EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE FAMLIA DE BRASLIA-DF

WEMERSON MENDES DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, militar, portador da identidade RG n 2.446.010 SSP/DF e inscrito no CPF/MF sob o n 733.979.031-49, residente e domiciliado na quadra 35, casa 11, bairro So Jos, So Sebastio/DF, por seu advogado BRUNO AUGUSTO PRENHOLATO, inscrito na OAB/DF sob o n 18.577, na qualidade de Advogado/Orientador do Ncleo de Prtica Jurdica da Faculdade Processus, na EQS 708/907, Mdulo D, Asa Sul, Braslia/DF, telefones (61) 37048157 e 37048185, e-mail: npj.faculdadeprocessus@gmail.com, CEP 70390-79, com fundamento no artigo 282 e seguintes do Cdigo de Processo Civil combinado com o artigo 1723 e seguintes do Cdigo Civil e artigo 1 da Lei n. 9278/1996 propor:

AO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUO DE UNIO ESTVEL, CUMULADO COM A DIVISO DOS BENS

em face de ANA MARIA PINTO DE SOUSA, brasileira, solteira, recepcionista, portadora da identidade RG n 2.762.038 SESPDF/DF e inscrita no CPF/MF sob o n 009.049.251-02, residente e domiciliado na quadra 35, casa 11, bairro So Jos, So Sebastio/DF, pelas razes de fato e de direito a seguir expostas:

I DA ASSISTNCIA JUDICIRIA GRATUITA: Inicialmente, o requerente declara (doc. anexo), que no momento, no possui condies de arcar com custas processuais e honorrios advocatcios sem prejuzo do sustento prprio, bem como o de sua famlia, razo pela qual faz jus e requer o benefcio da gratuidade da justia, nos termos do artigo 4 da Lei 1.060/50, com redao introduzida pela Lei 7.510/86 e art. 28 da Lei n 11.340/2006.

II DOS FATOSPara Monteiro (2004) a unio estvel a relao licita entre um homem e uma mulher, em constituio de famlia, chamando os participes desta relao de companheiros.Fiza (2004) descreve a unio estvel como a convivncia pblica, de forma continua e duradoura, coexistindo nessa relao o mbito de um mesmo lar, onde o homem e a mulher no esto ligados entre si pelo matrimnio, mas tem em comum inteno de constituir famlia.Conceituando sobre o tema Diniz (2004) alega que a unio estvel consiste numa unio livre e estvel de pessoas livres de sexos diferentes, que no esto ligados entre si por casamento civil.Assim sendo, a unio estvel o desejo das partes de estarem juntos, sem a necessidade de formalidades ou obrigatoriedades processuais e legais que determinem a forma de se unir. Podendo as partes dividir ou no o mesmo espao fsico. Devendo ser garantido aos dois notoriedade da relao, bem como o respeito e possibilidade de vir a se converter em casamento a qualquer momento, caso haja o interesse das partes no havendo impedimentos legais.Diniz (2004) cita o art. 1 disposto na Lei n. 9.278, de 10 de maio de 1996 que d uma definio ao que seria a unio estvel e determina os requisitos para a sua formao, onde se l o seguinte texto " reconhecida como entidade familiar a convivncia duradoura, pblica e contnua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituio de famlia."Conforme o entendimento de Diniz (2004) para que se configure a relao concubinria, primordial a presena dos seguintes elementos essenciais: Assiduidade nas relaes sexuais: para isso necessria que esteja presentes, entre outros aspectos, a estabilidade, ligao permanente para fins essenciais vida social, ou seja, aparncia de casamento; No existncia de matrimnio civil vlido entre o casal; Externao da afeio mtua: Assegurando no se ter concubinato se os encontros forem furtivos ou secretos, embora haja prtica reiterada de relao sexual; Honorabilidade: Exigncia de uma unio respeitvel entre o casal; Lealdade das partes: Critrio determinante da inteno de vida a dois; Coabitao: Necessrio para garantir a simulao do matrimnio, uma vez que o concubinato deve ter as caractersticas inerentes ao casamento, conforme preceitua a Smula 382 do STF.De tal modo, em 05 de fevereiro de 2010, os requerentes compareceram ao cartrio do 3 Ofcio de Notas e Protesto de ttulos de Braslia para reconhecer que convivem em regime de unio estvel desde 02 de novembro de 2007.Desta forma, mantido um relacionamento estvel, pblico, contnuo e duradouro, por 6 (seis) anos, com objetivo de constituio de famlia, deve ser reconhecida como unio estvel convivncia havida entre a requerente e o requerido, nos termos do art. 1.723 do CC e art. 226 da Constituio FederalDo relacionamento nasceu um filho a saber: GABRIEL MENDES DE SOUSA, nascido em 22 de junho de 2010, atualmente com quatro anos de idade.O casal adquiriu, atravs de esforo mtuo, os seguintes bens: Em 01 de dezembro de 2009, 1 (um) lote de 400m situado no Morro da Cruz, chcara 19 denominada CL (Centro Lazer), lote 25, So Sebastio, Braslia/DF, na modalidade de cesso de direito (doc. anexo). No ano de 2008, 1 (um) automvel modelo fiat uno, vermelho, 2008 (doc. anexo).Foi contrado emprstimo, em 20 de dezembro de 2011, em detrimento da unio estvel, no montante de R$ 3.665,87 (trs mil seiscentos e sessenta e cinco reais e oitenta e sete centavos), em 15 parcelas (doc. anexo). Ocorre que, no final do ano corrente, a relao do casal, que de longa data j no estava bem, restou por acabar, tendo por pice a crise financeira vivida por WEMERSON, tornando insuportvel a vida em comum. Destaca-se que o requerente encontra-se com o nome inscrito nos cadastros de dvida ativa.Assim, reconhecida a unio estvel e no havendo mais, qualquer possibilidade de reconciliao, requer seja declarada dissolvida essa unio, com a regulamentao da guarda dos filhos menores, do direito de visitas e a indispensvel partilha dos bens adquiridos na constncia desse relacionamento. Esse o resumo dos fatos.

III DO DIREITOTrata o presente caso de reconhecimento e dissoluo de unio estvel, cumulado com a diviso dos bens adquiridos na constncia do relacionamento entre o requerente e a requerida.A Constituio Federal, em seu artigo 226, 3, dispe que para efeito de proteo do Estado, reconhecida a unio estvel entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua converso em casamento.Nessa esteira, a Lei 9.278/96 em seu artigo 1, estabelece que constitui unio estvel e, portanto reconhecida como entidade familiar, a convivncia duradoura, contnua e pblica entre homem e mulher com o intuito de constituir famlia.Em complemento, vem o artigo 5 do mesmo diploma legal estabelecer que os bens mveis e imveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constncia da unio estvel, a ttulo oneroso, so considerados fruto do trabalho comum, passando a pertencer a ambos.Dispe o artigo 1.725 do Cdigo Civil, in verbis, Na unio estvel, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se s relaes patrimoniais, no que couber, o regime de comunho parcial de bens.Ainda, compatibilizada com o constante do artigo 5 da Lei 9728/96, retro mencionada, a norma disposta no artigo 1658 do Cdigo Civil clara ao determinar que, comunicam-se, no regime de comunho parcial de bens, os bens que sobrevierem ao casal, na constncia do casamento, salvo excees, das quais escapa o caso presente.Corroborando tal assertiva, por expressa determinao da lei, aplica-se ao caso presente o quanto previsto pelo artigo 1.660 do Cdigo Civil, que dispe que os bens adquiridos na constncia do casamento por ttulo oneroso, se comunicam, ainda que adquiridos em nome de um dos cnjuges.Nessa esteira, a Autora se permite trazer colao julgamento da 1 Turma Cvel do Tribunal de Justia do Distrito Federal:CIVIL E PROCESSO CIVIL. FAMLIA. UNIO ESTVEL. PATRIMNIO. CONSTITUIO. ONUS PROBANDI.Se demonstrada a convivncia ntima, estabelecida com o escopo de constituir famlia, caracterizada a unio estvel.Os bens mveis e imveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constncia da unio estvel e a ttulo oneroso, so considerados fruto do trabalho e da colaborao comum, passando a pertencer a ambos, em condomnio e em partes iguais, salvo estipulao contrria em contrato escrito. Inteligncia do artigo 5, da Lei n 9.278/96.Cabe ao interessado provar o fato constitutivo do seu direito.Apelo no provido. Unnime. (TJ/DF 1 T. Cv., Ap. Cv. n 20000110419648, Rel. Des. Valter Xavier, DJ 21.05.2003, p. 87) (grifo nosso|).Ainda, deve-se observar os ditames do artigo 1.663, 1, do Cdigo Civil, que versa sobre o regime da comunho parcial, as dvidas contradas no exerccio da administrao obrigam os bens comuns e particulares do cnjuge que os administra, e os do outro na razo do proveito que houver auferido.E de acordo com o artigo 1.664 do mesmo Cdigo, os bens da comunho respondem pelas obrigaes contradas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da famlia, s despesas de administrao e s decorrentes de imposio legal. jurisprudncia assente nesta Corte que, no havendo prova em contrrio, presume-se que as dvidas contradas pelo casal ou por um dos conviventes na constncia da unio reverteram em benefcio da famlia.Os documentos anexos comprovam que o requerente contraiu as dvidas em detrimento da unio estvel.

IV DO PEDIDOIsto posto, requer o autor se digne Vossa Excelncia:1. Conceder ao requerente os Benefcios da Justia Gratuita, haja vista no ter condies econmicas e/ou financeiras de arcar com as custas processuais e demais despesas aplicveis espcie, honorrios advocatcios, sem prejuzo prprio ou de sua famlia, nos termos de expressa declarao de hipossuficiente, na forma do artigo 4, da Lei n 1.060, de 05 de fevereiro de 1950, e art. 1 da Lei n 7.115/83.

2. reconhecer a unio estvel que vigeu entre o casal durante o perodo de 02 de novembro de 2007 e 06 de maio de 2014 e declarar dissolvido aquele vnculo;

3. assegurar ao autor 50% (cinqenta por cento ) do domnio do bem imvel e mvel acima mencionado, adquirido na constncia da unio estvel, expedindo-se mandado ao rgo competente, alienando-se o bem, se necessrio for;

4. assegurar a partilha das dvidas contradas em detrimento da unio estvel.

5. determinar a citao da requerida, com os benefcios do artigo 172, 2, do Cdigo de Processo Civil, para que, querendo, apresente sua defesa no prazo de quinze dias, sob pena de entenderem-se verdadeiros os fatos alegados, conforme artigo 319 do Cdigo de Processo Civil;

6. julgar o presente pedido totalmente procedente, condenando o Ru ao nus das custas e demais despesas processuais e honorrios advocatcios ordem de 20% (vinte por cento) do valor da causa;

7. protesta provar a alegada por todos os meios de prova em direito admitidos, particularmente testemunhais, documentais e periciais.

D-se causa o valor de R$ 80.000 (oitenta mil reais).

Termos em quePede deferimento.

Braslia, 06 de maio de 2014.

Bruno Augusto PrenholatoOAB 18.577