substratos do receptor de insulina-1 e 2 (irs-1 e irs-2) na tireóide
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Substratos do receptor de insulina-1 e 2 (IRS-1 e IRS-2)
na tireóide e no fígado – estudo do dimorfismo sexual
e da modulação pelo estrogênio
Renata Grozovsky
Dissertação de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Medicina (Endocrinologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Medicina (Endocrinologia).
Orientadores: Profa. Denise Pires de Carvalho Prof. Mário Vaisman
Rio de Janeiro Maio/2006
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SUBSTRATO DO RECEPTOR DE INSULINA-1 E 2 (IRS-1 E IRS-2) NA TIREÓIDE
E NO FÍGADO – ESTUDO DO DIMORFISMO SEXUAL E DA MODULAÇÃO PELO
ESTROGÊNIO
Renata Grozovsky
Orientadores: Profa. Denise Pires de Carvalho e Prof. Mário Vaisman
Dissertação de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Endocrinologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Doutor em Medicina (Endocrinologia).
Aprovada por: Dra. Maria Lúcia Fleiuss de Faria Dra. Vivian Mary Barral Dodd Rumjanek Dra. Doris Rosenthal Dra. Tânia Weber Furlanetto Dra. Flávia Lúcia Conceição
Rio de Janeiro Maio/2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
Grozovsky, Renata. Substratos do receptor de insulina-1 e 2 (IRS-1 e IRS-2) na
tireóide e no fígado – estudo do dimorfismo sexual e da modulação pelo estrogênio / Renata Grozovsky. – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2006. xiv, 83 f.: il. Dissertação (Doutorado em Endocrinologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina / Endocrinologia, 2006. Orientadores: Denise Pires de Carvalho e Mario Vaisman 1. Tireóide. 2. Estrogênio. 3. IRSs. 4. Fígado. 5. Castração – Teses. I. Grozovsky, Renata. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de Medicina/ Endocrinologia. III. Título.
4
“Ciência também é perseverança”
5
AGRADECIMENTOS
Denise Pires de Carvalho, minha eterna orientadora. E eu que achei que o
mestrado tinha sido tortuoso... Obrigada pelo apoio, pela formação, pelo exemplo,
pela paciência, pelo carinho, você com certeza é uma pessoa especial.
Mario Vaisman, meu novo orientador, que na ausência da Denise não me
deixou sem pai ou mãe! Obrigada pelo carinho, pela disciplina (quase consegui
cumprir todos os prazos!) e por confiar em mim.
Nádia, você foi nota 10. obrigada pela força, competência e carinho.
Dra. Doris, minha admiração é eterna. Obrigado pelos conselhos, conversas
na volta pra casa e carinho.
Michelle e Alba, companheiras de bancada, obrigada pela força e
gargalhadas em todos os momentos, sábados no laboratório são bem melhores com
música e quitutes.
Flávia e Sabrina, minhas grandes amigas, apesar de trabalharem com
humanos, a ajuda e conselhos de vocês são indispensáveis.
Luiz Felipe, um novo amigo, que me ajudou muito no decorrer desta tese.
Karen, minha mais que amiga, irmã de todas as horas, obrigada mais uma
vez pelo incentivo e por escutar sempre que estou mais triste.
Aos amigos super-companheiros do laboratório, Álvaro, Andréia, Camilla,
Danielle, Débora, Elaine, Gloria, Lívia, Mônica, Renatinha, Rodrigo, Thiago,
Valmara, sem esquecer do Wagner, Valdo e da Norma, a descontração no
ambiente de trabalho torna tudo mais fácil, obrigada pelo companheirismo.
Mariana e Suzana, minhas super-amigas, que mesmo sem ter idéia do que
faço, (quer dizer, eu mato ratinho...) me dão muito apoio e torcem sempre por mim.
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Família, vô Icek, vó Fanny, tios Jaques e Eliana, primo Bruno, apesar de
pequena somos uma “grande” família. Obrigada pela força, também tenho muito
orgulho de vocês!
Gilda, minha mãe, você me colocou no mundo, preciso dizer mais?!
Dafne, querida irmã, o companheirismo não podia ser maior, a gente ainda
vai muito longe.
Moacyr, meu pai, meu eterno anjo da guarda.
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RESUMO
Substratos do receptor de insulina-1 e 2 (IRS-1 e IRS-2) na tireóide e no fígado
– estudo do dimorfismo sexual e da modulação pelo estrogênio
Renata Grozovsky
Orientadores: Denise Pires de Carvalho e Mário Vaisman
Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Endocrinologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Doutor em Medicina (Endocrinologia).
A maior prevalência de disfunções tireóideas entre as mulheres e o seu aumento com a idade torna evidente a possibilidade da influência do estrogênio sobre o funcionamento da tireóide. Há alguns estudos sobre a relação entre o estrogênio e as vias de sinalização da insulina e de IGF-I em tecidos não tireóideos, no entanto, estes mecanismos ainda são pouco estudados. O estrogênio também influencia a função hepática, alterando o metabolismo lipídico. Avaliamos ratos adultos e pré-púberes, machos e fêmeas, assim como ratas intactas ou ovariectomizadas, tratadas ou não, com benzoato de 17β-estradiol (Eb) por 10 e 30 dias. As concentrações séricas de T3 e T4 foram alteradas com o tratamento com Eb, no entanto, o TSH sérico ficou inalterado em todos os grupos estudados. As fêmeas castradas, tratadas ou não com Eb têm colesterol mais alto que as intactas e o triglicerídeo aumenta com a administração de Eb de forma dose dependente. A castração diminui a atividade D1 tireóidea, mas não altera a D1 hepática em nenhum grupo estudado, no entanto as fêmeas têm D1 hepática menor que os machos, tanto adultas quanto pré-púberes. O tratamento com Eb aumenta a expressão de IRS-1 na tireóide, assim como a castração. Já o IRS-2 tireóideo está diminuído na castração e este efeito foi revertido com a administração de Eb. No tecido hepático o IRS-1 está diminuído com a castração de 10 dias e o IRS-2 não se alterou. Concluímos que os níveis de T3 e T4 séricos são modulados pelo estrogênio independente das alterações de TSH sérico. O IRS-2 pode estar relacionado à ação mitogênica do estrogênio sobre a tireóide, entretanto as mudanças no conteúdo dos RNAm do IRS-1 e do IRS-2 no fígado de animais castrados não parecem estar relacionadas à resistência insulínica descrita nestes animais. Palavras-chave: tireóide, estrogênio, IRSs, fígado, castração
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ABSTRACT
Insulin receptor substrate -1 and 2 (IRS-1 e IRS-2) in thyroid and liver – sexual
dimorphism and estrogen modulation
Renata Grozovsky
Orientadores: Denise Pires de Carvalho e Mário Vaisman
Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Endocrinologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Doutor em Medicina (Endocrinologia).
Thyroid diseases are more prevalent in women and rise with aging, becoming evident the estrogen influence on thyroid function. Studies showed the relationship between estrogen and insulin and IGF-I signaling pathways in non-thyroid tissues, although, the mechanisms are not well understood. Estrogen also have influence on hepatic function changing lipid metabolism. We evaluated thyroid function in adults and immature rats, male and female as well as intact or ovariectomized female rats, treated or not, with 17β-estradiol benzoate (Eb) for 10 and 30 days. Castration of female adult rats increased body weight and Eb treatment reverses this effect. Serum T3and T4 concentrations were altered with Eb treatment, however, serum TSH remained unaltered in all experimental groups. Immature rats showed higher cholesterol and triglycerides levels. Castrated female rats treated or not with Eb have higher cholesterol levels than intact rats and triglycerides rise with Eb administration in a dose dependent manner. Castration decreased thyroid D1 activity, but did not alter hepatic D1 in none of the studied groups, however, females presented lower hepatic D1 activity compared to male, both immature and adult rats. Eb treatment increased IRs-1 expression in the thyroid, as well as castration. Thyroid IRS-2 is diminished in castrated rats and Eb administration reverses this effect. Hepatic IRS-1 diminishes with castration of 10 days and IRS-2 didn’t alter. We concluded that serum T3 and T4 are modulated by estrogen independent from serum TSH alterations. IRS-2 may be related to estrogen mitogenic action on the thyroid gland, although changes in IRS-1 and IRS-2 mRNA content in the liver of castrated animals do not seem to be related to insulin resistance previously described in these animals. Key words: thyroid, estrogen, IRSs, liver, castration.
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AMPc adenosina monofosfato cíclico
ATP adenosina trifosfato
cDNA ácido deoxirribonucléico complementar
Eb benzoato de 17β-estradiol
ER receptor de estrogênio
D1 iodotironina desiodase tipo 1
D2 iodotironina desiodade tipo 2
D3 iodotironina desiodade tipo 3
FRTL-5 linhagem celular de tireócitos de ratos Fisher
FSH hormônio folículo estimulante
GAPDH gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase
GDP guanosina difosfato
GTP guanosina trifosfato
IGF-I fator de crescimento insulina-símile I
IGF-IR receptor de IGF-I
IR receptor de insulina
IRS-1 substrato do receptor de insulina 1
IRS-2 substrato receptor de insulina 2
LH hormônio luteinizante
10
MMI Metimazole, metilmercaptoimidazole
OVX ovariectomia bilateral
RNAm ácido ribonucléico mensageiro
rT3 3,3’,5’ triioditironina reversa ou T3 reverso
RT-PCR transcrição reversa – reação em cadeia de polimerase
SNC sistema nervoso central
TAM tecido adiposo marrom
TBG proteína ligadora de tiroxina
TRH hormônio liberador de tireotrofina
TSH hormônio estimulador da tireóide ou tireotrofina
TSH-R receptor de TSH
T3 3, 5, 3’ triiodotironina
T4 3, 5, 3’, 5 tetraiodotironina ou tiroxina
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Pag
Tabela 1 Características gerais dos oligonucleotídeos ......................................23
Tabela 2 Comparação do peso corporal absoluto dos animais dos diferentes
grupos experimentais.................................................................................................28
Figura 1 Esquema representativo do eixo hipotálamo-hipófise-tireóde................4
Figura 2 Quadro demonstrativo das características da iodotironinas desiodades
tipo 1, 2 e 3...................................................................................................................6
Figura 3 Esquema representativo da vias de sinalização do TSH, insulina, IGF-I
e estrogênio................................................................................................................10
Figura 4 Esquema representativo da administração de benzoato de 17β-
estradiol (Eb) nos grupos experimentais....................................................................19
Figura 5 Concentração sérica de T3...................................................................30
Figura 6 Concentração sérica de T4...................................................................32
Figura 7 Concentração sérica de TSH................................................................33
Figura 8 Valores de colesterol circulante...........................................................35
Figura 9 Valores de triglicerídeos circulantes.....................................................37
Figura 10 Atividade da enzima D1 tireóidea.........................................................38
Figura 11 Atividade da enzima D1 hepática.........................................................40
Figura 12 Expressão do RNA mensageiro do IRS-1 tireóideo.............................41
Figura 13 Expressão do RNA mensageiro do IRS-2 tireóideo.............................42
Figura 14 Expressão do RNA mensageiro do IRS-1 hepático.............................44
Figura 15 Expressão do RNA mensageiro do IRS-2 hepático.............................46
12
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 Artigo de revisão submetido aos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia
e Metabologia.............................................................................................................65
13
SUMÁRIO
1 INTRUDUÇÃO.................................................................................................01
2 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................03
Regulação da Função Tireóidea.....................................................................03
Regulação da Proliferação Tireóidea..............................................................07
Cascata de Sinalização de insulina e IGF-I....................................................08
Tireóide e Dimorfismo Sexual.........................................................................11
3 OBJETIVOS....................................................................................................16
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................17
1. Animais........................................................................................................17
1.1. Dimorfismo Sexual.................................................................................17
1.2. Citologia Vaginal....................................................................................17
1.3. Castração e Administração de benzoato de 17β-estradiol....................18
1.4. Sacrifício do Animais.............................................................................19
2. Avaliação da expressão do RNA mensageiro.............................................20
2.1. Extração de RNA total..........................................................................20
2.2. Quantificação do RNA total extraído....................................................20
2.3. Gel de Agarose....................................................................................21
2.4. Purificação do RNA total extraído........................................................21
2.5. Transcrição Reversa sequida de Reação em Cadeia de Polimerase..22
3. Atividade da enzima iodotironina desiodade tipo 1.....................................23
4. Dosagem de Colesterol e Triglicerídeos......................................................24
5. Dosagem de Hormônios Tireóideos e TSH.................................................25
5.1. TSH sérico............................................................................................25
14
5.2. T3 e T4 séricos.....................................................................................25
6. Análise Densitométrica da RT-PCR............................................................26
7. Análises Estatísticas....................................................................................26
5 RESULTADOS................................................................................................27
I. Dimorfismo Sexual: Função Tireóidea.........................................................27
1. Peso Corporal...........................................................................................27
2. Concentração Sérica de T3......................................................................29
3. Concentração Sérica de T4......................................................................31
4. Concentração Sérica de TSH...................................................................33
II. Dimorfismo Sexual: Colesterol e Triglicerídeos Séricos .............................34
5. Valores de Colesterol Circulante..............................................................34
6. Valores de Triglicerídeos Circulantes.......................................................36
II. Desiodase Tipo 1 e Substratos do Receptor de Insulina.............................38
1. Atividade Desiodase Tipo 1 (D1) Tireóidea..............................................38
2. Atividade Desiodase Tipo 1 (D1) Hepática...............................................39
3. Avaliação da Expressão do RNAm na Tireóide........................................41
3.1. Substrato do Receptor de Insulina -1 (IRS-1)....................................41
3.2. Substrato do Receptor de Insulina -2 (IRS-2)....................................42
4. Avaliação da Expressão do RNAm no Fígado.........................................43
4.1. Substrato do Receptor de Insulina-1 (IRS-1).....................................43
4.2. Substrato do Receptor de Insulina -2 (IRS-2)....................................45
6 DISCUSSÃO...................................................................................................47
7 CONCLUSÕES...............................................................................................53
8 REFERENCIAS...............................................................................................54
9 ANEXO............................................................................................................65
15
INTRODUÇÃO
A incidência de doenças tireóideas é pelo menos 3 vezes maior entre as
mulheres (Tunbridge e cols., 1977; Nyström e cols., 1981). Essa diferença entre os
sexos é observada mundialmente, não corresponde apenas a doenças auto-imunes
relacionadas à glândula e sugere que o crescimento tireóideo e a progressão de
tumores podem ser influenciados por hormônios sexuais femininos (Valle e cols.,
1998). Além disto, há relatos de maior prevalência de disfunções tireóideas entre os
idosos, sendo mais comum entre as mulheres e podendo chegar a mais de 10% da
população na pós-menopausa (Sawin e cols., 1985). Assim, existe evidente
influência dos esteródes sexuais sobre o funcionamento da tireóide.
Alguns autores mostraram que o aumento dos níveis circulantes de
estrogênio poderia estimular a secreção de TSH (D’Angelo & Fisher, 1969; Mori e
cols., 1990). Entretanto, há relatos mais recentes sugerindo que o estrogênio
poderia estar suprimindo o eixo-hipófise-tireóide e possivelmente alterando
diretamente a estrutura da glândula tireóide (Sosic-Jurjevic e cols., 2005). De fato, a
presença de receptores de estrogênio e progesterona já foi detectada em tecido
tireóideo humano por imunohistoquímica (Money e cols., 1989) e ensaio de ligação
de hormônio (Van Hoeven e cols., 1993). O principal estudo descrevendo a
possibilidade de ação direta do estradiol sobre a tireóide foi realizado em cultura de
células nas quais se detectou efeito proliferativo direto deste esteróide sobre os
tireócitos (Furlanetto e cols., 1999).
Embora o estrogênio possa agir estimulando a proliferação de tireócitos,
muito pouco se sabe sobre as possíveis vias intra-celulares ativadas por este
hormônio na tireóide. Na literatura há alguns estudos sobre a relação entre
16
estrogênio e as vias de sinalização da insulina e de IGF-I em tecido adiposo,
hepático e muscular (Gonzáles e cols., 2003). Foi observado, em linhagem celular
de câncer de mama, que o estrogênio aumenta a expressão do substrato receptor
de insulina-1 (IRS-1) (Molloy e cols., 2000). Vale ressaltar que a modulação do IRS-
1 pelo estrogênio no fígado, músculo esquelético e tecido adiposo de ratos, parece
ser dose e tempo dependente (González e cols., 2003).
Além dos efeitos sobre a função tireóidea, os esteróides sexuais também
influenciam a função hepática. Algumas alterações no metabolismo lipídico como
aumento da secreção biliar e de ácidos graxos foram descritos como efeito direto do
tratamento com estrogênios (Noh e cols., 1999).
A literatura confirma que há diferenças entre os sexos na função de diversos
órgãos. Desvendar essas diferenças é um desafio que nos ajudará a entender, pelo
menos em parte, a maior prevalência de bócios no sexo feminino, assim como
durante a gravidez e na puberdade, ou a menor incidência de cirrose hepática em
mulheres.
17
REVISÃO DA LITERATURA
Regulação da Função Tireóidea
Os principais fatores capazes de regular a função dos tireócitos são a
tireotrofina (TSH) e o iodo. Assim, o crescimento e a funcionalidade das células
diferenciadas da tireóide são dependentes do receptor específico do TSH, o TSH-R,
que se encontra na membrana basolateral dos tireócitos, e do conteúdo intracelular
de iodo. O TSH regula tanto a síntese quanto a secreção dos hormônios tireóideos,
aumentando também o tamanho e a vascularização da glândula.
A tireotrofina (TSH) é um hormônio glicoprotéico, sintetizado e secretado
pelos tireotrofos, localizados na adenohipófise. O hipotálamo exerce efeito
estimulatório sobre a função tireóidea através da síntese e liberação do hormônio
liberador de tireotrofina (TRH), o qual estimula a liberação de TSH pela
adenohipófise. O TRH é um tripeptídeo sintetizado pelos neurônios hipotalâmicos e
transportado via sistema porta até a adenohipófise, agindo diretamente sobre os
tireotrofos. Apesar do TRH agir em balanço com reguladores hipotalâmicos
inibitórios, como somatostatina e dopamina, os hormônios tireóideos exercem o
controle mais importante do feedback negativo. São capazes de inibir a secreção de
TSH, agindo diretamente nos tireotrofos (Scanlon, 2001)(Figura 1).
O TSH é o principal hormônio regulador da função da tireóide, estimulando
todos os passos da biossíntese hormonal, endocitose e liberação dos hormônios
tireóideos (Larsen e cols.,1998). Evidências indicam também, que o TSH regula a
nível transcripcional a expressão de tireoglobulina, assim como aumenta a
18
expressão e atividade enzimática da tireoperoxidase e a expressão do NIS (Dumont
& Vassart, 2001).
Embora o TSH seja o principal regulador dos estados morfológicos e
funcionais da tireóide, nem todos os ajustes da função tireóidea são por ele
mediados. Mecanismos autorregulatórios intrínsecos também controlam a
sensibilidade das células tireóideas ao TSH, como o aporte de iodo (Larsen e cols.,
1998).
Figura 1. Esquema representativo do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide.
Hipófise
T4
T3
Hipotálamo
T4 T3
T4 T3
Tireóide
++++
++++
TSH
TRH
Hipófise
T4
T3
Hipotálamo
T4 T3
T4 T3
Tireóide
++++
++++
TSH
TRH
Hipófise
T4
T3
T4
T3
Hipotálamo
T4 T3
T4 T3
Tireóide
++++
++++
TSH
TRH
19
O principal produto secretado pela tireóide é a tiroxina (T4), no entanto, a
triioditironina (T3) é o principal hormônio metabolicamente ativo. Na década de 70
foi demonstrado que o T3 não é produzido somente pela tireóide, comprovando a
existência de um processo periférico de desiodação. Estudos posteriores
estabeleceram que diferentemente do T4 gerado exclusivamente pela tireóide, a
maior parte do T3 sérico é produzido pela desiodação do T4 em diversos tecidos,
como tireóide, hipófise, rim e fígado (Germain & Galton, 1997). A desiodação das
moléculas de T4 e T3 podem ocorrer nas posições 3’ ou 5’ do anel aromático
externo, denominada via ativadora ou desiodação do anel externo (ORD, do inglês
outer ring deiodination) ou podem ocorrer nas posições 3 ou 5 do anel aromático
interno, denominada via inativadora ou desiodação do anel interno (IRD, do inglês
inner ring deiodination) (Köhrle, 1999; Bianco e cols., 2002) (Figura 2). Já foram
descritos 3 tipos de iodotironinas desiodades denominadas desiodase tipo 1 (D1),
tipo 2 (D2) e tipo 3 (D3); todas possuem uma selenocisteína em seu sítio ativo,
entretanto, diferem em algumas características como distribuição tecidual e
subcelular e preferência por substrato (Leonard & Visser, 1986; Berry e cols., 1991;
Kohrle 1994; Croteau e cols., 1995). A D1 é a mais estudada das três enzimas,
sendo, portanto a desiodase que tem mais características conhecidas. Em humanos,
a D1 está presente em rim, fígado, tireóide e hipófise e em ratos, é expressa em
fígado, rim, SNC, hipófise, intestino, tireóide e placenta (Bianco e cols., 2002). A D1
é uma proteína de membrana com o seu sítio de ligação voltado para o citoplasma e
tem como substrato preferencial o rT3 (Germain & Galton, 1997). A D2 está
expressa na hipófise, cérebro e tecido adiposo marrom, em ratos, e em humanos, a
atividade D2 foi identificada na tireóide, cérebro, músculo esquelético, coração e
medula espinhal. A D2 é uma proteína que se encontra aderida à membrana do
20
retículo endoplasmático e tem seu sítio de ligação voltado para o citoplasma, assim
como a D1. Apresenta como substrato preferencial o T4, sendo a principal
responsável pela produção de T3 extratireóideo, em humanos. No entanto, em ratos
a D1 parece ser a enzima responsável por aproximadamente 50% da produção de
T3 extra tireóideo (Bianco e cols., 2002). Dados recentes, entretanto, indicam que a
D1 seja mais importante para a regulação do “clearance” de T3 (Zavacki e cols.,
2005). A D3 é a principal enzima inativadora de T4 e T3 (Leonard & Visser, 1986),
sendo encontrada predominantemente no SNC, pele e placenta. A D3 também é
encontrada em recém natos, e sua atividade pode ser crucial para a proteção do feto
contra altas concentrações de T4 e T3 materno (Bianco & Larsen, 2005).
Figura 2. Quadro demonstrativo das características da iodotironinas desiodades tipo 1, 2 e 3. A) Distribuição subcelular. B) Distribuiação tecidual e subtrato preferencial. Adaptado de Bianco, A.C. Arq Bras Endocrinol Metab. 48:16-24,2004.
D1Tireóide
RimFígado
Hipófise
D2SNCTAM
Músculo esq.Tireóide
D3SNCPele
Placenta
T3 > T4T4 > rT3rT3 > T4, T3
A)
B)
D1Tireóide
RimFígado
Hipófise
D2SNCTAM
Músculo esq.Tireóide
D3SNCPele
Placenta
T3 > T4T4 > rT3rT3 > T4, T3
A)
B)
21
Regulação da Proliferação Tireóidea
Vários fatores além do TSH e do iodo modulam o tamanho, o grau de
diferenciação e a capacidade replicativa dos tireócitos. O hormônio luteinizante (LH),
o hormônio folículo-estimulante (FSH) e a gonadotrofina coriônica, são hormônios
glicoprotéicos compostos por 2 subunidades, sendo a subunidade α comum a todos,
inclusive ao TSH (Utiger, 1995). Em altas concentrações, esses hormônios podem
estimular a função tireóidea diretamente, possivelmente através da sua ligação com
o receptor de TSH (TSH-R). Além destes, outros hormônios são capazes de
influenciar a função tireóidea, como a insulina e o hormônio do crescimento via IGF-
I.
Distintas vias mitogênicas já foram descritas na tireóide: além do sistema
adenilato ciclase-AMPc, principal via de ação do TSH, temos vias intracelulares
relacionadas à ativação do sistema de proteínas tirosinas cinase (Dumont e cols.,
1992). A via proteína tirosina cinase pode ser subdivida em 2 ramos: as vias de
alguns fatores de crescimento como EGF, que induzem proliferação e reprimem a
diferenciação; e a via mitogênica que não inibe a expressão da diferenciação, como
as estimuladas por FGF (fator de crescimento de fibroblasto), IGF-I e insulina (Pohl e
cols., 1990). Em humanos, IGF-I ou insulina são requeridos para a ação mitogênica
do TSH ou EGF, mas não estimulam a proliferação dos tireócitos sozinhos (Kahn &
White, 1995). Além disto, sabe-se que o TSH também depende da presença de
insulina ou IGF-I para exercer a sua ação mitogênica.
22
Cascata de Sinalização de insulina e IGF-I
A insulina e o IGF-I agem via diferentes receptores, no entanto sua via de
sinalização intracelular é comum (Kimura e cols., 2001). A insulina possui um
receptor específico (IR), que é uma glicoproteína transmembrana composta por 4
subunidades, enquanto o receptor para IGF-I (IGF-IR) possui somente 2
subunidades (Czech, 1981; Kahn e cols., 1988). As regiões intracelulares dos
receptores possuem sítios com atividade tirosina cinase intrínsecas, assim, IR e IGF-
IR caracterizam-se como proteínas com atividade tirosina cinase (Kasuga e cols.,
1982, Le Roth e cols., 1995).
Os receptores exercem basicamente 3 funções: reconhecem e se ligam à
insulina ou IGF-I com alta especificidade; transmitem um sinal que resulta na
ativação/inativação de vias metabólicas intracelulares e são, posteriormente,
endocitados, juntamente com o hormônio ligado levando à proteólise lisossomal com
subseqüente degradação, armazenamento ou reciclagem das subunidades do
receptor (Felig, 1995; Genuth, 1998).
A ligação da insulina ou IGF-I à subunidade α de seus receptores é o sinal
para a ativação da cinase presente na subunidade β, iniciando a cascata de
sinalização intracelular que irá culminar nos diversos efeitos dos hormônios. Além de
catalisar a fosforilação do próprio receptor (autofosforilação), alguns receptores
tirosina cinase fosforilam proteínas intracelulares que transmitem o estímulo
hormonal (Wahl e cols., 1992). Os substratos do receptor de insulina (IRSs)
interagem especificamente com os receptores de insulina e IGF-I, funcionando como
proteínas ancoradouras, que são fosforiladas em resíduos tirosila, recrutando
proteínas para a cascata de sinalização (Myers e cols., 1994). Já foram identificados
23
e clonados 4 membros desta família: IRS-1 (White e cols., 1985), IRS-2 (Sun e cols.,
1995), IRS-3 (Lavan e cols., 1997) e IRS-4 (Fantin e cols., 1998).
IRS-1 e IRS-2 são expressos, em ratos, em diversos tecidos (fígado, músculo
esquelético, coração, cérebro, rim, pulmão, baço, testículo) (Sun e cols., 1995).
Quanto a sua localização subcelular, o IRS-1 está duas vezes mais concentrado no
compartimento de membrana que o IRS-2, que se encontra duas vezes mais
concentrado no citosol (Sesti e cols., 2001). IRS-3 é abundantemente expresso em
tecido adiposo, tendo sido encontrado em outros tecidos, como pulmão e coração.
Curiosamente, foi detectada sua expressão durante o desenvolvimento embrionário,
fato que não ocorre com IRS-1 (Sciacchitano & Taylor, 1997). Já o IRS-4 é
expresso em níveis muito baixos em ratos, e sua caracterização foi realizada em
células embrionárias de rim humano (Lavan e cols., 1997). Este último pode ser
encontrado em tecido tireóideo, hipófise, ovário e fibroblastos (Sesti e cols., 2001).
Diferentemente dos outros IRSs (IRS-1 localizado no cromossomo 2, IRS-2,
cromossomo 13 e IRS-3, cromossomo 5) em humanos, o gene do IRS-4 está
localizado no cromossomo X.
O desenvolvimento de animais knockout para genes específicos tornou
possível o melhor entendimento do papel fisiológico dessas proteínas.
Camundongos Knockout para IRS-1 apresentaram resistência insulínica, entretanto
não foram observados outros grandes distúrbios metabólicos. No entanto, a
deficiência de IRS-1 causou retardo no crescimento intra-uterino e pós-natal,
indicando que o IRS-1 é indispensável, pelo menos em parte, pelo crescimento.
Experimentos realizados em células 3T3 destes camundongos knock-out para IRS-
1, demonstraram que o IRS-2 não é capaz de substituir por completo os efeitos
mediados por IRS-1 (Modric e cols., 1999). Os camundongos knockout para IRS-2
24
nascem normais, se mantendo assim até a idade adulta. No entanto, estes
camundongos apresentam resistência insulínica ao nascimento e progressivamente
desenvolvem hiperglicemia como resultado de uma inadequada compensação na
secreção de insulina. Estes efeitos parecem ser causados devido a defeitos no
desenvolvimento das células β pancreáticas, já que estes animais apresentam uma
redução de 50% na massa destas células quando comparados ao grupo controle
(Lamothe e cols., 1999).
Apesar da insulina e do IGF-I exercerem importante papel sobre a regulação
da função e proliferação tireóidea, ainda há mecanismos desconhecidos acerca da
regulação de suas vias de sinalização intracelulares em tireócitos.
Figura 3. Esquema representativo das vias de sinalização de TSH, insulina, IGF-I e estrogênio.
Proliferação
Síntese de DNA
IGF-1Insulina
IR, IGF-R
PI3K, Ras
IRSs
Síntese de proteínas
Estrogênio
ER
ER
Diferenciação
?
TSH
Receptor acopladoa proteína G
AMPc
Fosforilação de proteínas
Proliferação
Síntese de DNA
IGF-1Insulina
IR, IGF-R
PI3K, Ras
IRSs
Síntese de proteínas
Estrogênio
ER
ER
Diferenciação
?
TSH
Receptor acopladoa proteína G
AMPc
Fosforilação de proteínas
25
Tireóide e Dimorfismo Sexual
Alguns aspectos como idade e sexo podem ser fatores importantes na
modulação da via de sinalização da insulina e do IGF-I.
Em 1990, Bagchi e cols. relataram que é significativamente maior a
prevalência de disfunções tireoidianas entre os idosos, com importante diferença entre
os sexos, sendo mais comum entre as mulheres. Alguns autores relatam que o câncer
de tireóide parece ter pior prognóstico quando ocorre antes dos 7-8 anos de idade ou
acima de 40-50 anos, períodos em que há elevação ou declínio na produção de
estrogênios (Samaan e cols.,1983; Giani e cols.,1993). Testes clínicos mostraram que
nódulos benignos diagnosticados na idade reprodutiva têm seu crescimento reduzido,
na maioria das pacientes, quando estas entram na menopausa (Costante e cols.,
2004).
Paralelamente ao papel que desempenham na regulação da secreção
hipofisária de gonadotrofinas, os estrogênios podem exercer outros efeitos. Um
estudo mostrou que o TSH de mulheres em uso de contraceptivos orais, estava
aumentado (Weeke e cols., 1975). Isto provavelmente ocorre devido à elevação da
concentração de proteína ligadora de tiroxina (TBG) causada pelo estrogênio
(Henderson e cols., 1982). Estas alterações nas concentrações de hormônios
tireóideos em pacientes em terapêutica hormonal com T4, em mulheres grávidas ou
em mulheres que iniciam o uso de estrogênios na pós-menopausa, levam a
necessidade do aumento da dose de T4 utilizada previamente (Mandel e cols., 1990;
Kaplan, 1992).
Diferenças relacionadas ao sexo foram descritas quando em 1968, D’Angelo
observou que ratas fêmeas apresentavam concentrações séricas e conteúdo
26
hipofisários de TSH diminuídos. Em 1987, Donda e cols., descreveram aumento das
concentrações plasmáticas T3 nas fêmeas adultas, assim como Lisboa e cols., (1997)
demonstraram que estas fêmeas também apresentam aumento das concentrações
séricas de T4.
A biossíntese do estrogênio, assim como de outros hormônios esteróides,
ocorre em apenas alguns tecidos, como supra-renal, mama, tecido adiposo e
ovários. A primeira etapa da síntese de todos os esteróides é a clivagem de parte da
cadeia lateral da molécula de colesterol, dando origem à ∆ 5-pregnolona. Esse é o
passo que limita a biossíntese dos esteróides, e é catalisado por uma das enzimas
do complexo do citocromo P-450 existente no interior mitocondrial, responsável pelo
processamento da molécula de colesterol (Bianco & Kimura, 1999). A biossíntese
dos principais estrogênios circulantes, estradiol e estrona, ocorre após a
aromatização dos precursores androgênicos: testosterona e androstenediona.
O estrogênio possui receptores específicos que estão localizados tanto no
citoplasma quanto no núcleo. Já foram descritas duas isoformas do receptor de
estrogênio (ER), a isoforma α e a isoforma β (Peterson, 2000). Os receptores estão
presentes em vários tecidos, e apresentam expressão diferenciada, tecidos como
útero, mama, vagina e núcleo arqueado hipotalâmico expressam
predominantemente ERα, enquanto, rim, osso, pulmão, sistema cardivascular,
ovário, próstata e núcleo paraventricular hipotalâmico expressam
predominantemente ERβ. Outros tecidos como tireóide, hipófise e fígado expressam
ambas isoformas (Money e cols., 1989; Pelletier, 2000; Limer & Speirs, 2004;
Cornwell e cols., 2004).
27
Furlanetto e cols., (1999) demonstraram em linhagem de células FRTL-5, que
o estradiol é capaz de estimular diretamente a proliferação celular dos tireócitos.
Mais recentemente, foi observada também em células FRTL-5 a modulação por
testosterona e estrogênio da proliferação celular induzida por TSH (Banu e cols.,
2002).
Há relação entre o estrogênio e as vias de sinalização da insulina de IGF-I em
tecido adiposo, hepático e muscular (Gonzáles e cols., 2003). Foi observado, em
linhagem celular de câncer de mama, que o estrogênio aumenta a expressão do
IRS-1 (Molloy e cols., 2000) e logo depois foi demonstrado que não só a expressão,
mas também a sua fosforilação está aumentada pelo estrogênio (Mauro e cols.,
2001). Além disso, a modulação do IRS-1 por estrogênio em fígado, músculo
esquelético e tecido adiposo de ratos, parece ser dose e tempo dependente
(Gonzàlez e cols., 2003).
A idade também pode ser um fator importante na sinalização insulínca. Em
experimentos utilizando ratos velhos, foi observada diminuição da atividade tirosina
cinase do receptor de insulina, bem como alterações no transporte de glicose, que
podem levar à resistência insulínica observada em pacientes idosos (Carrascosa e
cols., 1989; Barnard e cols., 1992). Consistente com esses achados, foi
demonstrado que animais velhos têm redução no conteúdo e na fosforilação de IRS-
1 e IRS-2, em músculo esquelético e no fígado (Carvalho e cols., 1996)
É importante ressaltar que esses achados dependem amplamente do tempo
de tratamento, da substância e das concentrações utilizadas, além da idade dos
animais ou pacientes utilizados para os estudos.
28
O fígado é um importante órgão alvo das ações da insulina e há relatos de
associação entre resistência insulínica e distúrbios da função ovariana. Sendo
também, um importante alvo da ação de esteróides sexuais.
A progressão de várias formas de doenças hepáticas crônicas é mais rápida
em homens do que mulheres (Becker e cols., 1996), apesar do fígado não ser um
órgão reconhecidamente dependente de estrogênio, tanto em machos quanto em
fêmeas, o estrogênio parece ser importante no controle da função hepática (Porter e
cols., 1983).
Os receptores hormonais são geralmente regulados pela alta concentração
dos seus ligantes. Este parece ser o caso do receptor de estrogênio (ER) em tecidos
como útero, ovários e glândulas mamárias, onde o estrogênio está envolvido no
crescimento e diferenciação celular (Stavreus e cols., 1997) No fígado, no entanto, o
receptor de estrogênio possui uma função bem diferente e a resposta hepática ao
estrogênio parece requerer altas concentrações deste hormônio (Xu e cols., 1992).
Van Thiel e cols., (1990) demonstraram que há relação direta entre o número de
receptores de estrogênio e a massa hepática do animal. Assim como a ausência de
estrogênio e a reposição hormonal alteram o metabolismo lipídico (Joles e cols.,
19995; Schram e cols., 1995).
Alguns estudos mostraram a superexpressão de IRS-1 (Spector, 1999) e IRS-
2 (Boissan e cols., 2005) em carcinoma hepatocelular, e sua significativa relação
com o tamanho do tumor. O IRS-1 também parece participar da regeneração
hepática que ocorre em alguns pacientes com cirrose (Spector, 1999). No entanto,
os efeitos mais evidentes dos IRSs no tecido hepático estão relacionados ao
metabolismo glicêmico. Recentemente foi demonstrado que apesar na enorme
semelhança estrutural, o IRS-1 e IRS-2 possuem papel complementar na regulação
29
do metabolismo hepático, sendo o IRS-1 relacionado principalmente com a
gliconeogênese, enquanto o IRS-2 é mais importante para a lipogênese (Tanaguchi
e cols., 2005).
Pretendemos com este trabalho avaliar alguns aspectos gerais da influência
do estrogênio sobre a função do eixo hipófise-tireóide e sobre a metabolização dos
hormônios tireóideos. Com relação à regulação da proliferação dos tireócitos
exercida pelo estrogênio, avaliaremos a possibilidade de influência deste hormônio
sobre a via de sinalização da insulina e IGF-I em tireócitos e hepatócitos. Os nossos
achados poderão acrescentar informações acerca dos mecanismos pelos quais o
estrogênio agiria alterando o metabolismo hepático e estimulando a proliferação
tireóidea, o que poderia justificar, pelo menos em parte, a maior prevalência de
bócios no sexo feminino, assim como o desenvolvimento de resistência insulínica
em animais do sexo feminino com deficiência de estrogênio.
30
OBJETIVOS
Objetivamos estudar alguns dos mecanismos que podem estar envolvidos
no dimorfismo sexual relacionado à função tireóidea. Como o estrogênio
modula a proliferação de tireócitos e as concentrações séricas de hormônios
tireóideos, focalizamos os nossos estudos na regulação da atividade
desiodase tipo 1 e no primeiro passo da via proliferativa regulada por
insulina e IGF-I.
Para avaliar a influência fisiológica dos esteróides sexuais sobre a função
tireóidea utilizaremos ratos machos e fêmeas adultos e pré-púberes. Com o
intuito de verificar a influência do estradiol sobre alguns aspectos da função
e proliferação tireóideas in vivo, utilizaremos fêmeas adultas intactas
tratadas com estradiol, além de fêmeas castradas e repostas ou não com
esse hormônio.
Avaliaremos nesses modelos:
1- Níveis séricos de T4, T3 e TSH;
2- Desiodase tipo 1 tireóidea e hepática;
3- Expressão do mRNA dos substratos do receptor de insulina 1 e 2
(IRS-1 e 2) no fígado e tireóide.
31
MATERIAIS E MÉTODOS
1. ANIMAIS
Foram utilizados ratos Wistar machos e fêmeas, pré-púberes (até 40 dias de
vida pós-natal) e adultos (entre 2 e 3 meses de idade), mantidos em condições de
temperatura e ciclo claro/escuro (12h) controlados, em nosso biotério. Todos os
experimentos foram realizados de acordo com os padrões de cuidados com animais,
definidos pelo comitê institucional (www.biof.ufrj.br/cauap.doc). Todos os animais
tiveram água e ração oferecidos ad libitum.
1.1. DIMORFISMO SEXUAL
Ratos Wistar, machos e fêmeas com 40 dias pós-natal ou 3 meses, foram
sacrificados por decaptação, sem qualquer tratamento.
1.2. CITOLOGIA VAGINAL
As variações que ocorrem durante o ciclo estral das ratas são refletidas no
epitélio vaginal. Avaliamos, então, as ratas pelo método de citologia, que consiste na
coleta das células que descamam do epitélio vaginal, após lavagem com soro
fisiológico (NaCl 0,9%). O material foi colhido diariamente, durante 2 (duas) semanas
e analisado por microscopia ótica. Somente as ratas que apresentaram ciclo estral
regular foram incluídas nos grupos experimentais.
32
1.3. CASTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE BENZOATO DE 17ββββ-ESTRADIOL
Depois de selecionadas através da citologia, algumas fêmeas foram submetidas
à ovariectomia (remoção bilateral dos ovários), sob efeito anestésico de cetamina (5
mg/100g de peso corporal) e do relaxante muscular xilasina (0,5 mg/100 g de peso
corporal), via intraperitoneal.
No dia seguinte à cirurgia, um grupo de ratas ovariectomizadas recebeu
benzoato de 17β-estradiol (Eb), via subcutânea (s.c.), diariamente em duas
diferentes doses: 0,7µg/100g de peso corporal, dose considerada suficiente para
alcançar concentrações fisiológicas e 14µg/100g de peso corporal, dose
suprafisiológica capaz de elevar cerca de 20 vezes a concentração sérica de
estrogênio (Moreira e cols., 1997). Este tratamento teve duração de 10 dias.
Outro grupo de ratas ovariectomizadas permaneceu 14 dias em repouso,
somente após este período iniciou-se a administração com benzoato de 17β-
estradiol nas mesmas dose descritas acima, e este tratamento teve duração de 30
dias.
Em paralelo, ratas intactas foram também foram tratadas com benzoato de 17β-
estradiol nas duas doses acima descritas, por 10 e 30 dias.
33
Figura 4. Esquema representativo da administração de benzoato de 17β-estradiol (Eb) nos grupos experimentais.
1.4. SACRIFÍCIO DOS ANIMAIS
Ao término dos tratamentos, os animais foram sacrificados por decapitação.
Os tecidos tireóideo e hepático foram excisados e guardados em nitrogênio líquido,
para posterior extração de RNA ou proteína e dosagem da atividade da enzima D1.
Amostras de sangue foram coletadas para a dosagem de TSH, T3 e T4 por
radioimunoensaios (RIE) específicos.
Intactas Castradas
Eb Eb
10 dias deadministração(Eb 0,7; Eb 14)
ou(OVX + 0,7; OVX + 14)
30 dias deadministração(Eb 0,7; Eb 14)
30 dias deadministração
(OVX + 0,7; OVX + 14)
14 dias derepouso
C OVX
Intactas Castradas
Eb Eb
10 dias deadministração(Eb 0,7; Eb 14)
ou(OVX + 0,7; OVX + 14)
30 dias deadministração(Eb 0,7; Eb 14)
30 dias deadministração
(OVX + 0,7; OVX + 14)
14 dias derepouso
C OVX
Intactas Castradas
Eb Eb
10 dias deadministração(Eb 0,7; Eb 14)
ou(OVX + 0,7; OVX + 14)
30 dias deadministração(Eb 0,7; Eb 14)
30 dias deadministração
(OVX + 0,7; OVX + 14)
14 dias derepouso
C OVX
34
2. AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DO RNA MENSAGEIRO
2.1. EXTRAÇÃO DE RNA TOTAL
Para a extração do RNA total das tireóides, foi utilizado o reagente Trizol
(Invitrogen, NY, EUA). As amostras, contendo 2 (duas) glândulas de animais de
cada grupo experimental, foram homogeneizadas em 0,5 ml de Trizol. Aos lisados
celulares foram adicionados 0,1 ml de clorofórmio, para separação do RNA total.
Após centrifugação (12000 x g, 4ºC, 10 minutos) foi possível observar uma fase
superior aquosa, transparente e uma fase inferior mais densa e rosada. A fase
aquosa foi transferida para um novo tubo, onde foram adicionados 0,25 ml de
Isopropanol, para a precipitação do RNA total. Após centrifugação (12000 x g, 4ºC
por 10 minutos), o sobrenadante foi descartado e 1ml de etanol 75% foi adicionado
para lavagem do precipitado remanescente. O etanol foi descartado e o precipitado,
depois de seco, foi ressuspenso em água tratada com dietil-pirocarboneto (DEPC)
(Sigma, MO, EUA). O RNA total extraído foi armazenado em freezer à -70º C.
2.2. QUANTIFICAÇÃO DO RNA TOTAL EXTRAÍDO
O RNA total extraído dos tecidos foi diluído em água tratada com DEPC na
proporção de 1:500. A absorbância das amostras foi medida em comprimento de
onda 260nm em espectrofotômetro (Hitachi, U 3000). Através dos cálculos
indicados, foi determinada a quantidade de RNA total de cada amostra em µg/µl:
(absorbância 260nm x fator de diluição x 40)/ 1000 = RNA em µg/µl).
35
2.3. GEL DE AGAROSE
Depois da quantificação do RNA total extraído, uma alíquota de cada mostra
foi submetida à eletroforese em gel de agarose [TAE (Tampão contendo Tris 40mM,
Ácido acético 25mM e EDTA 1mM)+ 1% de agarose + 0,01% brometo de etídeo
(intercalante de ácido nucléico)] para a verificação da integridade das amostras,
através da observação das bandas correspondentes às subunidades do RNA
ribossomal, 28S e 18S. A visualização das bandas foi possível através da utilização
de transiluminador UV (Bio Rad).
2.4. PURIFICAÇÃO DO RNA TOTAL EXTRAÍDO
Para eliminar contaminação por DNA das amostras, o RNA total foi tratado
com uma DNAse (enzima degradadora de DNA), deoxiribonuclease I (Boehringer
Mannheim, Germany). Utilizamos 10µg de RNA total para 10U de DNAse, 1µl do
tampão DNAse (25mM Tris-HCl, pH 7.2, 5mM MgCl2, 0,1mM EDTA) e H2O DEPC.
Após 30 minutos de incubação à 37oC adicionou-se 40µl de H2O DEPC e 50µl de
fenol:clorofórmio (1:1), para re-extrair o RNA agora purificado. O tubo foi submetido
à centrifugação (12000 rpm, à 4oC, por 5 minutos). Depois da transferência da fase
aquosa (fase superior) para um novo tubo, foram adicionados 2,5 volumes de etanol
100% e 0,3 volumes de acetato de amônia, para a precipitação do RNA purificado.
Depois de 18 horas em freezer –20oC, as amostras foram centrifugadas (12000 rpm,
à 4oC, por 30 minutos). Após a lavagem do precipitado com etanol 75%, este foi
ressuspenso em 15µl de H2O DEPC. Uma alíquota foi retirada para re-quantificação
do RNA purificado e outra alíquota foi submetida à eletroforese em gel de agarose
1% para a verificação da sua integridade.
36
2.5. TRANSCRIÇÃO REVERSA SEGUIDA DE REAÇÃO EM CADEIA DE
POLIMERASE – RT-PCR
Transcrição reversa
Na síntese de fitas simples de DNA complementar (cDNA) a partir do RNA
total purificado, foram utilizados, 0,5µg de oligonucleotídeo dT (Promega, USA), 2U
da enzima M-MLV (Promega, USA), tampão M-MLV 5x [250mM Tris-HCl (pH 8,3),
375mM KCl, 15mM MgCl2, 100mM DTT], 10 unidades RNA OUT (inibidor de RNAse)
(Invitrogen, NY, EUA) e 10µM dNTP (coquetel de nucleotídeos) (Invitrogen, NY,
EUA). 2,5 µg de RNA purificado foi incubado à 70oC, por 10 minutos, na presença de
H2O DEPC e oligo dT, para reconhecimento e ligação à cauda poli A dos RNA
mensageiros. Em seguida, adicionou-se ao tubo o restante dos reagentes e incubou-
se à 42oC por 50 minutos. A reação foi submetida à 90oC por 5 minutos para a
inativação da enzima. Foram adicionados ao tubo 0,3 volumes de 7,5 M acetato de
amônia, pH 7,5 e 2,5 volumes de etanol 100% por 18 horas em freezer à -20 oC. As
amostras foram submetidas à centrifugação (12000 rpm, por 30 min, à 4oC) para
precipitação do cDNA. O precipitado foi lavado com 100µl de etanol 75%. O etanol
foi todo retirado, o cDNA ressuspenso em 10 µl de H2O MilliQ e armazenado em
freezer à –20oC.
Reação em Cadeia de Polimerase (PCR)
Após a obtenção do cDNA, foi realizada a amplificação do fragmento
correspondente ao RNA mensageiro do gene desejado, utilizando-se
oligonucleotídeos senso (5’ → 3’) e antisenso (3’ → 5’) específicos (Tabela 1).
Na reação de PCR foram utilizados 1µL de cDNA (tecido hepático) ou 2 µL
cDNA (tecido tireóideo), 30 pmol do oligonucleotídeo senso e 30 pmol do
37
oligonucleotídeo antisenso, tampão 10X [200mM Tris-HCl (pH 8,4) e 500mM KCl,
2mM MgCl2] (Biotools, BR), 10µM dNTP (Invitrogen, NY, EUA) e 2,5 unidades da
enzima DNA polimerase (Biotools, BR).
Como controle interno dos experimentos foi utilizado o gene GAPDH, um
gene constitutivo (10 pmol do oligonucleotídeo senso, 10 pmol do oligonucleotídeo
antisenso).
Tabela 1. Características gerais dos oligonucletídeos. Seqüências, temperaturas de anelamento e tamanho esperado dos oligonucleotídeos específicos para os genes do GAPDH, do substrato do receptor de insulina-1(IRS-1) e do substrato do receptor de insulina-2 (IRS-2).
3. ATIVIDADE DA ENZIMA IODOTIRONINA DESIODASE TIPO 1 (D1)
O método utilizado para dosagem da atividade da enzima D1 foi baseado na
técnica desenvolvida por Berry e cols. (1991) e padronizada em nosso laboratório.
Amostras de tecido hepático (25 mg/mL) foram homogeneizadas em tampão
sucrose-DTT (0,25 M sucrose, 10 mM DTT (Invitrogen, NY, USA)). Uma alíquota foi
Gene TamanhoSeqüência
GAPDH 377 pb5’ – TCCTGCACCACCAACTGCTTA – 3’3’ – TAGCCCAGGATGCCCTTTAGT – 5’ 66oC
Temp.
IRS-1 580 pb5’ – CACCCAGTTTTTCGACAC – 3’3’ – GAGTTGAGCTTCACAAAG – 5’
55oC
IRS-2 388 pb5’ – CTCATCACTCAGCAGTGC – 3’3’ – GACTTGGGACTGAAG – 5’
59oC
Gene TamanhoSeqüência
GAPDH 377 pb5’ – TCCTGCACCACCAACTGCTTA – 3’3’ – TAGCCCAGGATGCCCTTTAGT – 5’ 66oC
Temp.
IRS-1 580 pb5’ – CACCCAGTTTTTCGACAC – 3’3’ – GAGTTGAGCTTCACAAAG – 5’
55oC
IRS-2 388 pb5’ – CTCATCACTCAGCAGTGC – 3’3’ – GACTTGGGACTGAAG – 5’
59oC
38
separada para dosagem protéica pelo método de Bradford (1976) e os homogenatos
foram armazenados em freezer -70oC até o dia do ensaio.
Foi adicionado ao microtubo:
a) (300 – x)µL tampão PE (100 mM fosfato de sódio, 1 mM EDTA, pH 6,9);
b) 30 µL de DTT 10 mM;
c) 30 µL de rT3 frio 1 mM;
d) x µL do homogenato hepático ou tireóideo (30 µg de proteína).
Para iniciar a reação foi adicionado 50 µL de rT3-125I e os microtubos foram
incubados à 37oC, por 1 hora. A reação foi interrompida colocando os microtubos no
gelo e adicionou-se 200 µL de soro fetal bovino (Cultilab, BR) e 100 µL de TCA 50%
(Vetec, BR), para a precipitação das proteínas. Os microtubos foram agitados
vigorosamente por 2 minutos e centrifugados à 10 000 rpm por 3 minutos. Após a
centrifugação, 360 µL do sobrenadante foram transferidos para um novo tubo e
levados ao contador de radioatividade gama (Compugama). Os valores da atividade
da enzima D1 foram expressos em pmoles de rT3/ min x mg de proteína.
4. DOSAGEM DE COLESTEROL E TRIGLICERÍDEOS
Os valores de colesterol e triglicerídeos séricos foram determinados através
de testes enzimáticos colorimétricos. Kits comerciais foram adquiridos da In Vitro
Diagnóstica, manufaturado por Human GMBH, Weisbaden, Germany. O protocolo foi
seguido segundo fabricante e as amostras foram lidas em espectrotômetro UV/VIS
(Hitachi, U3000).
39
5. DOSAGEM DE HORMÔNIOS TIREÓIDEOS E TSH
As concentrações séricas de TSH, T3 e T4 foram determinadas por
radioimunoensaio (RIE) a partir de amostras de soro obtidas dos animais dos
diversos grupos experimentais. Todos os RIEs foram feitos em duplicata e a
detecção foi realizada em um cintilador de fase sólida (CompuGama, LKB,
WALLAK).
5.1. TSH sérico
As dosagens de TSH sérico foram feitas por RIE específico, através de
reagentes fornecidos pelo National Institute of Diabetes and Kidney Diseases
(NIDDK- Bethesda, EUA); expressos em termos da preparação de referência 2 (RP-
2). Os reagentes são: TSH murino purificado para a preparação das amostras
utilizadas na curva padrão (0,18 – 11,46 ng/ml), TSH murino purificado para ser
iodado e anticorpo de coelho anti-TSH murino (1oAc).
A iodação da molécula do TSH com 125I foi feita em nosso laboratório, pelo
método da cloramina T e a molécula marcada foi purificada em uma coluna (Biogel –
P60 fino da Bio-rad, EUA). O RIE foi realizado pelo método do 2o anticorpo, com
adição de 5% de polietilenoglicol (Ortiga, 1996). Os resultados foram expressos em
ng/ml.
5.2. T3 e T4 séricos
As concentrações séricas de T3 e T4 foram determinadas através de kit
comercial para RIE de T3 e T4 contendo anticorpo específico aderido à parede dos
tubos de polipropileno e o radiotraçador (DSL, TX, EUA). A curva padrão será
realizada com concentrações conhecidas de T3 e T4 dissolvidas em soro de rato
(soro zero) e o protocolo para a realização do RIE foi fornecido pelo fabricante.
40
6. ANÁLISE DENSITOMÉTRICA do RT-PCR
As intensidades das bandas obtidas nos experimentos de RT-PCR e
‘Immunoblot’ foram analisadas no programa Scion Image do National Institute for
Health (EUA). Os valores obtidos foram normalizados considerando o grupo controle
como 1. Os dados foram colocados nos gráficos como valores relativos ao controle.
7. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os valores foram expressos como média ± erro padrão da média, tendo sido
realizados três experimentos diferentes. Cada grupo experimental continha pelo
menos cinco animais a cada experimento.
Os dados de TSH sofrerão transformação logarítmica e posteriormente foram
analisados por análise de variância univariada paramétrica, seguida do teste de
comparação múltipla de Newman-Keuls..
As concentrações séricas de T3 e T4, os valores de colesterol e triglicerídeos
circulantes, a atividade D1 tireóidea e hepática e as densitometrias do experimentos
de RT-PCR foram analisados por análise de variância bivariada paramétrica, do
programa superANOVA (1988-1991, Abacus Concept, Inc.)
41
RESULTADOS I. DIMORFISMO SEXUAL: FUNÇÃO TIREÓIDEA
1. PESO CORPORAL
Apesar de não haver diferenças no peso corporal de machos e fêmeas pré-
púberes, na idade adulta, os machos são significativamente mais pesados do que as
fêmeas da mesma idade, conforme amplamente conhecido, devido à ação anabólica
potente dos esteróides sexuais masculinos (Tabela 2).
Ratas intactas que receberam dose fisiológica de estrogênio (Eb 0,7) por 10
dias apresentaram aumento significativo do ganho de peso corporal quando
comparadas ao controle (p<0,01). No entanto, as ratas intactas que receberam dose
alta de estrogênio (Eb 14) tiveram diminuição significativa do ganho de peso corporal
(p<0,05). Ratas intactas tratadas com Eb por 30 dias não apresentaram alteração no
ganho de peso corporal, quando comparadas ao controle.
As ratas que sofreram ovariectomia bilateral apresentaram aumento
significativo do ganho de peso corporal após 10 dias, quando comparadas ao grupo
controle (p<0,01). A administração de Eb tanto em dose fisiológica (OVX + 0,7)
quanto em dose alta (OVX + 14), além de reverter o ganho de peso corporal
promovido pela ovariectomia, levou à redução significativa do ganho de peso
corporal (Tabela 2).
A ovariectomia durante 44 dias promoveu aumento significativo do ganho de
peso corporal. A reposição com a dose fisiolófgca de hormônio, por 30 dias, reverteu
parcialmente o ganho de peso corporal promovido pela ovariectomia, enquanto a
42
dose alta reverteu completamente, pois os animais apresentaram ganho de peso
semelhante ao dos animais controle.
Tabela 2. Comparação do peso corporal absoluto dos animais dos diferentes grupos experimentais. Ratos adultos e pré-púberes, machos e fêmeas (A) e fêmeas adutas intactas e ovariectomizadas, tratadas ou não com Eb por 10 ou 30 dias (B). Os resultados são expressos como média ± EPM. A) B)
810810n
86,5 ± 2,5981,2 ± 4,50226,3 ± 7,44a304 ± 2,4Peso inicial
FêmeasMachosFêmeasMachos(g)
Pré-púberesAdultos
b p< 0,001, comparado ao macho adulto.
810810n
86,5 ± 2,5981,2 ± 4,50226,3 ± 7,44a304 ± 2,4Peso inicial
FêmeasMachosFêmeasMachos(g)
Pré-púberesAdultos
b p< 0,001, comparado ao macho adulto.
Tratamento com Eb por 10 dias
14149141517n
-0,85 ± 2,88c3,57 ± 2,43c24,67 ± 1,607,53 ± 1,55b19,2 ± 1,81a12,76 ± 1,67Ganho
192,6 ± 3,56203,6 ± 5,50214,1 ± 8,60202,1 ± 3,74236,1 ± 5,88219,4 ± 3,88Peso final
193,5 ± 4,36200,1 ± 4,39189,4 ± 8,33194,5 ± 3,46216,9 ± 5,61206,6 ± 3,88Peso inicial
OVX + 14OVX + 0,7OVXEb 14Eb 0,7Controle(g)
14149141517n
-0,85 ± 2,88c3,57 ± 2,43c24,67 ± 1,607,53 ± 1,55b19,2 ± 1,81a12,76 ± 1,67Ganho
192,6 ± 3,56203,6 ± 5,50214,1 ± 8,60202,1 ± 3,74236,1 ± 5,88219,4 ± 3,88Peso final
193,5 ± 4,36200,1 ± 4,39189,4 ± 8,33194,5 ± 3,46216,9 ± 5,61206,6 ± 3,88Peso inicial
OVX + 14OVX + 0,7OVXEb 14Eb 0,7Controle(g)
a p< 0,01, comparado ao controle; b p< 0,05, comparado ao controle; c p< 0,001, comparado ao OVX.
181919171717n
34,22 ± 4,14 b41,21 ± 3,11 b64,21 ± 3,93 a31,59 ± 4,5529,18 ± 3 27,59 ± 2,33Ganho
226,3 ± 5,02234,9 ± 4,08260,6 ± 5,81232,6 ± 5,36232,8 ± 3,38227 ± 5,04Peso final
192,1 ± 4,55193,7 ± 5,63196,4 ± 3,80201 ± 3,33203,6 ± 2,96199,4 ± 4,67Peso inicial
OVX + 14OVX + 0,7OVXEb 14Eb 0,7Controle(g)
181919171717n
34,22 ± 4,14 b41,21 ± 3,11 b64,21 ± 3,93 a31,59 ± 4,5529,18 ± 3 27,59 ± 2,33Ganho
226,3 ± 5,02234,9 ± 4,08260,6 ± 5,81232,6 ± 5,36232,8 ± 3,38227 ± 5,04Peso final
192,1 ± 4,55193,7 ± 5,63196,4 ± 3,80201 ± 3,33203,6 ± 2,96199,4 ± 4,67Peso inicial
OVX + 14OVX + 0,7OVXEb 14Eb 0,7Controle(g)
ap< 0,0001, comparado ao controle; b p< 0,001, comparado ao OVX.
Tratamento com Eb por 30 dias
43
2. CONCENTRAÇÃO SÉRICA DE T3
Observamos que nas fêmeas adultas a concentração sérica de T3 é
significativamente mais alta que nos machos adultos. Os animais pré-púberes não
apresentaram diferença entre si. No entanto, a concentração sérica de T3 da fêmea
pré-púbere é significativamente menor que a da fêmea adulta (Figura 5A).
Fêmeas adultas intactas que foram tratadas com Eb, tanto na dose de 0,7µg
quanto na dose de 14µg por 10 dias, apresentaram diminuição significativa na
concentração sérica de T3 (p<0,05) (Figura 5B). As fêmeas intactas que foram
tratadas com Eb por 30 dias não apresentaram diferenças significativas (Figura 5C).
As ratas ovariectomizadas por 10 dias apresentaram diminuição significativa
na concentração sérica de T3. Sendo, o tratamento com Eb, nas duas doses, capaz
de reverter esta diminuição da concentração sérica de T3 (p<0,001). A ovariectomia
de 44 dias não alterou a concentração sérica de T3. A administração de 0,7µg/100g
p.c. por 30 dias, aumentou a concentração de T3 sérico (p=0,05), o que não foi visto
com a dose de 14µg/100g p.c.
A)
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
10
20
30
40
T3
séri
co(n
g/d
L)
Adultos Pré-púberes
*
≠≠≠≠
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
10
20
30
40
T3
séri
co(n
g/d
L)
Adultos Pré-púberes
*
≠≠≠≠
44
B)
C) Figura 5. Concentração sérica de T3. Gráfico representativo do dimorfismo sexual entre adultos (3 meses, n=15) e pré-púberes (40 dias pós-natal, n=15); * Comparado ao macho adulto, ≠ comparado a fêmea adulta; p<0,01 (A); tratamento com Eb por 10 dias em ratas intactas (Eb, n=15) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=15); ¥ comparado ao controle; p<0,05;
* comparado ao controle; p<0,001; ≠ comparado ao OVX; p<0,01 (B); tratamento com Eb por 30 dias em ratas intactas (Eb, n=10) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=10) (C).
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
70T
3 sé
rico
(ng
/dL
)
Eb OVX + Eb
≠≠
*
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
70T
3 sé
rico
(ng
/dL
)
Eb OVX + Eb
≠≠
*¥ ¥
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
70
T3
séri
co(n
g/d
L)
Eb OVX + Eb
p< 0,05p= 0,05
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
70
T3
séri
co(n
g/d
L)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
70
T3
séri
co(n
g/d
L)
Eb OVX + Eb
p< 0,05p= 0,05
45
3. CONCENTRAÇÃO SÉRICA DE T4
Fêmeas adultas apresentaram concentração sérica de T4 maior que os
machos adultos (p<0,05). Os animais pré-púberes não apresentaram diferença nos
valores de T4 sérico entre si, no entanto, seus valores são significativamente
menores que os adultos (p<0,001) (Figura 6A).
A administração de Eb a ratas intactas por 10 dias não alterou a concentração
sérica de T4 (Figura 6B). A administração da dose fisiológica de Eb (Eb 0,7) por 30
dias em ratas intactas promoveu aumento significativo na concentração sérica de T4
(p<0,001), o que não foi observado quando administrada a dose alta de Eb (Eb 14)
(Figura 6C).
A ovariectomia de 10 ou 44 dias não alterou as concentrações séricas de T4.
As ratas ovariectomizadas tratadas com Eb na menor dose (OVX + Eb 0,7) por 10 e
30 dias apresentaram aumento significativo nas concentrações de T4 (p<0,05). No
entanto, não foi observada alteração na concentração de T4 das ratas
ovariectomizadas tratadas com a maior dose de Eb (OVX + Eb 14) (Figura 6B e 6C).
A)
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
1
2
3
4
5
6
T4
séri
co(u
g/d
L)
Adultos Pré-púberes
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
1
2
3
4
5
6
T4
séri
co(u
g/d
L)
Adultos Pré-púberes
*
≠≠≠≠ ≠≠≠≠
46
B)
C) Figura 6. Concentração sérica de T4. Gráfico representativo do dimorfismo sexual entre adultos (3 meses, n=9) e pré-púberes (40 dias pós-natal, n=6); * Comparado ao macho adulto, p< 0,05; ≠ pré-púberes comparados aos adultos, p< 0,001 (A); tratamento com Eb por 10 dias em ratas intactas (Eb, n=11) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=8); € comparado ao controle, p< 0,05 (B); tratamento com Eb por 30 dias em ratas intactas (Eb, n=10) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=10); * Comparado ao controle, p< 0,001; ≠ comparado ao 0,7; p< 0,05; ¥ comparado ao OVX; p< 0,05 (C).
C 0,7 14 OVX 0,7 140
2
4
6
8
T4
séri
co(u
g/d
L)
Eb OVX + Eb
*
≠≠
¥
C 0,7 14 OVX 0,7 140
2
4
6
8
T4
séri
co(u
g/d
L)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
2
4
6
8
T4
séri
co(u
g/d
L)
Eb OVX + Eb
*
≠≠
¥
C 0,7 14 OVX 0,7 140
1
2
3
4
5
6
T4
séri
co(u
g/d
L)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
1
2
3
4
5
6
T4
séri
co(u
g/d
L)
Eb OVX + Eb
p<0,05
47
4. CONCENTRAÇÃO SÉRICA DE TSH
Não encontramos diferenças significativas na concentração sérica de TSH
entre os animais macho e fêmea adultos ou entre macho e fêmea pré-púberes. No
entanto, observamos que os animais adultos apresentaram concentração sérica de
TSH significativamente maior que os pré-púberes (p<0,05) (Figura 7A).
Nenhum dos grupos experimentais apresentou diferença significativa na
concentração sérica de TSH (Figura 7B e 7C).
A) B) C) Figura 7. Concentração sérica de TSH. Gráfico representativo do dimorfismo sexual entre adultos (3 meses, n=15) e pré-púberes (40 dias pós-natal, n=10) (A); tratamento com Eb por 10 dias em ratas intactas (Eb, n=15) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=15) (B); tratamento com Eb por 30 dias em ratas intactas (Eb, n=10) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=10) (C).
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
1
2
TS
H s
éric
o(n
g/m
L)
Adultos Pré-púberes
p < 0,05
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
1
2
TS
H s
éric
o(n
g/m
L)
Adultos Pré-púberes
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
1
2
TS
H s
éric
o(n
g/m
L)
Adultos Pré-púberes
p < 0,05
C 0,7 14 OVX 0,7 140
1
2
OVX + EbEb
TS
H s
éric
o(n
g/m
L)
C 0,7 14 OVX 0,7 140
1
2
OVX + EbEb
TS
H s
éric
o(n
g/m
L)
C 0,7 14 OVX 0,7 140
1
2
OVX + EbEb
TS
H s
éric
o(n
g/m
L)
C 0,7 14 OVX 0,7 140
1
2
OVX + EbEb
TS
H s
éric
o(n
g/m
L)
48
II. DIMORFISMO SEXUAL: COLESTEROL E TRIGLICERÍDEO SÉRICOS
1. VALORES DE COLESTEROL CIRCULANTE
Os valores de colesterol sérico nas fêmeas adultas tendem a ser mais altos
que os valores obtidos nos machos adultos (p=0,06). Os animais pré-púberes não
apresentaram diferença entre si, mas a fêmea pré-púbere apresentou valores de
colesterol significativamente mais altos que a fêmea adulta (p<0,05). Além disso, os
animais pré-púberes apresentaram valores significativamente mais altos de
colesterol quando comparados aos animais adultos (p<0,001) (Figura 8A).
As fêmeas tratadas por 10 ou 30 dias, intactas ou ovariectomizadas, não
apresentaram diferença nos níveis de colesterol (Figura 8B e 8C). Interessante notar
que os valores de colesterol encontrados nas ratas ovariectomizadas e
ovariectomizadas com administração de Eb são significativamente maiores que os
valores encontrados nas ratas intactas e intactas com administração de Eb (p<0,05).
A)
Macho Fêmea Macho Fêmea0
25
50
75
100
Co
lest
ero
l (m
g/d
L)
p< 0,001
Adultos Pré-púberes
≠
Macho Fêmea Macho Fêmea0
25
50
75
100
Co
lest
ero
l (m
g/d
L)
p< 0,001
Adultos Pré-púberes
≠
49
B)
C)
Figura 8. Valores de colesterol circulante. Gráfico representativo do dimorfismo sexual entre adultos (3 meses, n=8) e pré-púberes (40 dias pós-natal, n=8); ≠ comparada a fêmea adulta, p<0,05 (A); tratamento com Eb por 10 dias em ratas intactas (Eb, n=7) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=7) (B); tratamento com Eb por 30 dias em ratas intactas (Eb, n=10) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=8) (C).
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
70
80
Co
lest
ero
l (m
g/d
L)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
70
80
Co
lest
ero
l (m
g/d
L)
Eb OVX + Eb
p<0,01
C 0,7 14 OVX 0,7 140
25
50
75
100
125
Co
lest
ero
l (m
g/d
L)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
25
50
75
100
125
Co
lest
ero
l (m
g/d
L)
Eb OVX + Eb
p< 0,05
50
2. VALORES DE TRIGLICERÍDEOS CIRCULANTES
Não detectamos diferenças nos níveis de triglicerídeos entre os animais
adultos. Os animais pré-púberes apresentaram níveis significativamente mais altos
do que os animais adultos (p=0,02) (Figura 9A).
A administração das duas doses de Eb (0,7 e 14µg) por 10 dias a ratas
intactas aumentou significativamente os níveis de triglicerídeos circulantes. A
administração de Eb por 30 dias as ratas intactas também aumentou
significativamente os níveis de triglicerídeos quando utilizamos a maior dose (OVX +
Eb 14) (p<0,01) (Figura 9C).
A ovariectomia por 10 dias reduziu significativamente os níveis de
triglicerídeos, comparado ao controle (p<0,005). A reposição com dose mais alta de
Eb reverteu significativamente esta diminuição (Eb 14, p< 0,01) (Figura 9B). A
ovariectomia por 44 dias não alterou os níveis de triglicerídeos, contudo, a
administração das duas doses de Eb aumentou significativamente a concentração
dos triglicerídeos (p<0,05).
A)
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
25
50
75
100
Tri
glic
eríd
eos
(mg
/dL
)
Adultos Pré-púberes
p=0,02
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
25
50
75
100
Tri
glic
eríd
eos
(mg
/dL
)
Adultos Pré-púberes
p=0,02
51
B)
C)
Figura 9. Valores de triglicerídeos circulantes. Gráfico representativo do dimorfismo sexual entre adultos (3 meses, n=8) e pré-púberes (40 dias pós-natal, n=8) (A); tratamento com Eb por 10 dias em ratas intactas (Eb, n=7) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=7); € p< 0,05 comparado ao controle; ≠ comparado ao controle, p<0,005; * comparado ao OVX, p< 0,01 (B) tratamento com Eb por 30 dias em ratas intactas (Eb, n=8) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=8); ≠ comparado ao controle, p<0,001; ¥ comparado ao OVX, p<0,05 (C).
C 0,7 14 OVX 0,7 140
100
200
Tri
glic
eríd
eos
(mg
/dL
)
Eb OVX + Eb
€€
*
≠
C 0,7 14 OVX 0,7 140
100
200
Tri
glic
eríd
eos
(mg
/dL
)
Eb OVX + Eb
€€
*
≠
C 0,7 14 OVX 0,7 140
100
200
Tri
glic
eríd
eos
(mg
/dL
)
Eb OVX + Eb
≠
¥
¥
C 0,7 14 OVX 0,7 140
100
200
Tri
glic
eríd
eos
(mg
/dL
)
Eb OVX + Eb
≠
¥
¥
52
III. DESIODASE TIPO 1 E SUBSTRATOS DO RECEPTOR DE INSULINA
1. ATIVIDADE DESIODASE TIPO 1 (D1) TIREÓIDEA
Analisamos fêmeas intactas e ovariectomizadas tratadas com Eb por 30 dias.
Não encontramos diferenças na atividade D1 na tireóide das ratas intactas tratadas
com Eb. A ovariectomia por 44 dias diminuiu significativamente a atividade D1
tireóidea quando comparada ao grupo controle (p=0,001). E somente a reposição
com a dose maior (OVX + Eb 14) foi capaz de reverter esta diminuição (p=0,002).
Figura 10. Atividade da enzima D1 tireóidea. Gráfico representativo da atividade da enzima D1 tireóidea de ratas intactas (Eb) e ovariectomizadas (OVX + Eb) que receberam tratamento com Eb por 30 dias (n=7); ≠ comparado ao controle, p=0,001; * comparado ao OVX; p= 0,002.
Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
100
200
Ati
vid
ade
D1
tire
óid
ea(p
mo
les
rT3/
min
.mg
ptn
)
OVX + Eb
*
Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
100
200
Ati
vid
ade
D1
tire
óid
ea(p
mo
les
rT3/
min
.mg
ptn
)
OVX + Eb
*
≠
53
2. ATIVIDADE DESIODASE TIPO 1 (D1) HEPÁTICA
As fêmeas adultas têm menor atividade D1 hepática, quando comparadas aos
machos adultos (p<0,01). As fêmeas pré-púberes têm menor atividade D1 hepática,
quando comparadas aos machos pré-púberes, embora a diferença não seja
significativa (p=0,08) (Figura 11A). Esses dados corroboram achados recentes do
nosso laboratório (Marassi, 2005).
As fêmeas intactas tratadas com Eb por 10 ou 30 dias, não apresentaram
diferença significativa na atividade da enzima (Figura 11B e 11C).
As ratas ovariectomizadas não apresentaram diferença significativa na
atividade D1. O tratamento com Eb na dose 14µg, por 10 dias, aumentou
significativamente a atividade D1 hepática (p<0,05). O tratamento de ratas OVX com
Eb por 30 dias, nas duas doses, também aumentou significativamente a atividade
D1 hepática (p<0,05).
A)
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
10
20
30
40
50
60
Adultos Pré-púberes
Ati
vid
ade
D1
(pm
ole
srT
3/m
in.m
gp
tn)
*
Macho Fêmea Macho Fêmea 0
10
20
30
40
50
60
Adultos Pré-púberes
Ati
vid
ade
D1
(pm
ole
srT
3/m
in.m
gp
tn)
*≠
54
B)
C) Figura 11. Atividade da enzima D1 hepática. A) Dimorfismo sexual entre adultos (3 meses, n=4) e pré-púberes (40 dias pós-natal, n=6); * comparado ao macho adulto, p<0,05; ≠ comparado ao macho pré-púbere, p=0,08. B) Tratamento com Eb por 10 dias em ratas intactas (Eb, n=4) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=4); * comparado ao OVX, p<0,05. C) Tratamento com Eb por 30 dias em ratas intactas (Eb, n=6) e ovariectomizadas (OVX + Eb, n=6); * comparado ao OVX, p<0,05.
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
Eb OVX + Eb
Ati
vid
ade
D1
(pm
ole
srT
3/m
in.m
gp
tn)
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
Eb OVX + Eb
Ati
vid
ade
D1
(pm
ole
srT
3/m
in.m
gp
tn)
*
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
Eb OVX + Eb
Ati
vid
ade
D1
(pm
ole
srT
3/m
in.m
gp
tn)
C 0,7 14 OVX 0,7 140
10
20
30
40
50
60
Eb OVX + Eb
Ati
vid
ade
D1
(pm
ole
srT
3/m
in.m
gp
tn)
* *
55
3. AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DO RNAm NA TIREÓIDE
3.1. SUBSTRATO DO RECEPTOR DE INSULINA- 1 (IRS-1)
A expressão do RNAm do IRS-1 aumentou significativamente nas ratas
intactas tratadas com as duas doses de Eb administradas por 10 dias (p<0,01).
As ratas ovariectomizadas apresentaram maior expressão de IRS-1 quando
comparadas ao grupo controle (p<0,01). O tratamento com Eb na menor dose (OVX
+ Eb 0,7) diminuiu significativamente a expressão de IRS-1 (p<0,001).
A)
B) Figura 12. Expressão do RNA mensageiro do IRS-1 tireóideo. A) Foto representativa do produto de PCR para GAPDH. B) Foto representativa do produto de PCR para IRS-1 e análise densitométrica da intensidade das bandas; * comparado ao controle, p<0,01; ≠ comparado ao OVX, p<0,001. Os valores foram normalizados pela razão entre a intensidade da banda IRS-1 e a intensidade da banda do GAPDH. Os dados foram colocados no gráfico como valores relativos ao controle.
GAPDH600 pb
377 pb GAPDH600 pb
377 pb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.5
1.0
1.5
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
IRS-1580 pb
**
*≠
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.5
1.0
1.5
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.5
1.0
1.5
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
IRS-1580 pb IRS-1580 pb
**
*≠
56
3.2. SUBSTRATO DO RECEPTOR DE INSULINA- 2 (IRS-2)
A expressão do IRS-2 não se alterou nas ratas intactas tratadas com as duas
doses de Eb por 10 dias.
A ovariectomia por 10 dias reduziu significativamente a expressão do IRS-2
na tireóide (p<0,0001). A administração da dose fisiológica de Eb foi capaz de
reverte este efeito (p<0,001), o que não foi observado na administração da dose
mais alta.
Figura 13. Expressão do RNAm do IRS-2 tireóideo. Foto representativa do produto de PCR para IRS-2 e análise densitométrica da intensidade das bandas, * comparado ao controle, p<0,0001; ≠ comparado ao OVX; p<0,001. Os valores foram normalizados pela razão entre a intensidade da banda do IRS-2 e a intensidade da banda do GAPDH. Os dados foram colocados no gráfico como valores relativos ao controle.
≠
*
≠
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
600 pb
388 pb IRS-2
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
600 pb
388 pb IRS-2
57
4. AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DO RNAm NO FÍGADO
4.1. SUBSTRATO DO RECEPTOR DE INSULINA-1 (IRS-1)
A expressão do IRS-1 no tecido hepático não se alterou nas ratas intactas
tratadas com Eb nas duas doses por 10 dias (Figura 14B).
A ovariectomia diminui significativamente a expressão do IRS-1 hepático
(p<0,05). O tratamento com a dose fisiológica de Eb reverteu este efeito, e a dose
mais alta de Eb parece não normalizar a expressão do IRS-1 nas ratas tratadas por
10 dias (Figura 14B).
Não observamos alteração significativa na expressão do IRS-1 hepático das
ratas intactas ou ovariectomizadas tratadas por 30 dias com Eb (Figura 14D).
A)
B)
600 pb377 pb GAPDH – 10 dias600 pb377 pb GAPDH – 10 dias
580 pb IRS-1580 pb IRS-1
C 0,7 14 OVX 0,7 140.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
*
C 0,7 14 OVX 0,7 140.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
*
58
C) D) Figura 14. Expressão do RNA mensageiro do IRS-1 hepático. A) Foto representativa do produto de PCR para GAPDH de ratas intactas e ovariectomizadas que receberam Eb por 10 dias. B) Foto representativa do produto de PCR para IRS-1 e análise densitométrica da intensidade das bandas de ratas intactas e ovariectomizadas que receberam Eb por 10 dias (Eb 0,7 e 14); * comparado ao controle, p<0,05. C) Foto representativa do produto de PCR para GAPDH ratas intactas e ovariectomizadas que receberam Eb por 30 dias. D) Foto representativa do produto de PCR para IRS-1 e análise densitométrica da intensidade das bandas de ratas intactas e ovariectomizadas que receberam Eb por 30 dias (OVX + 0,7 e 14). Foram realizados 3 experimentos; os valores foram normalizados pela razão entre a intensidade da banda do IRS-1e a intensidade da banda do GAPDH. Os dados foram colocados no gráfico como valores relativos ao controle.
600 pb
377 pb GAPDH – 30 dias600 pb
377 pb GAPDH – 30 dias
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
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le)
Eb OVX + Eb
580 pb IRS-1
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
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rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
ria
(un
idad
es a
rbit
rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
580 pb IRS-1
59
4.2. SUBSTRATO DO RECEPTOR DE INSULINA-2 (IRS-2)
A expressão do IRS-2 no tecido hepático não se alterou nas ratas intactas
que receberam estradiol por 10 dias. A ovariectomia e a reposição com dose
fisiológica de Eb parecem não exercer efeito, mas a administração da dose alta de
Eb a ratas OVX foi capaz de diminuir significativamente a expressão de IRS-2
(P=0,02) (Figura 15A).
A administração de Eb por 30 dias em ratas intactas e ovariectomizadas
parece não alterar a expressão do IRS-2 no tecido hepático (Figura 15B).
A)
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
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(un
idad
es a
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rári
asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
*
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
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(un
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rári
asre
lati
vas
ao c
on
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le)
Eb OVX + Eb
*
388 pb IRS-2
60
B)
Figura15. Expressão do RNA mensageiro do IRS-2 hepático. A) Foto representativa do produto de PCR para IRS-2 e análise densitométrica da intensidade das bandas de ratas intactas e ovariectomizadas que receberam Eb por 10 dias (Eb 0,7 e 14); * comparado ao OVX, p<0,05. B) Foto representativa do produto de PCR para IRS-2 e análise densitométrica da intensidade das bandas de ratas intactas e ovariectomizadas que receberam Eb por 30 dias (OVX + 0,7 e 14). Foram realizados 3 experimentos; os valores foram normalizados pela razão entre a intensidade da banda do IRS-2 e a intensidade da banda do GAPDH. Os dados foram colocados no gráfico como valores relativos ao controle.
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
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(un
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es a
rbit
rári
asre
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vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
388 pb IRS-2
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
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(un
idad
es a
rbit
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asre
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ao c
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tro
le)
Eb OVX + Eb
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
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(un
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ao c
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le)
C 0,7 14 OVX 0,7 140
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Den
sito
met
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(un
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asre
lati
vas
ao c
on
tro
le)
Eb OVX + Eb
388 pb IRS-2
61
DISCUSSÃO
Neste trabalho avaliamos diversos aspectos da influência dos esteróides
sexuais sobre a função tireóidea e os níveis séricos de colesterol e triglicerídeos.
Avaliamos as diferenças entre os sexos em animais adultos e pré-púberes e as
alterações provocadas pela administração ou ausência de estrogênio em ratas
fêmeas adultas.
Vários estudos relatam maior incidência de distúrbios tireóideos nas mulheres
do que nos homens, tanto durante a vida reprodutiva quanto na pós-menopausa.
Durante a infância, a prevalência de doenças tireóideas entre meninas e meninos é
igual, aumenta na puberdade para 3:1 (meninas:meninos) e se mantém até a
menopausa, quando começa a diminuir, chegando à 1:1,5 (mulheres:homens) aos
65 anos de idade (Fassina e cols., 1994; Henderson e cols., 1982). Esses dados
epidemiológicos sugerem haver importante influência dos esteróides sexuais sobre a
tireóide. O estrogênio poderia agir de forma deletéria ou a testosterona poderia
proteger de alguma forma o desenvolvimento de doenças da tireóide.
O peso corporal, assim como a concentração de IGF-I e os níveis de
gonadotrofinas são parâmetros importantes durante a progressão da puberdade e
da menopausa (Khosla e cols., 1996; Kulik-Rechberger & Janiszewska, 2004;
Veldhuis e cols., 2005). Nossos resultados mostraram que ratas intactas apresentam
aumento significativo no ganho de peso corporal, quando tratadas com Eb por 10
dias na dose 0,7. E o tratamento na dose 14 diminuiu o peso corporal desses
animais. A castração tanto de 10 quanto 44 dias, levou ao aumento significativo do
ganho de peso corporal dos animais, dados já vistos por outros autores (Khosla e
62
cols., 1996; Davidge e cols., 2001; Kavanagh e cols., 2005). A reposição com
estradiol reverteu o ganho de peso promovido pela castração, como também
mostrado por Noh e cols., (1999). Aparentemente, as ratas castradas têm maior
sensibilidade à ação do estrogênio sobre o controle do peso corporal, principalmente
nos primeiros dias após a castração. As ratas intactas tratadas com estradiol por
curto intervalo de tempo também têm maior sensibilidade à ação do estradiol.
Provavelmente, há modulação dos receptores de estrogênio após a castração e
durante o tratamento com estradiol por diferentes intervalos de tempo. (Ohlsson e
cols., 2000; Ito e cols., 2004; Kang e cols., 2004; Badger e cols., 2006).
O fígado é um órgão extremamente sensível à ação dos hormônios
esteróides. Van Thiel e cols., (1990) mostraram que a massa hepática está
diretamente relacionada ao número de receptores de estrogênio, assim como há
progressão mais rápida de doenças hepáticas em homens. Esses efeitos são
atribuídos, provavelmente, à ação protetora do estrogênio (Becker e cols., 1996).
Também encontramos diferenças na avaliação do perfil lipídico de nossos grupos
experimentais. As fêmeas adultas têm valores mais altos de colesterol total que os
machos adultos. No entanto, os valores de colesterol não são alterados quando
administramos Eb, como demonstrado por Noh e cols., (1999). Mas, na presença do
estrogênio os valores de triglicerídeos aumentam de maneira dose dependente,
corroborando os dados de Joles e cols., (1995) e Noh e cols., (1999).
Corroborando os dados da literatura (Donda e cols., 1987; Lisboa e cols.,
1997), encontramos a concentração sérica de T3 mais alta nas fêmeas adultas que
nos machos adultos e nas fêmeas pré-púberes a concentração de T3 sérico também
foi significativamente mais baixa quando comparada à fêmea adulta. O mesmo
padrão foi encontrado na análise da concentração sérica de T4. Esses resultados
63
corroboram os achados de Cheron e cols., (1980) e Banu e Aruldhas (2002).
Podemos especular que o estrogênio, pelo aumento da TBG, leva ao aumento da
concentração sérica dos hormônios tireóideos (Henderson e cols., 1982 Ain e cols.,
1987). Entretanto, o papel da TBG em ratos ainda é pouco definido. Um outro
achado que poderia explicar os níveis séricos de T4 e T3 maiores nas fêmeas
adultas está relacionado ao fato de que esses animais têm atividade desiodase
hepática significativamente menor. Recentemente, demonstrou-se que animais
knockout para a desiodase tipo 1 apresentam menor clearance de T4 e T3 e níveis
circulantes normais (Schneider e cols., 2006).
Assim como na literatura, encontramos a concentração sérica de TSH
maiores nas fêmeas adultas quando comparadas às fêmeas pré-púberes (Figura 7A)
(Christianson e cols., 1981; Donda e cols., 1990). Entretanto, a mesma diferença
existe entre machos adultos e pré-púberes, indicando que tanto o estrogênio quanto
a testosterona possam agir estimulando a secreção de TSH, conforme anteriormente
descrito (Banu e cols., 2002b).
Sabe-se que a desiodase tipo 1 tireóidea, assim como outras proteínas
tireóideas, sofre importante estímulo do TSH. Entretanto, a atividade desiodase
tireóidea parece não sofrer grande influência da ação dos estrogênios. A literatura
mostra que a castração de 3 semanas não altera a atividade D1 tireóidea e que
somente a reposição hormonal com alta dose de Eb aumenta a sua atividade
(Lisboa e cols., 1997). Estudos prévios do nosso laboratório mostraram que
realmente não há diferença significativa entre as ratas intactas e ovariectomizadas
por 21 dias, mas mostraram que a reposição hormonal aumenta a atividade D1
tireóidea (Marassi, 2005). Entretanto, no presente estudo mostramos que após 44
dias de castração há diminuição significativa da atividade D1 tireóidea e reversão
64
deste efeito com a alta dose de Eb. Assim, a desiodase tireóidea pode estar
diminuída em animais com deficiência crônica de estrogênio, embora o TSH,
principal regulador desta enzima, esteja normal nesses animais.
Encontramos atividade D1 hepática menor nas fêmeas adultas que nos
machos, o que concorda com os dados mostrados por Donda e cols (1990) e
Miyashita e cols., (1995). Nas fêmeas intactas, assim como nas ovariectomizadas
tratadas por 10 dias com Eb, a atividade D1 hepática não se alterou, como
observado por Lisboa e cols., (1997). Somente a maior dose de Eb foi capaz de
elevar a atividade D1 hepática em animais intactos. A ovariectomia por período mais
prolongado tende a diminuir a atividade D1 hepática, apesar dos valores não serem
significativos, e o tratamento prolongado de ratas OVX com Eb aumentou
significativamente a atividade D1, o mesmo efeito observado por Harris e cols.,
(1979). Anteriormente, dados do nosso laboratório demonstraram que a desiodase
tireóidea também é significativamente menor em fêmeas adultas que nos machos e
que a ovariectomia não altera essa atividade (Marassi, 2005). Sendo assim, as
menores atividades D1 hepática e tireóidea encontradas nas fêmeas adultas não
podem ser explicadas pela presença de estrogênio, ou da função ovariana normal.
Outros fatores ainda não conhecidos, relacionados ao desenvolvimento sexual,
devem estar envolvidos com a regulação da atividade desiodase nas ratas fêmeas.
Nossos dados tornam evidentes que as concentrações séricas dos hormônios
tireóideos sofrem influência do estrogênio, provavelmente através da modulação da
metabolização periférica através de desiodases. Em ratos, uma importante fonte de
T3 sérico é o tecido adiposo marrom, que expressa apenas a desiodase tipo 2.
Entretanto, ainda não há estudos na literatura acerca da modulação desta enzima
pelo estrogênio.
65
Já foi descrita a presença de receptores de estrogênio (ER) no tecido
tireóideo (Money e cols., 1989). Outros estudos mostram que os níveis de ER em
tecido neoplásico estão aumentados quando comparados com tecido normal (Yane
e cols., 1994), assim como demonstraram potencial para síntese e ação do
estrogênio no tecido tanto normal quanto neoplásico (Valle e cols., 1998).
Recentemente, demonstraram que o estrogênio aumenta a sinalização de
IGF-I e sua cascata intracelular em tecido não tireóideo (Lee e cols., 1999). Neste
mesmo ano, Furlanetto e cols., (1999) demonstraram que o estrogênio leva à
proliferação dos tireócitos. Sendo assim, resolvemos analisar a regulação pelo
estrogênio da expressão das principais proteínas iniciadoras das cascatas de
sinalização intracelular da insulina e de IGF-I, substratos do receptor de insulina -1 e
2 (IRS-1 e IRS-2). Nossos resultados mostram que a administração de Eb aumenta
significativamente a expressão do IRS-1 no tecido tireóideo de fêmeas intactas,
assim como a castração. Curiosamente, em fêmeas castradas, a administração de
Eb diminuiu a expressão de IRS-1, fazendo-o retornar para os valores da
normalidade. Em células de câncer de mama MCF-7, o estrogênio aumenta a
expressão do IRS-1 mesmo na ausência de IGF-IR, mas não os outros
componentes da via intracelular insulina/IGF-I (Dupont e Le Roith, 2001). O IRS-2
apresentou um perfil bem diferente, não alterando nas ratas intactas, mas
diminuindo significativamente durante a castração de 10 dias. Neste caso, o
estrogênio aumenta a expressão de IRS-2, revertendo o efeito observado nas ratas
castradas (Figura 13). O estrogênio tem efeito proliferativo sobre a tireóide e fêmeas
castradas têm diminuição do peso tireoideano (Banu e cols., 2002c). Estudos em
culturas de células mostram que o IRS-2 parece ser modulado pelo TSH, mas não o
IRS-1 (Ariga e cols., 2000) e, recentemente, demonstrou-se que células FRTL-5
66
transfectadas com o oncogene RET/PTC 3 apresentam níveis aumentados de IRS-2
total e fosforilado (Miyagi e cols., 2004).
No fígado, só observamos diminuição na expressão do IRS-1 nas ratas
ovariectomizadas por 10 dias. Curiosamente, somente a administração de Eb na
maior dose foi capaz de exercer efeito sobre a expressão de IRS-2 no fígado.
Animais knockout para IRS-2 apresentam baixa concentração de LH, prolactina e
estrogênio, além de reduzido tamanho da hipófise e conteúdo de gonadotrofos
(células responsáveis pela síntese e secreção de LH e FSH). Esses achados
indicam que a insulina, assim como a leptina e outros neuropeptídeos, podem
modular o controle hipotalâmico do apetite e da reprodução (Burks e cols., 2000). Os
mecanismos pelos quais IRS-1 e IRS-2 podem regular a homeostase lipídica e da
glicose ainda não são esclarecidos. Apesar do IRS-1 e IRS-2 agirem de forma
complementar para manter a sinalização da PI3 cinase, eles possuem papéis
individuais. O IRS-1, no tecido hepático, parece estar diretamente relacionado com a
manutenção de enzimas essenciais para a gliconeogênese, enquanto o IRS-2
parece ser essencial para a regulação da lipogênese pela insulina (Taniguchi, e
cols., 2005).
Os diferentes padrões de expressão dos IRSs causados pela presença ou
ausência do estrogênio indica que o IRS-1 e IRS-2 possuem papéis diferentes nos
diversos tecidos. A possibilidade de modulação do IRS-2 e da sua fosforilação pelo
estrogênio na tireóide merece maior atenção nos estudos futuros que pretendam
entender as vias intracelulares de ação do estrogênio sobre essa glândula.
No fígado, o IRS-1 parece estar um pouco diminuído durante a deficiência de
estrogênio, entretanto, a diminuição do IRS-1 ou IRS-2 hepáticos não parecem
explicar a resistência insulínica presente em fêmeas castradas.
67
CONCLUSÕES
1 - O aumento de peso corporal observado nas fêmeas castradas é secundário à
deficiência de estrogênio;
2 - Os níveis de T4 e T3 circulantes são modulados pelo estrogênio
independentemente de alterações no TSH sérico, mostrando haver ações diretas do
esteróide sexual feminino sobre a função tireóidea e metabolização periférica dos
HT, embora os mecanismos ainda não estejam elucidados;
3 - Não há relação entre o controle do peso corporal e os níveis circulantes de T4 e
T3 nas ratas fêmeas castradas;
4 - As fêmeas adultas têm menor atividade desiodase hepática, o que não é
normalizado pelo tratamento com estradiol ou com a castração. Algum outro fator
não gonadal regula a atividade desiodase em fêmeas adultas;
5 - O IRS-2 pode estar relacionado à ação mitogênica do estrogênio sobre a tireóide;
6 - A diminuição no conteúdo do mRNA do IRS-1 no fígado de ratas castradas pode
estar relacionada, pelo menos em parte, com a resistência insulínica descrita nesses
animais.
68
REFERÊNCIAS
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79
Anexo I: artigo de revisão submetido aos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e
Metabologia.
Fatores de Crescimento e a Função Tireóidea
Renata Grozovsky, Mario Vaisman e Denise Pires de Carvalho
Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e
Laboratório de Fisiologia Endócrina do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho,
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
80
Com o avanço da biotecnologia e o desenvolvimento de novas técnicas,
novos personagens foram adicionados à tradicional tireoidologia. Descrito há
algumas décadas, o TSH ou tireotrofina, é o hormônio mais importante envolvido no
controle da função tireoideana, crescimento e proliferação celular e biossíntese
hormonal. Ser o principal hormônio não significa que o TSH é o único regulador da
função tireoideana, diversos fatores de crescimento e seus receptores atuam como
agentes permissivos aos efeitos proliferativos do TSH (1). Nesta revisão, iremos
discutir o papel do TSH e de outros fatores de crescimento e seus receptores na
proliferação tireoideana.
I. Regulação da Função Tireóidea
Os principais fatores capazes de regular a função dos tireócitos são a
tireotrofina (TSH) e o iodo. Assim, o crescimento e a funcionalidade das células
diferenciadas da tireóide são dependentes do receptor específico do TSH, o TSH-R,
que se encontra na membrana basolateral dos tireócitos, e do conteúdo intracelular
de iodo. O TSH regula tanto a síntese quanto a secreção dos hormônios tireóideos,
aumentando também o tamanho e a vascularização da glândula.
A tireotrofina (TSH) é um hormônio glicoprotéico, sintetizado e secretado
pelos tireotrofos, localizados na adenohipófise. O hipotálamo exerce efeito
estimulatório sobre a função tireóidea através da síntese e liberação do hormônio
liberador de tireotrofina (TRH), o qual estimula a liberação de TSH pela
adenohipófise. O TRH é um tripeptídeo sintetizado pelos neurônios hipotalâmicos e
transportado via sistema porta até a adenohipófise, agindo diretamente sobre os
tireotrofos. Apesar do TRH agir em balanço com reguladores hipotalâmicos
inibitórios, como somatostatina e dopamina, os hormônios tireóideos exercem o
81
controle mais importante do feedback negativo. São capazes de inibir a secreção de
TSH, agindo diretamente nos tireotrofos (2).
O TSH é o principal hormônio regulador da função da tireóide, estimulando
todos os passos da biossíntese hormonal, endocitose e liberação dos hormônios
tireóideos (3). Evidências indicam também, que o TSH regula a nível transcripcional
a expressão de tireoglobulina, assim como aumenta a expressão e atividade
enzimática da tireoperoxidase e a expressão do NIS (4).
Embora o TSH seja o principal regulador dos estados morfológicos e
funcionais da tireóide, nem todos os ajustes da função tireóidea são por ele
mediados. Mecanismos autorregulatórios intrínsecos também controlam a
sensibilidade das células tireóideas ao TSH, como o aporte de iodo (3).
II. Regulação da Proliferação Tireóidea
Vários fatores além do TSH e o iodo modulam o tamanho, o grau de
diferenciação e a capacidade replicativa dos tireócitos. O hormônio luteinizante (LH),
o hormônio folículo-estimulante (FSH) e a gonadotrofina coriônica, são hormônios
glicoprotéicos compostos por 2 subunidades, sendo a subunidade α comum a todos,
inclusive ao TSH (5). Em altas concentrações, esses hormônios podem estimular a
função tireóidea diretamente, possivelmente através da sua ligação com o receptor
de TSH (TSH-R). Além destes, outros hormônios são capazes de influenciar a
função tireóidea, como a insulina e o hormônio do crescimento via IGF-I.
Distintas vias mitogênicas já foram descritas na tireóide: além do sistema
adenilato ciclase-AMPc, principal via de ação do TSH, temos vias intracelulares
relacionadas à ativação do sistema de proteínas tirosinas cinase (6). A via proteína
tirosina cinase pode ser subdivida em 2 ramos: as vias de alguns fatores de
82
crescimento como EGF, que induzem proliferação e reprimem a diferenciação; e a
via mitogênica que não inibe a expressão da diferenciação, como as estimuladas por
FGF (fator de crescimento de fibroblasto), IGF-I e insulina (7). Em humanos, IGF-I ou
insulina são requeridos para a ação mitogênica do TSH ou EGF, mas não estimulam
a proliferação dos tireócitos sozinhos (8). Além disto, sabe-se que o TSH também
depende da presença de insulina ou IGF-I para exercer a sua ação mitogênica.
III. Fatores de crescimento e a Função Tireóidea
Fatores de crescimento e seus receptores são produtos de oncogenes. A sua
maioria possui efeitos proliferativos e dediferenciadores. Eles garantem o
crescimento autonômico da população das células tumorais pelo seus efeitos
autócrino e parácrino. Fatores de crescimento afetam o crescimento tumoral não só
por seu efeito direto, mas também indiretamente influenciando imunidade e
angiogênese. (9).
1. Insulina e IGF-I
A insulina e o IGF-I agem via diferentes receptores, no entanto sua via de
sinalização intracelular é comum (10). A insulina possui um receptor específico (IR),
que é uma glicoproteína transmembrana composta por 4 subunidades, enquanto o
receptor para IGF-I (IGF-IR) possui somente 2 subunidades (11,12). As regiões
intracelulares dos receptores possuem sítios com atividade tirosina cinase
intrínsecas, assim, IR e IGF-IR caracterizam-se como proteínas com atividade
tirosina cinase (13,14).
83
Os receptores exercem basicamente 3 funções: reconhecem e se ligam à
insulina ou IGF-I com alta especificidade; transmitem um sinal que resulta na
ativação/inativação de vias metabólicas intracelulares e são, posteriormente,
endocitados, juntamente com o hormônio ligado levando à proteólise lisossomal com
subseqüente degradação, armazenamento ou reciclagem das subunidades do
receptor (15,16).
A ligação da insulina ou IGF-I à subunidade α de seus receptores é o sinal
para a ativação da cinase presente na subunidade β, iniciando a cascata de
sinalização intracelular que irá culminar nos diversos efeitos dos hormônios. Além de
catalisar a fosforilação do próprio receptor (autofosforilação), alguns receptores
tirosina cinase fosforilam proteínas intracelulares que transmitem o estímulo
hormonal (17). Os substratos do receptor de insulina (IRSs) interagem
especificamente com os receptores de insulina e IGF-I, funcionando como proteínas
ancoradouras, que são fosforiladas em resíduos tirosila, recrutando proteínas para a
cascata de sinalização (18). Já foram identificados e clonados 4 membros desta
família: IRS-1 (19), IRS-2 (20), IRS-3 (21) e IRS-4 (22).
IRS-1 e IRS-2 são expressos, em ratos, em diversos tecidos (fígado, músculo
esquelético, coração, cérebro, rim, pulmão, baço, testículo) (20). Quanto a sua
localização subcelular, o IRS-1 está duas vezes mais concentrado no compartimento
de membrana que o IRS-2, que se encontra duas vezes mais concentrado no citosol
(23). IRS-3 é abundantemente expresso em tecido adiposo, tendo sido encontrado
em outros tecidos, como pulmão e coração. Curiosamente, foi detectada sua
expressão durante o desenvolvimento embrionário, fato que não ocorre com IRS-1
(24). Já o IRS-4 é expresso em níveis muito baixos em ratos, e sua caracterização
foi realizada em células embrionárias de rim humano (21). Este último pode ser
84
encontrado em tecido tireóideo, hipófise, ovário e fibroblastos (23). Diferentemente
dos outros IRSs (IRS-1 localizado no cromossomo 2, IRS-2, cromossomo 13 e IRS-
3, cromossomo 5) em humanos, o gene do IRS-4 está localizado no cromossomo X.
Apesar da insulina e do IGF-I exercerem importante papel sobre a regulação
da função e proliferação tireóidea, ainda há mecanismos desconhecidos acerca da
regulação de suas vias de sinalização intracelulares em tireócitos.
2. Estrogênio
Alguns aspectos como idade e sexo podem ser fatores importantes na
modulação da via de sinalização da insulina e do IGF-I.
Em 1990, Bagchi e cols. (25) relataram que é significativamente maior a
prevalência de disfunções tireoidianas entre os idosos, com importante diferença entre
os sexos, sendo mais comum entre as mulheres. Alguns autores relatam que o câncer
de tireóide parece ter pior prognóstico quando ocorre antes dos 7-8 anos de idade ou
acima de 40-50 anos, períodos em que há elevação ou declínio na produção de
estrogênios (26, 27). Testes clínicos mostraram que nódulos benignos diagnosticados
na idade reprodutiva têm seu crescimento reduzido, na maioria das pacientes, quando
estas entram na menopausa (28).
Paralelamente ao papel que desempenham na regulação da secreção
hipofisária de gonadotrofinas, os estrogênios podem exercer outros efeitos. Um
estudo mostrou que o TSH de mulheres em uso de contraceptivos orais, estava
aumentado (29). Isto provavelmente ocorre devido à elevação da concentração de
proteína ligadora de tiroxina (TBG) causada pelo estrogênio (30). Estas alterações
nas concentrações de hormônios tireóideos em pacientes em terapêutica hormonal
com T4, em mulheres grávidas ou em mulheres que iniciam o uso de estrogênios na
85
pós-menopausa, levam a necessidade do aumento da dose de T4 utilizada
previamente (31, 32).
Diferenças relacionadas ao sexo foram descritas quando em 1968, D’Angelo (33)
observou que ratas fêmeas apresentavam concentrações séricas e conteúdo
hipofisários de TSH diminuídos. Em 1987, Donda e cols., (34) descreveram aumento
das concentrações plasmáticas T3 nas fêmeas adultas, assim como Lisboa e cols., (35)
demonstraram que estas fêmeas também apresentam aumento das concentrações
séricas de T4.
A biossíntese do estrogênio, assim como de outros hormônios esteróides,
ocorre em apenas alguns tecidos, como supra-renal, mama, tecido adiposo e
ovários. A primeira etapa da síntese de todos os esteróides é a clivagem de parte da
cadeia lateral da molécula de colesterol, dando origem à ∆ 5-pregnolona. Esse é o
passo que limita a biossíntese dos esteróides, e é catalisado por uma das enzimas
do complexo do citocromo P-450 existente no interior mitocondrial, responsável pelo
processamento da molécula de colesterol (36). A biossíntese dos principais
estrogênios circulantes, estradiol e estrona, ocorre após a aromatização dos
precursores androgênicos: testosterona e androstenediona.
O estrogênio possui receptores específicos que estão localizados tanto no
citoplasma quanto no núcleo. Já foram descritas duas isoformas do receptor de
estrogênio (ER), a isoforma α e a isoforma β (37). Os receptores estão presentes em
vários tecidos, e apresentam expressão diferenciada, tecidos como útero, mama,
vagina e núcleo arqueado hipotalâmico expressam predominantemente ERα,
enquanto, rim, osso, pulmão, sistema cardivascular, ovário, próstata e núcleo
86
paraventricular hipotalâmico expressam predominantemente ERβ. Outros tecidos
como tireóide, hipófise e fígado expressam ambas isoformas (38-41).
Furlanetto e cols., (42) demonstraram em linhagem de células FRTL-5, que o
estradiol é capaz de estimular diretamente a proliferação celular dos tireócitos. Mais
recentemente, foi observada também em células FRTL-5 a modulação por
testosterona e estrogênio da proliferação celular induzida por TSH (43).
Há relação entre o estrogênio e as vias de sinalização da insulina de IGF-I em
tecido adiposo, hepático e muscular (44). Foi observado, em linhagem celular de
câncer de mama, que o estrogênio aumenta a expressão do IRS-1 (45) e logo
depois foi demonstrado que não só a expressão, mas também a sua fosforilação
está aumentada pelo estrogênio (46). Além disso, a modulação do IRS-1 por
estrogênio em fígado, músculo esquelético e tecido adiposo de ratos, parece ser
dose e tempo dependente (44).
A idade também pode ser um fator importante na sinalização insulínca. Em
experimentos utilizando ratos velhos, foi observada diminuição da atividade tirosina
cinase do receptor de insulina, bem como alterações no transporte de glicose, que
podem levar à resistência insulínica observada em pacientes idosos (47, 48).
Consistente com esses achados, foi demonstrado que animais velhos têm redução
no conteúdo e na fosforilação de IRS-1 e IRS-2, em músculo esquelético e no fígado
(49)
É importante ressaltar que esses achados dependem amplamente do tempo
de tratamento, da substância e das concentrações utilizadas, além da idade dos
animais ou pacientes utilizados para os estudos.
87
3. HGF
O HGF, fator de crescimento de hepatócito, é uma citocina multifuncional que
age como fator mitogênico, morfogênico e angiogênico em diversos tipos celulares
(50, 51). O seu receptor é codificado por um proto oncogene, c-met, que pertence à
família dos receptores tirosina cinase. É uma proteína de membrana constituído por
uma subunidade α extracelular, de 45 kDa e uma subunidade β com atividade
tirosina cinase, de 145 kDa (52).
HGF modula negativamente a diferenciação dos tireócitos, inibe a captação
de iodeto e induz a mudanças morfológicas, fenótipo de alongado como dos
fibroblastos (53). Expressão de HGF já foi demonstrada em tecido tireóideo normal e
neoplásico, indicando um possível papel parácrino na regulação do crescimento e
função do folículo tireóideo (54). Sendo que a expressão da proteína c-Met está
presente em 70-80% dos carcinomas papiliferos (55).
4. EGF
EGF, fator de crescimento epidermal, é um importante fator de crescimento
de muitos cânceres humanos, como câncer de mama e esofágico (56). EGF é
produzido pelos tireócitos de forma que atua de maneira autócrina ou parácrina. Em
contraste ao TSH, EGF estimula o crescimento celular do tireócito, mas inibe as
funções diferenciadas, como captação de iodo e organificação (57). Em um estudo
feito por Dumont e col. (58), com cultura primária de tireócitos caninos, foi mostrado
que EGF inibiu a expressão de tireoglobulina (Tg) induzida por TSH. Esta inibição foi
provocada diretamente pela ativação da via de EGF no tireócito e não simplesmente
pela indução da progressão do ciclo celular. Baixas concentrações de insulina são
permissivas para o efeito mitogênico do TSH, mas para o efeito de EGF são
88
necessárias maiores concentrações (59, 60). Porém a inibição da expressão de Tg
por EGF é independente de insulina (7).
5. Somatostatina
A somatostatina é um hormônio produzido no hipotálamo também encontrada
na tireóide, especula-se que este peptídeo exerce efeito local, atuando na liberação
dos hormônios tireóideos de forma parácrina (61). Em células FRTL-5 a
somatostatina inibe a proliferação mediada por TSH e IGF-I (62). Já em células PC
CL3, a somatostatina inibe o crescimento celular dependente de insulina e insulina e
TSH, causando bloqueio do ciclo celular (63). Santisteban e col. (64) mostraram que
a ação da somatostatina é mediada por p27 e, além disso, são mostradas
evidências de que a somatostatina é expressa em células FRTL-5 e sua transcrição
está sob controle do TSH. Estes resultados sugerem que a expressão de
somatostatina seria um mecanismo local de regulação do crescimento celular de
modo autócrino.
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