stakeholders - murillo valle mendes (maio/junho - 2012)

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Murillo Valle Mendes Presidente do Grupo Mendes Júnior fala sobre respeito a contratos STAKEHOLDERS Um personagem da história da engenharia internacional é Murillo Valle Mendes, mineiro de Montes Claros e presidente do Grupo Mendes Júnior. Um dos autores do livro “Quebra de contrato”, Mendes foi um dos pioneiros a conquistar grandes projetos em diversos países. Com a experiência de estar à frente de um negócio de mais de 50 anos, ele destaca a necessidade da manutenção de contratos, o estabelecimento pleno do Estado de Direito e defende ainda que o país precisa de uma reformulação em sua infraestrutura institucional para seguir no caminho do desenvolvimento. Publicação TRANSAEX | Venda Proibida Distribuição Dirigida Cláudio Terrier TSX NEWS

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Murillo Valle Mendes - Presidente do Grupo Mendes Júnior

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Page 1: STAKEHOLDERS - Murillo Valle Mendes (Maio/Junho - 2012)

MurilloValle

MendesPresidente do

Grupo Mendes Júnior fala

sobre respeito a contratos

STAKEHOLDERSUm personagem da história da engenharia internacional é Murillo Valle Mendes, mineiro de Montes Claros e presidente do Grupo Mendes Júnior. Um dos autores do livro “Quebra de contrato”, Mendes foi um dos pioneiros a conquistar grandes projetos em diversos países. Com a experiência de estar à frente de um negócio de mais de 50 anos, ele destaca a necessidade da manutenção de contratos, o estabelecimento pleno do Estado de Direito e defende ainda que o país precisa de uma reformulação em sua infraestrutura institucional para seguir no caminho do desenvolvimento.

Publicação TRANSAEX | Venda ProibidaD i s t r i b u i ç ã o D i r i g i d a

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Atenciosamente,Paulo Eduardo Pinto

DIRETOR CORPORATIVO

O revigoramento da Mendes Júnior, capitaneado por seu sócio fundador Dr. Murillo Mendes é motivo de grande satisfação e orgulho. Questões relativas ao Estado de Direito e à importância do cumprimento de regras e contratos são caras ao mesmo e sendo assim, temos o prazer de apresentar nesta edição, o seu ponto de vista sobre este e outros assun-tos. Contamos ainda com o artigo do diretor da DM&P Marcelo Alvim Scianni que, por seu largo conhecimento, traz subsídios e evidencia concei-tos fundamentais à busca pela eficiência organizacional.

DEPOIMENTOS

“Precisamos de uma política comercial mais agressiva, inclusive contemplando a agregação de valor para não exportar matéria-prima.”

Roberto Rodrigues - Coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) - STAKEHOLDERS - Dezembro 2011

“A governança corporativa contribui em todas as tomadas de decisão, feitas com mais rigor, na medida em que são discutidas exaustivamente.”

Constantino de Oliveira Júnior - Presidente da GOL Linhas Aéreas - STAKEHOLDERS - Agosto 2011

MATRiz: Rua Alagoas , 1000 - Conj 1001 Funcionários - Belo Horizonte / MG - 30130-160Tel: (31) 3232.4252 - www.transaex.com.br

PUBLICAÇÃO TRANSAEX • TSX NEWSMAiO - JUNHO/2012| Venda Proibida

A TSX News é uma publicação da TRANSAEX Comércio internacional.Todos os direitos reservados. Os artigos assinados são de inteira respon-sabilidade dos autores e não representam a opinião do informativo ou da TRANSAEX. A reprodução de matérias e artigos somente será permitida se previamente autorizada, por escrito, pela equipe edito-rial, com créditos da fonte. Mais informações: www.transaex.com.br.

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Acesse o site da TSX NEWS:www. t sxne ws . com.br

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“Acredito que não há outro caminho para o avanço e o progresso da sociedade que não o respeito aos contratos e às regras do jogo”

“Por Estado de Direito entende-se aque-le que, constituído livremente com base na lei, regula por esta todas as suas decisões.” A frase cunhada pelo jurista Miguel Reale é a raiz de um tema per-tinente para os dias atuais: o Estado de Direito e o respeito a contratos. Esses são vistos como bases para o progresso de uma sociedade em que pessoas e insti-tuições se desenvolvam pautadas pelo Príncipio da Legalidade e pelo Princípio do Equilíbrio Econômico-Financeiro. Nes-ta edição do Stakeholders, Murillo Valle Mendes nos fala sobre o tema.

• O senhor tem preconizado a neces-sidade de valorização do princípio re-lativo ao “Respeito a Contratos”. Qual sua abordagem sobre esse tema e a razão que o motivou a evidenciá-lo?

Nas sociedades desenvolvidas, há uma regra de ouro que é a base de todo o progresso: o Rule of Law (no Brasil, o ter-mo é traduzido por “Estado de Direito” ou “Princípio de Legalidade”). isso significa que, uma vez definidas as leis e as regras, os homens e as empresas são livres para

empreender de acordo com o que se pactuou previamente. O contrato torna--se sagrado. Estão garantidos a compe-tição justa, a inovação e o crescimento econômico. Já nas sociedades menos avançadas, ao contrário, muitas vezes o império da lei é substituído pela lei dos imperadores. E a regra do jogo passa a ser definida de acordo com a conveni-ência. O que gera insegurança jurídica, riscos demais e progresso de menos.

Acredito que não há outro caminho para o avanço e o progresso da sociedade que não o respeito aos contratos e às re-gras do jogo.

• Em sua opinião existe uma questão cultural no desrespeito a contratos ou são situações pontuais? Qual setor apresenta mais tendência ao desres-peito a contratos no Brasil?

Predominantemente cultural, embora ache que o povo brasileiro vem se dan-do conta de que o bom funcionamento da economia depende de regras claras, de contratos respeitados pelos agentes públicos e privados - o que pode con-

tribuir para uma mudança. No Brasil, o maior responsável pela insegurança jurí-dica, em grande parte, é o setor público.

• Falando das dificuldades enfrenta-das pelo Grupo Mendes Júnior, como se encontra a ação judicial em torno da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que foi construída de 1981 a 1986 em que a Mendes Júnior acionou a Justiça? Em primeira instância, a Chesf foi condenada, mas recorreu e a ação aguarda análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A despeito da morosidade, o senhor acredita que a empresa terá êxito?

Apesar de todas as dificuldades e dos percalços encontrados ao longo desse processo, culminando com uma de-cisão que desrespeita a coisa julgada, acredito, sim, em um desfecho favorá-

ErrataDiferentemente do publicado na edição anterior (Março/Abril), o nome do vice-presidente da Toshiba infraestrutura América do Sul é Robson Tadeu Lage Alves.

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vel, pois considero que o STJ, ao avaliar, decidirá de acordo com as regras que regem o sistema jurídico brasileiro.

• Ao longo da carreira, o senhor sem-pre se mostrou preocupado com os aspectos do desenvolvimento. O que falta ao Brasil para atingir o patamar de país desenvolvido? Podemos alcan-çá-lo com as reformas (tributária, tra-balhista e política)?

O Brasil tem muitos gargalos e, por isso, oportunidades tremendas para progredir. Mais do que necessidade de infraestru-tura logística, física, nós temos a grande tarefa de reformular nossa infraestrutura institucional. As reformas citadas poderão ajudar, sim, mas é preciso que a socie-dade reconheça os problemas para, a partir daí, contribuir na solução.

• O know-how adquirido em operações

no exterior permitiu ao grupo conhecer outras culturas. Com base em sua ex-periência, o que nós brasileiros deverí-amos incorporar em nossa cultura de negócios para aumentar a competitivi-dade das empresas nacionais?

As organizações ou as pessoas jurídicas são como as pessoas físicas: cada uma tem uma alma diferente, assim como cada empresa tem sua cultura. Cada um escolhe determinadas atividades e como fazê-las. Construir sua reputação se dá mais pelo que se faz do que pelo que se fala. Para se ter competitividade, é preciso zelar pela reputação, é preci-so se consolidar a partir dos exemplos e dos feitos. Nosso comportamento tem de obedecer a valores fundamentais como: respeito, verdade, franqueza e coragem.

• E quanto ao panorama atual do Gru-

po Mendes Júnior? Desde sua funda-ção, a empresa acompanha o desen-volvimento tecnológico e diversificou a atuação. Quais são os setores mais demandados?

Estamos em 14 estados e atuamos nas áreas de petróleo e gás, industriais e de in-fraestrutura. Fechamos 2011 com 70% de nossa receita operacional concentrada na área de petróleo e gás, seguida pelo segmento de infraestrutura. Para 2012, acreditamos que vamos alcançar mais equilíbrio, com novos projetos no setor in-dustrial. As perspectivas também são de crescimento nas outras áreas, principal-mente por causa da Copa do Mundo. Além disso, pretendemos retomar o mer-cado internacional e atuar com parcerias público-privadas. Estimamos que nosso faturamento atinja cerca de R$ 2 bilhões.

A eficiência organizacional é alcançada pela combinação de métodos, ferra-mentas e sistemas gerenciais voltados à maximização do uso de ativos com foco no aumento do desempenho. Nas últi-mas décadas, observa-se o surgimento de diversas metodologias e ferramentas gerenciais aplicadas com o intuito de maximizar o desempenho das empresas brasileiras. Para avaliar a eficiência delas, a DM&P recomenda a utilização de um modelo baseado em sua experiência e que combina diferentes linhas e auto-res da teoria gerencial. Nesse modelo, a eficiência se dá pela agregação de valor evidenciada nos processos da or-ganização e vinculada às dimensões de Estratégia/Recursos, Estrutura/Governan-ça e Pessoas/Competências, além das dimensões internas de cada processo.

Cada uma das dimensões considera-das nesse modelo pode nos auxiliar na avaliação da eficiência organizacional a partir de alguns pontos-chave.

Na primeira dimensão identificamos as estratégias e recursos e enfatizamos o gerenciamento estratégico, a ação orientada ao mercado, a construção de capacidades dinâmicas como meio para competitividade sustentável; o pla-nejamento e dimensionamento de re-cursos financeiros, tecnológicos e huma-nos. Na etapa seguinte estão a estrutura e a governança, tendo como pontos de destque: a estrutura departamental, os papéis e responsabilidades, os mecanis-mos de ligação e coordenação, de de-legação de poder e ainda os processos gerenciais de suporte. Na terceira dimen-são contemplamos pessoas e compe-

tências e podemos ressaltar a seleção e desenvolvimento de pessoas, a gestão de desempenho por competências e o sistema de remuneração por compe-tências que está alinhado à estrutura e à estratégia. Por fim, há ainda a dimensão interna que é formada pelo fluxo de luxo de informação e decisão para gestão de iniciativas estruturadoras e iniciativas geradoras de resultado.

Com esse modelo apontamos o primei-ro passo a ser seguido para a busca da eficiência organizacional: considerar a tríade Estratégia, Estrutura e Pessoas as-sociada às dimensões internas e particu-lares de cada processo (com ênfase na informação e na gestão). Desconsiderar estes pontos-chave potencializa a ocor-rência de desvios que contribuem nega-tivamente para a eficiência do negócio.

ARTIGO

Marcelo Alvim Scianni – diretor da consultoria Desenvolvimento de Mercados & Produtos (DM&P)

Eficiência organizacional – Em que direção caminhar?

Stakeholders

DIbMurillo Valle Mendes