sufismo-o mistério dos dervixes

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  • Sufismo: O Mistrio dos Dervixes

    pesquisa, tradues e texto: Ligia Cabus

    Enciclopdias e muitos autores definem

    o sufismo como uma seita mstica muulmana. Esse o primeiro equvoco controverso que

    alimenta o mistrio em torno dessa Irmandade to enigmtica. Fontes da Tradio afirmam

    que osufismo muitssimo mais antigo que o Isl. Tambm afirmam que suas doutrinas e

    prticas esto infiltradas em muitas religies, outras Irmandades, diferentes culturas e sua

    origem est situada milhares de anos no passado. Reivindicam um passado de 70 mil anos!

    Antes do Dilvio sumrio, do No-Gilgamesh.

    Os membros da Irmandade Sufi foram ou so conhecidos por nomes outros: Amigos da

    Verdade, os Construtores, os Mestres, [como os maons], Povo do Caminho [como os

    Essnios pr-Cristos] e muitas outras denominaes que circularam como sinnimas

    muito antes da religio muulmana ser inventada pelas elites rabes de meados do primeiro

    milnio, necessitadas de uma fora de coeso poltica que fizesse frente aos avanos

    territoriais e culturais da civilizao crist-ocidental.

  • A Irmandade j existia em Medina quando Muhammad, precursor do Isl, apareceu com seu

    discurso muito inflamado e mal articulado [no sculo VII d.C. anos 600]. Todavia, foi na

    poca do alvorecer do Isl que os Irmos Mestres Construtores adotaram a

    denominao Sufi, depois de um juramento de fidelidade causa muulmana em

    circunstncias semelhantes quelas que constrangeram o mestre Galileu no Vaticano e se

    retratar e admitir que o globo plano! Ou seja: Diga o que Eles querem e salve sua vida.

    O significado de Sufi [rabe: , tasawwuf; persa: Sufi gari] uma

    questo tem sido discutida pelos lingistas. A origem do termo incerta, entre o persa e

    aramaico, o rabe e o grego. So vrios os significados atribudos palavra: uma tnica

    semelhante de Jesus; puros; pela corruptela de shopia para significar sbios; contrao

    de Ain-Soph, da Cabala judaica - a Incognoscvel Sabedoria que compartilhada por todas

    as religies. O problema dos fillogos ocidentais compreender a face oculta escrita dos

    povos do Oriente Mdio e sia Menor. Os rabes, assim como os judeus, associam seus

    fonemas a nmeros permitindo uma complexa riqueza de significados em torno de uma s

    palavra. Em O Sobrenatural Atravs dos Tempos, Keep esclarece:

    A linguagem secreta dos antigos se baseava numa interessante correlao entre letras e

    nmeros... No idioma rabe havia mil equivalentes nmeros para diversos conjuntos de

    letras ou fonemas enquanto no idioma hebraico havia 400 nmeros equivalentes. Sendo

    assim, os rabes e os hebreus transformavam letras em nmeros e vice-versa, ocultando no

    texto determinada mensagens... [Em Os Sufis, Idries Shah Apud Keep 1924-1996

    indiano, descendente de afegos, mestre da tradio Sufi, explica]:

    [Analisemos] a misteriosa palavra Sufi... Decodificada [segundo a relao letras-nmeros,

    obtemos]: S=90; W=6 F=80; Y=10, [swfy]. Estas so as consoantes usadas na grafia da

    palavra. [Os nmeros somados totalizam 186. Decodificando temos centenas, dezenas e

    unidades: 100, 80, 6. Estes nmeros, so, por sua vez, associados aos seus equivalentes:

    100=Q, 80=F, 6=V]. Estas letras podem ser re-arrumadas de modos diversos para formar

    razes de trs letras [fonemas e monosslabos] em rabe, todas [os]indicativas [os] de

    algum aspecto do Sufismo. A principal interpretao FUQ, que significa: Acima

    transcendente. Em conseqncia disso, chama-se ao sufismo filosofia transcendente. Os

    sufis tambm so chamados dervixes.

    Tradio rabe de Origem Desconhecida Porm, os Sufis conseguem ser mais

    misteriosos que a metafsica Fraternidade Branca, com a qual, dizem, os sufis tambm

    mantm ligaes. Como mencionado acima, os Sufis so quase sempre associados ao Isl

    mas isso decorre do fato de que o encontro da mstica rabe mais antiga com a nova religio

    do pseudo-profeta Maom ou Muhammad [570-632 d.C] exigiu dos Adeptos o supra-sumo

  • da sabedoria diplomtica para manter suas tradies debaixo dos olhos repressivos do

    fanatismo muulmano.

    Embora a maioria das fontes insistam em datar o Sufismo como contemporneo ao Isl, a

    tradio registrada pelos estudiosos sempre negou esta relao. O Sufismojamais foi uma

    corrente mstica do Isl e tanto assim que os adeptos do sufismo foram, inmeras vezes e

    em diferentes pases perseguidos [e no raro, presos, castigados ou mortos] pelas

    autoridades islmicas. Sobre a sabedoria dos Sufis, Keep escreve:

    A coletnea de contos rabes chamada As Mil e Uma Noites escondem por trs de sua

    aparncia ingnua uma sabedoria milenar. Esta sabedoria conhecida pelo nome

    de sufismo, tradio de origem rabe desconhecida, mas que reconhece em Hermes

    Trimegisto e Zoroastro alguns de seus primeiros mestres. O sufismo no uma religio, mas

    o conhecimento existente em todas as religies. Por isso, seus praticantes, os Sufis,

    aceitam ler os textos sagrados de qualquer religio do passado que considerem verdadeira.

    Os Sufis constituem um grupo de estudiosos, que no tm ritual ou dogma, cuja tradio

    remonta a uma poca bem anterior de Cristo. [KEEP]

    Voltando ao mestre Idres Shah, ainda em Os Sufis, chama a ateno para a influncia do

    pensamento e das tcnicas sufistas, pouco notadas, no desenvolvimento da civilizao

    Ocidental ao longo dos sculos atravs de pensadores como Roger Bacon [1204-1294

    ingls, frade franciscano] e ocultistas, como Raimundo Lullo [Raymond Lully 1232-1315

    espanhol da ilha de Maiorca], So Joo da Cruz [1542-1591 frade carmelita, mstico

    espanhol].

    As Ordens Sufistas

    Triqas Na prtica o Sufismo abriga um diferentes Irmandades ou Ordens,

    chamadas Triqas. So inmeras essas Tariqas, consta que so 97 ordens e esto

    espalhadas em diferentes pases do norte e do leste da frica, como Somlia, Etipia,

    Mauritnia e, ainda, na Indonsia e Malsia, Afeganisto, Paquisto, Bangladesh, ndia,

    Curdisto, Rssia, Turquemenisto e nos Blcs. So algumas destas ordens mais

    destacadas:

    Ordem Chishti [do mestre Khaja Muin al-Din Chisti, afego radicado na ndia]

    Ordem Mevlevi atua na Turquia e Blcs [regio sudeste da Europa que inclui Albnia,

    Bsnia-Herzegovina, Kosovo, Bulgria, Grcia, Repblica da Macednia, Montenegro, Srvia].

    Em seus exerccios de dhikr [meditao] utilizam intensamente a msica e a dana. So os

    conhecidos Dervixes Rodopiantes.

  • Ordem Rifa'i [Rifaiyyah] presente no Egito, na Sria, em Kosovo e Albnia mas,

    tambm, em pases do Ocidente: EUA, Austrlia, Venezuela, Itlia alm de Marrocos, frica

    do Sul, Algria, Paquisto.

    Ordem Naqshbandi muito atuante nos EUA, Europa ocidental, sia Central, ndia e

    Sudoeste Asitico.

    Mas as Triqas no foram sempre uma regra na histria do Sufismo. Inspiradores de muitas

    Sociedades Secretas, durante milnios, os sufistas foram indiferentes instituio de

    Confrarias, templos ou qualquer outra referncia de identidade social, religiosa, civil. Eram

    simplesmente sbios, msticos envoltos na aura mstica dos personagens das lendas rabes.

    Respeitados por uma sabedoria publicamente reconhecida.

    Alguns, vivendo o dia-a-dia da sociedade, emprenhados em profisses das mais variadas

    porm sem jamais deixarem de ser buscadores da Verdade, do conhecimento de si-mesmos,

    do mundo, do Cosmos, de Deus. Outros, completamente desapegados das vertigens

    mundanas, optam pela solido, recluso, afastamento das confuses dos tempos.

    A organizao dos Sufistas em Ordens ou Triqas foi uma necessidade e um concesso aos

    avanos da civilizao. As primeiras Triqas conhecidas surgiram entre os sculos XII e XIII

    [anos 1200 e 1300]. entre elas, destacam-se a Shadhiliya, de origem marroquina,

    especialmente dedicada meditao. Mevlevi, que desenvolveu o ritual da dana girante. A

    Isawiya, tambm do Marrocos, tem fama de dotar seus adeptos de total insensibilidade ao

    fogo e s brancas.

    Sufi aquele que est morto para o Si-mesmo e vive da Verdade.

    Tendo transcendido as limitaes humanas, sufi aquele que alcanou Deus

    [A. Hujwiri, 1936]

    Doutrina e Prticas

    muito possvel que o denso mistrio da origem dos Sufis seja o resultado dessa tradio

    ser, de fato, antiga demais para que um ponto de partida possa ser rastreado. A sabedoria

    desses Iniciados um patrimnio de milnios; um acervo de saberes de culturas que

    floresceram em um tempo muito remoto; to remoto que os nomes e fontes originais se

    perderam porm, a essncia do Conhecimento, cuidadosamente preservada por discpulos

    zelosos, resistiu e resiste ainda instruindo a Humanidade at hoje. Tanto assim que os

    Sufis incorporam ensinamentos clssicos de Ioga, teologia de Zoroastro e cincia hermtica

    entre outras fontes de aperfeioamento do homem integral.

  • O primeiro passo da Iniciao do sufista a submisso disciplina imposta pelos mestres.

    Seja qual for a classe social ou poder econmico do candidato, comeara provando sua

    humildade e fortalecendo sua capacidade para a disciplina, cuidando de tarefas domsticas,

    fazendo trabalhos pesados, peregrinando nas ruas com sua kashkul [utenslio para conter os

    donativos] louvando a Deus e recebendo donativos, que jamais pede, somente aceita e

    entrega Irmandade. Esse homem e circula nas ruas colhendo moedas de transeuntes no

    um mendigo; poder ser, at mesmo, um rico comerciante. Esse homem um Sufi, um

    Dervixe exercitando sua humildade.

    O Sufi, assim como aconselham os mestres da magia ocidental, comea seu treinamento

    submetendo as vontade/desejos do corpo e das emoes [astral] Vontade e poder da

    Mente Inteligente. O Ego Superior, que transcende o tempo e o e espao deve se converter

    no verdadeiro Senhor do Ser Humano; o Ego ou Eu Superior deve comandar inteiramente o

    Ego inferior, que mera personalidade condicionada e que serve de referncia identitria

    para uma s e mera vida, um piscar de olhos na Eternidade.

    O Sufi um bbado sem vinho; saciado sem comida;

    tresloucado; sem alimento e sem sono; um rei sob um manto humilde;

    um tesouro dentro de uma runa; no feito de ar, terra ou fogo; um mar sem

    limites.

    Yalal al-Din Rumi [1207-1273]

    As Prticas voluntrias, [chamadas nawa'fil] gerais e pessoais [dos sufis], que fazem

    parte da disciplina pessoal do discpulo ou Adepto, incluem: oraes durante a noite [Layla

    al-qiyam], como em uma viglia; a lembrana de Deus em todas as suas manifestaes e em

    todos os momentos, o jejum, a busca do conhecimento e assim por diante.

    Ao mesmo tempo, importante que esses atos sejam realizados com absoluta sinceridade

    [ijlas]; um trabalho interior constante de meditao, de recitao dos nomes de Deus e de

    permanente vigilncia sobre si mesmo e toda a realidade sua volta. Este estado de viglia,

    alerta, a prtica da muraqaba, forma de devoo a Deus [tawakkul]. Consiste em se

    lembrar de estar contente [Rida], porque consciente da presena de Deus [Hadur],

    avanando no trabalho progressivo de purificao da alma [safs] e da conscincia da

    realidade divina [Haqiqa].

    Prticas Especficas ou Coletivas Dhikr ou Maylis. a lembrana de Deus. Uma ao

    devocional que consiste em se manter desperto, consciente da Onipresena do Criador. As

    cerimnias Dhikr tm uma liturgia que, conforme a regra da Ordem Sufista consiste em:

    meditao, recitao [de textos sagrados, audio de parbolas, aforismo de todos os

  • tempos e culturas], canto, execuo msica instrumental, o ritual do incenso, a dana, o

    xtase e o transe.

    Eu morri como um mineral, uma pedra, e me tornei uma planta

    Eu morri como planta e renasci animal

    Eu morri como um animal e depois eu era um Homem

    E muitas vezes eu morri e vivi como homem

    Por qu eu deveria temer me perder na morte?

    Todas as vidas passam, at mesmo a vida dos Anjos

    Somente Deus imperecvel

    Quando deixei de ser uma alma angelical

    Eu passei a Ser algo que a mente nem pode conceber

    Oh, deixe-me No-existir; deixe Estar na No-existncia

    Deixe-me voltar para Ele

    Mawln Jall-ad-Dn Muhammad Rm

    A Iniciao

  • A Iniciao de um Sufista

    demanda humildade e trabalho, muito trabalho. Mas no se trata de trabalho intelectual; de

    estudos ou meditaes profundas. Em um mosteiro ou Centro Sufista, o novio comea

    mesmo com o balde a vassoura na mo. No importa a que classe social pertena, se tem

    tradio familiar ou uma gorda conta bancria.

    A Iniciao, igual para todos e que pode parecer sem sentido para as mentes mais rasteiras

    , na verdade, um mtodo praticamente infalvel de 1. tomar posse do Si-mesmo, da

    personalidade ou Eu inferior; 2. Fortalecer a Vontade Inteligente para que o Homem

    Inteligente possa prevalecer sobre o Homem-pedra [o mineral], o Homem-planta, vegetal e,

    finalmente o Homem-bicho, o instintivo, a apaixonado, o animal.

    A metodologia dessa Iniciao simples: so os mil e um dias de provas [ou trs anos em

    calendrio lunar]: O jovem novio dever se conformar s ordens de seus superiores e

    realizar um grande nmero de tarefas [em geral, consideradas] desagradveis: lavar roupa,

    limpar as latrinas, manter a casa etc.. [SIGNIER/THOMAZO, 2008]

    Analisando esse mtodo de Iniciao, o estudioso do ocultismo reconhece imediatamente as

    orientaes prescritas pelos mestres da Magia Ocidental, que vieram muito depois das

    Ordens Sufistas. Tambm identifica-se facilmente a influncia dos 1. iogues orientais da

    ndia e da sia central; 2. do sistema de disciplina adotado no dia-a-dia dos mosteiros

    budistas onde uma das regras : Quem no trabalha no come. Essas referncias parecem

    confirmar a antiguidade dos Sufistas na teoria e na prtica das cincias ocultas. No

    necessrio revirar bibliotecas centenrias para achar esses indcios. Eliphas Levi escreve em

    seu Dogma e Ritual:

    Sois pedinte e quereis fazer ouro: ponde-vos obra e no cesseis mais... O que preciso

    fazer primeiramente? Agir como? Levantar-vos todos os dias mesma hora e cedo; lavar-

  • vos em qualquer estao... nunca trazer roupas sujas e, para isso, lav-las vs mesmos, se

    for preciso; submeter--se a privaes voluntrias para melhor suportar as involuntrias;

    impor silncio a todo desejo. ...Um preguioso nunca ser mago. A magia o exerccio de

    todas as horas e de todos os instantes. preciso que o operador das grandes obras seja

    senhor absoluto de si mesmo; que saiba vencer as atraes do prazer, do apetite e do sono;

    que seja insensvel tanto ao sucesso quanto afronta... Toda sujeira atesta uma negligncia

    e, em magia, a negligncia mortal.[LEVI, 1993 p 42]

    Depois dos trs anos de noviciado o discpulo participa de uma cerimnia de iniciao.

    Depois, ficar recluso em sua cela por 18 dias ao fim dos quais recebe o chapu cnico

    vermelho, o sikke, significando que o o Iniciado alcanou a estgio de Dervixe e poder

    participar dos ritos de danas sagradas.

    Sufis & A Lenda dos Nove Desconhecidos

    Em 1999 Lynn Picknett e Clive Prince publicaram The Stargate Conspiracy. O livro [assim

    como muitos outros] afirma a existncia de um culto espantosamente poderoso e que se

    mantm oculto em plena era das revelaes da cultura New Age, h mais de 50 anos.

    Rumores sobre esse culto comearam a aparecer na dcada de 1950. ...Segundo diferentes

    escolas de pensamento estes seres, provenientes [de algum lugar no terreno] preparam-se

    para retornar ao planeta depois de um longo perodo de ausncia.

    Nem todos os defensores dessa idia acreditam que esses seres sejam extraterrestres que

    se locomovem em naves espaciais; antes, seriam criaturas de natureza divina cuja

    lembrana a Tradio conservou na Lenda dos Nove Desconhecidos ou, simplesmente,

    Os Nove.

    Os postulantes dessa hiptese acrescentam que estes Nove, em uma poca muito remota,

    foram os governantes da mtica civilizao Atlante. A uma certa altura da evoluo humana,

    recolheram-se em uma existncia transcendental, habitando outro plano ontolgico [um

    plano espiritual de ser e estar]. Atualmente, estudiosos acreditam que chegado o momento

    do retorno dos Nove a este plano, material, a fim de tomar medidas efetivas capazes de

    minimizar o sofrimento da Humanidade.

    Os Nove teriam estado sempre ativos em seu interesse pelo destino da Humanidade.

    Mantendo-se deliberadamente escondidos, esses Mestres estariam, h anos, orquestrando a

    disseminao de uma religiosidade mais elevada, prticas de devoo e outros ensinamentos

    que so transmitidos por agentes, muitos deles, hoje, conhecidos como poderosos gurus da

    literatura alternativa [e de auto-ajuda] ocidental.

    Enade Apesar de conseguirem se manter desconhecidos; ainda que alguns considerem

    Os Nove como uma metfora para os nove princpios do Ser, algumas especulaes

  • pretendem identificar os Mestres: seriam a Enade [palavra grega] ou, entre os egpcios,

    a Psedjet, as nove Divindades primordiais que simbolizam os nove aspectos da manifestao

    do Um [Deus-enquanto-Um].

    A Enade atua em dois planos: espiritual e material; csmico e mundano. Significa que aos

    Nove mestres divinos e metafsicos, correspondem nove mestres terrenos, ou que habitam

    entre os homens. Na mitologia egpcia, esses nove deuses ou, metafisicamente, aspectos de

    Deus so assim nomeados: Atum, o Criador, deus dos deuses, o Um; Shu [Ar], Tefnet [ou

    Tefnut, personificao da gua], Geb [a terra], Nut [o cu, como abbada celeste e o cu,

    como destino dos justos], Osris [os campos e o post-mortem], Isis [o amor e as cincias

    ocultas], Seth [representa violncia, desordem, paixes] e Neftis [representante da aridez do

    deserto e da morte].

    No mundo dos homens, o deus Hrus lidera a Enade Inferior, sendo uma conexo entre as

    duas Irmandades. Assim como Atum governa o plano espiritual, Horus governa o reino

    material; e tem governado durante Eras atravs da renovao da linhagem real dos reis-

    Horus.

    Colgio de Iniciados Heru Shemsu [Egito] Assim como cuidava das coisas da matria,

    o Prncipe Falco tambm era um guardio supremo de Conhecimento cientfico e sabedoria

    existencial. Junto com seus discpulos e seguidores, organizou um Colgio de Iniciados Heru

    Shemsu, mais uma ancestral mitolgica das Sociedades Secretas de Iniciao Mstica. Diz a

    tradio que esses semi-deuses pertenciam a uma raa estelar; eram muito altos e tinham

    os crnios mais largos, o que os diferenciava do povo que habitava as margens do Nilo. Seu

    status de semi-deuses devia-se ao fato de que eram possuidores de conhecimentos secretos

    e grandes poderes mgicos. Os Heru Shemsu consideravam-se reflexos inferiores da Grande

    Enade, os nove Deuses em Um, os verdadeiros governantes da Terra.

    Ashoka O diplomata francs Louis Jacolliot [1837-1890] foi o primeiro a divulgar no

    Ocidente a Lenda dos Nove Desconhecidos. Segundo Jacolliot, o imperador Ashoka [304-232

    a.C - Asok Bindusara Maurya], imperador indiano da dinastia Maurya que dominou todo

    subcontinente indiano III e II antes de Cristo. Diz a lenda que este imperador, implacvel

    guerreiro, tendo se convertido ao budismo [e ao pacifismo] em 250 a.C., formou um

    Conselho secreto reunindo nove homens sbios aos quais encarregou de cumprir importante

    misso: compilar todo o conhecimento acumulado pela Humanidade e ocult-lo, preserv-lo

    e somente usar tais conhecimentos seguindo critrios de justia e compaixo.

    Jacolliot afirmou que os Nove ainda viviam e atuavam nas sombras auxiliando a evoluo

    humana e socorrendo povos e naes em momentos de aflio. Outro francs, o mstico

    Saint-Ives d'Alvedre [1824-1909] afirma que a lenda muito anterior ao tempo do

    imperador Ashoka. Os Nove Desconhecidos seriam viajantes csmicos provenientes da

  • estrela Sirius que chegaram na Terra e se estabeleceram na sia Central 34 mil anos antes

    de Cristo.

    Nove Livros Seja como for, ainda segundo a lenda, cada um dos Nove escreveu um livro

    sobre nove diferentes reas do conhecimento. Nestes livros estariam, registradas as mais

    preciosas cincias, para o bem e para o mal. So os temas desses livros:

    1. Psicologia, propaganda, Guerra psicolgica

    2. Fisiologia, tratando especialmente na maneira de matar um homem ao tocar-lhe,

    provocando a morte pela inverso do influxo nervoso. Diz-se que o jud deriva de certos

    trechos dessa obra.

    3. Microbiologia

    4. Transmutao dos metais

    5. Os meios de comunicao terrenos e extraterrenos

    6. Os segredos da gravitao

    7. Cosmognese

    8. Um tratado sobre a Luz

    9. o ltimo, dedicado Sociologia

    Para os Sufis, os Nove Desconhecidos so um assunto srio, uma tradio expressa no No-

    Koonja, o Eneagrama, tambm conhecido como Naqsh - Selo.

    O misterioso mstico, o armnio-grego-russo Georges Ivanovitch Gurdjieff refere-se a

    esses mestres como sendo sete indivduos; e no nove. Todavia, em ocultismo sabe-se que

    de todos os princpios do homem, sete j foram revelados pelos esotricos porm, dois,

    permanecem secretos. Os sete [ou nove] Desconhecidos segundo Gurdjieff foram e so

    remanescentes da civilizao Atlante que fundaram o Egito, chegando ao territrio em uma

    barca solar depois da submerso de algumas das terras da Atlntida.

    Citando como fonte de informao hierglifos gravados na paredes das runas de Giz, Tebas

    e Edfu [ou Behedet, atualmente Tell Edfu] alm das canes tradicionais dos bardos de sua

    terra natal e de toda a Asia Central, Gurdjieff conta que 70 mil anos antes do Dilvio de No,

    uma grande civilizao floresceu em uma ilha chamada Hannin, que hoje seria identificada

    como a ilha de Creta, a maior das ilhas localizadas nas vizinhanas da Grcia. Hannin teria

    abrigado uma sociedade secreta arcana: a Imastun Brotherhood, elite de sbios que se

    ocupavam de cincias transcendentais como a astrologia e a telepatia. Os Sufis, seriam os

    herdeiros dessa irmandade.

    Sufismo: Anotaes de Pesquisa

    Os sufis acreditam que para obter um estado de contemplao mstica necessrio fechar os

    portes dos sentidos fsicos de modo que o sentido espiritual ou o sentido oculto possa

  • operar. A contemplao ou o xtase a Noite Mtica, quando o adepto se ausenta de todas

    as impresses oriundas dos mundo exterior, transcendendo a esperana, o medo, a

    conscincia de si mesmo e de toda emoo humana, para que a luz interior possa ser

    nitidamente percebida.

    SPENCE, Lewis. An Encyclopaedia of Occultism. Courier Dover Publications, 2003 - p 127. In

    Google Books.

    George Gurdjieff [1860/1877?-1949], mstico armnio-grego-russo, considerado o nico

    estranho a quem foi permitido penetrar no crculo externo dos centros Sufistas onde teria

    sido pupilo do mestre Bahaudin Nakshband. Entre os afegos, os Sufis so chamados Povo

    da Tradio. Entre as lendas que envolvem sua mstica, existem rumores de que os Sufis

    tm contato com inteligncias no-terrenas e que so guardies de segredos arcanos que

    so o fundamento de todas as religies e de todo o desenvolvimento humano.

    Todas as escolas Sufistas acreditam na existncia de uma Hierarquia espiritual que se

    mantm a centenas de anos em nebuloso mistrio. Seus monastrios, santurios e retiros

    esto situados na sia Central. Sobre esta hierarquia, John Bennet escreveu:

    [Os msticos da regio e pesquisadores/exploradores estrangeiros] afirmam que a hierarquia

    perptua liderada por [uma personagem chamada] Kuth-i-Zaman, o Eixo das Eras, que

    recebe revelaes do Divino Propsito e as transmite Humanidade por meio de seus

    seguidores.

    Segundo Gurdjieff, esta Hierarquia atua produzindo um tipo de energia de vibrao elevada

    destinada manter o fluxo harmnico do desenvolvimento e histria humanas:Existe um

    agente invisvel de alta energia que torna o trabalho da evoluo possvel. este um tema

    presente na maior parte da literatura sufista.

    Para os Sufis, nada na Histria acontece por acaso; novas verdades [conhecimentos] so

    semeadas, novas energias [foras], introduzidas nas sociedades em aes planejadas nos

    mais elevados nveis de existncia espiritual. Ernest Scott comenta: Nada acontece,

    simplesmente. O roteiro da longa Histria humana foi escrito porinteligncias superiores.

    Os avanos e conquistas da Humanidade no so caprichos do acaso; so metas alcanadas

    dentro do contexto de um determinado ciclo, o Tempo da Terra. Esses avanos transcendem

    a esfera de interesse da Humanidade; antes, so essenciais para o equilbrio e

    desenvolvimento [evoluo, dinmica] deste sistema Solar do qual a Terra faz parte.; e o

    prprio sistema Solar no uma engrenagem isolada, ao contrrio, interage com as foras

    mantenedoras da Galxia qual pertence [Via Lctea].

  • Mestre Imortal: Uma lenda Sufi diz que a Irmandade Sufista tem um guia invisvel, o

    imortal El-Khidr, que usa uma capa verde flamejante e que muitos muulmanos identificam

    como o profeta Elias, o profeta judeu que nunca morreu, mas subiu aos cus sem deixar

    cadver. LE PAGE, Vitoria. Shamballa

    Glossrio do Sufismo

    Fara'id Atos de adorao, prticas obrigatrias.

    Hirka pea de vesturio dos danarinos da Sema; um manto amplo e negro, smbolo da

    sepultura.

    Kashkul So tigelas, cumbucas, cuias, enfim, recipientes para recolher as moedas que os

    dervixes mendigam nesta atividade que desenvolvem unicamente para superar avaidade

    pessoal e a arrogncia. Alis, essas cumbucas sufis no so objetos vagabundos, de

    mendigo, ao contrrio, so belas obras artesanais algumas feitas de metais preciosos.

    Kemal perfeio.

    Nawa'fil Prticas voluntrias relacionadas disciplina pessoal.

    Murid novio

    Sema Ou Sam, dos termos rabes, = samun e = istimun significando ouvir a

    tradio. a dana girante dos Sufis-dervixes. O bal celeste [SIGNIER/TOMAZO, 2008]. A

    maioria das fontes refere-se Sam com termo que designa a famosa Dana dos Dervixes;

    porm, h controvrsias. Alguns autores definem o Sam como a recitao de textos

    espiritualistas ou trechos de Escrituras sagradas de diferentes religies. Ainda que, em

    algumas Tariqas a Sam seja acompanhada por um ritmo percussivo, a fator mais

    importante dessas sesses o recitar utilizando todas as virtudes da voz humana que, nessa

    cerimnia, funcionada como um elemento de sutilezas acsticas que promovem a revelao

    dos diferentes sentidos/significados de um mesmo texto. Para estes autores, a Dana

    Sagrada chamada Hadras ou Imara

    Quanto Dana, eles realmente giram, em torno de si mesmos, apoiados no p direito e em

    torno do eixo que o mestre, em uma coreografia que evoca os movimentos dos astros no

    cu, com seus duplos giros: rotao e translao. O objetivo alcanar um estado alterado

    de conscincia, transe, que permitiria ao Adepto o conhecimento subjetivo da Divindade.

    Todavia, nem todos os Dervixes so girantes ou seja, nem todas as formas de Sema incluem

    os movimentos giratrios. Essa uma caracterstica destacana das

    Ordens Mevlevi e Chishti.

    Rumi & Ordem Mevlevi A Ordem Mevlevi ou Mawlawiyya fundada em Konya, cidade da

    regio central da Anatlia, hoje, territrio da Turquia, em 1273, dando continuao

    confraria criada pelo mestre Jalal ad-Din Muhammad Balkhi-Rumi [1207-1273] ou,

  • simplesmente Rumi, jurista islmico [ou seja, era um Sheik], telogo, mstico e poeta]. Em

    1244 Rumi, que j era um mestre sufista de tradio familiar, encontrou em dervixe Sham-e

    Tabrizi [?-1248 iraniano, mstico sufista], em Damasco [Sria]. No convvio com Sham, Rumi

    experimentou a comunho com Deus atravs da msica, da dana, da poesia. Os sufistas

    Mevlevi tornaram-se grandes mestres da girante Dana Sagrada dos dervixes.

    Semahane salo ritual para a prtica da Sem.

    Sikke ou Klah Chapu tpico dos sufis-dervixes, smbolo da pedra tumular.

    Triqas Denominao das Ordens Sufistas. A palavra significa caminho.

    Tekke ou Zawiya monastrio de Dervixes-sufistas

    Fontes:

    Encyclopaedia of Occultism. Courier Dover Publications, 2003 - p 127. In Google Books.

    GODLAS, Alan. Sufism, Sufis and Sufi Orders. [www.uga.edu/islam/Sufism.html]

    HUJWIRI, A.. The Kashful al-Makhjub, p 30. Londres: Gibb Memorial Trust, 1936

    MOSSO, Gelder Manhes. Caminhos do Desconhecido. Mauad Editor, 1899 In Google Books.

    KEEP, Marc Andre R.. O Sobrenatural Atravs dos Tempos. So Paulo: IBRASA-Proton Editora,

    sem data In Google Books

    LePAGE, Victoria. Sufis and The Nine Unknowns, 2007. In [www.victoria-

    lepage.org/sufis_nine_unknowns.htm]

    ........................... Shamballa.

    SIGNIER, Jean-Franois e THOMAZO, Renaud. Sociedades Secretas, vol I Sociedades Secretas

    Religiosas. [Trad. Ciro Mioranza]. So Paulo: Larousse, 2008

    WIKIPEDIA Espanhol. Sufismo. [http://es.wikipedia.org/wiki/Sufismo]

    ................. Portugus. Sufismo. pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo

    ................. English. Rumi.

    ............................... Sema.

    http://www.mortesubita.org/sociedades-secretas-e-conspiracoes/textos-

    conspiracionais/sufismo-o-misterio-dos-dervixes