stf e a constituição

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STF - Constituição Brasília, terça-feira, 4 de setembro de 2007 - 17:24h Caso você esteja tendo problemas para visualizar a Constituição Federal e Jurisprudência, clique aqui para fazer o download da versão compactada. Sumário Pesquisa CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. "Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa". (ADI 2.076, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-02, DJ de 8-8-03) TÍTULO I - Dos Princípios Fundamentais Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: "O postulado republicano — que repele privilégios e não tolera discriminações — impede que prevaleça a prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, mesmo que a prática delituosa tenha ocorrido durante o período de atividade funcional, se sobrevier a cessação da investidura do indiciado, denunciado ou réu no cargo, função ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente) qualifica-se como o único fator de legitimação constitucional apto a fazer instaurar a competência penal originária da Suprema Corte (CF, art. 102, I, b e c). Cancelamento da Súmula 394/ STF (RTJ 179/912-913). Nada pode autorizar o desequilíbrio entre os cidadãos da República. O reconhecimento da prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal Federal, nos ilícitos penais comuns, em favor de ex-ocupantes de cargos públicos ou de ex-titulares de mandatos eletivos transgride valor fundamental à própria configuração da idéia republicana, que se orienta pelo vetor axiológico da igualdade. A prerrogativa de foro é outorgada, constitucionalmente, ratione muneris, a significar, portanto, que é deferida em razão de cargo ou de mandato ainda titularizado por aquele que sofre persecução penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal prerrogativa — descaracterizando-se em sua essência mesma — degradar-se à condição de inaceitável privilégio de caráter pessoal. Precedentes." (Inq 1.376-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-2-07, DJ de 16-3-07) file:///K|/STF%20-%20CF.htm (1 of 870)04/09/2007 14:28:18

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STF - Constituio

Braslia, tera-feira, 4 de setembro de 2007 - 17:24h

Caso voc esteja tendo problemas para visualizar a Constituio Federal e Jurisprudncia, clique aqui para fazer o download da verso compactada.

Sumrio

Pesquisa

CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PREMBULO Ns, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assemblia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrtico, destinado a assegurar o exerccio dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justia como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a soluo pacfica das controvrsias, promulgamos, sob a proteo de Deus, a seguinte CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

"Prembulo da Constituio: no constitui norma central. Invocao da proteo de Deus: no se trata de norma de reproduo obrigatria na Constituio estadual, no tendo fora normativa". (ADI 2.076, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-02, DJ de 8-8-03)

TTULO I - Dos Princpios Fundamentais Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:

"O postulado republicano que repele privilgios e no tolera discriminaes impede que prevalea a prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal Federal, nas infraes penais comuns, mesmo que a prtica delituosa tenha ocorrido durante o perodo de atividade funcional, se sobrevier a cessao da investidura do indiciado, denunciado ou ru no cargo, funo ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente) qualifica-se como o nico fator de legitimao constitucional apto a fazer instaurar a competncia penal originria da Suprema Corte (CF, art. 102, I, b e c). Cancelamento da Smula 394/ STF (RTJ 179/912-913). Nada pode autorizar o desequilbrio entre os cidados da Repblica. O reconhecimento da prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal Federal, nos ilcitos penais comuns, em favor de ex-ocupantes de cargos pblicos ou de ex-titulares de mandatos eletivos transgride valor fundamental prpria configurao da idia republicana, que se orienta pelo vetor axiolgico da igualdade. A prerrogativa de foro outorgada, constitucionalmente, ratione muneris, a significar, portanto, que deferida em razo de cargo ou de mandato ainda titularizado por aquele que sofre persecuo penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal prerrogativa descaracterizando-se em sua essncia mesma degradar-se condio de inaceitvel privilgio de carter pessoal. Precedentes." (Inq 1.376-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-2-07, DJ de 16-3-07)

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"Governador e Vice-Governador do Estado Afastamento do Pas por qualquer tempo Necessidade de autorizao da Assemblia Legislativa, sob pena de perda do cargo Alegada ofensa ao postulado da separao de poderes Medida cautelar deferida. A fiscalizao parlamentar como instrumento constitucional de controle do Poder Executivo: Governador de Estado e ausncia do territrio nacional. O Poder Executivo, nos regimes democrticos, h de ser um poder constitucionalmente sujeito fiscalizao parlamentar e permanentemente exposto ao controle poltico-administrativo do Poder Legislativo. A necessidade de ampla fiscalizao parlamentar das atividades do Executivo a partir do controle exercido sobre o prprio Chefe desse Poder do Estado traduz exigncia plenamente compatvel com o postulado do Estado Democrtico de Direito (CF, art. 1, caput) e com as conseqncias poltico-jurdicas que derivam da consagrao constitucional do princpio republicano e da separao de poderes. A autorizao parlamentar a que se refere o texto da Constituio da Repblica (prevista em norma que remonta ao perodo imperial) necessria para legitimar, em determinada situao, a ausncia do Chefe do Poder Executivo (ou de seu Vice) do territrio nacional configura um desses instrumentos constitucionais de controle do Legislativo sobre atos e comportamentos dos nossos governantes. Plausibilidade jurdica da pretenso de inconstitucionalidade que sustenta no se revelar possvel, ao Estado-membro, ainda que no mbito de sua prpria Constituio, estabelecer exigncia de autorizao, ao Chefe do Poder Executivo local, para afastar-se, por qualquer tempo, do territrio do Pas. Referncia temporal que no encontra parmetro na Constituio da Repblica." (ADI 775-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-10-92, DJ de 1-12-06) "Inexistente atribuio de competncia exclusiva Unio, no ofende a Constituio do Brasil norma constitucional estadual que dispe sobre aplicao, interpretao e integrao de textos normativos estaduais, em conformidade com a Lei de Introduo ao Cdigo Civil. No h falar-se em quebra do pacto federativo e do princpio da interdependncia e harmonia entre os poderes em razo da aplicao de princpios jurdicos ditos 'federais' na interpretao de textos normativos estaduais. Princpios so normas jurdicas de um determinado direito, no caso, do direito brasileiro. No h princpios jurdicos aplicveis no territrio de um, mas no de outro ente federativo, sendo descabida a classificao dos princpios em 'federais' e 'estaduais'." (ADI 246, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 16-12-04, DJ de 29-4-05) "O pacto federativo, sustentando-se na harmonia que deve presidir as relaes institucionais entre as comunidades polticas que compem o Estado Federal, legitima as restries de ordem constitucional que afetam o exerccio, pelos Estadosmembros e Distrito Federal, de sua competncia normativa em tema de exonerao tributria pertinente ao ICMS." (ADI 1.247-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-8-95, DJ de 8-9-95) "Se certo que a Nova Carta Poltica contempla um elenco menos abrangente de princpios constitucionais sensveis, a denotar, com isso, a expanso de poderes jurdicos na esfera das coletividades autnomas locais, o mesmo no se pode afirmar quanto aos princpios federais extensveis e aos princpios constitucionais estabelecidos, os quais, embora disseminados pelo texto constitucional, posto que no tpica a sua localizao, configuram acervo expressivo de limitaes dessa autonomia local, cuja identificao at mesmo pelos efeitos restritivos que deles decorrem impe-se realizar. A questo da necessria observncia, ou no, pelos Estados-membros, das normas e princpios inerentes ao processo legislativo, provoca a discusso sobre o alcance do poder jurdico da Unio Federal de impor, ou no, s demais pessoas estatais que integram a estrutura da federao, o respeito incondicional a padres heternomos por ela prpria institudos como fatores de compulsria aplicao. (...) Da resoluo dessa questo central, emergir a definio do modelo de federao a ser efetivamente observado nas prticas institucionais." (ADI 216-MC, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-5-90, DJ de 7-5-93)I - a soberania; II - a cidadania

"Ningum obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. Mais: dever de cidadania opor-se ordem ilegal; caso contrrio, nega-se o Estado de Direito." (HC 73.454, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 22-4-96, DJ de 7-6-96)

III - a dignidade da pessoa humana;

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"O direito de defesa constitui pedra angular do sistema de proteo dos direitos individuais e materializa uma das expresses do princpio da dignidade da pessoa humana. Diante da ausncia de intimao de defensor pblico para fins de julgamento do recurso, constata-se, no caso concreto, que o constrangimento alegado inegvel. No que se refere prerrogativa da intimao pessoal, nos termos do art. 5, 5 da Lei n. 1.060/1950, a jurisprudncia desta Corte se firmou no sentido de que essa h de ser respeitada." (HC 89.176, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 22-8-06, DJ de 22-9-06) "Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei n. 7.492, de 1986). Crime societrio. Alegada inpcia da denncia, por ausncia de indicao da conduta individualizada dos acusados. Mudana de orientao jurisprudencial, que, no caso de crimes societrios, entendia ser apta a denncia que no individualizasse as condutas de cada indiciado, bastando a indicao de que os acusados fossem de algum modo responsveis pela conduo da sociedade comercial sob a qual foram supostamente praticados os delitos. (...) Necessidade de individualizao das respectivas condutas dos indiciados. Observncia dos princpios do devido processo legal (CF, art. 5, LIV), da ampla defesa, contraditrio (CF, art. 5, LV) e da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1, III)." (HC 86.879, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21-2-06, DJ de 166-06) "Denncia. Estado de Direito. Direitos fundamentais. Princpio da dignidade da pessoa humana. Requisitos do art. 41 do CPP no preenchidos. A tcnica da denncia (art. 41 do Cdigo de Processo Penal) tem merecido reflexo no plano da dogmtica constitucional, associada especialmente ao direito de defesa. Denncias genricas, que no descrevem os fatos na sua devida conformao, no se coadunam com os postulados bsicos do Estado de Direito. Violao ao princpio da dignidade da pessoa humana. No difcil perceber os danos que a mera existncia de uma ao penal impe ao indivduo. Necessidade de rigor e prudncia daqueles que tm o poder de iniciativa nas aes penais e daqueles que podem decidir sobre o seu curso." (HC 84.409, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14-12-04, DJ de19-8-05) A mera instaurao de inqurito, quando evidente a atipicidade da conduta, constitui meio hbil a impor violao aos direitos fundamentais, em especial ao princpio da dignidade humana. (HC 82.969, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 30-903, DJ de 17-10-03)

"A durao prolongada, abusiva e irrazovel da priso cautelar de algum ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa considerada a centralidade desse princpio essencial (CF, art. 1, III) significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pas e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre ns, a ordem republicana e democrtica consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo." (HC 85.237, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-3-05, DJ de 29-4-05)

O fato de o paciente estar condenado por delito tipificado como hediondo no enseja, por si s, uma proibio objetiva incondicional concesso de priso domiciliar, pois a dignidade da pessoa humana, especialmente a dos idosos, sempre ser preponderante, dada a sua condio de princpio fundamental da Repblica (art. 1, inciso III, da CF/88). Por outro lado, incontroverso que essa mesma dignidade se encontrar ameaada nas hipteses excepcionalssimas em que o apenado idoso estiver acometido de doena grave que exija cuidados especiais, os quais no podem ser fornecidos no local da custdia ou em estabelecimento hospitalar adequado." (HC 83.358, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 4-5-04, DJ de 4-604)

Sendo fundamento da Repblica Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana, o exame da constitucionalidade de ato normativo faz-se considerada a impossibilidade de o Diploma Maior permitir a explorao do homem pelo homem. O credenciamento de profissionais do volante para atuar na praa implica ato do administrador que atende s exigncias prprias permisso e que objetiva, em verdadeiro saneamento social, o endosso de lei viabilizadora da transformao, balizada no tempo, de taxistas auxiliares em permissionrios. (RE 359.444, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurlio, julgamento em 24-3-04, DJ de 28-5-04)

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Fundamento do ncleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam raas distintas. Os primeiros seriam raa inferior, nefasta e infecta, caractersticas suficientes para justificar a segregao e o extermnio: inconciabilidade com os padres ticos e morais definidos na Carta Poltica do Brasil e do mundo contemporneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o estado democrtico. Estigmas que por si s evidenciam crime de racismo. Concepo atentatria dos princpios nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua pacfica convivncia no meio social. Condutas e evocaes aticas e imorais que implicam repulsiva ao estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e constitucional do Pas. (HC 82.424-QO, Rel. p/ o ac. Min. Maurcio Corra, julgamento em 17-9-03, DJ de 19-3-04) O direito ao nome insere-se no conceito de dignidade da pessoa humana, princpio alado a fundamento da Repblica Federativa do Brasil (CF, artigo 1, inciso III)." (RE 248.869, voto do Min. Maurcio Corra, julgamento em 7-8-03, DJ de 12-304)Objeo de princpio em relao qual houve reserva de Ministros do Tribunal tese aventada de que garantia constitucional da inadmissibilidade da prova ilcita se possa opor, com o fim de dar-lhe prevalncia em nome do princpio da proporcionalidade, o interesse pblico na eficcia da represso penal em geral ou, em particular, na de determinados crimes: que, a, foi a Constituio mesma que ponderou os valores contrapostos e optou em prejuzo, se necessrio da eficcia da persecuo criminal pelos valores fundamentais, da dignidade humana, aos quais serve de salvaguarda a proscrio da prova ilcita: de qualquer sorte salvo em casos extremos de necessidade inadivel e incontornvel a ponderao de quaisquer interesses constitucionais oponveis inviolabilidade do domiclio no compete a posteriori ao juiz do processo em que se pretenda introduzir ou valorizar a prova obtida na invaso ilcita, mas sim quele a quem incumbe autorizar previamente a diligncia. (HC 79.512, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 16-12-99, DJ de 16-5-03)

A simples referncia normativa tortura, constante da descrio tpica consubstanciada no art. 233 do Estatuto da Criana e do Adolescente, exterioriza um universo conceitual impregnado de noes com que o senso comum e o sentimento de decncia das pessoas identificam as condutas aviltantes que traduzem, na concreo de sua prtica, o gesto ominoso de ofensa dignidade da pessoa humana. A tortura constitui a negao arbitrria dos direitos humanos, pois reflete enquanto prtica ilegtima, imoral e abusiva um inaceitvel ensaio de atuao estatal tendente a asfixiar e, at mesmo, a suprimir a dignidade, a autonomia e a liberdade com que o indivduo foi dotado, de maneira indisponvel, pelo ordenamento positivo. (HC 70.389, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-6-94, DJ de 10-8-01) "DNA: submisso compulsria ao fornecimento de sangue para a pesquisa do DNA: estado da questo no direito comparado: precedente do STF que libera do constrangimento o ru em ao de investigao de paternidade (HC 71.373) e o dissenso dos votos vencidos: deferimento, no obstante, do HC na espcie, em que se cuida de situao atpica na qual se pretende de resto, apenas para obter prova de reforo submeter ao exame o pai presumido, em processo que tem por objeto a pretenso de terceiro de ver-se declarado o pai biolgico da criana nascida na constncia do casamento do paciente: hiptese na qual, luz do princpio da proporcionalidade ou da razoabilidade, se impe evitar a afronta dignidade pessoal que, nas circunstncias, a sua participao na percia substantivaria." (HC 76.060, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 31-3-98, DJ de 15-5-98) Discrepa, a mais no poder, de garantias constitucionais implcitas e explcitas preservao da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do corpo humano, do imprio da lei e da inexecuo especfica e direta de obrigao de fazer provimento judicial que, em ao civil de investigao de paternidade, implique determinao no sentido de o ru ser conduzido ao laboratrio, 'debaixo de vara', para coleta do material indispensvel feitura do exame DNA. A recusa resolvese no plano jurdico-instrumental, consideradas a dogmtica, a doutrina e a jurisprudncia, no que voltadas ao deslinde das questes ligadas prova dos fatos. (HC 71.373, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurlio, julgamento em 10-11-94, DJ de 22-11-96)

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

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" certo que a ordem econmica na Constituio de 1988 define opo por um sistema no qual joga um papel primordial a livre iniciativa. Essa circunstncia no legitima, no entanto, a assertiva de que o Estado s intervir na economia em situaes excepcionais. Mais do que simples instrumento de governo, a nossa Constituio enuncia diretrizes, programas e fins a serem realizados pelo Estado e pela sociedade. Postula um plano de ao global normativo para o Estado e para a sociedade, informado pelos preceitos veiculados pelos seus artigos 1, 3 e 170. A livre iniciativa expresso de liberdade titulada no apenas pela empresa, mas tambm pelo trabalho. Por isso a Constituio, ao contempl-la, cogita tambm da iniciativa do Estado; no a privilegia, portanto, como bem pertinente apenas empresa. Se de um lado a Constituio assegura a livre iniciativa, de outro determina ao Estado a adoo de todas as providncias tendentes a garantir o efetivo exerccio do direito educao, cultura e ao desporto [artigos 23, inciso V, 205, 208, 215 e 217, 3, da Constituio]. Na composio entre esses princpios e regras h de ser preservado o interesse da coletividade, interesse pblico primrio. O direito ao acesso cultura, ao esporte e ao lazer, so meios de complementar a formao dos estudantes." (ADI 1.950, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 3-11-05, DJ de 2-6-06). No mesmo sentido: ADI 3.512, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 152-06, DJ de 23-6-06. A m-f do candidato vaga de juiz classista resta configurada quando viola preceito constante dos atos constitutivos do sindicato e declara falsamente, em nome da entidade sindical, o cumprimento de todas as disposies legais e estatutrias para a formao de lista enviada ao Tribunal Regional do Trabalho - TRT. O trabalho consubstancia valor social constitucionalmente protegido [art. 1, IV e 170, da CB/88], que sobreleva o direito do recorrente a perceber remunerao pelos servios prestados at o seu afastamento liminar. Entendimento contrrio implica sufragar o enriquecimento ilcito da Administrao." (RMS 25.104, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-2-06, DJ de 31-3-06) "O princpio da livre iniciativa no pode ser invocado para afastar regras de regulamentao do mercado e de defesa do consumidor." (RE 349.686, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 14-6-05, DJ de 5-8-05)

"A fixao de horrio de funcionamento de estabelecimento comercial matria de competncia municipal, considerando improcedentes as alegaes de ofensa aos princpios constitucionais da isonomia, da livre iniciativa, da livre concorrncia, da liberdade de trabalho, da busca do pleno emprego e da proteo ao consumidor." (AI 481.886-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-2-05, DJ de 1-4-05). No mesmo sentido: RE 199.520, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 19-5-98, DJ de 16-10-98.

"Transporte rodovirio interestadual de passageiros. No pode ser dispensada, a ttulo de proteo da livre iniciativa , a regular autorizao, concesso ou permisso da Unio, para a sua explorao por empresa particular." (RE 214.382, Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 21-9-99, DJ de 19-11-99)

"Em face da atual Constituio, para conciliar o fundamento da livre iniciativa e do princpio da livre concorrncia com os da defesa do consumidor e da reduo das desigualdades sociais, em conformidade com os ditames da justia social, pode o Estado, por via legislativa, regular a poltica de preos de bens e de servios, abusivo que o poder econmico que visa ao aumento arbitrrio dos lucros." (ADI 319-QO, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 3-3-93, DJ de 30-4-93)

V - o pluralismo poltico.

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"Partido poltico Funcionamento parlamentar Propaganda partidria gratuita Fundo partidrio. Surge conflitante com a Constituio Federal lei que, em face da gradao de votos obtidos por partido poltico, afasta o funcionamento parlamentar e reduz, substancialmente, o tempo de propaganda partidria gratuita e a participao no rateio do Fundo Partidrio. Normatizao Inconstitucionalidade Vcuo. Ante a declarao de inconstitucionalidade de leis, incumbe atentar para a inconvenincia do vcuo normativo, projetando-se, no tempo, a vigncia de preceito transitrio, isso visando a aguardar nova atuao das Casas do Congresso Nacional." (ADI 1.354, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 7-12-06, DJ de 30-3-07). No mesmo sentido: ADI 1.351, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 7-12-06, DJ de 30-3-07. "Lei n. 8.624/93, que dispe sobre o plebiscito destinado a definir a forma e o sistema de governo Regulamentao do art. 2 do ADCT/88, alterado pela EC 02/92 Impugnao a diversos artigos (arts. 4, 5 e 6) da referida Lei n. 8.624/93 Organizao de frentes parlamentares, sob a forma de sociedade civil, destinadas a representar o parlamentarismo com Repblica, o presidencialismo com Repblica e o parlamentarismo com Monarquia Necessidade de registro dessas frentes parlamentares, perante a Mesa Diretora do Congresso Nacional, para efeito de acesso gratuito s emissoras de rdio e de televiso, para divulgao de suas mensagens doutrinrias (direito de antena) Alegao de que os preceitos legais impugnados teriam transgredido os postulados constitucionais do pluralismo poltico, da soberania popular, do sistema partidrio, do direito de antena e da liberdade de associao Suposta usurpao, pelo Congresso Nacional, da competncia regulamentar outorgada ao Tribunal Superior Eleitoral Consideraes, feitas pelo relator originrio (ministro Nri da Silveira), em torno de conceitos e de valores fundamentais, tais como a democracia, o direito de sufrgio, a participao poltica dos cidados, a essencialidade dos partidos polticos e a importncia de seu papel no contexto do processo institucional, a relevncia da comunicao de idias e da propaganda doutrinria no contexto da sociedade democrtica Entendimento majoritrio do Supremo Tribunal Federal no sentido da inocorrncia das alegadas ofensas ao texto da Constituio da Repblica." (ADI 839-MC, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-2-93, DJ de 24-11-06)

"Normas que condicionaram o nmero de candidatos s Cmaras Municipais ao nmero de representantes do respectivo partido na Cmara Federal. Alegada afronta ao princpio da isonomia. Plausibilidade da tese, relativamente aos pargrafos do art. 11, por institurem critrio caprichoso que no guarda coerncia lgica com a disparidade de tratamento neles estabelecida. Afronta igualdade caracterizadora do pluralismo poltico consagrado pela Carta de 1988." (ADI 1.355-MC, Rel. Min. Ilmar Galvo, julgamento em 23-11-95, DJ de 23-2-96)Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio. Art. 2 So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

inconstitucional a criao, por Constituio estadual, de rgo de controle administrativo do Poder Judicirio do qual participem representantes de outros poderes ou entidades. (SM. 649) "Ao direta. Emenda Constitucional n. 45/2004. Poder Judicirio. Conselho Nacional de Justia. Instituio e disciplina. Natureza meramente administrativa. rgo interno de controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura. Constitucionalidade reconhecida. Separao e independncia dos Poderes. Histria, significado e alcance concreto do princpio. Ofensa a clusula constitucional imutvel (clusula ptrea). Inexistncia. Subsistncia do ncleo poltico do princpio, mediante preservao da funo jurisdicional, tpica do Judicirio, e das condies materiais do seu exerccio imparcial e independente. Precedentes e Smula 649. Inaplicabilidade ao caso. Interpretao dos arts. 2 e 60, 4, III, da CF. Ao julgada improcedente. Votos vencidos. So constitucionais as normas que, introduzidas pela Emenda Constitucional n. 45, de 8 de dezembro de 2004, instituem e disciplinam o Conselho Nacional de Justia, como rgo administrativo do Poder Judicirio nacional." (ADI 3.367, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 13-4-05, DJ de 22-9-06) "Na formulao positiva do constitucionalismo republicano brasileiro, o autogoverno do Judicirio alm de espaos variveis de autonomia financeira e oramentria reputa-se corolrio da independncia do Poder (ADIn 135-Pb, Gallotti, 21-11-96): viola-o, pois, a instituio de rgo do chamado 'controle externo', com participao de agentes ou representantes dos outros Poderes do Estado." (ADI 98, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 7-8-97, DJ de 31-10-97)

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NOVO: Trata-se de ao direta na qual se pretende seja declarada inconstitucional lei amazonense que dispe sobre a realizao gratuita do exame de DNA. (...) Os demais incisos do artigo 2, no entanto, no guardam compatibilidade com o texto constitucional. (...) No caso, no entanto, o preceito legal marca prazo para que o Executivo exera funo regulamentar de sua atribuio, o que ocorre amide, mas no deixa de afrontar o princpio da interdependncia e harmonia entre os poderes. A determinao de prazo para que o Chefe do Executivo exera funo que lhe incumbe originariamente, sem que expressiva de dever de regulamentar, tenho-a por inconstitucional. Nesse sentido, veja-se a ADI n. 2.393, Relator o Ministro Sydney Sanches, DJ de 28-3-2003, e a ADI n. 546, Relator o Ministro Moreira Alves, DJ de 14-4-2000. (ADI 3.394, voto do Min. Eros Grau, julgamento em 2-4-07, DJ de 24-8-07)

"Extradio: Colmbia: crimes relacionados participao do extraditando ento sacerdote da Igreja Catlica em ao militar das Foras Armadas Revolucionrias da Colmbia (FARC). Questo de ordem. Reconhecimento do status de refugiado do extraditando, por deciso do comit nacional para refugiados-CONARE: pertinncia temtica entre a motivao do deferimento do refgio e o objeto do pedido de extradio: aplicao da Lei 9.474/97, art. 33 (Estatuto do Refugiado), cuja constitucionalidade reconhecida: ausncia de violao do princpio constitucional da separao dos poderes. De acordo com o art. 33 da L. 9474/97, o reconhecimento administrativo da condio de refugiado, enquanto dure, elisiva, por definio, da extradio que tenha implicaes com os motivos do seu deferimento. vlida a lei que reserva ao Poder Executivo a quem incumbe, por atribuio constitucional, a competncia para tomar decises que tenham reflexos no plano das relaes internacionais do Estado o poder privativo de conceder asilo ou refgio. A circunstncia de o prejuzo do processo advir de ato de um outro Poder desde que compreendido na esfera de sua competncia no significa invaso da rea do Poder Judicirio. Pedido de extradio no conhecido, extinto o processo, sem julgamento do mrito e determinada a soltura do extraditando. Caso em que de qualquer sorte, incidiria a proibio constitucional da extradio por crime poltico, na qual se compreende a prtica de eventuais crimes contra a pessoa ou contra o patrimnio no contexto de um fato de rebelio de motivao poltica (Ext. 493)." (Ext 1.008, Rel. p/ o ac. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 21-307, DJ de 17-8-07)

"Cabe ao Poder Judicirio verificar a regularidade dos atos normativos e de administrao do Poder Pblico em relao s causas, aos motivos e finalidade que os ensejam. Pelo princpio da proporcionalidade, h que ser guardada correlao entre o nmero de cargos efetivos e em comisso, de maneira que exista estrutura para atuao do Poder Legislativo local." (RE 365.368-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 22-5-07, DJ de 29-6-07)

Conforme entendimento consolidado da Corte, os requisitos constitucionais legitimadores da edio de medidas provisrias, vertidos nos conceitos jurdicos indeterminados de relevncia e urgncia (art. 62 da CF), apenas em carter excepcional se submetem ao crivo do Poder Judicirio, por fora da regra da separao de poderes (art. 2 da CF) (ADI n. 2.213, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 23-4-2004; ADI n. 1.647, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 26-3-1999; ADI n.1.753-MC, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 12-6-1998; ADI n. 162-MC, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 19-9-1997). (ADC 11-MC, voto do Min. Cezar Peluso, julgamento em 28-3-07, DJ de 29-6-07)

"O respeito s atribuies resultantes da diviso funcional do Poder constitui pressuposto de legitimao material das resolues estatais, notadamente das leis. Prevalece, em nosso sistema jurdico, o princpio geral da legitimao concorrente para instaurao do processo legislativo. No se presume, em conseqncia, a reserva de iniciativa, que deve resultar em face do seu carter excepcional de expressa previso inscrita no prprio texto da Constituio, que define, de modo taxativo, em numerus clausus, as hipteses em que essa clusula de privatividade reger a instaurao do processo de formao das leis. O desrespeito prerrogativa de iniciar o processo legislativo, quando resultante da usurpao do poder sujeito clusula de reserva, traduz hiptese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissvel, a prpria integridade do diploma legislativo assim editado, que no se convalida, juridicamente, nem mesmo com a sano manifestada pelo Chefe do Poder Executivo. Reserva de administrao e separao de poderes. O princpio constitucional da reserva de administrao impede a ingerncia normativa do Poder Legislativo em matrias sujeitas exclusiva competncia administrativa do Poder Executivo. que, em tais matrias, o Legislativo no se qualifica como instncia de reviso dos atos administrativos emanados do Poder Executivo. Precedentes. No cabe, ao Poder Legislativo, sob pena de desrespeito ao postulado da separao de poderes, desconstituir, por lei, atos de carter administrativo que tenham sido editados pelo Poder Executivo no estrito desempenho de suas privativas atribuies institucionais. Essa prtica legislativa, quando efetivada, subverte a funo primria da lei, transgride o princpio da diviso funcional do poder, representa comportamento heterodoxo da instituio parlamentar e importa em atuao ultra vires do Poder Legislativo, que no pode, em sua atuao poltico-jurdica, exorbitar dos limites que definem o exerccio de suas prerrogativas institucionais. No sefile:///K|/STF%20-%20CF.htm (7 of 870)04/09/2007 14:28:18

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revela constitucionalmente lcito, ao Legislativo, decretar a nulidade do procedimento administrativo do concurso pblico, sob pretexto de infringncia, por rgos do Poder Executivo, de prescries legais. A norma legal que invalida todo concurso pblico em que ficar comprovada a transgresso desta Lei, por qualificar-se como inadmissvel sentena legislativa, ofende o postulado da separao de poderes. que, em tal hiptese, dar-se- indevida substituio, pelo Legislativo, do Poder Judicirio, a cujos rgos se reservou, constitucionalmente, a funo de dirimir conflitos de interesses, sem prejuzo, no entanto, do reconhecimento de que se inclui, na esfera de atribuies da Administrao, o poder de (...) anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais (...) (Smula 473/STF), incumbindo, desse modo, o exerccio de tal prerrogativa, ao rgo estatal competente que promove referidos certames seletivos. (ADI 776-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-10-92, DJ de 15-12-06) "A reserva de lei constitui postulado revestido de funo excludente, de carter negativo, pois veda, nas matrias a ela sujeitas, quaisquer intervenes normativas, a ttulo primrio, de rgos estatais no-legislativos. Essa clusula constitucional, por sua vez, projeta-se em uma dimenso positiva, eis que a sua incidncia refora o princpio, que, fundado na autoridade da Constituio, impe, administrao e jurisdio, a necessria submisso aos comandos estatais emanados, exclusivamente, do legislador. No cabe, ao Poder Judicirio, em tema regido pelo postulado constitucional da reserva de lei, atuar na anmala condio de legislador positivo (RTJ 126/48 RTJ 143/57 RTJ 146/461-462 RTJ 153/765, v.g.), para, em assim agindo, proceder imposio de seus prprios critrios, afastando, desse modo, os fatores que, no mbito de nosso sistema constitucional, s podem ser legitimamente definidos pelo Parlamento. que, se tal fosse possvel, o Poder Judicirio que no dispe de funo legislativa passaria a desempenhar atribuio que lhe institucionalmente estranha (a de legislador positivo), usurpando, desse modo, no contexto de um sistema de poderes essencialmente limitados, competncia que no lhe pertence, com evidente transgresso ao princpio constitucional da separao de poderes." (MS 22.690, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-4-97, DJ de 7-12-06) "O Ministrio Pblico pode deflagrar o processo legislativo de lei concernente poltica remuneratria e aos planos de carreira de seus membros e servidores. Ausncia de vcio de iniciativa ou afronta ao princpio da harmonia entre os Poderes [art. 2 da CB]." (ADI 603, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 17-8-06, DJ de 6-10-06) "Revela-se inconstitucional, porque ofensivo aos postulados da Federao e da separao de poderes, o diploma legislativo estadual, que, ao estabelecer vinculao subordinante do Estado-membro, para efeito de reajuste da remunerao do seu funcionalismo, torna impositiva, no plano local, a aplicao automtica de ndices de atualizao monetria editados, mediante regras de carter heternomo, pela Unio Federal. Precedentes." (AO 366, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 22-4-97, DJ de 8-9-06) "Ao declaratria de constitucionalidade, ajuizada em prol da Resoluo n. 07, de 18-10-2005, do Conselho Nacional de Justia. Medida cautelar. (...) No se trata, ento, de discriminar o Poder Judicirio perante os outros dois Poderes Orgnicos do Estado, sob a equivocada proposio de que o Poder Executivo e o Poder Legislativo estariam inteiramente libertos de peias jurdicas para prover seus cargos em comisso e funes de confiana, naquelas situaes em que os respectivos ocupantes no hajam ingressado na atividade estatal por meio de concurso pblico. O modelo normativo em exame no suscetvel de ofender a pureza do princpio da separao dos Poderes e at mesmo do princpio federativo. Primeiro, pela considerao de que o CNJ no rgo estranho ao Poder Judicirio (art. 92, CF) e no est a submeter esse Poder autoridade de nenhum dos outros dois; segundo, porque ele, Poder Judicirio, tem uma singular compostura de mbito nacional, perfeitamente compatibilizada com o carter estadualizado de uma parte dele. Ademais, o art. 125 da Lei Magna defere aos Estados a competncia de organizar a sua prpria Justia, mas no menos certo que esse mesmo art. 125, caput, junge essa organizao aos princpios estabelecidos por ela, Carta Maior, neles includos os constantes do art. 37, cabea." (ADC 12-MC, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 16-2-06, DJ de 1-9-06) "Os dispositivos impugnados contemplam a possibilidade de a Assemblia Legislativa capixaba convocar o Presidente do Tribunal de Justia para prestar, pessoalmente, informaes sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausncia injustificada desse Chefe de Poder. Ao faz-lo, porm, o art. 57 da Constituio capixaba no seguiu o paradigma da Constituio Federal, extrapolando as fronteiras do esquema de freios e contrapesos cuja aplicabilidade sempre estrita ou materialmente inelstica e maculando o Princpio da Separao de Poderes. Ao julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade da expresso Presidente do Tribunal de Justia, inserta no 2 e no caput do art. 57 da Constituio do Estado do Esprito Santo." (ADI 2.911, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 10-8-06, DJ de 2-2-07)

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"O acerto ou desacerto da concesso de liminar em mandado de segurana, por traduzir ato jurisdicional, no pode ser examinado no mbito do Legislativo, diante do princpio da separao de poderes. O prprio Regimento Interno do Senado no admite CPI sobre matria pertinente s atribuies do Poder Judicirio (art. 146, II)." (HC 86.581, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 23-2-06, DJ de 19-5-06)

Embora resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular e executar polticas pblicas, revela-se possvel, no entanto, ao Poder Judicirio, determinar, ainda que em bases excepcionais, especialmente nas hipteses de polticas pblicas definidas pela prpria Constituio, sejam estas implementadas pelos rgos estatais inadimplentes, cuja omisso por importar em descumprimento dos encargos poltico-jurdicos que sobre eles incidem em carter mandatrio mostra-se apta a comprometer a eficcia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura constitucional. A questo pertinente reserva do possvel." (RE 436.996-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 22-11-05, DJ de 3-2-06) Ao cvel originria. Mandado de segurana. Quebra de sigilo de dados bancrios determinada por Comisso Parlamentar de Inqurito de Assemblia Legislativa. Recusa de seu cumprimento pelo Banco Central do Brasil. Lei Complementar 105/2001. Potencial conflito federativo (cf. ACO 730-QO). Federao. Inteligncia. Observncia obrigatria, pelos EstadosMembros, de aspectos fundamentais decorrentes do princpio da separao de Poderes previsto na Constituio Federal de 1988. Funo fiscalizadora exercida pelo Poder Legislativo. Mecanismo essencial do sistema de checks-and-counterchecks adotado pela Constituio federal de 1988. Vedao da utilizao desse mecanismo de controle pelos rgos legislativos dos Estados-Membros. Impossibilidade. Violao do equilbrio federativo e da separao de Poderes. Poderes de CPI estadual: ainda que seja omissa a Lei Complementar 105/2001, podem essas comisses estaduais requerer quebra de sigilo de dados bancrios, com base no art. 58, 3, da Constituio. (ACO 730, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 22-9-04, DJ de 11-11-05) "Os atos administrativos que envolvem a aplicao de conceitos indeterminados esto sujeitos ao exame e controle do Poder Judicirio. O controle jurisdicional pode e deve incidir sobre os elementos do ato, luz dos princpios que regem a atuao da Administrao. (...) A capitulao do ilcito administrativo no pode ser aberta a ponto de impossibilitar o direito de defesa." (RMS 24.699, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 30-11-04, DJ de 1-7-05) No h falar-se em quebra do pacto federativo e do princpio da interdependncia e harmonia entre os poderes em razo da aplicao de princpios jurdicos ditos 'federais' na interpretao de textos normativos estaduais. Princpios so normas jurdicas de um determinado direito, no caso, do direito brasileiro. No h princpios jurdicos aplicveis no territrio de um, mas no de outro ente federativo, sendo descabida a classificao dos princpios em federais e estaduais. (ADI 246, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 16-12-04, DJ de 29-4-05) O Tribunal concedeu a liminar requerida em ao direta de inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Estado de Rondnia, para suspender a vigncia e a eficcia da Lei 1.315/2004, de iniciativa da Assemblia Legislativa daquele Estado, que altera a atribuio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental-SEAM e estabelece como requisito, para emisso de licenas para as atividades dependentes de recursos ambientais, a prvia autorizao legislativa. Com base em recente precedente do Plenrio (ADI 1.505/ES, DJ de 4-3-2005), entendeu-se que a norma impugnada, a princpio, viola o art. 2 da CF, pois, ao condicionar a aprovao de licenciamento ambiental prvia autorizao da Assemblia Legislativa, implica uma indevida interferncia do Poder Legislativo na atuao do Poder Executivo. (ADI 3.252-MC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 6-4-05, Informativo 382)

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"Separao e independncia dos Poderes: freios e contra-pesos: parmetros federais impostos ao Estado-Membro. Os mecanismos de controle recproco entre os Poderes, os freios e contrapesos admissveis na estruturao das unidades federadas, sobre constiturem matria constitucional local, s se legitimam na medida em que guardem estreita similaridade com os previstos na Constituio da Repblica: precedentes. Conseqente plausibilidade da alegao de ofensa do princpio fundamental por dispositivos da Lei estadual 11.075/98-RS (inc. IX do art. 2 e arts. 33 e 34), que confiam a organismos burocrticos de segundo e terceiro graus do Poder Executivo a funo de ditar parmetros e avaliaes do funcionamento da Justia (...)." (ADI 1.905-MC, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 19-11-98, DJ de 5-11-04) "A fiscalizao legislativa da ao administrativa do Poder Executivo um dos contrapesos da Constituio Federal separao e independncia dos Poderes: cuida-se, porm, de interferncia que s a Constituio da Repblica pode legitimar. Do relevo primacial dos 'pesos e contrapesos' no paradigma de diviso dos poderes, segue-se que norma infraconstitucional a includa, em relao Federal, a constituio dos Estados-Membros , no dado criar novas interferncias de um Poder na rbita de outro que no derive explcita ou implicitamente de regra ou princpio da Lei Fundamental da Repblica. O poder de fiscalizao legislativa da ao administrativa do Poder Executivo outorgado aos rgos coletivos de cada cmara do Congresso Nacional, no plano federal, e da Assemblia Legislativa, no dos Estados; nunca, aos seus membros individualmente, salvo, claro, quando atuem em representao (ou presentao) de sua Casa ou comisso." (ADI 3.046, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 15-4-04, DJ de 28-5-04)

Afronta os princpios constitucionais da harmonia e independncia entre os Poderes e da liberdade de locomoo norma estadual que exige prvia licena da Assemblia Legislativa para que o Governador e o Vice-Governador possam ausentarse do Pas por qualquer prazo. Espcie de autorizao que, segundo o modelo federal, somente se justifica quando o afastamento exceder a quinze dias. Aplicao do princpio da simetria. (ADI 738, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 13-11-02, DJ de 7-2-03). No mesmo sentido: ADI 775-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-10-92, DJ de 1-12-06.

Separao e independncia dos Poderes: plausibilidade da alegao de ofensa do princpio fundamental pela insero de representante da Assemblia Legislativa, por essa escolhido, em rgo do Poder Executivo local, qual o Conselho Estadual de Educao, que no constitui contrapeso assimilvel aos do modelo constitucional positivo do regime de Poderes. (ADI 2.654-MC, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 26-6-02, DJ de 23-8-02) Retomado o julgamento de ao direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B, Partido Socialista Brasileiro - PSB e pelo Partido dos Trabalhadores - PT contra a Lei Complementar 101/2000, que estabelece normas de finanas pblicas voltadas para a responsabilidade na gesto fiscal e d outras providncias. O Tribunal deferiu o pedido de medida cautelar para suspender, at deciso final, a eficcia do 3 do art. 9 da citada LC (...). O Tribunal, primeira vista, considerou relevante a argio de inconstitucionalidade quanto ao 3 do art. 9 da Lei impugnada, dado que tal dispositivo viabiliza uma interferncia do Executivo em domnio constitucionalmente reservado atuao autnoma dos Poderes Legislativo e Judicirio. No mesmo julgamento, o Tribunal indeferiu o pedido de suspenso cautelar de vrios dispositivos impugnados (art. 4, 2, II e 4; art. 7, caput e 1; art. 9, 5) e no conheceu da ao na parte em que se impugnavam os 2 e 3 da art. 7 da citada LC, por entender que o ataque seria inepto alegava-se antinomia com o disposto no art. 4 da MP 1.980-20. (ADI 2.238-MC, Rel. Min. Ilmar Galvo, julgamento em 22-2-01, Informativo 218)

Acrdo que, analisando o conjunto probatrio dos autos, corrige erro aritmtico manifesto no somatrio de pontos de candidato. Alegada ofensa aos arts. 2; 5, XXXV; e 25, todos da Constituio Federal. Hiptese em que o Tribunal a quo se limita a exercer seu ofcio judicante, cumprindo seu dever de assegurar o direito individual lesado, sem qualquer afronta ao princpio da harmonia e independncia entre poderes. (AI 228.367-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvo, julgamento em 11-4-00, DJ de 23-6-00)

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Processo legislativo da Unio: observncia compulsria pelos Estados de seus princpios bsicos, por sua implicao com o princpio fundamental da separao e independncia dos Poderes: jurisprudncia do Supremo Tribunal. (ADI 774, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 10-12-98, DJ de 26-2-99). No mesmo sentido: ADI 2.434-MC, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 16-5-01, DJ de 10-8-01. "(...) inquestionvel a relevncia da alegao de incompatibilidade com o princpio fundamental da separao e independncia dos poderes, sob o regime presidencialista, do art. 8 das leis locais, que outorga Assemblia Legislativa o poder de destituio dos conselheiros da agncia reguladora autrquica, antes do final do perodo da sua nomeao a termo. A investidura a termo no impugnada e plenamente compatvel com a natureza das funes das agncias reguladoras , porm, incompatvel com a demisso ad nutum pelo Poder Executivo: por isso, para concili-la com a suspenso cautelar da nica forma de demisso prevista na lei ou seja, a destituio por deciso da Assemblia Legislativa , impe-se explicitar que se suspende a eficcia do art. 8 dos diplomas estaduais referidos, sem prejuzo das restries demissibilidade dos conselheiros da agncia sem justo motivo, pelo Governador do Estado, ou da supervenincia de diferente legislao vlida." (ADI 1.949-MC, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 18-11-99, DJ de 25-11-05)

Suspenso dos efeitos e da eficcia da Medida Provisria n. 375, de 23-11-93, que, a pretexto de regular a concesso de medidas cautelares inominadas (CPC, art. 798) e de liminares em mandado de segurana (Lei 1.533/51, art. 7, II) e em aes civis pblicas (Lei 7.347/85, art. 12), acaba por vedar a concesso de tais medidas, alm de obstruir o servio da Justia, criando obstculos obteno da prestao jurisdicional e atentando contra a separao dos poderes, porque sujeita o Judicirio ao Poder Executivo. (ADI 975-MC, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 9-12-93, DJ de 20-6-97) "Norma que subordina convnios, acordos, contratos e atos de Secretrios de Estado aprovao da Assemblia Legislativa: inconstitucionalidade, porque ofensiva ao princpio da independncia e harmonia dos poderes." (ADI 676, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 1-7-96, DJ de 29-11-96). No mesmo sentido: ADI 770, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 1-7-02, DJ de 20-9-02; ADI 165, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 7-8-97, DJ de 26-9-97.

Alegada violao ao princpio da independncia e harmonia entre os poderes (...) Orientao assentada no STF no sentido de que, no sendo dado ao Presidente da Repblica retirar da apreciao do Congresso Nacional medida provisria que tiver editado, -lhe, no entanto, possvel ab-rog-la por meio de nova medida provisria, valendo tal ato pela simples suspenso dos efeitos da primeira, efeitos esses que, todavia, o Congresso poder ver estabelecidos, mediante a rejeio da medida abrogatria. Circunstncia que, em princpio, desveste de plausibilidade a tese da violao ao princpio constitucional invocado. (ADI 1.315-MC, Rel. Min. Ilmar Galvo, julgamento em 10-8-95, DJ de 25-8-95)

" plausvel, em face do ordenamento constitucional brasileiro, o reconhecimento da admissibilidade das leis interpretativas, que configuram instrumento juridicamente idneo de veiculao da denominada interpretao autntica. As leis interpretativas desde que reconhecida a sua existncia em nosso sistema de direito positivo no traduzem usurpao das atribuies institucionais do Judicirio e, em conseqncia, no ofendem o postulado fundamental da diviso funcional do poder. Mesmo as leis interpretativas expem-se ao exame e interpretao dos juzes e tribunais. No se revelam, assim, espcies normativas imunes ao controle jurisdicional." (ADI 605-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-10-91, DJ de 5-3-93)Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;

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STF - Constituio

O sistema pblico de previdncia social fundamentado no princpio da solidariedade [artigo 3, inciso I, da CB/88], contribuindo os ativos para financiar os benefcios pagos aos inativos. Se todos, inclusive inativos e pensionistas, esto sujeitos ao pagamento das contribuies, bem como aos aumentos de suas alquotas, seria flagrante a afronta ao princpio da isonomia se o legislador distinguisse, entre os beneficirios, alguns mais e outros menos privilegiados, eis que todos contribuem, conforme as mesmas regras, para financiar o sistema. Se as alteraes na legislao sobre custeio atingem a todos, indiscriminadamente, j que as contribuies previdencirias tm natureza tributria, no h que se estabelecer discriminao entre os beneficirios, sob pena de violao do princpio constitucional da isonomia. (RE 450.855-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-8-05, DJ de 9-12-05)

"O art. 7 da Lei n. 6.194/74, na redao que lhe deu o art. 1 da Lei n. 8.441/92, ao ampliar as hipteses de responsabilidade civil objetiva, em tema de acidentes de trnsito nas vias terrestres, causados por veculo automotor, no parece transgredir os princpios constitucionais que vedam a prtica de confisco, protegem o direito de propriedade e asseguram o livre exerccio da atividade econmica. A Constituio da Repblica, ao fixar as diretrizes que regem a atividade econmica e que tutelam o direito de propriedade, proclama, como valores fundamentais a serem respeitados, a supremacia do interesse pblico, os ditames da justia social, a reduo das desigualdades sociais, dando especial nfase, dentro dessa perspectiva, ao princpio da solidariedade, cuja realizao parece haver sido implementada pelo Congresso Nacional ao editar o art. 1 da Lei n. 8.441/92." (ADI 1.003-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1-8-94, DJ de 10-9-99)

II - garantir o desenvolvimento nacional;

A questo do desenvolvimento nacional (CF, art. 3, II) e a necessidade de preservao da integridade do meio ambiente (CF, art. 225): O princpio do desenvolvimento sustentvel como fator de obteno do justo equilbrio entre as exigncias da economia e as da ecologia. O princpio do desenvolvimento sustentvel, alm de impregnado de carter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obteno do justo equilbrio entre as exigncias da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocao desse postulado, quando ocorrente situao de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condio inafastvel, cuja observncia no comprometa nem esvazie o contedo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito preservao do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras geraes. (ADI 3.540-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1-9-05, DJ de 3-2-06)III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

"Decreto n. 420/92. Lei n. 8.393/91. IPI. Alquota regionalizada incidente sobre o acar. Alegada ofensa ao disposto nos arts. 150, I, II e 3, e 151, I, da Constituio do Brasil. Constitucionalidade. O decreto n. 420/92 estabeleceu alquotas diferenciadas incentivo fiscal visando dar concreo ao preceito veiculado pelo artigo 3 da Constituio, ao objetivo da reduo das desigualdades regionais e de desenvolvimento nacional. Autoriza-o o art. 151, I da Constituio. A alquota de 18% para o acar de cana no afronta o princpio da essencialidade. Precedente. A concesso do benefcio da iseno fiscal ato discricionrio, fundado em juzo de convenincia e oportunidade do Poder Pblico, cujo controle vedado ao Judicirio. Precedentes." (AI 630.997-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-4-07, DJ de 18-5-07)

"Em face da atual Constituio, para conciliar o fundamento da livre iniciativa e do princpio da livre concorrncia com os da defesa do consumidor e da reduo das desigualdades sociais, em conformidade com os ditames da justia social, pode o Estado, por via legislativa, regular a poltica de preos de bens e de servios, abusivo que o poder econmico que visa ao aumento arbitrrio dos lucros." (ADI 319-QO, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 3-3-93, DJ de 30-4-93)

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao. Art. 4 A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais pelos seguintes princpios:

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I - independncia nacional; II - prevalncia dos direitos humanos;

"No estado de direito democrtico devem ser intransigentemente respeitados os princpios que garantem a prevalncia dos direitos humanos. (...) A ausncia de prescrio nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as geraes de hoje e de amanh, para que se impea a reinstaurao de velhos e ultrapassados conceitos que a conscincia jurdica e histrica no mais admitem." (HC 82.424, Rel. p/ o ac. Min. Maurcio Corra, julgamento em 17-9-03, DJ de 19-3-04) A comunidade internacional, em 28 de julho de 1951, imbuda do propsito de consolidar e de valorizar o processo de afirmao histrica dos direitos fundamentais da pessoa humana, celebrou, no mbito do Direito das Gentes, um pacto de alta significao tico-jurdica, destinado a conferir proteo real e efetiva queles, que, arbitrariamente perseguidos por razes de gnero, de orientao sexual e de ordem tnica, cultural, confessional ou ideolgica, buscam, no Estado de refgio, acesso ao amparo que lhes negado, de modo abusivo e excludente, em seu Estado de origem. Na verdade, a celebrao da Conveno relativa ao Estatuto dos Refugiados a que o Brasil aderiu em 1952 resultou da necessidade de reafirmar o princpio de que todas as pessoas, sem qualquer distino, devem gozar dos direitos bsicos reconhecidos na Carta das Naes Unidas e proclamados na Declarao Universal dos Direitos da Pessoa Humana. Esse estatuto internacional representou um notvel esforo dos Povos e das Naes na busca solidria de solues consensuais destinadas a superar antagonismos histricos e a neutralizar realidades opressivas que negavam, muitas vezes, ao refugiado vtima de preconceitos, da discriminao, do arbtrio e da intolerncia o acesso a uma prerrogativa bsica, consistente no reconhecimento, em seu favor, do direito a ter direitos." (Ext 783-QO-QO, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em 28-11-01, DJ de 14-11-03)

"A essencialidade da cooperao internacional na represso penal aos delitos comuns no exonera o Estado brasileiro e, em particular, o Supremo Tribunal Federal de velar pelo respeito aos direitos fundamentais do sdito estrangeiro que venha a sofrer, em nosso Pas, processo extradicional instaurado por iniciativa de qualquer Estado estrangeiro. O fato de o estrangeiro ostentar a condio jurdica de extraditando no basta para reduzi-lo a um estado de submisso incompatvel com a essencial dignidade que lhe inerente como pessoa humana e que lhe confere a titularidade de direitos fundamentais inalienveis, dentre os quais avulta, por sua insupervel importncia, a garantia do due process of law. Em tema de direito extradicional, o Supremo Tribunal Federal no pode e nem deve revelar indiferena diante de transgresses ao regime das garantias processuais fundamentais. que o Estado brasileiro que deve obedincia irrestrita prpria Constituio que lhe rege a vida institucional assumiu, nos termos desse mesmo estatuto poltico, o gravssimo dever de sempre conferir prevalncia aos direitos humanos (art. 4, II)." (Ext 633, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 28-8-96, DJ de 6-4-01)

III - autodeterminao dos povos; IV - no-interveno; V - igualdade entre os Estados;

"Imunidade de jurisdio. Execuo fiscal movida pela Unio contra a Repblica da Coria. da jurisprudncia do Supremo Tribunal que, salvo renncia, absoluta a imunidade do Estado estrangeiro jurisdio executria: orientao mantida por maioria de votos. Precedentes: ACO 524-AgR, Velloso, DJ de 9-5-2003; ACO 522-AgR e 634-AgR, Ilmar Galvo, DJ de 23-1098 e 31-10-2002; ACO 527-AgR, Jobim, DJ de 10-12-99; ACO 645, Gilmar Mendes, DJ de 17-3-2003." (ACO 543-AgR, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 30-8-06, DJ de 24-11-06). No mesmo sentido: ACO 633-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 11-4-07, DJ de 22-6-07.

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"O mero procedimento citatrio no produz qualquer efeito atentatrio soberania nacional ou ordem pblica, apenas possibilita o conhecimento da ao que tramita perante a justia aliengena e faculta a apresentao de defesa." (CR 10.849AgR, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 28-4-04, DJ de 21-5-04)

No pode o Supremo Tribunal Federal avaliar o mrito dos elementos formadores da prova, inclusive a autoria e a materialidade dos delitos cometidos, ora em produo perante a autoridade judiciria do Pas requerente, tema afeto sua soberania. (Ext 853, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 19-12-02, DJ de 5-9-03)

"Privilgios diplomticos no podem ser invocados, em processos trabalhistas, para coonestar o enriquecimento sem causa de Estados estrangeiros, em inaceitvel detrimento de trabalhadores residentes em territrio brasileiro, sob pena de essa prtica consagrar censurvel desvio tico-jurdico, incompatvel com o princpio da boa-f e inconcilivel com os grandes postulados do direito internacional. O privilgio resultante da imunidade de execuo no inibe a Justia brasileira de exercer jurisdio nos processos de conhecimento instaurados contra Estados estrangeiros." (RE 222.368-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-4-02, DJ de 14-2-03)

Cabe, assim, Justia do Estado requerente, reconhecer soberanamente desde que o permita a sua prpria legislao penal a ocorrncia, ou no, da continuidade delitiva, no competindo ao Brasil, em obsquio ao principio fundamental da soberania dos Estados, que rege as relaes internacionais, constranger o Governo requerente a aceitar um instituto que at mesmo o seu prprio ordenamento positivo possa rejeitar. (Ext 542, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-2-92, DJ de 20-3-92)VI - defesa da paz; VII - soluo pacfica dos conflitos; VIII - repdio ao terrorismo e ao racismo; "O repdio ao terrorismo: um compromisso tico-jurdico assumido pelo Brasil, quer em face de sua prpria Constituio, quer perante a comunidade internacional. Os atos delituosos de natureza terrorista, considerados os parmetros consagrados pela vigente Constituio da Repblica, no se subsumem noo de criminalidade poltica, pois a Lei Fundamental proclamou o repdio ao terrorismo como um dos princpios essenciais que devem reger o Estado brasileiro em suas relaes internacionais (CF, art. 4, VIII), alm de haver qualificado o terrorismo, para efeito de represso interna, como crime equiparvel aos delitos hediondos, o que o expe, sob tal perspectiva, a tratamento jurdico impregnado de mximo rigor, tornando-o inafianvel e insuscetvel da clemncia soberana do Estado e reduzindo-o, ainda, dimenso ordinria dos crimes meramente comuns (CF, art. 5, XLIII). A Constituio da Repblica, presentes tais vetores interpretativos (CF, art. 4, VIII, e art. 5, XLIII), no autoriza que se outorgue, s prticas delituosas de carter terrorista, o mesmo tratamento benigno dispensado ao autor de crimes polticos ou de opinio, impedindo, desse modo, que se venha a estabelecer, em torno do terrorista, um inadmissvel crculo de proteo que o faa imune ao poder extradicional do Estado brasileiro, notadamente se se tiver em considerao a relevantssima circunstncia de que a Assemblia Nacional Constituinte formulou um claro e inequvoco juzo de desvalor em relao a quaisquer atos delituosos revestidos de ndole terrorista, a estes no reconhecendo a dignidade de que muitas vezes se acha impregnada a prtica da criminalidade poltica." (Ext 855, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-8-04, DJ de 1-7-05).

IX - cooperao entre os povos para o progresso da humanidade; X - concesso de asilo poltico.

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"Extradio: Colmbia: crimes relacionados participao do extraditando ento sacerdote da Igreja Catlica em ao militar das Foras Armadas Revolucionrias da Colmbia (FARC). Questo de ordem. Reconhecimento do status de refugiado do extraditando, por deciso do comit nacional para refugiados-CONARE: pertinncia temtica entre a motivao do deferimento do refgio e o objeto do pedido de extradio: aplicao da Lei 9.474/97, art. 33 (Estatuto do Refugiado), cuja constitucionalidade reconhecida: ausncia de violao do princpio constitucional da separao dos poderes. De acordo com o art. 33 da L. 9474/97, o reconhecimento administrativo da condio de refugiado, enquanto dure, elisiva, por definio, da extradio que tenha implicaes com os motivos do seu deferimento. vlida a lei que reserva ao Poder Executivo a quem incumbe, por atribuio constitucional, a competncia para tomar decises que tenham reflexos no plano das relaes internacionais do Estado o poder privativo de conceder asilo ou refgio. A circunstncia de o prejuzo do processo advir de ato de um outro Poder desde que compreendido na esfera de sua competncia no significa invaso da rea do Poder Judicirio. Pedido de extradio no conhecido, extinto o processo, sem julgamento do mrito e determinada a soltura do extraditando. Caso em que de qualquer sorte, incidiria a proibio constitucional da extradio por crime poltico, na qual se compreende a prtica de eventuais crimes contra a pessoa ou contra o patrimnio no contexto de um fato de rebelio de motivao poltica (Ext. 493)." (Ext 1.008, Rel. p/ o ac. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 21-307, DJ de 17-8-07)

No h incompatibilidade absoluta entre o instituto do asilo poltico e o da extradio passiva, na exata medida em que o Supremo Tribunal Federal no est vinculado ao juzo formulado pelo Poder Executivo na concesso administrativa daquele benefcio regido pelo Direito das Gentes. Disso decorre que a condio jurdica de asilado poltico no suprime, s por si, a possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e satisfeitas as condies constitucionais e legais que a autorizam, a extradio que lhe haja sido requerida. O estrangeiro asilado no Brasil s no ser passvel de extradio quando o fato ensejador do pedido assumir a qualificao de crime poltico ou de opinio ou as circunstncias subjacentes ao do Estado requerente demonstrarem a configurao de inaceitvel extradio poltica disfarada. (Ext 524, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 31-10-90, DJ de 8-3-91)Pargrafo nico. A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes.

"Sob a gide do modelo constitucional brasileiro, mesmo cuidando-se de tratados de integrao, ainda subsistem os clssicos mecanismos institucionais de recepo das convenes internacionais em geral, no bastando, para afast-los, a existncia da norma inscrita no art. 4, pargrafo nico, da Constituio da Repblica, que possui contedo meramente programtico e cujo sentido no torna dispensvel a atuao dos instrumentos constitucionais de transposio, para a ordem jurdica domstica, dos acordos, protocolos e convenes celebrados pelo Brasil no mbito do Mercosul." (CR 8.279-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-6-98, DJ de 10-8-00)

TTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

"O limite de idade para a inscrio em concurso pblico s se legitima em face do art. 7, XXX, da Constituio, quando possa ser justificado pela natureza das atribuies do cargo a ser preenchido." (SM. 683)

" constitucional o 2 do art. 6 da Lei 8.024/1990, resultante da converso da Medida Provisria 168/1990, que fixou o BTN fiscal como ndice de correo monetria aplicvel aos depsitos bloqueados pelo Plano Collor I." (SM. 725)

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NOVO: Discute-se a constitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494, de 10 de setembro de 1997, o qual decorre da Medida Provisria no 2.180-35, de 24 de agosto de 2001. A Lei n. 9.494, de 1997, em linhas gerais, disciplina a aplicao da tutela antecipada contra a Fazenda Pblica. O ncleo da discusso deste Recurso Extraordinrio centra-se no aludido art. 1-F da Lei n. 9.494, de 1997, que dispe: os juros de mora, nas condenaes impostas Fazenda Pblica para pagamento de verbas remuneratrias devidas a servidores e empregados pblicos, no podero ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano. (...) A deciso teve por base no Enunciado no 32 das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais do Rio de Janeiro que dispe: O disposto no art. 1-F da Lei n. 9.494/97 fere o princpio constitucional da isonomia (art. 5, caput, da CF) ao prever a fixao diferenciada de percentual a ttulo de juros de mora nas condenaes impostas Fazenda Pblica para pagamento de verbas remuneratrias devidas a servidores e empregados pblicos federais. No penso assim! O atentado isonomia consiste em se tratar desigualmente situaes iguais, ou em se tratar igualmente situaes diferenciadas, de forma arbitrria e no fundamentada. na busca da isonomia que se faz necessrio tratamento diferenciado, em decorrncia de situaes que exigem tratamento distinto, como forma de realizao da igualdade. o caso do art. 188 do Cdigo de Processo Civil, que dispe: computar-se- em qudruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pblica ou o Ministrio Pblico. Razes de ordem jurdica podem impor o tratamento diferenciado. O Supremo Tribunal Federal admite esse tratamento, em favor da Fazenda Pblica, enquanto prerrogativa excepcional (AI-AgR 349477/PR rel. Min. Celso de Mello, DJ- 28-2-2003.) Esta Corte, vista do princpio da razoabilidade, j entendeu, por maioria, que a norma inscrita no art. 188 do CPC compatvel com a CF/88 (RE 194925-ED-EDV Emb. Div. nos Emb. Decl. no RE, Rel. Min. Ilmar Galvo, DJ 19-4-02). Com efeito, a Fazenda Pblica e o Ministrio Pblico tm direito a prazo em dobro para recursos (RE 133984, Rel. Min. Sydney Sanches, DJ 15-12-98). No , porm, a questo que se pe nos presentes autos. O conceito de isonomia relacional por definio. O postulado da igualdade pressupe pelo menos duas situaes, que se encontram numa relao de comparao. Essa relatividade do postulado da isonomia leva segundo Maurer a uma inconstitucionalidade relativa (relative Verfassungswidrigkeit) no no sentido de uma inconstitucionalidade menos grave. que inconstitucional no se afigura a norma A ou B, mas a disciplina diferenciada (die Unterschiedlichkeit der Regelung). A anlise exige, por isso, modelos de comparao e de justificao. Se a Lei trata igualmente os credores da Fazenda Pblica, fixando os mesmos nveis de juros moratrios, inclusive para verbas remuneratrias, no h falar em inconstitucionalidade do art. 1o-F, da Lei n. 9.494, de 1997. Se os trata de modo distinto, porm justificadamente, tambm no h cogitar de inconstitucionalidade da norma legal aqui discutida. Por fim, justificar-se-ia a identificao de inconstitucionalidade no art. 1-F da Lei no 9.494, de 1997, se comprovada a existncia de tratamento no razovel. A anlise da situao existente indica no haver qualquer tratamento discriminatrio, no caso, entre os credores da Fazenda Pblica, que acarretem prejuzo para servidores e empregados pblicos. (RE 453.740, voto do Min. Gilmar Mendes, julgamento em 28-2-07, DJ de 24-8-07)

"Configura constrangimento ilegal a continuidade da persecuo penal militar por fato j julgado pelo Juizado Especial de Pequenas Causas, com deciso penal definitiva. A deciso que declarou extinta a punibilidade em favor do Paciente, ainda que prolatada com suposto vcio de incompetncia de juzo, susceptvel de trnsito em julgado e produz efeitos. A adoo do princpio do ne bis in idem pelo ordenamento jurdico penal complementa os direitos e as garantias individuais previstos pela Constituio da Repblica, cuja interpretao sistemtica leva concluso de que o direito liberdade, com apoio em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar. Precedentes." (HC 86.606, Rel. Min. Crmen Lcia, julgamento em 22-5-07, DJ de 3-8-07)

Neste juzo prvio e sumrio, estou em que, conquanto essa ostensiva distino de tratamento, constante do art. 37, inc. XI, da Constituio da Repblica, entre as situaes dos membros das magistraturas federal (a) e estadual (b), parece vulnerar a regra primria da isonomia (CF, art. 5, caput e inc. I). Pelas mesmas razes, a interpretao do art. 37, 12, acrescido pela Emenda Constitucional n. 47/2005, ao permitir aos Estados e ao Distrito Federal fixar, como limite nico de remunerao, nos termos do inc. XI do caput, o subsdio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justia, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centsimos por cento do valor do subsdio dos Ministros desta Corte, tambm no pode alcanar-lhes os membros da magistratura. (ADI 3.854-MC, voto do Min. Cezar Peluso, julgamento em 28-2-07, DJ de 29-6-07)

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O Tribunal conheceu em parte de ao direta ajuizada pelo Presidente da Repblica e, na parte conhecida, julgou improcedente o pedido nela formulado de declarao de inconstitucionalidade das Leis 11.169/2005 e 11.170/2005, de iniciativa, respectivamente, da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, que alteraram a remunerao dos servidores dessas Casas Legislativas, majorando-a em 15%. (...) Da mesma forma, no se acolheu o argumento de afronta ao art. 5, caput, da CF, asseverando-se que, do confronto estabelecido entre a possibilidade de concesso de aumentos diferenciados e o princpio da isonomia, h de se privilegiar o entendimento que, harmonizando o conceito de majoraes remuneratrias especficas para determinados segmentos e carreiras respeitados os limites das respectivas autonomias administrativo-financeiras , com a reviso geral anual do funcionalismo pblico, constitucional a norma que concede aumentos para determinados grupos, desde que tais reajustes sejam devidamente compensados, em caso de eventual reviso geral anual. (ADI 3.599, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21-5-07, Informativo 468)

"Tratamento igualitrio de brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil. O alcance do disposto na cabea do artigo 5 da Constituio Federal h de ser estabelecido levando-se em conta a remessa aos diversos incisos. A clusula de tratamento igualitrio no obstaculiza o deferimento de extradio de estrangeiro." (Ext 1.028, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 108-06, DJ de 8-9-06) "Eficcia dos direitos fundamentais nas relaes privadas. As violaes a direitos fundamentais no ocorrem somente no mbito das relaes entre o cidado e o Estado, mas igualmente nas relaes travadas entre pessoas fsicas e jurdicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituio vinculam diretamente no apenas os poderes pblicos, estando direcionados tambm proteo dos particulares em face dos poderes privados. Os princpios constitucionais como limites autonomia privada das associaes. A ordem jurdico-constitucional brasileira no conferiu a qualquer associao civil a possibilidade de agir revelia dos princpios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que tm por fundamento direto o prprio texto da Constituio da Repblica, notadamente em tema de proteo s liberdades e garantias fundamentais. O espao de autonomia privada garantido pela Constituio s associaes no est imune incidncia dos princpios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que encontra claras limitaes de ordem jurdica, no pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade no confere aos particulares, no domnio de sua incidncia e atuao, o poder de transgredir ou de ignorar as restries postas e definidas pela prpria Constituio, cuja eficcia e fora normativa tambm se impem, aos particulares, no mbito de suas relaes privadas, em tema de liberdades fundamentais." (RE 201.819, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 11-10-05, DJ de 27-10-06) "Ao recorrente, por no ser francs, no obstante trabalhar para a empresa francesa, no Brasil, no foi aplicado o Estatuto do Pessoal da Empresa, que concede vantagens aos empregados, cuja aplicabilidade seria restrita ao empregado de nacionalidade francesa. Ofensa ao princpio da igualdade: CF, 1967, art. 153, 1; CF, 1988, art. 5, caput). A discriminao que se baseia em atributo, qualidade, nota intrnseca ou extrnseca do indivduo, como o sexo, a raa, a nacionalidade, o credo religioso, etc., inconstitucional. Precedente do STF: Ag 110.846(AgRg)-PR, Clio Borja, RTJ 119/465. Fatores que autorizariam a desigualizao no ocorrentes no caso." (RE 161.243, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 29-10-96, DJ de 19-12-97)

"A definio (ou vedao) de limites etrios para efeito de inscrio em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos compreende-se no conceito de regime jurdico dos servidores pblicos, submetendo-se, em conseqncia, no que se refere instaurao do processo legislativo, clusula de reserva de iniciativa, estabelecida na Constituio da Repblica. A questo da fixao, por lei, de limite mximo de idade para inscrio em concursos pblicos. O exame da matria sob a dupla perspectiva dos postulados constitucionais da igualdade e da razoabilidade. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (ADI 776-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-10-92, DJ de 15-12-06) "A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a norma constitucional que probe tratamento normativo discriminatrio, em razo da idade, para efeito de ingresso no servio pblico (...), no se reveste de carter absoluto, sendo legtima, em conseqncia, a estipulao de exigncia de ordem etria, quando esta decorrer da natureza e do contedo ocupacional do cargo pblico a ser provido." (RMS 21.045, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 29-3-94, DJ de 30-9-94) "A vedao constitucional de diferena de critrio de admisso por motivo de idade (CF, art. 7, XXX) corolrio, na esfera das relaes de trabalho, do princpio fundamental de igualdade, que se entende, falta de excluso constitucionalfile:///K|/STF%20-%20CF.htm (17 of 870)04/09/2007 14:28:18

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inequvoca (como ocorre em relao aos militares CF, art. 42, 1), a todo o sistema do pessoal civil. pondervel, no obstante, a ressalva das hipteses em que a limitao de idade se possa legitimar como imposio da natureza e das atribuies do cargo a preencher." (RMS 21.046, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 14-12-90, DJ de 14-11-91). No mesmo sentido: RE 141.357, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 14-9-04, DJ de 8-10-04; RE 212.066, Rel. Min. Maurcio Corra, julgamento em 18-9-98, DJ 12-3-99.

"Concurso pblico. (...) Prova de ttulos: exerccio de funes pblicas. Viola o princpio constitucional da isonomia norma que estabelece como ttulo o mero exerccio de funo pblica." (ADI 3.443, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 8-9-05, DJ de 23-9-05). No mesmo sentido: ADI 3.522, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 24-11-05, DJ de 12-5-06. "Os pronunciamentos do Supremo so reiterados no sentido de no se poder erigir como critrio de admisso no haver o candidato ultrapassado determinada idade, correndo conta de exceo situaes concretas em que o cargo a ser exercido engloba atividade a exigir a observncia de certo limite precedentes: Recursos Ordinrios nos Mandados de Segurana n. 21.033-8/DF, Plenrio, relator ministro Carlos Velloso, Dirio da Justia de 11 de outubro de 1991, e 21.046-0/RJ, Plenrio, relator ministro Seplveda Pertence, Dirio da Justia de 14 de novembro de 1991, e Recursos Extraordinrios n. 209.714-4/ RS, Plenrio, relator ministro Ilmar Galvo, Dirio da Justia de 20 de maro de 1998, e 217.226-1/RS, Segunda Turma, por mim relatado, Dirio da Justia de 27 de novembro de 1998. Mostra-se pouco razovel a fixao, contida em edital, de idade mxima 28 anos , a alcanar ambos os sexos, para ingresso como soldado policial militar." (RE 345.598-AgR, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 29-6-05, DJ de 19-8-05) "(...) consentnea com a Carta da Repblica previso normativa asseguradora, ao militar e ao dependente estudante, do acesso a instituio de ensino na localidade para onde removido. Todavia, a transferncia do local do servio no pode se mostrar verdadeiro mecanismo para lograr-se a transposio da seara particular para a pblica, sob pena de se colocar em plano secundrio a isonomia artigo 5, cabea e inciso I , a impessoalidade, a moralidade na Administrao Pblica, a igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola superior, prevista no inciso I do artigo 206, bem como a viabilidade de chegar-se a nveis mais elevados do ensino, no que o inciso V do artigo 208 vincula o fenmeno capacidade de cada qual." (ADI 3.324, voto do Min. Marco Aurlio, julgamento em 16-12-04, DJ de 5-8-05) Errata: Esclarecemos que a questo de ordem suscitada na ADPF 54/DF pelo Procurador-Geral da Repblica refere-se aos limites da interpretao conforme a Constituio Federal v. Informativo 366. O Min. Marco Aurlio, relator, resolvendo a questo de ordem, assentou a adequao da ao proposta. (ADPF 54-QO, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 20-1004, Informativo 367) O Tribunal iniciou julgamento de questo de ordem suscitada pelo Procurador-Geral da Repblica, quanto admissibilidade da ao, em argio de descumprimento de preceito fundamental ajuizada pela Confederao Nacional dos Trabalhadores na Sade-CNTS, em que se pretende obter posicionamento do STF sobre o aborto de feto anencfalo v. Informativo 354. Inicialmente, o Min. Marco Aurlio, relator, admitiu a ao. Quanto a essa questo, o Min. Carlos Britto pediu vista dos autos. Em seguida, o Pleno resolveu suspender o julgamento da questo de ordem a fim de deliberar sobre a manuteno da liminar concedida pelo relator que, em 1-7-2004, sobrestara os processos e decises no transitadas em julgado e reconhecera o direito constitucional da gestante de se submeter operao teraputica de parto de fetos anencfalos a partir de laudo mdico que atestasse a deformidade. Referendou-se, por maioria, a primeira parte da liminar concedida (sobrestamento de feitos) e revogou-se a segunda (direito ao aborto), com efeitos ex nunc. Entendeu-se que no havia justificativa para manuteno da liminar, tendo em conta a pendncia de deciso quanto admissibilidade da ao. Salientouse, ainda, o carter satisfativo da medida deferida e a indevida introduo, por meio dela, de outra modalidade de excludente de ilicitude no ordenamento jurdico. Vencidos, em parte, os Ministros Marco Aurlio, relator, Carlos Britto, Celso de Mello e Seplveda Pertence, que referendavam integralmente a liminar, ressaltando sua vigncia temporal de quase quatro meses. Vencido, tambm, parcialmente, o Min. Cezar Peluso, que no referendava a liminar em sua totalidade. (ADPF 54-QO, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 20-10-04, Informativo 366) "Habeas corpus preventivo. Realizao de aborto eugnico. Supervenincia do parto. Impetrao prejudicada. Em se tratando de habeas corpus preventivo, que vise a autorizar a paciente a realizar aborto, a ocorrncia do parto durante o julgamento do writ implica a perda do objeto. Impetrao prejudicada." (HC 84.025, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 4-3-04, DJ de 25-6-04)

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"IPVA e multas de trnsito estaduais. Parcelamento. (...). Os artigos 5, caput, e 150, II, da Lei Fundamental, corolrios dos princpios da igualdade e da isonomia tributria, no se acham violados, dado o carter impessoal e abstrato da norma impugnada." (ADI 2.474, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 19-3-03, DJ de 25-4-03) "O art. 3, II, da Lei 7.787/89, no ofensivo ao princpio da igualdade, por isso que o art. 4 da mencionada Lei 7.787/89 cuidou de tratar desigualmente aos desiguais." (RE 343.446, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 20-3-03, DJ de 4-4-03)

"Existncia, ainda, de vcio material, ao estender a lei impugnada a fruio de direitos estatutrios aos servidores celetistas do Estado, ofendendo, assim, o princpio da isonomia e o da exigncia do concurso pblico para o provimento de cargos e empregos pblicos, previstos, respectivamente, nos arts. 5, caput e 37, II da Constituio." (ADI 872, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-8-02, DJ de 20-9-02)

"Razoabilidade da exigncia de altura mnima para ingresso na carreira de delegado de polcia, dada a natureza do cargo a ser exercido. Violao ao princpio da isonomia. Inexistncia." (RE 140.889, Rel. p/ o ac. Min. Maurcio Corra, julgamento em 30-5-00, DJ de 15-12-00) "Concurso pblico Fator altura. Caso a caso, h de perquirir-se a sintonia da exigncia, no que implica fator de tratamento diferenciado com a funo a ser exercida. No mbito da polcia, ao contrrio do que ocorre com o agente em si, no se tem como constitucional a exigncia de altura mnima, considerados homens e mulheres, de um metro e sessenta para a habilitao ao cargo de escrivo, cuja natureza estritamente escriturria, muito embora de nvel elevado." (RE 150.455, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 15-12-98, DJ de 7-5-99). No mesmo sentido: AI 384.050-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 9-9-03, DJ de 10-10-03; RE 194.952, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 11-9-01, DJ de 11-10-01.

"O direito sade alm de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas representa conseqncia constitucional indissocivel do direito vida. O Poder Pblico, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuao no plano da organizao federativa brasileira, no pode mostrar-se indiferente ao problema da sade da populao, sob pena de incidir, ainda que por censurvel omisso, em grave comportamento inconstitucional. (...) O reconhecimento judicial da validade jurdica de programas de distribuio gratuita de medicamentos a pessoas carentes, inclusive quelas portadoras do vrus HIV/AIDS, d efetividade a preceitos fundamentais da Constituio da Repblica (arts. 5, caput, e 196) e representa, na concreo do seu alcance, um gesto reverente e solidrio de apreo vida e sade das pessoas, especialmente daquelas que nada tm e nada possuem, a no ser a conscincia de sua prpria humanidade e de sua essencial dignidade." (RE 271.286-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 12-9-00, DJ de 24-11-00) "Os direitos e garantias individuais no tm carter absoluto. No h, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de carter absoluto, mesmo porque razes de relevante interesse pblico ou exigncias derivadas do princpio de convivncia das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoo, por parte dos rgos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela prpria Constituio. O estatuto constitucional das liberdades pblicas, ao delinear o regime jurdico a que estas esto sujeitas e considerado o substrato tico que as informa permite que sobre elas incidam limitaes de ordem jurdica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistncia harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem pblica ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros." (MS 23.452, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 16-9-99, DJ de 12-5-00)

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A teor do disposto na cabea do artigo 5 da Constituio Federal, os estrangeiros residentes no Pas tm jus aos direitos e garantias fundamentais. (HC 74.051, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 18-6-96, DJ de 20-9-96) "Ao estrangeiro, residente no exterior, tambm assegurado o direito de impetrar mandado de segurana, como decorre da interpretao sistemtica dos artigos 153, caput, da Emenda Constitucional de 1969 e do 5, LXIX da Constituio atual. Recurso extraordinrio no conhecido." RE 215.267, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 24-4-01, DJ de 25-5-01) " inquestionvel o direito de sditos estrangeiros ajuizarem, em causa prpria, a ao de habeas corpus, eis que esse remdio constitucional por qualificar-se como verdadeira ao popular pode ser utilizado por qualquer pessoa, independentemente da condio jurdica resultante de sua origem nacional. A petio com que impetrado o habeas corpus deve ser redigida em portugus, sob pena de no-conhecimento do writ constitucional (CPC, art. 156, c/c CPP, art. 3.), eis que o contedo dessa pea processual deve ser acessvel a todos, sendo irrelevante, para esse efeito, que o juiz da causa conhea, eventualmente, o idioma estrangeiro utilizado pelo impetrante. A imprescindibilidade do uso do idioma nacional nos atos processuais, alm de corresponder a uma exigncia que decorre de razes vinculadas prpria soberania nacional, constitui projeo concretizadora da norma inscrita no art. 13, caput, da Carta Federal, que proclama ser a lngua portuguesa o idioma oficial da Repblica Federativa do Brasil. No h como admitir o processamento da ao de habeas corpus se o impetrante deixa de atribuir autoridade apontada como coatora a prtica de ato concreto que evidencie a ocorrncia de um especfico comportamento abusivo ou revestido de ilegalidade. O exerccio da clemncia soberana do estado no se estende, em nosso direito positivo, aos processos de extradio, eis que o objeto da indulgentia principis restringe-se, exclusivamente, ao plano dos ilcitos penais sujeitos competncia jurisdicional do Estado brasileiro. O Presidente da Repblica que constitui, nas situaes referidas no art. 89 do estatuto do estrangeiro, o nico rbitro da convenincia e oportunidade da entrega do extraditando ao estado requerente no pode ser constrangido a abster-se do exerccio dessa prerrogativa institucional que se acha sujeita ao domnio especfico de suas funes como Chefe de Estado." (HC 72.391-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 8-3-95, DJ de 17-3-95)

Enquanto os direitos de primeira gerao (direitos civis e polticos) que compreendem as liberdades clssicas, negativas ou formais realam o princpio da liberdade e os direitos de segunda gerao (direitos econmicos, sociais e culturais) que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas acentuam o princpio da igualdade, os direitos de terceira gerao, que materializam poderes de titularidade coletiva atribudos genericamente a todas as formaes sociais, consagram o princpio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expanso e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponveis, nota de uma essencial inexauribilidade. (MS 22.164, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-10-95, DJ de 17-11-95) "Concurso pblico: princpio de igualdade: ofensa inexistente. No ofende o princpio da igualdade o regulamento de concurso pblico que, destinado a preencher cargos de vrios rgos da Justia Federal, sediados em locais diversos, determina que a classificao se faa por unidade da Federao, ainda que da resulte que um candidato se possa classificar, em uma delas, com nota inferior ao que, em outra, no alcance a classificao respectiva." (RE 146.585, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 18-4-95, DJ de 15-9-95) O princpio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, no enquanto postulado fundamental de nossa ordem poltico-jurdica suscetvel de regulamentao ou de complementao normativa. Esse princpio cuja observncia vincula, incondicionalmente, todas as manifestaes do Poder Pblico deve ser considerado, em sua precpua funo de obstar discriminaes e de extinguir privilgios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei e (b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei que opera numa fase de generalidade puramente abstrata constitui exigncia destinada ao legislador que, no processo de sua formao, nela no poder incluir fatores de discriminao, responsveis pela ruptura da ordem isonmica. A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo lei j elaborada, traduz imposio destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicao da norma legal, no podero subordin-la a critrios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatrio. A eventual inobservncia desse postulado pelo legislador impor ao ato estatal por ele elaborado e produzido a eiva de inconstitucionalidade. (MI 58, Rel