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Documentos N 31

ISSN 0103 - 5797 Novembro, 2000

SOLOS E APTIDO AGRCOLA DAS TERRAS DO ESTADO DO TOCANTINSAntnio Agostinho C. Lima Francisco Nelsieudes S. Oliveira Antnio Renes Lins de Aquino

Embrapa Agroindstria Tropical, 2000 Embrapa Agroindstria Tropical. Documentos, 31 Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na: Embrapa Agroindstria Tropical Rua Dra. Sara Mesquita 2270 Planalto Pici Caixa Postal 3761 CEP 60511-110 Fortaleza, CE Tel. (0xx85) 299-1800 Fax: (0xx85) 299-1803 / 299-1833 Endereo eletrnico: [email protected] Tiragem: 300 exemplares Comit de Publicaes Presidente: Raimundo Braga Sobrinho Secretrio: Marco Aurlio da Rocha Melo Membros: Joo Ribeiro Crisstomo Jos Carlos Machado Pimentel Jos de Souza Neto Oscarina Maria da Silva Andrade Helosa Almeida Cunha Filgueiras Maria do Socorro Rocha Bastos Coordenao editorial: Marco Aurlio da Rocha Melo Diagramao: Arilo Nobre de Oliveira Normalizao bibliogrfica: Rita de Cassia Costa Cid Reviso: Mary Coeli Grangeiro Ferrer

ISSN 0103 5797

LIMA, A.A.C.; OLIVEIRA, F.N.S.; AQUINO, A.R.L. de. Solos e aptido agrcola das terras do Estado do Tocantins. Fortaleza: Embrapa Agroindstria Tropical, 2000. 27p. (Embrapa Agroindstria Tropical. Documentos, 31). Termos para indexao: Solo; Aptido agrcola; Brasil; Tocantins; Soil; Agricultural aptitude; Brazil; Tocantins. CDD 631.4

SUMRIO1 INTRODUO ...................................................................................... 1.1 SITUAO GEOGRFICA E REA .............................................. 1.2 CLIMA .............................................................................................. 1.2.1 Temperatura ........................................................................ 1.2.2 Precipitao ........................................................................ 1.2.3 Evaporao ......................................................................... 1.2.4 Umidade relativa ................................................................. 1.3 GEOMORFOLOGIA ....................................................................... 1.4 VEGETAO .................................................................................. 1.5 MATERIAL E MTODOS ............................................................... 1.7 CARACTERIZAO MORFOLGICA, FSICA E QUMICA DOS SOLOS .................................................................. 11 2 METODOLOGIA PARA AVALIAO DA APTIDO DAS TERRAS .. 13 2.1 FATORES LIMITANTES DO USO AGRCOLA ............................. 13 2.1.1 Deficincia de fertilidade ................................................... 13 2.1.2 Deficincia de gua ............................................................ 14 2.1.3 Excesso de gua ................................................................ 15 2.1.4 Susceptibilidade eroso ................................................. 16 2.1.5 Impedimentos mecanizao ............................................ 17 3 NVEIS DE MANEJO CONSIDERADOS ............................................. 18 4 UTILIZAO DAS TERRAS ................................................................. 18 5 CLASSIFICAO DA APTIDO ......................................................... 19 6 ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE USO DA TERRA NA REGIO .... 20 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9

1.6 TAXONOMIA DOS SOLOS ............................................................ 10

7 VIABILIDADE DE MELHORAMENTO DAS CONDIES AGRCOLAS DAS TERRAS ............................................................... 21 8 RESULTADOS ..................................................................................... 23 9 RECOMENDAES ........................................................................... 25 10 CONCLUSES ................................................................................... 25 11 REFERNCIAS ................................................................................... 26

SOLOS E APTIDO AGRCOLA DAS TERRAS DO ESTADO DO TOCANTINSAntnio Agostinho C. Lima Francisco Nelsieudes S. Oliveira Antnio Renes Lins de Aquino1 1 2

1 INTRODUOOs solos sob vegetao de cerrado so extremamente variados em suas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas. A necessidade de expanso da fronteira agrcola, calcada em perspectivas favorveis do mercado externo para comercializao de gros e frutas, estimulou a criao de programas especiais, visando incluso dos cerrados no processo produtivo. Na presente conjuntura econmica do Pas, torna-se imprescindvel a correo de rumos nas alternativas de uso das reas sob cerrado, respaldada em experincia acumulada e em trabalhos cientficos. O Estado do Tocantins apresenta alguns municpios cujas caractersticas de solo, topografia e clima so favorveis explorao de fruteiras tropicais. Atualmente, a pesquisa dispe de tecnologias capazes de elevar substancialmente os nveis de produtividade do cajueiro, no caso da ampliao da fronteira agrcola a partir de clones superiores cultivados em modernos sistemas de produo e reas aptas para o cultivo. Pretende-se, neste trabalho, analisar a utilizao dos solos sob vegetao de cerrado e a aptido agrcola das terras, as conseqncias do manejo, as perspectivas futuras e, dentro das naturais limitaes, fixar algumas recomendaes para a racionalizao de seu uso para fruteiras tropicais.

1

Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa de Agroindstria Tropical (Embrapa Agroindstria Tropical), Rua Dra. Sara Mesquita 2270, Bairro Pici, Caixa Postal 3761, CEP 60511-110 Fortaleza, CE. Eng.-Agr., Dr., Embrapa Agroindstria Tropical.

2

1.1 SITUAO GEOGRFICA E REAO Estado do Tocantins situa-se, geograficamente, entre os paralelos 5o e o o 13 de latitude sul e os meridianos 46 e 51 de longitude oeste. A distncia entre os pontos extremos norte-sul de, aproximadamente, 925 km e entre os pontos extremos leste-oeste, 567 km. Ocupa uma superfcie territorial de 277.322 km2, cerca de 3,26% da rea total do Pas. Limita-se ao norte com o Estado do Maranho; a leste, com os estados do Maranho, Piau e Bahia; ao sul, com o Estado de Gois; e a oeste, com os estados de Mato Grosso e Par (Fig. 1).o

5

50

45MARANHO

5

TOCANTINSPAR

PIAU

10

PALMAS

X

10

MATO GROSSO BAHIA

50

GOIS

45

FIG. 1. Mapa de localizao do Estado do Tocantins.

1.2 CLIMAO clima predominante no Estado o tropical, caracterizado por uma estao chuvosa (outubro a abril) e outra seca (maio a setembro). Apesar da grande extenso territorial identificam-se, basicamente, duas reas climticas:6

A primeira situa-se ao norte do paralelo 6 S, regio de relevo suave ondulado, coberta originalmente pela floresta pluvial Amaznica. O clima dominante o mido, segundo Thorthwaite, ou tropical chuvoso e seco no inverno, de acordo com Kppen, com precipitaes pluviais entre 1.500 mm e 2.100 mm. A segunda, ao sul do paralelo 6 S, mais importante em virtude de sua extenso, na qual, segundo a classificao de Thorthwaite, predomina o clima submido ou estacionalmente seco, com perodo chuvoso equilibrando-se em durao com o perodo seco. As precipitaes oscilam entre 1.500 mm a 1.600 mm.o

o

1.2.1 TemperaturaAs temperaturas mdias anuais na regio variam entre 23 C e 26 C, sendo crescentes no sentido do sul para o norte. Ao norte do paralelo o 6 S, as temperaturas mximas ocorrem de agosto a setembro e as mnimas em julho. Ao sul do paralelo 6 oS, as temperaturas mximas ocorrem em fins de setembro e comeo de outubro e as mnimas, tambm em julho. A amplitude entre as mdias das mximas e das mnimas de o apenas 14 C.o o

1.2.2 PrecipitaoAs precipitaes pluviais crescem do sul para o norte desde 1.500 mm at 2.100 mm e do leste para oeste de 600 mm at 1.800 mm. A regio caracteriza-se por uma distribuio sazonal de chuvas que define dois perodos, um seco e outro chuvoso. No extremo norte, o perodo seco restringe-se aos meses de junho, julho e agosto, e o perodo chuvoso corresponde aos meses de setembro a maio, sendo fevereiro o ms mais chuvoso e agosto o mais seco.

1.2.3 EvaporaoA evaporao mdia anual varia de 1.400 mm a 1.500 mm e nas reas mais secas, no perodo no chuvoso, podem ocorrer dficits superiores a 250 mm.7

1.2.4 Umidade relativaA umidade relativa do ar apresenta uma mdia anual de 76% em todo o Estado. Ao norte do paralelo 6 oS, a umidade relativa do ar registra valores mais elevados, superando 85% no perodo de dezembro a maio, permanecendo, ainda, com valores altos nos demais meses do ano. Na parte central do Estado, a mdia encontra-se em torno de 75%. No extremo sul, a mdia anual fica em torno de 68,5%, caindo nos meses secos para valores entre 40% e 50% (Brasil, 1982).

1.3 GEOMORFOLOGIAO relevo do Estado caracterizado por superfcies tabulares e explainadas, originadas dos processos de pediplanao regional e de deposies aluviais (Brasil, 1981). A evoluo geolgica do Estado bastante complexa, com ocorrncia de variados ambientes geolgicos e associaes litolgicas, caracterizados por diferentes tipos de rochas gneas e metamrficas, apresentando-se com coberturas dobradas ou no. As microrregies estudadas podem ser caracterizadas de acordo com as seqncias lito-estratigrficas da seguinte forma: na microrregio Bico do Papagaio h a ocorrncia de coberturas sedimentares no dobradas, correspondentes a depsitos arenosos desenvolvidos; na de Miracema, alm das coberturas anteriores, h a ocorrncia de coberturas cenozicas, com a presena de depsitos aluvionares; na de Porto Nacional e Gurupi, predominam rochas do tipo gnaisse.

1.4 VEGETAOA regio est dividida em dois ambientes: Domnio da Floresta Estacional As florestas estacionais semicaduciflias ou caduciflias possuem clima Aw, na classificao de Kppen, e ndice hdrico variando entre 0 e 60, na classificao de Thornthwaite. Esta floresta pode ser considerada como transio entre o Cerrado e a Floresta Pluvial Amaznica. A Floresta Estacional mais aberta, com menor densidade de indivduos que8

a Floresta Pluvial e seu porte varia entre 15 e 30 metros. No seu limite noroeste, coincidindo com a transio para o Domnio Amaznico, apresenta uma estrutura levemente empobrecida das matas pluviais com as quais possui vrias espcies em comum. Nas reas central e sul da regio, estas florestas situam-se na regio climtica peculiar ao Cerrado. Domnio dos Cerrados Climaticamente, o domnio dos cerrados corresponde, tipicamente, ao tipo Aw, na classificao de Kppen, possuindo ndices hdricos de 0 a 60 de acordo com Thornthwaite. Este domnio ocupa, aproximadamente, 76% da regio, correspondendo sua parte central, sul e centro-oeste. Em face das aes antrpicas, h grande variabilidade fisionmica, segundo os tipos Cerrado, Campo Cerrado e Campo Sujo.

1.5 MATERIAL E MTODOSA metodologia consistiu dos procedimentos de escritrio, trabalho de campo e laboratrio, indicados a seguir. As microrregies potenciais para fruteiras tropicais foram definidas consultando dados do Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia - Tocantins (Brasil, 1982) e por meio de informaes obtidas com o trabalho de campo, que complementaram esses dados. A identificao dessas reas foi feita o com base nos parmetros do 1 Plano Diretor de Pesquisa Agropecuria e Florestal do Estado do Tocantins (Tocantins, 1992), e nos dados do Levantamento de Recursos Naturais do Tocantins (Brasil, 1981). Foram selecionadas reas representativas para fruteiras tropicais (caju, abacaxi, manga, acerola, citros e maracuj) em cinco microrregies homogneas do Tocantins: Bico do Papagaio, Araguana, Miracema do Tocantins, Porto Nacional e Gurupi. O estudo de campo foi realizado mediante sondagens com o trado, abertura de trincheiras, identificao dos solos, localizao e descrio morfolgica dos perfis, coleta de amostras para anlise do levantamento e fertilidade. A descrio das caractersticas morfolgicas dos perfis e os dados das anlises de laboratrio permitiram conhecer as condies dos solos e fazer a classificao das unidades pedogenticas (Embrapa, 1988; Estados Unidos, 1975).9

As anlises foram feitas no laboratrio da Embrapa Agroindstria Tropical pelos mtodos descritos no Manual de Mtodos de Anlises de Solo (Embrapa, 1979).

1.6 TAXONOMIA DOS SOLOSOs solos foram classificados segundo o Sistema Brasileiro de Classificao de Solos (Embrapa, 1988). As unidades pedogenticas (Tabela 1) de maior evidncia na regio so os Latossolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Vermelho-Escuro com texturas variveis de mdia a argilosa, associados a Areias Quartzosas, Podzlico Vermelho-Amarelo e Cambissolo. Os Latossolos ocorrem quase sempre nos chapades ou superfcies de eroso estabilizadas antigas, assim como, tambm, nas pediplancies.

TABELA 1. Unidades pedogenticas representativas das reas potenciais para fruteiras tropicais* em cinco microrregies do Estado do Tocantins.

Unidades pedogenticas Areias Quartzosas, Latossolo Vermelho-Amarelo, Podzlico Vermelho-Amarelo

Microrregies Bico do Papagaio, Araguana e Porto Nacional Gurupi, Porto Nacional, Araguana, Bico do Papagaio. Miracema do Tocantins, Gurupi

Latossolo Vermelho-Amarelo, Latossolo VermelhoEscuro, Areias Quartzosas, Podzlico VermelhoAmarelo

Podzlico Vermelho-Amarelo, Latossolo VermelhoAmarelo, Cambissolo

* Caju, abacaxi, manga, acerola, citros e maracuj.

10

Os Podzlicos Distrficos cobrem grandes extenses na zona noroeste da regio, em reas dissecadas. Freqentemente, ocorrem outros solos em manchas de pouca expresso real. Notadamente, nas reas com relevo bastante dissecado, nas zonas central e sul, dominam os Cambissolos Distrficos e Eutrficos. Os solos Podzlicos Eutrficos so encontrados em reas no muito extensas, no sul e oeste da regio. Extensas reas com Areias Quartzosas distribuem-se no centro e leste, como tambm no extremo sudoeste, sempre relacionadas com rochas sedimentares ou material de cobertura arenosa. Os solos mais importantes na regio esto agrupados na Tabela 2. TABELA 2. Classificao taxonmica e correlao dos solos. Regio do Cerrado.Classificao brasileira Embrapa (1988) Latossolo Vermelho-Amarelo Areias Quartzosas Latossolo Vermelho-Escuro Cambissolo Distrfico Cambissolo Eutrfico Podzlico Vermelho-Amarelo USA Soil Taxonomy Estados Unidos (1975) Typic Acrustox Ustoxic Quartzipsament Typic Acrustox Ustoxic Dystropepts Ustoxic Humstropept Tropeptic Rhodustalf Classificao mundial FAO (1976) Humic Acric Ferralsols Arenosols Humic Ferrasols Dystric Cambisols Haplic Phaeozens Orthic Acrisols Smbolo LV AQ LE Cd Ce PV

1.7 CARACTERIZAO MORFOLGICA, FSICA E QUMICA DOS SOLOSOs dados morfolgicos esto apresentados segundo as normas do Manual de Mtodos de Trabalho de Campo (Lemos & Santos, 1984). Os dados analticos so resultados da metodologia atualmente usada pela Embrapa/CNPS. Em nvel taxonmico, nveis de fertilidade e outras caractersticas, os solos da regio de cerrado apresentam acidez elevada, freqentemente toxidez alumnica e baixo teor em nutrientes. O balano hdrico edfico na regio de cerrado apresenta-se negativo resultante da amplitude do perodo de seca (cinco a seis meses).11

Tomando-se por base os perfis mais representativos das classes taxonmicas, a Tabela 3 sintetiza as caractersticas morfolgicas e as propriedades fsicas e qumicas dos solos.

TABELA 3. Caracterizao morfolgica, fsica e qumica dos solos potenciais para fruteiras tropicais.Latossolo VermelhoAmareloLV 1 Araguana Plano A 0-40 63,05 20,95 16,00 B 40-80 59,85 17,15 23,00

Unidade

Latossolo VermelhoEscuroLE 2 Porto Nacional Plano A 0-40 67,00 7,00 26,00 B 40-80 62,15 6,05 31,80

Podzlico VermelhoAmareloPV 3 Tocantinpolis Plano A 0-40 65,85 24,35 9,80 B 40-80 59,90 14,30 25,80

Cambissolo

Areias Quartzosas

Smbolo Perfil Localizao Relevo Horizonte Prof. (cm) Areia(%) Silte(%) Argila(%) Classe textural pH (H 2O) Ca (cmol c/kg) K (cmolc /kg) Na (cmol c/kg) Mg (cmol c/kg) Al (cmol c/kg) T (cmolc/kg) V (%)

C 4 Palmas Plano A 0-40 9,20 41,60 49,20 B 80-120 10,00 35,80 54,20 A 0-40 85,40 8,20 6,40

AQ 5 Itaguatins Plano B 60-80 90,35 3,05 6,00

Franco argiloso arenoso 4,20 0,50 0,16 0,28 0,60 0,98 3,85 42,61 4,30 0,50 0,15 0,28 0,20 1,03 3,38 33,86 47,77

Franco argiloso arenoso 5,50 0,40 0,35 0,30 0,50 0,41 3,29 48,64 20,04 5,20 0,30 0,34 0,35 0,60 0,40 3,19 49,78 20,54

Franco argiloso arenoso 4,50 0,50 0,13 0,23 0,70 0,89 3,56 43,58 36,43 4,40 0,60 0,09 0,23 0,30 0,92 3,35 46,39 43,02

Argila

Argila

5,10 0,40 0,12 0,24 0,60 0,21 1,89 71,92 13,40

5,30 0,40 0,07 0,24 0,60 0,19 1,84 70,71 12,72

5,10 0,60 0,07 0,20 0,50 0,57 3,00 45,66 29,39

5,20 0,50 0,04 0,17 0,30 0,56 2,66 37,99 35,65

100 Al Al + S %38,88

12

2 METODOLOGIA PARA AVALIAO DA APTIDO DAS TERRASA metodologia utilizada na avaliao da aptido agrcola das terras do Estado do Tocantins obedece orientao preconizada pela Embrapa (1983, 1989) e pela FAO (1976). De conformidade com a referida orientao, foram considerados trs grupos de aptido agrcola, compreendendo o uso das terras para lavouras e culturas perenes. A distribuio das terras da regio por classes de aptido, de conformidade com os distintos nveis de manejo, foi elaborada considerando-se as limitaes (deficincias de fertilidade e de gua, excesso de gua, susceptibilidade eroso e impedimento mecanizao) e seus diferentes graus (nula, ligeira, moderada, forte e muito forte).

2.1 FATORES LIMITANTES DO USO AGRCOLA 2.1.1 Deficincia de fertilidadeA fertilidade natural est ligada disponibilidade de macro e micronutrientes, bem como de outras substncias txicas solveis, como o alumnio e o mangans, alm de outros sais solveis, como, por exemplo, o sdio. Ao mesmo tempo, outras indicaes relacionadas com a fertilidade podero ser oriundas de observao de campo, principalmente, pelo correlacionamento entre tipo de vegetao, produtividade das culturas, uso da terra, condies de drenagem e atividade biolgica. Na avaliao da deficincia de fertilidade, podero ser levados em conta os seguintes graus de limitao: Nula - Diz respeito s terras com grandes reservas de nutrientes disponveis para as plantas, com ausncia de toxidez causada por sais solveis, inclusive sdio trocvel e outros elementos prejudiciais. Estas terras no respondem adubao e possibilitam rendimentos compensadores durante diversos anos, mesmo no caso das culturas mais exigentes. Apresentam saturao de bases superior a 80% ao longo do perfil; soma das bases trocveis superior a 6 cmolc/kg de solo, so livres de alumnio trocvel (Al +++ ) e a condutividade eltrica menor do que o 4 dS/m a 25 C.13

Ligeira - So terras com boa reserva de nutrientes destinados s plantas e que no apresentam toxidez excessiva causada por sais solveis ou sdio trocvel. Apresentam saturao de bases superior a 50%, saturao de alumnio trocvel (Al+++) inferior a 30%, a soma das bases trocveis situa-se acima de 3 cmolc/kg de solo, a condutividade eltrica o menor do que 4 dS/m a 25 C e a saturao com sdio (Na), inferior a 6%. Moderada - So terras com reservas de nutrientes limitadas para as plantas, no tocante a um ou mais elementos, podendo existir sais solveis capazes de afetar determinados cultivos. No decorrer dos primeiros anos de explorao, estes solos possibilitam a obteno de bons rendimentos, observando-se, em seguida, uma acentuada baixa na produtividade, o que obriga a utilizao de fertilizantes e corretivos. A saturao com sdio situa-se entre 4 e 8 dS/m) a 25 oC e a condutividade eltrica, entre 4 e 8 dS/m a 25 oC. Forte - So terras com reservas muito limitadas de um ou mais nutrientes disponveis para as plantas, podendo, tambm, conter sais txicos que s permitem o desenvolvimento de plantas com certa tolerncia. Apresentam baixa soma de bases trocveis, saturao com sdio, o superior a 15% e condutividade eltrica entre 8 e 15 dS/m a 25 C. Muito forte - So terras com poucas possibilidades de serem economicamente exploradas. Normalmente, apresentam grandes quantidades de sais solveis e apenas determinadas plantas com muita tolerncia adaptam-se a estes solos.

2.1.2 Deficincia de gua definida em funo da gua disponvel no solo, capaz de ser aproveitada pelas plantas. Depende diretamente da precipitao, evapotranspirao e capacidade de armazenamento de gua no solo. Por sua vez, a capacidade de armazenamento de gua no solo acha-se inter-relacionada com a textura, o teor de matria orgnica, o tipo de argila, a quantidade de sais e a profundidade. Igualmente, devem ser levados em considerao o perodo de estiagem, a distribuio da precipitao, a vegetao e comportamento das culturas, fatores tambm importantes na determinao dos graus de limitao por deficincia de gua. Na avaliao da deficincia de gua podero ser considerados os seguintes graus de limitao:14

Nula - Terras onde no h deficincia de gua disponvel no solo para as culturas, em qualquer poca do ano, e com boa drenagem interna. A vegetao natural constituda de floresta pereniflia, campos higrfilos e hidrfilos. Ligeira - Solos onde ocorre pequena falta de gua disponvel no decorrer de um curto perodo, limitando o desenvolvimento das culturas sensveis. A vegetao constituda de floresta subpereniflia, cerrado subpereniflio e determinados campos. Moderada - Solos onde ocorre uma considervel deficincia de gua disponvel no decorrer de trs a seis meses durante o ano, afetando diretamente as culturas de ciclo longo. A vegetao natural poder ser do tipo cerrado ou floresta subcaduciflia. Forte - Solos onde ocorre acentuada deficincia de gua disponvel no decorrer de um perodo de seis a oito meses. A precipitao situa-se entre 600 a 800 mm/ano, apresentando uma irregular distribuio, e a temperatura elevada. A vegetao natural constituda de floresta caduciflia e caatinga hipoxerfila. O desenvolvimento das culturas de ciclo longo, no adaptadas carncia de gua, acha-se comprometido, enquanto as de ciclo curto ficam na dependncia da distribuio racional das precipitaes, durante a estao chuvosa. Muito forte - Solos que apresentam grande deficincia de gua disponvel durante um perodo de oito a dez meses. A precipitao situa-se entre 400 mm e 600 mm/ano, com uma irregular distribuio e existncia de temperatura elevada. A vegetao predominante tpica de caatinga hiperxerfila. No h possibilidade de culturas de ciclo longo no adaptadas falta de gua.

2.1.3 Excesso de guaEsta limitao est relacionada com a drenagem natural do solo, que influenciada pela evapotranspirao, precipitao e topografia, bem como pela textura, estrutura, permeabilidade e profundidade efetiva. Vale salientar que certas reas, inaptas para determinadas culturas por problemas ligados drenagem, podero ser usadas para cultivos especiais (arroz inundado, forrageiras, etc.).15

Os graus de limitaes por excesso de gua so: Nula - Terras que no apresentam problemas relacionados com a aerao das razes das plantas durante todo o ano. So solos bem ou excessivamente drenados e no possuem riscos de inundao. Ligeira - Solos que apresentam deficincia de aerao para as culturas sensveis ao excesso de gua no decorrer da poca das chuvas. Normalmente possuem drenagem moderada. Moderada - Solos onde a maioria das culturas com sistema radicular sensvel deficincia de aerao no se desenvolve durante a estao das chuvas. Possuem drenagem imperfeita e, muitas vezes, esto sujeitos inundao. Forte - Solos com srias deficincias de aerao, que s possibilitam o desenvolvimento de culturas no adaptadas aps uma drenagem artificial. Normalmente, so mal drenados, sujeitos a freqentes inundaes, prejudicando a maioria das plantas. Muito forte - Apresentam condies de drenagem semelhantes s do grau anterior. Entretanto, os trabalhos de melhoramento so representados por grandes obras de engenharia.

2.1.4 Susceptibilidade erosoDiz respeito ao desgaste que a superfcie do solo poder sofrer, quando submetida a qualquer uso, sem medidas conservacionistas. Est na dependncia das condies climticas (especialmente do regime pluviomtrico), das condies do solo (textura, estrutura, permeabilidade, profundidade, capacidade de reteno de gua, presena ou ausncia de camada compacta e pedregosidade), das condies do relevo (declividade, extenso da pendente e microrrelevo) e da cobertura vegetal. Nula - Solos no susceptveis eroso. Normalmente, apresentam relevo plano e boa permeabilidade. Ligeira - Solos com pouca susceptibilidade eroso, com declividade variando de 3% a 8% e com boas propriedades fsicas.16

Moderada - Solos com moderada susceptibilidade eroso, com declividade variando de 8% a 20%. Em condies normais, exigem prticas conservacionistas intensivas. Forte - Solos com grande susceptibilidade eroso. Apresentam declives que variam de 20% a 45%. Normalmente, as prticas conservacionistas so difceis e antieconmicas. Muito forte - Solos fortemente susceptveis eroso, apresentando declividade superior a 45%. No so recomendveis para uso agrcola.

2.1.5 Impedimentos mecanizaoDependem, fundamentalmente, da declividade, textura, profundidade, drenagem, tipo de argila, pedregosidade e rochosidade que condicionam o uso ou no de mecanizao. Esse fator relevante ao nvel C, ou seja, o mais avanado, no qual est previsto o uso de mquinas e implementos agrcolas, nas diversas fases da operao agrcola, onde os graus de limitao so: Nula - Solos nos quais podero ser usados, em qualquer poca do ano, todos os tipos de mquinas e implementos agrcolas. Possuem topografia plana, com declive inferior a 3%. Ligeira - Solos que possibilitam o uso, no decorrer de quase todo o ano, da maioria das mquinas e implementos agrcolas. A declividade situa-se entre 3% e 8%, sendo possvel ocorrer, em determinadas reas, relevo mais suave, porm, apresentando outros tipos de limitaes relacionadas com profundidade, textura e pedregosidade. Moderada - Solos que no permitem a utilizao de mquinas durante todo o ano. Apresentam declividade que varia de 8% a 20% ou topografia suave, podendo ocorrer outros tipos de impedimentos mecanizao. Forte - Solos que s permitem a utilizao de implementos de trao animal ou manual. Possuem declividade entre 20% e 45%, podendo ocorrer sulcos profundos capazes de impedir o emprego de mquinas. Muito forte - Solos que no permitem o uso de mquinas, havendo dificuldades, inclusive, para o emprego de trao animal. Possuem declividade superior a 45% e outros fatores que impedem a sua normal utilizao.17

3 NVEIS DE MANEJO CONSIDERADOSTendo em vista prticas agrcolas ao alcance da maioria dos agricultores, num contexto especfico, tcnico e econmico, so considerados trs nveis de manejo, visando diagnosticar o comportamento das terras em diferentes nveis tecnolgicos. Sua indicao feita atravs das letras A, B e C, as quais podem aparecer na simbologia da classificao, escritas de diferentes formas, segundo as classes de aptido que apresentem as terras, em cada um dos nveis adotados. Nvel A - Baseado em prticas agrcolas de baixo nvel tecnolgico, em que no h aplicao de capital destinado ao manejo, melhoramento e conservao do solo e das prprias culturas. As prticas agrcolas esto na dependncia do trabalho braal, podendo, entretanto, ser utilizada alguma trao animal, mediante o uso de implementos simples. Nvel B - Baseado em prticas agrcolas de nvel tecnolgico mdio, em que h aplicao moderada de capital e de resultados de pesquisas relacionados com manejo, melhoramento e conservao do solo e das culturas. As prticas agrcolas esto condicionadas ao trabalho braal e trao animal. No levam em considerao a irrigao, na avaliao da aptido agrcola dos solos. Nvel C - Baseado em prticas agrcolas de alto nvel tecnolgico, em que h aplicao intensiva de capital, de resultados de pesquisas relacionados com manejo, melhoramento e conservao das diferentes etapas da operao agrcola. No levam em considerao a irrigao, na avaliao da aptido agrcola dos solos.

4 UTILIZAO DAS TERRASForam identificados os seguintes tipos de utilizao de terras: lavouras e culturas perenes. Lavouras e culturas perenes - A aptido avaliada nos nveis de manejo, A, B e C. No nvel de manejo A, so levadas em considerao as condies naturais da terra, j que este nvel no implica tcnicas de melhoramento. Os nveis de manejo B e C condicionam diferentes melhoramentos tecnolgicos.18

Os tipos de utilizao da terra, de conformidade com as classes de aptido agrcola, constam da Tabela 4 onde podero ser observados os subgrupos representados por letras maisculas, minsculas e minsculas entre parnteses. TABELA 4. Simbologia correspondente s classes de aptido agrcola das terras. Tipo de utilizao Classe de aptido agrcola Lavouras e culturas perenes Nvel de manejo (A, B, C) Boa Regular Restrita Inapta A a (a) B b (b) C c (c) -

5 CLASSIFICAO DA APTIDOOs grupos de aptido so representados por algarismos arbicos 1, 2 e 3, mostrando as alternativas e as possibilidades de utilizao das terras. Grupo 1 - Terras com aptido boa para lavouras e culturas perenes em, pelo menos, um dos nveis de manejo A, B ou C. Grupo 2 - Terras com aptido regular para lavouras e culturas perenes em, pelo menos, um dos nveis de manejo A, B ou C. Grupo 3 - Terras com aptido restrita para lavouras e culturas perenes em, pelo menos, um dos nveis de manejo A, B ou C. Com base no boletim da FAO (1976), as classes foram assim definidas: Classe Boa - Terras sem limitaes significativas para a produo sustentada de determinado tipo de utilizao, observando as condies do manejo considerado. H um mnimo de restries que no reduz a produtividade ou os benefcios, expressivamente, e no aumenta os insumos acima do nvel aceitvel.19

Classe Regular - Terras que apresentam limitaes moderadas para a produo sustentada de determinado tipo de utilizao, observando as condies de manejo considerado. As limitaes reduzem a produtividade ou os benefcios, elevando a necessidade de insumo de forma a aumentar as vantagens globais a serem obtidas pelo uso. Ainda que atrativas, essas vantagens so sensivelmente inferiores quelas auferidas das terras da classe boa. Classe Restrita - Terras que apresentam limitaes fortes para a produo sustentada de determinado tipo de utilizao, observando as condies de manejo considerado. Essas limitaes reduzem a produtividade ou os benefcios, ou ento aumentam os insumos necessrios, de tal maneira que os custos s seriam justificados marginalmente.

6 ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE USO DA TERRA NA REGIOO potencial produtivo da terra resultante da combinao de caractersticas fsicas e qumicas dos solos e de fatores ambientais associados. Sua determinao requer uma srie de estudos bsicos relativos climatologia, geologia, vegetao, etc. Em termos gerais, a aptido da terra depende de quatro fatores bsicos que sintetizam seus principais atributos fsicos, qumicos e ambientais. Eles so: fertilidade, regime de umidade, susceptibilidade eroso e limitaes para a mecanizao. A fertilidade uma medida da disponibilidade de macro e micronutrientes, incluindo, tambm, a presena ou no de substncias txicas como alumnio, mangans, sais solveis, etc. O nvel de fertilidade determinado a partir dos resultados analticos do laboratrio de solos. Os principais indicadores utilizados so: capacidade de troca de ctions, saturao de bases, saturao de alumnio, soma de bases trocveis, fsforo assimilvel, contedo de matria orgnica, relao carbonohidrognio, saturao de sdio, acidez e contedo de sais solveis. O regime de umidade do solo, por sua vez, refere-se sua disponibilidade de gua em relao ao ciclo de crescimento das plantas. Esse indicador depende da pluviosidade, da evapotranspirao e da capacidade de reteno de gua do solo. Sua medio efetuada mediante ndices de deficincia de gua e outros referentes ao excesso de gua ou deficincia de oxignio.20

Por outro lado, a susceptibilidade eroso avalia as possveis perdas de produtividade da terra, associadas a uma explorao sem prticas conservacionistas. Esse indicador est composto de variveis de ordem fsica, entre as quais se destacam o relevo, a vegetao, o clima, a estabilidade morfolgica, a capacidade de reteno de gua. Os impedimentos mecanizao interpretam as qualidades fsicas da terra em relao possibilidade de utilizao de maquinaria e de implementos agrcolas. As principais caractersticas consideradas nesse indicador so: forma e declive das pendentes, drenagem natural, pedregosidade e nvel rochoso superficial, profundidade, textura e tipo de argila do solo. Cada um desses indicadores pode assumir trs valores (baixo, mdio e alto), que sero, posteriormente, sintezados atravs de uma metodologia desenvolvida pela FAO-PNUD e ajustada para o Brasil pelo MA/SUPLAN/Embrapa, que permite identificar unidades agroecolgicas que, por sua vez, se associam a usos produtivos especficos. A avaliao da aptido da terra foi efetuada para o que se denomina nvel de manejo desenvolvido. Esse nvel de manejo caracteriza-se por uma aplicao intensiva de capital, tecnologia e conservao da qualidade da terra. O sistema de classificao apresentado neste trabalho define trs grupos de aptido. Os grupos 1, 2 e 3 admitem sistemas de utilizao baseados em cultivos. Uma vez determinada a aptido, so estabelecidos os usos recomendveis para cada grupo. O uso timo de cada grupo deve coincidir com a alternativa de maior intensidade, compatvel com a preservao da produtividade do recurso. Qualquer uso de intensidade inferior mxima recomendada implica uma subutilizao do potencial. Por outro, lado um uso de maior intensidade que o recomendado pode conduzir deteriorao da produtividade do recurso.

7 VIABILIDADE DE MELHORAMENTO DAS CONDIES AGRCOLAS DAS TERRASA viabilidade de melhoramento das condies agrcolas das terras, mediante a adoo de nveis de manejo B e C, expressa por algarismos sublinhados que acompanham as letras representativas dos graus de limitao.21

Os graus de limitao so atribudos s terras em condies naturais e tambm aps o emprego de prticas de melhoramento compatveis com os nveis de manejo B e C. Classe 1 - Melhoramento vivel com prticas simples e pequeno emprego de capital. Terras com fertilidade natural alta e boas propriedades fsicas, exigindo pequenas quantidades de fertilizantes para a manuteno da produtividade. Classe 2 - Melhoramento vivel com prticas intensivas e mais sofisticadas e considervel aplicao de capital. Esta classe ainda considerada economicamente compensadora. Terras com fertilidade natural baixa exigindo quantidades maiores de fertilizantes e corretivos, bem como alto nvel de conhecimento tcnico. So as seguintes as prticas empregadas para o melhoramento de fertilidade e susceptibilidade eroso, nas classes 1 e 2. Fertilidade Classe 1 Adubao verde Incorporao de esterco Aplicao de tortas diversas Correo do solo (calagem) Adubao NPK Rotao de culturas Classe 2 Adubao NPK + micronutrientes Adubao foliar Dessalinizao Combinao destas prticas com mulching. Susceptibilidade eroso Classe 1 Arao mnima (mnimo preparo do solo)22

Enleiramento de restos culturais Culturas em faixas Cultivos em contorno Rotao de culturas Pastoreio controlado

8 RESULTADOSComo resultado do processamento da avaliao da aptido agrcola, as terras consideradas agricultveis (grupos 1, 2 e 3) neste trabalho, pressupondo-se prticas agrcolas de mdio e alto nveis tecnolgicos, requerem aplicaes de insumos moderados a intensivos, em termos de fertilizantes, conservao, mecanizao e pesquisas relacionadas com o manejo e melhoramento dos solos e das culturas. As terras do grupo 1 cobrem grandes extenses, apresentam limitao de ordem moderada, principalmente, no tocante fertilidade. Em grande parte, correspondem aos Latossolos e Podzlicos, com baixos nveis de nutrientes e, s vezes, elevada saturao em alumnio. Com o nvel de manejo C, essas deficincias, no entanto, so corrigveis mediante aplicao de calcrio e fertilizantes. Engloba parte dos municpios de Araguana, Paraso do Tocantins, Peixe, Gurupi e Porto Nacional. As terras do grupo 2 englobam os municpios de Araguana, Porto Nacional, Tocantinpolis, Colinas do Tocantins, Guara, Peixe e Palmas. De um modo geral, abrangem uma gama ampla de solos, destacando-se os Latossolos, Podzlicos e pequena extenso dos Cambissolos. As terras do grupo 3 abrangem as Areias Quartzosas, ocorrendo em reas considerveis, nos municpios de Pedro Afonso, Novo Acordo, Itaguatins, Ponte Alta do Tocantins e Tocantinpolis. A aptido das terras apresenta-se restrita para lavouras, sendo, entretanto, de aptido regular para culturas perenes, desde que o uso de insumos seja aplicado para que se possa aumentar a produtividade. A Tabela 5 sintetiza as caractersticas das terras dos grupos aptas para a agricultura.23

TABELA 5. Grau de limitao ao uso agrcola e aptido das terras.Grau de limitao agrcolaDeficincia de gua Excesso de gua Susceptibilidade eroso Impedimento mecanizao1

Unidade de mapeamento

2

Fertilidade

Aptido agrcola

A

B

C3 A B A B A B A

C3

C3

C3

B

C3

LV N/L1 L L L M M M N N N L L N N N F F L L N N N L L L L N N N L L N/L1 N/L L1 N N M1 L1 M1 L1

F

L1

N/L1

L

L

L

N

N

N

L

L

N

N N N N M

N N N N M

N N N N M

1(a)bC 1(a)bC 2(a)bc 2(a)bc 3(a)bc

LE

M/F L1

PV

F

L1

24

C

F

L1

AQ

F

M

1

Grau de limitao: N = nulo; L = ligeiro; M = moderado; F = forte; M/F = moderado a forte.

2

LV = Latossolo Vermelho-Amarelo; LE = Latossolo Vermelho-Escuro; PV = Podzlico Vermelho-Amarelo; C = Cambissolo; AQ = Areias Quartzosas.

3

A, B, C: Nveis de manejo.

Nota: Os algarismos sublinhados correspondem aos nveis de viabilidade de melhoramento das condies agrcolas das terras.

9 RECOMENDAES1 Solos cidos, com toxidez de alumnio e/ou mangans, devem receber calagem adequada como primeira prtica de manejo de produo efetiva de culturas no tolerantes a estes problemas. 2 Solos de cerrado deficientes em fsforo e com alta capacidade de fixao deste nutriente exigem fosfatagem corretiva seguida de adubaes de manuteno. 3 Manter o solo coberto o maior tempo possvel, para ajudar o processo de sua conservao. 4 Introduo, avaliao e seleo de cultivares de altas produtividades, com possibilidade de adaptao s condies edafoclimticas do Estado. 5 Adaptao ou gerao de tecnologias de controle de pragas, doenas e ervas daninhas. 6 Adaptao ou gerao de tecnologias de prticas culturais e recomendao de nveis, mtodos e pocas de adubao e correo do solo.

10 CONCLUSESPelo que foi anteriormente relatado, conclui-se que os solos sob vegetao de cerrado s apresentam resultados promissores para a produo de culturas se utilizados sob sistema de manejo desenvolvido (nvel C). Dentre os principais solos sob cerrado, os Latossolos so os mais indicados para uma fruticultura sob o sistema de manejo desenvolvido, graas s suas boas caractersticas fsicas e topogrficas. So de baixa susceptibilidade eroso, necessitando de prticas simples para o seu controle e no apresentam, praticamente, impedimento mecanizao. A sua limitao principal a deficincia de fertilidade que pode ser corrigida atravs de calagem e adubaes com macro e micronutrientes. Esto classificados como de aptido regular para produo de culturas perenes ao nvel de manejo B, podendo ser at de aptido boa no nvel C em muitas reas onde no ocorram longos veranicos, fenmeno muito freqente em reas de cerrado. Os Cambissolos e os Podzlicos de relevo suave ondulado so adequados utilizao de culturas perenes.25

Neste caso torna-se imprescindvel o emprego de medidas intensivas de conservao, pois so solos mais susceptveis eroso. Esto classificados como de aptido regular para as culturas perenes no nvel de manejo B e boa no nvel de manejo C. As Areias Quartzosas, dada as fortes limitaes por deficincia de gua e fertilidade, esto classificadas como de aptido restrita no nvel A, podendo atingir a aptido regular nos nveis B e C, desde que sejam utilizadas calagem e adubao verde e NPK para melhoramento da acidez, da fertilidade e da umidade do solo. Os municpios de Paraso do Tocantins, Araguana, Porto Nacional, Gurupi, Peixe, Ponte Alta do Tocantins, Pium, Palmas, Paran, Colinas do Tocantins e, mais recentemente, os municpios localizados na microrregio Bico do Papagaio (So Sebastio do Tocantins, Itaguatins, Araguatins, Tocantinpolis, Axix do Tocantins, Nazar e Anans) so os mais promissores para a cajucultura. Embora produzido ainda em pequena escala, o abacaxi cultivado nas microrregies Bico do Papagaio, Miracema do Tocantins, Araguaina e Porto Nacional. A produo de citros do Estado restrita ao municpio de Miranorte.

11 REFERNCIASBRASIL. Ministrio do Interior. PRODIAT (Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia - Tocantins). Diagnstico da bacia do AraguaiaTocantins. Braslia, 1982. v.1. 223p. BRASIL. Ministrio das Minas e Energia. Projeto RADAM BRASIL; Folha SC. 22. Tocantins: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetao e uso potencial da terra. Rio de Janeiro, 1981. 520p. (Levantamento de Recursos Naturais, 22). EMBRAPA. Servio Nacional de Levantamento e Conservao de Solos. Aptido agrcola das terras do Estado do Tocantins. Rio de Janeiro, 1989. 40p. EMBRAPA. Servio Nacional de Levantamento e Conservao de Solos. Manual de mtodos de anlise de solo. Rio de Janeiro, 1979. n.p. EMBRAPA. Servio Nacional de Levantamento e Conservao de Solos. Sistema de avaliao da aptido agrcola das terras. Rio de Janeiro, 1983. 57p. 26

EMBRAPA. Servio Nacional de Levantamento e Conservao de Solos. Sistema brasileiro de classificao de solos: 3 aproximao. Rio de Janeiro, 1988. 105p. ESTADOS UNIDOS. Departament of Agriculture. Soil Survey Division. Soil Conservation Service. Soil Survey Staff. Soil Taxonomy: a basic system of soil classification for working and interpreting soil surveys. Washington, 1975. 754p. (USDA. Agriculture Handbook, 436). FAO. A framework for land evaluation. Soils Bulletin, Rome, v.32, 1976. LEMOS, R.C.; SANTOS, R.D. dos. Manual de descrio e coleta de solo no campo: 2a aproximao. Campinas: Sociedade Brasileira de Cincia do Solo, 1984. 46p. TOCANTINS. Secretaria de Educao, Cultura e Desporto. 1o Plano Diretor de Pesquisa Agropecuria e Florestal do Estado do Tocantins. Gurupi, 1992. 110p.

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