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Confira a versão virtual da quarta edição do jornal SurfBahia Mag

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Sangue no olho

No último mês de abril, tive a oportunidade de prestigiar uma das vitórias mais emocionantes de um surfista brasileiro no circuito mundial. A praia da Vila, em Imbituba (SC), lembrava um estádio de futebol a cada show de Jadson André na água.

O público vibrava com os aéreos espetacula-res desse jovem potiguar de 20 anos, revelado no beach break de Ponta Negra, em Natal. Para com-pletar a incrível festa brasileira na Vila, ele derro-tou o maior surfista de todos os tempos, o norte-americano Kelly Slater, numa final emocionante.

Nada daquilo era surpresa para mim, pois co-nheço esse talentoso atleta desde 2003, quando ele começou a disputar o circuito brasileiro ama-dor. Ele já havia sido descoberto por Luís Henrique Campos, o “Pinga”, diretor de marketing da Oakley e um dos grandes responsáveis pela brilhante car-reira de surfistas como Adriano Mineirinho.

O tempo foi passando e Jadson evoluindo como uma máquina. Um momento marcante para mim foi em 2007, seu último ano no cir-cuito brasileiro amador. Logo depois de cometer uma interferência em Franklin Serpa, seu princi-pal adversário naquele ano, Jadson ficou em difícil situação na final da Júnior e mesmo assim fez de tudo para vencer. Logo começou a disparar seu arsenal de aéreos e batidas muito fortes para arrancar uma nota 10, mas Serpa também estava inspirado e acabou vencendo essa disputa com duas notas altas.

Pouco tempo depois de sair da água, Jadson veio conversar comigo e disse que iria dar o troco na final da Open. Assim que vestiu a camiseta de lycra para retornar ao outside, ele veio ao lugar onde eu estava, pegou um punhado de areia, colocou na boca e disse: “Vou acabar com ele (Serpa) agora”.

Totalmente disposto a devolver a derrota sofrida na Júnior, o potiguar protagonizou uma das melhores atuações que já vi até hoje em campeonatos de surf da nova geração. Com notas 10, 9.10 e outras pontuações acima de 8 pontos que foram descartadas do somatório, Jadson não deu nenhuma chance a Miguel Pupo, Franklin Serpa e Charlie Brown.

Confesso que nunca vi um atleta tão “sangue no olho” quanto Jadson. Ele pode estar preci-sando de uma combinação de notas, mas vai partir pra cima do adversário e tentar dar o troco. Não existe bateria perdida pra ele, inclusive isso ficou claro (para quem não o conhecia) nos duelos contra Michel Bourez (quartas) e Dane Reynolds (semifinal) no Mundial em Imbituba.

Aquele campeonato foi uma reedição de muitos shows que já vi Jadson protagonizar em minha carreira. Depois da derrota, Kelly disse que gostaria de vê-lo em ondas como Teahu-poo e Pipeline, mas eu sei que ele vai dar tudo de si, pois, como citei neste editorial, Jadson tem “sangue no olho”!

Ader OliveiraEditor do SurfBahia Mag

SurfBahia

EditorAder Oliveira

[email protected](71) 7811-3966 / ID* 7*48169

Editor de arteBruno Benn

www.brunobenn.com (71) 9206-4963

DiagramaçãoBruno Benn

www.brunobenn.com(71) 9206-4963

Diretor comercialJoão Carlos

[email protected](71) 7811-5363 / ID* 91*6706

Colaboradores fotográficosAleko Stergiou,

Bruno Veiga, Max Interaminense, Diego Freire, Manoel Campos, Daniel Smori-

go, Pierro, Akiwas, Fabriciano Júnior. Capa: Bruno Galini

Foto: Luiz Machado / Machado ImagesCorrespondências

Rua José Ernesto dos Santos, 47, Ed. Empresarial Center, sala 203, Centro, Lauro

de Freitas (BA). Cep: 42.700-000Tiragem

10.000 exemplares

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Mandinho no comando

Moqueca nordestina Billabong brasileiro

Kelly Slater, vítima de Jadson na final do Billabong Pro, amarradão com o SurfBahia Mag

Serpa fecha com a O’Neill O baiano Franklin Serpa é o novo reforço da O’Neill Brasil, marca de

peso no cenário internacional que conta com atletas como Jordy Smith, Bobby Martinez, Raoni Monteiro, Cory Lopez, Timmy Reyes, Mark Ma-thews e Roy Powers.

Primeira marca californiana de surf, a O’Neill foi fundada em 1952 por Jack O’Neill, que utilizou sua paixão pelo surf para vencer a mãe natureza no seu próprio jogo. Pioneiro no mundo como inventor da rou-pa de neoprene, Jack foi bem sucedido para fazer com que suas sessões de surf nos mares gelados do Norte da Califórnia (EUA) pudessem durar mais. Logo depois, ele abriu em uma garagem da cidade de Santa Cruz a primeira surf shop da história.

Atualmente, a O’Neill pode ser encontrada em 85 países ao redor do planeta. Adrian Kojin, diretor de marketing da O’Neill Brasil, fala sobre a nova contratação. “Franklin Serpa foi escolhido por nós para fazer parte da equipe O’Neill no Brasil por uma série de razões. A primeira delas é que ele surfa muito, fazendo parte da vanguarda do surf brasileiro, especialmente quando se está falando de manobras aéreas. É também excelente nos tubos, tem bons resultados em competições, se dedica aos treinos como poucos e sabe se comunicar com clareza e educação. Ou seja, exatamente o tipo do surfista que queremos representando a marca dentro e fora d´água. Vamos dar o suporte necessário para que ele possa evoluir seu surf em ondas de qualidade ao redor do mundo e temos certeza que isso irá refletir na sua performance em competições”.

Mestre dá um tempo

Depois de 10 anos atuando como técnico de diversos atletas, o ilheense Gabriel Macedo resolveu afastar-se do cargo. Segundo Gabriel, a decisão foi tomada de última hora e o motivo foi a falta de retorno financeiro.

Com uma carreira vitoriosa, Macedo viveu grandes mo-mentos com atletas como Rudá Carvalho, Franklin Serpa, Messias Félix, Patrick Côelho, Itim Silva, Bernardo Lopes, Bruno Galini, Wilson Nora, Dennis Tihara, Marco Fernandez e Dunga Neto, entre outros.

Em 2006, levou a equipe baiana ao título do cobiçado circuito brasileiro amador. Foi a primeira vez que uma dele-gação do Nordeste faturou a taça do principal circuito ama-dor do País. Macedo também auxiliou seus atletas em mui-tas conquistas no litoral brasileiro. Destaque para os títulos de Marco Fernandez na categoria Mirim do circuito brasileiro amador em 2007, o Pan-Americano vencido por Rudá Carva-lho em 2009 e a taça do circuito brasileiro profissional levan-tada por Messias Félix em 2009. “Apesar de ter obtido resul-tados significativo ao longo da minha carreira como técnico de surf, não estava tendo um retorno sustentável, e infeliz-mente não dá para viver exclusivamente disso. Senti muito a falta da família e passei por algumas roubadas financeiras nesses últimos anos”, explica Gabriel.

O ex-surfista profissional conversou bastante com seus colegas de trabalho e chegou à conclusão de que fica muito difícil desenvolver um trabalho sem apoio das marcas de surfwear. “É um grande sacrifício pra gente e também para

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os atletas. Vejo técnicos profissionais como Pedro Robalinho (RJ) e Jacó (SP) alcançarem grandes resultados a níveis pessoais, mas poucas marcas realmente investem nesse trabalho, exceto empre-sas como Oakley, Billabong e Surf Co, que têm técnicos e managers acompanhando os atletas e buscando o melhor para o time. A fór-mula é essa, assim como acontece no exterior, e não uma pessoa que fica cobrando resultados e posturas sem fazer nada em prol dos atletas. Tem de cobrar, mas é preciso investir”, alega o baiano.

Gabriel conta ainda que sua decisão não é definitiva. “Estou aberto a voltar ao meu trabalho, mas de uma forma justa ou por in-termédio de alguma empresa que realmente esteja disposta a fazer um trabalho de ponta. No mais, agradeço a todos os meus atletas e amigos que já treinaram comigo, seja na equipe ou na fase dos profissionais. Espero vê-los disputando de igual para igual com os melhores do mundo. Deixo também um agradecimento especial ao meu ‘filho’ de coração Patrick Côelho. Foi com ele que comecei todo esse trabalho. Continuem na estrada lutando e sempre evoluindo”, finaliza Macedo.

Por Ader Oliveira Depois de construir uma belíssima carreira como competidor, o soteropolitano Armando Luís Araújo Daltro quer render

novos frutos ao surf baiano, desta vez como dirigente. Em junho desta ano, “Mandinho” assume a presidência da Federação Baiana de Surf (FBS).

O ex-top da elite mundial foi aclamado presidente no último dia 30 de abril, em pleito promovido na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FTC), na Avenida Paralela, Salvador (BA). A diretoria conta ainda com Leandro Mendes (vice-presidente), Lapo Coutinho (secretário) e Bruno Pitanga (tesoureiro).

Mandinho no comando

Foto: Pierro

Foto: Diego Freire

01 Por que decidiu formar uma chapa para dispu-tar a presidência da FBS?

Porque fui procurado por Leandro Mendes e Lapo Couti-nho e ambos tinham interese em montar uma chapa. Como já havia sido vice de Adalvo, procurei me posicionar como presi-dente para poder assumir a responssabilidade e unir as pes-soas que sabia que tinham interesse em trabalhar em prol do desenvolvimento do esporte no nosso estado.

02 Quais os seus principais planos para fazer uma boa administração?

Vamos tentar trazer as associações para junto da federa-ção, dando suporte para que elas se organizem e desenvolvam seus trabalhos locais (munícipio ou bairro), fomentando a prá-tica do surf e contribuindo para o surgimento de novos talen-tos.Vamos investir em bons projetos para trazer as marcas de surfwear para investir novamente nos circuitos locais.

03 Adalvo Argolo sofreu muitas críticas por não dar continuidade ao circuito baiano profissional. O que pretende fazer em sua gestão com o Baiano Pro?

Vamos tentar viabilizar um circuito profissional, mas não haverá sustentabilidade se a base da pirâmide não estiver sendo desenvolvida para abastecer o topo. Precisamos traba-lhar para o desenvolvimento de todas as categorias, teremos que achar a fórmula para que o circuito seja atraente para os patrocinadores voltarem a investir em eventos com boas premiações.

04 Na sua opinião, quais os principais pontos po-sitivos e negativos da gestão de Adalvo Argolo?

Contribuiu para o acontecimento de grandes eventos na-cionais e internacionais, realizou parcerias com o investimento do Governo Municipal e Estadual e trouxe o título do Brasileiro Amador para o estado. Faltou consolidar um circuito organiza-do amador e profissional.

05 O que pretende fazer em relação às divisões de base do surf baiano?

Temos que ajudar as associações a fazerem os seus even-tos locais, com estrutura pequena, mas com consistência de etapas, só assim a molecada fica afiada, vamos incentivar os confrontos dos bairros e por fim temos que ter um circuito baiano padronizado, com calendário definido com antecedên-cia, para que todos possam participar.

06 Desde que você, Wilson Nora e Christiano Spirro abandonaram o WQS, a Bahia não tem um representante disputando todas as etapas do circuito mundial. Quais os principais fatores para que isso esteja acontecendo?

Ficou uma grande lacuna entre a nossa geração e a atual, acredi-to que Marcos Fernandez, Rudá Carvalho, Franklin Serpa e Bernardo Lopes tenham potencial para disputar o WQS. Não é fácil, mas é im-portante fazer primeiro o nome no Brasil, daí pode surgir a oportuni-dade de disputar o mundial. É preciso investir em sí próprio; se acre-dita, guarda as premiações e vai investindo nas melhores pernas do circuito. Todo mundo fez isso um dia, não existe correr o tour 100% patrocinado, tem que meter as caras, essa é a realidade.

07 Qual a avaliação que faz do trabalho das asso-ciações filiadas à FBS?

Poucas estão atuantes, acho que apenas duas ou três estão fazendo circuitos regulares ao longo dos últimos anos. A partici-pação das associações é de suma importância para o desenvol-vimento dos objetos da Federação.

08 Em sua opinião, qual o melhor momento da Fe-deração Baiana desde que você começou a competir até agora?

Para mim foi a gestão de Tatiana Goulart e Lana. Foi quando ainda era mirim, não entendia muito, mas além de competir nos eventos de Itapuã, do Pescador e da Barra, ainda tinha o Baia-no (Salvador, Ilhéus, Itacaré), estava sempre competindo, foi a minha base de surf competição. A Federação sempre organizava as viagens para os atletas competirem no Nordestino e Brasilei-ro Amador, organizava meeting técnico antes das etapas.

09 Para finalizar, deixe uma mensagem para os amantes do surf baiano.

O meu compromisso e o da nova diretoria é dar continuida-de ao trabalho já realizado, buscando novas alternativas para desenvolver ainda mais o surf no nosso estado, dando oportu-nidade a todos que queiram contribuir para que os objetivos da federação sejam atingidos.

Em entrevista concedida ao SurfBahia Mag, Armando Daltro comenta os planos da nova diretoria e abre o jogo ao falar do surf baiano.

Top da mídia

O paulista Alceu Toledo Júnior é um dos principais ícones da mídia especializada em surf no Brasil. Este ano, “Juninho” comemora uma carreira de 25 anos de muita dedicação ao jornalismo.

Diretor de redação do Waves - o maior site de surf da América Latina -, o paulista de 50 anos é responsável pela formação de novos nomes da imprensa especializada, como Ricardo Macario (editor da Fluir), Nancy Geringer, atualmen-te no marketing da Hang Loose, Gerson Filho, Steven Allain (diretor de redação da Hardcore), Ader Oliveira (editor do Waves e SurfBahia), Sylvio Mancusi, Fernando Iesca, Lucas Conejero e a nova revelação Alexandre Versiani.

Experiência não falta a esse torcedor fanático pelo Santos Futebol Clube. Antes de comandar a redação do Waves, ele teve passagens pelas revistas Fluir, Hardcore, Inside e Venice, além de publicar artigos na Folha de São Paulo, Folha da Tarde (atual Agora) e revista Imprensa (20 anos de Playboy; Ricardo Teixeira, carrasco de jornalistas).

Nesta entrevista, “Juninho” fala sobre o trabalho desen-volvido em um dos principais veículos especializados do surf mundial, suas passagens pela Bahia e os próximos planos em sua brilhante carreira.

01 Como surgiu o convite para você dirigir o Waves?

Eu já havia trabalhado com o Claudio Martins de Andrade na Fluir durante os anos 80. Além dis-so, sempre fomos amigos desde 1975. Então foi uma surpresa muito maneira quando ele me ligou em ju-nho de 1998 para me convidar para ser o editor do site, que seria lançado no final daquele ano.

02 Qual a chave para o sucesso do site? O compromisso com o esporte. Nos últimos anos

foi possível assumir um comprometimento muito grande graças à participação de muitas pessoas es-tratégicas em vários cantos do planeta. São pessoas escolhidas a dedo e que se envolveram intensamente com o projeto e dão uma contribuição muito valiosa. O conjunto destas ações faz o Waves ser um site po-pular e fundamental pela qualidade de seus serviços e de seu conteúdo.

03 Como vocês fazem para lidar com o po-lêmico Fórum do Waves?

A gente procura moderar diariamente de uma for-ma liberal, ou seja, somos tolerantes com palavrões e

“A Bahia é um lugar mágico e muito especial para mim”

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uma linguagem mais despojada, mas não permitimos ofensas, insultos e manifestações de racismo, por exemplo. Por outro lado, é um termômetro que mede o nível de satisfação ou in-satisfação com o conteúdo. Além disso, é um espaço único na mídia especializada, que reflete o que chamamos de opinião pública do surf no Brasil.

04 Até que ponto vai a liberdade de expressão no Fórum?

A liberdade de expressão vai até o ponto em que deixa de haver educação. Por exemplo, muitas vezes lemos a men-sagem e questionamos se aquilo seria publicado pela Fluir. Quando achamos que uma revista não publicaria determinada mensagem pelo conteúdo de baixo nível, a tendência é deletar.

05 Qual o seu maior orgulho até hoje como jorna-lista especializado em surf?

Certamente liderar uma equipe tão extraordinária, for-mada por dezenas de caras e garotas de várias gerações e de tantos bons serviços prestados ao esporte. Alguns eu nem conheço pessoalmente, mas todos são muito importantes e é uma grande alegria lidar com uma galera tão criativa e entu-siasmada com o trabalho no Waves.

06 E a maior decepção? Uma decepção que tenho é de não ter participado pesso-

almente da cobertura em todas as etapas do circuito mundial.

07 Quais os momentos mais marcantes em suas passagens pela Bahia?

A Bahia é um lugar mágico e muito especial para mim. O editor do Waves inclusive é o baiano Ader Oliveira. Isso para mim é um detalhe maneiro do Waves, pois os editores das principais mídias do Brasil fazem parte do eixo Rio - SP. Isso mostra que o Waves está bem sintonizado com o espírito glo-bal de sua cobertura e bem de acordo com a natureza de nos-so trabalho pela internet. Estive várias vezes na Bahia e o que mais marcou para mim foi quando o público carregou o carioca Dadá Figueiredo nos ombros na praia de Stella Maris, durante o Fico Festival de 1988, vencido por Pedro Muller. Dadá, que era muito carismático e adorado na Bahia, parecia um ídolo pop ou do futebol para o crowd na praia, que gritava “Ei, ei,

ei, Dadá é o nosso rei”. Eu cubro campeonatos desde 1985 e nunca tinha visto um surfista receber tanto carinho da galera.

08 Conheceu muitos atletas na Bahia? Neste campeonato da Fico eu lembro que fiz a primeira

entrevista do Christiano Spirro para a Fluir. Mas, bem antes, em 1985, conheci Jojó de Olivença no Espírito Santo, quan-do ele ficou em quarto lugar no Festival JS e roubou a cena com um surf bem moderno para a época. Mais recentemente conheci Danilo Couto, um cara fora de série que pega altas ondas gigantes e é de uma humildade exemplar. Outro cara maneiro que eu admiro é Yuri Soledade, que também é big rider sensacional e me disse no Sauípe que um dia iria me levar para dar um rolê de jet em Jaws para eu ver a real da-quela onda além do canal...

Da nova geração eu aprecio o surf do Dennis Tihara e do Rudá Carvalho, que além de pegarem muito bem, são dois caras muito engraçados. Na Bahia eu conheço Salvador, praia do Forte e Costa do Sauípe. Passei rapidamente por Ilhéus e não deu para ir ainda pra Itacaré. Também tenho vontade de conhecer Morro de São Paulo.

Outro baiano que eu acho irado é o Pablo Dominguez, que faz um som espetacular, e com quem eu fiz uma par-ceria numa música chamada Imaginary Food (comida ima-ginária). Eu fiz a letra em inglês há muitos anos para dar para o Max Cavalera, então do Sepultura. Mas, ele saiu da banda, mudou-se para os Estados Unidos e eu perdi o con-tato. Aí, um dia estava conversando pelo MSN com o Pablo e mandei a letra. Dias depois, ele enviou um link do Youtu-be com a música pronta. Nossa, ficou bem legal, o cara é um músico fora de série!

09 Quais os seus próximos planos? Meu plano mais imediato é ir para Califórnia em julho com

minha mulher e meus três filhos para encontrar um grande amigo que vive lá há muitos anos, o fotógrafo Marcelo Torok. Depois, em novembro, pretendo ir ao Hawaii junto com o Ader Oliveira, que precisa conhecer e sentir o quanto antes a vibe do arquipélago, porque ali a gente vê um outro nível de surf, o esporte em outra dimensão, o big surf que a gente vê em fotos e vídeos e fica chocado quando vê ao vivo.

Alceu Toledo fez grandes amigos na bahia como o big rider Danilo Couto. Foto: Bruno Veiga

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Campeão estadual iniciante em 2007, Danilo Almeida é um dos destaques da nova safra de atletas do estado da Bahia. Na temporada 2010, Danilo disputa os circuitos brasileiro e baiano na íntegra. Ele também pretende correr algumas etapas do Pro Junior e participar de diversos eventos na Bahia e Sergipe. Conheça um pouco deste talento que se inspira em Rudá Carvalho.

Nome Danilo AlmeidaIdade 16 anosPatrocínio Não tenho! Conto com um apoio da Forte SurfMotivo de orgulho no esporte Rudá CarvalhoPor quê? É um cara super humilde e amigo. Ele sempre quebra nos campeonatos e eu me inspiro nele!Apelido Dan DanMelhor campeonato Billabong Pro Junior em Salvador. Apesar de não obter um bom resultado, aprendi muito com os meus

adversários e observei bastante o nível técnico deles!Melhor viagem Paracuru, CearáUma praia Jaguaribe, em SalvadorUma manobra Aéreo reverseFilme de surf Modern CollectiveÍdolo no esporte Adriano de Souza, o MineirinhoViagem dos sonhos Indonésia e Hawaii

Texto e fotos: Fabriciano Júnior

No último mês de abril, a equipe da Bahia esteve reunida para mais um evento importante, o Pena Surf Nordeste 2010, que desta vez armava sua estrutura no estado do Piauí, mais precisamente em Pedra do Sal, no Delta da Parnaíba, e como diziam alguns locais, o último lugar do mundo!

Porém, como nem tudo é festa, o início da barca já foi mar-cado por uma leve “roubada”. A Van que nos levaria até o Piauí não completou e ficamos sem ter como ir ao nosso destino. Lá pelas tantas da noite, Dalmo Meireles, mais conhecido como “Gargamel”, vira pra galera e diz: “Com essa grana podemos ir no Gargamóvel, quem está dentro?”. Logo já fui colocando meu equipamento dentro do veículo e a barca estava pronta - eu, Dalmo - o piloto multi-atleta (Master, Sênior, Open e o que mais der na telha) -, Elivaldo Nininho, atleta Veteran Master, o talento da nova geração baiana Demi Brasil e o longboarder Tássio Rocha.

Cinco cabras dentro de um Celta, com uma ruma de pran-cha no teto e um único destino, o Piauí. Como todo início de barca, muita alegria, risada de tudo o que acontecia e o velho espírito guerreiro. Na manhã seguinte, estávamos atravessan-do a fronteira Bahia - Pernambuco e, claro, fomos parados por uma equipe da polícia pernambucana (fato normal, afinal es-távamos em cinco e com um uma ruma de pranchas no teto).

Para nossa surpresa, ao sermos parado na blitz, informamos que estávamos indo para o evento nordestino de surf no Piauí em busca de títulos para a nossa Bahia e sabe o que ouvimos? “Podem ir rapaziada, só que na volta vocês vão ter que parar aqui novamente e nos mostrar os troféus de campeões”. Um fato atípico que nos deixou surpreso, pois nunca tínhamos visto tanto respeito por parte das autoridades em relação aos surfistas.

Pescador encara o peso da canoa depois do trabalho em Paracuru

Depois de muito asfalto, finalmente chegamos ao nosso destino, a Pedra do Sal, em Parnaíba (PI). Três dias de evento e um saldo positivo para nossa Bahia - um vice-campeonato do nosso longboarder Tássio Rocha e um quarto lugar na ca-tegoria Sênior para Dalminho Meireles. Não posso deixar de comentar a boa campanha do ilheense Marcelo “Guerreiro” Al-ves, que apesar de não ir conosco (por falta de espaço), subiu em dois pódios com um vice na Sênior e um terceiro na Master. Parabéns, Marcelinho!

O que era pra ser uma volta rápida, com muito asfalto, mato e muitos bichos pela frente, acabou se tornando o melhor da trip, pois depois de uma conversa rápida com Raimundo Pena e sua irmã Brígida, podem acreditar, ele nos cedeu a cha-ve de sua casa no paraíso chamado Paracuru (CE). Entramos no Gargamóvel aflitos para chegarmos logo, afinal iríamos sur-far uma direita absolutamente perfeita.

Primeira parada, Boca do Poço, um pico paradisíaco, com água verde cristalina e uma direita que parecia nunca acabar! À tarde fomos pegar onda em um secret de esquerdas maravi-lhosas e logo arrumamos um motivo para ficarmos na cidade.

No outro dia, surfamos no Ronco do Mar, aquela direita que recebeu uma etapa do WQS em janeiro! Altas direitas lisinhas e o resultado não poderia ter sido outro - Demi Brasil, Dalmo Meireles e o campeão amador de Paracuru, Juvemar, quebra-ram as direitas da Boca do Poço, enquanto Tássio Rocha man-dava seus Hang Ten e outras manobras clássicas.

Ao lado: Juvemar Silva, local de Paracuru, ataca o lip no quintal de casa.Na sequencia: Demi Brasil passa a seção em BaÌa Formosa.

Ficamos dois dias curtindo a vibe desse lugar maravilhoso que é Paracuru. Foi o único lugar do mundo em que vi os pescadores saindo do mar depois da rotina de trabalho e levando sua jangada nas costas para casa, incrível!

Cruzamos o estado do Ceará com destino ao Rio Grande do Norte, mais precisamente Baía Formosa, local onde se encontra outra direita magnifica que deixa qualquer surfista de cabeça fei-ta. Lá fomos recepcionados pelo surfista profissional José Júnior, o “Chupetinha”!

Apesar de passarmos apenas um dia no Pontal de BF, consegui re-gistrar bons moments em um dia de meio metro clássico, com vento so-prando terral. Elivaldo Nininho, de 50 anos, impressionou a todos com sua performance nas direitinhas. Demi, acostumado às direitas do Morro de São Paulo, não teve dificuldades para encaixar suas porradas de backside e mandou muita água pra cima em seus ataques.

Depois de muitos dias rodando o Nordeste, a melhor região do Brasil na minha opinião, tivemos que guiar o Gargamóvel com destino à velha Bahia, pois teríamos mais um evento pela frente, o Baiano Master em Villas do Atlântico. Muitas histórias, risadas, troféus, dias de sono perdido, milha-res de fotos registradas e um único pensamento na cabeça: Valeu muito a pena!

Uma dica final: quem quiser fazer trips alucinantes, vá ao Sul e Sudeste do Brasil e deixe a galera pegar os melhores points breaks do Brasa sem crowd! Go surfing!!!

Na sequencia: Clima de festa na casa da Pena em Paracuru.Tassio, Demi e Nininho brincam com as algas.Foto maior: Dalmo Meireles se diverte no Ronco do Mar.

Atuais campeões do circuito nacional, os paulistas começaram com tudo no Billabong Brasileiro de Surf 2010, iniciado entre os úl-timos dias 28 e 30 de maio, na praia de Jaguaribe, Salvador (BA).

A primeira das quatro etapas da temporada foi disputada em ondas que variaram entre 1 e 1,5 metros, com formação bastante prejudicada pelo vento Sudeste, principalmente nos dois primeiros dias de prova.

Nas categorias individuais, as duas vitórias de São Paulo acon-teceram com Deivid Silva na Mirim (até 16 anos) e Filipe Toledo na Júnior (até 18). Já o Ceará levou a melhor em três categorias - Gutemberg Silva faturou o caneco na Open e Estefany Freitas subiu ao topo do pódio na Feminino Open e Feminino Júnior.

A galeria de campeões da primeira etapa do Billabong Brasileiro foi completada com o carioca Lucas Silveira vencendo a Iniciante (até 14 anos). Em final bastante acirrada, Lucas conseguiu a virada na última onda e estragou a festa do pequeno índio paraibano Eli-velton Santos.

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01 - Pódio da disputa por equipes. 02 - Equipe baiana reunida em Jaguaribe. 03 - Time paulista leva a melhor na Bahia. 04 - Gutemberg Silva, campeão da Open. 05 - Elivelton Santos foi uma das revelações da etapa. 06 - Janine Santos e Filipe Toledo (ao fundo) fizeram bonito na prova.

Entre os baianos, destaque para Janine Santos, atleta revelada nas ondas de Oliven-ça, Ilhéus. A índia da tribo Tupinambá che-gou à final da Feminino Open com 100% de aproveitamento, mas não conseguiu repetir as boas performances das primeiras fases e terminou em quarto lugar na decisão vencida por Estefany Freitas. Na disputa por equipes, a Bahia amargou a sétima posição.

A segunda etapa do Billabong Brasileiro está programada para acontecer entre os dias 25 e 27 de junho, em Vila Velha (ES). O cir-cuito passará ainda pela Paraíba (27 a 29/8) e Santa Catarina (8 a 10/10).

1 Gutemberg Silva (CE) 2 Victor Valentim (PR) 3 Samuel Igo (PB) 4 Leandro Silva (SC)

1 Filipe Toledo (SP) 2 Matheus Navarro (SC) 3 Cauê Wood (SC) 4 Diego Michereff (SC)

1 Deivid Silva (SP) 2 Italo Ferreira (RN) 3 Filipe Toledo (SP) 4 Michael Rodrigues (CE)

1 Lucas Silveira (RJ) 2 Elivelton Santos (PB) 3 Victor Bernardo (SP) 4 Edgard Groggia (SP)

1 Estefany Freitas (CE) 2 Kaena Brandi (SP) 3 Gilvanita Ferreira (RN) 4 Janine Santos (BA)

1 Estefany Freitas (CE) 2 Natalie Paola (SP) 3 Jessica Bianca (PR) 4 Paula Gabi (RN)

1 São Paulo 206 2 Santa Catarina 168 3 Paraíba 158 4 Ceará 136

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Heitor Pereira passeia a rabeta pelo lip em Puerto Escondido, México.

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Jadson André sobrevoa a praia da Vila, Imbituba (SC). Foto: Daniel Smorigo

Maya Gabeira dá um colorido especial às águas de Bali. Foto: Aleko Stergiou / Waves

Bruno Pitanga solta o pé em Jaguaribe. Foto: Diego Freire

Line up de gala na Ilha de Páscoa. Foto: Aleko Stergiou / Waves

Franklin Serpa decola em Cabo Frio (RJ). Foto: Aleko Stergiou / Waves

Renan Rocha percorre o canudo em Teahupoo. Foto: Aleko Stergiou / Waves

Por Max Interaminense / Mobius Sports O Stand Up Paddle é um esporte de origem ha-

vaiana. O “SUP” era utilizado pelos havaianos como uma forma de locomoção entre as ilhas. Com o pas-sar do tempo, as pranchas começaram a ser utiliza-das para deslizar nas ondas.

No início dos anos 60, garotos da praia de Wai-kiki ficavam de pé em seus longboards e remavam com remos de canoas para tirar fotos dos turistas que ali aprendiam a surfar. Já no início do ano de 2000, surfistas havaianos como Brian Keaulana, Rick Tho-mas, Dave Kalama, Archie Kalepa e Laird Hamilton começaram no SUP como uma alternativa de treino e preparo físico quando as ondas estavam pequenas.

No Stand Up, usa-se uma prancha de grande flu-tuação e a pessoa permanece de pé, deslocando-se com o auxílio de um remo. Hoje o esporte evoluiu muito, com equipamentos cada vez melhores e mais leves, tornando cada vez mais a busca por ondas maiores.

É uma modalidade que vem crescendo muito no Brasil, e na Bahia não poderia ser diferente, já que temos muitos “fissurados” em esportes com ondas, seja da maneira que for! Robertinho, Gustavo Kombi, Jeffer, Cesar Paladine, Bruno Pitanga e, mais recen-temente, Marlos Viana, que, com poucas semanas de treino, já vem mostrando uma boa evolução. Esses são alguns que, além do surf e kite, aderiram ao SUP como forma de estar sempre na água, curtindo as ondas e se exercitando.

Nesta sessão em Busca Vida, alguns dos “fissura-dos” em esportes aquáticos estavam marcando pre-sença nas ótimas ondas que quebravam num fim de tarde. A equipe Mobius também estava na área e re-gistrou tudo para o SurfBahia Mag.

Fotos: Max Interaminense

Foto de cima: Marlos Viana esbanja estilo na prática do Stand Up Paddle.Embaixo: Gustavo Kombi arrisca um floater corajoso em Busca Vida

Mirim 1 Davi Silva2 Gustavo Aragão3 Wallace Jr 4 Hebert Vieira

Iniciante 1 Wallace Jr2 Lucas Gabriel3 Fabrício Silva4 Kecio Music

Feminino 1 Geovana Pires2 Sayonara Santos3 Mariana4 Luna Argolo

Bodyboarding Amador 1 Neto Pitbull2 Arley Santos3 Shaymon Brito4 Rodrigo Santana

Bodyboarding Iniciante 1 Mateus Silva2 Maelson Araújo3 João Marcos4 Luís Augusto

Open 1 Joabe Oliveira2 Marcelo Alves3 Flávio Galini4 Iago Silva

Nos últimos dias 24 e 25 de abril, a praia do Jardim Atlântico, em Ilhéus, foi palco da etapa de abertura do Circuito Bivolt de Surf do Sul da Bahia. Apresentada pela rede de lojas Backdoor, a etapa foi promovida em boas ondas e contou com recorde de inscritos, preenchendo o limite total de todas as categorias em disputa.

Com uma performance impecável, Joabe Oliveira, atleta de Olivença, levou o público ao delírio depois de vencer a Open, principal categoria da prova. Davi Silva (Mirim), Wallace Sampaio Júnior (Iniciante), Geovana Pi-res (Feminino), Neto Pitbull (Bodyboard Open) e Mateus Silva (Bodyboard Iniciante) completaram a festa no pódio.

O evento contou com o patrocínio do energético Bivolt e das lojas Backdoor. O apoio ficou por conta da Nova Schin, Pro Recarga Sinaliza-ção, Genesis Bodyboards, Ripstar.com.br, Refibra e pranchas Maurício Weyll.

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Por Alexandre Piza Se você é um cara antenado nas publicações de surf, já

deve ter reparado que pouco se fala da relação das drogas com nosso esporte. Mas já parou pra pensar na razão de evitarmos tanto tocar nessa ferida? A resposta é uma só: trauma!

Temos o trauma herdado desde a época da ditadura militar. Nas décadas de 60 e 70, o surfista era parte da galera revolucio-nária, cabeludos, hippies. Andávamos com os músicos rebeldes, com os poetas esquerdistas e éramos, sim, frequentemente vis-tos nas praias e nas festas consumindo drogas, álcool e tudo mais que fosse contra o sistema opressor vigente.

Queríamos a liberdade de expressão, queríamos o sexo, o surf e a liberdade, tínhamos que protestar de alguma forma e já que pouco tinha efeito perante a força armada da ditadura, nos restou a alienação, a busca trasncedental e sair da realidade nada amistosa. Fomos então rotulados de “surfistas vagabundos e maconheiros” e o surf chegou até ser proibido em algumas praias no Brasil. Ler isso hoje parece absurdo, mas aconteceu!

Na década de 80, muita coisa mudou não só no surf brasi-leiro, mas aqui tivemos a retomada do processo democrático e a força do capitalismo impulsionou o surf para todas as classes sociais e culturais. A partir de então, aos poucos, o surf come-çou a ser visto de uma maneira menos chocante. Ganhamos as lojas de departamentos, ganhamos a mídia, ganhamos engra-vatados e pessoas “mauricinhos” apoiando nosso esporte. Ou seja, dávamos lucro, e muito! O surf tornou-se febre nas praias de Norte a Sul do Brasil.

Tudo o que o surf precisava para não perder a ascensão monetária e o respeito conquistado junto ao grupo dos almofa-dinhas, era que resgatássemos a herança negativa de tempos passados. Os sanguessugas dos cifrões não queriam ver seus impérios associados ao negativismo dos drogados.

Então foi aí que parece que a mídia em geral resolveu jogar para baixo do tapete tudo que fosse relacionado aos problemas com drogas, álcool, vandalismo, etc. Claro, quem anuncia na mídia são os empresários.

Vez ou outra vemos casos e pouquíssimas reportagens que acabam transbordando por aí, mas que na real acaba mais por atiçar o consumismo do surfwear, criando alguns anti-heróis que o mundo tanto gosta de ver, do que propriamente nos fazer re-fletir a respeito.

Acontece que a indústria do surf solidificou-se de uma for-ma que hoje em dia podem até descobrir que campeão mundial

é traficante (que me perdoem a piada), que o consumo não seria abalado.

Só que por trás de toda essa salada cultural, existem as famílias, os lares, as drogas e a realidade. E a realidade hoje é que a droga não está somente no surf - claro, no passado tam-bém não era só no surf que havia os “maconheiros vagabundos”. Porém, hoje, por trás dos bastidores, temos muitos problemas acontecendo em cada esquina de sua praia favorita.

Resolvi tocar nessa ferida justamente por estar muito perto de dois casos recentes que me fizeram refletir demais. Óbvio que não citarei nomes, mas dois garotos de extremo talento deixaram que as drogas e o álcool os atrapalhassem em suas carreiras.

Com 16 anos, chegar completamente bêbado antes de sua bateria e não conseguir ao menos disfarçar realmente queima o filme de qualquer um.

Com 14 anos, depois de obter um importante título, come-çar a fumar dois maços de cigarro por dia e ser pego na escola com droga é normal? Claro que não! E é esse o segundo caso que me chamou a atenção.

Contudo, crucificar a atitude não é mesmo a solução. O que patrocinadores e família precisam buscar juntos é solucionar o problema e não simplesmente afastar os garotos das competi-ções, do surf e da vida fora de casa. Se prender resolvesse algu-ma coisa, os milhões de detentos que saem dos presídios hoje estariam bonzinhos como cordeiros, e não é essa a realidade.

Quem acompanha de perto os outros esportes, sabe muito bem que muitos atletas assumem publicamente que tomam sua cervejinha esporadicamente, alguns até admitem que dão seus pitos num cigarrinho de vez em quando. Os atletas de final de semana então, nem se fala, mas a questão a ser levantada é: de alguma forma essas atitudes prejudicarão o rendimento dos atletas, sejam eles profissionais ou amadores.

Então, minha proposta é a seguinte: por que não paramos com a hipocrisia de jogar sempre a sujeirinha pra baixo do tape-te e encaramos os fatos de frente, como devem ser encarados?

Quem nunca teve um problema como esse consigo mesmo ou na família, que atire a primeira pedra. O surf precisa parar de ter esse medo de tirar a máscara e mostrar a cara.

Se alguém está precisando de ajuda, vamos estender a mão, não fechar a porta.

Nosso esporte combina com saúde, alegria e liberdade. Boas ondas e até a próxima.