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Superior Tribunal de JustiaRECURSO ESPECIAL N 267.221 - MG (2000/0070607-8) RELATOR : MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR RECORRENTE : CLUDIA PEDRAS DE ALVARENGA MENDES E OUTROS ADVOGADO : MRCIA MARIA DO NASCIMENTO E OUTRO RECORRENTE : ELZA PEREIRA PEDRAS DE ALVARENGA ADVOGADO : GETLIO BARBOSA DE QUEIROZ RECORRIDO : JOS BRIGIDO PEREIRA PEDRAS JUNIOR ADVOGADO : GUSTAVO BRIGIDO DE ALVARENGA PEDRAS EMENTA CIVIL E PROCESSUAL. INVENTRIO. AO DE COBRANA DE HONORRIOS MOVIDA VIVA MEEIRA EXCLUSIVAMENTE. POSSIBILIDADE. SOLIDARIEDADE ENTRE OS MANDANTES. CC, ART. 1.314. LITISCONSRCIO PASSIVO NECESSRIO INEXISTENTE. NULIDADE NO CONFIGURADA. DIREITO DE REGRESSO ASSEGURADO. NATUREZA ONEROSA DA CONTRATAO DO ADVOGADO. MATRIA DE PROVA. REEXAME. INVIABILIDADE. JUROS E CORREO MONETRIA. INCIO DA FLUNCIA. AUSNCIA DE INDICAO DAS NORMAS LEGAIS VIOLADAS. DEFEITO RECURSAL. RECURSO ESPECIAL DOS DEMAIS MANDATRIOS. ASSISTNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE AVIAMENTO FORA DO PRAZO LEGAL. NO CONHECIMENTO. I. Firmado pela instncia ordinria tratar-se de mandato de natureza onerosa com base nos elementos fticos colhidos durante a instruo processual, o reexame da questo no tem espao em sede especial, ante o bice contido na Smula n. 7 do STJ. II. Deficiente o recurso aviado pela letra "a" do autorizador constitucional que, no tocante ao termo inicial de fluio da correo monetria e juros moratrios, deixa de apontar os dispositivos federais tidos como contrariados. III. A relao jurdica firmada entre mandantes e mandatrio na contratao de servios profissionais de advogado no sofre influncia pela ulterior partilha dos bens do esplio e trmino do inventrio, de modo que inexistente a carncia da ao de arbitramento e cobrana de honorrios movida a apenas um deles, o que constitui faculdade do credor da obrigao de pagar (art. 1.314 do Cdigo Civil anterior), ressalvado o direito de regresso em relao aos demais ante a solidariedade existente, que no se confunde com litisconsrcio necessrio, aqui no configurado. IV. Intempestividade do recurso especial dos demais herdeiros eDocumento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 1 de 16

Superior Tribunal de Justiamandatrios, posto que embora possvel a sua assistncia na lide, o seu ingresso no tem o condo de emprestar ao processo marcha a r, para permitir a interposio tardia, quando, inclusive, j fora at proferido despacho presidencial no Tribunal de origem apreciando a admissibilidade do recurso aviado pela r. V. Recursos especiais no conhecidos.

ACRDO Vistos e relatados estes autos, em que so partes as acima indicadas, decide a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justia, unanimidade, no conhecer de ambos os recursos, na forma do relatrio e notas taquigrficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Jorge Scartezzini, Hlio Quaglia Barbosa e Massami Uyeda. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha. Braslia (DF), 17 de outubro de 2006(Data do Julgamento)

MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR Relator

Republicado por sado com incorreo no original no D.J de 27/11/2006.

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Superior Tribunal de JustiaRECURSO ESPECIAL N 267.221 - MG (2000/0070607-8)

RELATRIO

O EXMO. SR. MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR: Adoto o relatrio de fl. 437, verbis:

"A ao ora em estudo de arbitragem e cobrana de honorrios advocatcios, proposta por Jos Brgido Pereira Pedras Jnior, em desfavor de Elza Pereira Pedras de Alvarenga (fls. 03/12-TA, 1 volume). Os pedidos formulados pelo autor foram julgados procedentes, na instncia de origem (fls. 347/355-TA, 2 volume), tudo culminando com a condenao da r ao pagamento da quantia R$ 55.800,00 (cinqenta e cinco mil e oitocentos reais) e, bem assim, ao das custas processuais e de honorrios advocatcios. Os litigantes apelaram, buscando, o autor (fls. 385/396-TA, 3 volume), formulado contra deciso proferida em audincia ( fl. 156-TA, 2 volume) e afeta a preliminar de ilegitimidade passiva para a causa. No mrito, ela argumenta em prol da reforma da deciso de 1 grau (fls. 371/380-TA-3 volume). As contra-razes oferecidas esto s fls. 404/421-TA (autor/2 apelante) e 424/431-TA (r/1 apelante) do 3 volume. Recursos regularmente processados e preparados."

O Tribunal de Alada do Estado de Minas Gerais negou provimento ao agravo retido, questo preliminar e a ambas as apelaes, em acrdo assim ementado (fl. 442):

"AO DE ARBITRAMENTO E COBRANA DE HONORRIOS ADVOCATCIOS - MOVIMENTAO CONTRA APENAS UM DOS MANDANTES - POSSIBILIDADE - AGRAVO RETIDO IMPROVIMENTO - ONEROSIDADE DEFENDIDA PELO AUTOR GRATUIDADE SUSTENTADA PELA R - AUSNCIA DE PROVA DEFINITIVA EM PROL DE ALGUMA DAS TESES OFERTADAS Documento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 3 de 16

Superior Tribunal de JustiaDECISO PROFERIDA COM LASTRO EM PROVA PERICIAL HONORRIOS ADVOCATCIOS - APELAES NO PROVIDAS. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negcio comum, cada uma ficar solidariamente responsvel ao mandatrio por todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os seus mandantes (CC, art. 1.314). O nus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito e, ao ru, quanto existncia de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (CPC, art. 333, I e II). Os honorrios advocatcios, decorrentes da sucumbncia na causa, atendidos os requisitos legais, devem ser arbitrados entre 10 (dez) e 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenao."

Opostos embargos declaratrios s fls. 456/462, foram eles rejeitados (fls. 465/469).

Inconformada, Elza Pereira Pedras de Alvarenga interpe s fls. 472/487, pela letra "a" do art. 105, III, da Constituio Federal, recurso especial alegando, em sntese, que o acrdo violou os arts. 1.314, 1.316, IV, e 1.796 do antigo Cdigo Civil e 597 do CPC, ao deixar de fixar a extenso da solidariedade entre a meeira e os herdeiros, assinalando que o mandato outorgado ao advogado autor cessou com a concluso do negcio, de modo que homologada a partilha, com trnsito em julgado da sentena, exauriu-se a representao processual, desaparecendo a solidariedade entre os mandantes e, por conseguinte, cada um, individualmente (meeira e herdeiros) deve responder na proporo do seu quinho, o que, tambm, impede a ao regressiva de uns para outros.

Diz que h litisconsrcio passivo necessrio entre a r e seus filhos herdeiros Cludia, Soraia e Fausto, de modo que restou contrariado o art. 47 do CPC.

Aduz que houve ofensa aos arts. 1.330 do Cdigo Civil e 333 da lei adjetiva civil, pois o que h nos autos um mandato gratuito, na medida em que oDocumento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 4 de 16

Superior Tribunal de Justiaadvogado autor irmo da viva meeira, apenas acordado que o causdico poderia aceitar, se lhe fosse oferecida, uma gratificao pelos servios prestados, o que no se estenderia aos demais herdeiros, equivocando-se o Tribunal a quo, que, desprezando o conjunto probatrio, entendeu pela tese da remunerao do autor.

Quanto aos juros e correo monetria, afirma a recorrente que tendo sido os honorrios fixados em quantia certa pela deciso judicial (R$ 55.800,00), esse valor somente poderia ensejar a fluio dos consectrios a partir do trnsito em julgado.

s fls. 509/524, Cludia Pedras de Alvarenga Mendes e outros, herdeiros do de cujus e filhos da r, interpem recurso especial pela letra "a", na mesma linha de argumentao do recurso anterior.

Contra-razes s fls. 491/501 e 541/546, apontando o bice das Smulas n. 5 e 7, o acerto do julgamento de conformidade com as normas apontadas, inclusive no tocante ao cmputo dos juros moratrios (CC, art. 1.536, 2) e da correo monetria (Lei n. 6.899/1981, art. 1, 2), a partir da citao, dizendo que no particular a argumentao inservvel, pois no se refere a honorrios contratuais, mas de sucumbncia, o que no o caso. Especificamente em relao ao Resp de fls. 509/524, o recorrido sustenta ser intempestivo.

O primeiro recurso foi admitido por fora de provimento dado em AG n. 323.443/MG (apenso) e o segundo pelo despacho presidencial de fls. 548/549.

o relatrio.

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Superior Tribunal de JustiaRECURSO ESPECIAL N 267.221 - MG (2000/0070607-8)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR (Relator): Movida primeira recorrente, Elza Pereira Pedras de Alvarenga, viva meeira, ao de arbitramento e cobrana de honorrios advocatcios pelo advogado autor, Jos Brgido Pereira Pedras Junior, para remunerao dos servios profissionais nos processos de abertura de testamento e inventrio de seu falecido esposo Fausto Octaviano de Alvarenga, a demanda foi julgada procedente, condenada a r ao pagamento da verba de R$ 55.800,00, com juros e correo monetria a partir da data da entrega do laudo pericial (fl. 355).

apontada, em ambos os recursos especiais, aviados pela letra "a" do permissivo constitucional, ofensa aos arts. 1.314, 1.316, IV, 1.330, 1.796 do antigo Cdigo Civil, e 47, 330 e 597 do CPC.

II

Preliminarmente, no conheo do recurso de Cludia Pedras de Alvarenga Mendes e outros (fls. 509/524), por intempestivo.

certo que poderiam eles assistir r, Elza, na demanda, como co-contratantes do advogado autor para o mesmo inventrio, suscetveis ao regressiva, de modo que admissvel o seu ingresso na lide.

Contudo, o seu ingresso deve obedecer marcha processual presente, no se lhes sendo possvel revigorar momento j ultrapassado, como aqui ocorre.

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Superior Tribunal de JustiaO acrdo que decidiu os embargos de declarao foi publicado no dia 28.04.1999 (fl. 470), enquanto o recurso especial de Cludia e outros interposto apenas em 29.09.1999 (fl. 509), quando h muito j ultrapassado o prazo legal que, como dito, no tem como ser dilatado. Alis, at despacho inadmitindo o recurso especial da r havia, ento, sido proferido.

Vale trazer colao os seguintes precedentes, que firmam o princpio da irretroatividade processual:

"RECURSOS. APELAO. TERCEIRO. O conhecimento da apelao interposta por terceiro supe observncia do prazo recursal. Recurso especial conhecido em parte, mas no provido." (3 Turma, Resp n. 505.101/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, unnime, DJU de 17.12.2004, p. 518) ------------------------------------------------"PROCESSO CIVIL. LITISCONSRCIO NECESSRIO. O litisconsrcio, quando necessrio, condio de validade do processo e, nessa linha, pode ser formado a qualquer tempo, enquanto no concluda a fase de conhecimento; proferida, no entanto, a sentena, e transitada em julgado, no h como, na respectiva execuo, ativar questo no suscitada na poca prpria. Agravo regimental no provido." (3 Turma, AgRg no Ag n. 420.256/RJ, Rel. Min. Ari Pargendler, unnime, DJU de 18.11.2004, p. 214)

Destarte, no conheo do recurso de fls. 509/524.

III

Sigo na apreciao do recurso especial da r, de fls. 472/487.

O acrdo objurgado, de relatoria do eminente Juiz Lauro Bracarense,Documento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 7 de 16

Superior Tribunal de Justiatraz a seguinte fundamentao (fls. 444/448 e 450/453):

"Inicialmente, observo que, em 02 de julho de 1992, a r/1 recorrente e, bem assim, os seus filhos maiores, Claudia, Soraias e Fausto, constituram procurador na pessoa do autor/2 apelante, para atuao em processo de inventrio dos bens deixados por Fausto Octaviano de Alvarenga, marido da primeira e pai dos demais (f. 19-22,TA,1 volume). Poucos dias aps, a mesma r firmou outro mandato, nomeando o autor como mandatrio, j agora para exibir certido de testamento pblico, cuja beneficiria seria a sua filha Soraia Pedras Octaviano de Alvarenga (f.97,TA,1 volume). No trabalho desenvolvido em face de tais procuraes, que repousa a pretenso deduzida pelo requerente/2 apelante dirigida apenas contra Elza Pereira Pedras de Alvarenga (f.03-12,TA,1 volume), que, ao contest-la (f.119-128,TA,1 volume), levantou preliminar de carncia de ao (f.119-120,TA,1 volume), dizendo que, no sendo a nica mandante e uma vez ocorrida a partilha dos bens, deixara de existir solidariedade entre os mandantes, o que a impediria de estar no plo passivo da lide. Assim no entendeu o juzo a quo (f.156,TA,2 volume), o que levou a requerida a interpor agravo retido (f. 163-165, TA, 2 volume), oportunidade em que destacou o disposto nos arts. 1.316 e 1.796 do Cdigo Civil e, ainda, 597 do CPC, para firmar convico no sentido de que, antes da partilha com trnsito em julgado, haveria solidariedade, sendo a obrigao indivisvel perante o credor; mas, depois dela, exaurida a representao processual, extinta estaria a solidariedade e a obrigao (de pagar honorrios), se existente, seria divisvel. Por fim, ao apelar (f. 371-380, TA, 3 volume), tratando a respeito do tema em apreo, ela reclamou do fato do encargo aqui perseguido estar recaindo apenas sobre a meao, num tempo em que ela j se livrara do munus da inventariana (f;374-376,TA,3 volume). Posta assim a questo, em face do agravo retido, cuja apreciao foi pedida pela r/1 apelante (f.374-TA,3 volume), noto, prima facie, que so inaplicveis, espcie, as normas dos arts. 597 do CPC e 1796 do Cdigo Civil, que disciplinam dvidas do falecido, e no despesas dos herdeiros e meeira, matria posta sob discusso. De outro lado, no h como abraar a tese da r/recorrente, sobre ser seu adversrio carecedor da ao proposta,Documento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 8 de 16

Superior Tribunal de Justiapelos motivos por ela sustentados. que, vista do instrumento de procurao de f. 22, TA, 1 volume, fica evidenciada a presena do instituto da solidariedade passiva que, em absoluto, no se desfaz pelo s fato de j estar concluda a partilha dos bens deixados por Fausto Octaviano de Alvarenga, ao tempo em que veio lume a presente ao, nada havendo de errado, pois, na deciso do autor/2 apelante, em direcion-la apenas contra um dos mandantes. De lio de Washinton de Barros Monteiro (Curso de Direito Civil - Direitos da Obrigaes. Ed. Saraiva, 4 ed. volume 1, p. 194-195), colhe-se: 'Com efeito, tratando-se de devedores solidrios, convm insistir, pode o credor demandar o pagamento a um, alguns ou todos, sua escolha.' E segue: 'A solidariedade passiva no impe destarte, litisconsrcio necessrio. Cada devedor pode ser demandado isoladamente' (RF100/526; RT 144/717). 'Nessa matria s se pode instituir litisconsrcio voluntrio ou facultativo. Por conseguinte, se um dos devedores vem a ser demandado individualmente, no pode exigir a presena dos demais no processo. No pode ele pretender, assim, que o autor traga tambm a juzo todos os correi debendi , o que constituiria, como diz CHIOVENDA, verdadeira exceptio plurium litisconsortium , s admitido em casos isolados e especiais. Exigir a interveno de todos seria, indubitavelmente, violar o citado artigo 104.' Por fim, assinala, ainda, o renomado mestre: 'Outrossim, no pode o juiz ordenar ex offcio a citao dos demais devedores. A solidariedade passiva caracteriza-se, precisamente, pela faculdade que tem o credor a exigir e receber a prestao do coobrigado que escolheu. A autoridade judiciria no tem direito de sobrepor-se a essa eleio, impondo, ao autor, a presena, no feito, de outros litigantes, o que, demais, acarretaria novas despesas e maior demora.'Documento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 9 de 16

Superior Tribunal de JustiaMaria Helena Diniz ('Cdigo Civil Anotado', Editora Saraiva, 1995, p. 797), ensina: '1. Responsabilidade solidria do mandante. Sendo o mandato outorgado por dois ou mais mandantes a um procurador, para negcio comum, cada mandante responsabilizar-se- solidariamente ao mandatrio por todos os compromissos e efeitos do mandato. De maneira que o mandatrio ter direito de reclamar, de qualquer deles, o cumprimento dos deveres resultantes do mandato, como pagamento de remunerao, dos adiantamentos, dos juros e dos prejuzos.' Concluindo, inconsistente o temor da r/1 apelante de que, sendo a nica dos mandantes a sofrer o incmodo da presente ao, nada possa cobrar dos demais, regressivamente; com efeito, so claros os dizeres do art. 1.314 do Cdigo Civil: 'Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negcio comum, cada uma ficar solidariamente responsvel ao mandatrio por todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes.' A propsito desse dispositivo, Washington de Barros Monteiro (Curso de Direito Civil - Direito das Obrigaes, Ed. Saraiva, 4 ed., vol. 2, p. 281) alude: 'A est um caso de solidariedade legal'. concluindo, mais adiante: 'O mandatrio pode, pois, volver-se contra um deles apenas para receber o todo a que tenha direito; mas, o pagamento feito por um libera a todos. O que paga, no entanto, tem ao regressiva contra os demais.' Por tais razes, NEGO PROVIMENTO AO MENCIONADO AGRAVO RETIDO , tanto por entender que a r/agravante detm legitimidade para ocupar o plo passivo da ao, como por no vislumbrar, em seu desfavor, qualquer prejuzo, caso queira valer-se de ao regressiva contra os demais mandantesDocumento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 1 0 de 16

Superior Tribunal de Justiaassinalados na procurao de f. 22, TA, 1 volume." ................................................................................................................ As mesmas razes, antes mencionadas, tambm servem de motivao bastante a no considerar pedido de nulidade de processo, por ausncia de citao de litisconsortes ditos necessrios. Seguindo, noto que no h discusso em torno da realizao dos trabalhos pelo advogado constitudo. O que a r/1 apelante sustenta, com veemncia, que a conversa que teve com o seu ex adverso (por sinal, seu irmo), no que tange a verba honorria, foi no sentido de que ele nada lhe cobraria, mas no se recusaria a receber alguma gratificao que ela houvesse por bem querer conceder-lhe. Parentes das partes, ouvidos s f. 264-271, TA, 2 volume, pouco ou nada esclareceram a respeito, valendo anotar: 'que o autor patrocinou tambm o inventrio dos bens... (do) pai do informante...; que o trabalho do autor, nesse processo, foi remunerado' (f. 266-267, TA, 2 volume); ' que o informante no tem condies de afirmar se o autor cobrou ou no honorrios...; que ouviu do seu falecido tio Cludio...comentar, na loja de propriedade dele, que o autor no iria cobrar honorrios...; que, neste mesmo comentrio, ... a famlia iria dar, ao autor, uma gratificao' (f.268-269,TA,2 volume); 'que... o informante ouviu conversa entre o autor e seu pai Cludio..., na loja comercial deste, segundo o qual no cobraria honorrios da r naquele inventrio; que a conversa ocorreu entre o Dr. Jos Brgido, o informante e seu pai Cludio...' (f.270,TA,2 volume). De testemunhas compromissadas, arroladas pela r, extrai-se, de principal; 'que o depoente presenciou a r insistir com o autor sobre a questo dos honorrios no processo de inventrio, porm, este, nas duas vezes em que o assunto surgiu, respondeu r que estava trabalhando como irmo, e que. se ela achasse que ele merecesse alguma gratificao, que a desse ao seu critrio' (f.274-275,TA,2 volume); 'que... a depoente ouviu a r perguntar ao autor qual seria o valor dos honorrios advocatcios no processo...; que o autor respondeu que no iria cobrar nenhum valor, mas, se ela quisesse gratific-lo, ele aceitaria' (f.276-277,TA,2 volume). Ditas testemunhas foram severamente combatidas pelo autor/2 recorrente (f.332-335,TA,2 volume), que, por sua vez, entendeu por provado que 'a r tentou pagar honorrios, no aceitos, porque diminutos em face do direito do autor' e 'que o autor nunca teve por hbito fazer servios gratuitos, pois comprovou que cobrara tambm pelo inventrio do sogro do autor e da r' (f. 335,TA,2Documento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 1 1 de 16

Superior Tribunal de Justiavolume). Na verdade, o que veio em prol do promovente da actio foi que ele cobrou honorrios no inventrio de Antnio Octaviano Alvarenga (fl.266,TA,2 volume), no que ele sempre os exigisse, indistintamente. E o que se tem guisa de comprovao de tentativa de pagamento de honorrios (como se eles tivessem sido combinados), vem, na verdade, com conotao sobre se tratar de mera gratificao. Confira-se: 'que ouviu da prpria r... que ela e seu genro... fizeram dois cheques no valor total de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais) para gratificar o autor pelos servios advocatcios..., no aceitos pelo autor, ... (sob alegao de) que a gratificao era pouca' (f.275,TA,2 volume). Tambm as testemunhas de f. 264-265 e 270, TA, 2 volume, fazem referncia a cheques encaminhados ao autor e por este no recebidos. De outro lado, se, em princpio, a prova produzida nos autos tende mais a amparar a tese da r/1 apelante, no se compreende bem sobre o porqu do assunto de cobrana de honorrios advocatcios ter sido levantado tantas vezes, na presena de vrias pessoas, em ocasies diversas, para sempre ser obtida a mesma resposta do requerente. Algo assim a permitir que se conjecture sobre se, de fato, a questo fora acertada de maneira estreme de dvidas entre os litigantes. O que me conduz ao entendimento de que, em suma, no ficou suficientemente esclarecido se seriam onerosos ou gratuitos os servios a serem prestados pelo autor. 'Saber se, no caso, h uma conveno tcita de remunerao dos servios do mandatrio uma questo de fato, que cabe ao juiz decidir, tendo em vista as circunstncias' ("Cdigo Civil Brasileiro Interpretado", Carvalho Santos, vol. XVIII, p. 142, citando Laurent).' De qualquer forma, no entanto, o trabalho foi realizado (e nem se discute a respeito) e, por eles, quer receber, o autor/2 apelante, enquanto que a r/1 recorrente entende ser devida uma 'gratificao', que ela chegou a fixar em R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais), segundo se depreende do depoimento de uma das testemunhas por ela arroladas (f.275,TA,2 volume). Armado o imbrglio, houve soluo obtida com lastro em percia (f.197-200,TA,2 volume), cujo valor sugerido (R$55.000,00 cinquenta e cinco mil reais) foi censurado pelas duas partesDocumento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 1 2 de 16

Superior Tribunal de Justia(f.219-220 e 336--337,TA,2 volume), valendo notar que o requerente no ofereceu quesitos (f.197,TA,2 volume). Examinando, detidamente, o laudo ofertado pelo expert (f.197-200,TA,2 volume) e bem atento s suas concluses, convenci-me de que o montante por ele alcanado satisfatrio, merecendo ser mantido. Por derradeiro, a r/1 apelante quer que os juros e a correo monetria comecem a correr a partir do trnsito em julgado da deciso de primeiro grau, a par de no se conformar com o percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenao, imposto a ttulo de verba honorria. Sem razo, em todas as situaes, no s diante do que dispem os arts. 1.536, pargrafo nico, do Cdigo Civil (sobre juros) e 1, 2, da Lei n 6.899/81 (sobre correo monetria), como pelo fato de no ter sido violada a letra do art. 20, 3, do CPC."

Induvidosamente, a questo alusiva natureza do mandato, se onerosa ou gratuita (arts. 1.330 do CC e 333 do CPC), importa em rever os fatos, recaindo no bice da Smula n. 7 do STJ, posto que, como visto, tanto a sentena como o aresto recorrido lastrearam suas concluses na prova dos autos, inclusive em testemunhos prestados em audincia.

No tocante data da fluio dos juros e da correo monetria, os recursos no apontam quais as disposies legais consideradas infringidas, pelo que deixam de satisfazer aos pressupostos formais da espcie.

Finalmente, aprecia-se a matria que sobeja, alusiva carncia da ao, solidariedade e ao litisconsrcio necessrio.

A ao, repete-se, foi intentada apenas contra a viva meeira, Elza, embora ela e tambm seus filhos herdeiros (Cludia, Soraia e Fausto) tenham igualmente outorgado procurao ao autor, irmo da primeira e tio dos demais.

O direito de reclamar os honorrios advm da relao jurdica prpria,Documento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 1 3 de 16

Superior Tribunal de Justiaqual seja, a contratao de advogado para processar o inventrio. Como observado pela deciso estadual (fl. 445), houve outorga de procurao ao autor por todos eles, e com base nessa relao jurdica estabelecida entre mandantes e mandatrio, tida pelas instncias ordinrias como onerosa, que surge o direito postulao pela remunerao do trabalho jurdico realizado. Portanto, de se rejeitar a carncia da ao, legitimada passivamente tanto a meeira, como cada um dos demais herdeiros, todos contratantes do causdico autor, independentemente, na hiptese especfica, de j se achar extinto o inventrio pelo trnsito em julgado da partilha, no identificada a ofensa aos arts. 1.316, IV, e 1.796 do Cdigo Civil e 597 do CPC.

De outro lado, no me parece haver litisconsrcio necessrio passivo.

H solidariedade entre todos, nos precisos termos do art. 1.314 do Cdigo Civil anterior, que reza:

"Art. 1.314. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negcio comum, cada uma ficar solidariamente responsvel ao mandatrio por todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes.

A propsito, observa a doutrina, que:

"I Responsabilidade solidria do mandante . Sendo o mandato outorgado por dois ou mais mandantes a um procurador e para negcio comum, cada mandante responsabilizar-se- solidariamente ao mandatrio por todos os compromissos e efeitos do mandato. De maneira que o mandatrio ter direito de reclamar de qualquer deles o cumprimento dos deveres resultantes do mandato, como pagamento de remunerao, dos adiantamentos, dos juros e dos prejuzos. II - Ao regressiva do mandante . Havendo vrios mandantes, aquele que vier a pagar as obrigaes oriundas do mandato ter ao regressiva contra os demais mandantes,Documento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 1 4 de 16

Superior Tribunal de Justiarecebendo de cada um a parte que lhes couber, reavendo o que desembolsou". (Cdigo Civil Anotado, Maria Helena Diniz, Ed. Saraiva, 2001, pag. 883).

Exatamente por isso, dado ao credor da obrigao acionar a todos conjuntamente, alguns ou apenas um, como aqui preferiu, facultado, segundo a mesma norma legal, o direito de regresso.

Se assim , no h falar-se em litisconsrcio necessrio, apenas facultativo, a critrio do autor, que, rigorosamente de acordo com o que lhe possvel escolher, preferiu acionar exclusivamente a viva meeira, Elza.

Rejeito, pois, a alegada ofensa aos arts. 1.314 da lei substantiva civil anterior e 47 do CPC.

Ante o exposto, no conheo dos recursos especiais.

como voto.

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Superior Tribunal de JustiaCERTIDO DE JULGAMENTO QUARTA TURMA

Nmero Registro: 2000/0070607-8Nmeros Origem: 2691281 784695 PAUTA: 17/10/2006

REsp 267221 / MG

JULGADO: 17/10/2006

Relator Exmo. Sr. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR Presidente da Sesso Exmo. Sr. Ministro JORGE SCARTEZZINI Subprocurador-Geral da Repblica Exmo. Sr. Dr. ANTNIO CARLOS PESSOA LINS Secretria Bela. CLAUDIA AUSTREGSILO DE ATHAYDE BECK AUTUAORECORRENTE ADVOGADA RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO ADVOGADO : : : : : : CLUDIA PEDRAS DE ALVARENGA MENDES E OUTROS RSULA RIBEIRO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA E OUTRO ELZA PEREIRA PEDRAS DE ALVARENGA GETLIO BARBOSA DE QUEIROZ JOS BRIGIDO PEREIRA PEDRAS JUNIOR GUSTAVO BRIGIDO DE ALVARENGA PEDRAS

ASSUNTO: Civil - Contrato - Honorrios - Advocatcios

SUSTENTAO ORAL Dr(a) TATIANE BECKER AMARAL, pela parte: RECORRENTE: CLUDIA PEDRAS DE ALVARENGA MENDES Dr(a) GUSTAVO BRIGIDO DE ALVARENGA PEDRAS, pela parte: RECORRIDO: JOS BRIGIDO PEREIRA PEDRAS JUNIOR CERTIDO Certifico que a egrgia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso: A Turma, por unanimidade, no conheceu de ambos os recursos, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Jorge Scartezzini, Hlio Quaglia Barbosa e Massami Uyeda votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha. Braslia, 17 de outubro de 2006

CLAUDIA AUSTREGSILO DE ATHAYDE BECK SecretriaDocumento: 656481 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJ: 26/02/2007 Pgina 1 6 de 16