sonhos tropicais: cinema do espaço e livro do tempo · análise é demonstrar que o cinema tem uma...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO ARTES E LETRAS
Telefone da Diretoria 3410-2010 – Rodovia Dourados-Itaum, Km 12
01) IDENTIFICAÇÃO DO (A) ORIENTADOR (A)
PAULO CUSTÓDIO DE OLIVEIRA
02) IDENTIFICAÇÃO DO ORIENTANDO
JULIANE SANTANA LOPES
03) TÍTULO DO PLANO DE TRABALHO
Sonhos tropicais: cinema do espaço e livro do tempo
04) RESUMO DO PLANO DE TRABALHO
Este trabalho analisará a adaptação cinematográfica do livro Sonhos tropicais de Moacyr
Scliar, décimo segundo livro do médico-escritor, publicado em 1992. O filme, que possui o
mesmo nome, é dirigido por Andre Sturm tendo sido rodado em 2002.O objetivo final da
análise é demonstrar que o Cinema tem uma maneira específica de representar o espaço: o
brilhantismo das imagens fornece uma retomada automática de visitação ao passado. Ao
passo que o livro procurou lidar com o tempo de forma a abstraí-lo das experiências
imediatas, ou seja, a história se tona um suporte para uma revisitação: pelo narrador a
conhecemos, por meio dele é que se percebe a ruptura com a linearidade, posto que ele está no
presente, suas lembranças é constituem o tempo.
A análise, portanto, toma a relação entre as duas obras a partir de uma estrutura quiasmática:
O perscrutamento do tempo negado no filme equivale à busca dele no romance; de igual
maneira, a imagética fugaz da realidade do livro é representada pelo suporte visual requintado
do filme. Vale dizer, pois, que as obras são muito diferentes. Não se pode fidelidade de
conteúdo da adaptação. Não é esse o seu movimento fundamental. Cada mídia tem suas
especificidades, os instrumentos de cada uma fornecem formas condizentes com o veículo que
as suportam – ou seja, a narrativa literária suporta uma temporalidade fragmentada, ao passo
que a obra fílmica está atenta às imagens, aos sons, às personagens “reais”, que, se de um lado
estão articuladas em torno de uma linearidade temporal, por outro rompem com a realidade na
medida em que transportam a assistência para um tempo e um espaço distintos do agora.A
situação é bem descrita no livro Uma Teoria da Adaptação (2013) onde Linda Hutcheon
defende que o filme é uma arte do espaço e o livro uma arte no tempo (porém, a autora
salienta que o filme possui as artimanhas de representar o tempo como as técnicas de
flashback e voice over).
05) JUSTIFICATIVA
Na esteira das reflexões do Grupo de Estudos InterArtes, o presente trabalho intenta
demonstrar que a imagem não é uma contemplação plácida e descompromissada, mas uma
forma de reflexão. O estudo das obras em questão, além de comporem o conjunto de análises
que trazem a narrativa áudio visual para as discussões teóricas, tão necessárias aos saberes
pedagógicos de nosso tempo, configuram um formato de aproximação com o objeto que é
muito inovador. O posicionamento crítico diante da adaptação cobra da análise a resolução de
um dilema: estaríamos diante de uma obra fílmica cuja qualidade estética desenvolve-se em
paralelo à do livro? Ou precisamos atentar para o fato de que a complexidade da narrativa, ao
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ser reduzida ao modelo comercial do filme terminou por diminuir-lhe a qualidade? Ão
perguntas interessantes para o conjunto das reflexões, na medida em que observamos que a
crítica atual, no afã de desenvolver e encorpar o conjunto de reflexões que dê conta da enorme
produção fílmica de nosso tempo, em algumas situações não é muito seletiva, tomando como
progresso qualquer manifestação midiática.
06) OBJETIVOS
O presente trabalho analisará como as grandezas “tempo” e “espaço” são construídas de
forma esteticamente dialógica nas obras que compõem o seu corpus.
07) METODOLOGIA
A metodologia de pesquisa estará centrada no modelo de seminário e/ou colóquio de
orientação, combinando a exposição teórica e a observação e análise de obras de ficção com a
reflexão e o debate de leituras. A apresentação do resultado das pesquisas servirá para
desenvolver a capacidade de investigação individual e o rigor metodológico. A acadêmica
recorrerá a tecnologias e metodologias digitais, incluindo wikis, blogs e outras plataformas
web de edição e colaboração. Da mesma forma que no passado os pesquisadores se valiam
apenas dos livros impressos, ela deverá explorar de forma criativa várias ferramentas digitais.
Isso tem como objetivo fomentar o trabalho em equipe, uma vez que todos os membros do
Grupo de Estudos Interartes ao qual ela pertence poderão se beneficiar das pesquisas por ela
desenvolvidas. Espera-se que, com isso se desenvolva também um forte sentido crítico entre
pares, seja pelas discussões entre si, seja pela análise dos respectivos projetos de investigação,
da produção de comunicações, de artigos, resenhas e resumos.
08) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
elabATIVIDADES
Início: 06/2014 término: 06/2015
MÊS DE EXECUÇÃO
J J A S O N D J F M A M
Elaboração do projeto Iniciação científica.
Leitura e fichamento da obra de Moacyr
Scliar
Assistência e anotações da obra de Andre
Sturm
Leitura e fichamento do livro Uma teoria
da adaptação de Linda Hutcheon
Leitura e fichamento da obra Imagem-
Movimento de Gilles Deleuze
Leitura e fichamento da obra Imagem-
Movimento de Gilles Deleuze
Leitura e fichamento de obras analíticas de
cinema
Montagem da estrutura argumentativa do
artigo
Participação em eventos da área
Escritura do artigo
Participação em eventos da área
Elaboração do texto final e apresentação do
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artigo a revista científica
Preenchimento do relatório final
09) REFERÊNCIAS
BERNARDET, J-C O que é cinema. 14. reimp..São Paulo: Brasiliense, 2004. (coleção
primeiros passos).
CANDIDO, A. et all, A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 1976.
COMPAGNON, A. O autor: In: ___ O demônio da teoria: Literatura e senso comum. Belo
Horizonte: UFMG, 1999.pp 47-96.
DELEUZE, G. A imagem movimento. Traduzido por Stella Senra. São Paulo: Brasiliense,
1985.
___. A imagem tempo. Traduzido por Eloisa de Araújo Ribeiro, São Paulo: Brasiliense 2005.
DINIZ, Thaïs Flores Nogueira; VIEIRA, André Soares (org.). Intermidialidade e estudos
interartes. Desafios da arte contemporânea II. Belo Horizonte: UFMG, 2012a, p. 51-73.
HUTCHEON, L. Uma teoria da adaptação. Traduzido por André Cechinel. 2. ed. –
Florianópolis: Ed. da UFSC, 2013
PLAZA, J. Tradução intersemiótica. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 2010 (Estudos, 93)
ROSENSTONE, R. A. A história nos filmes. In.: _______. A história nos filmes. Os filmes
na história. Traduzido por Marcello Lino. São Paulo: Paz e Terra, 2010. pp. 13 – 25
ROSENSTONE, R. A. Ver o passado. In.: _______. A história nos filmes. Os filmes na
história. Traduzido por Marcello Lino. São Paulo: Paz e Terra, 2010. pp. 27 - 54
SCLIAR, M. Sonhos tropicais. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
STAM, R. Introdução à Teoria do cinema. 5. Ed. Traduzido por Fernando Mascarello.
Campinas/SP: Papirus 2003. (coleção Campo imagético)
VANOYE, F et GOLIOT-LÈTÈ A. Ensaio sobre análise fílmica. Traduzido por Marina
Appenzeller. Campinas: Papirus, 1994.
XAVIER, I. Cinema brasileiro moderno. São Paulo: Paz e Terra, 2001. (coleção leitura)
REFERÊNCIA FÍLMICA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO ARTES E LETRAS
Telefone da Diretoria 3410-2010 – Rodovia Dourados-Itaum, Km 12
Sonhos tropicais. Direção de André Sturm. Roteiro de André Sturm, Fernando Bonassi,
Victor Navas. Elenco: Carolina Kasting, Bruno Giordano, Lu Grimaldi, Flávio Galvão, Celso
Frateschi, Ingra Liberato. 120 min. 2002.
Dourados, 03 de junho de 2015.
Juliane Santana Lopes
Paulo Custódio de Oliveira