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SERGINO MIRANDOLA DIAS
SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA CALÇADISTA (FRANCA-SP): epidemiologia das
LER/DORT
Relatório de Pesquisa apresentado no Programa de Pós-Graduação da Universidade de Franca, para a realização da Defesa Pública, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Promoção de Saúde. Orientador: Prof. Dr. Iucif Abrão Nascif Júnior.
FRANCA 2007
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SERGINO MIRANDOLA DIAS
SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA CALÇADISTA (FRANCA-SP):
epidemiologia das LER/DORT
COMISSÃO JULGADORA DO PROGRAMA DE MESTRADO EM PROMOÇÃO DE SAÚDE
Presidente: Prof. Dr. Iucif Abrão Nascif Júnior Universidade de Franca
Titular 1: Profa. Dra. Vera Lúcia Navarro Universidade de São Paulo
Titular 2: Prof. Dr. José Eduardo Zaia Universidade de Franca
Franca, 25/04/2008
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DEDICO este estudo aos meus pais, Sergino Dias Filho e Aristéa Zenaide Mirandola Dias, que me deram a formação moral e acadêmica, e sempre apostaram no meu desenvolvimento pessoal e intelectual; à minha esposa Cristina Liporaci Giani Dias e minhas filhas Lígia e Eleonora, que além do incentivo sempre estiveram ao meu lado durante o percurso dessa jornada, compreendendo minhas ausências e meus compromissos com o saber.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Iucif Abrão Nascif Júnior, que emprestou seus valorosos conhecimentos e capacidade intelectual com a paciência de um educador e sempre que me faltou ânimo pude contar com seu incentivo;
ao amigo e irmão Flávio César Vieira Valentim, que durante as longas horas de estudo sempre esteve ao meu lado trocando opiniões, pontos de vista e conhecimentos;
ao amigo pessoal e anjo da guarda Adjaime Teixeira Macedo, que sem ele, sua paciência e sua capacidade técnica, certamente não teria concluído essa jornada;
aos colegas Dr. Osvaldo Nascimento Filho e Dr. Miguel Sallum que me abriram caminho na obtenção dos dados para essa pesquisa.
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Fanatismo é para a superstição, o que o delírio é para a febre, o que é a raiva para a cólera. Aquele que tem êxtase, visões, que considera os sonhos como realidades e as imaginações como profecias, é um entusiasta; aquele que alimenta a sua loucura com a morte é um fanático […] Há fanáticos de sangue frio: são os juizes que condenam à morte aqueles cujo único crime é não pensar como eles […].
Voltaire
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RESUMO
DIAS, Sergino Mirandola. Subsídios para promoção de saúde dos trabalhadores da indústria calçadista (Franca-sp): epidemiologia das LER/DORT. 2007. 117 f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, Franca.
O presente estudo teve por finalidade investigar a epidemiologia das LER/DORT em trabalhadores do setor calçadista de Franca-SP, objetivando traçar um perfil na ocorrência deste grupo de agravos, os quais têm tido grande atenção dos pesquisadores no Brasil e exterior, decorrente de sua grande incidência, desde a metade do século XX, em meio às patologias do trabalho e das doenças ocupacionais. Para concretizar a pesquisa, partiram-se dados, inicialmente dos serviços de saúde pública e privados, os quais emitiram o Relatório de Atendimento do Acidentado no Trabalho (RAAT), sendo encaminhados para notificação no Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (CRST) da Secretaria Municipal de Saúde desta cidade, que procedeu ao armazenamento dos dados em um programa de informática específico denominado Sistema RAAT versão: 1.0.38, desenvolvido pela Divisão de Informática da Prefeitura Municipal de Franca. Como material de estudo dados secundários foram obtidos através de um corte transversal realizado no ano de 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração principalmente o sexo, a ocupação, o tipo de atividade, tempo de afastamento (em dias); agente causador e diagnóstico através do código internacional de doenças (CID-10). A amostra foi constituída de 2055 casos notificados em trabalhadores de ambos os sexos, comunicados no referido ano. O grupo de informações epidemiológicas obtidas possibilitou reflexões acerca dessas patologias envolvendo a gravidade da sub-notificação, a gravidade pessoal ao trabalhador, a gravidade econômica às indústrias do setor pelo grau de absenteísmo e gravidade social à previdência do nosso país e, segundo este trabalho, as indústrias calçadistas da cidade de Franca-SP devem ser as principais interessadas em reduzir a incidência tanto de doenças do trabalho de qualquer natureza, como de doenças ocupacionais em geral e LER/DORT em particular.
Palavras-chave: doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho; LER/DORT; doença ocupacional; doença do trabalho.
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ABSTRACT
DIAS, Sergino Mirandola. Subsídios para promoção de saúde dos trabalhadores da indústria calçadista (Franca-sp): epidemiologia das LER/DORT. 2007. 117 f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, Franca.
The present study’s goal was to investigate the epidemic occurrence of RSI/WRMD in shoes manufacturing workers in Franca – SP, aiming to portrait a profile of the occurrences in the studied group, which has been receiving great attention from brazilian and foreign researchers, due to it’s large incidence, since the second half of the XX century, among pathologies related to work and occupational diseases. In order to complete the research, the used data came originally from public and private healthcare, which produced a report over the treatment given to people injured while working (in Portuguese, RAAT) that was later sent to a Center of Reference on the Worker’s Health (also in Portuguese, CRST) from the Municipal General Health’s office of this town, that proceeded to the storage of the collected data in a computer program called the RAAT System version: 1.0.38, specially developed by the Computer Science Division of Franca’s City Hall. To base this study, secondary data was obtained by a transverse cut in the year of 2006 and this work aimed to identify the prevalence of RSI/WRMD, considering specially the gender, age, occupation, working hours, the type of activity, the working place and its regime, the time the worker was put away (in days); the causing agent, the diagnoses based on the international code of diseases (CID - 10, in Portuguese). The sample was made of 2057 notified cases in workers of both genders, informed in the mentioned year. The group of epidemic information obtained made some reflections possible, concerning those pathologies and the problems due to under-notification, the personal issues found by the worker, the economic problems related to the factories and the levels of workers absences and the costs to State Social Providence in our country, and, second this work, the shoes industries of the city of Franca-SP, they should be the main interested parties in reducing the incidence so much of diseases of the work of any nature, as of occupational diseases in general and RSI/WRMD in matter.
Key words: work related musculoskeletal disorders; RSI/WRMD; occupational disease; work disease.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição das ocupações dos trabalhadores anotadas nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)............................................................................................. 98
Tabela 2 – Distribuição do sexo dos trabalhadores anotado nos RAAT
referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006). 100 Tabela 3 – Distribuição dos motivos de emissão dos RAAT referentes aos
casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)......................... 101 Tabela 4 – Distribuição dos agentes causadores anotados nos RAAT
referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006). 101 Tabela 5 – Distribuição do tempo de afastamento (em dias) anotado nos
RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)............................................................................................. 101
Tabela 6 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10
anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)..................................................................... 102
Tabela 7 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10
relacionados a LER/DORT anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)......................... 106
Tabela 8 – Distribuição das ocupações anotadas nos RAAT referentes aos
casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)........................................................... 107
Tabela 9 – Distribuição do sexo anotada nos RAAT referentes aos casos
de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)..................................................................... 108
Tabela 10 – Distribuição dos motivos de emissão dos RAAT referentes aos
casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)........................................................... 108
Tabela 11 – Distribuição dos agentes causadores anotados nos RAAT
referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)................................... 108
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Tabela 12 – Distribuição tempo de afastamento (em dias) nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006). 108
Tabela 13 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10
anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)..................................................................... 109
Tabela 14 – Distribuição dos casos de diagnósticos baseados nos grupos
de CID-10 relacionados a LER/DORT dos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)......................... 112
Tabela 15 – Distribuição das ocupações dos trabalhadores anotadas nos
RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP,2006)............................................................................................. 113
Tabela 16 – Distribuição dos sexos dos trabalhadores nos RAAT referentes
aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006).................. 113 Tabela 17 – Distribuição dos agentes causadores nos RAAT referentes aos
casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)......................... 113 Tabela 18 – Distribuição tempo de afastamento (em dias) nos RAAT
referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006). 114 Tabela 19 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10
anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)..................................................................... 114
Tabela 20 – Distribuição dos casos de diagnósticos baseados nos grupos
de CID-10 relacionados a LER/DORT dos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006)......................... 114
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Distribuição das ocupações no total de notificações........................ 64 Figura 2 – Distribuição das ocupações entre os trabalhadores da indústria
calçadista.......................................................................................... 65 Figura 3 – Distribuição das ocupações referente aos casos de doença
ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista.................. 66 Figura 4 – Distribuição dos sexos nos três níveis de estratificação.................. 67 Figura 5 – Distribuição dos motivos de emissão referente ao total de casos
notificados e apenas entre os trabalhadores da Indústria Calçadista......................................................................................... 68
Figura 6 – Distribuição dos agentes causadores nos três níveis de
estratificação..................................................................................... 69 Figura 7 – Distribuição do tempo de afastamento (em dias) nos três níveis de
estratificação..................................................................................... 70 Figura 8 – Distribuição dos diagnósticos nos três níveis de estratificação........ 72
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LISTA DE ABREVIATURAS
AINES — Antiinflamatórios não-esteroidais CAGED/TEM — Cadastro geral de emprego e desemprego/Ministério do trabalho e
emprego CAT — Comunicação de acidente do trabalho CEREST — Centro de referência de saúde do trabalhador CID - 10 — Código internacional de doenças – 10ª revisão CLT — Consolidação das leis trabalhistas CNAE — Classificação nacional de atividades econômicas CRST — Centro de referência em saúde do trabalhador DORT — Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho ERSA-6 — Escritório regional de saúde-6 INSS — Instituto nacional de seguridade social LER — Lesões por esforços repetitivos LER/DORT — Lesões por esforços repetitivos/Distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho NIOSH — National institute of occupacional sanity and health NUSAT — Núcleo de saúde do trabalhador PIB — Produto interno bruto RAAT — Relatório de atendimento ao acidentado do trabalho SEBRAE — Serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas SNC — Sistema nervoso central
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................13
1 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................21
1.1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DA LER/DORT .............................................21
1.2 EPIDEMIOLOGIA .........................................................................................24
1.3 CLASSIFICAÇÃO.........................................................................................34
1.4 PATOGÊNESE.............................................................................................35
1.5 DIAGNÓSTICO.............................................................................................40
1.5.1 Exames complementares .............................................................................44
1.5.2 As principais formas clínicas ........................................................................45
1.6 O FORMATO RECENTE DA PRODUÇÃO CALÇADISTA FRANCANA ......48
1.7 PREVENÇÃO ...............................................................................................55
1.7.1 Ergonomia ....................................................................................................56
2 OBJETIVOS .................................................................................................61
2.1 GERAL .........................................................................................................61
2.2 ESPECÍFICOS..............................................................................................61
3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................62
4 RESULTADOS .............................................................................................64
5 DISCUSSÃO ................................................................................................74 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................82 REFERÊNCIAS.........................................................................................................86
APÊNDICES .............................................................................................................97
ANEXOS .................................................................................................................115
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13
INTRODUÇÃO
Falar de saúde do trabalhador nos dias atuais significa observar que,
ao contrário de definições ultrapassadas, existe hoje um conceito dinâmico em que
saúde e doença não são apenas termos que traduzem dois estados antagônicos
separados por limite bem definido, ou aceitar a possibilidade de uni-causalidade das
doenças, pois mesmo na presença de um agente identificado, a existência de
infecção pode ou não ser definida como doença. Significa incorporar neste termo,
uma série de fatores que contribuem para a prevalência de um estado de equilíbrio
orgânico, através da manutenção da qualidade de vida. Entre tantos fatores que
contribuem para a qualidade de vida, pode-se citar: o saneamento básico, a
educação, a moradia, a alimentação, a cultura, o lazer, o meio ambiente, a
estabilidade familiar e financeira, o trabalho, entre outros.
Assim, o contínuo de equilíbrio entre saúde-doença, é a resultante
entre os fatores acima citados, como definido por Perkins saúde é um estado de
relativo equilíbrio da forma e da função do organismo, resultante de seu sucesso em
ajustar-se às forças que tendem a perturbá-lo. É uma resposta ativa operando no
sentido de reajustamento (GONÇALVES, 1988).
Portanto, podemos falar que o homem interage com o ambiente que o
cerca e seus fatores que dinamicamente influenciam em seu estado de saúde.
Importa, pois, conhecer tais fatores para que a saúde possa dominar
sobre a doença. Alguns deles contribuem para a promoção da saúde, enquanto que
outros colaboram para a proteção da saúde; quando eventualmente a doença se
estabelece. Existem, contudo, na sociedade moderna algumas estruturas que
sobrelevam pela especificidade de que se reveste sua ação ou relevância a que
chegaram; tal é o caso da empresa, que representa o palco em que se concretiza a
realização de grande parte dos integrantes da sociedade moderna. Tais
circunstâncias definem a importância do compromisso da empresa com o
desenvolvimento de mecanismos ou propostas destinadas a contribuir para o
equilíbrio global da pessoa do trabalhador. A empresa moderna precisa preocupar-
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14
se com o tema e, dessa forma, o problema envolve aspectos conceituais,
estruturais, gerenciais, operacionais, financeiros e sociais (GONÇALVES, 1988).
As lesões por esforços repetitivos (LER), também conhecidas como
distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), começaram a
aumentar a partir da entrada nos processos produtivos de reestruturação, da
terceirização e, são ainda alvos de muitos questionamentos. São afecções
ocupacionais que expressam um dos sofrimentos advindos da relação do
trabalhador com o trabalho e que já podem ser consideradas uma epidemia de
interesse na saúde pública.
A precarização do trabalho caracteriza-se pela desregulamentação e
perda de direitos trabalhistas e sociais, a legalização dos trabalhos temporários e da
informalização do trabalho. Como conseqüência, pode ser observado o aumento do
número de trabalhadores autônomos e subempregados e a fragilização das
organizações sindicais e das ações de resistência coletivas e individuais dos sujeitos
sociais, desencadeando práticas de intensificação do trabalho e aumento da jornada
de trabalho, com acúmulo de funções, maior exposição a fatores de risco para a
saúde, descumprimento de regulamentos de proteção à saúde e segurança,
rebaixamento dos níveis salariais e aumento da instabilidade no emprego, associado
à exclusão social e à deterioração das condições de saúde (BRASIL, 2001a).
No entanto, as mudanças no processo de trabalho, sobretudo em
formações capitalistas periféricas, caracterizaram-se pela justaposição de formas
tradicionais e inovadoras, que se poderia chamar de modernização conservadora
com fortes resquícios da segunda revolução industrial e tecnológica. Daí a
manutenção ou revitalização dos princípios tayloristas-fordistas, pela desqualificação
e controle autoritário da força de trabalho (SALIM, 2003).
Na visão de Carmo (2004) e de Oliveira e Barreto (1997), por
taylorismo, entendem uma organização do trabalho, que tem como objetivo dividir,
simplificar, desqualificar o trabalho, expropriando do trabalhador o saber operário e
transformando-o no operário-massa, invariavelmente representado pelo trabalhador
não qualificado e menos organizado. Tal intenção de atomizar os operários cada vez
mais, tornava-se perceptível através da remuneração diferenciada para cada um,
bem como a adoção de prêmios de produção, visando incentivar a competição entre
eles e a destruir o coletivo operário através da concorrência. Foi construído assim
um modelo operário tipo homem-máquina que, mal treinado, tem tentado se ajustar
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15
ao mercado de trabalho e tem sido obrigado a atender as necessidades capitalistas
ao longo dos tempos, com falsos prêmios de produtividade e com qualidade de vida
colocada de lado pelo sistema.
Numa mesma ordem de raciocínio, os autores ainda consideram que,
Ford levou às últimas conseqüências a desqualificação e divisão do trabalho
propostas por Taylor. Assim, enquanto o fordismo privilegia a produção em série, a
organização taylorista é baseada nos postos de trabalho e no rendimento individual
e, com caráter opressivo, de expropriação do operário, tornando o trabalho
repetitivo, monótono, com ritmos extenuantes, exigidos pela cadência do processo
produtivo, como também pela imposição absoluta da hierarquia interior das fábricas.
Ainda na direção do aprofundamento da divisão do trabalho surge uma
presumível terceirização da terceirização, chamada quarteirização, que implica o
concurso de novas empresas para gerenciar atividades que foram terceirizadas, ou
seja, um maior enxugamento dos setores próprios da empresa (PIRES, 1998).
Porém, lembrando os seus possíveis impactos na saúde do
trabalhador, destacamos as seguintes:
a) segmentação e diferenciação dos trabalhadores quanto às
condições de trabalho;
b) pulverização da base e enfraquecimento do poder sindical,
flexibilização dos direitos trabalhistas;
c) redução dos empregos diretos e indiretos;
d) intensificação do ritmo de trabalho e aumento da pressão no
ambiente de trabalho.
Esses, somados aos desempregados, indicariam não apenas o grau de
precariedade do mercado de trabalho como, sem dúvida, as bases em que se
assenta o próprio processo de precarização das condições de trabalho atribuídos,
por exemplo, à reprodução de baixos níveis salariais, à não-cobertura da seguridade
social e à falta de assistência médica. Processo, hoje, que não pode ser
exclusivamente imputado ao setor informal, pois, também tem avançado sobre o
contingente de trabalhadores registrados (SALIM, 2003).
Elementos presentes na cadeia produtiva de calçados em Franca
possibilitam uma útil reflexão sobre o padrão industrial de desenvolvimento
econômico manifestado naquela localidade.
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16
A cadeia produtiva da indústria de calçados francana pode inicialmente
ser visualizada dentro de características onde a forte pressão competitiva existente
entre as empresas confere ao poder de mercado certo papel de destaque. Um
grande número de produtores, principalmente de pequeno porte, distribuídos ao
longo da cadeia produtiva industrial local, concorre na busca por diferentes modelos
de calçados e menores custos de produção (ALVES; TRUZZI, 2007).
Nosso interesse recai sobre a cadeia produtiva do calçado em Franca
que, segundo Suzigan, Garcia e Furtado (2003), concentra cerca de 10% da
produção de calçados do país.
Segundo dados estatísticos informados através de consulta realizada
no site do CAGED/MTE, em pesquisa onde foram consideradas as empresas
estabelecidas no município de Franca/SP e integrantes do CNAE, inclusive
prestadores de serviço do mesmo, constatou-se que o número total de funcionários
do setor formal da indústria calçadista em julho de 2007 era de 27.409 trabalhadores
(SINDIFRANCA, 2007).
Ao analisar o cluster produtor de calçados de Franca, tomando por
base os dados do Sindicato Patronal da Indústria de Calçados de Franca
(SINDIFRANCA), no ano de 2006, encontra-se alta densidade no número de firmas
de calçados, concluindo que o maior número de empresas concentra-se nas faixas
de menor tamanho. De 0 a 19 funcionários, que são 552 estabelecimentos (Micro);
de 20 a 99 funcionários, 130 estabelecimentos (Pequenas); de 100 a 499
funcionários, são 65 (Médias) e acima de 500 funcionários, são 13 grandes
indústrias, totalizando 760, conforme pesquisa realizada pelo: Censo da Indústria
Calçadista de Franca: UniFacef/IPES - Setembro/2005 (SINDIFRANCA, 2007).
Amato Neto (2000) registrou junto ao SEBRAE de Franca em 1998 que
dentre “cerca de 390 empresas fabricantes de calçados”, 365 (quase 94%) são
micro e pequenas empresas, 15 (3,8%) são de porte médio e apenas 10 (2,5%) são
consideradas grandes e comentam que a modernização tecnológica do setor ocorre
de forma restrita dentro do processo produtivo, beneficiando algumas etapas de
produção como na modelagem e no corte. Já nas etapas de costura e montagem, o
caráter da produção se mantém bastante artesanal e intensivo em mão-de-obra
indicando que esses trabalhadores, de certa forma, são sacrificados do ponto de
vista laboral. Para o autor, as barreiras técnicas à entrada na indústria de calçados
continuam relativamente baixas. Numa pesquisa realizada em 1998 junto ao
![Page 18: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/18.jpg)
17
SEBRAE regional de Franca, constatou-se que a grande maioria das empresas
(pequenas e médias) utilizava equipamentos antigos.
Suzigan et al. (2001, p. 286) calcularam que “o tamanho médio dos
estabelecimentos produtores de calçados de couro de Franca é de 13,1
empregados”, sendo correlacionado ao fator tecnologia.
Britto e Albuquerque (2001), também classificam o nível de sofisticação
tecnológica como baixa.
Podemos então sintetizar nossa percepção sobre a estrutura produtiva
do cluster calçadista francano, reconhecendo a alta densidade de empresas
concorrentes no próprio município, com grande participação de pequenas e médias
no número de estabelecimentos. Devemos reconhecer também que as barreiras
tecnológicas à entrada na indústria são baixas e a existência de mão-de-obra
qualificada para a produção é abundante. O alto grau de especialização local
destaca-se diretamente na produção de calçados masculinos de couro, seguido
pelas botas de couro e tênis de couro, lona e nylon (ALVES; TRUZZI, 2007).
A adoção de novas tecnologias e métodos gerenciais facilitaria a
intensificação do trabalho que, aliada à instabilidade no emprego, modificaria o perfil
de adoecimento e sofrimento dos trabalhadores, expressando-se, entre outros, pelo
aumento da prevalência de doenças relacionadas ao trabalho, como LER/DORT; o
surgimento de novas formas do adoecimento mal caracterizadas. Configuraria,
portanto, situações que exigem mais pesquisa e conhecimento para que se possam
traçar propostas coerentes e efetivas de intervenção (BRASIL, 2001b).
Nesse fim de século, observamos mais claramente as relações de
interdependência entre os mercados formal e informal, entre as empresas limpas e
as empresas sujas. Segundo Salerno (1999), as primeiras seriam caracterizadas
pelos altos investimentos em automação, mudanças nas formas de organização do
processo de trabalho, grupos denominados semi-autônomos, redução de níveis
hierárquicos, ampliação do espaço de autonomia para a tomada de decisões. Já as
empresas sujas seriam caracterizadas por exigirem o cumprimento de longas
jornadas, de horários irregulares de trabalho, por apresentarem condições penosas
e perigosas. O mesmo é evidenciado por Navarro (1999), que aponta, ainda, a
utilização do trabalho domiciliar, realizado principalmente por mulheres e crianças,
para completar o processo produtivo, tomando o caso da produção de calçados em
Franca, São Paulo.
![Page 19: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/19.jpg)
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Por motivos históricos, a sigla LER é mundialmente entendida. As
publicações as têm utilizado com freqüência e nos congressos tem sido aceita como
característica de um grupo de alterações osteomusculares atribuídas ao trabalho. No
Brasil, desde que se iniciaram os estudos sobre o assunto usou-se a terminologia
LER. É, portanto, termo com embasamento histórico e que não é pior nem melhor
que outros, já tendo a vantagem de ser amplamente divulgado (OLIVEIRA et al.,
1998).
As LER/DORT abrangem quadros clínicos do sistema músculo-
esquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de
trabalho e não há uma causa única para sua ocorrência. São fatores predisponentes
a repetitividade de movimentos, a manutenção de posturas inadequadas por tempo
prolongado, o esforço físico, a invariabilidade de tarefas, a pressão mecânica sobre
determinados segmentos do corpo (em especial membros superiores), o trabalho
muscular estático, fatores organizacionais do trabalho e fatores psicossociais
(KUORINKA; FORCIER, 1995a).
Diferentemente das doenças profissionais, a LER/DORT não respeita
as fronteiras entre as categorias profissionais, o que leva a se questionar às
entidades de representação dos trabalhadores sobre a sua política em saúde do
trabalhador, inquirindo-as especialmente no que se refere à manutenção ou
superação de estratégias corporativas, mais ainda quando a prática da terceirização
que oferecem maior risco aos trabalhadores terceirizados de desenvolver tais lesões
(BLANCO, 1994).
De acordo com Antunes (1999), o crescimento das LER/DORT entre as
doenças do trabalho vem sendo objeto de estudos tópicos diversos. Todavia,
mesmo pela justificativa da multidisciplinaridade, a maioria das análises existentes
concentra-se basicamente em aspectos parciais ou específicos da etiologia da
doença, reduzindo tanto abordagens mais amplas, inclusive em nível conceitual,
quanto o seu entendimento das rápidas mutações por que vem passando o mundo
do trabalho. Abstraindo de uma análise sobre as suas manifestações clínicas,
pontua-se que, embora não sejam doenças recentes, a LER/DORT vêm, assumindo
um caráter epidêmico sendo algumas de suas patologias crônicas e recidivantes, ou
seja, de terapia difícil, porque se renovam precocemente quando da simples
retomada dos movimentos repetitivos, gerando uma incapacidade para a vida que
não se resume apenas ao ambiente de trabalho. Por outro lado, a expansão dos
![Page 20: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/20.jpg)
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casos de LER/DORT vem acarretando, pelos números ascendentes de benefícios
pleiteados ou concedidos, forte impacto no sistema de previdência pública e, por
conseguinte, na distribuição do ônus para o conjunto da sociedade.
Segundo a Norma Técnica sobre LER/DORT (BRASIL, 1997b), do
Ministério da Previdência Social, a terminologia LER/DORT deve ser utilizada para
as afecções que podem acometer tendões, sinóvias, músculos, nervos, fáscias,
ligamentos, de maneira isolada ou associadamente, com ou sem degeneração de
tecidos, atingindo principalmente, porém não somente, os membros superiores,
região escapular e pescoço, de origem ocupacional.
A complexidade da questão reside no fato da LER/DORT não ser uma
doença aguda, mas que se desenvolve durante o exercício profissional e o seu
quadro sintomatológico progride, às vezes, irregularmente, existindo uma
progressão do quadro, quando as condições de trabalho não são alteradas. Desta
forma, os sintomas freqüentemente são multiplicados em novos sintomas e sinais,
devido à extensão dos agravos a outros grupos musculares.
Embora avanços tenham sido conquistados, permanece o desafio para
que a LER/DORT seja reconhecida como doença relacionada ao trabalho e que o
trabalhador acometido receba o tratamento adequado ou mesmo para que medidas
efetivas de prevenção sejam tomadas. Mediante tais dificuldades, inquietou-nos a
questão: como será que os trabalhadores estão vivendo a sua condição de
portadores dessa doença?
Em minha experiência profissional, como Médico Ortopedista, Médico
do Trabalho e Médico Perito Previdenciário na cidade de Franca, região industrial do
calçado, observei que a LER/DORT tornou-se, nos dias atuais, um agravo de
interesse da saúde pública por se tratar de uma verdadeira epidemia nos
consultórios, no Centro de Referência de Saúde do trabalhador local e na Agência
da Previdência Social desta cidade.
As conseqüências lesivas deste grupo de agravos interferem
drasticamente na vida do trabalhador e é um dos principais fatores responsáveis
pelo absenteísmo gerando grandes transtornos tanto para a empresa e a
previdência, quanto para o trabalhador acometido.
Portanto, faz-se necessário este estudo para que possamos traçar um
perfil de prevalência desta doença, analisar suas conseqüências sobre a saúde do
trabalhador, bem como os danos psicológicos e sociais, levando-se em conta
![Page 21: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/21.jpg)
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também os prejuízos financeiros que a empresa e a previdência sofrem, fomentando
uma discussão sobre esse tema, que é de grande interesse na promoção da saúde
do trabalhador.
![Page 22: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/22.jpg)
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1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DA LER/DORT
Segundo Oliveira et al. (1998), tentar conceituar com rigor um evento
biológico é por si só semear uma polêmica. No caso específico das LER, a situação
se torna mais difícil, porque o próprio termo foge da taxonomia habitual médica, que
nas suas definições e conceituações, quase sempre se reporta ao segmento ou
aparelho atingido. Hoje várias denominações têm sido sugeridas, algumas com até
mais propriedade do que o termo LER. Dentre outros, se tem procurado utilizar o
termo DORT, contudo há necessidade de se firmar entre nós uma terminologia que
seja imediatamente reconhecida.
A LER/DORT caracteriza-se como doença do trabalho ou mesopatia,
diferente da doença profissional ou tecnopatia, em que o agente provoca o agravo,
independente de quais sejam as atividades do hospedeiro, desde que as condições
de trabalho e o contato sejam causadores de uma agressão. Por exemplo,
intoxicações por metais pesados (chumbo ou manganês), se apresentam com a
mesma história natural em diferentes locais e não necessitam de nexo causal. Já a
silicose, somente ocorrerá se houver contato com o agente específico (que se
encontra em uma mina ou local de polimento de pedras), portanto, o fator trabalho
está implícito (OLIVEIRA et al., 1998).
Do ponto de vista da questão central trazida no corpo da conceituação
do problema, isto é, a possível associação com o processo de trabalho, as
nomenclaturas utilizadas têm sido tomadas como equivalentes, sendo mais
empregada a expressão LER, traduzindo a terminologia Repetitive Strain Injuries,
utilizada pela primeira vez na Austrália (ASSUNÇÃO; ROCHA, 1993).
O quadro se manifesta, quase sempre, através de síndromes já bem
conhecidas da ortopedia, reumatologia e clínica médica. Ela indica somente que tais
síndromes são decorrentes do uso excessivo das estruturas osteomusculares por
condições especiais e inadequadas em que o trabalho foi executado. Por exemplo, a
![Page 23: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/23.jpg)
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Síndrome do túnel do carpo pode aparecer por traumatismo direto ou fraturas no
punho e é objeto do cuidado da ortopedia; poderá ainda aparecer no decurso
evolutivo de um processo de artrite reumatóide e terá a atenção da reumatologia;
poderá ainda ser uma das manifestações da gota, doença metabólica, cabendo,
então, o desvelo do clínico. Contudo, a mesma lesão poderá aparecer em
decorrência de uso abusivo (repetitividade, força, velocidade, etc.) da musculatura e
demais elementos macios do sistema osteomuscular, em função de um trabalho mal
conduzido ou exercido em más condições de gerenciamento, por defeituosa
organização de trabalho e, ainda, em condições ergonômicas precárias (OLIVEIRA
et al., 1998).
Sendo assim, fica a cargo do médico do trabalho estabelecer através
de uma investigação eficiente, uma boa anamnese, estudos epidemiológicos,
conhecimento da função exercida pelo trabalhador, estabelecer do nexo causal entre
o surgimento e sua origem.
O olhar mais dirigido para esses quadros ocorreu inicialmente a partir
do acometimento de trabalhadores de determinados ramos de atividade, observado
com maior destaque em alguns países do mundo. Primeiramente, descreveram-se a
occupational cervicobrachial disorder em operadores de caixa registradora,
perfuradores de cartão e datilógrafos japoneses; na Austrália, descreveu-se a
occupational overuse injury em digitadores e trabalhadores de linha de montagem;
posteriormente foram referidos casos de cumulative trauma disorders em
trabalhadores expostos a traumas cumulativos, incluindo operadores de terminais de
vídeo, nos Estados Unidos da América (EUA) (MCDERMOTT, 1986; KIESLER;
FINHOLT, 1988; ASSUNÇÃO; ROCHA, 1993; ASSUNÇÃO, 1995).
A partir desses marcos referenciais, o fenômeno tem sido relatado em
vários países, incluindo a América Latina, onde o Brasil vem se destacando por
crescentes estatísticas de prevalências nas agências de seguro social e serviços de
saúde (NUSAT, 1995; PINHEIRO; MARTINS JÚNIOR; MARINHO, 1995; SANTOS
FILHO, 1995; VORCARO, 1995).
A Norma Técnica do INSS sobre LER/DORT (Ordem de Serviço/INSS
número: 606/1998) conceitua a LER/DORT como uma síndrome clínica
caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não de alterações objetivas, que se
manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e membros superiores em
decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos. O
![Page 24: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/24.jpg)
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diagnóstico anatômico preciso desses eventos é difícil, particularmente em casos
subagudos e crônicos, e o nexo com o trabalho tem sido objeto de questionamento,
apesar das evidências epidemiológicas e ergonômicas. As transformações em curso
no mundo do trabalho, decorrentes da introdução de novos modelos organizacionais
e de gestão, têm repercussões ainda pouco conhecidas sobre a saúde dos
trabalhadores, dentre as quais se destacam LER/DORT. Esses grupos de
transtornos apresentam como características comuns, aparecimento e evolução de
caráter insidioso, origem multifatorial complexa, na qual se entrelaçam inúmeros
fatores causais, entre eles exigências mecânicas repetidas por períodos de tempo
prolongados, utilização de ferramentas vibratórias, posições forçadas, fatores da
organização do trabalho, como, por exemplo, exigências de produtividade,
competitividade, programas de incentivo à produção e de qualidade. Essas utilizam
estratégias de intensificação do trabalho e de controle excessivo dos trabalhadores,
sem levar em conta as características individuais do trabalhador, os traços de
personalidade e sua história de vida (BRASIL, 2001a).
Esses dois últimos pontos (personalidade e história de vida do
trabalhador) nos levam a observar sobre mais um lado do prisma, que são possíveis
alterações neuro-químicas e, conseqüentemente, distúrbios relacionados ao
psíquico, devem merecer estudos cuidadosos por parte daqueles que pesquisam o
mundo do trabalho. É que a observação da relação entre estresses repetidos e o
desenvolvimento de distúrbios psíquicos levou cientistas americanos da área de
neurobiologia a fazerem pesquisas de laboratórios com animais, ficando evidenciado
que o estresse crônico leva a mudança na morfologia dos neurônios, existindo uma
hipótese de que haveria alterações no padrão das sinapses neuronais (OLIVEIRA et
al., 1998).
A organização do trabalho é causa de uma fragilização somática na
medida em que ela pode bloquear os esforços do trabalhador para adequar o modo
operatório às necessidades de sua estrutura mental (DEJOURS, 1987).
Rigotto (1992), parte do propósito de entender a saúde-doença como
expressão concreta, no corpo dos homens, do processo histórico-social. Critica o
caráter biologicista, anistórico e mecanicista dos paradigmas anteriores, em que o
social aparece como atributo do homem e não como essência da própria existência
humana. Nesse sentido, Ribeiro (1995) alerta a classe médica de como suas
![Page 25: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/25.jpg)
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práticas são essencialmente individualizadas, eles não percebem a historicidade que
as mudanças de perfis de morbidade e mortalidade estão a nos ensinar.
Assim como, Baes (1982 apud ALVES, 1998) chama a atenção dos
médicos para os reflexos sanitários do estado de desocupação que começou a ser
considerado somente depois de 1980. É revelada pesquisa com desempregados
mostrando sintomas de irritabilidade, depressão, além de modificações de natureza
biológica como aumento de pressão arterial, do colesterol e aumento ou diminuição
exagerada do índice ponderal. Essas afirmações podem ser consideradas, não
apenas para os desocupados por desemprego real, mas também para os
desocupados afastados de seus postos de trabalho pelo acometimento dos agravos
advindos da LER/DORT. Essa situação complicada se intensifica, em função da falta
de compreensão vivida pelos portadores de LER/DORT, por parte dos serviços
periciais e pela sociedade em que se encontram inseridos. Os debates são
controversos principalmente por implicar em mudanças de paradigmas e geração de
gastos com investimentos na prevenção dessa polêmica patologia.
1.2 EPIDEMIOLOGIA
Embora haja citações de casos desde a Antigüidade, como por
exemplo, Hipócrates em sua obra Epidemia (DEMBE, 1996), foi a partir da segunda
metade deste século que esses quadros passaram a adquirir relevância social, tanto
pela dimensão numérica, como pelo papel social dos acometidos ou mesmo pela
disseminação entre os variados ramos de atividades. Inúmeros países enfrentaram e
alguns ainda enfrentam epidemias de difícil controle (MAEDA; HORIGUCHI;
HOSOKAWA, 1982; NAKASEKO et al., 1982; SETTIMI et al., 1989; BAMMER;
MARTIN, 1992; MILLENDER, 1992; BERNARD et al., 1992; ASSUNÇÃO, 1995;
KUORINKA; FORCIER, 1995b; SETTIMI; SILVESTRE, 1995; BAWA, 1997;
QUILTER, 1998).
O surgimento dos primeiros casos documentados da LER/DORT
remonta ao ano de 1700, que relacionou o desenvolvimento de processos de
adoecimento do trabalhador às funções desempenhadas (RIO et al., 1998).
![Page 26: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/26.jpg)
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A partir dos séculos XVIII e XIX, houve a consolidação da sociedade
industrial e foram introduzidas mudanças substanciais no ambiente, ferramentas,
máquinas e equipamentos, jornada, tipo e forma de organização do trabalho. Essas
mudanças produziram impactos sobre a vida e a saúde das pessoas e em especial
dos trabalhadores (BISSO, 1990).
Vemos emergir no século XVIII o que será ratificado nos séculos
seguintes: a associação entre saúde/trabalho e corpo/doença. O discurso científico
tornará a pobreza útil, partindo dessas associações como critérios de diferenciação
populacional: bons e maus pobres, ociosos voluntários, desempregados
involuntários, os que podem fazer determinados trabalhos e os que não podem. A
saúde constituirá uma proposta de poder político, agenciando não só a manutenção
da força de trabalho, mas também a produção de bens e de homens para a
evolução do processo produtivo. É o esboço do projeto de uma tecnologia da
população que será garantida pela prática médica. A doença, entendida no sentido
de inatividade, tem, no corpo, o espaço analisável que leva à volatilização da
doença, à representação de um meio corrigido, organizado e incessantemente
vigiado (FOUCAULT, 1994).
Em 1800, outros estudiosos destacaram como fator comum os
movimentos repetitivos e freqüentes de um grupo isolado de músculos, enquanto o
resto do corpo permanece horas a fio parado na mesma posição como sendo as
causas do que conhecemos como LER/DORT (MUROFUSE; MARZIALE, 2001).
Na verdade, sabe-se da existência de algumas formas clínicas de
LER/DORT desde os tempos da Europa renascentista, quando Bernardino
Ramazzini, em seu clássico De mobis artificum diatriba (As doenças dos
trabalhadores), escrito em 1700, descreveu em relação aos escribas: A necessária
posição da mão para fazer correr a pena sobre o papel leva ao agravo, que com o
correr do tempo estende-se a todo o braço e reduz o vigor da mão. Certas posturas
violentas e não naturais do corpo, em razão da qual a estrutura natural do corpo
humano é de tal forma comprometida, que doenças sérias se desenvolvem em
conseqüência delas. Em 1830, o Dr. Robert Baker funda o primeiro serviço médico
de empresa, para cuidar da saúde do trabalhador e, ao mesmo tempo, exercer o
controle direto da força de trabalho, mantendo, restaurando ou descartando o corpo.
E, em 1891, Fritz DeQuervain descreveu como entorse das lavadeiras a tendinite
comum dos tendões do músculo adutor longo e músculo extensor curto do polegar,
![Page 27: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/27.jpg)
26
que é, ainda hoje, uma das formas mais freqüentes de LER/DORT. Bridge, em 1920,
correlacionou à atividade de tecer fios de algodão ao que chamou de cãibra
ocupacional (OLIVEIRA et al., 1998).
Segundo Armstrong et al. (1984), numerosos estudos durante os
últimos 100 anos mostram que as tendinites são as maiores causas de sofrimento
do trabalhador cuja atividade é manual, bem como de indenização trabalhista.
Dados epidemiológicos mostram que o risco de tendinites de mãos e punhos em
pessoas que executam tarefas altamente repetitivas e forçadas é 29 vezes maior do
que em pessoas que executam tarefas lentas e pouco repetitivas e forçadas.
O Japão, país que nos últimos anos, mais precoce e velozmente
avançou em termos de automação e racionalização da organização do trabalho, foi o
primeiro a se dar conta da gravidade da questão, no final da década de 50. Os que
historiam a evolução da doença no Japão afirmam que sua expansão se deveu à
elevação da sobrecarga do trabalho intensivo, cobrada pelas máquinas de manuseio
manual, períodos alongados de trabalho contínuo, aumento individual da quantidade
de tarefas manuais, requerendo movimentação exagerada dos dedos e dos outros
segmentos dos membros superiores, empobrecimento do conteúdo do trabalho com
a automação, controle rígido das chefias e redução dos tempos de repouso e de
lazer. Segundo eles, entre 1.691.000 trabalhadores japoneses expostos, 10%, em
média, tinham os sintomas da doença. A maior prevalência (20,9%) era entre
trabalhadores de linha de montagem, mas a terceira categoria atingida, com 9,4% de
prevalência, era a dos trabalhadores de escritórios (OLIVEIRA et al., 1998).
Naquele país, em 1958, foram descritos os primeiros casos de
LER/DORT relacionados à informática. A síndrome foi chamada de Distúrbio cérvico-
braquial ocupacional, e se manifestava em perfuradores de cartão. Em 1971, a
Associação Japonesa de Saúde Industrial, constituiu um comitê para estudar o
crescimento da incidência desse tipo de patologia, também observado em
operadores de caixa registradora e datilógrafos (MAEDA, 1977).
A nomenclatura lesão por esforços repetitivos (LER) começou a ser
utilizada no final da década de 50, para designar um conjunto de patologias,
síndromes, sinais e sintomas músculos-esqueléticos que acometem particularmente
os membros superiores, relacionando-se o seu surgimento ao processo de trabalho
(BROWNE; NOLAN; FAITHFULL, 1984; MCDERMOTT, 1986; SOMMERICH;
MCGLOTHLIN; MARRAS, 1993; ASSUNÇÃO; ROCHA, 1993; ASSUNÇÃO, 1995).
![Page 28: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/28.jpg)
27
Até os anos 70 a Austrália experimentou baixo índice de desemprego e
um crescimento econômico estável. É evidente que as desordens de pescoço e
membros superiores relacionadas com o trabalho existiam, mas elas não eram vistas
com um problema maior, provavelmente porque era mais fácil para os trabalhadores
que estavam desenvolvendo sintomas trocar de empregos do que postular uma
indenização trabalhista. Entretanto, nos anos 70 os índices de desemprego
cresceram e os postos de trabalho foram reestruturados a fim de, dizia-se, se manter
a competitividade internacional. Para muitos trabalhadores, as mudanças
significaram aumento no ritmo e carga de trabalho e menor flexibilidade para troca
de emprego (BAMMER, 1993).
O setor de telecomunicações na Austrália foi estudado por Hocking
(1987) entre 1981 e 1985, e encontrou taxas de prevalências de lesões dos
membros superiores que variavam de 3,3% a 34% entre telegrafistas, datilógrafos,
telefonistas e outros trabalhadores administrativos, sendo que 76% dos casos
identificados resultaram em afastamentos do trabalho. Outros estudos no mesmo
setor, com a utilização de exame clínico para confirmação diagnóstica, apontaram
prevalência de 19,5% de doenças músculoesqueléticas dos membros superiores
entre telefonistas (SANTOS FILHO; BARRETO, 1998).
Nos Estados Unidos, Luttwack (1995 apud ALVES, 1998), cunhou a
expressão Turbocapitalismo para classificar o atual grau de livre comércio e de
competição em voga. Condena a exacerbação dessa competição entre as empresas
americanas, que estariam moendo as pessoas, e, além disso, levando a uma brutal
concentração de renda que aproxima os EUA de países do Terceiro Mundo. Talvez,
por isso, o National Institute of Occupacional Sanity and Health (NIOSH) tenha feito
uma previsão de que, até o ano 2000, 50% dos trabalhadores americanos estariam
com LER/DORT.
A influência da idade sobre os Quadros de LER/DORT foi descrita por
Higgs et al. (1993), lembrando a importância desse fator na gênese de algumas
patologias osteo-musculares degenerativas. Os autores lembram que em relação à
síndrome do túnel do carpo, alguns estudos mostraram pico de incidência entre 35 e
45 anos, bem como aumento de alterações eletromiográficas com o aumento da
idade. No estudo de Higgs et al. (1993), em trabalhadores americanos, não houve
diferença significativa entre os grupos etários, nem em relação ao gênero.
![Page 29: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/29.jpg)
28
Carvalho (2002) diz que as exigências modernas de qualidade e
produtividade, bem como as características adversas do ambiente de trabalho, em
que situações de estresse físico e psicológico estão sempre presentes, são
coadjuvantes no surgimento dessas afecções.
De acordo com Carayon e Smith (2000) e Couto (2002), as funções
que tem os movimentos repetitivos e estereotipados e o esforço físico como a sua
característica principal são as mais atingidas pelos LER/DORT, não apenas pelo
acúmulo de efeitos, mas principalmente pela sinergia e potencialização mútua dos
mesmos.
Situações de trabalho em que predomina o ruído excessivo, baixos
índices de iluminação ou ventilação, posturas desfavoráveis, tarefa executada em
regime repetitivo com um alto ritmo não controlado pelo trabalhador, são o meio de
cultura da LER/DORT. Aliado a isso estão situações de estresse psicológico como o
baixo nível de satisfação no trabalho, geradas por dificuldade de ascensão
profissional, conflitos no ambiente de trabalho, conflitos sociais externos entre outros
(MENDES, 2001).
Essas características dificultam o atendimento do trabalhador atingido
pelo médico assistente, pois apenas a anamnese ocupacional, mesmo que
extremamente bem feita, não é capaz de determinar as causas das patologias
envolvidas, necessitando, portanto, de um estudo epidemiológico aprofundado, bem
como do conhecimento das situações laborais no local onde elas acontecem
(ASSUNÇÃO, 1992).
No Brasil, no início da década de 1980, foi identificado em bancários
digitadores de uma agência estatal os sintomas osteomusculares com as
características de doença do trabalho (ROCHA apud RIBEIRO, 1997). Logo, estes
diagnósticos passaram a ser mais freqüentes, culminando com o reconhecimento da
LER/DORT como doença do trabalho. Tais problemas foram os mais notificados,
juntamente à surdez, na década de 1990 (NUSAT apud RIBEIRO, 1997).
Em nosso meio, apesar da Rede Pública de Serviços de Saúde sempre
ter atendido trabalhadores, um modelo alternativo de atenção à saúde do
trabalhador começou a ser instituído, em meados da década de 80, sob a
denominação de Programa de Saúde do Trabalhador, como parte do movimento de
bem estar do Trabalhador. As iniciativas buscavam construir uma atenção
![Page 30: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/30.jpg)
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diferenciada para os trabalhadores e um sistema de vigilância em saúde, com a
participação dos trabalhadores (BRASIL, 2001b).
Conforme Carneiro e Couto (1997), o incremento de casos de lesões
músculoesqueléticas de membros superiores nos últimos anos está pondo em alerta
todos os profissionais da área da saúde do trabalhador. Os dados da literatura
médica de todos os países do mundo são coincidentes, está havendo um aumento
real dos casos de patologias de membros superiores relacionados à sobrecarga no
trabalho. No Brasil a situação é a mesma, segundo a Previdência Social, essas
patologias são responsáveis pela maioria das doenças ocupacionais, tendo uma
participação de mais de 70% dos casos reconhecidos.
A mudança de denominação da doença para Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), proposta em 1997 pelo
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), na revisão da Norma Técnica de
Avaliação para a Incapacidade de 1993, introduziu novos elementos na análise da
perícia médica do INSS acerca do processo de adoecimento. Na LER, o que se
privilegiava era o esforço repetitivo, isto é, a força e a repetição requerida pela
musculatura dos membros superiores, em determinadas condições de trabalho,
apontadas como núcleo de referência para o esforço e o conseqüente adoecimento.
Nas DORT podemos observar dois referenciais distintos: uma atenção aos dados
biomecânicos e psicossociais de reconhecida importância no entendimento desta
doença; e a análise do distúrbio, o que abre a possibilidade de compreensão da
doença atribuída a um caráter constitucional, subjetivo, pessoal e multidisciplinar.
Nota-se que, a despeito da nova norma, uma sigla de transição LER/DORT tem
aparecido com freqüência, tanto nos processos internos ao INSS quanto em
simpósios, jornadas, seminários etc. sobre o tema, mostrando a resistência e a
prevalência da denominação LER (VERTHEIN, 2000).
No Brasil, o número de casos de LER/DORT vem aumentando de
sobremaneira, especialmente em escritórios e em bancos. Segundo o relatório do
NUSAT (Núcleo de Saúde do Trabalhador), órgão técnico auxiliar da Previdência
Social, em 1995, dos 1643 casos de avaliação de doença ocupacional feitos por
aquela instituição em Belo Horizonte, nada menos de 1160 (70,60%) eram casos de
LER/DORT. Ainda, segundo os dados do NUSAT/MG, há uma grande
predominância de lesões por esforços repetitivos entre trabalhadores de atividades
de escritório e de bancos. No total, as atividades desenvolvidas em escritório e
![Page 31: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/31.jpg)
30
bancos contribuem com aproximadamente 60% dos casos de LER/DORT, e as
indústrias, 30% (CARNEIRO; COUTO, 1997).
Oliveira (1998) explana, com relação à faixa etária, analisando dados
do NUSAT/INSS de 1994 a 1996, verificou que a concentração dos portadores de
LER/DORT concentrou-se na faixa dos vinte a 39 anos em mais de 70% dos casos.
Nos dias atuais, o ônus do aumento da produtividade tem caído
acentuadamente nos ombros dos trabalhadores, e quem se dispõe a escutá-los
poderá constatar como têm sido corriqueiras as exigências que ultrapassam os
limites de resistência psíquica e biológica do homem comum. Escudadas em jargões
como enxugamento, cortes de gordura, qualidade total e reengenharia, muitas
empresas estão realmente moendo seus trabalhadores através da imposição de
ritmos e jornadas de trabalho desumano (OLIVEIRA et al., 1998).
Wünsch Filho (1997) chama a atenção para a cronicidade e
irreversibilidade de grande parte dos casos e ressalta que o NIOSH (National
Institute for Occupational Safety and Health) classifica as LER/DORT entre os dez
mais significativos problemas de saúde ocupacional nos Estados Unidos, estimando
que correspondam a cerca de metade das doenças ocupacionais notificadas. Em
algumas empresas, estimou-se que a prevalência de LER/DORT atinge cerca de
25% da população trabalhadora. Estudo de prevalência realizado naquele país, com
44.233 entrevistas a partir de amostra de base domiciliar, encontrou a auto-
referência à síndrome do túnel do carpo por parte de 2,65 milhões (1,55% entre 170
milhões de adultos). Entre os 127 milhões que trabalharam nos últimos 12 meses
anteriores à pesquisa, 0,53% (0,68 milhões) referiram que a síndrome foi
caracterizada por profissional de saúde (TANAKA et al., 1995). Os ramos de
atividades com maiores prevalências foram: produtos de alimentação, serviços de
reparos de automóveis, transportes e construção civil. As ocupações que
registraram maior número de indivíduos com queixas de LER/DORT foram:
trabalhadores dos correios, profissionais de saúde e de montagem de equipamentos
em geral (TANAKA et al., 1995). Outro estudo nos EUA estimou em cerca de
400.000 a 500.000 as cirurgias de túnel do carpo realizadas anualmente, traduzindo-
se em um custo econômico da ordem de 2 bilhões de dólares por ano (PALMER;
HANRAHAN, 1995; WÜNSCH FILHO, 1997).
Dados do United States Bureau of Labour Statistics mostram
consistente aumento no número de casos de LER/DORT entre 1981 e 1994 nos
![Page 32: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/32.jpg)
31
EUA. Em 1981 houve registro de 22.600 casos que representaram 18% das
doenças ocupacionais daquele país, ao passo que em 1994 foram 332.000,
representando 65% de todas as doenças, portanto, um aumento de 14 vezes.
No Brasil, o sistema nacional de informação do Sistema Único de
Saúde não inclui os acidentes de trabalho em geral e nem LER/DORT, em particular,
o que não permite se ter dados epidemiológicos que cubram a totalidade dos
trabalhadores, independentemente de seu vínculo empregatício. Os dados
disponíveis são aqueles da Previdência Social, que se referem apenas aos
trabalhadores do mercado formal e com contrato trabalhista regido pela CLT, o que
totaliza menos de 50% da população economicamente ativa. Cabe ressaltar que
esses dados são coletados com finalidades pecuniárias.
Inexistem no Brasil dados racionais acerca das lesões músculo-
esqueléticas associadas ao trabalho, que possam ser facilmente acessíveis aos
profissionais que se interessam pelo combate a LER/DORT. No entanto, graças a
iniciativas isoladas dos três níveis de governo e de profissionais engajados na luta
por melhores condições de trabalho, é possível, em alguns Estados, obter
informações regionalizadas sobre o assunto. Na região metropolitana de São Paulo
existem dois programas de atenção à saúde do trabalhador. Um deles é o, Centro
de Referência de Saúde do Trabalhador (CEREST), mantido pelo Governo do
Estado de São Paulo, com atividades regionalizadas de acordo com a divisão
geopolítica da área metropolitana. O outro é o Centro de Referência do Trabalhador,
mantido pela Prefeitura do Município de São Paulo e também dividido por regiões.
Do primeiro programa, é possível encontrar dados epidemiológicos relativos ao
atendimento de 620 pacientes dentro do Programa de Saúde do Trabalhador da
zona norte de São Paulo (ERSA-6).
Os dados a seguir foram obtidos por Settimi e Silvestre (1995),
constando que na distribuição da LER/DORT por faixa etária as maiores incidências
se encontravam na faixa de 26 a 35 anos com 45,0%, seguidos das faixas de 36 a
45 com 23,5% e 18 a 25 com 18,4%, concluindo que a maioria situa-se na fase
produtiva. Na distribuição segundo o local das queixas o punho, o antebraço e a
mão com 20,0%, 15,1% e 12,3% respectivamente. E quanto à distribuição por
função, montador com 30,2% e operador de máquinas 1,5% nos dois extremos
estatísticos.
![Page 33: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/33.jpg)
32
Em outro estudo realizado nos CEREST da Prefeitura de São Paulo, foi
verificado que 93,1% dos 318 pacientes atendidos tinham entre 20 e 49 anos de
idade (TESHIMA; FONSECA, 1994). As funções mais envolvidas na produção de
LER/DORT foram: auxiliar de produção industrial e digitador com 24,5% e 17,6%
respectivamente, constatando que no extremo inferior dos cálculos se encontrava o
operador de máquinas industriais. Quanto às regiões mais afetadas, mão e punho
com 98,8% e ombro e cotovelo 31,0%, perfazendo total de 129,8% devido algumas
lesões ocorrerem em locais diferentes ao mesmo tempo, por esse motivo o
percentual aparece maior do que 100%.
As afecções músculo-esqueléticas relacionadas ao trabalho atingem na
sua imensa maioria das vezes as mulheres, apesar de não serem exclusivas
dessas. Isto é creditado à menor qualificação deste grupo de trabalhadores, às
necessidades das mesmas de executarem tarefas domésticas em uma segunda
jornada de trabalho, a uma pressão maior dos chefes e supervisores, aos baixos
salários com uma conseqüente maior insatisfação no trabalho, além de possuírem
constituição muscular mais frágil, ou seja, menos resistentes à sobrecarga de
trabalho (OLIVEIRA, 1998).
Ohlsson et al. (apud SANTOS FILHO; BARRETO, 1998) compararam
prevalências em mulheres expostas e não-expostas a atividades repetitivas na
indústria de equipamentos elétricos da Suécia, coletando dados a partir de
entrevistas, exame físico, análise de postos de trabalho e exames laboratoriais.
Doenças do ombro, pescoço, epicondilites e lesões de mão foram associadas aos
seguintes fatores: atividade repetitiva, idade mais avançada (54 anos ou mais),
pagamento por produção, tendência a tensão muscular e estresse. Outros fatores
importantes foram: satisfação no trabalho, esforço de concentração e concomitância
de sintomas psicossomáticos, bem como movimentos e posturas assumidos na
tarefa. Os autores ainda ressaltam o achado de sintomas mais significativos
relacionados a tempo de serviço inferior a dez anos.
Em um estudo realizado por Carvalho (2002), constituída por 111
funcionários voluntários de um universo de 627 trabalhadores da linha de produção
de uma indústria de calçados de Franca, sendo 84 mulheres e 27 homens, com
média total de idade de 34,3 anos, foi observada, na distribuição por faixa etária,
vinte a 29 anos com 33 trabalhadores, trinta a 39 anos com 34 trabalhadores,
quarenta a 49 anos com 32 trabalhadores.
![Page 34: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/34.jpg)
33
O estudo quanto ao gênero revelou grande predominância do sexo
feminino com 84 trabalhadoras, correspondendo a 76% da amostra avaliada.
A estratificação dos trabalhadores por função mostrou que as maiores
prevalências se encontraram em: preparadeira (20); serviços gerais (19); costureira
(16) e passador de cola (15).
Neste mesmo estudo foi revelado dor durante ou após a realização dos
trabalhos, e que a grande maioria destes trabalhadores apresentaram quadro de
LER/DORT. Na amostra analisada 42% dos indivíduos apresentavam algum quadro
de dor, sendo que 83,33% destes são portadores de LER/DORT, correspondendo a
35% da amostra.
Ao classificar as prevalências de dor por patologia verificou-se que a de
maior prevalência é a Síndrome do Túnel de Carpo (STC), seguida pela Síndrome
Tensional do Pescoço e a Síndrome do Pronador Redondo. Quanto ao estadiamento
a grande maioria foi classificada pela metodologia do NUSAT (Núcleo de Saúde do
Trabalhador – MG) em grau I ou II, não se verificando patologia em grau de estádio
IV.
Na análise das prevalências de LER/DORT por sexo observou-se que
a grande maioria dos trabalhadores afetados é do sexo feminino, com um total de
94,9% dos trabalhadores com LER/DORT. Neste grupo a prevalência de LER/DORT
é de 44,0%, enquanto que a prevalência no sexo masculino é de 7,4%.
Durante o estudo dos dados coletados verificou-se que algumas
funções apresentam uma maior prevalência dos LER/DORT. Destacam-se as
funções de chanfradeira, com 70% dos trabalhadores nessa função apresentando
LER/DORT, operador de máquina, com 57,14% e preparadeira com 50%. Na função
de montador, 33,3% apresentam sintomatologia de LER/DORT, representando a
totalidade de homens afetados.
Durante a análise dos dados coletados identificou-se que os setores de
Acabamento e Aviamentos apresentam valores médios superiores ao índice geral da
empresa com respectivamente 43,7% de prevalência e 100% de prevalência, o setor
menos comprometido com a prevalência de LER/DORT foi o setor de Montagem.
![Page 35: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/35.jpg)
34
1.3 CLASSIFICAÇÃO
As fases das LER/DORT podem estar superpostas e não
necessariamente é seguida uma pela outra. A maioria dos autores utiliza o sintoma
dor como critério de estadiamento (BROWNE; NOLAN; FAITHFULL, 1984).
A revisão da literatura mostra várias tentativas, didaticamente válidas,
para estadiamento das lesões, pois a LER/DORT é uma doença evolutiva e que se
diferencia em fases clínicas, que reconhecemos, podem ser estadiadas com
objetivos diferentes, mas úteis no planejamento terapêutico, na avaliação da
incapacidade laborativa e no prognóstico. Assim, baseado nessas afirmações, a
classificação apresentada nesse trabalho constitui-se de quatro graus ou fases
(NUSAT, 1995). No grau ou fase 0, o trabalhador queixa-se de uma sensação de
desconforto e peso nos membros superiores, de forma localizada ou não, no final de
sua jornada e durante picos de produção, que cessa com o repouso ou diminuição
do ritmo de trabalho; raramente procuram o serviço médico e quando o fazem não
há sinais ao exame clínico. Nesta fase, a única indicação estará na necessidade de
intervenção no ambiente de trabalho.
O grau ou fase 1 constitui-se de sensação de peso e desconforto a
cerca de um mês e não desaparece, mas apenas melhora com o repouso, surgindo
em outras fases do trabalho, de maneira aleatória, leve e fugaz e não somente em
picos de produção ou término da jornada; o exame físico pode estar normal mas
pode manifestar-se dor à palpação da massa muscular envolvida. O trabalhador
deverá ser afastado da função e, após o tratamento, modificar as condições do
ambiente de trabalho, pois caso contrário, a doença poderá evoluir para fases mais
críticas.
Já no grau ou fase 2 a dor é mais intensa e persistente apesar de bem
tolerada e ainda permitir o desempenho da atividade laborativa, porém observa-se
queda na produtividade, com a dor mais localizada que nas fases anteriores e pode
acompanhar-se de parestesia, calor e irradiação. Sua recuperação é mais difícil
mesmo que se instituam tratamentos com repouso, analgésicos e antiinflamatórios e
agrava-se até mesmo com o afastamento do trabalhador, comprometendo outras
atividades pessoais. O exame físico ainda pode ser pobre, mas observam-se
freqüentemente nodulações acompanhando bainhas tendinosas, hipertonia de
![Page 36: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/36.jpg)
35
massas musculares e sinais sugestivos de compressão de nervos periféricos. O
prognóstico é variável.
Em casos classificados como grau ou fase 3, a dor torna-se muito
persistente e forte, com irradiação bem definida e o repouso pouco influencia na
sintomatologia. Ocorrem paroxismos dolorosos noturnos e perda de força muscular
associada, comprometendo intensamente a produtividade e também as tarefas
domésticas. O exame físico torna-se rico com edema, hipertonia e todo quadro
relacionado às lesões por compressão nervosa alterando até a sensibilidade tátil e
os reflexos. Nesta fase, condições psíquicas relacionadas à incerteza do futuro
profissional pode se refletir no relacionamento familiar, levando a quadro de
depressão e angústia, o prognóstico é reservado e a reabilitação profissional, uma
raridade.
Finalmente, o grau ou fase 4 caracteriza-se pelo aparecimento de
distrofia simpática reflexa, composta de: dor, hiperestesia, distúrbios vaso-motores,
edema com componentes linfáticos, distrofias musculares e as atrofias
principalmente dos dedos pelo desuso. A capacidade de trabalho é nula e os atos da
vida diária ficam extremamente prejudicados, sendo comum o aparecimento de
distúrbios psicológicos. O prognóstico é sombrio e a resposta aos tratamentos
praticamente nula.
1.4 PATOGÊNESE
As hipóteses que consideram a gênese dos distúrbios músculo-
esqueléticos como biológica, ou seja, de origem orgânica, dividem-se em duas: Uma
delas defende a existência de alterações orgânicas, que vão além da fadiga
músculo-esquelética, decorrentes das atividades laborativas, ainda que não
detectáveis ao exame clínico. A outra considera esses quadros clínicos apenas
como decorrentes da fadiga muscular. O uso excessivo ou inadequado de
segmentos corporais são as pedras fundamentais dessas teses. Alguns autores
fazem analogia com o estresse crônico dos metais que determina o dano dos
mesmos com o passar do tempo (RIO et al., 1998).
![Page 37: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/37.jpg)
36
Segundo o referido autor, esforços abaixo e acima dos limites ideais
podem favorecer o aparecimento de distúrbios, enquanto que, dentro desses limites,
podem melhorar o condicionamento muscular, produzindo o chamado efeito de
treinamento.
Para Sjogaard e Jensen (1997), deve ser concedida atenção à
otimização da atividade física individual no trabalho, mais do que à sua simples
minimização.
A hipótese biológica denominada, fadiga muscular produz quadros
dolorosos, sem lesão de estruturas músculo-esqueléticas, ou mesmo sem a
existência de alterações fisiológicas mais significativas. Esses quadros são devidos
à sobrecarga sobre segmentos corporais, são completamente reversíveis sem
intervenções terapêuticas mais significativas, desde que as pessoas acometidas
possam dispor de adequadas condições físicas no trabalho e na vida pessoal. As
hipóteses das alterações orgânicas se alicerçam sobre dois tipos de dor: nociceptiva
e neurogênica. Sendo que a primeira implica à existência de estímulos nocivos
(mecânicos, térmicos e químicos) agindo sobre receptores nervosos para a dor,
denominados nociceptores. Já a dor neurogênica refere-se a alterações na
modulação da dor, produzindo a percepção da dor, mesmo diante da ausência de
estimulação nociceptiva (RIO et al., 1998).
Dor é uma qualidade sensorial complexa, freqüentemente não
relacionada ao grau de lesão tecidual. A dor evoca emoções, fantasias, muitas
vezes incapacitantes, que traduzem o sofrimento. Assim, na hipótese psicossocial a
dor é causada inteiramente por processos do sistema nervoso central, com
participação decisiva de áreas relacionadas à informação e às emoções. O estresse
psicossocial e fatores psíquicos internos são decisivos nesse tipo de dor. A
modificação dos paradigmas comportamentais parece influenciar a resposta das
células do corno posterior da medula espinhal (TEIXEIRA, 1994).
É importante ressaltar que a percepção da dor não distingue esses
diferentes processos, que diferem, essencialmente, pelo local de origem da dor. A
dor nociceptiva tem origem nos tecidos periféricos, a dor neurogênica, nos tratos
nervosos e a dor psíquica, no sistema nervoso central. As hipóteses psicossociais
procuram avaliar as possíveis fontes de manifestações clínicas dolorosas do
pescoço e dos membros superiores, decorrentes do estresse psicossocial. Elas
vasculham o amplo universo além das causas biomecânicas. Há um embate de
![Page 38: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/38.jpg)
37
idéias opostas, que defendem ou que atacam a existência de relação entre trabalho
e esses quadros (RIO et al., 1998).
Segundo Louis (1992 apud RIO, 1998a), a polarização desse debate
atingiu seu ápice na Austrália, nos anos 80. Em algumas regiões do Brasil, o embate
de convicções tem sido intenso e refere-se a dois pontos principais: se uma
atividade pode causar doença, e, em qual extensão problemas emocionais ou físicos
podem amplificar e prolongar sintomas físicos.
Quanto mais são considerados fatores físicos como causadores de
estresse físico e de sobrecarga biomecânica sobre determinados segmentos
corporais, menos intensos se tornam os debates. Quanto mais as considerações
envolvem aspectos psicossociais, maiores são as discordâncias, principalmente
porque as questões se tornam mais abstratas e de difícil comprovação (RIO et al.,
1998).
Os relatos em saúde do trabalhador ao longo da sua história vão
afirmar várias emoções: medos, ansiedades e inseguranças que somatizam os
processos de adoecimento. Pode-se observar essa mistura do somático e das
emoções, quando se fala dos portadores de LER/DORT: trabalhadores que têm
medo de adoecer e de sentir dor; trabalhadores que são pressionados pela angústia
da possibilidade da perda do emprego; trabalhadores que inventam mecanismos de
defesa para não sentir dor; trabalhadores de personalidade fronteiriça que no limite
do conflito são descompensados emocionalmente. As várias expressões de dor e
sofrimento são possibilitadas por uma determinada cultura que, interpretando e
dimensionando padrões de conduta esperados e rejeitados, permite o acesso e a
disponibilidade de relações no meio social, ou seja, na família, no trabalho, nas
instituições. Além disso, as regras de normalização e regulamentação de uma
determinada sociedade acabam por definir de maneira bem estabelecida os
comportamentos ditos desviantes, anormais ou doentios, sempre engendrando
modos de subjetividade para a sua expressão. Essa seria a possibilidade do
entendimento de uma doença poder ser enquadrada em um determinado perfil de
subjetividade e estaria associada a sintomas físicos ou não. Este tipo de
subjetividade enquadrada supõe um dispositivo de poder e, assim, podemos pensar
em desejos capturados pela codificação social, mas, também, na possibilidade das
subjetividades que escapam aos papéis por uma geografia de conexões e
disjunções inconscientes. Vamos considerar que as interpretações dadas ao
![Page 39: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/39.jpg)
38
processo de adoecimento das LER/DORT codificam o trabalhador que adoece em
um código preestabelecido como alguém simulador, de temperamento limítrofe, de
histérico vindo a ameaçar a idéia de um trabalho asséptico sem desvios, paradas,
incertezas (VERTHEIN, 2001).
Tem sido defendida a hipótese genérica de distúrbio psicossomático,
no qual a dor é uma manifestação central. Dentre os diagnósticos destacam-se os
transtornos somatoformes dolorosos persistentes. Ramadan e Motta (1995 apud
RIO, 1998b) lembram que esses transtornos se caracterizam pela apresentação
repetida de sintomas físicos, cuja avaliação clínica não revela doença física. Nos
transtornos somatoformes a produção dos sintomas não é intencional; a pessoa não
vivencia a sensação da produção dos sintomas, o que os distingue dos transtornos
factícios ou de simulação.
No campo das LER/DORT, o termo neurose de conversão ou
transtorno conversivo tem sido utilizado com maior freqüência, remetendo aos
conceitos psicanalíticos de conversão e histeria de conversão. Conversão consiste
em uma transposição de um conflito psíquico e numa tentativa de resolução deste
em sintomas somáticos, motores ou sensitivos (LAPLANCHE; PONTALIS, 1983).
A iatrogenia social origina-se de informações coletivas impróprias,
advindas desde a mídia, até as colocações oficiosas de profissionais especializados,
que desencadearia comportamentos maximizados da dor. A dor, as alterações
psico-afetivas concomitantes e as iatrogenias induzidas pelos procedimentos
diagnósticos e terapêuticos promovem sofrimento emocional significativo e restrições
físicas, psicológicas e sociais (TEIXEIRA, 1994).
A neurose coletiva ou ocupacional, estreitamente relacionada à
Iatrogenia Social e às antigas noções de histeria, implicaria numa espécie de
contaminação psicossocial, que levaria a quadro de dor psicogênica. Segundo
Lucire (1998), esta pode ser diferenciada de tenossinovites, primariamente, pela sua
excessiva sintomatologia em ambas as modalidades: motora e sensitiva e,
secundariamente pela história natural de falência na recuperação através de
tratamentos usuais para inflamação ou lesão.
A permissividade dos sistemas de compensação de doença tem sido
defendida por alguns autores, com base em processos históricos que apontam para
uma correlação entre o aumento estatístico do surgimento desses quadros clínicos e
a atuação desse tipo de sistema. Segundo Ranney (1997b), em alguns países as
![Page 40: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/40.jpg)
39
leis estimulam o relato de casos, enquanto que em outros as leis desencorajam esse
tipo de relato. Não dispomos de dados concretos sobre a atuação do Setor de
Perícias Médicas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nas regiões do Brasil
onde é maior a incidência de LER/DORT. Como parece haver uma significativa
disparidade de incidências entre algumas regiões do país, seria de utilidade para o
INSS pesquisar comparativamente as formas de atuação dos seus serviços de
perícia médica nessas regiões. A simulação implica em não-existência de dor. O
objetivo do simulador é a obtenção de ganhos secundários, tais como afastamento
remunerado do trabalho, aposentadoria, ganhos financeiros através de causas cíveis
(RIO et al., 1998).
A LER/DORT, também, está inserida no embate entre a saúde e os
interesses estreitos do capital que procura usar o corpo e descartá-lo, negando
sistematicamente as implicações das condições de trabalho na saúde do trabalhador
e, conseqüentemente, em seu processo de adoecimento, quando este se apresenta.
Nesse sentido, procuram atender ao aumento de casos de trabalhadores com
LER/DORT sem correrem o risco de arcar com o ônus, como seguradora, dos
prejuízos físicos e mentais de uma economia que explora a mão-de-obra, de um
mercado de trabalho recessivo, de uma gerência ávida por corpos docilizados e
lucros rápidos. Tal relação mostra a radical separação entre trabalho e corpo-que-
adoece. Esta separação acaba encontrando uma ancoragem na idéia de
predisposição, posto que, nesse distanciamento do INSS quanto ao
desenvolvimento das relações de trabalho, sejam elas prejudiciais ou não. Assim,
podemos imaginar que a possibilidade de adoecer no trabalho é negada no próprio
cotidiano das relações. A rejeição dos colegas de trabalho e das chefias é explícita
quando o trabalhador que adoece é visto como alguém que faz corpo mole para não
trabalhar. Da mesma forma, quando o trabalhador é tratado pelo médico como
alguém que está somatizando conflitos psíquicos ou simulando a condição de
doente para obter ganhos secundários. A partir dessas premissas, as explicações
são as mais variadas: os trabalhadores ficam doentes porque há recessão na oferta
de emprego, ou adoecem porque buscam estabilidade financeira ou segurança
pessoal, via seguro acidentário ou, ainda, simplesmente, adoecem porque não
querem trabalhar. Essa prática expõe as delimitações sociais entre o normal e o
patológico, que são parâmetros binários, entre outros, de saúde/doença,
produtividade/improdutividade, capacidade/incapacidade, construídos pelos códigos
![Page 41: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/41.jpg)
40
de referência da produção capitalista. Tais procedimentos ditos diagnósticos de
avaliação de incapacidade, que observamos na análise da perícia médica, quando
os trabalhadores adoecem, revigoram na contramão dos avanços teóricos da saúde
pública e, especificamente, da saúde do trabalhador, conceitos no sentido de
impingir aos trabalhadores o dever, a culpa e a responsabilidade frente ao processo
de adoecimento. Nota-se que o diagnóstico atribuído pelos peritos do INSS, mesmo
sendo as LER/DORT reconhecidas no Brasil como doença do trabalho, confirma a
existência da lesão, mas não admite que tal lesão seja associada ao trabalho, e,
com grande freqüência, nega o nexo com o trabalho. A discussão, no entanto, não
se restringe a este aspecto, discute-se também, a produção de um tipo de
subjetividade predisposta ao adoecimento que serve ao propósito específico de
reduzir os custos da Previdência Social, a partir da descaracterização da doença
que, atualmente, mobiliza recursos vultosos do INSS (VERTHEIN, 2000).
Em tese, o estresse vem sendo bastante estudado nas últimas
décadas. Tem sido utilizado como conceito de suporte em praticamente todas as
áreas da medicina, além de outros campos científicos. Então, considerando-se o
estresse como um conjunto de processos psicofísicos, e não como um diagnóstico,
as LER/DORT sempre decorreriam dele: ou do estresse físico decorrente de
sobrecargas físicas, ou do estresse psicossocial, decorrente de pressões
psicossociais (RIO et al., 1998).
1.5 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de LER/DORT envolve aspectos complicadores porque
se direciona as condutas que devem ser tomadas, não só na área clínica, mas
também nas áreas previdenciária, trabalhista, de responsabilidade civil e, às vezes,
até criminal. O primeiro aspecto complicador decorre das características do quadro
clínico e dos múltiplos fatores que o desencadeiam. No entanto, no caso das
LER/DORT, o quadro clinico é heterogêneo, com múltiplas faces. A relação causa
efeito não é direta. Vários fatores laborativos e extra-laborativos concorrem para sua
ocorrência, sendo obrigatório investigar-se cuidadosamente. Outro aspecto
complicador decorre da intervenção de quem faz o diagnóstico e suas
![Page 42: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/42.jpg)
41
conseqüências. Para o médico do setor assistencial, o diagnóstico deve gerar ações
preventivas e definir o tratamento para recuperação clínica, o que pressupõe
identificar os fatores desencadeantes e agravantes e determinar a interrupção das
atividades que mantenham e agravem o quadro. Para o médico perito da
Previdência Social, o diagnóstico de LER/DORT implica em conceder benefícios
previdenciários específicos a acidentes do trabalho. Para o médico de empresa, que
teoricamente teria melhores condições de fazer um diagnóstico precoce, a
identificação dos casos de LER/DORT deveria gerar ações preventivas. São eles os
responsáveis pelo encaminhamento adequado, do ponto de vista técnico, o que
freqüentemente no Brasil não ocorre. O diagnóstico é feito longe das condições
ideais, de forma que deveria ser obtido e levado em consideração os registros da
história pregressa e as exposições adversas em que o trabalhador tenha por ventura
se submetido (BRASIL, 2001b).
O médico pode ser requerido para determinar se a condição é causada
pelo trabalho; este requerimento é medicamente impossível. Não se trata de colocar
em plano secundário a necessidade do preciso conhecimento anatômico, as bases
de propedêutica semiológica, os resultados dos exames complementares e os
elementos básicos de biomecânica. Ao contrário, o importante é ter-se em mente
que tais conhecimentos devem ser aplicados no contexto do homem no seu
ambiente de trabalho, influenciado por fatores emotivos e psíquicos, temperatura,
vibração, postura, etc. A teoria da multicausalidade da LER/DORT serve para
consolidar a medicina científica contemporânea, sendo de indiscutível eficácia social
e individual para estabelecer as bases no seu reconhecimento como doença do
trabalho, mas é insuficiente para explicar a patologia como um todo. É nesse
momento que o examinador deve estar atento, procurando exaustivamente entender
o universo do trabalho do examinado (SZABO, 1995).
Melo (1998) afirma que a extensa investigação por meio de justas e
exaustivas anamneses ocupacionais é pedra angular na elaboração do diagnóstico
das LER/DORT. As variedades de trabalho são, no entanto, inúmeras. A oficina de
um artesão é edificada em torno de um homem e por ele livremente organizada.
Neste ambiente existe harmonia gratificante e intuitiva. Existe felicidade. Diferente é
o trabalho em fábricas, concebidas pelo capitalismo e construídas em função das
exigências do lucro e da produção que, quase sempre desconsidera o organismo
humano.
![Page 43: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/43.jpg)
42
Para Szabo (1995), um aspecto bastante polêmico é o diagnóstico das
LER/DORT quando o exame físico é normal e o único sintoma é a dor. Existem aqui
algumas premissas básicas: não se pode falar em LER/DORT quando não existem
os riscos ocupacionais, entendidos em seu sentido amplo; as fases iniciais das
LER/DORT na maioria das vezes caracterizam-se única e exclusivamente pela
presença da dor, inexistindo sinais físicos, achados laboratoriais e em exame de
imagem. O diagnóstico das LER/DORT é, portanto, essencialmente clínico e baseia-
se na história clínico-ocupacional completa, no exame físico detalhado, na análise
das condições de trabalho responsáveis pelo aparecimento da lesão, em dados
epidemiológicos e muito raramente em exames complementares.
Alguns aspectos merecem especial consideração. Tentar obter dados
sobre a qualidade e manutenção de equipamentos e ferramentas, necessidade do
emprego de força decorrente de equipamentos impróprios, do desvio de posturas
imposto por estes, necessidade de repetição de tarefas por falhas dos
equipamentos, presença de vibração e exposição localizadas a baixas temperaturas.
Além de sua qualidade, manutenção e freqüência de reposição interessam saber
das adaptações realizadas nos postos de trabalho quando da introdução de novos
processos e, principalmente, os desvios posturais impostos pelo mesmo (MELO,
1998).
Oliveira et al. (1998) reportam que, aspecto importante é a
característica antropométrica do trabalhador. Vai muito além de questionar
simplesmente a profissão do trabalhador, ou seja, qual a atividade que ele se
preparou para exercer através de cursos profissionalizantes, técnicos, ou de nível
superior. Vai além ainda de meramente anotar a sua função ou cargo ocupado, não
sendo infreqüente o início da doença em função que não corresponde à profissão
declarada. Interessa realmente identificar a atividade realizada no trabalho atual e
pregresso. Trata-se, portanto, de delimitar o papel do trabalho nos processos
patológicos do sistema musculoesquelético. Ou seja, quando ele constitui-se num
risco, como isso acontece, qual é a intensidade desse risco.
E neste caso a pergunta é: esses substratos derivam de dados
científicos consistentes ou de representações sociais?
Hadler (1997) comenta a questão da escolha, por parte do empregado,
do caminho ligado à causalidade de um distúrbio músculo-esquelético e segundo
ele, a pessoa procura lidar pessoalmente com o problema, sem recorrer a nenhum
![Page 44: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/44.jpg)
43
tipo de assistência médica; ou escolhe ser paciente e procura atenção médica, sem
entrar no universo das questões relacionadas ao trabalho; ou procura assistência no
contexto de sistemas de compensação de doenças relacionadas ao trabalho,
colocando as diversas questões do trabalho como foco central dos problemas.
Circunstâncias ligadas ao contexto social interferem nessa escolha. Escolher é um
processo que é facilmente perturbado por noções pré-concebidas e por exigências
da vida. E uma vez que tenha sido feita a escolha pelo sistema de compensação de
doenças, variáveis como a magnitude do prêmio, a insuficiência do salário e o litígio,
constituem-se em fatores importantes para a evolução do processo.
Uma decisão do trabalhador de relatar um problema pode ser
influenciada por suas circunstâncias pessoais, sociais e econômicas (ARMSTRONG,
1993).
No que se refere ao diagnóstico ocupacional, quanto menos objetivos
são os quadros clínicos, maiores são as controvérsias, a ponto de quadros clínicos
não-específicos extrapolarem com freqüência o âmbito da ciência e serem debatidos
e decididos judicialmente. Neste estudo é apresentado um conceito que considera
como LER/DORT apenas as doenças músculo-esqueléticas claramente
relacionadas ao trabalho. Ou seja, correlacionadas da maneira mais precisa possível
com o trabalho. Para tanto é necessário um diagnóstico médico de uma doença
específica claramente correlacionada com uma sobrecarga biomecânica específica
no trabalho. Assim, pode-se distinguir com mais objetividade as doenças
relacionadas ao trabalho, dos distúrbios e doenças não relacionadas ao trabalho
(RIO et al., 1998).
Nesse sentido, Ranney (1997a) destaca que, se vamos avaliar lesões
relacionadas ao trabalho, devemos primeiramente diagnosticá-las através da síntese
da história e exame físico e, então, determinar se foi induzida pelo trabalho ou por
outras fontes. Devemos examinar ambos, o trabalhador e o trabalho. Embora o
estresse causador dos sintomas possa incluir tanto fatores psicológicos, quanto
físicos, as alterações patológicas devem ser claramente físicas.
Segundo Rio (1998) já o diagnóstico médico deverá definir se há um
quadro clínico específico que, quando bem diagnosticado, apresenta-se de maneira
mais objetiva, facilitando a abordagem terapêutica e a possível correlação com
fatores de riscos eventualmente existentes no trabalho ou fora dele; ou inespecífico,
que são de difícil diagnóstico e não apresentam sinais clínicos evidentes; bem como
![Page 45: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/45.jpg)
44
quais as regiões acometidas; qual o tempo de evolução; quais os tratamentos
efetuados; dentre outras questões. Do ponto de vista médico, o diagnóstico
diferencial é fundamental. Outras patologias sistêmicas podem produzir quadros
músculo-esqueléticos como quadros reumáticos, hipotireoidismo, distrofias músculo-
esqueléticas, o uso de medicamentos, e outras diversas condições agindo no
mesmo sentido. Quadros psiquiátricos devem também ser descaracterizados. Se
mal diagnosticados e mal compreendidos quanto à sua origem, são conduzidos de
forma inadequada, às vezes, desastrosas, gerando sofrimentos e custos
consideráveis.
Já na visão de Anderson (1994), o diagnóstico ergonômico refere-se à
detecção de fatores ergonômicos inadequados durante a execução das atividades
pelo empregado e que, claramente, se constituam em fatores biomecânicos de risco.
Ainda não existem definições precisas para a fixação de critérios de risco para as
LER/DORT.
O diagnóstico ocupacional específico, derivado do nexo entre o
diagnóstico médico e o ergonômico, delimita os fatores ocupacionais objetivos. O
diagnóstico sistêmico inclui esses fatores e outros que podem contribuir para uma
compreensão mais estruturada e, a partir daí, encontrar caminhos para soluções
mais consistentes. De posse de todas as informações que constituem o prontuário
médico, referentes à anamnese, exame físico e exames complementares, a
correlação desses dados leva ao diagnóstico (RIO et al., 1998).
1.5.1 Exames complementares
Na prática, não existe exame complementar que comprove a existência
da LER. Todos pecam por falta de sensibilidade e especificidade. Tais exames têm,
portanto, indicação restrita, não se justificando seu uso rotineiro e indiscriminado,
ficando reservados para os casos individualizados. Nos estágios iniciais, os meios
de diagnósticos complementares, ainda que utilizados judiciosamente e com alta
qualidade, são pouco conclusivos. Quando positivos, já demonstram lesões graves.
Por vezes são utilizados no diagnóstico diferencial e em outras ocasiões, na
determinação topográfica das lesões (OLIVEIRA et al., 1998).
![Page 46: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/46.jpg)
45
Embora na maioria das patologias causadas por esforços repetitivos o
diagnóstico possa ser feito apenas com uma boa anamnese e um exame clínico
detalhado, Rio (1998) alega que em certos casos, os exames complementares
podem e devem ser solicitados. As radiografias, principalmente da coluna cervical,
poderão detectar alterações vertebrais que justifiquem os sintomas nos casos de
degeneração discal, hérnias de disco, costelas cervicais e outros. Os exames de
sangue, não só o hemograma e as dosagens rotineiras de glicose e lipidograma,
como também as provas de função reumáticas, nos fornecem informações úteis
quanto ao estado de saúde geral. Muitas vezes a pesquisa de alterações
endócrinas, principalmente tireoideanas como, dosagem de T3, T4 e TSH basal,
podem encontrar a causa objetiva das dores musculares.
A ultra-sonografia é uma técnica de confiabilidade ainda discutível em
face da sua baixa sensibilidade e especificidade, mais adequadas provavelmente ao
estudo das lesões do manguito rotador e na identificação de calcificações. Já a
tomografia e a ressonância nuclear magnética são exames sofisticados e caros, que
na maioria dos casos de LER/DORT não acrescentam nenhum dado novo que não
pudesse ser detectado anteriormente pelo exame físico detalhado ou por outros
métodos menos onerosos (OLIVEIRA et al., 1998).
Ao solicitar um exame complementar, tenha em mente que ele é
complementar ao seu raciocínio clínico; deve ser indicado e interpretado
adequadamente. Do contrário, ele pode atrapalhar sua investigação e conduta. Em
todos esses casos, é fundamental lembrar que a clínica continua sendo soberana.
Não se substitui a análise clínica cuidadosa do profissional assistente por nenhum
desses exames (BRASIL, 2001b).
1.5.2 As principais formas clínicas
Conforme Oliveira et al. (1998), as principais formas clínicas são
divididas em três grandes grupos:
1. as tendinites e tenossinovites são processos inflamatórios que
acometem as bainhas tendíneas e os tendões, são as formas mais
incidentes na população de risco, notadamente nas situações em
![Page 47: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/47.jpg)
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que grande repetitividade se associa à exigência de força. Fazem
parte deste grupo as doenças como a enfermidade de Quervain,
que se trata da inflamação e espessamento da bainha comum dos
tendões do abdutor longo e extensor curto do polegar; dedo em
gatilho, causada pela inflamação dos tendões flexores dos dedos,
tornando seu deslizamento nas polias prejudicado; tenossinovite
dos flexores dos dedos e dos flexores do carpo, processo
inflamatório que acomete os tendões da face ventral do antebraço e
punho; tenossinovite dos extensores dos dedos, semelhante à
forma anterior localizada na face dorsal do antebraço e punho;
tendinite bicipital, onde a inflamação ocorre na bainha sinovial do
tendão da porção longa do bíceps no sulco bicipital; e a tendinite do
supra-espinhoso, que nada mais é do que uma das manifestações
da síndrome do impacto do ombro ocasionada pela compressão das
fibras do supra-espinhoso pelo acrômio, ao realizar-se a abdução do
braço em ângulo superior a 45°;
2. as síndromes de compressão de nervos periféricos, denominando
neuropatias compressivas periféricas. São elas: a síndrome do
desfiladeiro torácico, que se caracteriza pela compressão do feixe
vásculo-nervoso no triângulo estreito formado pelos músculos
escaleno anterior e médio, a primeira costela e a clavícula; a
síndrome do supinador, que é uma hipertrofia do mesmo,
geralmente ocasionado pela prono-supinação do antebraço
repetitiva comprimindo o nervo interósseo que passa no seu interior;
a síndrome do pronador redondo, que pela sua hipertrofia comprime
o nervo mediano no antebraço, próximo do cotovelo; a síndrome do
interósseo anterior, que é uma compressão do nervo interósseo
anterior, ramo motor do mediano; a síndrome do túnel do carpo, é a
mais comum, decorre da compressão do nervo mediano no nível do
punho, pelo ligamento volar do carpo ao se espessar e enrijecer nas
fasciites decorrentes da LER/DORT, na realidade, ocorre uma
desproporção conteúdo/continente neste local estreito. A síndrome
do canal de Guyon, que é a compressão do nervo ulnar em seu
percurso através do canal de Guyon em torno do osso pisiforme; a
![Page 48: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/48.jpg)
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síndrome cervicobraquial, geralmente ocorre por dois mecanismos
associados que são: o fator hereditário constitucional com o fator
laboral, onde as alterações do forâmen intervertebral comprimem e
irritam as raízes nervosas; a síndrome miofascial e a fibromialgia,
nada mais é do que formas diferentes de expressões clínicas que se
caracterizam pela existência de um ponto doloroso que, quando
estimulado, dói à distância, são os denominados trigger points, de
mecanismo fisiopatológico ainda incerto, a dor referida, ao se
estimular tais pontos, é difusa e imprecisa e se associa a distúrbios
do sono, fadiga e rigidez matinal, agravando-se em períodos de
tensão, ansiedade e depressão, sendo mais comum no sexo
feminino (9:1), tende à cronificação e coexiste freqüentemente com
alterações comportamentais;
3. e ainda temos o grupo de agravos relacionados à tecidos
musculares, fáscias, bursas e sinóvias, que são: as epicondilites
lateral e medial do cotovelo que nada mais é do que processos
inflamatórios da inserção dos responsáveis pela supinação do
antebraço e extensão do punho na borda lateral e dos músculos
flexores do carpo na borda medial do cotovelo; as bursites que são
processos inflamatórios de bursas sinoviais, muito freqüente nos
ombros, mas podem também ser encontradas em outras regiões; as
fasciites que decorrem do processo fibrosante palmar que impede a
extensão normal dos dedos acometidos; e os cistos sinoviais que
são tumorações esféricas, císticas, habitualmente macias e
indolores, que se formam por degeneração mixóide do tecido
sinovial periarticular ou peritendíneo. Os pacientes com LER/DORT
que tiveram diagnóstico tardio mantiveram-se na função após o
início do quadro clínico e foram mal conduzidos terapeuticamente
pode evoluir para distrofia simpática reflexa, grave síndrome em que
a dor, a hiperestesia, os distúrbios vasomotores e as alterações
distróficas são características.
![Page 49: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/49.jpg)
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1.6 O FORMATO RECENTE DA PRODUÇÃO CALÇADISTA FRANCANA
A década de 70 foi importante para as indústrias de calçados
francanas, pois estabeleceram um amplo sistema de reestruturação produtiva,
através da introdução de novas tecnologias e métodos organizacionais com o
objetivo de acelerar a produtividade e aumentar os lucros.
Com isso, e somando-se a força de trabalho, as indústrias de calçados
de Franca obtiveram resultados satisfatórios, com importantes mudanças nos
modelos do processo produtivo e conseguiram novas conquistas nos mercados
interno e externo.
A partir de 1986, antes que a globalização se configurasse nos moldes
atuais, o setor calçadista brasileiro iniciava a exportação de sapatos. A preocupação
na época era vender os produtos ignorando certos detalhes como: qualidade e
agressão ao meio ambiente (GARRIDO, 2006).
A exposição das empresas nacionais à competição internacional,
imposta pela abertura da economia no início da década de 1990, impeliu o
empresariado do país a buscar formas e processos de se produzir bens e serviços
com melhor qualidade, a preços competitivos. Investimentos em tecnologia e
modificações na organização das empresas foram adotados, de maneira simultânea
ou isoladamente, em uma busca frenética da modernização, vista sob o prisma do
empresariado como um elemento vital e necessário para a retomada do crescimento
econômico, estagnado por toda a década de 1980 (NAVARRO, 2006).
Salerno (1985) destaca que o Brasil passou a ser considerado, já no
início da década de 1980, um dos países do mundo onde os círculos de controle de
qualidade estariam obtendo maior aceitação.
Em meio à aceleração do processo de reestruturação produtiva, a partir
dos anos de 1990, assistimos a um crescente movimento de descentralização da
produção, que passa a ser denominado pelo neologismo terceirização. O padrão
adotado no Brasil tem sido referenciado como fraudulento, espúrio, ou predatório,
por buscar a redução de custos através da exploração de relações precárias de
trabalho que se objetivam em diferentes formas: na subcontratação de mão-de-obra;
nos contratos temporários de trabalho; na contratação de mão-de-obra por
empreiteiras; no trabalho domiciliar; no trabalho por tempo parcial e no trabalho sem
![Page 50: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/50.jpg)
49
registro em carteira, mecanismos esses que buscam neutralizar a regulação estatal
e a sindical e que colocam em risco uma série de direitos sociais e trabalhistas,
duramente conquistados (DIEESE, 1994 apud NAVARRO, 2006).
Resulta daí uma série de experiências que vão sendo adotadas para
reduzir os custos de produção que vão interferir na organização da produção e do
trabalho, o que tem levado à sua intensificação, ao aviltamento salarial, à eliminação
de postos de trabalho e à crescente informalização do emprego nesse setor
(ANDRADE BALTAR; PRONI, 1996).
Já nos anos 80, houve alguma alteração na dinâmica do mercado de
trabalho. Apareceu pela primeira vez com intensidade o desemprego urbano e teve
início a deterioração das condições de trabalho, com ampliação da informalidade. No
entanto, como nesse período foram preservadas as estruturas industrial e produtiva,
o desemprego e a precarização ainda foram relativamente baixos e, sobretudo,
vinculados às intensas oscilações do ciclo econômico na década e ao processo
inflacionário. Em outras palavras, o desemprego e a precarização cresciam com a
retração das atividades produtivas (como em 1981 – 83, por exemplo) e voltavam a
baixar quando a economia voltava a crescer (como em 1984 – 86) ou se estabilizava
como durante a estagnação ocorrida entre 1987 – 89. Ao final da década o
desemprego era baixo e a deterioração das condições de trabalho pouco acentuada
(MATTOSO, 1999).
Apesar de boa parte do empresariado do setor calçadista estar
sintonizada com o discurso modernizante, apregoando a imprescindibilidade da
renovação das velhas práticas de produção. Observa-se que a adoção desse
discurso, na maioria dos casos, encontra-se em profundo contraste com a prática
adotada pelas empresas, principalmente no que se refere às condições e às
relações de trabalho (COSTA apud NAVARRO, 2006).
As mudanças na organização do trabalho no interior das unidades
fabris, entretanto, não vêm se dando de maneira homogênea entre as empresas,
como parece ser o caso da terceirização (NAVARRO, 2006).
De forma geral, as máquinas desenvolvidas para a produção de
calçados de couro incorporam poucos aspectos qualitativos do trabalho
anteriormente exigido do operário. Assim, grande parte dos operários da indústria de
calçados de couro necessita, além de apresentar as habilidades artesanais
![Page 51: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/51.jpg)
50
descritas, conhecer o conjunto de operações dos processos de produção envolvidos
(RUAS, 1987).
Na década de 1990 a situação alterou-se profundamente. Nesses
últimos anos, o desempenho produtivo não foi apenas medíocre e resultante de
efeitos de oscilações do ciclo econômico sobre o mercado de trabalho. A geração de
emprego sofreu as conseqüências profundamente desestruturantes de um processo
de retração das atividades produtivas acompanhado do desmonte das estruturas
preexistentes, sem que se tenha colocado no lugar outras capazes de substituí-las,
jogou-se fora o bebê com a água do banho. O desemprego disparou (MATTOSO,
1999).
A indústria de calçados de Franca enquadra-se perfeitamente nesta
descrição, pois até o final dos anos 80 vinha empregando uma quantidade
expressiva de trabalhadores. No início dos anos de 1990, a competição acirrada
travada no mercado interno combinada com a diminuição da taxa de exportações
forçaria as indústrias a um ajuste estrutural mais amplo visando, entre outros
objetivos, aumentar a produtividade, reduzir os custos – especialmente os da mão-
de-obra – para que pudessem enfrentar a concorrência (interna e externa),
compensando, deste modo, a defasagem tecnológica do setor (BRAGA FILHO,
2000).
As peculiaridades do couro são apontadas como um dos principais
impedimentos para adoção das modernas tecnologias já disponíveis para o corte,
como o realizado a jato d’água ou a laser. Essa tecnologia, já incorporada à
produção calçadista no exterior desde a década de 1980 e mais recentemente no
Brasil, é empregada na produção de calçados sintéticos ou elaborados com outros
materiais, que apresentam características uniformes. O elevado preço restringe o
seu uso a apenas àquelas empresas que possuem alto volume de produção,
categoria em que não se enquadra a grande maioria das indústrias francanas
produtoras de calçado (REIS apud NAVARRO, 2006).
O intenso processo de desestruturação do mercado de trabalho
ocorrido nos anos 90 e, sobretudo, durante o primeiro governo FHC (1995-98) teve
como pedra de toque uma acentuada redução da capacidade de geração de
empregos formais. Em outras palavras, depois de várias décadas de extraordinário
dinamismo e de assalariamento, a economia nacional mostrou-se, pela primeira vez,
incapaz de gerar postos de trabalho, não apenas relativamente à elevação da
![Page 52: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/52.jpg)
51
produtividade e aos novos ingressantes no mercado de trabalho, mas em termos
absolutos. Os anos 90 indicam um desempenho negativo, sendo que de 1995 a
1998 a redução da geração de postos de trabalho formais ocorreu todos os anos,
mesmo quando houve algum crescimento do PIB (MATTOSO, 1999).
No entanto, conforme pontuou Navarro (2006), a principal mudança
que ocorre com a operação do corte do couro, ligada ao processo de reestruturação
industrial e que com certeza é a que tem trazido os maiores impactos sobre o
trabalho, é o repasse, que vem sendo feito pelas indústrias de calçados, de parte ou
mesmo de toda a operação de corte para terceiros. Esse processo ganha corpo a
partir de 1993, quando começam a proliferar em Franca as bancas de corte. As
bancas de corte que surgem, a partir dos anos de 1990, variam no tamanho, no
número de trabalhadores empregados e no tipo de instalação. Cresce, porém, o
trabalho realizado em domicílio, executado por um único operário que trabalha
sozinho em sua residência operando um balancim obtido, na maioria das vezes,
através de empréstimo ou como forma de pagamento por ocasião de sua demissão
da empresa.
A autora ainda comenta que a transferência das atividades do interior
das fábricas para o domicilio dos sapateiros, além de penalizar o trabalhador pela
inexistência de contratos que garantam constância de fornecimento de trabalho, pela
existência de intermediários que leva ao aviltamento dos salários, também o
penaliza ao fazê-lo arcar com os custos de instalação do maquinário em sua
residência, além de colocar em risco a estrutura dessas residências, em sua maioria
casas populares, também coloca em risco a saúde do trabalhador e de sua família.
Braga Filho (2000) esclarece que diante do que foi anteriormente
exposto, em Franca, percebemos a ocorrência de uma série de acontecimentos
entre os anos 80 e 90 que podem ser assim resumidos:
a) a produção da indústria de calçados estabilizou-se ao longo dos
anos de 1980;
b) mesmo estabilizada a produção, não ocorreram mudanças tão
acentuadas em relação ao número de funcionários formalmente
empregados na indústria calçadista;
c) a produtividade do trabalho, medida pela relação entre pares
produzidos por funcionário empregado, era baixa durante os anos
80;
![Page 53: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/53.jpg)
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d) enquanto a produção se manteve estável e a produtividade baixa, a
população da cidade de Franca cresceu de forma surpreendente;
e) nos anos de 1990, a produção da indústria calçadista começa a
sofrer forte impacto resultante do processo de abertura econômica
praticado no Brasil;
f) a sobrevalorização cambial, ocorrida a partir de 1994, provocou
queda no volume de pares produzidos destinados à exportação e,
por isso, os produtores locais voltaram-se para o mercado interno;
g) houve também a partir de 1994 um aumento significativamente
maior das importações de calçados do que nos anos anteriores;
h) submetida a uma competição acirrada – de dentro e de fora – , a
indústria de Franca reagiu por meio da redução do número de
funcionários empregados formalmente, visando a aumentar a
produtividade e reduzir os custos da mão-de-obra.
Os limites da modernização dos anos 80 são particularmente visíveis
quando observamos a situação de estagnação da produtividade industrial, mesmo
nos setores mais dinâmicos como o automotivo. Pode-se afirmar que, contrariando
as tendências mais gerais observadas nos países capitalistas avançados ou em
alguns países latino-americanos, a experiência brasileira buscou ampliar o grau,
mesmo que formal, de regulação pública sobre as relações de trabalho no sentido
de aumentar os direitos existentes, sem alterar a estrutura do sistema nacional e
suas características principais, como a flexibilidade no processo de contratação e
demissão de mão-de-obra. Essa particular forma de evolução das relações de
trabalho foi rompida nos anos 90 (DEDECCA, 1998).
É freqüente, nos bairros operários de Franca, que as colocadeiras de
tressê e de enfeites, e as pespontadeiras, a exemplo das costuradeiras manuais,
reúnam-se para trabalhar em grupos, nas calçadas e varandas das casas. Esse
trabalho tem caráter familiar. A realização do trabalho de elaborar tressê ou enfeites
conta com a participação dos filhos e do marido. Esse trabalho ocupa o dia todo,
sendo que, às vezes prolonga-se durante a noite e nos finais de semana. A
execução repetitiva desses movimentos do dorso e braços provoca dores
principalmente nos ombros, braços e punhos (NAVARRO, 2006).
Continuando, a autora diz que a organização do trabalho em moldes
teyloristas/fordistas levou a uma rígida divisão do trabalho no setor calçadista.
![Page 54: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/54.jpg)
53
Submetidos a essa forma de organização, os trabalhadores ao longo de mais de três
décadas, se especializaram em determinadas operações.
A reestruturação produtiva trouxe novas estratégias de planejamento
da produção, essas alterações foram acompanhadas de uma precarização geral da
estrutura ocupacional. Outro aspecto caracteriza essa nova forma de estruturação
da produção, as flutuações do nível de atividade passaram a não se traduzir numa
redução ou ampliação do emprego na grande empresa. Esta pode ajustar-se às
flutuações do seu nível de demanda repatriando ou expatriando parte da produção,
transferindo para terceiros os benefícios e os prejuízos circunstanciais, ou ainda,
alterando a intensidade e a extensão do uso de sua força de trabalho, graças à
maior flexibilidade de sua estrutura ocupacional e à modulação da jornada de
trabalho. Deste modo, as grandes empresas passaram a ter capacidade de manter
uma maior estabilidade do nível de atividade e do emprego, ao mesmo tempo em
que jogam os custos da ociosidade produtiva e do desemprego para as pequenas e
médias empresas (DEDECCA, 1998).
Desde o início da década de 80, o mercado de trabalho brasileiro
aponta para uma trajetória muito distinta daquela observada entre os anos 30 e 70.
Até então, a estruturação do mercado de trabalho era evidente e se dava por meio
da ampliação dos empregos assalariados, sobretudo dos registrados, e da redução
de ocupações por conta própria, sem remuneração e do desemprego. Os anos 80,
contudo, pronunciaram uma ruptura na tendência de funcionamento do mercado de
trabalho, tornando-o cada vez menos estruturado. Na década de 90, os sinais de
desestruturação do mercado de trabalho assumiram maior destaque, consolidando a
tendência de redução do assalariamento com registro e de expansão do
desemprego e de ocupações não-organizacionais (PROCHMANN, 1999).
Carleial (1997) comenta que a subcontratação pressupõe uma relação
não de mercado, uma vez que exige, pelo menos teoricamente, uma relação
contratual que se pode estabelecer formalmente ou informalmente, pela mera
entrega da planilha de pedidos ou simplesmente por solicitação verbal. Sua prática
pela subcontratação visa:
1. externalizar investimentos em ativos fixos, riscos, custos trabalhistas
ou quaisquer outros;
2. reduzir o tamanho de sua planta;
3. revitalizar-se pelo estabelecimento de novas relações;
![Page 55: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/55.jpg)
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4. constituir em novas bases a produção, uma vez que serão
partilhados problemas, busca de saídas, riscos, inseguranças
quanto ao mercado, ao mesmo tempo que também poderão ser
partilhadas conquistas como, por exemplo, a busca por
competitividade e inserção internacional etc.; enfim, se tudo isso se
verificar, subcontratar significará ficar mais ágil, mais flexível.
A subcontratação é em última instância mera divisão de trabalho entre
empresas, e, logo sua prática é antiga no capitalismo. Entretanto, a ampliação de
seu uso na reestruturação industrial em curso comporta a hipótese de que a
subcontratação decorrente do fracionamento de plantas seja uma inovação
organizacional (CARLEIAL, 1997).
O padrão tecnológico das máquinas de pesponto utilizadas pela
maioria das indústrias de calçados de Franca não tem sofrido alterações
significativas. A maior parte do trabalho é realizada nas antigas máquinas de coluna
que não dispensam a qualificação do trabalhador. Há máquinas que estão há mais
de cinco décadas em operação nas indústrias francanas e ainda funcionam
satisfatoriamente, como é o caso das máquinas de coluna. Com a subcontratação
do trabalho, cresceu também a informalidade do trabalho dos sapateiros, num
quadro de agravamento das condições de trabalho e de maior exploração da força
de trabalho empregada na produção de calçados. São poucas e falhas as
estatísticas oficiais a respeito do número total de bancas e trabalhadores
domiciliares existentes em Franca, envolvidas na produção de calçados desse
município (NAVARRO, 2006).
As mudanças que vêm sendo geradas agravaram problemas
existentes, sobretudo de competitividade, pois muitos setores não se atualizaram, e
tornou mais evidente, aos olhos dos brasileiros, que o desemprego era a grande
questão a ser enfrentada nos anos 90. Diante desse fato, o Setor Informal
novamente é pensado como uma alternativa de emprego de forma a diminuir os
efeitos do desemprego, produto do processo de reestruturação produtiva e as
condições políticas e econômicas brasileiras nesta década. Neste momento, é
oportuno retomar a questão, e se tentar determinar até que ponto o Setor Informal
pode ser pensado como uma boa alternativa de emprego, para absorver a mão-de-
obra deslocada do setor formal da economia (FUENTES, 1997 apud BRAGA FILHO,
2000).
![Page 56: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/56.jpg)
55
Independentemente de como o trabalho esteja organizado, se em
sistema de linha ou de células, as mudanças que estão sendo implementadas,
visando à redução de custos, alteram as formas de gestão da força de trabalho,
levando a uma maior intensificação do mesmo, à redução de postos de trabalho e à
possíveis alterações na forma de remuneração desse trabalho. Tudo indica que a
reestruturação por que vem passando as indústrias de calçados de Franca nos
últimos anos tem se pautado mais pelo enxugamento do quadro de pessoal e pela
terceirização de parte crescente da produção, ou seja, pela exploração do trabalho
informal, precarizado, subcontratado, do que pela renovação de seu aparato
tecnológico, pela adoção de novas tecnologias e novas formas de organização do
trabalho (NAVARRO, 2006).
1.7 PREVENÇÃO
Em questões multifacetadas como as LER/DORT, a abordagem
sistêmica é crucial. Sem ela a possibilidade de colher fracassos, inclusive a partir
dos altos investimentos, é grande como, aliás, tem sido o caso de muitas
intervenções ergonômicas efetivadas no Brasil, desde que as LER/DORT passaram
a se tornar significativas em algumas regiões. A abordagem sistêmica permite
vislumbrar as LER/DORT no seu conjunto, analisar criteriosamente os fatores
organizacionais e extra-organizacionais nele envolvidos e, então traçar as melhores
estratégias de conduta. Caso a abordagem instantânea não tenha sólida base
sistêmica, pode trazer resultados positivos em curto prazo, que se transformam em
desastres futuros. No mínimo, pode não explicar por que se faz isso e não aquilo;
consomem-se recursos com esta ação e não com aquela. Não basta que as
soluções sejam sólidas em si mesmas: é preciso saber se elas se encaixam no
contexto e nas expectativas de curto, médio e longo prazo das organizações. Tal
abordagem é, também, de grande importância na construção do conhecimento
científico, principalmente quando a ciência se volta para problemas complexos e
com facetas tão variadas, como no caso das LER/DORT. Em países como o Brasil,
abordagens dessa natureza podem parecer utópicas, visto que muitas organizações
lutam com questões operacionais e financeiras muito primitivas. Esse tipo de
![Page 57: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/57.jpg)
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raciocínio não deve ser levado a sério por organizações que já compreenderam que
a competição acontece em mercados globalizados (RIO et al., 1998).
Segundo o autor supracitado, a abordagem sistêmica traz certos riscos
que devem ser evitados. Um dos mais importantes e freqüentes, ainda mais num
contexto histórico em que a informação pode ser rapidamente vulgarizada, é a
utilização desse tipo de abordagem para, abstratamente, explicar qualquer coisa.
Por falta de dados, conclui-se que os problemas são de natureza sistêmica e, assim,
obstrui-se o caminho para análises mais detalhadas e precisas.
A prevenção das LER/DORT é um aspecto bastante importante e, em
virtude da sua causalidade, já extensamente demonstrada por Kurppa (1979),
Armstrong (1987), Chatterjee (1987) e Thouvenin et al. (1990), dentre outros, não se
tem dúvida de que é a organização do trabalho que deve ser modificada,
especialmente quanto ao grau de controle do trabalhador sobre a tarefa, ou seja,
deve-se modificar a relação trabalhador-trabalho e não se diminuir a exposição a
fatores de risco.
Porém, levando-se em conta que as condições de negociação são
socialmente dadas, deve-se identificá-las e criá-las. Observamos que há,
cotidianamente, processos de micro negociações no chão de fábrica, os quais visam
contemplar os interesses de diversas ordens, inclusive, os dos trabalhadores (SATO,
1997).
Ao lado disso, a educação em saúde é outra prática que precisa ser
estimulada junto às populações de risco, sendo também uma das propostas que os
próprios portadores de LER/DORT, nos grupos de qualidade de vida,
espontaneamente apresentam. Nessas atividades, parece-nos importante focalizar,
dentre outros aspectos, a importância de se reconhecer e respeitar o limite subjetivo.
1.7.1 Ergonomia
Existem várias abordagens possíveis para a ergonomia. Rio et al.
(1998) reporta que algumas estão mais vinculadas ao que se poderia chamar de
ciência pura, ou a campos mais ligados à epistemologia, ramo da filosofia a qual
estuda os limites da faculdade humana de conhecimento e os critérios que
![Page 58: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/58.jpg)
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condicionam a validade do conhecimento humano. Outras são extremamente
especializadas, como aquelas voltadas para o design de componentes de trabalho,
tais como cadeiras e móveis, ou para a adequação de sistemas mais complexos
como os softwares.
Nesse sentido, o autor relata que o trabalho deve ser alvo das mais
sérias, competentes e responsáveis abordagens. Tanto por questões éticas de
respeito pelos seres humanos, quanto por questões pragmáticas relacionadas à
obtenção de resultados produtivos e financeiros. O trabalho e as questões a ele
relacionadas devem ser colocados em lugar prioritário na hierarquia das reflexões e
práticas individuais, organizacionais e sociais, porque ele vem sofrendo fortes e
sucessivos impactos em decorrência da evolução histórica. Provavelmente, sofrerá
mais e maiores impactos nos próximos anos, o que poderá alterar profundamente a
própria natureza do que hoje conhecemos como trabalho. As conseqüências desse
processo são de difícil previsão.
Entende-se que um sistema eficiente seja aquele em que o trabalhador
possa preservar a saúde, que se sinta bem e, como decorrência, permanência
naquele posto por longo tempo e, aí sim, sua experiência e aprendizado revertam na
eficiência do sistema produtivo. A noção de conforto (sempre subjetiva) integraliza
as várias influências em que o corpo se encontra submetido no trabalho (ruídos +
calor + odores + postura, etc.). Conforto integraliza as esferas psíquicas e somáticas
(DINIZ, 1994).
Assim surgiu uma nova ciência denominada ergonomia que do grego
ergon significa trabalho e nomos significa lei.
Wisner (1987) conceitua Ergonomia como o conjunto dos
conhecimentos relativos ao homem e necessários à concepção de instrumentos,
máquinas, e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo conforto,
segurança e eficiência.
Carmo (2004) faz referência para definições de ergonomia e cita
autores como Lida (1997), dizendo que a ergonomia é o resultado da adaptação do
trabalho ao homem. Abrangendo não apenas as máquinas e os equipamentos, mas
também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu
trabalho. Nesse sentido, o princípio geral da ergonomia prescreve que as máquinas
e o ambiente de trabalho devem ser adaptados ao homem e que devido às grandes
diferenças individuais existentes entre as pessoas, elas podem ser adequadamente
![Page 59: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/59.jpg)
58
selecionadas, possibilitando modificações pelo treinamento. Portanto, o referido
autor, enfatiza que o objetivo prático da ergonomia visa a minimização dos riscos na
busca de segurança, satisfação e bem-estar dos trabalhadores, associando-os aos
interesses administrativos, o que resulta no aumento da eficiência operária.
Já Puerta e Vallejo (1996), consideram a ergonomia como uma ciência
interdisciplinar, inspirada nas fontes da engenharia, medicina, biologia, ecologia,
psicologia, sociologia, economia e matemática; e que as ciências do homem que
propiciam as suas bases são: a anatomia por meio da antropometria e a
biomecânica; a fisiologia através do estudo do gasto energético e das condições do
ambiente sobre os sentidos (luz, som, gases, ventilação, vibração); a psicologia que
se ocupa da conduta humana no trabalho e a engenharia que estuda o processo
produtivo (relativo à forma de produzir as máquinas a serem empregadas pelo
homem).
Assim, Grandjean (1998), assinala que a ergonomia define-se como o
estudo do comportamento do homem no trabalho e das relações entre o homem no
trabalho e seu ambiente. Como se pode perceber, esse é um conceito bastante
amplo e pode ser aplicado a praticamente toda e qualquer ciência cujo objeto de
estudo seja o ser humano em situações de trabalho.
Santos (1988 apud CARMO, 2004), cita que um dos pilares
fundamentais da ergonomia é o sistema homem-máquina, e comenta que do ponto
de vista ergonômico, uma situação de trabalho é um sistema complexo e dinâmico,
cujas entradas (as exigências de trabalho) determinam a atividade do trabalhador
(os comportamentos de trabalho) e cujas saídas resultam dessa atividade.
Na concepção de Jouvencel (1994 apud CARMO, 2004), a ergonomia
trabalha com noções de sistema homem-máquina-ambiente em equilíbrio e em
desequilíbrio. Para ele, em ergonomia a entropia deve ser considerada na medida
em que a estabilidade do sistema se veja ameaçada, aumentando na medida em
que o grau de desordem introduzido nele seja maior. A ergonomia deve se
preocupar em facilitar um estado de adequação que seja compatível com a mínima
produção de entropia.
Então, Carmo (2004), reporta ao autor supracitado e comenta que o
mesmo considera a capacidade de trabalho de cada indivíduo diferente entre si, e
variam de acordo com os seguintes fatores: físicos (características naturais, saúde,
condições fisiológicas), psicológicos (fadiga mental, aptidão vocacional, interesse
![Page 60: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/60.jpg)
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familiar e social) e ambientais (organização do trabalho, jornada laboral, período de
trabalho e período de descanso).
Dois fatores de grande importância, descritos por Rio et al. (1998a),
que contribuíram para dificultar a interpretação, o conhecimento e a adequada
utilização da ergonomia em nosso país é, a abrangência dos conceitos que têm sido
disseminados no Brasil. Assim, foi fazendo interseções com várias áreas da saúde
ocupacional e de outras áreas do conhecimento. Tal evolução tem conduzido a
dificuldades de explicar para as pessoas não especializadas nesse campo científico,
com precisão adequada, o mais elementar, o que é ergonomia. E o outro fator
refere-se ao atrelamento do desenvolvimento da ergonomia no Brasil ao ainda
inexplicado evento histórico das LER/DORT nesse país. Vários investimentos foram
feitos em ergonomia, alguns vultosos, tendo como base sua indicação para a
prevenção e o controle das chamadas LER/DORT. Entretanto, devido à provável
predominância de fatores psicossociais, políticos e econômicos, sobre fatores
ergonômicos específicos, os resultados, freqüentemente, ficaram muito aquém dos
esperados, o que atuou no sentido de desacreditá-la.
Nesse sentido, Lida (1997 apud CARMO, 2004) complementa
acrescentando o conceito da ergonomia de conscientização que é um tipo de
intervenção que, por meio de treinamento e reciclagem periódicos, enfoca meios
seguros de trabalho, reconhecimento de fatores de risco e possíveis soluções a
serem tomadas pelos próprios trabalhadores ou pelos responsáveis.
Então, é através da intervenção ergonômica no ambiente laboral que
os trabalhadores experimentarão os reais benefícios da ergonomia, quer na melhoria
da postura no trabalho, quer na facilidade diante de um trabalho de precisão, através
de uma iluminação mais racional e na utilização de mobiliários mais adequados.
Essas vantagens são denominadas como positividade da prática ergonômica e
somente dessa forma, a organização do trabalho desempenhará um papel
preponderante na determinação das características da atividade física e mental do
trabalhador, como também nas características das condições laborais da atividade
do trabalho e do meio ambiente (DEJOURS, 1992).
Além disso, Deliberato (2002) cita a necessidade do conhecimento dos
aspectos legais que regem o trabalho no Brasil, uma vez que toda e qualquer
proposta de atuação nessa área precisa estar embasada nos aspectos legais que
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60
representam argumentações para justificar a necessidade de implantação de
qualquer tipo de programa de prevenção.
Então, Carmo (2004) considera que de outra forma, fora do contexto
ergonômico, torna-se extremamente difícil manter-se a qualidade de vida, ou garantir
a reabilitação do trabalhador; pois este, no cotidiano do trabalho, além de voltar a
cumprir as tarefas geradoras das LER/DORT, enfrentará o preconceito por parte da
empresa e dos próprios colegas, pois sentirá um ambiente pouco favorável,
debilitado, assim, à tentativa de reversão do quadro clínico dos lesionados.
Enfim, há um longo caminho a ser percorrido pela ergonomia no Brasil
até que ela possa contribuir com todo potencial para reduzir a dor e o sofrimento de
colaboradores e os custos financeiros para as organizações. Mais ainda, contribuir
para a promoção da saúde, a motivação e satisfação dos empregados e para o
aumento da eficácia, produtividade e competitividade das organizações (SAWYER,
1996 apud CARMO, 2004).
![Page 62: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/62.jpg)
61
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Traçar o perfil epidemiológico dos casos de LER/DORT em
trabalhadores da indústria calçadista de Franca – SP notificados no CRST (Centro
de Referência em Saúde do Trabalhador) através do RAAT (Relatório de
Atendimento ao Acidentado do Trabalho).
2.2 ESPECÍFICOS
Descrever os casos notificados de LER/DORT identificando: sexo;
ocupação; motivo do acidente; ocorrência e tempo de afastamento (em dias); agente
causador, segmento do corpo atingido e diagnóstico baseado nos grupos de CID-10
incluídos entre as patologias relacionadas a LER/DORT;
Determinar a prevalência de LER/DORT nos trabalhadores da indústria
calçadista de Franca - SP;
Avaliar a vulnerabilidade dos trabalhadores da indústria calçadista de
Franca - SP;
Obter dados que dêem subsídios para implementação de ações de
redirecionamento dos serviços de saúde, assim como para o abrandamento das
conseqüências desse agravo para a classe de trabalhadores da indústria calçadista;
Contribuir para promoção da saúde dos trabalhadores da indústria
calçadista em nosso país.
![Page 63: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/63.jpg)
62
3 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no CRST (Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador) órgão da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de
Franca para notificação dos casos de acidentes no trabalho de qualquer natureza
(Anexo 1).
Foi desenvolvido um estudo retrospectivo de corte transversal, através
da avaliação dos RAAT encaminhados ao CRST de Franca (SP) no ano de 2006. Os
dados compilados das CATs e dos RAATs, digitados em programa de informática
denominado Sistema RAAT - Relatório de Atendimento ao Acidentado no Trabalho,
versão: 1.0.38, com data da última alteração em 18/09/2006, desenvolvido pela
Divisão de Informática da Prefeitura Municipal de Franca, utilizado para o
processamento e arquivamento dos dados contidos neste órgão de notificação.
Foram avaliados os dados referentes à relação entre doenças
ocupacionais, acidente do trabalho e LER/DORT; sexo; ocupação; tempo de
afastamento (em dias); motivo de emissão do RAAT; agente causador e diagnóstico
baseado nos grupos de CID-10. Para tanto, foram consideradas as patologias
relacionadas a LER/DORT contidas no Protocolo de investigação, diagnóstico,
tratamento e prevenção de LER/DORT do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2000). Segundo o protocolo as patologias são: Outras artroses (M.19. -);
Síndrome cervicobraquial (M.53.1); Dorsalgia (M.54. -); Cervicalgia (M.54.2); Ciática
(M.54.3); Lumbago com ciática (M.54.4); Sinovite e Tenossinovite (M.65. -); Dedo em
gatilho (M.65.3); Outras Sinovites e tenossinovites (M.65.8); Sinovite e Tenossinovite
não especificadas (M.65.9); Outras Bursites do Joelho (M.70.5); Outros transtornos
dos tecidos moles relacionados com o uso excessivo e pressão (M.70.8); Lesão do
ombro (M.75. -); Tendinite calcificante do ombro (M.75.3); Bursite do ombro (M.75.5);
Lesão não especificada do ombro (M.75.9); Outras entesopatias (M.77. -); Mialgia
(M.79. -); Mononeuropatias dos membros superiores (G.56. -); Síndrome do túnel do
carpo (G.56.0); Reumatismo não especificado (M.79.0).
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63
Essas informações foram tabuladas no programa Microsoft Office Excel
2007 e os dados foram analisados para se traçar o perfil epidemiológico, calcular as
prevalências analisados os cruzamentos dos dados.
Por se tratar de dados secundários, o órgão cedente das informações
assinou um Termo de Consentimento Esclarecido Pós-Informação (N° 008/07)
(Anexo 2) sobre os objetivos e procedimentos adotados, conforme Resolução n.
196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).
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64
4 RESULTADOS
Os resultados a seguir foram obtidos após a análise dos dados
digitados no Sistema RAAT. Eles são referentes aos 2055 casos de RAAT
notificados ao CRST de Franca - SP no ano de 2006.
A partir desses dados, foram definidos os itens a serem estudados,
sendo que, para cada um foi estratificou-se em três níveis, sendo: o primeiro, a
distribuição geral dos casos notificados; o segundo, a distribuição dos casos
notificados referentes aos trabalhadores da indústria calçadista e finalmente, a
terceira estratificação, sobre a distribuição dos casos notificados de doença
ocupacional encontradas entre os trabalhadores da indústria calçadista.
A Tabela 1 (Apêndice A) apresenta a distribuição das ocupações dos
trabalhadores anotadas nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST de
Franca – SP no ano de 2006.
Total de Ocupações
44,59%
52,93%
2,48%As nove maisnotificadas As demaisocupações Não informado
Figura 1 – Distribuição das ocupações no total de notificações
Os resultados demonstraram uma grande amplitude de ocupações
entre os trabalhadores, 134 ao todo, que deram entrada no sistema de notificação
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65
do CRST (Tabela 1). As principais ocupações anotadas nos RAAT em 2006 foram:
Outros trabalhadores de calçados (13,33%); Auxiliar de serviços (8,27%); Auxiliar de
produção (5,99%); Sapateiro, em geral (calçados sob medida) (4,67%);
Trabalhadores de serviços gerais (serviços de conservação, manutenção e limpeza)
(3,55%); Pedreiro, em geral (3,07%); Ajudante geral (3,02%); Lixeiro (2,77%) e
Motorista, em geral (2,29%). As demais ocupações representaram, individualmente,
menos de 2% do total de trabalhadores atendidos, porém representaram 52,93%
das profissões declaradas nos RAAT. Em 2,48% dos RAAT não foi informado o tipo
de ocupação exercida pelo trabalhador (Figura 1).
Os resultados a seguir foram obtidos a partir da separação dos RAAT
daqueles trabalhadores pertencentes a cadeia produtiva do calçado, aqui
denominados trabalhadores da indústria calçadista. Foram 856 casos de RAAT
notificados ao CRST de Franca - SP no ano de 2006.
A Tabela 8 (Apêndice B) apresenta a distribuição das ocupações
anotadas nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista
notificados ao CRST de Franca – SP no ano de 2006.
Ocupações referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista
57,93%
42,07%As quatro maisnotificadas
As demaisocupações
Figura 2 – Distribuição das ocupações entre os trabalhadores da indústria calçadista
Dentre as ocupações dos trabalhadores da indústria calçadista
anotadas nos RAAT (Tabela 8), apenas 4 foram responsáveis por 57,93% dos casos
notificados ao CRST de Franca em 2006: outros trabalhadores de calçados
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66
(28,50%), sapateiro, em geral (calçados sob medida) (11,21%), auxiliar de produção
(10,63%) e auxiliar de serviços (7,59%). As demais ocupações representaram
menos de 5% cada uma (Figura 2).
A Tabela 15 (Apêndice C) apresenta a distribuição das ocupações dos
trabalhadores anotadas nos RAAT referentes aos casos notificados de doença
ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST de Franca – SP no
ano de 2006.
Figura 3 – Distribuição das ocupações referente aos casos de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista
Ocupações referente aos casos de doenças ocupacionais entre trabalhadores da indústria
calçadista
28,21%
43,59%
15,38%
12,82%Outros trabalhadores decalçadosDemais Ocupações
Sapateiro em geral (calçadossob medida)Auxiliar de produção
Os resultados da Tabela 15 mostraram que: outros trabalhadores de
calçados (28,21%); Sapateiro, em geral (15,38%) e Auxiliar de Produção (12,82%)
responderam por 56,41% das ocupações anotadas nos RAAT (Figura 3).
A Tabela 2 (Apêndice A) apresenta a distribuição dos sexos dos
trabalhadores anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST de
Franca – SP no ano de 2006.
Os resultados da Tabela 2 mostraram uma grande predominância de
trabalhadores do sexo masculino (79,71%) entre os casos notificados ao CRST em
relação aos trabalhadores do sexo feminino (20,29%) (Figura 4).
A Tabela 9 (Apêndice B) apresenta a distribuição dos sexos dos
trabalhadores anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da
indústria calçadista notificados ao CRST de Franca – SP no ano de 2006.
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67
Os resultados da Tabela 9 mostraram que também houve uma grande
predominância do sexo masculino (76,99%) em relação ao feminino (23,01%) entre
os casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Figura 4).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1 2 3
masculino
Feminino
DISTRIBUIÇÃO POR SEXO
1 = Total Notificado; 2 = Indústria Calçadista; 3 = Doença ocupacional Figura 4 – Distribuição dos sexos nos três níveis de estratificação
A Tabela 16 (Apêndice C) apresenta a distribuição dos sexos dos
trabalhadores anotadas nos RAAT referentes aos casos notificados de doença
ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST de Franca – SP no
ano de 2006.
Os trabalhadores do sexo masculino (56,41%) foram os mais
freqüentes entre os casos notificados de doença ocupacional em relação aos
trabalhadores do sexo feminino (43,59%) (Figura 4).
A Tabela 3 (Apêndice A) apresenta a distribuição dos motivos de
emissão anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST de Franca –
SP no ano de 2006.
A análise dos resultados da Tabela 3 permite verificar que entre os
motivos de emissão do RAAT o acidente de trabalho (68,13%) vem em primeiro
lugar, seguido por acidente no trajeto (16,20%) e acidentes típicos (12,12%). As
doenças ocupacionais representaram apenas 3,26% dos motivos de emissão do
RAAT. Em 0,29% dos RAAT não havia informações sobre o motivo (Figura 5).
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68
A Tabela 10 (Apêndice B) apresenta a distribuição dos motivos de
emissão anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria
calçadista notificados ao CRST de Franca – SP no ano de 2006.
Figura 5 – Distribuição dos motivos de emissão referente ao total de casos notificados e apenas entre os trabalhadores da Indústria Calçadista
DISTRIBUIÇÃO POR MOTIVO
1 = Total Notificado; 2 = Indústria Calçadista
Acidente do TrabalhoTrajeto Típico Doença OcupacionalNão Informado
21
100%
0%
80%90%
70%60%50%40%30%20%10%
Os resultados da Tabela 10 mostraram que o principal motivo de
emissão do RAAT nos casos de trabalhadores da indústria calçadista foi o acidente
de trabalho (64,72%). Os acidentes durante o trajeto (20,33%) e os acidentes típicos
(10,16%) corresponderam juntos, a 30,49% das notificações em 2006. As doenças
ocupacionais, nesta classe de trabalhadores, representaram 4,56% dos motivos de
emissão do RAAT. Em 0,23% dos RAAT não havia informações sobre o motivo
(Figura 5).
A Tabela 4 (Apêndice A) apresenta a distribuição dos agentes
causadores anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST de
Franca – SP no ano de 2006.
Na observação da Tabela 4 é possível perceber uma grande
predominância dos agentes mecânicos (85,79%) como causadores de eventos que
motivaram a emissão de RAAT e a notificação ao CRST. Os fatores ergonômicos
respondem por 6,57% dos casos, agentes físicos por 3,99% e agentes químicos por
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69
3,11%. Os agentes biológicos (0,39%) e os fatores psicossociais (0,10%)
representaram menos de 1% das notificações. Em apenas um RAAT (0,05%) não
havia informação sobre a causa da notificação (Figura 6).
A Tabela 11 apresenta a distribuição dos agentes causadores anotados
nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados
ao CRST de Franca – SP no ano de 2006.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
1 2 3
Não InformadoPsicossociais
Biológico
Químico
Físico
ErgonômicoMecânico
1 = Total Notificado; 2 = Indústria Calçadista; 3 = Doença ocupacional
DISTRIBUIÇÃO POR AGENTE CAUSADOR
Figura 6 – Distribuição dos agentes causadores nos três níveis de estratificação
Na análise da Tabela 11 foi possível perceber quer os agentes
mecânicos (84,93%) foram os principais agentes causadores anotados nos RAAT
dos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST. Os fatores
ergonômicos (8,06%), agentes físicos (3,86%), agentes químicos (3,04%) e fatores
psicossociais (0,12%) responderam juntos, por 15,03% dos casos notificados (Figura
6).
A Tabela 17 (Apêndice C) apresenta a distribuição dos agentes
causadores anotados nos RAAT referentes aos casos notificados de doença
ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST de Franca – SP no
ano de 2006.
Os resultados da Tabela 17 mostraram que os fatores ergonômicos
(84,62%) e os agentes mecânicos (10,26%) corresponderam a 94,88% das causas
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70
de notificação de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista de
Franca em 2006 (Figura 6).
A Tabela 5 (Apêndice A) apresenta a distribuição do tempo de
afastamento (em dias) anotado nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST
de Franca – SP no ano de 2006.
Do total de casos notificados ao CRST de Franca em 2006, apenas
13,97% não geraram afastamento (0 dias) dos trabalhadores envolvidos (Tabela 5).
O tempo médio de afastamento foi de 30,7 dias. A maioria dos afastamentos foi de
15 dias ou menos (84,18%), porém em 68,81% dos casos os trabalhadores
permaneceram afastados de suas atividades laborais por 7 dias ou menos. Apenas
1,27% dos afastamentos foram superiores a 15 dias. Em 0,58% dos RAAT não havia
informações a respeito do tempo de afastamento dos trabalhadores (Figura 7)
A Tabela 12 (Apêndice B) apresenta a distribuição dos agentes
causadores anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria
calçadista notificados ao CRST de Franca – SP no ano de 2006.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
1 2 3
Acima de 15De 1 a 150 dias
1 = Total Notificado; 2 = Indústria Calçadista; 3 = Doença ocupacional
DISTRIBUIÇÃO POR TEMPO DE AFASTAMENTO
Figura 7 – Distribuição do tempo de afastamento (em dias) nos três níveis de estratificação
O tempo médio de afastamento entre os casos de trabalhadores da
indústria calçadista notificados ao CRST foi de 5,28 dias (Tabela 12). Em 69,39%
dos casos o tempo de afastamento foi igual ou menor que 7 dias. Em 10,75% dos
casos não houve necessidade de afastamento (0 dias). Os afastamentos superiores
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71
a 7 dias corresponderam a menos de 20% dos casos e em apenas 0,93% dos RAAT
não havia informação referente ao tempo de afastamento do trabalhador (Figura 7).
A Tabela 18 (Apêndice C) apresenta a distribuição do tempo de
afastamento (em dias) anotados nos RAAT, referentes aos casos notificados de
doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST de Franca
– SP no ano de 2006.
O tempo médio de afastamento nos casos notificados de doença
ocupacional em 2006 (Tabela 18) foi de 13,69 dias. Os resultados mostraram que
em 25,64% o trabalhador não foi afastado das suas funções. Porém, foi possível
perceber que 69,24% dos afastamentos foram iguais ou inferiores a 15 dias (Figura
7).
A Tabela 6 (Apêndice A) apresenta a distribuição dos diagnósticos
baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos
notificados CRST de Franca – SP no ano de 2006.
Os resultados dos diagnósticos da Tabela 6 baseados nos grupos de
CID-10, anotados nos RAAT, mostraram que 50,17% das ocorrências notificadas em
2006 estão relacionadas aos 10 diagnósticos a seguir: S.61.0 Ferimento de dedo(s)
sem lesão da unha, 10,02%; S.60.0 Contusão de dedo(s) sem lesão da unha,
9,39%; S.61 Ferimento do punho e da mão, 9,25%; M.54.5 Dor lombar baixa, 6,08%;
S.51.9 Ferimento do antebraço, parte não especificado, 3,80%; S.91 Ferimentos do
tornozelo e do pé, 2,92%; S.61.9 Ferimento do punho e da mão, parte não
especificada, 2,53%; S.80.0 Contusão do joelho, 2,14%; S.40 Traumatismo
superficial do ombro e do braço, 2,04%; M.65.9 Sinovite e tenossinovite não
especificadas, 2,00%. Os demais diagnósticos anotados nos RAAT, corresponderam
a 209 patologias e representaram menos de 2,00% cada um (Figura 8).
A Tabela 7 (Apêndice A) apresenta a distribuição dos diagnósticos
baseados nos grupos de CID-10 relacionados a LER/DORT anotados nos RAAT
referentes aos casos notificados CRST de Franca – SP no ano de 2006.
Os casos de diagnósticos, baseados nos grupos de CID-10, anotados
nos RAAT na Tabela 7 mostraram que, dentre as notificações ocorridas em 2006,
haviam 78 casos relacionados a LER/DORT. Foram 10 tipos de patologias
diagnosticadas, sendo que os quatro primeiros diagnósticos representaram 91,03%
das notificações. São eles: M.65.9 Sinovite e Tenossinovite não especificadas,
52,56%; M.75.9 Lesão não especificada do ombro, 24,36%; M.54. Dorsalgia, 5,13%
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72
e M.54.2 Cervicalgia, 5,13%. Os demais diagnósticos representaram menos de
4,00% cada um (Figura 8).
A Tabela 13 (Apêndice B) apresenta a distribuição dos diagnósticos
baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos de
trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST de Franca – SP no ano de
2006.
Os resultados dos diagnósticos da Tabela 13 baseados nos grupos de
CID-10 mostraram que das 137 patologias anotadas nos RAAT dos trabalhadores da
indústria calçadista, 9 delas representaram 52,23% dos diagnósticos das
ocorrências notificadas em 2006. São elas: S60.0 Contusão de dedo(s) sem lesão
da unha (12,97%); S61.0 Ferimento de dedo(s) sem lesão da unha (12,27%); S61
Ferimento do punho e da mão (10,63%); M54.5 Dor lombar baixa (4,44%); S51.9
Ferimento do antebraço, parte não especificado (3,62%); M65.9 Sinovite e
tenossinovite não especificadas (3,04%); S61.9 Ferimento do punho e da mão, parte
não especificada (3,04%); S91 Ferimentos do tornozelo e do pé (2,92%); S40
Traumatismo superficial do ombro e do braço (2,24%) (Figura 8).
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
1 2 3
LER/DORT
Outras
1 = Total Notificado; 2 = Indústria Calçadista; 3 = Doença ocupacional
DISTRIBUIÇÃO POR DIAGNÓSTICO / LER/DORT
Figura 8 – Distribuição dos diagnósticos nos três níveis de estratificação
A Tabela 14 (Apêndice B) apresenta a distribuição dos diagnósticos
baseados nos grupos de CID-10 relacionados a LER/DORT anotados nos RAAT
referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST
de Franca – SP no ano de 2006.
![Page 74: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/74.jpg)
73
Os resultados da Tabela 14 mostraram a ocorrência de 7 patologias
relacionadas a LER/DORT anotadas nos RAAT dos trabalhadores da indústria
calçadista, 2 delas, M65.9 Sinovite e tenossinovite não especificadas (56,52%) e
M75.9 Lesão não especificada do ombro (28,26%), representaram 84,78% dos
diagnósticos no ano de 2006 (Figura 8).
A Tabela 19 (Apêndice C) apresenta a distribuição dos diagnósticos
baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos
notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao
CRST de Franca – SP no ano de 2006.
Os casos de diagnósticos, baseados nos grupos de CID-10, anotados
nos RAAT da Tabela 19 mostraram que 51,28% dos casos notificados de doença
ocupacional foram de Sinovite e Tenossinovite não especificadas (M.65.9) (Figura
8).
A Tabela 20 (Apêndice C) apresenta a distribuição dos diagnósticos
baseados nos grupos de CID-10 relacionados a LER/DORT anotados nos RAAT
referentes aos casos notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da
indústria calçadista ao CRST de Franca – SP no ano de 2006.
Os resultados da Tabela 20 mostraram que 76,92% dos casos
notificados de doença ocupacional, relacionados a LER/DORT, entre trabalhadores
da indústria calçadista foram de Sinovite e Tenossinovite não especificadas (M.65.9)
(Figura 8).
![Page 75: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/75.jpg)
74
5 DISCUSSÃO
O estudo teve como alicerce central, buscar uma visão epidemiológica
sobre a prevalência da LER/DORT e que, relacionado com trabalhos de outros
autores desse controverso tema, pudesse nos oferecer os caminhos para o
entendimento da polêmica que gira em torno do assunto, quando tratamos dessa
síndrome entre os trabalhadores da Indústria Calçadista.
Wünsch Filho (1997) ressalta que o NIOSH (National Institute for
Occupational Safety and Health) classifica as LER/DORT entre os dez mais
significativos problemas de saúde ocupacional nos Estados Unidos, estimando que
correspondam a cerca de metade das doenças ocupacionais notificadas. Em
algumas empresas, estimou-se que a prevalência de LER/DORT atinge
aproximadamente 25% da população trabalhadora.
Segundo Oliveira et al. (1998), entre 1.691.000 trabalhadores
japoneses expostos, 10%, em média, tinham os sintomas da doença. A maior
prevalência (20,9%) era entre trabalhadores de linha de montagem, mas a terceira
categoria atingida, com 9,4% de prevalência, era a dos trabalhadores de escritórios.
Sendo assim, para que se pudesse ter um parâmetro inicial de
comparação, utilizou-se todas as notificações recebidas no CRST de Franca – SP
no ano de 2006, excetuando apenas dois casos que por questão de total falta de
critérios na notificação, tiveram que ser excluídos do grupo de 2057 casos
notificados. Na análise dos resultados foi possível observar que quando considera-
se as ocupações no total de casos notificados (Tabela 1), as maiores freqüências
foram: Outros trabalhadores de calçados (13,33%); Auxiliar de serviços (8,27%);
Auxiliar de produção (5,99%); sapateiro em geral (calçados sobre medida) (4,67%),
que são todas ocupações integradas na cadeia produtiva do calçado, e se
comparados aos resultados das ocupações anotadas apenas nos casos notificados
de trabalhadores da indústria calçadista (Tabela 8): Outros trabalhadores de
calçados (28,55%); Sapateiro, em geral (calçados sob medida) (11,21%); Auxiliar de
produção (10,63%); Auxiliar de serviços (7,59%); Acabador de calçados (4,67%);
ocorre uma semelhança de forma que, em ambos os casos, tais ocupações se
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75
mantém entre as mais freqüentes de notificação daquela cidade. Percebe-se
também que o mesmo aconteceu na Tabela 15 onde foram anotadas as ocupações
mais freqüentes apenas nos casos de doenças ocupacionais entre os trabalhadores
da indústria calçadista.
Segundo Carvalho (2002), na estratificação dos trabalhadores com
LER/DORT por função, as maiores freqüências encontradas foram: preparadeira
(18,01%); serviços gerais (17,11%); costureira (14,41%) e passador de cola
(13,51%).
Nos dados obtidos por Settimi e Silvestre (1995), constatou-se que na
distribuição por função, montador com 30,2% e operador de máquinas com 1,5%
formaram os dois extremos estatísticos.
Tanaka et al. (1995) reporta que os ramos de atividades com maiores
prevalências foram: produtos de alimentação, serviços de reparos de automóveis,
transportes e construção civil. As ocupações que registraram maior número de
indivíduos com queixas de LER/DORT foram: trabalhadores dos correios,
profissionais de saúde e de montagem de equipamentos em geral.
Em outro estudo realizado nos CEREST da Prefeitura de São Paulo,
destacaram-se como as funções mais envolvidas na produção de LER/DORT:
auxiliar de produção industrial e digitador com 24,5% e 17,6% respectivamente,
constatando que no extremo inferior dos cálculos se encontrava o operador de
máquinas industriais.
De acordo com o United States Bureau of Labour Statistics, entre 1981
e 1994, houve nos EUA um consistente aumento no número de casos de doenças
ocupacionais incluindo os casos de LER/DORT. Em 1981 houve registro de 22.600
casos que representaram 18% das doenças ocupacionais daquele país, ao passo
que em 1994 foram 332.000, representando 65% de todas as doenças ocupacionais,
portanto, um aumento de 14 vezes.
Segundo Oliveira (1998), as afecções músculo-esqueléticas
relacionadas ao trabalho atingem na sua imensa maioria das vezes as mulheres,
apesar de não serem exclusivas dessas. Isto é creditado à menor qualificação deste
grupo de trabalhadores, às necessidades das mesmas de executarem tarefas
domésticas em uma segunda jornada de trabalho, a uma pressão maior dos chefes
e supervisores, aos baixos salários com uma conseqüente maior insatisfação no
![Page 77: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/77.jpg)
76
trabalho, além de possuírem constituição muscular mais frágil, ou seja, menos
resistentes à sobrecarga de trabalho.
Carvalho (2002) cita que na linha de produção de uma indústria de
calçados de Franca, quanto ao gênero, revelou grande predominância do sexo
feminino com 76% da amostra avaliada.
De acordo com dados coletados do NUSAT-MG (1995), na análise das
prevalências de LER/DORT por sexo, observou-se que a grande maioria dos casos
notificados é de trabalhadores do sexo feminino (94,9%). Dos trabalhadores com
LER/DORT, a prevalência é de 44,0% no sexo feminino e de 7,4% no sexo
masculino.
Em contrapartida, apesar de Carvalho (2002) apontar uma
predominância de mulheres na linha de produção, observou-se que o sexo
masculino foi mais predominante (79,71%) em relação ao feminino (20,29%) no total
de casos notificados (Tabela 2). Resultado semelhante foi encontrado nos casos
notificados apenas de trabalhadores da indústria calçadista (Tabela 9), do sexo
masculino (76,99%) contra (23,01%) do sexo feminino. Porém, nos casos notificados
de doenças ocupacionais entre os trabalhadores da indústria calçadista (Tabela 16),
houve uma aproximação entre os sexos masculino (56,41%) e feminino (43,59%),
fato que, apesar de ser diferente dos achados de Carvalho (2002), mostrou que há
uma maior tendência de trabalhadores do sexo feminino sofrerem com a LER/DORT
conforme citou Oliveira (1998).
Neste estudo, quando da relação dos agentes causadores entre o total
de casos notificados (Tabela 4), dos agentes referentes aos casos apenas de
trabalhadores da indústria calçadista (Tabela 11), tal relação se manteve
aparentemente semelhante, sendo encontrados os dois agentes de maior freqüência
como sendo agente mecânico (85,79% e 84,93% respectivamente) e fatores
ergonômicos (6,57% e 8,06% respectivamente). Porém, verificou-se, que nos casos
notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista
(Tabela 17) houve um aumento relativo na freqüência dos fatores ergonômicos
(84,62%) e nos fatores psicossociais (de 0,10% e 0,12% respectivamente para
2,56%). Portanto, foi possível perceber que fatores ergonômicos e psicossociais
tiveram maior participação como agentes causais nos casos notificados de doença
ocupacional, fato esse, corroborado por autores como Verthein (2000) e Rio et al.
(1998). Os autores citados destacam a importância desses dois agentes na gênese
![Page 78: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/78.jpg)
77
das LER/DORT e comentam que eles fazem parte do perfil multicausal desta
síndrome.
Entre os notificados no CRST (Franca-SP, 2006), considerados aqui
como total de casos notificados, a distribuição por motivo de emissão de RAAT
(Tabela 3) ocorreu na seguinte ordem: Acidente do Trabalho (68,13%); Trajeto
(16,20%); Típico (12,12%); Doenças Ocupacionais (3,26%), e manteve-se na
mesma ordem na Tabela 10, onde a distribuição dos motivos de emissão de RAAT
foi referente aos casos de trabalhadores da indústria calçadista.
No Brasil, o número de casos de LER/DORT vem aumentando de
sobremaneira, especialmente em escritórios e em bancos. Segundo o relatório do
NUSAT (1995), dos 1643 casos de avaliação de doença ocupacional feitos por
aquela instituição em Belo Horizonte, nada menos de 1160 (70,60%) eram casos de
LER/DORT. Ainda segundo os dados do NUSAT/MG, há uma grande predominância
de lesões por esforços repetitivos entre trabalhadores de atividades de escritório, e
de bancos. No total, as atividades desenvolvidas em escritório e bancos contribuem
com aproximadamente 60% dos casos de LER/DORT, e as indústrias, 30%
(CARNEIRO; COUTO, 1997).
Sendo assim, se forem considerados os dados encontrados neste
trabalho, em comparação aos dados do NUSAT/MG, pode-se observar que, se
houve uma alta incidência de LER/DORT entre os trabalhadores portadores de
doença ocupacional referidas por Couto (1997), e a incidência das doenças
ocupacionais entre os trabalhadores calçadistas foi notoriamente confirmada baixa
(4,56%), podemos supor também que a incidência de LER/DORT no presente
estudo não foi tão significativa como o encontrado por outros autores.
Talvez essas diferenças ocorram decorrentes de fatores sociais,
organizacionais, psicossociais e políticos, gerando receios por parte dos
trabalhadores no que diz respeito ao não reconhecimento da doença pela
sociedade, pela empresa, pelo médico assistente e do trabalho e até pela família, o
medo de assumir a doença esperando reações negativas, a pressão contra o
absenteísmo, a demissão e outros. Hadler (1997) comenta sobre a questão da
escolha, por parte do empregado, do caminho ligado à causalidade de um distúrbio
músculo-esquelético e segundo ele, a pessoa procura lidar pessoalmente com o
problema, sem recorrer a nenhum tipo de assistência médica; ou escolhe ser
paciente e procura atenção médica, sem entrar no universo das questões
![Page 79: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/79.jpg)
78
relacionadas ao trabalho; ou ainda procura assistência no contexto de sistemas de
compensação de doenças relacionadas ao trabalho, colocando as diversas questões
do trabalho como foco central dos problemas. Escolher é um processo que é
facilmente perturbado por noções pré-concebidas e por exigências da vida.
Quando analisados os dados relativos em ambas tabelas: Tabela 3
(3,26%) e Tabela 10 (4,56%), observamos que houve um pequeno aumento relativo
de doenças ocupacionais entre os trabalhadores da indústria calçadista, mas que
demonstra que houve um aumento de sua incidência entre essa classe trabalhadora
em relação à população trabalhadora em geral.
De acordo com Antunes (1999), a expansão dos casos de LER/DORT
vem acarretando, pelos números ascendentes de benefícios pleiteados ou
concedidos, forte impacto no sistema de previdência pública e, por conseguinte, na
distribuição do ônus para o conjunto da sociedade.
As conseqüências lesivas deste grupo de agravos interferem
drasticamente na vida do trabalhador e é um dos principais fatores responsáveis
pelo absenteísmo gerando grandes transtornos tanto para a empresa e a
previdência, quanto para o trabalhador acometido.
Analisando-se a distribuição do tempo de afastamento em dias do total
de casos notificados (Tabela 5), trabalhadores da indústria calçadista (Tabela 12) e
casos notificados de doença ocupacional entre os trabalhadores da indústria
calçadista (Tabela 18), pode-se notar que 25,64% das notificações de doença
ocupacional, não geraram afastamento (0 dia); obteve-se também o resultado de
71,96% com sete dias ou menos de afastamento entre os trabalhadores da indústria
calçadista geral e neste mesmo grupo encontramos a maior incidência de
afastamentos entre um e 15 dias (87,03%), portanto, considerando-se que
afastamentos até 15 dias são de responsabilidade do empregador, apenas uma
pequena parcela recai sobre Previdência Social.
Supõe-se que, segundo este trabalho, as indústrias calçadistas da
cidade de Franca-SP, devem ser as maiores interessadas em reduzir a incidência
tanto de doenças do trabalho de qualquer natureza como de doenças ocupacionais.
Em relação a trabalhadores que utilizam e sobrecarregam os membros
superiores expostos aos riscos de contraírem LER/DORT, como os do setor
calçadista, em pesquisa da literatura encontramos trabalhos que abordaram outros
ramos, mas que possuem semelhanças no que diz respeito aos fatores de riscos,
![Page 80: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/80.jpg)
79
conforme citado por Hocking (1987) entre 1981 e 1985, que encontrou taxas de
prevalência de lesões dos membros superiores que variavam de 3,3% a 34% entre
telegrafistas, datilógrafos, telefonistas e outros trabalhadores administrativos, sendo
que 76% dos casos identificados resultaram em afastamentos do trabalho. Outros
estudos apontados por Santos Filho e Barreto (1998), com a utilização de exame
clínico para confirmação diagnóstica, constataram prevalência de 19,5% de doenças
músculoesqueléticas dos membros superiores entre telefonistas.
No Brasil, os dados disponíveis são aqueles da Previdência Social, que
se referem apenas aos trabalhadores do mercado formal regido pela CLT e com
contrato trabalhista, o que totaliza menos de 50% da população trabalhadora e o
sistema nacional de informação do Sistema Único de Saúde não inclui os acidentes
de trabalho em geral e nem LER/DORT, em particular, o que não permite se ter
dados epidemiológicos que cubram a totalidade dos trabalhadores,
independentemente de seu vínculo empregatício.
De acordo com Szabo (1995), o diagnóstico das LER/DORT é,
essencialmente clínico e baseia-se na história clínico-ocupacional completa, no
exame físico detalhado, na análise das condições de trabalho responsáveis pelo
aparecimento da lesão, em dados epidemiológicos e muito raramente em exames
complementares. A teoria da multicausalidade da LER/DORT serve para consolidar
a medicina científica contemporânea, sendo de indiscutível eficácia social e
individual para estabelecer as bases no seu reconhecimento como doença do
trabalho, mas é insuficiente para explicar a patologia como um todo. É nesse
momento que o examinador deve estar atento, procurando exaustivamente entender
o universo do trabalho do examinado.
Para a análise da freqüência das patologias que mais acometem a
população trabalhadora, especialmente as relacionadas à LER/DORT baseou-se
nos grupos da CID-10, conforme determina o Protocolo de Investigação,
Diagnóstico, Tratamento e Prevenção de LER/DORT do Ministério da Saúde. Foram
montadas tabelas comparativas entre a distribuição dos diagnósticos baseados nos
grupos de CID-10 anotados nos RAAT referente aos casos notificados ao CRST e
distribuição nos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 relacionados a
LER/DORT (Tabelas 6 e 7 respectivamente); distribuição dos diagnósticos baseados
nos grupos de CID-10 referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista
e distribuição de casos nos grupos de CID-10 relacionados a LER/DORT entre
![Page 81: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/81.jpg)
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trabalhadores dessa categoria (Tabelas 13 e 14 respectivamente); e finalmente
tabelas de distribuição de diagnósticos notificados entre trabalhadores portadores de
doenças ocupacionais entre os trabalhadores calçadistas e os baseados nos grupos
de CID-10 relacionados à LER/DORT (Tabelas 19 e 20 respectivamente).
Com isso pode-se notar que, tanto na população trabalhadora em geral
como entre os trabalhadores da indústria calçadista (Tabelas 6 e 13), as mais
freqüentes notificações foram decorrentes de acidente de trabalho de qualquer
natureza, permanecendo em segundo plano os grupos relacionados a doenças
ocupacionais e LER/DORT, porém as somatórias de todas as notificações de
doenças ocupacionais representam 52,9% para a Tabela 13, o que demonstra a
maioria absoluta de casos relacionados a doenças ocupacionais entre os
trabalhadores da indústria calçadista.
No Brasil, no início da década de 1980 foi identificado em bancários
digitadores de uma agência estatal os sintomas osteomusculares com as
características de doença do trabalho (ROCHA apud RIBEIRO, 1997). Logo estes
diagnósticos passaram a ser mais freqüentes, culminando com o reconhecimento da
LER/DORT como doença do trabalho. Tais problemas foram os mais notificados,
juntamente à surdez, na década de 1990 (NUSAT apud RIBEIRO, 1997).
Segundo a Previdência Social, essas patologias são responsáveis pela
maioria das doenças ocupacionais, tendo uma participação de mais de 70% dos
casos reconhecidos.
Ao observarmos a Tabela 19 referente aos casos notificados de
doença ocupacional, pode-se verificar que os casos notificados são dominados na
maioria absoluta pelos diagnósticos relacionados à LER/DORT.
Outro fator relevante a ser mencionado é que quando da estratificação
da pesquisa, observou-se nas Tabelas 7, 14 e 20 onde retrata a freqüência da
LER/DORT nos três níveis: total de casos notificados, trabalhadores da indústria
calçadista e doença ocupacional entre os trabalhadores da indústria calçadista,
respectivamente, encontrou-se um aumento relativo chegando ao seu pico maior na
Tabela 20. Então, demonstrou-se possivelmente que a linha de produção calçadista
traz maiores exposições a riscos que levam a ocorrência da LER/DORT.
Ainda nessa mesma análise é válido citar que as maiores freqüências
de diagnósticos relacionados a LER/DORT encontradas entre os trabalhadores
calçadistas que notificaram doença ocupacional (Tabela 20), são: M659 (Sinovite e
![Page 82: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/82.jpg)
81
Tenosinovite não especificada) (76,92%); M77 (Outras entesopatias) (7,69%); M658
(Outras sinovites e tenossinovites) (3,85%); M759 (Lesão não especificada do
ombro) (3,85%); G560 (Síndrome do túnel do carpo) (3,85%); M790 (Reumatismo
não especificado) (3,85%) lembrando que M79 é o grupo que contém as
fibromialgias e as neurodistrofias simpático-reflexas de origem psicossocial no caso
das LER/DORT. Percebe-se que as tendinites não especificadas foram as mais
freqüentes, a Síndrome do Túnel do Carpo não teve tanta expressividade (quinta
posição na Tabela 20) e o diagnóstico M790, relacionados aos transtornos
psicossociais, foram os menos freqüentes em todos os níveis de estratificação
(Tabelas 7, 14 e 20), apesar de inúmeros trabalhos recentes abordarem tal tema.
Numerosos estudos durante os últimos cem anos mostram que as
tendinites são as maiores causas de sofrimento do trabalhador cuja atividade é
manual, bem como de indenização trabalhista. Dados epidemiológicos mostram que
o risco de tendinites de mãos e punhos em pessoas as quais executam tarefas
altamente repetitivas e forçadas é 29 vezes maior do que em pessoas as quais
executam tarefas lentas e pouco repetitivas e forçadas. No Japão, 1.691.000
trabalhadores japoneses expostos, 10%, em média, tinham os sintomas da doença.
A maior prevalência (20,9%) era entre trabalhadores de linha de montagem, mas a
terceira categoria atingida, com 9,4% de prevalência, era a dos trabalhadores de
escritórios (ARMSTRONG et al., 1984; OLIVEIRA et al., 1998).
Com relação à Síndrome do túnel do carpo, Tanaka et al. (1995), em
um estudo de prevalência realizado nos Estados Unidos, com 44.233 entrevistas a
partir de amostra de base domiciliar, encontrou a auto-referência à síndrome do
túnel do carpo por parte de 2,65 milhões (1,55% entre 170 milhões de adultos).
Entre os 127 milhões que trabalharam nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa,
0,53% (0,68 milhões) referiram que a síndrome foi caracterizada por profissional de
saúde (TANAKA et al., 1995).
Outro estudo nos EUA estimou em cerca de 400.000 a 500.000 as
cirurgias de túnel do carpo realizadas anualmente (PALMER; HANRAHAN, 1995;
WÜNSCH FILHO, 1997).
Teshima e Fonseca (1994) sugeriram uma relação indireta com a
Síndrome do túnel do carpo, pois, consideraram as regiões mais afetadas mão e
punho com 98,8% e ombro e cotovelo com 31,0%, perfazendo total de 129,8%. Isso
foi devido a algumas lesões ocorrerem em mais de um local ao mesmo tempo.
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82
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo é o resultado de alguns anos de prática nas áreas de
ortopedia, medicina do trabalho e perícia médico-previdenciária.
Na condição de entusiasta sobre o assunto e residindo na cidade de
Franca-SP, foi possível estabelecer contato íntimo com a saúde ocupacional das
indústrias de calçados, acompanhando o desenvolvimento da relação entre
trabalhador e trabalho, empresários e empregados, empresa e previdência.
A pesquisa foi realizada com atenção principal no perfil epidemiológico
da LER/DORT entre os trabalhadores da indústria de calçados de Franca-SP.
Procurou-se determinar as freqüências relativas à: ocupação, sexo, tempo de
afastamento, agentes causadores e diagnóstico baseado nos grupos da CID-10.
Para com isso, extrair dados sobre a vulnerabilidade do trabalhador calçadista e
obter subsídios para que pudéssemos sugerir ações tanto para os serviços de saúde
como para os centros de notificação, contribuindo assim para a promoção de saúde
desses trabalhadores.
Na análise dos dados, extraídas de todas as notificações recebidas
pelo CRST de Franca-SP em 2006, houve uma amplitude de 134 ocupações, sendo
que as maiores freqüências foram as relacionadas àquelas que fazem parte da linha
de produção calçadista, independentemente da estratificação utilizada para a
análise, o que demonstra que nesta cidade há uma prevalência importante de casos
relacionados a LER/DORT. Possivelmente, isso se deve ao tipo de calçado
produzido nas indústrias francanas, com sua forma de produção manual e quase
artesanal, a estrutura organizacional das empresas, e as mais variadas formas de
relação trabalhista.
De acordo com as informações coletadas referentes ao sexo dos
trabalhadores, em um primeiro momento acreditou-se que, contrariando a literatura,
o sexo masculino fosse encontrado com uma freqüência bem maior que o sexo
feminino. No entanto, percebeu-se que nos casos de doenças ocupacionais
relacionadas a LER/DORT em trabalhadores da indústria calçadista, a prevalência
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83
nos dois gêneros é muito próxima. Talvez isso possa ser creditado às peculiaridades
físicas e sociais das mulheres, que por terem conformação física menos privilegiada
e por cumprirem, muitas das vezes, uma segunda jornada de trabalho em casa, as
tornem mais vulneráveis à ocorrência de injúrias que as levem a LER/DORT.
Quanto aos agentes causadores pode-se constatar que, conforme o
encontrado pela maioria dos autores, os agentes mecânicos e ergonômicos são os
que mais contribuem com a prevalência da LER/DORT. Esse fato se repetiu nos
trabalhadores da indústria calçadista de Franca e também contribuiu para isso, em
menor escala, os fatores psicossociais.
A literatura mostra que fatores políticos, organizacionais, sociais e
psicossociais influenciam na decisão dos trabalhadores em revelar seu sofrimento
em relação à doença, pela falta de credibilidade da própria sociedade nos seus mais
variados setores, inclusive no âmbito familiar, em decorrência da difícil comprovação
do diagnóstico e sua causalidade. Talvez isso explique a dificuldade que se
encontrou para definir o motivo pelo qual ocorreu a notificação dos casos nesta
pesquisa, mas, pode-se afirmar que, a ocorrência de acidente do trabalho é
evidentemente maior do que a notificação de doenças ocupacionais, entretanto,
também pode-se perceber que entre os trabalhadores da indústria de calçados,
portadores de doenças ocupacionais, a maior freqüência é de casos relacionados a
LER/DORT.
Em relação ao tempo de afastamento, em uma considerável parcela
dos casos notificados o trabalhador foi afastado de suas funções por 15 dias ou
menos. Em menor escala não ocorreram afastamentos e apenas uma pequena
parcela teve afastamento prolongado acima dos 15 dias.
Essa grande incidência de afastamentos entre um e 15 dias, pode se
dever ao fato de que a LER/DORT, em suas primeiras fases (0 a 2), quando
submetida a tratamento clínico-medicamentoso e afastamento por até 15 dias,
ocorre uma melhora satisfatória durante um período igual ou maior a sessenta dias,
prazo esse que a legislação trabalhista confere direito à novo afastamento de
responsabilidade da empresa. E esse fenômeno se repete com um mesmo
trabalhador inúmeras vezes até que sua doença progrida para fases mais graves e
crônicas, quando somente neste momento o trabalhador é afastado por períodos
maiores.
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84
Considerando-se que o abono por falta justificada até 15º dia é de
responsabilidade do empregador, os resultados apontam para uma maior
necessidade das indústrias calçadistas de Franca em desenvolver estratégias para
reduzir a incidência tanto de doenças do trabalho de qualquer natureza como de
doenças ocupacionais, em especial a LER/DORT.
Nos diagnósticos que geraram notificações pode-se notar que houve
uma maioria absoluta de casos relatados de doenças ocupacionais e LER/DORT, se
somados os percentuais de todos os diagnósticos relacionados a estes casos.
Pode-se também deixar anotado que na análise das estratificações da
pesquisa sobre esse item (diagnóstico) ocorreu um aumento relativo, o que também
evidencia que na indústria calçadista há uma maior ocorrência de LER/DORT do que
nos trabalhadores em geral.
A maior prevalência dentre os diagnósticos relacionados a LER/DORT
realizados entre os trabalhadores da indústria do calçado é do grupo das sinovites e
tenosinovites e a menor prevalência é do grupo das doenças relacionadas aos
transtornos psicossociais, o que confirma os relatos da literatura pesquisada.
Portanto, tendo em vista a maior vulnerabilidade apontada neste grupo
populacional, medidas voltadas a promoção da saúde desses trabalhadores
poderiam reduzir sobremaneira o sofrimento e os prejuízos causados pela
LER/DORT.
Para que haja uma efetiva contribuição desse estudo para a promoção
da saúde dos trabalhadores da indústria calçadista de Franca-SP, passamos a
pontuar algumas observações importantes.
Em primeiro lugar, devemos alertar os trabalhadores da área da saúde
de que a LER/DORT é uma doença multifatorial e que, portanto tem um tratamento
multidisciplinar, sendo assim, as autoridades devem atentar-se em treinar e montar
equipes envolvendo todos os profissionais necessários para o bom prognóstico,
evitando a cronificação dessa doença.
Ao médico que faz o diagnóstico, principalmente o médico do trabalho,
deve dedicar-se ao aprimoramento continuado para que esteja sempre preparado
para identificar a doença em tempo hábil, ou seja, nas primeiras fases do seu
desenvolvimento.
Ficou evidente neste trabalho que existe uma carência importante de
dados oficiais sobre os mais variados aspectos da epidemiologia das LER/DORT em
![Page 86: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/86.jpg)
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nosso país e, como não seria diferente, em Franca. Assim, tendo em vista as
dificuldades encontradas na manipulação da base de dados para que fosse
realizado esse estudo, alertamos o CRST-Franca que há necessidade de melhorias
técnicas do programa de armazenamento de dados denominado Sistema RAAT –
versão: 1.0.38. Apesar do programa representar um avanço importante na forma de
se armazenar o grande volume de informações geradas pelos Relatórios de
Atendimento ao Acidentado do Trabalho, percebeu-se que a interface para se extrair
informações do sistema ainda é pouco amigável. Isso gera dificuldades e
imprecisões na obtenção das informações, o que compromete a proposta de um
sistema de informações informatizado. Também é necessário um treinamento
eficiente para os trabalhadores da área da saúde, responsáveis pelo preenchimento
dos Relatórios de Atendimento ao Acidentado do Trabalho, possam entender melhor
a importância e finalidade da notificação dos casos. Isso iria contribuir para melhoria
na qualidade das informações geradas e, conseqüentemente, maior confiabilidade e
precisão nas tomadas de decisão.
Finalmente trazemos nosso alerta aos empresários da indústria
calçadista, quanto às vantagens do investimento em ações de promoção da saúde
dos trabalhadores, haja vista que fica evidenciado nesse estudo que eles são os
maiores atingidos financeiramente pelo absenteísmo.
![Page 87: SUBSÍDIOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp098943.pdfde 2006 e o trabalho buscou a identificação das prevalências das LER/DORT, levando-se em consideração](https://reader035.vdocuments.com.br/reader035/viewer/2022071216/6047af939d77e45282612922/html5/thumbnails/87.jpg)
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APÊNDICES
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APÊNDICE A – Caracterização geral dos casos notificados
Tabela 1 – Distribuição das ocupações dos trabalhadores anotadas nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Ocupação N %Outros trabalhadores de calçados 274 13,33Auxiliar de serviços 170 8,27Auxiliar de Produção 123 5,99Sapateiro, em geral (calçados sob medida) 96 4,67Trabalhadores de serviços gerais (serviços de conservação, manutenção e limpeza) 73 3,55Pedreiro, em geral 63 3,07Ajudante geral 62 3,02Lixeiro 57 2,77Não informado 51 2,48Motorista, em geral 47 2,29Acabador de calçados 40 1,95Servente de obras 40 1,95Cortador de artefatos de couro (exceto roupas e calçados) 39 1,90Vendedor de comércio varejista 39 1,90Açougueiro 38 1,85Faxineiro 35 1,70Lavrador 35 1,70Operador de máquinas-ferramentas, em geral (produção em série) 33 1,61Cozinheiro, em geral 28 1,36Prenseiro 25 1,22Coladeiro(a) 24 1,17Pespontador 24 1,17Mecânico de manutenção de automóveis, motocicletas e veículos similares 22 1,07Mecânico de manutenção de máquinas, em geral 22 1,07Metalúrgico 21 1,02Balconista 20 0,97Auxiliar de escritório, em geral 18 0,88Chanfradeira 17 0,83Empregado doméstico 17 0,83Serralheiro 17 0,83Montador de calçados (parte superior) 16 0,78Carpinteiro (obras) 15 0,73Lixador de couros e peles 15 0,73Pedreiro (edificações) 15 0,73Pintor de obras 15 0,73Marceneiro, em geral 14 0,68Trabalhador agropecuário polivalente, em geral 14 0,68Curtidor 12 0,58Entregador 12 0,58Operador de injetora 11 0,54Borracheiro 10 0,49Cobrador 10 0,49Frentista 10 0,49Padeiro 10 0,49Tratorista agrícola 10 0,49Frezador 9 0,44
Continua
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Continuação
Tabela 1 – Distribuição das ocupações dos trabalhadores anotadas nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Ocupação N %Outros sapateiros 9 0,44Operador de prensa de enfardamento 8 0,39Outros trabalhadores da movimentação de cargas e descargas, estivagens e embalagens de mercadorias 8 0,39
Soldador, em geral 8 0,39Torneiro 8 0,39Calheiro 7 0,34Chefe de produção 7 0,34Dona de casa 7 0,34Eletricista de instalações, em geral 7 0,34Funileiro 7 0,34Garçom, em geral 7 0,34Jardineiro 7 0,34Agricultor 6 0,29Atendente de lanchonete 6 0,29Auxiliar de enfermagem, em geral 6 0,29Carimbadeira 6 0,29Encarregado de manutenção mecânica de sistemas operacionais 6 0,29Outros trabalhadores de serventia (domicílios e hotéis) 6 0,29Ajudante de motorista 5 0,24Autônomo 5 0,24Cilindreiro 5 0,24Empacotador 5 0,24Supervisor de produção 5 0,24Ajustador 4 0,19Apontador de produção 4 0,19Conferente 4 0,19Coringa 4 0,19Montador de máquina 4 0,19Motociclista (transporte de mercadorias) 4 0,19Motorista de caminhão 4 0,19Outros trabalhadores braçais não-classificados sob outras epígrafes 4 0,19Repositor 4 0,19Rurícola 4 0,19Vigia 4 0,19Ajudante de pedreiro 3 0,15Auxiliar de injetora 3 0,15Auxiliar de limpeza 3 0,15Cortador(a) de cana 3 0,15Costurador de artefatos de couro, à máquina (exceto roupas e calçados) 3 0,15Escrituraria 3 0,15Moldador 3 0,15Monitor(a) 3 0,15Montador de Moveis 3 0,15Técnico eletrônico 3 0,15Agente de saúde 2 0,10Auxiliar de corte 2 0,10Auxiliar Mecânico 2 0,10Auxiliar Pré-Frezado 2 0,10Balanceiro 2 0,10Caixa 2 0,10Conferideira 2 0,10Copeiro 2 0,10
Continua
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Continuação
Tabela 1 – Distribuição das ocupações dos trabalhadores anotadas nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Ocupação N %Costurador de artefatos de couro, à mão (exceto roupas e calçados) 2 0,10Costureiro de roupas de couro e pele, à mão (confecção em série) 2 0,10Enfermeira 2 0,10Lubrificador industrial 2 0,10Operador de máquina de cortar e dobrar papelão 2 0,10Outros curtidores de couros e peles 2 0,10Trabalhador de abate bovino 2 0,10Trabalhador da cultura de café 2 0,10Vidraceiro, em geral 2 0,10Auxiliar de laboratório 1 0,05Brunidor de cilindros 1 0,05Comprador 1 0,05Costureiro, em geral (confecção em série) 1 0,05Destilador de produtos químicos (exceto petróleo) 1 0,05Embalador, à mão 1 0,05Guarda noturno 1 0,05Guardador de veículos 1 0,05Mecânico de manutenção de máquinas agrícolas 1 0,05Metalizador (banho quente) 1 0,05Operador de vácuo 1 0,05Outros mestres, contramestres, supervisores de empresas manufatureiras 1 0,05Outros secretários 1 0,05Outros trabalhadores agrícolas especializados 1 0,05Outros trabalhadores da construção civil 1 0,05Pantografista 1 0,05Policial militar 1 0,05Polidor de pedras 1 0,05Rebaixador 1 0,05Recepcionista de consultório médico ou dentário 1 0,05Refilador 1 0,05Refinador 1 0,05Representante comercial 1 0,05Secretário 1 0,05Segurança 1 0,05Técnico em borracha 1 0,05Trabalhador da cultura de cana-de-açúcar 1 0,05Trabalhador volante da agricultura 1 0,05TOTAL 2055 100,00
Tabela 2 – Distribuição dos sexos dos trabalhadores anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Sexo N %Masculino 1638 79,71Feminino 417 20,29TOTAL 2055 100,00
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Tabela 3 – Distribuição dos motivos de emissão anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Motivo N %Acidente do Trabalho 1400 68,13Trajeto 333 16,20Típico 249 12,12Doença Ocupacional 67 3,26Não informado 6 0,29TOTAL 2055 100,00
Tabela 4 – Distribuição dos agentes causadores anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Agente N %Agente Mecânico 1763 85,79Fatores Ergonômicos 135 6,57Agente Físico 82 3,99Agente Químico 64 3,11Agente Biológico 8 0,39Fatores Psicossociais 2 0,10Não informado 1 0,05TOTAL 2055 100,00
Tabela 5 – Distribuição do tempo de afastamento (em dias) anotado nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Dias de Afastamento N %7 348 16,933 305 14,840 287 13,975 276 13,431 220 10,712 185 9,0010 176 8,5615 70 3,414 67 3,268 52 2,536 13 0,6314 12 0,58Não informado 12 0,5830 11 0,5460 4 0,1911 3 0,1520 3 0,1512 2 0,1021 2 0,1045 2 0,10360 2 0,1013 1 0,0528 1 0,05120 1 0,05TOTAL 2055 100,00MÉDIA = 5,24 dias
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Tabela 6 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %S610 206 10,02S600 193 9,39S61 190 9,25M545 125 6,08S519 78 3,80S91 60 2,92S619 52 2,53S800 44 2,14S40 42 2,04M659 41 2,00S71 40 1,95S055 39 1,90S019 37 1,80S934 36 1,75S90 35 1,70S602 32 1,56T009 30 1,46T15 26 1,27T07 24 1,17S809 23 1,12T019 23 1,12S810 22 1,07M791 20 0,97T14 20 0,97T149 20 0,97Não informado 20 0,97M759 19 0,92S510 16 0,78S83 16 0,78S059 14 0,68S80 14 0,68T140 14 0,68S01 13 0,63S010 13 0,63H109 12 0,58T30 11 0,54S611 10 0,49S81 10 0,49T230 10 0,49S018 9 0,44S701 9 0,44S20 8 0,39S229 8 0,39M549 7 0,34S626 7 0,34S015 6 0,29S223 6 0,29S51 6 0,29S608 6 0,29S711 6 0,29S817 6 0,29S903 6 0,29S93 6 0,29T159 6 0,29T269 6 0,29
Continua
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Continuação
Tabela 6 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %S002 5 0,24S837 5 0,24S913 5 0,24T23 5 0,24L250 4 0,19M54 4 0,19M542 4 0,19R69 4 0,19S005 4 0,19S050 4 0,19S202 4 0,19S30 4 0,19S411 4 0,19S50 4 0,19S607 4 0,19S64 4 0,19S70 4 0,19S700 4 0,19S819 4 0,19S901 4 0,19S907 4 0,19T003 4 0,19T222 4 0,19M544 3 0,15S74 3 0,15S89 3 0,15S900 3 0,15S909 3 0,15S967 3 0,15T141 3 0,15T220 3 0,15T231 3 0,15T241 3 0,15T264 3 0,15T784 3 0,15W54 3 0,15W540 3 0,15L24 2 0,10M203 2 0,10M210 2 0,10M255 2 0,10M548 2 0,10M658 2 0,10M77 2 0,10S00 2 0,10S011 2 0,10S012 2 0,10S05 2 0,10S051 2 0,10S208 2 0,10S33 2 0,10S407 2 0,10S41 2 0,10
Continua
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Continuação
Tabela 6 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %S430 2 0,10S500 2 0,10S534 2 0,10S62 2 0,10S625 2 0,10S628 2 0,10S63 2 0,10S635 2 0,10S801 2 0,10S830 2 0,10S908 2 0,10S930 2 0,10S936 2 0,10T143 2 0,10T150 2 0,10T300 2 0,10T78 2 0,10B308 1 0,05B49 1 0,05C699 1 0,05G510 1 0,05G558 1 0,05G560 1 0,05H055 1 0,05H10 1 0,05H11 1 0,05H20 1 0,05K63 1 0,05L02 1 0,05L239 1 0,05L25 1 0,05L509 1 0,05M13 1 0,05M191 1 0,05M202 1 0,05M436 1 0,05M541 1 0,05M546 1 0,05M67 1 0,05M755 1 0,05M76 1 0,05M790 1 0,05R42 1 0,05R521 1 0,05S004 1 0,05S017 1 0,05S02 1 0,05S058 1 0,05S06 1 0,05S061 0 0,00S0610 0 0,00S099 1 0,05S10 1 0,05
Continua
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105
Continuação
Tabela 6 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %S122 1 0,05S200 1 0,05S21 1 0,05S219 1 0,05S301 1 0,05S335 1 0,05S400 1 0,05S409 1 0,05S410 1 0,05S418 1 0,05S434 1 0,05S498 1 0,05S517 1 0,05S52 1 0,05S520 1 0,05S525 1 0,05S60 1 0,05S601 1 0,05S622 1 0,05S623 1 0,05S631 1 0,05S636 1 0,05S66 1 0,05S670 1 0,05S68 1 0,05S69 1 0,05S717 1 0,05S807 1 0,05S818 1 0,05S82 1 0,05S836 1 0,05S86 1 0,05S861 1 0,05S910 1 0,05S911 1 0,05S917 1 0,05S923 1 0,05S924 1 0,05S927 1 0,05S929 1 0,05T0009 1 0,05T002 1 0,05T01 1 0,05T012 1 0,05T013 1 0,05T04 1 0,05T12 1 0,05T16 1 0,05T22 1 0,05T232 1 0,05T250 1 0,05T609 1 0,05T62 1 0,05
Continua
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Continuação
Tabela 6 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %T920 1 0,05T98 1 0,05V234 1 0,05X22 1 0,05X479 1 0,05Z027 1 0,05TOTAL 2055 100,00
Tabela 7 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 relacionados a LER/DORT anotados nos RAAT referentes aos casos notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) LER/DORT N %M659 41 52,56M759 19 24,36M54 4 5,13M542 4 5,13M544 3 3,85M658 2 2,56M77 2 2,56M755 1 1,28G560 1 1,28M790 1 1,28TOTAL 78 100,00
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APÊNDICE B – Caracterização dos casos notificados de trabalhadores da indústria calçadista
Tabela 8 – Distribuição das ocupações anotadas nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Ocupação N %Outros trabalhadores de calçados 244 28,50Sapateiro, em geral (calçados sob medida) 96 11,21Auxiliar de Produção 91 10,63Auxiliar de serviços 65 7,59Acabador de calçados 40 4,67Cortador de artefatos de couro (exceto roupas e calçados) 38 4,44Ajudante geral 26 3,04Operador de máquinas-ferramentas, em geral (produção em série) 25 2,92Prenseiro 25 2,92Coladeiro(a) 24 2,80Pespontador 24 2,80Chanfradeira 17 1,99Montador de calçados (parte superior) 16 1,87Lixador de couros e peles 15 1,75Curtidor 12 1,40Operador de injetora 10 1,17Frezador 9 1,05Outros sapateiros 9 1,05Não informado 8 0,93Operador de prensa de enfardamento 8 0,93Chefe de produção 7 0,82Carimbadeira 6 0,70Cilindreiro 5 0,58Ajustador 4 0,47Coringa 4 0,47Conferente 3 0,35Costurador de artefatos de couro, à máquina (exceto roupas e calçados) 3 0,35Auxiliar de corte 2 0,23Auxiliar Mecânico 2 0,23Auxiliar Pré-Frezado 2 0,23Balanceiro 2 0,23Conferideira 2 0,23Costurador de artefatos de couro, à mão (exceto roupas e calçados) 2 0,23Costureiro de roupas de couro e pele, à mão (confecção em série) 2 0,23Operador de máquina de cortar e dobrar papelão 2 0,23Outros curtidores de couros e peles e trabalhadores assemelhados 2 0,23Brunidor de cilindros 1 0,12Costureiro, em geral (confecção em série) 1 0,12Operador de vácuo 1 0,12Rebaixador 1 0,12TOTAL 856 100,00
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Tabela 9 – Distribuição dos sexos dos trabalhadores anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Sexo N %Masculino 659 76,99Feminino 197 23,01TOTAL 856 100,00
Tabela 10 – Distribuição dos motivos de emissão anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Motivo N %Acidente do Trabalho 554 64,72Trajeto 174 20,33Típico 87 10,16Doença Ocupacional 39 4,56Não informado 2 0,23TOTAL 856 100,00
Tabela 11 – Distribuição dos agentes causadores anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Agente N %Agente Mecânico 727 84,93Fatores Ergonômicos 69 8,06Agente Físico 33 3,86Agente Químico 26 3,04Fatores Psicossociais 1 0,12TOTAL 856 100,00
Tabela 12 – Distribuição do tempo de afastamento (em dias) anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Dias de Afastamento N %7 142 16,595 132 15,423 131 15,301 96 11,212 93 10,860 92 10,7510 70 8,1815 27 3,158 23 2,694 17 1,9914 8 0,93Não informado 8 0,936 5 0,5830 4 0,4720 2 0,2321 2 0,2360 2 0,23
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Tabela 12 – Distribuição do tempo de afastamento (em dias) anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) Dias de Afastamento N %11 1 0,12360 1 0,12TOTAL 856 100,00MÉDIA = 5,28 dias
Tabela 13 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %S600 111 12,97S610 105 12,27S61 91 10,63M545 38 4,44S519 31 3,62M659 26 3,04S619 26 3,04S40 19 2,22S019 17 1,99S602 16 1,87S71 15 1,75S91 15 1,75T019 14 1,64M759 13 1,52S90 13 1,52S800 12 1,40T009 12 1,40S055 11 1,29Não informado 11 1,29T07 9 1,05T149 9 1,05H109 7 0,82S510 7 0,82S810 7 0,82S83 7 0,82M791 7 0,82T15 7 0,82T230 7 0,82S611 6 0,70S059 6 0,70S018 5 0,58S809 5 0,58S903 4 0,47S608 4 0,47T14 4 0,47T269 4 0,47S229 3 0,35S626 3 0,35S70 3 0,35M549 3 0,35S51 3 0,35
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Tabela 13 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %S01 3 0,35S607 3 0,35T003 3 0,35T140 3 0,35T220 3 0,35T23 3 0,35S407 2 0,23S41 2 0,23S635 2 0,23S701 2 0,23S050 2 0,23S50 2 0,23S837 2 0,23L250 2 0,23M210 2 0,23M658 2 0,23M77 2 0,23S010 2 0,23S901 2 0,23S907 2 0,23S20 2 0,23S223 2 0,23T143 2 0,23T159 2 0,23T222 2 0,23T231 2 0,23T30 2 0,23M541 1 0,12S409 1 0,12S015 1 0,12S410 1 0,12S62 1 0,12S622 1 0,12S625 1 0,12S628 1 0,12S63 1 0,12S05 1 0,12S64 1 0,12M76 1 0,12S411 1 0,12S700 1 0,12S711 1 0,12S717 1 0,12S80 1 0,12S430 1 0,12S801 1 0,12S005 1 0,12S817 1 0,12S861 1 0,12S051 1 0,12S517 1 0,12S52 1 0,12
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Tabela 13 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %S910 1 0,12S913 1 0,12S924 1 0,12S93 1 0,12S930 1 0,12B338 1 0,12G510 1 0,12G558 1 0,12G560 1 0,12K63 1 0,12L24 1 0,12L25 1 0,12L509 1 0,12M13 1 0,12M203 1 0,12M255 1 0,12M436 1 0,12M542 1 0,12M67 1 0,12M790 1 0,12S00 1 0,12S002 1 0,12S011 1 0,12S02 1 0,12S099 1 0,12S10 1 0,12S200 1 0,12S202 1 0,12S520 1 0,12S936 1 0,12S967 1 0,12T0009 1 0,12T012 1 0,12T22 1 0,12T232 1 0,12T241 1 0,12T250 1 0,12T264 1 0,12T300 1 0,12T62 1 0,12T78 1 0,12T920 1 0,12W540 1 0,12TOTAL 855 100,00
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Tabela 14 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 relacionados a LER/DORT anotados nos RAAT referentes aos casos de trabalhadores da indústria calçadista notificados ao CRST (Franca – SP, 2006) LER/DORT N %M659 26 56,52M759 13 28,26M658 2 4,35M77 2 4,35M542 1 2,17G560 1 2,17M790 1 2,17TOTAL 46 100,00
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APÊNDICE C – Caracterização dos casos notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista
Tabela 15 – Distribuição das ocupações dos trabalhadores anotadas nos RAAT referentes aos casos notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST (Franca – SP, 2006) Ocupação N %Outros trabalhadores de calçados 11 28,21Sapateiro, em geral (calçados sob medida) 6 15,38Auxiliar de Produção 5 12,82Acabador de calçados 3 7,69Ajudante geral 3 7,69Coladeiro(a) 3 7,69Auxiliar de serviços 2 5,13Cortador de artefatos de couro (exceto roupas e calçados) 1 2,56Operador de prensa de enfardamento 1 2,56Costurador de artefatos de couro, à máquina (exceto roupas e calçados) 1 2,56Auxiliar de corte 1 2,56Outros curtidores de couros e peles e trabalhadores assemelhados 1 2,56Brunidor de cilindros 1 2,56TOTAL 39 100,00
Tabela 16 – Distribuição dos sexos dos trabalhadores anotados nos RAAT referentes aos casos notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST (Franca – SP, 2006) Sexo N %Masculino 22 56,41Feminino 17 43,59TOTAL 39 100,00
Tabela 17 – Distribuição dos agentes causadores anotados nos RAAT referentes aos casos notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST (Franca – SP, 2006) Agente N %Fatores Ergonômicos 33 84,62Agente Mecânico 4 10,26Agente Químico 1 2,56Fatores Psicossociais 1 2,56TOTAL 39 100,00
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Tabela 18 – Distribuição do tempo de afastamento (em dias) anotados nos RAAT referentes aos casos notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST (Franca – SP, 2006) Dias de Afastamento N %0 10 25,645 8 20,517 5 12,823 3 7,692 3 7,691 2 5,1315 2 5,134 2 5,138 1 2,566 1 2,5630 1 2,56360 1 2,56TOTAL 39 100,00MÉDIA = 13,69 dias
Tabela 19 – Distribuição dos diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 anotados nos RAAT referentes aos casos notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST (Franca – SP, 2006) CID-10 N %M659 20 51,28M545 3 7,69M791 3 7,69M77 2 5,13S519 2 5,13G560 1 2,56L25 1 2,56M549 1 2,56M658 1 2,56M759 1 2,56M790 1 2,56S600 1 2,56S61 1 2,56T78 1 2,56TOTAL 39 100,00
Tabela 20 – Distribuição dos casos de diagnósticos baseados nos grupos de CID-10 relacionados a LER/DORT anotados nos RAAT referentes aos casos notificados de doença ocupacional entre trabalhadores da indústria calçadista ao CRST (Franca – SP, 2006) LER/DORT N %M659 20 76,92M77 2 7,69M658 1 3,85M759 1 3,85G560 1 3,85M790 1 3,85TOTAL 26 100,00
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115
ANEXOS
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ANEXO A – CRST
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ANEXO B – CEP
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