surfcasting mb v0305

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    O meu Surfcasting

    Mrio Baptista

    Abril 2010

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    Por traduo temos que o surfcasting ser a pesca efectuada nas

    ondas.

    Mas na sua essncia trata-se simplesmente de pesca ao fundo,

    uma das mais antigas formas de pescar e que sofreu vrias

    designaes medida que foi sendo praticada em diversos

    terrenos: falsias, pontes, praias e rochedos.

    Nesses diferentes cenrios h apenas uma questo de adaptao

    ao terreno porque o princpio o mesmo: projectar uma iscada

    com recurso a uma chumbada.

    Neste artigo, a pesca ao fundo efectuada na praia que vamos

    tratar.

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    As Canas

    Outrora em cana-da-ndia ou bambu, mais ou menos elaboradas,

    at aos dias de hoje em carbonos e kevlar, de alta sofisticao, ascanas so a alma da pesca de fundo.

    Marcas como a Damyll e a Sportex eram de imediato associadas a

    grandes jornadas e fizeram escola. Foram de facto ranhas dos

    areais de norte a sul do Pas.

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    Caractersticas de uma cana de fundo

    Leveza Rigidez Sensibilidade RobustezSo caractersticas que s uma grande investigao e inovao ao

    nvel dos materiais proporcionaram e actualmente temos canas

    com performances impensveis de h uns anos a esta parte.

    A necessidade do uso de fios cada vez mais finos, assim como oaparecimento de novas fibras e materiais, levou a que as actuais

    canas s se assemelhem s antigas na sua forma.

    Nas fotos acima podemos ver trs das muitas diferenas entre as

    canas actuais e as de outros tempos.

    A aco das canas

    Quanto sua aco, as canas dividem-se em trs categorias:

    Rgida ou de ponteira Semiparablica Parablica

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    Aco rgida ou de ponteira:

    Trata-se de uma cana que trabalha essencialmente de ponteira.

    Por norma nos comprimentos de 4.10 a 4.50m, corpo rgido,

    marca muito bem as picadas e indicada para lanamentos de

    impacto brusco como o groundcast e o pndulo.

    Aco semi-parablica:

    Cana polivalente, de aco progressiva, com boa marcao de

    picada, muito cmoda em lanamentos progressivos como o

    frontal a partir do cho ou o frontal em suspenso. Com a sua

    aco absorve a energia do impacto do lanamento no a

    transmitindo s iscadas.

    Aco parablica:

    Actualmente em completo desuso, eram varas muito macias,

    excelentes a matar o peixe mas muito pouco lanadoras. Apenas

    me lembro de uma excepo: a Sportex inteiria. Mas isso outro

    campeonato.

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    Os Carretos

    Longe vo os tempos dos velhinhos Luxor, Breton, Mitchell, entre

    outros e dos saudosos Sofi e Rocha, orgulhosamente portugueses.

    Tambm aqui o passar dos tempos trouxe inovaes de relevo,

    quer ao nvel dos materiais quer ao nvel dos mecanismos quecompem os carretos de surfcasting.

    Com efeito, a inovao dos modernos compsitos e ligas metlicas

    aliado introduo de novos conceitos dinmicos levou ao

    aparecimento de carretos muito leves, extremamente precisos e

    de grande robustez.

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    Caractersticas de um carreto de surfcasting:

    Leveza Preciso Robustez FiabilidadeO moderno carreto de Surfcasting construdo em ligas metlicas

    extremamente leves e resistentes e constitudo por mecanismos

    dinmicos e de balanceamento bem equilibrados e fiveis.

    As caractersticas deste carreto passam por uma capacidade de

    linha rondando os 250m de 0.40, bobines de baixo atrito

    normalmente cnicas, ratio (nmero de voltas do tambor por

    volta de manivela) que oscila entre 4.5:1 e 5.2:1 e ainda

    mecanismos mveis bem apoiados em rolamentos que se

    pretendem de materiais no ferrosos e de preferncia estanques.

    As linhas

    Dantes uma linha tinha de dar para tudo.

    Actualmente temos ao dispor uma vasta gama de linhas de

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    excelente qualidade e com uma especificidade tal que temos uma

    linha para cada modalidade e nestas, solues para cada troo

    das vrias montagens.

    Linhas antigas Linhas actuais

    Caractersticas de uma linha

    Linha do carreto:

    Suavidade Resistncia abraso Baixo coeficiente de atrito Boa capacidade de carga de rotura Baixa memriaMadre da montagem:

    Rigidez Resistncia ao n Boa capacidade de carga de rotura Memria nulaEstralhos:

    Suavidade

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    Resistncia abraso Resistncia ao n Grande capacidade de carga de rotura InvisibilidadeNs de unio de duas linhas

    Os anzisMais importante que o aparecimento de novos modelos, a

    evoluo dos anzis passou sem dvida pela introduo de novos

    elementos como o carbono e o tungstnio, que os tornaram mais

    resistentes e mais finos, e por um alto poder de penetrao, em

    resultado de novas tcnicas de afiao.

    A escolha de um anzol algo muito subjectivo, varia de pescador

    para pescador e depende muito do facto de fazermos uma pesca

    direccionada a uma espcie ou se, pelo contrrio, utilizamos uma

    montagem generalista.

    A escolha varia tambm em funo da isca a utilizar: uma coisa

    iscar minhocas, outra iscar com sardinha, por exemplo.

    A capacidade de ferragem e sujeio da presa de um anzol n 3/0

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    nada tem a ver com a de um n 4 e quando falamos de robalos

    isso faz todo o sentido; em relao a peixes planos ou a sargos,

    espcies de boca pequena, o anzol ter tambm que estar

    proporcionado.

    Em termos de caractersticas, um anzol de Surfcasting dever ter

    uma boa resistncia abraso, boa capacidade de penetrao e

    grande resistncia deformao.

    Anzis antigos Anzis actuais

    Ns de empate de anzis

    As chumbadas

    Neste captulo no houve grandes alteraes, salvo o

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    aparecimento de novos formatos fruto da aplicao de conceitos

    de aerodinamismo.

    Pelas leis da fsica temos que a forma mais aerodinmica que

    existe a gota de gua, logo quanto mais as chumbadas se

    aproximarem deste formato maior ser a distncia de

    lanamento. H contudo um outro factor que entra nestas contas

    - a fixao da montagem ao fundo.

    A chumbada tem portanto duas caractersticas a conciliar,

    aparecendo assim vrios tipos:

    Torpedos (Beach bomb) Pirmides Esfricas De pra De garras FuradasCaractersticas de uma chumbada:

    Torpedos (Beach bomb)- Grande coeficiente de penetrao no ar

    - Pouca capacidade de fixao no fundo

    - Pouca pega em fundos com pedra Pirmides- Bom coeficiente de penetrao no ar

    - Boa capacidade de fixao no fundo

    - Muita pegaem fundos rochosos

    Esfricas- Grande coeficiente de penetrao no ar

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    - Muito pouca capacidade de fixao no fundo

    - Muito pouca pega em fundos de pedra

    De pra- Bom coeficiente de penetrao no ar

    - Pouca capacidade de fixao no fundo

    - Grande mobilidade da montagem

    De garras- Baixo coeficiente de penetrao no ar

    - Grande poder de fixao no fundo

    Furadas- Bom coeficiente de penetrao no ar

    - Grande sensibilidade da montagem

    - Apresentao natural da montagem

    - Pouca pega em fundos de pedra

    Chumbadas de todos os tempos

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    Os acessrios

    O TripExistentes em diversos materiais e formas, os trips tem vrias

    vantagens.

    A primeira, ser a de concentrar no mesmo local duas ou trs

    canas, o que representa ao fim da noite uns bons quilmetros no

    andados na praia.

    A segunda vantagem, para os trips com dois posicionamentos de

    suportes, o facto de podermos elevar a posio da cana em

    altura, o que em certas situaes pode fazer toda a diferena.

    A terceira e ltima, o facto de as canas estarem elevadas da

    areia. No caso de um enchio repentino as mesmas estaro

    salvaguardadas.

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    Os suportes de canas

    Est completamente fora de questo passar toda a noite com uma

    cana de surfcasting nas mos. Existem para o efeito, os suportes

    de canas que no so mais que bases com que se fixam as canas

    na areia de um modo seguro.

    Em tubo de alumnio ou PVC ou em cantoneira de alumnio ou

    plstica, o importante que sejam leves, resistentes, prticos e

    que proporcionem uma boa fixao.

    O carrinho de Surfcasting

    um acessrio de grande utilidade j que concilia a facilidade de

    transporte de todo o material de pesca com a funo de base de

    apoio personalizada. Tem contudo um inconveniente: no todo-

    o-terreno e h pesqueiros em que no possvel a sua utilizao.

    O exemplo abaixo de concepo pessoal. Alm da funo de

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    transporte, ele tem instalados: a mesa porta iscos, a bancada e o

    suporte de montagens e ainda o panier.

    A sua construo em tubo de alumnio e com rodas de bicicleta

    respeitou o seguinte esquema:

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    O porta-montagens

    O porta-montagens tambm de fabrico caseiro e uma mais valia

    em aco de pesca, j que permite evitar perdas de tempo a

    desempachar montagens, substituir anzis ou fazer iscadas.

    Cotas de fabrico

    Teoricamente, teremos mais hipteses de capturas quanto maistempo as montagens permanecerem a pescar. Ao actuar com

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    duas canas utilizaremos quatro ou cinco montagens: duas em

    aco de pesca e as outras prontas a ser utilizadas. Sempre que

    se retire uma montagem da gua, abre-se o clip de ligao e

    monta-se a nova montagem j iscada e pronta a ser lanada.

    Aps o lanamento teremos tempo para tratar da montagem e

    assim aproveitaremos todo o tempo em pesca efectiva.

    A mesa de iscos

    De vrios formatos e materiais, um acessrio de extrema

    importncia j que permite ter os vrios tipos de isco separados e

    preparados para a iscagem. Serve ainda de suporte para a

    reparao das montagens assim como ter mo os vrios

    utenslios necessrios.

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    As montagens

    Outrora os estralhos e anzis derivavam directamente da linha do

    carreto que por norma variava entre o 0.45 e o 0.55.Com a necessidade de lanar cada vez mais longe e por influncia

    directa da pesca de competio, a tendncia do uso de linhas

    cada vez mais finas e o aumento de rigidez das canas obrigou-nos

    a descobrir uma soluo: o shockleader.

    Com esta segurana na fase critica do arremesso, vulgarizou-se a

    utilizao de linhas com dimetros at a impensveis.De inovao em inovao, uma montagem de surfcasting algo

    quase imprescindvel na pesca dos nossos dias. Permite-nos

    pescar em simultneo com vrios tipos de apresentaes,

    espessura e comprimento de estralhos e tamanho de anzis

    variados, pesos e formatos diversos de chumbadas e tudo isto

    com o simples abrir de um clip.

    Nomenclatura de uma montagem de Surfcasting

    Legenda: 1 Linha do carreto; 2 N de ligao; 3 Shockleader; 4

    Missanga; 5 Destorcedor; 6 Clip de unio da montagem; 7

    Estralho do anzol; 8 Anzol; 9 - Stopper; 10 Destorcedor com

    alfinete; 11 Chumbada

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    Elementos de uma montagem:

    Clip de ligao Destorcedor Zip swivel Rotor omega Missangas Crossbead Prolas e lantejoulas Flutuador StoppersClip de ligao

    Pea fabricada em arame de ao inox. Acoplada a uma manga

    plstica mvel que impede a linha de sair do clip. Serve para

    permutar de um modo rpido e seguro as vrias montagens.

    Destorcedor

    Pea em metal com dois terminais que giram em eixos no

    solidrios, tornando possvel deste modo que dois troos de linha

    ligados entre si possam girar em sentidos contrrios, evitando

    desta forma o inevitvel enleio.

    Zip Swivel

    Pea com os mesmos princpios da anterior mas com outro

    conceito de construo.

    Rotor

    Outro acessrio anti-enleio de duas linhas com uma concepo

    muito prpria e eficaz ao nvel da camuflagem da montagem.

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    Missangas

    Pequenos artefactos que so utilizados para tornar a montagem

    mais mvel. Estas peas actuam entre o n de travamento ou

    similar e o destorcedor reduzindo assim o atrito. Servem ainda

    para travar os rotores, sendo neste caso coladas.

    Crossbead

    Acessrio para ligao do estralho madre da montagem.

    semelhana do destorcedor, actua tambm como pea anti-enleio

    e tem a vantagem de ser quase invisvel.

    Prolas e lantejoulas

    Acessrios que tem como funo tornarem as iscadas mais

    apelativas em termos de reflexos de luz e cor.

    Flutuador

    Acessrio por norma construdo em esferovite, tem como funo

    elevar a iscada do fundo.Stoppers

    Servem para fixar os acessrios porta-estralhos (rotor,

    destorcedor, crossbead e zip swivel) na madre da montagem e

    podem ser dos seguintes tipos:

    Mangas metlicas: Pequenas mangas de metal mole que atravs

    de aperto sujeitam o destorcedor em determinada posio (nopermitem deslocao de posio depois de apertados).

    Ns de travamento: Ns de correr que seguram o destorcedor na

    posio, depois de devidamente apertados (permitem pequenas

    correces de posio de montagem).

    Stoppers de borracha: Pequenas peas em borracha furadas

    interiormente que fixam os destorcedores (permitem modificar aconfigurao da montagem ao longo da jornada).

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    Missangas coladas: Outro mtodo de fixar o destorcedor; neste

    caso, depois de identificadas as posies correctas, colam-se as

    missangas madre para efectuar o travamento.

    Montagem directa

    Montagem executada directamente no shockleader com a

    colocao de destorcedores ou rotores travados por Stoppers.

    Apresenta como vantagens o facto de no haver pontos fracos do

    shockleader no impacto do lanamento e sempre que se pesque

    em locais onde necessrio iar um exemplar de maior porte

    podermos utilizar toda a fora que uma linha mais grossa

    proporciona.

    A desvantagem que no se pode trocar por outro tipo de

    montagem em aco de pesca.

    Montagem com clip de ligaoTrata-se da moderna montagem de surfcasting.

    A ligao com clip permite utilizar um sem nmero de montagens

    e ensaiar diferentes tipos conforme as condies do pesqueiro

    forem variando. Tudo isto sem perdas de tempo, bastando abrir o

    clip e trocar a montagem por outra, iscada e pronta a ser

    lanada.

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    Montagem de correr

    Sempre que as condies de pesca se apresentem difceis, esta

    uma das solues.Esta montagem consiste em fazer passar a madre por dentro de

    uma chumbada furada longitudinalmente, ficando deste modo a

    trabalhar de um modo solto. Isto permite que a iscada evolua ao

    sabor da aguagem de um modo natural.

    A rabeira

    Mais uma montagem especfica que requer uma corrente lateral

    (paralela praia) para trabalhar com eficcia. Pelas suas

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    dimenses necessita de algum cuidado no seu manuseamento.

    Naqueles dias difceis em que o peixe se mostra relutante em

    atacar as montagens convencionais, a rabeira uma hiptese a

    considerar.

    Trata-se de uma montagem que coloca as iscadas no pesqueiro

    com uma grande amplitude de movimento e de um modo

    bastante atractivo.

    Os tipos de fundos

    Quem olha para uma praia, imagina de imediato um fundo

    submerso semelhana do que v em terra firme. Por vezes at

    assim mas existem diferentes tipos de fundo, cada qual com a

    sua especificidade.

    Fundo plano

    Trata-se de um relevo com pouca assimetria em relao a terra,

    com uma cota de profundidade baixa e mantida ao longo de umagrande distncia.

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    Nestas condies a aco de pesca dever situar-se na longa

    distncia passando mdia distncia medida que a mar se

    aproxima da cota mxima.

    Fundo em declive

    Trata-se de um tipo de fundo em que h uma variao abrupta do

    relevo da praia. Traduz-se numa profundidade razovel junto a

    terra e que manter-se ou acentuar-se em funo da distncia.

    Neste tipo de fundo convm colocar uma montagem a mdia

    distncia e outra a curta distncia, de modo a ter-se a percepo

    da zona onde anda o peixe.

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    Fundo

    Um fundo a ter sempre em conta. Trata-se de um local onde as

    correntes depositam a comedia, factor fundamental para a

    existncia de peixe.

    Neste caso, se se colocar uma montagem no declive e outra no

    fundo, estar-se- a postos para a entrada de peixe no local.

    Fundo de lajo

    Um fundo deveras interessante, j que a existncia de um lajo

    submerso d origem concentrao de marisco, crustceos,

    aneldeos, o que leva a que as espcies mariscadoras frequentem

    a zona com regularidade.

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    Deve-se ainda procurar perceber se o peixe marisca em cima ou

    na orla do lajo.

    Fundo entralhado

    Fundo com caractersticas semelhantes ao anterior, apenas com

    uma forma de pescar diferente.

    Num pesqueiro deste tipo h que perceber onde esto as pedras

    mariscadas, se mais encostadas ou mais afastadas. Devem-se

    usar chumbadas de formato redondo (com pouca pega) e nunca

    arrastar a montagem para evitar prises.

    Coroa

    Um local de excelncia para os predadores. Devido pouca

    profundidade e presena de espuma proveniente da rebentao

    um cenrio por excelncia para emboscadas e camuflagem.

    Tambm a permanente movimentao de areias atrai espcies

    mariscadoras. Deve-se pescar na cetomba da coroa e em cima

    desta quando ficar coberta de gua.

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    Saber ler o MarUm tema quase tabu em que nem sempre se explica tudo ou se

    entende quase nada.

    Para decifrar o mar temos de perceber a mecnica das ondas.

    So elas e o seu comportamento que nos transmitem os sinais

    que nos permitem situar as variaes dos fundos num pesqueiro.

    Para esta anlise, interessa-nos sobretudo a ltima fase de uma

    onda: a da chegada a terra.

    Sempre que a onda atinge fundos com cotas iguais sua altura, a

    base sofre um abrandamento devido ao atrito do fundo e a parte

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    superior, que mantm a velocidade, precipita-se para a frente

    dando origem rebentao da onda.

    Quando uma onda entra em fundos baixos (iguais ou superiores

    sua altura), tende a formar rebentao. J quando entra numa

    zona mais funda d-se o fenmeno contrrio, o atrito do fundo

    atenua, a base sofre uma acelerao e a onda cessa a rebentao.

    Atravs do entendimento destes dois princpios de dinmica, ao

    chegar a qualquer pesqueiro, consegue-se decifrar a localizao

    de coroas, baixios e fundes, condio fundamental para que

    possamos fazer evoluir as nossa iscadas de modo a procurar o

    peixe onde este por algum motivo se est a alimentar.

    Outro ponto de interesse para o pescador de praia so os

    agueiros.

    Sempre que o mar avana praia acima sob a influncia das mars

    e das ondas o recuo d-se por vezes numa zona que toma o nome

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    de agueiro.

    Trata-se de um fundo em forma de canal perpendicular praia

    por onde toda a gua sai. um local perigosssimo para os

    banhistas pelas fortes correntes mar adentro que ali ocorrem.

    Mas para ns, pescadores, pode tratar-se de um pesqueiro de

    eleio uma vez que toda a comedia das reas limtrofes vai a

    concentrar-se por aco das correntes e o peixe por certo no ir

    ignorar essa possibilidade.

    A aguagem

    outro factor a ter em conta quando chegamos ao pesqueiro.

    Dela depende o ngulo de lanamento ou a rea a bater com as

    nossas montagens.

    Trata-se de correntes paralelas linha de praia que tanto podem

    evoluir para Norte ou para Sul (Costa Ocidental). Se de dia

    podemos ter a percepo da sua direco, de noite essa aferio

    torna-se mais complexa. H contudo um mtodo quase infalvel

    desde que se trate de uma praia sem obstculos laterais: observe

    as ondas a espraiar na areia e repare na sua escoa, por norma

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    tem a mesma direco da aguagem.

    Os Sinais

    Ao chegarmos a uma praia que desconhecemos temos ao dispor

    uma srie de sinais que podemos e devemos observar e que nos

    podem ajudar na jornada.

    Vestgios de jornadas anteriores

    Repare ao redor e procure estes vestgios, eles dar-lhe-o pistasquanto a locais mais quentes. Pprocure restos de iscos

    utilizados e ficar com uma ideia do que utilizar no incio da

    jornada. Pode e deve ao longo da mesma ir alternando com outros

    e assim ficar com uma ideia em termos de eficcia deste ou

    daquele isco.

    Linha de mar

    Deve ser a primeira coisa a fazer antes de comear a montar o

    material. Observe esta linha, ela ser o ponto mais alto a que

    chegou a ultima mar e conforme se trate de mars a subir de

    amplitude ou a baixar, identifique o seu ponto de segurana em

    termos de alcance de um enchio.Estas linhas tambm podem contribuir para lhe dar uma ideia

    sobre os iscos a utilizar. Por norma, todo o corpo no solidrio ao

    fundo arremessado na praia pelas ondas. Da que se detectar

    presena de mariscos ou bivalves na praia significa que nos

    fundes e partes mais fundas esses mesmos detritos se

    encontram presentes. S tem de adequar as iscadas e osresultados por certo aparecero.

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    Presena de limo

    Antes de dar o pesqueiro por escolhido, observe as linhas de mar

    e reas limtrofes no sentido de encontrar vestgios de limos. Se

    por vezes no se podem evitar, dias h em que esse contratempo

    fica mais atenuado se percorridos mais uns metros.

    Observar as aves

    Outro sinal a no descurar. A actividade destes pescadores

    alados deve ser por ns interpretada enquanto actividade

    subaqutica e, se houver coroas ou fundes ao alcance das suas

    montagens, a mesmo que as deve colocar.

    As mars

    Mar Cheia Mar vazia

    Quando a mar est no seu pice chama-se mar-alta, mar-

    cheia ou preia-mar. Quando est no seu menor nvel chama-se

    mar baixa ou baixa-mar.

    Em mdia, as mars oscilam num perodo de 12 horas e 24

    minutos. Doze horas devido rotao da Terra e 24 minutos

    devido rbita lunar.

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    As condies meteorolgicas

    Um tema controverso e que varia muito de pessoa para pessoa.

    Um dia soalheiro, quente e com mar espelhado, ser bom para

    tudo menos para pescar de terra.

    Temos de nos colocar na pele dos peixes e pensar o que os

    levar a aproximar de terra e em que circunstncias.

    Por norma duas coisas podem levar o peixe a encostar a terra:

    alimentao e reproduo.

    Um mar tempestuoso com fortes ventos do quadrante sul devem

    ser encarados por ns como uma oportunidade a no perder. Por

    um lado, a ondulao desaloja aneldeos, bivalves e crustceos do

    fundo e das pedras; por outro, os ventos do quadrante sul tendem

    a descascar areia das praias, contribuindo desta forma para o

    aumento de comedia na orla costeira. Se queremos condies

    ptimas de pesca temos de estar nesse local na queda do mar,

    por certo o peixe encostar procura dessa comedia desenterrada

    e lanada para as praias.

    Outra ocasio a no perder ser a altura que antecede uma

    viragem de mar, o peixe ao sentir essa aproximao tende a

    encostar a comer. Para prever este acontecimento temos ao dispor

    diversas previses de tempo de vrios organismos assim como a

    consulta de um barmetro: uma queda da presso atmosfrica

    por norma traduz-se num agravamento das condies

    meteorolgicas.

    Um mar mexido tende sempre a tapar a gua, tal como um dia

    nublado escurece a luminosidade ambiente. Estes dois factores

    contribuem para que o peixe se sinta mais camuflado e se

    aproxime de terra e ainda que as nossas montagens passem

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    muito mais despercebidas.

    Uma noite limpa e com lua cheia causar ardentia na gua e

    qualquer objecto que se movimente nesta ser de imediato

    detectado pelos peixes. Logo uma noite tapada ou sem lua ser a

    desejvel.

    Um tempo a ameaar trovoada com brisas do quadrante sul um

    momento mgico e tem proporcionado grandes noites de pesca.

    Mas com as modernas canas de carbono extremamente perigoso

    faz-lo derivado sua condutibilidade elctrica.

    Os peixes

    Da imensa quantidade de espcies de peixes vamos apenas

    considerar aquelas que em Portugal normalmente se procuram

    em Surfcasting:

    Carapau Choupa Corvina Dourada

    Linguado Pregado Raia Robalo e Vria

    Sargo-Alcorraz Sargo-legtimo Sargo-Safia Solha

    Os iscosAneldeos

    Minhoca da lama

    Isco multifacetado de extrema eficcia, pois todos os peixes se

    alimentam desta minhoca, se no de um modo permanente pelo

    menos durante o estado juvenil.

    Tem um seno: um verme muito delicado e que no permite

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    lanamentos a longa distncia a menos que se tomem medidas

    que minorizem este facto.

    Minhoca coreana

    Um verme relativamente recente no nosso Pas, com

    caractersticas semelhantes minhoca da lama. Tem a vantagem

    de ser muito mais resistente quer em termos de textura como em

    termos de conservao.

    Minhoca branca

    Isca por excelncia para pescar em areais (seu habitat natural),.

    Muito resistente ao impacto de lanamento e de grande vitalidade

    mesmo depois de iscada, tornando-se fatal aos olhos dos

    predadores.

    Casulo

    O expoente mximo da pesca nocturna pelas suas qualidades de

    fosforescncia. Muito resistente e apelativo, um isco

    obrigatrio em qualquer jornada.

    Teagem

    A rainha das iscas por excelncia. Devido ao facto de existir em

    toda a orla martima, ela faz parte da alimentao de todos os

    peixes. Tambm com qualidades fosforescentes, ela fatal tanto

    de dia como de noite. Extremamente resistente, quando bem

    iscada suporta perfeitamente o mais vigoroso impacto de

    lanamento. um isco sempre a considerar em qualquer jornada

    de pesca.

    Ganso

    Outro isco verstil pela sua resistncia e odor libertado, mais

    vulgar em zonas de esturio onde fatal. Revela-se em certas

    condies de pesca um isco muito eficaz.

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    Grilo ou Fole

    Mais um isco de eleio em fundos onde abunde, torna-se isca

    irresistvel para os peixes planos e outros que os vm procurar

    aquando de mares mais mexidos.

    Bivalves

    Lingueiro

    Um isco sempre a ter em conta em qualquer jornada,

    nomeadamente aps uns dias de maresia e na proximidade de

    pedras mariscadas. O seu odor assim como a sua cor e textura

    tornam este isco muito eficaz na captura de espcies

    mariscadoras.

    Mexilho

    Muitas vezes ignorado pelos pescadores desportivos, trata-se de

    um isco de primeira linha. mexilho o que o peixe procura

    quando encosta a terra, seja na praia seja na pedra.

    Deve ser muito bem iscado. Tratando-se de um molusco muito

    mole, deve ser atado com fio de silicone (sempre o mnimo

    possvel). Quando bem armado torna-se irresistvel aos olhos

    das espcies mariscadoras.

    Crustceos

    Caranguejo

    Um isco de excelncia para espcies mariscadoras e no s.

    Pode ser iscado em pedaos ou inteiro. No caso de ser iscado vivo

    deve-se retirar o ltimo par de patas para evitar que se enterre.

    Bom em qualquer poca, este isco atinge a plenitude aquando da

    mudana de carapaa, altura em que se torna extremamente

    vulnervel aos predadores exalando um forte odor quimico que os

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    atrai. Se se descascar o caranguejo e iscar apenas com a

    cartilagem inferior, consegue-se aumentar o estimulo olfativo.

    Camaro

    Isco para mariscadores por excelncia, sendo ainda fatal para

    todas as espcies. Deve ser iscado inteiro ou em pedaos caso se

    trate de camares grandes (gambas). Tem o seno de ser um isco

    muito frgil enquanto isca viva, permitindo apenas pequenos

    lanamentos com chumbadas muito leves.

    Sardinha

    Mais um isco todo o terreno. Trata-se simplesmente da comedia

    universal para todos os peixes e na realidade no h nenhum que

    resista a uma boa iscada de sardinha. Pode ser iscada em

    pequenos pedaos devidamente montados num anzol com fio de

    silicone ou em pedaos generosos e cravados em grandes anzois

    aquando da presena dos grandes robalos e outros predadores de

    grande porte.

    Em aco de pesca

    Quando chegamos a qualquer praia, perante tanto espao,

    deparamo-nos sempre com um problema: onde e como vamos

    pescar?

    Aplicando tudo o que atrs foi dito, vamos comear por observar o

    Mar e descobrir os cabeos e os fundes. O pesqueiro a escolher

    ser aquele que proporcionar a pesca em ambos os locais.

    De seguida, vamos observar os tais sinais e optar pela isca de

    entrada. Observamos ainda a eventual presena de limo e o

    sentido da aguagem.

    Na ltima linha de mar ou prximo dela, vamos dispor o nosso

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    material e proceder montagem das canas. Se optarmos por

    pescar com o trip, as canas deveram pescar com um ngulo de

    30 entre si; se vamos utilizar suportes de cana, ento convm

    fix-los a 30 metros um do outro com a mesa porta iscos a meia

    distncia. Estamos agora prontos a iniciar a nossa jornada.

    Antes de efectuarmos o lanamento, vamos olhar para o mar e ver

    onde rebenta a ultima onda. atrs dela que devemos colocar as

    nossas montagens porque ai que o peixe marisca, na areia e nos

    sedimentos levantados pela onda.

    Se estivermos num local que nos possibilite pescar num fundo e

    numa coroa a que pescaremos para tentar localizar onde o

    peixe est comer.

    No caso de no haver este tipo de fundo e estivermos perante um

    fundo mais ou menos homogneo, vamos colocar uma cana na

    longa distncia e outra na mdia distncia numa tentativa de

    localizao do peixe.

    Devemos ao longo da jornada ir tacteado o pesqueiro com este

    esquema de actuao pois o peixe evolui de diversas formas aolongo da mar.

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    No devem deixar-se as montagens muito tempo na gua. Os

    iscos com a permanncia na gua e sujeitos s correntes

    constantes perdem o seu odor e vo-se descompondo no anzol. E

    com o passar do tempo, os estralhos enrolam-se e acaba-se por

    no se estar a pescar. Tem de ser estabelecido um tempo de

    pesca para cada montagem. O pior inimigo de uma jornada de

    Surfcasting a inrcia do pescador.

    Segurana

    Evite pescar sozinho, os imprevistos acontecem. Fornea previamente informao detalhada a amigos ou

    familiares quanto ao local escolhido e hora de regresso.

    Observe atentamente o mar quanto a enchios e no o descureno decorrer da jornada.

    Se pescar em praias ladeadas de falsias ou dunas altas, eviteficar sob o alcance de uma possvel derrocada, ou queda de

    pedras por pequenas que sejam.

    Leve sempre um conjunto de pilhas e uma lanterna suplente. Tenha muito cuidado quando usa botas de cano alto ou

    vadeadores. Uma queda na escoa de uma onda pode tornar-se

    em algo muito complicado.

    Muito cuidado ao manusear o peixe-aranha. A sua picada muito dolorosa.

    Se fez uma jornada de pesca durante toda a noite e tem de irpara a estrada, esteja atento a qualquer sinal de sonolncia,.

    Encoste o carro se os sinais persistirem e tente descansar umpouco.

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    Concluso

    Este trabalho tem por base os meus conhecimentos e experincianesta modalidade ao longo de mais de 30 anos, assim como

    alguma informao obtida por consulta. Nada tem de cientfico.

    To pouco serve de regra seja para o que for, visando apenas a

    partilha de experincias

    Muito por certo fica por dizer e ilustrar, at porque h realidades

    geogrficas que pura e simplesmente desconheo, tcnicas quenunca usei e variadssimas montagens que nunca apliquei.

    ______________________

    Agradecimentos:- 7evenseas: Cedncia de imagens de material antigo.

    - Capesca: Cedncia de imagens de material antigo.