stás prestes a ler a verdadeira história do pai natal. sim ... · a verdadeira história do pai...

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«Ideal para crianças dos 9 aos 99, este é um novo clássico de Natal.» The Guardian Um livro mágico e imperdível! AUTOR BESTSELLER INTERNACIONAL Ilustrações de CHRIS MOULD

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Page 1: stás prestes a ler a verdadeira história do PAI NATAL. Sim ... · a verdadeira história do Pai Natal, ao que respondo dizendo que não deverias questionar as coisas dessa forma

Matt Haig escreveu o seu primeiro livro em 2004 e, desde então, nunca mais parou. Autor bestseller, Haig recebeu o Blue Peter Book Award, o Smarties Book Prize e integrou por três vezes a shortlist do Carnegie Medal.

Chris Mould dedica-se às Artes Plásticas desde os 16 anos. É casado, tem 2 filhos, e adora trabalhar no tipo de livros que gostaria de ter tido quando era criança. Mould recebeu o Nottingham Children’s BookAward e foi recomendado peloSheffield Children’s Book Award.

stás prestes a ler a verdadeira história do PAI NATAL. Sim. Do Pai Natal.

Mas, se fores uma daquelas pessoas que acham que certas coisas são impossíveis,

larga já este livro, porque ele está cheio de coisas impossíveis e inimagináveis.

Ainda estás a ler isto?Excelente!

Os elfos ficariam orgulhosos.

9+

Literatura Juvenil

I S B N 9 7 8 - 9 8 9 - 8 8 4 9 - 1 8 - 2

«Ideal para crianças dos 9 aos 99, este é um novo clássico de Natal.»

The Guardian

Um livro

mágico e

imperdível!

autor bestseller internacional

Ilustrações de CHRIS MOULD

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Um rapaz normal

stás prestes a ler a verdadeira his- tória do Pai Natal.

Sim. Do Pai Natal.Podes perguntar-te como sei

a verdadeira história do Pai Natal, ao que respondo dizendo

que não deverias questionar as coisas dessa forma. Não logo no início

de um livro. Para começar, é falta de educação. Só precisas de saber que conheço a história do Pai Natal — se assim não fosse, porque estaria eu a escrevê-la?

Talvez não lhe chames Pai Natal.Talvez lhe dês outro nome qualquer.São Nicolau, ou Santa, ou Santa Claus, ou

Sinterklaas, ou Kris Kringle, ou Pelznickel, ou Papa Noël, ou Estranho de Barriga Grande Que Fala Com Renas e Me Dá Presentes. Ou talvez lhe chames um nome que tenhas inven-tado, só por diversão. No entanto, se fosses um elfo, chamar-lhe-ias sempre Pai Natal. Foram os duendes que maliciosamente começaram

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a chamar-lhe Santa Claus e espalharam este nome, só para confundir toda a gente.

Mas, independentemente do que lhe chames, sabes que ele existe, e isso é o mais importante.

Consegues acreditar que houve uma altura em que ninguém sabia da sua existência? Um tempo em que ele mais não era do que um rapaz normal chamado Nicolau, que vivia bem no meio do nada, ou no meio da Finlândia, e cuja relação com a magia se resumia a acreditar nela? Um rapaz que sabia muito pouco sobre o mundo, se excetuarmos o gosto de uma sopa de cogu-melos, a sensação do vento frio do Norte e as histórias que lhe contavam. E que só tinha um boneco feito de nabo para brincar.

Porém, a vida de Nicolau ia mudar, de for-mas que nunca poderia ter imaginado. Iam acontecer-lhe coisas.

Coisas boas.Coisas más.Coisas inimagináveis.Mas, se fores uma daquelas pessoas que acham

que certas coisas são impossíveis, deves largar de imediato este livro. Certamente, ele não é para ti.

Porque este livro está cheio de coisas impossí-veis e inimagináveis.

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Ainda estás a ler isto? Ótimo.

(Os elfos ficariam orgulhosos.)Então vamos começar…

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O filho de lenhador

icolau era um rapaz muito feliz.Bem, na realidade não era.

Ele ter-te-ia dito que era feliz se lho tivesses perguntado, e não há dúvidas de que ele tentava ser feliz, mas às vezes ser-se fe- liz é algo bastante complicado.

Penso que o que quero dizer é que o Nicolau era um rapaz que acreditava na felicidade, da mesma forma que acreditava em elfos e duendes, mas ele nunca vira efetivamente um elfo, um troll ou sequer um duende, e tam-bém nunca tinha conhecido a verdadeira feli-cidade. Pelo menos, não durante muito tempo. A sua vida não era tão fácil assim. Veja-se o caso do Natal.

Aqui tens uma lista de todos os presentes que o Nicolau recebeu no Natal. Em toda a sua vida:

1. Um trenó de madeira.2. Um boneco que era um nabo esculpido.

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Mais nada.A verdade é que a vida do Nicolau era dura.

Mas ele tirava o maior proveito dela.Não tinha irmãos ou irmãs com quem brin-

car, e a cidade mais próxima — Kristiinankau- punki (Cris-ti-nan-cau-pun-qui) — ficava muito distante. Demorava-se mais a lá chegar do que a pronunciar o seu nome. E, de qualquer forma, não havia muito que fazer em Kristiinankau- punki, a não ser ir à igreja ou ver a montra da loja de brinquedos.

— Papá! Olha! Uma rena de madeira! — costumava sobressaltar-se o Nicolau ao colar o nariz contra a montra da loja de brinquedos.

Ou:— Olha! Um elfo de brinquedo!Ou:— Olha! Um peluche do rei!Uma vez até perguntou:— Ofereces-me um?Olhou para cima, para o rosto do pai. Um

rosto longo e magro com sobrancelhas espessas e hirsutas e de pele mais rugosa do que sapatos velhos à chuva.

— Sabes quanto custa? — perguntou o Joel, o seu pai.

— Não — respondeu o Nicolau.

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E então o pai ergueu a mão esquerda, com os dedos esticados. Tinha apenas quatro dedos e meio na mão esquerda devido a um acidente com um machado. Um terrível acidente. Com muito sangue. E talvez não devêssemos falar disso muito mais, já que esta é uma história de Natal.

— Quatro rublos e meio?O pai pareceu chateado.— Não. Não. Cinco. Cinco rublos. E cinco

rublos por um elfo de brinquedo é demasiado dinheiro. Dava para comprar uma cabana com esse valor.

— Pensei que as casas de campo custassem cem rublos, papá.

— Não te armes em esperto, Nicolau.— Pensei que tivesses dito para tentar ser

esperto.— Não neste momento — retorquiu o pai.

— De qualquer forma, para que queres um elfo de brinquedo quando tens aquele boneco de nabo que a tua mãe fez? Não podes fingir que o nabo é um elfo?

— Sim, papá, claro — respondeu o Nicolau, pois não queria contrariar o pai.

— Não te preocupes, filho. Vou trabalhar tanto que um dia serei rico e, nessa altura, poderás

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ter todos os brinquedos que quiseres. Teremos um cavalo a sério, com a nossa própria carrua-gem, e poderemos ir à cidade como um rei e um príncipe!

— Não trabalhes demasiado, papá — disse o Nicolau. — Também tens de te divertir às vezes. E estou satisfeito com o meu boneco feito de nabo.

Mas o pai dele tinha de trabalhar muito. Cor- tar madeira durante todo o dia, todos os dias. Trabalhava do nascer ao pôr do sol.

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— O problema é que vivemos na Finlândia — explica o pai, no dia em que a nossa história começa.

— Mas não é na Finlândia que vive toda a gente? — perguntou o Nicolau.

Era de manhã. Dirigiam-se para a floresta e passavam pelo velho poço de pedra para o qual nunca podiam olhar. O chão estava coberto por uma fina camada de neve. O Joel levava um machado às costas. A lâmina cintilava ao frio sol matinal.

— Não — respondeu o Joel. — Algumas pessoas vivem na Suécia. E há umas sete pessoas que vivem na Noruega. Talvez cheguem a oito. O mundo é bastante grande.

— Então, qual é o problema de vivermos na Finlândia, papá?

— As árvores.— As árvores? Pensei que gostasses delas. É por

isso que as abates?— Mas aqui há árvores por todo o lado. Por

isso, ninguém paga grande coisa por… — O Joel interrompeu-se. Olhou à volta.

— Que foi, papá?— Pensei ter ouvido uma coisa. — Não

viam nada a não ser bétulas, pinheiros, arbus-tos e urzes. Um minúsculo pássaro de peito

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vermelho pousou num ramo. — Não deve ter sido nada — prosseguiu o Joel, pouco seguro.

O pai do Nicolau olhou para um pinheiro gi- gante e pressionou a mão contra a sua casca áspera.

— É este.Começou a dar golpes e o filho deu início à

sua recolha de cogumelos e bagas.O Nicolau tinha apenas um cogumelo no

cesto quando vislumbrou um animal ao longe. Ele adorava animais, mas só costumava ver aves, ratos e coelhos. Por vezes via um alce.

Mas aquele era maior e mais forte.Um urso. Um urso castanho gigante, cerca

de três vezes maior do que o Nicolau, apoiado nas patas traseiras, usando as dianteiras enormes para levar bagas à boca. O coração do Nicolau começou a bater descompassadamente, de tan- ta excitação. Decidiu aproximar-se para ver melhor.

Avançou silenciosamente. Já estava bastante perto.

Eu conheço aquele urso!O momento aterrador em que percebeu que

conhecia o urso também foi quando pisou num ramo que se partiu. O urso voltou-se e fitou-o.

O Nicolau sentiu algo prender-lhe o braço, com força. Virou-se e viu o ar zangado do pai.

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— Que estás a fazer? — sussurrou ele. — Que- res morrer?

O pai apertava-lhe o braço com tanto vigor que lhe doía. Mas então soltou-o.

— Sê a floresta — murmurou o Joel. Era algo que ele sempre dizia quando havia perigo. O Nicolau nunca soube o que aquilo queria di- zer. Limitava-se a ficar imóvel. Mas era dema-siado tarde.

O Nicolau recordou-se de quando tinha seis anos e estava com a mãe — a sua mãe tão ale-gre, musical e rosada. Tinham ido buscar água ao poço quando viram o mesmíssimo urso. A mãe dissera-lhe para voltar a correr para a cabana, o que o Nicolau fizera. Ela não.

O Nicolau viu o pai segurar o machado com mais intensidade, mas as mãos tremiam-lhe. Puxou o Nicolau para trás, para as suas cos-tas, prevendo a possibilidade de o urso investir contra eles.

— Corre — disse-lhe o pai.— Não. Vou ficar contigo.Não era claro se o urso iria atacá-los. Prova-

velmente não. Talvez fosse demasiado velho e estivesse cansado. Mas rugiu-lhes.

Precisamente naquele momento, ouviu-se um som sibilante. O Nicolau sentiu algo contra

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a orelha, como uma pena veloz. Um segundo depois, uma flecha com uma pena cinzenta atingiu a árvore situada junto à cabeça do urso. O animal pôs-se de quatro e afastou-se.

O Nicolau e o Joel olharam para trás, ten-tando descobrir quem lançara a flecha, mas só se viam pinheiros.

— Deve ser o caçador — declarou o Joel.Uma semana antes, haviam encontrado um

alce ferido por uma flecha de pluma cinzenta idêntica. O Nicolau fizera o pai ajudar o pobre animal. Observara-o a juntar neve e a comprimi- -la à volta da ferida antes de arrancar a flecha.

Continuaram a perscrutar as árvores. Ouviu- -se um ramo a partir-se, mas não viram ninguém.

— Muito bem, Natal, vamos — disse o Joel.Não lhe chamavam aquilo havia muito tempo.Antigamente, o pai costumava fazer piadas e

divertir-se. Tinha o hábito de dar alcunhas a toda a gente. A mãe do Nicolau era Pão-Doce, embora o seu nome fosse «Lilja», e o próprio Nicolau tinha a alcunha Natal, pois nascera nesse dia. O pai dele até gravara aquela alcunha no trenó de madeira.

— Olha para ele, Pão-Doce, o nosso pequeno Natal.

Agora, quase nunca lhe chamava aquilo.

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— Não andes por aí a espiar ursos, está bem? Ainda arranjas sarilhos. Fica ao pé de mim. Não há dúvida de que ainda és uma criança.

Mais tarde, depois de o Joel ter estado a cor-tar lenha por uma hora, sentou-se num toco de árvore.

— Eu posso ajudar-te — ofereceu-se o pe- queno Nicolau.

O pai ergueu a mão esquerda.— É isto o que acontece quando miúdos de

11 anos usam machados.Por isso, Nicolau manteve os olhos presos ao

chão, à procura de cogumelos, e perguntou-se se ter 11 anos alguma vez seria divertido.

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A cabana e o rato

cabana onde o Nicolau e o Joel viviam era a segunda mais pe-

quena de toda a Finlândia.Tinha apenas uma divisão. Por

esse motivo, o quarto também servia de cozinha, de sala e de

casa de banho.Na verdade, não havia casa de banho. Não

havia sequer uma sanita. A sanita era apenas um buraco enorme lá fora. A casa tinha duas camas, com colchões cheios de palha e penas. O trenó ficava sempre no exterior, mas o Nicolau man-tinha o boneco de nabo junto à cama, para se lembrar da mãe.

O Nicolau não se importava. O tamanho de uma casa, por menor que fosse, não era impor-tante desde que se tivesse uma grande imagina-ção. E o Nicolau passava o tempo a fantasiar e a pensar em coisas mágicas, como duendes e elfos.

A melhor parte do dia dele era a altura de ir para a cama, pois era quando o pai lhe con- tava uma história. Um pequeno rato castanho,

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que o Nicolau batizou como Micas, esgueirava- -se para o calor da cabana e também costumava ouvir.

O Nicolau gostava de pensar que o Micas esta- va a ouvir, mas, na realidade, ele estava apenas a fantasiar com queijos. O que exigia muita ima-ginação, já que o Micas era um rato dos bosques e não havia vacas ou cabras naquela floresta, logo nunca vira ou cheirara queijo, muito me- nos provara algum.

Mas o Micas, como todos os ratos, acreditava na existência do queijo, e sabia que haveria de saber muito, muito bem, se alguma vez tivesse a oportunidade de o provar.

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O Nicolau ficava ali deitado, no alegre acon-chego da roupa da cama, a ouvir com atenção as histórias do pai. O Joel aparentava estar sem-pre cansado. Tinha círculos à volta dos olhos. Parecia ganhar um novo todos os anos. À se- melhança das árvores.

— Então — disse o pai naquela noite —, que história queres hoje?

— Uma história sobre elfos.— Outra vez? Pedes isso todas as noites desde

os teus três anos.— Por favor, papá. Gosto de ouvir falar so-

bre eles.Por isso, o Joel contou uma história sobre os

elfos do Extremo Norte, que viviam para lá da única montanha da Finlândia, uma montanha secreta de cuja existência algumas pessoas duvi-dam. Os elfos viviam numa terra mágica, uma

aldeia coberta de neve chamada Elfolândia e rodeada por en- costas cheias de árvores.

— Eles existem, papá? — perguntou o Nicolau.

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— Sim. Nunca os vi — respondeu o pai, com sinceridade —, mas acredito que existem. E, às vezes, acreditar vale tanto quanto saber.

E o Nicolau assentiu, mas o rato Micas discor- dou, ou assim seria se tivesse compreendido. Se tivesse percebido, teria dito: «Prefiro provar queijo de verdade a apenas acreditar nele.»

Mas, para o Nicolau, aquilo era suficiente.— Sim, papá, eu sei que acreditar vale tanto

quanto saber. Acredito que os elfos são simpá-ticos. E tu?

— Também — respondeu o Joel. — E eles usam roupas coloridas.

— Tu usas roupas coloridas, papá!Era verdade, mas as roupas do Joel eram feitas

de restos de tecidos que lhe dava o alfaiate da cidade. Costurara ele próprio calças feitas de retalhos multicoloridos, uma camisa verde e — o melhor — um enorme gorro vermelho com um rebordo de pelo branco e um pom-pom de algodão também branco.

— Ah, sim, é verdade, mas as minhas roupas estão a ficar velhas e puídas. As roupas dos elfos têm sempre um aspeto impecável e…

O Joel calou-se.Ouviu-se um barulho lá fora. E, pouco de-

pois, bateram três vezes à porta.

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Matt Haig escreveu o seu primeiro livro em 2004 e, desde então, nunca mais parou. Autor bestseller, Haig recebeu o Blue Peter Book Award, o Smarties Book Prize e integrou por três vezes a shortlist do Carnegie Medal.

Chris Mould dedica-se às Artes Plásticas desde os 16 anos. É casado, tem 2 filhos, e adora trabalhar no tipo de livros que gostaria de ter tido quando era criança. Mould recebeu o Nottingham Children’s Book Award e foi recomendado pelo Sheffield Children’s Book Award.

stás prestes a ler a verdadeira história do PAI NATAL. Sim. Do Pai Natal.

Mas, se fores uma daquelas pessoas que acham que certas coisas são impossíveis,

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Ainda estás a ler isto?Excelente!

Os elfos ficariam orgulhosos.

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