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Editorial 04

Entrevista 05

Centro de SegurançaSegurança Contra Incêndio 08

Certificação Energética de Edifícios 10

Prevenção de Acidentes Graves envolvendo Substâncias Perigosas 13

Directivas Atex 15

Inspecção aos equipamentos instalados e avaliação da sua adequabilidade e condição 19

RAMS 22

Certificação de instalações industriais de processo 25

Dir. TécnicaSegurança e Saúde no Trabalho 2008-2012 28

Homo AprehendisAprender Hoje 34

EdificaçõesPólo de Loulé 36

LabiagroMonitorização de pesticidas em águas para consumo humano e alimentos 37

Eng.º Guimarães Lobato 40

Notícias ISQ 42

Director:J. M. Dias Miranda

Coordenação:Marta Miranda

Secretariado:Nazaré Almeida

Revisão:Lília Brandão

Redacção e Administração:ISQ - Instituto Soldadura e QualidadeAv. Prof. Dr. Cavaco Silva, 33 TAGUSPARK - OEIRAS2740 - 120 PORTO SALVO

Tel. 214 228 100Fax 214 228 120

Propriedade:ISQ - Instituto de Soldadura eQualidadeNIPC: 500 140 022

Concepção Gráfica:SAR, Publicidade

Paginação:Alexandre Rodrigues - ISQPatrícia Brito - ISQ

Impressão:OFFSETMAIS Artes Gráficas S.A.Rua Latino Coelho, 62700-516 Venda Nova-Amadora

Periodicidade: Trimestral

Tiragem: 3 000 exemplares

Depósito Legal: 36 587/90

ISSN: 0871-5742

Registo ICS: 108 273

SSUUMMÁÁRRIIOO

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Os temas da Segurança e da Qualidade estão na génese do desenvolvi-

mento das competências do ISQ, com o objectivo de assegurar que as

actividades dos seus clientes se desenrolem com a maior eficácia e o mín-

imo de riscos.

Tendo iniciado a sua actividade na década de 80, o Centro de Segurança

foi integrado na Área Operacional Indústria em finais de 2005, altura em

que foi definido um Plano de Desenvolvimento Estratégico.

A referida integração decorre das sinergias existentes entre a actividade

tradicional do Centro de Segurança - dedicada à exposição ocupacional e

segurança de Pessoas - e a segurança de Bens desenvolvida para a activi-

dade terciária (máquinas e equipamentos de trabalho, equipamentos sob

pressão, instalações eléctricas e segurança contra incêndio).

Na actual conjuntura, a aposta do Centro de Segurança traduz-se na cria-

ção de novos serviços de valor acrescentado, sendo de destacar a Gestão

de Risco através da avaliação qualitativa e quantitativa do risco associado

à actividade industrial, e no investimento na qualificação das suas equipas

técnicas, preparando-as para actuarem em áreas de grande especializa-

ção como seja a qualificação de Verificadores SGSPAG conferidos pela

APA - Agência Portuguesa do Ambiente para a Directiva Sevesso no

âmbito dos Acidentes Industriais Graves.

J. M. Dias Miranda

Presidente do Conselhode Administração do ISQ

EDITORIAL

CCeennttrroo ddee SSeegguurraannççaa

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Tecnologia & Qualidade: O Centro deSegurança, com a estrutura que hojeconhecemos, é de criação recente.Como e quando surgiu?

Goulão Ferreira: O Centro de Segu-rança - CSEG - é um Departamento daÁrea Operacional Indústria e reúnecompetências em áreas bastantediversificadas, nas quais se incluem aSegurança Industrial, a Segurança con-

tra Incêndio, a Higiene Industrial e aATEX, entre outras.

Após a reorganização estrutural doISQ, nos finais de 2005, os nossosesforços foram direccionados para aanálise da organização existente nosvários sectores de actividade, com par-ticular enfoque no Centro deSegurança.

EEdduuaarrddoo GGoouullããoo FFeerrrreeiirraa

ENTREVISTA

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Foi então definido um Plano deDesenvolvimento Estratégico, que temvindo a ser implementado e perma-nentemente revisto, por forma a con-cretizar as novas oportunidades quevão sendo identificadas e que visam amelhoria dos serviços.

Os resultados têm sido francamenteanimadores: os objectivos traçadosaté 2008 foram largamente ultrapas-sados, criaram-se as condições deconsolidação e expansão das activi-dades tradicionais e procedeu-se aolançamento de novos serviços.

TQ: E a partir de 2008?

GF: A crise económico-financeiranacional e internacional veio afectar,de modo significativo, a consolidação eexpansão das actividades do Centrode Segurança. Tem-se verificado umaretracção do volume de trabalho solici-tado, motivada pelas dificuldades finan-ceiras que a maioria das empresasindustriais atravessam neste momen-to.

Por outro lado, sofremos os efeitos deuma forte concorrência, nomeada-mente por parte de pequenas enti-dades que, como no caso da presta-ção de serviços de Organização dosServiços de Segurança, Higiene eSaúde no Trabalho, apesar de não pos-suírem recursos, nem o obrigatórioreconhecimento oficial, continuam asua actividade, oferecendo os seusserviços a valores só justificados pelasua ausência de estrutura e nãocumprimento de obrigações legais.

TQ: Esta situação impõe umamudança de estratégia?

GF: Para combater esta situação,temos vindo a implementar um conjun-to de acções, das quais destaco umaacção concertada de marketing/co-mercial, e a identificação, criação epromoção de novos serviços de valoracrescentado que salientem a dife-rença em relação à concorrência eque, em simultâneo, permitam àsempresas nossas clientes um melhorcontrolo interno dos aspectos rela-

cionados com a SHST.

TQ: Referiu a criação de novosserviços. Quer especificar?

GF: Farei apenas referência a doisnovos serviços, por me pareceremexemplificativos.

Um deles tem como objectivo aIdentificação de Perigos e a respectivaAvaliação e Controlo dos Riscos nasactividades dos nossos clientes. Paraisso, foi desenvolvida uma aplicaçãoinformática de Gestão de Risco, quedesignámos por IPACR, actualizável, eque será disponibilizada, em temporeal, mas com acesso controlado, aosnossos clientes, que serão apoiados,sempre que necessário, pelos técni-cos do CSEG.

No âmbito da Segurança, área muitoabrangente e com um enorme conjun-to de legislação, a maioria das vezesmuito dispersa, sentimos que os nos-sos clientes tinham alguma dificuldadeem se manterem actualizados.

Para obviar essa situação, foi criadauma Base de Dados de Legislação deSegurança e Ambiente, cujo acessocontrolado será disponibilizado emtempo real e que também será apoia-do por serviços de consultoria, demodo a identificar a legislação aplicá-vel a cada um dos clientes e assim pro-mover a elaboração de um Plano deAcções que lhes permita a conformi-dade com essa legislação.

TQ: Que outras acções têm em curso?

GF: Adicionalmente, e em linha com aestratégia definida, há um esforço si-gnificativo de promoção de uma ofertade serviços integrados, sejam daIndústria ou de outras Áreas do ISQ,de modo a que se possa atender àsmúltiplas necessidades das empresas.

Este esforço tem vindo a dar resulta-dos, pois existem já múltiplos exem-plos de contratos que incluem, paraum mesmo cliente, a prestação deserviços tão diversos como aSegurança Industrial, a Higiene Indus-

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trial, a Classificação de Áreas (ATEX), oRuído, as Inspecções a Equipamentosde Trabalho e a Instalações Eléctricas,a Termografia, entre outros.

Em paralelo com as acções orientadaspara o mercado interno, e na sequên-cia da Estratégia de Internacionali-zação que vem sendo seguida no ISQ,estamos a dar os primeiros passoscom vista à expansão das actividadesdo CSEG, em particular nos Mercadosde Angola e Moçambique.

Já se realizaram alguns pequenos tra-balhos pontuais nesses mercados,mas abrem-se agora boas perspecti-vas para uma progressiva implemen-tação da nossa actividade, que seráobviamente suportada quer peloISQAPAVE, em Angola, quer pelo futu-ro ISQ Moçambique.

TQ: Existem perspectivas de novasáreas de actuação?

GF: Tem sido um desafio constantepara a equipa da Área OperacionalIndústria a permanente identificaçãode oportunidades e a implementaçãode novas áreas de actuação.

No caso particular do CSEG, estão emfase de implementação duas activi-dades com potencial de penetração noMercado Nacional.

A Administração Central do Sistemade Saúde está na fase final da elabo-ração da regulamentação que visa olicenciamento de Unidades Privadasde Saúde. Esta é uma das actividadesem que o CSEG pretende envolver-se,estando já a preparar uma estruturaorganizativa que nos permita o reco-nhecimento como Entidade Licencia-dora.

A Segurança e Fiabilidade Funcional éa outra actividade que está em fase delançamento pelo CSEG, e que permitiráresponder a uma crescente neces-sidade das empresas industriais.

Já dispomos de qualificação técnicareconhecida internacionalmente eestamos, neste momento, a procederà divulgação desta nova oferta deserviços, quer junto do tecido indus-trial existente, quer junto dos promo-tores dos novos grandes projectos quese avizinham.

Não sendo propriamente uma novaárea de negócio, gostaria ainda de

referir a alteração significativa quenecessariamente terá lugar no sectorda Segurança contra Incêndio, face àrecente publicação do novo Regula-mento.

Mantendo a sua oferta de serviçostradicional, o CSEG está igualmenteapostado em posicionar-se como par-ceiro técnico da Autoridade Nacionalde Protecção Civil na implementaçãodo novo Regulamento que vem alterarprofundamente os moldes de aprova-ção dos Sistemas de Segurança con-tra Incêndio em Edifícios.

TQ: O ISQ dispõe de recursoshumanos e capacidade técnica ade-quada?

GF: Para conseguirmos apoiar asempresas em todas as vertentes deintervenção do CSEG, tem sidonecessário um grande investimento naformação da equipa técnica e os resul-tados são bem evidentes. Podemosafirmar que possuímos especialistasqualificados em todas as nossas áreasde intervenção e habilitados para aprestação de serviços de elevada qua-lidade.

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Segurança ccontra iincêndioUma das actividades desenvolvidaspelo Centro de Segurança, SectorTécnico do ISQ integrado na ÁreaOperacional Indústria, é a prestação deserviços relacionados com aSegurança contra Incêndio.

A Segurança contra Incêndio - SCI -tem, nos dias de hoje, um papel mar-cante nas sociedades e economia decada País.

O incêndio do Chiado em 1988, bemcomo alguns casos de outros países,fizeram-nos consciencializar da neces-sidade de adoptar medidas de pre-venção, actuação e de autoprotecção.

Um incêndio num estabelecimentopoderá resultar em perdas de vidashumanas, de bens de produção ou nadestruição da própria instalação eprovocar danos ambientais, podendoainda causar prejuízos significativospara a organização e seus fun-cionários, por suspensão da produção,e afectar a imagem da organização.

Actividade da Segurança contraIncêndio

A actividade desenvolvida pelo ISQ noâmbito da SCI apresenta diferentesníveis de intervenção, em função dasvárias fases da vida útil de um edifício,instalação industrial, sistemas ouequipamentos de segurança.

Fases de Ante-Projecto, de Projecto eExecução e de Implementação

Elaboração ou aprovação dasespecificações técnicas, na fase deante-projecto, que constituirão osuporte para o projectoAprovação do projectoAcompanhamento, inspecção eaprovação durante a implemen-tação dos equipamentos ou sis-temas de segurançaRecepção e ensaios finais dos sis-temas ou equipamentos, incluindo

a verificação de toda a documen-tação entregue

Fase de Exploração e Utilização doEdifício / Instalação

Inspecção (inclui eventual realiza-ção de ensaios), aprovação e emis-são do relatório do sistema, doequipamento, da instalação ou doedifício respectivo. São tambémanalisadas as eventuais acções demanutenção a realizarGestão de Risco de Incêndio -análise de toda a documentaçãoexistente, verificação do que foiimplementado, realização de umdiagnóstico das condições actuais(com eventual recurso a ensaiosfuncionais) e proposta de acçõesde melhoria

Sempre que são identificadas NãoConformidades, o ISQ enumera asacções a implementar para se ultra-passarem essas Não Conformidades ese atingir um nível de segurança con-tra incêndio apropriado e aceitável.Existem três áreas distintas nas quaisa SCI intervém: Segurança Passiva,

Segurança Activa e Organização deSegurança (Figura 1).

Novo Regulamento de Segurançacontra Incêndio em Edifícios

Em Portugal, a legislação sobre segu-rança contra incêndio, até há bempouco tempo, encontrava-se dispersapor inúmeros diplomas por vezes diver-gentes e contraditórios nas soluçõespreconizadas para o mesmo problemae, em algumas situações, era mesmoinexistente.

A partir de Janeiro de 2009, com aentrada em vigor do RegulamentoTécnico de Segurança contra Incêndioem Edifícios (RT-SCIE), dispomos deuma legislação que aplica um regula-mento específico para cada uma das12 utilizações-tipo (UT) apresentadasna Figura 2, que são classificadas,ainda, em quatro Categorias de Risco.

As Categorias de Risco permitem clas-sificar em quatro níveis de risco deincêndio qualquer UT de um edifício e

CENTRO DE SEGURANÇA

Figura 1 - Áreas de intervenção da Segurança Contra Incêndio

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recinto. Deste modo, às 1ª, 2ª, 3ª e 4ªcategorias, correspondem, respectiva-mente, Risco Reduzido, Risco Mode-rado, Risco Elevado e Risco MuitoElevado.

Os edifícios ou recintos podem ser deutilização exclusiva, quando integramuma única UT, ou de utilização mista,quando integram vários tipos de UT, edevem sempre respeitar as condiçõestécnicas gerais e específicas definidaspara cada UT.

O RT-SCIE contempla, entre outras, asmedidas necessárias de autopro-tecção e de organização de segurançacontra incêndio, aplicáveis quer a edifí-cios já existentes, quer a edifícios aconstruir. Existe também uma atribui-ção mais clara das responsabilidadese competências dos diversos interve-nientes (projectistas, donos de obra,responsáveis de segurança, etc.) emquestões relacionadas com a segu-rança contra incêndio, durante todo ociclo de vida do edifício.

Simultaneamente, é estabelecido umregime sancionatório por incumpri-mento das novas regras de segurança,actualmente inexistentes para umaparte significativa de edifícios.

A entrada em vigor deste novo regimejurídico aconselha que se proceda àavaliação do seu impacto na efectivaredução do número de ocorrências, devítimas mortais, de feridos, de prejuí-zos materiais, de danos patrimoniais,ambientais e de natureza social, decor-rentes dos incêndios urbanos ou indus-triais que se venham a verificar.

As soluções mencionadas no RT-SCIEconduzem a níveis elevados de segu-rança contra incêndio em edifícios, nãose prevendo um impacto significativono custo final da construção, istoporque algumas dessas soluções sãojá adoptadas, quando é requerida aaplicação de Normas e Standardsinternacionais, por exigência da Segu-radora ou por decisão do dono deobra.

Educação de Segurança

Todos os anos são registadas cente-nas de ocorrências de incêndio, resul-tando em danos e prejuízos avultados,alguns irreparáveis. É urgente umatransformação cultural no nosso país,tornando a Segurança contra Incêndiouma prioridade na educação de todos,a começar nas nossas casas até aosnossos locais de trabalho. Destaforma, estaremos a contribuir para umdesenvolvimento da segurança detodos nós.

Apesar dos grandes avanços tecno-lógicos ao nível de equipamentos e sis-temas de segurança, é fundamentalconfiar mais nas pessoas do que natecnologia, mantendo a formaçãocomo ponto-chave. É essencial quetodos nós sejamos os "responsáveispela segurança" (desde os adminis-tradores, projectistas, construtores,funcionários, etc.) em todas as fasesdo ciclo de vida de um edifício.

Conclusões

Infelizmente, o risco de ocorrência deum incêndio encontra-se em toda aparte. É, por isso, fundamental tentarminimizar esses riscos, bem como assuas consequências.

O investimento associado à implemen-tação de acções de melhoria traduz-sena redução do nível de risco de incên-dio, bem como das suas consequên-cias (danos pessoais, patrimoniais eambientais), podendo o reconhecimen-to destas acções de melhoria conduzirà redução do prémio de seguro, porparte das Seguradoras.

Como já foi referido, vão ser muitas asmudanças previstas com a recenteentrada em vigor do NovoRegulamento Técnico de Segurançacontra Incêndio em Edifícios. Assim, énecessário estar na vanguarda daSegurança e da Formação.

Figura 2 - Utilizações-tipo do Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio

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Com a transposição para a legislaçãonacional da Directiva Europeia sobre oDesempenho Energético de Edifícios(DIR 2002/91/CE), através dos De-cretos-Lei n.º 78/2006, 79/2006 e80/2006 e a sua gradual aplicação,as empresas foram tomando consciên-cia da necessidade de efectuar avalia-ções da Qualidade do Ar Interior dosedifícios, por forma a garantir o confor-to e a saúde dos seus ocupantes eaumentar a sua produtividade.

Portugal foi o único País da Comu-nidade Europeia a complementar atransposição da Directiva2002/91/CE com a introdução davertente relativa à Qualidade do ArInterior (QAI). O objectivo destaDirectiva versa apenas a poupançaenergética, conseguida através da"...melhoria do desempenho energéticodos edifícios da Comunidade, tendo emconta as condições climáticas externase as condições locais, bem como asexigências em matéria de clima interior

e a rentabilidade económica".

O início da aplicação dos referidos re-gulamentos foi feito de acordo com oestabelecido na Portaria nº461/2007 (Figura 1).

Esta regulamentação aplica-se nassituações referenciadas na Figura 2.

No caso dos edifícios de habitação, sóos edifícios novos, nas condições referi-das na Figura 2, estão sujeitos aosrequisitos QAI, mas não às auditorias.Nomeadamente, terão de cumprir comas taxas de renovação de ar especifi-cadas no RSECE.

Existem três fases no processo decertificação:

1.Fase de Projecto, antes da cons-trução, para emissão de Decla-ração de Conformidade Regula-mentar (DCR)

2.Autorização de Utilização, após aconstrução do edifício, para verifica-

A vvertente QQAI nna

CCeerrttiiffiiccaaççããoo EEnneerrggééttiiccaa ddee EEddiiffíícciiooss

Ana Dias

CENTRO DE SEGURANÇA

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ção da conformidade do que foiconstruído com o projecto

3.Certificado energético, após aprimeira licença de utilização.Durante o funcionamento normaldo edifício, a certificação é feitamediante a realização de auditoriasperiódicas, consoante a tipologia doedifício

Em cada uma destas fases tem de serefectuado um determinado conjunto deverificações. Assim, na fase 1, têm deser analisados os seguintes aspectos:

velocidade do ar na zona ocupada < 0.2 m/staxas de renovação efectiva previs-tas por espaçoverificação da existência de materi-ais ecologicamente limposverificação das especificações doprojecto em relação à exigência deuma adequada limpeza durante asfases de construção e montagemdo sistema, bem como durante ofuncionamento da instalaçãoexistência de níveis de filtragemadequadosexistência de espaço paramanutenção do sistema, ou seja,acesso facilitado a todos os compo-nentes do sistema que tenhamimpacto na qualidade do ar interior

Na fase 2, a análise deverá incidirsobre:

as condições de limpeza do sistemaa comprovação de que as taxas derenovação em cada espaço satis-fazem as taxas de renovaçãoespecificadas no projectoa verificação da presença de fontespoluidorasa confirmação da existência e verifi-cação do conteúdo do plano demanutençãoa verificação das qualificações dotécnico responsável pela implemen-tação do Plano de Manutenção deQAI do edifício

a verificação das qualificações dotécnico responsável pela instalaçãoe manutenção dos sistemas declimatização e da QAI do edifício

Na fase 3, deverão ser efectuadas:

a monitorização dos parâmetrosfísicos, químicos e biológicos cons-tantes do regulamentoa análise dos registos damanutenção preventiva realizada,por forma a verificar o cumprimen-to do plano de manutenção da QAIa inspecção dos componentes críti-cos do sistema de climatização comimpacto na QAI

A inspecção dos sistemas instalados écrucial para a manutenção da qualida-de do ar interior e promoção da saúdepública. A inexistência de parâmetrosfísicos, químicos e biológicos, fora dagama de valores recomendada, não égarantia de que esteja tudo bem doponto de vista da QAI, tendo em contaas limitações que existem ao nível dosequipamentos de medida e a naturezade alguns dos parâmetros em causa,como no caso dos CompostosOrgânicos Voláteis (COV), fungos e bac-térias.

Metodologia

Escolha dos locais deamostragem/ mediçãoÀ semelhança de qualquer outra avalia-ção que se pretenda pôr em prática eem que se recorra a amostragens, éfundamental que as mesmas sejamrepresentativas, ou seja, que retratemda forma mais fiel possível a realidade,pois, se tal não acontecer, põe-se emcausa tudo o que fizermos daí emdiante.

Os pontos de amostragem/mediçãotêm de ser cuidadosamente selec-cionados, tendo sempre presentequal(ais) a(s) fonte(s) dos parâmetrosque se pretendem avaliar e a homo-geneidade da sua concentração nointerior do edifício. Nessa selecçãotemos de atender aos seguintes fac-tores:

locais que no interior do edifício sãoservidos pela mesma UTA ou sis-tema de ventilaçãomobiliário existenteocupaçãoactividadescargas térmicas

Os locais escolhidos deverão reflectir adiversidade potencialmente existente

Figura 1- Fonte: ADENE

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no ar interior, em termos de parâme-tros físicos, químicos e biológicos, parase poder ter uma amostra representa-tiva do edifício.

Tendo em consideração a complexi-dade que pode existir no interior de umedifício e a dificuldade que daí advémna escolha dos locais adequados deamostragem, do número de pontos aconsiderar e do tempo de medição/amostragem de cada parâmetro, aADENE, como entidade gestora doSistema de Certificação Energética(SCE), e as entidades supervisoras -Agência Portuguesa do Ambiente(APA) e Direcção Geral de Energia eGeologia (DGEG) -, conjuntamente comoutras entidades, prepararam um Guia(NT-SCE-02) para ser utilizado pelosPeritos, por forma a garantir a uni-formidade da sua actuação.

Valores de referênciaOs valores de referência utilizados sãoos constantes do Anexo VII do Decreto--Lei n.º 79/2006 e coincidem, emparte, com os referenciais interna-cionais utilizados [1] [2] [3].

No que respeita aos CompostosOrgânicos Voláteis Totais (COVT), ovalor diminuiu substancialmente faceao valor habitualmente considerado (3mg/m3), que se baseava em reco-mendações europeias. Por isso, tem--se verificado que esse valor excedemuitas vezes o valor de referência dalegislação, já no ar exterior, ou seja,antes da sua entrada no edifício. Essasituação ocorre nomeadamente emlocais de grande tráfego automóvel,pois este é uma das várias fontes emis-soras destes compostos.

Esses valores são por vezes agravadosno interior do edifício, devido a con-tribuições internas como, por exemplo,os bioefluentes dos seres humanos eprodutos de higiene como perfumes ecolónias que, no entanto, podem nãoser perigosos para o homem, do pontode vista toxicológico.

Quando se fala em COVT estamos areferir-nos a centenas de compostosque têm uma estrutura de carbono ehidrogénio na sua composição e que, àtemperatura ambiente, se apresentam

como gases ou vapores.

Devido à sua complexidade e ao eleva-do valor que seria necessáriodespender na análise em laboratóriode todos os compostos destanatureza, presentes no ar interior,tem-se recorrido a métodos de leituradirecta que permitem obter a concen-tração total de um elevado número decompostos. No entanto, os COVTdetectados no ar interior dependemdos métodos de medida utilizados evariam em função do método escolhi-do, podendo obter-se valores muitodiferentes para o mesmo conjunto deCOVT, por exemplo, em leituras obtidasno mesmo local e no mesmo ponto [4].

Alguns investigadores de qualidade doar interior [5] começam a chegar àconclusão de que a medição dos COVTtem um valor muito limitado, devido àgrande variabilidade da composiçãodos COVT na mistura de ar interior eporque o limite de odor e a capacidadepara causarem irritação sensorial va-riam amplamente consoante a suacomposição.

Plano de Acções Correctivas(PAC-QAI)Sempre que ocorra a ultrapassagemde um valor regulamentar (excesso deconcentração de um poluente ), teráde ser preparado um estudo devida-mente fundamentado que indique asmedidas necessárias para repor asituação dentro dos níveis regula-

mentares. Esse estudo deve identificar,clara e inequivocamente, as causaspara o excesso de concentração edemonstrar que as medidas propostasresolvem completamente o problema.

O PAC-QAI deve propor um cronogra-ma para a implementação das medi-das identificadas e deve ser submetidoà aprovação da Agência Portuguesado Ambiente, entidade supervisora dosistema.

Bibliografia

1 WHO, "Air Quality Guidelines forEurope", 2nd Edition, 2000

2 WHO, "Air quality guidelines for par-ticulate matter, ozone, nitrogendioxide and sulfur dioxide" - Globalupdate 2005

3 EPA, "Building Air Quality: A Guidefor Building Owners and FacilityManagers", 1991

4 Christopher C. Coffey, Terri A.Pearce, Robert B. Lawrence, JudithB. Hudnall, James E. Slaven, andStephen B. Martin Jr.,"Measurement Capability of FieldPortable Organic Vapor MonitoringInstruments Under DifferentExperimental Conditions". Journalof Occupational and EnvironmentalHygiene, 6: 1-8, 2009

5 Wolkoff, P., et al., "Organic com-pounds in office environments-sen-sory irritation, odor, measurementsand the role of reactive chemistry".Indoor Air, 16(1): 7-19, 2006

Figura 2

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Na sequência de alguns acidentesgraves ocorridos um pouco por todo omundo, foram publicadas Directivaseuropeias que visam controlar os peri-gos associados a acidentes graves queenvolvam substâncias perigosas, pre-venir esse tipo de acidentes e limitar assuas consequências sobre o homem eo ambiente.

Um dos primeiros grandes acidentesecológicos industriais na Europa ocor-reu em 10 de Julho de 1976, no nortede Itália. Uma fuga de dioxina causou acontaminação de centenas dehectares de terras e milhares de pes-soas e animais foram intoxicados.

Na sequência deste acidente foi publi-cada a Directiva 82/501/CEE, deno-minada de Directiva Seveso, o nome daregião italiana mais afectada pelodesastre.

Posteriormente, foi publicada aDirectiva 96/82/CE (Seveso II) que foideterminada, mais uma vez, por umgrave acidente ocorrido em Bhopal -Índia, na noite de 2 para 3 deDezembro de 1984. Este acidentedeveu-se a uma fuga de gás ocorridanuma fábrica de pesticidas, que provo-cou a morte de milhares de pessoas ecujos efeitos ainda hoje se fazem sentir.

Uma explosão de Nitrato de Amóniaque provocou a morte de 31 pessoas eferimentos em 2442, ocorrida emToulouse em 21 de Setembro de2001, teve como consequência aDirectiva 2003/105/CE (Alteração àDirectiva Seveso II).

Actualmente encontra-se em vigor oDecreto-Lei nº 254/2007, de 12 deJulho, que é a transposição da Direc-tiva 2003/105/CE para Portugal eestabelece o regime de prevenção deacidentes graves que envolvam subs-tâncias perigosas e a limitação dassuas consequências para o homem e oambiente.

O regime de prevenção de acidentesgraves determina o enquadramentodos estabelecimentos em relação àsua perigosidade, definindo três níveisem função do tipo e quantidade dassubstâncias e preparações perigosasneles existentes.

Considera-se um "estabelecimento" atotalidade da área, sob controlo de umoperador, onde se verifique a presençade substâncias perigosas, numa oumais instalações, incluindo as infra--estruturas ou actividades comuns ouconexas.

No Decreto-Lei n.º 254/2007 é dadoum especial enfoque aos deveres doOperador (qualquer pessoa singular oucolectiva que explore ou possua o esta-belecimento ou instalação, ou quais-quer pessoas em quem tenha sido dele-gado um poder económico determi-nante sobre o funcionamento técnicodo estabelecimento ou instalação),definindo quais são as suas obrigaçõese deveres nesta matéria.

De acordo com o conteúdo do Anexo I(Quantidades limiar para os produtosdesignados como substâncias perigo-sas ou para grupos de substânciasperigosas) os estabelecimentos classi-

ficam-se do seguinte modo :Estabelecimentos não abrangidospelo Decreto-Lei nº 254/2007Estabelecimentos abrangidos peloDecreto-Lei nº 254/2007

• Estabelecimentos de NívelInferior de Perigosidade - ondeexistem substâncias perigosasem quantidades iguais ou supe-riores aos limiares previstos naColuna 2 do Anexo I, do Decreto--Lei nº 254/2007

• Estabelecimentos de NívelSuperior de Perigosidade - ondeexistem substâncias perigosasem quantidades iguais ou supe-riores aos limiares previstos naColuna 3 do Anexo I, do Decreto--Lei nº 254/2007

Verificação da Aplicabilidade daDirectiva Seveso II

Em traços gerais, os passos a dar paraa verificação da aplicabilidade daDirectiva Seveso II são os seguintes:

Inventário de "substânciasperigosas"Proceder à identificação da totalidadedas "substâncias perigosas" existentesno estabelecimento através da desi-

Rui Tenera

PPrreevveennççããoo ddee AAcciiddeenntteess GGrraavveesseennvvoollvveennddoo SSuubbssttâânncciiaass PPeerriiggoossaass

CENTRO DE SEGURANÇA

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gnação química, composição química,nº CE (EINCS ou ELINCS), nº CAS e nºde indexação relativo a cada substânciaou componente da preparação, alémda sua forma física.

Classificação de perigosidade das"substâncias perigosas"Para cada substância perigosa, identi-ficar a respectiva classificação deperigosidade, de acordo com a legis-lação em vigor para a Classificação,Embalagem e Rotulagem de Substân-cias e Preparações Perigosas.

Quantidade máxima (em massa) decada "substância perigosa"Identificar as substâncias designadas(como definidas no Decreto-Lei nº254/2007) de cada "substânciaperigosa".

Enquadramento SEVESOVerificar se as quantidades de "subs-tâncias perigosas" ultrapassam os valo-res limiares estabelecidos na legislação(Decreto - Lei nº 254/2007, Anexo I -Colunas 2 ou 3). Se as quantidades decada "substância perigosa" não ultra-passarem os limiares das Colunas 2 e3, aplicar a regra da adição.

Para as substâncias e preparaçõesperigosas é essencial considerar asinformações das Fichas de Dados deSegurança.

Em relação aos Resíduos, adoptam-seos critérios e fontes de informação uti-lizados como suporte da Proposta deClassificação de Perigosidade que oOperador tem obrigatoriamente defazer.

Neste caso, são importantes as infor-mações seguintes :

Código LER - Lista Europeia deResíduosIdentificação dos componentes doresíduoFichas de Dados de Segurança doscomponentes do resíduoFichas de Dados de Segurança dassubstâncias ou preparações queestiveram na base da formação doresíduoFichas de TransporteResultados de testes realizados

No caso dos Explosivos é essencial ainformação constante na respectivaFicha de Transporte ou na Ficha deDados de Segurança.

Para que possamos ter a percepção douniverso em causa, pode-se referir queexistem em Portugal Continental 127estabelecimentos abrangidos por estalegislação (54 de Nível Superior e 73de Nível Inferior), existindo dois de NívelSuperior na Região Autónoma daMadeira e cinco de Nível Superior naRegião Autónoma dos Açores.

Em função do nível de perigosidade emque um estabelecimento se enquadra,existem diversos requisitos que omesmo tem de cumprir.

Assim, um Estabelecimento de NívelInferior de Perigosidade tem de:

Realizar a avaliação da compatibili-dade de localizaçãoEmitir notificação à APA - AgênciaPortuguesa do AmbienteElaborar uma Política de Prevençãode Acidentes GravesColaborar no intercâmbio de infor-mação no âmbito do Efeito deDominó de um potencial acidenteProceder, como a lei determina,relativamente às acções de comuni-cação e informação em caso de aci-dentes graves

Um estabelecimento de Nível Superiorde Perigosidade tem, por sua vez, deobservar os itens anteriormente con-siderados, para além de:

Elaborar o Relatório de Segurança,de acordo com o estabelecido nalegislaçãoPossuir evidência da realização deauditoria ao sistema de gestão dasegurança para prevenção de aci-dentes gravesPossuir um Plano de EmergênciaInterno (PEI)Realizar simulacros no âmbito doPEIFornecer elementos ao ServiçoMunicipal de Protecção Civil para aelaboração do plano de EmergênciaExternoNo âmbito do Efeito de Dominó,realizar exercícios conjuntos nomáximo de 3 em 3 anos

Regulamentação

Como se depreende, por forma agarantir e verificar que os estabeleci-mentos abrangidos pela DirectivaSeveso se encontram dentro dos requi-sitos por ela determinados, foi amesma regulamentada pela Portarianº 966/2007, de 22 de Agosto, quedelibera que a Auditoria ao Sistema deGestão de Segurança para Prevençãode Acidentes Graves, em Estabeleci-mentos de Nível Superior de Perigosi-dade, apenas possa ser efectuada porprofissionais qualificados para tal.

Consequentemente, foi definido o perfilpara Verificador do Sistema de Gestãode Segurança de Estabelecimentos deNível Superior de Perigosidade.

O Verificador é, assim, a pessoa singu-lar, agindo em nome próprio ou de ou-trem, independente do operador e doestabelecimento, que é detentora daqualificação exigida e que é conferidapor certificado emitido pela AgênciaPortuguesa do Ambiente - APA.

Fundamentalmente, a actuação doVerificador é a realização de auditoriasanuais aos sistemas de gestão desegurança (na vertente da prevençãode acidentes graves) dos estabeleci-mentos classificados como de NívelSuperior de Perigosidade e a elabo-ração do respectivo relatório de audito-ria.

Estas auditorias obedecem a requisitoslegais específicos e podem ser acom-panhadas por um elemento da APA(Agência Portuguesa do Ambiente). Osrelatórios de auditoria são sempre en-viados à APA.

A APA procede à avaliação doVerificador, com base na análise dapreparação da auditoria (que o verifi-cador tem de enviar), no acompanha-mento da própria auditoria e na análisedo relatório produzido. A manutençãodo certificado está dependente destasavaliações, bem como da avaliaçãorealizada na sequência das acções deformação obrigatórias, de dois em doisanos.

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Directivas AATEX

CENTRO DE SEGURANÇA

No âmbito da Segurança Industrial, aprotecção contra explosões reveste-sede uma particular importância.

As explosões colocam em perigo a vidae a saúde dos trabalhadores, devidoaos efeitos incontrolados das chamase das pressões, sob a forma de radia-ção térmica, ondas de pressão e pro-jecção de destroços, bem como em vir-tude da presença de produtos dereacção nocivos e do consumo dooxigénio do ar indispensável à respi-ração (Figura1).

Neste contexto, por forma a reduzir osriscos pessoais e materiais, surgiu anecessidade de diminuir a incidênciade explosões e incêndios nos locais detrabalho. O Parlamento Europeu e oConselho Europeu adoptaram aDirectiva 1999/92/CE, que visa asegurança e saúde dos trabalhadoresem risco de exposição às atmosferasexplosivas e a Directiva 94/9/CE, quediz respeito ao equipamento e aos sis-temas de protecção para uso noslocais com esse tipo de atmosferas.Essas Directivas foram transpostaspara a legislação nacional pelo Decre-to-Lei nº 236/2003, de 30 deSetembro e pelo Decreto-Lei nº112/96 de 5 de Agosto, sendo desi-gnadas por ATEX (Atmosferas Explosi-vas).

Alicerçado na larga experiência do ISQnas várias áreas industriais, o Centrode Segurança da Área OperacionalIndústria desenvolveu um conjunto deserviços que visam apoiar as empre-sas na implementação dos requisitosestabelecidos nas Directivas ATEX ouna simples verificação do seu cumpri-mento.

O Centro de Segurança tem vindo arealizar trabalhos de classificação deáreas perigosas, de verificação da ade-quação de equipamentos instalados

em áreas classificadas e de elabo-ração do Manual de Protecção contraExplosões nos sectores de:

PetroquímicaIndústria de produção de pasta ede papelIndústria químicaEmpresas de distribuição de gásEmpresas de produção de tintasIndústria farmacêuticaAterros sanitáriosETAR'sMetalurgiaIndústria alimentar

Dado que a maior parte dos processosfabris e procedimentos de trabalhocomportam riscos, devido à formaçãode atmosferas explosivas, são afecta-dos, para além dos já enumerados,praticamente todos os sectores indus-triais, tais como a Produção de EnergiaEléctrica, a Agricultura e as Refinarias,entre outros.

Manual de protecção contraexplosões

Numa empresa, o conjunto de medi-das de protecção contra explosões éconsubstanciado num documento, de-signado por Manual de ProtecçãoContra Explosões, que define o conjun-to de medidas organizacionais e técni-cas tendentes a minimizar os riscos deexplosão.

Com fundamento no estabelecido nasDirectivas ATEX, o ISQ aplica umametodologia para a elaboração doreferido manual, assente em estudosde avaliação de risco.

O Manual de Protecção ContraExplosões inclui:

a.A documentação de referência, aque o Manual pretende dar cumpri-mento, tal como legislação, directi-vas comunitárias, códigos e nor-mas nacionais, europeias e interna-cionais

b. Identificação dos locais onde sãoprocessadas ou armazenadassubstâncias inflamáveis (gases,vapores e névoas) e/ou poeirascombustíveis

c. Classificação de áreas perigosas edeterminação da extensão da zonaclassificada, com base na aplicaçãodirecta de exemplos de códigos (IP15, API 505, etc.) ou de modelosmatemáticos. Estes últimos assen-tam em folhas de cálculo em con-formidade com a Norma EN60079-10 e na modelização com osoftware PHAST

d. Identificação de possíveis fontes deignição

e. Análise e Avaliação de Risco deExplosão nas instalações, devido àformação de atmosferas explosi-

Ana Luísa MartinsMargarida Boto Gonçalo Pedreira

Figura 1

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vas, conforme especificado nonúmero um do artigo quinto doDecreto-Lei nº 236/2003. NaAvaliação de Riscos é quantificadoo nível de risco de danos pessoais emateriais

f. Definição das Medidas dePrevenção e de Protecção contraExplosões

g.Proposta de alteração de procedi-mentos

Identificação dos locais potencialmente perigosos

Substâncias inflamáveisAs Substâncias Inflamáveis surgem naforma de gás, vapor, líquido, sólido ouem misturas das formas atrás referi-das e são capazes de desencadearuma reacção exotérmica com o arquando incendiadas.

Com base na Ficha de Dados deSegurança das substâncias e atravésdas suas características, são identifi-cadas as substâncias consideradascomo inflamáveis e os locais onde asmesmas se encontram.

Poeiras combustíveisCaso surjam dúvidas na caracteriza-ção das poeiras, deve-se procurar amelhoria da sua caracterização. Issoconsegue-se através da realização de

análises fisico-químicas, nomeada-mente através da análise da sensibili-dade da ignição e severidade daexplosão.

O ISQ recorre a um laboratório acredi-tado nesse domínio para determinar acombustibilidade das poeiras, sendoanalisados os seguintes parâmetrosde explosividade:

Análise granulométrica com dis-tribuição de tamanhos de partícu-las mediante difracção laser, porvia seca ou via líquida Medição de humidade medianteanalisador de halogéneo Temperatura mínima de ignição emcamadaTemperatura mínima de ignição emnuvemLimite inferior de explosividadeEnergia mínima de igniçãoResistência eléctrica em camadaPressão máxima de explosãoRazão máxima do aumento depressão, constante de poeiras Kst(Kmáx) e classe de explosão de

poeiras (St)

Classificação de áreas perigosas

Após análise da documentaçãofornecida e das constatações verifi-cadas nas instalações do Cliente, pro-cede-se à classificação de áreasperigosas.

Para além da análise das propriedadesdas substâncias, que constam nasFichas de Dados de Segurança, serãotambém analisadas as quantidadesarmazenadas e/ou manuseadas decada substância considerada comoinflamável.

No caso de se tratarem de substân-cias líquidas ou gasosas, serão utiliza-dos softwares específicos, nomeada-mente uma folha de cálculo elaboradade acordo com a norma EN 60079-10e a modelização com o softwarePHAST.

Através destes programas é possíveldeterminar o tipo de zona e a suarespectiva extensão. Se não for possí-vel aplicar este procedimento à situa-ção em questão, será utilizada aNorma EN 60079-10, o código IP 15e/ou API 505.

Noutras situações particulares,nomeadamente para o caso de cabi-nes de pintura, carregamento de bate-rias e estações de tratamento deáguas residuais, poder-se-á recorrer anormas específicas.

No caso de se tratarem de poeiras oufibras, utilizamos a norma EN 61241-10.

Posteriormente, a classificação teráuma representação gráfica, sobredesenhos da instalação (plantas) ousobre desenhos de equipamentos(alçados e plantas).

O Decreto-Lei nº 236/2003, de 30 deSetembro, classifica as áreas em trêszonas distintas, tanto para gases comopara poeiras (Figura 2).

Gases • Zona 0 - Área onde existe perma-

nentemente, ou durante longosperíodos de tempo, ou com fre-quência, uma atmosfera explosiva,constituída por uma mistura com oar de substâncias inflamáveis, soba forma de gás, vapor ou névoa

• Zona 1 - Área onde é provável, emcondições normais de funciona-mento, a formação ocasional deuma atmosfera explosiva constituí-

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Figura 2 - Gases

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da por uma mistura com o ar desubstâncias inflamáveis, sob aforma de gás, vapor ou névoa

• Zona 2 - Área onde não é provável,em condições normais de funciona-mento, a formação de uma atmos-fera explosiva constituída por umamistura com o ar de substânciasinflamáveis sob a forma de gás,vapor ou névoa, ou onde, caso severifique, essa formação seja decurta duração.

Poeiras Combustíveis (Figura 3)• Zona 20 - Área onde existe perma-

nentemente, durante longos perío-dos de tempo, ou frequentemente,uma atmosfera explosiva sob aforma de uma nuvem de poeiracombustível

• Zona 21 - Área onde é provável, emcondições normais de funciona-mento, a formação ocasional deuma atmosfera explosiva sob aforma de uma nuvem de poeiracombustível

• Zona 22 - Área onde não é prová-vel, em condições normais de fun-cionamento, a formação de umaatmosfera explosiva sob a forma deuma nuvem de poeira combustívelou onde, caso se verifique, essa for-mação seja de curta duração.

A classificação de áreas perigosas,

como se pode verificar pelas definiçõesdos vários tipos de zona, está rela-cionada com os graus de fuga que ori-ginam a formação de uma atmosferaexplosiva. Existem três graus de fugadistintos:Contínua - Fuga que é permanente ouexpectável que ocorra por longosperíodos (> 1000 horas/ano)

Primária - Fuga periódica ou ocasionaldurante a operação normal (10-1000horas/ano)

Secundária - Fuga cuja ocorrência nãoé esperada durante a operação nor-mal e, se ocorrer, não é frequente e épor períodos curtos (1-10 horas/ano).

Estudo de ventilação de atmos-feras potencialmente perigosas

Para melhor avaliar a probabilidade deformação de uma atmosfera explosivapode ser necessário proceder a umestudo de ventilação. Para isso, é reali-zado um estudo que determina astaxas mínimas de renovação de ar nasunidades industriais, para que as subs-tâncias inflamáveis resultantes doprocesso fiquem com uma margem desegurança abaixo do seu limite inferiorde explosividade.

São também tidas em conta conside-rações gerais, como sejam a localiza-

ção dos pontos de captura dear/substância inflamável (ventiladores,extractores, grelhas, etc.), necessida-de de pressurização de salas/espa-ços, análise de unidades de ventilação,entre outras.

Identificação de possíveis fontesde ignição

Na maior parte das vezes, dada aimpossibilidade de substituirmos assubstâncias inflamáveis por nãoinflamáveis, de modo a evitar a for-mação de atmosferas explosivas, aminimização do risco de explosão éconseguida através do controlo dasfontes de ignição. Assim sendo, dadoque os equipamentos instalados nes-sas áreas poderão constituir umapotencial fonte de ignição, procede-sea uma inspecção aos mesmos, paraverificar a sua adequabilidade.

Análise e avaliação de risco de explosão

Quando se avaliam os riscos de explo-são importa verificar, em primeirolugar, as condições em que existe aprobabilidade de se formarem atmos-feras explosivas, bem como a suaduração. Posteriormente, será analisa-da a possibilidade dessas atmosferasse inflamarem (fontes de ignição). Éigualmente importante, nesta fase, terem conta os equipamentos utilizados,as características de construção, assubstâncias utilizadas, as condições detrabalho e especificidades dos proces-sos, as possíveis interacções entreestes elementos, assim como as inter-acções com o ambiente de trabalho.

A avaliação deve ser realizada paracada processo de trabalho ou de pro-dução, bem como para cada estado defuncionamento de uma instalação, esempre que essas condições se altera-rem.

O ISQ, ao proceder à avaliação deriscos, baseia-se num método que per-mite quantificar a amplitude dos mes-mos e hierarquizar as prioridades deintervenção. Este modelo apresenta osníveis de risco, probabilidade e conse-Figura 3 - Poeiras combustíveis

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quências, desagregados numa escalacom várias possibilidades. O nível derisco (NR) resulta do nível de probabili-dade (NP) e do nível de consequências(NC), sendo expresso através daexpressão NR = NP x NC. A Tabela 1permite calcular o nível de risco e,através da agregação dos diferentesvalores obtidos, estabelecer quatroníveis de prioridade de intervenção.

Medidas de prevenção e pro-tecção contra explosões

As medidas de controlo de riscos têmcomo objectivo eliminar os riscos exis-tentes ou, em caso de impossibilidademanifesta, controlar os mesmos paraníveis toleráveis, de forma a garantir asegurança e saúde dos trabalhadores.

Consideram-se medidas de prevençãocontra explosões todas as medidasque previnam a formação de atmos-feras explosivas, que evitem a igniçãodessas atmosferas ou reduzam os

efeitos de explosões. Essas medidaspodem ser de carácter técnico e/ouorganizativo.

Dado que as medidas técnicas de pro-tecção contra explosões, centradas naprevenção da formação de atmosferasexplosivas e da presença de fontes deignição não podem ser aplicadas comfiabilidade suficiente, devem sertomadas medidas que limitem osefeitos de uma explosão a um nívelseguro. Essas medidas consistem emcontrolar o risco do seguinte modo:

Concepção resistente à explosão

Descarga da explosãoSupressão da explosãoPrevenção da propagação dechamas e da explosão

Se existirem potenciais riscos deexplosão, num local de trabalho, asmedidas organizativas deverão igual-mente obedecer a exigências específi-cas. Devem ser tomadas medidasorganizacionais sempre que as medi-das técnicas não sejam suficientespara garantir e manter o risco deexplosão, no local de trabalho, a umnível aceitável. Assim sendo, conside-ram-se como medidas organizacionaisde protecção contra explosões:

Instruções de trabalho escritasFormação dos trabalhadoresGarantia de que os trabalhadorespossuem qualificação suficienteSistema de autorização de traba-lhos em áreas classificadasRealização de trabalhos demanutençãoInspecção e supervisãoSinalização das áreas perigosas

Nível deProbabilidade

1 2 3 4

Nível deConsequência

1 IV IV III III

2 IV III III II

3 III III II II

4 III II II I

5 II II I I

Tabela 1 - Nível de Risco

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É responsabilidade do empregadorassegurar que o local, os equipamen-tos de trabalho e respectivos disposi-tivos de ligação postos à disposiçãodos trabalhadores em áreas perigosassejam concebidos, construídos, instala-dos, mantidos e utilizados de forma aminimizar ou a controlar os riscos deexplosão e a sua propagação.

Nas áreas onde se possam formaratmosferas explosivas perigosas,devem ser utilizados aparelhos e sis-temas de protecção que correspon-dam às categorias definidas naDirectiva 94/9/CE , transposta parao direito nacional pelo Decreto-Lei nº112/96 de 5 de Agosto.

Com vista ao funcionamento segurodos aparelhos em áreas perigosas,devem igualmente ser tomados emconsideração outros critérios, como aclasse de temperatura, o tipo de pro-

tecção contra a ignição, o grupo deexplosão, etc.. Estes critérios depen-dem dos parâmetros de combustão eexplosividade das substâncias uti-lizadas.

Os equipamentos de trabalho, utiliza-dos em áreas onde se podem formaratmosferas explosivas, que jáestivessem em uso e/ou tenham sidocolocados, pela primeira vez, à dis-posição na empresa ou no estabeleci-mento, antes de 30 de Junho de2003, devem satisfazer, a partir dessadata, as prescrições mínimas previs-tas no Anexo II, Parte A, da Directiva94/9/CE. Relativamente a equipa-mentos colocados pela primeira vez àdisposição na empresa e/ou no esta-belecimento, após 30 de Junho de2003, devem ser satisfeitas as pres-crições mínimas previstas no Anexo II,Partes A e B, da mesma Directiva94/9/CE.

Inspecção aaos eequipamentos iinstalados e aavaliação dda ssua aadequabilidade ee ccondição

Ana Luísa MartinsMargarida Boto

CENTRO DE SEGURANÇA

Gonçalo Pedreira

Figura 1 - Marcação de um equipamento a instalar em áreas classificadas

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A Inspecção dos equipamentos utiliza-dos em áreas classificadas é uma dasfases da elaboração do Manual deProtecção Contra Explosões. Contudo,existem clientes que apenas nos solici-tam esta fase do trabalho, dado que jápossuem a classificação das áreas. Emfase de Projecto, também poderá sersolicitado um acompanhamento naescolha dos equipamentos eléctricos,de instrumentação e mecânicos ainstalar nas áreas classificadas.

Pretende-se com a inspecçãoAvaliar a adequabilidade dosequipamentos às áreas classifi-cadas onde se encontram instala-dos, de acordo com desenhos deClassificação de Áreas

Avaliar o estado dos mesmosequipamentos, tendo em conta asexigências resultantes da sua loca-lização em áreas classificadas.Estas avaliações dos equipamentostêm por objectivo evitar a igniçãode eventuais atmosferas explosi-vas, através do controlo das fontesde ignição.

A Directiva 94/9/CE aplica-se a apa-relhos e sistemas de protecção parautilização em atmosferas potencial-mente explosivas. Também diz respeitoa dispositivos de segurança, de contro-lo e de regulação utilizados fora dasatmosferas potencialmente explosivas,desde que sejam necessários ou con-tribuam para o funcionamento segurodos aparelhos e dos sistemas de pro-tecção, no que respeita ao risco deexplosão.

O fabricante que pretenda colocar pelaprimeira vez um produto no mercado eprocure assegurar que o seu produtocumpre os requisitos de segurançaprescritos, deverá ter em atenção aregulamentação e normalizaçãoaplicáveis, nomeadamente:

Decreto-Lei n.º 236/2003 de 30de Setembro (Classificação deáreas)Decreto-Lei n.º 112/96 de 5 deAgosto e Portaria n.º 341/97 de21 de Maio (Equipamentos)

EN 60079-0 (Gases, vapores ounévoas)

EN 61241-0 (Poeiras cobustíveis)

EN 60079-10/EN 61241-10(Classificação de Áreas)

EN 60079-14/EN 61241-14(Selecção e Instalação deEquipamento)

EN 60079-17/EN 61241-17(Inspecção e Manutenção deEquipamento)

Marcação de equipamentos

A adequabilidade dos equipamentosverifica-se através da marcação dosmesmos e deverá estar de acordocom o indicado nas normas que funda-mentam a sua certificação. A mar-cação deve conter de forma clara ainformação do modo de protecção, aclasse de temperatura, o grupo e sub-grupo de explosão, certos parâmetrosespecíficos, siglas do organismo decertificação e o número do certificado(Figura 1). Esta marcação seránecessária para uma adequada insta-lação, manutenção e utilização doequipamento.

O objectivo da marcação é seleccionaros equipamentos adequados, tendoem consideração:

A zona de perigo (classificação deáreas e zonas de protecção)

As propriedades dos materiaisperigosos (grupo do equipamento)

A temperatura de ignição dosmateriais perigosos (classes detemperatura)

Os índices IP (protecção contra sóli-dos e líquidos) e IK (resistênciamecânica) que deverão ser instala-dos

A garantia de possibilidade demanutenção.

Deste modo, assegura-se que osequipamentos são adequados e estãoinstalados e ligados de forma correcta,devendo os mesmos ser mantidossem deficiências, sem modificações eem boas condições, por uma pessoacom competências para o efeito.

Assim, todos os trabalhos deinspecção e manutenção devem serfeitos por técnicos especialistas,treinados em aparelhos ATEX ou sobsua supervisão. Os técnicos devem terconhecimento das normas (EN60079, Partes 10, 14 e 17) e dasregras e regulamentação adequadaspara instalações eléctricas em áreasperigosas, bem como dos princípiosgerais para a classificação de áreasperigosas.

Devem ser tomadas medidas, no senti-do de manter a integridade do tipo deprotecção providenciada pelo apare-

Figura 2 - Exemplo de marcação de uma electroválvula

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lho. As reposições de partes do apare-lho só devem ser feitas de acordo coma documentação de segurança.Também as alterações ao aparelho sósão permitidas desde que estejam deacordo com as devidas autorizações enão afectem a respectiva segurança,definida na documentação.

Inspecção e manutenção deequipamentos

Existem quatro tipos de inspecçãoa. Inicial - O objectivo da inspecção ini-

cial é verificar se os modos de pro-tecção utilizados e a sua instalaçãosão os adequados às áreas classifi-cadas. É uma inspecção realizadacom as instalações fora de serviço,através de análise da documen-tação existente, a disponibilizar pelocliente

b.Periódica - Inspecção à totalidadede equipamentos e sistemas eléc-tricos, instrumentação e equipa-mentos mecânicos diversos, deacordo com uma periodicidadedefinida (3 anos)

c. Amostragem - Inspecção realizadaa uma parte da totalidade dosequipamentos eléctricos, de instru-mentação e mecânicos diversos. O

objectivo principal deste tipo deinspecção é controlar e verificar osefeitos das condições ambientais

d.Contínua - Inspecções realizadasem instalações que carecem deuma grande fiabilidade

Serão ainda avaliados o estado e ascondições de utilização das zonas tor-nadas seguras por pressurização,caso existam.

O nível de inspecção a realizar tam-bém é variável

a.Visual - Inspecção realizada aoequipamento, sem utilização de fer-ramentas, em que são verificadosapenas os defeitos visíveis à vistadesarmada (como, por exemplo,falta de parafusos, identificação, demarcação). Esta inspecção é reali-zada com o equipamento emserviço e fechado

b.Próxima - Inspecção que engloba asverificações realizadas na inspec-ção visual, utilizando meios paraaceder aos equipamentos (esca-das, andaimes) e algumas ferra-mentas. Esta inspecção é realizadacom o equipamento em serviço efechado

c. Detalhada - Inspecção que englobatodas as verificações descritas na

Norma com o equipamento fora deserviço e aberto

Se, no decorrer do trabalho, foremconstatadas não conformidades oudeficiências graves, o cliente será infor-mado, de imediato, de tais factos.

Critérios de avaliação de equipa-mentos (instalações) inspecciona-dos

Para a avaliação de equipamentoseléctricos e não eléctricos são disponi-bilizados vários tipos distintos de fichasa serem preenchidas com infor-mações obtidas a partir de inspecçõesefectuadas nos vários locais.

Para a avaliação da adequabilidade dosequipamentos inspeccionados emáreas classificadas deverão ser tidosem consideração os seguintes aspec-tos:

Equipamentos possuindo mar-cação de acordo com o Decreto-Leinº 112/96

Equipamentos possuindo mar-cação não totalmente de acordocom o Decreto-Lei nº 112/96

Equipamentos com ausência totalde marcação

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RRAAMMSSum ddesafio àà ccompetitividade ddas eempresas pportuguesas

José Gomes Ferreira

CENTRO DE SEGURANÇA

Com os novos projectos estruturantesprevistos ao nível do Sector deTransportes - Comboio de AltaVelocidade, Novo Aeroporto e novaTravessia sobre o rio Tejo - a incorpo-ração de bens de equipamentonacionais nesses empreendimentospassa, sem dúvida, pela capacidade daindústria nacional demonstrar que osseus produtos garantem os requisitosespecificados nos cadernos de encar-gos, nomeadamente os parâmetrosRAMS (Fiabilidade, Disponibilidade,Manutibilidade e Segurança) ao longode todo o ciclo de vida do projecto e aomenor custo.

Com este artigo pretende-se abordar,não as técnicas de cálculo de fiabili-dade, manutibilidade, disponibilidade esegurança, mas sim descrever, de umaforma sucinta, a metodologia RAMS nociclo de vida de desenvolvimento denovos produtos, como factor de melho-ria da competitividade das empresas.

No caso concreto, aos construtoresdas infra-estruturas ferroviárias e aosfornecedores de sistemas e/ou equi-pamentos é exigido contratualmenteque concebam e fabriquem as insta-lações e os equipamentos, não só deacordo com as especificações técnicasde interoperabilidade (ETI) definidas naDirectiva 96/48/CE - Interoperabili-dade da Rede de Alta Velocidade, mastambém que demonstrem que osparâmetros RAMS (Reliability, Availa-biilty, Maintenability and Safety), acró-nimo anglo-saxónico de fiabilidade,disponibilidade, manutibilidade e segu-rança, estão de acordo com os defi-nidos nos cadernos de encargos e coma Norma NP EN 50126 - Aplicaçõesferroviárias - Especificação e Demons-tração de Fiabilidade, Disponibilidade,Manutibilidade e Segurança (RAMS).

Conceitos

Fiabilidade (Reliability) - É a probabili-

dade de um sistema / equipamentofuncionar correctamente durante umdeterminado período de tempo.

Disponibilidade (Availability) - É a proba-bilidade de um sistema / equipamentofuncionar correctamente, num deter-minado momento, em condições detrabalho especificadas.

Manutibilidade (Maintenability) - É aprobabilidade de que um sistema /equipamento seja colocado de novo emfuncionamento, após uma falha, dentrode um dado período de tempo, medi-ante a acção de uma operação demanutenção.

Segurança (Safety) - Ausência de risconão aceitável.

Sistema - De uma forma geral,adoptaremos a designação Sistemapara designar, indiferentemente:Componente, órgão, equipamento,máquina e instalação.

Falha - É a incapacidade de um sistemapara realizar a sua função nos limitesde actuação definidos.

Metodologia

RAMS é um acrónimo anglo-saxónicoque significa a combinação de fiabili-dade, disponibilidade, manutibilidade esegurança de funcionamento. É umametodologia que permite especificar edemonstrar a Fiabilidade, Disponibili-dade, Manutibilidade e Segurança(RAMS) dos sistemas ferroviários eaplica-se a todos os níveis de uma dadaaplicação, desde um sistema completoaté aos subsistemas e componentesque integram o sistema, em todas asfases relativas do seu ciclo de vida.

A metodologia desenvolvida constituium modelo genérico de gestão deparâmetros RAMS, válido tanto paraprodutos existentes como para o

desenvolvimento de novos produtos. Omodelo proposto é composto das fasesque enunciamos em seguida.

Fase de configuraçãoEsta fase é definida pelas seguintesactividades:

Definição da equipa de projectoRAMS

Definição do sistema de gestão doprojecto

Análise do caderno de encargosRequisitos gerais do sistema Requisitos RAMS • Tempo de vida previsto• Fiabilidade (MTBF)• Downtimes (MTTR)

Cronograma das actividades a desen-volver

• Definição das actividades• Designação dos Responsáveis pela

implementação

Sistema de informação - Um dosaspectos críticos da análise dosparâmetros RAMS é a qualidade dainformação processada. Para tal énecessário definir previamente a con-figuração do sistema de informação, oscircuitos de processamento e trata-mento de dados durante as diversasfases do ciclo de vida do sistema, desdea fase de concepção (base de dados edados dos fabricantes dos compo-nentes e/ou equipamentos) até à fasede exploração (tratamento do registode avarias)

Fase de concepção A fase de concepção contempla asactividades seguintes:

Análise funcional - Identificação dasfunções básicas do sistema

Decomposição do sistema por gruposfuncionais

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Avaliação do risco potencial de falhado sistema

Identificação das situações poten-cialmente perigosas - Pretende-seidentificar quais os fenómenosperigosos existentes num sistema/ máquina (e as respectivascausas) ao longo do seu ciclo devida, considerando os casos pre-visíveis de utilização.• Funcionamento normal - modos

de comando.• Funcionamento deficiente - falha

de componentes ou dos circuitos(hardware, software), pertur-bações externas (choques,vibrações, campos electromag-néticos) e perturbação na alimen-tação de energia, etc.

• Mau uso previsível - comporta-mento anormal previsível (negli-gência), comportamento reflexoem caso de mau funcionamento,de falha, comportamento resul-tante da aplicação da “lei domenor esforço”, etc.

Probabilidade de ocorrênciaConsequências e gravidadeCritérios de análise, avaliação eaceitação dos riscosAvaliação do risco potencialAdopção de medidas de prevençãodo risco com a finalidade de evitarou reduzir os fenómenos perigosose/ou limitar a exposição de pes-soas aos fenómenos perigosos

Estimativa dos parâmetros-baseRAMS de cada grupo funcional -Recorrendo a bases de dados de fiabili-dade, a dados fornecidos pelos fabri-cantes de componentes e equipamen-tos e à experiência acumulada dosmembros da empresa:

Tempo de vida previstoFiabilidade (MTBF)Downtimes (MTTR)Classificação de falhasDiagramas funcionais

Análise FMECA - Failure Mode, Effectand Criticality Analysis (ou AMEF -

Análise dos Modos e Efeitos de Falha esua Criticidade) por grupos funcionais,mediante:

Decomposição do sistema emcomponentes (diagrama de blocos)Descrição dos possíveis modos defalhaIdentificação das causas de falhaIdentificação das possíveis conse-quências das falhasDeterminação da probabilidade defalha de cada componente (a partirde dados publicados, da experiên-cia do fabricante ou de ensaios defiabilidade) Cálculo da fiabilidade do conjuntoClassificação da severidade dafalha Descrição das acções correctivasou preventivas

Análise da integridade das funçõesde segurança - A estrutura do circuitodo sistema de comando deve assegu-rar, basicamente, que um defeito aci-dental nesse circuito não produza aimpossibilidade de parar os elementosmóveis e a neutralização das pro-tecções dos elementos móveis, e tam-bém que uma variação ou interrupçãode energia não produza arranqueintempestivo dos elementos móveis oumovimentos incontrolados de órgãos.Deve assegurar ainda que as ordensde paragem tenham prioridade sobreas ordens de arranque.

Na concepção dos sistemas decomando devemos ter em conside-ração as seguintes técnicas:

Arranque intempestivo - Deve serevitado o arranque intempestivo deuma máquina, quando é realimen-tada após uma interrupção deenergia, se daí puder resultaralgum riscoFiabilidade dos componentes - Oscomponentes das funções de segu-rança devem ser capazes de supor-tar as perturbações e constrangi-mentos, em dadas condições edurante um dado período de

tempo, sem avaria na funçãorequeridaDuplicação/redundância dos com-ponentes "críticos" - Permite a uti-lização de componentes não intrin-secamente seguros para a realiza-ção de uma função de segurança,com a condição de que, em caso defalha de um componente, um outro(ou outros) possa(m) continuar aassegurar essa função, garantindoassim o nível de segurança requeri-doVigilância automática - A vigilânciaautomática tem por efeito desen-cadear uma acção de segurança,se diminuir a aptidão de um compo-nente para desempenhar a suafunção e/ou se as condições doprocesso forem modificadas de talforma que provoquem um riscoRedundância + auto-controlo - Aassociação destas duas técnicasassegura ao mesmo tempo adisponibilidade e a segurança damáquina. Com o auto-controlo umprimeiro defeito é obrigatoria-mente detectado a partir do fim dociclo, o que impede a reactivaçãode um novo ciclo. A redundância fazcom que, sobre o primeiro defeito,o funcionamento não seja inter-rompido e que a função segurançaseja mantida

A análise da integridade das funçõesde segurança deve permitir a identifi-cação das funções relacionadas com asegurança e especificar para cadauma delas:

Os modos de avariaProbabilidade de ocorrência decada modo de avariaDefinição dos níveis de integridadede segurança (SIL) Arquitectura da função (redundân-cia, auto-controlo)

Cálculo dos MTBF e MTTR por grupofuncional

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Determinação e análise global dosparâmetros RAMS por grupos fun-cionais e sistema/máquina:

FiabilidadeManutibilidade Disponibilidade Nível de Integridade das funções desegurança (SIL)

Elaboração de plano de inspecção eensaio de cada sistema para as fasesde:

Fabricação / MontagemComissionamento / Entrada emserviço

Definição e implementação de acçõesde melhoria

Fase de Fabricação e Validaçãodo ProtótipoEsta fase deverá permitir a validaçãoda fiabilidade do protótipo e a definiçãoe implementação de acções de melho-ria, sendo factor determinante ocumprimento do plano de inspecção eensaio de fabricação.

Fase de Comissionamento /Entrada em serviçoEsta fase tem por finalidade a vali-dação dos objectivos RAMS pré--definidos, através de:

Ensaios funcionais Análise de pontos fracosAnálise documental - Manual desegurança e Manual de operação emanutençãoDefinição e implementação deacções de melhoria

Fase de ExploraçãoOs factores RAMS apenas podem sertestados pela operação efectiva, e emcondições reais, dos sistemas, duranteo período de garantia ou de demons-tração. Esta fase é basicamente carac-terizada por:

Plano de manutenção (preventiva ecorrectiva)Programa de inspecçõesRecolha e tratamento de dadosCálculo dos valores reais de fiabili-

dade, manutibilidade e disponibili-dade do sistemaOptimização dos planos demanutenção baseada na fiabilidade(RCM - Reliability Based Mainte-nance)Programa de controlo de fiabilidadePrograma de eficiência da manu-tençãoDefinição e implementação deacções de melhoria

Relação custos/benefícios

Custos Acesso a base de dados de fiabili-dadeSoftware específicoRecursos humanos especializados

Benefícios para o fabricanteIdentificação e avaliação de compo-nentes críticosIdentificação do comportamentodas falhas e determinação deparâmetros para a sua monitoriza-ção Identificação de pontos de melhoriaMelhor conhecimento do produtoRedução dos custos dos serviçosde assistência técnicaAvaliação custo-benefício dassoluções de projecto e das modifi-cações do sistemaMelhoria das relações com oclienteMelhoria do LCC e consequentevantagem competitivaMelhoria de imagem de marca

Benefícios para o cliente finalPresunção de conformidade comas Directivas Comunitárias Alta disponibilidade dos sistemas/máquinasRedução ou eliminação das para-gens não planeadasDiminuição de paragens demanutenção planeadasRedução dos custos demanutençãoMenor LCC

Conclusões

A gestão dos parâmetros RAMS vaipermitir identificar e actuar sobre ascausas das falhas, maximizando otempo entre falhas (MTBF) e diminuin-do o tempo médio de reparações(MTTR) no caso de se produzir umafalha. Por outro lado, a redução detempos de manutenção e número defalhas traduz-se num aumento da fiabi-lidade, disponibilidade e manutibilidadedo sistema e incide directamente naredução do custo do ciclo de vida(LCC), o que supõe uma importantevantagem competitiva face à concor-rência.

Para além disso, esta metodologia é"modular", permitindo o tratamento demodificações de um sistema e de alte-rações de dados (novos modos de fa-lhas, novos valores de MTBF e MTTRou, inclusive, novos grupos funcionais)de uma forma fácil, com a possibilidadede reutilizar grande parte da análiseinicial, para além dos benefícios apon-tados anteriormente.

Para além das técnicas e metodolo-gias utilizadas, é determinante para oêxito de um projecto desta natureza oenvolvimento da alta direcção da em-presa no processo de melhoria con-tínua, e a aposta no trabalho de equipae nas relações de parceria fabricante--cliente que permitem os fluxos deinformação, ao longo do ciclo de vidado sistema.

"Não basta garantir quotas de partici-pação da indústria nacional nos projec-tos, temos de apostar na inovação e naaquisição de Know-how ao longo detodo o ciclo de vida do sistema.

Penso que não será um exagero afir-mar que as empresas que não seestruturarem / adequarem àmetodologia RAMS perdem o com-boio".

Eis o grande desafio...

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José Gomes Ferreira

CENTRO DE SEGURANÇA

CCeerrttiiffiiccaaççããoo ddee iinnssttaallaaççõõeess iinndduussttrriiaaiiss ddee pprroocceessssooNeste artigo pretende-se analisar ametodologia da certificação de insta-lações industriais de acordo com anorma EN IEC 61511 - Functional safe-ty: Safety instrumented systems for theprocess industry, assim como algunsdos conceitos que caracterizam proba-bilisticamente o risco de uma insta-lação.

As instalações industriais de processooriginam diferentes riscos para as pes-soas, meio ambiente e equipamentos.Por conseguinte, quanto maiores sãoos riscos, maiores são também osrequisitos impostos aos sistemas desegurança.

São várias as questões que se colo-cam, quer ao projectista /integradorde soluções, quer ao utilizador final, aolongo do ciclo de vida de uma insta-lação industrial de processo, nomeada-mente:

Quais as funções de segurançanecessárias para fazer face aosriscos identificados?Qual o nível de integridade dasfunções de segurança (SIL) de quenecessito?Quais os requisitos de Segurançaque é necessário especificar?Como mantenho o nível de integri-dade de segurança ao longo da vida

da instalação?Como evidenciar que a instalaçãoestá conforme com os requisitos desegurança legislativos e norma-tivos?

A resposta a estas questões passapela certificação da instalação indus-trial, de acordo com a norma EN IEC61511 - Functional safety: Safetyinstrumented systems for the processindustry.

Segurança funcional

Controlo de processoNuma instalação podemos considerarvários níveis ou sistemas de protecção.Em circunstâncias normais, o controlobásico do processo (BPCS) mantém asvariáveis processuais (pressão, tempe-ratura, caudal, etc.) dentro das condi-ções pré-estabelecidas (Fig.1).

Se uma variável ultrapassar os limitesdefinidos, o alarme actua e o operadordeverá levar o processo para os valo-res pré-estabelecidos. No caso de ooperador não conseguir ou se nãoactuar no devido tempo, o sistemainstrumentado de segurança (SIS)deverá actuar e repor o processo nascondições normais de funcionamento.

Se isso não for possível, os dispositivosmecânicos deverão actuar, permitindoa despressurização da instalação.

A instalação possui, portanto, umasérie de sistemas de protecção que,em caso de anomalias no processo,permitem levar as variáveis proces-suais para os níveis normais de fun-cionamento e/ou a instalação para umestado seguro. É, pois, necessárioconhecer o factor de redução de risco(FRR) associado a cada dispositivo desegurança, factor esse que nos é dadopela diferença entre o risco existentena instalação e o risco tolerável.

Por sua vez, um dado FRR é igual aoinverso da Probabilidade de Falha naDemanda e está associado a um nívelde integridade de segurança (SIL) quecaracteriza os requisitos de integri-dade de uma instalação industrial.

Risco tolerável de uma instalaçãoAs organizações têm a obrigação legal,moral e financeira de limitar o riscoinerente às suas operações. O risco to-lerável de uma instalação é o nível desegurança desejável para o processo eé uma medida corporativa, política ousocial. A diferença entre o risco tolerá-vel e o risco existente numa instalaçãoé a redução do risco resultante daadopção de medidas de protecção.

Factor de redução de riscoExpressa a magnitude da redução derisco conseguida com a implemen-tação de uma medida de redução derisco (Fig.2).

Sistemas Instrumentados de SegurançaO Sistema Instrumentado de Segu-rança (SIS) permite prevenir ou ate-nuar os acontecimentos perigosos,levando o processo a um estado segu-ro quando determinadas condições sãovioladas. É composto por sensores decampo, pela unidade de processamen-

Figura 1

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to de segurança (controlador lógico) epelos elementos finais de accionamen-to (actuadores), que são indepen-dentes do controlo básico do processo(BPCS) (Fig. 3).

Nível de Integridade deSegurança (SIL)Para cada função instrumentada desegurança (SIF) é calculado um deter-minado Nível de Integridade deSegurança (SIL), que mede o desem-penho do sistema de segurança, emtermos de probabilidade de falha(PFD): quanto maior for o nível SIL,maior será o nível de segurança asso-ciado, bem como menor a sua proba-

bilidade de falha. À medida que o nívelSIL aumenta, maiores serão os custosde instalação e de manutenção, assimcomo a complexidade do sistema desegurança (Fig.4).

Probabilidade de Falha naDemanda (PFD)A Probabilidade de Falha na Demanda(toda a condição ou evento que gera anecessidade de actuação de um sis-tema de segurança) é um indicador defiabilidade apropriado para sistemasde segurança, sistemas esses que:

Permanecem "adormecidos" du-rante a operação normalSomente actuam quando solicita-

dos, ou seja, após uma "demanda"As suas falhas são ocultas, isto é,ocorrem sem serem detectadas(os operadores não tomam conhe-cimento delas)

A título de exemplo, SIL = 1 significaque o nível de perigo e de risco finan-ceiro é tão pequeno que aceitamosuma probabilidade de 10% de falha doSIS, no momento em que a sua actua-ção for necessária para impedir umacidente.

Considerando o controlo de nível deum depósito, em cada 10 vezes que seatinja o nível máximo permitido nodepósito, o SIS actuará, em média, 9vezes e falhará uma vez, originando oderramamento do líquido do tanque(overflow). Isto é um risco aceitável? Sefor, o SIL = 1 é adequado.

Funções Instrumentadas deSegurança (SIF) São as funções de segurança imple-mentadas por um SIS, que têm comofinalidade manter o processo numestado seguro face a um eventoperigoso específico. Exemplos:

Fecho do fornecimento de com-bustível a um fornoArrefecimento de emergência dealta temperaturaAbertura de válvula para reduzir oexcesso de pressãoDireccionar um derrame para umsistema residualActivação do alarme de fogoActivação de mensagens deemergência programadas (Fig. 5)

Metodologia

A avaliação dos requisitos de segu-rança das funções instrumentadas desegurança de uma instalação deprocesso, com vista à sua certificaçãode acordo com a norma EN IEC 61511- Functional safety: Safety instrument-ed systems for the process industry,compreende as seguintes fases:

Figura 2

Figura 3

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1ª Fase - ProjectoDefinição do nível de Risco tolerávelde uma instalação

• ALARP - As Low As ReasonablyPractical

Análise do risco da instalaçãoindustrial

• Hazard and Operability (HAZOP)• Identificação das funções críti-

cas do processo• Cálculo do risco associado

Avaliação dos níveis de segurançade uma instalação

• LOPA - Layers of ProtectionAnalysis

• Cálculo do FRR - Factor deredução de risco

• Cálculo dos níveis de integri-dade de segurança (SIL)

Concepção das funções instrumen-tadas de segurança

• Arquitectura (XooY)• Tolerância às falhas (HDD)• Fracção de falha segura (SFF)• Falha de modo comum (• Cálculo do SIL

Análise e validação de dados de fia-bilidade Especificação das funções de segu-rança instrumentadas

• Requisitos funcionais• Requisitos de integridade

Análise e validação dos sistemasinstrumentados de segurança

• Análise funcional• Análise FMEA - Failure Modes

and Effects Analysis• Análise FTA - Fault Tree Analysis

Verificação da conformidade doprojecto com a EN IEC 61511

2ª Fase - Construção e montagemRecepção de componentes -Verificação da conformidade dasespecificaçõesEnsaios e testes funcionais e deintegração (FAT, SAT / SIT)Verificação da conformidade dainstalação com a EN IEC 61511Emissão de certificado EN IEC61511

3ª Fase - Operação e manutençãoAnálise e optimização da fiabilidadee disponibilidade dos sistemas

Inspecções periódicas aos SIS -Sistemas Instrumentados deSegurança

Conclusões

A certificação de instalações industri-ais de processo, de acordo com anorma EN IEC 61511 - Functionalsafety: Safety instrumented systemsfor the process industry, permite uma

abordagem sistemática às medidas desegurança implementadas ao longo dociclo de vida de uma instalação, alémde permitir a presunção de conformi-dade da instalação com o Decreto-Leinº 254/2007 - Directiva Seveso, aquantificação e a redução do risco dainstalação para níveis toleráveis, a pos-sibilidade de redução dos prémios dascompanhias seguradoras e o aumentoda fiabilidade e disponibilidade dainstalação.

Figura 5

Figura 4

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A Estratégia Nacional para aSegurança e Saúde no Trabalho emPortugal para o período 2008-2012(ENSST 2008-2012) foi publicada a 1de Abril na forma de uma Resoluçãodo Conselho de Ministros - a Resoluçãonº 59/2008. Este instrumento foiapresentado formalmente pela

Autoridade para as Condições deTrabalho (ACT) a 16 de Abril, emsessão pública.

A ENSST 2008-2012 apresenta-secomo o contributo Português para aconsecução dos objectivos ambiciosostraçados pela União Europeia na

"Estratégia Comunitária para a Saúdee a Segurança no Trabalho 2007-2012" e considera como referenciaisesta Estratégia, adoptada pela Comis-são e a Resolução sobre a mesma,adoptada pelo Conselho em 25 deJunho de 2007.

DIR. TÉCNICA

João Carlos Costa

A EEstratégia NNacional ppara aa

Segurança ee SSaúde nno TTrabalho 22008-22012

O artigo apresenta umaanálise global da

Estratégia Nacional paraa Segurança e Saúde no

Trabalho em Portugalpara o período 2008-

2012, identifica o respec-tivo enquadramento e

define os correspon-dentes referenciais e

antecedentes, apresen-tando ainda uma brevereflexão crítica sobre a

evolução da Segurança eSaúde no Trabalho em

Portugal traçada naprópria Estratégia.

Apresenta os objectivosoperativos e as cor-

respondentes medidas,sendo neste caso

realçadas aquelas cujoimpacto pode ser mais

significativo para aIndústria da Fundição.

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A Estratégia Comunitária

Objectivos e medidasO principal objectivo da EstratégiaComunitária é uma redução contínua,duradoura e uniforme dos acidentesde trabalho e das doenças profissio-nais, estabelecendo-se como metaglobal, para o período, a redução em25% da taxa total de incidência de aci-dentes de trabalho na UE-27.

Para atingir aquele objectivo estão pre-vistas medidas que podemos agruparem dois conjuntos essenciais: oprimeiro, integrando as medidas decarácter nacional, ou seja, aquelas cujapreparação e principal desenvolvimen-to se pode considerar àquele nível; osegundo, integrando as medidas decarácter empresarial, pois a respecti-va aplicação é feita nas própriasempresas.

No primeiro conjunto podemos realçaras medidas:

Garantir a correcta aplicação dalegislação da UEAdaptar o quadro normativo àevolução do mundo do trabalhoDefinir métodos para a identifi-cação e apreciação de novos riscosFavorecer o desenvolvimento e exe-cução de estratégias nacionais.

No segundo conjunto, as medidas maisrelevantes na vida das empresasserão:

Apoiar as pequenas e médiasempresas (PME) na correcta apli-cação da legislação da UEIncentivar as mudanças de compor-tamento dos trabalhadores e enco-rajar os empregadores a adopta-rem abordagens favoráveis àsaúde.

Análise da EstratégiaA análise da Estratégia não pode deixarde começar por uma cons-tatação sim-ples mas profundamente significativa:é estabelecido um objectivo quantifica-do, relativamente aos acidentes de tra-balho, mas relativamente às doençasprofissionais não é formulado qualquerobjectivo desse tipo. Esta situaçãoserve para acentuar a reco-nhecidadiferença do nível de conhecimento danatureza, características, incidências e

custos, entre aqueles dois tipos de con-sequências indesejáveis dos riscos pro-fissionais. Dada aquela diferença, qual-quer acção que contribuísse para umaprofundamento do conhecimento rel-ativo às doenças profissionais, teriasido um aspecto muito relevante paraa melhoria dos desempenhos nodomínio da Segurança e Saúde doTrabalho (SST).

Do conjunto de medidas avançadaspara a consecução dos objectivos daEstratégia salienta-se a importânciaconferida à aplicação da legislação daSST, à respectiva adequação, designa-damente às realidades das PME,assim como aos "novos riscos". Estessão, de facto, aspectos que merecemuma grande atenção, de molde a auxi-liar a definição de programas e activi-dades da SST eficazes nas empresas.

De entre estas medidas, torna-seimperioso realçar a preocupação rela-tiva à identificação, caracterização eapreciação de "riscos novos", pois éessencial ter presente que algunsdestes riscos constituem o aprofunda-mento e a interligação e/ou poten-ciação da combinação de riscos co-nhecidos (muitas vezes não avaliadosde forma estruturada e consistente).Refira-se aqui que se reconhece quetais riscos podem estar associados anovas tecnologias, como o caso dasnanotecnologias, ou podem resultar docruzamento de agentes já conhecidos,como os agentes químicos ou osagentes físicos, ou ainda, estar asso-ciados a aspectos organizacionais,designadamente, à própria gestão daSST.

Um aspecto menos positivo que sepode mencionar será uma falta dereferência objectiva à adopção de sis-temas de gestão da SST nas empre-sas, ainda que sem a correspondentecertificação. De facto, as vantagensassociadas à adopção de um instru-mento do tipo Sistema de Gestão daSST não estão suficientemente explici-tadas na Estratégia, não podendo serconsideradas incluídas na medida queprevê "…encorajar os empregadores aadoptarem abordagens favoráveis àsaúde".

Para a indústria da Fundição, as medi-das explicitadas na Estratégia são par-ticularmente relevantes, uma vez quejá anteriormente algumas daquelasmedidas tinham sido identificadascomo oportunidades de melhoria, emestudos sectoriais desenvolvidos entre2000 e 2007, no âmbito da Higiene doTrabalho - agentes químicos e agentesfísicos (campos electro-magnéticos).

A Estratégia Nacional 2008-2012

Natureza, enquadramento eantecedentesA ENSST 2008-2012 surge como aresposta portuguesa a uma das medi-das da Estratégia comunitária que con-siste em "favorecer o desenvolvimentoe a execução de estratégias nacionais".A ENSST 2008-2012 foi concebidacomo um instrumento de política glo-bal de promoção da SST, numa pers-pectiva de médio prazo, que visa darresposta à necessidade de aproxi-mação aos padrões europeus, querrelativamente aos acidentes de traba-lho, quer às doenças profissionais.

A ENSST 2008-2012 surge, ainda,com um conjunto de antecedentes,remontando a 1991, quando o Acordode Segurança, Higiene e Saúde noTrabalho (que previu a estruturação doSistema Nacional de Prevenção dosRiscos Profissionais), associado aonovo Enquadramento legal da SST, naforma do Decreto - Lei nº 441/91,marcaram o início de uma nova era nodomínio da SST em Portugal, centradanuma nova abordagem na prevençãodos riscos profissionais. Relevante éreconhecer que, ao contrário do ocor-rido noutros países, esta viragemocorre, essencialmente, por via daobrigatoriedade de adopção dos requi-sitos legislativos do direito comunitário,ou seja, da Directiva Quadro da SST edas correspondentes directivas espe-ciais.

Podem-se ainda referir como ante-cedentes o Acordo de ConcertaçãoEstratégica, de 1996, o Livro Brancodos Serviços de Prevenção dasEmpresas, de 1999, e o Acordo sobreCondições de Trabalho, Higiene e

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Segurança no Trabalho, de 2001.

ComposiçãoA ENSST estabelece 10 objectivos quese desdobram por 59 medidas. ATabela 1 mostra os objectivos estabe-lecidos e, no final deste artigo, elen-camos a totalidade das medidas, asso-ciando-as a cada um dos objectivosestabelecidos.

Análise dos objectivos e medidasassociadasA análise dos objectivos, na sua globali-dade, permite perspectivar o significati-vo alcance que a ENSST 2008-2012poderá ter em caso de sucesso. Estealcance estará desde logo associadoaos objectivos que podemos conside-rar absolutamente estruturantes e dealcance nacional. Consideramos nestegrupo os objectivos 1, 3, 4 e 10.

Os objectivos que poderão ter maior emais directo impacto, no dia-a-diaempresarial, integram o conjunto quepodemos apelidar de dedicados e dealcance empresarial. Consideramosneste grupo os objectivos 2, 6, 8 e 9.

Os objectivos restantes, objectivos 5 e7, são essencialmente dirigidos aaspectos de funcionamento da própriaAdministração Pública, quer ao nível daACT (objectivo 7), quer em relação auma melhor articulação entre enti-dades públicas (objectivo 5). Emboracom potenciais reflexos positivos navida das empresas, o seu carácter

menos visível não nos levará a aprofun-dar qualquer destes objectivos.

Passamos seguidamente a umaanálise não exaustiva dos objectivos ecorrespondentes medidas dos doisprimeiros grupos acima identificados.

Objectivos 1, 3, 4 e 10Reconhecendo que terá de ocorreruma "mudança de mentalidades" paraque a SST seja cada vez mais entendi-da pela sociedade em geral como umfactor de criação de riqueza e, pelasempresas, como factor de criação devalor, os objectivos 1 e 3 permitirãoavanços significativos na compreensãoda SST e, sobretudo, nas atitudes ecomportamentos exigíveis no âmbitoda respectiva aplicação.

O objectivo 4, ainda que de algummodo complementar, também apre-senta características que podem con-tribuir para aquela mudança de ati-tude, via incremento do conhecimentosobre riscos profissionais, respectivasconsequências e correspondente esta-do daquele conhecimento.

O objectivo 10, não obstante apresen-tar um alcance que também reputa-mos de significativo em sede derelações de trabalho, não deixa deparecer uma declaração de intençõesque, em termos práticos, não se mate-rializará em actividades que possamser identificáveis como melhorias oucontribuições para melhorias da SST.

Um singelo exemplo desta realidade,que gostaríamos de ver alterada, sãoas medidas práticas adoptadas emPortugal pela Administração Públicarelativamente à aplicação do "SocialDialogue Agreement" (SDA) à sílicacristalina, seja nos aspectos de divul-gação, de discussão, de análise deobjectivos, de práticas ou de resulta-dos.

Em termos de medidas e relativamen-te ao objectivo 1, não podemos deixarde mencionar, pela sua importância, amedida 1.1, ou seja, o inquéritonacional às condições de trabalho, poisconfigura uma acção cuja informaçãoresultante poderá constituir uma basede trabalho de extrema utilidade.Também a medida 1.6, que prevê adinamização dos programas de pre-venção de riscos profissionais naadministração central, regional e local,nos parece igualmente importante,não só pela dimensão do universoenvolvido, mas também pelo efeitoindutor que poderá representar paraoutros agentes económicos.

Relativamente ao objectivo 3, conside-ramos que todas as medidas sãomuito relevantes, devendo salientar amedida 2.1 - Inclusão de matérias refe-rentes a SST na aprendizagem a partirdo 1º ciclo básico - pelo carácter for-mador que representa, pois é nascamadas realmente novas que há queapostar, para uma efectiva e eficazmudança de mentalidades.

Relativamente ao objectivo 4, as medi-das consideradas, envolvendo directa-mente as entidades da Rede Nacionalde Prevenção de Riscos Profissionais,falam por si, pois o conhecimentosobre a RNPRP, não obstante constarda legislação de enquadramento daSST (e, portanto, desde 1991), é prati-camente inexistente junto da generali-dade dos agentes económicos.

Relativamente ao objectivo 10, salien-tamos a importância e alcance damedida 10.5, de apoio à formação de"trabalhadores designados" bem comode "representantes dos trabalha-dores".

1Desenvolver e consolidar uma cultura de prevenção entendida eassimilada pela sociedade

2 Aperfeiçoar os sistemas de informação no domínio da SST

3Incluir, nos sistemas de educação e investigação, abordagens noâmbito da SST

4 Dinamizar o Sistema Nacional de Prevenção dos Riscos Profissionais

5Melhorar a coordenação dos serviços públicos que exercem com-petências no domínio da SST

6 Concretizar, aperfeiçoar e simplificar normas específicas de SST

7 Implementar o modelo orgânico da ACT

8Promover a aplicação efectiva da legislação da SST, em especial naspequenas empresas

9Melhorar a qualidade da prestação dos serviços da SST e incremen-tar a competência dos respectivos intervenientes

10Aprofundar o papel dos parceiros sociais e implicar empregadores etrabalhadores na melhoria das condições de trabalho e bem-estarnos locais de trabalho

Tabela 1 - Objectivos da ENSST 2008-2012

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Objectivos 2, 6, 8 e 9

O objectivo 2 visa uma reestruturaçãoda informação relativa a acidentes detrabalho e a doenças profissionais,tanto no aspecto da respectiva gera-ção e constituição, como no da suadivulgação.

Com o objectivo 9, pretende-se umamelhoria dos serviços de SST disponí-veis, através de todos os agentes: téc-nicos e empresas prestadoras deserviços (modo e práticas de funciona-mento). Estes dois objectivos permi-tirão às empresas um acesso maisalargado a recursos humanos e técni-cos que permitam estruturar e desen-volver as suas próprias actividades daSST, com acrescida profundidade emais altos níveis de qualidade, eviden-ciáveis.

O objectivo 6 representa uma visãoimportante para a SST, mas a sua apli-cação é muito direccionada sectorial-mente, com excepção da medida 6.1que respeita ao Código do Trabalho. Oprincipal comentário que nos merece éque não foi incluída neste objectivoqualquer medida tendente à revogação(ou revisão) de legislação, que estácompletamente obsoleta quer na abor-dagem, quer no conteúdo, designada-mente no aspecto técnico. Um bomexemplo desta realidade é o vetustoRegulamento de Segurança e Higieneno Trabalho nos EstabelecimentosIndustriais, não sendo caso único.

Para a indústria da Fundição, os objec-tivos 2 e 9 representam a disponibiliza-ção de recursos de informação e técni-cos utilizáveis na sua própria gestão dorisco profissional. Relativamente aoobjectivo 9, só a medida 9.1- revisão docódigo do trabalho - tem relevância,dados os erros técnicos que a actualversão do código contém.

O objectivo 8 representa para asempresas o grande campo de apli-cação da ENSST, pois abarca a apli-cação de toda a legislação da SST e,para além disso, faz uma centragemespecífica nas pequenas empresas.Assim, desde logo configura uma visão

de significativo âmbito e com notávelalcance. As medidas aí previstas ini-ciam-se com a muito relevante gestãodo risco em pequenas empresas(menos de 10 trabalhadores), desen-volvida pelo empregador ou por traba-lhador designado (medida 8.1), edesenvolvem-se ainda pela disponibi-lização de manuais de auto-avaliação(medida 8.2) e publicação de "guias deaplicação" (medida 8.3).

Este conjunto de medidas configuraum apoio extremamente importanteàs empresas, designadamente às demenores dimensões. Regista-se, con-tudo, que não são avançadas medidastendentes à formalização das práticasde gestão da SST que, naturalmente,não têm por único objectivo a respecti-va certificação e que seriam um factoracrescido de competitividade empre-sarial. Julgamos que este aspecto éuma falha relevante na ENSST.

Um outro aspecto que consideramosnão constar na ENSST tem a ver coma utilização dos documentos norma-tivos, quer como referenciais paracomponentes materiais do trabalho(por ex. produtos, sejam ou não do tipo"nova abordagem”), quer como refe-renciais para apoio a estratégias degestão do risco (por ex. no domínio daHigiene do Trabalho).

Para a indústria da Fundição, a con-cretização destas medidas poderá serum factor bastante relevante na adap-tação e melhoria de algumas práticasactuais que possam concorrer para adiminuição dos níveis de risco.

Desenvolvimento da ENSST

No âmbito do desenvolvimento daENSST 2008-2012 a ACT prevê aelaboração de planos de acção anuais,a aprovar pelo Conselho Consultivopara a Promoção da Segurança e doTrabalho. Ocorrerá uma avaliaçãointermédia da ENSST a 31 deDezembro de 2009 e uma avaliaçãoglobal após 31 de Dezembro de 2012,data de conclusão da respectiva apli-cação.

Conclusões

A análise do enquadramento e conteú-do da ENSST 2008-2012, não con-siderando eventuais resultados deuma continuada reflexão, permitemconcluir:

1 A ENSST 2008-2012 constituiuma estratégia nacional articuladacom a Estratégia Comunitária paraa Saúde e a Segurança no Trabalho2007-2012

2 A ENSST 2008-2012 apresentaum conjunto de 10 objectivosoperacionais que se desdobrampor 59 medidas. Onze dessas medi-das, integrando 4 objectivos, repre-sentam aspectos que têm uma apli-cação directa nas empresas,podendo contribuir de forma objec-tiva para melhorias da SST

3 A ENSST 2008-2012 não contémmedidas claras para a implemen-tação da Gestão do Risco e seusprocessos como base instrumentalna estratégia empresarial da pre-venção dos riscos profissionais

4 A ENSST 2008-2012 não contémmedidas claras para a utilizaçãodos Sistemas de Gestão da SSTcomo ferramenta para o desen-volvimento de actividades da SST,para o cumprimento dos requisitoslegais e para a melhoria dos níveisde risco profissional

5 A ENSST 2008-2012 não contémmedidas para a revogação de legis-lação obsoleta da SST em vigor

6 A ENSST 2008-2012 não contémmedidas de divulgação, promoção eutilização da Normalização comoferramenta de apoio à SST, quer noaspecto dos produtos enquantocomponentes materiais do traba-lho, quer no aspecto de aborda-gens técnicas aplicáveis a riscosespecíficos, como na Higiene doTrabalho (normalização existente eem elaboração)

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Objectivo 1 - Desenvolver e consolidar uma cul-tura de prevenção entendida e assimilada pelasociedade1.1 Realizar inquérito nacional às condições

de trabalho1.2 Conceber e implementar campanhas de

consciencialização e sensibilização daopinião pública

1.3 Revalorizar o Dia Nacional da Prevençãoe Segurança no Trabalho

1.4 Dar projecção adequada às iniciativas daSemana Europeia da Segurança e Saúdeno Trabalho

1.5 Meios de comunicação como elo essen-cial entre a Administração Pública e ogrande público

1.6 Dinamizar o desenvolvimento de progra-mas de prevenção de riscos profissionaisno âmbito da administração pública cen-tral, regional e local

1.7 Desenvolver programas de prevenção emmeio laboral para combater o alcoolismoe outras toxicodependências

Objectivo 2 - Aperfeiçoar os sistemas de infor-mação no domínio da SST2.1 Reestruturação do sistema estatístico de

acidentes de trabalho e doenças profissio-nais

2.2 Criação de modelo único de participaçãode acidentes de trabalho e mapa deencerramento de processos

2.3 Recolher, tratar e disponibilizar infor-mações sobre acidentes de trabalho edoenças profissionais, através da ACT

2.4 Assegurar efectivo diagnóstico dasdoenças profissionais

Objectivo 3 - Incluir, nos sistemas de edu-cação e investigação, abordagens no âmbitoda SST3.1 Reforçar a inclusão de matérias referen-

tes a segurança e saúde na aprendiza-gem efectuada a partir do 1º ciclo básico

3.2 Apoiar a formação de professores, noâmbito da segurança e saúde e a pro-dução de conteúdos e de materiaispedagógicos

3.3 Promover ao nível do ensino profissional ainclusão de conteúdos curriculares repor-tados à especificidade da prevenção dosriscos profissionais

3.4 Dinamizar a consolidação da integraçãodos conteúdos de segurança e saúde nasestruturas curriculares dos cursos delicenciatura

Objectivo 4 - Dinamizar o Sistema Nacional dePrevenção dos Riscos Profissionais4.1 Promover a troca de informações perti-

nentes no domínio da segurança e saúdeentre as entidades que integram aRNPRP

4.2 Divulgar informação sobre as entidadesintegrantes da RNPRP

Objectivo 5 - Melhorar a coordenação dosserviços públicos que exercem competênciasno domínio da SST

5.1 Definir e implementar mecanismos dearticulação em rede entre os serviçoscom competências na SST

5.2 Promover estreita colaboração entre asestruturas da Administração Pública doContinente e das Regiões Autónomas

Objectivo 6 - Concretizar, aperfeiçoar e simpli-ficar normas específicas de SST6.1 Revisão do Código do Trabalho e sua re-

gulamentação, simplificando e clarificandoas normas relativas a SST

6.2 Ratificação da Convenção 167 e adopçãoda Recomendação 175 (OIT)[Construção]

6.3 Ratificação da Convenção 184 e adopçãoda Recomendação 192 (OIT) [Agricultura]

6.4 Ratificação da Convenção 187 e adopçãoda Recomendação 197 (OIT) [Quadro pro-mocional para a SST]

6.5 Conclusão da elaboração do Regulamentoda ST para os empreendimentos da cons-trução

6.6 Conclusão das normas definidoras doexercício da Coordenação de Segurançana construção

6.7 Elaboração de normas específicas de SSTpara o sector da agricultura

6.8 Revisão das normas existentes e elabo-ração de normas específicas da SST parao sector das pescas

Objectivo 7 - Implementar o modelo orgânicoda ACT7.1 Implementar o modelo orgânico da ACT

em todo o país, com dinamização dasáreas de intervenção

7.2 Reforçar os meios humanos

Objectivo 8 - Promover a aplicação efectiva dalegislação da SST, em especial nas pequenasempresas8.1 Gestão do risco em pequenas empresas

(<10 pessoas; sem risco elevado)8.2 Disponibilização de manuais de auto-ava-

liação (designadamente para empresasda medida 8.1)

8.3 Publicação de "Guias de aplicação"(Pequenas e micro-empresas)

8.4 Disponibilizar informação técnica sobre aaplicação da legislação da SST (em parti-cular para as pequenas, médias e micro--empresas)

8.5 Concretizar os objectivos da Resoluçãoda AR 24/2003, relativa ao amianto

8.6 Elaborar Guias Técnicos relativos a opera-ções em que o amianto possa estar pre-sente (cumprimento da legislaçãorecente sobre amianto)

8.7 Regular o processo de certificação deempresas para intervirem nos trabalhosde remoção do amianto

8.8 Consagrar as acções preventivas einspectivas adequadas, nos planos deactividade da ACT, para cumprimento dasnormas de SST

Objectivo 9 - Melhorar a qualidade daprestação dos serviços da SST e incrementar

a competência dos respectivos intervenientes9.1 Privilegiar e incentivar os serviços inter-

nos da SST9.2 Estabelecer incentivos à formação de tra-

balhadores para exercício da função "tra-balhador designado"

9.3 Promover alteração legislativa paraagilizar os procedimentos relativos aserviços externos

9.4 Desenvolver processo de auditoria e deacompanhamento dos serviços externosde SST

9.5 Reforçar as auditorias aos cursos de for-mação em SST homologados pelo IDICT eISHST

9.6 Estabelecer programas de auditorias aosserviços internos da SST

9.7 Definir planos de visitas inspectivas aosserviços internos da SST das empresas

9.8 Conceber e implementar um sistema deavaliação da qualidade dos serviços deSST

9.9 Proceder à simplificação do relatórioanual das actividades da SST

9.10Incentivar e apoiar financeiramente a for-mação de técnicos superiores de SHT

9.11Avaliar a organização e duração da for-mação

9.12Restringir a formação de técnicos supe-riores da SHT a estabelecimentos deensino superior e outras entidadesidóneas

9.13Articulação eficaz entre a ACT e a DGS9.14Dinamizar e apoiar a formação de

Médicos do Trabalho9.15Elaborar guias gerais ou sectoriais para

as actividades de vigilância da saúde dostrabalhadores

9.16Promover a formação de jovensempresários em matéria de SST e gestãoda segurança nas PME

Objectivo 10 - Aprofundar o papel dos par-ceiros sociais e implicar empregadores e tra-balhadores na melhoria das condições de tra-balho e bem-estar nos locais de trabalho10.1Institucionalizar mecanismos de concer-

tação social sectorial, a implementar nossectores de maiores índices de sinistrali-dade: construção, agricultura, trans-portes, entre outros

10.2Dinamizar a constituição de comissõesparitárias para a promoção da SST, aimplementar nas grandes obras

10.3Incentivar a introdução de matérias daSST na negociação colectiva

10.4Proceder ao acompanhamento, atravésdo CNHST, da implementação dos acor-dos estabelecidos no âmbito do diálogosocial europeu, nas matérias de SST

10.5Promover, incentivar e apoiar financeira-mente a formação dos trabalhadoresdesignados para o exercício das activi-dades de SST nas pequenas e micro--empresas, bem como para represen-tantes dos trabalhadores

10.6Reequacionar e clarificar as formas departicipação dos trabalhadores nodomínio da SST

Medidas da ENSST 2008-2012

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Margarida Nunes

HOMO APREENDIS

AApprreennddeerr HHoojjee

Vivemos hoje no Admirável MundoNovo da Informação, onde esta flui auma velocidade impensável há algunsanos atrás. Uma catástrofe, uma revo-lução, uma descoberta ou outros acon-tecimentos que, ainda há bem poucotempo, só se divulgavam ao fim devárias semanas ou de vários meses,são agora imediatamente conhecidos,ou mesmo vividos, por espectadoresou ouvintes de uma grande parte doplaneta, em tempo real.

A par do volume de informação disponí-vel, a capacidade ao nível das comuni-cações é cada vez maior, permitindo asua difusão a grande velocidade e acustos mais reduzidos.

Este cenário coloca novos desafios aosindivíduos no que se refere à utilizaçãodo fluxo informativo disponível, dadoque a informação ou o acesso àmesma pouco significado têm se não

forem aplicados e transformados emconhecimento. Feuerstein (1996)enfatiza esta ideia quando nos diz que"mais importante que conhecer ésaber o que fazer com esse conheci-mento e estar pronto para aprendertodos os dias".

A sociedade do presente, para além deestar dependente do desenvolvimentotecnológico, das comunicações e demáquinas mais ou menos"inteligentes", está na dependência depessoas que, mediante estes meios,consigam aprender e partilhar infor-mação e conhecimento.

Neste contexto, as empresas do pre-sente que pretendam ter um lugar nofuturo necessitam de investir emsoluções de aprendizagem, conferindoestabilidade profissional às equipas deprofissionais que as integram e asse-gurando a sua competitividade no mer-

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A sociedade do presente,para além de estar depen-dente do desenvolvimento

tecnológico, das comuni-cações e de máquinas

mais ou menos"inteligentes", está na

dependência de pessoasque, mediante estes

meios, consigam aprendere partilhar informação e

conhecimento.

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cado. Segundo Toffler (1974), "os anal-fabetos do futuro são aqueles que serecusem a aprender, reaprender evoltar a aprender" e, consequente-mente, aos operadores do mercado naárea da formação cabe o papel deoferecer soluções de aprendizagemque possibilitem este aprender perma-nente.

É neste contexto que surgem empre-sas prestadoras de serviços na área doe-Learning, proporcionando oportu-nidades formativas e ambientes deaprendizagem à medida das necessida-des e contexto dos seus Clientes.

Estas soluções são equacionadastendo em conta a caracterização dopúblico ao qual se destina, o conteúdo eo perfil tecnológico da organização naqual este se insere. Esta caracteriza-ção inclui aspectos como a faixa etáriapredominante no grupo, os estilos deaprendizagem, os conhecimentos queo formando tem das temáticas a abor-dar, a relação afectiva com os conteú-dos, a familiaridade com as tecnologiasde informação e a possibilidade deacesso às mesmas.

Após a análise ao contexto do apren-dente, segue-se a definição da estraté-gia adequada aos requisitos do Cliente,sendo especificados os passos suces-sivos a executar para atingir os objec-tivos traçados.

A estratégia assumida pode incluir con-textos de aprendizagem totalmente adistância, suportados pela utilização dopotencial da Internet ao serviço da for-mação, ou contextos mistos, onde opotencial das tecnologias de infor-mação e comunicação se une à for-mação convencional.

Definidas as especificações do projec-to, parte-se para a concepção dosrecursos multimédia, tendo como prin-cipal requisito a facilidade de manipu-lação por parte do formando, a possibi-lidade de registo do posicionamento do

mesmo nos conteúdos e a capacidadede implementação em sistemas degestão da formação distintos.Concluído o desenvolvimento dos con-teúdos, os mesmos são alojados nainfra-estrutura tecnológica e testadospor uma amostra do público-alvo. Esteteste-piloto tem por objectivo verificarse o conteúdo produzido cumpre osrequisitos definidos para o utilizador,integrando-o no ciclo de criação dosmateriais pedagógicos.

Segue-se a disponibilização massivados conteúdos, segundo as parame-trizações da metodologia pedagógicadefinida. O roll-out do curso é concerta-do com uma estratégia de comuni-cação, envolvendo o público-alvo erespectivas hierarquias no processo deformação.

No final do projecto de e-Learning, paraalém de se avaliar a aprendizagem e asatisfação dos formandos, avalia-se oretorno do investimento na solução deaprendizagem. Numa lógica de melho-ria contínua, são introduzidas melho-rias sempre que os resultados da ava-liação apontem para essa necessidade.

A introdução do e-Learning apresenta--se, desta forma, como uma alternativaou complemento aos modelos conven-cionais de formação, com capacidadede resposta a diversos tipos de neces-sidades, contribuindo para:

Promover a oferta de serviços àmedida das necessidades específi-cas do mercado

Alargar a oferta formativa a umgrande número de formandos, acustos reduzidos

Criar novos métodos de trabalhomais abertos e que envolvam parti-lha de experiências

Compatibilizar melhor a aprendiza-gem com uma actividade profissio-nal ou com a vida familiar

Personalizar o processo de ensino ede aprendizagem

Reduzir, de forma significativa, oscustos e o tempo desperdiçado emdeslocações.

Em contraste com o conjunto de vanta-gens atrás enumeradas, existe umasérie de factores menos positivos quesurgem associados à utilização do e--Learning:

Necessidade de investimento inicialem infra-estruturas técnicas (hard-ware, software e comunicação)

Necessidade de alterar práticas detrabalho tradicionais - o que implica,frequentemente, dificuldade deadaptação a esta metodologia, naqual o formando tem de assumiruma atitude eminentemente activae que enfatize a partilha de expe-riências, num contexto profissionalem que a competição impera

Eventuais problemas técnicos noacesso aos conteúdos - com origemem questões relacionadas com ohardware, o software ou as comuni-cações

Sentimentos de isolamento naaprendizagem - originados pela faltada componente humana, dado queeste tipo de metodologia não pro-porciona a relação humana típicada formação presencial

Dificuldade na gestão de eventuaisconflitos - na medida em que não hápossibilidade de gestão imediata dereacções imprevistas

Reduzida confiança neste tipo deestratégias educativas - comorigem na associação frequente aoensino por correspondência, "co-mercial" e sem objectivos pedagógi-cos, e na recente utilização do e--Learning em Portugal.

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No final do ano de 2000 decorria a últi-ma fase da intervenção do ISQ na ope-ração da Mudança de Gás de Lisboa,com a participação de uma equipa demais de uma dezena de Técnicos dedi-cados ao Controlo de Qualidade e àInspecção dos trabalhos de substitui-ção das redes de abastecimento, dis-tribuição e utilização do gás de cidadepelas do gás natural.

Nessa altura, o ISQ reforçou a regiona-lização das suas actividades, até entãoasseguradas com a deslocação deTécnicos a partir da Sede e daDelegação Norte, com a criação dePólos situados em diferentes regiõesque apresentavam um potencial dedesenvolvimento e permitiam o aprovei-tamento das competências técnicas jáadquiridas, com vantagens para osclientes, por permitir uma actuaçãomais próxima, mais célere e, portanto,mais eficaz.

Viseu, Braga, Castelo Branco e a regiãodo Algarve foram os locais escolhidospara o desenvolvimento dessa estraté-gia.

Em relação ao Sul, o ISQ tinha umaainda muito fraca penetração naregião, realizando aí apenas trabalhospontuais, nomeadamente na análise deprojectos e na inspecção de redes deutilização de gás, para os quais deslo-cava dois técnicos da Sede, um dia por

semana.

Em Julho de 2001 o ISQ decidiu colo-car, em permanência, um Técnico daárea do Gás no Algarve. O trabalhodesenvolvido por este Técnico, nummercado de difícil penetração, justificoua abertura do primeiro escritório doISQ, em Janeiro de 2002, situado emLoulé, o maior Concelho do Algarve.

Em 2003, foi necessária a admissãode mais dois Técnicos, para garantir arealização dos trabalhos que, com re-gularidade, empresas como a GáscanS.A., a BP, Repsol e Petrogal con-tratavam ao ISQ.

A aposta no crescimento da actividadeno Algarve, a partir desse momento,implicava uma diversificação dosserviços, pelo que o Núcleo deInspecções a Instalações Eléctricas ede Telecomunicações - NIIET -, sectoroperacional actualmente integrado naÁrea de Edificações, deu início, emNovembro de 2004, à realização deacções de sensibilização, dirigidas aosTécnicos Instaladores da Região.

Essas acções visaram a transmissãode conhecimentos sobre a interpre-tação e aplicação das normas definidasno Manual ITED - Infra-estruturas deTelecomunicações em Edifícios, e o seuformato essencialmente prático susci-

tou uma grande adesão por parte dosTécnicos Instaladores do Algarve etambém do Alentejo.

A partir daí, os Técnicos passaram arecorrer cada vez mais ao ISQ, querpara a avaliação da conformidade dosProjectos de ITED, quer para aCertificação das Instalações, consoli-dando assim estas actividades no Pólode Loulé e permitindo o seu crescimen-to sustentado.

Em finais de 2006, a Área deMetrologia, que vinha desenvolvendotrabalho na Região, mas a partir daSede, em Oeiras, decidiu também alo-car Técnicos ao Pólo de Loulé, facilitan-do assim a sua actuação ao nível daMetrologia Legal e o alargamento doâmbito de actividade à MetrologiaIndustrial.

Hoje, o Pólo de Loulé conta com 15pessoas, da Área de Edificações e daÁrea da Metrologia.

No final de 2008 foram inauguradasnovas instalações, num espaço comdimensão apropriada à continuação docrescimento da actividade do ISQ naregião, permitindo o alargamento dosserviços a disponibilizar e a apresen-tação de soluções globais e integradaspara a satisfação das necessidadesdos clientes.

António João Miguel

EDIFICAÇÕES

PPóólloo ddee LLoouulléé

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A segurança dos produtos que con-sumimos é hoje uma preocupaçãotransversal, partilhada por todos nós,um tema sempre em foco e em cons-tante debate. Nesta área de activi-dade, a contínua inovação tecnológica eo crescente nível de exigência, porparte de todos os intervenientes nacadeia alimentar, impõem aos laborató-rios um grande dinamismo e cons-tante desenvolvimento, bem como a ne-cessidade de implementação de novosmétodos de ensaio.

Para a determinação de pesticidas, oslaboratórios deparam-se com desafiosque têm de ser ultrapassados, sendoos mais relevantes:

a necessidade de equipamentosofisticado e tecnologia de ponta,dada a exigência cada vez maiorpara a detecção de níveis muitobaixos dos compostos de interessea exigência de analistas altamentequalificadostempos de análise muito morosos(preparação da amostra, extracçãodos compostos de interesse damatriz, purificação, detecção equantificação)a necessidade de actualização cien-tífica permanentedisponibilidade para investimentosextremamente elevados.

Irei referir as principais etapas dosmétodos de ensaio para determinaçãode resíduos de pesticidas, dando espe-cial destaque a técnicas emergentescomo a extracção sorptiva em barra deagitação (SBSE) e a análise croma-tográfica por cromatografia líquida dealta resolução acoplada a um espec-trómetro de massa Triplo Quadrupolo(Triplo Quadrupolo LC-MS/MS).

Extracção dos compostos de interesseÀ análise cromatográfica estão asso-ciadas diversas etapas parapreparação das amostras, dependendo

do tipo de matrizes e analitos em estu-do, nomeadamente compostosvoláteis, semi-voláteis ou não voláteis.

Estas etapas podem incluir extracçãoou enriquecimento dos analitos damatriz, processos de filtração, limpeza,concentração e, em certos casos,derivatização, tendo em conta todas asvantagens intrínsecas a cada sistemaanalítico em particular.

São usadas variadas técnicas paraextrair os compostos de interesse damatriz da amostra, de modo a obter a

e f i -

ciência máxima de extracção dos resí-duos e a mínima co-extracção de quais-quer substâncias que possam originarinterferências na determinação.

O principal objectivo dos métodos depreparação de amostras é a transfe-rência dos compostos-alvo da matriznuma forma mais adequada paraintrodução no sistema cromatográfico.Podem ser usadas técnicas deextracção líquido-líquido (LLE), extrac-ção em fase sólida (SPE), micro--extracção em fase sólida (SPME) e,mais recentemente, a extracção sorpti-

LABIAGRO

MMoonniittoorriizzaaççããoo ddee ppeessttiicciiddaass eemm áágguuaassppaarraa ccoonnssuummoo hhuummaannoo ee aalliimmeennttooss

Cristina Tendinha

Figura 1 - Stir Bar Sorptive Extraction (SBESE)

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va em barra de agitação (SBSE - StirBar Sorptive Extraction), baseadanuma nova metodologia de enriqueci-mento (extracção), utilizada paraanálise de inúmeros compostos orgâni-cos.

A SBSE (Figura 1) consiste numa barrade agitação revestida por um filme empolidimetilsiloxano (PDMS), colocadadirectamente na amostra sob agitação,de modo a promover o movimento derotação na matriz líquida e a extracçãodos compostos de interesse.

A barra é retirada da amostra, intro-duzida num tubo de vidro e colocadanuma unidade de dessorção térmica(TDU) acoplada a um injector de vapo-rização a temperatura programada(PTV). Os analitos são termicamentedessorvidos e criofocados, sendo deseguida analisados por cromatografiagasosa capilar hifenada a um espec-trómetro de massa (GC-MS).

A eficiência da extracção dos analitos édescrita pelos respectivos coeficientesde partição octanol - água (Ko/w), uma

vez que esta é uma medida da polari-dade dos compostos orgânicos. A efi-ciência de recuperação é influenciadapelo tempo de extracção, velocidade deagitação, força iónica, temperatura epH.

Esta técnica apresenta inúmeras van-tagens, das quais salientamos: isençãode solventes orgânicos tóxicos solvent-less, rapidez, fácil manipulação, requerreduzida quantidade de amostra, é alta-mente sensível e possibilita automatiza-ção da instrumentação analítica detopo.

Purificação

Este passo consiste na eliminação desubstâncias interferentes do extractoda amostra, com a finalidade de seobter uma solução dos resíduos extraí-dos num solvente adequado à determi-nação pelo método seleccionado.Uma técnica muito utilizada pela suaeficácia e aplicabilidade é a cro-matografia de permeação em gel(GPC). É uma técnica separativa de

exclusão molecular, na qual a amostrapassa por uma coluna que contém umgel de poliestireno que apresentaporosidade variável e sítios activos quepromovem a distribuição das molécu-las entre as fases móvel e estacionária,permitindo a eliminação de moléculasinterferentes.

Detecção, quantificação e confirmação

Para análise de resíduos de pesticidassão usadas várias técnicas cro-matográficas, nomeadamente: cro-matografia gasosa (GC), cromatografialíquida de alta resolução (HPLC) e estastécnicas hifenadas à espectrometriade massa GC-MS e LC-MS/MS, respec-tivamente.

Essas técnicas constituem poderosasferramentas analíticas cuja principalfinalidade é a separação de compostosde misturas complexas, permitindo aidentificação e quantificação de com-postos puros e desconhecidos.

Cromatografia em fase gasosaPode ser usada para análise das dife-rentes classes químicas de pesticidasrecorrendo, para tal, a detectoresselectivos, tais como:

Detector de azoto fósforo (NPD)Este detector é altamente sensívele é fundamentalmente usado para aanálise de compostos de azoto oufósforoDetector micro-cell de captura elec-trónica (µ-ECD)É utilizado na análise de traços eescolhido para a determinação deresíduos de pesticidas halogenados,principalmente cloradosDetector fotométrico de chama(FPD)Habitualmente usado para análisede compostos organofosforados esulfurados

Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (GC-MS)A cromatografia gasosa capilar acopla-

da à espectrometria de massa (GC-MS)é muito útil na identificação e quantifi-cação de compostos puros e desco-nhecidos, confirmação da massamolecular de compostos e caracteriza-ção da estrutura através dos dadosespectrais. Esta técnica combina a se-paração cromatográfica e a infor-mação espectral, resultando na infor-mação analítica a três dimensões, qua-litativa e quantitativa.

Figura 5 - Fonte iónica ESI (2)

Figura 2

Figura 3

Figura 4

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Os resultados obtidos por espectrome-tria de massa (MS) constituem a provamais conclusiva da confirmação/identi-ficação dos pesticidas encontrados naamostra.

O processo MS compreende trêsfases:

Ionização na fonte - São criados iõesem fase gasosa. Destacamos osmodos de ionização por impactoelectrónico (EI) e ionização química(CI)Analisador de massa - Separam-seiões m/z no espaço e no tempo,sendo o quadrupolo o analisadormais comumDetecção - Nesta fase mede-se aquantidade de iões m/z.

Existem dois modos de operação: modode varrimento contínuo (full-scan),usado principalmente para identifi-cação de compostos, e modo SIM, ouseja, monitorização de iões selecciona-dos, particularmente usado na quantifi-cação de compostos por ser mais sen-sível e selectivo.

Cromatografia Líquida de Alta ResoluçãoUma outra técnica separativa que per-mite identificar e quantificar os com-postos-alvo é a cromatografia líquida dealta resolução (HPLC) com detectoresde Diode Array (DAD) e fluorescência(FLD).

Cromatografia líquida de alta resolução acoplada a um espectrómetro de massa - TriploQuadrupolo LC-MS/MSEsta técnica tem sido recentementeutilizada para determinação de resídu-os de pesticidas, permitindo limiares dedetecção extremamente baixos.

Em que consiste e como funciona umespectrómetro de massa TriploQuadrupolo?

Após separação por HPLC, a amostraé bombeada para o espectrómetro demassa Triplo Quadrupolo que consistenuma fonte iónica externa que trabalha

em modo de ionização electrospray(ESI), na qual se dá a nebulização e des-solvatação da amostra (Figura 5).

Segue-se um sistema óptico de iõesque transfere os iões para o primeiroquadrupolo posicionado à direita dafonte.

O quadrupolo é constituído por quatrohastes hiperbólicas paralelas, atravésdas quais os iões seleccionados são fil-trados antes de chegarem à célula decolisão onde são fragmentados. A célu-la de colisão é tipicamente chamada desegundo quadrupolo, mas, neste caso,geometricamente é um hexapolopreenchido com azoto, o mesmo gásque é usado na fonte iónica.

Os fragmentos de iões (Figura 6) for-mados na célula de colisão são depoisenviados para o terceiro quadrupolo,por um segundo passo de filtração deiões que permite ao operador isolar eanalisar ao pormenor um ião precursore um ião filho (product ion).

Representando o analisador de massaquadrupolo como correias em anda-mento, a célula de colisão pode sercolocada entre as correias para frag-mentar os iões. A primeira correiapode ser fixa, para seleccionar qual oião precursor que é transportado paraa célula de colisão. A célula de colisãorepresenta outro quadrupolo, indepen-dentemente da sua geometria, e énecessário um gás de colisão inerte,não reactivo, como o azoto. A voltagemaplicada na célula de colisão deve serdiferente daquela aplicada nosquadrupolos, para melhorar o movi-mento de todos os "iões filhos" emdirecção ao terceiro quadrupolo.

O ião precursor é seleccionado atravésdo primeiro quadrupolo e é enviadopara a célula de colisão para fragmen-tação (Figura7). Os fragmentos sãovarridos através do terceiro quadrupo-lo resultando num varrimento dos iõesfilhos (product ions) .

Desde que os iões fragmentados cons-tituam parte de um precursor, repre-sentam porções da estrutura completada molécula precursora.

Um espectrómetro de massa TriploQuadrupolo pode ser usado destaforma para identificação e quantifi-cação de compostos, nomeadamenteestudo das suas "impressões digitais"(Figura 4).

Bibliografia

(1) - Manual do equipamento da Gerstel"Operation Manual Twister Desorption UnitTDU"(2) - Manual do equipamento "Agilent 6410Triple Quad LC/MS Concepts Guide"(3) - Manual do equipamento Agilent"Hardware Manual 5973 Mass SelectiveDetector"(4) - C. Almeida, P. Rosário, P. Serôdio,J.M.F. Nogueira "Novas perspectivas napreparação de amostras para análise cro-matográfica"

Figura 6 - Triplo Quadrupolo (MS)

Figura 7 - Modo de funcionamentoTripo Quadrupolo

Figura 8

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Eng.º GGuimarães LLobato

Foi com grande mágoa que tomámosconhecimento do falecimento do Sr.Eng.º Luís Maria Nolasco deGuimarães Lobato, a 4 de Janeirodeste ano.

O ISQ, que teve a honra de o ter comoPresidente do Conselho de Adminis-tração entre 1981 e 2001, durantequase dois terços da existência doInstituto, num período que foi caracteri-zado pela transformação do ISQ nagrande organização e importante infra--estrutura tecnológica que hoje conhe-cemos, não poderia deixar de recordaro seu notável contributo para essedesenvolvimento.

Com uma carreira profissional que seprolongou por 60 anos, iniciada nosanos 30 do século passado, após aLicenciatura no Instituto SuperiorTécnico, instituição onde, mais tarde,foi Professor Catedrático, o Eng.ºGuimarães Lobato começou a colabo-rar com o Eng.º Duarte Pacheco - pormuitos considerado a mais proemi-nente figura do século vinte na áreadas Obras Públicas - na CâmaraMunicipal de Lisboa, onde veio aexercer, entre outras funções, as deDirector de Urbanização e de Vice--Presidente.

Como técnico, o Eng.º GuimarãesLobato participou na elaboração deprojectos que ficaram na história daInovação Tecnológica da EngenhariaCivil portuguesa. São exemplo os ve-lhos Hangares do Aeroporto de Lisboa,os Armazéns do Porto de Lisboa, bemcomo a participação importante queteve na construção da Barragem deCastelo de Bode, a primeira obra por-tuguesa com dimensão no ramo daenergia hidráulica.

Teve um papel preponderante nasmais emblemáticas obras de Urbaniza-

ção e Transportes realizadas naRegião de Lisboa - lançamento dosBairros dos Olivais, cobertura doCaneiro de Alcântara, planeamento doBairro de Alvalade, coordenação dosestudos do Metropolitano, planeamen-to de obra, acessos e ligações fer-roviárias da 1ª Ponte sobre o Tejo emLisboa.

Foi Presidente do Conselho Directivodo GEPT - Gabinete de Estudos ePlaneamento de Transportes Terres-tres - onde, entre muitos outros traba-lhos, se produziram os Planos deTransportes Rodoviários e Ferroviáriosdo país, tendo presidido, nos anos 60,ao Grupo de Política de Transportes naEuropa, função para a qual foi anual-mente eleito, durante dez anos, pelosseus pares europeus.

Colaborador próximo do Dr. AzeredoPerdigão no lançamento da FundaçãoCalouste Gulbenkian, é da sua respon-sabilidade a escolha dos terrenos paraa instalação da Fundação e a coorde-nação dos projectos e da construçãoda instituição de que foi Administradordurante trinta anos, com intervençãointensa nos domínios da Gestão, noInstituto de Ciência, no lançamento deobras financiadas pela Fundação noestrangeiro, etc.. Paralelamente foimembro destacado do ConselhoSuperior de Obras Públicas.

Sempre atento ao mundo dasInovações Tecnológicas, no início dosanos 70 lançou o projecto de um novohotel capaz de acompanhar o lança-mento dos aviões de grande capaci-dade então aparecidos, os Jumbo.Assim nasceu, com o apoio do Eng.º

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Alfredo Vaz Pinto, a empresa SOTEIS eo novo Hotel Penta - hoje Marriot.

As questões relacionadas com aFormação Académica e Profissionalestiveram sempre no centro dos seusinteresses, tendo apoiado centenas dequadros e dirigentes portugueses nocomplemento das suas formações eespecializações no estrangeiro, emescolas e empresas mais avançadas.Colaborou intensamente no lançamen-to da Universidade Católica, à qual deuo seu apoio durante dezenas de anos.Como reconhecimento desta sua dedi-cação foi agraciado com o Doutora-mento Honoris Causa por estaUniversidade.

No processo que conduziu à primeiraeleição e escolha do Eng.º GuimarãesLobato para presidir ao ISQ foi determi-nante o facto de se tratar de uma figu-ra nacional, com sólido prestígio, cujasimples presença desde logo seria ogarante de Qualidade e Credibilidadedas actividades do ISQ, abrindo portas,facilitando contactos. A experiênciaconfirmou a bondade destes pressu-postos, mas mostrou também quantoeles eram redutores!

O contributo do Eng.º GuimarãesLobato foi, efectivamente, muito paraalém do que dele se esperava, traduzin-do-se num contributo inestimável parao sucesso conseguido, em particularna transformação do ISQ na maisimportante infra-estrutura tecnológicanacional e no desenvolvimento deimportante actividade também noplano internacional.

O que é hoje o ISQ, o seu imparávelcrescimento, só foi possível graças atrês factores-chave: Inovação, Criativi-dade, Internacionalização. E esta trilo-gia, esta modernidade, será talvez oque melhor caracterizou a personali-dade profissional do Eng.º GuimarãesLobato.

Sem esta postura, a evolução verifica-da no ISQ - diversificação das activi-dades, criação de empresas partici-padas, internacionalização, o esforçode Investigação e Desenvolvimento,etc. - teria estado em risco.

Durante o período em que o Eng.ºGuimarães Lobato presidiu aoConselho de Administração, órgão degestão então não remunerado, o ISQdeixou de ser uma pequena organiza-ção focada na tecnologia da Soldadura,operando quase exclusivamente nosdomínios da Formação e da Inspecçãoe com uma expressão territorial confi-nada às regiões de Lisboa, Sines ePorto. Passou a ser uma grande orga-nização, multifacetada em todos osdomínios da prestação de ServiçosTécnico-Científicos à Indústria, siste-maticamente suportados naFormação Profissional e naInvestigação, em áreas de forte con-teúdo tecnológico, com expressão emtodo o território nacional e com umaactividade muito significativa a nívelinternacional - Europa, América do Sul,África e Ásia.

O ISQ é um excelente exemplo do que épossível conseguir com a filosofia doTeam Work. É neste quadro queemerge a figura do Eng.º GuimarãesLobato, que deu o exemplo da sua

visão e experiência no entendimentoperfeito do que é o trabalho de equipa.

É de realçar a sua capacidade de dele-gar sem nunca renunciar ao assumirdas responsabilidades daí decor-rentes, a sua total solidariedade com aentão Direcção Geral nos momentosde maiores dificuldades, o estímulopermanente, o encorajar a autonomiade acção.

O Eng.º Guimarães Lobato foi, sobretu-do, um Homem Solidário, Generoso,devotado ao Bem Comum, Amigo doseu Amigo, que soube sempre motivar,enriquecer as relações humanas e,acima de tudo, que se preocupou per-manentemente em acompanhar a vidado Instituto, estar sempre informado,disponível e cooperante, enquadrandomuitas das iniciativas tomadas pelaentão Direcção Geral.

Dias Miranda(Presidente do Conselho

de Administração do ISQ)

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ISQ – Parceria Técnica com o INAG

A Área de Desenvolvimento Sustentável do ISQ, mais concreta-mente o Sector de Ambiente, vai iniciar uma parceria técnica como INAG, a entidade nacional responsável pela Água no nosso País,em termos ambientais e de gestão do domínio público hídrico.

A colaboração do ISQ será feita no âmbito do QREN - POVT –Plano Operacional de Valorização do Território – Eixo Prioritário II(Rede Estruturante de Abastecimento de Água e Saneamento) econsistirá na prestação de serviços de apoio técnico na aprecia-ção de Candidaturas aos Sistemas de Incentivos deste Quadro.

O ISQ será responsável pela verificação do cumprimento legal decada candidatura, face aos requisitos do POVT, bem como pelaanálise em relação ao cumprimento dos objectivos do PEAASARII – Plano Estratégico de Abastecimento de Águas e Saneamentode Águas Residuais – 2007-2013.

Em apreciação estarão cerca de vinte e cinco DEE - Documentosde Enquadramento Estratégico Nacional, dos quais devem cons-tar: descrição das infra-estruturas existentes e do seu estado fun-cional, as expansões e ampliações previstas, a eventual inte-gração em planos de abastecimento de água ou de saneamentode águas residuais, os custos estimados de investimento e explo-ração, o cronograma previsto para a implementação e uma ava-liação económica e financeira dos projectos.

Serão ainda avaliadas cerca de cem candidaturas apresentadas,maioritariamente, por entidades gestoras de águas e de sanea-mento, com propostas técnicas e financeiras que visam a melho-ria das redes de saneamento e abastecimento de água emPortugal.

Inauguração da Escola de Soldadura emSines

No dia 16 de Março o ISQ inaugurou, na Delegaçãode Sines, mais uma Escola de Soldadura. À seme-lhança das Escolas de Oeiras e Carvalhos, é realiza-da formação prática em processos de soldadura ecorte em SER, TIG, MIG/MAG e a respectiva qualifi-cação dos formandos como soldadores. A inaugu-ração contou com a presença de alguns membrosdo Conselho de Administração do ISQ.

Mestrado em Engenharia da Soldadura

No dia 20 de Março o ISQ assinou um protocolocom a Faculdade de Ciências e Tecnologia daUniversidade Nova de Lisboa para a implementaçãode um Mestrado em Engenharia da Soldadura.

A parte curricular deste Mestrado corresponde aoCurso de Pós-Graduação em Engenharia daSoldadura do ISQ, que segue as linhas de orientaçãoda directriz do IIW - IAB – 252 - 07 “Personnel withResponsibility for Welding Coordination”. As aulascorrespondentes a esta parte curricular doMestrado seguirão as regras do IAB/IIW e serãoleccionadas no ISQ.

A tese de Mestrado será feita sob a responsabilida-de da Faculdade de Ciências e Tecnologia daUniversidade Nova.

Os formandos aprovados obterão um diplomaEWF/IIW de Engenheiro Soldador, emitido pelo ISQ,e também um diploma com o grau de Mestre, emiti-do pela Universidade Nova.

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