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SUPLEMENTO

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SUPLEMENTO

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11/0 GAIATO 10 de Julho de 1982

NINfJIJI~II (~f)NfiiJIS'Ill (~f))J() 1l (~lllilN(~Jl!

' 0 GAIATO na rua, oferecido pelos nossos rapazes, acolhido pelos. nossos leitores. PAgina retrospectiva e de actualidade! . . . ~ . . Pai Américo segue à cabeça, mãos dadas ao primeiro cro~istada. venda do JOr~al e a tres outros ~~~~e•­

ros-óacar, José Eduardo («Porto») e Ernesto Pinto-que, trmta e o1to anos depots, recordam, senstbthza-dos, o lançamento .das primeiras edições do «Famoso». . , . . _

«Ühtem, repelentes e repelidos . Hoje conhecidos e pro~u:ados. E so porque eles (os ga1atosl sao amados que tu hoje assim os amas. O amor do Evangelho é.od1o às avessas .»

· Por fim, os representantes dos actuais pequenos embaixadores ~e O ~AIA TO- de todas as nossas cas~s _que espalham() jornal com alegria, com devoção , todos os qum;ze d1as, pelo norte, centro e sul do

País. . f · . 1 «Assim levamos aos quatro cantos do mundo a glóri?J dos nossos eltos ))

-------------------------

ONTEM Na forma do costume, o peque­

nino rancho de pequeninos vende­dores embarcou na estação de Cête às primeiras horas da manhã. Desta vez, foram mais severas as instru­ções, porque mais dilatado o raio da acção dos infantes trabalhadores. Assim é que Pepe, Júlio Mendes e «Periquito» venderam em Espinho e na Granja.

Não foram muito afortunados na venda, mas o «Periquito» chegou radiante: «Olhe trago aqui 100$00 da senhora O. Leonor>). E relatou de como esta senhora tinha camas feitas e tudo preparado, no caso de os vendedores ati quererem pernoi­tar. Ninguém conquista como a criança!

Em Leça e na Foz do Douro ven­deram «Rio TintO)) e o «Garh).

Este foi comer a casa de uma tia que ali tem, e o primeiro·abancou em casa de famOia amiga da Obra. No Porto, venderam: Amadeu, Óscar e João. O primeiro teve a sorte de cair na simpatia da gerência do café A Brasileira e ali tem feito praça com magníficos resultados. Em nome da multidão dos gaiatos, deixo aqui uma palavra afectuosa ao senhor que ali risca. À hora do almoço, em vez da costumada pensão, os três arautos tiveram lugar em acolhedora mesa da qual disseram muito bem e eu digo muito melhor, porquanto, quem meu filho ama minha boca adoça.

Trouxeram esmolas avulsas, uma delas de 20$00 dentro duma carta muito distinta e letra muito bem feita, na qual se promete uma maquia de 10 litros de bom azeite. Será que, nesta terra de Paço de Sousa, os nossos potes ressequidos vão ter dias de glória como os de Miranda do Corvo? Assim seja.

Trouxeram também uma pulseira de oiro! O Porto já tem tanta con­fiança nestes homens de amanhã, que lhes entrega afoitamente jóias de subido valor.

Ontem, repelentes e repelidos. Hoje, conhecidos e procurados. É só porque eles são amados que tu hoje assim os amas. O amor do Evange­lho é ódio ãs avessas.

O Amadeu e o Óscar também foram vender à estância termal das águas de S. Vicente e de Entre-os­-Rios e assim levamos aos quatro cantos do mundo a glória dos nossos feitos!

é ás da venda no Porto, e faz disso grande capricho.

- Dizem que eu sou bonito e com­pram muitos gaiatos.

Ora este dito que gira no Porto, tem-no feito inchar um nadinha. A humilhação de Entre-os-Rios veio em muito boa hora.

-Compre-me O GAIATO. -Oh rapaz, bota lá isso no cai-

xote do lixo! E assim o despediram. Bem feito!

~·~./ (in O GAIATO n. 0 12, de 6/ 8 / 44)

F?RIMEIR·A CRÓNICA DA VENDA Do· jORNAL

Saímos de casa perto das 7 e meia da manhã. Chegámos a Cête e espe­rámos um bocadinho, para que chegasse o comboio. Veio e embar­cámos para o Porto. A primeira coisa que fizemos, foi irmos direitos à igreja de Cedofeita para ouvirmos Missa e justificarmos como seria a venda de O GAIATO .

Acabou a Missa, e em seguida, começámos a vender o nosso jornal, muito alegres como das outras vezes. Primeiro a venda foi fraca, mas depois, para as outras duas Mis­sas íamos vendendo cada vez melhor, mas não como desejáva­mos . Na últ ima Missa, foi num milagre que Nosso Senhor nos cobriu . Uns que compravam o jor­nal, se não tínhamos dinheiro tro­cado davam tudo até aos vinte escu­dos.

Aqueles moinas da rua viam-nos e começavam a perguntar se éramos da Casa do Gaiato. Depois seguiam. E um deles, que tinha ficado, per­guntou se estavam cá dois rapazes que tinham o nome de «Tiroliro » e «Chegadinho» . Respondemos-lhe que sim, que estavam.

Trouxemos ~lguns jornais pela rua e íamos vendendo e apregoando «olh'O GAIATO».

Por aqui ficamos desejando que se venda cada vez mais, porque este jornal é moralizad.or e evangelista .

Júlio Mendes

ZÉ . ED·tJARDO -Oih'O GAIATO! ... Naquela manhã, a dominical paca­

tez do velho burgo portuense, ainda meio adormecido, foi repentina­mente alterada pelo estrídulo pre­gão, a plenos pulmões lançado por um alvoroçado e pressuroso grupo de rapazes, surgido das entranhas resfolegantes da estação de S. Bento.

Qual bando de andorinhas sau­dando o dealbar da Primavera, tam­bém aqueles rapazes, a seu modo, anunciavam o aparecimento de uma voz que haveria de fazer estremecer tantos corações!

-Oih'O GAIATO! ... Em tribunal de noite anterior Pai

Américo dera a sentença: -«Júlio Mendes, Amadeu E!va;;,

«Rio Tinto », Oscar, «Fala-Grossa» e Zé Eduardo vão ao Porto fazer a pri­meira venda do nosso jornal ... Não vão pedir esmola, como antes o faziam, mas oferecer um pouco da riqueza que ora desfrutam .»

Ataviados com as roupas domin­gueiras, a t iracolo a saca dos jornais com as letras de O GAIA TO - pelas hábeis e carinhosas mãos da Senhora da Rouparia bordadas­ei-los à conquista da cidade que os conhecera- pedintes e maltrapilhos -no coracã o a mensagem que Pai Américo lhes transmitira!

-Oih'O GAIATO ! .. . E ao longo do dia, à porta das

igrejas e dos cafés, entrando e saindo dos eléctricos, prontas res­postas à curiosidade de quan t os incomodavam, cada um deles pri­mou na partilha daquela riqueza que lhe fora dado distribuir. Ufanos da sua missão; ávidos por terminar ...

Que a ânsia de conta r como fora a todos dom i na v a!

-Oih'O GAIATO!. As instrucões compreendiam a

refeição, qu~ndo e onde se enten­desse. Amorosos convites evitaram o dispêndio. E, desta vez, o limite não foi o limiar; as portas franquea­ram-se e a partilha foi mais íntima I ..

Outras vendas se seguiram. Outros rapazes viveram tão rica experiência. Novas portas se foram abrindo Novos horizontes se rasga­ram. A Morte não vai silenc iar a VOZ! ...

-Oih'O GAIATO! . .

Zé Eduardo

Estive vários anos na Casa do Gaiato, em Paço de Sousa, e dela guardo muitas recordações, pois ali me fiz Homem.

Fui do grupo de vendedores de O GAIATO que espalhou a primei ra edição com muito amor à causa. Tive os meus clientes certos. E hav1a um jogo entre mim e o Amadeu Elvas para ver quem envergava a camisola amarela.

Lembro os bons Amigos, pelo bem que me fizeram. Cito, por exemplo, o Espelho da Moda. Mais acima, na rua dos Clérigos (Porto), há um bazar. Mal lá chegava, tinha que brincar com o f ilho da proprietá­ria do estabelecimento, onde fica­vam 5 ou 10 jornais para eu conse­guir a camisola amarela. Passava uns bons momentos a brincar com o menino!

Das recordações que tenho da Casa do Gaiato, lembro como havia respeito entre todos; carinho e ami­zade que fazem de nós verdadeiros irmãos.

Quanto a disciplina, cito um caso: Tive um castigo, por ser um pouco leviano: transporte de pequenas gamelas de cal. Estava em constru­ção a nossa Aldeia . .. Mas, dev1do ao meu comportamento neste serv1ço, Pai Américo mandou-me para o Lar do Gaiato, no Porto . Curiosamente, o benefício custou -me, por ter que deixar Paço de Sousa . Va leu a pena! Empreguei-me na SERL (já lá vão 37 anos) onde permaneço. E, também, com satisfação de Pai Américo: «Sinto em ti um certo orgulho,

O Amadeu veio muito conster­nado: vendeu apenas 25 jornais. Ele Un O GAIA TO n. 0 3, de 214144) 1945 -Otcar e Manuel Pinto em Leça da Palmeira

' porque és dos poucos rapazes q~e se mantêm na mesma fi rma» - dis­se-me um dia.

Gostaria, ainda , de citar antigos companheiros, dos primei ros gaiatos de Paco de Sousa: Amadeu Elvas; seu ·ir~ão Júlio Mendes; o Pepe , espanhol; o Sérgio; e tantos outros, alguns já fa lecidos, como agora o Durães, conhecido por «Rio T into». Homens vá lidos. E para isso contri­buiu a educação recebida na Obra de Pai Américo.

Jamais poderei esquecer a minha infância! Cheguei ·a pedir esmola nas ruas do Porto. Em boa hora, porém, surge o nosso queri do Pa i Américo que me leva para Paço de Sousa. Muitas vezes pergunto: - Que sena de m im se não aparecesse esse ext raord inário Pai de tanta gente!? . .

Naquele tempo, o que mais nos custava era ver como algumas pes­soas desconfiavam de Pa i Amé­rico . .. ! Chega a ser desprezado por certa gente que, mais tarde, vem agradecer a grande Obra que fez !

A ú ltima vez que falei a Pai Amé­rico fo i já depois de ter saído da Casa do Gaiato . Estava presente o Padre Carl~s. Disse:-« Este é que é o Óscar, de quem eu fa lo. Foi embora por fumar um cigarro .. . Não qu1s aceitar o castigo . .. Mas, pelo menos, continua a vis itar-nos!»

Por tudo isto e po r mu ito mais, considero Pai Américo o meu Pa i. E nunca mais esqueço a Casa do

Gaiato! Oscar

ERNESTO PIN"FO

Um testemunho d'O GAIA TO, ma is da Verdade de quem o gerou.

Eu era criança. Corr ia a cidade do Porto de lés-a- lés, semp re à procura de mais um freguês. Sacudidela des­te, mimo daque le, chegávamos a Casa com muito que contar: Ref ili­ces pelos que nos fechavam a porta; regozi jo po r aqueles que nos abriam o coracão.

O n~sso entusiasmo, naquele tem­po, levava os ard inas de outros jor­na is a refi larem connosco por via de tanto apregoarmos: Olh'O GAIA TO! Eis a revo lucão que v inha prà rua com bandei r~ de paz. Havia já sabor em quem o lia: para uns a Verdade que se punha ao léu; para out ros a inquietação de verem alguém a lim­par o «Li xo das ruas». Ele, o «Li xo» , era agora um acusador! .

Por fala r na Verdade e no valor que ela t inha p' ra Pai Américo, eu conto: Eu era o sacristão daquele tempo. As co isas da Capela eram da minha obrigação . Na altura do Natal, o presépiÓ estava feito ao lado do altar . Um dia, peguei no menino para lhe li mpar o pó. Apanhei um choque e o menino de barro part iu-se . Fu i às escond idas à carpintar ia e tentei co lar a imagem com grude. Tornei a pô- la na manjedoura. Não sei como, Pa i Américo soube. «Não fui eu»­respondi Pe la m inha insistência na mentira fu i prÓ campo trabalhar nos serv icos da lavou r a.

Já. crescido, vi que foi· a mentira

- NÚMERO ·.-. MIL ·.

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10 de Julho de 1982

Muitos Leitores de O GAIATO jamais visitaram uma das nossas Casas . Por isso, os pedidos de esclarecimento surgem diariamente; como o deste Jovem, de algures:

«L .. ) Caso possam e quando possam, gostaria de ver em O GAIA­TO ainda mais pormenores sobre a Obra da Rua: Casas do Gaiato, Calvário, seus continuadores, localizações, número de rapazes. de doentes, situação dos que lá estão e dos que por lá passaram, etc. Estou certo que para os novos Leitores (como eu), constituiria um forte e maior motivo de atracção ... »

• MIRANDA DO CORVO

A Casa do Gaiato de Coimbra -Casa-mãe da Obra da Rua- está situada na vila de Miranda do Corvo, a 20 Km de Coimbra, na estrada nacional para a Lousã, com o telefone n. 0 52125 da rede de Coimbra . Tem o Lar na cidade de Coimbra com o telefone n. 0 72648 e a casa de praia na Praia de Mira.

Acolhe actualmente 115 crianças, de todas as idades. Tem a ajudar a servir três Senhoras (uma há 34, outra há 33 e outra há 9 anos) e quatro rapazes casados que cá foram recebidos há 35, 28, 21 e 18 anos, respectivamente , e um solteiro que está há 17 anos.

que levou Pai Américo a despromo­ver-me. Como ele acharia beleza se encontrasse a Verdade! ... Mas não I

Aqui está, pois, pro que foi gerado O GAIATO: Mostrar a Verdade .. «Escrever como quem reza»- diz Pa i Américo. Ora, na Oração não pode existir a mentira.

Enfim; por isso, O GAIATO tem

Nestes quarenta e dois anos e meio de vida da Casa foram recebidos 655 filhos, hoje espalha­dos pelo mundo e quase todos a dar boa conta e muito ligados a esta família.

A volta da Casa vivem 21 rapazes já casados, dos quais 17 têm habita­ção própria.

A nota dominante é o amor à família.

Padre Horácio

• PACO I

DE SOUSA «No fim do segundo ano, que foi

Janeiro de 1942- afirma Pai Amé­rico- os novos habitantes mal

sido p'ra uns companheiro insepa­rável, p'ra outros a inquietação, por

· via do nu e cru que ele mostra. Ele saíu d2 Verdade porque o homem que o 'gerou aprendia na Verdade inspirada pelo Pai do Céu.

Ernesto Pinto

HOJE NORTE Há mil quinzenas que O GAIATO

sai para a rua a transmitir notícias nossas. Para nós. que andamos com o JOrnal na mão e no coração, ele tem muito sign ificado .

Na zona norte espalhamo-nos pe la cidade do Porto e outr.as vilas impor­tantes. Sai um grupo na sexta-fe ira e o maior é no sábado de manhã . Vamos na carr inha para o Lar do Porto e só regressamos domingo, à noite, a Paço de Sousa, sempre ale­gres porque a venda corre mais ou ménos bem e os nossos Amigos recebem-nos com amizade.

E bom dizer aos senhores · quais são os melhores vendedores. Na escrita de Padre Moura, Carlitos passa 550 em Aveiro e traz ainda 150% de acréscimos. No Porto é o Lúcio: 500 jornais e 100% de acrés­cimos. Mas, como diz o Padre Moura, todos vão cumprindo a sua obrigação com mais ou menos difi­culdade. Agora o que não está certo é o «Laranja» e o «Castelhano» serem sempre os últimos a chegar! Atrasam-nos a vida toda!

os Amigos que me receberam sem­pre com muito carinho.

Nave

CENTRO Chegados ao número mil, nós, os

vendedores da zona Centro, não podemos deixar de marcar presença neste jornal que é nosso e de todos

cabiam dentro do berço. Tornava-se necessário expandir e eu dirigi-me ao Norte, a ver se dava com uma quin­ta. ( .. . ) No Outono de 1942 passei por Paço de Sousa e vi ali um con­vento abandonado com sua quinta murada. Entrei. Medi. Suspirei. Era aquela a minha cruz ... Tomei conta no mês de Abril de 1943 .. . »

Daí para a frente começa Pai Amé­rico a grande odisseia. Na quinta, levanta a primeira Aldeia dos Rapazes, agora com 12 edifícios que se rvem uma população de 160 rapazes. No entanto, ao longo dos anos, já passaram por suas telhas muitas centenas deles, hoje homens úteis à Pátria . A nossa Aldeia fica situada na zona centra l da fregue­sia de PAÇO DE SOUSA, 4560 Penafiel, perto da estrada nacional Porto/ Entre-os-R ios e tem o telefone 952285. É a sede da Obra da Rua e resi dência do Superior, ora coadju ­vado por dois sacerdotes, duas senhoras e nove antigos gaiatos, responsáveis por diversos sectores .

Em complemento da formação integrada dos rapazes, Pai Américo fundou o primeiro Lar do Gaiato citad ino em 1944 - loca lizado na Rua D. João IV n. 0 682, 4000 Porto, telefone 570300- na medida em que «temos de acompanhar o

quantos o lêem. É, pois, com alegria que eu. após sete anos de vendedor do nosso jornal, vejo o número de leitores a aumentar.

Na zona Centro vendemos 8.500 jornais e apuramos cerca de 90.000$ por quinzena.

Vendemos o jornal em Coimbra, Figueira da Foz, Cantanhede, Ana­dia, Mealhada, Condeixa, Pombal, Leiria, Tomar, Figueiró dos Vinhos, Sertã, Proença-a-Nova, Castelo Branco, Alpedrinha, Fundão, Torto­sendo, Covilhã, Lousã e Miranda do Corvo. No Verão há também as praias e termas e o número da venda aumenta.

Eu vendo uma tarde em Coimbra, o fim-de-semana em Leiria e outra tarde em Anadia.

A venda do nosso jornal é um trabalho que exige esforço, dada a necessidade de andar dum lado para o outro, mas gostamos todos de ser vendedores. De cada pessoa que nos compra recebemos mimos. Em troca ficamos com a satisfação de ter deixado mais um testemunho de verdade, pois que o nosso jornal é um mensageiro do Bem.

Faço hoje a minha despedida! Fui nomeado chefe da casa 4, rés-do­-chão , na nossa Aldeia de Paço de Sousa, e vou deixar a venda do jor­nal com s·audades. Agradeço a todos 1982-EIN caminham para a venda do .Famoech

Rapaz pela vida fora, colocando ao seu alcance as oportunidades ... »

Temos ainda uma colónia de férias na Praia de Azurara (Vila do Conde). con junto de três edifícios const ruí­dos na década de 50. Durante a época balnear aí descansam e bene­fi ciam do sol, do iodo, da beleza do oceano sucessivos turnos da comu­nidade de Paço de Sousa, incluindo as famílias dos casais que servem a nossa Casa.

J. M.

• TOJAL CASA DO GAIA TO DE LISBOA

- Fez anos no passado dia 4 de Janeiro. Para a História, neste nú­mero mil de O GAIA TO, aí vão algu­mas notas, socorrendo-nos do livro de efemérides da Casa e do nosso ·Jornal.

Em 1947, no dia do Coração de Jesus, na Basílica da Estrela, o Se­nhor Cardeal Patriarca chamou Pai Américo e ofereceu-lhe o Palácio e Quinta da Mitra, sitos em S. to Antão do Tojal, a 5 Km de Loures, sede do concelho e a 20 Km da capital, readquirido a título de mero usufru­to, após a Concordata.

Somos bem recebidos em toda a parte. Embora vendamos os jornais que levamos, trazemos novamente as sacas cheias de carinhos e pren­das. Quase todas as pessoas que recebem o jornal dizem que gostam muito de o ler e que a leitura do jornal lhes faz muito bem. Nós sabe­mos que é verdade.

Beijos e abraços dos vendedores da zona Centro para todos os leito­res.

Francisco José («Chiquito Zé»)

s·u.L * Tojal

O depoimento de alguns vende­dores de O GAIATO, da Casa do Gaia to de Lisboa :

Para mim, O GAIATO é um processo de dar a con hecer aos

nossos leitores como são as Casas do Gaiato, cómo vivemos e para que servem.

Assim, os portugueses podem conhecer melhor a Obra da Rua; e, também, como muitos j ovens do nosso País gosta riam de nelas estar para um dia serem -homens bons e não fàzerem dos seus filhos mendi­gos da rua.

Por isso, devo zelar a venda de O GA IA TO e fazer tudo para que ela cresça.

Carlos Fernando

As pessoas que querem o nosso jornal, compram-no ; não dizem

nada ou fazem perguntas sobre a nossa Obra Os que não querem O GAIATO seguem o seu caminho .

Eu gosto mais de distribuir o jor­nal nas Companhias, onde não falt a quem diga que O GAIATO es tá muito barato. Sim, porque todos os

111/0 GAIATO

Ouvimos contar que Pai Américo, ao vir aqui a primeira vez, teria ficado assaz mal impressionado. Tudo eram escombros e revelava abandono. Do velho palácio e da igreja patriarcal oferecidos pelo rei O. João V para residência de Verão dos Patriarcas de Lisboa, nada restava de pé ou em condições de habitabilidade. Diz-se, mesmo, que Pai Américo teria excla­mado para o(s) seu(s) acompanhan­te(s) : «Vamos embora. Só me entre­gam ruínas, desde as pessoas às coisas I»

Em Agosto de 1947 começaram as obras de restauro do rés-do-chão do velho palácio, para instalação do refeitório e da cozinha. No dia 26 de Dezembro seguinte chegaram os Rapazes fundadores, cinco de Mi­randa do Corvo: Octávio Mendes Peres, Carlos Alberto Freitas, Manuel Dias, Pedro João Sá Lebre e Alfredo Serra; mais cinco de Paço de Sousa: Constantino de Jesus, Mário Prudêncio, Mário «Rouxinol», Ma­nuel Alves Sá Couto e Ouinttno de Almeida. Feitas as limpezas e os arrumas devidÓs era inaugurada a Casa do Gaiato de Lisboa, a 4 de Janeiro de 7948, dia do Santíssimo Nome de Jesus. A restauração do

Cont. na IV pág.

jornais aumentam de preço e só o nosso é que nãol

«Feijão»

• O GAIATO é um meio de infor-mar .as pessoas sobre a vida em

nossas Casas, ajudando também o Leitor a ver que a vida não é só fan ­tasia.

Como vendedor de O GAIATO tenho de cu mprir a minha missão, igual a qualquer outro trabalho, co m horas alegres e difíceis . É uma obr i­gação mais exigente ! . . . Mas, se não fôssemos nós, quem iria espa lhar o nosso jornal!? ..

«Solas» • O nosso jornal não é só por cus-

tar dinheiro, como algumas pes­soas pensam que é uma esmola que dão . Não senhor! Ele é um testemu­nho da Obra da Rua. da Obra de Poi Américo que é assim que nós lhe cha mamos.

Muitos dizem que O GAIATO é barato, mas só dão o preço. Outros. por brincadeira, dizem que é caro e dão por ele 30$00 e mais ....

Albino

* Setúbal A venda de O GAIATO, para nós,

é anunciarmos a vida dos Gaiatos todos.

Nós temos muitas pessoas amigas dos vendedores de O GAIATO, prin ­cipalmente onde vamos almoçar e merendar.

Na venda de O GAIATO há vende­dores que têm mais dificuldades do que outros. Aqui, em Setúbal, é muito cansativa, porque há muitos prédios que não têm elevadores.

Quem escreveu esta carta para o número mil foi o Paulo Jorge, que é um dos vendedores de O GAIATO

Para as p~ssoas que lêem esta carta sobre a venda de O GAIATO, em Setúbal, nós mandamos um grande abraço, principalmente para os Amigos que nos dão o almoço a todos . Freitas

·N Ú M. E · R O · M I L

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IV/O GAIATO

Cont. da III página

resto do Palácio, confiscado à Igreja pela primeira República, demorou até aos fins de 1949.

Vale a pena, para nos inteirarmos dos primórdios desta Casa do Gaia­to, respigar da secção «Notícias da Casa do Gaiato de Lisboa », da auto­ria do Pedro João:

«Antes de nós habitarmos este palácio, quem o habitava eram os r<;Jtos, os morcegos, pássaros, etc . Nas primeiras noites que cá dormi­mos, gostávamos de ouvir os morce­gos a chiar. Mas agora estamos fartos . De vez em quando eles vêem­-se aflitos à procura dà porta para onde hão-de sair. Também nos far­tamos do movimento dos ratos. Ficamos danados quando vamos encontrar os bolsos roídos . Resol­vemos comprar meia dúzia de ratoei­ras, que têm dado muito bom resul­tado. Só quem tem a liberdade de entrar e sair é um pisco que vem dormir em cima duma pinha dourada da nossa camarata, quando o tempo está de chuva.» (ln O GAIA TO n. o 106, de 20/3/48 .)

Do velho palácio patriarcal usurpa­.do pelo Estado e sucessivamente, entre outras coisas, prisão de mulhe­res, paiol de munições e projecto de Estação Veterinária, nunca consu­mado, tudo foi transformado. A igreja, hoje sede da Paróquia, incen­diada e em ruínas, foi reconstruída pela Obra da Rua e aberta ao culto há precisamente 28 anos, mais pre­cisamente no dia 2 de Maio de 7954.

Materialmente falando quanto caminho andado! No velho palácio, hoje, para lá de salas de jogos e de televisão, bar, lavandaria e arreca­dações, há só uma pequena zona residencial, para Rapazes casadoiros ou na tropa e visitas passantes. Uma Aldeia surgiu, actual e com os requi­sitos indispensáveis. Instalações agrícolas e oficinas modernas completam o conjunto, enquanto, no momento, se processa a constru­ção dum espaçoso salão polivalente para recreio coberto, jogos e outras actividades.

Vamos a caminho dos 800 Rapa­zes, passados ou existentes na Casa. No momento contamos com cerca de 720 e, já este ano, registamos 83 pedtdos de admissão. Haja gente, de ambos os sexos, disponível e com­penetrada, capaz de receber o tes­temunho nas mãos e ser capaz de dar o corpinho ao manifesto ...

Da acção desta célula da Obra do Padre Américo não queremos falar. É que há coisas que devemos silen­ciar. Não desejamos porém, nesta hora, olvidar todos aqueles que deram o melhor de si mesmos para a consecução dos objectivos visados, dentro e fora da Casa: Amigos, Se­nhoras, Rapazes e Padres . Deus sabe e a Ele dirigimos uma prece de acção de graças, pelos vivos e mortos, já que o Bem a Ele pertence e tem em Si a raiz e a razão de ser.

LAR DE LISBOA- Em 5 de Janei­ro de 1950, o sr. Padre Adriano, fundador e cabouqueiro sacrificado da Obra, que importa relembrar, por justiça, nesta hora, escrevia neste jornal: «Precisa mos dum Lar. Para nós, precisar é sinónimo de conse­guir, porque não se olha a dificulda­des». Assim, após uma hipótese na Av. Defensores de Chaves e de mui-

tas andanças, foi inaugurado o pri­meiro Lar de Lisboa, à R. Renato Baptista , no dia do Santíssimo Nome de Jesus de 1953. Aqui fun ­cionou até Janeiro de 1957, tendo então mudado para a R. dos Nave­gantes, já no tempo do sr. Padre Baptista. Finalmente, em Agosto de 1968, o «consequin> acima referido comou plena expressão com a com­pra dum andar, à R. Ricardo Espírico Santo, 8-r/c-D. to, prolongamento e complementaridade da Casa do Gaiato do Tojal. São 6 assoalhadas, cozinha, duas casas de banho, hall e terraço, em pleno coração da capi­tal, ao serviço da Obra da Rua.

COLÓNIA DE FÉRIAS DA ERICEI­RA -As carências sofridas pelos Rapazes exigiram sempre os ares do mar e os banhos de sol. Naturalmen­te, desde a primeira hora, foi sentida a necessidade de instalações ade­quadas, para, em turnos sucessivos, salvo qualquer contra-indicação médica, acolherem os jovens da Casa do Gaiato de Lisboa.

No Verão de 1949 funcionou, em tendas de lona, a primeira colónia de mar desta Casa, em S. Julião da Erice ira. Em 1950 já foi possível construir casas de madeira e de lusalite para abrigo dos Rapazes e de muitas outras crianças do Tojal.

Finalmente, em 7967, sendo respon­sável o sr Padre José Maria, come­çaram as obras da actual casa de praia, concluídas em 7963, com capacidade para 30 Rapazes e três quartos para as Senhoras ou outros acompanhantes.

Padre luiz

• SETÚBAL CASA DO GAIATO DE SETÚBAL

-Si tua-se a seis quilómetros da cidade, numa propriedade denomi­nada Brejos do Perdigão, à esquerda de quem sai da cidade e se dirige para o Algarve, na estrada de Alge­ruz, e tem o telefone 22745.

Instalou-se no edifício do Alber­gue Distri tal e na propriedade do mesmo, com uma área aproxi mada de 14 hectares.

Foi no dia 1 de Julho de 1955 que o Pai Américo recebeu este velho edifício, com os terrenos anexos, e aqui instalou a primeira comunidade de jovens e crianças vindos de outras Casas· do Gaiato e de uma Casa de rapazes de Alcácer do Sal que, en ­tretanto, terminava por falta de con­dições.

A direcção da Casa foi tomada por

um sacerdote da Diocese de Évora que só aguentou até Fevereiro do ano seguinte .

Em fins de Setembro de 1957, a Casa do Gaiato de Setúbal começa­va a sua estabil ização com um padre vindo de Coimbra . A Comunidade cresceu; f izeram-se adaptações no edifício e acabaram-se as projecta­das obras do Albergue, com vacaria e instalações agrícolas, e oficinas artesanais de sapataria e alfaiataria.

LAR DO GAIATO DE SETÚBAL -Entretanto, alugou-se um andar na Avenida Luisa Todi para os rapa­zes poderem estudar na c idad e, onde se instalou, provisóriamente, o Lar do Gaiato .

Em 1965 a Câmara Municipal de Setúbal cedeu-nos um terreno, em frente ao Cemitério Velho, para ali construirmos oficinas mecân icas e· um Lar definitivo com a condicão de recebermos 18 rapazes do Orf~nato Em 1967 as oficinas já funcionavam e em 1969 começámos a viver no novo Lar, cujo telefone é o 23054.

As oficinas abrangem as especia­lidacjes de serralharia, carpintaria e tipografia, tendo sido já muitas as dezenas de homens que aqui apren­deram o ofício, garante da sua esta­bilidade económica e social. O Lar tem capacidade para 60 rapazes.

De eomo O GAIATO · ehega às mãos. do Leitor

Cont. da I página

Assim amam os discípulos de Jesus . Assim também, por muito falada, a nossa tipografia-escola tem sido muito discutida. Não há ninguém que não compreenda a sua vantagem, bem como a sua necessidade. «Ele precisa dela. Ele rem razão em pedi-/a. f um remédio estupendo para os rapazes da Obra.>> Quantas palavras semelhantes não hão-de ter já passado na boca de grandes senhores, ós grupos, quantas?!

( ... ) Antes de ter ido com a minha tristeza aos importadores, tinha estado nos Bancos com a minha doutrina. Mas eles, os Bancos, têm a sua... O mundo rege-se por máximas que são os seus mandamentos. «Vale quem tem)) é o primeiro deles. f falso, sim, mas é o fio. É o astro. Tudo gira em roda dele.

L. .) Ora a verdade está roda noutro slrio. Não é pelo verbo ter, mas sim pelo verbo ser que cada um de nós há-de ser julgado. Cau­tela, meus senhores e minhas senhoras - lei­tores do «FamoSO)) afeitos como estais ao amigo quinzenal- o Verbo que Se fez carne, é. Ser, é o verbo do Evangelho. A Obra -da Rua que anda por aí de chapéu na mão a mendigar uma tipografia, não tem nada, sim, mas é. É. Por este verbo será julgada, se agora não empenha os·olhos da cara. Por aquele verbo seremos todos julgados no fim,· e até pode acontecer que o verbo ter, hoje tão doce, venha a ser naquela hora tremenda testemunha qualificada de acusação. Pode ser!

( ... ) Sabe-se que ele seria mais cómodo deixar as coisas como até agora, a saber: Traba lho na tipografia da rua Santa Catarina, no Porto. A gente pagava-lhe um tanto por mês, como até aqui. O dinheirinho dos senhores assinantes, dos que pagam, continuaria a vir cá ter, como até aqui. Eu também continuaria a produzir, como tenho feito, artigos regalados, que os meus ilustres leitores continuariam, da mesma sorte, a gozar, rega/adamenre. E pronto. Sim; seria mais fácil deixar as coisas assim. Mas não Nós temos de escolher a melhor parte: tra­balhar mais e melhor. Ora eis. >>

Pai Américo teve o gosto de saborear O GAIATO escrito, composto, impresso e expedido por mãos gaiatas durante cerca de

seis anos. «Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes. >> Não falando, também, como referiu, do seu contributo para a for­mação profissional. São já tantos, lançados na vida , colhendo os frutos em empresas de Artes Gráficas!

«Régua>>, de 19 anos, é um impressor do jornal.

- Como encaras a acção? - Trabalhosa, de muita responsabiltdade.

Há · que atender a todos os pormenores: impressão perfeita e concluída na hora pró­pria. São mais de cinquenta mil exempla­res! ...

- E a edição especial do número mil, em offset?

- A offset dá um brilho e uma qualidade muito superior, ao jornal! Este é O GAIA TO número mil .. . !

-Uma opinião sobre o jornal ... -É a Voz do Pobre. Um alerta para que

todos os homens, crentes e descrentes, conheçam o sofrimen to dos Pobres; crian­ças abandonadas, doentes incuráveis, enfim, todos os que sofrem.

O número mil é, também, como o nasci­mento de uma criança! Paradoxalmente amadurecido, mas sempre com sabor a novi­dade- botão que desabrocha, juventude que irradia!

Da Mensagem escrita sem punhos de renda- em antros de Miséria ou na vida agi­tada de nossas Casas- às fases que dão corpo ao jornal, quão aliciante o final do pro­cesso-a expedição do «Famoso))-obra de mãos frágeis, dos mais pequeninos, em sin­fonia louca! São eles que dobram e encami­nham O GAIATO para o correio, qual abraço aos Leitores. Abraço amigo que repetem quinzenalmente, em azáfama constante, misturada de cantares, bulhas, assobiadelas, naturais faltas que «Ri-ri)) amaina e são nada, por exemplo, quando os homens esquecem ter gerado vida que marginaliza­ram no lixo das ruas!

«Ri-ri» é o chefe do grupo que dobra o jornal. Sorriso nos lábios. É o «Ri-ri»!

- O nosso serviço é um bocado difíct!.. Eles são pequeninos ..

-E para o número mil? -É o dobro do trabalho. Temos de pôr cá

mais gente.

- O GAIA TO interessa a mtlhares de pes­soas e a gente precisa q'este número seja festejado como merece ...

- Fostes vendedor do jornal .. . - Os nossos Amigos esperam-nos sem-

pre, nós e O GAIA TO, com amizade! A impressão do jornal assentou arraiais,

definitivamente, em Setembro de 1949, na nossa Aldeia de Paço de Sousa. Aldeia cuja beleza deslumbra e propicia formação inte­grada aos filhos de ninguém- testemunhan­do o espírito percursor de Pai Américo . Nessa época O GAIA TO rodava já pelos 22.000 exemplares. Foi crescendo, com altos e baixos. Agora, o número mil ultrapassa os 54.000 exemplares . Sem quebras, que evi­tamos . O papel tem a cotação do ouro! Metade da tiragem segue para os assinantes, a outra para venda avulsa no norte, centro e sul do País, pela mão dos nossos pequenos embaixadores que hoje sublinham, condi­gnamente, esta missão difícil, apaixonante -consoante a devoção de cada um - até ao heroísmo! Tó é um símbolo ... ! Deu a vida pei'O GAIATO em plena rua!

Finalmente, o serviço que torna possfvel o regular contacto jornal / leitor. No ficheiro registamos 27 mil assinantes por ordem alfa­bética, desdobrado noutro, numérico e por localidades, pois nem todos os assinantes se dão ao cuidado de referir, na correspondên ­cia, o nome e endereço tais quais vão apostos nos jornais que recebem . É pena! E isto causa muito trabalho. Somos até força­dos a métodos semelhantes à decifração de charadas, nem sempre a inteiro contento! Que o diga Fernando Dias, responsável do sector onde se conclui uma remodelação do sistema de endereçamento dos jornais: novas máquinas de gravação e impressão de endereços, ao cuidado de «P iasquinha )), «Castelhano)) e outros.

- «Piasquinha» tens dificuldades? -Nós não temos problemas. As

máquinas são fáceis. Demoramos só um pouco mais na conferência das linhas e arru­mação das chapas no ficheiro .

É uma ténue imagem de como O GAIA TO chega às mãos do Leitor!

Júlio Mendes

10 de Julho de 1982

• Pouco a pouco a Obra tem che-gado ao conhecimento e ao cora­

ção dos homens de Setúbal e rece­bido o carinho e a dedicação que a fizeram crescer. Têm sido sobretudo os cristãos- não os que se dizem , mas os que são - quem quase exclu ­sivamente têm apoiado com dinheiro e sacrifício esta Obra eclesial.

O trabalho de formação humana dos rapazes sem família, levado a cabo ao longo destes 28 anos, atin­giu mais de quÇJtro centenas deles, dos quais cento e vinte ainda se encontram connosco.

São muitos os que nos visitam com mulher e filhos e aqui vêm mos­trar aos seus descendentes a Obra que os criou, nos vêm dar conta da sua vida, dos seus projectos e difi­culdades e, muitas vezes, pedir um conselho, trazer uma ajuda, pedi-la ou mesmo só confraternizar. Algu­mas dezenas completaram cursos médios; dois, cursos superiores; e muitos foram também os que come­çaram a estudar e desanimaram no meio.

Em quase todas as empresas das cercanias da cidade há gaiatos que normal mente desempenham com responsabilidade os seus lugares de trabalho.

Neste momento ocupa-nos a re­construção do velho edifício dividido em quatro comunidades, separadas, estando prontas e habitadas duas e em acabamento a terceira. O proble­ma que mais nos aflige é a falta de braços e de corações para amar . Esta Casa não fez colaboradores directos. Alguns rapazes começa­ram, depois olharam para t rás e fizeram-se ao mundo; outros, vindos de o utra s Casas, traíram a sua missão.

Não temos senhoras em número suficiente para atenderem afeç;tiva­mente e naturalmente as cria nças e os jovens que acolhemos.

Sómos, neste momento, doi s padres: O Padre Carlos que se oc.upa principa lmente do Lar e das Oficinas e eu que estou mais na Casa do Gaiato, em A lgeruz.

PadreAcílio

• BEIRE A Casa do Gaiato de Beire

encontra-se situada em Beire, con­celho de Paredes, distrito do Porto.

Tem uma população de vinte e cinco rapazes, normalmente com certas dificuldades na aprendizagem escolar.

O Calvário está instalado na mesma quinta da Casa do Gaiato de Beire. O endereço postal é o seguin­te : Calvário, Beire, 4.580 Paredes.

A população média do Calvário anda pelos oitenta doentes. Estes são casos clínicamente arrumados, que, ou não têm família, ou para esta são «pesos» difíceis e insuportáveis.

No Calvário não há propriamente pessoal auxiliar: os doentes entrea­JUdam-se e executam os serviços mais simples. Estão, contudo, ao se rviço daqueles um voluntário e duas voluntárias permanentes. Estes são mais que insuficientes. Aguar­da-se que despontem vocações jo­vens, capazes duma doação total, até mesmo para se poderem preen­cher as vinte vagas que ainda resta m num pavilhão que nunca foi habita­do.

Padre Baptista

NÚMERO .MIL .