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CMYK L L Descer uma cachoeira pendu- rado em uma corda parece lou- cura, mas é uma prática que tem atraído cada vez mais adeptos. Mesmo se uma bela cachoeira não estiver ao seu alcance, os aventureiros podem sair à procu- ra de rapel urbano, com descidas em pontes e prédios. Pagina 8 Rapel conquista amantes da aventura Tatuagem e mercado de trabalho não combinam ECONOMIA – Levar a vida no vermelho virou angústia nacional, mas o brasileiro anda intrigado com uma razão muito mais preocupante. Segundo o IBGE a população está mais pobre. Página 5 Barzinhos ganham preferência dos alunos A tatuagem continua sendo um adereço discriminado em várias áreas do mercado de tra- balho. O jovem, para aderir a essa arte, deve definir primeiro a área na qual pretende atuar para não ser surpreendido, mais tar- de, pela dificuldade em arrumar um emprego. Isso acontece por- que o corpo tatuado é visto como sinônimo de irrespon-sabilidade ou incompetência. Para muitos setores do mercado, a imagem de um profissional sério e compe- tente não combina com tatuagens e outros adereços extravagantes. Na hora de passar por um entre- vista, o candidato que tiver uma tatuagem à vista certamente vai estar fora da briga por uma vaga, a não ser que atue em áreas mais informais, porém não menos sé- rias, como a comunicação ou as artes. Página 2 Cerca de 70% dos universitá- rios preferem os bares às salas de aula. Falta de motivação e en- contro com os amigos despertam mais interesse do que frequentar a universidade. A balada, que an- tes ocorria apenas às sextas-fei- ras, agora se entende durante toda a semana. Pagina 6 Muitas pessoas deixam de lado o preconceito e voltam no- vamente aos bancos escolares. O número de estudantes universi- tários com mais de 40 anos vem crescendo a cada ano, provando que sempre é tempo de realizar os sonhos e buscar novos hori- zontes pessoais e profissionais. Página 3 De volta às aulas UNIVERSIT`RIO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UNIARA - Centro Universitário de Araraquara ANO II – Nº 07 – 2003 Grupo Gestus faz sucesso no interior de SP Página 7 Para que servem os partidos políticos Página 4 Vitral População decide onde e em que a Prefeitura deve investir Página 4 Para muitos, celular é indispensável Página 3 Thiago Faccin Cláudia Ianhez Vanilce de Santi

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Page 1: sucesso no interior de SP Página 3 Página 4 Página 7 Vitral · aventureiros podem sair à procu- ... camisa, sendo dispensado imedia- ... flexão e o senso crítico dos cida-dãos

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Descer uma cachoeira pendu-rado em uma corda parece lou-cura, mas é uma prática que tematraído cada vez mais adeptos.Mesmo se uma bela cachoeiranão estiver ao seu alcance, osaventureiros podem sair à procu-ra de rapel urbano, com descidasem pontes e prédios.

Pagina 8

Rapelconquista

amantes daaventura

Tatuagem e mercadode trabalho não combinam

ECONOMIA – Levar a vida no vermelho virou angústia nacional, mas o brasileiro anda intrigadocom uma razão muito mais preocupante. Segundo o IBGE a população está mais pobre. Página 5

Barzinhosganham

preferênciados alunos

A tatuagem continua sendoum adereço discriminado emvárias áreas do mercado de tra-balho. O jovem, para aderir aessa arte, deve definir primeiroa área na qual pretende atuar paranão ser surpreendido, mais tar-de, pela dificuldade em arrumarum emprego. Isso acontece por-que o corpo tatuado é visto comosinônimo de irrespon-sabilidadeou incompetência. Para muitossetores do mercado, a imagem de

um profissional sério e compe-tente não combina com tatuagense outros adereços extravagantes.Na hora de passar por um entre-vista, o candidato que tiver umatatuagem à vista certamente vaiestar fora da briga por uma vaga,a não ser que atue em áreas maisinformais, porém não menos sé-rias, como a comunicação ou asartes.

Página 2Cerca de 70% dos universitá-

rios preferem os bares às salasde aula. Falta de motivação e en-contro com os amigos despertammais interesse do que frequentara universidade. A balada, que an-tes ocorria apenas às sextas-fei-ras, agora se entende durantetoda a semana.

Pagina 6

Muitas pessoas deixam delado o preconceito e voltam no-vamente aos bancos escolares. Onúmero de estudantes universi-tários com mais de 40 anos vemcrescendo a cada ano, provandoque sempre é tempo de realizaros sonhos e buscar novos hori-zontes pessoais e profissionais.

Página 3

De voltaàs aulas

UNIVERSITÁRIO

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UNIARA - Centro Universitário de Araraquara ANO II – Nº 07 – 2003

Grupo Gestus fazsucesso no interior de SP

Página 7

Para que servem ospartidos políticos

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Populaçãodecide ondee em que aPrefeitura

deve investir

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Para muitos, celularé indispensável

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1ª Quinzena � Dezembro 2003comportamento

Rosilene Nevese Thais Martin

A arte de tatuar o corpo é umatécnica milenar e ao longo dos anosvem conquistando cada vez maisadeptos em todas as partes do mun-do, mas muitas pessoas ainda seinibem de fazer esse tipo de adere-ço devido ao preconceito que po-dem sofrer, principalmente no mer-cado de trabalho.

O consultor de tecnologia,Márcio Pavanelli de Freitas, acre-dita que a discriminação com pes-soas tatuadas existe sim, principal-mente na sua área de atuação que éde consultoria em grandes empre-sas, onde fica em contato direto comgerentes, diretores, pessoas comcargos elevados. Nessa função nãodá para saber com antecedência seo cliente aceitará ou não um con-sultor tatuado. “Um consultor temque passar uma imagem decredibilidade e seriedade”, falaPavanelli. Ele acredita também queo fato de a pessoa ser tatuada, nãosignifica que ela tenha ou não com-petência sobre algum assunto.“Muitas pessoas julgam as outraspelo aspecto físico, mas nem sem-pre isso significa o domínio que elapossui. Já vi muitas pessoas que nãose vestem conforme o padrão exi-gido, mas que são totalmente capa-citadas para o trabalho, assim comojá vi o oposto” diz o consultor.

É o caso do estudante de Fisio-terapia, Glauber Fernandes, 23anos que passou por situações de-sagradáveis e constrangedoras emuma entrevista para trabalhar em

A tatuagem e o mercado de trabalhoA pessoa tatuada ainda sofre muita discriminação no mercado de trabalho

Jornal nosso de cada dia

Priscila Luiz

Se para algumas pessoas rece-ber o jornal todo dia pela manhã naporta de casa é um hábito prazeroso,para outras não passa de um merocostume desnecessário. O jornal im-presso diário não é a leitura predi-leta dos cidadãos araraquarenses,nem mesmo o meio mais procura-do para obter-se as informações dodia. Foi o que mostrou a enquete re-alizada pelo jornal VITRAL UNI-VERSITÁRIO. Foram entrevista-das 100 pessoas, de ambos os se-xos, com idades variadas entre 15 e60 anos, no centro da cidade.

Segundo os resultados daenquete, 36 pessoas lêem jornal so-mente nos finais de semana, 25 sóprocuram um jornal quando há umanotícia que interessa, 27 nunca lêeme somente 20 disseram ler o jornaldiariamente. Quando perguntados aque se deve essa falta de interessepelo jornal impresso, a maioria dosentrevistados alegou falta de tempo.“A gente não tem tempo de parar eler um jornal. Ouço as notícias pelorádio, assim vou trabalhando e es-cutando os principais acontecimen-tos do dia. Em meia hora estou in-formada”, afirma uma das entrevis-tadas, Nilza Maria Pollis, 56 anos.Para o jornalista Márcio Martinelli,34 anos, a falta de tempo é um fatorque influencia, porém não é o úni-co. “Se a pessoa quiser, ela arrumatempo para ler. É claro que não vaiconseguir ler o jornal inteiro, maspelo menos lerá algo que lhe chamea atenção, como uma ou duas maté-

Enquete revela que entre 100 araraquarenses, 80 não têm hábito de ler jornal

rias jornalísticas ou uma coluna, porexemplo. É só descobrir o prazer daleitura que a pessoa arruma um tem-po para esse exercício diário”, co-menta Martinelli.

As mídias eletrônicas tambémcontribuem para o descaso com ojornal impresso. A televisão foi avencedora como o meio mais pro-curado pelos entrevistados para fi-car bem informados e 35 pessoasapostam nesse veículo como a me-lhor e mais acessível fonte de in-formação. Mas, segundo o jorna-lista Martinelli, é ingenuidadeachar que as notícias divulgadas natelevisão são suficientes, pois hámuita informação nos jornais e re-vistas que não estão na televisão evice-versa. Para ele, as mídias se

Jornal: hábito para uns, desnecessário para outros

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uma clínica. “Cheguei para conver-sar com a proprietária e ela só fal-tou me perguntar se eu tinha ante-cedentes criminais porque tenhocara de mal e sete tatuagens pelocorpo. Conclusão: não consegui oemprego, mas hoje sou dono de mi-nha própria clínica e meus pacien-tes além de acharem o máximo, merespeitam”.

Mas nem todas as profissões têmesse perfil discriminador. Asupervisora técnica de recursos hu-manos do Instituto de Química daUNESP, Tereza Bandelli, diz quequanto ao cargo público, a tatuagemnão é um fator discrimina-tório.Para a pessoa ingressar em qualquertipo de função pública, terá queobter aprovação em concurso, poisessas provas irão avaliar se o can-didato tem potencial para assumiro cargo ou não. “As provas são apli-cadas visando encontrar o candida-to com perfil mais adequado aoexercício da função em concurso.Para nós, o que importa é a compe-tência do candidato e não sua apa-rência física,” explica Tereza.

Além do setor público, outrasáreas profissionais também não dis-criminam os tatuados. O publicitá-rio Ricardo Teixeira sempre obte-ve sucesso em suas entrevistas deemprego e nunca enfrentou precon-ceito. “Tenho três tatuagens e tra-balho em uma empresa de grandeporte. Sou gerente de marketing ejá trabalhei em vários lugares ondenunca tive problemas”.

Diante de todas essas incertezas,quem tem vontade de se tatuar pre-cisa antever a área profissional naqual pretende atuar. O estudante

Economia, Marcelo MarcondesNóbrega explica que até pensou emremover a tatuagem devido ao pre-conceito encontrado para conseguirum emprego, já que tem uma tatua-gem em todo o braço e em parte damão. “No meio da entrevista, me pe-diram que levantasse a manga dacamisa, sendo dispensado imedia-tamente. Naquele momento desa-bei, pensei até em tirar a tatuagemmas, analisando a situação, esse de-senho no meu braço não mudava emnada meu modo de pensar e agir”.

Esse preconceito, na opinião doestudante Luis Felipe de Souza, temorigem na rebeldia e muitos outrosestigmas que os próprios tatuados cri-am. “Trabalho em uma multina-cional há quatro anos, tenho cinco ta-

tuagens bem visíveis e mesmo que eunão tivesse tatuagem seria a mesmapessoa, esses desenhos coloridos nomeu corpo não influenciam em nadana minha personalidade”, afirma.

O psicólogo e professor de Psi-cologia da Educação, AntonioCarlos Domene acredita que os mo-tivos que levam uma pessoa a se ta-tuar podem ser múltiplos, mas ge-ralmente quem faz uma tatuagem,faz porque quer se identificar comcerto grupo da sociedade ou aindapor querer se diferenciar de outrosgrupos. “Quando uma pessoa fazuma tatuagem ela tem uma determi-nada idade, pertence a um grupo so-cial”, explica. Passado algum tem-po essa necessidade de diferencia-ção passa e a pessoa pode não que-

rer mais ser identificado com aque-las marcas ou pode ser censurado.

O psicólogo fala ainda que a dis-criminação aos tatuados não é ge-neralizada e pode ocorrer ou nãoocorre em função de vários fatores.Uma pessoa popular e querida pelopúblico não será discriminada porter uma tatuagem. O que leva à dis-criminação são outras condutas nãoaprovadas socialmente como nãogostar de trabalhar, consumir dro-gas, entre outros. “A tatuagem deveser entendida dentro de um contex-to social. Os indivíduos sempremarcaram o seu corpo. Numa de-terminada época as tatuagens pode-riam até significar uma prova deamor por uma pessoa”, finalizaDomene.

completam. “Os telejornais sãosatisfatórios, mas não possuemaprofundamento e reflexão em umdeterminado assunto como os jor-nais”, garante o jornalista. Quemconcorda com isso é Otacil Perini,assinante há cinco anos de um jor-nal diário. “A TV é superficial. Jáa mídia impressa detalha mais osassuntos e dá tempo para ler e re-ler o que julgo necessário”, defen-de o assinante.

O preço do jornal também foimuito criticado pelos entrevista-dos. Das 100 pessoas, 20 afirma-ram não ler pois o valor do impres-so, tanto nas bancas como as assi-naturas, está alto em relação à atu-al situação financeira da socieda-de. Segundo eles, é necessário gas-

tar em tantas outras coisas que aca-ba não sobrando dinheiro para esse“luxo”. “Penso que os preços po-deriam ser mais baixos, o que fa-cilitaria o acesso de mais pessoas”,declara o jornalista, “mas há alter-nativas para quem deseja ler comoas bibliotecas municipais”.

Segundo Martinelli, o principalmotivo do desinteresse pela leituraé mesmo a falta de incentivo dospais e professores, ainda na alfabe-tização. Para ele, também há umaresponsabilidade do governo em in-vestir na Educação e criar mais pro-jetos de estímulo à prática da leitu-ra. “Há boas iniciativas existentesno Brasil e um investimento maiornessa área trará resultados positivospara o país’, diz.

Apesar do hábito de ler jornaisestar relegado a um segundo plano,a maioria dos entrevistados, 82 pes-soas, têm consciência de que essetipo de leitura é importante e neces-sária para os dias atuais. Porém, osoutros 18 julgam a aquisição de umjornal diário desnecessária, já queexistem outros meios de comunica-ção que informam, são mais aces-síveis e confortáveis.

Para Martinelli, a leitura do im-presso é de extrema importânciapara a sociedade, pois estimula a re-flexão e o senso crítico dos cida-dãos com temas que envolve sua ci-dade, o país ou o mundo. “Ler jor-nal é um hábito saudável e funda-mental para a formação de qualquerser humano. O contato com a infor-mação, com um novo mundo é algofantástico, indescritível”, conclui ojornalista.

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expediente

VitralO Jornal Laboratorial VITRAL

UNIVERSITÁRIO é produzido

pelos alunos do 3º ano do Curso deJornalismo da UNIARA - Centro

Universitário de Araraquara .

Reitor: Prof. Dr. Luiz Felipe Cabral

Mauro; Chefe do Departamento de

Ciências Humanas e Sociais: Prof.

Mivaldo Messias Ferrari; Coorde-nador do Curso de Jornalismo: Prof.

Luiz Carlos Messias da Silva; Edi-tora: Profª Elivanete Zuppolini Barbi,

MTb 12.709/SP; Diretor de Arte:

Prof. Daniel do Carmo, MTb 344/RN;

Equipe de Redação: Ademilson

Girotto, Alan Fernandes Bezerra,

Aurea Luzia Modenezi, Carolina

Hansen de Oliveira, Clariana Sant’

Anna Ferreira Domingos, Claudia de

Oliveira Ianhez, Claudio Christovão

Dias Junior, Débora Matos da Silva,

Elisete Aparecida da Silva, Eduardo

Cabrini, Fernanda Bolognese Mane-

colo, Gabriela Cristiane Rocha, Gio-

vana Cristina Cherici, Janaina Maria

de Castro, Joana Prada Silvério, José

Commandini Neto, Juliana Alves de

Campos, Larissa Fernanda Cam-

pregher, Leandro da Silva Castro, Lia

Sajovic Verdiani, Luis Fernando

Zeferino, Mirna Melucci, Nelson Ri-

cardo Costa Silveira, Paula Alvarinho

Urbano, Priscila da Silva Luiz, Re-

giane de Castro Dall’Aqua, Renato

Adail Pessuti, Roberto Schiavon,

Rodrigo José Cozzato, Rodrigo de

Araújo Bruschi, Rosilene Andrea das

Neves, Samanta Trevisan Coelho,

Sergio Eduardo Martins dos Santos

Junior, Thais Cristina Martin, Thia-

go de Almeida Faccin, Vanilce Hele-

na de Santi e Vivian Torresan; Auxi-liar Técnico de Informática: Fernan-

da Sanches - Lab 04; Distribuiçãogratuita: Faculdades e Universidades

de Araraquara e Região; Impressão:

Fullgraphics (16) 39655500.

UNIVERSITÁRIO

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1ª Quinzena � Dezembro 2003 comportamento Vitral � 03

Espírito jovem invade a UniversidadePessoas acima de 40 anos superam preconceitos e partem em busca de seus sonhos

Juliana Campos

“Nós não paramos de jogar porqueficamos velhos; nós nos tornamosvelhos porque paramos de jogar.Existe um grande segredo para con-tinuarmos jovens, felizes e conse-guir o sucesso, este segredo é terum sonho e lutar para torná-lo rea-lidade”. A frase, de autor desconhe-cido, exemplifica bem a história devida de alguns “personagens”. Pes-soas que costumam, em busca daconcretização de um sonho, fre-qüentar as salas de aulas, laborató-rios e a biblioteca da Uniara. Pormeio da nova rotina, superam o pre-conceito de que são apenas os jo-vens que podem e possuem poten-cial para cursar o nível superior deensino e assumem o grande desafioapós os 40 ou 50 anos de idade.Portadora de muita vontade e dis-posição, a aluna do primeiro anode Psicologia, Clarisse de Souza,58 anos, conta que procurou pelauniversidade por gostar de estarem constante movimento, por sen-tir a necessidade de complemen-tar seus conhecimentos e manter-se atualizada.

O principal obstáculo enfrenta-do por Clarisse vem de seu filho.Com pouco menos de 20 anos, ojovem considera um absurdo suamãe estudar com pessoas que foramseus colegas de classe durante oensino médio. A rejeição é tanta quenão fica apenas na “teoria”. Clarisserevela que o filho não colabora e,principalmente em época de provas,propositalmente faz muito barulhoe não a ajuda nas atividades de casa.Apesar dos contratempos, Clarissepermanece firme em busca de seuideal. Antes de voltar aos bancos es-colares, trabalhou durante um perí-odo como encarregada de serviçosgerais em um hospital. Depois fezcurso técnico em Enfermagem, pas-sou a trabalhar como enfermeira,cursou Serviço Social e atuou du-

rante muito tempo como assistentesocial, aposetando-se nesta profis-são. Com a vida estabilizada, pres-tou o vestibular, ingressou nova-mente na faculdade e hoje, como elamesmo se define, é a “mãezona daclasse”.As razões que trouxeram AirtonRodrigues Goulart, 44 anos, paracursar Administração de Empresasforam diferentes das de Clarisse.Goulart, além de ter muita vontadede estudar, começou a perceber queno banco onde atua profissional-mente, muitos colegas de trabalho,entre eles alguns subordinados, pos-suem curso superior ou estão cur-sando. “Além de adquirir conheci-mento, que é muito importante, éuma forma de manter-me bem nomeu emprego”, explica. O univer-sitário considera como um verda-deiro desafio conciliar o trabalho,a família e a universidade. Apesarde ser muito cansativo, está entusi-asmado e diz com os olhos brilhan-do que fará todos os esforços paraconcluir o curso.Por uma ou outra razão é cada vezmais freqüente encontrar estudan-

tes mais velhos nos corredores dafaculdade. O estudante do 2º ano deDireito, Osmar Marcello, 54 anos,aposentado, envolvido de “corpo ealma” com os conteúdos das aulas,sempre teve como sonho concluirum bom curso supe-rior, onde pu-desse extrair o máximo de conhe-cimentos. Quando mais jovem, re-alizou curso técnico em eletrônicae curso superior em administraçãode empresas, o que, ainda, não o sa-tisfez.Como um de seus filhos concluiu noano passado o curso de Direito,visualiza a possibilidade de, no fu-turo, trabalharem juntos. Em relaçãoa seus colegas de classe mais jovens,conta que se dá muito bem, e queprocura sempre aconselhá-los, to-mando o cuidado para que sejamapenas conselhos, sem intromissõese imposições de atitudes.Também interessado em Direito, ou-tro estudante “veterano” é EraldoAntonio, 46 anos, que já está na retafinal. Terminando o 5º ano de Direi-to, conta que a grande responsável porseu ingresso na Universidade foi suaesposa, que o incentivou muito. For-

mado em Agronomia, trabalhandoatualmente nesta área como funci-onário público da Secretaria daAgricultura Estadual, sempre se in-teressou pelo Direito. Além disso,espera que o curso abra boas opor-tunidades, principalmente para con-cursos públicos. “Como já estou ter-minando, posso afirmar que foimuito proveitoso. Após 20 anos semestudar, conseguir concluir o cursofoi uma grande conquista”.O futuro jornalista, Edgar SantaRosa Esteves, 52 anos, assimcomo Eraldo, também é engenhei-ro agrônomo. Ele conta que seupai foi durante muito tempo cor-respondente do jornal Folha de S.Paulo, e que alguns parentes tam-bém são jornalistas, o que semprelhe gerou curiosidade, interesse eo motivou para iniciar, neste ano,o curso de Jornalismo.Logo no início, percebeu e consi-derou natural uma determinadasegregação na sala de aula, o queacabou deixando-o um pouco des-locado. Com o passar do tempo,os colegas de classe foram perce-bendo que ele estava disposto a

se integrar e que, pela própria ex-periência de vida adquirida, tinhamuito a acrescentar. Hoje, para a re-alização dos trabalhos em grupo,Esteves é muito disputado.Clarisse, Airton, Osmar, Eraldo eEsteves são exemplos fortes de bus-ca pela realização pessoal. Mos-tram, com atitudes, que quando setem vontade, tudo se torna possível.Especialmente numa época em queo conceito de idoso está se trans-formando velozmente. Hoje, aocontrário de bem pouco tempo atrás,uma pessoa de 50 anos ainda é con-siderada jovem e apta a realizar so-nhos e planejar o futuro.

O mito da idadeA psicóloga e professora univer-

sitária Simoni de Cássia HaddadPenteado percebe, como psicólogae também como professora queconvive com jovens estudantes commais de 40 anos, que existe um ró-tulo, um mito instaurando, de que aidade para estudar é a juventude. Oprocesso de envelhecimento é vis-to como um período de declínio, deperdas e, automaticamente, as pes-soas relacionam a imagem do ido-so à de uma pessoa esquecida, quecomeça a sofrer perdas significati-vas tanto físicas como intelectual-mente. “O mito é o seguinte: o in-divíduo está mais velho, portantoseu grau de aproveitamento será de-ficitário”, resume.A pessoa com idade mais avança-da, segundo Simoni, pode apreen-der normalmente os conhecimentostransmitidos na universidade. “Nãopodemos negar que há uma perdanatural na memória, mas nada queimpeça e bloqueie o aprendizado”.A psicóloga considera que a procu-ra pelo ensino superior em idademais avançada é feita por pessoasque buscam incessantemente peloconhecimento, que não se permitemficar paradas e partem sempre embusca da satisfação dos anseios in-teriores.

Edgar: muito disputadoOsmar: trabalho com os colegas de classe

Gabriela Rocha

O telefone celular é hoje umobjeto indispensável para boa par-te das pessoas de várias faixasetárias e sociais. Status para al-guns, necessidade para outros, ocelular chegou há poucos ao Bra-sil, mas já tem adeptos entre cri-anças, jovens, profissionais, estu-dantes e donas-de-casa. Os maio-res atrativos dos telefones móveisnem sempre são pelos serviçosbásicos prestados pelas operado-ras. A cor, o modelo, tamanho, fun-ções de mensagens, Waap, fax efotos que podem ser tiradas pelopróprio celular e mandadas paraoutro são razões mais que sufici-entes para o usuário gastar cente-nas de reais em aparelhos cada vezmais sofisticados.

Outra boa razão para aquisiçãode um celular é oferecida aos quegostam de rastrear seus filhos pormeio do inseparável aparelhinho.O celular é um aliado valiosoquando se trata de encontrar filhos.Com essa e outras desculpas, alémdo grande número de promoçõesoferecidas pelas lojas, os consu-midores, compram cada vez maiscelulares e aprendem rapidamen-te a não viver sem eles. Para AndréMaximiliano , gerente administra-

Atraídos pela “celularmania”Para trabalhar ou paquerar, o celular tornou-se imprescindível, principalmente para os jovens

tivo da Elma Chips, filial deAraraquara, o celular é um instru-mento de trabalho. Sem o aparelhoseria muito difícil a comunicaçãodele com os vendedores, e todo opessoal envolvido da empresa deAraraquara e outras filiais.

O crescimento de pessoas queadquirem um aparelho chega a sermaior do que o telefone fixo. Commais de trinta milhões de usuários,o celular lidera na concorrência e aexpectativa é de que esse númeroaumente ainda mais até o final doano. Entre os usuários há os que op-tam pelo telefone pré-pago, no quala facilidade é ainda maior, pois sepode creditar somente o valor de-sejado e de acordo com a necessi-dade de cada um. Apesar dessas fa-cilidades, quem imagina que man-ter um celular é fácil, está redonda-mente enganado. O custo pesa nobolso do consumidor. As tarifas dasligações e mensagens não são bara-tas. Cada ligação de um minuto cus-ta em média R$ 2 e mensagens cus-tam sessenta centavos aproximada-mente. Muitas das operadoras fa-zem promoções de Dia dos Namo-rados, Dia das Mães, Natal, mas portempo determinado. De qualquerforma, a conta do celular tornou-semais um gasto mensal para muitasfamílias, uma conta a mais a pagarno final do mês, mas o que importa

para muitas pessoas é ter o telefonea qualquer custo.

Para a estudante Fabiana Gon-çalves de Jesus, o celular não é umaferramenta que faz parte de seu tra-balho, mas ela considera indispen-sável para sua própria segurança.“O celular facilita minha vida,quando preciso falar com alguémcom urgência é só discar, não im-porta a hora e o local, mas falar só

o necessário, pois as ligações sãomuito caras. E a estética do celularpara mim é importante porque elesendo menor, facilita no transportee não ocupa espaço dentro da bol-sa, além de ser bonito”.

Como Fabiana, para a maioria dosestudantes carregar o celular já virouum vício. Dentro das salas de aula, évisível aparelhos em cima das cartei-ras, apesar de alguns professores não

admitirem. Os alunos, então, deixamno modo vibratório e, caso o apare-lho toque, ninguém ouve e ele sai dasala para atendê-lo.

Por moda ou por necessidade, ocerto é que ninguém desgruda osolhos do aparelhinho. Sempre searranja uma desculpa para ter um,mas é preciso consciência para nãometer os pés pelas mãos e acabarcom mais uma dívida mensal.

Jovem e o celular: inseparáveis Hora do estudo: celular na mesa

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Débora Matos

Falta pouco menos de um anopara as eleições municipais de2004. Um prazo aparentemente lon-go para a disputa, mas em conta-gem regressiva para os partidos epossíveis candidatos. Boa parte daconfirmação das forças políticas,sobretudo as filiações partidárias, jáfoi decidida, em 03 de outubro de2003. Daí por diante, a margem demanobra para troca de partido, co-ligações, alianças e composição dechapas já ocorrem numa faixa bemmais estreita. Exatamente nessa fasedo processo eleitoral, a fragilidadeou a força dos partidos são revela-das aos eleitores que ficam confu-sos com tantos “troca-trocas”.

Políticos que se filiam, políticosque se desligam, os partidos no Bra-sil não guardam tanta fidelidadecomo ocorre nas democracias maissólidas. Por isso, os eleitores preo-cupam-se pouco com o partido aescolher. Afinal, poucos sabem paraque serve um partido político e amaioria escolhe seus candidatospela pessoa, embora os partidos po-líticos sejam uma das principaissustentações do sistema democrá-tico moderno. Sem partidos, a so-ciedade não teria como escolherseus representantes políticos.

Os partidos são compostos porideais comuns e convicções ideoló-gicas em torno das quais reúnem-segrupos de pessoas que partilham dasmesmas idéias. Numa democraciaavançada, os eleitores escolheriamentre essas idéias as que mais lheagradam e convencem. Num siste-ma democrático jovem e frágil como

Partidos políticos perdem identidade

eles existam apenas para fornecerlegenda para os candidatos a car-gos públicos de vereador a Presi-dente da República. Isto porque, nalegislação eleitoral brasileira sópodem concorrer às eleições aque-les que forem filiados a qualquerdos partidos legalmente instituí-dos. Mas, os partidos têm funçõesmuito mais importantes que a demera legenda e devem buscar or-ganizar as diversas parcelas da so-ciedade, representar os que concor-dam com ele, manter-se fiel a seuprograma e a seu estatuto.

Porém, há muitos partidos queservem mais para as aspirações dealguns grupos ou indivíduos do quepara a propagação de idéias reno-vadoras. De acordo com Fábio deCarvalho, presidente da União dosFerroviários de Araraquara, “a im-portância de um partido políticopara a sociedade é a garantia da so-brevivência de nossa democracia.Os partidos servem para exprimir epara formar a opinião pública”.

Para realmente serem capazes deformar opinião pública, os partidosterão que se definir com mais pre-cisão. Nas democracias consolida-das, como as dos países europeus,os partidos são tão fortes que éimpensável alguém desligar de umpara filiar-se a outro. No Brasil,enquanto essa identidade partidárianão ocorrer, os eleitores vão conti-nuar procurando seus candidatospreferenciais mais pelas propostasindividuais e afinidades pessoais.

Os partidos ficam em segundoplano e, salvo algumas exceções deagrupamentos de esquerda, os elei-tores não conseguem associar can-didatos a filiações partidárias.

População decide orçamento municipal

o brasileiro, isso não acontece e ospartidos se confundem entre a po-pulação. No Brasil, atualmente exis-tem 25 partidos políticos e a históriarevela que, no começo, eles foramreprimidos, hostilizados e despreza-dos. Durante o longo período de di-tadura militar, foram banidos e res-taram somente dois: Arena e MDB.

Com a reabertura democrática,em 1980, foi autorizada a formaçãode cinco partidos. Finalmente, em1985, veio a completa liberdadepartidária. Com ela, a proliferaçãode pequenos partidos cujas propos-tas se confundem umas com as ou-tras, deixando os eleitores atordoa-dos. Mas, para entender um poucode partidos políticos, primeiro é ne-cessário compreender democracia.

Origem gregaA palavra democracia é de ori-

gem grega (demos, povo, kratos, po-der). A democracia moderna tevesuas origens na Grécia há mais de2.000 anos e significa uma doutri-na política ou forma de governo ba-seada na soberania do cidadão, noseu acesso à cena pública, napluralidade de idéias e expressão desuas opiniões, na possibilidade deintervir politicamente

Democracia também significa aparticipação de todos na vida da fa-mília, da escola, da empresa, dopaís ou de qualquer agrupamentode pessoas que têm desejos, idéiase sonhos diferentes. Para que pos-sam decidir entre opções diversas,essas pessoas conversam, ouvemumas às outras, discutem. Se todasconcordam com uma opção, ocor-re o consenso. Se é preciso decidirentre mais de uma possibilidadevotam e deve prevalecer a decisão

da maioria.Para votar, a população escolhe

entre propostas e projetos diferen-tes que são organizados em diferen-tes partidos que tentam convencero maior número de pessoas sobresuas idéias. Para a vereadora JulianaDamus, do PPB - Partido Progres-sista Brasileiro, eleita com 1.254votos, “os partidos políticos repre-sentam o elo de participação popu-lar com os governantes, e somentepelos partidos o cidadão pode con-correr a cargos políticos como ve-reador e deputado. Não há demo-cracia sem o voto e sem a existên-cia dos partidos políticos. Com ofortalecimento da democracia nota-se uma maior participação popularno processo político.”

Apesar de os partidos teremessa importância histórica e polí-tica, muitas pessoas imaginam que

Carolina Hansen

Em vigor desde janeiro de 2001,o Orçamento Participativo (OP)surgiu no início da gestão de EdinhoSilva (PT), atual prefeito deAraraquara. Considerado um espa-ço democrático, onde a populaçãopode e deve participar, o OP funci-ona em todos os bairros, através dereuniões nas quais os moradoresdecidem o orçamento do municípioe suas prioridades. Para facilitar otrabalho e a participação popular, omunicípio de Araraquara foi divi-dido em oito regiões, cada umadelas divididas em sub-regiões, paraque sejam atendidas as necessida-des especificas de cada bairro. Du-rante o ano, acontecem as plenári-as (reuniões com a população rea-lizadas nos bairros), onde o Conse-lho do Orçamento Participativo(COP) presta contas para a popula-ção, demonstrando quanto a prefei-tura arrecadou, quanto gastou e oque foi feito em termos de obras.

Nessas plenárias cada região es-colhe três temas prioritários para obairro. As questões técnicas, os re-cursos disponíveis, a localização, oprojeto e os custos das obras ou dosprogramas dentro de cada tema, sãoamplamente discutidos nas reuniõesdo Conselho abertas à toda comu-nidade. Das três prioridades eleitas,o COP garante a execução da pri-meira, sendo que as demais depen-derão dos recursos disponíveis.

Para viabilizar e agilizar o proces-so decisório, nas reuniões, a cada dezparticipantes, um morador é eleito re-

presentante e chamado de delegado.Ele fica encarregado de verificar e es-colher as áreas com maior necessida-de de implantações. Segundo delega-da da Região 5, (Condomínio Satéli-te, Vila Suconasa) um dos bairros pre-cários da cidade, Gláucia FernandaEmílio, graças ao OP os moradoresconseguiram nesses dois anos algoque não tinham, como a ampliaçãodo Centro de Educação e Recreação(CER), a iluminação da pista e a pa-vimentação no bairro inteiro. “Comesse programa eu e a população es-

Fundamentais para a democracia, os eleitores ignoram os partidos e suas histórias

Dos R$ 2 mi investidos pela Prefeitura, R$ 12 mi foram aplicados no OP

peramos melhores benefícios para osbairros”, comenta a delegada.

Luis Benúncio, delegado da Re-gião 4, (Jardim Pinheiros e Améri-ca) afirma que as obras são cum-pridas a regra, mas às vezes, elasatrasam um pouco por causa dasverbas arrecadadas pela prefeitura,porém, nunca são deixadas paratrás”. O dinheiro do orçamentoparticipativo é basicamente o quesobra da arrecadação municipal doano anterior. “É o conselho do or-çamento participativo que decide

quanto de recurso irá para cada re-gião de acordo com a obra escolhi-da”, afirma Márcia Lia, coordena-dora do orçamento participativo.

Através deste programa, em doisanos de Orçamento Participativo,dos cerca de R$ 22,2 milhões inves-tidos pela Prefeitura, R$ 12 milhõesforam aplicados no OP. A intençãodo Poder Público é agir de maneiradireta junto à população para cons-truir e tornar a cidade melhor, mo-derna e com mais qualidade de vidapara os quase 190 mil habitantes.

Márcia Lia: Orçamento é avanço para o município

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Jornalmantém apopulaçãoinformada O Orçamento Participa-

tivo (OP) de Araraquarasurgiu para que a popula-ção pudesse dizer o que émais importante para cadabairro. Esta participação de-mocrática conta com uminstrumento de divulgaçãomuito importante: o jornal“Informativo OrçamentoParticipativo”. Esse jornalfunciona como uma presta-ção de contas para a comu-nidade, onde toda a popula-ção tem a possibilidade desaber o que está acontecen-do no OP.

Para facilitar o trabalho,as regiões foram divididasem oito e através do infor-mativo é que a populaçãofica sabendo os locais, da-tas e regiões de cada reu-nião plenária. Por meio doinformativo, a Prefeiturapode prestar contas sobre osinvestimentos que estãosendo feitos, orientar a po-pulação sobre o andamen-tos das obras, entre outrasinformações.

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Devedores tentam sair do vermelhoDificuldades para pagar dívidas vira angústia nacional

José Commandini Neto

O número de brasileiros enras-cados na ciranda das dívidas e nopesadelo da inadimplência crescecom a mesma rapidez com que umacobrança chega à porta de casa.Sobra cada vez mais mês no finaldo salário e a pilha de contas a pa-gar tende a ficar perigosamentemaior do que o dinheiro que entra.Levar a vida no vermelho virou an-gústia nacional, mas o brasileiroanda encalacrado por uma razãomuito mais preocupante: ele estámais pobre. Dados do IBGE mos-tram que a renda média encolheu15% só no último ano. O desem-prego, além disso, passou a assus-tar mais gente. Nos seis primeirosmeses do governo Lula a taxa dedesemprego ficou em 12,2%, o queequivale a 2,7 milhões de pessoas.

Com esses indicadores, não é di-fícil explicar porque há cada vezmais inadimplentes. Mesmo assim,a população vai procurando encon-trar saídas para equilibrar as despe-sas e a receita. Uma dessas alterna-tivas é identificar quais são as des-pesas mensais e o impacto de cadaitem no orçamento final. Isso per-mite que o devedor descubra ondeestá o problema maior. A idéia é serdetalhista nas anotações, mesmo queno início a missão seja monótona.Há junto um esforço psicológico im-portante a ser realizado, quando épreciso controlar a ansiedade de con-sumo e não cair na ilusão de que ébom usufruir hoje de um bem quesó se poderá pagar amanhã. O mai-or erro do inadimplente é achar queas coisas vão se acertar sozinhas eque a situação não pode ficar pior.Mas, sempre fica.

Para Alexandre Quirino Coelho,25 anos, funcionário público, é ne-cessário abdicar de alguns luxospara acabar com a dívida. “É umasolução que, se precisar, com cer-teza usarei”, garante. Se o débitofor de R$ 10 mil, por exemplo, e odevedor tiver um carro no mesmovalor, os especialistas afirmam queo melhor é se desfazer do bem. Emseis meses a dívida estará valendoR$ 17,5 mil no cheque especial,enquanto o carro provavelmente

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Carro á venda: opção para pagar dívida

• Procure os serviços de orien-tação ao consumidor nasprincipais centrais de prote-ção ao crédito, como SPC eSerasa, munido de RG eCPF. Não adianta telefonar.É preciso ir pessoalmente.

• Informe-se nessas centrais so-bre pendências que constamde sua ficha sobre a melhormaneira de regularizar a situ-ação com credores ou cartóri-os de protestos.

• Se houver algum erro em seusdados cadastrais, o Código deDefesa do Consumidor impõeum prazo de cinco dias úteispara que as alterações sejamrepassadas a todo o sistemade proteção ao crédito.

terá seu valor depreciado.Há outras formas de se levantar

dinheiro para honrar contas pendu-radas. Para quem tem carteira assi-nada, uma saída é vender uma par-te das férias ou pedir uma anteci-pação do 13º salário. A restituiçãode Imposto de Renda também deveser totalmente investida na quitaçãode débitos. Quando há compromis-sos pendentes, o melhor é não abrirespaço para ambições de compra.Se o financiamento for inevitável,antes de fechar qualquer emprésti-mo é necessário verificar os juroscobrados em cada uma das modali-dades. Os das financeiras sãoaltíssimos, de mais de 12% ao mês.No caso do cartão de crédito, elessão em média de 10%.

Para os adolescentes, os paissempre acabam ajudando quandoas contas apertam no final do mês,pois além de roupas da moda eacessórios não pode faltar o dinhei-ro das baladas. Elias Meszingisser,19anos, afirma que não gasta maisdo que pode. “Mas, se gastar, peçoaos meus pais”, conta.

Organizar as contas, no entan-to, não é exclusividade dosendividados. Luís FernandoZeferino, 22 anos, estudante de jor-nalismo, diz que para não entrar novermelho nunca compra a prazo.“Só compro quando tenho o totalna mão”, revela. Mesmo quem tem

A cartilha darenegociação

• Se não houver condiçõespara pagar uma dívida novencimento, o melhor éavisar o credor, se possí-vel com antecedência. Amedida demostra o empe-nho em resolver a questãoquanto antes.

• Seja claro e honesto como credor. Explique seusproblemas, sem desculpasou rodeios.

• Procure evitar intermediári-os. As empresas de cobran-ça e os consultores de dívi-das ganham um percentualsobre o valor devido e têmmenos autonomia.

• Peça um demonstrativo dadívida para verificar quan-to está sendo cobrado emmulta, ou juros de mora.

• Pleiteie juros menorespara o parcelamento. Al-guns credores chegam aabrir mão das taxas paragarantir o recebimento doprincipal. As multas deatraso também podem sereliminadas do saldo total.As taxas de juros ou mul-tas acima de 2% são con-sideradas altas.

• Negocie dentro de suaspossibilidades financei-ras. Não assuma um paga-mento mensal maior doque pode suportar.

• Não aceite a cobrança dehonorários advocatíciosnem despesas de cobran-ça. De acordo com o Có-digo de Defesa do Consu-midor esses custos devemser pagos por quem con-trata os serviços.

• Use qualquer sobra do or-çamento para tentar nego-ciar o pagamento à vistade suas dívidas, dando pri-oridade àquelas com en-cargos mais altos, como fi-nanceiras, cartões de cré-dito e cheque especial.

Como limpar onome na praça

Comércio ambulante perdemovimento no Gigantão

• Não é preciso contratar ser-viços de terceiros para regu-larizar as pendências. É pos-sível quitar as dívidas direta-mente com os credores.

• Pague ou renegocie as dívidase exija um documento quecomprove o acordo. Isso jábasta para retirar o nome daslistas negras, independente-mente de a dívida estar ou nãototalmente paga. A própriaempresa se encarrega de co-municar às centrais a liquida-ção ou a renegociação do dé-bito.

• Se a empresa se negar a reti-rar o nome do cadastro deinadimplentes, procure um ór-gão de defesa do consumidor.

a vida financeira equilibrada, oacompanhamento constante do or-çamento e um fundo de reserva sãofundamentais, pois em um paíscomo o Brasil é preciso sempre es-tar preparado para as crises. Todosos especialistas orientam que um or-çamento equilibrado deve relacio-

nar todos os gastos mensais, docafezinho às esmolas. A priorida-de deve ser para o pagamento dedívidas e também é necessário es-tabelecer uma hierarquia para ascompras: separe os bens que sequer daqueles que se precisa. Issojá pode ser um bom começo.

Falta de jogos do basquete Uniara desanima público visitante

Rodrigo Bruschi

A eliminação da equipe de bas-quete masculino adulto da Uniara noinicio da segunda fase do campeo-nato brasileiro deste ano, diferentedo ocorrido do ano passado quandoa equipe Araraquarense foi vice-campeã , provocou uma diminuiçãodo movimento do comércio ambu-lante nas proximidades do Ginásiode Esportes Castelo Branco(Gigantão). Vários comerciantes re-latam que durante o campeonato aequipe da Uniara jogava duas vezespor semana em Araraquara, atrain-do um bom público.

Silvia de Campos, que tem umcomércio de doces nas imediaçõesdo Ginásio, afirma que nos dias emque a Uniara jogava sempre haviamais movimento. Já o garapeiro

João Tavares da Silva notou quehouve uma diminuição do movi-mento em relação ao ano passado,período que afirma ter vendido eatendido mais fregueses. “No anopassado havia mais agito e um mai-or número de pessoas freqüentan-do os jogos da Uniara noGigantão”, afirma o comerciante.Descontente com a queda das ven-das, o comerciante conhecido comoBeto Burgue, proprietário de um car-

rinho de lanches, também conside-ra que em 2003 o movimento temsido menor do que no ano passado.Além disso, ele reclama que quan-do há jogos no Gigantão há uma in-vasão de ambulantes que não sãoautorizados a trabalhar no local,prejudicando ainda mais o movi-mento. Mesmo com essa concorrên-cia acirrada, o comerciante afirmaque seu movimento aumenta 50%em dia de jogos no Gigantão.

As garapeiras Marlene NobreSelatino e Gisele Bento dos Santostambém ressaltam que no ano pas-sado o movimento foi maior queem 2003. Mas, Gisele afirma queapesar da queda no movimento elanão tem tido prejuízo. “Só que noano passado havia mais empol-gação e animação da torcida , re-fletindo num melhor movimento efaturamento”, conclui.

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João Tavares afirmaque a principal causa

na queda das vendas éa falta dos jogos de

basquete no Gigantão

1ª Quinzena � Dezembro 2003 economia Vitral � 05

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1ª Quinzena � Dezembro 2003geral06 - Vitral

Clariana Domingos

Muitos jovens universitários tro-cam as carteiras escolares pelas me-sas dos barzinhos localizados nasimediações das faculdades e univer-sidades, uma troca que às vezes ini-cia-se na segunda-feira, vai até à sex-ta e em alguns casos envolve até70% dos estudantes, segundo a pes-quisa realizada pelo Eustázio Perei-ra, no instituto da USP de Santos,sobre o comportamento dos jovens(dados da internet). Essa substitui-ção das salas de aula pelos bares atéhá algum tempo atrás acontecia nasocasiões especiais, para comemoraras notas ou o aniversário de algumcolega. Hoje a história é outra e asimples companhia dos amigos e oprazer de beber atraem o interessedos universitários em geral.

Alunos que bebiam de vez emquando passaram a beber diariamen-te. Com isso, o aprendizado fica pre-judicado e o jovem ainda pode adqui-rir um vício difícil de vencer. NaUniara, a situação nnnn é diferente eachega a assustar a proliferação debares ao redor da faculdade. Juntocom os bares, estão também outras

atrações como demonstrações depirofagia, desfile de carros com somalto além de promoções de fabrican-tes de cerveja que fazem promoçõesdistribuindo gratuitamente a bebidapara os estudantes. Em meio a essastentadoras opções de lazer, os alunosmuitas vezes deixam de assistir aulaou saem mais cedo para tomar cerve-ja, jogar sinuca e ficar se divertindocom os amigos. “Se não houvessemtantas distrações em volta da univer-sidade, talvez os alunos se aplicari-am mais no curso”, diz Leandro Cas-tro, 23 anos aluno de Jornalismo, quehoje dá mais valor ao curso, não tro-cando a aula pela diversão.

No bar, encontra-se entretenimen-to e para justificar a troca da aula pelacerveja, os universitários alegam quea matéria não está interessante. “Asaulas teóricas são cansativas edesgastante, em alguns cursos sãodescontraídas por serem práticas, oque prende a atenção dos alunos”, dizFernanda R. Ulian, 20 anos, aluna deTurismo. Castro também concordaque os professores deveriam usar e“abusar de recursos que diferencias-sem as aulas do tradicional, como pro-por uma diversão na sala que estimu-lasse o aluno”. Com essas desculpas,

alguns universitários só se preocupamcom a escola quando as notas estãobaixas, deixando de se preocupar comseu futuro profissional.

O jovem, em sua maioria de bomnível cultural, às vezes chega à uni-versidade sem fazer uso de bebidaalcóolica até aquele momento. Mas,para ser aceito no novo grupo acabaentrando na corrente. Até porque asociedade não encara o álcool e o ci-garro como se fossem drogas. Comisso, o consumo vem aumentandoaceleradamente. O consumo de ál-cool no início da década de 80 erade 22,3 milhões de litros anuais. Atu-almente, a quantidade mais que do-brou e são 50,3 milhões de litros. Apesquisa do IBGE constatou tambémque em cada dez estudantes univer-sitários, sete consomem bebida alco-ólica, e alguns de maneira exagera-da e sem limites.

Com essa atitude o estudante uni-

versitário se esquece de suas respon-sabilidades, não freqüentando as au-las e sentindo-se cada vez maisdesmotivados. Na opinião do profes-sor de Ética em Jornalismo, Sebasti-ão Geraldo, uma das saídas para se-ria convencer o aluno da importânciado conteúdo discutido em sala para a

Joana Silvério

Quando uma criança perguntaaos pais o motivo de ter quer ir àescola, a resposta espontânea é:“porque você precisa aprender a lere a escrever”. Apesar disso, o In-dicador Nacional de AlfabetismoFuncional divulgado pelo Institu-to Paulo Montenegro, ligado aoIbope, aponta que apenas 26% dosbrasileiros conseguem ler e enten-der um livro. A maioria passa pe-los bancos escolares carregando

uma enorme dificuldade para gos-tar de ler, entender o que lê e ex-pressar através da escrita aquiloque entendeu nas leituras. A essadificuldades pode-se dar o nome deanalfabetismo funcional. Ou seja,a pessoa não aprendeu a ler e es-crever com qualidade suficiente.

Na opinião unânime dos educa-dores, uma pessoa somente terácapacidade de entender e escreverse ler bastante. Para os pedagogos,as escolas devem despertar o gostopela leitura. E, pelo jeito isso não

está acontecendo. “Nosso país, in-felizmente, não possui o hábito deleitura e temos que criar em nossosjovens esse bom hábito. Isso sópoderá ser realizado a partir domomento em que a educaçãooferecida aos alunos seja de quali-dade e tenha como ponto de partidaensinar para a vida”, diz apedagoga Inês Varela.

Ponto de vista semelhante é le-vantado pela professora de portu-guês, Maria Isabel Felício. “Quan-do ensinamos literatura, os escri-

Cerca de 26% dos brasileiros não conseguem ler nem entender um livro

Antes, o motivo era comemoração de notas; hoje, qualquer razão leva os alunos aos barzinhos

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Jovens: bebida é sinônimo de aceitação

Bar lotado: a cada dez estudantes, sete consomem bebida alcoólica

Universitários: preferência pelos bares

Alunos trocam salas de aula pelos bares

vida profissional do mesmo. Outracoisa é tornar a aula mais participativaevitando com isso a monotonia e fal-ta de interesse. Seria uma forma deprender a atenção, fazendo com queo estudante se esqueça um pouco dosbarzinhos e passe a dar mais valor aoseu futuro profissional.

Livros merecem toda atenção

tores são apresentados comoícones, os imortais. Isso assusta eafasta muitos alunos que acabamnão tomando gosto pela literaturanacional”.

A opinião de Maria Isabel éconfirmada pela estudante Angé-lica Puim, 17 anos. “Eu não gostode ler. Os livros que os professo-res pedem são muito chatos. Nãotêm nada a ver com a realidade epossuem uma linguagem muitovelha”. A repulsa ao gosto pelaleitura demonstrada pela estudan-

te revela uma deficiência maisbásica. “A linguagem muito velha”à qual a estudante se refere é alinguagem de uma época. Para queos jovens compreendam issoquando estão lendo uma obra lite-rária, é necessário que conheçamo contexto sócio-econômico e cul-tural em que foi escrita. Sem esseconhecimento, o desinteresse éconseqüência imediata.

Sem leitura, o jovem terá difi-culdade para compreender os tex-tos que que terá que ler em diver-sas situações, vida afora. Nos con-cursos, vestibulares e exames, éfundamental a compreensão doenunciado da questão para se che-gar à resposta correta. A profes-sora de matemática Damarys deFreitas cita como exemplo a provado ENEM(Exame Nacional doEnsino Médio) desse ano. “Quemdeu uma olhada nas provas doENEM, sabe do que estou falan-do. Tinha questões de matemáticaque eram pura interpretação detexto. Bastava que o aluno conse-guisse ler e entender o que estavasendo pedido, porque toda a infor-mação necessária para resolver oproblema estava no próprio enun-ciado”.

Isso só ressalta ainda mais a ur-gência de desenvolver a leituracomo hábito para os jovens. Essaé uma questão que não se restrin-ge apenas a um campo de conheci-mento, mas que abrange a vidacomo um todo. E irá fazer toda adiferença.

Livros e leitura: fundamentais para uma educação de qualidade

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1ª Quinzena � Dezembro 2003 cultura Vitral � 07

Internet grátis atrai estudantesà biblioteca de São Carlos

Vivian Torresan

A internet veio para modificar eampliar os conhecimentos. Em todosos cantos e lugares existem os com-putadores tão úteis hoje. As pessoasverificam e-mails e por ele dão e re-cebem sugestões, fazem pesquisas ese globalizam. Nada mais justo do quetambém servir para pesquisas maiselaboradas e atuais, notícias maisquentes e toda a forma de procura porvários assuntos. E para que estas pes-quisas alcancem todas as pessoas eníveis sociais, a Biblioteca Munici-pal de São Carlos inaugurou uma salasó com computadores instalados emrede.

Sala dos adolescentes ainda é a mais frequentada Sala é preparada para receber os adultos Sala computadorizada

O grupo Gestus de Araraquara, coordena-do pela professora Gilsamara Moura, aca-

ba de retornar de uma turnê realizada nas

regiões de São Carlos, Ribeirão Preto eBauru, com o espetáculo “O Homem que

odiava segunda- feira”, adaptação do livro

homônimo do autor, também araraquaren-se, Inácio de Loyola Brandão.

A inovação vem atender no-vas demandas apresentadas, prin-cipalmente, pelo público mais jo-vem. Segundo Mary Tonissi deFigueiredo, diretora da Bibliote-ca, muita coisa vem se transfor-mando nos últimos cinco anos e abiblioteca precisa se modernizarpara acompanhar as novastecnologias e atender melhor umpúblico que vem crescendo bas-tante. As três salas existentes -adulta, infantil e adolescente - ofe-recem livros, gibis, jornais, arqui-vos, revistas e, agora, computado-res instalados em rede.

A sala infantil não sofreugrandes mudanças com a chega-da da internet. “As crianças lêem

mais gibis e gostam de observar asgravuras, não necessitam dainternet. Quando o fazem, os pais,na maioria das vezes, estão juntose os ajudam com o computador”,explica Mary.

Na sala adulta, antigamente fre-qüentada apenas por três ou quatrosenhores que iam ali para ler jor-nais e conversar futilidades, hojevive lotada. O número de procurapor jornais e revistas triplicou. “Aspessoas entram para esperar o ôni-bus, o horário para voltar ao servi-ço e principalmente para se instruirsobre o mundo globalizado”, acres-centa a diretora. Para a diretora eas bibliotecárias esse aumento nonúmero de frequentadores foi a me-

lhor coisa que poderia ter aconteci-do, já que esta sala vivia vazia e semmuitos interessados.

A sala possui muitos arquivoshistóricos da cidade e de outras lo-calidades, revistas e jornais. Assun-tos mais específicos, atuais, estãosendo procurados na internet, o quenão diminui a procura e a curiosi-dade pelos livros.

A sala dos adolescentes e univer-sitários é a que mais vem se modifi-cando. “Tudo aqui funciona relacio-nado aos calendário letivo das esco-las, principalmente das públicas”,complementa a diretora. As escolasinfluenciam as procuras por determi-nados assuntos, como geografia, his-tória, literatura e o grande crescimen-

to é pela procura por artes e cultura.As mudanças têm atraído estudantesque reúnem na biblioteca para estu-dar com os colegas, trazendo seuspróprios livros e buscando informa-ções na internet. “Ultimamente, osalunos ficam aqui em grupos, estu-dando e, às vezes, trazendo seus pró-prios livros”, diz Mary Tonissi. Esseaumento na frequência comprova quea instalação dos computadores crioumais um motivo para o públicosãocar-lense freqüentar a BibliotecaMunicipal. E comprova também queas novas tecnologias podem conviverharmoni-camente com os livros e ve-lhos arquivos que ainda são a refe-rência principal para qualquer estu-do e pesquisa.

Rodrigo Bruschi

Ogrupo Gestus de Araraquara,coordenado pela professora

Gilsamara Moura, acaba de retornarde uma turnê realizada nas regiõesde São Carlos, Ribeirão Preto eBauru, com o espetáculo “O Ho-mem que odiava segunda- feira”,adaptação do livro homônimo doautor, também araraqua-rense,Inácio de Loyola Brandão.

O espetáculo percorreu 17 cida-des do interior paulista e fez parteda mostra SESC Latinidades junta-mente com outros grupos, com es-pecial destaque para o grupo musi-cal da Romênia Mahala Ray Bande para a Companhia TeatralMandacarinho, de Jacareí. Alémdesses grupos, vale destacar tam-bém a presença da artista plásticapaulistana Nani Brisk e da bolivia-na Angélika Heckl.

A mostra realizada pelo SESCocorreu em 80 cidades diferentes econtou com o apoio de empresas pri-vadas através da Lei Rouanet, que in-

centiva o apoio à cultura em trocade isenções no imposto de renda.

O grupo dirigido pela profes-sora e coreógrafa GilsamaraMoura, atual diretora daFUNDART, foi um sucesso entreo público e a crítica em todas ascidades por onde passou, realizan-do as apresentações em locais pú-blicos com entrada franca, visan-do assim atingir o maior númeropossível de espectadores.

Composto pelos bailarinos Ta-deu Queiroz, Aberto Fernandes,Érica Petroni, Sabrina Kelly, Ali-ne Cíntia e a Propria GilsamaraMoura, o grupo Gestus passou poruma exaustiva preparação para estaturnê, que incluiu musculação, na-tação, aulas de balé clássico e maisde 20 horas semanais de ensaiosentre outras atividades paralelas.

O espetáculo contou ainda comas interpretações impecáveis dePaulo Martelli ao violão, que as-sina a trilha sonora e enriqueceainda mais esta reunião de gran-des talentos oriundos da cidade deAraraquara.

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Computadores em rede mudam a rotina dos usuários da biblioteca municipal

Grupo Gestus é sucesso no interior

Gestus: preparação inclui natação, musculação e aulas de bale clássico

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1ª Quinzena � Dezembro 2003esporte & lazer08 - Vitral

Rapel atrai cada vez mais adeptos

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No meio da descida: aventura em uma das cachoeiras Monte Alto

Esporte radical é uma opção para conciliar lazer e boa forma

cida são muito resistentes e a cordasuporta até três mil quilos.

Para o professor de rapel Gui-lherme Galassi, praticante do es-porte há cinco anos, a sensação demedo se mistura com a liberação deadrenalina. “Nas primeiras vezes omedo é muito grande, então a gentequer chegar logo ao chão e não cur-te a paisagem. Mas, depois de trêsou quatro descidas você sente-semais calmo e seguro, então já podeparar no meio da cachoeira e sentira água. Sensação como a primeiradescida não existe, é maravilhoso”,afirma Guilherme.

Existem dois tipos de cursos. Obásico, onde as pessoas passam odia descendo na cachoeira, custacerca de trinta reais. O mais com-plexo, que geralmente é dado nosfins de semana, onde aprende-se osnomes dos nós, a executá-los e asformas de ancoragens e sai em tor-no de duzentos reais.

No verão as pessoas ficam maispreocupadas em manter a boa forma,com isso aumenta a procura por es-portes. Nessa época, o rapel é umadas alternativas para quem quer aliaros benefícios do esporte com o lazer.

Lazer só no final de semanaCaminhadas e encontro com amigos divertem a maioria dos universitários

Samanta Coelho

Os universitários têm tem-po livre para o lazer só nos finsde semana. Durante os demaisdias, enfrentam aulas, traba-lhos, estudos. Mas, quando osábado chega, cada um buscase divertir do jeito que gosta.As atividades a que se dedicamno final de semana variam deacordo com as preferências pes-soais de cada um e a enqueterealizada pelo jornal VITRAL,com alguns estudantes da Unipe da Uniara, mostra que pou-cos têm a leitura como lazer. Amaioria prefere os esportes ecaminhadas, além do lazer no-turno nos famosos barzinhos ouno cinema.

Foram entrevistados 30 alu-nos de vários cursos e faixasetárias. Os dados obtidos comesta pequena enquete revela-ram que apenas 10% dos uni-versitários se dedicam à leitu-ra em seus momentos de lazer.Juliana Previdelli, estudante

de Jornalismo, 19 anos, faz partedeste restrito grupo e comenta quea leitura é um tipo de lazer comoqualquer outro, mas afirma que éuma questão de gosto particular.“A leitura é um tipo de lazer assimcomo andar de bicicleta, navegarna internet e ir ao cinema. Opçõesexistem e o importante é cada umfaça o que gosta, já que o princi-pal objetivo é relaxar”.

O lazer mais citado foi a cami-nhada que, segundo os universitá-rios, é capaz de aliar o prazer a umaprática saudável. Cerca de 50% dosentrevistados, principalmente asmulheres, têm este hábito. A estu-dante de Gestão Empresarial emRecursos Humanos, 28 anos,Adriana Paulino acrescenta quetodo tipo de esporte é uma exce-lente forma de lazer. A estudantede Publicidade e Propaganda,Richele Toledo, 19 anos, é outraadepta da caminhada como opçãode divertimento nas horas livres eexplica que “caminhar é muitobom, por isso sempre caminhei nasminhas horas livres da faculdade edo trabalho. Caminho inclusive du-

rante a semana, quando há tempo”.O interesse pelos esportes foi tãosalientado que a maioria dos estu-dantes disse que faltam competi-ções esportivas em nível universi-tário. Isto, como eles comentam,seria uma forma de aproximá-los,ao mesmo tempo que serviria para“deses-tressar” depois de uma se-mana de afazeres na universidade.

No entanto, outras atividadescomo sair com os amigos, ir a bar-zinhos, boates, cinema e internet,foram citados por quase 80% dosentrevistados.Pescaria, aeromode-lismo e passeios de carro, tambémfazem parte do quadro de ativida-des dos universitários, porém estassão preferências dos estudantesmais velhos e que compartilhamsempre o lazer com a família.

Em relação ao tempo livre parao lazer, 93% dos universitários afir-mam que só podem se dedicar aoutras atividades, além do estudo edo trabalho, aos domingos. Eles ex-plicam que vontade não falta, o queinterfere é realmente a dificuldadeem conciliar o trabalho durante odia e a universidade à noite, ou mes-

mo ao estudo em tempo inte-gral. “É somente nos fins desemana que tenho tempo livre.Desta forma, divido este tem-po entre os trabalhos que osprofessores pedem, estudarpara as provas, com o lazer.Procuro fazer isto da melhorforma possível, assim dá tem-po para tudo sem me prejudi-car. Gosto muito de sair à noitecom meus amigos e procuro meorganizar para não ter que abrirmão disto”, explica ElaineTrevisan, 38 anos, que cursaGestão em Recursos Humanose é recepcionista em um con-sultório médico .

Driblando a falta de tempoe o cansaço, os universitáriossempre encontram alguma coi-sa gostosa para fazer nos finsde semana. E é fundamentalque consigam encontrar essasoportunidades de lazer e prazer.Afinal, nem só de estudos e tra-balho vivem as pessoas. Baterpapo com os amigos ou sim-plesmente dormir, são formasde recarregar as baterias.

Paula Urbano

Descer uma cachoeira pendura-do em uma corda parece loucura,mas é uma prática que tem atraídocada vez mais adeptos. Essa desci-da na vertical, o rapel é derivadodo alpinismo e foi inventada naFrança em 1879 por Jean CharletStraton e seus companheirosProsper Payot e Frederic Folliguet.No Brasil, pelas características tro-picais e grande riqueza fluvial, oesporte se propagou com facilida-de. Mas, mesmo se não estiver aoalcance de uma bela cachoeira, osadeptos podem sair à procura derapel urbano com descidas em pon-tes e prédios.

Porém, nada se compara à natu-reza e quem pode encontrar no in-terior de São Paulo alguns dos lu-gares mais privilegiados para a prá-tica do rapel. Brotas é um desseslugares e abriga em suas “serras”várias nascentes e rios encachoei-rados, que cortam vales e encostas,concentrando uma enormidade deatrativos turísticos, na maioria,hídricos como represas, ribeirões,

cachoeiras, corredeiras e nascentes.Seu potencial natural aliado ao in-cremento de produtos e serviços tu-rísticos confere à região um grandepotencial para o ecotu-rismo e parao turismo rural. E hoje já é com cer-teza, ponto de referência para a prá-tica de esportes de aventura, comoo rafting, bóia-cross, canyoning,arborismo e outros.

Outra opção para quem é da re-gião de Araraquara, é Monte Altoque oferece aos turistas 23 cachoei-ras, das quais 12 são para a práticado esporte. As cachoeiras variam de4 a 70 metros de queda e ficam nobairro rural Água Limpa, a quinzeminutos do centro da cidade. O pra-ticante de rapel, Adriano CésarDamiani conhece bem essas cacho-eiras. “Rapel é uma coisa que inovatudo, corpo e mente”, diz Adriano.

O equipamento necessário paraa prática do rapel pesa cerca de umquilo, e são a cadeirinha (equipa-mento usado para apoiar o pratican-te), o mosquetão (equipamento queliga a cadeirinha com a corda) e ocapacete. Essa prática pode ser fei-ta com total segurança, já que osequipamentos utilizados para a des-

André Bambu, carreira de vitórias e amizadesAtleta fala do começo da carreira e da emoção de conquistar o ouro no Panamericano

Roberto Schiavon

O dono da camisa 14 do UniaraBasquete, André Bambu, 24 anos,sabe que tudo o que conquistou navida profissional se deve não so-mente ao trabalho dentro das qua-dras mas também ao suporte da fa-mília e dos companheiros. E nãoforam poucas as conquistas. Emdez anos praticando o esporte,Bambu conseguiu primeiro tornar-se ídolo na cidade, através dascampanhas do Uniara nos campe-onatos paulista e nacional, e depoisgarantir seu nome na história dosJogos Panamericanos de SantoDomingo, conquistando a medalhade ouro com a seleção brasileira.“Meu pai me levou para fazer es-porte quando eu tinha 14 anos e obasquete foi a única opção que en-contramos, porque tinha que con-ciliar a atividade esportiva com ohorário dos estudos”, conta.

O jogador, que mede 2,05 m epesa 100 quilos, revela que a altaestatura foi um dos fatores que oajudaram a continuar no basquete,porque 14 anos já era consideradauma idade avançada para seguir nacarreira profissional. O técnico doUniara, Antonio José Paterniani, oTonzé, também é apontado porAndré Bambu como um persona-gem muito importante na sua tra-jetória, já que foi ele quem obser-vou o atleta ainda em Ribeirão Pre-to, onde os dois começaram a tra-balhar juntos. “Grande parte demeu sucesso aconteceu devido àorientação do Tonzé, que me deuoportunidade e me mostrou o ca-minho. Eu fui inteligente em seguiresse caminho e procuro continuarnele, porque sei que assim coisasmelhores virão no futuro”, declarao jogador.

Para Bambu, o fato de ter che-gado a treinar com a seleção brasi-leira em 1999, quando acabou nãoficando no grupo, também o aju-dou a obter sucesso neste ano. Eleacredita que chegou à sua segundapassagem na seleção com mais ex-

periência e segurança para não dei-xar escapar novamente a oportuni-dade. “Eu havia tido só o gostinhode estar na seleção, o que me fezvoltar já sabendo melhor o que fa-zer lá dentro para ficar”,complementa.

E o que se passa pela cabeça deum atleta quando sobe ao pódiopara receber uma medalha de ourorepresentando o Brasil em uma dasmais importantes competições domundo? “São muitos filmes que

passam na nossa cabeça. Um de-les é o das dificuldades no inícioda carreira, que mostram o poderque a gente tem para realizar ascoisas. Deus me deu o principal,que é a vontade e a saúde; o restovem naturalmente”, diz Bambu.

O que o jogador espera é conti-nuar trabalhando ainda mais paraassegurar sua vaga na seleção bra-sileira, porque sabe que precisa es-tar sempre bem preparado para no-vas convocações. “Essa passagem

foi muito boa, mas acabou. Agoratenho que dar seqüência como se es-tivesse começando do zero, traba-lhando forte e fazendo bons cam-peonatos. Tenho vantagem por jo-gar em uma equipe que está em evi-dência, lutando todos os anos pelasprimeiras colocações”, comenta.

Sempre dando um passo decada vez, André Bambu, que citao companheiro de time Pipokacomo uma de suas grandes inspi-rações, vai caminhando seguro na

carreira, porque sabe em quemconfiar e de onde vem o suportepara a luta diária dentro da quadra.“Não posso esquecer que chegar àseleção é difícil, mas permanecerno grupo é ainda mais complica-do. Esta conquista não virá apenasdo meu trabalho, porque acreditomuito na sorte e nas pessoas queestão ao meu lado, como a minhafamília e como o Tonzé, que é umgrande diferencial na minha carrei-ra”, conclui o jogador.