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Acabou de ir ao ar o livro de microcontos escritos pelos membros da comunidade "Escritores - Teoria Literária". Os microcontos foram publicados no twitter durante o mês de agosto.Autores:Antonio VelaskoErik Kurkowski WeberHenry Alfred BugalhoRafael T. OkadaWellington SouzaWilson Gorj

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ficina

Tamanho

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Capa:

Erik Kurkowski Weber

Organização e diagramação:

Henry Alfred Bugalho

Esta obra está protegida pela Licença Creative Commons de Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Deriva-das 2.5. Para ver uma cópia desta licença, visite:

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/

2009

Oficina Editora

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SUMÁRIO

Apresentação

Antonio Velasko

Erik Kurkowski Weber

Henry Alfred Bugalho

Rafael T. Okada

Wellington Souza

Wilson Gorj

7

9

29

45

55

67

73

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Apresentação

Twitter s.m. 1 serviço gratuito de rede social e microblogging que permite o envio de mensagens, limitadas a 140 caracteres, para outros usuários.

Microconto s.m. 1 narrativa literária breve, com estrutura semelhante à do do conto, mas de menor extensão, geral-mente, inferior a mil palavras.

Os microcontos que compõem esta obra foram redigidos e postados no Twitter (www.twitter.com) durante o mês de agosto de 2009.

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ANTONIOVELASKO

Mineiro, estudante de Direito,

aspirante à carreira diplomá-

tica, detentor de concepções

filosófico-existenciais paradoxais

e aficionado em animação japo-

nesa. Suas características mais

marcantes, contudo, são sua

indiferença de proporções imen-

suráveis e seu vínculo umbilical

com a literatura. É um excêntrico

totalmente comum.

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“És a mais ridícula de minhas obras”, disse o rabino para o golem. Ou terá sido Deus quem o disse ao homem?

Filho de peixe, peixinho é. Até crescer, é óbvio...

Eis o futuro: a fabricação de se-res humanos perfeitos em labo-ratório. O progresso das taxas de suicídio, porém, será ainda mais avançado.

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Dr. FrankensteinAlgumas perguntas corroíam

sua mente. Naquela noite, ima-ginava no que daria o cruzamen-to da hidra de lerna com o yeti.

A mais saborosa iguaria que o leão já provara fora a domadora do circo onde antes trabalhava.

SeppukuCanhões e armas de fogo con-

tra flechas e espadas. De cabeça erguida morreram os samurais em batalha contra as forças do progresso.

AntonioVELA

SKO

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Justiça Divina?Fora responsável por centenas

de mortes no Congo. Vinte minu-tos no confessionário e quarenta rezando. Absolvição total.

Descobriu uma grande verdade: quem fala besteira com autorida-de inventa teoria.

John viajou ao Brasil para praticar português. Perguntou à recepcionista como ela estava. A moça, indignada, respondeu que só falava inglês.

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13

Ganância“Por que estas malditas não

botam ovos de ouro?” Pensava o rico fazendeiro.

Sabedoria OrientalE o mestre disse: “Não é o tem-

po que passa, gafanhoto; somos nós”.

Levantou e sacudiu a poeira. Antes de dar a volta por cima, porém, sumiu. No fim era só pó mesmo.

AntonioVELA

SKO

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14

“Mamãe, o cavalo de pau está parindo”, falou o menino. “Cala a boca e dorme”, respondeu a mãe. Cinco minutos depois, Tróia es-tava em chamas.

CotidianoTodos os dias ele olhava em

seus olhos e lembrava-se do quanto a amava. O amor em si não crescia, mas ao menos se mantinha vivo.

Assim Medusa conheceu sua maior frustração: transformaria todos os homens que amasse em pedra.

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“Agora é tarde, eu já morri!” Pensou o cadáver de Inês de Cas-tro ao sentar-se no trono.

“Abominação! Abominação!” – Mote bíblico bastante usual.

O japonês, irado, desenhou um olho enorme. Nascia o primeiro mangá.

AntonioVELA

SKO

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16

Gênese“Adão, teu viadinho covarde,

coma logo esta porra de maçã!” Bradava Eva, ameaçadora.

Oráculo de Delfos“Chegará o dia em que nin-

guém saberá mais nada. Só o Google.”

O origamista achava que não tinha nenhum valor. Quando ter-minou o milésimo tsuru desejou ser o melhor dentre os seus.

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Lembrou-se dos dias em que dançava ao fitar a cadeira de rodas ao lado da cama.

Quando a esposa lhe contou suas ideias para aquela noite, ele olhou para ela com cara de bravo e disse: “Porca!”

“Olha! Queijo!” Estas foram as últimas palavras do ratinho.

AntonioVELA

SKO

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18

BastidoresO rei teve de ordenar que

matassem o filho do cocheiro ou não haveria um príncipe encanta-do naquela história.

ConfissãoPra falar a verdade, a madras-

ta da Branca de Neve era bem gostosa.

Conclusão AstralO astrólogo fez um punhado

de mapas e constatou, surpreso, que seu destino era mentir.

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19

Pinóquio andou por aí e tomou uma decisão. Sujou os pés, ficou sem comer por uns dias e foi pedir esmola. Era um menino de verdade.

PesadeloAbriu o livro predileto e perce-

beu que não sabia ler.

O chinês viu aquele cão garbo-so, forte, e não pôde deter um pensamento instintivo: “Hmmm, que gracinha de bicho”.

AntonioVELA

SKO

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O Cúmulo do ChicA iguaria mais apreciada por

Cleópatra eram pérolas diluídas em vinagre.

AutossugestãoOs pontos de interrogação mor-

riam em massa. Como sobrevive-riam fora d’água se achavam que eram cavalos-marinhos.

Ninguém nunca presenciou o florescer daqueles botões. Eis o segredo de sua beleza.

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As mulheres normalmente recebiam flores. A prostituta de Van Gogh surpreendeu-se com a orelha embrulhada em papel de presente.

Love StoryOs dois poetas amavam-se e

desejavam-se loucamente. Isto não mudou nem quando Rim-baud deu um tiro em Verlaine.

IroniaOuviu o granjeiro dizer que pé

de galinha não mata pinto. Antes do entardecer sufocou o pintinho sob as garras da mãe negligente.

AntonioVELA

SKO

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22

Soberba“Pelo menos em meu país não

nos fritam”, vangloriou-se a car-pa para a piaba.

LuxúriaEla disse que o homem já tinha

ficado com todas as putas do estabelecimento. Ele perguntou sobre a cadela que dormia sob a mesa.

AvarezaEra tão avaro que morreu de

inanição. Achava o pão muito caro.

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IraDestruiu tudo o que conseguiu

antes de ir embora. Ninguém sa-bia o motivo daquela raiva toda.

CobiçaPensou que se juntasse todo

aquele dinheiro e enterrasse, poderia suplicar ao pai uma pensão.

GulaEra tanta comida que dava pra

alimentar a África inteira. Sen-tou-se e começou a engolir tudo vagarosamente.

AntonioVELA

SKO

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PreguiçaOs bombeiros gritavam para

a mulher que se levantasse e tentasse chegar até eles. Mas ela estava com tanto sono; com tanto calor.

Pílula da Normalidade - efeitos colaterais: frustração, apatia, depressão, além de outras ten-dências autodestrutivas.

Nada tenho; nada tive; nada terei. Eis a biografia do homem comum.

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Ao menos um século levou a bala para percorrer a distância entre o pelotão de fuzilamento e os cadáveres frente ao paredão.

Obviamente pediria mais cem desejos ao gênio.

O mágico apontou o dedo para o pombo: “avestruz”. A ave en-fiou a cabeça na terra. Morreu na hora. Traumatismo craniano.

AntonioVELA

SKO

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“Eu já disse que te amo?” Disse o marido apaixonado. Pensava no irmão dela.

canibal: s. aquele que aprecia comer carne humana. necrófilo: s. aquele que aprecia comer car-ne humana morta.

“Tenho um segredo para te contar. Eu assisto animes de ma-drugada”. Disse o homem. “Seu doente!” Respondeu a mulher, que foi embora.

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“Nossa! Que mulher gostosa! Oh, lá em casa, hein!” Édipo, em chegada a Tebas. Falava de Jocas-ta, sua mãe.

Cadê a comida que tava aqui? O gato comeu! Cadê o leite que tava aqui? O gato bebeu! Cadê o dinheiro que tava aqui? Este foi o leão.

O menino caiu. De preguiça, não levantou. Com o tempo, mor-reu. O menino não chegou com o pão, mas ninguém se importou.

AntonioVELA

SKO

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Erik Kurkowski

WEBERFormado em Design Gráfico,

mas busca agora seu lugar à

sombra no funcionalismo públi-

co; nas horas vagas é mais um

gênio da humanidade.

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Filosofia de Café: Há sempre uma luz no fim do funil.

Vô e Vó na pocilga malcheirosa do SexShop; pediram uma máqui-na do Tempo de 30 cm.

Era mãe de seis; um menino, duas meninas, e três números primos.

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Assim que o professor de me-cânica quântica arriou as calças para ela, a aluna suspirou e dis-se, Quark!

Há de se desconfiar de um Adestrador de Animais que, aos 40 anos, ainda é solteiro.

O lado bom de se estuprar al-guém é o lado de dentro.

Erik KurkowskiW

EBER

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Que é a morte senão, ou a regra ou a exceção?

O silêncio é uma locomotiva carregada de chocalhos.

Ela jogava boliche; era a bola.

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Mais vale um cotonete na mão do que dois otorrinolaringologis-tas voando (num AirFrance).

Boa moça, mas deslocou o om-bro ao comprar um vibrador.

A preguiça é a mãe do Congres-so; o pai é o Sarney.

Erik KurkowskiW

EBER

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34

Perfil falso de Sarney no Twit-ter exibia o codinome de ‘sena-dorsexy23cm’.

Não tinha pênis; tinha uma solitária (...).

Como disse Martin Luther King: ‘Eu tenho um sonho; e ninguém tasca!’.

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Nos dias sórdidos da semana vendia as esfihas da esposa num mercadinho de Bagdá; aos sá-bados e domingos era hora dos bicos como homem bomba.

Morreu ao ser alvejado por um ponto final.

Começou a roubar bancos e carros a conselho da esposa, que queria que ele emagrecesse.

Erik KurkowskiW

EBER

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O surdo tinha uma pulga do MST atrás da orelha.

Prostituta: um útero com taxí-metro.

Na hora do sexo, perguntou para ela, Onde fica o seu Ponto G? E ela disse, entre o Ponto F e o Ponto H.

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O ponto G dela ficava no cartão de crédito dele.

Pisou em tantas macumbas que já não tinha pé para pisar outras.

Não colocava o cinto se segu-rança porque achava que a deixa-va mais gorda.

Erik KurkowskiW

EBER

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Ela era estéril e não podia ter filhos; mas o útero dava uma óti-ma bandeja, disse o psicopata.

Zona Franca de Manaus: lugar do Amazonas onde as prostitutas são muito sinceras.

Era garota de programa for-mada em Letras, especialista em Nabokov.

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Descoberto aparelho reprodu-tor de peixe de 350 milhões de anos; era um VISA de 30 cm.

O pôr do sol é sempre o mes-mo; o que muda é a remela.

Minha alma não só saiu do cor-po sem licença como a pegaram no Teste do Bafômetro.

Erik KurkowskiW

EBER

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Relatividade: 10s parecem 2hrs quando se carrega um filme pornô.

Quem nunca jogou pedra em alguém que atire a primeira.

Quem vê coração não vê Pho-toshop (e vice-versa).

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O lado bom das crianças é que elas cabem num liquidificador.

O Gato tinha 7 vidas; e mais dois ‘continues’.

O homem mais velho do mun-do disse, acerca do segredo da sua longevidade: vegetais, exercí-cios físicos, e muito Photoshop.

Erik KurkowskiW

EBER

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Ele disse para ela, Qual dos buracos é o clitóris?

Quando, barrado no salão do clube, Jesus esqueceu o rebolado e disse: “Vão ver só, vou chamar Papai!”.

Quando falaram ao Bispo que a noite era uma criança, ele logo perguntou, bem alegrinho: De quantos anos?

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Há vida após os créditos finais?

Água mole em pedra dura, tan-to bate até que ejacula.

Erik KurkowskiW

EBER

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Henry Alfred

BUGALHOFormado em Filosofia pela

UFPR, com ênfase em Estética.

Especialista em Literatura

e História. Autor de quatro

romances e de duas coletâne-

as de contos. Editor da Revista

SAMIZDAT e um dos fundadores

da Oficina Editora. Autor do

livro best-selling "Guia Nova

York para Mãos-de-Vaca". Mora,

atualmente, em Nova York, com

sua esposa Denise e Bia, sua

cachorrinha.

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Don Juan“Vou te amar pra sempre”, ele

repetia todos os dias; cada noite para uma mulher diferente.

Vida comumExcetuando ter ganhado cinco

vezes na megasena, nunca nada de extraordinário ocorria em sua vida.

Acidente— Por acaso você é cega? — o

policial para a motorista com o carro esmagado no poste.

— Sim, seu guarda, mas isto nunca me atrapalhou antes.

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Ladrão de galinhasSer preso injustamente o revol-

tava: acusado de roubar galinhas, ao invés de ter matado o vizinho. O sistema penal está falido, ele dizia.

O caminho das pedras para o sucesso

Descobriu que o caminho das pedras para o sucesso era piso-teando seus colegas. Mas para derrubá-lo bastou uma única pedra solta.

O tornadoOs boatos diziam que aquele

tornado havia sido encomendado pela máfia; a cidade inteira su-miu do mapa, menos a pizzaria do Tony.

Henry AlfredBU

GA

LHO

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História reescrita - Guilherme Tell

Disparou a flecha, que zunindo cruzou o ar. Não acertou a maçã. Foi assim que Guilherme Tell matou o próprio filho.

História reescrita - Caixa de Pandora

Receoso, Epimeteu abriu a cai-xa de Pandora: nela havia delicio-sos bombons de licor.

História reescrita - Branca de Neve

Após entregar a maçã à Bran-ca de Neve, a bruxa saiu rindo e comentando consigo: “se ferrou, amanhã terá um bela dor-de-barriga!”

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Rotina monótonaA rotina cotidiana o oprimia;

pilotar caças de manhã, alimen-tar tubarões à tarde e enfrentar ninjas assassinos à noite era muito tedioso.

História reescrita - UlissesLeopold Bloom abriu a porta do

quarto e encontrou Molly, a espo-sa, traindo-o. Com um homem seria trágico, mas com um vibra-dor era ridídulo!

O fotógrafoSua câmera fotográfica roubava

as almas das pessoas. Nas pare-des de casa, os retratos gemiam e suplicavam por liberdade.

Henry AlfredBU

GA

LHO

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DecepçãoMarinete viajou para a Espa-

nha na esperança de ser escrava sexual. Tinha vergonha de contar para amigas que virara garçone-te.

SolidãoA casa vazia o angustiava.

Enchia-a de indigentes e punha no som CDs do ABBA. “Festas sempre, repletas de amigos”, os vizinhos comentavam.

InsôniaPassava as noites em claro, e os

dias roncando e babando pelos cantos.

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OVNI na favelaA porta do disco voador se

abriu, mas os ETs foram mortos por balas-perdidas de traficantes antes que pudessem fazer con-tato.

InsuportávelFurou os próprios olhos, pois

não suportava ver tanta beleza no mundo.

AzaradoDiziam-lhe que não havia

perigo. Acreditou. De fato, nós ultimos dez anos, ele seria a pri-meira vítima fatal.

Henry AlfredBU

GA

LHO

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RecordaçõesAssim que o garçom trouxe o

prato, ele desatou a chorar. Era o mesmo que ela sempre lhe pre-parava. Garfadas acres por suas lágrimas.

PatriotismoEra um sujeito muito patriota.

Preferiu abandonar o país para não ter de ver seus defeitos.

Filosofia de pastelariaFitava o pastel de carne com

aspecto duvidoso na estufa. Em seus pensamentos, o aforismo nietzschiano: “o que não me mata, fortacele-me”.

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Rafael T.

OKADAVinte e cinco anos, estudan-

te de engenharia mecânica da

Universidade Estadual Paulista

(UNESP), mora atualmente na

República Vamointão com doze

outros estudandes. E não ve a

hora de formar-se. Sempre gos-

tou de ler, porém nunca escre-

veu nada com mais de cento e

quarenta caracteres.

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A melhor das maquiagensAté então não tinha percebi-

do que através da web todas as pessoas são lindas, legais e até inteligentes.

Maria vai com as outras “Cara, agora é a minha vez...”,

o chapado gritando para o gno-mo que havia acabado de pular da janela do sétimo andar.

Ovelha negra Disseram-lhe que era a ovelha

negra da família, mas ainda não sabiam de nada. Era a cor-de-rosa.

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Rafael T.O

KAD

A

Dura realidadeQuando percebeu que na rea-

lidade o gnomo sabia voar, não havia mais tempo: ia se espatifar na calçada sete andares abaixo.

Ovelha cor-de-rosaMais tarde naquela reunião de

família, percebeu que gostava mais quando eles o tratavam como uma ovelha negra.

Outro sonho de liberdadeDepois que o papagaio desco-

briu que sabia voar, achava que todo sonho se tornava realida-de. Desta vez sonhou que era o batman.

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Mais louco que o BatmanE não é que vale mais um pás-

saro na mão que dois voando? A criança segurava um papagaio que se achava o Batman.

Domingão No sétimo dia, por preguiça, o

mundo não se tornou um lugar melhor.

Cadê o Greenpeace? Era tão feia que quando pulou

ao mar, o coitado do golfinho morrreu afogado.

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Havia uma porta no caminhoEstava atrasado para sua en-

trevista de emprego e não per-cebera que havia uma porta de vidro. Acabou que não conseguiu o emprego.

Os importantes do mundoSe fosse qualquer um falando

seria uma imbecilidade, mas era um cineasta. Todos bateram pal-mas no fim.

Aos dezA menina descobriu que o dedo

servia para mais coisas além de cutucar o nariz: cutucar o ouvi-do.

Rafael T.O

KAD

A

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Aos trezeA menina descobriu que o ou-

vido e o nariz não estavam com nada.

Enfim...Aos vinte e um, conhecia

poucos lugares onde conseguia enfiar o pulso: dois.

As gatas Depois de tantas loiras, russas

e mexicanas, decidira beber bre-jas, vodkas e tequilas. Certamen-te sairia mais barato.

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Todas formas de pagamentoDepois de ter começado lá de

baixo, sabia que a felicidade cabia na carteira. E vinha em cheques, cartões ou em dinheiro mesmo.

O nível das coisasDecidira que a partir de hoje

seria um homem culto. Comprou um livrinho de citações.

Desculpa esfarrapadaDisse que estava grávida, mas

não fizera sexo. Seu pai respon-deu: “Já usaram esta desculpa há uns dois mil anos.”

Rafael T.O

KAD

A

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A melhor desculpa de todasPara encobrir a gravidez, a

esposa do marceneiro disse que o bebê em seu ventre era filho de deus. E todos acreditaram!

ArrependimentoToda vez que roubava era a

mesma coisa: sentia-se muito mal. Precisava parar com aquilo, precisava perder o peso na con-sicência.

A curiosidade mataEm 2097, descobriram que

existe vida após à morte, e então todos esqueceram-se que tam-bém existe vida antes.

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Ô gostosa...Hoje, decidiu permanecer na

cama com sua nova amante: a depressão. No colo dela, curtia a balada com wisky e Prozac.

O cara sabiaMaconha, balas, doces e até

cola de sapateiro. Finalmente chegara em pasárgada. Manuel bandeira tinha razão.

Ninguém viuQuando viu que estava fudido,

o padre pediu para a freira fazer o aborto.

Rafael T.O

KAD

A

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Me conta outraDurante a vida estudou muito,

então morreu. O que iria fazer com todo aquele conhecimento? Contar para deus?

A maior curtiçãoA velhinha, agora, abria cami-

nho entre os marmanjões espir-rando em suas caras. Esta gripe veio a calhar.

Ledo enganoPercebera que as drogas o

deixaram burro quando cheirou a bala, injetou o beck e fumou o doce.

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Bênção dos santosPadre justificava-se no inferno

lembrando a todos que para bai-xo todo santo ajuda.

Rafael T.O

KAD

A

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Wellington

SouzaPaulistano, mas morou tam-

bém em Ribeirão Preto, onde

cursou economia na Universi-

dade de São Paulo. Hoje, reside

novamente no bairro em que

nasceu. Participou das antologias

do concurso Nacional de Contos

da Cidade de Porto Seguro e do

Poetas de Gaveta/USP. Escre-

ve poemas, contos, crônicas e

ensaios literáios em um blog

(Hiper-link), na revista digital

SAMIZDAT e no portal Sociedade

Literária. “Escrever é um modo

de ser outro ser”.

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Foi até a padaria chutando pedra. Voltou na mesma, mais o balanço do saco. Ante o gol, sofreu pênalti de um Uno que ganhou contramão.

-Desce pinga! -Hum -Virou bixa; guri vai sair de casa, agora; Morar com amiga e amigo. -Hum -Que vá, não ligo.Ouviu: que vá!! -Hum...

“...não tenho dinheiro”, “tem sim”, a respondeu. Ela, mulher, captou e se despiu. O pior era a certeza do prazer e da pompa vitoriosa.

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WellingtonSO

UZA

Não sei até quando ficarei aca-bando. Será que depois de muito acabar, que parar de vez de ver tudo, ficarei como a mesa ou as cadeiras?

Não morreu pelo atropelamen-to, nem pela nuca no meio fio. Queria era se apagar, dormir, esquecer, então não resistiu ao soninho que veio...

Gostava, quando criança, de jogar bola – resta a saudade. On-tem em plena chuva não resisti e fui também. Agora os pneumoco-cos estão jogando.

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Matou o amante da esposa. Tatuou (braço e peito) um caixão, nome do alvo e a data, se fun-dem ali. Esperou, com cerveja e futebol, a polícia.

A casa pegando fogo, o Homem Moderno parou na janela e per-guntou: “como está o tempo ai fora?”. Silêncio, todos esperavam um vôo triunfante.

Se eu não terminar, ela não sofrerá agora e sim depois. Se terminar, sofre agora: o futuro não sei. Não, agora não, arruma-rei outra antes.

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Roxo ou preto? unha negra ou branca? Com ou sem decote? Sombra clara ou forte? Para que isso, se depois da queda meu caixão ficará fechado!

WellingtonSO

UZA

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Wilson

GORJAutor do livro Sem Contos

Longos. Tem contos, minicon-

tos e poesias publicados em

antologias e premiados em

alguns concursos. Mantém o

blog O Muro & Outras Páginas

(omuroeoutraspgs. blogspot.com),

onde expõe seus textos e outras

novidades vinculadas ao mundo

da micronarrativa.

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FRUTASMulher melancia, mulher me-

lão, mulher maçã, mulher moran-guinho - todas comprometidas. Cada qual acompanhada do seu homem banana.

NAMORAR? – Você não me aguentaria. Sou

muito chata.– As medalhas de ouro também

o são.

e-manchete [email protected]

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PENSAMENTO POSITIVODeparou-se com uma filosofia

barata.Esmagou-a na sola do seu pes-

simismo.

PUNGÊNCIASofria de gases. Que sofrimento

pum-gente!

ATENTADO– Embaixador. Tem um ponti-

nho vermelho dançando em sua testa.

WilsonG

ORJ

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BALA VS. VIDAAmbas perdidas.

T_IRÃ_NOQuanto mais enriquece urânio,

tanto mais empobrece o país.

SUICÍDIODeixou a própria vida incompl

DESCASOA Praça Publica não tinha acen-

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