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i PEDRO BARBOSA PINHEIRO & TALES ANTONIO CAZIMIRO FONTES SOLO-CIMENTO: ESTUDO DA VIABILIDADE DE EMPREGO DO MÉTODO CONSTRUTIVO. Artigo apresentado ao curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção de Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Robson Donizeth Brasília 2016

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i

PEDRO BARBOSA PINHEIRO & TALES ANTONIO CAZIMIRO FONTES

SOLO-CIMENTO: ESTUDO DA VIABILIDADE DE EMPREGO DO MÉTODO

CONSTRUTIVO.

Artigo apresentado ao curso de graduação em

Engenharia Civil da Universidade Católica de

Brasília, como requisito parcial para a

obtenção de Título de Bacharel em Engenharia

Civil.

Orientador: Robson Donizeth

Brasília

2016

ii

Artigo de autoria de Pedro Barbosa e Tales Fontes, intitulado SOLO-CIMENTO: ESTUDO

DA VIABILIDADE PARA EMPREGO DO MÉTODO CONTRUTIVO, apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil da Universidade

Católica de Brasília, em 28/11/2016, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo

assinada:

__________________________________________________

Prof. M.Sc. Robson Donizeth

Orientador

Curso de Engenharia Civil – UCB

__________________________________________________

Prof. M.Sc. Sylvia R. C. Brant Pereira de Jesus

Examinador (a)

Curso de Engenharia Civil – UCB

Brasília

2016

iii

AGRADECIMENTOS

Nossos sinceros agradecimentos:

A Deus;

Aos nossos familiares por todo apoio estando presentes em todo o curso;

Ao professor Robson Donizeth pela orientação e incentivo;

Aos professores Willem e Beatriz que contribuíram para a realização deste trabalho;

Ao Paulo e Leidiane por toda disposição juntos ao laboratório;

A todos os professores pelos conhecimentos que adquirimos até aqui;

E a todos nossos amigos e colaboradores que nos incentivaram ao longo de toda essa jornada

mostrando que devemos persistir com nossos objetivos.

iv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tipos e dimensões de tijolos solo-cimento produzidos no Brasil............................. 6

Tabela 2 : Alvenaria de tijolo de solo-cimento, dimensões 6,25x12, 5x25 cm, embutido, barra

de aço 5/16”, executada até 1,60 de altura. .............................................................................. 11

Tabela 3: Alvenaria de tijolo de solo-cimento, dimensões 6,25x12, 5x25 cm, embutido, barra

de aço 5/16” e graute, executada com andaime. ....................................................................... 11

Tabela 4: Blocos cerâmicos (9x19x19cm), juntas de 12 mm com argamassa mista de cimento,

cal hidratada e areia sem peneirar traço 1: 2: 8. Espessura da parede 9 cm ............................. 12

Tabela 5: Armadura de aço para estruturas em geral CA-50. Diâmetro 8 mm. Corte e dobra na

obra. .......................................................................................................................................... 13

Tabela 6: Fôrma de madeira maciça para vigas. Com tábuas e sarrafos (montagem e

desmontagem) ........................................................................................................................... 13

Tabela 7: Concreto estrutural virado em obra. controle "A", consistência para vibração, brita

01 .............................................................................................................................................. 14

Tabela 8: Chapisco de parede interna ou externa de cimento e areia sem peneirar 1: 3.

e=5mm. ..................................................................................................................................... 14

Tabela 9: Emboço para parede externa com argamassa mista de cimento e cal hidratada ...... 15

Tabela 10: Emboço para parede interna com argamassa mista de cimento e areia sem peneirar

traço 1:2:6. e=20mm ................................................................................................................. 15

Tabela 11: Reboco para parede interna ou externa, com argamassa pré-fabricada. E=5mm ... 16

Tabela 12: Gesso aplicado em parede ou teto interno - desempenado ..................................... 16

Tabela 13: Pintura interna em Látex PVA................................................................................ 17

Tabela 14: Pintura com tinta látex acrílica em parede externa, sem massa corrida. ................ 17

Tabela 15: Custo total para o sistema de alvenaria de solo-cimento. ....................................... 18

Tabela 16: Custo total para o sistema convencional – Blocos Cerâmicos ............................... 18

Tabela 17: Produtividade do sistema de alvenaria de solo-cimento. ........................................ 20

Tabela 18: Produtividade do Sistema Convencional – Blocos Cerâmicos. (Continua) ........... 20

Tabela 19 – Custo total ............................................................................................................. 22

Tabela 20 – Produtividade total (h) .......................................................................................... 23

v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma de processo de fabricação de tijolos de solo-cimento ........................... 5

Figura 2- Tijolo com dois furos e encaixes ................................................................................ 6

Figura 3- ½ tijolo com furo e encaixe ........................................................................................ 7

Figura 4- Canaleta ...................................................................................................................... 7

Figura 5– Teste de resistência à compressão .............................................................................. 8

vi

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 1

1. INTRODUÇÄO ................................................................................................................. 1

2. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 2

2.1. Comparação dos Custos................................................................................................... 2

2.2. Comparação da produtividade ......................................................................................... 3

3. OBJETIVO ........................................................................................................................ 3

3.1. Objetivo geral .................................................................................................................. 3

3.2. Objetivos específicos ....................................................................................................... 3

4. CARACTERIZAÇÃO DO TIJOLO DE SOLO-CIMENTO........................................ 4

4.1. Processo de fabricação..................................................................................................... 4

4.2. Tipos de tijolos ................................................................................................................ 5

4.3. Ensaio de resistência à compressão com base na NBR 8491/1984 ................................. 8

5. COMPARATIVO DE CUSTO ENTRE OS SISTEMAS CONSTRUTIVOS ........... 10

5.1. TABELAS DE VALORES DE CUSTO ....................................................................... 10

5.1.1. Alvenaria de Bloco de Solo-cimento ......................................................................... 11

5.1.2. Alvenaria de Blocos cerâmicos .................................................................................. 12

5.2. PRODUTIVIDADE....................................................................................................... 19

5.2.1. Análise de Produtividade de Alvenaria de Solo-cimento. ......................................... 19

5.2.2. Análise de Produtividade de Alvenaria de Blocos Cerâmicos. .................................. 20

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 21

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................... 26

ABSTRACT ............................................................................................................................ 27

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 28

ANEXO .................................................................................................................................... 30

1

SOLO-CIMENTO: ESTUDO DA VIABILIDADE DE EMPREGO DO MÉTODO

CONTRUTIVO

PEDRO BARBOSA PINHEIRO & TALES ANTONIO CAZIMIRO FONTES

RESUMO

Neste trabalho realiza-se um estudo sobre a viabilidade do uso do tijolo solo-cimento

em construção. Tal estudo aborda a composição, o processo de fabricação, os tipos de tijolos

existentes, além de um ensaio de laboratório com o qual se comprova excelente resistência à

compressão. Apresenta também um comparativo de custo e de produtividade entre o sistema

construtivo solo-cimento e o de alvenaria de bloco cerâmico. Faz-se uma comparação entre os

dois sistemas considerando os custos e o tempo de execução das etapas de estrutura, de

vedação, de revestimentos internos e externos de uma residência. Quanto aos custos das

referidas construções apresentam-se planilhas orçamentárias e de produtividade. A vantagem

do uso de tijolo solo-cimento em relação ao emprego do tijolo convencional ocorre no que se

refere ao tempo de execução, ao custo, ao desperdício de materiais, a poluição, entre outros

fatores importantes, onde um dos temas mais abordados é a sustentabilidade.

Palavras-chave: Tijolo solo-cimento. Tijolo cerâmico. Custo. Produtividade. Viabilidade

1. INTRODUÇÄO

Tendo em vista que os recursos naturais utilizados como matéria prima são finitos, a

procura por novas alternativas, tanto em produtos como em técnicas, se faz necessária. Para

minimizar os impactos gerados pela exploração dos recursos naturais utilizados na construção

civil, os sistemas construtivos que usam tijolos de solo-cimento apresentam como uma

alternativa, já que é uma técnica ecologicamente correta e consiste em uma mistura

homogênea de solo, cimento e água em suas devidas proporções e posteriormente compactada

em forma de tijolos e blocos.

O sistema tem como vantagem o fato do solo ser retirado da região onde o bloco será

usado. Sua resistência mecânica e sua durabilidade são obtidas pela adição de cimento

Portland. O método de construção de solo cimento, além de oferecer vantagens de baixo

2

impacto ambiental, proporciona, se bem executado, uma redução do tempo e de custo de

obras residenciais, se comparado as construções convencionais (FIQUEROLA, 2004).

Para atender a demanda de produção do mercado sem aumentar os impactos

ambientais e manter a qualidade dos serviços, o tijolo de solo-cimento é uma solução viável,

economicamente, ecologicamente e socialmente.

Este presente trabalho é composto por um estudo de viabilidade para o uso do método

construtivo de solo-cimento, levando em consideração processo de fabricação, custo para

execução de alvenaria e produtividade. Mostrar a viabilidade desse sistema é o ponto

principal do estudo proposto nesse trabalho.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia a ser realizada no trabalho será resumida em duas etapas: a primeira

será o esclarecimento do processo de fabricação e utilização do tijolo de solo-cimento por

meio de uma revisão bibliográfica, na qual será apontada o que é o tijolo de solo-cimento,

qual é a sua importância, quais são os procedimentos adequados de sua fabricação,

comparados a outro tipo de alvenaria (tijolo cerâmico). Para melhor caracterização, por meio

de ensaio de compressão será analisada a resistência do tijolo.

Posteriormente será executado um comparativo entre os dois sistemas construtivos em

termos de custo e de produtividade. Nessa etapa serão estabelecidas as quantidades de insumo

e de mão-de-obra para executar cada tipo de alvenaria.

2.1. Comparação dos Custos

Utilizando como base as instruções normativas de fabricação e de uso do bloco de

solo-cimento, o primeiro passo é analisar tais procedimentos para seu bom entendimento.

Tendo isso em vista o trabalho prosseguirá com um comparativo entre o sistema convencional

de alvenaria e o de solo-cimento.

Por meio de uma construção de tabelas quantitativas com dados retirados da Tabela de

Composição de Preços para Orçamentos (TCPO, 2010), relatório do mês de setembro de 2016

da SINAPI – CAIXA, valores de mercado e buscas será possível a comparação entre os custos

de cada sistema. Nessa etapa será adotada para base de cálculo uma planta baixa de uma

residência de pequeno porte para que sirva de base comparativa, sendo ela com 2,4 metros de

3

altura de pé direito e uma área de construção de aproximadamente 60 m². O montante final de

cálculo é referente ao processo de estruturação e vedação.

2.2. Comparação da produtividade

Com a elaboração das tabelas descritas anteriormente será possível, por meio delas,

realizar um cálculo da produtividade para cada método construtivo, levando em consideração

o número e horas necessárias para execução de 1m² de alvenaria. Por fim com a análise de

cada tabela de quantitativo e de produtividade será possível concluir qual método é mais

eficiente em termos de tempo/custo. Este último procedimento busca evidenciar a viabilidade

do uso do sistema construtivo de solo-cimento.

3. OBJETIVO

3.1. Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é estabelecer uma análise comparativa entre os dois

sistemas construtivos de alvenaria de vedação: construção com tijolo de solo-cimento e blocos

cerâmicos. A análise comparativa terá como parâmetros valores de custo e de produtividade

de uma residência.

3.2. Objetivos específicos

- Caracterizar o tijolo de solo-cimento, bem como seu processo de fabricação;

- Executar ensaio de laboratório para determinar sua resistência;

- Estabelecer comparativo de custo e produtividade entre os dois sistemas

construtivos;

- Citar as vantagens e as desvantagens do sistema de alvenaria solo-cimento.

4

4. CARACTERIZAÇÃO DO TIJOLO DE SOLO-CIMENTO

4.1. Processo de fabricação

O tijolo ecológico de solo-cimento é um produto endurecido, resultante da cura de

uma mistura íntima compactada de solo, cimento e água, em proporções estabelecidas por

meio de dosagem executada conforme a NBR 12253 (NBR 12024/1992).

Utilizando matéria-prima comum e abundante e misturando-a com cimento em

proporções que variam de 5 a 10% em relação ao volume (ou massa) do solo, podem fabricar

tijolos de elevada resistência mecânica (até 100 kgf/cm²), baixa capacidade de absorção de

água (em torno de 15%), elevada resistência às intempéries e à erosão e alto poder de

isolamento termoacústico (GOMES, 1980).

O processo de fabricação do tijolo de solo-cimento prensado corresponde às seguintes

etapas:

Preparação do solo: consiste em destorroar e peneirar o solo seco;

Preparo da mistura: adiciona-se o cimento ao solo preparado e realiza-se uma mistura

com os materiais secos. Após homogeneização adiciona-se água e mistura-se

novamente o material até se uniformizar a umidade do solo. Em obras de maior porte

o solo-cimento pode ser produzido em usinas ou em centrais de mistura, com prensas

manuais ou hidráulicas. Em obras de pequeno porte, a mistura é feita manualmente,

pois a mistura em betoneira é difícil uma vez que o material tem muita liga;

Moldagens dos tijolos: auxílio de prensas hidráulicas ou manuais;

Cura e armazenamento: após 6 horas de moldados e durante os 7 primeiros dias, os

tijolos devem ser mantidos úmidos por meio de sucessivas molhagens.

CARNEIRO (2001) ressalta a possiblidade de se incorporarem outras matérias na sua

fabricação. Por não ser necessária a queima do tijolo, há uma expressiva redução do consumo

de energia e, por consequência, de danos ambientais em sua fabricação. A qualidade do tijolo

de solo-cimento prensado é função do empacotamento dos grãos do solo depois de

compactado. O material resultante tem baixa porosidade e alta densidade.

Segundo CARVALHO & POROCA apud CARNEIRO (2001), as paredes construídas

com tijolos de solo-cimento prensados têm comportamento térmico e durabilidade

equivalentes às construídas com tijolos ou blocos cerâmicos.

5

A fabricação do tijolo ecológico pode ser mostrada em resumo no fluxograma da

figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de processo de fabricação de tijolos de solo-cimento

Fonte: GOMES, 1980

4.2. Tipos de tijolos

No mercado brasileiro, são encontrados diversos tipos de tijolo solo-cimento que são

escolhidos de acordo com sua especificidade. Na tabela 1 são relacionados alguns tipos:

Tipos Dimensões Características

Maciço comum

5 x 10 x 20 cm

5 x 10 x 21 cm

Assentamento com consumo de

argamassa similar dos tijolos

maciços comuns.

Maciço com

encaixes

5 x 10 x 21 cm

5 x 11 x 23 cm

Assentamento com encaixes

com baixo consumo de

argamassa.

6

Tipos Dimensões Características

½ tijolo com

encaixes

5 x 10 x 10,5 cm

5 x 11 x 11,5 cm

Elemento produzido para que

não haja quebras na formação

dos aparelhos com juntas

desencontradas.

Tijolo com dois

furos e encaixes

– vide figura 2

5 x 10 x 20 cm

6,25 x 12,5 x 25 cm

7,5 x 15 x 30 cm

Assentamento a seco com cola

branca ou argamassa bem

plástica. Tubulações passam

pelos furos verticais.

½ tijolo com

furo e encaixe-

vide figura 3

5 x 10 x 10 cm

6,25 x 12,5 x 12,5 cm

7,5 x 15 x 15 cm

Elemento produzido para acertar

os aparelhos, sem a necessidade

de quebra.

Canaletas – vide

figura 4

5 x 10 x 20 cm

6,25 x 12,5 x 25 cm

7,5 x 15 x 30 cm

Elemento empregado para

execução de vergas, reforços

estruturais, cintas de amarração

e passagem de tubulações

horizontais.

Tabela 1 – Tipos e dimensões de tijolos solo-cimento produzidos no Brasil

Fonte: PISANI, 2005

Figura 2- Tijolo com dois furos e encaixes

Fonte: tijolo.eco.br

7

Figura 3- ½ tijolo com furo e encaixe

Fonte: tijolo.eco.br

Figura 4- Canaleta

Fonte: tijolo.eco.br

8

4.3. Ensaio de resistência à compressão com base na NBR 8491/1984

Para realizar o ensaio de resistência à compressão, na confecção do tijolo solo-

cimento, foi utilizada a proporção de nove medidas de solo livre de material orgânico para

uma medida de cimento Portland CP-II 32 e água.

Foi utilizado um tijolo com cura superior a 28 dias fabricado por prensa manual na

própria Universidade Católica de Brasília, com dimensões de 25cm x 12,5cm x 6,5cm e

diâmetro do graute de 6,5 cm.

De acordo com a NBR 8492/1984, os valores mínimos encontrados são: 2 MPa

(média) e 1,7 MPa (individual) para cura acima de 7 dias.

Para o ensaio de compressão, o tijolo é colocado entre duas placas metálicas para

aumentar a superfície de contato e levado ao interior da máquina para o devido teste,

conforme Figura 5.

Figura 5– Teste de resistência à compressão

Fonte: Autor.

9

O teste se resume em aplicar uma carga sobre o tijolo e os resultados são anotados

com unidade em kN aumentando-se gradativamente a carga até a ruptura do mesmo.

A tensão de ruptura e obtida a partir da equação:

Onde: τ = tensão de ruptura [kN/mm²], F = carga de ruptura [kN], A = área da seção

transversal do tijolo [mm²].

Para determinar a resistência média, usa-se a média aritmética das repetições do teste

de compressão.

No ensaio de compressão rompemos cinco tijolos de um mesmo lote para garantir que

o modelo utilizado atenda as exigências normativas.

Carga média máxima adotada: 50,950 kN

Área da média superfície de aplicação da força: 24613,55 mm²

De acordo com o resultado do ensaio notou-se que o tijolo obteve bons resultados ao

ensaio de resistência a compressão com valores de 2,07 MPa de média, atendendo aos padrões

da norma NBR 8492/1984.

10

5. COMPARATIVO DE CUSTO ENTRE OS SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Seguindo o descrito na metodologia do presente estudo, onde se prevê uma

comparação dos dois tipos de sistemas construtivos, alvenaria com blocos de solo-cimento e

alvenaria com blocos cerâmicos é notável que o uso de blocos cerâmicos é mais comum para

obras de habitação no Brasil. Isso se deve à facilidade de obtenção dos materiais de

construção que envolve os processos construtivos do método. Entretanto a utilização de

materiais de caráter sustentável se torna cada vez mais necessária. Tendo isso em vista, o

estudo dos mesmos e da viabilidade do seu uso é fundamental.

Os critérios estabelecidos na comparação dos sistemas construtivos serão baseados em

uma planta residencial. Como base de cálculo, foi adotada altura de pé direito de 2,40 metros

e as tabelas geradas tiveram como base de 1m² de alvenaria construída.

O parâmetro de comparação serão as etapas de confecção da alvenaria e de

revestimento, levando em consideração as quantidades dos materiais utilizados e a mão-de-

obra necessária para sua execução.

Os dados para elaboração das tabelas com os quantitativos de insumos e mão-de-obra

foram retirados da Tabela de Composição de Preços para Orçamentos (TCPO, 2010) e o

relatório do mês de setembro de 2016 da SINAPI – CAIXA, além de buscas com a ferramenta

de pesquisa de endereços eletrônicos de valores salariais na região do Distrito Federal, bem

como busca de custo dos materiais em lojas de materiais para construção na região

supracitada.

Os valores referentes às horas trabalhadas foram retirados do Sindicato dos

Trabalhadores da Indústria na Construção e do Mobiliário de Brasília – STICMB, com a

complementação através de buscas pela ferramenta de pesquisa de endereços eletrônicos,

utilizando a palavra chave “Valor de horas trabalhadas na construção civil”.

5.1. TABELAS DE VALORES DE CUSTO

Com base nos dados anteriormente citados, foram elaboradas as tabelas de custo

contemplando cada sistema construtivo.

11

5.1.1. Alvenaria de Bloco de Solo-cimento

Para a construção de alvenaria de vedação e estrutura foram obtidas as quantidades de

insumos e mão-de-obra apresentas nas Tabelas 2 e 3. As quantidades são referentes à 1m² de

construção de alvenaria de bloco de solo-cimento.

A alvenaria escolhida utiliza o bloco de solo-cimento com dimensões de 6,25 x 12,5 x

25 cm e é dado o preço para construção da alvenaria em duas alturas, primeiramente até 1,60

m e o seguinte com utilização de andaime.

Tabela 2 : Alvenaria de tijolo de solo-cimento, dimensões 6,25x12, 5x25 cm, embutido, barra de

aço 5/16”, executada até 1,60 de altura.

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Tijolo de solo-cimento un 64,000 R$ 0,55 R$ 35,20

Cimento Portland CP-32 kg 1,348 R$ 0,44 R$ 0,59

Areia media m³ 0,003 R$ 55,46 R$ 0,17

Pedrisco m³ 0,003 R$ 49,39 R$ 0,15

Cola a base de PVA kg 0,510 R$ 10,70 R$ 5,46

Barra de aço CA-50 8 mm kg 0,420 R$ 2,82 R$ 1,18

Mão de obra

Pedreiro h 0,74 R$ 5,14 R$ 3,80

Servente h 0,77 R$ 3,65 R$ 2,81

Preço total

R$ 49,36

Tabela 3: Alvenaria de tijolo de solo-cimento, dimensões 6,25x12, 5x25 cm, embutido, barra de

aço 5/16” e graute, executada com andaime.

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Tijolo de solo-cimento un 64,000 R$ 0,55 R$ 35,20

Cimento Portland CP-32 kg 1,348 R$ 0,44 R$ 0,59

Areia media m³ 0,003 R$ 55,46 R$ 0,17

Pedrisco m³ 0,003 R$ 49,39 R$ 0,15

Cola a base de PVA kg 0,510 R$ 10,70 R$ 5,46

Barra de aço CA-50 8 mm kg 0,420 R$ 2,82 R$ 1,18

12

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Mão de obra

Pedreiro h 1,2 R$ 5,14 R$ 6,17

Servente h 1,223 R$ 3,65 R$ 4,46

Preço total

R$ 53,38

5.1.2. Alvenaria de Blocos cerâmicos

Para a construção de uma alvenaria de vedação, armaduras de aço e estrutura de

concreto foram obtidas as seguintes quantidades de insumos e mão-de-obra presentes nas

tabelas 4 a 7. As quantidades estão referentes à 1m² de construção de alvenaria de bloco

cerâmico.

A alvenaria escolhida utiliza o bloco cerâmico com dimensões de 9 x 19 x 19 cm e é

dado o preço para construção da alvenaria com espessura de 9 cm.

Tabela 4: Blocos cerâmicos (9x19x19cm), juntas de 12 mm com argamassa mista de cimento, cal

hidratada e areia sem peneirar traço 1: 2: 8. Espessura da parede 9 cm

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Bloco cerâmico un 25,7 R$ 0,45 R$ 11,57

Cal Hidratada kg 2,457 R$ 0,29 R$ 0,71

Cimento kg 2,457 R$ 0,44 R$ 1,08

Areia m³ 0,1647 R$ 58,28 R$ 9,60

Mão de obra

Pedreiro h 1 R$ 5,14 R$ 5,14

Servente h 1,135 R$ 3,65 R$ 4,14

Preço total

R$ 32,24

13

Tabela 5: Armadura de aço para estruturas em geral CA-50. Diâmetro 8 mm. Corte e dobra na obra.

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Espaçador circular de plástico para

pilares, fundo e laterais de viga,

lajes, pisos e estacas (cobrimento:

30 mm).

un 11,4 R$ 0,50 R$ 5,700

Barra de aço CA-50 5/16" (bitola:

8.00 mm / massa linear: 0.395

kg/m)

un 1,1 R$ 2,63 R$ 2,893

Arame recozido (diâmetro do fio:

1.25 mm / bitola: 18 BWG) kg 0,02 R$ 6,34 R$ 0,127

Mão de obra

Ajudante de armador h 0,08 3,65 R$ 0,29

Armador h 0,08 5,14 R$ 0,41

Preço total

R$ 9,42

Tabela 6: Fôrma de madeira maciça para vigas. Com tábuas e sarrafos (montagem e

desmontagem)

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Prego 17 x 21 com cabeça

(comprimento: 483 mm /diâmetro da

cabeça: 3.0 mm

kg 0,2 R$ 5,65 R$ 1,13

Sarrafo 1" x 3" (altura: 75 mm /

espessura: 25 mm) m 3,6 R$ 0,65 R$ 2,34

Tábua 1" x 12" (espessura: 25 mm /

largura: 300 mm m² 1,25 R$ 6,77 R$ 8,46

Desmoldante de fôrmas para Concreto L 0,1 R$ 6,85 R$ 0,69

Mão de obra

Carpinteiro h 2,57 R$ 5,14 R$ 13,21

Ajudante de carpinteiro h 0.92 R$ 3,65 R$ 3,65

Preço total

R$ 29,48

14

Tabela 7: Concreto estrutural virado em obra. controle "A", consistência para vibração, brita 01

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Betoneira. elétrica. 2HP (1.5 kW).

capacidade 4001-vida útil 10.000 h

h de

produção 0,306 R$ 1,89 R$ 0,58

Areia lavada tipo média m³ 0,836 R$ 58,28 R$ 48,72

Pedra britada 1 m³ 0,836 R$ 49,70 R$ 41,55

Cimento Portland CP II-E-32

(resistência: 32.00 MPa) kg 322 R$ 0,44 R$ 141,68

Mão-de-obra

Servente h 6 R$ 3,65 R$ 55,98

Preço total

R$ 288,50

Para a parte de revestimento será utilizado em ambos os sistemas o chapisco, porém

no sistema de solo-cimento será necessário o seu uso apenas na área interna. Os valores de

chapisco estão de acordo com a tabela 8, cálculo de insumos e mão-de-obra para 1m² de

cobrimento.(JUSTIFICAR E BOTAR REFS)

Tabela 8: Chapisco de parede interna ou externa de cimento e areia sem peneirar 1: 3.

e=5mm.

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Areia lavada m³ 0,0061 R$ 55,46 R$ 0,34

Cimento Portland CP II-E-32 kg 2,43 R$ 0,44 R$ 1,07

Mão-de-obra

Pedreiro h 0,1 R$ 5,14 R$ 0,51

Servente h 0,15 R$ 3,65 R$ 0,55

Preço

total R$ 2,50

A Tabela 9 traz o custo para os dois métodos construtivos da aplicação do emboço em

área de paredes externa. Já a tabela 10 são apresentados os valores para aplicação do emboço

para áreas internas.

15

Tabela 9: Emboço para parede externa com argamassa mista de cimento e cal

hidratada

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Cimento Portland CP II-E-32 kg 6,075 R$ 0,44 R$ 2,67

Areia lavada tipo média m³ 0,0305 R$ 58,28 R$ 1,78

Cal hidratada CH III kg 6,075 R$ 0,29 R$ 1,76

Mão de obra

Pedreiro h 0,82 R$ 5,14 R$ 4,21

Servente h 0,66 R$ 3,65 R$ 2,41

Preço total R$ 12,80

Tabela 10: Emboço para parede interna com argamassa mista de cimento e areia sem peneirar traço

1:2:6. e=20mm

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Cimento Portland CP II-E-32 kg 3,24 R$ 0,44 R$ 1,43

Areia lavada tipo média m³ 0,0244 R$ 58,28 R$ 1,42

Cal hidratada CH III kg 3,24 R$ 0,29 R$ 0,94

Mão-de-obra

Pedreiro h 0,6 R$ 5,14 R$ 3,08

Servente h 0,8 R$ 3,65 R$ 2,92

Preço total R$ 9,80

As áreas de parede externa ou interna apresentam reboco e as composições com

respectivas quantidades e valores estão discriminados na tabela 11.

16

Tabela 11: Reboco para parede interna ou externa, com argamassa pré-fabricada. E=5mm

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Argamassa pré-fabricada para

revestimento externo, interno e

assentamento de alvenaria.

kg 8,5 R$ 0,34 R$ 2,89

Misturador de argamassa elétrico h prod. 0,0017 R$ 1,89 R$ 0,003

Mão-de-obra

Pedreiro h 0,5 R$ 5,14 R$ 2,57

Servente h 0,5 R$ 3,65 R$ 1,83

Preço total R$ 7,30

Como anteriormente citado, as paredes de solo-cimento em toda área interna seca

receberá um revestimento de gesso lento. Os valores das quantidades estão presentes na tabela

12.

Tabela 12: Gesso aplicado em parede ou teto interno - desempenado

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Gesso kg 6,20 R$ 0,43 R$ 2,67

Mão de obra

Pedreiro h 0,39 R$ 5,14 R$ 2,00

Servente h 0,1 R$ 3,65 R$ 0,37

Preço total R$ 5,00

Fonte: autor

Como acabamento final a pintura deve ser aplicada nos dois métodos construtivos.

Nas Tabelas 13 e 14, é possível verificar o custo para tais serviços.

17

Tabela 13: Pintura interna em Látex PVA.

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Lixa d' água un 0,3 R$ 0,40 R$ 0,12

Selador para pintura látex L 0,2 R$ 11,46 R$ 2,29

Tinta Látex L 0,25 R$ 11,43 R$ 2,86

Mão de obra

Pintor h 0,45 R$ 5,14 R$ 2,31

Ajudante de pintor h 0,4 R$ 3,65 R$ 1,46

Preço total R$ 9,00

Tabela 14: Pintura com tinta látex acrílica em parede externa, sem massa corrida.

Componentes Unidade Consumo Preço Unitário Preço Total

Materiais

Líquido preparador de superfícies lata

18l L 0,12 R$ 9,83 R$ 1,18

Lixa para superfície un 0,25 R$ 0,41 R$ 0,10

Tinta látex acrílica L 0,17 R$ 14,18 R$ 2,41

Mão-de-obra

Pintor h 0,4 R$ 5,14 R$ 2,06

Ajudante de pintor h 0,35 R$ 3,65 R$ 1,28

Preço total R$ 7,00

Fonte: autor

Algumas alternativas quanto ao revestimento podem ser adotadas na alvenaria de solo-

cimento, tal como a ausência total de revestimento, na qual o tijolo fica exposto e recebe

apenas uma camada impermeabilizante; em áreas molhadas o revestimento cerâmico faz com

que seja necessário o preparo da base.

No caso do estudo apresentado, a alvenaria receberá chapisco em toda área interna,

bem como uma camada de gesso nas áreas internas secas.

Com base em todas as tabelas de custo que contemplam as fases de execução de cada

sistema de alvenaria de vedação que foram geradas anteriormente, foram aplicados esses

18

valores de custo de execução para uma planta de aproximadamente 60m² e pé direito de 2,4

metros.

O custo para o sistema de alvenaria de solo-cimento pode ser observado na tabela 15.

Tabela 15: Custo total para o sistema de alvenaria de solo-cimento.

Componentes Unidade Custo Qtde Preço Total

Alvenaria de bloco solo-cimento até 1,60 m² R$ 49,36 64,12 3165,17

Alvenaria de bloco solo-cimento com

andaime m² R$ 53,86 32,9 1772,03

Gesso aplicado em parede ou teto interno -

desempenado m² R$ 5,04 76,34 384,42

Pintura Látex (interna) m² R$ 9,04 18,48 167,11

Chapisco de parede interna ou externa de

cimento e areia sem peneirar 1: 3. e=5mm.

m² R$ 2,47 76,39 188,61

Emboço para parede externa com

argamassa mista de cimento, cal hidratada e

areia sem peneirar traço 1:2:6, e=20mm

m² R$ 12,84 76,39 980,55

Reboco para parede interna ou externa, com

argamassa pré-fabricada, e=5mm.

m² R$ 7,29 76,39 556,75

Pintura com tinta látex acrílica em parede

externa, sem massa corrida m² R$ 7,03 76,39 536,73

TOTAL 7751,35

Para o sistema de alvenaria de blocos cerâmicos, onde foi utilizado como

revestimento, tanto para áreas externas como internas, reboco, emboço e chapisco foram

obtidos os custos mostrados na tabela 16.

Tabela 16: Custo total para o sistema convencional – Blocos Cerâmicos

Componentes Unidade Custo Qtde Preço Total

Alvenaria de bloco cerâmico m² R$ 33,01 90,5 R$ 2.987,50

Armadura de aço kg R$ 9,42 63,5 R$ 598,36

Fôrma de madeira maciça para vigas m² R$ 29,477 16,9 R$ 498,17

Concreto estrutural virado em obra m² R$ 288,51 1,35 R$ 389,48

Chapisco de parede interna ou externa de

cimento e areia sem peneirar 1: 3. e=5mm. m² R$ 2,47 118,26 R$ 291,98

19

Componentes Unidade Custo Qtde Preço Total

Emboço para parede interna com

argamassa mista de cimento, cal hidratada

e areia sem peneirar traço 1:2:6, e=20mm

m² R$ 9,79 118,26 R$ 1.157,91

Reboco para parede interna ou externa,

com argamassa pré fabricada, e=5mm. m² R$ 7,29 118,26 R$ 861,90

Pintura Látex (interna) m² R$ 9,04 76,34 R$ 690,30

Chapisco de parede interna ou externa de

cimento e areia sem peneirar 1: 3. e=5mm. m² R$ 2,47 76,39 R$ 188,61

Emboço para parede externa com

argamassa mista de cimento, cal hidratada

e areia sem peneirar traço 1:2:6, e=20mm

m² R$ 12,84 76,39 R$ 980,55

Reboco para parede interna ou externa,

com argamassa pré-fabricada, e=5mm. m² R$ 7,29 76,39 R$ 556,75

Pintura com tinta látex acrílica em parede

externa, sem massa corrida m² R$ 7,03 76,39 R$ 536,73

TOTAL R$ 9.738,25

Fonte: Autor.

5.2. PRODUTIVIDADE

No que se trata de produtividade, o presente trabalho estabelece uma relação de tempo

solicitante de mão-de-obra necessária para execução de cada etapa de construção das

alvenarias. A eficiência de um sistema se dá pelo uso das matérias e mão-de-obra da melhor

forma possível utilizando o menor uso do tempo.

5.2.1. Análise de Produtividade de Alvenaria de Solo-cimento.

Referente ao orçamento de execução da alvenaria de vedação, revestimento externo e

interno citados acima, o sistema de solo-cimento obteve valores de produtividade expressos

na Tabela 17. Os resultados totais obtidos através da soma das multiplicações das quantidades

em m² pelo valor em horas do oficial e servente, que foram calculados por meio da formula:

(𝑄𝑡𝑑𝑒 ∗ 𝑂𝑓𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + (𝑄𝑡𝑑𝑒 ∗ 𝑆𝑒𝑟𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒) = 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙(ℎ).

.

20

Tabela 17: Produtividade do sistema de alvenaria de solo-cimento.

Componentes Unidade Oficial Servente Qtde Total(h)

Alvenaria de bloco solo-cimento até 1,60 m² 0,74 0,77 64,12 96,82

Alvenaria de bloco solo-cimento com andaime m² 1,2 1,22 32,90 79,62

Gesso aplicado em parede ou teto interno -

desempenado m² 0,39 0,1 76,34 37,41

Pintura Látex (interna) m² 0,45 0,4 18,48 15,71

Chapisco de parede interna ou externa de cimento e

areia sem peneirar 1: 3. e=5mm. m² 0,1 0,15 76,39 19,10

Emboço para parede externa com argamassa mista de

cimento, cal hidratada e areia sem peneirar traço

1:2:6, e=20mm

m² 0,82 0,66 76,39 113,06

Reboco para parede interna ou externa, com

argamassa pré-fabricada, e=5mm. m² 0,5 0,5 76,39 76,39

Pintura com tinta látex acrílica em parede externa,

sem massa corrida m² 0,4 0,35 76,39 57,29

TOTAL 495,39

5.2.2. Análise de Produtividade de Alvenaria de Blocos Cerâmicos.

Para o método de alvenaria de vedação utilizando blocos cerâmicos, foram obtidos os

valores de produtividade conforme a tabela 18. Resultados totais obtidos através da soma das

multiplicações das quantidades em m² pelo valor em horas do oficial e servente, que foram

calculados por meio da formula:

(𝑄𝑡𝑑𝑒 ∗ 𝑂𝑓𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + (𝑄𝑡𝑑𝑒 ∗ 𝑆𝑒𝑟𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒) = 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙(ℎ).

Tabela 18: Produtividade do Sistema Convencional – Blocos Cerâmicos. (Continua)

Componentes Unidade Oficial Servente Qtde Total(h)

Alvenaria de bloco cerâmico m² 0,7 0,86 90,5 141,18

Armadura de aço kg 0,08 0,08 63,5 10,16

Fôrma de madeira maciça para vigas m² 2,57 0,92 16,9 58,98

Concreto estrutural virado em obra m² 0 6 0,69 4,14

Chapisco de parede interna ou externa de cimento e

areia sem peneirar 1: 3. e=5mm. m² 0,1 0,15 118,26 29,57

21

Componentes Unidade Oficial Servente Qtde Total(h)

Emboço para parede interna com argamassa mista de

cimento, cal hidratada e areia sem peneirar traço

1:2:6, e=20mm

m² 0,6 0,8 118,26 165,56

Reboco para parede interna ou externa, com

argamassa pré-fabricada, e=5mm. m² 0,5 0,5 118,26 118,26

Pintura Látex (interna) m² 0,45 0,4 76,34 64,89

Chapisco de parede interna ou externa de cimento e

areia sem peneirar 1: 3. e=5mm. m² 0,1 0,15 76,39 19,10

Emboço para parede externa com argamassa mista de

cimento, cal hidratada e areia sem peneirar traço

1:2:6, e=20mm

m² 0,82 0,66 76,39 113,06

Reboco para parede interna ou externa, com

argamassa pré-fabricada, e=5mm. m² 0,5 0,5 76,39 76,39

Pintura com tinta látex acrílica em parede externa,

sem massa corrida m² 0,4 0,35 76,39 57,29

TOTAL 644,12

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No que diz respeito à alvenaria, pode-se ressaltar que o mercado oferece opções

quanto às dimensões e à matéria-prima dos blocos de vedação ou estruturais. No caso deste

trabalho, foram abordadas alvenarias de vedação. É importante levar em consideração que,

devido a essa grande variedade de opções, existem divergências quanto à qualidade do

material e isso influencia diretamente no custo de uma obra.

Levando em consideração o preço unitário dos blocos utilizados para construção da

alvenaria, os blocos de solo-cimento estão em torno de R$ 0,55 e o valor unitário do bloco

cerâmico está em torno de R$ 0,48. A vedação de um metro quadrado para o tijolo solo-

cimento exige 64 unidades e, para os blocos cerâmicos exige-se pouco mais de 25 unidades.

Porém o custo geral não está integralmente baseado em custo unitário.

Os custos obtidos para execução das alvenarias da residência de 59,77 m² foram:

sistemas de solo-cimento o valor do custo final de R$ 7.751,35, e para o sistema de blocos

cerâmicos R$ 9.738,25.

22

Na alvenaria, empregando tijolos de solo-cimento, há uma economia no revestimento,

pois dispensa a aplicação de chapisco, de emboço e de reboco na área interna, além de que o

tempo de assentamento dos blocos é reduzido devido à sua precisão dimensional, que faz com

que o sistema construtivo se torne economicamente viável, mesmo sendo uma análise de

custo que se limita apenas às fases de estrutura/vedação e revestimento.

O custo total para o revestimento da alvenaria de bloco cerâmico, considerando

aplicação de gesso e tinta látex na área interna corresponde a R$ 551,52 e o tempo de

execução dessa etapa é de 53,11 horas.

Para o revestimento interno da alvenaria de blocos cerâmicos foi observado o custo

para execução de R$ 3.002,10 e as horas necessárias para finalizar o serviço foram 378,28

horas.

Para o revestimento externo foi observado que o valor de execução foi o mesmo, pois

são aplicados os mesmos materiais de acabamento. São consideradas para os dois as etapas de

chapisco, emboço e reboco e pintura.

Deve-se salientar que na estrutura convencional é utilizado o sistema de vigas e

pilares, no qual se utilizaram grandes quantidades de concreto armado. Nesse processo de

estruturação faz-se necessário o uso de fôrmas e maior número de funcionários ou tempo, se

comparado à estrutura presente no sistema do solo-cimento. A parte estrutural dos blocos de

solo-cimento está presente no preenchimento do mesmo com o groute e ferragem. Além disso,

a verga e a contra-verga das esquadrias são de fácil execução, pois são executadas pelo

preenchimento dos blocos de canaletas, o que gera economia de tempo, de custo e de material.

No processo de estruturação da alvenaria convencional, foi obtido o valor de R$ 1.295,60,

considerando aço, concreto e formas.

A Tabela 19 e o gráfico 1, mostram os valores anteriormente citados dos custos entre

os dois sistemas de construção empregados. Desse modo é fácil notar as diferenças de custo

em cada etapa: alvenaria de vedação, revestimento interno e externo.

Tabela 19 – Custo total

Solo-cimento Bloco cerâmico

Alvenaria R$ 4.937,19 R$ 4.473,51

Interno R$ 551,52 R$ 3.002,10

Externo R$ 2.262,63 R$ 2.262,63

TOTAL R$ 7.751,35 R$ 9.738,25

23

Gráfico 1 – Comparativo de custo

Fonte: Autor.

A Tabela 20 e o gráfico 2, se referem à produtividade dos sistemas, nos quais se pode

notar a diferença de tempo de execução de cada etapa.

Os valores expressos na Tabela 20 estão em horas para as etapas de execução da

alvenaria e revestimento interno e externo.

Tabela 20 – Produtividade total (h)

Solo-cimento Bloco cerâmico

Horas

Alvenaria 176,44 218,42

Interno 53,11 378,28

Externo 265,84 265,84

TOTAL 495,39 644,12

Alvenaria Interno Externo

Solo-cimento R$4.937,19 R$551,52 R$2.262,63

Bloco cerâmico R$4.473,51 R$3.002,10 R$2.262,63

R$-

R$1.000,00

R$2.000,00

R$3.000,00

R$4.000,00

R$5.000,00

R$6.000,00

24

Gráfico 1 – Comparativo de produtividade (h)

A mistura solo-cimento, de baixo custo e fácil execução, oferece resistência e

durabilidade tais que permitem seu emprego nas fundações e paredes de edificações simples,

quer sob a forma de blocos prensados (tijolos), quer constituindo painéis inteiriços,

construídos por processo manual, mediante compactação (CEBRACE, 1981).

Como vantagens da utilização do tijolo de solo-cimento podemos destacar:

As instalações hidráulicas e elétricas são embutidas em seus furos evitando assim a

quebra das paredes como na alvenaria convencional;

Tempo de construção pode ser até 30% menor que os outros métodos graças aos

encaixes que favorecem o alinhamento e prumo das paredes;

É dispensável o uso de revestimentos tais como chapisco, emboço ou reboco. Pela

uniformidade das paredes e um perfeito encaixe dos tijolos, uma pintura serve como

efeito de impermeabilização e melhora do aspecto visual;

Durabilidade maior que a de um tijolo comum, pois sua resistência chega a ser seis

vezes maior;

Economia total no uso de madeira, pois não será utilizada nas caixarias dos pilares,

vergas e contra-vergas;

Processo construtivo de fácil assimilação sem necessidade de mão-de-obra

especializada com uma melhor atenção voltada apenas para a primeira fiada,

posteriormente os tijolos irão se encaixando perfeitamente;

Uma obra mais limpa e sem entulhos;

Alvenaria Interno Externo

Solo-cimento 176,44 53,11 265,84

Bloco cerâmico 218,42 378,28 265,84

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

25

Estrutura muito segura pelo fato de que as colunas são embutidas em seus furos

distribuindo melhor a carga de peso entre as paredes;

São ambientalmente corretos, pois sua cura é feita apenas com água e sombra,

dispensando a queima de madeira, desmatamentos e poluição com a queima de lenha;

O solo local pode ser usado na fabricação dos tijolos, desde que atenda às normas

exigidas tendo uma melhor logística e evitando gastos com transportes;

Dispensa-se o uso de massa de assentamento podendo ser utilizada apenas uma cola a

base de PVA;

Proporciona conforto térmico, acústico e grande resistência a fogo;

Reduz o custo de manutenção devido à sua resistência e as paredes serem de tijolo

aparente;

De simples revestimento, utilizando apenas uma fina camada de 2-3 mm de reboco,

textura, gesso ou grafiatto caso seja opção do cliente e o assentamento cerâmico pode

ser aplicado diretamente sobre o tijolo;

A economia do custo final pode chegar até 50% do preço de uma parede se comparado

a alvenaria convencional.

A desvantagem seria a baixa popularidade desse método construtivo, o tempo de cura ser

acima dos 7 dias prejudicando assim uma maior escala na produção e gastos com

impermeabilizantes devido a alta absorção de umidade do tijolo solo-cimento.

26

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Depois de comparar os dois sistemas construtivos de acordo com a produtividade e

custo, pode-se dizer que o sistema solo-cimento pode ser viável para construções residenciais

de pequeno e médio porte, apresentando melhores resultados comparados ao sistema de

alvenaria convencional.

Após testes realizados em laboratório, constatamos também que os tijolos de solo-

cimento, feitos de acordo com a norma, resistem a cargas compressivas significantes podendo

ser usados com segurança em seus diversos tipos de obra. A viabilidade é de suma

importância pelo método não agredir o meio ambiente evitando desmatamento e poluição com

queimas.

Portanto, mesmo que a cultura de construção sustentável com tijolo ecológico seja

difusa, é possível dar continuidade em construções com tijolo solo-cimento para que no futuro

tenhamos construções mais sustentáveis. Porém, para que esse objetivo seja atingido, é

necessário o envolvimento da população.

Recomenda-se que para obter melhores resultados do estudo da viabilidade do tijolo

de solo-cimento seja realizado um trabalho que considere todos os fatores envolvidos na

produção de residências de pequeno, médio e grande porte, tendo como parâmetros

comparativos os impactos ambientais, custo de transporte, viabilidade social, aplicação do

método para construções em escala maior, custo e produtividade. Além disso, sugere-se ainda

comparar o método com outros tipos de alvenaria, como os blocos de concreto estrutural.

27

ABSTRACT

This paper realizes studies about the viability and the use of cement-soil bricks in

constructions. In these studies, we approach various processes such as the fabrication process,

types of existing bricks, as well as laboratory experiments in which excellent resistance for

compressional stress are proven. It also presents a comparative of the cost and productivity

between constructions system with cement-soil bricks and ceramic masonry blocks. A

comparison is made between the two systems considering the costs and the execution time of

each stage of the structure, sealing, internal and external coatings of a residence. As for the

costs of the construction mentioned, there are spread-sheets for budget and productivity. The

advantage of the use of cement-soil brick when compared to the use of conventional brick

occurs in regard to execution time, cost, waste of material, pollution, among other important

issues, where one of the most approached issue is sustainability.

Keywords : Cement-Soil Brick. Ceramic Brick. Cost. Productivity. Viability.

28

REFERÊNCIAS

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Cimento Portland – Determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, RJ,

1996. 8p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 8491:

Tijolo maciço de solo-cimento. Especificação. Rio de Janeiro, RJ, 1994. 4p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 8492:

Tijolo maciço de solo-cimento – Determinação da resistência à compressão e da

absorção d´água. Método de ensaio. Rio de Janeiro, RJ, 1984. 5p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12024:

Solo-cimento – Moldagem e cura de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, RJ,

1990. 5p.

CARNEIRO, A.P.; BRUM, I.A.S. & CASSA, J.C.S. Reciclagem de entulho para a

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Brasília: IBICT, 1995.

Centro Brasileiro de Construções e Equipamentos Escolares – CEBRACE (1981). Solo-

cimento na construção de escolas – SC01. 2ª ed. Rio de Janeiro, MEC/CEBRACE, 39p. il.

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FIQUEROLA, V (2004). Alvenaria de solo-cimento. Revista Téchne.Editora Pini,São Paulo

GOMES, J. W. (1980) Tijolos de solo-cimento – solução para o problema habitacional de

países em desenvolvimento.

29

PISANI, Maria Augusta Justi. Tijolos de solo cimento. Universidade Presbiteriana

Mackenzie, São Paulo, 2005.

SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes de. Como medir a produtividade da mão-de-obra na

construção civil. Dissertação (Doutorado). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,

2004.

STICMB - Sindicato dos Trabalhadores da Indústria na Construção e do Mobiliário de

Brasília. Piso Salarial. Disponível em < http://sticmb.org.br/index.php/pisos/piso-salarial/70-

piso-construcao-civil-go-2013>. Acesso em 24 de outubro de 2016.

Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos (TCPO). São Paulo, 2010. 13ª Edição.

Editora PINI.

30

ANEXO

Área construída = 57,90 m²