tábua de mortalidade

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Tabuas de mortalidade Partindo-se de um número fechado de participantes, denominado “raiz", em que o gênero pode ser levado em consideração, a tábua de mortalidade revela a quantidade de pessoas vivas anualmente em cada idade, ou seja, trata-se de uma tábua determinada pelas taxas anuais de mortalidade ou de sobrevivência. Existem vários tipos de tábuas atuariais, como a AT-49, AT- 83 e a AT-2000, onde AT quer dizer annuity table e o número refere- se ao ano em que as estatísticas passadas começaram a valer. Tábuas mais modernas, como a AT-2000, são adotadas em várias empresas no Brasil, principalmente para planos previdenciários como o PGBL. Ela possui o tempo de vida médio mais elevado que as outras, reduzindo assim, o valor do benefício a ser pago pelas empresas. Por exemplo, na AT-49 a expectativa de sobrevida para alguém com 60 anos é de 18,5 anos, na AT-83 é de 22,6 e na AT-2000 é de 24,6 anos. As tábuas mais modernas não devem ser vistas como injustas ou benéficas apenas para seguradoras. Refletem as mudanças que a sociedade vem sofrendo, como o aumento da expectativa de vida, melhores condições sanitárias e avanços na medicina. Nos Estados Unidos, por exemplo, a quantidade de pessoas centenárias passou de 4000 em 1940, para mais de 61.000, em 1997.

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Page 1: Tábua de mortalidade

Tabuas de mortalidade

Partindo-se de um número fechado de participantes, denominado “raiz", em que o gênero

pode ser levado em consideração, a tábua de mortalidade revela a quantidade de pessoas vivas

anualmente em cada idade, ou seja, trata-se de uma tábua determinada pelas taxas anuais de

mortalidade ou de sobrevivência.

Existem vários tipos de tábuas atuariais, como a AT-49, AT-83 e a AT-2000, onde AT

quer dizer annuity table e o número refere-se ao ano em que as estatísticas passadas começaram a

valer.

Tábuas mais modernas, como a AT-2000, são adotadas em várias empresas no Brasil,

principalmente para planos previdenciários como o PGBL. Ela possui o tempo de vida médio

mais elevado que as outras, reduzindo assim, o valor do benefício a ser pago pelas empresas.

Por exemplo, na AT-49 a expectativa de sobrevida para alguém com 60 anos é de 18,5

anos, na AT-83 é de 22,6 e na AT-2000 é de 24,6 anos.

As tábuas mais modernas não devem ser vistas como injustas ou benéficas apenas para

seguradoras. Refletem as mudanças que a sociedade vem sofrendo, como o aumento da

expectativa de vida, melhores condições sanitárias e avanços na medicina. Nos Estados Unidos,

por exemplo, a quantidade de pessoas centenárias passou de 4000 em 1940, para mais de 61.000,

em 1997.

Em resumo, se uma empresa trabalhar com tábuas desatualizadas, ela corre o risco de não

ter como pagar no futuro a renda mensal vitalícia aos beneficiários.

A construção dessas tábuas pode ser oriunda da experiência das seguradoras ou se valer

dos dados dos censos demográficos.

As tábuas , sob condição universal, são compostas de seis colunas:

x: coluna de idades, em anos;

lx: número de pessoas vivas na idade x do grupo em estudo, de um total inicial

hipotético de 100.000 novos nascimentos;

dx: número de pessoas do grupo que morrem entre as idades x e x + 1;

qx: probabilidade anual de morte, ou seja, a razão entre o número de pessoas do grupo que

morrem numa idade w (dw) pelo número de pessoas da idade de w (lw).

px: probabilidade anual de sobrevivência, obtida pela relação: px = 1¡qx;

ex: expectativa de vida para um indivíduo com idade x.

Page 2: Tábua de mortalidade

Tábua de vida pode ajudar a avaliar Saúde Pública

A tábua completa de mortalidade da população brasileira, estimada pelo IBGE para o ano 2003 é um modelo demográfico que descreve a incidência da mortalidade ao longo das idades e resume, numericamente, as condições gerais de saúde de uma população. A tábua de mortalidade é importante instrumento de avaliação das políticas públicas no campo da Saúde.

As informações que a tábua de mortalidade fornece são: a) as taxas de mortalidade ou probabilidades de morte entre duas idades exatas – particularmente, a taxa de mortalidade infantil que é a probabilidade de um recém-nascido falecer antes de completar o primeiro ano de vida ou o número de óbitos de menores de 1 ano de idade para cada 1000 nascidos vivos; b) a esperança de vida às idades exatas, especialmente, a esperança de vida ao nascer que expressa o número médio de anos que se espera viver um recém-nascido que, ao longo da vida, estivesse exposto aos riscos de morte da tábua de mortalidade em questão.

O primeiro grande levantamento populacional que proporcionou a aferição do nível da mortalidade prevalecente no Brasil foi o Censo Demográfico de 1940. Embora inovadoras, as informações do Censo de 1940 somente permitiam estimar a taxa de mortalidade infantil, e não as taxas de mortalidade para todas as idades – base para construção das tábuas de mortalidade. Para o cálculo dessas taxas são necessários dados sobre óbitos ocorridos e registrados em um ano ou período (extraídos das estatísticas vitais do Registro Civil) e sobre a população, por sexo ou para ambos os sexos – provenientes do censo demográfico.

O Brasil possui uma história considerável em se tratando de censos demográficos – o primeiro foi realizado em 1872 – mas as estatísticas vitais do Registro Civil de pessoas naturais somente foram organizadas em 1974, quando o IBGE passou a coletar, junto aos cartórios, as informações sobre nascimentos e óbitos ocorridos em território nacional. Dessa forma, a primeira tábua de mortalidade, construída pelo IBGE, representativa da população brasileira data de 1980, ano de realização do censo demográfico, cuja periodicidade é decenal.

Hoje o Brasil possui três tábuas de mortalidade construídas pelo IBGE: a de 1980, a de 1991 e a de 2000. As tábuas para os demais anos são fruto de um modelo de projeção de população elaborado com as informações conhecidas. Esse modelo precisa ser revisto sempre que uma nova tábua é incorporada ao conjunto.

Fator previdenciário utiliza tábua de mortalidade do IBGE

Além dos múltiplos usos, não somente pela Demografia, mas também pelas demais Ciências Sociais, a tábua de mortalidade divulgada anualmente pelo IBGE passou, desde 1999, a ser utilizada pelo Ministério da Previdência Social – MPS para efeitos de determinar, juntamente com outros parâmetros, o chamado fator previdenciário para o cálculo das aposentadorias das pessoas regidas pelo Regime Geral de Previdência Social.

O Decreto Presidencial n° 3266, de 29 de novembro de 1999 atribui competência e fixa a periodicidade para a publicação da tábua completa de mortalidade de que trata o parágrafo 8° do art. 29 da Lei n°8.213, de 24 de julho de 1991, com redação dada pela Lei n° 9.876, de 26 de novembro de 1999.

Em 1999, o IBGE possuía duas tábuas de mortalidade, a de 1980 e a de 1991, e uma projeção da mortalidade, implícita no modelo geral de projeção da população. Os indicadores relativos à esperança de vida e à taxa de mortalidade infantil, por exemplo, sempre foram

Page 3: Tábua de mortalidade

amplamente divulgados e disseminados para diversos meios: Ministérios, Instituições técnicas, acadêmicas, dos níveis federal, estaduais e municipais, organismos internacionais, organizações não governamentais, imprensa, entre outros.

Para cumprir o disposto no Decreto n° 3.266, a partir de 1999, o IBGE passou a divulgar no Diário Oficial da União a tábua completa de mortalidade, referente ao ano anterior, da população brasileira de ambos os sexos.

Ao final de 2003, a totalidade das informações do Censo Demográfico 2000 foram disponibilizadas e divulgadas para a sociedade, incluindo os dados que permitiam estimar a mortalidade no primeiro ano de vida. Era, então, o momento oportuno de se comparar a tábua de mortalidade projetada para o ano 2000 com aquela calculada com as informações censitárias e as estatísticas de óbitos do Registro Civil do triênio 1999-2001. Assim, verificou-se que o declínio da mortalidade no primeiro ano de vida e nas idades mais avançadas foi mais intenso que o projetado, ocasionando expectativas de vida às idades exatas superiores às que haviam sido projetadas para 2000.

Com as tábuas de mortalidade de 1980, 1991 e 2000, foi possível reavaliar a projeção da mortalidade no Brasil e, consequentemente, a projeção da população brasileira, cuja Revisão 2004 foi divulgada no dia 30 de agosto de 2004, mantendo-se inalteráveis os critérios metodológicos já consolidados no IBGE. Nos estudos e análises demográficas, a revisão de uma projeção – visando aprimorar a precisão do dado prospectivo, mediante a incorporação de informações recentes – é um procedimento necessário e recomendado. As tábuas de mortalidade são resumos numéricos das condições de saúde de uma população em determinados períodos. São, portanto, bens da sociedade. Cabe ao IBGE a missão de retratar o mais fielmente possível este quadro evolutivo.

Metodologicamente, não houve qualquer alteração no processo de construção e projeção da tábua de mortalidade. O IBGE deverá construir outra tábua de mortalidade a partir dos resultados do próximo Censo Demográfico, em 2010, e irá comparar a tábua resultante com a projeção atual.

1 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da sua atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e de acordo com o § 8° do art. 29 da Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei n° 9.876, de 26 de novembro de 1999, decreta:

Art. 1°. Para efeito do disposto no § 7° do art. 29 da Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei n° 9.876, de 26 de novembro de 1999, a expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria será obtida a partir da tábua completa de mortalidade para o total da população brasileira, construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos.

Art. 2°. Compete ao IBGE publicar, anualmente, no primeiro dia útil de dezembro, no Diário Oficial da União, a tábua completa de mortalidade para o total da população brasileira referente ao ano anterior.

Parágrafo único. Até quinze dias após a publicação deste Decreto, o IBGE deverá publicar a tábua completa de mortalidade referente ao ano de 1998.

Art. 3°. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 29 de novembro de 1999; 178° da Independência e 111° da República.Fernando Henrique Cardoso