solução educacional para o ensino...

educacional para o ensino médio

1 vo

lu

me

solução

coleção azul - resumo executivo.indd 1 28/11/12 14:21

solução educacional para o ensino médio

1 vo

lu

me

uma parceria entre a Secretaria de estado de educação do Rio de Janeiro e o Instituto Ayrton Senna

conc

eitos

Setembro de 2012


4

F I C H A T É C N I C A

Instituto Ayrton Senna

presidente Viviane Senna

equipe responsável pelo projetoAdriana MartinelliInês KisilMaria Regina BaroniMônica PellegriniNilcea LopesSimone André

especialistas Linguagens Jaqueline Peixoto Barbosa (coordenadora), Isabel Filgueiras, Magda Massunaga, Maria Lívia de Castro Andrade, Marisa Balthasar, Paula Korsakas, Paulo Emilio de Castro Andrade e Shirley Goulart de Oliveira Garcia Jurado

Matemática e Ciências da Natureza Maria Ignez Diniz (coordenadora), Katia Stocco Smole, Ana Maria de Souza, Vera Rita da Costa, Rodrigo Machiori Liegel, Heliete Meira Coelho Arruda Aragão, Pedro Henrique Arruda Aragão

Ciências Humanas Paulo Jorge Storace Rota (coordenador), Conceição Cabrini, Henrique Delboni, Paulo Edson de Oliveira e Paulo Crispim

Projetos e Protagonismo Juvenil Maria Lívia de Castro Andrade e Paulo Emílio de Castro Andrade

Tecnologia Educacional Alex Gomes

Gestão Educacional Teresa Jussara Luporini

texto Inês KisilMaria Regina BaroniSimone André Equipe de especialistas

edição Lélia Maria Chacon do Amaral Lyra

projeto gráfico e diagramação

107artedesign


5

C R É D I T O S

Instituto Ayrton SennaOrganização sem fins lucrativos dedicada à pesquisa e à produção de conhecimento para melhorar a qualidade da educação pública. Desenvolve soluções em larga escala, com foco em gestão educacional e educação integral, a partir da aplicação do conhecimento construído com a participação ativa de entidades congêneres, especialistas e redes

de ensino parceiras.

Especialistas Coordenadores Alex Sandro Gomes, engenheiro eletrônico e mestre em Psicologia Cognitiva pela UFPE, doutor em Ciências da Educação pela Université de Paris V (René Descartes), é professor da UFPE, bolsista do CNPq em Produtividade Desen. Tec. e Extensão Inovadora 2, membro da Academia Pernambucana de Ciências, coordenador do Projeto Amadeus e colaborador na inovação da plataforma Redu (www.redu.com.br).

Jaqueline Peixoto Barbosa, mestre e doutora em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas pela PUC-SP, é professora da PUC/SP, consultora de Língua Portuguesa na educação básica, coordenadora de programas de formação continuada para professores, parecerista dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Fundamental (SEF/MEC), das Orientações Curriculares Nacionais para Ensino Médio e de edições do PNLD (SEF/FAE/MEC), além de coordenadora e autora de obras paradidáticas em coleções como Trabalhando com os Gêneros do Discurso e Cadernos de Apoio e Aprendizagem de Língua Portuguesa.

Maria Ignez de Souza Vieira Diniz, é professora doutora em Matemática pelo Instituto de Matemática e Estatística da USP, coautora dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio – SEMTEC/MEC e coordenadora do grupo de formação e pesquisa Mathema.

Maria Lívia de Castro Andrade, graduada em Belas Artes e Artes Gráficas e especialista em Pesquisa e Ensino no Campo das Artes Plásticas pela Escola Guignard/UEMG, é consultora do IAS, diretora do Centro Cultural Maria Lívia de Castro e associada à ONG Humbiumbi - Arte, Cultura e Educação.

Paulo Emílio de Castro Andrade, jornalista pela UNIBH, mestre em Educação pela UFMG e especialista em Educação, Comunicação e Tecnologia pela UEMG, é consultor do IAS, diretor do Centro Cultural Maria Lívia de Castro, diretor de metodologia e pesquisa da Associação Imagem Comunitária e membro da ONG Humbiumbi – Arte, Cultura e Educação.

Paulo Jorge Storace Rota, bacharel e licen-ciado em História pela PUC/SP, pós-graduado em Antropologia Social pela USP e em Admi-nistração Escolar e Coordenação Pedagógica pela Universidade Veiga de Almeida, é autor de livros e coleções didáticas de História e Geografia para a educação básica e coordena-dor geral do Ensino Médio da Escola Viva, em São Paulo. Teresa Jussara Luporini, pedagoga e historiadora,mestre em Educação pela PUC/SP e doutora pela Unicamp, especialista em Metodologia do Ensino Superior pela UEPG, é membro dos Conselhos Estaduais de Educação e de Cultura do Estado do Paraná, assessora de gestão educacional na Secretaria Municipal de Educação de Ponta Grossa-PR e coordena-dora do Programa Gestão Nota 10/ IAS.


6

índice

A P R E S E N T A Ç Ã O

R E S U M O E X E C U T I V O

I – Introdução

II – Princípio educativo

III – Dispositivos integradores

IV – Marcos legais e conceituais

V – Estrutura e organização curricular

VI – Metodologias integradoras

VII – Avaliação

VIII – Formação de professores e gestores

A N E X O S

Matriz de Competências para o Século 21

Matriz Curricular da Escola Chico Anysio

07

13

13

13

14

15

16

19

20

21

23

24

25


70

apre

sent

ação

O Projeto Solução Educacional para o Ensino Médio é uma contribuição

do Instituto Ayrton Senna (IAS) à Secretaria de Estado de Educação do

Rio Janeiro (SEEDUC) que, em março de 2012, nos lançou ao desafio de

encontrarmos, juntos, um modelo de escola que responda, em escala, à

educação para o século 21.

A proposta tem como pressuposto conciliar uma dupla necessidade: superar

as condições educacionais que impedem o estudante de concluir os estudos

com os conhecimentos essenciais previstos na legislação brasileira e criar

oportunidades educativas que ofereçam a esse jovem as competências, ati-

tudes e valores considerados, hoje, indispensáveis ao trabalho, ao convívio, ao

aprendizado permanente, à participação nas questões que afetam sua vida

e a sociedade, levando-o, sobretudo, a desenvolver a autonomia necessária à

realização de projetos de vida.

Cenário positivoO Rio de Janeiro vem se aproximando desses objetivos nos últimos anos com

investimentos em gestão educacional e com o Programa Dupla Escola (que

acresce, à formação geral para o ensino médio, diferenciais de educação in-

tegral ou profissionalizante). Os resultados já impactaram a qualidade da rede

estadual de ensino. De 2009 a 2011, no ranking dos estados brasileiros que

obtiveram melhoras, as conquistadas pelo ensino médio do Rio de Janeiro o

colocaram na segunda posição de importância e, no ensino fundamental, o

Estado ficou em terceiro lugar. A redução na evasão escolar e o aumento no

rendimento dos alunos foram as principais conquistas.


8

É a esse cenário positivo que a SEEDUC-RJ e o Instituto Ayrton Senna se propõem a

agregar mais valor e alcance. Primeiro, ao buscar uma solução que dá tratamento

integrador ao currículo escolar, baseando-se no conceito de educação plena, ou

integral, que prevê o desenvolvimento de competências cognitivas (apreensão

de conhecimentos) e não-cognitivas (atributos comportamentais). Segundo, ao

desenhar esta solução de modo que possa ser adotada em larga escala, ou seja,

ser estendida a todas as unidades de ensino médio da rede pública.

Proposta curricularNossa proposta será aplicada experimentalmente na Escola Estadual Chico Anysio,

a ser inaugurada em 2013 com os recursos necessários a uma reestrutura-

ção curricular do ensino médio em jornada ampliada e com foco na formação

geral, não-profissionalizante. A dimensão do trabalho será uma dentre as que

compõem o currículo e pensada como o desenvolvimento de uma cultura e de

competências para o exercício de qualquer profissão. Vai-se assim ao encontro

do mais importante dos desafios do ensino médio, profissionalizante ou não, que

é superar a distância entre a escola e os jovens, provocada por uma estrutura

curricular excessiva e fragmentada, que levou a educação juvenil a divorciar-se

do mundo do trabalho e das questões e aspirações dos jovens.1

Acreditamos que o ensino médio precisa ter um valor em si mesmo e fazer

sentido para o estudante a partir da integração disciplinar, da contextualização

1 Segundo estudo da Unesco, “a maioria dos cursos, embora apresentados formalmente como oferta de ensino

médio integrado nos termos do Decreto 5.154/2004, apenas inclui numa só matrícula dois currículos justapostos

e fragmentados em disciplinas isoladas. No ensino médio não-profissionalizante, o currículo, também fragmentado, é

essencialmente orientado para a preparação genérica para processos seletivos do ensino superior. (Ensino Médio

e educação profissional: desafios da integração, 2009.)0


9

dos aprendizados e, em especial, do acolhimento a seus interesses e aspirações.

Entendemos que é esse o caminho capaz de mobilizar o aluno para projetos de

vida consistentes e de capacitá-lo a participar da sociedade de seu tempo, baseada

na economia do conhecimento e da inovação.

Dimensões educativasNessa direção, a reestruturação curricular aqui proposta se desenha nas di-

mensões educativas do trabalho, do convívio e da aprendizagem ao longo da

vida, em torno de uma quarta dimensão central: a formação para a autonomia,

na qual se inserem as questões de identidade e projeto de vida, entendidos no

contexto da educação plena, ou integral, como formulada pelo Instituto Ayrton

Senna em 2011.2

O modelo integra as disciplinas dispondo-as em áreas de conhecimento e em um

núcleo de projetos de pesquisa e de intervenção social, articulando-os por meio

de vários dispositivos integradores, sendo os principais:

n a Matriz de Competências para o Século 21, a ser desenvolvida por todos

na escola e em todas as oportunidades educativas;

n a incorporação da leitura, da escrita e das tecnologias de informação e comu-

nicação às práticas das disciplinas e do núcleo como abordagem transversal;

n a prática de metodologias integradoras que, com base no protagonismo

juvenil, na aprendizagem colaborativa e significativa, na presença pedagógica,

nos projetos, na resolução de problemas, traduzem formas de ensinar comuns

nas aulas, no núcleo e demais espaços curriculares;

2 Por uma educação plena. Documento interno. Instituto Ayrton Senna, 2011. 0


10

n e a gestão integrada no âmbito de cada processo e em seu conjunto, que

propicia, ao envolver o empenho e o desempenho dos diferentes atores, um

ciclo contínuo de diagnóstico, planejamento, execução, avaliação, replaneja-

mento e apropriação dos resultados.

Fontes inspiradorasAo lado da larga experiência do Instituto com soluções educacionais voltadas à

formação de jovens, à educação integral e à gestão educacional, nos apoiamos

para o desenho desta solução educativa em duas principais fontes: na legislação

brasileira, em especial a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e as

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, e no estudo Protótipos

Curriculares de Ensino Médio, realizado pela Unesco.

Esses documentos inspiraram, respectivamente, a integração disciplinar por

áreas de conhecimento e a ideia do núcleo voltado a projetos. Ambos, no entan-

to, ganharam sentido e estratégias peculiares nesta solução, ao se tornarem

espaços para o desenvolvimento das habilidades interdimensionais expressas na

matriz de competências, e ao avançarmos na tradução dessa visão de educação

e juventude nos componentes curriculares do núcleo, no tratamento integrador

dado às metodologias de ensino nas disciplinas e áreas de conhecimento, e no

uso da tecnologia e da lecto-escritura como dispositivos de integração com o

currículo e a vida.

Esses encaminhamentos são essenciais, primeiro, para ajudar professor e aluno

na prática da educação integral (relacionar o que se ensina e aprende na escola

com a vida, os desafios juvenis, o conhecimento acumulado e a transformação


11

da realidade) e, segundo, para acolher a experimentação das novas práticas de

ensino e aprendizagem que desejamos ver implantadas nas escolas que adotarem

essa proposta curricular, dando ênfase:

n ao protagonismo juvenil;

n à capacitação da equipe escolar por meio da formalização de espaços de

aprendizagem e colaboração entre os educadores;

n à construção de sentido à educação, reunindo a comunidade escolar em

torno de princípios, conceitos e práticas comuns;

n ao uso das tecnologias digitais, assim como da leitura e escrita, como dis-

positivos integradores no núcleo e nas áreas de conhecimento;

n à abordagem de questões contemporâneas, trazendo atualidade e contex-

tualização à aprendizagem;

n e à construção da autogestão e dos projetos de vida dos estudantes em

todas as oportunidades educativas.

Ponto de partidaCom a mesma direção integradora, esta solução também abarca o modelo de

gestão, de avaliação e do plano de formação necessários para apoiar a comuni-

dade escolar na reestruturação curricular prevista.

Para esse conjunto de fazeres, o Instituto reuniu alguns de seus melhores profis-

sionais e um time de especialistas que somam talentos e competências em favor

da educação necessária para formar jovens mais aptos a enfrentar os desafios

de seu tempo e de suas existências.


12

É importante alertar, no entanto, que uma tarefa de tal magnitude não permite

respostas únicas e apressadas, situando este documento como ponto de partida

para um longo processo de discussões e ações com a SEEDUC-RJ, que serão

matéria para o aprimoramento contínuo da solução educacional almejada para

o ensino médio.


13

I - IntroduçãoA urgência em transformar e melhorar a educação no Brasil vem fortalecendo

e consolidando nos últimos anos a prática de alianças entre o setor público e o

privado. Nesse cenário se insere o Projeto Solução Educacional para o Ensino

Médio, que o Instituto Ayrton Senna desenvolve em parceria com a Secretaria

de Estado de Educação do Rio de Janeiro.

Nesta aliança, estabelecida em março de 2012, nosso objetivo é construir um

modelo de escola com educação para o século 21: alinhada aos interesses e

anseios do aluno, que atenda às diretrizes da legislação brasileira para o ensino

médio e que propicie ao estudante, por meio de novas e diversificadas oportunida-

des educativas, desenvolver as habilidades exigidas pelo mundo contemporâneo.

Essa solução educativa será implantada experimentalmente na Escola Estadual Chico

Anysio, a ser inaugurada em 2013. A unidade contará com os componentes neces-

sários para apoiar uma reestruturação curricular baseada na educação plena, ou

integral, para um ensino médio de formação geral, não-profissionalizante, em jornada

ampliada e voltado ao desenvolvimento de competências cognitivas e não-cognitivas.

II – Princípio educativoSe a educação pode acontecer de maneira intencional e planejada na escola e

seu propósito é levar o estudante ao sucesso no aprendizado, ao preparo para a

vida profissional e a uma participação ativa e positiva na sociedade em que vive, é

preciso que os sistemas educacionais incorporem a suas práticas e promovam

junto a todos que delas participam o desenvolvimento intencional e planejado das

competências que respondem, hoje, a esses desafios.

resu

mo

exec

utiv

o


14

Trata-se de oferecer uma Educação Plena (ou integral), conhecimento construído

e aplicado pelo Instituto Ayrton Senna e referencial norteador desta solução

que desenhamos, com a SEEDUC-RJ, para a educação juvenil no ensino médio.

A educação plena compreende e integra, no âmbito curricular, pedagógico e de

gestão, o desenvolvimento de competências de caráter cognitivo (conhecer) e

também não-cognitivo (ser, conviver e fazer).3 O principal eixo é a formação da

autonomia, condição essencial para a construção da identidade, o desenvolvimento

de projetos de vida, a inserção social e produtiva e o aprendizado ao longo da vida.

Busca-se nesta proposta, em síntese, o desenvolvimento pleno dos alunos e dos

educadores nas dimensões que lhes dão expressão e identidade: a do trabalho

(fazer), das relações (conviver), da aprendizagem ao longo da vida (conhecer) e

da autonomia (ser).

III – Dispositivos integradores

A Matriz de Competências para o Século 21 e um modelo de Gestão Integrada são

os principais norteadores do currículo integrado proposto nesta solução educativa.

A matriz (ver anexo) compõe-se de 10 macrocompetências: autonomia, curio-

sidade investigativa, pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração,

comunicação, liderança, criatividade, gestão da informação e gestão do conheci-

mento, que se relacionam às dimensões educativas do fazer, conviver, conhecer

3 Os estudos e pesquisas sobre a forma como ocorrem os processos de aprendizagem têm revelado que o sucesso

escolar e a formação para vida não se dão apenas na dimensão do conhecimento e apreensão de conteúdos es-

pecíficos, ou seja, no campo da cognição. Mas são, de fato, altamente impactados pelo desenvolvimento de outros

atributos atitudinais e valóricos, também denominados não-cognitivos. Estudos recentes – como os capitaneados

pelo Prêmio Nobel de economia James Heckman – estão provando que algumas dessas competências chamadas

de não-cognitivas são tão importantes quanto as cognitivas para o sucesso escolar e, na vida adulta, decisivas para

a empregabilidade, solidez de relacionamentos e cuidados com a saúde


15

e ser e devem ser desenvolvidas por todos que atuam na escola, tendo como

objetivo central a formação plena dos estudantes nesse conjunto de capacidades.

Aliada estratégica, a gestão integrada promove o comprometimento individual

e a responsabilidade coletiva, articulando o empenho e desempenho de todos

em favor do ensino e da aprendizagem, num ciclo contínuo de diagnóstico, pla-

nejamento, execução, avaliação, replanejamento e apropriação dos resultados.

Com práticas e instrumentos facilitadores, esta proposta prevê que a gestão

integrada se estenda, além da escola, às diversas instâncias educativas e aos

seus fazeres.

IV – Marcos legais e conceituaisNo plano legal, esta solução educacional para o ensino médio se pauta em duas

iniciativas do governo brasileiro:

n o Programa Ensino Médio Inovador, instituído pela Portaria no 971, de 9

de outubro de 2009, como uma das ações do Plano de Desenvolvimento da

Educação;

n e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, definidas pelo Con-

selho Nacional de Educação na Resolução no 2, de 30 de janeiro de 2012, que

se aplicam a todas as formas e modalidades de ensino médio, devidamente arti-

culadas com as Diretrizes Curriculares Nacionais gerais para a educação básica.

No plano conceitual, os marcos balizadores são:

n a Educação Plena -- proposta pelo Instituto Ayrton Senna e pautada no

Paradigma do Desenvolvimento Humano, do Pnud, e no Relatório Jacques

Delors, da Unesco;


16

n os programas SuperAção Jovem e Gestão Nota 10, com o seu conjunto de

conhecimentos teórico-práticos desenvolvidos pelo Instituto Ayrton Senna;

n os Protótipos Curriculares de Ensino Médio, realizado pela Unesco em con-

sonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais.

As premissas educacionais desses marcos aproximam-se desta proposta edu-

cativa ao postularem, em seu conjunto, uma reestruturação curricular para o

ensino médio que amplie a jornada na escola, diversifique as práticas pedagógicas

e organize o currículo em áreas de conhecimento, em vez de disciplinas, promo-

vendo assim a integração e a contextualização dos saberes.

V – Estrutura e organização curricularA proposta curricular reflete em sua estrutura e organização o propósito de

aproximar a escola do mundo contemporâneo e dos interesses juvenis, para que

o estudante veja valor e sentido no que aprende e desenvolva as competências

necessárias aos desafios da sociedade em que vivemos.

Assim, as disciplinas previstas para o ensino médio pela legislação brasileira estão

integradas em Áreas de Conhecimento – Linguagem, Matemática, Ciências da

Natureza e Ciências Humanas – e em um Núcleo Articulador que envolve essas

áreas, os alunos e professores em torno de projetos de intervenção e pesquisa

nos âmbitos cultural, social e de iniciação científica.

As oportunidades de aprendizagem em ambas as situações têm uma unidade

metodológica e os estudantes são intencionalmente estimulados a desenvolver

habilidades para o trabalho (fazer), as relações (conviver), a aprendizagem ao longo

da vida (conhecer) e, como dimensão central, para a formação da autonomia.


17

Na matriz curricular de tempo integral da escola Chico Anysio (ver anexo), o

núcleo ocupa cerca de 30% da jornada escolar, sendo 50% desse tempo para

projetos de pesquisa e intervenção, 20% para projetos de vida dos alunos e

30% para autogestão. Os estudantes compõem pequenos times de trabalho,

mediados por um ou mais professores. Os projetos são legitimados pela escola,

a partir dos objetivos propostos e revistos anualmente, o que implica articular a

gestão do ensino e da aprendizagem com a proposta pedagógica e contar com

o forte apoio de toda a comunidade escolar e extraescolar, como a família e as

instâncias da rede de ensino.

Objetivos gerais no núcleo

n O exercício do protagonismo juvenil, por meio da participação do estudante

na escolha, no planejamento, na execução, na avaliação, na apropriação dos

resultados de projetos que partam de seus interesses e também da iniciati-

va do professor para atender aos interesses do aprendizado nas áreas de

conhecimento.

n A experimentação de novas práticas de ensino, em especial no que se refe-

re a projetos, e a exploração de temas contemporâneos que transcendem o

âmbito de uma área de conhecimento ou disciplina.

n A colaboração entre professores e alunos em projetos de vida e na autoges-

tão dos jovens, permitindo a personalização do percurso formativo de cada

um deles e a sinergia com suas aspirações pessoais, cidadãs e profissionais.

n A construção de uma comunidade de sentido e aprendizagem em que os di-

ferentes atores da comunidade escolar formalizarão espaços de colaboração

em torno de causas, conceitos, estratégias e operações comuns.


18

n O desenvolvimento da cultura digital na comunidade escolar, de modo a incor-

porar as tecnologias na formação dos estudantes e estimular seu uso como

forma de expressão e colaboração entre os participantes da comunidade escolar.

Objetivos gerais nas áreas de conhecimento

n Avançar na efetiva integração curricular prevista nas Diretrizes Curricula-

res do Ensino Médio, fortalecendo a construção de conhecimentos de modo

contextualizado e a ação conjugada e cooperativa entre professores.

n Integrar o currículo mínimo proposto pela SEEDUC-RJ à proposta de educação

plena e de reestruturação curricular desta solução educacional.

n Construir, com os alunos, a compreensão de conceitos básicos e a possibilidade

de utilizá-los nas formas de pensar, experimentar, observar e resolver problemas.

n Levar o estudante a identificar e compreender o papel das diferentes disciplinas

na construção do conhecimento, nas suas necessidades e no contexto sociocultural.

n Propiciar aos alunos práticas em diferentes linguagens e contextos, diluindo

as fronteiras entre os fazeres da escola e os de outros ambientes sociais e

fazendo destes também objetos de aprendizagem.

n Promover a colaboração autêntica entre alunos e professores na construção

dos saberes e estimular atitudes protagonistas diante da vida, do conheci-

mento e da aprendizagem.

n Contribuir com a formação dos estudantes para a autonomia, possibilitando

a construção da identidade e do projeto de vida, de modo que atribuam sentido

e significado a suas relações consigo mesmos, com os outros e, sobretudo,

com o conhecimento.


19

Espaço de inclusão

Para além dos componentes curriculares previstos no núcleo e nas disciplinas

organizadas em áreas de conhecimento, esta proposta abre um espaço de dois

tempos semanais, em uma carga horária total de 50 tempos, para a customiza-

ção curricular de cada escola que aderir ao projeto. Permite-se assim a inclusão

de diferenciais relevantes, desde que apresentem unidade com os dispositivos

integradores desta solução educativa. Nessa perspectiva consideramos a edu-

cação financeira, objeto de parceria da Secretaria de Estado de Educação do Rio

de Janeiro com o IBMEC, ainda em desenvolvimento.

VI – Metodologias integradorasA forma de ensinar é aqui concebida como a maneira de alcançar o maior grau de

significação no ensino e na aprendizagem por meio da cooperação entre os profes-

sores e do estabelecimento de relações entre as formas de pensar e fazer nos dife-

rentes componentes curriculares, constituindo-se em uma Metodologia Integradora.

No núcleo ou nas aulas, assim, é sempre coletiva a atuação dos docentes quanto

a objetivos do ensino, planejamento e avaliação de atividades, em uma dinâmica

que fortalece o alinhamento pedagógico e também facilita eventuais mudanças

ou ajustes, quando considerados necessários para o alcance dos objetivos da

educação plena .

A adoção desta metodologia também convoca a equipe docente a fazeres co-

muns que privilegiam o protagonismo do aluno e a colaboração entre todos na

experimentação, produção, recepção ativa, vivência de valores e resolução de

problemas, dentre outros aspectos desta solução educativa.


20

Por fim, a opção por esta forma de ensinar favorece e cria convergências entre

as áreas de conhecimento e o núcleo articulador para a construção do saber

globalizado e o desenvolvimento da autonomia.

VII – AvaliaçãoCom função também integradora, envolve todos que aprendem e educam no ava-

liar e ser avaliado. Em decorrência, também se configura em fonte de informação

para replanejamentos e adoção de novas práticas pedagógicas.

Esta proposta prevê, nas primeiras semanas do ano letivo, a realização de uma

avaliação diagnóstica dos alunos ingressos no 1º ano, com a função de obter

informações sobre as habilidades já desenvolvidas pelos estudantes, o que au-

xiliará a organização e o planejamento das atividades no núcleo e nas áreas de

conhecimento, colocando-as em bases reais e favoráveis à aprendizagem. Esta,

por sua vez, considerará o desenvolvimento de competências e, de uma pers-

pectiva integradora, se dará com responsabilidade compartilhada entre todas as

áreas do conhecimento e a partir de decisões comuns entre todos os professores

quanto a replanejamentos e providências.

Já a avaliação somativa, exigida pelo sistema educacional para compor um balanço

somatório pontual (ano, semestre, bimestre etc.) do trabalho formativo, possibili-

tará a reflexão coletiva promovida por educadores e estudantes para que possam

verificar e ajustar os procedimentos didáticos e o processo de aprendizagem,

servindo também para orientar a revisão da proposta pedagógica a cada início

ou final de ano, com novos marcos referenciais ou operacionais.


21

Na construção da proposta pedagógica, a escola deverá incluir os jovens na

elaboração de um projeto comum de avaliação que defina critérios e indicadores

negociados e acordados pelas equipes docente e discente, incluindo a autoava-

liação por todos os atores envolvidos.

VIII – Formação de professores e gestoresEntendida como espaço de desenvolvimento profissional e não de aprendizagem

de técnicas, deve promover reflexão, questionamento e confronto de opinião para

equacionar problemas e superar dificuldades.

Além disso, deve oferecer aos professores e gestores espaços e ferramentas

concretas de apoio, que permitam a apreensão, compreensão, significação,

projeção, crítica e transformação, a partir dos conceitos e práticas inovadores

propostos no Projeto Solução Educacional para o Ensino Médio.

A partir desses pressupostos, sugere-se para professores e gestores um plano

de cursos envolvendo formação inicial e continuada, em serviço. A inicial, a ser

realizada em dezembro de 2012 e em fevereiro de 2013, será presencial e

focada no conhecimento dos princípios estruturantes desta proposta educativa,

além de estudos próprios e específicos das áreas de conhecimento.

Para a formação continuada, presencial e à distância, propõe-se que a equipe do

Instituto Ayrton Senna, com a equipe gestora da escola e da SEEDUC-RJ, apoiem

os professores em serviço, isto é, nas reuniões pedagógicas e de integração, e

também nos encontros adicionais voltados à apropriação progressiva e gradual

desta solução educacional.


22

Como ferramenta de apoio à elaboração dos planos de ensino e de aula pelos

professores, o Instituto Ayrton Senna irá oferecer modelos de roteiros, a serem

reinterpretados pelos docentes no momento de planejarem e concretizarem as

aulas e projetos.

Uma comunidade on-line de aprendizagem favorecerá a construção de um banco

de boas práticas, a troca de experiências e a colaboração entre os estudantes,

professores, gestores e equipe do Instituto Ayrton Senna.


23anexos

Curiosidade, Pensamento Crítico e Resolução de Problemas >> C O N H E C E RColaboração, Comunicação e Liderança >> C O N V I V E RCriatividade, Gestão da Informação e Gestão de Processos >> F A Z E RAutonomia >> S E RCO

MPET

ÊNCI

AS E DIMENSÕES:

Matriz de Competências para o Século 21

FAZER

CO

NVIVER CONH

ECER

AUTONOMIA

COLABORAÇÃO

COMUNICAÇÃO

LIDERANÇA

PENSAMENTO CRÍTICO

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

CURIOSIDADE INVESTIGATIVA

GESTÃO DE PROCESSOS

GESTÃO DA INFORMAÇÃO

CRIATIVIDADE

SSSSSEEEEERRRR


FOCO DA COMPETÊNCIA SINTÉTICO

FOCO DA COMPETÊNCIA DISSERTATIVO

DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA

AUTONOMIASer autônomo e saber tomar decisões. Saber fazer escolhas e tomar decisões acerca de questões

pessoais e coletivas, fundamentadas no autoconhecimento e em seu projeto de vida, de forma responsável e solidária.

COLABORAÇÃO Atuar de forma colaborativa. Atuar em sinergia e responsabilidade compartilhada, respeitando diferenças e decisões comuns.

CURIOSIDADE INVESTIGATIVA

Atuar com curiosidade investigativa. Ter interesse e persistência para explorar, indagar, experimentar, aprender e reaprender sobre si, o outro e o mundo.

PENSAMENTO CRÍTICO Pensar criticamente. Analisar, relacionar e sintetizar ideias, fatos e situações, assumindo posicionamentos fundamentados.

GESTÃO DA INFORMAÇÃO Saber acessar, selecionar, processar, transmitir e compartilhar informações.

Acessar, selecionar, processar, transmitir e compartilhar informações, em contextos e mídias diversas.

GESTÃO DE PROCESSOS Organizar processos de aprendizagem, de trabalho e de convivência.

Planejar, executar e avaliar os processos de aprendizagem, trabalho e convivência.

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Mobilizar conhecimentos e definir procedimentos para solucionar problemas do cotidiano.

Mobilizar-se diante de um problema, lançando mão de conhecimentos e estratégias diversos para resolvê-lo.

COMUNICAÇÃO Interagir em situações comunicativas diversas.

Compreender e fazer-se compreender em situações diversas, respeitando os valores e atitudes envolvidos nas interações.

LIDERANÇA Conectar as pessoas a um objetivo compartilhado.

Mobilizar e orientar as pessoas em direção a objetivos e metas compartilhados, liderando-as e sendo liderado por elas.

CRIATIVIDADE Produzir e concretizar ideias inovadoras. Fazer novas conexões a partir de conhecimentos prévios, trazendo contribuições de valor para si mesmo e para o mundo.

Descritivo da Matriz de Competências

24


25

Matriz Curricular da Escola Chico AnysioÁREAS DE CONHECIMENTO / COMPONENTE CURRICULAR SÉRIES

CH Semanal CH Anual - h/aula Total

1ª série 2ª série 3ª série 1ª série 2ª série 3ª série

BASE NACIONAL COMUM

Linguagens e Códigos

Língua Portuguesa e Literatura 6 4 4 240 160 160 560

Arte 2 2 2 80 80 80 240

Educação Física 2 2 2 80 80 80 240

Ciências da Natureza

Física 2 2 2 80 80 80 240

Química 2 2 2 80 80 80 240

Biologia 2 2 2 80 80 80 240

Matemática Matemática 6 4 4 240 160 160 560

Ciências Humanas

História 2 2 2 80 80 80 240

Geografia 2 2 2 80 80 80 240

Filosofia 1 1 2 40 40 80 160

Sociologia 1 1 2 40 40 80 160

Ensino Religioso* 1 1 1 40 40 40 120

PARTE DIVERSIFICADA Língua Estrangeira Moderna Obrigatória

2 2 2 80 80 80 240

2ª Língua Estrangeira Moderna Facultativa**

1 1 1 40 40 40 120

PARTE ESPECÍFICA Atividade de Núcleo I*** 12 16 14 480 640 560 240

Componentes IBEMEC**** 2 2 2 80 80 80 240

TOTAL 46 46 46 1840 1840 1840 4080

****** **** Componentes oferecidos pelo IBMC como enriquecimento curricular.


FAZER

CO

NVIVER CONH

ECER

SSSSEEEERRR


nós apoiamos

www.senna.org.br

nós apoiamos

www.senna.org.brCátedra UNESCO de Educação e Desenvolvimento HumanoInstituto Ayrton Senna

Organizaçãodas Nações Unidas

para a Educação,a Ciência e a Cultura


solução educacional para o ensino...

Documents