steve cornett - beowulf e os anéis
DESCRIPTION
O artigo publicado aqui é uma tradução. Artigo original: Steve Cornett - Beowulf and the Rings.TRANSCRIPT
Beowulf e os Anéis
As referências a O Senhor dos Anéis são feitos sob a forma (Livro#, p.#). Assim, (II, p.243)
refere-se à página 243 em As Duas Torres. Ao longo deste ensaio, O Senhor dos Anéis tem
sido freqüentemente abreviada simplesmente para Anéis. Referências a página são dadas
com base na minha Second Edition Combined Volume (escrita por JRR Tolkien, publicado
1987 pela Houghton Mifflin Co.) e podem necessariamente não serem exatas para todos os
outros volumes.
O autor deseja agradecer especialmente a Christopher Tolkien, cujo encaminhamento da série
História da Terra-Média (editada por Christopher Tolkien, publicada em 1992, pela Del Rey,
Inc.) forneceu grande parte da informação de base necessária sobre a obra e pensamentos de
Tolkien.
Em toda a literatura de ficção, dois trabalhos são especialmente conhecidos
como grandes obras. O épico antigo Beowulf é especialmente conhecido por
suas antiguidade e qualidade, a informação histórica fornecida no e com o
trabalho, e seu valor como uma descrição da época. O Senhor dos Anéis, de
Tolkien, embora não escrito até cerca de um milênio depois, é considerado um
marco na ficção moderna. Anéis define eventos, situações e competições para
grande parte do gênero de fantasia, incluindo "Dungeons and Dragons",
"Forgotten Realms", "Dragonlance", e uma série de outros livros e jogos.
Apesar de sua importância, muitos críticos continuam a atacar essas obras. O
Senhor dos Anéis é atacado como "plágio" e "banal". Beowulf é criticado por
“ignorar” as idéias “importantes” da época – grandes batalhas, árvores
genealógicas e outras lendas e épicos.
Não concordo com essas opiniões. Não são apenas estes trabalhos excelentes
exemplos de seu gênero, mas também são completos e originais por si só. As
acusações feitas contra eles são falsas, enganosas, mesquinhas ou alguma
combinação dos mesmos, e todas elas representam uma incompreensão da
finalidade da ficção. Estes trabalhos deverão ser apreciados por seu próprio
bem, não por causa de seu “valor” histórico ou literário.
A menos que ambas as obras sejam entendidas, no entanto, é difícil
argumentar contra a crítica. Antes de podermos considerar as acusações
feitas contra estes dois épicos, vamos considerar as semelhanças entre os
dois.
Beowulf e os Anéis
Após uma rápida análise - e ainda mais depois de um aprofundado estudo – os
dois trabalhos têm muito em comum. Muitos dos personagens, as semelhanças
físicas, e os temas e valores são semelhantes entre as obras, e isso levou às
acusações contra Tolkien. Antes de dar a minha opinião sobre as acusações,
vamos primeiro considerar as semelhanças entre as obras.
Os personagens principais de cada trabalho mostram mais semelhanças em
qualquer uma das categorias. As semelhanças são tão próximas que muitas
vezes permitem uma comparação aprofundada de personagens em cada uma
das posições que detenha os papéis principais. Em Beowulf, esses são o
próprio Beowulf, Wiglaf, Hrothgar, Unferth, Grendel e o Dragão. Em Anéis,
suas respectivas contrapartes são Aragorn, Frodo, Gandalf e Théoden, Língua
de Cobra, os Espectros do Anel e Sauron.
Sendo os personagens principais em suas respectivas histórias, pode parecer
lógico comparar Beowulf e Frodo, mas uma observação mais atenta revela
mais semelhanças entre Beowulf e Aragorn. Ao longo de seus trabalhos na
história, cada um tem, exceto em alguns casos raros, alguns partidários ou
amigos para ajudá-los quando preciso. Com esses seguidores, eles mantêm a
forma de "amor" mais respeitável como um vínculo entre soberano e guerreiro.
Cada um teve muitas aventuras, antes da história, que são mencionadas
apenas de passagem, e cada um empreende uma missão importante como um
ponto central na história. Durante suas histórias, ambos tornam-se os reis de
seus povos, e ambos morrem nobremente - Beowulf antes do dragão, e
Aragorn em seu tempo determinado (Anexo A, p.343).
Com Beowulf eliminado como opção, existe dificuldade na tentativa de
encontrar alguém com quem Frodo possa ser comparado. Por padrão, Wiglaf
é a única escolha razoável. Esta comparação, reconhecidamente longe de ser
perfeita, é feita com base em uma similaridade peculiar. Em Beowulf, o próprio
(intencionalmente ou não) distrai o dragão enquanto Wiglaf disfere o golpe
mortal. Em Anéis, Aragorn (que atua em sua parte como Beowulf) distrai
Sauron com o Exército do Oeste (III, ch.10), na esperança de que Frodo terá a
oportunidade de dar o golpe final.
Dois personagens de O Senhor dos Anéis podem ser comparados a Hrothgar,
cada um usando uma faceta diferente da sua personalidade. O primeiro é
Gandalf. Como Hrothgar, Gandalf é considerado por muitos como um velho
Beowulf e os Anéis
sábio, e isto está provado durante a guerra por seu oportuno (quando não
secreto) conselho para os personagens. Ele também permite que a traição
surja perto dele, embora inconscientemente, na pessoa de Saruman. Seu
conselho dado principalmente para Aragorn, paralelo ao personagem Beowulf,
é muitas vezes semelhante a partes do discurso de Hrothgar.
Outro caso para comparação com Hrothgar pode ser feita em Théoden, Rei de
Rohan. Como Hrothgar, Théoden uma vez governou um reino poderoso, mas
ao longo da história é corrompido pelas mentiras que detém o poder em sua
corte. Um falso conselheiro, Grima (Língua de Cobra, o equivalente a Unferth),
é responsável pelos falsos conselhos que levaram à deterioração de todo o
povo.
Um caso relativamente simples de comparação está disponível para Língua de
Cobra (antes chamado Grima), conselheiro de Théoden e servo de Saruman.
A impressão dele no Salão de Théoden “... at [the king’s] feet upon the steps
sat a man” (II, p.117) é quase idêntica a primeira impressão de Unferth dada
em Beowulf "... who sat at the feet of the king…”. Suas ações subseqüentes em
oposição aos personagens Aragorn/ Beowulf mostra que são do mesmo tipo e
natureza.
Como os terríveis, mas menores, monstros em cada conto, Grendel e sua mãe
têm seus equivalentes nos Espectros do Anel. Ambos são considerados
terríveis e quase indestrutíveis no começo da história, mas no final as ações
do(s) herói(s) os derrotam. Embora seu poder não seja tão grande quanto o da
criatura Dragão/Sauron, eles têm uma interação maior e mais direta com os
heróis em ambas as histórias.
Como as maiores ameaças ao povo, Sauron e o Dragão são, obviamente,
comparações naturais, mas as semelhanças nesse caso são tão incomuns
quanto fazer um observador atento se perguntar se Tolkien estava tentando
esconder uma brincadeira em sua história. Beowulf afirma explicitamente que o
Dragão era o último sobrevivente de seu povo antigo, mas isso é verdade
(embora de uma forma diferente) para Sauron também. Embora O Senhor dos
Anéis seja apenas uma indicação do fato, outra obra de Tolkien, O Silmarillion,
menciona que ele é um dos poucos Maiar Negros (seres do tipo angelicais) que
ainda sobrevive. Uma comparação ainda mais inteligente se baseia no nome
de cada um. O nome "Sauron" é quase idêntica à do adjetivo "Lagarto" que
Beowulf e os Anéis
significa "Réptil" ou "como um Dragão". Isso geralmente não é evidente para a
maioria dos leitores, assim como o próprio Sauron nunca é descrito na trilogia
(exceto com um olho), mas parece quase uma piada secreta para alguém que
compare estas duas obras.
Há uma série de importantes semelhanças físicas e estruturais entre as obras.
Ambos têm referências a um contexto histórico, cada um dando referências ou
comentários que indicam o que pode ter existido antes. Cada história faz
menção a uma viagem em algum lugar no texto, e ambos têm o sentido de luta
e batalhas encontradas nesse gênero da literatura.
De particular importância é o pano de fundo histórico. Informações sobre a
história por trás da vida de Beowulf é dada por ele nas suas primeiras
discussões com Hrothgar e Unferth - ele fala de uma dívida de família para com
Hrothgar e de batalhas anteriores que lutou para provar suas habilidades.
Outros temas como Finnsburg, as condições dos Geats e a construção de
Heorot, são dadas em formas de resumo em vários pontos da história. N’O
Senhor do Anéis, a história do mundo de fantasia de Tolkien não é mostrado
em sua totalidade (é necessário outro livro, O Silmarillion, para mostrar tudo),
mas muitos fatos de determinada importância são mostrados ao longo do conto
em forma de canções, descrições ou lendas.
O conceito de jornada introduz ambas as histórias. Como um épico, é quase
logicamente necessário ter em Beowulf uma viagem de algum tipo, embora o
autor minimize isso fazendo apenas uma menção passageira. Tolkien, em
Anéis, tinha tanto espaço literário quanto terreno para trabalhar, e assim foi
capaz de dedicar quase todo um livro (Sociedade do Anel) para uma viagem
através do país. Ele manteve-se próximo às idéias de Beowulf, porém a maior
parte do livro parece ser uma discussão de grandes eventos que ocorrem na
jornada e limitado a um diário de viagem.
Considerando o tamanho de cada obra, há relativamente poucas batalhas reais
no total. Ambas as obras, no entanto, conseguem transmitir a impressão de
uma batalha poderosa. Beowulf contém apenas três batalhas discutidas
diretamente – a de Grendel, a da Mãe de Grendel e a do Dragão - mas várias
façanhas passadas de Beowulf são mencionadas para dar a sensação de que
as lutas contra monstros não são tão raras quanto parecem. Em Anéis, existem
5 cenas bem descritas de batalhas: a batalha de Amon Hen (II, p. 1), A Batalha
Beowulf e os Anéis
do Abismo de Helm (II, ch.7), a tomada de Isengard (II, p.170), o Cerco de
Minas Tirith (III, cap. 4,6, e 7) e a batalha do Exército do Oeste (III, p.167).
Apesar do fato de que o Cerco de Minas Tirith é uma das maiores (talvez a
mais longa), batalha única em toda a ficção literária, a maior parte dos três
romances é gasta com os heróis tentando se esconder do mal, em vez de
confrontá-lo.
Existem muitos valores e características semelhantes entre as duas histórias.
Os ideais de amor e fidelidade, e as responsabilidades da realeza e de
parentesco guiam ambas as obras. As semelhanças são ainda mais fortes
nesse ponto do que em quaisquer outras categorias anteriores, e muitos dos
temas aparecem quase que exatamente iguais.
O antigo conceito de amor, significando um forte vínculo entre conde e
guerreiro, é utilizado em ambas as obras. Isso é mostrado em Beowulf, quando
seus guerreiros se recusam a deixar o pântano mesmo temendo sua morte. O
conto de Legolas e Gimli em Anéis também fala desta devoção: "[we were] held
to that road only by the will of Aragorn…and by love of him also, for all those
who come to know him come to love him after their own fashion” (III, p. 150).
Essa qualidade de "todos vêm a amá-lo" seria sentida pelo povo em ambas as
histórias como a marca de um bom rei.
Fidelidade como uma qualidade mútua em ambas as histórias é mostrada da
mesma maneira. Os companheiros se auxiliam em perigo e confiam uns nos
outros, e quando o perigo se torna grande demais para a Sociedade
permanecer junto, Frodo mostra seu respeito pela solidariedade do grupo
tentando ir embora por conta própria (I, p.422) para não pôr os outros em
perigo. Isso é semelhante à proteção de Beowulf por seus servos em toda a
primeira parte, e sua falta de vontade de colocá-los em perigo na batalha
mortal contra o dragão.
Os valores e costumes da realeza são tratados da mesma maneira em ambas
as histórias. Beowulf é instruído por Hrothgar para evitar o orgulho e a tornar-se
um governante justo, enquanto Aragorn tem as lendas de seu próprio povo
(mostrado n’O Silmarillion) para lembrar esta lição. Ambos devem respeitar
seus povos e recompensar seus vassalos, e ambas as histórias mencionam
que eles cumprem com suas obrigações: Beowulf no início da Parte 2, e
Aragorn, tanto durante a história (III, p.247) quanto depois (Anexo A, p.342).
Beowulf e os Anéis
Parentesco é outro vínculo de lealdade e ambos, Beowulf e Aragorn, possuem
essa ligação. Beowulf é apresentado como tendo apenas dois parentes na
história, mas cada um é poderoso de sua própria maneira. Hygelac é o Rei dos
Geats, e Wiglaf é um guerreiro competente.
Os parentes de Aragorn, embora também não numerosos, são poderosos, e a
maior parte de todo um capítulo é dada ao momento em que eles aparecem na
história (III, ch.2). É a sua ajuda que finalmente rompe o cerco de Gondor (III,
p.123), e assim cumprem suas obrigações para com ele como parentes.
Com base nestes paralelismos, pode ser facilmente visto que muitos dos
personagens, dos temas e das idéias em Beowulf e Anéis são semelhantes ou
idênticos. Estes levantaram as acusações contra Tolkien, mas também
mostraram o acusador. Vamos examinar as acusações mais intimamente.
Tolkien é criticado por seu uso “banal" ou de idéias “plagiadas" de Beowulf e
outras obras antigas. Os críticos baseiam seus argumentos nos valores e
idéias semelhantes já mostrados e nas déias de maior escala - a Criação, os
Hobbits (ou "povo pequeno"), Elfos e outros – mostrados em Beowulf e seus
contemporâneos.
Ao fazer uma acusação como essa, é sempre necessário considerar os efeitos
e definições envolvidas. Uma análise atenta mostra que os argumentos de
"plágio" e "banal" enfraquecem suas próprias definições no sentido literário.
Acusar um autor de plágio é uma das acusações mais graves que podem ser
feitas em toda a literatura. É também - um ponto em que muitos críticos não
levam em consideração - quase impossível considerando a definição. O
material pode ser plagiado quando: 1. falha ao documentar uma fonte quando
citada ou parafraseada, ou 2. copia um material de uma forma mais ou menos
direta de outra fonte. O primeiro pode não ser o caso, pois Tolkien não fez
nenhum tipo de citação.
A segunda parte da acusação é mais difícil de responder, e isso tem dado
origem à acusação de "banal". As semelhanças já demonstraram que muitos
conceitos foram tomados, como argumentam os críticos, a partir de Beowulf e
outros. Duas defesas podem ser feitas quanto a isso: primeiro, Tolkien pode
ter pego alguns conceitos, mas qualquer trabalho faz o mesmo ou mais sem
dar crédito, uma vez que toda a literatura é baseada pelo menos em parte, em
Beowulf e os Anéis
trabalhos que vieram antes dele. As pessoas que escrevem sonetos de amor
provavelmente irão escolher algumas das mesmas idéias e/ou o estilo de
Petrarca ou Shakespeare, mas elas raramente ou nunca listarão todos os
autores (ou mesmo que apenas esses dois!), que foram responsáveis pelo
desenvolvimento da forma do soneto. N’O Paraíso Perdido, Milton usou linhas
ou comentários de trabalhos mais antigos sem dar crédito. Você não pode
criticar Tolkien sem tomar para si a responsabilidade de criticar o mundo; e a
norma aceita de não dar nenhum crédito é o que deve ser respeitado, não
algum padrão abstrato e relativo. A segunda defesa é mais simples: Tolkien
pode ter usado material similar, mas ele também incorporou suas próprias
idéias. Muitas das idéias modernas, o verdadeiro amor (Aragorn e Arwen),
duas facetas da natureza (o bem e às vezes o cruel), a engenharia medieval
(castelos, máquinas de cerco e as torres), e o tema "salve o mundo de ser
destruído pelas trevas" – não estão fortemente presentes em Beowulf ou obras
semelhantes. Na literatura, quase qualquer mudança é suficiente para reclamar
a propriedade de um trabalho - ninguém discute com o uso de Chaucer de suas
histórias, apesar do fato de que já existiam há muitos anos.
As acusações contra Beowulf centram-se em dois dizeres enganosos. O
primeiro é a ignorância de Beowulf quanto a assuntos importantes, a segunda
é o foco em monstros irrelevantes.
A primeira afirmação pode parecer relevante, se visto de uma perspectiva
histórica moderna. Uma análise mais aprofundada desta declaração a partir da
perspectiva do autor, no momento, entretanto, revelaria uma linha
substancialmente diferente de raciocínio. O autor, na época, não pensaria “em
algumas centenas de anos, os bárbaros terão destruído a Inglaterra e esses
livros, então eu deveria anotar todas as histórias que puder”, ou “ao longo dos
séculos, os registros antigos serão destruídos, e algum dia alguém poderia
estar interessado em aprender sobre essas guerras antigas." Tudo o que
interessava ao autor era um conto ser escrito antes de ser esquecido, e isso
passou a fazer, referindo-se apenas brevemente as histórias e lendas que
eram provavelmente de conhecimento comum na época. Nós não podemos
culpar uma pessoa por fazer tudo o que ela logicamente considerava
necessário.
Beowulf e os Anéis
O próprio Tolkien dá uma excelente resposta para a segunda acusação em seu
ensaio "The Monster and the Critics”, e isso me traz, enfim, ao objetivo do
trabalho.
Todas essas acusações e tentativas de "entender” a ficção épica deste tipo têm
causado uma quantidade substancial de críticas por todos os lados por quase
todo o trabalho importante já publicado. Eu gostaria de propor a discussão,
não que as críticas particulares sejam necessariamente erradas, mas que todo
o conceito de crítica de ficção épica tem uma tendência a ser imprópria.
O objetivo de qualquer obra de sucesso de ficção épica é, em primeiro lugar e
principalmente, o entretenimento. Alguns trabalhos podem ter outras razões
secundárias (para ensinar a moral, expressar a opinião da época, mostrar
tendências ou sentimentos, ou satirizar algo assim), mas o foco de quase
qualquer boa obra é ter o público apreciando o trabalho.
Se o prazer é ser o foco principal, e tudo o mais é secundário, então a maioria
das críticas de obras importantes da literatura são imperfeitas. Quase ninguém,
em uma obra crítica, focaliza as qualidades intangíveis da obra – era
interessante? Divertida de ler? Intensa? Imaginativa? Em vez disso, a ênfase
é quase sempre na estrutura da obra, geralmente ao longo das linhas “da
página 15, linha # 27, o autor tem sílabas demais para esta forma de poesia"
ou "Este ponto de vista da história é tendencioso."
Os críticos muitas vezes consideram que a qualidade estrutural de um trabalho
é mais importante do que o emocional, mas eu discordo. Se todas as
referências históricas (Finnsburg, por exemplo) foram deixados de fora de
Beowulf, o leitor médio não se importaria, já que isso nem adicionaria nem
prejudicaria o foco do conto - Beowulf and the Monsters – salvo para eliminar
uma confusa nota de observação. Por outro lado, se os monstros foram
ignorados e o conto foi transformado em uma peça histórica (por exemplo, uma
intitulada "Beowulf, o rei do Geats"), a maioria dos populares leitores
abandonariam o trabalho, deixando apenas um punhado de críticos fanáticos
para exaltar a sua virtudes.
Ambos Beowulf e O Senhor dos Anéis, quando considerados a partir de um
ponto de vista emocional, são obras-primas. Beowulf é um conto de guerra e
Beowulf e os Anéis
conflitos na antiga Inglaterra, mostrando a emoção e os perigos da época. Ao
mostrar um conjunto de ideais de lealdade e realeza, também mostra o efeito
secundário de explicar a um leitor interessado o conjunto moral que o autor
considerou apropriado. O Senhor dos Anéis é um transformação dessas idéias
em um épico maciço que se tornou um marco e é, independente do que dizem
os críticos, considerado pelos fãs como uma das maiores obras de fantasia de
ficção á escritas.
Ambos Beowulf e O Senhor dos Anéis têm resistido ao teste do tempo. Seus
valores - não necessariamente para a história, mas para as mentes e os
corações dos seus leitores - são inquestionáveis. São obras exemplares, e
devem ser tratadas com o respeito que merecem - não com o descaso da
crítica exigente.
REFERÊNCIA:
CORNETT, Steve. Beowulf and the Rings. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/nec/n77/a10n77.pdf>