observar um melhor rendimento dos

alunos, sendo que os enunciados das provas ou atividades são mais bem

elaborados proporcionando maior entendimento e evitando-se dúvidas quanto

àquilo que está sendo “cobrado” na prova, teste ou atividade. Também se evitam

as “pegadinhas” que nada contribuem para o avanço na aprendizagem dos

alunos, satisfazendo apenas o “espírito sarcástico” daquele que a utiliza, além de

proporcionar a avaliação também do próprio trabalho docente.

Page 19: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

18

2.2 A ESCOLA E O FRACASSO ESCOLAR

Para criança ou jovem que não leem e escrevem com a fluência esperada

para a etapa de escolarização em que se encontram costumam exemplificar o

chamado fracasso escolar. Nessa condição, também figuram aqueles que,

persistentemente, se mantem com baixo rendimento e tem um histórico com

múltiplas repetências, ou abandonam a escola antes de completar sua formação.

Não podemos esquecer também aquela situação em que a criança e jovens tem

abaladas sua autoestima, em função de vivencias escolares que as levam a

acreditar em sua suposta incompetência e contra a qual julgam que pouco há pra

fazer.

Como entender essas diferentes situações? Que razões explicam, a

despeito da diversidade de recursos profissionais, tecnológicos e teóricos, essas

formas de insucesso de um número expressivo de criança?

Para Gualtieri (2012) primeiramente, é preciso não dissociá-lo do fato de

que, em nossa sociedade, há uma instituição encarregada de ensinar, em

determinado tempo e ritmo, um conjunto de conteúdos a crianças e jovens

agrupados por faixa etária. Há, portanto, uma expectativa de que eles tenham, em

intervalo de tempo preestabelecido, um aproveitamento imaginado como

alcançável. Assim, o fracasso é uma ocorrência que só pode ser considerada a

partir e no interior da prática escolar. Decorre, portanto, de inadequação ao

processo de escolarização.

O insucesso do aluno, por outro lado, põe em evidência a dificuldade da

escola em proporcionar a escolarização pretendida para a totalidade dos que a

procuram e, portanto, mostra a inadequação do processo de escolarização.

Entendido dessa forma, o fracasso na escola tem como contrapartida inevitável o

fracasso da escola. Para Hargreaves (2004), cada vez mais esse duplo

significado do termo “fracasso’’ vem sendo ligado”.

Então, o que leva a criança, jovem e escola ao fracasso? Para Gualtieri

(2012) reconhecidamente, interferem na educação escolar o interesse e a

disposição do auno em aprender, porém, também é sabido que se interesse e

disposição não independe das condições de ensino em sala de aula, do trabalho

Page 20: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

19

do professor, da organização da escola e do sistema educativo, da situação

socioeconômica e cultural da família e da sociedade.

No Brasil, no debate travado nas décadas de 1970 e 1980 em que

programas voltados para a saúde do escolar estiverem entre as iniciativas

governamentais para enfrentar o fracasso, críticas, como as de Novaes e

Zuccolotto (1985), mostraram as limitações dessas iniciativas, ao destacarem a

“natureza econométrica” delas. A motivação primeira era favorecer a “maior

rentabilidade no uso dos recursos humanos, materiais e financeiros” e melhorar a

relação custo benefícios, sempre desvantajosa no sistema educacional,

persistentemente improdutivo com altas taxas de evasão e repetência.

Ao longo das ultimas três décadas, enfrentar a questão do fracasso, o mau

desempenho, as múltiplas repetências que acabam por levar crianças e jovens a

abandonar a escola, tornou-se uma ação prioritária do sistema educacional, no

Brasil, por mais de uma razão.

Thin (2006), estudando as relações entre as famílias populares e a escola,

verificou que as práticas de socialização das famílias podem não convergir com a

lógica que organiza o cotidiano escolar, uma vez que aquilo que a escola exige

como comportamento “natural”, expresso na tão repetida frase “a educação se

traz de casa”, frequentemente é feito de outra forma pelas famílias populares.

O processo de socialização primária das crianças acontece na convivência

familiar, circunstancia em que aprendem a dar as respostas básicas às

expectativas de seus familiares mais próximos e essas expectativas existem num

contexto cultural.

Outro aspecto importante diz respeito aos limites da ação da escola. Um

discurso recorrente entre professores procura delimitar sua ação: “nós ensinamos,

a família deve educar”, significando socializar. Estudos realizados em diferentes

momentos e regiões do nosso país exemplificam tal aspecto.

Desse modo, como garantir a aprendizagem parece ser a questão-chave

no que se refere ao fracasso na escola e corresponde a uma pergunta infinita,

que se recoloca a cada geração que passa pela instituição, porque a ideia do que

seja uma aprendizagem adequada muda conforme o momento, pois são

dinâmicas as condições sociais, as relações politicas e os desafios para o futuro.

Page 21: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

20

Por tudo isso, enfrentar o fracasso escolar tornou-se, para o poder público,

ação prioritária em todos os níveis da educação básica. Mas as medidas que tem

sido tomada são capazes de cumprir o que delas se espera? As politicas públicas,

os programas e os projetos desenvolvidos, bem como as práticas pedagógicas,

vêm lidando de modo variado com a questão. Há avanços, mas há limites nessas

propostas. Apenas mudanças significativas no modelo de organização escolar

poderão reduzir os índices de insucesso.

2.3 O FRACASSO ESCOLAR E AS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO

Para Zuliani (1980) o fracasso escolar é uma questão social de interesse

para vários profissionais que atuam na área da educação e saúde. Sendo assim,

o objetivo desta monografia foi de realizar um levantamento da literatura sobre as

concepções de fracasso escolar e as propostas de soluções dessa questão,

apresentadas pelos diversos autores.

Conforme Sawaya (2001) por meio de uma análise global sobre as

concepções de fracasso escolar e as propostas de soluções dos autores

compilados, evidencia-se nos discursos apontamentos que envolvem a prática

das relações sociais e de poder construídas no cotidiano de crianças pobres.

Neste sentido, destaca-se como causas do fracasso escolar o descumpri- mento

da escola em seu papel de socializar o conhecimento, a falta de com- preensão

de como se desenvolvem as relações cotidianas entre as pessoas e os diferentes

grupos dentro e fora da escola e os mecanismos de rejeição que impedem a

realização dos objetivos escolares legitimados por grupos auto- rizados como

pedagogos, linguistas, psicólogos e outros profissionais que atuam na educação.

Meira (2003) e Canen (2001) colocam que o fracasso é compreendido

como resultado da influência de muitas variáveis que interferem no processo de

aprendizagem, destacando-se a escola em suas relações entre ensinar e

aprender, a família, a sociedade em geral, assim como, as percepções e

expectativas de professores em relação ao desempenho de alunos com padrões

culturais diferentes daqueles que serão transmitidos pela.

Diferentemente da análise do fracasso escolar em classes sociais

inferiores, um estudo com famílias de grandes e médios empresários (as) em que

Page 22: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

21

a trajetória escolar não é completamente determinada pela sua classe social,

encontrou-se o fracasso associado a outros fatores como as dinâmicas internas

das famílias e suas características pessoais, apresentando assim, certo grau de

autonomia em relação ao seu meio.

Para Nogueira (2003) o fracasso se mascara na justificativa dada pelos

pais que inserem precocemente os filhos no mundo dos negócios, desprezando o

destino de empregado e concebendo os conhecimentos escolares como

demasiadamente livrescos e abstratos. Para os jovens, o diploma tem um valor

simbólico que traduz prestígio, respeitabilidade, legitimidade cultural, círculo de

amizades, influências e alianças matrimoniais. Assim, pais e filhos vivem numa

contradição interna entre descrença e o reconhecimento do seu valor simbólico.

Gatti (1981) e Souza (1994) expressam que as soluções propostas para o

fracasso escolar caminham no sentido da reflexão sobre a responsabilidade da

escola em relação à manutenção do baixo rendimento das crianças pobres; da

necessidade de considerar o aluno como uma das personagens envolvidas no

conjunto de relações que se estabelecem no interior da escola e de verificar como

as relações cotidianas acontecem dentro e fora desta buscando cumprir sua

função de socializar o saber.

Nesta mesma linha de reflexão, outros autores propõem conhecer a

qualidade da relação professor-aluno em sala de aula, suas formas de

transmissão dos conteúdos, as situações de ensino-aprendizagem propostas em

classe e os vínculos existentes entre professores e família, dentre outros

De acordo com Patto, (1996), Sawya, (2000) algumas propostas vão além

das relações sociais e apontam para a necessidade de se buscar um espaço para

superar a ideologia dominante que marginaliza o aluno, e subsidiam educadores,

pais e alunos no sentido de conquistarem posição de sujeitos fazedores de sua

própria história. Sugerem que o fracasso escolar deve ser revisto a partir do

conhecimento dos mecanismos escolares produtores de dificuldades de

aprendizagem, observando o cotidiano alienado como um detalhe. E há, também,

de questionar as relações de poder e violência simbólica que constituem as

formas de aquisição e transmissão da leitura pela escola Outras soluções

apresentadas propõem valorizar a análise das representações expressas por

docentes em transformar a escola em espaço de cidadania para estudantes de

Page 23: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

22

todas as raças, gêneros, classes sociais e padrões culturais, bem como ampliar

discussões para outras variáveis que também influenciam no processo da

aprendizagem como a instituição, o método de ensino, as relações ensinam-te

aprendem-te, os aspectos socioculturais e a história de vida.

Segundo Nogueira (2003) a proposta de solução para jovens de classe

social com melhor poder aquisitivo é de que os pais trabalhem com seus filhos na

criação de um gosto pela escola ou pelo interesse por aquilo que lá é ensinado,

favorecendo, as- sim, uma relação positiva entre escola e aluno. Reconhecendo

que os estudos também garantem a ascensão social além dos cargos em que

seus filhos serão chamados a ocupar. Assim, o diploma passará a ter um valor

concreto e não apenas simbólico.

Outros autores assim como Conceição (1994) e cruz (1997) acreditam que

o fracasso escolar decorra de vários fatores multifacetados, que se justifique pelo

ambiente físico, psicossocial, econômico e sociocultural da criança que se

apresenta suja, desleixada, indisciplinada, proveniente de famílias displicentes,

desorganizadas, inadequadas e de professores que atacam sua autoestima e

recriminam tanto os estudantes quanto suas famílias.

Nesta mesma linha de concepção, Ferriani, Iossi, (1998) afirma que o

fracasso é visto por profissionais da saúde como reflexo da situação social que

engloba aspectos da família, escola e ensino, ou seja, baixo poder aquisitivo,

condições inadequadas e precárias de vida, pais separados, inadaptação à

metodologia da escola, despreparo dos professores, classes numerosas e

desconhecimento da história de vida das crianças. Nesta mesma linha de

concepção, o fracasso é visto por educadores como inerente à criança e família

admitindo, também, a possibilidade de fatores educacionais e visto pelos

familiares, relacionado ao sistema de ensino.

Em outra concepção, vê-se que o fracasso é manipulado por estatísticas

do sistema escolar para rebaixar os índices de retenção no conjunto da rede

municipal ou como resultado de um sistema impessoal que desconsidera as

diferenças individuais ou culturais, voltando-se apenas para um grupo de alunos

já em sintonia com o universo escolar (CARVALHO, 2001; COLELLO, 2003,

p.57).

Page 24: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

23

Outra concepção de fracasso escolar é justificada em decorrência de meios

familiares desestruturados por falta de diálogo interno entre os pais e demais

membros da família, pais com profissões sem carteira assinada, sem renda

mensal fixa e por falta de tempo para acompanharem o desenvolvi- mento dos

filhos (NOZAKI et al., 2003, p.31).

Uma solução segundo essas representações destaca a qualificação de

recursos humanos, conhecendo quem são os repetentes e analisando as

representações destas crianças, estimulando professores e pais a refletirem sobre

escola-padrão, merenda escolar e mantendo estratégias mais efetivas como

projeto político, integração entre secretaria de saúde e educação

(CONCEIÇÃO,1994; CRUZ,1997; FERRIANI, IOSSI,1998, p.76).

Conforme Nozaki (2003) outras propostas para o fracasso escolar apontam

a necessidade de a escola definir seu papel diante da sociedade e do mercado de

trabalho que explicitamente subestima e marginaliza aqueles considerados com

poucas habilidades intelectuais desenvolvidas.

Outras soluções indicam a urgência de mudar a suposta cultura da

repetência e implantar novas concepções de avaliação, oferecendo recursos para

as escolas com turmas pequenas, espaços adequados, materiais pedagógicos,

recuperação escolar e formação para professores (CARVALHO, 2001, p.55).

Algumas investigam o significado que as causas do fracasso escolar têm

para os alunos, mecanismos cognitivos e emocionais que atuam como

mediadores das atribuições causais ao desempenho escolar bem como

estabelecem a relação entre professor e o aluno por meio do diálogo e da com-

preensão (FERREIRA et al., 2002; COLELLO, 2003, p.31).

2.4 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DE EVASÃO ESCOLAR

Em um contexto mundial, as explicações para as diferenças de classes

sociais existentes na sociedade capitalista, condição para que a burguesia se

mantivesse hegemônicas no poder foram estendida para justificar as dificuldades

de aprendizagem dos seguimentos sociais explorados.

Coincidindo com a disseminação dos conhecimentos de psicologia e o

advento do escolanovismo, a partir da década de 30 a ênfase volta-se para a

Page 25: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

24

atribuição deste fracasso às diferenças individuais, baseada na concepção de

genialidade hereditária, apoiando-se nos estudos de Darwin (princípio da

evolução das espécies), difundida por Galton, já em 1869, influenciando no

movimento dos testes mentais bastante marcantes na década de 1890. Os casos

de dificuldade de aprendizagem começam a ser diagnosticados e tratados por

psiquiatras, dando origem a medicalização do fracasso. Porém, essa explicação é

fortemente marcada pela teoria racista em que se considerava a superioridade da

raça branca em relação aos índios, negros e mestiços.

Percebe-se que a questão do fracasso escolar vem de muitos anos atrás,

mas só partir de certa década foi diagnosticado alguns problemas de

aprendizagem, problema esses que agora juntos com outros presentes até hoje

estão presente e prejudicando muito na vida escolar de muitos alunos.

Na década de 40, a tendência à psicologização das dificuldades da

aprendizagem é levada às últimas consequências. E, de acordo com Patto (1999,

p.67), “os destinatários deste diagnóstico foram, mais uma vez, as crianças

provenientes dos segmentos das classes trabalhadoras dos grandes centros

urbanos, que tradicionalmente integram em maior número o contingente de

fracassados na escola”. Nesse sentido, o movimento de higiene mental.

(...) colaborou para justificar o acesso desigual das classes sociais aos bens culturais, ao restringir a explicação de suas dificuldades de escolarização ao âmbito das disfunções psicológicas. [...]. Seu prestígio foi tão forte que suplantou, na explicação do fracasso escolar, uma das premissas do pensamento escola novista que não podia ser negligenciada: a de que a estrutura e funcionamento da escola e a qualidade do ensino seriam os principais responsáveis pelas dificuldades de aprendizagem (PATTO, 1999, p.69).

Nesse período, a explicação começa a deixar de ser racial – no sentido

biológico do termo – passando a ser cultural, abandonando-se, assim, a

afirmação da existência de raças inferiores para a afirmação da existência de

culturas inferiores, disseminando a ideia de que o meio cultural do qual as

crianças pobres fazem parte é deficitário de estímulos, valores, hábitos,

habilidades e normas, o que dificultaria a aprendizagem.

Essa versão atingiu seu ponto mais alto nos anos 70, quando se elaborou a

teoria da carência cultural “que surge como resposta política aos movimentos

Page 26: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

25

reivindicatórios das minorias raciais norte-americanas e dos grupos sociais mais

atingidos pela exploração econômica e pela dominação cultural que não aceitam

a desigualdade e a denunciam” (idem, p.68-71). “Quando as teorias

ambientalistas se propõem a explicar o insucesso escolar e profissional desigual

entre os integrantes das classes sociais, fundamentam-se em preconceitos e

estereótipos que, com uma nova fachada científica, passam a orientar a política

educacional” (idem, p.72). Desenvolve-se, então, uma forte tendência social de

fazer do pobre o depositário de todos os defeitos e os adultos dessa classe era

tido como mais agressivos, relapsos, desinteressado pelos filhos, inconstantes,

viciados e imorais do que os das classes dominantes.

Segundo essa vertente, a deficiência é do oprimido e, portanto, lhe

prometem uma igualdade de oportunidades impossível através de programas de

educação compensatória que já nascem condenados ao fracasso, quando partem

do pressuposto de que seus destinatários são menos aptos à aprendizagem

escolar. A escola compensatória supostamente reverteria às diferenças ou

deficiências culturais e psicológicas de que as classes “menos favorecidas”

seriam portadoras. O resultado é a reafirmação das deficiências da clientela como

a principal causa do fracasso escolar.

Até a década de 1980, as tentativas de explicação do fracasso escolar

estavam voltadas para culpabilizar principalmente o sujeito que sofria o fracasso e

a sua família, como se fossem seres inertes, solta no tempo e no espaço. E raras

vezes o foco dos estudos voltou-se para a instituição escolar como um dos fatores

determinantes deste problema. Mas, quando o fizeram, também foi num sentido

de atribuir à culpa a esta e a quem nela trabalha, não a relacionando com o

contexto social e político.

Patto (1999), em “A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão

e rebeldia” rompe com os estereótipos do racismo, da medicalização e da

carência cultural, chamando a atenção para a necessidade de, se quiser avançar

na busca de possibilidades da superação do fracasso, analisá-lo como parte de

um contexto sócio-político que apresenta muitas contradições, uma vez que está

fundada nos ideais liberais que foi estruturada a sociedade capitalista que

vivemos. Ideais estes que atribuem o sucesso do indivíduo ao mérito próprio,

esforço de cada um e quem não o consegue é porque não se esforçou o

Page 27: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

26

bastante, pois as oportunidades são iguais para todos. Eis um dos princípios do

liberalismo.

Nos anos que seguiram até o início da década de 1970, o fracasso escolar

era entendido predominantemente como resultado de um ensino que não

considerava as condições de aprendizagem da clientela pobre, que cada vez mais

estava presente na escola. Assim, inspirados na literatura especializada, os

psicólogos se preocupavam em elaborar e adaptar instrumentos de avaliação de

capacidades e habilidades cognitivas, de modo a correlacionar os níveis de

desenvolvimento psicológico ao rendimento escolar. Logo, as causas para o

fracasso escolar tinham como base esse recorte psicológico (Angelucci et al.,

2004), em que o problema centrava-se nos alunos que não tinham capacidades

para aprender (Asbahr & Lopez, 2006). As explicações medicalizantes ou

patologizantes ganharam força e o aluno com dificuldades devia ser

diagnosticado (Zucoloto & Patto, 2007).

A partir da década de 1970, os estudos dessa problemática passaram a

assumir uma dimensão mais ampla, investigando as dificuldades escolares sob

três perspectivas principais: 1) avaliação de currículos e programas, 2) construção

de instrumentos de avaliação e de pesquisas e, 3) características dos alunos ou

do ambiente em que eles vivem, bem como na influência dessas características

sobre a aprendizagem e o nível de escolaridade (Angelucci et al., 2004). Por outro

lado, também foram identificadas, a partir da segunda metade dessa década,

pesquisas voltadas ao interior da escola, com temáticas que investigavam a

burocratização e a sua influência sobre a qualidade do trabalho docente, a

distância entre as culturas escolar e popular, a inadequação do material

pedagógico e a discriminação das diferenças no contexto escolar. Contudo,

destaca-se que embora nos estudos permanecessem estas duas concepções

(individuais e institucionais), as maiorias das pesquisas levavam em conta a tese

norte-americana da carência cultural (Angelucci et al., 2004). De acordo, com

essa tese, a escola era tida como inadequada às características psíquicas e

culturais de crianças e adolescentes carentes (Asbahr & Lopes, 2006).

Nos anos que seguiram (década de 80), as pesquisas educacionais foram

marcadas pela repetição e ruptura: de um lado, continuaram os estudos e a

psicologização do fracasso escolar, na perspectiva da tese da carência cultural, e

Page 28: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

27

de outro, começou a ser alvo de reflexão e pesquisas o lugar social da escola

numa sociedade de classes, Assim, a partir de 1990, as pesquisas na área da

educação e da psicologia que investigam o fracasso escolar assumiram duas

tendências principais (Angelucci et al. 2004). Na primeira, o fracasso era

entendido como um sintoma individual em que os alunos e suas famílias são

considerados culpados (Angelucci et al. 2004; Asbahr & Lopez, 2006; Zuculoto &

Patto, 2007), enquanto que na segunda, considerava-se o fracasso escolar como

decorrência de causas intraescolares (Angelucci et al. 2004).

O fracasso escolar, quando entendido como decorrente dos alunos e de

seus pais, parte do pressuposto de que a criança é portadora de uma organização

psíquica imatura, que por sua vez causa problemas psicomotores e inibição

intelectual, sendo que essas seriam responsáveis pelos prejuízos na

aprendizagem escolar. Essa inibição intelectual não estaria relacionada à tese da

carência cultural, mas sim às relações familiares patologizantes (Angelucci et al.,

2004).

De acordo com Zuculoto e Patto (2007), quando os professores se utilizam

da lógica do fracasso escolar como causado pelo aluno, retiram da sua alçada a

responsabilidade pelo processo de aprendizagem recorrendo ao saber médico,

isso é, à medicalização e à psicologização do ensino.

Asbahr e Lopes (2006) ainda destacam que é comum a atribuição do

fracasso escolar às famílias das crianças e adolescentes. As causas das

dificuldades decorreriam da estrutura familiar desfavorável ao desenvolvimento

psíquico e ao sucesso escolar. Além disso, também se aponta que os pais podem

não valorizar a escola, não darem atenção aos filhos, serem promíscuos e

violentos.

Outra vertente de concepções que busca entender o fracasso escolar tem

como pressuposto que o mesmo decorre dos fatores intraescolares, assumindo

três perspectivas de pesquisa: 1) a culpabilização do professor e da sua técnica,

2) a questão institucional e, 3) a questão política da escola. Nesses estudos, não

é mais o aluno o responsável pelo seu fracasso, mas os professores e o sistema

educacional que não conseguem dar conta dos alunos (Angelucci et al., 2004).

As pesquisas que culpabilizam o professor, regidas pela lógica tecnicista,

entendem que eles estão preparados, com as suas técnicas, para alfabetizar

Page 29: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

28

crianças ideais, mas não aquelas advindas das classes populares, que compõem

a maioria dos alunos. O pressuposto é de que se o professor utilizar uma técnica

de ensino adequada poderá suprir as dificuldades de aprendizagem dos seus

alunos (Angelucci et al., 2004). Já nas pesquisas que discorrem sobre a lógica

excludente da escola enquanto promotora do fracasso escolar, o principal

argumento se refere à ela como uma instituição social inserida em uma sociedade

de classes, na qual não há uma distribuição igualitária de habilidades e

conhecimentos, por isso cabe à escola desenvolvê-los e transmiti-los. Porém, se

isto não acontece, instaura-se a lógica excludente da educação (Angelucci et al.,

2004).

2.5 AS EXPLICAÇÕES SOBRE O FRACASSO ESCOLAR NO BRASIL

As explicações dadas à questão do fracasso escolar da escola pública

brasileira, segundo estudos de Patto (1999), foram baseadas, num primeiro

momento, nas teorias racistas, por volta do ano de 1870, quando os

colonizadores tinham os colonizados como seres inferiores intelectualmente e,

como tais, incapazes de aprender. O auge destas ideias racistas foi o período de

1850 a 1930, em que os intelectuais brasileiros começaram a atentar para as

questões da escola e da aprendizagem escolar sob a influência da filosofia e da

ciência francesas.

Sob a influência do escolanovismo, as pesquisas iniciais sobre o fracasso

escolar apontavam as causas das dificuldades de aprendizagem não no indivíduo,

mas sim nos métodos, que deveriam ser determinados pela observação do

indivíduo (este representando a natureza humana e não a especificidade de cada

um) e de suas capacidades, o que denominaram de fatores intra-escolares. Vivia-

se a crítica à escola tradicional e formulou-se uma nova concepção de criança,

reconhecendo a sua especificidade psicológica (mérito dos proponentes da escola

nova). Os programas e métodos educacionais deveriam ser determinados pela

observação do indivíduo e de suas capacidades e não por critérios externos.

De acordo com Patto:

À medida que a psicologia se constitui como ciência experimental e diferencial, o movimento escolanovista passou de seu objetivo inicial de

Page 30: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

29

construir uma pedagogia afinada com as potencialidades da espécie, à ênfase na importância de afiná-la com as potencialidades dos educandos (PATTO, 1999, p.87).

A autora postula, ainda, que a psicologia, a partir dos anos trinta, adotou a

prática de diagnóstico e tratamento dos desvios psíquicos, passando, assim, a

justificar o fracasso ou, no máximo, a tentar impedi-lo por meio de programas

psicológicos preventivos, baseados no diagnóstico precoce de distúrbios no

desenvolvimento psicológico infantil. Predominou, dessa forma, a explicação

psicologizante das dificuldades de aprendizagem. Essa forma de explicar o

fracasso produziu duas distorções na proposta escolanovista:

De um lado, enfraqueceu a idéia revolucionária e enriquecedora de levar em conta, no planejamento educacional, as especificidades do processo de desenvolvimento infantil enquanto procedimento fundamental ao aprimoramento do processo de ensino, substituindo pela ênfase em procedimentos psicométricos e deslocando novamente a explicação do fracasso para o aprendiz e suas supostas deficiências; de outro, o ideário escolanovista foi apropriado no que tinha de mais técnico, em detrimento da dimensão de luta pela ampliação e democratização da rede de ensino fundamental (PATTO, 1999, p.88).

As explicações psicologizantes desse período também conviviam com as

teorias racistas, marcadas, desde a colonização, pelo preconceito em relação aos

índios, aos mestiços e aos negros. Já no período imperial, uma Antropologia

filosófica evolucionista “provava” a inferioridade das raças não brancas,

justificando, assim, a sua sujeição ao branco.

Mesmo com a abolição da escravatura (1888) e com o advento da

República, continuou-se a proclamar esta inferioridade, só que, naquele

momento, para justificar o lugar subalterno, mas livre, que índios, negros e

mestiços passaram a ocupar na nova estrutura social, caracterizando a

denominada inferioridade racial do brasileiro.

Esse modo de pensar influenciou grande parte dos intelectuais da época,

que elaboravam uma literatura sobre o povo brasileiro, colaborando para que a

visão negativa do homem tropical e, especialmente do mestiço, passasse, então,

por científica e realista, permanecendo na abordagem do caráter brasileiro até a

entrada do século XX.

Page 31: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

30

A Psicologia Educacional se configurou, no Brasil, sob a influência médica.

Os primeiros cursos de Psicologia foram ministrados nas faculdades de medicina,

tendo os médicos como professores, onde se pesquisava sob a influência da

eugenia e do branqueamento progressivo da raça negra, por meio da importação

de imigrantes e numa vertente voltada para a psicanálise. Tal realidade

influenciou na construção de discursos fraturados, muitas vezes contraditórios,

das causas do fracasso escolar.

Segundo Patto (1999), até os anos 70 houve um predomínio das

explicações das causas do fracasso escolar em função das características

biológicas, psicológicas e sociais dos alunos, em detrimento à explicação que

considerava os aspectos estruturais e funcionais do sistema de ensino como

determinante desse fracasso. O termo social era empregado no sentido de déficit

cultural dos usuários das escolas públicas, não contemplando a relação com a

estrutura na qual se organiza a sociedade. Os psicólogos educacionais, de

formação psicanalítica, psiconeurológica ou cognitivista, perderam de vista a

dimensão pedagógica do processo.

Durante os anos 70 tentou-se superar, ainda, o discurso fraturado sobre as

causas do fracasso escolar que passou a ser explicado pela teoria da Carência

Cultural, por meio do qual se afirmava que as deficiências (déficit) do ambiente

cultural das chamadas classes baixas produziam a deficiência no

desenvolvimento psicológico infantil, ocasionando as dificuldades de

aprendizagem e de adaptação escolar. Tal manifestação é considerada por Patto

(1999) como sutil, porém a mais poderosa de preconceito racial e social.

Exemplo disto é o Personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato, difundido

entre 1920 a 1973, favorecendo a formação de estereótipos negativos a respeito

do homem rural e acredita-se que este personagem tenha contribuído para a

cristalização do mito da indolência das populações rurais, por extensão, dos

contingentes populacionais mais pobres das grandes cidades, devido a

valorização de uma ideologia urbana, nos primeiros anos deste século, resultado

de um rápido crescimento das cidades e populações urbanas em detrimento do

rural.

E em uma versão do Jeca Tatu em que ele era vítima da doença e do descaso das autoridades com a saúde, vai ao médico e se transforma em um fazendeiro bem sucedido, disseminou-se a ideia de que a

Page 32: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

31

redenção nacional viria através de uma política de saneamento. Por um longo período se acreditou que as causas do fracasso escolar das crianças das classes populares seriam a verminose. (CF. PATTO, A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e Rebeldia, 1999, p. 98-104).

A formação destes primeiros psicólogos, que foram bastante atuantes na década de trinta, se deu numa época na qual havia um grande prestígio das teorias racistas no Brasil, momento em que se formulavam os primeiros retratos “psicológicos” do brasileiro e consideravam a cultura europeia e da raça branca superior. O médico psicólogo Arthur Ramos, com bases nos instrumentos conceituais da psicanálise, introduziu no país um novo conceito de cultura que a antropologia inaugura na passagem do século – a psicologia da cultura brasileira, por meio da qual conclui que o brasileiro possui um “inconsciente primitivo” e, portanto, uma cultura “ainda eivada de defeitos, próprios das culturas ainda na infância”. Porém não conseguiu ultrapassar o preconceito racial entranhado na vida cotidiana brasileira. (CF. PATTO, A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e Rebeldia, 1999, p. 104-114).

No âmbito dessa teoria está à tese da diferença cultural como explicação

para o fracasso escolar. A tese afirmava que a escola era inadequada para as

crianças carentes, já que professores da classe média utilizava-se de métodos

destinados a crianças da classe favorecida.

Conviveu-se também, na década de 70, nos meios educacionais, com a

teoria do sistema de ensino de Bourdieu e Passeron (teoria crítico reprodutivista),

a qual introduziu a possibilidade de se pensar o papel da escola no âmbito de

uma concepção crítica de sociedade. Mais especificamente, forneceu as

ferramentas conceituais para o exame das instituições sociais enquanto lugares

nos quais se exercem a dominação cultural, a ideologização a serviço da

reprodução das relações de produção.

Na escola, o embasamento da visão de exploração seria produzido,

segundo esta teoria, principalmente pela veiculação de conteúdos

ideologicamente visados e do privilegiamento de estilos de pensamento e

linguagem característicos dos integrantes das classes dominantes. Tal verdade

faria do sistema de ensino um instrumento a serviço da manutenção dos

privilégios educacionais e profissionais dos que detém o poder econômico e o

capital cultural.

Influenciados pela teoria de carência cultural e por uma concepção positiva

de produção de conhecimento, os educadores e pesquisadores na área

educacional se apropriaram da concepção de escola como aparelho ideológico do

Page 33: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

32

Estado, com distorções conceituais, levando a descaminhos teóricos. O objetivo

não era, portanto, garantir às classes subalternas a apropriação do saber escolar

enquanto instrumento de luta na transformação radical da sociedade, mas acenar

para o pobre com a possibilidade de melhoria de suas condições de vida, por

meio da ascensão social e econômica, estruturalmente possível para a maioria.

No decorrer dos anos setenta, contudo, uma das características que

diferenciou a pesquisa do fracasso escolar foi à investigação crescente da

participação do próprio sistema escolar na produção do fracasso, através da

atenção ao que se convencionou chamar de fatores intra-escolares e suas

relações com a seletividade social operada na escola, privilegiando a investigação

de aspectos estruturais, funcionais e da dinâmica interna da instituição escolar.

E o ano de 1977 foi o marco na mudança de enfoque, após tantos anos do

predomínio na busca das causas das dificuldades de aprendizagem escolar, nas

características psicossociais do aprendiz.

Passou-se a ter, nesse período, uma nova visão da escola, agora

determinada pelos condicionantes sociais e econômicos mais gerais, porém com

certa autonomia para determinar o sentido de sua ação na sociedade global. As

ideias de Snyders e Gramsci foram introduzidas na reflexão sobre o problema da

ineficiência e do papel social da escola para o povo. Os conhecimentos e

habilidades transmitidos pela escola passam a ser valorizados como instrumentos

poderosos na luta do povo por seus interesses de classe.

Na história da explicação do fracasso escolar, até os anos 90, é possível

perceber avanços e retrocessos, como diz Patto:

É importante notar que se nos anos de predomínio da teoria da deficiência cultural os aspectos intra-escolares receberam pouca atenção, se na vigência da teoria da diferença cultural a responsabilidade da escola pelo fracasso ficou limitada à sua inadequação à clientela, à medida que as pesquisas vão desvendando mais criticamente aspectos da estrutura e funcionamento do sistema escolar, ao invés de atribuir à clientela as causas do fracasso escolar ter sido superada, ela foi apenas acrescida de considerações sobre a má qualidade do ensino que se oferece a essas crianças. Neste sentido, a pesquisa no início dos anos 80 sobre o fracasso escolar repete, com algumas exceções, o discurso fraturado que predominou no período em que vigoraram as ideias escola novistas, quando não repetem a tentativa de colagem deste discurso afirmando que a escola que aí está é inadequada à clientela carente (PATTO, 1999, p.154).

Page 34: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

33

Embora a pesquisa da situação da escola e do ensino tenha ganhado novo

fôlego, também as afirmações sobre as características da clientela continuaram a

serem as mesmas dos anos 70, imunes à crítica da teoria da carência e a

resultados de pesquisas que a puseram em xeque, caracterizando, assim,

rupturas e, ao mesmo tempo, repetição de conceitos já superados.

Em plena década de 1980, quando foi realizada a pesquisa da qual

originou o livro “A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e

rebeldia” (já mencionado), a autora observa que a reprovação e evasão na escola

pública de primeiro grau continuam a assumir proporções inaceitáveis. Este

problema, mesmo que tenha sido denunciado desde a década de trinta, ainda

persiste.

Muitos dos pesquisadores brasileiros, preocupados em estudar as

dificuldades de aprendizagem escolar manifestada predominantemente entre

crianças dos segmentos mais empobrecidos da população, o fizeram baseados

numa visão de mundo, num modo dominante de pensá-las, consolidado durante o

século XIX no leste europeu e na América do Norte. Tais ideais estão sustentados

nas concepções que surgiram com o advento das sociedades industriais

capitalistas e nas idéias produzidas no seu âmbito, dos sistemas nacionais de

ensino, e das ciências humanas, especialmente da psicologia.

Patto (1999) aponta para a necessidade de se quebrar o estigma de que o

fracasso é culpa do aluno ou de sua família e alerta para a proporção muito maior

dos determinantes institucionais e sociais na produção do fracasso escolar do que

problemas emocionais, orgânicos e neurológicos, rompendo, portanto, com as

visões psicologizantes, da carência cultural e das dificuldades de aprendizagem.

2.6 O FRACASSO ESCOLAR A PARTIR DOS ANOS 90

Durante os anos 90, as políticas educacionais, segundo Nagel (2001,

p.112) estiveram diretamente subjugadas aos interesses do capital estrangeiro,

sob as determinações do Banco Mundial e FMI, momento em que houve a

reorganização da ideologia liberal de acumulação do capital, denominada de

neoliberalismo. Para garantir esta soberania, utilizou-se, nas Diretrizes

Educacionais, de palavras chaves como: desregulamentação, descentralização e

Page 35: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

34

flexibilização, as quais visavam estimular à autonomia, a liberdade, a

independência, a iniciativa e a criatividade, desencadeando o esvaziamento de

conteúdos da escola pública brasileira ou, como Nagel (idem) coloca o “caos da

educação” brasileira.

Nesse contexto, o fracasso escolar é tido como “produto de professores

mal qualificados” (NAGEL, 2001, p.05), não levando em consideração qualquer

outro tipo de comentário que estabeleça relação entre concentração de renda e

condições reais de aprendizagem.

Em estudo realizado por Angelucci et al (2004) sobre produções escritas,

no período de 1991 a 2002, em mestrados e doutorados, na cidade de São Paulo,

tanto nos cursos de Pedagogia e Psicologia das universidades, quanto nos da

Fundação Carlos Chagas, as autoras observaram, nas 71 obras selecionadas

para análise, que o fracasso escolar é compreendido como:

- problema psíquico: a culpabilização das crianças e de seus pais (foco no

aluno);

- problema técnico: culpabilização do professor (foco no professor);

- questão institucional: a lógica excludente da educação escolar (foco na

política pública como determinante do fracasso escolar);

- questão política: cultura escolar, cultura popular e relações de poder (foco

nas relações de poder estabelecidas no interior da instituição escolar, mais

especificamente na violência praticada pela escola ao estruturar-se com base na

cultura dominante e não reconhecer – e, portanto, desvalorizar – a cultura

popular).

Confirmando, assim, como já alertou Patto (1999) a retomada ou o

retrocesso, nos dias atuais, de explicações sobre o fracasso escolar que já

deveriam ter sido superadas.

Muitos afirmam que a solução dos problemas da educação brasileira só é

possível via Decreto. Quanto à questão de resolver os problemas educacionais

por decreto, Nagel (1989), assim afirma:

A escola não pode esperar por Reformas Legais para enfrentar a realidade que lhe afoga. Além do mais, a atitude de esperar “por decretos” [...] reflete o descompromisso de muitos e a responsabilização de poucos com aquilo que deveria ser transformado. A escola tem uma vida interior que, sem ser alterada por códigos legislativos, pode

Page 36: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

35

trabalhar com o homem em nova dimensão, bastando para isso que seus membros se disponham a estabelecer um novo projeto de reflexão e ação. Para estabelecer este projeto de reflexão e ação se faz necessário, segundo a autora, estudos e aprofundamento de todos, e de cada um, nas questões relativas à humanidade, à sociedade. “Repensar a sociedade exige que no mínimo se tenha conhecimento sobre ela” (NAGEL, 1989, p.10).

A ação pedagógica que poderia contribuir com a qualidade mencionada,

seria aquela respaldada, de acordo com a concepção de Saviani, numa

pedagogia histórico-crítica que implica:

Na clareza dos determinantes sociais da educação, a compreensão do grau em que as contradições da sociedade marcam a educação e, consequentemente, como é preciso se posicionar diante dessas contradições e desenredar a educação das visões ambíguas, para perceber claramente qual a direção que cabe imprimir à questão educacional (SAVIANI, 1991, p.103).

Neste sentido, a garantia de um padrão de qualidade em educação vai

além da oferta de vagas, pois envolve a permanência e o sucesso dos que nela

ingressam. E este sucesso numa perspectiva de educação histórico-crítica,

fundamentada numa concepção Materialista Histórica Dialética, perpassa pela

garantia de uma educação que propicie a aquisição de conhecimento científico

historicamente acumulado de forma crítica. Além disso, é importante que

possibilite, ainda, a formação da cultura democrática e potencialize ações rumo à

transformação desta sociedade que é extremamente injusta e opressora, numa

perspectiva de que o aluno se perceba enquanto parte desta sociedade que é

contraditória; que se reconheça como homem sujeito.

2.7 FRACASSO ESCOLAR NO CONTEXTO EDUCACIONAL

Conceitualmente, o fracasso escolar é entendido como um desajuste

produzido em algum ponto do sistema educativo, exemplos: na formação do

docente, na exigência dos conteúdos, na fragmentação curricular ou, ainda, nas

possibilidades oferecidas aos alunos para o aprendizado. Temos momentos em

que profissionais culpa a criança, ora a família, em outros uma determinada

classe social, ora todo um sistema econômico, político e social. Segundo Sales e

Silva (2008), em busca de respostas, os educadores voltam ao cenário brasileiro

Page 37: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

36

da década de 60, cujos princípios estavam alicerçados em teorias da escola nova

desenvolvidas nos EUA e Europa. Em contraste ao ensino tradicional. Já na

década de 70 preocupou-se pela qualidade do ensino como forma de minimizar a

questão do fracasso escolar. Em, todavia na metade da década de 80, pesquisas

atribuíam aos professores a responsabilidade pelo insucesso dos educandos.

Mas será que existe mesmo um culpado para a não aprendizagem? “A culpa, o

considerar-se culpado, em geral, está no nível imaginário” (FERNANDEZ, 1994) e

coloca que o contrário da culpa é a responsabilidade Podemos dizer que ao redor

do contexto escolar, são varias forças que circulam ao redor de uma influência

sobre os alunos e professores. Forças estas que encontramos no convívio das

pessoas em meio a sociedade. O contato particular de cada um, com sua rede

social.

Para Meira (2002); Sales e Silva (2008); Costa (2009) os exemplos de

forças influenciadoras são: Pais que não ligam para o desenvolvimento do ensino

para com seus filhos; Crianças com má estruturação familiar; Crianças que

trabalham para auxiliar nas despesas de casa; Professores com má formação;

Escolas com estrutura precária, para o desenvolvimento do ensino; Dificuldade de

relacionamento com o corpo da direção de escolas (entre professor,

psicopedagogos e direção).

Costa ainda menciona que outro fator que contribui com o fracasso escolar,

é a iniciação sexual dos adolescentes / jovens. Que cada vez estão iniciando mais

cedo sua vida sexual e acabam se tornando pais e mães muito jovens, sem uma

boa orientação. O que acabam tendo que assumir responsabilidades de pessoas

adultas antes do tempo. Ainda existem aqueles que se prostituem para ganhar

dinheiro de forma fácil, iludidos com a promessa uma vida melhor que nunca

chega, e por estes motivos acabam abandonando a escola.

Envolvimentos positivos. A família, por sua vez, é responsável pela

aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e as

“atitudes destes frente às emergências de autoria do aprendente, se repetidas

constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos”

(FERNÁNDEZ, 2001 citado por MEIRA, 2008).

Entendemos que uma boa formação dos professores é indispensável na

educação, para melhorar o rendimento na aprendizagem; Para buscar uma

Page 38: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

37

eficiência maior em relação a informação a ser passada; Possibilitando uma maior

compreensão dos jovens com determinados assuntos. Sendo que a

aprendizagem é um processo vincular, ou seja, que se dá no vínculo entre

ensinante e aprendente

Este processo se difere bastante do fracasso escolar que pode evidenciar

uma falha nesta relação vincular ensinante - aprendente. No fracasso escolar “a

criança não tem um problema de aprendizagem, mas eu, como docente, tenho

um problema de ensinagem com ele” (FERNANDEZ”, 1994 citado por Meira,

2008). Competência em psicologia os traços de personalidade que permitem ao

indivíduo atingir determinada realização ou desempenho. A habilidade não deve,

no entanto, ser confundida com o desempenho em si, que pode variar com a

motivação.

Entendemos que uma boa formação dos professores é indispensável na

educação, para melhorar o rendimento na aprendizagem... Pois, sabemos

também que não existem caminhos certos, mas, podemos melhorar nossa

postura como educador, nos adequando ao novo, mesmo nas situações mais

conflituosas e que devemos refletir sobre os erros, e juntos sem culpar ninguém,

deveram buscar no seio da escola e da sociedade, ações que tornem o ensino

acessível a todos” (COSTA,2009).

Page 39: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

38

3 METODOLOGIA

A construção desse projeto se deu por meio de pesquisa de campo feita na

comunidade Nossa Senhora do Perpetuo do Socorro na E.M.E.F Quintino Tomás

de Souza do Rio Cojuba, neste município de Gurupá/PA. Com a participação de

professores que atuam há mais de dez anos na rede pública municipal de

educação de Gurupá que contribuíram de forma significativa para a realização e

concretização dessa pesquisa. Foram utilizados os seguintes procedimentos

metodológicos: Estudos feitos com embasamento teórico pautados nos autores

Patto(1996), (Rosenberg;1984, p.18), (Vasconcellos, 2006, p. 66,78), Zuccolotto

(1985), Gualtieri( ) Hargreaves (2004), Thin (2006), e outros que serviram como

subsídios de suma importância para a posterior realização dessa pesquisa, além

disso, foram aplicados questionários contendo três perguntas para os discentes

com perguntas abertas, numa abordagem quantitativa e qualitativa. Os dados

foram tabulados por categoria, sendo apresentados em tabelas ou gráficos.

3.1 TIPOS DE PESQUISA

Pesquisação: atividade pratica de leituras escritas e debates relatando

umas experiências com aluno do 5º ano do ensino fundamental.

3.2 SUJEITOS

Os sujeitos envolvidos da pesquisa foi o corpo técnico pedagógico da

escola.

3.3 CONTEXTOS DA PESQUISA

A Escola lócus de nossa pesquisa foi a escola Quintino Tomaz de Souza

conta com um corpo de professores, ainda em formação, mas que ainda não

supre todas as áreas de conhecimento, e alguns que tem apenas o ensino médio.

A referida escola funciona no período da manhã com 1º ciclo e 2ºciclo.

Page 40: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

39

A Escola não tem Projeto Político Pedagógico. Os trabalhos pedagógicos

são orientados através da direção com o auxílio dos assessores da SEMED, mas

na maioria das vezes fica somente por conta do professor. Porém realiza alguns

projetos em nível de escola, o mais importante é o CAMAQUEIJO, que é um

festival, cujo objetivo é valorizar os potenciais econômicos da região que é o

camarão e o queijo. Esse projeto envolve tanto a escola como a comunidade local

e outras escolas são convidadas a participarem. Nele se trabalha a culinária dos

dois alimentos, além da realização de torneios e feira cultural. Por ser localizar na

várzea os alunos são trazidos por transportadores contratados pela Secretaria de

Educação, pois as distâncias das casas dos alunos para a escola é grande

podendo chegar a quatro horas.

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA E A DOS DADOS

3.4.1 Coletas de dados/materiais

Como instrumentos de coleta de dados usamos as entrevistas

estruturadas, questionário que foram aplicados a escola, aos professores e aos

pais dos alunos. Fizemos também observação em sala, analisando as diversas

práticas de leitura e escrita observando também quais as atividades

desenvolvidas em sala e qual o método utilizado. Foi feito também uma pesquisa

bibliográfica, onde foram selecionados livros, artigos, revistas, sites que tratam do

tema.

.

3.4.2 Análise dos dados

A análise dos dados será feita com base nas informações coletadas acerca

das justificativas da escola de muitos alunos ainda vivenciarem o fracasso escolar

Page 41: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

40

3.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

ANALISANDO A CATEGORIA PROFESSOR

1ª QUESTÃO: Quais os problemas que você encontra na sala de aula com

relação ao fracasso escolar?

Professor A : Problemas como falta de interesse por parte dos alunos em

sala de aula que não são padronizadas para cada etapa de ensino.

Professor B : Problemas encontrados na sala de aula não padronizadas

para cada etapa de ensino com materiais pedagógicos mais sofisticados

Professor C: O problema mais frequente é a falta de merenda escolar pois

os alunos perdem quase a metade das aulas levando a baixa aprendizagem

Professor D: A falta de merenda é um problema muito grande pois os

alunos não conseguem assimilar os conteúdos.

De acordo com as respostas dadas pelos professores ficou claro que: a

falta de interesse dos alunos, as salas de aula não padronizadas, falta de material

mais sofisticado e principalmente a falta da merenda escolar são fatores que

contribuem para o fracasso escolar dos alunos.

Neste sentido o autor Godoy 2008 p? Afirma que o Brasil vive um contexto

em que o fracasso escolar configura-se como um grande problema a ser

enfrentado pelo sistema educacional. Tal fracasso deve-se em grande parte a

diversas fragilidades encontradas no ambiente escolar, tais como: o número

excessivo de alunos por turma, a pouca qualificação profissional, as práticas

pedagógicas inadequadas, a falta de recursos humanos suficientes, são apenas

algumas das dificuldades encontradas comumente.

Com a falta desses materiais sofisticados e sala de aula não padronizada a

chance de aprendizado são poucas o aluno depende muito desses padrões para

melhor aprender, a falta de merenda escolar além de o aluno não conseguir se

concentrar melhor ainda perde hora aula, fazendo com que ele perca tempo de

estudo.

2ª QUESTÃO: Qual o perfil dos alunos que tem problemas de

aprendizagem?

Professor A: é aquele aluno inquieto na sala de aula, pois os pais têm se

interessar mais com os estudos dos filhos.

Page 42: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

41

Professor B: são os alunos que trabalham para o sustento da família e

aqueles que não têm apoio da família.

Professor C: alunos com pouco incentivo de sua família, alunos elevados e

que faltam muito.

Professor D: alunos com falta de atenção, com pouco incentivo da família,

alunos traquinos.

Visto as respostas percebemos que os maiores problemas de

aprendizagens são: aluno inquieto, alunos que trabalham para sustentar a

familiar, e principalmente a falta de apoio da família.

Nesse sentido o autor Asbahr e Lopes (2006) ainda destaca que é comum

a atribuição do fracasso escolar às famílias das crianças e adolescentes. As

causas das dificuldades decorreriam da estrutura familiar desfavorável ao

desenvolvimento psíquico e ao sucesso escolar. Além disso, também se aponta

que os pais podem não valorizar a escola, não darem atenção aos filhos, serem

promíscuos e violentos.

O acompanhamento da família na vida dos alunos é muito importante isso

começando da educação desde de dentro de casa para que o aluno chegue a

escola já com uma educação diferenciada e obter sucesso nos estudos sempre

com a participação da família que é fundamental nesse processo.

3ª QUESTÃO: como é a participação das famílias na escola?

Professor A: as famílias não participam devidamente isso acaba levando ao

fracasso escolar.

Professor B: mais interesse das famílias a participar da vida escolar de

seus filhos, pois o educando se sente desmotivado com falta de interesse do

mesmo.

Professor C: as famílias só vão a escola quando tem reunião escolar ou se

o professor manda chamar os pais para conversar sobre o comportamento de

seus filhos.

Professor D: as famílias são ausentes da sala de aula, não acompanham

seus filhos no processo escolar, pouca participação nas reuniões.

De acordo com a resposta dada pelos professores observamos que as

famílias pouco frequenta a escola para acompanhar a vida escolar de seus filhos,

assim dando uma contribuição muito grande para o fracasso escolar.

Page 43: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

42

Nesse sentido o autor Thin (2006), estudando as relações entre as famílias

populares e a escola, verificou que as práticas de socialização das famílias

podem não convergir com a lógica que organiza o cotidiano escolar, uma vez que

aquilo que a escola exige como comportamento “natural”, expresso na tão

repetida frase “a educação se traz de casa”, frequentemente é feito de outra

forma pelas famílias populares.

As famílias que pouco participam na vida escolar de seus filhos não

percebe a importância do estudo e não consegue acompanhar o desenvolvimento

dos filhos, assim fazendo com que os mesmos fique sem motivação para ter

sucesso no final de cada ano.

4ª QUESTÃO: você faz plano de aula? Como é?

Professor A: sim faço, leio o assunto em livro preparo o assunto, atividade

avaliativa trabalho individuais e coletivas para classe.

Professor B: sim eu analiso o grau de conhecimento dos alunos procuro

saber como é a vida familiar dos alunos para poder passar um conteúdo que

renda pra toda turma.

Professor C: sim, eu procuro resumir os conteúdos, após o assunto eu

repasso atividade leitura e texto.

Professor D: sim, meus planos têm como foco principal assunto atividade e

leitura.

Visto as resposta dada pelos professores, percebemos que os planos de

aula são aplicado, isso ajuda muito para o sucesso do aluno no final de cada

etapa.

Nesse sentido os autores Gatti (1981) e Souza (1994) expressam que as

soluções propostas para o fracasso escolar caminham no sentido da reflexão

sobre a responsabilidade da escola em relação à manutenção do baixo

rendimento das crianças pobres; da necessidade de considerar o aluno como

uma das personagens envolvidas no conjunto de relações que se estabelecem no

interior da escola e de verificar como as relações cotidianas acontecem dentro e

fora desta buscando cumprir sua função de socializar o saber.

Com o planejamento os professores desenvolve melhor sua aula por

motivo de conhecer melhor o assunto e saber o que vais fazer os materiais que

vão os métodos que vão trabalhar elaborando melhor as atividades.

Page 44: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

43

5ª QUESTÃO: há uma ação pensada para superar o problema do fracasso

escolar? Qual?

Professor A: sim temos que lutar em pro da educação defendendo os

direitos dos alunos e dos profissionais que os cercam.

Professor B: eu creio se escolas seguissem o calendário diferenciado não

acabaria mais minimizava o fracasso, hoje nas escolas.

Professor C: sim a uma ação e solução mais participação dos pais e

governastes com escola e com sala de informática e etc.

Professor D: sim é preciso que o governo invista mais na educação

principalmente na merenda escolar, pois os alunos quando merendam aprendam

mais.

De acordo com a resposta dada pelos professores percebemos que as

ações pensadas para superar o fracasso escolar são: mais luta por uma boa

educação dando os direito dos alunos e dos professores, participação dos pais e

governantes, e merenda escolar diariamente.

Diante das respostas os autores (CONCEIÇÃO,1994; CRUZ,1997;

FERRIANI, IOSSI,1998, p. 78). Uma solução segundo essas representações

destaca a qualificação de recursos humanos, conhecendo quem são os

repetentes e analisando as representações destas crianças, estimulando

professores e pais a refletirem sobre escola-padrão, merenda escolar e mantendo

estratégias mais efetivas como projeto político, integração entre secretaria de

saúde e educação.

Os professores são desrespeitados não tendo seu salário bom, e os alunos

sem direitos a uma boa educação com direito a informáticas e outros materiais

pedagógicos fundamentais em seus estudos, e falta de merenda que faz com que

os mesmo percam hora aula.

6ª QUESTÃO: na sua escola em sua opinião enquanto professor e professora

quais os fatores que mais contribuem para o fracasso escolar?

Professor A: os fatores que mais contribuem para o fracasso escolar são: a falta

participação dos pais na escola, a falta da merenda escolar, e a necessidade da

sala de informática.

Page 45: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

44

Professor B: a falta de padroniza mento nas escolas falta de participação

das famílias, melhor capacitação dos professores.

Professor C: mais interesse das escolas em organizar eventos nas datas

comemorativas, pois a referida não se encontra bem estruturada, com sala de

informática, sala de vídeo, pois o aluno se sente desmotivado com isso.

Professor D: falta de escola padronizada mais apoio de nosso governo com

cursos para capacitar melhor os educadores e melhor remuneração deles.

De acordo com as respostas dos professores os problemas mais

frequentes para que aconteça o fracasso escolar são: a falta de participação das

famílias, a falta de merenda escolar, escola não padronizada, falta de qualificação

dos professores e a falta de organização das escolas.

Diante das respostas dos professores o autores Meira (2002); Sales e Silva

(2008); Costa (2009) os exemplos de forças influenciadoras são: Pais que não

ligam para o desenvolvimento do ensino para com seus filhos; Crianças com má

estruturação familiar; Crianças que trabalham para auxiliar nas despesas de casa;

Professores com má formação; Escolas com estrutura precária, para o

desenvolvimento do ensino; Dificuldade de relacionamento com o corpo da

direção de escolas (entre professor, psicopedagogos e direção).

Nas escolas publicas hoje a falta de qualificação dos professores

contribuem no fracasso escolar, falando ainda das estruturas escolar pequenas

salas, números excessivos de alunos sem a participação da família deixando o

educando desconfortável, sabemos que para se ter uma boa educação

precisamos melhorar em vários fatores a assim almejar a educação que

queremos para os nossos filhos.

ANALISANDO CATEGORIA PAIS

1ª QUESTÃO: Em sua opinião qual a causa do fracasso escolar?

Pai A: em minha opinião a principal causa é a estrutura escolar, que não

está preparada para oferecer o lazer que o aluno merece.

Pai B: estrutura escolar não padronizada, a falta de merenda escolar, a

falta de apoio dos governantes com cursos de capacitação dos professores.

Pai C: a falta de motivação dos pais n avida escolar dos seus filhos, falta

de merenda se torna u fracasso muito grande na vida dos alunos.

Page 46: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

45

Pai D: é a falta de atenção do governo que não busca recursos para que

tenhamos uma educação qualificada, a falta de merenda escolar é também hoje

uns dos grandes problemas que enfrentamos em nossa escola.

Pai E: a falta de merenda é um fracasso escolar por esse motivo os alunos

tem que sair mais cedo da escola.

De acordo com as respostas dadas pelos pais ficou claro que: a falta de

interesse dos alunos, as salas de aula não padronizadas, e principalmente a falta

da merenda escolar são fatores que contribuem para o fracasso escolar dos

alunos.

Neste sentido o autor Godoy 2008 p? Afirma que o Brasil vive um contexto

em que o fracasso escolar configura-se como um grande problema a ser

enfrentado pelo sistema educacional. Tal fracasso deve-se em grande parte a

diversas fragilidades encontradas no ambiente escolar, tais como: o número

excessivo de alunos por turma, a pouca qualificação profissional, as práticas

pedagógicas inadequadas, a falta de recursos humanos suficientes, são apenas

algumas das dificuldades encontradas comumente.

Com a falta desses materiais sofisticados e sala de aula não padronizada a

chance de aprendizado são poucas o aluno depende muito desses padrões para

melhor aprender, a falta de merenda escolar além de o aluno não conseguir se

concentrar melhor ainda perde hora aula, fazendo com que ele perca tempo de

estudo.

2ª QUESTÃO: Em que período do ano o fracasso escolar se torna mais

frequente?

Pai A: para mim o fracasso se torna mais frequente no inverno porque a

escola vai no fundo e os alunos tem que parar de estudar durante a enchente.

Pai B: no segundo bimestre porque o mês da safra do peixe, muitos dos

alunos precisam trabalhar para ajudar sua família.

Pai C: em minha opinião é no período da safra que os alunos abandonam

nessa época seus estudos.

Pai D: nos primeiros meses do ano, porque não se sabe quem vai

continuar trabalhando quem está na frente na direção escolar não sabemos quem

é, se tem ou não, nem se vai ter até o fim, pode até ter, mas é só no papel.

Page 47: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

46

Pai E: é o período de verão, pois é o tempo de safra do camarão, um dos

principais meios de renda das famílias da região, com isso tira mais o tempo do

aluno estudar em casa.

De acordo com as respostas dos pais o período que o fracasso escolar se

torna mais frequente são: no período de enchente que os alunos não podem ir a

escola por motivos de a mesma ir ao fundo e principalmente nas safras do peixe e

do camarão que os alunos abandonam a escola para ajudar na renda da família.

Nesse sentido os autores Meira (2002); Sales e Silva (2008); Costa (2009)

os exemplos de forças influenciadoras são: Pais que não ligam para o

desenvolvimento do ensino para com seus filhos; Crianças com má estruturação

familiar; Crianças que trabalham para auxiliar nas despesas de casa; Professores

com má formação; Escolas com estrutura precária, para o desenvolvimento do

ensino; [...]

Diante de famílias carentes quando chegam as melhores épocas de suas

produções os alunos se retiram da escola para poder ajudar na renda de sua

família para quando falhar eles tenham conseguido juntar alguma renda para

sobreviverem nos momentos mais difícil de suas famílias.

3ª QUESTÃO: O senhor (a) como pais, responsável de que forma participa

da vida escolar do seu filho?

Pai A: eu participo indo em reuniões na escola, ajudando nos trabalhos de

escola dos meus filhos, dando orientações para os mesmo e comprando material

escolar.

Pai B: eu participo dando apoio e incentivando minha filha a ir a escola e

ajudando ela com a tarefa de casa, mostrando a ela que mesmo estudando num

país que a educação não te valor vale apena estudar.

Pai C: eu participo de forma presente no dia a dia, sempre incentivando os

meus filhos na escola.

Pai D: eu participo diariamente, apesar de tudo vejo mudança, observo o

antes e o depois cada dia, eu vejo uma conquista eu ajudo a fazer o dever de

casa.

Pai E: indo todo final de semana conversar com o professor (a) a respeito

da aprendizagem do meu filho.

Page 48: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

47

De acordo com as respostas dos pais eles participam na vida escolar de

seus filhos da seguinte maneira: indo as reuniões ajudando no trabalho escolar,

comprando material escolar.

Diante disso o autor Thin (2006), estudando as relações entre as famílias

populares e a escola, verificou que as práticas de socialização das famílias

podem não convergir com a lógica que organiza o cotidiano escolar, uma vez que

aquilo que a escola exige como comportamento “natural”, expresso na tão

repetida frase “a educação se traz de casa”, frequentemente é feito de outra

forma pelas famílias populares.

A participação da família é fundamental esse acompanhamento estimula

muito a participação e bom desenvolvimento dos alunos em sala de aula.

4ª QUESTÃO: Seus filhos trabalham?

Pai A: ( x ) sim ( ) não

Pai B: ( ) sim ( x ) não

Pai C: ( ) sim ( x ) não

Pai D: ( ) sim ( x ) não

Pai E: ( ) sim ( x ) não

De acordo com as respostas um percentual de 80% não trabalham e 20%

trabalham, como mostra o gráfico abaixo:

Gráfico 1 – Seus filhos trabalham?

Fonte: Arquivo Pessoal

20%

80%

Seus filhos trabalham?

sim

não

Page 49: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

48

5ª QUESTÃO: o trabalho que seus filhos desenvolvem dificulta a frequência

escolar?

Pai A: ( ) sim ( x ) não

Pai B: ( ) sim ( x ) não

Pai C: ( ) sim ( x ) não

Pai D: ( ) sim ( x ) não

Pai E: ( ) sim ( x ) não

De acordo com as respostas dos pais os trabalhos que seus filhos

desenvolvem 100% não atrapalham na frequência escolar de seus filhos, como

mostra o gráfico abaixo.

Gráfico 2 – Trabalhos que dificultam a frequência escolar

Fonte: Arquivo Pessoal

Trabalhos que dificultam a frequencia escolar

sim

Page 50: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

49

4 REFLEXÕES FINAIS

4.1 RETOMANDO AS QUESTÕES DE PESQUISA

Nesta pesquisa compreendemos que:

• Para Vygotsky e Piaget, a aprendizagem se processa em uma relação

interativa entre o sujeito e a cultura em que vive. Isso quer dizer que, ao lado dos

processos cognitivos de elaboração absolutamente pessoal (ninguém aprende

pelo outro), há um contexto que, não só fornece informações específicas ao

aprendiz, como também motiva, dá sentido e “concretude” ao aprendido, e ainda

condiciona suas possibilidades efetivas de aplicação e uso nas situações vividas.

Entre o homem e o saberes próprios de sua cultura, há que se valorizar os

inúmeros agentes mediadores da aprendizagem (não só o professor, nem só a

escola, embora estes sejam agentes privilegiados pela sistemática

pedagogicamente planejada, objetivos e intencionalidade assumida).

• Umas das causas em nossa realidade que hoje percebemos que

atrapalham o bom desenvolvimento dos alunos são faltas de capacitação e

qualificação dos professores o desinteresse das famílias que não acompanha a

vida escolar de seus filhos e também percebemos muito hoje a falta de interesse

dos alunos que não dão a atenção nas aulas dos professores. Assim mesmo

frequentando diariamente não se almeja o resultado esperado. Renda familiar

baixa, fazendo com que os alunos deixem a escola para ajuda na família.

4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das pesquisas vimos que as concepções de fracasso escolar são

analisadas pelos autores como consequências das relações sociais e de poder

que se estabelecem na escola, excluindo as crianças que não atendem ao padrão

cultural imposto pelos professores. Entendem o fracasso como um reflexo da

situação social, econômica e cultural que englobam aspectos familiares,

pedagógicos e individuais da criança vinculada à pobreza, em decorrência apenas

de meios familiares desestruturados sem reforçar o ciclo que envolve pobreza,

analfabetismo, desemprego e exclusão social.

Page 51: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

50

Consideram-se também os materiais didáticas que também tem uma

influencia por serem assuntos muitos distante da realidade dos alunos, a falta de

professores com capacidade de inovar de fazer algo diferente onde desperte o

interesse dos alunos em sala de aula e crie para a escola fique um ambiente

aconchegante

A família, o poder público e a escola são corresponsáveis e formação da

criança e nesse contexto, o fracasso escolar constitui um elemento negativo no

processo de formação. É grande a dimensão da evasão escolar e/ou fracasso

escolar, mas existe a possibilidade de eliminar este problema ainda que

predomine na sociedade a desigualdade econômica. Este estudo buscou, através

de pesquisa bibliográfica, enfocar a questão do fracasso escolar apresentando

seu conceito, causas, concepções e possíveis formas teóricas de intervenção.

Combater o fracasso e desenvolver o sucesso escolar é um problema que

envolve a escola, família e órgãos públicos sem eximir nenhuma instituição da

responsabilidade de buscar alternativas para o problema.

O presente trabalho nos levou a compreender melhor as possibilidades de

aprendizagens e a importância, assim facilitando na formação reforçando as

propostas curriculares, a compreender.

O tema relacionado de acordo com os questionários aplicados para

professores e pais requer uma preocupação diretamente por parte não só dos

educadores, mas também das famílias, dos próprios alunos e dos governantes.

Diante das respostas foi possível verificar que o fracasso escolar é um

problema antigo e que são vários os responsáveis por esse processo que atinge

uma grande massa de educandos, que muitos já lutaram para uma superação

mais pouca coisa foi solucionada.

Para tanto é preciso a atenção de nossos governantes para promover e

viabilizar a melhoria da infraestrutura escolar para que diminua a quantidade de

alunos por sala de aula, demanda para pedagogos, processo de formação

continuada para educadores.

Nesta perspectiva Altenfelder (2008, p.1) salienta a “importância de es

considerar a formação continuada como parte integrante do trabalho docente e

para a necessidade de novos estudos que ultrapassem a dicotomia entre teoria e

prática”, assegurando assim ao professor o direito de estudar, de enriquecer e

Page 52: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

51

atualizar seus conhecimentos em direção a um “fazer” pedagógico de qualidade,

que possa contar com a participação efetiva do pedagogo como um mediador das

relações pedagógicas entre professores, alunos, currículos, metodologia,

processo de avaliação, processo de ensino e aprendizagem, organização

curricular e organização do conselho de classe.

Além disso, é necessário reconhecer a importância de uma pratica

participativa e coletiva na ação democrática da gestão da escola, assim

envolvendo a comunidade escolar nas atividades fazendo um trabalho coletivo

para melhor enfrentar os desafios impostos pela realidade educacional brasileira.

Page 53: TCC 08 ELEANDRA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA E MAELSON LIMA …bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/701/1/Fracasso... · 2020. 1. 9. · eleandra do socorro souza barbosa maelson

52

REFERENCIAS

ALTENFELDER, Anna Helena. Desafios e tendência em formação continuada. Construção Psicopedagógica V.13 n.10, São Paulo, 2005. Disponível em http://pepsic.bvs.org/scielo.php?script=sci-arttext&pid=S1415-69542005000. Acesso em 27 de novembro de 2008.

CDEMO, Pedro. Mitologia da avaliação: De como ignorar, em vez de enfrentar problemas. Campinas. Autores Associados 1999. GODOY, Aparecida Scheibe Franco de. “Fracasso Escolar: Fragilidades e possibilidades de enfrentamento” Artigo produzido c omo trabalho final do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE (2008 ) - [email protected] Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1428-8.pdf Acesso dia 28/06/2015. GUALTIERI, Regina C. Ellero, LUGLI, Rosário Genta. A escola e o fracasso escolar. São Paulo: Cortez Editora, 2012. (Coleção educação & saúde; v.6). HOFFMANN. Jussara Avaliação: Mito e Desafio. Uma perspectiva construtivista. 27ª Ed. Porto Alegre: Mediação. 1999. KIRSCH & JUNGEBLUT, 1990 apud SOARES, 2004, p. 109. LUCKESI. Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições . 2ª edição. São Paulo: Cortez, 1995. PATTO Maria Elena de Sousa 1998 cad. Pesq. São Paulo (65): 72-77, maio 1988, O fracasso escolar como objeto de estudo: anotações sobre características de um discurso. ALVES Rubens- Educador e escritor. Texto original publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2014. SANTOS. Alessandra Cristiane. Avaliação . 2009. ZANELLA 2001. apud Zuliani e et all 2007 FRAGMENTOS DE CULTURA , Goiânia, v. 17, n. 7/8, p. 693-708, jul./ago. 2007. Disponível em http://seer.ucg.br/index.php/fragmentos/article/viewFile/352/290. Acesso em 28/06/2015.