stn-nota tecnica suprimento fundos

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  • 7/25/2019 STN-Nota Tecnica Suprimento Fundos

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    Nota Tcnica n 2308 / 2007 / CCONT/STN

    Braslia, 28 de dezembro de 2007.

    Assunto: Suprimento de Fundos - Portaria MF n. 95/2002.

    Senhor Coordenador Geral,

    1. Trata-se de questionamentos a respeito da sistemtica de suprimento defundos, as recentes alteraes na Macrofuno especfica do Manual SIAFI que trata doassunto, possveis conflitos com a Portaria MF n. 95/2002 e o fracionamento de despesacom objetivo de fuga ao procedimento licitatrio correto.

    2. A sistemtica de Suprimento de Fundos est estabelecida no artigo 68 da Lei4.320/1964, que ao tratar do assunto assim estabelece:

    Art. 68. O regime de adiantamento aplicvel aos casos de despesas expressamentedefinidos em lei e consiste na entrega de numerrio a servidor, sempre precedida deempenho na dotao prpria para o fim de realizar despesas, que no possam subordinar-se ao processo normal de aplicao.(grifo nosso)

    3. Assim, concesso de suprimento de fundos caracteriza-se pela excepcionalidade,pois a regra na administrao pblica a execuo da despesa em todos os estgiosprevistos na legislao (licitao, empenho, liquidao e pagamento), devendo o regimede adiantamento ser utilizado apenas em situaes especficas para as quais o

    procedimento normal no possa ser aplicado.

    4. Neste sentido o Decreto 93.872/1986 enfatiza a excepcionalidade do instrumentoem questo e esclarece:

    SEO V

    Pagamento de Despesas por meio de Suprimento de Fundos

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    (Fl. n 2 da Nota n 2308/2007/CCONT/STN, de 28/12/2007).

    Art. 45. Excepcionalmente, a critrio do ordenador de despesa e sob sua inteira

    responsabilidade, poder ser concedido suprimento de fundos a servidor, sempreprecedido do empenho na dotao prpria s despesas a realizar, e que no possamsubordinar-se ao processo normal de aplicao, nos seguintes casos (Lei n 4.320/64, art.68 e Decreto-lei n 200/67, 3 do art. 74):

    I - para atender despesas eventuais, inclusive em viagem e com servios especiais, queexijam pronto pagamento em espcie. (Redao dada pelo Decreto n 2.289, de 4.8.1997)

    Il - quando a despesa deva ser feita em carter sigiloso, conforme se classificar emregulamento; e

    III - para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, emcada caso, no ultrapassar limite estabelecido em Portaria do Ministro da Fazenda.

    . 4 Os valores limites para concesso de suprimento de fundos, bem como o

    limite mximo para despesas de pequeno vulto de que trata este artigo, sero fixadosem portaria do Ministro de Estado da Fazenda. (Pargrafo includo pelo Decreto n1.672, de 11.10.1995) (grifo nosso)

    5. Verifica-se que as normas citadas acima definem claramente as situaes em que ogestor pblico poder lanar uso da sistemtica do suprimento de fundos, dentre as quaisdestaca-se a definida no inciso III, que trata do uso do mesmo para atendimento dedespesas de pequeno vulto. Estas despesas so definidas em funo de seu pequenovalor, tendo o decreto delegado competncia ao Ministro de Estado da Fazenda paradefinio destes valores, bem como dos limites para concesso de suprimentos de fundos.Assim, tem-se mais um critrio para enquadramento da despesa, alm da

    excepcionalidade, qual seja, a definio do que ser considerado pequeno valor.

    6. A Portaria MF n 95/2002 fixa os limites para concesso de suprimento de fundos epara os pagamentos individuais de despesas de pequeno vulto e em seu artigo 2estabelece:

    Art. 2o Fica estabelecido o percentual de 0,25% do valor constante na alnea "a" do inciso IIdo art. 23 da Lei no 8.666/93 como limite mximo de despesa de pequeno vulto, no caso decompras e outros servios, e de 0,25% do valor constante na alnea "a" do inciso I do art. 23da Lei supra mencionada, no caso de execuo de obras e servios de engenharia.

    1o Os percentuais estabelecidos no caput deste artigo ficam alterados para 1% (um porcento), quando utilizada a sistemtica de pagamento por meio do Carto de CrditoCorporativo do Governo Federal.

    2o Os limites a que se referem este artigo so o de cada despesa, vedado ofracionamento de despesa ou do documento comprobatrio, para adequao a essevalor. (grifo nosso)

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    (Fl. n 3 da Nota n 2308/2007/CCONT/STN, de 28/12/2007).

    7. Como se depreende do texto, a Portaria estabelece o limite de valor para despesa

    de pequeno vulto em 0,25% dos valores relativos a modalidade de licitao Convite,conforme estabelecidos na Lei 8.666/1993, ou seja, R$ 200,00 para compras e outrosservios e R$ 375,00 para execuo de obras e servios de engenharia, quando osuprimento for movimentado por intermdio de conta corrente bancria. Quandomovimentado por meio do Carto de Pagamentos do Governo Federal, os valores acimaficam ampliados para 1%, ou seja, R$ 800,00 e R$ 1.500,00, respectivamente.

    8. Deve-se observar que a referida Portaria estabelece no pargrafo 2 do artigo 2,que os limites referem-se a cada despesa. Com o intuito de impedir qualquer burla aocitado parmetro, a mesma veda o fracionamento da despesa, entendido como tal a

    fragmentao das aquisies. No mesmo diapaso, a referida norma tambm probe o usodo mecanismo de emitirem-se vrios documentos comprobatrios para que o valor decada aquisio fique abaixo do limite.

    9. Com o objetivo de esclarecer o que seria cada despesa o Manual Siafiestabeleceu que esta seria caracterizada pelo item de despesa, entendido no como umdesdobramento contbil, mas como a individualizao do objeto a ser adquirido, qual sejao material ou servio especfico.....Como exemplo, pode-se supor a seguinte situao:

    Em determinado suprimento concedido mediante crdito em conta corrente, para compra

    de material, foram adquiridos os seguintes materiais:

    Data NotaFiscal

    EstabelecimentoComercial

    Descrio doMaterial

    Subelemento Quantidade Valor Unitrio Valor Total

    02/05 1202 Papelaria A Caneta 16 200 0,50 100,0010/05 5502 Mercado Z Adoante 07 100 3,00 300,0015/05 1208 Loja T Interruptor 24 10 10,00 100,0001/06 1532 Papelaria B Bloco de notas 16 50 3,00 150,0007/06 1532 Papelaria B Borracha 16 200 0,50 100,0010/06 2129 Papelaria C Caneta 16 100 0,60 120,00

    Saldo a devolver 130,00Total do Suprimento 1.000,00

    - O limite mximo de concesso de R$ 4.000,00, portanto o suprimento encontra-sedentro do valor permitido.

    - O limite mximo para cada despesa de R$ 200,00, portanto o item adoante estacima do permitido (nota fiscal 5502).

    - O item caneta tambm est acima do permitido, independentemente do valor de cadanota fiscal estar dentro do limite ou de terem sido os documentos emitidos porestabelecimentos diferentes (notas fiscais 1202 e 2129).

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    (Fl. n 4 da Nota n 2308/2007/CCONT/STN, de 28/12/2007).

    - Os itens borracha e bloco de notas encontram-se dentro do limite, pois no

    ultrapassaram o valor mximo para cada despesa, individualmente. O fato da nota fiscalque traz as aquisies ter valor total de R$ 250,00 no torna a despesa indevida, pois,enfatizo novamente, o que a portaria veda a fragmentao do documentocomprobatrio, conforme o pargrafo anterior, para adequar a despesa ao limite decaracterizao da mesma como pequeno vulto.

    10. Ademais, supondo-se que a vedao imposta pela Portaria MF 95/2002 refere-se avalor mximo por documento fiscal, o que no se depreende de seu texto, ter-se-iairrazoabilidade frontal e impeditivo grave ao princpio da economicidade, posto queestar-se-ia compelindo o gestor a efetuar aquisies em estabelecimentos distintos,independentemente da existncia de preos menores em um destes, visto que no

    poderia ser emitida nota fiscal de valor superior ao limite fixado. Isto no seria razovel,posto que o objetivo primaz em qualquer aquisio o preceituado pela Lei 8.666/93 emseu artigo 3, qual seja a garantia do princpio constitucional da isonomia e a seleo daproposta mais vantajosa para administrao, objetivo que tambm deve balizar asaquisies efetuadas mediante o uso do Suprimento de Fundos.

    11. Saliente-se, ainda, que no se deve confundir a classificao contbil que feitapor subitem da despesa, seguindo-se a regra e abertura definida pela Contabilidade, como item de despesa adquirido (caneta, adoante, caf, ...). O Manual SIAFI Macrofuno02.11.21, em seu item 3.3.5 enfatiza esta questo, esclarecendo: O fracionamento da

    despesa no caracterizado pela mesma classificao contbil em qualquer dos nveis,mas por aquisies de mesma natureza funcional. Aqui, neste ponto, refere-se afracionamento da despesa de suprimento de fundos e no ao fracionamento da despesaobjetivando elidir-se de procedimento licitatrio de maior vulto.

    12. No que se refere a questo do fracionamento da despesa com o objetivo de fuga doprocedimento licitatrio, o Tribunal de Contas da Unio j se manifestou diversas vezes arespeito, firmando posicionamento de que reiteradas aquisies por meio de dispensa delicitao (art. 24, I e II) e suprimento de fundos em valores superiores ao limiteestabelecido para dispensa, pelo valor caracterizam fracionamento da despesa. Este

    entendimento pode ser depreendido das consideraes apresentadas pela Corte deContas no Acrdo TCU Plenrio 216/2002, item 9.

    13. Ou seja, para fins de apurao de fracionamento da despesa, com o objetivo deburla ao procedimento licitatrio, o critrio utilizado o do subelemento da despesa,definido em nvel de subitem de conta contbil, sendo somados os valores de dispensa delicitao e suprimento de fundos. Portanto, o gestor deve atentar para necessidade dezelar por um bom planejamento das compras e contrataes de sua unidade, de modo a

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    (Fl. n 5 da Nota n 2308/2007/CCONT/STN, de 28/12/2007).

    evitar o uso de suprimento de fundos indiscriminadamente, pois isto poder caracterizar

    fracionamento indevido de despesas. Assim sendo, se uma unidade adquire resmas depapel, por meio de suprimento de fundos, e o valor total das aquisies (somado osvalores adquiridos por dispensa com fulcro no art. 24, II Lei 8666/93) suficiente paracaracterizar uma licitao na modalidade Convite, estar caracterizado o fracionamentoindevido da despesa.

    14. Em relao a esse assunto, sugerimos a leitura da publicao Licitaes econtratos: orientaes bsicas / Tribunal de Contas da Unio. 3. ed, rev. atual. e ampl.Braslia : TCU, Secretaria de Controle Interno, 2006., em seu tpico Fracionamento daDespesa, pginas 43-46.

    15. Conclui-se, ento, que as alteraes efetuadas no Manual SIAFI Macrofuno02.11.21, no conflitam com a legislao pertinente a matria, apenas esclarecem melhoro assunto, com base nas competncias atribudas na legislao a esta Secretaria dentreas quais a de estabelecer normas sobre a execuo oramentria, financeira e contbil.

    considerao de V.Sa.

    WELINTON VITOR DOS SANTOS FRANCISCO WAYNE MOREIRAAnalista de Finanas e Controle Gerente de Normas e Procedimentos

    Contbeis

    De acordo.

    PAULO HENRIQUE FEIJCoordenador-Geral de Contabilidade