solos de mato grosso do sul

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA ANDRÉ ALMAGRO RONALDO NOVAES FERREIRA Solos de Mato Grosso do Sul PEDOLOGIA CAMPO GRANDE 2013

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Trabalho que descreve os principais solos do estado de Mato Grosso do Sul.

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Page 1: Solos de Mato Grosso do Sul

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

ANDRÉ ALMAGRO

RONALDO NOVAES FERREIRA

Solos de Mato Grosso do Sul

PEDOLOGIA

CAMPO GRANDE

2013

Page 2: Solos de Mato Grosso do Sul

1. Introdução

O presente trabalho tem por objetivo listar e descrever os principais tipos de solos presentes

no estado de Mato Grosso do Sul, bem como seus principais usos, suas potencialidades e

fragilidades. Como base para os dados apresentados, foi utilizado o Caderno Geoambiental de

MS - 2011, produzido pela Secretaria do Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e

Tecnologia do estado. Também serão apresentados dados e fotos da aula de campo realizada do

mês de Março de 2013.

Page 3: Solos de Mato Grosso do Sul

2. Solos de Mato Groso do Sul

O estado de Mato Grosso do Sul apresenta 21 tipos de solos diferentes, com variações na

fertilidade natural, as quais são encontradas sob diferentes condições de relevo, erosão,

drenagem, vegetação e usos, como apresentado na figura 01.

Figura 01: Espacialização dos tipos de solo de Mato Grosso do Sul

De um modo mais geral, podemos destacar quatro solos predominantes: Neossolo

Quartzarênico, Latossolo Vermelho, Nitossolo Vermelho e Gleissolo. Todos serão descritos

abaixo.

Page 4: Solos de Mato Grosso do Sul

Neossolo Quartzarênico

São solos originados de depósitos arenosos, apresentando textura areia ou areia

franca ao longo de pelo menos 2 m de profundidade. Esses solos são constituídos

essencialmente de grãos de quartzo, sendo, por conseguinte, praticamente destituídos de

minerais primários pouco resistentes ao intemperismo. Essa classe de solos abrange as

Areias Quartzosas não-hidromórficas descoloridas, apresentando também coloração

amarela ou vermelha. A granulometria da fração areia é variável e, em algumas situações,

predominam diâmetros maiores e, em outras, menores. O teor máximo de argila chega a

15%, quando o silte está ausente. As Areias Quartzosas são consideradas solos de baixa

aptidão agrícola. O uso contínuo de culturas anuais pode levá-las rapidamente à degradação.

Práticas de manejo que mantenham ou aumentem os teores de matéria orgânica podem

reduzir esse problema. As áreas de Areias Quartzosas que ocorrem junto aos mananciais

devem ser obrigatoriamente isoladas e mantidas para a preservação dos recursos hídricos,

da flora e da fauna. O reflorestamento de áreas degradadas, sem finalidade comercial, é uma

opção recomendável onde a regeneração da vegetação natural é lenta, entretanto, o

reflorestamento comercial é uma alternativa para as áreas mais afastadas dos mananciais e

da rede de drenagem.

Latossolo Vermelho

São solos minerais, não-hidromórficos, profundos (normalmente superiores a 2 m),

horizontes B muito espessos (> 50 cm) com sequência de horizontes A, B e C pouco

diferenciados; as cores variam de vermelhas muito escuras a amareladas, geralmente escuras

no A, vivas no B e mais claras no C. A sílica (SiO2) e as bases trocáveis (em particular Ca, Mg

e K) são removidas do sistema, levando ao enriquecimento com óxidos de ferro e de

alumínio que são agentes agregantes, dando à massa do solo aspecto maciço poroso;

apresentam estrutura granular muito pequena; são macios quando secos e altamente friáveis

quando úmidos. A fração argila dos latossolos é composta principalmente por caulinita,

óxidos de ferro (goethita e hematita) e óxidos de alumínio (gibbsita). Alguns latossolos,

formados de rochas ricas em ferro, apresentam, na fração argila, a maghemita e, na fração

areia, a magnetita e a ilmenita. A esses últimos, estão associados os elementos-traço

(micronutrientes) como o cobre e o zinco, importantes para o desenvolvimento das plantas.

Os latossolos são passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e

reflorestamento. Normalmente, está situado em relevo plano a suave-ondulado, com

declividade que raramente ultrapassa 7%, o que facilita a mecanização. São profundos,

porosos, bem drenados, bem permeáveis mesmo quando muito argilosos, friáveis e de fácil

preparo. Apesar do alto potencial para agropecuária, parte de sua área deve ser mantida com

reserva para proteção da biodiversidade desses ambientes. A grande percolação de água no

perfil desses solos, associada à baixa CTC, pode provocar lixiviação de nutrientes.

Page 5: Solos de Mato Grosso do Sul

Nitossolo Vermelho

São solos minerais, não-hidromórficos, apresentando cor vermelho-escura tendendo

à arroxeada. São derivados do intemperismo de rochas básicas e ultrabásicas, ricas em

minerais ferromagnesianos. Na sua maioria, são eutróficos com ocorrência menos

frequentes de distróficos e raramente álicos. Quando comparados aos latossolos, as TRs

apresentam maior potencial de resposta às adubações, consequência de sua CTC mais

elevada. Apresentam riscos de erosão se estiverem localizados em relevos ondulados.

Entretanto, se o solo for álico em profundidade, ocorrem limitações para o

desenvolvimento radicular. As Terras Roxas Estruturadas compreendem solos de grande

importância agrícola; as eutróficas são de elevado potencial produtivo, e as distróficas e

álicas respondem bem à aplicação de fertilizantes e corretivos. Em vista de suas

características, à exceção do relevo, esses solos têm aptidão boa para lavouras e demais

usos agropastoris. Formam-se sobre rochas básicas e ocupam as porções média e inferior

de encostas onduladas até fortemente onduladas. É comum sua ocorrência em áreas bem

drenadas, próximas a cursos d água onde predominam rochas básicas (basalto, diabásio).

Gleissolo

São solos minerais, hidromórficos, apresentando horizontes A ou H, seguido de um

horizonte de cor cinzento-olivácea, esverdeado ou azulado, chamado horizonte glei,

resultado de modificações sofridas pelos óxidos de ferro existentes no solo em condições

de encharcamento durante o ano todo ou parte dele. O horizonte glei pode começar a 40

cm da superfície. São solos mal drenados, podendo apresentar textura bastante variável

ao longo do perfil. Podem apresentar tanto argila de baixa atividade, quanto de alta

atividade, são solos pobres ou ricos em bases ou com teores de alumínio elevado. Como

estão localizados em baixadas, próximas às drenagens, suas características são

influenciadas pela contribuição de partículas provenientes dos solos das posições mais

altas e da água de drenagem, uma vez que são formados em áreas de recepção ou trânsito

de produtos transportados. Está na presença de lençol freático elevado, com riscos de

inundação, necessitando de drenagem para seu uso. Raramente apresentam fertilidade

alta e a neutralização da acidez pela calagem é problemática, exigindo, muitas vezes,

grandes quantidades de calcário. No caso de Glei Húmico, a existência de camada

orgânica, resultante do acúmulo de material orgânico, devido à má drenagem, pode

provocar elevados valores de CTC e da relação C/N. Apresentam sérias limitações ao

uso agrícola, principalmente, em relação à deficiência de oxigênio, à baixa fertilidade e ao

impedimento à mecanização. O ambiente onde se encontram os solos glei é muito

importante do ponto de vista conservação do recurso água. A drenagem dessas áreas

pode comprometer o reservatório hídrico da região, particularmente, nas áreas onde se

utiliza irrigação de superfície. A manutenção das várzeas é de suma importância para a

perenização dos cursos d´água.

Page 6: Solos de Mato Grosso do Sul

3. Aula de campo

No dia 07 de Março de 2013, foi realizada uma aula de campo com a turma do sexto

semestre de Engenharia Ambiental da UFMS. Visitou-se duas áreas da cidade de Campo

Grande, onde foi possível observar os solos e a vegetação predominantes no município.

O primeiro local visitado foi uma área de preservação permanente pertencente a um grande

empreendimento comercial. Nesse local existem nascentes de rios, que, por consequência da

construção de um shopping center, foram drenadas para uma região distante 200 metros. O solo

predominante na área é o Neossolo Quartzarênico, com ocorrência de erosão (figuras 02 e 03) e

quando nos aproximamos das nascentes a predominância é de organossolos (figura 04).

Também foi possível visualizar um testemunho de área alagada que fora totalmente drenada

(figura 05).

Figura 02: Neossolo Quartzarênico.

Figura 03: Erosão presente no local visitado.

Page 7: Solos de Mato Grosso do Sul

Figura 04: Organossolo do próximo ao corpo d'água.

Figura 05: Testemunho de que um dia o local fora uma área alagada.

Page 8: Solos de Mato Grosso do Sul

No segundo local visitado, mais uma vez, ocorre a presença de nascentes, o que torna a área

bastante definida, com solo e vegetação característicos (Figuras 06 e 07). A área está em plena

discussão entre proprietário e governo municipal, pois as partes discordam quanto à

possibilidade de uso da mesma.

Figura 06: Vegetação de vereda no segundo local visitado.

Figura 1: Solo característico de áreas úmidas no segundo local visitado.

Page 9: Solos de Mato Grosso do Sul

4. Conclusão

Podemos observar e concluir que cada solo apresenta suas particularidades, potencialidades e

fragilidades e que cada região do estado se desenvolveu de acordo com as possibilidades

oferecidas pelo solo. Logo, a importância de se analisar, classificar e mapear a distribuição dos

tipos de solo. Isso permite que se faça um melhor planejamento dos usos e atividades que se

instalarão em determinada área, visando o desenvolvimento econômico, ambiental e até mesmo

social.

5. Referências Bibliográficas

o http://www.agencia.cnptia.embrapa.br

o http://www.bolsadearrendamento.com.br

o http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br

o http://www.semac.ms.gov.br

o http://www.imasul.ms.gov.br