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, ...:t 'i!;3 c -<.; ';'--:.- \Ii .... , " STF 102868 INQ/3982 3628 - DIREITO PENAL 1 CRIMES PREVIS TOS NA EXTRAVAGANTE I CRIMES DE "LAVAGEM" LORES OU DE BENS. DIREITOS OU VA 3555 - DIREITO PENAL 1 CRIMES PRATIC EM GERAL 1 P ADOS POR FUNCIONÂRIOS PUBLICOS CONTRA A ASSIVA SuprelllO Tribunal Federal N°i s upremo Tribunal Federal 003982 c 09/03/2015 11:45 0035-462015.1000000 Inq o 000 VOLUME 06 COM 06 VOLUMES APENSO 01 APENSO 02 APENSO 03- AC3874 1111111111111111/1111 1111/111111111111111/111111111111/11111111111111111111 APENSO 04 - AC 4022 APENSO 05 - AC 4095 APENSO 06 - AC 4113 , INQ UERITO - INQUERITO 3982 PROCED. : DISTRITO FEDERAL ORIGEM. : PET-5262-SUPREMO TRIBUNA L FEDERAL ASCKI CO FEDERAL RELATOR (A) : AUTOR (A/S) (ES) PROC. (A/S) (ES) INVEST. (A/S) ADV. (A/S) INVEST. (A/S) INVEST. (A/S) ADV. (A/s) AG.REG. NO MIN. TEORI ZAV MINISTERIO PUBLI PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA VALDIR RAUPP DE MATOS NILSON VITAL NAVE CLEIA SANTO PEDRO ROBERTO ROC NILSON VITAL NAVE INQUERITO S E OUTRO(S) E OUTRO(A/S) S DE OLIVEIRA HA S EOUTRO(A/S) INQUERITO 3982 PROCED. : DISTRITO FEDERAL ORIGEM. : PET-5262-SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ASCKI RELATOR (A) : AGTE. (S) ADV. (A/S) AGDO. (A/S) PROC. (A/S) (ES) .'--. MIN. TEORI ZAV VALDIR RAUPP DE MATOS NILSON VITAL NAVE MINISTERIO PUBLIC PROCURADOR-GERAL S E OUTRO(S) E OUTRO(A/S) O FEDERAL DA REPUBLICA EM 09/03/2015 EM 20/04/2015

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STF 102868

INQ/3982 3628 - DIREITO PENAL 1 CRIMES PREVIS TOS NA LEGISLA~AO EXTRAVAGANTE I CRIMES DE "LAVAGEM"

LORES OU OCULTA~AO DE BENS. DIREITOS OU VA 3555 - DIREITO PENAL 1 CRIMES PRATIC ADMINISTRA~AO EM GERAL 1 CORRUP~AO P

ADOS POR FUNCIONÂRIOS PUBLICOS CONTRA A ASSIVA

SuprelllO Tribunal Federal

N°i s upremo Tribunal Federal

003982 c 09/03/2015 11:45 0035-462015.1000000

Inq o 000

VOLUME 06 COM 06 VOLUMES

APENSO 01

APENSO 02

APENSO 03- AC3874 1111111111111111/1111 1111/111111111111111/111111111111/11111111111111111111

APENSO 04 - AC 4022 APENSO 05 - AC 4095 APENSO 06 - AC 4113

,

INQ UERITO

-

INQUERITO 3982 PROCED. : DISTRITO FEDERAL ORIGEM. : PET-5262-SUPREMO TRIBUNA L FEDERAL

ASCKI CO FEDERAL

RELATOR (A) : AUTOR (A/S) (ES) PROC. (A/S) (ES) INVEST. (A/S) ADV. (A/S) INVEST. (A/S) INVEST. (A/S) ADV. (A/s)

AG.REG. NO

MIN. TEORI ZAV MINISTERIO PUBLI PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA VALDIR RAUPP DE MATOS NILSON VITAL NAVE ~ffiRIA CLEIA SANTO PEDRO ROBERTO ROC NILSON VITAL NAVE

INQUERITO

S E OUTRO(S) E OUTRO(A/S) S DE OLIVEIRA HA S EOUTRO(A/S)

INQUERITO 3982 PROCED. : DISTRITO FEDERAL ORIGEM. : PET-5262-SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

ASCKI RELATOR (A) : AGTE. (S) ADV. (A/S) AGDO. (A/S) PROC. (A/S) (ES)

.'--.

MIN. TEORI ZAV VALDIR RAUPP DE MATOS NILSON VITAL NAVE MINISTERIO PUBLIC PROCURADOR-GERAL

S E OUTRO(S) E OUTRO(A/S) O FEDERAL DA REPUBLICA

DISTRIBUI~AO EM 09/03/2015

DISTRIBUI~AO EM 20/04/2015

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SE<;ĂO DE PROCESSOS ORIGINÂRIOS CRIMINAIS

TERMO DE ABERTURA DE VOLUME

EM ~4 DE ~tO DE 201 fL, FICA FORMADO O ~_c VOLUME DOS PRESENTES AUTOS DO (A) ~ 388.k

Ă. FOLHA N° \.~ ~9 ,SE<;ĂO DE P CESSOS ORIGINÂRIOS CRIMINAIS. EU, \~ ) , ANALIST AlTECNICO JUDICIÂRIO, LA vRî O PRESENTE TERMO .

. ~ •

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5 T F 102.002

g9'~ rff~ çg;~

I09r Q @Cb ~

TERMO DE JUNTAIlA

Junto a estes aut~5 o protocolado de nO :; ],OU 120~ que segue. 6 Brasíl1a ,::J _ de Ó:!f=.~ de 20~ __ .

BRUNO ROCHA LUZ SOUSA ~ Anal1sta JUdlClárl0 - Mat .

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MINISTÉRIO PúBLICO FEDERAL Procuradoria-Geral da República

N° 21431812016 - GTLJ-PGR Inquérito n. 3982/DF Relator: Ministro Teori Zavascki

Supremo Tribunal Federal

16/09/2016 13:37 0052043

I""" 1"" 11111111/1 11111 1111111111 11111 11111111

"O homem não é nada em si mesmo. Não passa de urna probabilidade infinita. Mas ele é o responsável

infinito dessa probabilidade!' (Albcrt Camus)

o PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, no

exercício da função institucional prevista no art. 129, inciso I, da

Constituição de 1988, no art. 6°, inciso V, da Lei Complementar n.

75/1993 e no art. 24 do Código de Processo Penal, tendo em vista

os fatos apurados no Inquérito n. 3982/DF, vem oferecer

DENÚNCIA em face de:

VALDIR RAUPP DE MATOS, brasileiro, casado, Sena­dor, nascido em 24/08/1955, natural de São João do Sul/SC, filho de Manoel José de Matos e Auta Raupp de Matos, por­tador da Identidade Civil n. 570302-SSP/RO, inscrito no Cadastro da Pessoa Física do Ministério da Fazenda -CPFIMF sob o n. 343.473.649-20, residente na SQN 311, Bloco I, apartamento 605, Brasília, Distrito Federal, com do­micílio funcional na Praça dos Três Poderes, Senado Federa, Anexo 1,20° andar, Brasília, Distrito Federal;

MARIA cLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA, brasileira, casada, funcionária pública, nascida em 03/08/1953, natural de Feira Grandel AL, filha de Antonio José dos Santos e Jose­fa Rosa de Lira, portadora da Identidade Civil n. 170803-SSPI AL, inscrita no CPF/MF sob o n. 061.345.484-72, resi-

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dente e domiciliada na SQNW 108, Bloco I, apartamento 616, Brasília, Distrito Federal; e

PEDRO ROBERTO ROCHA, brasileiro, casado, empresá­rio, nascido em 07/08/1959, natural de Maracai/Sp, filho de Pedro de Souza Rocha e Marinha Andrade Rocha, portador da Identidade Civil n. 95227040-SSP /SP, inscrito no CPF/MF sob o n. 960.321.628-34, residente e domiciliado na Rua 7, casa 23,Vila Planalto, Brasília, Distrito Federal.

1. Síntese das itnputações

No ano de 2010, em Brasília, São Paulo e Rondônia, VAL­

DIR. RAUPP DE MATOS (Senador), com o auxílio de

MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA e PEDRO RO-

BERTa ROCHA (assessores do parlamentar), solicitou e

recebeu vantagem indevida, em razão de sua função pú­

blica, no montante de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), des­

tinado à sua campanha ao Senado daquele ano.

Esse montante era oriundo do esquema de corrupção e

lavagem de dinheiro estabelecido na Diretoria de Abaste­

cimento da PETROBRAS, na época ocupada por PAULO

ROBERTO COSTA - o qual solicitava e recebia quantias ilícitas

de empresas no contexto da celebração irregular de contratos com

a estatal e da obtenção de beneficios indevidos no âmbito das con­

tratações. Parte dessas quantias ilícitas era repassada a agentes políti­

cos por PAULO ROBERTO COSTA, com auxílio do operador

de propinas ALBERTO YOUSSEF, a fim de assegurar sua per­

manência no cargo e a manutenção do esquema criminoso.

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------------------------------,

Desse modo, o repasse de propma a V&DIR RAUPP DE

MATOS teve por finalidade a manutenção de PAULO RO­

BERTO COSTA no cargo, seja com a não-interferência nessa no­

meação e no funcionamento do esquema criminoso, seja com o

fornecimento de apoio político para sua sustentação, por parte do

parlamentar, então Senador, forte candidato à reeleição e nome de

relevo do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB,

agremiação partidária da base do Governo Federal e uma das res­

ponsáveis pela Diretoria de Abastecimento da PETROBRAS .

Os denunciados tinham plena ciência do esquema criminoso

e da origem das quantias ilícitas, tendo atuado concertadamente

(unidade de desígnios e soma de esforços), em divisão de tarefas,

de modo livre, consciente e voluntário: VALDIR RAUPP DE

MATOS transmitiu, em Brasília, entre o final do primeiro semes­

tre e o início do segundo semestre de 2010, a solicitação da vanta­

gem indevida a PAULO ROBERTO COSTA, por intermédio de

FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES, e comandou seu

recebimento, auxiliado por MARIA CLÉIA SANTOS DE OLI­

VEIRA e PEDRO ROBERTO ROCHA, que atuaram para que

este se concretizasse, disfarçadamente.

O pagamento da vantagem indevida, por ordem de PAULO

ROBERTO COSTA, foi operacionalizado por ALBERTO YOUS-

SEF, que era responsável, na estrutura da organização criminosa sub­

jacente, por receber as propinas de empresas que contratavam

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área da Diretoria de Abastecimento da PETROBRAS e repassá-las

a agentes políticos, mediante estratégias de .lavagem de dinheiro. 1

Conforme acertado entre ALBERTO YOUSSEF e MARIA

CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA, a qual seguia determinações de

VALDIR RAUPP DE MATOS, a propina foi paga sob o dis-

farce de doações eleitorais "oficiais" realizadas pela em­

presa QUEffiOZ GALVÃO, que fazia parte do esquema

criminoso em questão, em favor do Diretório Estadual do PMDB

de Rondônia, nos dias 27/08/2010 e 01/09/2010, nos valores, res­

pectivamente, de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) e R$

200.000,00 (duzentos mil reais). Os recibos respectivos foram emi­

tidos por PEDRO ROBERTO ROCHA, seguindo determinações

de VALDIR RAUPP DE MATOS.

Toda a sistemática subjacente foi concebida pelos envolvidos

para ocultar e dissimular a natureza e origem das quantias ilícitas,

consubstanciadas em propina (corrupção passiva), a qual foi dispo­

nibilizada por intermédio de organização criminosa.

2. Contextualização dos fatos no âmbito da chamada

"Operação Lava Jato"

1 Ao longo da narrativa desta denúncia, ficará claro que havia no caso, exe­cutando o esquema criminoso estabelecido na PETROBRAS, uma verda­deira organização criminosa, na forma prevista no art. 10

, § 10, da Lei n.

12.850/2013, a qual funcionou ao menos entre os anos 2006 e 2014. Essa organização criminosa está sendo apurada no Inquérito n. 3989, em trami­tação perante o Supremo Tribunal Federal, no qual, inclusive, VALDIR RAUPP DE MATOS também figura como investigado - não sendo o de­lito correspondente objeto, portanto, de imputação nesta denúncia.

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A intitulada "Operação Lava Jato" desvendou um grande es­

quema de corrupção de agentes públicos e de lavagem de dinhei­

ro primordialmente relacionado à sociedade de economia mista

federal Petróleo Brasileiro SI A - PETROBRAS. A operação as­

sim denominada abrange, na realidade, um conjunto diversificado

de investigações e ações penais vinculadas à 13" Vara Federal da

Seção Judiciária do Paraná, em Curitiba.

Inicialmente, procurava-se apurar esquema de lavagem de

dinheiro envolvendo o ex-Deputado Federal JOSÉ MOHAMED

JANENE, o doleiro CARLOS HABIB CHATER e as empresas

CSA Project Finance Ltda. e Dunel Indústria e Comércio Ltda.

Essa apuração resultou no ajuizamento da ação penal objeto do

Processo n. 5047229-77.2014.404.7000.

A investigação inicial foi, a seu tempo, ampliada para alcançar

a atuação de diversos outros doleiros, revelando a ação de grupos

distintos, mas interligados. Tais doleiros relacionavam-se entre si

para o desenvolvimento das atividades criminosas. Formavam, to­

davia, grupos autônomos e independentes, com alianças pontuais .

Isso deu origem a quatro operações, que acabaram, em seu con­

junto, conhecidas como "Operação Lava Jato".2

2 a) Operação Lava Jato (propriamente dita), referente às atividades do do­leiro CARLOS HABIB CHATER, denunciado nos autos dos Processos n. 5025687-03.2014.404.7000 e n. 5001438- 85.2014.404.7000; b) Operação Bidone, referente às atividades do doleiro ALBERTOYOUS­SEF, denunciado nos autos do Processo n. 5025699-17.2014.404.7000 e em diversas outras ações penais; c) Operação Dolce Vitta I e lI, referente às atividades da doleira NELMA MITSUE PENASSO KODAMA, denunciada nos autos do Processo n.

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No decorrer das investigações sobre lavagem de dinheiro, fo­

ram detectados elementos que apontavam no sentido da ocultação

de recursos provenientes de crimes de corrupção praticados no

âmbito da PETROBRAS. O aprofundamento das apurações con­

duziu à constatação de que, no mínimo entre os anos de 2004 e

2012, as diretorias da sociedade de economia mista estavam dividi­

das entre partidos políticos, que eram responsáveis pela indicação e

manutenção dos respectivos diretores.

Por outro lado, apurou-se que as empresas que possuíam con­

tratos com a PETROBRAS, notadamente as maiores construtoras

brasileiras, criaram um cartel, que passou a atuar de maneira mais

efetiva a partir de 2004. Esse cartel era formado, entre outras, pelas

empreiteiras ODEBRECHT, UTC, OAS, CAMARGO COR­

RÊA, QUEIROZ GALVÃO, MENDES JÚNIOR, ANDRADE

GUTIERREZ, GALVÃO ENGENHARIA, lESA, ENGEVIX,

SETAL, TECHINT, PROMON, MPE, SKANSKA e GDK. Even-

tualmente, participavam das fraudes as empreiteiras ALUSA, FI­

DENS, JARAGUÁ EQUIPAMENTOS, TOMÉ ENGENHA­

RIA, CONSTRUCAP e CARIOCA ENGENHARIA.

Especialmente a partir de 2004, essas empresas dividiram

entre si as obras da PETROBRAS, evitando que empreiteiras não

pmidp'o,", do cort<l f~m coov;""" p,rn o. oo=pood,"", I' 5026243-05.2014.404.7000; d) Operação Casa Blanca, referente às atividades do doleiro RAUL HEN­RI QUE SROUR, denunciado nos autos do Processo n. 025692-25.2014.404.7000.

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processos seletivos, ou que os vencessem. Referido cartel atuou ao

longo de anos, de maneira organizada, inclusive com "regras"

previamente estabelecidas, semelhantes ao regulamento de um

campeonato de futebol. 3 Havia, ainda, a repartição das obras ao

modo da distribuição de prêmios de um bingo.4 Assim, antes do

início dos certames, já se sabia qual seria a empresa ganhadora. As

demais licitantes apresentavam propostas - em valores maiores do

que os ofertados pela empresa que deveria vencer - apenas para

dar aparência de legalidade à falsa disputa .

Para garantir a manutenção do cartel, era relevante que as

empreiteiras cooptassem agentes públicos da PETROBRAS, espe­

cialmente os diretores, que possuíam grande poder de decisão no

âmbito da sociedade de economia mista. 5 Isso foi facilitado em ra-

3 AUGUSTO RIBEIRO DE MENDONÇA NETO, representante de uma das empresas cartelizadas, pertencente ao GRUPO SETAL, a SOG -ÓLEO E GÁS S/ A, celebrou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal e, na ocasião, apresentou um documento, dissimuladamente intitulado "Campeonato Esportivo", O qual continha as regras de funcionamento do cartel (Processo n. 5083351-89.2014.404. 7000/PR, Evento 1, ANEXO 1 O, Páginas 1-5 - documento anexo à cota de encaminhamento da denúncia) .

4 Vários documentos apreendidos na sede da empresa ENGEVIX ENGENHARIA S/ A retratam o funcionamento do cartel, destacando-se o papel intitulado "reunião de bingo", em que são indicadas as empresas que deveriam participar das licitações do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERj, bem como O papel intitulado "proposta de fechamento do bingo fluminense" (COMPERJ), em que são listados os "prêmios" (diversos contratos do empreendimento) e os "jogadores" (diferentes empreiteiras) (Processo n. 5083351-89.2014.404.7000/PR, Evento 1, MAND BUSCAAPREENCll, Páginas 1-27 - documento anexo à cota de encaminhamento da denúncia).

5 A PETROBRAS, na época, possuía as seguintes Diretorias: Financeira; Gás e Energia; Exploração e Produção; Abastecimento; Internacional; Serviços.

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zão de os diretores serem nomeados com base no apoio de parti­

dos e agentes políticos, tendo ocorrido comunhão de esforços e

interesses entre os poderes econômico e político para implantação

e funcionamento do esquema.

Os funcionários de alto escalão da PETROBRAS recebiam

vantagens indevidas das empresas cartelizadas e, em contrapartida,

não apenas se omitiam em relação ao cartel - ou seja, não criavam

obstáculos ao esquema nem atrapalhavam seu funcionamento -,

mas também atuavam em favor das construtoras, restringindo os

participantes das convocações e agindo para que a empreiteira es­

colhida pelo cartel fosse a vencedora do certame. Ademais, esses

funcionários permitiam negociações diretas injustificadas, celebra-

vam aditivos desnecessários e com preços excessivos, aceleravam

contratações com supressão de etapas relevantes e vazavam infor­

mações sigilosas, entre outras irregularidades, todas em prol das

empresas cartelizadas.

Os valores ilícitos, porém, destinavam-se não apenas aos

diretores da PETROBRAS, mas também aos partidos po­

líticos e agentes (sobretudo parlamentares) responsáveis pela

indicação e manutenção daqueles nos cargos. Tais quantias eram

repassadas aos agentes políticos de maneira periódica e

ordinária, e também de forma episódica e extraordinária,

sobretudo em épocas de eleições ou de escolhas das lideran­

ças. Os agentes políticos, plenamente conscientes das práticas ilíci-

(L(b?-

~, qu, o,"'ri'm 0' PETROBRAS, ",o 'p,o" p,<rue;o",m '~

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manutenção ou não interferiam na nomeação dos diretores e dos

demais agentes públicos no cargo, como também não interferiam

no cartel existente e em todas as irregularidades subjacentes. Ou

seja, o apoio e a sustentação politica conferidos pelas agremiações

partidárias e seus integrantes, em especial aqueles que participavam

de seu comando ou que exeriam funções relevantes no Governo

Federal, para a indicação e manutenção do respectivo Diretor da

PETROBRAS, tinha a finalidade predeterminada de locupletação.

A repartição política das diretorias da PETROBRAS reve­

lou-se mais evidente em relação à Diretoria de Abastecimento, à

Diretoria de Serviços e à Diretoria Internacional, envolvendo so­

bretudo o Partido Progressista - Pp, o Partido dos Trabalhadores -

PT e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB,

da seguinte forma:

a) A Diretoria de Abastecimento, ocupada por PAULO

ROBERTO COSTA entre 2004 e 2012, era de indicação do

Pp, com posterior apoio do PMDB;

b) A Diretoria de Serviços, ocupada por RENATO DU­

QUE entre 2003 e 2012, era de indicação do PT;

c) A Diretoria Internacional, ocupada por NESTOR CER­

VERÓ entre 2003 e 2008 e por JORGE ZELADA entre 2008

e 2012, era de indicação inicialmente do PT e depois do

PMDB.

Para que fosse possível o trânsito das vantagens indevidas en-

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tre os dois pontos da cadeia - ou seja, das empreiteiras para os di­

retores e políticos - atuavam profissionais encarregados da lava­

gem de ativos, que podem ser chamados de "operadores" ou "in­

termediários". Referidos operadores encarregavam-se de, median­

te estratégias de ocultação e dissimulação da origem dos recursos,

lavar o dinheiro e, assim, permitir que a propina chegasse aos seus

destinatários de maneira insuspeita ou com menos exposição.

o operador do Pp, em boa parte do período em que funcio­

nou o esquema, era ALBERTOYOUSSEF. O operador do PT era

JOÃO VACCARI NETO. Dentre os operadores de políticos do

PMDB, podem ser citados FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO

SOARES, conhecido como FERNANDO BAIANO, e JOÃO

AUGUSTO REZENDE HENRIQUES.

Em regra, o repasse dos valores dava-se em duas etapas. Pri­

meiro, o dinheiro era repassado das construtoras para o operador.

Para tanto, havia basicamente três formas: a) entrega de valores em

espécie; b) depósito e movimentação no exterior; e c) contratos

simulados de consultoria com empresas de fachada .

Uma vez disponibilizado o dinheiro ao operador, iniciava-se

a segunda etapa, na qual os valores saíam do intermediário e eram

enviados aos destinatários finais (funcionários públicos e agentes

políticos), descontada a comissão do operador. Havia pelo menos

quatro formas de os operadores repassarem as quantias aos be~

ciários das vantagens indevidas: ~

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a) A primeira forma - uma das mais comuns entre os polí­

ticos - consistia na entrega de valores em espécie, que era fei­

ta por meio de empregados ou prepostos dos operadores, os

quais faziam viagens principalmente em voos comerciais,

com valores ocultos no corpo, ou em voos fretados;

b) A segunda forma era a realização de transferências ele­

trônicas para empresas ou pessoas indicadas pelos destinatários

ou, ainda, o pagamento de bens ou contas dos beneficiários;

c) A terceira forma ocorria por meio de transferências e

depósitos em contas no exterior, em nome de empresas

offshores de responsabilidade dos agentes ou de seus familiares;

d) A quarta forma, adotada sobretudo em épocas de cam­

panhas eleitorais, era a realização de doações "oficiais", devi­

damente declaradas, pelas construtoras ou empresas coligadas,

diretamente para os políticos ou para o dir~tório nacional ou

estadual do partido respectivo, as quais, em verdade, consisti­

am em propinas pagas e disfarçadas do seu real propósito -

usada para o pagamento da propina aqui imputada .

Como se vê, as investigações da denominada "Operação Lava

Jato" descortinaram a atuação de organização criminosa complexa.

Destacam-se, nessa estrutura, basicamente quatro núcleos:

a) O núcleo político, formado principalmente por parla­

mentares que, utilizando-se de suas agremiações partidárias,

indicavam e mantinham funcionários de alto escalão da PE-

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TROBRAS, em especial os diretores, recebendo vantagens

indevidas pagas pelas empresas cartelizadas (componentes do

núcleo econômico) contratadas pela sociedade de economia

mista, após a adoção de estratégias de ocultação e dissimula­

ção da origem dos valores pelos operadores financeiros do

esquema;

b) O núcleo econômico, formado pelas empreiteiras carte­

lizadas contratadas pela PETROBRAS, que se beneficiavam

dos contratos e, em contrapartida, pagavam vantagens indevi­

das a funcionários de alto escalão da sociedade de economia

mista e aos componentes do núcleo político, por meio da

atuação dos operadores financeiros, para manutenção do es-

quema;

c) O núcleo administrativo, formado pelos funcionários

de alto escalão da PETROBRAS, especialmente os diretores,

os quais eram indicados e mantidos pelos integrantes do nú­

cleo político e recebiam vantagens indevidas das empresas

cartelizadas, componentes do núcleo econômico, para viabili­

zar o funcionamento do esquema;

d) O núcleo financeiro, formado pelos operadores tanto

do recebimento das vantagens indevidas das empresas carteli­

zadas integrantes do núcleo econômico como do repasse

dessa propina aos componentes dos núcleos político e admi­

nistrativo, mediante estratégias de ocultação e dissimulação da

o';g,m d=~ wlo'~. ~

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No decorrer das investigações e ações penais, foram celebra­

dos, entre outros, acordos de colaboração premiada com dois dos

principais agentes do esquema criminoso: a) PAULO RO­

BERTO COSTA, Diretor de Abastecimento da PETROBRAS

entre 2004 e 2012, integrante destacado do núcleo administrativo

da organização criminosa; e b) ALBERTOYOUSSEF, doleiro que

integrava o núcleo financeiro da organização criminosa, atuando

no recebimento de vantagens indevidas das empresas cartelizadas e

no seu posterior pagamento a funcionários de alto escalão da PE­

TROBRAS, especialmente a PAULO ROBERTO COSTA, bem

como a políticos e seus partidos, mediante estratégias de ocultação

e dissimulação da origem desses valores. As declarações de ambos

os colaboradores desnudaram o envolvimento de vários integran­

tes do núcleo político da organização criminosa, preponderante­

mente autoridades com prerrogativa de foro perante o Supremo

Tribunal Federal.

PAULO ROBERTO COSTA foi Diretor de Abastecimento

da PETROBRAS, nomeado e sustentado no cargo, principal­

mente, pelo PE ALBERTO YOUSSEF operacionalizava o recebi­

mento e o repasse de propinas, sobretudo a PAULO ROBERTO

COSTA, ao Partido Progressista e aos respectivos parlamentares.

As colaborações premiadas de ambos, somadas a declarações pres­

tadas por outros envolvidos e a diversos elementos de prova, per-

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de agentes públicos e de lavagem de dinheiro estabelecido na PE­

TROBRAS, em especial na Diretoria de Abastecimento.

3. A corrupção na Diretoria de Abastecimento da PE­

TROBRAS

PAULO ROBERTO COSTA foi nomeado para a Diretoria

de Abastecimento da PETROBRAS em 14 de maio de 2004,

permanecendo no cargo até 02 de maio de 2012. Sua nomeação

decorreu de indicação política do Pp, que fazia parte da base do

Governo Federal, articulada pelo então Deputado Federal JOSÉ

JANENE, com o auxílio dos também Deputados Federais na

época PEDRO CORRÊA e PEDRO HENRY, que capitanea­

vam o comando da agremiação partidária.

Em seu Termo de Colaboração n. 01, PAULO ROBERTO

COSTA esclareceu como aconteciam as indicações para cargos de

alto escalão na PETROBRAS: "a compettEncia técnica não era stifici­

ente para progredir, sendo necessário para ascender ao nível de diretoria

um apadrinhamento político, como ocorre em todas as empresas vinculadas

ao governo". Adiante, falando em termos gerais, explicou que essa

forma de ascensão funcional gerava para o contemplado um dever

de contrapartida, pois "o grupo político sempre demandará algo em

troca", salientando que" toda indicação política no pais para os cargos de

diretoria pressupõe que o indicado propicie facilidades ao grupo político

q~ , i,di",. ~,Ii",d, , d~"i" d, m,,,,, d, oh,,, '"'''oi''' fi~'r

14 de 47

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dos pelas empresas e órgãos a que esteja vinculado para beneficio deste

mesmo grupo po/{tico" (fls. 06/10).6

De tal modo, pelo fato de ter sido politicamente indicado ao

cargo de Diretor de Abastecimento da PETROBRAS pelo Pp,

PAULO ROBERTO COSTA tinha o dever de viabilizar o re­

passe de vantagens indevidas a tal agremiação partidária e seus in­

tegrantes, assim mantendo-se no cargo. O cumprimento dessa

obrigação ocorreu de forma mais intensa a partir de 2006, quando

se iniciou um ciclo de grandes obras, principalmente refinarias, na

esfera de atribuições e responsabilidades da Diretoria de Abasteci­

mento da sociedade de economia mista.

Além disso, PAULO ROBERTO COSTA também preci­

sava viabilizar o repasse de vantagens indevidas a agentes

políticos de outras agremiações partidárias, notadamente

do PMDB e PT, este responsável pelo comando do Governo Fe­

deral desde 2003, com apoio daquele, tendo ambos formado a

chapa vencedora do pleito presidencial realizado em 2010. O re­

passe da propina a agentes políticos do PMDB e do PT tinha a

mesma finalidade já descrita, ou seja, a permanência no cargo de

6 Essas afirmativas de PAULO ROBERTO COSTA são corroboradas por página de agenda do advogado MATHEUS OLIVEIRA DOS SANTOS, apreendida na sede da empresa GFD INVESTIMENTOS LTDA., em que consta anotação sobre abertura de empresas e contas bancárias no exterior em favor do ex-Diretor de Abastecimento da PETROBRAS: "Reunião Paulo Roberto Costa. A - Offshores: 1. Pode haver problemas em abrir ojJshores em nome do Dr. Paulo em razão de ter ocupado cargo de indicação política na Petrobras. (. .. )." (Processo n. 5049557-14.2013.404.7000/PR, Evento 253, AP-INQPOL3, Página 5 - documento anexo à cota de encaminhamento da denúncia).

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Diretor de Abastecimento da PETROBRAS e a própria manu­

tenção do esquema criminoso, evitando a realização de al­

guma interferência nesse estado de coisas e assegurando

que, na disputa permanente por cargos de relevo no Go­

verno Federal, preenchidos por indicação política, PAULO

ROBERTO COSTA não fosse substituído.

Sobre o assunto, o ex-Diretor de Abastecimento da PETRO­

BRAS, no Termo de Colaboração n. 01, afirmou: "QUE a situação

descrita em questão se aplica ao depoente que, uma vez indicado ao cargo

de diretor de abastecimento da Petrobrás por indicação do Pp, passou a ser

demandado pelo grupo político para prover o Pp, PMDB e PT, em dife-

rentes momentos, com recursos oriundos da empresa em que atuava; QUE

ressalta o depoente que na hip6tese de deixar de atender às demandas do

grupo político, imediatamente isso significa a sua saída do cargo para outro

que atende os pedidos; QUE as demandas de recursos que recebia no

cargo de diretor de abastecimento eram feitas principalmente por integran­

tes do PP e do PMDB e esporadicamente do PT" (fls. 06/10).

Já o doleiro ALBERTO YOUSSEF se encarregava de opera­

cionalizar o recebimento e o repasse das vantagens indevidas, me­

diante estratégias de ocultação da origem ilícita do dinheiro. Isso

era feito, de forma mais comum, mediante contratação fictícia, pe­

las empreiteiras, de empresas de fachada controladas por AL­

BERTO YOUSSEF. O pagamento da propina era disfarçado sob a

forma de adimplemento por serviços na verdade nunca prestadv

ou prestados por valor real muito inferior ao simulado. ~

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Como esclarecido pelos colaboradores, no âmbito da Direto­

ria de Abastecimento da PETROBRAS, sobretudo a partir de 2006,

em todos os contratos celebrados com empresas cartelizadas houve

pagamento de vantagens indevidas de pelo menos 1% (um por

cento) do valor total contratado. O repasse de valores ilícitos tam­

bém ocorria nas hipóteses de aditivos contratuais, ou seja, o percen­

tual era calculado sobre o valor total dos contratos e aditivos.

O montante da propina era dividido, em geral, da seguinte

forma: 1) 60% (sessenta por cento) eram destinados ao PP; 2) 20%

(vinte por cento) eram reservados para custos operacionais, como

emissão de notas fiscais, pagamento de tributos, despesas de envio

etc; 3) 20% (vinte por cento) eram divididos entre o Diretor de

Abastecimento e os operadores do esquema, sendo que: a) 70% (se­

tenta por cento) eram apropriados por PAULO ROBERTO

COSTA; b) 30% (trinta por cento) eram retidos por JOSÉ JA­

NENE e, posteriormente à sua morte, por ALBERTO YOUSSEF.

O esquema de corrupção, portanto, tinha por intuito benefi­

ciar não apenas ao Diretor de Abastecimento da PETROBRAS,

mas também ao PP e aos seus integrantes, além de outros agentes

políticos beneficiados para conferir estabilidade à situa­

ção, ensejando a permanência de PAULO ROBERTO COSTA

no cargo e a manutenção do esquema criminoso.7 A propina,

7 RICARDO RIBEIRO PESSOA, presidente da UTC ENGENHARIA SI A, em seu Termo de Colaboração n. 09, confirmou o pagamento de propina de 1 % (um por cento) dos contratos no âmbito da Diretoria de Abastecimento da PETROBRAS (cópia anexa à cota de encaminhamento da denúncia). O colaborador também confirmou a participação da empre-

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como já salientado, consistia em uma contrapartida pela viabiliza­

ção do funcionamento de cartel de empreiteiras interessadas em

celebrar irregularmente contratos no âmbito da Diretoria de

Abastecimento da PETROBRAS e em receber facilidades indevi-

das de seu diretor8, o que acabou ocorrendo.9

Tais operações criavam um "crédito de propina" perante AL-

BERTO YOUSSEE O doleiro, então, tinha a obrigação de

efetuar o repasse dos valores aos seus destinatários, no

caso PAULO ROBERTO COSTA, ° PP e seus integran­

tes, e ainda a outros poHticos indicados por PAULO RO­

BERTO COSTA. Isso geralmente ocorria por meio da entrega

sa QUEIROZ GALVÃO e de OTHON ZANOIDE DE MORAES FI­LHO no esquema criminoso em questão (fls. 853/864).

8 RICARDO RIBEIRO PESSOA, presidente da UTC, em seu Termo de Colaboração n. 15, exemplificou essas facilidades indevidas: "QUE a UTC pagava propina para os Diretores porque era solicitada a fazer isso; QUE pagava para ter a boa vontade dos Diretores e evitar problemas, inclusive a fim de que os Diretores não atrapalhassem seus neg6cios; QUE o Diretor tem o poder de não aprovar os aditivos dos contratos ou demorar na sua aprovação, de demorar para liberar certos pedidos - o que, por si s6,já poderia causar um grande prejulzo para a empresa, por interromper seu fluxo de caixa -, pode dizer que a empresa está com desempenho núm e não chamar mais, pode até ameaçar de tirar a empresa do cadastro, incentivando fiscais a elaborarem um comunicado de irregularidades (COD, ao que se recorda); QUE, portanto, o Diretor pode atrapalhar os interesses da empresa de diversas fonnas; QUE o Diretor também pode conceder diversos beneficios para a empresa, como comunicar-lhe previamente as obras que estão sendo projetadas, interceder em favor de seus interesses em outros segmentos da PETROBRAS, abrir um canal de comunicação e acelerar os seus pleitos; QUE, ademais, se a empresa não pagasse a propina, além de não ter a boa-vontade dos Diretores e não desfrutar dos beneficios reforidos, ela deixaria de ser prioridade para eles, pois outras empresas estavam pagando, e eles as priorizariam" (cópia anexa à cota de encaminhamento da denúncia).

9 Comissões de Apuração da PETROBRAS constataram impropriedades em contratos celebrados com empreiteiras no âmbito da Diretoria de Abastecimento da estatal, conforme Relatórios DIP DABAST 7012014 c 7112014 (cópia anexa à cota de encaminhamento da denúncia).

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de dinheiro em espécie ou da efetivação de pagamentos em bene­

ficio do destinatário, mediante desconto da comissão do operador.

De tal modo, ALBERTO YOUSSEF administrava um verdadeiro

"caixa de propinas" de PAULO ROBERTO COSTA, do PP e de

seus membros, que era utilizado para o repasse de vantagens inde­

vidas a agentes politicos, inclusive de outras agremiações partidá­

rias, os quais assim se tornavam verdadeiros "fiadores" de todo esse

estado de coisas - permanência de PAULO ROBERTO COSTA

no cargo e manutenção do esquema criminoso. 10

O repasse dos valores ilicitos pelas construtoras era em regra

disfarçado sob a forma de pagamentos por serviços fictícios, supos­

tamente prestados por empresas de fachada de ALBERTO YOUS­

SEE Nesse contexto, as empresas ENGEVIX ENGENHARIA

SI A, GALVÃO ENGENHARIA SI A, CONSTRUÇÕES E CO­

MÉRCIO CAMARGO CORRÊA SI A, UTC ENGENHARIA

SIA, OAS ENGENHARIA SIA e MENDES JÚNIOR TRA­

DING E ENGENHARIA SI A celebraram contratos fraudulentos

e efetuaram repasses para as pessoas jurídicas EMPREITEIRA

RIGIDEZ, MO CONSULTORIA, GFD INVESTIMENTOS e

RCI SOFTWARE (por vezes, com intermediação das pessoas ju­

rídicas SANKO SIDER e SANKO SERVIÇOS), que totalizaram

pelo menos R$ 62.146.567,80 (sessenta e dois milhões, cento e

quarenta e seis mil, quinhentos e sessenta e sete reais e oitenta

centavos), como estratégia de lavagem do dinheiro advindo da

10 Vide os termos mencionados ao longo desta denúncia, além do Termo de Colaboração n. 01 de ALBERTOYOUSSEF (fls. 45/50)

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corrupção. I! Essas operações ensejavam a ALBERTO YOUSSEF a

disponibilidade de numerário em espécie, para entrega (por trans­

portadores de dinheiro) sobretudo a PAULO ROBERTO

COSTA e a agentes políticos, por ordem daquele. 12

Evidentemente, os agentes políticos que contribuíram

para o funcionamento do esquema criminoso, notadamente

11 Os contratos e notas fiscais fictícias das empreiteiras com empresas de fa­chada de ALBERTO YOUSSEF, bem como as informações sobre os res­pectivos pagamentos, encontram-se na mídia anexada à cota de encami­nhamento da denúncia. Os dados bancários das empresas de fachada do doleiro e das empresas SANKO SIDER e SANKO SERVIÇOS também encontram-se em mídia anexada à cota de encamínhamcnto da denúncia. Especificamente em relação à MENDES JÚNIOR, um dos diretores da empreiteira, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA; afirmou: "QUE em maio ou junho de 2011, encontrava-se na sede da empresa quando recebeu deter­minação do vice-Presidente da empresa SERGIO MENDES para que fosse ao escritório da MENDES JUNIOR em São PaulolSP; QUE SERGIO MEN­DES informou que PAULO ROBERTO COSTA Diretor de Abastecimento da PETROBRAS, ligou informando que estaria mandando um emissário para parti­cipar de uma reunião, pois queria conversar com ele (SERGIO MENDES); QUE ao chegar na reunião o declarante se deparou com SERGIO MENDES e o referido emissário; QUE na ocasião SERGIO MENDES apresentou o emissá­rio como sendo a pessoa de 'PRIMO'; QUE na reunião o tal 'PRIMO' informou a SERGIO MENDES e ao declarante que para a empresa MENDES JUNI­OR receber valores de obras de aditivos e serviços realizados teria que desembolsar RI 8.000.000,00 (oito milhões de reais), caso contrário ficaria sem receber, pois PAULO ROBERTO COSTA não pautaria o assunto na reunião de Diretoria da PETROBRAS; (. . .) QUE SERGIO MENDES informou que avaliaria a situação e daria um retorno ao emissário de PAULO ROBERTO; QUE SER­GIO MENDES ligou para o declarante, após 15 dias, informando que obteve au­torização do DR. MURILO MENDES para pagar os RI 8.000.000,00 (oito milhões de reais); QUE na primeira reunião o 'PRIMO' informou que os paga­mentos seriam viabilizados mediante contratos fiáícios com 'uma empresa que ele, 'PRIMO', indicaria; (. . .) QUE todos os contratos eram efetivamente falsos, nunca tendo havido qualquer prestação de serviço de consultoria e assessoramento para a empresa MENDES JUNIOR" (cópia anexa à cota de encaminhamento da denúncia).

12 A apreensão de quase dois milhões de reais em espécie no escritório de ALBERTO YOUSSEF, na início da persccução, é ilustrativa de como o

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(4H!j

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no sentido de não interferir na nomeação de PAULO RO­

BERTO COSTA para a Diretoria de Abastecimento da PETRO­

BRAS, nem tampouco na continuidade do próprio esquema

criminoso, bem como de fornecer, na esteira do quanto já des­

crito, o apoio e a sustentação política necessários à manutenção de

PAULO ROBERTO COSTA no cargo, recebendo para tanto

vantagens indevidas (repasse de parte da propina) em razão de

funções desempenhadas ou por vir a despenhar, sobretudo no

topo da estrutura de comando do Governo Federal, através de es­

tratégias de lavagem de dinheiro (adotadas para operacionalizar o

pagamento e a destinação final dessas propinas, de forma oculta e

dissimulada), concorreram dolosa e decisivamente para a prática,

protagonizada por PAULO ROBERTO COSTA e ALBERTO

YOUSSEF, dos crimes previstos no art. 317, caput e § 1°, c/ c art.

327, § 2°, ambos do Código Penal, e no art. 1°, caput e § 4°, da Lei

n. 9.613/1998, além de serem eles próprios (agentes políticos e

eventuais colaboradores) protagonistas da prática desses mesmos

crimes, nas dimensões que lhes correspondem .

4. Propina repassada a VALDIR RAUPP DE MATOS,

Olediante estratégias de lavageOl de dinheiro, COOl auxílio

de MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA e PEDR0'ff!1

ROBERTO ROCHA ~

local funcionava como um centro de distribuição de propinas mediante estratégias de lavagem de dinheiro, em especial com o manejo de valores em espécie (Processo n. 5049557-14.2013.404.7000/PR, Evento 179,AP­INQPOLl, p. 1 a 20 e 40 - cópia anexa à cota de encaminhamento da denúncia).

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~----- -

Conforme acima detalhado, parte da propina paga pelas em­

pesas que contratavam na área da Diretoria de Abastecimento da

PETROBRAS, sobretudo entre os anos de 2006 e 2012, foi re­

passada a agentes políticos do PT e do PMDB, a fim de que,

em contrapartida, no exercício de suas funções (mesmo que o

repasse ocorresse antes da respectiva assunção), não interferissem na

nomeação de PAULO ROBERTO COSTA, nem na continuidade

do esquema criminoso, fornecendo, ainda que futara e contingen­

cialmente, na medida das necessidades, o apoio e a sustentação po­

lítica necessários para a manutenção daquele no cargo.

Os próprios líderes do Pp, principal agremiação responsável

pela indicação e manutenção de PAULO ROBERTO COSTA

no cargo, concordavam com tais repasses, pois tinham ciência de

que não conseguiriam essa permanência sem o concurso de ou­

tros agentes políticos, notadamente parlamentares importantes da

base de sustentação e ocupantes de funções de relevo do Governo

Federal. Por isso, PAULO ROBERTO COSTA possuía certa au­

tonomia para autorizar repasses extraordinários e episódicos

de propinas para agentes políticos do PT e do PMDB. 13

As situações em que ocorriam de forma mais intensa repasses

extraordinários e episódicos de propinas a agentes políticos eram

as eleições gerais, para escolha dos detentores de mandatos eletivos.

13 Segundo PAULO ROBERTO COSTA: "QUE, perguntado do porque teria uma certa autonomia na gestão dos recursos destinados a beneficiar políticos (um por cento) ao passo que as demais diretorias não o tinham, afirma que isso se dava em vista de sua indicação e permanência no cargo estar relacionada ao Partido dos Trabalhadores, ao Partido Progressista e ao PMDB" (fls. 16/18).

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o pagamento dessas propinas tinha por finalidade precípua justa­

mente assegurar a continuidade do esquema criminoso,

pois quanto mais "padrinhos" políticos - angariados com o repasse

de parte das propinas recebidas - PAULO ROBERTO COSTA

tivesse, maiores eram as possibilidades de permanência no cargo.

Nesse contexto, em 2010 (ano de eleições gerais), PAULO

ROBERTO COSTA, então Diretor de Abastecimento da PE­

TROBRAS, recebeu solicitação, oriunda de VALDIR

RAUPP DE MATOS, Senador pelo PMDB, de repasse de

vantagens indevidas, para serem destinadas ao custeio da cam­

panha do parlamentar ao Senado.

A solicitação da propina foi feita por intermédio de FER­

NANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES, que era bastante

próximo de PAULO ROBERTO COSTA e mantinha rela­

cionamento com VALDIR RAUPP DE MATOS, travando

frequentes contatos com o parlamentar e seus principais

assessores. Em um desses contatos, no gabinete do Senador em

Brasília - em data não precisamente identificada, situada entre o

final do primeiro semestre e o início do segundo semestre do ano

de 2010 -, VALDIR RAUPP DE MATTOS pediu que FER­

NANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES transmitisse a

PAULO ROBERTO COSTA solicitação de valores, que viriam

de empresas contratadas pela PETROBRAS no âmbito do es­

quema criminoso aqui descrito, para a campanha do parlamentar

'o S,n,do; ",o oCO',"U, confo'm, =,~"ido pdo co"bondo<, I 23 de 47

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porque "RAUPP sabia da relação e proximidade do declarante com

PAULO ROBERTO, assim como da sistemática existente na PETRO-

BRAS de benificiamento dos políticos em decorr~ncia das contratações"

(fls. 824/827).14

Importante destacar, neste ponto, que VALDIR RAUPP DE

MATTOS, procurando infirmar as palavras do colaborador, ne­

gou peremptoriamente, em sede policial, qualquer relaci­

onamento ou mesmo a existência de contatos com

FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES, alegando que

foi apresentado ao lobista uma vez, "nos corredores do Senado",

"tendo apenas tido esse único contato com ele" (fls. 429/434).

A versão veiculada por VALDIR RAUPP DE MATOS, na

tentativa de se desvincular de FERNANDO ANTÔNIO FAL­

CÃO SOARES, restou desmentida pelos dados obtidos com

medidas de afastamento de sigilo decretadas pelo Su­

premo Tribunal FederaPs, que confirmaram o quanto narrado

14 Inicialmente, PAULO ROBERTO COSTA não se recordava de como lhe havia sido transmitida a solicitação, tendo cogitado, sem certeza, de que partira de ALBERTO YOUSSEF - o que, quadra registrar, é natural em razão dos múltiplos fatos ilícitos em que esteve implicado, do tempo já transcorrido c da circunstância de que se trata de apenas um repasse extraordinário envolvendo VALDIR RAUPP DE MATOS. Com a colaboração de FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES, o ponto restou esclarecido, tendo PAULO ROBERTO COSTA confirmado que, de fato, pode ter sido o lobista quem lhe transmitiu a solicitação feita por VALDIR RAUPP DE MATOS, e que ele de fato pode, como lembrado por ALBERTO YOUSSEF, ter passado o telefone da assessora do parlamentar (MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA) ao doleiro, para a operacionalização do pagamento da propina (fls. 843/845).

15 AC n. 4113: medida cautelar para obtenção de dados teleronicos; AC n. 4095: medida cautelar para obtenção de dados relativos a hospedagem.

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(?t53

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pelo colaborador e demonstraram a veracidade de suas declara­

ções, em especial o relacionamento com o parlamentar e seus as­

sessores mais próximos, comprovando, além de frequentes contatos

telefônicos, um encontro entre VALDIR RAUPP DE MATOS e

FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES, no Rio de Ja-

neiro, realizado para tratar da contratação de uma empresa pela

PETROBRAS, exatamente como detalhado pelo colaborador. 16

Com efeito, em seus depoimentos FERNANDO ANTÔ­

NIO FALCÃO SOARES descreveu, com riqueza de detalhes,

como conheceu VALDIR RAUPP DE MATOS e o relaciona-

mento que passou a manter com ele, no bojo da tentativa de con­

tratação de uma empresa pela PETROBRAS17, esclarecendo que,

especialmente entre os anos de 2009 e 2012, manteve frequentes

contatos telefônicos e pessoais com o parlamentar e seus assessores

mais próximos, PEDRO ROBERTO ROCHA e MARIA CLÉIA

SANTOS DE OLIVEIRA (Apenso 01; fls. 824/827)18.

16 Considerando o prazo de cinco anos para armazenamento de dados pelas operadoras, não foi possível obter os registros teleronicos dos envolvidos para o ano de 2010, pois a colaboração de FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES somente foi finalizada no final de 2015. Os registros teleronicos do período subsequente, todavia, não deixam dúvidas do estreito relacionamento existente entre o lobista e VALDIR RAUPP DE MATOS, inclusive com reunião no Rio de Janeiro, exatamente como descrito pelo colaborador.

17 Os registros de entradas e reuniões de VALDIR RAUPP DE MATOS na PETROBRAS confirmam a ligação do parlamentar com a estatal, notadamente na intermediação de negócios, inclusive contando para tanto com o auxílio de MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA (fls. 485/491).

18 De acordo com FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES, PEDRO ROBERTO ROCHA compareceu diversas vezes ao seu escritório no Rio de Janeiro, enquanto MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA era

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Os registros telefônicos dos envolvidos revelaIn a existência

de nUInerosos contatos telefônicos de terIninais vinculados

a FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES COIn os te­

lefones do gabinete no Senado de VALDIR RAUPP DE

MATOS (61-33032253 e 61-33032252), beIn COInO COIn os

celulares do próprio parlaInentar (61-81735495) e de PE­

DRO ROBERTO ROCHA (61-99625508) (fls. 127/140 daAC

n.4113).

Também revelam que, no dia 13/0912012, assiIn que che­

gou para hospedar-se no Hotel Pestana no Rio de Janeiro (o

registro ocorreu por volta das 21:27 ..,. fls. 831/832), VALDIR

RAUPP DE MATOS ligou, de seu celular (61-81735495),

para FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES (21-

94586917) Oigação realizada às 21:26). As ERBs dos celulares de

FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES revelam ainda

que, minutos depois dessa ligação, o lobista encontrava-se na área

de cobertura daquele estabelecimento (a qual não costumava fre­

quentar), onde permaneceu pelo menos entre 21:37 e 22:18. Se­

gundo informações fornecidas pelo Hotel Pestana, VALDIR

RAUPP DE MATOS realizou o pagamento de despesa no lobby

bar - exatamente onde FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO

f4óS

SOARES alegou ter encontrado o parlamentar - às 22:36 daqUe:~.

dia (fls. 46/52 da AC n. 4095). ~

quem mais realizava contatos telefOnicos com o colaborador (fls. 824/827).

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Não restam dúvidas, pois, do estreito relacionamento de VAL­

DIR RAUPP DE MATOS e FERNANDO ANTÔNIO FAL­

CÃO SOARES - o qual foi também assentado por NESTOR

CUNAT CERVERÓ19 -, com contatos telefônicos e pessoais, in­

cluindo assessores, o que corrobora o dito pelo colaborador a

respeito da solicitação de propina emitida· a ele pelo parla­

mentar, para que transmitida a PAULO ROBERTO COSTA.

Assentada, então, a origem da solicitação de propina emitida

por VALDIR RAUPP DE MATOS em razão da sua função de

Senador, tem-se que FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOA­

RES, na sequência, transmitiu tal solicitação, no Rio de Janeiro, a

PAULO ROBERTO COSTA.

PAULO ROBERTO COSTA anuIU ao pagamento da

vantagem indevida solicitada por VALDIR RAUPP DE MATOS,

dada a importância do PMDB e do Senador para a sua

manutenção no cargo de Diretor de Abastecimento da PETRO­

BRAS, inclusive em perspectiva para o mandato presidencial e a

legislatura que se iniciariam no ano seguinte.20

19A ligação de VALDIR RAUPP DE MATTOS com FERNANDO AN­TÔNIO FALCÃO SOARES e a atuação do parlamentar na intermedia­ção de negócios na área da PETROBRAS e subsidiárias também foi con­firmada pelo colaborador NESTOR CUNAT CERVERÓ (Apenso 2).

20 Confiram-se declarações de PAULO ROBERTO COSTA: "QUE, quando veio ao conhecimento do declarante a solicitação do Senador Villdir Raupp no senti­do do repasse de RS 500.000,00 (quinhentos mil reais) para a campanha de 2010, o declarante sabia que o parlamentar era um polltico importante do PMDB; QUE, conforme já esclarecido em depoimentos anteriores, o. declarante tinha que atender às demandas que vinham dos partidos que lhe davam sustentação política, especialmente do PP e do PMDB; QUE o declarante não 'pagou para ver', mas

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,

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Lembre-se, nesse sentido, que o PMDB, agremiação da base

de sustentação do Governo Federal, também passara a ser respon-

sável pela manutenção de PAULO ROBERTO COSTA no cargo,

e que VALDIR RAUPP DE MATOS, à época, era Senador, forte

candidato à reeleição e nome de destaque do partido, ocupando

sua Vice-Presidência Nacional (tendo sido, anteriormente, líder da

legenda no Senado, e, posteriormente, seu Presidente Nacional).21

Fica clara, assim, a relevância do apoio político e da influência do

p~J,monw, quo pod,';,m '" fom~idm , PAULO ROBERTO fo possivelmente se não atendesse a essas demandas não conseguiria se manter no car­go de Diretor da PETROBRAS; QUE foi nesse contexto, de ter de atender às de­mandas dos partidos que Ilte davam sustentação, e de se tratar o Senador Váldir Raupp de um político importante do PMDB, que atendeu à solicitação de repasse de RI 500.000,00 (quinhentos mil reais) para a campanha de 2010, advinda de tal parlamentar; QUE a sustentação ao declarante vinha, em conjunto com o Pp, do PMDB do Senado, o que também justifica a necessidade de atender à solicitação do Senador Váldir Raupp" (fls. 843/845). ALBERTOYOUSSEF acrescentou, em depoimento prestado no Inquérito n. 3989, que as lideranças do PMDB se utilizaram da "possibilidade de retirar PAULO.ROBERTO do cargo para cobrar dele percentuais nos contratos celebrados pela Diretoria de Abastecimen­to" (cópia anexada à cota de encaminhamento da denúncia).

21 A importância de VALDIR RAUPP DE MATOS para a manutenção de PAULO ROBERTO COSTA no cargo também pode ser verificada pelas declarações do colaborador DELCÍDIO DO AMARAL GOMEZ, o qual informou que "a bancada do PMDB no Senado tem um núcleo duro composto por Renan, Romero Jucá, Eun(cio Oliveira, Raupp e Lobão; QUE esse núcleo so­fre influência do ex-presidente Sarney; QUE esse núcleo monopoliza as nomeações do Governo Federal, não apenas nas empresas de energia, mas também nas agênci­as reguladoras e Ministérios" (fls. 1136/1142).Vale notar que também foi cita­do o envolvimento de VALDIR RAUPP DE MATOS em outros ilícitos no bojo da "Operação Lava Jato", pelos colaboradores DELCÍDIO DO AMARAL GOMEZ (recebimento de propinas relativas à construção da hidrelétrica de Belo Monte - Termo de Colaboração n. 08 - documento anexo à cota de encaminhamento da denúncia) e NESTOR CuNAT CERVERÓ (recebimento de propinas relativas à contratação de empresas de tecnologia da informação pela BR DISTRIBUIDORA - Apenso 02).

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COSTA (no mínimo, com a não-interferência em sua nomeação),

como contrapartida ao pagamento da propina solicitada.

Para o repasse da propina, PAULO ROBERTO COSTA,

como de praxe, encarregou ALBERTO YOUSSEF de operaciona-

lizar o pagamento, até porque o doleiro, como visto, administrava o

"caixa de propinas" do PP (quantias ilicitas devidas por empresas

que contratavam na área da Diretoria de Abastecimento da PE­

TROBRAS), de onde saíram os valores em questão .

VALDIR RAUPP DE MATOS, por sua vez, inclusive para

tentar evitar a identificação de sua vinculação com os fatos, en­

carregou seus assessores de confiança, MARIA cLÉIA

SANTOS DE OLIVEIRA e PEDRO ROBERTO ROCHA,

envolvidos na arrecadação de recursos para o parlamen­

tar, de realizar os procedimentos necessários para operaci­

onalização do pagamento. Nesse particular, MARIA CLÉIA

SANTOS DE OLIVEIRA foi encarregada de realizar os contatos

com ALBERTO YOUSSEF.

ALBERTO YOUSSEF e MARIA CLÉIA SANTOS DE

OLIVEIRA, então, passaram a tratar da operaci~nalização do pa-

gamento da propina a VALDIR RAUPP DE MATOS. Para tanto,

mantiveram contatos telefônicos e se encontraram no escritório ír)/' do doleiro, então situado na Av. São Gabriel, 149, em São Paulo.22 ~

22 Conquanto não tenham sido localizados registros de entradas de MARIA CÉLIA SANTOS DE OLIVEIRA no escritório de ALBERTO YOUS­SEF (fl. 484), o próprio doi ciro esclareceu que ela pode ter ingressado pela garagem (fls. 468/471), e a Polícia Federal, após analisar os registros subja-

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Como havia um saldo de propinas que deveriam ser pagas

pela empresa QUEIROZ GALVÃO em razão de contratações

realizadas na área d~ Diretoria de Abastecimento da PE­

TROBRAS, ALBERTO YOUSSEF definiu que os valores a se­

rem repassados a VALDIR RAUPP DE MATOS sairiam desse

montante, o qual a construtora desejava pagar disfarçado de do­

ações eleitorais "oficiais". ALBERTO YOUSSEF expôs a situ­

ação a MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA, que a levou a

VALDIR RAUPP DE MATOS, tendo o parlamentar concordado

que o repasse da propina fosse feito dessa forma e indicado, para

tanto, inclusive para tentar evitar a identificação de sua vinculação

com os fatos, que as doações fossem realizadas em favor do Di­

retório Estadual do PMDB de Rondônia, comandado pelo

Senador.23

Seguindo as orientações de VALDIR RAUPP DE MATOS,

MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVERIA informou a AL-

BERTO YOUSSEF a concordância do parlamentar com a realiza­

ção do pagamento da propina mediante doação eleitoral "oficial"

centes, assentou que "tudo indica que o sistema ainda estava em fase de imple­mentação até o dia 13/0912010, pois de março de 2010 lité 13 de setembro da­quele ano, aparecem apenas 36 registros de entrada no prédio" (fls. 721/722).

23 O pagamento da propina disfarçada de doação el,útoral "oficial" c a intermediação do Diretório Estadual do PMDB de Rondónia inseriam-se no bojo das diversas estratégias de lavagem de dinheiro manejadas no caso - sendo certo que VALDIR RAUPP DE MATOS, Presidente do diretório e responsável pela sua administração financeira na campanha de 2010 (fls. 553/556), era o beneficiário final dos valores. Aliás, ,) Diretório Estadual do PMDB de Rondônia recebeu, em 2010, R$ 2.051,000,00 em doações, tendo doado para a campanha do denunciado R$ 1.329.938,87 (tabelas anexas à cota de encaminhamento da denúncia).

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e a instrução de que tal fosse feito em nome do Diretório Esta­

dual do PMDB de Rondônia.24

No ponto, tem-se que, como já fizera em relação ao colabo­

rador FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES, VALDIR

RAUPP DE MATOS, em sede policial, procurou desqualificar as

declarações de ALBERTO YOUSSEF, afirmando «com certeza,

que 'duvida que MARIA CLÉIA tenha estado no escritório dele'"

(fls. 429/434). Novamente, a versão do parlamentar restou

desmentida pelos registros de ligações telefônicas dos envolvidos,

obtidos mediante autorização do Supremo Tribunal Federal, que

confirmaram as declarações do colaborador.

24 Confiram-se passagens de declarações de ALBERTO YOUSSEF: "Quanto às doações de campanha feitas a ele [VALDIR RAUPP DE MATOS] por in­termédio da Queiroz Calvão,Joi a pedido de PAULO ROBERTO COSIi! e foi descontado dos valores dos contratos r!ferentes à PETROBRAS por conta da propina que a QUEIROZ CALVÃO teria que pagar à diretoria de abastecimen­to; [ ... ] essa assessora [MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA] foi quem passou os dados para onde deveriam ser feitos os depósitos e emitiu e providenciou os recibos para que fosse regularizada a doação; [ ... ] No caso da doação para VAL­DIR RAUPI~ havia uma dívida da QUEIROZ CALVÃO com o Partido Pro­gressista e com a Diretoria de Abastecimento e essa 'doação' foi usada como parte do pagamento desta dívida; QUE o declarante procurou OTHON para ver como seria feita essa 'doação'lpagamento e OTHON disse que, naquele momento, só poderia fazer o pagamento da divida que tinha de modo coino doação oficial para o partido ou o próprio político" (fls. 468/471); "quem indicou que a doação destina­da a VALDIR RAUPP fosse feita para o Diretório do PMDBIRO foi a assesso­ra, depois de retornar a Brasília e falar com o Senador" (fls. 5441546); "QUE to­dos os valores repassados [a VALDIR RAUPP DE MATOS] são provenientes de vantagens indevidas decorrentes do esq.wna existente na PETROBRAS; [ ... ] QUE questionado se todas essas pessoas que receberam tais valores tinham consci­ência de que os valores foram repassados do esquema da PETROBRAS, o decla­rante responde que 'com certeza'" (fls. 71/75).

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Com efeito, ALBERTO YOUSSEF, em suas primeiras de­

clarações,já informara, antes mesmo da deflagração das investiga­

ções, quando nada havia em relação a MARIA CLÉIA SANTOS

DE OLIVEIRA, que os contatos para a operacionalização do pa­

gamento da propina haviam sido realizados com "a assessora de

VALDIR RAUPp, uma senhora que trabalharia com ele há bastante

tempo" (fls. 71/75). A Polícia Federal, então, seguindo as carac­

terísticas apontadas por ALBERTO YOUSSEF, logrou identifi­

car, dentre inúmeros assessores de VALDIR RAUPP DE MATOS

(fls. 463/466), MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA como,

possivelmente, a assessora delatada (fls. 296/331) - tendo o cola­

borador a reconhecido (fl. 437).

Identificada MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA, afi-

gurava-se pouco provável a comprovação de seus contatos com

ALBERTO YOUSSEF - dado o tempo transcorrido e a circuns­

tância de que o doleiro fazia uso de dezenas de telefones, em

nome de terceiros, trocados periodicamente, justamente para evi­

tar rastreamento, não havendo um terminal específico para falar

com a denunciada (fs. 468/471; fls. 51/57 da AC n. 4022). Certa­

mente por isso,VALDIR RAUPP DE MATOS foi tão categórico

ao negar qualquer vinculação de sua assessora com o doleiro.

Ocorre que o afastamento do sigilo de dados telefônicos de

MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA revelou que a denun-

ciada se deslocou de Brasília para São Paulo em 13/0812010, re­

'om'ndo ",n , api,," rod",J no m"mo d". Logo ,pm ChO

r 32 de 47

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São Paulo, MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA, por meio

de seu celular (61-99566492), fez duas chamadas, às 13:46:20 e às

14:41 :42, para um terminal de São Paulo, habilitado em nome de

CÍCERA ROSANGELA DA SILVA (11-84982226). Conforme

apurado, inclusive com o afastamento do sigilo subjacente, tal ter­

minal era, na verdade, utilizado por ALBERTOYOUSSEE25

Importante frisar ainda, no ponto, que, na data desse encontro

de MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA com ALBERTO

YOUSSEF (13/08/2010), a denunciada manteve diversos contatos

com VALDIR RAUPP DE MATTOS ao longo do dia (fls.

230/241 da AC n. 3874), o que demonstra que o parlamentar co-

mandava e controlava pari passu as ações de sua assessora.

Os elementos carreados, assim, confirmaram a dinâmica

apresentada por ALBERTO YOUSSEF, revelando que MA­

RIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA foi a São Paulo em

13/08/2010 para reunir-se com o doleiro, tendo mantido

contatos teleronicos com ele logo ao chegar à capital pau­

lista e retornado a Brasília no mesmo dia. MARIA CLÉIA

SANTOS DE OLIVEIRA ainda manteve ao menos mais dois

contatos com o terminal em tela (11-84982226), que era utilizado

25 O sigilo telefônico de MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA foi afastado na AC n. 3874. CÍCERA ROSANGELA DA SILVA negou que tenha habilitado tal terminal (que permaneceu ativo apenas por cerca de um ano, entre 2010 e 2011) e afirmou não conhecer MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA (fls. 135/136 da AC n. 4022). Conforme demonstrado no relatório de fls. 124/129 da AC n. 4022, verificou-se, a partir de diversas circunstâncias, como a análise das ligações envolvendo tal terminal, que ele foi habilitado e utilizado por ALBERTOYOUSSEF.

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por ALBERTOYOUSSEF, no dia 01109/2010, data que também

se relaciona à dinâmica de desenvolvimento dos fatos - como adi-

ante delineado.

Agindo, então, nos termos acertados com MARIA CLÉIA

SANTOS DE OLIVEIRA - que repassou os dados para as trans­

ferências do numerário _26, ALBERTO YOUSSEF instruiu a em­

presa QUEIROZ GALVÃO a realizar doação eleitoral "oficial" ao

Diretório Estadual do PMDB de Rondônia, no valor de R$

500.000,00, descontando esse montante do saldo devido pela

construtora ao PP em razão de contratos firmados na área da Di-

retoria de Abastecimento da PETROBRAS.

O pagamento da propina restou concretizado com a

realização de duas doações eleitorais "oficiais" pela em­

presa QUEIROZ GALVÃO em favor do Diretório Esta­

dual do PMDB de Rondônia, nos dias 27/08/2010 e

01/09/2010, nos valores, respectivamente, de R$ 300.000,00 (tre­

zentos mil reais) e R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

PEDRO ROBERTO ROCHA, seguindo orientações

de VALDIR RAUPP DE MATOS - após, inclusive, solici- JJ..y. tação transmitida por ALBERTO YOUSSEF a MARIA >f\ 26 Segundo ALBERTO YOUSSEF: "Que essa assessora foi quem passou os dados

para onde deviam ser feitos 05 depósitos e emitiu e providenciou 05 recibos para que fosse regularizada a doação" (fls. 468/471).Vale notar que, em doação realiza­da pela empresa lESA (também implicada na "Operação Lava Jato"), foi MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA quem indicou que o benefi­ciário deveria ser o Diretório Estadual do PMDB de Rondônia, passando os dados para a transferência do numerário (fls. 605/608) - exatamente como narrado por ALBERTOYOUSSEF em relação à propina em tela.

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CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA, como adiante delineado -,

emitiu os recibos relativos a tais doações (fls. 557/558). A

emissão dos recibos por PEDRO ROBERTO ROCHA, e não

por MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA, também tinha

por finalidade evitar a identificação da natureza escusa dos valores

envolvidos, uma vez que esta tinha mantido os contatos, pessoais e

telefônicos, com ALBERTO YOUSSEF.27

Destaque-se que PEDRO ROBERTO ROCHA, além de

ser cunhado de VALDIR RAUPP DE MATOS (irmão da esposa

do Senador), era à época dos fatos, na esteira das declarações de

FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES, o assessor mais

próximo do parlamentar, cuidando inclusive da captação de recur­

sos para suas campanhas (fls. 824/827). Ele e MARIA CLÉIA

SANTOS DE OLIVEIRA eram os auxiliares de confiança de

VALDIR RAUPP DE MATOS.

Em sede policial, tanto MARIA CLEIA SANTOS DE OLI­

VEIRA (fls. 714/715) quanto PEDRO ROBERTO ROCHA (fl.

751) optaram por permanecer em silêncio .

Por fim, afastando qualquer dúvida em relação ao efetivo pa­

gamento da propina em tela, tem-se que ele acabou sendo regis-

trado em agenda de PAULO ROBERTO COSTA, arrecadada

27 MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA poderia ter emitido os reci­bos, como fez, por exemplo, em relação a doações realizadas, na mesma época, pela empresa lESA (também implicada na "Operação Lava Jato") ao Diretório Estadual do PMDB de Rondônia. Aliás, a operacionalização des­sa doação confirma que MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA atuou ativamente no recebimento de recursos para a campanha de V AL­DIR RAUPP DE MATOS ao Senado em 2010 (fls. 605/608).

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mediante busca e apreensão. Confira-se o que disse PAULO RO­

BERTO COSTA:" QUE, mostrada a agenda do depoente apreendida

pela Polícia Federal, na parte em que consta uma lista de siglas acompa­

nhadas de números, ele ressaltou que copiou a riferida lista de uma tabela

que se encontrava no escrit6rio de Alberto Youssif; QUE normalmente Al­

berto Youssif não apresentava ao depoente essas tabelas de repasse de valo­

res; QUE o depoente copiou a tabela para ter uma noção do que havia

sido repassado a agentes políticos, que viviam perturbando o depoente"

(fls. 51/58). Sobre os fatos aqui tratados, ele declarou QUE o paga­

mento de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) acima mencionado foi

registrado em sua agenda apreendida na Operação Lava Jato, com a ano­

tação '0,5 WR', ou seja, quinhentos mil reais para VALDIR RAUPp,

tendo anotado a letra W por na época acreditar que VALDIR fosse com

W" (fls. 16/18).

Cabe reproduzir a imagem das páginas da agenda que con­

têm o registro em questão (fl. 83 - seta acrescentada):

I~ (oL;".:; .. s~ I'SO<l>~.~

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ALBERTO YOUSSEF confirmou as declarações de PAULO

ROBERTO COSTA, esclarecendo como este efetuou as anota­

ções na agenda apreendida: "QUE mostrada uma tabela constante na

agenda de PAULO ROBERTO COSTA, que ora é juntada em anexo,

o declarante confirma que tais valores conferem com os apontados pelo de-

clarante; QUE confirma que PAULO ROBERTO COSTA fez tais

anotações a partir de um 'batimento de contas' que o declarante fez com

PAULO ROBERTO COSTA, em 2010, durante a campanha; QUE

durante a campanha era o perfodo que mais fizeram reuniões, pois havia

muitas demandas e estavam sempre tratando do levantamento de valores;

[ ... ] QUE a anotação '0,5 WR' diz respeito ao pagamento para VAL­

DIR RAUPP" (fls. 93/100).

Frise-se que essa agenda foi apreendida no início da deno-

minada "Operação Lava Jato", quando PAULO ROBERTO

COSTA nem sequer era colaborador, perfazendo, assim, um

importante elemento de prova, que vem a complementar as decla-

rações dos colaboradores e se ajusta perfeitamente às demais evi-

dências carreadas aos autos. A indicação da sigla "WR" em meio a

siglas que se referem a candidatos nas eleições de 201028, ao lado

do valor "0,5" (quando há exatamente doação de R$ 500.000,00

(466

em favor de VALDIR RAUPP DE MATOS, através do Diretório

Estadual do PMDB de Rondônia), é elo quente quanto à con- j~ firmação da solicitação e do pagamento da propina. ~

28 Segundo os colaboradores, as siglas referem-se a JOÃO PIZZOLATTI, MÁRIO NEGROMONTE, PEDRO CORREA, NELSON MEURER, BENEDITO LIRA, TIÃO VIANA e PAULO BERNARDO/GLEISI HOFFMANN.

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Além disso, constam nos autos mensagens, eletrônicas tro-

cadas por ALBERTO YOUSSEF (que confessadamente usava

o e-mail [email protected]) e OTHON ZANOIDE DE

MORAES FILHO (então responsável, na empresa QUEIROZ

GALVÃO, por tratar com o doleiro das doações eleitorais "oficiais"

para o PP), que diz respeito ao pagamento da propina aqui nar­

rado. Numa das mensagens, após passar instruções ao doleiro a

respeito de como deveriam ser emitidos os recibos (fi. 81),

OTHON ZANOIDE DE MORAES FILHO solicita o recibo

relativo à doação eleitoral "oficial" feita em 27/0812010 em fa­

vor do Diretório Estadual do PMDB de Rondônia - a qual,

como visto, perfazia, na verdade, o pagamento de propina em fa-

vor de VALDIR RAUPP DE MATOS. Confira-se (fi. 79):

PRIMO

A ::'IegLIlr {!IlclaçtuJ rJm$ recibos fal1anlas. dasdc la agradeço <J aJ\ld~

500 000

2. ALINE COHR6"A 2:;0000

3 ~ ROegRTO 'rr:IXr:IRA 250000

./1 • NELSON Ml:UHE:.U 500_000

5 _ P P DE. PERNAMBUCO 100.000

6 • ROBI:;;H.I'Q l3HITQ. 100.000

•• 7 _ OIHE:l0T-(IO NACIONAL fi. r'HOORESSISTA 2.0'10.000

a - P M o [) De I'~ONOONIA lOO 000

I\BI~ÇOS

OtllOI1 .lanohlp. UI'! MO'31'l1 r IIho Qi,.,[DIGmlll

• .>!f(:!!oliil de "e!>,-nvolvin1f'nln Coonr.rd:'ll- oeor' : ,_ - Construlom OUQIIIIJ' nalvim S A

11!1; S5 21 2212-8654 F~".: SS 212131.7121 ~.f!J!W~

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I

Note-se que tal mensagem foi enviada em 30/08/2010; no dia

01109/2010, às 07:16:13, ALBERTO YOUSSEF, fazendo uso do

terminal 11-84982262, ligou para o celular de MARIA CLÉIA

SANTOS DE OLIVEIRA (61-99566492), tendo a denunciada,

logo depois, às 08:02:12, ligado para o doleiro; no dia seguinte, o

recibo relativo à doação em questão foi emitido por PEDRO RO­

BERTO ROCHA, em nome da empresa QUEIROZ GALVÃO

(fi. 558), exatamente de acordo com as instruções passadas por

OTHON ZANOIDE DE MORAES FILHO a ALBERTO

YOUSSEF (fi. 81). Na data da emissão desse recibo (02/09/2010),

MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA ligou para PEDRO

ROBERTO ROCHA, às 09:09:30 (fls. 230/241 daAC n. 3874).

Além disso, a data dos contatos telefônicos mantidos na oca­

sião entre MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA e AL­

BERTO YOUSSEF (01/09/2010) também coincide com a data

de pagamento da segunda parcela da propina em questão (doação

de R$ 200.000,00 em favor do Diretório Estadual do PMDB de

Rondônia) .

A respeito dessa troca de mensagens, ALBERTO YOUSSEF

declarou (fls. 71/75):

QUE inclusive há um e-mail em que OTHON ZANOIDE cobra recibos de valores que já haviam sido pagos e que os candidatos não tinham entregues os recibos; QUE mostrado ao declarante o e-mail do dia 30 de agosto de' 2010, a partir da conta [email protected], o declarante confirma que se trata deste repasse de vantagens indevidas; QUE em relação ao e-mail do dia 17 de agosto de 2010, com o as-

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sunto 'conta doação de campanha - primo', o declarante in­forma que está repassando a conta do Diretório Nacional do PP para pagamentos pela QUEIROZ GALVÃO; QUE em seguida há outro e-mai!, datado de 30/0812010, em que OTHON ZANOIDE solicita os recibos faltantes, em nome [ ... ] e PMDB DE RONDÔNIA (R$ 300.000,00); QUE essa lista é dos recibos faltantes, ou seja, das pessoas que tinha recebido os valores da QUEIROZ GALVÃO, como doação 'oficial', mas que ainda não haviam enviado seus recibos para a construtora; [ ... ] QUE o valor repassado ao PMDB de RONDÔNIA,· de R$ 300.000,00, era para VALDIR RAUPP; QUE ainda houve um outro repasse por meio de doação de campanha de R$ 200.000,00 para VALDIR RAUPP; QUE todos os valores repassados são provenientes de vantagens indevidas decorrentes do esquema existente na PETROBRAS;

A cobrança a ALBERTO YOUSSEF, pelo representante da

empresa QUEIROZ GALVÃO, do recibo da "doação" feita ao

Diretório Estadual do PMDB de Rondônia não deixa dúvidas

de que foi o doleiro quem a operacionalizou. Aliás, o pró­

prio OTHON ZANOIDE DE MORAES FILHO - embora,

como é natural, tenha procurado afastar qualquer ilicitude em suas

condutas -, acabou por confirmar que, como representante da

empresa QUEIROZ GALVÃO e responsável por tratar com AL­

BERTO YOUSSEF de doações para o PP, causou-lhe estranheza

constar na relação passada pelo doleiro a solicitação de doação

para o Diretório Estadual do PMDB de Rondônia; ele também

confirmou que, de fato, trocou com o doleiro as mensagens acima

citadas, cobrando os recibos das doações (fls. 457/460).

No ponto, lembre-se que, conforme antes descrito, as doa­

ções eleitorais supostamente "oficiais" foram utilizadas para paga-

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mento de propinas a agentes políticos nas épocas de eleições gerais

- sendo certo, inclusive, que essa sistemática já deu ensejo ao ofe­

recimento de denúncias em face de outros agentes políticos, no

âmbito da Operação Lava Jato. 29 É fora de dúvida que o agente

político que solicita a dirigente de estatal vultosas somas para sua

campanha eleitoral, sem nunca se dirigir diretamente à empresa

doadora, sabe que este se valeu de sua função pública para obter,

junto a empresa fornecedora da estatal, a vantagem - portanto, ilí­

cita. As tratativas para operacionalização do pagamento com um

doleiro, cercadas de cuidados para ocultação dessas circunstâncias,

reforça ainda mais tal conclusão. O fato de a propina ser paga sob

a forma de doação eleitoral "oficial" é irrelevante para a análise da

tipicidade da corrupção passiva: trata-se apenas de método de dis­

farce do recebimento, que não descaracteriza a ilicitude, haja vista

a circunstância em que foi pactuada (solicitada e anuída). 30

Novamente, vale transcrever passagem das declarações de AL-

BERTOYOUSSEF (fls. 344/349):

QUE o declarante ressalta que nas épocas de campanha elei-toral, nos anos de 2006 e 2010, também era utilizado pelas empreiteiras cartelizadas o subterfúgio de efetuar doações r oficiais para fazer frente aos repasses de propinas; QUE tais doações eram efetuadas tanto ao Partido Progressista (nacio-nal ou estaduais) quanto diretamente aos próprios parlamen-

29 Cite-se, por exemplo, NELSON MEURER (Inquérito n. 3997) e JOÃO ALBERTO PIZZOLATTI JUNIOR e MÁRIO SILVIO MENDES NEGROMONTE (Inquérito n. 3992), denunciados perante o Supremo Tribunal Federal.

30 Vide também as fls. 84/89. RICARDO RIBEIRO PESSOA confirmou a utilização do sistema eleitoral para o pagamento de propinas (fls. 882/892).

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. ,

tares; QUE tais doações oficiais eram deduzidas pelo decla­rante do percentual a receber das empreiteiras, em decorrên­cia de contratos firmados com a PETROBRAS; QUE questionado acerca de parlamentares específicos que recebe­ram propinas por intermédio de doações oficiais, o decla­rante mencionou MARIO NEGROMONTE, NELSON MEURER,]OÃO PIZZOLATI,ALINE CORREA,]OSE OTAVIO GERMANO e LUIZ FERNANDO; QUE tam­bém afirmou que, a pedido de PAULO ROBERTO COSTA, também foi efetuado pela empreiteira QUEIROZ GALVÃO doação oficial a VALDIR RAUPp, do PMDB, mas cujo valor na realidade se tratava de pagamento indevido de­corrente de comissionamento de contrato firmado com a PETROBRAS;

Não há dúvidas, portanto, de que o sistema eleitoral foi utili­

zado, no caso, para o pagamento disfarçado da propina em favor

de VALDIR RAUPP DE MATOS31•

Dessarte, os elementos carreados evidenciam que VALDIR

RAUPP DE MATOS, com o auxílio de MARIA CLÉIA SAN­

TOS DE OLIVEIRA e PEDRO ROBERTO ROCHA, que agi-

ram seguindo as determinações do parlamentar, solicitou e recebeu

vantagem indevida em razão de sua função pública (Senador), no

montante de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), destinado à

sua campanha ao Senado, no âmbito do esquema criminoso esta­

belecido "' Direm'" '"' Ab,,,,dn"n'" '" PETROBRAS. A, ~

31 PAULO ROBERTO COSTA foi categórico ao afirmar a efetiva ocorrên­cia do pagamento da propina solicitada por VALDIR RAUPP DE MA­TOS, com valores referentes à PETROBRAS (fls. 49/50 e 492/496), adu­zindo que "tem certeza de que os valores foram de fato pagos, pois estavam regis­trados em uma tabela de Alberto Youssef e porque não houve cobrança posterior por parte do Senador Villdi, Raupp" (fls. 843/845). FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES também aduziu que VALDIR RAUPP DE MATOS confirmou a ele a efetivação do pagamento da propina (Apenso 01).

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cunstâncias plasmadas não deixam dúvidas de que os denunciados

tinham total conhecimento de todos os aspectos ilícitos envolvidos

e agiram de forma concertada, mediante divisão de tarefas. A soli­

citação ocorreu entre o final do primeiro semestre e o início do

segundo semestre de 2010 e o recebimento deu-se mediante duas

doações eleitorais "oficiais" realizadas nos dias 27/0812010 e

01/0912010 em favor do Diretório Estadual do PMDB de Ron­

dônia, nos valores, respectivamente, de R$ 300.000,00 (trezentos

mil reais) e R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). A sistemática de

pagamento da propina foi concebida por todos os envolvidos para

ocultar e dissimular a natureza e origem das quantias ilícitas, con­

substanciadas em propina (corrupção passiva), a qual foi disponibi­

lizada por intermédio de organização criminosa.

5. Tipificação das condutas

Assim agindo, VALDIR RAUPP DE MATOS, MARIA

CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA e PEDRO ROBERTO RO­

CHA praticaram, na forma dos arts. 29 e 69 do Código Penal, os

crimes previstos no art. 317, caput e § 1° (cumulado com o art .

327, § 2°, do Código Penal), e no art. 1°, caput e § 4°, da Lei n.

9.613/1998, incidindo para o primeiro, cujo' grau de culpabili­

dade, dada a função pública exercida, é mais elevado (art. 59 do

Código Penal), a circunstância agravante do art. 62, I, do Código

Penal.

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, . • 1...,

6. Pedidos

Demonstrada a existência de elementos suficientes de materi-

alidade e autoria delitivas, o PROCURADOR-GERAL DA RE­

PÚBLICA oferece a presente denúncia contra VALDIR RAUPP

DE MATOS, MARIA CLÉIA SANTOS DE OLIVEIRA e PE­

DRO ROBERTO ROCHA, bem como requer:

1) a notificação dos denunciados para oferecerem resposta

escrita no prazo de 15 (quinze dias);

2) o recebimento da denúncia, com a comunicação do fato à

Polícia Federal para devido registro em seus sistemas;

3) a citação dos acusados para acompanhamento da instrução,

nos termos dos arts. 10 a 12 da Lei n. 8.038/1990 e do dis-

posto no Código de Processo Penal;

4) durante a instrução do feito, a adoção das seguintes dili­

gências: a) oitiva das testemunhas abaixo arroladas; b) outras

medidas que venham a ser consideradas necessárias;

5) ao final, a condenação dos acusados às penas dos crimes

acima delineados;

6) a condenação dos acusados à reparação dos danos materi­

ais e morais causados por suas condutas, nos termos do art.

387, inciso IV, do Código de Processo Penal, fixando-se um

valor mínimo equivalente ao montante cobrado a título de

propina no caso, no patamar de R$ 500.000,00 (quinhentos

rf()-. 44 de 47

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.' . , .

mil reais) para os danos materiais e de R$ 500.000,00 (qui­

nhentos mil reais) para os danos morais, j~ que os prejuízos

decorrentes da corrupção são difusos (lesões à ordem econô­

mica, à administração da justiça e à administração pública, in­

clusive à respeitabilidade do parlamento perante a sociedade

brasileira), sendo dificilmente quantificados;

7) a decretação da perda da função pública para os condena­

dos detentores de cargo ou emprego público ou mandato

eletivo, principalmente por terem agido com violação de seus

deveres para com o Poder Público e a sociedade, nos termos

do art. 92 do Código Penal.

o não-oferecimento da denúncia em face de outras pessoas

ou em relação a outros fatos não importa em arquivamento implí­

cito. Reserva-se o órgão ministerial a possibilidade de aditamento

da peça acusatória em momento oportuno, caso smjam elementos

suficientes para tanto .

Rodrigo janot Mon eiro de Barros ,

Procurador-Geral da República

&n

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~~ .. • •

ROL DE TESTEMUNHAS:

a) ALBERTO YOUSSEF (colaborador), brasileiro, ex-doleiro, ins­crito no CPF/MF sob o n. 532.050.659-72,residente na Rua Monso Braz, n. 714, apartamento 111A,Vila Conceição, São Paulo, São Paulo, com domicílio profissional na sede da empresa GFD Investimentos Ltda., localizada na Rua Dr. Renato Paes de Barros, n. 778, 2° andar, Itaim Bibi, São Paulo, São Paulo, atualmente preso na carceragem da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Paraná, na Rua Professora Sandália Monzon, n. 210, Santa Cândida, Curitiba, Paraná;

b) PAULO ROBERTO COSTA (colaborador), brasileiro, ex­Diretor de Abastecimento da PETROBRAS, inscrito no CPF/MF sob o n. 302.612.879-15, residente na Rua Ivando de Azambuja, Condominio Rio Mar IX, Casa 30, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, atualmente recolhido em prisão domiciliar;

c) RICARDO RIBEIRO PESSOA (colaborador), brasileiro, em­presário, inscrito no CPF/MF sob o n. 063.870.395-68, residente na Alameda Ministro Rocha Azevedo, n. 872, apartamento 141, Jardins, São Paulo, São Paulo, com domicílio profissional na sede da empresa UTC Engenharia SI A, localizada na Avenida Alfredo Egídio de Souza Aranha, n. 384, Chácara Santo Antônio, São Paulo, São Paulo;

d) PEDRO DA SILVA CORREA DE OLIVEIRA ANDRADE NETO, brasileiro, portador do RG 559448SSP/PE, CPF n° 004.458.604-30, residente e domiciliado na Av. Boa Viagem, 2314, apartamento 901, Boa Viagem, Recife - PE, atualmente recolhido na carceragem da Superintendência Regional da Polícia Federal

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.. .. \

\

no Paraná, localizada na Rua Professora Sandália Monzon, n. 210, Santa Cândida, Curitiba, Paraná;

e) DELCÍDIO DO AMARAL GOMEZ (colaborador), brasileiro, Senador, casado, nascido em 08/02/1955, portador do RG 4690013, CPF n° 011.279.828-42, residente na rua Rodolfo José Pinho, 1330, casa 4, Jardim Bela Vista, Campo Grande, Mato Grosso do Sul;

f) ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, brasileiro, engenheiro eletricista, inscrito no CPF/MF sob o n. 214.981.1344-00, resi­dente e domiciliado na Avenida Boa Viagem, n. 3854, apartamento 101, Boa Viagem, Recife, Pernambuco;

g) FERNANDO ANTÔNIO FALCÃO SOARES (colaborador), brasileiro, empresário, inscrito no CPF/MF sob o n. 490.187.015-72, residente e domiciliado na Avenida Lúcia Costa, n. 3600, Bloco 01, apartamento 2202, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Rio de Ja­neiro;

h) NESTOR CUNAT CERVERÓ (colaborador), brasileiro, ins­crito no CPF/MF sob o n. 371.381.207-10, residente e domicili­ado na Rua Neuza Brizola, 800, casa 2, ltaipava, Petrópolis, Rio de Janeiro;

i) CÍCERA ROSANGELA DA SILVA, brasileira, filha de Rai­munda Maria da Silva, nascida em 17/09/1975, residente e domi­ciliada na Av. Jose Caetano da Rocha, 260, casa 3, Parque Bristol, sao P,"lo, São I'>ulo. Ifz-

~

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••

Secretaria Judiciária

Seção de Atendimento Presencial

CERTIDÃO

Petição n. 52.042/2016

Certifico e dou fé que, no dia 16/09/2016, fiz o recebimento da petição

protocolizada sob o número em epígrafe, acompanhada de uma mídia. Eu,

r.p 00/ (l>.1.4 <.o. Paulo Silva, técnico judiciário, subscrevi.

Seção de Atendimento Presencial .

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S T F 102.002

~~ cff~ dfoàkd

T 1JCf' 39fb};

TERMO DE CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos ao Exmo. (a) Sr. (a) Ministro(a) Rel~tor(f)' Brasília, ~ de 5<:s~...o de 201?

BRUNO ROCHA LUZ SOU~' •• \ Analista Judiciárjo - Ma~

STF/SPOC Em-%llo 3 1'l'l.ffi..lS !5:'.h~. 1OOl~ OS _l5.v,;:;,~a~nsos e-=- ~lad3s piI! 1iI.'3) com o (a! ~~5ellJe.

\ /"NMA

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Óllft/J'emo. cf}';<ibu/Jlai r;;f!frxfe.,r.(7i

cfTew.eto/Jq/;" ~dú;úir.ia

Inquérito n. 3.982

CERTIDÃO

Certifico que somente nesta data foi possível realizar a gravação de copIa

digitalizada do processo, tendo em vista o recebimento dos HD's externos de

patrimônios n. 083.455 e 083.456. Certifico, ainda, que os aludidos HD's foram

encaminhados à Advocacia-Geral da União, por meio do Ofício n. 2.668/SEJ,

desta data, objetivando cumprimento da decisão de fls. _ .

Brasília, 16 de setembro de 2016.

rf.;'d1-;;-e Souza Júnior

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Ofício n. 2.668/SEJ

Brasília, 16 de setembro de 2016 ..

INQUÉRITOS N. 3980 (com os Inquéritos 3.992, 3999 e 4.000 apensados), 3.982,

3.979, 3.984, 3.994, 3.991, 3.997, 4.118 e 3.990

Senhora Advogada-Geral da União,

De ordem do Senhor Ministro Teori Zavascki, nos termos das decisões ,

de cópias anexas, bem assim em atenção à solicitação contida no Ofício n. 177/AGU,

de 16/9/2016 (Petição STP n. 52.024/2016), encaminho a Vossa Excelência 02 (dois)

HD's externos (Patrimônios STF n. 083.455 e 083.456), contendo cópia digitalizada

dos processos mencionados.

Ademais, solicito que, efetuada cópia dos arquivos, os referidos HD' s

externos sejam devolvidos a esta Secretaria Judiciária, com as cautelas necessárias.

Respeitosamente,

Patrícia "'~ .. --Y- oura Martins

ria Judiciária

À Sua Excelência a Senhora GRACE MARIA FERNANDES MENDONÇA Advogada-Geral da União

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INQ 3982

CERTIDÃO

Certifico que, nesta data, compareceu a esta Seção o Dr. Victor Hugo Carvalho Sousa, OAB/R] 198.640, e recebeu mídia digital contendo cópia integral das mídias referido processo .

Brasília, 05 de setembro de 2016-\~ hoo mino

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INQ 3982

CERTIDÃO

Certifico que, nesta data, compareceu a esta Seção o Sr. Thyago Bittencourt de Souza Mendes RG/SP 52413341-4, e recebeu mídia digital contendo cópia da petição n° 44987/2016 do referido processo .

Bmsília, 30 de aD.Ã~16'\'l hOOmin.

Rodrigo de Assis Ferreira Matrícula 1517

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INQUÉRITO 3.982 DISTRITO FEDERAL

RELATOR

AUTOR(A/s)(ES)

PROC.(A/s)(ES)

INVEST.(A/s) ADV.(A/s)

:MIN. TEORI ZAVASCKI : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

: PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

: VALDIR RA UPP DE MATOS

:NILSON VlTAL NAVES E OUTRO(S) E OUTRO(A/S)

DECISÃO: 1. A Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia

contra o Senador Valdir Raupp, Maria Cléia Santos de Oliveira e Pedro

Roberto Rocha, na consideração de que "no ano de 2010, em Brasília, São Paulo e Rondônia, Valdir Raupp (Senador), com o auxílio de Maria Cléia Santos

de Oliveira e Pedro Roberto Rocha (assessores do parlamentar), solicitou e recebeu vantagem indevida, em razão de sua função pública, no montante de R$

500.000,00 (quinhentos mil reais), destinado à sua campanha ao Senado daquele

ano", montante "oriundo do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro estabelecido na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, na época ocupada por Paulo Roberto Costa - o qual solicitava e recebia quantias ilícitas de empresas no

contexto da celebração irregular de contratos com a estatal e da obtenção de beneficios indevidos no âmbito das contratações" (fls. 1.430-1.476).

Em cota, o Órgão Ministerial solicita, em linhas gerais: (a) o

desmembramento dos autos, mantendo-se a jurisdição do Supremo

Tribunal Federal" em relação às condutas imputadas na peça acusatória, Valdir Raupp de Matos, Maria Cléia Santos de Oliveira e Pedro Roberto Rocha" (fi.

1.190); (b) a remessa de "cópia dos autos para a 13' Vara Federal de Curitiba, para adoção ds providências cabíveis em relação a todos os demais envolvidos, não detentores de foro por prerrogativa de junção" (fi. 1.191); e (c) "a juntada dos autos dos documentos que seguem em anexo,. necessários à completa instrução e compreensão do caso e mencionados na peça acusatória" (fi. 1.191).

No mais, o Ministério Público apresentou manifestação nos autos

das Ações Cautelares 3874, 4022, 4095 e 4113, solicitando o apensamento

destas ao presente inquérito.

2. Diante da vinculação direta das Ações Cautelares 3874, 4022, 4095

e 4113 a estes autos, nada impede os apensamentos pleiteados, com

determinação de afastamento da tramitação oculta das cautelares,

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200·212001 de 24/0B/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico hllp:l/www.stf.jus.br/portaVautenticacao/sob o número 11705675.

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INQ 3982/ DF

mantido, todavia, o segredo de justiça, em razão da existência de

documentação privada dos investigados, sem prejuízo da incidência da

Súmula Vinculante 14.

3. Com relação à pretensão de desmembramento, vale ressaltar, na

linha de precedente do Supremo Tribunal Federal, que cabe apenas ao

próprio tribunal ao qual toca o foro por prerrogativa de função a análise

da cisão das investigações (Rcl 7913 AgR, Relator(a): Min. DIAS

TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 12/05/2011, DJe-173 DIVULG 08-09-

2011 PUBLIC 09-09-2011 EMENT VOL-02583-01 PP-00066), assim como­

conforme orientação mais recente - de promover, sempre que possível, o

desmembramento de inquérito e peças de investigação correspondentes,

para manter sob sua jurisdição, em regra, apenas o que envolva

autoridade com prerrogativa de foro, segundo as circunstâncias de cada

caso (Inq 3515 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno,

julgado em 13/02/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-050 DIVULG 13-

03-2014 PUBLIC 14-03-2014), ressalvadas as situações em que os fatos se

revelem "de tal forma imbricados que a cisão por si só implique prejuízo a seu esclarecimento" (AP 853, Relator(a): Min. ROSA WEBER, julgado em

19/05/2014, DJe-097 DIVULG 21/05/2014 PUBLIC 22/05/2014).

No caso, esclarece o dominus litis, em linhas gerais (fI. 1.189):

"No caso, portanto, faz-se necessário manter no Supremo

Tribunal Federal, no que tange aos fatos versados na peça

acusatória, apenas o Senador Valdir Raupp de Matos e os

denunciados Maria Cléia Santos de Oliveira e Pedro Roberto

Rocha, os quais, nesta hipótese, apresentam condutas

estreitamente vinculadas àquele (tendo agido em auxílio ao

parlamentar e seguindo as suas determinações, participando da

corrupção passiva e da lavagem de dinheiro por ele praticadas),

sendo necessário, para tomar mais eficaz a produção de provas,

que todos tenham o mesmo tratamento processual. Nesses

termos, tem-se que a apuração dos fatos envolvendo as pessoas

nominadas neste parágrafo, na dimensão tratada na denúncia, é

indissociável, havendo uma essencialidade da produção una

2

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP·Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico hUp:flwww.stf.jus.br/portal/autenticacaol sob o numero 11705675.

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INQ3982 / DF

das provas ao longo do processo e sua análise ao final".

A excepcional manutenção, nesta Corte, da investigação relacionada

a determinados envolvidos sem prerrogativa de foro está devidamente

fundamentada pelo Ministério Público, quando esclareceu que os

denunciados Maria Cléia Santos de Oliveira e Pedro Roberto Rocha

"apresentam condutas estreitamente vinculadas àquele [Senador Valdir

Raupp 1 (tendo agido em auxílio ao parlamentar e seguindo as suas determinações, participando da corrupção passiva e da lavagem de dinheiro por

ele praticadas), sendo necessário, para tornar mais eficaz a produção de provas, que todos tenham o mesmo tratamento processual" (fi. 1.189). Registre-se, por

importante, que não há prejuízo a superveniente decisão a respeito da

necessidade de cisão ou não do procedimento investigatório, segundo o

resultado das diligências levadas a efeito.

Quanto aos demais investigados, prevalece a regra, o que autoriza

remessa de cópia dos autos ao juízo indicado, para apuração dos fatos

relacionados aos nominados sem prerrogativa de foro, à exceção dos já

referidos Maria Cléia Santos de Oliveira e Pedro Roberto Rocha, no que

toca aos fatos ora denunciados. Isso porque a situação fática descrita

aparentemente guarda pertinência com inquéritos e ações penais em

curso perante a ] 3ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba/PR,

ao qual se determina o exame imediato da questão da competência de

foro.

• 4. Ante o exposto, determino: (a) o apensamento das Ações

Cautelares 3874, 4022, 4095 e 4113 a estes autos (Inq. 3982), com o

afastamento da tramitação oculta das aludidas medidas, mantido,

todavia, o segredo de justiça, tendo em vista a existência de documentos

privativos dos investigados; (b) a revogação do sigilo imposto aos

apensos 1-2 destes autos, uma vez que contêm termos de colaboração já

tornados públicos; e (c) o desmembramento da apuração, com remessa de

cópia dos autos ao juízo indicado, nos termos da manifestação do

Ministério Público (fi. 1.191).

Cumpridas as determinações, notifiquem-se pessoalmente os

3

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutur~ de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico hHp:IIWW'N.stf.jus.br/portal/autenticacaol sob o número 11705675.

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INQ 3982 / DF

denunciados para apresentação de resposta (art. 4° da Lei 8.038/1990).

Os mandados de notificação deverão ser instruídos com cópia desta

decisão, da denúncia oferecida e de mídia digital com as principais peças

dos autos (arts. 4º, § l°, da Lei 8.038/1990 e 233 do RISTF).

É de se ressaltar que no presente caso qu.alquer dia e hora é

admissível para a realização, por mandado, da notificação dos acusados,

nos termos do art. 797, caput , do Código de Processo Penal, ressalvada

naturalmente a inviolabilidade garantida no art. 5", XI, da Constituição da República.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 21 de setembro de 2016 .

Ministro TEORI ZAVASCKI

Relator Documento assinado digitalmente

4

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-212001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Püblicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrõnico http://www.stf.jus.br/portaVaulenticacao/sobo número 11705675.

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INQ n° 3982

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimen-t;.o à decisão

proferida em 21 de setembro de 2016 ( fl. ,

309/310) , apensei a estes autos as Ações

Cautelares 3874, 4022, 4095 e 4113' formando os

Apensos nOs 03, 04, 05 e 06, respectivamente.

Certifico, também, que alter~i a autuação

das referidas Ações Cautelares para afastar a

tramitação oculta, mantendo, entretanto, o

caráter de segredo de justiça. Rel~tivamente aos

apensos 01 e 02, certifico que 'retifiquei a

autuação dos autos para afastar a tramitação

sigilosa, tornando-os públicos.

Certifico,

autuação deste

por fim,

inquérito

que retifiquei a

para 'incluir corno

investigados o Sr. Pedro Roberto Rocha e a Sra.

Maria Cléia Santos de Oliveira.

Brasília, 22 de setembro de:2016.

I Matrícula '2909

,

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61ftf"*"'o @l'iim?I"i c;fJfedem?

rf/&,rota4'ia cfodicid,n:a 6Terfto,k fJ1>mcM1"" rJ''nj;vJ1d'l'io. Y!?1'im"/J/ai>

INQ 3982

CERTIDĂO

Certifico que foram feitas c6pias de seguranya das mîdias de fls. 1193 e 1259.

Brasilia, 23 de setembro de 2016.

Certifica haver elaborado: ~ Oficio(s), _ Telex/fax, -=- Intima~ao(6es), _-_ Carta(s~e Ord~~, .~CitagaO(6eS), ~ Mandado(s) de ~~,(L.& "

Brasilia, ~/~/20~.

Roctrigo Lu~eita~ - AJAJ - Mat. 2685

STF/SPOC Em,;UI~~lI1O.l.6iS ll~% lece~ OS BulOS l5_ţ;'\6 _a~ € j\~:;OO3S por W.~l) rom o I~l -8/ ~~~IC.

~iO~73S Sel ~tth.l\. 2.;)ia~;~,ilJ-;~d;,·lwla

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a~.··".'>'"!"

. I '

,

Oficio n° 18696/2016

Brasilia, 26 de selembro de 2016.

A Sua Excelância o Senhor Juiz Federal da 138 Vara Federal de Curiliba/PR

Inquerilo n. 3982

AUTOR(AlS)(ES) PROC.(AlS)(ES) INVEST.(AlS) ADV.(AlS) INVEST.(AlS) INVEST.(AlS)

: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL : PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA : VALDIR RAUPP DE MATOS : NILSON VITAL NAVES E OUTRO(S) (DF032979/) E OUTRO(AlS) : MARIA CLEIA SANTOS DE OLiVEIRA : PEDRO ROBERTO ROCHA

(Se9âo de Processos Originărios Criminais)

Senhor Juiz,

Nos termos do(a) despacho/decisâo de copia anexa, encaminho-Ihe copia integral do processo em epigrafe em 04 mldias digilais.

Alenciosamente,

Ministro Teori Zavascki Relalor

Documento assinado digita/mente

Documenta assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-212001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves PublÎcas Brasileira . ICP-Brasll. O documenta podc ser ocessado no endere(ţO elebonico hltp:/Jwww.stf.jus.br/portaVautenticacao/sobonumera 11729432.

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S T F 102.002

CERTlDÂO DE PUBLICA«;ÂO Certifico que ora) r. despacho/decisao Ils.~Y 84 - j 4.6 q foi publicado(a) no Diario da Justi~a Eletrânico do dia :LiL. de ar.tĂvrf\!;,MI de 2016. considerando como data de Ivulga~ăo o dia util anterior a mencionada data (art.3° da

Resolugao n0 341/2007). Brasilia.~ de 'bl,(iAY\IlI,G' de 2016.

Denis ~artins Ferr~:cula n.o 2190

TERMO DE JlJNTADA JUnia a OSlcs autas(t ~ _. . _ seguc(m). ou. n$({,ii-W1"ft 4ue

Brasîlia,,05 de e<iL.bw de 2016.

Dcnis M«rtinsfh.'J\.".t\. u_ . . l:\),'V;}1'tI ~1LTlCula n.U 2190

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Inquerito n° 3982

AUTOR(AlS)(ES) PROC.(AlS)(ES) INVEST(AlS) ADV(AlS) INVEST(AlS) INVEST.(AlS)

MANDADO DE NOTIFICACĂO

• MINISTERIO PUBLICO FEDERAL • PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA • VALDIR RAUPP DE MATOS • NILSON VITAL NAVES E OUTRO(S) (DF032979/) E OUTRO(AlS) • MARIA CLEIA SANTOS DE OLiVEIRA • PEDRO ROBERTO ROCHA

(Se~ăo de Processos Originarios Criminais)

o Ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, Relator do processo em epigrafe, MANDA que o Oficial de Justi~a NOTIFIQUE PEDRO ROBERTO ROCHA, corn endere~ no(a) Rua 7, Casa 23, Vila Planalto, BrasilialDF, para, no prazo de 15 (quinze) dias, oferecer resposta.

Acompanham este mandado c6pia da denuncia oferecida (peti~ăo/STF n° 52.043/2016), reprodu~ăo do(a) despacho/decisăo no(a) qual foi determinada a notifica~ăo e midia digital contendo c6pia integral do processo.

Dado e passado na Secretaria Judiciaria do Supremo Tribunal Federal, em 26 de setembro de 2016.

Ministro Teori Zavascki Relator

Documento assinado digitalmente

Documenta assinado digi1almente conforme MP n° 2.200-212001 de 24/0812001, que institui a Infraestrutura de Chaves Publicas Brasileira • ICP-Brasil. O documenta pode ser acessado no endereyo eletrânico http://www.Stf.jus.br/portal/autenticacaolsobo numero 11729612.

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CERTIDĂO

Certifico que me dirigi nesta Capital a Rua 7, Casa 23, Vila Planaltc

nesta data e, as 8hOOmin, procedi a NOTIFICA<;;ĂO do Senhor PEDR(

ROBERTO ROCHA, que recebeu a contrafe e apas seu ciente n,

anverso deste mandado.

Brasilia, 1 de outubro de 2016. 4-WESSEL TELES DE ~~

Oficial de Justic;:a Federal

e.

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Inquerito n° 3982

AUTOR(AlS)(ES} PROC.(AlS}(ES} I NVEST.(AlS) ADV.(AlS) INVEST.(AlS} INVEST.(AlS}

MANDADO DE NOTIFICACĂO

• MINISTERIO PUBLICO FEDERAL • PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA : VALDIR RAUPP DE MATOS • NILSON VITAL NAVES E OUTRO(S} (DF032979/) E OUTRO(AlS} : MARIA CU!; IA SANTOS DE OLiVEIRA • PEDRO ROBERTO ROCHA

(Se('ăo de Processos Originarios Criminais)

o Ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, Relatar da pracesso em epigrafe, MANDA que o Oficial de Justi('a NOTIFIQUE VALDIR RAUPP DE MATOS, com endereyo na(a} SQN 311. Bloca 1, apartamente 605, Brasilia/DF (residemcia); ou Pra('a dos Tres Poderes, Senado Federal. Anexa 1, 20° Andar, Brasilia/DF (funcional), para, no prazo de 15 (quinze) dias, oferecer resposta.

Acompanham este mandado copia da denuncia oferecida (peti('ăo/STF n° 52.043/2016), reprodu('ăo do(a} despacho/decisăo no(a} qual foi determinada a notifica('ăo e midia digital contendo copia integral do processa.

Dado e passada na Secretaria Judiciaria do Supremo Tribunal Federal, em 26 de setembro de 2016.

,1

Ministro Teori Zavascki Relator

Documenta assinado digitalmente

Documenta assinado digi1almente conforme MP n° 2.200-212001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrulura de Chaves Publicas Brasileira - ICP-Brasil. O documenta pode ser acessado no endereeo eietrOnico http://www.str.jus.br/portalfaulenticacaofsobo numero 11729627.

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CERTIDĂO

Certifico que me dirigi nesta capital ao Anexo 1, 20° Andar, Senado

Federal e, nesta data, as 17h45min, procedi a NOTIFICAc;:Ao do Exmo.

Senador da Republica VALDIR RAUPP DE MATOS, que recebeu a

contrafe e apâs seu ciente no anverso deste mandado.

Brasilia, 5 de outubro de 2016.

SEDEUR FERNAND qRREA

Oficial de JU1 F/~ral

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Inquerito n° 3982

AUTOR(AlS)(ES) PROC.(AlS)(ES) INVEST.(AlS) ADV(AlS) INVEST.(AlS) INVEST.(AlS)

MANDADO DE NOTIFICA<;:ÂO

• MINISTERIO PUBLICO FEDERAL • PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA • VALDIR RAUPP DE MATOS • NILSON VITAL NAVES E OUTRO(S) (DF032979/) E OUTRO(AlS) • MARIA CLEIA SANTOS DE OLiVEIRA • PEDRO ROBERTO ROCHA

(Se~ao de Processos Originarios Criminais)

o Ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, Relator do processo em epigrafe, MANDA que o Oficial de Justi~a NOTIFIQUE MARIA CLEIA SANTOS DE OLlVEIRA, com endere~o no(a) SQNW 108, Bloco 1, Apartamento 616, Brasilia/DF, para, no prazo de 15 (quinze) dias, oferecer resposta.

Acompanham este mandado copia da denuncia oferecida (peti~ăo/STF n° 52.043/2016), reprodul'ăo do(a) despacholdecisao no(a) qual foi determinada a notifical'ăo e midia digital contendo copia integral do processo.

Dado e passado na Secretaria Judiciaria do Supremo Tribunal Federal, em 26 de setembro de 2016.

Ministro Teori Zavascki Relator

Documento assinado digitalmente

Documenta sinado digi mente conforme MP n° 2.200-212001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chewes P6blicas Brasileira - ICP-Brasil. O documenta pode ser acessado no enderet;.O e!elrOnico http://.........w.t.stf.jus.brfportallautenticacao/sobo numere 11729631.

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CERTIDĂO

Certifico que me dirigi nesta capital ao Anexo 1, 20° Andar, Gabinete do

Senador Valdir Raupp, Senado Federal e, nesta data, as 17h30min,

procedi a NOTIFICAQĂO da Sra. MARIA CLEIA SANTOS DE

OLIVEIRA, que recebeu a contrafe e apâs seu ciente no anverso deste

mandado.

Brasîlia, 5 de outubro de 2016.

SEDEUR FERNAND Oficial de Jura

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INQ.3982

CERTIDÂO

Certifico que, nesta data, compareceu a esta Se<;ăo o advogado Daniel Fonseca Roller, OAB/DF 17568, e recebeu mîdia digital contendo c6pia dos 5 volumes ate fls.1490 do referido processo.

OAB/DF 17568 Brasîlia, 30 de setembro de 2016 - QhoJ min

AIJlIltI'Ns FERREIRA

TERMO DE CCNCLUSĂO

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TERMO DE ,JUN'l'ADA

....

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Nilson Naves ADVOGADOS ASSOCIADOS

Supremo Tribunal Federal

17/10/2016 16:54 0058728

1111111111111111111111 1

EXCELENTisSIMO SENHOR MINISTRO TEORI ZA V ASCKI

DD. RELATOR DO INQUERITO N° 3982

PEDRO ROBERTO ROCHA eMARIA CLEIA SANT OS DE OLIVElRA, jâ

qualificados nos autos epigrafados (e corn instrumentos de procurat;oes devidamente

outorgados em anexo), vem, respeitosamente, ante Vossa Excelencia, por seus

• advogados devidamente habilitados nos autos, apresentarem

RESPDSTA Ă. ACUSACĂO

na forma do artigo 4°1 da Lei n° 8.038/90, corn base nos seguintes fatos e fundamentos:

1 Art. 4° - Apresentada a denuncia ou a queixa ao Tribunal, far-se-a a notifica9âo do acusado para oferecer resposta no prazo de quinze dias

SHIS QL 06 Cj. 01 Cs. 04 Lago Sul Brasilia/DF CEP 71.620-015 Tel.: 61 3323.4167 I Fax: 61 3323.5438 I [email protected] I www,nilsonnaves.adv.br

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Ni/son Naves ADVOGADOS ASSOCIADOS

1 - SINTESE DOS FATOS

1. O Ministerio Publico Federal oferece denuncia contra o Senador V ALDIR

RAUPP, MARJA CLEIA e PEDRO ROBERTO por suposta infrayăo aos artigos 3172,

C6digo Penal, e 103 da Lei n° 9.613/98.

2. Isso porque o primeiro, enquanto Senador da Republica, teria solicitado

contribuiciio oficial de campanba li FERNANDO BAIANO corn conscH!ncia de que

tais valores seriam oriundos das irregularidades que ocorriam na PETROBRAs,

principalmente atraves da figura de P AULO ROBERTO COST A.

3. Aos peticionărios, por sua vez, o MPF imputa terem contribuido para que o

recebimento desta vantagem - contribuiciio oficial- ocorresse.

4. Alem de os peticionarios serem inocentes, jamais tendo agido corn consciencia

de qualquer especie de eventual ilicitude praticada por quem quer que o seja, os fatos

que lhes atribuem săo atipicos .

5. Passa-se ao tema.

II - PANORAMA GERAL DA ACUSA<;ÂO

6. Antes de se atacar o merito da causa, necessario destacar alguns argumentos sobre

o quadro probat6rio destes autos.

, Art. 317· Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da fun9ilO ou antes de assumi-Ia. mas em razilo dela. vantagem indevida, ou aceitar promessa de tai vantagem ~ 3 Art. 1" Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localiza9ao, disposi9ao, movimenta9ao ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infra9ao penal \

Tel.: 61 3323 416S7HII~a~L 06 Cj. 01 Cs. 04 Lago Sul Brasnia/DF CEP 71.620-015 . . 61 3323.5438 I [email protected] I www.nilsonnaves.adv.br

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Nilson Naves ADVOGADOS ASSOCIADOS

7. Nao se pretende, corn isso, enfrentamento de prova.

8. O que se quer e salientar a esta Corte o risco de se levar adiante acusa90es

baseadas apenas na realiza9ao de (a) um ato juridica perfeito, ainda que atraves de

pessoas que hoje se sabe envolvidas em um esquema de corrup9ao .

9. Exp lica-se:

10. Como jă afirmado, a base fătica utiliza da pela Ministerio Publico Federal para

fundamentar sua acusa9ao seria uma hipotetica solicita9ao de contribuicăo oficial de

campanha feita pela Senador V ALDIR RAUPP il BAIANO.

11. Tai solicita9ao, por sua vez, ancora-se na palavra de tres delatores - alem de

BAIANO, tambem PAULO ROBERTO, ALBERTO YOUSSEF.

12. No entanto, de todos os tres, apenas a dela9ao de BAIANO e utilizada coma

demonstra9ao de agir tipico por parte do Senador.

13. lsso porque, alem de PAULO ROBERTO e YOUSSEF divergirem sobre a

propria origem da solicita9ao (um imputando ao outro esta questao), nenhum deles

manteve contato corn o Senador para tratar de tai assunto.

14. Confira-se, portanto, o que BAIANO alega:

"QUE em um desses encontros, em 2010, no gabinete de VALDIR

RAUPP no Senado Federal, em Brasilia, o parlamentar disse para o~

Tel.: 61 3323 416~Hi~a~L 06 Cj. 01 Cs. 04 Lago Sul Brasilia/DF CEP 71.620-015 . . 61 3323.5438 I [email protected] I www.nilsonnaves.adv.br

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Nilson Naves ADVOGADOS ASSOCIAOQS

depoente que estava precisando de dinheiro para a campanha de

reeleir;:ăo, solicitando do depoente uma doacăo oficial: QUE o

depoente disse que năo poderia pessoalmente ajudar VALDIR RA UP P,

mas se comprometeu a conversar com PAULO ROBERTO COSTA

sobre o assunto, para que este obtivesse uma doar;:ăo junto a alguma

empresa contratada pela PETROBRAS; QUE o depoente conversou

com PAULO ROBERTO COSTA, o qual disse que iria conseguir uma

doar;:ăo, năo sabendo se seria oficial ou năo, de R$ 500 mii reais para

VALDIR RAUPP, QUE essa conversa provavelmente ocorreu[ora da

PETROBRAS, QUE PAULO ROBERTO COSTA disse que solicitara a

uma empresa para [azer essa doar;:ăo, entre as empresas contratadas

pela PETROBRAS, QUE depois PAULO ROBERTO COSTA confirmou

para o depoente que conseguiu a empresa para [azer a doar;:ăo; QUE

posteriormente o depoente encontrou com VALDIR RAUPP em

Brasilia, no Senado, no gabinete do parlamentar, ocasiăo em que o

depoente lhe disse que PAULO ROBERTO COSTA havia[alado que

iria providenciar uma doar;:ăo de R$ 500 mii reais para a campanha de

2010 de VALDIR RAUPP ao Senado; QUE na mesma oportunidade o

depoente perguntou a VALDIR RAUPP se a doar;:ăo havia sido foita;

QUE VALDIR RA UPP confirmou que os valores [oram doados (...); ".

15. Em primeiro lugar, e baseado apenas na delayao acima, questiona-se: solicitar

contribuicao oficial e crime?

16. De onde surge a alegayao de corrupyao? Qual o motiv o de uma contribuiyao ~

oficial se transformar em "vantagem indevida"? \

Tel.: 61 3323 416~HIIS QL 06 Cj. 01 Cs. 04 Lago Sul Brasilia/DF CEP 71.620-015 . Fax. 61 3323.54381 [email protected] 1 www.nilsonnaves.adv.br

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17. Sabe-se que o mesmo BAlANO, no ultimo termo de dec1arat;oes que presta sobre

o assunto (05.11.15, Fis. 824/826), afirma que o Senador sabia da "sistematica existente

na PETROBRAs de beneficiamento dos politicos em decorrencia das contratar;oes".

Vejamos:

"(..) QUE VALDIR RAUPP apenas pediu ao declarante que o ajudasse

com doar;iio para campanha de 2010 em torn o de R$ 500 MIL e, como o

declarante niio tinha como ajuda-lo pessoalmente, RAUPP pediu entăo

quejalasse com PAULO ROBERTO COSTA, afim de que ele obtivesse

ajuda com a/guma empresa que prestava servir;o para PETROBRAS,.

QUE RAUPP sabia da relar;ăo e proximidade do declarante com

PAULO ROBERTO, assim como da sistematica existente na

PETROBRAs de beneficiamento dos politicos em decorrencia das

contratar;oes",.

• 18. O trecho acima serviu para o Ministerio Publico Federal pintar uma contribuit;ao

oficial corn tintas de corrupt;ao, alegando em sua denuncia que a vantagem seria

indevida porque, em troca da contribuit;ao, ° Senador nao interferiria no citado esquema

de corrupyao e daria sustentayao politica it permanencia de PAULO ROBERTO na

PETROBRĂs.

19. Lant;ado, portanto, o desafio: gual a liuha de gualguer depoimeuto de delator

gDe afirme a ocorreucia de tai 'moeda de troca"?

SHIS QL 06 Cj. 01 Cs. 04 Lago Sul Brasilia/DF CEP 71.620-015 Tel.: 61 3323.4167 I Fax: 61 3323.5438 I [email protected] I www.nilsonnaves.adv.br

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Nilson Naves ADVOGADQS ASSOCIADQS

20. O MPF, partindo de uma suposta "consciencia" do Senador V ALDIR RAUPP

quanto aos desvios da PETROBMS, cria um fato gue seguer BAIANO relata - o

Senador teria prometido a "năo interferencia" ou a "interferencia de sustenta~ăo

politica" para PAULO ROBERTO.

21. Pior: o proprio PAULO ROBERTO afirma que referido Senador jamais foi da

base politica que Ihe dava apoi o, algo que afasta qualquer tra~o de ilicitude nesta

• hipotetica solicita~ăo.

22. Destaque-se o seguinte trecho da dela~ăo premiada de PAULO ROBERTO:

"PAULO ROBERTO COSTA RESPONDEU: QUE, primeiro, gostaria

de esclarecer que o problema de sailde do declarante foi em dezembro

de 2006; QUE, segundo, o apoio do PMDB foi colocado por RENAN

CALHE/ROS, ROMERO JUCA e ED/SON LOBAO, e năo houve

diretamente menfăo ao apoio por parte de VALD/R RAUPP;'

• 23. VoIta-se ao desafio: se BAIANO năo afirma em momento algum que o Senador

V ALDIR RAUPP teria prometido interferir na PETROBMS, e se PAULO ROBERTO

afirma que o Senador năo era da sua base politica, gual o delito? Ou al a moeda de

troca oferecida pelo Senador, gue pudesse transform ar uma doaciio oficial em

vantagem i1icita?

24. Ainda que se impute ao Senador, segundo a aCUSQl;:iio, a consciencia do ilicito

cometido por terceiros, qual seria o seu? Qual a contrapresta~ăo oferecida por ele em \

troca da ajuda de campanha, tomando taI valor uma propina? ~\

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25. Em sintese, nenhuma delas;ăo imputa verdadeiro ato de COITupS;ăo ao Senador

RAUPP, motivo pela qual se afirma que este processo esta criminalizando doas;ăo oficial

de campanha, e nada mais.

II-MERITO

• II - DA CORRUPC;Ă.O PASSIV A

11.1 DA FALTA DE NARRATIVA TIPICA DA

PARTICIPAC;Ă.O/COAUTORIA EM CORRUPC;Ă.O

26. Năo obstante o artigo 317 do C6digo Penal indique os verbos "solicitar" ou

"receber" como as;oes tipicas da corrups:ăo passiva, tanto doutrina quanto jurisprudencia

săo unissonas em afirmar que, se realizada a solicita~ăo, o recebimento sera mero

exaurimento de um delito ja consumado.

• 27. No caso dos autos, a as:ăo tipica descrita pela denuncia atribui o delito de

corrups:ăo aos acusados por terem, eles, solicitado e recebido vantagem indevida.

28. Clara a confusăo conceitual, portanto - eis que, como visto, se houve solicitas:ăo,

o recebimento năo sera um crime autonomo, mas, sim, consequencia e exaurimento do

delito ja consumado.

29. O crime teria sido praticado, portanto, quando da solicitas;ăo (ad argumentandum

tantum).

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Cu...

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30. Estabelecida taI premissa, cabia ao MPF demonstrar a atuayăo de MARIA

CLEIA e PEDRO ROBERTO (a) antes ou (b) no momento em que o Senador

V ALDIR RAUPP solicitava a hipotetica vantagem indevida aos delatores que sustentam

a denuncia4•

31. Năo o fez.

• 32. Pelo contrârio, afirma taxativamente que ambos fizeram contato corn

"operadores" (BAIANO, YOUSSEF etc) APOS a aludida solicitayăo, corn desiderato

exclusivo de operacionalizar o recebimento e a oficializayăo de tais valores junto il

campanha eleitoral que estava em curso.

33. Confira-se trecho da denuncia que escIarece o tema5:

"VALDIR RAUPP DE MA TOS, transmitiu, em Brasilia (..) a

salicitar;iia de vantagem indevida a PAULO ROBERTO COSTA, por

intermedia de FERNANDO ANTâNIO FALCĂO SOARES, ţ;,

comandou seu recebimento, auxiliado por MARIA CLETA SANTOS

DE OLIVETRA e PEDRO ROBERTO ROCHA, que atuaram para

que este se concretizasse, disfarcadamente".

• Isso porque a exlensâo de responsabilidade penal em caso de participa9âo' se da ape nas quando o participe inlerage com o aulor na fase (c) psicol6gica, (d) preparal6ria ou (e) execul6ria do iler criminis, e nâo ap6s a sua consuma9âo (que no caso em concrete se deu com a simples solicila9âo na medida em que delilo de mera condula). 5 A denilncia narra apenas o conlalo de CLEIA com YOUSSEF para operacionalizar o pagamenlo dos valores, e nada mais. Para PEDRO, idem, quanlo ao recibo.

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34. A narrativa acima năo deixa duvidas: o fantasioso delito de corruP9ăo teria se

consumado corn a solicita9ăo de vantagem, por parte de RAUPP, â PAULO ROBERTO,

atraves de FERNANDO.

35. Em tai cenărio, o recebimento, no caso um mero exaurimento do delito ja

consumado, e que contou corn o hipotetico auxilio dos peticionărios.

• 36. Făcil concluir que a narrativa do MPF năo descreve participas;iio dos acusados

em corrups;iio passiva, SEQUER EM TESE, eis que auxiliar na obten9ăo de

resultados de um suposto (segundo a acusa9ăo) delito jă consumado seră, no măximo,

favorecimento real6•

37. Ante o exposto, ausente justa causa para prosseguimento da a9ăo penal contra os

ora peticionărios na medida em que as a90es que lhes săo imputadas năo caracterizam,

nem em hip6tese, participa9ăo em corruP9ăo passiva.

• 11.2 - DA FALT A DE PROV AS QUANTO A PARTICIPA<;:ÂO/COAUTORIA EM

CORRUP<;:ÂO - AUSENCIA DE JUSTA CAUSA

38. Alem da atipicidade que surge da pr6pria narrativa acusatorial, todas as provas

trazidas aos autos deixam claro que MARIA eLEIIA e PEDRO năo participaram, em

6 Isso porque o artiga 349, C6digo Penal, El clara: "Pres/ar a criminoso, fora dos casos de co­au/oria ou de receptaqf1O, auxllio destinado a tomar seguro o proveito do crime". Desta maneira, caso se entenda cam vestlgias de tipicidade a canduta de ambas os peticionarios, necessaria a urgente requalifica9âo juridica dos atos que Ihes imputam para o delito de favorecimento real e, consequentemente, aplica9âo imediata dos beneficios despenalizadores da Lei n° 9.099/95.

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momento algum, da eventual e ainda hipotetica solicitalţăO de contribuilţăo de campanha

eventualmente realizada por RAUPP.

39. Năo participaram da fase psicol6gica ou preparat6ria do iter criminis, e seg uer a

acusaciio Ihes imputa tai atividade.

40. Tambem năo participaram da fase execut6ria, pois ausentes de qualquer reuniăo

• onde tai assunto foi tratado - farta a prova, neste sentido, inclusive por parte dos

delatores 7•

41. Por fim, nem a conscHlncia de ambos guanto it eventual ilicitude na origem

dos fatos restou superficialmente demonstrada pelo MPF.

42. Isso porque os delatores tambem esclarecem que V ALDIR RAUPP solicitou

doaciio oficial, e ela assim foi fei ta.

43. Mais: foi feita para o PMDB, e năo para o Senador em si! Como desconfiar de

• algo assim?

44. Se tudo era (a) aparentemente licito a terceiros, sendo eventual delito cometido

(b) sem a presenlţa de testemunhas, e se (c) agentes COITUptos năo costumam alardear o

que fazem, e se (d) a contribuilţăo foi para o partido, e năo para o candidato, por gual

motivo os ora peticionărios foram incluidos na denuncia?

~

7 O unico depoimento em contrario El do delator ANTUNES, que, por restar isolado nos autos em ~~ tai ponto, de nada serve, sob pena de maiversa9ăo sobre do in dubio pro reu no que toca ă \ ~\ valora9ăo da prova processual.

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45. Confonne SERGIO FERNANDO MOR08, "de todas as dificuldades

probat6rias, nada, porem, se compara Ci prova do elemento subjetivo (..) segundo a

recomendar;:âo dessas normas, o elemento subjetivo ( .. ) pode, portanto, ser provado por

meio do elementa abjetivo (..) a melhor interpretar;:ăo e a de que, em alguns casos, da

prova do elemento objetivo poder-se-a interir o elemento subjetivo.

46. No caso dos autos, e partindo-se da citalţăo acima, os elementos objetivos

• indicam gue MARIA CLEIA e PEDRO jamais poderiam suspeitar de gualguer

i1icitude na contribuicăo em anălise, eis que foi realizada de maneira oficial e dentro

das regras necessarias a tanto.

47. Como desconfiar daguilo gue, caso tenha ocorrido, parece Iicito?

48. Enfim, todos os elementos objetivos que Ihes cercavam davam conta da licitude

da operalţăo, e năo ao contrârio.

49. Ante o exposto, năo existindo um elemento qualquer que pudesse servir para

• gerar sobre os peticionarios a leve suspeita de que sabiam de algo que năo uma doalţăo

oficial, năo ha coma se aceitar a denuncia em analise por absoluta ausencia de justa

caus a para tanto.

III - DA LA V AGEM DE DINHEIRO

III.1 - ATIPICIDADE DO DELITO NO CASO EM CONCRETO

• Lavagem de dinheiro - cOletânea, livraria do advogado

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50. o delito de lavagem de dinheiro consiste em ocultar

procedencia/destinayao/propriedade de valores obtidos mediante a pratica de um delito

antecedente.

51. No caso dos autos, mesmo na hip6tese de ser verdadeira a origem ilicita dos

valores analisados, o fato e que tiveram procedencia e destinayao devidamente

declaradas, sem que tenham passado pelas maos ou conta de qualquer intermediario .

52. Nao houve, portanto, qualquer "branqueamento" do capital.

53. Pelo contrario, TODOS os valores doados foram devidamente contabilizados

na prestayao de contas do Partido atraves da correta identificayao de sua ori gem e

destinayao, afastando por completo a tipicidade do delito em comento.

54. Tai ponto merece destaque: ainda que os valores, segundo a acusayao, tenham

sido doados por forya de uma propina, nao ha ocultayao ou dissimulayao da natureza,

origem, localizayao, disposiyao, movimentayao ou propriedade de bens, direitos ou

• valores provenientes, direta ou indiretamente, de infrayao penal.

55. Pelo contrario, a doacăo foi oficial, declarada, ainda que sua motivayao,

segundo a denuncia, tenha sido espuria. Tai motivayao, entretanto, nao retira dos valores

sua verdadeira natureza9: contribuiyao oficial de campanha.

9 Tai ponto El de extrema importancia. O MOTIVO das coisas nâo interfere em sua NATUREZA. Sâo categorias jurldicas distintas. Por exemplo, o MOTIVO de um homicidio pode ser variado, mas a NATUREZA do caso sempre sera um crime contra a vida. Uma DOA<;:ÂO pode ter por motivos algo espurio, mas sua natureza - de doa~âo - permanece intocada.

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56. Ante o exposto, n1io ha como ser recebida a denuncia no presente ponto, por

ausencia de fato tipico em sua narrativa.

III.2 - DA FALTA DE PROVAS E DE PARTICIPA<;ĂO PUNIVEL EM

LAVAGEM DE CAPlTAIS

57. Por derradeiro, a configura~1io do tipo penal de lavagem de capitais depende da

• demonstra~1io inequivoca de que o agente tenha conhecimento plen o da existencia

de capital i1icito.

58. Isso porque o elemento subjetivo da lavagem de dinheiro e o doi o de ocultar ou

dissimular a origem dos valores que se sabe provenientes de infra~ăo penal.

59. Na medida em que necessăria a demonstra~1io inequivoca de consciencia e

vontade de /impar o capital ilicito a fim de reinseri-lo no sistema, e considerando que,

no caso, nenhum elemento objetivo demonstra ser possivel a ambos desconfiarem de

eventual ilicitude precedente, n1io ha que se falar em participa~1io em lavagem .

60. Ante o exposto, seja por atipicidade ou falta absoluta de provas quanto a

consciencia dos peticionarios frente o delito antecedente, a denuncia ha de ser rejeitada

quanto ao ponto.

IV - DO PEDIDO

61. Ante o exposto, requerem, tanto para o delito de corrup~1io quanto para o de

lavagem de dinheiro, a rejei~1io da denuncia, na medida em que lhes atribui fato atipico.

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62. Subsidiariamente, sua rejeiyao por ausencia de justa causa, visto que nao existe

nenhuma prova indicando a participayao de ambos nos supostos delitos narrados na

denuncia ..

Nesses termos, pede deferimento,

• Brasilia, 17 de outubro de 2016

DANIEL GERBER

OABIDF 16.233 OABIRS 39.879

;(j()~ ROD~NDEDEPADUA • OABIDF 17.568 OABIDF 34.550

--_ .. ~---- ~

NILSON NA VES

OABIDF 32.979

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Rol de Testemunhas

1. JOSE LUIZ LENZI - brasileiro, casado, advogado OAB/RO 112-B, RG 430935 SSP/DF, residente e domiciliado a Avenida Rio Madeira, n° 6112, bairro Nova Esperan<;;a, na cidade de Porto Velho, Estado de Rond6nia;

2. JOAO MARIA SOBRAL DE CARV ALHO - brasileiro, casado, advogado, residente e domiciliado a Rua Mamore, Quadra M6, Lote 8, Residencial Araguaia, Setor Alphaville - Flamboyant - CEP 74883-015 -Goiânia - Goias;

3. GUST A VO DO VALE ROCHA - brasileiro, casado, advogado OAB­DF 13.422, corn escritario no SHIS, QL 14, Conjunto 2, Casa 2, Brasilia­DF;

4. CAMILO DE SOUZA PIMENTEL - brasileiro, casado, contador, RG 259509 SSPIRO, CPF 385.457.482-72, corn endere<;;o a Rua Elias Gorayeb, n° 3298, bairro Liberdade, Ponto Velho-RO;

5. A VENILSON GOMES DA TRINDADE - brasileiro, casado, servi dor publica estadual, RG 440625 SSP/RO, CPF 420.644.652-00, residente e domiciliado a rua Francisco Coelho Filho, n° 2582, bairro Săo Joăo Bosco, na cidade de Porto Velho, Estado de Rond6nia;

6. CELIO ELIAS SILVA ARAUJO - brasileiro, viuvo, servidor publico, RG 425674-SSPIDF, residente e domiciliado a SQSW 306, Bloco H, Setor Sudoeste, Brasilia-DF;

7. HELENA DA COSTA BEZERRA - brasileira, divorciada, gestora publica, RG n° 3888268 SSP/RJ, CPF 638.205.797-53, residente e domiciliada a Rua Coronel Otavio Reis, n° 4575, Apto.23, bairro Alphaville, cidade de Porto Velho, Estado de Rond6nia.

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PROCURA<;ĂO

OUTORGANTE: PEDRO ROBERTO ROCHA, brasileiro, casado, portador da Carteira

de Identidade n. 95227040 - SSP/SP e do CPF n.960.321.628-34,

residente e domici1iada em Brasilia, na Rua 7, Casa 23, Bairro Vila

Planalto, CEP 70804-270

OUTORGADOS: NILSON VITAL NAVES, inscrito na OABIDF sob o n° 32.979,

PEDRO HENRIQUE MENEZES NA VES, inscrito na OAB/DF sob

ono 16.233, GUILHERME MENEZES NA VES, inscrito na OAB/DF

sob o n° 16.826, DANIEL FONSECA ROLLER, inscrito na OABIDF

sob o n° 17.568, RODRIGO REZENDE DE PADUA, inscrito na

OABIDF sob o n° 34.550 e DANIEL GERBER, inscrito na OAB/RS

sob o n. 39.879, todos corn escrit6rio sediado em Brasilia-DF no SHIS

QL 6 Conj. I Casa 4.

Pelo presente instrumento particular a outorgante nomeia e constitui seus

procuradores os outorgados acima mencionados, conferindo-Ihes amplos poderes da clausula

ad judicia, bem coma todos os poderes especiais enumerados na parte final do artigo 38 do

C6digo de Processo Civil, a fim de representa-Ia judicialmente nos autos do Inquerito n.

• 3982, em tramitayăo perante o Supremo Tribunal Federal.

BrasiliaIDF, 17 de outubro de 2016.

/

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PROCURA<;Â.O

OUTORGANTE: MARIA CLltIA SANTOS DE OLlVEIRA, brasileira, casada,

servidora publica, portadora da Carteira de Identidade n. 170803 -

SSP/AL e do CPF n. 061.345.484-72, residente e domiciliada em

Brasilia, no SQNW 108, Bloco I, Apto. 616, Bairro Setor Noroeste,

CEP 70.686-195

• OUTORGADOS: NILSON VITAL NA VES, inscrito na OAB/DF sob o n° 32.979,

PEDRO HENRIQUE MENEZES NA VES, inscrito na OABIDF sob

o n° 16.233, GUILHERME MENEZES NAVES, inscrito na

OABIDF sob o n° 16.826, DANIEL FONSECA ROLLER, inscrito

na OABIDF sob o n° 17.568, RODRIGO REZENDE DE PĂDUA,

inscrito na OABIDF sob o n° 34.550 e DANIEL GERBER, inscrito na

OABIRS sob o n. 39.879, todos corn escrit6rio sediado em Brasilia-DF

no SHIS QL 6 Conj. 1 Casa 4.

Pelo presente instrumento particular a outorgante nomeia e constitui

seus procuradores os outorgados acima mencionados, conferindo-Ihes amplos poderes da

• c1ăusula ad judicia, bem coma todos os poderes especiais enumerados na parte final do

artigo 38 do C6digo de Processo Civil, a fim de representâ-Ia judicialmente nos autos do

Inquerito n. 3982, em tramitayao perante o Supremo Tribunal Federal.

BrasiliaIDF, 17 de outubro de 2016.

RIA CLltIA SANTOS E OLIVElRA

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a"

Inquerito n. 3982

AUTOR(NS)(ES) PROC.(A/S)(ES) INVEST.(A/S) ADV.(A/S)

INVEST.(NS) INVEST.(A/S) ADV.(A/S)

Certidăo de Retificalfăo de Autualfăo

: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL : PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA : VALDIR RAUPP DE MATOS : NILSON VITAL NAVES E OUTRO(S) (DF032979/) E OUTRO(N S)

: MARIA CLEIA SANTOS DE OLiVEIRA : PEDRO ROBERTO ROCHA : NILSON VITAL NAVES (032979/DF) E OUTRO(A/S)

(Se<;:ăo de Processos Originarios Criminais)

Certifico que retifiquei a autua<;:ăo destes autos para incluir como advogado dos investigados Pedro Roberto Rocha eMaria Cleia Santos de Oliveira o dr. NILSON VITAL NAVES - OAB/DF 32.979, conforme protocolado de numero 58728/2016.

Brasilia, 18 de oulubro de 2016.

CAROLINA CUNHA Matricula 2733

de

Documenta assinado digitalmente conforme MP n~ 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Publicas Brasileira - ICP-Brasil. O documenta pode ser acessado no endereco eletr6nico http://lllWw.stf.jus.br/portallautenticacao/autenticarDocumento.asp sob o numero 11890810

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Supremo Tribunal Federal

19/10/2016 17:47 0059485

II1I111 1 I1II1111111 1 111111111111111111

EXCELENTisSIMO SENHOR MINISTRO TEORI ZA V ASCKI

DD. RELATOR DO INQUERITO N° 3982

VALDIR RAUPP DE MATOS, ja qualificado nos autos epigrafados,

vem, respeitosamente, por seus advogados, ante Vossa Excelencia, apresentar

RESPOSTA A ACUSA<;ĂO

na forma do artigo 4°1 da Lei n° 8.038/90, corn base nos seguintes fatos e fundamentos:

1 - SiNTESE DOS FATOS

1. O Ministerio Publico Federal oferece denuncia contra o Senador VALDIR

RAUPP, MARIA CLEIA e PEDRO ROBERTO por suposta infrayăo aos artigos 3172,

C6digo Penal, e 1°3 da Lei n° 9.613/98.

1 Ar!. 4° - Apresentada a denuncia ou a queixa ao Tribunal, far-se-a a notifica9âo do acusado para oferecer resposta no prazo de quinze dias 2 Ar!. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da fun9ao ou antes de assumi-Ia, mas em razao dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tai vantagem 3 Ar!. 12 Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localiza9âo, disposi9ao, movimenta9ao ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infra9ao penal

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2. Isso porque o Peticionărio, enquanto Senador da Republica, teria solicitado

contribuicăo oficial de campanha â FERNANDO BAIANO corn consciencia de que

tais valores seriam oriundos das irregularidades que ocorriam na PETROBRĂs,

principalmente atraves da figura de PAULO ROBERTO COSTA.

3. MARIA CLEIA SANTOS e PEDRO ROBERTO ROCHA, por sua vez, segundo

o MPF, teriam contribuido apenas para que o recebimento desta vantagem ocorresse .

4. Passa-se ao tema.

II - PANORAMA GERAL DA ACUSA<;ĂO

"O homem nao e nada em si mesmo. Nao passa de uma probabilidade

infinita" .

Albert Camus.

5. O Ministerio Publico Federal ao iniciar suas consideraiţoes corn o texto acima,

• nao percebe que, das infinitas probabilidades que a vida fomece ao homem, escolheu

para enxergar apenas as piores.

6. De cada ato, a pior interpretaiţao. De cada comportamento, a probabilidade do

mais gravoso. De todas as facetas, apenas aquela que representa o crime, a mă-fe, o

tortuoso espirito das imperfeiiţoes.

7. Vamos alem.

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8. A acusas:ăo de corrups:ăo, para um politica serio que preza sua imagem, pode ser

o fim de sua carreira.

9. Denuncias criminais, em casos como estes, devem trazer um grau de

verossimilhans:a ainda maior do que o tradicionalmente exigido, pois se sacrifica a

imagem e o proprio destino do ser politico apenas e exclusivamente corn uma petis:ăo

inicial, independentemente do resuItado final do processo .

10. Niio se pugna, por 6bvio, pela impunidade.

11. O que se afirma e que, na propors:îi.o de todas as coisas, uma acusas:ăo contra um

homem publico deve estar revestida de indici os concretos do delito e de sua autoria, e

năo apenas especulas:5es sobre "as infinitas possibilidades do ser humano".

12. O caso dos autos narra apenas esta infinitude, e nada mais. Explica-se:

13. A unica prova (no sentido adequado do termo) que guamece este cademo

processual e a contribui~iio oficial de campanha que a construtora QUEIROZ

• GALVĂO realizou para o PMDB de Rondonia.

14. Năo existe sequer contribuiyao da referida construtora ao entao candidato, atuai

Senador e infelizmente peticionărio.

15. Existe ao seu partido, de forma oficial, declarada, aprovada.

16. Existem tambem tres delatores afirmando que a contribuis:ao ocorreu gras:as it

importância do Senador RAUPP junto ao PMDB, e nao por for~a de qualquer

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, .

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acord o espurio proposto ou aceito entre as partes - taI ponto merece relevo, pois

nenhum delator afirmou qualquer especie de proposta i1icita por parte do Senador.

17. Enfim, o caso dos autos retrata criminalizacâo de contribuicâo oficial de

campanha, corn a imputayao de corrupyao passiva a um Senador da Republica surgindo

excIusivamente da imaginayao do acusador em virtude de um cenario de corrupyao

generalizada que a Operayao Lava Jato desvelou a todos n6s4 •

18. Passa-se ao tema, portanto, demonstrando-se a esta Suprema Corte a

inviabilidade de se receber uma denuncia criminal ancorada em preconceitos.

II1-MERITO

III.l - DAS DELA<;OES CONTRADITORIAS COMO PROV A UNICA DA

ACUSA<;ĂO - IMPOSSIBILIDADE

19. E cediyo em doutrina e jurisprudencia que delayao nao e "prova", mas apenas um

indicativo de provas a serem produzidas .

20. No caso dos autos, por sua vez, toda a acusacâo e ancorada apenas na palavra

de tres delatores - ALBERTO YOUSSEF, PA ULO ROBERTO COSTA e FERNANDO

BAIANO.

21. Entretanto deve-se esclarecer ah initio que existem diversas contradiyoes nas

decIarayoes prestadas pelos Delatores, que, frise-se, sâo a base da presente acusa~âo.

, Este El outro ponto que merece import!lncia, Hoje, todos sa bem o que foi o "Petroliio", quem El PAULO ROBERTO,YOUSSEF etc. Mas năo se julga o passado eDom olhos do presente. Em 2010, lais pessoas eram "ilustres desconhecidos", sendo inviăvel que alguem os imaginasse como agentes de corruP9ăo.

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22. A titulo de exemplificayao, confira-se a tabela abaixo:

PAULO

ROBERT O

COSTA

Termo de Colaborayăo n. 15 (fis. Em novo termo de declarayoes

16/19), afirmou que: (Termos de Declarayoes n. 17), as

fis. 49/50, Paulo Roberto Costa jă

"QUE quanto a VALDIR RAUPP, altera o seu primeiro depoimento

Senador pelo PMDB, de Rondânia, feito em co1abora~ăo premiada,

e presidente do partido, no afirmando o seguinte:

primeiro semestre de 2010, chegou

ate o declarante a notieia de um "lndagado em relar;ao aos fatos

pleito de R$ narrados no Termo de

(quinhentos mii

500.000,00

reais); QUE Colaborar;ao n. 15, do proprio

VALDIR RAUPP precisaria de tai depoente, afirmou o seguinte: QUE

quantia para custear sua o depoente năo se recorda de onde

candidatura ao Senado; QUE partiu a solieitar;ăo de va/ores para

quem informou ao declarante que a campanha de Valdir Raupp,

VALDIR RAUPP havia solieitado QUE pode afirma que foi feito o

este valor

YOUSSEF(..)

foi ALBERTO pagamento, atraves de A/berto

QUE YOUSSEF Youssef năo ten do conheeimento

pediu ao declarante uma de como a quantia foi

autorizar;ăo para que o va/or de R$ disponibilizada; QUE a fonte desse

500.000,00 (quinhentos mii reais) repasse foi o caixa comum do PP;

fosse repassado a VALDIR QUE nao houve outros pedidos de

RAUPP, ja que este era de outro va/ores em favor de Valdir Raupp

partido, e a cota pedida sairia do para o deponete, QUE Valdir

montante destinado ao PP. QUE o Raupp năo (azia parte do grupo

declarante tinha autonomia para que apoiou a permanencia do

autorizar tais pagamentos, nao depoente na Diretoria da

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ALBERTO

YOUSSEF

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precisando consultar ningwJm do Petrobras: QUE Valdir Raupp ja

PP; QUE entăo o dec/arante era um nome de destaque dentro do

autorizou YOUSSEF a efetuar o PMDB, sendo certo que foi por isso

pagamento, acreditando que tenlla que o depoente autorizou o

sido em dinlleiro vivo, mas năo tem pagamento."

condiroes de dizer de qual contrato

com a Petrobras taI valor foi

tirado, ja que havia um "caixa

comum" no qual cafam todos os

valores devidos pelas empresas que

conseguiam contrato com a

Petrobras; (...)QUE a praxe era

que o politica reclamasse com o

declarante ape nas quando nao

recebia; que niio sabe se VALDIR

RAUPP recebeu pessoalmente tais

valores ou se foi por meio de seu

assessor, mas acredita que possa

ter sido por meio de sua

asssessoria; QUE YOUSSEF năo

disse ao dec/arante se foi proprio

VALDIR RAUPP quem Ilie pediu

aquele valor ou se foi por meio de

algum interlocutor. "

Terma de Colaborayao n. OI, fls.62: Em novo terma de declarayoes

(Termo de Declarayoes

"QUE no ano de 200512006 Complementares n. 07 - fls. 72/73),

PAULO ROBERTO ficou doente e Alberto Youssef afirma gue foi

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houve um movimento po/[tico ,bem Paulo Roberto Costa guern pediu

como por parte de alguns gue fosse feita doacăo ao Senador

funcionarios da propria Valdir Raupp. ern flagrante

PETROBRAs ajim de destitui-lo do contradicăo corn o depoimento de

cargo; QUE , para que isso niio Paul o Roberto Costa:

ocorresse, entrou em cena a

bancada do Senado do PMDB, "QUE em relarao a RAUPP,

podendo citar os senadores PAULO ROBERTO COSTA

VALDIR RAUPP, RENAN pediu, na epoca, que o declarante

CALHEIROS, ROMERO JUCA, repassassse valores para o referido

bem como o Ministro EDSON parlamentar; QUE o valor para

LOBĂO, sendo que a partir de entiio VALDIR RA UP P foi inicialmente de

o PMDB passou a receber uma R$ 300.000,00; QUE, porem,

parcela das comissoes relativas aos recorda-se que PAULO

contratos da PETROBRAs, cabendo ROBERTO COSTA pediu que o

a FERNANDO SOARES fazer as valor fosse elevado para R$

transferencias jinanceiras 500.000,00; QUE o declarante

implmementada pela declarante no informa que PAULO ROBERTO

que tange aos valores devido so COSTA deu o telefone de contato e

PMDB. " o valor a ser disponibilizado para

VALDIR RAUPP; ( .. )"

Em novo termo de declara~6es

complementares (Termo de

Declara~6es Complementares n.

25), Alberto Youssef, novarnente

contrariando o que havia

afirmado Paulo Roberto Costa,

afirma que o Senador Valdir Raupp

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FERNANDO

SOARES

BAlAN O

Nilson Naves ADvOGADOS ASSOCIAOQS

era do grupo do PMDB para manter

Paulo Roberto no cargo (fis. 90/91):

"Que na epoca do Mensa!;iio,

PAULO ROBERTO COSTA

adoeceu e ficou internado um

tempo, oportuidade em que

tentaram tomar a Diretoria; QUE

atraves de FERNANDO SOARES,

PAULO ROBERTO COSTA obteve

apoio do PMDB do Senado para se

manter no cargo e quem deu apoio

foi ROMERO JUCA, RENAN

CALHEIROS, VALDIR RAUPP e

EDISON LOBAO, QUE ouviu isso

tanto de PAULO ROBERTO

COSTA quanto de JOAO GENU "

Termo de Declarayoes n. II, No ultimo termo de declarayoes,

afirmou que (fis. 377/381): Femando Baiano (FIs. 824/826),

afirma que o Senador Valdir Raupp

"QUE conheceu o Senador sabia da "sistematica existente na

VALDIR RAUPP, do PMDBIRO PETROBRAs de benejiciamento

em 2009, QUE o depoente na dos politicos em decorrencia das

ocasiiio, estava chegando ao contratafoes", algo que ele nao

restaurante NAVEGADOR, disse no primeiro e longo

proximo il PETROBRAS, QUE depoimento prestado. Vejamos:

VALDIR RAUPP estava saindo do

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restaurante, QUE provavlemnte QUE VALDIR RAUPP apenas

VALDIR RAUPP tinha saido da pediu ao declarante que o ajudasse

PETROBRAS e ido almoryar no com doaryao para campanha de

restaurante, QUE VALDIR RAUPP 2010 em tomo de R$ 500 MIL e,

estava acompanhado de um amigo como o declarante nao tinha como

do depoen/e, de nome CRISTIAN; ajuda-lo pessoalmente, RAUPP

(.) QUE em um desses encontros, pediu entăo que jalasse com

em 2010, no gabinete de VALDIR PAULO ROBERTO COSTA, ajim

RAUPP no Senado Federal, em de que ele obtivesse ajuda com

Brasilia, o parlamentar disse para a/guma empresa que presta va

o depoente que estava precisando serviryo para PETROBR4S; QUE

de dinheiro para a campanha de RAUPP sabia da relaryăo e

ree/ei"ăo, solicitando do depoente proximidade do dec/arallte com

uma doa"ăo ojicial; QUE o PAULO ROBERTO, assim como

depoente disse que nao poderia da sistematica existente lIa

pessoalmen/e ajudar VALDIR PETROBR4S de benejiciamellto

RAUPP, mas se compremeteu a dos politicos em decorrellcia das

conversar com PAULO contrata"iies; QUEfoi ell/Qo que o

ROBERTO COSTA sobre o declarante pediu a PAULO

assunto, para que este obtivesse ROBERTO COSTA essa doaryao,

uma doa"ăo jUllto a alguma tendo /omado conhecimento atraves

empresa cOlltratada pela de PAULO ROBERTO e RAUPP

PETROBR4S; QUE o depoente que havia sido realizada, mas so foi

conversou com PAULO saber que Ieria sido

ROBERTO COSTA, o qual disse operacionalizada por ALBERTO

que iria conseguir uma doaryao, YOUSSEF alraves da QUEIROZ

naosabendo se seria ojicialou niio, GALVĂO quando esleve preso na

de R$ 500 mii reais para VALDIR carceragem da Policia Federal

RAUPP, (.) QUE posleriormenle

o depoente encontrou com VALDIR

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RA UP P em Brasilia, no Senado, no

gabinete do parlamentar, ocasil1o

em que o depoente lhe disse que

PAULO ROBERTO COSTA havia

falado que iria providenciar uma

doar;ao de R$ 500 mi! reais para a

campanha de 2010 de VALDIR

RAUPP ao Senado; QUE depois da

Opera/;ao Lava Jato, na

carceragem da Policia Federal, o

depoente soube que essa doar;ao foi

intermediada por Alberto Yousseff

perante a QUEIROZ GALVÂo."

23. Em 22.06.15, foi realizado o Termo de Acareayao n. 02, entre PAULO

ROBERT O COSTA e ALBERTO YOUSSEFF (fls. 492/496), visando, segundo a

pr6pria Policia Federal dirimir "Divergencia em relQl;ăo ao pagamento para VALDIR

• RAUPP, mais especijicamente em relar;ăo il iniciativa para o repasse e se RAUPP

fazia parte da base de sustentenr;ăo de PAULO ROBERTO COSTA ".

24. Eis o teor da acareayao:

"Acareados os colaboradores disseram:

ALBERTO YOUSSEF RESPONDEU; QUE o declarante năo poderia

pedir dinheiro a PAULO ROBERTO COSTA para VALDIR RAUPP,

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ati mesmo porque o declarante năo era operador do PMDB e nem o

conhece;

PAULO ROBERTO COSTA RESPONDEU: QUE, primeiro, gostaria

de esc/arecer que o problema de saude do dec/arante foi em dezembro

de 2006; QUE, segundo, o apoio do PMDBfoi colocado por RENAN

CALHEIROS, ROMERO JUCA e EDISON LOBAO, e năo Itouve

diretamente men{:ăo ao apoio por parte de VALDIR RAUPP,. QUE

por fim a lembran{:a do declarante e que ALBERTO YOUSSEF e quem trouxe a demanda ao declarante.

ALBERTO YOUSSEF RESPONDEU: QUE o declarante năo levou

qualquer pedido, pois năo tinha qualquer contato com o PMDB, ate

mesmo porque este partido tinha um operador proprio.

PAULO ROBERTO COSTA RESPONDEU QUE o PARTIDO

PROGRESSISTA abriu măo de parte dos va/ores emfavor do PMDB;

que havia interesse do PARTIDO PROGRESSISTA na manuten{:Go do

dec/arante na PETROBRAS; QUE năo tem certeza absoluta, mas acha

que o pedido veio por intermedio de ALBERTO YOUSSEF, QUE năo

hti duvidas de que o repasse foi feito; QUE năo pode dar certeza se

foi de iniciativa de ALBERTO YOUSSEF ou de terceiros, QUE năo

ha duvidas tambem que os va/ores foram proveniiente da

PETROBRAS. "

25. Portanto, nâo restam duvidas de que ha contradi~oes e descompassos nos

termos de declarac,:6es prestados pelos Delatores, em divers as oportunidades.

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26. Ainda que dela"oes sirvam de substrato para uma denuncia criminal, elas devem

guardar um minima de coerencia e unidade narrativa5, algo que, no caso em concreto,

năo ha.

27. Esse tipo de prova năo se coaduna corn estado democratico de direito; ou, coma

ja advertiu o Ministro MARCO AURELI06, "niio se coaduna com ares realmente

constitudonais, considerada a prova, e, adma de tudo, a boa-fe que deve haver entre

aqueles que mantem, de algumaforma, um contato, que mantem, portanto, um dialogo".

28. Ultrapassada a questăo das contradi"oes e, consequentemente, da invalidade da

prova utilizada pela Ministerio Publico Federal para firmar suas bases, vai-se alem.

AUSENCIA DE JUSTA CAUSA PARA PROCESSAR UM HOMEM PUBLICO

PELO DELITO DE CORRUP(:ĂO - NARRATIVA DE FATO ATIPICO

29. Como ja afirmado, existem tres delatores no caso em tela que o MPF usa corn o

• prova de um eventual agir delituoso por parte do peticionario.

30. Pois bem: dos tres, dois (PAULO e YOUSSEF) jamais afirmaram qualquer

solicita"ăo ou promessa indevida por parte do Senador.

5 Neste sentido, inclusive, voto desta Excelentlssima Relatoria no processo n. 3979 - "Os indfcios da solicita<;:i'lo de valores por Paulo Bernardo Silva, oriundos de desvios da Petrobras, estâo suficientemente apresentados nos autos. Ha varios trechos de depofmentos prestados por Paulo Roberto Costa e por Alberto Youssef que silo convergentes na descri!;ilo da aludida solicita!;ăo e da autorlza!;ăo para pagamento". No caso dos autos nilo ha esta convergância! 6 Volo proferido no RE 583.937/RJ perante o pleno do STF

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31. Ao contrario, apenas afirmaram que referida contribui<;:iio se deu pela importância

do Senador junto ao PMDB, e nada mais.

32. Alem disso, o pr6prio PAULO ROBERTO, ao contrario do afirmado em

denuncia 7, esclarece que o Senador niio integrava a base politica que lhe dava

sustenta<;:iio. Confira-se:

"PAULO ROBERTO COSTA RESPONDEU: QUE, primeiro, gostaria

de esclarecer que o problema de saude do declarante foi em dezembro

de 2006; QUE, segundo, o apoio do PMDB foi colocado por RENAN

CALHEIROS, ROMERO JUCA e EDISON LOBĂO, e niio houve

diretamente men~iio ao apoio por parte de VALDIR RAUPP,.'

33. Ora, se PAULO ROBERTO quis "agradar", ou "apostar no futuro", se tinha uma

ou outra "finalidade", problema deie!

34. O fato e que o delator, em momento algum, narra qualquer especie de solicita<;:iio

• INDEVIDA por parte do Senador.

35. Voita-se il dela<;:iio de PAULO ROBERTO, corroborando o fato de que o Senador

jamais lhe prop6s qualquer especie de ilicitude:

7 Trecha da denuncia: "Desse modo, a repasse de propina a VALDIR RAUPP DE MATOS teve por finalldade a manutem;:tJa de PAULO ROBERTO COSTA no cargo, seja com a naa inlerferflncia nessa namea,ao e no funcionamento do esquema criminaso, seja com o fomeeimento de apoio polltieo para sua sustentafilo por parte do deelarante, entilo Senador, forte candidato il reelei,ăo e nome de relevo do Partido ( .. )".

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"(..) que conhece pessaolmente VALDIR RAUPP e apas o pagamento

do va/or aqui mencionado se encontrou diversas vezes com o mesmo,

inclusive em seu Cabinete no Senado e tambtim na propria sede da

Petrobras, no Rio de Janeiro/RJ, para discutir assuntos divers os da

Petrobras, contudo, nunca tocaram no assunto deste recebimento

(. .. ) ".

36. Enfim, PA ULO ROBERTO contribuir com a doayao por forya da importância de

• RAUPP no PMDB e fato atipico.

37. Corroborando a atipicidade da conduta narrada pela acusayăo, vale tambem

conferir a delayao de BAIANO, onde resta elaro que o peticionărio lhe procurou

solicitando CONTRIBUICĂO OFICIAL de campanha, e nao qualquer especie de

vantagem ilicita8 . Confira-se:

"QUE em um desses encontros, em 2010, no gabinete de VALDIR

RAUPP no Senado Federal, em Brasilia, o parlamentar disse para o

depoente que estava precisando de dinheiro para a campanha de

reeleit;iio, so/icitando do depoente uma doarăo oficiaP; QUE o

depoente disse que MO poderiapessoalmente ajudar VALDIR RAUPP,

mas se comprometeu a conversar corn PAULO ROBERTO COSTA

sobre o assunto, para que este obtivesse uma dOGl;iia junla a alguma

. empresa contratada pela PETROBRAS; QUE o depoente conversou

8 Em um segundo depoimento, este delator "Iembra" que talvez o peticionario soubesse do esquema de corrupyăo que existia na PETROBRAs, mas em momento algum afirma gue a doaciio oficial por ele reguisltada fosse uma contrapartida para a pratica de gualguer ato irregular. Pior: o MPF, partindo de uma suposta "consci~ncia" de RAUPP quanto aos desvios da PETROBRAS, cria um fato gua seguer BAlAN O relata - o Senador teria prometido a "năo interfen~ncia" ou a "interfer~ncia de sustentayăo politica" para PAULO ROBERTO. Ora, tai ponto foi veementemente negado pela pr6prio PAULO ROBERTO, como ja visto em item pr6prio. 9 Baseado apenas na delayăo acima, pergunta-se: solicitar contribuicăo oficial e crime?

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com PAULO ROBERTO COSTA, o qual disse que iria conseguir uma

doa9ăo, năo sabendo se seria oficial ou năo, de R$ 500 mii reais para

VALDIR RAUPP, QUE essa conversa provavelmente ocorreufora da

PETROB1US, QUE PA ULO ROBERTO COSTA disse que solicitaria a

uma empresa para fazer essa doa9ăo, entre as empresas contratadas

pela PETROB1US, QUE depois PAULO ROBERTO COSTA

confirmou para o depoente que conseguiu a empresa para fazer a

doa9ăo; QUE posteriormente o depoente encontrou com VALDIR

RAUPP em Brasi/ia, no Senado, no gabinete do parlamentar, ocasiăo

em que o depoente lhe disse que PAULO ROBERTO COSTA havia

falado que iria providenciar uma doa9ăo de R$ 500 mii reais para a

campanII a de 2010 de VALDIR RAUPP ao Senado; QUE na mesma

oportunidade o depoente perguntou a VALDIR RAUPP se a doa9ăo

IIavia sido feita; QUE VALDIR RAUPP confirmou que os valores

foram doados.

38. O quadro, portanto, e que, dos tn:s, (a) nenhum afinna que RAUPP prometeu

• algo indevido em troca de uma doayao oficia!'o, e (b) dois entram e pennanecem em

contradiyao sobre a contribuiyao em si.

39. TaI panorama retira, mais uma vez, substrato probatario e narrativo minimo

exigidos para o recebimento da denuncia por parte desta Corte.

10 Se verdadeiras fossem as afirma90es do delator BAIANO. ainda assim nao existiria tipicidade de corruP9ao passiva por parte de RAUPP, eis que mesmo sabedor de esguemas na PETROBRAs. nao ofereceu nenhuma vantagem Indevlda em troca da contribuicăo solicitada. Enfim, a yerdade e gue nao sabia do esguema. Mas, ainda que soubesse, precisaria prometer ou receber algo em virtude de sua fun9âo para que estivesse praticando o comportamento descrito no artigo 317, C6digo Penal. Isso. em momento algum. Ihe foi realmente imputado.

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III.2 - DAS DELA<;:OES DE YOUSSEF E FERNANDO BAIANO­

COMPROV A<;:ĂO DA EXISTENCIA DE DOA<;:ĂO OFICIAL

IV - DA IMPUTA<;:ĂO DE LA VAGEM DE DINHEIRO

40. Pois bem. Na remota hip6tese de se acreditar na narrativa acusat6ria, nao estaria

contigurado o crime de lavagem de dinheiro.

41. Explica-se:

IV.I - INEXISTENCIA DO CRIME DE LA V AGEM - VALORES

DEVIDAMENTE CONTABILIZADOS

42. A essencia do crime de "lavagem de bens ou de capitais" e ocuItar ou dissimular

• a origem ilicita do "dinheiro sujo", isto e, ocultar que o "produto lavado" resulta da

obtenr;:ao da prătica de outros crimes, que saa denominados crimes antecedentes,

taxativamente elencados no art. ro, da Lei 9.613/98.

43. Em outros termos, lavagem de dinheiro e a transformar;:ao de "dinheiro sujo" -

obtido corn uma ar;:ao criminosa (rol legal) - em valores ou bens lîcitos ou legitimos,

corn a tinalidade de integrar aberta e limpamente o patrim6nio do destinatărio.

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44. Desta forma, o objetivo de ocultar ou dissimular capitais mediante a prâtica das

condutas tipificadas e fundamento indispensâvel para a caracterizaryăo do crime de

lavagem de dinheiro.

45. No caso dos autos, mesmo na hip6tese de ser verdadeira a origem ilicita dos

valores analisados, o fato e que tiveram procedencia e destina~ăo devidamente

decIaradas, sem que tenham passado pelas măos ou conta de qualquer intermediârio .

46. Năo houve, portant o, qualquer "branqueamento" do capital.

47. Pelo contrârio, TODOS os valores doados foram devidamente contabilizados

na prestaryăo de contas do Partido atraves da correta identificaryăo de sua origem e

destinaryăo, afastando por completo a tipicidade do delito em comento.

48. TaI ponto merece destaque: ainda que os valores tenham sido doados por forrya

de uma propina, segundo afirma a acusaryăo, năo hâ ocuitaryăo ou dissimularyăo da

natureza, origem, 10calizaryăo, disposiryao, movimentaryăo ou propriedade de bens,

direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infraryăo penal.

49. Pelo contrârio, a doacăo foi oficial e decIarada, ainda que sua motivaryăo tenha

sido, coma narra a acusaryăo, espuria. TaI motivas;ăo, entretanto, nao retira dos valores

sua verdadeira natureza Il: contribuiryăo oficial de campanha.

50. Ante o exposto, nao hă coma ser recebida a denuncia no presente ponto, por

ausencia de fato tipico em sua narrativa.

11 Tai ponto El de extrema importtlncia. O MOTIVa das coisas năo interfere em sua NATUREZA. Săo categorias juridicas distintas. Por exemplo, o MOTIVO de um homicidio pOde ser variado, mas a NATUREZA do caso sempre sera um crime contra a vida. Uma DOA<;:ÂO pode ter por motivos algo espurio, mas sua natureza - de doac;ăo - permanece intocada.

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IV.3-DA FALTADE PROVAS E DEPARTICIPA<;:Â.O PUNîvEL EM

LA VAGEM DE CAPITAIS

51. Por derradeiro, a configura~ao do tipo penal de lavagem de capitais depende da

demonstra~ao inequivoca de que o agente tenha conhecimento pleno da existencia

de capital ilicito.

52. Isso porque o elemento subjetivo da lavagem de dinheiro e o dolo de ocultar ou

'. dissimular a origem dos valores que se sabe provenientes de infra~ăo penal.

53. Na medida em que necessăria a demonstra~ao inequivoca de consciencia e

vontade de !impar o capital ilicito a fim de reinseri-Io no sistema, e considerando que,

no caso, nenhum elemento objetivo demonstra ser possivel ao Peticionario desconfiar

de eventual ilicitude precedente, nao ha que se falar em lavagem.

54. Ante o exposto, seja por atipicidade ou falta absoluta de provas quanto a

consciencia do peticionărio frente o delito antecedente, a denuncia ha de ser rejeitada

quanto ao ponto .

v - DOS PEDIDOS

55. Ante o exposto, requer:

a) Imputa~ăo de corrup~ăo passiva

Seja a denuncia rejeitada e/ou julgada improcedente a acusa~ao, a.!) em

razao de inepcia, uma vez reconhecida a ausencia de descri~ao da conduta

do Peticionario; e a.2) em razao de ausencia de justa causa para o

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prosseguimento da as;ăo penal, uma vez reconhecida a ausencia de base

empirica a conferir suporte li acusas;ăo;

b) Imputa~ăo de lavagem de capitais

Seja a denuncia rejeitada, e/ou julgada improcedente a acusaăo, em razăo

da atipicidade ou falta absoluta de provas quanto a consciencia do

peticionărio frente o delito antecedente, a denuncia ha de ser rejeitada

quanto ao ponto .

OAB/DF 16.233

OAB/DF 17.568

Nesses termos, pede deferimento,

Brasilia, 17 de outubro de 2016.

NILSON NA VES

OAB/DF 32.979

DANIELGE ER

OABIRS 39.879

OAB/DF 34.550

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I

[Digite aqui]

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Rol de Testemunhas:

1. CONFUCIO AIRES MOURA - brasileiro, casado, medico, RG 75.140 SSPIRO, CPF 037.338.311-87, residente e domiciliado Il Alameda Pequia, n° 1572, Setor 1, na cidade de Ariquemes, Estado de Rondonia;

2. TOMAS GUILHERME CORREIA - brasileiro, casado, advogado, RG 292.923 SSPIRO, CPF 038.669.121-53, residente e domiciliado Il Avenida Padre Adolfo Rhol, n° 968, Setor 2, na cidade de Jaru, Estado de Rondonia;

3. MARIO AL VES DA COSTA - brasileiro, casado, funcionario publico, RG 463.794 SSP/RO, CPF 351.093.002-91, residente e domiciliado Il Avenida Diomero Moraes Borba, n° 3240, Centro, na cidade de Machadinho do Oeste, Estado de Rondonia;

4. NEOm CARLOS FRANCISCO DE OLIVEIRA - brasileiro, casado, empresario, RG 171.430.50 SSPIPR, CPF 240.747.999-87, residente e domiciliado Il Rua Manaus, n° 3285, bairro Centro, na cidade de Machadinho do Oeste, Estado de Rondonia;

• 5. AMIR FRANCISCO LANDO - brasileiro, divorciado, advogado, inscrito no cadastro nacional de contribuintes CPF n° 010.437810-72, residente Il Avenida Lauro Sodre, n° 2003, Condominio Reserva do Bosque, Edificio Botânico, Apto 1301, na cidade de Porto Velho, Estado de Rondonia;

6. A VENILSON GOMES DA TRINDADE - brasileiro, casado, servi dor publico estadual, RG 440625 SSPIRO, CPF 420.644.652-00, residente e domiciliado Il rua Francisco Coelho Filho, n° 2582, bairro Sao Joao Bosco, na cidade de Porto Velho, Estado de Rondonia;

7. CAMILO DE SOUZA PIMENTEL - brasileiro, casado, contador, RG 259.509 - SSPIRO, CPF 385.457.482-72, com endere<;o Il Rua Elias Gorayeb, n° 3298, bairro Liberdade, Porto Velho-RO.

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S T F 102.002

Ql,'~ c:ff~ dfoetkca!

jh~ 39i2

TERMO DE CONCLUSÂO

Fi'l.CO estes out-os concluSos <.'10 Exrno. (a) Sr. (a)

!'linist.~'O(a) Relator(a~". /"" Brasil~a, ~_ de __ . _ _ _ _ f),-- de 2010.

CA /CU~A Tecnica Judiciăi':i-o - !'lat. 2733

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INQUERITO 3.982 DISTRITO FEDERAL

RELATOR

AUTOR(AlS)(ES)

PROC.(A/s)(ES)

INVEST.(A/s)

AOV.(A/s)

INVEST.(A/s)

INVEST.(A/s)

ADV.(AlS)

:MIN. TEORI ZAVASCKI

:MINISTERIO PUBLICO FEDERAL

:PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA

:VALDIR RAUPP DE MATOS

:NILSON VlTAL NAVES E OUTRO(S) E OUTRO(A/S)

:MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA

:PEDRO ROBERTO ROCHA

:NILSON VITAL NAVES E OUTRO(A/S)

DESPACHO: Apresentadas as respostas a acusa~ao (fis. 1.496-1.509 e

1.514-1.532), de-se vista dos autos ao Ministerio Publico, para os fins do

art. 5' da Lei 8.038/1990, devendo esclarecer qual a situa~ao processual

dos colaboradores em face dos fatos narrados na denuncia.

Publique-se.

Intime-se.

Brasilia, 20 de outubro de 2016.

Ministro TEORI ZAVASCKI

Relator • Documenta assinado digitalmente

Documenta assinado digitalmente conforme MP n° 2.200·212001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Publicas BrasHeira· ICP·Brasil. O documenta poete ser acessado no endereyo eletTonico http://WIMV.stf.jus.br/portal/autenlicacao/ sob o numero 11910081.

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Inq 3982

TERMO DE VIST A Fa<;;o vista destcs autos ao Excelcntissimo Procurador~Gcral da Republica. -A-j Brasilia,'lLde ev-.Jv 'fi,. de 20 I~.

ON~E s~ RES!\VES M)!lrîc~t~383

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MTNISTERIO PUBLICO FEDERAL

PROCURAOORIA GERAL DA REPUBLICA

OCJ/SUBGOP/PGR - DlVISĂO DE CONTROLE JUDlCJALIPGR

TERMO DE DISTRIBUICÂO E CONCLUSÂO DE AUTO JUDICIAL

Procedi il distribui9ao/conclusăo do presente feito, confonne informa90es abaixo:

N(tmcro do Auto

Etiqucta

Data da V ista:

Data da Entrada:

Motivo da Entrada:

Urgente:

Infonna90es da Conclusao

Oficio:

Tipo de Vînculo:

Motivo:

Fonn. de Execu<;ao:

Data:

Responsave1:

3982

STF-JNQ-3982

28/1 0120 16 00:00:00

28/10/201614:11:04

Parecer

Nao

GABPGR-GT LA V A JATO

ROORIGO IANOT MONTEIRO DE BARROS

Titular

Oficio Titular

ConcIusiio Automatica

28110/201614:15:58

GI.ucio Matlos Ou.rtc

Responsavel pela conclusao do aulo judicial

GLĂUCIO MAnOs I)U~TI: Matric"la n° 16556

DivisAo de Controlc Judicial SUIV~f"nl""l !'"CI' m..;n

STF/SPOC E,P1j!LJI.O]~as lîhS-~ 11)C8~ OS autos Q{«~nso~ e-- ;:tWaS l1Jf !ilha) corn O (ai ---- qllf !e!J!ie

~'1i.o0iJ SSI ... lC1o, ;::sfp~.:;~.io~M;,.!",:, .. ,I::I

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INQ 3982

CERTIDÂO

Certifico que, nesta data, compareceu a esta Se<;ăo o SI. Thyago Bittencourt de Souza Mendes, RG/SP 52413341-4 e recebeu midia digital contendo copia do volume 5 ate fis. 1489 do referido processo .

~2413341-4 BrasHia, 27 de setembro e 2016 - ~ h30 min.

ERREIRA

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INQ.3982

CERTlDĂO

Certifico que, nesta data, compareceu a esta Sec;âo o advogado Rodrigo Rezende de Pâdua, OAB/DF 34550, devidamente constitufdo por Valdir Raupp de Matos (procurac;âo a fis. 352) e recebeu midia digital contendo copia dos apensos AC 3874, 4022, 4095 e 4113. Ciente de que estes apensos tramitam sob segredo de justic;a e a violac;âo deste sigilo pode acarretar a responsabilizac;âo de quem lhe der causa.

OAB/DF 34550

Brasîlia, 03 de novembro de 016 - .&h37min . .cE

Rodrigo d~ \\ssis Ferreira Matri( Jla 1715

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'{'i...l# Correlos AR OESTINATĂRIO 13" VARA FEDERAL DE CURITIBA SECĂQ JUDlcrĂRIA 00 PARANA Avenlda Anita Garibaldi ,BaS. Cabral 80540400 Curi~ba·PR

...

AVISOOE RECEBIMENTO

! 1IIIIIIIIIIIfliim~ii~imilllllllllllll w REMETENTE: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

~ ENDEREC;:O PARA DEVOLUc;:ĂO DO AR W SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL :! PRACA OOS TRES PODERES Elxa MONUMENTAL O SIN (/) EIXQ MONUMENTAL

70175900 Brasilia-OF

" OECLARAr;AO DE CONTEOOO tOf'CIONALj :s ( OOdo """,,,,,, '"0 ,,,,,,, .. "" O,", 0' ",,"" "" Mlo,,,, "0''.'

volume:

TENTATIVAS DE ENTREGA:

l"OATA_'_' ___ h

2" DATA -'-'---h

3'DATA_'_' ___ h

MOTiva DA DEVOLUCÂO

QMudoo-se o Recusado

0End. o Nao PrOOJta(lo

[2] N30 Existe o ND [2] Ausente

1/1 o Desconhecido o Faleodo

00utros fovan

N" DOCUMENTO DE IDENTlOADE-

~

CONTRATO

9912286461

H C

03.10 7.016 0

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S T F 102.002

TEru10 DE JUNTADA

Em, M. de !l\Cf'.("",\A19' de 201.G_, junto a

estes autos a e~t7s autos o protocolado de n° r:JQ§ .;L9iiL~-,-,16'4L_-"'~ __ que segue (m) .

ISAC BATISTA ~ .. /. -:::::f",,-./

o

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Supremo Tribunal Federal

07/11/2016 18:34 0062991

11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

MINISTERIO PUBLICO FEDERAL

Procuradoria-Geral da Republica

N° 268446/2016/GTLj-PGR Inquerito n. 3982/DF Relator: Ministto Teori Zavascki

o PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA vem, em

aten<;âo ao despacho de il. 1.535, manifestar-se sobre as respostas il

acusa<;âo apresentadas pelos denunciados VALDIR RAUPP DE

MATOS (ils. 1.514-1.532), MARIA CLEIA SANTOS DE

OLIVEIRA e PEDRO ROBERTO ROCHA (ils. 1.496-1.509),

nos termos que se seguem.

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--

Procuradaria-Geral da Republica Inguerita n· 3.982

1. Do cabimento da manifesta!rao da PGR sobre questoes

preliminares. Garantia do contradit6rio.

A Procuradoria-Geral da Republica deve manifestar-se sobre

as guestoes preliminares apresentadas nas respostas escritas, mesmo

gue eventualmente desacompanhadas de nova documenta<;ao, ante a

necessidade de conferit efetividade ao principio do

contradit6rio, o qual, nao se olvide, tambem opera em prol da

acusa!rao, traduzindo verdadeira lealdade ou paridade de armas.

Segundo Eugenio Pacelli de Olivcira, "o contraditdrio, entao, nao

sa passaria a garantir o direito il informafoo de qualquer fato ou alegafoo

contrdria ao interesse das partes e o direito il reafao (contrariedade) a ambos,

como tambim que a oportunidade da resposta possa se realizar na mesma

intensidade e extcnsao"'. Em complemento, tem-se gue, "se de um lado

se deve permitir o conhecimento a defesa de todas as provas pretcndidas pela

acusafao, igual situafao se deve se dar em relafao as pretcnsoes defensivas. E dizer: deve o magistrado velar para que as partes ten ham as mesmas

possibilidades (paridade de armas) de contra por-se as pretensoes adversas. E uma das demonstrafoes clar as de que o contraditdrio nao existe apcnas para a

defesa'>2.

Sobre o tema, veja-se o seguinte precedente:

1 PACELLI, Eugenia. Cllrso de processo penal. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 23.

2 PACELLI, Eugenio. FISCHER, Douglas. Comentdrios ao Ctfdigo de Processo Penal e sila Jllrispmdinda. 8 cd. Săo l)aulo: Adas, 2016, p. 958.

2 de 44

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'.

Procuradoria-Geral da Republica Inguerito n° 3.982

[ ... ] quando a defesa argui questiio preliminar nas alegariJes ftnais, e legitima a abertura de vista e a manifestarao do Minis/erio Publico, ambos com respaldo legal na aplicarao analdgica do art. 327, primeira parte, do Ctidigo de Processo Civil, como previsto no art. 3' do Ctidigo de Processo Penal, pois em taI caso e de rigor que a outra parte se manifeste, em homenagem ao princfpio do contradit6rio, cujo exercicio niio e monop6lio da defesa" (HC no 76.240/SP, Scgunda Turma, da rdatoria do Ministro Mauricio Correa, DJ de 14/8/98). [ ... ] (Recurso Ordinârio em Habeas Corpus no 104.261, S7F, Plenârio, Relator Min. Dias T offoli, Julgado em 15.3.2012, publicado no D J em 7.8.2012).

No mesmo sentido, Antonio Magalhiies Gomes Filho assevera

que a garantia do contradit6rio

"( ... ) reconhece aos sujeitos interessados uma partlclpa<;ăo

ativa no desenvolvimento do processo; assegura, assim, aos litigantes todas as oportunidades e iniciativas aptas a influir no convencimento do juiz. E justamente esse prop6sito de influir no provimento final gue confere aO contraditario a sua unidade teleol6gica e, ao mesmo tempo, permite concluir gue uma decisao sa pode ser considerada como proferida em contraditario guando este tiver acompanhado o completa itiner:irio de sua forma<;ăo"'.

Tanto e assim que o paragrafo unico do art. 5° da Lei

8.038/1990 - que institui normas procedimentais para os proces sos

que especifica, perante o Superior Tribunal de Justi<;a e o Supremo

Tribunal Federal- disp6e:

Art. 5° - Se, corn a rcsposta, forem apresentados novos documentos, sera intimada a parte contraria para sobre des se manifestar, no prazo de cinco dias.

Seguindo essa linha, se na defesa inicial o denunciado trouxer

provas, alegar preliminares ou questoes novas que nao tiverem

3 GOMES FILHO, Antoruo Magalhaes. A tnot:iva<;ao das decisoes penais. Sao Paulo: RT, 2001, p. 40.

3 de 44

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--

Procuradoria-Geral da Republica Inguerito n' 3.982

sido tratadas pelo Ministcrio Publico e que possam levar a rejei<;ao

da denuncia, desponta imprescindîvel a abertura de vista para que se

permita a acusa<;ao exercer o contradît6rio sobre tais alega<;6es e

provas, antes da analise do recebimento da pe<;a acusat6ria ou de

eventual prola<;ao da absolvi<;ao sumaria. Do contrario, caso o

Tribunal rejeitasse a denuncia, absolvesse sumariamente ou

extinguisse o feito sem a oitiva da acusa<;ao, esta ficaria privada de

rea<;ao as alega<;6es ou provas produzidas pela defesa, em verdadeira

macula ao principio do contradît6rio.

A refor<;ar tai entendîmento, vale destacar que, exatamente por

isso, o art. 409 do CPP - que trata do procedîmento do Juri - preve

expressamente que, apresentada a defesa, o juiz ouvira o Ministcrio

Publico ou o querelante sobre preliminares e documentos, em cinco

dias.

Em smtese, portanto, a manifesta<;ao do Ministcrio Publico

sobre a defesa inicial devera ser oportunizada sempre que for

necessario garantir o contradit6rio - prindpio medular do

processo crime, nas palavras do Ministro Marco Aurclio (HC

105739, ReI. Min. MARCO AURELIO, Primeira Turma, Dje de

27/2/2012) -, quando a defesa apresentar provas ou preliminares

sobre as quais o Ministcrio Public o nao houver tratado.

Em complemento cumpre destacar que esse tambem e o

entendimento unissono no âmbito do STJ, como se verifica se

recentissimo precedente:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS IMPETRADO EM SUBSTITUI<;:Ao A

4de44

CORPUS RECURS O

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'.

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Procuradoria-Geral da Republica Ingm'rito n" 3,982

PROPRIO. VISTA DOS AUTOS AO MINISTERIO PIJBLlCO AP6s RESPOSTA A ACUSA<;Ă.O. NULIDADE. INOCORRENCIA. PREJUIZO NĂO DEMONSTRAD0. HABEAS CORPUS NĂO CONHECIDO. [ ... ] 2. Esta Corte Superior firmou o entendimento no sentido de gue a manifestas;ăo do Ministerio Publico ap6s a juntada da resposta a acusas;ăo e antes da aprecias;ăo das teses da defesa, năo viola os principios do contradit6rio e da ampla defesa. [ ... ] (Habeas Corpus n. 164.490 - PE, STI, 5 6 Turma, unânime, ReL Min. Ribeiro Dantas,julgado em 14.6.2016, publicado no D] em 21,6.2016)

No caso, em suas respostas il acusa<;ao, os denunciados

levantaram diversas preliminares, ou seja, quest6es que, acasa

procedentes, podem levar il extin<;ao antecipada do feito. Assim,

urge que - dentro dos limites da lase propria em tela, sem

adentrar naqueles que săo proprios de discussăo do merito da

propria ar;ăo penal - seja assegurado o exerdcio do contradit6rio

ao Ministerio publico. Nesse sentido tem sido a orienta<;ao das duas

Turmas dessa E. Suprema Corte:

DEFESA PREVIA - ARTIGO 396 DO CODIGO DE PROCESSO PENAL - CONTRADITORIO. Quando a inversao implica nulidade absoluta, descabe transportat para a fase prevista no artigo 396 do C6digo de Processo Penal a ordem alusiva as alega<;6es finais. Apresentada defesa previa em que săo articuladas, ate mesmo, preliminares, e cabivel a audis;ăo do Estado-acusador, para haver definis;ăo quanto a sequencia, ou năo, da as;ăo penal. (HC 105739, Relator Min. MARCO AURELIO, Primeira Turma, julgado em 07/02/2012, PROCESSO ELETRONICO DJe-041 DIVULG 27-02-2012 PUBLIC 28-02-2012)

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Procuradoria-Geral da Republica Inquerito n° 3.982

RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. MANIFESTA<;:ĂO DO MINISTERIO PUBLICO APOS A APRESENTA<;:ĂO DA DEFESA PREVIA. AUSENCIA DE NULIDADE. PRECEDENTES. 1. A manifestas:ao do Ministerio Publico, ap6s a apresentas:ao da defesa previa pelo reu, nao e causa de nulidade dos atos processuais ja praticados. Precedentes. 2. Recurso ao qual se nega provimento. (RHC 120384, Relatora Min. CARMEN LUCIA, Segunda Turma, julgado em 22/04/2014, PROCESSO ELETRONICO DJe-114 DIVULG 12-06-2014 PUBLIC 13-06-2014)

Agravo regimental em habeas corpus substitutivo de recurso ordinario. Inexistcncia de contrariedade it jurisprudcncia do tribunal e de risco iminente de cerceio indevido it liberdade de locomo<;ao. 1. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal consolidou o entendirnento no sentido da inadmissibilidade da impetra<;âo de habeas corpus em substitui<;ao ao recurso ordin:irio, previsto no art. 102, II, 'a', da Constitui<;ao Federal. 2. Eventual manifestas:ao do Ministerio Publico ap6s a apresentas:ao da defesa previa nao invalida os atos processuais ja praticados. Precedente. 3. lnexistindo risco iminente de cerceio indevido it liberdade de 10como<;ăo e contrariedade it orienta<;ao jurisprudencial do Tribunal, nao e o caso de concessao da ordem de oficio. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (HC 120045 AgR, Relator Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 11/03/2014, PROCESSO ELETRONICO DJe-059 DIVULG 25-03-2014 PUBLIC 26-03-2014)

Portanto, faz-se necessaria a manifesta<;ăo da Procuradoria-

GeraI da Republica sobre as questaes preliminares levantadas pelos

denunciados, separadamente. E serao relatadas as sinteses das teses

apresentando-se, em seguida, as respectivas contra-argumenta aes.

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II. Das questoes apresentadas pelos denunciados

A de fes a de VALDIR RAUPP DE MATOS aponta, em

apertada smtese, as seguintes quest6es, inclusive preliminares, em

sua resposta escrita:

(i) a acusas:ao estaria lastreada apenas na palavra de tres

colaboradores, cujos depoimentos seriam contradit6rios, pOiS nao

guardariam um mînimo de coerencia e unidade narrativa;

(ii) atipicidade da conduta narrada, consistente em "PAUW

ROBERTO contribuir com a doafao por forfa da importância de RAUPP

no PMDB", sendo que PAULO ROBERTO COSTA e ALBERTO

YOUSSEF ''jamais qfirmaram qualquer solicitafao ou promessa indevida por

parte do Senadol', tendo o primeiro declarado que "o Senador nao

integrava a base politica que Ihe dava sustentafao". Sustenta, nesse sentido,

que solicitar contribuis:ao oficial para campanha nao e crime;

(iii) atipicidade tambem quanto a conduta apontada como

lavagem de dinheiro, pois os valores, consoante afirma, "tiveram

procedencia e destinafao devidamente declaradas, sem q/le tenham passado

pelas maos ou conta de qualquer intermediârio". Argumenta que "a doafao

foi oficial e declarada, ainda que sua motivafao tenha sido, como narra a

acusafao, esptiria. Tai motivafao, entretanto, nao retira dos valores sua

verdadeira natureza: contribuifao oficial de campanhd';

(iv) ausencia de provas de participas:ao punivel em crime de

lavagem de capi tais, porque nao se teria demonstrado que o acusado

tivesse "conhecimento pleno da existencia de capital ilicito", sob o

argumento de que "o demento subjetivo a lavagem de dinheiro e o dolo de

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ocu/tar ou dissimu/ar a origem de va/ores que se sabe provenientes de infrafiio

pena!'.

Ao final, requer, quanto a imputa<;ao de corrup<;ao passlva,

"seja a dentineia rejeitada el ou julgada improcedente a acusafiio, a.1) em raziio

de inipeia, uma vez reconheeida a auseneia de descrifiio da conduta do

Petieiondrio; e a.2) em raziio de auseneia de justa causa para o prosseguimento

da afiio penal, uma vez reconheeida a ausencia de base empirica a conferir

suporte il acusafiio" e, quanto ao crime de lavagem de capitais, "seja a

dentineia r~jeitada, el ou julgada improcedente a acusafiio, em raiJio da

atipieidade ou fa/ta absoluta de provas quanto a conscieneia do petieiondrio

frente o de/ito antecedente, a dentineia ha de ser rejeitada quanto ao ponto" .

A defesa de MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA e

PEDRO ROBERTO ROCHA, por sua vez, traz as seguintes

quest6es, inclusive preliminares, em sua resposta escrita:

(i) alega-se inexistir narrativa de conduta a caracterizar

participa<;ao ou coautoria em crime de corrup<;ao, pois o

recebimento de valores consubstanciaria mero exaurimento de

delito ja consumado, argumentando-se que "cabia ao MPF demonstrar

a atuaf1io de MARIA CUIA e PEDRO ROBERTO (a) antes ou (b) no

momento em que o Senador VALDIR RAUPP so/iei/ava a hipotitica

vantagem indevida aos de/atores que sustentam a dentincia". A conduta dos

acusados, portanto, seria atipica, pois realizada "apas a aludida

solieitafiio, com desiderato exc/usivo de operaeionalizar o recebimento e a

ofteializafiio de tais va/ores junto il campanha eleitoral que esfava em curso".

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(ii) ausencia de justa causa quanto ao cnme de corrup<;:ao

passiva, por inexistir prova de que os acusados teriam contribuido

em qualquer fa se do iter criminis da corrup<;:ao passiva (solicita<;:ao),

nao se tendo demonstrado a consciencia da ilicitude dos fato, pois

"os elementos oi?jetivos indicam que MARIA CLEIA e PEDRO jamais

podenam suspeitar de qualquer ilicitude na contribuirao em analise, eis que joi

realizada de maneira oficial e dentro das regras necessanas a tanto";

(iii) atipicidade tambem quanto il conduta tipificada como

lavagem de dinheiro, pois os valores, consoante afirmam, "tiveram

procedincia e destinarao devidamente declaradas, sem que tenham passado

pelas maos ou conta de qualquer intermediario". Argumentam que "a

doarao foi oficial, declarada, ainda que sua motivarao, segundo a denuncia,

tenha sido espuria. TaI motivarao, en!retanto, nao retira dos valores sua

verdadeira natureif1: contribuirJo oficial de campanhd';

(iv) ausencia de provas de participa<;:ao punivcl em crime de

lavagem de capitais, porque nao se teria demonstrado que os

acusados tivessem "conhecimento pleno da existincia de capital ilicito",

sob o argumento de que "o clemento subjetivo a lavagem de dinheiro e o

dolo de ocultar ou dissimular a origem de valores que se sabe provenientes de

infrarao pena!'.

Requerem "a rlJcirao da denuncia, na medida em que Ihes atribui jato

atipico", e subsidiariamente "sua ryeirao por ausencia de justa causa, visto

que nao existe nenhuma prova indicando a participarao de ambos nos supostos

delitos narrados na denuncia."

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11.1. Da alegada ausencia de justa causa

De inicio, a alegayao de ausencia de justa causa nao prospera.

A denuncia con tem a exposiyao dos fatos, corn todas as suas

circunstâncias, a qualificayao dos denunciados e a classificayao dos

crimes, atendendo rigorosamente ao que dispâe o art. 41 do C6digo

de Processo Penal. Con tem, portanto, imputayao delimitada, em

que se descrevem as condutas criminosas praticadas e todos os

elementos do tipo penal .

Os elementos carreados e a narrativa contida na peya

acusat6ria revela o interesse de agir do Ministerio Publico e a justa

caus a, assegurando aos denunciados exercer plenamente seu direito

de defesa. Nesse sentido:

DENUNCIA. CRlMES DE PECULATO, CORRUP<;:ĂO PASSIVA E FALSIDADE IDEOLOGICA. ALEGA<;:6ES PRELIMINARES DE CERCEAMENTO DE DEFESA: vicIOS NĂO CARACTERIZADOS. PRECEDENTES. PRELIMINARES REJEITADAS. PRECEDENTES. INSUFICIENCIA DE PROVAS. ABSOLVI<;:Ăo. A<;:ĂO PENAL JULGADA IMl'ROCEDENTE. 1. E apta a denlincia que bem individualiza a conduta do reu, expondo de forma pormenorizada o fato crurunoso, preenchendo, assim, os requisitos do art. 41 do C6digo de Processo Penal. Basta que, da leitura da pes;a acusat6ria, possam­se vislumbrar todos os eIementos indispensaveis it existencia de crime em tese, corn autoria definida, de modo a permitir o pleno exercicio do contradit6rio e da ampla defesa. Precedentes. ( ... ) (Al' 465, ReI. Miu. Cârmen Lucia, Tribunal Pleno, Dje de 29.10.2014)

A<;:ĂO PENAL ORIGINÂIUA. PARLAMENTAR FEDERAL. CRIME ELEITORAL. PROPAGANDA ELEITORAL NO DIA DO PLEITo. ART. 39, § 5°, DA LEI N. 9.504/97. PRELIMINARES. INEPCIA DA DENUNCIA. INEXISTENCIA. ATENDIMENTO AOS REQUISITOS DO ART. 41 DO CODIGO DE PROCESSO PENAL. PROVA PERICIAL. FALTA DE

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INTIMA<;:Ao DA DEFESA NAo VERIFICADA. AUSENCIA DA MiDIA ORIGINAL COM A GRAVA<;:Ao DAS FALAS DO ACUSADo. PERiCIA. PREJuizo. INOCORRENCIA. PRELIMINARES REJEITADAS. MERITO. ENTREVISTA CONCEDIDA A EMISSORA DE RADIO As CINCO HORAS DO DIA DAS ELEI<;:OES. PRONUNCIAMENTO AN6DINo. MANIFESTA<;:Ao GENERICA, SEM REFERENCIA DIRETA A UM CANDIDATo. ATO NAo CARACTERIZADOR DE PROPAGANDA. DELITO NAo CONFIGURADo. A<;:Ao PENAL JULGADA IMPROCEDENTE. REU ABSOLVIDO NOS TERMOS DO ART. 386, III, DO CPP. ( ... ) 8. O art. 41 do C6digo de Processo Penal disp6e: ''A denUncia ou queixa contera a exposi<;ao do fato criminoso, corn todas as suas circuostâncias, a qualifica<;ao do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo, a classifica<;ao do crime e, quando necessario, o rol das testemuohas". 9. A denUncia, no caso sub examine, preencheu os requisitos formais do art. 41 do C6digo de Processo Penal e encontrou correspondencia nos elementos indiciarios colhidos durante as investiga<;6es, razao pela qual permitiu o amplo exerdcio do direito de defesa, ausente ilegalidade. 10. Pretensao puoitiva estatal julgada improcedente para absolver o reu nos termos do art. 386, III, do CPP. (AP 609, ReI. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe de 29.10.2014)

Alias, e coma se destacara acliante, a dentincia demonstra li

saciedade a presen<;a de justa causa para a a<;ao penal. Os temas

suscitados pelas defesas, bem se ve, nao se resolvem em sede de

discussao de ausencia de concli<;6es para a a<;ao penal, envolvendo,

de outra sorte, exame de merito.

Seguodo a jurisprudencia desta Corte, "ajusta causa e constatada

pela presenra de lastro probatdrio minimo a embasar a pera acusatdria, a fim

de que nao se submeta algucm a julgamento publico ante uma denuncia sem

quaisquer fundamentos, exonerando o parquet da produfao de rova plena

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sobre os falos narrados na exordial acusatOria". (Ing 2.588, ReI. Min. Luiz

Fux, Tribunal Pleno, Dje 16.5.2013)

Da mera leitura da inicial acusat6ria, ve-se que, muito

alem de lastro probat6rio minima, ha inumeros elementos,

harmonicos, nao se sustentando a afirmas;ao de VALDIR RAUPP

DE MATOS de gue a denuncia estaria apoiada "em prova unica",

consistente em "delas;oes contradit6rias".

No caso, a denuncia esta baseada em inumeros, robustos e

harmonicos elementos - corroborados pelas colaborac;c3es

premiadas - gue apontam para a prarica, por parte de VALDIR

RAUPP DE MATOS, MARIA CLl~IA SANTOS DE OLIVEIRA

e PEDRO ROBERTO ROCHA, na forma dos arts. 29 e 69 do

C6digo Penal, dos crimes previstos no art. 317, capul e § 1 °

(cumulado com o art. 327, § 2°, do C6digo Penal), e no art. 1°, capul

e § 4°, da Lei n. 9.613/1998.

Durante o inguerito, foram colhidos elementos suficientes

a dar inicio il persecuc;ao penal, como se ve da narrativa

acusat6ria, da gual se extrai exisrir !astro probat6rio

consubstanciado em:

(i) dados telefOnicos gue confirmam a versao dos

colaboradores e desmentem a versao de VALDIR RAUPP DE

MATOS, o gua! negou peremptoriamente gualguer contato com

FERNANDO ANTâNIO FALCĂO SOARES, tendo sido

comprovados inlÎmeros contatos telef6nicos entre ambos e ao

menos um encontro no Rio de Janeiro, exatamente como detalhado

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por este Ultimo, o qual esclareceu que, especialmente entte os anos

de 2009 e 2012, manteve frequentes contatos telefânicos e pessoais

corn o parlamentar e seus assessores mais praximos, PEDRO

ROBERTO ROCHA eMARIA CLEIA SANTOS DE

OLIVElRA. Como esclarecido na inicial acusataria:

Os registtos telef6nicos dos envolvidos revelam a existencia de numerosos contatos telefOnicos de terminais vinculados a FERNANDO ANTONIO FALCAO SOARES corn os telefones do gabinete no Senado de VALDIR RAUPP DE MATOS (61-33032253 e 61-33032252), bem como corn os celulares do proprio parlamentar (61-81735495) e de PEDRO ROBERTO ROCHA (61-99625508) (fls. 127/140 da AC n. 4113).

Tambem revelam que, no dia 13/09/2012, assim que chegou para hospedar-se no Hotel Pestana no Rio de Janeiro (o registto ocorreu por voita das 21:27 - fls. 831/832), VALDIR RAUPP DE MATOS ligou, de seu celular (61-81735495), para FERNANDO ANTONIO FALCAO SOARES (21-94586917) (liga<;ao realizada as 21 :26). As ERBs dos celulares de FERNANDO ANTONIO FALCĂ O SOARES revelam ainda que, nUnutos depois dessa liga<;ao, o lobista enconttava-se na area de cobertura daqucle estabelecimento (a qual nao costumava frequentar), onde permaneceu pelo menos entte 21:37 e 22:18. Segundo informa<;6es fornecidas pelo Hotel Pestana, VALDIR RAUPP DE MATOS realizou o pagamento de despesa no lobby bar­exatamente onde FERNANDO ANTONIO FALCĂO SOARES alegou ter enconttado o parlamentar - as 22:36 daquele dia (fls. 46/52 da AC n. 4095).

Nao restam duvidas, pois, do estreito relacionamento de VALDIR RAUPP DE MATOS e FERNANDO ANTONIO FALCĂ O SOARES - o qual foi tambem assentado por NESTOR CUNAT CERVER64

-, corn

4 A liga<;ăo de VALDIR RAUPP DE MATTOS com FERNANDO ANTONIO FALCo..O SOARES e a atua<;ăo do parlamentar na intermeclia<;ăo de negocios na area da PElROBRAS e subsidi:irias tambem foi confirmada pelo colaborador NESTOR CUNAT CERVERO (Apcnso

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2).

contatos telefânicos e pessoais, incluindo assessores, o que corrobora o dito pelo colaborador a respeito da solicita!ţao de propina emitida a ele pelo parlamentar, para que transmitida a PAULO ROBERTO COSTA.

E ainda:

Ocorre que o afastamento do sigilo de dados telefânicos de MARJA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA revclou que a denunciada se deslocou de Brasilia para Săo Paulo em 13/08/2010, retornando para a capital federal no mesmo dia. Logo apas chegar a Sao Paulo, MARJA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA, por meio de seu celular (61-99566492), fez duas chamadas, as 13:46:20 e as 14:41 :42, para um terminal de Sao Paulo, habilitado em nomc de CfCERA ROSANGELA DA SILVA (11-84982226). Conforme apurado, inclusive corn o afastamento do sigilo subjacente, tai terminal era, na verdade, utilizado por ALBERTO YOUSSEF.5

Importante frisar ainda, no ponto, que, na data desse encontro de MARJA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA corn ALBERTO YOUSSEF (13/08/2010), a denunciada manteve divers os contatos corn VALDIR RAUPP DE MATTOS ao longo do dia (fis. 230/241 da AC n. 3874), o que demonstra que o parlamentar comandava e controlava pari passu as a<;oes de sua assessora.

Os elementos carreados, assim, confirrnararn a dinâmica apresentada por ALBERTO YOUSSEF, revelando que MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA foi a Sao Paulo ern 13/08/2010 para reunir-se corn o doleiro, tendo rnantido contatos telefOnicos corn ele logo ao chegar it

5 O sigilo telefânico de MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVElRA foi afastado na AC n. 3874. CîCERA ROSANGELA DA SILVA negou que tenha habilitado tai terminal (que permaneceu ativo apenas por cerca de um ano, entre 2010 e 2011) e afirmou nao conhecer MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVElRA (fls. 135/136 da AC n. 4022). Conforme demonstrado no relat6rio de fls. 124/129 da AC n. 4022, verificou-se, a partir de diversas circunstâncias, como a anilise das liga<;âes envolvendo I terminal, quc ele foi habilitado e utilizado por ALBERTO YOUSSEE

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capital paulista e retornado a Brasilia no mesmo dia. MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVElRA ainda manteve ao menos mais dois contatos corn o terminal em tela (11-84982226), que era utilizado por ALBERTO YOUSSEF, no dia 01/09/2010, data que tambem se relaciona a dinâmica de desenvolvimento dos fatos -como adiante delineado.

(ii) prova documenta!, obrida por meio de medida de busca e

apreensao na qual arrecadada agenda de PAULO ROBERTO

COSTA, na qual conrido o registro do valor da propina repassada a

VALDIR RAUPP no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Quanto ao ponto, eis narrariva con rida na denuncia:

Por fim, afastando qualquer duvida em rela~ao ao efetivo pagamento da prapina em tela, tem-se que ele acabou sendo registrado em agenda de PAULO ROBERTO COSTA, arrecadada mediante busca e aprcensao. Confu:a-se o que dis se PAULO ROBERTO COSTA: ''QUE, mostrada a agenda do depoente apreendida pela Policia Federal, na parte em que consta uma lista de siglas acompanhadas de numeros, ele ressaltou que fopiou a referida lista de uma tabela que se encontrava no escritOn'o de A/berto Youssq; QUE norma/mente Alberto Youssef nao apresentava ao depoente mas tabelas de repasse de va/om; QUE o depoente copiou a tabela para ter uma norao do que havia sido repassado a agentes politicos, que viviam perturbando o depoente" (fls. 51/58). Sobre os faras aqui tratados, ele declarau QUE o pagamento de R$ 500.000,00 (quinhentos miI reais) adma mencionado foi registrado em sua agenda apreendida na Operarao Lava Jato, com a anotarao '0,5 lVR', ou se/a, quinhentos miI reais para VALDlR RAUPp, tendo anotado a letra W por na epoca acreditar que VALDlR fosse com W" (fls. 16/18).

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Cabc reproduzir a imagem das paginas da agenda que con tem o registro em questao (fl. 83 - seta acrcscentada):

ALBERTO YOUSSEF confirmou as declara<;:6es de PAULO ROBERTO COSTA, esclarecendo como este efetuou as anota<;:6es na agenda apreendida: "QUE mostrada uma tabela constante na agenda de PAUW ROBERTO COSTA, que ora e

juntada em anexo, o dec/arante cotifirma que tais valores conJerem com os apontadospelo declarante; QUE t"onfirma que PAULO ROBERTO COSTAJeZ tais anota[Oes a partir de um 'batimento de contas' que o dec/arante JeZ com l'i'1.UW ROBERTO COSTA, em 2010, durante a campanha; QUE durante a campanha era o periodo que mais .fizeram reuniiJes, pois havia muitas demandas e e.ftavam sempre tratando do /evantamento de valores; [ ... ] QUE a anotafao '0,5 WR' diZ respeito ao pagamento para VALDlR RAUPP" (fls. 93/100).

Frise-se que essa agenda foi apreendida no inicio da denominada "Opera<;:ăo Lava Jato", quando PAULO ROBERTO COSTA nem sequer era colaborador, perfazendo, assim, um importante demento de prova, que vem a complementar as declara<;:6es dos colaboradores c se ajusta perfeitamente as dcmais evidencias carreadas aos autos. A indica<;:ao da sigla ''WR'' em meio a siglas que se refercm a

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candidatos nas elei<;6es de 2010', ao lado do valor "0,5" (quando ha exatamente doa<;ao de R$ 500.000,00 em favor de VALDIR RAUPP DE MATOS, atraves do Diret6rio Estadual do PMDB de Rond6nia), e eloquente quanto il confirmaS;ao da solicita<;ao e do pagamento da propina.

(iii) prova documenta!, corroborada por dados telefOnicos,

consistente em mensagem eletr6nica na qual OTHON ZANOIDE

DE MORAES FILHO, entio responsavel pelos acertos de valores

entre a empresa QUEIROZ GALVAO e ALBERTO YOUSSEF,

solicitou o recibo relativo it doa<;ao eleitoral feita em favor do

Diret6rio Estadual do PMDB de Rond6nia, a demonstrar

cabalmente a inveridica afirma<;ao do acusado de que as condutas

narradas seriam atipicas, pois "solicitar contribllifiio oficial para campanha

nao i crime". Ao partir de tai versao, contudo, apenas em

complemento, ha se dizer que o acusado nao esclarece qual a

natureza do relacionamento que mantinha corn ALBERTO

YOUSSEF para que este figurasse perante a empresa "doadora"

coma responsavel por providenciar o pertinente recibo eleitoral. No

ponto, le-se da inicial acusat6ria:

6 Se~do os colaboradores, as siglas referem-se a JOÂO PIZZOLATTI, MARIO NEGROMONTE, PEDRO CORREA, NELSON MEURER, BENEDITO LIRA, TIÂO VlANA e PAULO BERNARDO/GLEISI HOFFMANN.

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Alem disso, constam nos autos mensagens eletronicas trocadas por ALBERTO YOUSSEF (que confcssadamcntc usava o e-mail paulogoia58@hotmai/.com) e OTHON ZANOIDE DE MORAES FILHO (cntao responsavel, na empresa QUEIROZ GALVÂO, por tratar corn o doleiro das doac;:6es eleitorais "oficiais" para o PP), que diz respeito ao pagamento da propina aqui narrado. Numa das mensagens, apas passar instrus:oes ao doleiro a respeito de como deveriam ser emitidos os recibos (fi. 81), OTHON ZANOIDE DE MORAES FILHO solicita o recibo relativo a doas:ao eleitoral "oficial" feita em 27/08/2010 em favor do Diretario Estadual do PMDB de Rond6nia - a qual, coma visto, perfazia, na verdade, o pagamento de propina em favar de VALDIR RAUPP DE MATOS. Confira-se (fi. 79):

Note-se quc tai mensagem foi cnviada em 30/08/2010; no dia 01/09/2010, as 07:16:13, ALBERTO YOUSSEF, fazendo uso do terminal 11-84982262, ligou para o celular de MARIA CLl§:IA SANTOS DE OLIVEIRA (61-99566492), tendo a denunciada, logo depois, as 08:02:12, ligado para o doleiro; no dia seguinte, o recibo relativo a doac;:ao em questăo foi

PRIMO

A sCQ\.IIt Il (~Incilll dOs rcCIOOS '<.lUan'as • dcsdll ta aoroltle~o a CI"jUUil

I • P. P 01\ I1I\UIA 50(001)

1. _ AI.'NE COIlR[~A 250,000

"3 _ ROel;UT011-'IXEIRA 7.50000

4 - NI.:LSON M(;!JHE.H 500 000

5 _ P p OI::; f~f;'~NJ\MBUCO 10n 000

6 - ROBEI-HO BRITQ 100000

•• 7 _ OlHl;'IOHIO NACIONAL p. PI{OGRES5.STA 2.0110000

fi _ " M D li UC' I~ONOONIA 100,000

AIH~C;OS

Olhon LmlOlthl ue Mo.fIocs '-,Iho LJ,,~it)f GCIl1I

.'up.lnriil riu n,~s,..n\l'''"""enl ... f':nnlf'rr..i"l. OCOl·' ~ Con51Iut()Ul Oll~,ro.r. Galvim S '"

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Procuradoria-Geral da Republica Inquerito n° 3.982

emitido por PEDRO ROBERTO ROCHA, em nome da empresa QUEIROZ GALV Ao (fl. 558), exatamente de acordo corn as instrm;6es passadas por OTHON ZANOIDE DE MORAES FILHO a ALBERTO YOUSSEF (fl. 81). Na data da emissăo des se recibo (02/09/2010), MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA ligou para PEDRO ROBERTO ROCHA, as 09:09:30 (fls. 230/241 da AC n. 3874).

Alem elisso, a data dos contatos telef6nicos mantidos na ocasiăo entre MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA e ALBERTO YOUSSEF (01/09/2010) tambem coincide corn a data de pagamento da segunda parcela da propina em questăo (doa<;ăo de R$ 200.000,00 em favor do Diret6rio Estadual do PMDB de Rond6nia) .

A respeito dessa troca de mensagens, ALBERTO YOUSSEF declarou (fls. 71/75):

QUE inclusive ha um e-mail em que OTHON ZANOIDE cobra recibos de valores que ji haviam sido pagos e que os canelidatos năo tinham entregues os recibos; QUE mostrado ao declarante o e-mail do elia 30 de agosto de 2010, a partir da conta [email protected], o declarante confirma que se trata deste repasse de vantagens indevidas; QUE em rela<;ăo ao e-mail do elia 17 de agosto de 2010, corn o assunto 'conta doa<;ăo de campanha - primo', o declarante informa que esti repassando a conta do Diret6rio Nacional do PP para pagamentos pela QUEIROZ GALVAO; QUE em seguida ha outro e-mail, datado de 30/08/2010, em que OTHON ZANOIDE solicita os recibos faltantes, em nome [ ... ] e PMDB DE RONDONIA (R$ 300.000,00); QUE essa lista e dos recibos faltantes, ou seja, das pessoas que tinha recebido os valores da QUEIROZ GALVAO, coma doa<;ăo 'oficial', mas que ainda năo haviam enviado seus recibos para a construtora; [ ... ] QUE o valor repassado ao PMDB de RONDONIA, de R$ 300.000,00, era para VALDIR RAUPP; QUE ainda houve um outro repasse por meio de doa<;ăo de campanha de R$ 200.000,00 para VALDIR RAUPP; QUE todos os valores repassados săo provenientes de vantagens indevidas decorrentes do esquema existente na PETROBRAS;

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A cobranc;:a a ALBERTO YOUSSEF, pelo representante da empresa QUEIROZ GALVĂO, do recibo da "doac;:iio" feita ao Diretorio Estadual do PMDB de Rond6nia năo deixa duvidas de que foi o doleiro quem a operaciona1izou. Alias, o proprio OTHON ZANOIDE DE MORAES FILHO - embora, como e natural, tenha procurado afastar qualquer ilicitude em suas condutas -, acabou por confirmar que, como representante da empresa QUEIROZ GALVĂO e responsavel por tratar com ALBERTO YOUSSEF de doac;:oes para o PP, causou-lhe estranheza constar na relac;:ăo passada pelo doleiro a solicitac;:iio de doac;:âo para o Diretorio Estadual do PMDB de Rond6nia; ele tambcm confirmou que, de fato, trocou com o doleiro as mensagens acima citadas, cobrando os recibos das doac;:oes (fis. 457/460).

No ponto, lembre-se que, conforme antes descrito, as doac;:oes eleitorais supostamente "oficiais" foram utilizadas para pagamento de propinas a agentes politicos nas epocas de elcic;:oes gerais - sendo certo, inclusive, que essa sistematica ja deu ensejo ao oferecimento de denuncias em face de outros agentes politicos, no :imbito da Operac;:iio Lava Jato.' It fora de duvida que o agente politica que solicita a dirigente de estatal vultosas somas para sua campanha elcitoral, sem nunca se dirigir diretamente it empresa doadora, sabe que este se valeu de sua func;:iio publica para obter, junto a empresa forneccdora da estatal, a vantagem - portanto, ilicita. As tratativas para operacionalizac;:iio do pagamento com um doleiro, cercadas de cuidados para ocultac;:âo des sas circunstâncias, reforc;:a ainda mais tai conclusâo. O fato de a propina ser paga sob a forma de doac;:iio eleitoral "oficial" e irrelevante para a an:ilise da tipicidade da corrupc;:iio passiva: trata-se apenas de metodo de disfarce do recebimcnto, que nâo descaracteriza a ilicitude, haja vista a circunstância em que foi pactuada (solicitada e anuida).'

7 Cite-se, por exemplo, NELSON MEURER (In'luerito n. 3997) e JoAo ALBERTO PIZZOLATTI JUNIOR e MARIO SILVIO MENDES NEGROMONTE (ln'luerito n. 3992), denunciados perante o Supremo Tribunal Federal.

8 Vide tambem as fis. 84/89. RICARDO RIBEIRO PESSOA confirmou a utiliza~âo do sistema eleitoral para o pagamento de propinas (fis. 882/892).

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(iv) depoimentos de ALBERTO YOUSSEF (colaborador),

PAULO ROBERTO COSTA (colaborador), RICARDO RIBEIRO

PESSOA (colaborador), FERNANDO ANTONIO FALCAo

SOARES (colaborador) e NESTOR CUNAT CERVERO

(colaborador), dos quais se extrai uma narrariva harm6nica a indicar

que os denunciados rinham plena ciencia do esquema criminoso e

da origem das quanrias ilicitas, tendo atuado concertadamente

(unidade de desfgnios e soma de esfon;:os), em divisao de tarefas, de

modo livre, consciente e voluntârio: VALDIR RAUPP DE MATOS

transmitiu, em Brasilia, entre o final do primeiro semestre e o infcio

do segundo semestre de 2010, a solicitac;:ao da vantagem indevida a

PAULO ROBERTO COSTA, por intermedio de FERNANDO

ANTONIO FALCAo SOARES, e comandou seu recebimento,

auxiliado por MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA e

PEDRO ROBERTO ROCHA, que atuaram para que este se

concretizasse, disfarc;:adamente.

No ponto, esclarec;:a-se inexistir qualquer contradic;:ao nos

depoimentos prestados. Consoante bem esclarecido na denlincia,

inicialmente, PAULO ROBERTO COSTA nao se record ava de

como lhe havia sido transmitida a solicitac;:ao, tendo cogitado, sem

certeza, de que partira de ALBERTO YOUSSEF - o que, quadra

registrar, e natural em razao dos mwtiplos fatos ilicitos em que

esteve implicado, do tempo ja transcorrido e da circunstância de que

se trata de apenas um repasse extraordinario envolvendo VALDIR

RAUPP DE MATOS. Corn a colaborac;:ao de FERNANDO

ANTONIO FALCA O SOARES, o ponto restou esclarecido, tendo

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PAULO ROBERTO COSTA confitmado que, de fato, pode ter

sido o lobista quem lbe transmitiu a solicita~ao feita por VALDIR

RAUPP DE MATOS, e que ele de fato pode, como lembrado por

ALBERTO YOUSSEF, ter passado o telefone da assessora do

parlamentar (MARIA CLI~IA SANTOS DE OLlVElRA) ao

doleiro, para a operacionaliza~ao do pagamento da propina (fls.

843/845).

Ademais, ha se ver que os depoimentos dos colaboradores nao

podem ser absolutamente identicos, exatamente porque

desempenhavam funs;6es divers as no esquema criminoso do qual

participou VALDIR RAUPP. Eventuais nao convergencias exatas de

tudo que foi dito (o que se afigura ademais impossivel) nao

repercutem no essencial: a prova harmonica de que houve as

praticas criminosas imputadas na exordial.

11.2. Da tese de ausencia de justa causa por ausencia de

prova do elemento subjetivo da lavagem de dinheiro

Os denunciados trazem a tese da necessidade de prova da

consciencia da ilicitude da origem dos valores recebidos a ritulo de

doas;ao de campanha, cuja ausencia configuraria ausencia de justa

causa para o recebimento da denilncia quanto ao crime de lavagem

de dinheiro. Afirmam as defesas que "o elemento sllbjetivo da Javagem de

dinheiro i o d% de oCllitar 011 dissimllJar a origem dos vaiores qlle se saber

provenientes de infrarăo penal' (fl. 1.531).

Eis o tipo legal, previsto no art. 1° da Lei 9.613/1998:

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Procuradoria-Geral da Republica Inguerito n° 3.9B2

Art. 12 Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localizac;:ao, disposic;:ao, movirnentac;:ao ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infrac;:ao penal.

Como se ve, năo existe no tipo penal em tela a previsăo de

qualquer elemento subjetivo do tipo, bastando o dolo geraL E a

adequac;:ao tipica realizada na denuncia esti escorreita. Utilizat-se de

pretensa doac;:ao para campanha eleitoral como forma de ocultar a

real natureza dos valores recebidos, provenientes de acertos de

valores de propinas concertadas no contexto criminoso que vitimou

a Petrobras, muito bem narrado e esclarecido na inicial, configura, a

nao mais poder, o crime de lavagem de dinheiro. E ji restou

demonstrado em intimeros casos - e narrado aqui tam bem - que

muitas doac;:6es supostamente oficiais eram propinas sendo pagas de

forma dissimulada.

Alem disso, lic;:ăo bem sabida e a de que o acusado defende-se

dos fatos a ele imputados, e nao da eventual qualificac;:ao juridico­

penal que se lhes atribua, verificando-se, no ponto, que a denuncia

descreve suficientemente o fato criminoso, corn todas as suas

circunstâncias, nos termos do art. 41 do C6digo de Processo Penal,

nao se havendo que falar em ausencia de justa causa.

o que pretendem, no ponto, os acusados, e antecipar juizo de

merito de todo impr6prio a esta fase processual, estando a inicial

acusat6ria suficientemente lastreada a permitir o seu recebimento.

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11.3. Da tese da defesa de MARIA CLEIA SANTOS DE

OLIVEIRA e PEDRO ROBERTO ROCHA de atipicidade de

suas condutas, que caracterizari am participa!răo em mero

exaurimento de delito consumado.

A defesa alega inexistir narrativa de conduta a caractenzar

participa<;ăo ou coautoria em crime de corrup<;ăo, por o

recebimento de valores consubstanciaria mero exaurimento de

delito consumado no momento da solicita<;ăo dos valores, da qual

nao teriam tido conhecimento, tampouco participa<;ao.

Contudo, na denuncia foi esclarecido o contexto no qual se

deram os fatos, imputando-se aos acusados o crime de corrup<;ăo

passiva na modalidade solicitar (que e crime formal, sendo

posterior recebimento pelo solicitante mero exaurimento), mas

tambem na modalidade receber.

Nesse sentido, năo prospera a tese defensiva, que faria algum

sentido apenas se a acusa<;ăo estivesse lastreada unicamente na

solicitacăo, sem qualquer participa<;ăo de MARIA CLEIA e

PEDRO ROBERTO (o que tampouco ocorreu no caso), sendo

esta modalidade de corrup<;ăo passiva ("solicitar''), configuradora de

crime formal, que se contenta apenas corn a solicita<;ao, nao se

exigindo para a sua configura<;ao que a vantagem indevida seja

efetivamente entregue.

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Procuradoria-Geral da Republica Inquerito n° 3.982

Contudo, as mUltiplas condutas descritas no art. 317 do

C6digo Penal configuram o tipa misto alternativo, no qual saa todas

as condutas incriminadas autonomamente, ainda que, se o sujeito

praticar mais de um verbo, no mesmo contexto fitico e contra o

mesmo objeto material, responda por um unico crime.

Entender de outra forma, coma sustenta a defesa, sena

esvaziar de conteudo o nucleo "receber" contido no art. 317 do

C6digo Penal, o qual, de outra sorte, descreve crime material, tendo

sido o resultado devidamente demonstrado na narrativa acusat6ria.

Corn efeito, năo se revela a pretensa atipicidade da conduta

dos assessores do Senador, pois participaram das condutas

dentro do contexto narrado em que VALDIR RAUPP solicitou

a vantagem indevida, bem coma tiveram efetiva atualţao nas

tratativas e procedimentos que possibilitaram o recebimento

do valor solicitado, bem como a ocultac;:ăo da natureza ilicita do

montante da propina que veio a constar coma doac;:ăo para

campanha eleitoral .

Consoante bem detalhado na narrativa da denuncia, o

pagamento da vantagem indevida, por ordem de PAULO

ROBERTO COSTA, foi operacionalizado por ALBERTO

YOUSSEI~ que era responsavel, na estrutura da organizac;:ao

criminosa subjacente, por receber as propinas de empresas que

contratavam na area da Diretoria de Abastecimento da

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'.

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PETROBRAS e repassa-las a agentes politicos, mediante estrategias

de lavagem de dinheiro.9

Conforme acertado entre ALBERTO YOUSSEF e MARlA

CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA, a qual seguia determina<;6es de

VALDIR RAUPP DE MATOS, a propina foi paga sob o disfarce

de doac;:oes eleitorais "oficiais" realizadas pela empresa

QUEIROZ GALVÂ.o, que fazia parte do esquema criminoso em

questiio, em favor do Direterio Estadual do PMDB de Rondânia,

nos dias 27/08/2010 e 01/09/2010, nos valores, respectivamente,

de R$ 300.000,00 (trezentos mii reais) e R$200.000,00 (duzentos mii

reais). Os recibos respectivos foram ernitidos por PEDRO

ROBERTO ROCHA, seguindo determina<;6es de VALDIR RAUPP

DEMATOS.

Toda a sistematica subjacente foi concebida pelos envolvidos

para ocultar e dissimular a narureza e origem das quantias ilicitas,

consubstanciadas em propina (corrup<;ao passiva), a qual foi

disponibilizada por intermedio de organiza<;ao criminosa, consoante

a sistematica explanada na inicial, contexrualizada no âmbito dos

ilicitos objetos da chamada "Opera<;ao Lava ]ato". E no contexto li dos crimes de corrup<;ao da Diretoria de Abastecimento da.ft\

9 Ao longo da narrativa des ta denUneia, ficara claro que havia no caso, executando o esquema criminoso estabelecido na PETROBRAS, uma verdadeira organiza~ao criminosa, na forma prevista no art. 1", § 1°, da Lei n. 12.850/2013, a qual funeionou ao menos entre os anos 2006 e 2014. Essa organiza~ao criminosa esm sendo apurada no Inqu<,rito n. 3989, em tratnita~ao perante o Supremo Tribunal Federal, no qual, inclusive, VALDIR RAUPP DE MATOS tambcm figura como investigado - nao sendo o delito correspondente objeto, portanto, de imputac;:ao nesta denuncia.

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Petrobras, em 2010 (ano de elcis;6es gerais), PAULO ROBERTO

COSTA, entiio Diretor de Abastecirnento, recebeu solicita~ao,

oriunda de VALDIR RAUPP DE MATOS, Senador pelo

PMDB, de repasse de vantagens indevidas, para serem

destinadas ao custeio da campanha do parlamentar ao

Senado, o que de fato ocorreu.

Rememorando a narrativa contida na inicial, tem-se que a

solicitas;ao da propina foi fcita por intermedio de FERNANDO

ANTONIO FALCAO SOARES, que era bastante pr6ximo de

PAULO ROBERTO COSTA e mantinha relacionamento corn

VALDIR RAUPP DE MATOS, travando frequentes contatos

corn o parlamentar e seus principais assessores. Em um desses

contatos, no gabinete do Senador em Brasilia - em data nao

precisamente identificada, situada entre o final do primeiro

semestre e o inicio do segundo semestre do ano de 2010 -,

VALDIR RAUPP DE MATTOS pediu que FERNANDO

ANTONIO l'"""ALCAO SOARES transmitisse a PAULO

ROBERTO COSTA solicitas;âo de valores, que viriam de empresas

contratadas pela PETROBRAS no âmbito do esquema criminoso

aqui descrito, para a campanha do parlamentar ao Senado; isso

ocorreu, conforme esclarecido pelo colaborador, porque "RAUPP

sabia da reJafăo e proximidade do dec/arante com PAULO ROBERTO,

assim como da sistematica existente na PETROBRAS de benificiamento dos

politicos em decorrencia das contratafifes" (fIs. 824/827).10

10IniciaImente, PAULO ROBERTO COSTA nao se rccordava de como Ihe havia sido transmitida a solicita<;ao, tendo cogitado, sem certeza, de que partira de ALBERTO YOUSSEF - o que, quadra registrar, e natural etn

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FERNANDO ANTONIO l'''ALCĂO SOARES descreveu,

corn riqueza de detaIhes, conferindo total verossimilhans;a aos

fatos, como conheceu VALDIR RAUPP DE MATOS e o

relacionamento que passou a manter corn ele, no bojo da tentativa

de contrata<;ao de uma empresa pela PETROBRAS l1, esclarecendo

que, especialmente entre os anos de 2009 e 2012, manteve

frequentes contatos telefonicos e pessoais corn o parlamentar

(o alibi do parlamentar foi desfeito, rememore-se) e seus

assessores mais pr6ximos, PEDRO ROBERTO ROCHA e

MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVElRA (Apenso 01; fls.

824/827)12.

Os registros telefânicos dos envolvidos revelam a existencia de

numerosos contatos telefânicos de terminais vinculados a

FERNANDO ANTONIO FALCĂ O SOARES corn os tclefones

do gabinete no Senado de VALDIR RAUPP DE MATOS (61-

razao dos mUltiplos fatos ilicitos em que estevc implicado, do tempo jâ transcorrido e da circunstância dc quc se trata de apenas um repasse extraordinano envolvendo VALDIR RAUPP DE MATOS. Corn a colabora~ao de FERNANDO ANTONIO FALCAo SOARES, o ponto restou esclarecido, tendo PAULO ROBERTO COSTA confirmado que, de fato, pode ter sido o lobista quem lbe transrnitiu a solicita~o fcita por VALDIR RAUPP DE MATOS, e que ele de fato pode, como lembrado por ALBERTO YOUSSEF, ter passado o telefone da assessora do parlamentar (MARIA CLlO:IA SANTOS DE OLIVElRA) ao doleiro, para a operacionaliza~ao do pagamento da propina (fis. 843/845).

11 Os registros de entradas e reuniăes de VALDIR RAUPP DE MATOS na PETROBRAS confirmam a liga~ao do parlamentar corn a estatal, notadamente na intermcdia~ao de negocios, inclusive contando para tanto com o auxilio de MARIA CLlO:IA SANTOS DE OLIVElRA (fis. 485/491).

12 De acordo corn FERNANDO ANTONIO FALCAo SOARES, PEDRO ROBERTO ROCHA compareceu diversas vezes ao seu escritorio no Rio de Janciro, enquanto MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVElRA era quem mais realizava contatos telefânicos corn o colaborador (fis. 824/827).

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33032253 e 61-33032252), bem coma corn os celulares do pr6prio

parlamentar (61-81735495) e de PEDRO ROBERTO ROCHA

(61-99625508) (fls. 127/140 da AC n. 4113).

Solicitada a propina por VALDIR RAUPP DE MATOS em

razao da sua fun<;ao de Senador, tem-se que FERNANDO

ANTâNIO FALCAO SOARES, na sequencia, transmitiu taI

solicita<;ao, no Rio de Janeiro, a PAULO ROBERTO COSTA, que

anuiu ao pagamento da vantagem indevida solicitada, dada a

importância do PMDB e do Senador para a sua manutens:ao

no cargo de Diretor de Abastecirnento da PETROBRAS, inclusive

em perspectiva para o mandato presidencial e a legislatura que se

iniciariam no ano seguinte. 13

13 Confuam-se declara~6es de PAULO ROBERTO COSTA: "QUE, quando veio ao conhecimento do declarante a solicita~iio do Senador Valdir Raupp no sentido do repasse de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para a campanha de 2010, o declarante sabia que o parlamentar era um politico importante do PMDB; QUE, conforme ja esclarecido em depoimentos anteriores, o declarante tinha que atender as demandas que vinham dos partidos que lhe davam sustenta~iio politica, especialmente do PP e do PMDB; QUE o declarante năo 'pagou para ver', mas possivelmente se năo atendesse a cosas demandas năo conseguitia se manter no cargo de Diretor da PETROBRAS; QUE foi nesse contexto, de ter de atender as demandas dos partidos que lhe davam sustenta<;ăo, e de se tratar o Senador Valdir Raupp de um politico importante do PMDB, que atendeu a solicita~ăo de repasse de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para a campanha de 2010, advinda de tai parlamentar; QUE a sustenta~ăo ao declarante vinha, em conjunto com o PP, do PMDB do Senado, o que tambem justifica a necessidade de atcnder a solicita~ăo do Senador Valdir Raupp" (fls. 843/845). ALBERTO YOUSSEF acrcscentou, em depoimento prestado no Inquerito n. 3989, que as lideran<;as do PMDB se utiIizaram da "possibilidade de retitar PAULO ROBERTO do cargo para cobrar deie percentuais nos contratos celebrados pela Diretoria de Abastecimento" (copia anexada it cota de encaminhamento da denilncia).

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Procuradoria-Geral da Republica Inguerito n· 3.982

Para o repasse da propina, PAULO ROBERTO COSTA, coma

de praxe, encarregou ALBERTO YOUSSEF de operacionalizar o

pagamento, ate porgue o doleiro, coma visto, administrava o "caixa

de propinas" do PP (guantias ilicitas devidas por empresas gue

contratavam na area da Diretoria de Abastecimento da

PETROBRAS), de onde saîram os valores em guestăo.

VALDIR RAUPP DE MA'fOS, por sua vez, inclusive para

tentar evitar a identifica<;ao de sua vincula<;ao corn os fatos (o gue e

bastante natural nes se tipo de conduta criminosa), encarregou

seus assessores de confians:a, MARIA CLEIA SANTOS DE

OLIVEIRA e PEDRO ROBERTO ROCHA, envolvidos na

arrecadas:ao de recurs os para si, de realizar os procedirnentos

necessarios para operacionalizas:ao do pagarnento. Nesse

particular, MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA foi

encarregada de realizar os contatos corn ALBERTO

YOUSSEF.

ALBERTO YOUSSEF eMARIA CLEIA SANTOS DE

OLIVEIRA, enrao, passaram a tratar da operacionaliza<;ao do

pagamento da propina a VALDIR RAUPP DE MATOS. Para

tanto, rnantiverarn inurneros contatos telefOnicos e se

encontrararn no escrit6rio do doleiro, entao situado na Av. Sao

Gabriel, 149, ern Sao Paulo.14

14 Conquanto năo tenham sido localizados registros de entradas de MARIA CELIA SANTOS DE OLIVElRA no escritario de ALBERTO YOUSSEF (fl. 484), o praprio doleiro esclareceu que ela pode ter ingressado pela garagem (fls. 468/471), e a Policia Federal, apas anahsar os registros subja­centes, assentou gue Htudo indica que o sistcma ainda estava em fase de implementa<;ao ate o dia 13/09/2010, pois de mar<;o de 2010 ate 13 de

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Como havia um saldo de propinas que deveriam ser pagas

pela empresa QUEIROZ GALVAO em razao de contratalţoes

realizadas na area da Diretoria de Abastecimento da

PETROBRAS, ALBERTO YOUSSEF definiu que os valores a

serem repassados a VALDIR RAUPP DE MATOS sairiam des se

montan te, o qual a construtora desejava pagar disfarlţado de

doalţoes eleitorais "oficiais". ALBERTO YOUSSEF expos a

situas;ao a MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVElRA, que a

levou a VALDIR RAUPP DE MATOS, tendo o parlamentar

concordado que o repasse da propina fosse feito dessa forma

e indicado, para tanto, inc1usive para tentar evitar a

identificalţao de sua vinculalţao corn os fatos, que as doalţoes

fossem realizadas em favor do Diret6rio Estadual do PMDB

de Rondonia, comandado pelo SenadorY

Seguindo as orienta<;oes de VALDIR RAUPP DE MATOS,

MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVERIA informou a

ALBERTO YOUSSEF a concordância do parlamentar corn a

""""<'0 do p"",,"'"'" d, prop"" m"'''ott do,<'o clci",rn~

setembro daqllele ano, aparecem apenas 36 registros de entrada 110 pridio" (fls. 721/722).

15 O pagamento da propina rusfarc;:ada de doac;:ao eleitoral "oficial" e a intermeruac;:âo do Dirct6rio Estadual do PMDB de Rond6nia inseriam-se no bojo das diversas estrategias de lavagem de dinheiro manejadas no caso -sendo certo quc VALDIR RAUPP DE MATOS, Presidente do dirct6rio e responsavel pela sua administrac;:âo financeira na campanha de 2010 (fls. 553/556), era o beneficiario final dos valorcs. Alias, o Diret6rio Estadual do PMDB de Rond6nia rccebeu, em 2010, R$ 2.051.000,00 em doac;:ocs, tendo doado para a campanha do denunciado R$ 1.329.938,87 (tabelas anexas il cota de encaminhamento da denlincia).

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"oficial" e a instru<;:iio de que tai fosse feito em nome do Diret6rio

Estadual do PMDB de Rondânia.16

o afastamento do sigilo de dados telefânicos de MARIA

CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA revelou que a denunciada se

deslocou de Brasilia para Siio Paulo em 13/08/2010, retornando

para a capital federal no mesmo dia. Logo apas chegar a Siio Paulo,

MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA, por meio de seu

celular (61-99566492), fez duas chamadas, as 13:46:20 e as 14:41:42,

para um terminal de Siio Paulo, habilitado em nome de ciCERA

ROSANGELA DA SILVA (11-84982226). Conforme apurado,

inclusive corn o afastamento do sigilo subjacente, tai terminal era,

na verdade, utilizado por ALBERTO YOUSSEF. 17

16 Confiram-se passagens de declara<;:oes de ALBERTO YOUSSEF: "Quanto as doac;;oes de campanha feitas a ele [VALDIR RAUPP DE MATOS] por intermedio da Queiroz Galviio, foi a pedido de PAULO ROBERTO COSTA e foi descontado dos valorcs dos contratos refercntes a PETROBRAS por conta da propina que a QUEIROZ GALVAO teria gue pagar a diretoria de abastecimento; [ ... ] essa assessora [MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVEIRA] foi quem passou os dados para onde deveriam ser feitos os depasitos e emitiu e providenciou os recibos para que fosse regularizada a doaC;;ao; [ ... ] No caso da doa<;:iio para VALDIR RAUPP, havia uma divida da QUEIROZ GALVAO com o Partido Progressista e com a Diretoria de Abastecimento e essa 'doac;;ăo' foi usada como parte do pagamento desta divida; QUE o declarante procurou OTHON para ver como seria feita essa 'doac;;iio'/pagamento e OTHON disse que, naquele momento, sa poderia fazer o pagamento da divida que tinha de modo como doa<;:ao oficial para o partido ou o praprio politico" (fis. 468/471); "quem indicou que a doa<;:iio destinada a VALDIR RAUPP fosse fcita para o Diretario do PMDB/RO foi a assessora, depois de retornar a Brasilia e falar com o Scnador" (fis. 544/546); "QUE todos os valores repassados la VALDIR RAUPP DE MATOS] saa provenientes de vantagens indevidas decarrentes do esquema existente na PETROBRAS; r ... ] QUE questionado , se todas essas pessoas que receberam tais valores tinham consciencia de que os valores foram repassados do esquema da I)ETROBRAS, o declarante responde que 'cam certeza'" (fis. 71/75).

17 O sigilo telefonico de MARIA CLEIA SANTOS DE OLIVElRA foi

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Importante frisar ainda, no ponto, que, na data desse encontro

de MARJA CLl~IA SANTOS DE OLIVEIRA com ALBERTO

YOUSSEF (13/08/2010), a denunciada manteve divers os contatos

com VALDIR RAOPP DE MATTOS ao longo do dia (fis. 230/241

da AC n. 3874), o que demonstra que o parlamentar comandava e

controlava pari passu as as:6es de sua assessora.

Os inumeros elementos probat6rios carreados, todos

harmonicos repise-se, confirmaram a dinâmica apresentada

por ALBERTO YOUSSEF, revelando que MARIA CLEIA

SANTOS DE OLlVElRA foi a Sao Paulo em 13/08/2010 para

se reunir corn o doleiro, tendo mantido contatos telefOnicos

corn ele logo ao chegar a capital paulista e retornado a

Brasilia no mesmo dia. MARIA CLEIA SANTOS DE

OLIVEIRA ainda manteve ao menos mais dois contatos com o

terminal em tela (11-84982226), que era utilizado por ALBERTO

YOUSSEF, no dia 01/09/2010, data que tambem se relaciona a dinâmica de desenvolvimento dos fatos - como adiante delineado .

Agindo, enciio, nos termos acertados com MARIA CLEIA

SANTOS DE OLIVEIRA - que repassou os dados para as

transferencias do numeririo _18, ALBERTO YOUSSEF instruiu a

afastado na AC n. 3874. CîCERA ROSANGELA DA SILVA negou que tenha habilitado tai terminal (que pcrmaneceu ativo apenas por cerca de um ano, entre 2010 c 2011) e afIrmou nao conbecer MARIA CLl~IA SANTOS DE OLIVEIRA (fis. 135/136 da AC n. 4022). Conforme demonstrado no relatario de fis. 124/129 da AC n. 4022, vcrif1cou-se, a partit de diversas circunstăncias, como a anâlise das liga<;oes envolvendo tai terminal, que ele foi habilitado e utilizado por ALBERTO YOUSSEF

18 Segundo ALBERTO YOUSSEF: "Que essa assessora foi quem passou os dados para onde deviam ser feitos os depasitos e ernitiu e prolJidencioll os

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empresa QUEIROZ GALV Ao a realizar doac;:ăo eleitoral "oficial"

ao Diret6rio Estadual do PMDB de Rond6nia, no valor de

R$SOO.OOO,OO, "descontando" esse montante do s~do devido

de propinas pela construtora ao PP em razăo de contratos

firmados na area da Diretoria de Abastecimento da

PETROBRAS.

o pagamento da propina restou concretizado corn a realizac;:ăo

de duas doac;:6es eleitorais "oficiais" dissimuladas pela empresa

QUEIROZ GALVAO em favor do Diret6rio Estadual do PMDB

de Rond6nia, nos dias 27/08/2010 e 01/09/2010, nos valores,

respcctivamente, de R$ 300.000,00 (trezentos miI reais) e R$

200.000,00 (duzentos mii reais).

PEDRO ROBERTO ROCHA, seguindo orienta~i'ies de

VALDIR RAUPP DE MATOS - ap6s, inclusive, solicita~ăo

transmitida por ALBERTO YOUSSEF a MARIA CLEIA

SANTOS DE OLIVElRA, coma adiante delineado -, emitiu os

recibos relativos a tais doa~i'ies (fis. 557/558). A emissăo dos

recibos por PEDRO ROBERTO ROCHA, e năo por MARJA

CLl'<:JA SANTOS DE OLIVEIRA, tambcm tinha por finalidade

,,'<>rr , 'd~tific"," '" o""re" ,''o,, do, v.Jore, 'OVOh"dO}

recibos para qlle flsse reglllarizada a doarao" (fis. 468/471).Vale notar que, em doa~ao realizada pela empresa IESA (tambem implicada na "Opera~ăo Lava Jata"), foi MARIA CLl3IA SANTOS DE OLIVEIRA quem indicau que o beneficiirio deveria ser o Diret6rio Estadual do PMDB de Rond6nia, passando os dados para a transferencia do numerario (fis. 605/608) -exatamente como narrado por ALBERTO YOUSSEF em rela~ăo il propina em tela.

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uma vez que esta tinha mantido os contatos, pessoais e telef6nicos,

corn ALBERTO YOUSSEF. '9

Destaque-se que PEDRO ROBERTO ROCHA, alem de ser

cunhado de VALDIR RAUPP DE MATOS (irmao da esposa do

Senador), era il epoca dos fatos, na esteira das declara<;:6es de

FERNANDO ANTâNIO FALCĂO SOARES, o assessor mais

proximo do parlamentar, cuidando inclusive da capta<;:ao de

recursos para suas campanhas (fls. 824/827). Ele eMARIA CLEIA

SANTOS DE OLIVElRA eram os auxiliares de confian<;:a de

VALDIR RAUPP DE MATOS.

11.4. Das aIega~i'ies de atipicidade das condutas -

Existencia dos requisitos para recebimento da denuncia.

As impugna<;:6es feitas pelos acusados quanto il interpreta<;:ao

dos fatos descritos na demincia dizem respeito ao merito da caus a,

devendo ser analisadas mais apropriadamente ao final da instru<;:ao

processual. Para fins de recebimento da denUncia, basta a

observância aos elementos essenciais do art. 41, CPI>, os quais est­

todos presentes, a autorizar a deflagra<;:ao da a<;:ao penal.

19 MARIA CLt~IA SANTOS DE OLIVEIRA poderia tet emitido os rccibos, como fez, por exemplo, em rela<;ao a doa<;ocs realizadas, na mcsma cpoca, pela empresa IESA (tambem implicada na "Opera<;ăo Lava Jato") ao Diret6rio Estadual do PMDB de Rond6nia. Aliâs, a operacionaliza<;ao dessa doa<;ao confirma gue MARIA CLl~IA SANTOS DE OLIVElRA atuou ativamente no recebimento de recurs os para a campanha de VALDIR RAUPP DE MATOS ao Senado em 2010 (fis. 605/608).

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Calha referir importantissimo precedente desse E. STF que

bem esquadrinha os requisitos necessârios para ser ter coma apta

uma demanda criminal:

HABEAS CORPUS. PEDIDO DE TRANCAMENTO DE A<;:ÂO PENAL. AUSENCIA DE ILEGALIDADE, OU ABUSO DE PODER. REGRAMENTO CONSTITUCIONAL DO HABEAS CORPUS. DENUNCIA QUE DESCREVE SUFICIENTEMENTE OS FATOS ILICITOS. ALEGA<;:ÂO DE IRREGULARIDADES NO CUMPRIMENTO DE DECISOES JUDICIAIS QUE AUTORIZAM A QUEBRA DOS SIGILOS FISCAL E TELEFONICO DO PACIENTE. MATERIA QUE EXIGE O REVOLVIMENTO FACTUAL-PROBATGRIO DOS AUTOS. ORDEM DENEGADA. [ ... ] 2. Quando se trata de apreciar a alega<;ao de inepcia da denuncia ou de sua esqualidez por qualquer outro motivo, dois sao os parâmetros objetivos que orientam tai exame: os arts. 41 e 395 do C6digo de Processo Penal. O art. 41 indica um necessario conteudo positivo para a denuncia, pois ela, denuncia, deve conter a exposic;ao do fato criminoso, ou em tese criminoso, corn todas as suas circunstancias, de par corn a qualificac;ăo do acusado, ou, de todo modo, conter esclarecimentos gue possam viabilizar a defesa do acusado. Isso para gue o contradit6rio se estabelec;a nos devidos termos. Ja o artigo 395, este impae a peca de acusac;ăo um conteudo negativo. Se no primeiro (art. 41) ha uma obrigac;ăo de fazer por parte do Ministerio Publico, no segundo (art. 395) ha uma obrigac;ao de nao fazer; ou seja, a denuncia nao pode incorrer nas impropriedades indicadas no mencionado art. 395 do CPP.

3. No caso, ausente gualguer pressuposto para o encerramento prematuro da ac;ao penal a gue responde o paciente, pois a inicial acusat6ria descreve, suficientemente, os fatos supostamente ilicitos. Mais: a denuncia foi oferecida de moda a permitir o exercicio da ampla defesa. Pelo gue nao e fruto de um descuidado ou de um arbitrario exercicio do poder-dever de promover a a<;ao penal publica. E o fato e gue ela, peca inicial acusat6ria, descreve, corn base nos

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elementos delitivos ate entao conhecidos, um acordo de vontades cntre o paciente c o primeiro denunciado para a perpetra<;ao da conduta criminosa. [ ... ) 5. Ordem indeferida. (Habeas corpus n' 98.134, 2' Turma, unânime, Rela/or Ministro Ayres Britto, julgado em 30.11.2010, pub/icado no DJ em 04.03.2011).

A pe<;a acusataria des taca corn detalhes a atua<;ao dos acusados

e narra os fatos que lhcs sao imputados, na medida do possîvel. E

evidente que, em um contexto de recebimentos de vantagcns

indevidas, de forma oculta e disfarc;:ada, alguns acontecimentos nao

saa expostos em todas as suas particularidades, mas isso decorre da

prapria forma clandestin a corn que os crimes foram praticados.

No casa, as investiga<;6es se tmczaram corn ba se em

depoimentos de colaboradores (devidamente homologados pela

STF), que acabaram corroborados por diversos outros elementos de

prova, culminando na dedu<;ao de pretensao punitiva em juîzo,

como minuciosamente exposto na denuncia.

Existe, pois, justa causa para a a<;ao penal, a viabilizar o

recebimento da pe<;a acusataria e a rea1iza<;ao da instru<;ao

processual. Diante de casos similares, o Supremo Tribunal

Federal ja se pronunciou:

"A<;:ÂO PENAL. DenUncia. Exposi<;ao clara e objetiva dos fatos. Acusasooes especificas baseadas nos elementos retoricos coligidos no inqw,rito policia!. Possibilidade de plena defesa. Justa causa presente. Aptidio formal. Observância do disposto no art. 41 do CPP. Rccebimento, exceto em relasoio ao crime previsto no art. 288 do CI', quanto a um dos dcnunciados. Votos vencidos. Deve ser recebida a denuneia que, baseada em elementos de prova, contern exposi<;io clara e objetiva dos fatos delituosos e que, como taI,

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possibilita plena e ampla defesa aos acusados." (STF, l'leno, Inq 2424/RJ, Rei. Miu. Cezar Peluso, j. 26.11.2008, m.v., DJE de 25.03.2010)

As quest6es suscitadas pelos acusados quanto a suposta

Însuficiencia de elementos probat6rios e atipicidade de condutas

dizem respeito ao merito da caus a, devendo ser resolvidas ao final

da Înstruc;:ao processual. Sobre o assunto, o Supremo Tribunal

Federal afirma:

''A denlincia somente pode ser rejeitada quando a imputa~â.o se referit a fato atipico, certo e delimitado, apreciavel desde logo, sem necessidade de produ~â.o de qualguer meio de prova, eis gue o juizo acerca da correspondencia do fato il norma juridica 6 de cogni~ao imediata, incidente, partindo-se do pressuposto de sua veracidade, tai como se da na pep acusat6ria" (STI'; Pleno, Ing 3108/BA, ReI. Miu. Dias Toffoli, j. 15.12.2011, V.u., DJE de 21.03.2012)

Dessa forma, nao se visualiza procedencia ou mesmo

plausibilidade nos argumentos de defesa. Estio presentes os

pressupostos de admissibilidade da acusac;:ao .

III. Da situas:ăo processual dos colaboradores

No despacho de fl. 1.535, determin ou o eminente Relator

esclarecÎmentos quanto a situac;:ăo processual dos colaboradores em

face dos fatos narrados na denuncia.

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Foram arrolados coma testemunhas nestes autos, dentre

outras, os seguintes colaboradores: ALBERTO YOUSSEF,

PAULO ROBERTO COSTA, RlCARDO RlBEIRO PESSOA,

DELcîDIO DO .AMARAL GOMEZ, FERNANDO

ANTONIO }"'i\LCAO SOARES e NESTOR CUNAT CERVERO.

Consoante se ve da narrativa constante da inicial acusat6ria,

alguns desses colaboradores tiveram participac;:ao nos crimes

atribuidos aos acusados nestes autos, circunstância que, segundo

compreende o MPF, nao se revela incompativel corn a condic;:ao de

testemunhas.

Nao se desconhece o entendimento doutrinârio e

jurisprudencial no sentido de o correu nao poder figurar coma

testemunha, ante a incompatibilidade entre o dever de dizer a

verdade e o direito a nao auto incriminac;:ao.

No caso, contudo, apresenta-se hip6tese diversa. Os

colaboradores arrolados como testemunhas nao figuram nesta

rela~ao processual na condi~ao de correus e abriram mao do

direito ao silencio, obrigando-se a falar a verdade segundo

pactuado em seus acordos de colaboracao. Ademais, os termos

de colaborac;:ao cujos depoimentos, na condic;:ao de testemunha,

busca-se ratificar, foram produzidos em acordos de colaborac;:ao

corn o Ministerio Publico Federal, devidamente homologados, e

considera do o compromisso legal de dizer a verdade decorrente do

§ 14 do art. 4° da Lei 12.850/2013.

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Sobre o colaborador e o compromlsso de dizer a verdade,

veja-se recente doutrina a respeito:

[ ... ) A duvida esti em saber em que qualidade o reu colaborador e convocado para depor em juizo. Sao duas as siruas;oes. O colaborador pode declarar judicialmente na prapria as;ao penal em gue c acusado (como reu ou correu), ou prestar depoimento noutro processo instaurado contra as pessoas por ele delatadas, sejam eles seus cumplices ou nao. Na primeira situas;ao, falara no momento do interrogatario judicial, apas a instrus;ăo defensiva (arts. 185-196,400,411 e 474, CPP). Na segunda, depora na instrus:ao acusatoria ou defensiva (arts. 400, 473 e 531 do CPP), devendo figurar no rol de testemunhas ofertado em acao penal na gual ele proprio nao seja reu. Tanto numa como na outra situas:ao, o colaborador tera renunciado ao exercicio da garantia contra a autoincriminas:ao.

Vale lembrar, contudo, gue pode havcr situas;oes de dispensa do depoimento judicia1 do colaborador na sua prapria as;ao penal. Basta gue: a) lhe seja concedido o perdao judicial (caput e §2° do artigo 4° da Lei 12.850/2013), na forma do artigo 397, Iv, CPP, combinado corn o artigo 107, IX, e 120 do CP; ou b) seja formalizado acordo de imunidade, isto e, de nao persecus;ăo penal (§4° do artigo 4° da Lei). Na primeira hipatese o colaborador tera sido denunciado mas podcra livrar-se de logo da as;ao penal ao obter o perdao judicial na fase da absolvis;ao sumaria (art. 397, IV, CPP), caso em gue estara extinta sua punibilidade (art. 107, IX, CP), năo havendo ocasiao para seu interrogatario. Na segunda hipatese, o colaborador sequer tera sido denunciado, pois Ihe foi oferecido acordo de imunidade, do gue resulta o arguivamento da investigas;ao criminal, ou, ao menos, seu sobrestamento. Nao havendo as;ăo penal contra ele, interrogado nao sera.

O §12 do artigo 4° da Lei 12.850/2013 lida corn cssas Ultimas situas;oes, detcrminando gue "Ainda que beneficiado por perdao judicialou nao denumiado, o co/aborador podera ser ouvido em juizo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judiciaJ." Assim, uma vez agraciado corn o pcrdăo judicial ou o perdăo

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ministerial, se o colaborador for arrolado pela acusas:ao para inqums:ao na etapa contradit6ria. prestara depoirnento corn as testernunhas da acusas:ao; se for listado por um reu, sera ouvido coma se testemunha da defesa fosse.

Nesse mesmo quadro, caso venha a ser intimado pelo pr6prio juizo para depor, devera ser inquirido pelo juiz antes do interrogat6rio do(s) acusado(s). Entendo, porem, quc fere o principio acusat6rio a iniciativa probat6ria do juiz contra o riu no processo penal, o que toma inconstitucional a parte final dessc §12. Contudo, em se admitindo tai iniciativa judicial, o colaborador nao sera ouvido coma mcro "informante" do juizo. Tera o status de criminoso colaborador, prestara compromisso legal e tera o dever de declarar a verdade.

No caso Lava Jato, os colaboradores tem sido ouvidos ora corno acusados ora corno testernunhas. Em senten<;:a condcnat6ria proferida contra reus comuns e acusados colaboradores, o juiz federal da causa esclareceu quc:

183. Parte da prova relevante da presente aa;ao penal consiste em depoimentos e documentos providenciados por criminosos colaboradores, que foram ouvidos corno acusados ou testernunhas. ( ... ) 186. Todos eles foram ouvidos em juizo coma acusados ou testemunhas colaboradores, corn o compromisso de mzer a verdade, garantindo-se aos defensores dos coacusados o contramt6rio pleno, sendo-lhes informado da existcncia dos acordos. (13' Vara Federal Criminal de Curitiba, A<;:ăo Penal 5045241-84.2015.4.04.7000jPR, juiz Sergio Moro, j. 18.05.2016, caso Jose Dirceu).

4. O COLABORADOR E O COMPROMISSO DE DIZER A VERDADE

Cometido o crime e descoberto seu autor, o primciro dilema do agente e decidir se confessa ou năo a conduta ilîcita que praticou. A Constitui<;:iio, os tratados e as leis asseguram o seu direito ao silencio (/temo lenetur se detegerc), o direito de niio colaborar e o direito de niio ser compelido a depor (veda<;:ăo da tortura). Năo ha, todavia, csse famigerado e surreal direito de menli/". A garantia esta em siJenciar.

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Contudo, a verdade real - ou o que mais se aproxime dela - e uma aspira<;ao do processo penal. Assim, para que o reu confesse, o Estado dispoe de incentivos de direito premial, um absolutamente tradicional e outro de cam e evolu<;ao mais recentes. Refiro-me it confissao espontânea (artigo 65, III, 'd', CP) e ii colabora<;ao premiada. Se resolver confessar, o investigado ou reu obtera beneficios, que vaD desde a atenuante do artigo 65 do CP atc a nâo persecu<;ao criminal.

Apas assegurar ao reu o direito ao silencio em seu interrogatario, o art. 190 do CPP determina que se o acusado confessar a autoria "serti perguntado sobre os motivos e circunstândas do folo e se outras pessoas concorreram para a infrafiio, e quais sejam". Houve cumplices, quem sao e o que fizeram? A primeira diretriz de indaga<;ao referida nesse dispositivo cumpre o papel de propiciar ao acusado a oportunidade de contribuir efetivamente para a elucida<;ao dos fatos e obter a mitiga<;âo de sua pena em fun<;ao de atenuante considerada na segunda etapa do procedimento trifasico de do simetria (art. 68, CP).

E uma vez confessado o crime, cumpre ao juiz fazer ao reu confitente outras indaga<;oes relacionadas ao concurso de pessoas, que dizem respeito it dela<;ao premiada, instituto que passou a ser no Brasil - a partir dos anos 1990 - uma causa especial de dirninui<;ao de pena, fator a ser considerado na terceira da fase do metodo dosimetrico. Entâo, surge a pergunta ao confitente: ha coautores ou participes? Quem sao estes?

Pois bem. Se resolver torn ar-se colaborador, o reu tem o dever de dizer a verdade. Nao e testemunha em sentido estrito, mas, tai coma esta, nao tem o direito ao siJencio. Salvo quando puder autoincriminar-se ou quando estiver legalmente escusada de depor, a testemunha nao pode negar-se a responder perguntas nem mentir. A testemunha tem um inerente dever de colaboras;ao corn a Justis;a. Ja o reu nao tem dever algum de cooperar corn a Justis;a, mas em se convertendo em colaborador voluntari o devera confessar os fatos pr6prios e falar sobre os alheios porque tera renunciado ao exercicio da garantia contra a auto-incriminas;ao, na forma do artigo 4°, §14 da Lei 12.850/2013: "Nos depoimentos que

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Procuradoria-Geral da Republica Inquerito n° 3.982

prestar, o colaborador renunciara, na presenfa de seu defensor, ao direito ao silencio e estara sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. "

Pelas mesmas raz6es, tal como a testemunha, o reu colaborador mendaz cornete crune, nao o de falso testemunho (artigo 342 do CP), mas sim o do artigo 19 da Lei 12.850/2013, cuja pena e de um a guatro anos de recJusao:

Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colabora<;ao corn a Justi<;a, a pratica de infra<;ao penal a pessoa gue sabe ser inocente, ou revelar informa<;6es sobre a estrutura de organiza<;ao criminosa gue sabe inveridicas: Pena - reclusao, de 1 (um) a 4 (guatro) anos, e multa

Reus colaboradores podem mentir. Testemunhas tambem. Dadas as terriveis consegucncias gue podem advir de uma mentira em depoimento judicial, notadamente no processo penal, e essencial gue haja puni<;6es para uns e outros. No entanto, critica seja feita, o colaborador so e punido por perjUrio se mentir dolosamente, ao passo gue a testemunha cornete o falso testemunho se mentir ou negar ou calar a verdade. Ademais, as escalas penais dos dois tipos penais (artigo 19 da Lei 12.850/2013 e artigo 342 do CP) soam desproporcionais, embora os bens juridicos processuais sejam os mesmos: a verdade processual e a boa e correta administra<;ao da Justi<;a. Corn isto, guero acentuar a insuficiencia da resposta penal estipulada no artigo 19 da LCO.20

Assirn, afigura-se adeguada ao presente caso a op<;ao do orgao

acusador no sentido de arrolar dentre as testemunhas mesmo os

colaboradores gue participaram dos fatos delitivos, por nao

constarem nesta rela<;ao processual coma correus (e năo ha empefo de

20 ARAS, Vladimir. ° reu colaborador como tcstcmumunha. In: A prova no enfrentamento il Macrocriminalidadc. SALGADO, Daniel de Resendc; QUElROZ, Ronaldo Pioheiro de (orgs) 2ed, 2016. Salvador: Editora Juspodivm, p. 211-229

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Procuradoria-Geral da Republica Inguerito n° 3.982

constarem em outras aroes penais em trâmite perante primeiro grau se for o

caso) e ante o compromisso legal de dizer a verdade e a previsao de,

nos depoimentos que prestar, renunciar, na presen<;a de seu

defensor, ao direito ao silcncio (§ 14 do art. 4° da Lei 12.850/2013.

VI. Conclusao

o Procurador-Geral da Republica, requer a rejeis;ao das

preliminares aventadas e, eis que presentes as condi<;6es e

requisitos legais, reitera o requerimento formulado pelo

recebimento da denuncia, bem como a oitiva dos

colaboradores como testemunhas.

<Xl/df

Brasilia (DF), 7 de n , .... - "/ode 2016.

Rodrigo Jan t onteiro de Barros Procurador-Geral da Republica

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S T F 102.002

c::?ttjlff-fmW QY;,:kna/ c;j#~d

lrJ~ 2J1ZL

TERMO DE CONCLUSĂO d/ Fa<;o estes autos conclusos ao Exmo. (a) ~ ~ Sr. (a) Minist,·o (a) Relator (a) . \C\ IV '

Bras:::::~,O,,-.... ~,",-,u O" ~",,:. ::::/ VI C;; \o

O

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6li0/}fp/mo cf1:,;b,wlo/ r;jj0(kJ1fat cf)g<;1'cli.tl1~a, ..J-: il-(/'~X:d/flf:a.

CQ?o04'4&'uu!o/flf,'a. tk V. r·OCfJ46a?Jwn/o c;#hVAaI

CertidAo de redlstribul9Ao

Certifico, para os devidos fins, que estes autos foram redistribuldos ao Senhor MIN. EDSON FACHIN, com a ado9Ao dos seguintes parAmetros: Inq n° 3982 AUTOR(AIS)(ES): MINISTERIO PUBLICO FEDERAL

PROC.(AlS)(ES): PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA

INVEST.(AlS): VALDIR RAUPP DE MATOS

ADV.(AlS): NILSON VITAL NAVES E OUTRO(S)

INVEST.(AlS): MARIA CLEIA SANTOS DE OLiVEIRA

INVEST.(AlS): PEDRO ROBERTO ROCHA

ADV.(AlS): NILSON VITAL NAVES

- Tipo: REDISTRIBUIC;ĂO - Caracteristica da redistribuic;:ăo:PREVENC;ĂO DO RELATORISUCESSOR - Processo que Justifica a prevenc;:ăo/exciusăo: INQUERITO n° 4112 - Justificativa: RISTF, art. 69, caput Observac;:ăo: e art.67, §11 do RISTF DATA DE DISTRIBUIC;ĂO: 02/02/2017 -12:15:00

RELATOR(A): MIN. EDSON FACHIN

Brasilia, 02 de Fevereiro de 2017.

Coordenadoria de Processamento Inieial (documente eletrOnico)

TERMO DE CONCL\JSĂO

PATRICIA PERElR;X'f1([M.I)

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S T F 102.002

INQUERITO 3.9821DF

TERMO DE JUNTADA

Aos dezessete dias do mes de fevereiro de 2017, junto a estes autos c6pia do

Mandado de Intima~ăo que se segue.

Eu, ~TecniCo Judiciario, lavrei este termo .

1) fi

E eu, if ' 5ecretaria da 5egunda Turma, o subscrevi.

! I

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, .

STF 102.135

PODER JUDICIARIO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

MAL'ilDADO DE INTIMA<;ĂO

Extraido da Pauta n,o 6/2017 da Segunda Turma, a ser publicada no Diario da Justil'a Eletr6nico em 17/2/2017, na fonna abaixo:

A SECRETÂRIA DA SEGliNDA TURMA, DE ORDEM DO EXCELENTiSSIMO SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES, PRESIDENTE DA SEGUNDA TURMA DO SUPREMa TRIBUNAL FEDERAL, ------------------------------------------------------

MANDA

ao Oficial de Justi,a, a quem este for apresentado, indo devidamente assinado, que, em seu cumprimento, INTIME o Ministerio Publico Federal, na pessoa do Procurador-Geral da Republica, ou quem suas vezes fizer, que foi (foram) inciuido(s) na Pauta da Segunda Turma o(s) feito(s) constante(s) da listagem anexa: -----------------------

DADa E PASSADO nesta Segunda Tunna do Supremo Tribunal Federal, em 15 de fevereiro de 2017.

=;;to~ ~"ena Siqueira

Secretaria da Segunda Turma

Na re1al'ăo anexa consta apenas o INQ 3.982/DF.

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.. CERTIDĂO

Certifica que me dirigi nesta Capital ao Setor de Administra<;;iio Federal

Sul, Quadra 4, Lote 3, Bloca "A" nesta data e, as 13h50min, procedi a

INTIMA<;;ĂO do MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, na pessoa do

Procurador Regional da Republica Eduardo Pelella, que recebeu a

contrafe e apâs seu ciente no anverso deste mandado.

Brasîlia, 16 de fevereiro de 27r? ATO CESAR FALCAO MACEDO Oficial de Justi<;;a Federal

.~

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..

Rela~ăo de processos enviados a publica9ăo em 15/02/2017 Parte: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL

Coordenadoria de Sessoes da Segunda Turma - Pauta de Julgamento n° 6/2017

INQuERITO 3.982 PROCED. DISTRITO FEDERAL

MIN. EDSON FACHIN MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA VALDIR RAUPP DE MATOS

1

RELATOR AUTOR(A/S) (ES) PROC. (A/S) (ES) INVEST. (A/S) ADV. (A/S) NILSON VITAL NAVES E

(DF032979/) E OUTRO(A/S) OUTRO(S)

INVEST. (A/S) INVEST. (A/S) ADV. (A/S)

MARIA CLltIA SANTOS DE OLIVElRA PEDRO ROBERTO ROCHA NILSON VITAL NAVES (032979/DF) E OUTRO(A/S)

1

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STF/SPOC Em;aQ Il} m li,as 16. h.ok rece~ OS illios U".)~ls.!.La~ e ~ joolldas !IOf lilha) com O (a)

que segue

~ IO']1-Y.S-Se, .... dv,' E.Ma~;<'I.lo~Mdl(lcula

, .. "

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INQ 3982

CERTIDAO

Certifico que, nesta data, compareceu a esta Se<;âo o Sr. Thyago Bittencourt de Souza Mendes, RG/SP 52413341-4 e recebeu midia digital contendo c6pia do volume 5 ate fis . 1495 do referi do processo.

RG/SP 52413341-4

Brasilia, 18 de outubro de 2016 - 14h25min .

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INQ 3982

CERTIDÂO

Certifico que, nesta data, compareceu a esta Sec;âo a estagiaria Thyago Bittencourt de Souza Mendes RG!DF 52413341-4 e recebeu midia digital contendo copia integral do volume 06 ate fis. 1534 do processo em epigrafe.

Ciik,F 52413341-4

Brasilia, 25 de outubro de 2016-Khoonin.

\~ DENIS MART S FERRElRA

Matricula 2190

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INQ 3982

CERTIDAO

Certifico gue, nesta data, compareceu a esta Se<;âo o advogado Thiago Brugger da Bouza, OAB/DF 20.883 e recebeu midia digital contendo copia dos 6 volumes ate fis. 1536 do referido processo .

~ OAB/DF 20.883

Brasflia, 31 de Janeiro

~! DE

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INQ 3982

CERTIDĂO

Certifico que, nesta data, compareceu a esta Sec;âo o advogado Daniel Ponseca Roller, OABjDP 17658, e recebeu mîdia digital contendo c6pia dos 6 volumes ate fis. 1536 e dos 2 apensos do referido processo .

OABjDP 17658

BrasHia, 17 de fevereiro de 2017 - 14h45min.

~DEN

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INQ N° 3982

CERTIDĂO

Certifica que foi apensada a estes autas a AC 4198. Brasilia, 20 de fevereiro de 017 .

RODRI I FERREIRA Mat

TERMO DE CONCLUSĂo

Fa~o cstes aUios conclu . ~ Relator(aL _ sos ao Exmo.(a) Sr(a)

BrasfJia,~ de ~A:Y1 ~" '" - ~dC2()17

RODRIG~.rERREIRA Mcttrîcula n{) 1517

STF/SPOC Ei8IQ2.1101-f,as '1~p2S rn<:eii OS auios (=.. \~!S,_- apensos e ~ joo;adas fiii 1~lr") corn O (a) __ -___ '~II!~,