subjetividade, historicidade e pós modernidade - graça

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  • 7/24/2019 SUbjetividade, Historicidade e Ps Modernidade - Graa

    1/12

    ISSI14133aBX

    TemaSfIl

    Psicalogia199

    8,VoI 6I'2,

    135

    146

    A istoricidade

    da categoria

    subjetividade

    Maria da Graa Marchina Gonalvci

    Pontificia Universidade Callica de Sii Pau a

    esumo

    o objetivo do

    anigo

    discutir a categoria subje

    ti

    vidade na forma dupla como

    se

    configura na modernidade:

    como expcrincia ampliada, reconhecida e aprofundada e como qucst loepisterno16gica central no bojo da

    defini io da c i ~ n c i a moderna. Ambos os aspectos, na sua inten;.eao e desenvolvimento, ser io fundamentais

    naconstrullohistricadapsico l

    ogia.Ot

    e

    xtoabordaalgunsfatoresrelacionados

    a essa dupla configura io

    da categoria subjetividade, a partir do desenvolvimento do capitalismo. Aponta como essa dupla marca

    aparecenasprincipaisteoriasdapsicologiasemqueacontrndillosubjclividade-objetividade seja superada c

    tambm os elementos de critica s teorias tradicionais que podem levar a essa supera:lo. Por fim. s io

    indicados

    aspeCIOS

    atuais dessaquestllo. no seio dodebale da ps-modernidade, no qual alguns marcos da

    modernidade

    queimp

    licaramne

    ssadup

    laconfigura:los iol'l:vistos,obrigw)(roaumaI'l:discussllodasno1les

    de indivduo. sujeito e su bjetividade.

    Pilmas-dlne:subjctividade. subjetividade-objetividade, ps-modemidade.

    Thehistoricityolthecategoryol

    s

    ubjectivit

    y

    Thisanicleaimstodiseussth

    e

    categor)'ofsubjectivityinilsdoublcmod

    e

    rnconfigurdtion:asancnlargcd.

    recogni7,cdanddeepencdexperienceandasacenlralepislcmologicalqueSliontothedefmilionofthemodern

    seience itself. 60th asf'l'CIs,

    in

    Iheir intcrsection and development. will be fundamental to th e hislorical

    conslruclion ofPsychology_ The leXI runs lhrough some faclolS relaled to this double calegor)' configuration

    derived from the capitalism development: ii points to how this double feature is pTe5ent he

    m m

    psycho

    logicaltheorieswithlhesubjectivi[y

    /objectivitycon[radictionnolrcsolve

    d,andalsopointsoutthecritical

    l ~ m n t s abou[ the Iraditional thcories which ma)' lcad 10 solution

    ofthis

    impasse. Finally, some current

    aspectsofthisquestional'l:poinledout.amidstthepoSI-mod ernitydebale inwhichsomeframesformodemity

    implied

    in

    this double conJiguration are reviewed, leading [O a new

    d i s c u ~ i o n

    ofthe o t i o n ~ of individual.

    subjeclandsubjectivity

    l e t l l O ~ s : subjectivity. subjeclivity-objectivity. post-modemity.

    Subjelividadenamodemidade:constituiohist6rica

    deumaexperinciaede uma categoria

    Arefercneiabsicadcanlisenestctcxtoada

    historicidade das

    experincias

    humanas, bem

    como

    das idias produzidas pelos homens como

    expresso

    mediada dessas experincias.

    Entendemos

    como

    experincias

    humanas toda a

    atividade realizada

    socialmente pelos homens, como forma de atender

    suas

    necessidades,

    produzindo, dessa

    forma,

    sua

    prpria existncia. As expericnclas concretas de

    atividade

    dos

    homens

    implicam,

    necessariamente.

    na produo de

    idias e representalles sobre elas, as

    quaisretletem sua

    vida real -

    acs

    c relalles

    Colocando

    de

    outra

    forma, partimos das

    ealegorias

    trabalho

    e

    relacs socia

    is para

    situar

    o

    I.

    Trabalho

    aprc5Cnll1do

    naMe

    .

    redonda:

    S

    ubjetividad

    e:

    rela6csenlre aconSlituilodo

    conceitoeda

    ",alidade

    \

    na

    xxvm

    Reuni

    Anualdc

    Psicologia, outubro. 998

    2.Endereo:RuaTucuna,1237_S30Paulo-SP.CEI'05021-OIO

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    2/12

    homem na suahistoricidadc, entendendo que atravs

    da transformao da natureza, em sociedade, para

    produo de sua existncia, o homem constitui-se,

    historicamente, enquanto tal.

    Em

    sua constituio

    histrica o homem produz bens maleriais e espiri

    tuais, ouscja, produzobjetose idias.

    O conjunto de idias produzidas pelo homem

    inclui crenas, valores e conhecimentos de toda

    ordem. Ik acordo com nosso referencial, entAo as

    idias e oonhedmentos produzidos pelo homem em

    um determinado momento histrico re

    fl

    etem a reali

    dade desse momento histrico,

    ou

    seja, nosso pres

    suposto de que a o rigem das idias produzidas

    socialmente esta na base material da sociedade.

    Essas idias. por sua vez, orientam a ao dos

    homense, nesse sentido, modificam e desenvolvem a

    ao, processo no qual tambm so modificadas.

    Trata-se de

    um

    processo continuo de relao, que

    ocorre de forma dialtica, expressando a

    uni

    dade

    contraditria entre real e raeionaln u

    ma

    perspectiva

    materialista. Isto significa entender que, embora as

    idias tenham seu prprio movimento, que deve ser

    descrito e analisado a partir da comparao de

    diferentes autores, conceitos, representaes, na sua

    contraposiO e desenvolvimento. tal movimento

    deve, por outro lado, ser sempre situado na sua

    relao com O movimento da base material e, em

    lti

    ma

    instncia, como representallodela.

    A categoria subjetividade, tomada simulta

    neamen

    te

    como exper

    in

    cia huma

    na,

    signo

    e

    conceito terico pode mostrnr essa re lao construda

    no movimento his trico. Enquanto experincia

    humana, a subjetividade modifica-se e aparece de

    diferentes formas ao longo da histria humana;

    enquanto signo, designa essa experincia, modifi

    cando-se juntamente com ela, ao mesmo tempo

    pemlitindo a expresso dessa experincia e transfor

    mando-a; enquanto signo que ganha o estatuto de

    um

    conceito terico, aparece no bojo do desenvolvimento

    da cincia

    na

    modernidade, mais espec ificamente

    com a psicologia, embora no aparea desde o inicio

    fomlal dessa cincia como

    um

    conceito explcito.

    Evidentemente. a categoria subjetividade

    implica a categoria sujeito e, por essa via, tratando

    das duas categorias, ou de uma delas. pode-se

    faura

    anlise que indicamos, do carater histrico da

    subjetiv

    id

    ade. Para essa anlise, faremos um recorte

    a partir da modernidade, considerando que nesse

    momento que surgem algumas importantesquestcs,

    presentes hoje, que nos propomos a problematizar

    como forma de refletir sobre a psicologia e sua

    produo terica.

    Isso post

    o

    podemos ento dizer que a subjeti

    vidade s se torna objcto de conhecimento cientfico

    em funo de alguns fatores histricos: quando

    se

    toma uma experincia privatizada, aprofundada e

    un iversal e quando, enquanto experincia privatizada,

    entra em crise, confonne anlise e Figueiredo 1997)

    Isso ocorre com o advento do capitalismo. O

    desenvolvimento das foras produtivas capitalistas

    p

    em

    relevo o individuo, como possuidor de livre

    arbtrio, eapaz de dec idir que lugar ocupar na socie

    dade jque

    a nova sociedade se abre enquanto

    um

    mercado no qual todos podem vender c comprar

    em

    funo de seus prprios talentos. A llecessidadede

    se

    produzir mercadorias impe aos homens uma partid

    pao na socicdade enquanto indiv duos. produtores

    elou consumidores de mercadorias.

    O liberalismo enquanto

    ideolog

    ia da

    burguesia, expressa essa nfase no individuo. Todos

    os homens so livres e iguais; apesar de iguais,

    tminteresses prprios individuais); isso se resolve

    atravs da fraternidade.

    Por outro lado. o romantismo, que representa a

    nostalgia da velha ordem, da aristocracia feudal.

    tambm fala aos i

    nd

    ivduos. Os individuos so todos

    diferentes.A liberdadea liberdadedeserdiferente.

    Apesar de diferentes, todos tm grandes e intensos

    sentimentos e sentem faltada vida em comunidade.

    Entretanto, o desenvolvimento do capitalismo

    mostra que tanto a liberdade quanto as diferenas

    entreosindivduossoiluscs. Por

    um

    lado,oforta

    leeimenlodoEslado;poroutro,aproduodagrande

    indstria. Ou seja, as propostas iniciais do libera

    lismodevem ser revistas, necessrio forta lecer o

    Estado e limita r a liberdade individual, j que a

    fraternidade ainda no foi possvel. Estamos no

    sculo XIX e a realidade poltica ps revolues

    burguesas mostra isso.

    Por sua vez, o romantismo se desatualizade

    vez. pois rcpresentava a velha ordem social que est

    agora perdida para sempre. O desenvolvimento e a

    consolidao da ordem burguesa mostram isso

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    concretamente e a massificao na qual se sustenta pelo correspondente conjunto de ideias que a

    cada vez mais a produo de mercadorias acaba

    com

    representa-e,

    ao

    mesmo tempo, como o conceito

    ou

    qualquer dvida sobre a possibilidade da manu- conceitos) produzido s), modificam a prpria

    teno das ideias romiinticas. experincia.

    Os homens percebem, ento, que no so to Uma particularidade da categoria subjetivi-

    livres e to diferentes como pensavam. Essa perple- dade deve ser indicada neste momento, pois serve

    xidadeabrecampoparaodesenvolvimentodcexpti- tambm de

    parmetro para a anlise qlle estamos

    cacs sobre a subjetividade, suas caractersticas, fazendo. Ao se constituir em conceito terico, a

    constituio, origem, pela via melhor identificada subjetividade delimita o conjunto

    de

    experincias

    do

    naquele momento histrico como capaz de levar a sujeito. E, nesse conjunto, est a experincia

    do

    tais explicaes - a cincia como definida pela conhecimento, inclusive a experincia

    do

    conhe-

    mod

    ernidade, o que d origem

    criao

    da

    psico- cimento sobre as prprias experincias subjetivas.

    logia como cinc ia. Essa complexidade evidenciada

    no

    seu surgimento

    Aomesmotcmpo,aqueleindividuoparaquem pela modernidade acompanhar todo o desen-

    se pregou a poss ib ilidade da liberdade precisa ser volvimento das cincias humanas, em especial a

    controlado e treinado, para que esteja a servio do psicologia

    capital. O Estado passa tambm a ter questes sobre O mesmo momento histrico que possibilitou

    as

    individualidades. as subjetividades, no sentido de a nfase

    no

    individuo e sua subjetividade impe.

    adequ-las s suas do Estado, que representa o contraditoriamente, a necessidade

    da

    objetividade

    do

    capital e a burguesia) necessidades. Dessa fonua, o conhecimento. O individuo que tem livre 3rbtrio e

    novo conheoderemos observar, atraves

    do

    desenvolvimento da lismo expressa, ento,

    as

    contradies especificas

    psicologia, como a construo desse conceito terico desse momento histrico. E, a partir

    de

    seu sur

    gi-

    ao

    mesmo tempo est contextualb:ada historiea- mento, vai perpassar vrias outras questcsedebates

    menle - no sentido

    de

    expressar as indagaes quesurgiroaolongododesenvolvimentodocapita_

    oriundas

    do

    desenvolvimento da base material do lismo, tais como empirismo x racionalismo; idealis-

    capitalismo e responder a elas dentro de possibili- mo x materialismo; metafisica x fenomenologia;

    dades colocadas historicamente por essa realidade e metafisica x dialetica.

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    Aafirmaodosdoiselementos,oobjetivoeo fsica) relativas s transformaes da natureza

    subjetivo, corno expresso de experincias historica- (transformao dos continentes; teoria da evoluo

    mente constituida'>, cada urna com sua importncia, das espcies: descoberta das partculas do tomo em

    representou

    um

    avano na compreenso do homem movimento). E o sculo da consolidao da expe-

    sobre si mesmo, sobre mundo que o cerca e sobre a rincia da subjetividade privatizada

    e,

    ao mesmo

    possibilidade de conhecer e agir sobre esse mundo. A tempo, da crise dessa subjetividade.

    no compreenso, entretanto, da unidade eontradi- Todos esse fatores histricos contribuem,

    tria entre as duas experincias - de incio impos- ento, para a

    sistem tiz o do

    pensamento

    svel por limites histricos, mas a partir do sculo dialtico, com Hegel e Marx, no qual a realidade da

    XIX j possvel - implicou em limites para esse transfomlao constante

    de

    todas as coisas a partir

    da

    conhecimento e essa compreenso do homem.

    com

    contradio que encerram expressa. Nesse sentido,

    consequncias presentes ate hoje. Parte das questes o pensamento dialtico representa a possibilidade

    de

    postas pela chamada ps-modernidade podem ser

    superftlj o da

    separalj'o dicotmica entre objeti-

    entendidas eomo resultado dessa forma de eolocara vidade e sub

    jetivid de

    , a partir da categoria

    questo na modernidade. contradio. Nessa perspectiva, objetividade c

    I.

    modernidade, no entanto, encerra uma subjetividade continuam a ser afinnadas na sua

    riqueza

    de

    questes. Como fruto

    de

    um perodo importncia e especificidade, enquanto contrrios;

    histrico altamente dinmieo e produtivo, fundado mas,

    ao

    mesmo tempo, so afinnadas enquanto

    em contradies prenhes de possibilidades de unidade de contrrios, cm movimento de transfor-

    superao, podemos dizcrque a modernidade no s mao constante.

    coloca de fonna contraditria a questo da relao Assim, podemos dizer que com o surgimento

    entre a objetividade e a subjetividade, mas, tambm do capitalismo e da modernidad

    e,

    enquanto

    C{)njunto

    contraditoriamente, coloca a possibilidade de sua de idias que representam essa realidade histrica, a

    superao. Isso ocorre no mesmo sculo XIX. com o subjetividade ganha uma (onna histrica especifica e

    pensamento dialtico. determinada, seja enquanto expcrillcia humana,

    Tambm aqui podemos perceber o pen- signo ou conceito terico. E podemos diler tambm

    sarnento produzidO como expresso da realidade que, pcla riqueza de contradies desse momento

    histrica concreta.

    Se

    a sistematizao da C{)ncepo histrico, a modernidade coloca questes profundas

    dialtica no era

    n e c e ~ s r i

    ou possvel nos sculos a respeito da subjetividade, quest s qu e, contradito-

    anteriores,

    em

    quc as novas foras produtivas se riamentc,voparaalmdomomentohistricoqueas

    desenvolviam e se impunhMn cada vez com mais engendrou. Estas referncias estaro presentes na

    fora, neste seulo XIX a nova situao

    do

    eapim- anlise que apresentamos a seguir, um breve histrico

    li5mo traz a possibilidade

    e

    se expressar a eontra- da psieologia e a psicologia na ps-modernidade

    dio da realidade em um pensamento organizado,

    trazendo para ode bate uma nova fonnade concebera

    realidade e seu movimento, o homem nessa realidade

    e o prprio C{)nheeimcnto

    o

    sculo XIX e o sculo

    do

    apogeu e das

    primeiras crises do capitalismo. o sculo das

    grandes transformalj'es; algumas que se consolidam,

    com a nova ordem econmica e politica burguesa, e

    outras que se anunciam, com

    as

    propostas socialistas

    que

    j

    questionam a ordem burguesa. o sculo das

    descobertas cientficas (na geologia, na biologia, na

    tegori

    subjetivid de

    n

    ~ i s t r i d psicologi

    No mbito da psicologia, a categoria subjetivi

    dade vai aparecer explcita ou implicitamente

    enquanto

    seu

    objeto, objeto esse que expressa questes

    postas historicamente, como assinalamos acima. E a

    questo da relao objetividadc-subjeth'idaclc vai

    aparecer na configurao desse objeto e na defi nio

    de formas para apreend-lo. Ser interessante

    observar que esses dois aspectos se articularo na

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    conslruodas diferentes teorias da psicologia; assim,

    poderemos falarda subjetividade enquanto objeto

    da

    psicologia e da questo metodolgica de relao

    entreobjctividadc c subjetividadesim ultaneamente.

    Inicialmente essas questes aparcccm na

    contraposio psicologia experimental psicologia

    filosfica. Mas, em seguida, vo se expressar de

    forma panicular em cada teoria da psicologia quc

    surgc. Apesar das especificidades de cada teoria,

    apesar das diferenas entre elas, entretanto,

    unI

    aspecto comum pcrmanece: a separao entre

    objetividade e subjetividade.

    Wundt, o fundador da psicologia

    a expressAo

    clara da contradio fundamental qu e d origem a

    essa cincia. Seu m ior mrito talvcz csteja,

    exatamcntc, em tcr evidenciado a questo para a

    psicologia.

    Tambm Wundt sofre as influncias dosculo

    XIX

    e suas ambiguidades: apogeu e primeiras crises

    do capitalismo; subjetividade privatizadae sua crise;

    positivismo e materialismo dialtico; monismo e

    dualismo; ent

    re outras. Refletindo v r i a ~ dessas

    questes, podcmos dizer que Wundt, na verdade,

    funda duas psicologias: uma psicologia experimen

    taI

    objetiva. que procura explicar a unidade mente

    corpo (tentativade scr mon ista) e que procura descre

    ver o funcionamento da subjetividade dc forma

    objetiva. E uma psicologia, que ele chamou de social,

    atravs da qual buscava recuperar a subjetividade

    que pareia impossvel de ser alcanada pela psicolo

    gia experimental: essa subjetividade complexa

    seriam os processos volitivos e a aperceplio,

    processos de uma conscincia dinmica e ativa que

    devcria ser estudada com outro mtodo.

    A panir de Wundt as duas perspectivas sero

    trabalhadas sem se unificarem. As principais corren

    tes da psicologia representam, de certa forma, uma

    ou outra perspectiva.

    A

    anlise dc Figueiredo 1987)

    sobre Wundt aponta

    ParaWundt, o domnio da psicologa era

    vasto e comple

    xo.

    pOrque explicar e compreen

    der a experincia imediata exigia tanto uma

    aproximao com as cincias naturas como

    uma aproxima:io com

    a

    cincias

    da

    sociecofisica'

    as dificuldades eram mensas e os

    disclpl.dO de Wundt. em sua maioria, desisti

    ram de acompallhar o mestre e foram procurar

    solues menos complcadas. embora. talvez.

    muito mas pobres. (Figueredo. 1987. p.60)

    '

    Podemos, ento, dizer que o surgimento da

    psicologia como cincia coloca, atravs de Wundt,

    de fonna cla

    ra

    os desafios postos para uma cincia

    que se propunha ser objetiva

    no

    estudo

    da

    subjetivi

    dade. A continuidade da psicologia revelaa dificul-

    dade

    de

    enfrentar esses desafios.

    Na sequncia, o estrutural ismo de Titchener

    radicaliza na tentativa de conseguir objetividade na

    descrio da subjetividade atravs da introspeco.

    O funcionalismo vai em buscadaobjetividade nas

    re

    laes do organismo e da

    o ~

    com o meio,

    atribuindo conscincia (ponanto subjetividade)

    uma funcionalidade e

    um

    dinamismo pragmticos

    O b

    eh viorismo critic

    essas tcntativas

    porque, afinal,

    tm

    muito pouco de objetividade.

    Muda o enfoque utilizando critrios

    de

    objetividadc

    j:l.

    para a definio

    do

    objeto e no apenas para

    seu

    estudo.

    Em

    vez da conscincia deve-se

    eSlUdar

    o

    comportamento, qu e

    o nico aspecto da subjeti

    vidade que pode ser tornado de maneira objetiva.

    A gestalt, sob influncia da fenomenologia,

    redefine a noo de conscinciae prope a superao

    do objctivismo analitico que no se adequaria a

    abarcar uma subjetividade globa

    l.

    A fenomenologia

    restaura a nfase

    na

    subjetividadee questiona a idia

    da possibilidade de uma objctividade sem o sujeito.

    A psicanlise tem uma aparncia inicial

    hibrida de varias influncias, mas termina por

    enfatizar

    um

    subjetividade revista e submetida ao

    inconsciente.

    o

    cognitivismo mantm o carter pragmtico

    do funcionalismo e procura descrever as cstruturas

    cognitivas que se interpem entre o individuo e o

    meio. Restringe, dessa forma, a subjetividade

    cognio e submetc-a a mtodos de estudo objeti

    vistas.

  • 7/24/2019 SUbjetividade, Historicidade e Ps Modernidade - Graa

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    .

    Algumas imp licaes

    para l

    noo de sujeitoe

    subjetividade podem ser retiradas desse desenvolvi

    men to da psicologia. Resulta da separao entre

    objetividadc e subjetiv ida

    de

    uma naturalizao tanto

    dos aspectos subjetivos como dos aspectos obj etivos,

    que, em ulti

    ma

    instncia, parecem indepe ndc r uns

    dos outros. A partir do momento em que so tomados

    como

    se fossem independentes, passam a ser vistos

    como

    aulnomos.

    com

    movimento prprio c naturaL

    Caberia psicologia estabelecer, da melhor maneira

    possvel , os

    meca

    nismos de intc rao

    ent

    re os

    aspectos subjetivos e os aspectos objetivos.

    Tanto nas vises o bjetivistas, como nas subje

    tiv istas da psicologia, a separao e a natura lizao

    dos

    aspectos

    ocorre. E

    ao

    explicar

    a interao entre

    os do is tipos de fa

    tores, as d iferentes teorias deixam

    isso claro. Assim, ou se absol utizam os fatores objeti

    vos, submetendo a subjetividade e com ela o sujeito

    li

    real idade externa

    a

    ele, nas vises objetivistas.

    Ou

    se autonomizam ilusoriamente a subjet ividade e o

    sujeito, tornando-os absolutos nas vises subjetiv is

    tas.

    No

    primeiro caso resulta que a su

    bj

    etividade

    desconsiderada na sua complexidade, seja

    por

    sua

    redu

    o

    ao compo rtamento observvel ou aos

    aspectos racionais-cognitivos.

    No

    segun

    do

    caso. a

    subjetividade

    ilusori

    amente

    t

    om

    ad a

    em sua

    complexidade.

    j

    que, embora apresentada como

    complexa, temlina por se r limitada por uma reali

    dade host

    il

    que impede sua rea

    li

    zao.

    o

    conhecimento psicolgico consti

    tuiuse marcado

    por

    dicotomias:

    ob

    j

    etivid

    ade e

    subjetividade. corpo e mente, naturale cultural,

    objeto e suje i

    to.

    razo e elTlOllo

    individuo

    e

    sociedade, exclusio e

    inekisilio

    . Com isso. o

    sujeito da psicologia

    oscila

    entre uma

    objetividade observvel e uma subjetividade

    inefvel: (Molon. 1997. p. 21)

    Apesar

    de percorrerem

    caminhos

    opostos,

    pode-se dizer que as duas

    venentes

    acabam por

    impor uma noo de subjetividade comum que histo

    ricamente tem influenciado o prprio desenvolvi

    mento

    da

    experincia concreta de subjetividade.

    Trata-se de uma subjetividade natura l, constituda de

    maneira individual no enfrentamento da objetivi

    dade. Isso aparece na discusso de fenmeno psico

    l

    gico

    feita por Boek ( 1997), que mostra que,

    independentemente da teoria que ilumina o psic

    logo, ele tem uma noo de indivduo prpria das

    aventuras do Baro de Munchhausen.

    -o homem colocado na viso l

    iberal

    .

    pe 1sado de

    forma

    descontextualizada , cabendo

    8

    ele a responsabilidade

    por

    seu cresdmento e

    por

    sua sade psicolgica.

    Um homem qu

    e

    'puxa pelos seus prprios cabelos e sa i do

    pn

    ta

    no

    por

    um

    esforo prprio'.

    Um

    homem

    que

    dotado de capacidaciese

    possibilidaOe$que

    lhe so inerentes, naturais. Um homem dotado

    de uma nalureza humana que lhe garante, se

    desenvolvida adequadamente . ric:ase variadas

    possibilidades. sociedade apenls

    o

    locus

    de desenvolvimento do homem. 1 : vista como

    algo que

    cootribLJ ou

    impe6e o 6esenvolvimento

    dos aspoctos na tura is do homem. Cabe a cada

    um

    O

    esforo necessrio para que a sociedade

    seja um espao de incentivo ao seu desenvolvi

    mento . s condies esto dadas. cabe a cada

    um

    aproveM-Ias

    (Bock.1997.

    p.

    277)

    uma viso que est presente, de alguma

    fo

    nn

    a, nas vrias teorias da psicologia e orienta a

    concepo e a atuao dos psiclogos

    em

    relao ao

    fenmeno psicolgico. Mas uma viso que, ao

    mesmo tempo, ex

    pr

    essa e ratifica

    exper

    incias dc

    subjeti\lidade presentes em

    uma

    soc iedade que ainda

    tcm espao para a viso liberal

    c

    para a abordagem da

    subjetividade com uma viso cientificista e objeti

    vista.

    -o conhecimento psicolgico passa a

    ser postulado ao

    longo

    do sculo

    XX como uma

    questao fortemente creditada das redues

    metodolgicas indispensveis que a

    psicologia

    fez.doquedecorremasreduesconce ituais

    Psicologia, ao operar essa s u j u ~

    ao, reduziu o sujeito cognoscente ao sujeito

    emp i

    rico

    , aconscindacognio.asubjetivi

    dade objetividade, o humano ao observvel

    Esse

    pr

    ocesso de reduao levou exdusoo do

    objeto inicialmente atribu

    ido

    a ela. a saber, a

    experincia da subjetividade

    . (Molon,

    1997,

    p.

    ll)

  • 7/24/2019 SUbjetividade, Historicidade e Ps Modernidade - Graa

    7/12

    Entretanto, necessrio destacar

    que

    as

    contradies que a modernidade encerra implicam

    cm outras possibilidades que surgem na histria da

    psicologia, mas em uma histria no oficial

    (Molon, 1997). O pensamento e o mtodo dialticos

    vo aparecer como uma nova proposta, inaugurada

    por Vygotski a partir, exatamente, da crtica

    separao entre objetividade e subjelividade e da

    considerao da historicidade corno caraeteristica

    fundamental de todas as

    e o i ~ s

    de acordo com essa

    oulra perspectiva metodolgica.

    Pela considerao do carter histrico do

    movimento social no qual esto inseridos os indi

    vduos e por mcio do entendimento de que esse

    movimento, tendo por base a contradio, um

    processo continuo no qual se do unidade e luta de

    contrrios, transfornJao da quantidade em quali

    dade e superao (negao da negao), possvel

    abordara realidade e o homem sob um outro enfoque.

    A subjetividade enquanto experincia humalia pode

    ser tomada com uma outra confOlmao a partir de

    um mtodo que entende a relao entre objetividade

    e subjetividade como uma unidade de contrrios, em

    movimento de transfornJao cnnstante.

    Tambm a teoria social resultante do materia

    lismo histrico e dialtieo refora essa possibilidade,

    na medida

    em

    que representa uma viso alternativa

    (oposta) viso liberal de homem. O homem, no

    materialismo histrico e dialtico, s

    indivdu

    o,

    ou

    melhor, s se constitui indivduo porque

    social e

    histrico. No h um homem universal, no h um

    homem que se reali

    .e

    individualmente. H homens

    concretos, determinados pela realidade social e

    histrica e, ao mesmo tempo, detenninantes, atravs

    da ao co1etiva, dessa realidad

    e.

    o marxismo representa, ento, desde seu

    incio, a contraposio viso liberal. E, metodolo

    gicamente, reprcscrlta uma alternativa viso

    dominante objetivista, que reduzia ou exclua a

    subjetividade do processo social ou acolocava corno

    uma essncia do sujeito individual.

    Na psicologia, essa viso representou a possi

    bilidade de entender o sujeito e a subjetividade corno

    produes histricas, na relao dialtica com a rea-

    '

    lidade objetiva

    A psicologia scio-his trica

    propor, ento, a partir de Vygotski, que se estudem

    os fenmenos psicolgicos corno resultado de um

    processo de constituio social do indivduo, em que

    o plano intersubjetivo, das relaes, convenido, no

    processo de desenvolvimento, em

    um

    plano intra

    subjetivo. Assim, a subjetividade constituda

    atravs de mediaes sociais, dentre

    as

    quais a

    linguagem a que melhor representa a sntese entre

    objetividade e subjetividade,j que o signo

    6,

    ao mes

    mo

    tempo, produto social que designa a realidade oh

    jetiva,

    construo subjetiva compartilhada por

    diferentes indivduos e construo subjetiva individual

    que se d atravs do processo de apropriao do

    significado social e atribuio de sentidos pessoais.

    En

    el

    tralamiento de todos los

    proble-

    mas sellalados, Vygotski parte de un

    hombre

    que.

    inserto

    en

    Sl

    ClIHura y en sus relaciones

    sociales. est permanentemente i n t e m a

    l ~ n o

    formas

    concretas de U actividad intera ctiva

    las que se convierten en sistemas de signos

    que mediatizan y organizan el

    funcionamiento

    integral de Iodas sus funciones psi quicas. El

    desarronode los sistemas de signos, entre los

    rualessedestacadeformaparticularellenguaj@.

    sirve de

    base para el desarrollo

    de

    operaciones

    intelectuales cada

    vez

    ms complejas, que

    se

    apoyan

    no

    solo en

    los

    sistemas actuales de

    oomunicaci6n deI hombre. sino tambin. y de

    maneraesencial.enlacontinuidadhistricadel

    desarrottocultural. posible

    solo

    por los distintos

    sistemas de lenguaje en que

    se

    sintetizan

    los

    logros esencialesda la cultura a travs delUempo,

    g a r a n ~ z a n d o

    la

    continuidad

    de su progresiva

    eomplejidad en una dimensin hist6rica :

    (Gonzlez Rey , 1996, p. 64)

    A partir de Vygotski, psicologia tem a

    possibilidade de um caminho que recupera como seu

    objeto a subjetividade. Embora essa categoria no

    aparea de forma explicita cm sua obra, mesmo

    porque Vygotski dialogava com uma psicologia

    dividida na conceilllao de seu objcto, como apon

    tamos anteriormente, possvel reconhecer quc essa

    autor fala de um sujeito ativo e histrico, com uma

    conscincia construda a panir de mediaes sociais,

    na qual se inclui o fator subjctivo por excelncia. a

  • 7/24/2019 SUbjetividade, Historicidade e Ps Modernidade - Graa

    8/12

    base afetivo-voliliva-' (Vygotski, 1991). A possibi

    lidade de considerar a afetividade tambm na sua

    constituin social e histrica recupera para a psico

    logia a subjetividade comoobjeto, numa viso cienti

    ficaaltemativae sem o risco de reduo do conceito.

    -Afirmando a

    c o n s t ~ u i l i o s 6 c i o - h i s t 6 r i c a

    dos processos psicolgicos. Vygotsky no perde

    o sujeito nem a subjetividade. pois

    osfe menos

    psicolgicossorela6essociaiseoovertidas

    no

    s u j e ~ o

    pela mediaao semi6tica

    s fenmenos psicolgicos so

    mediados e no imediatos, so consmuidos

    nas II pelas relaes sociais. porm nao sao

    simplesmente produtos destas

    Nesta Pf rsPf ctiva. o sujeito

    quase

    social ,

    ele nao apenasexpres.sa o social e nem

    o coloca dentro de

    si

    em situaes artificiais,

    mas

    na

    relaliocom os outros e pareia.

    na

    linguagem e por ela que

    se

    constitui sujeito e

    constituinte de outros sujeitos: (Molon, 1995,

    p.IS3)

    Apesar de a psioologia scio-hislric.a proposta

    por VygolSki no ter seguido. por condies histri

    cas,

    um

    desenvolvimento continuo, a partir do final

    da dcada de

    70

    ela comea a aparecer

    no

    Brasil

    como uma alternativa

    na

    psicologia, representando

    teoricamenle a

    revi:>o

    que a psioologia social buscava

    fazer para dar couta de explicar o sujeito com o qual

    se deparava. A realidade social e histrica no

    s

    do

    I3rasil, mas de toda a Amrica

    La

    tina, impunha essa

    necessidade de compreender os individuos como

    seres sociais e histricos, especficos, portanto, dessa

    realidade e que no eram explicados com as teorias

    que os consideravam de maneira a-histrica e univer

    sal. Lane, em vrios artigos,

    enfati7 a

    o modo como a

    psicologia social nessa poca questionou a viso

    dominante de homem presente nas teorias tradicionais e

    buscou novas alternativas tericas e

    m e t o d o l g i c a ~

    encontrando

    no

    mtodo c

    na

    teoria materialista

    histrica e dialtica a possibilidade

    de

    superao

    da

    viso liberal c objetivista de sujeito. (Lane c Codo,

    1985. Lane e Sawaia, 1994)

    A histria da psicologia mostra, ento, como a

    fomlulallo terica em tomo da categoria subjeti

    vidade produto e,

    ao

    mesmo tempo, produtora

    da

    experincia de subjetividade, na medida em que

    revela e explica o sujeito prprio de cada momento

    histrico, expressando as contradics presentes na

    realidade.

    Nesse sentido, veremos que

    da

    mesma fonua

    que a modernidade apresenta ento possibilidades

    diversas, cumu resultado das cuntradics histricas

    que engendram o conjunto de fomlUlacs que essa

    concepo encerra, a ps-modernidade apresenta

    se como a manifestao histrica do capitalismo

    na

    sua fase aluaI. Veremos que esto presentes nas

    concepes ps-modernas idias sobre o sujeito e a

    subjetividade que resultam

    de

    criticas a concepes

    d e s e n v o l v i d a ~

    pela modernidade. Embura pudessem

    de

    inicio ser saudadas como a real superao dos

    limites presentes nas concepcs modernas sobre

    sujeito e subjetividade, pode-se dizer que significam,

    na verdade, o risco

    de

    negao

    ou d e s c a r a c t e r i : a l ~ i o

    total do sujeito, sua volitizao , fenmeno alis

    muito prprio de tempos ps-modemos. Ao declarar

    a falncia de todas

    as

    verses da modernidade,

    notadamentc a liberal c a marxista. a ps-moder

    nidade trouxe o risco de

    se

    jogar fora o beb com a

    gua do banho . A breve anlise das idias ps

    modernas e

    de

    suas implicaes para a psicologia,

    apresentada a seguir, levanta algumas considera1'es

    sobre isso.

    A ubjet

    ividad

    ena ps mdem

    idade

    Entendendo-se a ps-modernidade como um

    conjunto de idias que emerge

    de

    mudanas sociais,

    econmicas e polticas, podemos encontrar nesse

    conjunto

    duas

    grandes posies

    Um prime iro

    enfoque define a ps-modernidade como uma nova

    condio que

    se

    caracteriza por alguns pontos

    hsicos reveladores de modificaUes da

    ~ o n d i o

    anterior, os quais implicam a reviso da noo de

    histria como um processo. Um segundo, que

    tambm aponta modificaes, as v, entretanto,

    como decorrentes de um processo histrico, deven

    do

    ai ser entendidas, em seu carter histrioo e ideo

    lgico.

  • 7/24/2019 SUbjetividade, Historicidade e Ps Modernidade - Graa

    9/12

    A primeira forma do debate aponla, ento, a

    srie

    de modificaes

    que expressariam

    o

    surgimento dc uma nova condio e que passam J1 Clo

    reconhecimento de que o desenvolvimento do

    capitalismo, com suas caractersticas intrnsecas,

    leva a uma realidade social, econmica e politica

    nova

    totalmente atrelada

    e

    dependeme

    do

    desenvolvimento lecnolgico e do desenvolvimento

    dos signos e smbolos_ Uma nova sociedade, cujas

    leis

    nilo

    so mais as da luta de classes, mas as da

    produo de smbolos e t e c n o l o g i ~ a c o n ~ l i d a o

    de uma sociedade tecnolgica, com o

    fim

    das classes

    sociais e da dicotomia capital-trabalho_

    Tal sociedade requer ateno a suas novas e

    mltiplas caractersticas, devendo-se garantir que as

    representaes sobre ela respeitem toda a

    complexidade decorrente do avano tecnolgico e

    toda a gama de diversidades que se abre com o

    fortalecimento e valorizao da produo de signos_

    Isso coloca a necessidade de se declarar o

    fim

    das

    metanarrativas cm todas as suas formas, j quc as

    metanarrativas buscam explicaes nicas para a

    diversidade_ Essa realidade atual estaria, ento,

    revelando o

    fim

    das ideologias; das totalidades, dos

    conceitos gerais (tais como sociedade, modo de

    produo); o fim das teorias sociais. E indicando que

    a anlise

    deve ser a das especificidades de cada

    sociedade e deve ser plural.

    Do mesmo

    modo

    as

    idias

    de histria,

    p r o g r e s ~

    transfonnao da sociedade no cabem

    mais,

    j

    que, de alguma forma, remetem a nocs

    totalizadoras que no so encontradas na atual

    condio complexa c diversa. Projctos coletivos, em

    nome de nocs totalizantes, no se sustentam, no

    tm sentido.

    Tais proposies tm em sua base o questio

    namento da idia de cincia e razo como nicas

    referncias.

    Embora a racionalidade cientfica

    esteja na base do desenvolvimento tecnolgico, a

    complexidade da sociedade que ele engendra e que se

    expressa atravs do desenvolvimento do signo vai

    alm dessa racionalidade, adquirindo ate mesmo

    alguma irracionalidade. Os parmetros, ento,

    devem se ampliar.

    Como representantes desse primeiro enfoque

    podemos encontrar Lyotard e Baudrillard, conf

    onne

    anlise de Peixoto (1997) que mostra detalhadamente

    como as caractersticas acima elencadas aparecem

    nas obras desses dois pensadores.

    Em

    sua anlise,

    Peixoto diferencia esses dois pensadores de outros do

    mhito da chamada ps-modernidade

    em

    vrios

    aspectos; entre eles. exatamente a noo de histria

    c, cm decorrncia. o entendimento da relao das

    idias da ps-modernidadc com essa noo. Em relao

    a Lyotard e 8audrillard. mesmo reconhecendo sua

    conlribuio ao entendi mcnto deste perodo, particu

    larmente este ltimo que, segundo sua compreenso,

    fornece parmetros importantes para anlise do papel

    dos meios de comunicao, a autora

    critica

    "Lyo

    tarcl

    e Baudrit lard. IlOstextosjilcita

    dos, cada um a seu modo. declaram

    na

    emer

    gncia de uma condiao ps-moderna, a

    ralncia

    do conhecimento. da r a ~ a o ao

    mesmo

    tempo em que

    in.dicam

    que as unicas explica

    es posslveis e permanentes sao aquelas

    contidas na sua concepao ps--modema .

    A conccpao ps-moderna aqui sa

    c r c t r i ~ como a teoria da ruina universal do

    conhecimento, tio terica e Io universalizanta

    como todas as outras declaradassob suspeita.

    Nisso reside sua principal incoerncia e

    ponto important

    e na

    dif

    erenciao dos outros

    autores trabalhados

    nesS