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FERNANDO PESSOA SUB Hamburg A/588295 POESIA 1931-1935 E NÃO DATADA edição MANUELA PARREIRA DA SILVA ANA MARIA FREITAS MADALENA DINE ASSÍRIO & ALVIM

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FERNANDO PESSOA

SUB Hamburg

A/588295

POESIA1931-1935E NÃO DATADA

edição

MANUELA PARREIRA DA SILVA

ANA MARIA FREITAS

MADALENA DINE

ASSÍRIO & ALVIM

ÍNDICE

Nota Prévia

1931

[Cai amplo o frio e eu durmo na tardança] 13[Na orla do vento movem] 13[Oiço o sussurro do vento] 14[Gato que brincas na rua] '. 14[Em segredo, não vá] 15[No mar alto, no mar largo,] 15[Algures no tempo ido,] 16[Se o rouxinol falasse, não cantava.] 16[Não: não digas nada!] 17[Andavam de noite aos segredos] 18[Parece às vezes que desperto] 18[No chão do céu o sol que acaba arde.] 19[Traz o jornal que ontem morreste.], 19[Nos tanques verdes por cima] 20[Nos seixos ou pedregulhos] 21[O ruído vário da rua] 22[Cheguei à janela,] ; 22[Não tendo nada que fazer,] 23[Na rua desabitada] 23[No fim do mundo, onde a paisagem] 24[De onde é quasi o horizonte] 25[Há dias de tanta angústia] 26[Não, falar não, cantar só.] 26[Não tive tão bom passado,] 27[Há um murmúrio na floresta.] 28[O vento tem variedade] 28[Já ouvi doze vezes dar a hora] 29

ÍNDICE 625

[Paisagens, quero-as comigo.] • 29[Sonhei. Desperto. Um tédio doloroso] 30[Quando é que o cativeiro] 30[Suavíssimo,, como se fora] 31[Não sei porque é que sou assim.] 32[Sim, a música, e já a mulher] 32[Estes livros de versos juntos são] 33[No fundo do pensamento] 34[Há nas danças populares] '. 35[«Toda esta noite choveu] 35[Tenho dores de cabeça.] 36[Gostava que me explicassem] 36[Como chove! Um desalento] 37[Nas nuvens brancas que lentam] 37[Na viagem até nada] 38[Num dia silencioso] 39[Morreste. Veio a notícia] 39[No meio da no.ite] 40[Abro a janela. É madrugada.] 40[O mau aroma álacre] 40[Vão lentos passando] 41[Vaga, no azul amplo solta,] 41[Fito-me frente a frente] 42[Em plena vida e violência] ' 43[Não tenho quinta nenhuma.] 43[Quem me dera, entre arvoredos,] 44[Vou passando pelo bosque,] 45AUTOPSICOGRAFIA 45[Não sei ser triste a valer] - 46[Tenho sono em pleno dia.] 47[Sou um evadido,] 47[As nuvens são sombrias] 48[Para além do arvoredo] 48[Guardo ainda, como um pasmo] 49[O inverno passa, tardando] <-. 49[Se penso mais que um momento] 50[Das flores o não-me-esqueças] 51[Deus te livre de estar onde estás,] 51

626 . ÍNDICE

[Os sons da filarmónica vindos de longe] 51[Desfaze a mala feita p'ra a partida!] 52[Se estou só, quero não 'star,] 53[Bem, hoje que estou só e posso ver] 53[Agita as árvores um vento] 54[Chora como gente o vento,] . 54[Minha vida tem sido, em suma,] 54[E acho que todo poeta] . 55[No céu da noite que começa] 55[Desejo partir,] 56[Hoje que a tarde é calma e o céu tranquilo,] 57[Alma nobre, espiritual e subtil,] 58[Ao alto, com o mesmo sangue, erguia] 58[Gosto de imaginar cousas.] 58[Bom vento do mar, bom vento] 59[Quanto estou só reconheço] 59[Chamou uma voz do monte;] • 60ALI SIM 61[Não: era só um canto,] 62[Ela era só o canto] , . . . . . - 62[A aldrava soa na noite] 63[Quando será dia] 63[Vê-la faz pena de 'sperahça.] 64[Não te pedi, sinistro Jehovah,] 64[Loura, elevada naquela] : 65[Uma maior solidão] . • 66[Chove. Que fiz eu da vida?] 66[Pobre Espanha, já sem ter] 61[Vem dos lados da montanha] 68[Desperto sempre antes que raie o dia] , 68[Clareia cinzenta a noite de chuva,] 69[A lua (dizem os ingleses)] 69[Sol de inverno triste e frio] 70[Teu nome ouvido em segredo] 71[As lentas nuvens fazem sono,] 71[Tão linda e finda a memoro!] 71INCIDENTE 72

ÍNDICE 627

1932

[Guia-me a só razão.] 75[Oscila a lâmpada vazia] 75[O dia 'splende, luminoso e vasto.] 76[Traze, da neve e do luar,] 77SEGUNDO GRAU 78[Desperto de sonhar-te] 78[Pela janela da noite] 79[Em que pensas quando] 79[Pesa o sono que perdi] 80[Dói-me a alma como um corpo, e o peso todo] 81[Não, não é nesse lago entre rochedos,] 81[Tenho principalmente não ter nada.] 82[Que é afinal o que ela canta?] 82[Já, entre o sono e o sonho,] 82[Não quero nada, nem palavras, nem verdade.] 83[Foi entre as ruínas encontrada] 84[Loura e face que esfria] ^ 85[Passa no sopro de aragem] 85[Chuva? Gotas como bagos,] 86INICIAÇÃO 86[Há quasi um ano não screvo.] 87[Fúria nas trevas o vento] 88[A morte é a curva da estrada,] 88[Quem bate à minha porta] 88[Dizia o Guerra Junqueira] 89[Lembro-me ou não? Ou sonhei?] 90[Basta pensar em sentir] 90[Como nuvens pelo céu] 90[Bendito galo que cantas] 91[O sono é suave, mas o meio-sono] 91[Ah, feliz quem não pensa, porque a vida,] 92[Porque sou tão triste ignoro] 93[Quando já nada nos resta] 93[A aranha do meu destino] 93[Ah, só eu sei] 94[No meu sonho estiolaram] 94

. [Lâmpada deserta,] 94

628 íNI

[Aquele peso em mim — meu coração.] 95[O sol doirava-te a cabeça loura] 95LISBOA 95[Ia elegante, depressa,] 96[Lá fora onde árvores são] 96[Nada que sou me interessa.] 97[O ponteiro dos segundos] 97[Minhas mesmas emoções] 98[Depois que o som da treva, que é não tê-lo,] 99[Rala cai chuva. O ar não é escuro. A hora] 99[Casa de campo, quarto sobre a estrada;] 100[Oscila o incensório antigo] ' -. . 100[Ouço sem ver, e assim, entre o arvoredo,] 101RONDEAU 102[Numa árvore pousada,] 102MONTE ABIEGNO 103[Quem me diz que sou quem julgo?] 107[Na sombra do Monte Abiegno] 107[Mas essa paz, que aqui não há,] 108[Do vale à montanha,] 108[Uma névoa de outono o ar raro vela,] 109[Que suave é o ar! Como parece] 110[Cansa sentir quando se pensa.] 110[Não meu, não meu é quanto escrevo.] 111[Supõe que morres amanhã.] 112[Sorriso audível das folhas,] 112[A roupa estendida ao vento] 113[Nesta vida, em que sou meu sono,] 114[Vai pela estrada que na colina] 115[Vi passar, num mistério concedido,] 115[Que temes? A névoa desce] 116[Eu sou uma antologia.] 117[Ladram uns cães a distância] . : 118[Na erva brincam meninos.] 118[Por mais que tente, não me desembrulho.] 119[Como os melhores, nada fiz da vida.] 120[Eu amo tudo o que foi] 120['Splende o sol. Ri o verde. Além, o mar] 120[Comandante, envio junto] 121

ÍMDICE 629

1933

[Leves véus velam, nuvens vãs, a lua.] 125[Quero, terei —] 125[Falamos de um e de outro modo] ; 125[Cabeça augusta, que uma luz contorna,] 126[É um campo verde e vasto,] 126[Alhures a alma peca: o Inferno é o mundo,] 127[Deixei de ser aquele que esperava...] - 128[Quando, com razão ou sem,] 128[Às vezes a chuva é sol,] 129[Quem bate à porta de eu ser] •. 129[Sim, ninguém me compreende.] 130[Na noite em que não durmo] 130[Assim, sem nada feito e o por fazer] 131ISTO 131[Vai alta a nuvem que passa] 132[O piano noutro andar] 132EROS E PSIQUE 133[A novela inacabada,] 135I [Sim, farei...; e hora a hora passa o dia...] 135II [Farei talvez um dia um poema meu,] 136III [Sossega, coração! Não desesperes!] • 137[Todas as coisas qUe há neste mundo] 137[Tendo criado o mundo] 138[Passa uma nuvem pelo sol.] 139[É brando o dia, brando o vento.] 139[Entre o luar e a folhagem,] 140[Nuvens sobre a floresta...] 140[Oiço, como se o cheiro] 141[Depus, cheio de sombra e de cansaço,] 141[Dá-me a verdade: dou-te a vida.] : 144[No sono antes do sono,] 145[Não sei se é sonho, se realidade,] 146[Aqui onde se espera] 147[Que linda é quem não és!] 148[De além das montanhas,] 149[Tenho comigo] 150[Teu nome, esqueci-o.] • 151

6 3 0

[Redemoinha o vento,] , 151[Momento imperceptível,] 152[Vai alto pela folhagem] 152[Quando as crianças brincam] 153[Passos tardam na relva] 153[O que me dói não é] 154[Porque é que um sono agita] 154[Contemplo o que não vejo.] 155[Era um país de charcos,] 156[Que fiz da vida? Que fiz da vida?] 156[Entre o sono e o sonho,] 157[A morte chega cedo,] 157[Repousa sobre ò trigo] 158[Tudo que faço ou medito] 159[A lavadeira no tanque] 159[Ó rapaz que deitas gatos,] 160[Se já não torna a eterna primavera] 160[Talhei, artífice de um morto rito,] 161[Há em tudo que fazemos] 161[Se eu, ainda que ninguém,] 162[Tenho tanto sentimento] 162[Há um homem que ninguém conhece,] 163[Ter pressa é não saber chegar.] 164[Vem beber dois. Toda a vida] 164[A miséria do meu ser,] 165[Meu coração tardou. Meu coração] 166[Uns passos na relva...] : . . 166[Vão na onda militar] 167[Durmo. Se sonho, ao despertar não sei] 167[Viajar! Perder países!] 168[Começa o outono. Começou o outono.] 168[O que tem as botas rotas] 169I. [A criança que fui chora na estrada.] 169II. [Dia a dia mudamos para quem] 170III. [Meu Deus! Meu Deus! Quem sou, que desconheço] 170[Qualquer coisa de obscuro permanece] 171[Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,] , : . . . 171[Se acaso, alheado até do que sonhei,] 172[A lua por trás da torre] 172

ÍNDICE

[Se é mister a doença ou a desgraça] 173[Durmo ou não? Passam juntas em minha alma] •. 174[Em que parte de que caminho] 174[Meu coração, isto é, minha cabeça] 175[Traze, porque a verdade nada traz,] 175[Vem uma linha escrita] 176[Vêm campainhas vizinhas,] 176[Que coisa distante] 177[Na ribeira deste rio] 178[No mal estar em que vivo,] 178[Quando era criança] 179[Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva] 179[Grandes mistérios habitam] 180[Dorme, que a vida é nada!] : 181[Não sei que sonho me não descansa] 181[Meu coração, que teve vida e alma,] 182[Um só momento] 182[Pobre criança, então julgavas] • 183[Como os fumos dos casais] 184[Quantas verdades achei!] 185[Eu, vindo de onde não vim,] 186[Nada... Passaram nuvens e eu fiquei...] 187[Eu me resigno. Há no alto da montanha] 188[Na praia deserta,] 188[Meu coração foi o que o mar levou] 189[O sangue que circula em minhas veias] 189[Na rua tive um sorriso] 190[A minha camisa rota] 190[Falhei. Os astros seguem seu caminho.] 191

• [Sob a nudez do céu cheio de lua,] 191[Era um major reformado] 192SONO . 193[Depois de andar a roda] 194[Bom tempo esse em que a velha feia] 194[Na rua escura só um candeeiro] 195[Vivo das lágrimas que lembro.] 195[O burro apanhou pancada] 196[De bêbado, caiu-me o fósforo dos dedos...] 196[Soa na noite de todos] 197

632 ÍNDICE

[Dizem que há entre a folhagem] 197[O vento da noite] 198[Ó vento, evocas montanhas,] 199[Onde o sossego dorme] 199[Sem dúvida que foi o único idílio] 200[Veio a canção lá do fundo] 201[Nas margens do rio verde] 202[Que suavemente!,] 203[Canta onde nada existe] 203[Pois bem, matou-se. Morreu-lhe a filha,] 204[Nós esquecemos a qualquer morto] 204[Vão regulares os pequenos do asilo] 205[Perde a mãe filhos, filhos a mãe,] 206[Durmo, cheio de nada, e amanhã] 206[Tenho esperança? Não tenho.] 206[Era uma criança pobre a passar] • 207[Náusea. Vontade de nada.] . . '. 1 208[O mestre sem discípulos] 208[O Mestre sacrificado] 209[A cruz do Templo aberta em inocência] 210[O vento sopra lá fora.] 210[Sopra o vento, sopra o vento,] 211[Paz! Sob as árvores há paz.] 211

1934

[Há cinco Mestres da minha alma,] 215[Aqui, que é o fundo] 216[Baixei, como quem desce do alto sólio,] 217[Quem me roubou o livro das baladas? —] 217[Fadas ou elfos ou o que quer que seja!,] 217[A linha da casaria] 218[Não foi princesa quem o sonho trouxe.] 218[Teu nome ignoro. Teu perfil deslembro.] 219[Vai lá longe, na floresta,] 220[Hoje que nada sou e nada quero,] 220[Os dois do lugar] 221[Eu vou dormir, vou dormir...] 221

ÍNDICE 633

[Porque choras de que existe] 222FRESTA 223[Os mesmos deuses são precários...] • 224[Tudo me cansa. Nada me consola.] 224[Pálida, a lua permanece] 225[Dorme, criança, dorme,] 225[Eu, que vendi a alma a meio diabo] 226[Meu ser é o centro de tudo.] 226[Regularmente] 226[Sinto um prenúncio de morte] 227[Vibra, clarim, cuja voz diz] 227[O som da chuva lá fora, —] : . . . . 232[Com que- revolta me reconheço] . 232O SILVA 233[Durmo a vida. Que fazer] 233O CHAGA 234[Cismo, remoto da calma] 234[As fadas dançam no ermo] 235[Sim, por fim uma certa calma...] 236[Bóiam farrapos de sombra] 236[Verdadeiramente] 237[Vem uma voz pela bruma,] 237[O que é a vida e o que é a morte] 238[Sabes quem sou? Eu não sei —] 238[Tenho escrito muitos versos,] 239[Renega, lápis partido,] 239

. [Acordo, chasco de quem me supus] 240[Se eu me sentir sono] 240[A Igreja Católica cobriu como uma redoma] 241[Na paz da noite, cheia de tanto durar,] 242

. [Onde, em jardins exaustos] 242[Toda beleza é um sonho, inda que exista.] 242[Tudo que sou não é mais do que abismo] 243[Tudo se vai ajustando] 243[Flui, indeciso na bruma,] 244[Sangra-me o coração. Tudo que penso] . . . .' 244[Vem brando o vento quieto] 246[Nesta grande oscilação] 247[Nunca os vi nem lhes falei] 247

634 ÍNDICE

[Tudo que sinto, tudo quanto penso,] 248[Onda que, enrolada, tornas,] 249

[Montes, e a paz que há neles, pois são longe...] . 249[Neste mundo em que esquecemos] 250[Foi um momento] 251[Cessa o teu canto!] . 252[Tenho a verdade na algibeira.] 254[Voam gaivotas rente ao chão.] 254[No fim do mundo de tudo] 255[Soa na noite um grito involuntário,] 256[O a quem tudo é negado] 256[O céu, azul de luz quieta...] 257AUTO D O CIRCO 257[A lenda dourada e linda] . 258[«Porque gastas tempo em sonhos?»] 259[Aquele constrangimento] . 259[Um momento] 260[Só por. ver passar um carro] 260[Houve um ritmo no meu sono.] , 261[Por trás da torre o luar] 261

[Quem me amarrou a ser eu] : 262[Reli, como quem lê uma obra alheia,] 262[Céu alto, que astros revelam] 263[Tambor da banda que não há] 263[Entre nuvens casuais] 264[Pobre de tudo, excepto de o saber,] 264[Parte-te contra a parede,] 265[Durmo só por cansaço,] 265 •[Um sorriso de criança,] 266[É sono? É sonho? É ver?] 266

[Pouco me falta para ser quem sou.] 266[Quando eu morrer e tu fores,] 2671. [Sonho sem fim nem fundo.] 2682. [Não foi em cruz erguida] 2683. [Só quando já descido] 2684. [Desde que o mundo foi] 2695. [O túmulo fechado] 269[Eram vadios todos] 270Qá me não pesa tanto o vir da morte.] 270

ÍNDICE "35

[Era um bêbado sem fim...] 271[Não digas nada! Que hás me de dizer?] 271[A casa foi deixada,] 272[No Beco do Fala-Só] 272[Beco do Fala-Só...] 273[Cor de rosa vago] 273[Lágrimas que não chorei,] 274[Veio um corvo negro, negro,] 274[Ignoro e espero. Passa no arvoredo] 275[Do fundo do fim do mundo] 275[Tenho em mim como uma bruma] 276

. [Quando era jovem, quando tinha pena] 277[Dá só treze badaladas] 277[Quando deixei de dormir] 278[Se toda a gente trabalha,] 278[Essas coisas que escrevi] 279[Não sei se é triste] 279[Tu, de quem o Sol é sombra,] 280[Quem sabe se o que pensamos] ., 281[Teu perfil, teu olhar real ou feito,] 281[Qual é aquela canção] 282CANTO A LEOPARDI 282[A lâmpada nova] . . . ; ; 283[Vaga saudade, tanto] 284[Concluso a opalas e ametistas,] 284[Outrora, antes de tempo e espaço,] 285[Não: nada quero, nada vou querer.] 285[Sorrio porque sonho,] " 286[Dá rosas, rosas, a quem sonha rosas!] 286[No alto da torre está o relógio,] 287[Meu coração, se alguém o quis,] 287[Ao som da música adormeço] 288[No fim do fim de tudo,]' 288[Por mais que a penumbra seja] 289[Onde quer que o arado o seu traço consiga] 289[Era água corrente.] 289[O louco endoideceu] 290[Tive quem me amasse,] 290[Névoa... A manhã é névoa e o dia é este...] 291

636 ÍNDICE

[Quero, antes que me cesse o dia,] 291[Música, ao contrário de tudo...] 292[Soam doze horas. É o fim...] 293[A criança e o seu brinquedo] 293[Ah, como eu quereria] 294[Bem sei... Um leve sorriso] 294[O pavão no parque morto] 295[Como criança, ou como condenado,] . 295[Quem fez de mim aquilo que hoje sou?] 296[Que bebedeira! Mas no fundo] 296[Anos e anos do que não foi eu] 297[Como um grande rochedo debruçado] . 297[Passa um silêncio sobre a erva alta.] 298[No silêncio da noite te chorei...] 299[Tragam-me tédio para divertir-me!] 299[Tenho sono. Depois de não sentir] 300[As meninas que há na feira] 300[Eram todos mascarados] 301[Quem me pôs nódoas no vestido dela?] 301[Pouco, pouco, pouco...] 302[As fadas são pensamentos,] . . . . ; 303[De tanto me fingir quem sou deveras,] . 303[Sorrindo, com as mãos ainda estando] 304[Já que por sonhos posso ser quem quero] 304[Um insecto feio] 305[Traze — não negues nem um só botão! —] 305[Sem fim oscila quanto é erva ou trigo] 306[Poema após poema, íntimo, escrevia] 306[Ninguém me disse quem eu era, e eu] 307[Ténue, uma brisa ou não vem ou esquece.] 307[Tão leve, tão suave,] 308[Quem foi que, em minha ausência, regou flores] 308[O louco olhou-me de frente.] 309[Colhe todas as rosas que encontrares!] 310[A tua voz e o que ela diz,] 310[Dorme, fluindo lentamente, a água,] 311[Há um lago para barcos de criança] 311[Nas voltas todas da dança] 312[Os ranchos das raparigas] 313

ÍNDICE 637

[Por tantos e tão ásperos caminhos!] 313[Como a noite chegasse e ninguém vinha,] 314[Releio, triste e com um tédio feio,] 315[As coisas que errei na vida] 316[Cansaço... Sim, cansaço do que fui] 316[O sol que doura as neves afastadas] 317[Ah, quero as relvas e as crianças!] 317[Deixem-me o sono! Sei que é já manhã.] 317[Deixei atrás os erros do que fui,] 318[Não digas nada!] 319[Os reis que fora quando o sonho o tinha] 319[No poço que há no fim do mundo] 320[Que torpor vela o olhar que quero ter?] 320[Que é feito de Jules Laforgue] 321[Tudo acabou: os campos e os pinhais] 321[Aquelas danças de roda] 323[Estamos sempre na encruzilhada.] 324[A preguiça de pensar] ' 324[Debaixo de onde altos ramos] 325[Qual foi a suposição] . 326[O riso da tua boca] 326[Quero dormir. Não sei se quero a morte,] 327[Ah, verdadeiramente a deusa! —] 328[Cessa teu canto! Cessa o que ele traz] 328[O mar, o mar, o. mar...] 329[Se alguém bater um dia à tua porta,] 329[Sim, vem um canto na noite.] 330[Todas as coisas são] 331[Falsas, amor, as coisas que dizias...] '. 331[Tudo que amei, se é que o amei, ignoro,] 332[Oiço falar onde na rua]- 332[Tudo, menos o tédio, me faz tédio.] 333[Sim, tens razão...] 333[Foi ontem ou foi nunca ou foi ninguém] 334[A vida inútil que vivi e vivo] 334[Sobe a grande escada] . 335[Já decifrei a cifra sem sentido] 335[A nuvem veio e o sol parou.] 336[Sonho. Como uma asa que tocasse] 336

638 ÍNDI

[Divido o que conheço.] . 337[Começa, no ar da antemanhã] 337[A menina dorme.] 337[Que dia este! Quantas coisas foram] 338[Deslembro incertamente. Meu passado] 338[Se há arte ou ciência para ler a sina] 339[A febre do que me suponho] 339[O sol] 340[A pompa inútil de teus gestos quedos,] 340[Bem sei que estou endoidecendo.] 341[Eu caminhava, anónimo e distante] 342[Nada é: o Caos dorme, e a Noite é muda.] 343[Quando se está cansado e apraz ser outro] 343[Vinha bêbado sempre para casa] 344[Tarda, tarda, tarda,] 344[Não quero pedir nada ao fado e à vida.] . .' 345[Domingo, Maria,] 346[Ah, que maçada o piano] 346[Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo] • 347[Chega-me a dança rústica por som:] 348[Dias tão gastos em se não gastar] 348[Pouco da vida que tive] 349[Não, não é esta astúcia do luar,] 350[Ninguém me disse quem tu eras,] 350[O sol que está onde a montanha está] 351[Passa uma nuvem ligeira] 351[A montanha por achar] 352[Grande é a noite que me cerca,] 352[Pobres das hostes] '.. 353[Não sei qual o caminho — sé o que passa] • 353[Ao certo não sei...] 354[Paira na noite um som de água] '354[Não distingo se sou eu] < 354[O sol, ausência de Deus,] 355[Porque dormes,-porque dormes,] 355[A ciência, a ciência, a ciência...] 356[Sim, já sei...] 356[Era isso mesmo —] .' 357[Eu ia p'ra casa bêbado] 358

ÍNDICE 639

[Que fútil toda essa tristeza] 358[Bem sei que ela era a Rainha.] 358[Bem sei que todas as -mágoas] 359[Na véspera de nada] 359[Não digas nada a quem te disse tudo —] 360[A reunião foi marcada] 360[Bate dura na vidraça] 361[Bem sei, bem sei: eu sou essa criança] 362[Sob olhos que não olham — os meus olhos —] 362[Não tenho que sonhar que possam dar-me] 363[Nunca faz mal o que escrevas] 363[Não! Isso não!] 364[Quando os anjos são gente são crianças,] 365[Sonhei — quem não sonhara? — porque a tarde] 366[Exígua lâmpada tranquila,] 366[Eu quisera pensar,] 366[Depois de ter seguido] 367[A mão posta sobre a mesa,] 368[Num diminuendo que vem] 368[Não deixes de falar, inda que tarde] 368[Õ burro vai nos caminhos] 369[Música... Que sei eu de mim?] 369[Quietas, fiéis, na velha quinta alheia] 370SÁ-CARNEIRO 370

1935

[Colho impressões como se colhem flores.] 373[Não quero rosas, desde que haja rosas.] 375[Foi um olhar casual,] 376[Mas tu mulher, tu homem, tu criança,] 376[O meu menino não dorme.] . 377LIBERDADE 378[Um dia baço mas não frio...] 379[António de Oliveira Salazar.] 379[Este senhor Salazar] '. 379[Coitadinho] 380[Mata os piolhos maiores] 381

64O ÍNDI

[Vai p'ra o seminário] . 381À EMISSORA NACIONAL 382[Solenemente] 382[O Rei reside em segredo] 383[E o Salazar, artefacto] 384[Salazar é mealheiro.] 384[O amor é que é essencial.] 384INTERVALO 385[Azul, azul, azul, o mar fraqueja] : 385[A paz do dia, a luz que faz a paz —] 386INICIAÇÃO 387ELEGIA NA SOMBRA 388[Azul ouverde ou roxo, quando o sol] 392PRAÇA DA FIGUEIRA 394

Santo António 394S. João .- 398S. Pedro 401

[O meu sentimento é cinza] 404[Sim, um momento] 405[Já estou tranquilo. Já não spero nada.] 406[Começa a ir ser dia.] 406A OUTRA 407[Através da radiofonia] 409[Sim, é o Estado Novo, e o povo] 411O REI 412[Mãe de Deus, porque a Deus tu o criaste,] 412[Há quanto tempo isso foi!] 413[Este nó no lenço é] 414[Dizem que o Jardim Zoológico] 414[Sei bem-que não consigo] 415[Se eu pudesse não ter o ser que tenho] 415VIRGEM MARIA 415[Aquilo que a gente lembra] 416[Desce a névoa da montanha,] 417[Já não me importo] 417[Não sou nem feio nem bonito,] 418UNSOIRÀLIMA 418PEDROUÇOS 429[Triolet, rondeau, balada —] 430

ÍNDICE 64I

[Teus olhos entristecem.] 430[Lembro-me vagamente] 431[Que triste na noite sem luar] 432[Argumentamos em vão.] 432[Nunca te achei nem te vi.] 433[Meu pobre Portugal,] 433POEMA DE AMOR EM ESTADO NOVO 434[Eu morava à beira-rio] 436[Há doenças piores que as doenças,] 437CONSELHO 438NO TÚMULO DE CHRISTIAN ROSENCREUTZ : 439

I 439II : 440III 440

[Eu falei no «mar salgado»,] . . . 441[Mas eu, casual e fortuito,] 441

POEMAS NAO DATADOS

CASA BRANCA — BARREIRO A 445[Defronte de mim morava] 446[Eu tenho ideias e razões,] 447[Pálida sombra esvoaça] 447[O que o seu feitio revela] 447[Nos jardins municipais] 448[Porque, ó Sagrado, sobre a minha vida] 449[Porque pesa em meu corpo e minha mente] 450[Porque esqueci quem fui quando criança?] . 451A FADA DAS CRIANÇAS 452[Dois gatos, numa grande discussão,] 453[Entre o sossego e o arvoredo,] 453TEU INÚTIL DEVER ' 454À GRÉCIA 454CANÇÃO INTERROMPIDA PELO VENTO 455LUAR DE OUTONO 456

[I.] 456II 457

[Além da beira inútil dos caminhos] 458

642. ÍNDICE

[Seja o mar um lago] 460[Quando deste meu ser que o Tédio veste] 460AO CABO DA BOA ESPERANÇA 461

[L] 461II 461III 462IV. . , 462

[Temos de pagar a vida] 463[E eu morrerei e para mim o mundo], . . ; 464[Tndo quanto sonhei se me volveu] 464A UM CADÁVER 4641. [Paira neste mar de luto] 4652. [Estou cansado de ter] . . 465D. SEBASTIÃO 466[Oh, que tristeza desabrida] . . . 466[Que horas não dura esse minuto!] 467[Sobre as almas e a sua consciência] 467[No meu olhar criador tudo flutua] 467[O íbis, ave do Egipto,] 468SIDÓNIO PAIS 468[Com o seu maior grito,] • 469[Digo-lhe adeus sem tê-la conhecido.] 470FADO DA CENSURA . . 470O ESTRIBO 471[Abismo de ser muitos! Noite minha!] 472[E que sossego feliz] 473[Coitada da Josefina,] 473[É uma grande coisa] 473[Basta às vezes] 474O SOBA DE BIKÃ / Tra; édia 1 . . 475[Segredo visível, Rosa crucificada, Mistério e Nome do Mundo,] 475[Chora-a, chora-a, chora] 475JARDIM 476[São velhas as estrelas, e elas são] 476[Quando os povos da Dalmácia] 477PARIS 477[Quantas vezes os braços da loucura] ; 477[Tempo houve quando prado, e bosque,] 478AO DEUS DO FOGO 478

ÍNDICE "43

[O amor fugiu] : . 480[Dá dois pulos de contente,] • 480[Ai vira que vira,] 481HAIKAI . . 482[De leste a oeste comandámos,] 483CANÇÕES DA DERROTA 483NAVEGADORES 484[Ó ódio, sê minha alma; ó raiva, sê meu braço!] 484ATRISTEZA PORTUGUESA 484GUERRA JUNQUEIRO 486DIFERENÇA DE PESSOA 486[Um par de montes iguais] 487I. [Que luz é esta, desolada e estranha,] 487II. [Que prodígio fatal de profecia] , 487III. [Vai ser a hora, vai ser a hora] 488IV. [Vai ser o sinistro e fatal dia] 488V. [Ó almas, preparai-vos... Vai raiar] 489VI. [Quando os impérios tremem ante Deus] 489[Que fiz da vida?] 490[Olhos verdes cor do mar,] 490[No amarelecer do outono] 491FUMO 491[Se vejo não me pertenço,] 491[Tive um sonho outrora] 492[Veremos, sim, veremos] 492[Ai de nós, ai de nós, que mão nos guia?] 493[Meu ser sente o veloz] 493[Quando, viajante, passares diante] 494OUTRAS PAISAGENS , 494

1. Luar sobre as Ilhas Impossíveis 494[Pesam-me as pálpebras,] 495[Do Carnaval raiva a folia.] .495EPIGRAMAS FRATERNAIS 496

I : 496II 496

NO PARQUE DA RAINHA LOUCA '. . . . 497O DESERTO — SUITE LÍRICA 497

I. A Caravana 498AGAMÉMNON 500

644 ÍNDI

UM RETRATO 501O ÚLTIMO CISNE 502BALADA DO ÚLTIMO ROMÂNTICO . 505NOS BONS TEMPOS 506O MUNDO ERA MEU E NELE EU REINAVA 506[A conclusão faz-nos sorrir] 507[O regedor de Pardelhas] 507[Raças da cor do ouro ou cor do cobre,] 508[Se a ciência não pode consolar,] 509[A luz do sol entra pela floresta,] 509[Um grande monstro que é ghe] 509[«És o Homem» disse, «eu sou o que, proposto] 510[Meu amor, dá-me dois beijos] 511[Gordinho como dois pombos] 511ACRISTO : 511[Avó, esta sua neta] • • • 512[Na padaria lá de baixo] 512[O meu horóscopo indica] 513[Eu estava, Senhor, na noite fria] 513SONETO (AOS ANOS DO MIGUEL) 515[É com beijo que eu quero só com beijo] 515[Quando andando na senda amargurada] 516[Nos funerais de ouvir vozes de água e achá-las belas] 516ISAAC LORIA 516ISAAC LORIA : 518FRAGMENTOS DE UM LIVRO 521

1 521[Não fites o destino frente a frente] . . 521[Quem mata um bicho no caminho] 522[São verde-Deus as árvores e as ervas,] 522[Eu próprio sou] '. 523[Passo por mim... e a mim me desconheço] 523[Um animal industrial] 523[Faz de ti um mistério, porque o és] 523[Ao luar dos mortos, na paisagem-gelo] 523[Ao luar dos mortos, na paisagem gelo,] 524[A poesia não é] 525PAUIS II 525[É facto fornecido pela ciência] 526

ÍNDICE "45

[Meus olhos estão enxutos] 526[Ele erâ um sapato roto] 526[P'ra que serve a razão] 527[Vercingetorix, eras] 527MATER DESIDERATA 528DANÇA DE FADAS 528[Não é ao que foi nosso] 529[Agora, no profundo] 531[Reza, criança, reza] 532[Há um método infalível] 532[Em Deus pode haver mais e menos] 532[Não há tormenta tão grande] 533A CORVETA ANDORINHA 5341. [De onde foi que viestes, confundidos,] 5342. [Sois deusesvagos, e existis incertos 5343. [Mas verdadeiramente ali passastes,] 5344. [Sois deuses, como os deuses sois enganos,] 5355. [Não vos conheço o nome ou o sentido,] 5356. [Quantas vezes chamei no bosque fundo] . . . , . ' . 5357. [Mas não me ouvistes, e na forma de antes] 5368. [Hoje não sei que saiba do mistério] 536A VELHA (MARIA) 536[Cadáver vivo, cuja podridão] 538[Meu amor demorou pouco] 539ELEGIA DA MORTE PERFEITA 540[Um grande sol voga nos campos ledos.] 540[Na manhã leve, rosa transparente,] 540MNEMOSYNE . . . . 541[Muda, sozinha, a magna treva desce.] 541[As podridões geram flores] 542[E a alma, tendo sonhado os seus céus] 542[Tão vaga e inquieta e distante] 542[Em círculos concêntricos vivemos,] 543[Dizem que vão apresentar] 543[O naus felizes, que do mar vago] 544[Sossega, amigo. Quem tem a consciência tranquila] . : 544[O abismo é o muro que tenho] 545[Dizem?] 545[Assim, sem nada feito e o por fazer] 545

646 ÍNDI

[O céu, azul de luz quieta.] 546[Na quinta entre ciprestes] ' ; , . . 546[Se já não torna a eterna primavera] 547[Levava eu um jàrrinho] 547[Não combati: ninguém mo mereceu.] 548

ÍNDICE "47