subjetividade e sujeito na psicanÁlise e na teoria da complexidade de edgar morin – uma...

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Resumo Este trabalho pretende verificar se há consonância entre os conceitos de Sujeito e Subjetividade na Psicanálise e na Teoria da Complexidade de Edgar Morin. Para tanto, analisa os conceitos Eu, Inconsciente, Id e Pulsão efetivados nos livros Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro e em O Método, v. 5, do estudioso francês, comparando- os às postulações psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1937) em 1905, 1914-15 e 1923 e Jacques Lacan (1901-1981) em 1949, 1943-54 e 1957-58 Palavras chave: Psicanálise. Subjetividade. Sujeito. Teoria da Complexidade. Abstract The purpose of this article is to articulate the concepts of Subject and Subjectivity based on the freudian and lacanian psychoanalytical theory and on Edgar Morin’s Theory of Complexity. Thereby it analyses, also, the concepts of Ego, Unconscious, Id and Pulsion as they are described in Morin’s books Les Sept Savoirs Necessaires à L’ Education du Future and La Méthode, v. 5 and L’ Humanitè de Humanitè. Compared to the psychoanalytic vision of Sigmund Freud and Jacques Lacan. Key words: Psychoanalysis. Subject. Subjectivity. Theory of Complexity. SUBJETIVIDADE E SUJEITO NA PSICANÁLISE E NA TEORIA DA COMPLEXIDADE DE EDGAR MORIN – UMA ARTICULAÇÃO POSSÍVEL? VELIA TERESA ANCARES DE COTSIFIS Graduacão em Psicóloga; Mestrado em Educação – UNINOVE. [email protected] Fundamentos Filosóficos e Epistemológicos da Educação – FFEE

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ResumoEste trabalho pretende verificar se há consonânciaentre os conceitos de Sujeito e Subjetividade naPsicanálise e na Teoria da Complexidade de EdgarMorin. Para tanto, analisa os conceitos Eu,Inconsciente, Id e Pulsão efetivados nos livros OsSete Saberes Necessários à Educação do Futuro e emO Método, v. 5, do estudioso francês, comparandoosàs postulações psicanalíticas de Sigmund Freud(1856-1937) em 1905, 1914-15 e 1923 e JacquesLacan (1901-1981) em 1949, 1943-54 e 1957-58Palavras chave: Psicanálise. Subjetividade. Sujeito.Teoria da Complexidade.AbstractThe purpose of this article is to articulate theconcepts of Subject and Subjectivity based on thefreudian and lacanian psychoanalytical theory andon Edgar Morin’s Theory of Complexity. Thereby itanalyses, also, the concepts of Ego, Unconscious, Idand Pulsion as they are described in Morin’s booksLes Sept Savoirs Necessaires à L’ Education du Futureand La Méthode, v. 5 and L’ Humanitè de Humanitè.Compared to the psychoanalytic vision of SigmundFreud and Jacques Lacan.Key words: Psychoanalysis. Subject. Subjectivity.Theory of Complexity.

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  • ResumoEste trabalho pretende verificar se h consonncia

    entre os conceitos de Sujeito e Subjetividade na

    Psicanlise e na Teoria da Complexidade de Edgar

    Morin. Para tanto, analisa os conceitos Eu,

    Inconsciente, Id e Pulso efetivados nos livros Os

    Sete Saberes Necessrios Educao do Futuro e em

    O Mtodo, v. 5, do estudioso francs, comparando-

    os s postulaes psicanalticas de Sigmund Freud

    (1856-1937) em 1905, 1914-15 e 1923 e Jacques

    Lacan (1901-1981) em 1949, 1943-54 e 1957-58

    Palavras chave: Psicanlise. Subjetividade. Sujeito.Teoria da Complexidade.

    AbstractThe purpose of this article is to articulate the

    concepts of Subject and Subjectivity based on the

    freudian and lacanian psychoanalytical theory and

    on Edgar Morins Theory of Complexity. Thereby it

    analyses, also, the concepts of Ego, Unconscious, Id

    and Pulsion as they are described in Morins books

    Les Sept Savoirs Necessaires L Education du Future

    and La Mthode, v. 5 and L Humanit de Humanit.

    Compared to the psychoanalytic vision of Sigmund

    Freud and Jacques Lacan.

    Key words: Psychoanalysis. Subject. Subjectivity.Theory of Complexity.

    SUBJETIVIDADE E SUJEITO NA PSICANLISE ENA TEORIA DA COMPLEXIDADE DE EDGAR MORIN

    UMA ARTICULAO POSSVEL?

    VELIA TERESA ANCARES DE COTSIFISGraduaco em Psicloga;

    Mestrado em Educao [email protected]

    Fundamentos Filosficos e Epistemolgicos da Educao FFEE

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    IntroduoEste texto o resultado do estudo dos

    conceitos Subjetividade e Sujeito naPsicanlise e na Teoria da Complexidade deEdgar Morin. Para a escolha do tema,consideramos os efeitos, na subjetividade doprofessor, da indiferena dos alunos.Entendemos que o estudo desses conceitos emambas as teorias e a procura de uma possvelarticulao entre eles podero dar consistncia anlise da subjetividade do professor.

    Comearemos por descrever a concepode Sujeito e Subjetividade segundo a TeoriaPsicanaltica. Depois, efetuaremos o estudo dostermos de acordo com Morin, para, naseqncia, encontrar os pontos de articulaoentre as duas posies tericas.

    Sujeito e subjetividade em PsicanlisePara pensar a constituio do Sujeito,

    tomaremos como ponto de partida o Estdio doEspelho como Formador da Funo do Eu, deJacques Lacan (1998). Diz o autor que h de secompreender o estdio do espelho como umaidentificao, isto , a transformao que sofre oInfans1 quando assume a sua imagem refletidano espelho. Estamos aqui nos referindo experincia da criana entre 8 e 18 meses que, aover-se no espelho, descobre sua imagem e nelase reconhece, reagindo com alegria e alvoroo,utilizando todo o corpo, rindo e agitando braose pernas. Essa assuno jubilatria (op. cit., p.97) ocorre no momento em que se encontramergulhado na dependncia do outro, osemelhante, de forma radical, em razo da

    prematuridade2 com que o humano nasce. Falarde prematuridade a forma de explicar que obeb, ao nascer, diferentemente de outros seresviventes, apresenta total impossibilidade devaler-se por si mesmo e, se no tiver algum quecuide dele e o alimente, perecer.

    Na experincia do espelho, ele assume suaimagem, v-se como um todo, embora aindano o seja. Dito de uma outra forma, a imagemque a criana v no espelho lhe d umatotalidade que, por sua prematuridadebiolgica e neurolgica, ainda no tem. Comodissemos, ao defrontar-se com sua imagem, oInfans reage jubilosamente: sorrindo, agitabraos e pernas, ao mesmo tempo que gira seurosto para o adulto que o segura, buscandoreconhecimento. como se perguntasse oupedisse a confirmao do que est vendo: diga-me, eu sou isso que estou vendo?

    Esse encontro com sua imagem o queconstitui, segundo Lacan, a matriz simblica naqual o Eu3 se precipita de uma forma primordial,antes que o sujeito entre na dialtica dasidentificaes e tenha acesso linguagem. Apartir do esquema ptico do buqu invertido,4

    de Bouasse (1947), Lacan diz que a relao dovaso com as flores serve de metfora preciosapara pensar a pr-histria do sujeito.Concordamos com ele, pois esse esquemapermite dar conta desse momento mtico dosujeito, porque possibilita pensar nos efeitos que,sob o olhar materno ou seu substituto funcional,tem na organizao do Urbild5 o prottipo daimagem especular. Vejamos esse esquema doponto de vista da pr-histria do sujeito:

    1O termo Infans, na psicanlise, refere-se criana que ainda no fala.2Prematurao s. f. (1836 cf. SC) m. q. Prematuridade. Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa (2001).3Trata-se aqui do je, na lngua francesa, com o qual Lacan denomina o Sujeito do Inconsciente, segundo a nota do editor, no final de Os EscritosTcnicos de Sigmund Freud (1979).4O esquema do buqu invertido mostra uma iluso ptica que se produz pela convergncia dos raios luminosos num determinado pontodo espao e que s pode ser vista se o observador estiver nesse ponto de convergncia. Essa experincia ptica consiste em colocar acimade uma caixa oca, qual falta um lado, um vaso na frente de um espelho cncavo; dentro da caixa se encontra um buqu de flores. Se osujeito se posiciona precisamente na convergncia dos raios luminosos, ver surgir o buqu acima do gargalo do vaso.5Urbild significa, em alemo, modelo, prottipo. Essa palavra no foi traduzida em Escritos de Jacques Lacan, c. 2: Formulaes sobre aCausalidade Psquica, p. 181. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

  • Com o uso desse esquema ptico, assimcomo do esquema que Lacan (1979, p. 147) vaiproduzir para dar continuidade constituiodo sujeito do ponto de vista do imaginrio,podemos pensar em dois tempos: tempolgico6 e tempo no cronolgico. Nopensamos a constituio do sujeito como daordem do desenvolvimento, em que a umaetapa logo outra sucede, e sim como algo que,num dado momento, ocorre ou no em razode variveis que s depois podem serpesquisadas.

    O que denominamos primeiro tempo naconstituio do sujeito consiste na formaodo Urbild, isto , o prottipo da imagem emque o Eu real vai instalar-se. Esse Urbild seconstitui no olhar do outro como Outro.7 OInfans se v nesse olhar. Nos termos de Lacan(1979, p. 137):

    O Urbild do que uma unidade

    comparvel ao eu, constitui-se num

    momento determinado da histria do

    sujeito. Isso equivale a dizer que o

    humano se constitui sobre o

    fundamento da relao imaginria.

    O Urbild a sede do que Freud (1974, p.107-108) denominou narcisismo primrio e,como vimos, vai constituir o Eu real:

    O narcisismo primrio das crianas

    por ns pressuposto e que forma um

    dos postulados de nossas teorias da

    libido menos fcil de apreender pela

    observao direta do que de confirmar

    por alguma outra inferncia. Se

    prestamos ateno atitude de pais

    afetuosos para com os filhos, temos de

    reconhecer que ela uma

    revivescncia e reproduo de seu

    prprio narcisismo, que h muito

    abandonaram. O indicador digno de

    confiana constitudo pela

    supervalorizao, que j

    reconhecemos como um estigma

    narcisista no caso da escolha objetal,

    domina, como todos ns sabemos, sua

    atitude emocional. Assim eles se

    acham sob a compulso de atribuir

    todas as perfeies ao filho o que

    uma observao sbria no permitiria

    e de ocultar e esquecer todas as

    deficincias dele.

    A prematuridade do Infans ao nascer no s motora; decorre tambm daimpossibilidade de acesso linguagem, que oleva a expressar as necessidades apenas pelogrito ou choro, nicas formas de que dispepara se fazer ouvir. O Infans no fala, ele falado; seu grito ou choro no s tm que serouvidos, mas tambm escutados como umademanda do outro em posio de Outro.Escutar como demanda o grito ou chorosignifica ouvir mais do que a simples

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    Esquema ptico doBuqu Invertido de Bouasse

    Fonte: LACAN, Jacques. O Seminrio. Livro 1: Os Escritos Tcnicosde Freud, p. 94 (1979).

    6Para Lacan (1998), o tempo lgico se estabelece em trs momentos: tempo de ver; tempo de compreender; tempo de concluir.7O Outro, grafado com maiscula, a proposio lacaniana que marca o lugar simblico da falta, portanto, do desejo que impulsiona osujeito, na condio de objeto, a sutur-lo. Segundo Roland Chemama (1993, p. 28) o lugar onde a psicanlise situa, alm do parceiroimaginrio, aquilo que, anterior e exterior ao sujeito, no obstante o determina.

  • manifestao de uma necessidade; fundamental que a me ou quem estiverexercendo a maternagem no lugar do Outrosignifique a manifestao do Infans.

    Podemos agora nos perguntar pelo pai nafuno paterna: Onde ele est nesse primeirotempo? Ao falar do pai como funo no nosreferimos ao da realidade, seno quele que, nodiscurso materno, portador do falo simblicoe est mediatizado no discurso materno. Aforma de a me, como Outro, com seu olhar evoz, fazer borda no corpo real, significando ogrito ou choro e mediatizando o discurso dopai, ser aquela originada na sua prpriaestruturao edpica. Mediatizar o discurso dopai implica a forma como a me falar a seufilho sobre a figura paterna e da posio queesta ocupar em seu discurso. Isso podervaloriz-lo, desvaloriz-lo ou ignor-lo.

    O sujeito, posto numa posio adequadaem relao imagem real do primeiro esquema,vai ver nesse espelho (plano) sua imagemvirtual. Virtual porque se v l onde no est,ficando alienado dessa imagem. Dependendoda posio em que ele se coloque, ver noespelho plano sua forma ntida ou fragmentada.

    Retomando a questo da relao

    simblica, a que definir a posio do sujeitocomo aquele que se v, Lacan (op. cit.) diz que apalavra que vai definir, com maior ou menorgrau de perfeio e completude, a aproximaodo imaginrio. o ideal do Eu que rege a relaodo sujeito com o Outro, do qual depender ocarter mais ou menos satisfatrio da estruturaodo imaginrio. A identificao narcsica, dosegundo narcisismo, a identificao ao Outro;ela ser o prottipo das relaes do sujeito como mundo, j que possibilita ao homem situarsua relao imaginria e libidinal ao mundo. dessa identificao narcsica que o sujeitoestar alienado. Estamos, ento, na origemou nascimento da subjetividade, para a teoriapsicanaltica.

    Vimos, at aqui, a constituio do Eu, dofuturo sujeito no registro imaginrio. Dizemosfuturo sujeito porque nos referimos a ele nomomento em que ainda no existe como sujeitodesejante. Falta-nos abordar a sua constituiono registro simblico, isto , analis-lo naperspectiva do saber, saber que est no Outroque expressa esse saber mediante suasdemandas; porm, se esse Outro demanda, porque algo lhe falta, um Outro castrado. Emdecorrncia, se, por um lado, o Infansposiciona-se como objeto para responder demanda, por outro, pode defender-se dessaalienao agenciando um certo saber sobre odesejo do Outro, sobre a falta no Outro. comose o Infans dissesse: t certo, voc quer que euseja tal coisa. Lajonquire (1997, p. 121) diz : Acriana antepe ao desejo do Outro umaespcie de cogulo de saber. Com cogulo desaber, o autor quer dizer que o Infans responde demanda do Outro, oferecendo-se como oobjeto que pode suprir a falta no Outro.

    O Eu, para poder sair da condio dasidentificaes e entrar na dimenso da fantasiafundamental, precisa percorrer os supostos8 dosaber. A condio para que esse percurso ocorra

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    Esquema do espelho plano

    Fonte: Escritos de Jacques Lacan (1998). Observao sobre oRelatrio de Daniel Lagache: Psicanlise e Estrutura daPersonalidade.

    8Suposto adj. 1 admitido como hiptese, dado ou apresentado hipoteticamente; conjecturado. Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa (2001).

  • a operao da metfora paterna9 a interdiodo pai, como pai simblico,10 no desejomaterno. O Nome do Pai introduz a lei deinterdio do incesto, como se dissesse: Noreintegrars teu produto; No deitars comtua me. Essa operao possibilita que acriana deixe de ser o objeto que causa o desejomaterno e passe a ser sujeito, sujeito desejante;assim, deixa de ser todo objeto para ser sujeitobarrado, sujeito dividido na e pela linguagem.11

    Sujeito e subjetividade em MorinPara Morin (2002), ser sujeito supe um

    indivduo. O autor no se detm a explicitarqual a diferena que ele estabelece entre os doistermos. Sujeito, segundo Houaiss (2001),etimologicamente vem do latim subjectus,posto debaixo, situado abaixo, subordinado,submetido, dependente. Deparamos aqui comum paradoxo: etimologicamente, sujeitosignifica subordinao, dependncia,enquanto, para o pensamento moderno e aepistemologia cartesiana, o Eu pensante,conscincia, faculdade cognoscente e princpiofundador do conhecimento, isto , estaconcepo nada nos diz do sujeito submetido edependente que a etimologia do termo indica.

    Continuando com a tentativa de buscar adiferena entre sujeito e indivduo em Morin,remetemo-nos a Houaiss (2001) que diz que asconcepes de sujeito e de indivduo podemser tomadas como sinnimos, de acordo comas acepes 8 e 9 de indivduo, definidas comohomem annimo, indeterminado; pessoa;determinado homem; estas definiesaproximam-se da acepo 2 de sujeito pessoa indeterminada.

    No momento, esta anlise no nos permitecaptar qual a diferena que Morin observaquando diz que sujeito supe um indivduoPara desvelar a questo, avancemos naconcepo de sujeito, do autor francs: Adefinio primeira do sujeito deve serbiolgica (MORIN, 2002, p. 74). Aps essaprimeira definio, o autor sugere que a noode sujeito implica uma lgica de auto-afirmao do indivduo vivo, ocupando ocentro do mundo, o que corresponde, de formaliteral, noo de egocentrismo. O sujeitoocupa o centro do mundo, o que comporta oprincpio de excluso e o de incluso.

    Pelo princpio de excluso, a no ser osujeito, ningum pode ocupar esse centro; nemmesmo o gmeo univitelino ser dotado detodas as caractersticas que possam lev-lo atmesmo a confundir-se com o outro porpossurem a mesma identidade gentica, poisno existe a possibilidade de o Ego do sujeitoser partilhado entre os gmeos univitelinos. Adiferenciao em relao ao outro no est nacarga gentica, anatmica, psicolgica, afetiva,e sim, de acordo com Morin (2002, p. 75), naocupao do espao egocntrico por um Euque unifica, integra, absorve e centralizacerebral, mental e afetivamente as experinciasde uma vida.

    Cada indivduo carrega e sente, em suasubjetividade nica, a singularidadeanatmica, fisiolgica, imunolgica e afetivaque lhe prpria. Embora a identidade fsicado indivduo no seja estvel, pois vai-semodificando com o passar dos anos, aidentidade de seu Eu permanece nastransformaes da criana em adolescente, em

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    9A metfora paterna a forma de Lacan formalizar e sistematizar o Complexo de dipo, fazendo com que deixe de ser uma histria mticaem que foi transformado pela vulgata psicanaltica.10A Psicanlise diferencia o pai da realidade, aquele pai do dia-a-dia que trabalha, brinca, cuida etc., do pai como funo. O pai, comofuno, o pai simblico, que vai exercer a interdio, introduzindo a lei de interdio do incesto, e assim submete o desejo materno lei.O pai simblico, escrevemos NP (significante nome do pai).11O sujeito em Psicanlise o sujeito do desejo que Sigmund Freud descobriu no inconsciente. Esse sujeito do desejo um efeito daimerso do Infans na linguagem. Ver CHEMAMA, R. et. al. Dicionrio de Psicanlise. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1995.

  • adulto e, depois, em velho: As qualidades dosujeito transcendem as mudanas do serindividual (id. ib.). Embora o sujeito sejaegocntrico, esse egocentrismo no leva s aoegosmo, j que a condio do sujeitocomporta o princpio de incluso. Por esseprincpio, o sujeito tem a condio da inclusona comunidade: um Ns (casal, famlia,partido, igreja) inclui esse Ns no centro domundo (op. cit., p. 76).

    Para Morin (id. ib.), h no sujeito apossibilidade egosta de sacrificar tudo embeneficio de si mesmo e uma possibilidade dealtrusmo que leva ao autosacrifcio:

    tudo se passa como se houvesse em

    nossa subjetividade um quase duplo

    programa; um comando, o para si;

    outro, o para ns ou para outros.

    O altrusmo, princpio de incluso, de umlado, destina o sujeito ao Ns biolgico (pais,filhos); de outro, ao Ns sociolgico (ptria,partido, religio) e tambm ao Tu. Isso significaque o indivduo vive para si e para o outro,dialogicamente. Pensamos que, para Morin,sujeito e indivduo so sinnimos, pois eleutiliza ambos indiscriminadamente.

    Tomando estes dois princpios, excluso eincluso, deparamos com o fato de que osujeito sofre, em determinados momentos, apresso de duas foras antagnicas: umaemana de seu egosmo, e a outra, de seualtrusmo, o que pode deix-lo constrangido setiver de tomar uma deciso dolorosa. Nostermos de Morin (op. cit., p. 77), asubjetividade comporta assim a afetividade.

    A relao do sujeito com o outro, osemelhante, importa em semelhanas edessemelhanas em virtude dos traoshumanos e culturais comuns, da singularidadeindividual e das diferenas tnicas. Ofechamento egocntrico faz com que o outro setorne estranho, o altrusmo torna o outro

    simptico: O sujeito por natureza aberto efechado (id. ib.). O princpio de incluso estna origem do sujeito, mas o outro se encontraem seu mago: O outro uma necessidadeinterna, confirmada pelas recentes pesquisassobre o apego entre os recm-nascidos e entreas crianas (id. ib.). A relao com o outro estna origem do sujeito, um outro virtual emcada um; os sujeitos se organizam, interagindocom o outro, e assim tambm os sujeitosestruturam-se pelas mediaes dos outrossujeitos antes mesmo de conhec-los de fato(op. cit., p. 78). O sujeito surge quando seintegra intersubjetivamente, isto , quando seintegra com o outro; mas, para no se dissolvernessa intersubjetividade o Eu que guarda suaauto-afirmao irredutvel: Quando umarelao intersubjetiva profunda se estabelece,mimetismos inconscientes produzem-se(imitao, riso, certas expresses do rosto,entoaes vocacionais, modos decomportamento) (id. ib.).

    A necessidade de um outro mostra aincompletude do Ego-Eu. Se, por um lado, aqualidade do sujeito garante sua autonomia,por outro, o sujeito pode ser submetido, no nacondio de submisso, dominado de fora, e simcomo prisioneiro de um poder subjetivo forte,que se impe no panorama egocntrico,subjugando o indivduo, que fica possudodentro de si mesmo. possvel ser possudosubjetivamente por um Deus, um Mito, ou seja,por uma Idia que, instalada no mundoegocntrico, comandar imperativamente,embora o sujeito acredite atuarvoluntariamente:

    O indivduo, sujeito, sofre a autoridade

    social, a influncia e a norma de uma

    cultura; forma-se e vive sempre na

    dialgica estabelecida por Freud entre

    Superego, o Id pulsional e o Ego-Eu (op.

    cit., p. 81).

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  • O sujeito tem a capacidade de objetivar eobjetivar-se a si mesmo, isto , ele mesmotornar-se objeto. O sujeito, Eu objetivado, oEgo. Esse Ego diferente do Eu , ao mesmotempo, idntico a ele. essa capacidade dosujeito de ver-se como objeto (Ego) sem deixarde ser Eu que lhe permite ser subjetivo eobjetivo, podendo tratar objetivamente seuproblema subjetivo como uma doena. Essapossibilidade lhe d a condio de confrontar,em qualquer circunstncia, um princpio derealidade com um princpio de desejo. Osujeito no est sozinho porque o Outro e o Nsmoram nele (id. ib.).

    Psicanlise e Complexidade:uma articulao possvel?

    Lendo Morin pelo vis de uma possvelarticulao com a teoria psicanaltica,defrontamo-nos com dois tipos de dificuldade.O primeiro refere-se ao uso que o autor faz dosconceitos psicanalticos: quando se refere aoinconsciente, no fica claro se o trata comoatributo, isto , aquilo que no consciente, ouse o est tratando ao modo da Psicanlise, paraa qual o inconsciente no um atributo, e simum dos sistemas do aparelho psquico. O fatode referir-se a outras categorias psicanalticas pulso, Id, Superego leva-nos a pensar que, aofalar do inconsciente, reporta-se aoinconsciente freudiano, embora o faa deforma peculiar j que aborda uma pluralidadede inconscientes.

    O inconsciente freudiano uma instnciacom forma especfica de funcionamento, sejadinmico, econmico ou topogrfico. O autor,ao referir-se ao inconsciente, destaca aexistncia de uma pluralidade de inconscientes(op. cit.). Em momento algum de sua obraFreud (1976, v. 19, p. 27-28) nos fala depluralidade, mas adota o seguinte tratamentoconceitual:

    Podemos agora trabalhar

    comodamente com nossos trs

    termos, Cs., Pcs. e Ics., 12 enquanto

    no esquecermos que, no sentido

    descritivo, h dois tipos de

    inconsciente, mas, no sentido

    dinmico, apenas um.

    Morin (2002, p. 37) nos fala de dois Id, enovamente deparamos com algo nunca ditopor Freud. Para este, o Id constitudo daquiloque nunca passou pelo sistema perceptivoconsciente. A concepo de pulso, para esseautor, indica o instinto, que no , comoveremos a seguir, o entendimentopsicanaltico: O indivduo encontra-se no ndas interferncias da ordem biolgica dapulso e da ordem social da cultura (op. cit., p.53). Na pgina seguinte, informa que Ocrebro humano integra: a) o paleocfalo,herdeiro do crebro rptil, fonte deagressividade, do cio, das pulses primrias.Ao referir-se trindade psquica, afetividade-pulso-racionalidade, diz:

    Por seu lado, a pulso rptil do cio

    dissemina-se, transforma-se e

    complexifica-se em erotismo e

    sensualidade, entra em osmose com o

    sentimento amoroso. Ainda mais,

    como mostrou Freud, h um poder de

    invaso da sexualidade em todas as

    atividades mentais do sonho e da

    realidade, fazendo-os derivar,

    metamorfosear-se, transformando-se

    ela mesma em libido, a qual capaz de

    sublimar-se nas mais altas criaes do

    esprito. (op. cit., p. 123).

    Como vemos, todas as referncias pulsoso de ordem orgnica e instintiva. Podemospensar que Morin usa o termo como sinnimode instinto. Entretanto, para Freud (1914),instinto algo que vem com a espcie, e pulso

    41

  • (Trieb)13 algo que se estabelece na relao dacriana com a me, na presena de um terceiro.Na definio freudiana, temos que pulso umconceito situado na fronteira entre o mental eo somtico, como um representante psquicodos estmulos que se originam dentro doorganismo e alcanam a mente [...] (1974, v. 14,p. 142).

    A afirmao moriniana sobre atransformao da pulso em libido revela maisuma diferena em relao formulaofreudiana, pois, para Freud (1972, v. 7, p. 223):

    Definimos o conceito de libido como

    uma fora quantitativamente varivel

    que poderia servir de medida do

    processo e das transformaes que

    ocorrem no campo da excitao

    sexual. Distinguimos esta libido, no

    tocante sua origem especial, da

    energia que se deve supor subjacente

    aos processos mentais em geral, e,

    assim, tambm atribumos a ela um

    carter qualitativo.

    Ao tratar da questo do sujeito, o pensadorfrancs sugere que este ocupa o centro domundo e, pelo princpio de excluso, ningumpode ocupar esse centro a no ser o prpriosujeito, referindo-se, com isso, ao ego do sujeitoque no pode ser partilhado nem nos casos degmeos univitelinos. A seguir, pondera que oespao egocntrico ocupado por um Eu, o quenos leva a pensar, num primeiro momento, queEgo-Eu so sinnimos. No entanto, logo depois,o autor estabelece uma diferena entre Ego e Euao dizer que o sujeito Eu objetivado, o Ego, eacrescenta que o Ego diferente do Eu e aomesmo tempo idntico.

    Essa concepo de Ego-Eu tambm nonos permite nenhum tipo de articulao com aPsicanlise. Dando continuidade conceituao do sujeito, o autor diz: O sujeitono est sozinho porque o Outro e o Ns moramnele. Mas o Eu est s (MORIN, 2002, p. 81).Perguntamo-nos: a que se refere Morin, quandousa a categoria Outro? Ao Outro do qual falaHegel (1770-1831) na Fenomenologia doEsprito? Ao Outro freudiano da Carta 52 a Fliess,de 06 de dezembro de 1896? No texto no hrespostas para essas questes. Em psicanlise,utilizamos essa categoria com referncia aolugar do cdigo o Outro como a cultura, ou oOutro que marca o lugar simblico da falta,portanto, do desejo que impulsiona o sujeito, nacondio de objeto, a suturar essa falta noOutro. A falta de esclarecimento, no autor, nonos permite nenhum tipo de aproximao.

    A seguir, Morin (op. cit.) cita Freud paradizer que este concebeu a unidade do sujeito apartir da trindade psquica em relao ativa einseparvel do Id pulsional, e o Superego,imago do pai, mais amplamente, de todaautoridade. Dessa forma, um subego e umsuperego constituem o Ego. O subego no umconceito freudiano; podemos pensar que umaoutra forma de referir-se ao inconsciente,segundo uma concepo prpria do pensadorfrancs. Na mesma pgina, Morin afirma que osubego e o superego constituem o Ego,divergindo do dito por Freud (1973, v. 19, p. 39):

    fcil ver que o ego aquela parte do

    id que foi modificada pela influncia

    direta do mundo externo, por

    intermdio do Pcpt.-Cs;14 em certo

    sentido, uma extenso da

    diferenciao de superfcie.

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    12Cs., Pcs e Ics significam, sistema Consciente, Pr-Consciente e Inconsciente (nota do autor).13 preciso esclarecer que a edio Standard Brasileira das Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud, na qual nos fundamentamos,por ter sido vertida diretamente do ingls, apresenta inmeros erros de traduo em relao lngua alem. Um deles o uso do termoinstinto no lugar de pulso Freud escreveu Trieb e no Instinkt (nota do autor).14Pcpt.-Cs significa sistema perceptivo-consciente. (N. do A.).

  • Em relao ao superego, ele se constituipela identificao com a figura paterna ematerna no momento da resoluo do dipo,portanto, resulta da modificao do Ego. Dessaforma, no se pode pensar que subego esuperego constituam o Ego, como afirmaMorin. Segundo Freud (1976, v. 19, p. 49),

    O amplo resultado geral da fase sexual

    dominada pelo complexo de dipo

    pode, portanto, ser tomada como

    sendo a formao de um precipitado

    no ego, consistente dessas duas

    identificaes unidas uma com a outra

    de alguma maneira. Esta modificao

    do ego retm a sua posio especial;

    ela se confronta com os outros

    contedos do ego como um ideal de

    ego ou superego.

    No que diz respeito concepo do sujeitoem Morin e na Psicanlise, tambm no foipossvel fazer uma articulao. Para aPsicanlise, o sujeito dividido a partir daoperao da metfora paterna; por isso, sujeitodesejante, sujeito do inconsciente, sujeito nae pela linguagem. Para a teoria da complexidade,o sujeito ocupa o centro do mundo; ele contm oEgo-Eu, o Ns, o Tu e o Outro.

    Em relao subjetividade, podemos dizerque, embora no seja um conceito exclusivo daPsicanlise, a concepo de Morin sobre ele diferente da psicanaltica. Vejamos: o autorfrancs afirma que

    cada indivduo vive e experimenta-se

    como sujeito singular; essa

    subjetividade singular que diferencia

    cada um comum a todos (Morin,

    2002, p. 59).

    Mais adiante, salienta:

    o indivduo humano, vamos repetir,

    que dispe das qualidades do esprito

    e mesmo de uma superioridade em

    relao espcie e a sociedade, pois s

    ele tem a conscincia e a plenitude da

    subjetividade (op. cit., p. 73).

    A concepo de subjetividade queencontramos no dicionrio Houaiss (2001)aproxima-se da concepo formulada por Morinquando afirma que s o indivduo humano temconscincia e plenitude da subjetividade,considerando a subjetividade como da ordem daconscincia. A Psicanlise prope que aidentificao narcsica ser o prottipo dasrelaes que o sujeito estabelecer com os outros,seus semelhantes, ficando a ela alienado (LACAN,1979, p. 148) em outros termos, a subjetividade inconsciente. Trata-se de uma subjetividadeoriginria que se vai complexificando durante aestruturao do sujeito. Como vimos, o Eu, parapoder sair da condio das identificaes e entrarna dimenso da fantasia fundamental, precisapercorrer esses supostos possibilitados pelaoperao da metfora paterna.

    Pensamos que a posio de objeto que osujeito ocupa na fantasia ser a forma como elever o mundo e se relacionar com ele. Asegunda dificuldade, que mencionamos, a deque Morin cita Freud sem indicar a fonte daqual extrai os conceitos psicanalticos.Contornamos essa dificuldade buscando ostextos freudianos que conceitualizam os termosa que o autor se refere.

    ConclusoPor termos trabalhado, como apontamos,

    com apenas duas obras de Edgar Morin,podemos dizer que nossa concluso sobre apossvel articulao entre a Psicanlise e aTeoria da Complexidade em relao scategorias subjetividade e sujeito no tem

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  • carter definitivo. Feito este esclarecimento,passaremos a considerar as razes que noslevaram concluso de uma articulaoimpossvel entre essas teorias, no que se refereaos conceitos acima denominados.

    Em primeiro lugar, assinalamos que o usoque o autor francs faz dos conceitospsicanalticos est distante da conceptualizaofreudiana. Morin modifica e distorce osconceitos de Inconsciente, Id, Pulso eSuperego, como apontamos no item Psicanlisee Complexidade: Uma Articulao Possvel?Quanto concepo de sujeito e subjetividadeem Morin e na Psicanlise, deparamos tambmcom a impossibilidade de realizar algum tipo dearticulao. Para o autor francs, o sujeito ocupao centro do mundo, contendo o Ego-Eu, o Ns,o Tu e o Outro; para a Psicanlise, ele divididona e pela linguagem, sujeito desejante,portanto, sujeito do inconsciente.

    No que diz respeito subjetividade, damesma forma no encontramos uma possvelarticulao em Morin, a subjetividade consciente, faz parte da conscincia e comportaafetividade; a Psicanlise a prope comoidentificao narcsica da qual o sujeito ficaralienado, o que ser a origem ou o nascimentoda subjetividade. Assim conceitualizada, asubjetividade inconsciente e sem afeto. Freuddiz que os afetos no so inconscientes, nopassam pela operao do recalque.

    A grande dificuldade com que deparamosem nosso estudo, na busca de uma articulao,foi a de que Morin, nos diferentes trechos emque cita Freud, no nos diz, seja em notas derodap ou nas referncias bibliogrficas, a fonteda qual extrai suas afirmaes sobre as idiasdo criador da Psicanlise. Essa situao noslevou a localizar, na obra freudiana,especialmente os textos em que estoconceptualizados os termos que o autor francsutiliza, para poder cotejar o rigor no empregodos conceitos dos quais ele se apodera paraelaborar sua teoria da complexidade.

    Deparamo-nos tambm com a dificuldadede analisar os fundamentos filosficos nosquais Morin se baseia. Por exemplo: quandointroduz a categoria do Outro, ele o faz semqualquer tipo de referncia que possibiliteconhecer qual sua fundamentao filosfica.

    A concluso a que chegamos a de que, nocontexto em que trabalhamos, resultaimpossvel verificar consonncia entre osconceitos de Sujeito e Subjetividade na TeoriaPsicanaltica e na Teoria da Complexidade

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