superior tribunal de justiça · de 10.04.2000, e ainda não liquidados, sem que tais valores...
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 843.946 - RS (2006/0092168-4)
RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMONR.P/ACÓRDÃO : MINISTRO CASTRO MEIRARECORRENTE : INDÚSTRIA DE MÁQUINAS BRUNO LTDA ADVOGADO : JAIME LUIZ LEITE E OUTRO(S)RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : NEIRON LUIZ DE CARVALHO
EMENTA
TRIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL. INCLUSÃO DE PAES DÉBITO CONSOLIDADO DO REFIS. APLICAÇÃO DA SELIC.
1. A recorrente buscou ver reconhecido o direito de parcelar, na forma disciplinada na Lei 10.684, de 30.05.03, que criou o Parcelamento Especial-PAES, os débitos incluídos no Programa de Recuperação Fiscal-REFIS, de que trata a Lei 9.964, de 10.04.2000, e ainda não liquidados, sem que tais valores retroajam a data original para atualização pela taxa Selic.
2. A Lei 10.684/03, ao dispor sobre o parcelamento de débitos junto à Secretaria da Receita Federal, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do Seguro Social, trouxe dispositivo específico - artigos 2º e 10 - prevendo a possibilidade de o contribuinte migrar do REFIS para o PAES.
3. A inclusão de tais débitos no PAES implica desistência compulsória e definitiva do REFIS ou do parcelamento a ele alternativo.
4. A Resolução CG/REFIS 29/03, fazendo referência às Resoluções CG/REFIS 6/2000 e 9/01, deixou claro que a desistência produziria os mesmos efeitos da exclusão de ofício de que trata os arts. 15 e 16 do Decreto 3.431, de 2000 – que regulamenta a execução do Programa de Recuperação Fiscal –, aplicando-se os mesmos procedimentos.
5. Ao optar pelo ingresso no REFIS, a empresa recorrente aceitou, de forma plena e irretratável, todas as condições pré-estabelecidas (Lei 9.964/2000, art. 3), entre as quais a de que, na hipótese de exclusão – equiparada a desistência –, fica restabelecido, "em relação ao montante não pago, os acréscimos legais na forma da legislação aplicável à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores".
6. Não há ilegalidade no ato praticado pela autoridade apontada como coatora, que corretamente aplicou a legislação que disciplina a inclusão no PAES dos débitos não liquidados no âmbito do REFIS, fixando critérios para o cálculo do montante, bem como a forma de atualização dos créditos tributários da União, cujos fatos geradores sejam posteriores a 1º de abril de 1995.
7. Recurso especial não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça: "Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, acompanhando a divergência inaugurada pelo Sr. Ministro Castro Meira, para negar provimento ao recurso, a Turma, por maioria, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Castro Meira, que lavrará o acórdão. Vencida a Sra. Ministra Eliana Calmon." Votaram com o Sr. Ministro Castro
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Meira os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques.
Brasília, 04 de agosto de 2009(data do julgamento).
Ministro Castro Meira Relator
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RECURSO ESPECIAL Nº 843.946 - RS (2006/0092168-4) RECORRENTE : INDÚSTRIA DE MÁQUINAS BRUNO LTDA ADVOGADO : JAIME LUIZ LEITE E OUTRO(S)RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : NEIRON LUIZ DE CARVALHO
RELATÓRIO
A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: – Trata-se de recurso
especial interposto com fundamento na alínea "a" do permissivo constitucional contra
acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim ementado (fls. 121):
DÉBITO INCLUÍDO NO REFIS. ADESÃO AO PAES. OPÇÃO. CÁLCULO DO DÉBITO. CRITÉRIOS DEFINIDOS PELO COMITÊ GESTOR.
1. Segundo o artigo 2º da Lei nº 10.864/2003, os débitos já incluídos no REFIS, ou no parcelamento a ele alternativo, podem ser parcelados nas condições previstas no artigo 1º dessa lei (PAES), nos termos estabelecidos pelo Comitê Gestor do mencionado Programa.
2. A desistência do parcelamento pelo programa REFIS restabelece as exigências vigentes anteriormente à opção, pelo que, quando da adesão ao programa PAES, o débito há de ser recalculado com base nas regras desse novo parcelamento.
3. A adesão ao PAES é faculdade do contribuinte que, optando pelo programa, deve aceitar as condições estabelecidas.
Aponta a recorrente violação dos arts. 2º e 3º da Lei 10.684/2003, sustentando,
em síntese:
a) não há autorização na lei para que o INSS atualize pela SELIC o saldo
devedor (que é a sobra do parcelamento anterior), posto que a lei é clara ao dispor que os
débitos retornariam à administração do INSS para seu controle, devendo-se apurar o saldo
devedor (valor ainda não pago do REFIS I, atualizado nos termos da lei 9.964/2000),
sujeitando-se este valor à disciplina da Lei 10.684/2003, quanto as regras do parcelamento;
b) aderiu a empresa ao REFIS sob a égide da Lei 9.964/00. E acreditando que o
débito a ser inserido no PAES seria o saldo devedor apontado no REFIS I, optou pelo
Parcelamento previsto na Lei 10.684/03; e
c) ao proceder a inclusão desses débitos no PAES, o recorrido retroagiu os
valores à data original e efetuou a atualização pela Taxa SELIC, o que veio a prejudicar a
recorrente, posto que o valor das parcelas a serem pagas aumentou em torno de R$
10.000,00(Dez mil reais).
Não apresentadas as contra-razões, subiram os autos, admitido o especial na
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origem.
É o relatório.
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RECURSO ESPECIAL Nº 843.946 - RS (2006/0092168-4) RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMONRECORRENTE : INDÚSTRIA DE MÁQUINAS BRUNO LTDA ADVOGADO : JAIME LUIZ LEITE E OUTRO(S)RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : NEIRON LUIZ DE CARVALHO
VOTO
A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: - Prequestionada a
questão federal suscitada e preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade, examino
o mérito do recurso especial.
Tem-se, na origem, mandado de segurança impetrado pela empresa recorrente,
com o objetivo de ver reconhecido o direito de incluir no Parcelamento Especial (PAES),
instituído pela Lei 10.684/2003, o remanescente dos débitos previdenciários já incluídos no
Programa de Recuperação Fiscal (REFIS), disciplinado pela Lei 9.964/2000, sem a
atualização pela Taxa Selic, sob o fundamento de que tal parcela já sofreu atualização pela
Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP.
A sentença denegou a segurança, por entender o magistrado o seguinte (fls.
84/87) :
1) não há previsão no Código Tributário Nacional de novação como
modalidade de extinção do crédito tributário;
2) a partir da opção feita pela empresa pela inclusão do débito em discussão no
PAES, operou-se a imediata rescisão do parcelamento anterior (firmado no
âmbito do REFIS), com o consequente restabelecimento das multas de mora
e demais encargos originários, dispensados no primeiro regime de
pagamento;
3) o saldo remanescente do parcelamento do REFIS é, acertadamente, apurado
e atualizado pela Taxa Selic, procedendo-se ao desconto correspondente à
Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP - anteriormente incidente. A partir
dessa consolidação, apura-se o saldo devedor a ser incluído no PAES,
dividindo-o pelo número de prestações do parcelamento, tudo na forma do
art. 1º, § 3º da Lei nº 10.684/2003. Somente após o cálculo das novas
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parcelas, é que, então, se aplica a TJLP, na forma da Instrução Normativa nº
91/2003, do INSS;
4) não há ofensa ao direito adquirido da impetrante porque, como afirmado
alhures, a opção pelo PAES (com a consequente extinção do parcelamento
do REFIS) é opção do contribuinte, sendo certo que o novo regime de
pagamento mostra-se, em muitos aspectos, muito mais vantajoso ao
interessado, não se revelando possível, no entender deste Juízo, a adoção
apenas das disposições benéficas de ambos, em favor dele, em detrimento
do Fisco.
A sentença foi mantida pelo Tribunal, com o improvimento da apelação.
Discordo do entendimento dado pelas instâncias ordinárias.
A Lei 10.684/03, ao institui o PAES, em relação às contribuições
previdenciárias, limitou-se a dispor que retornariam ao INSS, sujeitando-se a legislação
específica a elas aplicável. Confira-se:
Art. 2º Os débitos incluídos no Programa de Recuperação Fiscal – REFIS, de que trata a Lei nº 9.964, de 10 de abril de 2000, ou no parcelamento a ele alternativo, poderão, a critério da pessoa jurídica, ser parcelados nas condições previstas no art. 1º, nos termos a serem estabelecidos pelo Comitê Gestor do mencionado Programa.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo:I – a opção pelo parcelamento na forma deste artigo implica desistência
compulsória e definitiva do REFIS ou do parcelamento a ele alternativo;II – as contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS retornarão à administração daquele órgão, sujeitando-se à legislação específica a elas aplicável;
III - será objeto do parcelamento nos termos do art. 1º o saldo devedor dos débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal. (grifei)
Para regulamenta-la foi editada a Instrução Normativa INSS/DC nº 91, de 30
de junho de 2003, que, ao tratar da consolidação do débito a ser incluído no PAES, assim
dispôs:
CAPÍTULO IV DA CONSOLIDAÇÃO DO PARCELAMENTO E DO CÁLCULO DO NÚMERO E
VALOR DAS PARCELAS
Art. 11 - O débito objeto do parcelamento será consolidado no mês do pedido e será dividido em até 180 (cento e oitenta) parcelas mensais e sucessivas, sendo que o montante de cada parcela mensal será calculado da seguinte forma:
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I - MODALIDADE 1 : ESPECIAL – Lei 10.684, de 2003 – Empresas em Geral e Equiparados na forma do art. 15 da Lei 8.212/91, exceto Microempresas e Empresas de Pequeno Porte:
PARÂMETROS LEGAIS:QUANTIDADE MÁXIMA DE PARCELA: 180 MESES;QUANTIDADE MÍNIMA DE PARCELA: 120 MESES;VALOR MÍNIMO DE PARCELA BÁSICA: R$ 2.000,00;PERCENTUAL DA RECEITA BRUTA: 1,5 OU 0,75, CONFORME O
CASO.DADOS NECESSÁRIOS:VALOR CONSOLIDADO DA DÍVIDA - VCD;VALOR DA RECEITA BRUTA;VALOR BÁSICO DA PARCELA - VBP = Valor Consolidado da Dívida -
VCD/180 ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela ( R$ 2.000,00);VALOR APURADO COM BASE NA RECEITA BRUTA - VABRB = 1,5
OU 0,75 PONTOS PERCENTUAIS DA RECEITA BRUTACÁLCULO DO VALOR MENSAL DA PARCELA: Para cálculo do valor
mensal de parcela deverá ser feita a seguinte operação:Comparar o Valor Básico da Parcela - VBP (Valor Consolidado da Dívida -
VCD/180 ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela (R$ 2.000,00)) com o Valor Apurado com Base na Receita Bruta - VABRB (1,5 ou 0,75 PONTOS PERCENTUAIS DA RECEITA BRUTA).
Se o valor do VBP for maior que o VABRB, o VBP será o valor básico da parcela a ser cobrada.
Se o valor do VABRB for maior que o VBP, o VAFB será o valor básico da parcela desde que este não seja maior do que o Valor Consolidado da Dívida - VCD/120, observado o valor mínimo de parcela (R$ 2.000,00).
II - MODALIDADE 2 : ESPECIAL – Lei 10.684, de 2003 - Microempresas:
PARÂMETROS LEGAIS:QUANTIDADE MÁXIMA DE PARCELA: 180 MESES;VALOR MÍNIMO DE PARCELA BÁSICA: R$ 100,00; PERCENTUAL DA RECEITA BRUTA: 0,3.DADOS NECESSÁRIOS:VALOR CONSOLIDADO DA DÍVIDA - VCD;VALOR DA RECEITA BRUTA;VALOR BÁSICO DA PARCELA - VBP = valor consolidado da dívida/180
ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela ( R$ 100,00);VALOR APURADO COM BASE NA RECEITA BRUTA - VABRB = 0,3
PONTOS PERCENTUAIS DA RECEITA BRUTA. CÁLCULO DO VALOR MENSAL DA PARCELA :Para cálculo do valor mensal da parcela deverá ser feita a seguinte operação:Comparar o Valor Básico da Parcela - VBP (Valor Consolidado da Dívida -
VCD/180 ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela (R$ 100,00) com o Valor Apurado com Base na Receita Bruta - VABRB (0,3 PONTOS PERCENTUAIS DA RECEITA BRUTA).
Se o valor do VBP for menor que o VABRB, o VBP será o valor básico da parcela a ser cobrada, caso contrário, será o valor da VABRB desde que o valor não seja inferior ao valor mínimo de parcela básica (R$ 100,00).
III - MODALIDADE 3 : ESPECIAL – Lei 10.684, de 2003 - Empresas de Pequeno Porte
PARÂMETROS LEGAIS:QUANTIDADE MÁXIMA DE PARCELAS: 180 MESES;VALOR MÍNIMO DE PARCELA BÁSICA: R$ 200,00; PERCENTUAL DA RECEITA BRUTA: 0,3%.
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DADOS NECESSÁRIOS:VALOR CONSOLIDADO DA DÍVIDA - VCD;VALOR DO RECEITA BRUTA;VALOR BÁSICO DA PARCELA - VBP = Valor Consolidado da Dívida -
VCD/180 ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela ( R$ 200,00);VALOR APURADO COM BASE NA RECEITA BRUTA - VABRB = 0,3
PONTOS PERCENTUAIS DA RECEITA BRUTA. CÁLCULO DO VALOR MENSAL DA PARCELA:Para cálculo do valor mensal de parcela deverá ser feita a seguinte operação:Comparar o Valor Básico da Parcela - VBP (Valor Consolidado da Dívida -
VCD/180 ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela (R$ 200,00) com o Valor Apurado com Base na Receita Bruta - VABRB (0,3 PONTOS PERCENTUAIS DA RECEITA BRUTA).
Se o valor do VBP for menor que o VABRB, o VBP será o valor básico da parcela a ser cobrada, caso contrário, será o valor da VABRB desde que o valor não seja inferior ao valor mínimo de parcela básica (R$ 200,00).
IV - MODALIDADE 4 : ESPECIAL – Lei 10.684, de 2003 – Pessoas Jurídicas de Direito Público
PARÂMETROS LEGAIS:QUANTIDADE MÁXIMA DE PARCELA: 180 MESES;QUANTIDADE MÍNIMA DE PARCELA: 120 MESES;VALOR MÍNIMO DE PARCELA BÁSICA: R$ 2.000,00;PERCENTUAL DA RECEITA BRUTA: 1,5 OU 0,75 CONFORME O
CASO.b) DADOS NECESSÁRIOS:VALOR CONSOLIDADO DA DÍVIDA - VCD;VALOR DA RECEITA BRUTA;VALOR BÁSICO DA PARCELA - VBP = Valor Consolidado da Dívida -
VCD/180 ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela ( R$ 2.000,00);VALOR APURADO COM BASE NA RECEITA BRUTA - VABRB = 1,5
OU 0,75 PONTOS PERCENTUAIS DA RECEITA BRUTAc) CÁLCULO DO VALOR MENSAL DA PARCELA: Para cálculo do valor
mensal de parcela deverá ser feita a seguinte operação:Comparar o Valor Básico da Parcela - VBP (Valor Consolidado da Dívida -
VCD/180 ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela (R$ 2.000,00)) com o Valor Apurado com Base na Receita Bruta - VABRB (1,5 ou 0,75 PONTOS PERCENTUAIS DA RECEITA BRUTA).
Se o valor do VBP for maior que o VABRB, o VBP será o valor básico da parcela a ser cobrada.
Se o valor do VABRB for maior que o VBP, o VABRB será o valor básico da parcela desde que este não seja maior do que o Valor Consolidado da Dívida - VCD/120, observado o valor mínimo de parcela (R$ 2.000,00).
V - MODALIDADE 5: ESPECIAL – Lei 10.684, de 2003– Pessoa Física:PARÂMETROS LEGAIS:QUANTIDADE MÁXIMA DE PARCELA: 180 MESES;VALOR MÍNIMO DE PARCELA BÁSICA: R$ 50,00; DADOS NECESSÁRIOS:VALOR CONSOLIDADO DA DÍVIDA - VCD;VALOR BÁSICO DA PARCELA - VBP = Valor Consolidado da Dívida -
VCD/180 ou o resultante da aplicação do valor mínimo de parcela ( R$ 50,00);CÁLCULO DO VALOR MENSAL DA PARCELA :Para cálculo do valor mensal de parcela deverá ser feita a seguinte operação:VALOR BÁSICO DA PARCELA (Valor Consolidado da Dívida - VCD
/180), observado o valor mínimo de parcela (R$ 50,00).§ 1º Os valores correspondentes à multa de mora serão reduzidos em 50%
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(cinqüenta por cento).§ 2º A redução prevista no parágrafo anterior não será cumulativa com
qualquer outra redução admitida em lei, ressalvado o disposto no artigo 12.§ 3º Na hipótese de anterior concessão de redução de multa em percentual
diverso de 50% (cinqüenta por cento), prevalecerá o percentual referido no § 2º deste artigo, determinado sobre o valor original da multa.
§ 4º Aplica-se o disposto nos incisos II e III deste artigo às pessoas jurídicas que foram excluídas ou impedidas de ingressar no SIMPLES exclusivamente em decorrência do disposto no inciso XV do art. 9o da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, desde que exerçam a opção pelo SIMPLES até o último dia útil de 2003, com efeitos a partir de 1o de janeiro de 2004, nos termos e condições definidos pela Secretaria da Receita Federal.
§ 5º Os sujeitos passivos referidos nas modalidades dos incisos I a IV deverão declarar, mensalmente, a receita bruta auferida no mês imediatamente anterior ao do vencimento da parcela.
Art. 12. Após o pagamento e a apropriação da primeira parcela do acordo, o sujeito passivo fará jus à redução adicional da multa à razão de 0,25%, sobre o valor remanescente, para cada ponto percentual do saldo do débito que for liquidado até o último dia útil de julho de 2003.
Art. 13. Sobre o total de cada parcela, incidirão, por ocasião do pagamento, juros correspondentes à variação mensal da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP, a partir do mês subseqüente ao da consolidação, até o mês do pagamento.
Art. 14. Na hipótese de a pessoa jurídica manter, simultaneamente, parcelamentos de débitos com base no art. 1º e no art. 5º da Lei 10.684, de 2003, o percentual de 1,5% a que se refere o inciso I do art. 11 será reduzido para 0,75%.
§ 1o Caberá à pessoa jurídica protocolar o requerimento de redução referida no caput até o último dia útil de julho de 2003.
§ 2o Ocorrendo liquidação ou rescisão de um dos parcelamentos aplica-se o percentual de 1,5% ao parcelamento remanescente, a partir do mês subseqüente ao da ocorrência da liquidação ou rescisão do parcelamento obtido junto ao outro órgão.
§ 3o A pessoa jurídica deverá protocolar a informação da liquidação ou rescisão do parcelamento ao órgão responsável pelo parcelamento remanescente, até o último dia útil do mês subseqüente ao da ocorrência do evento, bem como efetuar o recolhimento da parcela referente àquele mês observando o percentual de 1,5%.
[..]
CAPÍTULO VI DOS DÉBITOS INCLUÍDOS NO PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FISCAL – REFIS
Art. 19. Os débitos incluídos no Programa de Recuperação Fiscal – REFIS, de que trata a Lei no 9.964, de 10 de abril de 2000, ou no parcelamento a ele alternativo, poderão, a critério da pessoa jurídica, ser parcelados nas condições previstas nesta Instrução Normativa.
Parágrafo único: A inclusão dos débitos consolidados no âmbito do Refis no parcelamento de que trata esta Instrução Normativa, implica desistência compulsória e definitiva do referido Programa.
Como se observa acima, a Lei 10.684/2003 e a Instrução Normativa editada
para regulamentá-la, ao tratarem da possibilidade de inclusão dos débitos já incluídos no
REFIS, não previram atualização pela Taxa Selic.
Diferentemente, quando quis o legislador aplicar a SELIC o fez
expressamente. Confira-se:
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Art. 13. Os débitos relativos à contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como de suas autarquias e fundações públicas, com vencimento até 31 de dezembro de 2002, poderão ser pagos mediante regime especial de parcelamento, por opção da pessoa jurídica de direito público interno devedora.
Parágrafo único. A opção referida no caput deverá ser formalizada até o último dia útil do segundo mês subseqüente ao da publicação desta Lei, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal.
Art. 14. O regime especial de parcelamento referido no art. 13 implica a consolidação dos débitos na data da opção e abrangerá a totalidade dos débitos existentes em nome do optante, constituídos ou não, inclusive os juros de mora incidentes até a data de opção.
Parágrafo único. O débito consolidado na forma deste artigo:I - sujeitar-se-á, a partir da data da consolidação, a juros equivalentes à
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data de deferimento do pedido até o mês anterior ao do pagamento, e adicionados de um por cento relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo feito;
II - será pago mensalmente, até o último dia útil da primeira quinzena de cada mês, no valor equivalente a, no mínimo, um cento e vinte avos do total do débito consolidado;
III – o valor de cada parcela não poderá ser inferior a dois mil reais.(grifei)
A interpretação sistemática e teleológica das disposições em comento,
portanto, conduz à conclusão de que o objetivo da norma foi beneficiar o contribuinte, e não
agravar sua situação mediante a atualização do saldo originário pela Selic, como concluiu o
acórdão recorrido. Tampouco se trata de manter os benefícios da Lei 9.964/2000 a quem
desistiu do REFIS, mas apenas de apurar o saldo devedor conforme o diploma que instituiu o
PAES.
Em outras palavras, quisesse o legislador que no caso de desistência do REFIS
para adesão ao PAES o débito remanescente fosse atualizado pela Selic, certamente teria
disciplinado expressamente a questão.
Incide, na espécie, pois, o princípio geral de hermenêutica de que onde a lei
não distinguiu, não cabe ao intérprete fazê-lo.
Por fim, registro que, a meu ver, a apuração dos valores remanescentes do
REFIS, a serem incluídos no PAES, na forma consignada pela sentença e pelo acórdão
recorrido, contraria o princípio da legalidade, pois não disciplinada na legislação de regência.
da matéria.
Com essas considerações, dou provimento ao recurso especial, para
conceder a segurança.
É o voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA
Número Registro: 2006/0092168-4 REsp 843946 / RS
Números Origem: 200404010434350 200472030011632
PAUTA: 02/06/2009 JULGADO: 02/06/2009
RelatoraExma. Sra. Ministra ELIANA CALMON
Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA VASCONCELOS
SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : INDÚSTRIA DE MÁQUINAS BRUNO LTDAADVOGADO : JAIME LUIZ LEITE E OUTRO(S)RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO : NEIRON LUIZ DE CARVALHO
ASSUNTO: Tributário - Débito Fiscal - Programa de Recuperação Fiscal - Refis
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto da Sra. Ministra Eliana Calmon, dando provimento ao recurso, pediu vista dos autos, o Sr. Ministro Castro Meira."
Aguardam os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques.
Brasília, 02 de junho de 2009
VALÉRIA ALVIM DUSISecretária
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RECURSO ESPECIAL Nº 843.946 - RS (2006/0092168-4)
RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMONRECORRENTE : INDÚSTRIA DE MÁQUINAS BRUNO LTDA ADVOGADO : JAIME LUIZ LEITE E OUTRO(S)RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : NEIRON LUIZ DE CARVALHO
VOTO-VISTA
O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA: Cuida-se de recurso especial fundado
na alínea "a" do inciso III do art. 105 da Constituição da República e interposto contra acórdão do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região para o qual "a rescisão do REFIS acarreta o
restabelecimento do 'status quo ante' da dívida, e é nessa condição que ela deve ser incluída no
PAES" (fl. 120).
Em suma, pretende a recorrente o reconhecimento do direito de incluir no Parcelamento
Especial-PAES os débitos consolidados relativos ao REFIS pelo seu saldo remanescente atualizado
pela Taxa de Juros de Longo Prazo-TJLP, sem que tais valores retroajam a data original para
atualização pela taxa Selic.
Alega que não existe "autorização na lei para que o recorrido possa aplicar sobre o
saldo devedor (que é a sobra do parcelamento anterior), uma atualização com base na SELIC, posto
que a lei é clara ao dispor que os débitos retornariam a administração do INSS para seu controle,
devendo-se apurar o saldo devedor (que é o valor que ainda não havia sido pago do REFIS I,
atualizado nos termos da Lei 9.964/2000), sujeitando-se este valor ao disciplinado na Lei
10.684/2003, quanto às regras do parcelamento" (fl. 141).
A eminente Ministra Relatora deu provimento ao recurso especial com amparo na
legislação que indica e no princípio de hermenêutica segundo o qual "onde a lei não distinguiu, não
cabe ao intérprete fazê-lo".
Do voto apresentado, destaco os seguintes fundamentos:
"... A interpretação sistemática e teleológica das disposições em comento [Lei 10.684/03, art. 2º e Instrução Normativa INSS/CD 91/03, arts. 11 e 19], portanto, conduz à conclusão de que o objetivo da norma foi beneficiar o contribuinte, e não agravar sua situação mediante a atualização do saldo originário pela Selic, como concluiu o acórdão recorrido. Tampouco se trata de manter os benefícios da Lei 9.964/2000 a quem desistiu do REFIS, mas apenas de apurar o saldo devedor conforme o diploma que instituiu o PAES.
Em outras palavras, quisesse o legislador que no caso de desistência do REFIS para adesão ao PAES o débito remanescente fosse atualizado pela Selic, certamente teria disciplinado expressamente a questão.
Incide, na espécie, pois, o princípio geral da hermenêutica de que onde a lei não distinguiu, não cabe ao intérprete fazê-lo.
Por fim, registro que, a meu ver, a apuração dos valores remanescentes do REFIS, a serem incluídos no PAES, na forma consignada pela sentença e pelo
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acórdão recorrido, contraria o princípio da legalidade, pois não disciplinada na legislação de regência da matéria."
Pedi vista dos autos para melhor examinar a matéria.
Acompanho a eminente Relatora no tocante ao juízo de admissibilidade recursal, pois
os dispositivos de lei supostamente malferidos foram, expressa ou implicitamente, prequestionados
na origem.
Passo ao exame do mérito.
Como visto, a recorrente quer ter reconhecido o direito de parcelar, na forma
disciplinada na Lei 10.684, de 30.05.03, que criou o Parcelamento Especial-PAES, os débitos
incluídos no Programa de Recuperação Fiscal-REFIS, de que trata a Lei 9.964, de 10.04.2000, e
ainda não liquidados, sem que tais valores retroajam a data original para atualização pela taxa Selic.
A matéria está expressamente prevista na legislação específica, conforme passo a
demonstrar.
Com efeito, a Lei 10.684/03, ao dispor sobre o parcelamento de débitos junto à
Secretaria da Receita Federal, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do
Seguro Social, trouxe dispositivo específico prevendo a possibilidade de o contribuinte migrar do
REFIS para o PAES, nos seguintes termos:
"Art. 2º Os débitos incluídos no Programa de Recuperação Fiscal - REFIS, de que trata a Lei nº 9.964, de 10 de abril de 2000, ou no parcelamento a ele alternativo, poderão, a critério da pessoa jurídica, ser parcelados nas condições previstas no art. 1º, nos termos a serem estabelecidos pelo Comitê Gestor do mencionado Programa.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo:I - a opção pelo parcelamento na forma deste artigo implica desistência
compulsória e definitiva do REFIS ou do parcelamento a ele alternativo;II - as contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS retornarão à administração daquele órgão, sujeitando-se à legislação específica a elas aplicável;
III - será objeto do parcelamento nos termos do art. 1º o saldo devedor dos débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal" (grifou-se).
"Art. 10. A Secretaria da Receita Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS expedirão, no âmbito de suas respectivas competências, os atos necessários à execução desta Lei.
Parágrafo único. Serão consolidados, por sujeito passivo, os débitos perante a Secretaria da Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional."
Dando cumprimento à norma acima destacada (art. 1º, caput, da Lei 10.684/03), foi
editada pelo Comitê Gestor do Programa de Recuperação Fiscal a Resolução CG/REFIS 29, de
24.06.03 (DOU de 27.06.03), da qual extraio as disposições que seguem:
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"Art. 1º Os débitos incluídos no Programa de Recuperação Fiscal (Refis) ou no parcelamento a ele alternativo, de que trata a Lei nº 9.964, de 10 de abril de 2000, poderão, a critério da pessoa jurídica, ser parcelados nas condições de que tratam os arts. 1º e 5º da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003, observado o disposto nesta Resolução.
Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003.Art. 1º Os débitos junto à Secretaria da Receita Federal ou à
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, com vencimento até 28 de fevereiro de
2003, poderão ser parcelados em até cento e oitenta prestações mensais e
sucessivas.
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se aos débitos constituídos ou não,
inscritos ou não como Dívida Ativa, mesmo em fase de execução fiscal já
ajuizada, ou que tenham sido objeto de parcelamento anterior, não
integralmente quitado, ainda que cancelado por falta de pagamento.
§ 2º Os débitos ainda não constituídos deverão ser confessados, de forma
irretratável e irrevogável.
§ 3º O débito objeto do parcelamento será consolidado no mês do pedido e
será dividido pelo número de prestações, sendo que o montante de cada parcela
mensal não poderá ser inferior a:
I – um inteiro e cinco décimos por cento da receita bruta auferida, pela
pessoa jurídica, no mês imediatamente anterior ao do vencimento da parcela,
exceto em relação às optantes pelo Sistema Simplificado de Pagamento de
Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte -
SIMPLES, instituído pela Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e às
microempresas e empresas de pequeno porte enquadradas no disposto no art. 2º da
Lei nº 9.841, de 5 de outubro de 1999, observado o disposto no art. 8º desta Lei,
salvo na hipótese do inciso II deste parágrafo, o prazo mínimo de cento e vinte
meses;
II – dois mil reais, considerado cumulativamente com o limite estabelecido
no inciso I, no caso das pessoas jurídicas ali referidas;
III – cinqüenta reais, no caso de pessoas físicas.
§ 4º Relativamente às pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES e às
microempresas e empresas de pequeno porte, enquadradas no disposto no art. 2o da
Lei nº 9.841, de 5 de outubro de 1999, o valor da parcela mínima mensal
corresponderá a um cento e oitenta avos do total do débito ou a três décimos por
cento da receita bruta auferida no mês imediatamente anterior ao do vencimento da
parcela, o que for menor, não podendo ser inferior a:
I – cem reais, se enquadrada na condição de microempresa;
II – duzentos reais, se enquadrada na condição de empresa de pequeno
porte.
§ 5º Aplica-se o disposto no § 4º às pessoas jurídicas que foram excluídas
ou impedidas de ingressar no SIMPLES exclusivamente em decorrência do
disposto no inciso XV do art. 9º da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, desde
que a pessoa jurídica exerça a opção pelo SIMPLES até o último dia útil de 2003,
com efeitos a partir de 1º de janeiro de 2004, nos termos e condições definidos
pela Secretaria da Receita Federal.
§ 6º O valor de cada uma das parcelas, determinado na forma dos §§ 3º e 4º,
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será acrescido de juros correspondentes à variação mensal da Taxa de Juros de
Longo Prazo – TJLP, a partir do mês subseqüente ao da consolidação, até o mês do
pagamento.
§ 7º Para os fins da consolidação referida no § 3º, os valores
correspondentes à multa, de mora ou de ofício, serão reduzidos em cinqüenta por
cento.
§ 8º A redução prevista no § 7º não será cumulativa com qualquer outra
redução admitida em lei, ressalvado o disposto no § 11.
§ 9º Na hipótese de anterior concessão de redução de multa em percentual
diverso de cinqüenta por cento, prevalecerá o percentual referido no § 7º,
determinado sobre o valor original da multa.
§ 10. A opção pelo parcelamento de que trata este artigo exclui a
concessão de qualquer outro, extinguindo os parcelamentos anteriormente
concedidos, admitida a transferência de seus saldos para a modalidade desta
Lei.
§ 11. O sujeito passivo fará jus a redução adicional da multa, após a redução
referida no § 7º, à razão de vinte e cinco centésimos por cento sobre o valor
remanescente para cada ponto percentual do saldo do débito que for liquidado até
a data prevista para o requerimento do parcelamento referido neste artigo, após
deduzida a primeira parcela determinada nos termos do § 3º ou 4º.
Art. 2º Os débitos incluídos no Programa de Recuperação Fiscal –
REFIS, de que trata a Lei no 9.964, de 10 de abril de 2000, ou no parcelamento a
ele alternativo, poderão, a critério da pessoa jurídica, ser parcelados nas
condições previstas no art. 1º, nos termos a serem estabelecidos pelo Comitê
Gestor do mencionado Programa.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo:
I – a opção pelo parcelamento na forma deste artigo implica desistência
compulsória e definitiva do REFIS ou do parcelamento a ele alternativo;
II – as contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS retornarão à administração daquele órgão, sujeitando-se à legislação
específica a elas aplicável;
III - será objeto do parcelamento nos termos do art. 1º o saldo devedor dos
débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal.
Art. 3º Ressalvado o disposto no art. 2º, não será concedido o parcelamento
de que trata o art. 1º na hipótese de existência de parcelamentos concedidos sob
outras modalidades, admitida a transferência dos saldos remanescentes para a
modalidade prevista nesta Lei, mediante requerimento do sujeito passivo.
Art. 4º O parcelamento a que se refere o art. 1º:
I - deverá ser requerido, inclusive na hipótese de transferência de que tratam
os arts. 2 e 3º, até o último dia útil do segundo mês subseqüente ao da publicação
desta Lei, perante a unidade da Secretaria da Receita Federal ou da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, responsável pela cobrança do respectivo
débito; (Vide Lei nº 10.743, de 9.10.2003)
II – somente alcançará débitos que se encontrarem com exigibilidade
suspensa por força dos incisos III a V do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro
de 1966, no caso de o sujeito passivo desistir expressamente e de forma
irrevogável da impugnação ou do recurso interposto, ou da ação judicial proposta,
e renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os referidos
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processos administrativos e ações judiciais, relativamente à matéria cujo
respectivo débito queira parcelar;
III – reger-se-á pelas disposições da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002,
ressalvado o disposto no seu art. 14;
IV – aplica-se, inclusive, à totalidade dos débitos apurados segundo o
SIMPLES;
V – independerá de apresentação de garantia ou de arrolamento de bens,
mantidas aquelas decorrentes de débitos transferidos de outras modalidades de
parcelamento ou de execução fiscal.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, o valor da verba de sucumbência
será de um por cento do valor do débito consolidado decorrente da desistência da
respectiva ação judicial.
Art. 5º Os débitos junto ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
oriundos de contribuições patronais, com vencimento até 28 de fevereiro de 2003,
serão objeto de acordo para pagamento parcelado em até cento e oitenta prestações
mensais, observadas as condições fixadas neste artigo, desde que requerido até o
último dia útil do segundo mês subseqüente ao da publicação desta Lei. (Vide Lei
nº 10.743, de 9.10.2003)
§ 1º Aplica-se ao parcelamento de que trata este artigo o disposto nos §§ 1º
a 11 do art. 1º, observado o disposto no art. 8º.
§ 2º (VETADO)
§ 3º A concessão do parcelamento independerá de apresentação de garantias
ou de arrolamento de bens, mantidas aquelas decorrentes de débitos transferidos de
outras modalidades de parcelamento ou de execução fiscal.
Art. 2º A inclusão dos débitos consolidados no âmbito do Refis no parcelamento de que tratam os arts. 1º e 5º da Lei nº 10.684, de 2003, implica desistência compulsória e definitiva do referido Programa.
§ 1º O requerimento da desistência do Refis, conforme Anexo I, deverá ser firmado pelo representante legal da pessoa jurídica e formalizado até o último dia útil de julho de 2003 na unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF), da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ou do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com jurisdição sobre o seu domicílio tributário, aplicando-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 6º da Resolução CG/Refis nº 6, de 18 de agosto de 2000, com a redação dada pelo art. 1º da Resolução CG/Refis nº 15, de 27 de junho de 2001.
Resolução CG/REFIS 6, de 18 de agosto de 2000.Art. 6º Mediante solicitação dirigida ao Comitê Gestor, a pessoa jurídica
optante poderá ser desligada do Refis.
§ 1º A desistência de que trata este artigo produz os mesmos efeitos da
exclusão de ofício, previstos no art. 15 e 16 do Decreto nº 3.431, de 2000, e será
considerada a partir da data do pedido de exclusão.
§ 2º Os pagamentos porventura efetuados no período compreendido entre a
data do pedido de exclusão e a data da publicação do ato do Comitê Gestor que
efetivar a exclusão solicitada serão utilizados na liquidação do saldo consolidado
dos débitos incluídos no Refis ou no parcelamento a ele alternativo.
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§ 2º A unidade da SRF, da PGFN ou do INSS que recepcionar o pedido de desistência deverá apreciá-lo e propor ao Comitê Gestor do Refis a exclusão da pessoa jurídica, observado o disposto no art. 7º da Resolução CG/Refis nº 9, de 12 de janeiro de 2001, com a redação dada pelo art. 1º da Resolução CG/Refis nº 20, de 27 de setembro de 2001.
Resolução CG/REFIS 9, de 12 de janeiro de 2001.Art. 7º À exclusão por ordem judicial ou por solicitação do optante
aplicam-se os mesmos procedimentos da exclusão de ofício, dispensada a
representação a que se refere o inciso II do art. 3º.
§ 3º O pedido de desistência do Refis ou do parcelamento a ele alternativo, realizado na forma deste artigo, não dispensa a formalização, até o último dia útil de julho de 2003, dos requerimentos previstos no inciso I do art. 4º e caput do art. 5º da Lei nº 10.684, de 2003, observadas as instruções expedidas pela SRF, pela PGFN e pelo INSS.
Art. 3º A desistência do Refis na forma desta Resolução, observado o disposto no § 1º do art. 5º da Lei nº 9.964, de 2000, implicará o seguinte tratamento aos débitos incluídos na sua consolidação:
I – será objeto do parcelamento nos termos do art. 1º da Lei nº 10.684, de 2003, o saldo devedor dos débitos relativos aos tributos administrados pela SRF e pela PGFN;
II – as contribuições administradas pelo INSS retornarão a este órgão, apurando-se o respectivo saldo devedor, as quais sujeitar-se-ão à legislação específica a elas aplicável.
..........................................................................................................................
Art. 7º Compete exclusivamente à SRF, à PGFN e ao INSS, observado o disposto nos arts. 2º e 10 da Lei nº 10.684, de 2003, apreciar e decidir sobre pleitos relativos à inclusão de débitos provenientes do Refis na consolidação dos parcelamentos de que tratam os arts. 1º e 5º da referida lei, inclusive mediante a desistência a que se refere o art. 2º desta Resolução" (grifou-se).
Percebe-se, portanto, que o legislador infraconstitucional possibilitou o parcelamento,
nos termos dispostos na Lei 10.684/03, dos débitos inclusos no REFIS e ainda não integralmente
quitados. Para tanto, deveria o contribuinte desistir de forma definitiva deste Programa de
Recuperação.
Sucede que a Resolução CG/REFIS 29/03, fazendo referência às Resoluções CG/REFIS
6/2000 e 9/01, deixou claro que a desistência produziria os mesmos efeitos da exclusão de ofício de
que trata os arts. 15 e 16 do Decreto 3.431, de 2000 – que regulamenta a execução do Programa de
Recuperação Fiscal –, aplicando-se os mesmos procedimentos.
Transcrevo os referidos artigos do Decreto 3.431, de 2000, no que aqui interessa:
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"Art. 15. A pessoa jurídica optante pelo REFIS será dele excluída nas seguintes hipóteses, mediante ato do Comitê Gestor:
..........................................................................................................................§ 1º A exclusão da pessoa jurídica do REFIS implicará exigibilidade
imediata da totalidade do crédito confessado e ainda não pago e automática execução da garantia prestada, restabelecendo-se, em relação ao montante não pago, os acréscimos legais na forma da legislação aplicável à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores.
..........................................................................................................................Art. 16. A liquidação dos valores correspondentes a multa e juros, nos
termos do inciso II do § 5º do art. 5º, será definitiva, ainda que a pessoa jurídica seja excluída do REFIS, exceto na hipótese de que trata o inciso IV do artigo anterior, relativamente à parcela considerada indevida" (grifou-se).
A normatização administrativa acha-se em harmonia com a disciplina traçada pela Lei
9.964/2000, que instituiu o REFIS:
"Art. 5º A pessoa jurídica optante pelo Refis será dele excluída nas seguintes hipóteses, mediante ato do Comitê Gestor:
..........................................................................................................................§ 1º A exclusão da pessoa jurídica do Refis implicará exigibilidade imediata
da totalidade do crédito confessado e ainda não pago e automática execução da garantia prestada, restabelecendo-se, em relação ao montante não pago, os acréscimos legais na forma da legislação aplicável à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores" (grifou-se).
Portanto, o legislador definiu, de forma prévia, as consequências de eventual desistência
do REFIS, para parcelamento dos débitos ainda não liquidados na forma da Lei 10.684/03 –
determinando que fica restabelecido, em relação ao montante não pago os acréscimos legais na
forma da legislação aplicável à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores –, não se
podendo falar em prática de ato pela autoridade impetrada desprovido de fundamento legal.
Dizendo de outra maneira, ao optar pelo ingresso no REFIS – ressalto aqui que a pessoa
jurídica ao fazer opção, praticou ato que se inseria em sua esfera de disponibilidade (Lei
9.964/2000, art. 2º) – a empresa recorrente aceitou, de forma plena e irretratável, todas as condições
pré-estabelecidas (Lei 9.964/2000, art. 3), entre as quais a de que, na hipótese de exclusão –
equiparada a desistência –, fica restabelecido, "em relação ao montante não pago, os acréscimos
legais na forma da legislação aplicável à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores".
Da mesma forma, ao migrar para o PAES, optando pela inclusão nesse parcelamento
dos débitos ainda não adimplidos no REFIS, tinha conhecimento de que a desistência desse
programa de recuperação teria os mesmos efeitos da exclusão, de forma a tornar necessário o
recálculo do débito nos termos já mencionados.
Outrossim, em relação aos acréscimos legais, cumpre observar que o REFIS estava
destinado a promover a regularização de créditos da União, decorrentes de débitos de pessoas
jurídicas, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal e
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pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, com vencimento até 29 de fevereiro de 2000,
constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, ajuizados ou a ajuizar, com exigibilidade
suspensa ou não, inclusive os decorrentes de falta de recolhimento de valores retidos (Lei
9.964/2000, art. 2º).
A essa época, ou seja, ao tempo da edição da Lei do REFIS, já vigia a Lei 9.065, de
20.06.95, que previa no seu art. 13 a atualização dos créditos da União pela taxa Selic:
"Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente."
Desta feita, ao meu sentir, não se detecta qualquer ilegalidade no ato praticado pela
autoridade apontada como coatora, que corretamente aplicou a legislação que disciplina a inclusão
no PAES dos débitos não liquidados no âmbito do REFIS, fixando critérios para o cálculo do
montante, bem como a forma de atualização dos créditos tributários da União, cujos fatos geradores
sejam posteriores a 1º de abril de 1995.
Por fim, dado que a eminente Relatora embasou seu voto, também, na Instrução
Normativa INSS/DC 91, de 30.06.03, acrescento que esse ato normativo nada mais fez do que
regulamentar o art. 10 da Lei 10.684/03, estabelecendo "os procedimentos a serem observados e
aplicados para a formalização do parcelamento com os benefícios fiscais instituídos pelo art. 5°" do
referido diploma legal, sem fazer qualquer referência ao cálculo dos débitos cuja liquidação
não foi realizada na forma da Lei 9.964/2000.
Ante as considerações apresentadas, deve ser mantido o acórdão recorrido, que bem
aplicou a legislação de regência da matéria, concluindo não existir qualquer contrariedade ao
princípio da legalidade.
Ante o exposto, rogando vênia à eminente Relatora, nego provimento ao recurso
especial.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA
Número Registro: 2006/0092168-4 REsp 843946 / RS
Números Origem: 200404010434350 200472030011632
PAUTA: 02/06/2009 JULGADO: 16/06/2009
RelatoraExma. Sra. Ministra ELIANA CALMON
Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA VASCONCELOS
SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : INDÚSTRIA DE MÁQUINAS BRUNO LTDAADVOGADO : JAIME LUIZ LEITE E OUTRO(S)RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO : NEIRON LUIZ DE CARVALHO
ASSUNTO: Tributário - Débito Fiscal - Programa de Recuperação Fiscal - Refis
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Castro Meira, divergindo da Sra. Ministra-Relatora, negando provimento ao recurso, pediu vista dos autos, antecipadamente, o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques."
Aguardam os Srs. Ministros Humberto Martins e Herman Benjamin.
Brasília, 16 de junho de 2009
VALÉRIA ALVIM DUSISecretária
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RECURSO ESPECIAL Nº 843.946 - RS (2006/0092168-4)
EMENTATRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC SOBRE O SALDO REMANESCENTE DO DÉBITO INSCRITO NO PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FISCAL - REFIS A SER TRANSFERIDO PARA O PARCELAMENTO ESPECIAL - PAES. POSSIBILIDADE. PREVISÃO EM LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA.1. O art. 2º, da Lei 10.684/2003, ao disciplinar a possibilidade de inclusão no Paes dos valores já parcelados no Refis, estabelece que a migração de débitos implica em desistência compulsória deste último programa de parcelamento e remete ao Comitê Gestor do Refis a sua regulamentação, impondo a atualização dos débitos conforme a legislação específica aplicável.2. A legislação específica aplicável, no caso de débitos previdenciários, é o art. 34, da Lei n. 8.212/91, que determina a incidência da Taxa Selic sobre o saldo devedor objeto de parcelamento no Refis antes de sua inclusão no Paes.3. Sendo assim, a desistência compulsória do Refis para adentrar ao Paes implica no restabelecimento da taxa Selic sobre o saldo devedor do primeiro parcelamento, pois era a taxa cobrada na época em que houve o atraso do pagamento dos débitos a serem migrados de parcelamento. Inteligência do art. 2º, da Lei n. 10.684/2002, dos arts. 2º e 3º, da Resolução CG/REFIS nº 29, de 24 de junho de 2003, do §1o do art. 5o da Lei no 9.964, de 2000, e do art. 34, da Lei n. 8.212/91.4. Recurso especial não provido.
VOTO-VISTA
O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES: Trata-se de
recurso especial fundado na alínea "a" do inciso III do art. 105 da Constituição da República
interposto contra acórdão que decidiu que a migração de débitos do Programa de
Recuperação Fiscal - REFIS para o Parcelamento Especial - PAES acarreta na rescisão do
primeiro programa de parcelamento, restabelecendo o 'status quo ante ' da dívida (fls.
112/121).
Pretende a recorrente que seja reconhecido o direito de incluir no PAES os débitos
consolidados relativos ao REFIS pelo seu saldo remanescente atualizado pela Taxa de Juros
de Longo Prazo-TJLP, sem que tais valores retroajam a data original para atualização pela
taxa Selic. Alega que não existe autorização legal para que o recorrido possa aplicar sobre o
saldo devedor (que é a sobra do parcelamento anterior), uma atualização com base na SELIC
(fls. 137/145).
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A Ministra Eliana Calmon, Relatora, partindo da premissa de que não há legislação
expressa a respeito do tema, deu provimento ao recurso especial por entender que a
interpretação sistemática e teleológica da Lei 10.684/03, art. 2º e da Instrução Normativa
INSS/CD 91/03, arts. 11 e 19, conduzem à conclusão de que o objetivo da norma foi
beneficiar o contribuinte, de modo que a atualização do saldo devedor a ser transferido do
REFIS para o PAES deve se dar pela TJLP e não pela Selic.
Seguiu-se o voto do Ministro Castro Meira que inaugurou a divergência negando
provimento ao recurso especial.
Entendeu o Ministro que a matéria tem previsão legal expressa, apontando a
aplicação dos arts. 2º, I, e 10, da Lei n. 10.684/2003, dos arts. 2º, §1º, e 3º, II, da Resolução
CG/REFIS n. 29, de 24.06.03, do art. 6º, §1º, da Resolução CG/REFIS n. 6, de 18 de agosto
de 2000, do art. 7º, da Resolução CG/REFIS n. 9, de 12 de janeiro de 2001, dos arts. 15 e 16,
do Decreto n. 3.431/2000, do art. 5º, §1º, da Lei n. 9.964/2000, e do art. 13, da Lei n.
9.065/95.
Concluiu que não houve qualquer ilegalidade no ato praticado pela autoridade
apontada como coatora, que corretamente aplicou a legislação que disciplina a inclusão no
PAES dos débitos não liquidados no âmbito do REFIS, fixando critérios para o cálculo do
montante, bem como a forma de atualização dos créditos tributários da União, cujos fatos
geradores sejam posteriores a 1º de abril de 1995.
Finalizou afirmando que a Instrução Normativa INSS/DC 91, de 30.06.03, apenas
instituiu procedimentos para o cálculo dos débitos no PAES, sem fazer qualquer referência ao
cálculo dos débitos cuja liquidação não foi realizada na forma da Lei 9.964/2000.
Sensível ao tema pedi vista.
Com efeito, considero que a Lei n. 10.684/2003, que em seus arts. 1º a 12 instituiu o
Parcelamento Especial - PAES, previu expressamente o tratamento a ser dado ao saldo
devedor dos débitos inclusos no Programa de Recuperação Fiscal - REFIS quando da sua
migração para o novo programa de parcelamento, havendo legislação tributária clara sobre o
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As normas em vigor prevêem que a inclusão de débitos oriundos do REFIS no
programa de parcelamento PAES passa pela desistência compulsória prévia do REFIS.
Quando há essa desistência, a legislação aplicável é o §1o do art. 5o da Lei no 9.964, de 2000,
que restabelece, em relação ao montante não pago, os acréscimos legais na forma da
legislação aplicável à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Isto é,
restabelece a SELIC para todos os casos, independentemente de se tratar de débito perante o
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, a Secretaria da Receita Federal - SRF ou a
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN. O caminho lógico a ser seguido é:
a) O art. 2º, da Lei n. 10.684/2002, considera a migração entre parcelamentos como
desistência compulsória do primeiro (a compulsoriedade está ligada ao restabelecimento dos
acréscimos legais), remetendo o tratamento do tema para a Resolução do Comitê Gestor do
REFIS, veja-se:
Art. 2o Os débitos incluídos no Programa de Recuperação Fiscal – REFIS, de que trata trata a Lei no 9.964, de 10 de abril de 2000, ou no parcelamento a ele alternativo, poderão, a critério da pessoa jurídica, ser parcelados nas condições previstas no art. 1o, nos termos a serem estabelecidos pelo Comitê Gestor do mencionado Programa.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo:I – a opção pelo parcelamento na forma deste artigo implica desistência
compulsória e definitiva do REFIS ou do parcelamento a ele alternativo;II – as contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS retornarão à administração daquele órgão, sujeitando-se à legislação específica a elas aplicável;
III - será objeto do parcelamento nos termos do art. 1o o saldo devedor dos débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal.
b) Regulamentando o art. 2º da supracitada lei, o Comitê Gestor do REFIS (formado
por representantes da SRF, do INSS e da PGFN, o que demonstra a uniformidade no
tratamento das questões) estabeleceu no art. 3º, da Resolução CG/REFIS nº 29, de 24 de
junho de 2003, que a referida desistência compulsória deve observar o disposto no §1o do
art. 5o da Lei no 9.964, de 2000, transcrevo:
Art. 2º A inclusão dos débitos consolidados no âmbito do Refis no
parcelamento de que tratam os arts. 1o e 5o da Lei n. 10.684, de 2003, implica desistência compulsória e definitiva do referido Programa.
[...]Art. 3o A desistência do Refis na forma desta Resolução, observado o
disposto no §1o do art. 5o da Lei no 9.964, de 2000, implicará o seguinte tratamento aos débitos incluídos na sua consolidação:
I – será objeto do parcelamento nos termos do art. 1o da Lei no 10.684, de
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2003, o saldo devedor dos débitos relativos aos tributos administrados pela SRF e pela PGFN;
II – as contribuições administradas pelo INSS retornarão a este órgão, apurando-se o respectivo saldo devedor, as quais sujeitar-se-ão à legislação específica a elas aplicável.
c) Já o §1o do art. 5o da Lei no 9.964, de 2000, torna claro o restabelecimento de todos
os acréscimos legais incidentes sobre o débito na forma da legislação aplicável à época da
ocorrência dos respectivos fatos geradores, isto é, determina a aplicação do art. 34, da Lei n.
8.212/91, que rege os débitos das contribuições arrecadadas pelo INSS, veja-se:
Art. 5o A pessoa jurídica optante pelo Refis será dele excluída nas seguintes hipóteses, mediante ato do Comitê Gestor:
[...]§ 1o A exclusão da pessoa jurídica do Refis implicará exigibilidade imediata
da totalidade do crédito confessado e ainda não pago e automática execução da garantia prestada, restabelecendo-se, em relação ao montante não pago, os acréscimos legais na forma da legislação aplicável à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores.
d) A legislação específica a que se refere o inciso II, do art. 2º, da Lei n.
10.684/2002, e em cuja inexistência se fundamenta o voto da Ministra Eliana, é o mesmo art.
34, da Lei n. 8.212/91, que, à época, disciplinava:
Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia-SELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável.
[...]
Conclui-se, portanto que a desistência compulsória do REFIS para adentrar ao PAES
implica no restabelecimento da taxa SELIC sobre o saldo devedor do primeiro parcelamento,
pois era a taxa cobrada na época em que houve o atraso do pagamento do débito a ser
migrado de parcelamento.
Nestes termos, com a devida vênia da Ministra Relatora, acompanho a divergência e
NEGO PROVIMENTO ao recurso especial.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA
Número Registro: 2006/0092168-4 REsp 843946 / RS
Números Origem: 200404010434350 200472030011632
PAUTA: 04/08/2009 JULGADO: 04/08/2009
RelatoraExma. Sra. Ministra ELIANA CALMON
Relator para AcórdãoExmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. EUGÊNIO JOSÉ GUILHERME DE ARAGÃO
SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : INDÚSTRIA DE MÁQUINAS BRUNO LTDAADVOGADO : JAIME LUIZ LEITE E OUTRO(S)RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO : NEIRON LUIZ DE CARVALHO
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Regimes Especiais de Tributação - REFIS/Programa de Recuperação Fiscal
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, acompanhando a divergência inaugurada pelo Sr. Ministro Castro Meira, para negar provimento ao recurso, a Turma, por maioria, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Castro Meira, que lavrará o acórdão. Vencida a Sra. Ministra Eliana Calmon."
Votaram com o Sr. Ministro Castro Meira os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques.
Brasília, 04 de agosto de 2009
VALÉRIA ALVIM DUSISecretária
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