talude de corte e de aterro

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Captulo 6ELEMENTOS GEOMTRICOS DAS ESTRADAS DE RODAGEM

6.1.

INTRODUO A geometria de uma estrada definida pelo traado do seu eixo em planta e

pelos perfis longitudinal e transversal. A Fig. 6.1 apresentada a seguir, resume os principais elementos geomtricos de uma estrada.

Fig. 6.1: Elementos geomtricos de uma estrada (Fonte: PONTES FILHO, 1998)

ELEMENTOS PLANIMTRICOS DE UMA ESTRADA: Eixo de uma estrada o alinhamento longitudinal da mesma. O estudo de um traado rodovirio feito com base neste alinhamento. Nas estradas de rodagem, o eixo localiza-se na regio central da pista de rolamento. A apresentao de um projeto em planta consiste na disposio de uma srie de alinhamentos retos, concordados pelas curvas de concordncia horizontal, conforme indica a Figura 6.2.

6.2.

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Fig. 6.2: Elementos do eixo de uma rodovia

Alinhamentos Retos So os trechos retos situados entre duas curvas de concordncia; por serem tangentes a essas mesmas curvas, so denominados simplesmente tangentes. Os alinhamentos retos restantes so chamados de tangentes externas. Um alinhamento caracteriza-se: Pela sua extenso (comprimento); Pela sua posio RELATIVA ou ABSOLUTA. Posio Absoluta quando se refere ao azimute, sendo a referncia a linha Norte-Sul. Posio Relativa quando se refere deflexo, ou seja, o ngulo que um alinhamento precedente faz com o procedente. Consideremos a Figura 6.3, apresentada a seguir, mostrando o eixo de um trecho de uma estrada de rodagem:

Fig. 6.3: Eixo de um trecho de estrada de rodagem (Fonte: COMASTRI e CARVALHO, 1981)

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1, 2, 3 So os azimutes dos alinhamentos. AZIMUTE o ngulo que a direo faz com o norte magntico, medido no sentido horrio. 1, 2 So os ngulos de deflexo.AB , DE , GH

So as Tangentes.

BC , CD , EF , FG So as Tangentes Externas.

BD, EG Desenvolvimento das curvas de concordncia.

6.3.

CURVAS DE CONCORDNCIA HORIZONTAL

As curvas de concordncia horizontal so os elementos utilizados para concordar os alinhamentos retos. Essas curvas podem ser classificadas em: 6.5.1. Curvas Simples: quando s so empregadas curvas circulares, como indica a Figura 6.4.

Fig. 6.4: Curva Circular Simples

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6.5.2.

Curvas Compostas:

a) Sem Transio: quando se utilizam dois ou mais arcos de curvas circulares de raios diferentes, para concordar os alinhamentos retos.C B A D E

R1

R2

Fig. 6.5: Curva Horizontal Composta sem Transio

b) Com Transio: concordncia dos alinhamentos retos.

quando

se

empregam

as

radiides

na

Fig. 6.6: Curva Horizontal Composta com Transio

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Quando duas curvas se cruzam em sentidos opostos com o ponto de tangncia em comum, recebem o nome de Curvas Reversas, conforme mostra a Figura 6.7.

Fig. 6.7: Curvas Horizontais Reversas

6.4. ELEMENTOS ALTIMTRICOS DE UMA ESTRADA6.5.1. Perfil Longitudinal do Terreno a representao no plano vertical das diferenas de nvel, cotas ou altitudes, obtidas do resultado de um nivelamento feito ao longo do eixo de uma estrada.

6.5.2. Greide de uma estrada So linhas de declividade uniforme que tem como finalidade substituir as irregularidades naturais do terreno, possibilitando o seu uso para fins de projeto. A sua representao, no plano vertical, corresponde a um perfil constitudo por um conjunto de retas, concordado por curvas, que, no caso de um projeto rodovirio, ir corresponder rodovirio, ao nvel atribudo estrada.

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Fig. 6.8: Perfil Longitudinal e Greide de uma estrada

a) Greides Retos Quando possuem uma inclinao constante em um determinado trecho. Podem ser: > 0 quando a tangente do ngulo de inclinao com a horizontal for positiva; = 0 quando a tangente do ngulo de inclinao com a horizontal for igual a zero. < 0 quando a tangente do ngulo de inclinao com a horizontal for negativa.

b) Greides Curvos ` Quando se utiliza uma curva de concordncia para concordar os greides retos. A curva normalmente utilizada para este tipo de concordncia a Parbola do 2o grau.

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Fig. 6.9: Greides Retos e Greides Curvos

6.5.3. Terreno)

Seo Transversal do Terreno (ou Perfil Transversal do

a representao, no plano vertical, das diferenas de nvel, obtidas do resultado de um nivelamento, normal em cada estaca, pertencente ao alinhamento da estrada, conforme indica a Figura 6.10.

Fig. 6.10: Perfil Transversal do Terreno

6.5.4. Estrada)

Seo Transversal da Estrada (ou Perfil Transversal da

Seo transversal a representao geomtrica, no plano vertical, de alguns elementos dispostos transversalmente, em determinado ponto do eixo longitudinal da estrada. Poderemos ter seo em corte, seo em aterro ou seo mista. Seo em Corte : corresponde situao em que a rodovia resulta abaixo da superfcie do terreno natural, conforme indica a Fig. 6.11.

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Fig. 6.11: Seo em corte

Seo em Aterro: corresponde situao contrria, isto , com a rodovia resultando acima do terreno natural, conforme indica a Fig. 6.12.

Fig. 6.12: Seo em aterro

Seo Mista: ocorre quando, na mesma seo, a rodovia resulta de um lado, abaixo do terreno natural, e do outro, acima do terreno natural, conforme representado na Fig. 6.13.

Fig. 6.13: Seo mista

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6.5. SEES TRANSVERSAIS DE RODOVIASAs Figuras 6.14 e 6.15 apresentam sees mistas tpicas para rodovias de pista simples e pista dupla, respectivamente.

Fig. 6.14: Seo mista tpica para rodovia de pista simples

Fig. 6.15: Seo mista tpica para rodovia de pista dupla

6.5.1. Plataforma: a poro da rodovia compreendida entre os bordos dos acostamentos externos, mais as larguras das sarjetas e/ou as larguras adicionais, conforme se trate de sees de corte, de aterro ou mistas, conforme indica a Figura 6.16.

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Fig. 6.16: Plataforma da estrada

6.5.2. Saia do Aterro a superfcie lateral (geralmente inclinada) que resulta da conformao de uma seo de aterro; a interseo dessa superfcie com o terreno natural denominada p do aterro, sendo sua interseo com a plataforma denominada crista do aterro.

Fig. 6.17: Saia do aterro

6.5.3. Talude a forma de caracterizar a inclinao da saia do aterro ou da rampa do corte, sendo expresso pela relao v : h (ou v/h) entre os catetos vertical (v) e horizontal

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(h) de um tringulo retngulo cuja hipotenusa coincide com a superfcie inclinada (matematicamente, o talude expressa a tangente do ngulo que a superfcie inclinada forma com o horizonte);

v h

Inclinao =

v ou v : h h

a) Talude de Corte A inclinao desses taludes deve ser tal que garanta a estabilidade dos macios, evitando o desprendimento de barreiras. A inclinao deste tipo de talude varivel com a natureza do terreno, sendo que as Normas para projeto de estradas recomendam o seguinte: -Terrenos com possibilidade de escorregamento ou desmoronamento: V/H = 1/1; -Terrenos sem possibilidade de escorregamento ou desmoronamento: V/H = 3/2; -Terrenos de rocha viva: Vertical. b) Talude de Aterro A inclinao deste tipo de talude depende da altura do aterro, sendo que as Normas recomendam o seguinte: -Aterros com menos de 3,00 m de altura mxima: V/H = 1/4; -Aterros com mais de 3,00 m de altura mxima: V/H = 1/2.

6.5.4.

Valeta de proteo de corte:

Dispositivo de drenagem superficial, disposto a montante das sees de corte, que tem por objetivo interceptar as guas superficiais que correm em direo rampa do corte, conduzindo-as longitudinalmente para fora das sees de corte; geralmente so pequenas valas simplesmente cavadas no terreno natural, sendo o material resultante da escavao depositado a jusante da valeta, constituindo um pequeno dique, denominado banqueta de proteo do corte, cuja funo a de servir como barreira para preveno quanto a eventuais extravasamentos da valeta.

Fig. 6.18: Valeta de proteo de corte

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6.5.5.

Sarjetas

Sarjeta o dispositivo de drenagem superficial, nas sees de corte. Tem como objetivo coletar as guas de superfcie, conduzindo-as longitudinalmente para fora do corte. a) Rampas das Sarjetas: Na parte contgua ao acostamento: 25 %; Na parte contgua ao corte: a mesma inclinao deste talude.

Fig. 6.19: Rampas das sarjetas

b) Distncia Horizontal entre o incio da sarjeta, a partir do acostamento, e o seu ponto mais baixo, dever variar: Entre 2,00 m e 1,50 m (Classe Especial e Classe I); Maior ou igual a 1,00 m (Classe II e III).

Fig. 6.20: Distncia horizontal entre o incio da sarjeta e o seu ponto mais baixo

Nota-se pela Classificao Tcnica apresentada que esta era uma recomendao presente na Norma antiga.

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6.5.6.

Off-sets

So dispositivos (geralmente varas ou estacas) que servem para referenciar a posio das marcas fsicas correspondentes s cristas dos cortes ou dos ps dos aterros, colocados em pontos afastados por uma distncia fixa convencionada (da a denominao, do original em ingls, que designa afastamento). Seu objetivo facilitar a reposio das marcas, se arrancadas durante a construo dos cortes ou dos aterros.

6.5.7.

Faixas de Trfego, Faixa de Trnsito ou Faixa de Rolamento

o espao dimensionado e destinado passagem de um veculo por vez. A largura das faixas de rolamento obtida adicionando-se largura do veculo de projeto a largura de uma faixa de segurana, funo da velocidade de projeto e do nvel de conforto de viagem que se deseja proporcionar. Os valores bsicos recomendados para a largura de uma faixa de rolamento pavimentada em tangente so tabelados.

Fig. 6.20: Faixas de trnsito

Tabela 6.1: Largura das faixas de rolamento, em tangente, em funo do relevo e da classe deprojeto (m)

CLASSES DE PROJETO 0 I II III IV-A IV-B PLANO 3,60 3,60 3,60 3,50 3,00 2,50

RELEVO ONDULADO 3,60 3,60 3,50 3,30 3,00 2,50 MONTANHOSO 3,60 3,50 3,30 3,30 3,00 2,50

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6.5.8.

Pista de Rolamento

o espao correspondente ao conjunto das faixas de trfego contguas.

Fig. 6.21: Pista de Rolamento

6.5.9.

Acostamento

o espao adjacente s faixas de trfego que destinado parada emergencial de veculos, no sendo em geral dimensionado para suportar o trnsito de veculos (que pode ocorrer em carter espordico). Tabela 6.2: Largura dos acostamentos externos (m) CLASSES DE PROJETO 0 I II III IV-A IV-B PLANO 3,00 3,00 2,50 2,50 1,30 1,00 RELEVO ONDULADO 3,00 2,50 2,50 2,00 1,30 1,00 MONTANHOSO 3,00 2,50 2,00 1,50 0,80 0,50

6.5.10. Afastamento Lateral do Bordo Os acostamentos externos podero incluir uma largura adicional (no utilizvel pelos veculos) destinada instalao de dispositivos de sinalizao (placas) ou de segurana (guard-rails). Muito comum nas sees em aterro.

6.5.11. Largura do Canteiro Central Largura do espao (ou do dispositivo de separao fsica) das pistas, no caso de pista dupla, medido entre os bordos das faixas internas, incluindo, por definio, as larguras dos acostamentos internos.

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Fig. 6.22: Canteiro Central

6.6.

Consideraes Finais

Levando em conta a definio dos diversos elementos de uma rodovia, conclui-se que uma rodovia pode apresentar diferentes larguras de plataforma ao longo de sua extenso, dependendo das conformaes das sees de aterro, de corte ou mistas, devido incluso das larguras das sarjetas nos cortes e/ou das larguras adicionais dos acostamentos externos nos aterros. A terminologia acima apresentada a tecnicamente correta; no entanto, no jargo rodovirio, alguns elementos passaram a ser designados com a denominao de outros, gerando certa incorreo do ponto de vista de conceituao, no rigor acadmico. o caso das saias dos aterros e das rampas de cortes, que so usualmente designadas por taludes dos aterros e por taludes dos cortes, respectivamente. Como j visto, o termo talude no se refere superfcie propriamente dita, mas sua inclinao; no entanto, comum esse tipo de denominao abrangente, como sugere a prpria normatizao (DNER, 1979, p. 12). Outra impropriedade comumente verificada no meio rodovirio o uso dos termos off-set do aterro e off-set do corte para designar, respectivamente, o p do aterro e a crista do corte.