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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO S ECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO A GROPECUÁRIO E COOPERATIVISMO Série boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável orgânico Castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) Brasília/DF 2012

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  • MINISTRIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO

    SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO AGROPECURIO E COOPERATIVISMO

    Srie boas prticas de manejo para o

    extrativismo sustentvel orgnico

    Castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa

    H.B.K.)

    Braslia/DF

    2012

  • 2

    Projeto Nacional de Aes Integradas Pblico-Privadas para Biodiversidade PROBIO II (Acordo de

    Doao N0. TF 91.515)

    Componente I Priorizao da Biodiversidade em Setores Governamentais

    Subcomponente 1.2. Aes setoriais com incorporao de biodiversidade aplicadas em mbito nacional

    Execuo

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento MAPA

    Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo SDC

    Coordenao de Agroecologia COAGRE

    Parceria

    Diretoria de Extrativismo SEDR/MMA

    Organizao e elaborao do contedo

    Sandra Regina da Costa (Engenharia Florestal) Consultora Tcnica Especializada

    COAGRE/MAPA/PROBIO II

    Reviso tcnica final

    Lcia Helena O. Wadt (EMBRAPA ACRE)

    2012 Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Todos os direitos reservados.

    permitida a reproduo parcial ou total deste documento, desde que citada a fonte e que no seja para

    venda ou qualquer fim comercial.

    Ficha catalogrfica

    ________________________________________________________________________

    MINISTRIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO.

    castanha-do-brasil : Bertholettia excelsa H.B.K. / Secretaria de Desenvolvimento

    Agropecurio e Cooperativismo. Braslia : MAPA/ACS, 2012. 49p.

    (Srie: Boas prticas de manejo para o extrativismo sustentvel orgnico)

    1. I. Castanha-do-brasil. 2. Extrativismo Sustentvel. 3. Produto Florestal No

    Madeireiro. 4. Produto da Sociobiodiversidade. 5. Boas prticas de manejo. II.

    Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo. III. Coordenao de Agroecologia.

    VI. Ttulo.

    ________________________________________________________ ___________________

  • 3

    SIGLAS

    CAP Circunferncia a Altura do Peito

    COAGRE Coordenao de Agroecologia

    DAP Dimetro a Altura do Peito

    DEX Diretoria de Extrativismo

    DFLOR Diretoria de Florestas

    DME Dimetro Mnimo de Extrao

    DMC Dimetro Mnimo de Coleta

    EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    EPI Equipamentos de Proteo Individual

    GPS Sistema de Posicionamento Global

    IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    IF Inventrio Florestal

    IMAC Instituto de Meio Ambiente do Acre

    MAPA Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    MDA Ministrio do Desenvolvimento Agrrio

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    OMS Organizao Mundial de Sade

    PAA Programa de Aquisio de Alimentos

    PGPM Poltica de Garantia de Preos Mnimos

    PFNM Produto Florestal No Madeireiro

    PMFS Plano de Manejo Florestal Sustentvel

    PNPSB Plano Nacional de Promoo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade

    PROBIO II Projeto Nacional de Aes Integradas Pblico-Privadas para Biodiversidade

    SAF Secretaria de Agricultura Familiar

    SBF Secretaria de Biodiversidade e Florestas

    SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas

    SEDR Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural

    SDS Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel do Amazonas

    SFB Servio Florestal Brasileiro

    TDR Termo de Referencia

  • 4

    SUMARO

    Apresentao ..................................................................................................................................................... 5

    1. Contextualizao ........................................................................................................................................... 6

    2. Diretrizes Tcnicas para as boas prticas de manejo ..................................................................................... 8

    3. Definio do termo boas prticas .................................................................................................................. 9

    4. Levantamento de dados secundrios sobre a espcie Bertholletia excelsa H.B.K. ..................................... 10

    5. Diretrizes tcnicas para boas prticas de manejo para o extrativismo sustentvel orgnico da castanha-do-

    brasil ................................................................................................................................................................ 17

    I. Pr-Coleta ................................................................................................................................................ 18

    1. Identificao, localizao e levantamento das reas produtivas ......................................................... 18

    II. Coleta ...................................................................................................................................................... 22

    2.1. Estabelecer um plano de coleta ........................................................................................................ 22

    2.2. Ciclo e periodicidade de coleta ........................................................................................................ 24

    2.3. Ferramentas para coleta e quebra ..................................................................................................... 26

    III. Ps-coleta .............................................................................................................................................. 27

    3.1. Quebra e seleo primria ................................................................................................................ 27

    3.2. Pr-Secagem .................................................................................................................................... 28

    3.3. Armazenamento primrio ................................................................................................................ 29

    3.4. Transporte ........................................................................................................................................ 30

    IV. Manuteno e Monitoramento .............................................................................................................. 32

    4.1. Tratamentos silviculturais e manuteno do castanhal .................................................................... 32

    4.2. Monitoramento da produo ............................................................................................................ 34

    8. Bibliografia consultada ................................................................................................................................ 35

    9. Colaboradores para consolidao das diretrizes e recomendaes tcnicas para boas prticas de manejo

    para a coleta dos frutos da castanheira (Bertholletia excelsa) ......................................................................... 39

    9. ANEXOS ..................................................................................................................................................... 40

  • 5

    Apresentao

    Resultado da articulao e parceria interministerial entre a Coordenao de Agroecologia (MAPA) e a

    Diretoria de Extrativismo (SEDR/MMA), a Diretoria de Florestas (SBF/MMA) e o Servio Florestal

    Brasileiro, em 2010 foram realizadas reunies, oficina de trabalho e discusses tcnicas para a consolidao

    de diretrizes e recomendaes tcnicas para boas prticas de manejo para a espcie Bertholletia excelsa

    H.B.K. (castanha-do-Brasil).

    A construo desse processo para a consolidao deu-se a partir da realizao de uma oficina de trabalho que

    contou com a participao de pesquisadores atuantes com a espcie, tcnicos e representantes de

    organizaes produtoras (cooperativas).

    Com a finalidade de subsidiar as discusses foi previamente encaminhado aos colaboradores convidados um

    documento base contendo uma proposta preliminar de diretrizes e recomendaes tcnicas desenhadas com

    intuito de orientar cada etapa proposta para o manejo. Este documento base foi resultado do trabalho de

    consultoria tcnica contratada pela Coordenao de Agroecologia do Ministrio da Agricultura, Pecuria e

    Abastecimento (COAGRE/MAPA) no mbito do Projeto Nacional de Aes Pblico Privadas para

    Biodiversidade (PROBIO II) e que teve como objetivo especfico promover o desenvolvimento de Projetos

    Extrativistas Sustentveis Orgnicos a partir de um conjunto de prticas e fundamentos tcnicos organizados

    para o extrativismo sustentvel orgnico dos recursos naturais de trs importantes biomas (Amaznia,

    Cerrado e Caatinga), com vistas ao reconhecimento da qualidade orgnica de produtos florestais no

    madeireiros.

    O documento foi elaborado a partir da sistematizao do conhecimento tcnico-cientfico e das prticas

    tradicionais de coleta da castanha-do-brasil divulgadas e disponveis em publicaes, em sites de divulgao

    e informaes publicadas por instituies de apoio e fomento, que desenvolvem atividades especficas para o

    desenvolvimento da cadeia produtiva dessa espcie.

    Cada etapa do manejo foi analisada, discutida, ajustada e consensuada pelo grupo tcnico, resultando no

    conjunto de diretrizes e recomendaes tcnicas. Aps a discusso presencial o documento formulado

    continuou circulando via digital para que os participantes e outros inserissem suas contribuies at se

    chegar a uma verso final aqui apresentada.

    A prxima etapa a ser realizada pela COAGRE/MAPA no mbito do PROBIO II ser a publicao dos

    anexos da Instruo Normativa Conjunta1 N

    0. 17 de maio de 2009 que trata da regulamentao do

    extrativismo sustentvel orgnico e posteriormente, uma publicao em formato e linguagem adequados ao

    1 Instruo Normativa Conjunta MAPA e MMA.

  • 6

    pblico alvo, especificamente, tcnicos extensionistas e produtores extrativistas que tenham interesse em

    obter a certificao orgnica de seus produtos. Essa publicao ter o formato de um guia contendo as

    orientaes para adoo de boas prticas de manejo.

    1. Contextualizao

    Nas ltimas dcadas, diversas pesquisas realizadas por rgos governamentais e no governamentais tm

    dado cada vez mais nfase para o potencial dos produtos florestais no madeireiros (PFNM) que

    desempenham um importante papel complementar madeira e agricultura nos meios de subsistncia rurais

    e que contribuem para a conservao e o manejo sustentvel das florestas. O mercado, que sempre existiu

    para diversos PFNM, tem apresentado uma procura crescente por estes produtos.

    Alm disso, a necessidade de construir diretrizes tcnicas para boas prticas de manejo florestal para

    algumas espcies produtoras de PFNM converge com as atuais polticas pblicas de fomento produtivo e

    com forte apelo de mercado que foram lanadas nos ltimos anos, entre as quais podemos citar o Plano

    Nacional de Promoo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), o Programa de Aquisio

    de Alimentos (PAA), a Poltica de Garantia de Preos Mnimos (PGPM), o Programa Federal de Manejo

    Florestal Comunitrio e Familiar e a legislao normativa que trata de produtos oriundos do Extrativismo

    Sustentvel Orgnico. Estas polticas e ou programas somadas tendem a elevar de forma acentuada a

    demanda por estes produtos e conseqentemente, a ausncia de parmetros que assegurem a sustentabilidade

    da coleta de PFNM podem ocasionar a sobrexplorao destas espcies e suas populaes naturais em um

    curto espao de tempo.

    As boas prticas de coleta tornam-se um parmetro seguro e de aplicao possvel, visto que no apenas por

    meio de normas, mas tambm por acordos entre os diversos atores de uma cadeia produtiva, pode-se

    construir um protocolo mnimo de orientaes que permitam assegurar que essas espcies sero manejadas

    de forma a no comprometer a estrutura e a dinmica das populaes envolvidas e o ecossistema no qual

    esto inseridas (SOUZA, et. al, 2009).

    A ausncia de parmetros ou coeficientes tcnicos que orientem a etapa de coleta ou manejo dos PFNM pode

    representar um risco aos estoques naturais e capacidade suporte das espcies. Pois, a coleta de PFNM

    muitas vezes representa a retirada de partes reprodutivas ou que esto diretamente ligadas fisiologia da

    planta, tais como: os frutos (sementes), a emisso de folhas novas, cascas, entre outros.

    A legislao federal atual2 que rege o tema: manejo de produtos florestais no apresenta coeficientes e ou

    parmetros reguladores para o manejo florestal de produtos no madeireiros, e sim orientaes quanto

    informao a ser fornecida aos rgos ambientais responsveis pelo controle dos recursos florestais.

    2 Instruo Normativa 05 de 11 de dezembro de 2006 (MMA): Artigo 29.

  • 7

    Alguns Estados buscaram nos ltimos anos superar o desafio de controlar e orientar a produo de PFNM,

    como ocorreu no Estado do Acre, atravs do seu Instituto Ambiental (IMAC) em parceria com o IBAMA

    SUPES Acre, normatizaram a atividade pela Portaria Interinstitucional N0. 001 de 12 de agosto de 2004, que

    dispe sobre os procedimentos relativos ao uso sustentvel dos Produtos Florestais No Madeireiros

    relacionados s populaes tradicionais e rurais do Estado.

    A inovao deste instrumento normativo foi quanto apresentao de um plano de manejo florestal

    simplificado para no madeireiros PMFSNM e o mecanismo para autorizao especial de transporte.

    Referente ao manejo, a Portaria N0. 001/2004 indicou que o produtor deveria se cadastrar e apresentar

    informaes quanto s espcies; o produto e sua finalidade; o perodo de colheita; a estimativa de produo e

    o total por colocao (saca, litro, quilo, lata); a descrio da forma de explorao e o nome e registro do

    tcnico responsvel pelo cadastro.

    Outro instrumento publicado no Estado do Acre refere-se Portaria IBAMA SUPES ACRE n0 004 de

    outubro de 2001, que estabeleceu procedimentos para a emisso de Autorizao de Transporte para o cip

    jagube/mariri (Bannisteriopsis caapi) e da folha rainha/chacrona (Psychotria viridis), que condicionou a

    emisso de autorizao de transporte com a comprovao prvia de Cadastro no IBAMA/AC pelo requerente

    e estabelece procedimentos mnimos para coleta do cip e da folha (boas prticas de coleta).

    No Amazonas, a Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel (SDS) a fim de normatizar a

    coleta de cips: as espcies cip-titica (Heteropsis flexuosa), cip timb-a ou titico (Heteropsis

    jenmannii) e cip amb (Philodendron sp.) publicou em 11 de fevereiro de 2008 a Instruo Normativa N0

    001 com procedimentos bsicos relativos a utilizao dessas espcies tendo em vista as boas prticas de

    manejo. Essa instruo aliou o conhecimento cientfico sobre o manejo da espcie e as prticas tradicionais

    de coleta utilizadas pelos extrativistas possibilitando assim assegurar a conservao da espcie.

    O Governo do Amap, por meio do seu Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA) editou a Resoluo

    13 de 2009 estabelecendo procedimentos para a elaborao, apresentao e avaliao tcnica de plano de

    manejo de cips dos gneros Heteropsis spp. e Clusia spp.

    No Estado do Tocantins, a Portaria Naturins N0. 362 de 25 de maio de 2007, do Instituto Natureza do

    Tocantis, proibiu a coleta do capim dourado (Syngonanthus nitens) em todo o Estado, reservando o direito de

    coleta para as associaes credenciadas pelo Instituto e estabelecendo procedimentos de coleta.

    Em Minas Gerais, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), estabeleceu normas para elaborao e execuo de

    plano de manejo para a produo sustentada da candeia (Eremanthus erythropappus e E. incanus) a partir da

    Portaria N0. 01 de 05 de janeiro de 2007.

  • 8

    Entretanto, em regra geral, mesmo existindo em alguns Estados instrumentos reguladores especficos para

    determinadas espcies florestais no madeireiras, a ausncia de orientaes e ou recomendaes tcnicas

    para o manejo, no mbito federal tm gerado uma srie de dificuldades, tanto para os produtores-

    extrativistas, que precisam muitas vezes apresentar algum atestado de origem dos produtos aos seus

    compradores, que por sua vez necessitam ter alguma salvaguarda de que tais PFNM esto sendo coletados

    respeitando-se os princpios de sustentabilidade ambiental e social, como para os rgos responsveis pelo

    controle, que enfrentam dificuldades tanto no ordenamento e acesso ao recurso florestal como nos

    procedimentos internos para autorizar tais atividades.

    Por outro lado, a obteno de selos de certificao orgnica para os produtos oriundos do extrativismo

    vegetal uma realidade concreta, onde vrios PFNM j esto certificados como produto orgnico e com boa

    aceitao de mercado, especfico para este tipo de produto, como caso da castanha-do-brasill. Esse produto,

    no caso a castanha-do-brasil j possui demanda especifica para certificao orgnica, inclusive com alguns

    empreendimentos j certificados, como cooperativas e empresas beneficiadoras.

    A base legal para a produo orgnica foi fixada pelo MAPA, com a Lei Federal n0. 10.831 de 23 de

    dezembro de 2003, que disps sobre o sistema orgnico para a produo agropecuria. Posteriormente, com

    a edio do Decreto n0. 6.323, de 27 de dezembro de 2007, que disciplinou as atividades pertinentes ao

    desenvolvimento da agricultura orgnica, estabelecendo as diretrizes da agricultura orgnica, as relaes de

    trabalho e da produo, reconhecendo o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento como o

    responsvel, de forma isolada ou em conjunto com outros ministrios, para estabelecer normas tcnicas para

    a obteno do produto orgnico, desde o processamento, envasamento, rotulagem, transporte e

    armazenamento at a comercializao.

    Em seguida, a publicao da Instruo Normativa Conjunta n0. 17, de 28 de maio de 2009, do Ministrio da

    Agricultura, Pecuria e Abastecimento e Ministrio do Meio Ambiente trouxeram o regramento que orienta a

    apresentao de Projeto Extrativista Sustentvel Orgnico. Este regramento foi o primeiro a apresentar um

    roteiro contendo procedimentos bsicos para elaborao de Projeto Extrativista Sustentvel Orgnico com

    vistas a obter o selo de certificao orgnica.

    2. Diretrizes Tcnicas para as boas prticas de manejo

    Os cdigos de boas prticas florestais so um conjunto de normas ou diretrizes, elaboradas pelos governos ou

    outras organizaes, para ajudar tcnicos e empresas florestais a decidir quais prticas devem adotar para

    realizar as operaes de manejo e utilizao das florestas (Dysktra e Heinrich, 1996) e que podem ser

    obrigatrias ou facultativas.

  • 9

    Os cdigos de boas prticas so diretrizes e tm carter facultativo com a finalidade de fomentar a adoo de

    determinados procedimentos sem prescrev-los de forma obrigatria, para realizao da coleta de PFNM,

    levando em considerao a conservao da espcie, a sustentabilidade, e as atividades de produo da famlia

    ou das populaes e comunidades envolvidas.

    A construo de diretrizes tcnicas para o manejo da castanha-do-brasil apresentada neste documento no

    tem a pretenso de ser estanque, mas sim uma orientao para que a atividade de coleta dessa espcie atenda

    a um padro mnimo, mesmo que muito mais voltado conservao da espcie que propriamente ao

    estabelecimento de ndices tcnicos que regulem a atividade.

    O que se pretende principalmente para a estruturao de diretrizes so padres de boas prticas de manejo de

    produtos florestais no madeireiros, auxiliando a elaborao e execuo do uso sustentvel dessa espcie,

    garantindo o incentivo dos rgos responsveis pela gesto florestal, fornecendo subsdios para a assistncia

    tcnica pblica e possibilitando futuramente investimentos de crdito e fomento por parte dos bancos estatais

    e privados.

    3. Definio do termo boas prticas

    Ao analisar o termo prtica, observa-se que este expressa continuidade, por referir-se a uma execuo

    repetida ou um exerccio sistemtico de determinada ao. O termo boas prticas tambm encontrado na

    literatura como sendo sinnimo de melhores prticas, por ser uma expresso derivada do ingls best

    practices.

    A Organizao Mundial de Sade OMS (2006) afirma que boa prtica refere-se a uma variedade de

    fenmenos. Enquanto alguns usam o termo boas prticas referindo-se a modelos e desenhos que levam a

    projetos ou protocolos para aperfeioar estruturas tcnicas, processuais e organizacionais, outros o utilizam

    para se referir promoo de uma perspectiva gerencial de risco para submisso legal e regulatria. Portanto,

    existem mltiplas interpretaes do termo e existe o risco de se adotar uma boa ou melhor prtica sem

    ouvir todos os envolvidos no processo.

    Comumente o termo de boas prticas tem sido utilizado para definir o conjunto de aes que visam o bom

    processamento ou beneficiamento de produtos (OMS, 2006), por isso nos ltimos anos apareceram tantos

    manuais e cartilhas orientando a adoo de boas prticas para diversos segmentos produtivos.

    Para o SEBRAE denominam-se boas prticas ao conjunto de aes que visam:

    Respeitar o ritmo de recuperao das espcies florestais;

    Garantir o mximo de segurana pessoal durante todo o trabalho;

  • 10

    Garantir o mximo de higiene desde a coleta at o beneficiamento final do produto e sua

    comercializao; e

    Respeitar as regras definidas pelo governo (ambientais, trabalhistas etc.).

    4. Levantamento de dados secundrios sobre a espcie Bertholletia excelsa H.B.K.

    Famlia: Lecythidaceae

    Nome vulgar: castanha-do-par, castanha, castanha-do-brasil

    Ocorrncia: A rea de ocorrncia da castanheira abrange as regies Amaznicas, estendendo-se da Bolvia,

    Peru e Brasil, at o escudo das Guianas, compreendendo o Suriname, as Guianas e o sul da Venezuela, na

    regio do Rio Negro (Corra, 1931; Mori & Prance, 1990).

    As reas de terra firme so os locais em que a espcie apresenta bom desenvolvimento, no tolerando reas

    alagadas ou de grande reteno de gua. Os solos de ocorrncia so os argilosos ou argilo-arenosos e as

    grandes concentraes de indivduos ocorrem nos solos de textura mdia a pesada, podendo aparecer

    tambm em concrecionrio latertico (piarra), conforme Mller el al., (1995).

    No ambiente natural e na literatura, a densidade varia consideravelmente, ocorrendo agrupamentos de 50 a

    100 indivduos, com 1 a 26 rvores adultas por hectare (MORI e PRANCE, 1990; MMA, 2006; TONINI et

    al., 2008). Para exemplificar essa grande variao da densidade da espcie de ocorrncia natural, pode-se

    citar o inventrio florestal 100% das castanheiras realizado em dois diferentes plats na Flona de Sarac-

    Taquera/PA, com aproximadamente 763 ha e 1.365 ha, tendo respectivamente 1140 (1,5 rv./ha) e 07

    rvores amostradas (0,0051 rv./ha), e as combinaes entre as unidades amostrais vizinhas pode representar

    a amplitude de 1 a 12 rvores/ha, conforme Salomo (2009).

    Ecologia: Espcie semidecdua, helifita, caracterstica da Amaznia ocorrendo em mata alta de terra firme.

    Ocorre em determinados locais com grande freqncia formando os chamados castanhais, porm, sempre em

    associao com outras espcies de grande porte.

    A estrutura das populaes nos stios naturais estudados por diversos autores apresentam um declnio no

    nmero de indivduos nas maiores classes diamtricas e maior densidade nas classes intermedirias, com

    ausncia de indivduos em algumas classes. H uma distribuio espacial regular ou aleatria dos indivduos

    adultos e uma tendncia ao agrupamento dos indivduos jovens, conforme Peres et al (2003) e Tonini et al.,

    (2008).

  • 11

    Peres et al. (2003) demonstraram que os nveis atuais de coleta das castanhas tm um impacto importante no

    recrutamento interno das populaes naturais de castanheiras. Atravs da anlise comparativa de 21

    populaes espalhadas pela Amaznia brasileira, boliviana e peruana, mostrou que o nvel de coleta o

    determinante principal da estrutura de tamanho das populaes, ou seja, aquelas populaes sujeitos a nveis

    de coleta altos ou moderados por vrias dcadas so carentes de jovens com dimetro menor do que 60 cm,

    somente as populaes cujo histrico mostra coletas leves ou recentes, ou ento nenhuma coleta, tm

    nmeros significativos de rvores jovens (nas 21 populaes foi observada uma amplitude de 0,74% a 52,5%

    de indivduos jovens).

    Segundo esse autor, o modelo de coleta com os nveis histricos de explorao dessas castanhas, ao longo do

    ltimo sculo, de tal monta que o recrutamento de jovens insuficiente para o sustento das populaes em

    longo prazo e, no havendo um manejo favorvel ativo, as populaes terminaro por sucumbir por meio de

    um processo de senescncia e colapso demogrfico. Corrobora esta afirmativa o fato de que, entre as

    populaes analisadas, duas estavam em reservas extrativistas no Amap (Reserva Extrativista Alto Cajari e

    Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Iratapuru), que, sob forte presso de coleta, apresentaram os

    menores percentuais de jovens entre todas as demais 19 populaes analisadas, respectivamente, 0,74% e

    0,87% (PERES et al., 2003).

    No entanto, estudos realizados no norte da Bolvia por Zuidema e Boot (2001) para obteno de informaes

    sobre as conseqncias da remoo de sementes sobre a dinmica populacional em condies de floresta

    primria e a relao entre padres de crescimento, recrutamento e mortalidade identificaram que apesar da

    grande proporo (93%) de retirada das sementes da rea, foram encontradas densidades de mudas

    relativamente razoveis. Devido ao rejuvenescimento da populao, o tamanho da produo estvel, a alta

    idade de maturidade e o longo perodo reprodutivo, esse estudo concluiu que os nveis de extrao da

    castanha podem ser sustentados, pelo menos, durante varias dcadas e talvez por perodos ainda mais longos.

    Esse resultado coincide com outros estudos realizados e que indicaram que o extrativismo praticado nos

    castanhais da regio Amaznica de baixo impacto, sendo vivel por mais algumas dcadas (HOMMA, et

    al., 2000; ZUIDEMA; BOOT, 2002; ZUIDEMA, 2003; WADT et al., 2005 citados por PAIVA et al. 2008).

    A regenerao dos castanhais ainda um tema controverso. Pesquisas em castanhais com longo histrico de

    explorao concluram que o extrativismo, a principio, no compromete o estoque de plntulas (SERRANO,

    2005). O manejo da regenerao natural das castanheiras em reas alteradas, conciliado com um tipo de

    agricultura que favorea o crescimento das plntulas e varetas, pode viabilizar a expanso dos castanhais e o

    aumento da produtividade (PAIVA, et al. 2008).

    Grupo ecolgico: helifita.

  • 12

    Florao: ligada as condies climticas de cada zona fisiogrfica, a florao dos castanhais da regio

    amaznica apresentam diferenas entre as regies: Oeste (Acre) com a regio Leste (Par), com florada

    apresentando variao entre agosto a fevereiro (MLLER el al., 1995).

    Shanley (2005) indica o incio da florao no Estado do Acre entre os meses de outubro a dezembro e os

    frutos amadurecem em 14 ou 15 meses, caindo entre dezembro a fevereiro (pico de queda). No estado do

    Par este padro de florao muda, sendo caracterizado o aparecimento de flores nos meses de setembro a

    fevereiro e os frutos iniciam o pico de queda entre janeiro a abril.

    Estudos realizados por Vieira, et al., 2009, na regio de Rondnia, a espcie apresentou padro fenolgico

    anual com pelo menos 90 % das rvores florescendo em todos os anos do estudo. A florao se deu de

    setembro a janeiro, embora algumas poucas rvores tenham permanecido at fevereiro. Apresentado alto

    ndice de sincronia na florao, sendo que as rvores 08 (0,94), 09 (0,94) e 10 (0,94) apresentaram maior

    sincronia com seus co-especficos, o ndice de sincronia da populao (0,84).

    Essa informao divergiu da encontrada por Maus (2002) no Par, onde a florao ocorreu exatamente na

    estao seca.

    Segundo Lorenzi (2002) a florao ocorre durante os meses de novembro a fevereiro.

    Frutificao: o fruto popularmente chamado de ourio, que uma cpsula aproximadamente esfrica, com

    tamanho que varia de 10 a 16 cm de dimetro, e que pode conter de 10 a 25 sementes (PRANCE e MORI,

    1978). O pericarpo lenhoso muito duro e no se rompe com o impacto da queda, que ocorre aps a

    maturao, durante a estao chuvosa (MAUS, 2002). Assim como muitas lecitidceas, o fruto da

    castanheira possui oprculo, que chamado de umbigo que se desprende naturalmente com a maturidade

    do fruto ou retirado durante a quebra do fruto com uso de terado ou faco.

    Segundo Lorenzi (2002) os frutos amadurecem no perodo de dezembro a maro.

    O perodo de frutificao foi em mdia de quinze meses, de outubro a janeiro do segundo ano, quando ocorre

    a queda dos frutos (VIEIRA, et al., 2009).

  • 13

    QUADRO I Dados da fenologia da Bertholletia excelsa obtidos em bibliografias

    Autor Florao Frutificao Pico da queda dos frutos Local

    Lorenzi, 2002 Novembro a

    Fevereiro

    Dezembro a Maro

    Shanley, P. 2005 Setembro a

    Fevereiro

    Janeiro a Abril Par

    Shanley, P. 2005 Outubro a

    Dezembro

    Dezembro a Fevereiro Acre

    Vieira, et al.,

    2008

    Setembro a

    Fevereiro

    Outubro a

    Janeiro do

    segundo ano

    Outubro a Fevereiro Rondnia

    QUADRO II Dados fenologia da Bertholletia excelsa obtidos em bibliografias

    MESES J F M A M J J A S O N D

    Estao CHUVOSA SECA

    Florao

    Frutificao

    Pico de Queda X X X X X

    Modelo esquemtico adaptado de Mori e Prance (1978)

    Disperso: a cutia (Dasyprocta aguti) apontada por pesquisadores como o principal agente dispersor das

    castanhas. Esse pequeno roedor tem como estratgia enterrar a semente, o que favorece o estabelecimento de

    bancos de sementes e regenerao natural em determinados locais em que haja incidncia de luz.

    Em Rondnia a disperso dos frutos foi verificada no perodo compreendido entre os meses de junho a

    janeiro, com maior incidncia entre outubro e novembro (VIEIRA, et al., 2009).

    Polinizao: os principais agentes polinizadores esto em ameaa de extino, devido s grandes queimadas

    realizadas na regio da Amaznia, abelhas dos gneros Bombus, Centris, Epicharis, Eulaema e Xylocopa,

    que visitam as flores em busca de seu nctar altamente energtico (MAUS, 2002).

    Parte usada: sementes ou castanhas que aps a retirada da casca recebem a denominao de amndoas. Os

    frutos da castanha-do-brasil so chamados popularmente por ourios que so aproveitados para produo de

    objetos artesanais. A casa tambm aproveitada para artesanato.

  • 14

    Forma de coleta: os ourios so coletados quando caem no cho, sendo posteriormente partidos (quebrados)

    para a extrao de castanha. A safra se estende de outubro a maro ou de novembro a abril, dependendo da

    regio com pico de concentrao em final de novembro e dezembro.

    As ferramentas usadas na coleta de castanha so uma garra, chamada de p-de-bode ou mo-de-ona, com a

    qual se puxa o ourio, evitando animais que estejam perto do ourio, faco e saco de nilon ou cesta. Uma

    vez realizada a quebra do ourio, as castanhas so transportadas para um galpo de armazenamento na aldeia

    e na prpria mata (SOUZA, 2006).

    As boas prticas: as disseminadas para a castanha-do-brasil esto voltadas principalmente para as etapas de

    processamento e beneficiamento, visando atender as exigncias quanto qualidade das amndoas, so as

    chamadas boas prticas de fabricao. Entretanto, algumas pesquisas indicam a importncia da adoo de

    boas prticas para a coleta dos frutos, pois essa etapa tem intrnseca relao com a qualidade da amndoa.

    As recomendaes descritas vo desde a etapa da coleta dos ourios no cho da floresta at a quebra,

    lavagem, secagem e armazenamento das castanhas para evitar a contaminao por aflatoxinas.

    A aflatoxina o nome dado a um grupo de substncias que txicas ao homem e aos animais. Elas so

    produzidas por fungos do grupo Aspergillus. Esses fungos se desenvolvem em muitos produtos agrcolas e

    alimentos quando as condies de umidade do produto, umidade relativa do ar e temperatura ambiente so

    favorveis. As aflatoxinas so potentes toxinas cancergenas.

    A proliferao desses fungos nas castanhas ocorre quando os frutos (ourios) ficam no cho da floresta por

    vrios dias antes de serem coletados, ou quando as castanhas so armazenadas em condies inadequadas.

    Portanto, a adoo das boas prticas de manejo da castanha uma questo de segurana alimentar.

    Estratgia de conservao: Plantios de enriquecimento em clareiras pode ser uma alternativa para

    incrementar a taxa de crescimento e o recrutamento entre classes diamtricas da espcie. Estudos mostraram

    que a regenerao em reas de capoeiras pode ser muito superior dos castanhais nativos (PAIVA, et. al,

    2008).

    Cultivo: o cultivo desta espcie em sistemas agrossilviculturais tem sido testado. No entanto, para a

    produo de frutos, talvez o cultivo deva estar prximo de florestas nativas, j que apenas abelhas florestais

    de grande porte conseguem polinizar a castanheira (Shanley & Medina, 2005).

    Principais usos: as castanhas ou amndoas (sementes) so muito apreciadas por seu uso alimentar. So

    consumidas frescas, secas, torradas, assadas, como tira-gosto e na composio de outros pratos, doces e

    salgados. O leite de castanha, que produzido triturando-se a castanha em gua, parte importante da

  • 15

    culinria de algumas regies amaznicas. Outros produtos de castanha, como creme, granulado, paoca,

    tambm so ocasionalmente comercializados (Souza, 2006).

    As amndoas (castanhas) tambm fornecem um leo fino, de alta qualidade. Este leo usado na culinria e

    tambm pela indstria de cosmticos, por suas propriedades emolientes. O leo usado em cremes para a

    pele, xampus e condicionadores, sabonetes e outros produtos. Um possvel nicho de mercado para este leo,

    alm do uso em cosmtica, o de leos orgnicos, j que, por sua origem extrativista, o leo de castanha

    envolve nenhum tipo de qumico agrcola em sua produo.

    O ourio da castanha tem sido aproveitado para artesanato, seja aproveitando-se sua forma de cuia para fazer

    recipientes diversos e placas do mesmo. Tambm usado como combustvel, especialmente no processo de

    defumao da borracha.

    Tipo de comrcio: a castanha-do-brasil tem um bom comrcio interno, mais intenso na poca das festas

    natalinas e exportada, principalmente para a Alemanha, Itlia, Estados Unidos, Holanda e Bolvia, que o

    segundo maior produtor mundial de castanha, atrs do Brasil. No caso, a Bolvia importa castanha do Brasil

    para revend-la descascada e processada, j que tem uma maior infra-estrutura disponvel para isso (SOUZA,

    2006).

    As exportaes tm cado nos ltimos dez anos, dada a intensificao da fiscalizao relativa aflatoxinas,

    por conta das condies de estocagem e armazenamento, em geral, deficitrias, principalmente para a

    castanha armazenada ainda mida a ocorrncia dos fungos que produzem essas toxinas comum (SOUZA,

    2006).

    A coleta de castanha realizada como uma forma de complemento da renda familiar dos coletores, que em

    geral so pequenos agricultores familiares, comunidades indgenas, extrativistas (geralmente neste caso em

    complemento seringa, que ocorre na estao contrria), e desempregados de cidades prximas aos

    castanhais. A revenda da castanha pode resultar em ganhos em dinheiro ou pelo sistema de aviamento.

    Geralmente, os coletores no possuem volume de produo suficiente para negociar direto com os

    comerciantes do atacado, ou as indstrias de transformao, ento comum haver mais de um intermedirio

    na comercializao do produto. Os preos pagos so baixos, bastante variveis e, tanto os coletores quanto os

    intermedirios, por vezes, at mesmo os atacadistas so relativamente independentes do produto, apenas a

    indstria de transformao tem real dependncia dada especificidade do equipamento. H indcios de que

    uma grande indstria compradora do produto eleva a produo dos estados, como ocorre no Par, Amazonas

    e Rondnia (SOUZA, 2006).

  • 16

    Legislao: A legislao que permeia a cadeia produtiva da castanha passa obrigatoriamente pelo Decreto

    Federal n 5.975, de 30/11/2006, que probe a explorao da espcie para fins madeireiros em florestas

    naturais, primitivas ou regeneradas (Capitulo VIII: Artigo 29).

    Quanto comercializao das amndoas (castanhas), o Ministrio da Agricultura, Pecuria e

    Abastecimento (MAPA) estabeleceu especificaes para a padronizao, classificao e comercializao

    da castanha-do-brasil no mercado interno atravs da Portaria n846 de 08/11/1976.

    A Instruo Normativa n13 de 27/05/2004 MAPA, estabelece que a castanha destinada ao consumo

    humano deva ser submetida certificao sanitria oficial do MAPA, e que deve existir um sistema de

    rastreabilidade do processo de beneficiamento. Como principal dificuldade para o atendimento desta

    legislao pode-se citar o custo da adequao das instalaes para obteno do registro.

    A Instruo Normativa n12 de 27/05/2004 do MAPA regulamenta a certificao sanitria referente ao

    controle de contaminantes para a exportao de castanha do Brasil com casca e descascada.

    E recentemente foi editada a Instruo Normativa n11 de 23 de maro de 2010 do MAPA que estabelece

    os critrios e procedimentos para o controle higinico-sanitrio da castanha-do-brasil e seus subprodutos,

    destinados ao consumo humano no mercado interno, na importao e na exportao, ao longo da cadeia

    produtiva.

  • 17

    5. Diretrizes tcnicas para boas prticas de manejo para o extrativismo sustentvel orgnico da

    castanha-do-brasil

    Identificao das etapas para o manejo florestal no madeireiro da castanha

    I. Pr-coleta

    1. Identificao, localizao e levantamento das reas produtivas

    1.1. Apresentar uma caracterizao geral da rea de coleta

    1.2. Realizar o mapeamento e levantamento do potencial produtivo

    1.3. Estimativa de produtividade

    II. Coleta

    2. Planejamento da coleta

    2.1. Estabelecer um Plano de coleta

    2.2. Ciclo e periodicidade da coleta

    2.3. Ferramentas para a coleta e quebra

    III. Ps-Coleta

    3. Descrio dos mtodos

    3.1. Quebra e seleo primria

    3.2. Pr-secagem

    3.3. Armazenamento

    3.4. Transporte

    IV. Manuteno e Monitoramento

    4.1. Tratamentos silviculturais e manuteno do castanhal

    4.2. Monitoramento da produo

  • 18

    Etapa I. Pr-Coleta

    a etapa que consiste na caracterizao da rea, mapeamento e seleo das rvores para

    produo. Nessa etapa tambm podem ser realizadas atividades referentes a tratamentos

    silviculturais, como manuteno das estradas de acesso as castanheiras e corte de cips que

    estejam comprometendo a produo das rvores.

    Quando bem executadas, as atividades previstas na etapa pr-coleta podem representar

    eficincia na etapa coleta dos frutos em relao ao tempo gasto para percorrer os caminhos,

    produtividade, reduo de danos ambientais e dos acidentes com extrativistas-produtores.

    1. Identificao, localizao e levantamento das reas produtivas

    Identificar as reas produtivas e realizao do mapeamento dos castanhais deve ser a primeira

    atividade a ser realizada. Pode-se fazer um desenho ou mapa mental ou utilizar imagens

    georeferenciadas para se fazer o mapeamento da rea de manejo. recomendvel que pelo

    menos um ponto da rea seja georreferenciado, ou seja, coletada as coordenadas geogrficas do

    local com uso de GPS, caso seja possvel.

    No mapeamento necessrio localizar as estradas ou varadouros de acesso, as reas produtivas,

    indicar rios ou igaraps que ajudem a georeferenciar a localizao da rea de manejo, etc. Esse

    mapeamento poder ser feito com uso de aparelhos GPS3 ou do emprego da tcnica bssola e

    passos calibrados (Alechandre, 1998).

    Para a castanha o sistema mais vivel a marcao de reas de manejo sem que haja o

    estabelecimento de parcelas ou compartilhamento, e sim trilhas ou Transecto-trilhas para

    realizao de inventrios florestais. Seria na verdade a manuteno das trilhas ou estradas de

    acesso as castanheiras. Recomenda-se que na pr-coleta sejam abertas e ou recuperadas as

    estradas ou ramais que daro acesso aos castanhais e trilhas que conduzem aos

    indivduos.

    Essa estratgia de manejo importante porque representa: (i) reduo de tempo, (ii) aumentar a

    eficincia da coleta e (iii) reduzir danos e impactos gerados pela atividade de coleta, ao se evitar

    aberturas de novas trilhas ou estradas de acesso e (iv) levantar informaes importantes para o

    manejo.

    3 Global Positioning System = Sistema de Posicionamento Global. Atualmente existem aparelhos de GPS

    que funcionam com alta preciso mesmo em reas de florestas fechadas.

  • 19

    O levantamento do potencial local para o manejo da castanha-do-brasil deve ser determinado

    atravs de Inventrio Florestal (IF) que a partir do mapeamento de todas as castanheiras

    consideradas produtivas permitir que se faa uma estimativa de produo para a rea.

    A recomendao que seja adotada uma circunferncia mnima a altura do peito (CAP) maior

    ou igual a 90 cm para realizar o mapeamento das castanheiras, que equivale a um dimetro a

    altura do peito (DAP) de aproximadamente 30 cm.

    O ideal mapear e inventariar tambm os indivduos nas classes mais jovens para que se possa

    compreender minimamente a estrutura populacional e a relao entre classe de dimetro e

    produtividade. Para isso, recomenda-se coletar dados dos indivduos com CAP maior ou igual a

    90 cm, por exemplo.

    Os inventrios podem trazer alm do CAP, informaes sobre a produtividade da rvore (se ela

    j floresce ou no), estado da copa, ocupao do dossel e outras informaes pertinentes como a

    presena de cips, entre outras e que tenham relao direta com a produtividade de cada

    indivduo.

    Esses dados corroboram com o monitoramento da produo e possibilitam a indicao de

    possveis tratos silviculturais visando o incremento da produtividade, tais como: corte de cips

    quando os mesmos estiverem causando danos rvore (por competio); limpeza das trilhas ou

    varadouros que do acesso a rea produtiva; limpeza embaixo dos indivduos (se for o caso)

    para facilitar a coleta e evitar contaminaes (nos casos dos ourios da castanha).

    De posse desses dados podero ser geradas as seguintes informaes:

    Identificao da estrutura e dinmica populacional curva diamtrica, estgios de

    desenvolvimento

    Critrios para definir os indivduos produtivos para a safra

    Estimativa da produo da rea (por hectare e por indivduos) e para a safra (anual)

    A partir dos dados coletados no inventrio florestal possvel gerar as seguintes informaes:

    Nmero de indivduos nas diferentes classes de dimetro (a partir do dimetro mnimo

    estabelecido para realizao do IF)

    Estgios de vida: crescimento, recrutamento e mortalidade

    Densidade e freqncia

  • 20

    Nmero de indivduos considerados produtivos (considerando potencial total de

    produo por classe de dimetro e ocupao do dossel)

    Estimativa de produo por rvore e total (kg, sacas, etc)

  • 21

    Diretrizes Tcnicas para Identificao, localizao e levantamento das reas

    produtivas

    1.1. Apresentar uma caracterizao geral da rea de coleta contendo um breve descritivo da rea com informaes sobre os usos, os acessos e outros aspectos

    pertinentes

    1.1.1. Elaborar um croqui, mapa ou desenho com a localizao da rea de coleta em relao propriedade (ou rea da comunidade)

    1.2. Realizar o mapeamento e levantamento do potencial produtivo (inventrio) contendo:

    1.2.1. Mapa das castanheiras com circunferncia a altura do peito (CAP) mnima de noventa centmetros ( 90 cm)

    1.2.2. Identificao dos pontos de amontoa e quebra dos frutos, nos casos onde h pr-determinao desses pontos

    1.2.3. Caracterizao do castanhal quanto aos seguintes dados Identificao da rvore (pode ser localizao ou numerao) Georreferenciamento (que opcional) Circunferncia a altura do peito (CAP) Identificar se a rvore j produz ( ) sim ou ( ) no Identificar o estado da COPA em relao sua forma: BOA,

    QUEBRADA e RUIM (comprometida em termos de galhos)

    Produo estimada (opcional). Essa varivel deve ser anotada em casos onde o produtor tem uma estimativa mdia de produo para as rvores

    1.3. Estimativa de produtividade

    1.3.1. Indicar o nmero de rvores mapeadas que so produtivas

    1.3.2. Indicar o tamanho da rea do castanhal (rea de manejo)

    1.3.3. Indicar a estimativa de produo total do castanhal

    Recomendao tcnica: Sempre que possvel anotar pelo menos um ponto de

    coordenada geogrfica ou a indicao aproximada de pontos de referncia que permitam

    a localizao da rea de manejo, como por exemplo, cursos d gua, estradas e outras

    informaes.

    Observao: Considerar o contexto regional e as unidades de medida (lata, saca,

    hectolitro, etc), dando um referencial em Kg.

  • 22

    Etapa II. Coleta

    Nesta etapa quando se realiza o manejo na prtica, ou seja, a coleta dos produtos (frutos,

    cascas, folhas, resinas, etc) at a retirada de dentro da floresta. Nesta etapa, importante

    planejar cada fase, principalmente o onde ser coletado, o quando e quantas vezes sero

    feitas as coletas (ciclo e periodicidade) e quais as tcnicas e ferramentas sero utilizadas.

    quando devem ser planejadas aes que resultem em evitar ou mitigar acidentes, como o uso de

    equipamentos de proteo individual (EPI) pelos extrativistas-produtores, o planejamento dos

    caminhos e acessos que sero utilizados como forma de mitigar impactos ou danos (cuidados

    com a manuteno e proteo da floresta).

    2. Planejamento da coleta

    As atividades a serem realizadas antes da coleta, com o preparo e manuteno das reas

    produtivas, realizadas ao longo do ano e fora do perodo de coleta so importantes para

    assegurar a eficincia da coleta e reduzir riscos com acidentes e perda de qualidade dos frutos.

    2.1. Estabelecer um plano de coleta

    Nessa etapa dever ser feito um planejamento da coleta, com identificao dos indivduos

    produtivos e definindo um Plano de Coleta, onde sero escolhidos e identificados todos os

    indivduos que sero alvos de coleta e aqueles que devero ser mantidos sem coleta com

    objetivo de atender as necessidades da fauna local e regenerao natural

  • 23

    Diretrizes Tcnicas para Planejamento da coleta

    2.1. Estabelecer um Plano de Coleta contendo:

    2.1.1. Os principais caminhos utilizados durante a coleta (descritos no mapa,

    desenho ou croqui);

    2.1.2. Identificao e localizao das rvores que sero visitadas para coleta e

    caso existente, os pontos de amontoa e quebra;

    2.1.3. Descrio das etapas de coleta como: poca da coleta (perodo em

    meses), tempo de amontoa (em dias), forma de seleo das castanhas durante

    a quebra, estratgia de transporte (tempo e meio de transporte) da floresta

    para o armazenamento primrio.

    Observao: O Plano de Coleta poder ser atualizado conforme a necessidade local

    (anual, bienal ou trienal) e sempre que houver necessidade de alteraes

  • 24

    2.2. Ciclo e periodicidade de coleta

    A definio de um calendrio de coleta ou cronograma, onde sero estabelecidas a poca da

    coleta e quantas vezes por safra (periodicidade) essa coleta ocorrer um dado fundamental

    para o manejo.

    Tal informao permitir estabelecer as estimativas de produo esperadas e principalmente,

    medidas mitigadoras, como o estabelecimento de ciclos de coleta, com perodos definidos de

    excluso (no coleta) para determinados indivduos (rodzio de indivduos a serem coletados).

    Especificamente para a castanha, recomenda-se realizar a coleta somente aps o pico da queda

    dos frutos, para evitar acidentes e possibilitar a regenerao natural das sementes.

    Nessa escala de tempo possvel, um calendrio de coleta, precavendo-se de possveis acidentes

    de trabalho e possibilitando a disperso e regenerao natural da espcie alvo.

    Entretanto, em funo das variaes regionais difcil o estabelecimento de um calendrio de

    coleta nico para todas as regies, devido s variveis que podem interferir na produo,

    principalmente para aquelas espcies que tem como principal produto no madeireiro o fruto.

    Portanto, a orientao deve ser para que seja discutido, entre os produtores, o plano de coleta,

    levando em considerao as condies regionais (logstica e sistema de coleta) e ambientais

    (poca de queda dos frutos, perodos de chuvas ou secas, entre outros).

    O ideal que a coleta seja feita durante a safra, com intervalos entre uma coleta e outra, visando

    reduzir ao mximo o tempo de permanncia dos ourios no solo e, portanto, as chances de

    contaminaes.

  • 25

    Diretrizes tcnicas para Ciclo e periodicidade da coleta

    2.2.1. Para garantir a boa qualidade da castanha, a coleta dever ocorrer logo aps o pico de queda dos frutos, ou seja, depois que a maioria dos frutos do castanhal

    j tiverem cados. No se recomenda fazer a coleta durante o pico a fim de se

    evitar acidentes com os coletores;

    2.2.2. Para garantir a regenerao natural do castanhal permitido voltar na mesma rvore para coleta de frutos remanescentes aps um perodo mnimo de trinta

    dias (30).

    Recomendao tcnica 1: Os frutos no devem permanecer mais que 45 dias no cho

    da floresta por causa da contaminao por fungos, que podem produzir aflatoxina mais

    tarde, em outra etapa da cadeia produtiva. No entanto, a visita peridica em cada rvore

    para coleta dos frutos deve ser feita com critrio, ou seja, no recomendvel que uma

    mesma rvore tenha seus frutos coletados sempre que os mesmos carem.

    Recomendao tcnica 2: Amontoar os ourios apenas quando for quebr-los. Nos

    casos em que isto no for possvel (quando o perodo de permanncia dos ourios na

    floresta aps a coleta for maior que trs dias), realizar a amontoa em jirais suspensos

    (longe do contato com o solo) e com os umbigos virados para baixo. Nos casos em que

    no possvel a construo de jirais, no deixar os frutos amontoados por mais que trs

    dias.

    Recomendao tcnica 3: O transporte para fora da floresta deve ser efetuado o mais

    rpido possvel.

    Observao: Em funo das variaes regionais difcil o estabelecimento de um

    calendrio de coleta para toda a regio Amaznica. Portanto a orientao que seja

    discutido, entre os produtores, o Plano de Coleta, levando em considerao as

    condies do castanhal (logstica e sistema de coleta) e ambientais (poca de queda dos

    frutos).

    Nota explicativa

    Os frutos da castanheira no devem ficar no cho da floresta por mais de dois ou trs meses,

    por exemplo, devido contaminao das amndoas por aflatoxinas. Entretanto, no

    recomendvel que o extrativista realize a coleta com uma freqncia diria, por trs motivos:

    perigo de acidente, manuteno dos castanhais e custo da coleta.

    a) Perigo de acidente: a queda do fruto muito violenta e h possibilidade de atingir uma pessoa enquanto est debaixo da copa catando os frutos que j esto no cho;

    b) Manuteno dos castanhais: o fruto da castanheira no se abre naturalmente, ento para que as sementes germinem e formem outra rvore necessrio que algum animal

    (incluso o homem) abra o fruto. A disperso da castanheira feita principalmente por

    roedores, sendo necessrio ter um tempo de permanncia dos frutos na floresta para que

    ocorra a disperso das sementes.

    c) Eficincia de coleta: a atividade de coleta da castanha dispendiosa, no economicamente vivel um nico produtor visitar vrias vezes a mesma rvore.

  • 26

    2.3. Ferramentas para coleta e quebra

    comum a utilizao para catao dos ourios de instrumento tradicional denominado como

    mo-de-ona ou p-de-bode e sacos de rfia ou paneiros, cestos de fibras (observar que estes

    devem estar limpos e secos).

    Recomenda-se que aps a coleta dos ourios que os mesmos sejam amontoados em jirais ou

    local fora do contato com o solo.

    Utilizar alguma cobertura (tipo lona plstica ou folhas de palmeiras ou sacos plsticos) para a

    quebra dos ourios, de preferncia em locais secos e limpos.

    As ferramentas utilizadas para a quebra dos ourios (faco ou terado,) devem estar limpas;

    livre de resduos que possam contaminar as amndoas.

    Feita a primeira seleo (retirada das amndoas chochas, podres, etc) que as mesmas sejam

    acondicionadas em sacos limpos de rfia ou paneiros limpos.

    Diretrizes Tcnicas para Ferramentas para coleta e quebra

    2.3.1. Utilizar a mo-de-ona ou o p-de-bode ou outra ferramenta que evite a coleta dos frutos diretamente com as mos;

    2.3.2. Utilizar paneiros, sacos ou cestos limpos para juntar os frutos (ourios) durante amontoa;

    2.3.3. Manter a ferramenta de quebra (terado, faco, foice, etc) protegida quando feita a movimentao (caminhada e catao) do coletor

    2.3.4. Utilizar um cepo ou proteo (tampa do ourio/fruto) entre o fruto e o cho quando se faz a quebra;

    2.3.5. Utilizar calados e se possvel perneira para proteo contra animais peonhentos;

    2.3.6. Utilizar capacete para proteo individual dentro da floresta.

  • 27

    Etapa III. Ps-coleta

    A etapa da ps-coleta consiste num conjunto de procedimentos que devem ser realizados com as

    partes coletadas (frutos, sementes, cascas, leo-resina, hastes, folhas, entre outras) para garantir

    que o produto (matria-prima) chegue ao local de beneficiamento com boa qualidade.

    3.1. Quebra e seleo primria

    Especificamente para a castanha-do-brasil a primeira atividade da ps-coleta passa

    necessariamente por um pr-beneficiamento, feito ainda dentro da rea de manejo, ou seja, na

    floresta. Essa atividade conhecida como quebra e amontoa que consiste na quebra dos frutos

    (ourios) com uso de terado para retirada das castanhas. Quando estes frutos, por alguma

    razo, no sero transportados da floresta so amontoados e quebrados posteriormente.

    Diretrizes tcnicas para Quebra e seleo primria

    3.1.1. Quebrar apenas os frutos cujas castanhas sero transportadas no mesmo dia;

    3.1.2. Utilizar equipamentos (terado, faco, cestos, sacos, cepos, etc) limpos e apenas para esta atividade;

    3.1.3. Realizar a primeira seleo mantendo apenas as castanhas sadias, ou seja, retirar as quebradas, chochas, podres e outras impurezas, assim como o umbigo.

    Recomendao tcnica 1: Em reas de manejo de difcil acesso ou distante da

    comunidade pode-se fazer um pr-armazenamento em estruturas semelhantes aos jirais,

    mas com cobertura. Entretanto, este armazenamento deve ser feito no menor tempo

    possvel;

    Recomendao tcnica 2: Utilizar paneiros ou sacos de nylon ou estopa em boas

    condies de limpeza e de preferncia que sejam novos;

    Recomendao tcnica 3: Para as regies onde feita a lavagem das castanhas para a

    realizao da primeira seleo necessrio seguir todas as orientaes quanto pr-

    secagem.

  • 28

    Lavagem da castanha

    A lavagem da castanha pode ser considerada um processo eficiente para a seleo das

    castanhas, pois facilita a eliminao daquelas podres, vazias e chochas alm de

    impurezas que flutuam na gua. Porm, esta prtica s ser benfica se a secagem for

    imediata, caso contrrio melhor no lavar as castanhas.

    Recomendaes para lavagem

    A lavagem deve ser realizada com auxlio de caixas plsticas de cor clara a fim de

    facilitar a deteco das sujidades e higienizao posterior. Preencher as caixas com

    castanha, fazer imerso em gua corrente movimentando rapidamente a caixa para

    arraste das impurezas. Escorrer bem a gua e distribuir as castanhas no local de

    secagem ou pr-secagem, que deve ser localizado o mais prximo possvel. Aps a

    lavagem, se as castanhas no forem secas, a umidade pode facilitar a proliferao de

    fungos e aumentar a porcentagem de perdas.

    3.2. Pr-Secagem

    A pr-secagem uma etapa que ocorre aps a quebra e a primeira seleo das castanhas. Essa

    etapa considerada fundamental tanto para as regies em que no feita a lavagem das

    sementes como primeira seleo (como no caso do Acre) como para as regies onde a lavagem

    feita (Amazonas, Par e Amap).

  • 29

    Diretrizes tcnicas para Pr-secagem

    3.2.1. Deve ser realizada ainda na rea do produtor, a fim de se reduzir o risco de apodrecimento por excesso de umidade;

    3.2.2. Deve ocorrer em estrutura adequada (armazm ou paiol) e ter acesso restrito (escada removvel, local para fechamento com cadeados ou chaves);

    3.2.3. Deve ser feita em superfcie limpa (na estrutura citada no item anterior), onde as castanhas sero dispostas em camadas de 20 cm e revolvidas a cada dois (02)

    dias, fazendo uma segunda seleo das castanhas, com a retirada de castanhas

    estragadas e cortadas, alm de outras impurezas;

    3.2.4. Nos locais onde a prtica da lavagem das castanhas realizada, a pr-secagem deve ser imediata e mais intensa. A camada de castanhas deve ser menor que 20

    cm de altura e o revolvimento deve ser dirio.

    Recomendao tcnica: As castanhas no devem ser ensacadas antes da pr-secagem,

    ou seja, devem ser retiradas do paneiro ou saco utilizado para transportar da floresta at

    o local de pr-secagem, logo aps a chegada da floresta.

    3.3. Armazenamento primrio

    Diferentes tcnicas podem ser apresentadas para o armazenamento dos PFNM, mas todos

    necessitam de um local adequado e de boas condies de armazenagem com o intuito de

    assegurar a qualidade do produto final.

    O armazenamento considerado a etapa mais importante para a qualidade da castanha e para

    evitar a problemtica contaminao das amndoas por fungos. Quando as castanhas chegam da

    floresta devem passar por um processo de secagem antes de serem armazenadas e devem

    permanecer a granel, sem ensacar, para evitar a umidade e conseguinte contaminao fngica.

  • 30

    Diretrizes tcnicas para Armazenamento primrio

    3.3.1. Aps a pr-secagem, as castanhas devem ser armazenadas em lugar arejado,

    longe do contato com o solo e com revolvimento peridico. Pode ser no prprio

    armazm ou paiol utilizado na pr-secagem, porm com separao de ambientes;

    3.3.2. Armazenar as castanhas a granel dispostas em camadas, ensacando apenas em

    data prxima ao embarque para escoamento da rea produtiva, preferencialmente em

    sacos novos ou limpos e em boas condies;

    3.3.3. Aps o ensacamento, identificar os sacos quanto origem, mantendo-os com

    espaamento entre pilhas de no mnimo 15 cm e com pilhas de no mximo cinco (05)

    sacos, a fim de favorecer a ventilao entre os sacos.

    Caractersticas do armazm ou paiol: Construir o armazm ou paiol com altura

    mnima de 80 cm do solo, em estrutura que permita boa aerao interna, com meia

    parede de tela, escada removvel e cones invertidos nas bases para evitar a entrada de

    roedores.

    3.4. Transporte

    Esse transporte refere-se aquele que feito da floresta para a casa do extrativista ou paiol

    (familiar ou comunitrio) e feito utilizando paneiros ou sacos de rfia. Estes devem estar

    limpos.

    Diretriz tcnica para Transporte

    3.4.1. Todas as etapas de transporte devem ser realizadas utilizando recipientes limpos

    e que permitam boa aerao (sacos com malhas adequadas e ou paneiros), protegidas

    contra a umidade e sujidades; e separado de outros produtos para evitar contaminaes.

  • 31

    Instruo Normativa n. 11 de 23 de maro de 2010 do MAPA

    Segundo o Art. 72, da IN 11/2010, que trata do armazenamento, as MPRCA/MHMs4

    devem ser aplicadas conforme a seguir:

    I - ensacadas: as castanhas armazenadas em sacos devem ter aerao adequada,

    proteo contra roedores, empilhamento do produto sobre estrados, espaamento

    adequado entre as pilhas e destas em relao s paredes, permitindo boa ventilao,

    identificando os lotes de diferentes locais.

    II - a granel: as castanhas armazenadas a granel devem estar protegidas contra roedores

    e serem dispostas de forma a permitir o revolvimento para uma boa aerao, bem como

    a identificao da origem. Caso essas castanhas sejam ensacadas para o transporte, que

    seja prximo da data do embarque, preferencialmente em sacos novos ou em boas

    condies.

    Segundo o Art. 73 que trata do transporte devem ser atendidas as condies adequadas

    de higiene, de proteo contra umidade e sujidades, como tambm as castanhas devem

    ser separadas de outras mercadorias, conforme as MPRCA/MHMs.

    4 MPRCA: Medidas para Preveno e Reduo da Contaminao por Aflatoxinas segundo o Cdigo de

    Prticas estabelecido no mbito do Codex Alimentarius - CAC/RCP 59-2005, Rev. 1-2005, e

    atualizaes; MHM: Medidas de Higiene e Manejo (MHM) baseadas em prticas bsicas destinadas aos

    integrantes da cadeia produtiva da castanha-do-brasil, visando atender os princpios de Boas Prticas

    Agrcolas (BPA) e de Procedimentos Padronizados de Higiene Operacional (PPHO).

  • 32

    Etapa IV. Manuteno e Monitoramento

    Os tratos silviculturais podem representar aumento da produo para muitas espcies e at

    mesmo a conservao da espcie e manuteno da floresta.

    O monitoramento uma atividade importante para que se possa acompanhar o crescimento e o

    recrutamento de novos indivduos produtivos. uma etapa que pode ser realizado pelos

    produtores como forma de acompanhar e planejar sua coleta e no deve ter rigor cientifico ou

    tcnico de coleta. As informaes a serem registradas devem ser aquelas importantes para o

    extrativista. Possibilitando que o mesmo conhea seu castanhal e registre sua produo ano a

    ano e o que acontece na sua rea de coleta.

    4.1. Tratamentos silviculturais e manuteno do castanhal

    A abertura de estradas (caminhos) de acesso ou manuteno dos existentes representa reduo

    de custos e dos impactos a vegetao causada pela atividade.

    Ao se aproveitar os caminhos existentes mantendo os mesmos abertos e limpos, sero

    facilitados: o acesso rea para a coleta, a proteo e manuteno da floresta e as atividades de

    monitoramento da produo.

    No caso de se identificar necessidade de realizar enriquecimentos como forma de aumentar a

    populao de castanheiras recomendvel realizar o enriquecimento em reas de clareiras

    devido boa resposta da espcie em termos de crescimento (PAIVA, et al. 2008).

    Para a produo de mudas de castanha recomendvel passar por um processo de rompimento

    mecnico do tegumento das sementes, que no deve provocar danos ao embrio. H estudos que

    indicam os procedimentos necessrios para preparo das sementes e produo de mudas

    (LOCATELLI, et al, 2005; MULLER, et al, 1995).

  • 33

    Diretrizes tcnicas para Tratamentos silviculturais e manuteno do castanhal

    4.1.1. Realizar o corte de cips em castanheiras que apresentem copa muito infestada e comprometida;

    4.1.2. Manter as trilhas ou caminhos de acesso livres de impedimentos, evitando abertura de novos caminhos e considerando as prticas tradicionais locais para

    abertura e limpeza;

    4.1.3. No utilizar fogo para limpeza do castanhal. Recomendao tcnica 1: O corte de cips deve ser feito tambm em castanheiras jovens que

    ainda no produzem frutos. O objetivo do corte de cips liberar as plantas jovens para que

    cresam e se desenvolvam sem impedimentos e para as rvores produtivas favorecer a

    produo uma vez que o lanamento de folhas novas est diretamente relacionado com a

    florao e conseqentemente a produo de frutos. Dessa forma, no se recomenda o corte de

    cips se no for para esses dois objetivos.

    Recomendao tcnica 2: recomendvel o plantio de mudas de castanheira como forma de

    enriquecimento do castanhal, no entanto preciso considerar a qualidade da muda por meio do

    conhecimento das rvores matrizes.

    O Plantio de Mudas

    O Plantio de mudas a partir de sementes de origem conhecida ou enxertos uma

    estratgia para aumentar a densidade de rvores no castanhal e com isso favorecer a

    produo de frutos no futuro.

    Estudos tm mostrado que uma pequena poro de rvores do castanhal responsvel

    pela maior parte da produo, isto indica que a maioria das arvores so pouco

    produtivas. Desta forma, no recomendado utilizar qualquer semente para a produo

    de mudas destinadas a plantios que visem aumentar a produtividade de frutos.

    A coleta de sementes deve ser feita em no mnimo 20 rvores bem produtivas (mais de

    cinco latas) e com caractersticas desejveis como, por exemplo, frutos fceis de

    quebrar.

  • 34

    4.2. Monitoramento da produo

    A regenerao natural e a produtividade do castanhal devem ser acompanhadas durante as

    atividades realizadas na floresta ao longo do ano pelo extrativista, com a anotao em cadernos

    ou fichas de campo, com o aparecimento de mudas, plntulas e varetas.

    Diretrizes tcnicas para Monitoramento da produo

    4.2.1. Anotar a cada safra o nmero de rvores realmente coletadas e a quantidade de

    castanha produzida;

    4.2.2. Sempre que possvel o produtor deve fazer anotaes sobre eventos que possam

    afetar a manuteno (regenerao e queda de rvores/copa) e a produtividade do

    castanhal.

    Recomendao tcnica: quando possvel o produtor deve anotar a produo por

    rvore visitada.

    Observao: A unidade de medida deve ser a utilizada na regio - quilo, hectolitro,

    saca.

  • 35

    8. Bibliografia consultada

    ALECHANDRE da Rocha, A. ANLISE DOTRANSECTO-TRILHA: Uma Abordagem

    Rpida e de Baixo Custo para Avaliar Espcies Vegetais em Florestas Tropicais.

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    e comercializao da castanha-do-brasil: Capacitao e intercmbio de experincias entre os

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    MAUS, M. M. 2002. Reproductive phenology and pollination of the brazil nut tree

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    Ministrio do Meio Ambiente. Projeto de manejo florestal sustentvel no madeireiro da

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    SOUZA, A. D.; MACHADO, F.S. Relatrio Tcnico de Consultoria. Abordagem gradual da

    legislao para manejo florestal em situaes de insuficincia legal normativa. Foco tcnico:

    Produtos Florestais No Madeireiros. Novembro, 2009. DFC Florestas Comunitrias. Documento

    Interno. Diretoria de Florestas, Ministrio do Meio Ambiente, Braslia:2009.

    SOUZA, I.V. de. Cadeia produtiva de castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) no Mato

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    Federal de Mato Grosso/ Universidade Federal de Gois. Campo Grande/Braslia/ Goinia, 2006.

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    VIEIRA, A. H.; BENTES-GAMA, M. de M.; LOCATELLI, M.; OLIVEIRA, A.C.de. Fenologia

    reprodutiva de castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa Humb. Bompl.), em Porto Velho, RO.

    2009. Porto Velho, RO: Embrapa Rondnia. 13 P. (Boletim de Pesquisa e

    Desenvolvimento/Embrapa Rondnia, 1677-8618; 61).

  • 38

    WADT, L.H. de O.; KAINER, K.A.; GOMES-SILVA, D.A.P. Population structure and nut yield

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    WHO-WORLD HEALTH ORGANIZATION. News: Applying best practices to make

    programmes work. Bull. WHO, v.84, n.8, p.594-6, 2006.

    ZUIDEMA, P.A. Ecologa y manejo del rbol de castaa (Bertholletia excelsa). 2003.

    (PROMAB. Serie cientfica n.6).

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    bolivian amazon: Impacto of seed extraction on recruitment and population dynamics. Journal

    of Tropical Ecology, v.18, n.1, p.1-31, 2002.

  • 39

    9. Colaboradores do processo de discusso e consolidao das diretrizes e recomendaes

    tcnicas para boas prticas de manejo para o extrativismo sustentvel orgnico da castanha-

    do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.)

    Cristina Galvo Alves Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (CENAFLOR/SFB)

    Fabrcio Nascimento Ferreira Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Par

    (IDEFLOR/PA)

    Htel Leepkaln dos Santos Diretoria de Extrativismo (DEX/SEDR/MMA)

    Iranildo C. Siqueira Secretaria Executiva de Florestas e Extrativismo (SEAFE/SDS/AM)

    Ktia Gonalves Diretoria de Florestas (DFLOR/SBF/MMA)

    Kelceane Azevedo Centro dos Trabalhadores da Amaznia (CTA/AC)

    Kleber Perotes EMATER/PA

    Lcia Helena O. Wadt Embrapa Acre (Projeto Kamukaia)/AC

    Nadiele Pacheco Instituto de Desenvolvimento Agropecurio e Florestal do Estado do Amazonas

    (IDAM/AM)

    Patrcia de Oliveira Leite COOPERAGREPA/Mato Grosso

    Roco Chacchi Ruiz Plano Nacional de Produtos da Sociobiodiversidade (MDA)

    Rodolfo Constantino Gerncia de Florestas Comunitrias/ Servio Florestal Brasileiro

    Sandra Afonso Gerncia de Florestas Comunitrias/ Servio Florestal Brasileiro

    Sidney Ramos Gerncia de Monitoramento/Servio Florestal Brasileiro

    Virgnia de Souza lvares Embrapa Acre (Projeto Kamukaia)/AC

    Contribuio e Reviso Tcnica

    Cristina Galvo Alves (SFB)

    Lcia Helena O. Wadt (EMBRAPA ACRE)

    Nadiele Pacheco (IDAM)

    Virgnia de Souza Alvares (EMBRAPA ACRE)

    Facilitao da Oficina

    Luciana Rocha GTZ/MMA

    Reviso do contedo do Documento Base

    Anna Fanzeres (SFB)

    Cristina Galvo Alves (SFB)

    Luciana Rocha (GTZ/MMA)

  • 40

    9. ANEXOS

  • ANEXO I - Exemplo de ficha de campo

    Local: ________________________ Produtor:_______________________________________

    Responsvel pela coleta dos dados:_______________________ Data: ____/____/_____

    rea do castanhal (ha): ___________________________

    Identidade Posio

    CAP J

    Produz? Copa*

    Prod.

    estimada Obs

    Leste Oeste

    B Q R

    * B = boa; Q = quebrada; R = ruim

    Ilustraes sobre o estado da copa das castanheiras

  • ANEXO 2 Lista dos participantes da Oficina de consolidao das boas prticas de manejo

    florestal no madeireiro da castanha-do-brasil (realizada em Braslia, de 25 a 27 de agosto de

    2010).

    Nome Instituio Email

    Kleber Perotes Emater PA [email protected]

    Virginia de Souza Alvares Projeto Kamukaia -

    Embrapa Acre

    [email protected]

    Iranildo C. Siqueira SDS/AM [email protected]

    Fabricio Ferreira IDEFLOR/PA [email protected]

    Nadiele Pacheco IDAM/AM [email protected]

    Lucia Helena O. Wadt Projeto Kamukaia -

    Embrapa Acre

    [email protected]

    Patrcia de O. Leite Cooperagrepa/MT [email protected]

    Rocio Ruiz PNPSB/MDA [email protected]

    Rodolfo Constantino SFB [email protected]

    Cristina Galvo Alves CENAFLOR/SFB [email protected]

    Htel Santos DEX/SEDR/MMA [email protected]

    Sandra Afonso GEFLOC/SFB [email protected]

    Ktia Gonalves DFLOR/SBF/MMA [email protected]

    Sidney Ramos SFB [email protected]

    Julio Roma IPEA [email protected]

    Kelceane Azevedo CTA [email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]

  • ANEXO 3 Programao da Oficina para consolidao das boas prticas de manejo

    florestal no madeireiro da castanha-do-Brasil

    1. Objetivo Geral: Consolidar um protocolo contendo diretrizes tcnicas para boas prticas de

    manejo florestal da castanha-do-Brasil em conjunto com pesquisadores da Embrapa (Rede Kamukaia),

    instituies de fomento e apoio ao manejo florestal no madeireiro, alm de representantes de

    organizaes produtivas.

    2. Objetivos Especficos:

    Discutir e descrever de forma consensual requisitos tcnicos que orientem cada etapa do

    manejo florestal da espcie

    Consolidar e validar um conjunto de diretrizes tcnicas e recomendaes para a etapa do

    manejo florestal da espcie

    3. Nmero de Participantes: aproximadamente 22 pessoas

    4. Pblico Alvo: Pesquisadores da EMBRAPA (Projeto Kamukaia), agentes governamentais

    estaduais e federais, representantes das organizaes produtivas

    Embrapa Rede Kamukaia

    SDS/AM

    IDAM/SDS/AM

    IDEFLOR/PA

    SFB

    MMA DFLOR/SBF e DEX/SEDR

    MAPA COAGRE

    MDA SAF

    IBAMA SEDE DBFLOR

    Conselho Nacional dos Extrativistas

    (CNS)

    CTA Acre

    COVEMA

    COOPERAGREPA

    PNUD MT

    EMATER Par

    5. Perodo: 25 a 27 de agosto de 2010

    6. Local: Auditrio 2 do IBAMA SEDE, SCEN TRECHO 2, Braslia-DF

  • 7. Programao

    Dia do

    Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia

    25 de

    Agosto Manh

    Abertura

    09:00 -

    09:45

    Boas vindas feita pelos

    representantes das instituies

    parceiras

    Jorge Ricardo Gonalves

    (COAGRE/MAPA);

    Claudia Calorio

    (DEX/MMA); Hlio

    Pereira (DFLOR/MMA);

    Tatiana Deane

    (EMBRAPA); Hlio

    Pontes ((SFB)

    Cada representante comenta

    brevemente a insero e

    importncia da temtica no

    contexto institucional

    Apresentao dos participantes Conduo feita pelo

    Moderador

    Apresentao: nome e

    instituio que representa

    09:45 -

    10:00 Apresentao da pauta

    Conduo feita pelo

    Moderador

    Instrues gerais sobre

    desenvolvimento dos trabalhos,

    horrios, local de almoo e

    regras de convivncia

    Intervalo 10:00 -

    10:15

  • Dia do

    Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia

    Seleo das

    espcies

    prioritrias para

    estabelecimento

    de diretrizes

    tcnicas de

    manejo

    10:20 -

    10:35

    Sntese da metodologia adotada

    para seleo das espcies Sandra Costa (COAGRE) Apresentao de 15 minutos

    Apresentao do

    Documento

    Base para

    castanha

    10:35 -

    11:00

    Proposta de diretrizes tcnicas para

    o manejo florestal da castanha Sandra Costa (COAGRE)

    Apresentao de 15 minutos e

    abertura para perguntas e

    respostas

    Apresentao da

    metodologia a

    ser utilizada para

    consolidao das

    diretrizes

    tcnicas

    11:00 -

    12:00

    Dinmica da oficina e o passo a

    passo para cada etapa do manejo da

    castanha

    Moderador

    Explicao de como sero

    conduzidos os trabalhos da

    Oficina em 30 minutos e

    abertura para perguntas e

    respostas

    Almoo 12:00 -

    14:00

  • Dia do

    Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia

    Tarde

    Diretrizes

    Tcnicas para

    Primeira Etapa:

    Pr-Coleta

    14:00 -

    16:00

    Trabalhos em Grupo: Conjunto de

    diretrizes tcnicas propostas para

    Primeira Etapa: Pr-Coleta

    Moderador+apoio

    Cada grupo roda por cada

    atividade (descrita em painis)

    da Etapa Pr-Coleta fazendo

    suas contribuies e

    recomendaes

    Intervalo 16:00 -

    16:15

    Continua

    trabalhos em

    Grupos para Pr-

    Coleta

    16:20 -

    17:20

    Diretrizes Tcnicas para Primeira

    Etapa: Pr-Coleta Moderador+apoio

    Cada grupo roda por cada

    atividade (descrita em painis)

    da Etapa Pr-Coleta fazendo

    suas contribuies e

    recomendaes

    Encerramento do

    dia 18:00 Encerramento do dia Moderador

    26 de

    Agosto Manh

    Diretrizes

    Tcnicas para

    Segunda Etapa:

    Coleta

    8:30 -

    11:30

    Diretrizes Tcnicas para Segunda

    Etapa: Coleta Moderador

    Cada grupo roda por cada

    atividade (descrita em painis)

    da Etapa Coleta fazendo suas

    contribuies e recomendaes

    Intervalo 10:30 -

    10:45

  • Dia do

    Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia

    Continua

    trabalhos em

    Grupos para

    Coleta

    10:45

    11:30

    Diretrizes Tcnicas para Segunda

    Etapa: Coleta Moderador+apoio

    Cada grupo roda por cada

    atividade (descrita em painis)

    da Etapa Coleta fazendo suas

    contribuies e recomendaes

    Almoo 12:00 -

    14:00

    Tarde

    Diretrizes

    Tcnicas para

    Terceira Etapa:

    Ps- Coleta

    14:00 -

    16:30

    Diretrizes Tcnicas para Terceira

    Etapa: Ps-Coleta Moderador

    Cada grupo roda por cada

    atividade (descrita em painis)

    da Etapa Ps-Coleta fazendo

    suas contribuies e

    recomendaes

    Intervalo 16:30 -

    16:45

    26 de

    Agosto Tarde

    Continua

    trabalhos em

    Grupos para

    Ps-Coleta

    16:45 -

    17:30

    Diretrizes Tcnicas para Terceira

    Etapa: Ps-Coleta

    Moderador Cada grupo roda por cada

    atividade (descrita em painis)

    da Etapa Ps-Coleta fazendo

    suas contribuies e

    recomendaes

    Encerramento do

    dia 18:00

  • Dia do

    Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia

    27 de

    Agosto

    Manh

    Diretrizes

    Tcnicas para as

    Etapas Tratos

    Silviculturais e

    Monitoramento

    8:30 - 9:30

    Diretrizes Tcnicas para Etapas

    Tratos Silviculturais e

    Monitoramento

    Moderador + Sandra

    Cada grupo roda por cada

    atividade (descrita em painis)

    das Etapas Tratos Silviculturais

    e Monitoramento fazendo suas

    contribuies e recomendaes

    Intervalo 09:30 -

    09:45

    Consolidao

    das Diretrizes

    Tcnicas para

    cada etapa do

    manejo

    09:45

    11:30

    Sntese de todas as diretrizes

    tcnicas de cada etapa para

    consolidao em plenria

    Moderador + Sandra

    Almoo 12:00 -

    14:00

    Tarde

    Continua.... 14:00 -

    16:00 Sntese Moderador + Sandra

    Avaliao e

    Encerramento

    da Oficina

    17:00

  • 8. Metodologia

    A metodologia a ser utilizada durante a oficina contempla:

    Apresentao dos participantes: cada participante informa seu nome, a instituio de

    origem, sua rea de atuao;

    Apresentao da programao/Informao sobre a pauta da oficina: sero

    apresentados os objetivos da oficina e os resultados esperados. Ser explicado o roteiro

    metodolgico, detalhando cada uma das etapas a serem realizadas. Sero apresentados

    tambm os horrios e as regras de convivncia.

    9. Avaliao

    O processo de avaliao desta oficina abordar to somente um aspecto, o da relevncia dos

    resultados alcanados. Esta avaliao ser feita ao final da oficina.

    10. Material a ser distribudo

    Documento base contendo o conjunto de diretrizes tcnicas propostas para o manejo florestal no

    madeireiro da castanha-do-brasil